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ENTRE O ANTIGO E O ENTRE O ANTIGO E O CONTEMPORÂNEO CONTEMPORÂNEO A AUSÊNCIA DA FALA E DO DISCURSO COMO A AUSÊNCIA DA FALA E DO DISCURSO COMO ENCOBRIDORES DOS DIREITOS DE CIDADANIA E ENCOBRIDORES DOS DIREITOS DE CIDADANIA E DAS INDIVIDUALIDADES NOS PERSONAGENS DE DAS INDIVIDUALIDADES NOS PERSONAGENS DE “VIDAS SECAS” DE GRACILIANO RAMOS “VIDAS SECAS” DE GRACILIANO RAMOS

ENTRE O ANTIGO E O CONTEMPORÂNEO A AUSÊNCIA DA FALA E DO DISCURSO COMO ENCOBRIDORES DOS DIREITOS DE CIDADANIA E DAS INDIVIDUALIDADES NOS PERSONAGENS DE

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ENTRE O ANTIGO E O ENTRE O ANTIGO E O CONTEMPORÂNEOCONTEMPORÂNEO

A AUSÊNCIA DA FALA E DO DISCURSO COMO A AUSÊNCIA DA FALA E DO DISCURSO COMO ENCOBRIDORES DOS DIREITOS DE CIDADANIA E ENCOBRIDORES DOS DIREITOS DE CIDADANIA E DAS INDIVIDUALIDADES NOS PERSONAGENS DE DAS INDIVIDUALIDADES NOS PERSONAGENS DE

“VIDAS SECAS” DE GRACILIANO RAMOS“VIDAS SECAS” DE GRACILIANO RAMOS

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Exercício acadêmico voltado apenas aos Exercício acadêmico voltado apenas aos alunos, favor não citar, pois devido a alunos, favor não citar, pois devido a preocupação para uso exclusivo em sala de preocupação para uso exclusivo em sala de aula, não foi obedecido as regras da ABNT, bem aula, não foi obedecido as regras da ABNT, bem como se realizou algumas simplificações dos como se realizou algumas simplificações dos conceitos não cabíveis em trabalho mais formal. conceitos não cabíveis em trabalho mais formal. Obrigado.Obrigado.

Rosângelo Rodrigues de MirandaRosângelo Rodrigues de Miranda Professor da FADIVALE.Professor da FADIVALE.

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““O membro da Sociedade Antiga aprende O membro da Sociedade Antiga aprende progressivamente qual o lugar lhe é reservado progressivamente qual o lugar lhe é reservado no universo..e é levado a aceitá-lo...O no universo..e é levado a aceitá-lo...O Habitante da Sociedade Contemporânea quer Habitante da Sociedade Contemporânea quer conhecer o mundo por seus próprios meios e conhecer o mundo por seus próprios meios e exige que sua existência seja regida por exige que sua existência seja regida por princípios escolhidos por ele, ...segundo seus princípios escolhidos por ele, ...segundo seus próprios desejos. Todorov, O Jardim imperfeito.próprios desejos. Todorov, O Jardim imperfeito.

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O Direito e a Literatura marcam campos O Direito e a Literatura marcam campos do saber humano em que a fala, em do saber humano em que a fala, em sentido amplo, o logos, a razão humana, sentido amplo, o logos, a razão humana, ganha status de protagonista.ganha status de protagonista.

Tanto no Direito quanto na Literatura, a Tanto no Direito quanto na Literatura, a capacidade de comunicar ao outro o capacidade de comunicar ao outro o significado de seu dizer, de seu discurso é significado de seu dizer, de seu discurso é um modo pelo qual se avalia a presteza um modo pelo qual se avalia a presteza ou a praticidade da obra e do obrar do ou a praticidade da obra e do obrar do comunicador.comunicador.

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Só aquele que possui a capacidade de Só aquele que possui a capacidade de usar a razão clarificando o próprio usar a razão clarificando o próprio discurso é que pode vir a ser um bom discurso é que pode vir a ser um bom operador do Direito ou um bom Literato. operador do Direito ou um bom Literato.

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Não apenas o Direito, mas também a Não apenas o Direito, mas também a Literatura parecem ter, dentre outras, a Literatura parecem ter, dentre outras, a função de trazer aos discursos humanos, função de trazer aos discursos humanos, às falas humanas, um desvelamento, um às falas humanas, um desvelamento, um clarear, que desobstrui as incongruências clarear, que desobstrui as incongruências e restituiu ao ato de comunicar a verdade, e restituiu ao ato de comunicar a verdade, pois a verdade está no logos, está na fala, pois a verdade está no logos, está na fala, está na linguagemestá na linguagem

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Como diz Gadamer: “Ser que pode Como diz Gadamer: “Ser que pode ser compreendido é linguagem”ser compreendido é linguagem”

Na linguagem o Ser se desvela. Restaura a Na linguagem o Ser se desvela. Restaura a verdade. A Verdade é que o Ser do homem é verdade. A Verdade é que o Ser do homem é construído e elaborado em seus discursos. A construído e elaborado em seus discursos. A vida humana é aquilatada, medida, sorvida, vida humana é aquilatada, medida, sorvida, fluída, na linguagem e, tanto no Direito quanto fluída, na linguagem e, tanto no Direito quanto na Literatura, a vida é surpreendida e captada na Literatura, a vida é surpreendida e captada em sua forma pura, ou seja, nos discursos que em sua forma pura, ou seja, nos discursos que longe de apenas interpretá-la são, ao contrário, longe de apenas interpretá-la são, ao contrário, a própria vida, pois, diferentemente do que a própria vida, pois, diferentemente do que pensa o filisteu realista, o que defende o império pensa o filisteu realista, o que defende o império dos fatos, a concretude das forças naturais, não dos fatos, a concretude das forças naturais, não há vida fora da linguagem. há vida fora da linguagem.

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De modo que, se se quiser conhecer a De modo que, se se quiser conhecer a Vida humana em suas verdades, pode-se Vida humana em suas verdades, pode-se plenamente escolher conhecê-la seja pelo plenamente escolher conhecê-la seja pelo Direito seja pela Literatura, isto sem medo Direito seja pela Literatura, isto sem medo de parcialidades, pois, neste particular de parcialidades, pois, neste particular acredito que quem conhece a parte pode acredito que quem conhece a parte pode dizer que conhece bem o todo dizer que conhece bem o todo

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No texto que estamos dialogando hoje, qual seja, No texto que estamos dialogando hoje, qual seja, VIDAS SECAS de Graciliano Ramos é excelente para VIDAS SECAS de Graciliano Ramos é excelente para permitir uma reflexão sobre o Direito e a Literatura. A permitir uma reflexão sobre o Direito e a Literatura. A partir dele pretendo desenvolver o tema da ausência da partir dele pretendo desenvolver o tema da ausência da fala e do discurso nos personagens de Graciliano e a fala e do discurso nos personagens de Graciliano e a imagem de Vida Seca, não só quanto ao meio ambiente, imagem de Vida Seca, não só quanto ao meio ambiente, mas seca de comunicações , de trocas, de falas entre os mas seca de comunicações , de trocas, de falas entre os personagens. personagens.

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A ausência de fala torna o imaginário dos A ausência de fala torna o imaginário dos personagens quase que reificado, preso a personagens quase que reificado, preso a um universo do concreto e do um universo do concreto e do imediatamente dado, mitificando a imediatamente dado, mitificando a natureza, o primitivo, como se o mundo natureza, o primitivo, como se o mundo fosse tão somente o que se Vê. Na falta fosse tão somente o que se Vê. Na falta de discurso e linguagem, não há outro de discurso e linguagem, não há outro mundo possível, dai a violência e a mundo possível, dai a violência e a ausência de sonhos que marcam os ausência de sonhos que marcam os personagens.personagens.

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Está se assim, diante de personagens que Está se assim, diante de personagens que vivem em uma Sociedade Antiga, arcaica, vivem em uma Sociedade Antiga, arcaica, em que tudo é cíclico segundo o humor do em que tudo é cíclico segundo o humor do clima e do ambiente. Os personagens não clima e do ambiente. Os personagens não possuem recurso lingüísticos para possuem recurso lingüísticos para formularem soluções aos próprios formularem soluções aos próprios problemas, tudo se passa como se problemas, tudo se passa como se houvesse um determinismo que já, desde houvesse um determinismo que já, desde sempre, dispõe como as coisas devem sempre, dispõe como as coisas devem ser. ser.

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Há, portanto, nos personagens, uma Há, portanto, nos personagens, uma ausência da fala, do discurso, e isto gera ausência da fala, do discurso, e isto gera uma ausência da razão, do direito, enfim, uma ausência da razão, do direito, enfim, de relações mais humanizadas entre os de relações mais humanizadas entre os personagens. Não há indivíduos, mas personagens. Não há indivíduos, mas quase coisas presas a um ciclo de vida quase coisas presas a um ciclo de vida pré-dadopré-dado

““E os filhos já começavam a reproduzir o E os filhos já começavam a reproduzir o gesto hereditário.” Pág. 18gesto hereditário.” Pág. 18

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Se como vimos no último encontro, quando analisamos o livro O Se como vimos no último encontro, quando analisamos o livro O Alienista de Machado de Assis, o que singularizava a personagem Alienista de Machado de Assis, o que singularizava a personagem Simão Bacamarte era sua crença na ciência, no logos, num Simão Bacamarte era sua crença na ciência, no logos, num discurso que tudo classifica e enquadra, numa verdadeira discurso que tudo classifica e enquadra, numa verdadeira Logomaquia, isto é, uma ditadura absoluta da razão e do discurso, Logomaquia, isto é, uma ditadura absoluta da razão e do discurso, num claro menosprezo pelas outra interfaces que compõe o num claro menosprezo pelas outra interfaces que compõe o humano, como os costumes, a experiência de vida, a tradição, a humano, como os costumes, a experiência de vida, a tradição, a cultura popular. Uma razão que de tão pura desumaniza o humano, cultura popular. Uma razão que de tão pura desumaniza o humano, tornando-o escravo dos automatismos do método que ela mesma tornando-o escravo dos automatismos do método que ela mesma impõe para controlar a realidade, neste livro de Graciliano Ramos, impõe para controlar a realidade, neste livro de Graciliano Ramos, ao contrário, o que se pode apreender é a ausência da fala do ao contrário, o que se pode apreender é a ausência da fala do logos do discurso, que imerge os personagens em outra ditadura, a logos do discurso, que imerge os personagens em outra ditadura, a ditadura do Mito, da ditadura da realidade e do fatalismo.ditadura do Mito, da ditadura da realidade e do fatalismo.

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– – Fabiano, você é um homem, exclamou Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.” Pág. 18em voz alta.” Pág. 18

“ – “ – Você é um bicho, Fabiano. Pág. 19Você é um bicho, Fabiano. Pág. 19 “ “ Vivia longe dos homens, só se dava bem Vivia longe dos homens, só se dava bem

com os animais.” Pág. 20com os animais.” Pág. 20 “ “ Fabiano dava-se bem com a ignorância. Fabiano dava-se bem com a ignorância.

Tinha o direito de saber? Tinha? Não Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha.” Pág. 22tinha.” Pág. 22

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De modo que, se em Bacamarte, é a De modo que, se em Bacamarte, é a ditadura do discurso racionalizante que ditadura do discurso racionalizante que impede o justo, em Fabiano, é a ausência impede o justo, em Fabiano, é a ausência do discurso que impede o surgimento do do discurso que impede o surgimento do direito e do indivíduo moderno com sua direito e do indivíduo moderno com sua conseqüente auto-determinação.conseqüente auto-determinação.

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Cave de leitura. Teoria das Cave de leitura. Teoria das evoluções.evoluções.

Habermas, filosofo da política e do Direito, com Habermas, filosofo da política e do Direito, com o objetivo de diagnosticar os requisitos para a o objetivo de diagnosticar os requisitos para a implantação do Direito Moderno, vai, a partir de implantação do Direito Moderno, vai, a partir de Piaget, propor uma interdependência entre o Piaget, propor uma interdependência entre o grau de preparo cognitivo do indivíduo e a grau de preparo cognitivo do indivíduo e a Sociedade em que ele está inserido, para Sociedade em que ele está inserido, para concluir, ao final, que só um indivíduo que concluir, ao final, que só um indivíduo que domine certo grau de discurso abstrato, pode domine certo grau de discurso abstrato, pode reivindicar para si, viver em uma Sociedade reivindicar para si, viver em uma Sociedade Moderna na qual o Direito é libertário, Moderna na qual o Direito é libertário, democrático e emacipante.democrático e emacipante.

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No Desenvolvimento de sua tese em No Desenvolvimento de sua tese em busca da inter-relação entre Direito, busca da inter-relação entre Direito, Democracia Habermas, dentre outros, em Democracia Habermas, dentre outros, em síntese, trabalha níveis de evolução:síntese, trabalha níveis de evolução:

Do indivíduoDo indivíduoDa sociedadeDa sociedadeDo direitoDo direito

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PRIMEIRA EVOLUÇÃO - O INDIVÍDUO MORAL, PRIMEIRA EVOLUÇÃO - O INDIVÍDUO MORAL,

PRÉ-CONVENCIONALPRÉ-CONVENCIONAL CONVENCIONLCONVENCIONL PÓS-CONVENCIONAL ( ÉTICA COGNITIVISTA)PÓS-CONVENCIONAL ( ÉTICA COGNITIVISTA)

SEGUNDA EVOLUÇÃO- A SOCIEDADESEGUNDA EVOLUÇÃO- A SOCIEDADE ARCAICAARCAICA AVANÇADAAVANÇADA MODERNAMODERNA

TERCEIRA EVOLUÇÃO-O DIREITOTERCEIRA EVOLUÇÃO-O DIREITO DIREITO REVELADODIREITO REVELADO DIREITO TRADICONALDIREITO TRADICONAL DIREITO MODERNO/CONTEMPORÂNEO (DIREITO PROCEDIMENTAL)DIREITO MODERNO/CONTEMPORÂNEO (DIREITO PROCEDIMENTAL)

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Ver-se-á que, Fabiano, é exemplo de um Ver-se-á que, Fabiano, é exemplo de um indivíduo pré-convencional preso a uma indivíduo pré-convencional preso a uma Sociedade arcaica e a um direito por Sociedade arcaica e a um direito por assim dizer revelado.assim dizer revelado.

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PRIMEIRA EVOLUÇÃO - O INDIVÍDUOPRIMEIRA EVOLUÇÃO - O INDIVÍDUO (MORAL, COGNITIVA COMPREENSÃO DE MUNDO)(MORAL, COGNITIVA COMPREENSÃO DE MUNDO)

Piaget: o amadurecimento cognitivo se dá Piaget: o amadurecimento cognitivo se dá pelo descentramento progressivo da visão pelo descentramento progressivo da visão de mundode mundo

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PRÉ-CONVENCIONALPRÉ-CONVENCIONAL Implica uma perspectiva egocêntrica ou Implica uma perspectiva egocêntrica ou

individualista concreta, o eu não individualista concreta, o eu não distingue subjetividade, objetividade ou distingue subjetividade, objetividade ou intersubjetividade. O mundo exterior é intersubjetividade. O mundo exterior é compreendido como relações de causa e compreendido como relações de causa e efeito. Não se afirma entre o nexo de efeito. Não se afirma entre o nexo de causalidade e validade normativa.causalidade e validade normativa.

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CONVENCIONALCONVENCIONALJá há uma visão descentrada de mundo. Já há uma visão descentrada de mundo.

Já há distinção entre os níveis de Já há distinção entre os níveis de subjetividade e objetividade. Contudo, a subjetividade e objetividade. Contudo, a relação entre a causa e a norma fica relação entre a causa e a norma fica presa a intencionalidade e aos resultados presa a intencionalidade e aos resultados da ação. A ação é legitimada no campo da da ação. A ação é legitimada no campo da lealdade ao grupo.lealdade ao grupo.

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PÓS-CONVENCIONAL ( ÉTICA PÓS-CONVENCIONAL ( ÉTICA COGNITIVISTA)COGNITIVISTA)

Neste nível a pessoa supera a ingenuidade da Neste nível a pessoa supera a ingenuidade da prática cotidiana. O Discurso torna-se prática cotidiana. O Discurso torna-se reflexivo, impessoal. A objetividade da conduta reflexivo, impessoal. A objetividade da conduta é comparada às normas e procedimentos é comparada às normas e procedimentos vigentes. A Consciência moral já possui um vigentes. A Consciência moral já possui um auto-reflexividade procedimental, concebendo-auto-reflexividade procedimental, concebendo-se a justiça como orientação por se a justiça como orientação por procedimentos de fundamentação de normas.procedimentos de fundamentação de normas.

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SEGUNDA EVOLUÇÃO- SEGUNDA EVOLUÇÃO- A SOCIEDADEA SOCIEDADE

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ARCAICAARCAICA Corresponde ao nível pré-convencional de Corresponde ao nível pré-convencional de

consciência moral. As ações são avaliadas consciência moral. As ações são avaliadas tendo em vista só o resultados. Existe uma tendo em vista só o resultados. Existe uma falta de nitidez entre o normativo e o cognitivo. falta de nitidez entre o normativo e o cognitivo. Individuo e sociedade, cultura e natureza . Individuo e sociedade, cultura e natureza . Prepondera os mitos, o sacro. As condutas Prepondera os mitos, o sacro. As condutas desviantes são imputadas não ao individuo ou desviantes são imputadas não ao individuo ou à sociedade, mas às forças na natureza, à à sociedade, mas às forças na natureza, à intervenção dos deuses, dos mitos.intervenção dos deuses, dos mitos.

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AVANÇADAAVANÇADA A legitimidade da Ação desloca-se do A legitimidade da Ação desloca-se do

campo do sacro para o campo da campo do sacro para o campo da tradição . Os resultados da ação vincula-tradição . Os resultados da ação vincula-se não mais a fidelidade parental, mas à se não mais a fidelidade parental, mas à organização territorial cuja unidade é organização territorial cuja unidade é referida ao soberano referida ao soberano

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MODERNAMODERNA Na modernidade a secularização da cultura Na modernidade a secularização da cultura

burguesa neutraliza os valores. Surge um agir burguesa neutraliza os valores. Surge um agir racional com respeito a fins, eticamente racional com respeito a fins, eticamente neutro. A racionalidade econômica neutraliza a neutro. A racionalidade econômica neutraliza a moral. Surge uma consciência pós moral. Surge uma consciência pós convencional e universalista da moral e do convencional e universalista da moral e do direito, tudo em respeito a uma lógica do direito, tudo em respeito a uma lógica do desenvolvimento autônoma. desenvolvimento autônoma.

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TERCEIRA EVOLUÇÃO-TERCEIRA EVOLUÇÃO-O DIREITOO DIREITO

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O DIREITO REVELADOO DIREITO REVELADO O Direito revelado corresponde ao nível de O Direito revelado corresponde ao nível de

consciência moral pré-convencional e baseia-consciência moral pré-convencional e baseia-se na ética mágica. Não se distingue entre se na ética mágica. Não se distingue entre norma e ação, portanto não é possível julgar a norma e ação, portanto não é possível julgar a conduta a partir de estruturas normativas. Os conduta a partir de estruturas normativas. Os conflitos são solucionados concretamente por conflitos são solucionados concretamente por autocomposição, autodefesa, retaliação, sem autocomposição, autodefesa, retaliação, sem interferência de um terceiro. A pena não é interferência de um terceiro. A pena não é imposta como uma resposta ao imposta como uma resposta ao comportamento do individuo, mas como forma comportamento do individuo, mas como forma de livrar a coletividade de uma ameaçade livrar a coletividade de uma ameaça

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DIREITO TRADICIONALDIREITO TRADICIONAL Só com o direito tradicional das culturas avançadas, que Só com o direito tradicional das culturas avançadas, que

corresponde ao nível moral convencional e a uma ética corresponde ao nível moral convencional e a uma ética da lei, a norma como expectativa generalizada de da lei, a norma como expectativa generalizada de comportamento torna-se a categoria fundamental de comportamento torna-se a categoria fundamental de orientação da conduta. ( Hobbes, e a teoria do soberano orientação da conduta. ( Hobbes, e a teoria do soberano como terceiro criador de normas e pacificador dos como terceiro criador de normas e pacificador dos conflitos). Contudo, ainda não há uma diferenciação conflitos). Contudo, ainda não há uma diferenciação completa entre os campos da moral, do direito e da completa entre os campos da moral, do direito e da ética. A validade do direito prende-se a postulados de ética. A validade do direito prende-se a postulados de valor metafísicos. valor metafísicos.

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DIREITO MODERNO/CONTEMPORÂNEO DIREITO MODERNO/CONTEMPORÂNEO (DIREITO PROCEDIMENTAL)(DIREITO PROCEDIMENTAL)

Com a positivação do direito, diferencia-e as Com a positivação do direito, diferencia-e as dimensões do direito da moral e da ética. O dimensões do direito da moral e da ética. O Direito Direito desfundamenta-se, desfundamenta-se, liliberta-se de berta-se de valores metajurídicos e torna-se, na visão de valores metajurídicos e torna-se, na visão de Habermas, procedimentalmente auto-reflexivo. Habermas, procedimentalmente auto-reflexivo. A fundamentação é agora racional em termos A fundamentação é agora racional em termos de procedimento. O Direito moderno de procedimento. O Direito moderno caracterizaria-se pela sua POSITIVIDADE, caracterizaria-se pela sua POSITIVIDADE, LEGALIDADE, FORMALIDADE , LEGALIDADE, FORMALIDADE , UVERSALIDADE/GENERALIDADE.UVERSALIDADE/GENERALIDADE.

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O direito exige uma fundamentação em termos O direito exige uma fundamentação em termos de uma racionalidade procedimental tanto ética de uma racionalidade procedimental tanto ética quanto moral, envolvendo a credibilidade dos quanto moral, envolvendo a credibilidade dos princípios jurídicos à luz da racionalidade princípios jurídicos à luz da racionalidade discursiva envolvendo questões jurídicas ( de discursiva envolvendo questões jurídicas ( de consistência) pragmáticas ( fins e meios ) ético-consistência) pragmáticas ( fins e meios ) ético-políticos ( valores) e morais ( justiça) A políticos ( valores) e morais ( justiça) A autonomia do direito frente o economico e o autonomia do direito frente o economico e o político resulta de sua fundamentação racional político resulta de sua fundamentação racional discursiva, ou seja, de sua racionalidade discursiva, ou seja, de sua racionalidade procedimental.procedimental.

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Ora, os personagens de Vidas Secas, ao Ora, os personagens de Vidas Secas, ao que parece, estão num estagio de que parece, estão num estagio de desenvolvimento pré-convencional, dentro desenvolvimento pré-convencional, dentro de uma Sociedade arcaica, gerando um de uma Sociedade arcaica, gerando um direito entre o revelado e o tradicionaldireito entre o revelado e o tradicional

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Não há abstração cognitivaNão há abstração cognitiva

“ “ Ele tinha querido que a palavra virasse Ele tinha querido que a palavra virasse coisa e ficara desapontado quando a mãe coisa e ficara desapontado quando a mãe se referira a um lugar ruim, com espetos e se referira a um lugar ruim, com espetos e fogueiras.” Pág. 58fogueiras.” Pág. 58

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O vocabulário tange ao concretoO vocabulário tange ao concreto

“ “ Como não sabia falar direito, o menino Como não sabia falar direito, o menino balbuciava expressões complicadas, repetia as balbuciava expressões complicadas, repetia as sílabas, imitava os berros dos animais, o sílabas, imitava os berros dos animais, o barulho do vento, o som dos galhos que barulho do vento, o som dos galhos que rangiam na catinga, roçando-se. Agora tinha tido rangiam na catinga, roçando-se. Agora tinha tido a idéia de aprender uma palavra, com certeza a idéia de aprender uma palavra, com certeza importante porque figurava na conversa de importante porque figurava na conversa de sinha Terta. Ia decorá-la e transmiti-la ao irmão sinha Terta. Ia decorá-la e transmiti-la ao irmão e à cachorra. Baleia permaneceria indiferente, e à cachorra. Baleia permaneceria indiferente, mas o irmão se admitiria, invejoso.” Pág. 59mas o irmão se admitiria, invejoso.” Pág. 59

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Não há discursoNão há discurso

“ “ O pequeno sentou-se, acomodou nas O pequeno sentou-se, acomodou nas pernas a cabeça da cachorra, pôs-se a pernas a cabeça da cachorra, pôs-se a contar-lhe baixinho uma história. Tinha um contar-lhe baixinho uma história. Tinha um vocabulário quase tão minguado como o vocabulário quase tão minguado como o papagaio que morrera no tempo da seca. papagaio que morrera no tempo da seca. Valia-se, pois, de exclamações e de Valia-se, pois, de exclamações e de gestos, e Baleia respondia com o rabo, gestos, e Baleia respondia com o rabo, com a língua, com movimentos fáceis de com a língua, com movimentos fáceis de entender.” Pág. 57entender.” Pág. 57

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Não havendo discurso, não há reivindicação de Não havendo discurso, não há reivindicação de direitos ou individualidadedireitos ou individualidade

“ “ Se ele soubesse falar como Sinha Terta, Se ele soubesse falar como Sinha Terta, procuraria serviço noutra fazenda, haveria de procuraria serviço noutra fazenda, haveria de arranjar-se. Não sabia. Nas horas de aperto arranjar-se. Não sabia. Nas horas de aperto dava para gaguejar, embaraçava-se como um dava para gaguejar, embaraçava-se como um menino, coçava os cotovelos, aperreado.” Pág. menino, coçava os cotovelos, aperreado.” Pág. 9898

“ “ Muito bom uma criatura ser assim, ter recurso Muito bom uma criatura ser assim, ter recurso para se defender. Ele não tinha. Se tivesse, não para se defender. Ele não tinha. Se tivesse, não viveria naquele estado.” Pág. 99viveria naquele estado.” Pág. 99

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Não apreende a impessoalidade da regra jurídicaNão apreende a impessoalidade da regra jurídica

“ “ Então por que um sem-vergonha Então por que um sem-vergonha desordeiro se arrelia, bota-se um cabra na desordeiro se arrelia, bota-se um cabra na cadeia, dá-se pancada nele? Sabia cadeia, dá-se pancada nele? Sabia perfeitamente que era assim, acostumara-perfeitamente que era assim, acostumara-se a todas as violências, a todas as se a todas as violências, a todas as injustiças. E aos conhecidos que dormiam injustiças. E aos conhecidos que dormiam no tronco e agüentavam cipó de boi no tronco e agüentavam cipó de boi oferecida consolações: - ‘Tenha paciência. oferecida consolações: - ‘Tenha paciência. Apanhar do governo não é desfeita’.” Pág. Apanhar do governo não é desfeita’.” Pág. 3333

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Há alienaçãoHá alienação

“ “ Ouvira falar em juros e em prazos. Isto Ouvira falar em juros e em prazos. Isto lhe dera uma impressão bastante penosa: lhe dera uma impressão bastante penosa: sempre que os homens sabidos lhe diziam sempre que os homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía logrado.” Pág. palavras difíceis, ele saía logrado.” Pág. 9797

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ConclusãoConclusão

O livro de Graciliano nos demonstra que, a O livro de Graciliano nos demonstra que, a implementação entre nós brasileiros dos implementação entre nós brasileiros dos chamados ganhos da modernidade exige da chamados ganhos da modernidade exige da Sociedade um reação que vai além da mera Sociedade um reação que vai além da mera previsão formal de direitos. É preciso a previsão formal de direitos. É preciso a implementação material destes, no sentido de implementação material destes, no sentido de ofertar educação e meios de sobrevivência às ofertar educação e meios de sobrevivência às pessoas para que estas, estruturadas em suas pessoas para que estas, estruturadas em suas individualidades, possam, paradoxalmente, individualidades, possam, paradoxalmente, preservar e reivindicar os próprios direitos, mas preservar e reivindicar os próprios direitos, mas também, participar da obra da feitura dos também, participar da obra da feitura dos direitos na Sociedade.direitos na Sociedade.

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É preciso otimismo, mas é preciso cautela. No É preciso otimismo, mas é preciso cautela. No capitalismo periférico em que vivemos, ainda capitalismo periférico em que vivemos, ainda existe boa parcela da Sociedade alijada de existe boa parcela da Sociedade alijada de recurso mínimos tanto cognitivo-educacionais recurso mínimos tanto cognitivo-educacionais quanto materias para que possam participar quanto materias para que possam participar ativamente da cena política social. Além da ativamente da cena política social. Além da regra formal, é preciso ir até a ação pública regra formal, é preciso ir até a ação pública efetiva. É preciso ofertar a todos acesso à efetiva. É preciso ofertar a todos acesso à construção participativa do próprio discurso.construção participativa do próprio discurso.

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Como diz Graciliano, pelo personagem Fabiano, o Como diz Graciliano, pelo personagem Fabiano, o Silêncio mata. Silêncio mata.

“ “ A faixa vermelha desaparecera, diluíra-se no A faixa vermelha desaparecera, diluíra-se no azul que enchia o céu. Sinha Vitória precisava azul que enchia o céu. Sinha Vitória precisava falar. Se ficasse calada, seria como um pé de falar. Se ficasse calada, seria como um pé de mandacaru, secando, morrendo.” Pág. 120.mandacaru, secando, morrendo.” Pág. 120.

Sem a Fala e o discurso que emancipa, morre Sem a Fala e o discurso que emancipa, morre se em vida, pois não há vida sem humanidade, se em vida, pois não há vida sem humanidade, e só há, no mundo moderno, vida com fala e só há, no mundo moderno, vida com fala libertária que explicita os desejos que nos libertária que explicita os desejos que nos singulariza enquanto indivíduos.singulariza enquanto indivíduos.

ObrigadoObrigado

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“ “ O Ser do Homem caracteriza-se como O Ser do Homem caracteriza-se como ser vivo cujo modo de ser é, ser vivo cujo modo de ser é, essencialmente, determinado pela essencialmente, determinado pela possibilidade de falar.”possibilidade de falar.”

Heidegger. Ser e Tempo. Pg.64.Heidegger. Ser e Tempo. Pg.64.