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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA Programa de Pós-graduação em Parasitologia Análise do impacto de infecções por parasitos intestinais e por Schistosoma mansoni no desempenho cognitivo e na interação entre sistema hormonal e sistema imunológico em escolares Maurício da Silva Guedes Belo Horizonte - MG 2016

entre sistema hormonal e sistema imunológico em escolares … · 2019-11-14 · entre sistema hormonal e sistema imunológico em escolares Tese submetida ao Programa de Pós-graduação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA

Programa de Pós-graduação em Parasitologia

Análise do impacto de infecções por parasitos intestinais e por

Schistosoma mansoni no desempenho cognitivo e na interação

entre sistema hormonal e sistema imunológico em escolares

Maurício da Silva Guedes

Belo Horizonte - MG

2016

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MAURÍCIO DA SILVA GUEDES

Análise do impacto de infecções por parasitos intestinais e por

Schistosoma mansoni no desempenho cognitivo e na interação

entre sistema hormonal e sistema imunológico em escolares

Tese submetida ao Programa de Pós-

graduação em Parasitologia do Departamento

de Parasitologia, Instituto de Ciências

Biológicas da Universidade Federal de Minas

Gerais, como requisito parcial à obtenção do

título de Doutor.

Área de Concentração: Imunoparasitologia.

Orientador: Prof. Dr. Stefan Michael Geiger

Belo Horizonte – MG

2016

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COLABORADORES

Laboratório de Helmintoses Intestinais

Instituto de Ciências Biológicas - UFMG.

Laboratório Imunomodulação e Cronobiologia

Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde

Campus Universitário do Araguaia - UFMT.

Dr. Cristiano Lara Massara

Grupo de Pesquisa em Helmintologia e Malacologia Médica

Centro de Pesquisas René Rachou, Fiocruz – MG.

SUPORTE FINANCEIRO

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, Projeto DECIT

Nº 404405/2012-6.

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Dedico à Dona Vita e à Anamaria,

Mulheres que unem as duas pontas da minha vida:

Numa sou filho, noutra sou pai.

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PRIMEIROS AGRADECIMENTOS

A cada um dos estudantes que aceitaram participar dessa pesquisa e aos seus familiares,

pela compreensão e disposição em colaborar.

Às diretoras das escolas (Dorisana, Ileuza e Shirley) e demais servidores da Secretaria

Municipal de Educação de Jaboticatubas - MG que proporcionaram todas as condições

para execução dos trabalhos.

Ao João Paulo dos Santos e demais funcionários da Secretaria Municipal de Saúde de

Jaboticatubas – MG, pelas informações básicas para o encaminhamento da pesquisa e pela

presteza durante a coleta de dados.

Ao Cristiano Lara Massara, pela mediação com o público-alvo e a pronta

disponibilidade em ajudar nas atividades de campo. Obrigado mesmo!

Ao professor Eduardo Luzia França, pelo incentivo e pela confiança.

À Danny Laura e ao Edson Scherer pela colaboração fazendo-me enxergar uma

minúscula realidade para além da minha miopia de psicólogo.

Aos colegas do Laboratório de Helmintologia Intestinal/ICB-UFMG (Andréa, Andressa,

Francine, Marco Túlio, Vanessa e Warllem) pela colaboração, paciência e incentivo.

À Sumara e à Sibele e demais funcionários da Secretaria da Pós-Graduação em

Parasitologia do ICB-UFMG pela acolhida, apoio e atenção.

A todos os colegas do Dinter, em especial ao Paulo Ricardo Martins Nunez, amigo e

companheiro de projeto, pela força no dia a dia ao longo desses quatro anos.

A todos aqueles, que agora a minha memória não alcança, mas que torceram ou

participaram de alguma forma deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

À Rosaline Lunardi,

Amiga e companheira de serendipidades.

Pelo incentivo, compreensão e acolhida nos momentos de angústia ou de estresse.

Obrigado pela generosidade dispensada em cada etapa deste trabalho.

Aos freis agostinianos José Mauricio e Paulo Gabriel,

Por me acolherem na comunidade em BH durante dias, semanas e até meses.

Pela consciência da importância da conclusão dessa etapa de estudo para mim.

Ao meu orientador Prof. Dr. Stefan Michael Geiger,

Pela disposição e paciência para orientar um “estrangeiro” às Ciências Biológicas.

Agradeço pela competente e atenta orientação; pela acolhida, pelos ensinamentos e

por acreditar no projeto (e em mim!).

Obrigado pela compreensão e pela amizade.

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“Rigorosamente, todas estas notícias são desnecessárias para a compreensão da

minha aventura; mas é um modo de ir dizendo alguma coisa, antes de entrar em matéria,

para a qual não acho porta grande nem pequena; o melhor é afrouxar a rédea à pena, e ela

que vá andando, até achar entrada. Há de haver alguma; tudo depende das circunstâncias,

regra que tanto serve para o estilo como para a vida; palavra puxa palavra, uma ideia traz

outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução; alguns dizem mesmo que

assim é que a natureza compôs as suas espécies.”

Machado de Assis

(em Primas de Sapucaia, Histórias sem data, 1884)

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vii

SUMÁRIO

Lista de Figuras IX

Lista de Tabelas X

Lista de Abreviaturas e Siglas XI

Resumo XII

Abstract XIII

1 INTRODUÇÃO 15

1.1 Parasitoses intestinais 15

1.2 Esquistossomose 20

1.3 Parasitoses no Município de Jaboticatubas - MG 28

1.4 Resposta imunológica durante infecção parasitária 29

1.5 Parasitismo e hormônios 32

1.6 Parasitismo e desempenho cognitivo 33

1.7 Avaliação do desempenho cognitivo 35

2 JUSTIFICATIVA 42

3 OBJETIVOS 44

4 MATERIAL E MÉTODOS 46

4.1 Aspectos éticos 46

4.2 Local do estudo 46

4.3 Sujeitos 47

4.4 Delineamento do estudo 48

4.5 Procedimentos metodológicos 48

4.5.1 Levantamento de dados socioambientais

4.5.2 Exame parasitológico de fezes

4.5.3 Ensaios imunológicos: dosagem de citocinas e quimiocinas

4.5.4 Análise dos níveis de hormônios

4.5.5 Avaliação cognitiva

48

49

50

52

54

4.6 Análise Estatística 56

5 RESULTADOS 58

5.1 Levantamento parasitológico em amostras de escolares do Município de

Jaboticatubas 58

5.2 Caracterização dos sujeitos do estudo 59

5.3 Dosagem de marcadores imunológicos e de hormônios no sangue periférico

de escolares 60

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viii

5.3.1 Marcadores imunológicos: dosagem de citocinas e quimiocinas

5.3.2 Análise dos hormônios melatonina e cortisol

60

64

5.4 Avaliação do desempenho cognitivo 66

5.5 Relações entre o desempenho cognitivo, concentrações hormonais e

resposta imunológica entre os grupos de escolares 68

6 DISCUSSÃO 71

7 CONCLUSÃO 80

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82

APÊNDICES 109

ANEXOS 115

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ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Distribuição da esquistossomose no Brasil segundo o percentual de

positividade.

21

Figura 2 Ciclo de vida de S. mansoni (Fonte: Carvalho et al. 2008, apud Brasil

2014).

22

Figura 3 Localização geográfica do Município de Jaboticatubas –MG. 46

Figura 4 Materiais utilizados no subteste Cubos. 54

Figura 5 Materiais utilizados no subteste Vocabulário. 55

Figura 6 Concentração de citocinas e quimiocinas no sangue periférico de

escolares. Grupos: Infectado, Tratado e Controle.

62

Figura 7 Concentração de citocinas e quimiocinas no sangue periférico de

escolares infectados por S. mansoni (Sm Infectado e Sm Tratado) e de

escolares do grupo Controle.

64

Figura 8a Concentração de melatonina sérica. Grupos: Infectado, Tratado e

Controle.

65

Figura 8b Concentração de cortisol sérico. Grupos: Infectado, Tratado e Controle. 65

Figura 9a Concentração de melatonina em soro de escolares infectados por S.

mansoni (Sm Infectado e Sm Tratado) e de escolares do grupo Controle.

66

Figura 9b Concentração de cortisol em soro de escolares infectados por S. mansoni

(Sm Infectado e Sm Tratado) e de escolares do grupo Controle.

66

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x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Prevalência de parasitos intestinais e S. mansoni entre escolares. 59

Tabela 2 Concentração de citocinas e quimiocinas no sangue periférico de

escolares. Grupos: Infectado, Tratado e Controle.

60

Tabela 3 Concentração de citocinas e quimiocinas no sangue periférico de

escolares infectados por S.mansoni (Sm Infectado e Sm Tratado) e de

escolares do grupo Controle.

63

Tabela 4 Média do desempenho cognitivo, ponderado por idade, de escolares.

Grupos: Infectado, Tratado e Controle.

67

Tabela 5 Média do desempenho cognitivo, ponderado por idade, de escolares

infectados por S. mansoni (Sm Infectado e Sm Tratado) e de escolares do

grupo Controle.

67

Tabela 6 Média do desempenho cognitivo, ponderado por idade, de escolares

infectados por outros parasitos (OP Infectados e OP Tratados) e de

escolares não infectados (Controle).

68

Tabela 7 Correlação entre o desempenho cognitivo, concentrações hormonais e

resposta imunológica entre os grupos de escolares.

69

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xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBA Do inglês: Cytometric beads array.

CD4 Marcador de superfície celular de linfócitos T (inglês: cluster of

differentiation).

CNS Conselho Nacional de Saúde.

COEP Comitê de Ética em Pesquisa.

CSF Fator estimulador de colônia (inglês:Colony-stimulating fator).

DINTER Doutorado Interinstitucional.

ELISA Ensaio imunoenzimático (inglês: Enzyme linked immunosorbent assay).

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

ICB Instituto de Ciências Biológicas.

IgG Imunoglobulina G.

IL Interleucina.

IFN-γ Interferon - gama.

Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais.

ISA Inquérito Socioambiental.

OMS Organização Mundial da Saúde.

OP Infectados Grupo infectado por outros parasitos.

OP Tratados Grupo infectado por outros parasitos e tratados.

OPG Ovos Por Grama de fezes.

PCE Programa de Controle da Esquistossomose.

PE Ficoeritrina (inglês: Phycoerythrin).

PECE Programa Especial de Controle da Esquistossomose.

Sm Infectado Grupo infectado por Schistosoma mansoni.

Sm Tratado Grupo infectado por Schistosoma mansoni.

TA Temperatura Ambiente.

TALE Termo de Assentimento Livre e Esclarecido.

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Th1 Linfócitos T auxiliadoras do tipo 1 (inglês: type 1 T helper cells ).

Th2 Linfócitos T auxiliadoras do tipo 2 ( inglês: type 2 T helper cells ).

TNF-α Fator de necrose tumoral do tipo alfa (inglês: Tumor necrosis factor

alpha).

WHO Organização Mundial da Saúde (inglês: World Health Organization)

WAIS Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (inglês: Wechsler Adults

Intelligence Scale).

WISC Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (ingles: Wechsler

Intelligence Scale for Children).

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais.

UFMT Universidade Federal de Mato Grosso.

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xii

RESUMO

Parasitoses intestinais e esquistossomose constituem sérios problemas de saúde pública e

estão distribuídas de forma cosmopolita, tendo maior prevalência nos países em

desenvolvimento, onde fatores como condições econômicas, saneamento básico e

educação sanitária se mostram precários. Na maioria das vezes, essas doenças estão

relacionadas com desnutrição e anemia resultando em deficiências no desenvolvimento

físico e cognitivo da população infantil, geralmente a mais afetada. No Brasil é elevada a

frequência de parasitoses intestinais e de esquistossomose, sobretudo entre crianças em

idade escolar. Poucos estudos têm avaliado os efeitos dessas infecções no desenvolvimento

cognitivo. O objetivo deste trabalho é avaliar o impacto de infecções parasitárias no

desempenho cognitivo e na interação entre sistema hormonal e sistema imunológico em

escolares do Município de Jaboticatubas - MG. 316 estudantes participaram do

levantamento parasitológico inicial, porém, apenas 53 foram acompanhados no estudo de

coorte, divididos em grupos e subgrupos e submetidos, antes e três meses após tratamento,

a exames parasitológicos de fezes; avaliação imunológica, hormonal e de desempenho

cognitivo através dos subtestes Cubos e Vocabulário da Escala Wechsler de Inteligência

para Crianças - WISC. A análise estatística foi realizada através do programa BioEstat

(versão 5.3). Dados paramétricos foram analisados por meio dos testes t de Student e

correlação de Pearson; para os dados não-paramétricos utilizou-se os testes Wilcoxon,

Mann-Whitney e correlação de Spearman, nesses testes um valor p menor de 0,05 foi

considerado significativo. O levantamento epidemiológico revelou 8,9% de positividade

para parasitoses intestinais e esquistossomose. Dos indivíduos infectados 71,4% (n=20)

foram mono ou coinfectados por S. mansoni. As análises imunológicas identificaram

marcadores como IL-1β, TNF-α e IL-12, em níveis aumentados nos escolares infectados

por S. mansoni. A produção dessas citocinas sugere um predomínio de uma resposta

imunológica inflamatória ou do tipo 1. Essa tendência de perfil imunológico é reforçada

pelos níveis aumentados da melatonina, que induz a produção da citocina IL-12. Três

meses após tratamento, verificou-se expressivo aumento da produção de IL-8, que pode ser

um reflexo à liberação de antígenos decorrentes da destruição de S. mansoni adultos no

sistema porta e nas veias mesentérias. Os resultados do desempenho cognitivo não

evidenciaram melhoria do aprendizado após o tratamento antiparasitário e não houve

diferença de desempenho intergrupos. Entre os escolares infectados houve associação

positiva entre o subteste cognitivo Cubos e duas citocinas (IL-27 e IL-33). Após o

tratamento verificou-se uma correlação positiva entre Cubos e TNF-α; e entre subteste

Vocabulário e as citocinas IL-1β e TNF-α. Mesmo com alterações imunológicas e

hormonais em escolares infectados e três meses após tratamento, não foi possível de

registrar um impacto significativo das infecções intestinais ou da esquistossomose sobre o

desempenho cognitivo dos escolares no presente estudo. Isso, muito provavelmente,

devido às baixas cargas parasitárias encontradas na população avaliada. Assim, embora o

tratamento antiparasitário não tenha refletido na melhoria do desempenho cognitivo dos

escolares, o percurso teórico e metodológico desenvolvido no presente estudo evidencia a

viabilidade do modelo enquanto estratégia potencial para pesquisas futuras com escolares

parasitados.

Palavras-chave: Parasitoses intestinais; esquistossomose; resposta imunológica;

hormônios; desempenho cognitivo; WISC.

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xiii

ABSTRACT

Intestinal parasites and schistosomiasis still cause serious public health problems and are

distributed all over the world. Highest prevalences are found in under-developed countries

with inferior economical conditions, sanitation and educational level. Generally, these

diseases are associated with undernutrition and anemia and result in decreased physical and

cognitive development in children, which are most affected. Especially in schoolchildren,

there exists an increasing frequency of intestinal parasites and schistosome infections. Up

to now, very few studies have evaluated the impact of such infections on the cognitive

development or capacity.Therefore, the goal of the present investigation was to evaluate

the impact of intestinal parasitism on cognition and on the interaction between hormonal

and immune system in schoolchildren from the Municipality of Jaboticatubas, Minas

Gerais State. A total of 316 schoolchildren participated during the initial parasitological

exams. Of those, fifty-three individuals participated in the cohort study. Apart from

parasitological exams, immunological parameters, hormone levels, and the cognitive

performance were evaluated, the later using Cubes and Vocabulary subtests of Wechsler

Intelligence Scale for Children – WISC. Statistical analyses were performed using BioEstat

5.3 version. The significance level was set to p 0.05. For parametric data, Student‟s t-test

and correlation of Pearson were applied. For non-parametric data, Wilcoxon or Mann-

Whitney U-test were used and correlations were evaluated by using Spearman‟s rank test.

An overall prevalence of 8.9% for intestinal parasitism and/or schistosomiasis resulted in

examined schoolchildren. Out of these infected individuals, the majority (71.4%) were

mono- or co-infected with S. mansoni. Analyses of immune responses revealed an increase

of immunological markers, such as IL-1β, TNF-α and IL-12 in S. mansoni infected

schoolchildren. Thus, indicating a predominant inflammatory or type 1 immune response

in this group. This immunological profile is accompanied by increased melatonin levels, a

hormone which is known to increase IL-12 production. Three months after anti-parasitic

treatment, a significant increase in IL-8 production was measured, which might be a

response against the liberation of parasite antigens after disintegration of adult parasites of

S. mansoni in the portal system or mesenteric veins. Evaluation of the cognitive capacity of

infected children did not reveal improvement after chemotherapy and no significant

differences between the study groups were notified. Within the infected group, there was a

positive association between the Cubes subtest and the secretion of two cytokines (IL-27

and IL-33). After treatment, a positive correlation between Cubes subtest and TNF-α; and

between Vocabulary subtest and the cytokines IL-1β and TNF-α resulted. Though, we

found immunological and hormonal changes in infected schoolchildren before and three

months after chemotherapy, we were not able, to find an impact of intestinal infections

and/or schistosomiasis on the cognitive function of these schoolchildren. Most probably,

this lacking impact on cognition was due to low parasite loads in the endemic population.

Even though, chemotherapy did not result in improved cognitive functions in

schoolchildren, we were able to show the viability of the theoretical concept and of the

applied methods, which may be further improved in future studies with parasitezed

schoolchildren

Keywords: Intestinal parasites; schistosomiasis; immune response; hormones; cognition;

WISC.

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INTRODUÇÃO

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15

1. INTRODUÇÃO

1.1 Parasitoses intestinais

As parasitoses intestinais ou enteroparasitoses são doenças que têm como

agentes etiológicos helmintos ou protozoários, os quais têm pelo menos uma das fases do

ciclo evolutivo, localizadas no aparelho digestivo do homem.

Estas endemias constituem um sério problema da saúde pública, e estão

distribuídas de forma cosmopolita, porém, têm a sua maior prevalência em populações de

países em desenvolvimento, e em regiões onde fatores como as condições econômicas,

saneamento básico e informações se mostram deficientes (Ludwig et al. 1999, Fernandez

2006, WHO 2010).

Entre os parasitos intestinais mais encontrados no mundo estão os helmintos

Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale, Necator americanus, Trichuris trichiura,

Enterobius vermicularis e Strongyloides stercoralis; e os protozoários Entamoeba

histolytica, Endolimax nana e Giardia lamblia (Hotez et al. 2008b, Andrade et al. 2010,

WHO 2010, Matthys et al. 2011, Damazio et al. 2013).

As parasitoses intestinais provocam relevantes agravos à saúde humana,

sobretudo na população de países mais pobres, onde condições ambientais,

socioeconômicas e culturais favorecem à manutenção e à disseminação de ciclos

biológicos dos parasitos envolvidos nessas doenças (Pereira et al. 2010, Lopes et al. 2013,

Tandukar et al. 2013, Mathewos et al. 2014).

Os agravos mais comuns relacionados às enteropasitoses são má absorção

intestinal, subnutrição, dores abdominais, anemia, resultando em menor disposição para o

trabalho e para o estudo. Em crianças, sobretudo aquelas das classes sociais menos

favorecidas, a ocorrência desses parasitos está geralmente associada a sintomas como

diarreia crônica e desnutrição que, a um longo prazo, podem provocar déficit de

crescimento e também comprometer o desenvolvimento cognitivo (Guerrant et al. 2008,

Müller et al. 2011, Ngui et al. 2012).

Esses agravos são maiores quando há uma elevada carga parasitária e quando

as infecções se tornam crônicas. Nesses casos, o parasitismo intestinal pode apresentar

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Introdução

16

efeitos deletérios, e dependendo da espécie, pode causar até a morte do indivíduo

(Nascimento 2013).

Por causa dos prejuízos causados à saúde dos indivíduos, em especial, às

crianças e aos adolescentes, que constituem a parcela da população mais afetada, algumas

iniciativas como projetos educacionais, acompanhadas de diagnósticos e tratamento têm

sido implementadas como forma de combate em diferentes regiões do Brasil (Galvão et al.

2010, Sá-Silva et al. 2010, Souza et al. 2012). Do mesmo modo, vários programas de

controle têm sido desenvolvidos em diferentes partes do mundo, tanto por organizações

internacionais, quanto por órgãos locais (WHO 2007, Manfroi et al. 2009, Vasconcelos et

al. 2009, Ngui et al. 2012, Nascimento et al. 2013).

No Brasil, os números sobre as ocorrências de parasitoses intestinais não são

recentes, o último levantamento multicêntrico (1988) revelou que 55,3% das crianças

estavam parasitadas (Lopes et al. 2013). Assim, maioria dos dados atuais sobre a

prevalência dessa endemia no Brasil reflete apenas a realidade de pequenas localidades,

não representa a situação do país como um todo. De acordo com a literatura, nos últimos,

diversos estudos têm avaliado a frequência de enteroparasitoses entre crianças em idade

pré-escolar e escolar no Brasil (Fonseca et al. 2010, Melo et al. 2010, Lima et al. 2013). A

prevalência verificada para parasitoses intestinais nesses estudos varia de acordo com a

região. O trabalho de Silva & Silva (2010) realizado com crianças de zero a seis anos, no

Município de Pato de Minas – MG evidenciou uma positividade de 73% para

enteroparasitoses, os helmintos mais frequentes foram A. lumbricoides (50%),

Ancilostomídeos (22%) e E. vermicularis (0,6%). Entre os protozoários destacaram-se E.

histolytica/E. dispar (22%) e G. lamblia (32%). O estudo de Fonseca et al. (2010), que

descreveu a ocorrência de geo-helmintos em crianças residentes em municípios das regiões

Norte e Nordeste do Brasil encontrou uma prevelência de 36,5%, a espécie mais frequente

foi A. lumbricoides (25,1%), seguida pelos ancilostomídeos (12,2%) e T. trichiura

(12,2%). A pesquisa de Tavares et al. (2011), realizada com escolares de seis a nove anos

do subúrbio de Salvador, Bahia, verificou uma prevalência de 94% de infecção por

enteroparasitos, sendo que as maiores frequências foram Entamoeba coli (43,5%), A.

lumbricoides (25%), E. nana (22%) e E. histolytica/E. dispar (21,5%). Geralmente as

espécies de parasitos intestinais mais frequentes nesses estudos são as dos protozoários E.

histolytica e G. lamblia e as dos helmintos A. lumbricoides e T. trichiura.

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Introdução

17

As parasitoses intestinais são também encontradas em outros países em

desenvolvimento (Solano et al. 2008, Hamamcı et al. 2011, Jejaw et al. 2015), apenas

variando quanto às condições de saneamento básico, o grau de escolaridade, o nível

socioeconômico, a faixa etária e os hábitos de higiene de cada indivíduo (Aguin et al.

2011, Belo et al. 2012, Dib et al. 2012, Ibikounlé et al. 2014).

De acordo com a literatura, há um descompasso entre os resultados alcançados

com essas iniciativas nos países mais desenvolvidos e aquele verificado em países pobres.

A falta de projetos educativos permanentes, a efetiva participação das famílias e as

precárias condições de saneamento básico das comunidades nos países pobres estão entre

as razões para o insucesso das ações de controle dessas doenças (Ludwig et al. 1999,

Urbani & Albonico 2003, Uecker et al. 2007, King 2010, Nobre et al. 2013).

Os principais geo-helmintos intestinais possuem ciclo de desenvolvimento com

bastante semelhança entre si. Geralmente o hospedeiro que alberga as formas sexuadas do

parasito elimina ovos embrionados com as fezes. No caso de A. lumbricoides, E.

vermicularis e T. trichiura a maturação das larvas até o estágio infectante ocorre por

completo no interior do ovo, assim infecção acontece pela ingestão do ovo. No ciclo

biológico de E. vermicularis e de T. trichiura a larva, após deixar o ovo, se desenvolve até

o estágio adulto sem deixar a luz intestinal, enquanto que a larva de A. lumbricoides, uma

vez livre na luz do trato gastrointestinal, penetra ativamente através da mucosa intestinal na

altura do cólon proximal ou do ceco, ganhando a circulação venosa, encaminhando-se

através dela em direção aos pulmões. Já entre ancilostomídeos e S. stercoralis a maturação

da larva continua após a sua eclosão do ovo, de modo que a forma infectante que é a larva

do estágio três (L3) só se estabelece algum tempo depois da saída do ovo. Assim, as L3

dotadas de movimento penetram ativamente através da pele, ganhando a circulação venosa,

e encaminhando-se através dela para os pulmões (Castiñeiras & Martins 2003, Brooker

2010, Coelho 2013).

O ciclo de vida de enteroprotozoários monoxênicos como E. histolytica e G.

lamblia é simples, geralmente apresentam duas formas biológicas e morfologicamente

distintas, a primeira como trofozoitos e a segunda como cistos. O ciclo biológico dessas

duas espécies inicia com a ingestão de água ou alimentos contaminados, quando o homem

ingere o parasito no estágio de cisto maduro eliminado pelas fezes de pessoas parasitadas.

No caso da ameba, durante o ciclo, há uma série de estágios: trofozoíto, pré-cisto, cisto e

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Introdução

18

metacisto. Logo após a ingestão os cistos de ameba passam pelo estômago, resistindo à

ação do suco gástrico, chegam ao final do intestino delgado ou início do intestino grosso,

onde ocorre o desencistamento, com a saída do metacisto, através de uma pequena fenda

na parede cística. O metacisto em seguida sofre sucessivas divisões nucleares e

citoplasmáticas, dando origem a quatro e depois oito trofozoítos, chamados trofozoítos

metacísticos, e migram para o intestino grosso onde se colonizam. Geralmente ficam

aderidos à mucosa do intestino, vivendo como um comensal, nutrindo-se de detritos e de

bactérias. Os trofozoitos podem desprender da parede e, na luz do intestino grosso,

principalmente no cólon, sofrer a ação da desidratação, eliminar substâncias nutritivas

presentes no citoplasma, transformando-se em pré-cistos. Em seguida, secretam uma

membrana cística e se transformam em cistos, inicialmente apenas com um núcleo. Através

de divisões nucleares sucessivas, se transformam em cistos com quatro núcleos, que são

eliminados com as fezes. O ciclo de vida da G. lamblia não é muito diferente, após a

ingestão do cisto, o desencistamento é iniciado também no meio ácido do estômago e

completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização do intestino delgado pelos

trofozoítos. Estes se multiplicam por divisão binária longitudinal. Após a divisão nuclear e

duplicação das organelas, ocorre a divisão do citoplasma, resultando assim dois trofozoítos

binucleados. O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação junto com

as fezes (Silva & Gomes 2005, Sogayar & Guimarães 2005, Manfroi et al. 2009).

As formas de transmissão dos helmintos intestinais variam de acordo com a

espécie do parasito. No geral, a infecção advém, da ingestão de ovos embrionados ou da

penetração de larva via mucosa ou pele do hospedeiro; entre os protozoários, a forma

infectante se dá pela ingestão de cistos ou de oocistos encontrados no solo, na água, em

alimentos sólidos ou líquidos, mãos sujas ou fômites quando levados diretamente à boca,

podendo resultar no ciclo de infecção fecal-oral. Desse modo observa-se que os parasitos

intestinais apresentam mecanismo de infecção passivo oral ou ativo cutâneo (Castiñeiras &

Martins 2003, Andrade et al. 2010, Lopes et al. 2010, Silva et al. 2011).

As parasitoses intestinas são diagnosticadas pelo exame parasitológico de fezes

(EPF), por meio da pesquisa das diferentes formas parasitárias que são eliminadas nas

fezes. Para a identificação dessas formas existem métodos que são mais gerais e há outros

que são mais específicos, portanto indicados para um parasito em particular.

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Introdução

19

Entre os métodos mais utilizados, destaca-se o de Hoffman, Pons e Janer, o

HPJ (Hoffman et al. 1934), também conhecido como método de Lutz, ou de sedimentação

espontânea. É uma técnica qualitativa cujo processo permite encontrar ovos e larvas de

helmintos e cistos, oocistos e trofozoítos de protozoários (Castiñeiras & Martins 2003).

O método de Kato-Katz (Katz et al.1972) é muito empregado na identificação

dos helmintos intestinais. É um método quantitativo, que permite a contagem de ovos de

helmintos nas fezes, e por isso é possível avaliar a intensidade do parasitismo. No caso de

alguns geo-helmintos e do S. mansoni a quantidade de ovos nas fezes tem uma correlação

positiva com a quantidade de vermes adultos albergados pelo paciente. A carga de vermes

é indicada como ovos por grama de fezes – OPG (Tarafder et al. 2010, Neto et al. 2012).

Desse modo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a carga

parasitária para classificar os indivíduos em categorias de infecção, conforme o número de

ovos encontrados por grama de fezes durante o exame: leve (1 a 99 OPG), moderada (100

a 399 OPG) e grave (≥ 400 OPG). As comunidades são classificadas, considerando a

prevalência e a intensidade da infecção, em três categorias de transmissão: categoria I alta

(> 15); categoria II média (5 a 15); e categoria III baixa (< 5) (WHO 2002).

As manifestações clínicas decorrentes de infecções causadas por helmintos e

enteroprotozoários são, na maioria das vezes, assintomáticas. Quando apresentam alguma

sintomatologia esta é, geralmente, discreta e inespecífica. Assim, independentemente da

presença ou não de evidências clínicas, devem ser sempre consideradas em diversas

situações. Considerando que as infecções parasitárias podem apresentar consequências

graves e até fatais, essas patologias devem ser sistematicamente investigadas em pessoas

desnutridas, em imunodeficientes e em gestantes. Quando a infecção parasitária apresenta

sintomas, as evidências mais comuns associadas ao acometimento gastrointestinal são

dores abdominais de intensidade variável, náuseas, inapetência, distensão e diarreia ou

constipação. As evidências, quando presentes, não permitem presumir os agentes

etiológicos, que não raramente estão associados, por isso, as parasitoses intestinais devem

ser alvo conjunto de investigação diagnóstica ou terapêutica (Castiñeiras & Martins 2003,

Silva & Gomes 2005, Sogayar & Guimarães 2005, Manfroi et al. 2009).

O tratamento contra parasitoses intestinais é geralmente feito com fármacos.

Porém, como não há medicamento único que seja eficaz para todas as enteroparasitoses,

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Introdução

20

entre as alternativas recomendadas estão: a) albendazol, 400 mg em dose única (ou

mebendazol, 3x200 mg), em intervalos de quatro meses, objetivando o controle de

ascaridíase, enterobíase e ancilostomíase; b) ivermectina, 200 µg/kg em dose única, via

oral, contra estrongiloidíase; c) metronizadol, no tratamento contra giardíase, 250 mg três

vezes ao dia (adulto) ou 25 mg/kg três vezes ao dia (criança), por sete a dez dias; e contra

amebíase intestinal ou hepática, dose de 400 mg, quatro vezes ao dia, durante sete a dez

dias. (Castiñeiras & Martins 2003, Sogayar & Guimarães 2005, Manfroi et al. 2009).

O tratamento não é suficiente no combate às parasitoses intestinais. Por isso,

vários trabalhos ressaltam a importância da melhoria das condições de saneamento básico e

da educação em saúde, como parte imprescindível do processo de enfrentamento às

enteroparasitoses (Hamamcı et al. 2011, Al-Delaimy et al. 2014).

1.2 Esquistossomose

Dentre as parasitoses causadas por helmintos uma das mais graves é a

esquistossomose. Essa patologia tem como agente etiológico trematódeos heteroxênicos

do gênero Schistosoma, que se apresentam de forma heterogênea em humanos e em

modelos. Há cinco espécies conhecidas desse gênero: S. haematobium, S. japonicum, S.

mekongi, S. intercalacum e S. mansoni (Melo & Coelho 2005).

Segundo relatório sobre doenças negligenciadas da Organização Mundial de

Saúde (WHO 2010), há no mundo aproximadamente 700 milhões de pessoas expostas aos

riscos de infecção por Schistosoma e cerca de 200 milhões de indivíduos infectados.

Regiões tropicais e subtropicais da África, da Ásia e da América do Sul, registram as

maiores prevalências da infecção pelas diferentes espécies de Schistosoma.

A única espécie do gênero Schistosoma encontrada no Brasil é S. mansoni, que

é popularmente conhecida como "xistose", "barriga-d'água" ou "mal-do-caramujo". Essa

doença se caracteriza pela presença de vermes que se alojam e vivem nos vasos

mesentéricos durante vários anos nas suas formas adultas e diferenciadas sexualmente

(Melo & Coelho 2005, Brasil 2014).

O fato do S. mansoni ser a única espécie descrita do gênero no Brasil se deve,

em parte, à inexistência de moluscos suscetíveis às demais espécies do gênero

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Introdução

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Schistosoma. A introdução da espécie S. mansoni no Brasil, segundo os registros se deu

pelo do tráfico de escravos vindos da África (Vitorino & Gomes 2011).

A esquistossomose é ainda considerada como uma das mais importantes

endemias, e a sua prevalência é verificada, sobretudo, entre as populações menos

favorecidas. Há no Brasil aproximadamente 25 milhões de pessoas expostas ao risco de

infecção por S. mansoni, dessas, estima-se que de 2 a 6 milhões estejam infectados (WHO

2009). A área endêmica da esquistossomose no Brasil (Figura 1) compreende cerca de

dezenove estados, com destaque para o estado de Minas Gerais, no Sudeste, e os estados da

região Nordeste (Galvão 2010, Sarvel et al. 2011, Silveira 2011).

Figura 1. Distribuição da esquistossomose no Brasil segundo o percentual de positividade

(Brasil 2014).

O ciclo biológico do S.mansoni pode ser observado, conforme a sua

morfologia, em cinco fases: adulta (macho e fêmea), ovo, miracídio, esporocisto e cercária

(Figura 2). O desenvolvimento completo de todas essas fases leva cerca de 80 dias,

podendo ser dividido em dois períodos: o primeiro, entre quatro e sete semanas, ocorre no

hospedeiro intermediário – o caramujo do gênero Biomphalaria; e o segundo período

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Introdução

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ocorre no hospedeiro definitivo – o homem ou outros mamíferos1. Geralmente, em seres

humanos, num período de 35 a 40 dias após a infecção o verme chega à forma adulta e

finalmente começa a postura dos ovos (Melo & Coelho 2005, Sobrinho 2012).

Figura 2. Ciclo de vida de S. mansoni (Fonte: Carvalho et al. 2008, apud Brasil 2014)

Há no Brasil três espécies do gênero Biomphalaria que são encontradas

naturalmente infectadas e são hospedeiro intermediário de S. mansoni: B. glabrata, B.

tenagophila e B. straminea. A proliferação e manutenção da esquistossomose dependem de

fatores ambientais físicos, de condições sanitárias precárias, de pessoas infectadas

eliminando ovos, de hospedeiros intermediários e do contato de indivíduos com água

contaminada por cercárias, a forma infectante do parasito (Kloos et al. 2001, Gryseels et al.

2006, Gomes 2015).

Desse modo, o ciclo de transmissão da esquistossomose inicia quando o

hospedeiro definitivo infectado elimina ovos de S. mansoni pelas fezes, e estas entram em

contato com o meio aquático. Em condições ambientais propícias (temperatura alta, luz

intensa e oxigenação da água), os ovos quebram e liberam larvas ciliadas denominadas

1 Há trabalhos demonstrando que outros mamíferos podem ser fonte de infecção (Gentile et al.

2006, Modena et al. 2008).

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Introdução

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miracídios. Os miracídios penetram no hospedeiro intermediário (o caramujo do gênero

Biomphalaria), e evoluem no seu interior. Após um complexo processo de transformações

morfológicas que resultam em duas formas de esporocistos, os miracídios, ainda no interior

do molusco, dão origem às cercárias: a forma infectante do parasito. Estas, principalmente

em dias de sol e calor, rompem o tecido do molusco e se dispersam no ambiente aquático

(Melo 2011, Lino 2012).

O processo de infecção do hospedeiro definitivo acontece quando este entra em

contato com águas infestadas por cercárias liberadas pelo hospedeiro intermediário. De

acordo com Melo & Coelho (2005), a penetração das cercárias se dá pela da pele e pelas

mucosas, valendo-se da ação lítica – usando as glândulas de penetração, e da ação

mecânica – realizando movimentos vibratórios intensos; assim elas perdem a cauda e

penetram o corpo humano num processo que leva de cinco a 15 minutos.

Uma vez instaladas no organismo humano, as cercárias passam por

transformações (morfológicas e de natureza bioquímica e antigênica), e assumem a forma

de esquistossômulos – parasitos jovens. Em seguida, os esquistossômulos penetram nos

vasos sanguíneos e/ou linfáticos até os pulmões, e daí para o sistema porta intra-hepático,

atingindo a maturidade sexual (vermes adultos) entre duas e seis semanas após a infecção.

Os vermes adultos (macho e fêmea) migram para as veias mesentéricas, nas quais se

acasalam e depositam os ovos. Os ovos são depositados na parede do intestino onde eles

embolizam e atravessam a parede intestinal por um processo inflamatório, formando

granulomas. Porém, uma boa parte dos ovos depositados são levados pelo fluxo sanguíneo,

alcançam principalmente a circulação hepática ou qualquer outro órgão ou tecido dentro do

corpo humano onde ocorre a embolização. Decorridos cerca de cinco a seis dias que os

ovos foram depositados, termina a formação do miracídio dentro do ovo (ovo maduro); e

só a partir desse período é que os ovos podem ser identificados nas fezes. Eliminados pelas

fezes esses ovos maduros alcançam o meio aquático reiniciando o ciclo do parasito (Melo

& Coelho 2005, Silveira 2011, Sobrinho 2012).

O número de ovos produzidos pela fêmea de S. mansoni varia, segundo a

maioria dos estudos, entre 150-400 ovos/fêmea/dia de infecção, com a média de 300 ovos

por dia. De acordo com Melo & Coelho (2005) os ovos não eliminados permanecem

retidos na mucosa intestinal ou ficam nos vasos, sendo conduzidos passivamente pelo

fluxo sanguíneo e se acumulam no fígado. O antígeno solúvel excretado pelos poros do

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Introdução

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ovo vivo provoca a reação inflamatória, tanto no intestino como no fígado, que culmina

com a formação do granuloma: a forma patogênica mais importante do parasito. Os ovos

são elementos fundamentais no processo inflamatório agudo e crônico da esquistossomose,

por isso quando postos em grande número, podem provocar, além do granuloma,

hemorragias, edemas da submucosa e fenômenos degenerativos, com formações

ulcerativas pequenas e superficiais (Melo & Coelho 2005, Carvalho et al. 2008).

O exame parasitológico de fezes é o método diagnóstico mais usado para a

identificação da esquistossomose. A OMS recomenda a técnica quantitativa de Kato-Katz,

apesar da grande variação diária no número de ovos eliminados por paciente (Brasil 2014).

Em áreas onde há indivíduos com carga parasitária baixa é necessário repetir várias vezes o

exame parasitológico. A quantificação da carga parasitária é imprescindível para se ter

elementos para avaliar a eficácia de medidas profiláticas tais como quimioterapia,

aplicação de moluscicidas, saneamento básico, entre outras.

Há outros recursos para o diagnóstico da esquistossomose, como a

ultrassonografia, utilizada principalmente na fase crônica da doença, que verifica as

alterações hepáticas e determina o grau de fibrose com precisão (Barreto 2011, Nicolato

2014). Técnicas imunológicas, que medem a resposta imunológica do hospedeiro

definitivo – reações alérgicas e inflamatórias, frente a antígenos do parasito, em busca de

marcadores imunológicos da infecção também são utilizados (Uecker et al. 2007, Silveira

2011).

As infecções na esquistossomose podem induzir diferentes formas clínicas no

hospedeiro definitivo, que são associadas com a localização do parasito, a intensidade do

parasitismo e a resposta imunológica do hospedeiro definitivo contra a infecção.

Geralmente são identificadas quatro fases ou formas clínicas: uma aguda e três crônicas

(Silveira 2011).

A fase aguda pode ser clinicamente dividida em dois períodos: o pré-postural e

o pós-postural. O primeiro tem início com a penetração de cercárias pela pele ou pela

mucosa do hospedeiro definitivo, corresponde aproximadamente aos primeiros 35 dias

após a infecção e se caracteriza como período de migração e desenvolvimento do parasito.

O período pós-postural se inicia com a postura de ovos e estende-se até o início da

modulação da resposta imunológica, por volta de 120 dias da infecção. Nesse período pode

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Introdução

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ocorrer a disseminação miliar de ovos na parede do intestino provocando necrose e tendo

como consequência enterocolite aguda. A formação de granulomas no fígado, caracteriza a

forma toxêmica da doença, que pode até levar à morte do paciente ou evoluir lentamente

para a esquistossomose crônica. Na fase aguda há indivíduos que não tem sintomas e há

aqueles que apresentam sintomas como dermatite cercariana, eritema, edema, mal-estar,

com ou sem febre, problemas pulmonares, como tosse, dores musculares, desconforto

abdominal, náuseas, vômitos, anorexia, diarreia, disenteria, cólicas e tenesmo. Indivíduos

que moram em áreas endêmicas, na maioria das vezes, são assintomáticos durante a fase

aguda (Melo & Coelho 2005, Sobrinho 2012).

A fase crônica da endemia pode ser observada sob três apresentações clínicas

distintas: as duas primeiras, denominadas esquistossomose intestinal e hepatointestinal, são

consideradas formas leves da doença; e a esquistossomose hepatoesplênica, identificada

como forma grave (Vitorino et al. 2012).

A esquistossomose intestinal leve é caracterizada pela eliminação de ovos pelas

fezes e apresenta sintomatologia variável e inespecífica. Quando há queixas, as

manifestações clínicas mais comuns são: indisposição, emagrecimento, tonturas, anorexia,

surtos diarreicos acompanhados ou não por cólicas, alternados por constipação intestinal.

A forma hepatointestinal da esquistossomose é geralmente diagnosticada em pessoas que

vivem em regiões endêmicas. Os sintomas são os mesmos da forma intestinal, porém, mais

acentuados, quase sempre incluem desânimo, indisposição para o trabalho, cefaleia e

sintomas distônicos. Verificam-se também sintomas digestivos tais como flatulência, dor

epigástrica, sensação de plenitude e falta de apetite. Nessa fase é comum o indivíduo

infectado apresentar anemia leve, eosinofilia e carência nutricional, resultantes da perda de

sangue nas fezes causadas pela atuação do parasito. A forma hepatointestinal da

esquistossomose pode apresentar granulomas no fígado e no intestino, decorrentes da

contínua produção e deposição de ovos do parasito. Esse processo pode levar a um

acúmulo de ovos na região periportal e na mucosa intestinal, provocando intensa

inflamação e fibrose, esta responsável pelo desenvolvimento da forma grave (Silva 2008,

Sobrinho 2012, Nascimento 2013, Brasil 2014).

A esquistossomose hepatoesplênica é a forma mais grave da doença, mais rara,

caracterizada pelo comprometimento das funções do fígado e do baço. A intensa atividade

de defesa imunológica do organismo provoca o aumento do volume do fígado e do baço. A

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Introdução

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esquistossomose hepatoesplênica possui variantes clínico-evolutivas que podem ser

descritas em duas fases: a compensada e a descompensada. Na primeira, há o aumento do

fígado, com preponderância do lóbulo esquerdo; e também é possível evidenciar

hipertensão portal, que pode causar hepatoesplenomelagia e varizes esofagianas. Na fase

descompensada pode haver hemorragias digestivas, isquemia e perda da função do fígado

(Machado et al. 2002, Barreto 2011, Lino 2012).

Nas últimas décadas o tratamento quimioterápico contra esquistossomose tem

sido feito com praziquantel, que é um fármaco do grupo dos tioxantônicos e que oferece

grande margem de segurança para o tratamento da endemia. Entre as razões para a adoção

desse medicamento em programas de controle em várias regiões do mundo, podemos citar:

ausência ou baixa frequência de efeitos colaterais severos, alta taxa de cura parasitológica,

eficácia em dose única, e baixo custo financeiro. É comercialmente apresentado em

comprimidos utilizados por via oral, em dose única de 50 a 60 mg/kg de peso. Esse

medicamento é utilizado para o tratamento da esquistossomose nas suas diferentes formas

clínicas. Há efeitos colaterais que são pouco intensos e passageiros, tais como dores

abdominais, cefaleia e sonolência. E não há registro que cause lesões tóxicas graves no

fígado ou em outros órgãos (Massara 2005, WHO 2006, Katz 2008, Galvão 2010).

Porém, considerando as diretrizes da OMS, o tratamento quimioterápico deve

ser visto como parte do combate à esquistossomose, visto que o controle da doença deve

ter uma perspectiva mais ampla, e, portanto deve contemplar os níveis bioecológicos,

econômicos e sociais das áreas endêmicas (WHO 1990).

Pesquisas têm apontado a diminuição da transmissão da esquistossomose, tanto

no Brasil como em muitas outras regiões do mundo, por meio da implementação de

programas de controle da doença durante as últimas décadas (Chitsulo et al. 2000,

Steinmann et al. 2006, WHO 2013).

Embora exista, há décadas, em nosso país programas e políticas de controle da

esquistossomose, como o PCE (antigo PECE), do Ministério da Saúde, a doença ainda é

responsável por inúmeros casos de mortes, sobretudo, decorrentes da infecção crônica

(WHO 2009, Sobrinho 2012).

O controle da esquistossomose no Brasil esbarra em aspectos gerais como as

dimensões continentais e as diferenças geográficas, climáticas e socioeconômicas. Há

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Introdução

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outras razões que são apontadas como desafio para o controle como a ampla disseminação

do hospedeiro intermediário, a efetiva implementação de condições sanitárias e programas

de educação em saúde a rápida reinfecção após o tratamento e a inexistência de uma vacina

eficaz (Drummond et al. 2010, Sarvel et al. 2011, Brasil 2014).

Há ainda fatores como poliparasitismo, variações genéticas do próprio parasito,

especificidades do hospedeiro, como a genética, a nutrição, a resposta imunológica, dentre

outros aspectos comportamentais que podem facilitar a infecção por S. mansoni (Berriman

et al. 2009, Barreto 2011).

De acordo com levantamentos realizados no Brasil, entre 2005 e 2009,

observa-se que ocorreu redução da prevalência da infecção por S. mansoni , registrando

uma prevalência média de 5,3%, entretanto, ainda há uma variação de zero a 70 % em

algumas áreas do país (Scholte et al. 2014).

O relatório mais recente sobre a esquistossomose no Brasil (Noya et al. 2015)

revela uma taxa de positividade de 0,7% nas áreas pesquisadas, isso representa

significativa diminuição da doença no país. De acordo com o relatório, a esquistossomose

endêmica foi encontrada em 13 estados, as maiores taxas de infecção foram verificadas em

Sergipe (6,55%), Bahia (4,97%), Alagoas (2,66%) e Pernambuco (1,94%).

Todavia, deve-se ressaltar que geralmente esses levantamentos são realizados

utilizando o método diagnóstico de Kato-Katz, que apresenta menor sensibilidade em áreas

onde os indivíduos apresentam baixa carga parasitária (Siqueira et al. 2011, Grenfell et al.

2013).

As avaliações do PCE têm revelado também que houve uma melhora dos

índices de infecção e mortalidade causadas por S. mansoni nas últimas décadas no país,

entretanto, não é possível afirmar que essa melhora se deve única e exclusivamente ao

PCE, pois houve um progresso da organização urbana e dos cuidados de saúde básica

nesse mesmo período nos municípios brasileiros (Coura & Amaral 2004, Guimarães et al.

2006, Sarvel et al. 2011, Scholte et al. 2014).

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Introdução

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1.3 Parasitoses no Município de Jaboticatubas – MG

Há décadas, pesquisas têm identificado a presença de parasitos intestinais,

especialmente helmintos e geo-helmintos, no Município de Jaboticatubas, localizado na

região metropolitana de Belo Horizonte - MG (Cury et al. 1994). O município está entre as

áreas endêmicas para S. mansoni desde a década de 1950 (Massara 2005, apud Pellon &

Teixeira 1950, Brener & Mourão 1956). A expressiva prevalência da esquistossomose nas

décadas seguintes fez com que o Município de Jaboticatubas fosse conhecido

nacionalmente como a “capital da esquistossomose”. Os fatores físicos e

sociodemográficos fazem de Jaboticatubas, uma região repleta de cachoeiras, rios e

córregos cortando comunidades rurais sem as condições mínimas de saneamento básico e

educação em saúde (Massara 2005). Outros fatores favoráveis decorrem da prática do

ecoturismo rural, realizado quase sempre em contato direto com água (Enk et al. 2004,

Massara et al. 2008). Uma das formas de combater a esquistossomose nessa região veio

com a implantação no município do então Programa Especial de Controle da

Esquistossomose (PECE), pela antiga Fundação Nacional da Saúde, na segunda metade da

década de 1970, quando essa enfermidade atingia mais de 30% da população (Massara et

al. 2002, Enk et al. 2004).

De acordo com o Plano de Ação do Ministério da Saúde, a estratégia de

combate à esquistossomose em localidade com esse percentual de positividade, entre 15 a

25%, é de tratar os casos positivos, detectados em exames coprológicos e os conviventes.

Atualmente, o Município de Jaboticatubas é caracterizado como de baixa prevalência para

esquistossomose, com o percentual de positividade de 12,3% (Brasil 2012). O diagnóstico

e o controle são realizados em alunos da rede pública de ensino do município e estendido a

todos aqueles que convivem com o estudante identificado como positivo. A inclusão na

avaliação parasitológica de conviventes do indivíduo positivo não é uma orientação do

PCE, mas uma prática adotada no Município de Jaboticatubas, conforme comunicação

pessoal.

Além da esquistossomose o Município de Jaboticatubas apresenta

historicamente prevalência para outras parasitoses, mas nas últimas décadas os estudos têm

apontado que houve uma diminuição desses indicadores. No levantamento realizado por

Cury et al. (1994), com estudantes de escolas da zona rural, verificou-se prevalência de

11,1% para A. lumbricoides, 12,8% para S. stercoralis, 13,8% para G. lamblia e 9,9% para

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Introdução

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ancilostomídeos. Uma década depois, o estudo realizado por Massara et al. (2004), com

estudantes de quatro escolas públicas do município, identificou prevalência de 4,2% para

A. lumbricoides, 2,6% para E. vermiculares, 2,1% para ancilostomídeos e 1,8% para T.

trichiura.

Os estudos mais recentes sobre parasitoses intestinais e esquistossomose,

realizados no estado de Minas Gerais, não incluiu o Município de Jaboticatubas entre as

regiões de mais prevalentes (Silva et al. 2015, Silva 2016)

1.4 Resposta imunológica durante a infecção parasitária

A resposta imunológica induzida no hospedeiro durante diferentes infecções

parasitárias tem sido amplamente estudada, tanto no intuito de entender os mecanismos

envolvidos na reatividade e na regulação da resposta, como na busca de formas de controle

dessas infecções (Soboslay et al. 2006, Maizels et al. 2009, Cook et al. 2011). Os avanços

da biologia celular e molecular têm contribuído para a melhoria do diagnóstico, para o

desenvolvimento de novas drogas e de vacinas para combater infecções causadas por

helmintos e protozoários (Soboslay et al. 2006, Gentile & Oliveira 2008, Hotez et al.

2008a, Matoso et al. 2013)

Embora muitos dos mecanismos envolvidos em infecções causadas por

enteroprotozoários não estejam ainda inteiramente elucidados (Soboslay et al. 2006,

Stadecker 2012), a resposta imunológica do hospedeiro durante a amebíase, de acordo com

Nakada-Tsukui & Nozaki (2016) tem um importante papel na evolução da patologia, visto

que as células do sistema imunológico desempenham função relevante, tanto para o dano

tecidual quanto para o controle da infecção. Diversos estudos (Moonah et al. 2013, Begum

et al. 2015) têm demonstrado que em lesões de amebíase aguda há a presença de células

inflamatórias, os neutrófilos são as primeiras células recrutadas por sinais pró-

inflamatórios, produzidas pelas células epiteliais e por outras células do hospedeiro em

resposta à infecção. Também os macrófagos têm um importante papel na patogênese da

amebíase, pois representam uma linha de defesa após a infiltração maciça de neutrófilos

durante a amebíase hepática aguda. Ativados por trofozoítos de E. histolytica os

macrófagos apresentam atividade amebicida quando estimulados com Fator estimulador de

colônia (CSF), Interferon gama IFN-γ e Fator de necrose tumoral do tipo alfa (TNF-α). A

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Introdução

30

produção dessas citocinas trazem benefícios para o hospedeiro no controle da infecção

amebiana, conforme já demonstrado no estudo de Moraes et al. (2015).

No caso de infecções provocadas por G. lamblia, os estudos têm revelado que

tais infecções produzem imunidade, mas não se sabe ainda se a infecção prévia pelo

parasito realmente evita uma segunda infecção ou apenas evita os sintomas severos da

doença (Solaymani-Mohammadi & Singer 2010). Já se sabe, no entanto, que os sintomas

da giardíase na reinfecção apresentam menor gravidade, isso reforça a hipótese de que a

exposição anterior não impede a infecção, mas reduz a gravidade da doença (Hanevik et al.

2011).

De acordo com a literatura (Silva 2008, Maizels et al. 2009, Barreto 2011),

resposta imunológica induzida por helmintos intestinais foi caracterizada, tanto em

humanos quanto em modelos animais, predominantemente como uma resposta do tipo

dois, com a ativação de linfócitos T auxiliadores do tipo 2 (Th2) e da produção de citocinas

como as interleucinas (IL) IL-4 e IL-13, resultado de uma exposição aos antígenos

expostos e/ou liberados durante as infecções.

Entre os helmintos sabe-se que o S. mansoni é também, ao longo da fase

crônica da infecção, um potente indutor da resposta imunológica do tipo Th2 (Yoshida et

al. 1999, MacDonald et al. 2002, Jenkins & Mountford 2005). Além disso, estudos

recentes têm revelado a capacidade desse parasito de apresentar estratégias para modular e

contornar tanto a resposta imunológica inata quanto a resposta imunológica adaptativa do

hospedeiro durante diferentes fases da infecção. Essa capacidade de modulação da resposta

imunológica celular e humoral tem sido um dos principais mecanismos de escape do

parasito estudados na esquistossomose mansônica (Mountford & Trottein 2004, Jenkins et

al. 2005, Smith et al. 2005).

A resposta imunológica está intimamente relacionada ao desenvolvimento e

manutenção da infecção, diminuição de processos patológicos, bem como às condições de

resistência ou imunidade à infecção ou à reinfecção. Ressalta que a avaliação das funções

de citocinas, quimiocinas e seus receptores contribuem para um melhor entendimento de

aspectos imunológicos em doenças infecciosas e durante processos inflamatórios (Silveira

2011). No caso da esquistossomose, o sistema imunológico do hospedeiro interage com as

várias e diferentes fases de desenvolvimento do parasito: cercárias, esquistossômulos,

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Introdução

31

vermes adultos e ovos com miracídios (Araújo et al. 2004, Anthony et al. 2007, Uecker et

al. 2007, Sobrinho 2012).

A resposta imunológica celular na esquistossomose mansônica é dividida em

duas etapas:

a) A primeira etapa consiste na resposta imunológica resultante da exposição

do hospedeiro às cercárias e aos esquistossômulos, ou seja, esse período correspondente à

penetração das cercárias e à migração de esquistossômulos pelos tecidos. Observa-se nessa

fase o influxo de linfócitos T, predominantemente do tipo 1, caracterizando uma resposta

imunológica inflamatória, com produção elevada de citocinas como TNF-α, IFN-γ, IL-1,

IL-6 e da quimiocina CCL3 (Araújo et al. 2004, Barreto 2011, Vitorino & Gomes 2011).

b) A resposta imunológica do hospedeiro sofre considerável alteração quando

as formas imaturas se transformam em vermes adultos, copulam e produzem ovos. O perfil

imunológico que era predominantemente do tipo Th1 muda gradativamente para uma

resposta do tipo Th2, provocado principalmente pelos antígenos solúveis produzidos pelos

miracídios dentro dos ovos, os quais induzem uma reação granulomatosa. Essa reação do

sistema imunológico resulta na formação de granulomas do tipo Th2 que consistem

principalmente de células TCD4+, eosinófilos, macrófagos, linfócitos, alguns neutrófilos e

células gigantes multinucleadas que podem levar à remodelação do tecido inflamado e

fibrótico (Chiaramonte et al. 2000, Liempt et al. 2007, Vanhoutte et al. 2007). Na reação

imunológica de perfil Th2, caracterizada como resposta imunológica adaptativa, observa-

se elevados níveis de produção de IL-4 e IL-10 (Sobrinho 2012).

Estudos apontaram que a reação de hipersensibilidade do tipo granulomatosa

estaria associada a um perfil de resposta imunológica misto, com a presença de citocinas e

de quimiocinas que caracterizam tanto resposta do tipo Th1 como do tipo Th2, esse

processo depende também da carga parasitária de cada paciente infectado (Silveira 2011).

Observa-se nessa fase do processo, após a infecção aguda, que as lesões

hepáticas (granulomas) tendem a diminuir de tamanho. Esse evento pode ser explicado

considerando a redução no processo inflamatório periovular, esse fenômeno realizado pela

resposta Th2 é denominado de modulação da resposta imunológica. O mecanismo que

diminui a resposta inflamatória granulomatosa ao redor dos ovos está relacionado

principalmente à produção de IL-10 (Caldas et al. 2008, Costa e Silva 2009).

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Introdução

32

1.5 Parasitismo e hormônios

Estudos têm mostrado o importante papel dos hormônios na intrincada relação

entre o sistema neuroendócrino e o sistema imunológico. O interesse dos pesquisadores e

os dados até aqui revelados, sobre essa temática, resultaram na criação de uma grande área

de pesquisa denominada neuroimunomodulação ou psiconeuroimunologia. O objetivo

dessa área é entender os mecanismos pelos quais o sistema nervoso central e o sistema

imunológica trocam informações, influenciando-se mutuamente, e como essas interações

revelam as implicações fisiológicas e patológicas (Alford 2007, Alves & Palermo-Neto

2007, Calvo et al. 2013). Entre os hormônios envolvidos na regulação da resposta

imunológica, as pesquisas têm demostrado que o cortisol e a melatonina podem

desempenhar destacado papel nos complexos mecanismos imunológicos. Por isso esses

hormônios têm sido empregados de forma terapêutica, sobretudo no controle de infecções,

tendo em vista excelente capacidade de modulação da resposta imunológica (Elenkov

2008, Martino et al. 2012).

O cortisol é um hormônio corticosteroide (ou glicocorticoide) da família dos

esteroides, produzido pela parte superior da glândula suprarrenal, e está diretamente

envolvido na resposta a estresse físico ou estresse psicológico. O cortisol é o

glicocorticoide humano mais importante (Reiche et al. 2005, Alves & Palermo-Neto 2007).

Há décadas o cortisol tem sido utilizado no tratamento de doenças autoimunes e

inflamatórias; artrite reumatoide; esclerose múltipla; asmas e reações alérgicas; dermatite

aguda e crônica; na prevenção da rejeição de enxerto, entre outros. (Elenkov 2004,

Franchimont 2004, Tuckermann et al. 2005). No entanto, esses autores alertam que a

utilização clínica desse glicocorticoide (sobretudo os seus derivados sintéticos) pode

apresentar efeitos positivos e negativos, dada a sua capacidade dinâmica e bidirecional na

resposta imunológica. De modo que, a longo prazo, as terapias baseadas no cortisol podem

apresentar efeitos secundários adversos como atrofia da pele, osteoporose, redistribuição

do tecido adiposo, retardo de crescimento em crianças, hipertensão, diabetes mellitus

induzida por esteroides e depressão (Tuckermann et al. 2005).

A melatonina é um hormônio produzido pela secreção da glândula pineal. Essa

glândula participa na organização temporal dos ritmos biológicos, atuando como

mediadora entre o ciclo claro/escuro ambiental e os processos regulatórios fisiológicos: a

regulação endócrina; a reprodução, a regulação dos ciclos de atividade-repouso e

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Introdução

33

sono/vigília; a regulação do sistema imunológico, entre outros. A principal função da

melatonina em humanos é regular o sono (Brazão 2012, Calvo et al. 2013). A literatura

(Bagnaresi et al. 2012, Brazão 2012, Martino et al. 2012) tem registrado inúmeros estudos

nos quais a melatonina tem sido empregada de forma terapêutica e na modulação de perfil

das respostas imunológicas durante infecção. A melatonina apresenta uma excelente

versatilidade funcional com ações antioxidantes, anti-inflamatórias, oncostáticas,

antienvelhecimento e imunomoduladoras (Carrillo-Vico et al. 2004). Pesquisas em

modelos animais têm mostrado a capacidade terapêutica da melatonina na restauração de

alterações teciduais após sujeição a hipóxia (El-Sokkary et al. 2006); e, associada ao zinco,

na preservação tecidual durante a fase crônica de infecção chagástica (Brazão 2012); a

melatonina foi eficaz impedindo o comprometimento cognitivo causado por estresse

oxidativo induzido por privação de sono em ratos (Zhang et al. 2013); e se mostrou

também eficiente no tratamento de disfunção cognitiva (perda da memória espacial)

decorrente da privação de sono (Kwon et al. 2015). Como um imunoestimulante a

melatonina se mostrou também potente em pesquisa in vitro, onde foi verificada a sua

capacidade na ativação de fagócitos contra infecção (França et al. 2010).

A funcionalidade do cortisol e da melatonina tem sido explorada com

frequência na compreensão dos mecanismos imunológicos da relação parasito-hospedeiro

(Bottasso & Morales-Montor 2009, Martinez-Bakker & Helm 2015, Quintanar-Stephano et

al. 2015). Esses trabalhos têm identificado que o controle ou a ativação da produção do

cortisol e da melatonina durante o processo de infecção parasitária pode modular o perfil

da resposta imunológica, na medida em que os níveis desses hormônios podem inibir ou

estimular a produção de citocinas. Os níveis elevados de melatonina no sangue aumentam

a produção de IL-2, IL-6 e IFN-γ que favorecem a resposta celular – perfil Th1 (García-

Mauriño et al. 1999, Elenkov 2008); enquanto que aumento dos níveis de cortisol favorece

uma resposta imunológica com perfil Th2 (Elenkov 2004, Martino et al. 2012).

1.6 Parasitismo e desempenho cognitivo

Diversas pesquisas relacionam infecções enteroparasitárias e funções

cognitivas (Hadidjaja et al. 1998, Eppig et al. 2010, Ajjampur et al. 2011, Ezeamama et al.

2012). Esses trabalhos sugerem que tais infecções podem prejudicar tanto o crescimento

físico quanto o desenvolvimento cognitivo de crianças, sobretudo aquelas que estão em

idade escolar. Geralmente esse acometimento está associado à desnutrição e à anemia, que

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Introdução

34

por consequência diminuem as respostas imunológicas no indivíduo infectado (Bailey &

Cuevas 1999, Muniz-Junqueira & Queiroz 2002, Galvão 2010). Entre os efeitos

decorrentes dessa limitação do estado nutricional, em sujeitos infectados, estão a redução

da capacidade para o trabalho físico e mental, comprometimento da motivação e a

consequente diminuição dos padrões de interação social (Miranda 2011).

Embora os estudos apontem que infecções intestinais, causadas por helmintos e

protozoários possam prejudicar o estado nutricional e causar atrasos no desenvolvimento

cognitivo de escolares, e apesar das evidências clínicas estarem bem descritas, o

comprometimento direto dos efeitos dessas infecções na aprendizagem não está bem claro

e nem conclusivo (Kvalsvig 1988, Ezeamama et al. 2005, Jardim-Botelho et al. 2008a).

Esses autores observam que é necessário considerar vários aspectos, tais como a duração e

intensidade da infecção, a espécie do parasito causador da infecção, o padrão de resposta

imunológica do indivíduo infectado, se há coinfecção ou reinfecção, se têm morbidades

associadas, os testes psicológicos adotados, os parâmetros nutricionais avaliados, os

delineamentos da pesquisa, afora as condições ambientais e contextuais ( físicas, sociais,

culturais e pedagógicas) nas quais o indivíduo está inserido.

No entanto, nos casos de infecções helmínticas, estudos têm mostrado que o

tratamento antiparasitário melhora do estado nutricional, com o aumento das concentrações

séricas de ferritina, dos níveis de hemoglobina e ganho de peso, e por consequência a

retomada do crescimento físico e do desempenho cognitivo. (Grigorenko et al. 2006,

Galvão et al. 2010, Souza 2010, Hürlimann et al. 2014) Apesar dessa melhora, a literatura

registra que apenas o tratamento quimioterápico isolado não é suficiente para restabelecer a

capacidade cognitiva em crianças que foram acometidas severamente por infecções

helmínticas (Souza 2010).

A implementação de estímulos psicossociais e cognitivos, após o tratamento

antiparasitário, tem sido sugerido como uma boa medida, considerando que há estudos

mostrando que estímulos ambientais trouxeram benefícios para a recuperação do potencial

cognitivo de crianças desnutridas e anêmicas (Grantham-McGregor & Ani 2001, Nahar et

al. 2012, Tofail et al. 2013, Ronfani et al. 2015).

Nos últimos anos, a relação entre parasitismo e desempenho escolar tem sido

tema de inúmeras pesquisas, pois as crianças na faixa etária escolar constituem a parcela da

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Introdução

35

população mais vulnerável às parasitoses intestinais (Nokes et al. 1999, Maia 2007,

Jardim-Botelho et al. 2008b, Ajjampur et al. 2011).

Embora a literatura não aponte de forma conclusiva quais são os efeitos diretos

do parasitismo no desenvolvimento cognitivo, é razoável afirmar que uma criança, com

carga parasitária elevada e apresentando um longo período de infecção, pode ter o

aprendizado comprometido, na medida em que os processos cognitivos básicos, como

atenção, percepção e memória, são afetados (Ezeamama et al. 2005, Grigorenko et al.

2006).

1.7 Avaliação do desempenho cognitivo

A avaliação do desempenho intelectual faz parte do diagnóstico psicológico

que por sua vez é um método ou técnica exclusivo do psicólogo. No entanto, a avaliação

intelectual é um procedimento que apresenta algumas complexidades. Em primeiro lugar,

pelas dificuldades intrínsecas ao próprio fenômeno a ser avaliado – a inteligência, tendo

em vista os aspectos da singularidade de cada sujeito, como motivação, atenção, ansiedade,

etc.; há ainda os elementos externos, como as características do instrumento utilizado

(quantidade de tarefas, por exemplo) e as condições ambientais nas quais a avaliação é

realizada (Nascimento & Figueiredo 2002, Louis & Emerson 2014).

O interesse científico pela mensuração das funções cognitivas data do início do

século XX. Os primeiros pesquisadores procuravam identificar a composição ou estrutura

da inteligência para explicar as diferenças individuais e o funcionamento da inteligência no

uso de informações (Primi 2003, Alves et al. 2013).

A definição da inteligência é um tema gerador de polêmicas, pois possui

significados diversos nos diferentes contextos e culturas. Nos últimos anos, segundo Alves

et al. (2013), verifica-se a diminuição do uso de expressão como „inteligência‟ ou „teste de

inteligência‟ sendo substituída por cognição, teste cognitivo, avaliação cognitiva, provas

cognitivas, competências de realização. Do mesmo modo, Weiten (2010) observa-se que

atualmente há uma expansão do conceito de inteligência. Novos teóricos, como Howard

Gardner, identificam novas concepções de inteligência que não são avaliadas nos testes

tradicionais que, conforme esses autores, são testes que representam uma visão limitada de

inteligência por enfatizar, no geral, apenas as habilidades verbais e matemáticas, excluindo

outras habilidades importantes (Weiten 2010).

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Introdução

36

Apesar dessas divergências conceituais e quanto à nomenclatura, no decorrer

deste trabalho, iremos usar o termo inteligência, por ser esta a definição do constructo

avaliado pela escala utilizada nesta pesquisa. No entanto, iremos também recorrer a termos

como cognição e desempenho cognitivo para referir-se à inteligência.

Os testes modernos de inteligência começaram com os psicólogos franceses

Alfred Binet (1857-1911) e Theodore Simon (1872-1961) que criaram a primeira escala de

inteligência, conhecida como a Escala de Binet-Simon (1905). Essa escala, que se

propunha medir a idade mental das crianças, com o tempo foi revisada e aprimorada

tornando-se o padrão de comparação para testes subsequentes de inteligência (Weiten

2010, Alves et al. 2013).

A Escala Wechsler de Inteligência, criada por David Wechsler em 1939, é um

instrumento utilizado mundialmente para estimar a capacidade cognitiva em avaliação

clínica neuropsicológica ou psicopedagógica, triagem e pesquisa. Essa escala tem boas

propriedades psicométricas, por tanto avalia diferentes habilidades cognitivas específicas,

produz escores gerais que informam sobre o raciocínio geral e também apresentam outras

dimensões cognitivas chamadas de índices. São duas formas de escala, adequadas para

cada nível de desenvolvimento, sendo a Wechsler Intelligence Scale for Children (WISC)

apropriada para avaliar a capacidade intelectual de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos e

11 meses; e a Wechsler Adults Intelligence Scale (WAIS) para avaliar intelectualmente

adultos entre 17 e 89 anos (Brooks 2011, Dang et al. 2012, Rueda et al. 2013, Hale et al.

2014, McKenzie et al. 2014).

No Brasil a Escala Wechsler de Inteligência para Crianças está na sua 4ª edição

– WISC-IV, e é amplamente utilizada para determinação e classificação da deficiência

intelectual, do diagnóstico diferencial de transtornos do neurodesenvolvimento, na

investigação do perfil cognitivo em diversas condições, tanto na clínica como em pesquisa,

estudo e triagem. A quarta versão da escala é resultado de mais de dez anos de pesquisa

entre especialistas do campo da neuropsicologia, psicologia clínica, psicologia escolar e de

aprofundamento literário nas áreas de teoria da inteligência, avaliação intelectual,

desenvolvimento cognitivo e neurociência cognitiva. De modo que, essa revisão do

instrumento cumpre os objetivos, entre outros, de atualizar a base teórica e aperfeiçoar as

propriedades psicométricas (Miranda 2011, Vidal et al. 2011, Rueda et al. 2013).

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Introdução

37

A Escala Wechsler de Inteligência tem como fundamento a psicometria, área

que se propõe à mensuração psicológica, e utiliza números para descrever os processos

psicológicos ou traços latentes. As bases teóricas da psicometria datam do início do século

XX, quando as pesquisas buscavam identificar a estrutura ou os fatores componentes da

inteligência (Primi 2003, Della Vechia 2011).

A publicação Escala Wechsler de Inteligência (1939) inaugura uma nova

compreensão do conceito de inteligência, e provoca um significativo impacto na história da

psicometria. Com a escala apresentada por David Wechsler, a avaliação da inteligência

passa a ser compreendida a partir de dois componentes: o verbal e outro não-verbal. Assim,

a inteligência é definida por Wechsler como a capacidade global que uma pessoa possui

para agir com propósito, pensar racionalmente e lidar de maneira eficaz com o ambiente.

Para o criador da escala, a inteligência geral, além de abranger mais que uma capacidade

intelectual, depende de variáveis como persistência, ímpeto, nível de energia, entre outras.

(Primi et al. 2001, Heck 2009, Alves et al. 2013).

Atualmente, a concepção teórica vigente dentro da psicometria é a teoria

Cattell-Horn-Carroll – CHC – das Habilidades Cognitivas. Essa teoria é resultado da

integração e do aprimoramento de modelos anteriores de inteligência. A teoria CHC das

Habilidades Cognitivas está organizada em dez fatores amplos e pouco mais de 60 fatores

específicos subjacentes. Há dois conceitos bem representativos dentro dessa teoria que são

os de Inteligência Fluída e de Inteligência Cristalizada. Essas duas expressões da

inteligência estão inter-relacionadas, sendo que a primeira traduz uma aptidão

essencialmente biológica, como a habilidade de raciocinar em situações novas; a segunda

considera uma capacidade decorrente da aculturação dos indivíduos, como a habilidade de

aplicar definições, métodos e procedimentos de solução de problemas, aprendidos

previamente, para lidar com situações-problema (Parkin & Beaujean 2012, Alves et al.

2013).

A WISC-IV é composta de 15 subtestes (10 principais e cinco suplementares).

Os subtestes tomados isoladamente compreendem diferentes capacidades cognitivas, em

conjunto refletem a habilidade intelectual geral e produzem o Quociente Intelectual - QI

Total e mais quatro índices: Compreensão Verbal (CV), avaliado pelos subtestes

Semelhanças, Compreensão e Vocabulário, sendo suplementares: Informação e Raciocínio

com Palavras; Memória Operacional (MO), domínio avaliado pelos subtestes Dígitos e

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Introdução

38

Sequência de Números e Letras, tendo Aritmética como suplementar; Organização

Perceptual (OP), índice avaliado por Cubos, Raciocínio Matricial e Conceitos de Figuras,

Completar Figuras é suplementar; e Velocidade de Processamento (VP) constituído pelos

subtestes Código e Procurar Símbolos, e conta com o subteste Cancelamento como

suplementar (Rueda et al. 2013).

A escala na versão completa (com 10 subtestes) é utilizada, sobretudo, como

instrumento de avaliação clínica, mas há formas reduzidas (aplicação de apenas alguns

subtestes) da escala utilizadas em situações onde a avaliação de inteligência é secundária

ou em estudos com grande número de indivíduos. A principal vantagem do uso da forma

abreviada da escala é o fato de diminuir o tempo de aplicação, correção e interpretação dos

resultados em relação à escala completa (Wagner et al. 2010, Della Vechia 2011).

A forma reduzida da Escala Wechsler de Inteligência para Crianças é utilizada

desde a primeira versão do instrumento, o seu objetivo é diminuir o tempo de aplicação da

escala, evitando causar fadiga ao indivíduo, pois o tempo médio da forma completa é de

aproximadamente 70 minutos (Rueda et al. 2013). Há registro de trabalhos com forma

abreviada do WISC desde 1954, no entanto, existem algumas controvérsias sobre as

vantagens e as desvantagens da sua utilização para a avaliação da inteligência, pois a forma

reduzida produz um QI estimado e não um QI original. A forma abreviada da escala não é

indicada para classificação e nem para elaborar diagnóstico ou encaminhamento (Carleton

& Stacey 1954, McKenzie et al. 2014). No entanto, é consenso entre os autores que a

forma reduzida seja empregada para fins de triagem, de rastreio e de pesquisa, mas não

para tomada de decisões a respeito de intervenções (Della Vechia 2011).

No Brasil há várias pesquisas, com adulto e com criança, utilizando diferentes

combinações de forma reduzida da Escala Wechsler de Inteligência, com modelos variando

entre dois e oito subtestes na sua composição. O objetivo da maior parte desses estudos foi

o de apenas avaliar o desempenho cognitivo dentro de condições específicas e não para

classificação ou para produzir um psicodiagnóstico. Nesses casos, o uso da forma reduzida

ficou restrito à conversão dos pontos brutos em pontos ponderados, cujo desempenho é

dado segundo a faixa etária do indivíduo (Figueiredo & Nascimento 2007, Avanci et al.

2009, Bastos et al. 2011, Oliveira et al. 2011).

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Introdução

39

Quanto aos critérios de escolha dos subtestes para compor a forma reduzida da

Escala Wechsler de Inteligência, tanto para criança ou quanto para adulto, grande parte dos

autores sugere que a seleção deve considerar além das propriedades psicométricas dos

subtestes e o objetivo da avaliação, aquilo que especificamente se pretende avaliar. Além

disso, a literatura sugere que em qualquer composição da forma reduzida da escala, deve-

se incluir os subtestes Cubos e Vocabulário, pois esses são os mais representativos, tanto

na variedade de habilidade quanto na alta correlação com a escala completa. Pesquisas

anteriores e as fundamentações teóricas a respeito da inteligência reforçam esses aspectos

(Heck 2009, Wagner et al. 2010, McKenzie et al. 2014).

Considerando as observações da literatura pertinente, na presente pesquisa,

optou-se por utilizar apenas os subtestes Cubos e Vocabulário para avaliar o desempenho

cognitivo dos escolares em questão. A intenção é comparar o desempenho cognitivo desses

escolares em dois momentos distintos e não classificá-los segundo o desempenho

apresentado. No primeiro subteste, o domínio cognitivo prevalente na avaliação é o da

habilidade viso-construtiva (capacidade de juntar ou manipular estímulos físicos e de

organizá-los ou adaptá-los para determinado fim); enquanto que no segundo, o domínio

avaliado é o da memória semântica (capacidade do aprendizado conceitual e linguístico).

O subteste Cubos, classificado como um subteste não-verbal, é composto por

14 itens e avalia habilidades como a visualização espacial, a coordenação viso-motora e o

raciocínio espacial. O indivíduo é solicitado a reproduzir, com limite de tempo que vai de

30 segundos, para o primeiro modelo, a 120 segundos, para o 14º modelo, configurações

diferentes com cubos idênticos de duas cores, tendo dois lados brancos, dois lados

vermelhos e dois lados metade branco e metade vermelho. Os acertos dentro do tempo

limite são pontuados de um a quatro, o total de pontos possíveis é de no máximo 68. A

interrupção do teste é feita após três erros consecutivos, conforme o Manual de Instruções

para Aplicação e Avaliação. O subteste Cubos por trazer informações a respeito de

domínios não-verbais do funcionamento cognitivo, revela boas medidas da inteligência

fluída, que se refere à rapidez e à exatidão do raciocínio abstrato, especialmente diante de

novos problemas (Ryan et al. 2000, Heck 2009, Parkin & Beaujean 2012).

O subteste Vocabulário é composto de 36 itens (4 itens-figuras e 32 itens-

palavras) e avalia o conhecimento verbal vocabular dentre outras habilidades cognitivas,

tais como: memória, capacidade de aprendizagem e desenvolvimento conceitual e da

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Introdução

40

linguagem. O indivíduo deverá nomear as figuras à medida que vão sendo apresentadas

pelo aplicador no Livro de Estímulos. No caso dos itens verbais, o sujeito deverá dar uma

definição quando as palavras são lidas em voz alta pelo aplicador. Conforme o Manual de

Instruções para Aplicação e Avaliação, o subtestes Vocabulário tem pontuação de zero a

dois pontos, sendo que as respostas completas recebem dois pontos e as incompletas um

ponto. Para respostas erradas ou se o indivíduo não responder, é computado zero ponto. O

total de pontos possíveis é de no máximo 68. Não há tempo limite para a execução, mas há

interrupção da aplicação do subteste após cinco erros consecutivos (Rueda et al. 2013).

Pelo subteste Vocabulário o indivíduo expressa boas medidas da inteligência

cristalizada, que se refere, sobretudo, à extensão e à profundidade das informações

adquiridas no processo de escolarização, e são aplicadas geralmente para resolver

problemas similares aos aprendidos no passado (Kaufman & Horn 1996, Ryan et al. 2000,

Heck 2009, Miranda 2011).

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2. JUSTIFICATIVA

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2. JUSTIFICATIVA

É notório que as doenças parasitárias constituem um indicativo de

subdesenvolvimento. Embora a importância de estimar os efeitos sociais e econômicos

dessas doenças seja frequentemente enfatizada na literatura, são poucos os trabalhos no

Brasil que avaliam seus efeitos cognitivos.

Considerando que as infecções causadas por parasitos intestinais e por

S.mansoni afetam principalmente crianças em idade escolar e que essas patologias alteram

os parâmetros fisiológicos; considerando que esses prejuízos podem comprometer o

crescimento físico e o desenvolvimento cognitivo; o presente trabalho se justifica por

avaliar os efeitos de infecção parasitária no desempenho cognitivo, antes e depois do

tratamento, em amostras de escolares do Município de Jaboticatubas – MG, área

reconhecidamente endêmica para essas doenças.

Considerando que estudos anteriores apontam que ainda não há muita clareza

sobre os efeitos diretos das infecções parasitárias na cognição, este trabalho propôs-se a

estender a análise ao associar a avaliação do desempenho cognitivo à identificação de

marcadores imunológicos e de níveis hormonais dos escolares infectados. Assim, o

presente estudo possibilitou ampliar o entendimento sobre as relações entre infecção

parasitária, perfil de resposta imunológica, níveis de produção de cortisol e de melatonina e

desempenho cognitivo dos escolares.

Nesse sentido, o percurso teórico e metodológico desenvolvido no presente

trabalho servirá como um parâmetro para investigações futuras que se proponham ao

diagnóstico, ao controle ou à avaliação do impacto de infecções parasitárias no

desenvolvimento e no desempenho cognitivo de escolares.

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OBJETIVOS

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliar o efeito de infecções parasitárias sobre o sistema imunológico e o

sistema hormonal e o impacto dessas alterações no desempenho cognitivo.

3.2 Objetivos específicos

3.2.1 Realizar levantamento parasitológico em amostra de escolares de 8 a 13

anos do Município de Jaboticatubas, Minas Gerais, identificando as espécies e a carga

parasitária;

3.2.2 Avaliar as concentrações de citocinas e de quimiocinas no sangue

periférico de escolares infectados, antes e três meses após tratamento antiparasitário e

comparar com escolares não infectados;

3.2.3 Dosar os níveis dos hormônios cortisol e melatonina no sangue dos

escolares infectados, antes e três meses após o tratamento antiparasitário, e comparar com

escolares não infectados;

3.2.4 Avaliar o desempenho cognitivo de escolares, antes e após o tratamento

antiparasitário, utilizando a Escala Wechsler de Inteligência, e verificar se há correlação

entre desempenho cognitivo e infecção parasitária;

3.2.5 Verificar se há relação entre infecção parasitária, perfil imunológico,

concentrações hormonais e desempenho cognitivo entre os grupos de escolares.

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MATERIAL E MÉTODOS

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Aspectos éticos

Antes da coleta de dados in loco, a pesquisa foi submetida e aprovada pelo

Comitê de Ética em Pesquisa - COEP-UFMG (Parecer nº 414.151 e Emenda nº CAAE

19354513.3.0000.5149) e cumpriu os requisitos exigidos pela Resolução Nº 466/2012 do

Conselho Nacional de Saúde - CNS. (Anexos 1 e 2).

A realização desse projeto contou com a anuência da Secretaria de Saúde e de

Educação do Município de Jaboticatubas – MG (Anexo 3).

4.2 Local de estudo

O presente trabalho pesquisou estudantes do ensino básico do Município de

Jaboticatubas, situado na região central do estado de Minas Gerais e pertencente à região

metropolitana da capital do estado, Belo Horizonte. Localizado aproximadamente a 70 km

da capital, Jaboticatubas está inserido na Serra do Espinhaço (Figura 3).

Figura 3. Localização do Município de Jaboticatubas, em vermelho, tendo Minas Gerais e o Brasil

como referência. Em preto, o Município de Belo Horizonte (Massara 2005).

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Material e Métodos

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A população de Jaboticatubas, em 2010, era de 17.119 habitantes, a maioria

vivendo na zona rural (IBGE 2010). De acordo com Censo Educacional de 2012, do

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – Inep, 1.752 alunos frequentavam

creches e escolas municipais de Jaboticatubas. Desse total, 422 estavam matriculados na

pré-escola (0 - 5 anos); e 1.330 frequentavam o ensino fundamental (6 - 14 anos) (IBGE

2012).

Na presente pesquisa, participaram estudantes de três escolas da rede pública

de ensino de Jaboticatubas. Uma localizada na sede do município e duas escolas na zona

rural (São José da Serra e Fazenda Cipó Velho).

4.3 Sujeitos

A pesquisa foi realizada com uma população composta por estudantes do

ensino fundamental, do terceiro ao quinto ano, de ambos os sexos, na faixa etária de 8 a 13

anos. O estudo de coorte foi realizado apenas com os estudantes selecionados pelo o

levantamento parasitológico inicial.

Para serem incluídos na pesquisa os escolares precisavam, além de atender a

faixa etária e escolaridade exigidas, estar matriculados na rede pública de ensino do

município; ter o consentimento dos pais ou responsáveis pela assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE; e, da parte dos escolares, assinar do Termo de

Assentimento Livre e Esclarecido - TALE (Apêndices 1 e 2) e ter feito o exame de fezes.

Os critérios para a exclusão da pesquisa foram os seguintes: não assinar o TCLE ou TALE;

ter doenças cognitivas, psiquiátricas ou distúrbios de comportamento que afetassem

habilidades exigidas nas avaliações; uso recente de antiparasitário ou durante o período de

coleta de material fecal, e não ter feito o exame de fezes inicial.

O cálculo de amostragem para um estudo representativo que determinou a

frequência do parasitismo numa população foi realizado de acordo com o Programa

OpenEpi2 (Versão 2.3.1.). Baseado nos dados do PCE (2014) e considerando a

sensibilidade de uma lâmina de Kato Katz feita pelo PCE no Município de Jaboticatubas,

supôs-se que a prevalência de parasitoses em crianças é de 20%, com erro de mais ou

menos 5%, o cálculo amostral foi feito para amostras aleatórias, usando os dados

populacionais para a faixa etária selecionada (IBGE – Cidades/2012). O nível de confiança

foi ajustado em 95% para cada cálculo e amostragem. Considerando a população de

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Material e Métodos

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escolares no ensino fundamental da rede municipal de Jaboticatubas (n=1.330), o número

amostral mínimo exigido pelo programa foi de 207 estudantes.

Inicialmente foi realizado um levantamento parasitológico pelo método

quantitativo de Kato-Katz (Katz et al. 1972) e pelo método qualitativo de sedimentação

espontânea (Hoffman et al. 1934) com estudantes dentro da faixa etária e da escolaridade

previamente definidas. Em seguida, todos os escolares com resultado positivo formaram o

grupo Infectado; um número representativo de estudantes com resultado negativo, foram

selecionados, aleatoriamente, para formar o grupo Controle.

4.4 Delineamento do estudo

Inicialmente foi realizado um estudo transversal para identificação da

prevalência das parasitoses. Em seguida foi selecionado um grupo de escolares, entre

positivos e negativos, para um estudo de coorte (epidemiológico analítico). Além de

determinar a prevalência e a carga parasitária, a presente pesquisa comparou os dados

parasitológicos com parâmetros imunológicos, níveis hormonais e desempenho cognitivo

dos escolares infectados, tratados e não infectados.

A pesquisa foi executada em dois momentos: (a) Tempo 1, quando foram

realizados o levantamento parasitológico inicial, a aplicação do teste cognitivo, a coleta de

sangue e o tratamento; (b) Tempo 2, três meses após o tratamento antiparasitário e a

confirmação de cura, quando foram realizados os mesmos procedimentos do Tempo 1.,

porém, apenas em escolares que tiveram resultado inicial positivo para parasitoses. A

coleta de dados ocorreu entre setembro de 2014 e abril de 2015.

4.5 Procedimentos metodológicos

4.5.1 Levantamento de dados socioambientais

A situação socioambiental e sanitária das residências e das famílias dos

estudantes foi verificada mediante aplicação de um Inquérito Socioambiental – ISA

(Apêndice 3), composto por 28 itens. O ISA foi respondido pelos estudantes e levantou as

condições sobre moradia, saneamento básico, higiene pessoal e de manipulação de

alimentos, escolaridade dos pais e renda familiar. As informações desse questionário foram

utilizadas para a caracterização da população em estudo.

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Material e Métodos

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Nos dois momentos da pesquisa foram realizadas as seguintes análises:

levantamento parasitológico qualitativo e quantitativo; aplicação do teste cognitivo,

verificação, no sangue periférico dos estudantes, das concentrações de citocinas e

quimiocinas, e análise dos níveis de cortisol e de melatonina.

4.5.2 Exame parasitológico de fezes

Para coleta das fezes foram distribuídos aos participantes, frascos coletores,

previamente identificados com nome, idade e série de cada aluno. Os frascos com as

amostras foram recolhidos no dia seguinte, no início de cada período escolar. Foram

coletadas duas amostras de fezes de cada estudante em dias seguidos, nos dois momentos

da pesquisa. As amostras de fezes foram submetidas a dois métodos:

a) Método de Sedimentação Espontânea - Hoffman, Pons e Janer (Hoffman et

al. 1934)

Aproximadamente de dois a três gramas de fezes frescas foram colocados em

um copo plástico descartável, com cerca de 5 mL de água destilada, as fezes foram

homogeneizadas com o auxílio de um „palito de picolé‟, e depois acrescentou-se mais 20

mL de água. Em seguida, as fezes foram filtradas, por gaze cirúrgica dobrada em quatro

partes, utilizando um cálice cônico (200 mL), após a filtragem completou o volume do

cálice com água. A suspensão ficou em repouso durante pelo menos quatro horas. Após

esse período, descartou-se o sobrenadante e, em caso do sobrenadante ainda ficar turvo, o

processo de sedimentação foi repetido até a solução ficar clara. Por fim, com uma pipeta

plástica, três gotas do sedimento foram transferidas para lâminas de microscópio, coradas

com uma gota de solução de Lugol (2% de iodo metálico + 4% de iodeto de potássio) e

cobertas por lamínulas. Em seguida a lâmina foi examinada no microscópio óptico com

aumento de 100 e 400 vezes. Foi analisada uma lâmina para cada amostra de fezes. A

presença de cistos de protozoários e ovos de helmintos foi relatada de forma qualitativa

(Rocha 2005).

b) Método de Kato-Katz (Katz et al. 1972)

Para a realização do teste de Kato-Katz foi utilizado o kit Helm Test, (Bio

Manguinhos, FIOCRUZ, Rio de Janeiro). Uma quantidade de lamínulas de papel celofane

necessária para o teste foi mergulhada na solução de verde de malaquita por 24 horas. Em

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Material e Métodos

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seguida foi retirada uma porção de fezes, com o auxílio de um palito, e colocada sobre um

pedaço de papel higiênico. A tela metálica foi colocada sobre as fezes, comprimindo-as

com o auxílio da espátula, e com isso parte das fezes passou pelas das malhas da tela. As

fezes que passaram pela tela foram recolhidas com o auxílio de espátula, em seguida foram

depositadas no orifício da placa, já colocada em cima de uma lâmina de microscópio até

preencher todo o orifício da placa. A placa perfurada foi retirada, cuidadosamente,

deixando um cilindro de material fecal. Esse material foi coberto por uma lamínula de

papel celofane, embebida em solução de verde de malaquita, e depois a lâmina de vidro foi

invertida sobre uma superfície lisa. Em seguida, usando o dedo polegar sobre a região do

cilindro fecal, fez-se uma pressão sobre a lâmina de vidro de modo que o material

espalhasse uniformemente entre a lâmina e a lamínula. A lâmina preparada ficou em

repouso por no mínimo duas horas.

A contagem de ovos de S. mansoni foi realizada com o auxilio de microscópio

óptico com aumento de 100 a 400 vezes. Foi calculada a média de ovos em quatro lâminas

(duas amostras fecais com duas lâminas cada) multiplicada por 24 para a obtenção de ovos

por grama de fezes de cada indivíduo infectado. Foram analisadas duas lâminas para cada

amostra de fezes.

4.5.3 Ensaios imunológicos: dosagem de citocinas e quimiocinas

No total foram dosadas, no soro dos participantes da pesquisa, quatorze

marcadores imunológicos solúveis, sendo as citocinas IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12, IL-

17, IL-27 e IL-33 e TNF-α, e as quimiocinas CCL3, CCL5, CCL11, CCL17 e CXCL10.

Como os marcadores imunológicos foram avaliados no sangue periférico dos

escolares, optamos por citocinas e quimiocinas que poderiam ser detectadas em quantidade

maior no soro e que poderiam substituir os marcadores clássicos.

a) Obtenção das amostras de sangue humano

Foram coletadas amostras de sangue venoso, na mão ou no antebraço de cada

indivíduo. Um volume de 5 e 10 mL de sangue foi coletado em tubos à vácuo e com

ativador coagulante (Biocon, São Paulo). O material biológico manteve-se à temperatura

ambiente (TA) até ser levado ao laboratório da UFMG onde foi centrifugado a 800g por 15

minutos a 4ºC. Após centrifugação, alíquotas de 500 μL de soro de cada indivíduo foram

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Material e Métodos

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armazenadas em freezer (- 80ºC), para posterior processamento. As coletas de sangue

foram feitas sempre entre 09 e 13 horas, e os indivíduos não estavam em jejum.

b) Dosagem das citocinas IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12 e TNF-α por

citometria de fluxo.

As concentrações de citocinas IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12 e TNF-α

presentes nas amostras de soro dos escolares foram avaliadas pelo kit „Cytometric Bead

Array‟ para marcadores inflamatórios (CBA, Beckton Dickinson Bioscience, EUA),

usando citometria de fluxo (FACSCalibur, BD Bioscience, EUA) e seguindo o protocolo

do fabricante. Os ensaios foram realizados no Laboratório Imunomodulação e

Cronobiologia do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde do Campus Universitário do

Araguaia - CUA/UFMT, Barra do Garças - MT.

Seis populações de microesferas com distintas intensidades de fluorescência

foram conjugadas com anticorpos de captura específicos para cada citocina, misturadas

para formar a mistura das seis populações (CBA kit para citocinas de inflamação, BD

Bioscience, EUA), e lidas no canal FL3 do citômetro de fluxo (FACSCalibur, BD

Bioscience, EUA). As populações de microesferas, específicas para cada citocina foram

visualizadas e separadas de acordo com as suas respectivas intensidades de fluorescência.

Foi utilizado o Kit CBA (BD) para a quantificação das citocinas IL-1β, IL-6,

IL-8, IL-10, IL-12 e TNF-α em uma mesma amostra. Seis populações de beads com

distintas intensidades de fluorescência são conjugadas com um anticorpo de captura

específico para cada citocina, misturadas para formar o CBA. No CBA, as beads de

captura das citocinas são misturadas com o anticorpo de detecção conjugado com o

fluorocromo PE, e depois incubadas com as amostras para formar o ensaio "em sanduíche".

Os tubos para aquisição foram preparados com: 50 μL de amostra, 50 μL da mistura de

beads e 50 μL do reagente de detecção. O mesmo procedimento foi realizado para a

obtenção da curva-padrão. Os tubos foram homogenizados e incubados por três horas, em

temperatura ambiente, no escuro. A aquisição e análise das amostras foram obtida através

do software CellQuest (BD) e FCAP Array 3.0 (BD), respectivamente.

c) Dosagem das citocinas IL-17, IL-27, IL-33 e das quimiocinas CCL3, CCL5,

CCL11, CCL17 e CXCL10 por ELISA sanduíche.

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Material e Métodos

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As concentrações das citocinas IL-17, IL-27, IL-33 e das quimiocinas CCL3,

CCL5, CCL11, CCL17 e CXCL10 foram determinadas em duplicata no soro dos

participantes por kits comercias (R&D Systems, EUA). Os ensaios foram realizados no

Laboratório de Helmintologia Intestinal do ICB/UFMG. Conforme os protocolos do

fabricante. Placas de imunoensaio (Costar Assay Plate #3690, Corning, EUA) foram

sensibilizadas com os anticorpos de captura diluídos em salina tamponada (PBS, pH 7,4) e

incubadas à 4ºC durante à noite. No dia seguinte, as placas foram lavadas duas vezes com

PBS, contendo 0,05% Tween-20 (PBS-T). Após lavagem, as placas foram bloqueadas com

solução diluente (PBS e 1% de albumina bovina, pH 7,4) durante no mínimo uma hora à

TA. Após nova etapa de lavagem (3x), foram adicionados o padrão para cada citocina e

quimiocina, seguindo os protocolos do fabricante, e as amostras de soro, inicialmente

diluídas por 1:1 em solução diluente. As placas foram incubadas durante duas horas à TA e

posteriormente lavadas por cinco vezes com PBS-T. Os anticorpos biotinilados de detecção

foram adicionados e as placas novamente incubadas por duas horas (TA). Após nova

lavagem (5x), uma solução de estreptavidina conjugada à peroxidase foi adicionada e as

placas foram incubadas durante 20 minutos à TA no escuro. Em seguida, as placas foram

lavadas novamente (5x) a solução de substrato foi pipetada e após 20-30 minutos de

incubação no escuro (TA) a reação foi interrompida pela adição de ácido sulfúrico (4N

H2SO4). Por fim, as placas foram lidas no espectrofotômetro (VERSAmax, Molecular

Devices, EUA), usando a onda de 450 nm. A concentração de cada citocina e quimiocina

foi extrapolada da referente curva padrão em cada placa, usando o programa SOFTMax

Pro 6.4 (Molecular Devices, EUA). Soros com concentrações em cima da maior

concentração da curva padrão foram diluídos 1:5 ou 1:10 e a dosagem foi repetida. As

faixas de detecção para cada citocina e quimiocina foram: IL-33 (1.500,0-11,7 pg/ml); IL-

27 (10.000,0-78,1 pg/mL); IL-17 (1.000,0-7,8 pg/mL); CCL17 (500,0-3,9 pg/mL); CCL11

(1.000,0-7,8 pg/mL), CXCL10 (2.000,0-15,6 pg/mL); CCL5 (1.000,0-7,8 pg/mL) e CCL3

(500,0-3,9 pg/mL).

4.5.4 Análise dos níveis de hormônios

Para dosar níveis dos hormônios cortisol e melatonina no soro dos escolares

foram utilizados kits de ELISA (Imuno-Biological Laboratories - IBL, Hamburgo,

Alemanha) (Belyaev, 2011). As análises foram realizadas no Laboratório Imunomodulação

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Material e Métodos

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e Cronobiologia do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde do Campus Universitário

do Araguaia - CUA/UFMT, Barra do Garças - MT.

a) Dosagem do hormônio cortisol

Para determinação quantitativa da concentração do hormônio cortisol nas

amostras de soro, pelo Kit Accu Bind (Fagundes et al. 2012), foram pipetados 20 µL dos

padrões, controles e amostras de soro nos respectivos poços da microplaca. Em seguida

fez-se a adição de 200 µL de conjugado enzimático de cortisol em cada poço e agitou-se

por 10 segundos. As placas foram incubadas por 60 minutos à TA (25ºC). Após este

período, o conteúdo da microplaca foi descartado e esta foi lavada (3x). Foram adicionados

em seguida 100 µL de substrato em cada poço e a placa foi incubada à TA por 15 minutos,

sendo que a reação foi interrompida com solução de parada (100 µL). A leitura foi

realizada por espectrofotômetro de placas em comprimento de onda de 450 nm. Os

resultados foram obtidos através de curva-padrão e expressos em pg/mL.

b) Dosagem do hormônio melatonina

A melatonina foi extraída por cromatografia de afinidade, concentrada em

centrífuga a vácuo, em seguida foi quantificada por Elisa. Foram pipetados 50 uL dos

padrões, controles e amostras de soro nos respectivos poços da microplaca, e depois

adicionados 50 uL de melatonina biotinilada (BIOTIN), seguido da adição de 50 uL de

melatonina anti-sérica (ANTISERUM), e a placa foi coberta com folha adesiva e incubada

por 14 horas sob refrigeração (2-8ºC). Após esse período a folha adesiva foi removida e

descartada a solução de incubação e procedeu-se a lavagem da placa (3x) com 250 µL do

tampão de lavagem. Em seguida foram adicionados em cada poço 150 µL do conjugado

enzimático e a placa e foi coberta novamente com uma nova folha adesiva e incubada sob

agitação (agitador orbital- 500 rpm) por 120 minutos à TA (25°C). Após este período, a

placa foi lavada (3x). Depois da lavagem adicionou-se 200 µL da solução substrato recém-

preparada e a placa foi incubada por 40 minutos à TA em um agitador orbital a 500 rpm. A

reação foi interrompida pela adição de 50 µL da solução de parada. A leitura foi realizada

por espectrofotômetro de placas com comprimento de onda de 405 nm. Os resultados

foram obtidos pela curva padrão e expressos em pg/mL.

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Material e Métodos

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4.5.5 Avaliação cognitiva

O desempenho cognitivo dos escolares foi verificado a partir da aplicação de

dois subtestes da Escala Wechsler de Inteligência para Crianças 4ª Edição - WISC-IV:

Cubos e Vocabulário (Wechsler 2013).

No subteste Cubos, foi solicitado ao estudante reproduzir, com limite de tempo

variando de 30 segundos (primeiro modelo) a 120 segundos (14º modelo), quatorze

configurações diferentes com nove cubos idênticos de duas cores (dois lados brancos, dois

lados vermelhos e dois lados metade branco e metade vermelho), conforme modelo

apresentado no Livro de Estímulos (Figura 4). Os acertos, dentro do tempo limite, foram

pontuados de um (1) a quatro (4). A interrupção do teste foi feita após três (3) erros

consecutivos.

Figura 4. Materiais e equipamentos utilizados no subteste Cubos: (a) Protocolo de Registro, (b)

Livro de Estímulos, (c) Cubos e (d) Cronômetro.

No subteste Vocabulário o estudante nomeou as figuras à medida que essas

foram sendo apresentadas pelo pesquisador no Livro de Estímulos. E no caso dos itens

verbais, o estudante expressou uma definição quando cada palavra era lida em voz alta e

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Material e Métodos

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indicada no Livro de Estímulos pelo pesquisador (Figura 5). A pontuação foi de zero (0) a

dois pontos (2), sendo que as respostas completas receberam dois (2) pontos e as

incompletas um (1) ponto. Não há um tempo limite para a execução do subteste, mas há

interrupção da aplicação do subteste após cinco (5) erros consecutivos.

Figura 5. Materiais utilizados no subteste Vocabulário: (a) Protocolo de Registro e (b) Livro de

Estímulos.

Os dois subtestes foram aplicados, de forma individual, nas dependências de

cada escola, em ambiente bem iluminado, silencioso e livre de distrações ou interrupções.

A aplicação dos subtestes aconteceu na primeira parte do turno de cada período escolar

para evitar interferências (cansaço ou qualquer outro desgaste) no desempenho do

estudante.

Para determinar o desempenho cognitivo individual dos escolares,

primeiramente, os pontos brutos obtidos em cada subteste foram anotados e computados

nos Protocolos de Registros (Anexos 4 e 5). Em seguida foram convertidos em pontos

ponderados, variando de 1 a 19, segundo a idade cronológica de cada indivíduo e conforme

as tabelas de conversões do Manual de Instruções para Aplicação e Avaliação.

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Material e Métodos

56

4.6 Análise estatística

Os dados foram organizados em planilhas eletrônicas Microsoft Excel e as

análises estatísticas foram executadas no programa de licença livre BioEstat 5.32 A

estatística descritiva identificou a média aritmética, mediana, quartis e desvio padrão das

variáveis em cada grupo.

A análise dos dados de escolares infectados (antes e após o tratamento) e não

infectados obedeceu os seguintes passos: (1) Verificação da distribuição dos dados pelo

teste de normalidade D‟Agostino; (2) Análise dos dados paramétricos realizadas pelo Teste

t de Student para a comparação de amostras relacionadas e de amostras independentes. A

correlação entre as variáveis foi feita pelo Teste de Pearson; (3) Análise dos dados não-

paramétricos realizada pelo Teste Wilcoxon para comparar as amostras dependentes, e pelo

Teste de Mann-Whitney para comparar as amostras independentes. A correlação entre os

diferentes parâmetros foi verificada pelo Teste de Spearman.

As diferenças entre os grupos foram consideradas significativas quando os

valores de p foram iguais ou menores de 0,05.

2 Disponível em http://www.mamiraua.org.br/pt-br/downloads/programas/bioestt-versao-53/.

Acesso 05 de outubro de 2015.

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RESULTADOS

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5. RESULTADOS

5.1 Levantamento parasitológico em amostras de escolares do Município

de Jaboticatubas

Exames parasitológicos de fezes foram realizados em estudantes, do 3º ao 5º

ano do ensino fundamental de três escolas públicas de Jaboticatubas, duas delas localizadas

na zona rural do município. Do total de 316 escolares que participaram inicialmente do

levantamento parasitológico, apenas 28 indivíduos (8,9%) apresentaram resultado positivo,

sendo 19 (6%) monoparasitados e 9 (2,8%) poliparasitados.

Considerando apenas os escolares infectados, observa-se que a helmintíase

mais frequente foi a esquistossomose, encontrada em 20 indivíduos (71,4% dos

infectados), seguida de infecção por E. vermicularis (17,8%). Dentre os protozoários, os

parasitos mais frequentes foram E. coli (25,0%) e G. lamblia (10,7%) (Tabela 1).

A mediana da carga parasitária verificada entre os escolares infectados por S.

mansoni foi de 6 ovos por grama de fezes (mínimo de 6 e máximo de 66 OPG). Segundo a

OMS, essa carga parasitária classifica os indivíduos na categoria leve de infecção (1 a 99

OPG), e a região estudada pode ser caracterizada como de baixa endemicidade (WHO

2002a)

Todos os escolares com resultado positivo foram selecionados para fazer parte

da pesquisa de coorte e compuseram o grupo Infectado (n=28). Entre aqueles que tiveram

resultado negativo no exame, foram convidados, aleatoriamente, 25 escolares para compor

o grupo Controle. Assim, foram acompanhados 53 escolares no estudo de coorte.

Os escolares do grupo Infectado foram tratados pelo serviço público de saúde e

o tratamento foi confirmado com os agentes de saúde e por entrevista individual. Após três

meses, os indivíduos tratados foram novamente submetidos a exame parasitológico (HPJ e

Kato-Katz), e somente um indivíduo apresentou resultado positivo para G. lamblia. Nem

todos os escolares do grupo Infectado compareceram no segundo tempo da pesquisa, e

aqueles que continuaram no estudo formaram o subgrupo Tratado (n=25). Outros quatro

subgrupos de escolares foram formados: o primeiro, composto aqueles indivíduos do grupo

Infectado que apresentaram resultado positivo para S. mansoni: Sm Infectado (n=20); o

segundo formado também por esses mesmos escolares com resultado positivo para S.

mansoni, porém, após o tratamento: Sm Tratado (n= 20); o terceiro e o quarto subgrupo

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Resultados

59

foram formados por escolares infectados por parasitos intestinais, antes do tratamento:

Outros Parasitos Infectados - OP Infectados (n=8); e após o tratamento: Outros Parasitos

Tratados - OP Tratados (n= 5).

Tabela 1. Distribuição de espécies de parasitos intestinais e de S. mansoni em escolares

infectados (n=28).

5.2 Caracterização dos sujeitos do estudo

Os 53 escolares que fizeram parte desse estudo, tinham entre 8 e 13 anos. A

idade média foi de 9,7 anos (±1,2), e não houve diferença significativa na idade entre os

escolares infectados e os não infectados. A distribuição por gênero foi de 39,6% do

masculino e 60,4% do gênero feminino, sem diferença significativa entre o grupo Infectado

e grupo Controle. 59,6% deles frequentavam escolas situadas da zona rural do munícipio.

Foi importante notar que a maioria (96,2%) dos escolares tinha o hábito de frequentar rios

e açudes como forma de lazer. Muitos escolares não souberam precisar a escolaridade dos

pais (37,7%) e 34,0% deles referiram que pelo menos um dos pais completou o ensino

fundamental, 11,3% o ensino médio, 11,3% tinham o nível superior, e 3,8% referiram que

os pais não eram alfabetizados. Em 50,9% das famílias a renda mensal média estava entre

1 a 3 salários mínimos; e 90,6% residiam em casa própria. Quanto ao saneamento básico,

havia rede de esgoto em apenas 13,2% das residências, mas vale observar que o município

não faz o tratamento do esgoto, e o mesmo é jogado no Ribeirão Jaboticatubas; 73,6%

deles declararam utilizar fossa para o esgoto doméstico; a maioria das residências (63,3%)

era abastecida por rede pública de água tratada; o destino do lixo em 52,8% dos domicílios

Parasitos encontrados n %

Helmintos

S. mansoni 20 71,4

E. vermicularis 5 17,8

Ancilostomídeos 2 7,1

A. lumbricoides 2 7,1

Hymenolepis nana 1 3,5

Protozoários

E. coli 7 25,0

G. lamblia 3 10,7

E. histolytica 1 3,5

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Resultados

60

era dado por coleta municipal; e nos chamou a atenção o fato de 41,5% dos escolares

afirmarem enterrar ou queimar os resíduos domésticos.

5.3 Dosagem de marcadores imunológicos e de hormônios no sangue

periférico de escolares

Dos 53 escolares selecionados para o estudo de coorte, foi possível coletar

amostras sanguíneas de 47 deles no Tempo 1 (24 do grupo Infectado e 23 do grupo

Controle). No Tempo 2, foi realizado exame hematológico em 29 escolares (24 do grupo

Infectado e em 5 indivíduos do grupo Controle).

5.3.1 Marcadores imunológicos: dosagem de citocinas e quimiocinas

No total foram dosadas quatorze diferentes citocinas e quimiocinas no soro dos

escolares. As concentrações de IL-6, IL-17, IL-27, IL-33, CCL3, CCL5, CCL11, CXCL10

não apresentaram diferenças significativas entre escolares dos grupos estudados (Tabela

2).

Tabela 2. Concentração de citocinas e quimiocinas (pg/mL), em mediana (percentis 25 e

75%), no sangue periférico de todos os escolares infectados (Infectado), três

meses após tratamento (Tratado) e de escolares não infectados (Controle).

GRUPO

Infectado (n=24) Tratado (n=24) Controle (n=23)

Mediana

[pg/mL] (25 - 75%)

Mediana

[pg/mL] (25 - 75%)

Mediana

[pg/mL] (25 - 75%)

Citocina

IL-6 2,8 (0,0 - 5,8) 1,4 (0,4 - 3,4) 3,0 (0,7 - 4,9)

IL-17 0,0 (0,0 – 0,0) 0,0 (0,00 - 0,0) 0,0 (0,0 – 0,0)

IL-27 2996,0 (1485,5 - 5434,0) 2356,0 (2097,0 - 2957,0) 1432,5 (1094,0 - 3840,8)

IL-33 625,0 (109,0 - 4160,0) 849,0 (236,5 - 3423,0) 630,0 (0,0 - 3298,2)

Quimiocina

CCL3 16,0 (0,0 - 41,0) 20,0 (8,5 - 31,0) 24,0 (4,5 – 36,0)

CCL5 15448,0 (15038,5 - 16481,5) 15980,0 (14745,0 - 17055,0) 14788,5 (13831,8 – 15984,3)

CCL11 0,0 (0,0 - 102,0) 0,0 (0,0 - 0,0) 0,0 (0,0 – 39)

CXCL10 94,0 (55,5 - 402,0) 76,0 (49,0 - 130,0) 90,5 (58,0 - 135,5)

Obs.: Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos Infectado e Tratado, segundo o

Teste de Wilcoxon; e nem entre os grupos Infectado e Controle, Tratado e Controle, segundo o Teste de

Mann-Whitney.

No entanto, foram observadas diferenças estatísticas significativas (p<0.05)

entre os grupos estudados para cinco citocinas e uma quimiocina. No subgrupo Tratado a

produção de IL-1β, IL-10, IL-12, TNF-α e CCL17 diminuiu significativamente em relação

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Resultados

61

ao grupo Infectado. Verificou-se também que os níveis de produção de IL-10, IL-12, e

CCL17 do subgrupo Tratado apresentaram diferença estatisticamente significativa em

comparação ao grupo Controle. Por outro lado, houve aumento significativo de IL-8 no

subgrupo Tratado (90,0 pg/mL) em relação ao grupo Infectado (11,8 pg/mL). Os valores de

IL-8 também foram elevados no grupo Controle (78,2 pg/mL), apresentando diferença

estatisticamente significativa se comparados ao grupo Infectado. Ressalta que a quimiocina

CCL17 foi significativamente maior no grupo Infectado em relação ao Controle. (Figura

6).

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Resultados

62

Figura 6. Concentração de citocinas e quimiocinas (pg/mL), no sangue periférico de todos escolares

infectados (Infectado), três meses após tratamento (Tratado) e de escolares não infectados (Controle). Os

resultados estão apresentados em pg/mL, expressos em formato de gráficos de „box and whisker plots‟,

indicando valores mínimos e máximos („whiskers‟) e com linhas horizontais indicando 25, 50, mediana

e 75% das concentrações séricas citocinas/quimiocinas avaliadas. * Diferença estatisticamente

significativa (p<0.05) entre os grupos Infectado e Tratado, segundo o Teste de Wilcoxon, e entre os

grupos Infectado e Controle, Tratado e Controle, segundo o Teste de Mann-Whitney.

Quanto aos escolares infectados por S. mansoni, antes e depois do tratamento,

os resultados das dosagens de cinco interleucinas (IL-1β, IL-6, IL-17, IL-27 e IL-33); e

quatro quimiocinas (CCL3, CCL5, CCL11 e CXCL10) não apresentaram diferença

estatisticamente significativa entre os subgrupos Sm Infectado, Sm Tratado e o grupo

Controle (Tabela 3).

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Resultados

63

Tabela 3. Concentração de citocinas e quimiocinas (pg/mL), em mediana (percentis 25 e

75%), no sangue periférico de escolares infectados por S. mansoni (Sm

Infectado), três meses após tratamento (Sm Tratado) e de escolares não

infectados (Controle).

GRUPO

Sm Infectado (n=17) Sm Tratado (n=17) Controle (n=23)

Mediana

[pg/mL] (25 - 75%)

Mediana

[pg/mL] (25 - 75%)

Mediana

[pg/mL] (25 - 75%)

Citocina

IL-1β 5,9 (0,5 - 13,1) 0,1 (0,0 – 1,3) 2,8 (0,1 - 9,9)

IL-6 1,3 (0,0 - 5,2) 1,7 (0,4 – 3,8) 3,0 (0,7 - 4,9)

IL-17 0,0 (0,0 - 0,0) 0,0 (0,0 – 0,0) 0,0 (0,0 - 0,0)

IL-27 2996,0 (1536,8 - 6843,8) 2367,0 (2203,5 – 3106,5) 1432,5 (1094,0 - 3840,8)

IL-33 939,0 (132,5 - 3582,8) 1082,0 (283,8 – 5007,3) 630,0 (0,0 - 3298,3)

Quimiocina

CCL3 14,0 (0,0 - 38,0) 18,0 (9,0 – 34,0) 24,0 (4,5 - 36,0)

CCL5 15502,5 (15057,3 - 16862,0) 15445,0 (1444,0 – 16202,5) 14788,5 (13831,8 - 15984,3)

CCL11 0,0 (0,0 - 102,5) 0,0 (0,0 – 0,0) 0,0 (0,0 - 37,5)

CXCL10 137,0 (71,8 - 478,0) 78,0 (51,5 – 139,3) 90,5 (58,0 - 135,5)

Obs.: Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos Sm Infectado e Sm Tratado,

segundo o Teste de Wilcoxon; e nem entre os grupos Sm Infectado e Controle, Sm Tratado e Controle,

segundo o Teste de Mann-Whitney.

Os níveis séricos das citocinas IL-10, IL-12 e TNF-α, e da quimiocina CCL17

foram significativamente menores no subgrupo Sm Tratado em relação ao subgrupo Sm

Infectado. Já a IL-8 apresentou níveis significativamente maiores no Sm Tratado (115,5

pg/mL), em relação ao Sm infectado (6,3 pg/mL) e ao Controle (78,2 g/mL). No entanto,

os valores medianos das citocinas IL-10, TNF-α, e da quimiocina CCL17 do grupo Sm

Tratado foram menores do que os encontrados no grupo Controle (Figura 7).

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Resultados

64

Figura 7. Concentração de citocinas e quimiocinas (pg/mL), no sangue periférico de escolares

infectados por S. mansoni (Sm Infectado), três meses após tratamento (Sm Tratado) e de

escolares não infectados (Controle). Os resultados estão apresentados em pg/mL, expressos em

formato de gráficos de „box and whisker plots‟, indicando valores mínimos e máximos

(„whiskers‟) e com linhas horizontais indicando 25, 50, mediana e 75% das concentrações

séricas citocinas/quimiocinas avaliadas. * Diferença estatisticamente significativa (p<0.05)

entre os grupos Sm Infectado e Sm Tratado, segundo o Teste de Wilcoxon, e entre os grupos

Infectado e Controle, Sm Tratado e Controle, segundo o Teste de Mann-Whitney.

5.3.2 Análise dos hormônios melatonina e cortisol

Os resultados da avaliação dos níveis de melatonina, verificados no soro dos

escolares, revelaram diferença estatisticamente significativa na comparação entre o grupo

Infectado (13,2 pg/mL) e o grupo Controle (1,4 pg/mL). Esses valores encontrados no

grupo Controle também apresentaram diferença estatisticamente significativa em

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Resultados

65

comparação com os verificados no subgrupo Tratado (13,0 pg/mL) (Figura 8a). As

concentrações de cortisol apresentaram, no geral, níveis baixos de produção, e foi

verificada diferença estatisticamente significativa apenas entre as medianas do grupo

Infectado (4,1 pg/mL) e do grupo Controle (4,5 pg/mL) (Figura 8b).

Figuras 8a e 8b. Concentração de melatonina (a) e de cortisol (b) (pg/mL), no sangue

periférico de escolares infectados, três meses após tratamento e de escolares não infectados

(Controle). Os resultados estão apresentados em pg/mL, expressos em formato de gráficos de

box and whisker plots‟, indicando valores mínimos e máximos („whiskers‟) e com linhas

horizontais indicando 25, 50, mediana e 75% das concentrações dos níveis hormônios

avaliados. * Diferença estatisticamente significativa (p<0.05) entre os grupos na avaliação da

melatonina, segundo os Testes de Wilcoxon e de Mann-Whitney, e a avaliação do cortisol,

segundo o Teste t de Student.

As análises das concentrações hormonais realizadas especificamente com os

escolares infectados por S. mansoni revelaram níveis mais elevado de melatonina se

comparado aos níveis verificados nos escolares não infectados. Os valores verificados,

tanto antes (13,2 pg/mL) quanto depois (13,0 pg/mL) do tratamento, apresentaram

diferença estatisticamente significativa (p<0.05) quando comparados aos valores do grupo

a

b

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Resultados

66

Controle (1,4 pg/mL) (Figura 9a). Por outro lado, os níveis de cortisol dos escolares

infectados por S. mansoni não apresentaram diferença nas análises estatísticas e os valores

encontrados não se alteraram com o tratamento, mantendo-se em 4,2 pg/mL, valor próximo

do verificado no grupo Controle (4,5 pg/mL) (Figura 9b).

Figuras 9a e 9b. Concentração de melatonina (a) e cortisol (b) (pg/mL), no sangue periférico de

escolares infectados por S. mansoni (Sm infectado), três meses após tratamento (Sm tratado) e de

escolares não infectados (Controle). Os resultados estão apresentados em pg/mL, expressos em

formato de gráficos de box and whisker plots‟, indicando valores mínimos e máximos („whiskers‟)

e com linhas horizontais indicando 25, 50, mediana e 75% das concentrações dos níveis hormônios

avaliados. * Diferença estatisticamente significativa (p<0.05) entre os grupos na avaliação da

melatonina, segundo os Testes de Wilcoxon e de Mann-Whitney, e a avaliação do cortisol, segundo

o Teste t de Student.

5.4 Avaliação do desempenho cognitivo

A avaliação cognitiva foi realizada em 52 escolares, pela aplicação de dois

subtestes da Escala Wechsler de Inteligência para Crianças, nos dois tempos da pesquisa.

Os resultados do desempenho dos escolares (média ponderada por idade) dos grupos

Infectado, Tratado e Controle não apresentaram diferença estatisticamente significativa

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Resultados

67

para nenhum dos dois subtestes empregados. Os valores médios se mostraram

relativamente próximos (Tabela 4).

Tabela 4. Média do desempenho cognitivo, ponderado por idade, de escolares

infectados (Infectado), três meses após tratamento (Tratado) e de

escolares não infectados (Controle).

GRUPO

Infectado (n=28) Tratado (n=25) Controle (n=24)

Subteste Média ±DP Média ±DP Média ±DP

Cubos 9,0 3,3 9,0 3,1 8,8 2,7

Vocabulário 10,4 2,9 10,4 3,1 11,2 2,6

Obs.: Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos, segundo o Teste t de

Student.

No que tange a avaliação cognitiva dos escolares infectados por S. mansoni,

observa-se que não houve melhoria do desempenho após o tratamento. Pelo contrário, a

média do substeste Cubos, que avaliou habilidades não verbais, foi de 9,1 no subgrupo Sm

Infectado e 8,8 após o tratamento. No subteste Vocabulário, que avaliou o domínio da

linguagem, a média foi de 10,1 antes e após o tratamento (Tabela 5). No geral, chamou a

atenção o desempenho dos escolares do Sm Tratado que ficou abaixo da média de

aproveitamento dos escolares do Sm Infectado. Observa-se nos resultados apresentados

pelo grupo Controle que há uma tendência de melhor aproveitamento no subteste

Vocabulário (11,2) em relação ao desempenho dos demais grupos para o referido subteste.

Tabela 5. Média do desempenho cognitivo, ponderado por idade, de escolares infectados

por S. mansoni (Sm Infectado), três meses após tratamento (Sm Tratado) e de

escolares não infectados (Controle).

GRUPO

Sm Infectado (n=20) Sm Tratado (n=20) Controle (n=24)

Subteste Média ±DP Média ±DP Média ±DP

Cubos 9,1

3,4 8,8

3,1 8,8 2,7

Vocabulário 10,1

3,1 10,1

3,2 11,2 2,6

Obs.: Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos, segundo o Teste t

de Student.

Quanto ao desempenho cognitivo dos escolares infectados por outros parasitos,

observou-se um melhor aproveitamento na execução do subteste Cubos após o tratamento

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Resultados

68

(8,3 para OP Infectados e 10,0 para OP Tratados), mas sem diferença estatisticamente

significativa. Verificou-se também que o desempenho médio do subgrupo OP Tratados,

nos dois subtestes, ficou acima do desempenho apresentado pelo grupo Controle. (Tabela

6).

Tabela 6. Média do desempenho cognitivo, ponderado por idade, de escolares infectados

por outros parasitos (OP Infectados), três meses após tratamento (OP Tratados) e

de escolares não infectados (Controle).

GRUPO

OP Infectado (n=8) OP Tratado (n=5) Controle (n=24)

Subteste Média ±DP Média ±DP Média ±DP

Cubos 8,3

3,0 10,0

3,0 8,8 2,7

Vocabulário 11,0

2,1 11,4

2,6 11,2 2,6

Obs.: Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos, segundo o Teste t de

Student.

5.5 Relações entre desempenho cognitivo, resposta imunológica e

concentrações hormonais entre os grupos de escolares

A análise das variáveis dos grupos estudados revelou algumas associações

entre desempenho cognitivo e concentrações de citocinas e quimiocinas no sangue

periférico, e entre níveis hormonais, mas não foi verificada nenhuma correlação entre

desempenho cognitivo e níveis hormonais nos diferentes grupos de escolares. Observa-se

que todas as correlações que envolveram as variáveis hormonais foram negativas.

No grupo Infectado houve associação positiva entre subteste cognitivo Cubos e

as concentrações das citocinas IL-27 e IL-33. Quanto aos hormônios, houve correlação

negativa entre melatonina e IL-8 (r=-0.593; p=0.0046), os níveis de melatonina estavam

aumentados e a produção de IL-8 diminuída.

Após tratamento foi verificada uma forte correlação positiva entre subteste

Cubos e TNF-α (r= 0.6314; p 0.0009), houve correlação também entre o subteste

Vocabulário e as citocinas IL-1β e TNF-α. Verificou-se apenas correlação negativa entre

níveis hormonais e resposta imunológica: o cortisol estava com os valores aumentados em

relação aos valores da quimiocina CCL11(r= -0.4784; p=0.018).

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Resultados

69

Entre os escolares infectados exclusivamente por S. mansoni foi verificada

apenas associação positiva entre o subteste Cubos x IL-27. Após o tratamento, foram

verificadas correlações positivas entre Cubos x TNF-α e entre Vocabulário x IL-1β.

O grupo Controle apresentou correlação entre Vocabulário e IL-6 (r= -0.522;

p=0.012), esta interleucina apresentou níveis diminuídos de produção em relação aos

valores obtidos no subteste cognitivo (Tabela 7).

Tabela 7. Correlação entre o desempenho cognitivo, resposta imunológica e concentrações

hormonais e resposta imunológica nos diferentes grupos de escolares, segundo

o Teste de Correlação de Spearman.

Grupo Desempenho

Cognitivo X

Resposta

Imunológica Valor r Valor p

Infectado Cubos x IL-27

Cubos x IL-33

r= 0.6014

r= 0.5154

p= 0.0083

p= 0.0285

Tratado Cubos x TNF-α

Vocabulário x IL-1β

Vocabulário x TNF-α

r= 0.6314

r= 0.4816

r= 0.4113

p= 0.0009

p= 0.0171

p= 0.0458

SM Infectado Cubos x IL-27 r= 0.7168 p= 0.0087

SM Tratado Cubos x TNF-α

Vocabulário x IL-1β

r= 0.5878

r= 0.5794

p= 0.0064

p =0.0074

Controle Vocabulário x IL-6 r= -0.5220 p= 0.0127

Grupo Concentrações

Hormonais X

Resposta

Imunológica Valor r Valor p

Infectado Melatonina x IL-8 r= 0.5930 p= 0.0046

Tratado Cortisol x CCL11 r= -0.4784 p =0.0180

SM Infectado Não houve correlação ----------- -----------

SM Tratado Cortisol x CCL11 r= -0.5187 p= 0.0191

Controle Não houve correlação ----------- -----------

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70

DISCUSSÃO

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71

6. DISCUSSÃO

Inicialmente, foram submetidos 316 estudantes do ensino fundamental, a

exames coproparasitológicos para determinar a prevalência de parasitoses. A maior

prevalência foi de S. mansoni, representando 6,3% do total de avaliados; a mediana da

carga parasitária verificada foi de 6 ovos por grama de fezes, classificada como baixa carga

parasitária, segundo a OMS (WHO 2006b). Considerando apenas os 28 escolares

infectados, observa-se que 71,4% dos indivíduos foram mono ou coinfectados por S.

mansoni; as demais parasitoses foram encontradas com uma frequência bem menor.

Estudos sobre a esquistossomose e as parasitoses intestinais em Jaboticatubas,

têm sido frequentes nos últimos 60 anos (Massara 2005, apud Pellon & Teixeira 1950,

Brener & Mourão 1956). Os percentuais encontrados para esquistossomose na presente

pesquisa (6,3%) estão bem abaixo dos valores relatados na década de 1970, pela Fundação

Nacional de Saúde, quando o município registrou, considerando toda a população, uma

prevalência de 33,5% para essa endemia (Massara et al. 2002, apud Brener & Mourão

1956). O levantamento parasitológico realizado por Cury et al. (1994) em estudantes de

escolas da zona rural de Jaboticatubas revelou que 15,4% das infecções identificadas eram

por S. mansoni, constituindo assim a maior prevalência. Já o estudo de Massara (2005),

realizado uma década depois, também com estudantes de quatro escolas públicas, duas

delas localizadas na zona rural, encontrou uma taxa de prevalência de 8,6% para a

endemia.

A diminuição da prevalência para esquistossomose nas últimas décadas em

Jaboticatubas se deve, sobretudo, à continuidade do Programa de Controle da

Esquistossomose - PCE (Enk et al. 2004). Atualmente Jaboticatubas é considerado, pelo

Ministério da Saúde, como um município de baixa prevalência para esquistossomose,

apresentando um percentual de positividade de 12,3% (Brasil 2012). No entanto, a

erradicação dessa endemia no município depara, por um lado, com aspectos físicos, como a

diversidade de rios, córregos e cachoeiras, somada às temperaturas altas na maior parte do

ano, que favorecem à reprodução de vetores; e por outro, o controle da esquistossomose

enfrenta aspectos sócio demográficos, como a exploração da região para o lazer e turismo

rural (rede de hotéis, pousadas, pesque-pague, balneários e áreas de camping) sem as

condições mínimas de saneamento básico e sem orientações necessárias de educação em

saúde favorecendo à sobrevivência do parasito (Massara et al. 2002).

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Discussão

72

Os dados do inquérito socioambiental levantados pela presente pesquisa

revelaram sinais de melhoria das condições sanitárias da população em comparação aos

estudos realizados nas últimas décadas ( Brener & Mourão 1956, Cury et al. 1994, Massara

2005). Por exemplo, 63,3% dos escolares declararam que as suas residências estavam

abastecidas pela rede pública de água tratada; a fossa era o destino do esgoto doméstico em

73,6% das residências; quanto ao lixo, 52,8% dos escolares disseram que este era recolhido

pela coleta municipal, embora 41,5% declarassem também enterrar ou queimar os resíduos

domésticos. Além das políticas públicas para melhoria das condições sanitárias dessa

população, é necessário que se faça campanhas contínuas de orientação em educação em

saúde, sobretudo entre os escolares, visto que 96,2% dos estudantes que responderam o

inquérito tinham o hábito de frequentar rios e açudes como forma de lazer.

O resultado da avaliação dos parâmetros imunológicos no sangue periférico

dos escolares parasitados identificou aumento nos marcadores de inflamação (IL-1b e

TNF-α) e nos de resposta imunológica do tipo Th1(IL-12). Essas citocinas também foram

encontradas no sangue do grupo de escolares infectados exclusivamente por S. mansoni.

Verificaram-se ainda, no sangue de todos os escolares infectados, níveis aumentados de

marcadores de resposta imunológica do tipo Th2 (CCL17) e de citocinas regulatórias (IL-

10). Assim, os parâmetros evidenciados nessa avaliação sugerem um perfil misto de

resposta imunológica.

Esses resultados são corroborados com os estudos realizados por Soboslay et

al. (2006) e por Cook et al. (2011) que verificaram a importante função das citocinas na

estimulação e na regulação de resposta imunológica em infecções causadas por

protozoários e por helmintos como o S. mansoni.

Os valores elevados de IL-12 e TNF-α verificados nos escolares infectados por

S. mansoni sugerem uma resposta imunológica pró-inflamatória e do tipo Th1, e indicam

infecção recente. Outra possibilidade seria que a baixa carga parasitária verificada não é

suficiente para induzir uma modulação explicita da resposta imunológica e que os

escolares infectados ainda continuam com um perfil misto, tanto Th1 quanto Th2. Porém,

valores aumentados de IL-10 sugerem uma possível modulação da resposta imunológica, já

durante a fase crônica da infecção, e ainda uma ativação da resposta Th2, evidenciada pela

presença de níveis aumentados da quimiocinas CCL17. De acordo com a literatura, a partir

do terceiro mês de infecção há modulação da resposta imunológica durante a

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Discussão

73

esquistossomose, passando para o predomínio de Th2, com elevados níveis de citocinas

como IL-4, IL-5, IL-6, IL-10 e IL-13, e de anticorpos IgG. Por outro lado, observa-se baixa

produção de IFN-γ (Fallon & Dunne 1999, Caldas et al. 2008, Silveira 2011).

Embora os mecanismos imunológicos presentes na infecção esquistossomótica

não estejam inteiramente elucidados, pesquisas em modelos animais realizadas por Fallon

& Dunne (1999) e em humanos (Caldas et al. 2008) apontaram que durante a fase aguda da

infecção há um predomínio de uma resposta pró-inflamatória e do tipo Th1, com aumento

da produção de IL-2, TNF-α e IFN-γ. Porém, em indivíduos com carga mais baixa, a

modulação da resposta não seria tão explicita quando comparado com indivíduos com alta

carga parasitária ou indivíduos coinfectados (Silveira 2011, Geiger et al. 2013). Em áreas

de altas prevalências e altas cargas parasitárias para geo-helmintos e esquistossomose,

Geiger et al. (2013) verificaram níveis elevados de CCL17 em indivíduos infectados tanto

antes quanto 12 meses após o tratamento.

Os resultados da avaliação imunológica após o tratamento antiparasitário

revelou a diminuição de alguns marcadores imunológicos como IL-12, TNF-α e CCL17, e

evidenciou o aumento da produção de IL-8, um marcador de inflamação, que pode ser uma

resposta à liberação de antígenos decorrentes da destruição dos parasitos. Embora a

maioria dos estudos (Costa e Silva 2009) aponta que o tratamento quimioterápico, quando

administrado durante a fase aguda da esquistossomose, induz um perfil misto de resposta

imunológica, o estudo de Souza et al. (2007) contraria esse entendimento, pois demonstrou

que o tratamento em pacientes portadores de esquistossomose aguda pode promover um

direcionamento para resposta imunológica do tipo Th1.

Verificou-se também que a IL-10 manteve níveis aumentados de produção

após o tratamento. Sabe que a IL-10 é reconhecida pela sua capacidade de regulação e

modulação das respostas imunológicas Th1 e Th2, e tem sua produção aumentada

dependendo da intensidade de infecção (Mege et al. 2006). Assim, os parâmetros

imunológicos dos escolares sugerem um perfil misto de resposta imunológica. Mas há

tendência de um perfil mais do tipo Th1, que pode ser reforçada com os resultados das

análises hormonais de melatonina realizadas no soro dos escolares, considerando que este

hormônio manteve níveis aumentados de produção antes e após o tratamento, comparando

aos valores verificados no grupo de escolares não infectados. A literatura descreve que

elevados níveis de melatonina no sangue favorecem uma resposta imunológica tipo Th1,

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Discussão

74

aumentando a produção de IL-12 (García-Mauriño et al. 1999). A pesquisa em modelos

animais realizada por Santello et al. (2007) também demonstrou a eficiência da melatonina

como um hormônio indutor de resposta imunológica de perfil Th1. Corroboram nessa

perspectiva os trabalhos de Carrillo-Vico et al. (2004) e de Fernandes et al. (2006) que

demonstraram que mediadores de inflamação podem atuar diretamente sobre a glândula

pineal ativando a produção de melatonina, que por sua vez, pode modular a resposta

imunológica e também atuar na proteção tecidual contra a infecção. Dessa forma, os níveis

aumentados da melatonina no soro dos escolares infectados, antes e após o tratamento,

sugerem, dada a sua versatilidade, tanto uma indução de resposta imunológica do tipo Th1

quanto uma ação anti-inflamatória, protegendo tecidos e órgãos contra a infecção.

Embora os resultados das concentrações de cortisol revelassem níveis baixos

de produção em todos os grupos estudados, houve diferença entre os valores verificados no

grupo Infectado quando comparados aos identificados no grupo Controle. Observa-se que

neste grupo os níveis de cortisol apresentaram maior produção quando comparado aos

valores verificados nos grupos de escolares infectados, antes e após o tratamento. Essa

produção inferior de cortisol verificada em todos os escolares infectados pode ser

resultante da capacidade inibidora de cortisol desempenhada pela melatonina que nesses

indivíduos apresentou valores aumentados de produção. Esse aspecto é corroborado com o

estudo experimental de Kwon et al. (2015) que comprovaram que a melatonina

desempenha também importante papel de inibidor.

A avaliação dos marcadores imunológicos no soro dos escolares do grupo

Controle revelou níveis aumentados da citocinas IL-8 quando comparados aos níveis

verificados em todos os escolares infectados. Do mesmo modo verificou-se no grupo

Controle níveis elevados de TNF-α, IL-10 e CCL17 quando comparados aos níveis

identificados nos escolares do grupo Tratado. Isso aponta que há também entre os escolares

não infectados um perfil misto de resposta imunológica.

Os resultados da avaliação cognitiva de todos os escolares infectados não

evidenciaram se houve melhoria do aprendizado após o tratamento antiparasitário e nem

identificou diferença em comparação ao desempenho dos estudantes do grupo Controle.

No geral, os escolares avaliados apresentaram pior desempenho para o subteste Cubos, que

avalia a rapidez de raciocínio e a capacidade de resolução de novos problemas, e que

expressa aspectos da inteligência fluída. O aproveitamento dos escolares no referido

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Discussão

75

subteste não ultrapassou a média de 9,0 pontos ponderados por idade. Esses resultados

ficaram abaixo da média esperada (10), porém dentro dos limites de três (3) pontos de

desvio-padrão (Rueda et al. 2013). Quanto ao desempenho no subteste Vocabulário, que

avalia conhecimento e vocabulário acumulados, os escolares de todos os grupos, obtiveram

médias aproximadas e dentro dos valores médios esperados (Rueda et al. 2013).

Embora as consequências das infecções parasitárias no desenvolvimento das

funções cognitivas têm sido muito estudadas, nos últimos anos, em diferentes regiões do

mundo (Kvalsvig 1988, Guerrant et al. 1999, Ezeamama et al. 2005), são poucos os

trabalhos que apontaram as melhorias efetivas do desempenho cognitivo como efeito do

tratamento antiparasitário, que é a forma mais comum de enfrentamento às parasitoses.

Isso pode ser evidenciado por Souza (2010) que avaliou o desempenho de escolares na

faixa etária de seis a dez anos, previamente infectados por S. mansoni, e por Miranda

(2011) e Lobato et al. (2012) que avaliaram a desempenho cognitivo em escolares

previamente tratados com anti-helmínticos e após intervenções educativas.

Há trabalhos que apontaram relações entre infecção parasitária e funções

cognitivas. No Brasil, a pesquisa de Jardim-Botelho (2008) verificou associação entre

infecção por ancilostomídeos e por A. lumbricoides e aspectos da inteligência cristalizada e

da inteligências fluída em crianças de sete a 11 anos de região endêmica. O estudo de

Mireku et al. (2015), em Benim, na África, identificou associação entre infecção

helmíntica durante a gravidez e baixo desempenho cognitivo e das funções motoras grossas

em crianças nos primeiros anos de vida. A pesquisa de Grigorenko et al. (2006) realizada

com crianças de uma zona rural da Tanzânia, verificou melhoria do funcionamento

cognitivo entre os grupos estudados, com ganhos cognitivos superiores para aquelas que

receberam tratamento para esquistossomose (S. haematobium) ou ancilostomose. Também

o estudo Maia (2007) identificou avanços específicos de aprendizagem em crianças

infectadas e posteriormente tratadas para ancilostomose, ascaridíase e esquistossomose (S.

mansoni). Nessas duas pesquisas os testes cognitivos foram aplicados, em média, três

meses após o tratamento antiparasitário.

Importantes considerações sobre a complexidade do tema são apontadas por

Hadidjaja et al. (1998) que correlacionaram infecção por A. lumbricoides com o estado

nutricional e desempenho cognitivo. Esses autores observaram, especificamente em um

dos grupos estudados, a ineficácia, tanto do tratamento quanto das intervenções educativas,

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Discussão

76

para a melhoria da aprendizagem. Concluíram então que apenas o tratamento não é

suficiente, que a informação é menos eficaz quando realizada em curto período de tempo, e

que o desempenho cognitivo só é notado a partir de cinco meses. Nesse sentido, as

observações de Hadidjaja et al. (1998) vão ao encontro dos achados na presente pesquisa,

onde os resultados da avaliação cognitiva não apontaram melhoria do aprendizado de

escolares três meses após tratamento antiparasitário.

Os achados no presente estudo identificaram associação positiva entre o

desempenho cognitivo e alguns marcadores imunológicos. No grupo Infectado, houve

correlação entre o desempenho no subteste Cubos e as citocinas IL-27 e IL-33; no

subgrupo composto por escolares infectados exclusivamente por S. mansoni, foi verificada

novamente correlação entre Cubos e IL-27. Na literatura não foram encontrados trabalhos

que relacionam IL-27 e IL-33 diretamente às funções cognitivas. Mas há diversos estudos

que evidenciaram a versatilidade dessas duas citocinas na modulação da resposta

imunológica no Sistema Nervoso Central (SNC) e, por conseguinte, na compreensão e no

tratamento de patologias que comprometem funções cognitivas (Han et al. 2011). Aquino

et al. (2014) evidenciaram a ambivalência da IL-27 durante a encefalomielite aguda

induzida em camundongos; e o estudo de Chong et al. (2014) que demonstrou, no sangue

humano e também em modelos animais, o potencial terapêutico da IL-27 ao modular a

autoimunidade no SNC, desempenhando importante papel no controle de doenças

imunologicamente complexas. Christophi et al. (2012) verificaram correlação entre níveis

elevados de IL-33 no SNC e esclerose múltipla. Hamzaoui et al. (2014) avaliaram os níveis

de IL-33 no SNC de pacientes com a doença de Behçet e assinalaram para o importante

papel desempenhado por essa citocina para entender o desenvolvimento da doença e para

informar sobre formas de tratamento e de cura. Fu et al. (2016) demostraram o potencial

terapêutico de IL-33 em paciente com a doença de Alzheimer.

No grupo Tratado verificou-se correlação positiva entre os níveis de TNF-α e

desempenho nos subtestes Cubos e Vocabulário; e a produção de IL-1β correlacionou

positivamente com o subteste Vocabulário. Essas duas citocinas desempenham relevante

papel na fisiologia de funções cognitivas como a memória e a percepção (Marin & Kipnis

2013). Contrariando os nossos resultados, o estudo de Baune et al. (2008c) demonstrou que

níveis aumentados de TNF-α no sangue são prejudiciais à cognição. Esses autores

verificaram em camundongos, que para um funcionamento cognitivo normal é necessário

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Discussão

77

que os níveis de TNF-α estejam baixos. Corrobora nesse sentido o estudo de Sudheimer et

al. (2014) que verificou níveis aumentados de TNF-α, IL-6 e do hormônio cortisol em

idosos resultavam na diminuição do hipocampo. Este órgão participa da regulação das

emoções e tem papel fundamental no funcionamento da memória de longo prazo. Já foi

visto que a diminuição do volume do hipocampo está associada a transtornos depressivos

(Stratmann et al. 2014) e a comprometimento da memória (Sato et al. 2010, Guderian et al.

2015). A associação positiva entre o desempenho cognitivo e IL-1β vai de encontro aos

achados de Baune et al. (2008b) que verificaram em idosos com níveis elevados de IL-1β

comprometimentos da memória, da velocidade de processamento e da função motora.

Após tratamento antiparasitário, as citocinas IL-1β e TNF-α mantiveram uma correlação

positiva com o desempenho cognitivo, provavelmente mostrando um efeito temporário do

tratamento e de desintegração dos parasitos dentro do sistema porta.

No grupo Controle foi verificada correlação negativa entre Vocabulário e IL-6

(r=-0.5220; p= 0.0127). O melhor aproveitamento no subteste cognitivo foi registrado

naqueles escolares que apresentaram níveis mais baixos de IL-6. Esse resultado concorda

com o estudo de Trollor et al. (2012) revelou associação negativa entre níveis aumentados

das citocinas IL-6 e déficit cognitivo (função executiva e velocidade de processamento).

Corrobora nesse sentido ainda, o estudo de Sudheimer et al. (2014) que verificou o

comprometimento da memória em idosos decorrente dos níveis aumentados de IL-6.

O desempenho cognitivo não apresentou associação com os resultados das

concentrações hormonais, mas foi verificada correlação entre concentrações hormonais e

marcadores imunológicos. No grupo Infectado, por exemplo, houve correlação positiva

entre melatonina e IL-8 (r=0.5930; p=0.0046), no grupo Tratado verificou-se associação

negativa entre cortisol e CCL11 (r= -0.5187; p= 0.0191).

Na literatura é reconhecida a capacidade anti-inflamatória da melatonina

(Carrillo-Vico et al. 2004, Brazão 2012, Calvo et al. 2013). Por outro lado, a IL-8 é

considerada uma das citocinas essenciais durante processos inflamatórios e serve como

fator quimiotático, especialmente para neutrófilos (Harada et al. 2016). Ao contrário dos

nossos resultados, o estudo de Kojima et al. (1998) verificou associação negativa entre

melatonina e IL-8, evidenciando a capacidade da melatonina como inibidora de IL-8

resultando na redução de danos celulares induzidos por monocloramina. A melatonina tem

se mostrado benéfica na modulação de respostas imunológicas durante infecções causadas

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Discussão

78

por protozoários ou por helmintos (El-Sokkary et al. 2002, Soliman et al. 2008, França-

Botelho et al. 2011, Brazão 2012), e eficaz contra déficit do desenvolvimento cognitivo,

apresentando capacidade de reversão de funções cognitivas ora prejudicadas (Zhang et al.

2013, Kwon et al. 2015). Apesar da correlação positiva de melatonina e IL-8 em nosso

estudo em escolares infectados, as concentrações de IL-8 foram significativamente maiores

em indivíduos pós-tratamento quando comparados com indivíduos infectados. Dessa

maneira, um marcador de inflamação mais adequado e bastante elevado em escolares

infectados foi o TNF-α que, talvez, reflita melhor a presença de processos inflamatórios

durante a patência. Já após o tratamento, foi demostrado em indivíduos infectados por

outras espécies de Schistosoma, que a elevada produção de IL-8 é induzida

preferencialmente por antígenos de ovos e que pode permanecer durante mais que um mês

após o tratamento (Bourke et al. 2013, Chuah et al. 2014).

Após o tratamento antiparasitário o cortisol apresentou associação negativa

com a quimiocina CCL11(r= -0.4784; p =0.0180). É reconhecida a versatilidade do cortisol

durante a resposta imunológica, atuando de forma bidirecional e exercendo uma vasta

gama de atividades anti-inflamatórias e imunossupressoras (Franchimont 2004,

Tuckermann et al. 2005). Rohleder et al. (2002) verificaram que a elevação dos níveis de

cortisol em idosos tem função protetiva diante de aumentos prejudiciais de citocinas pró-

inflamatórias. O contrário foi visto por Carlsson et al. (2014), em estudo com crianças,

onde o cortisol em níveis aumentado contribuiu para um desequilíbrio na resposta

imunitária. Desse modo, a correlação entre os níveis de cortisol e a produção da

quimiocina CCL11 no grupo Tratado, pode ser devido a um efeito anti-inflamatório do

cortisol na formação dos granulomas teciduais, ou simplesmente refletir a cura e a falta da

deposição de novos ovos na circulação.

A literatura aponta que o aumento dos níveis de cortisol no sangue, provocado

por estresse, traz inúmeros prejuízos à saúde, principalmente o comprometimento das

funções cognitivas (Sato et al. 2010, Shonkoff et al. 2012), e a alteração da resposta

imunológica e de aspectos emocionais como o aumento da ansiedade (Wohleb et al. 2014).

Um efeito do parasitismo sobre a capacidade cognitiva não foi detectado nesse

estudo, muito provavelmente por causa das baixas cargas parasitárias. Porém, um impacto

sobre o sistema imunológico foi detectado em crianças infectadas por S. mansoni ou por

parasitos intestinais. Em escolares infectados, elevados níveis de melatonina

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Discussão

79

provavelmente agem como contrapeso e têm efeito regulador para diminuir as vias pró-

inflamatórias ativadas durante a infecção e após o tratamento.

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CONCLUSÃO

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Conclusão

81

7. CONCLUSÃO

Os resultados do levantamento parasitológico de fezes realizado em estudantes

do ensino fundamental de três escolas públicas do Município de Jaboticatubas, Minas

Gerais, apresentaram um percentual de 8,9% de positividade para parasitoses intestinais e

esquistossomose, sendo que esta helmintíase foi a mais frequente, com uma prevalência

total de 6,3% entre os 316 escolares avaliados. Porém, a área de Jaboticatubas, após anos

de controle contra a esquistossomose, pode ser considerada de baixa endemicidade e a

carga parasitária entre os indivíduos infectados por S. mansoni também é considerada

baixa.

As concentrações das citocinas IL-1β, IL-8, IL-10, IL-12, TNF-α, e da

quimiocina CCL17 no sangue periférico de escolares infectados parasitoses intestinais e

esquistossomose apresentou diferença estatisticamente significativa quando comparadas

aos resultados verificados nos escolares três meses após o tratamento antiparasitário. Os

valores de concentrações dessas citocinas e quimiocinas estiveram diminuídos após o

tratamento, exceto os valores da citocina IL-8, esta apresentou níveis de produção

aumentados quando comparados aos níveis verificados nos escolares infectados. Os

resultados de TNF-α, IL-10 e CCL17 dos escolares tratados apresentaram diferença

estatisticamente significativa em relação aos escolares não infectados.

As análises dos níveis hormonais de cortisol e de melatonina no sangue dos

escolares infectados não apresentaram diferença estatisticamente significativa quando

comparados aos níveis verificados nos escolares três meses após o tratamento. Por outro

lado, as concentrações de melatonina foram significativamente maiores em indivíduos

infectados e após o tratamento, quando comparadas com escolares não infectados.

Em conclusão, mesmo com alterações imunológicas e hormonais em escolares

infectados e três meses após tratamento, não foi possível de registrar um impacto das

infecções intestinais ou da esquistossomose sobre o desempenho cognitivo dos escolares

no presente estudo. Isso, muito provavelmente, devido às baixas cargas parasitárias

encontradas na população avaliada. Assim, embora o tratamento antiparasitário não tenha

refletido na melhoria do desempenho cognitivo dos escolares, o percurso teórico e

metodológico desenvolvido no presente estudo evidencia a viabilidade do modelo

enquanto estratégia potencial para pesquisas futuras com escolares parasitados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE I

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APÊNDICE II

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APÊNDICE III

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114

ANEXOS

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ANEXO I: APROVAÇÃO DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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116

ANEXO II: APROVAÇÃO DA EMENDA DE INCLUSÃO AO PROJETO

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ANEXO III: CARTA DE ANUÊNCIA

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ANEXO IV: PROTOCOLO DE REGISTRO DO SUBTESTE CUBOS

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ANEXO V: PROTOCOLO DE REGISTRO DO SUBTESTE VOCABULÁRIO