11

Click here to load reader

Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

  • Upload
    haque

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

Resumo

ste artigo aponta para a relevância de estudossobre a tradução para uma compreensão maisabrangente de questões relativas à história doscontextos culturais em que os textos traduzi-dos se inserem. A abordagem de aspectos datradução literária em momentos importantesda história do Brasil - as décadas de 30 e 40e de 60 e 70 do século XX - ilumina a atividadetradutória de Monteiro Lobato e Rachel deQueiroz e da Editora Globo.Palavras-chave: Tradução; História; Política.

A minha finalidade neste artigo éenfatizar o entrelaçamento de tradução e his-tória no contexto brasileiro, mais especifica-mente em dois pares de décadas do séculoXX: 30 e 40, quando a presença da ideolo-gia capitalista norte-americana em solo

Entrelaçamentode traduçãoe história nocontexto brasileiro

* Professora da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Maria Clara Castellões de Oliveira*

E

Page 2: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

1 6 8

Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de OliveiraIpotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2, pág. 167 - 177, jan/jun, jul/dez 2006

brasileiro se tornou mais evidente, principalmente a partir da instauração do EstadoNovo, em 1937, e o inglês, a partir do boom editorial então ocorrido, assumiu ostatus de língua de cultura, devido em grande parte ao considerável volume detraduções de textos literários escritos nessa língua, e 60 e 70, quando a censura daditadura militar, instaurada em 1964, arrefeceu o vigor das vozes dos intelectuaisbrasileiros e transformou a tradução em instrumento de veiculação de posturasideológicas.

Para tanto, farei uma abordagem das atividades tradutórias dos escritoresMonteiro Lobato e Rachel de Queiroz e da atuação da Editora Globo à luz de noçõesextraídas dos contextos dos Estudos Descritivos da Tradução (do inglês DescriptiveTranslation Studies - DTS) e daqueles surgidos na confluência dos Estudos da Tradu-ção e dos Estudos Culturais. As considerações aqui apresentadas giram em torno depesquisas realizadas no âmbito do projeto “Traduções Literárias: Jogos de Poder entreCulturas Assimétricas”, por mim coordenado, que reúne alunos do Bacharelado emLetras: Ênfase em Tradução - Inglês e do Programa de Pós-Graduação em Letras -Mestrado em Teoria da Literatura, ambos da Universidade Federal de Juiz de Fora.

O panorama da tradução no contexto brasileiro alterou-se por volta dos anos30 do século do XX, quando a indústria editorial nacional, que teve em MonteiroLobato um de seus pioneiros, alcançou um crescimento expressivo. Nesse momento, ovolume de traduções de textos em língua inglesa, como demonstra a prática tanto dopróprio Lobato (MENDES, 2OO2) quanto de Rachel de Queiroz (DIAS, 2002), su-plantou o volume de traduções de textos principalmente em língua francesa, o quecontribuiu para que o inglês passasse a ser a língua de cultura no Brasil, posição queocupa até os dias atuais, essencialmente em função dos eventos ocorridos após a 2ª.Guerra Mundial, quando o mundo se tornou bipolarizado política e economicamen-te, cabendo aos Estados Unidos da América o controle sobre o destino das naçõeslatino-americanas.

Nas décadas de 30 e 40 do século passado, o sistema literário brasileiroabriu-se a novos autores e novas línguas e a indústria editorial se instituiu nacional-mente. Uma das figuras de destaque nesse cenário foi Monteiro Lobato, que, conhe-cido mais por sua atuação como escritor, principalmente de livros de literatura infantil,e como político, teve uma expressiva participação na cena cultural brasileira em fun-ção, também, de sua atuação como tradutor e editor. Assim como as obras de Lobatotiveram por objetivo formar o caráter do povo brasileiro, os livros que por ele edita-dos, traduzidos e adaptados - de filosofia, história, religião, memórias e ficção - con-tribuíram para a ampliação do horizonte cultural de uma nação, até então voltadapara o que lhe era fornecido principalmente pela intermediação da língua e da culturafrancesas.

Nos termos de Itamar Even-Zohar (1979, 2001), Lobato alçou a literatura delíngua inglesa ao centro do sistema de literatura traduzida para a língua portuguesado Brasil, forçando as literaturas de línguas francesa e espanhola a ocuparem a peri-feria desse sistema. Em artigo de 3 de dezembro de 1933, Lobato afirmou que asliteraturas inglesa, russa, escandinava, americana eram “como se não existissem” (1999,p. 157) para os brasileiros e só houvesse a língua francesa. Ele se ufanava de serresponsável por “arejar os cérebros” dos leitores ao editar autores como Wren, Wallace,

Page 3: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

1 6 9

Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de OliveiraIpotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2, pág. 169 - 179, jan/jun, jul/dez 2006

Burroughs, Púchkin, Stevenson e aos que ele chamava de sumos: Joseph Conrad eBernard Shaw. Nesse mesmo artigo, Lobato ainda descreveu o impacto da publicaçãode tais autores em língua brasileira: “A surpresa do indígena foi enorme. Sério? Seriapossível que houvesse no mundo escritores maiores do que Escrich e Dumas? Quefora da França e da Espanha houvesse salvação?” (1999, p. 157).

Os estudiosos da tradução no Brasil e no exterior estão a par das metáforasutilizadas por Haroldo de Campos para se referir à sua prática tradutória, metáforasessas que desvelam a tradução como um processo antropofágico, que desemboca nareinvenção, na recriação, e que remetem ao processo de estrangeirização, que, por suavez, opõe-se àquele de domesticação. Esses dois processos foram assim nomeadospor Lawrence Venuti (1995, 2002) a partir da leitura que fez de “On the DifferentMethods of Translation”, de Friedrich Schleiermacher (1982), publicado originalmen-te em 1813. Segundo Venuti, a domesticação se refere a uma “redução do texto es-trangeiro em detrimento dos valores culturais da língua-meta”, ao passo que aestrangeirização diz respeito a uma “pressão [etnocêntrica] sobre tais valores a fim dese registrar as diferenças lingüísticas e culturais do texto estrangeiro” (1995, p. 20).Ao contrário da domesticação, a estrangeirização expõe ao máximo a figura do tradu-tor, uma vez que é realizada com o objetivo de ocasionar o crescimento da língua eda cultura da tradução. Os procedimentos estrangeirizantes de tradução configuramuma postura corajosa do tradutor, que, diante da existência de uma lacuna na línguae/ou na literatura do texto da tradução, traz elementos novos para essa língua e/ouessa literatura e, até mesmo, resgata do esquecimento palavras e estruturas já nãomais usuais, inaugurando uma nova tradição ou renovando a já existente.

Ao aconselhar Godofredo Rangel sobre como deveria traduzir, Lobato deixouclara a sua fórmula de tradução: “Vai traduzindo...em linguagem bem simples, semprena ordem direta e com toda a liberdade. Não te amarres ao original em matéria deforma – só em matéria de fundo” (1956, p. 232). Ao falar sobre o prazer que sentiaao traduzir, Lobato tornou mais explícita a sua visão da tarefa do tradutor: “Gostoimenso de traduzir certos autores. É uma viagem por um estilo...Que esporte! Quealpinismo! Que delícia remodelar uma obra d’arte em outra língua!” (1956, p. 327,meu grifo).

As afirmações acima poderiam conduzir a uma associação precipitada entre ospensamentos tradutórios de Lobato e Haroldo de Campos, para quem a traduçãotambém seria um processo de remodelação. No entanto, a remodelação, no sentidoque lhe emprestou Lobato, não está relacionada à estrangeirização, que, como menci-onado, representa um processo de violentação da língua da tradução a partir daquelado original, mas sim à domesticação, como pode ser verificado pelo seguinte trechode um correspondência enviada por ele ao mesmo Godofredo Rangel: “Estou a examinaros contos de Grimm dados pelo Garnier. Pobres crianças brasileiras! Que traduçõesgalegais! Temos que refazer tudo isso – abrasileirar a linguagem” (1956, p. 275, meugrifo).

O estudo da tradução feita por Lobato de A Farewell to Arms (Adeus às Ar-mas), de Ernest Hemingway, (MENDES, 2002), ao mesmo tempo em que corrobora ofato de que ele estava interessado em renovar a literatura brasileira com que havia demais moderno em termos de produção literária no contexto estado-unidense, é tam-

Page 4: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

1 7 0

Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de OliveiraIpotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2, pág. 167 - 177, jan/jun, jul/dez 2006

bém uma outra fonte de comprovação de que os seus procedimentos tradutóriosforam domesticantes, pois, via de regra, o estilo sucinto de Hemingway foi substituídopela prolixidade do discurso literário de autores brasileiros como José de Alencar.São também palavras de Lobato:

Se a tradução é literal [característica das traduções estrangeirizantes], o sentidochega a desaparecer, a obra torna-se ininteligível e asnática, sem pé nem cabeça[. . . ]. A tradução tem que ser um transplante. O tradutor há que compreender afundo a obra e o autor, e reescrevê-la em português, como quem ouve umahistória e depois a conta com suas palavras (1955, p. 127).

Em função da afirmação de Theo Hermans de que “do ponto de vista daliteratura-meta, todas as traduções implicam em um grau de manipulação do texto-fonte para um propósito específico” (1985, p. 11), deve-se reconhecer que as escolhasde Lobato da língua, dos autores e dos textos a traduzir foram movidas por objetivosque ultrapassavam o do gosto pessoal para chegarem àqueles de ordem política eideológica. É conhecida a sua fascinação pelo modo de produção em massa da in-dústria estado-unidense, subsumida na pessoa de Henry Ford. Assim sendo, as suasposturas políticas interferiram sobremodo nas traduções que fez, o que pode ser con-firmado em dois momentos da tradução de A Farewell to Arms. O primeiro delesquando traduz “...how we did not do the things we wanted to do...” (HEMINGWAY,1969, p. 13) por “...às vezes queremos fazer uma coisa e tudo conspira para que nãoa façamos... (HEMINGWAY, 1985, p. 19). Nesse momento, Lobato provavelmente de-monstrou a sua frustração por não ter conseguido sensibilizar as autoridades e opovo brasileiro para a potencialidade do país na área de exploração petrolífera. Bemmais adiante, nesse mesmo livro, ele traduz “The thing is not to recognize it”(HEMINGWAY, 1969, p. 134) por “O problema era esconder do povo a situação”(HEMINGWAY, 1985, p. 115), dando a atender, a um leitor mais atento, estar cienteda manipulação de informações e interesses por parte das autoridades governamen-tais brasileiras que atuavam no contexto do Estado Novo.

Segundo Venuti (1995), tanto a escolha da mensagem quanto da cadeia designificantes demonstram não só o caráter transformador da tradução como a presen-ça do tradutor. Como em um jogo, existe a necessidade de se fazerem escolhas paraque a obra atinja o público-alvo desejado. Nesse momento, para Venuti, identidadesculturais podem ser reiteradas ou criadas. Nesses termos, Lobato constitui uma dasprincipais figuras que, através de suas traduções, contribuíram para que, também emtermos culturais, o Brasil tomasse o rumo que lhe era apontado pelas culturas delíngua inglesa, contribuindo assim para a formação de novos sujeitos domésticos,agindo de forma estrangeirizante. Por outro lado, no que diz respeito à tradução de AFarewell to Arms, Lobato contribuiu para que o público-leitor desse livro no Brasiltivesse uma percepção do estilo de Hemingway bastante diferente da dos leitores dolivro em língua inglesa, o que, repito, faz dele um tradutor lingüisticamente domesticante.

Um outro aspecto a ser mencionado a respeito da atuação de Lobato no cená-rio cultural brasileiro das décadas de 30 e 40 do século passado está vinculado aoconceito de patronagem, exposto por André Lefevere (1992). A patronagem é o po-der exercido por pessoas e instituições (partidos políticos, editores, jornais, revistas,televisão, etc.), que determinam o que será permitido ou não ser lido, escrito ou

Page 5: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

1 7 1

Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de OliveiraIpotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2, pág. 169 - 179, jan/jun, jul/dez 2006

reescrito em termos de literatura. Os patrocinadores se preocupam com a ideologia daliteratura, ao invés de se deterem em sua poética; eles tentam regular a relação entreo sistema literário e os outros sistemas que, juntos, formam a sociedade e a cultura. Senão conseguem controlar a escritura, tentam, ao menos, controlar os órgãos respon-sáveis pela sua distribuição: academias, censores, revistas críticas e estabelecimentosde ensino (LEFEVERE, 1992, p. 15). Segundo Lefevere, “a aceitação da patronagemimplica no fato de que escritores e reescritores trabalhem dentro dos parâmetrosestabelecidos por seus patrocinadores e que eles estejam dispostos e sejam capazesde legitimarem tanto o status quanto o poder daqueles patrocinadores” (1992, p. 18).A patronagem consiste de três componentes que se interagem: o ideológico, oeconômico e o de status. O componente ideológico age como o elemento limitadorna escolha e no desenvolvimento tanto da forma quanto do assunto, enquanto oeconômico se refere à remuneração que os patrocinadores pagam aos seus escritorese reescritores pelo serviço prestado. O componente de status, por sua vez, significaque a aceitação da patronagem leva à integração do escritor ou reescritor a essedeterminado grupo e seu estilo de vida. Na concepção de Lefevere, existem dois tiposde patronagem: a não-diferenciada, que é aquela em que os três componentes giramem torno de um mesmo indivíduo ou de uma mesma entidade, e a diferenciada, naqual um ou dois desses componentes, ou até mesmo todos eles, são dispensados porindivíduos ou instituições distintos. Diante do que foi dito, portanto, fica patente queo contexto no qual Lobato atuou como tradutor foi de uma patronagem não-diferen-ciada, uma vez que, na função de editor, ele selecionou e publicou os textos que lheeram convenientes e que lhe pareciam condizentes com seus projetos e ideais políti-co-ideológicos, além de ter a eles conferido o prestígio advindo de seu status comoescritor de destaque no cenário das letras brasileiras.

A atuação de Rachel de Queiroz como tradutora iniciou-se na década de 30e findou-se na década de 70 do século XX. O período mais intenso de sua atividadetradutória aconteceu na década de 40, quando foram publicados 60% dos livros porela traduzidos, ou seja, 31 livros. Desses 31 livros, 22, cerca de 71%, foram traduzidosa partir da língua inglesa, estando entre os seus autores Jane Austen e Emily Brontë.Tal fato comprova que, a exemplo de Monteiro Lobato, Rachel de Queiroz, comotradutora, também contribuiu para a mudança da língua de cultura no Brasil. Noentanto, interessa-me, nesse momento, abordar a sua atuação como tradutora nasdécadas de 60 e 70 do século passado, quando o Brasil viveu os piores anos dacensura da ditadura militar, que aqui se instalou em 1964.

Desde o início de sua carreira, Rachel de Queiroz teve uma vida política muitoatuante. Em 1931, ela ajudou a fundar o Partido Comunista no nordeste, tendo che-gado a ser presa por três meses por causa de sua militância. No entanto, mais tardeela abandonou o partido porque seus dirigentes tentaram censurar uma de suasobras. Em seguida, ela ligou-se ao grupo trotskista que militava em São Paulo duranteo Estado Novo. Nessa época, exemplares de seus romances foram queimados porserem considerados subversivos, o que a fez se afastar da militância esquerdista em1940. Na década de 60, ela, que não deixara de publicar romances, contos e crônicas,viria novamente a se manifestar politicamente, dessa vez demonstrando tendênciasdiferentes das anteriores. Nesse período, ela se juntou a vários amigos na campanha

Page 6: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

1 7 2

Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de OliveiraIpotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2, pág. 167 - 177, jan/jun, jul/dez 2006

anticomunista que desestabilizou o governo de João Goulart e conduziu ao golpemilitar de 1964. Embora negue uma participação ativa na campanha político-ideológi-ca que foi montada pelo complexo Ipês-IBAD1 para derrubar o então presidente, hávárias evidências que atestam a militância de Rachel de Queiroz, através, inclusive, dapublicação de crônicas que divulgavam o ideal capitalista e abalavam a imagem dasreformas pretendidas por Jango. Encontra-se citado abaixo um trecho da crônica “OBrasileiro Perplexo”, publicada em 1963:

Ora, afinal o Getúlio subiu de novo e foi aquele desgosto – falou-se muito, teveo Gregório e o mar de lama e o caso de quererem matar o Lacerda e em lugarmataram o pobrezinho do major que não tinha com a história [.. . ] Fiquei assim atéque veio aquela influência de Jânio – e lhe confesso que acreditei. Mas nãodeixaram o homem governar. Fechou-se por cima dele um mistério [. . . ] E agoraesta, esse outro (o Jango) que dizem que é herdeiro de Getúlio [.. . ] Esse não écarne nem é peixe, não é cristão nem é mouro [. . . ] Não é que eu não goste dasconquistas do trabalhador: o difícil é compreender o que é para o bem e o que épara o mal [. . .] E também essas greves – como se entendem essas greves, porquequem paga é o pequeno que fica sem condução e sem outras utilidades [. . . ] E osmanifestos? Toda semana querem que você assine um manifesto [. . . ] em defesada família cristã para não se transformar a pátria brasileira numa segunda Cubanas garras do comunismo ateu e assassino (1995, p. 11-12).

No livro de memórias que publicou juntamente com sua irmã, a própria Rachelde Queiroz reconheceu que:

. . .o que fazíamos era conspiração mesmo: saber onde estava a tropa, o que tinhahavido, se o coronel fulano de tal tinha se manifestado [. . . ] era conversa deconspiração no duro . Naturalmente que comigo eles não se abriam ou seaprofundavam muito. Eles me usavam como jornalista, eu opinava muito e eramuito lida. Mas os trâmites secretos da conspiração eu não me metia a saber,Mesmo porque não eram da minha alçada. Nem mesmo de Adonias [Filho].Nunca se chegava aos detalhes militares. Mas o lado político, de pregação, dejornalismo de combate, de artigos de encomenda, de nos trazerem assunto paraa gente falar, isso era o nosso trabalho (QUEIROZ, 1998, p. 204).

Em 1964 - A Conquista do Estado: ação, política, poder e golpe de classe(1981), Armand René Dreifuss reproduziu uma carta de maio de 1962 de um dosmembros do Ipês, Garrido Torres, para o comitê diretor desse instituto, na qual elecomentava sobre a necessidade de divulgação de uma literatura democrática quealertasse os leitores de todas as camadas sociais contra os males e mitos da doutrinasocializante de Jango. Segundo Torres, o GPE (Grupo de Publicações/Editorial), quefoi dirigido pelo general Golbery do Couto e Silva e supervisionado pelo escritor JoséRubem Fonseca, deveria de ter três tipos de objetivos de divulgação:

Em primeiro lugar [. .. ] ‘plantar’ nos jornais e revistas do país artigos que tratassemde temas de atualidade em linguagem acessível ao grande público [. . . ] O segun-do consistiria na publicação de folhetos [. . . ] para divulgação farta junto a estu-dantes, militares, operários e empregados de escritório em geral. O último pontodiz respeito à conveniência de se promover a publicação de bons livros dentro deuma linha democrática moderna, que conceba a democracia tanto sob aspectoseconômico e social (TORRES citado por DREIFUSS, 1981).

Para sustentar todo esse aparato anticomunista o complexo Ipês-IBAD manti-nha grupos de redatores que manipulavam textos diversos, inclusive notícias e pro-

Page 7: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

1 7 3

Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de OliveiraIpotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2, pág. 169 - 179, jan/jun, jul/dez 2006

pagandas, a serviço do golpe. Rachel de Queiroz estava entre esses redatores, o quepode também ser comprovado pelos trechos citados de “O Brasileiro Perplexo” e desua própria biografia.

A atuação de Rachel de Queiroz, no entanto, não se limitou à esfera da cria-ção original autoral. Entre 1963 a 1972, ela traduziu oito livros para três editorasdiferentes: a José Olympio, que fizera contribuições para o complexo Ipês-IBAD; aDelta e a Ediouro. Minha Vida, autobiografia de Charles Chaplin, da José Olympio; OsCarolinos: Crônicas de Carlos XII, de Vernon von Heidenstam, da Delta, e O Lobo doMar, de Jack London, da Ediouro (DIAS, 2002), obras traduzidas por Rachel de Queiroz,contêm em si não só o propósito de entretenimento como também o de exaltação dadoutrina capitalista e/ou de contestação da doutrina comunista, atendendo, dessemodo, às prescrições apresentadas na carta de Garrido Torres ao comitê diretor doIpês. Enquanto Minha Vida, publicado em 1965, louvava a prosperidade da naçãonorte-americana e a perspectiva de sucesso contemplada por seus imigrantes, ao mesmotempo em que apontava para o fracasso a que estariam fadados aqueles que cedessemàs investidas comunistas, Os Carolinos: Crônicas de Carlos XII, publicado em 1963,fazia pregações contra a nação russa, principalmente o seu ateísmo. Por sua vez, OLobo do Mar, de 1972, exaltava a visão de que o caráter de uma pessoa e, poranalogia, de um povo só se molda através de um período de submissão a um regimerigoroso, de severas regras de conduta, após o qual a recompensa é o sucesso, obem-estar.

Assim como a José Olympio Editora, que publicou a maior parte das obrasoriginais de Rachel de Queiroz e aquelas por ela traduzidas, a Editora Globo tambémfinanciou a atuação do complexo Ipês-IBAD na campanha contra a ameaça comunistarepresentada pelo governo de João Goulart . Especificamente durante os anos daditadura militar, a Globo alcançou o ápice como empresa editorial. Como recompen-sa, ela assinou contratos com o Ministério da Educação para a distribuição de livrosdidáticos para minibibliotecas a serem criadas nas escolas de 1º. e 2º. graus doterritório nacional. Esses contratos eram financiados por verbas do governo estado-unidense, que subvencionava a Comissão do Livro Técnico de Didático (COLTED),responsável por esse programa de divulgação de conhecimento. Foi através desseprograma de cooperação entre o Brasil e os Estados Unidos que a indústria editorialbrasileira recebeu uma das maiores injeções de dinheiro por parte desse governo.

A família Bertaso, que dirigiu a empresa até 1986, ano em que, através denegociações passou o controle às Organizações Globo, tinha uma posição políticacontra o totalitarismo e era adepta da democracia ocidental, segundo relatos encon-trados no livro A Globo da Rua da Praia (1993), de José Otávio Bertaso. No início dadécada de 60, em plena agitação política causada pela renúncia de Jânio Quadros,com grande parte da população imbuída de um sentimento anticomunista, essa edito-ra publicou, entre outros títulos, A Revolução dos Bichos (Animal Farm), de GeorgeOrwell, uma sátira da revolução russa; O Retrato, de Osvaldo Peralva, narrando ahistória do Partido Comunista Brasileiro, e O Zero e O Infinito (Darkness at Noon), deArthur Koestler, no qual o autor, ex-marxista e ex-comunista, relata a vida de umhomem, N. S. Rubachov, vítima dos Processos de Moscou. Essas publicações fornecemmais evidências para a alegação de que tal editora se rendeu aos ideais que condu-

Page 8: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

1 7 4

Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de OliveiraIpotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2, pág. 167 - 177, jan/jun, jul/dez 2006

ziram ao golpe militar de 1964, assim como o fizeram várias outras editoras brasilei-ras no período.

Em seu livro, Bertaso não menciona textualmente as relações da Editora Globocom o complexo Ipês-IBAD no processo de desestabilização do governo Jango. Noentanto, o esforço de colaboração dessa editora na campanha contra o comunismofaz-se perceber nesse livro quando, discretamente, Bertaso diz que “para encerrar anossa campanha anticomunista, publicando livros de autores que haviam mergulhadona ideologia marxista – segundo as sucessivas versões leninista, trotskista e stalinista– e dela havia emergido, resolvemos publicar Conversações com Stálin, de MilovanDjilas” (1993, p. 178).

No período entre 1960 e 1979, a literatura traduzida assumiu, de acordo coma teoria dos polissistemas, uma posição primária no contexto da Editora Globo (SILVAFILHO, 2002). Dos 253 títulos publicados, sem que seja levado em conta o númerode reedições e a tiragem, foram de 130 (51%) títulos traduzidos e 123 (49%) detítulos nacionais. Devido ao momento político no qual se encontrava o país na décadade 60, é fácil perceber que os autores nacionais – por estarem exilados, presos outemerosos – não podiam expressar livremente suas idéias, o que reduzia em muito ovolume das obras publicadas originalmente em português do Brasil. Por outro lado, asverbas injetadas pelo governo estado-unidense no mercado editorial brasileiro tam-bém contribuíram para o aumento de publicações de traduções de autores de línguainglesa. Sessenta por cento dos livros traduzidos pela Editora Globo entre 1960 e1979 foram originalmente escritos em língua inglesa. Nesse contexto, as traduções declássicos e bestsellers foram a melhor opção de mercado principalmente para editorascomo a Globo que, há muito tempo vinha investindo na literatura traduzida. Alémdisso, essa editora ainda contava com nomes de importantes escritores no quadro detradutores (Mário Quintana, Paulo Rónai, Manuel Bandeira, Lourdes de Alencar, CarlosDrummond de Andrade e Lúcia Miguel Pereira, entre outros), o que garantia a quali-dade do trabalho e fazia com que o investimento por ela feito valesse o risco.

Um dos livros que foram traduzidos com o propósito de fazer propagandacontra o comunismo foi, como já mencionado, Animal Farm, de George Orwell, publi-cado pela Globo, em 1964. Animal Farm é um livro que aborda metaforicamentequestões relacionadas à Revolução Russa de 1917, enfatizando a deturpação de seusideais promovida por Stálin. Ele narra a história de uma fazenda onde os animais,descontentes com os donos da mesma, os expulsam da terra, para, em seguida, cria-rem uma sociedade igualitária. Mais tarde, os porcos, líderes da rebelião e mais inte-ligentes e ambiciosos que os demais animais, acabam criando um governo mais dita-torial e tirânico do que aquele anteriormente praticado pelos humanos. Devido aotema abordado, os patrocinadores do Ipês acharam por bem subvencionar e publicara tradução desse livro, levada a cabo por Heitor Ferreira de Aquino, na época capitãodo Exército, professor no Colégio Militar e auxiliar do general Golbery do Couto eSilva, chefe do Ipês.

Uma série de análises dos paratextos de A Revolução dos Bichos (CARVALHO,2002) corrobora o papel de instrumento formador de opiniões que a literaturatraduzida pode vir a exercer dentro do sistema literário a que pertence e em relaçãoaos outros sistemas que compõem a sociedade como um todo. Nesse sentido, o texto

Page 9: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

1 7 5

Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de OliveiraIpotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2, pág. 169 - 179, jan/jun, jul/dez 2006

que pode ser identificado como a apresentação de Revolução dos Bichos (1971), aoafirmar que Orwell, utilizando “animais para figurar as fraquezas humanas (meu gri-fo)”, deixou registrado em seu livro “um dos mais sarcásticos depoimentos sobre ochamado paraíso comunista (meu grifo)”, demonstra claramente o interesse dos pa-trocinadores da tradução de fazerem com que o leitor inicie sua leitura a partir da suavisão do comunismo. Tal propósito fica ainda mais explícito no trecho em que o autordo texto diz que “através da caricatura, [Orwell] analisa impiedosamente os rumosequívocos do processo revolucionário, [...] buscando fundar uma sociedade ideal, quecedo se vê traída pela opressiva atuação dos novos dirigentes” (meus grifos).

A escolha do título da tradução A Revolução dos Bichos demonstra, de manei-ra clara, a manipulação da informação contida no original. A utilização dos substan-tivos “revolução” e “bichos” revela, desde o início, o caráter de crítica política preten-dida pelos patrocinadores dessa tradução, revestindo o texto com as peculiaridadeshistóricos do contexto brasileiro no momento daquela publicação.

A história nos mostra a força da presença norte-americana nos rumos políticose econômicos tomados pelo país a partir do final da década de 30 do século XX,além de desvelar o quanto a ideologia que conduziu ao golpe militar de 1964 e osustentou foi fundamentada em preceitos econômicos, políticos e ideológicos prove-nientes dos EUA. É minha expectativa que essas percepções tenham, em parte, sidocorroboradas pelos resultados das pesquisas aqui apresentados, que envolvem análi-ses da prática da tradução no contexto brasileiro durante as décadas de 30 e 40 ede 60 e 70 do século passado. A conseqüência da satisfação dessa expectativa é acrença no fato de que as atividades tradutórias vinculam-se a projetos ideológicos(intelectuais, religiosos, econômicos e políticos, por exemplo), estando intimamenterelacionadas a eventos ou movimentos históricos maiores.

Abstract

This article stresses the relevance of studies on translation to enhance a more comprehensiveunderstanding of issues related to the history of the cultural contexts of which translated textsare going to be an integrant part . The approach of aspects of literary translation in twoimportant moments of the history of Brazil - the decades of 30 and 40 and 60 and 70 of the20th century - sheds light into the translational activity of Monteiro Lobato, Rachel deQueiroz and of the publishing house known as Editora Globo.Keywords: Translation; History; Politics.

Notas explicativas

1 O IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e o Ipês (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais)foram duas instituições civis de ação empresarial criadas respectivamente em 1959 e 1961 com afinalidade de estimularem em todo país uma reação à expansão do comunismo na América Latinaatravés de Cuba. Por compartilharem opiniões e objetivos políticos, os dois institutos se uniram em1962, no que ficou conhecido o complexo Ipês-IBAD. A sede desse complexo se encontrava nacidade do Rio de Janeiro, com filiais em Porto Alegre, Santos, Belo Horizonte, Curitiba e Manaus. Em1963 o IBAD teve sua existência interrompida e o Ipês passou a atuar isoladamente, até 1972.

Page 10: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

1 7 6

Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de OliveiraIpotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2, pág. 167 - 177, jan/jun, jul/dez 2006

Referências biblográficas

BERTASO, José Otávio. A Globo da Rua da Praia. São Paulo. Globo, 1993.

CARVALHO, Christian Hygino de. A Revolução dos Bichos: tradução e manipula-ção durante a ditadura militar no Brasil. 2002. 112 p. Monografia (Bachareladoem Letras – Ênfase em Tradução – Inglês) – Departamento de Letras EstrangeirasModernas do Instituto de Ciências Humanas e de Letras, Universidade Federalde Juiz de Fora, Juiz de Fora.

CHAPLIN, Charles. Minha vida. Trad. Rachel de Queiroz, Magalhães Júnior eGenolino Amado. 10a. ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1998.

DIAS, Erika Paula Faria. As traduções de Rachel de Queiroz nas décadas de 60 e70 do século XX . 2002. 105 p. Monografia (Bacharelado em Letras – Ênfase emTradução – Inglês) – Departamento de Letras Estrangeiras Modernas do Institutode Ciências Humanas e de Letras, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz deFora.

DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do Estado – Ação política, poder egolpe de classe . Petropólis: Vozes. 1981.

EVEN-ZOHAR, Itamar. “Polysystem theory”. In: POETICS today , Tel Aviv, v 1, n.1/2,1979. p.287-310.

EVEN-ZOHAR, Itamar. “The position of translated literature within the literarypolysystem”. In: VENUTI, Lawrence. The translation studies reader . London:Routledge, 2001. p. 192-197.

HEIDNSTAM, Verner von. Os carolinos: crônica de Carlos XII. Trad. Rachel deQueiroz. Rio de Janeiro: Delta, 1963.

HEMINGWAY, Ernest . Adeus às armas . Trad. Monteiro Lobato. São Paulo: Compa-nhia Editora Nacional, 1985.

HEMINGWAY, Ernest . A farewell to arms . New York: Charles Scribner’s Sons, 1969.

HERMANS, Theo. The manipulation of literature : studies in literary translation .London: Croom Helm, 1985.

LEFEVERE, André. Translation, rewriting and the manipulation of literary fame.London: Routledge. 1992.

LOBATO, Monteiro. “Traduções”. In: LOBATO, Monteiro. Obras completas deMonteiro Lobato. v. 10 – Mundo da Lua e Miscelânea – São Paulo: Brasiliense,1955. p. 125-130.

LOBATO, Monteiro. A barca de Gleire . São Paulo: Brasiliense, 1956.

LOBATO, Monteiro. “Traduções”. In. AMORIM, Sônia Maria de. Em busca de umtempo perdido - Edições de literatura traduzida pela Editora Globo (1930-1950).São Paulo: EDUSP, 1999. p. 157-160.

LONDON, Jack . O lobo do mar . Trad. Rachel de Queiroz. Rio de Janeiro: Ediouro,1972.

MENDES, Denise Rezende. Monteiro Lobato, o tradutor . 2002. 60 p. Monografia

Page 11: Entrelaçamento de tradução e história no contextobrasileiro E§amento.pdf · 169 Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de

1 7 7

Entrelaçamento de tradução e história no contexto brasileiro - Maria Clara Castellões de OliveiraIpotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2, pág. 169 - 179, jan/jun, jul/dez 2006

(Bacharelado em Letras – Ênfase em Tradução – Inglês) – Departamento de LetrasEstrangeiras Modernas do Instituto de Ciências Humanas e de Letras, Universi-dade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora.

ORWELL, George. Revolução dos Bichos . Trad. Heitor Ferreira. Porto Alegre: Globo,1971.

QUEIROZ, Rachel de, QUEIROZ, Maria Luiza de. Tantos anos . São Paulo: Siciliano,1998.

QUEIROZ, Rachel de. “O brasileiro perplexo”. In: —. O homem e o tempo. SãoPaulo: Siciliano, 1999. p. 10-12.

SCHLEIERMACHER, Friedrich. On the different methods of translation. Transl. AndréLefevere . In: WILLSON, Leslie (Ed.) . German Romantic Criticism . New York:Continuum, 1982. p. 1-30.

SILVA FILHO, Newton Tavares da. A Editora Globo nas décadas de 60 e 70.2002. 82 p. Monografia (Bacharelado em Letras – Ênfase em Tradução – Inglês)– Departamento de Letras Estrangeiras Modernas do Instituto de Ciências Huma-nas e de Letras, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora.

VENUTI, Lawerence. Invisibility. In: —. Translator’s invisibility: a history of translation .New York: Routledge, 1995. p. 1-42.

VENUTI, Lawrence. Escândalos da tradução. Trad. Laureano Pelegrin et al.. Bauru:EDUSC, 2002.