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Composite Feito no Hermes DIAMANTINO 28/07/04 07:11 ODIA - CADERNOD1 - 1 - 28/07/04 Gal AS COISAS DE REPERTÓRIO. O show que passou por São Paulo (onde par- te da crítica dividiu-se entre elo- gios a Gal e críticas às soluções cênicas de Bia – como folhas se- cas caindo e velas que sobem e descem) e Porto Alegre tem 23 canções. Boa parte são músi- cas de Todas as Coisas e Eu, mas há canções que não estão no CD, caso de Um Favor (Lupi- cínio Rodrigues), executada ao violão, e preciosidades como Três da Madrugada (Torquato Neto e Carlos Pinto), gravada num compacto de 1973. ÍDOLOS. Já apontada pela Ti- me como uma das 10 mais be- las vozes do planeta, Gal tam- bém tem sua lista. “Sarah Vau- ghan, Billie Holiday, Ella Fitzge- rald, Nina Simone, Frank Sina- tra, Dalva de Oliveira...” CORPO. Gal emagreceu 12 qui- los em três meses, malhando duas horas por dia e fazendo die- ta. E lipo, faria? “Se fosse preci- so, sim, só teria um certo re- ceio, odeio anestesia.” NOVELA. A cantora curtiu fazer participação em Celebridade. “Fui com o texto na ponta da lín- gua e Malu Mader e Nívea Maria ficaram surpresas. Foi um pra- zer. Revelei-me uma ótima atriz de TV”, brinca. SAMPA. Gal pôs a casa em Sal- vador à venda. “Pela primeira vez, morarei em São Paulo”, avisa. A dolescente, Gal Costa trancou-se no banheiro para reaprender a cantar. Tinha ouvido João Gilberto e, autodidata, queria mudar seu canto. Agora, aos 58 anos, can- ta no show Todas as Coisas e Eu pérolas pré-Bossa Nova, joaogilberteando-as. O espetá- culo do CD estréia amanhã no Canecão nove meses depois de ser cancelado. Caro de- mais, sentenciou a Indie Recor- ds ao orçamento suntuoso da diretora Bia Lessa. Atitude meio irresponsável da gravado- ra, avalia hoje a cantora. Pas- sou. O disco, que seria um ao vi- vo do show cancelado, foi gra- vado e vendeu 100 mil cópias. Gal fala dele, do show e sobre todas as coisas: dos seios nus no espetáculo de 1994 à defe- sa pública que fez de Antônio Carlos Magalhães e ainda a ne- gada rixa com Maria Bethânia. Gal convidou Bia para dirigir seu espetáculo e teve que pedir à diretora que o remodelasse. Ela cantaria sozinha em palco com duas toneladas de terra, com músicos num proscênio, dez troncos de árvore. Agora um quarteto a acompanha, há fo- lhas secas no chão. “O cancela- mento foi um desgaste mas cau- sou expectativa. O show está lin- do, é minimalista e delicado. É o show que o disco merece”, avalia a cantora. Entre a monta- gem idealizada e a que vingou, Bethânia chamou Bia para diri- gir o premiado Brasileirinho. Coincidência? “Chamei Bia an- tes e mantive a postura ética de mantê-la no novo projeto”, con- ta Gal, jogando na imprensa a culpa da alegada eterna rivalida- de entre ela e outra diva da MPB. “Falam isso desde que surgimos, mas não existe. So- mos amigas, fizemos espetácu- los juntas. Quando eu fazia Fa- tal e ela, Rosa dos Ventos, uma ia ver o show da outra”, lembra. Ela nega a disputa com Bethâ- nia, mas não se preocupa em demonstrar falsa modéstia. “Es- se show tem minha essência. Sou uma pessoa mais cool.O público assiste-o com respeito, há um momento denso (com Ave Maria-no Morro, Assum Pre- to e Vapor Barato) em que as pessoas quase não respiram. Tem isso de deixar o ar em sus- pensão”, observa. Você deixa as pessoas assim? “De certa for- ma eu as deixo assim, com meu trimbre, minha voz, meu canto, os arranjos.” Aos 58, a cantora, alegados 25 de alma, acredita cantar melhor que nunca. “Hoje canto melhor, minha voz tomou corpo e potência”, diz. “Não me sinto com a idade que tenho. Te- nho muito pique.” E ousadia. Gal considera seu show ousa- do, por dispensar piano, ter só quatro músicos, canções execu- tadas com instrumento único ( Nada Além é só voz e contrabai- xo). Mas ousadia como os seios nus de Índia e O Sorriso do Gato de Alice, não mais. “Tudo o que fiz foi sincero e puro e não me arrependo de na- da”, sentencia. Nem de ter de- fendido ACM no episódio da vio- lação do painel do Senado? “Já falei muito disso. Eu não disse que não me arrependo de na- da?”. Disse, Gal, mas há outro assunto delicado. Quatro CDs seguidos de regravações, por que? “Essa cobrança insana pe- lo novo é reflexo da mentalidade americana que torna tudo des- cartável. Inéditas não vão necessa- riamente me garantir qualidade.” Polêmicas à parte, entre as pé- rolas por Gal separadas, sobra romantismo. É pra machucar o coração, quase o título, aliás, de uma das canções do show. “Combina comigo. Sou uma pes- soa romântica e afetiva, torço pa- ra as coisas darem certo.” Amor sentido, amor cantado. “REVELEI-ME ÓTIMA ATRIZ DE TV EM ‘CELEBRIDADE’” “Há um momento do show em que as pessoos quase não respiram” O DIA QUARTA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2004 www.odia.com.br ANDRÉ GOMES TELEVISÃO Tadinha profissional Carolina Dieckmann vai sofrer para caramba na segunda fase de ‘Senhora do Destino’Pág. 5 MÚSICA Hip hop sem fumaça Artistas do gênero participam de campanha contra o tabagismo que inclui até revistinha Pág. 3 Cantora estréia amanhã versão minimalista de show que foi cancelado por falta de verba MÁRCIO MERCANTE “Tudo o que fiz na vida foi sincero e puro e não me arrependo de nada” CULTURA, DIVERSÃO E ESTILO DE VIDA FOTOS DIVULGAÇÃO/ PAULO PEREIRA PRATO FEITO Estréia com sabor de tributo Na sua primeira coluna, Rodolfo Bottino homenageia as grandes damas da boa cozinha e dá duas receitas perfeitas para um grande almoço em família Pág. 8

Entrevista com a cantora Gal Costa

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Entrevista com a cantora Gal Costa em agosto de 2004, antes do lançamento de show dirigido por Bia Lessa

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Composite Feito no Hermes DIAMANTINO 28/07/04 07:11 ODIA - CADERNOD1 - 1 - 28/07/04

GalAS COISAS DE

REPERTÓRIO. O show quepassouporSãoPaulo (ondepar-te da crítica dividiu-se entre elo-gios a Gal e críticas às soluçõescênicasdeBia– como folhas se-cas caindo e velas que sobem edescem) e Porto Alegre tem 23canções. Boa parte são músi-cas de Todas as Coisas e Eu,mas há canções que não estãono CD, caso de Um Favor (Lupi-cínio Rodrigues), executada aoviolão, e preciosidades comoTrês da Madrugada (TorquatoNeto e Carlos Pinto), gravada

num compacto de 1973.ÍDOLOS. Já apontada pela Ti-me como uma das 10 mais be-las vozes do planeta, Gal tam-bém tem sua lista. “Sarah Vau-ghan, Billie Holiday, Ella Fitzge-rald, Nina Simone, Frank Sina-tra, Dalva de Oliveira...”CORPO.Gal emagreceu12qui-

los em três meses, malhandoduashoraspordiae fazendodie-ta. E lipo, faria? “Se fosse preci-so, sim, só teria um certo re-ceio, odeio anestesia.”NOVELA. A cantora curtiu fazerparticipação em Celebridade.“Fui com o texto na ponta da lín-guae MaluMader eNíveaMariaficaram surpresas. Foi um pra-zer. Revelei-me uma ótima atrizde TV”, brinca.SAMPA. Gal pôs a casa em Sal-vadoràvenda.“Pelaprimeiravez,morarei em São Paulo”, avisa.

Adolescente, Gal Costatrancou-se no banheiropara reaprender a cantar.

Tinha ouvido João Gilberto e,autodidata, queria mudar seucanto. Agora, aos 58 anos, can-ta no show Todas as Coisas eEu pérolas pré-Bossa Nova,joaogilberteando-as. O espetá-culo do CD estréia amanhã noCanecão nove meses depoisde ser cancelado. Caro de-mais, sentenciou a Indie Recor-ds ao orçamento suntuoso dadiretora Bia Lessa. Atitudemeio irresponsável da gravado-ra, avalia hoje a cantora. Pas-sou.O disco, que seria um ao vi-vo do show cancelado, foi gra-vado e vendeu 100 mil cópias.Gal fala dele, do show e sobretodas as coisas: dos seios nusno espetáculo de 1994 à defe-sa pública que fez de AntônioCarlos Magalhães e ainda a ne-gada rixa com Maria Bethânia.

Gal convidou Bia para dirigirseu espetáculo e teve que pedirà diretora que o remodelasse.Ela cantaria sozinha em palcocom duas toneladas de terra,com músicos num proscênio,dez troncosde árvore. Agora umquarteto a acompanha, há fo-lhas secas nochão. “O cancela-

mento foi umdesgastemascau-souexpectativa.O showestá lin-do, é minimalista e delicado. Éo show que o disco merece”,avalia a cantora. Entre a monta-gem idealizada e a que vingou,Bethânia chamou Bia para diri-gir o premiado Brasileirinho.Coincidência? “Chamei Bia an-tes e mantive a postura ética demantê-la no novo projeto”, con-ta Gal, jogando na imprensa aculpadaalegadaeterna rivalida-de entre ela e outra diva daMPB. “Falam isso desde quesurgimos, mas não existe. So-mos amigas, fizemos espetácu-los juntas. Quando eu fazia Fa-tal e ela, Rosa dos Ventos, umaia ver o show da outra”, lembra.

ElanegaadisputacomBethâ-nia, mas não se preocupa emdemonstrar falsamodéstia. “Es-se show tem minha essência.Sou uma pessoa mais cool. Opúblico assiste-o com respeito,há um momento denso (comAveMaria-noMorro,AssumPre-to e Vapor Barato) em que aspessoas quase não respiram.Tem isso de deixar o ar em sus-pensão”, observa. Você deixaaspessoasassim?“Decerta for-maeuasdeixo assim, commeutrimbre, minha voz, meu canto,os arranjos.” Aos 58, a cantora,alegados 25 de alma, acreditacantar melhor que nunca. “Hoje

canto melhor, minha voz tomoucorpo e potência”, diz. “Não mesintocoma idadeque tenho. Te-nho muito pique.” E ousadia.Gal considera seu show ousa-do, por dispensar piano, ter sóquatromúsicos, cançõesexecu-tadas com instrumento único(NadaAlémésó vozecontrabai-xo). Mas ousadia como os seiosnus de Índia e O Sorriso do Gatode Alice, não mais.

“Tudo o que fiz foi sincero epuroenãomearrependodena-da”, sentencia. Nem de ter de-fendido ACM no episódio da vio-lação do painel do Senado? “Jáfalei muito disso. Eu não disseque não me arrependo de na-da?”. Disse, Gal, mas há outroassunto delicado. Quatro CDsseguidos de regravações, porque? “Essacobrança insanape-lo novo é reflexo da mentalidadeamericana que torna tudo des-cartável.Inéditasnãovãonecessa-riamentemegarantir qualidade.”

Polêmicasàparte,entreaspé-rolas por Gal separadas, sobraromantismo. É pra machucar ocoração, quase o título, aliás, deuma das canções do show.“Combinacomigo.Souumapes-soa românticaeafetiva, torçopa-ra as coisas darem certo.” Amorsentido, amor cantado.

“REVELEI-ME ÓTIMA ATRIZ DE TV EM ‘CELEBRIDADE’”

“Há um momentodo show em queas pessoos quasenão respiram”

O DIA QUARTA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2004 www.odia.com.br

ANDRÉ GOMES

TELEVISÃO

Tadinha profissionalCarolina Dieckmann vai sofrer para caramba nasegunda fase de ‘Senhora do Destino’● Pág. 5

MÚSICA

Hip hop sem fumaçaArtistas do gênero participam de campanha contrao tabagismo que inclui até revistinha ● Pág. 3

Cantora estréia amanhã versão minimalista de show que foi cancelado por falta de verba

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“Tudo o que fiz navida foi sincero epuro e não mearrependo de nada”

CULTURA, DIVERSÃO E ESTILO DE VIDA

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Estréia comsabor de tributoNa sua primeira coluna,Rodolfo Bottino homenageiaas grandes damas da boacozinha e dá duasreceitas perfeitas paraum grande almoçoem família ● Pág. 8