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UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO ENVELHECIMENTO CELULAR “ A importância da Vitamina C (ácido ascórbico)” BIOLOGIA MOLECULAR E CELULAR Micaela Mota 28439 Paula Correia 28440

Envelhecimento Celucar e a Importancia da Vitamina C

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Trabalho completo de pesquisa bibliografica sobre o envelhecimento celular e o papel da vitaminia C no processo.( agora trabalho concluido)

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UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO

ENVELHECIMENTO CELULAR

“ A importância da Vitamina C (ácido ascórbico)”

BIOLOGIA MOLECULAR E CELULAR

Micaela Mota 28439

Paula Correia 28440

Porto 2012

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UFP Biologia Molecular e Celular

ÍNDICE

I – INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................3

II – DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................................4

1. Envelhecimento Celular – Conceito................................................................................................4

2. Vitamina C (Ácido Ascórbico)........................................................................................................6

2.1. Características........................................................................................................................7

2.1.1. Propriedades Físico-Químicas........................................................................................7

2.1.2. Estrutura da Molécula.....................................................................................................7

2.1.3. Mecanismo de Atuação Antioxidante da Vitamina C.......................................................8

2.1.4. Principais Fontes Naturais..............................................................................................9

2.1.5. Aspectos Nutricionais - Benefícios da Vitamina C.........................................................10

2.1.6. Mecanismos de defesa....................................................................................................13

III – CONCLUSÃO...................................................................................................................................14

IV – BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................................15

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I – INTRODUÇÃO

O envelhecimento ocorre em todos os níveis celulares do organismo (molecular, celular e

tecidos), quando este já não consegue responder aos estímulos do meio, perdendo a capacidade

de se adaptar e reparar, entrando em declínio. Geralmente é definido como um processo

detriorativo progressivo e irreversível, característico da maioria dos sistemas e que, por ser

progressivo, há uma grande probabilidade de morte, seja de uma célula, de um tecido, de um

órgão ou mesmo de um indivíduo.

Existem várias teorias sobre o envelhecimento celular, algumas ainda em fase de

desenvolvimento mas todas têm a finalidade de explicar o envelhecimento. A maioria das teorias

sobre o envelhecimento baseia-se em fatores genéticos, imunológicos e também ligados aos

radicais livres.

Com este trabalho pretende-se descrever o envelhecimento celular e averiguar qual o

papel da Vitamina C (ácido ascórbico) no mesmo, procurando evidências na relação entre a

presença ou ausência de Vitamina C (ácido ascórbico) no processo de envelhecimento, em

estudos e artigos científicos e tentando averiguar se é possível relacionar a sua ingestão com

alterações no processo de envelhecimento e de que forma atua no mesmo.

Este é um trabalho de pesquisa bibliográfica para a disciplina de Biologia Molecular e

Celular, que tem como intuito permitir relacionar os conteúdos programáticos da disciplina com

a Nutrição.

As pesquisas foram feitas, na sua maioria, em trabalhos científicos expostos na Internet, e

em livros da especialidade de Biologia Molecular e Celular, Genética, Histologia e Nutrição

Humana.

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II – DESENVOLVIMENTO

1. Envelhecimento Celular – Conceito

Podemos descrever o envelhecimento como a incapacidade da célula se regenerar ou

adaptar o que pode ocorrer a qualquer momento, desde a conceção, incluindo a diferenciação e

maturação do organismo. Com o passar do tempo ocorrem alterações fisiológicas e estruturais

em todos os sistemas e órgãos.

Muitos cientistas concordam que o envelhecimento é, pelo menos em parte, o resultado

da acumulação de danos nas moléculas – tais como proteínas, lípidos e ácidos nucleicos (DNA e

RNA) – que constituem as nossas células.

A célula vai perdendo progressivamente a sua capacidade funcional e ocorrem alterações

morfológicas nos organelos. O núcleo fica irregular e dividido em pequenos nódulos, a

mitocôndria adquire uma forma pleomática, o retículo endoplasmático diminui, o Complexo de

Golgi fica deformado. A célula fica incapacitada de fazer a divisão celular ou reparar lesões,

reduz a síntese de ácidos nucleicos, de proteínas estruturais, enzimáticas e de recetores celulares

e diminui a capacidade de captar nutrientes.

A existência de pigmentação lipofuscina resultante da peroxidação lipídica que indica

stress oxidativo na célula, assim como a presença de produtos finais de glicolisação avançada

(PGAs) constituem um grupo heterogéneo de proteínas, de lípidos e de ácidos nucleicos aos

quais os resíduos glucídicos estão covalentemente ligados. Para além de se poderem ligar de

forma não-específica às membranas basais e modificar as suas propriedades, os PGAs são

também capazes de induzir respostas celulares específicas ao interatuarem com os seus recetores.

Na célula as mitocôndrias são responsáveis pelo processo de respiração celular, pelo qual

substâncias orgânicas são oxidadas libertando energia na forma de ATP. Uma das etapas é a

fosforilação oxidativa, que utiliza a oxidação controlada de coenzimas reduzidas (NADH e

FADH2) geradas nas vias metabólicas precedentes para a geração de energia potencial para

fosforilar ADP, por meio de complexos enzimáticos específicos. Os eletrões derivados das

coenzimas reduzidas podem reagir diretamente com o oxigênio ou com outros recetores de

eletrões em diversos pontos da cadeia transportadora, gerando espécies químicas conhecidas

como radicais livres.

 Os radicais livres são espécies químicas independentes que contém um ou mais eletrões.

Essas espécies, em geral, são instáveis e altamente reativas; ao reagirem com uma molécula,

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geram outro radical livre, iniciando uma reação em cadeia. Nesse contexto, radicais livres

particularmente comuns são as chamadas espécies reativas de oxigénio, representadas pelo ião

superóxido, pelo peróxido de hidrogénio e pelo radical hidróxilo. A cadeia de transporte de

eletrões mitocondrial é a maior fonte endógena de espécies reativas de oxigénio.

Os cientistas já tinham descoberto relações evidentes entre compostos reativos de

oxigénio e o envelhecimento. Moscas do vinagre que foram manipuladas geneticamente para

produzir altos níveis de enzimas que destroem espécies reativas de oxigénio sobreviveram mais

50% de tempo do que as moscas normais.

Com o processo de envelhecimento, por razões ainda não muito elucidadas no meio

científico, os mecanismos reguladores da produção de radicais livres vão-se tornando

insuficientes, caracterizando uma situação de stress oxidativo mitocondrial. Admite-se que essa

seja a razão para o acúmulo de deleções no DNA mitocondrial que é inerente ao envelhecimento.

Apesar de existirem várias teorias sobre os mecanismos que explicam o envelhecimento,

as mais recentes assentam a sua base na existência de um relógio biológico geneticamente

programado que controla o envelhecimento assim como a influência dos efeitos da exposição a

fatores exógenos que originam a acumulação progressiva de lesões celulares e moleculares.

Várias teorias são postuladas como as prováveis causas do envelhecimento celular, por

exemplo, a teoria genética do envelhecimento, a teoria telomérica, a imunológica e também a dos

radicais livres.

Hart e Turturro (1983) sugeriram a adoção de uma escala crescente que abrange: teorias

de base celular, teorias baseadas em órgãos e sistemas, teorias populacionais e, finalmente,

teorias integrativas. Hayflick (1985) optou por uma escala mais restrita: teorias baseadas em

órgãos, de base fisiológica e de base genómica. Finch (1990) divide as teorias sobre o

envelhecimento em dois grandes grupos: evolutivas e não evolutivas. Segundo este autor, as

teorias evolutivas ocupar-se-iam de justificar o papel do envelhecimento através dos grupos

filogenéticos (filogenese é o estudo da relação evolutiva entre grupos de organismos por

exemplo, espécies, populações, que é descoberto por meio de sequenciamento de dados

moleculares e matrizes de dados morfológicos), enquanto as não evolutivas se concentrariam nos

mecanismos celulares, fisiológicos e ambientais que atuam sobre o processo. Numa revisão

sobre o assunto, Arking (1998) sugeriu o emprego de uma classificação dual, segundo a qual se

deve considerar se a teoria proposta sugere que os efeitos por ela descritos são exercidos em

todas as células ou na maioria delas, constituindo o ramo das teorias intracelulares, ou se os

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mesmos são exercidos principalmente sobre componentes estruturais ou sobre mecanismos

reguladores, interligando grupos de diferentes células (teorias intercelulares).

Atualmente a teoria dos radicais livres tem sido levada bastante em consideração. O

princípio dessa teoria é que a longevidade seria inversamente proporcional à extensão do dano

oxidativo e diretamente proporcional à atividade das defesas antioxidantes. A teoria do dano

oxidativo postula que todas as deficiências fisiológicas características de mudanças realmente

relacionadas com a idade, ou a maioria delas, podem ser atribuídas aos danos intracelulares

produzidos pelos radicais livres. O oxigénio responsável pela manutenção da vida também pode

gerar espécies reativas de oxigénio, os chamados radicais livres, que atuam destruindo células e

tecidos por meio da oxidação celular. Os radicais livres atuam no processo de envelhecimento,

pois atingem direta e constantemente células e tecidos, os quais possuem ação acumulativa. Se,

no organismo, ocorrer um desequilíbrio entre os agentes oxidantes e pró-oxidantes, ocorrerá um

acúmulo de radicais livres, levando a célula à morte. O dano "em rede" produzido seria o

resultado de diversas variáveis complexas, tais como o tipo de radical presente, sua taxa de

produção, a integridade estrutural das células e a atividade dos diferentes sistemas de defesa

antioxidante presentes no organismo.

O controlo inadequado dos radicais livres acarreta doenças neurodegenerativas,

pulmonares e neoplásicas. Medidas preventivas ao longo da vida podem atenuar os efeitos

prejudiciais desses agentes oxidantes.

2. Vitamina C (Ácido Ascórbico)

As vitaminas são substâncias orgânicas que atuam em quantidades mínimas em diversos

processos metabólicos. Distinguem-se de outros constituintes por não representarem fonte de

energia nem desempenharem funções de reconstrução.

Uma das vitaminas mais importantes é a Vitamina C ou Ácido Ascórbico. Facilmente

encontrada em vegetais folhosos, legumes e frutas, esta vitamina é fundamental para a nutrição

humana. É uma vitamina hidrossolúvel e termolábil. É sintetizada por quase todos os mamíferos,

não sendo, portanto, uma vitamina essencial para eles, excepto para os primatas. Nestes, a

deficiência, geneticamente determinada da gulonolactona oxidase impede a síntese do ácido

ascórbico a partir da glicose

É encontrada na forma de ácido L-ascórbico, a qual é a sua principal forma

biologicamente ativa. A excecional facilidade com que é oxidada (perde eletrões) faz com que

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ela funcione como um bom antioxidante: um composto que pode proteger outras espécies

químicas de possíveis oxidações.

A dose recomendada para manutenção de nível de saturação da Vitamina C (ácido

ascórbico) no organismo é de cerca de 100mg por dia. Em situações diversas, tais como infeções,

gravidez, amamentação e em tabagistas, são necessárias doses ainda mais elevadas. A Vitamina

C (ácido ascórbico) participa dos processos celulares de oxirredução, como também é importante

na biossíntese das catecolaminas. Previne o escorbuto, é importante na defesa do organismo

contra infeções e fundamental na integridade das paredes dos vasos sanguíneos. A vitamina C é

vital para o funcionamento das células, e isso é particularmente evidente no tecido conjuntivo,

durante a formação do colagénio. Na pele, o colagénio tipo I e III contribuem com 85 a 90% e 8

a 11% do colagénio total sintetizado, respetivamente. A Vitamina C (ácido ascórbico) é co-fator

para duas enzimas essenciais na biossíntese do colagénio.

2.1. Características

2.1.1. Propriedades Físico-Químicas

A Vitamina C (ácido ascórbico) é um sólido branco ou amarelado, cristalino, bastante

solúvel em água e etanol absoluto, insolúvel nos solventes orgânicos comuns, como clorofórmio,

benzeno e éter, tem sabor ácido com gosto semelhante ao sumo da laranja. No estado sólido é

relativamente estável. No entanto, quando em solução, é facilmente oxidada, em reação de

equilíbrio ao ácido L – dehidroascórbico.

2.1.2. Estrutura da Molécula

A Vitamina C (ácido ascórbico) possui fórmula química C6H8O6,

Pertence a um grupo orgânico chamado de lactonas que são ácidos carboxílicos que se

transformam em ésteres cíclicos, ou seja, ésteres de cadeia fechada que perderam água

espontaneamente.

É uma molécula polar com quatro grupos hidroxilos (OH), sendo dois delas na posição

C=C podendo interagir entre si por pontes de hidrogénio, resultando num aumento de acidez da

Vitamina C, que apresenta uma boa solubilidade em água.

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2.1.3. Mecanismo de Atuação Antioxidante da Vitamina C

A Vitamina C (ácido ascórbico) atua na fase aquosa como um excelente antioxidante

sobre os radicais livres, mas não é capaz de agir nos compartimentos lipofílicos para inibir a

peroxidação dos lípidos. Por outro lado, estudos in vitro mostraram que essa vitamina na

presença de metais de transição, tais como o ferro, pode atuar como uma molécula pró-oxidante

e gerar os radicais H2O2 e OH-. Geralmente esses metais estão disponíveis em quantidades

muito limitadas e as propriedades antioxidantes dessa vitamina predominam in vivo.

Como antioxidante em alimentos, a Vitamina C (ácido ascórbico), funciona de diversas

formas: na remoção do oxigénio, prevenindo, portanto, a oxidação de constituintes sensíveis do

alimento e na regeneração de antioxidantes, além de atuar sinergicamente com os agentes

complexantes e/ou na redução de produtos indesejáveis da oxidação.

No corpo humano a lisil e a prolil hidroxilases catalisam a hidroxilação dos resíduos

prolil e lisil nos polipeptídeos colagénicos, e essas modificações pós-translacionais permitem a

formação e estabilização do colagénio de tripla hélice, e sua subsequente secreção no espaço

extracelular como procolagénio. O procolagénio é então transformado em tropocolagénio, e

finalmente fibras colagénicas são formadas por um rearranjo espacial espontâneo das moléculas

tropocolagénicas. Consequentemente, a hidroxilação é uma fase crítica na biossíntese de

colagénio, uma vez que regula a formação da tripla hélice, da excreção do procolagénio e do

cross-linking do tropocolagénio. A lisil e a prolil hidroxilase são enzimas férricas. A Vitamina C

(ácido ascórbico), como co-fator, previne a oxidação do ferro e, portanto, protege as enzimas

contra a auto-inativação. Desta forma, promove a síntese de sequência de acção colagénica

madura e normal por meio da perfeita manutenção da atividade das enzimas lisil e propil

hidroxilases. Além de atuar como importante co-fator para as enzimas já citadas, tem sido

demonstrado que a Vitamina C (ácido ascórbico) regula também a síntese de colagénio tipo I e

III, pelos fibroblastos dérmicos humanos. Um trabalho recente demonstrou que, embora a

capacidade proliferativa e a síntese de colagénio sejam dependentes da idade, a Vitamina C

(ácido ascórbico) é capaz de estimular a proliferação celular, bem como a síntese de colagénio

pelos fibroblastos dérmicos, independentemente da idade do indivíduo. A Vitamina C (ácido

ascórbico) foi capaz de vencer a capacidade proliferativa reduzida dos fibroblastos dérmicos de

indivíduos idosos (78-93 anos), assim como aumentar a síntese de colagénio em níveis similares

aos de células de recém nascidos (três a oito dias de vida). Estes resultados sugerem que os

níveis basais reduzidos da síntese de colagénio em "células velhas" não são devidos a níveis 8

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reduzidos de mRNA dos colagénios I e III, mas sim a eventos reguladores pós-translacionais.

Sendo assim, uma vez que a Vitamina C (ácido ascórbico) é capaz de superar a proliferação

diminuída dos fibroblastos dérmicos na pele envelhecida e, ao mesmo tempo, induzir a síntese de

colagénio tipo I e III, ela mostra-se vantajosa e benéfica no processo de cicatrização.

O papel da Vitamina C (ácido ascórbico) no metabolismo do tecido conjuntivo tem sido

reconhecido há muito tempo, mas, sobretudo a partir do século XVI, quando o escorbuto

começou a ser prevenido com sumo de frutas cítricas, isso ficou mais evidente. Depois, a

Vitamina C (ácido ascórbico) foi tida como co-fator essencial na hidroxilação da prolina e da

lisina, aminoácidos necessários para a estrutura e função do colagénio. Estudos conduzidos com

cultura de fibroblastos de pele humana demonstraram que a Vitamina C (ácido ascórbico)

estimularia a síntese de colagénio preferencialmente sem afetar a síntese de proteínas não

colagénicas. Esse efeito não estaria relacionado à propriedade de co-fator, da Vitamina C (ácido

ascórbico), nas reações de hidroxilação pós-translacionais envolvendo a síntese de colagénio,

mas sim mediante transcrição genética. A mensuração dessa atividade revelou aumento das

cadeias pró-alfa1(I) e pró-alfa 2(I) de quatro vezes e da pró-alfa1(III) de três vezes, na presença

de Vitamina C (ácido ascórbico) sem aumento na atividade transcritora de genes não colagénios.

A Vitamina C (ácido ascórbico) estimula a síntese de colagénio especificamente, aumentando os

níveis de mRNA para três diferentes cadeias pró-alfa, codificadas por genes que estão

localizados em três cromossomas distintos. A pró-alfa 1, no cromossoma 17, a pró-alfa 2 no

cromossoma 7, e a pró-alfa 3 no cromossoma 2. Possivelmente, a Vitamina C (ácido ascórbico)

atua diretamente, estimulando a transcrição individual dos genes ou, de alguma maneira, a

estabilidade do mRNA individual.

2.1.4. Principais Fontes Naturais

A Vitamina C (ácido ascórbico) encontra-se presente em todas as células animais e

vegetais principalmente na forma livre e, também, unida às proteínas. Segundo a literatura, estão

no reino vegetal as fontes importantes de Vitamina C (ácido ascórbico) representadas por

vegetais folhosos, legumes e frutas. Os valores abaixo apresentados servem apenas como

orientação, sendo que os valores reais dependem muito do tipo de planta, do estado de terra, do

clima, da permanência na fruta desde a colheita, da preparação, entre outros.

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Teor de vitamina C em alguns alimentos

Alimento Vitamina C (mg/100g)

Limão verde 63,2

Limão maduro 30,2

Laranja 40,9

Abacaxi 73,2

Acerola 1150

Maça 15

Manga 71,4

Abóbora 24

Espinafre 55,2

Acelga 42,5

Brócolos cru 82,7

Brócolos cozidos 24,6

Couve de

bruxelas

102

Caju 219

Salsa 146

Pimentão 140

Malagueta 121

Kiwi 74

Morango 70

Tomate 23

Tabela 1 – Teores de vitamina C em diversos alimentos

2.1.5. Aspectos Nutricionais - Benefícios da Vitamina C

Os compostos antioxidantes são capazes de neutralizar os radicais livres e prevenir certas

doenças tais como cancro, cataratas, patologias cerebrais e artrite reumatóide. Tem-se discutido

muito a utilização da Vitamina C (ácido ascórbico), não apenas para a prevenção da constipação,

mas principalmente para prevenir a incidência do cancro, de doenças cardiovasculares e outras

patologias. A prevenção tem sido estendida à intoxicação por vários agentes químicos e outros

agressores, como substâncias orgânicas, fármacos, agentes físicos, etc.

A ingestão diária de Vitamina C (ácido ascórbico) deve ser igual à quantidade excretada

ou destruída por oxidação. Um adulto sadio perde de 3% a 4% de sua reserva corporal

diariamente. Para manter uma reserva de 1500 mg ou mais no adulto, é necessária a absorção de

cerca de 60 mg ao dia.

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A Vitamina C (ácido ascórbico) tem sido há muito tempo motivo de grandes

controvérsias. A recomendação diária de Vitamina C (ácido ascórbico) é de apenas 60 mg/dia.

Muitos cientistas têm discordado desses valores.

É reconhecido que a Vitamina C (ácido ascórbico) se pode tornar tóxica quando ingerida

em excesso, a dosagem cuja toxicidade é conhecida seria a ingestão de 4 gramas por Kg de peso

corporal. Por exemplo, para uma pessoa de 70 Kg esta dosagem corresponderia a 280g/dia, o que

equivaleria ingerir 2,8 potes por dia de Vitamina C (ácido ascórbico) contendo 100 cápsulas de

1000 mg de Vitamina C (ácido ascórbico) por cápsula.

Ingestão Diária Recomendada de Vitamina C

Idade Vitamina C (mg/dia)

Lactentes 0 – 6 meses 30

Crianças 6 – 12 meses 35

1 – 3 anos 40

4 – 10 anos 45

Adultos -------- 60

Gestantes -------- 70

Lactantes 0 – 6 meses 95

6 – 12 meses 90

Tabela 2 – Ingestão diária recomendada de Vitamina C

Fonte: Anvisa, 1994.

A Vitamina C (ácido ascórbico) atua na prevenção e tratamento de diversas patologias

tais como:

Apoio ao sistema imunológico – A Vitamina C (ácido ascórbico) apoia o sistema imune (os

glóbulos brancos) e fortalece a concentração de imunoglobulinas no sangue.

Regulação do colesterol – Estudos na década de oitenta relatam que a Vitamina C (ácido

ascórbico) poderia ter um papel importante na regulação da síntese do colesterol.

Chumbo – Recentemente, um estudo sobre animais demonstrou que a Vitamina C (ácido

ascórbico) teria um efeito protetor contra a intoxicação por chumbo sobre a função nervosa e

muscular. Entre fumadores, o consumo de 1000 mg de Vitamina C (ácido ascórbico)

permitiu uma redução média de 81% das concentrações sanguíneas de chumbo, enquanto

que 200 mg ficaram sem efeito. Os autores concluíram que um suplemento de Vitamina C

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(ácido ascórbico) poderia representar um modo econômico e prático de diminuir as

concentrações de chumbo no sangue.

Autismo – Um suplemento de Vitamina C (ácido ascórbico) reduz a gravidade dos sintomas

em crianças que sofrem de autismo.

Fertilidade – Entre homens inférteis, demonstrou-se que o consumo de Vitamina C (ácido

ascórbico) melhora a qualidade do esperma (morfologia e mobilidade dos espermatozóides)

e aumenta o número de espermatozóides.

Doenças e disfunções imunológicas relacionadas com a idade – As doenças relacionadas

com a idade e as disfunções imunológicas associadas poderiam ser menores com a ingestão

de suplementos de Vitamina C (ácido ascórbico).

Síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA): (estudos preliminares) – Uma das

doenças onde o tratamento eventual com doses farmacológicas de vitamina C é mais

controverso, é a SIDA. Essa controvérsia dura há mais de 16 anos, desde a publicação de um

estudo que mostrava que o ácido ascórbico, em doses não tóxicas para o homem, travava a

replicação do vírus HIV. Outros estudos sustentaram estes resultados, porém não se

realizaram estudos clínicos de envergadura.

Cancro – Alguns estudos demonstram uma relação entre os níveis baixos de Vitamina C

(ácido ascórbico) no plasma sanguíneo e um maior risco de certos tipos de cancro.

A Vitamina C (ácido ascórbico) atua na formação de colagénio, fibra que compõe 80% da

derme e garante a firmeza da pele. Além disso, a Vitamina C (ácido ascórbico) inibe a ação da

tirosinase, uma enzima que catalisa a produção de melanina; por isso, tem ação clareadora,

ajudando a eliminar manchas. Também possui um papel fundamental na reciclagem de vitamina

E, outro importante antioxidante eliminador de radicais livres; importante para manutenção da

umidade e elasticidade da pele e hidratação geral esgota-se mais rápido nos casos de cansaço,

uso de fumo, álcool, açúcares simples (mesmo os naturais, como o mel) e hidratos de carbono

refinados.

Outras funções da Vitamina C (ácido ascórbico) são a participação na síntese da carnitina

(enzima), aumentar a absorção do ferro dos alimentos de origem vegetal e melhorar a função

imunológica.

A Vitamina C (ácido ascórbico) também está envolvida na absorção de ferro. Se por um

lado existe o fator positivo de sua ingestão produzir maior absorção de ferro pelas pessoas que

apresentam uma deficiência deste mineral ou atletas que necessitam de dosagens maiores, por

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outro lado, pode muitas vezes fazer com que o excesso de ferritina no sangue aumente muito e

consequentemente gere uma maior produção de radicais livres.

2.1.6. Mecanismos de defesa

Estima-se que cada célula humana sofra, em média, 104 lesões por dia como

consequência do metabolismo endógeno. Extrapolando para o total de células no organismo

(cerca de 1013), pode-se ter uma ideia do número de lesões geradas diariamente e da importância

do controle e defesa contra esses danos. Em todos os organismos aeróbios estudados até hoje,

foram encontradas enzimas com função de defesa contra os efeitos das agressões oxidativas,

podem-se citar a superóxido dismutase, a catalase e a glutationa peroxidase. A primeira catalisa a

dismutação do anião superóxido, gerando H2O2 que, por sua vez, é convertido em água pela ação

tanto da catalase quanto da glutationa peroxidase.

A amplitude dos efeitos lesivos sobre as células pode ser reduzida pela presença de

compostos conhecidos como aceitadores de radicais livres, como a vitamina E (alfa-tocoferol), a

Vitamina C (ácido ascórbico) e a glutationa.

O papel da Vitamina C (ácido ascórbico) no processo de stresse oxidativo ainda não está

muito bem esclarecido. Enquanto se atribui à Vitamina C (ácido ascórbico) papel antioxidante,

numa relação direta com radicais livres, em altas concentrações e na presença de metais de

transição como cobre e ferro, ela atua como agente redutor e produz O2-, H2O2 e OH-.

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III – CONCLUSÃO

As limitações temporais impuseram que se procedesse apenas a uma pequena pesquisa.

Para um melhor enquadramento do tema seria necessária uma pesquisa mais exaustiva. Contudo,

foi possível concluir que existem fortes evidências da importância da Vitamina C (ácido

ascórbico) no envelhecimento celular, principalmente como protetor antioxidante dos lípidos,

embora os dados sobre a oxidação de proteínas sejam escassos e inconclusivos, os dados

disponíveis em animais mostram consistentemente um papel antioxidante da Vitamina C (ácido

ascórbico).

Em muitos estudos que investigaram o papel da Vitamina C (ácido ascórbico) no

organismo nomeadamente os dados sobre a Vitamina C (ácido ascórbico) e oxidação de DNA in

vivo são inconsistentes e contraditórias, mas algumas das discrepâncias podem ser explicadas

por falhas no desenho experimental e metodologia. Estas e outras questões importantes

analisadas aqui precisam ser abordadas em estudos futuros sobre o papel da Vitamina C (ácido

ascórbico) no envelhecimento celular.

Resumindo, sabendo que a ação dos radicais livres nos organismos aeróbios é inevitável,

pois faz parte de um processo fisiológico natural e considerando que os mecanismos de defesa

também estão presentes, conclui-se que a seleção de uma dieta variada, rica em frutas frescas e

vegetais, e com alto teor proteico, pode contribuir contra a produção excessiva dos radicais

livres, diminuindo assim o risco de mutagénese relacionada com o envelhecimento.

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IV – BIBLIOGRAFIA

1. CARR A. C.; FREI, B. - Toward a new recommended dietary allowance for vitamin C based on

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