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EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA Disciplina: Problemas de Saúde Pública Patrícia Borja DEA-UFBA

EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA Disciplina: Problemas de Saúde Pública Patrícia Borja DEA-UFBA

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  • EPIDEMIOLOGIA E SADE PBLICA Disciplina: Problemas de Sade Pblica Patrcia Borja DEA-UFBA
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  • CONCEITO Etimologia da palavra Epi = sobre, um lugar, um tempo ou uma causa. Demos= populao Logos = estudo conhecimento. Definio Estudo da ocorrncia de doenas em populaes, suas causas determinantes e as medidas profilticas para o seu controle ou erradicao.
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  • SADE, DOENA E EPIDEMIOLOGIA PRIMRDIOS A doena era sinal de desobedincia ao mandamento divino. A enfermidade proclamava o pecado, quase sempre em forma visvel, como no caso da lepra. A lepra, com seu contgio, sugere contato entre corpos humanos, contato que pode ter evidentes conotaes pecaminosas.
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  • Os gregos (sec. VII a V a.C) cultuavam duas deusas: Higieia, a Sade, e Panacea, a Cura. Higieia: a deusa da razo, o seu culto valoriza as prticas higinicas. Panacea representa a idia de que tudo pode ser curado - uma crena basicamente mgica ou religiosa. A cura, para os gregos, era obtida pelo uso de plantas e de mtodos naturais, e no apenas por procedimentos ritualsticos. Sade, doena e epidemiologia
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  • SADE, DOENA E EPIDEMIOLOGIA A abordagem religiosa antecipa a entrada em cena do pai da Medicina, Hipcrates de Cs (460-377 a.C.). A sade era para ele o equilbrio de diversos elementos. Ele via o homem como uma unidade organizada e entendia a doena como uma desorganizao desse estado. O texto Ares, guas, lugares discute os fatores ambientais ligados doena, defendendo um conceito ecolgico de sade-enfermidade. Emerge a ideia de miasma.
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  • quem quiser prosseguir no estudo da cincia da medicina deve considerar os efeitos das estaes do ano, dos ventos, das guas, do solo e da exposio ao sol, alm do modo de vida dos habitantes, seus costumes alimentares e suas atividades. A doena chamada sagrada no , em minha opinio, mais divina ou mais sagrada que qualquer outra doena; tem uma causa natural e sua origem supostamente divina reflete a ignorncia humana.
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  • SADE, DOENA E EPIDEMIOLOGIA Na Idade Mdia europia, a influncia da religio crist manteve a concepo da doena como resultado do pecado e a cura como questo de f. O cuidado de doentes estava entregue a ordens religiosas, que administravam inclusive o hospital, instituio que o cristianismo desenvolveu muito, no como um lugar de cura mas de abrigo e de conforto para os doentes.
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  • As ideias hipocrticas se mantinham, atravs da temperana no comer e no beber, na conteno sexual e no controle das paixes. Procurava-se evitar o contra naturam vivere, viver contra a natureza. O advento da modernidade mudar essa concepo religiosa. SADE, DOENA E EPIDEMIOLOGIA
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  • TEORIA MIASMTICA: MAL + AR At a metade do sculo XIX Atribui a origem das doenas a emanaes oriundas da decomposio de animais e plantas. Representacin de una epidemia de clera del siglo XIX donde se ilustra la propagacin de la enfermedad en forma de aire venenoso.
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  • JOHN GRAUNT (1662) Pai das estatsticas vitais ou demografia. Publicou um tratado sobre as tabelas morturias de Londres, analisando a mortalidade por sexo e regio.
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  • SADE, DOENA E EPIDEMIOLOGIA J o desenvolvimento da mecnica influenciou as idias de Ren Descartes, no sculo XVII. Ele postulava um dualismo mente-corpo, o corpo funcionando como uma mquina. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento da anatomia, tambm consequncia da modernidade, afastou a concepo humoral da doena, que passou a ser localizada nos rgos.
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  • SCULO XIX Revoluo industrial (deslocamento de populaes); Revoluo francesa (positivismo); Epidemias de clera, febre amarela e febre tifide (preocupao com a higiene e condies sanitrias nas cidades). Teoria miasmtica X Teoria dos germes
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  • SADE, DOENA E EPIDEMIOLOGIA No final do sculo XIX ocorre a revoluo pasteuriana. O microscpio revela a existncia de microorganismos causadores de doena e possibilitando a introduo de soros e vacinas. Pela primeira vez, fatores etiolgicos at ento desconhecidos estavam sendo identificados; doenas agora poderiam ser prevenidas e curadas.
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  • JOHN SNOW: A CLERA E A BOMBA DE GUA EM 1854 LONDRES
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  • JOHN SNOW John Snow, considerado por muitos com o responsvel pelo desenvolvimento do campo moderno da epidemiologia
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  • SADE, DOENA E EPIDEMIOLOGIA Se a sade do corpo individual podia ser expressa por nmeros - os sinais vitais -, o mesmo deveria acontecer com a sade do corpo social: ela teria seus indicadores, resultado desse olhar contbil sobre a populao e expresso em uma cincia que ento comeava a emergir, a estatstica.
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  • LONDRES EM 1850S Teoria do germe da doena no amplamente aceita. As pessoas viviam em condies precrias de saneamento, com fontes de gua prximo aos pontos destinos dos dejetos.
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  • WATER SUPPLY LONDON 1850S
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  • OBSERVAES DE JOHN SNOW As pessoas com clera desenvolviam imediatamente problemas digestivos: vmitos, diarreia. Rosto, ps, mos enrugadas, com morte em menos de um dia. Provavelmente espalhando o virus pelos vmitos e diarreia.
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  • CHOLERA EPIDEMIOLOGY Comparao da localizao da bomba com mortes por clera, nos 3 primeiros dias da epidemia em 1854.
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  • Casos fatais da clera nos arredores de Golden Square, Londres, 1854
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  • Manivela da bomba retirada Casos fatais da clera nos arredores de Golden Square, Londres, 1854
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  • SCULO XIX Villerm (1782-1863) - Pobreza e vcios causam doenas - Fortalecimento da moral; laissez-faire na economia Chadwick (1800-1890) - Sujeira e imoralidade causam doenas e pobreza - Controle do ambiente: gua limpa, saneamento, lixo Engels (1820-1895) - Capitalismo e a explorao de classe produzem pobreza, doena e morte - Revoluo Social (Fonte Birn, A.E.,2010)
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  • SCULO XIX Virchow (1821-1902) A cincia mdica intrnseca e essencialmente uma cincia social. As condies econmicas e sociais exercem um efeito importante sobre a sade e a doena e tais relaes devem submeter-se pesquisa cientfica. O termo sade pblica expressa seu carter poltico e sua prtica deve conduzir necessariamente interveno na vida poltica e social para identificar e eliminar os obstculos que prejudicam a sade da populao. Democracia ampla e ilimitada. Medicina Social Fonte: Rosen, 1980
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  • E OS DETERMINANTES SCIO-POLTICOS E ECONMICOS Friedrich Engels (sec. XIX) e a classe trabalhadora na Inglaterra Comte X Engels e Marx.
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  • PARADIGMA PREDOMINANTE Mecanicista (Sec. XVII) viso do universo como um sistema mecnico; diviso do corpo humano, competitividade; crena no crescimento econmico e tecnolgico. Reviso do paradigma predominante: viso holstica/sistmica (Sc 20), concepo do todo; interdependncia entre os fenmenos. Descartes
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  • REFLEXO NO CAMPO DA SADE Medicina curativa, individual mercadolgica (Panacea) Medicina coletiva, preventiva, voltada para a promoo da sade (Higieia). Epidemiologia social.
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  • CONCEITOS E ABORDAGENS DA TEORIA EPIDEMIOLGICA: CORRENTES CIENTFICAS Epidemiologia social (ou crtica, ou das desigualdades): nvel macro Epidemiologia dos fatores de risco (ou clnica): nvel individual Epidemiologia molecular (ou gentica, ou laboratorial): nvel micro Epidemiologia contextual (ou ecossocial, ou eco- epidemiologia, ou epidemiologia sistmica scioecolgica): multinveis Krieger (1994), Susser (1998), McMichael (1999)
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  • DEFINIES DE EPIDEMIOLOGIA -1 OXFORD ENGLISH DICTIONARY O ramo da cincia mdica que trata das epidemias. KULLER LH: AM J. EPID, 1991:134:1051 o estudo das epidemias (doenas) e sua preveno. ANDERSON G. QUOTED IN ROTHMAN KL: MODERN EPOIDEMIOLOGY. estudo da ocorrncia da doena.
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  • LAST JM: A DICTIONARY OF EPIDEMIOLOGY. O estudo da distribuio e determinantes dos estados e eventos relacionados sade em populaes e a aplicao desse estudo no controle de problemas de sade. LILIENFIELD A.: IN FOUNDATIONS OF EPIDEMIOLOGY. O estudo da distribuio de uma doena ou uma condio fisiolgica em populaes humanas e dos fatores que influenciam esta distribuio. DEFINIES DE EPIDEMIOLOGIA -2
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  • EPIDEMIOLOGIA campo da cincia mdica preocupada com o inter-relacionamento de vrios fatores e condies que determinam a frequncia e a distribuio de um processo infeccioso, uma doena ou um estado fisiolgico em uma comunidade humana (1951) Ramo das cincias da sade que estuda, na populao, a ocorrncia, a distribuio e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a sade (1978) a cincia que estuda o processo sade-doena na sociedade, analisando a distribuio populacional e os fatores determinantes das enfermidades, danos sade e eventos associados sade coletiva, propondo medidas especficas de preveno, controle ou erradicao de doenas e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administrao, e avaliao das aes de sade (ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 1990).
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  • EPIDEMIOLOGIA 1) a disciplina desenvolve tecnologias efetivas para o chamado diagnstico de sade da comunidade, fornecendo subsdios para o planejamento e organizao das aes de sade; 2) a investigao epidemiolgica possibilita o avano do conhecimento sobre determinantes do processo sade-doena, tal como ocorre em contextos coletivos, contribuindo para o avano correspondente no conhecimento etiolgico-clnico; 3) a metodologia epidemiolgica pode ser empregada na avaliao de programas, atividades e procedimentos preventivos e teraputicos, tanto no que se refere a sistemas de prestao de servios quanto a impacto das medidas de sade na populao (ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 1990)
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  • OS PROPSITOS E USOS DA EPIDEMIOLOGIA Lilienfield A e Stolley: em Foundations of Epidemiology. 1. Esclarecer a etiologia. 2. Avaliar a frequncia com as hipteses de laboratrio. 3. Prover as bases para preveno. Jeremiah Morris: USES OF EPIDEMIOLOGY: 1. Entender a histria da doena (e prever os modelos da doena). 2. Diagnstico comunitrio medir a carga da doena numa comunidade. 3. Avaliao de risco para o individuo. 4. Estudos da efetividade dos servios de sade. 5. Completando o quadro clnico. 6. Identificao dos sintomas. 7. Seguindo pistas sobre as causas.
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  • Identificao da GUA como o maior reservatrio e veculo das doenas comunicveis, tais como: clera e febre tifide (1849 1856). Identificao de ARTROPODES vetores de muitas doenas malria, febre amarela, doena do sono, tifo (1895 1909). Identificao do portador assintomtico como um importante vetor da febre tifide, difteria e poliomielite (1893 1905). TRIUNFOS DA EPIDEMIOLOGIA
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  • TABAGISMO encontrado como a causa principal do cncer pulmonar, enfisema e doena cardiovascular. Erradicao da VAROLA (1978). Infeco perinatal do HBV como causa de carcinoma hepatocelular (cncer comum na China e frica Meridional (1970 anos 80) MAIS TRIUMFOS DA EPIDEMIOLOGIA
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  • A intoxicacin por mercurio na baha do Japo O Bocio como deficincia de iodo. Identificao da AIDS, prognstico das causas por um vrus transmitido via sexual (1981 3), e desenvolvimento das medidas preventivas ANTES da identificao do vrus.
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  • CADA RESULTADO EM SADE TEM ALGUMA CARACTERSTICA EPIDEMIOLGICA INTERESSANTE E TIL. O QUE CAUSOU A MORTE DISTO? Taxas de mortes por classe social de uma certa causa entre 1.316 pessoas. 62%48%26%82% Tota l 62%66%54%84% 3 rd class 59%014%92% 2 nd class 38%03%67%1 st class TotalChildrenWomenMen