Epistolas de Paulo Resumos

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  • 8/12/2019 Epistolas de Paulo Resumos

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    AS CARTAS DE PAULO

    0 - I ntroduo

    Paulo o personagem do NT que mais se d a conhecer. Temos duas: seus escritos e osAt. Mesmo assim no se pode escrever uma biografia. Pode-se, sim, conhecer sua ao mission-ria, seu pensamento, porm no todos seu itinerrio. Seus escritos tambm permitem conhecersua personalidade. Este estudo parte dos escritos paulinos e em segundo lugar, se vale dos At.

    1 - O Fariseu

    Nas epstolas ele se chama sempre de Paulo. At o chama primeiro de Saulo (At 7,58;9,1.8.11), depois passa a cham-lo dePaulo(At 13,9). Era comum entre judeus da dispora ado-tar o nome greco-romano. At 9,11 nos diz que ele era de Tarso, na Cilcia. Tarso ponto de en-contro de dois mundos: ocidental e oriental. Era centro cultural e possua escola de filosofia.

    Levando-se em conta Fm 9, onde se diz velho (anos 55-60), pode-se supor que fosse unsanos mais novo do que Jesus. Era filho de hebreus (Fl 3,5), da tribo de Benjamin (Rm 11,1). Cir-cuncidado (Fl 3,5). Falava hebraico (Fl 3,5). Formado na tradio farisaica. Mesmo hebreu, noficou impermevel diante do helenismo. Era aberto ao mundo. Sabia falar grego. Tem resquciosda filosofia estica, porm, no se deixou assimilar por esta cultura.

    As grandes estruturas mentais que sustentam sua construo teolgica so de matriz bblica e ju-

    daica1

    .

    duvidosa a tese de que tivesse formao superior (rabino) conforme At 22,3. Ele diz emGl 1,21 ser desconhecido em Jerusalm. Era fariseu, zeloso e rigorista (Gl 1,14; Fl 3,6). Os fari-seus eram irreprensveis, monotestas e proselitistas (Fl 3,6-9). Praticavam uma ascese pessoal.Isto levou Paulo a agredir o cristianismo (Gl 1,13b; 1Cor 15,8-9; Fl 3,6). Certamente o que At9,1ss diz exagero. Jerusalm no podia dar a Paulo jurisdio para prender cristos em Damas-co.

    Sabe-se pouco sobre seu trabalho. At 18,3 o apresenta com fabricante de tendas. 1Cor9,1ss; 1Ts 2,9 tambm o apresentam como trabalhador. No h certeza quanto ao seu estado ci-vil. Em 1Cor 7,7 ele livre. De 1Cor 9,12 poderia-se deduzir que tivesse abandonado a esposa,ou que tivesse enviuvado.

    2 - O convertido

    Paulo, diversas vezes fala de sua converso (1Cor 7,25; 15,8; 2Cor 4,1), mas no o escre-ve detalhadamente como At 9. Sempre mostra a bondade e a gratuidade de Jesus que se revelou aele. Sua converso foi a adeso a Cristo e abandono da Lei mosaica, ou seja, Cristo veio ao seuencontro.

    1BARBAGLIO, G.As cartas paulinas (I).p.16.

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    2Sua converso no se reduz a uma mudana de vida de carter tico e religioso, e muito menos deum fato privado... Sim, porque ele se converteu a Cristo convertendo-se, ao mesmo tempo, mis-so crist no mundo2

    J At 9,1-18; 22,3-16 E 26,9-23 apresentam a converso de Paulo com moldes tirados do

    AT (Moiss, Elias, Zacarias, etc).

    A exteriorizao miraculosa , de fato, um expediente estilstico para sublinhar a densidade doencontro existencial com Cristo, e sobretudo a sua profundidade como um evento de gra a3

    A converso de Paulo est ligada cidade de Damasco. Nem At, nem os prprios textosde Paulo nos permitem ver como foi sua converso. Se foi sbida, se foi processo longo, nadadisto se sabe. Dois aspectos, no entanto, se salientam: a iniciativa de Deus e a estrada de Damas-co (igreja helenista).

    Tambm a poca de sua converso duvidosa. Comparando-se os textos onde diz que

    depois de sua converso esteve um tempo a meditar (Gl 1,17ss) e, em 51-52 esteve em Corinto,ento deve ter-se convertido pelos anos 35 ou 36 da era crist. Logo, Paulo no conheceu Jesushistrico.

    Sua converso significou:

    FARISEU CRISTO

    Zeloso da lei F em Jesus CristoSalvao pela Lei Salvao por Jesus CristoSalvao, prprio esforo Salvao pelo crucificado

    Auto-suficincia ConfianaObservncia Obedincia da fObrigatoriedade GratuidadeOrgulho autograta Dependncia (dom de Deus em Cristo como critrio de julga-mento (Rm 5,7-9; Gl 2,19s)

    A converso de Paulo a total adeso a Jesus e denncia da posio anterior.

    3 - O M issionrio

    As cartas, que sem dvida constituem a grande herana espiritual de Paulo de Tarso, no devemnos induzir a um erro de avaliao. Ele no era um intelectual, nem um pensador, no sentido cls-sico, mas sobretudo um homem de ao4

    No entanto, foi um grande intrprete cristo em funo de sua atividade propagantista. ,entre seus pares, o maior defensor da abertura ao mundo pago.

    2Op.cit. p.20.3Op.cit. p.20.4Op.cit. p.21.

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    33.1 - Etapas da misso

    Pode-se distinguir trs momentos na vida de Paulo:

    a) Da converso agregao Antioquia:

    Inicia prximo a Damasco (Gl 1,17). Certamente para pregar (cf nota 28, p.22), onde en-frenta conflitos (2Cor 11.32s). Vai a Jerusalm (Gl 1,18-20), de l vai Sria e Cilcia (Gl 1,21).Quatorze anos mais tarde volta a Jerusalm (Gl 2,1ss).

    b) Trabalho na Igreja de Antioquia

    Barnab introduz Paulo em Antioquia (At 11,25). Ali nasce a Igreja mista de judeus e gen-tios. o centro de irradio do evangelho aos pagos (At 11,19ss). Paulo trabalhou um ano nestacidade (At 11,26). Dal, junto com Barnab, foi enviado em misso ao Chipre e sia Menor (At13 e 14; Gl 2). Aqui j transparece que Paulo tem sucesso junto aos pagos. Sua abertura aos

    pagos provoca celeuma. Podem os pagos entrar na Igreja? Devem receber antes a circunciso?Certamente outros iniciaram a misso aos pagos, mas na hora do conflito, Paulo foi o grandedefensor dos pagos diante da Lei. Este conflito desembocou na conferncia de Jerusalm (At 15;Gl 2,1-10), onde os chefes reconheceram a defesa de Paulo. Talvez com algumas ressalvas (At15,19-29).

    A conferncia de Jerusalm representa um ponto importante para a Igreja, rompendo devez com a tradio judaica, ainda que este problema continuasse na Igreja (Gl 2,11-14). O decre-to apostlico (At 15,19-29) mostra certamente a derrota de Paulo nesta questo. Isto fez com quePaulo se afastasse de Barnab e rompesse tambm com a Igreja de Antioquia, iniciando assim

    uma nova misso, para os gentios. Nesta misso ele autnomo (1Cor 4,4).

    c) Paulo autnomo, animador da Igreja na sia menor e na Grcia

    Com o rompimento (At 15,36ss) Paulo se torna missionrio dos povos, sem levar em con-ta a situao cultural. Parte para a sia Menor (At 16,6), mais tarde vai para a Europa (At 16,9).Prega em Filipos, Tessalnica, Beria, etc. Neste perodo enfrenta oposio dos judeus. Em Ate-nas, entre os intelectuais, no bem sucedido (At 17,22-31). Fica um ano e meio em Corinto,onde forma comunidade crist. Aqui a f penetra o mundo grego. De Corinto escreve uma cartaaos tessalonicenses (50/51). o primeiro escrito do NT. Esteve em feso (At 18,18ss), cidadeque cultivava rtemis/Diana e era sincretista. Ali permanece 3 anos (At 19.8.10; 20,31). De lescreveu para a Igreja de Corinto e aos glatas. Foi perseguido nesta cidade (2Cor 1.8-10). Pro-vavelmente tambm escreveu, nesta ocasio, a carta aos filipenses. Dali foi para a Macednia(2Cor 1,12s) e Corinto (At 20,2-3). De Corinto escreveu Rm. Queria ir a Roma e Espanha (Rm15,24.28). Porm, antes precisava ir a Jerusalm (Rm 15,25). Nesta viagem, segundo At 20,3;21,14ss foi preso. Depois de dois anos no crcere (At 24,27) apelou para ser julgado em Roma,

    pois era cidado romano (At 25-26).

    Enviado a Roma, ficou em priso domiciliar por mais dois anos (At 27-28). Aqui terminao que se sabe sobre a histria de Paulo. Muitas hipteses se levantam para falar sobre o fim dePaulo. Uns supem que ele teria voltado para o oriente, que teria ido Espanha, etc.

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    4 mais provvel, porm, que ali tenha terminado os seus dias. Morreu certamente mrtir, sob odomnio de Nero; provavelmente, no incio dos anos 605.

    4 O Escritor

    4.1O gnero epistolar

    Paulo escreveu suas cartas durante sua atividade pastoral. Suas cartas no so obra degabinete, distantes da realidade, ou obras filosficas.

    foram ditadas pela urgncia de dar resposta a problemas concretos e particulares das comunid a-des6.

    Todas as cartas respondem a problemas concretos:

    - Gl defende a verdade do evangelho contra os judaizantes;- Rm apresenta o evangelho como salvao;- Ts, Cor, Fl apresentam o evangelho como suprema instncia das Igrejas.

    Em sntese, podemos definir as cartas apostlicas ou pastorais como substitutivos da viva voz doapstolo, impossibilitado de ir visitar pessoalmente as comunidades7.

    As epstolas foram escritas em papiro, ditadas por Paulo e um secretrio as escre-via (Trcio Rm 16,22). Talvez Paulo escrevesse o ltimo pargrafo (1Cor 16,21; Gl

    6,11). A carta a Fm parece ser toda de seu punho. Suas cartas, menos a de Fm, so dirigi-das a comunidades e eram lidas nas liturgias.

    4.2 - Autenticidade e un idade das cartas

    Antiga tradio diz que o corpo paulino tem 14 cartas: 1-2Ts, 1-2Cor, Gl, Rm, Fl, Fm, Cl,Ef, 1-2Tm, Tt Hb.

    A pesquisa histrico-crtica derruba esta posio:Hb no de Paulo. Estilo e teologia diferente.Pastorais so tardias, refletem um estrutura eclesial que Paulo desconhece. Devem ser da

    escola de Paulo.Ef, Cl e 2Ts so duvidosas.1Ts, 1-2Cor, Gl, Rm, Fl, Fm certamente so de Paulo.

    As ltimas 7 devem ser autnticas, as outras devem ser pseudepgrafas (atribuio a umnome prestigioso, no caso, Paulo).

    Percebe-se tambm, que nem sempre as cartas tm unidade. 2Cor, Rm e Fl mais parecemser colees de bilhetes dirigidas a uma mesma comunidade e depois justapostas.

    5Op.cit. p.26.6p. Cit. p.39.7Op. Cit. p.40.

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    4.3 A formao do epistolrio pau lino

    Jean Luis Segundo divide as cartas em trs perodos:

    a) Ano 50: 1 e 2 Tsb) Ano 57: 1 e Cor, Gl e Rmc) Anos 60-63: Fl e FmTeria havido evoluo nos conceitos cristolgicos entre cada perodo? Comparando-se a

    cristologia de cada perodo, deve-se concluir positivamente. Parece haver grande abismo entre acristologia do primeiro perodo e a do segundo.

    Custa crer que a interpretao que faz Paulo do que significa Jesus para o homem em Glatas,Corntios e Romanos possa surgir da que tinha quando escrevia as duas cartas aos cristos de Tes-salnica8.

    Certamente nestes sete anos Paulo teve misso importante em ambiente conturbado. Istodespertou sua reflexo. importante agora, uma olhada sumria sobre o primeiro perodo paradepois perceber a sntese teolgica do segundo.

    4.4 A mudana: de Ts a Rm

    As cartas do primeiro perodo (1 e 2 Ts) certamente so os primeiros documentos do No-vo Testamento e no apresentam grande sntese cristolgica com as do segundo perodo.

    Em 1 e 2 Ts aparece sombra dos evangelhos sinticos, ou talvez do material usado poreles: Reino de Deus (1Ts 2,12; 2Ts 1,5), perseguies (1Ts 2,15), tribulao (2Ts 1,6-7) EspritoSanto (1Ts 4,8). Paulo acentua a iminente parusia (1Ts 1,10; 2,16.19; 3,13; 4,4, etc. Isto teriacerta afinidade dom Joo Batista (ira vindoura). Em 2Ts 2,3-12 tem um discurso escatolgico,comum nos sinticos. Diante da euforia apocalptica, Paulo deve aclamar os nimos e exortar aostessalonicenses a voltar ao trabalho (1Ts 4,10-12).

    Nas duas cartas aos tessalonicenses no aparece a idia do evangelho como alegria, nemaparece o pessimismo e o otimismo que Paulo manifesta nas cartas posteriores.

    As cartas do primeiro perodo do muita nfase relao entre a ressurreio de Jesus e aressurreio de todas as pessoas (1Ts 4,14.17). Os tessalonicenses esto aflitos diante da mortede irmos. Estariam eles excludos da parusia? Paulo no fala de uma ressurreio imediata, masexalta Jesus que a salvao dos que nele crem (1Ts 4,14.16).

    No momento de escrever as cartas comunidade de Tessalnica, Paulo ainda no tinha idia daressurreio de Jesus como modelo da ressurreio universal9

    Nos anos 50 a relao entre histria e escatologia problema ainda no solucionado.

    8SEGUNDO, J. L.La histria perdida y recuperada de Jess de Nazaret- de los sinpticos a Pablo. Santander:Editorial Sal Terrae, 1990, p.377.9BARBAGLIO, G. Op. Cit. p.381.

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    6No segundo perodo encontram-se as cartas mais extensas e originais de Paulo. s vezes

    sobressaem problemas prticos das comunidades, o que pode desconectar uma cristologia siste-mtica. Mas, os problemas aos quais Paulo dedica diversos captulos, deixam transparecer umacristologia mal assimilada, que Paulo quer corrigir.

    No segundo perodo destaca-se um tratado: a carta aos romanos. Paulo trata com os seusdesconhecidos (romanos), problemas concretos encontrados tambm em outras comunidades.Paulo no um terico. Tratado no seu forte, mesmo assim seu pensamento no catico.Encontramos um desenvolvimento lgico de seu pensamento, que porm, no pode ser lido comoos sinticos. Estes trazem matria ordenada em vista de certos objetivos. Paulo segue ritmo pr-

    prio.

    Paulo, nas cartas do segundo perodo, apocalptico. Jesus o grande vencedor (1Cor15,25) dos inimigos. O mesmo que se constata no Apocalipse de Joo. Neste o adversrio se per-sonifica em elementos e animais. Nas cartas de Paulo os inimigos se personificam em substantivosabstratos: morte, tribulao, espada, lei, pecado, etc. Estes conceitos jogam papel decisivo nacristologia paulina. Personificando substantivos abstratos tem outra conseqncia importante.Tais conceitos personificados tm mais autonomia, como personagens de novela: intrprete e in-terpretado.

    O autor (Juan L. Segundo) percebe que, comparando os diversos perodos, Paulo tem e-voludo em sua cristologia. Assim, o significado de Jesus para o fiel em Gl, Rm e Cor no pareceoriundo daquele que se percebe em 1 e 2 Ts. Nos sete anos que separam estes dois perodos, Pau-lo esteve em intensa atividade missionria, o que certamente provocou nele grande reflexo cris-tolgica.

    4.5 - Coleo de car tas

    Com a morte do apstolo, as comunidades guardaram zelosamente suas cartas. Algumasse perderam (1Cor 5,9; 2Cor 2,4). Outras foram recolhidas, fundidas e agregadas de forma queforam aceitas com Sagrada Escritura (2Pd 3,15s).

    Diversos manuscritos antigos chegaram at ns: Papiro 46 (ano 200), Siantico (sc IV),Vaticano (sc IV), Alexandrino (sc V), etc.

    5 - O Telogo

    Paulo , certamente o maior telogo do NT. Ele sistematizou a teologia. Elaborou temas,como: graa, justificao, reconciliao, libertao, resgate, sabedoria, cruz, etc. Deu a estes con-ceitos significados cristolgicos. Ele tambm reinterpretou os termos: Cristo, Filho de Deus.Aprofundou o batismo e a eucaristia.

    Telogo, sim, mas no sistemtico. No aventurou-se na tentativa de construir uma viso global eunitria; no quis fazer umasumma theologica10

    10Op.cit. p.47.

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    7Ele no encarou o universo da realidade crist, apenas se ocupou de situaes concretas

    de suas igrejas. Sua teologia uma teologia aplicada11, setorizada e parcial. Muitas vezes retomatemas j tratados e os aprofunda. Ex.: a esperana crist (1Ts 4,14-18; 1Cor 15; 2Cor 5).

    Conforme o momento histrico, desenvolvem-se as etapas:

    1) Nos anos 50/51 Tessalnica, a jovem igreja, est esfriando, voltando aos costumes pa-gos. Paulo qur reanimar os cristos que perderam o fervor. Surge entre eles um problema: algunsmorreram e, para eles, estes estariam perdidos, pois no viveram at a chegada de Cristo. Pauloos conforta, falando da ressurreio (1Ts 3,10; 4,13-18).

    2) Cinco anos mais tarde, em Corinto, o cristianismo envereda por caminhos espirituali-zantes. Julgavam-se definitivamente salvos em Cristo. Numa palavra, tratava-se de um movimen-to entusistico, de timbre pr-gnstico12. Paulo adverte esta arrogncia, sacudindo esta heresia(1Cor). No se pode evadir, deve-se dura obedincia a Cristo.

    3) Ainda em Corinto, surgem missionrios judaizantes. Estes usam expediente pago: mi-lagres, coisas excepcionais. A mensagem subordinava-se ao mensageiro13. Paulo corrige esteabuso, falando da fraqueza de Jesus e de sua prpria (2Cor).

    4) Na Galcia o problema com os judaizantes. Estes querem restaurar o judasmo. Paulose contrape com a teologia da justificao pela f (Gl 3 e 4).

    5) O mesmo problema aflige os cristos de Filipos (Fl 3). L tambm surgem missionriosjudaizantes que fazem estrago na horta paulina. Paulo fica agressivo (Fl 3,1ss).

    6) Diante de sua viagem para Jerusalm para levar uma coleta como gesto ecumnico efraterno, escreve aos Romanos, mostrando-lhes que o evangelho fora que congrega cristosvindos do judasmo e do paganismo. No h nenhum privilgio.

    Diante de todas as situaes prevalece a intuio:

    Jesus de Nazar, crucificado e ressuscitado, o nico e definitivo caminho da salvao para to-dos os homens14

    Assim a cristologia o centro de sua teologia. Certamente isto no foi descoberta dele,mas ele colocou esta teologia em bases slidas. Cristo a chave do homem, fora dele no h ca-minho.

    O pensamento teolgico de Paulo provm do cristianismo das origens de lngua grega(Estvo), de Antioquia. Ele tem categorias do mundo judaico e do grego.

    Suas cartas podem ser definidas como um entroncamento cultural: a encontramos eco das tradi-es da Sagrada Escritura hebraica, das idias teolgicas e procedimentos exegticos do judasmocontemporneo, e dos lugares-comuns da filosofia popular helenista da poca15.

    11Op.cit. p.47.12Op.cit. p.48.13Op.cit. p.49.14Op.cit. p.50.15Op.cit. p.52.

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    6 - Seguidor de Jesus ou segundo fundador?

    Paulo, em seus escritos, ignora a vida de Jesus de Nazar: sua pregao, os milagres, osfatos da vida. Paulo desconhece categorias teolgicas, como Reino, Filho do Homem, etc. Por

    outro lado, a tradio evanglica desconhece os grandes temas paulinos: justificao pela f, crti-ca lei mosaica, a teologia da cruz. Mesmo quando Paulo fala da PMR ele o faz como fato teol-gico. Paulo olha Jesus a partir da Ressurreio. que Jesus fez e disse, no conta muito paraele16.

    Paulo, de fato, no conheceu Jesus histrico, apenas o ressuscitado. Partiu deste fato. Eleno serve como fonte nica da f crist. Da nasce uma pergunta: Seria Paulo seguidor parcial outeria ele refundado o cristianismo (Harnack, Wrede)?

    Paulo do tempo em que a novidade estava centrada na ressurreio. Para ele Jesus no um museu de lembranas do passado, mas o ressuscitado vivo, salvador que est na histria atualdas igrejas.

    7 - Especif icidades e atuali dades

    O mundo de Paulo est muito distante do nosso. Sua igreja, tambm. Seu universo nos estranho:

    - Esperava o fim para breve: 1Ts 4,15; 1Cor 15,52).- A presena de Satans nos acontecimentos (Rm 16,20; 1Cor 5,5, etc).- Os problemas so outros, circunciso, Lei, carne dos dolos, etc.

    16Op.cit. p.54.

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    A CARTA AOS GLATAS

    0 - I ntroduo

    1 - Para quem?

    A carta aos Glatas no apresenta destinatrio preciso. Galcia regio e no uma comu-nidade. `As igrejas da Galcia (Gl 1,2).

    Glatas eram tribos celtas originais da sia que no sc. VI a.C. invadiram a Europa: Itlia,Glia e Espanha. Alguns dentre elas se fixaram na Anatlia (sia Menor). Em 189 a.C. foramvencidos pelos romanos. Em 25 a.C a Galcia se tornou provncia romana.

    A Galcia compreende a regio que com este nome designada (norte), mais a Pisdia,Panflia e Licania (sul), mas no caso da carta, parece dirigir-se ao norte.

    As comunidades da Galcia, provavelmente foram fundadas por Paulo e Barnab em sua1 viagem apostlica (At 13-14).

    2 - Quando?

    A carta em si no deixa margens para definir uma data, mas devido sua proximidade coma carta aos Romanos, pode-se supor que foi escrita na mesma poca, ou um pouco antes. Rm +-57-58d.C.). Ento Gl pode ser fixada em 56-57. Em todos os casos, Gl anterior a Rm, pois Rmsupe Gl.

    3 - Onde?

    Supostamente a carta teria sido escrita em feso, mas no h certeza.

    4 - Por que?

    Paulo pregou o evangelho livre da Lei, na liberdade. Surgiram outros missionrios, judai-zantes que desacreditaram Paulo como apstolo. Ensinavam que Paulo nem dos Doze e que ele

    pregava um evangelho prprio, quer agradar aos homens (Gl 1,10). Segundo os judaizantes, osglatas deveriam romper com Paulo.

    Paulo um judeu que renegou o seu povo e sua f, e por isso despreza a lei dos judeus e impede

    que seja observada; desse modo Paulo ensinaria um evangelho diminudo.17

    17COMBLIN, J.Paulo, apstolo de Jesus Cristo. Petrpolis, Vozes, 1993. p.117.

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    10Os outros apstolos pregam a Lei, a circunciso, ritos judaicos, etc. O evangelho de Pau-

    lo, para eles, falso. Ele no aprovado pelos Doze. Paulo se defende com veemncia e vai parao ataque:

    Defende:Ele no contra o judasmo, mas o prprio Jesus se revelou a ele e fez dele a-pstolo. Recebeu dele (no de homens) o evangelho. Seu trabalho foi aprovado por Jerusalm (Gl

    1,11-20).Acusa: Os judaizantes so semeadores de confuso, perturbadores do evangelho (1,7).

    Trazem outro evangelho (1,9), isto , conciliam evangelho com a Lei.

    4.1 - Quem eram os adversrios?

    Os primeiros cristos se julgavam continuidade do AT. No pensavam ser um cisma. Jul-gavam que Jesus era o cumprimento das Escrituras (Mt 5,17). Eram fiis judeus. Assim, quando oevangelho anunciado aos judeus, no houve problema. No momento em que se anuncia aos pa-

    gos a confuso se faz sentir. Estes deveriam fazer um catecumenato judaico, recebendo a circun-ciso. S depois poderiam ser batizados. Alguns grupos agiam assim, outros pensavam diferente.Uns diziam: tambm Jesus foi circuncidado. Outros julgavam ser indigno submeter os pagos atais ritos. Como ficaria a total novidade trazida por Jesus?

    Havia diversas posturas:

    a - Judaizantes propr iamente ditos:a circunciso e a Lei so necessrias para a salvao.b - Judai zantes mi tigados:aceitavam a circunciso e a Lei como normais para os judeu-

    cristos, mas no impunham tal rito para os demais (Tiago em At 15; 21,21-26).c - Li berais: a Lei mosaica est totalmente ultrapassada. Em Cristo no h mais judeu

    nem grego (Gl 3,280.

    Os adversrios de Paulo queriam impor, aos pagos, a prtica da Lei (Gl 3,2; 4,21; 5,4) efor-los a circunciso (Gl 2,3-4; 5,2; 6,12). Paulo luta contra tal atitude, pois isto esvaziaria oevangelho e a cruz (Gl 2,21; 3,13; 5.11).

    ESTRUTURA DA CARTA (cf CARREZ p. 125-126)

    0 - INTRODUO 1,1-9

    Paulo apstolo 1,1-5H um s evangelho 1,6-9

    1 - AUTORIDADE DE PAULO E DO EVANGELHO 1,10-2,21Paulo recebeu o evangelho de Jesus 1,11-16O evangelho de Paulo harmoniza com os Doze 1,17-2,10Paulo coerente, no permite jogo duplo. Cristo e no a Lei 2,11-21

    2 - A JUSTIF ICAO PELA F E N O PELA L EI 3,1-4,31Apelo experincia dos glatas 3,1-5A justificao vem pela f e no pela Lei 3,6-18

    A Lei tem funo transitria 3,19-29A Lei est superada 4,1-3l

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    113 - DA SERVIDO L IBERDADE 5,1-6,10

    Em Cristo somos livres. Circunciso recair na Lei 5,1-6Os perturbadores sero punidos 5,7-12A Lei de Cristo superou a antiga 5,13-6,10

    4 - CONCLUSO 6,11-18

    I - A TEOLOGIA DE GLATAS

    1,1-9: Paulo apstolo. Um s Evangelho.

    1 -Autor idade de Paulo e do Evangelho 1,10-2,21

    Paulo recebe o evangelho de Jesus (1,10-16). Certamente acusado pelos judaizantes deestar querendo agradar aos homens. Paulo diz que seu evangelho no vem dos homens, mas deJesus.

    Seu evangelho se harmoniza com os Doze (1,17-2,10); Paulo no prega um evangelhodiferente dos Doze. Entra em comunho com eles, apesar de no ter recebido deles o Evangelho.Foi para Jerusalm "a fim de no correr em vo" (2,2). Mas o grande problema est no Verdadei-ro Evangelho. Falso evangelho voltar Lei.

    Paulo admite mtodos diferentes (2,7-9), mas no evangelho diferente (LEI).

    Paulo no admite jogo duplo. Cristo e no a Lei ( 2,11-21). O Verdadeiro evangelho apa-rece sintetizado em 2,16-21: A Fem Jesus. Voltar antiga Lei anular a Graa de Jesus (2,21).Todos, judeus e gentios se justificam igualmente pela f e no pelas obras. "No h mais judeunem grego" (3,28).

    2 - Justi f icao pela fe no pela L ei 3,1-4,31

    Experincia dos Glatas (3,1-5). Paulo apela para a experincia dos fiis. "Vocs se dei-

    xaram enganar, voltaram atrs. Desta forma Jesus crucificado se esvaziou".

    Justif icao pela f(3,6-18) .Diante dos judaizantes, Paulo faz combate no seu prprioterreno (Abrao). Abrao recebeu a promessa, teve f e isto justificou (3,6 cf Gn 15,6). "Abraoacreditou em Jav e isto lhe foi creditado como justia"(Gn 15,6). "O justo viver pela f"(Hab2,4b). A Lei no pode justificar, mas somente Jesus (3,22). Abrao foi justificado pela f. A Leinem sequer existia. Nasceu 430 anos depois. Assim, a promessa (objeto da f) no podia ser mo-dificada, pois nem costumes humanos so abolidos (3,15).

    Abrao foi justificado pela f na promessa e no pela circunciso. Recebeu a circuncisocomo selo da justia da f que teve antes de ser circunciso (Rm 4,9-10).

    Em Abrao Deus nos abenoou (Gn 12,2-3). Ao passo que pela Lei veio a maldio (Dt27,15-26). Jesus se fez maldio (cruz) para nos remir da maldio (3,13b cf Dt 21,23). Assim a

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    12bno de Abrao (f) chegou a ns por Jesus (3,14). As bnos de Abrao (f) so para todosos povos (Gn 12,3)."No , portanto, pela descendncia carnal que algum filho de Abrao, mas pela f" ( Carrez eoutros p. 133). A descendncia carnal = LEI.

    Assim, em Abrao no nasceu o judasmo, mas o cristianismo (3,29) = Promessa.

    Abrao teve dois filhos (4,21ss):Ismael = filiao carnal = LEI = EscravidoIsaac = filiao pela promessa = F = Liberdade

    LogoSomente aqueles que so filhos de Abrao segundo a f (gentios e judeus) so li-

    vres e herdeiros da promessa (4,22-31).

    Comparar:

    Gl 3,6ss; Rm 4; Gl 5,13-25; Tg 2,14-26

    2.1 - Para que serve a Lei (3,23-5,25)?

    A Lei lembra as 40 chicotada, menos uma, Sbado acima do homem, etc. Lei - funotransitria (3,19-29). A Lei incapaz de justificar, mas, concorreu. Ela ajudou a esclarecer (3,29;tb. Rm 7,7-12). A Lei como o vigilante (Pedagogo). Cuida de crianas. Adultas, no precisammais dela (3,23-25). A Lei mantm o povo escravo como o tutor mantm o menino (4,1ss). Vol-

    tar Lei voltar escravido: infantilidade.

    A Lei simples indicao do que deve ser feito. No Graa. S o Esprito d a vida e fazo fiel seguir o caminho (5,16).

    Lei est superada (4,1-31).

    "Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher esujeito Lei, para pagar a libertao daqueles que esto sujeitos lei, para que nos seja dado ser-mos filhos adotivos"(4,4s).

    A Lei no d fora para o fiel cumpri-la. S o Esprito impele a no seguir a carne. O Es-prito substitui a Lei (5,16).

    3 - Da servi do liberdade 5,1-6,10

    A carta aos Glatas insiste muito na palavra Liberdade:

    Substantivo: Liberdade - - 2,4; 5,1.13Adjetivo:(Livres) -- 3,28

    - 3,28 - 4,26Verbo: Libertar - - 5,1

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    Cristo nos faz livres (5,1-6); Paulo insiste muito na liberdade crist. Estar aferrado Leiera sinnimo de escravido (cf Dt 27,15ss). Cf Mt 11,29.

    Castigo para os perturbadores (Judai zantes) (5,7-12); Paulo enftico, no admite tal

    aberrao como a de voltar Lei. Para tanto apela at a ameaas.

    A Lei de Cristo superou a antiga (5,13-6,10);

    "Vs fostes chamados liberdade, irmos. Entretanto, que a liberdade no sirva de pretexto para acarne..."(5,13).

    Paulo tem medo de ser mal entendido, e que sua to propalada liberdade no seja usadacomo arrogncia para abusos.

    Em 5,13-26 se mostra o que deve ser algum que aderiu a Cristo e obteve sua liberdade,ou seja, no est mais sob a Lei. Ele viver pelo Esprito e no pela carne.

    Paulo freqentemente usa antteses:

    A Lei x A FA Servido x A LiberdadeA Carne x O Esprito

    Sempre o primeiro termo designa a antiga economia, o segundo, a Nova Economia. Po-rm, carne tem mais sentidos:

    a) Humanidade em geral (2,20)Natureza humana (1,16; 2,20; 4,23,6,13);

    b) Realidades passadas (Lei, Servido), oposto de Esprito - fora dos tempos novos.

    Quando tentavam adotar as prticas do judasmo, os glatas no sabiam que, tendo comeado como Esprito, estavam acabando na carne"18.

    c) No captulo 5 Carne tem sentido moral. Arrasta para o mal (no apenas sexo). Lutacontra o esprito (5,16-17).

    Obras da carne: 5,19ss.Obras do Esprito 5,22ss.

    "Se vivemos pelo Esprito, pelo esprito pautemos tambm a nossa conduta"(5,25).

    No se pode marchar sob o Esprito sem crucificar a carne (5,24s). Carne = Lei, logo, queage pelo Esprito no est sob a Lei (5,18).

    Qual , ento a diferena entre uma pessoa que tem F e uma observante da Lei?

    18CARREZ, p. 135. cf. Gl 3,3).

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    14O Legalista confia na lei e nas suas foras. Sente Deus como seu devedor (Lc 18,10ss). O

    confiante adere a Cristo apesar de suas fragilidades, por ter recebido vida nova, ele, gratuitamentese abstm das obras ms, mas ainda assim, confia que Deus lhe d a justificao gratuitamente. AsBoas obras (5,22ss) so decorrncia, ao passo que, para o legalista, a salvao decorrncia.

    Paulo insiste muito na cruz de Cristo (cf tb 1Cor 2,2; Fl). Ele pregou o Evangelho do Cru-cificado (3,1). O verdadeiro apstolos est crucificado com Cristo (2,19: 5,24). A morte na cruzcom Cristo termina na vida verdadeira (2,20-21: 6,15). Este tema mais desenvolvido em Rm6,3,14.

    4 - Concluso 6,11-18

    Os judaizantes (no plano da carne 6,12) atrapalham e por isto fogem da perseguio(6,13). Assim se gozava do privilgio daReligio Licita.Ser judaizante, mais do que conservador,era ser acomodado. Quem ainda espera na antiga Lei no precisa de cruz.

    5 - SNTESE:

    Provavelmente Paulo pregou o Evangelho aos Glatas (At 13-14). Estes, mistos entrejudeus e gentios, aceitaram bem a novidade do Evangelho: Jesus morreu pelos nossos pecados(Gl 2,21). Mas, alguns anos mais tarde, surgem novos missionrios (Judaizantes). Estes misturamas coisas e confundem o povo (outro evangelho - 1,6ss). Ento, o quadro pode ser descrito assim:Os Glatas esto abandonando o evangelho pregado por Paulo. Seguem os judaizantes (1,6ss).Paulo diz: "Meu evangelho vem de Deus" (1,11-17), minha misso foi aprovada pelos Doze(1,18-24 e 2,1-14). Os Glatas no devem seguir a Lei. Eles so livres no evangelho. So justifi-

    cados pelo Esprito (na f). Porm, vida crist sem Lei tambm tem exigncias: frutos do esprito(5, 13-14. 21-23). Tem a Lei de Cristo.

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    R O M A N O S

    0 - Intr oduo

    - A mais importante epstola, a mais extensa. A mais rica em doutrina: Carta-tratado. Bemestruturada, metodicamente exposta (Calvino).

    "A histria da Igreja se confundia com a interpretao desta epstola"19.

    Nela se inspirou Lutero para fazer a Reforma de 1516.

    "Os reformadores protestantes tinham esta epstola em particular estima"20.

    "Ela na verdade, assegurava Lutero, o corao e a medula de todos os livros" 21.

    I - Posio na vida de Paulo

    Paulo parece estar em Corinto, casa de Gaio (Rm 16,23 cf tb 1Cor 1,14ss). Parece queterminou sua tarefa no oriente (Rm 15,22ss). Pressente dificuldades em Jerusalm (Rm 15,30s tbcf At 20,22ss) ao levar a coleta para aquela Igreja (Rm 15,25s). Provavelmente escreveu esta car-

    ta no ano 58. Paulo queria ir para a Espanha e fazer conexo em Roma (15,23-29)."No se trata, pois, para o apstolo, de ir a Roma para fundar l uma comunidade; outros j o ti-nham feito. Sua permanncia l no seria mais do que uma visita, uma escala na rota para a Espa-nha. Em seu modo de pensar, Roma iria exercer no ocidente o mesmo papel exercido por Antio-quia no Oriente"22.

    I I -F inal idade e ocasio

    Indagao: seria Carta-Tratado (doutrina), ou Escrito Circunstancial?

    1 - Escrito Doutrinal

    At o fim do Sc. XIX pensava-se ser uma Carta-Tratado (Escr. Doutrinal). Paulo teriaenviado um bilhete, expondo de forma mais sistemtica sua mensagem contida em Glatas. Destavez mais calmo. Aparecem os mesmos temas: justificao pela f, a Lei Mosaica, a F Crist, etc.Alguns autores a vem como uma "Suma Teolgica"paulina.

    19TEB, NT.Introduo Epstola aos Romanos.p.369.20Op. cit. p.369.21Op. cit. p.369.22CARREZ, P.150.

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    2 - Escri to Circunstancial

    Paulo acena para problemas circunstanciais: diviso da Igreja, dvida se Jerusalm aceita acoleta (Rm 15,31). Paulo tem um olho voltado para os judeu-cristos e outro para os gentio-

    cristos.

    -Para Judeu-cr istos:

    "Mas se tu te denominas judeu e descansas na Lei..."(2,17ss);"Agora, porm, independentemente da Lei..."(3,21ss);"...falo a versados na lei..."(7,1);"Quisera eu mesmo ser antema...em favor de meus irmos..." (9,3ss; 9,6ss);

    - Para gentio-cr istos:

    "Entre todos os gentios..."(1,5-6);"...entre vs, como entre os outros gentios"(1,13;"...De ser o ministro de Cristo Jesus para os gentios"(15,16);

    I I I - Problemas

    Predominavam, nas comunidades romanas, os judeu-cristos. Havia muitos judeusem Roma. Em 49 Cludio os expulsou de l.

    "Cludio expulsou os judeus de Roma porque, instigados por Cresto, no cessavam de fazer agita-o"23.

    Com a expulso dos judeus, os gentios se tornaram a maioria. Voltando, os judeus em 55,eles eram mal vistos pelos gentios. Assim, duas Igrejas se distanciam: a igreja dos gentios e a dos

    judeus tm mentalidade diferente. Paulo quer unir as duas tendncias numa s Igreja de Roma(15,7ss).

    O cap. 16 traz um panorama da Igreja de Roma:

    "Nomes judeus, gregos e latinos, nomes de escravos ou libertos, nomes de livres, um tero de mu-

    lheres, das quais algumas tinham funes importantes. No total, a lista do captulo 16 mostra a di-versidade de uma comunidade reunida pela mesma f em Cristo"24.

    23CARREZ. Citao de Seutnio. p. 146.24Op. cit. p. 149.

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    IV - Plano:

    1 - Doutri na: 1-11

    Estrutura:

    Sees Paulo como: MisriaIncapacidade do Homem

    SalvaoGratuidade de Deus

    1,18-5,11Jurista

    Judeus e gentios sob o pe-cado 1,18-3,20

    Ambos so salvos gratui-tamente 3,21-5,11

    5,12-6,33 Telogo Humanidade solidria comAdo5,12-14

    Humanidade solidriacom Jesus5,15-6,33

    7,1-8,39 Psiclogo O homem escravo da Lei7,1-25

    O homem vivificado peloEsprito8,1-39

    9,1-11,32 Historiador Israel separado de Cristo9,1-10,21

    Salvao de Israel emCristo 11,1-32

    Obs.:A seo 1 cara aos protestantes: Salvao pela graa. = PAIA s. 2 cara aos catlicos: teologia do pecado original e do carter sacramental do cap.6.

    = FILHOa s. 3 cara aos ortodoxos (cap 8): Lugar e ao do Esp. Santo na Igreja, como na vida

    de cada fiel. = ESP. SANTOA s. 4 cara aos judeus (11): Salvao de Israel.

    "Assim, o conjunto dos captulos 1-11 parece rico de possibilidades ecumnicas entre crentes queinvocam o mesmo Deus"

    25.

    2 - Exor tao: 12-16

    Os captulo 12-16 no tm estrutura definida, porm tratam de problemas da vida

    nova: a) culto espiritual (12,1-2)b) carismas (12,3-21)c) autoridades (13,1-7)d) acolhida fraterna 13,8-15,13)e) concepo paulina de ministrios apostlicos (15,14-21)f) projeto de viajem (15,22-23)g) Saudaes (16)

    - advertncia severa (16,17-20)- doxologia (16,25-27).26

    25CARREZ. Op. cit. p.162.26CARREZ, op. cit. p.162-164.

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    V - Gnero L iterrio

    A carta apresenta diversos gneros:

    a) Hnico: 8,31-39; 11,33-36; 16,25-27b) Homiltico: 6 = homilia batismalc) Argumentos escritursticos: 3,4-20; 4,3-23; 9,6-11,10; 12,16-20d) Exortaes morais: 12-15e) Diatribe: (Esticos). Dilogo com o interlocutor:

    - "Que diremos?"(3,5; 4,1; 6,1; 7,7, etc- "Eu pergunto" (10,18.19).- " homem" (2,3).- "Dir-me-s" (9,19; 11,19 ,etc).

    VI - Teologia

    1 - Parentesco com Glatas

    - A natureza do Evangelho (Rm 1,16-17 = Gl 1,6-10);- A justificao pela f sem as obras (Rm 3,20-28 = Gl 3,16);- Abrao, justificado pela f (Rm 4,1ss = Gl 3,6ss);- Carne e Esprito (Rm 7,14-25; 8,2-9 = Gl 5,19-25);

    - Valor redentor da morte de Cristo (Rm 3,24; 5,8; 8,31-39 = Gl 1,4; 2,20; 3,13; 4,5).- Papel do batismo (Rm 6,3-5 = Gl 3,27).

    2 - A Humanidade pecadora sob a ir a de Deus:(Rm 1,18-3,20).

    "A Escritura encerrou tudo debaixo do pecado..." (Gl 3,22; Rm 11,32).

    Todos so pecadores: judeus e gentios. Portanto, todos sob a ira de Deus e incapazes dese salvar. Nem a inteligncia dos gentios, nem a Lei dos judeus libertam o homem, mas s a graade Jesus (1,18ss e 2,17ss). A justia de Deus entra pela f em Jesus que liberta a todos os que

    crem (3,22-24).

    3 - A Justif icao pela F(Rm 3,21- 5,11).

    Em Rm os termosjusto, justia, justificarejustificaoaparecem 40 vezes.

    Para a mentalidade gregajusto: equivalncia exata entre dois valores. Para a mentalidadefarisaica justia recompensa exata. Para Paulo no assim. Justia de Deus: a fidelidade deDeus s suas promessas (Gn 12,2-3). Deus, por fidelidade sua promessa, d a graa ao homem.

    Logo, dom gratuito. O orgulho humano perde o sentido. No h mritos humanos. O homemno justificado por seus mritos, mas porque Deus fiel sua promessa.

    Justificao: situao nova do homem agraciado por JC.

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    19Deus faz o homem nova criatura (Rm 6,3-11).Este homem justificado gratuitamente produz

    frutos (Rm 7,4 e Gl 5,22-24).

    A F no conhecimento intelectual de verdades, mas :

    - entrega total do homem a Deus como nico salvador;- Paulo nunca diz que a f justifica, mas sim, que Deus justifica pela f.

    V - Concluso

    Na carta aos Romanos temos dois blocos. O primeiro, que compreende os captulos 1-11 doutrina e aborda o principais temas j encontrados em Glatas. No segundo, que compreendeos captulos 12-16 encontram-se exortaes prticas para o dia-a-dia da comunidade.

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    PRIMEI RA CARTA AOS CORNTIOS

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    Paulo quer evangelizar judeus e gregos. Judeus querem sinais e gregos querem sabedoria.Paulo prega o crucificado (1Cor 1,24).

    A cidade de Corinto tambm conhecida com a Luz da Grcia.Cidade de 500.000 hab.Cidade porturia (Lequeu e Cencria). 1/3 da populao era livre e 2/3 de escravos. Havia graves

    problemas sociais. O povo era mesclado. Os costumes estavam depravados: sexo, ganncia, etc.

    A sociedade de Corinto pode ser assim descrita, quanto aos aspectos de economia, clas-ses, poder e ideologia:

    Economia

    - A cidade tinha dois portos (Cencria e Laqueu).- Solo frtil agricultura e pecuria).- Cidade rica e corrupta.- Capital da Acia e depois da Grcia.- Comrcio prspero: navegao e taxas.- Sede administrativa e sede dos jogos. Havia a prostituio sagrada.- Tecelagem: mantos a apra-velas de navio.

    Classes

    - Descarregadores de navios: pobres, escravos.- biscateiros: vendedores ambulantes, imigrantes, etc.- Donos de terras e oficiais romanos.

    Paulo prega para os pobres (1Cor 1,26ss; 2,3-7; 4,10-13).

    Poder

    - Poder escravagista (4,11-15).- Os fortes oprimem (4,10-13; 5,10-11).- Grandes lderes apelavam para o sensacionalismo (12,1-3).- Grandes que querem ser superiores (4,6.18-19; 8,1; 13,4).

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    21Ideologia

    - Corinto cidade muito religiosa onde se faziam festas religiosas, carnes imoladas aosdolos e prostituio sagrada.

    - Sexo liberal forma uma alienao. Havia um dito para designar a vida devassa: "Viver

    corntia".- O dinheiro era usado como sinal arrogante de legitimao.

    1 - A carta

    A primeira carta aos Corntios foi escrita entre 55-56, na cidade de feso.

    As comunidades estavam sendo influenciadas pela sociedade, reproduzindo-a. Algunsricos entraram nas comunidades e comearam a criar problemas em relao aos pobres. Pauloaplica os remdios aos problemas concretos (1Cor 4,6). Paulo ataca s pretenses abstratas eespiritualizantes dos ricos com a loucura da cruz (1,17-24).

    Plano de estudo

    Os ricos oprimem os pobres. Eles so arrogantes, causando mal estar. Luz da sabedoriada cruz preciso discernir (1,17-24; 6,12; 10,23). Assim temos 4 blocos.

    1 - 1Cor 1-4: os partidos - divises.2 - 1Cor 5-7: problemas de comportamento - arrogncia.

    3 - 1Cor 8-10: abuso da liberdade e da f - arrogncia.4 - 1Cor 11-14: abuso nas assemblias litrgicas - Arrogncia.

    1 - Di vises nas comunidades: part idos 1-4

    Os fortes, movidos pelo seu orgulho so a causa da desunio e das discrdias.

    A - O problema 1,1-3,4

    a - 1,1-9: A vida dos corntios graa de Deus.b - 1,10-17: O conflito surge porque alguns continuam a viver como nos tempos pagos.

    Os soberbos dividem.c - 1,18-31: A causa dos conflitos a sabedoria dos arrogantes que desconhecem a cruz.d - 2,1-5: Paulo no usa a sabedoria do mundo, mas a sabedoria da cruz. Seu sucesso

    depende do Esprito (graa).e - 2,6-3,4: A verdadeira sabedoria vem do Esprito Sana-to. O homem que divide da

    carne.

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    22B - A superao 3,5-4,2

    a - 3,5-9: O apstolo simples instrumento da graa de Deus.b - 3,10-23: O importante estar em Cristo. No vale gloriar-se nos homens. Importa a

    comunidade em Cristo.

    c - 4,1-5: Os apstolos so apenas instrumento da graa. No se pode apelar para elespara dividir.

    d - 4,6-13: O orgulho um mal. O apstolo assume a situao dos ltimos para assimmostrar o bem da comunidade.

    e - 4,14-21: Paulo usa a benevolncia, mas duro contra os orgulhosos.

    2 - Problemas de comportamento: arrogncia 5-6

    a - 5,1-13: Os arrogantes pensam que basta receber o batismo e que Deus d a sua graa.J no esto mais sujeitos lei (pregao do prprio Paulo). Paulo condena esta arrogncia (v.2 e6). So dois os pecados: o incesto e a arrogncia. O ltimo pior.

    b - 6,1-11: A arrogncia dos poderosos rouba os pobres (v.8) e por isto recorrem aostribunais dando mau exemplo para os pagos.

    c - 6,12-20: Os poderosos haviam se tornado idealistas. Para eles s conta o espiritual. Ocorpo no nada. Assim, o que fazem com o corpo nada tem a ver com a moral. Paulo adverte: ocorpo membro de Cristo (v.15). templo do Espira-to Santo (v.19).

    3 - Abuso da l iberdade e da f7-10

    a - 7,1-40: havia duas correntes de pensamento:- O fim est prximo, no vale casar. O celibato a nica condio de viver o evangelho

    (pobres radicais).- Outros pregam o amor livre (arrogantes ricos).

    Paulo coloca tudo no seu devido lugar. Ele pr-celibato, mas no o impe a todos.

    b - 8,1-11,1: A arrogncia levou alguns cristos, que se julgavam bem esclarecidos (8,1),a escandalizar os fracos e iniciantes. Paulo diz que acima da liberdade est o amor. No se podeescandalizar os menos esclarecidos (8,1-13).

    Paulo renuncia a seus prprios direitos para no escandalizar a ningum (9,1-14). Pauloassume a situao do povo para ganhar o povo. Existem preceitos a serem cumpridos (10,1-22).Em Cristo somos livres, mas deve prevalecer o amor (10,23ss).

    4 - Abusos nas assemblias litrgicas 11-14

    a - 11,2-34: Paulo repete algumas normas existentes para o bom funcionamento das as-semblias (v.2-34):

    - A mulher pode profetizar (pregar), mas para no escandalizar deve usar vu (v.5). as

    mulheres dos ricos arrogantes podiam se dar ao luxo da moda. Elas escandalizavam o povo sim-ples.

    - Os ricos se servem da ceia para se embriagar, no esperam o pobre, pois humilhantepara eles sentar-se mesa com os pobres. Celebrar a ceia sem fazer comunho sacrilgio.

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    b - 12,1-11: Alguns arrogantes supunham que eram mais importantes, pois nas assembli-as sabiam falar. Paulo advier-te: tudo dom do Esprito Santo para o bem de todos.

    c - 12,12-31: Os mais afortunados no devem se encher de orgulho. Todos juntos formam

    o corpo de Cristo. Ningum mais importante. A funo que cada um exerce para o bem docorpo. No h lugar para superioridade ou inferioridade.

    d - 13,1-13: O amor o maior dom. Se os poderosos se julgam importantes porque falamvrias lnguas, ou porque tm a eloqncia, porque conhecem as cincias e fazem esmolas, etc.,isto nada , pois lhes falta o amor.

    e - 14,1-25: Os arrogantes deixavam expressar sua orao com frmitos e exclamaes.Na realidade alimentavam sua arrogncia. A assemblia virava verdadeira baderna. Paulo exortaque no se abuse do povo.

    f - 14,26-40: Em Corinto as assemblias viravam baguna. As damas de alta sociedadefalavam demais. Paulo quer ordenar e probe-as de falar. Estes versos no combinam com 11,4-13. Segundo alguns autores, seriam um acrscimo posterior de algum discpulo de Paulo, quevoltou atrs.

    5 - A ressur reio do corpo 15

    No mundo grego via-se o homem como feito de duas realidades: corpo (mau) e alma (bo-a). O que contava era a alma (6,12-20). O corpo visto como corrupo. Por isto os arrogantes

    negavam a ressurreio. Paulo relaciona a ressurreio dos nossos corpos com a ressurreio deCristo. Nossos corpos ressuscitaro para a incorruptibilidade.

    6 - Concluso 16,1-24

    Trata de problemas concretos. So os problemas de uma jovem igreja que ainda traz, emseus membros, os vestgios do paganismo. Principalmente o problema da arrogncia dos ricos quequerem ser cristos, mas no querem perder seus privilgios. Paulo ensina que o cristo deveromper com o passado. Os sbios se tornam loucos, arrogantes, cometem abusos. Tudo isto deveser corrigido pela carta.

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    EPSTOLA AOS FI L IPENSES

    OBJETIVO:como distinguir o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo dos falsos evange-lhos pregados por falsos apstolos?

    O verdadeiro evangelho o caminho da cruz. Aqui Paulo no resolve problemas particula-res, nem problemas prticos. O tema o evangelho de Jesus, que Paulo encarnou profunda-menteat a cruz.

    "O evangelho da cruz se torna presente e visvel na misso do a-pstolo"27.

    1 - A comunidade de F il ipos

    Filipos, cidade importante da Macednia, ficava beira daVia Egnatia

    , via, esta, que ligaa Itlia com a sia. Era um centro comercial e colnia romana. Nela residiam muitos soldadosaposentados. Por isto mesmo gozava de certos privi-lgios. Ao lado dos militares, viviam a antiga

    populao da cidade e imigran-tes de todas as regies do imprrio.

    Paulo chega a Filipos em 49-52 d.C. Primeira cidade eu-ropia a ser evangelizada (At16,11-40). Paulo voltou mais duas vezes para esta cidade (1Cor l6,5; At 20,6). Filipos se tornou acidade mais querida de Paulo.

    2 - Estru tura

    So Policarpo fala de As cartas de Paulo aos Filipen-ses`. Hoje os exegetas pensam queFl compilao de trs cartas. Isto era perfeitamente possvel para os tempos de Paulo. H umcorte evidente entre Fl 3,1 e 3,2. Uma leitura atenta perceber que Fl 3,2-21 um bloco diferente,sem ne-xo com o anterior. O tom da conversa bem mais agressivo. Em 4,10-20 est um bilhetede agradecimento, fora de lugar. Por que Paulo agradeceria s no fim da carta?

    2.l - H iptese

    a) Carta " A" (4,10,20). Supostamente a mais antiga. Pau-lo est preso. Recebe de Epa-frodito uma ajuda dos filipen-ses. Paulo nunca quis tal ajuda, mas como os filipenses lhe so mui-to ntimos, aceita. Provavelmente este bilhete acom-panha Epafrodito de volta.

    b) Carta B (1,1-3,1a e e,2-7.21-23).Posterior carta A. Paulo ainda est preso. A perse-guio por Cristo e a cruz condicionam o contedo. Algumas hiptese sobre as circuns-tnciasem que foi escrita, podem ser levantadas:

    - Paulo espera sua libertao prxima (l,12-26) e quer fazer uma visita aos destinatrios.- Fl 1,12-26 traz uma apologia contra adversrios. Es-tes, ao que parece, acusam Paulo de

    ter fugido do martrio. Paulo se justifica: "Da minha parte era melhor morrer, mas para vs me-lhor que eu evangelize" (1,22). Paulo pode ter optado pela libertao apelando sua cidadania

    romana (At 16,37ss; 25,11). Sem tal recurso sua condenao fcil, com ele seria dificil-mentecondenado. Por isto, seus inimigos o acusavam de fraco e covarde. Os outros pregadores (adver-

    27COMBLIN, Jos.Epstola aos filipenses. Petrpolis: Vozes/Metodista/Sinodal. 1985. p.7.

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    25s-rios) desprestigiavam Paulo (1,15-18) por ter fugido da cruz. Isto feriu profundamente a Paulo,

    pois a cruz era uma de suas caractersticas (2Cor; Rm). Paulo rebate seus oposi-tores (1,15-18).Ele no quis fugir da cruz, apenas quis fi-car mais tempo evangelizando as comunidades. Mais doque nunca, a mensagem de Paulo a cruz (2,6-11).

    c) Carta C (3,1b-4,1 e 4,8,9). a mais nova. No fala de priso. polmica e violentacontra certos adversrios que ameaam a comunidade de Filipos. Provavelmente Paulo j estsolto.

    Nesta carta se destaca a divergncia com os adversrios. De forma veemente denucia oserros deles.

    Quem seriam seus adversrios? H muitas hipteses. A mais provvel, conforme Gl e2Cor, aponta para missionrios evangelizadores vindos do judasmo. Eles estariam acentuando aLei, as obras e faziam milagres. Anunciavam uma cristolo-gia milagreira e de pura ressurreio.

    Apresentam viso triunfalista de Cristo. Trazem um cristianismo glorioso. As-sim tiravam, ao fiel,o com-promisso. Paulo contrape o cristianismo da cruz. Os falsos missionrios so inimigos dacruz (3,18).

    3 - Lugar e data

    As trs cartas no foram escrita em tempos muito distan-tes entre si. Alguns meses ou umano. O pano de fundo o mesmo. A circunstncia que condicionou a carta, parece ter sido a pri-so de Paulo. No se sabe exatamente em que pri-so, pois Paulo este-ve diversas vezes preso:Roma (At 28), Cesaria (At 23,23ss), -feso (At 19,21ss; 20,11ss = no fa-la propriamente de

    priso, mas de dificldades). O mais pro-vvel que se trate de feso, entre os anos 52-55.

    4 - Objetivo

    O problema era o confronto entre vrios apstolos. No eram rivalidades pessoais, masdoutrinais. Paulo luta pela liderana nas igrejas, pois s assim, segundo ele, se teria a autenticida-de do evangelho.

    Nos tempos de Paulo ainda no havia um poder central forte para dirimir dvidas. Os mis-

    sionrios ambulantes fun-dam misses e visitam outras. s vezes eles no concordam entre si.Surge ento o conflito. de se supor que muitos deles eram judaizan-tes, e que no possuam acapacidade de Paulo para refletir o e-vangelho de Jesus. Diante de tudo isto Paulo coloca a auten-ticidade do evangelho.

    "O evangelho de Jesus Cristo est centrado na cruz. O evangelho que no coloca a cruz no seucentro, no o evangelho de Jesus Cristo"28.

    Paulo tem duas categorias de inimigos:- Judeu-cristos que no pregam a cruz (carta C - 3,2: ces): apstolos falsos.- Os que pregam a cruz e denunciam Paulo como fujo da cruz (carta B - 1,15-18): aps-

    tolos autnticos.

    28COMBLIN, Jos. Op. cit. p.16.

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    26O contedo da cruz:- caminho nico de salvao. A cruz exclui a Lei.- a cruz simboliza o caminho da libertao. o caminho de Jesus. Ele renunciou aos direi-

    tos de Deus (2,6ss), at aos de um homem, escolheu o esvaziamento da cruz.

    Cruz: esvaziamento de todas as seguranas, at as de Deus. O verdadeiro missionrio notem outras seguranas, mas o falso confia em si, em seus bens e na Lei. Paulo con-sidera tudo istocomo esterco.

    Cruz: confiana total em Deus.

    5 - Concluso

    Fl reflete conflitos:

    - Judeu-cristos que procuram apoio da tradio judaica. Valem-se da "Religio Licita"Seu evangelho no provoca con-flitos (cruz). Sua segurana o patrimnio judaico.

    - Paulo e seus seguidores rompem toda a vinculao com os apoios institucionais do pas-sado. risco total. Isto a cruz, ou seja, um novo projeto religioso, social e poltico que trazcomo preo a cruz.