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Unidade 1 – A Relação entre Judaísmo e Cristianismo HEBREUS Hebreus não é propriamente uma epístola, e tão pouco o que chamamos comumente de homilia. Não tem introdução, nem começa com as costumeiras frases de endereços ou de saudações. A matéria de pronto se divide em dois aspectos: o doutrinário e o exortativo. O pensamento dominante em todo o livro é a superioridade do cristianismo sobre o judaísmo. A pessoa de Jesus se nos afigura espiritual e, a um tempo, de aspecto cósmico, devido à projeção que tem no universo as experiências de sua vida terrena e encarnação. Seus sofrimentos são propiciatórios; sua morte, a expressão de um sacrifício perfeito. Um verdadeiro contraste se estabelece entre o seu sacerdócio e o levítico ou de Arão. O primeiro é extensivo aos judeus e gentios = é universal; o segundo é de caráter bastante precário e atinge apenas os judeus. O autor explica que o sacerdócio de Arão precisava falir, como faliu, por ter sido estabelecido por uma lei falível. Até então havia sacerdócio enfermiço, padecente de pecado, sem possibilidade de substituir por causa dos que lhe assumiram a dignidade. Não encarnava o verdadeiro espírito do sacerdócio, pelo qual o sacerdote oferece, de si mesmo, alguma coisa(8.3). Diferente é o sacerdócio de Jesus: “pois nos convinha tal sumo sacerdote santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como aqueles sumo sacerdotes, de oferecer sacrifícios diariamente, primeiro pelos seus pecados e depois pelos do povo; porque isto fez de uma vez só para sempre quando se ofereceu a si mesmo”(7.26). Num sacrifício único se resgatam, portanto, os pecados de judeus e gentios, e faz-se exatamente aquilo que o Antigo Testamento

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Unidade 1 – A Relação entre Judaísmo e Cristianismo

HEBREUSHebreus não é propriamente uma epístola, e tão pouco o que chamamos comumente de homilia. Não tem introdução, nem começa com as costumeiras frases de endereços ou de saudações. A matéria de pronto se divide em dois aspectos: o doutrinário e o exortativo.

O pensamento dominante em todo o livro é a superioridade do cristianismo sobre o judaísmo. A pessoa de Jesus se nos afigura espiritual e, a um tempo, de aspecto cósmico, devido à projeção que tem no universo as experiências de sua vida terrena e encarnação. Seus sofrimentos são propiciatórios; sua morte, a expressão de um sacrifício perfeito. Um verdadeiro contraste se estabelece entre o seu sacerdócio e o levítico ou de Arão. O primeiro é extensivo aos judeus e gentios = é universal; o segundo é de caráter bastante precário e atinge apenas os judeus. O autor explica que o sacerdócio de Arão precisava falir, como faliu, por ter sido estabelecido por uma lei falível. Até então havia sacerdócio enfermiço, padecente de pecado, sem possibilidade de substituir por causa dos que lhe assumiram a dignidade. Não encarnava o verdadeiro espírito do sacerdócio, pelo qual o sacerdote oferece, de si mesmo, alguma coisa(8.3).

Diferente é o sacerdócio de Jesus: “pois nos convinha tal sumo sacerdote santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como aqueles sumo sacerdotes, de oferecer sacrifícios diariamente, primeiro pelos seus pecados e depois pelos do povo; porque isto fez de uma vez só para sempre quando se ofereceu a si mesmo”(7.26). Num sacrifício único se resgatam, portanto, os pecados de judeus e gentios, e faz-se exatamente aquilo que o Antigo Testamento não pôde fazer por causa da sua imperfeição. Nesta conjuntura se impôs a morte de Jesus, porque nenhuma obra redentora é possível sem a entrega absoluta do sacerdote. Tal oferenda não havia no sacerdócio levítico; havia antes um simulacro, isto é, uma vítima qualquer era imolada.

O sacerdócio perfeito exigia alguns requisitos indispensáveis, que são: a humanidade - que favorece o espírito de fraternidade humana, essencial para o caráter representativo e intercessório do sacerdócio; a divindade - condição indispensável para a autoridade, o penhor do sacrifício; e finalmente, a relação íntima e espiritual, tanto do sacerdote oficiante quanto da hóstia imolada, para com aqueles por quem intercediam. Estes requisitos não existiam no sacerdócio levítico. Porque nele, se possível à espiritualidade quanto ao sacerdote, não o era quanto ao animal sacrificado. Mas Jesus satisfez a todas

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estas exigências - seu sacrifício é perfeito. O homem tem tudo quanto é necessário para a sua salvação. E o cristianismo representa o último estágio do longo e laborioso plano de salvação elaborado por Deus, cujo centro é a pessoa de Jesus - O Filho - superior a Moisés e à Lei, a Josué e aos profetas do Antigo Testamento, e cujo sacerdócio, firmado na perfeita humanidade e perfeita divindade, supera o de Arão, e é o exigido e suficiente para o resgate de todos. Tal é o conteúdo doutrinário de Hebreus, quase tudo sobre o sumo sacerdócio de Cristo em contraste com o levítico, de Arão, instituído pela Lei.

O segundo aspecto, exortativo, começa com um hino à fé, em que se enaltecem as experiências dos antepassados sobre a oração. O último capítulo é o das exortações. O autor recomenda a prática da caridade e o cumprimento de algumas obrigações. Apela para os irmãos a que sejam puros e irrepreensíveis. E depois termina o escrito à maneira de uma epístola, com alguns pedidos particulares, saudação e bênção final.

1. Autoria = todas as tentativas de identificar o autor de Hebreus têm sido infrutíferas. E o fato de ser anônimo dificulta a localização do autor. Muitos são da opinião de Apolo seja o autor concordando assim com Lutero o primeiro a opinar nesta direção. Não há dúvidas de que Apolo, judeu alexandrino, de muita cultura, orador eloqüente e insinuante, provavelmente dado aos clássicos da literatura grega, bem poderia escrever um livro como este de Hebreus. Observe as razões que levaram Lutero a lançar hipótese da autoria de Apolo para os Hebreus: por um bom tempo quase todos os estudiosos suspeitaram da autoria de Paulo. Mas Lutero verificou que Paulo ao citar o Antigo Testamento, cita a Septuaginta(o Antigo Testamento em Grego) seguindo o texto do código do Vaticano. O autor de Hebreus não faz o mesmo, ele segue e cita de acordo com o código Alexandrino. O escritor consagra um capítulo à descrição do santuário(9).

A comparação do templo aí descrito com o de Jerusalém não afirma positivamente ou não sustenta suficientemente que se trata do templo da metrópole judaica. Interessante é notar que combina, por outro lado, com a do templo de Leontópolis situado na cidade do mesmo nome. Leontópolis é uma das cidades da colônia judaica radicada perto de Alexandria. Outra evidência que a apóia a hipótese de Lutero é a que resulta do uso do método hermenêutico adotado pelo escritor do livro. É o método figurativo, de tipificação de fatos. Esse método também chamado alegórico era bastante usado pelos escritores e pensadores alexandrinos. Pois Hebreus está impregnada de alegorias e a própria estrutura sintática das orações revelam o estilo adequado a tal método. Além de que, já se identificaram trechos, em Hebreus, que são verdadeiras citações dos escritos do célebre filósofo Filão, de Alexandria.

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Apolo poderia, realmente, escrever um livro como este de Hebreus, contudo o seu nome não encabeça o escrito e a tradição jamais o apontou como autor. Então quem é o autor? Apesar de se manter estritamente anônimo, o autor está presente em cada página de sua missiva. Logo no primeiro versículo ele se revela como judeu ao se identificar como descendente dos “nossos pais”. A maneira de falar é tipicamente judaica e semítica. Igualmente, a menção respeitosa aos profetas faz sentido somente para um judeu. Mas isto não é tudo que sabemos sobre o escritor da carta. A partir de 2.1 ele emprega constantemente a primeira pessoa do plural como alguém que participa intimamente da situação comum de todos os cristãos, mormente dos seus leitores com os quais ele forma uma comunidade de interesses e de sofrimentos. Acontece tal procedimento 41 vezes: 2.1,3,8,9; 3.14,19; 4.1,2,3,11,14-16; 6.18-20; 8.1; 9.14; 10.10,20-26,30,39,40; 12.1,2,9,10,26,28,29; 13.1,10,13-15,23. Já em outros contextos, ele se serve da primeira pessoa do plural falando claramente de si mesmo: 5.11; 6.1,3,9,11; 13.18. No último capítulo topamos com o autor diretamente, quando nos fala na primeira pessoa do singular: 13.19,22,23.

O autor revela-se ainda como teólogo exímio, conhecedor abalizado da Bíblia e mestre no manejo do idioma grego, possuindo um estilo e vocabulário pessoais; não imita a ninguém, contrariamente àqueles hagiógrafos do Novo Testamento que se ocultam atrás dos nomes famosos tais como Paulo, Pedro, João, Tiago e Judas, para disfarçar o anonimato. Ele julgava que não era necessário semelhante recurso; sabia-se competente no assunto e com autoridade suficiente perante os destinatários para dispensar qualquer forma de ficção literária. Contudo, encontramos as suas analogias e talvez até a dependência das teologias de Paulo e de João. Mais problemática é a sua relação com os evangelistas. O que ele nos diz sobre a vida terrena de Jesus de Nazaré é muito vago e tão voluntarioso que somos obrigados a concluir que ele, ou não tomava conhecimento dos Evangelhos, ou então que ele escreveu antes da redação final dos mesmos.

Será que o nosso homem foi um apocalíptico? Há quem o afirme; outros, porém, não crêem. A existência do santuário celeste, segundo ele, depende exclusivamente de Êxodo 25.40. Ele não empreende nenhuma tentativa de descrevê-lo nos seus detalhes como se o tivesse “visto”, não fala em anjos ou culto litúrgico celeste. A entrada do redentor no tal santuário é mais abstrata e teológica do que descritiva. É um teólogo que se limita a interpretar certos dados do Antigo Testamento, subordinando-os à sua teologia, descobrindo um sentido especial nos textos por ele usados. Ele parte dos textos, e nunca de uma visão extática. Qual será a identidade do autor? O seu nome é e permanecerá ignorado. Até hoje existem autores incapazes de conter a própria fantasia, arrolando, como possíveis candidatos, nomes como Paulo, Apolo,

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Barnabé, Timóteo, Clemente de Roma, Lucas. Uma coisa é certa o autor não nos revelou o nome.

2. Data e Lugar = as passagens em 10.25 e 12.4 esclarecem que a igreja estava sendo provada. Seriam as perseguições movidas por Nero, ou os contratempos da guerra judaico-romana? Sabe-se também que Timóteo havia sido encarcerado, mas fora solto(13.23). Parece que tinha ficado retido por poucos dias. A causa da sua prisão talvez não fosse a perseguição religiosa. Os fatos sugerem as datas entre os anos de 66 a.D. e 69 a.D., quando os judeus de Alexandria e da Palestina se rebelaram contra o governo de Roma. O lugar de procedência? Em 13.24 há uma indicação valiosa: “os de Itália vos saúdam”. Veja-se essa combinação de textos, e ver-se-á como fica bem a suposição de que Hebreus foi escrita na Itália: “rogo-vos com instância que assim o façais para que mais depressa eu vos seja restituído”(13.19). “Sabei que está solto o irmão Timóteo, com o qual, (se vier depressa) vos verei. Saudai a todos os vossos chefes e a todos os santos. os de Itália vos saúdam”(13.23-24). É para pensar mesmo que o autor estava em Roma.

3. Destinatários = quem são os destinatários da epístola? Os hebreus, respondem os documentos mais antigos. É expressão vaga. Um hebreu seria um israelita de nascimento, e, segundo a religião, um descendente de Abraão(Filipenses 3.5; 2 Coríntios 11.22). Endereça-se aos hebreus da palestina, ou de outro lugar? Vejamos as evidências:o autor diz que os crentes ainda não tinham resistido até o sangue(12.4). Ora, em Jerusalém houve perseguições cruéis contra os cristãos. A morte de Estevão é a prova de que a igreja da metrópole resistira até o sangue. A exortação de Hebreus 12.4 não cabe, pois, à igreja de Jerusalém. Percebe-se, claramente, que a epístola é uma censura aos crentes que propendiam para o judaísmo. Mas os cristãos jerusalemitas bandearam para o lado da lei mosaica, tendo para doutriná-los homens como Tiago e outros tão dedicados e experimentados como ele?

Observe-se mais, os irmãos de lá em pobres, em geral, tanto que as igrejas gentílicas os socorreram algumas vezes em suas necessidades. Pois não é esta a condição financeira dos leitores desta epístola. A impressão que se tem é que eram ricos, e estavam em condições de hospedar a estranhos(13.1-2,16). Uma vez, pelo menos, serviram a pobres(6.10). Tudo parece ajudar a suposição de que o escrito destina-se aos crentes de Alexandria. Por exemplo, a epístola foi escrita na língua dos gregos, a que estava em uso nos arredores da Palestina, notadamente nas colônias judaicas estabelecidas perto de Alexandria. A concordância das citações do Antigo Testamento com a versão da Septuaginta Alexandrina; a forma alegórica do livro, seu método de raciocínio e argumentação, tudo isto são evidências de que se escreveu o livro para os judeus de Alexandria. Aliás, as passagens em 11.35-37 têm suas

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correspondentes no livro de 2 Macabeus, livro esse conhecidíssimo nas vizinhanças do Egito.

4. A Teologia da Carta = não há dificuldade em localizar os temas principais desta carta, mas não é fácil ver como todos se encaixam. Esta é a tarefa principal do teólogo. É baseada na suposição razoável de que o autor não misturou uma massa de temas sem relacionamento entre si, suposição esta que é apoiada pela natureza ordeira da disposição literária. Fica claro que planejou cuidadosamente a sua obra. Sempre que digressões ocorrem na seqüência do seu pensamento, não tem licença do interferir com o desenvolvimento principal do seu argumento. Procuraremos descobrir, em primeiro lugar se há uma idéia-chave, que explicaria porque o destaque é dado a temas tais como O Filho, O Sumo Sacerdócio, o sistema sacrificial, e a nova aliança. O que lhes dá unidade?

Notamos imediatamente na introdução da epístola(1.1-3) que o escritor está insistindo na qualidade definitiva da revelação cristã. Tudo quanto Deus tornou conhecido antes agora e substituído por Sua revelação através do Filho. O fato de que o escritor imediatamente introduz a singularidade do Filho sugere que não tem certeza, de modo algum, de que seus leitores têm esta convicção. Mas não fica imediatamente aparente porque o Filho é introduzido a esta altura, e porque é somente em 2.9 que Ele é identificado como Jesus. Isto não pode ser por acidente, e a razão disto deve fornecer algum indício para a direção do seu pensamento. Não há dúvida que a posição de Jesus como Filho desempenha um papel principal na epístola como um todo mesmo naquelas partes que se concentram em Jesus como o Sumo sacerdote. Talvez possamos ver a introdução precoce de Jesus como Filho como uma indicação de que através dele é que uma nova era nos tratos de Deus com os homens foi inaugurada. Tudo quanto acontecia na aliança antiga agora foi substituído por uma aliança melhor. São realmente as implicações da nova aliança que formam o alvo desta carta. Tornar-se-á aparente que o Filho é a figura-chave na inauguração da nova aliança, o melhor mediador possível.

a)O Caráter do Filho - Esta carta demonstra o caráter do Jesus de uma maneira exaltada. Podemos resumir a cristologia de modo conveniente sob três aspectos: a pré-existência, a humanidade, e a exaltação do Filho: 1) A pré-existência do Filho é enfaticamente afirmada pelo fato de que se diz que Ele é o agente através de quem todas as coisas foram criadas(1.2). Ele claramente existia antes da criação material. Antecedeu os períodos sucessivos da história do mundo(as eras). Esta cristologia exaltada, portanto, é o ponto principal para o argumento da epístola. O tema da pré-existência também é apoiado imediatamente pelo caráter do agente da criação - como sendo a glória e a imagem do Deus - e pelo fato de que Ele continua a sustentar todas as coisas pelo Seu poder. Parece evidente que, quando o escritor fala em termos da pré-existência do Filho, está pensando no Filho como co-participante da natureza divina. Expressões tais como o resplendor(apaugasma) e a expressão

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exata(charakter) da natureza do Deus(1.3) bastam para demonstrar este fato. Além disto, o fato de que o Filho desempenha um papel na criação demonstra que desempenha a mesma função noutras partes da Escritura é atribuída a Deus. Além disto, diz-se que a sustentação de todas as coisas é "pela palavra do seu poder", que forma um paralelo com muitas referências ao poder de Javé no Antigo Testamento. Pode ser dito, na realidade, que o argumento inteiro da epístola depende do fato de que o Filho tem uma posição sem igual em relação a Deus, que é o sustentáculo da sua eficácia como Mediador e Intercessor. Demonstra a razão básica para a superioridade de Cristo como Sumo Sacerdote. Que o escritor não acaba de inventar esta idéia é visto no apoio vetero-testamentário que leciona no capítulo 1, especialmente a passagem do Salmo 45.6,7 que atribui em 1.8 a Cristo, embora as palavras sejam dirigidas a Deus.

2) A humanidade do Filho decorre diretamente da necessidade da encarnação. Claramente, um Sumo Sacerdote que era divino não poderia representar a humanidade. Para ser um verdadeiro representante, o Filho deve tornar-se homem. Este fato é compreendido em 2.17, onde o escritor demonstra que o Filho teve de ser feito semelhante aos seus irmãos a fim de cumprir a função de um Sumo Sacerdote misericordioso e fiel. Se a pré-existência e a natureza divina do Filho são suposições básicas do escritor, assim também é a verdadeira humanidade. Não é sem relevância que o nome de Jesus, que leva consigo alusões à vida humana do Filho, ocorrem nove vezes nesta carta. Na maioria das ocasiões em que ocorre fica no fim da clausula, e, portanto, atraí ênfase adicional(2.9; 3.1; 6.20; 7.22; 10.19; 12.2 24; 13.12,20).

Algumas das referências mais claras à vida terrestre de Jesus, fora dos evangelhos, ocorrem nesta epístola. A agonia em Getsêmane parece ser diretamente aludida em 5.7, onde se mencionam o forte clamor e as lágrimas de Jesus. Os sofrimentos de Jesus são de importância vital para o argumento da epístola e são mencionados várias vezes. Diz-se especificamente que estes sofrimentos ocorreram "nos dias da sua carne". O ministério de Jesus é aludido em 2.3. A hostilidade que foi despertada contra Ele é mencionada em 12.3. Eventos tais como a cruz(12.2), a ressurreição(13.20) e a ascensão(1.3) são tomados por certo como sendo conhecimento básico.

Além disto, devemos notar aquilo que o escritor diz acerca das atitudes e das reações de Jesus. Por implicação através de uma citação do Antigo Testamento (Isaías 8.17-18) diz-se que exerceu fé em Deus(2.13). Além disto, também é visto como um homem de oração(5.7) e como alguém que demonstrou piedoso temor(5.7). Em seguida, deve ser enfrentada a questão de se o Filho de Deus ao tornar-se homem veio a ser um homem caído, e a resposta segundo nosso autor deve, enfaticamente ser negativa. Duas vezes afirma a impecabilidade do Jesus(4.15; 7.26), ao passo que ao mesmo tempo

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concorda que Jesus foi tentado em todos os aspectos como nós. Isto demonstra que não considera que a impecabilidade foi o resultado de não ter sido exposto às provações e tensões da vida, mas, sim, a evidência de uma conquista positiva do pecado.

Outro aspecto da humanidade de Jesus nesta carta é a ênfase dada à sua perfeição. Embora o conceito do seu aperfeiçoamento através do sofrimento(2.10) levante problemas, são diminuídos se é percebido que a idéia de perfeição consiste em completar um processo. O escritor não pode conceber a totalidade do plano da salvação ficando de pé se Jesus não tivesse sofrido, e vê esse fato como parte do processo da consumação. Outra passagem que ressalta o mesmo pensamento é 5.8,9, onde o autor diz que embora Jesus fosse um Filho, aprendeu a obediência. Isto não significa que era relutante em obedecer, ou que houve um tempo em que não era obediente, mas afirma que a experiência de Jesus demonstrou que o Filho era obediente. Foi somente por causa disto que se tornou a fonte da salvação eterna para todos quantos Lhe obedecem.

Há muitas passagens nesta carta que indicam a natureza representativa de Jesus Cristo, aspecto este que é importante para Ele ser um Sumo Sacerdote eficaz. Diz-se que Ele compartilhou da mesma natureza dos homens a fim de derrotar aquele que mantém os homens na escravidão à morte(2.14). É pela mesma razão que se diz que convinha que Jesus encarnasse (2.10). A qualificação principal do sumo sacerdote era ser como seus irmãos(2.17). De nenhuma maneira mais clara o escritor poderia estabelecer sua lição acerca da necessidade da verdadeira humanidade de Jesus. Para ser um representante, tinha de experimentar o que o homem experimenta. Ninguém mais senão um homem verdadeiro poderia ter feito isto.

3) A exaltação do Filho é mencionada em argumentos estratégicos. Encontramos o Filho exaltado primeiramente nos versículos de abertura como se o autor antes de delongar-se sobre a humilhação envolvida na encarnação, quisesse que seus leitores soubessem da posição exaltada do Filho. Além disto, o fato de que o Filho está assentado demonstra que Sua obra já está completa. O enfoque recai sobre Sua realização após a ressurreição. É o modo do escritor, não somente de referir-se à ascensão, como também de demonstrar as vantagens positivas da missão de Cristo. Estar assentado numa posição tão exaltada dá ao Filho a posição mais vantajosa para Sua obra de intercessão, embora a obra sumo-sacerdotal não seja realmente mencionada até uma etapa posterior. Além das referências à entronização do Filho à destra de Deus, descobrimos várias descrições do Filho que pressupõem sua glorificação. É descrito como herdeiro do todas as coisas(1.2), que não aponta simplesmente para frente para uma herança futura, como também indica aquilo em que já entrou. Há um sentido em que a plena realização, pelo Filho, da sua

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herança ainda não foi cumprida até que Ele tenha colocado todos os seus inimigos debaixo dos seus pés. Mas diz-se que até mesmo os crentes herdam as promessas(6.12) e algum aspecto da realização presente não pode, no entanto, ser negado ao Herdeiro supremo de todas as coisas. Outro aspecto do Filho é a idéia do precursor, que entra na descrição de Jesus como Sumo Sacerdote em 6.20. Isto é de interesse especial para o escritor, porque está ocupado na carta inteira com a aproximação do homem a Deus, e serve bem seu propósito demonstrar que Jesus já entrou no santuário celestial. Cristo como precursor é imediatamente visto como superior aos sumos sacerdotes judaicos, mas esta superioridade é um tema que ocupa o escritor em várias secções da epístola. Era claramente de grande importância para ele demonstrar de modo preliminar a vantagem infinita que Cristo tinha, por natureza, na Sua obra de Sumo Sacerdote.

b) A Superioridade do Filho sobre os outros - Até este ponto, temos concentrado nossa atenção naquilo que a carta diz sobre a natureza. Agora passamos a notar às várias maneiras em que a superioridade do Filho é ilustrada: 1) A superioridade do Filho aos anjos(1.5-2.9). Talvez não fique evidente, a primeira vista, porque o escritor está interessado em estabelecer este fato. Pode ser suposto que os leitores tinham uma estima especialmente elevada pelos anjos, e que não tinham conseguido apreciar até que ponto Jesus lhes é superior. Parece provável que muitos estavam argumentando que os anjos eram superiores a Jesus Cristo, e neste caso o problema deles não era que Jesus foi feito, por um pouco, menor que os anjos, mas que Ele sempre foi superior a eles. O fato de que esta comparação com os anjos fornece o impacto principal dos capítulos 1 e 2 demonstra a importância que o autor deu à comparação como um todo. 2) A superioridade do Filho a Moisés(3.1-6). O autor desenvolve seu tema de Moisés para incluir as peregrinações dos israelitas no deserto, isto o leva a demonstrar que nosso líder também é superior a Josué, que não tinha capacidade de dar descanso ao povo. 3) A superioridade do Filho a Arão por causa das insuficiências da linhagem arônica com seus sacrifícios constantemente repetidos e sua sucessão, sempre em mudança, de sacerdotes, como também porque pertencia à ordem superior de Melquisedeque. Para aqueles que reverenciam o sacerdócio arônico como único meio legítimo de aproximação a Deus, a demonstração da superioridade de Cristo a Arão seria uma linha indispensável de argumento.

c) O Filho como Sumo Sacerdote - Nas referências iniciais, certos aspectos são ressaltados de passagem. O Sumo Sacerdote tinha de ser como os seus irmãos(2.17); tinha de ser misericordioso e fiel(2.17); tinha de fazer expiação pelos pecados do povo(2.17); acima de tudo, tinha de saber simpatizar-se com o povo que representava(4.15); tinha que ser nomeado por Deus(5.1). O fato de que Jesus é visto, em razão destas qualidades, como sendo elegível para o cargo de Sumo Sacerdote leva para a discussão principal acerca de Melquisedeque, porque sejam quais forem as qualidades que possuía, a Jesus

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faltava uma qualificação essencial para a elegibilidade ao sacerdócio arônico: pertencia a tribo de Judá, e não a de Levi. Não havia maneira de sustentar que Jesus era um sumo sacerdote do tipo levítico. Se haveria de ser um Sumo sacerdote, teria de ser de um tipo diferente, e a inspiração do escritor leva-o a identificar esta nova ordem de sacerdócio com a de Melquisedeque(Salmo 110.4, Gênesis 14.17-20).O sacerdócio de Melquisedeque tem alguns aspectos específicos que vale a pena salientar:

1) É diferente do de Arão. A diferença não se acha simplesmente na sua superioridade. Nem se acha nas funções sacerdotais, porque pela sua definição a função do sacerdote é agir em prol de Deus diante dos homens e em prol dos homens diante de Deus. Tanto Arão quanto Melquisedeque fizeram assim. Mas onde Melquisedeque difere radicalmente de Arão é na ordem à qual pertence. A ordem de Melquisedeque forma uma classe separada. É diferente por basear-se numa qualidade diferente de vida(o poder de urna vida indestrutível, 7.15,16). 2) É eterna. Seu sacerdócio é "para sempre" e, portanto, não está sujeito às muitas limitações que afetavam os sacerdotes arônicos; este elemento eterno é desenvolvido de modo estranho à partir do silêncio do relato de Gênesis em relação ao começo ou ao fim da vida de Melquisedeque. Mas o escritor está convicto de que a Escritura tem a intenção de apoiar esta qualidade permanente.

3) É real. O relato de Gênesis chama Melquisedeque de rei de Salém, como também acrescenta a interpretação "rei de paz". A lição principal é que, diferentemente da ordem de Arão, existe outra que é real. Fornece-se, assim, outro aspecto que demonstra a superioridade desta última. Melquisedeque, de modo muito mais eficaz do que Arão fornece um "tipo" para o sacerdócio real de Cristo. 4) É imutável. Está em forte contraste com o pessoal que está sendo constantemente trocado na ordem de Arão. Disposições tinham de ser feitas para a continuidade de uma linhagem de sucessão, de modo que quando o sumo sacerdote morria outro era levantado para tomar o seu lugar. Semelhante mudança constante não era necessária na ordem de Melquisedeque.Vê-se, em tantos aspectos, que a ordem de Melquisedeque é superior à de Arão que se pode até estranhar porque nenhum uso eficaz tinha sido feito da idéia nos séculos intervientes entre Melquisedeque e Cristo. A razão deve ser que Melquisedeque somente recebe a atenção que lhe toca quando é visto como o antítipo. Noutras palavras, Melquisedeque obtém sua relevância através de Cristo, e não vice-versa. Na realidade, diz-se que o próprio Melquisedeque é feito semelhante ao Filho de Deus.

d) A Obra do Filho como Sumo Sacerdote - No pano de fundo de nosso Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, o escritor pensa no serviço que realiza e é especialmente influenciado pelo ritual seguido na ordem em Levítico sobre o Dia da Expiação. Este era o dia mais significativo para o sumo

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sacerdote arônico, porque era o dia em que ele, e somente ele, tinha licença de entrar no Santo dos Santos. Era-lhe necessário levar lá para dentro o sangue sacrificial como expiação a ser aspergido sete vezes sobre o propiciatório(Levítico 16). Esta idéia sacrificial fornece uma ilustração notável do significado da morte sacrificial de Cristo. O fato de que o escritor entre em pormenores ao descrever o Santo dos Santos(9.1) demonstra que para ele, havia uma estreita conexão entre o ritual arônico e o sacrifício que Cristo fez de si mesmo. O ritual levítico era considerado uma “figura sombra”(8.5) do santuário celestial. O pensamento passa do tabernáculo terrestre para o celestial.

Mas não somente é diferente a localização da oferta, como também a própria oferta é de um tipo diferente. O Sumo Sacerdote, de modo sem precedentes, oferece a si mesmo. Não preocupa o escritor o fato da analogia do Antigo Testamento ser rompida, porque o sacrifício que Cristo fez de si mesmo é o clímax da sua exposição e imediatamente torna a obra sumo-sacerdotal de Cristo totalmente sem precedentes. Em 9.14 afirma que cristo se ofereceu pelo Espírito eterno, o que destaca este sacrifício como algo incomparável ao ser colocado lado a lado com o derramamento de sangue de animais indefesos. Demonstra, também, que o sangue de Cristo pode purificar a consciência, o que as ofertas levíticas não podiam fazer. De suprema importância para o autor é a eficácia da morte sacrificial de Cristo. Enfatiza várias vezes que foi de “uma vez por todas”(7.27; 9.12,26; 10.10). Nunca houve questão alguma de uma repetição. Seria totalmente inconcebível que semelhante oferta pudesse chegar a ser inadequada, nem seria inteligível a repetição de semelhante sacrifício(9.26).

O escritor está convicto de que a qualidade sem igual do cristianismo acha-se no ato central de Cristo dar-se como oferta na cruz pelos pecados do seu povo. Boa parte da secção 8.1-10.18 é ocupada com a demonstração do sacrifício superior que Cristo ofereceu. Em nenhum outro lugar no Novo Testamento o aspecto sacrificial da obra de Cristo é ressaltado com tanto impacto. Qualquer doutrina da expiação que se baseia no Novo Testamento deve levar plenamente em conta o testemunho desta epístola acerca do significado do sangue de Cristo. Há certos resultados do sacrifício que Cristo fez de si mesmo que são ressaltados, os quais dizem respeito à aplicação de sua obra: 1) a purificação pelos pecados(1.3; 9.23; 10.2-3) = a remoção da culpa do pecado que é integral à idéia da expiação é um interesse dessa epístola. O escritor está confrontado com o fato de que a antiga ordem levítica não poderia remover os pecados(10.4), mas está convicto de que aquilo que falta na velha ordem tem ampla cobertura na nova, através de Cristo. O tema da purificação chega ao seu clímax em 10.22, onde os leitores são exortados a aproximar-se de Deus porque seus corações foram purificados da má consciência(9.14).

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2) O tema da perfeição é ressaltado = diz-se que Cristo, “com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados”(10.14); este é outro aspecto da superioridade da oferta de Cristo, porque a Lei não podia aperfeiçoar coisa alguma(7.19). Deve ser notado, no entanto, que este aspecto da obra de Cristo não dá apoio algum a teoria da perfeição impecável. O tema da perfeição em Hebreus, forma um paralelo com a doutrina de Paulo da justificação, embora seja abordada de um ângulo diferente. 3) O conceito da santificação precisa de mais ênfase, porque ocorre também em 2.11, 10.10 e 13.12. A santificação e a purificação também estão estreitamente vinculadas entre si, mas a primeira está especialmente ocupada com a separação para um propósito santo, para a qual um processo de tornar-se santo é indispensável. É importante, no entanto, notar que nas referências mencionadas acima não é o indivíduo que santifica-se a si mesmo. Esta é a obra de Deus mediante Cristo. Esta ênfase dada à santificação demonstra que, embora o oferecimento de Cristo seja de uma vez por todas, sua obra em prol dos homens não deixa de ser contínua, como também é sua obra de intercessão(4.15; 7.25).

e) A inauguração da nova aliança, feita pelo Filho - nenhum panorama da teologia de Hebreus, no entanto, por breve que seja, estaria completo sem alguma menção a nova aliança. Visto que no âmago do memorial à morte de Cristo na Ceia do Senhor, há referência à nova aliança, o ensino desta epístola sobre o tema tem relevância especial. Embora o escritor declare que a antiga é obsoleta(8.13), há alguma continuidade entre a antiga e a nova. A antiga, como a nova, foi ordenada por Deus. Era a provisão de Deus para seu povo. Imediatamente depois de mencionar o caráter obsoleto da antiga aliança, o escritor passa a falar com apreço evidente acerca da mobília do centro do culto segundo aquela aliança(9.1).

Além disso, tanto a antiga aliança quanto a nova eram providências da graça de Deus para aqueles que não podiam fazer qualquer providência para si mesmos. Os que recebiam a nova aliança não tinham maiores reivindicações sobre Deus do que os que tinham recebido a antiga. A maior significância da nova não dependia de um acordo entre Deus e um povo melhor. É superior somente por ter um mediador melhor. É baseada numa remoção mais eficaz dos pecados. A citação extensa de Jeremias 31.31-34 em Hebreus 8.8-12 chama a atenção ao caráter interior da nova aliança. Seus resultados, portanto, serão de uma alta ordem ética. Quando as leis de Deus estiverem escritas nos corações dos homens, serão desenvolvidas nas vidas dos homens. Este caráter interior, no entanto, demarca a nova aliança como sendo claramente superior à antiga.

O que, então, o escritor pensa da aplicação do seu debate bastante teológico acerca da natureza do Filho, do Sumo Sacerdote e do sistema sacrificial? Quando chega a conclusão desta parte de sua carta, faz uma exortação tríplice

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em 10.19-25, que demonstra que tem uma abordagem nitidamente prática. 10.22 menciona a fé, 10.23 se refere à esperança, e 10.24 ao amor. Estas três respostas resumem a reação do cristão a tudo quanto Cristo fez. Além destas exortações específicas, o escritor dedica um capítulo inteiro(11) a ilustrações de fé. Além disto, faz seus leitores entenderem que sua nova posição não os absolveria da necessidade de disciplina(12). Há, na realidade, um equilíbrio perfeito nesta epístola entre a doutrina e a vida prática, o que a torna valiosa e relevante não somente para os leitores originais, como também para seus equivalentes modernos. É dentro do contexto da nova aliança que as advertências contra a apostasia(2.1-4; 6.1-8; 10.29) têm relevância. Virar as costas contra uma aliança tão maravilhosa seria o equivalente de recrucificar o Filho de Deus; importaria na rejeição total do Cristianismo. Estas passagens não devem ser isoladas da epístola como um todo; visam advertir contra as graves conseqüências de rejeitar as graciosas providências de Deus.

O escritor faz muito caso do conceito de fé, e é importante comparar seu ensino sobre fé com outros escritores do Novo Testamento, especialmente com o Apóstolo Paulo. A declaração em 11.1 de que a fé é a certeza das coisas que se esperam a convicção de fatos que não se vêem, demonstra que a idéia principal é uma estreita conexão entre a fé e a esperança. Este é, sem dúvida alguma, o aspecto mais distintivo dos heróis fé alistados no capítulo 11. Estes grandes homens do passado olhavam para o futuro. Percebia-se que a base das suas proezas era confiar em Deus que transformaria suas aflições presentes em vitória final. Há, portanto, uma estreita conexão entre a piedade vetero-testamentária e a fé em Deus. A fé fornecia a confiança em Deus que era tão necessária nos tempos de aflição de Israel. Enquanto o escritor contempla a história do passado, não é inconsciente da existência da descrença, conforme demonstra tão vividamente nos capítulos 3 e 4.

Precisamos inquirir de quais maneiras o escritor ressalta o aspecto especificamente cristão da fé. Claramente, Cristo fez uma diferença. Ele é descrito corno o Autor da nossa fé bem como seu Consumador(12.2). Os leitores são exortados a olhar para Ele. Esta qualidade cristocêntrica da fé é um desenvolvimento da confiança vetero-testamentária em Deus. As recompensas da fé, no entanto, devem ser compartilhadas igualmente pelos fiéis da antiguidade e pelos crentes do presente(11.40). É digno de nota que há uma ausência do conceito paulino característico da fé como um compromisso pessoal com Cristo. Não se quer dizer com isto que este escritor propõe uma outra maneira de apropriar-se dos benefícios da salvação além da fé. Torna-a por certo, porém, ao invés de fazer uma exposição dela. Está preocupado com a compreensão daqueles que já se tornaram participantes do Espírito Santo(6.4). Deseja assegurar-se de que eles permaneçam firmes(3.6; 10.23).

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f) Concluímos este breve esboço do ensino principal da epístola chamando sua atenção para a oração magnífica de 13.20-21. Esta oração resume a estreita conexão entre os aspectos doutrinários e éticos do tema inteiro. Menciona a natureza de Deus(o Deus de paz), a ressurreição de Cristo, a função de Cristo(pastor), o sangue da aliança, e a aplicação prática(cumprir a vontade de Deus).

5. Esboço de Hebreus

HEBREUS

(Esboço sugerido pelo pastor Silas Molochenco, lB Perdizes-SP)

INTRODUÇÃO

A grandeza da revelação através do Filho encarnado(1.1-4): a) A importância da revelação. b) Maneiras pelas quais Deus se revela. c) Conseqüências da revelação suprema em Cristo. d) A unidade entre Cristo e Deus. e) O poder de Cristo

I - A SUPERIORIDADE DE JESUS CRISTO(1.5-2.18):

a) Superior por causa das sete declarações a respeito de Jesus(1.5-14): 1) Superior por causa da sua natureza e da sua tarefa(1.5-8). 2) Superior por causa da sua soberania(1.10-14). 3) Superior porque é o Senhor da Nova Criação(2.5-8). 4) A exortação para atentarem aos ensinamentos recebidos(2.1-4). 5) A exortação para atentarem a esta redenção(2.8a-18).

b) Jesus Cristo é superior a Moisés(3.1-4.13): 1) Os quatro argumentos do autor(3.1-6). 2) Os quatro fatos que revelavam a necessidade de uma esperança melhor(3.7-11). 3) A exortação para não cair nos mesmos erros dos

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antigos(3:12-19). 4) A promessa de um novo repouso; um repouso superior(4.1-12).

C) Jesus Cristo e Sumo-sacerdote superior aos outros(4.13): 1) O ministério de Jesus como sumo-sacerdote e exercido nos céus(4.14). 2) Capaz de simpatizar com as fraquezas dos homens(4.15). 3) Abre o verdadeiro caminho para a graça de Deus(4.16). 4) Suas marcas como sumo-sacerdote(5.7-10).

II - JESUS CRISTO: ETERNO SACERDÓCIO E ETERNO SACRIFÍCIO(5.11-9.28):

a) Uma exortação para o crescimento na vida cristã(5.11-6.2O): 1)Não querer lançar novo fundamento. 2) Deixar os rudimentos(6.1-3). 3) Cuidado com a apostasia(6.4-6). 4) Características de um crescimento espiritual saudável(6.7-12).

b) Jesus Cristo: sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque: 1) Comparação de Abraão com Melquisedeque(7.1-7). 2) Contraste entre "Homens que morrem" e "Aquele que vive"(7.8-10). 3) Sacerdócio levítico era transitório e figura de real(7.11-14). 4) Sacerdote segundo Melquisedeque é para sempre(7.15-18). 5) Porque é sacerdote juramentado por Deus. 6) Porque e sacerdote imutável. 7) Porque é sacerdote espiritual. 8) Porque e sacerdote imaculado. 9) Porque e sacerdote não sujeito às fraquezas.

c) Jesus Cristo: sacerdote celestial: 1) Sacerdote assentado a direito do trono de majestade nos céus(8.1). 2) Sacerdote que ministra no verdadeiro tabernáculo(8.3). 3) Sacerdote que ministra além dos judeus(8.5).

d) Jesus Cristo: sacerdote e mediador do pacto perfeito: 1) valor do novo pacto intermediado por Jesus Cristo. 2) novo pacto é um pacto superior(8.7,8). 3) o novo pacto e um pacto de fidelidade incondicional(8.9). 4) No novo pacto Deus gravara sua lei no entendimento dos homens(8.10). 5) Nele Deus removera os pecados dos homens pela graça(8.12).

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e) Jesus Cristo: sacerdote do verdadeiro tabernáculo: 1) A disposição do tabernáculo entre os judeus(9.1-5). 2) Os rituais temporais entre os judeus(9.6-10). 3) Jesus Cristo traz a eterna comunhão com Deus(9.11-14). 4) A morte: necessidade para Jesus, o sacerdote do verdadeiro tabernáculo(9.15-22). 5) O valor deste sacrifício de morte(9.23-28).

III - A VELHA ALIANÇA: UMA SOMBRA DOS BENS REALIZÁVEIS: A VONTADE MAIOR DE DEUS(10.1-39): a) A transitoriedade da lei(10.1-4). b) A realidade da nova ordem(10.5-10). c) As duas declarações do Messias: "um corpo me preparaste” e "eis-me aqui”. d) Os contrastes entre os sacrifícios da velha e da nova ordem(10.11-13). e) O aperfeiçoamento dos homens: alvo da nova aliança(10.15-18). f) O acesso direto ao trono da graça é aberto aos homens(10.19,20). h) A exortação para que os leitores permaneçam no caminho(10.19-25). I) O perigo da rejeição do caminho ensinado por Cristo(10.26-31). J) Uma chamada a perseverança(10.32-39). l) A fé exige constância(32-34). m) Os resultados da constância da fé(35-39).

IV - A FÉ REVELADA PELOS ANTIGOS(11.1-40): a) A natureza da fé(11.1-40). b) A natureza da fé(11.1-3). c) os exemplos de Abel, Enoque, Noé, Abraão e Sara(11.4-12,17-19). d) verdades aprendidas com os heróis da fé(11.13-16). e) Os exemplos de Isaque, Jacó, José, Moisés(11.20-29). f) Alguns eventos causados pela fé(11.30-38). g) Deus previu algo melhor para a igreja(11.39,40).

V - DEUS DISCIPLINA SEUS FILHOS(12.1-29): a) A exortação: o cristão deve seguir a Jesus Cristo(12.1-3). b) A luta a ser enfrentada pelos filhos de Deus(12.4-8). c) Deus educa seus frutos para benefícios deles(12.9-13). d) Conselhos de Deus para o bom viver cristão(12.14-17). e) Diferença entre o terreno Sinai e o celestial Sião(12.18-24). f) Os filhos de Deus se aproximaram da cidade do Deus vivo a Jerusalém celestial. g) Os filhos Deus devem prestar atenção àquilo que Deus fala(12.25-29).

VI - EXORTAÇÃO FINAL: ORAÇÃO, BÊNÇÃO E SAUDAÇÃO(13.1-25): a) alguns conselhos para viver bem(13.1-6). b) exemplos a serem seguidos(13.7,8). c) os verdadeiros sacrifícios cristãos(13.9-16). d) submissão aos líderes(13.17). e) requirementos para a oração(13.18-19). f) oração e doxologia(13.20,21). g) palavras pessoais(13.22,23). h) saudação final e bênção(13.24,25).

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UNIDADE 2 - AS EPÍSTOLAS GERAIS

TIAGO

A epístola de Tiago tem uma história controvertida. Ao lado de 1 e 2 Pedro, 1, 2, 3 João e Judas, ela pertence àquela classe de epístolas chamadas "gerais” ou "universais”. Tal designação foi dada a estas sete cartas nos primórdios da história da igreja, pelo fato de cada uma ser endereçada à igreja em geral, e não a uma única congregação. Estas cartas também tiveram uma situação incerta em muitas áreas da igreja primitiva. Juntamente com Hebreus e Apocalipse, várias entre elas foram às últimas a receberem um "status" canônico. No caso de Tiago, apenas no final do quarto século as cristandades oriental e ocidental a reconheceram como Escritura.

"Desde os tempos antigos até o presente, as opiniões sobre a origem e o caráter, a época e o valor da Epístola de Tiago, divergem muitíssimo. Bem cedo, quando surgiram 1 Clemente e Hermas, já se percebem ecos de Tiago, embora estes não sejam tão claros a ponto de poderem ser encarados como os elementos que deram origem à epístola, na dependência comum de uma tradição parenética. A Epístola falta no Cânone Muratoriano e nos primeiros testemunhos da Vetus Latina. Ela nunca é citada por Tertuliano, Cipriano, Irineu ou Hipólito. Os primeiros vestígios seguros da Epístola de Tiago aparecem 200 anos mais tarde, na Palestina e no Egito, na carta espúria de Clemente de Alexandria, De virginitate, no fragmento de papiro P20, e em Orígenes que a cita principalmente como "escritura", mas também uma vez como he pheroméne Iakóbou epistolé, dando assim a impressão de que o problema é discutível.

Eusébio declara ainda que Tiago se acha incluída entre os antilegomena(escritos duvidosos), mas é ele quem, pela primeira vez menciona o irmão do Senhor como aquele por muitos reconhecido como autor da epístola em questão. Na igreja Síria, as restrições a respeito de Tiago não foram silenciadas, nem mesmo depois que a epístola foi aceita e incluída na Peshitta; Teodoro de Mopsuéstia rejeita-a. Na igreja grega, porém, Tiago foi geralmente reconhecida a partir da época dos sínodos de Laodicéia(360) e do tempo de Atanásio. No ocidente, a afirmação mais antiga acha-se contida no Codex Corbeiensis, que reproduz uma tradução em latim antigo, feita no século IV. Sob a influência de Hilário, Jerônimo e Agostinho, Tiago foi reconhecida como canônica pelos sínodos de Roma(382) e de Cartago(397). Entretanto, as

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dúvidas sobre a autenticidade de Tiago voltaram a tona na Idade Média, e sobre elas se fundamentaram a dúvida cautelosa de Erasmo e a forte polêmica de Lutero.

É bem conhecido o julgamento injurioso de Lutero sobre a epístola: contradizendo Paulo, Tiago ensina a justificação pelas obras, não prega Cristo, mas a Lei e uma fé generalizada em Deus, à epístola não pode figurar na Bíblia ao lado dos principais livros específicos do Novo Testamento("comparada a estes, ela não passa de uma simples epístola de palha, pois que não traz em si nenhuma qualidade do evangelho"). Trata-se de um escrito desorganizado e judaico, por conseguinte não-apostólico, ainda que nele existam algumas afirmações boas. Lutero teria preferido omiti-la em sua Bíblia, e até 1543 ele rejeitou a epístola como base para provas dogmáticas.

A oposição feita a Tiago, a propósito de seus fundamentos dogmáticos, na igreja antiga(nao-apostólica e, portanto, não-canônica), e em Lutero(incompatível com o evangelho paulino), foi retomada no século XIX sob a forma de dúvidas sobre sua autenticidade baseadas em fundamentação crítica e histórica. De Wette demonstrou que a epistola não era autêntica, principalmente levando-se em conta a sua linguagem: o grego fluente dificilmente poderia ser atribuído a Tiago, o irmão do Senhor. O criticismo de tendência, desenvolvido pela escola de Tübingen, demonstrou que a epistola, na realidade, combatia a doutrina de Paulo sobre a justificação pela fé, mais, por outro lado, não mais sustentava a posição do cristianismo judaico primitivo na ênfase que este dava a Lei. A escola encarava o livro como uma obra pseudepigráfica do século II, representativa de um catolicismo que se aproximava do cristianismo judaico. Mesmo depois que o esquema da história do cristianismo, elaborado por Bauer, ficou desacreditado, continuou a ser amplamente sustentado o ponto de vista de que Tiago pertencia ao período pos-apostólico. Uma nova guinada a respeito de Tiago foi dada pela tese de Spitta e Massebieau(1895/96), a qual afirmava que Tiago era um escrito judaico que fora transformado num livro cristão mediante a introdução do nome de Cristo em dois lugares( 1.1 Kaí Kyriou Iesoû Christoû; 2.1 toû Kyriou hemôn Iesoû Christou).

A. Meyer foi ainda mais longe, explicando que Tiago era a revisão cristã de um escrito básico judaico, que enveredou por uma extensa alegoria relativa a Jacó(Tiago) e seus doze filhos. O escrito judaico subjacente, que constitui uma reminiscência dos Testamentos do Doze, habilmente desenvolveu uma interpretação artificial dos nomes da família de Jacó. Alguns estudiosos se sentiram atraídos por esta inteligente hipótese de Meyer, mas a maioria rejeitou-a como demasiado artificial, já que não existe nenhum exemplo de

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alegoria de nomes que permaneça implícita no texto, sem a menor referência explícita. Dibélio classifica Tiago como pertencente à categoria das primitivas parêneses cristãs e considera-a um escrito destituído de qualquer conexão histórica perceptível: Tiago oferece uma coletânea de elementos procedentes da tradição parenética, uma sucessão de advertências de conteúdo geral ético. Não obstante, até o presente não tem faltado, estudiosos e peritos, principalmente teólogos escolásticos, que interpretem Tiago como o primeiro escrito baseado nas palavras de Jesus especificamente o Sermão da Montanha, e que, portanto, consideram a epístola como a obra de um homem da primeira geração.

No entanto, mesmo dentro deste círculo não há nenhuma unidade quanto ao fato de saber se Tiago conheceu Paulo e sua Teologia, se ele escreveu antes da época de Paulo, sendo neste caso o escritor cristão primitivo mais antigo por nós conhecido, ou se, na polêmica de sue epístola, ele ataca Paulo ou, ao invés, um pseudo-Paulo, e, portanto, teria redigido seu trabalho na época apostólica tardia. A fim de evitar as dúvidas suscitadas a respeito de Tiago, o irmão do Senhor como autor da Epístola de Tiago, também se aventou a hipótese de haver este sido escrita por um cristão desconhecido cujo nome também era Tiago"(Kümel, Introdução ao NT, pp 531-534).

1. Autoria - Quem é este Tiago que se apresente com a simples designação de "servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo"? No Novo Testamento, cinco homens receberem este nome: a) Tiago, filho de Zebedeu(Marcos 1.19; 3.17; Atos 12.2). b)Tiago, filho de Alfeu(Marcos 3.18). c) Tiago, irmão de Jesus, filho de José e de Maria(Marcos 6.3; 1 Coríntios 15.7; Gálatas 1.19; 2.9,12; Atos 12.17; 15.13; 21.18; Judas 1). d) Tiago, o Menor(Marcos 15.40, filho de uma tal Maria). e) Tiago, pai do apóstolo Judas(Lucas 6.16; Atos 1.13).

O autor de epístola de Tiago, que sem nenhuma cerimônia alega a autoridade de sua palavra, não pode ser um homem desconhecido. A respeito dos que traziam o nome de Tiago no Novo Testamento, nada mais sabemos além do nome nas letras b, d, e. Assim sendo, eles não podem ser tomados em consideração. O descrito na letra a também está excluído, pois que morreu mártir no ano 44 d.C., em época certamente anterior àquela em que foi escrita a Epístola de Tiago. Resta, portanto, somente o da letra c. De fato, no cristianismo primitivo, havia apenas um Tiago que era bem conhecido e que ocupava uma posição bem significativa; a tal ponto que chegava a ser designado pelo simples nome de Tiago, o irmão do Senhor. Sem dúvida alguma, a epístola reclama para si a honra de ter sido escrita por ele.

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Depois de haver permanecido na retaguarda durante a vida terrena de Jesus, esse Tiago evidentemente se converteu logo depois de páscoa por uma aparição do ressuscitado(1 Coríntios 15.7). Como irmão do Senhor, tornou-se o chefe de igreja primitiva(Atos 12.17; Gálatas 1.19; Atos 21.18). Paulo menciona-o, ao relatar o Concílio Apostólico, dizendo que ele ocupa o primeiro lugar entre as autoridades - até mesmo de Pedro - (Gálatas 2.9), e, segundo Atos 15.13, foi ele quem deu a palavra decisiva. Baseando-nos em 1 Coríntios 9.5, só podemos conjecturar que ele havia realizado sua atividade missionária fora de Jerusalém. A posição de Tiago no debate cristão primitivo do problema da Lei é discutível. De acordo com o que diz Gálatas 2.12, parece ter pertencido ao grupo existente dentro da comunidade cristã primitiva que se mostrava mais rigoroso na interpretação da Lei, não porém à ala que se opunha antagonicamente a Paulo(Gálatas 2.9). Tiago morreu mártir em 62 d.C.

Para apoiar a idéia de que o irmão do Senhor tenha sido o autor da epístola, fundamentalmente, existem apenas duas considerações: 1) a simples autodesignação(1.1), onde um homem obviamente bastante conhecido se identifica não pelo seu nome ou pela função que exerce mas “como servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo”; 2) os estreitos, mas provavelmente não literários, pontos de contato com partes importantes da tradição evangélica.

Entretanto, tais argumentos, destituídos de grande peso, defrontam-se com dificuldades muito sérias: a) a linguagem culta de Tiago não é a de um simples palestinense. O fato, alegado por alguns críticos, de que a língua grega era muito usada na Palestina naquela época, e de que podia ser aprendida facilmente, não prova que um judeu cuja língua materna era o aramaico pudesse normalmente escrever num grego literário. A maioria dos que defendem a tese de que Tiago foi escrita pelo irmão do Senhor precisa supor que a epístola atingiu a forma lingüística em que se apresenta mediante a ajuda de um judeu helenista. No texto, porém, nada há que evidencie a assistência de um secretário que tenha cuidado da forma do documento no estado lingüístico atual como que se apresenta. E, ainda que houvesse sido o caso, o problema subsistiria; continuaria totalmente sem resposta para explicar parte do todo teria vindo do autor real, e que parte poderia ou deveria se atribuída ao “secretário”.

b) É dificilmente concebível que o irmão do Senhor, que permaneceu fiel à Lei, pudesse ter falado da “perfeita lei da liberdade”(1.25, ou que houvesse dado à Lei expressão concreta através de mandamentos éticos(2.11), sem mencionar, nem implicitamente, quaisquer exigências cúltico-rituais. c) Teria o irmão do Senhor realmente podido esquecer toda e qualquer referência a Jesus e a seu relacionamento com ele, muito embora o autor de Tiago enfaticamente se apresente numa posição de autoridade? d) O debate em 2.14 com um estágio

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secundário e mal compreendido da teologia paulina não só pressupõe uma considerável distância cronológica de Paulo - Tiago morreu no ano 62 - , mas também denota completa ignorância a respeito do intuito polêmico da teologia paulina, cujo lapso dificilmente pode ser atribuído a Tiago, que o mais tardar em 55/56 se encontrou com Paulo em Jerusalém(Atos 21.18). e) Como mostra a história do cânon, somente com grande lentidão e resistindo à oposição é que a epístola de Tiago se tornou conhecida e até certo ponto aceita como obra do irmão do Senhor,e, por conseguinte, como apostólica e canônica. Assim, sendo, não parece que a idéia de que a epístola tenha sido escrita pelo irmão do Senhor proceda de uma tradição antiga.

A data do texto de Tiago não pode ser determinada exatamente; o máximo que podemos fazer é situá-la mais ou menos em fins do século primeiro. Realmente, carecemos de base a atribuir-lhe uma data posterior, já que a afirmação de que Tiago demonstra sinais de combate antignóstico continua sendo uma interpretação exagerada de algumas formulações helenistas. Entretanto, diante da distância conceitual de Paulo, Tiago dificilmente poderá ser localizada numa data antiga

2. Objetivo e Conteúdo = a epístola de Tiago é um corretivo dos erros que os irmãos praticavam em sua conduta cristã. Mas os crentes precisavam de carinho: sofriam castigos e eram vítimas de opressão. O autor exorta-os mansamente e reconhece-lhes os sofrimentos morais por que passavam. A carta é para os encorajar. Começa com a saudação costumeira(1.1); disserta sobre o valor da vitória sobre a tentação(1.24); frisa a origem do pecado(1.12-18) e finaliza o capítulo com uma exortação à prática da palavra de Deus. Aconselha os cristãos a como se conduzirem entre os estranhos, o modo de recebê-los e considerá-los(2.1-6). Insta a que a fé seja acompanhada de boas obras e termina o escrito com matéria variada, de cunho prático. Os principais temas teológicos da carta são: Deus, escatologia, fé, obras e justificação, a Lei, vida cristã, a sabedoria, a pobreza e a riqueza.

3. Esboço da Carta

Cristãos Maduros“Eu, Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, envio saudações a todo o povo de Deus espalhado pelo mundo inteiro. Meus irmãos e minhas irmãs, sintam-se felizes quando passarem por todo tipo de aflições. Pois vocês sabem que, quando a sua fé vence essas provações, ela produz perseverança.Que essa perseverança seja perfeita a fim de que vocês sejam maduros e corretos, não falhando em nada”(Tiago 1.1-4).

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Um cristão maduro é um servo de Deus e de Jesus Cristo. Como entender um cristão que quer ser maduro sem colocar-se na posição de servo? Esta é uma questão visceral e a partir dela todas as demais se desenvolvem. Assim é necessário que nos submetamos ao senhorio de Deus diariamente se de fato queremos ser cristãos maduros. Isto implica dizer que o cristão maduro está em posição de obediência a Palavra de Deus.

Um cristão maduro é um servo de Deus que mantém comunhão com a igreja. Uma outra falácia que temos encontrado em nosso tempo é á de que alguém pode ser um cristão tão maduro que não precisa de envolvimento com a igreja local. Eu refuto esta idéia porque ela é antibíblica, pois se é que alguém já atingiu a maturidade é exatamente no envolvimento com a igreja local que sua maturidade tem razão de ser e utilidade. Como é que você encara seu relacionamento com sua comunidade de fé?

Um cristão maduro é um servo de Deus que aprendeu a ser feliz mesmo quando enfrenta todo tipo de aflição. Como tenho encontrado cristãos imaturos que vivem resmungando e reclamando das dificuldades. Seus dias se tornam muitos piores do que já são na medida em que você vive reclamando. A felicidade passa por esse aprendizado e o aprendizado é marca constante num cristão maduro. As aflições tem trazido alegria ou tristeza para você? Se sua vida está repleta de aflições então sorria se você já é maduro!

Um cristão maduro é um servo de Deus que possui uma fé que vence às provações. Sua fé é vencedora ou perdedora? Pois é meus irmãos a fé de um cristão maduro vence as batalhas. Eu e você que aceitamos a Jesus como Salvador pessoal já recebemos dele a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Ela é um dom de Deus e nós devemos exercitá-la diariamente. E como é que alguém pode exercitar a sua fé? É lógico que tal exercício ocorre na medida em que sofremos e experimentamos provações.

Um cristão maduro é um servo de Deus que persevera enquanto não chega a bênção. A demora em receber uma bênção ou livramento não pode conduzir o cristão maduro ao desânimo. Você é assim? Sabe esperar com paciência e persevera na súplica e confiança em Deus? Fica ansioso, roendo às unhas, alimentando úlceras e gastrites? Seu coração consegue descansar enquanto o tempo de Deus não se concretiza?

Um cristão maduro é um servo de Deus que busca a perfeição(santidade). A cada etapa vencida o cristão maduro vai sendo aperfeiçoado por Deus e por sua Palavra e assim com a ajuda do Espírito Santo sua vida se assemelha ao padrão de santidade estabelecido por Deus. O cristão maduro reconhece que a santidade é um processo no qual ele está envolvido e que deve consumir todos os seus esforços e desejos. Em que nível você está nesse processo?

Um cristão maduro é um servo de Deus que mantém uma vida correta. Os maduros e os imaturos se distinguem também nesta questão de vida justa. A pessoa que está envolvida neste processo de maturidade reconhece a necessidade ímpar de ser correta em suas relações com Deus e com a sociedade. Nem seria necessário mas quero dizer que o cristão maduro precisa

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revelar honestidade, transparência, fidelidade e caráter. Seus atos precisam traduzir a justiça divina em gestos e linguagem humana.

Cristãos Sábios“Mas, se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos. Porém peçam com fé e não duvidem de modo nenhum, pois quem duvida é como as ondas do mar, que o vento leva de um lado para o outro. Quem é assim não pense que vai receber alguma coisa do Senhor, pois não tem firmeza e nunca sabe o que deve fazer”(Tiago1.5-8).

Um cristão sábio reconhece quando a sabedoria lhe falta e a busca em Deus que é a fonte. O que é sabedoria? Os dicionários dizem que ela é: ”grande conhecimento, saber ciência”; “qualidade de sábio”, “prudência”, “sensatez”. O cristão que tem uma exata noção de suas limitações reconhece-se sábio na medida em que busca tal sabedoria em Deus. O tolo por sua vez pensa que é sábio e não sua ignorância não pede sabedoria ao Senhor.

Um cristão sábio pede sabedoria a Deus porque sabe que ele é generoso e bondoso. Eu não pediria nada a Deus se não tivesse certeza de que ele é bom e generoso. Nem tudo o que pedirmos a Deus e nos dará. Não estou afirmando que ele não pode todas as coisas só quero realçar que ele não nos dá aquilo que contra a sua vontade e prejudicial às nossas vidas. Em relação a sabedoria podemos pedir ao Senhor uma vez que ela nos é muito útil.

Um cristão sábio pede sabedoria com fé e não duvida de modo nenhum. Não basta somente pedir é necessário que peçamos com fé sem duvidar. O grande impedimento para fé e exatamente a dúvida. Ela cheira incredulidade e com certeza onde houver incredulidade anulada está a chance da operação divina. Pedir todos nós pedimos. Pedir sem duvidar os cristãos sábios o fazem. É assim que você pede sabedoria?

Um cristão sábio pede sabedoria, crê na resposta e não é vacilante. Neste processo entre pedir, crer e receber pode haver um intervalo de tempo que conduza o intercessor a um vacilo. Satanás e a nossa própria humanidade às vezes nos conduzem à duvida e quem duvida é tão volúvel e variável com as ondas do mar que são sujeitas à força e direção dos ventos. Se você não vacilar o Senhor te abençoará.

Um cristão sábio pede sabedoria e sabe muito bem o que deve fazer porque o Senhor lhe orienta. O cristão sábio não fica desorientado porque o Senhor mostra o caminho. Creio que os dias em que vivemos são maus e exigem de cada um de nós muita sabedoria. Sabedoria divina, do alto, da Palavra, discernimento espiritual para que sejamos fiéis ao Pai e úteis para esta sociedade de insanos.

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Cristãos Submissos à Vontade de Deus“O irmão pobre deve ficar contente quando Deus o faz melhorar de vida; e o rico deve sentir o mesmo quando Deus o faz piorar de vida. Pois o rico desaparecerá como a flor da erva do campo. Quando o sol brilha forte, e o seu calor queima a planta, aí a flor cai, e a sua beleza é destruída. Do mesmo modo, o rico será destruído no meio dos seus negócios”(Tiago 1.9-11).

Em nossos dias tem sido muito comum encontramos cristãos que pensam que vida cristã é sinônimo de prosperidade econômica. Mesmo que não é adepto da teologia da prosperidade acaba sendo envolvido com o sonho ou desejo de possuir cada vez mais riquezas. E na maioria da vezes somos testemunhas de pessoas que são consumidas pelo desejo de ter e acabam tomando atitudes que desagradam a Deus a aos homens.

Também temos percebido que muitos há que pensam que Deus é alguém que pode ser comprado ou que aceita barganhas. Quantos são os que dizimam ou fazem doações financeiras às suas igrejas só porque a Bíblia promete prosperidade aos que assim fazem? Quantos são os que participam de “desafios de fé” dando até aquilo que não poderiam porque em seus corações foi semeada a cobiça. Na fertilidade deste momento gostaria se desafiá-los a olhar para os conceitos existentes nestes versos de Tiago e oro para que Deus o ajude a compreender sua vontade.

O texto nos ensina que o cristão pobre submisso à vontade de Deus fica feliz quando Deus o faz melhorar de vida. Sim queridos irmãos o Senhor pode mudar a nossa condição sócio-econômica e no caso disso ocorrer além da felicidade devemos reconhecer e agradecer a Deus pela bênção. Tenho ouvido pessoas que prosperam financeiramente e que darem seu “testemunho pessoal” falam de si mesmas, de sua igreja ou ministério, de seus esforços e sacrifícios e infelizmente deixam de glorificar o autor da boa obra que é Deus. Ola irmão você prosperou? Então louve ao Senhor com alegria!

O texto nos ensina que o cristão rico submisso à vontade de Deus fica feliz quando Deus o faz piorar de vida. Por outro lado é necessário que reconheçamos que o mesmo Senhor que dá pode tirar. E no caso disso ocorrer também devemos manter o coração alegre na presença dos homens e de Deus. Será que o rico fica feliz quando perde suas riquezas e sabe viver como pobre? No caso de um rico que se submete a vontade de Deus isso é possível porque ele reconhece que a sua maior riqueza é indestrutível: a vida eterna que dinheiro não pode comprar, nem inflação nem ladrões podem roubar. Olá irmão você perdeu e fracassou? Então louve ao Senhor com alegria!

O texto nos ensina que os cristãos ricos e pobres submissos à vontade de Deus devem reconhecer a brevidade da vida. Ambos ricos e pobres precisam reconhecer sua insignificância e fragilidade. Nossa vida é comparada a uma

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flor do campo que tem um tempo de existência muito curto. O que é que temos feito de nossa vida? Será que não estamos perdendo tempo colocando toda a nossa confiança nos recursos financeiros? Amados não podemos basear nossa felicidade naquilo que é transitório e que pode ser perdido ou roubado: os bens deste mundo. Confiemos em Deus durante a nossa caminhada é Ele que nos sustenta, alimenta, salva e nos torna felizes.

O texto nos ensina que os ricos que não se submetem à vontade de Deus serão destruídos por seus próprios negócios. Os que deixam de considerar as orientações de Deus estão fadados ao fracasso. Quantos têm sido literalmente exterminados pelos seus próprios negócios? Seja pela corrupção e pela cobiça que os levam à morte e ao mundo do crime. Seja pela falência. Seja pela ilegalidade. Você está deixando de se submeter à vontade divina em função de suas atividades comerciais? Saia desta vida meu amado enquanto você ainda está vivo. Considere os caminhos do Senhor e confie nele!

Cristãos Fiéis“Feliz é aquele que nas aflições continua fiel! Porque, depois de sair aprovado dessas aflições, receberá como prêmio a vida que Deus promete aos que o amam. Quando alguém for tentado, não diga: "Esta tentação vem de Deus." Pois Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo não tenta ninguém. Mas as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus desejos. Então esses desejos fazem com que o pecado nasça, e o pecado, quando já está maduro, produz a morte”(Tiago 1.12-15).

O cristão fiel é aquele que mesmo apesar das aflições continua feliz. Você é feliz? Você é fiel? Note que eu não perguntei se você não tem problemas e a razão é bem simples: os problemas e as aflições não podem impedir que sejamos felizes e fiéis ao Senhor. Ocorre que em muitos casos ficamos tristes e até falamos que não somos pessoas felizes exatamente porque apoiamos nossa felicidade naquilo que é falível e destrutível. Também uma razão que nos impede de experimentar a felicidade em meio as aflições é o desconhecimento da verdade bíblica de que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus.

O cristão fiel é aquele que é aprovado diante das aflições. As aflições funcionam em nossa vida como testes onde nossa fé e ou fidelidade vai sendo provada. Estas provam variam de pessoa para pessoa e têm como objetivo fortalecer os nossos laços de dependência com o Senhor. Abandonar a confiança, dar as costas para o Senhor, pensar que Ele nos abandonou exatamente porque estamos sofrendo é ser reprovado e perder a condição de fiel. Como é que Deus está provando sua fé atualmente? Será que você está entendendo assim ou está achando que Deus não te ama mais? Olá fiel tenha fé!

O cristão fiel é aquele que receberá de Deus o prometido prêmio da vida eterna. O cristão fiel precisa manter sua condição de fidelidade ao Senhor a todo custo para que se cumpra em sua vida a promessa do Eterno: “sejam

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fiéis, mesmo que tenham de morrer; e, como prêmio da vitória, eu lhes darei a vida”(Apocalipse 2.10). Ontem conversei com uma pessoa que em face das dificuldades diversas que tem passado disse-me que tinha abandonado o Senhor, não conseguia mais orar, havia voltado a fumar e sentia-se num verdadeiro inferno. Ao ouvir aquela pessoa fiquei muito triste. Porque isso acontece? Exatamente porque cada um de nós tem a potencialidade para deixar de ser fiel

O cristão fiel é aquele que é amado por Deus. Na maioria das vezes as pessoas confundem o fato de passarem por provações e aflições com o descaso ou ódio de Deus. Amado não caia na besteira de pensar que Deus deixou de te amar se você está enfrentando lutas em sua vida. O que me dá segurança quando estou enfrentando dificuldades é a certeza de que Deus me ama e que está ao meu lado sempre. Os cristãos fiéis não podem ser crianças mimadas que ficam emburradas quando não recebem de Deus aquilo que gostariam. O cristão fiel sabe que Deus o ama e sente-se protegido por este amor.

O cristão fiel é aquele que reconhece a origem das tentações. De onde vêm as tentações? Quem é o responsável pelo fato de sermos tentados? Uma coisa é certa elas não vêm do Senhor nosso Deus uma vez que ele não pode ser tentado pelo mal e nem tenta ninguém. A Bíblia nos afirma que existe um tentador chamado Satanás e que sua maior meta é procurar derrubar os cristãos fiéis. Se as tentações quiserem te derrubar lembre-se do exemplo de Jesus ao ser tentado no deserto: ele venceu Satanás e as tentações através do conhecimento que tinha da Palavra de Deus.

O cristão fiel é aquele que não cede a atração e ao engano dos seus maus desejos. Uma área que Satanás atua enquanto nos tenta é em nossos desejos. Existem bons e maus desejos e ele explora com muita habilidade e de diversas formas tais desejos. Eu e você somos uma guerra civil ambulante e a cada momento inicia-se um combate interior. Carecemos a ajuda divina através do seu Santo Espírito para nos convencer dos pecados e nos ajudar a vencê-los. Ser tentado não é pecado. Ceder à tentação é que é pecado. Como você lida com as tentações? Ao ser tentado clame pela ajuda do Senhor Jesus que sabe muito bem como vencer as tentações e nos dará o livramento.

O cristão fiel é aquele que luta diuturnamente para que o pecado não nasça em seu coração. Por que devemos ser vigilantes nesta questão? Por uma questão de vida ou morte. Sim veja bem a seqüência: desejos maus = pecado = morte. Não podemos permitir que o pecado nasça em nossos corações porque com certeza ele produzirá morte. Mas e se ele nascer o que fazer? A Bíblia diz que “se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é correto: ele perdoará os nossos pecados e nos limpará de toda maldade”(1 João 1.9). Esta é a solução a nossa única alternativa. É assim que você age quando o pecado nasce em seu coração?

Cristãos Atentos

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“ Não se enganem, meus queridos irmãos e irmãs. Tudo de bom que recebemos e tudo o que é perfeito vêm do céu, vêm de Deus, o Criador das luzes do céu. Ele não muda, nem varia de posição, o que causaria a escuridão. Pela sua própria vontade ele fez com que nós nascêssemos, por meio da palavra da verdade, a fim de ocuparmos o primeiro lugar entre todas as suas criaturas”(Tiago 1.16-18).

O cristão atento é aquele que não se deixa enganar. Se continuarmos o raciocínio dos versos anteriores percebemos que o 16 é uma transição entre os assuntos. Assim devemos manter a atenção e vigilância para não cairmos no engano de pensar que Deus é o autor do mal. E como cristãos atentos precisamos com clareza definir esta linha divisória entre o bem e o mal: Deus é luz e não há nele trevas nenhuma.

O cristão atento é aquele que reconhece em Deus a origem de todas as bênçãos. Se por um lado afirmamos que Deus não é o autor do mal com toda confiança podemos declarar em alto e bom som e testemunhar acerca dEle como autor de toda boa obra. As bênçãos que recebemos vêm de Deus. O seu amor é a força geratriz que o faz agir em nosso favor cuidando de nossas necessidades. O cristão atento atribuiu e agradece a Deus pelas bênçãos recebidas até porque sabe que não possui mérito algum.

O cristão atento é aquele que reconhece que tudo o que Deus cria ou faz é bom e perfeito. Deus em função de sua perfeição moral e essencial cria e faz todas as coisas perfeitas. Note na linguagem da criação em Gênesis que após cria ele avaliou a sua obra e conforme o registro que temos “viu Deus que tudo era perfeitamente bom”. Não precisamos duvidar das habilidades do criador então creio que devemos exaltar a sua perfeição bem como a sua grandeza.

O cristão atento é aquele que reconhece que o Senhor nosso Deus é imutável. Ainda que nós sejamos mutáveis e inseguros ele permanece estável. O nosso Deus é singular e não há quem possa ser comparado com ele. Ele é o que é. Eterno é um atributo que cabe com perfeição e propriedade e precisamos reconhecer isso diariamente. Devemos declarar a eternidade desse Deus a quem amamos e que nos ama também.

O cristão atento é aquele que reconhece a vontade divina que é soberana e geradora de vida. Há um perigo iminente quando deixamos de reconhecer a soberania de Deus: começamos a fazer e a pensar o que der na mente. Você e eu como cristãos atentos não podemos vacilar porque sabemos que Ele é a fonte de vida. Fazer a vontade de Deus exige atenção e submissão de nossa parte. Como podemos ser felizes se não nos submetermos à vontade soberana do Senhor? Isso é impossível e quem já tentou andar por conta própria e não depender do Senhor sabe muito bem o que eu estou tentando dizer.

O cristão atento é aquele que considera a Palavra divina e a tem com a verdade. Preste atenção no que vou dizer: a única verdade que nos conduz com segurança em meio a todas as turbulências desta vida é a Bíblia. Não existem outras verdades confiáveis, nem as minhas, nem as tuas. Deus deixou-

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nos uma bússola perfeita e quem deixa de se orientar por ela está desatento e perdido. Quando foi que você deu uma olhada honesta e reflexiva nesta “bússola”? É ela quem define o norte de sua caminhada?

O cristão atento é aquele que ocupa um lugar de destaque entre todas as criaturas divinas. Se mantivermos a atenção e a vigilância seremos bem diferentes das demais criaturas. Onde reside esta diferença? Seremos bem-aventurados porque de fato estaremos agradando a Deus e ele por sua vez cumprirá em nossas vidas todas as suas maravilhosas promessas. Como dizem os adolescentes em nossa comunidade: “cê tá ligado mano”.

Cristãos Comunicativos“Lembrem disto, minhas queridas irmãs e irmãos: Cada um esteja pronto para ouvir, mas demore para falar e ficar com raiva. Porque a raiva humana não produz o que Deus aprova. Portanto, deixem todo costume imoral e toda má conduta. Aceitem com humildade a mensagem que Deus planta no coração de vocês, a qual pode salvá-los”(Tiago 1.19-21).

O cristão como qualquer um outro ser humano é alguém que vive em sociedade e necessita de comunicar-se com outras pessoas. De todas as formas de comunicação que temos disponíveis em nosso tempo nenhuma delas substituem o bom e velho bate-papo. Neste ambiente de diálogo existem algumas regras básicas para que a comunicação se estabeleça com possibilidades de ser bem sucedida. Nesta passagem Tiago nos desafia a construirmos uma comunicação entre nós que seja produtiva e abençoada desde que estejamos dispostos a praticá-la.

O cristão comunicativo é aquele que está pronto para ouvir. Ás vezes somos sufocados pelos problemas e até mesmo pela solidão e quando encontramos alguém para conversar somos tão egoístas que não damos a chance de que a outra pessoa fale. Uma regra básica para uma boa comunicação é: esteja pronto para ouvir. Se você quer ser ouvido por alguém aprenda a ouvir os outros. Dê atenção, seja paciente, ouça o que seu amigo ou irmão tem para dizer. Ouça com interesse e com amor aqueles com quem você se comunica. Como somos carentes de pessoas que saibam ouvir. Você está pronto para ouvir?

O cristão comunicativo é aquele que sabe a hora certa de falar. Se por um lado precisamos saber ouvir por outro precisamos aprender a falar no momento certo. Uma palavra colocada no momento errado é tão prejudicial e nós sabemos muito bem disso até porque já fomos magoados. Seja delicado e espere uma oportunidade para dizer, opinar, sugerir aquilo que seja edificante e construtivo. Não tenha pressa em falar, pense antes, não aja impulsivamente. Tome cuidado com as suas palavras elas tanto podem abençoar como ferir.

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Como é a sua fala? Você é como uma metralhadora? Não tem controle de sua língua? Não estou nem falando de maledicência e sim de inconveniência.

O cristão comunicativo é aquele que evita a todo custo ficar com raiva. Quando alguém tenta estabelecer uma comunicação e ela não se estabelece um sentimento que via de regra insiste em nos atingir é a raiva. O cristão já aprendeu com o Senhor que não deve dar lugar à ira ou a raiva. E precisamos conscientemente lutar contra esta emoção que faz mal ao nosso íntimo e dificulta a possibilidade de se estabelecer uma boa comunicação. A razão é simples: quando estamos com raiva de alguém a primeira coisa que acontece é que não querermos ver, falar, ou ouvir tal pessoa.

O cristão comunicativo é aquele que busca a aprovação divina. Na medida em que nos posicionamos em nossa comunicação utilizando a três regrinhas anteriores começamos a construir relacionamentos maduros e sadios e agradamos ao nosso Deus. Esta deve ser a nossa meta em tudo o que fazemos e falamos. O cristão que vive buscando a aprovação do Pai Celeste tem um alvo nobre de vida e com certeza é abençoado em tudo o que faz. Você tem buscado tal aprovação? Como é que você avalia seu comportamento nesta área da comunicação interpessoal?

O cristão comunicativo é aquele que abandona todo costume imoral e toda má conduta. Quantas são as pessoas que possuem uma linguagem imoral e que desonram a Deus com os seus lábios. O cristão deve ter uma comunicação sadia para não ser reprovado por Deus e por seus contemporâneos. Quantos são os que falam e fazem coisas imorais em nosso tempo? Eu e você temos que ser diferentes e nossa fala como nossa conduta precisam distinguir-se da maioria. Eu sei das dificuldades de mantermos uma boa comunicação com os incrédulos e imorais e nós podemos fazer isso sem comprometer-nos com os seus pecados.

O cristão comunicativo é aquele que aceita com humildade a mensagem de Deus e que abre seu coração para que ela seja plantada nele. Assim como nos comunicamos com os seres humanos(cristãos ou não) também nos comunicamos com o Senhor e mesmas regras anteriores se aplicam. Se Deus nos fala através de sua Palavra e estamos atentos à sua voz uma conseqüência direta deste processo deveria ser internalizarmos os seus princípios e vontade. Deveria mas infelizmente não é e eu e você sabemos muito bem a razão: nem sempre estamos dispostos a obedecer nem tão pouco a ouvir. Por isso preste atenção no que diz o Senhor e abra seu coração para Ele.

O cristão comunicativo é aquele que reconhece o poder salvador da Palavra de Deus. A Palavra de Deus é poderosa e perfeita. Nos abençoa porque corrige os nossos passos e orienta o caminhar. Se eu e você estamos ouvindo a voz de Deus com certeza estamos recebendo dele conselhos que nos ajudarão a viver de modo seguro e produtivo. Deus nos fala pela sua Palavra e nós falamos com ele através da oração. Quando oramos compartilhamos com Ele necessidades, alegrias, desejos e sonhos. Como é bom sermos cristãos comunicativos!

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Cristãos Cumpridores da Palavra“Não se enganem; não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas a ponham em prática. Porque aquele que ouve a mensagem e não a põe em prática é como uma pessoa que olha no espelho e vê como é. Dá uma boa olhada, depois vai embora e logo esquece a sua aparência”(Tiago 1.22-24).

O cristão cumpridor da Palavra de Deus é aquele que não se engana. Por mais trágico que seja existem muitas pessoas enganadas em nossas igrejas. Enganadas por si mesmas na medida em que pensam que podem agradar a Deus sem que tenham compromisso de obediência aos preceitos estabelecidos pelo Senhor. Não permita que o adversário iluda a sua mente fazendo-a pensar que não há necessidade de obediência a Deus. Não admita distorções do conteúdo claro e cristalino da Palavra de Deus.

O cristão cumpridor da Palavra de Deus é aquele que a ouve com atenção. Há uma diferença entre escutar e ouvir? Eu e você quando pequenos recebemos muitas ordens de nossos pais e depois de algum tempo eles se aproximavam de nós e bravos diziam: “menino(a) você não me ouviu”. Quantas vezes eu dizia: “eu ouvi mãe” e ela então perguntava: “por que você não me obedeceu ou fez o que eu mandei”. O cristão cumpridor da Palavra presta bem atenção no que Deus lhe fala e disponibiliza todo o seu ser para atender as diretrizes do Senhor. Estamos escutando ou ouvindo o Senhor atualmente?

O cristão cumpridor da Palavra de Deus é aquele que a coloca em prática. Aquele que ouve via de regra obedece. Obedecer é o passo objetivo de quem prestou atenção em tudo o que ouviu especialmente se aquilo que lhe foi dito é para o bem. Deus por sua Palavra tem as direções corretas e benéficas de nossa caminhada. Se o amamos obedecemos os seus mandamentos. E na medida em que os obedecemos saímos da condição de ouvintes e nos tornamos praticantes da Palavra de Deus. Li recentemente uma frase que se aplica a esta reflexão: “você só conhece a parte da Bíblia que você pratica”(Dr. Rick Warren).

O cristão que não cumpre a Palavra de Deus é comparado a alguém que não é capaz de lembrar nem mesmo de sua aparência. A pergunta que se sugere é: quem fica pensando no seu rosto, nos detalhes de sua face após deixar de lado o espelho? Nos esquecemos logo não é? Assim também é aquela pessoa que não tem consistência na sua maneira de examinar a Bíblia. Por alguns instantes a sua mente se detém nas verdades eternas, mas tais verdades não descem ao coração e logo se desvanecem. De que adianta ler ou ouvir a Palavra se não estamos dispostos a cumprí-la? Você é assim? Vai permanecer assim?

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Cristãos Religiosos“ O evangelho é a lei perfeita que dá liberdade às pessoas. Se alguém examina bem essa lei e não a esquece, mas a põe em prática, Deus vai abençoar tudo o que essa pessoa fizer. Alguém está pensando que é religioso? Se não souber controlar a língua, a sua religião não vale nada, e ele está enganando a si mesmo. Para Deus, o Pai, a religião pura e verdadeira é esta: Ajudar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e não se manchar com as coisas más deste mundo”(Tiago 1.25-27).

Não podemos negar que vivemos numa nação marcada pela religiosidade. Basta olharmos à nossa volta e perceberemos os traços vivos de uma religiosidade bem diversificada. A religiosidade em si mesmo não é algo errado o problema ocorre quando ela se distancia dos propósitos divinos. Nestes versos Tiago nos ajuda a compreender como deve ser a vida de um cristão religioso....

O cristão religioso é aquele que reconhece no evangelho a lei perfeita. Quantas são as religiões existentes no Brasil? Quantas são as seitas e novos grupos criados em nossa pátria? Apesar desta diversidade há um problema: a maioria delas ignora o Evangelho de Jesus Cristo e não dá valor a Palavra de Deus. O cristão religioso é aquele que assume a perfeição da Bíblia e a tem como base de suas crenças, convicções e atitudes. Você é religos(a)? A Bíblia é a sua base?

O cristão religioso é aquele que desfruta da liberdade que o evangelho proporciona. Na sua experiência religiosa você é livre ou sente-se aprisionado por algum valor ou voto? Na maioria dos cultos religiosos(que não se baseiam na Bíblia) as pessoas são escravizadas, dominadas e não podem e nem sabem viver em liberdade. Desfrutar da liberdade do pecado, das trevas, de Satanás, da idolatria, das drogas, da cobiça, etc, é um privilégio de um cristão religioso: “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”(João 8.32). Você só não é livre para pecar mas mesmo que isso ocorra pode arrependido buscar em Jesus o perdão para os seus pecados e tenha a certeza de que ele nos perdoa e nos purifica.

O cristão religioso é aquele que examina bem a Palavra de Deus. Já percebemos que é imprescindível para um cristão religioso ter e crer na Palavra de Deus. Mas por outro lado temos percebido que muitos religiosos que existem em nossa época cometem erros gravíssimos, como a idolatria por exemplo, exatamente porque não conhecem aquilo que a Bíblia diz sobre este “ato religioso” que é proibido por Deus. Uma religiosidade verdadeira é

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resultado de um exame bem detalhado das orientações contidas na Bíblia e da obediência a tais normas.

O cristão religioso é aquele que não se esquece da Palavra de Deus. O esquecimento me parece um mal que ataca a cada um de nós seres humanos. Infelizmente até construímos uma triste frase para registrar essa realidade no que diz respeito ao povo brasileiro: “o povo brasileiro tem memória curta”. Será que esse é um problema somente do povo brasileiro? É claro que não. Os cristãos que se preocupam em construir uma religiosidade que agrada a Deus não podem esquecer-se de sua Palavra. Como evitar o esquecimento? O Salmo 1 nos desafia a meditar nela dia e noite a afirma que quem faz isso é uma pessoa feliz.

O cristão religioso é aquele que põe em prática os ensinos da Palavra de Deus. Se eu não leio atentamente, logo eu esqueço e se me esqueço logo não obedeço os seus ensinos. Assim construímos uma seqüência que pode ser boa ou má em seu resultados. O individuo que quer agradar a Deus completa a seqüência com atitudes práticas e produtivas à luz dos ensinos da Palavra de Deus. O cristão cumpridor da Palavra é o religioso que agrada a Deus. Você é assim?

O cristão religioso é aquele que é abençoado por Deus em suas ações. Na medida em que nossas ações são compatíveis e coordenadas pela Palavra de Deus temos como resultado o cumprimento das promessas de Deus em nossas vidas. E como suas promessas nesta questão específica são de bênçãos sem par cada um de nós tem a satisfação de ser abençoado pelo Pai de Amor. Faça uma avaliação rápida em sua vida e veja a estreita relação que há entre ser abençoado e cumprir aquilo que a Palavra de Deus nos ensina. É possível que um cristão que desobedece a Palavra de Deus ser abençoado? Como? Por que?

O cristão religioso é aquele que controla sua língua evitando a difamação. Uma outra conseqüência na vida do cristão religioso é que ele é moderado e controla sua língua evitando assim falar mal dos outros seres humanos. A maledicência, a fofoca, as intrigas que ocorrem dentro dos ambientes chamados de “igreja” depõe contra a religião verdadeira e conduzem sobre nós terríveis males dentre eles e o pior deles a ira de Deus. Você tem uma língua controlada ou ela tem anulado a sua religiosidade?

O cristão religioso é aquele que se preocupa em praticar uma religião pura e verdadeira. Eu sei e você também sabe que não basta ser religioso é necessário praticar uma religião genuína, santa e agradável a Deus e aos homens. Os que praticam uma religiosidade mentirosa são chamados na Bíblia de hipócritas e é nisso que nos tornamos quando não temos como preocupação maior agradar a Deus e aos homens através de nossa religião. É essa a sua preocupação?

O cristão religioso é aquele que é solidário às necessidades das viúvas e dos órfãos. Como conseqüência direta desta preocupação anterior surge um envolvimento solidário com as necessidades dos nossos semelhantes. O texto

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apresenta dois grupos específicos que devemos cuidar: órfãos e viúvas. Será que somente eles devem ser alvos das nossas ações práticas de amor? É claro que não e assim a nossa religiosidade nos impulsiona pelo amor de Cristo a trabalhar em prol dos necessitados porque isso é o que agrada o Senhor.

O cristão religioso é aquele que procura e alcança uma vida de santidade. Ser santo e ser separado para o uso exclusivo de Deus. Esse deve ser o seu e o meu lema. Que as nossas atividades religiosas nos conduzam a procurar e alcançar com a ajuda de Deus a sermos santos vivendo num mundo corrupto e perdido. Que o Santo Espírito de Deus e a sua Sagrada Palavra nos ajudem a renunciar o pecado e a vivermos de modo agradável ao Senhor.

Cristãos JustosMeus irmãos e minhas irmãs, vocês que crêem no nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, nunca tratem as pessoas de modo diferente por causa da aparência delas. Por exemplo, entra na reunião de vocês um homem com anéis de ouro e bem vestido, e entra também outro, pobre e vestindo roupas velhas. Digamos que vocês tratam melhor o que está bem vestido e dizem: "Este é o melhor lugar; sente-se aqui", mas dizem ao pobre: "Fique de pé" ou "Sente-se aí no chão, perto dos meus pés." Nesse caso vocês estão fazendo diferença entre vocês mesmos e estão se baseando em maus motivos para julgar o valor dos outros. Escutem, meus queridos irmãos e irmãs! Deus escolheu os pobres deste mundo para serem ricos na fé e para possuírem o Reino que ele prometeu aos que o amam. No entanto, vocês desprezam os pobres. Por acaso, não são os ricos que exploram vocês e os arrastam para serem julgados nos tribunais? São eles que falam mal do bom nome que Deus deu a vocês. Se vocês obedecerem à lei do Reino, estarão fazendo o que devem, pois nas Escrituras Sagradas está escrito: "Ame os outros como você ama a você mesmo." Mas, se vocês tratam as pessoas pela aparência, estão pecando, e a Lei os condena como culpados. Porque quem quebra um só mandamento da Lei é culpado de quebrar todos. Pois o mesmo que disse: "Não cometa adultério" também disse: "Não mate". Mesmo que você não cometa adultério, será culpado de quebrar a Lei se matar. Falem e vivam como pessoas que serão julgadas pela lei que nos dá a liberdade. Quando Deus julgar, não terá misericórdia dos que não tiveram misericórdia dos outros. Mas os que tiveram misericórdia dos outros não serão condenados no Dia do Juízo Final”(Tiago 2.1-13).

O cristão justo é aquele que pela fé em Jesus Cristo já foi justificado pelo sangue derramado na cruz. Justiça posicional é o nome que os teólogos dão a nossa condição diante de Deus hoje. Quando recebemos pela fé Jesus como nosso Salvador recebemos a justificação e esta por sua vez permite que Deus olhe para nós sem que nos consuma por causa dos nossos pecados. Assim o que devemos fazer é renunciar o pecado em todas as suas manifestações para que a nossa justiça posicional influencie a santidade prática(nossas atitudes).

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O cristão justo é aquele que reconhece em sua vida o senhorio de Cristo. Dificilmente alguém conseguirá unir a justiça posicional com a santidade prática se não reconhecer o senhorio de Cristo sobre sua vida. E esse então é o desafio desta hora: permitirmos que a vontade de Jesus prevaleça sobre as nossas vontades. Este é um ato voluntário e livre que cada um de nós precisa conscientemente tomar. Assim caminharemos neste mundo contaminado e perdido conduzidos por aquele que venceu o pecado e nos ajuda a sermos vitoriosos também.

O cristão justo é aquele que trata as pessoas com igualdade. Ao justo pressupõe-se o tratamento igualitário como marca registrada. Infelizmente nem sempre isto acontece porque temos uma tendência carnal e humana de dar preferências àqueles que julgamos mais importantes. Você já foi tratado de forma diferente por alguém? Já deixaram de te dar atenção? Como foi que você se sentiu? Na medida em que todos somos seres humanos também somos todos iguais e muito bem faz ao nosso coração quando alguém nos trata bem independente de quem sejamos ou de como estejamos. Não devemos fazer com outras pessoas aquilo que não gostamos que outros nos façam.

O cristão justo é aquele que não faz acepção de pessoas nem discrimina o seu semelhante. A palavra que mais caracteriza esta situação, e o texto nos dá esta base, chama-se preconceito. Preconceito de qualquer natureza ou origem é crime previsto em nossa legislação e pecado detestável. O cristão justo não tem o seu coração movido pelo preconceito porque já foi lavado e remido pelo sangue de Jesus que não possuía nem possuí preconceitos. O senhor nos ensina a amarmos a todas as pessoas independente de sua condição social, moral, racial e espiritual. Você é assim? O seu coração abriga algum tipo de preconceito? Peça a Deus que tire este sentimento que não combina com um cristão.

O cristão justo é aquele que baseia suas avaliações e julgamentos em bons valores e motivos. Uma das razões que nos conduzem a agir com preconceito e a fazermos discriminações é o fato de que nem sempre temos condições de avaliar e julgar as pessoas e situações de modo correto. Somos seres humanos falíveis e erramos em nossos julgamentos mais o pior de tudo isto é que nem damos chance à pessoa discriminada de provar o contrário. O que pode impedir que tenhamos tais atitudes? Devemos sempre preservar em nossos corações uma disposição por esperar sempre o melhor dos outros e assim os nossos valores e motivações positivos nos impedirão de agir com acepção e nos conduzirá a aceitação.

O cristão justo é aquele que obedece a lei do reino de Deus. No reino de Deus as leis são bem diferentes das nossas. Ele surpreende a cada um de nós com paradoxos como: “o maior deve ser o menor”, “o primeiro seja o último”, “quem quiser ser servido que sirva primeiro”. Assim devemos como justificados que já fomos aprender a viver de modo a agradar e cumprir as leis de Deus. A Bíblia estabelece então uma nova proposta de vida com valores diferentes e até

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antagônicos aos que fomos ensinados. Se queremos fazer diferença em nossa sociedade precisamos implantar nela os valores do reino. Somos ou não estes agentes de transformação?

O cristão justo é aquele que ama o seu semelhante. Quanta coisa eu poderia falar sobre o amar o semelhante. Quantas vezes sofremos por não termos sido amado por alguém? Apelo então ao seu coração transformado por Jesus a fim de que você não meça esforços para amar o seu próximo. Oro para que Deus através do seu Santo Espírito conduza a sua vida para o vínculo da perfeição que é o amor. E lembro-me nesta hora do desafio do Senhor Jesus que nos amou de tal maneira que deu a sua própria vida para resgatar-nos dos nossos pecados. Como é bom ser amado! Como é bom podermos amar! Porque o amor nos assemelha a Deus que é amor.

O cristão justo é aquele que age com misericórdia. Atitudes de misericórdia caracterizam o cristão justo e estas por sua vez podem ser resumidas pelos desafio de Paulo ao Romanos: “se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer”. A pena maior impacto pode causar ao inimigo é receber das mãos de alguém que, antes, era por ele combatido. Só o amor pode levar os maus à convicção dos seus pecados e ao arrependimento. Você é misericordioso? Como é que podemos aprender a sermos misericordiosos? Olhemos com atenção para os exemplos de Jesus. Por que será que as pessoas suplicavam a ele pedindo misericórdia? É claro que elas sabiam que ele podia agir com misericórdia.

O cristão justo é aquele que não será condenado no dia do juízo final. Justos, justiça, juízo, condenação são palavras que andam próximas uma das outras exatamente porque refletem uma realidade. Cada um de nós prestaremos contas de nossas ações e seremos julgados pelo Senhor Deus o Justo Juiz. O cristão que vive uma vida justa não precisa ter medo porque o Senhor garante que não haverá condenação para aqueles que fazem o que é justo. Então tenhamos alegria em viver uma vida de justiça mesmo que ela signifique renunciar muitas coisas porque a vitória será nossa!

Cristãos Equilibrados“Minhas irmãs e meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé se ela não vier acompanhada de ações? Será que essa fé pode salvá-lo? Por exemplo, pode haver irmãos ou irmãs que precisam de roupa e que não têm nada para comer. Se vocês não lhes dão o que eles precisam para viverem, não adianta nada dizer: "Que Deus os abençoe! Vistam agasalhos e comam bem." Portanto, a fé é assim: Se não vier acompanhada de ações, é coisa morta. Mas alguém poderá dizer: "Você tem fé, e eu tenho ações." E eu respondo: "Então me mostre como é possível ter fé sem que ela seja acompanhada de ações. Eu vou lhe mostrar a minha fé por meio das minhas ações." Você crê que há somente um Deus? Ótimo! Os demônios também crêem e tremem de medo. Seu tolo! Vou provar-lhe que a fé sem ações não vale nada. Como é que o nosso antepassado Abraão foi aceito por Deus? Foi pelo que fez quando

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ofereceu o seu filho Isaque sobre o altar.Veja como a sua fé e as suas ações agiram juntas. Por meio das suas ações, a sua fé se tornou completa. Assim aconteceu o que as Escrituras Sagradas dizem: "Abraão creu em Deus, e por isso Deus o aceitou." E Abraão foi chamado de "amigo de Deus". Assim, vocês vêem que a pessoa é aceita por Deus por meio das suas ações e não somente pela fé. Foi o que aconteceu com a prostituta Raabe, quando hospedou os espiões israelitas e os ajudou a sair da cidade por outro caminho. Deus a aceitou pelo que ela fez.Portanto, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem ações está morta”(Tiago 2.14-26).

O cristão equilibrado é aquele que reconhece que fé e obras devem andar juntas. Tenho acompanhado com tristeza durante muitos anos uma situação que caracterizou os evangélicos no Brasil de uma forma geral: por muito tempo ficamos distante das boas obras e ainda justificamos essa inércia acusando outros grupos religiosos que faziam de estarem envolvidos em tais obras somente porque criam que a salvação se alcança através delas. Muito embora saibamos que as obras não salvam não podemos negar que elas devem ser a prova visível de que somos salvos.

O cristão equilibrado é aquele que possui uma fé salvadora. Se eu possuo fé em Jesus e confio somente nele para a salvação logo minha fé salvadora. Ele é minha porque recebi do Senhor como um maravilhoso presente. Diferente de ouros tipos de fé esta é que nos dá equilíbrio e uma vez equilibrados estamos em condições de agir de modo correto e abençoado. Você já é salvo por Jesus Cristo? Você é uma pessoa equilibrada? O que está faltando?

O cristão equilibrado é aquele que possui uma fé viva. A fé viva é aquela que nos conduz a agir em favor do nosso semelhante na busca de solucionar as suas dificuldades. Isto nos é possível porque temos o Senhor Jesus a nos ajudar e podemos contar com os recursos que ele coloca à nossa disposição. Um fé viva me impulsiona a agir ao passo que uma fé morta me distancia das boas obras. Sua fé é viva ou morta? Como o Senhor avalia a sua fé?

O cristão equilibrado é aquele que procura sanar as necessidades de seus irmãos na fé. Com o crescimento da pobreza e o aumento da recessão econômica teremos necessidade de muitos cristãos equilibrados em ação. Você e eu somos agentes de Deus neste mundo e podemos com certeza minorar as necessidades dos nossos irmãos na fé e também dos incrédulos. Sua igreja com certeza possui membros que passam por dificuldades e sua responsabilidade cristã implica em ajudá-los. Não dá mais para continuar ignorando esta situação.

O cristão equilibrado é aquele que está atento aos exemplos ensinados na Bíblia. A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que souberam equilibrar fé e ações. Seja Abraão, seja eu ou você todos devemos buscar tal equilíbrio. O grande problema que temos é que a cada dia temos encontrado menos

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cristãos comprometidos com o estudo sério da Palavra e assim os exemplos a serem seguidos acabam sendo as atitudes das pessoas que vivem ao nosso redor, nem sempre os melhores e os mais seguros.

O cristão equilibrado é aquele que por meios das ações complementa sua fé. Parece que estou sendo repetitivo mas faz sentido repetir porque a repetição faz parte do processo de aprendizagem. O cristão equilibrado é aquele que pode ser chamado “amigo de Deus”. Que elogio poder ser chamado, como Abraão, de amigo de Deus. Quem é o amigo de Deus?Para Tiago é aquele que equilibra bem as obras e a fé e especialmente age em favor dos necessitados. O cristão equilibrado é aquele que é aceito por Deus. Se chegarmos diante do Senhor somente com a nossa fé sem as boas obras ele nos rejeitará. Você quer ser aceito por Deus? Então seja equilibrado.

Cristãos Moderados “Meus irmãos e irmãs, somente poucos de vocês deveriam se tornar mestres na Igreja, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos, seremos julgados com mais rigor do que os outros. Todos nós sempre cometemos erros. Quem não comete nenhum erro no que diz é uma pessoa madura, capaz de controlar todo o seu corpo. Até na boca dos cavalos nós pomos um freio para que nos obedeçam e assim os fazemos ir aonde queremos. Pensem no navio: Grande como é, empurrado por ventos fortes, ele é guiado por um pequeno leme e vai aonde o piloto quer.É isto o que acontece com a língua: Mesmo pequena, ela se gaba de grandes coisas. Vejam como uma grande floresta pode ser incendiada por uma pequena chama! A língua é um fogo. Ela é um mundo de maldade, ocupa o seu lugar no nosso corpo e espalha o mal em todo o nosso ser. Com o fogo que vem do próprio inferno, ela põe toda a nossa vida em chamas.O ser humano é capaz de dominar todas as criaturas e tem dominado os animais selvagens, os pássaros, os animais que se arrastam pelo chão e os peixes. Mas ninguém ainda foi capaz de dominar a língua. Ela é má, cheia de veneno mortal, e ninguém a pode controlar. Usamos a língua tanto para agradecer ao Senhor e Pai como para amaldiçoar as pessoas, que foram criadas parecidas com Deus. Da mesma boca saem palavras tanto de agradecimento como de maldição. Meus irmãos e irmãs, isso não deve ser assim. Por acaso pode a mesma fonte jorrar água doce e água amarga? Minhas irmãs e meus irmãos, por acaso pode uma figueira dar azeitonas ou um pé de uva dar figos? Assim, também, uma fonte de água salgada não pode dar água doce. Existe entre vocês alguém que seja sábio e inteligente? Pois então que prove isso pelo seu bom comportamento e pelas suas ações, praticadas com humildade e sabedoria. Mas, se no coração de vocês existe inveja, amargura e egoísmo, então não mintam contra a verdade, gabando-se de serem sábios. Essa espécie de sabedoria não vem do céu; ela é deste mundo, é da nossa natureza humana e é diabólica. Pois, onde há inveja e egoísmo, há também confusão e todo tipo de coisas más. A sabedoria que vem do céu é antes de tudo pura; e é também pacífica, bondosa e amigável. Ela é cheia de misericórdia, produz uma colheita de boas ações, não trata os outros pela sua

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aparência e é livre de fingimento.Pois a bondade é a colheita produzida pelas sementes que foram plantadas pelos que trabalham em favor da paz”(Tiago 3.1-18).

O cristão moderado é aquele que sabe que nem todos são aptos para ensinar na igreja(mestres). Quantas são as pessoas que se metem a besta e tentam ensinar sem que tenham a aptidão ou a coerência necessárias para ensinar? Na vida cristã isso também ocorre e nós devemos ter o discernimento necessário para que não tentemos fazer aquilo para o qual não fomos chamados e nem somos capacitados. Os mestres são pessoas-dons que o Espírito Santo concede as igrejas a fim de que estas sejam capacitadas(ensinadas) a servirem a Deus.

O cristão moderado é aquele que sabe que os mestres recebem cobrança dobrada da parte de Deus. Os mestres além de serem chamados por Deus e capacitados pelo Espírito Santo também precisam ser conscientes de que as suas ações serão julgadas a partir de um padrão bem mais elevado. Se você e eu tivermos isso bem claro em nossas mentes e corações e se o Senhor nos convida para ensinar outros então devemos com seriedade e honestidade ensinar a Palavra de Deus aqueles que nos reconhecem como mestres. Ensinar é muito mais do que uma atividade profissional é uma vocação e nós prestaremos contas a Deus.

O cristão moderado é aquele que reconhece que todos cometemos erros. Como são infelizes as pessoas que não admitem seus erros! Quando sustentamos uma posição de que somos infalíveis acabamos ficando sozinhos porque na medida em que erramos não temos com quem repartir a dor e a frustração oriundas e conseqüentes dos erros. Admitamos pois que todos somos pecadores e vigiemos para que não caiamos, mas se porventura cairmos confessemos prontamente ao Senhor a fim de que sejamos perdoados e consolados pelo Pai de amor. Aprendamos a dividir com os demais irmãos as nossas cargas. Está tudo bem como você hoje?

O cristão moderado é aquele que já aprendeu a controlar a sua língua e pode ser considerado maduro. De modo bem honesto Tiago diz que a pessoa que é capaz de afirmar que nunca diz coisas erradas pode considerar-se perfeito. Você controla ou é controlado pela língua? O cristão moderado é aquele que também pode controlar qualquer outra parte do seu corpo. Na medida em que alguém é capaz de controlar a língua tem condições de controlar as demais parte do corpo e da personalidade que também nos fazem pecar. Quem tem o controle em sua vida?

O cristão moderado é aquele que aprende as lições das ilustrações contidas nesta passagem. Com os cavalos aprendamos a lição do freio preso a boca

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que as rédeas e o cavaleiro lhe impõem. Sua boca tem um freio? Com os navios aprendamos a lição do leme que quando bem conduzido pelo timoneiro leva a embarcação para a direção escolhida. Quem está no leme da sua vida? Das florestas aprendamos a lição do perigo que representa uma pequena fagulha. A sua língua é fogo e pode incendiar todo o corpo. Dos animais aprendamos a lição da possibilidade de serem domesticados. Mas quem pode domar a sua língua? Das fontes aprendamos a lição das águas que ou são doce ou salgada. Assim nossas línguas não podem bendizer e maldizer ao mesmo tempo.

O cristão moderado é aquele que renuncia a sabedoria humana e diabólica. Quantos são os “sábios” de nosso tempo que tem ensinado besteiras e bobagens? Quantos são os “entendidos” de nossa época que tem conduzido inúmeras pessoas a destruição porque acabam desobedecendo a Deus e sua Palavra. Onde está a sabedoria em ser assim? De fato não existe sabedoria porque os especialistas não sabem como resolver a maior parte dos problemas que enfrentamos em nosso tempo como: drogas, violência, lares destruídos, etc. Sabe por que a maioria dos conselhos e ensinos são egoístas, contrários a vontade de Deus e diabólicos.

O cristão moderado é aquele que revela em sua vida a sabedoria divina Por outro lado aqueles que experimentado a sabedoria divina tem feito diferença em nossa sociedade. Isto porque tal sabedoria tem nos conduzido a uma vida de pureza, de paz, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. Estas virtudes se encontram em sua vida? Então saia das quatro paredes de se sua igreja e seja visível para as pessoas de nosso tempo que precisam de bons referenciais. Deixe de lado a timidez e a vergonha e fale da sabedoria divina àqueles que estão sendo enganados e iludidos com as promessas deste mundo.

Cristãos Apaixonados“De onde vêm as lutas e as brigas entre vocês? Elas vêm dos maus desejos que estão sempre lutando dentro de vocês. Vocês querem muitas coisas; mas, como não podem tê-las, estão prontos até para matar a fim de consegui-las. Vocês as desejam ardentemente; mas, como não conseguem possuí-las, brigam e lutam. Não conseguem o que querem porque não pedem a Deus. E, quando pedem, não recebem porque os seus motivos são maus. Vocês pedem coisas a fim de usá-las para os seus próprios prazeres. Gente infiel! Será que vocês não sabem que ser amigo do mundo é ser inimigo de Deus? Quem quiser ser amigo do mundo se torna inimigo de Deus. Não pensem que não quer dizer nada esta passagem das Escrituras Sagradas: "O espírito que Deus pôs em nós está cheio de desejos violentos." Porém a graça que Deus dá é ainda mais forte, pois as Escrituras Sagradas dizem: "Deus é contra os orgulhosos, mas dá graça aos humildes." Portanto, obedeçam a Deus e enfrentem o Diabo, que ele fugirá de vocês. Cheguem perto de Deus, e ele chegará perto de vocês. Lavem as mãos, pecadores! Limpem o coração, hipócritas! Fiquem tristes, gritem e chorem. Mudem as suas risadas em choro e a sua alegria em tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os colocará

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numa posição de honra.Meus irmãos e minhas irmãs, não falem mal uns dos outros. Quem fala mal do seu irmão em Cristo ou o julga está falando mal da Lei e julgando-a. Pois, se você julga a Lei, então já não é uma pessoa que obedece à Lei, mas é alguém que a julga. Deus é o único que faz as leis e o único juiz. Só ele pode salvar ou destruir. Quem você pensa que é, para julgar os outros?”(Tiago 4.1-12).

O cristão apaixonado por Deus é aquele que não alimenta os desejos ou paixões carnais. O cristão apaixonado por Deus é aquele que já aprendeu a pedir bem em suas orações. O que significa pedir bem? Pedir bem é orar sem orgulho.O cristão apaixonado por Deus é aquele que é inimigo do mundo e das contendas. O cristão apaixonado por Deus é aquele que é amigo de Deus. O cristão apaixonado por Deus é aquele que derrota Satanás. O cristão apaixonado por Deus é aquele que vive de modo humilde.

Naturalmente o cristão, ou a pessoa, que é amigo deste "mundo" é alguém que estabelece contendas. Vive em pé de guerra ou como dizemos "é chegado numa confusão". Tais contendas ou guerras nascem na cobiça que é pecado. O cristão é uma nova criatura e para que cresça de modo sadio não pode manter esta relação de amizade com o mundo pois ela têm produzido efeitos terríveis em nossas vidas.

O primeiro efeito da amizade com o mundo na vida do homem é que somos controlados pelos prazeres. As mazelas sociais, os vícios e toda sorte de prazer carnal revelam um sem número de pessoas impotentes e escravizadas. É assim que ocorre com aquelas pessoas que dizem "eu não consigo deixar de fumar", "eu não consigo abandonar a bebida", "eu sou um escravo do sexo", "não dá para ficar de boca fechada", etc. Estes prazeres travam verdadeira guerra em nosso interior e o campo onde eles têm mais poder é em nossa "carne"(inclinação natural e pecaminosa para a realização daquilo que não é correto). Assim a nossa carne(dominada pelo prazeres) luta contra o nosso espírito(que deve ser dominado pela vontade de Deus). Amizade com o mundo fortalece nossa carnalidade e proporciona uma vida derrotada.

O segundo efeito da amizade com o mundo na vida do homem é que somos conduzidos a uma vida marcada cobiça. Cobiçar é desejar aquilo que não nos pertence. Seja porque não podemos em função de ser contrário à vontade de Deus ou inviável na perspectiva moral, espiritual ou financeira. Quando somos muito influenciados neste relacionamento com o mundo nossa mente e coração acabam por querer aquilo que a maioria das pessoas que não amam nem respeitam a Deus querem. Os valores ou a ausência deles nos caracterizam como pessoas sem escrúpulos que por causa da cobiça invejam e matam e estão sempre limitadas e incapacitadas de obter os objetos ou coisas para saciar sua sede de consumo. De fato a vida de quem pensa, sente e age assim é uma guerra especialmente contra Deus e sua vontade mas que reflete nas

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dimensões do seu relacionamento com o próximo(e seus bens) e consigo mesmo.

O terceiro efeito da amizade com o mundo na vida do homem é que nossas orações deixam de ser atendidas por Deus. Se por um lado tal amizade nos conduz á cobiça por outro ela nos impede de recebermos aquilo que pedimos a Deus em oração. Até porque às orações de quem vive neste estreito relacionamento com o mundo tornam-se tentativas de alimentar ainda mais os desejos e prazeres carnais. O autor sagrado chama esta iniciativa de "pedir mal" e quem pede mal não recebe nada de Deus. Quando pedimos a Deus algo que seja para gastar ou usar nos prazeres deste mundo ele não atende. Quantas vezes estamos suplicando e clamando a Deus de modo inadequado? Deus espera que aprendamos a ter prioridades corretas e por isso já deixou bem claro que devemos buscar primeiro seu reino e a sua justiça e assim todas as demais coisas que necessitamos nos serão acrescentadas.

O quarto efeito da amizade com o mundo na vida do homem é que nos tornamos infiéis. Sim a fidelidade deixa de ser uma marca do cristão e a infidelidade assume um lugar em nossas vidas. Deus nos adverte que isso se dá pela incompreensão de uma simples fórmula: amizade com o mundo = inimizade com Deus. Assim a Palavra nos desafia a amarmos a Deus e a odiarmos o mundo. Esta atitude de infidelidade provoca ciúmes em nosso Deus que requer de cada um de nós fidelidade. O que é que temos feito de nossas vidas? Nesta manhã o Senhor nos chama para uma confrontação de valores e perspectivas. Você é fiel ao Senhor? Você ama ao Senhor? O mundo é amado ou odiado por você?

O quinto efeito da amizade com o mundo na vida do homem é que nos tornamos soberbos. Sim a amizade com este mundo faz com que pensemos que não precisamos de Deus e de ninguém e nos conduz ao pecado da soberba. Porém, vale a pena lembrar que Deus resiste ao soberbos. Isto significa dizer que ele se coloca numa posição contrária aos soberbos e que estes não têm muitas chances de sobrevivência neste combate contra o Senhor Todo-Poderoso. Satanás cujo coração foi dominado pela soberba tem procurado contaminar, através desta amizade com o mundo, os nossos corações com a soberba. É preciso uma atitude de vigilância e de separação com este mundo e seus valores.

Como então vencer estas fraquezas e viver de modo agradável a Deus? Em primeiro lugar devemos praticar a virtude da sujeição a Deus. Isto implica em andar no caminho da obediência à vontade de Deus. Isto implica em sermos amigos de Deus. Em segundo lugar devemos praticar a tática da resistência ao Diabo. Isto implica em romper com aquilo que alimenta nossa carne(áreas onde ele mais ataca) e através da oração, obediência e em nome de Jesus exercermos autoridade sobre o inimigo porque ele fugirá de nós. Em terceiro lugar devemos nos aproximar de Deus. Isto implica em estreitarmos os laços de comunhão com o Senhor através da devoção. Em quarto lugar devemos experimentar a santificação prática. Isto significa que as nossas mãos e coração devem ser limpas. Esta é uma obra realizada pelo Espírito Santo e que devemos cooperar com ele.

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A partir então do verso 9 percebemos que o cristão apaixonado por Deus é aquele deve aprender a lamentar pelos pecados cometidos. Os teus pecados produzem tristeza, lamento, pesar, lágrimas em você? Não há condições de estarmos apaixonados sem que rejeitemos o pecado em nossas vidas. O cristão apaixonado por Deus é aquele que após humilhar-se diante do Senhor experimenta a exaltação. Quem é que te exalta? Você mesmo? Cuidado com o orgulho. O cristão deve ser exaltado sim mas somente pelo Senhor e este na medida em que nos humilhamos cumpre o que nos promete.O cristão apaixonado por Deus é aquele que deixa o julgamento do seu semelhante por conta do Senhor. Na medida em que não respeitamos esta tarefa de Deus e nos colocamos na condição de juízes o que ocorre? Bom conseguimos arrasar as pessoas com as nossas palavras e pecamos por querermos ser deuses.

Cristãos Projetistas“Agora escutem, vocês que dizem: "Hoje ou amanhã iremos a tal cidade e ali ficaremos um ano fazendo negócios e ganhando muito dinheiro!" Vocês não sabem como será a sua vida amanhã, pois vocês são como uma neblina passageira, que aparece por algum tempo e logo depois desaparece. O que vocês deveriam dizer é isto: "Se Deus quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo." Porém vocês são orgulhosos e vivem se gabando. Todo esse orgulho é mau. Portanto, comete pecado a pessoa que sabe fazer o bem e não faz”(Tiago 4.13-17).

O cristão projetista é aquele que reconhece que os projetos humanos por mais científicos e corretos que sejam são passíveis de falhas e de erros exatamente porque são humanos. Quantos projetos nossos têm sido verdadeiros fracassos? Isso não significa que somos fracassados, talvez não calculamos bem, ou quem sabe não estudamos o suficiente a situação. Uma coisa fica bem clara: nós até podemos sonhar e projetar um futuro melhor mas não temos nenhuma segurança sobre a realização de sonhos e projetos humanos.

O cristão projetista é aquele que aprende a viver o seu dia-a-dia na presença de Deus. Nesta incerteza que é a vida precisamos aprender a fazer duas coisas básicas: primeiro, devemos viver a cada dia buscando a presença de Deus que é Eterno e Senhor Soberano de todas as coisas. Segundo, devemos consulta-lo em oração pedindo sua orientação e sabedoria para que façamos projetos de acordo com a sua vontade. Vivemos num tempo em que muitas pessoas em face da incerteza do amanhã tentam saber ou manipular o futuro através de consultas a magos, bruxos, futurólogos, etc. O cristão não deve agir assim!

O cristão projetista é aquele que coloca na mãos de Deus os seu projetos. Que maravilhoso é poder dizer ao Senhor com paz e tranqüilidade:ó Deus, aí está o

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que eu gostaria de fazer, mas coloco tudo sob a tua direção. Se der certo, conforme pensei fazer, ficarei feliz porque sei que é o melhor; se não for de acordo com a minha idéia, vou ficar tranqüilo, também, e feliz porque eu tenho por certo que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus(Romanos 8.28). É assim que você age? Os seus projetos estão nas mãos de Deus? Você fica feliz também quando eles não se concretizam?

O cristão projetista é aquele que aprende a rejeitar o orgulho. O orgulho é o pecado que nos conduz a independência de Deus. Hoje em meio aos cristãos tem sido comum ver e ouvir pessoas que em atitudes bem arrogantes e desrespeitosas ensinam que o crente não pode orar a Deus pedido “se for da tua vontade Senhor faça isso ou aquilo”. Ensinam estes que você deve “decretar”, “ordenar”, “exigir”, “declarar”. Amados isso não é demonstração de fé e o que eu sinto e creio é que estas atitudes são ofensivas ao Senhor e tem muita gente agindo com orgulho e arrogância e os seus projetos bem assim como suas vidas são verdadeiros fracassos.

O cristão projetista é aquele que faz o bem. Quando eu e você deixamos de fazer o bem cometemos pecado. O que é fazer o bem? Basicamente fazer o bem é obedecer a vontade de Deus expressa na Bíblia. Os pecados de omissão são tão sérios como os pecados de comissão. Deixar de fazer o que é certo é tão ruim como fazer o que errado. Você sabia disso? Então façamos bem para que não cometamos os pecados de omissão?

Cristãos Opressores e Oprimidos“Agora, ricos, escutem! Chorem e gritem pelas desgraças que vocês vão sofrer! As suas riquezas estão podres, e as suas roupas finas estão comidas pelas traças. O seu ouro e a sua prata estão cobertos de ferrugem, e essa ferrugem será testemunha contra vocês e, como fogo, comerá o corpo de vocês. Nestes últimos tempos vocês têm amontoado riquezas e não têm pago os salários das pessoas que trabalham nos seus campos. Escutem as suas reclamações! Os gritos dos que trabalham nas colheitas têm chegado até os ouvidos de Deus, o Senhor Todo-Poderoso. Vocês têm tido uma vida de luxo e prazeres aqui na terra e estão gordos como gado pronto para o matadouro. Vocês têm condenado e matado os inocentes, e eles não podem fazer nada contra vocês”(Tiago 5.1-6).

Cristãos opressores são aqueles que enriqueceram ilicitamente. Muito se tem questionado sobre quem são os ricos mencionados aqui por Tiago. Creio que sejam cristãos pois e a carta fora endereçada a este grupo humano. Nesta direção então podemos perceber que a acusação do Senhor se torna mais grave ainda: pois se eles eram cristãos e estavam enriquecendo às custas da ganância, do roubo e do latrocínio é porque já haviam perdido a noção de certo e errado. Como é que você lida com esta questão das riquezas? Se você tem empregados como é que os trata? Lembre-se o Senhor adverte os opressores e promete destruí-los.

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Cristãos opressores são aqueles que utilizam erroneamente a suas riquezas. Uma outra acusação do Senhor aos cristãos é a do uso inadequado dos bens materiais. Basicamente usavam suas riquezas para a manutenção do luxo e dos prazeres carnais e tudo isto à custa da opressão dos seus empregados que nem salários recebiam. Aqui temos um princípio: somos responsáveis diante de Deus pela maneira como conseguimos os bens materiais e como os usamos também. Como é que você tem usado os recursos financeiros? Deus aprova ou reprova o seu modo de usar o dinheiro? Seu dinheiro é legal?

Cristãos opressores serão oprimidos pelo Senhor que já tem ouvido o clamor dos explorados e visto o sofrimento dos pobres. Quantas vezes reclamamos da péssima distribuição de renda do nosso país e até criticamos as autoridades. Deus que nos criou também se interessa por estas questões sócio-econômicas e promete defender a causa dos oprimidos. De que lado você está? Amados as riquezas deste mundo não têm valor permanente e não podem tornar uma pessoa realmente feliz. Não negocie seus valores morais nem espirituais por causa delas. As riquezas conquistadas ilicitamente trazem prejuízos incalculáveis para o seu possuidor até porque Deus o condena. O dinheiro precisa ser um fator de aproximação de Deus e do nosso semelhante para que o utilizemos na adoração e no serviço ao próximo.

Cristãos Pacientes“Por isso, irmãs e irmãos, tenham paciência até que o Senhor venha. Vejam como o lavrador espera com paciência que a sua terra dê colheitas preciosas. Ele espera pacientemente pelas chuvas do outono e da primavera. Vocês também precisam ter paciência. Não desanimem, pois o Senhor virá logo”(Tiago 5.7-8).

O cristão paciente é aquele que tem uma certeza inabalável. Que certeza é essa? A certeza de o Senhor Jesus vem buscar a sua igreja é que estamos salvos da condenação eterna em função do derramamento do seu sangue na cruz. Você tem essa certeza? Ela produz paciência em sua vida?

O cristão paciente é aquele que sabe que há um tempo determinado para a Vinda do Senhor e assim como de todas as coisas. Não adianta ficarmos ansiosos porque a ansiedade não trará o Senhor mais cedo. Tudo tem um tempo certo de acordo com a vontade de Deus e assim com paciência saibamos aproveitar o tempo fazendo aquilo que é correto.

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O cristão paciente é aquele que aprende, à semelhança do lavrador, a esperar. Que lição preciosa o lavrador nos ensina: a terra tem um tempo certo para que a colheita seja possível. O lavrador já tendo feito a sua parte: semear e regar. Espera que Deus dê o crescimento e que a terra em resposta a ações anteriores produza os preciosos frutos. Você não sabe esperar? Então aprenda.

O cristão paciente é aquele que não desanima em face às demoras. Esperar por algo ou alguém é terrível não é? O Senhor nos desafia em sua palavra a não desanimarmos porque ainda que a Vinda de Jesus possa parecer demorada podemos crer que ele vem. O que fazer enquanto esperamos? Falemos de cristo àqueles que não o conhecem e nem o esperam.

Cristãos Reclamadores“Irmãos e irmãs, não se queixem uns dos outros para não serem julgados por Deus. O Juiz está perto, pronto para vir. Lembrem dos profetas que falaram em nome do Senhor e os tomem como exemplo de paciência nos momentos de sofrimento. E nós achamos que eles foram felizes por terem suportado o sofrimento. Vocês têm ouvido a respeito da paciência de Jó e sabem como no final Deus o abençoou. Porque o Senhor é cheio de bondade e de misericórdia”(Tiago 5.9-11).

O cristão reclamador é aquele que vive queixando-se dos seus irmãos na fé e desconhece ou não crê no julgamento divino. As queixas e reclamações são tentações que nos acompanham nos momentos difíceis. As pressões e as derrotas nos impulsionam a reclamarmos sempre de algo ou de alguém. Infelizmente, tem sido comum lançarmos nossas frustrações sobre as pessoas mais próximas como familiares, amigos e os irmãos em Cristo que não escapam desta nossa incapacidade de lidar com as dificuldades e limitações. Por outro lado percebemos que as queixas servem como um escudo para justificar as nossas faltas pessoais. Isto não está certo.

Aliás quem garante que ao reclamar de alguém você está efetivamente certo. Quem de nós tem condições de apontar, acusar ou estabelecer julgamento? A atitude correta neste relacionamento comunitário é que devemos assumir as nossas próprias faltas e não ficarmos colocando a culpa nos irmãos. Ao invés de queixar-se pela ausência ou falta de cooperação nas atividades e reuniões devemos assumir que falhamos em liderar, planejar e divulgar. Isto é mais honesto e com certeza evitará que os irmãos nos tratem com antipatia. De fato é muito difícil relacionar-se com uma pessoa que só vive reclamando, murmurando.

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Evitar tais reclamações ou queixas é exercer de modo prático a paciência. Assim não devemos nos queixar das dificuldades dos outros irmãos e nem devemos acusá-los por causa de nossas dificuldades. Tiago declara que as críticas ou as reclamações mútuas põem as pessoas em perigo de julgamento. Devemos sempre recordar que o Senhor que julgará a todos nós está próximo e que nós não temos o direito de julgarmos mutuamente uns aos outros. Esta é uma prerrogativa de Deus e que não podemos tomá-la para nós. Ei rabugento deixe de ser chato! Assuma as suas próprias fraquezas e não fique descontando nos irmãos.

O cristão reclamador é aquele que não percebe que a Vinda do Senhor está bem próxima e que o Juiz chegará. O cristão reclamador é aquele que não conhece ou se esqueceu dos exemplos bíblicos e das lições que ensinam como deve comportar-se diante dos sofrimentos. O cristão reclamador é aquele que não aprendeu a ser feliz mediante os sofrimentos e lutas. O cristão reclamador é aquele que não aprender a ser paciente e não desfruta da bênção de Deus. O cristão reclamador é aquele que não reconhece a bondade e a misericórdia divina.

Cristãos que Juram????!!!!“Acima de tudo, meus irmãos e irmãs, quando vocês prometerem alguma coisa, não jurem pelo céu, nem pela terra, nem por nada mais. Digam somente "sim", quando for sim, e "não", quando for não, para que Deus não os condene”(Tiago 5.12).

O cristão que jura é aquele que não está de acordo com a vontade de Deus porque sua palavra não tem crédito. Note que aqui Tiago não está proibindo os juramentos e sim dizendo que nós não devemos utilizar inadequadamente o nome de Deus para auferir juramentos que visam dar garantias à nossa palavra. Tiago reproduz os mesmos conceitos utilizados por Jesus em Mateus 5.34-37 que afirmam esta mesma questão: os que precisam de juramentos para que sua palavra tenha crédito estão longe de agradar a Deus. “Mas eu lhes digo: Não jurem de jeito nenhum. Não jurem pelo céu, pois é o trono de Deus; nem pela terra, pois é o estrado onde ele descansa os seus pés; nem por Jerusalém, pois é a cidade do grande Rei. Não jurem nem mesmo pela sua cabeça, pois vocês não podem fazer um só fio dos seus cabelos ficar branco ou preto. Que o "sim" de vocês seja sim, e o "não", não, pois qualquer coisa a mais que disserem vem do Maligno”.

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O cristão que jura é aquele que precisa do testemunho do céu, da terra e de algo mais para cumprir suas promessas. Quando eu e você lançamos mão de um juramento isto indica que alguém desconfia de que cumpriremos as promessas feitas. Por que isto acontece? Porque não levamos a sério as pessoas com quem nos relacionamos e porque via de regra mentimos. O mentiroso freqüentemente precisa jurar em razão da dificuldade das pessoas confiarem nele. O cristão que jura é aquele que em face as suas mentiras é alvo da condenação de Deus. O problema aqui é mais grave porque os mentirosos são condenados por Deus. Daí o desafio de vivermos uma vida coerente marcada pelo “sim” ou pelo “não”.

Cristãos Problemáticos“ Se algum de vocês está sofrendo, ore. Se alguém está contente, cante hinos de agradecimento. Se algum de vocês estiver doente, que ele chame os presbíteros da igreja, para que façam oração e ponham azeite na cabeça dele em nome do Senhor. Essa oração, feita com fé, salvará o doente. O Senhor lhe dará saúde e perdoará os pecados que tiver cometido”(Tiago 5.13-15).

O cristão problemático é aquele para quem a provisão divina indica oração nos momentos de sofrimento. Por outro lado esta mesma passagem aponta para a necessidade de sermos solidários com os que sofrem. Não se trata então de orar somente pelos meus problemas, como também os dos meus irmãos na fé. O cristão problemático é aquele para quem a provisão divina indica louvor nos momentos de alegria. De igual modo devemos ser solidários com os que se alegram e assim devemos unidos agradecer pelas vitórias uns dos outros.

O cristão problemático é aquele para quem a provisão divina indica intercessão nos casos de enfermidades. Quantos são os crentes enfermos atualmente? Todas as enfermidades são causadas por pecados encobertos? Não. Mas algumas são e nesses casos os presbíteros(ou pastores) devem ser chamados e em nome de Jesus orarão pelos enfermos. Cabe salientar que nem todas as nossas comunidades praticam a unção com óleo e quem a fizer deve lembrar-se de que é em nome de Jesus e que a unção deve ser feita na cabeça do enfermo á seu pedido.

O cristão problemático é aquele para quem a provisão divina indica o perdão de pecados mediante à confissão. Como sofremos em função dos nossos pecados! Deus tem garantido em sua Palavra que perdoa os nossos pecados na medida em que os confessamos. Alguns dos sofrimentos que estamos experimentando hoje são oriundos de pecados ainda não confessados nem abandonados. O que é que você está esperando? O Senhor quer restaurar a sua saúde e perdoar os seus pecados.

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Cristãos Confidentes“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e façam oração uns pelos outros, para que vocês sejam curados. A oração de uma pessoa obediente a Deus tem muito poder”(Tiago 5.16).

A mútua confissão de pecados, que o autor bíblico estimula como um hábito, é altamente positiva e benéfica para a saúde da igreja. O corpo de Cristo que somos nós fica enfermo quando deixamos de confessar os pecados que cometemos. Preste bem atenção no conjunto de palavras: Confissão + Oração = Cura. O que ele sugere? Como estamos lidando com os pecados que temos cometido? Onde, quando e como devemos confessar os nossos pecados? Eu sei que esta passagem ainda pode levantar outras questões mas gostaria que voltássemos nossa atenção para a confissão de pecados.

Não temos um confessionário onde as pessoas de forma oculta revelem os seus erros e recebam as penitências(punições). Cremos que cada cristão deve exercer o sacerdócio e assim cada um de nós é apto para ouvir e orar pelos pecados uns dos outros afim de que Deus os perdoe. Se porventura tais pecados têm produzido(e eles produzem) enfermidades físicas e espirituais também devemos orar pela cura. O fato é que temos uma imensa dificuldade de confiar aos nossos irmãos os erros e pecados pois tememos o julgamento, a discriminação e até alguma punição. É preciso que superemos esta dificuldade aprendendo a confiar nos irmãos e sendo confiáveis para que eles também compartilhem e confessem seus pecados a nós também.

É claro que não há um local ou ocasião clássica de se fazer esta confissão. Eu creio que ela pode ser feita tanto individualmente ao procurar-se alguém para confessar e orar pelos pecados quanto coletivamente, seja numa reunião de oração, num grupo pequeno ou até mesmo num culto público. Esteja sensível a liderança do Espírito Santo e não continue mais tentando esconder os pecados como quem esconde o lixo debaixo do tapete. Reconheça que os seus pecados afetam tanto a sua vida como a de cada irmão que faz parte do mesmo corpo de Cristo que é a Igreja. Tome ainda hoje uma atitude. Creiamos que o Senhor nos perdoa, confessemos mutuamente e uns aos outros os nossos pecados e oremos pedindo ao Pai Celeste que nos cure de todas as nossas enfermidades.

No enfoque anterior observamos nesta mesma passagem o aspecto da confissão mútua de pecados que constitui-se elemento vital inclusive para que as nossas orações sejam ouvidas pelo Senhor nosso Deus. Agora pensaremos sobre nossa responsabilidade de orarmos mutuamente uns pelos outros. Nos

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versos anteriores vemos o autor falando que a oração é uma ótima arma a disposição dos cristãos para que vençamos as batalhas e os obstáculos do dia-a-dia. O crente responsável não deixa de interceder pelos seus irmãos em Cristo Jesus além dos outros motivos e necessidades que porventura estejam em sua agenda de oração.

Creio que cada um de nós deve ser um(a) guerreiro(a) do Senhor(Efésios 6.10-20). Os dias são maus, difíceis e problemáticos. Em meio à tantas dificuldades, o inimigo de nossas almas trabalha, batalha, seduz, derruba, confunde e vence muitas pessoas. Para tristeza nossa muitos desses que caem pertencem ao exército de Deus; fazem parte daquilo que chamo de time de vencedores ou da igreja do Senhor. Será que satanás esta ficando mais forte? Gostaria de responder a esta pergunta com um não bem redondo mas o que posso dizer é que o problema não é do inimigo, já que ele faz exatamente aquilo para o qual ele existe(matar, roubar, destruir), e sim dos guerreiros do Senhor que não cumprem os objetivos dados pelo nosso general que é Cristo.

O que falta aos soldados de Cristo é combater o bom combate da fé. O que falta aos guerreiros do Senhor é vestir a armadura de Deus . O que falta aos membros de nossas igrejas é vida com o Senhor dos Exércitos. Caros irmãos guerreiros do Senhor são guerreiros de oração. Homens, mulheres, jovens, adolescentes e crianças que além de estarem revestidos da armadura de Deus obedecem a estratégia militar espiritual: “em todas as suas súplicas, façam todo tipo de oração espiritual, mantendo-se alertas e persistentes enquanto pedem em favor de todos os homens e mulheres de Cristo” (Efésios 6.19). Os que assim fizerem estarão fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Seja um (a) guerreiro (a) do Senhor! Ore diariamente pelos seus irmãos!

Cristãos Intercessores“O profeta Elias era um ser humano como nós. Ele orou com fervor para que não chovesse, e durante três anos e meio não choveu sobre a terra. Depois orou outra vez, e então choveu, e a terra deu a sua colheita”(Tiago 5.17-18).

O cristão intercessor é aquele que ora mesmo apesar de suas fraquezas e limitações(17). Uma das estratégias de satanás é procurar fazer com que nos sintamos incapazes de orar. Quando ele nos acusa de nossos pecados e fraquezas o faz para que não sejamos encorajados a orar. Por mais fraco na fé que você seja o inimigo não o resistirá se você se puser na posição de intercessor. Veja o exemplo de Elias um ser humano sujeito as mesmas paixões que nós mas que dedicou-se à oração. Não se deixe enganar: seja um intercessor.

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O cristão intercessor é aquele que ora com fervor(17). O fervor deve ser uma característica e diferencial entre os que oram e os que intercedem. Fervor tem a ver com a confiança de que Deus vai atender a oração e assim o intercessor a cada dia intensifica sua confiança e petição diante do trono da graça. Note que Elias orou com fervor e sua vida de oração é uma inspiração para a nossa.

O cristão intercessor é aquele que ora suplicando por milagres(18). Você precisa de um milagre em sua vida? Então interceda por este milagre e persista em pedir até que Deus tenha respondido a sua intercessão. Lembre-se porém que Deus tem três maneiras distintas de responder quando oramos:a) ele responde sim e nos concede o que pedimos. b) ele responde não e não nos concede o que estamos pedindo. c) ele responde espera e nos dá a paciência para esperarmos pela bênção.

Assim como o profeta orou nós também devemos interceder e eis algumas situações onde devemos atuar e agir: a) o cristão intercessor é aquele que ora quando existe aflição(v.12). b) cristão intercessor é aquele que ora quando está alegre(v.13). c) o cristão intercessor é aquele que ora quando há doença(v.14). d) o cristão intercessor é aquele que ora quando há tristeza pelo pecado(v.16)

Cristãos Restauradores“Minhas irmãs e meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade, e outro o fizer voltar para o bom caminho, lembrem disto: Quem fizer um pecador voltar do seu mau caminho salvará da morte esse pecador e fará com que muitos pecados sejam perdoados”(Tiago 5.19-20).

O cristão restaurador é aquele que mantêm-se firmado na verdade da Palavra de Deus. Deus espera que cada um de nós sejamos fortalecidos e que corramos com fidelidade e amor a carreira da vida cristã. Ocorre que alguns se desviam do alvo e deixam de lado o Senhor e a sua vontade. O que fazer diante desta situação? É aí que entra em campo a equipe de restauração. Quem pode atuar no ministério da restauração? Via de regra alguém que tem uma vida modelar que em função de sua coerência tenha autoridade espiritual para exortar e amor o suficiente para buscar o afastado onde ele estiver.

O cristão restaurador é aquele que tem como meta trabalhar na recuperação dos cristãos afastados. Como pastor sinto na pele as cobranças do rebanho que espera que eu sozinho atue na reconciliação e na busca dos crentes afastados. Eu sei que posso atuar nesta área mas também sei que outros

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membros da igreja deveriam envolver-se na recuperação dos afastados. Você pensa assim também? Quantos membros estão ausentes de sua comunidade? Se o seu pastor se dedicar sozinho a esta tarefa quanto tempo levará para alcançar todos os afastados? Será que a demora não pode piorar a condição do afastado? Por que não ajudá-lo? Procure visitar alguém de sua igreja que esteja afastado ainda esta semana. Experimente ser um cristão restaurador.

O cristão restaurador é aquele que atua e consegue com a ajuda de Deus reintegrar os cristãos afastados. Na prática da busca da “ovelha perdida” o coração de um cristão restaurador(seja ele pastor ou não) fica bem pequeno porque sabe que depende somente da graça de Deus. O que falar? Como agir? Minha sugestão é que você apenas ouça com atenção o que o membro afastado tem a dizer. Permita que o Senhor através do Espírito Santo lidere o seu coração e compartilhe com ele as suas expectativas quanto ao seu retorno a casa do Pai, a família, o corpo de Cristo. Ore com ele e por ele e se houver oportunidade de confissão de pecados e arrependimento proceda junto a igreja a reintegração do afastado.

O cristão restaurador é aquele que em função de sua tarefa experimenta o perdão dos pecados. Tiago aborda um conceito interessante acerca do perdão de pecados. Os pecados de quem são perdoados quando ocorre a restauração? A palavra usada aqui em Tiago nos permite pensar que os pecados de ambos são perdoados. Tanto o restaurador quanto o restaurado têm os seus pecados perdoados. Isso não é uma bênção?

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1 e 2 PEDRO

Os escritos encimados com o nome do apóstolo Pedro são em número de dois. O primeiro deles ganhou mais simpatia e obteve melhor aceitação. O segundo, por umas características peculiares ao seu feitio, a princípio não lhe houve tão boa vontade. Não obstante, 1 e 2 Pedro lograram entrar e hoje reforçam o cânon do Novo Testamento. A primeira carta foi sobejamente conhecida na Igreja. Policarpo, Papias, Irineu, Tertuliano e Orígenes dela se serviram como Escritura Sagrada, o que quer dizer que lhe reconheceram a autoridade. Que há com respeito à segunda epístola? Clemente de Roma reproduziu-lhe quase todo o conteúdo de 2.5,6-9. A carta foi reconhecida como autêntica por Teófilo, bispo de Antioquia, e Metódio, bispo de Tiro. O historiador Eusébio escreveu que a epístola era cuidadosamente lida e estudada nas igrejas.

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1. Autoria = Ambas trazem a chancela do autor: Pedro. É uma prova que tem valor não tanto por causa da declaração do nome do apóstolo, mas porque as cartas não escondem mesmo a individualidade de Pedro. Pedro era homem profundamente religioso, mas a sua fé oscilava de quando em quando. Sofrera vários revezes como crente. Exortado à fidelidade, teve de passar pelo vexame de ser repreendido pelo Mestre. Embora desejoso de seguir, a todo transe, ao Senhor, para o que hipotecara a sua vida, pareceu, todavia, não estar verdadeiramente convertido(Lucas 22.32). Convenceu-se de que a fé precisa ser provada no candinho da dor e das aflições(1 Pedro 1.7). Pedro não entendeu de outra maneira os contratempos da vida religiosa. São como pedra de toque para avaliar a grandeza e a segurança da fé. Sofreu muito para se conservar fiel ao Mestre. Foi bastante provado, podia aconselhar-nos à paciência na provação.

O sofrimento por Deus, para ele, era motivo de graça(1 Pedro 2.20-21). Lembremo-nos de que ele viveu sob apodos dos homens, os mais deprimentes, e, contudo não deixou de ser humilde. Até a rispidez com que Jesus o tratara, de uma feita, ele a recebeu com para edificação da vida espiritual. Para ele foi um meio da graça. Pedro era judeu, gostava do Antigo Testamento; sempre tinha o que recordar da vida de Abraão e de outros servos de Deus, da antiga dispensação. Por isso não escoimou a epístola das idéias puramente judaicas. Em 1 Pedro 5.12, há uma evidência valiosa. Lá está que Silvano se prestara ao apóstolo como escriba. Devia ter sido assim mesmo, pois Pedro não era versado na língua dos gregos: ele falava em aramaico.

2. Destinatários = A primeira carta destina-se aos "estrangeiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia”. Os lugares mencionados são campo missionário de Paulo. É claro que Pedro não escreveria a estas igrejas, pelo menos enquanto elas estivessem sob o cuidado do seu pastor. Além de que, Paulo jamais descuidara de seus pupilos, nem mesmo enquanto esteve encarcerado. Da prisão escrevia-lhes cartas carinhosas. Tudo faz crer que Pedro escreveu àquelas igrejas depois da morte de Paulo, pois antes não haveria motivo de se impressionar com o trabalho fora de seu campo, e mesmo a ética pastoral não o permitiria. Por aí se vê, a data coloca-se entre Os anos de 64 a.D. e 68 a.D., no fim do reinado de Nero. A segunda epístola também foi escrita pelo apóstolo Pedro. Nela o autor relembra o episódio da transfiguração e dá a entender que esteve presente ao ato(1.16-18). Isto é significativo. Alguns há que censuram esta falta de modéstia da parte de Pedro. Mas devemos reconhecer que o apóstolo jamais cuidou de parecer erudito aos ouvintes e leitores. Suas mensagens são simples e todas se baseiam em testemunhos, isto é, em fatos da vida de Jesus e do ministério apostólico. Tais foram os seus sermões. E como lhe vamos negar agora o direito de invocar seu próprio testemunho? Pedro tinha consciência da limitação de suas possibilidades intelectuais(2 Pedro 3.16). Achava, por exemplo, que nos escritos de Paulo havia algumas coisas difíceis de entender. Trata-se, portanto, de um testemunho pessoal sincero e que devemos respeitar. A carta merece,

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pois, a boa aceitação que alcançou. E merece-a não só por ter logrado inclusão no cânon, mas mui especialmente porque encerra valores espirituais específicos auferidos da autoridade divina por via da inspiração. E isto só bastaria, se outra coisa não bastasse.

3. Data e Lugar = 1 Pedro é um hino às virtudes do cristão, um coro que aflora dos lábios dos mártires da fé; um escrito encorajador, de palavras que estimulam os sentimentos religiosos, repassadas de espírito de consagração. Do começo ao fim, correm conselhos salutares, uma porção de exortações, com que se cuida conservar o testemunho da fé. Sofrer o vitupério pelo nome de Cristo, eis o privilégio dos crentes(1 Pedro 4.14). A epístola é, destarte, a expressão da angústia moral que permeava às igrejas. Os crentes sofreram calúnias e violências físicas, muitas perseguições(2.12, 3.16 e 4.4-5 mais 2.18-25 a 3.18). Havia hereges que espalhavam entre os crentes idéias errôneas. Acobertados sob uma eloqüência cheia de empáfia, os falsos mestres minavam os fundamentos doutrinários da igreja, e negavam o segundo advento de Cristo, pregavam conceitos antinômicos, e com isto arrastavam não poucos a vaidade e luxúria, e se corrompiam em seus costumes. O retrato desta gente está mais bem descrito na epístola de Judas. Tais coisas vinham acontecendo desde os tempos de Paulo. Conforme afirma 1Pedro 5.18, estas cartas foram escritas em Babilônia. Babilônia foi uma colônia judaica muito populosa, situada perto de Alexandria, no Egito. A data, a dos anos 67 a.D. ou 68 a.D., não depois.

4. Aspectos Doutrinários = As cartas apresentam um sistema eclético de teologia. Suas idéias relacionam-se bastante com as do Antigo Testamento. São judaico-cristãs. Ambas ensinam que a morte de Cristo é a garantia da salvação, e o seu sangue é o que purifica e redime o homem da culpa e do pecado. A ressurreição de Jesus é o legado de uma herança incorruptível, imaculada e imarcescível. É a misericórdia de Deus para com o pecador. O Senhor Jesus dá ao homem o livre acesso a Deus e favorece o batismo que serve para operar uma boa consciência(1 Pedro 3.18-21). Outras idéias aparecem, de fundo judaico, mas não se opõem as cristãs. Por exemplo, ensinam que o Espírito de Cristo não age nos corações somente desde a encarnação do Verbo. No passado era o que impregnava os profetas do Antigo Testamento e era a inspiração dos embaixadores de Deus(2 Pedro 1.20-21). Subsiste a preocupação de se ter um povo de Deus, escolhido, e de um sacerdócio santo, contemplado na promessa do advento do Senhor. Um novo céu e uma nova terra(2 Pedro 3.4,9,13-14). A teologia é realmente, eclética, e fundamenta-se em duas idéias que constituem a base do sistema: o conceito de conhecimento de Deus e o de Cristo Jesus como Senhor. Como corolários

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seguem os pensamentos sobre a fé, as obras e o amor. O amor figura como a virtude cristã por excelência.

5. Esboço das Cartas

1 Pedro

Introdução -1.1-2

I - A fé que nos guarda para a salvação

“Louvemos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo! Por causa da sua grande misericórdia, ele nos deu uma nova vida pela ressurreição de Jesus Cristo. Por isso o nosso coração está cheio de uma esperança viva. Assim esperamos possuir as ricas bênçãos que Deus guarda para o seu povo. Ele as guarda no céu, onde elas não perdem o valor e não podem se estragar, nem ser destruídas. Essas bênçãos são para vocês que, por meio da fé, são guardados pelo poder de Deus para a salvação que está pronta para ser revelada no fim dos tempos. Alegrem-se por isso, se bem que agora é possível que vocês fiquem tristes por algum tempo, por causa dos muitos tipos de provações que vocês estão sofrendo. Essas provações são para mostrarem que a fé que vocês têm é verdadeira. Pois até o ouro, que pode ser destruído, é provado pelo fogo. Da mesma maneira, a fé que vocês têm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada para que continue firme. E assim vocês receberão aprovação, glória e honra, no Dia em que Jesus Cristo for revelado. Vocês o amam, mesmo sem o terem visto, e crêem nele, mesmo que não o estejam vendo agora. Assim vocês se alegram com uma alegria tão grande e gloriosa, que as palavras não podem descrever. Vocês têm essa alegria porque estão recebendo a sua salvação, que é o resultado da fé que possuem”(1 Pedro 1.3-9).

Uma das maiores bênçãos de termos fé em Jesus é que ele nos guarda para a salvação. Ela nos protege e nos capacita a perseverarmos e assim somos conduzidos pelo Senhor até aquele grande dia quando a salvação se completará e então poderemos descansar na glória eterna.

O objetivo(fim) de nossa fé é a salvação de nossas almas(v.9) e ela possui algumas características como: a) é uma obra de Deus em Jesus Cristo(v.3); b) é permanente, incorruptível e incontaminável; c) foi predita pelo Espírito Santo através dos profetas, como obra destinada a nós(v.10-12); d) é garantida por

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Deus(v.5). Assim cada um de nós, os salvos por Jesus, somos guardados pelo poder de Deus, e nada pode retirar-nos de sua proteção.

A salvação admite provas durante nossa caminhada nesta vida(v. 1,6) e elas são: a) provas necessárias porque revelam a qualidade de nossa fé(v.6); b) provas breves(v.6), ou seja um pouco de tempo significa que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã(Salmo 30.5); c) provas para a purificação(v.7), o ouro passa pelo fogo para ficar mais puro; d) provas para o louvor, glória e honra de Jesus Cristo(v.7).

Desta maneira nos que o amamos e cremos nele sem o termos visto somos felizes porque ele fez nascer em nós esta fé inabalável que nos prepara para a salvação gloriosa preparada antes mesmo da fundação do mundo. Você tem fé em Jesus então guarde-a bem porque ela é o seu maior tesouro.

II - Vendo a Glória de Deus em Minha Vida

"Portanto, estejam prontos para agir. Continuem alertas e ponham toda a sua esperança na bênção que será dada a vocês quando Jesus Cristo for revelado. Sejam obedientes a Deus e não deixem que a vida de vocês seja dominada por aqueles desejos que vocês tinham quando ainda eram ignorantes. Pelo contrário, sejam santos em tudo o que fizerem, assim como Deus, que os chamou, é santo. Porque as Escrituras Sagradas dizem: "Sejam santos porque eu sou santo." Quando oram a Deus, vocês o chamam de Pai, ele que julga as pessoas não pela sua aparência, mas de acordo com as suas ações. Portanto, durante o resto da vida de vocês aqui na terra tenham respeito a ele. Pois vocês sabem o preço que foi pago para livrá-los da vida inútil que herdaram dos seus antepassados. Esse preço não foi uma coisa que perde o seu valor como o ouro ou a prata. Vocês foram libertados pelo precioso sangue de Cristo, que era como um cordeiro sem defeito nem mancha. Ele foi escolhido por Deus antes da criação do mundo e foi revelado nestes últimos tempos em benefício de vocês. Por meio dele vocês crêem em Deus, que o ressuscitou e lhe deu glória. Assim a fé e a esperança que vocês têm estão firmadas em Deus"

(1 Pedro 1.13-21).

O Senhor, nosso Deus, nos chama para uma vida de santidade. E nesta porção da escritura o vemos nos advertindo sobre diversos aspectos de nossa vida cristã. Podemos afirmar com segurança que a salvação implica em

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completa santificação(13-16): a) Porque a santificação se alcança através da obediência(v.14). b) Porque a santificação se alcança pela comunhão com Deus(v.16). c) Porque a santificação se alcança pelo estudo da Palavra(v.14). d) Porque a santificação nos faz deixar a ignorância e seguir rumo ao entendimento(v.13).

Mas o que significa santidade ou santificação? Nos versos 17 e 18 Deus nos responde dizendo que: a) a santidade nos faz viver como peregrinos que não se apegam aos valores deste mundo. Estamos aqui de passagem e devemos revelar em nossas vidas fidelidade e amor ao Senhor. b) a santidade nos faz lembrar o fato de fomos separados para uso exclusivo de Deus. Ele tem direito sobre nossas vidas porque nos comprou com o preço do sangue de Jesus derramado na cruz. c) a santidade nos adverte que agora uma vez comprados e separados também fomos feitos novas criaturas através da ação regeneradora do Espírito Santo que nos conduz a novos propósitos. d) a santidade exige de nós uma relação correta com Jesus.

A santidade é construída sobre a base da salvação(19-21) e isto se processa da seguinte maneira: a) Cristo, o cordeiro de Deus, é singular, absoluto e não há nenhum outro que possa nos desafiar e ajudar neste caminho de santidade(v.19). b) a santidade de Jesus é idêntica a de Deus Pai, porque ele fazia parte da essência da divindade(v.20). c) Jesus é o escolhido de Deus e o único mediador(v.20). d) a comprovação de nossa fé pela misericórdia perdoadora de Deus encontra-se na ressurreição de Jesus(v.21). e) devemos manter nossa fé e esperança porque o maligno não tem mais domínio sobre os que apoiam sua fé em Deus(v.21). Eu e você temos pela frente o desafio da "perfeição" ou santidade sejamos obedientes e atentos às oportunidades que Deus nos oferece.

III - Vendo a Glória de Deus em minhas amizades

"Portanto, abandonem tudo o que é mau, toda mentira, fingimento, inveja e críticas injustas. Sejam como criancinhas recém-nascidas, desejando sempre o puro leite espiritual, para que, bebendo dele, vocês possam crescer e ser salvos. Pois, como dizem as Escrituras Sagradas: "Vocês já descobriram por vocês mesmos que o Senhor é bom." Cheguem perto dele, a pedra viva que os seres humanos rejeitaram como inútil, mas que Deus escolheu como de grande valor. Vocês, também, como pedras vivas, deixem que Deus os use na

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construção de um templo espiritual onde vocês servirão como sacerdotes dedicados a Deus. E isso para que, por meio de Jesus Cristo, ofereçam sacrifícios que Deus aceite. Pois as Escrituras Sagradas dizem: "Eu escolhi uma pedra de muito valor, que agora ponho em Sião como a pedra principal do alicerce. Quem crer nela não ficará desiludido." Essa pedra é de muito valor para vocês, os que crêem. Mas, para os que não crêem, "A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas." E em outra parte as Escrituras Sagradas dizem: "Esta é a pedra em que as pessoas vão tropeçar, a rocha que vai fazê-las cair." Essas pessoas tropeçaram porque não creram na mensagem, de acordo com a vontade de Deus para elas. Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciarem os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz. Antes, vocês não eram o povo de Deus, mas agora são o seu povo; antes, não conheciam a misericórdia de Deus, mas agora já receberam a sua misericórdia. Queridos amigos e amigas, lembrem que vocês são estrangeiros de passagem por este mundo. Peço, portanto, que evitem as paixões carnais que estão sempre em guerra contra a alma. A conduta de vocês entre os pagãos deve ser boa, para que, quando eles os acusarem de criminosos, tenham de reconhecer que vocês praticam boas ações, e assim louvem a Deus no Dia da sua vinda"( 1 Pedro 2.1-12).

Deus quer usar as nossas vidas na construção de uma sociedade santa. Deus quer usar as nossas vidas transformadas e santificadas para edificar uma cidade perfeita. Do mesmo modo que um construtor responsável usa material de primeira qualidade o Senhor deseja usar um material nobre. Você está disposto a ser essa "pedra viva" que Deus usará na construção de uma cidade eterna? Então preste atenção no que diz a Palavra nesta porção escrita por Pedro.

Para que sejamos estas "pedras vivas" e atinjamos o padrão de santidade desejado por Deus precisamos extinguir em nossas vidas algumas práticas pecaminosas como: abandonar a malícia, o engano, os fingimentos, as invejas e toda a maledicência(v.1). Para que sejamos estas "pedras vivas" e atinjamos o padrão de santidade desejado por Deus precisamos desejar o crescimento espiritual e isso implica em assumir a condição de filhos(bebês) de Deus que ardentemente anseiam e tomam o puro leite espiritual. Este leite espiritual tem sido compreendido como a pessoa de Cristo e/ou à sua Palavra(v.2). Você e eu precisamos relembrar diariamente a respeito da bondade do Senhor(v.3).

Para que sejamos estas "pedras vivas" e atinjamos o padrão de santidade desejado por Deus precisamos nos aproximar de Cristo diariamente(v.4). Ao buscar esta aproximação devemos desfrutar dos benefícios advindos da comunhão com o Senhor Jesus e permitir que sua influência poderosa vá

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transformando nossas vidas. Para que sejamos estas "pedras vivas" e atinjamos o padrão de santidade desejado por Deus precisamos de um modelo(4). Jesus é a pedra que vive aceito e escolhido por Deus para ser o alicerce, a base desta nova sociedade olhemos para ele e nos espelhemos no seu caráter.

Para que sejamos estas "pedras vivas" e atinjamos o padrão de santidade desejado por Deus precisamos viver como o povo de Deus. Este povo tem como fundamento a pessoa de Jesus Cristo. Uma vez que nós somos este edifício(v.5) devemos reconhecer o Senhor tem algumas funções que espera que executemos como: a) sacerdócio santo = isto significa dizer que todos os crente somos sacerdotes de Deus neste mundo. Todos uma vez transformados e santificados pelo Espírito Santo temos acesso à presença do Todo-Poderoso e podemos realizar nossas funções sacerdotais através dos dons espirituais que recebemos. b) sacerdócio real = isto significa dizer que servimos ou ministramos em nome do Rei Jesus seja na oração, na proclamação ou nos serviços de amor. c) raça eleita = isto significa dizer que Deus nos elegeu em Cristo para construirmos uma nova sociedade. O privilégio de sermos eleitos não se deve a qualquer mérito que tenhamos e sim ao fato de termos sidos adotados pelo Senhor(João 1.12). d) nação santa = isto significa dizer que devemos buscar uma vida, enquanto indivíduos e igrejas, separada para o Senhor. Santo é aquilo que foi separado para o uso exclusivo do Senhor. e) propriedade particular = isto significa dizer que o Senhor Deus é nosso dono. O somos por duas razões: o direito de criação e o direito de compra na cruz. Se somos dele então vivamos para ele!

Para que sejamos estas "pedras vivas" e atinjamos o padrão de santidade desejado por Deus precisamos cumprir nossa missão proclamadora(v.9). Deus quer conduzir as pessoas das trevas para a sua maravilhosa luz e para essa sagrada missão conta conosco. Para que sejamos estas "pedras vivas" e atinjamos o padrão de santidade desejado por Deus precisamos assumir uma posição de peregrinos que sabem passar por este mundo sem estar ligado ou preso a ele e seus valores que são passageiros(v.11).

Para que sejamos estas "pedras vivas" e atinjamos o padrão de santidade desejado por Deus precisamos nos abster das paixões carnais. O que são estas paixões carnais? Em tese é tudo aquilo que luta conta a nossa alma. Tudo aquilo que nos faz pecar por nos colocar no centro destronando assim Cristo e sua Vontade. Para que sejamos estas "pedras vivas" e atinjamos o padrão de santidade desejado por Deus precisamos manter uma boa conduta entre os não crentes de modo que eles sejam capazes de louvar a Deus por nosso bom testemunho. O desafio de sermos "pedras vivas" é tremendo e espero que você esteja ligado a Jesus e desejoso por alcançar este padrão.

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IV - Vendo a Glória de Deus em Minha Família

1 Pedro 3.1-15

Segundo Gary R. Collins em seu livro Aconselhamento Cristão “o casamento é a mais íntima de todas as relações humanas. Quando esta relação é boa e se desenvolve ela fornece uma das maiores satisfações da vida. Quando é negativa, ou mesmo estática e rotineira, pode ser uma fonte de grande frustração e miséria”. Deus quer que os casamentos sejam bons, os lares ajustados e que as famílias vivam de acordo com as orientações divinas.

Uma vez que fomos alcançados pela graça maravilhosa de Jesus temos um compromisso de refletir a glória de Deus. Isto indica que precisamos em nossa vida familiar revelar aspectos do caráter transformado pelo poder de Deus. Somos “o sal da terra e luz do mundo” e precisamos exercer uma boa influência em nossa sociedade. Eu quero ver, o mundo precisa ver e a vontade de Deus é que de fato sua glória seja vista em nossas atitudes marcadas pela santidade e pela obediência à sua Palavra.

Durante este acampamento não desejo trazer nenhuma inovação nesta problemática. O meu desejo é rever antigos conceitos que nos ajudarão a resolver os modernos problemas da família. E neste momento contaremos com a ajuda do apóstolo Pedro em sua primeira epístola capítulo três do verso primeiro ao décimo segundo onde juntos construiremos a partir dos ensinos ali registrados uma reflexão sobre o tema: Vendo a Glória de Deus em Minha Família

I - Em primeiro lugar na família que reflete a glória de Deus cada componente executa bem a sua função.

"Assim também você, esposa, deve obedecer ao seu marido a fim de que, se ele não crê na mensagem de Deus, seja levado a crer pelo modo de você agir. Não será preciso dizer nada porque ele verá como a conduta de você é honesta e respeitosa. Não procure ficar bonita usando enfeites, penteados exagerados, jóias ou vestidos caros. Pelo contrário, a beleza de você deve estar no coração, pois ela não se perde; ela é a beleza de um espírito calmo e

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delicado, que tem muito valor para Deus. Porque era assim que costumavam se enfeitar as mulheres do passado, as mulheres que eram dedicadas a Deus e que punham a sua esperança nele. Elas eram obedientes ao seu marido. Sara foi assim; ela obedecia a Abraão e o chamava de "meu senhor". Você será agora sua filha se praticar o bem e não tiver medo de nada. Também você, marido, na vida em comum com a esposa, reconheça que a mulher é o sexo mais fraco e que por isso deve ser tratada com respeito. Porque a esposa também vai receber, junto com você, o dom da vida, que é dado por Deus. Aja assim para que nada atrapalhe as orações de você"(1 Pedro 3.1-7).

“Nesta era de libertação feminina e reavaliação dos papéis masculino e feminino tradicionais, surge constantemente um conflito sobre o que significa ser homem ou mulher. A sociedade dá pouca orientação neste assunto, pois as opiniões parecem estar mudando rapidamente. A Bíblia é muito mais explícita, mas os cristãos diferem em suas interpretações dessas Escrituras. Como resultado há discórdia e algumas vezes ameaça, acompanhada de competição”. É necessário que como famílias cristãs saibamos distinguir e cumprir bem o papel que Deus descreveu em sua Palavra.

Por exemplo, o papel da mulher na vida familiar segundo os textos lidos pode ser compreendido como: 1) Submissão = “estar de pé adiante de”, organização, força. 2)Temor a Deus e comportamento honesto(3-5) = qualidades pessoais e internas: contraste entre a beleza externa (adornos) e a interna (Cristo). Provérbios15.3-6 praticar o bem e não temer perturbação nenhuma.

O homem tem por papel segundo o verso 7: a) viver a vida comum no lar com discernimento. b) fidelidade conjugal “viver juntos”. c) Respeito à fragilidade feminina - o vaso mais fraco. d) ter sabedoria e tratar a esposa com dignidade “conferir honra”. e ) ter coerência com a esperança e a vida cristã que os dois possuem “co-herdeiros”. f ) manter um bom nível de comunhão e espiritualidade no relacionamento.

Como tem sido a sua participação familiar prezado irmão, estimada irmã? Você é uma pessoa criada por Deus, e resgatada na cruz? Você pode afirmar com convicção que na sua família, você tem feito a sua parte? Cuide pois de cumprir as determinações da Palavra de Deus.

II - Em segundo lugar na família que reflete a glória de Deus existem harmonia, união e amor entre os companheiros.

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"Finalmente, que todos vocês tenham o mesmo modo de pensar e de sentir. Amem uns aos outros e sejam educados e humildes uns com os outros. Não paguem mal com mal, nem ofensa com ofensa. Pelo contrário, paguem a ofensa com uma bênção porque, quando Deus os chamou, ele prometeu dar uma bênção a vocês. Como dizem as Escrituras Sagradas: "Quem quiser gozar a vida e Ter dias felizes não fale coisas más e não conte mentiras. Afaste-se do mal e faça o bem; procure a paz e faça tudo para alcançá-la"(1 Pedro 3.8-11).

Os seres humanos são criaturas complexas com personalidades individuais e vontades fortes. Estamos comprimidos num planeta que parece superpovoado com pessoas cuja natureza pecaminosa os faz inimigos de Deus e uns dos outros. Muitos querem manter uma boa convivência com os demais, mas isto não é fácil.

Cada membro da família é responsável pela manutenção de um ambiente saudável e cristão no lar. E neste grande e importante concerto que é a família precisamos experimentar a ação divina e aprender com a sua Palavra a viver em harmonia, união e amor. Na linguagem musical a harmonia tem uma importância fundamental para que, tanto os instrumentos, como as vozes, cumpram as suas responsabilidades de produzir uma música agradável. E numa linguagem existencial a harmonia é o grande desafio da vida em família, pois vivemos num tempo onde ninguém se entende.

Os versos 8-11 nos dão um caminho a seguir dentro da vida familiar: 1) unanimidade,“um mesmo sentimento”. 2) compadecimento, “compassivos” = sentir junto com o outro. 3) misericórdia, não construir preconceitos e discriminações. 4) humildade, “humildes de espírito”. 5) não pagar o mal com mal. 6) perdoar e abençoar os perseguidores. 7) amar a vida. 8) não maldizer. 9) apartar-se do mal. 10) praticar o bem. 11) buscar a paz.

Estes ensinos nos conduzem à uma avaliação do nosso comportamento familiar. Pois se compomos como uma família que almeja refletir a glória de Deus é certo que estas características devem existir em nosso dia-a-dia. Mas se ainda falta alguma coisa saiba que Jesus pode transformar o vosso lar. Basta que permitamos que ele dirija, conduza, controle os nossos passos. As nossas atitudes hão de ser um testemunho vivo da transformação que Deus opera a partir de Jesus Cristo. Lembremos principalmente do amor, da união e da harmonia.

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III - Em terceiro lugar na família que reflete a glória de Deus todos reverenciam a Deus e buscam sua orientação.

"Pois o Senhor olha com atenção as pessoas honestas e ouve os seus pedidos, porém é contra os que fazem o mal." Se, de fato, vocês quiserem fazer o bem, quem lhes fará o mal?

Como vocês serão felizes se tiverem de sofrer por fazerem o que é certo! Não tenham medo de ninguém, nem fiquem preocupados. Tenham no coração de vocês respeito por Cristo e o tratem como Senhor. Estejam sempre prontos para responder a qualquer pessoa que pedir que expliquem a fé que vocês têm"(1 Pedro 3.12-15).

Na incansável busca para a refletir a glória de Deus os membros unem-se em torno da fé inabalável e buscam na Bíblia Sagrada a orientação para uma vida agradável. “Pois o Senhor está observando os seus filhos, atento às suas orações”. Sei que a luta diária pela sobrevivência, os compromissos e as prioridades individuais sobrecarregam os membros de nossas famílias e em determinadas circunstâncias criam verdadeiras barreiras na comunicação interpessoal e também na comunhão familiar com Deus.

Resta-nos então o desafio de escolher, como fez no passado o servo Josué(“eu e a minha casa serviremos ao Senhor”), as prioridades para a vida da família. Acomodar os horários, eliminar os elementos menos importantes e cultivar uma vida em família que busque unida a presença do Senhor e que reverencie a sua majestade. “E tranqüilamente entreguem-se aos cuidados de Cristo, seu Senhor, e se alguém perguntar por que vocês crêem e vivem assim, estejam preparados para contar-lhe, e façam de uma maneira amável e respeitosa”(3:15 BLH).

Qual é a sua relação com o Senhor Glorificado? Temos reverenciado a sua presença em nossas casas? Podemos dizer que temos buscado a sua orientação? Ou os fatos revelam que cada um tem tentado orientar os próprios passos? Prezadas famílias cristãs, é necessário pois firmar-se na confiança em Deus e pautar a vida nas páginas e no conteúdo das Escrituras. Permitam que Deus realize a Sua perfeita Vontade em vossos corações. E sejam uma bênção para a honra e glória de Deus. Amém!

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V - Glorificando a Deus nas perseguições

“Por isso, assim como Cristo sofreu no corpo, vocês também devem estar prontos, como ele estava, para sofrer. Porque aquele que sofre no corpo deixa de ser dominado pelo pecado. Então, de agora em diante, vivam o resto da sua vida aqui na terra de acordo com a vontade de Deus e não se deixem dominar pelas paixões humanas. No passado vocês já gastaram bastante tempo fazendo o que os pagãos gostam de fazer. Naquele tempo vocês viviam na imoralidade, nos desejos carnais, nas bebedeiras, nas orgias, na embriaguez e na nojenta adoração de ídolos. E agora os pagãos ficam admirados quando vocês não se juntam com eles nessa vida louca e imoral e por isso os insultam. Porém eles vão ter de prestar contas a Deus, que está pronto para julgar os vivos e os mortos. Pois o evangelho foi anunciado também aos mortos, os quais morreram por causa do julgamento de Deus, como morrem todos os seres humanos. O evangelho foi anunciado a eles a fim de que eles pudessem viver a vida espiritual como Deus quer que eles vivam. O fim de todas as coisas está perto. Sejam prudentes e estejam alertas para poderem orar. Acima de tudo, amem sinceramente uns aos outros, pois o amor perdoa muitos pecados. Hospedem uns aos outros, sem reclamar. Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros! Quem prega pregue a palavra de Deus; quem serve sirva com a força que Deus dá. Façam assim para que em tudo Deus seja louvado por meio de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o poder para todo o sempre! Amém! Meus queridos amigos e amigas, não fiquem admirados com a dura prova de aflição pela qual vocês estão passando, como se alguma coisa fora do comum estivesse acontecendo a vocês. Pelo contrário, alegrem-se por estarem tomando parte nos sofrimentos de Cristo, para que fiquem cheios de alegria quando a glória dele for revelada. Vocês serão felizes se forem insultados por serem seguidores de Cristo, porque isso quer dizer que o glorioso Espírito de Deus veio sobre vocês. Se algum de vocês tiver de sofrer, que não seja por ser assassino, ladrão, criminoso ou por se meter na vida dos outros. Mas, se alguém sofrer por ser cristão, não fique envergonhado, mas agradeça a Deus o fato de ser chamado por esse nome” (1 Pedro 4.1-16).

Para glorificar a Deus nas perseguições eu devo evitar(1-4): a) o medo causado pela possibilidade ou realidade do sofrimento físico e me colocar a disposição de Cristo(v.1). b) o domínio do pecado e apresentar o meu corpo em sacrifício vivo(Romanos 12.1) para ser todo ele consumido(queimado, gasto, usado) para a glória do Senhor(v.1). c) ser guiado pela minha vontade e pelas paixões humanas assumir uma postura de obediência irrestrita a Vontade de Deus pelo resto de minha vida(v.2). d) ser controlado pelo que os incrédulos gostam de fazer ou o que fazia antes da conversão como: imoralidade, desejos carnais, bebedeiras, orgias, embriaguez e idolatria(v.3). e) ter comunhão com os incrédulos uma vez que eles nos insultam exatamente porque não somos dominados pelas paixões carnais e pela imoralidade(v.4)

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Para glorificar a Deus nas perseguições eu devo saber(5-7): a) que Deus julgará os vivos e os mortos e todos haveremos de prestar contas de nossas atitudes(v.5). b) que a pregação do evangelho ou a atenção(crédito) ou obediência que demos a ele é o nosso grande álibi(nossa defesa)(v.6). c) que o fim de todas as coisas está perto: sim Deus cumprirá as suas promessas e neste dia haverá um acerto de contas(v.7). d) que devo ser prudente e me manter alerta e na prática da oração(v.7).

Para glorificar a Deus nas perseguições eu devo amar sinceramente(v.8). Na medida em que pensamos na responsabilidade que temos de amar mutuamente uns aos outros, como a Deus e também ao nosso próximo precisamos de um modelo e o temos na pessoa de Jesus Cristo. Então ore ao Senhor dizendo-lhe: “Meu Deus me ajude a amar como Jesus ama!”. Cremos que o amor tem sua origem em Deus que é amor e por esta razão se ainda não estamos amando como deveríamos devemos buscá-lo na fonte. Cremos que o amor também é um dom espiritual que o Senhor concede a sua igreja e que este dom é eterno e se temos sentido falta dele isto não faz sentido e contraria a própria natureza eterna do amor. Eis o desafio de cada um de nós: não permitir que a chama do amor se apague ou se esfrie.

Ao refletirmos sobre como está o amor concluímos também que o amor tem como clímax o auto-sacrifício e que quem deseja amar deve estar disposto a sofrer todas as conseqüências do ato de amar verdadeiramente(basta dar uma conferida em 1 Coríntios 13). Amar é doar-se e abrir mão de possíveis direitos em função do ser amado. Aliás quero dizer ainda que o amor tem com evidência a vida eterna. Ou seja, quem ama na forma expressa pela Palavra de Deus tem a vida eterna e a estes a Bíblia continua dizendo: “Meus filhos, amemos não apenas em teoria ou em palavras - amemos com sinceridade e na prática!”(v.18) E o amor como está? Você tem amado verdadeiramente seus irmãos e o seu próximo?

Para glorificar a Deus nas perseguições eu devo praticar a hospitalidade(v.9). O hospitaleiro é aquele que dá hospedagem por bondade ou caridade. Hospitalidade é acolher com satisfação os seus hóspedes. A hospitalidade é exigida como uma característica básica de quem almeja ser ou já é líder na igreja de Cristo(1 Timóteo 3.2; Tito 1.8). Até a viúva recebe a lembrança de que deve mostrar hospitalidade aos estrangeiros(1 Timóteo 5.10). Espera-se de toda a igreja que a hospitalidade seja praticada(1 Pedro 4.9).

Os cristãos têm que se destacar pela hospitalidade. Ela é verdadeiramente um sinal de maturidade cristã. Ser hospitaleiro não é somente abrir as portas do seu lar para alguém, mas oferecer amor, atenção especial à necessidade do outro que pode ser emocional, social ou espiritual. Assim entendemos a bênção da hospitalidade como uma etapa no processo de aceitação mútua na comunidade cristã. A hospitalidade é recomendada como uma virtude: “acudi os santos nas suas necessidades, exercei a hospitalidade(...) não vos esqueçais da hospitalidade porque por ela alguns, sem o saberem, hospedaram a anjos”( Romanos 12.13; Hebreus 13.2).

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A hospitalidade não é apenas uma responsabilidade sagrada ou um dever religioso, mas antes um ato de amor cristão. Recusar a hospitalidade é recusar o próprio Jesus Cristo(Mateus 25.31-46). Se a palavra da qual temos a tradução hospitalidade em nossa língua significa amável com os estrangeiros, gentil com os estranhos, afável com os desconhecidos, o que podemos extrair como lição para a nossa vida em comunidade? É claro que devemos praticar a hospitalidade e com esse hábito abençoar e sermos abençoados. A hospitalidade contribuirá para que pessoas se sintam aceitas por nós. Estou orando a Deus para que nos capacite a sermos hospitaleiros. Que os nossos lares estejam sempre aptos e abertos para atender o necessitado!

Para glorificar a Deus nas perseguições eu devo me apresentar para o serviço divino na medida dos dons recebidos(v.10-11). Sabemos que os dons espirituais são dados a igreja para que haja benefício a todos os crentes(v.10). Se eu e você não nos apresentamos para servir a Deus através da sua igreja logo os dons não estão cumprindo o seu propósito em nossas vidas(v.11). Todas as nossas ações ministeriais da proclamação ao serviço devem ter como meta: o louvor de Deus por meio de Jesus Cristo(v.11). Sabemos que Jesus nos ensinou a servir, mostrando que a grande posição no reino e na igreja é a do servo. A grande virtude que devemos perseguir é a da humildade no serviço(Mateus 20.26). Jesus, nosso exemplo, foi servo, apresentou-se como servo, disse que veio para servir, serviu(Filipenses 2.7). Nós que compomos sua igreja, como devemos agir? Os dons espirituais que dizem respeito ao serviço nos capacitam a servirmos mutuamente uns aos outros. Assim Deus sabiamente nos desafia a sairmos de nós mesmos e de nossos problemas, e quer que nos dediquemos aos outros.

Todos devemos nos envolver neste ministério de serviço mútuo. Cada um de nós sabe e pode fazer alguma coisa que beneficie alguém. Não é coerente com o seu chamado e com a capacitação recebida de Deus o crente que não serve, que não ajuda, que não ministra em nome de Jesus aos que têm necessidades. Este egoísmo ou este desinteresse pelo próximo(incluindo os membros da igreja) não é compatível com a vida de um discípulo ou servo de Jesus. Assim meus queridos irmãos eu os conclamo a que saíamos desta situação vergonhosa de descaso pelos nossos irmãos que carecem de nosso serviço de amor e mais do que depressa corramos para acudi-los em suas necessidades. Pois quem age assim serve a Deus através do cuidado pelo seu próximo!

Para glorificar a Deus nas perseguições eu devo entender que as provações fazem-nos participar do sofrimento de Cristo(4.13): a) não devemos ficar admirados ou escandalizados com o sofrimento ele é perfeitamente normal nesta luta da vida cristã(v.12). b) O Senhor Jesus Cristo sofreu por causa dos nossos pecados e uma vez que somos o seu corpo(a igreja), sofremos com ele(v.1). c) Devemos entender que as provações(perseguições, obstáculos) ocorrem em nossas vidas e devem servir para que cresçamos(v.12). d) Devemos entender que as provações que nos atingem são pela vontade de Deus, seja a vontade diretiva ou a permissiva(3.17; 4.19). e) Não podemos ter

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inveja dos incrédulos que aparentemente têm uma vida tranqüila, porque ainda que tardias as suas provações serão severas e contribuirão para a condenação(4.17-18).

Para glorificar a Deus nas perseguições eu devo vencer as provações, como Cristo, pela prática do bem(4.19): a) Santificando a Cristo os nossos coração(3.15). b) sabendo a razão da esperança que há em nós(3.15). c) Não permitindo que as provações perturbem o nosso coração(3.14). d) confiando completamente em nosso Deus que cumpre as suas promessas(v.19).

Devemos glorificar a Deus nas provações uma vez que somos cristãos verdadeiros(4.16). Sim o discípulo de Jesus é feliz quando sofre perseguição por fazer a vontade de Deus. O sofrimento ocorre porque o cristão sustenta o padrão divino da verdade, justiça e pureza. Não deve o discípulo ter medo, pois a certeza de que o reino dos céus é seu é uma grande realidade. Os que são perseguidos por não se conformarem com o mundo têm prova clara de que se orientam por um padrão que está de acordo com as leis do reino de Deus. A perseguição, nesse caso, não é uma infelicidade. Os que querem seguir fielmente a Jesus, padecerão perseguições. Não importa que o mundo os odeie e persiga seu é o reino dos céus. Jesus te promete bênçãos sem par, riquezas, glórias e triunfos no seu reino. Quem quiser ser fiel ao Salvador, participará ao menos de uma parcela de sofrimentos por causa dele. O galardão(recompensa) eterno, que nos será reservado, constitui um incentivo para suportarmos com paciência as oposições por amor a Cristo.(Mateus 5.11-12).

VI - Cuidados Necessários à Vida Cristã

“Eu, que também sou presbítero, dou agora conselhos aos outros presbíteros que estão entre vocês. Sou uma testemunha dos sofrimentos de Cristo e vou tomar parte na glória que será revelada. Aconselho que cuidem bem do rebanho que Deus lhes deu e façam isso de boa vontade, como Deus quer, e não de má vontade. Não façam o seu trabalho para ganhar dinheiro, mas com o verdadeiro desejo de servir. Não procurem dominar os que foram entregues aos cuidados de vocês, mas sejam um exemplo para o rebanho. E, quando o Grande Pastor aparecer, vocês receberão a coroa gloriosa, que nunca perde o seu brilho. E vocês, jovens, sejam obedientes aos mais velhos. Que todos prestem serviços uns aos outros com humildade, pois as Escrituras Sagradas dizem: "Deus é contra os orgulhosos, mas dá graça aos humildes!" Portanto, sejam humildes debaixo da poderosa mão de Deus para que ele os honre no tempo certo. Entreguem todas as suas preocupações a Deus, pois ele cuida de vocês. Estejam alertas e fiquem vigiando porque o inimigo de vocês, o Diabo, anda por aí como um leão que ruge, procurando alguém para devorar. Fiquem firmes na fé e enfrentem o Diabo porque vocês sabem que no mundo inteiro os seus irmãos e irmãs na fé estão passando pelos mesmos sofrimentos. Mas, depois de sofrerem por um pouco de tempo, o Deus que tem por nós um amor

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sem limites e que chamou vocês para tomarem parte na sua eterna glória, por estarem unidos com Cristo, ele mesmo os aperfeiçoará e dará firmeza, força e verdadeira segurança. A ele seja o poder para sempre! Amém! Escrevo para vocês esta pequena carta com a ajuda de Silas, a quem eu considero um fiel irmão na fé. Quero animá-los e dar o meu testemunho de que as bênçãos que vocês têm recebido são uma prova verdadeira da graça de Deus. Continuem firmes, pois, nessa graça. A igreja que está em Babilônia, escolhida também por Deus, manda saudações. O meu filho Marcos também manda saudações. Cumprimentem uns aos outros com um beijo de irmão. Que a paz esteja com todos vocês que pertencem a Cristo!”

I - O Procedimento Esperado da Liderança(1-4) = a) Os líderes devem exercer com espontaneidade a orientação da igreja. b) os líderes não devem usar de torpe ganância a fim de tirar proveitos pessoais. c) os líderes devem dedicar-se com prioridade à tarefa do “pastoreio” ou cuidado do rebanho. d) os líderes não devem ser ditadores ou dominadores antes devem ser exemplo para o rebanho.

II - O Procedimento Esperado do Povo de Deus(5-9) = a) os cristãos devem aprender com a sujeição mútua e voluntária. b) os cristãos devem buscar viver humildemente na presença do Senhor e nos relacionamentos interpessoais. c) os cristãos devem lançar suas ansiedades sobre o Senhor e confiar em seus cuidados. d) os cristãos devem ser sóbrios e assim manterem a vigilância. e) os cristãos devem aprender a resistir com firmeza em sua fé não permitindo que os ataques do maligno os surpreenda.

III - Uma Saudação Expressiva(10-14) = Pedro despede-se com muita emoção e confiança no Senhor que dá o livramento e alivia o sofrimento dos seus filhos.

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2 PEDRO

I - PREFÁCIO: A FÉ PRECIOSA(1.1-2)

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a) O autor = Simão Pedro escreveu esta carta alguns anos depois da primeira, à qual ele se refere em 3.1. Já era velho, e aguardava a sua morte(1.14).

b) Os leitores = Enquanto a 1ª Epístola foi escrita primariamente aos cristãos judaicos, esta 2ª dirige-se a todos os cristãos(v.1), isto é, crentes judaicos e gentios.

c) A Fé Preciosa = Notemos que a fé dos apóstolos não é superior nem inferior à dos demais crentes; é "igualmente preciosa", na sua natureza, no seu poder e nos seus resultados:1) Sua natureza - cremos que Jesus é o Filho de Deus, que morreu por nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação(Romanos 4.25). 2) Seu poder - crendo nEle, somos salvos da condenação eterna(João 5.24), do domínio do pecado(Romanos 6.14) e, futuramente, da presença do pecado(Apocalipse 21.27). 3) Seus resultados - estes são muitos: a vida eterna, a paz com Deus, a comunhão com Ele pelo Espírito Santo, o poder para o serviço aceitável, fruto espiritual no caráter, etc.

A fé do crente lhe é "preciosa", pois lhe traz grandes bênçãos; também é preciosa para Deus, pois a salvação dos homens por meio dela custou-lhe a vida do seu Filho. O fundamento desta fé é a justiça; pelo sacrifício de Jesus, o Justo pelos injustos, Deus se mostra justo e ao mesmo tempo justificador daquele quem tem fé em Jesus(Romanos 3.24-26).

d) A Saudação(v.2). Graça e paz, multiplicadas, é o que o apóstolo nos deseja. Estas bênçãos aumentam, na medida em que conhecemos intimamente a Deus e ao Senhor Jesus. Este conhecimento é o meio de vivermos piedosamente(3,8). Em Efésios 4.11-13 vemos que evangelistas, pastores e doutores foram dados à igreja para edificarem os crentes neste conhecimento de Cristo. Qual é o serviço de cada um desses obreiros?

II - O PROGRESSO NA VIDA CRISTÃ: CHAMADA, CRESCIMENTO, CONFIR-MAÇÃO(1.3-11).

a) A Chamada(3-4). Estes dois versos indicam o motivo pelo qual o crente deve esforçar-se para crescer na espiritualidade, desenvolvendo no seu caráter as qualidades cristãs, para que a sua eleição ao reino eterno seja confirmada.

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1) Deus chamou os crentes, com o fim de fazê-los "participantes da natureza divina" - isto é, que sejam unidos com Deus em santidade de caráter, assim como Ele é santo(1 Pedro1.15). Nascidos de novo pelo Espírito Santo, recebemos uma nova vida, a de Cristo mesmo, e assim já somos participantes da natureza divina, capazes de evitar a maldade da corrupção mundana e de mostrar a imagem de Cristo em nosso caráter.

2) Para este fim, o Senhor nos deu tudo que e necessário, o conhecimento dEle como nosso Salvador e Pai, o Espírito Santo que habita em nós(João 14.17), a Palavra para ensinar-nos sua vontade, e "preciosas e mui grandes promessas" a respeito de nossa vida atual e futura(Quem pode citar algumas dessas promessas? Veja Mateus 6.33; João 14.3; 15.14; 16.33; Romanos 8.18,28-30; Filipenses 4.19; Hebreus 13.5; 1 João 3.2).

b) O Crescimento(5-8). Neste trecho vemos a responsabilidade do cristão, de esforçar-se para progredir na sua vida espiritual. Nascemos "crianças em Cristo", mas o Pai não quer que permaneçamos crianças. Assim como nossos filhinhos têm que se esforçar para comer, andar, falar, estudar, etc., assim também a criança espiritual precisa fazer diligência por adquirir as diversas qualidades que pertencem ao caráter cristão. Como fazemos diligência?(Oração, estudo e prática da Palavra, reuniões, etc.).

O alicerce do crescimento e a fé; porem a fé, o batismo e a recepção na igreja não são o fim, mas sim o princípio da vida espiritual. O crente tem que desenvolver o caráter digno do seu Senhor, acrescentando a sua fé mais sete qualidades(e ainda mais, veja Gálatas 5.22-23). Ei-las: Virtude = poder para vencer a tentação e testemunhar de Cristo Conhecimento = de Deus, da sua Palavra, da sua vontade. Moderação = evitando o fanatismo, a raiva, o excesso nos apetites carnais(domínio próprio). Paciência = nas circunstâncias difíceis; e no serviço do Senhor(perseverança). Piedade = reverência, temor de Deus, seriedade. Fraternidade = prazer em reunir com os irmãos, e em ajuda-los. Amor = o caráter de Deus(1 João 4.8,16). Estas qualidades são a manifestação prática da vida espiritual no crente; formam o caráter cristão, que honra a Deus e comprova a realidade da nossa profissão de fé. Conhecendo a Cristo, tornar-nos-emos semelhantes a Ele, pois para isto nos chamou(3,8).

c) A Confirmação(9-11). O cristão deve andar na luz, em comunhão com o Senhor e desenvolvendo o seu caráter santo. Faltando nisto ele se mostra cego, não apreciando o motivo da sua purificação(9). Será que tal "crente"

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realmente nasceu de novo? Neste respeito podemos enganar-nos a nós mesmos(Mateus 7.21-24). Deveras, somos salvos pela graça por meio da fé, e não pelas obras(Efésios 2.8-9), mas a fé salvadora produz as obras e desenvolve o caráter cristão(Tiago 2.14,17,20).

1) É desejável, então, que a nossa eleição - o fato de sermos realmente chamados para filhos de Deus - seja confirmada(para nós mesmos) e comprovada(para os outros) por assim crescermos e progredirmos na vida cristã(v.10). Examinemo-nos a nós mesmos de vez em quando, neste respeito somos mais pacientes, mais amorosos, mais fortes contra a tentação, etc., do que no começo da nossa vida cristã? O nosso andar é firme? 2) Assim crescendo e andando, entraremos gloriosa e vitoriosamente no reino eterno do nosso Senhor e Salvador, que para este fim nos salvou: uma entrada "abundante de vencedores"(Apocalipse 3.21).

III - BASES DA FÉ CRISTÃ(1.12-21)

a) O Testemunho dos Apóstolos(12-18):

1) Explicação pessoal(12-15). Aqui o próprio apóstolo Pedro dá os motivos por que escreveu sobre o assunto do texto anterior: a necessidade de progresso na vida crista. Não foi por causa de ignorarem os leitores essa necessidade, nem por não darem testemunho de serem salvos(12); mas Pedro sentia a sua responsabilidade, como apóstolo, de sempre exortar os crentes sobre essas verdades. Ele se acha perto da sua "partida", por isso quer aproveitar o mais possível do pouco tempo que lhe resta neste mundo, para assim cumprir a missão que o Senhor lhe deu(Qual foi essa missão? Veja João 21.15-17).

Apascentar e pastorear o rebanho do Senhor, para que as ovelhas cresçam na vida espiritual - tal é o dever de Pedro, e ele esforça-se para cumpri-lo até a morte(13,14). A sua morte não o tomaria de surpresa. Por que razão? O Senhor lhe tinha avisado que alcançaria a velhice(João 21.18) - (foi por isso que pode dormir sossegadamente na prisão em Atos 12.6, sabendo que a sua hora não tinha chegado?) - mas agora estava no tempo da velhice, e sabia que logo "deixaria o seu tabernáculo"(isto é o seu corpo), pelo martírio, conforme a palavra do Senhor. O fiel servo pensava no bem-estar espiritual não somente dos crentes contemporâneos, a quem dirige a carta, como também aos das gerações futuras. Ele sabia que a sua carta formava parte da Escritura inspirada, e que seria conservada para sempre(15).

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2) O Testemunho Apostólico(16-18). Não somente Pedro, como também os outros apóstolos receberam a tarefa de testemunharem a respeito do Senhor. Aqui Pedro se une com eles, asseverando a veracidade deles todos(Veja 1 João 1.1-3). Os Primeiros cinco livros do Novo Testamento não consistem em fábulas, lendas, mitos e histórias inventadas pelos autores. São os fatos históricos da vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, acontecimentos testificados e verificados pelas pessoas que os presenciaram. Tratam do poder de Jesus(milagres e sinais durante a sua vida; e sua ressurreição, e milagres feitos nos primeiros anos da igreja), e também da sua vinda(primeira e segunda - v.16). Visto que em todas estas coisas o Senhor cumpriu as profecias do Antigo Testamento(que também não são fábulas). Que disse Jesus, por exemplo, acerca de Noé(Lucas 17.26-27)?... de Jonas(Mateus 12.39-41)?... de Ló e sua mulher(Lucas 17.28-29,32)? de Daniel(Mateus 24.15)?... de Moisés e a sarça ardente(Marcos 12.26)?... veja também Lucas 24.25-27,44-48.

Pedro faz menção especial à Transfiguração(17-18) de Jesus registrada também em Mateus 17.1-5, uma cena gloriosa presenciada por ele, Tiago e João. Ali a voz divina declarou acerca de Jesus: "este é o meu filho amado"- superior a Moisés e Elias(a Lei e os Profetas) - e deu-lhe autoridade suprema e final: "Escutai-o". João confirma tudo isto em 1 João 5.9. Sim Deus falou - acerca do seu Filho e por meio desse Filho(Hebreus 1.2), e os apóstolos recordam o que Ele falou, para que nos creiamos, e tenhamos vida em Seu nome(João 20.31). CREMOS? TEMOS?

b) O Testemunho das Escrituras(19-21).

1) A Escritura Profética(19). Porém há ainda outro testemunho - a "palavra profética", isto é, os Escritos Sagrados do Antigo Testamento, inspirados por Deus(2 Timóteo 3.15-16). Desde Moisés até Malaquias, esses ensinadores falaram e escreveram acerca do Salvador vindouro - o Cristo, e a redenção que traria a Israel e ao mundo. Até à vinda de Jesus, a palavra dos profetas do Antigo Testamento era misteriosa e tinha que ser recebida pela fé; mas agora, o testemunho dos apóstolos confirma(faz ainda mais certa) a palavra profética, pois Jesus a cumpriu. Nos dias dos próprios profetas, as suas profecias eram como velas no meio das trevas; porém, Jesus tendo chegado, essas profecias são cada vez mais claras e compreensíveis, até se tornarem - junto com as epistolas do Novo Testamento - a perfeita luz divina, dando o conhecimento de Cristo e formando o caráter dEle(a Estrela da Alva) em todos os que o recebem.

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2) A Escritura Inspirada(20-21). Nestes dois versos temos uma declaração categórica e irrefutável a respeito da inspiração divina da Bíblia, com especial referência ao Antigo Testamento. Por causa de tradução duvidosa o verso 20 tem dado certa dificuldade. A igreja católica cita-o para refutar o direito dos "protestantes” de interpretar as Escrituras, mas o verso refuta igualmente o direito daquela igreja. Porém, o versículo não trata de interpretação das profecias pelos ouvintes ou leitores, mas sim da origem delas, de onde elas provêm; os profetas do Antigo Testamento não inventaram ou imaginaram as suas profecias a respeito do Messias, nem sempre as compreenderam(1 Pedro 1.10-12).

Como vieram, então, as profecias? "Homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”(21). Mesmo um profeta tão infiel e corrupto como Balaão tinha que falar as palavras exatas que Deus lhe deu, quando profetizou acerca de Israel e o Messias(Números 22.35,38; 23.12,16, 26; 24.2-4,9,12-13,17,18). As profecias, então, não se originaram na mente ou pela vontade do profeta, e este não as escreveu nem explicou conforme a sua particular compreensão delas. As próprias palavras - não somente o assunto geral - foram dadas pelo Espírito Santo(refiro-me, naturalmente, ao original hebraico); veja, por exemplo 2 Samuel 23.2; Jeremias 36.1-2,4-6,17-18,23,27-28,32. Os profetas do Antigo Testamento falaram inspirados por Deus, e falaram de Cristo. Estude Deuteronômio 18.18; Gênesis 12.7; Salmo 22; 69; 110:1; Isaías 53; Miquéias 5.2; Zacarias 9.9. Se as profecias acerca da primeira vinda do Messias foram divinamente inspiradas e tão exatamente cumpridas na vida dEle, podemos aguardar com certeza o cumprimento das profecias com respeito a sua segunda vinda.

IV - OS INIMIGOS DA FÉ CRISTÃ(2.1-22): FALSOS ENSINADORES

a) Falsos profetas(1). Pedro mostra que falsos ensinadores na igreja não deviam causar surpresa, pois houve falsos profetas no meio de Israel nos tempos do Antigo Testamento. Lembremo-nos de alguns: Balaão(Números 25.1-3); os profetas de Baal(1 Reis 18); os profetas de Acabe(1 Reis 22.6,12); Hananias de Gibeom(Jeremias 28.1,15-17). Por muitos anos antes do cativeiro, parece que a maioria dos profetas(isto é, os ensinadores profissionais) eram enganadores; veja Jeremias 5.31 e Isaías 9.14-16).

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b) Falsos Mestres(1-3). O Senhor deu a igreja "doutores" (Efésios 4.11), para o "aperfeiçoamento dos santos, para a edificação do Corpo de Cristo"; até hoje, é necessário o serviço dos ensinadores e pastores. Porém, logo entraram nas igrejas, como cristãos, ensinadores que torceram ou negaram as doutrinas apostólicas; esse serviço diabólico foi feito astutamente, os erros básicos sendo introduzidos gradualmente, e misturados com ensinos verdadeiros. Assim entraram heresias graves destruidoras da fé cristã e da conduta santa. Até hoje continuam tais heresias no meio da cristandade, junto com outras que têm sido acrescentadas durante os séculos. Entre elas há: 1) A negação da eterna e perfeita divindade de Jesus, ou da sua perfeita humanidade, ou da sua perfeita santidade. 2) Negação do seu nascimento virginal; do seu perfeito conhecimento(onisciência); da sua ressurreição. 3) A supremacia e a infalibilidade do “papa”; culto a Maria, anjos, Apóstolos e "santos"; o purgatório e as doutrinas da Missa. 4) A salvação ou a santificação pelas obras da Lei mosaica; a liberdade do cristão para viver em pecado. 5) negação da plena inspiração e infalibilidade da Escritura Sagrada; negação da perdição eterna. Os falsos mestres sendo carnais e não convertidos, desprezam a santidade; apregoam o relaxamento, o mundanismo, o comodismo e a religião exterior. Têm muitos seguidores, cujo mau testemunho traz vergonha sobre o verdadeiro cristianismo(2); arranjam seitas e "ordens eclesiásticas", chefiando-as por bons lucros, pois buscam riqueza e domínio(3a). Porém, Deus não fica indiferente a tudo isto; o juízo já está preparado para os que estragam o seu rebanho(3b).

c) Juízo divino(4-9). Nestes versos temos três exemplos do juízo divino no passado: 1) Sobre os anjos rebeldes(v.4). A Bíblia não nos revela como nem quando, mas houve rebelião de anjos, e os rebeldes foram lançados no Tártaro(abismo de trevas), onde aguardam o seu juízo final. 2) Sobre o mundo antediluviano, que foi destruído pelo Dilúvio no tempo de Noé(v.5). 3) Sobre duas cidades ímpias, Sodoma e Gomorra, que foram destruídas pelo fogo, "como exemplo" para todos os ímpios(v.6).

Além destes juízos especiais, haverá o grande Juízo Final para todos os injustos, sejam homens sejam anjos(v.9). Os notáveis desastres e flagelos que acontecem de vez em quando - terremotos inundações, incêndios, secas - são avisos do juízo divino reservado para todos os pecadores, "se não se arrependeram"(Lucas 13.1-5). Mas os justos e fiéis serão salvos. Noé e sua família foram salvos por meio da arca; Ló, fraco, mas não ímpio, foi livrado pelo anjo; e os cristãos fiéis ao Senhor e à doutrina dos apóstolos não serão atribulados junto com os infiéis, rebeldes e heréticos(v.9). Veja Apocalipse 3.10 e 1 Tessalonicenses 1.10.

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d) Difamadores Presunçosos(10-13a). Entre os falsos mestres há caluniadores arrogantes, sem respeito para as autoridades superiores, sejam presbíteros da igreja, poderes civis ou pais de família(2 Timóteo 3.1-2). São orgulhosos(os que não aceitam as suas doutrinas são "ignorantes"), agitadores - de vida suja e boca violenta. Os próprios anjos falam respeitosamente das autoridades constituídas por Deus, na Igreja ou no País - mas esses mestres não aceitam governo algum. Veja Romanos 13.1; Tito 1.5 e Efésios 6.2. Carecendo da natureza espiritual(pois nunca nasceram de novo), nem a dignidade humana têm(v.12); na sua ignorância atacam o que não entendem, e mesmo neste mundo sofrem o que merecem - "enganando e enganados"(13a; veja 2 Timóteo 3.13).

e) Tentadores Dissolutos(13b-19). Há supostos "ministros de religião" que, debaixo duma capa de santidade exterior, vivem em adultério, imoralidade e luxúria, buscam sem vergonha os prazeres mundanos, e querem seduzir os cristãos para o mesmo tipo de vida. A cristandade da Idade Média foi quase inteiramente corrompida por tais coisas, e vemo-las também nos nossos dias. Quão terrível é a imoralidade, quão sutilmente tentadora, e quão devastadora nos seus efeitos no indivíduo, no mundo e na igreja. Veja Mateus 5.27-29; 1 Coríntios 5.11; 6.9,10,18; Efésios 5.5, 11,12.

v.15-16 - Desviados pelo amor do mundo e seus prazeres, fazem-se discípulos de Balaão(Números 22.7-21); este amou mais o dinheiro do que a Deus, foi repreendido pela sua jumenta a qual, embora animal, tinha temor do anjo, enquanto o profeta andava em desobediência a Deus.

v.l7-l9 - Inúteis para Deus neste mundo, e condenados para as trevas exteriores(Apocalipse 20:15; 21.8,27; 22:11a,15), esses mestres querem atrair, pela eloqüência e pela tentação carnal, pessoas meio-convencidas(v.18) mas ainda não plenamente convertidas a Cristo. Querem religião, mas ainda "olham para trás" com desejo dos "prazeres do Egito"(veja Números 11.4-5). Dizem-lhe os falsos mestres: "vocês podem ter a salvação pela graça de Deus, e também os pecados antigos. Não precisam tornar-se puritanos; o pecado no crente não é fatal. Podem continuar no pecado, pois tem liberdade - não estão debaixo da Lei mas sim da graça”. Veja Romanos 6.1,15; aqui Paulo refuta esse erro, mas os ensinadores libertinos praticam-no até hoje. Escravos voluntários do pecado, querem escravizar aos outros também.

f) Cães e Porcos(20-22). O capítulo finda com um aviso solene: o perigo de conhecer e concordar com a verdade do Evangelho, ficar meio-convertido ou

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até fazer profissão de fé, e ainda não nascer de novo. Pecadores que, emocionados por campanhas evangelísticas, deixaram certos vícios ou maus costumes; pessoas que adotam uma vida religiosa ou resolvem "viver melhor"; filhos de crentes, protegidos na meninice contra a corrupção do mundo, mas não convertidos a Cristo - tais pessoas, indecisas e vacilantes, conhecendo, mas não aceitando a verdade e a vida eterna, podem ser facilmente desviadas de todo, ficando em condições piores do que antes. O cão doente vomita o conteúdo do estômago - e então come de novo; a porca lavada pelo dono logo volta a deitar-se na lama.

Na verdade, é um capítulo triste, este; mas é fiel e verdadeiro. A igreja nos tempos passados experimentou todas estas coisas; até hoje sofre a presença e os frutos de tais ensinadores e daí o relaxamento moral que se vê em toda parte da sociedade. Sejamos apercebidos, lancemos fora o fermento velho(1 Coríntios 5.7) e pratiquemos o mandamento de 3 João 8-11. Leia 1 João 3.7-10.

V - A VINDA DO SENHOR(3.1-13)

a) O Valor da Palavra(1-2). Mais uma vez Pedro explica a razão de ter ele escrito as suas cartas: ele quer lembrar aos irmãos o que já tinham aprendido. Donde receberam a instrução? Ele menciona duas fontes de ensino: 1) As palavras dos santos profetas. Onde acharam estas palavras? Aqui se refere às Escrituras do Antigo Testamento, e não aos ensinos dos "profetas" da igreja(1 Coríntios 12.10,48; Efésios 4.11), os quais vieram depois do Senhor e não anteriormente(v.2). 2) As instruções do Senhor Jesus, por meio dos apóstolos. Veja João 14.26 e Atos 2.42. Mais uma vez, então, Pedro liga o Antigo Testamento com o ensino apostólico, mostrando que a Escritura Sagrada forma uma só revelação e autoridade, e também que o ensino dela e permanente.Veja Salmo 119.89,152,160.

b) A Vinda do Senhor(3-7). Qual é a vinda que forma o assunto deste capítulo? Pela referência ao Antigo Testamento e ao Mandamento do Senhor(v.2), parece claro que o apóstolo trata da vinda do Senhor não para a igreja mas sim com os seus santos, em poder e grande glória, para estabelecer o seu reino, julgar os inimigos de Deus, etc. O capítulo abrange os acontecimentos do "Dia do Senhor"(A Segunda Vinda, o Milênio e o Juízo Final) e o começo de novos céus e nova terra - o "Dia de Deus" (Apocalipse 21.1). Pedro diz que nos últimos dias, antes da vinda do Senhor para iniciar todas estas coisas, haverá escarnecedores com duas características principais: 1)Vida dissoluta,

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imoderada, egoísta("andando segundo suas próprias paixões") 2) Negação desdenhosa de qualquer volta pessoal da parte do Senhor(v.4). Estes escarnecedores não serão pagãos, mas religiosos, pertencendo a cristandade, conhecendo os escritos do Antigo Testamento e dos "pais"(os apóstolos?), e as profecias acerca da segunda vinda de Cristo. "Mas - dizem eles - desde os tempos dos apóstolos, os primeiros pais da igreja, não há mais milagres; tudo continua como sempre, segundo o curso natural; Deus não faz mais sinais; Cristo não voltará!"

v.5-6 - Porém, diz o apóstolo, esta gente nega a segunda vinda do Senhor porque não quer que seja a verdade - deliberadamente se esquecem do que aconteceu no passado , quando Deus falou: 1) A terra subiu das primeiras águas(Gênesis 1.6-10). 2) A terra foi destruída pelas águas, no Dilúvio(Gênesis 6.13,17; 7.4-10). Isto é, Deus pela sua palavra criou a terra, pela mesma palavra sustentou a terra por quase dois mil anos desde Adão até o Dilúvio; e pela mesma palavra destruiu a terra por meio do Dilúvio.

v.7 - Da mesma forma, diz Pedro, a palavra de Deus esta guardando o universo atual para ser destruído, não por água mas sim por fogo, no tempo do julgamento final dos ímpios. Note a importância que Pedro dá, neste trecho, a palavra de Deus. Não as opiniões ou desejos humanos, mas sim a vontade divina, é o que determina o curso deste mundo; essa vontade já foi revelada na sua Palavra, a Escritura Sagrada, e será infalivelmente cumprida, no tempo que Deus resolver. Ele já anunciou o Julgamento, o fim deste mundo, e a vinda do Senhor Jesus em glória para cumprir tudo isso(Mateus 24.30,31,35; 25.31, 46; Atos 1.11 ; 3.21; 2 Tessalonicenses 1.7-9). Agora Pedro anuncia que a destruição do mundo será por meio do fogo.

c) A Razão da Demora(8-9). Em 1º lugar, Deus é eterno, e Ele não contempla a passagem do tempo do mesmo modo como nos. Para Ele, mil anos e só um dia na eternidade; também Ele pode fazer num só dia o que para os homens necessitaria mil anos para fazerem. É loucura, então, julgar as ações divinas pelas medidas humanas. Em 2º lugar, esta "demora" antes de vir o Dia do Senhor e para a bênção da humanidade; provém da misericórdia do Senhor. Quantas gerações ouviram o Evangelho desde os tempos dos apóstolos até hoje? Quantos homens tiveram oportunidade de ouvirem e crerem e se salvarem? Deus quer que todos se salvem - pois Ele ama a todos, deu seu Filho para salvá-los, e sabe quão terrível será a perdição eterna! O julgamento não lhe será uma obra agradável(Ezequiel 18.32; 33.11); todavia, Ele disse que o fará mas em nosso tempo está dando oportunidades para todos se arrependerem(Atos 17.30-31).

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d) O Dia do Senhor(10). Esta frase encontra-se muitas vezes no Antigo Testamento, mas somente 4 vezes no Novo testamento. Veja Atos 2.20; 1 Tessalonicenses 5.2; 2 Tessalonicenses 2.2. Em ambos, o "Dia do Senhor" pode ter duas significações: 1) Descreve o dia da vinda do Senhor "com poder e grande glória(Lucas 21.27. Atos 2.20; Apocalipse 19.11-16; Joel 2.31? etc). 2) Refere-se a um período comprido, começando depois da grande apostasia do mundo religioso e da revelação do "homem da iniqüidade"(2 Tessalonicenses 2.2-3), abrangendo os juízos de Apocalipse 6-16, A Grande Tribulação, a Vinda do Senhor na Glória, o Julgamento das Nações(Mateus 25.31-46; Apocalipse 19.11-20.6) e o Milênio inteiro, e terminando com o Julgamento Final do grande Trono Branco. Este período virá inesperadamente sobre o mundo(1 Tessalonicenses 5.23), iniciando-se talvez com a Trasladação da Igreja(1 Tessalonicenses 4.14-17). O versículo 10 do nosso trecho menciona três coisas que acontecerão no Dia do Senhor: 1) Os céus passarão. 2) Os elementos se desfarão abrasados. 3) A terra e suas obras serão queimadas. Estas coisas poderão realizar-se no próprio "grande Dia da Vinda do Senhor"(Mateus 24.29; Apocalipse 6.14), ou durante os juízos anteriores(Apocalipse 8.7); e alguns pensam que este v.10 se refere a Apocalipse 20.11,embora ali não se mencione fogo.

e) A Atitude dos Cristãos(11-13). Estes versos, embora oferecendo certa dificuldade de interpretação, têm o sentido geral bastante claro. Qualquer que seja a época em que os céus e a terra forem queimados(ou no princípio ou no fim do período chamado "Dia do Senhor"), a conduta dos crentes deve ser Santa e piedosa, porque sabemos que vai acontecer mesmo(v.11).

v.12 - "o Dia de Deus" pode significar o Milênio ou, como alguns pensam, o dia eterno que o segue(Apocalipse 21). Em qualquer caso, os crentes o esperam, e estão "apressando-se para ele". Os nossos dias vão correndo, e não sabemos o dia nem a hora da vinda do nosso Salvador para iniciar aquele Grande Dia; e talvez influirá naquilo(trazendo-o mais cedo ou mais tarde) a fidelidade e os esforços da igreja em servir ao Senhor.

v.13 - Mas a grande esperança da igreja não é o fogo nem, o juízo, embora estes serão necessários; a nossa esperança e o estabelecimento de JUSTIÇA e PAZ na terra, para a Glória do Senhor. Eis o motivo e a finalidade da grande obra da redenção: que Deus Reine, e assim as obras do Diabo serão desfeitas para sempre(1 João 3.8), e o triunfo da "semente da mulher" será completo. O reino de Deus e justiça e paz e alegria no Espírito Santo"(Romanos 14.17); devemos mostrar estas virtudes, então, na nossa vida diária, pois somos herdeiros do Reino.

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VI - EXORTAÇÃO FINAL: A SANTIDADE, AS ESCRITURAS, A FIRMEZA.

a) A Santidade(14-15a). A frase "por essa razão"(ou "pelo que") liga este trecho com o verso 13, mostrando-nos por que devemos procurar a santidade de vida: e por causa de aguardamos "novos céus e nova terra, nos quais habita justiça". Sabemos e cremos que haverá juízo divino, fogo e destruição sobre a terra, mas em Cristo somos salvos destas coisas e podemos olhar alem delas para o Reino de justiça e paz, do qual pela graça de Deus somos feitos herdeiros. Por enquanto, andemos em paz - uns com os outros e também com os de fora(Romanos 12.17-19). "Sem mácula e irrepreensíveis" - eis um padrão bem alto, e digno do povo do Reino; bem diferente do que se vê em 2.14, por exemplo. "Sem mácula - nada de mentiras, furtos, palavras feias, gritarias, malícia(Efésios 4.25-32). Também "irrepreensíveis, justos, honestos, sinceros e puros em nossas relações sociais e comerciais(Romanos 12.8-10). Assim é que o Senhor quer achar-nos sempre. "Procuremos" isto - "empenhemo-nos" por isto. Mas não nos desanimemos, vendo a nossa imperfeição; o Senhor é paciente é longânimo para conosco, e daí a nossa salvação diária. Os escarnecedores rejeitam sua salvação e zombam da sua vinda não compreendendo que Ele é longânimo e paciente para que eles possam escapar da perdição. Os crentes devem conhecê-lo melhor!

b) As Escrituras(15b-16). Aqui temos uma referência muito interessante às Epístolas de Paulo, a quem Pedro chama o "nosso amado irmão", mencionando a "sabedoria" que lhe foi dada. Quantas epístolas escreveu Paulo?(treze por certo, e talvez Hebreus). Quantas dirigidas a igrejas?(nove) Quantas a indivíduos?(quatro): 1) Paulo fala acerca "destas coisas" - isto é, a vinda do Senhor, o Dia do Senhor, Os últimos tempos, a santidade crista, etc. 2) Nessas epistolas há "coisas difíceis de entender; não devemos ficar desanimados quando não entendermos um trecho difícil. 3) “os ignorantes e indoutos". Os que não conhecem a Escritura, nem querem conhece-la, pois poucos acreditam nela; estes torcem a Palavra para fazê-la dar um sentido errado, mas são eles mesmos que sofrem o prejuízo(Por exemplo, as falsas testemunhas de Jeová torcem João 1.1 para negarem a divindade de Jesus, e Lucas 23.43 para negarem que o ladrão fosse ao Paraíso naquele mesmo dia). 4) Pedro põe as epístolas de Paulo junto com as demais Escrituras - isto é, elas formam parte da Palavra de Deus, inspirada e eterna. 5) No verso 15, a frase "como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu" - isto é, acerca da longanimidade do Senhor - parece referir-se a Romanos 2.4.

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c) A Firmeza(17-18). Sendo agora prevenidos, e sabendo que haverá nas igrejas falsos mestres, de vida dissoluta e doutrina subversiva, e que nos últimos tempos haverá escarnecedores que negam a segunda vinda de Cristo, Os leitores devem ficar com os olhos abertos e corações limpos e firmes. Note a palavra "insubordinados": eles fazem-se "abomináveis" porque não querem sujeitar-se à Palavra, nem obedecer ao Senhor, nem viver a vida que convém ao crente. Fiquemos nós, todavia, firmes e constantes - na fé e na santidade(1 Coríntios 15.58; Efésios 6.11,13,14).

v.18 - terminada a carta, Pedro volta para o pensamento do primeiro capítulo: o progresso na vida crista(1.5-l1). Sempre crescendo, não voltaremos para trás; conhecendo cada vez mais ao Senhor, não seguiremos aos que o desonram e negam Desejamos que Ele seja glorificado, aqui nesta vida e no reino eterno.

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EPÍSTOLAS JOANINAS

I - Introdução

a) Autoria = “o discípulo amado”, “ancião”, “presbítero”.

1) evidências externas = tais evidências favorecem fortemente a atribuição da autoria destas epístolas a João, principalmente a primeira. Todas as três epístolas se acham nos manuscritos gregos mais antigos. Também aparecem nas versões mais antigas da Igreja do Oriente e do Ocidente. Os comentaristas encontraram possíveis alusões às epístolas em diversos escritos patrísticos primitivos. Porém, a mais antiga referência vem na carta de Policarpo de Esmirna apesar dele não atribuir às citações a João. O primeiro a se referir a João como o autor de uma epístola foi Papia de Hierápolis, em meados do segundo século. Já Irineu de Lião entre 130-200 d.C. atribuiu a João a autoria da 2ª e 3ª epístolas e o Evangelho. Clemente de Alexandria conhecia mais de uma epístola joanina. Tertuliano, seu contemporâneo latino, fez considerável uso da 1ª epístola atribuindo a João. No cânon de Muratori(170 a 215 d.C.) encontra-se referências a tais epístolas. Chegamos então até Eusébio(325 d.C.) que coloca a 1ª epístola entre os homologoumena(livros aceitos) e as 2ª e 3ª epístolas entre os antilegoumena(livros contestados). As evidências externas quanto a 2ª e 3ª epístolas não são tão claras ou fortes como as concernentes à 1ª. A primeira citação definida ocorre em Irineu, que menciona

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as duas epístolas, atribuindo-as à João. É em Orígenes que damos como primeira menção explícita de alguma dúvida sobre a autoria destas duas epístolas. Jerônimo disse que as duas epístolas mais curtas eram a atribuídas a João o Presbítero, e, embora através de toda a Idade Média as epístolas pareçam ter sido aceitas como obras de João o Apóstolo.

2) Evidências Internas = tais provas da autoria das epístolas como as que se podem colher das próprias epístolas são indiretas. As semelhanças de matéria e assunto, estilo e vocabulário no Evangelho e na 1ª epístola fornecem evidências muito fortes em favor da identidade de autoria, não enfraquecidas pelas peculiaridades de cada uma, nem pelas diferenças de ênfase no trato de temas comuns. No caso as 2ª e 3ª epístolas “a semelhança entre elas é demasiado estreita para admitir-se qualquer explicação, exceto a de autoria comum ou de imitação consciente”(Brooke). Conclui-se que as duas epístolas menores foram escritas pela mesma pessoa e que esta pessoa foi também a autora da 1ª epístola e do 4º Evangelho. E já que as evidências internas do 4º Evangelho atribuem a autoria ao Apóstolo João que completa a idéia de que o autor das epístolas foi uma testemunha ocular e pelo tom de autoridade com que se dirige aos seus leitores gozava de reconhecimento dos irmãos.

b) Ocasião = situação de vida enfrentada nas epístolas.

1) Igrejas joaninas = as 2ª e 3ª epístolas de João são escritas a diferentes igrejas distantes do autor, e assim ficamos sabendo que a comunidade joanina não se encontrava toda numa área geográfica. Estariam em diferentes cidades ou povoados. E como este era um período em que as comunidades cristãos se reuniam em casas-de-família-igrejas que não poderiam ter muitos membros, numa dada cidade ou povoado poderia ter havido diferentes casas-igreja dos cristãos joaninos.

2) Escola joanina = nestas igrejas qual foi a função do autor que se chama a si mesmo “o presbítero”? Já no final do primeiro século em muitas áreas estava se desenvolvendo uma estrutura eclesial na qual grupos de presbíteros eram responsáveis pela administração e pelo cuidado pastoral da igreja. Cremos que o presbítero era alguém que podia ensinar numa cadeia de autoridade porque ele tinha visto e ouvido, outras pessoas que, por sua vez, tinham visto e ouvido a Jesus.

3) Cisma intrajoanino = o autor da 1ª epístola diz que um grupo se separou das fileiras de sua comunidade(2.19). Quem são eles? Eles conheciam a

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proclamação do cristianismo que nos foi feita através do 4º Evangelho, mas a interpretaram diferentemente. Os adversários não eram estranhos denunciáveis a comunidade joanina, mas o produto do próprio pensamento joanino, justificando suas posições com o Evangelho joanino e suas implicações. Eram pessoas que distorciam os ensinos joaninos.

c) Conteúdo = as áreas de debate.

1) Cristologia = uma cristologia muito elevada foi o ponto central das lutas históricas da comunidade joanina com os judeus e com outros cristãos. A crença na preexistência do Filho de Deus foi a chave da contenda joanina de que o verdadeiro crente possuía a própria vida de Deus. Uma ênfase demasiada sobre a divindade de Jesus ofuscando a sua humanidade. E o fato da comunidade ter sido perseguida por causa da cristologia. A posição dos separatistas = negavam que Jesus fosse o Cristo. criam que a existência humana de Jesus, embora real, não era significativa do ponto de vista de salvação. Esta interpretação foi baseada no pensamento joanino do 4º Evangelho que de certa forma relativiza a humanidade de Jesus e pela identificação de alguns elementos joaninos que diminuem a importância salvífica do ministério público de Jesus. A refutação dada pelo autor = o autor das epístolas procura responder as heresias através de uma ênfase temática abrangente e elucidativa. Ele crê e ensina que a Vida Eterna que estava com o Pai nos apareceu, que o Filho de Deus se manifestou, que Deus enviou o seu Filho Unigênito ao mundo para salvá-lo porque Ele é o verdadeiro Deus. A morte de Cristo é de suma importância para a obra redentiva. E a fé dos cristãos deveria ser voltada para a vida e revelação do Cristo de Deus.

2) Ética = como esta cristologia se revelaria no comportamento cristão? Vemos que a partir das condenações éticas encontradas na primeira epístola podemos construir o pensamento ético dos separatistas: a. eles reivindicavam uma intimidade com Deus ao ponto de as pessoas se tornarem perfeitas e sem pecado(1.6,8,10; 2.4,6,9; 4.20). b. não dão muita ênfase em guardar os mandamentos(2.3,4; 3.22,24; 5.2,3). c. são vulneráveis no que diz respeito ao amor fraterno.

3) Escatologia = tantos os adversários como o autor das epístolas criam numa escatologia realizada(1 João 1.2,3,7,13,14; 2.5,7-9; 3.1; 4.15). Porém, o autor tomas duas medidas para prevenir que esta escatologia encoraje seus adversários: a. ataca uma necessidade ética de exigência de escatologia realizada(1.7; 2.5,10; 3.10). b. apela para uma escatologia futura(3.2,3,18,19). A seriedade do cisma empresta um tom sombrio à escatologia futura do autor,

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quando ele recorre à linguagem apocalíptica cristã e judaica. Os adversários com seu falso ensinamento são os anticristos e os falsos profetas.

4) Pneumatologia = segundo as orientações em 2.27 e 4.1 crê-se que os adversários devem ter-se arvorado em doutores e profetas e devem ter afirmado que falavam sob orientação do Espírito. Porém, João diz que cada leitor joanino é mestre através do Espírito parácleto(2.27).

d) Destinatário = a comunidade do discípulo amado.

Um grupo de cristãos originários de um período antes mesmo da composição do 4º Evangelho que foi sofrendo algumas evoluções com o decorrer do tempo. Caracterizados como a comunidade guiada pelo parácleto.

e) Esboço das Cartas

1 João

VIDA CRISTÃ E RELACIONAMENTOS

"Estamos escrevendo a vocês a respeito da Palavra da vida, que existiu desde a criação do mundo. Nós a ouvimos e com os nossos próprios olhos a vimos. De fato, nós a vimos, e as nossas mãos tocaram nela. Quando essa vida apareceu, nós a vimos. É por isso que agora falamos dela e anunciamos a vocês a vida eterna que estava com o Pai e que nos foi revelada. Contamos a vocês o que vimos e ouvimos para que vocês estejam unidos conosco, assim como nós estamos unidos com o Pai e com Jesus Cristo, o seu Filho. Escrevemos isso para que a nossa alegria seja completa. A mensagem que Cristo nos deu e que anunciamos a vocês é esta: Deus é luz, e não há nele nenhuma escuridão. Portanto, se dizemos que estamos unidos com Deus e ao mesmo tempo vivemos na escuridão, então estamos mentindo com palavras e ações. Porém, se vivemos na luz, como Deus está na luz, então estamos unidos uns com os outros, e o sangue de Jesus, o seu Filho, nos limpa de todo pecado. Se dizemos que não temos pecados, estamos nos enganando, e não

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há verdade em nós. Mas, se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é certo: Ele perdoará os nossos pecados e nos limpará de toda maldade. Se dizemos que não temos cometido pecados, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua mensagem não está em nós"( 1 João 1.1-10).

Você deseja crescer? Eu também desejo e por esta razão espero poder ajudá-lo a pensar sobre dois níveis de relacionamentos que demos manter e que nos ajudarão muito no processo de crescimento cristão.

Em primeiro lugar precisamos manter uma boa relação com a Palavra da Vida(vv.1-4).

O autor dessa passagem bíblica nos fala sobre a Palavra da Vida e nossa tarefa será compreender o que o Senhor espera de cada um de nós. Jesus espera que cada cristã seja feliz e isto ocorrerá se vencermos cada uma das etapas nesta caminha cristã. Como é que você se relaciona com a Bíblia? Nestes quatro versos encontramos algumas dicas de como deve ser o nosso relacionamento com a Palavra de Deus:

1) Precisamos efetuar uma proclamação autorizada da mensagem do Evangelho(vv2,3).

João usa dois verbos para descrever o anúncio apostólico: damos testemunho(marturoumen) e anunciamos(apangellomen). O ministério apostólico envolvia testemunho e proclamação. Ambas as palavras implicam em autoridade, mas de diferente espécie. O testemunho é uma atividade que pertence propriamente a uma testemunha ocular. A pessoa tem que ser uma testemunha antes de ter a competência para dar testemunho. Pois ela fala do que viu e ouviu. Você é uma testemunha de Jesus?

Já o anúncio indica a autoridade da comissão dada por Cristo para a proclamação do Evangelho. João insiste que possui essas credenciais necessárias e proclama o Evangelho com autoridade, pois a mensagem cristã não é uma especulação filosófica, nem hipóteses ou sugestões, nem modesta contribuição para o pensamento religioso, mas, sim, uma afirmação dogmática feita por aqueles cuja experiência e cuja comissão os qualificaram para fazê-la. Como é que você anuncia o Evangelho?

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Dar testemunho e anunciar o Evangelho são comissões que recebemos do Senhor Jesus e assim tal proclamação é autorizada. Deus é luz(v.5) e o cristão não pode viver nas trevas(v.7). Estar na luz significa andar no amor. O conteúdo da proclamação é a informação que devemos compartilhar: a salvação(a vida eterna) só é possível em Jesus. Esta é uma mensagem singular: a) porque é comprovada desde a eternidade e também pelos homens. b) porque possui conteúdo "a vida eterna". c) porque nos motiva a anunciá-la. Com certeza o cristão ou a igreja que proclamar o que Cristo nos ensinou e ordenou verá os efeitos positivos desta proclamação em sua vida como na vida dos seus ouvintes.

2) Precisamos experimentar uma comunhão verdadeira no seio da igreja(v.3).

A proclamação não é um fim em si mesma e nós precisamos ter bem claro em nossa mente os seus propósitos. Podemos assegurar que basicamente ela objetiva dois propósitos: o imediato e último. O imediato chamamos de comunhão(koinonia) e o último denominamos alegria(chara). A comunhão criada por cristo nos dias da sua vida terrena e aprofundada pela vinda do Espírito Santo no Pentecoste não era para limitar-se somente aos apóstolos ou primeiros cristãos. Sua meta incluía estender-se as gerações futuras através dos séculos e neste detalhe nos alcança e deve seguir além.

O propósito da proclamação do Evangelho é, pois, a comunhão. Porque quando compreendemos melhor o sentido da salvação vemos que ela é a iniciativa de Deus em nos reconciliar consigo através de Jesus Cristo. E esta comunhão constitui o sentido da vida eterna: "E a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, que és o único Deus verdadeiro; e conheçam também Jesus Cristo, que enviaste ao mundo"(João 17.3). Comunhão é uma palavra especificamente cristã e indica aquela participação comum na graça de Deus. A salvação de Cristo e a presença do Espírito Santo constitui-se direito que todo indivíduo recebe ao nascer espiritualmente. Nossa comunhão uns com os outros tem sua origem na comunhão com Deus e dela depende.

Quando aprendemos que o objetivo da proclamação autorizada é a comunhão humana surgindo espontaneamente da comunhão divina somos obrigados a censurar a nossa moderna evangelização e a vida da igreja cristã. Não podemos ficar contentes com uma evangelização que não se conclui em integração, nem com uma vida eclesiástica cujo princípio seja camaradagem social superficial em vez de uma comunhão espiritual com o Pai e com seu

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Filho Jesus. No texto de João observa-se que a doutrina e o comportamento dos hereges estavam ameaçando romper, dividir a igreja. Por outro lado observa-se também que a mensagem verdadeira produz verdadeira comunhão.

3) Precisamos desfrutar da alegria plena que Cristo nos oferece(v.4).

Qual é o segredo da plenitude de alegria? Está na comunhão que a proclamação produz. Pois se o propósito imediato da proclamação é o estabelecimento da comunhão o seu último é a consumação da alegria. Esta é a ordem divina das coisas: proclamação verdadeira = comunhão verdadeira = alegria verdadeira. A idéia de plenitude de alegria reaparece por toda a literatura joanina como por exemplo: "Eu estou dizendo isso para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa"(João 15.11). "E agora estou indo para perto de ti. Mas digo isso enquanto estou no mundo para que o coração deles fique cheio da minha alegria"(João 17.13). Isto é significativo pois estas passagens fazem alusão ao tema da comunhão com Deus ou entre os irmãos.

Todavia, a "perfeita alegria" não é possível neste mundo de pecado, porque a perfeita comunhão não é possível. Assim devemos entender que o versículo 4 olha também para o futuro além desta vida quando então a nossa comunhão consumada produzirá alegria completa. É para este fim último que Cristo se manifestou e o conteúdo da mensagem cristã é a manifestação histórica do Eterno. Seu propósito foi e é uma comunhão humana que se baseia na comunhão com o Pai e o Filho e que irrompe na plenitude da alegria. A alegria conquistada através da permanência no Filho e revelada através da comunhão com o Pai: "Tu me mostras o caminho que leva à vida. A tua presença me enche de alegria e me traz felicidade para sempre"(Salmo 16.11).

Em segundo lugar precisamos manter um bom relacionamento com Deus que é luz(vv.5-10).

Como provar que temos comunhão com Deus? Quando somos questionados sobre nossos valores, crenças e emoções sentimos uma vontade danada de "provar" ou de mostrar que somos diferentes daquilo que dizem de nós. Você já passou por uma situação assim? Como é que você se relaciona com Deus? Nestes seis versos encontramos algumas dicas de como deve ser o nosso relacionamento com o nosso Eterno Deus:

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1) Precisamos adequar às nossas vidas ao padrão que Deus estabelece: santidade(v.5).

Independentemente de sermos questionados ou não pelas pessoas, temos a necessidade de adequarmos nossa vida ao padrão estabelecido por Deus. João nesta etapa de sua carta nos ensina que Deus é luz e nele não há trevas nenhuma(v.5) e esta expressão "luz" indica verdade, pureza e justiça. Isto implica que o padrão ou o gabarito para a vida cristã é a santidade de Deus. Muitos dos seus amigos não-cristãos geralmente encontram seu padrão de comportamento na vida de outras pessoas ou em algum código de ética inventado pelos homens. Mas estes não alcançam a perfeição de vida que Deus espera do homem. Daí termos a necessidade de buscarmos o auxílio do Espírito Santo de Deus para que aprendamos e pratiquemos os ensinos desta poção da Palavra de Deus.

Na época em que a mensagem de 1 João foi ensinada, havia pessoas que pensavam e ensinavam que o pecado não rompia a comunhão do cristão com Deus. Sabemos que este ensino se constitui um erro tremendo e, a julgar pelo procedimento de alguns cristãos, penso que outros ainda hoje pensam da mesma forma. Qual é então o desafio desta caminhada na luz? Adequarmos nossas vidas ao padrão de santidade desenvolvido por Deus em sua Palavra. Talvez você se sinta em desvantagem nesta fase de sua vida ao tentar comparar o seu procedimento com o outros cristãos mais maduros. Não desista! Coragem! Tenha fé! Vida cristã não é moleza mas nós devemos continuar firmes na caminhada rumo à santificação. Pouquíssimas pessoas gostam de provas, mesmo que as questões sejam de múltipla escolha ou dissertativas. Normalmente ouço dos meus alunos que fazer prova não é "boa". Como saber se a nossa nota nesta prova da comunhão com Deus é boa ou ruim? Esteja atento ao próximo pontos!

2) Precisamos entender que o pecado rompe nossa comunhão com Deus(v.6).

Consideremos a questão levantada por João no verso 6: um cristão pode Ter constante comunhão com Deus, mesmo fazendo coisas que o desagradem? Na boca de alguns de seus contemporâneos a resposta seria sim. O que você acha desta situação? Não é de hoje o pensamento de que o espírito humano é inviolável e que podemos fazer o que quisermos com o nosso corpo. Assim sendo esse conceito(chamado de "dualismo") leva muitos cristãos a pecarem e

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ofenderem a santidade de Deus. Deus é luz e aquele que nele está não pode caminhar nas trevas. A religião cristã sem moralidade e pura ilusão.

O pecado é sempre uma barreira para a comunhão com Deus. E se pensarmos diferente disto, mentimos deliberadamente e não praticamos a verdade. Isto se aplica a minha vida, a sua também especialmente quando começamos a usar um simples frase(isto não tem nada a ver) ao sermos confrontados seja pelos irmãos em Cristo. À medida em que achamos e dizemos que isto ou aquilo "não tem nada a ver" e insistimos em andar por caminhos que a Bíblia não nos autoriza a nossa nota(média) cai. E pior do que fazer uma prova, é descobrir que a nota foi mais baixa do que o grau mínimo para aprovação.

3) Precisamos aprender a andar e agir na luz(v.7).

João insiste que é impossível o cristão andar com o Senhor e no pecado ao mesmo tempo. Eu e você devemos permitir que a santidade divina revele quem realmente somos e devemos também aplicar em nossa vida o padrão do Senhor. Quem em comunhão com o Senhor orienta-se pela luz, reage de acordo com o que a luz revela e distingue entre o certo e o errado. Ao invés de tentar fugir dizendo que não tem nada a ver, você deve encarar cada questão com a certeza de que o padrão correto é o que a Bíblia ensina e não o que os outros pensam ou fazem ou pensam.

Que efeitos ocorrem na vida de quem está na luz? Primeiro, gozamos de boa comunhão outros cristãos, além de estreitarmos nossa comunhão com Deus. O inverso também ocorre, pois quando a pessoa não está em comunhão com o Pai, perde a comunhão com os irmãos. Segundo, experimentamos a purificação de nossos pecados, pois o sangue de Jesus, o Filho de Deus, nos purifica de todo o pecado. Lembre-se disso: a purificação dos seus pecados só pode ser alcançada através do sangue de Cristo.

Quando pensamos sobre o padrão pelo qual somos avaliados no nosso dia-a-dia, descobrimos que a santidade de Deus é esse padrão. Ainda que o pensamento que está na moda atualmente seja o de que podemos viver como quisermos, a Bíblia diz que não é bem assim e nos orienta que o comportamento é uma forma de mostrarmos aos outros como é o nosso relacionamento com Deus. Muitas vezes deixamos de alcançar o nível esperado por Deus. Isso indica que cometemos pecados, deixamos de fazer algo que deveríamos fazer ou fizemos algo que nos foi proibido.

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Quando pecamos, a comunhão entre Deus e nós é interrompida e o problema precisa ser resolvido. A solução oferecida por Deus é a seguinte: confesse os seus pecados. Reconheça que pecou, que sua atitude foi uma ofensa ao Deus Santo, e receba com gratidão o perdão. Mantenha-se no padrão que é ensinado pela Palavra de Deus. Creia que este é um padrão absoluto ainda que ouçamos, a cada instante, que não existem critérios morais absolutos.

4) Precisamos entender que o pecado existe em nossa natureza e se revela na nossa conduta(v.8).

O versículo 8 nos permite dizer que devemos reconhecer o princípio do pecado. Naquela época, assim como hoje também, as pessoas não aceitavam o fato de que me nossa natureza existe o pecado. Essa negação do pecado não nos livra de sua influência nem dos seus resultados. O "gnosticismo", heresia que já começava a se formar nesse período, ensinava que através do conhecimento a natureza pecaminosa do homem poderia ser eliminada, e assim sendo, os estudiosos e iluminados eram considerados perfeitos. A orientação de João contrapõe este pensamento ao dizer que se pensamos assim nos "enganamos e nos tornamos mentirosos".

Estes mesmo ensinos contrários à Palavra de Deus e prejudiciais aos homens são divulgados ainda hoje(e com mais recursos do que naquela época). Querida(o) irmã(o), não caia nesta armadilha de Satanás. Eu e você somos pecadores e devemos reconhecer este fato. Se você for convidado para assistir alguma palestra ou estudo sobre o tema: "Gnosis: conheça-te a ti mesmo", não participe, pois a Bíblia já nos mostra com honestidade, quem de fato somos.

5) Precisamos reconhecer, confessar e abandonar os nossos pecados(v.9).

O cristão precisa reconhecer os seus pecados pessoais(v.9) e este versículo da Palavra de Deus deve ser guardado na sua mente e em seu coração. Eu sei, e você também sabe, que às vezes inventamos nomes para os nossos pecados tentando minimizá-los. Por exemplo: "mentirinha", "gênio difícil", ou "a carne é fraca". Também gostamos de generalizar a confissão pedindo a Deus que nos perdoe sem que mencionemos as atitudes pecaminosas. Às vezes penso que pecamos no varejo mas pedimos perdão no atacado. Você sabe

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porque agimos assim? Creio que é porque temos vergonha de que os outros irmão saibam as coisas feias que pensamos, falamos ou fazemos. Mas como saberemos lidar com estes pecados, se não temos coragem de falar deles para o Senhor? Lembre-se sempre: pecado existe e deve ser reconhecido, nomeado na confissão e abandonado.

Quando reconhecemos, confessamos e abandonamos o comportamento pecaminoso recebemos o perdão de Deus. A base do perdão verdadeiro é a justiça divina. E se em sua Palavra está escrito que "se confessarmos os nossos pecados seremos perdoados" podemos confiar que Ele vai cumprir o que nos diz. Para que a nossa comunhão e amizade com deus seja mantida, ou restaurada(caso esteja quebrada por causa de algum pecado ainda não confessado), você deve praticar sempre o princípio da confissão. Por exemplo, se neste momento o Espírito Santo convencer o seu coração de alguma atitude pecaminosa, trate imediatamente de confessá-la a Deus. Como fazer isto? Não existe nem segredo nem barreiras. O acesso a Deus está livre e é imediato. Basta que você o procure e arrependido busque o perdão verdadeiro. Se por outro lado, você reconhece que o pecado cometido tem afetado outra pessoa, procure-a e peça-lhe perdão também. Permita que Deus reconstrua sua comunhão com Ele e com o seu próximo.

6) Precisamos aprender a desfrutar do perdão que Deus oferece(v.9)

Talvez você já tenha dito ou ouvido esta frase: "Eu te perdôo, mas não esqueço o que você me fez!" Quando pensamos em perdão temos de usar a pessoa de Jesus como nosso referencial maior e graças a Deus que ele não usa essa frase em momento algum. Por isso podemos dizer que o seu perdão é verdadeiro e completo. Por outro lado, esta consideração nos faz pensar sobre a necessidade de aprendermos com ele acerca do perdão que devemos dar àqueles que nos ofendem e magoam. Na experiência pastoral, tenho percebido que as pessoas que mais dificuldades enfrentam para perdoar são aquelas que desconhecem as dimensões amplas e profundas do perdão que Deus nos oferece em Cristo Jesus. Estes, com freqüência, usam nas relações interpessoais a expressão mencionada.

Nesta etapa da carta de João, procuramos observar algumas implicações deste perdão verdadeiro a fim de que saibamos como alcançá-lo. Que a sensação maravilhosa de sentir-se perdoado por Deus nos estimule e nos capacite a perdoar também de modo verdadeiro. Se o padrão pelo qual somos medidos é a santidade divina, logo de cara sabemos que precisamos do perdão do Senhor porque somos pecadores. Toda vez que pecamos nossa comunhão

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com ele é quebrada. O perdão é a solução, o remédio, o antídoto que nos reabilita e nos aproxima do Senhor.

7) Precisamos entender que a vontade de Deus e que nós não pequemos(v.10).

No verso 10 do primeiro capítulo e nos verso 1 e 2 dois do segundo capítulo da primeira carta de João você encontra subsídios para evitar um outro erro muito comum nesta área do perdão. Havia entre os crentes contemporâneos de João aqueles que diziam que não tinham cometido pecado algum. Bem parecidos com os super-crentes de nossa época ou os que se julgam mais santos do que os outros. De todas as negações anteriores, esta é a mais grave: achavam que seus estudos, pesquisas e também suas experiências religiosas ou místicas os tornavam incapazes de pecar. Tal declaração por parte de qualquer pessoa faz de Deus um mentiroso e prova que a sua Palavra não está no homem.

"Meus filhinhos e minhas filhinhas, escrevo isso a vocês para que não pequem. Porém, se alguém pecar, temos Jesus Cristo, que faz o que é certo; ele nos defende diante do Pai. É por meio do próprio Jesus Cristo que os nossos pecados são perdoados. E não somente os nossos, mas também os pecados do mundo inteiro"(1 João 2.1-2).

O objetivo de João, assim como o nosso também, é de evitar que os cristãos pequem. Mas se alguém pecar, a solução de Deus para o problema está em Jesus, o nosso advogado(1 João 2.1). A grande dificuldade nesta área é que não tem sido dada muita orientação ética e moral para as pessoas e, por diversas vezes, você tem sentido dúvidas se tal ou qual atitude é certa ou errada. A minha sugestão é que você procure outros cristãos mais maduros e se necessário for procure o seu pastor ou alguém de sua igreja que lhe ajude. Lembre-se: Jesus perdoa e esquece as coisas erradas que fizemos! Isso não é uma bênção?!

O Maior Tesouro“Se obedecemos aos mandamentos de Deus, então temos certeza de que o conhecemos. Se alguém diz: "Eu o conheço", mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e não há verdade nele.Porém, se obedecemos aos ensinamentos de Deus, sabemos que o nosso amor a ele é realmente o que deveria ser. É assim que podemos ter certeza de que estamos vivendo unidos

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com Deus: Quem diz que vive unido com Deus deve viver como Jesus Cristo viveu. Meus queridos amigos e amigas, este mandamento que estou dando a vocês não é novo. É o mandamento antigo, aquele que vocês receberam lá no começo. O mandamento antigo é a mensagem que vocês já ouviram.Porém o mandamento que eu estou dando a vocês é novo porque a sua verdade é vista em Cristo e também em vocês. Pois a escuridão está passando, e já está brilhando a verdadeira luz. Quem diz que vive na luz e odeia o seu irmão está na escuridão até agora. Aquele que ama o seu irmão vive na luz, e não há nele nada que leve alguém a pecar. Mas quem odeia o seu irmão está na escuridão, anda nela e não sabe para onde está indo, porque a escuridão não o deixa enxergar. Filhinhas e filhinhos, escrevo a vocês porque os seus pecados são perdoados por causa de Cristo. Pais, escrevo a vocês porque conhecem aquele que existiu desde a criação do mundo. Jovens, eu lhes escrevo porque vocês têm vencido o Maligno. Escrevo a vocês, filhinhos e filhinhas, porque conhecem o Pai. Escrevo a vocês, pais, porque conhecem aquele que existiu desde a criação do mundo. Escrevo a vocês, jovens, porque são fortes. A mensagem de Deus vive em vocês, e vocês já venceram o Maligno”(1João 2.3-14)

O maior tesouro que temos é o privilégio de conhecermos a Deus e de sermos conhecidos dele. Nesse processo de conhecer a Deus somos desafiados a mantermos uma posição de obediência a ele(v.3-6) e com esta postura daremos uma prova moral da nossa posição privilegiada. Isto implica que guardar os mandamentos de Deus é uma comprovação de que realmente o conhecemos.

Assim como os caçadores de tesouros dependiam de seguir a risca as instruções dos seus mapas, você também precisa estar familiarizado com a vontade de Deus e, por isso, é muito importante conhecer as Escrituras e seguir as suas orientações. As suas palavras devem ser provadas pelos seus atos, porque quem desobedece a Deus não pode dizer que não o conhece. Aquele que guarda a Palavra de Deus integralmente é um cristão verdadeiro e nele está o amor de Deus de modo aperfeiçoado. Os que possuíam um mapa do tesouro sempre procuravam escondê-lo para que não fossem roubados pelos piratas. A Bíblia, como mapa do tesouro, deve ser escondida no coração a fim de que não pequemos contra o Senhor(Salmo 119.11). Somos desafiados a andar como Jesus andou e é muito importante que o nosso comportamento seja igual ao dele.

Como conseqüência de termos este grande tesouro ao nosso alcance, devemos amar cada vez mais o nosso Deus(v.7-11). Percebemos que ao falar sobre o amor, João ajuda-nos a compreender alguns aspectos do mandamento perfeito: a) não havia nenhuma novidade na ordem de amar(v.7). b) ainda que fosse antiga a ordem de amar, ela veio revestida com o frescor e a novidade de

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Cristo(v.8). c) a ordem de amar condena frontalmente o ódio(v.9-11). Era também um novo mandamento no sentido de que Cristo deu ao amor um significado muito mais rico e profundo(João 13.34). Uma vez que aceitamos a Jesus como nosso Salvador, o Espírito Santo que habita em nós nos capacita para amar como o Senhor espera que amemos. E o que mais nos chama a atenção nestes versículos é a necessidade de sermos coerentes. Ou seja, não podemos agir de modo contrário a fé que professamos.

O que é o amor? Podemos dizer que amar é buscar o bem maior do ser amado. Então, quando dizemos que conhecemos a Deus e nos sentimos felizes por causa deste grande tesouro encontrado, pesa sobre os nossos ombros a responsabilidade de amar a Deus, ao próximo e aos irmãos na fé. E, mesmo que às vezes nos sintamos meio derrotados pelo grande pirata(Satanás procura por todos os meios desviar-nos da meta), podemos ser vitoriosos. Isto acontecerá a partir do momento que tenhamos a seguinte postura: a) devemos alcançar o perdão dos pecados em Cristo Jesus(v.12). b) devemos crescer espiritualmente(v.13). c) devemos deixar que a Palavra de Deus permaneça em nós.

Esta postura vitoriosa é nossa estratégia para suportarmos as pressões e as dificuldades para mantermos bem protegido o maior tesouro de nossa vida. Precisamos compreender a dinâmica das etapas da maturidade: a) Os filhos espirituais sabem que possuem um pai espiritual. b) Os filhos espirituais sabem que os seus pecados já foram perdoados. c) Os jovens têm vencido o maligno. d) Os jovens vencem o maligno porque a Palavra de Deus habita neles. e) Os pais conhecem a Deus que existiu desde o princípio. f) Os pais conhecem e obedecem à vontade de Deus.

Amar o "mundo" uma prova de infidelidade a Deus

"Não amem o mundo, nem as coisas que há nele. Se vocês amam o mundo, não amam a Deus, o Pai. Nada que é deste mundo vem do Pai. Os maus desejos da natureza humana, a vontade de ter o que agrada aos olhos e o orgulho pelas coisas da vida, tudo isso não vem do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, com tudo aquilo que as pessoas cobiçam; porém aquele que faz a vontade de Deus vive para sempre"(1 João 2.15-17).

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Nesta etapa encontramos algumas orientações muito úteis para que não sejamos seduzidos por outros "tesouros" que, apesar do seu brilho intenso, não valem nada e só servem para prejudicar a vida. Somos encorajados a amar a Deus e as coisas relacionadas com sua vontade. Somos desencorajados a amar o mundo e as coisas que nele há. Você está vivendo uma etapa muito especial na vida do ser humano - a juventude - e com certeza Satanás, o pirata, tem atuado com muita freqüência procurando fazer com que você troque o grande tesouro que Deus oferece em Cristo pelas imitações e falsificações. O cristão não deve ser absorvido pela perspectiva e pelos interesses do mundo que rejeita a Cristo. Isto significa dizer que os elementos que gerenciam a vida no mundo - a volúpia, a avareza e o orgulho - não podem caracterizar a sua vida. O jovem tem como característica muita energia e a necessidade de descobrir coisas novas.

Fuja dos Enganadores

“Meus filhinhos e minhas filhinhas, o fim está perto. Vocês ouviram dizer que o Inimigo de Cristo vem. Pois agora muitos inimigos de Cristo já têm aparecido, e por isso sabemos que o fim está chegando. De fato, essas pessoas nos deixaram porque não eram do nosso grupo. Se fossem do nosso grupo, teriam ficado conosco. Mas elas nos deixaram para que ficasse bem claro que nenhuma delas pertencia mesmo ao nosso grupo. Porém sobre vocês Cristo tem derramado o Espírito Santo, e por isso todos vocês conhecem a verdade. Portanto, eu escrevo a vocês, mas não é porque não conhecem a verdade. Pelo contrário, é porque a conhecem e sabem que nunca nenhuma mentira vem da verdade. Então quem é mentiroso? É aquele que diz que Jesus não é o Messias. Quem diz isso é o Inimigo de Cristo; ele rejeita tanto o Pai como o Filho. Pois quem rejeita o Filho rejeita também o Pai; e quem aceita o Filho tem também o Pai. Por isso guardem no coração a mensagem que ouviram desde o começo. Se aquilo que ouviram desde o começo ficar no coração de vocês, então viverão sempre unidos com o Filho e com o Pai. E o que o próprio Cristo prometeu dar a todos nós foi isto: a vida eterna. Eu estou escrevendo isso a vocês a respeito dos que estão tentando enganá-los. Mas sobre vocês Cristo tem derramado o seu Espírito. Enquanto o seu Espírito estiver em vocês, não é preciso que ninguém os ensine. Pois o Espírito ensina a respeito de tudo, e os seus ensinamentos não são falsos, mas verdadeiros. Portanto, obedeçam aos ensinamentos do Espírito e continuem unidos com Cristo. Sim, meus filhinhos e minhas filhinhas, continuem unidos com Cristo, para que possamos estar cheios de coragem no Dia em que ele vier. Assim não precisaremos ficar com vergonha e nos esconder dele naquele dia. Já que vocês sabem que Cristo sempre fez o que é certo, devem saber também que quem faz o que é certo é filho de Deus”(1 João 2.18-29).

Freqüentemente temos acompanhado pelos noticiários situações onde pessoas são enganadas. Nem mesmo a criação do Código de Defesa do Consumidor

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inibiu a ação de pessoas inescrupulosas que enganam, falsificam e não cumprem prazos. A cada momento, uma nova fraude é descoberta. Dizem os mais pessimistas que nosso país não tem jeito.

O fato é que se você ainda não foi enganado em alguma área de sua vida, com certeza não está livre de que isto ocorra. Mas o texto bíblico em destaque nos fala de enganadores que podem produzir um prejuízo pior do que qualquer outro na vida dos crentes. Daí o alerta da Palavra de Deus. Ele funciona como uma dica para que você não seja enganado. Todo cuidado é pouco e meu conselho é que você leve a sério esta reflexão. Meu alvo é alertá-lo sobre a existência de falsos mestres que distorcem a verdade eterna de Deus e produzem estragos consideráveis na vida dos crentes que não estão atentos.

Num primeiro momento, o apóstolo João faz uma comparação entre falsários e cristãos verdadeiros(v.18-21). Neste exercício, nos permite compreender que a presença e a atuação destes falsos mestres, chamados por ele de anti-cristos, com suas heresias(falsos ensinos), sinalizavam a proximidade do fim. Fica bem claro que esses hereges eram oriundos da própria igreja e surgiram como o joio no meio do trigal. Falsificando os ensinos cristalinos acerca de Jesus, procuravam enganar os irmãos. A Bíblia alerta contra a presença de falsos mestres e sua atuação em busca de seduzir e enganar até mesmo os cristãos. Diz que isto aconteceria com maior intensidade quando a volta de Jesus estivesse próxima(1 Timóteo 4.1-3; 2 Timóteo 2.16-18; Mateus 24.4-5).

Por outro lado, ao falar dos cristãos verdadeiros indica que os que são de Cristo têm conhecimento de todas as coisas, pois neles há a unção do Espírito Santo que os conduz à verdade. Ao escrever esta carta, João desejava confirmar os seus irmãos na verdade que eles já conheciam. O que nos, assim como eles, precisamos é colocar em prática as verdades bíblicas.

Quando João descreve a natureza e os efeitos da mensagem dos enganadores, ele nos ajuda a discernir e nos orienta quanto à prevenção que devemos fazer(v.22-23). Os falsos mestres negavam que Jesus fosse o Cristo, isto é, negavam que ele fosse o Salvador do mundo. Negavam ainda que Jesus possuísse as duas naturezas perfeitas(humana e divina). Negavam a própria encarnação. Podemos dizer que a teologia dos hereges era defeituosa e diabólica. Descoberta, então, a natureza da heresia, João fala do seu efeito catastrófico.

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Negar a divindade de Jesus, o Filho de Deus, significa não ter comunhão com o Pai. Com tristeza e preocupação, temos sido testemunhas de um tempo onde muitos líderes religiosos negam a divindade de Jesus Cristo. Os que agem assim podem ser ótimas pessoas e grandes líderes, seus grupos religiosos ou igrejas podem até atingir uma grande soma de adeptos. Mas a Bíblia declara que eles estão mortos espiritualmente. Você pode até pensar: “sou apenas um simples cristão e não interesso a esses falsos mestres”. Mas a verdade é que todos somos alvos dos ataques porque quem age por trás deles é o inimigo de nossas almas.

Nos versículos restantes desta unidade de pensamento, o autor nos apresenta as armas para vencermos as heresias(v.24-29). Permita-me dizer que apesar do tempo(quase dois mil anos passados) o conselho joanino continua atual e útil. Entendemos que o Evangelho deve permanecer nos cristãos e, preferencialmente, sua mensagem genuína mantida como base para a integridade da igreja. E como resultado desta lealdade ao Filho e ao Pai, e dessa comunhão com eles, gozaremos a vida eterna.

Não obstante a segurança que gozamos em Cristo Jesus, os enganadores são sutis e por isso devemos manter a atenção e a prevenção. Como crente em Cristo, cada irmão, além do Evangelho puro de Jesus, tem a unção do Espírito Santo que ministra com zelo e autoridade a Palavra de Deus em seus corações. O cristão que segue os princípios que levam à segurança na vida espiritual pode estar certo de que Jesus voltará outra vez(v.28-29). Desde que esteja vivendo em comunhão constante com o Senhor, nada existe em sua vida que venha a envergonhá-lo quando Jesus o vier buscar. A melhor maneira de preparar-se para esse dia é viver fielmente com Cristo todos os dias.

Uma Nova Certidão de Nascimento

“Vejam como é grande o amor do Pai por nós! O seu amor é tão grande, que somos chamados de filhos de Deus e somos, de fato, seus filhos. É por isso que o mundo não nos conhece, pois não conheceu a Deus. Meus queridos amigos e amigas, agora nós somos filhos de Deus, mas ainda não sabemos o que vamos ser. Porém sabemos isto: Quando Cristo aparecer, ficaremos parecidos com ele, pois o veremos como ele realmente é. E todo aquele que tem essa esperança em Cristo purifica-se a si mesmo, assim como Cristo é puro. Quem peca é culpado de quebrar a lei de Deus, porque o pecado é a quebra da lei. Vocês já sabem que Cristo veio para tirar os pecados e que ele não tem nenhum pecado. Assim, quem vive unido com Cristo não continua pecando. Porém quem continua pecando nunca o viu e nunca o conheceu. Minhas filhinhas e meus filhinhos, não deixem que ninguém os engane. Aquele que faz o que é correto é correto, assim como Cristo é correto. Quem continua

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pecando pertence ao Diabo porque o Diabo peca desde a criação do mundo. E o Filho de Deus veio para isto: para destruir o que o Diabo tem feito. Quem é filho de Deus não continua pecando, porque a vida que Deus dá permanece nele. E ele não pode continuar pecando, porque Deus é o seu Pai. A diferença clara que existe entre os filhos de Deus e os filhos do Diabo é esta: Quem não faz o que é certo ou não ama o seu irmão não é filho de Deus”(1 João 3.1-10).

O primeiro documento que uma pessoa possuí é a certidão de nascimento. É a partir dele que os demais são confeccionados e daí configura-se sua importância. É necessário cuidar bem dela a fim de que não a percamos nem rasuremos suas informações. No caso de perda ou extravio, a alternativa é requerer uma segunda via, o que pode ou não ser uma tarefa complicada, levando-se em consideração questões como custo financeiro e distância(dependendo do local de seu registro). Este texto bíblico nos fala de uma nova certidão de nascimento que cada cristão possui. E não se trata de uma segunda vida ou de uma alteração qualquer. Mas talvez você esteja pensando: “certidão é tudo igual e não deve ser diferente essa nova certidão de nascimento”. A Palavra de Deus nos apresenta detalhes desta certidão. Preste atenção!

O Livro da Vida = a Bíblia nos fala de um novo nascimento pelo qual cada crente passou ao aceitar a Jesus como seu único e suficiente Salvador. Este novo nascimento é operado por Deus(Pai, Filho e Espírito Santo) no pecador, por meio da fé em Jesus Cristo. Como resultado da ação regeneradora, o homem recebe um novo coração, sua mente é renovada e torna-se uma nova criatura. Para que se opere em nós o novo nascimento temos que crer que Jesus morreu por nós e que nós também morremos com ele para o pecado e que ressuscitamos com ele para Deus. Você já tomou esta decisão de crer e aceitar a Jesus como seu Salvador pessoal? Se a resposta é sim,você então já nasceu de novo e já está cadastrado no Livro da Vida. Se você ainda não aceitou a Jesus como Salvador, infelizmente esse importante documento não pode ser emitido para você. Mas nem tudo está perdido pois hoje é uma excelente oportunidade para você dizer sim para Jesus e tirar esta certidão do novo nascimento. Tenha fé e coragem e aceite a Jesus como seu Salvador!

Privilégios e Responsabilidades = através desse novo nascimento nos tornamos “filhos de Deus” e passamos a fazer parte da sua família(v.1-3). Isto significa dizer que temos algumas responsabilidades assim como vários privilégios. Uma responsabilidade destacada por João é que devemos buscar uma vida de pureza: a) porque já temos a natureza divina. b) porque já experimentamos uma transformação moral. c) porque nós o veremos. d) porque temos uma esperança nele. Sim. O Senhor Jesus se fez seu irmão e compartilhou com você sua herança(João 1.12; Romanos 8.15-17). Assim sendo, você passou a fazer parte da “família de Deus” aqui na terra - a sua

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igreja -, composta de todos os que crêem em Jesus Cristo. Você não é mais considerado um estranho, mas sim, um “cidadão do reino de Deus”(Efésios 2.19).

Por outro lado, esta nova certidão de nascimento sugere que novos padrões devem marcar o nosso comportamento. Você já deve ter ouvido alguém dizer assim: “tal pai tal filho” ou “filho de peixe peixinho é. A expectativa da sociedade é que o caráter do pai influencie o caráter do filho. Caráter é definido como aqueles valores que influenciam diretamente o nosso comportamento. A expectativa de Deus caminha na mesma direção, mas com uma diferença fundamental: Ele conhece as intenções do coração.

Pai Espiritual = nos versículos seguintes(4-10) João declara que o seu comportamento revelará que é o seu pai espiritual e abre duas possibilidades: Deus ou o Diabo. O amor de Deus nos liberta da prática do pecado e no revela que pecado é transgressão da lei(v.4). Pecado significa injustiça ou falta de retidão, um abandono daquilo que é reto ou justo. E quando o amor de Deus nos alcança deixamos de viver habitualmente no pecado e na rebeldia. O amor liberta dos pecados pois Cristo veio ao mundo para tirar os nossos pecados e nele não há pecado algum(v.5).

O amor de Deus inspira à permanência nele. Permanecer nele significa não pecar e pecar significa não conhecê-lo nem tão pouco vê-lo. Pois Cristo se opõe ao pecado(v.6). O amor de Deus inspira compromisso com a justiça. Não sejamos enganados: quem pratica a justiça é justo, assim como Ele é justo(v.7). A origem do pecado é o Diabo que peca desde o início e todas as suas obras serão destruídas pelo Filho de Deus. Aquele que tem a sua vida dominada pelo pecado é do Diabo(v.8).

O que nasce de Deus não tem o hábito de pecar freqüentemente, porque nele está a semente de Deus e porque é nascido de Deus. O cristão possui esta natureza pecaminosa, mas agora em Cristo tem uma nova natureza que combate esta tendência ao erro. O pecado na vida do cristão não deve ser motivo de alegria e sim de tristeza pois não tem prazer em pecar(v.9). Diante deste paralelo são manifestos os filhos de Deus e os filhos do Diabo: os filhos de Deus praticam a justiça e amam a seus irmãos. A falta de justiça e de amor marcam a vida dos filhos do Diabo pois não nasceram de novo(v.10).

Servindo em Amor

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"A mensagem que vocês ouviram desde o princípio é esta: Que nos amemos uns aos outros. Não sejamos como Caim, que pertencia ao Maligno e matou o próprio irmão. E por que o matou? Porque o que Caim fazia era mau, e o que o seu irmão fazia era bom. Meus irmãos e minhas irmãs, não estranhem se as pessoas do mundo os odeiam. Nós sabemos que já passamos da morte para a vida e sabemos isso porque amamos os nossos irmãos. Quem não ama está ainda morto. Quem odeia o seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem em si a vida eterna. Sabemos o que é o amor por causa disto: Cristo deu a sua vida por nós. Por isso nós também devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos. Se alguém é rico e vê o seu irmão passando necessidade, mas fecha o seu coração para ele, como pode afirmar que, de fato, ama a Deus? Meus filhinhos e minhas filhinhas, o nosso amor não deve ser somente de palavras e de conversa. Deve ser um amor verdadeiro, que se mostra por meio de ações"(1 João 3.11-18).

Nesta nova vida(a cristã) fica evidente um padrão para o amor que precisamos revelar como filhos de Deus. Percebe-se que João estabelece um contraste entre dois personagens bíblicos: Caim e Cristo. Isto nos ensina o comportamento que devemos evitar e aquele que devemos seguir.

Assim para que sirvamos em amor devemos evitar o ódio porque ele: a) Caracteriza o mundo(as pessoas perdidas em seus pecados). b) Tem como exemplo Caim. c) Tem sua origem no ciúme. d) Tem como o clímax o homicídio. e) Tem como evidência a morte espiritual.

O desafio da nova vida é amar igual a Cristo porque: a) O amor caracteriza a igreja de Jesus. b) O amor tem como exemplo Cristo. c) O amor tem sua origem em Deus. d) O amor tem como clímax o auto-sacrifício. e) O amor tem como evidência a vida eterna.

Assim a mensagem de amor mútuo é revelada por Deus desde o princípio(v.11). O primeiro homicídio ocorreu por falta de amor e pela presença do ódio e da inveja pois as obras(o serviço) de Abel eram justas(v.12). O mundo, que odeia os que são de Cristo, nada mais é do que a posteridade de Caim e este o protótipo do mundo(v.13). A qualidade de vida dos que amam é elevada e os que não amam permanecem na morte(v.14).

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A falta de amor é evidência de morte espiritual e o ódio é um sentimento assassino(v.15). O amor é a evidência da vida e a essência do amor é o auto-sacrifício, o qual manifestou-se de modo perfeito na pessoa de Jesus Cristo e deve caracterizar a vida do povo cristão(v.16). O amor deve ser revelado na prática de auxiliar as carências humanas(v.17). O amor deve ser concretizado por nossas obras e exercido na verdade. Chega de hipocrisia e falsidade(v.18).

Garantia da Presença de Deus

“É assim, então, que saberemos que pertencemos à verdade de Deus e que o nosso coração se sente seguro na presença dele. Pois, se o nosso coração nos condena, sabemos que Deus é maior do que o nosso coração e conhece tudo. Portanto, meus queridos amigos e amigas, se o nosso coração não nos condena, temos coragem na presença de Deus. Recebemos dele tudo o que pedimos porque obedecemos aos seus mandamentos e fazemos o que agrada a ele. E o que ele manda é isto: Que creiamos no seu Filho Jesus Cristo e que nos amemos uns aos outros, como Cristo nos mandou fazer. Quem obedece aos mandamentos de Deus vive unido com Deus, e Deus vive unido com ele. E, por causa do Espírito que ele nos deu, sabemos que Deus vive unido conosco”(1 João 3.19-24).

Haverá um dia em que sua certidão de nascimento deixará de ser o seu principal documento. No dia em que você se casar, seu principal documento será a certidão de casamento. Seus pais não serão mais os responsáveis por sua vida, seu sustento, etc; pelo menos do ponto de vista formal e legal. Isto não acontece conosco no sentido espiritual. Pois Deus continua cuidando de cada um dos seus filhos, e enquanto vivermos em amor demonstraremos que confiamos nele e que estamos interessados em seus cuidados(v.19-23). O último documento que alguém possuí é uma certidão de óbito e podemos dizer com certeza que Deus nunca expedirá tal documento para os seus filhos espirituais(v.24). Deus que nos conferiu esta nova certidão de nascimento espera que lhe sejamos filhos obedientes. Que alegria é fazer parte da família de Deus!

O coração que não acusa, e como devolver-lhe segurança(v.19-20): a) a segurança do crente diante da acusação da consciência ou mesmo de Satanás é que somos da verdade e amamos a verdade(19). b) mas se o coração ainda condena, Deus é maior do que o nosso coração e Ele conhece todas as coisas. Confiemos pois a Ele o nosso coração(20). O coração que não acusa e suas bênçãos(v.21-24): a) a segunda bênção de um coração que não acusa é que temos confiança para com Deus(21). b) e Ele responderá as nossas orações porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista. c) e o mandamento fundamental é que creiamos no Nome de Jesus

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Cristo e nos amemos mutuamente(23). d) se guardarmos os mandamentos Deus permanecerá em nós e nós Nele. Uma comunhão real com Deus garantida pelo Espírito Santo(24).

Uma Elaboração da Prova Doutrinária: Fé

"Meus queridos amigos e amigas, não acreditem em todos os que dizem que têm o Espírito de Deus. Ponham à prova essas pessoas para saber se o espírito que elas têm vem mesmo de Deus; pois muitos falsos profetas já se espalharam por toda parte. É assim que vocês poderão saber se, de fato, o Espírito é de Deus: Quem afirma que Jesus Cristo veio como um ser humano tem o Espírito que vem de Deus. Mas quem nega isso a respeito de Jesus não tem o Espírito de Deus; o que ele tem é o espírito do Inimigo de Cristo. Vocês ouviram dizer que esse espírito viria, e agora ele já está no mundo. Meus filhinhos e minhas filhinhas, vocês são de Deus e têm derrotado os falsos profetas. Porque o Espírito que está em vocês é mais forte do que o espírito que está naqueles que pertencem ao mundo. Eles falam das coisas do mundo, e o mundo os ouve porque eles pertencem ao mundo. Mas nós somos de Deus. Quem conhece Deus nos ouve, mas quem não pertence a Deus não nos ouve. É desse modo, então, que podemos saber a diferença que existe entre o Espírito da verdade e o espírito do erro"(1 João 4.1-6)

Isto posto é necessário que aprendamos a discernir dos tipos básicos de espíritos que procuram governar nossas vidas para que então estejamos aptos a amar a Deus e a rejeitar este "mundo". É necessário que cada cristão identifique a procedência do espírito para o bem da própria vida no corpo de Cristo.

I - O Espírito do Erro: 1) ele é chamado assim(v.6). 2) seus efeitos são: a) não confessa a Jesus(v.3). b) fala influenciado pelos valores deste "mundo"(v.5). c) fala para os que são do mundo, e por eles é ouvido(v.5). d) fazem isto porque são falsos profetas(v.1 e Mateus 7.15). 3) suas características são: a) não procedem de Deus(v.3). b) procedem do mundo(v.3). c) é o espírito do anti-cristo(v.3 e 1 João 2.2).

II - O Espírito da Verdade: 1) Ele é chamado assim(v.6 e João 14.17; 15.26; 16.13). 2) seus efeitos são: a) confissão de que Jesus Cristo veio em carne(v.2). b) os demônios fazem afirmações( Marcos 1.24; 3.11; 5.7; Tiago

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2.19). c) muitos chamam Jesus de Senhor(Mateus 7.21,22). d) a confissão que vem do Espírito Santo produz a prática da vontade de Deus. 3) suas características são: a) é de Deus(v.2). b) procede de Deus(v.3). c) habita os filhos de Deus(v.4).

III - Atitudes diante deste contraste: 1) não acreditar em qualquer espírito. 2) provar todos os espíritos. 3) vigiar porque já estão entre nós os falsos profetas e o espírito do anti-cristo. 4) falar de Jesus confessando-o como Senhor, Salvador, Ressuscitado e Vitorioso. 5) ter certeza de que somos filhos de Deus(v.4,7). 6) ter certeza de que conhecemos Deus, por ouvirmos sua Palavra(v.6). 7) ter certeza de que a vitória é nossa. Ela é contra os falsos profetas(v.4) e ocorre porque maior é aquele que está em nós(v.4).

Aquele que não ama não conhece a Deus

“Queridos amigos e amigas, amemos uns aos outros porque o amor vem de Deus. Quem ama é filho de Deus e conhece Deus. Quem não ama não o conhece, pois Deus é amor. Foi assim que Deus mostrou o seu amor por nós: Ele mandou o seu único Filho ao mundo para que pudéssemos ter vida por meio dele. E o amor é isto: Não fomos nós que amamos Deus, mas foi ele que nos amou e mandou o seu Filho para que, por meio dele, os nossos pecados fossem perdoados. Queridas amigas e amigos, se foi assim que Deus nos amou, então nós devemos nos amar uns aos outros. Nunca ninguém viu Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus vive unido conosco, e o seu amor em nossa vida é o que deveria ser”

(1 João 4.7-12).

Conhecer é um verbo que na Bíblia retrata uma idéia de intimidade profunda e pessoal. Na medida em que o Senhor Deus se revela a nós através de sua Palavra, o faz para que nós o conheçamos mais e melhor. Posso fazer uma pergunta pessoal? Você conhece a Deus? A sua resposta deve ser dada com honestidade e principalmente deve ser comprovada com as atitudes práticas de amor.

Aquele que não ama não conhece a Deus porque não tem dado atenção nem obedecido aos ensinos do Senhor(v.7). Aquele que não ama não conhece a Deus porque não conhece acerca da natureza divina já que o amor é de

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Deus(v.7). Aquele que não ama não conhece a Deus porque ainda não é nascido de novo(convertido). Aquele que não ama não conhece a Deus nem acerca da essência divina já que Deus é amor(v.8). Aquele que não ama não conhece a Deus e desconsidera a manifestação da graça divina em Cristo Jesus(v.9).

Aquele que não ama não conhece a Deus e inviabiliza o projeto glorioso e abençoado de uma nova vida em Cristo na pessoa do seu Filho Jesus(v.9). Aquele que não ama não conhece a Deus e não reconhece a origem do amor e as conseqüências benéficas de sua revelação e aceitação(v.10). Aquele que não ama não conhece a Deus e desconsidera os propósitos estabelecidos pelo Senhor(v.11). Aquele que não ama não conhece a Deus e perde a possibilidade de ver, sentir e perceber a realidade do Senhor além de ser aperfeiçoado(v.12).

Permaneçamos no amor

“A razão por que podemos ter a certeza de que vivemos unidos com Deus e de que ele vive unido conosco é esta: Ele nos deu o seu Espírito. E nós vimos e anunciamos aos outros que o Pai enviou o Filho para ser o Salvador do mundo. Todo aquele que afirma que Jesus Cristo é o Filho de Deus, Deus vive unido com ele, e ele vive unido com Deus. E nós mesmos conhecemos o amor que Deus tem por nós e cremos nesse amor. Deus é amor. Aquele que vive no amor vive unido com Deus, e Deus vive unido com ele. Assim o amor na nossa vida está completo para que tenhamos coragem no Dia do Juízo, porque a nossa vida neste mundo é como a vida de Cristo. No amor não há medo; o amor completo afasta o medo. Portanto, naquele que tem medo o amor não está completo, porque o medo mostra que existe castigo. Nós amamos porque Deus nos amou primeiro. Se alguém diz: "Eu amo Deus", mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê. O mandamento que Cristo nos deu é este: Quem ama Deus, que ame também o seu irmão” (1 João 4.13-21).

Não basta somente amar é necessário permanecer em amor. O que significa isso? Como operacionalizar esse procedimento de permanecer em amor? Esta passagem nos dá algumas dicas importantes:

Como cristãos estamos nele e necessitamos conhecera realidade de que ele está em nós(v.13). Somos habitados pelo Espírito Santo de Deus e esse é um

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fator determinante para que permaneçamos em amor. O Espírito Santo nos capacita a amar e com sua graça nos faz permanecer em amor. Como cristãos temos a responsabilidade de testificar deste gesto de grande amor de Deus por nós(v.14). Você e eu fomos alcançados por esta maravilhosa graça e por este tão grande amor, devemos como testemunhas fiéis anunciar a respeito de Jesus. Testemunhar aos perdidos: isso e permanecer em amor!

Como cristãos precisamos assumir a nossa fé em Jesus(v.15). Assim ao confessarmos Jesus como o Filho de Deus passamos a fazer parte da divindade e vice-versa. Confessar a filiação divina de Jesus: isso é permanecer em amor! Como cristãos que conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós precisamos andar nele(v.16). Andar nele é andar em amor e isso significa que precisamos permitir que os seus valores conduzam nosso viver. Andar nele: isso é permanecer em amor! Como cristãos precisamos da convicção de que o amor que Deus dispensa sobre nós é perfeito(v.17). A perfeição do amor está intimamente ligada com o caráter de Deus e isso se aplica às nossas vidas também.

Como cristãos devemos alimentar o nosso coração de esperança(v.17). Há esperança para aqueles que andam em amor! Não ficaremos decepcionados no dia do Juízo, pois o perfeito amor habilita-nos a confiar em seu poder transformador. Como cristãos devemos buscar uma relação de semelhança com o Senhor(v.17). Ele é o nosso padrão, modelo e ideal de vida. Existe uma necessidade que precisa der suprida. Há um desafio a ser superado. Durante este vida terrena precisamos ser como ele é. Buscar a semelhança com Cristo: isso é permanecer em amor! Como cristãos precisamos aprender a dinâmica do amor que joga fora o temor(v.18). Quantos são os medos e temores que insistem em visitar ou habitar os nossos corações? Não há compatibilidade entre o amor e o medo. Viver uma vida destemida: isso é permanecer em amor!

Como cristãos precisamos reconhecer o fato de que a iniciativa de amar procede de Deus(v.19). Assim como ele tomou a iniciativa em nos amar devemos agir em relação aos nossos semelhantes. Não fique esperando pelo outro vá ao encontro dele e revele o seu amor. Tomar a iniciativa de amar: isso é permanecer em amor! Como cristãos precisamos abandonar a mentira(v.20). É impossível estabelecer uma relação de amor a Deus sem que tenhamos relacionamentos amáveis com os nossos irmãos e semelhantes. A prova concreta do amor ao invisível(Deus) é o amor ao visível(irmão). Abandonar toda forma de mentira: isso é permanecer em amor! Como cristãos devemos reconhecer que os mandamentos existem para serem obedecidos. Não se trata de opções religiosas ou comportamentais que podemos escolher, antes é uma ordem expressa e intransferível que temos de obedecer. Obedecer aos mandamentos: isso é permanecer em amor!

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Conclusões

“Todo aquele que crê que Jesus é o Messias é filho de Deus. E quem ama um pai ama também os filhos desse pai. Nós sabemos que amamos os filhos de Deus quando amamos Deus e obedecemos aos seus mandamentos. Pois amar Deus é obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são difíceis de obedecer porque todo filho de Deus pode vencer o mundo. Assim, com a nossa fé conseguimos a vitória sobre o mundo. Quem pode vencer o mundo? Somente aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus. Jesus Cristo é aquele que veio com a água do seu batismo e o sangue da sua morte. Ele veio com a água e com o sangue e não somente com a água. E o próprio Espírito Santo é testemunha de que isso é verdade porque o Espírito é a verdade. Há três testemunhas: o Espírito, a água e o sangue; e esses três estão de pleno acordo. Nós aceitamos o testemunho dos seres humanos, mas o testemunho de Deus tem mais valor. E esse é o testemunho que Deus deu a respeito do seu Filho. Aquele que crê no Filho de Deus tem esse testemunho no seu próprio coração. Mas quem não acredita em Deus faz de Deus um mentiroso, porque não acredita no testemunho que Deus deu a respeito do seu Filho. E este é o testemunho: Deus nos deu a vida eterna, e essa vida é nossa por meio do seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Eu escrevo essas coisas a vocês que crêem no Filho de Deus, para que vocês saibam que têm a vida eterna. Quando estamos na presença de Deus, temos coragem por causa do seguinte: Se pedimos alguma coisa de acordo com a sua vontade, temos a certeza de que ele nos ouve. Assim sabemos que ele nos ouve quando lhe pedimos alguma coisa. E, como sabemos que isso é verdade, sabemos também que ele nos dá o que lhe pedimos. Se alguém vê seu irmão cometer algum pecado que não traz a morte, deve orar a Deus, e ele dará a vida a esse irmão. Isso, no caso de pecados que não trazem a morte. Mas há pecado que traz a morte, e eu não digo que vocês orem a respeito desse pecado. Toda maldade é pecado; porém há pecados que não trazem a morte. Sabemos que os filhos de Deus não continuam pecando, porque o Filho de Deus os guarda, e o Maligno não pode tocar neles. Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está debaixo do poder do Maligno. Sabemos também que o Filho de Deus já veio e nos deu entendimento para conhecermos o Deus verdadeiro. A nossa vida está unida com o Deus verdadeiro, unida com o seu Filho Jesus Cristo. Este é o Deus verdadeiro, e esta é a vida eterna. Meus filhinhos e minhas filhinhas, cuidado com os falsos deuses!”(1 João 5.1-21).

Combinação das três provas(v.1-5) = a fé que reconhece ser Jesus Cristo nascido de Deus e que ama o criador do Filho, produz amor ao filho também(1). O amor ao Filho de Deus é revelado através do amor ao pai e da guarda dos mandamentos(2). Este amor é o amor de Deus para conosco: que guardemos os seus mandamentos que não são penosos(3). A nossa fé em

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Jesus prova que somos nascidos de Deus e nos torna vitoriosos sobre o mundo(4). Não há outro vencedor senão o que crê que Jesus Cristo é o Filho de Deus(5).

As três testemunhas(v.6-12) = Jesus é o que veio por meio da água e do sangue e o Espírito Santo testemunha este fato(6). A trindade também testemunha este fato pois nela está o Espírito da Verdade(7). Por inferência cremos que o número três simboliza a trindade(8). O testemunho de Deus é maior do que os dos homens(9). A bênção dos que crêem no Filho de Deus e a maldição dos que não crêem no Filho(10). A qualidade ímpar de vida que Deus nos dá através de Jesus(11). Como possuir esta vida e como perdê-la(12).

A nossa conseqüente segurança(v.13-17) = João declara mais uma vez o objetivo de sua carta(13). A confiança que temos em Deus pois Ele ouve as nossas orações quando pedimos segundo a sua vontade(14). E se temos esta confiança já sabemos que alcançamos o que pedimos(15). O pecado que não gera morte e a intercessão(16). Toda injustiça é pecado(17).

Três afirmações e uma exortação para concluir(v.18-21) = O nascido de Deus está protegido do estado de pecado(18). Somos propriedade de Deus e o mundo jaz no maligno(19). A consciência da vinda do verdadeiro Cristo e de sua atividade de ter dado o entendimento aos seus seguidores(20). Exortação contra a idolatria(21).

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2ª João

Prefácio(v.1-3) = João escreve a uma igreja local, usando a expressão “senhora eleita” como disfarce para uma comunidade. Descreve o seu relacionamento com essa igreja como amor em verdade assim como os demais cristãos que a conheciam(1). A razão porque João e os outros cristãos amavam os membros desta igreja é por causa da verdade que permanece no seio da igreja e que permanecerá para sempre. A verdade é a base do amor cristão recíproco(2). Este versículo registra a saudação joanina que segue os padrões comuns as cartas escritas por amigos em língua grega no primeiro século, acrescentando misericórdia, “em verdade e amor”(3).

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A Mensagem(v.4-11) = A alegria de João por encontrar membros da igreja andando na verdade, refletindo assim devida obediência aos mandamentos de Deus. Mas ele sabia que nem todos estavam vivendo corretamente(4). João faz um apelo dramático, rogando àquela igreja a fim de que relembre o mandamento básico: “que amemos uns aos outros”(5). E o amor é manifestado quando andamos segundo os seus mandamentos. Andar segundo os mandamentos, andar na verdade e andar no amor(6). Novamente João volta a falar dos enganadores que saíram pelo mundo negando a encarnação de Jesus Cristo. São os anti-cristos(7).

O cristão precisa ter cautela para não perder a recompensa pelo trabalho cristão já realizado(galardão). Os ensinos errados não poderiam corromper o cristão fiel(8). Os hereges haviam avançado tanto do ensino de Cristo que o adulteraram e deixaram Deus para trás. É preciso permanecer no ensino genuíno do Evangelho. Pois, confessar o Filho é possuir o Pai; negar o Filho é estar privado do Pai(9). O comportamento do cristão diante dos hereges é de não recebê-los em casa nem tão pouco desejar boa viagem(10). Não podemos oferecer nenhum incentivo às suas más obras senão seremos seus cúmplices(11).

A conclusão(v.12-13) = Desejoso de vê-los pessoalmente João prefere encerrar a carta, sendo que ainda teria outros assuntos a tratar(12). Transmite saudações da membresia da sua congregação irmã, ou seja da igreja de onde está escrevendo(13).

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3ª João

A mensagem a Gaio(v.1-8) = Carta endereçada a Gaio pessoa que merece o respeito de João que o ama de verdade(1). Observa-se que a relação de amizade de João e Gaio era bem estreita. E o desejo joanino era que Gaio prosperasse em todos os aspectos assim como ia bem a sua alma(2). A prova do bem-estar espiritual de Gaio lhe fora trazida por certos irmãos. E isto alegrou a João por saber que Gaio anda na verdade(3). Gaio era um dos filhos na fé do presbítero e daqueles que lhe alegravam o coração(4). Ao amado Gaio João pede fidelidade no procedimento com os irmãos e hospitalidade para com os estranhos(5). Os irmãos deram testemunho favorável à Gaio e deste se

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sabe que também financiava as viagens dos missionários. Estes evangelistas intinerantes não procurariam obter seu sustento dos gentios(7). Por esta razão devemos acolher os missionários: primeiro porque eles são irmãos a quem devemos honrar por saírem por causa do nome de Jesus. Segundo porque eles não têm outro meio de sustento. Terceiro é que nos tornamos cooperadores da verdade.

A mensagem concernente a Diótrefes(v.9-10) = O presbítero apresenta agora o problema criado por Diótrefes. No caráter e na conduta era inteiramente diferente de Gaio. No caso de Diótrefes ele quer ter primazia dentre os irmãos e não acolhe os missionários(9). Diótrefes tem o seguinte comportamento: primeiro, ele está proferindo contra João palavras maliciosas e absurdas; segundo, ele recusou-se a receber os irmãos missionários; terceiro, ele impede os que querem recebê-los, e os expulsa da igreja. Vaidade pessoal e nada mais(10).

A mensagem concernente à Demétrio(v.11-12) = Aconselha a não seguir o mau exemplo de Diótrefes mas o bom exemplo de Gaio. Pois a nossa conduta revela a nossa condição espiritual(11). De Demétrio se dá um tríplice testemunho: todos lhe dão testemunho; o testemunho é confirmado pela própria verdade; e João mesmo dá testemunho(12).

A conclusão e a saudação(v.13-15) = Mais coisas João tinha a tratar com Gaio e desiste de fazer através da correspondência(13). Espera poder vê-lo pessoalmente para conversarem(14). Deseja que a paz de Cristo seja com Gaio. Transmite a saudação dos amigos e refere-se a saudação nominal feita a Gaio(15).

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JUDAS

A epistola de Judas, composta de 25 versículos, contém uma mensagem atual e apropriada para os crentes desta geração. O estudo do material bíblico está dividido em seis segmentos, como segue:

1. Autoria: Quem escreveu a epistola

2. Contexto histórico: Quando/Onde foi escrita a epístola

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3. Destinatários: A quem foi escrita a epístola

4. Propósito: Por que foi escrita a epístola

5. Conteúdo: O que foi escrito na epístola

6. Abordagem: Como foi escrita a epístola

1 . AUTORIA DA EPÍSTOLA DE JUDAS(v.1a).

O texto indica ter sido Judas o autor, irmão de Tiago e do Senhor Jesus. Tiago seu irmão, foi líder na igreja em Jerusalém.

2 . CONTEXTO HISTÓRICO DA EPÍSTOLA DE JUDAS

A igreja do Novo Testamento já estava estabelecida, embora continuasse a enfrentar ondas de perseguições. Todavia, uma ameaça ainda mais séria pairava no horizonte: a existência de mestres falsos que corrompiam a fé cristã através de suas interpretação distorcida da Palavra de Deus e através da apresentação de perspectivas pagãs da realidade. Havia um perigo real de que se despojasse nosso Senhor de sua Divindade, o que poderia levar os crentes a se afastarem da vida de amor e de piedade que os unia em um relacionamento íntimo com Jesus Cristo.

No que tange à data da epístola, há autores que preferem as cercanias de 80 a. D. em virtude da semelhança entre o conteúdo de Judas e aquele de 2 Timóteo e 2 Pedro, que foram escritas em 63-64 a.D. Outros entendem que a semelhança de conteúdo entre Judas e 2 Pedro sugere que um fez uso do outro ou que ambos se basearam numa terceira fonte que combatia os falsos mestres. O local onde a epístola foi escrita permanece desconhecido.

3 . DESTINATARIOS DA EPÍSTOLA DE JUDAS(v.1b)

a. Judas os descreve como:

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1. "Chamados" - Por Deus, para a salvação(Romanos 8.30).

2. "Amados" - Em Deus Pai, por sermos filhos(Romanos 8.15:16: I João 3.1).

3. Em suma, estavam sob o cuidado e amor constantes de Deus.

b. Do prisma étnico, eram judeus crentes. o conteúdo faz referência ao Antigo Testamento e a dois livros apócrifos(o Livro de Enoque e Ascenção de Moisés). O adjetivo "apócrifo" traduz a palavra grega "segredo", "obscuro" ou o verbo “esconder". O termo designa os escritos religiosos, ou escrituras, não canônicas.

c. Os destinatários estavam sob ameaça interna já que falsos mestres haviam se "introduzido furtivamente" e, com suas doutrinas, estavam criando cismas entre eles.

4 . PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE JUDAS(v.3)

Judas declara haver sentido a "necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar pela fé de que uma vez para sempre foi entregue aos santos". "Exortando" traduz palavra que se empregava para exortar um exercito hesitante à entrar na batalha. "Pelejar" implica luta que exige esforço ingente. "Entregue" ou "confiada", era usada em relação à transmissão da fé durante o período do Antigo Testamento. Seu propósito maior foi encorajar e exortar seus leitores a resistirem àqueles que, estando entre eles, desejavam desviá-los.

Os cristãos têm o dever de "batalhar" pela doutrina evangélica, isto é, manter fielmente e defender resolutamente os ensinos fundamentais e básicos da fé cristã; esta doutrina é clara e definida. Achamo-la nos Evangelhos e nas Epistolas, e ninguém está autorizado a aumentar ou diminui-la. Aqui não se trata da fé individual que é para a salvação, mas sim do total dos ensinos específicos que formam o cristianismo e o distingue do Judaísmo e das demais religiões.

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Entre essas verdades básicas podemos incluir, por exemplo:

a. A divina inspiração e autoridade das Escrituras.

b. A Trindade.

c. A queda espiritual do homem.

d. A perfeita divindade e humanidade de Jesus Cristo.

e. O único e perfeito sacrifício de Jesus pelos pecados humanos.

f. A ressurreição e a segunda vinda de Cristo.

g. A justificação pela fé.

h. A vida eterna para o crente. A perdição eterna para o incrédulo.

Os que não aceitam estas verdades básicas não podem ser cristãos no sentido bíblico, e os que as modificam por "reservas" Cu acréscimos são hereges.

5. CONTEÚDO DA EPÍSTOLA DE JUDAS(v.4-25)

v.4 - Destaque para a apostasia : Já entraram na igreja "homens ímpios", chamando-se cristãos mas negando suas doutrinas principais do Evangelho: a) A divindade de Jesus Cristo; b) A vida santa como prova da fé em Cristo - pois eles transformaram em dissolução(libertinagem) a graça de Deus". Note como Judas salienta a divindade de Jesus - "o nosso único e Soberano Senhor, Jesus Cristo". Aqueles "mestres" diziam: "Se somos salvos pela graça e não pelas obras, então podemos pecar à vontade .'" - - Esquecendo que o pecador arrependido e crente em Cristo não terá vontade de pecar(Romanos 6.2,17; 8.4-5; 1 João 3.6-9).

v.5-7 - O castigo dos ímpios. Nestes versículos Judas cita três exemplos do castigo divino, tirados dos tempos passados:

a. Os incrédulos e rebeldes em Israel, durante os quarenta anos no deserto. A nação foi salva do Egito, e pelo batismo no Mar Vermelho foi consagrada a Deus, em Moisés seu chefe(veja 1 Coríntios10.21). Porém, entre eles a maioria mostrou-se incrédula e desobediente, e ficou destruída em períodos

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sucessivos(Êxodo 33.25-28; Números 11.33; 14.45; 16.31-35,46-49; 21.6; 25.1-5,9). Veja também 1 Coríntios 10.5-8.

b. Anjos(6). A referência aqui e misteriosa, e é semelhante à de 2 Pedro 2.4. Indica uma crença de que houvera uma guerra no céu, entre os anjos bons e os maus, cujo orgulho e ambição os conduziram a queda. Os anjos rebeldes serão julgados junto com satanás(Apocalipse 20.10).

C. Sodoma e Gomorra(7). Os habitantes destas cidades praticavam toda perversidade sexual(Gênesis 19.5,8; Romanos 1.27), sendo inteiramente corruptos. O fogo que os destruiu é tomado neste versículo como profético do fogo eterno como reservado para todos os ímpios.

v.8-16. A descrição detalhada dos falsos mestres: o verso diz que os falsos mestres estavam "sonhando”, isto é, estavam alheios à realidade. A poluição moral deles os impelia a não reconhecer a autoridade válida. O verso 9 apresenta uma ilustração extraída do livro apócrifo "Ascenção de Moisés". O Arcanjo Miguel foi enviado para sepultar o corpo de Moisés mas o diabo contestou-lhe o direito sobre o corpo do grande líder uma vez que este assassinara um egípcio. A lição que Judas procura apresentar é que a resposta de Miguel - "o Senhor te repreenda" - mostra que nem mesmo o arcanjo desafiou o diabo. Ora, se Miguel não repreendeu Satanás, como aceitar que os falsos mestres estivessem demonstrando tamanho desrespeito pelos anjos, os servos de Deus. Os falsos mestres são os homens descritos como - imorais, arrogantes, avarentos, inúteis, bestiais, insinceros e perigosos. Veja a ilustração feita pelo verso 11: 1) Caim: ódio em relação ao irmão(Gênesis 4-5) - total falta de amor. 2) Balaão: rendição de sua integridade por causa da ganância(Números 22-24; 31.8,16) - ganância. 3) Coré insubordinação contra uma autoridade estabelecida por Deus(Números 16) - insubordinação. O primeiro não governou as suas paixões(ciúmes e raiva). Balaão pelo amor ao dinheiro desobedeceu a Deus, e depois fez que o povo pecasse gravemente. Coré difamou a Moisés e Arão, e rebelou-se contra eles.

Ainda descrevendo tais falsos mestres, Judas mostra que estão sujeitos a mesma destruição que liquidou Sodoma e Gomorra(v.7). São imorais, arrogantes, distorcem a verdade a fim de adequá-la a seus próprios propósitos, fazendo da graça uma licença para a própria imoralidade; vazios nos seus ensinos, como bem descrevem os versos 12 e 13:

1. Escolhos nos ágapes - "escolho" = rochedo à flor da água, recifes perigosos para a navegação.

2. Pastores que se auto-apascentam.

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3. Nuvens sem chuva, carregadas pelo vento.

4. Árvores sem folhas nem fruto, desarraigadas.

5. Ondas furiosas do mar, espumando as próprias torpezas.

6. Estrelas errantes a serem engolfadas pelas trevas.

Os versos 14-16 produzem uma referência vinda de um livro apócrifo - "o livro de Enoque", sugerindo que a vinda do julgamento estava prevista até mesmo num livro não-canônico. As palavras dos apóstatas são murmurações, arrogâncias e adulações; as suas obras são o fruto da carnalidade, impureza e ganância.

v.17-25. A conduta dos fiéis - Judas dirige-se novamente aos crentes dizendo-lhes que um homem prevenido vale por dois. Uma vez que os apóstolos do Novo Testamento já avisaram a igreja acerca dos "mestres" ímpios(18). Os "pastores ímpios" não têm o Espírito Santo(19), pois nunca se converteram a Cristo, nunca nasceram de novo. São "sensuais", sem percepção espiritual, e causam divisões entre os crentes; fundam "igrejas" e "congregações" que são deles e não de Cristo.

A exortação apostólica(20-23) apresenta a maneira de "batalharmos pela fé", de mantermos nas igrejas a sã doutrina e a conduta digna do Senhor. O escritor indica quatro maneiras de conseguir-se este fim:

1. Edificação na fé "santíssima"(20). Isto se faz pelo estudo da Palavra e pela obediência a seus ensinos. Crentes que negligenciam as reuniões para estudo bíblico e ministério da Palavra são geralmente os primeiros a serem seduzidos por falsos mestres e partidaristas, pois não são firmados nem edificados na doutrina de Cristo.

2. Oração. Aqui se contempla a igreja unida em oração; os que regularmente se ausentam destas reuniões, raras vezes são crentes dados a oração particular em casa. Porém, a oração "no Espírito Santo"(com fervor, sinceridade e na luz da Palavra) é realmente a maior proteção contra o falso ensino e a carnalidade.

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3. Firmeza no amor de Deus(21). Esse amor foi mostrado no Evangelho da nossa salvação - "pela graça sois salvos mediante a fé.... o dom de Deus.... criados em Cristo para as boas obras"(Efésios 2.8-10). Esperamos a vinda do Senhor e a perfeição da nossa redenção(Romanos 8.18,23). Somos salvos para a santidade, não para o pecado.

4. Compaixão para crentes fracos e enganados(22-23). Em vez de censurá-los, vamos esforçar-nos para guardá-los na fé: orar por eles, aconselhar e dirigi-los com amor. Porém, haverá alguns que parecem já perdidos, seguindo o pecado(embora ainda chamando-se cristãos); tenhamos dó dos tais, salvando-os, se for possível, do perigo; mas devemos cuidar de nos mesmos, separando-nos inteiramente do mal.

Os versos 24 e 25, contém uma doxologia que pode ser dividida em duas partes: 1) Deus é poderoso para guardar seus filhos de tropeçar e apresentá-los ante a sua glória imaculados e jubilosos. 2) A esse Deus seja glória, majestade, domínio e poder, ante todos os séculos, agora e para todo o sempre.

6. ABORDAGEM DA EPÍSTOLA DE JUDAS

A epistola de Judas contem uma advertência clara. É uma passagem didática que lida com a exposição da verdade. Não obstante ter sido escrita para um grupo específico de crentes, ela trata de matéria universal e pode ser útil para nós hoje. Judas se utiliza de uma argumentação biográfica no sentido de apresentar sua mensagem em relação aos falsos mestres. O uso que ele faz de escrituras apócrifas não implica que ele tenha visado utilizá-las como fontes de revelação, mas para mostrar como aqueles falsos mestres agiam distorcendo até mesmo uma literatura não canônica. Há alguns estudiosos que acham que Judas não devia ter sido incluído no Novo Testamento exatamente por causa dessas referências a livros apócrifos. Entretanto, argumenta-se que se ele tinha um objetivo especifico quando lançou mão dessa literatura.

Em síntese, algumas aplicações individuais da epístola:

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a. Sejamos cuidadosos no avaliar, julgar e aceitar o que nos é ensinado, ainda que, aparentemente, baseado na Palavra de Deus.

b. Mantenhamos nossos olhos fitos em Jesus Cristo. Quanto mais conhecemos aquilo que e verdadeiro tanto mais fácil nos será reconhecer e identificar o que é falso.

C. Estejamos espiritualmente prontos atentando para as exortações que Judas faz nos versículos 17-23.

d. Disponhamo-nos a viver nossa fé, defendendo-a no poder do Espírito Santo(1 Pedro 3.15).

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UNIDADE 3 - A IGREJA EXPECTANTE

APOCALIPSE

O último livro do Novo Testamento é o livro da revelação. Segundo a maioria dos estudantes, foi escrito no ano 95 AD, sendo o seu autor o apóstolo e evangelista João, com certeza o último remanescente do colégio apostólico e numa época em que a igreja enfrentava uma terrível perseguição por parte do então todo poderoso Império Romano, parecendo que iria ruir por terra toda a obra redentora implantada e legada pelo Senhor Jesus, por meio do Seu sacrifício e do seu sangue remidor vertido na cruz do Calvário.

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Justamente nessa época tão difícil para a igreja, e quando João, o apóstolo amado, já alquebrado, encanecido pelas lutas, desterrado na rochosa ilha de Patmos, provavelmente desesperançado e no fim da vida terrena, e arrebatado em espírito no dia do Senhor, e a ele e revelado pelo próprio Senhor Jesus, ressurreto, glorificado, detentor de todo o poder nos céus e na terra, “as coisas que brevemente devem acontecer", numa mensagem de fé, esperança e conforto, e que deveriam ser notificadas aos seus servos, representados pelas sete igrejas.

De um modo geral, o livro do Apocalipse é tido como um livro obscuro, de difícil compreensão e interpretação, enigmático, cheio de símbolos, os quais dificultam o seu entendimento, mas na realidade, se o analisamos à luz do contexto bíblico, estando atentos as palavras dos profetas, dos apóstolos, ao sermão profético e ao significado dos símbolos, verificaremos que este livro se transforma numa radiosa mensagem de fé e esperança para a igreja de todos os tempos e até a consumação dos séculos. Devemos reconhecer de que mesmo entre os cristãos mais eminentes não há uma unanimidade de pensamento quanto a sua interpretação, havendo pelo menos quatro correntes:

1. A PRETERISTA = aquela que afirma que todas as suas profecias já se cumpriram; a maioria delas nos tempos das perseguições do Império Romano.

2. A HISTÓRICA = as profecias do livro serão todas cumpridas no passar dos tempos, desde os dias de João, até a consumação dos séculos.

3. A SIMBÓLICA OU ESPIRITUAL = As visões são figuras de certas verdades.

4. A FUTURISTA = A maior parte da série de profecias pertence aos últimos dias.

Para que haja uma maior facilidade de interpretação e compreensão do seu conteúdo devemos ter em mente alguns aspectos importantes:

1. Versículo Chave = "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o transpassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém(Apocalipse 1.7). Se nos lembrarmos da chave, o livro do

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apocalipse não se tomara mais obscuro, pois sempre nos levará a esse ponto extraordinário, que é a segunda Vinda de Cristo, com poder e grande glória.

2. Temos sempre em mente a palavra do apóstolo Pedro, de que “nenhuma profecia e de particular interpretação"(2 Pedro 1.20), devendo sempre ser analisada à luz do contexto, sem o que muitas passagens proféticas ficam incompreensíveis e sem sentido.

3. Buscar sempre a orientação do Espírito Santo(1 Coríntios 2.14-15).

4. Significado do número sete = creio ser oportuna uma palavra sobre este número que aparece com freqüência neste livro. De um modo geral ele é interpretado como o número que simboliza a perfeição, e em certo aspecto é, mas também satanás e descrito pelo número sete. Creio que a definição mais apropriada é a de que o número sete representa aquilo que é completo, aquilo que exprime a totalidade de alguma coisa.

5. Levar em conta também que a revelação recebida por João não está registrada numa seqüência natural em alguns pontos, sendo necessário "encaixá-los" corretamente à luz de outras passagens, o que se é possível fazer quando se conhece o plano divino que se desenvolve através dos séculos e conforme o que está registrado e revelado nas Escrituras, desde o Gênesis até o Apocalipse, sendo necessário para tanto uma boa versão, fidedigna e de acordo com os textos mais confiáveis, e que não tenha sido adaptada ou influenciada por nenhuma corrente de pensamento no campo escatológico.

I - CAPÍTULO 1 = O PRÓLOGO

João saúda as igrejas na Ásia e diz-lhes que ele tinha recebido as visões as quais ele mesmo agora passa a comunicá-las. Este capítulo também relata a visão de Cristo, o comando para registrar as visões, e atua como uma introdução às cartas para as igrejas.

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II - CAPÍTULOS 2 e 3 = MENSAGENS ÀS SETE IGREJAS

As mensagens são dadas em forma de cartas, afirmando terem sido ditadas pelo próprio Cristo. Os dois capítulos são completos em si mesmos, e alguns teólogos têm encontrado neles um prévio, escrito independente, o qual não tem nenhuma conexão real com o resto do livro. Mas eles estão vitalmente ligados ao mesmo, e indica o propósito para qual o mesmo foi escrito. Elas avisam a igreja que uma crise está a emergir, e que a igreja tem que estar pronta para enfrentá-la. Cristo mesmo está vindo para assistir ao seu povo, mas Ele só poderá ajudar seu povo se eles manterem sua fé. Estas cartas são todas similares em estrutura, começando com a referência ao Cristo apresentado no capítulo 1 e então uma apresentação e rápida análise da situação das igrejas, e finalmente a promessa ligada à visão final do Reino de Cristo e da cidade de Deus nos capítulos 20-22.

III - CAPÍTULOS 4 e 5 = A VISÃO NO CÉU

O apocalipse como tal começa aqui. Uma porta e aberta no céu e João é arrebatado e vê Deus assentado no seu trono cercado por seres celestiais. Ele segura em suas mãos o Livro de Julgamento e entrega o mesmo a Cristo, que procede a abertura dos selos. Estes contem a visão de Deus e do Cordeiro, o que é dito ser o “fulcrum” da Revelação, porque estes capítulos ocupam uma posição chave na estrutura do livro e certamente forma a chave para a teologia do livro inteiro. Típico do livro, estes dois capítulos apresentam Deus e o Cordeiro juntos. No capitulo 4 sendo a visão de Deus, o Senhor da Criação e capitulo 5 a visão de Cristo, o Senhor da Redenção. Uma eterna realidade como a soberania de Deus testemunhada pela visão do trono, uma soberania vista na luz da majestosa e transcendente presença de Deus no céu no capítulo 4, e também o Cordeiro através de quem Deus faz Sua soberania salvadora ter efeito no universo. Em sua visão João vê o Cordeiro morto, ressurreto e exaltado que tem conquistado a redenção e que agora reina com o Pai, e que sozinho agora pode abrir o livro que contém a promessa do reino e que também apresenta o julgamento que precederá a vitória final. Estes capítulos trabalham com a realidade presente, a redenção a qual tem sido conquistada em Cristo e que é a base para tudo que segue a partir dEle. Também temos a figura maravilhosa do "Trono de Deus" o qual abre de fato a visão por inteiro e ajuda-nos em nosso entendimento da soberania de Deus. Muitos dos estudiosos da Bíblia e teólogos concordam que o capitulo 5 é fundamental para a escatologia do livro por inteiro.

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IV - CAPÍTULOS 6 a 16 = A SÉRIE DE AFLIÇÕES

Grande parte do que se segue é apresentada com três séries de julgamentos: Os sete selos(6.1-8:5); as sete trombetas(8.6-11.19); as sete taças(15.1-16.21). Esta série jamais foi escrita para ser analisada de forma consecutiva, mas em paralelo elas são na realidade três caminhos ou formas diferentes de se ver a mesma coisa. Isto se toma evidente quando elas são colocadas lado a lado, e quando se é visto que em cada série de julgamento finaliza com o mesmo evento = a vinda de Jesus Cristo e o Dia Final. Os julgamentos deliberados no céu são executados sobre a terra. Anjos são enviados e produzem guerras e fomes e pestes, enquanto ao mesmo tempo as Boas Novas estão sendo pregadas. Estas pragas se tomam terríveis e se intensificam até toda a terra ser totalmente devastada. Os santos são selados para o livramento final mas enquanto isto partilham das calamidades as quais cairão sobre a humanidade.

V - CAPÍTULOS 17 e 18 = A RUÍNA DO IMPÉRIO DO ANTICRISTO

O anticristo e a besta são completamente derrotados e a ímpia cidade de Roma deitada sobre o pó em ruínas. Como esta cidade era vista como sendo o quartel general do maligno, assim que com sua queda a velha ordem é deixada para trás.

VI - CAPÍTULOS 19 e 20 = A CONSUMAÇÃO

Quando Cristo terá dominado todos os seus inimigos, Ele inaugurará um reino de paz e prosperidade, o qual durará para sempre, e no qual todo o propósito de Deus será cumprido.

VII - CAPÍTULOS 21 e 22 = O EPÍLOGO

A vinda de Cristo, a qual trará em si mesma muitas lições à igreja como tal, terminando com a bênção e saudação.

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Uma Análise das Cartas às Igrejas

RECUPERANDO O AMOR PERDIDO

"Ao anjo da igreja de Éfeso escreva o seguinte: "Esta é a mensagem daquele que está segurando as sete estrelas na mão direita e que anda no meio dos sete candelabros de ouro. Eu sei o que vocês têm feito. Sei que trabalharam muito e agüentaram o sofrimento com paciência. Sei que vocês não podem suportar pessoas más e sei que puseram à prova os que dizem que são apóstolos, mas não são, e assim vocês descobriram que eles são mentirosos. Vocês agüentaram a situação com paciência e sofreram por minha causa, sem desanimarem. Porém tenho uma coisa contra vocês: É que agora vocês não me amam como me amavam no princípio. Lembrem do quanto vocês caíram! Arrependam-se dos seus pecados e façam o que faziam no princípio. Se não se arrependerem, eu virei e tirarei o candelabro de vocês do seu lugar. Mas vocês têm a seu favor isto: Odeiam o que os nicolaítas fazem, como eu também odeio. "Portanto, se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam o que o Espírito de Deus diz às igrejas. "Aos que conseguirem a vitória eu darei o direito de comerem da fruta da árvore da vida, que cresce no jardim de Deus"(Apocalipse 2.1-7).

Éfeso era considerada a maior e a mais estratégica cidade da Ásia. Nela estava localizado o maior porto da Ásia, era o centro da rede rodoviária romana e pré-romana e servia como portão de entrada política e econômica para a Ásia. Era uma cidade livre e recebeu o apelido de "Luz da Ásia". Era a cidade guardiã do templo de Artemis(Diana), considerado uma das setes maravilhas do mundo antigo.

O início da igreja(Atos 18.18) deu-se pelo trabalho em conjunto de Áquila, Priscila e Paulo. Esta igreja tornou-se o centro de evangelismo de toda a província da Ásia. Mas a vida da igreja foi afetada pelas heresias e pelos ataques externos como: riqueza, poder, corrupção ética e moral e persuasão religiosa. Ela resiste firme e sobrevive a este cerco. Por dentro também recebe fortes ataques dos nicolaítas, que ensinavam que os cristãos podiam participar das promiscuidades sexuais dos romanos.

Trabalhou muito esta igreja, separou líderes falsos dos bons, desmascarou os mentirosos, foram pacientes, perseverantes e sofreram demais. Deus a elogia(vv.2,3). Para manter a sua pureza a igreja pagou o preço de perder seu amor a Deus e seu amor uns pelos outros. Como será que Deus nos avalia

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hoje? Está ele satisfeito com a nossa igreja? Aqui nos envolvemos na história da igreja de Éfeso e espero que ouçamos a voz do Senhor nesta noite! A pergunta que norteará nossa reflexão é: Como pode recuperar-se a igreja que perde o seu primeiro amor?

I - Em primeiro lugar Deus responde dizendo que a igreja precisa lembrar(v.5). "...Lembra-te pois onde caíste...." Traga a sua memória o seu relacionamento com Cristo e com os outros antes que sejas absorvida pela batalha contra as pressões desta cidade e das heresias no meio de ti. Perceba o preço pago em seu esforço absolutamente necessário para conservar a ortodoxia e a pureza.

II - Em segundo lugar Deus responde dizendo que a igreja precisa arrepender-se(v.5)Abandone o seu pecado. Reconheça o preço pago em vencer as batalhas. Aceite a responsabilidade pessoal pelo seu fracasso. Confesse seu pecado a Deus e aos seus irmãos. Corrija os caminhos e comprometa-se em redescobrir o seu primeiro amor.

III - Em terceiro lugar Deus responde dizendo que a igreja precisa agir(v.5). "... Pratica as primeiras obras...". A ação deve seguir á reflexão. Comece tratando diferentemente a seu irmão. Gaste uma boa qualidade de tempo com Deus. Gaste menos energia defendendo a fé e mais energia celebrando a fé. Restaure os relacionamentos quebrados. Trate das fraquezas. Corrija as brechas.

Mas se insistir neste caminho de ortodoxia sem amor a igreja sofrerá sérias conseqüências(v.5). Não crescerá mais, se tornando introspectiva, rejeitada e irrelevante para a sua cidade e alienada dela e de qualquer cristão que pense de modo diferente. Deus a retirará da face da terra. Deus nos chama a prática do amor e da unidade e nos garante uma bem-aventurança(v.7). "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas".

CONVIVENDO COM A PERSEGUIÇÃO

“Ao anjo da igreja de Esmirna escreva o seguinte: “Esta é a mensagem daquele que é o Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver. Eu sei o que vocês estão sofrendo. Sei que são pobres, mas, de fato, são ricos. Sei como aqueles que afirmam que são judeus, mas não são, falam mal de vocês. Eles são um grupo que pertence a Satanás. Não tenham medo do que vocês vão sofrer. Escutem! O Diabo vai pôr na prisão alguns de vocês para que sejam provados e sofram durante dez dias. Sejam fiéis, mesmo que tenham de morrer; e, como prêmio da vitória, eu lhes darei a vida. “Portanto, se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam o que o Espírito de Deus diz às igrejas. “Aqueles que conseguirem a vitória não sofrerão o castigo da segunda morte”(Apocalipse 2.8-11).

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Esmirna era outra grande cidade da Ásia Menor, competitiva com Éfeso. Não tinha o mesmo poder econômico e político de Éfeso, mas era um grande centro comercial e muito agradável com bom clima e em excelente planejamento arquitetônico. Ela abrigava uma colônia judaica extremamente grande, expressiva e economicamente poderosa. Não temos informações de quem fundou a igreja mas podemos supor de que é fruto do trabalho missionário de Paulo na Ásia(Atos 19.10).

Parece que a igreja era saudável e próspera espiritualmente, porque a carta não contém nenhuma palavra de crítica ou condenação. Esta era uma igreja perseguida, pobre, aprisionada, cercada pelos líderes da comunidade que queriam persegui-la. É esta “sinagoga de satanás”(v.9) que está por detrás da perseguição, que está divulgando afirmativas mentirosas sobre os cristãos, levantando o medo e o ódio contra eles e assim motivando as pessoas e o Estado a persegui-los. A pergunta desta noite é: qual é o desejo de Deus para a igreja diante das perseguições?

I – Em primeiro lugar Deus responde dizendo que a igreja deve manter a atenção concentrada em Jesus(v.8). Ao agirem assim os cristãos de Esmirna seriam capazes de manter suas resoluções e compromissos, porque eles se lembrariam das vitórias de Cristo e principalmente de que o Senhor Jesus é maior do que qualquer adversário humano ou sobrenatural. Amados irmãos mantenhamos nossa atenção voltada para a pessoa de Jesus e ouçamos a voz de Deus através de sua Palavra que nos diz:

“Meus filhinhos e minhas filhinhas, vocês são de Deus e têm derrotado os falsos profetas. Porque o Espírito que está em vocês é mais forte do que o espírito que está naqueles que pertencem ao mundo”(1 João 4.4).

“Assim nós temos essa grande multidão de testemunhas ao nosso redor. Portanto, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra firmemente em nós e continuemos a correr, sem desanimar, a corrida marcada para nós. Conservemos os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa. Ele não deixou que a cruz fizesse com que ele desistisse. Pelo contrário, por causa da alegria que lhe foi prometida, ele não se importou com a humilhação de morrer na cruz e agora está sentado do lado direito do trono de Deus. Pensem no sofrimento dele e como suportou o ódio dos pecadores. Assim, vocês, não desanimem, nem desistam”(Hebreus 12.1-3).

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II – Em segundo lugar Deus responde dizendo que a igreja não deve permitir que o medo a faça sofrer ainda mais(v.10). Sim nós não devemos consentir que o medo dos adversários nos faça sofrer ainda mais. O medo é uma experiência torturante e normalmente aqueles que não amam a Deus procuram usar de força e também do poder que possuem para amedontrar os pacificadores. Os irmãos em Esmirna estavam sendo injustiçados, caluniados, relegados a um plano inferior em sua sociedade e agora o Senhor declara que alguns seriam presos, torturados, maltratados e a razão disto tudo era a sua fidelidade a Deus que incomodava os infiéis. O medo produz o que chamamos de sofrimento psicológico que é tão terrível quanto o sofrimento físico. Mas o Senhor através de sua Palavra e seu Santo Espírito que nos fortalecer e nos ajudar a enfrentarmos as dificuldades desta vida e sem medo ouçamos a sua voz que nos diz:

“Não fiquem com medo, pois estou com vocês; não se apavorem, pois eu sou o seu Deus. Eu lhes dou forças e os ajudo; eu os protejo com a minha forte mão. “Todos os seus inimigos serão derrotados e humilhados; todos os que lutam contra vocês serão destruídos e morrerão. Se vocês procurarem os seus inimigos, não os acharão, pois todos eles terão desaparecido. Eu sou o Eterno, o Deus de vocês; eu os seguro pela mão e lhes digo: Não fiquem com medo, pois eu os ajudo”(Isaías 41.10-13).

“Portanto, sejamos corajosos e afirmemos: “O Senhor é quem me ajuda, e eu não tenho medo. Que mal pode alguém me fazer?”(Hebreus 13.6)

“Como vocês serão felizes se tiverem de sofrer por fazerem o que é certo! Não tenham medo de ninguém, nem fiquem preocupados”(1 Pedro 3.14).

III – Em terceiro lugar Deus responde dizendo que a igreja deve permanecer fiel(v.10). A igreja deve permanecer fiel a Jesus. Cada um de nós que a compomos devemos buscar a fidelidade como maior meta. Sejamos fiéis a Jesus ainda que isso nos custe a liberdade, o emprego, a própria vida! Se a igreja Batista no Jardim Itamarati quiser ser uma igreja fiel com certeza sofreremos. Esse sofrimento ocorre porque o mundo nos odeia na mesma proporção que odeia a Deus. Essa foi a experiência dos irmãos de Esmirna, dos irmãos contemporâneos de Paulo(Atos 13.50; 14.2,5) e com certeza tem sido a de muitos cristãos fiéis espalhados na face da terra. Ao contrário do que se ensina hoje os crentes fiéis sofrerão mas jamais serão abandonados pelo Senhor que nos desafia a fidelidade dizendo:

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“Feliz é aquele que nas aflições continua fiel! Porque, depois de sair aprovado dessas aflições, receberá como prêmio a vida que Deus promete aos que o amam”(Tiago 1.12).

“A mensagem é esta: Os maus não terão segurança, mas as pessoas corretas viverão por serem fiéis a Deus”(Habacuque 2.4).

“Pois eu afirmo a vocês que só entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que os professores da Lei e os fariseus”(Mateus 5.20).

“Mas é preciso que vocês continuem fiéis, firmados sobre um alicerce seguro, sem se afastarem da esperança que receberam quando ouviram a boa notícia do evangelho...”(Colossenses 1.23).

IV – Em quarto lugar Deus responde dizendo que a igreja deve ouvir e crer nas promessas(v.11). O crente não deve ficar desanimado porque a perseguição, a dor ou o sofrimento serão passageiros(v.10). Breve virá a consolação pois venceremos com Jesus Cristo e não sofreremos o dano da segunda morte(Inferno). Quantas são as promessas que o Senhor através da sua palavra têm feito a nós? Mas por que devemos ouvir e crer nas promessas de Deus?

“Porém as Escrituras Sagradas afirmam que o mundo inteiro está dominado pelo pecado, e isso para que as pessoas que crêem recebam o que Deus promete aos que têm fé em Jesus Cristo”(Gálatas 3.22).

“Vocês precisam ter paciência para poderem fazer a vontade de Deus e receber o que ele promete”(Hebreus 10.36).

“O teu Reino é eterno, e tu és Rei para sempre. O Deus Eterno sempre cumpre o que promete; ele é fiel em tudo o que faz”(Salmo 145.13).

MANTENDO A PUREZA NO TERRITÓRIO DO INIMIGO

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"Ao anjo da igreja de Pérgamo escreva o seguinte: "Esta é a mensagem daquele que tem a espada afiada dos dois lados. Eu sei que vocês moram aí onde está o trono de Satanás. Vocês são fiéis e não abandonaram a fé que têm em mim, até mesmo quando Antipas, minha testemunha fiel, foi morto aí em Pérgamo, onde Satanás mora. Mas tenho algumas coisas contra vocês: Há entre vocês alguns que seguem o ensino de Balaão, que mostrou a Balaque como fazer o povo de Israel pecar, dizendo que os israelitas deviam comer alimentos oferecidos aos ídolos e cometer imoralidades. Assim também estão entre vocês alguns que seguem os ensinos dos nicolaítas. Arrependam-se! Se não, eu logo irei até aí e, com a espada que sai da minha boca, lutarei contra essa gente. "Portanto, se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam o que o Espírito de Deus diz às igrejas. "Aos que conseguirem a vitória eu darei do maná escondido. E a cada um deles darei uma pedra branca, na qual está escrito um nome novo que ninguém conhece, a não ser quem o recebe"(Apocalipse 2.12-17).

Pérgamo era a capital política da Ásia Menor sob o Império Romano; centro educacional com uma biblioteca de duzentos mil rolos de pergaminhos; centro religioso mais importante do culto ao imperador no oriente, com um templo dedicado à Roma e a Augusto. Havia ainda templos para vários deuses gregos e romanos. Era um centro de idolatria. Por isso nela se encontra o "Trono de Satanás"(v.13) mas também está uma igreja fiel que resiste ao cerco do inimigo.

A igreja estabelecida na cidade onde Satanás tinha o seu trono opunha-se ao culto ao imperador e Roma rapidamente a identifica como um inimigo. Os problemas entretanto, não eram somente as perseguições, mas também s questões internas pois uma parte da igreja estava fraca espiritualmente, ao ponto de praticar o pecado de Balaão(Números 23.24 ; 25.1-9). Havia em Pérgamo aqueles que queriam adorar a Deus e ao Imperador ao mesmo tempo; iam à igreja e oravam a Deus e depois ao templo do Imperador e se inclinavam a ele. Como a igreja pode manter a pureza mesmo estando no território do inimigo?

I - Em primeiro lugar Deus responde dizendo que a igreja deve continuar forte contra a idolatria. Idolatria é algo que ofende a santidade de Deus. Uma igreja que não se posiciona contra a idolatria ofende a seu Deus. Não podemos continuar quietos em relação ao crescimento e o avanço da idolatria em nosso país e no mundo. Se Pérgamo era um cidade idólatra o que dizer do Brasil? Como estamos cercados e rodeado de ídolos. O que você tem feito em relação á idolatria? Deus quer que sejamos comprometidos com a sua vontade e nos desafia através da sua Palavra:

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"Eu sou o Deus Eterno: este é o meu nome, e não permito que as imagens recebam o louvor que somente eu mereço"(Isaías 42.8).

"Maldito seja aquele que fizer imagens de pedra, de madeira ou de metal, para adorá-las em segredo; o Deus Eterno detesta a idolatria!" E o povo responderá: "Amém!" ( Deuteronômio 27.15).

"Então, de agora em diante, vivam o resto da sua vida aqui na terra de acordo com a vontade de Deus e não se deixem dominar pelas paixões humanas. No passado vocês já gastaram bastante tempo fazendo o que os pagãos gostam de fazer. Naquele tempo vocês viviam na imoralidade, nos desejos carnais, nas bebedeiras, nas orgias, na embriaguez e na nojenta adoração de ídolos (1 Pedro 4.2-3).

II - Em segundo lugar Deus responde dizendo que a igreja não deve aceitar a tentação de comprometer-se com a idolatria para proteger-se. Como nós não comprometeremos com a idolatria? A Bíblia nos ensina que como crentes nós devemos:

a) Fugir dela = "Por isso, meus queridos amigos, fujam da adoração de ídolos" (1 Coríntios 10.14).

b) Resguardar-se dela = "Meus filhinhos e minhas filhinhas, cuidado com os falsos deuses!"(1 João 5.21).

c) Evitar as ligações com ela em nossas casas = " Não levem nenhum ídolo para dentro de suas casas, pois a maldição que está sobre o ídolo estará também sobre vocês. Detestem e odeiem com todo o coração os ídolos, pois o ídolo é uma coisa amaldiçoada"(Deuteronômio 7.26).

d) Evitar a participação em coisas ligadas a ela = "O que é que eu quero dizer com isso? Que o ídolo ou o alimento que é oferecido a ele tem algum valor? É claro que não! O que estou dizendo é que aquilo que é sacrificado nos altares pagãos é oferecido aos demônios e não a Deus. E eu não quero que vocês tomem parte nas coisas dos demônios"(1 Coríntios 10.19-20).

e) Evitar as ligações religiosas com os idólatras = "O que eu digo é que vocês não devem ter nada a ver com ninguém que se diz irmão na fé, mas é imoral, ou avarento, ou adora ídolos, ou é bêbado, ou difamador, ou ladrão. Com gente assim vocês não devem nem comer uma refeição"(1 Coríntios 5.11).

f) Evitar pactos com os idólatras = "Não façam nenhum acordo com os moradores da terra para onde vocês vão, pois isso poderia ser uma armadilha

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mortal para vocês(...) Não façam acordos com os moradores da terra que vai ser de vocês. Nos seus cultos eles adoram deuses pagãos e lhes oferecem sacrifícios. Eles vão convidar vocês para as suas reuniões religiosas, e vocês poderão ficar tentados a comer os alimentos que eles oferecem aos seus deuses"(Êxodo 34.12,15).

g) Evitar casamentos com idólatras = "Os filhos de vocês poderiam casar-se com mulheres estrangeiras, e elas fariam que vocês fossem infiéis a mim e adorassem os deuses pagãos que elas adoram"(Êxodo 34.16).

h) Testificar contra a idolatria = "Amigos, por que vocês estão fazendo isso? Nós somos apenas seres humanos, como vocês. Estamos aqui anunciando o evangelho a vocês para que abandonem essas coisas que não servem para nada. Convertam-se ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que existe neles"(Atos 14.15).

i) Recusar a participação dela mesmo que sejamos ameaçados de morte = "E mesmo que o nosso Deus não nos salve, o senhor pode ficar sabendo que não prestaremos culto ao seu deus, nem adoraremos a estátua de ouro que o senhor mandou fazer"(Daniel 3.18).

III - Em terceiro lugar Deus responde dizendo que a igreja deve arrepender-se da receptividade ao pecado e ao liberalismo. Toda igreja é chamada ao arrependimento de um pecado pelo qual só alguns eram culpados. O pecado dos Efésios era intolerância rude e falta de amor; o pecado da igreja em Pérgamo era tolerância e liberalismo(v.16). E o nosso pecado qual é?

"então, se o meu povo, que pertence somente a mim, se arrepender, abandonar os seus pecados e orar a mim, eu os ouvirei do céu, perdoarei os seus pecados e farei o país progredir de novo"(2 Crônicas 7.14).

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"Portanto, arrependam-se e voltem para Deus, a fim de que ele perdoe os pecados de vocês" (Atos 3.19).

"No passado Deus não levou em conta essa ignorância. Mas agora ele manda que todas as pessoas, em todos os lugares, se arrependam dos seus pecados"(Atos 17.30).

"O Senhor não demora a fazer o que prometeu, como alguns pensam. Pelo contrário, ele tem paciência com vocês porque não quer que ninguém seja

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destruído, mas deseja que todos se arrependam dos seus pecados"(2 Pedro 3.9).

"Lembrem do quanto vocês caíram! Arrependam-se dos seus pecados e façam o que faziam no princípio. Se não se arrependerem, eu virei e tirarei o candelabro de vocês do seu lugar" (Apocalipse 2.5).

"Arrependam-se! Se não, eu logo irei até aí e, com a espada que sai da minha boca, lutarei contra essa gente" (Apocalipse 2.16).

IV - Em quarto lugar Deus responde dizendo que a igreja deve retornar as origens espirituais e renovar seu relacionamento com Cristo o "pão da vida". Retornar às origens é necessário para que não sejamos sufocados com as pressões e as armadilhas do inimigo. Renovar os compromissos e o relacionamento com Jesus são exigências deste cerco espiritual que o inimigo tem feito em relação à igreja. Assim ouçamos os desafios do Senhor:

"Ó Deus, cria em mim um coração puro e dá-me uma vontade nova e firme!" (Salmo 51.10).

"mas os que confiam no Deus Eterno recebem sempre novas forças. Voam nas alturas como águias, correm e não perdem as forças, andam e não se cansam" (Isaías 41.1).

"Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele"(Romanos 12.2).

"Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia"(2 Coríntios 4.16).

"e se vestiram com uma nova natureza. Essa natureza é a nova pessoa que Deus, o seu criador, está sempre renovando para que ela se torne parecida

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com ele, a fim de fazer com que vocês o conheçam completamente" (Colossenses 3.10).

"ele nos salvou porque teve compaixão de nós, e não porque nós tivéssemos feito alguma coisa boa. Ele nos salvou por meio do Espírito Santo, que nos lavou, fazendo-nos nascer de novo e dando-nos uma nova vida. Deus derramou com generosidade o seu Espírito Santo sobre nós, por meio de Jesus Cristo, o nosso Salvador. E fez isso para que, pela sua graça, nós sejamos aceitos por Deus e recebamos a vida eterna que esperamos" (Tito 3.5-7).

V - Em quinto lugar Deus responde dizendo que a igreja deve buscar e praticar uma vida de santidade. Cremos que este é um ponto de tensão na vida cristã: a santidade. Eu sei que muito se diz sobre santidade e também reconheço que nem sempre as perspetivas que temos sobre ela são as mais corretas. Santificação é o supremo ideal de Deus para o crente. A santificação é um processo contínuo. É ação divina do Espírito Santo no coração do discípulo, mas exige que ele a deseje a busque, o que implica em sua cooperação com a obra que o Espírito Santo quer realizar nele.

Neste processo há alguns caminhos e dentre eles destaco:

a) santificação pela obediência = "Sejam obedientes a Deus e não deixem que a vida de vocês seja dominada por aqueles desejos que vocês tinham quando ainda eram ignorantes"(1 Pedro 1.14).

b) santificação pela comunhão com Deus = "Porque as Escrituras Sagradas dizem: "Sejam santos porque eu sou santo"(1 Pedro 1.16).

c) santificação pelo estudo da Bíblia a fim de que saiamos da ignorância e tenhamos entendimento = "Portanto, estejam prontos para agir. Continuem alertas e ponham toda a sua esperança na bênção que será dada a vocês quando Jesus Cristo for revelado"(1 Pedro 1.13).

"Dediquem-se completamente a mim e sejam santos, pois eu sou o Eterno, o Deus de vocês. Obedeçam às minhas leis. Eu sou o Deus Eterno e eu os separei dos outros povos para que vocês sejam somente meus"( Levítico 20.7,8).

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Segundo Levítico 20.7,8 a santificação é uma exigência divina. O desejo de Deus e que a santificação seja uma realidade na experiência do discípulo. Ele exige santidade de cada um de nós porque Ele é santo. E se temos comunhão com o Deus santo devemos agir de modo digno dEle. Santidade é um atributo pessoal de Deus e define o nível de vida que devemos viver. Quem estabelece os valores e os padrões a fim de que a santidade nos caracterize. E o caminho que devemos trilhar é o da obediência as normas registradas em sua santa Palavra.

"Procurem ter paz com todos e se esforcem para viver uma vida completamente dedicada ao Senhor, pois sem isso ninguém o verá" (Hebreus 12.14).

"Finalmente, que todos vocês tenham o mesmo modo de pensar e de sentir. Amem uns aos outros e sejam educados e humildes uns com os outros(...)Como dizem as Escrituras Sagradas: "Quem quiser gozar a vida e ter dias felizes não fale coisas más e não conte mentiras(...)Tenham no coração de vocês respeito por Cristo e o tratem como Senhor. Estejam sempre prontos para responder a qualquer pessoa que pedir que expliquem a fé que vocês têm" (1 Pedro 3.8,10,15),

Já em Hebreus 12.14 e 1 Pedro 3.8,10,15 vemos que a santificação é uma necessidade humana e vem acompanhada de aspectos práticos. È a presença de Deus na alma que produz a santificação. Nunca seremos santos sem a atuação de Deus em nós. A santificação desvenda os olhos da alma para que tenhamos uma visão cada vez mais clara do Deus que apenas vemos pela fé. A santificação leva os discípulos a amarem mais os seus irmãos em Cristo, e a demonstrarem, na prática, a realidade deste amor. A santificação tem finalidades éticas. A santidade é dinâmica. É apertado o caminho da santidade, porque é viver como Cristo. Vamos trilhar este caminho?

Tenha um abençoado dia.

Jadai.

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VENCENDO O PROBLEMA DA OMISSÃO

"Ao anjo da igreja de Tiatira escreva o seguinte: "Esta é a mensagem do Filho de Deus, que tem olhos que brilham como o fogo e pés brilhantes como o bronze polido. Eu sei o que vocês estão fazendo. Sei que têm amor, são fiéis, trabalham e agüentam o sofrimento com paciência. Eu sei que vocês estão fazendo mais agora do que no princípio. Porém tenho contra vocês uma coisa: É que toleram Jezabel, aquela mulher que diz que é profetisa. Ela leva os meus servos para o mau caminho, ensinando-os a cometerem imoralidade sexual e a comerem alimentos que foram oferecidos aos ídolos. Eu lhe dei tempo para abandonar os seus pecados, porém ela não quer deixar a imoralidade. Portanto, eu a jogarei numa cama, onde ela e os que com ela cometem adultério sofrerão horrivelmente. Farei isso agora, a não ser que eles se arrependam das coisas más que fizeram junto com ela. Matarei os seguidores dela, e então todas as igrejas saberão que eu sou aquele que conhece os pensamentos e os desejos de todos. Eu pagarei a cada um de vocês de acordo com o que tiver feito. "Porém aí em Tiatira o resto de vocês não seguiu esse mau ensinamento. Vocês não aprenderam o que outros chamam de <os segredos profundos de Satanás>. Afirmo que não porei mais nenhuma carga sobre vocês. Mas, até que eu venha, guardem bem aquilo que vocês têm. "Aos que conseguirem a vitória e continuarem a fazer até o fim a minha vontade eu darei a mesma autoridade que recebi do meu Pai: autoridade sobre as nações para governá-las com uma barra de ferro e quebrá-las em pedaços como se fossem potes de barro. Eu lhes darei a estrela da manhã. "Portanto, se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam o que o Espírito de Deus diz às igrejas"(Apocalipse 2.18-29).

Tiatira ficava próximo à fronteira da Mísia e era famosa pela produção de tintura de púrpura de preço elevado. Nesta cidade comercial havia um grande número de sindicatos de pessoas que trabalhavam em diversas áreas: algodão, couro, linho, bronze, vestuário, tintura de tecido, cerâmica, panificação, comércio de escravos. Cada associação tinha o seu deus padroeiro e participar destes sindicatos era um problema para específico para os cristãos. Recusá-los também acarretava sérias conseqüências econômicas e sociais.

A igreja de Tiatira aparentemente era próspera e bem sucedida. Ela era conhecida na cidade por fazer boas obras e por acudir os necessitados. Seus membros eram generosos, e demonstravam profunda lealdade uns aos outros(v.19). Qualquer um que olhasse para a igreja ficaria atraído pela qualidade de vida e seu compromisso com o necessitado. Mas era também uma igreja que tolerava uma profetisa que levava os crentes à sedução, idolatria e imoralidade(vv.20-23). E agia assim porque era omissa e planejava que os negócios fossem bem sucedidos.

Cristo não pode habitar entre tal corrupção na igreja. E assim ele afirma que tal liderança absurda e maléfica será destruída(v.22), seus negócios fracassarão(v.23). Os crentes que foram enganados também serão punidos

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severamente. Somente os cristãos que não se omitem em declarar o erro e não toleram o pecado é que escaparão da punição. A igreja de Tiatira sabia de seu erro e pecado, mas ninguém tinha coragem de reagir. A popularidade alcançada a este preço não nos deve encantar. É necessário que vençamos a omissão e nos posicionemos contra o mal. A pergunta que devemos nos fazer é: Como podemos vencer o problema da omissão?

I - Em primeiro lugar Deus responde dizendo que a igreja deve continuar fiel a Jesus. Estariam os cristãos pós-modernos negociando sua fidelidade a Jesus? Se existem cristãos pós-modernos creio que eles já abandonaram a fidelidade a Jesus porque um dos pressupostos da pós-modernidade é a ausência de valores absolutos. E aqueles cristãos que ainda crêem em valores absolutos mas não os obedecem como ficam? Creio que estão indo de mal a pior. Pois aquele que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado(Tiago 4.17). Você é fiel a Jesus?

II - Em segundo lugar Deus responde dizendo que a igreja deve evitar as festas pagãs. Esta questão é simples e ao mesmo tempo complicada quando pensamos numa cultura miscigenada como a nossa. O povo e cultura brasileira com os seus diversos feriados e festas religiosas acabam por influenciar a vida dos cristãos. Como você lida com esta questão das festas de padroeiros? Acha que não tem importância? Participa ou se abstém delas? A Palavra é bem objetiva ao insistir que devemos evitá-las.

III - Em terceiro lugar Deus responde dizendo que a igreja deve evitar a imoralidade. Somos uma nação latina e uma das características mais exploradas por satanás é a nossa sensualidade. Deus nos fez um povo bonito e a sensualidade que poderia ser bem utilizada no ambiente sagrado do casamento é o nosso maior negócio e para tristeza do Senhor tem conduzido muitos cristãos ao pecado. Os cristãos devem rejeitar toda forma de imoralidade e assim propomos boicote a toda espécie de produto ou negócio que explore e conduza as pessoas a serem mais dominadas pela imoralidade.

IV - Em quarto lugar Deus responde dizendo que a igreja deve evitar os negócios escusos. Numa outra área vulnerável em nossa cultura encontramos os negócios escusos, a corrupção, a propina, os contratos de gaveta, as compras sem notas fiscais, etc. Isso não deve fazer parte da vida de um cristão que espera ser aprovado pelo Senhor. Assim devemos rejeitar todo tipo de negócio escuso e mesmo que isso significa deixar de adquirir algo que precisamos ou queremos muito. Mais importante é agradar ao Senhor e viver de modo reto uma vez que nossas vidas precisam ser coerentes com a natureza reta do Senhor.

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V - Em quinto lugar Deus responde dizendo que a igreja deve evitar à glória e o louvor deste mundo. Recentemente temos sido bombardeados pela mídia(em especial a TV) quando apresenta em seus programas pessoas famosas que vem diante das câmeras dizer que se converteram e que não há necessidade de abandonarem suas atividades profissionais mesmo quando estas são contrárias a moral, aos bons costumes e aos valores da Palavra de Deus. Escândalos à parte eu não creio numa conversão que anda flertando com o pecado e que anda à procura a glória e o louvor deste mundo. Pior ainda é que somos afrontados, ofendidos, colocados no “mesmo saco” e na medida em que erguemos nossa voz contra estas aberrações ainda somos tidos como retrógrados, moralistas, quadrados e alguns até processados por discriminação.

VI - Em sexto lugar Deus responde dizendo que a igreja deve disciplinar aqueles que sendo seus membros insistem em continuar no pecado. Uma outra tentação moderna é a chamada frouxidão disciplinar e não onda de sermos achados legais e obtermos um bom “ibope” em nossa sociedade começamos a negociar os valores inegociáveis da Palavra de Deus. A igreja que não pratica a disciplina(inclusive cirúrgica nos rebeldes que não reconhecem nem abandonam o pecado) está prejudicando a si mesma e ao membro infrator. O duro meus irmãos é que na maioria de nossas igrejas estamos utilizando o jargão do “não tem nada a ver” que arrebenta com os objetivos da disciplina eclesiástica. Este jargão em outras palavras admite que devemos liberar geral porque já se tornou comum inclusive entre os cristãos à prática de certos pecados como: imoralidade, fofoca, roubo nos dízimos e ofertas, fornicação, divórcio, novo casamento, etc...

VII - Em sétimo lugar Deus responde dizendo que a igreja deve ser moldada pelos padrões da Bíblia Sagrada. Um molde é aquilo que molda e dá a forma. O que vemos hoje? Pessoas sendo transformadas e moldadas pela Palavra de Deus? Sim. Mas também temos visto pessoas procurando adaptar a Palavra de Deus às suas vidas. Com freqüência tenho atendido e conversado com pessoas que me procuram para ver se não dá para darmos um jeitinho na Bíblia para ver se ela se adapta ao bel prazer destas pessoas. Quando confronto dizendo que tal ou qual atitude é contrária a vontade de Deus e proibida pela Bíblia ainda ouço: “ah, pastor tá na Bíblia mas sabe como é que é né”. Ou seja, está na Bíblia mas eu quero obedecer os desejos do meu coração pecaminoso e rebelde que não ama o Senhor ao ponto de submeter-se a sua vontade soberana.

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VIII - Em oitavo lugar Deus responde dizendo que a igreja deve confiar nas vitórias prometidas. Quantas são as vitórias que comemoraremos? Todas as que a Bíblia nos promete desde que permaneçamos fiéis ao Senhor. Isto é um grande alento para o meu coração e me dá forças para continuar nadando contra a correnteza e andando na contra-mão. Ser cristão é uma opção de vida radical que exige de cada um de nós compromisso voluntário e diário de obediência a Jesus. Eu o amo e aguardo as suas promessas para esta vida e para a vida futura.

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DESPERTANDO DO SONO ESPIRITUAL"Ao anjo da igreja de Sardes escreva o seguinte: "Esta é a mensagem daquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas. Eu sei o que vocês estão fazendo. Vocês dizem que estão vivos, mas, de fato, estão mortos. Acordem e fortaleçam aquilo que ainda está vivo, antes que morra completamente; pois sei que o que vocês fizeram não está ainda de acordo com aquilo que o meu Deus exige. Portanto, lembrem do que aprenderam e ouviram. Obedeçam e se arrependam. Se não acordarem, eu os atacarei de surpresa, como um ladrão, e vocês não ficarão sabendo nem mesmo a hora da minha vinda. Mas alguns de vocês de Sardes têm conservado limpas as suas roupas. Vocês andarão comigo vestidos de roupas brancas, pois merecem esta honra. "Aqueles que conseguirem a vitória serão vestidos de branco, e eu não tirarei o nome deles do Livro da Vida. Eu declararei abertamente, na presença do meu Pai e dos seus anjos, que eles pertencem a mim. "Portanto, se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam o que o Espírito de Deus diz às igrejas"(Apocalipse 3.1-6).

A cidade de Sardes era um centro de grande movimento comercial e industrial. A sua indústria mais importante era a da lã. Por ela passavam cinco estradas romanas e sua torre ficava numa colina e servia para a vigilância da cidade. Localizada numa cordilheira de 4572 metros acima da planície era considerada indestrutível e os guardas freqüentemente dormiam e por duas vezes a cidade foi tomada pelos inimigos. Para os cristãos de Sardes as palavras de Cristo “sê vigilante” têm significado relevante.

Embora a igreja em Sardes estivesse viva(3.1) ela realmente estava morta. Sardes era a capital onde as sentinelas dormiam e os soldados se ausentavam das muralhas; onde as pessoas eram simplórias, preguiçosas, e confortáveis e a igreja estava contaminada pela doença. A igreja é conhecida como aquela que só tem nome, pois tenta mostrar uma espiritualidade que não tem. Esta igreja estava espiritualmente morta, indiferente e letárgica. Não adianta alguém dizer que é espiritual: é necessário viver a espiritualidade.

Por incrível que pareça a igreja não enfrentava os problemas esmagadores que outras co-irmãs da Ásia passavam. Não havia heresia interna; não foi perseguida pelos judeus; não foi perturbada pelos líderes romanos; não foi

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seduzida pela popularidade. Parece-nos que ela estava dormindo. Ela não conseguia viver uma fé genuína que despertasse nos inimigos o desejo e a necessidade de persegui-la. Ela era uma igreja parada. Mais ainda há uma alternativa para essa igreja assim como há uma solução para nós também: é preciso acordar! O Senhor Jesus aponta a solução: acorde! Sacuda de si o sono, acorde e comece a agir antes que morra. O que fazer para acordar?

I - Em primeiro lugar precisamos lembrar do evangelho que recebemos e experimentar de novo sua vitalidade. Algumas vezes sem percebermos somos conduzidos ao sono espiritual em função da rotina da vida eclesiástica. É claro que estou falando da vida dominical e da monotonia dos cargos que existem para sustentar o prédio e os ministérios que acontecem dentro das quatro paredes. Por outro lado este sono nos atinge também por causa da preguiça e pela de propósitos bem definidos. A ordem do Senhor é que nos lembremos do evangelho e seu vigor de modo que sejamos impactados e despertemos do sono. Você está acordado ou adormecido? Sua vida cristã tem sido um desafio constante ou já está acomodada?

II - Em segundo lugar precisamos obedecer as ordenanças do evangelho, viver e agir de modo que a nossa presença nesse mundo faça diferença. Durante esta semana pensei muito sobre uma questão: “se eu morresse hoje o mundo, minha cidade ou meu bairro sentiria a minha falta?” Sou alguém que por viver o evangelho tem conseguido fazer diferença na vida das pessoas sem Cristo? Se somos o sal da terra precisamos agir fora do saleiro porque é do lado de fora que podemos e devemos exercer nossa boa e poderosa influência. O Senhor nos desafia a despertarmos e a vivermos de modo que a nossa presença seja abençoadora neste mundo.

III – Em terceiro lugar precisamos arrepender-nos dos caminhos sonolentos e rededicar-nos ao cristianismo vivo. Quando estamos com sono temos dificuldades para executarmos algumas tarefas simples e também as mais complexas. Um exemplo disso, são os acidentes que ocorrem nas estradas com os motoristas que dormem ao volante. Se não nos arrependermos do tempo perdido pelo sono espiritual dificilmente nos comprometeremos com o Cristo vivo. Da mesma forma que para despertarmos lavamos o rosto com água fria e as vezes tomamos um café bem forte eu proponho que você no dia de hoje separe um tempo para pedir perdão ao Senhor pelo sono espiritual e que neste mesmo embalo consagre sua vida ao Senhor.

Pois se não acordarmos o Senhor nos condenará. Mais há uma esperança! Nem todos estão dormindo e devem manter-se acordados, prontos, preparados!

MANTENDO A PORTA ABERTA

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"Ao anjo da igreja de Filadélfia escreva o seguinte: "Esta é a mensagem daquele que é santo e verdadeiro. Ele tem a chave que pertencia ao rei Davi; quando ele abre, ninguém fecha, e quando ele fecha, ninguém abre. Eu sei o que vocês estão fazendo. Sei que têm pouca força. Vocês têm seguido os meus ensinamentos e têm sido fiéis a mim. Eu abri diante de vocês uma porta que ninguém pode fechar. Escutem! Quanto àquela gente que pertence a Satanás, aqueles mentirosos que afirmam que são judeus, mas não são, eu farei com que eles venham e caiam de joelhos diante de vocês. E todos eles saberão que eu amo vocês. Vocês têm obedecido à minha ordem para agüentarem o sofrimento com paciência, e por isso eu os protegerei no tempo da aflição que virá sobre o mundo inteiro para pôr à prova os povos da terra. Eu venho logo. Guardem o que vocês têm, para que ninguém roube de vocês o prêmio da vitória. "Aquele que conseguir a vitória, eu farei com que ele seja uma coluna no templo do meu Deus, e ele nunca mais sairá dali. E escreverei nele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que virá do céu, da parte do meu Deus. E também escreverei nele o meu novo nome. "Portanto, se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam o que o Espírito de Deus diz às igrejas"(Apocalipse 3.7-13).

Filadélfia era uma grande cidade grega fundada para ser uma proclamadora da sua cultura e língua para a Lídia e Frígia. Era rica comercialmente, principalmente por causa das plantações de uvas nas aldeias ao seu redor. A sua principal divindade era Dionísio, o deus do prazer. Era a igreja em Filadélfia a mais jovem das sete igrejas da Ásia. O culto pagão era comum na cidade, mais o maior problema da igreja eram os judeus que a perseguia duramente.

A visão do poder de Jesus para abrir e fechar que se torna o tema básico que permeia esta mensagem. A igreja mesmo pequena e fraca é fiel pelo fato de ter mantido sua fidelidade a Cristo(v.8) terá a porta missionária aberta adiante de si. E por esta fidelidade já demonstrada o Senhor confere a responsabilidade de anunciarem o evangelho para judeus e gentios(v.9). Por este trabalho enfrentarão perseguição e conflito(v.10), mas Cristo os sustentará em suas aflições. Qual o segredo da força? Como manter a porta aberta?

I - Em primeiro lugar devemos agradar ao Senhor com nossas obras. A quem você procura agradar quando toma qualquer atitude? A você mesmo? A um amigo? Seu patrão? Seus pais? Seu pastor? Sua igreja? O mundo? Você está cansado de tentar agradar todo mundo ao mesmo tempo? Já descobriu que isto é impossível e que além do mais tem te levado a uma tremenda perda de valores? Então os seus problemas acabarão quando você entender que nossa maior meta deve ser agradar ao Senhor. Pois só ele é a razão maior de nossa existência. Uma pergunta indiscreta: O Senhor tem se agradado dos seus feitos?

II - Em segundo lugar devemos aproveitar bem as oportunidades missionárias. Em nossos relacionamentos interpessoais devemos ficar atentos para as oportunidades missionárias que o Senhor coloca diante de nós. Isso indica que cada um de nós podemos ser missionários de Deus onde que estejamos.

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Quantas são as pessoas perdidas(sem Cristo e sem salvação) com quem você se relaciona diariamente? Você tem falado a elas sistematicamente sobre sua esperança em Jesus? Lembre-se não podemos desperdiçar estas oportunidades até porque o Senhor cobrará de cada um individualmente.

III - Em terceiro lugar devemos reconhecer as nossas próprias limitações. Um grande perigo que corremos enquanto indivíduos e igrejas é ter uma idéia supervalorizada de si mesmo. Só estamos de pé e nossas igrejas só estão abertas porque o Senhor nos sustenta. É necessário que saibamos bem quais são as nossas limitações para que busquemos no Senhor o socorro e ajuda que necessitamos para vivermos de modo agradável a Ele e coerente com a sua vontade. Quando ignoramos nossas fraquezas somos derrotados porque o nosso inimigo as conhece muito bem e se aproveita delas para nos atacar. Onde é o seu ponto fraco? Clame pela misericórdia e ajuda do Senhor nesta área.

IV - Em quarto lugar devemos guardar a Palavra de Deus em nosso corações. Onde você guarda a sua Bíblia? Numa estante? Numa gaveta? Deixa no banco da igreja e só tem contato com ela no domingo seguinte? Perdeu a Bíblia? Isso é muito ruim porque devemos guardá-la em nossos corações. Esta é uma afirmação figurada que indica a necessidade de internalizarmos os conceitos e conteúdos que a Bíblia apresenta para nós como regras de fé e prática. Ou seja, aquilo que cremos e as convicções que temos e aquilo que fazemos e as razões porque fazemos assim ou assado. O cristão que não procura guardar a Palavra de Deus em seu coração com certeza tem uma grande chance de pecar por ignorância, esquecimento ou falta de temor a Deus(Salmo 119.11).

V - Em quinto lugar devemos manter-nos fiéis ao Senhor. Mais uma vez retomamos a questão da fidelidade por que será que o Senhor tem insistido nesse assunto conosco? Exatamente porque ele nos conhece e sabe de nossa propensão ao erro e à infidelidade é que ele insiste em nos advertir. No contexto da carta a fidelidade tem como conseqüência prática a pregação do evangelho mesmo dentro de um ambiente de perseguição e impedimentos. Assim não basta se fiel a Jesus no que diz respeito a crer nele como único salvador antes devemos também debaixo do seu senhorio obedecer a ordenança que nos desafia a sermos suas testemunhas neste mundo.

VI - Em sexto lugar devemos estar atentos e preparados para a volta de Jesus. È notório e sabido que Jesus voltará para buscar a sua igreja e julgar o mundo. É notório que sua vinda será precedida de sinais e que os cristãos devem estar atentos a estes sinais para que não sejam pegos despreparados. Você sabe quais são estes sinais? Você está preparado para a Segunda Vinda de Jesus? Pois bem se queremos que a nossa porta continue aberta precisamos manter a vigilância e o preparo para nos encontrarmos com o amado Senhor Jesus no dia de sua vinda.

VII - Em sétimo lugar devemos viver estimulados pelas promessas do Senhor. O que tem estimulado a sua vida? Muitas pessoas hoje são estimuladas pelo prazer sexual, outras pelas drogas, outras pelo trabalho, etc. O certo é que como indivíduos somos suscetíveis aos estímulos e dependemos deles para

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que façamos bem as coisas.O cristão não precisa de nenhum agente tóxico ou farmacológico para ser estimulado. Nós temos as promessas do Senhor como grandes estimulantes que nos desafiam a trabalhar enquanto é dia. Nós temos as promessas do Senhor que não possuem contra-indicações nem nos conduzem à marginalidade.

Somos felizes porque as promessas do Senhor sempre se cumprem Ele nos abençoará, nós seremos vistos como colunas do templo, os nossos nomes terão o nome de Deus neles e herdaremos a cidade santa. O Senhor foi quem abriu a nossa porta e devemos cooperar com ele para que ela esteja sempre aberta. Se quisermos ser crentes fiéis que compõe uma igreja fiel devemos proclamar, praticar e viver o evangelho em nossa cidade, nossa região e até os confins da terra. Queridos irmãos mantenham a porta aberta, vivam o evangelho de Cristo!

EVITANDO NAÚSEAS EM DEUS

"Ao anjo da igreja de Laodicéia escreva o seguinte: "Esta é a mensagem do Amém, da testemunha fiel e verdadeira, daquele por meio de quem Deus criou todas as coisas. Eu sei o que vocês têm feito. Sei que não são nem frios nem quentes. Como gostaria que fossem uma coisa ou outra! Mas, porque são apenas mornos, nem frios nem quentes, vou logo vomitá-los da minha boca. Vocês dizem: Somos ricos, estamos bem de vida e temos tudo o que precisamos.> Mas não sabem que são miseráveis, infelizes, pobres, nus e cegos. Portanto, aconselho que comprem de mim ouro puro para que sejam, de fato, ricos. E comprem roupas brancas para se vestirem e cobrirem a sua nudez vergonhosa. Comprem também colírio para os olhos a fim de que possam ver. Eu corrijo e castigo todos os que amo. Portanto, levem as coisas a sério e se arrependam. Escutem! Eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa, e nós jantaremos juntos. "Aos que conseguirem a vitória eu darei o direito de se sentarem ao lado do meu trono, assim como eu consegui a vitória e agora estou sentado ao lado do trono do meu Pai. "Portanto, se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam o que o Espírito de Deus diz às igrejas"(Apocalipse 3.14-22).

A cidade de Laodicéia ficava no vale do rico Lico e passavam por ela três estradas romanas que a tornavam um importante centro comercial e industrial na área de tapetes e roupas oriundas das ovelhas pretas; destacava-se também pelo evoluído centro bancário especializado no mercado do ouro; e pelo avançado centro médico oftalmológico. A igreja, provavelmente fundada por Epafras(Colossenses 1.7, 4.12), era bastante próspera e não se menciona perseguições dos romanos, nem dificuldades com os judeus ou heresias internas.

Mas a igreja é acusada pelo Senhor de ser uma comunidade nojenta. Eles não tinham nem a frieza da hostilidade ao evangelho ou da rejeição da fé; mas

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também não tinham o zelo e fervor. Era indiferente, acomodada e isso provocou no Senhor o desejo de vomitá-la. Esta igreja além de indiferente era orgulhosa e prepotente(v.17); então o Senhor a aconselha a buscar em Jesus a fonte da vida e a razão de toda a sua existência. Onde não haverá lugar para pessoas orgulhosas e sim para as humildes.

O que levou aqueles cristãos a serem nauseantes? Primeiro, eles foram enganados pelo dinheiro que os fez acreditar que eram ricos; mas o Senhor os chama de “coitados, e miseráveis, e pobres, e cegos e nús” e diz que logo serão refinados pelo fogo(como o ouro) para que suas impurezas sejam queimadas. A riqueza material não significa necessariamente riqueza espiritual. Segundo, eles trocaram as vestes brancas da pureza e da santidade pelas vestimentas ricas e opulentas que nada mais eram do que trapos de hipocrisia e falsidade. Terceiro, eles achavam que a evolução na medicina oftalmológica era grande coisa mais a igreja estava cega espiritualmente e o único colírio que resolveria os seus problemas era o que Deus oferece(v.18).

Como a igreja pobre, nua e cega pode evitar ser vomitada por Deus? Em primeiro lugar devemos passar pela experiência do arrependimento e conversão. Em segundo lugar devemos abandonar a condição de cristãos nominais e receber sobre nós o senhorio de Cristo. Em terceiro lugar devemos viver um cristianismo autêntico onde o poder de Cristo nos transforme pela renovação do entendimento. Em quarto lugar devemos continuamente ouvir a voz de Deus e abrir nossas vidas por completo ao Espírito do Senhor. Qual é a sua temperatura? Morna? Fria? Quente?

Um Bilhete Para o Senhor

Senhor eu sei que suas cartas foram enviadas para que a tua igreja seja desafiada a ser fiel ao evangelho. A cada uma daquelas igrejas a tua palavra foi particular e especial. Sei que a igreja de Éfeso devia revestir-se da prática do amor e da unidade. Já a igreja em Esmirna precisava estar desejosa de sofrer. Para a igreja em Pérgamo o desafio era o de permanecer forte em sua fé e tornar vital seu relacionamento com Cristo. Aos irmãos em Tiatira era necessário rejeitar a popularidade e os poderes, e seguir um Cristo rejeitado.

A igreja de Sardes precisava acordar para sua própria passividade e procurar um cristianismo que fosse dinâmico e cheio de convicção. A igreja de Filadélfia precisava estar desejosa de proclamar, praticar e viver o evangelho de uma forma correta. A igreja de Laodicéia precisava reconhecer humildemente sua falência espiritual, arrepender-se da prática de um cristianismo convencional, indiferente e permitir que Cristo remoldasse a igreja e seu povo a partir do seu interior. E você? E eu? O que nós precisamos fazer? Qual é o recado do Senhor para nossas vidas?

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Ajuda-nos Senhor a identificarmos as nossas falhas! Faze-nos ver onde estamos caindo. Com qual destas igrejas nós estamos parecidos? Quais são os elogios que o Senhor tem para nós? Quais são as suas críticas Senhor? São tantas perguntas nesta hora, mas sabemos que o Senhor tem a respostas. Embora não sejamos perfeitos contamos com a sua misericórdia e perdão para que prossigamos rumo à esperança que sua Palavra nos aponta. Permita Senhor que zelemos pelo nome de Cristo e que estejamos preparados para a sua Vinda.

Vem Senhor recuperar a sua igreja fazendo de cada um de nós um vencedor. Permite pois que sejamos tocados pela sua graça a fim de que por ela alcancemos o padrão que estas cartas nos apresentam. Usa ó Deus o seu Espírito Santo para continuar alertando-nos e capacitando-nos a sermos a Noiva de Cristo Imaculada. Queremos declarar os nossos pecados e dizer humildemente que dependemos de ti Senhor para sairmos desta dificuldade. Por isso nos abençoe em nome de Jesus. Amém!