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CAMILA SPENGLER ESCOBAR EQUOTERAPIA E TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE [TDAH] UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB) CURSO DE PSICOLOGIA CAMPO GRANDE-MS 2008

equoterapia e transtorno de déficit de atenção / hiperatividade [tdah]

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CAMILA SPENGLER ESCOBAR

EQUOTERAPIA E TRANSTORNO DE DÉFICIT DE

ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE [TDAH]

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB) CURSO DE PSICOLOGIA

CAMPO GRANDE-MS 2008

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CAMILA SPENGLER ESCOBAR

EQUOTERAPIA E TRANSTORNO DE DÉFICIT DE

ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE [TDAH] Monografia, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica Dom Bosco e apresentada à Banca examinadora como requisito para a conclusão do curso de Psicologia, sob orientação da Profa. M.Sc. Tânia Rocha Nascimento e da Profa. Dra. Heloisa Bruna Grubits Freire.

UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB) CURSO DE PSICOLOGIA

CAMPO GRANDE-MS 2008

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RESUMO Introdução: A Equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo como facilitador; uma prática reeducativa que atua para superar danos sensoriais, cognitivos e comportamentais dos praticantes. Estudos apontam que a Equoterapia traz ao praticante, melhoras referentes à manutenção da postura, equilíbrio, marcha, tônus muscular além da socialização, aspectos afetivos e emocionais. Durante alguns atendimentos com crianças que apresentavam comportamento hiperativo percebeu-se que vários aspectos apresentaram melhoras, e que seria possível uma pesquisa sistematizada sobre o assunto para comprovação dos dados observados na prática. O TDAH é diagnosticado quando existe a presença de sintomas, como desatenção e hiperatividade, que trazem prejuízo, causando interferência no meio familiar e escolar. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo verificar mudanças no comportamento de crianças com TDAH em ambiente familiar e escolar, após quatro meses de tratamento em Equoterapia. Método: Trata-se de um estudo de três casos de crianças TDAH (DSM-IV) que foram submetidas à Equoterapia, tendo atendimentos duas vezes na semana durante três meses. Para a avaliação, foram utilizados os Testes Psicológicos d2, que analisou a atenção a capacidade de concentração, o TDE, de desempenho escolar e a Escala de TDAH – versão para professores, que analisou antes e depois o comportamento dos participantes em ambiente escolar; além do questionário para pais e professores antes da intervenção e o relato pós intervenção. Resultados: Através dos relatos dos pais e professores, e da avaliação psicológica, pôde-se perceber melhoras significativas em relação atenção, capacidade de concentração, desempenho escolar, disciplina, respeito à individualidade das pessoas, comportamento hiperativo e socialização. Palavras-chave: Equoterapia. TDAH. Tratamento.

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ABSTRACT

Horseback riding Therapy, also known as Equine Assisted Therapy, is a therapeutic method that uses the horse as a facilitator, an educational practice that helps the participants to overcome sensory, cognitive and behavioral injures. Studies indicate that Horseback riding Therapy generates several improvements to the practitioner, such as: improvements in the maintenance of posture, balance, gait, muscle tone, and also in socialization, emotional and affective aspects. During consultations with some children who had hyperactive behavior it was observed that many aspects had improved, thus it was possible to conduct a systematic research on the subject to proof the data observed in practice. The ADHD is diagnosed when there is the presence of symptoms such as inattention and hyperactivity, bringing injuries and causing interference in the family living and at school. The present study aims to verify changes in the behavior of children with ADHD in family and school, after four months of treatment with Horseback riding Therapy. The study analyzed three cases of children with ADHD (DSM-IV) which were submitted to Horseback riding Therapy, twice per week for three months. For the results evaluation, several assessments were used such as: Psychological Tests d2, which analyzed the attention and ability to concentrate; the test of school performance; and the scale of ADHD – version for teachers, who examined before and after the behavior of participants in the school environment; and also a questionnaire for parents and teachers before the intervention and reporting post intervention. Through the reports of parents and teachers, and the psychological assessment, the three children showed significant improvements in attention, ability to concentrate, school performance, discipline and respect for the individuality of people, hyperactive behavior and socialization. Key-words: Horseback riding Therapy. ADHD. Treatment.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - P1 recebendo instruções para guiar o seu próprio cavalo (a) e guiando o seu

cavalo (b)................. .........................................................................................................37

FIGURA 2 - P2 na aula de vivência (pegando o cavalo, encilhando o cavalo, banhando o

cavalo)............... ...............................................................................................................38

FIGURA 3 - P3 executando exercícios de rédeas..............................................................39

FIGURA 4 - P3 ao final do atendimento em momento de relaxamento............................39

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SUMÁRIO

1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 7

2 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 8

2.1 EQUITAÇÃO................................................................................................................. 8

2.2 EQUOTERAPIA ............................................................................................................ 8

2.2.1 Indicações e contra-indicações........................................................................... 10

2.2.2 O cavalo na Equoterapia..................................................................................... 11

2.3 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH)......... 12

2.3.1 Crianças com TDAH em idade escolar .............................................................. 15

2.4 TDAH E EQUOTERAPIA........................................................................................... 16

3 OBJETIVOS....................................................................................................................... 16

3.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................................... 16

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 17

4 MÉTODO ........................................................................................................................... 17

4.1 LOCAL......................................................................................................................... 17

4.1.1 Histórico ............................................................................................................. 17

4.2 PARTICIPANTES........................................................................................................ 18

4.2.1 Critérios de inclusão........................................................................................... 18

4.2.2 Critérios de exclusão .......................................................................................... 18

4.3 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS .................................................................. 18

4.3.1 Local................................................................................................................... 18

4.3.2 Recursos humanos.............................................................................................. 19

4.3.3 Recursos materiais.............................................................................................. 19

4.4 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ........................................................................ 19

4.4.1 Teste d2 – Atenção Concentrada........................................................................ 19

4.4.2 Teste de Desempenho Escolar............................................................................ 20

4.4.3 Escala de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – versão

para professores.................................................................................................. 20

4.4.4 Outros instrumentos ........................................................................................... 20

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4.5 PROCEDIMENTOS..................................................................................................... 21

4.6 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................. 22

4.7 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................... 22

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 23

6.1 ANAMNESE ................................................................................................................ 23

6.2 QUESTIONÁRIO E RELATO RESPONDIDO PELOS PROFESSORES................. 24

6.3 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA ................................................................................... 25

6.3.1 Teste de Desempenho Escolar............................................................................ 25

6.3.2 Teste d2 .............................................................................................................. 26

6.3.3 Escala de Déficit de Atenção e Hiperatividade – versão para professores ........ 27

7 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 28

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 29

APÊNDICES ........................................................................................................................... 33

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1 JUSTIFICATIVA

Desde a infância a convivência com cavalos e a prática de esportes eqüestres, despertou o interesse de seguir uma profissão que estivesse diretamente em contato com os mesmos. A experiência como estagiária de Equoterapia durante seis anos, no centro de pesquisas PROEQUO da Universidade Católica Dom Bosco (PROEQUO-UCDB), trouxe uma ampla visão de como o cavalo, utilizado como recurso terapêutico, pode ajudar muitas pessoas.

Observou-se através de estudos no PROEQUO-UCDB, que os pacientes portadores de necessidades especiais, que freqüentavam a Equoterapia, obtiveram melhoras referentes à manutenção da postura, equilíbrio, marcha, tônus muscular além da socialização, aspectos afetivos e emocionais.

O constante contato durante os atendimentos em Equoterapia com crianças que apresentam comportamento hiperativo, fez com que fossem percebidas melhoras em vários aspectos, e que seria possível uma pesquisa sistematizada sobre o assunto para comprovação dos dados observados na prática.

No intuito de expandir o conhecimento sobre os benefícios da Equoterapia e viabilizar oportunidades para crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), será feito, por meio dessa pesquisa, um estudo das mudanças de comportamento relacionadas alterações na capacidade de concentração, foco de atenção, controle de seus próprios movimentos, desempenho escolar e, principalmente, a uma melhor qualidade de vida para essas crianças.

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2 INTRODUÇÃO

A terapia com animais vem sendo usada desde 1700 em patologias do comportamento humano. Foi observado que contato com o animal de compania faz com que a pessoa renove seu contexto de vida (CHIEPPA, 2002).

Segundo Klinger (2004), a utilização do cavalo em um processo terapêutico traz novas formas de socialização, autoconfiança e melhora da auto-estima, como exemplo, cita que, ao montar, é necessário que a criança exerça o controle do cavalo, direção, velocidade, aprendendo assim a lidar com a ansiedade de sua hiperatividade.

2.1 EQUITAÇÃO

Os esportes de maneira geral desenvolvem algumas qualidades do corpo, tais como a atividade, a força, a destreza, a agilidade, o vigor, entre outras, como desenvolve também qualidades morais. Mas, de todos os esportes, é com certeza a equitação que desenvolve todas essas qualidades de uma maneira mais harmoniosa (LICART, 1988).

Licart (1988) afirma que na equitação a força e a flexibilidade seguem um mesmo nível de evolução fisiológica, exercendo assim influências sobre domínio moral, trazendo uma formação equilibrada e disciplinada.

O autor refere que conduzir um ser vivo torna-se um ponto importante na formação moral, pois a convivência com o animal e as experiências vividas com este, faz nascer um afeto para com o próximo, tanto animal como humano, assim como aperfeiçoa a capacidade de observação e a vontade de sempre querer mais e querer saber mais.

2.2 EQUOTERAPIA

“Equoterapia é um tratamento de reeducação e reabilitação motora e mental, através de prática de atividades eqüestres e técnicas de equitação” (CIRILLO, 1991 apud FREIRE, 1999).

A palavra Equoterapia surgiu da radical equus associado ao grego therapeia, referindo-se assim à língua latina, base do português, e à grega, como homenagem a Hipócrates de Loo (377-458 a.C.), pai da Medicina (CIRILLO, 1999).

Com a utilização do cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, este método terapêutico e educacional atua nas áreas de Saúde, Educação e Equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou de necessidades especiais (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 2008).

Ao utilizar o cavalo como facilitador, em um processo terapêutico, propõe uma abordagem interdisciplinar com estímulos vivenciais e um ambiente favorável. Uma prática reeducativa que atua para superar danos sensoriais, cognitivos e comportamentais, fazendo com que o

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praticante crie uma nova imagem do seu corpo, favorecendo uma estruturação do “eu”, devido às informações recebidas da montaria (LIMA; COSTA, 2004).

Considerada um conjunto de técnicas reeducativas, a Equoterapia objetiva a superação de danos sensoriais, cognitivos e comportamentais, que por intermédio do cavalo, desenvolve atividades lúdico-esportivas (CITTÉRIO, 1999).

A Equoterapia também objetiva a melhora de problemas relacionados ao controle postural e equilíbrio, influenciados pelos sistemas motores e sensoriais. Coordenação e equilíbrio são trabalhados simultaneamente para responder ao movimento do cavalo. A Equoterapia influencia também o sistema vestibular, associado com melhoras no controle muscular da cabeça e pescoço (BASILE, 1997).

Walter e Vendramini (2000) afirmam que este tratamento traz benefícios físicos, psicológicos e educacionais através de técnicas de equitação e atividades eqüestres. Proporcionando o movimento do corpo todo, a Equoterapia favorece assim, o desenvolvimento do tônus e da força muscular, a conscientização do seu próprio corpo, o relaxamento, coordenação motora, autoconfiança, auto-estima e atenção. Conseqüentemente, a Equoterapia desenvolve o paciente de forma global, sendo de um método de reabilitação e educação.

Gavarini (1995 apud FREIRE, 1999) afirma que a reintegração social é favorecida pela Equoterapia por ser estimulada através do contato do praticante com a equipe de atendimento, com o cavalo e com os outros praticantes, proporcionando uma aproximação com a sociedade a qual convive.

Segundo Stabdacher (1985 apud FREIRE, 1999), a Equoterapia pontua a importância na reeducação, reabilitação e educação, da relação com o cavalo, que motiva uma articulação de movimentos correta e permite uma interação afetiva. Acrescenta que no campo da psicomotricidade, os movimentos ondulatórios do cavalo influenciam no desenvolvimento corporal e organização espaço temporal.

A técnica tem como objetivo proporcionar ao portador de necessidades especiais o desenvolvimento de suas potencialidades, respeitando seus limites e visando sua integração na sociedade, trazendo assim, benefícios físicos, psicológicos, educativos e sociais ao praticante (CIRILLO, 1999).

A Equoterapia pode utilizar o cavalo para quatro tipos de atendimentos diferentes (FREIRE, 1999):

a) “Hipoterapia” – na qual o ritmo do cavalo e as oscilações do corpo, trazem

benefícios físicos e psicológicos;

b) “Reeducação Eqüestre” – enfoca a coordenação global, onde o praticante deve ter o

mínimo de autonomia;

c) “Pré – esporte” – atividades feitas em grupo, havendo a necessidade de organização

de espaço e tempo, que os preparam para uma inserção na sociedade; e

d) “Esporte” – o praticante pode participar de provas eqüestres, o que, traz benefícios

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para a socialização, organização espacial, regulação da própria agressividade, e

uma melhora na estrutura da personalidade.

E assim afirma a psicóloga Ylna Opa (200- apud CUDO, 2002, p. 14) “Através da experiência viva e vivida com o cavalo, a pessoa pode criar para si vários novos motivos para começar, continuar, modificar, aumentar ou permanecer na sua trajetória única e intransferível da arte de viver”.

2.2.1 Indicações e contra-indicações

Medeiros e Dias (2002) salientam que a Equoterapia é indicada para pessoas com:

a) Síndromes neurológicas, tais como: Down, West, Rett, Soto e outras;

b) Traumatismo cranioencefálico (TCE);

c) Acidente Vascular Cerebral (AVC);

d) Patologias ortopédicas: dismorfismos esqueléticos, cifoses e escolioses;

e) Distúrbios sensoriais;

f) Distúrbios comportamentais: formas psiquiátricas de psicoses infantis;

g) Lesões cerebrais: traumas encefálicos, seqüelas de processos inflamatórios do

sistema nervoso central, Paralisia Cerebral (PCI); déficit de produção de

movimento: paresias ou paralisias;

h) Lesões de nervos periféricos: paralisias obstétricas do plexo braquial;

i) Distúrbios da coordenação e da regulação de tônus muscular: espaticidade,

distonias e distúrbios de equilíbrio. Déficits neuromotores por lesões da medula

espinhal;

j) Distúrbios psicossociais e outros.

De acordo com esses mesmos autores, para a realização do tratamento equoterápico, as contra-indicações mais comuns são:

a) Cardiopatias agudas;

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b) Instabilidade atlantoaxial devido à Síndrome de Down;

c) Subluxação de quadril;

d) Osteoporose;

e) Graves afecções da coluna vertebral como hérnia de disco, escoliose estrutural

acima de 40 graus, esclerose em evolução, epífises de crescimento em estágio

evolutivo e geralmente todas as afecções em fase aguda;

f) Hipertensão (quando não está controlada);

g) Alergia ao pêlo do cavalo.

O único profissional que pode autorizar um paciente a participar das sessões de Equoterapia é aquele que tem formação médica, um atestado médico deverá ser solicitado junto ao encaminhamento para o tratamento equoterápico, a fim de não expor o paciente a nenhum risco (NASCHERT, 2006).

O tratamento equoterápico é desenvolvido a partir de etapas interligadas entre a estrutura de cada sessão e tempo de tratamento. Por ser desenvolvido em longo prazo, um plano terapêutico individualizado deve ser traçado a partir de uma avaliação das capacidades do praticante, que deve ser reavaliado constantemente. O foco dos objetivos da Equoterapia leva em consideração a situação familiar, escolar ou profissional do praticante, e quando os profissionais identificarem que o mesmo atingiu seus objetivos, o praticante deve receber alta do tratamento (MEDEIROS; DIAS, 2002).

2.2.2 O cavalo na Equoterapia

O cavalo é um animal sem fronteiras. No mundo inteiro ele proporciona benefícios ao ser humano, sem distinção de cor, idade ou problema. Não há preconceito, mas existem limites que o próprio animal impõe e então passa a ser também um educador (PIRES, 1999).

Animal dócil, de porte e força, se deixa montar, manusear e se transforma em um amigo do praticante, sendo o elemento mais importante e atuando como agente cinesioterapêutico, facilitador do processo ensino-aprendizagem, criando com ele relacionamento afetivo importante, proporcionando a inserção ou reinserção social, tornando-se assim personagem na vida do praticante e ponto de contato sedutor com o mundo que o rodeia (ENGEL, 1997).

A coragem, a agilidade, o gosto pelo risco que cavalo transpassa, faz com que seu cavaleiro tenha sentimento de força física, fazendo assim nascer confiança em si, além da vontade, a força de decisão, a iniciativa (LICART, 1988).

Visto como um instrumento capaz de ocasionar fantasias emocionais e afetivas no praticante, o cavalo representa a presença de um objeto de polarização afetiva; a integração harmoniosa

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com o animal proporciona a recuperação de sentimentos de segurança, auto-estima, autonomia e adaptação emocional (FREIRE, 1999).

O cavalo, com sua andadura ao passo e por meio de movimentos seqüenciados, proporciona em quem está montando sensações por todo o corpo. Funcionando como co-autor do desenvolvimento psicomotor desse indivíduo (NASCIMENTO; MADUREIRA, 2002).

2.3 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

(TDAH)

Na Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10, transtorno é um termo usado para evitar o uso da palavra “doença”, que pode trazer problemas ainda maiores devido apenas a uma classificação. Usa-se transtorno para indicar um conjunto de comportamentos e sintomas reconhecidos em clínica que trazem sofrimento e interferência nas funções pessoais (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1993).

A Organização Mundial de Saúde (1993) traz o TDAH como Transtornos Hipercinéticos (código F90), e afirma que falta conhecimento de processos psicológicos, e no TDAH são incluídas crianças que podem ter apenas ansiedade, ou são “sonhadoras”, ou apresentam outros sintomas que são apenas parecidos com os do TDAH. Não deixando de levar em consideração que a desatenção é o foco central dessas síndromes hipercinéticas.

As características do TDAH, também indicadas pela Organização Mundial de Saúde (1993), são: o comportamento hiperativo e a desatenção, com falta de persistência em tarefas com envolvimento cognitivo, além da desorganização, sintomas estes que aparecem, usualmente, nos primeiros cinco anos de vida. O comportamento hiperativo consiste em inquietação excessiva, necessidade de se remexer e fazer algazarra, o padrão para julgamento é quando está nos limites do que é esperado em determinada situação ou por comparação a outras crianças da mesma idade.

De acordo a Associação Americana de Psiquiatria (1995) o TDAH (código 314.00) é diagnosticado quando existe a presença de sintomas que trazem prejuízo, causando interferência no meio familiar, escolar ou profissional. É caracterizado pela inquietação da hiperatividade e da desatenção, que pode manifestar-se em situações onde o individuo tenha que realizar tarefas, que quase sempre mudam ou até mesmo abandonam antes de seu término.

A hiperatividade manifesta-se por inquietação, principalmente em situações inapropriadas, a criança senta, levanta, até mesmo durante as refeições, corre, pula, manuseia objetos inquietamente, bate com as mãos, balançam as pernas, muitas delas também fazem muitos ruídos enquanto executam tarefas tranqüilas, ou mesmo quando assistem televisão (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995).

Segundo a mesma autoria, o TDAH em subtipos, onde os sintomas dos últimos seis meses são levados em consideração:

a) 314.01 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo Combinado.

Predominante na maioria das crianças e adolescentes que têm o transtorno, e é

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usado quando há seis ou mais sintomas de desatenção e seis ou mais sintomas de

hiperatividade-impulsividade;

b) 314.00 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo Predominantemente

Desatento. Quando houver seis ou mais sintomas de desatenção e menos de seis

sintomas de hiperatividade há pelo menos seis meses;

c) 314.01 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo Predominantemente

Hiperativo-Impulsivo. Quando houver menos de seis sintomas de desatenção e seis

ou mais sintomas de hiperatividade-impulsividade, lembrando que a desatenção

pode ser um aspecto clínico significativo nesses casos.

A Associação Americana de Psiquiatria (1995) relaciona alguns dos sintomas de Desatenção:

a) Frequentemente não presta atenção a detalhes e faz erros por descuido das tarefas

escolares, trabalho ou outras atividades;

b) Tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou brincadeiras;

c) Parece não escutar quando lhe falam diretamente;

d) Frequentemente não segue as instruções e não termina tarefas escolares, atribuições

domésticas, ou deveres no trabalho (que não seja devido a comportamento

desafiador ou incapacidade de entender as instruções);

e) Tem dificuldade em organizar tarefas e atividades;

f) Evita ou reluta em começar tarefas que exigem esforça mental (tais como tarefas

escolares ou domésticas);

g) Perde objetos necessários para as tarefas e atividades, tais como brinquedos, lápis,

livros ou ferramentas;

h) Distrai-se facilmente por estímulos externos;

i) É frequentemente esquecido em atividades diárias.

E também alguns dos sintomas de Hiperatividade:

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a) Agita as mãos ou pés ou se remexe na cadeira;

b) Sai do lugar na sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça

sentado;

c) Corre ao redor de móveis ou os escala em demasia, em situações inadequadas (em

adolescentes e adultos, pode ser sensação subjetiva de inquietude e impaciência);

d) Com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em

atividades de lazer;

e) Está sempre em movimento, ou age como se estivesse “ligado a um motorzinho” ou

“a mil” ou a “todo vapor”;

f) Frequentemente fala excessivamente.

Kaplan, Sadock e Greeb (1997) afirmam que os sintomas do TDAH devem estar presentes por pelo menos seis meses para que cumpra os critérios diagnósticos, além de ter ocorrido antes dos sete anos e estar comprometendo o funcionamento social e escolar.

As causas desse transtorno ainda não são conhecidas, mas lesões estruturais e doenças no sistema nervoso central (SNC) não aparecem e lesões cerebrais, que causam distúrbios neurológicos em crianças, não mostram déficit de atenção ou hiperatividade. Exposições tóxicas pré-natais, prematuridade e insulto mecânico pré-natal ao sistema nervoso central fetal podem ser fatores que contribuem com o TDAH (KAPLAN; SADOCK; GREEB, 1997).

Para esses mesmo autores, geralmente o TDAH tem seu início na infância, e seus primeiros sintomas são que as crianças apresentam uma sensibilidade excessiva a estímulos e são facilmente perturbadas por ruídos, luz, temperatura ou outras alterações no ambiente, ou pode acontecer também, completamente o inverso, fazendo parecer que seu desenvolvimento está sendo muito lento nos primeiros meses.

O TDAH é caracterizado por problemas com os períodos de atenção, controle do impulso e com o nível de atividade, ou seja, um transtorno de desenvolvimento do autocontrole. Esses problemas trazem prejuízos na vontade da criança e na sua capacidade de controlar seus comportamentos, porque sempre têm em mente futuros objetivos (RUSSELL, 2002).

Esse autor afirma também que o TDAH não se trata de um estado temporário, mas sim de um transtorno real, que de 50-65% dos casos de crianças com TDAH, como sugerem pesquisas atuais, continuam a apresentar sintomas até a vida adulta. Embora muitas dessas pessoas possam trabalhar e ser auto-suficientes, algumas delas, quando apresentam muitos dos sintomas, podem tornar-se extremamente anti-sociais a ponto de serem agressivas.

De acordo com Facion (2004), as conseqüências de sintomas do TDAH como hiperatividade, distúrbio de atenção (ou concentração), impulsividade ou agitação podem acarretar outros graves problemas como distúrbios emocionais e dissociais de aprendizagem.

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2.3.1 Crianças com TDAH em idade escolar

Utilizando regras e estratégias em situações concretas e específicas, o processo de aprendizagem, busca chegar à elaboração de regras mais gerais na vida escolar; regras essas que vão se interligando e aquelas que se ativavam voluntariamente passam a ser automáticas e espontâneas. Aplicado com grande flexibilidade a tarefas e situações variadas, o conjunto de estratégias e regras do indivíduo se modificam a partir de soluções encontradas ou erros cometidos; assim o mesmo vai construindo, suas regras e estratégias gerais que podem servir para inúmeras situações. Há também aquelas de ordem superior, que servem para regular, dirigir, controlar e avaliar as atividades de outras estratégias, por conta da sua capacidade de generalização e de transferência a diferentes situações de aprendizagem (COLL; PALACIOS; MARCHESI, 1995).

Os autores pontuam que os indivíduos que apresentam dificuldades para manter o controle de seus processos cognitivos, de forma espontânea, obtêm resultados inferiores em tarefas de aprendizagem; suas respostas dadas estão vinculadas a situações específicas, surgindo então problemas para selecionar a estratégia adequada para determinada situação e para empregar novas estratégias para tarefas diferentes, portanto, os problemas de aprendizagem caracterizam-se pela falta de espontaneidade no planejamento dos processos que se desenvolvem em sua regulação posterior.

Para se ter uma carreira acadêmica de sucesso é preciso ter habilidade de cooperar, permanecer quieto, obedecer, inibir um comportamento impulsivo, escutar, organizar ações, brincar de maneira adequada, interagir de forma agradável, dividir, seguir completamente as instruções, entre outros comportamentos essenciais na escola, e todos esses comportamentos entram na área das incapacidades de crianças com TDAH, criando angústia tanto para elas quanto para seus pais (RUSSELL, 2002).

É normal que essas crianças sejam identificadas como diferentes, e que seus pais, além da evolução do comportamento em casa, terão que auxiliar seus filhos a se ajustar às exigências acadêmicas e sociais da escola, podendo acontecer também muitas reclamações de professores, que observam os problemas com o comportamento da criança como conseqüência da vida familiar (RUSSELL, 2002).

Os indivíduos diagnosticados com este transtorno, geralmente não conseguem prestar atenção em detalhes, cometem erros por falta de cuidados com trabalhos escolares, começam uma tarefa, em seguida passam para outra e ainda acabam desviando sua atenção para outra, antes mesmo ter terminado qualquer uma delas (FACION, 2004).

Crianças com TDAH apresentam ataques de temperamento quando frustradas e com maior freqüência que crianças sem TDAH, assim como não aceitam tarefas domésticas e responsabilidades com a facilidade das outras, precisando de ajuda (RUSSELL, 2002).

O autor afirma também que é nos anos escolares que começa a aparecer a rejeição social, essas crianças começam a ser apenas toleradas ou até mesmo expulsas de atividades sociais como aula de música, esportes, entre outros, e acabam sendo oprimidas e com aversão a outros, podendo então desenvolver, uma baixa auto-estima.

Entretanto, algumas podem apresentar uma imagem irrealisticamente positivas de si próprias, ou seja, uma visão positiva do que a própria realidade, como uma forma de auto-proteção,

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pois se apresentarem uma imagem mais positiva de si, elas serão mais queridas e avaliadas positivamente (RUSSELL, 2002).

2.4 TDAH E EQUOTERAPIA

A Equoterapia traz ganhos efetivos na adaptação social e aproximação afetiva por meio do vínculo de cuidado com o animal e busca da aceitação deste. O respeito, aos limites e às regras, é aprimorado pela atividade de montaria, assim como traz às crianças com TDAH, momentos de maior concentração, autopercepção e atenção, o que facilita a execução de tarefas seqüenciais (LIMA; COSTA, 2004).

Riskalla e Kogute (2002) afirmam que o tratamento na Equoterapia pode auxiliar crianças com TDAH, em vários aspectos, tanto físicos quanto cognitivos, incluindo limites, aumento da atenção e motivação do aluno aprender, redução de comportamentos agressivos, aceitação da autoridade do professor e atividades propostas, aumento da auto-estima e sentimento de utilidade dentro do contexto escolar e social.

A estrutura, organização e constância do tratamento de Equoterapia são importantes para que o paciente com TDAH tenha interesse em cumprir responsabilidades, e assim se sinta necessário e valorizado. A criança também busca uma adaptação ao cavalo, como por exemplo, na forma de aproximação, tendo que diminuir seus movimentos bruscos e invasivos para que o cavalo permita que se aproxime, obrigando-lhe o controle de seu comportamento (LIMA; COSTA, 2004).

Os autores afirmam também que o movimento realizado durante a montaria, sendo este seqüencial e contínuo, não é um movimento frequentemente realizado pelo corpo da criança com TDAH, e com isso favorece momentos de concentração e percepção de si mesmo e do seu próprio corpo.

A partir de instruções simples e claras, a Equoterapia proporciona oportunidades de movimentos monitorados. A instrução é dada uma de cada vez, para evitar muitas distrações, ter uma atitude equilibrada, com sugestões concretas para provocar um comportamento adequado, reconhecer os limites de cada paciente, para que este se sinta confortável, recompensar a persistência e o comportamento bem sucedido, para que a criança não se sinta desafiada e tampouco exposta a situações que trazem frustração (LIMA; COSTA, 2004).

[...] o redondel é o lugar onde duas entidades, homem x cavalo, se encontram; no início elas estão desconectadas, mas em seguida, com um discurso próprio, elas se tornam harmoniosas e sincronizadas. A comunicação ocorre ali e permite o aprendizado. Não existe ensino, apenas aprendizado [...] (ROBERTS, 2002, p. 90).

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

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Verificar mudanças no comportamento de crianças com TDAH, em ambiente familiar e escolar, após quatro meses de tratamento em equoterapia.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar possíveis alterações na atenção e na capacidade de concentração segundo a avaliação do Teste d2 – Atenção Concentrada.

Verificar se ocorreram alterações positivas no desempenho escolar, nos aspectos da escrita, aritmética e leitura, segundo a avaliação do Teste de Desempenho Escolar (TDE).

Monitorar os efeitos da intervenção no comportamento do TDAH em ambiente escolar, tendo como fonte de informações, o professor, por meio da avaliação da Escala de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – versão para professores.

Identificar os possíveis efeitos da intervenção no comportamento do TDAH em ambiente familiar, por meio de um questionário, sobre o histórico de vida do praticante, antes do tratamento e um relato descrito pelos pais após o tratamento.

4 MÉTODO

Trata-se de um estudo de três casos com avaliação pré e pós intervenção equoterápica, buscando apontar possíveis mudanças de comportamento em crianças com TDAH.

4.1 LOCAL

A pesquisa foi realizada no PROEQUO-UCDB, que está localizado no Instituto São Vicente de Paula, também conhecida como “Lagoa da Cruz”, na Avenida Tamandaré n. 8.000 em Campo Grande, MS.

4.1.1 Histórico

O PROEQUO-UCDB foi oficialmente instituído no dia 13 março de 1999, funcionando nas instalações do Instituto São Vicente, onde também se encontra a Área de Pesquisa Avançada das Ciências Agrárias da UCDB.

A UCDB foi pioneira em instituir um Programa de Equoterapia, pois além de propiciar o atendimento às pessoas portadoras de necessidades especiais, também proporciona campo de trabalho, pesquisa e estágio para professores e acadêmicos da área da saúde e educação.

O PROEQUO, além de ser o primeiro Centro de Equoterapia do Brasil dentro de uma Universidade, é também referencial nacional e tornou-se conveniado com a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL).

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O local possui com um picadeiro de 40 x 20 m, sendo este arborizado e uma trilha sob um bosque ao redor da lagoa, tendo um importante contato com a natureza, que também traz benefícios ao tratamento.

Os animais que participaram, são treinados para essa prática, são mansos e recebem cuidados adequados, vacinas, vermífugos, ração, banhos e encilhamento feito por uma pessoa instruída para tal tarefa. São animais que foram doados ao PROEQUO-UCDB, ou comprados pela Instituição.

4.2 PARTICIPANTES

Foram atendidas três pessoas com idade entre oito e doze anos, do sexo masculino. Encaminhados pela neurologista Dra. Maria José Maldonado.

4.2.1 Critérios de inclusão

Ser diagnosticado o TDAH segundo os critérios do DSM-IV.

Interesse de participação no trabalho por parte da criança e dos responsáveis.

4.2.2 Critérios de exclusão

Não preencher os requisitos dos critérios de inclusão.

Apresentar qualquer tipo de alteração durante os atendimentos que possam prejudicar a saúde do paciente.

Faltar mais de três sessões de atendimento, durante a coleta de dados, sem justificativa.

4.3 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS

4.3.1 Local

A avaliação psicológica, ou seja, a aplicação dos testes psicológicos, e os questionários para pais ou responsáveis, foram executados na Clínica Escola de Psicologia da UCDB.

A Escala de Déficit de Atenção e Hiperatividade – versão para professores e o questionário para professores, foram aplicadas individualmente nas professoras dos praticantes em suas respectivas escolas.

Ao lado de uma lagoa está o picadeiro usado para os atendimentos de Equoterapia, onde há também uma trilha com um percurso para atendimento externo.

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No local onde estão os cavalos há um piquete, onde os mesmos ficam soltos, ao lado há uma sala, onde estão guardados os materiais e um local apropriado onde os animais são banhados.

4.3.2 Recursos humanos

Em todas as etapas deste trabalho esteve presente a Psicóloga e instrutora de Equitação, que também é coordenadora do PROEQUO-UCDB, uma Psicopedagoga, ambas orientadoras deste projeto de pesquisa, uma Terapeuta Ocupacional e uma estagiária que trabalha no programa, autora deste estudo.

4.3.3 Recursos materiais

Os atendimentos equoterápicos foram realizados no picadeiro arborizado e na trilha do bosque ao redor de uma lagoa, ambiente que proporciona um grande contato com a natureza.

Foram utilizadas técnicas de Equitação, com cavalos mansos e treinados para o atendimento em Equoterapia, equipamento apropriado tanto para a sua prática quanto para a segurança, assim como: capacetes, materiais de estímulo, tais como bolas, garrafas pet coloridas, bastões, tambores, balizas, entre outros; além de selas, mantas, cabeçadas, cabrestos, cilhão, ou seja, materiais que são de uso da Equitação.

Os praticantes e seus responsáveis puderam aguardar o início do atendimento em um espaço reservado para o mesmo, sob a sombra de algumas árvores, que fica ao lado do picadeiro, proporcionando assim uma plena visão de todo o processo de atendimento, desde a aproximação com o cavalo até a montaria, onde se utiliza de uma rampa adaptada para tal no início e no final da sessão.

Filmadora e máquina fotográfica foram utilizadas, durante as sessões, para registro das mesmas, assim como materiais de escritório para registro contínuo.

4.4 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Para a coleta de dados foram utilizados, além de três testes psicológicos, que não constam nos anexos devido à proteção de direitos autorais; um questionário aberto para pais, outro para professores; uma ficha cadastral e uma ficha diária ambas de uso padrão do PROEQUO.

4.4.1 Teste d2 – Atenção Concentrada

Inicialmente o Teste d2 foi criado na Alemanha, e adaptado à cultura brasileira, para medir a aptidão para dirigir, e foi incluído no processo de seleção para motoristas, mas mostrou também sua utilidade para auxiliar em outras avaliações que exijam concentração e atenção visual, como em escolas, usado por psicólogos como instrumento de auxilio para medir desempenho escolar (BRICKENKAMP, 2000).

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Segundo esse mesmo autor, independente da Inteligência, o Teste d2 foi elaborado para um diagnóstico objetivo, com resultados muito confiáveis e relativamente permanentes, que possibilitam prognósticos de comportamento.

4.4.2 Teste de Desempenho Escolar

O TDE foi elaborado a partir da realidade escolar brasileira, geralmente é utilizado como um primeiro instrumento de uma avaliação psicopedagógica individual, que busca quais as áreas estão prejudicadas ou preservadas no examinando (STEIN, 1994).

Três subtestes compõem o TDE: a) escrita: escrita do nome próprio e de palavras isoladas apresentadas, sob forma de ditado; b) aritmética: solução oral de problemas e cálculo de operações aritméticas por escrito; c) leitura: reconhecimento de palavras isoladas do contexto.

Estes subtestes apresentam questões em ordem crescente de dificuldade, e pode ser interrompido quando determinado item for impossível de ser resolvido pelo examinando (STEIN, 1994).

4.4.3 Escala de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – versão

para professores

Em diferentes grupos culturais e étnicos, ou em diferentes padrões lingüísticos, sociais e educacionais torna-se difícil criar uma avaliação para determinadas funções e sintomas psíquicos, então a Escala de TDAH – versão para professores foi elaborada para suprir a necessidade de haver um meio de avaliação dentro da realidade brasileira, levando em consideração fatores socioculturais e sociodemográficos (BENCZIK, 2000).

Tendo o professor como fonte de informação, a Escala de TDAH tem como objetivo avaliar sintomas comportamentais da criança com TDAH em idade escolar, como por exemplo (BENCZIK, 2000):

a) Avaliar problemas de comportamento anti-social, de aprendizagem, como também

a desatenção e hiperatividade;

b) Monitorar os efeitos da intervenção no contexto escolar;

c) Apontar diferenças de comportamento na criança TDAH antes, durante e após

algum tratamento.

4.4.4 Outros instrumentos

Questionário para pais. Contém dados pessoais, antecedentes pessoais, informações sobre o

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desenvolvimento da criança tais como sua motricidade, escolaridade, sociabilidade, sexualidade, saúde, antecedentes patológicos, ambiente físico e familiar e informações complementares.

Questionário para professores. Contém: dados gerais do professor e informações sobre a vida escolar da criança.

Ficha Diária. Contém contém todos os detalhes da sessão de atendimento do dia. É composta pelo nome do paciente, a data da sessão, o cavalo utilizado, tipo de andadura (passo, trote, galope), tipo de montaria (sela, manta, pelo) e material usado para terapia.

Nos aspectos psicológicos, estão presentes na ficha lacunas a serem assinaladas que observam o relacionamento do paciente com a equipe de atendimento, com o cavalo, seu humor, disciplina, atenção e verbalização. Além de conter questões onde o terapeuta faz observações sobre o período de pré-montaria, durante montaria e pós-montaria.

E finalizando a Ficha Diária do PROEQUO-UCDB, há também espaços para conclusões sobre progresso, retrocesso ou estabilidade em determinada área e observações gerais.

Todas as sessões foram filmadas e/ou fotografadas e observações diretas foram feitas para registro e análise dos dados coletados.

4.5 PROCEDIMENTOS

Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UCDB foi feita a confirmação do encaminhamento dos pacientes com a Neurologista. Dr. Maria José Maldonado.

A acadêmica responsável pela pesquisa entrou em contato com os pais e responsáveis dos pacientes encaminhados, foram marcadas entrevistas com os mesmos para o preenchimento do roteiro de anamnese para pais, com o objetivo de conhecer o histórico de cada criança em seu ambiente familiar, e aplicação dos testes TDE – Desempenho Escolar e d2 – Atenção Concentrada. Encontro este realizado na Clínica-Escola de Psicologia da UCDB, respeitando as devidas instruções e condições adequadas para cada aplicação, que tem como responsável a acadêmica de Psicologia sob supervisão de sua orientadora. Ressaltando que os testes foram aplicados no período vespertino; período o qual os praticantes não estão sob efeito da medicação que fazem uso.

Além da anamnese e aplicação de testes foram dadas explicações sobre o projeto, esclarecimentos quanto aos procedimentos dos atendimentos e pedido de autorização para a participação na pesquisa, seguido da assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e de um Termo de Compromisso padrão do PROEQUO-UCDB, adaptados para este estudo.

Para um melhor conhecimento da vida escolar dos pacientes foram agendados encontros individuais com as respectivas professoras em suas respectivas escolas, onde foram preenchidos roteiros de entrevistas, elaborados especificamente para os professores desta pesquisa, e a aplicação da Escala de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – versão para professores.

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Participaram dos atendimentos uma Psicóloga e Instrutora de Equitação, uma Terapeuta Ocupacional e a acadêmica do 10º semestre do curso de Psicologia, também Instrutora de Equitação e Tambor e Baliza.

As sessões tiveram duração de trinta minutos, duas vezes por semana ao longo de quatro meses, julho, agosto, setembro e outubro.

As aulas de aproximação e sobre segurança deram início às primeiras sessões, e então quando as crianças demonstraram estar familiarizadas e a vontade com o animal, foram usadas técnicas de Equitação, tais como correção de postura, manuseio de rédeas e pernas, trote sentado e elevado, e galope; e exercícios de Equitação, tais como elevação de pernas, giro completo sobre a sela, abandonar e retomar assento, entre outros; foram utilizadas também brincadeiras com o cavalo e cuidados que se deve ter com o animal, tais como o trato, o banho, o encilhar e desencilhar, e a organização do material.

Após todo o processo de coleta de dados os responsáveis e os professores foram novamente entrevistados, e os testes psicológicos novamente aplicados (no período vespertino para que estes não estivessem sob efeito de sua medicação), para que houvesse uma comparação de resultados de antes e depois do processo terapêutico.

4.6 ANÁLISE DOS DADOS

Todos os dados foram analisados qualitativamente para a discussão, os resultados dos testes e as fichas diárias pré e pós intervenção foram comparadas para detectar possíveis mudanças na atenção, desempenho escolar e comportamento dessas crianças.

Por meio das entrevistas com os pais e professores foram coletadas informações sobre possíveis alterações no dia a dia das mesmas.

Filmagens e fotografias possibilitaram a ilustração das sessões.

4.7 ASPECTOS ÉTICOS

Para a viabilização desse estudo, foram seguidas as normas preconizadas pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio da Resolução n. 016, de 20 de dezembro de 2000; pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) para pesquisas junto a seres humanos e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), estabelecidas na Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) (BRASIL, 2000, 1996).

O projeto desse estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica Dom Bosco e obteve aprovação, sem correções e sem restrições.

Todas as crianças que participam da pesquisa foram diagnosticadas e encaminhadas pela neurologista que acompanha as mesmas, e foram dadas aulas iniciais de aproximação com o animal e sobre aspectos de seguranças que se deve ter com o mesmo.

Todos os esclarecimentos sobre os objetivos do estudo e recursos utilizados foram oferecidos,

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bem como informação sobre o sigilo dos dados. Foi explicado também que os atendimentos aconteceriam em dias separados dos demais pacientes da Equoterapia, acadêmicos e profissionais que compõem a equipe do PROEQUO-UCDB.

Os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e de Compromisso foram assinados pelos responsáveis legais dos participantes da pesquisa (APÊNDICE A).

Os atendimentos ocorreram de forma individual, em lugar adequado, com animais treinados e com equipamentos apropriados para garantir a segurança dos participantes durante os atendimentos. Todos os pacientes utilizaram capacetes próprios para a prática da Equitação durante a montaria, garantindo sua segurança.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir serão discutidas as informações referentes à anamnese pré intervenção e aos relatos pós intervenção respondidos pelos pais e professores dos praticantes, bem como os resultados dos testes psicológicos, também aplicados pré e pós intervenção terapêutica, e registros realizados após cada sessão de atendimento.

5.1 ANAMNESE

Os três participantes desta pesquisa são meninos, P1 tem 8 anos de idade, P2 tem 10 anos e P3 tem 13 anos. Alguns autores (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1993; ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995; FACION, 2004; KAPLAN; SADOCK; GREEB, 1997; RUSSELL, 2002) afirmam que o TDAH é mais comum em pessoas do sexo masculino, e é diagnosticado quando, sintomas que trazem prejuízos e causam interferência na vida familiar e escolar da criança, estão presentes.

Estes sintomas, usualmente, aparecem nos primeiros 5 anos de vida, e são caracterizados pela desatenção, com falta de persistência em tarefas com envolvimento cognitivo, além da desorganização, e pelo comportamento hiperativo que consiste em inquietação excessiva.

P1, mora com seus pais e uma irmã mais nova, freqüenta o 4º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública. P2, mora com seus pais e um irmão mais velho, e é repetente do 4º ano, também de uma escola pública. P3 mora com seus pais e um irmão mais novo, e é repetente do 7º ano de uma escola privada.

As medicações indicadas para o tratamento do TDAH são os estimulantes do Sistema Nervoso Central; a Dextroanfetamina é mais usada em crianças com até três anos, e o Metilfenidato crianças com seis anos ou mais; é um medicamento de curta ação, geralmente, utilizado com o intuito de agir durante as horas da escola, para que as crianças diagnosticadas com este tipo de transtorno possam atentar às tarefas e permanecerem em sala de aula (KAPLAN; SADOCK; GREEB, 1997).

Em relação à medicação, P1 começou a fazer uso do Metilfenidato, presente na Ritalina LA 20 mg, e da I-Mipramina, dois meses antes do início dos atendimentos equoterápicos; P2 não

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faz uso de medicação; e P3 começou com a medicação Ritalina LA 20 mg, seis meses antes do início dos atendimentos. P1 e P3 fazem uso da medicação apenas nos dias em que freqüentam as aulas da escola.

Através dos relatos dos pais, pós intervenção, pudemos perceber que tanto P1, quanto P2 e P3 obtiveram melhoras significativas em seu comportamento no meio familiar. Estes afirmaram que seus filhos os respeitam mais, prestando atenção no que os pais têm a dizer; asseguraram que os três estão menos agitados; têm colaborado com as tarefas da casa com mais disciplina, demonstrando estarem mais prestativos; também notaram que os meninos estão aprendendo a não desistir, a serem persistentes para aprender bem o que lhe é ensinado; demonstraram também respeitar mais as pessoas; e lhes parece que as crianças estão mais independentes, seguros de si, com uma melhor autoconfiança e auto-estima.

Licart (1988) afirma que por ter que conduzir um ser vivo, a equitação exerce importante influência na formação moral do praticante, trazendo assim pontos positivos para um desenvolvimento equilibrado e disciplinado; assim como o contato com o animal, e as experiências vividas com este, fazem com que passe a existir um afeto para com o próximo, tanto com animal quanto com o ser humano, aperfeiçoando assim a capacidade de observação e a vontade de sempre querer mais e querer saber mais. O gosto pelo risco que o cavalo transpassa, assim como a sua coragem e agilidade, faz com que seu cavaleiro tenha um sentimento de força física, fortalecendo assim sua confiança em si mesmo, sua vontade, sua força de decisão e iniciativa.

Segundo Freire (1999), ao introduzir o cavalo faz com que não haja apenas família-criança, mas também criança-cavalo, estabelecendo, de certa forma, uma separação desse indivíduo da família.

A autora afirma ainda, que os pais passam a perceber, em seus filhos, capacidades não percebidas anteriormente, e isso faz com que aconteça uma redefinição das relações familiares e uma melhor adequação de comportamento por parte da criança.

Silva (2006) também afirma que o fato dos pais acompanharem as crianças e assistirem aos atendimentos de Equoterapia e presenciarem as capacidades dos mesmos durante a execução de tarefas, além de satisfação e prazer que demonstram imediatamente, os pais passam acreditar nas potencialidades das crianças e percebê-las de um modo diferente, fazendo com que essa experiência vivida estenda-se até o ambiente familiar, melhorando sua convivência diária.

5.2 QUESTIONÁRIO E RELATO RESPONDIDO PELOS PROFESSORES

O TDAH é caracterizado por problemas com os períodos de atenção, controle do impulso e com o nível de atividade, ou seja, um transtorno de desenvolvimento do autocontrole. Esses problemas trazem prejuízos na vontade da criança e na sua capacidade de controlar seus comportamentos, porque sempre têm em mente futuros objetivos (RUSSELL, 2002).

De acordo com Facion (2004), as conseqüências de sintomas do TDAH como hiperatividade, distúrbio de atenção (ou concentração), impulsividade ou agitação podem acarretar outros graves problemas como distúrbios emocionais e dissociais de aprendizagem e aproveitamento.

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Analisando as afirmações das professoras, tanto P1 quanto P2 e P3 apresentavam comportamentos inadequados para o ambiente escolar.

P1 apresentava um comportamento agressivo, tanto com seus colegas quanto com seus professores, não parava no mesmo lugar durante muito tempo, brigava muito com todos que estavam ao seu redor na escola, não fazia as atividades solicitadas, era muito desatento, sua concentração era “péssima”, usava da mentira e da encenação quando queria algo, não perdia a oportunidade de atrapalhar as aulas; hoje, após a intervenção terapêutica, a professora relata que houve uma melhora extrema, disse que seu aluno parece outra criança, suas notas em português, geografia, ciências e história melhoraram, lhe parece que está mais centrado, com seu pensamento mais organizado, está mais atento às explicações, não é mais agressivo, nem com seus colegas nem com os professores.

Ainda não tem amigos, e, antes da intervenção, quando ainda apresentava comportamentos agressivos, tentou algumas vezes fazer amigos, ou apenas se aproximar dos colegas, porém todos se afastam com medo de serem agredidos, mas, hoje, com a redução de seu comportamento agressivo, os colegas o aceitam mais e já permitem que ele se aproxime, às vezes até o convidam para brincar; também cuida melhor de seu material escolar, o mantém organizado, e está mais calmo, antes parecia estar sempre nervoso e ansioso.

A professora de P1, diz também, ter percebido a capacidade de seu aluno, afirmando que ele é inteligente e capaz, mas que parecia não estar em sintonia com a escola, como se a mesma não tivesse proporcionando o estímulo necessário para despertar o interesse do seu aluno em aprender; mas que após a intervenção pode perceber o aumento de seu interesse pela escola.

A professora de P2, repetente do 4º ano, disse não ter notado diferença, que ultimamente seu aluno não tem copiado as matérias, não pára na sua carteira, qualquer ruído, por menor que seja, o distrai, e que se destaca em sala de aula, por ser extremamente agitado, características estas da presença do transtorno.

Pelo relato da professora de P3, repetente do 7º ano, podem-se notar alterações positivas no seu comportamento em ambiente escolar. Ela afirma que percebeu que hoje o aluno parece pensar antes de agir, antes se relacionava apenas com um grupo da sala e hoje interage com toda a classe, demonstra mais interesse em aprender, presta mais atenção durante as explicações, está mais participativo em atividades em grupo, e aparenta estar mais tranqüilo, antes da intervenção aparentava sempre estar com muita pressa.

5.3 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

A seguir serão apresentadas as discussões dos resultados dos testes psicológicos aplicados nos participantes e nas reespectivas professoras, pré e pós intervenção terapêutica.

5.3.1 Teste de Desempenho Escolar

Os resultados no TDE dos praticantes passaram de escores inferiores e médios, na aplicação pré intervenção, para superiores na aplicação pós intervenção, indicando ganhos em relação à aprendizagem. Ressaltando que serão discutidos os resultados obtidos de acordo com a série

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de cada um, e não pela idade cronológica, por haver uma variação na precisão de seus resultados.

A atividade de montaria fortalece o respeito aos limites e às regras impostas, também em sala de aula, assim como traz às crianças com TDAH, momentos de maior concentração, autopercepção e atenção, o que facilita a execução de tarefas seqüenciais (LIMA; COSTA, 2004).

P1 obteve melhoras significativas, confirmadas por seus escores superiores nos três subtestes, da Escrita, Aritmética e Leitura. P2 também apresentou melhoras, seu escore inferior obtido no subteste da Escrita, na primeira aplicação, passou a médio, já nos outros subtestes, Aritmética e Leitura, seus escores passaram de inferiores para superiores. P3, por sua vez, apresentava um escore inferior na primeira aplicação do subteste da Escrita, e no segundo momento trouxe um resultado superior, no subteste da Leitura também passou de inferior para superior, por outro lado, no subteste da Aritmética, o praticante manteve o seu escore a um nível inferior em relação à sua série.

A Equoterapia traz às crianças com TDAH, benefícios tanto físicos quanto cognitivos, incluindo limites às suas vidas, trazendo um aumento significativo da atenção e motivação do aluno aprender, reduzindo comportamentos agressivos, fazendo com que haja a aceitação da autoridade do professor e atividades propostas, também o aumento da auto-estima e sentimento de utilidade dentro do contexto escolar e social (RISKALLA; KOGUTE, 2002).

5.3.2 Teste d2

Os resultados de P1 mostram uma melhora significativa, tanto na rapidez em trabalhos que exijam atenção, quanto no aumento de sua atenção concentrada, estes, que estavam em níveis inferiores, passaram, após os três meses de tratamento, para níveis superiores. Na primeira aplicação sua porcentagem, em relação à precisão, foi inferior à média, já na segunda aplicação obteve porcentagem média; suas oscilações no ritmo de trabalho diminuíram, passando de uma porcentagem inferior para uma porcentagem médio superior, indicando a melhoria na constância de seu rendimento durante a realização de uma tarefa.

P2 também apresentou melhores resultados neste teste, seus escores passaram de inferiores e médio inferiores para superiores. Sua rapidez em trabalhos que exigem atenção, e sua atenção concentrada, está em um nível superior à média; mas ainda apresenta grandes variações no seu ritmo de trabalho.

Os escores de P3 na primeira aplicação estavam em um nível mediano, mas após a intervenção terapêutica, esses resultados passaram para um nível superior. Tanto sua precisão e rapidez em trabalhos que exigem atenção, quanto sua atenção concentrada e capacidade de concentração obtiveram melhoras significativas, assim como apresentou poucas oscilações no seu ritmo de trabalho.

Lima e Costa (2004) afirmam que o movimento realizado durante a montaria, sendo este seqüencial e contínuo, não é um movimento freqüentemente realizado pelo corpo da criança com TDAH, e com isso são estabelecidos momentos de concentração e percepção de si mesmo e do seu próprio corpo.

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A equitação é um esporte que disponibiliza um método para estruturar o comportamento dos cavaleiros, por ser uma atividade que exige uma grande demanda de atenção e concentração por parte dos mesmos, além da responsabilidade por sua própria conduta (VERGARA; VALENZUELA; DUARTE, 2008).

5.3.3 Escala de Déficit de Atenção e Hiperatividade – versão para professores

De acordo com a percepção da professora, P1 obteve diferenças significantes em seus resultados, na primeira aplicação, seus escores obtiveram percentil superior em todas as áreas em que o teste avalia, tanto de Déficit de Atenção, Hiperatividade/Impulsividade, Problemas de Aprendizagem e Comportamento Anti-social.

Seus resultados após a intervenção terapêutica, nas quatro áreas analisadas, foram para percentil inferior e médio inferior, indicando a redução dos sintomas do transtorno.

P1 passou a dar respostas mais coerentes e organizadas ao professor, passou a acompanhar melhor o ritmo da classe, está aprendendo a trabalhar independentemente, passou a ficar atento às explicações do professor, fixa melhor sua atenção a uma determinada situação por um período de tempo maior, não perde mais seus materiais, termina uma atividade para depois passar para outra, tem menos dificuldade para concentrar-se, características da questão Déficit de Atenção.

No quesito Hiperatividade/Impulsividade, a professora ressalta que seu aluno parece ser uma criança mais tranqüila após a intervenção terapêutica, passou a aguardar a sua vez, fala pouco, não está mais com tanta pressa, tem pensado antes de agir, não atrapalha mais o professor com barulhos diferentes, não se levanta mais da carteira como antes, e não demonstra mais estar o tempo todo inquieto.

Seus Problemas de Aprendizagem também diminuíram com a Equoterapia, o aluno passou a render o esperado em Português, tem menos dificuldade para entender problemas de matemática, seu raciocínio lógico melhorou, o aluno escreve sem erros, lê perfeitamente, compreende textos corretamente e é rápido para fazer cálculos, características que antes não estavam presentes, assim como, hoje, P1 segue as regras e normas da classe e fala com perfeição.

Em relação ao Comportamento Anti-social, a melhora também foi evidente, os colegas não o evitam mais, P1 deixou de irritar as outras crianças com suas palhaçadas e de ser briguento, não causa mais confusão em sala de aula, hoje, é bem aceito pelos colegas e sabe respeitar os professores.

O contato com o cavalo proporciona ao praticante, subsídios para uma reeducação e reabilitação favorável para uma nova interação afetiva. Este contato, tanto com o cavalo quanto com a equipe de atendimento e com os outros pacientes, traz grandes benefícios para uma melhor aproximação à sociedade na qual convive (FREIRE, 1999).

Os resultados de P2, nos quesitos Déficit de Atenção e Hiperatividade/Impulsividade, não alteraram após a intervenção terapêutica, ou seja, em ambiente escolar não houve melhoras significantes nestes aspectos, contudo, nos quesitos Problemas de Aprendizagem, seu escore alterou de superior para médio inferior, apontando assim uma melhora, e no Comportamento

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Anti-social, seu escore passou de um nível médio superior para médio, indicando algumas alterações positivas nas suas atitudes.

Os escores de P3, nos quesitos Déficit de Atenção e Hiperatividade/Impulsividade obtiveram poucas alterações, estavam em um nível superior na primeira aplicação e reduziram para um nível médio superior após a intervenção terapêutica, nos Problemas de Aprendizagem e Comportamento Anti-social, seus escores passaram de um nível superior para um nível médio inferior, sendo as mudanças, facilmente notadas pela professora.

Através das respostas da professora, relacionadas ao Déficit de Atenção, pudemos notar que seu aluno, hoje, segue melhor o ritmo da classe, está mais atento às lições do caderno, sua capacidade de prestar atenção, a uma mesma coisa durante muito tempo, melhorou, raramente perde mais seus materiais, passou a terminar uma tarefa para só depois iniciar outra e tem tido menos dificuldade para concentrar-se.

A sua Hiperatividade/Impulsividade está mais controlada, mas o aluno continua mexendo-se e contorcendo-se na cadeira, parecendo estar inquieto, e mexendo mãos e pés constantemente, mas apesar disso, P3 passou a ser mais prudente e pensar antes de agir, não parece estar mais a “todo vapor”, está menos agitado em sala de aula, e raramente levanta-se da carteira.

No quesito, Problemas de Aprendizagem, onde P3 obteve grande alteração no percentil, passou a render mais em Português, não tem mais dificuldades para expressar seus pensamentos, seu raciocínio lógico, após a intervenção, não é lento, houve uma pequena melhora na sua caligrafia, pode-se notar uma redução de erros ao escrever, não apresenta mais dificuldade para compreender textos, e tem uma melhor aceitação para seguir as regras e normas da classe.

Em relação ao seu Comportamento Anti-social, onde também houve uma melhora significativa, o aluno não mais irrita outras crianças com suas palhaçadas, apresentando um comportamento mais maduro, e não mais causa confusão em sala de aula, os colegas o aceitam, possui muitos amigos, e sabe respeitar os professores.

Quando o praticante está guiando o seu próprio cavalo passa por momentos de experimentações relacionadas a percepções visuais-espaciais, táteis, cinestésicas, proprioceptivas, que trazem de forma passiva um amadurecimento psicomotor e um crescimento dos níveis de competência do praticante (FREIRE, 1999).

6 CONCLUSÃO

A partir do relato dos pais pôde-se perceber que as crianças, que participaram dos atendimentos em Equoterapia, obtiveram melhoras significativas em relação à disciplina, atenção (passaram a parar para escutar o que seus pais têm a dizer, o que não ocorria antes da intervenção terapêutica), comportamento hiperativo, persistência, responsabilidades, limites e regras.

Quanto à avaliação psicológica, todos os três participantes apresentaram melhoras quanto à atenção, capacidade de concentração e desempenho escolar nos aspectos da Escrita, Aritmética e Leitura.

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Quanto à avaliação das professoras, P1 e P3 (que fazem uso da medicação Ritalina LA20mg) apresentaram melhoras relacionadas ao Déficit de Atenção, Hiperatividade, Problemas de Aprendizagem e Comportamento Anti-Social; somente P2 não apresentou melhoras em seu comportamento escolar segundo sua professora. Estes resultados, de P2, que não se alteraram podem ser explicados pela ausência da medicação, uma vez que seu uso é indicado para conter comportamentos hiperativos e proporcionar uma melhora na desatenção em ambiente escolar.

Ao considerar sua melhora na avaliação psicológica e no relato de seu pai, pode-se inferir que com o tratamento de Equoterapia em longo prazo, provavelmente apresentaria melhora em seu ambiente escolar.

Quanto às sessões de Equoterapia pôde-se perceber que os participantes demonstravam prazer e satisfação por estarem montados em um cavalo, para eles os atendimentos eram uma forma de lazer, onde aprenderam a respeitar regras e limites, a superar os seus medos e desafios, onde perceberam melhor o seu corpo, e também demonstraram melhoras relacionadas à auto-estima e autoconfiança.

A Equoterapia é um tratamento válido para crianças TDAH, que proporciona melhoras em relação à atenção, à capacidade de concentração e ao desempenho escolar.

A Equoterapia também apresentou benefícios quanto aos aspectos sociais da criança, já que estas apresentaram melhoras em seus relacionamentos em ambiente familiar e escolar.

A experiência com o cavalo ensinou os participantes a lidarem com limites, fazendo com que o respeito à individualidade das pessoas e às regras fossem assimilados de forma natural, não sendo percebidos por estes como impostas ou restritivas.

Sugere-se que novos trabalhos sejam realizados para verificar se um estudo a longo prazo estabilizaria a mudança no comportamento das crianças TDAH, repercutindo no seu rendimento escolar.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Termos de consentimento e de ciência

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO1 Gostaria de contar com sua colaboração para a realização da presente pesquisa: “EQUOTERAPIA E TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)”, que consiste em investigar possíveis mudanças de comportamento, atenção, desempenho escolar e psicomotricidade após o tratamento de Equoterapia. Se concordar, o participante que V.S. é responsável legal participará de duas sessões semanais de Equoterapia pré-esportiva, baseada em técnicas de Equitação, no Instituto São Vicente de Paula, aonde funciona o Programa de Equoterapia da Universidade Católica Dom Bosco (PROEQUO-UCDB). O paciente passará por uma avaliação antes do início dos atendimentos e depois do período de quatro meses de atendimento, para que os resultados sejam comparados. Este estudo será orientado pela Prof. M.Sc. Tânia Rocha Nascimento e co-orientado pela Profa. Dra. Heloisa Bruna Grubits Freire. Os resultados da pesquisa serão divulgados em revistas e eventos científicos. Esteja seguro(a) da completa confiabilidade dos dados. Em nenhum momento será declarado o nome nem exibidas imagens que identifiquem o(a) participante deste estudo, garantindo assim, o anonimato e sigilo absoluto do(a) paciente. A participação é voluntária e a recusa não envolve qualquer penalidade. O(a) responsável e a criança poderão desistir de participar a qualquer momento. Em qualquer momento e em qualquer instância os participantes poderão solicitar a exclusão das informações e imagens referentes ao mesmo da referida pesquisa. Havendo alguma questão, sinta-se a vontade em contatar os pesquisadores e/ou o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB): Dra. Heloisa Bruna Grubits Freire (Psicóloga) – telefone (067) 3312-3605; M.Sc. Tânia Rocha Nascimento (Psicóloga) – telefone (067) 3312-3705; Acadêmica de Psicologia Camila Spengler Escobar – celular (067) 9248-8916; Comitê de Ética em Pesquisa da UCDB – telefone (067) 3312-3349. Eu declaro que li as informações, sanei todas as minhas dúvidas e todos meus questionamentos foram esclarecidos. Como responsável legal eu ............................................................................................ autorizo ............................................................................................ a participar da pesquisa. Data: ........... / ............................. / ................. Nome da criança: ....................................................................................................................................... Nome do responsável: .................................................................... CPF .................................................. Assinatura: .................................................................................................................................................

1 Retirado do PROEQUO-UCDB e adaptado para esta pesquisa.

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TERMO DE RESPONSABILIDADE E CIÊNCIA

1. Introdução

A UCDB através do PROEQUO atende crianças e adultos portadores de deficiência, ou não, ou com dificuldades de adaptação, com objetivo de beneficiá-los globalmente através da prática de atividade eqüestre. A equoterapia usa o cavalo como motivador para proporcionar ao praticante, ganhos físicos e psicológicos. Essa atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo assim para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo, aperfeiçoamento da coordenação e equilíbrio. A interação com o animal, desde os primeiros contatos e cuidados preliminares até a montaria, desenvolve ainda, novas formas de comunicação, a socialização, a confiança em si mesmo e auto-estima. Este método terapêutico não substitui outras técnicas já conhecidas e aprovadas e muito menos se propõe a curar deficiências do praticante. A equoterapia pode ter duas ênfases: − uma, com a intenção médica e terapêutica ou reabilitadora;

− outra, utilizando o cavalo com fins de lazer e esporte, com caráter lúdico e reeducativo.

A equoterapia é desenvolvida por uma equipe técnica multidisciplinar composta basicamente por instrutor titulado em equitação, psicólogo e fisioterapeuta, todos sob supervisão médica. Esta equipe está em constante intercâmbio para a troca de conhecimento sobre o seu campo de atuação: as patologias, o cavalo e sua utilização para fins terapêuticos.

2. Método

As crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) que serão atendidas no PROEQUO–UCDB serão encaminhadas pela Neurologista Dra. Maria José Maldonado. E como não é o caso de portadores de deficiência será utilizado no atendimento o método de ensino da Equoterapia pré-esportiva ou Equitação. Compete à família trazer relatórios dos profissionais (médicos e outros) que acompanham o caso, conforme instruções da coordenação do PROEQUO. Esses dados serão úteis na avaliação e indicação, pela equipe técnica do PROEQUO, para Equoterapia. As atividades de Equoterapia serão programadas pela equipe técnica e baseadas no estudo inicial de cada caso. No decorrer do processo serão reavaliadas e modificadas se necessário. As sessões de Equoterapia serão realizadas no Instituto São Vicente (Base de Pesquisa Avançada da UCDB), conhecido como Seminário Lagoa da Cruz. A freqüência será recomendada pela coordenação do programa. A sessão de Equoterapia abrange a chegada do praticante às instalações (baias e picadeiro), onde poderá participar dos cuidados e preparação do cavalo, passando pelo montar, cavalgar, desmontar e recolher o cavalo às baias, bem como outras atividades coordenadas pelos instrutores. Os cavalos utilizados em Equoterapia são mansos e dóceis, especialmente preparados para esta atividade. Os equipamentos de montaria são definidos de acordo com a avaliação da equipe técnica. O deslocamento do cavalo (passo, trote, etc.) é também determinado com fins terapêuticos específicos para cada praticante.

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3. Participação

É importante tanto para o praticante como para a equipe técnica, a presença de um responsável, parente ou não (e neste caso autorizado pela família) nas sessões de Equoterapia. O mesmo se responsabilizará também pela segurança do praticante antes e depois da sessão.

4. Prescrições especiais

O praticante de Equoterapia deverá usar calças cumpridas e calçados fechados (botas, de preferência), que não limitem os movimentos. Deverá ainda estar presente no local das sessões 15 (quinze) minutos antes do seu início. Faltas freqüentes limitam o processo terapêutico, sendo que três faltas consecutivas e sem justificativa serão motivo de desligamento do praticante e ocupação de sua vaga por outro. Os acompanhantes devem estar cientes de que o ambiente em que há cavalos exige cuidados especiais, como o uso de cores discretas e não esvoaçantes, bem como comportamento calmo e tranqüilo, sem manifestações ruidosas. Sendo o Programa de Equoterapia da UCDB desenvolvido por professores especializados contando com a participação de estagiários de suas áreas específicas, acadêmicos dos cursos de psicologia, fonoaudióloga, fisioterapia, terapia ocupacional, enfermagem e zootecnia, treinados para tal, e funcionando o Programa como um Centro de Pesquisas em Equoterapia, serão efetuados registros necessários (fotos, filmagens, relatórios escritos, etc.) das sessões, que serão utilizados em produções científicas para posteriores publicações e divulgações, cumprindo todas as exigências éticas para a sua execução.

5. Compromisso

Como responsável pelo praticante .............................................................................................., assumo o compromisso de cumprir as prescrições contidas no presente termo, bem como concordo que, sendo um Centro de Pesquisas, o desenvolvimento e resultados obtidos com a Equoterapia sejam utilizados de maneira científica e permito sua divulgação e publicação desde que a identificação do praticante seja preservada. Campo Grande, MS, ........... / ............................. / ................. Nome do Responsável:............................................................................................................................... Endereço: ................................................................................................................................................... Bairro: ......................................................................................... CEP: ............................................... Telefones: convencional (........) ....................................... celular (........) ....................................... Assinatura do responsável .........................................................................................................................

APÊNDICE B – Registro fotográfico das seções dos participantes

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REGISTRO FOTOGRÁFICO DE ALGUMAS SESSÕES FIGURA 1 - P1 recebendo instruções para guiar o seu próprio cavalo (a) e guiando o

seu cavalo (b).

b)

a)

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FIGURA 2 - P2 na aula de vivência (pegando o cavalo, encilhando o cavalo, banhando

o cavalo).

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FIGURA 3 - P3 executando exercícios de rédeas.

FIGURA 4 - P3 ao final do atendimento em momento de relaxamento.

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