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Sexta-feira, dia trinta de Outubro, no caminho para casa, Pedro, a sua namorada, Inês, e o seu melhor amigo, Ricardo, combinavam uma ida ao Centro Comercial. Era lá que iria ser organizada uma festa de Halloween e onde iam comemorar o décimo sexto aniversário de Pedro. Estavam bastante ansiosos, queriam aproveitar o dia ao máximo, por isso, ficaram até mais tarde a combinar tudo ao pormenor pelo telemóvel. A conversa fora interrompida por Lara, a mãe de Pedro. Estava furiosa com o facto de a conversa se ter prolongado até altas horas da noite. Estava um crepúsculo limpo e frio. As crianças com os seus fatos fantasmagóricos corriam pelas ruas da cidade. Seus pais começavam a acender as velas das abóboras esculpidas, à medida que os candeeiros se acendiam na escuridão. Os três amigos dirigiam-se para o Centro Comercial quando foram abordados por uma cigana anciã que se ofereceu para lhes prever o futuro utilizando cartas de tarot. Pedro prontamente aceitou, pois sentia-se fortemente atraído pelo oculto e mistérios. Inês sentia-se amedrontada e Ricardo não acreditava neste tipo de coisas. A taróloga conduziu-os à sua banca. Ricardo voluntariou-se para ser o primeiro, queria provar que tudo não passava de uma superstição. Três cartas foram postas em cima da mesa e depois foram viradas uma por uma. A cigana então explicou-lhe o que as cartas queriam transmitir e fez o mesmo aos outros dois jovens. Chegaram ao Centro Comercial. Estavam abalados com o que ouviram na barraca da cigana, mas optaram por sair do estado de hipnose e desfrutar da grande festa que iriam ter a seguir. Eram duas e meia da manhã. Os três amigos tiveram uma grande festa. Estavam sóbrios e estranhamente despertos devido ao facto do bolo de aniversário de Pedro ser de café com efeitos de abóboras, onde estava presente o número dezasseis. Ricardo estava maldisposto. Pedro e Inês acompanharam-no à casa de banho enquanto os seguranças fechavam o local e preparavam-se para uma boa noite de sono. Ricardo demorara bastante. Estava um cheiro horrível e indescritível nos lavabos, o pobre rapaz vomitara o chão todo. Fora uma lição para Ricardo, aprendera nunca mais a comer tão depressa. Estava a lavar a cara quando ouviu passos em direcção a uma das cabinas. Ouvia uma respiração ofegante e decidiu averiguar quem ali estava. - Quem está ai? Precisa de ajuda? Desculpe pelo vómito. Não cheguei à sanita a tempo. – dissera Ricardo enquanto saia da casa de banho para pedir ajuda aos amigos. -Venham cá. É urgente. – disse Ricardo aos seus melhores amigos. -Era isto que nos querias mostrar, uma grande poça de vómito. Que nojo! Ainda consigo ver bocados do bolo! – afirmava Inês pronta a juntar o seu suco gástrico àquela porcaria.

Era Uma Vez Um Sábado À NOITE

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by Sara e Daniel Brandão, André Crispim e Miguel Lourenço

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Page 1: Era Uma Vez Um Sábado À NOITE

Sexta-feira, dia trinta de Outubro, no caminho para casa, Pedro, a sua namorada, Inês, e o seu melhor amigo, Ricardo, combinavam uma ida ao Centro Comercial. Era lá que iria ser organizada uma festa de Halloween e onde iam comemorar o décimo sexto aniversário de Pedro. Estavam bastante ansiosos, queriam aproveitar o dia ao máximo, por isso, ficaram até mais tarde a combinar tudo ao pormenor pelo telemóvel. A conversa fora interrompida por Lara, a mãe de Pedro. Estava furiosa com o facto de a conversa se ter prolongado até altas horas da noite.Estava um crepúsculo limpo e frio. As crianças com os seus fatos fantasmagóricos corriam pelas ruas da cidade. Seus pais começavam a acender as velas das abóboras esculpidas, à medida que os candeeiros se acendiam na escuridão. Os três amigos dirigiam-se para o Centro Comercial quando foram abordados por uma cigana anciã que se ofereceu para lhes prever o futuro utilizando cartas de tarot. Pedro prontamente aceitou, pois sentia-se fortemente atraído pelo oculto e mistérios. Inês sentia-se amedrontada e Ricardo não acreditava neste tipo de coisas.A taróloga conduziu-os à sua banca. Ricardo voluntariou-se para ser o primeiro, queria provar que tudo não passava de uma superstição. Três cartas foram postas em cima da mesa e depois foram viradas uma por uma. A cigana então explicou-lhe o que as cartas queriam transmitir e fez o mesmo aos outros dois jovens.Chegaram ao Centro Comercial. Estavam abalados com o que ouviram na barraca da cigana, mas optaram por sair do estado de hipnose e desfrutar da grande festa que iriam ter a seguir.Eram duas e meia da manhã. Os três amigos tiveram uma grande festa. Estavam sóbrios e estranhamente despertos devido ao facto do bolo de aniversário de Pedro ser de café com efeitos de abóboras, onde estava presente o número dezasseis. Ricardo estava maldisposto. Pedro e Inês acompanharam-no à casa de banho enquanto os seguranças fechavam o local e preparavam-se para uma boa noite de sono. Ricardo demorara bastante. Estava um cheiro horrível e indescritível nos lavabos, o pobre rapaz vomitara o chão todo. Fora uma lição para Ricardo, aprendera nunca mais a comer tão depressa. Estava a lavar a cara quando ouviu passos em direcção a uma das cabinas. Ouvia uma respiração ofegante e decidiu averiguar quem ali estava.- Quem está ai? Precisa de ajuda? Desculpe pelo vómito. Não cheguei à sanita a tempo. – dissera Ricardo enquanto saia da casa de banho para pedir ajuda aos amigos.-Venham cá. É urgente. – disse Ricardo aos seus melhores amigos.-Era isto que nos querias mostrar, uma grande poça de vómito. Que nojo! Ainda consigo ver bocados do bolo! – afirmava Inês pronta a juntar o seu suco gástrico àquela porcaria.Ricardo contara o que vira, mas quando revistaram as cabinas já não se encontrava ninguém. Inês limitou-se a dizer:- O Dia das Bruxas foi ontem, há três ou quatro horas. Hoje é dias dos mortos! ACORDA! Vamos mas é para casa, estou cheia de sono. Gostei muito desta festa, foi um máximo. Obrigada Pedro.Dirigiam-se para a porta, distraídos nem se aperceberam que estavam completamente sozinhos. Chegaram à porta e esta estava trancada. Começaram a trocar de olhares quando repararam o que se passava à sua volta. Decidiram separar-se para encontrar outra saída sem ser a principal, mas como Inês estava amedrontada e não se queria separar foi com Pedro. Não tinham a certeza de havia outra saída e também não tinha rede nos telemóveis para pedir ajuda a alguém do exterior. Então combinaram dali a uma hora à porta da loja Justino&Freitas Toys.Correntes de lágrimas corriam de Pedro e Inês, encontraram Ricardo com insectos a sair pelos orifícios faciais. Estava de certeza morto, havia indícios que fora sufocado e ainda algumas partes do corpo mexiam-se. Eram os insectos que perfuravam a pele e as veias do inócuo rapaz. Depois de um breve momento de pânico, Pedro teve de ser forte e consolou Inês nos seus braços. Este reparou que havia uma mensagem.

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“Qual de vocês irá primeiro?”. Inês saltou um berro. Era demasiado para ela. Só queria acordar daquele pesadelo, vomitava se ainda tivesse alguma coisa no seu estômago.Inesperada e desesperadamente, Inês saltou dos braços de Pedro para os corredores escuros do centro comercial. Pedro tentou segui-la graças aos berros que dava enquanto corria. Mas perdeu-lhe o rasto após ter tropeçado em chapéus e máscaras de festa.Quando está a avançar pelos corredores, Pedro começou a ouvir gritos que associou à sua namorada. Correu o mais rápido que pode, parecia ser perto, mas o silêncio e o eco enganara- -o. Parou de correr e tentou concentrar-se no significado dos gritos. - PEDRO! AJUDA-ME! AHHHHHH!De repente os gritos cessaram e o centro comercial voltou àquele estado de silêncio que arrepiava qualquer um. O estômago de Pedro estava a trepar pelo esófago e a querer sair pela boca. Pedro nunca correra tanto na sua vida. Chegara demasiada tarde. Derrotado, caiu no chão. Encontrara Inês morta com o seu corpo na vitrina das cobras. Possuíra o tórax aberto. Enojava Pedro, mas este não queria desviar o olhar da sua namorada. Observou-a durante vários minutos, depois desviou o olhar para a mensagem do assassinado que dizia: “Parabéns Pedro. Esta é a minha prenda de aniversário para ti! Não há nada melhor que a morte.”. Pedro começara a enlouquecer. Gritara para o nada.- PÁRA! PÁRA! Por favor… PÁRA!Pedro sentira uma dor no coração e depois teve uma retrospectiva. Lembrara-se do que a cigana lhe dissera na sua barraca. Saíra a Ricardo a carta do Louco, a Torre e a Morte. A mulher disse-lhe que iria ser tomado como idiota e que a sua vida ser destruída devido a uma ideia que ele próprio teve. Saíra a Inês a carta dos Namorados, a Sacerdotisa e novamente a Morte. A taróloga explicou que apesar dos cuidados alimentares e do forte amor que sente por alguém, ela tinha de viver algo que sempre desejara não vir a acontecer. Ao Pedro saiu-lhe as cartas do Imperador, dos Namorados e do Enforcado. A cigana explicou que era um óptimo líder e que tinha a sua Imperatriz sempre a seu lado, mas vai haver um momento em que irá de deixar de o ser. Explicara que Pedro iria, naquela noite, transformar-se em algo que não correspondia à sua identidade. Não aguentava a pressão. Era demasiado traumatizante. Chorava baba e ranho. A tristeza agora dera a vez à raiva e esta, por sua vez, deixara a loucura actuar.Era Domingo, o noticiário abrira com a noticio de três jovens que ficaram presos no centro comercial e que um deles, o que fazia anos, mato os seus dois amigos e depois suicidara-se.