EREsp 875163

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  • Superior Tribunal de Justia

    EMBARGOS DE DIVERGNCIA EM RESP N 875.163 - RS (2009/0242997-0) RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUESEMBARGANTE : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADOR : CRISTIAN PRADO E OUTRO(S)EMBARGADO : ROMULO PONTICELLI GIORGI JR ADVOGADO : GRASIELA DE SOUZA THOMSEN

    EMENTAPROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAO DE PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA (ART. 11 DA LEI 8.429/92). ELEMENTO SUBJETIVO. REQUISITO INDISPENSVEL PARA A CONFIGURAO DO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PACIFICAO DO TEMA NAS TURMAS DE DIREITO PBLICO DESTA CORTE SUPERIOR. SMULA 168/STJ. PRECEDENTES DO STJ. EMBARGOS DE DIVERGNCIA NO CONHECIDOS. 1. Os embargos de divergncia constituem recurso que tem por finalidade exclusiva a uniformizao da jurisprudncia interna desta Corte Superior, cabvel nos casos em que, embora a situao ftica dos julgados seja a mesma, h dissdio jurdico na interpretao da legislao aplicvel espcie entre as Turmas que compem a Seo. um recurso estritamente limitado anlise dessa divergncia jurisprudencial, no se prestando a revisar o julgado embargado, a fim de aferir a justia ou injustia do entendimento manifestado, tampouco a examinar correo de regra tcnica de conhecimento.2. O tema central do presente recurso est limitado anlise da necessidade da presena de elemento subjetivo para a configurao de ato de improbidade administrativa por violao de princpios da Administrao Pblica, previsto no art. 11 da Lei 8.429/92. Efetivamente, as Turmas de Direito Pblico desta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois a Primeira Turma entendia ser indispensvel a demonstrao de conduta dolosa para a tipificao do referido ato de improbidade administrativa, enquanto a Segunda Turma exigia para a configurao a mera violao dos princpios da Administrao Pblica, independentemente da existncia do elemento subjetivo. 3. Entretanto, no julgamento do REsp 765.212/AC (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.6.2010), a Segunda Turma modificou o seu entendimento, no mesmo sentido da orientao da Primeira Turma, a fim de afastar a possibilidade de responsabilidade objetiva para a configurao de ato de improbidade administrativa. 4. Assim, o Superior Tribunal de Justia pacificou o entendimento no sentido de que, para a configurao do ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92, necessria a presena de conduta dolosa, no sendo admitida a atribuio de responsabilidade objetiva em sede de improbidade administrativa. 5. Ademais, tambm restou consolidada a orientao de que somente a modalidade dolosa comum a todos os tipos de improbidade administrativa, especificamente os atos que importem enriquecimento ilcito (art. 9), causem prejuzo ao errio (art. 10) e atentem contra os princpios da administrao pblica (art. 11), e que a modalidade culposa somente incide por ato que cause

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    leso ao errio (art. 10 da LIA). 6. Sobre o tema, os seguintes precedentes desta Corte Superior: REsp 909.446/RN, 1 Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 22.4.2010; REsp 1.107.840/PR, 1 Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 13.4.2010; REsp 997.564/SP, 1 Turma, Rel. Min. Benedito Gonalves, DJe de 25.3.2010; REsp 816.193/MG, 2 Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 21.10.2009; REsp 891.408/MG, 1 Turma, Rel. Min. Denise Arruda, DJe de 11.02.2009; REsp 658.415/MG, 2 Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 3.8.2006. No mesmo sentido, as decises monocrticas dos demais integrantes da Primeira Seo: Ag 1.272.677/RS, Rel. Herman Benjamin, DJe de 7.5.2010; REsp 1.176.642/PR, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Dje de 29.3.2010; Resp 1.183921/MS, Rel. Min. Humberto Martins, Dje de 19.3.2010. 7. Portanto, atualmente, no existe divergncia entre as Turmas de Direito Pblico desta Corte Superior sobre o tema, o que atra a incidncia da Smula 168/STJ: "No cabem embargos de divergncia, quando a jurisprudncia do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acrdo embargado" .8. Embargos de divergncia no conhecidos.

    ACRDOVistos, relatados e discutidos estes autos em que so partes as acima indicadas,

    acordam os Ministros da PRIMEIRA SEO do Superior Tribunal de Justia, na conformidade dos votos e das notas taquigrficas, por unanimidade, no conhecer dos embargos, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

    Os Srs. Ministros Benedito Gonalves, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon, Luiz Fux, Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Teori Albino Zavascki. Braslia (DF), 23 de junho de 2010.

    MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES , Relator

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    EMBARGOS DE DIVERGNCIA EM RESP N 875.163 - RS (2009/0242997-0) RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUESEMBARGANTE : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADOR : CRISTIAN PRADO E OUTRO(S)EMBARGADO : ROMULO PONTICELLI GIORGI JR ADVOGADO : GRASIELA DE SOUZA THOMSEN

    RELATRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator):

    Trata-se de embargos de divergncia de iniciativa do Estado do Rio Grande do Sul (fls. 625/638) contra acrdo da Segunda Turma, da relatoria da Ministra Denise Arruda, sintetizado nos termos da seguinte ementa (fl. 615):

    "ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AO CIVIL POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAO DE PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA. ELEMENTO SUBJETIVO. PRECEDENTES DO STJ. PROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL.1. A configurao de qualquer ato de improbidade administrativa exige a presena do elemento subjetivo na conduta do agente pblico, pois no admitida a responsabilidade objetiva em face do atual sistema jurdico brasileiro, principalmente considerando a gravidade das sanes contidas na Lei de Improbidade Administrativa. 2. Assim, indispensvel a presena de conduta dolosa ou culposa do agente pblico ao praticar o ato de improbidade administrativa, especialmente pelo tipo previsto no art. 11 da Lei 8.429/92, especificamente por leso aos princpios da Administrao Pblica, que admite manifesta amplitude em sua aplicao. Por outro lado, importante ressaltar que a forma culposa somente admitida no ato de improbidade administrativa relacionado leso ao errio (art. 10 da LIA), no sendo aplicvel aos demais tipos (arts. 9 e 11 da LIA). 3. No caso concreto, o Tribunal de origem qualificou equivocadamente a conduta do agente pblico, pois a desdia e a negligncia, expressamente reconhecidas no julgado impugnado, no configuram dolo, tampouco dolo eventual, mas indiscutivelmente modalidade de culpa. Tal considerao afasta a configurao de ato de improbidade administrativa por violao de princpios da administrao pblica, pois no foi demonstrada a indispensvel prtica dolosa da conduta de atentado aos princpios da Administrao Pblica, mas efetiva conduta culposa, o que no permite o reconhecimento de ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92. 4. Provimento do recurso especial."

    Alega o embargante que a Primeira Turma dissentiu da orientao firmada pela Segunda Turma, externada no julgamento do RESP 880.662/MG, da relatoria do Ministro Castro Meira, cuja ementa a seguinte:

    "ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DESPESAS DE VIAGEM. PRESTAO DE CONTAS.

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    IRREGULARIDADE. LESO A PRINCPIOS ADMINISTRATIVOS. ELEMENTO SUBJETIVO. DANO AO ERRIO. COMPROVAO. DESNECESSIDADE. SANO DE RESSARCIMENTO EXCLUDA. MULTA CIVIL REDUZIDA. 1. A leso a princpios administrativos contida no art. 11 da Lei n 8.429/92 no exige dolo ou culpa na conduta do agente nem prova da leso ao errio pblico. Basta a simples ilicitude ou imoralidade administrativa para restar configurado o ato de improbidade. Precedente da Turma.2. A aplicao das sanes previstas na Lei de Improbidade independe da aprovao ou rejeio das contas pelo rgo de controle interno ou pelo tribunal ou conselho de contas (art. 21, II, da Lei 8.429/92).3. Segundo o art. 11 da Lei 8.429/92, constitui ato de improbidade que atenta contra os princpios da administrao pblica qualquer ao ou omisso que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade s instituies, notadamente a prtica de ato que visa fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto na regra de competncia (inciso I), ou a ausncia de prestao de contas, quando esteja o agente pblico obrigado a faz-lo (inciso VI).4. Simples relatrios indicativos apenas do motivo da viagem, do nmero de viajantes e do destino so insuficientes para comprovao de despesas de viagem.5. A prestao de contas, ainda que realizada por meio de relatrio, deve justificar a viagem, apontar o interesse social na efetivao da despesa, qualificar os respectivos beneficirios e descrever cada um dos gastos realizados, medidas necessrias a viabilizar futura auditoria e fiscalizao. 6. No havendo prova de dano ao errio, afasta-se a sano de ressarcimento prevista na primeira parte do inciso III do art. 12 da Lei 8.429/92. As demais penalidades, inclusive a multa civil, que no ostenta feio indenizatria, so perfeitamente compatveis com os atos de improbidade tipificados no art. 11 da Lei 8.429/92 (leso aos princpios administrativos).7. Sentena mantida, excluda apenas a sano de ressarcimento ao errio e reduzida a multa civil para cinco vezes o valor da remunerao recebida no ltimo ano de mandato.8. Recurso especial provido."

    Sustenta o embargante que os acrdo confrontados divergem em relao a necessidade de elemento subjetivo para a caracterizao da ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92. Requer sejam acolhidos os presentes embargos de divergncia, a fim de prevalecer a tese contida no julgado paradigma, no sentido da prescindibilidade de dolo ou culpa.

    Os embargos de divergncia foram admitidos em razo da suposta divergncia entre os julgados confrontados (fls. 651/652).

    O embargado apresentou impugnao ao recurso (fls. 695/732).Dispensada a manifestao do Ministrio Pblico Federal em sede de embargos de

    divergncia, em razo de anterior parecer nos autos (fls. 576/579). o relatrio.

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    EMBARGOS DE DIVERGNCIA EM RESP N 875.163 - RS (2009/0242997-0)

    EMENTA

    PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAO DE PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA (ART. 11 DA LEI 8.429/92). ELEMENTO SUBJETIVO. REQUISITO INDISPENSVEL PARA A CONFIGURAO DO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PACIFICAO DO TEMA NAS TURMAS DE DIREITO PBLICO DESTA CORTE SUPERIOR. SMULA 168/STJ. PRECEDENTES DO STJ. EMBARGOS DE DIVERGNCIA NO CONHECIDOS. 1. Os embargos de divergncia constituem recurso que tem por finalidade exclusiva a uniformizao da jurisprudncia interna desta Corte Superior, cabvel nos casos em que, embora a situao ftica dos julgados seja a mesma, h dissdio jurdico na interpretao da legislao aplicvel espcie entre as Turmas que compem a Seo. um recurso estritamente limitado anlise dessa divergncia jurisprudencial, no se prestando a revisar o julgado embargado, a fim de aferir a justia ou injustia do entendimento manifestado, tampouco a examinar correo de regra tcnica de conhecimento.2. O tema central do presente recurso est limitado anlise da necessidade da presena de elemento subjetivo para a configurao de ato de improbidade administrativa por violao de princpios da Administrao Pblica, previsto no art. 11 da Lei 8.429/92. Efetivamente, as Turmas de Direito Pblico desta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois a Primeira Turma entendia ser indispensvel a demonstrao de conduta dolosa para a tipificao do referido ato de improbidade administrativa, enquanto a Segunda Turma exigia para a configurao a mera violao dos princpios da Administrao Pblica, independentemente da existncia do elemento subjetivo. 3. Entretanto, no julgamento do REsp 765.212/AC (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.6.2010), a Segunda Turma modificou o seu entendimento, no mesmo sentido da orientao da Primeira Turma, a fim de afastar a possibilidade de responsabilidade objetiva para a configurao de ato de improbidade administrativa. 4. Assim, o Superior Tribunal de Justia pacificou o entendimento no sentido de que, para a configurao do ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92, necessria a presena de conduta dolosa, no sendo admitida a atribuio de responsabilidade objetiva em sede de improbidade administrativa. 5. Ademais, tambm restou consolidada a orientao de que somente a modalidade dolosa comum a todos os tipos de improbidade administrativa, especificamente os atos que importem enriquecimento ilcito (art. 9), causem prejuzo ao errio (art. 10) e atentem contra os princpios da administrao pblica (art. 11), e que a modalidade culposa somente incide por ato que cause leso ao errio (art. 10 da LIA). 6. Sobre o tema, os seguintes precedentes desta Corte Superior: REsp 909.446/RN, 1 Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 22.4.2010; REsp

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    1.107.840/PR, 1 Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 13.4.2010; REsp 997.564/SP, 1 Turma, Rel. Min. Benedito Gonalves, DJe de 25.3.2010; REsp 816.193/MG, 2 Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 21.10.2009; REsp 891.408/MG, 1 Turma, Rel. Min. Denise Arruda, DJe de 11.02.2009; REsp 658.415/MG, 2 Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 3.8.2006. No mesmo sentido, as decises monocrticas dos demais integrantes da Primeira Seo: Ag 1.272.677/RS, Rel. Herman Benjamin, DJe de 7.5.2010; REsp 1.176.642/PR, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Dje de 29.3.2010; Resp 1.183921/MS, Rel. Min. Humberto Martins, Dje de 19.3.2010. 7. Portanto, atualmente, no existe divergncia entre as Turmas de Direito Pblico desta Corte Superior sobre o tema, o que atra a incidncia da Smula 168/STJ: "No cabem embargos de divergncia, quando a jurisprudncia do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acrdo embargado" .8. Embargos de divergncia no conhecidos.

    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator):

    A pretenso recursal no merece acolhimento.Inicialmente, necessrio consignar que os embargos de divergncia constituem

    recurso que tem por finalidade exclusiva a uniformizao da jurisprudncia interna desta Corte Superior, cabvel nos casos em que, embora a situao ftica dos julgados seja a mesma, h dissdio jurdico na interpretao da legislao aplicvel espcie entre as Turmas que compem a Seo. um recurso estritamente limitado anlise dessa divergncia jurisprudencial, no se prestando a revisar o julgado embargado, a fim de aferir a justia ou injustia do entendimento manifestado, tampouco a examinar correo de regra tcnica de conhecimento.

    Nesse sentido, a orientao da Corte Especial deste Tribunal Superior:

    "AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGNCIA. RECURSO ESPECIAL. HONORRIOS ADVOCATCIOS. REVISO. BICE DA SMULA N. 07 DO STJ. VALOR QUE NO FOI CONSIDERADO IRRISRIO NEM EXCESSIVO. ACRDO EMBARGADO QUE NO DESTOA DA TESE JURDICA ESPOSADA NOS PARADIGMAS. AUSNCIA DE DIVERGNCIA JURISPRUDENCIAL. EMBARGOS LIMINARMENTE INDEFERIDOS. DECISO MANTIDA PELOS SEUS PRPRIOS FUNDAMENTOS. PRECEDENTE DA CORTE ESPECIAL.1. A reviso, em sede de recurso especial, do quantum fixado a ttulo de verba honorria, via de regra, pressupe o revolvimento de matria ftica, tarefa vedada a teor do verbete sumular n. 07 do STJ.2. A jurisprudncia desta Corte, entretanto, sensvel a situaes em que salta aos olhos a inobservncia dos critrios legais para o arbitramento do valor justo, passou a admitir a reviso em sede especial quando se tratar de honorrios notoriamente nfimos ou exagerados, o que se faz considerado cada caso em particular. Assim, saber se os honorrios so irrisrios ou exorbitantes requer, necessariamente, a apreciao das peculiaridades de cada caso concreto.

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    3. Os embargos de divergncia, por sua vez, um recurso que tem sua razo de existir fundada na necessidade de se compor eventual dissdio de teses jurdicas em sede de recurso especial, na medida em que o Superior Tribunal de Justia, afinal, tem como misso institucional precpua justamente a uniformizao da interpretao da legislao infraconstitucional.4. Assim, no se abre a especialssima via que no se presta reviso do acerto ou desacerto da deciso embargada quando no restar evidenciada divergncia de teses jurdicas, pressuposto elementar do recurso, nos termos do art. 266, 1., do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justia.5. Agravo regimental desprovido."(AgRg nos EREsp 413.310/RS, Corte Especial, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ de 12.2.2007)

    O tema central do presente recurso est limitado anlise da necessidade da presena de elemento subjetivo para a configurao de ato de improbidade administrativa por violao de princpios da Administrao Pblica, previsto no art. 11 da Lei 8.429/92.

    Efetivamente, as Turmas de Direito Pblico desta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois a Primeira Turma entendia ser indispensvel a demonstrao de conduta dolosa para a tipificao do referido ato de improbidade administrativa, enquanto a Segunda Turma exigia para a configurao a mera violao dos princpios da Administrao Pblica, independentemente da existncia do elemento subjetivo.

    Entretanto, no julgamento do REsp 765.212/AC (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.6.2010), a Segunda Turma modificou o seu entendimento para o mesmo sentido da orientao da Primeira Turma, a fim de afastar a possibilidade de responsabilidade objetiva para a configurao de ato de improbidade administrativa.

    Nesta oportunidade, em sede de voto vista, apresentei os seguintes argumentos:

    "a) Da imprescindibilidade do elemento subjetivo: impossibilidade de responsabilizao

    objetiva ou por simples voluntariedade.

    Diz o art. 11 da Lei n. 8.429/92:

    Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princpios da administrao pblica qualquer ao ou omisso que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade s instituies, e notadamente:I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competncia;II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofcio;III - revelar fato ou circunstncia de que tem cincia em razo das atribuies e que deva permanecer em segredo;IV - negar publicidade aos atos oficiais;V - frustrar a licitude de concurso pblico;VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a faz-lo;VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgao oficial, teor de medida poltica ou econmica capaz de

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    afetar o preo de mercadoria, bem ou servio.

    A dvida que surge da leitura do dispositivo a seguinte: estaria a incidncia do art. 11 da Lei n. 8.429/92 condicionada presena de algum elemento subjetivo (dolo e/ou culpa)?

    A meu juzo, a resposta de tal pergunta passa pela anlise prvia de um ponto nodal, qual seja, a unicidade com que se deve tratar o direito sancionador.

    A caracterstica bsica de um sistema normativo ideal a adequao valorativa de suas normas, que lhe proporciona ordem (Claus-Wilhelm Canaris, Pensamento sistemtico e conceito de sistema , 2002). Dois so os valores resguardados pela adequao valorativa: a justia e a segurana jurdica. Isto porque a adequao valorativa uma garantia de universalizao, uma concretizao do princpio da igualdade. Resguarda tambm a segurana jurdica (sob todas as perspectivas: determinabilidade, previsibilidade, estabilidade e continuidade), na medida em que permite que administrados e administradores ordenem suas condutas de acordo com a regncia desse sistema.

    Pois bem. H uma realidade inegvel no ordenamento jurdico brasileiro, por cima da qual no podemos passar: existe um microssistema de proteo moralidade administrativa, iniciado j antes da promulgao da Constituio da Repblica de 1988 e por ela perpetuado e reforado. Esse microssistema formado basicamente pelas Leis n. 4.717/65 (Lei de Ao Popular - LAP), 7.347/85 (Lei de Ao Civil Pblica - LACP), pela Constituio da Repblica de 1988 (CR/88) e 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa - LIA).

    Esse microssistema normativo traz sanes de especial gravidade para os agentes pblicos que eventualmente incidirem nas condutas tipificadas em suas prescries. Em razo dessa peculiaridade, penso que h uma aproximao inegvel deste conjunto de normas com o Direito Penal, formando o que se denomina usualmente de direito administrativo sancionador.

    No estou dizendo aqui, entenda-se bem, que todas as regras e os princpios atinentes ao Direito Penal possam ser aplicados, sem qualquer tempero, s aes constitucionais de proteo moralidade. No isso. Esse entendimento, inclusive, fortemente combatido pela doutrina administrativista, que defende a separao das esferas cvel, administrativa e penal.

    As sanes da Lei de Ao Popular, da Lei de Ao Civil Pblica e da Lei de Improbidade Administrativa no tm carter penal, mas formam o arcabouo do direito administrativo sancionador, de cunho eminentemente punitivo , fato que autoriza trazermos baila a lgica do Direito Penal, ainda que com granus salis . razovel pensar, pois, que pelo menos os princpios relacionados a direitos fundamentais que informem o Direito Penal devam, igualmente, informar a aplicao de outras leis de cunho sancionatrio.

    Sobre o ponto, ganha relevncia a transcrio literal das lies de Fbio Medina Osrio:

    "O certo que vigora, fortemente, a idia de que o Estado possui um nico e unitrio poder punitivo, que estaria submerso em normas de direito pblico. Essa caracterizao terica do poder punitivo estatal tem mltiplas conseqncias,e , paradoxalmente, parcela das situaes que lhe servem de premissa so extremamente problemticas. A mais importante e fundamental conseqncia da suposta unidade do ius puniendi do Estado a aplicao de princpios comuns ao Direito Penal e ao Direito Administrativo Sancionador, reforando-se, nesse passo as garantias individuais. (...) Prova dessa inegvel realidade seria o fato de que o legislador ostenta amplos poderes discricionrios na administrativizao de ilcitos penais ou na penalizao de ilcitos administrativos. Pode um ilcito hoje ser penal e no dia seguinte amanhecer administrativo ou vice-versa. No h um critrio qualitativo a separar esses ilcitos e tampouco um critrio rigorosamente quantitativo, porque algumas sanes administrativas so mais severas do que as sanes penais. Pode haver, claro,

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    tendncias, em termos de poltica do Direito Punitivo. Isto no significa que haja espaos demarcados por critrios qualitativos, salvo em raras e excepcionais situaes contempladas nas Cartas Constitucionais, onde se torna possvel discriminar situaes obrigatrias tipificao penal, ou, ao revs, de tipificao penal interditada." (Fbio Medina Osrio, Direito administrativo sancionador , 2005, p. 120 e 124, com destaques acrescentados)

    H mais: esses princpios acauteladores de direitos fundamentais so, eles prprios, garantias fundamentais e, assim, tornam-se aplicveis a todos os indivduos, em qualquer esfera em que se encontrem (seja penal, seja cvel, seja administrativa).

    A Primeira Turma desta Corte Superior j teve a oportunidade de se manifestar sobre tal aproximao entre Direito Penal e Direito Administrativo. Veja-se a ementa abaixo:

    PROCESSUAL CIVIL. AO DE IMPROBIDADE. TIPICIDADE DA CONDUTA. APLICAO DA PENA. INVIABILIDADE DA SIMPLES DISPENSA DA SANO.1. Reconhecida a ocorrncia de fato que tipifica improbidade administrativa, cumpre ao juiz aplicar a correspondente sano. Para tal efeito, no est obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previstas no art. 12 da Lei 8.429/92, podendo, mediante adequada fundamentao, fix-las e dos-las segundo a natureza, a gravidade e as conseqncias da infrao, individualizando-as, se for o caso, sob os princpios do direito penal. O que no se compatibiliza com o direito simplesmente dispensar a aplicao da pena em caso de reconhecida ocorrncia da infrao.2. Recurso especial provido para o efeito de anular o acrdo recorrido. (REsp 513.576/MG, Rel. Min. Francisco Falco, Primeira Turma, DJU 6.3.2006 - destaque acrescentado)

    No diferente a opinio de Mauro Roberto Gomes de Mattos, para quem "o caput do art. 11 bem amplo e perigoso, pois como norma punitiva que estipula graves sanes, com conotaes penais, no se afigura como razovel deixar a cargo do subjetivismo do Poder Judicirio a aplicao da norma, sob pena do seu prprio esvaziamento" (Improbidade administrativa e atos judiciais , Revista Frum Administrativo n. 10, 2002, p. 1.291, com destaques nossos).

    O que se exps at aqui no meramente formal, como pode ter parecido no incio deste tpico, quando se fez aluso questo do sistema. Ao contrrio, esse entendimento guarda fundamento na lgica da relevncia dos bens protegidos pela ordem jurdica os quais, como j exposto, so verdadeiros direitos fundamentais (entre eles os direitos polticos, por exemplo) , passveis de serem restringidos como forma de sano por uma conduta ofensiva a outros valores importantes (legalidade, moralidade, imparcialidade etc.).

    De acordo com essa linha de argumentao, um princpio norteador do Direito Penal que, em minha opinio, deve ter plena aplicao no campo do Direito Administrativo sancionador o princpio da culpabilidade, segundo o qual a punio de qualquer pessoa depende da atuao com dolo ou culpa. Na esteira dos ensinamentos de Luiz Regis Prado, "[c]ostuma-se incluir no postulado da culpabilidade em sentido amplo o princpio da responsabilidade penal subjetiva ou da imputao subjetiva como parte de seu contedo material em nvel de pressuposto da pena. Neste ltimo sentido, refere-se impossibilidade de se responsabilizar criminalmente por uma ao ou omisso quem tenha atuado sem dolo ou culpa (no h delito ou pena sem dolo ou culpa - arts. 18 e 19, CP)" (Curso de Direito Penal , v. 1, 2008, p. 135).

    Sobre o ponto, importante citar o que sustenta Emerson Garcia (Improbidade Administrativa , 2008, p. 266/267):Documento: 985993 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 30/06/2010 Pgina 9 de 17

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    "No direito moderno, assume ares de dogma a concepo de que no admissvel a imputatio juris de um resultado danoso sem um fator de ligao psquica que a ele vincule o agente.Ressalvados os casos em que a responsabilidade objetiva esteja expressamente no ordenamento jurdico, insuficiente a mera demonstrao do vnculo causal objetivo entre a conduta do agente e o resultado lesivo. Inexistindo vnculo subjetivo unindo o agente conduta, e esta ao resultado, no ser possvel demonstrar "o menosprezo ou descaso pela ordem jurdica e, portanto, a censurabilidade que justifica a punio (malum passionis ob malum actionis )."

    Essa necessidade de tratamento unitrio do direito punitivo e as conseqncias que da advm j seriam suficientes para rechaar a tese segundo a qual a norma do art. 11 da Lei n. 8.429/92 traz hiptese de responsabilidade objetiva. No entanto, creio que h uma linha terica a mais, ainda no muito bem explorada doutrinria e jurisprudencialmente.

    Note-se: quando se prestigia a inexigibilidade de elemento subjetivo (dolo ou culpa) para os casos do art. 11 da Lei n. 8.429/92, h atrao inarredvel da lgica do Direito Civil para a situao. Explico.

    que, salvo raras excees (tal como no art. 14, 1, da Lei n. 6.938/81 - obrigao de indenizar e de reparar o dano do poluidor-pagador), somente no mbito do Direito Civil h o reconhecimento da responsabilizao objetiva, nos termos dos arts. 37, 6, da CR/88 (para a esfera pblica) e 927, p. n., do Cdigo Civil vigente (para a esfera privada), entre tantos outros artigos. Ocorre que o foco desse ramo do Direito no a punio do ato ilcito, mas a indenizao pelos danos dele advindos (seja a ttulo patrimonial, moral ou esttico) - inclusive, esse tambm o foco do art. 14, 1, da Lei n. 6.938/81. E, mesmo assim, a responsabilidade civil subjetiva (que exige dolo ou culpa) ainda regra...

    Ora, a sistemtica indenizatria em nada se assemelha sistemtica punitiva do microssistema de proteo moralidade administrativa. O ilcito civil o de gradao mais branda entre os trs tipos possveis (penal, civil e administrativo).

    regra de boa hermenutica que a aplicao das normas de Direito Civil s poderia se dar no caso concreto se nele houvesse a mesma ratio iuris , mas no h. Repisando o que sustentei antes: o objetivo da LAP, da LACP e da LIA e tambm a gravidade das sanes impostas em razo dos atos de improbidade administrativa no autorizam a sistematizao desse microssistema com a lgica do Direito Civil.

    Em relao a esse argumento em especfico, poder-se-ia sustentar que o art. 11 da Lei n. 4.717/65 (LAP), por exemplo, impe apenas a penalidade pecuniria, que no to grave e em muito se assemelha indenizao cvel. No possvel, contudo, trabalharmos esse microssistema pensando nos casos de menor gravidade da sano, porque, se assim for, no seremos capazes de universalizar uma deciso sobre o art. 11 da Lei n. 4.717/65 para as hipteses de incidncia do art. 11 da Lei n. 8.429/92 (do qual pode resultar perda de direitos polticos).

    Ento, pedindo vnias aos entendimentos contrrios - que vm sendo majoritrios nessa Turma, como se observa da leitura do REsp 737.279/PR, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 21.5.2008 e do REsp 915.322/MG, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, j. 23.9.2008, com pendncia de publicao -, no comungo da tese de responsabilizao objetiva.

    (...)

    b) Da necessidade de dolo: insuficincia da culpa.

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    Afastadas a responsabilizao objetiva e a suficincia da voluntariedade, passarei a analisar se a incidncia do art. 11 da Lei n. 8.429/92 exige a comprovao de culpa, de dolo ou de ambos.

    No ponto, remeto-me leitura do art. 10, caput , da Lei de Improbidade Administrativa:

    "Constitui ato de improbidade administrativa que causa leso ao errio qualquer ao ou omisso, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriao, malbaratamento ou dilapidao dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1 desta lei, e notadamente: [...]"

    Uma comparao entre a redao do art. 10, caput , e os arts. 9, caput , e 11, caput , poderia levar o intrprete a trs concluses: (i) ou o silncio verificado nestes ltimos dispositivos equivale consagrao da responsabilidade objetiva na esfera da improbidade administrativa, (ii) ou suficiente a culpa, (iii) ou a tcnica de elaborao da Lei de Improbidade Administrativa muito parecida com a tcnica de elaborao do Cdigo Penal (CP), no qual "[s]alvo os casos expressos em lei, ningum pode ser punido por fato previsto como crime, seno quando o pratica dolosamente" (art. 18, p. n., do CP).

    A concluso (i) j foi refutada no item anterior, motivo pelo qual enfrentarei apenas as concluses (ii) e (iii).

    Para refutar a necessidade de mera culpa, invoco, desde j, uma feliz colocao do Ministro Garcia Vieira, para quem "[a] lei alcana o administrador desonesto, no o inbil" (REsp 213.994/MG, Rel. Min. Garcia Vieira, Segunda Turma, DJU 27.9.1999).

    Inicialmente, destaco, ainda que sob pena de exausto, que a natureza das sanes impostas em razo de enriquecimento ilcito ou de atentado aos princpios administrativos no comportaria a punio a ttulo de culpa.

    Se por negligncia, imprudncia ou impercia, os administradores violam os deveres de legalidade, honestidade, imparcialidade e lealdade s instituies (que o substrato ftico que autoriza a incidncia do art. 11 da Lei n. 8.429/92), por mais desaconselhvel que isso seja, haver irregularidade administrativa (e no improbidade), que tambm uma infrao, merecendo sano por outras esferas de controle, tais como a de responsabilizao fiscal, a dos processos administrativos disciplinares, a da fiscalizao dos Tribunais de Contas e os demais mecanismos de controle interno da Administrao Pblica, sem embargos do no menos eficiente controle exercido pelos novis Conselhos Nacionais de Justia e do Ministrio Pblico.

    Note-se: essas irregularidades no podem ser entendidas como um "diminutivo" dos atos de improbidade - ensejando tratamentos pejorativos, tais como "meras" irregularidades - e elas merecem combate via controles interno e externo da Administrao Pblica, mas no atraem a aplicao de sanes da ordem das expressas na LIA.

    No se trata de ser por demais permissivo, e sim de compreender o esprito das normas que resguardam a probidade administrativa. Nesse sentido, aproveito as lies de Juarez Freitas acerca dos arts. 9 e 11 da LIA: "[p]ara mim, para que haja improbidade administrativa, em qualquer uma das trs espcies, h dois requisitos fundamentais. [...] O juiz precisa, simplesmente, de um princpio constitucional importantssimo chamado 'princpio da sensatez'. [...] Ento, o primeiro pressuposto que, com bom senso, se examine o seguinte: h grave violao do senso mdio superior de moralidade da comunidade? [...] a primeira e mais grave pergunta para que haja uma improbidade administrativa, dada a gravidade das sanes em relao s trs espcies. [...] E o segundo requisito, inequvoca inteno desonesta. [...] A mera irregularidade, a mera ilegalidade, para mim insuficiente para condenar algum por improbidade administrativa" (Ao civil pblica Improbidade administrativa , Boletim de Direito Administrativo n. 5, 2005, p. 543/544).

    Por eliminao, sobra como vivel a concluso (iii) acima enunciada, pela qual o

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    legislador redigiu a Lei de Improbidade Administrativa nos mesmos moldes em que se redigem os tipos penais. Nesse caso, ento, na ausncia de meno expressa ao elemento subjetivo "culpa", os arts. 9 e 11 s incidiro na presena de dolo.

    Registre-se, ainda, mais um ponto. Nas palavras do Sr. Senador Pedro Simon - relator do Parecer n. 484/91, que foi favorvel ao acrscimo do atual art. 11 no Projeto de Lei n. 1.446/91, da Cmara dos Deputados -, "[e]timologicamente, o vocbulo probo vem do latim probus, significando honesto, reto, leal ou justo. [...] Improbidade , portanto, a conduta inversa, ou seja, aquela que viola a obrigao de honestidade, lealdade ou retido no trato dos assuntos" (Dirio do Congresso Nacional, 22.11.1991, p. 8.159).

    Ora, seria acaso imaginvel que algum pudesse ser desleal ou desonesto sem querer? possvel ser mprobo a ttulo de culpa? A resposta s pode ser negativa, pois os conceitos de probidade e improbidade exigem necessariamente o querer, o agir com vontade."

    Assim, o Superior Tribunal de Justia pacificou o entendimento no sentido de que para a configurao do ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92, necessria a presena de conduta dolosa, no sendo admitida a atribuio de responsabilidade objetiva em sede de improbidade administrativa. Ademais, tambm restou consolidada a orientao de que somente a modalidade dolosa comum a todos os tipos de improbidade administrativa, especificamente os atos que importem enriquecimento ilcito (art. 9), causem prejuzo ao errio (art. 10) e atentem contra os princpios da administrao pblica (art. 11), e que a modalidade culposa somente incide por ato que cause leso ao errio (art. 10 da LIA).

    Sobre o tema, os seguintes precedentes desta Corte Superior:

    "PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LEI 8.429/92. RESSARCIMENTO DE DANO ERRIO. IMPRESCRITIBILIDADE. CONTRATAO DE SERVIDORES SEM CONCURSO PBLICO. AUSNCIA DE DANO AO ERRIO E DE M-F (DOLO). APLICAO DAS PENALIDADES. PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE. DIVERGNCIA INDEMONSTRADA.1. O carter sancionador da Lei 8.429/92 aplicvel aos agentes pblicos que, por ao ou omisso, violem os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, lealdade s instituies e notadamente: a) importem em enriquecimento ilcito (art. 9); b) causem prejuzo ao errio pblico (art. 10); c) atentem contra os princpios da Administrao Pblica (art. 11) compreendida nesse tpico a leso moralidade administrativa.2. A exegese das regras insertas no art. 11 da Lei 8.429/92, considerada a gravidade das sanes e restries impostas ao agente pblico, deve se realizada cum granu salis, mxime porque uma interpretao ampliativa poder acoimar de mprobas condutas meramente irregulares, suscetveis de correo administrativa, posto ausente a m-f do administrador pblico, preservada a moralidade administrativa e, a fortiori, ir alm de que o legislador pretendeu.3. A m-f, consoante cedio, premissa do ato ilegal e mprobo e a ilegalidade s adquire o status de improbidade quando a conduta antijurdica fere os princpios constitucionais da Administrao Pblica coadjuvados pela m-inteno do administrador. 4. luz de abalizada doutrina: "A probidade administrativa uma forma de moralidade administrativa que mereceu considerao especial da Constituio, que

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    pune o mprobo com a suspenso de direitos polticos (art. 37, 4). A probidade administrativa consiste no dever de o "funcionrio servir a Administrao com honestidade, procedendo no exerccio das suas funes, sem aproveitar os poderesou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer". O desrespeito a esse dever que caracteriza a improbidade administrativa. Cuida-se de uma imoralidade administrativa qualificada. A improbidade administrativa uma imoralidade qualificada pelo dano ao errio e correspondente vantagem ao mprobo ou a outrem(...)." in Jos Afonso da Silva,Curso de Direito Constitucional Positivo, 24 ed., So Paulo, Malheiros Editores, 2005, p-669. 5. O elemento subjetivo essencial caracterizao da improbidade administrativa, in casu, inexistente, por isso que a ausncia de dano ao patrimnio pblico e de enriquecimento ilcito dos demandados, tendo em vista a efetiva prestao dos servios, consoante assentado pelo Tribunal local luz do contexto ftico encartado nos autos, revelam a desproporcionalidade da sano imposta parte, ora recorrente, mxime porque no restou assentada a m-f do agente pblico, ora Recorrente, consoante se conclui do voto condutor do acrdo recorrido: "Baliza-se o presente recurso no exame da condenao do Apelante em primeiro grau por ato de improbidade, em razo da contrao de servidores sem a realizao de concurso pblico. Com efeito, a tese do Apelante est adstrita ao fato de que os atos praticados no o foram com dolo ou culpa grave, mas apenas decorreram da inabilidade do mesmo, alm de no terem causado prejuzo ao errio (..)"(...)11. Ademais, a adoo do novel entendimento desta Corte, no sentido da imprescritibilidade da pretenso de ressarcimento ao errio, conduz ao desprovimento da pretenso recursal quanto ocorrncia da prescrio para a propositura da ao ab origine.12. A admisso do Recurso Especial pela alnea "c" exige a comprovao do dissdio na forma prevista pelo RISTJ, com a demonstrao das circunstncias que assemelham os casos confrontados, no bastando, para tanto, a simples transcrio das ementas dos paradigmas.Precedente desta Corte: AgRg nos EREsp 554.402/RS, CORTE ESPECIAL, DJ 01.08.2006.13. Recurso Especial provido."(REsp 909.446/RN, 1 Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 22.4.2010)

    "ADMINISTRATIVO. AO DE IMPROBIDADE. LEI 8.429/92. ATRASO NOPAGAMENTO DE PRECATRIO. AUSNCIA DE ELEMENTO SUBJETIVO DA CONDUTA. INEXISTNCIA DE IMPROBIDADE. PRECEDENTE.1. A improbidade ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudncia dominante no STJ considera indispensvel, para a caracterizao de improbidade, que a conduta do agente seja dolosa, para a tipificao descrita nos artigos 9 e 11 da Lei 8.429/92, ou pelo menos culposa, na do artigo 10 (v.g.: REsp 734.984/SP, 1 T., Min. Luiz Fux, DJe de 16.06.2008; AgRg no REsp 479.812/SP, 2 T., Min. Humberto Martins, DJ de 14.08.2007; REsp 842.428/ES, 2 T., Min. Eliana Calmon, DJ de 21.05.2007; REsp 841.421/MA, 1 T., Min. Luiz Fux, DJ de 04.10.2007; REsp 658.415/RS, 2 T., Min. Eliana Calmon, DJ de 03.08.2006; REsp 626.034/RS, 2 T., Min.Joo Otvio de Noronha, DJ de 05.06.2006; REsp 604.151/RS, Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 08.06.2006).2. Com esse entendimento, est assentado, em precedente da 1 Turma, que "o inadimplemento do pagamento de precatrios, por si s, no enseja ao de

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    improbidade administrativa, salvo se houver desvirtuamento doloso do comando constitucional nesse sentido" (AgRg no AG 1.122.211, Min. Luiz Fux, DJe de 15/10/09).3. Recurso especial provido."(REsp 1.107.840/PR, 1 Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 13.4.2010)

    "DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. TERMOS DE ADITAMENTO AO CONTRATO DE PRESTAO DE SERVIOS. SUPOSTA ILEGALIDADE. AUSNCIA DE ELEMENTO SUBJETIVO NECESSRIO CONFIGURAO DO ATO DE IMPROBIDADE. TIPICIDADE DAS CONDUTAS MPROBAS.1. Ao civil pblica intentada por Ministrio Pblico Estadual com o intuito de obter reparao de prejuzos causados ao errio por supostos atos de improbidade administrativa, que teriam decorrido da assinatura de termos de aditamentos relacionados ao contrato administrativo 10/LIMPURB/95, em possvel desacordo com as disposies da Lei 8.666/93.disposies da Lei 8.666/93.2. Aponta-se as seguintes ilegalidades: (i) alterao de valores contratuais estimativos, em desacordo com o limite de 25% previsto no artigo 65, 1; (ii) modificao dos prazos de pagamento previstos no edital (segundo termo de aditamento); (iii) incluso de servios da mesma natureza dos j contratados, mas no constantes do contrato originrio; (iv) pagamento por servios supostamente no prestados.3. Acrdo recorrido que, com base exclusivamente na constatao da ilegalidade dos termos de aditamento, imputou aos rus a conduta culposa prevista no artigo 10 da Lei 8.429/92, bem como determinou a aplicao das penas previstas no artigo 12 da mesma lei. 4. Para que se configure a conduta de improbidade administrativa necessria a perquirio do elemento volitivo do agente pblico e de terceiros (dolo ou culpa), no sendo suficiente, para tanto, a irregularidade ou a ilegalidade do ato. Isso porque no se pode confundir ilegalidade com improbidade. A improbidade ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente." (REsp n. 827.445-SP, relator para acrdo Ministro Teori Zavascki, DJE 8/3/2010).5. No caso concreto, o acrdo recorrido, ao concluir que os desvios dos ditames da Lei 8.666/93, por si s, seriam suficientes para a subsuno automtica das condutas dos demandados aos tipos previstos na Lei de Improbidade, no se desincumbiu de aferir a culpa ou dolo dos agentes pblicos e terceiros, que so elementos subjetivos necessrios configurao da conduta de improbidade.6. Ademais, observa-se que, na hiptese, a aplicao da Lei de Improbidade encontra-se dissociada dos necessrios elementos de concreo, na medida em que sobejam dos autos pareceres do Tribunal de Contas Municipal, bem como diversos pronunciamentos tcnicos provenientes de vrios rgos especializados da administrao, todos convergentes quanto possibilidade de assinatura dos termos de aditamento e baseados em interpretao razovel de dispositivos legais.7. Imputar a conduta mproba a agentes pblicos e terceiros que atuam respaldados por recomendaes de ordem tcnica provenientes de rgos especializados, sobre as quais no houve alegao, tampouco comprovao, de inidoneidade ou de que teriam sido realizadas com intuito direcionado leso da administrao pblica, no parece se coadunar com os ditames da razoabilidade, de sorte que seria mais lgico, razovel e proporcional considerar como atos de improbidade aqueles que fossem eventualmente praticados em contrariedade s recomendaes advindas da

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    prpria administrao pblica.8. A jurisprudncia desta Corte j se manifestou no sentido de que se faz necessria a comprovao dos elementos subjetivos para que se repute uma conduta como mproba (dolo, nos casos dos artigos 11 e 9 e, ao menos, culpa, nos casos do artigo 10), afastando-se a possibilidade de punio com base to somente na atuao do mal administrador ou em supostas contrariedades aos ditames legais referentes licitao, visto que nosso ordenamento jurdico no admite a responsabilizao objetiva dos agentes pblicos.9. Recursos especiais parcialmente conhecidos e, nessa extenso, providos, para julgar-se improcedentes os pedidos iniciais, nos termos da fundamentao do voto, considerando-se prejudicados os demais temas discutidos nos autos."(REsp 997.564/SP, 1 Turma, Rel. Min. Benedito Gonalves, DJe de 25.3.2010)

    "PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ALEGADA AFRONTA AO ART. 535 E 458 DO CPC. INOCORRNCIA. CONFIGURAO DO ATO DE IMPROBIDADE DO ART. 10, INCISO X, SEGUNDA PARTE, DA LEI 8.429/92. POSSIBILIDADE DE ELEMENTO SUBJETIVO DA CULPA NAS CONDUTAS DO ART. 10. DEMONSTRAO DO ELEMENTO SUBJETIVO CULPOSO E PREJUZO AO ERRIO PRESENTES NO ACRDO A QUO. RECURSO PROVIDO.1. O aresto recorrido no est eivado de omisso nem de contradio, pois resolveu a matria de direito valendo-se de elementos que julgou aplicveis e suficientes para a soluo da lide, havendo, na verdade, mero inconformismo em relao aos fundamentos da deciso. 2. A alegao de ofensa aos artigos 1, 5 e 10, inciso X, da Lei 8.429/92 merece acolhida, pois o acrdo recorrido deixou assente a existncia de dano ao errio por responsabilidade do prefeito municipal, poca ordenador de despesas, configurando-se ato de improbidade administrativa.3. A deciso recorrida reconheceu claramente a responsabilidade do ex-prefeito - Nelson Jorge Maia quanto realizao de obras ineficazes para soluo do acmulo e proliferao de substncia conhecida por necrochorume que traz srios e graves riscos sade e segurana da populao, causando efetivamente leso ao errio do municpio de Passos/MG.4. Doutrina e jurisprudncia ptrias afirmam que os tipos previstos no art. 10 e incisos (improbidade por leso ao errio pblico) prevem a realizao de ato de improbidade administrativa por ao ou omisso, dolosa ou culposa. Portanto, h previso expressa da modalidade culposa no referido dispositivo, no obstante asacirradas crticas encetadas por parte da doutrina.5. Restou demonstrada na fundamentao do acrdo atacado a existncia do elemento subjetivo da culpa do ex-prefeito bem como o prejuzo que a negligncia causou ao errio, caracterizando-se, por isso mesmo, a tipicidade de conduta prevista no art. 10, inc. X, segunda parte, da Lei 8.429/92.6. Recurso especial provido para restabelecer a condenao do ex-prefeito do municpio de Passos/MG - Nelson Jorge Maia ao ressarcimento integral do dano, atualizado monetariamente pelos ndices legais acrescido de juros de mora na taxa legal, nos termos do art. 12, inc. II, da Lei 8.429/92.(REsp 816.193/MG, 2 Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 21.10.2009)

    "PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAO DO ART. 535, II, DO CPC. NO-CONFIGURAO. AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SMULAS 282/STF e 211/STJ. ATO DE

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    IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAO DE PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA. ART. 11 DA LEI 8.429/92. ELEMENTO SUBJETIVO. NO-COMPROVAO. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE, DESPROVIDO.1. Inexiste violao do art. 535, II, do Cdigo de Processo Civil, quando o aresto recorrido adota fundamentao suficiente para dirimir a controvrsia, sendo desnecessria a manifestao expressa sobre todos os argumentos apresentados pelos litigantes. 2. A ausncia de prequestionamento do dispositivo legal tido como violado torna inadmissvel o recurso especial. Incidncia das Smulas 282/STF e 211/STJ.3. Na hiptese dos autos, o Ministrio Pblico do Estado de Minas Gerais ajuizou ao civil pblica por ato de improbidade administrativa contra o prefeito do Municpio de Ponte Nova/MG e Secretrios Municipais, em face de supostas irregularidades ocorridas em licitao para a locao de mquinas e veculos.4. O entendimento majoritrio desta Corte Superior no sentido de que a configurao de ato de improbidade administrativa exige, necessariamente, a presena do elemento subjetivo, inexistindo a possibilidade da atribuio da responsabilidade objetiva na esfera da Lei 8.429/92.5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido."(REsp 891.408/MG, 1 Turma, Rel. Min. Denise Arruda, DJe de 11.02.2009)

    "ADMINISTRATIVO AO CIVIL PBLICA ATO DE IMPROBIDADE CONTRATAO SEM LICITAO AUSNCIA DE JUSTIFICATIVA DE PREO.1. O tipo do artigo 11 da Lei 8.429/92, para configurar-se como ato de improbidade, exige conduta comissiva ou omissiva dolosa, no havendo espao para a responsabilidade objetiva. 2. Atipicidade de conduta por ausncia de dolo.3. Recurso especial improvido."(REsp 658.415/MG, 2 Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 3.8.2006)

    No mesmo sentido, as decises monocrticas dos demais integrantes da Primeira Seo: Ag 1.272.677/RS, Rel. Herman Benjamin, DJe de 7.5.2010; REsp 1.176.642/PR, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Dje de 29.3.2010; Resp 1.183921/MS, Rel. Min. Humberto Martins, Dje de 19.3.2010.

    Portanto, atualmente, no existe divergncia entre as Turmas de Direito Pblico desta Corte Superior sobre o tema, o que atra a incidncia da Smula 168/STJ: Portanto, no h falar em divergncia entre as Turmas de Direito Pblico desta Corte Superior sobre o tema, o que atra a incidncia da Smula 168/STJ: "No cabem embargos de divergncia, quando a jurisprudncia do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acrdo embargado" .

    Ante o exposto, os embargos de divergncia no merecem ser conhecidos. o voto.

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    CERTIDO DE JULGAMENTOPRIMEIRA SEO

    Nmero Registro: 2009/0242997-0 EREsp 875.163 / RS

    Nmeros Origem: 106120166 200501746236 200601719017 70007880198 70011435633

    PAUTA: 23/06/2010 JULGADO: 23/06/2010

    RelatorExmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES

    Presidente da SessoExmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI

    Subprocurador-Geral da RepblicaExmo. Sr. Dr. WALLACE DE OLIVEIRA BASTOS

    SecretriaBela. Carolina Vras

    AUTUAO

    EMBARGANTE : ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPROCURADOR : CRISTIAN PRADO E OUTRO(S)EMBARGADO : ROMULO PONTICELLI GIORGI JRADVOGADO : GRASIELA DE SOUZA THOMSEN

    ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATRIAS DE DIREITO PBLICO - Atos Administrativos - Improbidade Administrativa

    CERTIDO

    Certifico que a egrgia PRIMEIRA SEO, ao apreciar o processo em epgrafe na sesso realizada nesta data, proferiu a seguinte deciso:

    "A Seo, por unanimidade, no conheceu dos embargos, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator."

    Os Srs. Ministros Benedito Gonalves, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon, Luiz Fux, Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Braslia, 23 de junho de 2010

    Carolina VrasSecretria

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