Ergonomia - Cadeira

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Captulo 5 - Antropometria: aplicaes

Postura inclinada

Postura ereta

Figura 5.7 O espao para os ps facilita a postura ereta.

Com espao para os ps

/ 5.5 O problema do assento o assento provavelmente, uma das invenes que mais contribuiu para modificaro comportamento humano. Na vida moderna, muitas pessoas chegam a passar mais de 20 horas por dia nas posies sentada e deitada. Diz-se at que a espcie humana, horrw sapiens, j deixou de ser um animal ereto, horrw erectus, para se transformar no animal sentado, horrw sedens. Da deriva-se o termo sedentrio, que significa sentado. X O problema do assento tem despertado grande interesse entre os pesquisadores em ergonomia. Anlises sobre posturas so encontradas desde 1743, quando o "pai" dos ortopedistas, fez diversas recomendaes para corrigir ms posturas, sua obra Orthopedia. Essas ms posturas causam fadiga, dores lombares e que, se no forem corrigidas, podem provocar anormalidade permanente da coluna. H diversas vantagens em trabalhar na posio sentada: Consome menos energia, em relao posio em p e reduz a fadiga; Reduz a presso mecnica sobre os membros inferiores; Reduz a presso hidrosttica da circulao nas extremidades e alivia o do corao; Facilita manter um ponto de referncia para o trabalho (na posio de p, corpo fica oscilando); e Permite o uso simultneo dos ps (pedais) e mos. A desvantagem o aumento da presso sobre as ndegas e a restrio dos ces. Um assento mal projetado pode provocar estrangulamento da circulao nea nas coxas e pernas. Outras informaes sobre a postura sentada so das na seo 6.3.

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Captulo 5 - Antropometria: aplicaes

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Postura inclinada

Postura ereta

Figura 5.7 O espao para os ps facilita a postura ereta.

Sem espao para os ps

5.5 O problema do assento

o assento provavelmente, uma das invenes que mais contribuiu para modificaro comportamento humano. Na vida moderna, muitas pessoas chegam a passar mais de 20 horas por dia nas posies sentada e deitada. Diz-se at que a espcie h,11rn."n'l homo sapiens, j deixou de ser um animal ereto, homo erectus, para se no animal sentado, homo sedens. Da deriva-se o termo sedentrio, que sentado. X

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O problema do assento tem despertado grande interesse entre os em ergonomia. Anlises sobre posturas so encontradas desde 1743, quando o "pai" dos ortopedistas, fez diversas recomendaes para corrigir ms posturas, sua obra Orthopedia. Essas ms posturas causam fadiga, dores lombares e crult>faS que, se no forem corrigidas, podem provocar anormalidade permanente da,",VJllli''''''

H diversas vantagens em trabalhar na posio sentada: Consome menos energia, em relao posio em p e reduz a fadiga; Reduz a presso mecnica sobre os membros inferiores; Reduz a presso hidrosttica da circulao nas extremidades e alivia o do corao; Facilita manter um ponto de referncia para o trabalho (na posio de p, corpo fica oscilando); e Permite o uso simultneo dos ps (pedais) e mos. A desvantagem o aumento da presso sobre as ndegas e a restrio dos ces. Um assento mal projetado pode provocar estrangulamento da circulao nea nas coxas e pernas. Outras informaes sobre a postura sentada so das na seo 6.3.

5.5 - O problema do assento

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Suporte para o peso do corpoNa posio sentada, todo o peso do tronco, acima da bacia, transferido para o assento, aliviando a presso sobre os membros inferiores. O corpo entra em contato com o assento praticamente s atravs de sua estrutura ssea. Esse contato feito por dois ossos de forma arredondada, situados na bacia (Figura 5.8) chamadas de tuberosidades isquiticas, que se assemelham a uma pirmide invertida, quando vistos de perfil com duas protuberncias que distam, entre si, de 7 a 12 em. Essas tuberosidades so cobertas apenas por uma fina camada de tecido muscular e ,uma pele grossa, adequada para suportar grandes presses. Em apenas 25 cm2 de superfcie da pele sob essas tuberosidades concentram-se 75% do peso total do corpo sentado. "''l

At recentemente, costumava-se recomendar estofamento duro, pois mais adequado para suportar o peso do corpo. Os estofamentos muito macios no proporcionam um bom suporte porque no permitem um equihbrio adequado do corpo. Por outro lado, o estofamento muito duro provoca concentrao da presso na regio da tuberosidades isquiticas, gerando fadiga e dores na regio das ndegas (Figura 5.9). Porm, uma situao intermediria, com uma leve camada de estofamento mostrouse benfica, reduzindo a presso mxima em cerca de 400% e aumentando a rea de contato de 900 para 1 050 cm2, sem prejudicar a postura. Esse estofamento deve ser montado sobre uma base rgida, para suportar o peso do corpo. Portanto, um estofamento pouco espesso, de 2 a 3 em, colocado sobre uma base rgida, que no se afunde com o peso do corpo, ajuda a distribuir a presso e proporciona maior estabilidade ao corpo, contribuindo para reduo do desconforto e da fadiga. Contudo, o aumento desse estofamento no melhora o conforto. Ao contrrio, pode prejudic-lo. O material usado para revestir o assento deve ter caracterstica anti-derrapante e ter capacidade de dissipar o calor e suor gerados pelo corpo, no sendo recomendados, por conseguinte, plsticos lisos e impermeveis.

Figura 5.8

Vista frontal

Vista lateral

Estrutura ssea da bacia, mostrando as tuberosidades isquiticas, responsveis pelo suporte do peso corporal, na posio sentada.

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Captulo 5 -

Antropometria: aplicaesLinhas de presso (N / cm 2 )

Perfil das ndegas

3 1

O

O

1

10Assento duro Assento macio

Assento duro

Assento macio

Figura 5.9

Distribuio de presses sobre o assento, com estofamento duro e estofamento macio (Oborne, 1982).

Conforto no assentoConforto uma sensao subjetiva produzida quando no h nenhuma presso localizada sobre o corpo. mais fcil falar em ausncia de desconforto, pois este pode ser avaliado. O desconforto medido de forma indireta, por exemplo, pedindo-se para uma pessoa preencher o "mapa" corporal das zonas de desconforto (Figura 6.8). Pode-se tambm registrar a freqncia das mudanas de posturas. As freqncias elevadas evidenciam o desconforto. O conforto no assento depende de muitos fatores e muito difcil de estabelecer as caractersticas que o determinam. Em princpio, h um tipo de assento mais adequado para cada finalidade. Cada pessoa adapta-se melhor a um certo tipo de assento. Assim, o conforto influenciado por muitos fatores e preferncias individuais, at pela sua aparncia esttica (Corlett,1989). Em geral, as avaliaes de conforto podem ser realizadas aps 5 min no assento e no variam muito com as avaliaes de longa durao, de 2 a 3 horas. Alm disso, nem todas as cadeiras que seguem as normas tcnicas (ver NBR 13962 - Mveis para escritrio - cadeiras) so consideradas confortveis, pois elas estabelecem apenas alguns requisitos mnimos, que no so suficientes para assegurar o conforto (ver mais detalhes na pgina 582).

Relaxamento mximo

o fisiologista G. Lehmann (1960) fez experimentos sobre o relaxamento mximo. Ossujeitos ficavam imersos na gua, evitando-se qualquer tipo de contrao voluntria dos msculos. Obteve uma postura com a pessoa deitada com a cabea e a coluna cervical ligeiramente inclinada para frente, braos levantados a 450 do corpo, pernas ligeiramente levantadas, fazendo um ngulo de 1300 nos joelhos (Figura 5.10). Curiosamente, a NASA registrou, em 1978, uma postura semelhante para os astronautas em condies de gravidade zero (Kroener, 1994 et al.). Pode-se supor que, nesse caso, as presses exercidas sobre as juntas tambm estejam prximas de zero.

5.5 -

O problema do assento

151Figura 5.10 Semelhana entre:

(a)

(a) postura corporal de relaxamento mximo (Lehmann, 1960) e; (b) uma poltrona considerada de conforto mximo (Kroemer et ai., 1994).

Sempre que possvel, as pessoas tendem a assumir posturas desse tipo. o que acontece, por exemplo, quando se assiste TV, completamente relaxado, em casa, colocando-se os ps sobre a mesa de centro ou sobre o pufe. Ocorre tambm quando trabalhadores burocrticos inclinam o encosto da cadeira para trs e colocam os ps sobre a mesa. Entre os digitadores, observou-se que muitos preferem assurnit uma postura mais relaxada, esticando os ps para frente e inclinando o ombro sobre o encosto (ver Figura 7.17). Contudo, em ambientes normais de trabalho, esse tipo de postura no seria amplamente aceito, por urna questo de preconceito e por exigir espaos de trabalhos maiores, alm dos investimentos na reformulao dos postos de trabalho. Existem seis princpios gerais sobre os assentos, derivados de diversos estudos anatmicos, fisiolgicos e clnicos da postura sentada. Eles estabelecem tambm os principais pontos a serem considerados no projeto e seleo de assentos, como veremos a seguir.

Princpio 1: As dimenses do assento devem ser adequadas s dimenses antropomtricas do usurioNo caso, a dimenso antropomtrica crtica a altura popltea (da parte inferior da coxa sola do p), que determina a altura do assento (ver Tabela 4.5). Os assentos cujas alturas sejam superiores ou inferiores altura popltea no permitem um apoio firme das tuberosidades isquiticas a fim de transmitir o peso do corpo para o assento. Podem tambm provocar presses na parte inferior das coxas, que so anatmica e fisiologicamente inadequadas para suportar o peso do corpo. Para acomodar as diferenas individuais, a altura do assento deveria ser regulvel, entre o mnimo de 35,1 em (5% das mulheres) at o mximo de 48,0 em (95% dos homens), pelas medidas tabeladas. Contudo, pode-se acrescentar mais 3 em para a altura dos calados (38,1 a 51,0 em). A largura do assento deve ser adequada largura torcica do usurio (cerca de 40 em). A profundidade deve ser tal que a borda do assento fique pelo menos 2 em afastada, para no comprimir a parte interna da perna (Figura 5.11). A norma NBR 13962 recomenda largura de 40 em e profundidade til entre 38 a 44 em para o assento

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Captulo 5

Antropometria: aplicaes

Assento muito alto - h uma presso na parte inferior das coxas

Assento muito baixo - o corpo desliza para frente, prejudicando a estabilidade

Assento muito curto - h uma sensao de instabilidadedo

Assento muito longo - h uma presso na parte interna das

Figura 5.11 Principais problemas provocados por erros no dimensionamento de assentos (Panero e Zelnik, 2002).

Princpio 2: O assento deve permitir variaes de posturaAs freqentes variaes de postura servem para aliviar as presses sobre os discos vertebrais e as tenses dos msculos dorsais de sustentao, reduzindo-se a fadiga. Grandjean e Htinger (1977) observaram 378 pessoas trabalhando em um escritrio e constataram que em apenas 33% dos casos as pessoas mantm a postura ereta, ocupando toda a rea do assento (Figura 5.12). No resto do tempo, as pessoas sentam na borda do assento, inclinam-se para frente ou para trs, com contnuas mudanas de postura. Essas mudanas de postura so ainda mais freqentes se o assento for desconfortvel ou inadequado para o trabalho, chegando a haver at 83 mudanas de postura por hora (Grieco, 1886), portanto, mais de uma mudana por minuto. Como j foi visto, essas freqentes mudanas de postura contribuem para a nutrio da coluna e aliviam a tenso dos msculos dorsais. Assim, os assentos, de formas "anatmicas" em que as ndegas se "encaixam" neles, permitindo poucos movimentos relativos, no so recomendados (Figura 5.13). Para os postos de trabalho em que a pessoa passa horas a fio sentada, como no caso dos centros de controle operacional e call centers, recomendado colocar apoio para os ps, com dois ou trs Tveis diferentes, para facilitar as mudanas de postu-

5.5 - O problema do assentoFigura 5.12

153Diferentes posies no assento, observadas entre 378 empregados de um escritrio. A soma ultrapassa os 100% porque h algumas posturas coincidentes com outras. (Grandjean e Hutinger, 1977).

52% Meio do assento

33% Parte posterior do assento

42% Inclinado sobre o encosto

40% Braos a mesa

ra. Esse tipo de apoio tambm pode ser articulado, permitindo rotaes em torno de um eixo (ver Figura 7.12). Outra possibilidade fazer o encosto mvel, para que a pessoa possa reclinar-se para trs, periodicamente, a fim de aliviar a fadiga.

Princpio 3: O assento deve ter resistncia, estabilidade e durabilidadePara ser resistente, o assento deve ter solidez estrutural suficiente para suportar cargas. A norma NBR 14110 recomenda resistncia a uma carga minima de 1 100 N (cerca de 112 kg). Estabilidade a caracterstica do assento que no tombe facilmente. Quando os assentos so pouco estveis, as pessoas sentem-se inseguras e ficam tensas. Isso acontece com banquetas de trs ps. Antigamente, as cadeiras operacionais tinham 4 patas. Hoje, as normas exigem 5, para melliorar a estabilidade. O problema se agrava em postos de traballio que exigem muitos movimentos corporais, como na linha de montagens ou caixas de supermercado. Durabilidade a caracterstica do assento de no se danificar com o uso contnuo. Recomenda-se que essa durabilidade seja de pelo menos 15 anos.

Figura 5.13

As pernas so comprimidas para dentro

Os assentos "anatmicos" ou muito macios e sem um suporte estrutural so desconfortveis.

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Captulo 5 -

Antropometria: aplicaes

Princpio 4: Existe um assento mais adequado para cada tipo de funoIsso quer dizer que no existe um tipo absoluto de assento, ideal para todas as ocasies. Mas h um assento recomendvel para cada tipo de tarefa. Assim, um assento de automvel pode ser confortvel para dirigir, mas provavelmente seria desconfortvel para uso em escritrio, e vice-versa: uma cadeira confortvel para um digitador no seria adequada para ser instalada em um automvel.

Princpio 5: O encosto e o relaxamento

devem ajudar no

Em muitos postos de trabalho, a pessoa no usa continuamente o encosto, mas apenas de tempos em tempos, para relaxar. O encosto deve ter a forma cncava. Encostos de forma plana, principalmente quando so feitos de material rgido, como madeira, so desconfortveis, pois entram em contato direto com os ossos da coluna vertebral. O perfil do encosto tambm importante, porque uma pessoa sentada apresenta uma protuberncia para trs, na altura das ndegas e a curvatura da coluna vertical varia bastante de uma pessoa para outra (Figura 5.14). Devido a isso, pode-se deixar um espao vazio de 15 a 20 cm entre o assento e o encosto. Um suporte situado entre as 2a e 5a vrtebras lombares permite maior liberdade de movimento ao tronco. O encosto deve ter cerca de 35 a 50 cm de altura acima do assento. (Para outras dimenses, consultar a norma NBR 13962). Os apia-braos tambm no so usados continuamente, mas para os relaxamen tos ocasionais. Servem para descansar os antebraos e ajudam a guiar o corpo durante o ato de sentar-se e levantar-se. Essa ajuda importante principalmente para as pessoas idosas e aquelas que tm dificuldades de movimentar-se.

Figura 5.14 O encosto deve teruma forma cncava e ser afastado do assento com um vo de 15 a 20 cm.

Encosto

Assento

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Captulo 5 - Antropometria: aplicaes

Princpio 4: Existe um assento mais adequado para cada tipo de funoIsso quer dizer que no existe um tipo absoluto de assento, ideal para todas as ocasies. Mas h um assento recomendvel para cada tipo de tarefa. Assim, um assento de automvel pode ser confortvel para dirigir, mas provavelmente seria desconfortvel para uso em escritrio, e vice-versa: uma cadeira confortvel para um digitador no seria adequada para ser instalada em um automvel.

Princpio 5: O encosto e o apia-brao devem ajudar no relaxamentoEm muitos postos de trabalho, a pessoa no usa continuamente o encosto, mas apenas de tempos em tempos, para relaxar. O encosto deve ter a forma cncava. Encostos de forma plana, principalmente quando so feitos de material rgido, corno madeira, so desconfortveis, pois entram em contato direto com os ossos da coluna vertebral. O perfil do encosto tambm importante, porque uma pessoa sentada apresenta uma protuberncia para trs, na altura das ndegas e a curvatura da coluna vertical varia bastante de uma pessoa para outra (Figura 5.14). Devido a isso, pode-se deixar um espao vazio de 15 a 20 cm entre o assento e o encosto. Um suporte situado entre as 2a e 5a vrtebras lombares permite maior liberdade de movimento ao tronco. O encosto deve ter cerca de 35 a 50 cm de altura acima do assento. (Para outras dimenses, consultar a norma NBR 13962). Os apia-braos tambm no so usados continuamente, mas para os relaxamentos ocasionais. Servem para descansar os antebraos e ajudam a guiar o corpo durante o ato de sentar-se e levantar-se. Essa ajuda importante principalmente para as pessoas idosas e aquelas que tm dificuldades de movimentar-se.

Figura 5.14

O encosto deve ter uma forma cncava e ser afastado do assento com um vo de 15 a 20

Encosto

Assento

em.

5.5 - O problema do assento

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Princpio 6: Assento e mesa formam um conjunto integradoA altura do assento deve ser estudada tambm em funo da altura da mesa, de modo que a superfcie da mesa fique aproximadamente na altura do cotovelo da pessoa sentada (Figura 5.4). Os apia-braos da cadeira devem ficar aproximadamente mesma altura ou um pouco abaixo da superfcie de trabalho para dar apoio aos cotovelos. Entre o assento e a mesa deve haver um espao de pelo menos 20 cm para acomodar as coxas, permitindo certa movimentao das mesmas.

Dimensionamento de assentosExistem muitas recomendaes diferentes para o dimensionamento dos assentos. Essas diferenas podem ser explicadas por trs causas principais: Os assentos diferenciam-se quanto s aplicaes, por exemplo, assento de um motorista de nibus diferente de um assento para uso em fbrica ou escritrio; H diferenas antropomtricas entre as populaes e, portanto, diferentes autores podem apresentar recomendaes que no coincidam, pois podem ter-se baseado em diferentes amostras populacionais; H preferncias individuais, principalmente na avaliao de variveis subjetivas como o conforto. Deve-se considerar tambm que muitos projetos so baseados nas respectivas normas tcnicas. Existem diferenas entre as normas de diversos pases. Alm do mais, elas so freqentemente alteradas. Na sua elaborao podem prevalecer interesses e influncias ocasionais do governo, indstria ou associaes de consumidores. No Brasil, existem as normas NBR 13962 e NBR 14110. Esta ltima descreve os ensaios de estabilidade, resistncia e durabilidade das cadeiras.A Figura 5.15 apresenta as principais variveis dimensionais da cadeira opera-

cional, para uso em ambientes profissionais e a Tabela 5.2 resume algumas recomendaes apresentadas por autores de ergonomia e normas tcnicas sobre essas dimenses. Observa-se que as alturas mnimas do assento recomendadas pelos autores de ergonomia (Diffrient, Panero & Zelnick e Grandjean) so respectivamente de 35, 36 e38 cm. No caso brasileiro, a altura mnima da regulagem seria de 37 cm, correspondendo altura popltea de 5% das mulheres (ver Tabela 4.9). Entretanto as normasbrasi-

leiras (NBR 139628) recomendam a faixa de 42 a 50 cm, resultando em uma regulagem de apenas 8 cm, quando o ideal seria de 37 a 53 cm, ou seja, o dobro da faixa recomendada pela norma. Nesses casos, as pessoas de menor estatura devem providenciar apoio para os ps, para compensar a diferena, entre a regulagem mnima da cadeira e as suas prprias medidas poplteas. Por exemplo, para a cadeira de 42 cm e altura popltea de 37 cm, o apoio deve ter 5 cm de altura, ou melhor, deveria ter duas alturas diferentes, entre 5 alO cm, para facilitar mudanas de posturas.

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Captulo 5 - Antropometria: aplicaes

TABELA 5.2 Dimensionamentos de cadeiras de escritrio recomendados por diversos autores e normas tcnicas (os nmeros correspondem s indicaes da Figura 5.15)

Assento 1 Altura 2 Largura 3 Profundidade 4 Inclinao(O) ENCOSTO 5 Altura superior 6 Altura inferior 7 Altura Frontal 8 Largura 9 Raio horizontal 10 Raio vertical 11 ngulo assentolencosto(O) APOIO DE BRAOS 12 Comprimento 13 Largura 14 Altura 15 Largura entre os apoios SAPATAS 16 Nmero de patas

35-52 41 33-41 0-5

36-51 43-48 39-41 0-5

38-53 40-45 38-42 4-6

43-51 41 36-47 0-5

39-51 42 38-43 0-4

42-54 40-45 38-42 0-4

39-54 40 38-47 0-5

38 2-7

48-50 15-23 23-25 33 31-46 100 10-20 19-25 25 30 32-36 40-50

33 20

32 10 17-26 36-40 min.40

36 17-22 30,5 40

95-105

17-22 17-23 30-36 36-40 36-40 31-46 40-60 40-47 convexo convexo 70-140 95-105

!

15-21 6-9 18-25 48-56

20-25 46-51

22 4 16-23 47-56

20 4 21-25 46

20-28 21-25 48-50

20 4 21-25 46-50

20 4 20-25 46

5

5

Figura 5.15Principais variveis dimensionais da cadeira para escritrio.

5

5.5 -

O problema do assento

157

Figura 5.16 Exemplos de assentos para posturas semi-sentadas.

A postura semi-sentadaOs postos de trabalho apresentam, em geral, duas posturas bsicas: de p e sentado. Cada uma tem vantagens e desvantagens. Contudo, h trabalhos que exigem freqentes mudanas entre as duas posturas. Para esses casos, desenvolveu-se a cadeira semi-sentada (Figura 5.16). Comparadas com as cadeiras tradicionais, aquelas semi-sentadas so pouco confortveis. Mesmo assim, podem proporcionar um grande alvio, mesmo que temporrio, ao suportar o peso corporal. Alm disso, ajudam a estabilizar a postura, pois um trabalhador em p geralmente fica com o corpo oscilando. Em alguns casos, uma simples barra horizontal onde o trabalhador possa encostar-se j proporciona um bom alvio. Esse tipo de assento deve ser usado principalmente quando as mquinas no podem ser operadas a partir de uma posio sentada, porque exigem maiores movimentos corporais. til tambm nos casos em que se exigem rpidas mudanas entre as posturas sentada e de p. A cadeira Balans (MandaI, 1985) tambm coloca o usurio em postura semelhante semi-sentada, mas diferencia-se por imobilizar os membros inferiores, alm de provocar uma sobrecarga sobre os joelhos e pernas (Figura 5.17). Portanto, envolve maiores contraes estticas da musculatura. Devido a esses fatores, no se recomenda o uso contnuo dessa cadeira, mas apenas como uma alternativa, durante curtos perodos, como forma de mudar a postura da cadeira tradicional.Figura 5.17

A cadeira Balans provoca imobilizao dos membros inferiores.

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Captulo 5 -

Antropometria: aplicaes

TABELA 5.2

Dimensionamentos de cadeiras de escritrio recomendados por diversos autores e normas tcnicas (os nmeros correspondem s indicaes da Figura 5.15)

Assento 1 Altura 2 Largura 3 Profundidade 4 Inclinao(O) ENCOSTO 5 Altura superior 6 Altura inferior 7 Altura Frontal :8 Largura 9 Raio horizontal 10 Raio vertical 11 ngulo assento/encosto(O) APOIO DE BRAOS 12 Comprimento 13 Largura . 14 Altura 15 Largura entre os apoios SAPATAS 16 Nmero de patas

35-52 41 33-41 0-5

36-51 43-48 39-41 0-5

38-53 40-45 38-42 4-6

43-51 41 36-47 0-5

39-51 42 38-43 0-4

42-54 40-45 38-42 0-4

39-54 40 38-47 0-5

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48-50 15-23 23-25 33 31-46 100 10-20 19-25 25 30 32-36 40-50

33 20 17-22 36-40 40-60

32 10 17-26 36-40 min.40

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95-105

17-23 36-40 30-36 40-47 31-46 70-140 convexo convexo 95-105

15-21 6-9 18-25 48-56

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22 4 16-23 47-56

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20-28 21-25 48-50

20 4 21-25 46-50

20

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5

5

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Figura 5.15Principais variveis dimensionais da cadeira para escritrio.

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O problema do assento

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Figura 5.16

Exemplos de assentos para posturas semi-sentadas.

A postura semi-sentadaOs postos de trabalho apresentam, em geral, duas posturas bsicas: de p e sentado. Cada uma tem vantagens e desvantagens. Contudo, h trabalhos que exigem freqentes mudanas entre as duas posturas. Para esses casos, desenvolveu-se a cadeira semi-sentada (Figura 5.16). Comparadas com as cadeiras tradicionais, aquelas semi-sentadas so pouco confortveis. Mesmo assim, podem proporcionar um grande alivio, mesmo que temporrio, ao suportar o peso corporal. Alm disso, ajudam a estabilizar a postura, pois um trabalhador em p geralmente fica com o corpo oscilando. Em alguns casos, uma simples barra horizontal onde o trabalhador possa encostar-se j proporciona um bom alvio. Esse tipo de assento deve ser usado principalmente quando as mquinas no podem ser operadas a partir de uma posio sentada, porque exigem maiores movimentos corporais. til tambm nos casos em que se exigem rpidas mudanas entre as posturas sentada e de p. A cadeira Balans (MandaI, 1985) tambm coloca o usurio em postura semelhante semi-sentada, mas diferencia-se por imobilizar os membros inferiores, alm de provocar uma sobrecarga sobre os joelhos e pernas (Figura 5.17). Portanto, envolve maiores contraes estticas da musculatura. Devido a esses fatores, no se recomenda o uso contnuo dessa cadeira, mas apenas corno uma alternativa, durante curtos perodos, corno forma de mudar a postura da cadeira tradicional.Figura 5.17

A cadeira Balans provoca imobilizao dos membros inferiores.

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Captulo 5 - Antropometria: aplicaes

Conceitos introduzidos no captulo 5uso de dados antropomtricos projeto para mdia projeto para extremos projeto para faixas projeto regulvel projeto para indivduos espao de trabalho superfcie de trabalho tuberosidades isquiticas relaxamento mximo princpios sobre assentos posio semi-sentada

Questes do captulo 51. Quais so os principais cuidados que se devem tomar no uso de dados tricos? 2. Explique os princpios para aplicao dos dados antropomtricos. 3. Como se devem usar medidas antropomtricas mximas e m.fnimas? 4. Como se determina o espao de trabalho? Exemplifique. 5. Como se determinam a altura da mesa de trabalho e da bancada para trabalho p? 6. Explique como o assento suporta o peso do tronco. 7. Explique os princpios gerais sobre os assentos. 8. Em que situaes recomenda-se o uso da posio semi-sentada?