Ergonomia de Concepção

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Ergonomia de concepção

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  • ERGONOMIA DE CONCEPO: APROPRIAO DO CONHECIMENTO INFORMAL NA GESTO DE PROJETOS DE AMBIENTES DE TRABALHO CONSTRUDO

    Marcello Silva e Santos (DSc.)

    Universidade Federal do Rio de Janeiro Av. Horacio Macedo 2030, Bloco G Sala 207

    Rio de Janeiro, RJ CEP: 21941-914 Email: [email protected]

    Mario Csar Rodriguez Vidal (Dr.Ing.) Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Av. Horacio Macedo 2030, Bloco G Sala 207 Rio de Janeiro, RJ CEP: 21941-914 Email: [email protected]

    Daniella Alessandra Cassano

    Universidade Federal do Rio de Janeiro Av. Horacio Macedo 2030, Bloco G Sala 207

    Rio de Janeiro, RJ CEP: 21941-914 Email: [email protected]

    Palavras-chave: Ergonomia de Concepo, Gesto de Projetos, Projeto Participativo

    Neste artigo fazemos uma reflexo sobre uma abordagem em ergonomia de concepo que favoreceu a escolha de solues corretas para certas demandas verificadas no decorrer do projeto. O objetivo principal foi facilitar o mecanismo de tomada de deciso sempre que houvesse risco de inadequaes que pudessem comprometer o desempenho dos indivduos, em decorrncia de mudanas na organizao do trabalho, modernizao tecnolgica ou aquisio de equipamentos e mobilirio. Este estudo desenvolveu-se numa rea administrativa de uma importante empresa de energia. Nossas concluses enfatizaram diretrizes de custo-benefcio recomendadas para situaes anlogas.

    Keywords: Ergonomic Design, Project Management, Participatory Design

    This paper presents a reflexion over a Participatory Ergonomic Design approach, favoring more adequate

    choices to certain demands presented thoughout an existing Ergonomics contract. The main goal was to

    facilitate decision making processes, whenever changes in work organization, technological modernization or

    equipment and furniture acquisitions might jeopardize workers performance or working conditions. This case

    study was carried out in an administrative area of a major energy company. Our conclusions emphasized cost

    benefit guidelines reccomendations for analogous situations.

    1. INTRODUO Tradicionalmente, a Ergonomia convocada a intervir sobre problemas existentes numa situao de trabalho, alinhando suas causas e seus impactos. Para tanto se constri uma abordagem fenomenolgica da questo, retroagindo desde os impactos assinalados e at raiz dos problemas. Com tais elementos se trabalham partidos e conceitos luz de referencias diversas (guias e boas prticas) no sentido de produzir uma transformao positiva da situao em tela. A reflexo de que trata este artigo tem origem em uma atuao concreta uma grande empresa de classe mundial. Ciente das deficincias existentes atualmente

    no local, os supervisores consideraram importante que qualquer novo projeto de sistemas de trabalho (remodelao, construo, mudanas de layout, etc.) antecipasse fatores ergonmicos para estas reformas, aquisio de mobilirio, cadeiras e outros processos de transformao no ambiente de trabalho. Neste contexto, e como parte do escopo contratado nos foi solicitada uma reviso arquitetnica e de mobilirio em uma das gerncias desta empresa. Por gerencia estamos entendendo uma rea composta por diferentes processos. Do ponto de vista estritamente fsico essa rea se constitui de uma articulao de ambientes de escritrio.

  • Optamos por uma metodologia participativa, ou seja uma integrao que rena os agentes que se devem envolver na concepo, execuo e utilizao daquele espao, especialmente procurando permitir aos mesmos opinar na escolha de seus equipamentos de trabalho. Desta forma, ao invs de avaliaes a posteriori que apontem desconformidades e proponham modificaes (muitas das vezes proibitivas do ponto de vista tcnico ou econmico), buscamos antever situaes de desconforto, inadequao ou ineficcia, e agirmos diretamente sobre as mesmas antes que ocorram. Justifica esta nossa abordagem a evidencia de que quanto mais efetiva a participao dos usurios, menores so as chances de desconformidades (IMADA, 1986). Acrescentaremos que aes como estas no apenas contribuem para a melhoria das condies gerais de trabalho (e conseqente aumento de produtividade) como estabelecem uma relao econmica direta e clara : o custo de modificaes de um layout sempre maior do que o custo de uma instalao executada corretamente pela primeira vez (HENDRICK, 2006). Da mesma forma, a escolha adequada de equipamentos, mobilirio e outros dispositivos tendem no mdio prazo a inverterem a curva de custo e benefcio, pelo benefcio intrnseco que produzam. Assim que um equipamento de valor inicial elevado que desestimule sua aquisio em um primeiro momento, ao mostrarmos que sua utilizao pode evitar ou eliminar patologias ocupacionais ou acidentes, teremos como indicar que em pouco tempo o investimento inicial pode vir a ser compensado. Desta forma a seleo, compra e instalao de equipamentos e mobilirios se torna um significativo campo de atuao do praticante profissional de Ergonomia, inserido no que estamos chamando de Ergonomia de Concepo. 2. METODOLOGIA No decorrer das aes contratuais, procuramos dar uma nfase especial questo da avaliao dos ambientes de trabalho, como integrao das vertentes da ergonomia (fsica, organizacional e cognitiva). preciso ter em mente que as condies ambientais podem impactar todas estas dimenses presentes no trabalho humano (CARAYON, 1989). A importncia da ergonomia no ambiente reside no fato que este ambiente responsvel no apenas em alojar o homem e as sua atividades, mas principalmente pelo equilbrio de todas as outras dimenses ergonmicas que influenciam no nosso meio, conforme ilustrado no modelo proposto abaixo.

    Figura 1. O esquema FOCA (SANTOS, 2007)

    Segundo o modelo, o tratamento das condies de conforto do ambiente construdo s produz resultados adequados se houver a interao real e ilimitada dos usurios daquele ambiente. Para tal, toda abordagem de concepo passaria pela constituio de grupos formais ou informais, trabalhando com mtodos de uniformizao de linguagens profissionais (i.e. Pattern Languages) e modelagens (simulaes, maquetagem) que antecipem as situaes reais das atividades de trabalho a serem desenvolvidas na situao-objeto. Alm disso, o modelo de gesto deve possibilitar a participao e autonomia dos membros do grupo sem distino hierrquica ou atribuio de pesos de influncia, ou seja, as decises devero ser sempre negociadas at se alcanar um consenso. Cabe enfatizar que a maior parte dos resultados das nossas observaes, entrevistas, anlises metodolgicas, etc, foi sendo traduzido em forma de recomendaes usuais de uma apreciao ergonmica. A abordagem participativa utilizada para a demanda apresentada foi a mobilizao de futuros usurios do novo ambiente de trabalho e dos itens de mobilirio e equipamentos que sero adquiridos. So eles (e elas) que tambm sofrero o impacto adverso de escolhas mal conduzidas. Com o nosso apoio, a partir da leitura de plantas, elaborao de croquis e pequenas maquetes esquemticas (usando volumes simples) foram analisadas e criticadas as diferentes solues de projeto propostas. Dentre as ferramentas utilizadas, testamos a aplicao da chamada teoria Pattern Languages, (ALEXANDER, 1977) como guia de encaminhamento

    Ambiental

    Cognitivo

    Organizacional

    Fsico

  • do processo de ideao (anterior a concepo propriamente dita). O processo de utilizao de padres, idealizado como ferramenta de aproximao do usurio ao processo criativo, ajuda a fazer aflorar experincias individuais e coletivas, do presente e do passado, importantes para garantirmos uma boa estruturao ambiental e, como conseqncia, um local de trabalho agradvel. Em verdade, o grupo inverteu o fluxo de encaminhamento de definio de padres, partindo de uma soluo consensual, englobando as inter-relaes entre padres de baixo e alto nvel, e da derivando para o contexto e nome recorrente (i.e: espaos de trabalho flexveis). As restries temporais vigentes nos impediram de aplicar questionrios e outras ferramentas visando o aprofundamento dos estudos de avaliao arquitetnica (com nfase nas implicaes ergonmicas). No entanto, listamos a seguir as situaes apontadas coletivamente e que podem ser utilizadas como recomendaes para o projeto do ambiente de trabalho em questo: (i) ambiente, (ii) Circulao, ( iii)Limitaes, (iv) Iluminamento, (v) Acondicionamentos, vi) Tecnologia, (vii) Climatizao e (viii) Equipamentos e Mobilirio.

    Figura 2 - Modelo de tratamento em ergonomia de concepo para reas administrativas

    3. DESENVOLVIMENTO Desenvolveremos aqui as dimenses da concepo acima esquematizadas. 3.1 - Ambiente: evidente que a rea disponvel no comportaria as alteraes necessrias para garantir o mximo conforto s pessoas do setor. No existe norma vigente que determine a rea mnima necessria por usurio, porm,

    existem recomendaes tcnicas nacionais (decretos estaduais, cdigos de obras, etc) e internacionais que apontam uma rea plana de 1,80 m2 (descontando-se os mveis e equipamentos) ou um volume mnimo de 11,5 m3 por pessoa (Diretiva da CEE n. 89/654/CEE). Como existem 5 postos de trabalhos na sala, ainda que a atividade de trabalho seja desenvolvida por 4 empregados por turno, chegamos a um mnimo recomendvel de 9 m2, ou cerca de 30 m2 ao incluirmos o mobilirio e equipamentos. Entretanto, estes valores referenciais podem impactar mais ou menos, dependendo de algumas variveis. Por exemplo, a quantidade de portas no local (atualmente 3) faz com que a rea disponvel seja reduzida por conta do espao necessrio para acessibilidade e fluxos. Se eliminarmos uma das portas (o que nos parece vivel), automaticamente aumentar-se- a rea disponvel e conseqentemente ampliamos as possibilidades de novos arranjos fsicos. 3.2 -Espaos para circulao:

    Ainda que as reas de circulao sigam as recomendaes normativas, importante assinalar que as atividades desenvolvidas exigem alto nvel de concentrao. A proximidade forada entre as pessoas e o mobilirio, alm de limitar os espaos disponveis, provoca falta de concentrao e distraes no desenvolvimento das atividades de trabalho. Algumas pessoas podem chegar a experimentar sensaes similares quelas existentes em cabines de elevadores e outras simplesmente no conseguem se concentrar. A utilizao de baias modulares em cruz pode reduzir este tipo de problema, sendo que alguns tipos possuem melhores propriedades como isolantes acsticos que

    Ergonomia

    de Ambiente

    Circulao

    Figura 3. Estao Modular em Cruz.

    Limitaes

    Iluminamento

    Acondicionamentos

    Equiptos e Mobilirio

    Climatizao

    Tecnologia Raio de

    Ao

  • outros. Porm, h de se atentar para o fato que este tipo de soluo acaba demandando mais espao disponvel, (cerca de 3,20 m so necessrios somente para o mobilirio) alm de restringir o contato interpessoal. Entretanto, esta ultima restrio pode ser atenuado pelo uso de gotas para conversao, o que reduz substancialmente o impacto advindo da utilizao de sistemas de baias. (Ver Figura 4).

    3.3 - Limitao de reas de trabalho: A sensao de confinamento citada por muitas pessoas como algo mais srio que um simples incmodo. Alm das pessoas lotadas no setor, existe um trnsito elevado de pessoas na sala, muitas das vezes utilizada como via de passagem (entre a sala de rdio e a rea administrativa/superviso). Em um dos postos analisados, pudemos verificar que o empregado sumia no meio dos equipamentos, dispositivos e mobilirios ao seu redor (e acima), criando uma situao chamada de crowding ou apinhoamento desagradvel. Alm disso o posto encontrava-se prximo a fontes mais ou menos intensas de luz e rudo. 3.4 - Iluminao Existem queixas conflitantes em relao a este tpico. Observamos locais com pouca iluminao e outros em que parte da iluminao (artificial) foi reportada como causadora de ofuscamento. Talvez haja necessidade de um estudo luminotcnico mais aprofundado de modo a melhor identificar as causas especficas para cada problema apresentado. Outra questo envolve uma reviso conceitual mais profunda. Existem estudos atuais que propem uma alterao radical dos modelos correntes de iluminao de ambientes profissionais, decorrentes da pouca influncia de incrementos pontuais nos ndices (SANTOS, N. et al., 1997). Em vez das cortinas de luz usualmente aplicadas em escritrios, seria recomendvel privilegiar a utilizao de sistemas mais individualizados, onde o foco luminoso possibilitasse maior flexibilidade de ajustes em tarefas nas cercanias do alcance normal. Alm disso, ainda de acordo com estes estudos, a concentrao do foco na rea de trabalho imediata melhora a ateno do trabalhador na sua atividade. 3.5 - Acondicionamento Faltam armrios e gavetas para guarda de EPIs e objetos de uso pessoal em geral. As reas de trabalho acabam servindo de depsito de materiais podendo prejudicar a organizao do posto de trabalho,

    segurana e conseqentemente a produtividade individual (Foto 4). No local apresentado na foto, existe um armrio repleto de documentos (em cujo topo equilibram-se vrias pastas), de pouca ou nenhuma utilizao, que poderia ser alocado em outro lugar ou

    dar lugar a armrios de acondicionamento de pertences, etc. Tambm competem pelo espao do posto de trabalho uma impressora e um monitor de programao. 3.6 Tecnologia Ainda existiam alguns computadores em uso utilizando monitores do tipo convencional (CRT). Recomendamos a substituio gradual por monitores do tipo LCD (Liquid Crystal Displays), que alm de uma melhor visibilidade e reflexo, permitem um maior alcance dos membros superiores na rea de movimentao do posto de trabalho. Dentre os monitores do tipo LCD j existentes, a maior parte no contava com regulagem de altura. Isto tambm prejudicava a flexibilidade de ajuste biomtrico para toda a populao de trabalho. 3.7 - Climatizao: Houve unanimidade de opinio com relao a priorizar a utilizao de sistemas de ar condicionado do tipo Split System por sua maior eficincia e possibilidades de controle. Porm, o equipamento existente no local direciona o ar de maneira disforme, ou seja, ao mesmo tempo em que alguns empregados reclamam do frio, outros acabam sentindo calor. O equipamento foi inclusive mudado de local, o que apenas inverteu a posio (do ponto mais quente para o mais frio). Ainda que dependa de maiores estudos tcnicos, aparentemente o melhor seria a instalao de um equipamento (tipo SPLIT) na posio central, o que distribuiria melhor o fluxo pelo ambiente. Esta soluo,

    Figura 4. O homem perdido entre os seus artefatos.

  • porm, s deveria ser buscada aps a soluo definitiva de alterao do layout. 3.8 - Mobilirio e Equipamentos As mesas e cadeiras (ver comentrio em separado para as cadeiras) foram o item mais discutido pela equipe local e a superviso. As mesas, na verdade de padres diferentes porm prximos do convencional, no foram criticadas em forma ou usabilidade mas quanto a sua adequao no conjunto homem-ambiente-atividade de trabalho, em particular a falta de espao nas mesmas e a falta de privacidade do conjunto. Como j dissemos, necessrio estudar melhor a questo do modelo de baias (ou mdulos) contra o novo arranjo. Assim como o mobilirio, os equipamentos tambm devem levar em conta bitipo dos tcnicos, adaptando-se sempre que necessrio s formas de alcance e operao dos mesmos. 4. DESDOBRAMENTOS Trs so os aspectos principais e diferenciadores apontados a respeito das atividades desempenhadas no local:

    - Antropometria As caractersticas antropomtricas da fora de trabalho so bastante diversas, variando em sexo, compleio fsica, altura, peso, comportamento, posturas, etc. Desta forma qualquer tentativa rigidez de padronizao ou ajuste teria alcance bastante limitado;

    - Natureza do Trabalho O trabalho de natureza administrativa, porm o ritmo bem intenso e a carga cognitiva elevada se comparada a situaes anlogas verificas em reas contguas;

    - Regime de Trabalho O regime de trabalho funciona em turnos contnuos de 8 horas, ou seja, no podem ocorrer intervalos longos entre os turnos. Isso provoca constantes acertos compensatrios, muitas vezes conflituosos, quando ocorre alguma falta ou atraso.

    Em funo destes aspectos e de outras circunstncias inerentes ao processo de trabalho, as cadeiras no local tendem a uma durabilidade inferior de outros locais, quebrando-se as regulagens e rodzios, empenando-se os espaldares, desprendendo-se partes e outros problemas do gnero. Estes problemas so potencialmente aumentados pela troca constante de

    usurios de uma mesma cadeira e os ajustes individualizados de cada um. Com a reposio morosa, provocada pelos procedimentos internos de controle e regulamentao de compras da empresa, estas cadeiras desajustadas, desequilibradas e inadequadas, terminam por causar processos de lombalgia decorrente de problemas posturais. As posturas e regulaes posturais tendem a amplificar o problema devido ao mecanismo compensatrio dos indivduos. (quanto maior o desconforto, maior ser o esforo e movimentao para compensar o mesmo). Para agravar ainda mais o quadro, os empregados fazem uma espcie de dana das cadeiras, onde aquelas mais desconfortveis vo sendo trocadas de um lado para outro e tambm entre outros setores, gerando cadeiras de diversos padres. Alm desses problemas, alguns inconvenientes extrnsecos situao tambm podem ser observados, como por exemplo as manchas negras deixadas pelo arrastar das faces posteriores dos espaldares de modelos de cadeira mais altos nas paredes, o que deixa um aspecto ruim, esteticamente falando. Face ao exposto, podemos considerar que a escolha de um modelo de cadeira deveria levar em conta fatores, normalmente considerados, tais como:

    - Custo O preo da cadeira deve ser economicamente compensador;

    - Qualidade A durabilidade do produto deve ser compatvel com o preo;

    - Conforto Uma cadeira especificada para as condies locais deve levar em conta as necessidades especficas dos usurios;

    - Requisitos Tcnicos A cadeira dever atender a requisitos normativos e orientaes tcnicas comprovadas para o conforto de diferentes indivduos.

    Existem atualmente no mercado diversos modelos que atendem aos requisitos acima relacionados, sendo que todos os modelos encontrados tambm satisfazem os quesitos relacionados da NR-17 (Ver extrato da norma no final). A questo do preo mais subjetiva do que aparenta. Se analisarmos todos os modelos disponveis atualmente no setor, veremos que alguns so normalmente utilizados em outras unidades da empresa, com pouca ou mdia variao de custo entre si. Em mdia, os modelos custam por volta de R$ 750,00. J

  • um modelo de cadeira mais confortvel e com caractersticas plenas de adequao aos requisitos previamente apresentados, (como a do modelo apresentado na Foto 5) custaria, dependendo da economia de escala conseguida, por volta de R$ 2,500,00. Em uma simples operao aritmtica, podemos verificar se o primeiro caso tem uma durabilidade mdia de 1 ano, o custo mensal do mesmo seria de R$ 62,50. No caso da cadeira mais completa, com garantia do fabricante de 12 anos, podemos, numa projeo pessimista (assumindo-se que a mesma ficar inutilizvel em 10 anos, ou seja antes de expirada a garantia), estabelecer um custo mensal em torno de R$ 20,00. Ou seja, um clssico exemplo real do anedtico barato que sai caro, sobretudo se pesarmos na balana as implicaes de ordem social e fisiolgica. 5. CONCLUSO A norma NBR 9050, da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas) revista em 2004, estabelece critrios mnimos aceitveis para acessibilidade em edificaes. As Normas Regulamentadoras, do MTE (Ministrio do Trabalho e Emprego), especialmente, as NR-8 (Edificaes), NR-12 (Mquinas e Equipamentos), NR-15 (Atividades e Operaes Insalubres), NR-17 (Ergonomia), NR-23 (Proteo Contra Incndios), NR-24 (Condies Sanitrias e de Conforto nos Locais de Trabalho)e NR-26 (Sinalizao de Segurana), bem como outras instrues projetuais, so de amplo domnio por parte dos responsveis por projetos e construes de ambientes destinados ao trabalho. A Ergonomia pode interferir de forma complementar, numa escala tcnica diretamente ligada s competncias envolvidas na concepo dos espaos de trabalho. Ao escutar as vozes do trabalho, ergonomistas podem ajudar a determinar diretrizes projetuais que contemplem uma traduo mais aproximada dos elementos observados em campo, necessrios plena realizao dos anseios das pessoas destes locais. As atividades de trabalho real representam assim importantes indicadores que podem (e devem) alimentar bancos de dados formais (cadernos de encargos, manual de especificaes, etc) e informais (diretrizes bsicas de concepo, conceitos, etc). Estes bancos de dados dinmicos, no sentido que devem ser constantemente modificados e acrescentados, podero fornecer a engenheiros e arquitetos os padres, critrios e ferramentas apropriadas para a concepo e execuo destes ambientes construdos para o trabalho. Alm

    disso, podero servir para instruir administradores e gerentes quanto a aspectos relevantes na organizao do trabalho (que apesar de importante, fugiria ao tema deste artigo). Deve-se ressaltar que existe um ganho adicional que se irradia para alm da fase de concepo e entrega do ambiente construdo para os usurios. Alm das necessidades normais de manuteno e conservao, os ambientes construdos para o trabalho, em geral, atendem a um pblico que est sempre em evoluo tanto social quanto tecnologicamente falando. Neste sentido, as modificaes dos ambientes de trabalho no so apenas inevitveis, mas inerentes ao prprio processo evolutivo. Assim sendo, os ambientes projetados para atividades de trabalho devem, na medida do possvel, antever esta evoluo natural preparando-se para que toda modificao de uso, ampliao e adaptao desses espaos de trabalho devem contribuir, ao mximo, no cotidiano dessas pessoas. Voltando questo primria (a inadequao e a readequao de ambientes de trabalho) importante ressaltar que os espaos de trabalho tendem a incorporar um simbolismo prprio do autor (projetista) que pensa antever as sensaes e anseios de usurios que no ele conhece, executando atividades que ele no domina (SOMMER, 1972). Esta imposio projetual uma atitude essencialmente inconsciente (ainda que certos projetistas realmente pensem ser capazes de promover e produzir o melhor s pessoas). Como os resultados das escolhas projetuais (tanto em termos de aplicao do programa como do partido adotado) dificilmente sero conhecidos pelos autores, estes (arquitetos e projetistas em geral) so excludos da oportunidade de aprendizado advinda da utilizao dos ambientes de trabalho. Assim deficincias e incompatibilidades tendero a se perpetuar no ciclo de ao projetual, ou ainda algo muito pior - assimiladas culturalmente, tal qual cortinas de vidro adotadas como padro desde a dcada de 60 em fachadas de prdios comerciais ao redor do mundo, sem levar em conta as caractersticas culturais, geogrficas, climticas, etc., de cada pas. No caso da demanda apresentada, limitaes contratuais impediam a interveno direta no projeto de remodelao das reas de trabalho. Assim, as recomendaes advindas da abordagem participativa foram somente transmitidas aos profissionais e departamentos responsveis (compras e engenharia). Isso nos leva a questionar a definio do escopo de contratos em ergonomia, uma vez que limitaes desta

  • natureza provocam um engessamento contraproducente dos mecanismos de interveno ergonmica. No parece lgico existir ergonomia sem participao dos usurios e impedir a ao direta dos ergonomistas sobre a ao projetual , neste contexto, um despropsito ainda maior. Finalmente, enfatizamos a necessidade de promover a interao e participao dos diversos usurios de um ambiente de trabalho na concepo e projeto destes locais. Afinal, esses so os clientes diretos deste processo e sero aqueles que sofrero as conseqncias de qualquer desconformidade ou inadequao, assim como iro se beneficiar dos eventuais resultados positivos. Alm disso, segundo psiclogos ambientalistas, existem estudos que mostram que quando as pessoas interagem no seu ambiente de trabalho elas adquirem um senso de apreo pelo local e de responsabilidade comum pelos resultados. (MUMFORD, 1993) Esta percepo causa bem estar e uma melhor adaptabilidade ao meio e ao ambiente construdo. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ALEXANDER, C. et.al., A Pattern Language: Towns,

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