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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO USO DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO PARA QUANTIFICAÇÃO DA EVOLUÇÃO DA LINHA DE COSTA DA ILHA DOS MARINHEIROS, RIO GRANDE - RS Rhamira Duarte Gautério Pascual Yasmim dos Santos Cavalheiro Orientador: Prof. MSc. Miguel da Guia Albuquerque Co-Orientador: Prof. MSc. Jean Marcel de Almeida Espinoza Rio Grande Dezembro de 2011

erosão Ilha dos Marinheiros

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL

CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO

USO DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO PARA QUANTIFICAÇÃO

DA EVOLUÇÃO DA LINHA DE COSTA DA ILHA DOS MARINHEIROS, RIO

GRANDE - RS

Rhamira Duarte Gautério Pascual

Yasmim dos Santos Cavalheiro

Orientador:

Prof. MSc. Miguel da Guia Albuquerque

Co-Orientador:

Prof. MSc. Jean Marcel de Almeida Espinoza

Rio Grande

Dezembro de 2011

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL

CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO

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USO DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO PARA QUANTIFICAÇÃO

DA EVOLUÇÃO DA LINHA DE COSTA DA ILHA DOS MARINHEIROS, RIO

GRANDE - RS

Rhamira Duarte Gautério Pascual

Yasmim dos Santos Cavalheiro

Rio Grande

Dezembro de 2011

Trabalho apresentado como pré-requisito

para a obtenção do Grau de Técnico em

Geoprocessamento pelo Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Rio

Grande do Sul - Campus Rio Grande.

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O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se

chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos,

no mínimo fará coisas admiráveis.

José de Alencar

Page 4: erosão Ilha dos Marinheiros

iv

AGRADECIMENTOS

Por Rhamira:

Agradeço primeiramente a minha família que foram minha base durante toda

essa caminhada, contribuindo para o meu pleno desenvolvimento. Agradeço ao meu

namorado, Wendel, pela confiança em mim depositada, pelo apoio e escuta nas

horas mais difíceis, encorajando-me a vencer os obstáculos.

Agradeço a parceira e grande amiga Yasmim, pela troca de saberes e

momentos de intenso estudo, pelos debates que tornaram a idéia inicial algo

concreto, resultando neste trabalho, fruto de muita pesquisa e aprendizagem. Aos

amigos, pelo carinho e paciência.

Agradeço ao corpo docente do curso de geoprocessamento, em especial ao

professor Tiago Gandra, pelo auxilio nas questões práticas deste trabalho. Agradeço

ao professor e orientador Miguel Albuquerque e ao co-orientador Jean Espinoza

mais conhecido como “oráculo”, pela dedicação, apoio e incentivo para realização

deste trabalho.

Por fim, não menos importante, agradeço a Deus que iluminou meus passos

durante toda essa caminhada, possibilitando a realização desta meta em minha vida.

Por Yasmim:

Agradeço a Deus acima de tudo por ter me dado coragem e persistência para

ter chegado até aqui. Agradeço a meus pais por todo apoio incondicional que recebi

e também por terem acreditado em mim.

A minha parceiríssima e grande amiga Rhamira, por todas as conversas,

dedicação, e principalmente pela união que tivemos para produzir este trabalho. Aos

meus grandes amigos que sempre estiveram do meu lado quando precisei e sempre

dispostos a me ajudar.

Ao professor Tiago Gandra pela enorme paciência em nos ajudar nos

processos com a produção dos mosaicos.

Ao meu orientador Miguel Albuquerque e co-orientador o “oráculo” Jean

Espinoza por estarem sempre dispostos e não medir esforços para nos auxiliar no

trabalho e pela grande confiança depositada para a conclusão deste trabalho.

Page 5: erosão Ilha dos Marinheiros

v

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 9

1.1 Justificativa ................................................................................................................ 11

1.2 Área de Estudo .......................................................................................................... 11

2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 13

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 13

2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 13

3. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 14

3.1 Erosão Costeira/Estuarina ........................................................................................ 14

3.2 Agentes Condicionantes da Erosão .......................................................................... 15

3.3 Geoprocessamento ................................................................................................... 18

3.4 Conceitos de Geoprocessamento ............................................................................. 19

3.4.1 Cartografia ................................................................................................ 19

3.4.2 Sensoriamento Remoto ........................................................................... 20

3.4.3 Fotogrametria e Fotointerpretação .......................................................... 20

3.4.4 Topografia ................................................................................................ 21

3.4.5 Processamento Digital de Imagens ......................................................... 22

4. METODOLOGIA ................................................................................................................. 23

4.1 Base Cartográfica ...................................................................................................... 23

4.2 Levantamento in loco ................................................................................................ 24

4.2.1 Coleta dos Pontos de Controle ................................................................ 26

4.2.2 Coleta dos Pontos da Linha de Costa ..................................................... 27

4.3 Tratamento dos Dados .............................................................................................. 28

4.3.1 Georreferenciamento ............................................................................... 29

4.3.2 Registro .................................................................................................... 29

4.3.3 Mosaicagem ............................................................................................. 30

4.4 Vetorização da Linha de Costa ................................................................................. 31

4.5 Cálculo da Deriva de Costa....................................................................................... 33

4.5.1 Cálculo da Área erodida .......................................................................... 33

4.5.2 Cálculo da taxa da retrogradação anual .................................................. 35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 38

5.1 Mosaicos e Vetorização da Linha de Costa ............................................................. 38

5.2 Área Erodida .............................................................................................................. 39

5.3 Taxa de deslocamento linear .................................................................................... 44

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 48

7. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 49

Page 6: erosão Ilha dos Marinheiros

vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Estrutura da Base Cartográfica. ............................................................................ 24

Tabela 02: Dados do Marco Geodésico. ................................................................................. 26

Tabela 03: Erro do Mosaico de 1974. ...................................................................................... 29

Tabela 04: Erro do Mosaico de 1947. ...................................................................................... 30

Tabela 05: Dados da Digitalização. ......................................................................................... 33

Page 7: erosão Ilha dos Marinheiros

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Localização da Ilha dos Marinheiros, Rio Grande - RS. ....................................... 12

Figura 02 - Base do GPS Geodésico. ...................................................................................... 24

Figura 03 - Modo Stop and Go. ................................................................................................ 25

Figura 04 - Distribuição dos pontos de controle coletados em campo com o GPS Geodésico.

.................................................................................................................................................. 26

Figura 05 - Marco Geodésico. .................................................................................................. 27

Figura 06 - Problemas encontrados na coleta de pontos da linha de costa. .......................... 28

Figura 07 - Fluxograma da metodologia empregada na base cartográfica. ........................... 28

Figura 08 - Modelo para Cálculo da Erosão/Acresção em Linhas de Costa. ......................... 34

Figura 09 - Modelo para Cálculo da Erosão em polígonos com transectos. .......................... 36

Figura 10 - A: Mosaico de 1947; B: Mosaico de 1974; C: Recorte da Fotografia de 1964. ... 38

Figura 11 - Comportamento da linha de costa da Ilha dos Marinheiros. ................................ 39

Figura 12 - Gráfico das áreas de erosão/acresção da Ilha dos Marinheiros. ......................... 39

Figura 13 - Modelo de Erosão/Acresção da Ilha dos Marinheiros entre 1974 e 2009. .......... 40

Figura 14 - Modelo de Erosão/Acresção da Ilha dos Marinheiros entre 1964 e 2009. .......... 41

Figura 15 - Modelo de Erosão/Acresção da Ilha dos Marinheiros entre 1947 e 2009. .......... 41

Figura 16 - Gráfico das áreas de erosão/acresção da Marambaia. ........................................ 42

Figura 17 - Gráfico de relação entre a área total erodida da Ilha dos Marinheiros com a área

erodida da Marambaia. ............................................................................................................ 43

Figura 18 - Variação da área erodida da Marambaia. ............................................................. 43

Figura 19 - Mapa de deslocamento linear da Marambaia entre 1947 e 2009. ....................... 45

Figura 20 - Cenários encontrados nas saídas de campo. ....................................................... 46

Figura 21 - Linha de Costa de 2011 com a taxa erosiva no período de 64 anos. .................. 47

Page 8: erosão Ilha dos Marinheiros

viii

RESUMO

Na atualidade, uma das principais preocupações tanto dos municípios costeiros

quanto das regiões estuarinas do mundo, são as questões relacionadas ao processo

de erosão. As feições da linha de costa por estarem em ambiente dinâmico são

passíveis de modificações morfológicas devido aos fatores climáticos, topográficos,

oceanográficos, além da intervenção do homem nesses ambientes. A partir do

exposto, o presente estudo visa quantificar a erosão da linha de costa da Ilha dos

Marinheiros, Rio Grande - RS num período de 62 anos. A ilha está situada na

posição central de uma grande enseada no estuário da Laguna dos Patos possuindo

uma área de aproximadamente 40 km². A metodologia adotada neste estudo

consistiu na criação de uma base cartográfica composta por fotografias aéreas

datadas de 1947, 1964, 1974 e imagens de satélite GeoEye do ano de 2009,

realização de levantamentos topográficos, georreferenciamento, mosaicagem,

registro, vetorização da linha de costa e cálculo da deriva de costa. O cálculo das

taxas erosivas, a partir do comparativo das diferentes linhas de costa, foi realizado

no software Erdas-Image 9.3® e as demais etapas foram realizadas nos softwares

ArcGIS 9.3® e MultiSpec 3.1. Os resultados obtidos englobam a confecção dos

mosaicos, a digitalização da linha de costa, o cálculo de área erodida e também o

cálculo da taxa deslocamento linear da região da Marambaia, para este último foram

encontrados valores que variaram de 0,48 a 1,69 metros por ano. A partir do

exposto, conclui-se que a metodologia empregada mostrou-se precisa para análise

do processo erosivo que ocorre na Ilha dos Marinheiros.

Palavras-chave: Erosão costeira; Linha de Costa; Geoprocessamento;

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1. INTRODUÇÃO

Na atualidade, um dos principais problemas enfrentados pelos municípios

litorâneos, no mundo, é a erosão costeira. A preocupação com este tema se dá pelo

valor social e econômico das regiões costeiras e principalmente pela quantidade de

pessoas que residem próximas à linha de costa, uma vez que, segundo Tagliani et

al. (2006) cerca de 60% da população mundial encontram-se nessas regiões.

Dentre os diversos conceitos existentes temos que erosão costeira é o

resultado da alteração do equilíbrio, envolvendo principalmente o suprimento natural

de sedimentos, ocupação-urbanização, subsidência do terreno, variação da

intensidade e direção do fluxo de energia das ondas, variações relativas do nível do

mar, entre outros fatores. Outro termo utilizado para designar o recuo da linha de

costa é a retrogradação, que se define por ser um movimento negativo da linha de

costa, resultando em uma perda de terreno. Em alusão a linha de costa, erosão

costeira pode ser conceituada como um processo natural de reequilíbrio da mesma

em detrimento de um processo de perda de sedimentos de uma determinada

localidade.

Nos últimos anos, o aumento da ocupação das áreas costeiras, uma possível

intensificação dos eventos extremos incidindo sobre a costa, bem como um possível

cenário de elevação do nível médio do mar (NM), vem causando danos

consideráveis na estrutura dessas localidades. Estudos relacionados a mudanças na

posição da linha de costa e na determinação de áreas mais suscetíveis aos

processos erosivos têm sido cada vez mais importantes à medida que os municípios

costeiros necessitam de planos de manejo eficazes para a orla marítima/estuarina.

Levando em consideração todos os corpos d’água conectados ao oceano,

como os estuários, por exemplo, alterações da dinâmica deste cenário afetarão

diretamente estes ambientes, inclusive acelerando os processos erosivos.

Dentre as diversas ferramentas utilizadas para a quantificação das taxas de

retrogradação das zonas costeiras tem-se que, o uso de técnicas de

geoprocessamento tem estado cada vez mais presente nas pesquisas relacionadas

à erosão de margens costeiras ou estuarinas. Geoprocessamento, por definição, é o

uso de técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação

geográfica (Câmara & Davis, 2007). No uso dessa ferramenta é fundamental a

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10

obtenção e utilização de dados precisos, fazendo uso de diversas fontes, sendo

elas, imagens de satélites de diferentes épocas, fotografias aéreas ou mapas, já

existentes, para confecção de novos produtos. Esse conjunto de informações é de

fundamental importância para os municípios costeiros que sofrem com o problema

da erosão.

Para quantificar as taxas de erosão, por fotografias ou imagens de satélite, se

faz uso, na maioria dos casos, da linha de costa como referência. Dolan et al. (1978)

conceituam linha de costa como sendo a representação das bordas de um corpo

d’água, as quais estão sujeitas a processos extremamente dinâmicos, apresentando

mudanças diárias e de longo período em sua posição. A definição da localização da

linha de costa de uma determinada região, seja ela marinha ou estuarina, é um

processo um pouco complexo, o qual é condicionado pelas interações

morfodinâmicas, que são regidas pelas ondulações geradas por sistemas

meteorológicos e pelo balanço hídrico e sedimentar resultante entre o aporte

continental e marinho.

Na costa do Rio Grande do Sul, fenômenos erosivos em praias oceânicas e

margens estuarinas são constantemente estudados no meio acadêmico-científico.

Estudos têm destacado que algumas áreas costeiras e estuarinas vêm

apresentando taxas crescentes de erosão, devido não apenas as condições

naturais, mas também resultado das atividades do homem, como ocupações

irregulares nas regiões costeiras e construção de grandes obras de engenharia.

A Planície Costeira do Rio Grande do Sul e os entornos do estuário da

Laguna dos Patos, com destaque para a Ilha dos Marinheiros, foco deste trabalho,

são, segundo Tagliani et al. (2006), áreas extremamente planas que apresentam

pouquíssima variação de relevo. Considerando um possível cenário de elevação do

nível do mar, uma quantificação do comportamento da linha de costa da Marambaia,

localizada na margem leste da Ilha, é de grande importância à medida que a

localidade vem sendo submetida, ao longo dos anos, a sérios problemas de erosão.

A partir do exposto, o presente estudo tem por objetivo quantificar a evolução

da linha de costa da Ilha dos Marinheiros, com ênfase na região da Marambaia,

entre os anos de 1947 e 2009, com o uso de geotecnologias, fotos aéreas e

imagens de satélite da localidade nos últimos sessenta e dois anos. O estudo

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11

propõe ainda, dar ênfase à aplicação de uma metodologia eficaz para a geração de

um produto confiável e preciso que possa ser útil em trabalhos futuros.

1.1 Justificativa

A motivação para realização desse estudo dá-se em virtude da

disponibilidade de ferramentas que permitem a análise espaço-temporal da área.

Sendo o geoprocessamento um conjunto de técnicas que consistem na coleta e no

tratamento de dados espaciais brutos, com a finalidade de extrair informações sobre

determinado fenômeno, o estudo e quantificação dos processos erosivos na Ilha dos

Marinheiros tornam-se uma alternativa válida e importante para a gestão costeira da

localidade. Levando-se em consideração que as ilhas são localidades que

apresentam um ecossistema rico e ao mesmo tempo frágil no que diz respeito a

possíveis alterações na sua topografia, no clima da região, é fundamental se

estabelecer um panorama atual bem como expor a resposta dessas localidades às

mudanças na linha de costa. Além disso, a Ilha dos Marinheiros é considerada a

maior ilha do estado, apresentando grande representatividade histórica, cultural e

econômica, uma vez que é a maior abastecedora de hortifrutigranjeiros para a

cidade de Rio Grande e entornos.

1.2 Área de Estudo

A Ilha dos Marinheiros (Figura 01) a qual faz parte do município de Rio

Grande – RS possui uma área de aproximadamente 40 Km2 e está situada na

posição central de uma grande enseada no estuário da Laguna dos Patos. A

localidade é caracterizada por uma grande diversidade ambiental, composta por

dunas, matas, terraços, marismas, lagoas, entre outros ambientes, sendo sua

população composta predominante por pescadores e agricultores.

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12

Figura 01 - Localização da Ilha dos Marinheiros, Rio Grande - RS. Fonte: Própria do trabalho.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O presente estudo tem por objetivo quantificar a erosão da linha de costa da

Ilha dos Marinheiros, Rio Grande – RS, num período de 62 anos, com ênfase na

Marambaia, região pertencente à ilha, através de técnicas de geoprocessamento.

2.2 Objetivos Específicos

Gerar mosaicos das fotografias aéreas de 1947 e 1974;

Traçar a linha de costa da Ilha dos Marinheiros através de fotografias aéreas

e imagem GeoEye;

Traçar a atual linha de costa da região mais povoada da Marambaia com GPS

Geodésico;

Obter a área erodida e a taxa de retrogradação da linha de costa;

Gerar mapas com a retrogradação da linha de costa dos últimos 62 anos.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Erosão Costeira/Estuarina

A zona costeira é uma região dinâmica, ou seja, está constantemente

sofrendo transformações e processos que integram inúmeros fatores, entre eles

destacam-se fatores naturais, como eventos climáticos que ocorrem em margens

litorâneas bem como a morfologia, e também fatores antrópicos, como a ocupação

irregular e a implantação de obras de engenharia. A partir de ações que interfiram no

perfil dinâmico da praia e no transporte de sedimentos, as zonas costeiras e

estuarinas estão sujeitas a uma perda de estabilidade, a qual acarreta ou intensifica

os riscos inerentes à erosão costeira. Sendo a zona costeira uma interface entre

continente, atmosfera e oceano, ela se torna vulnerável a mudanças nestes três

grandes sistemas (NEVES & MUEHE, 2008).

Rosseti (2008) apud Coelho et al. (2009) destaca que os ambientes costeiros,

mais do que qualquer outro sistema físico, caracterizam-se pelas frequentes

mudanças, tanto espaciais quanto temporais, resultando em uma grande variedade

de feições geomorfológicas. O grande dinamismo da costa é condicionado por

processos deposicionais e erosivos provenientes da ação de ondas, correntes e dos

processos de subida e recuo do nível das águas, sejam do mar ou dos estuários.

O litoral brasileiro apresenta um perfil praial bastante diversificado de forma

que, estudos realizados ao longo da costa brasileira indicam que os relatos sobre

erosão são bem mais numerosos do que os de progradação da linha de costa.

Dados revelam que trinta e cinco por cento (35%) do litoral brasileiro se encontram

em erosão sendo que, grande parte ocorre nas praias e, em menor proporção, nas

falésias sedimentares seguido de desembocaduras fluviais e estuarinas (NEVES &

MUEHE, 2008).

Alfredini (2005) apud Albuquerque (2010) destaca que, erosão costeira é o

conjunto de processos em que é removido mais material da praia do que depositado,

sendo que esse processo condiciona à quebra do equilíbrio dinâmico original. A

esse fenômeno é atribuído o termo recuo da linha de costa em direção ao

continente. Costa (1995) apud Neves & Muehe (2008) discute que o processo

erosivo, em parte, é resultante da própria morfodinâmica local de forma que,

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15

modificações naturais ou induzidas pelo homem, no regime de variação fluvial e no

aporte de sedimentos, intensificam esses processos.

Braga (2005) apud Nascimento (2009) afirma que a forma com a qual a

erosão irá atuar em uma linha de costa é regida pela localização, configuração,

orientação e profundidade desta região. Uma linha de costa que apresenta

tendências erosivas está, segundo Antiqueira (2009), submetida a ondas que

apresentam ângulos de incidência que podem proporcionar ou não o aumento no

fluxo de sedimentos local.

Dentro do contexto de erosão costeira e sua relação com uma análise

ambiental ressalta-se a questão do grau de vulnerabilidade costeira de uma região.

Pereira (2005) define vulnerabilidade como sendo a interação das variáveis físicas,

biológicas e sócioeconômicas, as quais envolvem a susceptibilidade do ambiente. A

vulnerabilidade depende de vários fatores entre eles o tipo de costa, o grau de

exposição ao regime hidrodinâmico (ondas e marés) entre outros.

Gornitz et al. (1994) apud Albuquerque (2010) afirmam que os aspectos

físicos consistem na estrutura do terreno, onde são relacionados: a amplitude de

maré, altura das ondas, declividade do litoral, taxa de erosão da linha de costa,

geomorfologia litorânea e taxa de subida do nível do mar. Já os aspectos

sócioeconômicos referem-se à capacidade de amenizar esses impactos.

Novaes et al. (2007) destacam que quanto mais sensível, mais vulnerável e

menos sustentável é a área, maior é o grau de exposição do local e a capacidade

em suportar determinadas ações. A avaliação da vulnerabilidade possibilita

identificar os riscos, determinar ações prioritárias e cenários futuros, além de

demonstrar a probabilidade de uma determinada área em sofrer dano devido à ação

de agentes naturais ou antrópicos (CARNEIRO et al., s.d.).

3.2 Agentes Condicionantes da Erosão

As causas para erosão costeira, na maior parte das vezes, envolvem a

superposição de diferentes processos atuando em diferentes escalas temporais e

espaciais. Os fatores que são reconhecidos no mundo inteiro como os principais

agentes da erosão costeira, são destacados por causarem a redução do suprimento

de sedimentos bem como a interrupção da deriva litorânea. (TOMAZELLI &

DILLENBURG, 1998 apud FISCHER, 2005)

Page 16: erosão Ilha dos Marinheiros

16

De acordo com Piérri (2008) apud Nascimento (2009) as características

regionais determinam o nível de risco à erosão. A latitude, por exemplo, irá

determinar alguns fatores climáticos e oceanográficos (ventos e padrões de onda,

correntes, suscetibilidade a furações ou tempestades).

Ao se considerar os fatores que influenciam nas mudanças climáticas e seus

impactos sobre a zona costeira é importante ter conhecimento dos fenômenos

atuantes, entre eles: regime de ventos, comportamento das ondas, variações no

nível médio do mar, transporte de sedimentos e variações de temperatura.

Fischer (2005) afirma que assim como as praias oceânicas, as praias

estuarinas também são passíveis de modificações morfológicas. Além disso, as

praias localizadas em estuários também podem sofrer processos erosivos. Estuários

são definidos como sendo corpos de água costeiros semifechados, com uma livre

ligação com o oceano aberto, no interior do qual a água do mar é mensuravelmente

diluída pela água doce proveniente da drenagem continental (PRITCHARD, 1955

apud FISCHER, 2005).

Diversos estudos realizados no Estuário da Laguna dos Patos por Calliari et

al. (1980), Antiqueira & Calliari (2005), Fischer (2005), Noguez (2005), Tagliani et al.

(2006), Antiqueira (2009), Gonçalves (2010), Pereira (2010), dentre outros, tem

demonstrado que, os principais agentes que condicionam a erosão em margens

estuarinas são as ondas geradas dentro do próprio estuário por ventos locais, as

marés, o aumento do nível da água e as correntes induzidas por ondas

(NORDSTRON, 1992 apud FISCHER, 2005).

O regime de ondas merece grande destaque, na medida em que este é o

principal agente transformador em costas estuarinas (Neves & Muehe, 2008).

Mesmo com intensidade de energia menor, as ondas no estuário provocam o

transporte de sedimentos e a mudança da morfologia da linha de costa. Conforme

Fischer (2005) as características das ondas dentro do estuário são determinadas

pela velocidade, duração dos ventos e pela distância da pista que o vento percorre.

Nos estuários as ondas são ainda influenciadas pela profundidade da água, pela

topografia que poderá causar variações no regime dos ventos e por estruturas

construídas na bacia.

As ondas geradas em estuários quebram com um ângulo de inclinação em

relação à linha de costa, diferente das ondas refratadas oceânicas (CARTER, 1980

Page 17: erosão Ilha dos Marinheiros

17

apud FISCHER, 2005). Tal ângulo é responsável por um máximo transporte

litorâneo de sedimentos, processo este conhecido como deriva litorânea (ALVES,

2006 apud ANTIQUEIRA, 2009). Em períodos de tempestades a energia das ondas

atinge uma alta intensidade de forma que, durante estes eventos os fenômenos

erosivos se intensificam.

É importante destacar que a determinação de erosão em uma determinada

localidade, não pode ser definida por um único evento, como tempestades,

enchentes, ciclones entre outros, e sim por uma análise temporal de longo prazo que

integram todas as mudanças climáticas, a fim de comprovar que esta região está

realmente sofrendo uma tendência erosiva.

Por sua vez, a influência das variações do nível da água afeta de maneira

significativa as margens dos estuários, até mesmo mudando sua forma. O alcance

das águas ocasiona a modificação da intensidade das correntes e a distribuição

vertical da onda no perfil praial (NORDSTRON, 1992 apud FISCHER, 2005).

As oscilações de nível médio do mar estão associadas às marés

astronômicas, sendo que estas não sofrem influências climáticas, já as oscilações

que dependem dos efeitos meteorológicos, são designadas marés meteorológicas. A

Laguna dos Patos está sob regime de micro-maré, ou seja, baixa amplitude,

apresentando em média a maré astronômica de aproximadamente 0,5 m, mas as

oscilações de maré meteorológica podem atingir 1,0 m, como descrito por Neves &

Muehe (2008). O fato de estar localizada numa área de micro-maré torna as chuvas

e os ventos, fatores determinantes nas variações de nível no interior dos estuários

(FISCHER, 2005).

Os ventos possuem grande influência no processo erosivo, uma vez que, é

sobre os corpos d’água costeiros e estuários que os ventos geram ondas e induzem

circulações de massas d’água em várias escalas de tempo. (NEVES & MUEHE,

2008). Os ventos capazes de gerar ondas no Estuário da Laguna dos Patos,

segundo Fisher (2005), são os dos quadrantes NE, SE, e E. Sendo que ocorre a

predominância de ventos NE ao longo de todo o ano. Os ventos NE favorecem o

fluxo vazante, isto é, a saída de água do estuário. Em contrapartida os ventos S e

SE fazem uma inversão de fluxo, facilitando a entrada de água marinha no estuário.

Os ventos SW, provocam o aprisionamento d’ água na Barra de Rio Grande fazendo

subir o nível em toda a Laguna dos Patos. (SOUZA, 2002 apud FISCHER, 2005)

Page 18: erosão Ilha dos Marinheiros

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Neves & Muehe (2008) dão ênfase a outro fator condicionante no aumento do

nível médio do mar que é o fenômeno induzido pelo aquecimento atmosférico,

provocando a expansão térmica da água, aumentando assim o volume das águas

marinhas e acarretando em um aumento do nível médio dos mares que afetará

diretamente no estuário.

3.3 Geoprocessamento

Segundo Câmara & Davis (2007), geoprocessamento refere-se à disciplina do

conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento

das informações geográficas. O geoprocessamento tem apresentando um crescente

avanço e significativas influências nas áreas de Cartografia, Análise de Recursos

Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Ambiental.

Para Noguez (2005), o geoprocessamento aborda um conjunto de tecnologias

e atividades que proporcionam a ação de manipular informações com uma

determinada posição no espaço, possibilitando a tomada de decisões. A tecnologia

da geoinformação se originou em virtude da evolução tecnológica de suas bases,

bem como da cartografia e do sensoriamento remoto. Dessa forma, o

geoprocessamento trata de técnicas que visam à aquisição, o armazenamento, a

análise, a disseminação e o gerenciamento de dados espaciais (FITZ, 2008).

A determinação do posicionamento da linha de costa, por meio de técnicas de

geoprocessamento, e sua variabilidade podem ser feitas mediante a aplicação de

várias metodologias, sendo que a escolha do método depende da disponibilidade de

dados, logística e das escalas espacial e temporal que se pretende analisar. A partir

das variáveis descritas acima, o geoprocessamento passa a proporcionar a

integração desses parâmetros para aferição do posicionamento da linha de costa

(GORMAN et al., 1998 apud FISCHER, 2005).

De acordo com Souza & Luna (2009) a interpretação de séries históricas de

fotografias aéreas e mapas antigos como uma técnica para medir variações da linha

de costa, começou a ser usada no final da década de 1960. Posteriormente,

inúmeros trabalhos foram idealizados com o mesmo embasamento, de forma a

proporcionar uma maior disseminação de trabalhos que abordam estudos referentes

aos processos erosivos e quantificação dos mesmos.

Page 19: erosão Ilha dos Marinheiros

19

No Brasil, os trabalhos científicos a respeito da determinação da linha de

costa começaram a se desenvolver a partir da década de 1990, influenciado

principalmente pelos avanços tecnológicos na área de geodésia e também pelo

aumento do compartilhamento de informações entre pesquisadores da área. O

primeiro estudo a realizar cálculos a respeito da taxa de erosão da linha de costa

através de técnicas de geoprocessamento foi realizado na Praia do Gonzaguinha, no

município de São Vicente, São Paulo (SOUZA & BARBOSA, 2007 apud SOUZA &

LUNA, 2009).

Nas últimas décadas, as técnicas de mapeamento da linha de costa e de

quantificação dos processos erosivos têm apresentado grande evolução em virtude

do rápido avanço tecnológico, popularização dos sistemas de informação geográfica,

cartografia digital, e a incorporação de novas tecnologias.

As técnicas para mapeamento da linha de costa e posterior avaliação do grau

de vulnerabilidade costeira através do geoprocessamento são cada vez mais viáveis

em virtude de uma maior disponibilidade de equipamentos e métodos precisos, tais

como: sistemas de posicionamento global avançado (GPS), imagens de satélites,

aerofotos e ferramentas SIG, as quais proporcionam um agrupamento desses dados

espaciais.

3.4 Conceitos de Geoprocessamento

3.4.1 Cartografia

A cartografia pode ser definida como a ciência de organização de cartas

terrestres, marítimas e aéreas de qualquer superfície, abrangendo todas as

operações, desde os levantamentos iniciais do todo o terreno até a impressão

definitiva das mesmas (ONU, 1949 apud RUFINO & FACUNDO, s.d.).

Pode-se dizer que a cartografia trabalha em conjunto com o

geoprocessamento, sendo ramos complementares, pois conforme D’ Alge (2001) a

maior preocupação que ambas têm é a precisão do espaço geográfico, no entanto,

uma é encarregada da representação e a outra das técnicas para que esse objetivo

seja alcançado.

Diversos termos no âmbito da cartografia são de grande relevância para o

geoprocessamento, dentre eles os mapas, que segundo Joly (1990) apud Gonçalves

(2010) é a representação simplificada da realidade, transmitindo uma visão sinótica

Page 20: erosão Ilha dos Marinheiros

20

do planeta. Um dos elementos fundamentais para o bom entendimento e uso eficaz

dos mapas é a escala, pode-se definir escala como sendo a relação existente entre

as distâncias lineares representadas em um mapa, e aquelas existentes no terreno,

ou seja, na superfície real (FITZ, 2005).

3.4.2 Sensoriamento Remoto

Sensoriamento Remoto em uma definição geral é caracterizado como a

ciência e arte de obter informações a respeito de um objeto, área ou fenômeno pela

análise de dados adquiridos por um sistema que não se encontra em contato direto

com o objeto, área ou fenômeno em investigação (LILLESAND & KIEFER, 1994

apud CENTENO, 2009).

D’ Alge (2001) destaca que o Sensoriamento Remoto representa uma

excelente fonte de informação atualizada para o geoprocessamento, além disso, a

união da tecnologia, dos conceitos e das teorias dessas duas ciências possibilita a

criação de sistemas de informação mais ricos e sofisticados.

As imagens orbitais e também as fotografias aéreas são produtos obtidos por

meio de sensores remotos, pois tanto os satélites quando as câmeras aéreas

fornecem dados a cerca do alvo indiretamente.

Novo (1989) apud Noguez (2005) aborda que o emprego destas tecnologias

visa estudar o ambiente terrestre por meio do registro e da análise das interações

entre a radiação eletromagnética e as substâncias que constituem esse ambiente.

Com o avanço tecnológico dos equipamentos e das técnicas na área do

sensoriamento remoto, muitos produtos advindos de satélites, por exemplo,

ganharam espaço e popularização devido a sua grande precisão e finalidade.

3.4.3 Fotogrametria e Fotointerpretação

Coelho & Brito (2007) destacam que a fotogrametria executa medições em

fotografias aéreas e também que esta se define como a ciência e tecnologia de se

obter informação confiável por meio de imagens adquiridas por sensores

fotográficos.

A necessidade de interpretar e identificar feições nas fotografias consiste na

fotointerpretação. Esse termo refere-se à dedução do significado dos alvos que

Page 21: erosão Ilha dos Marinheiros

21

constituem a cena de uma imagem aérea ou orbital. Essa técnica depende da

qualidade da fotografia utilizada e da experiência do fotointérprete.

Albuquerque (2010) destaca que são vários os métodos para quantificar

erosão, um deles é através do mapeamento da linha de costa por fotografias e

imagens aéreas. Segundo Pereira (2010) as fotografias aéreas são constantemente

utilizadas para estudos de evolução costeira, por apresentarem qualidade suficiente

para as análises.

As imagens de satélites e fotografias aéreas são fundamentais sabendo que a

posição e o deslocamento horizontal da linha de costa são as variáveis que servem

como indicadores de erosão e acresção (Stockdon et al., 2002 apud

ALBUQUERQUE, 2010), mesmo que as variações da linha de costa sejam

processos tridimensionais.

Devido à limitada faixa de mapeamento que as câmeras fotogramétricas

apresentam, é necessário realizar a junção das cenas capturadas por essas. Esse

processo de unir várias imagens ou fotografias aéreas consiste em mosaicos, os

quais, segundo Coelho & Brito (2007), podem ser considerados não-controlados, se

não houver tratamento sobre as imagens, ou controlados, caso as imagens sejam

ortorretificadas anteriormente.

3.4.4 Topografia

Outro método para quantificar os processos erosivos em uma margem tanto

oceânica quanto estuarina é através da topografia, pois assim é possível realizar

levantamentos para traçar a linha de costa com equipamentos GPS e também por

levantamentos que efetuem perfis diretos ou indiretos. A topografia tem como

princípio trabalhar com medidas, lineares e angulares, realizadas sobre a superfície

da Terra onde a partir destas medidas serão obtidos valores de área, volume,

coordenadas geográficas e outros.

Gonçalves (2010) enfatiza que a topografia compreende os métodos de

medidas do terreno necessárias à perfeita representação deste. Os levantamentos

topográficos se caracterizam por apresentarem dois tipos de dados: planimétricos

(latitude, longitude) e altimétricos (altitude). Por meio das informações

planialtimétricas é possível confeccionar Modelos Digitais de Terreno, denominados

de MDT ou DEM.

Page 22: erosão Ilha dos Marinheiros

22

Um modelo digital de terreno permite analisar o quanto a topografia da região

influencia no transporte de sedimentos, isto é, gera ou intensifica a erosão.

Quanto aos levantamentos por GPS para delimitar a posição da linha de costa

com precisão Albuquerque (2010) afirma que o Sistema de Posicionamento Global é

um sofisticado sistema eletrônico de navegação mundial, baseado em uma rede de

satélites permitindo a localização instantânea, em qualquer ponto da Terra.

O mapeamento da linha de costa utilizando tais equipamentos revolucionou

os levantamentos de campo, pois permitiu a obtenção de dados de forma rápida,

precisa e relativamente com baixo custo, ao longo dos segmentos costeiros.

(MORTON et al., 1993 apud ALBUQUERQUE, 2010)

3.4.5 Processamento Digital de Imagens

As técnicas de processamento digital de imagens (PDI) são executadas com

o objetivo de tornar os dados mais pertinentes com a realidade. Crósta (1992) define

PDI como sendo o uso de técnicas para identificar, extrair, condensar e realçar a

informação de interesse para determinados fins, a partir de uma enorme quantidade

de dados que usualmente compõem essas imagens. Ao adquirir uma imagem é

fundamental realizar processos específicos para espacializar às informações e

corrigir as distorções. Dentre estes, D’Alge (2001) destaca as correções geométricas

realizadas tanto em imagens orbitais como em fotografias aéreas de grande

importância para estudos multitemporais, pois requerem que uma imagem seja

registrada com a outra para que se possa interpretar a resposta de ambas numa

mesma posição no espaço. Portanto, georreferenciamento conforme IBGE (2001) se

caracteriza por ser uma relação geométrica entre os pixels da imagem e as

coordenadas geográficas da área correspondente. Já o processo de registro citado

por IBGE (op cit.) define-se como o ajuste de uma imagem ao sistema de

coordenadas de outra imagem.

Destaca-se também neste contexto, o erro residual denominado raiz

quadrada do erro médio (RMS), sendo este responsável pela acurácia e precisão da

correção geométrica, a menor diferença entre as coordenadas originais e as

calculadas chama-se resíduo. Para ser considerado aceitável esse valor deve ser

menor do que metade do tamanho do pixel (IBGE, 2001)

Page 23: erosão Ilha dos Marinheiros

23

4. METODOLOGIA

A metodologia empregada neste trabalho para quantificar a erosão da Ilha

dos Marinheiros baseia-se nas seguintes etapas: aquisição de uma base

cartográfica composta por fotografias aéreas e imagem de satélite, realização de

levantamentos topográficos, tratamento dos dados, vetorização da linha de costa e

cálculo da deriva de costa.

4.1 Base Cartográfica

As fotografias aéreas foram adquiridas na Agência de Desenvolvimento da

Bacia da Lagoa Mirim, pertencente à Universidade Federal de Pelotas, neste local é

possível encontrar fotografias de todos os vôos aéreos realizados no estado do Rio

Grande do Sul em diversas datas.

A seleção das cenas e dos vôos levou em consideração faixas que

abrangessem toda a Ilha dos Marinheiros. Ao longo do estudo foram adquiridas

aerofotos referentes aos anos de 1947, 1964 e 1974, nas respectivas escalas

1:40.000, 1:60.000 e 1:20.000. Tais fotografias por estarem em meio analógico,

necessitaram ser digitalizadas onde, nesta etapa, as mesmas ficaram com as

seguintes resoluções 1200 dpi, 600 dpi e 600 dpi. Para realização da digitalização

utilizou-se o scanner convencional da marca Brother modelo MFC – 8460. Em todas

as fotografias, o recobrimento longitudinal é de 60% e lateral 25%.

Juntamente com as aerofotos, a base cartográfica (Tabela 01) também é

composta por imagens orbitais do satélite GeoEye, referentes ao ano de 2009. Estas

foram adquiridas através de um convênio entre a Prefeitura Municipal de Rio Grande

e o Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Rio

Grande. Estas imagens, no módulo pancromático, abrangem o intervalo espectral de

0,45 a 0,8 m, possuindo quatro bandas. O sensor pancromático possui alta

resolução espacial, sendo de aproximadamente 0,5 m e resolução radiométrica de

11 bits, no entanto, as imagens foram obtidas com oito bits de resolução

radiométrica.

Referente às imagens GeoEye três cenas abrangem toda a Ilha dos

Marinheiros, e por possuir grande área imageada, um recorte foi feito para que a

imagem ocupasse apenas a área de estudo.

Page 24: erosão Ilha dos Marinheiros

24

Tabela 01: Estrutura da Base Cartográfica.

Tipo de Dado Espacial

Sensor

Ano

Aerofoto

Filme Fotográfico

1947, 1964, 1974

Imagem de Satélite

Pancromático

2009

4.2 Levantamento in loco

Os levantamentos de campo foram realizados com o uso de GPS Geodésico /

RTK (Global Positioning System/ Real Time Kinematic) da marca Leica (Figura 02), o

qual fornece as correções em tempo real com os satélites. Os parâmetros do GPS

Geodésico em relação a sua precisão são cinco mm na vertical e três mm na

horizontal.

Este equipamento foi utilizado para coletar os pontos de controle, isto é, obter

as coordenadas geográficas dos pontos fotoindentificáveis em todas as imagens. Os

fatores a serem considerados na escolha dos pontos de controle são: apresentar

feições constantes no tempo, ser de fácil acesso, possuir fácil identificação e ter a

rede de pontos bem distribuída.

Figura 02 - Base do GPS Geodésico. Fonte: Própria do trabalho.

Page 25: erosão Ilha dos Marinheiros

25

O levantamento em campo também foi realizado com intuito de traçar a atual

linha de costa da região urbanizada da Marambaia. Através do GPS geodésico no

modo Stop and Go e configurado no datum WGS 84 (World Geodetic System), com

coordenadas planas UTM (Universal Transversor de Mercator), zona 22 sul foi

possível delimitar a atual linha de costa com significativo detalhamento.

O principio de funcionamento de um GPS geodésico consiste no uso de um

par de antenas receptoras: a base, uma antena fixa que está situada em um ponto

com coordenadas conhecidas (latitude, longitude e altitude), e o Roover, uma antena

móvel, a qual transmite as informações para qualquer ponto da área em

monitoramento até a base. O alcance e a precisão do sinal são regidos por um link

de rádio localizado junto à base. Os dados são armazenados em uma controladora

portátil, chamada de PDA, a qual acompanha o Roover, estabelecendo a

comunicação com o mesmo por meio de Bluetooth. O refinamento e a precisão do

sinal do GPS são dados a partir de duas portadoras do tipo L1 e L2, as quais

trabalham em frequência de microondas.

O modo Stop and Go (Figura 03) pós-processado é utilizado para

levantamentos de detalhes, onde o receptor fica parado alguns segundos sobre um

ponto (stop) e é deslocado para o próximo ponto (go). Como fica pouco tempo sobre

o ponto, é necessário uma taxa de gravação pequena (1s ou 2s) para poder fazer

uma média com várias medições.

Figura 03 - Modo Stop and Go. Fonte: Própria do Trabalho.

Page 26: erosão Ilha dos Marinheiros

26

4.2.1 Coleta dos Pontos de Controle

Para o georreferenciamento das imagens GeoEye foi realizado uma saída de

campo no dia 12/09/2011 com objetivo de coletar os pontos de controle em campo.

Foram coletados 24 pontos de controle na Ilha dos Marinheiros (Figura 04) de modo

que, nesse procedimento, usou-se como ponto de referência o marco geodésico

(Tabela 02) instalado na Universidade Federal do Rio Grande – Campus Carreiros

(Figura 05).

Tabela 02: Dados do Marco Geodésico.

Base

Posição UTM (E)

Posição UTM (N)

Altitude Ort (m)

Localização

FURG

Carreiros

390500,12

6450935,30

16,59

Próximo ao prédio

da Reitoria

Figura 04 - Distribuição dos pontos de controle coletados em campo com o GPS Geodésico. Fonte: Própria do Trabalho.

Page 27: erosão Ilha dos Marinheiros

27

Figura 05 - Marco Geodésico. Fonte Própria do Trabalho.

4.2.2 Coleta dos Pontos da Linha de Costa

A saída de campo do dia 29/06/2011 foi realizada com o intuito de coletar os

pontos da atual linha de costa da Marambaia equivalendo, a um comprimento de

824 metros. Como mostrado na (Figura 06), algumas dificuldades foram encontradas

em relação à coleta dos pontos, entre eles, o difícil acesso devido à vegetação, à

presença de galhos em certos pontos e também o nível da lagoa que estava elevado

nesta data. Para efetuar esta etapa prática foram utilizadas roupas térmicas. Foram

coletados 192 pontos, por meio do GPS geodésico.

Page 28: erosão Ilha dos Marinheiros

28

Figura 06 - Problemas encontrados na coleta de pontos da linha de costa. Fonte: Própria do trabalho.

4.3 Tratamento dos Dados

Os dados adquiridos em campo, assim como a imagens orbitais e

aerofotografias foram tratadas em laboratório. Nesta etapa foi realizado o

processamento, as correções e principalmente a espacialização das informações

contidas nos dados (Figura 07).

Figura 07 - Fluxograma da metodologia empregada na base cartográfica. Fonte: Própria do trabalho.

Page 29: erosão Ilha dos Marinheiros

29

4.3.1 Georreferenciamento

A etapa de georreferenciamento que consiste basicamente em atribuir

coordenadas espaciais, isto é, o que antes estava representado pelas posições dos

pixels (f(x,y)) agora está espacializado geograficamente através das coordenadas

geográficas atribuídas. O objetivo deste procedimento foi georreferenciar a imagem

GeoEye através dos pontos coletados em campo.

4.3.2 Registro

Para o cálculo de deriva de linha de costa é fundamental que todas as

imagens e fotografias estejam na mesma posição, isto é, possuam as coordenadas

latitude e longitude igual em toda a base cartográfica. Para esse processo é

necessário ter uma imagem de referência, neste estudo, foi utilizado a imagem

GeoEye.

A partir da ferramenta Georeferencing tools do software ArcGIS 9.3 no

módulo ArcMap, se procurou as feições homólogas entre a fotografia e a imagem

GeoEye. Desta forma, as cenas que compõe o mosaico ficaram devidamente

ajustadas pela GeoEye.

A primeira data a ser registrada foi a de 1974, por ser a mais recente das

fotografias e possuir grande escala, fator que auxilia o procedimento de

reconhecimento. Para esta data cinco cenas foram utilizadas. Conforme a Tabela 03

é mostrado o erro encontrado para cada cena e também o erro médio do mosaico.

Para calcular o erro médio é necessário multiplicar o erro de cada cena e extrair a

raiz com grau igual ao número de cenas, nesse caso grau cinco.

Tabela 03: Erro do Mosaico de 1974.

CENAS

RMS (m)

CENA 1

0.4

CENA 2 0.35

CENA 3 0.3

CENA 4 0.23

CENA 5 0.42

TOTAL (RMS MÉDIO) 0.33

Page 30: erosão Ilha dos Marinheiros

30

Na fotografia de 1964 apenas uma fotografia abrangeu toda a Ilha dos

Marinheiros. Nesta cena foi preciso fazer um recorte, a fim de diminuir as distorções

provindas das bordas, para isso, utilizou-se o comando Clip do ArcGIS 9.3. O erro

encontrado para a cena foi de 1,15m.

Referentes ao ano de 1947 foram necessárias quatro cenas, sendo

registradas com base na imagem de referência. Nesta etapa encontraram-se muitos

fatores que dificultaram o processo de registro (Tabela 04), entre eles as condições

físicas das fotografias, suas grandes distorções e também a questão da Ilha ser

pouco urbanizada na época.

Tabela 04: Erro do Mosaico de 1947.

4.3.3 Mosaicagem

Ao registrar as cenas, estas foram se posicionando devidamente de acordo

com as coordenadas geográficas e também com a imagem base. A geração do

mosaico consiste em unir todas as cenas em um único arquivo raster. Para a

realização deste procedimento utilizou-se o comando Mosaic To New Raster do

software ArcGIS 9.3. Para a conclusão do mosaico final foi necessária à união de

duas em duas cenas para que não houvesse transtornos na máquina no

processamento dos dados. Também foi realizado uma reclassificação dos pixels,

para eliminar o NoData das fotografias, este processo foi feito no comando

Reclassify no software ArcGIS 9.3. O recorte foi realizado em todas as cenas

através do comando Clip do software ArcGIS 9.3 com o intuito principal de eliminar

as distorções das bordas que as fotografias trazem consigo e também eliminar áreas

que prejudicavam a estética do mosaico.

CENAS

RMS (m)

CENA 1

0.27

CENA 2 0.38

CENA 3 0.21

CENA 4 0.25

TOTAL (RMS MÉDIO) 0.27

Page 31: erosão Ilha dos Marinheiros

31

Um fator determinante na qualidade do mosaico é a ordem na qual são postas

as fotografias, ou seja, a forma na qual está à sobreposição das imagens. A escolha

da ordem das cenas foi criteriosa e feita de acordo com a necessidade imposta pelo

trabalho, que neste caso, foi de dar ênfase no modelo que melhor proporcionasse

uma precisão de qualidade e um contraste possível da linha de costa.

4.4 Vetorização da Linha de Costa

A delimitação da linha de costa foi realizada manualmente, de forma a

proporcionar uma comparação entre fotografias e imagens de diferentes épocas. A

vetorização é um processo que consiste em transformar uma feição presente em um

raster em um produto vetorial para que possam ser realizados os cálculos.

A linha de referência adotada neste trabalho é a linha de vegetação, uma vez

que, este limite é o mais constante ao longo das cenas e das datas da base

cartográfica, deve-se também ter conhecimento de que se trata de um limite móvel,

ou seja, sua posição está em constante mudança.

O tipo de shapefile escolhido para representar a linha de costa da Ilha dos

Marinheiros para cada data foi polígono.

A primeira vetorização foi realizada na imagem GeoEye, por ser mais recente

(2009) e possuir 4 bandas espectrais possibilitando a realização de composições

coloridas, uma delas a de falsa cor, isto é, o uso das bandas 4-2-1, a fim de destacar

a vegetação, o que tornou mais identificável a linha de costa.

A vetorização das fotografias aéreas foi um processo mais complexo, pois

estas por estarem representadas em 255 níveis de cinza comprometem a

visualização da linha de costa, no entanto, foi necessário utilizar recursos como o

realce de contraste e o contraste próprio das fotografias. Cada mosaico possui um

tamanho de pixel que implica na resolução espacial, esta por sua vez, define a

escala da digitalização.

A fórmula para determinar o tamanho do pixel é expressa abaixo:

Page 32: erosão Ilha dos Marinheiros

32

Onde:

P = Tamanho do pixel em metros

E = Escala da imagem

R = Resolução da imagem em DPI (Pixels por Polegada)

O parâmetro utilizado 2,54*10-2 refere-se ao tamanho de uma polegada, uma

vez que, a resolução da imagem é em DPI (pixels por polegada), e, portanto este

parâmetro é utilizado para transformação em metros.

A escala de digitalização é um importante elemento a considerar, pois garante

um padrão e diminuição dos erros, tão comuns nesse processo. Para a imagem

GeoEye seguiu-se a seguinte fórmula:

Escala=Resolução Espacial/0.0002

Onde o denominador (0.0002) é um parâmetro já definido para as imagens

deste satélite por meio da altitude do sensor e demais fatores específicos do

mesmo.

Já para definir a escala para as fotografias aéreas seguiu-se a fórmula:

Onde:

A= parâmetro

a= área da fotografia (20 cm x 25 cm)

D= altura do vôo (20.000 pés)

d= distância focal (f 6’’)

Sendo, portanto utilizada para as fotografias:

Escala=Resolução Espacial/A

No entanto, essa é a escala para impressão dos produtos gerados, destacando

sempre que a escala de digitalização deve ser sempre maior do que a de impressão.

As escalas utilizadas encontram-se na Tabela 05.

Page 33: erosão Ilha dos Marinheiros

33

Um procedimento especial teve de ser feito durante a vetorização, uma vez

que, a imagem GeoEye não abrangia uma pequena porção da Ilha na parte superior,

além de fatores como, a construção recente da ponte que liga a Ilha a cidade de Rio

Grande e também as saturações dos pixels no mosaico de 1974. Todos esses

empecilhos fizeram com que essas regiões fossem anuladas durante a vetorização,

isto é, traçou-se uma linha reta, de maneira que, ao efetuar o cálculo essas áreas

anuladas não pertencessem ao polígono, e, por sua vez, não prejudicassem a

acurácia do cálculo.

Tabela 05: Dados da Digitalização.

Ano

Resolução Espacial (m)

Escala de Digitalização

1947

0.84

1:3000

1964 2.54 1:6000

1974 0.84 1:2000

2009 0.5 1:2000

4.5 Cálculo da Deriva de Costa

Após possuir os polígonos de cada ano, utilizou-se o software Erdas-Image

9.3 para efetuar os cálculos. Essa etapa foi dividida em duas partes, pois uma

refere-se ao calculo total da área erodida e a segunda em determinar a taxa de

retrogradação anual.

4.5.1 Cálculo da Área erodida

Através da ferramenta Modeler do software Erdas-Image 9.3 foi possível à

criação de uma rotina capaz de determinar a área entre os dois vetores com a

posição da linha de costa.

A rotina consiste na entrada de dois arquivos vetoriais. Para efetuar a

comparação entre os vetores é realizado o processamento das informações, isto é,

um cálculo de subtração da imagem mais antiga a mais recente, resultando na saída

de um arquivo raster relacionado à erosão, e outro cálculo de subtração do polígono

Page 34: erosão Ilha dos Marinheiros

34

da data mais recente a mais antiga, resultando em um arquivo raster com

informação de acresção, fenômeno inverso à erosão.

O diagrama criado para comparação de duas datas pode ser observada

conforme mostra a Figura 08.

Figura 08 - Modelo para Cálculo da Erosão/Acresção em Linhas de Costa. Fonte: Própria do Trabalho.

A saída desde procedimento resulta em uma imagem raster binária. No

entanto, foi necessário realizar uma classificação, para obter os dados quantitativos.

Para isso, utilizou-se o aplicativo MultiSpec 3.1, onde foram criadas duas classes

(Ex: Erosão, NoData). Ao fim é gerado um arquivo de texto com informações do

valor da taxa erodida entre o intervalo.

Page 35: erosão Ilha dos Marinheiros

35

4.5.2 Cálculo da taxa da retrogradação anual

Através do perímetro da linha de costa de 2009 calculado no software ArcGIS

9.3 e com a área erodida já calculada anteriormente (Figura 07), é possível obter o

valor de deslocamento linear da ilha dos marinheiros.

Destacando que o método adotado para o cálculo do deslocamento segue a

seguinte fórmula matemática:

Onde:

D= deslocamento

A= área erodida

P= perímetro

p= período

Para o cálculo de deslocamento da deriva da Marambaia foi realizado um

processo mais longo. Foram utilizados os polígonos das datas de 1947, 1974 e 2009

para a delimitação exata da região da Marambaia, este processo foi feito através do

comando trace tool do software ArcGIS 9.3. Foram gerados transectos empíricos

através do software ArcGIS 9.3. Após esta etapa, foram gerados polígonos com

transectos dos intervalos de 1974 - 2009 e 1947 - 1974. A linha de referência

utilizada nessa etapa foi à linha de 1974, de modo que, quando subtraída esta se

anulava. A partir disto obtiveram-se vinte (20) polígonos da Marambaia, sendo dez

(10) polígonos no período de 1974 a 2009 e dez (10) no período de 1947 a 1974. Foi

fundamental também, realizar a subtração dos polígonos no software Erdas-Image

9.3, conforme mostrado na Figura 09.

Realizou-se a subtração dos polígonos de 1974 a 2009 e 1947 a 1974, para

assim obter a área total entre 1947 a 2009. Obtendo os dez (10) rasters de

deslocamento, utilizou-se o software MutiSpec 3.3 para reclassificá-los e obter a

área erodida em cada um. No software ArcGIS 9.3 calculou-se o perímetro de cada

Page 36: erosão Ilha dos Marinheiros

36

polígono, assim, com as informações de área e perímetro, obteve-se o

deslocamento anual para cada setor da Marambaia.

Figura 09 - Modelo para Cálculo da Erosão em polígonos com transectos. Fonte: Própria do trabalho.

Com o material coletado em campo com o GPS geodésico gerou-se uma

malha com 192 pontos, estes foram convertidos para linha no software ArcGIS 9.3.

As linhas de 1947 e 1974 foram cortadas para ficarem com os mesmos pontos

Page 37: erosão Ilha dos Marinheiros

37

iniciais e finais que a linha de 2011. Transectos foram criados sob esses pontos

(inicial e final) no software ArcGIS 9.3. Após isso, geraram-se os polígonos entre

1947 e 1974 e também entre 1974 e 2011.

A subtração dos polígonos foi realizada, gerando assim o polígono final com

os valores de 1947 a 2011. Posteriormente foi realizada a reclassificação no

software MultiSpec 3.1 e obteve-se o valor em metros quadrados da erosão de 1947

a 2011. O perímetro foi calculado no software ArcGIS 9.3 e assim foi gerado o valor

de deslocamento anual na região urbanizada da Marambaia.

É importante destacar que para o cálculo de retrogradação da linha de costa

da Ilha dos Marinheiros não foi realizada a correção da elevação do Estuário da

Laguna dos Patos, uma vez que, para ser levado em consideração este fator

necessita-se ter dados de maré para cada data da base cartográfica, isto é, das

fotografias aéreas, imagens de satélite e também dos pontos coletados, para deste

modo, obter o aumento vertical que definirá o deslocamento horizontal da linha de

costa.

Page 38: erosão Ilha dos Marinheiros

38

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Mosaicos e Vetorização da Linha de Costa

A partir da etapa de mosaicagem foi possível confeccionar os mosaicos das

fotografias aéreas dos anos de 1947 (Figura 10A), 1974 (Figura 10B) e o recorte

para o ano de 1964 (Figura 10C). Por meio da base cartográfica e a vetorização da

mesma foi possível gerar os polígonos representativos da linha de costa da Ilha dos

Marinheiros para cada data (Figura 11). O resultado dos mosaicos foi satisfatório,

uma vez que, o erro quadrático encontrado está dentro do permitido, que é metade

do pixel, definindo assim a acurácia do mosaico.

Figura 10 - A: Mosaico de 1947; B: Mosaico de 1974; C: Recorte da Fotografia de 1964. Fonte: Própria do Trabalho.

A B

C

Page 39: erosão Ilha dos Marinheiros

39

Figura 11 - Comportamento da linha de costa da Ilha dos Marinheiros. Fonte: Própria do trabalho.

5.2 Área Erodida

Os valores de áreas erodidas e acrescidas resultante da subtração entre os

vetores da linha de costa para o comparativo entre as datas de 1974 a 2009, 1964 a

2009 e 1947 a 2009, foram de respectivamente 496710m², 662870m² e 913410m²

(Figura 12).

Figura 12 - Gráfico das áreas de erosão/acresção da Ilha dos Marinheiros. Fonte: Própria do trabalho.

Page 40: erosão Ilha dos Marinheiros

40

A partir do gráfico acima é possível evidenciar que a linha de costa da Ilha

dos Marinheiros vem sofrendo um processo erosivo intenso ao longo dos anos, com

percentuais praticamente aproximados, levando-se em conta os períodos de 1947 a

2009 e 1964 a 2009. Uma mesma tendência erosiva foi diagnosticada por Tagliani

et. al (2006) onde, os valores encontrados para acresção também foram

considerados pequenos em relação à área total da Ilha.

Por outro lado, observando os resultados para as taxas erosivas dos

períodos de 1947 a 2009 e 1974 a 2009, observa-se uma aceleração positiva na

taxa erosiva de aproximadamente 4%. O percentual erosivo da Ilha dos Marinheiros

corresponde a 1,23% para o período de 1974 a 2009 (Figura 13), aumentando para

1,63% para o período de 1964 (Figura 14). Para o intervalo compreendido entre

1947 a 2009 (Figura 15) os percentuais de erosão correspondem a 2,24% da área

total da Ilha.

Figura 13 - Modelo de Erosão/Acresção da Ilha dos Marinheiros entre 1974 e 2009. Fonte: Própria do Trabalho.

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41

Figura 14 - Modelo de Erosão/Acresção da Ilha dos Marinheiros entre 1964 e 2009. Fonte: Própria do Trabalho.

Figura 15 - Modelo de Erosão/Acresção da Ilha dos Marinheiros entre 1947 e 2009. Fonte: Própria do Trabalho

Page 42: erosão Ilha dos Marinheiros

42

Para a região da Marambaia também foram encontradas áreas de erosão e

acresção (Figura 16). A área erodida na região da Marambaia, quando comparada

ao restante da ilha, é bastante significativa, correspondendo em média a 25% da

área total da ilha. Os maiores percentuais de erosão foram visualizados entre os

anos de 1964 a 2009, com cerca de 27,25% de área erodida. Em 62 anos o

percentual de erosão da região da Marambaia foi de 24,83% e em 35 anos (entre

1974 a 2009), o percentual erodido foi de 25,45%, quando comparado à área total

da Ilha dos Marinheiros.

Figura 16 - Gráfico das áreas de erosão/acresção da Marambaia. Fonte: Própria do trabalho.

Analisando os dados que relacionam a área erodida da Marambaia com a

área total erodida da Ilha dos Marinheiros (Figura 17) nota-se especificamente que,

para o intervalo de 1964 a 2009 há um aumento de erosão quando comparado à

erosão do maior intervalo, ou seja, de 1947 a 2009. Este fato pode representar a

ocorrência de algum evento específico da dinâmica da Laguna dos Patos, inclusive

relacionado com o nível de água, sendo importante destacar que diferentemente da

costa marinha, a costa estuarina sofre com a hidrodinâmica do próprio estuário e

com a drenagem provinda dos rios e demais corpos que desaguam, que

ocasionaram de certa forma, o aumento da taxa erosiva num período isolado. Outro

fato importante é o quanto a acresção deste mesmo período (1964-2009) diminuiu,

Page 43: erosão Ilha dos Marinheiros

43

mostrando que a erosão neste intervalo (Figura 18) foi extremamente intensa a

ponto de baixar drasticamente o acúmulo de sedimentos.

Figura 17 - Gráfico de relação entre a área total erodida da Ilha dos Marinheiros com a área erodida da Marambaia.

Fonte: Própria do trabalho.

Figura 18 - Variação da área erodida da Marambaia. Fonte: Própria do trabalho.

Os processos erosivos que ocorrem ao longo da linha de costa da Marambaia

podem estar associados à posição geográfica da localidade, de modo que, a região

Page 44: erosão Ilha dos Marinheiros

44

se torna suscetível à ação dos agentes causadores da erosão, condizendo com a

afirmação de Braga (2005) apud Nascimento (2009) de que a localização, a

configuração e a orientação de uma região influenciam a maneira que a erosão irá

atuar em uma linha de costa.

Fischer (2005) discute ainda que as regiões estuarinas são vulneráveis ao

crescimento erosivo devido o aumento relativo do nível do mar, pois com o aumento

da profundidade das águas do estuário têm-se um aumento de energia de onda. O

relativo aumento na intensidade energética das ondas é o efeito mais evidente na

erosão de linhas de costa em ambientes de micro-maré.

5.3 Taxa de deslocamento linear

A estimativa entre o deslocamento linear médio foi obtida através da relação

entre o perímetro, à área total da ilha e o período observado. A relação entre o

deslocamento e a área erodida, entre 1947 e 2009, aponta um recuo de

aproximadamente 0,41 m/ano para um período de 62 anos. Para a região da

Marambaia foi gerado um mapa de deslocamento linear (Figura 19), a partir dos

resultados de cada polígono, com intuito de se obter a taxa erosiva entre os anos de

1947 e 2009 para as diferentes localidades da Marambaia.

Os dados do mapa de deslocamento linear destacam que a região da ponta

da Marambaia é a que apresenta uma maior taxa erosiva, com intervalos que variam

entre 1,04 e 1,69 m/ano.

O erro associado para o cálculo de deslocamento linear da Marambaia é a

metade do maior pixel das datas comparadas, neste caso, foi o mosaico de 1947

com tamanho de célula igual a 0,84 m, logo, o erro encontrado foi de ± 0,42 m.

O fato de ter-se anulado algumas regiões da ilha nas vetorizações fez com

que os valores de área erodida, e, consequentemente taxa linear fossem inferiores

as taxas reais, portanto, acredita-se que a taxa de variação média seja maior do que

a encontrada.

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45

Figura 19 - Mapa de deslocamento linear da Marambaia entre 1947 e 2009.

Fonte: Própria do Trabalho.

Page 46: erosão Ilha dos Marinheiros

46

O trecho da atual linha de costa da região povoada da Marambaia coletada

com o GPS possui grande importância para o estudo realizado, tendo em vista que

indícios de erosão acentuada foram evidenciados nessa localidade (Figura 20). A

partir do comparativo dos dados coletados em campo com o mosaico de 1947

observou-se um deslocamento anual da linha de costa média de aproximadamente

0,67 m/ano (Figura 21). O conhecimento das taxas de recuo da linha de costa, para

essa região, é de grande importância tendo em vista que, muitos produtores de

hortaliças se concentram na localidade da Marambaia.

Figura 20 - Cenários encontrados nas saídas de campo. Fonte: Própria do trabalho.

Page 47: erosão Ilha dos Marinheiros

47

Figura 21 - Linha de Costa de 2011 com a taxa erosiva no período de 64 anos.

Fonte: Própria do trabalho.

Page 48: erosão Ilha dos Marinheiros

48

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise da evolução da linha de costa da área de estudo, ao longo de 62

anos, levou a conclusão que existe um real processo erosivo na Ilha dos

Marinheiros, sendo que há na região da Marambaia pontos com uma taxa de erosão

de 1,69 metros por ano. Existem também, localidades que além de sofrerem erosão,

apresentam isoladamente acresção da linha de costa, esta ocorre em bem menor

proporção.

A metodologia adotada neste trabalho mostrou-se viável e eficiente, uma vez

que, permitiu realizar os cálculos com precisão mostrando também a real situação

em que a ilha se encontra. Os resultados obtidos foram de grande relevância para a

sociedade, uma vez que, a erosão é um fenômeno que causa prejuízos econômicos

e físicos para as pessoas que ali residem. O presente estudo pode auxiliar na

realização de futuros programas de gestão costeira, uma vez que, a Ilha dos

Marinheiros possui um grande potencial turístico, diversidade de ambientes,

importância cultural e econômica.

No entanto, sugere-se para trabalhos futuros a realização de um

levantamento histórico de dados meteorológicos para saber os eventos ocorridos no

Estuário da Laguna dos Patos, que podem justificar o porquê do aumento da erosão

bem como as taxas encontradas neste trabalho.

Page 49: erosão Ilha dos Marinheiros

49

7. REFERÊNCIAS

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