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FICHA CATÁLOGOPRIODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: Reconhecimento das Variações Linguísticas Via Histórias em Quadrinhos
Autora: Bernardet Barancelli Valenga
Escola da atuação: Colégio Estadual La Salle
Município da escola: Pato Branco
Núcleo Regional de Educação:
Pato Branco
Orientadora: Professora Me. Solange Aparecida de Oliveira Collares
Instituição de Ensino Superior:
Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO
Disciplina: Língua Portuguesa
Produção Didático- pedagógica:
Caderno Temático
Relação interdisciplinar: Não há
Público alvo: Alunos(as) da 7ª série B, período da manhã do C. E. La Salle
Localização: Rua Ararigbóia, 891 – Bairro La Salle, Pato Branco – CEP: 85505 030
Apresentação: A produção deste caderno pedagógico é o
resultado das leituras que fiz durante minha
participação no Programa de Desenvolvimento
Educacional, ofertado pela Secretaria de Estado da
Educação do Estado do Paraná. A inquietação que
eu trazia em relação ao trabalho com oralidade e
respeito às variações linguísticas nas aulas de
Língua Portuguesa, confirmou-se nas vozes de
Bakhtin, Marcuschi e Bagno, minhas principais
referências neste trabalho.
A opção pelo trabalho com as histórias em
quadrinhos, de Maurício de Souza, especialmente
com a personagem de Chico Bento, é por considerar
a leitura prazerosa, leve, que fascina o leitor por
conta da combinação, texto, desenho e elementos
visuais complementares.
As histórias em quadrinhos apresentam uma
narração através de desenhos e legendas (textos)
dispostos numa série de quadrinhos, utilizando-se
do discurso direto característica de texto falado.
Apresentam-se de forma escrita fazendo parte do
gênero discursivo secundário, mas por vezes,
confundindo-se com os gêneros primários, por conta
das circunstâncias de comunicação verbal
espontânea que apresentam, que fazem parecer
uma conversação face a face entre as personagens.
Palavras-chave: Oralidade. Variação linguística. Histórias em Quadrinhos.
CADERNO PEDAGÓGICO
RECONHECIMENTO DAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
VIA HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Bernardet Barancelli Valenga
2011-15-05. Fotografia, color 5083 x 3253
PATO BRANCO
2011
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
NÚCLEO REGIONAL DE PATO BRANCO
COLÉGIO ESTADUAL LA SALLE
PDE – PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
PROFESSORA: BERNARDET BARANCELLI VALENGA
ORIENTADORA: Me.SOLANGE APARECIDA DE OLIVEIRA COLLARES
PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA
RECONHECIMENTO DAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
VIA HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
PATO BRANCO
2011
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
Carlos Alberto Richa
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
Flávio Arns
DIRETOR GERAL
Jorge Wekerlin
SUPERINTENDENTE DA EDUCAÇÃO
Meroujy Giacomassi Cavet
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE ENSINO FUNDAMENTAL
Edinete Fátima de Souza
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DO ENSINO FUNDAMENTAL
Marcelo Cabarrão Santos
ORGANIZADORAS
Bermardet Barancelli Valenga
Me. Solange AP. de Oliveira Collares
“As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor.
Aprendemos palavras para melhorar os olhos".
“Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem...
O ato de ver não é coisa natural.
Precisa ser aprendido!"
Rubem Alves
SUMÁRIO
Apresentação Geral 8
Apresentação do material 9
Unidade 1
Fundamentação teórica 10
Unidade 2
2.1 Conhecendo a linguagem dos quadrinhos 12
2.2 A oralidade nas histórias em quadrinhos 13
2.3 A Ideologia das histórias em quadrinhos 14
Unidade 3
Oralidade nas aulas de Língua Portuguesa 18
Unidade 4
Origem das histórias em quadrinhos 22
Unidade 5
5.1 Quadrinhos no Brasil 24
5,2 Maurício de Souza 25
Unidade 6
Quadrinhos do Chico Bento 28
Unidade 7
Seminário 34
Referências Bibliográficas 37
8
APRESENTAÇÃO GERAL
A produção deste caderno pedagógico é o resultado das leituras que fiz
durante minha participação no Programa de Desenvolvimento Educacional,
ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná. A
inquietação que eu trazia em relação ao trabalho com oralidade e respeito às
variações linguísticas nas aulas de Língua Portuguesa, confirmou-se nas
vozes de Bakhtin, Marcuschi e Bagno, minhas principais referências neste
trabalho.
A opção pelo trabalho com as histórias em quadrinhos, de Maurício de
Souza, especialmente com a personagem de Chico Bento, é por considerar a
leitura prazerosa, leve, que fascina o leitor por conta da combinação, texto,
desenho e elementos visuais complementares.
As histórias em quadrinhos apresentam uma narração através de
desenhos e legendas (textos) dispostos numa série de quadrinhos, utilizando-
se do discurso direto característica de texto falado. Apresentam-se de forma
escrita fazendo parte do gênero discursivo secundário mas por vezes,
confundindo-se com os gêneros primários, por conta das circunstâncias de
comunicação verbal espontânea que apresentam, que fazem parecer uma
conversação face a face entre as personagens.
Essa comunicação “espontânea e natural” que caracterizam as histórias
em quadrinhos não é nem espontânea, nem natural, pois trata-se de um texto
escrito e como todo texto escrito é fruto de um planejamento prévio, tanto do
enredo quanto dos aspectos linguísticos-discursivos, apresentam-se como uma
narração escrita, onde o autor cria situações e os diálogos dos falantes
considerando o tema e os aspectos linguísticos previamente planejados onde
não se percebem características comuns da conversação como repetições ou
redundâncias.
Apesar desse planejamento e dos cuidados do autor é possível, trazer
as histórias em quadrinhos, para a sala de aula, como pretexto para o trabalho
com a oralidade e a diversidade linguística.
9
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Na unidade 1, apresentamos um texto para reflexão sobre os
encaminhamentos das aulas de língua portuguesa especialmente no que se
refere à oralidade e às variações linguísticas;
Na unidade 2, os textos referem-se às histórias em quadrinhos,
linguagem, oralidade e ideologia;
Na unidade 3, embasados nos documentos oficiais, PCNs e DCEs,
reforçamos a importância do trabalho com oralidade nas aulas de língua
portuguesa;
A partir da unidade 4 até a unidade 6, apresentamos textos para leitura,
seguidos de atividades e sugestões de avaliações para o trabalho com alunos:
- Origem das histórias em quadrinhos;
- Quadrinhos no Brasil;
- Maurício de Souza;
Na unidade 6, Quadrinhos do Chico Bento, apresentamos o personagem
Chico Bento e seus amigos, questionando a variedade linguística usada nas
histórias e nossa própria forma de comunicação oral
Na unidade 7, sugerimos algumas questões para a realização de um
seminário sobre comunicação oral, diversidade linguística e importância da
aprendizagem da norma culta para o exercício pleno da cidadania.
10
UNIDADE 1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Desde que se começou a questionar o ensino de língua portuguesa a
partir da gramática normativa, muitos caminhos têm sido trilhados para se
chegar ao objetivo de formar cidadãos que usem a língua portuguesa de forma
escrito e/ou oral de forma satisfatória.
O ensino da estrutura da língua continua tão importante quanto era
antes, a diferença é que hoje se percebe que fala e escrita então inseridas em
um contexto e não resumidas a frases soltas, desprovidas de significado.
Nesse sentido, os textos passam a ser usados como apoio para as aulas de
língua portuguesa. Essa clareza e entendimento nos vêm por meio de Bakhtin:
Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. Compreende-se perfeitamente que o caráter e as formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana, o que, é claro, não contradiz a unidade nacional de uma língua. O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais ou escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional. Todos esses três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional – estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciado, os quais denominamos gêneros do discurso .(2003, p.261).
Com essa consciência, os textos começam a ser utilizados em sala de
aula, com um porém, falta aos professores fundamentação teórica. Essa
insegurança deixou um vácuo no ensino de língua, deixou-se de lado a
gramática e não havia clareza de como trabalhar com textos. O mais prático foi
seguir o livro didático que de apoio, passou a ser “tábua de salvação” deixando
de ver e
11
explorar a imensa riqueza de textos que circulam na vida das pessoas
diariamente como: panfletos de propaganda, bulas de remédios, manuais de
instrução, receitas, jornais, revistas, bilhetes, e-mail, blogs...
Dentre a diversidade de textos que circulam, a educação não pode
ignorar a influência das múltiplas mídias modernas nem deixar de refletir sobre
as mais diversas formas de linguagens de comunicação, presentes na vida das
pessoas diariamente entre as quais, destacamos as revistas de histórias em
quadrinhos, os populares gibis, que nos anos 50 eram considerados
prejudiciais à educação, hoje são considerados importante material
pedagógico. Consideradas leitura fácil, as histórias em quadrinhos atraem
leitores de várias idades, crianças, jovens e até idosos divertem-se com as
histórias de humor ou aventura de super-heróis.
As histórias em quadrinhos surgiram no final do séc. XIX, e inicialmente
eram publicadas em forma de tirinhas, nos jornais. Representam personagens
humorísticos, heróis que combatem vilões, sempre refletindo os
acontecimentos mundiais, os personagens não são aleatórios, cada um tem
sua ideologia e vão modernizando-se, acompanhando a evolução.
Por sua popularidade, questões envolvendo as histórias em quadrinhos,
passaram a ser cobradas em algumas provas de vestibular e do Enem e, em
muitos livros didáticos podemos encontrar material para o trabalho em sala de
aula, só que muitas vezes não são tão explorados quanto poderiam:
Os quadrinhos são, sem dúvida, um riquíssimo material de apoio didático. Sendo bem trabalhados (o que poucas vezes acontece), propõem aos alunos um bom debate e um maior aprofundamento do que seja o uso da língua portuguesa. [...] é possível ensinar língua portuguesa com histórias em quadrinhos. O ideal seria o professor adaptar as atividades à sua realidade de sala ou, melhor ainda, aprimorá-las, reinventá-las, inová-las. Queremos mostrar que há um caminho fértil a ser seguido, um caminho ainda desconhecido ou ignorado por muitos docentes de Língua Portuguesa. BARBOSA (2009, p. 66).
Muitas vezes o trabalho com os quadrinhos fica apenas na
descontração, interpretação da piada ou do sucesso do herói, o que é
lamentável, pois perde-se a oportunidade de aproveitar um material de apoio,
que é apreciado pelos alunos, para maior aprofundamento dos conteúdos de
língua portuguesa.
12
UNIDADE 2
2.1 CONHECENDO A LINGUAGEM DOS QUADRINHOS
As histórias em quadrinhos usam uma linguagem específica que junta
texto e desenho. Algumas mensagens são entendidas através da leitura do
texto, outra da imagem e outras ainda precisam da interação dos dois códigos.
Constitui-se de uma narrativa, apresentada em forma de quadrinhos dispostos
de formas variadas, dependendo da intenção do autor. As imagens dos
quadrinhos representam um momento específico ou uma sequência interligada
de instantes o que diferencia de uma fotografia que capta apenas o instante, o
quadrinho apesar de fixo, utiliza-se de recursos que dão ideia de movimento.
Os quadrinhos costumam ter um protagonista fixo que identifica a revista
e que contracena com personagens secundários. As representações dos
personagens vão desde figuras humanas, caricaturas até desenhos de animais
com comportamentos humanos. A manutenção do interesse pelas histórias dos
personagens faz com que os autores mantenham inalteráveis as características
comportamentais e ideológicas de suas criações. Segundo Vergueiro:
[...] muitas histórias em quadrinhos tendem a firmar-se em estereótipos para melhor fixar as características de um personagem junto ao público. Este tipo de representação traz em si uma forte carga ideológica, reproduzindo os preconceitos dominantes na sociedade. (2009, p. 53).
A linguagem dos quadrinhos, como toda forma de comunicação de
massa, não é isenta, ela serve a interesses ideológicos do capitalismo e
normalmente reproduz preconceitos sociais.
13
2.2 A ORALIDADE NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Apesar da apresentação escrita, as histórias em quadrinhos
representam a linguagem oral para expressar a fala e pensamento dos
personagens (balões próximos à cabeça dos personagens que falam) e voz do
narrador (retângulo no canto superior esquerdo do quadrinho). Os sons
também são representados pelas onomatopéias, que são sinais que
representam ou imitam um som por meio de caracteres alfabéticos por
exemplo: co-co-có-ri-có (canto do galo), BUM! (explosão), Splash (queda na
água), Rring! Rring! (telefone), Smack (beijo), etc.
Segundo Vergueiro (2009), acontece com muita frequência,
reclamações, quando as histórias em quadrinhos são transformadas em filmes
ou em peças teatrais, pois as pessoas dizem não reconhecer as falas das
personagens. Isto acontece porque, a dinâmica de apresentação das histórias
em quadrinhos, por meio dos balões, mistura imagem, texto, palavra, levando o
leitor a ouvir as falas em sua mente enquanto lê criando características
específicas para cada personagem.
Os textos e as personagens das histórias em quadrinhos, segundo
Vergueiro (2009, 68-71-73-75-78-80-81-83), podem ser propícios para
trabalhar uma variedade de conteúdos, entre eles:
Adequação de linguagem, em determinada situação se faz necessário o
uso mais próximo da norma culta para escrever ou falar, em outras mais
descontraídas, utilizamos uma linguagem mais informal;
Variação e preconceito lingüístico, a língua não é estática e nem
homogênea assim como as pessoas vivem em regiões diferentes, têm situação
econômica diferentes, pertencem a grupos diferentes, têm idades e níveis de
escolaridade diferentes também a forma de comunicação varia muitas vezes
levando ao preconceito classificando as pessoas como quem usa a forma
linguística “certa” ou “errada”;
Fala e escrita, não são dicotômicas, mas vistas como complementares,
nos quadrinhos o texto representa a escrita e o uso dos balões representam o
discurso direto ou seja a oralidade;
14
Aspectos da oralidade, a língua falada possui aspectos próprios e
acontece num processo de interação em que duas ou mais pessoas dialogam
respeitando turnos, muitas vezes acompanhada de expressões próprias da
oralidade, tipo assim, daí, etc.
Compreensão de sentidos por meio do contexto, muitas palavras só
podem ser compreendidas dentro de um contexto;
Coerência, coesão, nas histórias em quadrinhos, principalmente nas de
humor, às vezes o texto é incoerente (de propósito) do ponto de vista normativo
mas, é justamente aí que está a graça da piada. Da mesma forma, a coesão
(amarração das diversas partes do texto) acontece nos quadrinhos da mesma
forma que nas demais produções textuais.
E por fim, os elementos visuais presentes nas histórias em quadrinhos
são muito importantes para compreensão de contexto e sentido: alegria, medo,
indiferença podem ser compreendidos independente do texto escrito.
Como podemos perceber, temos um material de fácil acesso, que
oferece inúmeras possibilidades de apoio didático para as aulas de língua
portuguesa, só precisamos. Afastar o preconceito e criar nosso próprio estilo.
2.3IDEOLOGIA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHO
O termo ideologia surgiu em 1796, com o filósofo francês Destutt de Tracy,
um nobre que se dedicava ao estudo do iluminismo, para definir uma nova
ciência de análise das ideias, ele defendia que as coisas não podem ser
conhecidas por si mesmas mas pelas ideias formadas pelas sensações que
temos delas.
Com a revolução francesa, o projeto de ideologia de Tracy, como ciência
das ideias que seria a base do conhecimento científico, ficou comprometido.
Aliados de Napoleão, pois o julgavam um liberal, os ideólogos, logo ficaram
decepcionados e passaram a fazer oposição. A ideologia então foi considerada
por Napoleão, responsável por todas as desgraças que aconteceram na França
15
e os ideólogos foram considerados “ignorantes do realismo político que adapta
as leis ao coração humano e às lições da história’(CHAUI, 1980,P.25). Essa
acusação não cabe aos ideólogos franceses mas define bem os alemães, Marx
define ideólogo como aquele que inverte as relações entre as ideias e o real.
Assim, a ideologia, que inicialmente designava uma ciência natural da aquisição, pelo homem, das ideias calcadas sobre o próprio real, passa a designar, daí por diante, um sistema de ideias condenadas a desconhecer sua relação real com o real ( CHAUI, 1980, p.25).
Como teoria, a ideologia é produzida pelos intelectuais, que ouvem as
opiniões que circulam, organizam e resumem essas opiniões e principalmente,
as corrigem:
Sendo o conhecimento da formação das ideias, tanto do ponto de vista psicológico quanto do ponto de vista social, sendo o conhecimento científico das leis necessárias do real e sendo o corretivo das ideias comuns de uma sociedade, a ideologia, enquanto teoria, passa a ter um papel de comando sobre a prática dos homens, que devem submeter-se aos critérios e mandamentos do teórico antes de agir (CHAUI, 1980, p.27).
Isso, na prática, que dizer que a teoria tem como finalidade prever
cientificamente os acontecimentos para indicar regras e normas com as quais,
a realidade social possa ser manipulada e controlada.
Marx e Engels consideram o surgimento das ideologias a partir do
momento em que se separam o trabalho manual e intelectual. O processo da
divisão social do trabalho separa e privilegia as idéias em relação ao real. A
Ideologia surge então, como:
“...um dos instrumentos de dominação de classe e uma das formas da luta de classes. A ideologia é um dos meios usados pelos dominantes para exercer a dominação, fazendo com que esta não seja percebida como tal pelos dominados”. (CHAUI, 1980, p. 86).
16
A função da ideologia é a de camuflar as diferenças de classes e de
incutir nos membros da sociedade o sentimento da identidade social,
encontrando parâmetros comuns para todos. Alguns mecanismos são usados
para garantir o “status quo”, entre eles, estão os meios de comunicação de
massa.
As instituições da comunicação de massa são definidas pela sua função de garantir a coesão e a reprodução social através da transmissão e da inculcação da ideologia dominante. Embora essa teoria chame a atenção, com razão, para a importância da comunicação de massa. [...] Os meios de comunicação de massa não são , simplesmente, um entre muitos mecanismos para a inculcação da ideologia dominante; ao contrário, esses meios são parcialmente constitutivos do próprio fórum em que as atividades políticas acontecem nas sociedades modernas, o fórum dentro do qual e, até certo ponto, com respeito ao qual os indivíduos agem e reagem ao exercer o poder e ao responder ao exercício de poder dos outros .(THOMPSOSN, 1990, p.128).
As produções dos gibis seguem os modos de produção social, nos seus
conteúdos manifestam ideologias sociais e políticas que refletem a sociedade.
Segundo Cirne ( 1973), atualmente o principal pesquisador de gibis, no
período de horror do nazismo, houve a necessidade do lançamento de super-
heróis, cujos poderes desafiassem a lógica humana, o Super-homem, por
exemplo, é o mito da classe média americana que busca auto-afirmação, e
reconhece a vontade reprimida de viver uma dupla identidade. Essa dupla
identidade que é própria do capitalismo e sua concorrência desleal criaram a
necessidade de produzir ideologicamente super-heróis, para Katz (1973, p.
525):
...o gibi, tendo regras próprias de ser, estrutura um mito que responde às necessidades de auto-afirmação e de resposta ao vazio que tem a classe média americana. Com o gibi do super-herói se cobriria o espaço angustiante da culpa que tem o cidadão que possui em relação aos outros que não possuem: por isso os super-heróis só realizam façanhas filantrópicas, de pequeno alcance, mesquinhas, satisfazendo consciências, mas deixando intocável a propriedade privada; também se satisfaria o “eu dividido” que caracteriza o homem médio americano: por isto que o super-herói tem dupla identidade, a de cidadão aparecendo mediocremente, a do burguês imaginário revelando a abertura para os caminhos mais favoráveis que a vida social lhe vedou.
17
Essa identificação, com os personagens da ficção atraem todos os tipos
de leitores, inclusive os que não pertencem à classe média ou alta, que são
vítimas do sistema, talvez a explicação esteja no modo de produção dos gibis
que evidentemente sofrem influências da economia e da política mas, que se
diferenciam pela criatividade e riqueza de informações apesar do, caráter
repetitivo dos enredos.
O público alvo das histórias em quadrinhos são as crianças e os jovens,
que além de comprar as revistas, também consomem uma série de produtos
que levam nome das personagens.
Para ancorar este trabalho, faremos uso das histórias em quadrinhos do
Chico Bento, personagem criado por Maurício de Souza. Chico Bento
representa um garoto que vive na zona rural, fala uma variedade linguística que
revela sua pouca escolaridade, tem muitos amigos, é estudante relapso, mas
demonstra sabedoria em tudo o que se refere à terra e aos animais. Como os
outros personagens da roça, anda descalço e veste roupas velhas para
trabalhar, mas calça a botina e roupa nova para os passeios e as festas.
O campo, espaço onde acontecem as histórias, em contraposição à
cidade é um local aonde o progresso e a modernidade não chegam, o que
pode levar a uma imagem negativa, de atraso, que pode desvalorizar os
moradores do campo.
Além do cunho ideológico, focaremos, neste trabalho, aspectos da
oralidade, variação linguística, preconceito e adequação da linguagem aos
mais diversos contextos.
Leitura complementar:Sandra Regina Nóia Mina. Chico Bento: das histórias em quadrinhos para a vida.Disponível em: <http://www.amigosdolivro.com.br/lermais_materiais
18
UNIDADE
ORALIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
O trabalho com oralidade nas aulas de língua portuguesa, no ensino
fundamental, tem sido limitado às aulas expositivas, leituras, correções de
atividades como bem relatam os autores:
Embora a linguagem oral esteja bastante presente nas salas de aula (nas rotinas cotidianas, na leitura de instruções, na correção de exercícios etc.), afirma-se frequentemente que ela não é ensinada, a não ser incidentalmente, durante atividades diversas e pouco controladas. Assim, como denunciam didatas, sociólogos, linguistas e formadores de professores. O ensino escolar da língua oral e de seu uso ocupa atualmente um lugar limitado. Os meios didáticos e as indicações metodológicas são relativamente raros; a formação dos professores apresenta importantes lacunas. No entanto, os textos oficiais afirmam claramente que o oral constitui um dos domínios prioritários do ensino. (DOLZ & SCHNEUWLY, 2007, p.149 – 150).
Marcuschi (2001, p.18), também indica a importância de se ensinar
práticas de oralidade, como forma de inserção social:
A fala (enquanto manifestação da prática oral) é adquirida naturalmente em contextos informais do dia-a-dia e nas relações sociais e dialógicas que se instauram desde o momento em que a mãe dá seu primeiro sorriso ao bebê. Mais do que a decorrência de uma disposição biogenética, o aprendizado e o uso de uma língua natural é uma forma de inserção cultural e de socialização.
Para Bakthin, a interação verbal possibilita ao indivíduo organizar a sua
atividade mental, e esta acontece de acordo com o contexto social no qual está
inserido. Na interação com o objeto do conhecimento, a criança utiliza-se da
linguagem como instrumento do pensamento, para organizar-se e buscar
soluções, por isso, é fundamental que as crianças possam usar do recurso oral
(falar) para resolver os problemas que se apresentam, mas é também muito
importante que o professor faça a mediação pedagógica para que a criança se
aproprie do conhecimento científico, pois somente a interação entre as crianças
pode ser pouco produtiva no processo de desenvolvimento da aprendizagem,
19
Apesar de não ser a única forma de apropriação dos conhecimentos
acumulados pela humanidade, a linguagem oral tem se mostrado importante,
pois permeia todos os outros instrumentos, e ainda assim, no espaço da sala
de aula, o tempo destinado para a oralidade ainda é insignificante..
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa e nas
Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, o conceito de oralidade,
contempla atividades que expõem os alunos a dados reais da fala, de
forma sistematizada para que eles aprendam conceitos sobre a modalidade
oral. O ensino de Língua Portuguesa deve, portanto aprimorar os
conhecimentos linguísticos e discursivos dos alunos, para que eles possam
compreender os discursos que os cercam e ter condições de interagir com
esses discursos.
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa
(1998:67), ensinar língua oral deve significar para a escola possibilitar acesso a
usos da linguagem mais formalizados e convencionais, que exijam controle
mais consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que
o domínio da palavra pública tem no exercício da cidadania. Ensinar língua oral
não significa trabalhar a capacidade de falar em geral. Significa desenvolver o
domínio dos gêneros1 que apoiam a aprendizagem escolar de Língua
Portuguesa e de outras áreas e, também, os gêneros da vida pública no
sentido mais amplo do termo.
O ensino de língua oral é responsabilidade da escola, mas não apenas
do falar em geral, a escola deve proporcionar aos alunos o acesso aos usos da
linguagem formal, considerando a importância que os usos da linguagem oral
formal têm, no exercício da cidadania.
Para as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008: 65), no dia-
a-dia da maioria das pessoas, a fala é a prática discursiva mais utilizada.
Nesse sentido, as atividades orais precisam oferecer condições ao aluno de
falar com fluência em situações formais; adequar a linguagem conforme as
circunstâncias (interlocutores, assunto, intenções); aproveitar os imensos
1 Bakhtin conceitura gêneros do discurso como os tipos relativamente estáveis de enunciados que se elaboram no interior de cada esfera da atividade humana.
.
20
recursos expressivos da língua e, principalmente, praticar e aprender a
convivência democrática que supõe o falar e o ouvir. ... Na prática da oralidade,
estas Diretrizes reconhecem as variantes linguísticas como legitimas, uma vez
que são expressões de grupos sociais historicamente marginalizados em
relação a centralidade ocupada pela norma padrão, pelo poder da fala culta.
A fala é considerada uma forma primária de comunicação e até pouco
tempo, considerada inferior à escrita. Na escola era pouco valorizada, pois se
acreditava que aprendendo a escrever, estaríamos aprendendo a falar. Hoje
sabemos que aprendemos falar, falando e, a escola precisa trabalhar
atividades orais para preparar seus alunos para a fala fluente e adequada às
mais diversas situações.
Apesar dos Parâmetros Curriculares Nacionais- Língua Portuguesa e
das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, em nossas escolas, a
oralidade é pouco trabalhada. Marcuschi (1996) tem argumentado a favor do
trabalho com competências orais na escola quando afirma que a língua é
heterogênea e variável, que os usuários têm a ver com textos e discursos
quando interagem e não com estruturas gramaticais.
O Material Didático, ora desenvolvido, busca trabalhar a oralidade com
alunos da 7ª série do Ensino Fundamental, o trabalho focará o gênero História
em Quadrinho, especialmente “Chico Bento”, de Maurício de Souza para o
reconhecimento das variedades linguísticas existentes em nosso cotidiano e
para instrumentalizar os alunos para adequação da linguagem ao contexto
social vivenciado.
Outras formas de trabalho com a oralidade podem ser: debate,
seminário, oratória, recitação de poemas, leitura para os outros, apresentação
teatral, etc. o importante é que o trabalho seja adequado à turma e que
contribua para melhorar a comunicação oral.
A linguagem humana, por natureza, tem diferenças, estas, vinculadas às
desigualdades sociais. Essas diferenças podem ser um misto de ordem
estrutural ou social, isto é, por falta de escolaridade, estudo das normas
gramaticais, ou por convivência em ambiente onde a qualidade da fala não tem
importância. É certo, porém, que todo falante dispõe de uma série variada de
estilos mais ou menos conscientes que faz uso em diferentes situações.
21
A mais grave consequência da variação linguística, é o preconceito
contra as camadas sociais menos favorecidas que falam de forma diferente do
que consideramos linguagem padrão, que via de regra, “deveria ser a língua
falada por todos” mas, é sabido, que ninguém usa integralmente as regras
padronizadas, portanto, todos podemos ser incluídos como usuários de algum
tipo de variação linguística.
Propomos trabalhar com os alunos, levando em consideração os
estudos sobre a língua, sem esquecer os movimentos sociais e culturais e as
necessidades e vontades dos falantes para levá-los a:
- Identificar por meio de observação o modo de falar das pessoas em
diferentes situações;
- Desenvolver a compreensão da diversidade linguística, sem julgamento
de “certo” ou “errado”;
−Analisar e valorizar as oportunidades que a escola proporciona, de conhecer
as várias possibilidades, para que a linguagem cumpra seu papel de integração
social.
Sugestão de atividade:
1.Em duplas, os alunos deverão entrevistar algumas pessoas (se possível
gravar), de classe social, escolaridade e profissões diferentes.
Questões para a entrevista:
a)Qual seu nome completo e sua idade?
b)Qual sua escolaridade e sua profissão?
c)Descreva o seu trabalho.
d)Em sua opinião, o estudo pode melhorar a vida das pessoas?
22
2. Transcreva algumas falas da entrevista, observando recursos usados na
oralidade e na escrita.
UNIDADE 4
ORIGEM DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
As primeiras histórias em quadrinhos surgiram no começo do século XX
tendo como precursores: Rudolph Töpfer, ilustrador e quadrinista francês, foi o
precursor dos quadrinhos;o suíço, Wilhelm Bush, que em 1865, publicou a
primeira edição de Max und Moritz (Juca e Chico, traduzida no Brasil por Olavo
Bilac); Georges Colomb, francês, que foi professor de ciência natural e sub
diretor o Instituto de Botânica em Sorbone. Publicou seu primeiro quadrinho em
1887 com o pseudônimo de Chistophe; e Ângelo Agostini, brasileiro,
caricaturista, ilustrador, desenhista, crítico, pintor e gravador.
Os primeiros personagens das histórias em quadrinhos surgiram nos
anos 1895 – 1900 nas tiras de jornais que circulavam aos domingos nos
Estados Unidos. The Yellow Kid, de Richard Outcault foi o primeiro a fazer
fama e foi a primeira criação a compor a revista em forma de quadrinhos e a
usar balões onde se escrevem as falas das personagens.
No início, os quadrinhos eram mais voltados para o humor e os temas
giravam em torno de travessuras de crianças e animaizinhos. Em 1095, George
Herriman lançou Krazy Kat e o sucesso fez surgir o Gato Félix, de Pat Sullivan
e Mickey Mouse, de Walt Disney.
Nos anos 30 surge o gênero aventura com Flash Gordon, de Alex
Raymond e Dick Tracy, de Chester Gould e a adaptação de Hal Foster para o
Tarzan. Nessa fase os principais gêneros produzidos são: a ficção científica, o
policial e as aventuras na selva.
No final dos anos 30 surge o primeiro super-herói : Superman de Siegel
e Shuster. Durante a segunda guerra mundial, Jack Kirby e Joe Simon criam o
Capitão América, Miss América e Whizzer, conhecidos no Brasil como – Os
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Invasores. Muitos outros heróis foram criados nesse período, mas poucos
sobreviveram entre eles merecem destaque: Batman, criado em 1939 por Bob
Kane e o Capitão Marvel, de C.C. Beck.
O maior sucesso do período da segunda guerra mundial foi o Capitão
América, que combatia o próprio Hitler em suas histórias, munido apenas de
um escudo.
Com o surgimento de tantos heróis e vilões, os quadrinhos foram ficando
violentos a ponto de os pais e educadores do mundo todo posicionarem-se
contra ao que classificara como má influência para as crianças e jovens. O
governo americano chegou a censurar os quadrinhos; com as revistas em
baixa, ressurgem as tirinhas dos jornais com novas personagens como:
Asterix, de Albert Uderzo e René Goscinny, Mortadelo e Salaminho e os
Smurfs, de Peyo.
A década de 90 marca a grande expansão das histórias em quadrinhos
com o surgimento da cor computadorizada.
Leia mais: René Gomes Rodrigues Jarcem. História das Histórias em Quadrinhos www.historiaimagem.com.br
ATIVIDADES:
1.Como podemos perceber, pela leitura do texto, temos personagens de
histórias em quadrinhos centenários, mas muitos continuam fazendo sucesso
até hoje.
a)Quais, dos citados no texto, você conhece?
b)Você conhece outros, não citados no texto?
c)Converse com um colega sobre as histórias em quadrinhos que conhecem.
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Para pesquisar: Converse com pessoas mais velhas, seus pais, tios, avós,
vizinhos, etc. sobre histórias em quadrinhos de seu tempo de juventude.
Como eram? Era fácil de conseguir? Como eram as cores?
Se tiver Gibis antigos em casa, traga para mostrar aos colegas.
2.Organizar um mural com as capas de gibis antigos trazidos pelos alunos.
AVALIAÇÃO
A avaliação far-se-á pela observação do desempenho individual e do
grupo.
UNIDADE 5
5.1 QUADRINHOS NO BRASIL
No Brasil, Angelo Agostini é precursor das histórias em quadrinhos,
ainda criança muda-se para Paris, onde conclui seus estudos de desenho em
1858. Durante a campanha abolicionista, Agostini publica na revista a série de
caricaturas Cenas da Escravidão, em que, fazendo referência aos passos da
paixão, apresenta, em 14 ilustrações, diversas formas de tortura a que eram
submetidos os negros cativos. Em 1889 viaja para Paris e lá permanece até
1895. Nesse ano retorna ao Rio de Janeiro e funda a revista Dom Quixote.
Trabalha na
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revista O Malho, em 1904, e integra a equipe fundadora da revista infantil O
Tico-Tico, em 1905.
Em 1869, escreveu as aventuras de Nhô Quin ou Impressões de uma
viagem à corte, considerada uma autêntica história em quadrinhos. Quinze
anos depois escrevia Aventuras do Zé Caipora.
Em 1905, surge a revista Tico-Tico e a personagem Chiquinho, de
Loureiro.
Em 1930, chegaram ao Brasil as histórias americanas. Em 1939,
Roberto Marinho lançou o Gibi, nome que passaria a ser sinônimo de revista
em quadrinhos.
Nos anos 60, começam a ser publicadas no Brasil, as histórias em
quadrinhos da Disney. A partir daí surgem muitas personagens brasileiras,
entre elas, Pererê, de Ziraldo, Gabola, de Peroti, Sacarrolha, de Primaggio e
toda a série de personagens de Maurício de Souza.
5.2 MAURÍCIO DE SOUZA
Maurício de Souza nasceu em 1935, em Santa Isabel, São Paulo, é um
dos mais famosos cartunistas do Brasil, criador da Turma da Mônica, e também
membro da Academia Paulista de Letras.
Começou a desenhar histórias em quadrinhos em 18 de julho de 1959
quando uma história sua, Bidu, sua primeira personagem, foi publicada num
jornal. Bidu e seu dono Franginha foram as primeiras personagens da Turma
da Mônica.
Juntamente com Gedeone Malagola, Ely Barbosa e Julio Shimamoto,
Maurício de Souza, fundou a Associação de Desenhistas de São Paulo, que
tinha como objetivo a nacionalização das histórias em quadrinhos.
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A personagem Mônica foi criada em 1963 e publicada na Folhinha de
São Paulo. Em 1987, passou a ilustrar o suplemento infantil do Estado de São
Paulo que até hoje publica as tiras da Turma da Mônica.
As personagens de Maurício de Souza foram inspiradas em alguns
amigos de infância e em seus filhos, suas histórias são famosas no mundo todo
e já foram adaptadas para a Televisão, cinema e vídeos-game.
A revista da Mônica foi lançada em 1970, com a tiragem de 200 mil
exemplares, já foi publicada pela Editora Abril, Editora Globo e desde 2007 a
responsável pela publicação é a Editora Panini Comics.
Personagens:
•Turma da Mônica – A turma original de crianças;
•Turma do Chico Bento – uma turma de crianças vivendo num meio rural, típico
de cidades pequenas;
•Turma do Bidu – personagens são animais de estimação;
•Turma da Tina – Grupo de adolescentes universitários;
•Turma do Penadinho – Aventuras cômicas com personagens típicos de
histórias de terror;
•Horácio – um pequeno dinossauro com um grande coração;
•Turma do Piteco – Personagens adultos vivendo na pré-história;
•Astronauta – Aventureiro espacial solitário;
•Turma da mata – Grupo de animais selvagens;
•Papa-Capim – Indiozinho brasileiro vivendo na floresta Amazônica;
•Nico Demo – Garoto sarcástico e malvado;
•Turma do Pelezinho – Turma de crianças envolvendo histórias de futebol;
•Turma do Dieguito – Inspirado em Deigo Maradona;
•Ronaldinho Gaucho – Inspirada no jogador Ronaldo de Assis Moreira;
•Ronaldo, o Fenômeno – Inspirado em Ronaldo Luis Nazário de Lima;
27
•Turma da Mônica Jovem – A turma original de crianças, agora com 15 anos
de idade.
Maurício de Souza. Turma da Mônica. Disponível em:
<http://www.monica.com/personag//monica.htm>
Acesso em: 07/07/2011
ATIVIDADES
1.Escolha uma das personagens de Maurício de Souza, com característica
humana, e descreva-a:
a)Aparência;
b)Local onde vive;
c)Condição social;
2.Defina, comente e exemplifique sua forma de falar.
AVALIAÇÃO
Avaliar-se-á a capacidade de observação e descrição, atendo-se aos
fatos, sem julgamentos.
28
UNIDADE 6
QUADRINHOS DO CHICO BENTO
Chico Bento foi criado em 1961, inspirado em um tio-avô de Maurício de
Souza, morador de Santa Branca, no Vale do Paraíba, foi publicado pela
primeira vez numa tirinha dos personagens Hiroschi e Zezinho (Hiro e Zé da
Roça). A primeira revista do Chico Bento foi lançada em agosto de 1982.
Chico vive com os pais, Seu Bento e Dona Cotinha, num sítio no interior
de São Paulo, anda descalço, usa chapéu de palha, tem uma avó chamada
Dita, que lhe conta histórias. Fazem parte de sua história, sua namorada,
Rosinha, seus amigos Zé da Roça e Hiro, seu anjo da guarda, Zé Lelé, seu
primo e melhor
amigo, sua professora, Dona Marocas, Nhô Lau, dono das goiabeiras e seu
primo da cidade Zeca.
Chico gosta de pescar, frequenta a escola, mas não pode ser
considerado um bom aluno. Adora a natureza e os animais, tem um grande
coração. Sua fala é representada com erros ortográficos, retratando um
dialeto caipira. Chico Bento é acomodado, meio preguiçoso e aventureiro
representando o modo de falar e de viver do povo do interior do Brasil.
Maurício de Souza. Turma da Mônica Disponível em:
<http://www.monica.com/personag//monica.htm>
Acesso em: 07/07/2011
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PERSONAGEM CHICO BENTO
HISTÓRIAS DO CHICO BENTO CONTADAS NO SÍTIO DAS ÁGUAS
Descrição de Maurício de Souza, sobre as principais características dos
personagens da turma do Chico Bento:
Bernardet Barancelli Valenga. Sítio – crianças na goiabeira
2011/ 31/05. Fotografia, color, 5184 x 3456
Chico Bento, criado em 1961, teve como modelo um tio-avô de Maurício,
sobre quem ele ouvia muitas histórias contadas pela sua avó.
Em agosto de 1982, foi lançada a primeira revista, onde a Turma da
Roça, entre eles a Rosinha, namorada do Chico Bento, o Zé Lelé, Hiro, o Zé
da Roça, a
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professora Dona Marocas, o padre Lino e vários outros personagens vivem
divertidas histórias num ambiente gostoso e pacato do interior.
Personagem – Rosinha
Menina da roça, bonita e decidida, é um encanto para os olhos do Chico
Bento, com quem mantém um namorinho tímido, cheio de olhares e mimos.
Quem sabe, um dia, isso não dê em casamento?
Personagem - Zé Lelé
Zé Lelé surgiu, como personagem nas histórias do Chico Bento, não faz
muitos anos. Mas agradou desde o início pelo humor que traz às histórias e
pela sua participação sempre surpreendente.
É primo do Chico.
Personagem - Hiro
Este nissei, filho de imigrantes japoneses, é um dos amiguinhos do
caipirinha Chico Bento. Apesar de morar no interior, o Hiro e sua família são
bem tradicionais em relação aos costumes e à cultura japonesa.
Personagem Vó Dita
É a avó do Chico Bento. Sempre com conselhos e carinho para dar ao
seu netinho e a todas as crianças da roça.
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É uma fabulosa contadora de histórias. Exatamente como a pessoa que
a inspirou: a Vó Dita (de verdade), vó do Mauricio de Sousa .
Personagem - Nhô Lau
Nhô Lau é o sofrido dono da mais atraente plantação de goiaba nas
terras próximas da casinha do Chico Bento. E como não podia deixar de
acontecer, o pomar fica sempre no caminho do Chico Bento, para onde quer
que ele vá. Daí, das duas, uma: ou o Chico se empanturra de goiabas
deliciosas ou foge a toda dos tiros de sal que o Nhô Lau dispara contra ele.
Mas o Nhô Lau não é mau sujeito. Só gostaria que pelo menos uma vez as
suas goiabas pudessem ficar na goiabeira até o ponto da colheita.
Personagem – Zé da Roça
Amiguinho e colega de escola do Chico Bento.
Não fala "caipirês". Como personagem de história em quadrinhos, surgiu até
mesmo antes do Chico. Em tiras diárias no jornal "Diário de São Paulo", no
início da década de 60.
Personagem - Giselda
Enfim um personagem que homenageia as galinhas: Giselda. A galinha
de estimação do Chico Bento. Aliás, como todos os animaizinhos do sítio. Mas
Giselda tem dado um bom trabalho ao Chico. Volta e meia escapa de virar
canja ou almoço de raposa graças à proteção do Chico Bento.
Em troca, bota ovos bonitos e saudáveis. Que o Chico também evita
comer. Não por causa do colesterol (ele ainda não sabe sobre isso) mas
porque prefere que nasçam, cada vez mais, lindos pintinhos no galinheiro.
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Personagem – Torresmo
Porquinho de estimação do Chico Bento.
É claro que o Chico adora todas as criações do seu sítio, e nunca vai
deixar o seu Torresmo virar comida, nem a sua galinha Giselda, a vaca
Malhada, o bode Barnabé e tantos outros.
O Torresmo é muito levado e adora brincar na lama, como todos os
outros porquinhos. O sonho do Chico é um dia ver o Torresmo ganhar um
prêmio numa feira ou exposição de animais.
Maurício de Souza. Turma da Mônica. Disponível em:
<http://www.monica.com/personag//monica.htm>
Acesso em: 07/07/2011
ATIVIDADES
1.Quem inspirou a criação da personagem de Chico Bento?
2.Onde as histórias acontecem?
3.Quem conta histórias ao Chico Bento?
4.Que tipo de linguagem predomina nas histórias do Chico Bento?
5.Nas histórias em quadrinhos os balões fazem parte da ilustração da história.
Eles representam o sentimento envolvido na fala dos personagens. Desenhe
os balões que representam os seguintes sentimentos:
a)Alegria
b)Amor
c)Raiva
d)Briga
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6. Entregar para cada aluno(a) uma história do Chico Bento, sem as falas, para
que eles completem, em seguida, entregar a história original para a
comparação e questionamentos:
- que tipo de linguagem usamos para indicar as falas do Chico Bento?
- escrevemos como ele fala ou escrevemos como nós falamos?
- Compreendemos a mensagem?
- Todas as pessoas que conhecemos falam da mesma forma?
- Conhecemos alguém que fala como o Chico Bento?
- Você fala da mesma forma, com seus colegas e com seus professores?
7. Dividir a turma em quatro grupos. Dois grupos deverão apresentar histórias
do Chico Bento, tal qual elas são apresentas nos gibis; os outros grupos
deverão, também usando histórias do Chico Bento, apresentá-las, modificando
o modo de falar das personagens. Para a apresentação, os alunos deverão
fazer uso de fantoches.
8. Avaliação
A avaliação far-se-á pela observação do desempenho individual e do
grupo, pelo uso da linguagem adequada para aquele momento, pela evolução
de compreensão da diversidade linguística, por meio de nova análise dos
questionamentos feitos na produção inicial.
A avaliação se dará principalmente pela mudança de atitude em relação
ao uso da linguagem, pelo respeito às diferenças e pela busca do
conhecimento que os levará a saber usar a linguagem adequada ao contexto
certo.
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UNIDADE 7
SEMINÁRIO
Questões para a discussão:
1.Que tipo de linguagens usamos para nos comunicarmos uns com os outros?
2.Quais as diferenças que podemos perceber entre a fala e a escrita?
3.Como reconhecemos que alguém escreve bem?
4.Como reconhecemos que alguém fala certo?
5.Existe certo e errado em relação à fala e à escrita?
6.Por que é importante escrever bem e falar bem (norma padrão)?
7.Como falam as pessoas mais bem consideradas no meio social?
8.Comente: “Toda fala tem uma razão de ser, não é para rir é para conhecer”.
9.As pessoas que conhecemos falam sempre da mesma maneira?
10. Analisemos a fala de alguém que conhecemos bem, seu pai ou sua mãe,
por exemplo, como convidariam alguém para almoçar?
- O chefe ou superior no trabalho?
- Um(a) amigo(a)?
- Um filho(a) que acabou de chegar da escola?
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11.Conhecer bem nossa língua, escrita (normas) e falada, fará diferença em
nossas vidas. De que forma podemos aprender mais?
ATIVIDADES EXTRAS
1. Ler uma história do Chico Bento e analisar a ideologia.
2. Analisando as duas imagens que diferenças podemos apontar em relação:
Aos aspectos ideológicos e a situação do campo.
Bernardet Barancelli Valenga. Lavoura mecanizada – plantação de trigo.
2011/08/06. Fotografia, color. 2048 x 1536
36
Bernardet Barancelli Valenga. Sítio de subsistência.
2011/2104. Fotografia, color. 12 x 08 cm
A ideologia constitui-se num instrumento de dominação, desde que impõe as
ideias das classes dominantes como verdades que todos devem seguir e
obedecer. Essa dominação aparece em todos os setores sejam eles
econômico, social ou político e suas ideias se tornam ideias de todos.
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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___________________________. Estética da Criação Verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BAGNO, Marcos. Nada na Língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. 3ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
______________. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 52 ed. São Paulo: Loyola, 2009.
BARBOSA, Alexandre. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2009.
CHAUI, Marilena de Souza. O que é ideologia. 27 ed. São Paulo: Brasiliense. 1988.
CIRNE, Moacir. Ideologia e desmistificação dos super-heróis. São Paulo: editora Vozes, 1970.
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MACEDO, Maria do Socorro Nunes, MORTIMER, Eduardo Fleury. Interações orais nas práticas de letramento na sala de aula. Revista Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v.10 n.56, 2004.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da Fala para a Escrita: Atividades de Retextualização. 1 ed. São Paulo: Editora Cortez, 2001,
MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa – Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Brasília/DF. 1998.
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PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná/ Ensino de Língua Portuguesa. Curitiba/PR, 2006.
THOMPSON, John B. Ideology and modern culture: Critical social theory in the era of mass communication. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 2000.