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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR A INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE COMBATE Rio de Janeiro 2019

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR

A INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE

COMBATE

Rio de Janeiro

2019

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR

A INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE

COMBATE

Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.

Orientador: Cel André Cézar Siqueira

Rio de Janeiro

2019

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Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR

A INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE

COMBATE

Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.

Aprovado em __ de ________ de 2019.

Banca Avaliadora

_______________________________________ JÚLIO CÉSAR DE SALES - Cel

Doutor em Ciências Militares Presidente

_______________________________________ SÉRGIO LUIZ AUGUSTO DE ANDRADE - TC

Doutor em História das Ciências 1º Membro

_________________________________________ ANDRÉ CÉZAR SIQUEIRA - Cel

Doutor em Ciências Militares 2º Membro

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À minha esposa, filha e filho, uma homenagem como recompensa pelos momentos de convívio abdicados em prol da realização desta pesquisa.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter iluminado meu caminho durante esta árdua labuta e

pela oportunidade de encarar este desafio.

À minha esposa Daniele, pela compreensão e incentivo irrestrito, oferecendo

seu apoio mesmo quando não tendo a merecida atenção; sempre comprometida com

nossos filhos.

À minha filha Manuela, por entender os momentos de ausência e por estar

sempre com seu inocente sorriso a me dar forças.

Ao meu filho Felipe, que em sua ingenuidade me presenteava com alguns

momentos de reflexão.

Ao Cel André, pelas orientações constantes, precisas e seguras durante o

transcorrer da pesquisa, além de sua enorme paciência e serenidade, nas quais, de

bom grado, conduziu este jovem soldado. E pelos exemplos pessoais e profissionais,

transmitidos durante nossas conversas, que me maneira anímica, auxiliaram na

conclusão deste trabalho.

Ao Cel Lins, que inicialmente mostrou-me o caminho para alcançar este

objetivo.

Ao Cel Jackson, Comandante do 5º Regimento de Carros de Combate, que

proporcionou os meios necessários ao cumprimento desta tarefa, ainda durante as

atividades do Corpo de Tropa; pela compreensão e auxílio prestado.

Ao Maj Menezes, que desde meu período como aspirante, presta auxílio

irrestrito a este Oficial; buscando sempre fomentar o meu aprimoramento profissional.

Aos Cap Pimentel, Cap Gustavo Castro, Cap Paiva Rodrigues e Cap Schoffen

pela camaradagem e disponibilidade que me entregavam em vários momentos desta

pesquisa.

Aos eternos camaradas da tropa blindada, oficiais e praças, que contribuíram

na coleta de dados para a realização desta pesquisa.

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RESUMO

A presente pesquisa buscou avaliar a real influência das competências do instrutor avançado de tiro na potencialização das capacidades de um Regimento de Carros de Combate. Tal temática possui alta relevância, pois o referencial teórico nacional disponível carece de informações. Por se tratar de um estudo eminentemente bibliográfico, a partir da coleta documental de fontes estrangeiras, norte-americanas, chilenas, espanholas e um breve apanhado referente a diversos países possuidores desta especialidade em suas Tropas Blindadas. Em paralelo, entrevistas conduzidas com especialistas, comandantes de Organizações Militares que possuem, ou possuíram à época do Comando, instrutores avançados de tiro em seus quadros; destaca-se a realização de um grupo focal com especialistas do 5º Regimento de Carros de Combate, no intuito de melhor subsidiar o presente trabalho. Os dados obtidos permitiram compreender em que extensão as competências desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro, no preparo, na gestão do controle do material de emprego militar e na gestão do ensino relacionada ao Sistema de Armas Leopard 1A5 BR, influenciam na potencialização do emprego do Regimento de Carros de Combate. Concluiu-se que a normativa nacional carece de padronização institucional; no entanto, percebeu-se que este especialista possui competências que contribuem para um incremento nas proficiências das guarnições blindadas do Exército Brasileiro.

Palavras-chave: instrutor avançado de tiro, Regimento de Carros de Combate, competências e Exército Brasileiro.

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ABSTRACT

This research pursued to rate Master Gunner’s real abilities on the enhancement of capabilities in a Tank Regiment. This theme has high relevance, because the available national theoretical framework lacks definitions. Knowing this is a bibliographical study, from a documental collection, was made a foreign source, north american, chilean, spanish and a brief overview of several countries with this specialty in their Armored Troops, from notoriously reliable origin. In parallel, interviews conducted with specialists, commanders of military organizations who have, or have had, at the time of their Command, Master Gunners on their staff; detached a realization of a focus group with specialists from the 5th Tank Regiment stands out to better subsidize this work. The gathered data allowed us to understand the extension of Master Gunner competencies performed in preparation, control of military employment equipment and management of instructions related to the Leopard 1A5 BR weapon system, influencing also in the enhancement of employment of Tanks Regiment. It was concluded that the national rules lack institutional; although, it is clear this specialist has skills which contribute to an increase in the proficiency Brazilian’s Army troops. Likewise, it allows the study of viabilization of similar characteristic features for other weapons Systems.

Keywords: Master Gunner, Tank Regiment, capabilities and Brazilian Army.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Colimação e Alvo de Colimação ....................................................... 27

Figura 2 - Correção em Zero e Alvo de Correção em Zero .............................. 28

Figura 3 - Visão da cabine do Diretor de Tiro, conduzindo Exe Tir nível Seção, no CIBSB/ Rosário-RS (Saicã) .............................................

28

Figura 4 - AMX-30E exibido em museu de CC em El Gosolo .......................... 61

Figura 5 - Leopardo 2E, em exercício no Ter ................................................... 61

Figura 6 - Extrato do PPQ 2/2a ......................................................................... 71

Figura 7 - Análise das respostas referentes à gestão de material de emprego militar ................................................................................................

80

Figura 8 - Análise das respostas referentes à gestão da instrução militar ....... 82

Figura 9 - Análise das respostas referentes ao assessoramento de nível tático .................................................................................................

84

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Competências do IAT e suas principais atividades e tarefas desempenhadas …...................................................….....................

27

Quadro 2 - Definição operacional da variável independente: competências exercidas pelo IAT …..........…………………………………………......

29

Quadro 3 - Definição operacional da variável dependente: capacidades do RCC.……………………………………………………………...............

30

Quadro 4 - Efetivo de IAT no Sistema Leopard 1 A5 BR no Exército Brasileiro, em 2019 ............................................................................................

33

Quadro 5 - Delineamento da pesquisa ................................................................ 34

Quadro 6 - Termos utilizados nas buscas em bases eletrônicas ......................... 35

Quadro 7 - Possibilidades e estruturas organizacionais de uma FT Blindada ..... 44

Quadro 8 - Organograma do Regimento de Carros de Combate ......................... 44

Quadro 9 - Plano de distribuição de matérias do Curso de Master Gunner do EEUA ................................................................................................

58

Quadro 10 - Fases da instrução e adestramento da Gu Bld do Exército Espanhol, após o recebimento dos CC da Família Leopard 2 ...........................

62

Quadro 11 - Comparativo do emprego e do conteúdo dos Cursos de Instrutor Avançado de Tiro ..............................................................................

66

Quadro 12 - Resumo de disciplinas e assuntos ministrados na fase não presencial do CATir ...........................................................................

69

Quadro 13 - Resumo de disciplinas e assuntos ministrados na fase presencial do CATir .................................................................................................

70

Quadro 14 - Assuntos de maior interesse referente à Gestão da Instrução Militar 75

Quadro 15 - Assuntos de maior interesse referente à Gestão do Material de Emprego Militar .................................................................................

76

Quadro 16 - Assuntos de maior interesse referente ao Assessoramento de nível tático .................................................................................................

77

Quadro 17 - Identificação de FA e FR da Questão 1 ............................................. 79

Quadro 18 - Outras respostas da Questão 1 e 2 ................................................... 80

Quadro 19 - Identificação de FA e FR da Questão 3 .............................................. 81

Quadro 20 - Outras respostas da Questão 3 e 4 ................................................... 82

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Quadro 21 - Identificação de FA e FR da Questão 5 ............................................ 83

Quadro 22 - Outras respostas da Questão 5 ........................................................ 84

Quadro 23 - Respostas da Questão 6 ................................................................... 85

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LISTA DE ABREVIATURAS

AC Anticarro AFV GS Armoured Fighting Vehicle Gunnery School Bda C Bld Brigada de Cavalaria Blindada Bda C Mec Brigada de Cavalaria Mecanizada Bda Inf Bld Brigada de Infantaria Blindada Btl Batalhão CATir Curso Avançado de Tiro CC Carros de Combate CENAD Centro Nacional de Adiestramiento CI Caderno de Instrução CI Bld Centro de Instrução de Blindados CLAnf Carro Lagarta Anfíbio Cmdo Comando CMS Comando Militar do Sul Cmt Pel Comandante de Pelotão COTER Comando de Operações Terrestres CZ Correção em Zero DETMil Diretoria de Educação Técnica Militar DMT Doutrina Militar Terrestre DOAMEPI Doutrina, Organização, Adestramento, Material, Educação,

Pessoal e Infraestrutura (Acrônimo) EB Exército Brasileiro EEUA Exército dos Estados Unidos da América EME Estado-Maior do Exército EsAO Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais Esc Sp Escalão Superior Esqd Esquadrão Estb Ens Estabelecimento de Ensino Exc Tir Exercício de Tiro FA Frequência Absoluta F Ter Força Terrestre FC Funções de Combate FOROP Força Oponente FR Frequência Relativa FT Força-Tarefa Fuz Fuzileiro IAT Instrutor Avançado de Tiro

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IDF Israeli Defense Forces IGTAEX Instruções Gerais de Tiro com Armamento do Exército Ini Inimigo IMGC International Master Gunner Conference MADOC Mando de Adiestramento y Doctrina MCOE Maneuver Center of Excellence MD Ministério da Defesa MEM Material de Emprego Militar MG Master Gunner MGCC Master Gunner Common Core OCOP Obtenção da Capacidade Operacional Plena O Lig Oficial de Ligação OM Organização Militar Op Operações PBC Planejamento Baseado em Capacidades PC Posto de Comando PCOT Processo de Condução das Operações Terrestres PDDMT Plano de Desenvolvimento da Doutrina Militar Terrestre PIM Plano de Instrução Militar PITCIC Processo de Integração Terreno, Condições Meteorológicas,

Inimigo e Considerações Civis PLADIS Plano de Disciplina PMI Ponto Médio de Impacto PPCOT Processo de Planejamento e Condução das Operações

Terrestres PrgEE Programa Estratégico do Exército PRODE Produto de Defesa ProFORÇA Projeto de Força do Exército Brasileiro QC Quadro de Cargos QO Quadro de Organização RCC Regimento de Carros de Combate Rgt Regimento SARC Sistema Aéreo Remotamente Controlado SBCT Stryker Brigade Combat Team SCT Sistema de Controle de Tiro SIBld Seção de Instrução de Blindados SU Subunidade TC Tenente-Coronel Tir Tiro TTP Técnica, Tática e Procedimento VBCCC Viatura Blindada de Combate – Carro de Combate VD Variável Dependente VI Variável Independente

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 16

1.1 PROBLEMA ........................................................................................ 18

1.2 OBJETIVOS ...………………………………………………………….…. 20

1.3 QUESTÕES DE ESTUDO ................................................................... 22

1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 22

2 METODOLOGIA .......……................................................................. 25

2.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO ....………………………………….…. 25

2.1.1 Definição conceitual e operacional das variáveis .......................... 25

2.1.2 Alcances e limites ............................................................................. 31

2.2 AMOSTRA .......................................................................................... 32

2.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ....................................................... 33

2.3.1 Procedimentos adotados na revisão da literatura.......................... 34

2.3.1.1 Fontes de Consulta ............................................................................. 35

2.3.1.2 Critérios de inclusão ............................................................................ 36

2.3.1.3 Critérios de exclusão ........................................................................... 36

2.3.2 Procedimentos metodológicos ........................................................ 36

2.3.3 Instrumentos ..................................................................................... 37

2.3.3.1 Entrevista Inicial …………………………………………………………... 38

2.3.3.2 Grupo Focal ……………………………………………………………….. 38

2.3.3.3 Questionário ………………………………………………………………. 39

2.3.3.4 Entrevista 2 e 3 ….………………………………………………………... 40

2.3.4 Análise dos dados ............................................................................. 40

3 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................. 42

3.1 O REGIMENTO DE CARROS DE COMBATE .................................... 42

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3.1.1 Generalidades ................................................................................... 43

3.1.2 Características, possibilidades e limitações .................................. 45

3.2 CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE COMBATE ...…. 47

3.2.1 Novos conceitos para o emprego da Força Terrestre ....……...…... 49

3.2.1.1 Prontidão Operativa ..…………..………………………………………… 50

3.2.1.2 Letalidade Seletiva .…...………..……………………………………..…. 51

3.2.1.3 Massa de Efeitos ................................................................................. 52

3.3 O PROJETO MASTER GUNNER ....................................................... 54

3.3.1 A experiência Norte-americana ........................................................ 56

3.3.1.1 Curso de Master Gunner do Exército dos Estados Unidos da América 58

3.3.1.2 Curso Básico de Master Gunner do EEUA ........................................... 59

3.3.2 A experiência espanhola ......................…...............…...……………. 60

3.3.3 O Master Gunner pelo mundo ........................................................... 65

3.4 O INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NO BRASIL ............................ 67

3.4.1 Competências exercidas pelo IAT .................................................... 68

3.4.2 A gestão da instrução militar ............................................................ 70

3.4.3 O assessoramento de nível tático ...…...……………..............……... 71

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO …….…………………………………… 73

4.1 TABULAÇÃO DOS RESULTADOS …………………………………….. 73

4.1.1 Entrevistas ……………………………………………………………….. 74

4.1.2 Grupo Focal ………………………………………………………………. 75

4.1.3 Questionário ……………………………………………………………… 77

4.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS …....……………………. 77

4.2.1 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante à gestão do material de emprego militar?................................................................................................

79

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4.2.2 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante à gestão da instrução militar? ………

81

4.2.3 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante ao assessoramento de nível tático?

83

4.2.4 É possível verificar, no suporte teórico nacional disponível, um alinhamento e sincronização na apresentação do conteúdo alusivo ao emprego do instrutor avançado de tiro? ……….……….

86

4.2.5 Existe algum conceito no suporte teórico nacional relativo ao emprego do instrutor avançado de tiro? …………………………..…

86

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ........…………………………… 87

5.1 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES …………………………………. 91

6 REFERÊNCIAS ...………………………………………………………… 92

APÊNDICE A – ENTREVISTA DE ORIENTAÇÃO INICIAL …….........

97

APÊNDICE B – ROTEIRO DE CONDUÇÃO DE GRUPO FOCAL ......

98

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO ....................................................... 99

APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA 1 ................................... 102

APÊNDICE E – ROTEIRO DE ENTREVISTA 2 ................................... 105

APÊNDICE F – EXEMPLO DE INSTRUÇÃO MINISTRADA POR IAT (EsAO/2019) .......................................................................................

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ANEXO A – INSTRUÇÃO DO EB NA IMGC/2019 (Maj Cav MENEZES) ..........................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Ao analisar as rápidas e constantes alterações ocorridas em grande escala nos

diversos campos do poder, percebe-se um elevado índice de transformações

ocorridas no tocante ao ambiente operacional, seja dos atuais conflitos, seja no que

se refere ao modo de preparo, emprego e doutrina das forças militares.

No Brasil, a percepção de modernização de seus sistemas e materiais de

emprego militar (MEM), no que diz respeito à tropa blindada, não é recente; sendo

alvo de atenção da Força Terrestre (F Ter) desde o início do século passado,

exemplificado pela implantação da missão militar francesa. Ressalta-se que neste

período o Brasil esteve na vanguarda da tropa blindada na América Latina, com meios

dotados de elevada tecnologia para a época, no caso, o Carro de Combate (CC)

Renault FT-17.

Não obstante, o Exército Brasileiro (EB) no intuito de atender ao que prescreve

em sua missão constitucional e visando alinhar-se ao seu pensamento e planejamento

estratégico; resolveu, iniciar um processo de transformação em 2008 (ano de

publicação da Estratégia Nacional de Defesa), neste contexto a Concepção de

Transformação do Exército, evidencia o alcance de uma nova doutrina, empregando

produtos de defesa tecnologicamente avançados, sendo utilizados por profissionais

altamente capacitados. (BRASIL, 2014b, p. 7-6)

Nesse escopo o EB estruturou, dentre outros, o Programa Estratégico do

Exército - Obtenção da Capacidade Operacional Plena (PrgEE OCOP), o qual prevê

como um de seus produtos a modernização e obtenção de meios militares terrestres,

como por exemplo as viaturas blindadas sobre lagartas. O referido programa integra

o sub portfólio de geração de força e encontra-se em constante evolução.

Tal transformação traz, ainda, os conceitos de “Visão de Futuro do Exército”,

onde ressalta-se que o EB deve ter por premissa a geração de novas competências

alinhadas com as capacidades requeridas para o Exército da Era do Conhecimento.

(BRASIL, 2014b, p. 7-5)

Neste escopo, percebe-se que os novos desafios da Era do Conhecimento

trouxeram, também, ao EB a necessidade de caminhar junto ao que há de

tecnologicamente mais avançado e eficaz, optando pela aquisição da Viatura Blindada

de Combate – Carro de Combate (VBCCC) Leopard 1 A5 da Alemanha, em 2010;

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após cerca de vinte anos utilizando as VBCCC Leopard 1 A1 e as VBCCC M60 A3TTS

(ANNES, 2015).

Tal aquisição é um grande marco inicial do Projeto LEOPARD, expondo uma

necessidade premente de evoluir a qualidade e capacidade de trabalho da tropa

blindada. A obtenção de novos recursos alavancaria a proficiência dos militares

envolvidos, sendo também um catalisador para a motivação de seus quadros, que a

cerca de 2 (duas) décadas vivenciavam óbices tecnológicos e materiais.

Nesse ínterim, com o perceptível salto qualitativo dos MEM da tropa blindada,

o EB, visando diminuir o hiato tecnológico entre o sistema de armas anterior e as

novas VBCCC Leopard 1 A5 BR, percebeu a necessidade de preparar seus quadros

com especialistas no novo sistema adquirido; surgia, portanto, com a Portaria n° 145

do Estado-Maior do Exército (EME), de 28 de setembro de 2012, o Curso Avançado

de Tiro (CATir) do Sistema de Armas da VBCCC Leopard 1 A5 BR, como espinha

dorsal do Projeto MASTER GUNNER (MG), realizando a formação de especialistas

capacitados no novo sistema de armas que compunha os Regimentos de Carros de

Combate1 (RCC).

A Portaria n° 299 de 11 de dezembro de 2018 revogou a anterior;

acrescentando o posto de capitão dentre o universo de seleção para o Curso, bem

como a disponibilidade dos concludentes de servir pelo período de 02 (dois) anos nas

organizações militares (OM) detentoras da VBCCC Leopard 1 A5 BR, no intuito de

aplicar os conhecimentos adquiridos da especialização.

Com a implantação do CATir o Brasil entrou no seleto rol de países possuidores

desta especialidade em seus exércitos, como Estados Unidos da América, Inglaterra,

Espanha, Alemanha, dentre outras potências bélicas blindadas; que em sua grande

maioria foi denominado – Master Gunner; e em países que utilizam a língua

espanhola, tal especialização recebeu a denominação de Instructor Avanzado de Tiro.

Tendo em vista as semelhanças entre a língua hispânica e brasileira, o Exército

Brasileiro optou pela terminologia “Instrutor Avançado de Tiro (IAT)” para tal função.

____________________

1 O RCC é uma OM que possui como principal material de emprego militar o Carro de Combate, e comumente empregado como Força-Tarefa Blindada (FT Bld), no binômio Carro de Combate-Fuzileiro. É constituído por 4 (quatro) Esquadrões CC e 1 (um) Esquadrão de Comando e Apoio. O RCC possui 54 (cinquenta e quatro) CC, atualmente as VBCCC Leopard 1A5 BR e outras Viaturas Blindadas (VB). No EB, existem 4 (quatro) RCC: o 1º RCC em Santa Maria/RS, o 4º RCC em Rosário do Sul/RS, o 3º RCC em Ponta Grossa/PR e o 5º RCC em Rio Negro/PR.

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Como marco histórico mundial, no início da década de 1990 o Exército dos

Estados Unidos da América (EEUA) empregou esta especialidade que havia sido

criada em meados de 1975 pela primeira vez em combate. Durante a condução da

Operação Tempestade no Deserto, ficou evidenciado que tal função foi diretamente

responsável por um elevado salto qualitativo na proficiência da tropa blindada daquele

país e nas capacidades das Unidades blindadas empregadas na Operação,

diminuindo perdas e aumentando os efeitos e resultados obtidos, tornando-o

referência de tropa blindada no mundo.

No escopo desta pesquisa, o IAT foi caracterizado como o militar especializado

no tiro da VBCCC, em que se particulariza, no desenvolvimento dos processos de

instrução de tiro, na análise dos resultados e no emprego dos meios de apoio a esta

instrução e, pelo grau de conhecimento do sistema de controle e técnica de tiro, sendo

um especialista capaz de realizar assessoramentos aos comandantes táticos, em

todos os níveis, apresentando-lhes soluções técnicas para os problemas táticos que

se apresentem no campo de batalha, com a finalidade de aumentar a eficiência do

sistema de armas utilizado.

Pautado na premissa de modernização e na evolução dos quadros, verifica-se

a crescente necessidade de estudo acerca da inserção e influência dessas novas

funções e especialistas na tropa blindada brasileira. Desta feita, a presente pesquisa

tratará de analisar a influência das competências do IAT na potencialização das

capacidades do RCC.

Por capacidades, entende-se que é a aptidão requerida a uma força ou

organização militar, para que possa cumprir determinada missão ou tarefa. A doutrina

militar terrestre relata que essas capacidades são obtidas a partir de um conjunto de

sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina, Organização

(e/ou processos), Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura – que

formam o acrônimo DOAMEPI. (BRASIL, 2014c, p. 3-3).

1.1 PROBLEMA

Ao pesquisar o que de mais recente e atual tem sido produzido sobre as

competências desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro nos Regimentos de

Carros de Combate, foram identificadas divergências de abordagem e diferentes

graus de detalhamento acerca da temática bem como uma possível falta de

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sincronização entre o efetivo desempenho da função nos Regimentos de Carros de

Combate e o ensino da matéria.

É possível abordar a teoria existente sobre o tema em questão e os

antecedentes do problema da seguinte maneira:

a. o salto qualitativo dos meios blindados trouxe consigo uma necessidade de

evolução para a tropa blindada, tendo como principal vetor do conhecimento o Centro

de Instrução de Blindados (CIBld);

b. os referenciais teóricos nacionais não apresentam as atribuições, tarefas e

atividades – as competências – exercidas pelo instrutor avançado de tiro, sendo a

temática exposta apenas em ocasiões específicas, prejudicando, sobremaneira, a

análise e o aprofundamento do assunto;

c. a literatura nacional não apresenta, expressa e claramente, o emprego desse

especialista em nenhuma fase do Processo de Condução das Operações Terrestres

(PCOT) ou do exame de situação do Comandante. Cabe ressaltar que o Processo de

Planejamento e Condução das Operações Terrestres (PPCOT) prevê a utilização de

especialistas, se for o caso, para auxiliar no planejamento no nível Subunidade (SU).

No nível, OM essa responsabilidade é do Oficial de Operações, que pode utilizar-se

de quem for necessário. Tal situação torna o assessoramento tático do IAT um

processo empírico e passível de questionamento, no que tange as operações

militares;

d. no tocante à instrução, o CIBld, no contexto do Comando Militar do Sul

(CMS), conseguiu harmonizar os quatro RCC (1° RCC e 4° RCC na 6ª Brigada de

Infantaria Blindada e o 3° RCC e 5° RCC na 5ª Brigada de Cavalaria Blindada)

padronizando os assuntos referentes ao ensino; porém, sem padronizar a rotina de

instrução nessas OM. Caberia, ao IAT da OM, realizar o planejamento de acordo com

sua realidade, para alcançar os índices de habilitação necessários ao novo sistema

de armas, dentre outras atribuições;

e. divergindo do enfoque nacional, a literatura estrangeira examinada

disponibiliza um acentuado grau de detalhamento em relação às competências do

instrutor avançado de tiro, sendo estipulados parâmetros para a seleção de pessoal,

princípios de emprego nas operações militares, tarefas na rotina da OM, controles a

serem realizados nos carros de combate, técnicas de engajamento de alvos, dentre

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outras atividades descritas de forma bastante pormenorizada e compatível à

relevância da temática; e

f. após quase uma década da implantação do IAT, no Brasil, percebeu-se

modificações consubstanciais no que diz respeito a nova sistemática de gestão do

material de emprego militar, com novos conceitos e novas medidas, como: dados

concretos sobre o Sistema de Controle de Tiro (SCT), os ajustes de Correção em Zero

(CZ) de treinamento e em Exercícios de Tiro Real, controle de panes, situação de

“hibernação” de CC, processo de obtenção de capacidade tática das frações, além de

outros aspectos técnicos do Leopard que não caberiam ao operador usual da VBCCC,

devido à especificidade técnica, modificando a maneira de emprego do RCC em

operações, devido as peculiaridades da técnica do material.

Diante dos achados na literatura sobre o tema, algumas questões parecem

problemáticas: como aferir se “o referencial teórico nacional acerca da função do

instrutor avançado de tiro permanece atualizado e condizente com a atual Doutrina

Militar Terrestre (DMT)?”; como estipular se “a implantação da função do instrutor

avançado de tiro, em quase uma década de aplicações, alcançaram os objetivos

necessários ao preparo e emprego do RCC?” ou, ainda, de forma mais específica,

como fundamentar se “a função de instrutor avançado de tiro influencia o emprego e

preparo do RCC?”.

Dessa forma, visando preencher as lacunas no conhecimento, bem como

aprofundar as abordagens até então relatadas, formulou-se o seguinte problema de

pesquisa: “Em que extensão as competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades do Regimento de Carros de Combate?”

1.2 OBJETIVOS

A presente pesquisa tem como objetivo geral avaliar em que extensão as

competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades

do Regimento de Carros de Combate, concluindo sobre os impactos desse

especialista para a rotina de instrução, a gestão do material de emprego militar e o

assessoramento no nível tático, no que diz respeito ao emprego; inferindo sobre a

potencialização das capacidades do emprego do RCC.

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De maneira simplificada, pode-se dividir as competências do instrutor avançado

de tiro nos 03 (três) grandes aspectos: gestão da instrução militar, gestão dos

materiais de emprego militar e o assessoramento de nível tático.

Por competências entende-se, resumidamente, que o IAT possui: a elevada

capacidade de atuação como instrutor de técnica de tiro, amplo domínio do sistema

de armas e dos meios de simulação; capacidade de conduzir trabalhos de colimação

de todos os equipamentos de pontaria do sistema de armas, bem como, sistematizar

o controle dos referidos valores; capacidade de controlar, de forma sistemática, os

valores de falha de munição de toda a frota da OM; capacidade de dirigir exercícios

de tiro real, de forma a otimizar o rendimento e maximizar as potencialidades do

sistema de armas; capacidade para elaborar exercícios nos diversos equipamentos

de simulação; capacidade de detectar, de forma oportuna, deficiências no preparo e

no emprego das guarnições e capacidade para assessorar o escalão superior quanto

ao emprego do sistema de armas em operações, através da análise das capacidades

e limitações dos sistemas do EB e da força oponente.

Cabe ressaltar que os conceitos supracitados serão abordados mais

pormenorizadamente no capítulo terceiro; no entanto, fez-se necessário uma

abordagem inicial visando a construção do entendimento lógico para a presente

pesquisa.

Todavia, para alcançar o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos

foram formulados:

a. descrever os principais conceitos estabelecidos nas fontes de consulta

nacionais acerca das funções do instrutor avançado de tiro, principalmente, nas

atividades desempenhadas no tocante ao emprego e preparo de um Regimento de

Carros de Combate;

b. descrever os principais conceitos estabelecidos nas fontes de consulta

estrangeiras do Exército Norte-Americano, espanhol e chileno acerca das funções do

instrutor avançado de tiro, principalmente, as competências exercidas no tocante ao

emprego e preparo de um Regimento de Carros de Combate;

c. inferir acerca da influência do instrutor avançado de tiro sobre a rotina de

instrução da OM, ao controle das guarnições e emprego de simuladores, no tocante

ao preparo do RCC;

d. inferir sobre a extensão do assessoramento tático do IAT, nos Pelotões, nos

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Esquadrões e nos Regimentos de Carros de Combate por ocasião do emprego dessas

frações; e

e. como produto final da pesquisa, apresentar um anteprojeto de nota de

coordenação doutrinária ou subcapítulo para manual, propondo um conjunto de

prescrições que, coerentes à DMT, possibilitem normatizar e concluir sobre as

competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro no que tange à sua influência

na potencialização das capacidades de um Regimento de Carros de Combate e

possivelmente servir de subsídio para a criação de especialistas para outros sistemas

de armas do Exército Brasileiro.

1.3 QUESTÕES DE ESTUDO

Partindo do pressuposto de que as competências exercidas pelo IAT estão

intimamente relacionadas à potencialização das capacidades do RCC e visando

alcançar possíveis soluções para o problema de pesquisa proposto, foram

estabelecidas as seguintes questões de estudo:

a. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de

tiro no tocante à gestão do material de emprego militar?

b. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de

tiro no tocante à gestão da instrução militar?

c. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de

tiro no tocante ao assessoramento de nível tático?

d. é possível verificar, no suporte teórico nacional disponível, um alinhamento

e sincronização na apresentação do conteúdo alusivo ao emprego do instrutor

avançado de tiro?

e. existe algum conceito no suporte teórico nacional relativo ao emprego do

instrutor avançado de tiro?

1.4 JUSTIFICATIVA

O estudo visa documentar os principais aspectos referentes as competências

exercidas pelo instrutor avançado de tiro nos Regimentos de Carros de Combate

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durante a rotina de instrução, gestão do material de emprego militar e o

assessoramento de nível tático.

A presente pesquisa se justifica por tratar de assunto de relevância, buscando

extrapolar a forma generalista com que usualmente se aborda o tema, no contexto

brasileiro. Apresenta, assim, nítido potencial de conhecimento em uma área na qual

as normativas nacionais são escassas e imprecisas, contribuindo, significativamente,

com a atualização doutrinária.

Percebe-se, ainda, que o Plano de Desenvolvimento da Doutrina Militar

Terrestre/2018 (PDDMT/2018) abarca nos objetivos “a. Manter a DMT dinâmica,

moderna e ajustada à evolução dos conflitos”, “e. Manter um permanente

acompanhamento dos produtos de defesa tecnologicamente avançados em uso no

país e no exterior” e “g. Revisar/elaborar o Quadro de Organização (QO) [ Base

Doutrinária, Estrutura Organizacional e Quadro de Cargos (QC)] das OM operativas

da F Ter; priorizando, inicialmente, a elaboração dos QO em processo de

criação/transformação, no contexto do Processo de Transformação e Racionalização

do Exército Brasileiro” diretrizes que corroboram com a realização da presente

pesquisa.

Além disso, trata-se de assunto relevante para o meio militar, uma vez que, o

referencial teórico nacional carece de definições capazes de operacionalizar o

desempenho das competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro nos

Regimentos de Carros de Combate, unidade prevista nas Brigadas Blindadas, que em

última análise, possuem a capacidade de decidir no combate convencional.

Cabe ressaltar, ainda, que o crescente avanço tecnológico tem ocasionado

uma gama de mudança dos meios de emprego militar em todas as Funções de

Combate (FC); fato que poderá despertar a necessidade de implantação de instrutores

avançados nos novos Sistemas que o EB tem adquirido ou venha a adquirir. Pode-se

citar como exemplo as viaturas do Projeto GUARANI, as novas viaturas da família

LINCE, os helicópteros multiuso da Aviação do Exército; sistemas que já possuem a

figura do instrutor avançado de tiro em outros exércitos do mundo.

Esta investigação se propõe a apresentar o desdobramento de preceitos

doutrinários vigentes, bem como intervenções adequadas à otimização do

desempenho das competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro nos

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Regimentos de Carros de Combate, servindo de pressuposto teórico primário para

outros estudos que sigam a mesma linha de pesquisa.

Usufruirão deste estudo os instrutores avançados de tiro e comandantes táticos

das frações blindadas e sistemas dotados de alta tecnologia embarcada em todos os

níveis.

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2 METODOLOGIA

Este capítulo tem por finalidade apresentar o caminho trilhado ao longo da

presente pesquisa, a qual fundamenta-se em procedimentos amplamente

consagrados na metodologia da pesquisa científica.

Destarte, é imperativo ressaltar que esta seção se destina a exposição, clara e

detalhada, de como pretendeu-se solucionar o problema de pesquisa em tela;

descrevendo os critérios estabelecidos, especificando os procedimentos utilizados na

revisão de literatura, na elaboração dos instrumentos de coleta de dados e no

tratamento dos dados obtidos.

Dessa forma, para um melhor encadeamento de ideias, esta seção foi dividida

nos seguintes tópicos: objeto formal de estudo, amostra e delineamento da pesquisa.

2.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO

O objeto do presente estudo refere-se à influência das competências exercidas

pelo instrutor avançado de tiro no Regimento de Carros de Combate, verificando a

possibilidade de potencialização das capacidades do emprego desta tropa. Tal

análise, deu-se por intermédio dos produtos colhidos desde o momento da inserção

desta especialidade no Exército Brasileiro, até os dias atuais.

Da análise das variáveis envolvidas no presente estudo, “competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro” apresenta-se como variável

independente, tendo em vista que se espera que a sua manipulação exerça efeito

significativo sobre a variável dependente “capacidades do Regimento de Carros de Combate”. Devido às características qualitativas das variáveis, faz-se necessário

defini-las conceitual e operacionalmente tornando-as passíveis de observação e

mensuração.

2.1.1 Definição conceitual e operacional das variáveis

As competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro podem ser definidas

como o conjunto de atribuições desenvolvidas pelo IAT nos Regimentos de Carros de

Combate.

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Tais competências podem ser englobadas em 03 (três) aspectos: a gestão do

material de emprego militar, a gestão da instrução militar e o assessoramento de nível

tático.

No escopo da pesquisa identificou-se como competências a serem exercidas

pelo IAT, as seguintes atividades listadas:

a. Para a Gestão do Material de Emprego Militar “Gestão da Frota”:

1) assessorar o Comandante de Esquadrão, o Oficial de Operações e o

Comandante do RCC nos aspectos relacionados ao controle dos

procedimentos de preparação para o combate da frota, seja da colimação, seja

da correção em zero (CZ);

2) controlar de forma sistemática os valores de colimação e os valores de

falha de munição das VBC de sua Unidade;

3) realizar a colimação de todos os sistemas de pontaria do sistema de

armas do Leopard 1A5 BR; e

4) realizar a correção em zero das diferentes munições empregáveis.

b. Para a Gestão da Instrução Militar:

1) desempenhar as diversas funções relacionadas à condução de exercícios

(Exc) de tiro (Tir) real, bem como, dirigir Exc Tir, real ou simulado, de forma a

otimizar o rendimento da atividade;

2) elaborar Exc e empregar os diversos equipamentos de simulação visando

extrair o máximo de suas possibilidades;

3) conduzir a instrução de técnica de tiro da VBC; e

4) detectar de forma oportuna deficiências no treinamento das guarnições,

bem como empregar os meios disponíveis para a correção de deficiências

específicas das guarnições CC.

c. Para o Assessoramento de Nível Tático:

- assessorar o Escalão Superior (Esc Sp) quanto ao emprego do sistema de

armas em operações e das possibilidades técnicas e limitações dos sistemas

de armas inimigos, por intermédio de um banco de dados sobre meios

blindados atualizado e pelo entendimento e análise do Processo de Integração

Terreno, Condições Meteorológicas, Inimigo e Considerações Civis (PITCIC).

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Competências do IAT Principais Atividades e tarefas desempenhadas pelo IAT

Gestão do material de emprego militar

- Condução e controle dos valores de colimação;

- Controle dos Valores de Falha de Munição; e

- Condução da Correção em Zero.

Gestão da instrução militar

- Condução da execução do Tiro Real;

- Instruções mais detalhadas sobre a Técnica de Tiro;

- Emprego de Simuladores para minimizar erros de técnicas de tiro; e

- Emprego de Simuladores para potencializar as capacidades de detecção e neutralização dos alvos (técnica de tiro).

Assessoramento de nível tático

- Estudo dos meios Bld Ini (aspectos técnicos, capacidades e limitações); e

- Possibilidades técnicas dos meios Bld de nossas tropas ao enfrentar a Força Oponente (características técnicas de nossos meios).

QUADRO 1 – Competências do IAT e suas principais atividades e tarefas desempenhadas. Fonte: o autor

Faz-se necessário, ainda, a conceituação de alguns termos amplamente

utilizados na Tropa Blindada, como: Colimação, Correção em Zero, Exercício de Tiro

Real e Valores de Falha de Munição.

FIGURA 1: Colimação e Alvo de Colimação. Fonte: o autor

A colimação é o conjunto de operações, visando o impacto no primeiro tiro,

realizadas na VBCCC Leopard 1 A5 BR para fazer coincidir o ponto visado pelos

dispositivos de pontaria do CC (seus equipamentos de visada para o alvo) com o ponto

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de impacto das munições disparadas pelos armamentos principal e coaxial do Carro

de Combate; tendo em vista a diferença das posições dos aparelhos de pontaria para

o canhão e a metralhadora coaxial CC. Visando mitigar os efeitos da paralaxe,

diferença das posições dos aparelhos de pontaria para o canhão e a metralhadora

coaxial.

No sistema Leopard a correção em zero é o procedimento realizado para cada

tipo de munição, tendo em vista suas especificidades técnicas, com a finalidade de

calcular os valores técnicos para o tiro, fazendo coincidir o ponto médio de impacto

(PMI) de uma série de três tiros (quantidade adotada pelo Exército Brasileiro), com o

ponto de pontaria determinando os valores de falha de cada tipo de munição.

FIGURA 2: Correção em Zero e Alvo de Correção em Zero. Fonte: o autor

O conjunto de atividades previstas das Instruções Gerais de Tiro com

Armamento do Exército (IGTAEx) para a VBCCC Leopard 1A5 BR, com o emprego

de munições de exercício ou explosivas em um estande de tiro próprio para o emprego

desse sistema de armas; é chamado de Exercício de Tiro Real (Exc Tir Real).

FIGURA 3: Visão da cabine do Diretor de Tiro, conduzindo Exc Tir nível Seção de Carros de Combate, no Campo de Instrução Barão de São Borja/ Rosário-RS (Saicã). Fonte: o autor

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Por valores de falha de munição entende-se pela obtenção de valores

numéricos que indicam os efeitos advindos do comportamento ou reação de cada tipo

de munição para um determinado CC. Tal acompanhamento é feito, visando

aproximar a trajetória balística real da ideal.

A variável independente será dimensionada no campo do preparo e do

emprego, visando alinhar-se com o que preconiza a DMT, utilizando como indicadores

as principais áreas de atuação do IAT, sejam estas: gestão da instrução e do material

de emprego militar, no campo do preparo, e o assessoramento de nível tático, no

campo do emprego.

Com relação à variável independente, no tocante às duas dimensões

estabelecidas, medidas mediante uma revisão da literatura, grupo focal, questionários

e entrevistas, as quais espera-se que interfiram no comportamento da variável

dependente. Esta variável será operacionalizada conforme o Quadro 2, a seguir: Variável Dimensão Indicadores Forma de medição

Competências exercidas pelo

instrutor avançado de tiro

Preparo

Gestão da instrução militar

Revisão da literatura. Grupo Focal (Item 1, 2 e 3) Questionário (Item 3 e 4)

Entrevista

Gestão do material de emprego militar

Revisão da literatura Grupo Focal (Item 4 e 5) Questionário (Item 1 e 2)

Entrevista

Emprego Assessoramento de

nível tático

Revisão da literatura Grupo Focal (Item 6) Questionário (Item 5)

Entrevista

QUADRO 2 – Definição operacional da variável independente: competências exercidas pelo IAT. Fonte: o autor

Com relação à variável dependente, as capacidades do Regimento de Carros

de Combate, percebeu-se que estão intimamente relacionadas ao emprego adequado

do seu material de emprego militar: o carro de combate. Assim como a variável

independente, faz-se necessário a conceituação de alguns termos relacionados às

capacidades do RCC.

O novo Manual de DMT trás o conceito de capacidades, haja vista que o EB

passou a adotar a geração de forças por intermédio do Planejamento Baseado em

Capacidades (PBC); definindo o termo como a aptidão requerida a uma força ou OM,

para que possa cumprir determinada missão ou tarefa; sendo obtida a partir de um

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conjunto de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina,

Organização, Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura – que

formam o acrônimo DOAMEPI. (BRASIL, 2014c, p. 3-3).

Todavia, uma análise abrangente dos sete fatores tornaria a pesquisa muito

extensa e pouco objetiva. Não obstante, por se tratar de diversas capacidades este

trabalho tratará a variável dependente dimensionando-a no campo do emprego, pois

o desenvolvimento dessas capacidades permite o EB garantir a defesa do território

nacional, fato que poderá ser avaliado por intermédio da análise de suas Unidades

por ocasião de seu emprego nas Operações, ou por ocasião de seu adestramento.

Como indicadores serão listadas algumas características inerentes às

Unidades que possuem suas capacidades na plenitude, permitindo a atuação da F

Ter em Operações no Ambiente Operacional moderno. Haja vista que as capacidades

se inter-relacionam e o tratamento isolado de cada aspecto se tornaria ineficaz.

Portanto, alguns novos conceitos da DMT permitem acentuar os fatores

relacionados com: a doutrina da tropa blindada, a organização material e pessoal, o

adestramento da tropa, o sistema de armas empregado, o nível de instruções nos

quais seus quadros são qualificados, a seleção do pessoal especializado e a

infraestrutura existente nas OM.

Contudo, no caso das unidades de natureza blindada, quando adquiridas,

fornecem uma significativa ampliação das capacidades em sua totalidade, são elas: a

obtenção da prontidão operativa, da massa de efeitos e da letalidade seletiva.

Conceitos que serão abordados com mais detalhamento no terceiro capítulo. Faz-se

então a definição operacional da variável dependente estruturada da seguinte

maneira: Variável Dimensão Indicadores Forma de medição

Capacidades do Regimento de Carros

de Combate Emprego

Obtenção da prontidão

operativa

Revisão da literatura Grupo Focal (Item 4 e 6)

Entrevista

Obtenção da massa de

efeitos

Revisão da literatura Entrevista

Obtenção da letalidade

seletiva

Revisão da literatura Grupo Focal (Item 2)

Entrevista

QUADRO 3 – Definição operacional da variável dependente: capacidades do RCC. Fonte: o autor

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2.1.2 Alcances e limites

O cerne deste trabalho foi à influência das competências exercidas pelo

instrutor avançado de tiro do Regimento de Carros de Combate, verificando a

possibilidade de potencialização das capacidades do emprego desta tropa.

Desta feita, o estudo acerca do emprego do Regimento de Carros de Combate,

propriamente dito, se restringiu as 04 (quatro) Organizações Militares de nível Unidade

existentes no EB, a saber: o 1° RCC em Santa Maria/RS, o 3° RCC em Ponta

Grossa/PR, o 4° RCC em Rosário do Sul/RS e o 5° RCC em Rio Negro/PR.

Em relação à análise das competências exercidas pelo IAT, a pesquisa limitou-

se ao estudo das gestões de instrução militar, do material de emprego militar

(chamado de “gestão da frota” na tropa blindada) e, no campo do emprego, o

assessoramento de nível tático; por se tratar dos grupos de atividades e tarefas

desenvolvidas pelo IAT de maiores vultos.

Esta pesquisa foi delimitada em quatro tópicos principais: o Regimento de

Carros de Combate e suas capacidades relacionadas ao seu emprego em Operações,

com o prisma da nova DMT e as implicações para o emprego da Força Terrestre no

tocante à variável dependente; e as experiências existentes em outros países,

advindas do Projeto Master Gunner pelo mundo e no Exército Brasileiro, no que tange

ao assessoramento de nível tático, as atividades de gestão da frota blindada e as

atividades de gestão da instrução como potencializadores das capacidades de sua

Unidade, considerando as principais vocações de um RCC, tendo como escopo o

combate pelo fogo.

Cabe ressaltar que por combate pelo fogo entende-se que se trata de uma

missão tática na qual se utiliza fogos diretos e indiretos sem enfrentar o Ini em

combate cerrado, para destruí-lo, suprimi-lo ou iludi-lo. Tal ataque se caracteriza pelo

fogo e pela manobra, combinados e controlados, originando uma preponderância de

poder de combate. (BRASIL. 2017a, p. 3-11)

Por tratar-se de uma pesquisa de caráter bibliográfica e documental, que se

propõe a documentar os principais aspectos referentes as competências exercidas

pelo IAT nos RCC presentes na doutrina nacional, norte-americana, espanhola e

chilena, carece, em alguns pontos, de uma experimentação prática; haja vista o curto

período de implantação dessa especialidade no Exército Brasileiro.

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Assim, a investigação torna-se limitada pela impossibilidade da generalização

global dos seus resultados em virtude da reduzida lacuna de tempo considerada na

pesquisa.

2.2 AMOSTRA

Os procedimentos escolhidos para complementar a revisão da literatura no

entendimento do problema foram: a realização de 01 (uma) entrevista de orientação

para realização da pesquisa, (apêndice “A”) com um especialista de notório saber; a

realização de 01 (um) grupo focal com os IAT do 5° RCC (apêndice “B”), realizado em

2018; a realização de 01 (um) questionário visa verificar a correlação das dimensões

da variável independente com as da variável dependente (apêndice “C”); além de

entrevistas (apêndice “D”) com militares que exercem funções ligadas ao preparo e

emprego do RCC, sendo ainda, possuidores de inegável conhecimento sobre o

assunto ou por terem exercido a função de instrutor no CIBld.

Levando-se em conta que o universo de instrutores avançados de tiro formados

desde 2009 até o início de 2019 é de apenas 93 militares1 (oficiais e sargentos), dos

quais apenas 492 destes encontram-se servindo em um RCC ou no CIBld; concluiu-

se pela definição de uma população com tamanho de 49 (quarenta e nove) IAT. Tal

tamanho, conduz a definição da Amostra 1 de 44 (quarenta e quatro) especialistas3.

Ressalta-se, que, por se tratar de uma especialidade ainda recente e com pouco

tempo de exercício, cerca de uma década da sua data de criação; além de considerar

a rotatividade imposta pela profissão, menos de 50% do efetivo da Amostra 1 exerce

a função de IAT em suas Unidades, fato que conduz a definição da Amostra 2,

priorizando-se os especialistas que compõem as Seções de Instruções de Blindados

(SIBld) dos RCC e instrutores do CIBld, cuja população é de 24 IAT exercendo a

função na qual é especializado.

____________________ 1 Dados retirados do Almanaque On-Line do Exército, https://portal.dgp.eb.mil.br/almanaque#, em 23 DEZ 18. Pesquisa realizada buscando os possuidores do Curso Avançado de Tiro (CATir) do Sistema das Armas da VBCCC Leopard 1 A5 BR, pelo código GBY 01 e GBY 02. 2 Conforme: https://portal.dgp.eb.mil.br/informacoespessoal/procuranomeguerra, em 18 FEV 19. 3 Baseado no sítio eletrônico que calcula o tamanho de uma amostra; para um “tamanho da população”: 49, “nível de confiança (%)”: 95 e “margem de erro (%)”: 5. https://pt.surveymonkey.com/mp/sample-size-calculator/, com acesso em 18 FEV 19

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Portanto a Amostra 2 será utilizada nos trabalhos desta pesquisa, no tocante a

coleta de dados, por se aproximar da realidade constatada sobre a situação do

emprego do IAT na tropa blindada.

A dimensão da amostra poderá variar em função da voluntariedade e

disponibilidade dos militares. O grupo de Amostra 2 será composto por oficiais e

sargentos da Arma de Cavalaria, aperfeiçoados ou não, que exercem a função de

instrutor avançado de tiro.

No tocante ao emprego serão considerados os militares que tenham

desempenhado a função durante a realização de exercícios no terreno ou em

ambiente virtual simulado.

Efetivo de IAT no Sistema Leopard 1 A5 BR no Exército Brasileiro P/G Quantidade de

formados IAT Servindo em RCC ou

CIBld (2019) Servindo em OM não

específica Major 07 00 07

Capitão 24 07 17

1° Tenente 06 04 02

1° Sargento 18 09 09

2° Sargento 22 15 07

3° Sargento 16 14 02

TOTAL 93 Total 49 44 Na função 24 QUADRO 4 – Efetivo de IAT no Sistema Leopard 1 A5 BR no Exército Brasileiro, em 2019. Fonte: o autor

Por fim, no intuito de minimizar quaisquer erros subjetivos advindos de um

reduzido grupo amostral, compuseram o rol de inclusão para entrevistas os Instrutores

Chefes do Curso Avançado de Tiro (CATir) e Comandantes ou antigos Comandantes

de RCC possuidores de notório saber referente a tropa blindada.

2.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O delineamento da pesquisa contemplou: pesquisa bibliográfica e fichamento

das fontes, entrevistas com especialistas, apresentação e discussão de resultados.

Quanto à sua natureza, este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa

do tipo aplicada, pois tem como objetivo gerar conhecimentos com aplicação prática,

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34

voltados à solução de problemas reais específicos relacionados ao emprego do

instrutor avançado de tiro nos Regimentos de Carros de Combate.

No que diz respeito à forma de abordagem do problema, esta pesquisa foi

eminentemente qualitativa, embasada no estudo bibliográfico e documental de fontes

de consulta, bem como, nas relações e processos que envolvem o objeto formal de

estudo.

Em função do delineamento descritivo da pesquisa em questão, valendo-se do

método indutivo, foi utilizado procedimento comparativo para verificar o impacto das

competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro visando a potencialização das

capacidades do Regimento de Carros de Combate, inferindo sobre a atualização do

suporte teórico nacional. Pesquisa Classificação Modalidade Método De abordagem Indutiva

Tipo

Quanto à natureza Aplicada Quanto à forma de abordagem Qualitativa

Quanto ao objetivo geral Descritiva Quanto aos procedimentos técnicos Bibliográfica e Documental

Técnica Quanto à obtenção de dados Coleta documental, questionário e entrevista

QUADRO 5 – Delineamento da pesquisa. Fonte: o autor

Inicialmente, foi conduzida uma entrevista de orientação inicial com

especialista, o Cap Cav PIMENTEL, mestre em ciências militares pela EsAO em 2017,

o qual expressou seus posicionamentos e experiências pessoais, decorrentes de seu

amplo conhecimento acerca do tema, contribuindo para melhor direcionar a

abordagem da temática e a condução da pesquisa e em um segundo momento,

auxiliando nos tópicos do grupo focal, com o direcionamento baseado nos objetivos

deste trabalho.

As informações extraídas da revisão da literatura foram selecionadas,

registradas, criteriosamente criticadas e organizadas, permitindo, assim, alcançar

constatações e inferências legítimas, substanciando, consideravelmente, a produção

de resultados.

De forma a confirmar os principais aspectos levantados na revisão da literatura

será conduzido entrevistas com profissionais de comprovada expertise no assunto.

2.3.1 Procedimentos adotados na revisão da literatura

Para estruturar uma base teórica de análise que viabilizasse a solução do

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problema de pesquisa e revisão da literatura pertinente, foram seguidos tais

procedimentos e critérios:

2.3.1.1 Fontes de Consulta

Durante a fase exploratória foram utilizados diferentes tipos de fontes, mas

sempre com o cuidado de se obter informações de acentuada credibilidade.

As principais fontes foram constituídas de manuais de campanha e fundamentos,

do Ministério da Defesa (MD), do Estado-Maior do Exército (EME), do Comando de

Operações Terrestres (COTer), além de instruções provisórias e cadernos de

instruções em vigor.

Em um segundo bloco, enquadram-se as documentações que, apesar de

vigência e notório valor doutrinário, foram publicadas à luz da Doutrina Delta; além

destes, foi considerado também o periódico “Ação de Choque”, do Centro de Instrução

de Blindados, que surge entre as principais fontes brasileiras. Também foram

pesquisados trabalhos acadêmicos desenvolvidos em estabelecimentos de ensino do

Brasil. Nestes casos, as bibliotecas do CIBld, da EsAO e da ECEME se constituíram

nos principais pontos de busca e consulta para a presente pesquisa.

Visando enriquecer o acervo doutrinário em pesquisa, incluiu-se manuais

doutrinários norte-americanos, espanhóis e chilenos, dentre outras publicações. No

que diz respeito às obras estrangeiras, foram encontradas em repositórios eletrônicos

de elevada credibilidade na tropa blindada.

Como estratégia de busca para a base eletrônica de dados foram utilizados os

seguintes termos descritivos: “instrutor avançado de tiro, master gunner, instructor

avanzado de tiro, escuadrón de tanques, entre outros”, respeitando as peculiaridades

das bases de dados. Após a pesquisa eletrônica, as referências bibliográficas dos

estudos relevantes foram revisadas, no sentido de encontrar artigos não localizados

na referida pesquisa. Português Espanhol Inglês

Instrutor avançado de tiro Instructor avanzado de tiro Master Gunner Esquadrão de Carros de Combate Escuadrón de tanques -

Pelotão de Carros de Combate Pelotón de tanques Tank Platoon Brigada Blindada Brigada Acorazada Armoured Brigade Correção em zero Puesta a cero Zero-ing

Colimação Homogeneización - QUADRO 6 – Termos utilizados nas buscas em bases eletrônicas. Fonte: o autor

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Visando utilizar dados com alto grau de confiabilidade, buscou-se identificar e

reunir o referencial teórico pertinente ao assunto, por meio de pesquisa criteriosa em

manuais nacionais e estrangeiros constantes do acervo particular do autor, de bases

eletrônicas de dados e da biblioteca do CIBld, priorizando, quando necessário,

conteúdos recém-publicados.

2.3.1.2 Critérios de inclusão:

a. documentos no idioma português, inglês ou espanhol;

b. textos com data de publicação entre 1990 e 2018;

c. textos que remetessem a abordagem do assunto em campanhas recentes

desenvolvidas no cenário internacional;

d. manuais de campanha, manuais de fundamentos, instruções provisórias e

cadernos de instrução em vigor relacionados à Doutrina Militar Terrestre e o emprego

do instrutor avançado de tiro e Regimento de Carros de Combate no Brasil, EUA, Chile

e Espanha; e

e. artigos, revistas, cadernos de instruções tipo “proposta” e trabalhos

científicos publicados entre 2009 e 2018.

2.3.1.3 Critérios de exclusão:

a. textos anteriores a 1990, exceto os marcos históricos;

b. estudos notoriamente ultrapassados, ou já revogados;

c. trabalhos com desenho de pesquisa pouco definidos ou desprovidos de base

empírica; e

d. fontes da internet não oriundas de sítios oficiais de organizações de

credibilidade.

2.3.2 Procedimentos metodológicos

No tocante a revisão da literatura, todos os procedimentos adotados constam

no item 2.3.1, com as respectivas considerações do autor, e foram, sob análise

criteriosa, utilizadas em combinação aos dados extraídos da pesquisa exploratória e

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organizadas visando facilitar a compreensão e a relação dos assuntos ligados ao

tema.

Ressalta-se ainda que as referências das fontes utilizadas, inclusive as ligadas

ao que tange o suporte metodológico para esta pesquisa, encontram-se na seção de

“Referências”, ao término deste trabalho.

Para validação da entrevista, grupo focal e questionário, ressalta-se que estes

foram previamente testados por militares com experiência no assunto, a fim de dirimir

possíveis dúvidas acerca do conteúdo, clareza e pertinência das questões.

2.3.3 Instrumentos

Foram empregados quatro tipos de instrumentos de coletas de dados na

presente investigação: a coleta documental (anteriormente abordada), o grupo focal,

o questionário e a entrevista.

A entrevista 1 (apêndice “A”) foi redigida com perguntas abertas e o

questionário (apêndice “C”) foi ordenado com perguntas fechadas, mistas e abertas.

O primeiro visou medir aspectos da variável independente, no intuito de fornecer um

panorama atual sobre a realidade vivenciada na tropa blindada, pelo instrutor

avançado de tiro. No que lhe concerne, o questionário buscou correlacionar as

dimensões da variável independente com a variável dependente, quantificando o

impacto da primeira na segunda.

No tocante ao Grupo Focal (apêndice “B”), foi dado ênfase às tarefas e

atividades desempenhadas pelo IAT nas OM que empregam este especialista,

particularmente, com os militares do 5º Regimento de Carros de Combate. Sendo alvo

a correlação da variável independente com a dependente; por intermédio de uma

análise analítica das atividades exercidas pelos IAT e suas influências nas

capacidades do RCC.

No que se refere às Entrevista 2 e 3 (apêndices “D” e “E”), teve como objetivo

aumentar a visão sobre o assunto e auxiliar na revisão bibliográfica; seguindo um

roteiro de perguntas semiestruturado que abarcou a opinião de profissionais

especializados e militares possuidores de grande conhecimento doutrinário, no que

se refere ao emprego da tropa blindada.

Por fim, pode-se realizar uma análise qualitativa dos dados obtidos e por

intermédio de uma comparação das repostas com o acervo pesquisado na revisão da

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literatura. Ressalta-se, também, que foi realizado um tratamento estatístico no

questionário, possibilitando uma análise quantitativa do mesmo.

2.3.3.1 Entrevista 1

No intuito de se obter um panorama sobre a atual situação, no tocante ao

emprego do IAT como especialista na tropa blindada; foi conduzida uma entrevista de

orientação inicial para a pesquisa com o Cap Cav Augusto Cezar Mattos Gonçalves

de Abreu Pimentel, oficial do Exército Brasileiro com vasta experiência no assunto,

visando o melhor direcionamento e abordagem da temática na condução da pesquisa

e alguns dados afetos à variável independente desta pesquisa.

O Cap Cav PIMENTEL graduou-se bacharel em ciências militares pela

Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e mestre em ciências militares pela

Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais em 2017.

É especialista no emprego de blindados pelo Centro de Instrução de Blindados,

tendo realizado o curso de operação da VBCCC Leopard 1 A5 BR (2011) e o curso

avançado de tiro do sistema de armas da VBCCC Leopard 1 A5 BR (2014).

O referido militar é especialista no emprego de frações blindadas e

mecanizadas pelo Exército Sul-africano, tendo realizado o curso de comandante de

subunidade blindada e mecanizada (2015) pela School of Armour.

Exerceu a função de instrutor do Curso de Cavalaria da Academia Militar das

Agulhas Negras no triênio 2013-14-15. Exerceu, também, a função de comandante de

frações blindadas e mecanizadas, nível pelotão e subunidade, em exercícios de

adestramento e operações militares, no Brasil e no exterior.

Possui, ainda, artigos científicos publicados em periódicos nacionais acerca de

assuntos relacionados ao tema da presente pesquisa.

2.3.3.2 Grupo Focal

No intuito de adquirir informações não existentes no referencial bibliográfico

nacional, bem como, por se tratar de dados ainda empíricos; foi realizado um grupo

focal com oficiais e sargentos IAT do 5º Regimento de Carros de Combate. O referido

instrumento foi elaborado da seguinte maneira: divulgação prévia sobre o assunto, ao

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grupo direcionado; e em seguida, 02 (duas) reuniões para a discussão dirigida sobre

o assunto em tela.

Foi colhido, cerca de 03 (três) horas de áudio, sobre as atividades realizadas

pelos instrutores avançados de tiro durante um ano de instrução com todas as

atividades previstas no Plano de Instrução Militar (PIM). Estas informações foram

tratadas e comparadas com o questionário enviado ao grupo amostral 2.

Para a realização do Grupo Focal, ocorreu a autorização de autoridade

competente (Comandante de OM) para a reunião do grupo de militares, em duas

meias jornadas. Tais reuniões ocorreram em novembro de 2019, após a realização de

uma Operação conduzida pela 5ª Bda C Bld, onde foi conduzido um exercício de tiro

real e exercício de dupla ação.

Foi enviado aos participantes um roteiro de condução do grupo focal (Apêndice

B) que apresentava os objetivos da realização da reunião, bem como, os tópicos

norteadores. Ao todo, reuniu-se 09 (nove) especialistas; com períodos de experiência

na Tropa Blindada variando entre 3 (três) e 12 (doze) anos com as viaturas M60,

Leopard 1A1 e Leopard 1A5 BR.

No intuito de direcionar os resultados a serem colhidos, foi orientado uma

sequência na qual cada participante expôs suas experiências a cerca de cada item

previsto no roteiro, com uma conclusão parcial sobre o assunto em cada competência

do IAT, que era analisada.

2.3.3.3 Questionário

O questionário iniciou-se com uma breve descrição do objetivo da presente

pesquisa, seguido por uma apresentação de um quadro auxiliar visando direcionar

aos problemas relacionados às variáveis deste trabalho. Em seguida, por intermédio

de 06 (seis) perguntas fechadas e mistas buscou-se colher informações referentes a

variável independente e uma correlação entre as variáveis dependente e

independente.

O referido questionário foi disseminado e respondido valendo-se da ferramenta

eletrônica Google Docs, por se tratar de um meio gratuito, de fácil acesso e que

permite a tabulação automática dos dados obtidos.

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O questionário foi dividido da seguinte maneira: 02 (duas) questões sobre as

atividades desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro referente a gestão do

material de emprego militar, sendo 01 (uma) mista e outra aberta; 02 (duas) questões

sobre as atividades desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro referente a gestão

da instrução, sendo 01 (uma) mista e 01 (uma) aberta; 01 (uma) questão sobre o

assessoramento de nível tático e 01 (uma) questão aberta, buscando relacionar a

influência das competências desempenhadas pelo IAT e as capacidades do RCC.

2.3.3.4 Entrevistas 2 e 3

No intuito de se obter uma percepção por parte dos comandantes de

Regimentos de Carros de Combate no que tange ao assessoramento de nível tático

pelo IAT; foi conduzida uma entrevista com o Sr Cel Jackson Rodrigues de Sousa

Júnior.

O Cel JACKSON foi comandante do 5º RCC no biênio 2017-2018, tendo sido,

Cmt da FT 520, formada entre o 5º RCC e o 20º BIB por dois anos; durante as

Operações AÇO 2017 e AÇO 2018 (Exercícios no Terreno e Tiro Real) no Campo de

Instrução Barão de São Borja, Saicã/RS.

A entrevista 3 foi conduzida com o Maj Alceu Lopes de Menezes Júnior,

considerado possuidor de notório saber e de grande experiência na Tropa Blindada;

tendo sido Cmt SU no 4º RCC no período de 2010 a 2013; realizou o Curso de

Operação de VBCCC Leopard 1A5 BR, em 2011; e o Curso Avançado de Tiro do

Sistema de Armas VBCCC Leopard 1A5 BR em 2012; foi Instrutor da SIBld no período

entre 2011 e 2013, do 4º RCC; instrutor de VBCCC Leopard 2A4 no Chile em 2017 e

atualmente exerce a função de instrutor do CIBld desde 2018.

Inicialmente, foi realizado uma apresentação sobre a finalidade da entrevista,

no intuito de destacar sua importância e relevância, seguida das perguntas conforme

o previsto no roteiro. O objetivo foi atingido, resultando em conhecimentos precisos

acerca da variável dependente e norteando os resultados da presente pesquisa.

2.3.4 Análise dos dados

As informações obtidas nas pesquisas bibliográfica e documental foram

analisadas e criticadas, ao mesmo modo que as informações disponibilizadas nos

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questionários e nas entrevistas receberam tratamento qualitativo, com análise

ponderada de seu conteúdo, minimizando a incidência de tendências, evitando

contaminar os resultados da pesquisa e auxiliando na obtenção dos objetivos

propostos para esta pesquisa.

Todavia, por se tratar de uma pesquisa qualitativa, foram utilizados os discursos

subjetivos dos entrevistados e as respostas do questionário; em seguida, foi realizado

a análise do conteúdo dos textos e dos depoimentos colhidos, o que permitiu um

entendimento adequado e racional para se solucionar o problema de pesquisa.

Os dados obtidos no grupo focal foram apresentados por intermédio de um

resumo de falas obtidas durante a atividade contribuindo para gerar uma visão

holística dos aspectos pesquisados. Os dados colhidos das entrevistas foram

apresentados inteiramente, como respostas aos anexos e em algumas conclusões

parciais. A identidade dos entrevistados foi mantida, como forma de afirmar a

expertise dos militares selecionados. No que diz respeito aos questionários, as

respostas obtidas foram tabuladas, sem que houvesse a identificação dos militares, o

que permitiu a assimilação de tendências a respeito da situação atual no que se refere

às competências desempenhadas pelos IAT no RCC.

Os dados levantados na revisão da literatura nacional e estrangeira foram

fichados e adequadamente organizados, possibilitando a análise crítica e comparativa

dos mesmos, fundamentando, assim, os resultados obtidos pela presente pesquisa.

Por fim, os elementos obtidos por meio da busca documental somaram-se aos

dados extraídos dos questionários e das entrevistas, sendo possível comparar as

ideias centrais dos indicadores de cada dimensão das variáveis. Destarte, foi possível

reunir subsídios tais que permitiram, assim, a condução de uma análise sólida,

imparcial e coerente.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

Perante ao problema de pesquisa exposto, e com o intuito de realizar um

levantamento fidedigno e atual acerca do tema, foi realizada uma pesquisa dos

principais manuais nacionais e estrangeiros, além de artigos, periódicos e outras

fontes de notória relevância; com o objetivo de verificar a correlação entre as

competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro e a potencialização das

capacidades de um Regimento de Carros de Combate.

A literatura nacional consultada engloba um grupo de publicações mais

recentes, datados de 2014 até 2019, e outras que apesar de vigência e notório valor

doutrinário, foram publicadas à luz da Doutrina Delta. Além dos manuais, notas e

propostas de Cadernos de Instrução (CI); bem como periódicos nacionais e

internacionais de grande renome na área de Defesa, trabalhos acadêmicos e grupo

focal acerca do tema.

Através desta revisão da literatura, almejou-se organizar os conceitos afetos ao

presente trabalho, de modo a identificar as fontes mais relevantes, relacionar as

opiniões similares e diferentes a respeito do tema, distinguir o estado da arte e

esclarecer o relacionamento entre as competências exercidas pelo IAT e as

capacidades do RCC, com o intuito de solidificar uma base que possibilitará uma

adequada argumentação capaz de responder ao problema de pesquisa em tela.

Contudo, esta revisão foi detalhada nos seguintes aspectos: o Regimento de

Carros de Combate com suas características, capacidades e limitações; novos

conceitos da doutrina militar terrestre e suas relações com as capacidades do RCC; o

Projeto Master Gunner e o instrutor avançado de tiro. Tal caminho servirá como base

para entender o problema desta pesquisa de uma maneira ordenada e viável.

3.1 O REGIMENTO DE CARROS DE COMBATE

Para facilitar o entendimento quanto às competências exercidas pelo IAT, faz-

se necessário elencar algumas premissas básicas referentes ao Regimento de Carros

de Combate, por se tratar das únicas Unidades as quais se empregam este

especialista.

O presente capítulo visa ambientar o leitor, quanto as características,

possibilidades, limitações e estrutura organizacional de um RCC. Para tanto foi dado

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ênfase no Manual C17-20 Forças-Tarefas Blindadas (FT Bld), pois estabelece

fundamentos doutrinários em normativa nacional única e baseia-se nos Regimentos

de Carros de Combate e Batalhões de Infantaria Blindados.

No entanto, cabe ressaltar que o supracitado manual foi concebido à luz da

Doutrina Delta, já substituída pela atual DMT.

3.1.1 Generalidades

O manual C 17-20 (Forças-Tarefas Blindadas) traz o conceito de Força Tarefa,

bem como, suas missões e possibilidades no combate moderno.

No campo de batalha as forças blindadas, normalmente, organizam-se para o

combate em FT com CC e Fuzileiro Blindado (Fuz Bld), conforme descreve

MESQUITA: A estrutura de FT é inspirada nos Kampfgruppe (grupos de combate) da doutrina alemã, que consistiam em agrupamentos de tamanho variável, organizados sob medida para cada missão a ser cumprida. O novo uso combinado das diferentes armas, surgido sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial, levou os exércitos a criar agrupamentos táticos flexíveis interarmas, que receberam diversas designações conforme o país de origem. Diversos exércitos adotaram o conceito de battlegroup (grupo de batalha). Na França, adotou-se o termo régiment de marche (regimento de marcha). Nos EUA, essa força é denominada task-force (força-tarefa). O conceito de task-force originou o regimental combat team (equipe de combate regimental), um agrupamento provisório com base em um Regimento de Infantaria, ao qual eram acrescentados elementos de carros de combate, de artilharia, de engenharia, entre outros, conforme a missão. (MESQUITA, 2015)

Dentro do que concerne ao emprego do RCC, pode-se verificar ainda, que o

manual C 17-20 apresenta o seguinte: O moderno conceito de emprego de blindados enfatiza a necessidade de se empregar uma força capaz de enfrentar múltiplas ameaças, que possa aglutinar em torno dos carros de combate, elementos de infantaria blindada, artilharia de campanha e antiaérea autopropulsadas e engenharia de combate blindada, buscando a sinergia entre todos estes elementos, de forma a anular as deficiências de uns e maximizar as possibilidades de outros. Esta FT Bld não será capaz de manobrar e combater no moderno campo de batalha sem contar com um eficiente sistema de comando e controle, com ênfase para a inteligência de combate e, sem o apoio efetivo de helicópteros da aviação do exército e de aeronaves da aviação aerostática. (BRASIL, 2002, p. 1-6, grifo nosso)

Portanto, ao analisar um Regimento de Carros de Combate, tem-se que

considerar a forma de emprego mais usual desta Unidade, no caso, como integrante

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de uma Força Tarefa Blindada.

O manual C 17-20 apresenta as seguintes estruturas organizacionais básicas

para as FT, conforme o quadro abaixo, constituído de: Comando e Estado-Maior,

Esquadrão (Esqd) ou Companhia de Comando e Apoio, Esquadrões de Carros de

Combate, e Esquadrões ou Companhias de Fuzileiros Blindados. Deste modo,

destaca-se que ao menos 01 (um) Esquadrão de Carros de Combate (Esqd CC)

comporá uma FT Blindada.

QUADRO 7 – Possibilidades de estruturas organizacionais de uma FT Blindada. Fonte: o autor

Contudo, será apresentado o organograma do RCC no intuito de esclarecer a

organização desta OM, conforme o quadro a seguir:

QUADRO 8 – Organograma do Regimento de Carros de Combate. Fonte: o autor

FT RCC FT BIB

FT RCC (equilibrada, com Cmdo do RCC)

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Cabe-se ainda citar que um RCC possui 54 VBCCC, que atualmente trata-se

da viatura Leopard 1A5 BR. Sendo a seguinte distribuição dentro da OM: 02 (duas)

viaturas no Esqd C Ap (Pel Cmdo), 13 (treze) viaturas por Esqd CC.

Dentro das SU a divisão encontra-se da seguinte maneira: 01 (uma) viatura

para o Cmt SU e 12 (doze) viaturas nos Pel CC; os quais se dividem em 04 (quatro)

por pelotão.

Desta maneira, percebe-se que o poder de combate dos RCC está diretamente

relacionado aos meios blindados que possui, bem como suas características,

possibilidades e limitações.

3.1.2 Características, possibilidades e limitações

Como premissa básica de emprego das FT o Manual C 17-20 expõe que estas

são organizadas, equipadas e instruídas para operarem como elementos de choque

das Brigadas de Cavalaria Blindada (Bda C Bld), Brigada de Infantaria Blindada (Bda

Inf Bld) e Brigada de Cavalaria Mecanizada (Bda C Mec) com o objetivo de ampliar as

capacidades de combate e as possibilidades operacionais destas Grandes Unidades.

Atualmente o EB dispõe de 02 (duas) Brigadas Blindadas (Bda Bld): a 5ª Bda

C Bld, com sede em Ponta Grossa/PR e a 6ª Bda Inf Bld, sediada em Santa Maria/RS.

Cada uma dessas Grandes Unidades possuem 02 (dois) Batalhões de Infantaria

Blindado e 02 (dois) Regimento de Carros de Combate; geralmente empregados

compondo FT nível Unidade blindada (FT RCC ou FT BIB).

Cabe ressaltar que a nomeação da FT refere-se ao tipo da tropa que comanda,

por exemplo: uma FT com Comando do RCC terá mais SU de CC que SU Fuz Bld ou

em número equilibrado e sendo nomeada de FT RCC; caso possua mais SU Fuz Bld

ou em número equilibrado e Comando do BIB, esta FT será nomeada de FT BIB.

Desta maneira faz-se necessário exemplificar as missões básicas das FT RCC,

conforme previsto no manual C 17-20: (a) cerrar sobre o inimigo a fim de destrui-lo ou neutralizá-lo, utilizando o fogo, a manobra e a ação de choque; (b) destruir ou desorganizar o ataque inimigo por meio do fogo, da ação de choque e de contra-ataques. (BRASIL, 2002, p. 1-2)

Portanto, valendo-se do mesmo referencial teórico, identifica-se ainda, que as

características da FT estão intrinsicamente relacionadas às características da Arma

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de Cavalaria, a saber: a. Mobilidade - Resultante de serem todos os seus elementos transportados em viaturas, cujas possibilidades técnicas permitem grande raio de ação, deslocamento em alta velocidade em estradas, bom rendimento através campo e boa capacidade de transposição de obstáculos, inclusive de cursos de água não vadeáveis, já que muitas das suas viaturas são anfíbias. b. Flexibilidade - Produto, particularmente, da mobilidade, estrutura e constituição, em pessoal e meios, que lhes conferem a possibilidade de mudar rapidamente a organização para o combate, o dispositivo e a direção de atuação, bem como lhes concedem desenvolvida capacidade de evitar ou romper o engajamento em combate. c. Potência de fogo - Função do armamento orgânico, notadamente os carros de combate, os morteiros, as armas automáticas e os mísseis anticarro. d. Proteção blindada - Proporcionada pela blindagem dos seus carros de combate e de suas viaturas blindadas. e. Ação de choque - Resultante do aproveitamento simultâneo de suas características de mobilidade, potência de fogo e proteção blindada. f. Sistema de comunicações amplo e flexível - Ensejado, particularmente, pelo material rádio de que são dotadas, que assegura ligações rápidas e continuadas com o escalão superior e os elementos subordinados. (BRASIL, 2002, p. 1-2)

Como possibilidades o manual C 17-20 ressalta que se trata de Unidades que

possuem meios suficientes para o combate em períodos limitados e diretamente

ligadas ao apoio logístico de motomecanização, combustíveis, óleos e lubrificantes e

munição adequada.

Destaca-se que, no nível subunidade, os Esqd CC das FT Bld são capazes de

destruir os meios blindados inimigos, pelo fogo; e apoiar a progressão de suas tropas

ou dos fuzileiros blindados da FT, caso haja necessidade devido a especificidade das

Operações.

No tocante as limitações, é nítido associar às mesmas limitações de seus

próprios meios blindados, conforme o seguinte: a. Quanto ao inimigo (1) Vulnerabilidade aos ataques aéreos. (2) Sensibilidade ao largo emprego de minas, armas anticarro (AC) e obstáculos artificiais. b. Quanto ao terreno e condições meteorológicas (1) Mobilidade restrita nos terrenos montanhosos, arenosos, pedregosos, pantanosos e cobertos. (2) Reduzida capacidade de transposição de cursos d`água pelos carros de combate. (3) Necessidade de rede rodoviária para prover seu apoio logístico. (4) Sensibilidade às condições meteorológicas adversas, que reduzem a sua mobilidade. (5) Poder de fogo restrito em áreas edificadas e cobertas. (BRASIL, 2002, p. 1-2)

No que diz respeito às peculiaridades de emprego do Regimento de Carros de

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Combate, faz-se necessário perceber que suas características, possibilidades e

limitações possuem ligação direta com a sua preparação e sua forma de ser

empregado.

Os carros de combate orgânicos das FT Bld têm as missões bases de destruir

blindados inimigos e apoiar pelo fogo a progressão dos fuzileiros blindados. Assim, os

fuzileiros blindados têm por missão destruir as resistências inimigas remanescentes,

conquistar o terreno tomado (ARRUDA, 2015).

É de capital importância a plena consciência situacional, no tocante à rápida

evolução tecnológica que os meios de emprego militar vivenciam; como percebe-se

nas seguintes passagens: Os Cmt FT Bld passarão a enfrentar desafios substancialmente diferentes daqueles com que se depararam no passado. No moderno campo de batalha, o combate de blindados tornou-se complexo e multidimensional, fruto do advento de carros de combate dotados de sistemas de tiro informatizados, de equipamentos de sensoriamento e de navegação terrestre e com armamentos de elevada letalidade, do grande poder de destruição das armas anticarro, dos helicópteros de ataque e da intensa utilização do espectro eletromagnético (BRASIL, 2002, p. 1-6).

Por fim, o modo como as FT Bld são organizadas, equipadas e instruídas para

operar como elementos de choque das Bda Bld, potencializam as capacidades de

combate e as possibilidades operacionais (BRASIL, 2002, p. 1-2). Ressalta-se, ainda,

que o emprego de qualquer tipo dessas OM blindadas, RCC ou BIB, está diretamente

ligado às capacidades de seus meios, à maneira como é realizado o preparo e às

características das missões que lhe são atribuídas.

3.2 CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE COMBATE

Diante de um ambiente de incertezas e constante modificação, a DMT

fundamenta a necessidade de uma doutrina flexível, visando adaptar-se fácil e

rapidamente às mudanças que venham a ocorrer, em qualquer cenário, tanto em

situações de guerra como de não guerra (BRASIL, 2014c, p. 1-3).

No intuito de adequar-se ao cenário apresentado e de estruturações

doutrinárias, introduziu-se à DMT uma série de padronizações e fundamentações, até

então inéditas, as quais, possibilitam a conceituação dos principais assuntos

referentes ao emprego da Força Terrestre.

Neste contexto surgia os conceitos de Planejamento Baseado em Capacidades

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(PBC), bem como o próprio conceito de Capacidades que é apresentado na nova

DMT, recebendo a seguinte conceituação: Capacidade é a aptidão requerida a uma força ou organização militar, para que possa cumprir determinada missão ou tarefa. É obtida a partir de um conjunto de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina, Organização (e/ou processos), Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura – que formam o acrônimo DOAMEPI. (BRASIL, 2014c, p.3-3)

Conforme o manual EB20-MF-10.102 Doutrina Militar Terrestre (BRASIL, 2014,

p. 1-1), a doutrina “é o conjunto de princípios, conceitos, normas e procedimentos,

fundamentadas principalmente na experiência, destinada a estabelecer linhas de

pensamentos e a orientar ações, expostos de forma integrada e harmônica”.

Para Sun Tzu, a arte da guerra implica cinco fatores principais, sendo um deles

a doutrina, na qual resume como “à organização eficiente, à existência de uma cadeia

de comando rígida e a uma estrutura de apoio” (FIGUEIREDO, 2002, p. 12).

No tocante à organização e/ou processos a DMT a conceitua como sendo a

Estrutura Organizacional dos elementos de emprego da F Ter. Ressalta ainda que

algumas capacidades são obtidas por processos, com vistas a evitar competências

redundantes, quando essas já tenham sido contempladas em outras estruturas.

Ainda sobre estrutura organizacional, Oliveira (2007, p. 16) diz que “é um

instrumento essencial para o desenvolvimento e a implementação do plano

organizacional nas empresas”. O supracitado autor afirma que: Estrutura organizacional é o instrumento administrativo resultante da identificação, análise, ordenação e agrupamento das atividades e dos recursos das empresas, incluindo os estabelecimentos dos níveis de alçada e dos processos decisórios, visando ao alcance dos objetivos estabelecidos pelos planejamentos das empresas (OLIVEIRA, 2007, p. 12).

Por adestramento a DMT o define como sendo as atividades de preparo

obedecendo a programas e ciclos específicos, incluindo a utilização de simulação em

todas as suas modalidades: virtual, construtiva e viva.

O mesmo repositório conceitua material como sendo todos os materiais e

sistemas para uso na F Ter, acompanhando a evolução de tecnologias de emprego

militar e com base na prospecção tecnológica.

Ressalta-se ainda que o manual EB20-MF-10.102 Doutrina Militar Terrestre

trata educação como sendo todas as atividades continuadas de capacitação e

habilitação, formais e não formais destinadas ao desenvolvimento do integrante da F

Ter quanto à sua competência individual requerida. Essa competência deve ser entendida como a capacidade de mobilizar, ao

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mesmo tempo e de maneira inter-relacionada, conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e experiências, para decidir e atuar em situações diversas. Dentre essas competências, ressalta-se o desenvolvimento da Liderança Militar, fator fundamental na geração das capacidades. (BRASIL, 2014c, p. 3-4)

No que diz respeito ao pessoal a DMT trata da seguinte maneira:

Abrange todas as atividades relacionadas aos integrantes da força, nas funcionalidades: plano de carreira, movimentação, dotação e preenchimento de cargos, serviço militar, higidez física, avaliação, valorização profissional e moral. É uma abordagem sistêmica voltada para a geração de capacidades, que considera todas as ações relacionadas com o planejamento, a organização, a direção, o controle e a coordenação das competências necessárias à dimensão humana da Força. (BRASIL, 2014c, p. 3-4)

Por fim, entende-se como infraestrutura todos os elementos estruturais da OM,

que dão suporte à utilização e ao preparo dos elementos de emprego da Unidade,

conforme as suas necessidades e requisitos funcionais.

Destarte, ao realizar uma análise de todos os fatores percebe-se que há uma

relação que perpasse por todos e conduza a percepção de relacionamento entre todos

de maneira indivisível; sempre ressaltando que as capacidades de uma OM são

requisitos para o cumprimento de suas missões institucionais.

Fica latente que o tratamento dos fatores que conduzem à obtenção das

capacidades, por parte das organizações militares, não pode ser tratado de maneira

divisível, isolada ou separadamente; por se tratar de fatores que estão

intrinsecamente ligados.

3.2.1 Novos conceitos para o emprego da Força Terrestre

Coerente com as particularidades do ambiente operacional contemporâneo, a

nova Doutrina Militar Terrestre estabeleceu as principais implicações para o emprego

da F Ter. No contexto da temática deste trabalho, elencou-se como sendo as

implicações com potencial influência sobre as características de um Regimento de

Carros de Combate os seguintes indicadores: a prontidão operativa, a letalidade

seletiva e a massa de efeitos.

Por estarem relacionadas com o preparo, no caso da prontidão operativa; e ao

emprego, no caso da letalidade seletiva e da massa de efeitos; faz-se necessário

esclarecer os supramencionados conceitos, com o objetivo de relacioná-los às

dimensões do preparo e emprego.

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Portanto, ao buscar relacionar os indicadores que melhor representam as

capacidades de um RCC, entendeu-se que os fatores do DOAMEPI seriam atingidos

em sua plenitude se, de algum modo, a OM apresentasse elevada prontidão operativa,

e por ocasião de seu emprego; apresentasse alta letalidade seletiva e massa de

efeitos superior às ameaças enfrentadas.

Desta maneira, faz-se necessário compreender as definições destes novos

conceitos existentes na DMT vigente.

3.2.1.1 Prontidão Operativa

No manual EB70-MC-10.341 Lista de Tarefas Funcionais o termo prontidão

operativa é definido como sendo uma das atividades inerentes à função de combate

Movimento e Manobra; e aborda, ainda, uma referência de tarefa da supracitada

atividade: Realizar o apronto operacional: Ficar em condições de ser empregado em

missão de combate, com todo seu equipamento, armamento, viaturas, munições,

suprimentos e demais fardos de material.

VIANNA BRAGA (2011), traz alguns conceitos sobre prontidão operativa no

âmbito dos Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, que dentre outros indicadores,

apresentou a prontidão operativa alicerçada no tempo necessário para se mobilizar

uma OM e empregá-la em uma Operação, neste caso, os Carros Lagarta Anfíbios

(CLAnf) na Operação Rio 2010.

O manual EB20-MF-10.102 DMT enfatiza que o Poder Militar Terrestre contribui

para a dissuasão estratégica pela articulação em todo o território nacional e pela

disponibilidade de forças com prontidão operativa. (BRASIL, 2014c, p.3-2) O mesmo documento afirma que para alcançar os níveis máximos de prontidão

operativa, é necessário possuir as capacidades que lhes são requeridas em sua

plenitude.

Neste escopo buscou-se estabelecer uma relação entre prontidão operativa e

as capacidades de uma OM, que no caso tratou sobre o Regimento de Carros de

Combate. Portanto, ocorreu o esforço de relacionar as competências exercidas pelo

IAT às capacidades requeridas ao RCC para o cumprimento de suas missões nas

Operações Militares; estabelecendo atividades e tarefas inerentes ao IAT.

Na doutrina, percebeu-se que o IAT auxilia no atendimento deste indicador por

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ser um dos principais vetores de atualização da Base Doutrinária da Tropa Blindada

na difusão dos conhecimentos necessários ao cumprimento da gama de missões,

atividades e tarefas que o RCC irá cumprir em operações. Tais atividades serão

elencadas no capítulo a seguir, relacionado ao instrutor avançado de tiro.

No adestramento, exerce uma de suas principais competências ao

potencializar a utilização de simulação em todas as suas modalidades: virtual,

construtiva e viva; sendo o principal gestor destes meios e o único com competência

para a confecção de cenários e exercícios simulados que se aproximam de condições

extremas de combate, com intuito de aumentar a proficiência das guarnições

blindadas da Unidade.

No tocante ao material, o IAT é, em última análise, o maior conhecedor da

plataforma de combate utilizada pelo RCC, por ser o especialista em seu sistema de

armas e, como operador, conhecedor de todos os seus sistemas de funcionamento:

de arrefecimento, de lubrificação, do conjunto de força, elétrico, alimentação,

suspensão e trens de rolamento, de combate a incêndio e eletro hidráulico.

No fator educação ao exercer uma de suas competências primordiais, o

instrutor avançado de tiro, tem um caráter catalisador na capacitação e habilitação

dos recursos humanos do RCC.

Portanto, com base nos fatores determinantes para as capacidades requeridas

à uma Organização Militar para a obtenção efetiva da prontidão operativa, pode-se

estabelecer uma gama de conexões com as competências exercidas pelo instrutor

avançado de tiro no Regimento de Carros de Combate, haja vista que este especialista

consegue influenciar diretamente em vários fatores inteiramente relacionados às suas

competências, como especialista e funcionalmente.

3.2.1.2 Letalidade Seletiva

No manual de Doutrina Militar Terrestre (2014) pode-se identificar o conceito

de letalidade seletiva como uma das implicações para o emprego da F Ter, sendo

descrita da seguinte forma: As forças militares devem ser capazes de engajar alvos de natureza militar, com uma resposta proporcional à ameaça, mitigando os efeitos colaterais. Possuir letalidade seletiva implica possuir sistemas de armas precisos o bastante para preservar a população e estruturas civis, em perfeito alinhamento com os princípios do Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA) e outras legislações pertinentes (BRASIL, 2014c, p. 7-2).

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O Projeto de Força do Exército Brasileiro (ProFORÇA) define letalidade seletiva

como sendo uma capacidade necessária para se alcançar o êxito nos conflitos futuros,

caracterizada pela precisão e reduzido efeito colateral.

Neste escopo o manual EB20-MC-10.223 Operações (2017) enfatiza a

necessidade de condução de ações com relativa proteção blindada e acurada

precisão. Ressalta ainda que a F Ter deve dispor de capacidades específicas, sendo

dotadas de meios com alta tecnologia agregada, de armas de letalidade seletiva e que

permitam uma rápida e precisa avaliação de danos, combinados com meios de

inteligência, reconhecimento, vigilância e aquisição de alvos (BRASIL, 2017b, p.2-4).

Dessa forma, ao relacionar as necessidades advindas do ambiente operacional

às capacidades específicas à F Ter e considerando que o Carro de Combate é dotado

das características necessárias ao emprego no Combate Moderno, a referida citação

estabelece relação direta entre as competências exercidas pelo IAT, no que diz

respeito à seu emprego na potencialização das capacidades da dimensão humana,

por permitir um elevado índice de proficiência para o emprego dos meios militares

utilizados.

Além disso, ao relacionar as capacidades de um RCC que no Combate

Moderno atuaria com a condução de engajamentos cirúrgicos e proporcionais à

minimização de danos colaterais, com o conceito de letalidade seletiva, dentre outros

aspectos, pode-se estabelecer inferências junto às capacidades exercidas pelo IAT,

principalmente no que diz respeito à correção de procedimentos para o disparo; bem

como no incremento das capacidades da guarnição blindada de impactar um

alvo/missão de tiro com elevada eficiência, eficácia e parâmetros de tempo

baixíssimos, compatíveis com o Ambiente Operacional dos novos conflitos.

3.2.1.3 Massa de Efeitos

Segundo o EB20-MC-10.223 Operações (2017), o advento de importantes

tecnologias de aplicação militar influi diretamente não só na forma de combater, mas

também no tempo em que os principais enfrentamentos são decididos (BRASIL,

2017b, p.2-5).

Percebeu-se que as novas tecnologias acrescentadas às plataformas de

combate, principalmente no que diz respeito ao Carro de Combate, conduzem à

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maximização de aptidões com perceptível melhoria nos rendimentos e influenciando

diretamente nas operações militares no Ambiente Operacional contemporâneo;

modificando o combate e reduzindo o tempo para aquisição, seleção, confirmação e

neutralização de um alvo para poucos segundos.

Ao apresentar os Princípios de Guerra do nosso Exército, o manual EB20-MF-

10.102 Doutrina Militar Terrestre (2014c) ratifica, ao detalhar o Princípio de Guerra da

Massa, lhe definindo da seguinte maneira: Compreende a concentração de forças para obter a superioridade decisiva sobre o inimigo, com qualidade e eficácia, no momento e local favorável às ações que se têm em vista, com capacidade para sustentar esse esforço, enquanto necessário. A aplicação desse princípio permite que forças, numericamente inferiores, obtenham superioridade decisiva no momento e local crítico. Armas com letalidade seletiva com alta tecnologia agregada, aliadas ao crescente emprego de vetores aéreos e Guerra Eletrônica permitem às forças que emassem expressivo poder de combate em um só local e momento, compensando deficiências de efetivo. Neste caso, as forças dotadas desses meios de combate podem obter a massa de efeitos sem que tenha de empregar a massa de forças (BRASIL, 2014c, grifo do autor, p. 5-4).

Tal conceituação permite a constatação de que as armas com letalidade

seletiva de alta tecnologia fornecem novas possibilidades, permitindo obter a massa

de efeitos, compensando, até mesmo, deficiências de efetivos.

Nesse viés de correlação entre massa de efeitos e letalidade seletiva de armas

de alta tecnologia embarcada, PIMENTEL (2017) analisa a disseminação das novas

tecnologias no cenário atual, da seguinte maneira: Verifica-se que as novas tecnologias e sua disseminação são características do cenário atual, no qual plataformas militares com alta tecnologia agregada tornaram-se a regra. Nesse contexto, tal peculiaridade não pode ser ignorada pela F Ter, sob pena de preocupante estagnação, não somente no viés tecnológico, mas, também no campo doutrinário, em virtude da íntima relação existente entre ambos. (PIMENTEL, 2017, grifo do autor)

Contudo, torna-se passível construir a relação entre a letalidade seletiva no uso

do CC com a obtenção da massa de efeitos que este MEM é capaz de produzir;

diretamente ligado com a dimensão “Emprego” do RCC em Operações, e por permitir

melhorias nas capacidades destas Unidades.

Faz-se entender que o emprego de carros de combate e as demais viaturas

blindadas de combate devido às suas características, já citadas anteriormente,

produzem um grande efeito sobre a força oponente; como por exemplo: empregar um

efetivo pequeno, de um Pel CC, emassado e de forma tempestiva em uma

determinada porção da Área de Operações poderá produzir um efeito sobre o inimigo

maior que o emprego de um efetivo maior de tropa de outra característica.

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3.3 O PROJETO MASTER GUNNER

A história e evolução do termo Master Gunner (MG) como referência a um

especialista no tiro, remonta do século XV, quando militares peritos em canhões eram

empregados na Artilharia de defesa de castelos britânicos, visando o aumento da

eficácia e eficiência dos canhões utilizados à época.

No entanto, nas décadas de 1970 e 1980, fruto do grande desenvolvimento

tecnológico que os Carros de Combate eram dotados, iniciou-se uma tendência nos

Exércitos pelo mundo, da necessidade de implantação e emprego deste tipo de

especialistas – o Master Gunner.

A Guerra do Yom Kippur (1973), palco de uma das grandes batalhas com

blindados da História: Battle of the Valley of Tears (Batalha do Vale das Lágrimas),

localizada em um trecho do vale entre os Montes Hermon e Bental, tornou-se um

marco para o estudo das tropas blindadas devido as características do conflito.

Tal conflito foi marcante devido a grandiosidade dos números de CC e outros

veículos envolvidos. Estima-se que as forças sírias atacavam com cerca de 500

(quinhentos) carros de combate, contra apenas 40 (quarenta) carros israelenses. Ao

término da batalha, a defesa de Israel havia destruído 260 (duzentos e sessenta)

carros da Síria e mais 500 (quinhentos) outros veículos blindados.

As Forças Árabes possuíam a viatura T-62, mais moderno Carro de Combate

soviético, à época. Era dotado de canhão 115mm e devido a existência de

equipamento de visão noturna, tornava-se capaz de combater à noite; técnica de

combate largamente empregada durante o conflito devida à superioridade adquirida

devido ao MEM empregado.

No entanto, a IDF – Israeli Defense Forces (Forças de Defesa Israelenses)

possuíam guarnições blindadas treinadas com mais eficiência e ênfase no combate,

com as características da época; e em posições de enfrentamento que favoreciam as

Operações Defensivas e que possibilitaram, devido a tática e técnica do material, a

vitória da tropa blindada israelense.

Na obra “The Yom Kippur War 1973” DUNSTAN apresenta, ainda o seguinte relato:

The majority of the personnel of the 7th Armoured Brigade were young conscripts of 19 or 20 years of age who had never been in combat before. Although an elite formation within the Israeli Armoured Corps, the 7th Armoured Brigade had trained extensively for war in the Sinai Desert and was deployed to the Golan Heights just days before the outbreak of the

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October War (DUNSTAN, SIMON. 2003 – grifo do autor) 1

Tal conflito, no Oriente Médio, fez iniciar um grande estudo no tocante a

doutrina e tática, no que se refere ao combate convencional, principalmente no

Exército dos Estados Unidos da América (EEUA), baseado nas lições aprendidas do

recente combate no Oriente Médio.

Percebeu-se que a doutrina israelense era balizada pelo uso das formações

puramente constituídas por carros de combate (CC-puro), totalmente baseada nos

ensinamentos colhidos da Guerra do Sinai em 1967.

No entanto, no início dos combates da Guerra do Yom Kippur, em 1973, ocorreu

a necessidade de mudança do emprego das formações “CC-puro” para as ações

combinadas entre as armas (cavalaria, infantaria e artilharia), pois o emprego

exclusivo do carro de combate o deixava mais suscetível aos ataques da infantaria

egípcia com armamento anti-tank filo guiado, o AT-3, resultando em elevados índices

de perdas no início da Guerra, como cita ZALOGA (1998) em sua obra “Tank Battle

of the Mid-East Wars”.

Dessa forma, a prontidão das unidades blindadas e o nível técnico das

guarnições evidenciaram-se como o mais importante no campo de batalha. A Arte da

Guerra sinalizava para o emprego do combinado CC/Fuzileiro. (MAGNOLI, 2009)

A Guerra confirmou a necessidade de proficiência das guarnições dos carros

de combate, pois ter o melhor equipamento não seria o bastante. Com estas

informações, foram realizados estudos de Estado-Maior a fim de encontrar a maneira

mais adequada para aumentar a prontidão das tropas blindadas, bem como sua

proficiência no tiro. Como resultado, chegou-se à conclusão que cada unidade deveria

ter um especialista no sistema de armas utilizado, com a missão de auxiliar o

comandante e assessorá-lo no desenvolvimento e na execução de seu programa de

instrução relativo ao tiro, trecho extraído de ARMOR MAGAZINE (2000), periódico

norte-americano de notório reconhecimento na tropa blindada do referido país e

posteriormente, no mundo.

____________________ 1 A maioria do pessoal da 7ª Brigada Blindada eram de jovens soldados de 19 ou 20 anos de idade que nunca tinham estado em combate antes. Entretanto, realizaram uma formação de elite dentro do Corpo Blindado Israelense, a 7ª Brigada Blindada tinha sido treinada amplamente para a guerra no deserto do Sinai e foi designada para as Colinas de Golan poucos dias antes da eclosão da Guerra de Outubro. (Tradução livre)

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Nesse contexto, surgia o primeiro curso de Master Gunner em 1975 no EEUA,

com a criação da função desse especialista, bem como os pré-requisitos que

nortearam a seleção para a recente função criada. O curso pioneiro selecionou

militares com elevada motivação, àqueles respeitados pelos pares e escutados pelos

comandantes, além de, terem sido selecionados pelos comandantes e disponibilidade

de permanência de dois anos aplicando os conhecimentos adquiridos. (ARMOR

MAGAZINE, 2000)

Com algumas variações relativas à forma de atuação, mas sempre com foco

no aumento da capacidade das guarnições blindadas, os seguintes países inseriram

a função do Master Gunner em seus quadros, nos anos que seguiram: Alemanha,

Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Cingapura, Chile, Dinamarca, Espanha,

Estados Unidos da América, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Inglaterra, Israel,

Noruega, Polônia, Portugal, República Tcheca, Suécia, Suíça e Turquia.

Contudo, ficou notável a preocupação dos Estados, à época, em fazer com que

seus exércitos elevassem seus níveis de proficiência, seja por intermédio de estudo

de casos, seja pelos conhecimentos adquiridos em relatórios de tropas em combate

ou por análise tática e estratégica dos conflitos, no intuito de alcançar o “Estado da

Arte” no emprego das tropas blindadas para o Combate Moderno.

3.3.1 A experiência Norte-americana

Com o fim da “Era Vietnã”, e a mentalidade existente no EEUA que preconizava

em sua Doutrina o combate tipo guerrilha e guerra irregular; aliado ao contexto da

época (década de 1970 – conflitos no Oriente Médio, como a Guerra do Yom Kippur)

o General Creighton W. Abrams, então Chefe do Estado Maior do EEUA, resolveu

iniciar um grupo de estudo que determinasse uma maneira para aperfeiçoar a

prontidão e proficiência da tropa blindada de seu país.

Surgia então o primeiro Curso de Master Gunner do EEUA; herança do

tradicional termo “master of gunnery”, que o definia como sendo um especialista capaz

de ministrar instruções à Gu Bld e permitir a continuidade de seu adestramento como

fração constituída, dentre outras atividades e tarefas elencadas por ocasião de sua

criação.

O “batismo de fogo” do Master Gunner norte-americano, com a tropa blindada

treinada sob a premissa do emprego desses especialistas ocorreu durante a

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Operação Tempestade no Deserto em 1991 no Iraque. No Exército Norte-americano

coube ao Fort Knox2 a responsabilidade da formação dos primeiros MG daquele país.

Além de mostrar o sucesso do Projeto Master Gunner, no EEUA, ainda

contribuiu para fortalecer, em nível mundial, a ideia do emprego de um militar

especialista em um determinado sistema de armas e todo o cabedal de informações

e capacidades advindas do trabalho constante com o material e seus estudos.

Em 2000, passados vinte e cinco anos da criação do primeiro Curso de Master

Gunner, no EEUA, já era possível verificar o sucesso da inserção de tal especialista

nos quadros da tropa blindada norte-americana, conforme destacado pelo Sargento

Primeira Classe IRA L. PARTRIDGE: Calendar year 2000 is not only the dawn of the new millennium, it’s also the 25th anniversary of the master gunner program. Since the first three pilot classes in 1975 — for the M60A1, M551 Sheridan, and the M60A2 tanks — the program has produced 3,871 master gunners. The influence of the master gunner on Armor unit readiness during the last 25 years cannot always be quantifiably measured, but since the program’s inception, the master gunner has been the one to call when a tank has any kind of problem. (PARTRIDGE, 2000. p. 19) 3

Cerca de quatro décadas após o nascimento da função do MG no EEUA essa

especialização já se encontrava consolidada além de gozar de ampla confiança na

tropa blindada. A master gunner is a technical and tactical expert and advisor to the commander. The master gunner advises the commander on anything related to the vehicle, platform or weapons system and helps develop all the materials necessary to do gunnery and live fire exercises. (WIEHE, 2015) 4

Concluiu-se ainda, que os quarenta e três anos da função do Master Gunner

no EEUA, com militares formados especialistas em diversos tipos de sistema de

armas, foi o grande responsável por tornar a tropa blindada norte-americana uma das

mais respeitadas no mundo.

____________________ 2 O Fort Knox é uma base norte-americana que, por meio da Escola de Blindados, tinha a missão de formar, treinar e estabelecer a doutrina referente as atividades da tropa blindada do EEUA. Está localizado no Kentucky-KY, no sudeste do País. Em 2005, a Escola de Blindados foi transferida para o Fort Benning, Georgia-GA. 3 O ano de 2000 não é apenas o raiar do novo milênio, mas também é o aniversário de 25 anos do programa Master Gunner. Desde as três primeiras turmas piloto em 1975 – do M60A1, M551 Sheridan e o M60A2 – o programa formou 3.871 especialistas. A influência do MG nas unidades blindadas durante os últimos 25 anos nem sempre podem ser mensuradas, mas desde a inserção do programa, o Master Gunner é o primeiro a ser chamado quando o carro de combate tem qualquer problema. 4 Um MG é um especialista técnico e tático e assessor do Comandante. O MG assessora o Comandante em qualquer assunto relacionado ao Carro de Combate ou o sistema de armas além de auxiliar no desenvolvimento de todos os meios necessários para o Exe Tir Real. (Tradução livre)

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3.3.1.1 Curso de Master Gunner do Exército dos Estados Unidos da América

Por definição do EEUA o Master Gunner se caracteriza por ser um especialista

na operação do armamento, possuidor de conhecimentos relativos à técnica de tiro.

Além disso, auxilia na formação no preparo e no emprego dos atiradores de sua

unidade.

Atualmente o Curso de formação de Master Gunner, no EEUA possui a

seguinte estruturação, conforme COOPER, (2014): Período Fase Atividades

1ª Semana

Manutenção

- Orientações Gerais; - Tecnologia do Canhão principal; - Manutenção do Sistema do Computador de Tiro; - Sistema elétrico da torre; - Sistema hidráulico; e - Teste 1.

2ª Semana - Testes de precisão do armamento principal; - Sistema de controle de incêndio; e - Compartimento do Cmt.

3ª Semana - Manutenção do Sistema de controle de incêndio; e - Teste 2.

4ª Semana Treinamento

avançado de tiro

- Processo de aquisição de alvos; - Detecção; - Identificação dos alvos; - Decisão (seleção de armamento e munição); - Engajamento; - Avaliação dos danos causados; e - Armamento secundário.

5ª Semana - Teste 3; - Tipos de munição; - Diagrama de Risco de Superfície; e - Tabelas de Tiro.

6ª Semana Treinamento

em Simulador

- Capacidades de Tiro; - Teste 4; - Planejamento e Condução de Exercício no Simulador; e - Condução Avançada de Tiro.

7ª Semana Treinamento em Estande

- Preparação para Exercício de Tiro Real; - Treinamento em Estande de Tiro Real; - Planejamento e Direção de Tiro Real; - Teste 5 e 6.

QUADRO 9: Plano de distribuição de matérias do Curso de Master Gunner do EEUA. Fonte: o autor

Após solicitação por parte do CIBld, ao Oficial de Ligação (O Lig) do Exército

Brasileiro junto ao Centro de Excelência de Manobra do Exército dos Estados Unidos

da América (Maneuver Center of Excellence MCoE – Fort Benning), TC NILTON

FABIANO VELOZO LINS, referente à avaliação da criação de um Curso Avançado de

Tiro para o Sistema de Armas das Viaturas Blindadas da Família Guarani, pode-se

analisar como são conduzidos alguns Cursos referentes a este tipo de especialista no

EEUA.

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O TC NILTON, em seu relatório descreve, dentre outras informações, o que se

segue: No nível Batalhão/Regimento, o MG é responsável por certificar as tripulações das viaturas blindadas e auxilia o S-3 no planejamento da instrução, na estimativa de consumo de munição, possibilidades de emprego e medidas de segurança. Em operações, o Master Gunner aconselha o comandante sobre as capacidades técnicas e táticas dos SARC, suas limitações e ameaças e auxilia nas atividades do Posto de Comando (PC). No nível SU da Bda Stryker (Stryker Brigade Combat Team – SBCT) a função do Master Gunner é exercida pelo Adj do Pel e destina-se a auxiliar o Cmt de SU no planejamento da instrução, realizar ajustes de regulagem e calibragem dos armamentos, certificar os operadores e assessorar nas questões relativas ao emprego tático dos SARC. Isso é possível devido ao conhecimento sobre as capacidades e limitações de cada armamento. (LINS, 2018)

Além de exemplificar a função do MG nos diversos níveis, o relatório traz ainda

informações referentes a chamada “carreira de blindados”, identificando os principais

cursos, no tocante à tropa blindada norte-americana.

A capacitação dos MG no EEUA inicia-se com a realização de um curso básico, denominado Master Gunner Common Core (MGCC) e continua com cursos específicos para cada tipo de veículo. Assim, os Master Gunners das SBCT realizam o Stryker Master Gunner Course enquanto os integrantes das Brigadas Blindadas realizam o M1A1 SEP Abrams Master Gunner Course ou Bradley Master Gunner Course. (LINS, 2018)

3.3.1.2 Curso Básico de Master Gunner do EEUA

No intuito de esclarecer como é conduzido o Curso de MG no EEUA, visando

estabelecer uma relação com o que atualmente é ministrado no EB, foi utilizado em

quase toda a sua extensão, o relatório gerado pelo O Lig do EB no MCoE. Cabe

ressaltar que se trata de documentação oficial e de nítida escassez nas normativas

institucionais.

NILTON relata que o Master Gunner Common Core (MGCC) trata-se do curso

básico de MG que se destina a capacitação de sargentos de unidades blindadas e

mecanizadas em técnica de tiro. O curso é o primeiro passo da capacitação dos

Master Gunner, sendo pré-requisito para todos os cursos específicos de cada VBC.

Ao final do MGCC os MG deverão demonstrar as seguintes habilidades:

- demonstrar conhecimento na execução de fogo direto e identificar erros de

procedimento na execução desses fogos;

- solucionar problemas de mau funcionamento de metralhadoras coaxiais;

- identificar procedimentos, deveres e responsabilidades no planejamento e

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execução de tiro real no terreno e em estandes de tiro da VBC;

- desenvolver cenários e conhecer TTP de operadores das VBC, visando a

manutenção e a melhoria da capacitação desses operadores para o combate; e

- demonstrar conhecimento e capacidade de aconselhar o Comando sobre as

capacidades dos sistemas de armas e munições das VBC da Unidade, visando o

emprego eficaz desses meios e, ainda, as capacidades dos veículos inimigos.

O Curso possui, ainda, as seguintes características:

a. Duração: 04 semanas e 05 dias;

b. Composição: o MGCC é dividido em quatro módulos, à saber:

- Técnica de tiro de material;

- Munição e balística;

- Gerenciamento da instrução de atiradores; e

- Planejamento da instrução.

c. Periodicidade: 07 cursos por ano.

d. Pré-requisitos: o curso destina-se a 3º e 2º Sargentos selecionados e que

estejam desempenhando função em unidades blindadas ou mecanizadas. Além disso

o MGCC é pré-requisito para a realização dos cursos de Master Gunner da VBC

Abrahms.

3.3.2 A experiência espanhola

No intuito de se buscar um país que, paralelamente, poderia se aproximar da

realidade vivenciada pela Tropa Blindada Brasileira, guardadas as devidas

proporções, optou-se pela experiência espanhola por ter saído de uma “escola” de

blindados – francesa, e optado pela “escola” alemã a mesma maneira que o EB.

Ressalta-se ainda, que o Exército Espanhol foi o primeiro a utilizar terminologia

diferente do idioma inglês para citar os MG em suas fileiras, denominando-o como:

instructor avanzado de tiro.

Com o término da Guerra Fria e a identificação, por parte do Ejército de Tierra

de España (Exército de Terra da Espanha), bem como o surgimento do conceito de

Campo de Batalha do Futuro, iniciou-se um grande projeto de transformação do

Exército Espanhol.

Surgia, em 1994, o Programa Coraza (Couraça) que visava a produção de um

CC próprio da Espanha; este programa foi cancelado em 1998 quando o Exército

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Espanhol assinou um acordo com o Exército Alemão para receber 108 (cento e oito)

Leopard 2A4 em substituição ao AMX-30 (carro de combate principal à época) e

culminou com o início da produção do Leopard 2E em 2003, por parte da empresa

espanhola Santa Bárbara Sistemas.

Para o Exército Espanhol a incorporação dos Carros de Combate Leopard 2 A4

e o Leopardo 2E permitiu um substancial avanço no que diz respeito à mobilidade,

proteção, potência de fogo e demais características inerentes ao material utilizado.

FIGURA 4: AMX-30E exibido em museu de CC em El Gosolo. Fonte: OUTISNN. https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=47715463 (acesso em 3 MAR 2019)

No que tange as melhorias na mobilidade e proteção, mesmo sendo de grande

importância, foram de ordem quantitativa, não incidindo em mudanças nos

procedimentos relativos ao emprego do moderno material de emprego militar.

FIGURA 5: Leopardo 2E, em exercício no Ter. Fonte: OUTISNN. https://es.wikipedia.org/wiki/Carros_de_combate_del_Ejército_de_Tierra_ Leopardo_2E_tema_táctico.jpg (acesso em 3 MAR 2019)

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No entanto, houve um salto qualitativo de enorme magnitude no que diz

respeito à potência de fogo. Fazia-se, portanto, necessária a adaptação no processo

de ensino da técnica de tiro, como percebido no Manual MI6-103 Instructor Avanzado

de Tiro del CC Leopardo 2E: “Sin embargo, en la potencia de fuego se ha dado un salto cualitativo de tal magnitud, respecto a modelos anteriores, que es necesario, por una parte, adaptar el proceso de instrucción y ejecución del tiro para obtener todo el rendimiento de las nuevas potencialidades, y por otra, definir medios de apoyo a la instrucción que la hagan posible.”5 (ESPANHA, 2009. p.XV)

Para o Exército Espanhol uma aplicação eficaz da potência de fogo seria o

vértice de uma pirâmide que levaria a destruir o inimigo com o menor tempo possível

e com o mínimo de consumo de munição.

Nesse viés, a instrução para a tropa blindada teria na base desta pirâmide a

colimação e a correção em zero. Um nível acima estaria o processo de

desenvolvimento do conhecimento técnico e tarefas comuns. Em um terceiro nível,

teríamos os procedimentos para o tiro, com a finalidade de garantir a correta resposta

por parte do atirador e Cmt CC, frente as diversas situações que possam ocorrer e

que possam assegurar a máxima eficácia de cada tiro.

Estes procedimentos implicariam em processos específicos de instrução de

tiro, e devido as demais características técnicas do novo CC também seria necessário

uma adequada organização e detalhada estruturação dos exercícios de tiro.

QUADRO 10: Fases da instrução e adestramento da Gu Bld do Exército Espanhol, após o recebimento dos CC da Família Leopard 2. Fonte: Adaptação do autor

____________________ 5 No entanto, no poder de fogo houve um salto qualitativo de tal magnitude, comparado aos modelos anteriores (de Carros de Combate), que é necessário, por um lado, adaptar o processo de instrução e execução do tiro para obter todo o desempenho das novas potencialidades, e, por outro, definir meios de apoio à instrução que serão possíveis. (Tradução livre)

Exe Tir Real

Tiro nível Seção CC

Procedimentos para o Tiro

Destrezas elementares

Colimação e Correção em Zero

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Como consequência das especificidades dos processos de instrução e o

emprego de novos meios, fez-se necessária a criação de uma nova função que fosse

capaz de assegurar a execução correta dos novos procedimentos, bem como garantir

o elevado nível de eficiência e eficácia; criou-se, enfim, a função do “Instructor

Avanzado de Tiro”.

De 2001 a 2005 o Exército Espanhol formou dezessete Master Gunner no

Exército Holandês (Combat Development Centre Manoeuvre - Amersfoort), iniciando

em 2006 o primeiro Curso de Instructor Avanzado de Tiro do Ejército de Tierra de

España.

Neste contexto, o Exército Espanhol definiu o IAT como sendo um Oficial ou

Sargento, do Corpo Permanente e pertencente a Arma de Cavalaria ou Infantaria,

especializado no tiro do CC e no desenvolvimento dos processos de instrução de tiro

e análises dos resultados obtidos, e no emprego dos meios técnicos de apoio as

instruções para a guarnição blindada.

No Exército Espanhol o Mando de Adiestramiento y Doctrina (MADOC)6, definiu

que por Unidade tipo Regimento de Cavalaria ou Batalhão de Carros haveria, no

mínimo 2 (dois) Oficiais IAT, estando ao menos um deles no núcleo de operações

(similar à Seção de Operações do EB).

Nas Companhias ou Esquadrões, por sua vez, contariam com no mínimo 2

(dois) Sargentos IAT; pois os postos duplos garantirão a não ocorrência de solução

de continuidade.

Por fim, previu ainda que no Centro Nacional de Adiestramiento “San Gregorio”

(CENAD), existirá IAT suficientes para a realização dos Cursos de Operação e

Avançado de Tiro do Leopard 2 e o funcionamento geral do sistema de ensino previsto

para a tropa blindada.

As atribuições designadas aos IAT nas Unidades e no Centro de Instrução de

Blindados do Exército Espanhol, conforme o manual espanhol MI6-103 Instructor

Avanzado de Tiro del CC Leopardo 2E descreve são as seguintes:

a. Missões do IAT na Seção de Operações:

- assessorar o S-3 no que se refere à instrução de tiro do CC;

____________________ 6 O Mando de Adiestramiento y Doctrina (Comando de Adestramento e Doutrina), MADOC, é o Órgão de Apoio as Forças Armadas espanholas responsável, no âmbito do Exército de Terra espanhol, pela condução, inspeção, coordenação e estudo no tocante à Doutrina, MEM, sistemas de ensino e instrução, treinamento e avaliação para sua aplicação no combate. Também controla o processo de lições aprendidas. Está sediado na cidade de Granada, Espanha.

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- realizar o acompanhamento do programa de instrução de tiro do CC;

- avaliar os resultados obtidos na instrução de tiro;

- supervisionar o controle administrativo dos dados de tiro do Regimento que

lhe serão fornecidos pelos IAT das Subunidades; e

- levar ao conhecimento dos superiores a documentação relativa às lições

aprendidas e experimentações de novos meios blindados relativos ao tiro do CC.

b. Missões do IAT nas Subunidades:

- assessorar o Cmt SU no que se refere à instrução de tiro do CC;

- realizar o acompanhamento do programa de instrução de tiro no nível da SU;

- informar ao IAT do Rgt/Btl sobre o desenvolvimento do programa de instrução

de tiro da SU;

- auxiliar o IAT, diretor de Tiro, nos Exe Tir;

- realizar os trabalhos de colimação atinentes ao IAT e supervisionar o restante

das tarefas de colimação, realizadas pela guarnição;

- propor e supervisionar a execução da correção em zero de um CC ao Cmt da

SU;

- realizar o controle dos dados do Tiro da SU, repassando estes dados ao IAT

da Seção de Instruções; e

- durante os Exe Tir Real, realizar as correções necessárias para correção de

tiro, nas guarnições blindadas.

c. Missões do IAT no Centro de Adestramento:

- propor atualizações do programa de instrução de tiro das Unidades da Tropa

Blindada;

- participar como instrutor dos Cursos de IAT;

- gerir o emprego dos meios de simulação de tiro do Centro;

- assessorar os Cmt nos Exe Tir Real com o CC;

- auxiliar na evolução da técnica de tiro das guarnições das Unidades que

utilizam o Centro;

- realizar as atribuições gerais dos IAT nos CC do Centro;

- atualizar os bancos de dados de exercícios de tiros nos simuladores; e

- supervisionar a execução dos exercícios de tiro, para garantir sua adequação

aos programas aprovados.

No Exército espanhol, ao contrário do que ocorre no EEUA – com a existência

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da “Arma Blindada”, a formação do seu pessoal especializado recai sobre as

Academias de Infantaria e Cavalaria, porém os Cursos de Operação do Leopard 2 e

Leopardo 2E, bem como o de instrutores avançados de tiro, são ministrados em

comum por instrutores de ambas as academias.

Para o Ejército de Tierra de España o IAT é: Una magnífica herramienta a disposición del mando, que siguiendo las directrices y órdenes de este, se convierte en un multiplicador de las capacidades de la unidad. El día a día del IAT/MG consiste en la instrucción de las tripulaciones en distintos campos. La amplia formación, conocimiento exhaustivo del funcionamiento de la dirección de tiro, y la dilatada experiencia de los IAT, nos permiten determinar los errores en el tiro y corregirlos, así como la identificación de anomalías o averías en el funcionamiento de la dirección de tiro. (AGUADO, 2015, p. 38) 7

Percebe-se, portanto, que as tarefas específicas do IAT espanhol são

assessorar o comandante de subunidade no treinamento de técnica de tiro, é o

responsável por confeccionar a agenda de treinamento das guarnições, desempenha

a função de Diretor de Tiro, conduz e supervisiona o tiro de correção em zero, mantém

atualizados os dados para o tiro (colimação e falha de munição) e opera os

simuladores necessários para aprimorar a técnica de tiro.

Por fim, o IAT na F Ter espanhola é definido como um especialista no tiro com

meios blindados, cuja Base Doutrinária também se fez valer da Doutrina Norte

Americana, sendo uma ferramenta à disposição do Comando para obter a maior

eficácia e eficiência das Unidades Blindadas do Exército Espanhol.

3.3.3 O Master Gunner pelo mundo

Este subcapítulo visa identificar as atividades realizadas por IAT nos diversos

exércitos pelo mundo. Grande porção desta literatura valeu-se, em quase sua

totalidade, de relatórios e apresentações ocorridos na IMGC em diversos anos.

No intuito de expor, de maneira generalista, a forma na qual alguns países

conduzem às diretrizes de emprego de seus instrutores avançados de tiro além de

apontar o conteúdo existente nos Cursos de especialização em seus exércitos.

____________________ 7 Uma ferramenta magnífica à disposição do Comando, que, seguindo suas diretrizes e ordens, torna-se um multiplicador das capacidades da Unidade que pertence. O dia a dia do IAT ou MG consiste na instrução das tripulações em diferentes campos. A amplitude na sua formação, o conhecimento exaustivo do funcionamento do Computador de Tiro e a ampla experiência dos IAT nos permitem determinar os erros no disparo e corrigi-los, bem como a identificação de anomalias ou falhas na operação e funcionamento do Sistema de Tiro do CC. (Tradução Livre)

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Destarte, faz-se necessário esclarecer que as comparações a seguir, devem

ser analisadas juntamente com as informações constantes no item 3.4 O INSTRUTOR

AVANÇADO DE TIRO NO BRASIL, de forma que seja possível observar semelhanças

e/ou diferenças desses países, do EUA e da Espanha em relação ao Exército

Brasileiro.

Por conseguinte, será apresentado uma tabela com informações pertinentes ao

Chile, Singapura e Reino Unido. Emprego do Master Gunner

CHILE REINO UNIDO SINGAPURA - Atua no nível U, SU e Pel, na tropa; - Conduz atividades de conservação e aprimoramento de padrões no corpo de tropa; - Possui atribuições relativas ao controle da frota (MEM); e - Mantém sua função como Cmt CC em sua fração, exceto quando designado para atuar como instrutor no CECOMBAC.

- Atua basicamente no Armoured Fighting Vehicle Gunnery School (AFV GS); - Para frequentar o Curso, deve ser um instrutor experiente e recomendado no corpo de tropa; - Prepara multiplicadores para atuarem no corpo de tropa; e - Após o Curso, inicia uma carreira de blindados (específica), que se inicia no AFV GS, evoluindo para staff permanente de polígono de tiro, para desenvolvimento e doutrina ou até mesmo inserção na indústria nacional.

- Atua no nível U e SU, na tropa; - Conduz a instrução de tiro no corpo de tropa, empregando simuladores, redutor de calibre e tiro real; e - Apoia a preparação das guarnições e pelotões para atividades de avaliação no Army Evaluation Centre.

Conteúdo do Curso de Instrutor Avançado de Tiro CHILE REINO UNIDO SINGAPURA

- Atribuições do IAT; - Sistema de Controle de Tiro; - Armamento principal e secundário; - Metodologia de Instrução; - Técnica de Tiro; - Direção de Tiro; - Operação de Simuladores; - DSET; - Colimação; - Correção em Zero; e - Tiro Real.

- Teste inicial, verificação de performance como operador do sistema de armas (06 semanas); - Metodologia de instrução/ Padronização do programa de instrução (04 semanas); - Estações remotamente controladas; - Direção de Tiro (02 semanas); - Live Firing Monitoring Equipment (LFME) (01 semana); e - Polígono de Tiro Real (01 semana).

- Colimação; - Correção em Zero; - Balística; - Análise de erros no tiro; - Diagrama de Risco de Superfície; - Direção de Tiro; - Operação de Simuladores; - Redutor de Calibre; - LFME; e - Polígono de Tiro Real.

QUADRO 11: Comparativo do emprego e do conteúdo dos Cursos de Instrutor Avançado de Tiro. Fonte: o autor

Por se tratar de uma potência sul-americana no que se refere à tropa blindada,

seja pelo material empregado, seja pela qualidade e capacidade comprovada de sua

dimensão humana; o Chile destaca-se como sendo de grande relevância para o EB,

sendo a célula mater do IAT no Brasil, com a formação de um Oficial e um Sargento

instrutores do CIBld, em 2010.

Haja vista sua relevância no cenário da tropa blindada brasileira, ressalta-se

sobre a figura do Instrutor Avançado de Tiro (IAT) no Chile, que já se encontra

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totalmente integrada à realidade das Brigadas Blindadas de seu exército. Existem,

pelo menos, 1 (um) IAT por subunidade e um IAT por OM, os quais possuem missões

gerais e específicas de sua função, enquadradas no ano de instrução militar; conforme

afirma ARRUDA (2015).

ARRUDA afirma ainda que: Estes especialistas estão espalhados na Escola de Cavalaria Blindada, no Centro de Treinamento de Combate Blindado e nas Brigadas Blindadas. Aos IAT da Escola de Cavalaria Blindada cabe promover a pesquisa e desenvolvimento das técnicas de combate (ou TTP). Os IAT do Centro de Treinamento de Combate têm por responsabilidade treinar e preparar efetivos, bem como especializar novos IAT (Leopard 2 A4, Leopard 1V e Marder 1 A3). E aos IAT das Brigadas cabe cooperar com o comando a fim de avaliar e qualificar as guarnições de blindados. (ARRUDA, 2015)

Para o Exército Chileno são algumas das missões de um IAT: o

assessoramento ao comando durante o treinamento das guarnições, na preparação

de exercícios de tiro com blindados, na configuração do polígono para lições de tiro,

no acompanhamento da manutenção das torres de sua subunidade e OM no que

tange ao tiro e vida útil do tubo do canhão.

Ressalta-se, por fim, que no intuito de cumprir suas atribuições o IAT realiza a

preparação das guarnições quanto à técnica de tiro, executa treinamento em

simuladores, mantém acompanhamento constante do nível de desempenho de cada

uma, executa os procedimentos de correção em zero, controla a preparação para as

atividades de tiro, avalia o tiro e mantém os valores de falha de munição e colimação

atualizados.

Contudo, após analisar o emprego, suas atividades, suas atribuições e como é

conduzido o Curso de IAT em alguns exércitos no mundo; fica latente a possibilidade

de se estabelecer uma relação com esta função no Exército Brasileiro, sendo

necessário, portanto, o esclarecimento sobre tal especialista, a ser conduzido no

próximo capítulo.

3.4 O INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NO BRASIL

No Brasil, a expressão Master Gunner originou o termo instrutor avançado de

tiro, similar a nomenclatura espanhola e chilena, sem realizar distinção se o militar

fosse oficial ou sargento. Tendo sua gênese oficial na Portaria do Estado-Maior do

Exército (EME) nº 144 e a Portaria nº 145, ambas de 28 de setembro de 2012;

revogada recentemente, pela Portaria nº 298 do EME de 11 de dezembro de 2018.

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A semente para o surgimento do IAT, no Brasil, remonta o período do projeto

de modernização que contemplou a execução de cursos nos Estados Unidos da

América e na Bélgica, por oficiais e sargentos, no início da década de 1990 devido ao

recebimento e emprego das VBCCC M60A3TTS e Leopard 1 A1.

No entanto, apenas com a chegada do Projeto Leopard e a mudança da

“escola” de blindados americana para a alemã, foi possível haver a inserção do IAT.

O CIBld, alma mater da tropa blindada brasileira, enviou um Oficial e um sargento para

realizar o Curso de Instructor Avanzado de Tiro no Chile em 2010.

Caberia, então, a estes pioneiros a organização do Curso de Instrutor

Avançado de Tiro e de Operação da VBCCC Leopard 1A5 BR no Brasil. Diante das

necessidades da tropa blindada brasileira, o CIBld realizou dois Cursos emergenciais

para os instrutores e monitores daquele próprio estabelecimento de ensino e para

alguns militares da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, à época servindo no 1° e 4°

RCC, nos anos de 2011 e 2012; para, enfim, iniciar com a primeira turma de IAT para

todas as Organizações Militares em 2013.

3.4.1 Competências exercidas pelo IAT

No Brasil a formação do instrutor avançado de tiro, além de vislumbrar uma

longa jornada na carreira dentro da tropa blindada, haja visto que se trata de um Curso

de Extensão, o qual tem como um dos pré-requisitos a conclusão no Curso de

Operação da VBCCC Leopard 1A5 BR, fornece conhecimento suficiente como suporte

para o desempenho das diversas competências exercidas pelo IAT.

O CIBld, em caráter probatório, disponibilizou uma apostila do instrutor

avançado de tiro em 2013, contendo dentre outras informações as atividades e tarefas

relacionadas ao seu emprego, conforme o seguinte:

- elemento possuidor de elevada capacidade de atuação como instrutor e amplo

domínio do sistema de armas e dos meios de simulação e apoio à instrução;

- responsável pela formação das guarnições altamente qualificadas e capazes

de empregar o sistema de armas com máxima eficiência e eficácia;

- capacitado a realizar trabalhos de colimação de todos os equipamentos de

pontaria do sistema de armas, bem como, sistematizar o controle dos referidos valores

de colimação;

- capacitado a controlar, de forma sistemática, os valores de falha de munição

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das VBCCC de sua Unidade;

- capacitado a dirigir exercícios de tiro real, de forma a otimizar o rendimento e

maximizar as potencialidades do sistema de armas;

- responsável por elaborar exercícios nos diversos equipamentos de simulação,

de modo a extrair o máximo das possibilidades de cada simulador;

- responsável por detectar, de forma oportuna, deficiências no treinamento das

guarnições, principalmente no tocante ao processo de engajamento; e

- capacitado a assessorar o escalão superior quanto ao emprego do sistema

de armas em operações, através da análise do terreno, das condições meteorológicas

e das capacidades e limitações dos sistemas de armas inimigo.

Em consonância com os preceitos supracitados, pode-se estabelecer algumas

competências exercidas pelo IAT à dimensão do preparo e na dimensão do emprego.

No campo do preparo, pode-se elencar como principais competências, nas

quais o IAT possui ingerência: a gestão da instrução militar e a gestão do material de

emprego militar; já no campo do emprego, o IAT exerce sua competência no

assessoramento de nível tático.

Por conseguinte, os próximos subcapítulos serão voltados às capacidades

elencadas nas dimensões do preparo e emprego.

No entanto, cabe ressaltar como é conduzido o Curso Avançado de Tiro no EB;

que tem seu Plano de Disciplinas (PLADIS) aprovado em Boletim Interno da Diretoria

de Educação Técnica Militar (DETMil) Nr 053, de 23 de julho de 2013, sendo

ministrado os seguintes assuntos: Fase de Ensino não presencial

Unidade Didática Assuntos Polígono de Tiro - Configuração do Polígono de Tiro; e

- Normas de Segurança no Polígono de Tiro. Técnica de Torre - Sistema eletro-hidráulico e de estabilização das armas; e

- Sistema de Controle de Tiro (SCT). Armamento, Munição e Tiro - Verificações antes, durante e após o Tiro;

- Sistema de Colimação em Campo; - Colimação; - Correção em Zero; - Técnica de Tiro; e - Técnica de Combate de Seção e Pelotão.

Operação de Simuladores - Dispositivo de Simulação de Engajamento Tático; e - Acompanhamento e Avaliação de Técnica de Tiro.

O Instrutor Avançado de Tiro - Histórico e funções do IAT. QUADRO 12: Resumo de disciplinas e assuntos ministrados na fase não presencial do CATir. Fonte: o autor

Já em sua fase presencial, o CATir busca aprimorar no futuro especialista em

seu sistema de armas o entendimento aprofundado da Técnica de Torre, da Técnica

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de Tiro, da Operação dos Simuladores e das funções e competências do IAT,

conforme tabela a seguir: Fase de Ensino presencial

Unidade Didática Assuntos Técnica de Torre - Funcionamento e análise do Sistema de Controle de Tiro;

- Manutenção autônoma; e - Armamento Principal e secundário (Balística inicial, intermediária e final).

Técnica de Tiro - Processo de Engajamento; - Técnica de Combate de Pelotão (Técnicas, Táticas e Procedimentos); e - Tiro de Combate (ambiente amplo espectro: urbano e rural).

Simuladores - Confecção e aplicação de Cenários para a Simulação Virtual; e - Confecção e aplicação de Cenários para a Simulação Viva.

QUADRO 13: Resumo de disciplinas e assuntos ministrados na fase presencial do CATir. Fonte: o autor

Portanto, percebe-se que há uma grande relação entre os assuntos ministrados

no CATir e os assuntos previstos nos cursos de outros países, bem como as funções

e tarefas desempenhadas.

3.4.2 A gestão da instrução militar

Considerando-se os fatores necessários para que uma Unidade possua as

capacidades imprescindíveis para o pronto emprego, deve-se, inicialmente, analisar

as atividades desenvolvidas durante o preparo da Tropa.

No tocante a gestão da instrução militar percebeu-se, no início da inserção da

função do IAT, um descompasso entre as 4 (quatro) Unidades detentoras dos novos

meios, o Leopard, e dos novos especialistas.

Neste escopo, o CIBld realizou visitas de inspeção em todos os RCC, para

levantar os dados necessários sobre o modus operandi relacionado à instrução de

tropa blindada em meados de 2013. Fruto deste esforço e de trabalhos iniciados em

2010, foi aprovado um Programa-Padrão de Instrução de Qualificação PPQ 02/2A –

Guarnição de Carro de Combate Leopard 1 A5 BR em 2014.

Tal documentação permitiu a homogeneização da instrução militar e serve de

premissa básica para guiar os IAT no tocante ao nivelamento do conhecimento de

toda a tropa blindada que emprega o Leopard.

O referido Programa-Padrão abarca as seguintes disciplinas: Escola da

Guarnição; Técnica de Blindados; Técnica de Chassi; Técnica de Torre; Armamento;

Munição e Tiro; Maneabilidade e Manutenção.

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Baseado nestas informações, buscou-se identificar, dentro de cada disciplina,

os assuntos nos quais o IAT poderá ter influência direta; analisando seus efeitos na

potencialização ou não de alguma capacidade do Regimento. Foi utilizado o resultado

do grupo focal para identificar as atividades e tarefas em que os IAT da Unidade têm

se feito presentes. Foi considerado ainda a experiência pessoal do autor, nas funções

de Chefe de Seção de Instrução de Blindados e instrutor de módulos para a habilitação

das guarnições blindadas na tropa.

Na disciplina “Técnica de Blindados” o IAT se fez presente primordialmente no

assunto – Sistema de Controle de Tiro – corrigindo erros, analisando os resultados

obtidos em cada função da Gu Bld.

FIGURA 6: Extrato do PPQ 2/2a. Fonte: PPQ 02/2a

Contudo, percebe-se que devido à profundidade e abrangência do

conhecimento relativo ao SCT, que perpassa pelo entendimento do funcionamento e

de manutenção de elementos da torre do CC, o IAT tornou-se destacado no que diz

respeito à condução da instrução de técnica de tiro. Soma-se a questão do emprego

de simuladores que possibilita a economia de recursos, tempo e favorece as TTP das

guarnições, preparando-as para situações que se aproximem do combate real,

principalmente no emprego da simulação viva.

3.4.3 O assessoramento de nível tático

Ao analisar o vetor do assessoramento ao escalão superior, é crucial o

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entendimento de que cabe ao IAT, realizar um assessoramento preciso e oportuno,

visando facilitar o processo de tomada decisão do comandante. Tal condição apenas

é alcançada quando o IAT, além de dominar os aspectos técnicos do seu próprio

sistema de armas e do inimigo, também conhecer e compreender como é realizado a

tomada de decisão do comandante tático.

Assim, através do conhecimento do contexto tático da operação, da

compreensão do estudo do terreno, condições meteorológicas, inimigo e

considerações civis, realizado pelo comandante tático, aliado ao seu profundo

conhecimento técnico da VBC, o IAT, especialista de alta performance, conseguirá

realizar um assessoramento bastante específico sobre o combate pelo fogo.

(PIMENTEL, 2014)

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo tem por finalidade apresentar os resultados obtidos por meio da

revisão da literatura, dos questionários enviados e das entrevistas, e discutir de que

forma as competências do instrutor avançado de tiro influenciam na potencialização

das capacidades do Regimento de Carros de Combate. Os resultados dos

questionários e entrevistas serão comparados com aqueles obtidos nas pesquisas

bibliográfica e documental, para que se formulem soluções eventuais para o problema

de pesquisa e se embase futuros debates que possam contribuir, ainda mais, com a

doutrina do Exército Brasileiro.

Referente à Metodologia utilizada na pesquisa, salienta-se que nesse capítulo,

onde a pesquisa teve por objeto o levantamento de dados sobre os aspectos

relacionados com as atividades, atribuições e tarefas realizadas na gestão da

instrução militar, do material de emprego militar e da forma de emprego do

assessoramento ao Comandante tático, foram 32 (trinta e duas) respostas ao

questionário.

Buscando complementar, as respostas obtidas no questionário, foram

entrevistados 2 (dois) militares, de modo a esclarecer os pontos que geraram dúvidas

e retificar ou ratificar as informações quanto aos resultados colhidos.

O questionário e as entrevistas foram enviados por e-mail (para os militares que

cadastraram seus endereços na base de dados do DGP), e por aplicativos de redes

sociais, tais como WhatsApp e Facebook, visando atingir o máximo de militares

integrantes do universo de pesquisa.

4.1 TABULAÇÃO DOS RESULTADOS

Nesta subseção, serão apresentados os métodos utilizados para obter os

produtos finais deste trabalho, expondo como cada instrumento foi tratado.

Contudo, este pesquisador, após reunir os conhecimentos bibliográficos sobre

o assunto, distribuiu um questionário voltado a realizar um diagnóstico sobre a atual

situação do emprego do IAT nos RCC, além de realizar um grupo focal; e entrevistas

voltadas a realizar um parecer sobre as influências do emprego do IAT seja para o

Comandante, seja para a Tropa Blindada; tudo com o escopo de analisar a interligação

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das variáveis dependente e independente.

4.1.1 Entrevistas

A realização deste procedimento inicialmente visou a condução de um

raciocínio lógico a cerca do tema e em um segundo momento, buscou complementar

as respostas obtidas no questionário, com ênfase nos pontos que geraram dúvidas ou

maior divergência de dados.

Foram realizadas 3 (três) entrevistas; incialmente, com o Cap Augusto Cezar

Mattos Gonçalves de Abreu Pimentel e em um segundo momento, com o Major Alceu

Lopes de Menezes Júnior e o Cel Jackson Rodrigues de Sousa Junior, como

ferramenta para complementar as respostas obtidas nos questionários, bem como

esclarecer alguns dados.

A entrevista inicial, com o Cap PIMENTEL foi organizada em duas questões

que tinham o objetivo de ratificar a importância do assunto, bem como realizar uma

análise sumária da situação do emprego do IAT no EB e verificar algumas lacunas

existentes sobre o tema; servindo de base para traçar alguns objetivos específicos

deste trabalho, bem como delimitar a abrangência desta pesquisa.

Durante o trabalho, foram realizadas mais algumas entrevistas, sendo que 02

(duas) foram autorizadas com um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, além

de uma autorização para vinculação do seu nome na pesquisa: Cel JACKSON e Maj

MENEZES. De um modo geral, as entrevistas complementaram as respostas obtidas

no questionário e nos pontos que necessitavam maior esclarecimento; tendo como

ideia base a percepção em diversos postos ou graduações, no intuito de se obter uma

percepção mais aproximada da realidade do emprego do instrutor avançado de tiro e

atender as questões de estudo do problema.

O roteiro das entrevistas contou com 06 (seis) questões abertas e ao final,

permitiu que o entrevistado prestasse, caso desejasse, mais informações e/ou

esclarecimentos acerca do assunto.

Considerando-se o caráter qualitativo da presente pesquisa, destaca-se que as

percepções subjetivas retiradas durante as entrevistas, permitiram um aumento no

que tange ao entendimento do assunto em tela e fornecendo subsídios para uma

análise mais rica e abrangente.

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4.1.2 Grupo Focal

Este instrumento foi empregado devido a possibilidade de reunir, em datas

previamente marcadas, 08 (oito) a 10 (dez) instrutores avançados de tiro para

discussão dirigida sobre os assuntos relativos ao tema desta pesquisa,

exclusivamente sobre as competências do IAT, suas atividades e tarefas. Nr Ord Especialista Arquivo Assunto

1 1º Sgt NEISON Grupo_Focal_1 (02’ 30’’)

- Atividade de preparação para o Tir Real, na OM (passo a passo do protocolo); verificou-se uma melhora no resultado comparado à A-1 que não foi realizado.

Grupo_Focal_1 (25’ 30’’)

- Exemplo de exercício com DSET. Análise e resultados referentes à atividade.

2 1º Ten LORENZONI Grupo_Focal_1 (05’ 50’’)

- Redução de erros, redução de tempo para a execução do exercício; - Maximizou os acertos, efetividade, segurança e “identidade da guarnição”.

Grupo_Focal_1 (11’ 00’’)

- Percepção de “sincronia” das ações da guarnição após um ciclo de cenários ministrados pelo IAT; bem como, correções realizadas para tal aprimoramento.

3 3º Sgt KOSMALA Grupo_Focal_1 (06’ 50’’)

- Diferença da preparação da tropa no simulador para o Campo de Instrução, influência do IAT na preparação para o Tiro Real.

Grupo_Focal_1 (22’ 00’’)

- Atividade desenvolvida para recuperar militares com dificuldades de alcançar os índices mínimos. Exemplo de militar com dificuldade em motricidade.

Grupo_Focal_1 (31’ 00’’)

- Exemplo de análise do IAT modificando cenários em relação ao operador.

4 2º Ten LUCAS SOARES Grupo_Focal_1 (08’ 40’’)

- Confecção de cenários, durante a preparação do Pel CC, visando sanar as deficiências de um atirador.

5 3º Sgt ASSEIHEIMER Grupo_Focal_1 (10’ 00’’)

- Fortalecer a “ideia força” da qualidade do material, em relação à falta de qualificação; atendendo aos previsto na Lista de Procedimentos.

Grupo_Focal_1 (30’ 00’’)

- Falhas e erros de procedimentos da guarnição blindada, nas quais o IAT realiza a análise e como intervir para melhorar os índices do militar.

6 3º Sgt ERIDAN Grupo_Focal_1 (33’ 50’’)

- Emprego do DSET para aprimorar capacidades. Dificuldades de emprego.

Condução por parte do autor QUADRO 14 – Assuntos de maior interesse referente à Gestão da Instrução Militar. Fonte: o autor

Em 02 (duas) reuniões, foram coletados cerca de 120 minutos de gravação de

áudio; sendo conduzido da seguinte maneira: um roteiro de condução do grupo focal

(Anexo B) que foi distribuído com antecedência aos participantes, bem como a

divulgação das datas definidas após autorização de autoridade competente; reuniões

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precedidas de uma ambientação acerca do trabalho e discussão dirigida com

participação dos especialistas.

Outro fator de grande relevância no tocante a realização do Grupo Focal é a

possibilidade de aumentar a velocidade de fatores a serem definidos e a abrangência

da revisão da literatura, pois há a convergência de interesses e esforços para a

solução do problema em tela, conforme percebido nos quadros referentes aos

assuntos discutidos (Quadro Nr 14, 15 e 16), divididos por tipos de

gestões/atividades/competências do IAT no grupo focal. Nr Ord Especialista Arquivo Assunto

1 1º Sgt NEISON Grupo_Focal_2 (04’ 40’’)

- Estudo sobre a carta balística da munição APDS; estabelecendo as variações e quando a diferença seria mínima.

Grupo_Focal_2 (11’ 00’’)

- Análise dos valores colhidos conforme temperaturas, elevação, dentre outros.

Grupo_Focal_2 (22’ 00’’)

- Exemplo de problema no computador de tiro, verificado pelo IAT e explicando ao mecânico.

Grupo_Focal_3 (01’ 30’’)

- Peças com maiores índices de mortalidade, levantadas pelo IAT.

2 1º Sgt DE OLIVEIRA Grupo_Focal_2 (10’ 00’’)

- Emprego do alvo de Colimação em diferentes distâncias.

Grupo_Focal_2 (13’ 40’’)

- Atividades de colimação da metralhadora coaxial.

Grupo_Focal_2 (20’ 00’’)

- Diferença entre munições e níveis de proficiência das guarnições.

3 3º Sgt KOSMALA Grupo_Focal_2 (07’ 00’’)

- Possibilidade de emprego de outras munições, após a análise de IAT.

Grupo_Focal_2 (16’ 00’’)

- Colimação “grossa” por binóculo, da metralhadora coaxial.

Grupo_Focal_2 (24’ 50’’)

- Exemplo de experiência do IAT no tocante à técnica de tiro, diferente da experiência do mecânico de torre da técnica do material.

Grupo_Focal_2 (27’ 55’’)

- Exemplo do IAT como gestor da frota da SU.

4 1º Ten LORENZONI Grupo_Focal_3 (04’ 00’’)

- Funções que o IAT pode desempenhar no RCC.

Condução por parte do autor QUADRO 15 – Assuntos de maior interesse referente à Gestão do Material de Emprego Militar. Fonte: o autor

Por ocasião do desenvolvimento do Grupo Focal pode-se perceber, de maneira

empírica, um levantamento sobre as atividades desenvolvidas pelo IAT no RCC.

Permitindo traçar um melhor caminho para análise do problema e das questões de

estudo.

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Nr Ord Especialista Arquivo Assunto

1 1º Sgt NEISON Grupo_Focal_3 (17’ 00’’)

- Assessoramento sobre as capacidades do inimigo e estudos realizados sobre a área de Op que influenciam tecnicamente no modo de combate. Exemplo da distância de enfrentamento.

2 1º Sgt DE OLIVEIRA Grupo_Focal_3 (22’ 00’’)

- Exemplo de experiência, com estudo sobre os meios inimigos.

3 3º Sgt KOSMALA Grupo_Focal_3 (20’ 00’’)

- Exemplo de experiência relativa a um 3º Sargento, como especialista no material.

4 1º Ten LORENZONI Grupo_Focal_3 (23’ 40’’)

- Momento, durante a preparação, para o assessoramento do IAT.

Condução por parte do autor QUADRO 16 – Assuntos de maior interesse referente ao Assessoramento de nível tático. Fonte: o autor

4.1.3 Questionário

Neste questionário, organizado com 05 (cinco) questões, buscou-se elencar as

atividades julgadas mais importantes em cada vertente das competências do IAT junto

ao público alvo deste trabalho; tendo caráter exclusivamente exploratório e com intuito

de embasar os resultados da pesquisa.

Portanto, os dados obtidos por intermédio deste instrumento serão expostos

neste subitem, haja vista que irão corroborar com os resultados obtidos e permitirão

uma análise mais aproximada da veracidade sobre o assunto tratado.

As respostas foram tabuladas por questão e serão apresentadas em frequência

relativa (FR), sendo esta a divisão da frequência absoluta (FA) [FA = número de vezes

que uma resposta foi observada] pela frequência total (Ft) [Ft = número total de

respostas obtidas].

Desta maneira, obteve-se 33 respostas de 44 militares que possuem o Curso

de IAT e estão servindo em RCC ou no CIBld. Isso representa 75% dos instrutores

avançados de tiro que servem em RCC ou como instrutores no CIBld.

4.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

No intuito de alcançar a solução do problema de pesquisa, neste subcapítulo,

será apresentado os dados obtidos na coleta documental, bem como, aqueles

extraídos das entrevistas e do questionário.

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Para tanto, cabe ressaltar que as dimensões “Preparo” e “Emprego” da variável

independente foram destrinchadas em seus indicadores, bem como a dimensão

“Emprego” da variável dependente, da mesma maneira.

Verificou-se ao longo deste trabalho que o instrutor avançado de tiro possui

competências que perpassam pela dimensão do preparo e emprego do Regimento de

Carros de Combate. Soma-se a isso, a questão de existir tarefas e atividades atinentes

à cada fase da preparação de uma Força para o combate. No campo do preparo o

IAT divide suas atividades e tarefas em dois grupos de competências: a gestão da

instrução militar e a gestão do material de emprego militar.

No que diz respeito à gestão da instrução o IAT é tido como grande especialista

no tocante à técnica de tiro. O questionário, o grupo focal e as entrevistas, buscaram

definir de que maneira as instruções ministradas pelo IAT, a condução das atividades

de colimação, o controle dos valores obtidos após a colimação, o controle dos valores

de falha de munição e acompanhamento das variáveis conforme o emprego do CC, a

condução da correção em zero e a análise da série de tiro e condução de cada VBC

no Exc Tir influenciam diretamente na variável dependente, mais precisamente, nos

seus indicadores: obtenção da prontidão operativa, da massa de efeitos e da

letalidade seletiva.

No tocante à VD, baseado na análise realizada nos mesmos instrumentos de

pesquisa, foi possível identificar potencial influencia que as capacidades do

Regimento de Carros de Combate sofrem na preparação de seu material e pessoal,

refletindo na condução do seu emprego nas Operações.

No entanto, ressalta-se o caráter subjetivo da VD e faz-se necessário a

correlação dos indicadores da VI com os da VD, da forma que se apresenta em

seguida.

A prontidão operativa está relacionada com a gestão do material de emprego

militar, caracteriza-se pelas capacidades pertinentes ao material, organização e

infraestrutura. Sobre a letalidade seletiva elenca-se as capacidades de adestramento,

ensino e pessoal, com ligação entre a gestão da instrução e do material de emprego

militar. No que diz respeito à massa de efeito, o assessoramento de nível tático está

intrinsecamente relacionado, bem como as capacidades de doutrina e organização.

Após as análises apresentadas cabe ressaltar que algumas questões de estudo

nortearam a presente pesquisa; partindo do pressuposto que as atividades e tarefas

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exercidas pelo IAT, suas competências, têm potencial influência sobre o conjunto de

capacidades de um RCC e visando alcançar soluções para o problema de pesquisa,

foram estabelecidas da seguinte maneira:

a. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de

tiro no tocante à gestão do material de emprego militar?

b. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de

tiro no tocante à gestão da instrução militar?

c. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de

tiro no tocante ao assessoramento de nível tático?

d. é possível verificar, no suporte teórico nacional disponível, um alinhamento

e sincronização na apresentação do conteúdo alusivo ao emprego do instrutor

avançado de tiro?

e. existe algum conceito no suporte teórico nacional relativo ao emprego do

instrutor avançado de tiro?

De forma a facilitar a apresentação e análise dos resultados, os mesmos foram

expostos em subseções referentes às questões de estudo, acompanhados de

análises do autor.

4.2.1 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante à gestão do material de emprego militar?

Por intermédio do questionário, verificou-se um panorama sobre as

competências do IAT; que nas questões 1 e 2, buscaram relacionar este indicador da

dimensão do “Preparo” da VI com a VD. As respostas obtidas estão resumidas no

gráfico abaixo, considerando-se Ft = 33: Indique quais atividades o Sr realizou, de responsabilidade do IAT, no que diz respeito a Gestão do

Material de Emprego Militar Questão Resposta FA FR

1 e 2

Condução das atividades de Colimação. 27 81,8 % Controle dos valores obtidos, após a Colimação (CC na OM e/ou em preparação para Exc Tir Real).

27 81,8 %

Controle dos Valores de Falha de Munição e acompanhamento das variações conforme o emprego do CC, dentro de suas esferas de atribuições.

24 72,7 %

Condução da Correção em Zero, análise de sua série de tiros e controle dos valores de cada CC.

25 75,8 %

Outras respostas 4 12,1 % QUADRO 17 – Identificação de FA e FR da Questão 1. Fonte: o autor

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Nota-se que grande parte dos respondentes informaram que as atividades

elencadas foram realizadas como responsabilidade do IAT; mostrando o grau de

relevância do grupo amostral, que possui experiência e conhecimento a cerca do

assunto.

Cabe ressaltar, que as atividades elencadas na referida questão foram

selecionadas a partir de uma criteriosa seleção baseada na revisão da literatura e do

grupo focal, tendo em vista que não existe, até a presente data, referencial nacional

acerca do tema.

FIGURA 7: Análise das respostas referentes à gestão de material de emprego militar. Fonte: o autor.

Não obstante, foram obtidos os seguintes resultados, que diferem das

premissas elencadas, porém sem perder aderência com as atividades listadas no

questionário; conforme observado no quadro a seguir.

Tais resultados foram elencados, pois podem fazer parte do rol de atividades

inerentes ao emprego do IAT no que tange à gestão do material de emprego militar,

ainda não elencadas. Respostas que diferem das premissas selecionadas

Questão Resposta

1 e 2

“Controle de desgaste de tubo: controlando a vida útil desse componente do sistema de tiro.” “Controle, sumário, dentro das possibilidades, do desgaste do tubo.” “Gestão da vida útil do canhão através do registro de ECM.” “Assessoramento para tomada de decisão logística pelo Estado Maior da OM.”

QUADRO 18 – Outras respostas da Questão 1 e 2. Fonte: o autor

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Na entrevista 3 (Apêndice X) o Maj MENEZEZ ratifica as informações colhidas

nas questões 1 e 2, pois salienta que o “curso (CATir) habilita o aluno a realizar o

cálculo dos valores de falhas de munição específicos para cada viatura. Um exemplo

é a necessidade que existe na OM de se controlar o desgaste do tubo para sua vida

útil. Para isso, o IAT conduz diversas atividades, tais como a CZ e o controle da

planilha de dados de cada CC.”, evidenciando que tal atividade é de suma importância

e também deve constar no rol de competências do instrutor avançado de tiro.

4.2.2 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante à gestão da instrução militar?

Em prosseguimento, no que tange aos resultados obtidos com as questões 3 e

4, buscou-se relacionar as atividades da gestão da instrução militar, indicador da

dimensão do “Preparo” da VI com a VD, conforme informações a seguir. Indique quais atividades o Sr realizou, de responsabilidade do IAT, no que diz respeito a Gestão da

Instrução Questão Resposta FA FR

3 e 4

Condução da execução dos exercícios de Tiro Real. 24 72,7 % Instruções, mais detalhadas, sobre Técnica de Tiro. 23 69,7 % Emprego de Simuladores para minimizar erros de Técnica de Tiro. 28 84,8 % Emprego de Simuladores para potencializar as capacidades de detecção e aquisição de alvos.

28 84,8 %

Outras respostas 8 24,2 % QUADRO 19 – Identificação de FA e FR da Questão 3. Fonte: o autor

Percebeu-se que mesmo utilizando-se de um grau de liberdade semelhante às

questões anteriores, obteve-se valores maiores em dois itens preponderantes,

homogeneizando os resultados com uma tendência para as atividades relativas ao

emprego de simuladores como ferramenta crucial do IAT no ensino e aprendizagem,

preparando a fração com maior ênfase no que poderá ocorrer em combate.

Ao mesmo molde que nas questões anteriores, cabe ressaltar as respostas

obtidas, diferentes das premissas básicas estabelecidas e elencadas como principais

atividades do IAT, conforme quadro a seguir, mas com grande correlação entre os

princípios listados. Destaca-se o aumento de resultados obtidos e percebe-se a

questão do planejamento da instrução para um ciclo anual de instruções.

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Respostas que diferem das premissas selecionadas Questão Resposta

3 e 4

“Gerenciamento de atividades de instrução para Treinamento Específico (Cmt CC), Qualificação (Atdr, Mot e Aux Atdr) e de Certificação/Adestramento” “Assessor direto do EM/Cmt no que tange a instrução com o Carro de Combate, sendo fundamental sua participação no planejamento do ano de instrução do Rgt.” “Gestão do adestramento de Pel e SU.” “Planejamento do ano de instrução/formação de recursos humanos capacitado a operar a VBC, nos diversos níveis.” “Planejamento do ano de instrução referente a técnica de material para o efetivo profissional e para o efetivo variável.” “Emprego de simuladores para adestramento tático de Pel CC; Instalação e manutenção de DSET, bem como avaliação de resultados obtidos com DSET em exercício no terreno.” “Ministrar instruções teóricas de técnica de tiro.” “Implementação da SIB do 6º Esqd C Mec.”

QUADRO 20 – Outras respostas da Questão 3 e 4. Fonte: o autor

Salienta-se que as tarefas e atividades realizadas pelo instrutor avançado de

tiro, no enfoque da competência da Gestão da Instrução Militar, é a de maior

importância no emprego deste especialista; não apenas pelo seu próprio significado

do termo instrutor, mas também por ser alvo de maior ênfase durante o Curso

Avançado de Tiro e por se tornar mais perceptível em um menor espaço de tempo.

FIGURA 8: Análise das respostas referentes à gestão de instrução militar. Fonte: o autor.

Por ocasião da entrevista 4 (Apêndice X), o Cel JACKSON, antigo Cmt do 5º

RCC e de grande experiência em simulação durante o período no Comando da citada

OM; citou que a sua percebia a atuação do IAT em sua Unidade, principalmente, nos

processos relativos à “condução e planejamento das instruções com a VBCCC

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Leopard, na qualificação, na SIB e no Tiro Real”, corroborando, portanto, com os

resultados obtidos no questionário e esclarecendo a questão do surgimento de mais

respostas referentes ao planejamento das instruções anual.

O Cel JACKSON ressaltou ainda que percebeu uma modificação qualitativa,

após a atuação do IAT, “principalmente, com o funcionamento da SIB e no resultado

do tiro em 2018”; fato que também será abordado em subitem a seguir, pois ratifica a

percepção de melhoria nas capacidades do RCC.

4.2.3 Quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de tiro no tocante ao assessoramento de nível tático?

Por intermédio do questionário, verificou-se um panorama sobre as

competências do IAT; que na questão 5, buscou relacionar este indicador da

dimensão do “Emprego” da VI com a VD. Indique como o Sr realizou o assessoramento de nível tático, como IAT, em qualquer Escalão.

Questão Resposta FA FR 5

Não realizei. 5 15,2 % Assessorando o Cmt no que se refere à técnica de tiro para a Op. 18 54,5 % Assessorando o Cmt no que se refere à inserção de dados balísticos médios, composição da cinta de primeira intervenção, dentre outros aspectos técnicos do CC.

20 60,6 %

Assessorando o Cmt no que se refere às informações pertinentes aos meios blindados da força oponente.

21 63,6 %

Outras respostas 4 12,1 % QUADRO 21 – Identificação de FA e FR da Questão 5. Fonte: o autor

Nota-se que ocorre uma grande variação entre as atividades elencadas,

descaracterizando uma homogeneidade de pensamento entre os respondentes, fator

este que permite as análises a seguir.

O assessoramento ao Cmt no nível tático, ainda não possui uma metodologia

a ser seguida; haja vista a existência de diversas missões operacionais de um RCC,

sua flexibilidade, modularidade e adaptabilidade.

Soma-se a este aspecto, o fato de que a formação do IAT não está ligada ao

seu nível de conhecimento tático; tendo como concludentes do CATir, oficiais e

sargentos de diversos postos e graduações. Tal fato influência na capacidade de

entendimento dos processos de tomada de decisão e planejamento das Operações.

Na entrevista 3 (Apêndice E) o Maj Menezes salienta que “o IAT é habilitado a

realizar um estudo detalhado de qualquer sistema de armas inimigo, confrontando

com as capacidades de nossos meios e proporcionando um assessoramento

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detalhado das possibilidades no combate ao comandante tático.”, corroborando com

os dados colhidos no questionário.

FIGURA 9: Análise das respostas referentes ao assessoramento de nível tático. Fonte: o autor.

Como forma de se considerar uma possível fuga ao grau de liberdade, e no

intuito de aumentar a validação dos dados obtidos, foi realizado a tabulação de

respostas que diferem das premissas selecionadas, mas que apresentam aderência

com o tema. Respostas que diferem das premissas selecionadas

Questão Resposta 5

“Assessoramento quanto ao melhor emprego de todo o sistema de armas. Exemplo: possibilidade em se instalar 2 metralhadoras antiaérea na VBC.” “Assessoramento no PITCIC, relativo às capacidades e limitações dos sistemas que compõem a VBCCC.” “Assessoramento do IAT no planejamento e na condução dos fogos da FT Bld.” “Avaliação dos meios inimigos.”

QUADRO 22 – Outras respostas da Questão 5. Fonte: o autor

Na entrevista 4, apresenta-se a seguinte percepção, quanto ao

assessoramento de nível tático, realizado à um Comandante de RCC: “fundamental

importância no planejamento como foi feito na Op (em 2018), tendo o IAT participado

dos estudos de EM, particularmente na 2ª Seção, no PITCIC e na identificação dos

Sistemas de Armas do inimigo”.

Cabe ressaltar, que este pesquisador executou a função de Oficial de

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Inteligência do EM de uma FT RCC, e que na condição de instrutor avançado de tiro

do RCC, realizou o assessoramento de nível tático em todas as fases do planejamento

e durante a execução da Op.

Contudo, a última questão do questionário possibilitou a análise ampla da

abrangência do emprego do IAT, pois visava inferir sobre quais outras atividades,

atribuições ou tarefas eram identificadas como sendo de grande relevância no

emprego do IAT.

Sendo obtido 16 (dezesseis) respostas que estão correlacionadas com o tema

e que devem ser analisadas, no intuito de serem incluídas ou não no rol de atividades

e atribuições a serem desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro em um

Regimento de Carros de Combate, seja no preparo, seja no emprego desta Tropa;

conforme será apresentado no quadro a seguir: Respostas que diferem das premissas selecionadas

Questão Resposta

Gestão da

Instrução Militar

“Instalação, condução e avaliação de exercícios envolvendo DSET, seja no Polígono de Tiro, seja em adestramento no PAB ou PAA.” “Avaliação das guarnições e dos pelotões durante o ano de instrução.” “Assessoramento ao Cmt OM/ Estado maior nas atividades de instrução da tropa blindada.” “Assessoramento ao comando da OM no sentido de estruturar exercícios no terreno vocacionados para avaliação objetiva das guarnições elaborando baremas de avaliação e agindo como OCA.” “Assessoramento ao Cmt U/S3 para a priorização das atividades de instrução e adestramento das Gu Bld.” “Fomentar o estudo na área de blindados e buscar a inovação contínua nos processos de instrução e certificação.” “Instrução aos Pel subordinados e utilização do assessoramento tático para planejamento e condução FT Bld.” “Execução de testes (“laboratório”) para melhoria da instrução, da técnica de tiro e dos materiais.” “Assessorando o emprego da FOROP no exercício de dupla-ação.” “Buscar uma continua melhora no adestramento das guarnições blindadas através da instrução especializada.” “A capacitação e preparação dos recursos humanos recém egressos na OM.” “Montagem de exercícios de simulação (cenários), onde temos uma situação de preparo da tropa excelente com um gasto muito pequeno.” “Instruções para o desenvolvimento de nossos atiradores e das guarnições dos CC.”

Gestão do

Material de

Emprego Militar

“Assessoramento ao Escalão Superior quanto às necessidades e prioridades da melhoria contínua da frota blindada da Força.” “Assessoramento para a gestão dos meios de simulação presente na OM.” “Assessoramento na tomada de decisão e planejamento do Estado-Maior da OM, na esfera logística até a operacional e de instrução.”

QUADRO 23 – Respostas da Questão 6. Fonte: o autor

Contudo, percebe-se a importância das duas dimensões da VI percebida no

questionário, grupo focal e entrevistas, corroborando com as impressões obtidas na

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revisão da literatura.

Destarte, pode-se concluir que as respostas expostas apontam, em boa

medida, que as atividades e tarefas elencadas como premissas básicas ao emprego

do IAT, nos campos da gestão da instrução militar, da gestão do material de emprego

militar e do assessoramento de nível tático, necessitam constar em referencial

institucional, no intuito de se aprimorar e regularizar seu emprego; bem como auxiliar

na potencialização das capacidades do Regimento de Carros de Combate.

4.2.4 É possível verificar, no suporte teórico nacional disponível, um alinhamento e sincronização na apresentação do conteúdo alusivo ao emprego do instrutor avançado de tiro?

Verificou-se ao longo deste trabalho que o Regimento de Carros de Combate

costuma ser empregado compondo Força-Tarefa (equilibrada, forte em CC ou forte

em Fuz). Soma-se a esse conceito a premissa de que o tipo de material empregado,

que atualmente é a VBCCC Leopard 1A5 BR, é o principal meio a ditar as

possibilidades e limitações do Regimento de Carros de Combate; sendo o manual FT

17-20 o vetor que direciona ao emprego deste tipo de OM, portanto, serve de base

para o emprego de militares especialistas.

Ao analisar a revisão da literatura e o questionário da presente pesquisa,

percebeu-se que há um grande conhecimento acerca da instrução militar e da gestão

da frota das VBCCC, e que são ratificadas pelo grupo focal e entrevistas, que

apresentam grande ligação destas atividades.

4.2.5 Existe algum conceito no suporte teórico nacional relativo ao emprego do instrutor avançado de tiro?

Após a realização da pesquisa, percebeu-se a carência de referencial nacional,

sendo exclusivamente abarcados pelas portarias de criação do CATir, plano de

disciplina do referido curso e uma proposta de Caderno de Instrução apresentada pelo

CIBld em 2015.

Todo o suporte relativo ao emprego do IAT, atualmente, dá-se de maneira

empírica, não oficial; e baseada no banco de dados estrangeiro (norte americano,

chileno, espanhol e alguns outros países possuidores deste tipo de especialista).

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5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Ao concluir esta pesquisa, é imperativo recapitular a metodologia que norteou

o presente trabalho, de modo a permitir o estabelecimento das conexões e dos

resultados para a DMT com base nos resultados encontrados na revisão da literatura,

no grupo focal, no questionário e nas entrevistas.

Este trabalho possibilitou entender a influência das competências do instrutor

avançado de tiro na potencialização das capacidades de um Regimento de Carros de

Combate, resolvendo o problema, ampliando a compreensão, mostrando novas

relações ou mesmo outras questões em relação ao problema originalmente escolhido.

O marco inicial deste trabalho foi estabelecido com base na seguinte

problemática: em que extensão as competências exercidas pelo instrutor avançado

de tiro potencializam as capacidades do Regimento de Carros de Combate? O

problema foi solucionado ao passo em que se tornou possível apontar as influências

das atividades, tarefas e competências exercidas pelo IAT sob a ótica da DMT e

abordada em termos das duas dimensões analisadas: preparo e emprego; bem como

seus indicadores: gestão da instrução militar, gestão do material de emprego militar e

o assessoramento de nível tático.

Nesse sentido, foram elencadas as questões de estudo que, supostamente,

atenderiam à esta indagação:

a. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de

tiro no tocante à gestão do material de emprego militar?

b. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de

tiro no tocante à gestão da instrução militar?

c. quais são as implicações efetivamente exercidas pelo instrutor avançado de

tiro no tocante ao assessoramento de nível tático?

d. é possível verificar, no suporte teórico nacional disponível, um alinhamento

e sincronização na apresentação do conteúdo alusivo ao emprego do instrutor

avançado de tiro?

e. existe algum conceito no suporte teórico nacional relativo ao emprego do

instrutor avançado de tiro?

Para se atingir uma percepção desses aspectos, definiu-se o objetivo geral

deste trabalho, no sentido de avaliar em que extensão as competências exercidas

pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades do Regimento de Carros

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de Combate, concluindo sobre os impactos desse especialista para a rotina de

instrução, a gestão do material de emprego militar e o assessoramento no nível tático,

no que diz respeito ao emprego; inferindo sobre a potencialização das capacidades

do emprego do RCC.

Percebeu-se que, baseado no que já foi exposto anteriormente, ele foi atingido,

considerando-se a gama de resultados obtidos ao longo desta pesquisa.

Cabe ressaltar que, em consonância com o objetivo geral elencado, foram

estabelecidos objetivos específicos, traçados como fases naturais e que foram

alcançadas no decorrer do processo de investigação do tema desta pesquisa,

conforme será exposto ao longo desta conclusão, a saber:

a. descrever os principais conceitos estabelecidos nas fontes de consulta

nacionais acerca das funções do instrutor avançado de tiro, principalmente, nas

atividades desempenhadas no tocante ao emprego e preparo de um Regimento de

Carros de Combate;

b. descrever os principais conceitos estabelecidos nas fontes de consulta

estrangeiras do Exército Norte-Americano, espanhol e chileno acerca das funções do

instrutor avançado de tiro, principalmente, as competências exercidas no tocante ao

emprego e preparo de um Regimento de Carros de Combate;

c. inferir acerca da influência do instrutor avançado de tiro sobre a rotina de

instrução da OM, ao controle das guarnições e emprego de simuladores, no tocante

ao preparo do RCC;

d. inferir sobre a extensão do assessoramento tático do IAT, nos Pelotões, nos

Esquadrões e nos Regimentos de Carros de Combate por ocasião do emprego dessas

frações; e

e. como produto final da pesquisa, apresentar um anteprojeto de nota de

coordenação doutrinária ou subcapítulo para manual, propondo um conjunto de

prescrições que, coerentes à DMT, possibilitem normatizar e concluir sobre as

competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro no que tange à sua influência

na potencialização das capacidades de um Regimento de Carros de Combate e

possivelmente servir de subsídio para a criação de especialistas para outros sistemas

de armas do Exército Brasileiro.

Os resultados alcançados permitem afirmar que essa problemática foi

solucionada, levando-se em consideração todos os resultados encontrados na revisão

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da literatura, no grupo focal, no questionário e nas percepções e experiências colhidas

de militares especialistas por intermédio das entrevistas; que mostram que o atual

emprego do IAT permite concluir sobre a grande influência de suas competências na

potencialização das capacidades do Regimento de Carros de Combate.

Por intermédio destes resultados será possível estabelecer um rol de atividades

e tarefas atinentes ao emprego do instrutor avançado de tiro, no que tange aos

grandes grupos de atuação deste especialista: a gestão da instrução, a gestão do

material de emprego militar e o assessoramento de nível tático; visando atender a um

cenário internacional de grande divulgação doutrinária sobre este especialista.

No que diz respeito às dificuldades encontradas ao longo desta pesquisa,

ressalta-se a questão de não haver trabalhos anteriores que abordassem as

atividades, tarefas e competências exercidas pelo IAT que fossem de caráter oficial;

bem como o caráter subjetivo no que tange a percepção de melhoria ou não das

capacidades de um RCC ao ser empregado em Operações.

Buscou-se mitigar este aspecto ao realizar o grupo focal com especialistas que

houvesse acompanhado a tropa em um ciclo bianual de preparação e emprego e

entrevista com antigo Cmt de RCC, a fim de permitir observar aspectos que

auxiliassem os resultados obtidos.

A pesquisa trouxe os aspectos que o IAT é capaz de influenciar no preparo e

emprego das guarnições blindadas; observando-se que no aspecto das instruções

este especialista possui ferramentas que o capacitam a maximizar as capacidades de

cada guarnição, devido sua expertise na técnica de tiro; sendo capaz de ministrar

instruções com maior profundidade e especificidade. Neste escopo é capaz de

empregar os meios de simulação disponíveis para alcançar os melhores resultados

de tempo para aquisição de alvos, identificação e sua neutralização.

Outro aspecto referente à gestão da instrução que ficou nítido, foi a

responsabilidade pela condução e planejamento do ano de instrução do efetivo

variável e profissional; bem como, sendo responsável por assessorar o Cmdo da OM

no que diz respeito às fases de preparação para a execução de um Exercício de Tiro

Real.

Ao considerar o indicador gestão do material de emprego militar, concluiu-se

que o IAT exerce primordial atividade no que tange ao acompanhamento da vida útil

do canhão, bem como o seu desgaste. É responsável ainda pelo controle dos valores

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de falhas de munição, pela colimação e correção em zero; e em alguns momentos

exerce uma função ímpar ao realizar o link com os elementos de manutenção de torre.

Seu acompanhamento cerrado nas manutenções e na mortalidade de peças

de uso referentes ao sistema de controle de tiro, possibilitam um aumento da

disponibilidade das OM.

No entanto, ao analisar o fator assessoramento de nível tático, concluiu-se que

ainda há grande lacuna referente ao modo de auxiliar o Comandante Tático nas

diversas situações das Operações, como o planejamento e a execução. A diferença

de conhecimento tático entre os instrutores avançados de tiro, que oscilam entre

oficiais superiores do QEMA e perpassam pelos postos e graduações até o sargento

recém egresso de Escola de formação.

Tal situação dificulta o IAT na percepção de como realizar o assessoramento

de nível tático com enfoque nas questões técnicas, sem influenciar nos aspectos

táticos.

Cabe ressaltar ainda que quanto maior o conhecimento tático do IAT, maior a

facilidade de entender o seu papel a ser desempenhado juntamente com outras

funções no planejamento das Operações.

Mesmo com o dinamismo das atividades realizadas pelo RCC, na atualidade,

há ainda uma grande dificuldade em se acompanhar e realizar a tabulação de

desempenho apresentado pela OM em Operações. Tal fato ocorre devido às

especificidades do emprego dos Centros de Avaliação e Adestramento do EB; que

possuem esta missão no seu rol de atribuições.

Portanto, a análise dos indicadores da dimensão do emprego da VD –

capacidades do Regimento de Carros de Combate – ocorreu por intermédio de

pesquisa baseada em dados subjetivos; com aquisição de resultados oriundos de

alguns militares que puderam realizar um acompanhamento bianual de um RCC.

Ressalta-se que para a percepção científica da VD, seria necessário um

período maior disponível para a realização da pesquisa; haja visto que seria

necessário realizar o acompanhamento da preparação e emprego de tropas oriundas

do RCC em dois ou mais Exercícios no Terreno, fato que geralmente ocorre em uma

janela de cerca de 02 (dois) anos de instrução.

Destarte, os exemplos colhidos pelo Exército Norte-americano que, em meados

da década de 1990 comprovaram o aumento da proficiência de suas guarnições

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blindadas durante as atividades da Operação Tempestade no Deserto, após cerca de

15 do início das atividades dos instrutores avançados de tiro; são os balizadores para

a DMT nacional e a inserção da função do IAT no EB, que alcança cerca de 10 anos

de atividades no âmbito da Tropa Blindada.

Com isso, os resultados apontam que há uma significativa mudança na

proficiência da Tropa Blindada brasileira após as gestões inerentes à especialidade

do instrutor avançado de tiro, que independente do meio empregado pelo RCC, é

capaz de potencializar as capacidades desta OM, no que diz respeito à letalidade,

prontidão operativa e uma probabilidade de influenciar no aumento da massa de efeito

desta tropa.

5.1 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES

Com a finalidade de proporcionar melhores condições de emprego do instrutor

avançado de tiro nos Regimentos de Carros de Combate, particularmente quanto a

sua influência positiva nas instruções e no controle da frota de blindados, a seguir

serão apresentadas as sugestões e recomendações acerca do estudo conduzido.

Cabe ressaltar que as ideias relacionadas nesse ponto não esgotam o assunto,

pela sua complexidade e nível de constante atualização. A intenção é que essas

percepções sirvam para alimentar os futuros debates que venham a surgir sobre a

doutrina da Tropa Blindada, latu sensu, e do emprego do IAT, stricto sensu.

As recomendações sugeridas são apenas um roteiro de tópicos que poderão

ser aprofundados em pesquisas posteriores.

a. Proposta de rol de atividades inerentes ao instrutor avançado de tiro, em um

possível Caderno de Instrução do Instrutor Avançado de Tiro, em conjunto com o

CIBld;

b. Proposta de adoção de um especialista em outras tropas, como a Infantaria

Mecanizada, com o advento do Projeto GUARANI e na Aviação do Exército, com a

aquisição das novas plataformas de combate;

c. Proposta de levantamento das capacidades das Unidades de emprego

estratégico do EB, por parte dos Centros de Avaliação e Adestramento, visando a

percepção aproximada da realidade do Poder de Combate do Exército Brasileiro.

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APÊNDICE A – ENTREVISTA DE ORIENTAÇÃO INICIAL PARA A PESQUISA

Esta pesquisa visa direcionar a confecção do Projeto Pesquisa a ser

apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), realizada pelo Cap Cav

Rinaldo Reis de Moraes Junior.

Desta feita, a presente entrevista visa identificar, junto à personalidade de

notório saber no âmbito da tropa blindada da Cavalaria do Exército Brasileiro

problemas que envolvam o Instrutor Avançado de Tiro, os quais permitam tratamento

científico; o Cap Cav AUGUSTO CEZAR MATTOS GONÇALVES DE ABREU

PIMENTEL, mestre em Ciências Militares pelo referido estabelecimento de ensino.

1ª Questão: O Sr poderia informar a experiência anterior, no que trata sobre assuntos

relacionados com a Tropa Blindada brasileira?

2ª Questão: É possível afirmar que existem lacunas nos procedimentos ou nas

normativas nacionais relacionadas ao emprego do Instrutor Avançado de Tiro, na

tropa blindada atualmente? Caso seja positivo, seria possível indicar tais problemas?

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APÊNDICE B – ROTEIRO DE CONDUÇÃO DE GRUPO FOCAL

1. OBJETIVOS DO GRUPO FOCAL

a. Acolhimento dos participantes.

b. Problematizar a temática entre os participantes.

c. Buscar nos relatos, dos participantes, descrever o conhecimento sobre as competências do instrutor avançado de tiro em atividade de coroamento do ano de instrução (Atividade Preparação para o Tiro Real, Exercício de Tir Real, Exercício no Ter em FT RCC – situações de Emprego do RCC).

2. TÓPICOS NORTEADORES

a. Competências do IAT na gestão da instrução militar

1) Descreva as atividades que você executou durante o processo de preparação de instruções às guarnições blindadas que é de competência exclusiva do IAT, empregando os meios de simulação disponíveis. 2) Descreva, se for o caso, quais aspectos, você (IAT), percebeu modificações nos resultados obtidos pelas guarnições dos CC quando foram avaliadas.

b. Competências do IAT na gestão do material militar

4) Descreva quais procedimentos adotou para a obtenção da disponibilidade dos CC de sua SU, com medidas intrinsicamente ligadas às atividades do IAT. 5) Foi realizado algum tipo de controle de dados ou resultados obtidos no tocante as informações balísticas de cada CC? 6) Caso tenha ocorrido controle, quais foram os benefícios obtidos?

c. Competências do IAT no assessoramento de nível tático

7) Caso tenha ocorrido, descreva como foi realizado o seu assessoramento de nível tático ao Cmt, durante a fase do Exame de Situação.

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APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO

Este questionário faz parte da Pesquisa realizada pelo Cap Cav Rinaldo Reis

de Moraes Junior, integrante do programa de pós-graduação Stricto Sensu da Escola

de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO).

A pesquisa tem como objetivo principal analisar em que extensão as

competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades

do Regimento de Carros de Combate.

Desse modo, este questionário é endereçado aos instrutores avançados de tiro,

oficiais e sargentos, que exercem suas funções, e visa realizar um diagnóstico da atual

situação do emprego deste especialista, de modo a corroborar com o andamento da

pesquisa, com vistas no levantamento dos aspectos abaixo relacionados:

a) as atividades, atribuições e tarefas realizadas na gestão da instrução;

b) as atividades, atribuições e tarefas realizadas na gestão do material

de emprego militar (gestão da frota); e

c) a forma de emprego do assessoramento ao Comandante tático.

No intuito de manter o questionário alinhado com a presente pesquisa, segue

um quadro auxiliar com as principais atividades elencadas para as competências

escolhidas para o trabalho.

Sua participação é de suma importância, e permitirá uma análise mais fidedigna

da atual situação do emprego do instrutor avançado de tiro nos RCC.

Desde já, agradeço sua valorosa contribuição à Tropa Blindada.

Respeitosamente,

Cap De Moraes.

O presente questionário será respondido por meio da ferramenta Google Docs, pelo link:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSc1Ibrnicp_pE3CZ3RkWGeSJQTa1EmsFWco6c4vUKCjz3wzOw/viewform?usp=sf_link

Obrigatório *

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Endereço de e-mail *

___________________________________________________________

Quadro Auxiliar – Competências do IAT e suas principais atividades

1. Indique a(s) atividade(s) que o Sr realizou, de responsabilidade do IAT, no que diz respeito a Gestão do Material de Emprego Militar (Gestão da Frota). *

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2. Caso possua outra experiência ou atividade desempenhada pelo IAT, julgada de grande relevância (referente a Gestão da Frota), cite quais foram.

______________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Indique a(s) atividade(s) que o Sr realizou, de responsabilidade do IAT, no que diz respeito a Gestão da Instrução. *

4. Caso possua outra experiência ou atividade desempenhada pelo IAT, julgada de grande relevância (referente a Gestão da Instrução), cite quais foram.

______________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Indique como o Sr realizou o assessoramento de nível tático, como IAT, em qualquer Escalão. *

6. Qual outra atividade, atribuição ou tarefa (além das descritas no quadro de apoio), o Sr identifica como sendo de grande relevância no emprego do IAT? *

______________________________________________________________________________________________________________________________________

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APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA 1

A presente entrevista constitui-se um instrumento de pesquisa do trabalho “A

INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA

POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE

COMBATE”, a ser apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais pelo Cap Cav

Rinaldo Reis de Moraes Junior, como requisito parcial para a obtenção do Grau de

Mestrado em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.

A finalidade desta atividade é o levantamento de informações e opiniões

baseadas no conhecimento especializado acerca do emprego do instrutor avançado

de tiro no Regimento de Carros de Combate.

Ao final do trabalho, espera-se que seja possível verificar em que extensão as

atividades e tarefas desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as

capacidades do Regimento de Carros de Combate, no intuito de contribuir para a

evolução da Doutrina Militar Terrestre e na confecção de referencial no Exército

Brasileiro, em conjunto com o CI Bld.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O senhor está sendo convidado para participar, como voluntario, da pesquisa

realizada pelo Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR, sob orientação do Cel

ANDRÉ CÉZAR SIQUEIRA, cujo tema é "A influência das competências do instrutor

avançado de tiro na potencialização das capacidades do Regimento de Carros de

Combate".

Declaro ter sido esclarecido dos seguintes pontos:

1. A pesquisa tem como objetivo principal avaliar em que extensão as

competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades

do Regimento de Carros de Combate, concluindo sobre os impactos desse

especialista para a rotina de instrução, a gestão do material de emprego militar e o

assessoramento no nível tático, no que diz respeito ao emprego; inferindo sobre a

potencialização das capacidades do emprego do RCC.

2. A participação do senhor consistirá em fornecer opiniões acerca dos

assuntos atinentes a esta pesquisa, considerando a experiência no comando de

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Regimento de Carros de Combate e a experiência de ter sido Cmt de FT Bld em

Exercício no Terreno em um ciclo bianual.

3. Durante a realização desta pesquisa, em virtude de sua natureza

eminentemente bibliográfica/documental, não há qualquer risco à integridade física de

qualquer pessoa.

4. Ao participar deste trabalho, o senhor estará́ contribuindo para o

desenvolvimento da doutrina de emprego do instrutor avançado de tiro nos RCC,

acompanhando o processo de modernização da Tropa Blindada brasileira.

5. A participação do senhor nesta pesquisa perdurará apenas até o término da

mesma, prevista para outubro de 2019.

Estou de acordo com os termos acima descritos:

( ) Sim. ( ) Não.

AUTORIZAÇÃO PARA VINCULAÇÃO Caso o senhor autorize divulgar seu nome nesta pesquisa, o mesmo constará

do capítulo de "Análise dos Resultados", durante a tabulação das respostas. Caso o

senhor não autorize, as respostas serão tabuladas, contudo, sua privacidade será́

preservada.

Autorizo ter meu nome vinculado à pesquisa e divulgado nos resultados.

( ) Sim. ( ) Não.

IDENTIFICAÇÃO 1. Posto:

2. Nome completo:

3. Turma de formação:

4. Experiência como comandante de RCC (ano e OM):

5. Experiência como comandante de RCC em Exercício no Terreno (ano e

local):

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1ª Questão O senhor já comandou militares que possuíam a especialização de Instrutor

Avançado de Tiro?

2ª Questão Em que extensão o senhor empregou tal especialista?

3ª Questão Nessas oportunidades, seria possível afirmar que as atividades e tarefas

exercidas pelo IAT potencializaram alguma capacidade da Unidade do senhor?

4ª Questão Quanto ao preparo das guarnições, o senhor poderia citar situações ou

atividades que ficaram nítidas que a presença do IAT eram um potencializador/

maximizador das capacidades da Unidade em que o senhor comandou?

5ª Questão Como o senhor identifica a criação desta especialidade e a execução de suas

funções em prol do RCC?

CONCLUSÃO

O senhor deseja acrescentar alguma informação sobre o emprego do instrutor

avançado de tiro que julgue relevante para esta pesquisa?

AGRADECIMENTO

Agradeço pelas informações prestadas e pelo tempo disponibilizado em prol

desta pesquisa. Caso o senhor tenha qualquer dúvida, sugestão, ou caso deseje

receber o resultado desta pesquisa, entre em contato através do endereço eletrônico:

[email protected]

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APÊNDICE E – ROTEIRO DE ENTREVISTA 2

A presente entrevista constitui-se um instrumento de pesquisa do trabalho “A

INFLUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS DO INSTRUTOR AVANÇADO DE TIRO NA

POTENCIALIZAÇÃO DAS CAPACIDADES DO REGIMENTO DE CARROS DE

COMBATE”, a ser apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais pelo Cap Cav

Rinaldo Reis de Moraes Junior, como requisito parcial para a obtenção do Grau de

Mestrado em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.

A finalidade desta atividade é o levantamento de informações e opiniões

baseadas no conhecimento especializado acerca do emprego do instrutor avançado

de tiro no Regimento de Carros de Combate.

Ao final do trabalho, espera-se que seja possível verificar em que extensão as

atividades e tarefas desempenhadas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as

capacidades do Regimento de Carros de Combate, no intuito de contribuir para a

evolução da Doutrina Militar Terrestre e na confecção de referencial no Exército

Brasileiro, em conjunto com o CI Bld.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O senhor está sendo convidado para participar, como voluntario, da pesquisa

realizada pelo Cap Cav RINALDO REIS DE MORAES JUNIOR, sob orientação do Cel

ANDRÉ CÉZAR SIQUEIRA, cujo tema é "A influência das competências do instrutor

avançado de tiro na potencialização das capacidades do Regimento de Carros de

Combate".

Declaro ter sido esclarecido dos seguintes pontos:

1. A pesquisa tem como objetivo principal avaliar em que extensão as

competências exercidas pelo instrutor avançado de tiro potencializam as capacidades

do Regimento de Carros de Combate, concluindo sobre os impactos desse

especialista para a rotina de instrução, a gestão do material de emprego militar e o

assessoramento no nível tático, no que diz respeito ao emprego; inferindo sobre a

potencialização das capacidades do emprego do RCC.

2. A participação do senhor consistirá em fornecer opiniões acerca dos

assuntos atinentes a esta pesquisa, considerando a experiência no comando de

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Regimento de Carros de Combate e a experiência de ter sido Cmt de FT Bld em

Exercício no Terreno em um ciclo bianual.

3. Durante a realização desta pesquisa, em virtude de sua natureza

eminentemente bibliográfica/documental, não há qualquer risco à integridade física de

qualquer pessoa.

4. Ao participar deste trabalho, o senhor estará́ contribuindo para o

desenvolvimento da doutrina de emprego do instrutor avançado de tiro nos RCC,

acompanhando o processo de modernização da Tropa Blindada brasileira.

5. A participação do senhor nesta pesquisa perdurará apenas até o término da

mesma, prevista para outubro de 2019.

Estou de acordo com os termos acima descritos:

( ) Sim. ( ) Não.

AUTORIZAÇÃO PARA VINCULAÇÃO Caso o senhor autorize divulgar seu nome nesta pesquisa, o mesmo constará

do capítulo de "Análise dos Resultados", durante a tabulação das respostas. Caso o

senhor não autorize, as respostas serão tabuladas, contudo, sua privacidade será́

preservada.

Autorizo ter meu nome vinculado à pesquisa e divulgado nos resultados.

( ) Sim. ( ) Não.

IDENTIFICAÇÃO 1. Posto:

2. Nome completo:

3. Turma de formação:

4. Experiência anterior, na Tropa Blindada (ano e local):

1ª Questão O senhor poderia informar como está dividido o CATir, no tocante às disciplinas

ministradas?

2ª Questão Quais assuntos ministrados ao futuro IAT o senhor considera como essenciais

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no tocante à intervenção do IAT na correção oportuna e na identificação de problemas

relacionados à aquisição, confirmação e neutralização de alvos?

3ª Questão Existe alguma ênfase no que diz respeito à gestão do material, durante o

Curso?

4ª Questão Caso a questão anterior tenha sido respondida positivamente, cite como o IAT

pode intervir/gerenciar no controle da frota.

5ª Questão Qual a abrangência do conhecimento passado aos alunos do CATir no tocante

ao assessoramento de nível tático?

CONCLUSÃO

O senhor deseja acrescentar alguma informação sobre o emprego do instrutor

avançado de tiro que julgue relevante para esta pesquisa?

AGRADECIMENTO

Agradeço pelas informações prestadas e pelo tempo disponibilizado em prol

desta pesquisa. Caso o senhor tenha qualquer dúvida, sugestão, ou caso deseje

receber o resultado desta pesquisa, entre em contato através do endereço eletrônico:

[email protected]

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APÊNDICE F – EXEMPLO DE INSTRUÇÃO MINISTRADA POR IAT (EsAO/2019)

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ANEXO A – INSTRUÇÃO DO EB NA IMGC 2019 (Maj Cav MENEZES)