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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS Cap Inf ABIARU CAIUBI CAMURUGY DE GUERREIRO EMPREGO DE CÃES FAREJADORES PELOS BATALHÕES DE INFANTARIA DE SELVA NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO NA FAIXA DE FRONTEIRA AMAZÔNICA RIO DE JANEIRO 2017

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Cap Inf ABIARU CAIUBI CAMURUGY DE GUERREIRO

EMPREGO DE CÃES FAREJADORES PELOS BATALHÕES DE INFANTARIA DE

SELVA NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO NA FAIXA DE FRONTEIRA

AMAZÔNICA

RIO DE JANEIRO

2017

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Cap Inf ABIARU CAIUBI CAMURUGY DE GUERREIRO

EMPREGO DE CÃES FAREJADORES PELOS BATALHÕES DE INFANTARIA DE

SELVA NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO NA FAIXA DE FRONTEIRA

AMAZÔNICA

Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Militares. Orientador: Cel Carlos Alberto Lins Reis

RIO DE JANEIRO

2017

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Cap Inf ABIARU CAIUBI CAMURUGY DE GUERREIRO

EMPREGO DE CÃES FAREJADORES PELOS BATALHÕES DE INFANTARIA DE

SELVA NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO NA FAIXA DE FRONTEIRA

AMAZÔNICA

Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Militares.

Aprovado em 06 de outubro de 2017

Comissão de Avaliação

____________________________________________________ ERALDO FRANCISCO DOS SANTOS FILHO - Cel

Presidente

____________________________________________________ MANOEL MÁRCIO GASTÃO - Cel

1º Membro

____________________________________________________ CARLOS ALBERTO LINS REIS – Cel

2º Membro

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À minha esposa e aos meus filhos, que suportaram a minha ausência, em prol da realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Ao Cel Lins, pelo empenho e precisão nas orientações que direcionaram o

presente trabalho.

Aos instrutores do Curso de Infantaria da Escola de Aperfeiçoamento de

Oficiais, que trabalharam para que nós, alunos, pudéssemos contar com instruções

de qualidade.

Agradeço ao meu pai e à minha mãe, por não medirem esforços para que eu

pudesse levar meus estudos adiante.

Agradeço especialmente à minha esposa, pela compreensão, apoio e

companheirismo nos momentos em que este trabalho foi priorizado.

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O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.

(GUIMARÃES ROSA)

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RESUMO

Esta pesquisa busca avaliar a influência que os aspectos operacionais e administrativos que envolvem o emprego dos cães de guerra pelo Exército Brasileiro exercem na repressão ao narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica. A porosidade dessa área e a complexidade de suas redes hidrográficas facilitam a entrada e circulação de drogas no território nacional, oriundas sobretudo dos maiores produtores de cocaína do mundo. Por outro lado, o emprego de cães de detecção de narcóticos em atividades militares, realizado por agências de âmbito nacional e internacional, comprova a eficácia operacional dos cães na repressão ao narcotráfico. O Exército Brasileiro é investido de poder de polícia dentro da Faixa de Fronteira, onde as Organizações Militares têm a atribuição de reprimir os ilícitos transfronteiriços. Entretanto, a inexistência de cães de detecção de narcóticos nessas Organizações Militares revela, portanto, um subaproveitamento do potencial dessa ferramenta. Foram selecionados para responderem aos instrumentos de coleta de dados os oficiais combatentes de infantaria que servem nas Organizações Militares da fronteira amazônica, além das Seções de Cães de Guerra das Organizações Militares das armas base, dos militares que possuem estágio de adestramento de cães de guerra e da Seção de Gestão Logística de Remonta e Veterinária do Exército Brasileiro. Os dados obtidos, confrontados com a revisão de literatura realizada, permitiram compreender que diversos fatores que envolvem o emprego de cães de guerra, como a carência de suporte veterinário, as limitações quanto a capacitação de equipes para detecção de narcóticos e os entraves para a criação de Seção de Cães de Guerra e para a distribuição e manutenção de cães na região Norte, comprometem a utilização dos animais para atuarem na Faixa de Fronteira, ensejando que adequações sejam realizas para que os animais possam ser empregados na região. Como produto desta pesquisa, foi proposto um capítulo para atualização do Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra, que poderá auxiliar na formação de equipes para a detecção de narcóticos.

Palavras-chave: Amazônia. Cães de Guerra. Cão de Detecção de Narcóticos.

Combate ao narcotráfico.

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ABSTRACT

This research tries to evaluate the influence that the administrative and operational aspects regarding the use of Military Working Dogs by the Brazilian Army exerts in the repression of drug trafficking in the Amazon border. The porosity of this area and the complexity of its hydrographic networks facilitate the entry and circulation of drugs in the national territory, coming mainly from the largest producers of cocaine in the world. On the other hand, the use of narcotic detection dogs in military activities, carried out by national and international agencies, proves the operational effectiveness of these animals in the repression of drug trafficking. The Brazilian Army is invested with police power within the Border Range, where the Military Organizations have the attribution of repressing the transboundary illicit. However, the lack of narcotic detection dogs in these Military Organizations reveals, therefore, an underutilization of the potential of this tool. The infantry combat officers serving in the Military Organizations of the Amazonian border were selected to respond to the instruments of data collection, as well as the Sections of Military Working Dogs of the Military Organizations of the base weapons, the military that have the stage of training of dogs of war and of the Section of Logistic Management of Reassemble and Veterinary of the Brazilian Army. The data obtained, compared with the literature review, allowed us to understand that several factors that involve the use of war dogs, such as the lack of veterinary support, the limitations regarding the qualification of narcotics detection teams and the obstacles to the creation of Sections of War Dogs and for the distribution and maintenance of dogs in the North region, they hamper the use of the animals to act in the Border Range, providing that adjustments are made so that the animals can be used in the region. As a result of this research, a chapter has been proposed for updating the Field Manual of Military Working Dogs, which may assist in the formation of teams for the detection of narcotics.

Keywords: Amazon. Fight against drug trafficking. Military Working Dogs. Patrol

Narcotic Detector Dogs.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Comandos Militares de Área ................................................................. 20

FIGURA 2 - BIS e seus destacamentos (CMA e CMN) ............................................. 30

FIGURA 3 - Regiões produtoras de coca na América do Sul .................................... 34

FIGURA 4 - Caixa de transporte dobrável. ................................................................ 97

FIGURA 5 - Canil desmontável para transporte. ....................................................... 98

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Efetivo máximo de animais e de pessoal das SCG. ............................ 42

QUADRO 2 - Efetivo previsto e existente das SCG .................................................. 45

QUADRO 3 - Tipos de testes para seleção de caninos. ........................................... 48

QUADRO 4 - Escalão e atribuições das atividades de remonta e veterinária. .......... 56

QUADRO 5 - Missões e tipos de MWD. .................................................................... 58

QUADRO 6 - Definição operacional da variável independente. ................................ 67

QUADRO 7 - Definição operacional da variável dependente .................................... 67

QUADRO 8 - BIS localizados na Faixa de Fronteira ou que possuam C Fron. ......... 69

QUADRO 9 - OM das armas base que possuem SCG autorizadas pela D Abst. ..... 71

QUADRO 10 - Considerações sobre a pesquisa. ................................................... 115

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Proporção de cães existentes e área territorial entre os C Mil A. ....... 21

GRÁFICO 2 - Questionários enviados e respondidos pelos BIS. .............................. 69

GRÁFICO 3 - Função dos militares da amostra dos BIS. ......................................... 70

GRÁFICO 4 - Tipo de OM da amostra das SCG ....................................................... 71

GRÁFICO 5 - Formação dos adestradores de cães de guerra. ................................ 72

GRÁFICO 6 - Distribuição dos cães nas OM Fron. ................................................... 80

GRÁFICO 7 - Participação de oficial combatente na SCG. ....................................... 83

GRÁFICO 8 - Efetivo de praças da SCG. ................................................................. 86

GRÁFICO 9 - Distribuição de cães nas SCG. ........................................................... 88

GRÁFICO 10 - Produção de cães por CRDC ............................................................ 90

GRÁFICO 11 - Procedimentos adotados nos casos mais complexos. ...................... 95

GRÁFICO 12 – Viatura adaptada para o transporte de cães. ................................... 96

GRÁFICO 13 - Necessidade de canis e de caixas de transporte modulares. ........... 97

GRÁFICO 14 - Situação ideal para distribuição de rações. .................................... 101

GRÁFICO 15 - Média de avaliação das instalações das SCG. ............................... 103

GRÁFICO 16 - Falta de militares capacitados para adestrar e empregar os cães. . 104

GRÁFICO 17 – Quantidade de OM que realiza cada tipo de estágio. .................... 105

GRÁFICO 18 – Suficiência do EB70-CI-11.002 para detecção de narcóticos. ....... 106

GRÁFICO 19 - Frequência de emprego dos cães de guerra .................................. 108

GRÁFICO 20 - Habilitação dos cães. ...................................................................... 109

GRÁFICO 21 - Distribuição dos cães entre os condutores. .................................... 110

GRÁFICO 22 - O cão de guerra contribui para o combate ao narcotráfico. ............ 112

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Dificuldade administrativa e documental de alterar o QCP da OM ........ 79

TABELA 2 - Falta de pessoal na OM. ....................................................................... 79

TABELA 3 - Falta de oficial veterinário na OM para os BIS. ..................................... 81

TABELA 4 - Falta de Oficial Veterinário na OM para as SCG. .................................. 82

TABELA 5 - Carência de oficiais combatentes. ......................................................... 85

TABELA 6 - Militares da SCG empregados em outras missões na unidade. ............ 86

TABELA 7 - Prejuízo nas atividades da SCG em virtude do acúmulo de encargos .. 87

TABELA 8 - Cães que não possuem aptidão para o trabalho militar. ....................... 88

TABELA 9 - Carência de suporte adequado para atendimento clínico ..................... 92

TABELA 10 - Dificuldade para realizar atendimento veterinário................................ 92

TABELA 11 - Limitação de recursos para a manutenção do cão na OM. ................. 93

TABELA 12 - Escalonamento do atendimento veterinário para as SCG. .................. 93

TABELA 13 - Escalonamento do atendimento veterinário para os BIS. .................... 94

TABELA 14 - Existência de entorpecentes para adestramento................................. 98

TABELA 15 - Falta de material para adestramento. .................................................. 99

TABELA 16 - Dificuldade para aquisição para os BIS. ............................................ 100

TABELA 17 - Dificuldade para aquisição para as SCG. .......................................... 100

TABELA 18 - Dificuldade para construção de canil ................................................. 102

TABELA 19 - Instalações inadequadas ................................................................... 102

TABELA 20 - Estágio específico para a detecção de narcóticos............................. 106

TABELA 21 - Falta de normatização e padronização de estágios. ......................... 107

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1º BG 1º Batalhão de Guardas

2º BPE 2º Batalhão de Polícia do Exército

7º BPE 7º Batalhão de Polícia do Exército

AM Amazonas

BAC Batalhão de Ações com Cães

BDCP Base de Dados Corporativa de Pessoal

BIS Batalhão de Infantaria de Selva

BPEB Batalhão de Polícia do Exército de Brasília

C Fron Comando de Fronteira

C Mil A Comando Militar de Área

CBMSC Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina

CDE Cão de Detecção de Explosivos

CDN Cão de Detecção de Narcóticos

CMA Comando Militar da Amazônia

CMN Comando Militar do Norte

COLOG Comando Logístico

CRDC Centro de Reprodução e Distribuição de Caninos

D Abst Diretoria de Abastecimento

EB Exército Brasileiro

EME Estado-Maior do Exército

END Estratégia Nacional de Defesa

EUA Estados Unidos da América

F Ter Força Terrestre

FA Força Armada

FAB Força Aérea Brasileira

MWD Military Working Dogs

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NCCCM Normas para a Construção e o Controle de Canis Militares

NCET Normas de Conduta de Emprego de Tropa

NORCCAN Normas para o Controle de Caninos no Exército Brasileiro

OM Organização Militar

OSP Órgão de Segurança Pública

PCIFlu Posto de Controle e Inspeção Fluvial

PCN Programa Calha Norte

PD Patrol Dogs

PEDD Patrol Explosive Detector Dogs

PEF Pelotão Especial de Fronteira

PNDD Patrol Narcotic Detector Dogs

PE Polícia do Exército

PPIF Programa de Proteção Integrada de Fronteiras

QCP Quadro de Cargos Previstos

RM Região Militar

SCG Seção de Cães de Guerra

SGLRV Seção de Gestão Logística de Remonta e Veterinária

SSP Secretaria de Segurança Pública

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................17

1.1 PROBLEMA .........................................................................................................20

1.2 OBJETIVOS .........................................................................................................22

1.3 HIPÓTESES ......................................................................................................23

1.4 JUSTIFICATIVAS .................................................................................................23

2 REVISÃO DE LITERATURA ..............................................................................26

2.1 O AMBIENTE OPERACIONAL AMAZÔNICO .................................................26

2.1.1 O tráfico de drogas na fronteira amazônica ...............................................32

2.2 O EMPREGO DE CÃES EM ATIVIDADES MILITARES ................................36

2.2.1 Os cães no Exército Brasileiro ........................................................................41

2.2.1.1 Situação dos efetivos militares e caninos .........................................................41

2.2.1.2 Situação operacional .......................................................................................48

2.2.1.3 Aspectos logísticos ...........................................................................................53

2.2.1.4 Assistência veterinária ....................................................................................54

2.2.2 Os cães no Exército dos Estados Unidos da América ................................57

2.2.2.1 Cães ...............................................................................................................57

2.2.2.2 Equipes de MWD ...........................................................................................59

2.2.2.3 Estrutura hierárquica .......................................................................................59

2.2.2.4 Procedimentos administrativos .......................................................................60

2.2.2.5 Treinamento ..................................................................................................61

2.2.2.6 Validação e certificação .....................................................................................63

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2.2.2.7 Inspeções ........................................................................................................63

2.2.2.8 Assistência veterinária .....................................................................................64

3 METODOLOGIA ...........................................................................................66

3.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO ...................................................................66

3.2 AMOSTRA ......................................................................................................68

3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ....................................................................73

3.3.1 Procedimentos para a revisão de literatura ..............................................74

3.3.2 Procedimentos metodológicos ..................................................................75

3.3.3 Instrumentos .................................................................................................76

3.3.4 Análise dos dados .............................................................................................76

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................78

4.1 DIMENSÃO ADMINISTRATIVA ......................................................................78

4.1.1 Efetivo pessoal .................................................................................................78

4.1.1.1 QCP ...............................................................................................................78

4.1.1.2 Oficiais veterinários .................................................................................................81

4.1.1.3 Oficiais combatentes ...............................................................................................82

4.1.1.4 Praças ...........................................................................................................85

4.1.2 Efetivo canino ......................................................................................................87

4.1.3 Tratamento veterinário .........................................................................................91

4.1.4 Transporte ......................................................................................................96

4.1.5 Aquisição de materiais e suprimentos ...............................................................98

4.1.6 Instalações físicas ...............................................................................................102

4.2 DIMENSÃO OPERACIONAL ................................................................................104

4.2.1 Preparo .............................................................................................................104

4.2.2 Emprego ......................................................................................................108

4.2.3 Repressão ao narcotráfico ................................................................................111

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5 CONCLUSÃO ......................................................................................................116

REFERÊNCIAS ............................................................................................123

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA BIS ................................................132

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PARA OM COM SCG ..................................136

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO PARA ADESTRADORES .............................142

APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO PARA SGLRV ............................................145

APÊNDICE E – PROPOSTA DE ATUALIZAÇÃO DE MANUAL ...........................147

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1 INTRODUÇÃO

A fronteira do Brasil, compartilhada com dez países da América do Sul,

apresenta 16.886 km de extensão, e grande parte dessa área é permeável ao tráfico

de entorpecentes. A porosidade das fronteiras, aliada às estratégias dos traficantes,

permite que essas substâncias alcancem, posteriormente, os grandes centros de

consumo e de redistribuição. No que tange à Amazônia brasileira, delimitada

externamente por 10.404 km, ou seja, cerca de 62% da fronteira nacional, o

narcotráfico configura-se como o principal problema de segurança nacional. Borges

(2014) relata que essa região abriga a maior porta de entrada de cocaína no Brasil,

a saber, a fronteira com a Colômbia, o Peru e a Bolívia, fato que enseja adoção de

medidas do Estado Brasileiro para enfrentar os delitos transnacionais.

De acordo com Abdalla, Madruga, Ribeiro, Pinsky, Caetano e Laranjeira

(2014), o Brasil está entre os maiores mercados consumidores de cocaína do

mundo, atrás apenas dos Estados Unidos da América (EUA). Ainda sobre esse

dado, o relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime - UNDOC

(UNITED NATIONS, 2016) aponta que o Brasil é o principal fornecedor internacional

da droga para a Europa, a África e a Ásia, considerando o período compreendido

entre 2009 e 2014.

Durante o período de 2009 a 2014, o Brasil foi o país mais frequentemente citado como distribuidor de cocaína para a Europa [e] o mais citado dentre os países de toda América Latina como origem do transporte de cocaína para a Ásia. [...] A África é frequentemente abastecida com cocaína enviada pelo Brasil, que compreende 51% de todas as menções dos países Sul-americanos. (UNITED NATIONS, 2016, p.38, tradução nossa).

Esse tráfico doméstico e internacional de drogas fornece recursos financeiros

para organizações criminosas das grandes metrópoles brasileiras e está ligado a

outras atividades ilícitas, como o tráfico de armas, ameaçando a segurança da

população e a estabilidade do país.

A Amazônia brasileira é uma região estratégica para o narcotráfico doméstico

e internacional, o que ficou evidenciado pela disputa do monopólio dos fornecedores

de drogas que atuam na área que compreende os afluentes do Rio Solimões,

especificamente o Trapézio Amazônico, a tríplice fronteira entre Brasil, Peru e

Colômbia. As facções criminosas Família do Norte e Primeiro Comando da Capital

entraram em confronto no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus,

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resultando na morte de cinquenta e seis detentos em janeiro de 2017, conforme

noticiado por Stochero (2017).

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas

(2017), no ano de 2015 foram apreendidas 11 (onze) toneladas de cocaína no

estado; em 2016, foram 10 (dez) toneladas. Segundo estimativas do governo do

Amazonas, o narcotráfico movimenta cerca de R$ 5,7 bilhões por ano. Enfrentar

essa realidade e propor soluções para aperfeiçoar a proteção das fronteiras

brasileiras constitui-se, portanto, em um complexo desafio ligado à política de

segurança nacional.

A fim de fazer frente a esse crime, o Estado brasileiro tem intensificado o

emprego de políticas antidrogas, o que tem se caracterizado pela securitização do

combate ao narcotráfico, isto é, o emprego das Forças Armadas (FA) em ações

emergenciais que vão além das atribuições previstas na Carta Magna. Em 2004,

iniciou-se a aplicação do Decreto nº 5.144/04 (BRASIL, 2004a), conhecido como “Lei

do Abate”, possibilitando a destruição de aeronave hostil pela Força Aérea Brasileira

(FAB), com a finalidade de interromper o tráfico de drogas por via aérea. Mais

recentemente foi instituído, por meio do Decreto nº 8.903/16 (BRASIL, 2016c), o

Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF), com o fito de aumentar a

prevenção, o controle, a fiscalização e a repressão aos delitos transfronteiriços, com

“atuação integrada e coordenada dos órgãos de segurança pública, dos órgãos de

inteligência, da Secretaria da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda e

do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas” (BRASIL, 2016c).

Por conta da riqueza de recursos e da vulnerabilidade de acesso, a Amazônia

é encarada como prioridade no planejamento de defesa, conforme a Estratégia

Nacional de Defesa (END). A END possui a Diretriz Estratégica de aprimorar a

vigilância, o controle e a defesa das fronteiras (BRASIL, 2013c). Segundo o

documento, as extensas áreas fronteiriças da Amazônia dificultam o controle e a

presença do Estado e, por conseguinte, aumentam as responsabilidades do Exército

Brasileiro (EB) na região.

O EB atua ao longo da Faixa de Fronteira amazônica na repressão dos delitos

transfronteiriços e ambientais, podendo realizar revista de pessoas, veículos,

embarcações e aeronaves, conforme preconiza a Lei Complementar nº 117/04

(BRASIL, 2004b), que estabelece as novas atribuições subsidiárias para as FA.

Nessa área, onde a Força Terrestre (F Ter), instrumento de ação do EB, possui

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poder de polícia, as tropas mais vocacionadas para a atividade de patrulhamento

pertencem às unidades de Infantaria. Essas unidades formam a base dos

Comandos de Fronteira (C Fron), que mantém, permanentemente, tropas na linha

de fronteira realizando patrulhamento para coibir o acesso de materiais provenientes

de ilícitos ao Território Nacional, especialmente de drogas e de armas.

Cães farejadores são utilizados largamente pelas FA e pelas polícias de

diversos países no trabalho de detecção de entorpecentes em portos, aeroportos e

rodovias, em virtude da sua aguçada capacidade olfativa. A partir da década de 60,

começaram a ser empregados em áreas fronteiriças para detecção de narcóticos na

Suécia (1967), na Alemanha – RFA (1969), nos Estados Unidos da América (1972) e

no Canadá (1973) (UNITED NATIONS, 1976). No Brasil, a maior apreensão de

drogas (24,5 toneladas de maconha) foi realizada com auxílio de cães farejadores,

conforme noticiado pela Polícia Rodoviária Federal (2015). Esse dado ratifica o fato

de que um cão de faro consegue examinar com eficácia diversos tipos de cargas,

embarcações, veículos, aeronaves, construções e até mesmo pessoas, podendo

aumentar a eficiência de postos de controle nas faixas de fronteira.

Acompanhando a crescente tendência mundial do uso de cães em atividades

militares, cinquenta e sete aquartelamentos do EB possuem autorização para

empregar esses animais. Contudo, atualmente, nenhuma unidade militar que

fiscaliza a Faixa de Fronteira amazônica possui cães homologados em sua carga,

segundo a Diretoria de Abastecimento (BRASIL, 2016a), órgão interno do EB que

controla os efetivos caninos.

O cão é uma ferramenta comprovadamente eficaz, que potencializa a atuação

da F Ter como polícia de fronteira, possibilitando maior eficiência na repressão de

ilícitos transfronteiriços. Portanto, é necessário que medidas sejam adotadas para

viabilizar a implementação de cães de guerra nos aquartelamentos da Faixa de

Fronteira da região amazônica.

Nesse diapasão, o EB resolveu, por meio da Portaria nº 019-EME, de 06 de

fevereiro de 2017 (BRASIL, 2017c), estabelecer que funcionasse em Manaus, no 7º

Batalhão de Polícia do Exército (7º BPE), um Centro de Reprodução e Distribuição

de Caninos (CRDC), nos moldes do que já existe em Brasília, no Batalhão de Polícia

do Exército de Brasília (BPEB), e em Osasco, no 2º Batalhão de Polícia do Exército

(2º BPE). Essa decisão reforça a relevância que o EB atribui ao cão ao possibilitar

que essa ferramenta fosse melhor distribuída para a região amazônica.

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O CRDC localizado na Amazônia deve ter condições de sanar as deficiências

logísticas da região para prover cães aos Batalhões de Infantaria de Selva (BIS) e C

Fron. Além disso, para que os cães atuem nas áreas estratégicas para o controle do

tráfico de drogas, é preciso que haja condições adequadas ao emprego efetivo

desses animais. Por isso, o presente trabalho visa avaliar a influência que os

aspectos operacionais e administrativos que envolvem o emprego dos cães de

guerra pelo Exército Brasileiro exercem na repressão ao narcotráfico na Faixa de

Fronteira amazônica. Desta forma, ao se identificar os fatores que possam contribuir

ou dificultar emprego dos animais, é possível fazer ajustes com vistas a aproveitar

as capacidades caninas na fronteira.

1.1 PROBLEMA

Dentro da estrutura organizacional da F Ter, o Comando Militar de Área (C Mil

A) é o mais alto escalão de enquadramento das Organizações Militares (OM) no

cumprimento de missões operacionais. O EB está dividido em oito C Mil A, conforme

ilustrado na Figura 1.

FIGURA 1 - Comandos Militares de Área. Fonte: Sítio eletrônico do Exército Brasileiro. Brasil (2017e).

O Comando Militar da Amazônia (CMA) e o Comando Militar do Norte (CMN),

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responsáveis pelas áreas operacionais onde existem unidades destacadas com

poder de polícia e que realizam fiscalizações permanentes na Faixa de Fronteira

amazônica, possuem, ao todo, apenas 27 (vinte e sete) cães homologados (BRASIL,

2016a), correspondendo a apenas 6,73% do total de cães existentes no EB nessa

área que representa 45,89% do território nacional. Em contrapartida, os demais C

Mil A possuem juntos 374 (trezentos e setenta e quatro) cães, ou seja, 93,27%

desses animais, sendo que detém uma área de responsabilidade de 54,11% do

território. Dessa forma, percebe-se que a relação entre cães existentes e a área

territorial dos C Mil A possui uma acentuada desproporção, que pode ser melhor

visualizada pelo gráfico abaixo:

GRÁFICO 1 - Proporção de cães existentes e área territorial entre os C Mil A. Fonte: O autor.

Dos cães existentes no CMA e CMN, não consta nenhum em carga nas OM

localizadas na Faixa de Fronteira da região amazônica. Atualmente, os CRDC em

funcionamento, localizados no BPEB e no 2º BPE, não conseguem produzir o

quantitativo de cães previstos para suprir a demanda total existente, já que 32% dos

claros de cães não estão ocupados (BRASIL, 2016a). Possivelmente em virtude

dessa dificuldade de abastecimento das unidades localizadas na região amazônica

pelos centros existentes em Brasília e em Osasco, foi autorizado em 2017 o

funcionamento de um CRDC no 7º BPE em Manaus.

O uso dessa ferramenta por outras OM na fronteira, inclusive pelos Pelotões

45,89%

6,73%

54,11%

93,27%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Área Territorial Cães Existentes

CMA e CMN

Demais C Mil A

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Especiais de Fronteira (PEF), destacamentos situados estrategicamente nos

principais rios que dão acesso ao território nacional, pode aumentar

significativamente o poder de repressão de ilícitos transnacionais, notadamente a

entrada e circulação de narcóticos na região. Por outro lado, existe uma lacuna no

emprego de cães de guerra na Faixa de Fronteira. Na região, apenas dois Pelotões

de Polícia do Exército, a saber, o 22º Pel PE de São Gabriel da Cachoeira-AM e o

32º Pel PE de Boa Vista-RR, possuem a previsão de receber três cães de guerra

cada.

A porosidade das fronteiras reforça a relevância estratégica da área para o

narcotráfico internacional. Se, na década de 90, a capilaridade das hidrovias

facilitava o transporte de pasta base do Peru e da Bolívia para o refino em

laboratórios colombianos, hoje em dia, os rios fronteiriços iniciam o escoamento da

droga não somente para os novos mercados internacionais, como África e Europa,

como também para o mercado interno.

Diante da notável defasagem do efetivo de cães de guerra na fronteira frente

ao seu grande potencial operacional, revela-se a necessidade de se investigar os

fatores que justificam ou contribuem para esse quadro. Dessa forma, surge como

problema da pesquisa: “qual a influência que os aspectos operacionais e

administrativos que envolvem o emprego de cães de guerra pelo Exército Brasileiro

exercem na repressão ao narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica? ”

1.2 OBJETIVOS

No intuito de responder ao problema desta pesquisa, de forma a identificar a

principal finalidade da investigação e as ações a serem realizadas, foram

estabelecidos o objetivo geral e os objetivos específicos.

O objetivo geral do trabalho é avaliar a influência que os aspectos

operacionais e administrativos que envolvem o emprego dos cães de guerra pelo

Exército Brasileiro exercem na repressão ao narcotráfico na Faixa de Fronteira

amazônica.

Seguindo um caminho lógico visando a consecução do objetivo acima

exposto, procurou-se atingir os seguintes objetivos específicos:

a) Apresentar as características da atuação do Exército Brasileiro no

ambiente operacional amazônico e do tráfico de drogas na referida região;

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b) Descrever o emprego de cães em atividades militares;

c) Examinar as características relativas ao emprego de cães de guerra

pelo EB, pelos Órgãos de Segurança Pública (OSP) e pelas FA de outros países;

d) Identificar, com base na confrontação dos resultados dos questionários,

os principais óbices que dificultam a implantação de uma Seção de Cães de Guerra

(SCG) nos BIS e C Fron; e

e) Propor uma atualização do Caderno de Instrução de Emprego de Cão

de Guerra, especificamente da seção referente a emprego de Cães de Detecção de

Narcóticos (CDN).

1.3 HIPÓTESES

Supondo que a existência de limitações de ordem administrativa e

operacional pode restringir a implementação e o emprego de cães de guerra pelos

BIS e C Fron, foram elaboradas hipóteses estatísticas apresentadas a seguir, em

suas formas nula (H0) e alternativa (H1), respectivamente:

H0: os aspectos operacionais e administrativos que envolvem o emprego de

cães de guerra pelo Exército Brasileiro favorecem a repressão ao narcotráfico na

fronteira amazônica.

H1: os aspectos operacionais e administrativos que envolvem o emprego de

cães de guerra pelo Exército Brasileiro não favorecem a repressão ao narcotráfico

na fronteira amazônica.

1.4 JUSTIFICATIVAS

Os BIS atuam na repressão de ilícitos transfronteiriços. Essa missão contribui

decisivamente para a paz social e para o progresso do Brasil, já que nela inclui-se a

repressão ao tráfico de drogas, fator que desencadeia e subsidia grande parcela dos

casos de violência no país.

O EB precisa continuar aprimorando seus recursos humanos e materiais para

melhor vigiar as fronteiras. Nesse contexto, estudos como o de Sakata (2015)

apontam que o controle do tráfico de entorpecentes é mais eficaz quando há o

emprego de cães farejadores durante as revistas. Andrade (2015) ressalta que o cão

possui baixo custo e grande eficiência, podendo desenvolver importantes tarefas em

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apoio aos militares, tais como: guarda de instalações, controle de distúrbios, captura

de foragidos, varredura de áreas, entrada em localidade, busca de pessoas

perdidas, localização de evidências e detecção de explosivos, armas e drogas.

Essa ferramenta já vem sendo empregada com êxito no Brasil pelos OSP,

como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícias Militares estaduais,

bem como no exterior, a exemplo dos EUA, na sua fronteira com o México,

possibilitando expressivas apreensões de narcóticos. No Rio de Janeiro, o Batalhão

de Ações com Cães (BAC) é o único, dentre as cinquenta unidades operacionais no

estado, que emprega cães em atividades policiais. De janeiro a agosto de 2016, o

Batalhão foi responsável por 62,74% do volume de apreensões de drogas em todo o

estado. (RAYOL, 2016).

No âmbito da fronteira amazônica, Santos (2012) relatou que, no ano de

2010, o Departamento da Força Nacional de Segurança Pública, numa operação

denominada Três Fronteiras, em apoio à Polícia Militar do Estado do Amazonas,

mobilizou doze militares, cada um conduzindo um cão condicionado a farejar drogas,

para serem empregados na cidade de Tabatinga-AM, e que “no período de

Fevereiro a Outubro de 2010, foi apresentado pelo comando dos cinotécnicos um

resultado estatístico de 535,2 Kg de pasta base e 44Kg de cocaína” (SANTOS,

2012, p.14).

A despeito das evidências que atestam os benefícios operacionais do

emprego do cão na detecção de narcóticos, e da existência de legislação no EB que

permite que qualquer OM possa se adequar para receber cães (BRASIL, 2017c), há

óbices que estão inviabilizando a implantação de cães nessas unidades ou que

podem vir a dificultar o seu emprego caso recebam cães na conjuntura atual. De

Paula (2008) identifica essa lacuna e sugere que o combate ao tráfico de

entorpecentes na região seja realizado mediante a mobilização das SCG já

existentes, em operações programadas. No entanto, a frequência esporádica desse

tipo de operação, tais como a Operação Ágata, demonstrou ser, segundo o Ministro

da Defesa Raul Jungman (BRASIL, 2016e), pouco eficaz, tendo em vista os fatores

de previsibilidade e de descontinuidade da repressão, o que faz com que os

contraventores cessem as suas atividades quando da deflagração da operação e a

retomem tão logo essa seja concluída. Por isso, o Ministro defende o caráter

contínuo dessas operações. Ademais, os constantes deslocamentos de militares

habilitados e de cães de guerra dos grandes centros para as fronteiras amazônicas

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se tornam inviáveis devido às dificuldades logísticas e à retirada dos meios dessas

unidades, o que pode comprometer a sua prontidão operativa.

Sendo assim, levando-se em conta a extensão da fronteira, a presença

permanente do cão de guerra em unidades da Faixa de Fronteira, possibilitada pela

implantação de SCG em BIS, facilitaria o emprego sistemático dessa ferramenta

nessas operações, proporcionando-lhes condições de melhor adaptação ao

ambiente operacional amazônico e evitando o deslocamento constante de caninos.

Além disso, a vigilância diuturna da fronteira realizada pelos PEF seria

significativamente incrementada pelo uso de cães farejadores em pontos de

bloqueio fixos e móveis, ou seja, tanto em operações em Postos de Controle e

Inspeção Fluvial (PCIFlu), quanto em atividades de patrulhamento e reconhecimento

de fronteira.

Em virtude disso, o presente trabalho científico busca avaliar a influência que

os aspectos operacionais e administrativos que envolvem o emprego dos cães de

guerra pelo Exército Brasileiro exercem na repressão ao narcotráfico na Faixa de

Fronteira amazônica. Diante desse panorama, a identificação de possíveis óbices e

de suas respectivas soluções facilitará a implantação e o emprego de cães pelas

OM situadas na Faixa de Fronteira, em atividades de patrulhamento de rotina, bem

como nas demais operações esporádicas, aumentando a eficácia no controle e na

redução da entrada de drogas no país. Dessa forma, esse trabalho contribui para o

aprimoramento da doutrina do EB em relação ao emprego de cães de guerra,

sobretudo na repressão aos ilícitos transfronteiriços.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão da literatura está dividida em dois tópicos: o ambiente operacional

amazônico e o emprego de cães em atividades militares.

2.1 O AMBIENTE OPERACIONAL AMAZÔNICO

A ocupação militar da Amazônia começou no período colonial e teve como

premissa a construção de fortificações que garantissem a posse das terras – e,

portanto, a soberania - do Estado português na região. No século XVII, em 1616, os

portugueses construíram o Forte do Presépio, em Belém. Em 1669, fundaram o

Forte São João da Barra do Rio Negro, atual Manaus. Por fim, valendo-se da

estratégia de colonização dirigida, os lusos alcançaram, no século XVIII, o Forte São

Gabriel da Cachoeira, em 1762, e o Forte São Francisco Xavier da Tabatinga, em

1776.

Findos esses marcos, as iniciativas de ocupação soberanista da Amazônia

arrefeceram, e só foram retomadas na década de 70 do século XX, no período dos

governos militares. Sobre essa atuação, Dhenin (2012) ressalta que:

Além dos empreendimentos produtivos e das obras de infraestrutura, os próprios militares foram atores decisivos da ocupação e da urbanização, desde a década de 1970, ao criar e transferir grandes unidades militares para a região. (DHENIN, 2012, p.2)

O objetivo dessa ocupação era, conforme aponta Soares (1972), forjar uma

fronteira viva, nas quais os destacamentos fomentariam o surgimento de “núcleos

populacionais bem organizados, bem providos de resistência orgânica e

perfeitamente aparelhados para se transformarem em futuras cidades” (SOARES,

1972, p.170).

A ocupação da fronteira norte da Amazônia foi estimulada pelo Programa

Calha Norte (PCN). Esse programa foi responsável “pela instalação dos sistemas de

engenharia (fixos) básicos nas áreas mais inóspitas e distantes da Amazônia

brasileira, realizados através das Forças Armadas” (EUZÉBIO, 2014, p.119). Além

disso, Drummond, Bursztyn e Franchi (2011) relatam que o PCN empreendeu a

construção de quartéis, PEF, trechos de rodovias, aeródromos, hospitais, escolas,

centros de saúde etc.

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Na década de 90, o Plano Colômbia, que estabelecia ajuda financeira e militar

dos EUA à Colômbia com vistas ao combate ao narcotráfico, previa a entrada de

militares americanos na Amazônia brasileira, motivando a revitalização do Sistema

de Vigilância da Amazônia (SIVAM), um “programa multidisciplinar que integra meios

destinados à aquisição, à visualização, ao processamento, ao armazenamento e à

difusão de dados e imagens” (LOURENÇÃO, 2006, p. 121), objetivando, assim, o

monitoramento da região.

A END estabelece como diretriz a priorização da região amazônica. De

acordo com o documento, “a defesa da Amazônia exige avanço de projeto de

desenvolvimento sustentável e passa pelo trinômio monitoramento/controle,

mobilidade e presença” (BRASIL, 2013c). Em decorrência da aprovação da END, o

Comando do Exército concebeu o Sistema Integrado de Monitoramento de

Fronteiras (SisFron), com o objetivo de “incrementar a capacidade de monitorar as

áreas de fronteira” (BRASIL, 2017a), enfatizando o uso de tecnologia de domínio

nacional.

Mais recentemente, de acordo com Miranda e Nascimento (2012), o

Programa Amazônia Protegida, de 2009, estabeleceu como um dos objetivos o

adensamento dos militares na região, adotando metas como a implantação de 28

(vinte e oito) PEF até 2018. Por fim, estabeleceu-se em 2011 o Plano Estratégico de

Fronteiras, revogado recentemente pelo Decreto nº 8.903 (BRASIL, 2016c), que

instituiu o PPIF, com vistas a reforçar a presença do Estado no combate aos crimes

de fronteira, integrando as Forças Armadas, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária

Federal, a Receita Federal e as demais agências governamentais. Do PPIF,

originaram-se as Operações Ágata, que desenvolvem ações de fiscalização contra

delitos transfronteiriços.

De acordo com Carlos de Meira Mattos, fronteira é a “faixa de contorno do

corpo estatal” (MATTOS, 1990 apud SUMOCOSKI, 2011, p.2), pois é o limite da

área de poder e do exercício de soberania de um Estado, definido no solo, no mar e

no ar. Essa definição embasa-se numa abordagem tradicional de Estado moderno,

indissociável da ideia de território regido por um poder soberano – o governo central

-, que nele exerce controle efetivo, garantindo a eficácia de um ordenamento jurídico

específico.

A garantia da soberania na região de fronteira é uma preocupação

governamental desde o Brasil Império, que, por meio da Lei nº 601, de 18 de

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dezembro de 1850, proibia a compra de “terras situadas nos limites do Império com

paizes [sic] estrangeiros em uma zona de 10 léguas, as quaes [sic] poderão ser

concedidas gratuitamente.” (BRASIL, 1850), equivalente a 66 km. Nos dias de hoje,

a Lei nº 6.634, de 2 de maio de 1979 (BRASIL, 1980) delimita como sendo Faixa de

Fronteira a área interna de 150 km de largura, paralela à linha divisória terrestre do

território nacional. Trata-se, de acordo com o texto legal, de uma área indispensável

à Segurança Nacional.

A atuação do EB na Faixa de Fronteira é regulada pela Lei Complementar nº

136, de 25 de agosto de 2010, que alterou a Lei Complementar nº 97, de 9 de junho

de 1999. Esse instrumento legal determina atribuições subsidiárias das FA no que

tange à região em tela:

Art. 16-A. Cabe às Forças Armadas, além de outras ações pertinentes, também como atribuições subsidiárias, preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores, independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de: I - patrulhamento; II - revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; III - prisões em flagrante delito. (BRASIL, 2010)

A Diretriz Estratégica para Atuação na Faixa de Fronteira contra Delitos

Transfronteiriços e Ambientais, integrante das Diretrizes Estratégicas do Exército,

estabelece as ações a serem empreendidas pela F Ter em missões de combate aos

delitos transfronteiriços:

1) De caráter geral, dentre outras: a) buscar maior integração com os núcleos populacionais fronteiriços; b) ampliar a presença militar na faixa de fronteira, aumentando o poder de dissuasão e inibindo a ocorrência de delitos transfronteiriços e ambientais; c) aumentar o intercâmbio das atividades de inteligência com os órgãos públicos; e d) intensificar e aprimorar a preparação da tropa para o cumprimento das missões estabelecidas no inciso IV, Art 17A., da LC 97/99, particularmente quanto aos procedimentos para executar revista de pessoas e prisão em flagrante delito. 2) Preventivas, dentre outras: a) intensificar as atividades de preparo da tropa, de inteligência e de comunicação social, consideradas de caráter permanente; b) cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, for desejável e em virtude de solicitação, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução; e

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c) prover segurança às atividades de órgãos federais, quando solicitado e desejável, amparando-se no inciso de que trata esta Diretriz. 3) Repressivas, dentre outras: a) instalar e operar postos de bloqueio e controle de estradas e fluviais e postos de segurança estáticos; b) realizar patrulhamento e revista de pessoas, veículos, embarcações, aeronaves e instalações; c) efetuar prisão em flagrante delito; d) apoiar a interdição de pistas de pouso e atracadouros clandestinos, utilizados, comprovadamente, para atividades ilícitas; e e) fiscalizar produtos controlados. (BRASIL, 2005b, p.21)

Cabe ressaltar que o caráter subsidiário dessa atribuição não deve ser

confundido com as missões de Garantia da Lei e da Ordem, que não prescindem da

iniciativa de qualquer dos poderes constitucionais, conforme define a Carta Magna

de 1988. Desta forma, em situação de normalidade, as FA atuam permanentemente

no combate a delitos transfronteiriços e ambientais sem determinação presidencial,

auxiliando a Polícia Federal, instituição que tem como atribuição constitucional a

função de Polícia de Fronteira.

Nessa região, as FA estão revestidas de “parcela do poder de polícia

ostensivo para praticar ações de policiamento ostensivo” (TAVEIRA, 2011, p.42).

Consoante essa atribuição subsidiária, nas ações de prevenção e repressão aos

delitos transfronteiriços, a F Ter deverá estar focada, em princípio, sobre os

seguintes ilícitos: a entrada (e/ou a tentativa de saída) ilegal no território nacional de

armas, munições, explosivos e demais produtos controlados; o tráfico ilícito de

entorpecentes e/ou de substâncias que determinem dependência física ou psíquica,

ou matéria prima destinada à sua preparação; o contrabando e o descaminho,

especificados no Código Penal Comum; o tráfico de plantas e de animais; a entrada

(e/ou a tentativa de saída) no território nacional de vetores em desacordo com as

normas de vigilância epidemiológica. (BRASIL, 2005b)

A END (BRASIL, 2013c) determina que as unidades militares situadas nas

fronteiras devem funcionar como destacamentos avançados de vigilância e

dissuasão. Seguindo essa diretriz, o EB possui unidades em locais estratégicos da

fronteira, normalmente na confluência dos rios, haja vista a importância do modal

fluvial na região. Os BIS são OM responsáveis pelo patrulhamento e segurança da

área. Essas unidades destacam frações menores, que são os PEF, para fiscalizar a

linha de fronteira, com o intuito de reprimir ilícitos, tais como o tráfico de drogas, de

armas, de minérios e de animais silvestres.

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[Os Pelotões Especiais de Fronteira] promovem a vigilância das principais vias penetrantes do território nacional, contribuindo para a manutenção da integridade territorial e a vivificação de uma região muito pouco assistida pelo Estado. Essas pequenas unidades militares se distribuem em pontos estratégicos de fronteira, quase sempre localizadas à beira dos grandes rios amazônicos, únicos meios de locomoção em superfície. [...] O pelotão é responsável pela fiscalização de embarcações e, consequentemente, pelo controle do tráfico de drogas, da exploração ilegal de madeiras ou de outros recursos naturais, como animais silvestres. A principal tarefa dos pelotões, entretanto, é fiscalizar permanentemente a fronteira, checando marcos e acompanhando movimentos suspeitos. (TAVEIRA, 2011, p.46)

As Normas de Conduta de Emprego de Tropa (NCET) do CMA (BRASIL,

2016b) pormenorizam os detalhes da atuação da tropa e orientam os comandantes

de escalões menores, a fim de diminuir a ocorrência de erros ou abusos por parte da

tropa empregada. Essas normas também fixam as regras de engajamento para cada

operação, além de detalhar procedimentos a serem tomados em situações diversas.

As NCET preveem que:

Na ausência dos Órgãos Públicos Federais e Estaduais, na faixa de fronteira, além de suas atividades normais de manutenção da soberania brasileira, os PEF deverão manter, permanentemente, PCI Fluviais e/ou Terrestres junto aos pelotões, com a finalidade de coibir o acesso ao Território Nacional de materiais provenientes de ilícitos transnacionais, notadamente narcóticos, armas, munições, etc. (BRASIL, 2016b, p.153)

O mapa abaixo caracteriza a Faixa de Fronteira na região amazônica e

representa os Batalhões de Infantaria localizados no CMA e no CMN, além das

tropas destacadas, a exemplo dos PEF.

FIGURA 2 - Batalhões de Infantaria de Selva e seus destacamentos (CMA e CMN). Fonte: O autor.

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A presença das tropas nessas áreas torna-se vital, conforme a Política

Nacional de Defesa (BRASIL, 2013c), no sentido de desenvolver a região para

promover aumento da densidade demográfica e, consequentemente, diminuir os

espaços inabitados que dificultam o controle da extensa área amazônica.

A vivificação, política indigenista adequada, a exploração sustentável dos recursos naturais e a proteção ao meio-ambiente são aspectos essenciais para o desenvolvimento e a integração da região. O adensamento da presença do Estado, e em particular das Forças Armadas, ao longo das nossas fronteiras, é condição necessária para conquista dos objetivos de estabilização e desenvolvimento integrado da Amazônia. (BRASIL, 2013c, p.23-24)

Para lidar com a complexidade do ambiente operacional amazônico é

necessário um esforço concentrado das forças militares e das agências

governamentais e civis. Essa integração entre diversas agências, denominada de

Operações Interagências, é essencial para o êxito das fiscalizações. De acordo com

o Manual de Campanha Operações em Ambiente Interagências (BRASIL, 2013a),

essas operações possuem como característica a:

Interação das Forças Armadas com outras agências com a finalidade de conciliar interesses e coordenar esforços para a consecução de objetivos ou propósitos convergentes que atendam ao bem comum, evitando a duplicidade de ações, dispersão de recursos e a divergência de soluções com eficiência, eficácia, efetividade e menores custos. (BRASIL, 2013a, p.1-2)

No sítio do Ministério da Defesa (BRASIL, 2015) é relatado que, consoante os

objetivos do PPIF de fortalecer a prevenção, o controle, a fiscalização e a repressão

aos delitos transfronteiriços, o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas coordena

anualmente a Operação Ágata, envolvendo o emprego conjunto das três forças

singulares e do trabalho entre agências governamentais, tais como a Polícia Federal,

Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança Pública, Agência Brasileira

de Inteligência, Ibama, Funai, Receita Federal e órgãos de segurança dos estados

das regiões de fronteira.

Além de atuar em grandes operações, como a Ágata, o EB trabalha em

conjunto com a Polícia Federal e Polícias Civil e Militar em bases flutuantes,

conforme noticiado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas

(2015). Como exemplo desses postos, tem-se a Base Garatéia, no município de

Santo Antônio do Iça-AM, e a Base Anzol, estrategicamente localizada na Região do

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Alto Solimões, no município de Tabatinga-AM, tríplice fronteira Peru-Colômbia-Brasil,

por onde entra a cerca de 70% da droga que abastece o tráfico no Amazonas.

2.1.1 O tráfico de drogas na fronteira amazônica

Embora tenha sido alvo de regulamentações desde a década de 70, com a

Lei nº 6.368/76, de 21 de outubro de 1976, que dispôs sobre medidas de prevenção

e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes, conforme

afirmam Procópio Filho e Vaz (1997), o narcotráfico tornou-se um tema relevante na

agenda governamental e na sociedade brasileira a partir da década de 90 do século

passado.

Nessa perspectiva, as FA foram inseridas no enfrentamento do problema das

drogas, sendo empregadas em operações de repressão direta em áreas controladas

pelo narcotráfico na cidade do Rio de Janeiro, entre 1994 e 1995, nas Operações

Rio I e II. Na última década, as FA foram empregadas novamente nesse contexto,

em 2011, na Operação Arcanjo (Complexo do Alemão – RJ) e, em 2014, na

Operação São Francisco (Complexo da Maré – RJ). Procópio Filho e Vaz (1997)

relativizam a eficácia desse tipo de operação, que acaba por focar nos sintomas do

tráfico de entorpecentes, sem considerar as causas do fenômeno. Ainda sobre as

medidas de repressão nos grandes centros urbanos, os referidos autores analisam

que:

Os esforços nacionais contra as drogas se centraram quase que somente nos grandes portos marítimos e aeroportos, evitando a saída das drogas para o exterior, ou seja, para os Estados Unidos da América e a Europa Ocidental. Contudo, as autoridades esqueceram-se que uma política inteligente e efetiva deveria se preocupar com a entrada pelo “fundo” e, em consequência, com a saída pela “frente”. (PROCÓPIO FILHO; VAZ, 1997, p. 95)

De acordo com Haesbaert e Gonçalves (2005), a soberania do poder do

Estado sobre seu território tem sido relativizada como consequência da

globalização. Existem, hoje em dia, novas escalas de poder, que trazem novas

lógicas territoriais, a exemplo dos territórios em rede, como aqueles articulados pelo

narcotráfico internacional, incrementado pelas atuais facilidades de deslocamento no

atual período técnico-científico.

A estrutura reticular do território do tráfico projeta o conceito de

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"territorialidade descontínua (ou em rede)" (SOUZA apud COUTO, 2011, p.19),

tendo em vista que os pontos fixos da rede são interligados por fluxos – de pessoas,

de mercadorias, de capital – e não necessariamente por um espaço físico, o que

evidencia uma sobreposição de diversas redes. Essas novas territorializações do

poder são eficientemente exploradas pelo crime organizado, e reestruturam a

questão da segurança e da defesa nacional. Se antes um Estado precisava se

proteger das investidas de um inimigo definido, a saber, um Estado estrangeiro,

atualmente as organizações criminosas estruturadas em rede tornam o inimigo

difuso. Segundo Procópio Filho e Vaz (1997, p.177), “o narcotráfico [é um] fenômeno

que nada à vontade nas águas da globalização”. Por isso, a expansão das redes

ilegais desafia a segurança nacional e o poder do Estado.

Devido a suas peculiaridades, a Amazônia brasileira configura-se como parte

importante da geopolítica do narcotráfico. A proximidade dos principais produtores

de cocaína, as características físicas, como a floresta densa de mata fechada e os

rios que ultrapassam os limites do território nacional, o baixo grau de

desenvolvimento econômico e os vazios demográficos, com relativa ausência do

Estado, são fatores que explicam o elevado nível de dificuldade operacional na

região, bem como a sua vulnerabilidade às redes do crime organizado.

Segundo Couto (2011), a inserção do Brasil e de sua porção amazônica no

negócio internacional das drogas se faz por intermédio do complexo coca-cocaína.

Na fronteira amazônica, o Brasil compartilha seus limites com os maiores produtores

do mundo dessa droga, tais como Peru, Bolívia, Venezuela e Colômbia, conforme

dados retirados do relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime

(UNITED NATIONS, 2016), que podem ser melhor visualizados no mapeamento da

região produtora de coca (ver Figura 3).

Esse relatório informa que o Brasil participa com cerca de 7% da apreensão

de cocaína na América do Sul devido ao crescente mercado interno e ao aumento

do tráfico internacional, que fazem com que haja um aumento no volume de droga

circulando no país.

A quantidade total de cocaína apreendida mais do que dobrou na América do Sul no período de 1998 a 2014 (chegando a 392 toneladas em 2014), embora dados recentes sugiram um nivelamento. No período de 2009 a 2014, a Colômbia representou 56% de todas as apreensões de cocaína na América do Sul (mais de um terço das apreensões globais de cocaína); seguida do Equador (10 por cento das apreensões totais de cocaína na América do Sul), da Brasil (cerca de 7%), do Bolívia (cerca de 7%), do Peru

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(cerca de 7%) e da Venezuela (6%). [...] No Brasil, o aumento da quantidade de cocaína apreendida foi atribuído a uma combinação de esforços melhorados de aplicação da lei, ao crescente mercado doméstico de cocaína e ao aumento de embarques de cocaína para mercados externos. (UNITED NATIONS, 2016, p.37, tradução nossa)

FIGURA 3 - Regiões produtoras de coca na América do Sul. Fonte: DÁVALOS, et al. 2016 apud UNITED NATIONS, 2016, p.83.

Os dados sobre o tráfico de drogas no Brasil, segundo Procópio Filho e Vaz

(1997), nem sempre são analisados de forma abrangente e sistêmica, o que dificulta

a abordagem acadêmica do assunto. Pouco se sabe, em termos exatos, acerca das

estratégias operacionais do narcotráfico brasileiro, o que se agrava pela sua

estrutura “quase guerrilheira, vale dizer, fragmentada e pulverizada em pequenos

núcleos ágeis e, sobretudo, operativos” (PROCÓPIO FILHO, 1997, p.89), diferente

do viés centralizador dos grandes cartéis do tráfico.

Procópio Filho e Vaz (1997) exemplifica a atuação pulverizada do narcotráfico

citando a localidade de Pari-Cachoeira, na divisa com a Colômbia.

[...] parece transformada em um discreto centro de distribuição. A população indígena da região, que não tem passaporte nem nacionalidade, passa

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tanto para o lado colombiano quanto para o brasileiro. Muitos caciques parecem estar a serviço das máfias colombianas. Na beira dos rios Traíra, fala-se de possíveis esconderijos de drogas e produtos químicos. (PROCÓPIO FILHO e VAZ, 1997, p.98)

Os rios da Amazônia são fundamentais para o funcionamento das redes de

narcotráfico. A bacia extremamente ramificada por rios em sua maioria navegáveis

favorece a mobilidade das rotas de passagem do tráfico, estratégia utilizada para

fugir da repressão do Estado, revelando grande capacidade adaptativa dos

criminosos. Assim, um ponto de controle da fronteira pode ser contornado por outras

rotas, que podem ser “rearticuladas e reutilizadas” (PROCÓPIO FILHO e VAZ, 1997,

p.92), dificultando a repressão de ilícitos transfronteiriços. Além disso, o transporte

fluvial integra um sistema multimodal, que inclui estradas que ligam os países

andinos à Amazônia brasileira e inúmeras pistas de pouso clandestinas.

De acordo com Severiano (2016), a Secretaria de Segurança Pública do

Amazonas (SSP-AM) relatou que mais da metade das drogas que ingressa no Brasil

pelo Amazonas passa pelo rio Javari. Destacam-se também os rios Purus, Içã e

Japurá.

Quando o Rio Solimões está cheio, tem várias maneiras dos narcotraficantes passarem sem usar o rio principal. A Polícia Federal apreendeu várias cargas de drogas no Careiro da Várzea e Careiro porque em determinado momento, para fugir da fiscalização, os traficantes usam rotas alternativas para chegar a Manaus. É uma malha hidroviária enorme que pode ser usada de várias maneiras diferentes para tentar burlar a fiscalização. (SEVERIANO, 2016)

A população ribeirinha que vive nas localidades fronteiriças é cooptada para

integrarem a rede de transporte das drogas devido ao conhecimento que possuem

dos rios e de rotas alternativas utilizadas para driblar a fiscalização e fazer a carga

chegar até Manaus. O transporte até Manaus é realizado em pequenos volumes,

normalmente no período noturno, fora da calha principal dos rios, utilizando-se dos

igarapés e de pequenas embarcações.

Os habitantes dessas regiões por onde as drogas passam também enfrentam

o problema do comércio e consumo, o que vem aumentando os índices de violência.

Desde o Alto Solimões até Manaus, verificamos um aumento no uso de drogas entre ribeirinhos e indígenas, bem como uma escalada de violência, com crescimento nos índices de suicídio e homicídio. Para essas comunidades, o problema não é a droga que passa, mas a droga que fica. (MENA, 2017)

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Em 2015, a SSP-AM relatou que “70% dos homicídios na capital amazonense

são ligados ao narcotráfico. ” (RODRIGUES, 2015). Em Manaus, as consequências

sociais do narcotráfico são amplamente debatidas. De acordo com dados da

Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (2017), enquanto no ano

de 2011 foram apreendidas cerca de meia tonelada de drogas, em 2016 foram cerca

de 11 toneladas, volume que demonstra a relevância do tráfico de entorpecentes na

região Norte.

Um dos sintomas da escalada do narcotráfico na Amazônia pode ser

verificado por ocasião do massacre penitenciário em Manaus, ocorrido em janeiro de

2017. Mena (2017) esclarece que a rebelião ocorrida no Complexo Penitenciário

Anísio Jobim, em Manaus, ocorreu devido a disputas entre facções criminosas pelo

monopólio das rotas de tráfico que escoam a produção de cocaína advinda do Peru

e da Colômbia para o consumo interno e para o exterior.

É pelo Alto Solimões e seus afluentes que a pasta-base de cocaína ou a cocaína já refinada navegam, chegando a Manaus e seguindo para outros Estados até o Ceará. De lá a droga seguiria para a Europa, em geral via Portugal. (MENA, 2017)

O narcotráfico mostra-se intimamente imbricado a uma série de problemas

conjunturais da sociedade brasileira, como o desemprego, o incremento da

economia informal e a deterioração do nível econômico de parte da população. O

enraizamento dessa atividade ilícita e de seus efeitos colaterais demandam

respostas efetivas do Estado e das instituições responsáveis por coibi-la, que devem

buscar o aperfeiçoamento de suas técnicas, táticas e procedimentos.

2.2 O EMPREGO DE CÃES EM ATIVIDADES MILITARES

Estudos recentes, como os de Spady e Ostrander (2008), sugerem que os

cães foram domesticados há quinze mil anos. Por suas características

comportamentais, esses animais tendem a aceitar o seu dono como o chefe da

“matilha” da qual faz parte, de quem recebe proteção e a quem deve lealdade.

Newton (2008) relata que essa relação simbiótica entre o cão e o homem tornaram o

primeiro uma importante ferramenta nas diversas atividades humanas, quais sejam,

na sanitização dos povoamentos, ao comer restos de alimentos; na caça, devido ao

faro apurado; na segurança, alertando a presença de predadores ou desconhecidos;

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e nas atividades militares, atuando como mensageiros, vigias, batedores, mascotes,

entre outras funções.

Há registros do uso de cães para fins militares desde a Batalha de Maratona

(490 a.C), entre gregos e persas, culminando nas duas Grandes Guerras, no século

XX. Na Primeira Guerra Mundial, franceses e belgas faziam uso de cães de guarda

e mensageiros. Nessa época, os EUA ainda não possuíam unidades de cães

organizadas, sendo os cavalos largamente usados.

O advento dos veículos mecanizados durante a Segunda Guerra Mundial

reduziu drasticamente a necessidade da Cavalaria Montada, sendo empregada

apenas em terrenos inapropriados para veículos, como os montes italianos. De

acordo com Brglez, Giles e Mann (2013), a infantaria dos EUA identificou as

potencialidades dos cães em conflitos, tais como as habilidades sensoriais do

animal. Em 1942, depois do fracasso dos EUA em Pearl Harbor, o Congresso

Americano aprovou o Dogs for Defense Inc., um programa de incentivo à doação de

cães a fim de serem treinados para o esforço de guerra. Em 1943, foi criado o

Corpo K-9, através da qual cerca de 11 (onze) mil cães foram treinados e

incorporados ao combate.

Os cães de guerra americanos foram empregados, mais tarde, na Guerra da

Coreia e na Guerra do Vietnã. Burglez, Giles e Mann (2013) relatam que, no Vietnã,

além do uso de cães de guarda na segurança de instalações sensíveis, como portos

e campos de pouso, surgiu uma nova dimensão do emprego de cães de guerra

quando uma equipe de cães detectores de maconha auxiliou militares na supressão

do tráfico de drogas ilícitas. A experiência adquirida nesse conflito resultou no

desenvolvimento de pesquisas sobre o emprego de cães, sobretudo no treinamento

para detecção de drogas e explosivos. O Manual de Campanha “Military Working

Dog” (FM 3-19.17) do Exército dos EUA (DEPARTMENT OF THE ARMY, 2005),

descreve que, recentemente, os EUA lançaram mão dessa ferramenta nas

operações no Haiti e na Guerra do Iraque, enviando os “cães de trabalho militar”, em

inglês, Military Working Dogs (MWD) para o Teatro de Operações no Kuwait, em

2004. Harris (2011) ressalta a participação dessa ferramenta na captura de Osama

Bin Laden, no Paquistão, em maio de 2011. Os MWD atuam também nas fronteiras

americanas com o México, notadamente em missões de detecção de narcóticos,

desempenhadas pelas equipes de cães de patrulha de detecção de narcóticos,

conhecidos como Patrol Narcotic Detector Dog (PNDD). As equipes cinotécnicas têm

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sido empregadas efetivamente na segurança de áreas e instalações sensíveis e no

reforço em missões de antiterrorismo.

Hoje em dia, destaca-se o seu emprego em atividades de segurança pública,

auxiliando o homem em vários processos de policiamento, como “patrulhamento a

pé, motorizado, embarcado e aéreo, executando ainda missões de detecção de

drogas e explosivos, bem como na atividade de busca e salvamento de pessoas em

calamidades públicas. ” (DA ROSA, 2009, p.37).

O Coronel Alfredo de Andrade Bottino, antigo comandante do 1º Batalhão de

Guardas (1º BG), elenca em seu artigo, intitulado “O emprego de cães militares na

Operação Arcanjo” (BOTTINO, 2012), algumas vantagens no emprego de cães de

guerra em operações militares. O cão pode poupar a vida do militar, proporciona um

impacto psicológico na força adversa, possui uma silhueta pequena, é capaz de se

deslocar rapidamente, não é afetado por gás lacrimogêneo e é preciso na

localização de pessoas e de objetos e substâncias ilícitas. Devido a essas

características, o cão de guerra proporciona um aumento do poder de combate.

No âmbito do EB, por exemplo, os cães de guerra do 1º BG atuaram na

Operação Arcanjo, na qual Forças de Segurança, sob o comando do EB, iniciaram a

pacificação das áreas do complexo de favelas da Penha e do Alemão, na Zona

Norte do Rio de Janeiro, em 2010. Nessa operação, que durou vinte meses, foram

empregados cães farejadores, em missões de busca e apreensão, e cães de ataque

junto às tropas de choque. Bottino (2012) afirma que:

Durante a pacificação, os patrulhamentos a pé nos becos e vielas foram intensificados. Nestas missões, o emprego dos cães se fez muito necessário, pois, devido à compactação do cenário, a presença do animal protegia a patrulha, já que o cão iniciava a varredura das edificações, bem como antecipava a presença de algum agressor. (BOTTINO, 2012)

Dentre as diversas especializações no emprego de cães em atividades

policiais, interessa a presente pesquisa a funcionalidade do cão farejador. De acordo

com Ishibe (2011), a grande sensibilidade do olfato canino se deve a uma

membrana nasal maior que a do ser humano, apresentando, assim, mais receptores

de odor. Para um cão, a passagem de objetos por um determinado local fica

registrada pelos odores. Dessa maneira, cães com focinhos avantajados possuem

maior capacidade olfativa, revelando, portanto, maior aptidão para receberem o

treinamento de cão farejador.

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O cão de faro é aquele que passou por um adestramento e é capaz de

encontrar objetos, pessoas ou qualquer substância (natural ou não) utilizando-se de

sua memória olfativa. Mesmo quando um determinado objeto deixa de estar

fisicamente presente num local, os odores dele ficam impregnados no ambiente por

várias horas ou mesmo dias, e são facilmente captados por cães treinados. Um cão

farejador pode se especializar na localização de inúmeros objetos, como artefatos

explosivos, armas, agentes biológicos, pessoas sob escombros, substâncias

entorpecentes, entre outros. As raças com maior aptidão de faro são Pastor alemão,

Retriever do Labrador e Malinois.

O cão detector de drogas é empregado em situações em que uma varredura

por uma pessoa, ainda que especializada em busca de tóxicos, seria difícil e

demorada. Esse cão pode ser treinado para identificar qualquer substância

psicoativa ilícita, “mesmo que apresente apenas traços destas drogas ou até mesmo

quando esta se encontra selada em recipientes. ” (TSIOMIS, 2010, p.20)

A eficácia dos cães detectores de drogas pode ser evidenciada, à guisa de

ilustração, pelos resultados apresentados por Rayol (2016). Segundo o pesquisador,

o Batalhão de Ações com Cães, única unidade operacional do estado do Rio de

Janeiro que emprega cães, é responsável por resultados significativos de apreensão

de drogas. Esse Batalhão foi responsável por 50,61% das apreensões no ano de

2013 e 62,74% no ano de 2016, considerando-se todo o estado do Rio de Janeiro.

Para o cálculo desses dados, foram levados em consideração as apreensões

realizadas pelas seguintes agências: Polícia Federal, Polícia Rodoviária

Federal, Polícia Ferroviária Federal, a Polícia Militar e a Polícia Civil do Estado do

Rio de Janeiro.

Andrade (2014) defende a viabilidade do uso de cães de guerra na área de

fronteira, para atuar na repressão do tráfico de drogas e demais ilícitos

transfronteiriços. Pode-se incluir ainda a fiscalização de bebidas alcóolicas, cujo

consumo e comercialização são proibidos em terras indígenas (BRASIL, 1973), que

correspondem a 31% do total da Faixa de Fronteira (GOMES, 2004, p.33). A

demanda de aumentar o efetivo de cães na Amazônia para obter melhores

resultados nas operações também foi sugerida por Bairros (2015), considerando a

falta de órgãos governamentais na área.

O cão de detecção permite que veículos e embarcações e suas cargas

possam ser revistados em maior número e de forma mais eficiente. “Sem os cães, a

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eficiência dos pontos de bloqueio cai muito” (ANDRADE, 2014, p.27). Esses cães

podem incrementar a eficiência na apreensão de materiais ilícitos, localizando-os

onde os militares poderiam não encontrar devido ao “desconhecimento técnico

quanto à identificação de entorpecentes” (BAIRROS, 2015, p.56) e às diversas

estratégias que os traficantes utilizam para camuflá-los. Andrade (2014) afirma ainda

que os cães se destacam pela versatilidade e pelo baixo custo.

As NCET do CMA (BRASIL, 2016b) determinam que os militares

encarregados de buscas devem, na ausência de elementos da Polícia Federal e da

Receita Federal, evitar “a abertura de volumes e caixotes transportados, só o

fazendo quando houver fortes indícios de transporte de ilícitos (armas, munições,

drogas, contrabando, etc.).” (BRASIL, 2016b, p.154). Além disso, Andrade (2014)

lembra que, em regiões fronteiriças, os habitantes locais acabam percebendo as

revistas como invasivas e desconfortáveis. Com isso, o cão ganha maior

importância, pois “permite verificar grande quantidade de pessoas e veículos sem os

inconvenientes da revista (demoras, abertura de bolsas, sacolas, ou carga)”

(ANDRADE, 2014, p.22).

O Field Manual 3-19.17 (DEPARTMENT OF THE ARMY, 2005) traz um

exemplo de atuação de equipes de cães detectores de narcóticos na fronteira dos

Estados Unidos da América com o México. De acordo com o referido manual, as

equipes de PNDD foram extremamente eficientes na detecção de grandes

quantidades de drogas ilegais escondidas em fundos falsos, painéis, tanques de

combustível e assentos. Em três meses de revistas com cães farejadores em

veículos e em pontos fixos, foram detectados mais de duas toneladas de maconha e

mais de 40 quilos de cocaína.

Por fim, é necessário destacar que nos C Fron, a maioria dos suprimentos é

transportada pela FAB. Esse apoio logístico é crucial para o funcionamento de

alguns PEF, e atende também às necessidades particulares dos militares que

servem nesses destacamentos, bem como às dos indígenas oriundos das

comunidades que circunvizinham os pelotões. Os cães poderiam ser empregados na

fiscalização dos materiais que estão sendo transportados dentro de aeronaves da

FAB, sinalizando se estão de acordo com as legislações vigentes, seja por conta dos

ilícitos transfronteiriços, seja por limitações de transporte na aeronave, tais como

explosivos e combustíveis.

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2.2.1 Os cães no Exército Brasileiro

Segundo Bottino (2012), a normatização do emprego de cães pelo Exército

Brasileiro remonta à década de 60, a partir da Portaria nº 318-GB, de 12 de outubro

de 1967, que aprovou o Manual C42-30 de Adestramento e Emprego de Cães de

Guerra. Em junho de 1970, foi autorizado o emprego de cães de guerra nas OM de

Polícia do Exército (PE), no Curso de Operações na Selva e Ações de Comandos e

na Brigada de Infantaria Paraquedista.

Dentre os principais trabalhos publicados sobre emprego dos cães de guerra

do EB, destacam-se os realizados por Oficiais Veterinários, tais como: De Paula

(2008), Tsiomis (2010), Andrade (2014) e Soares (2015). As práticas que envolvem

o emprego, o adestramento, o controle dos efetivos, a reprodução e a distribuição

dos caninos no EB estão previstas nos seguintes documentos: Cinotecnia (BRASIL,

1972), Canis Militares (BRASIL, 1982), Normas para a Construção e o Controle de

Canis Militares (BRASIL, 1998), Caderno de Instrução de Emprego de Cão de

Guerra (BRASIL, 2013b), Normas Gerais para a Reprodução e Distribuição de Cães

de Guerra (BRASIL, 2014b), Normas para o Controle dos Caninos no Exército

Brasileiro (BRASIL, 2016d) e pela Diretriz para Criação ou Transformação da Seção

de Equinos e da Seção de Cães de Guerra (BRASIL, 2017c).

De acordo com Soares (2015) as práticas com caninos no EB carecem de

padronização e as legislações são incompletas e obsoletas, ocasionando

dificuldades no emprego dos cães de guerra nos aquartelamentos. De Paula (2008),

avalia que não há no EB “cultura cinófila” de formação de cães farejadores na F Ter.

As pesquisas e legislações militares serão analisadas nos subtópicos seguintes.

2.2.1.1 Situação dos efetivos militares e caninos

O EB normatizou, por meio da Portaria nº 19/17, que aprova a Diretriz para a

Criação ou Transformação da Seção de Cães de Guerra no âmbito do Comando do

Exército (BRASIL, 2017c), os procedimentos a serem observados pelas OM que

tiverem interesse na criação de uma SCG. Essa norma estabelece que a OM

interessada deverá encaminhar uma proposta para o C mil A ao qual é subordinada,

que, por sua vez, encaminhará, após análise, a proposta da OM ao Estado-Maior do

Exército (EME). O EME analisará a proposta da OM, solicitando ao Comando

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Logístico (COLOG) parecer quanto aos aspectos de viabilidade técnica e econômica

necessários à manutenção dos cães de guerra, e, concluindo ser uma atividade

indispensável, criará a SCG no Quadro de Cargos Previstos (QCP) da OM.

Ressalta-se que a proposta da OM deverá sugerir, obrigatoriamente, os

cargos a serem suprimidos no seu atual QCP, de modo a compensar os cargos a

serem criados com a SCG, pois não poderá implicar em aumento na quantidade de

cargos da OM. Essa adequação do QCP é condição necessária para que possa ser

distribuído o efetivo de cães de guerra às OM. O efetivo máximo de animais e de

pessoal para cada tipo de OM está descrito no quadro abaixo:

VALOR DA OM (a)

TIPO DE SCG

EFETIVO MÁXIMO DE ANIMAIS

EFETIVO MÁXIMO DE PESSOAL - (OBS)

U III 24 (vinte e quatro)

- 01 (um) Of Vet Chefe da Seção - 01 (um) Sgt Adestrador (b) (c) - 12 (doze) Cb ou Sd Tratadores (b) (e) (f)

SU II 12 (doze) - 01 (um) Sgt Adestrador (b) (c) (d) - 06 (seis) Cb ou Sd Tratadores (b) (e) (f)

Pel I 06 (seis) - 01 (um) Sgt Adestrador (b) (c) (d) - 03 (três) Cb ou Sd Tratadores (b) (e) (f)

Observações

(a) Quaisquer OM não enquadradas nos itens acima serão equiparadas a valor SU, salvo se o ato de autorização fixar o contrário.

(b) Com prática em cinotecnia.

(c) Com o Curso C Esp S42 - Adestramento de Cães de Guerra.

(d) A assistência veterinária será prestada por Of Vet da GU designado pela RM.

(e) Os soldados serão tratadores de todos os cães da Seção de Cães de Guerra.

(f) Também motorista. QUADRO 1 - Efetivo máximo de animais e de pessoal das SCG. Fonte: Brasil (2017c).

As Diretrizes para Criação de SCG (BRASIL, 2017c) preveem que os

tratadores são responsáveis por todos os cães da SCG e ainda fixa o número de

cães como sendo o dobro do de tratadores, numa proporção de dois cães para cada

tratador. Contudo, para fins de emprego, doutrinariamente, o Caderno de Instrução

de Emprego de Cão de Guerra (BRASIL, 2013b) orienta que cada cão deve ser

manejado pelo próprio condutor, numa proporção de um cão para cada condutor,

fortalecendo, dessa forma, o vínculo entre o binômio homem-cão, exceção feita

apenas para alimentação e a limpeza das instalações.

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O condutor deve desenvolver a dependência e confiança no seu próprio cão, e vice-versa. O contato de um condutor com um cão que não seja o seu deverá se limitar à alimentação e à limpeza das instalações. (BRASIL, 2013b, p. 2-2)

Também é previsto que, em todos os tipos de OM que possuem SCG, exista

o cargo de 01 (um) sargento adestrador, que deverá possuir o Curso C Esp S42 -

Adestramento de Cães de Guerra. A Portaria também prescreve que a Região

Militar (RM) designa o oficial veterinário da Guarnição para prestar assistência

veterinária aos cães das OM que não possuem o cargo de veterinário em seu QCP.

Além disso, é previsto que na SCG nível III, da OM valor Unidade, o oficial

veterinário seja o Chefe da Seção. Entretanto, as atividades de Veterinária do

Exército Brasileiro, de acordo com as Instruções Reguladoras das atividades de

Remonta e Veterinária (BRASIL, 1999), envolvem a assistência veterinária aos

animais, visando manter o seu estado de higidez, e não preveem o emprego

operacional dos animais. Além disso, há um conflito entre legislações, tendo em

vista que o Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra prevê que deverá

haver na unidade possuidora de SCG ao menos um oficial instrutor, que será o

Chefe da SCG, e que o oficial veterinário deverá ser o chefe da Seção Veterinária do

canil.

Os chefes das Seções de Cães de Guerra devem ser aqueles Oficiais ou Praças habilitados nas provas de trabalhos civis ou militares no seu estado, região ou em provas internacionais. É de responsabilidade destes militares a preparação técnica dos cães e dos demais integrantes de sua fração. A participação dos chefes das SCG em seminários e nas provas de trabalho mais significativas deverá ser estimulada pelo Cmt OM. A Seção Veterinária do canil será, obrigatoriamente, chefiada pelo Oficial Veterinário. (BRASIL, 2013b, p.2-2)

É necessário, portanto, que haja uma clara delimitação entre as funções

exercidas por oficiais combatentes, de um lado, e oficiais veterinários, de outro, sem

detrimento da interação entre os dois.

Ainda em relação ao efetivo de militares da SCG, De Paula (2008) aponta que

um dos maiores obstáculos enfrentados pelas SCG é a utilização dos militares em

atividades diversas na OM, ocasionando interrupções nos treinos, o que é prejudicial

para o condicionamento do animal.

Cabe à Seção de Gestão Logística de Remonta e Veterinária (SGLRV) da

Diretoria de Abastecimento (D Abst), subordinada ao COLOG, a gestão logística de

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remonta e veterinária no EB, conforme as Normas Gerais para Reprodução e

Distribuição de Cães de Guerra (BRASIL, 2014b). De acordo com a D Abst (BRASIL,

2016a), atualmente, 57 (cinquenta e sete) aquartelamentos do EB possuem

autorização para manterem cães em suas OM, totalizando 589 (quinhentos e oitenta

e nove) cães previstos, sendo que o efetivo atual existente é de 401 (quatrocentos e

um) cães. O quadro abaixo discrimina a quantidade de cães previstos e existentes

por OM do EB:

RM OM Efetivo previsto Efetivo existente

11º BPE 20 12

1º BG 20 18

1º BPE 20 8

1º D Sup 12 6

AMAN 12 13

CIG 12 10

D C Armt 12 12

D C Mun 20 14

ECT 6 6

Ba Ap Log Ex 6 0

EsEqEx 12 8

36º Pel PE Pqdt 3 2

8º GAC Pqdt 6 0

25º BI Pqdt 6 0

TOTAL 1ª RM 167 109

2º BPE/CRDC (1) 30 33

22º D Sup 12 10

11º Pel PE 3 3

TOTAL 2ª RM 45 46

13ª Cia DAM 20 20

3º B Sup 12 11

3º BPE 20 19

3º Pel PE 3 0

AGGC 6 6

1ª Cia Gda 6 7

26 Pel PE 3 2

5º R C Mec 6 6

TOTAL 3ª RM 76 71

4ª Cia PE 6 5

4º D Sup 12 7

ESA 3 2

TOTAL 4ª RM 21 14

5ª Cia PE 12 8

5º B Sup 12 10

20º BIB 12 4

TOTAL 5ª RM/DE 36 22

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RM OM Efetivo previsto Efetivo existente

6º D Sup 6 5

6º BPE 20 5

TOTAL 6ª RM 26 10

10º Pel PE 3 0

4º BPE 20 9

7º Pel PE 3 3

TOTAL 7ª RM 26 12

15ª Cia PE 6 4

50º BIS 6 2

33º Pel PE 3 1

8º D Sup 12 7

TOTAL 8ª RM 27 14

4º Pel PE 3 3

13º Pel PE 3 3

14º Cia PE 12 10

9º B Sup 6 0

11º R C Mec 6 3

TOTAL 9ª RM 30 19

10ª 10º D Sup 6 3

TOTAL 10ª RM 6 3

11ª

Ba Adm/Bda Op Esp

20 11

11º D Sup 20 12

BGP 12 12

BPEB/CRDC (1) 30 31

11º BEC 6 2

TOTAL 11ª RM 88 68

12ª

7º BPE/CRDC (1) 20 9

12º B Sup 6 4

32º Pel PE 3 0

34º Pel PE 3 0

22º Pel PE 3 0

CIGS 6 0

TOTAL 12ª RM 41 13

TOTAL GERAL: 589 401

(1) Os 03 (três) Centros de Reprodução e Distribuição de Caninos (CRDC) funcionarão no 2º BPE; 7º BPE e no BPEB. QUADRO 2 - Efetivo previsto e existente das SCG Fonte: Brasil (2016a), adaptado.

Comparando-se esses dados com o Quadro de Fixação de Efetivos de Cães

de Guerra para o ano de 2017 (BRASIL, 2017d), observa-se que dos 57 (cinquenta

e sete) canis autorizados pelo Exército Brasileiro, 10 (dez) não possuem nenhum

cão homologado, e apenas 11 (onze) possuem seus efetivos caninos em carga

completos, o que representa 19% do total de canis. De acordo com pesquisa

realizada por Tsiomis (2010), os militares das SCG julgaram em 2010 que o número

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de cães necessários “supera o número de vagas previstas em aproximadamente

156%.” (TSIOMIS, 2010, p.33).

As Normas para o Controle de Caninos no Exército Brasileiro (NORCCAN),

Brasil (2016d), esclarecem que a provisão de cães para os canis militares poderá

ocorrer por meio de aquisição por compra, aceitação por doação ou reproduzido e

distribuído pelos CRDC. A distribuição dos filhotes dos CRDC é realizada mediante

solicitação das OM possuidoras de SCG à D Abst, desde que apresentem claros de

efetivo canino. (BRASIL, 2016d). O CRDC possui exclusividade na reprodução de

caninos, sendo vedado esse tipo de atividade a outras OM.

A reprodução de caninos tem por objetivo suprir as SCG com caninos que satisfaçam às condições exigidas para um cão de guerra e será realizada, com exclusividade, pelas SCG dotadas de Centro de Reprodução e Distribuição de Caninos. (BRASIL, 2016d, p.11)

Atualmente existem 03 (três) CRDC. Os CRDC do BPEB, em Brasília-DF e do

2º BPE, em Osasco-SP, iniciaram o funcionamento em 2011; já o do 7º BPE, em

Manaus-AM, teve a sua autorização de funcionamento publicada na Portaria 019, de

06 de fevereiro 17.

As NORCCAN (BRASIL, 2016d) determinam que o efetivo de cães do CRDC

não deve impactar no efetivo dos batalhões onde estiverem instalados, que

permanecerão com a dotação prevista. Os CRDC devem dispor de 10 (dez) matrizes

para reprodução, das raças Pastor Alemão, Pastor Belga Mallinois e Rottweiler,

todas de elevado padrão zootécnico, além do efetivo previsto da OM para as

missões demandadas. Dessas matrizes, apenas 8 (oito) irão efetivamente realizar a

reprodução e 02 (duas) ficarão em condições de substituir uma matriz que esteja

incapacitada para reprodução. Cada matriz dos CRDC poderá realizar apenas uma

gestação por ano e deverá ser realizado de acordo com um plano de cobertura,

confeccionado pela OM e encaminhado para a SGLRV. A permanência dos cães em

carga por mais de 8 (oito) anos em serviço deve ser evitada, o que provoca uma

constante demanda por renovação dos animais. Há, dessa forma, uma necessidade

de completar os claros já existentes, além de recompletar os claros em casos de

óbito e de renovar os cães que são descarregados por terem cumprido oito anos de

serviço ou por apresentarem características inadequadas para a atividade militar.

A produção levará em conta os claros existentes, a prioridade das OM para

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recebimento dos cães de raça e tipo de emprego, idade média dos animais em carga, além de prováveis exclusões de carga por idade, imprestabilidade e óbitos (BRASIL, 2014b, p. 8)

Para atender as necessidades operacionais das OM, o nível de produção

mínimo dos CRDC para ser atingido em 2014 era de 80/ano, considerando que a

renovação anual de cães de guerra deve ser de 20% do efetivo (BRASIL, 2014b).

Nesse período, o efetivo total previsto era de 379 (trezentos e setenta e nove) cães.

Como, atualmente, o efetivo total de cães previstos é de 589 (quinhentos e oitenta e

nove), mantendo-se a mesma proporção, o quantitativo de cães a serem produzidos

anualmente pelos CRDC seria de 118 (cento e dezoito) cães, o que daria cerca de

40 (quarenta) cães para cada um dos três CRDC, incluindo-se o do 7º BPE, apenas

com os cães que já estão previstos para as OM, sem considerar um possível

incremento do número de cães nas unidades de fronteira.

Com a produção média estimada em cinco filhotes/ano/matriz, considerando-se os descartes e filhotes aptos para distribuição e treinamento, após avaliação inicial do CRDC, atingir-se-á a meta de produção de 40 (quarenta) filhotes por ano em cada Centro. (BRASIL, 2014b, p.8)

Para evitar a consanguinidade, o centro busca realizar cruzamentos dirigidos,

com a obtenção de novas matrizes para o CRDC. Existe a previsão de serem

realizadas a renovação do plantel por meio da aquisição de 2 (duas) novas matrizes

por ano para cada CRDC. Os filhotes oriundos desse processo de reprodução são

distribuídos para as OM após “120 (cento e vinte) dias de nascido” (BRASIL, 2014b,

p.8). Sobre a seleção dos animais reprodutores, Soares (2015) adverte sobre a falta

de diretrizes específicas no âmbito da F Ter:

Essa avaliação e seleção, de vasta literatura para outras espécies animais e até para algumas enfermidades de cães, possui pouca literatura quando voltamos nossos olhos para os cães de trabalho militar e policial e praticamente nada estabelecido nas normas legais vigentes dentro do EB. (SOARES, 2015, p.17)

Existem diversos métodos internacionais de seleção já consagrados, que,

conforme Soares (2015), poderiam, com as devidas adaptações, ser utilizados no

EB. Durante a seleção dos cães, deve-se avaliar os aspectos fisiológicos e

comportamentais, tais como agressividade, sensibilidade, inteligência, energia,

pronta resposta aos estímulos externos (ver Quadro 3)

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Tipos de Testes de Seleção

Comportamental Campbell Centro Sueco de

Treinamento de

Cães

Centro de Criação e

Desenvolvimento Canino da

TSA dos EUA

Fisiológico Frequência

cardiaca

Lactatemia Glicemia

QUADRO 3 - Tipos de testes para seleção de caninos. Fonte: Soares (2015), adaptado.

Em virtude da gama de atributos que o cão deve possuir para realizar as

diversas atividades previstas nos regulamentos, é necessário que o EB adote

métodos de avaliação e seleção que, de acordo com Soares (2015), servem para

decidir quais cães tem capacidade para produzir ninhada com melhores

capacidades para serem empregados nas atividades militares.

O EB possui as seguintes raças em seus canis militares: Pastor Alemão,

Pastor Belga Malinois, Rottweiler, e Labrador, sendo que a critério da D Abst, outras

raças poderão ser adotadas, “desde que apresentem comprovada a qualidade do

adestramento, temperamento e funcionalidade” (BRASIL, 2016d, p.6). Em relação às

raças caninas empregadas, De Paula (2008) relata que o Pastor Alemão e Pastor

Belga de Malinois possuem maior preferência dos condutores, devido a anos de

seleção genética para o serviço policial, influenciando diretamente no potencial de

emprego do cão.

Em pesquisa realizada por Tsiomis (2010), a raça Rottweiler estava presente

em maior número na F Ter, com 35% do efetivo total, no entanto, essa raça suporta

menos as altas temperaturas, típicas da região Norte, quando comparado ao Pastor

Belga de Malinois, segundo De Paula (2008).

2.2.1.2 Situação operacional

Para iniciar o estudo do emprego operacional de cães no EB, é necessário

distinguir o conceito de “cão militar” e de “cão de guerra”. Segundo as NORCCAN

(BRASIL, 2016d), o cão militar é o animal dotado de características zootécnicas

adequadas ao uso militar, possuidor de condições de saúde, resistência, força,

capacidade de treinamento e vivacidade. Já o cão de guerra é o cão militar

adestrado para o emprego com fins militares.

O Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra (BRASIL, 2013b),

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regulamenta as diversas atividades em que esses animais podem ser empregados,

dentre as quais se destacam: guarda pessoal, guarda de instalações, detecção de

narcóticos, detecção de explosivos, busca e captura de pessoas, localização de

evidências, operações de Garantia da Lei e da Ordem e patrulhamento. Apesar de

todas as possibilidades de atuação, De Paula (2008) constatou que apenas 35% das

OM que tinham autorização, no ano de 2008, para possuírem cães haviam

conduzido missões com os cães em locais fora dos quartéis.

O desempenho de tarefas específicas pelo cão depende de uma

especialização adequada. De acordo com o tipo de OM onde serão alocados e as

atividades específicas que irão desempenhar, os cães deverão ter suas aptidões

funcionais consideradas na seleção, treinamento e habilitação dos cães de guerra.

Dentre as funções que o cão pode desempenhar no EB, o Cão de Detecção

de Narcóticos (CDN) é o que está apto a realizar detecção de drogas. Esse cão é

mais útil quando possui dupla aptidão, ou seja, realiza missões de faro e de

policiamento, inclusive captura de foragidos.

Cão apto a trabalhar na detecção de drogas. Antes da habilitação de CDN, o cão deve possuir, no mínimo, o grau CPE I. Devido às características brasileiras, o serviço de detecção deve ser uma especialização do cão de policiamento. O impulso de presa, que é o responsável pela aptidão para a busca de drogas e explosivos, é potencializado pelo impulso de agressão (imprescindível ao cão de policiamento), de modo que um cão com ambos os impulsos mostra-se mais duro, persistente e determinado, características necessárias às situações ambientais e climáticas nos trópicos. Além disso, as frações de cães de polícia tornam-se mais eficientes quando atuam com cães de dupla aptidão, capazes de realizar detecções e capturar um foragido em situações inusitadas. O CDN poderá ser treinado para realizar indicação ativa ou passiva. Estará habilitado a empregar o CDN o militar que possuir, no mínimo, a habilitação “Condutor de Cães de Guerra” (BRASIL, 2013b, p.2-4)

O cão de dupla aptidão poderá ser empregado como parte de um sistema de

segurança para a guarda de instalações, como aquartelamentos e depósitos.

Andrade (2014), diz que os cães podem auxiliar na segurança de um efetivo que

esteja realizando operações de fiscalização em postos de bloqueio, especialmente a

noite, como realizado nos postos fluviais na Faixa de Fronteira. Nas revistas de

pessoal, a presença do cão tem o poder de intimidar o revistado e inibir a

resistência. O Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra (BRASIL,

2013b) orienta que o revistado, ao ser alertado antes de uma revista pessoal sobre a

possibilidade de ser mordido caso tente fugir ou agredir o militar, facilitará o trabalho

do revistador devido ao grande efeito psicológico proporcionado pelo cão.

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Santos (2012) afirma que normalmente os traficantes de drogas também

costumam transportar armas. Portanto, desde 2008, o BAC decidiu que seria

“conveniente que as armas e munições fossem inseridas no treinamento dos cães

farejadores de drogas com o intuito de inovar e simplificar o adestramento dos cães

farejadores e em consequência otimizar o seu emprego nas operações” (SANTOS,

2012, p.8). Segundo o autor, os cães são capazes de localizaar tanto armas quanto

drogas nas comunidades do Rio de Janeiro, o que aumentou significativamente a

capacidade de apreensão das patrulhas.

Em contrapartida, o Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra diz

que o cão que possui a habilitação para detectar armamentos é o Cão de Detecção

de Explosivos e que “um cão não pode ser treinado ou empregado, paralelamente,

para localização de explosivos e narcóticos, pois são funções incompatíveis”

(BRASIL, 2013, p.2-4).

Em relação ao emprego do cão, é importante considerar sua característica

não letal, servindo como uma forma de escalonar a força antes da necessidade de

utilizar o disparo de munição real.

O cão permite a intimidação gradativa e dissuasão das Forças Oponentes, até o momento da agressão. Os procedimentos de ataque poderão ser interrompidos a qualquer momento e estágio. Em determinadas situações, o condutor tem a opção de empregar o cão, em detrimento da arma de fogo. (BRASIL, 2013b, p1-1)

Os procedimentos para o uso da força no âmbito do Exército dos EUA,

listados no Army Regulation 190-12 (DEPARTMENT OF THE ARMY, 2013),

preveem o emprego de MWD numa escala de uso progressivo da força. Eis a

referida escala: persuasão verbal, técnicas de defesa desarmada, uso de projetores

de aerossóis químicos irritantes, o uso de bastão, o emprego de MWD, a

apresentação da capacidade de força letal e, por fim, o uso de força letal. Embora o

uso de MWD esteja localizado num alto nível de medidas, é evidente que o emprego

de MWD como uso da força é uma opção não letal a ser usada antes de se

considerar o uso de forças letais.

Caso ocorra uma abordagem de indivíduo portando ostensivamente uma

arma de fogo, o cão pode ser enviado distraindo o suspeito enquanto os militares

engajam o agressor. Esse tipo de emprego do cão em revistas pode ser realizado

durante condução de presos, buscando neutralizar qualquer tentativa de fuga ou

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agressão por parte do indivíduo.

Além do treinamento de cão, faz-se necessária uma habilitação mínima do

condutor para o tipo de missão que o cão irá desempenhar. Para a detecção de

narcóticos, o militar deverá ter a habilitação de “condutor de cães de guerra”. A

especialização dos recursos humanos necessários à atividade de remonta e cinofilia

é de responsabilidade do EME, que irá autorizar o funcionamento dos cursos e

estágios correspondentes (BRASIL, 2013b). De Paula (2008) aponta que existe a

necessidade de criação de uma escola centralizada para formação dos condutores.

O adestramento e manejo dos cães de guerra é de responsabilidade da SCG.

Todo cão recebido em uma SCG é considerado sem qualificação definida, “até que

realize com aproveitamento todos os exercícios previstos para seu enquadramento

funcional na OM” (BRASIL, 1998). Os CRDC serão responsáveis apenas pelo

treinamento básico inicial, que constará de “impulsos de caça, sobrevivência e

dessensibilização inicial com diferentes ambientes, respeitando os princípios de

bem-estar animal” (BRASIL, 2016d, p.11). Quando o cão chega na OM, é

fundamental o preparo do condutor do cão para que se tenha a eficiência esperada

para as missões que irão desempenhar. O treinamento dos cães deve ser constante

e ininterrupto, durante todo o período em que estiver em serviço (BRASIL, 2013b,

p.1-2)

A pesquisa de De Paula (2008) concluiu que um óbice para o treinamento de

CDN nas OM seria a falta de entorpecentes para realizar o adestramento, o que

acarretaria num baixo número de cães em condições de realizarem busca dessas

substâncias.

Consoante o Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra, o cão atua

de acordo com cada função se estiver “habilitado por meio de treinamento específico

e testes de desempenho previstos no Manual de Treinamento de Cães de Guerra”.

(BRASIL, 2013b, p.2-2). Entretanto, esse Manual de Treinamento, que regularia as

certificações para as diversas qualificações dos cães, não foi editado até o momento

desta pesquisa.

A prova de habilitação, segundo Andrade (2014), consiste em diversos

exercícios que avaliam a resistência e a disposição para o trabalho, o controle, a

agressividade e a capacidade de detecção. As habilitações fornecem subsídios para

selecionar e empregar cães que estejam aptos, seguindo critérios objetivos, para

atividades de detecção de drogas, explosivos, armas, munições, ou qualquer outro

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material de interesse. Soares (2015) esclarece que os métodos são instrumentos

que avaliam as características individuais do cão para desempenho das atividades.

Métodos de avaliação podem ser definidos como aqueles que proporcionam a correta análise das características individuais expressadas naquele momento que influenciam positivamente o desempenho em determinada atividade. (SOARES, 2015, p.36)

Soares e Vieira (2015) relatam que não existem no EB provas de certificação

de condutores e cães que os habilite a serem empregados nas diversas atividades.

Nas legislações militares, apenas há orientação para que os comandantes de OM

estimulem a “participação dos caninos em competições de adestramento e provas

de trabalho” (BRASIL, 2016d, p.13). Andrade (2014) indica que a realização de

provas de habilitação, de uma a duas vezes por ano, seria um indicador excelente

de desempenho, oferecendo condições para que se avaliassem os cães e

condutores do EB.

No Brasil, segundo Soares (2015), existem algumas provas de caráter

classificatório, em que a equipe cão-condutor deve demonstrar aptidão para cumprir

os seus objetivos de utilidade. Contudo, a única instituição que realiza provas de

certificação é o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), no Centro

de Referência de Desastres Urbanos, localizado na cidade de Xanxerê. O centro

realiza certificação para cães empregados nas atividades de busca e resgate.

As provas de certificação do CBMSC seguem as orientações da International Rescue Dog Organization e se dividem em várias fases, constituindo garantia da capacidade tanto do cão como do condutor de realizar os trabalhos propostos. (PIVA apud SOARES 2015, p.27)

Em virtude dessa capacidade, o centro funciona como um difusor da doutrina

de cães de resgate para outras unidades militares, como do Corpo de Bombeiros do

Estado do Goiás e do Espírito Santo. (SOARES, 2015)

A falta de provas de certificação torna as atividades militares e policiais

“carentes de padrões de operatividade a serem alcançados.” (SOARES, 2015, p.46).

Em contrapartida, nos EUA, a United States Police Canine Association realiza

provas de certificação para os cães detectores de drogas, de explosivos, de

cadáveres, além de cães policiais e os utilizados para rastreamento, como os

utilizados na captura de terroristas e traficantes fugitivos.

A certificação de cães é atingida mediante um treinamento adequado,

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53

conduzido por militares especializados. Portanto é imprescindível que os cursos de

capacitação sejam ampliados. O Caderno de Instrução de Emprego de Cão de

Guerra (BRASIL, 2013b) prevê a existência do Estágio de Tratador de Cães de

Guerra, para os tratadores, do Estágio de Condutor de Cães de Guerra, para os

condutores e do Curso de Instrutor de Cães de Guerra, para os oficiais e sargentos

instrutores. Entretanto, no catálogo de cursos e estágios do EB, conforme o

Catálogo de Códigos para Cursos e Estágios do Exército Brasileiro (Brasil, 2008),

não existem estágios e cursos com a denominação exigida no referido caderno de

instrução, apenas com a denominação “Adestrador de Cães de Guerra”.

2.2.1.3 Aspectos Logísticos

De acordo com as Normas para a Construção e o Controle de Canis Militares

(NCCCM), o canil militar é a “edificação constituída por boxes e demais

dependências complementares necessárias ao desenvolvimento das atividades

diárias com o cão militar ou cão de guerra” (BRASIL, 1998). Os canis subordinam-se

administrativamente à OM a que pertencem, e tecnicamente ao COLOG, órgão

central do Sistema Logístico do Exército Brasileiro, e possui a missão de apoiar o

preparo e emprego da Força. Esse órgão se vale da SGLRV da DAbst, responsável

pela gestão técnico-normativa das atividades relacionadas com os caninos do EB. O

Comando das RM realiza o controle dos efetivos caninos das OM que possuem

SCG (BRASIL, 2016d).

As OM que possuem caninos têm a competência de “alimentar, alojar, prestar

assistência veterinária, treinar (preparar o emprego) e preservar a saúde dos

animais. ” (BRASIL, 2016d, p.5). A disposição básica dentro de uma OM para o

emprego de cães de guerra é a SCG.

As NCCCM (BRASIL, 1998) orienta quanto as disposições das estruturas das

SCG. Alguns aspectos para a construção do canil devem ser obedecidos, tais como

a direção dos ventos predominantes e da incidência solar. Os solários devem ser

iluminados pelo sol da manhã, e a ventilação deve ser garantida por meio de uma

abertura de no mínimo 0,2m e no máximo 0,3m entre o telhado e as paredes do

boxe. Além disso, o piso deve ser ligeiramente escovado, para não ficar

escorregadio quando molhado, ter inclinação uniforme de 2% em direção às

canaletas internas e não possuir irregularidades, de modo a evitar o acúmulo de

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bolsões de urina e água.

É prevista ainda uma área de passeio, com largura mínima de 3m, uma área

de trabalho individual, próxima ao canil, com dimensão variando entre 12 e 20m²,

com a finalidade de ajuste ou correção de aprumos, e uma área de treinamento,

destinada à prática de exercícios de adestramento.

A aquisição de materiais para adestramento é realizada pela OM, mediante a

utilização de crédito descentralizado pelo COLOG. E, segundo De Paula (2008), a

falta desses materiais representa uma deficiência de alguns canis, pois, “sem

material de qualidade, os treinos ficam comprometidos sobremaneira, inclusive na

segurança das equipes, haja vista também ser comum nas OM os treinos que

envolvem mordidas” (DE PAULA, 2008, p. 26)

Em relação ao transporte dos cães, Soares (2015) diz que os Batalhões de

Polícia do Exército receberam nos últimos anos viaturas adaptadas para o transporte

de caninos, com “locais adequados para o transporte de cães e de

acondicionamento de medicamentos e equipamentos veterinários” (SOARES, 2015,

p.33). Cabe ressaltar que na Amazônia predomina o deslocamento por vias fluviais,

o que requer uma adaptação das embarcações, conhecidas como voadeiras, para o

transporte de caninos na região. Entretanto, não existe nenhuma legislação que trate

sobre o assunto. O Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra (BRASIL,

2013b) determina que, durante os períodos em que os cães não estiverem sendo

empregados, deverão descansar em caixas de transporte, que podem ficar na

viatura ou em local de sombra. A adaptação das embarcações torna-se relevante na

região Norte, onde as altas temperaturas e o elevado índice pluviométrico pode levar

o cão a doenças que o incapacite a cumprir suas missões e até mesmo a óbito em

casos mais graves.

2.2.1.4 Assistência veterinária

O trabalho de faro requer que o cão trabalhe o tempo todo com a boca

fechada, a fim de otimizar a identificação dos odores. Isso diminui a eliminação de

calor durante a expiração, tendo em vista que esses animais não possuem glândulas

sudoríparas pelo corpo (DE PAULA, 2008), e pode culminar numa insolação, uma

emergência veterinária que pode progredir para a falência múltipla de órgãos e levar

a morte do animal. Ela ocorre, segundo Hemmelgarn e Gannon (2013), quando os

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cães são expostos a altas temperaturas, causando falha nos mecanismos de

termorregulação do corpo. Por isso, Taylor (2009) alerta que as pausas para

descanso, hidratação e resfriamento são necessários quando os animais são

empregados por longos períodos.

Além disso, Toffoli e Rolfe (2006) advertem que, quando expostos a altas

temperaturas, “os cães devem sem empregados seguindo uma escala de trabalho-

descanso que lhes permitam curtos períodos de trabalho em épocas de picos de

temperatura” (TOFFOLI; ROLFE, 2006, p. 1002, tradução nossa). O sucesso da

missão depende, portanto, de um número adequado de cães para que se possa

estabelecer tais escalas. Os autores ainda relatam o uso de botas nas patas

dianteiras a fim de prevenir queimaduras tópicas – de uso moderado, para não

impedir a dissipação de calor por meio da transpiração entre os dedos – bem como

de vestes de refrigeração em áreas de pouca sombra.

Ainda sobre o emprego de cães de guerra em ambientes quentes, Toffoli e

Rolfe (2006) afirmam que a aclimatação do cão num ambiente similar pode facilitar a

adaptação do animal no ambiente operacional. Nesse sentido, a criação do CRDC

do 7º BPE, em Manaus-AM, consiste numa importante medida para a

implementação dos cães de guerra na Faixa de Fronteira.

De acordo com o Manual de Doutrina Militar Terrestre (BRASIL, 2014a), a

execução das tarefas relacionadas à preservação das condições de higidez dos

animais pertencentes à F Ter é de incumbência do Serviço de Saúde, e participa da

Função de Combate Logística. O apoio logístico deve ser customizado para cada

caso, tendo como uma das características a “antecipação das demandas, de

maneira a fazer frente às contínuas mudanças de situação” (BRASIL, 2014a, p.8-3)

A atuação eficiente dos animais, assim como dos humanos, depende de um

suporte de atendimento de saúde para que possa ter condições de permanecer

atuando nas operações. Na atual estrutura do EB, existe a previsão de 01 (um)

oficial veterinário nas OM valor unidade (BRASIL, 2017c). Nas OM valor subunidade

e pelotão, a assistência veterinária é realizada por intermédio do oficial veterinário

designado pela RM.

Conforme a Doutrina Militar Terrestre (BRASIL, 2014a), o escalonamento da

logística consiste na articulação em profundidade dos recursos.

Os recursos mais elementares são disponibilizados às unidades

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desdobradas na porção mais avançada da área de responsabilidade de uma força operativa, enquanto aqueles de maior complexidade são dispostos mais à RETAGUARDA. (BRASIL, 2014a, p.8-5).

Nos casos de necessidade de evacuação, o Caderno de Instrução de

Emprego de Cão de Guerra do EB (BRASIL, 2013b), prevê que o cão deverá seguir

para o centro de apoio mais próximo, porém não informa qual seria esse centro.

Observa-se, assim, uma lacuna na definição de unidade que tenha como atribuição

prestar apoio às demais OM isoladas. Nos CRDC, a responsabilidade de

assistência é prevista apenas para o seu plantel de reprodutores e para a “[...]

aplicação das medidas profiláticas adequadas à faixa etária dos filhotes [...]”

(BRASIL, 2014b, p.8)

A lacuna no escalonamento do suporte veterinário no EB pode ser verificada

por meio do quadro abaixo, que trata sobre os escalões das atividades de Remonta

e Veterinária:

Escalão Organização Atribuições

Direção SGLRV – D Abst – COLOG (1)

Provimento, manutenção e controle dos efetivos de animais e suprimento e manutenção do material de veterinária (3)

Apoio Seção de Saúde (Sec Sau) do Cmdo RM (2)

a. Preservar e controlar os efetivos de animais das OM b. Suprir de material veterinário as OM

Execução

OM que possuem cães de guerra em carga

Preservar a saúde dos animais (alimentação, alojamento, assistência sanitária)

Batalhão ou Depósito de Suprimento

Aquisição, recebimento, armazenamento, distribuição e conservação da ração dos animais.

(1) Nomenclatura atualizada pelo autor (2) Quando a RM contar com uma Seção de Veterinária (Sec Vet), essa seção

substituirá a Sec Sau (3) A aquisição do material de Veterinária será realizada por meio de compra ou

repasse de crédito através das RM ou diretamente às OM. QUADRO 4 - Escalão e atribuições das atividades de remonta e veterinária. Fonte: Adaptado de Brasil (1999).

As Instruções Reguladoras das Atividades de Remonta e Veterinária

(BRASIL, 1999), estabelecem que as atividades de Remonta e Veterinária

encontram-se em três escalões: Escalão de Direção, Escalão de Apoio e Escalão de

Execução. Ao escalão de Execução, composto pela SCG da OM, compete a

“preservação da saúde dos animais (alimentação, alojamento, assistência sanitária e

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ferrageamento)” (BRASIL, 1999, p.6). Entretanto, para o Escalão de Apoio, integrado

pela Seção de Saúde do Comando das RM, não existe a previsão de fornecer o

suporte em atendimento de saúde para os animais.

2.2.2 Os cães no Exército dos Estados Unidos da América

A doutrina do MWD, desenvolvida durante a Guerra do Vietnã, deu origem a

um Manual de Campanha (Field Manual – FM) publicado em 1977. Atualmente, o

MWD Program está descrito no FM nº 3-19.17, de 6 se julho de 2005

(DEPARTMENT OF THE ARMY, 2005), e foi atualizado pelo Regulamento de

Exército (Army Regulation – AR) nº 190-12, de 11 de março de 2013

(DEPARTMENT OF THE ARMY, 2013).

De acordo com o FM nº 3-19.17 (DEPARTMENT OF THE ARMY, 2005), o

treinamento e o emprego de cães foram aprimorados continuamente de forma a

produzir uma extensão versátil e altamente sofisticada dos sentidos do soldado.

Sendo o MWD Program considerado uma referência no emprego de cães de guerra

em atividades militares na contemporaneidade, suas principais características são

sumariamente descritas abaixo. Esse resumo não se pretende taxativo, e busca

realçar os dados do programa que tangenciam o tema do presente trabalho, isto é, o

emprego de cães na supressão do tráfico de drogas em regiões da fronteira

amazônica.

2.2.2.1 Cães

De acordo com o FM 3-19.17, os cães aumentam as capacidades militares.

MWD são itens únicos, tendo em vista que são os únicos elementos vivos no sistema de suprimento do Exército. Com qualquer outro equipamento altamente especializado, os MWD complementam e melhoram as capacidades militares policiais. A equipes de MWD permitem à Polícia do Exército desempenhar missões com maior eficiência e com economia significativa de recursos humanos, tempo e dinheiro. (DEPARTMENT OF THE ARMY, 2005, p. 2, tradução nossa).

Existem três tipos básicos de MWD, quais sejam: os cães de patrulha, ou PD

(patrol dogs), os cães de patrulha e detecção de narcóticos, ou PNDD (patrol

narcotic detector dogs) e os cães de patrulha e detecção de explosivos, ou PEDD

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(patrol explosive detector dogs). A tabela abaixo discrimina as missões e tarefas que

cada tipo de cão pode desempenhar de acordo com funções da Polícia do Exército.

Missão Tipo de MWD

PEDD PNDD PD

A. Operações de Segurança de Área

(1) Área e reconhecimento X X X

(2) Varredura e vigilância X X X

(3) Defesa de base/ base aérea X X X

(4) Isolamento e busca X

(5) Postos de controle X X X

(6) Bloqueio de vias X X X

(7) Força de reação X X X

B. Operações de Apoio a Manobra e Mobilidade

(1) Apoio à manobra X X X

(2) Apoio à mobilidade X X X

C. Operações de Internamento e Reassentamento

(1) Preso civil e prisioneiro de guerra X X X

(2) Evacuação X X X

D. Operações de Garantia da Lei e da Ordem

(1) Força de segurança X X X

D. Operações de Garantia da Lei e da Ordem

(2) Investigações policiais X

(3) Apoio alfandegário X X

(4) Operações de desdobramento X X

(5) Pacotes suspeitos X

(6) Inspeções de saúde e bem-estar X X

(7) Controle de distúrbio X X X

(8) Alerta X X X

(9) Ameaças de bombas X

E. Operações de inteligência X X X QUADRO 5 - Missões e tipos de MWD. Fonte: DEPARTMENT OF THE ARMY (2005), tradução nossa.

Todos os MWD dos EUA são adquiridos pelo 341st Training Squadron,

situado na Base da Força Aérea de Lackland, no Texas. A aquisição avulsa de MWD

é proibida. A requisição de uma equipe de MWD (cão-condutor) necessita de dois

processos separados. Os condutores são obtidos por meio de pedido de pessoal; já

os cães são obtidos por meio de pedido de suprimento. Os comandantes irão atribuir

um condutor qualificado para cada MWD, de acordo com a política de um cão – um

condutor (one dog – one handler).

Quando um cão é adquirido, o 341st TS dá início a um arquivo administrativo

de registro permanente, bem como a um registro permanente de saúde veterinária.

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Esse arquivo acompanha o cão em toda transferência e fica sob responsabilidade do

canil do qual o cão fizer parte.

A substituição de cães que morreram, que foram adotados ou que foram

submetidos à eutanásia prevê um pedido formal que inclui uma declaração de que a

unidade requerente já possui um condutor treinado. Esse pedido também pode ser

feito quando o oficial veterinário declara que o MWD possui expectativa de vida de

até um ano ou quando é classificado como permanentemente não empregável.

2.2.2.2 Equipes de MWD

Dentro da estrutura e organização das unidades de MWD, existem três tipos

de equipes: a equipe de mestres de canil (KM Team), a equipe de cães de patrulha

e detecção de explosivos (PEDD Team) e a equipe de cães de patrulha e detecção

de narcóticos (PNDD Team).

A equipe de mestres de canil é composta por dois oficiais não comissionados.

Exerce a supervisão técnica das equipes, planeja e coordena as operações com

MWD e as requisições de apoio. Essa equipe também é responsável pelos treinos

de proficiência das equipes, supervisiona o estoque e o controle de kits de

treinamento de faro de narcóticos e de explosivos, bem como os equipamentos

relacionados.

A equipe de cães de patrulha e detecção de explosivos é composta por três

condutores e três PEDD. Detecta explosivos e contrabando, e pode ser empregada

como uma unidade ou, em missões específicas, apenas um condutor e seu

respectivo MWD.

A equipe de cães de patrulha e detecção de narcóticos é composta por

condutores e três PNDD. Detecta narcóticos e outras drogas e, assim como a equipe

de PEDD, pode ser empregada como equipe ou como o binômio cão-condutor. A

habilidade específica de detectar drogas ilegais faz do PNDD uma valiosa

ferramenta no auxílio de comandantes e outras agências governamentais na

garantia da lei e da ordem.

2.2.2.3 Estrutura hierárquica

O MWD Program prevê cinco níveis de responsabilidades e atribuições. São

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eles, do mais alto ao mais elementar: Gerente do Programa (Program Manager),

Mestre de Canil (Kennel Master), Oficiais Não Comissionados de Planejamento

(MWD Plans Noncomissioned Oficcers), Condutor Senior (MWD Senior Handler) e

Condutor (MWD Handler). Cabe ressaltar o relevante papel exercido pelo condutor,

responsável por prover adestramento e cuidados diários ao MWD sob sua custódia.

Por isso, os condutores não podem acumular funções que possam interferir em suas

responsabilidades junto ao MWD. O condutor garante a manutenção das habilidades

do cão, e pode exercer operações com PEDD ou com PNDD. Todo binômio cão-

condutor é treinado para exercer missões de patrulha, mas a habilidade de detecção

de explosivos ou de narcóticos depende de treinamento específico. Cabe, ainda, ao

condutor, preencher os registros dos treinamentos diários, adestrar e treinar o cão

diariamente e realizar a manutenção do canil.

2.2.2.4 Procedimentos administrativos

A iniciativa de estabelecer um programa local de MWD é do comandante da

unidade. As necessidades específicas devem ser determinadas, e os custos devem

ser justificados. A partir do momento em que a necessidade do programa de MWD é

comprovada, o comandante da unidade requerente inicia o pedido de

desenvolvimento de um projeto de canil ao engenheiro de instalações. Antes da

finalização do projeto, devem ser consultados a equipe veterinária, o inspetor de

segurança física, o inspetor de segurança pessoal e o chefe do canil. Depois, o

projeto é submetido ao setor de construções para aprovação e financiamento.

Em relação à construção de canis, o manual determina que, quando um

programa MWD começa em um local onde não existem instalações prévias

adequadas, a construção de canis tem que ser concluída antes da chegada dos

animais. Em operações em que equipes de MWD serão empregadas por longos

períodos, instalações permanentes deverão ser construídas em um prazo de um

ano, e canis destacados podem ser usados nesse ínterim.

Em algumas situações, caixas de transporte podem ser utilizadas como canis

temporários. Nesses casos, o interior, o exterior e o chão ao redor da caixa deve ser

limpa diariamente a fim de prevenir o acumulo de lixo e a infestação por insetos. É

preciso levantar cerca de 10 a 15 cm do chão para permitir a drenagem correta e

reduzir a procriação de parasitas. Em climas quentes, deve-se posicionar as caixas

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embaixo das árvores ou de madeiras compensadas para prover sombra e

ventilação. Uma barraca ou construção pré-fabricada pode servir como estoque

temporário de equipamento, ração e outros suprimentos.

Toda unidade, instalação ou atividade com equipes de MWD deve possuir

apoio de transporte suficiente para as missões e para que as atividades de apoio ao

canil possam ser conduzidas e mantidas adequadamente. Algumas modificações

nos veículos podem ser necessárias para que o MWD possa ser visto e assim

promover um efeito de dissuasão durante missões de proteção da força, de garantia

da lei e da ordem e de combate ao terrorismo. Essas modificações devem maximizar

a eficácia da missão, bem como garantir ao cão uma área confortável e protegida

dentro do veículo. Esse tipo de modificação é geralmente uma caixa ou uma jaula

com uma superfície não deslizante acoplada à traseira do veículo.

2.2.2.5 Treinamento

O treinamento é necessário em toda unidade que possui MWD a fim de

garantir que as equipes continuem proficientes. O treinamento, realista e desafiador,

deve ser conduzido num cenário similar ao que a equipe será empregada, e deve

contemplar todas as operações possíveis com as quais poderá se deparar. A ênfase

do treinamento é desenvolver habilidades no cão e no condutor, de forma que eles

se complementem e se tornem uma unidade de trabalho. Como critério de avaliação,

a performance correta de determinadas tarefas verifica se o condutor entende como

deve controlar seu cão e se está habilitado para tal.

Inicialmente, as equipes de MWD são treinadas no 341st Training Squadron.

Trata-se de um treinamento básico e não se destina a preparar o cão nem o

condutor para o emprego imediato. Contempla uma visão geral do MWD Program,

noções de cuidados com o MWD e de técnicas de treinamento apropriadas. É da

responsabilidade da unidade recebedora treinar a equipe para as missões

específicas.

Já o treinamento de proficiência, também de caráter obrigatório, visa a

reforçar as habilidades previstas para a equipe de MWD. Se a equipe não atingir um

padrão mínimo de treinamento em pelo menos 35 dias antes do exame de

certificação, não poderá ser a ele submetida.

O padrão mínimo de treinamento é de quatro horas por semana para PD e

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quatro horas por semana para PEDD ou PNDD. Para atingir a proficiência e garantir

a certificação, a equipe de PNDD precisa alcançar 90% ou mais de acertos. Caso a

equipe não consiga atingir esses índices em três exames consecutivos, perderá a

certificação e não poderá ser empregada.

O treinamento de habilidades específicas, como o de detecção de drogas ou

explosivos, deve ser sempre documentado apropriadamente. Tanto o treinamento

como o registro dele, com base em formulários oficiais, são necessários para a

manutenção da certificação da equipe. Os cenários do treinamento devem variar a

fim de evitar a repetição de padrões de treinamento. São listados alguns fatores que

devem ser adaptados a cada tipo de treinamento: a área geral dos exercícios de

treinamento; o número de kits de treinamento plantados; a localização especifica dos

kits na área utilizada para treinamento; a quantidade de explosivos e drogas

utilizadas no treinamento; o tipo de drogas e explosivos utilizados; o período do dia

ou da noite do treinamento; o tipo do recipiente do kit; a quantidade de tempo em

que o kit é deixado no local antes da busca da equipe de MWD; a pessoa utilizada

para portar ou colocar os kits na área de treinamento; o peso acima ou abaixo do

nível do piso em que o kit é colocado; o tamanho da sala ou da área em que o kit é

colocado.

O treinamento e a avaliação de cães detectores requer uso frequente de kits

de treinamento de faro com narcóticos. Devido ao potencial de danos e riscos que

envolvem o uso desses kits, é obrigatório que o pessoal do MDW program e os

comandantes tenham autorização legal para a posse desse material, bem como que

conheçam e sigam as orientações regulamentares previstas no AR 190-12. Esse

regulamento prevê os limites de quantidade para aquisição de cada tipo de droga,

por exemplo: 116g de maconha, 20g de haxixe, 14g de heroína e 17g de cocaína. A

legislação prevê também limites para estocagem desse material, que deve ser

mensalmente inspecionada. Essas substâncias devem ser contabilizadas, e seu uso

diário deve ser registrado. Embora os kits de treinamento de faro sejam embalados

de forma a evitar perdas de conteúdo, pode haver uma pequena variação no peso

devido a manuseio e a outros fatores. Para isso, o regulamento prevê os limites

toleráveis de variação para cada tipo de narcótico.

Assim que possível, logo após a chegada ao destino e certificando-se de que

a segurança do local foi devidamente estabelecida, um treinamento de

desdobramento deve ser iniciado, a fim de que a equipe de MWD desenvolva

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familiaridade com o novo local. Esse treinamento deve consistir em problemas

básicos, como ataque, busca e obediência, e pode incluir também o disparo de arma

de fogo pelo condutor enquanto mantém o cão sob controle. Alguns treinamentos

devem ser feitos no crepúsculo, para que o condutor possa enxergar e o cão possa

se adaptar ao barulho e luzes dos disparos. Todo MWD deve ter 30 (trinta) dias para

aclimatação e adaptação ao ambiente operacional onde deverá ser empregado.

As equipes de MWD devem portar kits de primeiros socorros em todas as

missões. Dados sobre o local de emprego (clima, terreno, etc) determinam os

conteúdos específicos do kit. Por exemplo, em terrenos desnivelados, o kit deve

conter um endurecedor de patas (pad toughener).

2.2.2.6 Validação e certificação

A validação é conduzida trimestralmente antes da certificação requerida, e

visa a verificar a proficiência ou identificar falhas especificas de patrulha ou detecção

que necessitam de correção por meio de treinamentos. O administrador do canil

deverá desenvolver planos de treinamento junto ao condutor cujo foco é eliminar as

falhas identificadas.

A validação inclui 30 (trinta) tentativas para PNDD, e 40 (quarenta) para

PEDD. Kits de treinamento de faro devem ser distribuídos em no mínimo cinco áreas

diferentes num período de cinco dias (veículos, quartéis, áreas abertas, armazéns,

aviões e bagagens). O registro da validação deve ser mantido por no mínimo dois

anos.

A certificação é válida por um ano, e torna-se nula quando o cão é atribuído a

outro condutor, quando o binômio cão-condutor é separado ou não conduz

treinamentos por 35 (trinta e cinco) dias ou mais dias consecutivos e, por fim,

quando a equipe não atinge o mínimo de 90% de acertos (PNDD) por três meses

consecutivos.

2.2.2.7 Inspeções

As inspeções visam a garantir que a seção de MWD está de acordo com os

padrões estabelecidos regularmente, e são realizadas por diversos níveis

institucionais, desde o Departamento de Exército (Department of the Army), com

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inspeções anuais, passando pelo Comando do Exército e pelos comandantes locais,

com inspeções mensais dos condutores, dos cães, dos treinamentos, da proficiência

da equipe, dos equipamentos e das instalações. O oficial veterinário responsável

também conduz inspeções trimestrais das instalações a fim de garantir a saúde e o

bem-estar do cão e do condutor. Além disso, são previstas inspeções veterinárias a

serem conduzidas mensalmente.

2.2.2.8 Assistência veterinária

O 341st Training Squadroon, localizado na Base Aérea de Lackland, é

responsável por adquirir ou reproduzir todos os cães militares e enviá-los para as

instalações militares dentro e fora do país após treinamento básico. Esse centro atua

como suporte veterinário de alto nível, por meio de um hospital especializado no

atendimento de MWD.

O atendimento veterinário do Exército americano é feito em quatro escalões.

O primeiro escalão é composto por um militar – graduado entre cabo e primeiro-

sargento - especialista em atendimento de animais (Animal Care Specialist), que

“providencia os primeiros socorros imediatos aos animais sob sua responsabilidade

em casos de ferimento, esteja o oficial do Corpo de Veterinário presente ou não”

(BRGLEZ; GILES; MANN, 2013, p. 14, tradução nossa). O segundo escalão é

realizado por equipes de suporte veterinário (Veterinary Service Support Team),

chefiadas por um oficial veterinário. Neste escalão, capaz de atender 10 (dez) cães,

é realizado o manejo avançado de traumas e cirurgias. O terceiro escalão é

realizado pelo Veterinary Medical Support Team, capaz de atender 50 (cinquenta)

cães, formado por um oficial veterinário de medicina clínica, com capacidade

diagnóstica, terapêutica e cirúrgica. No quarto escalão, o atendimento é realizado no

LTC Daniel E. Holland MWD Hospital, localizado na Base Aérea de Lackland, no

Texas. Neste centro é possível realizar cirurgias mais complexas, reabilitação e

convalescência. (SOARES, 2013)

É importante salientar que, no primeiro escalão, caso o especialista em

atendimento de animais ou o oficial veterinário não possam atuar no local onde o

animal estiver, o condutor do cão é capaz de realizar procedimentos básicos de

primeiros socorros e de preparar a evacuação do animal para um nível superior de

atendimento médico-veterinário. Segundo Toffoli e Rolfe (2006), o condutor ainda

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recebe treinamento especial de rotina profilática direcionada para a região

geográfica na qual o cão deverá atuar, incluindo noções sobre dieta apropriada,

sobre o acondicionamento da ração e sobre a correta administração de

medicamentos. De acordo com Brglez, Giles e Mann (2013), essa ênfase no

treinamento do condutor para que atue como o primeiro responsável pelo seu cão é

talvez a maior mudança no atendimento médico de MWD nos últimos dez anos.

Ainda sobre o papel do condutor no escalonamento do atendimento

veterinário no âmbito do Exército americano, Toffoli e Rolfe (2013) analisam os

desafios do emprego de MWD no Kuwait, por ocasião da Guerra do Iraque.

A preparação dos MWD para a exposição a temperaturas extremas e o treinamento dos condutores para o reconhecimento e para a realização de procedimentos em caso de stress por calor devem ser prioridades [...] antes do emprego das equipes cinotécnicas. (TOFOLLI; ROLFE, 2006, p. 1002, tradução nossa)

Devido ao calor intenso do verão daquela região, os autores destacam a

importância da preparação dos militares e dos cães para enfrentar os desafios do

ambiente operacional onde irão atuar.

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3 METODOLOGIA

Este capítulo apresenta o método que foi utilizado para se chegar a uma

solução para o problema de pesquisa, detalhando os procedimentos utilizados para

selecionar as referências bibliográficas, para elaborar os instrumentos de coleta de

dados e para estabelecer os parâmetros para análise desses dados.

Mediante o emprego dos quadros de operacionalização das variáveis e do

delineamento da pesquisa, pode-se compreender a sua natureza, de modo a facilitar

a leitura e compreensão. Para um melhor encadeamento de ideias, esta seção foi

dividida nos seguintes tópicos: 3.1 Objeto Formal de Estudo; 3.2 Amostra; e 3.3

Delineamento de Pesquisa.

3.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO

O presente trabalho busca avaliar a influência que os aspectos operacionais e

administrativos que envolvem o emprego dos cães de guerra pelo Exército Brasileiro

exercem na repressão ao narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica.

Como variáveis envolvidas no presente estudo, “os aspectos que envolvem o

emprego de cães de guerra pelo Exército Brasileiro” apresenta-se como variável

independente, subdividindo-se em duas dimensões, a saber, administrativa e

operacional, observando-se que a sua manipulação pode influenciar “a repressão ao

narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica”, que constitui a variável dependente.

Dessa forma, busca-se relacionar as possibilidades e limitações dos aspectos

operacionais e administrativos que envolvem o emprego de cães de guerra pelo

Exército Brasileiro com a dificuldade na implantação de cães na fronteira, o que

produz efeitos na eficácia da repressão ao narcotráfico na região.

Como forma de melhor organizar, encadear e expor as variáveis levantadas,

foram elaborados dois quadros de operacionalização das variáveis, relacionados

respectivamente à independente e à dependente. Ambos os quadros relacionam os

aspectos levantados como essenciais ao estudo: as dimensões, os indicadores e as

formas de medição. O quadro a seguir apresenta a definição operacional da variável

independente:

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Variável independente

Dimensão Indicadores Forma de Medição

Os aspectos que envolvem o emprego de

cães de guerra pelo

Exército Brasileiro

Administrativa

Efetivo pessoal

Questionário A (8) Questionário B (2, 3, 4, 24)

Questionário C (6)

Efetivo canino

Questionário A (3, 7, 8) Questionário B (5, 16, 24)

Questionário D (1 a 3)

Seleção, reprodução e distribuição de cães

Questionário A (8) Questionário D (1 a 3)

Atendimento veterinário

Questionário A (8, 10, 11) Questionário B (6, 7, 8, 24)

Questionário D (7)

Instalações físicas Questionário A (8) Questionário B (18, 19, 24)

Manutenção dos cães

Questionário A (8, 14) Questionário B (22)

Questionário D (4 a 6)

Transporte

Questionário A (8, 12, 13) Questionário B (20, 21, 24)

Questionário C (10, 11)

Operacional

Materiais para adestramento

Questionário B (15, 24)

Capacitação Questionário A (6, 8) Questionário B (9, 10, 11) Questionário C (4, 5)

Certificação Questionário B (12) Questionário C (7)

Doutrina Questionário B (13, 14, 23) Questionário C (8, 9, 13)

QUADRO 6 - Definição operacional da variável: “Os aspectos que envolvem o emprego de cães de guerra pelo Exército Brasileiro”. Fonte: O autor.

No quadro que se segue, é possível compreender a definição operacional da

variável dependente:

Variável

dependente

Dimensão Indicadores Forma de Medição

A repressão ao

narcotráfico na

Faixa de Fronteira

amazônica

Emprego

Volume de narcóticos

apreendidos com e sem o

emprego de cães de

detecção

Revisão de literatura

Questionário A (15)

QUADRO 7 - Definição operacional da variável: “A repressão ao narcotráfico na fronteira amazônica”. Fonte: O autor

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68

3.2 AMOSTRA

Tratando-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, utilizou-se um

processo para obtenção de uma amostra que permitisse a reunião de militares e

instituições que representassem empiricamente o contexto do problema em estudo.

A limitação da amostra foi realizada em duas fases:

1ª fase: Pesquisa de campo

Foram realizadas visitas de observação ao 2º BPE, em Osasco, e ao BAC,

no Rio de Janeiro; o primeiro, por se tratar de um dos três CRDC do EB, e o

segundo, por ser uma unidade renomada da Polícia Militar do Rio de Janeiro no que

diz respeito ao emprego de cães no combate ao narcotráfico.

No 2º BPE, foram levantadas informações acerca dos métodos de

reprodução, adestramento e distribuição de cães no âmbito do EB. No BAC, foram

realizadas observações das peculiaridades da OM no que tange à utilização de cães

de detecção de narcóticos.

2ª fase: questionário

A fim de esclarecer e discutir as características, possibilidades e limitações do

emprego de cães de guerra no EB, mais detidamente o CDN nos BIS localizados na

Faixa de Fronteira, buscou-se trabalhar com quatro amostras distintas, cada uma

correspondendo a um universo de respondentes considerados relevantes para uma

visualização mais ampla da situação atual do emprego de cães pela F Ter. Assim,

serão descritos abaixo os limites e os perfis profissionais dessas amostras,

delimitados pelos questionários utilizados na pesquisa.

a) os BIS localizados na Faixa de Fronteira ou que possuem C Fron, pois

compreendem o foco da pesquisa em relação à implementação de cães nessas

unidades.

O questionário (Apêndice A) foi enviado aos 84 Oficiais Combatentes da Arma

de Infantaria formados na Academia Militar das Agulhas Negras que possuem

endereço eletrônico cadastrado na Base de Dados Corporativa de Pessoal (BDCP)

do EB e que servem atualmente em uma das oito Unidades localizadas na Faixa de

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69

Fronteira, constantes do abaixo:

C Mil A OM Cidade

CMA Cmdo Fron RR/7º BIS Boa Vista-RR

3º BIS Barcelos-AM

Cmdo Fron RN/5º BIS São Gabriel da Cachoeira-AM

Cmdo Fron Sol/8º BIS Tabatinga-AM

Cmdo Fron AC/4º BIS Rio Branco-AC

Cmdo Fron RO/6º BIS Guajará-Mirim-RO

61º BIS Cruzeiro do Sul-AC

CMN Cmdo Fron AP/34º BIS Macapá-AP QUADRO 8 - BIS localizados na Faixa de Fronteira ou que possuam C Fron. Fonte: O autor

Desse universo, obteve-se uma amostra de 56 respondentes. A quantidade

de questionários enviados e respondidos por Unidade pode ser visualizada no

gráfico abaixo.

GRÁFICO 2 - Questionários enviados e respondidos pelos BIS. Fonte: O autor.

No que tange às funções dos respondentes que servem nas OM

supracitadas, 40% dos militares são oficiais do Estado-Maior, responsáveis pelo

planejamento logístico e operacional em suas Unidades. Além disso, 6% da amostra

56

10 10

11

13

14

15

23

9

56

10 1011

0

2

4

6

8

10

12

14

16

3º BIS 61º BIS Cmdo FronAC/4º BIS

Cmdo FronRN/5º BIS

Cmdo FronSol/8º BIS

Cmdo FronRO/6º BIS

Cmdo FronRR/7º BIS

Cmdo FronAP/34º BIS

Enviados Respondidos

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70

corresponde a militares que exercem atualmente a função de Comandante ou

Subcomandante de OM.

GRÁFICO 3 - Função dos militares da amostra dos BIS. Fonte: O autor.

A amostra dos BIS está qualificada a responder as questões atinentes ao

ambiente operacional da Amazônia e representa a informação mais atualizada dos

BIS pois somente está constituída por militares que estão servindo atualmente

nessas OM.

b) as OM das armas base que possuem SCG em seu QCP. Nessas OM, a

amostra foi restrita ao Chefe da Seção de Cães de Guerra. Foi estabelecido como

critério de inclusão para essas OM a existência de cães homologados junto à D

Abst.

O questionário (Apêndice B) foi enviado aos Chefes da SCG de 29 OM,

obtendo-se 19 respostas. Da amostra, 10 respostas são de OM valor Unidade,

sendo que 4 dessas não são OM de PE ou de Guardas.

O Quadro 9 representa as OM que receberam questionários e o Gráfico 4 a

distribuição do tipo das OM respondentes, classificadas por Unidade, Subunidade ou

Pelotão

6%

40%

23%

31%

Cmt/SCmt OM Estado-Maior Cmt SU Cmt Pel

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71

C Mil A OM Cidade

CML

11º BPE Rio de Janeiro-RJ

1º BG Rio de Janeiro-RJ

1º BPE Rio de Janeiro-RJ

25º BI Pqdt Rio de Janeiro

36º Pel PE Pqdt Rio de Janeiro-RJ

4ª Cia PE Belo Horizonte-MG

CMSE 2º BPE Osasco-SP

11º Pel PE Campinas-SP

CMS

3º BPE Porto Alegre-RS

20º BIB Curitiba-PR

5º RC Mec Quaraí-RS

1ª Cia Gd Porto Alegre-RS

26º Pel PE Santa Maria-RS

5ª Cia PE Curitiba-PR

CMNE

6º BPE Salvador-BA

10º Pel PE Recife-PE

4º BPE Recife-PE

CMN

50º BIS Imperatriz-MA

15º Cia PE Belém-PA

33º Pel PE Marabá-PA

CMO

11º R C Mec Ponta Porã-MS

4º Pel PE Dourados-MS

13º Pel PE Cuiabá-MT

14ª Cia PE Campo Grande-MS

CMP BPEB Brasília-DF

BGP Brasília-DF

CMA

7º BPE Manaus-AM

32º Pel PE Boa Vista-RR

22º Pel PE São Gabriel da Cachoeira-AM

QUADRO 9 - OM das armas base que possuem SCG autorizadas pela D Abst. Fonte: O autor.

GRÁFICO 4 - Tipo de OM da amostra das SCG Fonte: O autor

15

5

910

4 5

0

5

10

15

20

Unidade Subunidade Pelotão

Nr questionários enviados Nr questionários respondidos

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72

A referida amostra está qualificada a responder as informações referentes a

estrutura de funcionamento das SCG.

c) aos militares possuidores do Estágio de Adestramento de Cães de Guerra,

pois possuem experiência no adestramento e emprego dos cães. Estabeleceu-se

como critério de inclusão o seu endereço eletrônico cadastrado na BDCP do EB.

Os questionários (Apêndice C) para os militares possuidores do Estágio de

Adestramento com Cães de Guerra foram, portanto, distribuídos para 202 militares.

Portanto, seguindo o que orienta Rodrigues (2006) em relação a quantidade de

elementos (n) que deverá conter uma amostra, de acordo com a população

estudada (N), o efetivo da amostra acima foi obtido considerando 100% da amostra

ideal prevista em função do tamanho populacional, que é de 429 (quatrocentos e

vinte e nove) militares. Foram obtidas 160 respostas.

A primeira parte do referido questionário identificou o perfil profissional dos

integrantes da amostra, a saber, a formação militar do respondente, que está

representada no Gráfico 5:

GRÁFICO 5 - Formação dos adestradores de cães de guerra. Fonte: O autor.

74% dos adestradores foram formados na Escola de Sargento das Armas

(ESA), e 11% são oriundos da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Os

militares formados pela Escola de Sargentos de Logística e pelo Curso de Formação

74%

11%

5%

6%4%

ESA AMAN EsSLog CFST EsFCEx

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73

de Sargento Temporário representam 11% da amostra, e os 4% restantes

corresponde a militares egressos da Escola de Formação Complementar do Exército

(EsFCEx).

Essa amostra está qualificada a responder as questões atinentes ao preparo

e emprego dos cães de guerra por possuírem qualificação específica que está

diretamente relacionada ao tema da pesquisa.

d) a SGLRV, da D Abst, pois realiza o controle técnico das SCG. Foi enviado

um único questionário (Apêndice D), remetido para a D Abst.

3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Foi realizada uma pesquisa aplicada, objetivando gerar conhecimento para

aplicação prática, dirigida à solução de problemas específicos relativos ao emprego

de cães de guerra nos Batalhões de Infantaria de Selva na repressão ao

narcotráfico.

A variável dependente “A repressão ao narcotráfico na fronteira amazônica”

foi mensurada por meio da experiência de emprego com cães de detecção de

narcóticos da Força Nacional de Segurança Pública em Tabatinga – AM. Partindo-se

dessa experiência, pode-se inferir o impacto da atuação do cão na eficácia da

repressão ao narcotráfico no ambiente operacional amazônico. Sendo assim, o

método de pesquisa adotado foi o indutivo, pois buscou-se a confirmação da

hipótese por meio da constatação de fatos particulares.

A fim de viabilizar o desenvolvimento da investigação científica, o

procedimento adotado foi o estudo de caso, visando à obtenção de informações

sobre o funcionamento do programa de cães de guerra do Exército Brasileiro, das

Polícias Militares, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, bem como do

Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América. Além disso, foi utilizado o

método comparativo, buscando semelhanças e diferenças entre os referidos

programas.

O delineamento de pesquisa iniciou-se pelo levantamento e seleção da

bibliografia, pela leitura analítica, pela referenciação e pelo fichamento das fontes. A

pesquisa foi qualitativa, uma vez que privilegiou relatos, análises de documentos e

observações, com ênfase na interpretação e na compreensão dos óbices que

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74

dificultam a implementação de cães na fronteira e do atual emprego de cães no EB,

bem como quantitativa, pois mede dados que foram comparados em termos

numéricos entre as diversas amostras.

Foi realizada uma pesquisa de campo, como forma de coletar opiniões e

experiências de especialistas envolvidos na reprodução, distribuição, adestramento,

emprego e tratamento veterinário. Quanto aos procedimentos técnicos, foi utilizada a

pesquisa bibliográfica de livros, revistas, publicações, monografias, artigos de

periódicos e informações disponibilizadas na Internet, o que permitiu a definição de

termos e estruturação de um modelo teórico de análise e solução do problema de

pesquisa. Quanto à obtenção de dados, foi utilizada a técnica de coleta documental,

através da reunião e análise de legislações, manuais, boletins e aditamentos que

publicaram a situação dos cães de guerra no EB, reportagens e relatórios do

governo sobre drogas.

3.3.1 Procedimentos para a revisão de literatura

Para a definição de termos, a redação do capítulo 2 e a estruturação de um

modelo teórico de análise que viabilize a solução do problema de pesquisa, foi

realizada a revisão de literatura nos seguintes moldes:

a. Fontes de busca

- Manuais militares de emprego de cães do EB;

- Manuais militares de emprego de cães dos EUA e outras instituições;

- Livros, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso e artigos

científicos sobre operações com cães e tráfico de drogas; e

- Base de Dados Corporativa do Pessoal do Exército Brasileiro.

b. Estratégia de busca para as bases de dados eletrônicas

Foram utilizadas as seguintes fontes de busca: de base indexatória como

Scholar Google, Sweet Search, SciELO; bibliotecas da Academia Militar das Agulhas

Negras (AMAN), da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), da

Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército (EsAO) e da Escola de Formação

Complementar do Exército (EsFCEx) e bases de dados corporativa de Legislação do

Exército Brasileiro.

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75

O trabalho utilizou os seguintes termos descritores: “cães de guerra”, “cão de

guerra”, “cinotecnia militar”, “working dog”, “military working dog”, “detection dog”,

com o intuito de levantar literatura sobre a situação da cinotecnia no Exército

Brasileiro e no mundo. Também buscou os termos “ilícitos transfronteiriços”,

“Exército Brasileiro”, “faixa de fronteira”, “narcotráfico” e “Amazônia” para obter

informações sobre tráfico de drogas e atuação do EB na faixa de fronteira. Nas

bibliotecas e nas bases de dados corporativas, foram procurados trabalhos que

continham as expressões “cão de guerra” e “cães de guerra”.

Após a pesquisa eletrônica, as referências bibliográficas dos estudos

considerados relevantes foram revisadas, no sentido de encontrar artigos não

localizados na referida pesquisa.

c. Critérios de inclusão

- Estudos publicados em português, inglês, espanhol ou francês;

- Estudos quantitativos e qualitativos que descrevem experiências com

emprego de cães de guerra nacionais e internacionais;

- Estudos quantitativos e qualitativos do narcotráfico na Amazônia;

- Textos com data de publicação mais recente possível; e

- Legislação brasileira vigente.

d. Critérios de exclusão

- Estudos que abordam a utilização de cães em atividades não relacionadas

com emprego militar; e

- Estudos com pesquisa pouco definida, sem aprofundamento e sem

referências confiáveis.

3.3.2 Procedimentos metodológicos

Os instrumentos de coleta de dados foram remetidos aos militares, dentro da

amostra selecionada, sendo respondidos por meio do Google Forms na internet.

Ressalta-se que, ao receberem os questionários, os militares foram informados

acerca dos objetivos da pesquisa e receberam as orientações para o preenchimento

dos mesmos.

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76

3.3.3 Instrumentos

No desenvolvimento do presente trabalho científico, foram empregados 2

(dois) tipos de instrumentos de coleta de dados: questionário e observação.

Foi realizado um estudo de caso referente à experiência dos EUA em relação

ao seu programa de treinamento do cão militar, bem como observação do CRDC do

2º BPE e do BAC, que possui elevada reputação em operações de combate ao

narcotráfico. Desta forma, realizou-se um diagnóstico dos principais problemas

existentes no funcionamento do emprego de cães de guerra do EB e das melhores

práticas em outras instituições que podem ser adaptadas para a F Ter a fim de

aumentar a eficiência da utilização dos cães.

A fim de descrever e mensurar as variáveis, foram utilizados questionários.

Esse instrumento conteve uma mensagem introdutória explicando a intenção da

pesquisa. Os questionários se constituíram de perguntas abertas, fechadas e mistas.

Algumas questões seguiram o modelo consagrado da escala de Likert. Os

questionários tiveram como objetivo principal esclarecer as características,

possibilidades e limitações relativas ao emprego de cães de guerra do EB.

Os questionários foram direcionados da seguinte forma: o primeiro, conforme

Apêndice A para os BIS localizados na Faixa de Fronteira ou que possuam C Fron; o

segundo, conforme Apêndice B, para as OM das armas base que possuem SCG

autorizada pela D Abst, além de cães homologados; o terceiro, conforme Apêndice

C, aos militares possuidores de Estágio de Adestramento de Cães de Guerra; e o

quarto, conforme Apêndice D, à Seção de Gestão Logística de Remonta e

Veterinária da D Abst.

A técnica de questionário foi submetida a sessões de pré-teste com 20

capitães, alunos do Cursos de Aperfeiçoamento de Oficiais, a fim de se avaliar

falhas de elaboração, dúvidas durante a execução e a clareza dos instrumentos

utilizados. Para integrar a amostra proposta no estudo, foram utilizados militares que

tenham servido em BIS ou OM que possuíam SCG.

3.3.4 Análise dos dados

Para responder ao questionamento que impulsionou este trabalho e alcançar

os objetivos previstos, foi necessário organizar, interpretar e analisar os dados e

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77

informações obtidas, a fim de fundamentar as considerações finais e suas possíveis

propostas.

Este trabalho reuniu dados oriundos de diversas fontes. Os dados levantados

a partir da revisão de literatura e das observações foram comparados com os que

foram extraídos dos questionários. Após a coleta dos dados, foi realizada a

tabulação digital em planilha. Nos itens da pesquisa que têm caráter quantitativo,

foram contabilizadas as respostas de cada alternativa aplicando-se um tratamento

estatístico para distribuição das frequências. Foram utilizados tabelas e gráficos de

comparação de resultados, de modo a facilitar o entendimento da apresentação da

análise dos resultados.

Em virtude da natureza dissertativa das perguntas abertas dos questionários,

as respostas qualitativas dos questionários foram analisadas com a finalidade de se

avaliar os atuais aspectos administrativo e operacional que envolvem o emprego de

cães de guerra pelo EB e a utilização dessa ferramenta na repressão ao narcotráfico

na Faixa de Fronteira amazônica.

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78

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presente seção tem por finalidade apresentar os dados obtidos por meio

dos instrumentos de coleta de dados utilizados nessa pesquisa – questionários e

observações. Os dados foram tabulados e apresentados por meio de suas medidas

descritivas e de inferência estatística.

Com o intuito de discutir os dados obtidos referentes às características que

envolvem o emprego de cães de guerra pelo EB, esta seção subdividir-se-á de

acordo com as dimensões da variável independente, a saber, administrativa e

operacional

4.1 DIMENSÃO ADMINISTRATIVA

Com o fito de melhor organizar as informações da dimensão administrativa,

esta seção está dividida nas seguintes subseções: efetivo pessoal; efetivo canino;

tratamento veterinário; transporte; aquisição de materiais e suprimentos; e

instalações físicas.

4.1.1 Efetivo pessoal

O efetivo pessoal contempla as informações sobre QCP, oficiais veterinários,

oficiais combatentes e praças.

4.1.1.1 QCP

Seguindo uma escala em que 1 indica irrelevância e 5 indica extrema

relevância, os militares dos BIS julgaram o nível de importância atribuída ao fator

“Ajuste do QCP” como sendo um entrave administrativo que compromete ou dificulta

a implantação de uma Seção de Cães de Guerra nas OM. 64,3% posicionou o fator

entre relevante e extremamente relevante, e 30,4% como pouco relevante ou

irrelevante.

Para que uma OM possa ter uma SCG, é necessário que sejam realizados

ajustes em seu QCP, mediante a supressão de cargos de modo a compensar

aqueles a serem criados com a SGC.

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79

TABELA 1 - Dificuldade administrativa e documental de alterar o QCP da OM a fim de implantar a SCG.

Grupo

Avaliação

Amostra - BIS

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 13 13 .232 .232

Muito relevante 4 17 .071 .304

Relevante 19 36 .339 .643

Pouco relevante 15 51 .268 .911

Irrelevante 2 53 .036 .946

Abstenções 3 56 .054 1.000

Σ= 56 - 1 -

Fonte: O autor.

O QCP deverá ter a constituição máxima conforme previsto na Portaria nº

019-EME, de 6 de fevereiro de 2017 (ver Quadro 1). Esse requisito pode ter sido

avaliado como um entrave, tendo em vista que suprimir cargos pode repercutir na

eficiência de outros setores da OM, dificultando a implantação de uma SCG. Além

disso, o trâmite que compreende desde a solicitação de alteração de QCP e de

criação da SCG até o recebimento de cães pode levar mais de 5 anos, o que acaba

desestimulando a solicitação por parte das OM.

Desta forma, para que seja possível a distribuição de cães para as OM Fron

em curto prazo, seria ideal se a implantação de cães nessas OM ocorresse por meio

de um projeto institucional do EB, o que agilizaria os trâmites burocráticos.

Em relação à falta de pessoal, o BIS forneceu os seguintes resultados:

TABELA 2 - Falta de pessoal na OM.

Grupo

Avaliação

Amostra - BIS

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 19 19 .339 .339

Muito relevante 7 26 .125 .464

Relevante 13 39 .232 .696

Pouco relevante 11 50 .196 .893

Irrelevante 2 52 .036 .929

Abstenções 4 56 .071 1.000

Σ= 56 - 1 -

Fonte: O autor.

A falta de militares foi julgada como um fator extremamente relevante por

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80

33,9% da amostra. Esse dado, confrontado com o tópico anterior sobre QCP

constante na Tabela 1, revela a dificuldade de se ajustar o QCP da OM a fim de criar

uma SCG. Como a OM julga que existe falta de militares, consequentemente haverá

maior dificuldade de se suprimir cargos para a criação da SCG

No que tange à necessidade de emprego de cães no âmbito das OM Fron,

73% dos respondentes dos BIS indicaram que essa ferramenta deveria ser alocada

tanto na sede da OM quanto nas frações destacadas, conforme sinalizado no gráfico

abaixo:

GRÁFICO 6 - Distribuição dos cães nas OM Fron. Fonte: O autor.

Considerando-se que os destacamentos das OM Fron estão situados em

locais estratégicos e possuem a responsabilidade de realizar, permanentemente, o

patrulhamento e a segurança dos principais acessos ao território nacional com o

intuito de coibir a entrada de materiais provenientes de ilícitos transfronteiriços,

especialmente o tráfico de drogas, a presença de cães farejadores nos

destacamentos das OM Fron potencializaria a ação da tropa. Para tanto, a OM deve

prever que o QCP das frações destacadas também seja alterado.

A Portaria nº 019-EME, de 6 de fevereiro de 2017 prevê que exista 01 Sgt

Adestrador e 06 Cb/Sd Tratadores para OM valor SU, 01 Sgt Adestrador e 03 Cb/Sd

Tratadores para OM valor Pel. No caso das OM Fron, caso haja a distribuição de

73%

19%

2%2% 2% 2%

Tanto na sede do Batalhão quanto nas frações destacadas (CEF/PEF/Destacamentos)

Apenas na sede do Batalhão, apoiando os destacamentos nas operações

Apenas nas frações destacadas (CEF/PEF/Destacamentos)

De acordo com a característica de cada OM

Não é o caso a distribuição de cães para OM Fron

Abstenção

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81

cães para a sede e para os PEF, deve-se somar ao efetivo da sede o efetivo

necessário para cada destacamento. Deste modo, o efetivo da OM poderia ser maior

que o limite fixado para as OM valor Unidade na Portaria nº 019-EME, de 6 de

fevereiro de 2017 (BRASIL, 2017c), uma vez que os destacamentos são

incorporados ao Batalhão e não se constituem uma OM independente.

4.1.1.2 Oficiais veterinários

No que diz respeito à especialização necessária dos militares que trabalham

em SCG, sabe-se que, em OM que não possui oficial veterinário em QCP, a

assistência veterinária deve ser realizada por oficial veterinário da guarnição

designado pela RM (BRASIL, 2017c). Entretanto, 41,1% do BIS avaliou a falta de

veterinário na OM como um óbice extremamente relevante.

TABELA 3 - Falta de oficial veterinário na OM para os BIS.

Grupo

Avaliação

Amostra - BIS

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 23 23 .411 .411

Muito relevante 12 35 .214 .625

Relevante 7 42 .125 .750

Pouco relevante 5 47 .089 .839

Irrelevante 6 53 .107 .946

Abstenções 3 56 .054 1.000

Σ= 56 - 1 -

Fonte: O autor.

Esse dado indica não somente uma possível dificuldade logística que teriam

a 8ª e a 12ª RM, responsáveis pela região da Faixa de Fronteira amazônica,

atenderem a demanda por assistência veterinária das oito OM Fron da Amazônia,

como também uma dificuldade de encontrar profissionais especializados em

localidades mais afastadas dos grandes centros urbanos.

Além disso, a ausência de oficial veterinário nas OM Fron pode comprometer

a assistência veterinária por ocasião da utilização de cães em seus destacamentos,

inviabilizando o adequado escalonamento do tratamento veterinário. Sendo assim, é

extremamente necessário que a OM que pleiteia a implantação de SCG possa

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82

contar com a previsão do veterinário em QCP. Atualmente, três dos oito BIS

localizados na Faixa de Fronteira já possuem veterinário em seu QCP.

Corroborando a percepção dos BIS tratada na Tabela 3, a falta de oficial

veterinário é tida como extremamente relevante por 68,4% da amostra das SCG,

conforme apontado na Tabela 4.

TABELA 4 - Falta de Oficial Veterinário na OM para as SCG.

Grupo

Avaliação

Amostra - SCG

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 13 13 .684 .684

Muito relevante 1 14 .053 .737

Relevante 0 14 .000 .737

Pouco relevante 1 15 .053 .789

Irrelevante 4 19 .211 1.000

Σ= 19 - 1 -

Fonte: O autor.

Nas OM que já possuem SCG, a falta de veterinário configura-se como um

entrave ao funcionamento da seção. Esse dado indica que, para os militares que

servem em SGC, a situação ideal compreende a presença de um veterinário, o que

reforça a necessidade de incluir esse especialista no QCP de OM de valor Unidade.

A existência de veterinário se aplicaria somente à OM de valor Unidade

(BRASIL, 2017c). Para os demais casos (Subunidade e Pelotão), sobretudo os

destacamentos, faz-se necessário que as atribuições de assistência veterinária

sejam distribuídas entre militares treinados para realizar procedimentos básicos de

cuidados com o cão. Esse método, adotado pelo MWD Program (DEPARTMENT OF

THE ARMY, 2005), descentraliza o atendimento e pode servir de modelo para o

escalonamento do tratamento veterinário, que será abordado na seção 4.1.3,

necessário para possibilitar a implantação de cães de guerra em OM Fron.

4.1.1.3 Oficiais combatentes

Os resultados obtidos dos questionários enviados às SCG possibilitaram

averiguar que há necessidade de existir um oficial combatente que possua vínculo

operacional com a SCG.

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83

GRÁFICO 7 - Participação de oficial combatente na SCG. Fonte: O autor.

Nas OM de valor Subunidade e Pelotão, praticamente inexiste a possibilidade

de haver um oficial combatente vinculado à SCG em virtude da limitação de efetivo

de oficiais nessas unidades. Essa impossibilidade pode explicar a baixa demanda

por oficiais combatentes nessas frações, de acordo com o julgamento de seus

militares. Entretanto, nas OM valor Unidade, foi relatado que deveria haver vínculo

desse oficial em 70% das respostas. Apenas 1 (uma) OM valor Unidade relatou

possuir atualmente 01 (um) oficial combatente envolvido nas atividades da SCG.

A despeito da Portaria nº 019/17 prever que o Chefe da SCG deve ser o

veterinário nas OM valor Unidade (BRASIL, 2017c), o Caderno de Instrução de

Emprego de Cão de Guerra diz que o oficial veterinário deverá ser o chefe da Seção

Veterinária do canil. Segundo esse Caderno de Instrução, o Chefe da SCG deve ser

o instrutor, oficial ou praça, que terá a responsabilidade de conduzir a preparação

técnica dos cães e demais integrantes da fração (BRASIL, 2013b).

É necessário, portanto, que haja uma clara delimitação entre as funções

exercidas por oficiais combatentes ou praças, de um lado, e oficiais veterinários, de

outro, sem que se prejudique a interação entre elas.

A previsão da existência de um oficial combatente na SCG se fundamenta na

necessidade de planejamento operacional das atividades militares. A presença

70%

50%

40%

30%

50%

60%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Unidade Subunidade Pelotão

Sim Não

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84

desse oficial na SCG promove a interação necessária entre os objetivos finais do

emprego do cão e o conhecimento das atividades cinotécnicas, representadas pelo

adestramento, treinamento e manutenção dos cães.

Consultada a BDCP do EB, observa-se que, até o momento da redação deste

texto, existem 20 (vinte) oficiais combatentes possuidores de Estágio de Adestrador

de Cães de Guerra, sendo que apenas 03 (três) oficiais estão servindo em OM de

PE que possui SCG.

À guisa de comparação, o EB emprega cavalos em 51 (cinquenta e uma) OM.

Esses animais são utilizados normalmente em atividades de hipismo, para fins de

desenvolvimento de atributos da área afetiva, cerimonial militar e patrulhamento

ostensivo. No EB, a Escola de Equitação do Exército (EsEqEx) capacita oficiais no

Curso de Instrutor de Equitação. A escola tem como finalidade “habilitar oficiais da

arma de cavalaria e artilharia a ocupar cargos e exercer a função de Instrutor de

Equitação e encarregado de atividades hípicas” (BRASIL, 2017b). Existem

atualmente 206 (duzentos e seis) oficiais combatentes possuidores desse curso que

estão cadastrados na BDCP do EB. Por outro lado, nas atividades de emprego de

cães, não há a mesma difusão de conhecimento devido à carência de oficiais

formados em cursos de adestramento de cães, a despeito do crescente emprego de

cães em atividades militares.

Santos (2012), ressalta que as operações militares com cães farejadores

possuem grandes dificuldades no planejamento, devido à “ingerência no processo

de pessoas não especializadas, [sobretudo nas unidades policiais] que são

comandadas ou estão subordinadas por profissionais não capacitados na esfera da

cinotecnia” (SANTOS, 2012, p.14). Demonstra-se dessa forma que são entraves a

carência de assessoramento de oficiais combatentes na SCG e o desconhecimento

das capacidades e limitações das equipes caninas por parte dos responsáveis pelo

planejamento das missões.

A presença de um oficial combatente na SCG revela-se fundamental para o

acompanhamento da formação dos cães e dos militares, além da fiscalização das

atividades desenvolvidas no âmbito da SCG. Entretanto, devido à carência de oficias

combatentes na OM e não existência de claros nas SCG para estes, uma solução

para que o oficial tenha atribuições junto à SCG não seria necessariamente incluir o

oficial combatente no QCP da OM, mas designar a participação funcional desse

militar através de encargos.

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85

Dos respondentes da amostra dos adestradores, 69,6% consideraram que

existe uma carência no número de oficiais combatentes participando do

adestramento e emprego dos cães nas OM que possuem SCG.

TABELA 5 - Carência de oficiais combatentes.

Grupo

Avaliação

Amostra - Adestradores

ƒi Fi ƒri Fri

Concordo totalmente 40 40 0,500 0,500

Concordo parcialmente 15 55 0,188 0,688

Não concordo e nem

discordo 18 73 0,225 0,913

Discordo parcialmente 2 75 0,025 0,938

Discordo totalmente 5 80 0,063 1,000

Σ= 80 - 1 -

Fonte: O autor.

O efetivo absoluto de oficiais combatentes que se especializam na área é

reduzido. De acordo com o QCP previsto para a SCG, existe a previsão de haver 1

(um) sargento adestrador. Caso existisse na OM 1 (um) oficial combatente que fosse

responsável pelo adestramento da SCG e que também se especializasse, deveria

haver um maior equilíbrio entre o efetivo de sargentos e de oficiais especializados.

Entretanto, os oficiais combatentes correspondem a 4,6% do total de adestradores.

Por fim, verificou-se que 55,5% dos oficiais combatentes da amostra dos

adestradores afirmaram já terem desempenhado funções na SCG de suas OM. Esse

dado confirma o reconhecimento e a importância dada à atuação desses oficiais que

se especializam na área.

4.1.1.4 Praças

De acordo com a amostra das SCG, o efetivo ideal de praças seria maior do

que o existente. Na situação ideal, há uma demanda de mais 8 sargentos e 50

cabos e soldados, somando-se todos as respostas, o que representa, em média, um

aumento de 44,4% dos sargentos existentes e de 46,8% dos cabos e soldados. Os

dados do Gráfico 8 representam o somatório das respostas de todas OM que

responderam à pesquisa, considerando apenas a amostra das SCG.

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86

GRÁFICO 8 - Efetivo de praças da SCG. Fonte: O autor.

Esse dado pode ser confrontado com outro levantamento, realizado na

mesma amostra, sobre a utilização de militares da SCG em outras missões na

unidade, que derivou no seguinte quadro:

TABELA 6 - Militares da SCG empregados em outras missões na unidade.

Grupo

Avaliação

Amostra - SCG

ƒi Fi ƒri Fri

Sempre 6 6 .316 .316

Na maioria das

vezes 2 8 .105 .421

Às vezes 6 14 .316 .737

Raramente 2 16 .105 .842

Nunca 3 19 .158 1.000

Σ= 19 - 1 -

Fonte: O autor.

31,6% da amostra disse que sempre há emprego de militares em outras

funções e atividades na OM; outros 10,5% respondeu que isso ocorre na maioria

das vezes. A soma dessas duas frequências resulta em 42,1%.

O acúmulo de encargos sempre prejudica as atividades da SCG para 84,2%,

conforme Tabela 7:

19

135

18

128

26

188

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

ST/Sgt Cb/Sd

Previsto (Máx) Existente Ideal

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87

TABELA 7 - Prejuízo para as atividades da SCG em virtude do acúmulo de encargos

Grupo

Avaliação

Amostra - SCG

ƒi Fi ƒri Fri

Sempre 16 16 .842 .842

Na maioria das

vezes 1 17 .053 .895

Às vezes 2 19 .105 1.000

Raramente 0 19 .000 1.000

Nunca 0 19 .000 1.000

Σ= 19 - 1 -

Fonte: O autor

Esses dados confirmam a informação apresentada por De Paula (2008), que

aponta que um dos maiores obstáculos enfrentados pelas SCG é a utilização dos

militares em atividades diversas na OM, ocasionando interrupções nos treinos, o que

é prejudicial para o condicionamento do animal.

Cabe ressaltar que o MWD Program prevê que o condutor possui um

relevante papel no canil, pois é o responsável por prover adestramento e cuidados

diários ao MWD sob sua custódia. Por isso, é regulamentado que os condutores não

podem acumular funções que possam interferir em suas responsabilidades junto ao

MWD (DEPARTAMENT OF DEFENSE, 2005).

4.1.2 Efetivo canino

Os questionários da amostra dos BIS revelaram que nenhuma OM Fron

possui atualmente cães em seus aquartelamentos e que não havia sido realizada

solicitação para instalação de SCG por essas OM. A relação entre o efetivo da

amostra das SCG, o efetivo de cães existentes na OM, o máximo previsto e o

homologado pela D Abst (BRASIL, 2016) está representado no Gráfico 9.

De acordo com a quantidade total de cães da amostra das SCG, o total de

cães homologados pela D Abst é de 130 cães, sendo que o máximo previsto para

essas OM é de 211 cães (BRASIL, 2016a). No entanto, os dados obtidos nos

questionários revelam que essas possuem, juntas, 206 cães, um número muito

próximo do previsto e que preencheria os claros registrados.

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GRÁFICO 9 - Distribuição de cães nas SCG. Fonte: O autor.

Dessa forma, verifica-se que o número de cães homologados registrados é

36,9% menor do que o existente. Esse dado deslinda a defasagem no controle do

número de cães homologados, o que se reflete em menor repasse de recursos para

manutenção do animal, dificultando o seu emprego.

As OM que solicitaram criação de SCG já possuíam cães oriundos de

doações, facilitando a implantação dos cães. Porém, como não há cães nas OM

Fron, o processo de solicitação de criação de SCG, construção de canil, capacitação

de militares e obtenção dos cães pode encontrar maiores desafios.

Além disso, o recebimento de cães aptos para o trabalho militar é

imprescindível para que os animais possam atuar com eficiência.

TABELA 8 - Cães que não possuem aptidão para o trabalho militar.

Grupo

Avaliação

Amostra - SCG

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 13 13 .684 .684

Muito relevante 2 15 .105 .789

Relevante 2 17 .105 .895

Pouco relevante 0 17 .000 .895

Irrelevante 2 19 .105 1.000

Σ= 19 - 1 -

Fonte: O autor.

130

211 206

0

50

100

150

200

250

Quantidade de cães

Homologado pela D Abst Máximo previsto pela D Abst Existente na OM

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89

68,4% da amostra da SCG julgou extremamente relevante a distribuição de

cães sem aptidão para o comprometimento do emprego do animal. As normas do

EB não esclarecem critérios específicos para seleção e avaliação dos cães nos

CRDC. Esses critérios são úteis para decidir quais cães têm capacidade para

produzir ninhada com melhores capacidades e que possuam perfil para exercer

atividades militares, trazendo, dessa maneira, “uma otimização do tempo de

treinamento levando a um número maior de cães prontos para o trabalho” (SANTOS,

2012, p.6). Em virtude disso, critérios de seleção e avaliação de cães devem ser

introduzidos nos CRDC. Para isso, podem ser utilizados critérios de seleção

comportamentais e fisiológicos já consagrados pela literatura internacional (Ver

Quadro 11).

Além disso, há que se observar que, para implementação de cães de guerra

na Faixa de Fronteira amazônica, deveriam ser levadas em consideração as raças

mais aptas ao ambiente operacional daquela região. O Pastor Alemão e o Pastor

Belga Malinois foram considerados mais aptos a operarem na região Norte, pois

suportam melhor as altas temperaturas. Além disso, De Paula (2008) reforçou que

essas raças realizam com facilidade os trabalhos de segurança e faro, sendo mais

ágil e de fácil adestramento, possuindo maior preferência dos condutores para o

emprego militar.

Além da escolha da raça, ressalta-se ainda que, conforme será discutido na

seção 4.2 “Dimensão operacional”, devido a maior frequência no emprego de cães

de detecção na Faixa de Fronteira, os cães distribuídos para essa região devem ter

perfil para trabalharem com faro.

O preço de custo médio de um cão reproduzido por um CRDC até ser

distribuído para uma OM é de R$2.000,00, de acordo com a SGLRV. O preço médio

do cão Pastor Alemão e do Pastor Belga Malinois adquirido por compra é de

R$8.000,00. Portanto, verifica-se que a compra do cão tem um valor quatro vezes

maior do que a produção. A SGLRV acrescentou ainda que a aquisição de animais

por compra é variável, condicionada à existência de recurso disponível, e atende

prioritariamente à reposição de matrizes dos CRDC para fins de melhoramento

genético dos animais produzidos. De acordo com a Seção, foram comprados 12

(doze) cães no ano de 2016.

Assim, verifica-se que a aquisição por compra de cães para o emprego militar

possui um elevado custo, devendo-se priorizar a reprodução pelo próprio EB. A

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90

exceção prevista refere-se à renovação do plantel por meio da aquisição, que é de 2

(duas) novas matrizes por ano para cada CRDC (BRASIL, 2014b), para evitar a

consanguinidade, o que já vem ocorrendo.

De acordo com a SGLRV, nos anos de 2015 e 2016, foram produzidas

apenas cães das raças Pastor Alemão e Pastor Belga de Malinois na seguinte

quantidade:

GRÁFICO 10 - Produção de cães por CRDC Fonte: O autor

A produção média de cães por CRDC no ano de 2015 foi de 17 cães, e de 31

no ano seguinte. A SGLRV acrescentou ainda que os CRDC têm produzido

prioritariamente animais Pastor Alemão e Pastor Belga Malinois devido à maior

demanda por essas raças. O 2º BPE possui reprodutores Rottweiler, porém a

demanda dessa raça no serviço tem diminuído nos últimos anos, tendo a última

produção ocorrido em 2014. Os CRDC não contam atualmente com reprodutores da

raça Labrador.

As NORCCAN (BRASIL, 2016d) regulam que os CRDC devem dispor de 10

(dez) matrizes para reprodução, das raças Pastor Alemão, Pastor Belga de Malinois

e Rottweiler, todas de elevado padrão zootécnico, além do efetivo previsto da OM

para as missões demandadas. Dessas matrizes, apenas 8 (oito) irão efetivamente

22

45

12

1817

31

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

2015 2016

2º BPE BPEB Média

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91

realizar a reprodução e 02 (duas) ficarão em condições de substituir uma matriz que

esteja incapacitada para reprodução. Cada matriz dos CRDC poderá realizar apenas

uma gestação por ano tendo em média cinco filhotes/ano/matriz. A permanência dos

cães em carga por mais de 8 (oito) anos em serviço deve ser evitada, o que provoca

uma constante demanda por renovação dos animais. Há, dessa forma, uma

necessidade de completar os claros já existentes, além de recompletar os claros em

casos de óbito e de renovar os cães que são descarregados por terem cumprido oito

anos de serviço ou por apresentarem características inadequadas para a atividade

militar.

Para atender as necessidades operacionais das OM, o nível de produção

mínimo dos CRDC para ser atingido em 2014 era de 80/ano, considerando que a

renovação anual de cães de guerra deve ser de 20% do efetivo (BRASIL, 2014b).

Nesse período, o efetivo total previsto era de 379 (trezentos e setenta e nove) cães.

Como, atualmente, o efetivo total de cães previstos é de 589 (quinhentos e oitenta e

nove), mantendo-se a mesma proporção, o quantitativo de cães a serem produzidos

anualmente pelos CRDC seria de 118 (cento e dezoito) cães, o que daria cerca de

40 (quarenta) cães para cada um dos três CRDC, incluindo o do 7º BPE, atingindo a

meta estabelecida pelo EB (BRASIL, 2014b). Essa meta é estipulada para atender

apenas os cães que já estão previstos para as OM atualmente, sem considerar o

incremento do número de cães nas unidades de fronteira.

De acordo com a quantidade média que foi produzida em 2015 (17 cães) e

2016 (31 cães) não está sendo possível atingir a meta, possivelmente pela

quantidade de matrizes previstas. Desta forma, uma solução para se poder

recompletar os claros existentes e implementar novas SCG na fronteira seria a

previsão do aumento do número de matrizes por Centro, sobretudo do CRDC do 7º

BPE, devido ao aumento do número de claros de cães no caso de implantação de

SCG nessas OM.

4.1.3 Tratamento veterinário

78,6% da amostra do BIS julgou que a carência de suporte adequado para

atendimento clínico dos caninos na OM e no município é considerada entre

relevante e extremamente relevante.

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92

TABELA 9 - Carência de suporte adequado para atendimento clínico dos caninos na OM e no município.

Grupo

Avaliação

Amostra - BIS

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 21 21 .375 .375

Muito relevante 13 34 .232 .607

Relevante 10 44 .179 .786

Pouco relevante 4 48 .071 .857

Irrelevante 4 52 .071 .929

Abstenções 4 56 .071 1.000

Σ= 56 - 1 -

Fonte: O autor.

Ainda nessa seara, 89,5% das OM que possuem SCG apontam que, para a

manutenção das condições de trabalho da SCG, a dificuldade para realizar

atendimento veterinário é considerada entre relevante e extremamente relevante

TABELA 10 - Dificuldade para realizar atendimento veterinário

Grupo

Avaliação

Amostra - SCG

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 14 14 .737 .737

Muito relevante 1 15 .053 .789

Relevante 2 17 .105 .895

Pouco relevante 1 18 .053 .947

Irrelevante 1 19 .053 1.000

Σ= 19 - 1 -

Fonte: O autor

Portanto, existem limitações quanto à manutenção dos cães na OM quando

não existe suporte veterinário. O suporte clínico oferecido pelas cidades da fronteira

amazônica é muito baixo, o que dificulta a implantação de cães nessa região.

Essa dificuldade para realizar o atendimento aos cães nas OM é

potencializada pela limitação de recursos para manter o cão. A amostra dos BIS

entende que a limitação de recursos para manter o cão na OM é considerada entre

relevante e extremamente relevante em 78,6% das respostas.

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93

TABELA 11 - Limitação de recursos para a manutenção do cão na OM.

Grupo

Avaliação

Amostra - BIS

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 17 17 .304 .304

Muito relevante 17 34 .304 .607

Relevante 10 44 .179 .786

Pouco relevante 5 49 .089 .875

Irrelevante 2 51 .036 .911

Abstenções 5 56 .089 1.000

Σ= 56 - 1 -

Fonte: O autor.

78,9% da amostra das SCG considerou entre relevante e extremamente

relevante que a existência de um escalonamento no tratamento veterinário

possibilitaria que os animais fossem melhor assistidos no que tange ao diagnóstico,

à cirurgia e à reabilitação para os casos clínicos mais complexos, que excedem a

capacidade de atendimento da própria OM. O escalonamento da logística consiste

na articulação em profundidade dos recursos de maior complexidade (BRASIL,

2014a). Esse escalonamento caracteriza-se pela possibilidade de atendimento dos

cães nos Centros de Reprodução e Distribuição de Caninos, que funcionaria como

nível mais avançado.

TABELA 12 - Escalonamento do atendimento veterinário para as SCG.

Grupo

Avaliação

Amostra - SCG

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 13 13 .684 .684

Muito relevante 1 14 .053 .737

Relevante 1 15 .053 .789

Pouco relevante 1 16 .053 .842

Irrelevante 3 19 .158 1.000

Σ= 19 - 1 -

Fonte: O autor.

Quando questionado se a existência desse atendimento avançado favoreceria

a manutenção dos cães na fronteira amazônica, 83,9% da amostra dos BIS

considerou essa proposta entre relevante e extremamente relevante, demonstrando

que a existência de alternativas para o atendimento dos cães é fundamental para a

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94

região da fronteira amazônica.

TABELA 13 - Escalonamento do atendimento veterinário para os BIS.

Grupo

Avaliação

Amostra - BIS

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 24 24 .429 .429

Muito relevante 11 35 .196 .625

Relevante 12 47 .214 .839

Pouco relevante 5 52 .089 .929

Irrelevante 4 56 .071 1.000

Σ= 56 - 1 -

Fonte: O autor.

De acordo com o MWD Program o atendimento veterinário das FA dos EUA é

feito em quatro escalões (SOARES, 2013). No programa americano, existe a

previsão de atendimento em um último escalão no LTC Daniel E. Holland MWD

Hospital, localizado na Base Aérea de Lackland, atuando como suporte veterinário

de alto nível.

Comparando o MWD Program com as possibilidades de emprego do EB,

pode-se estabelecer que o atendimento em primeiro escalão seria realizado pelo

próprio condutor, que deve ser especialista em atendimento de animais,

providenciando os primeiros socorros imediatos ao animal sob sua responsabilidade.

O segundo escalão seria realizado pelo Oficial Veterinário da OM, com capacidade

de manejo avançado de traumas e cirurgias. O terceiro escalão seria realizado por

Oficial Veterinário estabelecido pela Região Militar, que atenderia também em

segundo escalão nos casos em que a OM não possua oficial veterinário. Nesse

terceiro escalão haveria um oficial veterinário de medicina clínica, com capacidade

diagnóstica, terapêutica e cirúrgica. No quarto escalão, o atendimento seria

realizado no CRDC, que possuiria estrutura adequada para fornecer esse suporte

clínico. No centro seria possível realizar cirurgias mais complexas, reabilitação e

convalescência. Nos casos em que não houver possibilidade de atendimento de

terceiro escalão, ele poderia ser realizado diretamente pelo quarto escalão.

É importante salientar que, no primeiro escalão, o condutor ainda recebe

treinamento especial de rotina profilática direcionada para a região geográfica na

qual o cão deverá atuar, incluindo noções sobre dieta apropriada, sobre o

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95

acondicionamento da ração e sobre a correta administração de medicamentos. De

acordo com Brglez, Giles e Mann (2013), essa ênfase no treinamento do condutor

para que atue como o primeiro responsável pelo seu cão é talvez a maior mudança

no atendimento médico de MWD nos últimos dez anos. Nos PEF, por exemplo, na

ausência de oficial veterinário, a atuação mais especializada do condutor do cão

seria de extrema relevância para a solução de emergências médicas de baixa

complexidade até a evacuação do animal.

Além disso, nas OM Fron é difícil o atendimento médico até mesmo para a

família militar, sendo necessário por vezes a evacuação do PEF para a sede e da

sede para Manaus, com a finalidade de realizar de exames ou procedimentos

médicos que não são disponibilizados na Faixa de Fronteira.

Em relação à previsão de escalonamento do atendimento veterinário para os

casos mais complexos, em que a OM não tenha capacidade de realizar o

procedimento clínico com seus próprios meios, a SGLRV informou que é previsto

pelas normas que a Região Militar de vinculação determine como será o apoio para

a OM que não possua assistência veterinária. Primeiramente essa assistência é feita

em OM próximas que possuam estrutura, mas pode também ser realizada por

universidades próximas e, como último recurso, em estabelecimentos privados,

mediante solicitação à D Abst.

A amostra das SCG informou ainda que, no ano de 2015 e 2016,

respectivamente 37,4% e 35,4% dos cães necessitaram de atendimento veterinário

que a OM não teve condições de realizar. Nesses casos, o procedimento adotado

atualmente pelas SCG está representado no gráfico abaixo:

GRÁFICO 11 - Procedimentos adotados nos casos mais complexos. Fonte: O autor.

43%

29%

14%

9%

5%

Clínica particular Apoio de universidades e colaboradores

Apoio de outra OM Coordenação do Esc Sp (Vet da guarnição)

Não é realizado o tratamento

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96

Foi relatado que 43% dos procedimentos que extrapolam as capacidades da

OM são realizados em clínicas particulares. Em 29% dos casos, o atendimento é

realizado por meio de pedido de ajuda a universidades e colaboradores, que não

possuem vínculo formal com a OM e realizam procedimentos sem custo. O

tratamento realizado por outras OM ou coordenado pelo veterinário da guarnição

ocorre em 14% e 9%, respectivamente, revelando uma baixa adesão à estrutura

institucional. Em contrapartida, houve relatos, nas respostas abertas das SCG, que

os militares pagam o tratamento com seus recursos próprios para que alguns

procedimentos sejam realizados. Não há previsão nas normas vigentes de que seja

possível atendimento em clínicas particulares. Nos CRDC, a responsabilidade de

assistência é prevista apenas para o seu plantel de reprodutores e para a “[...]

aplicação das medidas profiláticas adequadas à faixa etária dos filhotes [...]”

(BRASIL, 2014b, p.8)

4.1.4 Transporte

A utilização de viaturas adaptadas para o transporte do cão é considerada

como necessária por 100% das SCG e 80,4% dos BIS. Essa demanda se deve ao

fato que esse meio de transporte adaptado proporciona melhora na segurança, no

controle e no emprego do animal.

GRÁFICO 12 – Segurança e controle proporcionado por uma viatura adaptada para o transporte de cães. Fonte: O autor.

100%

64,3%

16,1% 16,1%

3,5% 0,0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Concordo totalmente Concordoparcialmente

Não concordo e nemdiscordo

Discordoparcialmente

Discordo totalmente

SCG BIS

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97

Além dessa adaptação nas viaturas, é necessária a existência de canis e de

caixas de transporte modulares, conforme indicou 100% das SCG e 85,7% dos BIS.

Os resultados estão representados no gráfico abaixo:

GRÁFICO 13 - Necessidade de canis e de caixas de transporte modulares. Fonte: O autor.

As viaturas adaptadas, os canis e as caixas modulares consistem em itens

que visam a proteger a integridade física dos cães e favorecem o seu

desdobramento em qualquer área de operações, pois facilitam o transporte dos

animais. As Figuras 4 e 5 apresentam exemplos desses materiais.

FIGURA 4 - Caixa de transporte dobrável. Fonte: Sítio Elitek9.com

89,5%

10,5%

0,0% 0,0% 0,0%

57,1%

28,6%

8,9%3,6% 1,8%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

Concordototalmente

Concordoparcialmente

Não concordo enem discordo

Discordoparcialmente

Discordo totalmente

SCG BIS

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98

FIGURA 5 - Canil desmontável para transporte. Fonte: Sítio Elitek9.com

O Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra (BRASIL, 2013b)

determina que, durante os períodos em que os cães não estiverem sendo

empregados, deverão descansar em caixas de transporte.

No caso das OM Fron, situadas em locais onde se utiliza a hidrovia como

principal modal, a adaptação das embarcações torna-se relevante pois as altas

temperaturas e o elevado índice pluviométrico pode levar o cão a doenças que o

incapacite a cumprir suas missões e até mesmo a óbito em casos mais graves, caso

fiquem expostos em embarcações sem proteção adequada.

4.1.5 Aquisição de materiais e suprimentos

O levantamento junto a amostra das SCG sobre a existência de

entorpecentes para adestramento dos cães revelou que não há esse tipo de material

para treinamento em 21,1% das OM, sendo que 42,1% disseram que os possuem

em pequenas quantidades. Desta forma, ficou evidente que há entraves que

dificultam a obtenção desses materiais para a instrução.

TABELA 14 - Existência de entorpecentes para adestramento.

Grupo

Avaliação

Amostra - SCG

ƒi Fi ƒri Fri

Não possui 4 4 .211 .211

Possui quantidade

insuficiente 8 12 .421 .632

Possui quantidade

suficiente 7 19 .368 1.000

Σ= 19 - 1 -

Fonte: O autor.

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99

A não existência de entorpecentes, a existência de quantidade insuficiente ou

em estado de conservação inadequado compromete a instrução e a capacitação dos

cães para atividade de detecção de narcóticos. Andrade (2015) revela a importância

de ser realizar o treino com a utilização de quantidades variadas, para que o cão

saiba identificar pequenos e grandes volumes de drogas. Essa variação das

quantidades de entorpecentes faz parte do treinamento do MWD Program

(DEPARTMENT OF THE ARMY, 2005)

A baixa quantidade de entorpecentes para treino nas OM pode ser atribuída

ao fato de que não existe uma regulamentação no âmbito da F Ter sobre

padronização de procedimentos para as atividades de obtenção, acondicionamento,

controle, manuseio e descarte de narcóticos para treinamento dentro das instalações

militares.

A falta de material para adestramento é percebida como um problema

significativo para as SCG. Em levantamento sobre a relevância da falta de material

para a OM, 94,7% do grupo classificou o item entre relevante e extremamente

relevante.

TABELA 15 - Falta de material para adestramento.

Grupo

Avaliação

Amostra - SCG

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 12 12 .632 .632

Muito relevante 3 15 .158 .789

Relevante 3 18 .158 .947

Pouco relevante 0 18 .000 .947

Irrelevante 1 19 .053 1.000

Σ= 19 - 1 -

Fonte: O autor.

Em relação à aquisição de ração, vacinas e medicamentos para a

manutenção do cão, a SGLRV informou que é repassado diretamente as OM o valor

de R$300,00 mensalmente para cada cão. De acordo com a Lei 8.666/93, a

aquisição deve seguir o procedimento regulamentar do processo licitatório, o que

pode gerar dificuldades administrativas.

Para a amostra dos BIS, a dificuldade para aquisição de rações,

medicamentos e material de treino através do sistema de licitações na região é um

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100

problema que pode impactar sobremaneira para a manutenção dos cães. Assim,

76,8% considerou esse óbice entre relevante e extremamente relevante, conforme

tabela abaixo:

TABELA 16 - Dificuldade para aquisição de rações, medicamentos e material de treino através do sistema de licitações para os BIS.

Grupo

Avaliação

Amostra - BIS

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 10 10 .179 .179

Muito relevante 15 25 .268 .446

Relevante 18 43 .321 .768

Pouco relevante 6 49 .107 .875

Irrelevante 3 52 .054 .929

Abstenções 4 56 .071 1.000

Σ= 56 - 1 -

Fonte: O autor.

Da mesma forma, 94,7% das SCG informaram que a dificuldade para

aquisição de ração e materiais de veterinária através do sistema de licitações

interfere negativamente na existência dos meios necessários à manutenção dos

cães na OM de forma relevante a extremamente relevante.

TABELA 17 - Dificuldade para aquisição de rações, medicamentos e material de treino através do sistema de licitações para as SCG.

Grupo

Avaliação

Amostra - SCG

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 14 14 .737 .737

Muito relevante 2 16 .105 .842

Relevante 2 18 .105 .947

Pouco relevante 0 18 .000 .947

Irrelevante 1 19 .053 1.000

Σ= 19 - 1 -

Fonte: O autor.

Em relação a aquisição da ração, 37% das SCG apontou que a situação ideal

seria receber pela cadeia de suprimento; 63%, por sua vez, disse que o ideal seria

manter recebendo o crédito.

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101

GRÁFICO 14 - Situação ideal para distribuição de rações. Fonte: O autor.

Em contrapartida, 91% da amostra dos BIS consideraram que a distribuição

de ração por intermédio da cadeia de suprimento favoreceria a manutenção dos

cães devido às peculiaridades da região amazônica.

Como o apoio logístico deve ser customizado para cada caso, tendo como

uma das características a “antecipação das demandas, de maneira a fazer frente às

contínuas mudanças de situação” (BRASIL, 2014a, p.8-3), a aquisição, recebimento,

armazenamento, distribuição e conservação da ração dos animais poderia ser

realizado pelos Batalhões ou Depósitos de Suprimento, procedimento esse que já é

previsto na IR 70-19 (BRASIL, 1999).

Em relação ao provimento de suprimento e manutenção do material de

veterinária, pode ser realizado por meio de repasse de crédito do COLOG para às

RM ou diretamente às OM. Como as OM Fron estão vinculadas a apenas duas RM,

a aquisição dos materiais de veterinária poderia ser centralizada junto às RM como

forma de retirar o encargo logístico das OM e facilitar a implantação e manutenção

das SCG, uma vez que é atribuição das RM suprir de material veterinário as OM

(BRASIL, 1999)

Portanto, face às dificuldades enfrentadas pelas SCG em relação a aquisição

por meio de licitações e pelas limitações de fornecedores existentes na região Faixa

de Fronteira, para as OM Fron, o recebimento de rações pelos Batalhões Logísticos

63%

37%

Crédito Cadeia de Suprimento

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102

e dos materiais de veterinária pelas RM se apresenta como uma alternativa que

pode facilitar a implementação das SCG. Esses itens podem ser encaminhados para

as OM Fron juntamente com os itens de subsistência, como já ocorre normalmente

na região.

4.1.6 Instalações físicas

Para as OM Fron, a construção de canil não consistiria em uma dificuldade

muito significativa, pois apenas 46,4% classificou o fator entre relevante e

extremamente relevante.

TABELA 18 - Dificuldade para construção de canil

Grupo

Avaliação

Amostra - BIS

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 4 4 .071 .071

Muito relevante 9 13 .161 .232

Relevante 13 26 .232 .464

Pouco relevante 21 47 .375 .839

Irrelevante 5 52 .089 .929

Abstenções 4 56 .071 1.000

Σ= 56 - 1 -

Fonte: O autor

Por outro lado, 94,7% da amostra das SCG considerou que as instalações

inadequadas comprometem o funcionamento de uma SCG, classificando o fator

entre relevante e extremamente relevante.

TABELA 19 - Instalações inadequadas

Grupo

Avaliação

Amostra - SCG

ƒi Fi ƒri Fri

Extremamente

relevante 14 14 .737 .737

Muito relevante 3 17 .158 .895

Relevante 1 18 .053 .947

Pouco relevante 0 18 .000 .947

Irrelevante 1 19 .053 1.000

Σ= 19 - 1 -

Fonte: O autor

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103

Ainda, a amostra das SCG julgou, mediante uma escala de 1 a 5, a qualidade

de cada uma das instalações das SCG, sendo 1 correspondente às instalações

inadequadas, e 5 às extremamente adequadas, obtendo-se a média das respostas.

GRÁFICO 15 - Média de avaliação das instalações das SCG. Fonte: O autor.

Portanto, a única instalação considerada adequada foi o boxe, que obteve

média de 3,05. As demais instalações foram avaliadas como pouco adequadas, com

médias variando entre 2 e 3. Esse resultado aponta para uma necessidade de

reforma geral das SCG, o que ficou materializado pelas respostas abertas, quando

foram apresentadas necessidades de adequações em praticamente todos as

instalações.

Esses dados revelam que, para implantação de SCG nas OM Fron, é

necessário que haja um planejamento adequado da construção dessas instalações,

a fim de atender as demandas das unidades de fronteira e seus destacamentos.

No MWD Program, o comandante da unidade que requer o cão em sua OM

deve inicialmente solicitar o desenvolvimento de um projeto de canil ao engenheiro.

Antes da finalização do projeto, devem ser consultados a equipe veterinária, o

inspetor de segurança física, o inspetor de segurança pessoal e o chefe do canil.

Depois, o projeto é submetido ao setor de construções para aprovação e

3,05

2,89

2,79

2,74

2,47

2,37

2,32

2,32

1 1,5 2 2,5 3 3,5

Boxe

Depósito de ração

Sala de chefia

Área de treinamento

Enfermaria Veterinária

Depósito de material

Alojamento de praças

Isolamento

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104

financiamento.

Em relação à construção de canis, o manual determina que, quando um

programa MWD começa em um local onde não existem instalações prévias

adequadas, a construção de canis tem que ser concluída antes da chegada dos

animais. Em operações em que equipes de MWD serão empregadas por longos

períodos, instalações permanentes deverão ser construídas em um prazo de um

ano, e canis destacados podem ser usados nesse ínterim. Em algumas situações,

caixas de transporte podem ser utilizadas como canis temporários.

4.2 DIMENSÃO OPERACIONAL

Como forma de melhor organizar as informações da dimensão operacional,

esta seção está dividida em três subseções: preparo, emprego e repressão ao

narcotráfico.

4.2.1 Preparo

A amostra das SCG e dos BIS avaliaram o quanto a falta de militares

capacitados para adestrar e empregar os cães comprometeria a atuação dessa

ferramenta nas atividades operacionais. Os resultados apontam que 73,7% das SCG

consideraram esse óbice extremamente relevante; já os BIS consideraram em

41,1% das respostas como extremamente relevante e 28,6% como muito relevante.

GRÁFICO 16 - Falta de militares capacitados para adestrar e empregar os cães. Fonte: O autor.

73,7%

5,3%10,5%

0,0%

10,5%

41,1%

28,6%

14,3%8,9%

1,8%5,4%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

Totalmenterelevante

Muito relevante Relevante Pouco relevante Irrelevante Abstenções

SCG BIS

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105

Além de destacar a importância da capacitação de militares para manutenção

do nível de operacionalidade da SCG, esse dado oferece duas possíveis

interpretações: i) a necessidade de ampliação do número de militares capacitados; e

ii) o subaproveitamento dos militares capacitados, alocados em funções distintas

daquelas para as quais são especializados.

O 7º BPE é a unidade que fornece cursos de capacitação no âmbito do CMA

e CMN. Como haveria necessidade de capacitação de militares para distribuir para

as OM Fron, é necessário que seja disponibilizado estágios para este efetivo. Para

tanto, deve existir um planejamento detalhado para capacitar os militares dessas

OM, preferencialmente antes de receber os cães.

A existência de um estágio centralizado no 7º BPE possibilitaria um melhor

adestramento dos militares em virtude da padronização de técnicas e

procedimentos, difusão da doutrina para outras unidades militares, além da

possibilidade de avaliação e certificação das equipes dentro de critérios de

exigências reconhecidos internacionalmente.

Em relação aos diferentes cursos de capacitação conduzidos pelas OM das

SCG, obteve-se o percentual de OM que oferece cada um dos seguintes estágios:

GRÁFICO 17 – Quantidade de OM que realiza cada tipo de estágio. Fonte: O autor.

Apenas 21,05% das OM disseram adestrar seus militares e cães

26,32%

21,05%

5,26%

47,37%

21,05%

5,26%

26,32%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

45,00%

50,00%

Percentual de OM que realiza cada estágio

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106

especificamente para detecção de narcóticos. 26,36% disseram não realizar cursos

ou estágios em sua OM. De modo geral, conforme relatado nos resultados das

respostas abertas, os estágios de tratador, condutor e instrutor – previstos no

Caderno de Instrução de Cães de Guerra - não são realizados separadamente,

sendo seu conteúdo integrado ao Estágio de Adestrador de Cães de Guerra.

Também se considerou que o estágio de adestrador de cães de guerra trata do faro

de entorpecentes de maneira superficial.

Nesse diapasão, 95% dos adestradores de cães de guerra concordam total

ou parcialmente que deveria existir um estágio específico para a detecção de

narcóticos.

TABELA 20 - Estágio específico para a detecção de narcóticos.

Grupo

Avaliação

Amostra - Adestradores

ƒi Fi ƒri Fri

Concordo totalmente 70 70 .875 .875

Concordo parcialmente 6 76 .075 .950

Não concordo e nem

discordo 2 78 .025 .975

Discordo parcialmente 0 78 .000 .975

Discordo totalmente 2 80 .025 1.000

Σ= 80 - 1 -

Fonte: O autor.

O Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra (EB70-CI-11.002) é

suficiente para adestrar e conduzir as missões com cães de guerra na detecção de

narcóticos para 20,2% dos adestradores e para 10,6% das SCG.

GRÁFICO 18 – Suficiência do EB70-CI-11.002 para adestrar e conduzir as missões com cães de guerra na detecção de narcóticos. Fonte: O autor.

5,3% 5,3%

15,8%

26,3%

47,4%

2,5%

17,7%

41,8%

27,8%

10,1%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

Concordo totalmente Concordoparcialmente

Não concordo e nemdiscordo

Discordoparcialmente

Discordo totalmente

SCG Adestradores

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107

Da amostra dos adestradores, houve 41% de respondentes que não

concordaram nem discordaram da afirmação, possivelmente por não conhecerem o

manual em virtude de terem realizado o estágio antes de sua publicação, em 2013.

Dentre os manuais utilizados para adestramento, o Caderno de Instrução de

Emprego de Cão de Guerra (EB70-CI-11.002) é citado como fonte de consulta para

instrução por apenas 17,72% dos adestradores e 31,57% das SCG. Portanto, a

maioria dos adestradores e das SCG afirmou utilizar outras fontes de consulta para

adestrar seus cães e militares, geralmente materiais dos OSP.

Portanto, o EB70-CI-11.002 serve apenas como guia para alguns

procedimentos e não confere ao leigo habilitação no trato com os cães de guerra na

detecção de narcóticos, bem como em outros tipos de atividades. Consoante o

Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra, o cão atua de acordo com

cada função se estiver “habilitado por meio de treinamento específico e testes de

desempenho previstos no Manual de Treinamento de Cães de Guerra”. (BRASIL,

2013b, p.2-2). Entretanto, esse documento, que regularia as certificações para as

diversas qualificações dos cães, não foi editado até o momento desta pesquisa.

Logo, é necessário que seja desenvolvido um Manual de Treinamento de

Cães de Guerra, bem como um Programa Padrão de Instrução que oriente a

condução das atividades da SCG. A atualização constante de conhecimentos dos

recursos humanos é essencial para a excelência na realização da atividade.

Foi averiguado que 75,3% dos militares que já realizaram curso de

adestramento concordam que falta normatização que regule e padronize o

funcionamento de cursos e estágios de adestramento de cães de guerra no EB.

TABELA 21 - Falta de normatização e padronização de estágios.

Grupo

Avaliação

Amostra - Adestradores

ƒi Fi ƒri Fri

Concordo totalmente 40 40 .500 .500

Concordo parcialmente 20 60 .250 .750

Não concordo e nem

discordo 11 71 .138 .888

Discordo parcialmente 6 77 .075 .963

Discordo totalmente 2 79 .025 .988

Abstenção 1 80 .013 1.000

Σ= 80 - 1 -

Fonte: O autor.

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108

De acordo com Soares (2015) as práticas com caninos no EB carecem de

padronização e as legislações são incompletas e obsoletas, ocasionando

dificuldades no emprego dos cães de guerra nos aquartelamentos.

Existem grandes diferenças entre os estágios realizado por cada OM, ficando

as prioridades das instruções a critério de cada Unidade. Desta forma, não existe

uma previsão de quais habilidades, conhecimentos e atitudes o militar que conduz

cães deve possuir para exercer sua função.

4.2.2 Emprego

Os militares dos BIS julgaram a frequência em que cães de guerra poderiam

ser empregados na área de responsabilidade de suas OM, bem como as SCG

apontaram a frequência com que empregam os cães em cada atividade. As

respostas foram apresentadas em uma escala de 1 a 5, em que 1 representa nunca

e 5 representa sempre. Com isso, foi realizado uma média dos resultados, conforme

gráfico abaixo:

GRÁFICO 19 - Frequência de emprego dos cães de guerra Fonte: O autor

Observou-se, portanto, que a detecção de narcóticos seria a principal função

que o cão poderia desempenhar na região da Faixa de Fronteira. De acordo com os

4,71

4,113,66 3,62 3,52

3,87 3,73,36

3,56

4,32

2,793,05

2,79 2,74

1,53

1,051,37

1,051

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

BIS SCG Média

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109

BIS, a média para esta atividade foi de 4,71. Para as SCG, a maior média (4,32)

também foi para a detecção de narcóticos.

Com isso, percebe-se que o uso mais frequente dos cães de guerra é na

detecção de narcóticos, coincidindo, portanto, com o julgamento da frequência da

atividade que os militares julgam que seria mais empregada na Faixa de Fronteira.

Portanto, as OM que formam os cães e os militares devem considerar que a

formação deve estar voltada para o desempenho das funções, obviamente que a

detecção de narcótico deveria ter maior ênfase na formação dos cães.

Além disso, deve ser considerado a viabilidade do emprego do cão de dupla

aptidão, que atua tanto na revista para detecção de narcóticos quanto na guarda de

instalações. Andrade (2014) aponta que este tipo de cão poderá ser empregado

como parte de um sistema de segurança dos aquartelamentos. Assim, poderá

auxiliar na vigilância dos postos de controle fluvial realizados pelos PEF,

especialmente no período noturno em que o cão pode alertar a aproximação de

suspeitos ou até mesmo subjugá-lo se necessário. Além disso, a presença do cão

tem o poder de intimidar o revistado e inibir a sua resistência.

De acordo com o Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra, os

cães devem receber treinamento específico para atuar em cada função, podendo ser

qualificados como Cão de Guarda(CG), Cão de Polícia do Exército I(CPE I), Cão de

Polícia do Exército II(CPE II), Cão de Detecção de Narcótico(CDN), Cão de

Localização de Evidências(CLE) e Cão de Detecção de Explosivos(CDE).

Foi realizado uma média da porcentagem de cães habilitados em cada

especialidade em relação ao efetivo de cães existentes nas SCG, conforme abaixo:

GRÁFICO 20 - Habilitação dos cães. Fonte: O autor.

29,61%

34,95%

11,17%

26,21%

1,94%5,34%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

CG CPE I CPE II CDN CLE CDE

Percentual de cada tipo de habilitação dentre os cães da OM

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110

Em média, apenas 26,21% dos cães existentes são habilitados para o

trabalho de detecção de narcóticos, enquanto 29,61% estão habilitados para a

guarda de instalações. Há que se considerar que a amostra das SCG está limitada

pelas OM das armas base, constituída em sua maioria OM de PE. Esse dado revela

uma necessidade intensificar o adestramento dos cães para a detecção de

narcóticos.

Santos (2012) afirma que normalmente os traficantes de drogas também

costumam transportar armas. Com isso, o BAC inseriu o treinamento para detecção

de armas e munições no preparo dos cães farejadores de drogas, otimizando o

emprego dos cães nas operações no estado do Rio de Janeiro, obtendo-se um

aumento significativo no número de apreensão de armas e munições.

Por outro lado, o Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra não

prevê o emprego combinado da atividade de detecção de drogas e explosivos pelo

mesmo cão. Essa limitação se deve ao fato de que o CDE deve obrigatoriamente

realizar uma indicação passiva, em virtude da possibilidade de acionamento do

explosivo caso realize uma indicação ativa. Entretanto, as ações dos

narcotraficantes se caracterizam por transportes de drogas e armas, não havendo

relatos de ações terroristas na Faixa de Fronteira. Assim, essa adaptação é

relevante e sugere que o EB avalie a atualização de sua doutrina para que os cães

que trabalham no faro de drogas possam atuar também no faro de armas e

munições.

Outro aspecto a ser observado é em relação à distribuição dos cães entre os

condutores. 58% das SCG disseram que os cães são atrelados a mais de um

condutor.

GRÁFICO 21 - Distribuição dos cães entre os condutores. Fonte: O autor.

42%

58%

Cada cão é conduzido por apenas um condutor Cada cão é conduzido por mais de um condutor

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111

Nesse mesmo sentido, a previsão do atual QCP máximo previsto da SCG

(BRASIL, 2016c) indica que o número de tratadores, ou condutores, é o dobro do

número de cães. Contudo, para fins de emprego, doutrinariamente, o Caderno de

Instrução de Emprego de Cão de Guerra (BRASIL, 2013b) orienta que cada cão

deve ser manejado pelo próprio condutor, numa proporção de um cão para cada

condutor, fortalecendo, dessa forma, o vínculo entre o binômio homem-cão.

O MWD Program, é taxativo quanto a atribuição de apenas 1 (um) condutor

qualificado para cada cão. A certificação do homem-cão para serem empregados é

válida por um ano, e torna-se nula quando o cão é atribuído a outro condutor ou

quando deixam de conduzir treinamentos por 35 (trinta e cinco) dias consecutivos

(DEPARTAMENT OF DEFENSE, 2005).

Da amostra dos adestradores, 72,2% disseram nunca ter conduzido provas

de certificação, contra 27,8% que disseram já tê-lo feito. Apenas 01 (uma) OM disse

possuir 01(um) cão Pastor Alemão que possui prova de certificação de Cão de

Adestramento Básico realizada em centro de adestramento civil. Contudo, Soares e

Vieira (2015) relatam que não existem no EB provas de certificação de condutores e

cães que os habilite a serem empregados nas diversas atividades. Nas legislações

militares, apenas há orientação para que os Comandantes de OM estimulem a

“participação dos caninos em competições de adestramento e provas de trabalho”

(BRASIL, 2016d, p.13). Andrade (2014) indica que a realização de provas de

certificação, de uma a duas vezes por ano, seria um indicador excelente de

desempenho, oferecendo condições para que se avaliassem os cães e condutores

do EB.

Nos EUA, a United States Police Canine Association realiza provas de

certificação para os cães detectores de drogas, de explosivos, de cadáveres, além

de cães policiais e os utilizados para rastreamento, como os utilizados na captura de

terroristas e traficantes fugitivos.

4.2.3 Repressão ao narcotráfico

100% das amostras dos BIS e dos adestradores concordaram totalmente ou

parcialmente que a utilização de cães farejadores durante as fiscalizações dos

postos de controle seja uma ferramenta que contribui para o combate ao

narcotráfico.

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GRÁFICO 22 - O cão de guerra contribui para o combate ao narcotráfico. Fonte: O autor.

De acordo com levantamento realizado pelo Cmdo Fron Sol/8º BIS, situado

em Tabatinga-AM, foram apreendidos pelos militares do Batalhão 49,48 Kg de pasta

base de cocaína no ano de 2016. Em contrapartida, no ano de 2010, em um período

de nove meses, atuando somente com cães farejadores na cidade de Tabatinga,

doze militares da Força Nacional de Segurança Pública conseguiram apreender

mais de dez vezes o volume da apreensão de pasta base realizada pelo Cmdo Fron

Sol/8º BIS no ano de 2016. Desta forma, pode-se comprovar que no mesmo

ambiente operacional, os cães podem potencializar a apreensão de drogas na

região fronteiriça.

Ainda, foram realizadas as seguintes considerações sobre a pesquisa nas

respostas abertas dos BIS:

Amostra Considerações sobre a pesquisa

BIS

1) Nas operações realizadas na fronteira, constato que a presença do cão potencializaria em muito o poder de combate de qualquer fração. O poder de dissuasão da tropa é ampliado em proporções gigantescas. Considero que os óbices são muito irrelevantes em relação aos ganhos que seriam alcançados.

94,6%

5,4%0,0% 0,0% 0,0%

98,8%

1,2% 0,0% 0,0% 0,0%0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

120,0%

Concordo totalmente Concordoparcialmente

Não concordo e nemdiscordo

Discordoparcialmente

Discordo totalmente

BIS Adestradores

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113

Amostra Considerações sobre a pesquisa

BIS

2) Sem dúvida, devido ao tamanho das embarcações e a criatividade dos narcotraficantes o uso dos cães é imprescindível tanto na sede como nos PEF.

3) Os cães de guerra ajudariam muito nas missões de combate ao narcotráfico na faixa fronteira.

4) Nas vezes em que atuei com apoio da PE, o cão foi de fundamental importância para a apreensão de drogas.

5) Considero muito importante a implementação de cães nas OM de Fronteira.

6) Acredito que tudo o que possa vir a aumentar a capacidade operativa da OM é sempre bem-vindo.

7) Gostaria de confirmar a importância de cães farejadores em regiões de combate ao narcotráfico. Sua utilização é de extrema importância para detectar ilícitos. Se tivéssemos como empregar essa nobre ferramenta no combate seria muito mais rigoroso e com certeza o número de apreensões aumentaria enormemente.

8) Em operações do Comando Militar de Área usamos cães de outras unidades para emprego na busca de ilícitos. No cotidiano da OM solicitamos apoio da Polícia Civil e Polícia Federal que dispõe de cão para faro.

9) O combate ao narcotráfico é atribuição da Policia Federal, sendo que as FA só atuam de forma subsidiária.

10) Devemos dar mais importância a este tipo de (arma). Não se deve localizar os canis apenas nas OM de PE, mas espalhar pelas outras OM, principalmente nas fronteiras e OM isoladas. É uma arma fundamental na Garantia da Lei e da Ordem.

Adestrador

1) Infelizmente os cães são máquinas de guerra extremamente eficientes que ainda não são utilizadas de forma adequadas no Brasil.

2) Com certeza os cães farejadores seriam uma grande aquisição para as diversas missões pertinentes ao Exército Brasileiro.

3) Houvesse maior divulgação da importância do cão no emprego militar nas escolas da linha ensino militar em todos os níveis

4) Seria um grande ganho na fiscalização das fronteiras principalmente nos PEF a utilização de cães farejadores

5) O cão é a arma mais eficiente para as operações tipo polícia que existem, porém é difícil sensibilizar aqueles que não conhecem as possibilidades do cão. Desta forma, o trabalho em pauta é muito importante para abrir os horizontes e sermos mais eficientes nas operações contra o narcotráfico.

6) O emprego de cães deveria haver em todas Organizações Militares, pois reforça em níveis elevados a segurança, a vigilância de áreas e instalações e o controle de fluxo de entrada e saída de civis e militares. No que tange ao controle e combate ao tráfego de narcótico, armas, explosivos e munições o cão é fundamental.

7) O faro do cão facilitaria muito o controle do tráfico nas regiões de fronteira.

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114

Amostra Considerações sobre a pesquisa

Adestrador

8) Seria de grande valia para nossas fronteiras uma equipe de cinófilo para o patrulhamento e abordagem. Existe uma notável vantagem na utilização de cães farejadores. O transporte de drogas é feito em embarcações e veículos muitas vezes carregado por soja ou gado, dificultado encontrar a droga pois não podemos esvaziar todas as cargas de soja que encontramos nem as de gado, o que dificultando assim nossas operações.

9) Hoje, é de extrema e já sabida importância a utilização de cães em todas áreas aduaneiras, fronteiras, aeroportos, portos rodovias e rodoviárias.

10) No período em que passei na PE foi disponibilizado um estágio de condutor de cão farejador no desfecho do estágio foi realizada uma prática, juntamente com a PRF, onde foram realizadas várias revistas de veículos e o cão que conduzi encontrou droga em uma das mochilas dos passageiros de um ônibus.

11) Estou na fronteira, recentemente participei de interceptação de barco de passageiros por denuncia de condução de droga e o cão fez muita falta, com certeza é de primordial importância a implementação do cão nos Batalhões de fronteira, não esquecendo o aumento de efetivo que isso requer.

12) Os cães sem dúvida nenhuma potencializariam o combate ao tráfico de drogas que tem aumentado exponencialmente nos últimos anos. Deveria ser destinado anualmente vagas para os Batalhões de Fronteira para que fosse designado militares estabilizados para realizarem o Curso de Adestrador de Cães de Guerra e que fosse implantado uma estrutura de canil para a cada Batalhão de Fronteira, dessa forma preencheria essa lacuna, pois o envio de tropa de Pel/Btl de PE de forma constante oneraria muito essas unidades.

13) O emprego de cães farejadores pelas OM localizadas na faixa de fronteira em operações de combate ao narcotráfico ainda é uma ferramenta a ser explorada.

14) A utilização de cães farejadores aumenta a eficiência da tropa empregada, gera um efeito psicológico inibidor ao narcotraficante e uma sensação de segurança adicional aos demais cidadãos.

15) O uso de cães adestrados para detecção de drogas nas principalmente nas Organizações Militares de fronteira, é de suma importância para que se obtenha uma fiscalização com sucesso, tendo em vista que o cão consegue identificar com mais precisão a droga que na maioria das vezes é camuflada de tal forma que a olho nu é quase impossível de ser detectada.

16) Motivo de considerar importante o emprego de cães no combate as drogas é a eficiência, economia de tempo e de pessoal na localização dos entorpecentes.

17) As escolas de formação dos militares combatentes poderiam ter palestras ou apresentações desta ferramenta de emprego.

18) Considero que a utilização de cães de faro na faixa de fronteira constitui uma ferramenta extremamente eficiente no combate ao tráfico de entorpecentes, sendo possível que tenha excelentes resultados.

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115

Amostra Considerações sobre a pesquisa

Adestrador

19) A SCG não recebe o devido valor e atenção, sendo vista como apenas "cuidadores de cães" e não como militares com função específica. O emprego da SCG, principalmente na faixa de fronteira proporciona a melhoria do desempenho da tropa nas operações de combate aos ilícitos transfronteiriços, pois a sensibilidade olfativa milhões de vezes mais apurada do cão serve como instrumento complementar de grande valia na busca de entorpecentes.

20) Falta de cultura de uso dessa ferramenta no Exército além da PE. Falta de visão a respeito da eficiência/eficácia das operações de combate à ilícitos, principalmente na faixa de fronteira.

21) Acredito também que algumas unidades que possuem cães deixam de fazer um trabalho mais eficiente, como previsto no manual, por não haver uma fiscalização do adestramento dos cães, gerando assim um desperdício de cães, ração, medicamento etc. Como também o emprego inadequado e, por vezes, errôneo da SCG. Acho que deveria haver uma diferenciação entre as SCG das OM de PE e os canis das outras OM que não são de PE, que na sua maioria tem atividade fim guarda de paiol.

22) Os canis existentes nos Pelotões e Batalhões de Polícia são poucos empregados, porém vale salientar que seria extremamente importante que houvesse uma SCG nos Pelotões e Destacamentos de Fronteira.

23) Eu acredito que o Exército dá pouca atenção a essa ferramenta eficaz.

QUADRO 10 - Considerações sobre a pesquisa. Fonte: O autor.

Os dados apresentados indicam, portanto, que os militares das OM Fron, os

adestradores de cães de guerra e as Seções de Cães de Guerra vislumbram que a

presença do cão na fronteira poderia aumentar a eficiência dos postos de

fiscalização.

Para que o cão possa ser implantado na fronteira para combater o

narcotráfico, há a necessidade de adequações no modelo administrativo e

operacional dos cães de guerra na F Ter, de modo a contribuir para que os cães

tenham condições de serem mantidos e de atuar eficientemente na fiscalização da

fronteira amazônica.

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116

5 CONCLUSÃO

O Brasil está entre os maiores mercados consumidores de cocaína do mundo,

sendo o principal fornecedor internacional da droga para a Europa, a África e a Ásia.

Nesse contexto, a Amazônia brasileira é uma região estratégica para o narcotráfico

doméstico e internacional, na qual o EB atua ao longo da Faixa de Fronteira na

repressão dos delitos transfronteiriços e ambientais. Cães farejadores são utilizados

largamente pelas FA e pelas polícias de diversos países no trabalho de detecção de

entorpecentes em portos, aeroportos e rodovias, em virtude da sua aguçada

capacidade olfativa. Contudo, como nenhuma OM Fron possui atualmente cães em

carga nos seus aquartelamentos, há, assim, uma lacuna operacional no emprego de

cães nessa região.

Diante da notável defasagem do efetivo de cães de guerra na fronteira frente

ao seu grande potencial operacional, o presente trabalho teve como problema

investigar qual a influência que os aspectos operacionais e administrativos que

envolvem o emprego dos cães de guerra pelo Exército Brasileiro exercem na

repressão ao narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica. A hipótese assumida foi

a de que os aspectos operacionais e administrativos que envolvem o atual emprego

de cães de guerra pelo Exército Brasileiro não favorecem a repressão ao

narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica. A fim de testá-la, foram analisados os

dados colhidos nas pesquisas bibliográfica, documental e nos questionários, bem

como nas observações em uma unidade que emprega cães na detecção de

narcóticos e outra que reproduz cães para o EB. Essa metodologia foi suficiente

para solucionar o problema proposto.

A pesquisa teve como objetivo geral avaliar a influência que os aspectos

operacionais e administrativos que envolvem o emprego dos cães de guerra pelo

Exército Brasileiro exercem na repressão ao narcotráfico na Faixa de Fronteira

amazônica. No que tange ao aspecto administrativo, atualmente, a implantação de

uma SCG em uma OM é condicionada a um ajuste em seu QCP. Entretanto, esse

fator é um entrave administrativo que compromete ou dificulta a implantação de uma

Seção de Cães de Guerra nas OM, tendo em vista que suprimir cargos pode

repercutir na eficiência de outros setores da OM, uma vez que normalmente ocorre

falta de efetivo suficiente para as missões da Unidade.

Além disso, o trâmite que compreende desde a solicitação de alteração de

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117

QCP e de criação da SCG até o recebimento de cães pode durar anos, o que acaba

desestimulando as OM. Dessa forma, para que seja possível a distribuição de cães

para as OM Fron em curto prazo, recomenda-se que a implantação de cães nessas

OM ocorra por meio de um projeto institucional do EB, agilizando-se, assim, os

trâmites burocráticos.

Considerando-se que os destacamentos das OM Fron estão situados em

locais estratégicos e possuem a responsabilidade de realizar, permanentemente, o

patrulhamento e a segurança dos principais acessos ao território nacional, a

presença de cães farejadores nesses locais potencializaria a ação da tropa.

Justifica-se, então, que os cães de guerra sejam alocados tanto na sede das OM

Fron quanto nas frações destacadas. Para tanto, a OM deve prever que o QCP das

frações destacadas também seja alterado. Deste modo, deve ser autorizado que as

OM Fron possua o QCP das SCG diferente do previsto na portaria do EB que regula

a criação de novas SCG, uma vez que os destacamentos são incorporados aos BIS

e não se constituem uma OM independente.

A falta de oficial veterinário na OM foi considerada um óbice extremamente

relevante. A ausência desse especialista na fronteira pode comprometer a

assistência veterinária por ocasião da utilização de cães em seus destacamentos,

inviabilizando o adequado escalonamento do tratamento veterinário. Sendo assim, é

necessário que a OM que pleiteia a implantação de SCG possa contar com a

previsão do veterinário em QCP. Para os destacamentos, faz-se necessário que as

atribuições do oficial veterinário sejam distribuídas entre militares condutores, que

dever ser treinados para realizar procedimentos básicos de cuidados com o cão.

É necessário que um oficial combatente possua vínculo operacional com a

SCG nas OM valor Unidade. A previsão da existência de um oficial combatente na

SCG se fundamenta na demanda de planejamento operacional das atividades

militares. Além disso, a carência de assessoramento de oficiais combatentes na

SCG e o desconhecimento das capacidades e limitações das equipes caninas por

parte dos responsáveis pelo planejamento das missões pode comprometer a

atuação das equipes. Ainda, é importante que haja uma clara delimitação entre as

funções exercidas por oficiais e praças combatentes, de um lado, e oficiais

veterinários, de outro, sem prejuízo da interação entre as duas funções. Para isso,

recomenda-se que um oficial combatente da OM acumule encargos junto à SCG. A

presença desse oficial na SCG promove o elo necessário entre os objetivos finais do

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118

emprego do cão e o conhecimento das atividades cinotécnicas, representadas pelo

adestramento, treinamento e manutenção dos cães.

Existe uma grande demanda de praças nas SCG. Entretanto, há uma

frequente utilização de militares das SCG em atividades diversas àquelas

desenvolvidas na seção. Esse acúmulo de encargos prejudica os treinos e,

consequentemente, o desempenho do animal. Em virtude do relevante papel do

condutor dentro do canil, é mister que esses militares não acumulem funções que

possam interferir em suas responsabilidades nas SCG.

O número de cães homologados pela D Abst é menor do que o existente nas

OM, o que resulta em um menor repasse de recursos para manutenção do animal,

dificultando o seu emprego. Além disso, o recebimento de cães aptos para o

trabalho militar é imprescindível para que os animais possam atuar com eficiência.

Para tanto, devem ser utilizados critérios de seleção e avaliação para decidir quais

cães tem capacidade para produzir ninhada com melhores capacidades, além de

selecionar cães que possuam perfil para exercer atividades militares. Nos últimos

anos, os CRDC somente estão reproduzindo cães da raça Pastor Alemão e Pastor

Belga de Malinois. Para a região Norte, essas raças estariam mais aptas, já que

suportam melhor as altas temperaturas e realizam com facilidade os trabalhos de

segurança e faro, sendo mais ágeis e de fácil adestramento.

A aquisição por compra de cães para o emprego militar possui um elevado

custo, devendo-se priorizar a reprodução pelo próprio EB. A compra deve atender

prioritariamente à reposição de matrizes dos CRDC para fins de melhoramento

genético dos animais produzidos. Contudo, para mobiliar a Faixa de Fronteira seria

necessário um aumento significativo no número de cães reproduzidos, além da

necessidade que já é prevista de se completar os claros existentes, bem como

recompletar aqueles derivados de casos de óbito e de descarga de animais.

Atualmente, os CRDC possuem dificuldades para cumprir a meta de reprodução de

quarenta cães, portanto, recomenda-se que haja um aumento do número de

matrizes por Centro, sobretudo do CRDC do 7º BPE.

Ficou evidenciado que existe carência de suporte adequado para atendimento

clínico dos caninos nas OM Fron e nos municípios da Faixa de Fronteira. Para suprir

esse óbice, recomenda-se que seja institucionalizado o atendimento veterinário

escalonado, tendo em primeiro escalão o próprio condutor, em segundo escalão o

oficial veterinário da OM, em terceiro escalão o oficial veterinário designado pela RM

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119

e em quarto escalão o CRDC que distribui os cães para a Unidade.

No caso no CMA e CMN, o quarto escalão seria localizado no CRDC do 7º

BPE. Para tanto, deve haver um incremento na instalação dessa unidade, bem como

um repasse de recursos e sistematização dos procedimentos para transporte. Esse

escalonamento possibilitaria que os animais fossem mais bem assistidos no que

tange ao diagnóstico, à cirurgia e à reabilitação para os casos clínicos mais

complexos, que excedem a capacidade de atendimento da própria OM. Além disso,

deve haver ênfase no treinamento do condutor para que atue como o primeiro

responsável pelo seu cão, sobretudo os que atuarão em destacamentos. Nesses

locais, a atuação mais especializada do condutor do cão seria de extrema relevância

para a solução de emergências médicas de baixa complexidade até a evacuação do

animal.

A utilização de viaturas adaptadas para o transporte do cão é considerada

relevante, pois essas protegem a integridade física dos cães. No caso das OM Fron,

situadas em locais onde se utiliza a hidrovia como principal modal, a adaptação das

embarcações torna-se relevante, pois as altas temperaturas e o elevado índice

pluviométrico pode levar o cão a doenças que o incapacite a cumprir suas missões e

até mesmo a óbito em casos mais graves, caso fiquem expostos em embarcações

sem proteção adequada. Ademais, a existência de canis e de caixas de transporte

modulares proporcionariam melhora na segurança, no controle e no emprego do

animal ao possibilitar melhores condições de desdobramento em qualquer área de

operações.

A pesquisa evidenciou que há entraves que dificultam a obtenção de

entorpecentes. A não existência de entorpecentes, a existência de quantidade

insuficiente ou em estado de conservação inadequado compromete a instrução e a

capacitação dos cães para atividade de detecção de narcóticos. Essa limitação para

aquisição dessas substâncias entorpecentes pode ser atribuída ao fato de que não

existe uma regulamentação no âmbito da F Ter sobre padronização de

procedimentos para obtenção, controle, manuseio e descarte do material.

Há dificuldade para aquisição de ração e materiais de veterinária através do

sistema de licitações nas OM Fron, o que pode impactar na manutenção dos cães.

Portanto, face às dificuldades enfrentadas, a aquisição de rações poderia ser

realizada pelos Batalhões Logísticos, e a dos materiais de veterinária, por sua vez,

pelas RM. Esses itens podem ser encaminhados para as OM Fron juntamente com

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120

os itens de subsistência, como ocorre sistematicamente na região.

Foi verificado que as instalações inadequadas comprometem o

funcionamento de uma SCG e que há uma necessidade de reforma geral das SCG.

Esses dados revelam que, para implantação de SCG nas OM Fron, é necessário

que haja um planejamento adequado da construção dessas instalações, a fim de

atender as demandas das unidades de fronteira e seus destacamentos.

Em relação ao aspecto operacional, há necessidade de capacitação

cinotéctica de militares das OM Fron. Portanto, deve existir um planejamento

detalhado para absorver os militares dessas OM, preferencialmente antes de

receber os cães. A existência do curso centralizado no 7º BPE possibilitaria um

melhor adestramento dos militares em virtude da padronização de técnicas e

procedimentos, atualização e difusão da doutrina, além da possibilidade de

avaliação e certificação das equipes dentro de critérios de exigências reconhecidos

internacionalmente.

Ainda sobre a capacitação de militares, foi observado que o estágio de

adestrador de cães de guerra trata do faro de entorpecentes de maneira superficial,

não sendo suficiente para adestrar as equipes para a detecção de narcóticos.

Recomenda-se, portanto, que seja previsto um estágio específico para a detecção

de narcóticos, uma vez que essa é a atividade mais desenvolvida no âmbito das

atuais SCG, sendo também a que teria a maior frequência de emprego na Faixa de

Fronteira.

Sobre o material utilizado no adestramento das SCG, utilizam-se com maior

frequência as fontes oriundas dos OSP. Esse dado reflete que o Caderno de

Instrução de Emprego de Cão de Guerra (EB70-CI-11.002) não é suficiente para o

adestramento de cães de guerra. Por isso, como produto final desse trabalho, foi

elaborada uma proposta de capítulo para o Caderno de Instrução de Emprego de

Cão de Guerra (ver Apêndice E), que trata do emprego de cães de guerra na

detecção de narcóticos. Nele constam os principais aspectos práticos para a

obtenção, acondicionamento, controle, manuseio e descarte de narcóticos para fins

de treinamento dentro das instalações militares, além de aspectos relativos à

formação do cão para a atividade de detecção de narcóticos. Esse produto,

mediante avaliação do COTER, pode servir como base para uma possível

atualização do Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra, mais

precisamente do Capítulo II, Seção 2.6.9, que trata do emprego de cães de guerra

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121

na detecção de narcóticos.

Propõe-se que seja desenvolvido pelo COTER um Manual de Treinamento de

Cães de Guerra, bem como um Programa Padrão de Instrução que oriente a

condução das atividades da SCG e dos cursos e estágios fornecidos pelas OM. A

atualização constante de conhecimentos dos recursos humanos é essencial para a

excelência na realização da atividade com cães de guerra.

A despeito da previsão do atual QCP máximo previsto da SCG indicar que o

número de tratadores seja o dobro do número de cães, para fins de emprego,

doutrinariamente, o Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra, bem como

o MWD Program, orientam que cada cão deve ser manejado pelo próprio condutor,

numa proporção de um cão para cada condutor, fortalecendo, dessa forma, o

vínculo entre o binômio homem-cão. Deste modo, deve haver uma reestruturação da

SCG a fim de que nas OM haja a previsão de existir um condutor para cada cão.

Não existem no EB provas de certificação de condutores e cães que os

habilitem a serem empregados nas diversas atividades. A realização de provas de

habilitação e certificação são fundamentais para se atestar a capacidade do binômio

homem-cão nas atividades. Recomenda-se que sejam regulamentados os critérios

de avaliação de equipes de instrutores especialistas qualificados que possam

averiguar, sob a forma de um controle externo, a proficiência dos trabalhos

realizados com cães de guerra pelas OM do território nacional.

Considerando-se que a distribuição de cães para as OM Fron aumentaria a

capacidade operativa da OM, conclui-se que os aspectos analisados dificultam a

manutenção e a atuação de cães de guerra na detecção de narcóticos na fronteira

amazônica, confirmando-se, assim, a hipótese dessa pesquisa. São necessárias

adequações na atual forma de emprego dessa ferramenta no âmbito do EB, a fim de

se superar os óbices existentes e concretizar o uso do cão na Faixa de Fronteira.

A pesquisa contribui para o desenvolvimento da doutrina militar, em virtude de

dar subsídio para o aprimorando de seus recursos humanos e materiais para melhor

vigiar as fronteiras empregando cães de guerra na repressão ao narcotráfico. Além

disso, indiretamente colabora com as diversas SCG do EB, que podem avaliar

procedimentos para buscar aprimorar suas práticas.

Como o trabalho limitou-se ao estudo da repressão ao narcotráfico, sugere-se

que o EB avalie uma possível atualização de sua doutrina para que os cães que

trabalham no faro de drogas possam atuar também no faro de armas, munições e

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122

explosivos. Também se propõe que seja atualizada a seção 2.3.6 do Caderno de

Instrução de Emprego de Cão de Guerra (EB70-CI-11.002) referente ao emprego do

Cão de Detecção de Explosivos, nos aspectos operacionais e administrativos, tais

como obtenção, manuseio, controle e descarte dos materiais. Além disso, uma

análise dos aspectos operacionais relativos às técnicas, táticas e procedimentos do

emprego dos cães em patrulhamento na fronteira, em revista de presídios e em

Operações de Apoio aos Órgãos Governamentais.

Foram encontradas limitações de ordem teórica e metodológica, tais como a

falta de registros de dados relativos à utilização dos cães em atividades de detecção

de narcóticos no Brasil. Além disso, a impossibilidade de se realizarem testes de

implantação de cães nas OM estudadas dificultou uma análise mais acurada do

emprego dessa ferramenta nas condições propostas.

Sugere-se, assim, que, antes de implantar o cão nas OM Fron, seja realizado

um teste experimental de forma que se possa medir o nível de operacionalidade e

quantidade de apreensão de narcóticos. Para esse teste, poder-se-ia aproveitar os

militares que estão servindo nessas OM que já possuem estágio de adestrador de

cães de guerra para conduzir as atividades. Após concluída a distribuição de cães

na Faixa de Fronteira, outras questões relativas às formas de emprego durante as

missões e avaliações dos resultados das apreensões poderão ser analisadas, o que

promoverá novos debates e, portanto, a constante evolução na linha de pesquisa.

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SPADY, T. C.; OSTRANDER, S. T. C. Canine behavioral genetics: pointing out the phenotypes and herding up the genes. American Journal of Human Genetics, n.82, p. 10-18, 2008. Disponível em: <http://www.cell.com/ajhg/pdf/S0002-9297(07)00027-4.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2017.

STOCHERO, Tahiane. ENTENDA: o que a disputa nacional entre facções tem a ver com a barbárie no presídio do Amazonas. G1, 03 jan. 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/entenda-o-que-a-disputa-nacional-entre-faccoes-tem-a-ver-com-a-barbarie-no-presidio-do-amazonas.ghtml>. Acesso em: 13 fev. 2017.

TAVEIRA, Ângela Montenegro. O Poder de Polícia dos Membros das Forças Armadas nas operações de patrulhamento de fronteiras: limites e implicações com a segurança e o desenvolvimento nacionais. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia) – Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.esg.br/images/Monografias/2011/TAVEIRA.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2017.

TAYLOR, W. M. Canine tactical field care part two – massive hemorrhage control and physiologic stabilization of the volume deepleted, shock-affected or heatstroke-affected canine. Journal of special operation medicine, v. 9, 2. ed,, p. 13-21, 2009. Disponível em: < www.dtic.mil/get-tr-doc/pdf?AD=ADA548859 > Acesso em: 15 mar. 2017.

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TSIOMIS, Alexandre Couto. Levantamento do efetivo real de cães do exército brasileiro e comparação com os dados disponíveis pela Seção de Remonta e Veterinária da Diretoria de Abastecimento do Comando Logístico do Exército Brasileiro. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Formação de Oficiais) - Escola de Administração do Exército, Salvador, 2010. Disponível em: <https://cinotecniamilitar.files.wordpress.com/2015/01/tsiomis-2010-contegem-cc3a3es-no-eb.pdf>. Acesso em: 1 mar. 2017.

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______. World Drug Report 2016. United Nations publication, Viena, 2016. Disponível em: <http://www.unodc.org/doc/wdr2016/WORLD_DRUG_REPORT_2016_web.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2017.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO BATALHÃO DE INFANTARIA DE SELVA

O presente instrumento é parte integrante da dissertação de mestrado em

Ciências Militares do Cap Inf Abiaru Caiubi Camurugy de Guerreiro, cujo tema é "Emprego de cães farejadores pelos Batalhões de Infantaria de Selva no combate ao narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica". Pretende-se, através da compilação dos dados coletados, fornecer subsídio para que sejam propostas adaptações na forma de emprego de cães de guerra atualmente adotada pelo EB com a finalidade de favorecer a implantação dessa ferramenta no combate ao narcotráfico na fronteira amazônica.

A fim de conhecer as características, as possibilidades e as limitações da atual estrutura de emprego dos cães de guerra no Exército Brasileiro, o senhor foi selecionado, dentro de um amplo universo, para responder às perguntas deste questionário. Solicito-vos a gentileza de respondê-lo o mais completamente possível.

A experiência profissional do senhor irá contribuir sobremaneira para a pesquisa, colaborando com os estudos referentes ao aprimoramento do emprego dos cães de guerra na Força Terrestre. Será muito importante, ainda, que o senhor complemente o questionário, quando assim o desejar, com suas opiniões a respeito do tema e do problema.

Desde já, agradeço a colaboração e coloco-me à disposição para esclarecimentos através dos seguintes contatos: Abiaru Caiubi Camurugy de Guerreiro (Capitão de Infantaria – AMAN 2008) Celular: (24) 981008166 E-mail: [email protected] 1. Qual é a OM do senhor? ( ) 3º BIS ( ) 61º BIS ( ) Cmdo Fron AC/4º BIS ( ) Cmdo Fron RN/5º BIS

( ) Cmdo Fron RO/6º BIS ( ) Cmdo Fron RR/7º BIS ( ) Cmdo Fron Sol/8º BIS ( ) Cmdo Fron AP/34º BIS

2. Qual é a função do senhor na OM? ( ) Cmt ( ) SCmt ( ) Of EM

( ) Cmt CEF/SU ( ) Of Vet ( ) Cmt PEF

3. Quantos cães de guerra a OM possui atualmente? ( ) zero ( ) ____________ 4. A OM já solicitou a criação de uma Seção de Cães de Guerra (SCG)? ( ) sim ( ) não ( ) Não tenho conhecimento 5. A utilização de cães farejadores durante as fiscalizações dos postos de controle contribui para o combate ao narcotráfico. ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente

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( ) discordo totalmente 6. Dentre as diversas atividades que os cães podem executar, com que frequência julga que poderiam ser empregados na área de responsabilidade de sua OM.

nunca raramente algumas vezes

frequentemente sempre

Guarda de Instalações

Revista de pessoal

Controle de distúrbio

Detecção de narcótico

Detecção de explosivo

Captura de foragido, varredura de área e entrada em localidade

Localização de evidências

Busca e Salvamento

Apresentação e exposição

7. Caso o senhor julgue que as OM Fron poderiam possuir cães em sua carga, como deveriam ser distribuídos? ( ) Apenas na sede do Batalhão, apoiando os destacamentos nas operações. ( ) Apenas nas frações destacadas (CEF/PEF/Destacamentos) ( ) Tanto na sede do Batalhão quanto nas frações destacadas

(CEF/PEF/Destacamentos) ( ) De acordo com as características de cada OM ( ) Não é o caso a distribuição de cães para OM Fron 8. Dentre os óbices existentes que possam comprometer ou dificultar a implantação, a manutenção e o emprego de cães de guerra em sua OM, como o senhor classifica a relevância dos seguintes itens?

Sem relevância

Pouco relevante

Relevante Muito relevante

Extremamente relevante

Dificuldade administrativa e documental de alterar o QCP da OM a fim de implantar a SCG

Falta de pessoal

Falta de militares capacitados para empregar cães de guerra

Alta rotatividade dos quadros

Falta de oficial

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veterinário na OM

Carência de suporte adequado para atendimento clínico dos caninos na OM e no município

Limitação de recursos para a manutenção do cão na OM

Dificuldade para aquisição de rações, medicamentos e material de treino através do sistema de licitações na região

Dificuldade para construção de canil

Falta de viaturas e embarcações adequadas para o transporte de cães

Descrença na possibilidade de distribuição de cães para a OM

9. Há algum outro óbice não mencionado que possa dificultar a implantação e manutenção da SCG nas OM de fronteira? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10. Existe oficial veterinário em sua OM? ( ) sim ( ) não 11. A existência de um Centro de Reprodução e Distribuição de Caninos localizado em Manaus capaz de atender aos casos clínicos mais complexos que excedessem a capacidade de tratamento da OM favoreceria a manutenção dos cães na fronteira. ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 12. A existência de uma viatura adaptada para transporte dos cães melhora a segurança, o controle e o emprego do animal. ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente

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( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 13. É necessária a existência de canis e caixas de transporte modulares (que podem ser dobradas e desmontadas) para transporte e emprego dos cães em sua OM. ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 14. A distribuição de ração e medicamentos por intermédio da cadeia de suprimento favoreceria a manutenção dos cães devido às peculiaridades da região amazônica. ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 15. Qual o tipo/quantidade de entorpecentes que a OM apreendeu em 2015 e 2016? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 16. O senhor gostaria de acrescentar alguma informação que possa contribuir com a pesquisa? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO ORGANIZAÇÃO MILITAR DE ARMA BASE COM SCG

O presente instrumento é parte integrante da dissertação de mestrado em

Ciências Militares do Cap Inf Abiaru Caiubi Camurugy de Guerreiro, cujo tema é "Emprego de cães farejadores pelos Batalhões de Infantaria de Selva no combate ao narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica".Pretende-se, através da compilação dos dados coletados, fornecer subsídio para que sejam propostas adaptações na forma de emprego de cães de guerra atualmente adotada pelo EB com a finalidade de favorecer a implantação dessa ferramenta no combate ao narcotráfico na fronteira amazônica.

A fim de conhecer as características, as possibilidades e as limitações da atual estrutura de emprego dos cães de guerra no Exército Brasileiro, o senhor foi selecionado, dentro de um amplo universo, para responder às perguntas deste questionário. Solicito-vos a gentileza de respondê-lo o mais completamente possível.

A experiência profissional do senhor irá contribuir sobremaneira para a pesquisa, colaborando com os estudos referentes ao aprimoramento do emprego dos cães de guerra na Força Terrestre. Será muito importante, ainda, que o senhor complemente o questionário, quando assim o desejar, com suas opiniões a respeito do tema e do problema.

Desde já, agradeço a colaboração e coloco-me à disposição para esclarecimentos através dos seguintes contatos: Abiaru Caiubi Camurugy de Guerreiro (Capitão de Infantaria – AMAN 2008) Celular: (24) 981008166 E-mail: [email protected] 1. Qual é a OM do senhor? ______________ 2. Qual é o efetivo de militares empregados na Seção de Cães de Guerra (SCG)? Qual seria o efetivo ideal? - Oficial Veterinário

Qtd

Existente

Ideal

- Oficial Combatente

Qtd

Existente

Ideal

- ST/Sgt

Qtd

Existente

Ideal

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- Cb/Sd

Qtd

Existente

Ideal

3. Com que frequência os militares da SCG deixam de cumprir expediente na seção para desempenharem outros encargos na OM? ( ) Nunca ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Frequentemente ( ) Sempre 4. O senhor considera que o acúmulo de encargos na OM prejudica as atividades da SCG? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 5. Quais os efetivos de cães existente e ideal na OM?

Existente Ideal

Pastor Alemão

Pastor Belga de Malinoi

Rottweiler

Labrador

Outra:_______

6. Qual a quantidade de cães que requereram exames ou tratamento veterinário que excediam a capacidade de atendimento da OM?

Número de cães

2017(1º Sem)

2016

2015

7. Qual procedimento normalmente é adotado nos casos de atendimento veterinário que excede a capacidade da OM? ( ) não é realizado o exame ou tratamento ( ) é realizado procedimento em clínica particular ( ) é realizado procedimento por outra OM. ( ) é realizado pelo Of Vet da Gu, coordenado pela RM ( ) apoio de universidades e colaboradores 8. A previsão de um escalonamento do tratamento veterinário (nos Comandos Militares de Área ou nos Centros de Reprodução e Distribuição de Caninos) possibilitaria que os caninos fossem melhor assistidos no que tange ao diagnóstico, à cirurgia e à reabilitação para casos mais complexos?

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( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 9. Qual(is) curso(s) de capacitação a OM oferece? ( ) Estágio de Tratador de Cães de Guerra ( ) Estágio de Condutor de Cães de Guerra ( ) Curso de Instrutor de Cães de Guerra ( ) Estágio de Adestrador de Cães de Guerra ( ) Estágio de Adestramento para Detecção de Narcóticos ( ) Outros: ___________________________________ 10. Quantos militares da SCG são habilitados para adestramento de cães de detecção de narcóticos? _____ 11. Qual a formação do militar responsável pelo emprego e adestramento dos cães de guerra na OM? ( ) Oficial Combatente ( ) Oficial Veterinário ( ) ST/Sgt ( ) Cb/Sd 12. Existem cães da OM habilitados em provas de certificação?

Raça Tipo de certificação Local de realização

13. O Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra (EB70-CI-11.002) é suficiente para adestrar e conduzir as missões com cães de guerra na detecção de narcóticos? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 14. Quais cadernos de instrução ou manuais são utilizados para adestramento dos cães e militares da SCG? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15. Quais os tipos e as quantidades de entorpecentes que a OM dispõe para o

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adestramento dos cães para detecção de narcóticos? (entorpecente/quantidade) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 16. Dos cães existentes na SCG, quantos estão habilitados nas seguintes categorias? a. Cão de Guarda (guarda de instalações, paióis, depósitos, reservas e demais áreas de segurança) _________________ b. Cão de Polícia do Exército I (patrulhamento policial, abordagens, defesa do condutor, escolta de presos, segurança de autoridades, isolamento de áreas e controle de distúrbios) _________________ c. Cão de Polícia do Exército II (busca e captura de fugitivos em áreas abertas, matas e edificações, varreduras de ambientes diversos e invasão a localidades) _________________ d. Cão de Detecção de Narcóticos (detecção de drogas) _________________ e. Cão de Localização de Evidências (busca de evidências que possam ajudar nas investigações de crimes, tais como estojos deflagrados, armas abandonadas, aparelhos telefônicos, documentos, peças de vestuário, entre outros) _________________ f. Cão de Detecção de Explosivos (detecção de bases explosivas e munições) _________________ 17. Qual a frequência de emprego de cães de guerra nas seguintes atividades?

nunca raramente algumas vezes

frequentemente sempre

Guarda de Instalações

Revista de pessoal

Controle de distúrbio

Detecção de narcótico

Detecção de explosivo

Captura de foragido, varredura de área e entrada em localidade

Localização de evidências

Busca e Salvamento

Apresentação e exposição

18. Em uma escala de 1 a 5, sendo 1 mais baixo e 5 mais alto, como o senhor avalia

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a disponibilidade e a adequabilidade das instalações da SCG?

1 2 3 4 5

Boxe

Isolamento

Área de treinamento

Enfermaria Veterinária

Sala de chefia

Alojamento de praças

Depósito de ração

Depósito de material

___________________

19. Existem oportunidades de melhorias na estrutura física da SCG de sua OM? Caso existam, quais seriam elas? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 20. O senhor considera que a existência de uma viatura adaptada para transporte dos cães melhora a segurança, o controle e o emprego do animal? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 21. O(A) senhor(a) considera necessária a existência de canis e caixas de transporte modulares (que podem ser dobradas e desmontadas) para transporte e emprego dos cães em sua OM? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 22. Qual a situação atual e ideal de fornecimento de ração para os cães em sua OM?

crédito para aquisição por meio de licitação

fornecido pela cadeia de suprimento

Situação atual

Situação ideal

23. Em sua OM, como é realizada a distribuição dos cães entre os condutores? ( ) Cada cão é conduzido por apenas um condutor ( ) Cada cão é conduzido por mais de um condutor 24. Em uma escala de 1 a 5, sendo 1 menos relevante e 5 mais relevante, como os

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problemas citados abaixo poderiam impactar no adequado funcionamento de uma SCG?

1 2 3 4 5

Falta de militares capacitados para adestrar e empregar os cães

Falta de Oficial Veterinário na OM

Militares da SCG empregados em outras missões na unidade

Falta de material para adestramento

Dificuldade na aquisição de ração, medicamentos e materiais por meio de licitações

Dificuldade para realizar atendimento veterinário

Instalações inadequadas

Falta de viatura adaptada

Cães que não possuem aptidão para trabalho militar

25. Existe alguma outra dificuldade para o adestramento, manutenção e emprego dos cães em sua OM que não foi citado anteriormente? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 26. O senhor gostaria de acrescentar alguma informação que possa contribuir com a pesquisa? ___________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO ADESTRADORES DE CÃES DE GUERRA

O presente instrumento é parte integrante da dissertação de mestrado em

Ciências Militares do Cap Inf Abiaru Caiubi Camurugy de Guerreiro, cujo tema é "Emprego de cães farejadores pelos Batalhões de Infantaria de Selva no combate ao narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica". Pretende-se, através da compilação dos dados coletados, fornecer subsídio para que sejam propostas adaptações na forma de emprego de cães de guerra atualmente adotada pelo EB com a finalidade de favorecer a implantação dessa ferramenta no combate ao narcotráfico na fronteira amazônica.

A fim de conhecer as características, as possibilidades e as limitações da atual estrutura de emprego dos cães de guerra no Exército Brasileiro, o senhor foi selecionado, dentro de um amplo universo, para responder às perguntas deste questionário. Solicito-vos a gentileza de respondê-lo o mais completamente possível.

A experiência profissional do senhor irá contribuir sobremaneira para a pesquisa, colaborando com os estudos referentes ao aprimoramento do emprego dos cães de guerra na Força Terrestre. Será muito importante, ainda, que o senhor complemente o questionário, quando assim o desejar, com suas opiniões a respeito do tema e do problema.

Desde já, agradeço a colaboração e coloco-me à disposição para esclarecimentos através dos seguintes contatos: Abiaru Caiubi Camurugy de Guerreiro (Capitão de Infantaria – AMAN 2008) Celular: (24) 981008166 E-mail: [email protected] 1. Qual é a formação do senhor? ( ) AMAN ( ) ESA ( ) EsFCEx ( ) CFST ( ) EAS

2. Qual estágio/curso o senhor possui? ( ) Estágio de Adestrador de Cães de Guerra ( ) Estágio de Tratador de Cães de Guerra ( ) Estágio de Condutor de Cães de Guerra ( ) Curso de Instrutor de Cães de Guerra ( ) Formação de Treinador e de Treino de Ação e Reação com Cães ( ) Cinofilia e Cinotecnia - Adestrador de Cães ( ) Guia de Cães de Trabalho Militar ( ) Busca e Explosivos com Cães 3. O senhor desempenhou ou desempenha atualmente alguma função em uma SCG? ( ) sim ( ) não 4. O senhor considera que os estágios de adestramento de cães realizados pelas

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OM de PE são suficientes para o adestramento e atuação dos cães nas missões de detecção de narcóticos? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 5. Em que medida o senhor considera que seria relevante a existência de estágio específico para a detecção de narcóticos? ( ) Irrelevante ( ) Pouco relevante ( ) Relevante ( ) Muito relevante ( ) Extremamente relevante 6. O senhor considera que exista uma carência de Oficiais Combatentes na OM que participe do adestramento e emprego nas OM que possuem SCG? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 7. O senhor já participou ou conduziu, em uma OM do EB, uma prova de certificação de cães? ( ) sim ( ) não 8. O Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra (EB70-CI-11.002) é suficiente para adestrar e conduzir as missões com cães de guerra na detecção de narcóticos? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 9. Quais cadernos de instrução ou manuais são utilizados para adestramento dos cães e militares da SCG? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10. O senhor considera que a existência de uma viatura adaptada para transporte dos cães melhora a segurança, o controle e o emprego do animal? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo

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( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 11. O(A) senhor(a) considera necessária a existência de canis e caixas de transporte modulares (que podem ser dobradas e desmontadas) para transporte e emprego dos cães em sua OM? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 12. Em que medida o senhor considera que a utilização de cães farejadores durante as fiscalizações dos postos de controle em uma OM localizada na fronteira seja uma ferramenta que contribui para a o combate ao narcotráfico? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 13. O senhor considera que há falta de normatização que regule e padronize o funcionamento de cursos e estágios de adestramento de cães de guerra no EB? ( ) concordo totalmente ( ) concordo parcialmente ( ) nem concordo, nem discordo ( ) discordo parcialmente ( ) discordo totalmente 14. O senhor gostaria de acrescentar alguma informação que possa contribuir com a pesquisa? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO SEÇÃO DE GESTÃO LOGÍSTICA DE REMONTA E VETERINÁRIA

O presente instrumento é parte integrante da dissertação de mestrado em

Ciências Militares do Cap Inf Abiaru Caiubi Camurugy de Guerreiro, cujo tema é "Emprego de cães farejadores pelos Batalhões de Infantaria de Selva no combate ao narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica". Pretende-se, através da compilação dos dados coletados, fornecer subsídio para que sejam propostas adaptações na forma de emprego de cães de guerra atualmente adotada pelo EB com a finalidade de favorecer a implantação dessa ferramenta no combate ao narcotráfico na fronteira amazônica.

A fim de conhecer as características, as possibilidades e as limitações da atual estrutura de emprego dos cães de guerra no Exército Brasileiro, o senhor foi selecionado, dentro de um amplo universo, para responder às perguntas deste questionário. Solicito-vos a gentileza de respondê-lo o mais completamente possível.

A experiência profissional do senhor irá contribuir sobremaneira para a pesquisa, colaborando com os estudos referentes ao aprimoramento do emprego dos cães de guerra na Força Terrestre. Será muito importante, ainda, que o senhor complemente o questionário, quando assim o desejar, com suas opiniões a respeito do tema e do problema.

Desde já, agradeço a colaboração e coloco-me à disposição para esclarecimentos através dos seguintes contatos: Abiaru Caiubi Camurugy de Guerreiro (Capitão de Infantaria – AMAN 2008) Celular: (24) 981008166 E-mail: [email protected] 1. Quantos cães foram produzidos pelos CRDC?

BPEB 2º BPE

2016

2015

2. Quantos cães foram adquiridos por meio de compra?

Quantidade comprada

2016

2015

3. Qual o preço médio do cão adquirido por compra de acordo com a raça?

Raça Preço (R$)

Pastor Alemão

Pastor Belga de Malinoi

Rottweiler

Labrador

4. Qual o preço de custo médio de um cão reproduzido por um CRDC até ser distribuído para uma OM? R$____________________

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5. Qual o custo médio mensal para a manutenção de cada cão dentro de uma OM (ração, vacinas, material, etc)? R$____________________ 6. Qual o valor repassado para as OM com a finalidade de aquisição de ração, medicamentos etc para cada cão? R$____________________ 7. Existe alguma previsão de escalonamento do atendimento veterinário para os casos mais complexos, em que a OM não tenha capacidade de realizar o procedimento clínico no cão com seus próprios meios? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8. Quais procedimentos devem ser adotados por uma OM localizada na fronteira para viabilizar a implantação da SCG, de forma que atenda aos aspectos de viabilidade técnica e econômica necessários à manutenção de cães de guerra? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9. O senhor gostaria de acrescentar alguma informação que possa contribuir com a pesquisa? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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APÊNDICE E

Proposta de atualização do EB70-CI-11.002, Capítulo II, Seção 2.6.9

A presente proposta é um produto da Dissertação de Mestrado intitulada

"Emprego de cães farejadores pelos Batalhões de Infantaria de Selva no combate ao

narcotráfico na Faixa de Fronteira amazônica" que destina-se a servir de base para

uma possível atualização do Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra,

mais precisamente do Capítulo II, Seção 2.6.9, que trata do emprego de cães de

guerra na detecção de narcóticos. Baseou-se na normatização da referida atividade

documentada em diversas fontes, a saber: Field Manual 3-19.17 - Military Working

Dogs (DEPARTMENT OF THE ARMY, 2005), Air Force Manual 31-219 - USAF

Military Working Dog Program (DEPARTMENT OF THE AIR FORCE, 2009),

OPNAVY Instruction 5585.2C - Department of the Navy Military Working Dog

Program (DEPARTMENT OF THE NAVY, 2012), Army Regulation 190-12 - Military

Working Dogs (DEPARTMENT OF THE ARMY, 2013), Marine Corps Order 5585.5 -

Marine Corps Military Working Dog Manual (DEPARTMENT OF THE NAVY, 2015),

das Forças Armadas dos Estados Unidos da América, e ainda o Police Dogs Manual

of Guidance 2011 (ASSOCIATION OF CHIEF POLICE OFFICERS OF ENGLAND,

2011), do Reino Unido.

Por ser uma proposta de atualização, foram utilizados os dispositivos

atualmente constantes do Caderno de Instrução de Emprego de Cão de Guerra.

Além disso, foram aproveitadas algumas observações obtidas dos instrumentos de

coleta de dados da pesquisa realizada com o fito de aproximar as boas práticas

adotadas internacionalmente das condutas já adotadas no âmbito do EB.

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EB70-CI-11.002

Capítulo II, Seção 2.6.9

2.6.9 DETECÇÃO DE NARCÓTICOS

2.6.9.1 Considerações iniciais

a) Para essa função, será utilizado um cão CDN, conduzido por um militar que seja,

no mínimo, Condutor de Cães de Guerra. A esse binômio dá-se o nome de Equipe

de Detecção de Narcóticos – EDN. Para fins de treinamento e emprego, é

necessária a presença de um auxiliar.

b) Quando empregado em apoio a outras agências ou unidades, as buscas serão

conduzidas sob comando da autoridade solicitante. Todas as atividades relativas à

busca, ou seja, coordenação, escala de pessoal e duração da operação devem ser

responsabilidade da autoridade solicitante.

2.6.9.2 Narcóticos para Treinamento de Faro

a) Chama-se Narcótico para Treinamento de Faro (NTF) o recipiente contendo um

tipo específico de narcótico utilizado para treinamento de faro.

b) Para fins de treinamento de faro, toda OM que possuir uma SCG deverá

formalizar, via ofício, um pedido de autorização de posse de substâncias controladas

a um Juiz de Vara Criminal. Após a obtenção dessa autorização, deve-se fazer

contato com o Órgão de Apreensão para passagem à disposição do entorpecente ao

militar designado pelo Cmt OM, preferencialmente o Ch SCG, que será o

responsável pelo seu recebimento e custódia.

c) A droga cautelada deve ser de boa qualidade, mantida separada e trocada

regularmente para manter o mais alto nível de pureza.

d) Tendo em vista que o eventual consumo pessoal da droga põe em risco tanto a

saúde de quem o fizer quanto a segurança e a integridade da Unidade, o Ch SCG

tem o dever de controlar e armazenar corretamente os narcóticos para treinamento

de faro (NTF) sob sua custódia.

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e) Para fins de controle interno, cada NTF deve possuir um código único.

f) Um militar corresponsável pelo controle da droga deve ser designado em Boletim

Interno.

g) Da mesma maneira, o condutor do CDN e seu auxiliar, chamados

permissionários, poderão cautelar o NTF junto ao Ch SCG após publicação em

boletim.

h) A mudança de Ch SCG ou do corresponsável pela droga, assim como a de

permissionários devem também ser registradas em Boletim Interno.

i) Apenas narcóticos obtidos de fontes legais são autorizados para uso em

treinamento.

j) A disposição final do NTF é de responsabilidade do órgão de origem. É vedada a

destruição de NTF pela OM. O Ch SGC deverá devolver a droga à autoridade

competente uma vez por ano, ou numa frequência acordada com a autoridade

judicial.

k) No momento da devolução da droga ao órgão de origem, deve-se anexar o

registro de pesagem do NTF referente ao período em que este esteve sob custódia

do Ch SCG.

l) NTF inservíveis (danificados, com vazamento, fora dos níveis de tolerância,

deslacrados, infestados por insetos ou código ilegível) devem ser devolvidos à

autoridade de origem.

m) Para manter a segurança dos NTF, o Ch SCG deverá adotar os seguintes

procedimentos:

1) Permitir que apenas pessoas autorizadas tenham acesso aos NTF

2) Manter um registro diário de saída e devolução dos NTF, fazendo constar o

peso de saída e de entrada;

3) Garantir que os NTF que retornam do treinamento sejam adequadamente

armazenados;

4) Inspecionar os NTF antes e depois do uso a fim de verificar sinais de danos,

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vazamento ou adulteração;

5) Em caso de uso não regular, inspecionar visualmente os kits ao menos duas

vezes por semana a fim de detectar sinais de vazamento ou adulteração;

6) Verificar a precisão dos registros de entrada e saída;

7) Garantir que a balança de pesagem está calibrada;

8) Comunicar dano, perda, vazamento, adulteração ou roubo ao escalão

superior tão logo identifique o sinistro;

9) Informar ao comando sobre a existência de permissionário que

potencialmente não seja adequado para manusear ou utilizar o NTF por ter

demonstrado falta de controle ou por fazer uso indevido de substâncias controladas;

10) Iniciar processo para obtenção de narcóticos adicionais ou de reposição;

11) Auxiliar o comando nas inspeções e inventários.

n) O militar corresponsável pela cautela do NTF deve ser capaz de conduzir as

atividades acima listadas na ausência do responsável.

o) Antes do recebimento de NTF na OM, é preciso que haja instalações de

armazenamento seguras. Cofres devem estar localizados em áreas continuamente

vigiadas ou protegida por sistema de detecção de intrusão.

p) Os cofres com menos de 340 quilos devem ser fixos no chão ou paredes.

q) Uma lista do pessoal autorizado para acessar o cofre deve ser afixada na parte

externa do cofre.

r) Os NTF deverão ser armazenados em recipientes distintos dentro do cofre.

s) Depois da segurança, o próximo objetivo é estocar o NTF de forma a minimizar a

contaminação por odores. O ideal é utilizar um cofre com gavetas distintas para o

armazenamento de diferentes substâncias.

t) Reconhece-se que existe uma pequena variação no peso devido ao manuseio e

às condições sob as quais os NTF são armazenados e utilizados, tais como calor e

umidade. A seguinte tabela de tolerância é estabelecida como um direcionamento na

pesagem diária dos NTF:

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1) Cocaína (todos os pesos): 0,2g

2) Heroína (qualquer peso): 0,2g

3) Metanfetamina (qualquer peso): 0,2g

4) Maconha (20g): 2g

u) Havendo diferença de peso entre as pesagens, esta será comparada com os

níveis de tolerâncias acima a fim de determinar se houve adulteração.

v) A fim de prevenir contaminação entre substâncias, sacolas plásticas não poderão

ser utilizadas para transportar os NTF. É vedado o uso de cola, caneta, marcador,

fitas ou etiquetas adesivas ou qualquer outro material dentro ou próximo do NTF.

w) Permissionários deverão manter a segurança sobre o NTF enquanto esses

estiverem sob sua responsabilidade na condução de treinos.

x) A perda ou furto de NTF durante o treinamento deve ser reportado imediatamente

pelo permissionário ao Ch SCG.

y) Deve-se fazer uso de luvas descartáveis de plástico para manusear o NTF para

prevenir contaminação com odor humano e absorção de odor pela pele. Máscaras

são necessárias para manuseio de grandes quantidades de drogas.

z) Cabe ao permissionário verificar visualmente o NTF a fim de detectar sinais de

dano, adulteração ou vazamento cada vez que for retirado ou devolvido. Ao

identificar qualquer problema, deve o permissionário reportá-lo ao Ch SCG e

minimizar posterior manuseio do kit.

aa) O permissionário deverá devolver o NTF ao local de armazenamento ao fim do

dia do treino.

bb) Cada SGC deve possuir um livro de registro de procedimentos operacionais

relativos ao NTF, que deve incluir as seguintes informações:

1) Nome, número da identidade e assinatura do responsável pelo NTF

2) Data de recebimento do NTF

3) Código do NTF

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4) Informações de contato dos responsáveis e dos permissionários

5) Registro diário de saída e entrada, constando data, hora, tipo de substância,

código, peso de saída e de entrada, assinatura do responsável e do permissionário.

6) Registro de discrepâncias (danos, vazamento, violação da embalagem ou

adulteração)

7) Guia de planejamento dos treinamentos de detecção de drogas

8) Informações sobre mudança de responsável (nº do BI que publicou a

alteração)

cc) O Cmt OM deverá determinar um militar responsável por realizar inspeções

mensais da droga armazenada.

dd) Deve-se produzir inventários semestrais do estoque de NTF, e sempre que

houver mudança de responsável. Nesse documento, deve-se fazer constar pesagem

de todos os NTF, inclusive os inservíveis.

2.6.9.3 Treinamento

a) Toda EDN deve ser submetida a um treinamento básico inicial e a um treinamento

básico de continuidade antes de ser empregada. Esse treinamento deve ser

promovido por um instrutor qualificado.

b) Após concluídos os treinamentos básicos, a EDN deverá se submeter a

treinamentos de manutenção, conduzidos em dias agendados, a fim de manter a

proficiência da equipe. O padrão mínimo de frequência de treinamento para

detecção de narcótico é de 4h/semana.

c) O condutor deverá registrar os treinamentos de manutenção com seus cães

mediante formulários.

d) Treinamento básico inicial

1) O treino básico de detecção de drogas é baseado principalmente em

exercícios de busca, que deve ser ensinada e desenvolvida utilizando-se um objeto

(brinquedo) e um comando. O princípio pavloviano de associação por repetição e do

mecanismo de estímulo/recompensa deve ser adotado, até que a busca se torne um

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reflexo condicionado do cão.

2) A duração média do treinamento básico é de seis semanas, podendo haver

uma prorrogação de mais uma ou duas semanas.

3) Antes de iniciar o treinamento, deve-se estabelecer os comandos e outros

gatilhos a serem utilizados.

4) O animal deve ser encorajado a buscar o brinquedo e devolvê-lo ao condutor,

que, por sua vez, deve elogiar o animal.

5) Uma vez que o cão tenha assimilado completamente o exercício de busca (o

que dura normalmente dois ou três dias), o brinquedo passa a ser escondido na

presença do cão, em áreas próximas ao chão. O cão deve ser encorajado a

encontrar o brinquedo. Caso tenha êxito, o mecanismo de busca estará

desenvolvido.

e) Treinamento básico em áreas específicas

1) O condutor e seu cão esperam na entrada da área a ser varrida, juntamente

com o auxiliar de treinamento.

2) O auxiliar deve se afastar rapidamente da equipe levando consigo o brinquedo,

escondendo-o e ao nível do solo num local em que o cão possa localizá-lo

prontamente e buscá-lo.

3) O auxiliar volta se reaproxima da equipe mostrando ao cão que não está mais

com o objeto.

4) O condutor encoraja o cão a buscar o brinquedo, elogiando-o se esse for bem-

sucedido.

f) Treinamento básico continuado: introdução do odor

1) Uma vez que o cão tenha demonstrado motivação para buscar e devolver o

brinquedo, o odor da droga inicial deve ser introduzido. A substância mais

comumente utilizada para esse treino inicial é a resina de cannabis (cannabis resis),

por conta de seu odor característico.

2) Enquanto a equipe pratica a busca básica, um objeto idêntico ao brinquedo

utilizado é colocado num recipiente vedado contendo cannabis resis, de modo que o

objeto fique impregnado com o odor da droga.

3) O exercício de busca deve continuar até que o odor da cannabis se torne uma

prioridade na mente do cão.

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4) O próximo objetivo do treino é desenvolver a concentração e reduzir a

duração da técnica de busca do cão. Isso é atingido colocando-se o objeto

impregnado em locais insuspeitos, isto é, no alto (até 50cm), atrás de outros objetos,

dentro de outros objetos ou em locais amplos.

5) Tendo atingido o objetivo acima, o cão deve ser ensinado a indicar

passivamente o brinquedo impregnado. Desse ponto em diante, o cão é capaz de

indicar a droga e não a presença do brinquedo.

g) Treinamento básico continuado em áreas específicas

1) A área de varredura deve ser preparada escondendo-se uma quantidade de

resina de cannabis em pontos que o cão deve ser capaz de localizar usando seu

fato.

2) O cão deve começar a busca após o comando do condutor. Quando o cão

indicar o esconderijo, o condutor deve se aproximar do local indicado e mostrar-lhe o

brinquedo ao qual o cão esteja acostumado. Essa parte do exercício deve ser

concluída de maneira que o cão se convença de que o objeto é o que ele procura,

embora seja, na verdade, a droga.

3) Após a recompensa, o condutor toma o brinquedo do cão e o lança ao

auxiliar, que deve colocá-lo em outro local, fazendo o cão acreditar que o objeto está

sempre escondido e não com seu condutor.

h) Alguns itens importantes que devem ser considerados:

1) O cão deve ser encorajado a buscar droga somente enquanto for capaz de

fazê-lo com motivação. A participação ativa do animal é fundamental para o sucesso

da atividade.

2) Luvas devem ser utilizadas pelo auxiliar, de modo que o cão seja

condicionado a indicar a droga, sem a interferência de outros fatores, quais seja, o

odor característico do auxiliar ou odores residuais em áreas por ele tocadas.

3) Em estágios mais avançados de treinamento básico, o condutor não deve

saber onde ficam os esconderijos, de modo que seja capaz de entender seu cão e

trabalhar em equipe.

4) Se possível, o objeto utilizado como brinquedo deve ser variado, de modo que

o cão não se torne dependente da recompensa em torno de apenas um objeto.

5) Quando o cão e condutor estiverem proficientes na busca de cannabis, o

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mesmo método é repetido para as outras drogas, excluindo-se apenas o treino inicial

de busca, que não será mais necessário.

6) Enquanto o treinamento com outras substâncias ocorre, a realização de um

exercício ocasional de busca por cannabis, com o objetivo de fortalecer a técnica de

busca da droga, empregando-se os seguintes procedimentos:

Reduzir a quantidade de droga a ser buscada

Variar os esconderijos (pontos diversos, subterrâneos e mais altos – mais

de 2m)

Variar o tipo de área a ser varrida

Introduzir distrações (barulho, baixa luminosidade, odores, circulação de

pessoas, animais ou obstáculos)

7) A parte final do treino pode ser conduzida no ambiente em que a equipe ira

ser empregada, usando todas as drogas para as quais o faro do cão foi treinado.

8) Por não se poder conhecer todos os cenários operacionais possíveis, é

essencial o treinamento em tipos diferentes de busca.

9) Um programa de treinamento de atualização a cada seis meses deve ser

conduzido por um instrutor qualificado, de maneira a manter a continuidade

requerida das equipes de detecção de narcóticos.

10) A Seção de Inteligência da OM deverá destacar as locações onde buscas e

apreensões históricas tenham sido realizadas, com o fito de sugerir uma maior

variedade de locações para fins de treinamento.

11) A fim de complementar as habilidades operacionais da EDN, deve-se fazer

esforço para que os condutores estejam atualizados acerca dos atuais padrões dos

métodos de camuflagem da droga.

2.6.9.4 Validação

a) Os testes de validação consistem numa ferramenta do Ch SGC para verificar a

qualidade e a eficiência de uma EDN.

b) O objetivo da validação é identificar possíveis deficiências que requeiram

treinamentos específicos. Deve ser conduzida por um instrutor qualificado.

c) Uma vez identificada a deficiência, o Ch SGC deve desenvolver um plano de

treinamento junto ao condutor a fim de superar as dificuldades apresentadas.

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d) Os testes de validação devem ser realizados anualmente.

e) O Ch SCG pode solicitar testes de validação caso suspeite que a capacidade de

detecção de uma EDN diminuiu significativamente.

f) Por ocasião da validação, serão verificadas também as taxas de precisão na

detecção em treinamentos e em condições de emprego, devidamente registradas

em formulários.

g) Os testes de validação são normalmente realizados dentro de cinco dias.

h) A precisão de detecção é aferida mediante o princípio binário GO/NO GO. Os

testes incluem no mínimo 30 tentativas. As taxas percentuais são baseadas no

número total de NTF plantado/NTF encontrado por treino. O padrão mínimo de

acertos é de 90%.

i) São considerados erros quando o CDN não consegue detectar e indicar a

presença do NTF, ou quando o condutor não consegue varrer uma área

adequadamente, por não entender a mudança de comportamento do cão (puxando

o cão para longe do local onde o NTF foi plantado, por exemplo).

j) As falsas respostas também devem ser penalizadas. Essas ocorrem quando o

CDN indica que detectou a substância e o manipulador aceita a resposta positiva do

cão sem que haja de fato alguma substância plantada.

k) Devem ser conduzidas duas tentativas por odor e um teste negativo (nenhum

NTF plantado). Os testes devem ser realizados em três ou mais ambientes distintos

(veículos, aeronaves, bagagens, edificações, área aberta, embarcações etc).

l) Os dados dos testes de validação devem ser registrados. Deve-se incluir a data

de cada tentativa, a hora do início e do fim da tentativa, o local e o tempo total da

varredura.

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2.6.9.5 Certificação

Os testes de certificação têm como objetivo aferir a proficiência da EDN. Os

critérios para realização serão estabelecidos pelo Comando de Operações

Terrestres.

2.6.9.6 Emprego

a) O uso de cães de guerra para a busca e a localização de drogas perigosas tem o

potencial de violar os direitos humanos. Condutores devem estar cientes de suas

responsabilidades individuais quando estiverem trabalhando com um cão sob

condições operacionais.

b) A função da EDN é tão somente indicar a localização de drogas ilegais. O

condutor não poderá dar voz de prisão, nem validar a resposta de outro cão de

detecção ou instrumento de detecção, mecânico ou eletrônico.

c) Poderão ser varridas áreas abertas, aeronaves, edificações, alojamentos,

veículos (área externa e interna, com ou sem existência de indícios), embarcações e

outros.

d) Para maior eficácia do trabalho, todos os esforços devem ser despendidos pela

equipe que abordar previamente o local, a fim de ser preservar a integridade da área

em que ocorrerá a busca, evitando-se revirar ou remover móveis, gavetas,

bagagens, armários e outros recipientes.

e) Antes de iniciar o procedimento de varredura em áreas específicas, a EDN deverá

estar devidamente familiarizada com o ambiente da busca mediante treinamento. De

modo geral, as considerações a seguir devem ser consideradas para cada tipo de

área:

1) Aeronaves e embarcações: Recomenda-se que a abordagem do cão se dê do

exterior para o interior.

2) Edificações (prédios, armazéns): essas áreas apresentam problemas típicos

por conta da circulação de ar, das distrações e da inacessibilidade de algumas

áreas. Para sistematizar a varredura e maximizar a capacidade de busca do cão,

áreas grandes podem ser repartidas em setores de busca. Deve-se começar a

busca pelos andares mais baixos. Nos estágios básicos de treinamento, edifícios

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vazios e abandonados podem ser satisfatórios; no entanto, à medida que o

treinamento progride, edificações funcionalmente ativas que se adéquam ao

ambiente operacional nos quais a equipe pode trabalhar podem seu usadas como

cenários.

3) Veículos: a maioria das buscas em veículos é conduzida em áreas abertas,

permitindo ao condutor usar o vento predominante ao se aproximar do veículo.

Garantir que o veículo esteja desligado e que seus ocupantes saiam e deixem as

portas e o capô abertos. O cão deve começar pela área externa, incluindo as

costuras das portas, trem de rodagem, compartimento do motor e tanque. Deve-se

manter cautela em torno dos tubos e motores quentes. Não permitir que o cão pule

da janela aberta.

f) É necessário arrolar duas testemunhas para que acompanhem a busca.

g) Deve-se ter cuidado especial com o vento e correntes de ar, que deslocarão o

cheiro de seu local de origem. Por esse motivo, o cão deve percorrer o local a favor

e contra o vento.

h) Alimentos devem ser removidos do interior do veículo antes do emprego do CDN.

i) Os narcóticos que porventura forem facilmente avistados devem ser apreendidos

antes do emprego do cão, e deve ter sua localização original informada ao condutor.

j) Após a liberação da autoridade solicitante, o condutor deverá se certificar de que

a área a ser varrida é segura para a atuação do cão. Para isso, deverá solicitar o

auxílio de outro militar na verificação da presença de substâncias tóxicas ou voláteis,

tintas, instrumentos cortantes de madeira ou metal, vidros quebrados, óleos e

graxas, substancias em pó, alimentos inseguros e outros itens que podem distrair ou

ser prejudicial à equipe. O condutor poderá recusar a realização da varredura em

locais considerados inseguros devido a materiais perigosos.

k) O cão será colocado deitado no local, enquanto o condutor realiza a encenação

de colocação do objeto de treino. É imprescindível para o bom andamento da busca

que esse procedimento seja feito antes de se enviar o cão para farejar, pois o

estimula, aumenta sua concentração e canaliza-o para o local desejado da busca.

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Após essa encenação, o condutor retorna ao lado direito o cão e comanda o início

da busca. O cão poderá realizar a busca, solto ou na guia, dependendo do controle

do condutor ou da peculiaridade da busca.

l) A localização poderá ser ativa ou passiva, de acordo com a forma com que o cão

foi treinado. No caso de indicação ativa, o condutor deverá evitar danificação

desnecessária de objetos ou pertences frágeis e de valor.

m) Caso nada seja encontrado, o condutor realizará uma simulação, na presença das

testemunhas, colocando o objeto de treinamento escondido em algum local e

enviando o cão a localizá-lo. Esse procedimento é fundamental para manter a

disposição de busca do cão para os próximos trabalhos.

n) Durante o emprego da EDN, o condutor deverá portar a documentação referente

à certificação da equipe, que deve constar os odores que a mesma é qualificada a

detectar.

o) Apenas pessoas treinadas para a atividade de detecção podem participar da

atividade.