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Exemplar n° 89 Novembro 2018 Primeira publicação: 29 de Maio de 1995 Não jogue este impresso em vias públicas escola Escola de Educação Comunitária Av. Engenheiro Richard, 116 Grajaú - Rio de Janeiro, RJ (21) 2577-4546 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BRASIL REVISITADO O olhar infantil sobre a História do Brasil - Página 7. Existe algum lugar especial para você? A memória afetiva nas lembranças do passado - Página 6. Após 30 anos de sua implementação, a Constituição brasileira entrega o prometido? Os dilemas e as agruras que ainda impedem a Constituição de 1988 de ser plena em direitos para o cidadão - Página 8.

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Exemplar n° 89 Novembro 2018Primeira publicação: 29 de Maio de 1995

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Escola de Educação ComunitáriaAv. Engenheiro Richard, 116

Grajaú - Rio de Janeiro, RJ(21) 2577-4546

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

BRASIL REVISITADO O olhar infantil sobre a História do Brasil - Página 7.

Existe algum lugar especial para você? A memória afet iva nas lembranças do passado - Página 6.

Após 30 anos de sua implementação, a Constituição brasileira entrega o prometido? Os dilemas e as agruras que ainda impedem a Constituição de 1988 de ser plena em direitos para o cidadão - Página 8.

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O ano chegou ao fim: ufa!, dirão alguns; que

pena!, outros exclamarão. Enquanto uns saem de férias,

uma galera fica para a recuperação (ainda há tempo de

passar!). Presidente novo que agrada a gregos, mas não a

troianos. Esperança de dias melhores ou certeza de

catástrofe? Final de ano é sempre a mesma coisa... só que

diferente: certeza para aqueles, incerteza para esses −

alívio e preocupação. Nosso jornal também chega a sua última edição

do ano, tentando um equilíbrio ainda maior. Procuramos

valorizar a participação de alunos que aqui nunca deram

as caras. Buscamos trazer o Fundamental I para dentro

d´A Papeleta e pasmem: eles surpreenderam. Temos

muito o que esperar da novíssima geração − se deixarmos

um país para eles, claro. Provavelmente, nunca mais

leremos a História do Brasil da mesma forma, depois de

vê-la através da lente infantil. Aqui a História não é pervertida pelo olhar das

redes sociais, do rancor, da conveniência, de quem não

entende nada. A História é revisitada pelos nossos

pequenos por perspectivas nunca imaginadas nem por Le

Goff. Falando em história, que momento grandioso é a

narrativa emocionada do nosso querido ex-aluno sobre o

professor André − mal sabendo que a mensagem é uma

massagem no ego de todo professor dedicado ao

conhecimento e ao fazer mais pelo aluno. Os 30 anos da Constituição de 1988 também são

lembrados aqui, em uma análise que tenta responder se a

Constituição cumpre seu papel ou se é apenas um papel.

Fora os trocadilhos, paradoxos e antíteses, nosso terceiro

número de 2018 traz um aporte voltado para a grande

História, como também para as pequenas histórias da

escola e da vida dos alunos. Fim de ano e fim de prosa. Em 2018, erramos.

Erramos muito. Mas não faltou empenho e vontade de

acertar. Falhou a Copa, faltou dinheiro, sobrou violência,

voltou a intolerância. Ainda estamos longe do prometido

pela Carta Magna. Contudo, ainda estamos com saúde e

força para lutarmos por um mundo melhor. Depois de ler

o que li, tenho certeza que 2019 será um ano muito

melhor. Feliz ano novo, meus amigos!

Professor Ludwig

Novembro 2018

Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

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A culminância do 33° CLMHXF ocorreu na manhã do último dia 09 de novembro. Dessa vez com a presença de todos os alunos e de alguns convidados, a festa se deu de forma emocionante, principalmente, por conta da presença do professor André. Embora, tenha ocorrido algumas falhas no planejamento, nada ofuscou o brilho dos alunos e de seus textos maravilhosos. Talvez esse ano tenha sido um dos mais promissores desde que foi criado o Concurso. Nesta seção, estão os textos campeões de cada grupo concorrente.

Novembro 2018

XXXIII Concurso de LiteraturaMaria Helena Xavier Fernandes

Um dia, à tarde, eu estava na minha casa vendo um filme e senti muita fome. Parei o filme e fui ligar para uma pizzaria, mas deu caixa postal outra vez.

Depois da oitava ligação, eu cansei e fui para a pizzaria. Cheguei lá e fui direto falar com o atendente:

– Poxa, cara, eu liguei para cá oito vezes e nada! Vocês não atenderam, por quê?

E o atendente:– É porque a gente está com o telefone quebrado,

desculpe-me. Vai querer o quê?– Nada, tchau.

Lucas Gomes de QueirozGrupo I

O carro andava deixando para trás toda a loucura da minha cidade, tudo ficava mais calmo conforme nos aproximávamos do destino final. Os prédios viraram mato que, por sua vez, deu lugar para pequenas casas de tijolos expostos. Poderia jurar que eram casas abandonadas há muito tempo, mas a triste verdade é que moravam pessoas nessas casas, e eu sabia disso. Fechei os olhos e aumentei o volume da música, uma tentativa de me isolar do ambiente exterior.

Não sei explicar como, mas consigo chegar ao meu destino sem derramar uma lágrima sequer, estava começando a me acostumar com aquela realidade paralela à minha. Saltei do carro antes mesmo dele parar. Logo a terra da rua não asfaltada entrou no meu sapato, algo que raramente acontecia na cidade. Estava sentindo uma mistura divergente de sentimentos, uma luta interna entre a vontade de chorar e a de sorrir.

As pessoas que caminhavam pela rua, em sua maioria, eram crianças da minha idade, me olhavam estranhamente, dizendo com os olhos que eu não pertencia àquele lugar. De fato eu não pertencia, ou melhor, não morava ali. Sempre acreditei que fosse minha roupa a culpada por me julgarem logo de cara, o diferente sempre assusta. Apesar disso, nunca me senti desprezada por eles, algo que aconteceria caso a situação fosse invertida, caso fossem eles visitando minha cidade com esses farrapos, as melhores roupas que possuem.

Não demorou muito para eu me ver cercada por amigos, crianças moradoras daquela comunidade. A partir daquele momento, o dia passou voando, tendo sido repleto de brincadeiras. Mas não foram apenas brincadeiras, também conversamos, principalmente sobre o preconceito. O que os outros diriam — os moradores ricos de minha cidade ao me verem brincando com crianças pobres — algumas até mesmo de rua? Nós ríamos e achávamos graça, estávamos batendo de frente com as classes sociais, com as pessoas que queriam nos separar por conta do dinheiro.

Quando voltei para o carro, estava irreconhecível. O cabelo bagunçado pelo vento, as roupas sujas e rasgadas pelas brincadeiras, já os sapatos perderam-se em algum lugar. Acenei para eles através do vidro do carro, enquanto o mesmo se afastava rumo à minha cidade. Assim que eu não podia mais vê-los, tirei o sorriso do rosto e desatei a chorar. Chorei por eles, por cada aperto que passariam sem que eu pudesse ajudar. Chorei pela injustiça: eu ter tanto e eles nada. Chorei até chegar a minha cidade, cheia de gente que nunca vai entender porque choro.

Laura Rolinho Pereira da Silva

Grupo III

Vivíamos bem, felizes numa vida normal de qualquer barata. Até que um dia, avistamos um ser humano de máscara. Todos aqui têm nojo de humanos, como eu — eles são muito nojentos.

Sempre víamos esses seres pelo buraco da luz. Mas um dia, eles abriram mais ainda o buraco. O apocalipse iria começar. “Olá, caos!”.

Eles chegaram invadindo, matando, apavorando. Nossa rainha nos chamou para o abrigo secreto. Corremos e corremos. Porém um jato forte vinha a nos pegar. Os humanos o denominaram de “inseticida”.

Infelizmente, também fui pega pelo terrível “jato inseticida”. Eu e minhas irmãs, amigas, amigos e o resto da colônia fomos colocados dentro de um saco preto. Foi horrível essa sensação.

Acordei no paraíso, cheio de lixo. Baratas felizes, sol, belas moscas e ratos. Parece que eu morri! Eles me levaram para um lugar melhor!

Mirela Mendonça Baliano Vieira ClaudinoGrupo II

Em meu peito a perda apertaEm minha boca a saudade gritaO sentimento se esvai ou se intensificaUma incógnita que cada vez mais se ratifica.

O equilíbrio e a lucidez já não são problemasUma ferida que parece nunca cicatrizar a dorNa tentativa de identificar as emoções em poemaFracasso e sigo sem compreender o real significado do amor.

A angústia, que me consome, é a mesma que me comoveAcabar com o sofrimento de forma covarde é opçãoEspero que minha alma, julgada não se tornePois não encontro outra solução para a minha solidão.

Gabriel Garcia MarquesGrupo IV

AMIGOS

PERDI A PACIÊNCIA

UM FINAL FELIZ PARA...

ANGÚSTIA SEM FIM

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Como você era na época da escola?Era mediano; mas eu gostava muito de ler, escrever

e estudar. Não é à toa que sou professor de português. Acho, então, que eu era um mediano para bom...

Você tinha alguma matéria preferida?Língua portuguesa.

Por que você escolheu ser professor?Porque eu acho que professor é a profissão que,

talvez, dá origem a todas as outras profissões. Veja... hoje eu tenho ex-alunos que são engenheiros, médicos... E, querendo ou não, eu fiz parte desse processo. Eu acho importante ser professor.

Como foi a primeira aula que você deu?Tem mais de vinte anos, já... mas, pelo que lembro,

foi tranquila, porém é com o tempo que a gente pega experiência. Eu tenho que me aperfeiçoar todos os dias. Até hoje eu me aperfeiçoo. Mal comparando, a primeira aula que dei é bem inferior às que dou atualmente, embora tenha me sentido tranquilo.

Você já quis ter outra profissão?Eu sou músico, me formei em música primeiro.

Então eu toco, sou instrumentista. Toco teclado, guitarra, baixo... Enfim, eu sou músico antes de ser professor.

Você já passou por uma situação chata no trabalho?

Com certeza, sempre existe uma palavra que foi mal interpretada. Alguma coisa que você disse e não deveria ter dito. Até mesma uma turma que poderia ter um aproveitamento melhor e você não conseguiu... isso é chato.

Agora, uma última curiosidade. Nos conte uma situação engraçada que aconteceu no seu trabalho.

Tem uma que eu gosto de contar... eu estava falando sobre a questão da variação linguística e comecei assim "a

Novembro 2018

NEI (português)

norma determina que nós falemos dessa forma. A norma determina que você deve escrever diferentemente de como fala". Uma menina, então, levantou a mão e perguntou de que "norma" eu estava falando, se era alguma funcionária da escola.

Entrevista concedida às alunas Emanuelle, Julia, Laura Rolinho, Luana Tramujas e Luíza da

Turma 91

com o professor

`É gol atrás de gol. Sabe o que é? É que a equipe feminina da ECO sagrou-se campeã da HANDLIGA na categoria infantil e vice-campeã na categoria mirim. Com esforço, empenho e dedicação das nossas meninas sob o comando do nosso querido professor Marcelo, a ECO, mais uma vez, prova que não é só uma escola de conteúdos programáticos. O esporte e as artes andam juntas nesse processo do desenvolvimento infantil. Mas deixemos de blábláblá, que o que importa é que somos campeões!!! Vejamos os resultados:

MIRIM

ECO 4 X 3 Cambaúba Campeão Liessen 8pts Liessen 11 X 0 Garriga 2° lugar ECO 7 pts ECO 5 X 9 Liessen 3° lugar Cambaúba 6 pts Cambaúba 3 X 0 Garriga 4° lugar Garriga 3 pts ECO 4 X 3 Garriga Cambaúba 5 X 5 Liessen

INFANTIL

1° - ECO - 11 pts 5° - Ipej - 8 pts 2° - Cambaúba - 10 pts 6° - Pio XI - 6 pts3° - Geo - 10 pts 7° - Garriga - 4 pts4° - Liessen - 10 pts 8° - Alfa Cem - 2 pts

ECO CamPEã da HANDliga

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V de vingança , de James

McTeigue. O filme é uma adaptação da série em quadrinhos, porém sem os muitos temas anarquistas e as referências às drogas que fazem parte do universo dos quadrinhos. A mensagem política na adaptação cinematográfica também foi alterada para um tipo de mensagem que seria mais relevante para o tempo do lançamento (2006). O filme foi visto por muitos grupos políticos como uma alegoria da opressão do governo. Enquanto os libertários usaram-no como uma afirmação conservadora contra a intervenção governamental na vida dos cidadãos, os anarquistas o usaram para propagar a teoria política do anarquismo. Aqui, no Brasil, o efeito mais famoso do filme foi o surgimento dos Blackblocks.

Minhas indicações, portanto, seguem a esteira de quem não pode se conformar com qualquer forma de opressão ou com o podamento de ideias. Lutar sempre contra o que nos desagrada, essa é minha indicação com o filme e com o livro.

Forte abraçoProfessor Thiago Albuquerque

Novembro 2018

Dessa vez o convidado sou eu. Beleza. A dica é V de vingança. Tanto para livro quanto para filme. Desde já digo que o livro (o filme também?) é próprio para os alunos do ensino médio, por conter temas mais complexos.

O livro mesmo não existe, é uma série de quadrinhos, da qual o filme foi adaptado. O filme, por sua vez, ficou muito famoso durante as manifestações de 2013, que fez o Brasil esse caldeirão com pitadas de cochinhas e mortadelas.

A intenção dessas minhas indicações é fazer com que os alunos e também os professores (todos os brasileiros enfim) reflitam sobre uma distopia em tempos nos quais o conflito de ideias está gerando inimigos mortais. Além disso, mostrar como o medo também é explorado e manipulado para servir como ferramenta de controle.

INDICAÇÃO

V de vingança, de Alan Moore.

É uma série de quadrinhos que foi publicada originalmente entre 1982 e 1983 em preto e branco. Contudo, em 1988, passou a ser editada pela DC comics, onde Alan Moore e David Lloyd concluíram uma edição em cores. A narrativa se situa num passado futurista (uma espécie de passado alternativo), numa realidade em que um partido de índole totalitária ascende ao poder, após uma guerra nuclear. A analogia com o regime Fascista é inevitável: o governo tem o controle da mídia, uma polícia secreta e campos de concentração para minorias raciais e sexuais. A história foi escrita, na Inglaterra, em momento em que a mesma se encontrava sob o comando da primeira ministra Margaret Thatcher, que implementava o sistema neoliberal. V (nome do protagonista) tem uma postura anarquista e baseado em suas convicções ele empreende uma luta contra o Estado.

doPROFESSOR

o livro:

o filme:

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No último dia 09 de novembro, nosso querido amigo e professor André Cruz foi à culminância do nosso concurso de literatura emocionando alunos e colegas. O processo de recuperação é lento, mas é se matando um leão por dia que se vai vivendo. O professor Abelardo quebrou o protocolo, se emocionou e todos saudamos nosso companheiro. No entanto, ninguém emociona mais um professor que um aluno. Ainda mais um aluno que teve a mão do professor para uma mudança de visão de mundo e de comportamento perante a vida.

Após uma publicação do jornal EXTRA, na qual mostrava que nosso André faria a prova do ENEM, uma enxurrada de mensagens positivas pipocaram nas redes sociais do nosso professor, o saudando como exemplo de pessoa e de professor. Melhor do que A Papeleta ficar nessa lenga-lenga, melhor ver o depoimento de um ex-aluno da ECO sobre nosso estimado colega.

«André, não sei se você se lembra de mim, sou o Gabriel Lucas da ECO. Você me deu aula durante alguns anos. Professor, eu quero falar algo desde o acidente, desculpa e for algo negativo. Mas eu estou querendo falar há muito tempo. Eu devo muito ao senhor. Atualmente pretendo cursar direito na UERJ e entrar na política para melhorar a vida das pessoas. E tudo isso graças a você e ao Thiago. Antes de eu ter aula com vocês, eu achava que o professor era um carcereiro e odiava a escola. Depois de frequentar as suas aulas, eu reparei que os professores são as pessoas mais sábias e companheiras que um aluno pode ter. Assim, depois disso, virei amigo de todos os professores que conheci pelas escolas que passei, com desejo por conhecimento. Atualmente dou aula de monitoria de matemática e história para meus colegas de classe. Consegui conceito A na UERJ. A maior conquista para mim são meus colegas professores. Todos os professores que me ajudaram a ser uma pessoa melhor. Isso tudo graças a você, André. Se você não colocasse Chico Buarque em suas aulas, se não colocasse ‘Another brick in the wall’, se não falasse sobre conscientização social, eu nunca seria o que sou hoje. Ainda me lembro do dia em que você me apresentou Chico Buarque. A música era ‘Construção’. Atualmente escuto Chico Buarque todos os dias. Obrigado por ter sido meu professor, precisamos de mais pessoas como você».

Gabriel Lucas

Novembro 2018

Eu me lembro de quando voltava da escola e corria para os fundos da minha casa, mais especificamente para a garagem. Talvez, em um passado incerto para mim, usassem ali para guardar carros; mas, na minha infância, foi onde eu queria passar a maior parte do meu tempo.

Era também onde minha tia trabalhava, costurando roupas para ciclistas, peça por peça, mas, apesar de poder observar todo o processo, não era o que mais me interessava. Todos os dias, alguns parentes se reuniam naquela garagem apenas para conversar. E, apesar do assuntos de política, era onde eu mais ria com as histórias da minha família.

Naquele pequeno espaço, eu aprendia sobre tudo. Ouvia f itas de música, que minha tia guardava cuidadosamente, e o som dos tecidos sendo cortados. Agora é o local que a minha irmã trabalha, construindo seus móveis. Contudo, a família, por estar limitada, seja pela idade, pelas tarefas do dia a dia, nunca mais se reuniu ali. Aquela garagem nunca mais foi a mesma... mas, na imaginação, não muda.

Bruna AndradeTurma 81

O mundo está precisando de muita paz. Violência, desmatamento, poluição, entre outras coisas, estão tensionando nossas emoções.

A população de outros países fazem manifestações para diminuir ou chamar a atenção para a causa desses problemas. Aqui, no Brasil, quase não nos movemos. Essas manifestações sempre têm símbolos ligados à paz: problemas não somos só nós que os temos. As pessoas, nesses lugares, pedem por melhores condições em todos os aspectos da vida: comida, roupas, salários. Mas é o símbolo da paz? Confuso?

O símbolo da paz seria importante, porque todos esses problemas causam um desequilíbrio que, por sua vez, contribui para o aumento da violência. A coisa anda tão esquisita, não só pro nosso lado, que um desses países (não me lembro o nome!) no lugar da pomba branca (símbolo mundial da paz), usou um elefante. Aí vem a pergunta: por que um elefante?

É... não é difícil chegar à resposta: porque precisamos de uma paz enorme, forte, parada - que fique para sempre, já que a pomba, além de pequena, voa pra todo lado. Logo, não se assuste nada é como parece: o elefante não vem pra esmagar todo mundo, mas para ser um novo símbolo de uma paz que estamos precisando.

Gabriela Otaviano Teixeira

Turma 61

LEMbranÇAS do PAssaDO

HOMENAGEM

No balanço das ondas, nosso amor se entrelaça, descobre-se uma farsa e se perde o amar.

O mundo dá voltas e se passam as horas pra gente voltar.

Em teu peito há um ninho, sou eu passarinho e quero nele morar.

Artur Santa MariaTurma 91

O bAlAnÇo daS oNdAs e o ninho

NADA écomo parece

NADA écomo parece

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A carta-testamento de Vargas

De novo? Não aguento mais. Xingam-me e não posso me defender. Por quê? Bem, eu sou idiota. Comecei o trabalho na Petrobrás, daí já virou um carnaval. A Eletrobrás ficou desesperada. Deixa o povo ser livre!

O Gaspar deixou nas minhas costas uma inflação que as empresas estrangeiras geraram 500% do que deviam. Lutei cada mês, cada dia, cada hora numa pressão gigante.

Quero sempre estar com vocês, na saúde e na doença, na felicidade e na tristeza.

Meu povinho, talvez querido, saio da vida para entrar para a história. Isso se eu não for presidente do Céu ou do Inferno!

Matheus e Gabriel

Turma 52

Dom Pedro I

Depois que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, Dom Pedro I saiu correndo de Portugal como um fugitivo para começar uma nova vida no Brasil.

Como estava carregando muitas pessoas no barco, quando chegou no novo continente, resolveu retirar todas as pessoas de suas casas para colocar as de Portugal.

Como o Brasil não era luxuoso, ele resolveu cortar árvores para fazer um belo palácio, ruas e calçadas.

Pessoas de Portugal sentiam falta do rei e mandaram uma carta dizendo para ele voltar, mas, satisfeito com seus afazeres no Brasil, decidiu ficar. Logo, tornou-se o verdadeiro fugitivo D. Pedro I.

Ana Clara e Maria Clara

Turma 52

O olhar O Descobrimento do Brasil

Colombo fez uma aposta com Cabral que consistia em em descobrir uma ilha desabitada.

Cabral achou uma ilha, só que ela era habitada por alguns grupos indígenas.

Apesar disso, ele não queria deixá-la pois ela era muito bonita. Não demorou muito e declarou guerra contra aquele povo.

No final, Cabral ganhou e também ganhou a aposta. Para comemorar, fez um assado na ilha com seu amigo Colombo e assim eles fundaram o Brasil, terra de todos.

Luana e Yasmin

Turma 52

Uma história indígena

Há muito tempo, em 1500, havia os índios. Era um povo que vivia em perfeita harmonia, mas que um dia chegaram uns portugueses trazendo coisas interessantes e diferentes. E chegaram para ficar.

Além das novidades, falavam uma outra língua e não viviam em paz. Era um povo diversificado. Não eram pessoas boas e muito menos respeitosas.

Fizeram os indígenas fazerem algumas tarefas em troca de coisas e tiraram a terra deles.

Davi

Turma 52

infantile a História do Brasil

Recreio na escola

O recreio é o intervalo da escola para crianças e adultos. Todo mundo fica agitado e as brincadeiras são infinitas. As brincadeiras são pique pega, pique cola, pique eletrônico, etc. As comidas e as bebidas são guaravita, pipoca e muitas outras coisas deliciosas. Quando o recreio acaba, todo mundo fica furioso.

DaniloTurma 32

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Gabriel Lucas - ex-alunoGabriel Garcia Marques - Pré IGabriela Otaviano Teixeira - 61 João Pedro Bautha - 91 Julia de Cerqueira L. Lopes - 91Laura Rolinho 91Luana - 52

Editor Responsável: Prof. LudwigCoordenação: Prof. LudwigApoio: Fabio de CarvalhoSergiana Marques

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Prof. LudwigProfa.FláviaProf. ThiagoProf. Nei

Diagramação: Prof. Ludwig

Colaboradores:Ana Clara - 52Artur Santa Maria - 91Bruna de Andrade - 81Danilo - 32Davi - 52Emanuelle - 91Gabriel - 52

Em 05 de outubro de 1988, após 20 anos do AI5, a sociedade brasileira finalmente ganhava sua Carta Magna, ou seja, reescrevia sua Constituição.

Trinta anos passados daquela data, a Constituição ainda não foi cumprida à risca. Passamos ao largo de muita coisa: desde de direitos básicos não assegurados, quanto a tal justiça social prometida em seu teor.

Quem deveria fazer funcionar o que está escrito não parece preocupado com o bem estar da população. Nós, como povo, que também deveríamos cobrar o vale-escrito, também deixamos tudo ao Deus dará.

Enf im... Agora que se passaram 30 anos da promulgação de nossa Carta Magna, como devemos compreender seu legado e seu funcionamento na atual configuração da sociedade brasileira?

Vale a pena conferir como o tempo anda, mas algumas coisas ficam paradas no tempo: não as que gostaríamos, mas as que nos desagradam. A História foi assim...

Os 30 anos da Constituição de 1988: comemoração ou reflexão?

Com a chegada da Constituição ao seu 30° aniversário, a indagação é saber se ela deve ser vista como texto sagrado, cuja força simbólica está nos valores e ideais que contempla e das mudanças que promete realizar, ou se ela é apenas um documento que vai sendo reconstruído por seus aplicadores no dia a dia judicial. Um das alternativas de resposta pressupõe a distinção entre Constituição rígida e Constituição aberta. A primeira tem caráter esquemático e uma estrutura fixa, prima pela racionalidade lógico-formal, contempla basicamente regras com sentido determinado e prioriza a segurança jurídica. A segunda tem uma estrutura flexível, combina racionalidade formal com racionalidade material, entrelaça regras e princípios e dá prioridade à efetivação dos direitos e valores consagrados pelo texto constitucional.

Por isso, idealizar acriticamente um texto jurídico é o mesmo que canonizar um conjunto de palavras elaborado em outra época, quando eram diversas as condições sociais, econômicas, políticas e culturais do país. Como explicar hoje a efetividade ou ineficácia de direitos sociais e direitos políticos formalmente consagrados há trinta anos? Essa é, a meu ver, a questão que tem de ser discutida. Entre outros motivos porque muitos políticos e advogados, acreditando que bastaria uma interpretação mecânica e neutra das normas para concretizá-las, a exemplo da matemática.

Desde o advento do mundo moderno, marcado por uma crescente diferenciação funcional que se cristalizou em torno de núcleos organizacionais como partidos políticos, sindicatos, empresas e burocracias públicas, não há como se formular um sistema de regras sem mesclá-las com normas principiológicas ou programáticas. Diante de pressões sociais

contraditórias, as Assembleias Constituintes costumam recorrer a essa combinação como estratégia de acomodação de interesses, estabilização de expectativas e obtenção de legitimidade.

A Constituição rígida propicia a discussão de temas relacionados à validez formal, não se preocupando com o problema da eficácia material de seus dispositivos. Por gerar problemas novos, que não encontram soluções previamente determinadas pelas regras, as sociedades complexas exigem soluções baseadas não apenas em regras, mas, também e principalmente, em princípios orientadores e por propósitos legitimadores.

As concepções abertas de Constituição surgiram na Europa e nos Estados Unidos, mas em períodos e cenários historicamente distintos. Na Europa, elas tiveram um sentido mais culturalista e foram forjadas em sociedades fortemente divididas, com graves problemas de unidade étnica e territorial. Já nos Estados Unidos, a concepção mais aberta de Constituição se expandiu a partir do caso Madison vs. Marbury. Ele foi decidido em 1803, quando a Suprema Corte avocou para si o poder de controlar a constitucionalidade das leis, afastando as leis federais que, apesar de aprovadas pelo Congresso, contrariavam a Constituição de 1787.

As inspirações históricas e as circunstâncias políticas dizem muito mais sobre a estrutura de uma ordem constitucional e do sistema normativo de organização e legitimação do poder político por ela consagrado do que a ideia de que um simples conjunto de palavras elaborado no passado é, por si só, responsável pelo sucesso da democracia contemporânea. Assim, se a interpretação e a aplicação da Constituição estão abertas aos processos sociais, econômicos, políticos e culturais, isso relativiza o momento constituinte, não lhe conferindo um caráter extraordinário. Em outras palavras, a interpretação e a aplicação da Constituição consistem num processo de comutação autocrítica dos fundamentos do próprio sistema jurídico, não o vendo apenas como um ajuntamento lógico-formal de regras e procedimentos.

Por isso, considerando (a) que não há valores totalmente consensuais e em condições de serem racionalizados pelo legislador, (b) que há uma permanente tensão entre a linguagem do texto constitucional e a intenção do legislador constituinte e (c) que uma Constituição vive de sua interpretação, já que os métodos hermenêuticos implícitos na aplicação de suas regras e princípios podem ser vistos como uma forma de consolidação democrática, o 30º aniversário da Carta de 1988 deve ser objeto, mais do que comemorações com direito a banda de música e discurso, de avaliações críticas e de ref lexões profundas sobre seus resultados e sobre o que pode continuar oferecendo em matéria de garantias individuais, valores fundamentais, crescimento econômico e inclusão social. jurídico, não o vendo apenas como um ajuntamento lógico-formal de regras e procedimentos.

José Eduardo faria é

professor titular da Faculdade de Direito da USP e professor da FGV

In: Estadão, em 05 de outubro de 2018.

A HISTÓRIA foi assim...

Novembro 2018

Luana Tramujas - 91Lucas Gomes de Queiroz - 42Luíza - 91Maria Clara -52Matheus - 52Mirela Mendonça - 61Yasmim - 52