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universidade federal do ceará . curso de arquitetura e urbanismo projeto arquitetônico 2 . professor ricardo paiva amanda máximo . ana carolina timbó . matheus coelho . raquel leite escola waldorf micael

escola micael - waldorf

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estudo de caso - PA2

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universidade federal do ceará . curso de arquitetura e urbanismoprojeto arquitetônico 2 . professor ricardo paiva

amanda máximo . ana carolina timbó . matheus coelho . raquel leite

escola waldorf micael

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É uma característica da alma humana expandir-se, alastrar-se, desabrochar-se em todas as direções. A maneira de se desabrochar, a maneira como ela deseja alastrar o seu ser no cosmo, tem como resultado a forma arquitetônica.

Rudolf Steiner

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sumáriointrodução

histórico . arquitetura antroposófica

contexto

meio físico . condicionantes naturais

implantação

adaptações

espaço arquitetônico

interações funcionais

fluxogramas . setores

qualidade formal

sistema estrutural e construtivo

exequibilidade

condicionamento ambiental

conclusão

bibliografia

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acessibilidade12

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introduçãoEste trabalho faz parte da disciplina de Projeto Arquitetônico 2 e

propõe-se a realizar uma breve análise da Escola Waldorf Micael, localizada no bairro Engenheiro Luciano Cavalcante, em Fortaleza. O foco da análise é o objeto arquitetônico, que, nesse caso, é bastante influenciado pela filosofia da escola, a qual apresenta um método pedagógico bem distinto do tradicional.

A partir dos nossos conhecimentos prévios, de estudos sobre tipologias escolares e de visitas de campo, pretendemos reconhecer e analisar arquitetonicamente a escola, desde a compreensão da relação do edifício com o entorno, de seus condicionantes ambientais, até o aprofundamento em seus elementos espaciais, construtivos e formais. Espera-se, assim, evoluir na obtenção de subsídios para a futura experiência de projetação de uma edificação escolar.

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históricoA Escola Waldorf Micael de Fortaleza foi a primeira

Escola Waldorf no Nordeste. Com dezoito anos de história, consolidou-se como difusora da pedagogia e da antroposofia (palavra de origem grega, significa "sabedoria humana") na região.

O movimento antroposófico, criado por Rudolf Steiner, no final do século XVIII, desenvolveu um currículo que busca integrar o homem em sua plenitude, nos três elementos básicos: Corpo, Alma e Espírito. Estes relacionam-se intrisicamente com as atividades do querer, sentir e pensar e desenvolvem na criança "cabeça, coração e mãos". Buscando o despertar gradativo da consciência e da criatividade, nutre a imaginação e conduz os alunos a um pensamento livre e autônomo.

Atualmente, existem 900 escolas Waldorf pelo mundo. A Escola Waldorf Micael de Fortaleza foi fundada em 1991 e é mantida pela Associação para o Desenvolvimento da Antroposofia, instituição sem fins lucrativos, e tem como característica fundamental a autogestão. A própria estrutura hierárquica da Organização busca colaborar em prática os princípios de Trimembração Social propostos por Rudolf Steiner: o príncipio da Lliberdade, no âmbito da atividade cultural, o da Igualdade, no âmbito jurídicoadministrativo, o da Fraternidade, no que diz respeito ao econômico. A responsabil idade é assumida pela associação mantenedora, entidade civil e sem fins lucrativos, composta por pais, professores e amigos. Os preceitos básicos para um professor da Escola Micael são criatividade, embasamento em Pedagogia, sensibilidade, comprometimento e amor pela profissão.

A pedagogia da escola se opõe à exposição das crianças à mídia eletrônica e aos processos de massificação relacionados a altas tecnologias, responsabilizando estas pela dificuldade de concentração e aprendizado, afrouxamento dos príncipios morais, além de estresse precoce, observados em muitas crianças, nas salas de aula. A escola defende um desenvolvimento autônomo da criança, estimulando as vontades espontâneas de aprendizado.

1. Escola Waldorf Goetheanum Dornack, na Alemanha

2. Detalhe da Escola Waldorf Goetheanum Dornack

arquitetura

A Arquitetura Antroposófica faz um paralelo com a Arquitetura Orgânica. Inicialmente, na década de 20, com a obra do primeiro colégio em Dornach, sede da sociedade antroposófica, Rudolf Steiner desenvolveu um novo conceito arquitetônico, expressando a organicidade dos volumes, o dinamismo das formas e uma linguagem artística incomum para a arquitetura da época.

A tentativa do arquiteto, que se identifica com a Arquitetura Antroposófica, é propiciar o bem estar à vida de seus usuários. As discussões acerca da relação entre a qualidade formal e as funções exercidas no espaço continuam entre os arquitetos. Atualmente, é comum vê-los reduzirem a função do espaço aos elementos mensuráveis, como tamanho e condicionamentos ambientais, em detrimento à qualidade intrínseca ao ambiente arquitetônico. Muitas vezes, não é perceptível a diferença entre uma sala de aula de uma escola e um escritório de um prédio comercial. ambos os espaços têm sua composição baseada no retângulo ou no quadrado, com planos paralelos e ângulos retos.

Na Arquitetura Antroposófica, podemos observar a busca de uma relação da qualidade do ambiente com a atividade desempenhada no referido espaço. Esta preocupação evidencia a consciência da qualidade do espaço, pois sabe-se que independente da forma, seja ela ortogonal ou orgânica, toda composição exerce uma influência no usuário e dialoga com ele.

3. Rudolf Steiner e a maquete do primeiro Goethanum. É notável a recusa pelos ângulos retos e a organicidade das formas, além do tratamento do edifício como uma obra de arte total. Para Steiner, pintura e escultura devem estar ligadas à arquitetura, sendo esta a ‘mãe’ de todas as artes.

antroposófica

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contextoA Escola Waldorf Micael está

situada no bairro Engenheiro Luciano Cavalcante, localizado na região conhecida como Água Fria, que fica na Zona Nordeste de Fortaleza. Esse bairro faz parte da Regional II (já no limite com a Regional VI), onde moram cerca de 325.000 pessoas. Essa Regional conta com uma enorme disparidade social, e nela inserem-se bairros com grande adensamento comercial e de serviços e b a i r r o s p r e d o m i n a n t e m e n t e residenciais, alguns deles de baixa renda.

A escola está inserida em um polígono formado por quatro vias arteriais de grande fluxo: Av. Oliveira Paiva, Av. Desembargador Gonzaga, Av. Rogaciano Leite e Av. Washington Soares.

Nos arredores do bairro Eng. Luciano Cavalcante, percebe-se uma grande diversificação de usos. Há áreas predominantemente residenciais (horizontais e vert icais), outras comerciais e de serviços, além de um

grande parque ecológico, o Parque do Cocó. Há alguns shoppings de grande porte no entorno da Escola, como o Shopping Iguatemi e o Via Sul, dois dos maiores de Fortaleza, e outros centros comerciais menores, como o Salinas Casa Shopping.

Há equipamentos públicos de serviços importantes na região, como o Fórum, o Centro de Convenções e o futuro Pavilhão de Feira e Eventos de Fortaleza, e t a m b é m e q u i p a m e n t o s educacionais, como o Colégio Ari de Sá, a Faculdade 7 de Setembro a Unifor, que presta uma série de serviços à comunidade. É uma região com boa infra-estrutura básica, fornecida de rede de água e e s g o t o , e n e r g i a e l é t r i c a , distribuição regular de postos de saúde e de escolas públicas.

6. Foto aérea do entorno da Escola Micael, marcada em vermelho. Em azul, vê-se a Av. Washington Soares, uma das mais importantes vias arteriais de acesso à escola.

4. Mapa de Fortaleza indicando a Regional 2 e o Bairro Eng. Luciano Cavalcante.

5. Polígono formado pelas prin-cipais avenidas que circundam a escola.

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Fortaleza possui um clima quente e úmido, com temperatura média entre 26° e 27°. O regime de ventos permanentes, os ventos alísios, possui correntes vindas do sudeste, com velocidade entre 5 e 8m/s.

Aliadas ao clima da cidade, as características do entorno da Escola Micael possibilitam a existência de um microclima na região. A escola localiza-se numa zona urbana pouco adensada, de baixos gabaritos, recebendo f a r t a m e n t e o s v e n t o s constantes que sopram do Sudeste, e que contribuem para o conforto térmico natural à edificação. Além desses elementos, influem também na sensação térmica agradável a presença de vegetação e a proximidade de rios e açudes.

As fachadas de maior dimensão do edifício possuem orientação Leste ou Oeste, porém o uso abundante de vegetação e grandes áreas livres provocam sombrea-mento e agradáveis condi-ções térmicas.

Por encontrar-se isolada de intensos ruídos urbanos, principalmente o de tráfego de veículos, a escola possui um adequado desempenho acústico.

condicionantes naturais

A topografia do entorno da escola Micael não apresenta grandes diferenças de níveis, sendo predominantemente plana. O terreno da escola apresenta apenas um pequeno declive, que pôde ser resolvido facilmente mantendo a inclinação natural entre o edifício principal e o anexo e com um pequeno muro de contenção entre a quadra e a área da piscina, não havendo diferença de níveis em um mesmo edifício.

P róx imo a esco l a , a ocupação é predominantemente horizontal, bem arborizada (a própria escola também é muito bem arborizada), com vários vazios urbanos verdes, o parque do Cocó e algumas lagoas e açudes, sendo o mais próximo o açude Fernando Macedo. Há pequenas praças no entorno da escola, porém maioria delas encont ra -se em péss imas condições, não cumprindo suas funções de equipamento público. Uma delas, apenas, que se encontra entre a R. Libanês José Lopes e a R. Dr. Pontes Neto, recebe constante manutenção, exibindo um belo conjunto paisagístico, com um relógio solar, plantas e mobiliário urbano (bancos). A maioria dessas praças, porém, não é efetivamente utilizada pela população, servindo mais para controle de trânsito do que para lazer.

meio físico

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7 e 8. Vegetação do entorno.9. Topografia levemente inclinada no terreno da escola. 10. Planta da escola com indicação do Norte, do nascente e da direção dos ventos.

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implantação

A Escola Waldorf Micael situa-se à rua Ayrton Borges Martins, 233, na esquina com a Rua Cinco, no Bairro Eng. Luciano Cavalcante. As vias que circundam a escola são do tipo coletora; a principal via arterial de acesso à região é a Avenida Washington Soares. O acesso principal, para alunos, pais, visitantes e funcionários, dá-se pela Rua Cinco. A Rua Ayrton Borges Martins, por sua vez, conta com portão para entrada de veículos e acessos secundários.

Trata-se de uma vizinhança predominan-temente residencial e horizontal, com diversos vazios urbanos e algumas praças. Por essa razão, o fluxo de veículos é bastante tranquilo, mesmo nos horários de pico, em que se inicia e termina o expediente escolar, quando ocorre pequeno tráfego apenas no quarteirão de acesso principal.

Por se tratar de uma escola particular, é clara a distinção entre o espaço público e o privado: o terreno da escola é rodeado por muros. Somente na fachada principal há grades, que proporcionam a visão apenas da entrada da escola, mas continuam segregando-a espacialmente da rua.

A malha urbana no entorno da Escola possui traçado irregular, com ruas em angulações variadas e outras sem saída. O tamanho dos lotes também não é muito homogêneo; no quarteirão em que se situa é escola, é possível observar alguma regularidade, mas diferenças de tamanho resultam da junção de dois ou mais lotes adjacentes.

A Rua Cinco é asfaltada; já a Rua Ayrton Borges Martins é de calçamento e possui diversas irregularidades, que dificultam o tráfego. O fluxo de pedestres, por sua vez, não é muito intenso em virtude da baixa concentração de lotes comerciais no entorno próximo; caso ocorra, no entanto, é prejudicado por calçadas mal cuidadas ou até inexistentes.

11. O quarteirão e a indicação dos acessos12. Mapa de usos predominantes13. Vista da Rua Cinco.

14. Vista da Rua Ayrton Borges Martins.

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implantação

15. Planta de locação e situação16. Esquina da Rua Cinco com a Rua Ayrton Borges Martins17. Entrada principal: alunos, pais, funcionários e visitantes. Rua Cinco.18. Entrada secundária: utilizada nos finais de semana e nas festas escolares. Acesso de veículos. Rua Ayrton Borges Martins

Ao mudar-se de sede, por motivos de ordem administrativa, a associação pedagógica responsável pela Escola Micael viu-se diante da difícil tarefa de encontrar um novo espaço que comportasse adequadamente a escola e suas atividades. O lugar escolhido, uma casa grande e de estilo rústico, foi o que melhor atendeu às necessidades de uma instituição de ensino de metodologia Waldorf, pois possuía aspecto aconchegante e possibilitava interação com a natureza em seu espaço não construído, mesmo não estando dentro dos padrões de arquitetura antroposófica.

O prédio, que era inicialmente uma casa, sofreu algumas modificações. Na parte inferior, ficavam as salas de estar e jantar e a cozinha, e, na parte superior, ficavam os quartos. A casa foi adaptada de modo a comportar seis salas de aula, biblioteca, sala de professores, recepção, sala de diretoria, cozinha, oficina de carpintaria, depósito, sala para atendimento individual. As salas do ensino infantil, que são pré-fabricadas, de madeira, foram reutilizadas da antiga sede da escola, o que resultou em alguns problemas, visto que não foram projetadas para serem implementadas ali; e o restante dos aposentos administrativos foram reformados a partir de pequenos compartimentos de alvenaria pré-existentes ou com pequenas adaptações feitas com paredes de gesso. Porém, apesar de desligados do bloco principal, não comprometeram a uniformidade arquitetônica da edificação, integrando-se de maneira bastante harmônica com o que já existia.

A adaptação da casa foi bem sucedida e, talvez pelas características residenciais que permaneceram, o espaço tornou-se mais confortável e convidativo. Apesar das adaptações e recentes reformas, entretanto, os administradores estão cientes das deficiências existentes e trabalham sempre, dentro de suas possibilidades, para equipar cada vez melhor a escola.

adaptações

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O espaço da Escola Micael é uma síntese entre o acolhimento proporcionado pela antiga residência e as adequações necessárias para a concretização das finalidades educacionais e da pedagogia Waldorf. O conjunto edificado constitui-se de três blocos: o da casa, que abriga as salas de aula do primeiro ao nono ano, salas de atividade complementar e setor de serviços; um pequeno edifício de alvenaria, em que se situam a sala dos professores e a tesouraria; e o setor de educação infantil, dotado de salas e banheiros, que se desenvolve em torno de um pátio de areia e tem seus limites marcados por uma cerca de madeira. Permeando esses espaços, a escola conta com ampla área verde, que, envolta pelos edifícios e delimitada pelo muro, forma o arquétipo do pátio, onde as crianças desenvolvem atividades ao ar livre, brincam e interagem com os colegas. No pátio, a Escola conta ainda com uma piscina para aulas de natação, com uma quadra coberta e com outra descoberta.

A disposição do edifício no terreno e a sua escala, especialmente em relação às crianças, proporcionam foco na vivência dos espaços, mais que na percepção da volumetria externa. Dessa maneira, podem-se destacar como aspectos importantes do espaço da Escola: a longitudinalidade da varanda, que distribui o acesso às salas de aula e prepara o observador para a percepção do espaço livre; o paisagismo do pátio, gramado e repleto de árvores, as quais, mais que um elemento de composição espacial, fazem parte do dia-a-dia na brincadeira das crianças; a hierarquia entre os blocos, com o posicionamento da área infantil no fundo do terreno, resguardada do contato espacial, mas ligada visualmente ao restante da Escola.

espaço arquitetônico

19. Planta pavimento térreo

20. Planta pavimento supe-rior: bloco principal.

(Desenhos feitos a partir de fotografias das plantas. Não foram feitos cortes no projeto da escola, e a documentação da casa original não foi encontrada.)

varanda

sala deaula

wc

sala deaula

sala deaula

wc

recepção

refeitório/cantina

cozinha

área coberta

descansofuncionários carpintaria

peda-gogia

curativa

wcdepó-sito

dml

salaprof.

tesou-raria

sala deaula

sala deaula

sala deaula

sala deaula

sala deaula

sala deaula

sala deaula

wc

wc

wc

wcwc

wc

wc

salamultiuso

biblioteca

wc

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quadra cobertapiscina

pátio infantil

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espaço arquitetônico interaçõesEm virtude da adaptação de um edifício

residencial ao espaço escolar e da falta de recursos, não se observa uma divisão rígida de setores na Escola Micael. Percebe-se, claramente, a presença de três blocos principais, como já foi explicitado: casa, apoio pedagógico e ensino infantil. Na casa, onde se realizam a maioria das atividades, é possível identificar alguma setorização, embora irregular.

Para a realização desta análise, entretanto, realizou-se a seguinte classificação :

1. Ensino Infantil: engloba as salas para crianças de até 5 anos, cada uma dotada de um banheiro; o pátio de areia e o quintal da sala do maternal.2. Ensino Fundamental 1: situado no pavimento inferior, contém 3 salas de aula com banheiros.3. Ensino Fundamental 2 e Ensino complementar: localizado no segundo pavimento, conta com 3 salas de aula para os alunos do Ensino Fundamental 2, uma sala multiuso, onde os alunos praticam música, teatro e aulas de euritmia, uma biblioteca e banheiros4. Administração e apoio pedagógico: este setor não se restringe a apenas uma área da escola. É formado pela recepção, um banheiro contíguo a ela, e pelo bloco anexo que abriga a sala dos professores e a tesouraria.5. Setor de vivência: engloba as áreas livres, constituídas pela varanda, pela cantina/refeitório, pela área verde, por um espaço coberto onde ocorrem algumas apresentações de alunos, pela quadra descoberta e pela horta.6. Esportes: conta com piscina e quadra coberta.7. Serviços complementares: É formado pelas áreas de retaguarda, que não foram vinculadas a outros setores. Conta com uma cozinha, um depósito, um depósito de material de limpeza (DML), um espaço para carpintaria, uma sala onde se pratica pedagogia curativa e área para descanso dos funcionários.

21, 22, 23, 24 e 25. É possível perceber a fraca pregnância da volumetria da casa, em oposição à importância da vivência dos espaços. A preocupação em fazer da escola uma extensão do lar são claramente apreendidos pela manutenção dos espaços da residência prévia, que pouco foram modificados.

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funcionais

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fluxogramas esetores

26. Fluxograma do pavimento térreo.

27. Divisão setorial do pavimento térreo.

28 e 29. Fluxograma e setores do bloco principal - pavimento superior.

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29. Sala infantil.30. Sala Fundamental 1.31. Sala Fundamental 2.32. Biblioteca.33. Bloco pedagógico.34. Sala de pedagogia curativa.35. Horta.36. Pátio Ensino Infantil.

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qualidade formal

A adaptação de uma edificação residencial ao espaço da escola foi determinante para a linguagem formal do edifício e para o aspecto psicológico que os idealizadores da escola intencionam transmitir: o aconchego. O bloco principal, que abrigava os espaços da casa anterior, sofreu poucas modificações em sua parte externa: foram mantidas as alvenarias de tijolo aparente, as esquadrias de madeira e a linguagem estrutural simples, com janelas igualmente espaçadas e ausência de balanços. A coberta de telha colonial, por sua vez, gera uma grande área sombreada que corrobora a sensação de acolhimento.

O bloco infantil, cuja estrutura foi trazida da antiga sede da escola, é constituído por diferentes materiais e texturas que, entretanto, mantém uma unidade com o conjunto previamente edificado. As paredes, assim como as esquadrias, são de madeira, e a telha é do tipo colonial. Assim, a mistura do marrom, que predomina nos revestimentos do conjunto, ao verde da área livre, é mais um fator que confere o caráter acolhedor ao espaço da escola.

Pode ser observada alguma modulação nos pilares da varanda e nas salas de aula do bloco principal. Nos cômodos que abrigam as salas, isso não foi observado, já que eles provem de outros ambientes dedicados à residência.

Na percepção do conjunto edificado, é predominante a horizontalidade. Em virtude da escala do edifício em relação ao terreno, do seu posicionamento próximo ao muro e da simplicidade da linguagem, a identificação da volumetria do edifício se dá, principalmente, pela distinção dos planos, especialmente daquele que dá origem à coberta.

acessibilidade37, 38 e 39. Nas fotografias à esquerda, pode-se perceber a sensação de aco lh imento transmitida pelo espaço da escola. As colorações em tons de marrom e verde e as áreas s o m b r e a d a s s ã o f a t o r e s determinantes para concretizar essa intenção.

No projeto da residência original, não houve uma preocupação quanto à acessibilidade para os portadores de deficiência. Nas adaptações feitas ao longo da instalação da escola, percebe-se também que essa não foi uma preocupação de grande relevância.

Originalmente, a distribuição das salas do Ensino Fundamental ocorre da seguinte maneira: as salas do Ensino Fundamental I distribuem-se no pavimento térreo, e as do Ensino Fundamental II ficam no pavimento superior. Caso haja um aluno portador de deficiência física, porém, essa distribuição de salas pode ser alterada para garantir a acessibilidade.

No bloco da Educação Infantil, a acessibilidade é reduzida pela presença de degraus entre o pátio e a entrada das salas de aula.

A acessibilidade aos banheiros também possui empecilhos. No bloco proveniente da casa, os banheiros existentes já não foram construídos considerando as dimensões necessárias para a movimentação em cadeira de rodas, nem sofreram alterações quando da aquisição da propriedade pela escola. Alguns banheiros foram construídos mais recentemente, no bloco infantil, mas novamente não foram desenhados para garantir acessibilidade.

40 e 41. As fotografias à direita mostram os degraus de acesso ao bloco infantil e banheiros não adaptados para deficientes físicos.

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sistema estrutural e construtivo

Foram utilizados materiais e tecnologias construtivas simples, adequados à realidade local e com bom custo-benefício. No edifício principal, preexistente à escola, empregaram-se materiais e técnicas tradicionais. A estrutura de é concreto armado (no interior do edifício as vigas e os pilares são revest idos com madeira, para se assemelharem aos externos), as vedações são de tijolo maciço, que ficam aparentes na maioria das paredes, a laje é do tipo treliçada e sem balanços.

Quando a casa foi adaptada para que funcionasse a escola, foram construídas algumas paredes de gesso para dividir ambientes e criar novas salas. Na varanda da antiga casa, a telha é aparente e as vigas e os pilares são de madeira maciça. As técnicas e os materiais empregados nas salas onde funcionam a sala dos professores e a são os mesmos do edifício principal. O piso do edifício principal é de pedra no pavimento inferior, de tacos de madeira no piso superior e de cerâmica na cozinha, onde as paredes também são revestidas com cerâmica.

materiais e tecnologias

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48. Bloco infantil: forro em apenas metade do cômodo.49.

Circulação descoberta entre os blocos. Piso de bloquetes cerâmicos.

Bloco de Ensino Fundamental 1 e 2: Escada de madeira; estrutura de concreto armado revestida com madeira.

Todos os edifícios são cobertos com telha do tipo colonial, que ficam aparentes em algumas salas térreas do edifício principal, onde não há o pavimento superior, e em parte das salas do bloco anexo.

coberta

esquadriasAs esquadrias são de madeira, contendo

vidro e/ou venezianas, permitindo um fácil controle da ventilação natural e um grande aproveitamento da luz ambiente.

bloco infantilA estrutura do edifício anexo, que abriga a educação

infantil, é de madeira pré-fabricada, podendo ser desmontado e montado em outro lugar sem maiores problemas. As vedações são compostas por fichas horizontais com encaixe do tipo macho-fêmea, e os pilares são de madeira maciça. O piso deste bloco é todo de cerâmica, e o forro, que esconde as telhas em metade da sala, acompanhando a inclinação da coberta, é de madeira.

circulaçãoEm relação à circulação horizontal pela escola,

percebe-se a ausência de um caminho coberto que conecte todos os blocos, o que pode dificultar a mobilidade em dias de chuva. A pavimentação dessa área de circulação é feita com bloquetes cerâmicos fixados com concreto. Para circulação vertical, a escola conta com somente uma escada, em “U”, toda de madeira. A altura do espelho da escada e a profundidade do cobertor são confortáveis, porém vazamentos entre os espelhos e o fechamento incompleto do parapeito proporcionam riscos às crianças. Essa escada, originalmente, não tinha corrimão, e seu patamar era aberto, mas foi adaptada para que se adequasse às necessidades da escola.

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42. Piso de pedra na varanda.43. Tablado de madeira no pavimento superior.44. Piso de cerâmica nas salas do bloco infantil.45. Coberta de telha colonial.46. Bloco infant i l : vedações e esquadrias de madeira.

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exequibilidade

Podem-se perceber alguns problemas de exequibilidade na escola, principalmente advindos das adaptações ocorridas. Aos fundos do edifício principal, onde hoje funciona o depósito, a carpintaria e a sala de pedagogia curativa, há uma coberta sem forro, sobre um pergolado que existia anteriormente. Esse novo telhado foi construído formando uma calha horizontal, a qual exige constante manutenção, no encontro com aquele preexistente, além de ter deixado o edifício sem recuo lateral. Por não se ter colocado forro nesse espaço, uma abertura em cima da alvernaria, que dá para o exterior, permite a ventilação e a iluminação natural, embora precárias.

O bloco anexo apresenta uma série de problemas, que foram agravados pelo fato de ele ter sido projetado para outro local, na sede anterior, que possuía condições distintas. As janelas da fachada oeste, por exemplo, abrem-se para o muro, o que dificulta a ventilação e a iluminação das salas. Podem-se ver, também, problemas de execução em um dos banheiros do anexo, que não é adaptado para crianças: tem dois aparelhos sanitários muito próximos e sem nenhum tipo de divisória, além de uma janela para o pátio infantil.

50. Sanitários cons-truídos lado a lado e em tamanho inadequado para as crianças do bloco infantil. A pia t ambém ap resen ta dimensões exageradas.51. Bloco infantil: Ja-nelas que se abrem para o muro.52 . Te lhado sobre pérgola e calha no encontro de cobertas.53. Brise soleil blo-queado por estantes, dificultando a ventilação e a iluminação do setor de retaguarda.

condicionamentoA escola Waldorf Micael está situada em uma área com baixa

densidade habitacional; as edificações adjacentes são predominantemente horizontais e rodeada em suas fachadas leste e sul por vegetação de pequeno porte. Esses fatores contribuem para um fluxo desobstruído de ventos e iluminação. Próximo a escola há alguns vazios urbanos arborizados, há alguns açudes e lagoas, e até mesmo o Parque do Cocó, que influenciam positivamente no conforto ambiental.

Em todos os blocos da escola a solução de conforto ambiental adotada buscou aproveitar ao máximo a ventilação e a iluminação naturais, sem se fazer uso de ar-condicionado em nenhum cômodo. Foram utilizados, em todas as salas e demais aposentos, grandes janelões em madeira, posicionados de modo a proporcionar ventilação cruzada. Foram instaladas, também, lâmpadas fluorescentes e ventiladores de teto em todos os aposentos da escola.

No andar superior, onde a luz e os ventos entram desimpedidos, as janelas são todas de venezianas para controlar melhor a ventilação e a iluminação abundantes. Usam-se ainda cortinados leves para suavizar a iluminação durante as atividades que não necessitem de tanta luz.

No térreo, diferem-se as janelas, que são parte em venezianas e parte em vidro, para difundir melhor a luz. A iluminação é reforçada com lâmpadas fluorescentes, pois parte da luz é interceptada pelos muros.

Apesar de normalmente a ventilação natural suprir as necessidades dos aposentos do térreo, em algumas épocas do ano faz-se necessária a complementação com ventiladores. Em algumas salas podemos observar a tesoura aparente, sem vedação, auxiliando assim na ventilação e iluminação natural.

O bloco da educação infantil é um caso particular. Composto por um bloco completamente feito de madeira, conta com cinco salas de aula. Ele foi trazido da antiga sede do colégio, por isso, em alguns aspectos, apresenta falhas, como janelas voltadas para muros. Essas salas são igualmente providas de janelões e equipadas com ventiladores e luzes fluorescentes, que conseguem se sobrepor a eventuais falhas e proporcionar um ambiente de temperatura e iluminação agradáveis.

ambiental

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condicionamento ambiental

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54. Iluminação natural em sala do pavimento térreo. Controle da luz e do vento por meio de janela de madeira e vidro de correr e venezianas de madeira.55.Tesoura vazada em sala do pavimento superior. Possibilidade de ventilação cruzada.56. Janela da fachada sul possibilita flexibilidade de uso e é protegida externamente por pergolado.57. Sala do bloco infantil conta com venezianas de madeira. Por serem voltadas para a fachada oeste e se abrirem para o muro, se faz necessário uso de iluminação artificial no período da tarde.58. Detalhe do pergolado na fachada sul.59.Portas de madeira com parte de vidro e parte de venezianas contribuem para o conforto térmico no bloco principal.60. Cortinas protejem as salas da fachada leste de iluminação intensa.61. Pergolado ilumina a escada e a área da recepção.

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conclusão

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A análise da Escola Waldorf Micael sob a ótica do espaço, do objeto e da metodologia, proporcionou-nos conhecimentos a respeito da influência do edifício escolar em seu entorno; da organização dos espaços internos de acordo com essa tipologia e da importância da pedagogia adotada pela escola na materialidade construída.

Mais que uma articulação de espaços que se comunicam e funcionam, é necessário que a escola seja um ambiente propício ao aprendizado. A arquitetura, portanto, deve conseguir transmitir essa intenção não apenas a partir de sua funcionalidade, mas também de sua linguagem formal e de sua técnica construtiva.

Acreditamos, assim, que o conhecimento in loco da tipologia escolar, o estudo da pedagogia Waldorf - que em vários aspectos assemelha-se ao construtivismo - e a busca do rebatimento formal do método no objeto de arquitetura foram muito enriquecedores e irão, certamente, acompanhar-nos durante o exercício de projeto.

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bibliografiaCORTEZ, Rogerio Vieira. Espacos educativos. Ensino fundamental: subsidios para elaboracao de projetos e adequacao de edificacoes escolares . Brasília, DF: FUNDESCOLA/MEC, 2002. 2v. (Cadernos tecnicos; 4)

http://www.micaelfortaleza.com.br/

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