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0. INTRODUÇÃO

A presente avaliação desenrolou-se em circunstâncias pouco comuns e normais

para que se verificassem as condições de estabilidade para análise de uma

organização, salientando-se os seguintes aspetos:

. A escola encontra-se a funcionar em condições degradantes do ponto de vista

físico e da vivência social que têm reflexos muito negativos na sua produtividade

pedagógica, nos resultados, na indisciplina e que são tidos em conta muito levemente

no Relatório agora apresentado.

Efetivamente, estamos sujeitos ao planeamento de projeto e desenvolvimento

das obras da Parque Escolar desde 2009, como tivemos oportunidade de referir à IGEC

e na apresentação da escola;

. A acrescentar a esta situação pouco comum e que não pode ser comparável

com outras escolas (não há cluster para estes casos), porque absolutamente diferente,

fomos informados da Avaliação Externa em vésperas da interrupção letiva do Natal

sendo, ainda, das primeiras escolas e entrar no processo (estava previsto inicialmente

para 9 de janeiro);

. Ficámos, entretanto, num período de indefinição resultante do facto de

podermos ser incluídos no processo de agregação que estava previsto mas não

comunicado atempadamente. Esta incerteza levou, aliás, a que alguns documentos

fossem entregues fora do prazo normal inicialmente previsto pela IGEC;

. Finalmente, a acrescentar a todas estas disfunções, o Relatório elaborado pela

Equipa de Avaliadores chega, de novo, nas vésperas da interrupção letiva da Páscoa e

no momento em que o trabalho de preparação da avaliação de final de período se

encontra no auge.

Elaborar o Contraditório nestas circunstâncias, sem alunos na escola e com os

professores ocupadíssimos em atividades dos conselhos de turma, torna-se tarefa mais

complicada. Vamos, contudo, elaborá-lo o melhor que pudermos.

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1. QUESTÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS

Para iniciar este nosso contraponto, chamemos-lhe assim, à avaliação externa

consubstanciada no relatório da equipa coma qual trabalhámos em 14 e 15 de janeiro,

com o ânimo e a sinceridade absoluta e com a positividade que nos anima, permita-se-

nos uma primeira citação:

A organização escolar é o local privilegiado onde a componente nomotética ou

institucional se entrelaça com a dimensão ideográfica ou pessoal (Hoyle, 1986). Todas as

escolas têm condições genéricas que, paradoxalmente, as tornam peculiares: são instituições

de recrutamento forçado, debilmente articuladas (Weik,1980), com fins ambíguos e

contraditórios, com uma articulação hierárquica, com uma forte dependência externa, com

uma aparente neutralidade ideológica, heterónimas no que diz respeito aos fins e sobre as

quais se exerce um apertado controlo social…

Todas estas características que definem a escola como instituição são vividas e encarnadas

por um conjunto de pessoas absolutamente irrepetíveis. Por isso, é dentro deste contexto

nomoteticamente definidor que encontramos escolas com uma fisionomia diferente. Ou seja,

cada uma delas entende e pratica de uma dada forma específica a heteronomia e a

hierarquização epistemológica, bem como a tensão ideológica… (GUERRA, Miguel Ángel Santos

(2002), Entre bastidores. O lado oculto da organização escolar, Lisboa, ASA), p.41

Nesta perspetiva, os modelos estatísticos – clusters - não enquadram de forma

alguma a organização escolar como a entendemos. Comparam o que não é

comparável e partem de dados que carecem de fiabilidade como sejam, por exemplo,

as profissões e as habilitações dos encarregados de educação ou o simples facto de

terem muitos alunos do ensino secundário.

Perfilhamos antes uma avaliação “que não se deixa arrastar pelos números….Uma

avaliação que não lida com números, percentagens ou estatísticas, embora os utilize, de uma

forma subsidiária, uma vez que permitem facilitar a compreensão. Não se baseia na medição.

Não se apresentam resultados através de dados numéricos.” (op. cit, p.274).

Maria do Carmo Clímaco, que coordenou a Equipa de Avaliação Externa da nossa

escola em 2007, defende que “… avaliar uma escola não é uma questão de medir e

hierarquizar variáveis a partir de uma escala métrica, mas uma questão de saber até que ponto

cada escola é um lugar social, um lugar de aprendizagem e um lugar de exercício e de

desenvolvimento pessoal e profissional…”, in: A Autonomia das Escolas, Fundação

Gulbenkian, Lisboa, 2005.

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Na avaliação que decorreu no presente ano letivo e de que resulta o presente

relatório, todos os indicadores que concorrem para a avaliação da organização foram

subjugados ao indicador de resultados académicos. A classificação de suficiente

atribuída a todos os domínios é incompreensível e está descontextualizada do

descritivo avaliativo que antecede a classificação.

Não se refere, seguramente, à Escola Secundária João de Barros.

Vejamos: “ a escola procede a uma monitorização dos seus resultados”, “há um

bom ambiente educativo”, “bons resultados ao nível da formação cívica dos jovens”, “

o nível de satisfação da comunidade educativa é elevado”, “ a participação da escola

em iniciativas da comunidade… concorrem, na verdade, para o reconhecimento da sua

ação”, “o nível de satisfação da comunidade é elevado”, “uma percentagem elevada de

alunos declara gostar da escola e um número expressivo de pais e encarregados de

educação gostam que os seus educandos a frequentem”.(Do Relatório, IGEC, Abril

2013)

Concluindo, a escola tem uma imagem social excelente ao nível dos resultados

sociais e do reconhecimento da comunidade, contudo, a sua classificação é suficiente.

Afinal, a pergunta que se coloca é: que parâmetros foram utilizados para se

atribuir essa classificação?

Discordamos igualmente da classificação de suficiente atribuída ao domínio

Gestão e Liderança.

Trata-se de uma classificação que não nos é permitido adjetivar, mas que parece

denotar alguma incompreensão para com a escola e algum desconhecimento das

funções de liderança e de gestão de uma escola em obras e em degradação

permanente.

Não se compreende, por outro lado, a descida de classificação relativamente à

avaliação de 2007.

Em Gestão e Liderança não se desaprende.

Para uma análise mais fina e substancial, seguem: o relatório da Equipa de

Avaliação Interna e o posicionamento do Conselho Geral.

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2. ANÁLISE DA EQUIPA DE AVALIAÇÃO INTERNA

A equipa de Avaliação Interna da Escola Secundária João de Barros vem por

este meio requerer a aclaração de alguns pontos do Relatório de Avaliação Externa,

que lhe suscitaram dúvidas.

Ainda que os parâmetros de avaliação tenham sofrido algumas alterações,

relativamente àqueles que foram seguidos na avaliação da escola no ano de 2007,

certo é que, compulsado o teor da atual avaliação, verifica-se que houve uma análise

comparativa, que se traduz numa evolução positiva da Escola durante esse período,

conforme reconhecido em vários parágrafos do relatório de avaliação externa, mais

especificamente:

na página três, segundo parágrafo, onde se refere uma evolução positiva nas

taxas de transição do ensino básico com progressos evidentes nos sétimo e

oitavos anos de escolaridade;

na página três, no terceiro parágrafo, há uma referência à evolução nas taxas

de transição/conclusão no ensino secundário e uma diminuição significativa

dos casos de abandono, no quinto parágrafo.

Além destas constatações, existem outras evidências que fundamentam a evolução

dos resultados, nomeadamente:

os documentos enviados para a escola sobre taxas de transição e conclusão

dos ensinos básico e secundário regulares:

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a publicação do GAVE dos resultados dos exames nacionais reveladores de

uma evolução positiva na maioria das disciplinas;

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RESULTADOS EXAMES DA ESCOLA SECUNDÁRIA JOÃO DE BARROS

ANO LETIVO 2011-2012 (1ª FASE)

Fonte: dados disponibilizados pelo GAVE, na área privada da escola.

o reconhecimento público da evolução da escola no ranking nacional,

comprovado pelos órgãos de comunicação social. Se atentarmos nas páginas

três e quatro do relatório de avaliação, verificamos que todo o discurso

valoriza muito positivamente os resultados sociais e o reconhecimento da

comunidade.

Também no domínio Prestação do Serviço Educativo o texto identifica várias

melhorias, mais especificamente:

no trabalho colaborativo entre os docentes;

PROVA MÉDIA DE PONTOS

ESCOLA NUTS III NUTSII NACIONAL

Português 102 98 102 104

Matemática B 78 72 85 88

Matemática Aplicada às Ciências Sociais

122 100 107 106

Matemática A 95 98 108 104

História da Cultura e das Artes

137 112 111 109

História A 122 114 119 118

Geometria Descritiva A 91 101 116 107

Geografia A 102 102 108 107

Física e Química A 90 77 83 81

Francês (continuação – bienal)

136 126 125 124

Desenho A 123 122 122 123

Biologia e Geologia 102 94 99 98

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a contextualização do curriculum e abertura ao meio;

o aproveitamento de recursos da comunidade;

a organização da informação relevante sobre o percurso escolar dos alunos;

a orientação realizada pelos serviços de psicologia e orientação;

a prática de metodologias ativas e experimentais;

o envolvimento de alunos em tarefas de pesquisa e de projeto;

a valorização da dimensão artística;

a relevância do trabalho desenvolvido na biblioteca como um espaço de

experiências pedagógicas com vista à promoção do sucesso;

o reconhecimento da prática avaliação formativa no processo de ensino

aprendizagem bem como da aferição da fiabilidade/validade dos

instrumentos utilizados;

avaliação dos projetos curriculares de turma e a monitorização das estratégias

desenvolvidas e reformuladas de acordo com os resultados obtidos;

análise da eficácia dos apoios educativos.

No domínio Liderança e Gestão:

salientam-se a abertura e disponibilidade da direção;

a capacidade de estabelecer uma rede de parcerias que permite melhor

qualidade do serviço educativo;

a gestão eficaz dos recursos humanos;

o investimento no desenvolvimento profissional dos trabalhadores;

a boa gestão dos espaços e equipamentos;

a monitorização dos resultados académicos.

Por fim, a equipa não compreende a forma categórica que o discurso assume, no

que se refere ao trabalho de autoavaliação, tendo em conta que foram fornecidos

documentos comprovativos do trabalho realizado fora dos períodos de avaliação

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externa e aquando da entrevista foi esclarecida essa questão. Assim, a equipa gostaria

de saber que elementos/documentos sustentaram os juízos de valor emitidos nesse

mesmo item.

Todavia, a classificação atribuída neste ciclo avaliativo foi inferior à do ano de

2007, em quase todos os parâmetros, tendo havido a sobrevalorização dos aspetos

menos positivos, e a desvalorização das circunstâncias concretas em que a escola tem

funcionado, bem como de todos os progressos entretanto realizados e documentados

anteriormente.

Face ao exposto não se compreende que a atual avaliação seja inferior à anterior,

pelo que se requer a aclaração dos aspetos supra referidos, constantes do Relatório de

Avaliação Externa da Escola Secundária João de Barros, para que se consiga direcionar

um caminho de evolução em todos os itens que requeiram aperfeiçoamento e, desta

forma, permitir a construção de uma escola melhor.

3. Posicionamento do Conselho Geral

O Conselho Geral da Escola Secundária João de Barros reunido em 20 de março de 2013 para apreciar e analisar o relatório da avaliação externa, decidiu por unanimidade pronunciar-se sobre o documento em apreço. Da análise do relatório de avaliação ressalta a ideia de que o documento apresentado não reflete a realidade da Escola Secundária João de Barros. Esperava-se uma avaliação que, partindo dos resultados e das avaliações de cada painel, os transpusesse e utilizasse na análise e conclusão do todo – Escola Secundária João de Barros. Verifica-se, da análise de cada um dos itens, uma desconformidade entre o texto e a respetiva avaliação. A classificação atribuída foi realizada por monitorização de gabinete, preconcebida (cluster Oríon, onde esta unidade operacional se encontra integrada não tendo sido levada em conta a realidade da vida escolar (painéis/visita/realidade observada) mas apenas os resultados estatísticos.

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Compreendendo embora a necessidade de agrupar escolas/agrupamentos para melhor poder comparar realidades diversas discorda-se dos critérios utilizados que, por si só, não garantem essa uniformização. Logo na caracterização da escola pode ler-se que os valores globais das variáveis comparadas com outras escolas, de características semelhantes, estão abaixo dos valores medianos relativamente aos docentes e acima relativamente às habilitações das mães e pais. Mais adiante, pode ler-se que a percentagem de alunos que não beneficiam de auxílios económicos posiciona-se muito acima da mediana, dados que apontam para um contexto sociocultural favorável. Se já é questionável o contexto sociocultural favorável, por ele se referir a dados apurados em 2010, é ainda mais questionável interligar as habilitações dos encarregados de educação, para daí extrapolar qualquer comparação, nomeadamente, os resultados escolares. A Escola Secundária João de Barros não é comparável com qualquer outra, nem outro qualquer estabelecimento de ensino com a Escola Secundária João de Barros. Os avaliadores manifestam o seu desconhecimento da realidade escolar pois cada escola tem uma cultura específica, diferente, ainda que seja do mesmo ciclo de ensino, se situe na mesma freguesia, vila ou cidade. Se assim não fosse, teríamos que concluir que os alunos de algumas escolas, dada a sua localização e inserção social, eram nichos de saber e cultura enquanto que as dos bairros da periferia ou de estratos sociais desfavorecidos não teriam razão de existir pois não produziriam cidadãos cultos, competentes e sabedores. Efetivamente, as variáveis para o sucesso escolar são complexas e incluem uma multiplicidade de fatores (de carácter pessoal, institucional, social e cultural …) No relatório de avaliação depois de se enumerar um conjunto de resultados académicos, concluiu-se que houve no período avaliado, anos escolares com melhor desempenho em relação a outros e que em relação às provas finais de português e de matemática do 9º ano estes são marcados por oscilações que acompanham as tendências nacionais. A conclusão lógica seria o desfasamento dos textos de exame em relação à realidade nacional, mas não foi essa a conclusão. O mesmo relatório conclui ainda que:

Houve progressos relativamente à última avaliação externa;

A taxa de sucesso foi plena, referente ao percurso de formação concluído no ano letivo de 2011;

Há um bom ambiente educativo;

Há uma análise da eficácia dos apoios educativos;

Há estratégias eficazes e evidentes, aplicadas na prevenção do abandono escolar;

Há um sentimento de segurança;

Há bons resultados sociais ao nível da formação cívica dos jovens;

Há cumprimento de regras sendo a boa conduta a norma;

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O nível de satisfação da comunidade educativa é elevado;

Há orgulho em ser aluno do João de Barros… … entre outros apontamentos favoráveis constantes no relatório.

Para depois se concluir que …"Tais fundamentos justificam a atribuição da classificação de suficiente em todos os domínios”.

Efetuando um balanço entre a anterior auditoria externa e os resultados da presente constata-se que aspetos como a Prestação do Serviço Educativo e Gestão Escolar e Liderança anteriormente notados como Bom sofreram um retrocesso ao serem agora avaliados como suficientes sem que no relatório se encontre fundamentação para esta diminuição da “qualidade”. Esta avaliação parece não ter tido em conta:

A realidade escolar;

A evolução dos resultados obtidos nos exames nacionais e que se traduzem numa significativa subida no ranking nacional, referenciada pela imprensa (jornal expresso, correio da manhã, revista visão, outros), nos últimos seis anos passámos da posição 300º no ranking para a posição 191º;

De referir também que os resultados dos últimos exames nacionais desta escola, em quase todas as disciplinas se situa acima ou é igual aos resultados da Península de Setúbal, da região de Lisboa ou ainda à média nacional.

Face ao exposto, discordamos em absoluto com:

as conclusões da avaliação apresentada;

a classificação que nos foi atribuída;

a alteração do formato de avaliação no final do ciclo, não permitindo avaliar a evolução, positiva ou negativa, havida;

este modelo que permite avaliar escolas com pior desempenho melhor do que outras, apenas por se situarem em clusters diferentes;

a forma de abordagem e a postura da equipa da avaliação, considerada muito agressiva.

Questiona-se ainda, como é possível que apesar das evidências de melhoria nos vários domínios, na comparação com a avaliação anterior a atual seja inferior? A Presidente do Conselho Geral

Ana Maria Jorge

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4. Conclusão

Pelo exposto fica claro a nosso posicionamento relativamente à Avaliação Externa

a que fomos sujeitos em 14 e 15 de janeiro de 2013.

Com os melhores cumprimentos

O Diretor

Manuel Porfírio