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FRANCISCO ANTONIO MACONGO CHOCOLATE ESCOLHA PROFISSIONAL DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA DE DUAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ANGOLA E BRASIL CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO OSASCO/SÃO PAULO 2011

ESCOLHA PROFISSIONAL DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA …§ão... · Ângela Salles; Virginia Vasconcelhos Facundo; Cirleide Soares Campos; Pela ajuda, compreensão, acolhimento, paciência

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FRANCISCO ANTONIO MACONGO CHOCOLATE

ESCOLHA PROFISSIONAL DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA DE

DUAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ANGOLA E BRASIL

CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO

OSASCO/SÃO PAULO

2011

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FRANCISCO ANTONIO MACONGO CHOCOLATE

ESCOLHA PROFISSIONAL DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA DE DUAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ANGOLA E BRASIL

CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO

OSASCO/SP

2011

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do

UNIFIEO – Centro Universitário Fieo – para a

obtenção do título de Mestre em Psicologia

Educacional, tendo como área de concentração

Psicopedagogia, inserida na linha de pesquisa

Psicopedagogia e Instituições, sob orientação da

Profª Drª Cleomar de Azevedo.

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FIEO

Chocolate, Francisco Antônio Macongo

Escolha profissional de estudantes de Pedagogia de duas instituições de ensino superior : Angola e Brasil/ Francisco Antônio Macongo Chocolate; orientação de Cleomar Azevedo. – Osasco : UNIFIEO, 2011. 191f. Dissertação (mestrado) – Psicologia Educacional – Centro Universitário FIEO

1. Escolha profissional 2. Estudantes de Pedagogia 3. Vygotsky, Lev Semenovich, 1896-1934 4. Formação de professores – Angola e Brasil. I. Azevedo, Cleomar, orient.

CDU 371.13(673:81)

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FRANCISCO ANTONIO MACONGO CHOCOLATE

ESCOLHA PROFISSIONAL DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA DE DUAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ANGOLA E BRASIL

Aprovado em: ____ de _____________ de 2011

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________

Profª. Drª. Cleomar Azevedo (Orientadora) Centro Universitário FIEO (UNIFIEO)

______________________________________________

Prof. Dr. Carlos Pedro Cláver Yoba Universidade Lueji A N’ Konde (ULAN-Lunda Norte-Angola)

______________________________________________

Profª. Drª. Márcia Siqueira de Andrade Centro Universitário FIEO (UNIFIEO)

________________________________________________

Prof. Dr. João Clemente de Sousa Neto Centro Universitário FIEO (UNIFIEO)

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Dedicatória

Dedico este trabalho:

Ao meu tio (pai), José Pitra Chocolate,

Pelo cuidado, educação, afeição e encorajamentos que me tem proporcionado nesta vida, digno de um pai.

Ao meu irmão, António Francisco Macongo Chocolate,

Pelo laço forte que nos une e sempre nos unirá. e Aos amigos e amigas: Luís Benge Malo Macaia; Joaquím Paka Massanga; Ângelo Afonso Yoba; Alekssandro Gomes Melo; Ângela Salles; Virginia Vasconcelhos Facundo; Cirleide Soares Campos;

Pela ajuda, compreensão, acolhimento, paciência e encorajamentos que sempre me proporcionaram.

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Agradecimentos.

Em primeiro lugar a DEUS Pai todo-poderoso pelo dom gratuito da vida, e por

me ter abençoado com saúde, graças e misericórdias. Em Jesus Cristo e Maria, a

quem sou devoto como Legionário. Agradeço ainda a Ele por me ter dado amigos e

amigas que me auxiliaram durante a minha estada no Brasil.

Especialmente agradeço à minha orientadora Profª. Drª. Cleomar Azevedo e

ao Prof. Dr. João Clemente de Sousa Neto, pelas inúmeras orientações e atenção

que sempre me prestaram. O meu muito obrigado por terem me aceito e pela

confiança em mim depositada, mesmo sem saberem nada de mim, ainda em

Luanda (Angola), naquele primeiro contato que jamais vou esquecer.

Os meus agradecimentos se estendem ao Prof. Dr. Carlos Pedro Cláver Yoba

e a Profª. Drª. Márcia Sirqueira de Andrade por toda ajuda e orientação que sempre

me prestaram durante a minha formação e na realização desse trabalho. Em

especial, pelas contribuições e sugestões dadas durante o exame de qualificação.

Aos meus familiares: tios e tias (Vicente Chocolate, Maria José Chocolate e

Maria Ana Chocolate), primos (Popinho e Vicente), primas (Lucinda, Ângela,

Madalena, Gisela, Irene e Eduarda) pelo apoio material, moral e encorajamentos

sempre necessários em função da distância.

Ao Colégio Dom Domingos Franque, na pessoa do seu promotor, Francisco

Herinque Puati Franque, por toda ajuda que me proporcionou.

Às professoras do Mestrado em Psicologia Educacional do UNIFIEO, Profª.

Drª. Maria Laura Franco; Profª. Drª. Marisa Irene Castanho e a Profª. Drª. Beatriz

Lima Scoz, pelo conhecimento e ajuda ímpar proporcionados durante as aulas, que

foram fundamentais para realização deste trabalho.

Aos colegas do Mestrado e do grupo de pesquisa em Representações Sociais

e Pedagogia Social, com os quais convivi por um tempo breve e, pelo caminho

trilhado juntos, como companheiros de luta.

Aos estudantes de Pedagogia do 1º ano (2010) do ISCED e do UNIFIEO,

participantes desta pesquisa. Obrigado pelas vossas contribuições e depoimentos.

Finalmente aos Legionários Jovens da Cúria Nossa Senhora Modelo da

Juventude pelo apoio Espiritual em orações.

A todos o meu muito obrigado!

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RESUMO

CHOCOLATE, Francisco António Macongo. Escolha profissional de estudantes de pedagogia de duas instituições de ensino superior: Angola e Brasil. 2011. Dissertação (Mestrado em Psicologia Educacional) – Curso de Pós-Graduação em Psicologia Educacional, Centro Universitário FIEO, Osasco, São Paulo.

O presente trabalho tem como objetivo: “verificar o que leva o sujeito à escolha da profissão docente em Angola e no Brasil”. Observa-se que na sociedade de hoje, a função docente não é valorizada, principalmente, aquela ligada à atuação no ensino fundamental. Diante dessa situação, porque ainda existem sujeitos que escolhem ser professores? Em função deste questionamento, derivamos uma formulação hipotética discriminada como: Apesar da desvalorização, no contexto atual, da profissão e dos profissionais desta classe, particularmente os que atuam nas escolas estatais não superiores, ainda existe a valorização histórica da mesma; Os fatores de conteúdo intrínsecos à própria atividade docente, como seja a expectativa ou a percepção de vocação para a profissão docente manifestos no gosto e sonho de vida são os que influência parece ter na motivação para a escolha desta profissão em detrimento dos fatores de conteúdo extrínsecos (salários). O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa com ênfase no estudo de caso. Fizeram parte da pesquisa 26 estudantes do primeiro ano do curso de Pedagogia, (2010) sendo 12 estudantes do Isced (Instituto Superior de Ciência da Educação, Cabinda-Angola) e 14 estudantes do Unifieo (Centro Universitário Fieo, Osasco-sp-Brasil). Para a coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos: Grupos de discussão e questionário. A pesquisa teve como linha tórica norteadora a abordagem sócio-histórica de Vygotsky e colaboradores. Dentre os motivos relacionados à escolha do curso de pedagogia, os mais enfatizados pelos discentes foram os de ordem intrínsecas e extrínsecas, ou seja: a afinidade pela área de educação – gosto, sonho de vida, desejo em atuar na área para a transformação da realidade; obtenção de conhecimentos; e oportunidade formativa. Em relação à valorização e desvalorização, os pesquisados reconhecem que a profissão é desvalorizada. Contudo, manifestam-se motivados a atuarem depois de formados, apoiando-se na convicção de que se sentiriam bem em sala de aula, pelo fato de desejarem dar aula, gostarem de crianças e contribuir para o progresso dos seus países por meio da formação das novas gerações.

Palavras-chave: Escolha Profissional. Estudantes de pedagogia. Vigotsky - teoria Sócio-histórica. Formação de professores: Angola e Brasil.

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ABSTRACT

CHOCOLATE, Francisco António Macongo. Professional choice of pedagogy students from two institutions of higher education: Angola and Brazil. 2011. Dissertation (Masters in Educational Psychology) - Graduate Course in Educational Psychology, University Center FIEO, Osasco.

This work aims at verifying the conditions under which people are conducted to

choose an educational professional career in Angola and in Brazil. We observe that

the nowadays society does not consider the teacher profession as worthwhile, mainly

in what refers to those who work as primary education teachers. As regards such a

situation, why there are people who choose to be teachers? On the basis of such a

question, we derive a hypothetical formulation that is divided into the following: first,

in spite of the devaluation in the actual professional context in function of the social

status quo of professionals in this working class, mainly they who act in the public

schools in the primary level, there is still the historical valuation of such a class; the

factors of value which are intrinsic in relation to the educational activity, such as the

expectation or the perception of vocation for the teacher activity which are manifest in

the life taste and dream, which seem to have the large majority in influencing the

motivation for the choice of teacher profession in spite of some economical factors

(salaries amounts). The present case study is characterized as a qualitative research

which emphasizes the specific aspect of the case. Twenty-six students who were

studying at the First-Grade Education Course volunteered , twelve of which are

working at ISCED (Instituto Superior de Ciências da Educação, Cabinda-Angola) and

fourteen of which from UNIFIEO( Centro Universitário Fieo, Osasco). For the data

collection two empirical resources were employed: discussion groups and probing

quizzes. The research had as a guiding theoretical line the Vygotskyian socio-

historical approach and collaborators. Amid the motivations related to the choice of a

education course, the most emphasizes by students where those of an intrinsic and

extrinsic order, that is: the affinities for the educational field – the personal taste, the

dream goals in life, the desire to act in the field for the transformation of reality – the

gain of knowledge and the formative opportunity. In relation to the valuation and

devaluation, the researchers acknowledge that the profession is devaluated.

However, teachers and students manifest motivations for working after graduating at

University, grounded in the conviction that they feel better in the classroom on the

grounds that they like children and that they contribute for the still-developping

country developments towards the growth of newly educated generations

Keywords: Career Choice. Student teaching. Vygotsky-Socio-historical Theory. Teacher training, Angola and Brazil.

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Listas de ilustrações: figuras, quadros e tabelas.

FIGURAS

Figura 1- Características definidoras da Análise de Conteúdo.................

Figura 2- Organograma do Sistema de Ensino (Angola)..........................

Figura 3- Organograma do Sistema de Ensino (Brasil) ............................

QUADROS

Quadro 1- Distribuição dos sujeitos da amostra, referentes ao

ISCED/Cabinda......................................................................................

Quadro 2- Distribuição dos sujeitos da amostra, referentes ao

UNIFIEO/Brasil..........................................................................................

Quadro 3- Considerações dos estudantes à questão: Como se deu a

vossa escolha pelo curso..........................................................................

Quadro 4- Respostas dos estudantes à questão: quais são as vossas expectativas em relação ao curso escolhido............................................. Quadro 5- Respostas dos estudantes à questão: Ser professor foi sempre um desejo vosso ou é algo que surgiu na impossibilidade de fazer outro curso........................................................................................

Quadro 6- Respostas dos estudantes à questão: O que vocês têm a dizer sobre a seguinte frase: “Ser professor é ser um profissional desvalorizado............................................................................................

Quadro 7- Considerações dos estudantes à questão: Como vocês vêem o trabalho do professor hoje............................................................

Quadro 8- Respostas dos estudantes à questão: O que é ser professor para ti.........................................................................................................

Pág. 96 188 189 90 90 97 100 103 105 109 112

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TABELAS

Tabela 1- Distribuição dos estudantes do ISCED por cursos e anos no período

diurno (laboral) e pós-laboral 2010.......................................................................

Tabela 2- Distribuição das justificativas dos estudantes em relação aos motivos da escolha do curso de pedagogia............................................... Tabela 3- Distribuição das expectativas dos estudantes em relação ao

curso escolhido...........................................................................................

Tabela 4- Motivações explícitas em relação à questão: Ser professor foi sempre um desejo vosso ou é algo que surgiu na impossibilidade de fazer outro curso.........................................................................................

Tabela 5- Distribuição das respostas dos estudantes em relação à

questão: o que é ser professor para ti........................................................

Tabela 6- Pareceres relacionados à frase: Ser professor é ser um

profissional desvalorizado..........................................................................

Tabela 7- Distribuição das respostas explícitas em relação ao trabalho

do professor................................................................................................

Pág.

84 116 125 132 135 141 146

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Lista de abreviaturas e Siglas.

ADPP

Adra

Anfope

Bad

BM

Cep

CNE

Daac

FNUAP

Isced

IMN

Inef

Infac

Mapess

LDB

Ongs

E.U

Unicef

Unifieo

Unesco

ZDP

Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo.

Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente.

Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação.

Banco Africano de Desenvolvimento.

Banco Mundial.

Comitê de Ética em Pesquisa.

Conselho Nacional de Educação.

Departamento de Assuntos Acadêmicos.

Fundo das Nações Unidas para a População.

Instituto Superior de Ciências da Educação – Cabinda, Angola.

Instituto Médio Normal.

Instituto Normal de Educação Física.

Instituto Nacional de Formação Artística e Cultural.

Ministério do Emprego e Assistência Social.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Organização Não Governamental.

União Européia.

Fundo das Nações Unidas para a Infância.

Centro Universitário Fieo.

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura.

Zona de Desenvolvimento Próximo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................ PROBLEMA.......................…………………………...…………...... JUSTIFICATIVA............................................................................ HIPÓTESE.……………………………………………...…………… SISTEMAS DE ENSINO: OLHARES SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES…............................................................… Diferentes perspectivas na formação de professores .................. Olhares sobre a formação de professores ...............................… ESCOLHA PROFISSIONAL......................................................... A concepção de escolha profissional …..............................…….. Fatores que intervêm na escolha …….................................…….. Motivação……..….............................................….……………….. Alguns fundamentos da teoria Sócio-Histórica............................. A mediação dos conhecimentos na formação dos professores... METODOLOGIA DE PESQUISA.................................................. Caracterização do estudo…………………................................... Instrumentos utilizados para a coleta dos dados.......................... População ………......................................…..……………............ Caracterização das escolas…........................................……....... Amostra……..................................................….………................. Procedimentos da pesquisa……................................................... ANÁLISE DE CONTEÚDO - RESULTADOS E DISCUSSÃO..............

Análise de conteúdo......................................................................

Resultados e discussão................................................................

Implicações na escolha do curso de pedagogia...........................

Expectativas em relação ao curso................................................

Desejo e possibilidade na escolha do curso de pedagogia..........

Representação de ser professor e do trabalho docente...............

Aspectos relacionados à valorização e desvalorização da

Carreira docente............................................................................

Contexto do trabalho docente na atualidade.................................

Síntese dos casos: Isced e Unifieo...............................................

14 20 24 27 29 33 43 46 47 53 62 69 75 78 78 79 81 82 89 93

95

95

96

116

124

130

134

141

146

148

1 1.1 1.2 1.3 2 2.1 2.2 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6

5

5.1

5.2

5.3

5.4

5.5

5.6

5.7

5.8

5.9

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CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................... REFERÊNCIAS.......................................................................................

APÊNDICES.

Apêndice A- Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa............ Apêndice B- Currículo do curso de pedagogia- Isced/Cabinda..... Apêndice C- Currículo do curso de pedagogia- Unifieo/Osasco... Apêndice D- Roteiro dos grupos de discussão.............................. Apêndice E- Questionário de pesquisa.......................................... Apêndice F- Falas dos estudantes nos grupos de discussão........

ANEXOS

Anexo A – Organograma do Sistema de Ensino (Angola).............

Anexo B – Organograma do Sistema de Ensino (Brasil)...............

151 160 170 171 174 176 177 180 190 191

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1. INTRODUÇÃO

A nossa vida é permeada de sucessivas escolhas. Segundo Vygotsky (1991),

“o que mais caracteriza o domínio da própria conduta humana é a escolha”. Entre as

várias escolhas que o homem é levado a fazer durante a sua existência, a escolha

da profissão parece ser a mais importante, pois a atividade escolhida é algo que

acompanha o mesmo por toda a vida. Em razão disso, estudos levado a cabo por

vários investigadores (angolanos e brasileiros) observam que eleger uma profissão é

sempre uma preocupação da sociedade, da família, da escola, e do próprio sujeito,

(SILVA, 1992; BOCK, 2002; SOARES; 2002 e YOBA, 2007).

Yoba et al (2007), afirma que a escolha de uma profissão constitui-se num

processo “psicopedagógico que [...] deve começar desde a tenra idade da vida de

um indivíduo através de exercícios que despertam interesse na criança e no jovem

para o exercício futuro de uma determinada profissão do seu interesse”. Ainda

segundo este autor, em função do desenvolvimento da ciência e da técnica e com o

desabrochar das ciências humanas a escolha da profissão exige um conhecimento

das próprias “atitudes, interesses e valores, as características da personalidade,

possibilidades, o estilo de vida escolhido, além das características da ocupação ou

profissão a ser desempenhada e a sua demanda social” (YOBA, et al 2007).

Soma-se a isso os esforços da sociedade no sentido de convergir as próprias

expectativas e, em particular, as expectativas daqueles que buscam a formação

docente como profissão, nossa intenção é contribuir com os estudos desta área e

aprofundar a questão dos fatores que contribuem na escolha e no exercício da

profissão docente a partir de questionários e grupo de estudos realizados com

estudantes ingressantes no curso de Pedagogia em duas instituições de ensino

superior em Angola e no Brasil.

Desse modo, o objetivo deste trabalho se pauta em verificar o que leva o

sujeito à escolha da profissão docente. Estaremos, por um lado, averiguando a

natureza dos fatores que estão na base da escolha do curso de pedagogia para a

formação superior dos indivíduos e, por outro, refletindo sobre a formação de

professores no curso de pedagogia em duas instituições de ensino superior. A

saber: ISCED e UNIFIEO.

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Em países caracterizados por grandes dimensões, expressivas diferenças

regionais e desigualdades sociais, os seus respectivos Ministérios da Educação, em

parceria com algumas Organizações não Governamentais (ONGs), vêm

desenvolvendo projetos inovadores, com resultados que tendem a mostrar

qualidade, com vista a adequar os sistemas de ensino segundo os padrões

internacionais, cujas resoluções são retiradas das múltiplas conferências sobre a

educação, as quais são realizadas, particularmente, pela UNESCO. Dentre elas

destaca-se: - Educação para todos: o compromisso de Dakar; Fórum Mundial de

Educação, (Dakar, 26-28 abril, 2000). Entre várias exigências, as discussões nos

eventos avançam em direção do comprimento das metas do milênio, na redução do

analfabetismo entre os adultos em 50% e na expansão e cuidados educacionais à

infância, bem como na garantia de educação pública e de qualidade para todos.

A concretização dos objetivos propostos presume a criação de certas

estruturas e a prestação de um ensino que se caracterize de “qualidade” como forma

de amenizar o déficit e a carência de estruturas de ensino, a redução do

analfabetismo1 e ou analfabetismo funcional2 e a defasagem em relação à qualidade

de educação prestada entre as nações e, em alguns casos, entre regiões de um

mesmo país.

A principal política utilizada entre os países aderentes a estas resoluções foi

reformar o ensino, os currículos3, ou seja, adequar o processo educativo em função

duma nova realidade. As políticas de atuação para a concretização e materialização

desses objetivos, para Angola e Brasil, vêm descritas na Lei de Diretrizes e Bases

da Educação; Lei 13/01 de 30 de dezembro de 2001 (Angola) e a Lei 9.394/96 de 20

de dezembro de 1996 (Brasil). Para além das Leis que regulam a educação nesses

países, algumas políticas podem ser observadas em determinadas resoluções

1 Entendemos por analfabetos aqueles que passado o tempo ou a idade da escolarização básica, não sabem ler e escrever. Pessoas com esta caracterização encontram-se mais presentes em Angola do que no Brasil. 2Analfabeto funcional é a denominação dada a pessoa que, mesmo com a capacidade de codificar e descodificar minimamente a língua, ela não desenvolve a habilidade de interpretação de textos e de fazer operações elementares da matemática. Esta caracterização é mais frequente no Brasil do que em Angola. 3 Reforma educativa/ensino: entendemos como sendo o conjunto de políticas, estratégias e ações adotadas com vista a operar mudanças qualitativas no sistema educativo. Currículo: entendemos como um conjunto de pressupostos de partida, das metas que se desejam alcançar e dos passos que se dá para alcançar os objetivos do ensino. Sendo igualmente um somatório de conhecimentos, habilidades, atitudes consideradas importantes pela sociedade para serem tratados na escola, ano após ano.

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criadas e adaptadas para a melhoria da educação em função das demandas

internas e regionais de cada um dos países fruto da localização geográfica dos

mesmos, (África Subsaariana para Angola e América Latina para o Brasil).

Concordamos com Piaget (2006), quando afirma que a revolução científica e

técnica e as tendências gerais à democratização da sociedade e do ensino são,

incontestavelmente, os dois principais fatores impulsionadores das reformas tanto

em Angola como no Brasil.

Estes dois elementos (revolução cientifica e técnica e as tendências gerais à

democratização da sociedade e da escola) são sem dúvidas os impulsionadores das

atuais reformas na vida socioeconômica e, particularmente, no setor da educação

pelo fato de exigirem da sociedade o repensar de suas práticas, políticas,

metodologias e técnicas de atuação pedagógicas para se atender e fazer frente à

grande demanda educativa da sociedade atual fruto dos avanços da tecnologia.

Segundo LIMA (2006),

[...] diante da aceleração e intensificação da necessidade de mudança como um fenômeno social cada vez mais frequente que assistimos quotidianamente, somos levados a acreditar que, em igual ritmo, devem mover-se a escola, suas práticas pedagógicas, e a própria formação de professores, por serem reconhecidas pela sociedade como espaços legítimos de abertura ao mundo, para a cultura, para o acadêmico intelectual, enfim, para o progresso nas suas inúmeras vertentes. (LIMA. 2006, p. 32).

Em consonância com Lima, podemos inferir que na atualidade não é possível

pensar na educação só como uma relação entre o professor e o aluno, cuja meta

seja, tão somente, a transmissão e assimilação de conteúdos. Fruto do avanço

técnico - cientifico que se observa contemporanemente, o processo educativo

extrapolou esse pensar passando a exigir mais dos professores e daqueles que têm

a missão de velar pelas políticas educacionais.

Se quisermos criar um país harmonioso com homens qualificados para

atender a sociedade, cujas necessidades a faz cada vez mais exigente, em busca

do progresso democrático é imprescindível que se estabeleçam políticas de

reestruturação e formação de formadores “voltadas à realidade socioeconômica com

um olhar para as questões emergentes do mundo”. (MORIN, 2000; LIBÂNEO, 2003;

NÓVOA, 2004). Isso, de certa forma fará com que os professores trabalhem em

função da realidade mais sempre com um olhar para o mundo fazendo, desse modo,

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com que os seus alunos reflitam as questões que lhes serão apresentadas no

decorrer da atividade educativa.

Ante esta realidade, em relação aos dois países citados, pensamos que este

problema é colocado com mais preocupação para Angola, pois, emergindo de uma

guerra4 tão longa, “torna-se necessário investir muito na educação e na formação de

quadros para restaurar a infraestrutura danificada no decorrer do tempo, de maneira

a atingir um desenvolvimento socioeconômico para as demandas da sociedade

contemporânea” (YOBA, 2009).

A reflexão sobre a função educativa do professor como agente de mudança

da realidade está intimamente ligada ao significado atribuído à função do professor

no momento da escolha desta carreira e de seu respectivo ingresso no ensino

superior. Quer em Angola como no Brasil, a Orientação Profissional se configura

como um momento privilegiado onde se abordam entre outras, questões inerentes a

escolha profissional dos indivíduos.

A temática escolha profissional tem sido foco central de estudos relacionados

ao processo de escolha de uma carreira ou profissão. A literatura angolana aponta

para um escasso número de estudos sobre a temática, em especial a cerca da

escolha profissional para a prática docente. Este tema, só vem receber considerável

atenção nos últimos tempos. Entre os estudos existentes, destacam-se, os

realizados por Zassala (1995-2003), Yoba (1998-2002-2007), Tomé (2005),

Chocolate (2006), Yoba e Chocolate (2007) entre outros, relativos à orientação

escolar e profissional, a evolução profissional de estudantes de educação geral, a

motivação para a prática docente, e a correspondência entre o exercício da

profissão e a formação dos estudantes.

4 Quase nenhum ou poucos são os países que passaram pelo que Angola passou. Quarenta anos de guerra (primeiro contra o colonialista que culminou com a conquista da independência em 1975, depois, uma guerra civil entre as duas maiores facões políticas MPLA e a UNITA), quase contínua devastaram os serviços básicos de educação e saúde, contribuíram para uma das piores taxas de mortalidade infantil do mundo, paralisaram as capacidades e a produtividade e destruíram o tecido econômico e social nacional. Quase metades das crianças Angolanas não iam à escola, 45% sofriam de subnutrição crônica e uma em quarto (4) crianças morria antes de completar cinco anos. Esta era a realidade de um povo ate o ano de 2002, ano da assinatura dos acordos de paz entre o MPLA e a UNITA pondo fim a longa guerra civil.

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No Brasil, fruto da longa experiência que ostenta na área da educação e

formação humana em relação a Angola, produto dos longos anos de Independência

(7 de setembro de 1822) se comparado a Angola (11 de novembro de 1975). Ou

seja, são 153 anos de diferença entre uma independência e outra, a temática já tem

um longo tempo de abordagem nos bastidores dos acadêmicos locais.

Desse processo de independência brasileira há a Associação Brasileira de

Orientação Profissional (ABOP), algo que ainda não existe em Angola. Desse modo,

para esse trabalho, nos voltamos, particularmente, aos estudos de: Bock, Aguiar,

Lisboa (2002), Dias; Soares; Neiva, Bock et al (2002);); Aguiar, (2006), Neiva;

(2007), pelo fato destes autores defenderem que a escolha profissional é resultado

de um processo dialético influenciado por determinantes individuais e sociais e que

as opções profissionais são entremeadas por determinantes sociais.

No contexto angolano e brasileiro, observa-se que muitos jovens quando

saem do Ensino Médio (Brasil) e ao término do II Ciclo do Ensino Geral ou ainda,

após o término do Ensino Médio (Angola) e, ingressam no Ensino Superior5 não

possuem os requisitos mínimos6 exigidos para a escolha de uma profissão. Deste

modo, muitos deles recorrem a cursos de graduação que muitas vezes em nada tem

a ver com as suas expectativas iniciais7 e, em outros casos, ingressam nestes

5 A escolha de uma profissão no Brasil é feita preferencialmente ao término do ensino médio e ingresso para a Universidade. Em Angola, o processo pode ocorrer muito mais cedo, isto é logo após o término do I Ciclo em virtude de existir o ensino médio profissionalizante como forma de adquirir mão de obra para o mercado de trabalho. 6 Tanto em Angola como no Brasil, não existe dentro do currículo de Ensino Fundamental (Jardim de Infância a Ensino Médio Brasil) e (Ensino Primário a Ensino Médio em Angola), uma disciplina especifica que retrata sobre as questões vocacionais, preparando desde já o indivíduo com os requisitos básicos de orientação e escolha profissional. Existe no Brasil um Serviço de Orientação Vocacional que funciona separado em relação às escolas e, em muitos dos casos, algumas escolas já tem a presença de um orientador que dificilmente consegue dar conta da grande demanda da população estudantil, particularmente nas escolas estatais, obrigando desse modo as pessoas a buscarem orientação em consultórios particulares. Estamos entendendo como requisitos básicos o conhecimento pelo indivíduo: de si mesmo e também do mundo das profissões. Conhecendo seus gostos, preferências, habilidades, e seus limites, fica mais fácil decidir aquilo que mais se aproxima de seu “jeito de ser”. Torna-se mais fácil elaborar um projeto de vida. 7 Fruto da existência em Angola, até o ano de 2008, de uma única Universidade Pública (Universidade Agostinho Neto, situação revertida com a criação de mais seis novas Universidades públicas no ano de 2009 e com funcionamento a partir do primeiro semestre de 2010), as vagas para o ingresso na mesma eram um tanto quanto limitadas e escassas. Contudo, apesar de no Brasil existirem várias instituições escolares do Ensino Superior, entre Federais Estaduais e particulares, nota-se porém, que a situação se prevalece igual a de Angola. Essa situação particular faz com que muitos jovens optem por cursos onde houver oportunidades de formação sem, no entanto, levar em conta os seus anseios e expectativas iniciais de formação.

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cursos para satisfazer as expectativas da família8 que idealiza um futuro melhor para

os mesmos ou ainda, como requisito da sociedade para se atingir patamares mais

elevados no âmbito das atribuições sociais.

Para Muller, isso acontece porque,

[…] a escola não ensina a escolher. Não ensina a pensar, a colocar e resolver conflitos, a refletir sobre a realidade social, cultural, histórica e profissional, a ler com critério os meios informativos, a conhecer o pessoal, a aprender o intercambio e a solidariedade grupal. Se o faz propõe estas aprendizagens de forma ocasional desarticuladas, (MULLER, 1988, p. 150).

A ausência nas escolas dos dois países de oportunidades que levam os

indivíduos durante a sua formação refletir sobre os seus interesses e motivações

profissionais futuras como base para uma escolha profissional segura pode

complicar o desenvolvimento vocacional deles, principalmente na adolescência.

Essa situação particular pode resultar em imaturidade e insegurança nos jovens e

adultos em períodos posteriores da vida profissional, muitas vezes incapacitando-os

para a formulação de projetos profissionais consistentes.

Temos a plena consciência que tais atitudes, de certa forma, seguem uma

tendência ou pelo menos uma tentativa de atender a demanda apresentada pelo

mercado de trabalho angolano e brasileiro. Do ponto de vista das escolhas

individuais e principalmente daqueles que elegem a carreira docente, das eventuais

motivações que levam a estas escolhas, as representações mais gerais sobre essas

escolhas e suas consequências, essas sim, podem e devem ser questionadas, na

medida em que entra em jogo o futuro das novas gerações de Angola e do Brasil.

Angola e Brasil, países diferentes em termos de desenvolvimento econômico

e social, já que o primeiro é considerado como país subdesenvolvido9 e o segundo,

país em desenvolvimento, ou seja, país emergente.10Ambos encaram os mesmos

8 A inexistência de um serviço de Orientação Escolar e Profissional organizado e vinculado com as escolas em Angola faz com que a família se sinta na obrigação de decidir sobre o futuro dos seus integrantes, definindo desde cedo o que cada um deverá ser e seguir para a sua formação superior. 9 Segundo as Organizações das Nações Unidas (ONU), são considerados países subdesenvolvidos aqueles que apresentam os mais baixos indicadores de desenvolvimento socioeconômico e humano entre todos os países do mundo (baixa renda, fraqueza em recursos humanos e vulnerabilidade econômica). www.onu.org.br 10 De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), os termos país em desenvolvimento ou país emergente são geralmente usados para descrever um país que possui um padrão de vida entre o baixo e médio, uma base industrial em desenvolvimento e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), variado entre o médio e elevado. www.fmi.org.br

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problemas no que se refere ao sistema educacional11. Como via de atenuar estas

situações, os dois países têm adotado uma série de mudanças com vista a superar

essas anomalias.

Estas mudanças consistem na criação de condições para o acesso e

progresso da qualidade da educação básica que vem acontecendo num contexto

marcado pela modernização econômica, pelo fortalecimento dos direitos da

cidadania e pela disseminação das tecnologias da informação, que impactam as

expectativas educacionais ao alargar o reconhecimento da importância da educação

na sociedade de conhecimento. Ainda sim, “apesar do esforço governamental,

predomina a crítica na maioria dos educadores com os rumos da política

educacional, pois os sistemas ainda apresentam enormes problemas que se

colocam como imensos desafios aos educadores e à sociedade em geral” (LEITE.

2008).

Não obstante o esforço dos dois governos na melhoria da qualidade da

educação básica para as suas populações está presente nas escolas dos dois

países a perca de valores e de princípios tais como respeito, solidariedade, lealdade,

amor ao próximo, tolerância e honra que conduzem à disciplina e ao progresso, para

assistimos a desvalorização do processo educativo e, principalmente do profissional

envolvido no processo ensino/aprendizagem. Os professores se dizem cansados

das atrocidades das quais são vítimas durante o exercício das suas funções e pelo

desrespeito da profissão docente que leva um bom número deles a problemas sérios

de saúde e, em outros casos, ao abandono da profissão a cada ano letivo por meio

do enfraquecimento ou relaxamento dos vínculos iniciais em relação à profissão

escolhida.

1.1. PROBLEMA

11 Reunindo o conjunto das características apresentadas, estamos entendendo os sistemas formais educacionais de um país como o complexo das instituições, empreendimentos e meios que se destinam a possibilitar ao indivíduo a aquisição de certas aptidões, pontos de vistas gerais, e conhecimentos básicos que constituem elementos fecundos da vida humana que lhe permita a sua construção técnica, intelectual e moral.

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A república de Angola e a república Federativa do Brasil, embora sejam

nações com níveis de desenvolvimento diferenciados, não estão isentos das

dificuldades em captar candidatos para a formação e exercício da docência, o que já

se considera uma preocupação mundial. Contudo, apesar desse clima mundial de

um rechaço silencioso ao exercício desta que é considerada a profissão mais nobre,

esses países não se devem dar por vencidos ante esta batalha de desenvolvimento

cheia de contradições.

Em função desta realidade dos dois países, as razões para este estudo

situam-se no nível dos problemas de caráter gerais observados na caracterização do

processo educativo dos mesmos e, num nível específico, os problemas enfrentados

pelos docentes e discentes durante as aulas. Compenetrado nas estruturas

educativas de Angola e Brasil, embora com níveis de desenvolvimento

diferenciados, podemos identificar as semelhanças em termos de problemas

concretos vivenciados pelas duas sociedades, cuja concomitância conduz ao

pensamento teórico de Cunha (1999) resumido em: “desvalorização do magistério,

relacionado com a questão salarial; a estrutura do ensino determinada pelo modelo

da legislação contemporânea; condições de trabalho, com espaços físicos e

materiais didáticos, que impossibilitam um ensino de qualidade”.

Por sua vez, NÒVOA (1999), por meio de um estudo sobre os professores na

virada do milênio, afirma:

As consequências da situação de mal-estar que atinge o professorado estão à vista de todos: desmotivação pessoal e elevado índice de absentismo e de abandono, insatisfação profissional traduzida numa atitude de desinvestimento e de indisposição constante (face ao Ministério, aos colegas, aos alunos etc.), recurso sistemático a discursos álibi de desculpabilização e ausência de uma reflexão crítica sobre a ação profissional, etc. Esta espécie de auto depreciação é acompanhada por um sentimento generalizado de desconfiança em relação às competências e qualidades de trabalho dos professores, alimentados por círculos intelectuais e políticos que dispõem de um importante poder simbólico nas atuais culturas de informação. (NÒVOA. 1999, p. 22).

As investigações que se têm desenvolvido em torno da motivação para o

exercício da docência em Angola e sobre a escolha do curso de pedagogia no Brasil

estão de acordo com as afirmações acima. Estudos realizados por Yoba et al (2007),

em Angola relacionados com o Exercício da Profissão Vs Formação Universitária,

em estudantes do Instituto Superior de Ciências da Educação, revelam que cerca de

60% deles não manifestam a pretensão de exercer o professorado depois de

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concluir a formação. Os estudantes alegam que aderiram para esse curso por

oportunidade de formação e que jamais pensaram em ser professores e muito

menos atuar como professor. Outros, porém, declaram a não valorização dessa

classe de profissionais como o motivo para o não exercício da atividade docente.

Por meio de um estudo relacionado à atratividade da carreira docente no

Brasil sob a ótica de alunos concluintes do ensino médio, realizado por um grupo de

pesquisadoras da Fundação Carlos Chagas sob coordenação da pesquisadora

Bernadett Gatti (2009), revela uma preocupação relativamente grave em relação à

docência. Num universo de 1501 alunos pesquisados, apenas 31 alunos, ou seja,

cerca de 2%, indicaram a futura docência como primeira opção de ingresso na

faculdade no curso de Pedagogia ou alguma outra licenciatura. Entre as razões

apresentadas pela quase totalidade dos alunos pesquisados como sendo os

principais motivos de rejeição ao curso, se destaca o pouco investimento por parte

dos órgãos de direito na educação e a não valorização social desta classe de

profissionais.

Esses fatores em comparação com as preposições de definição do status quo

verifica-se que os professores não desfrutam de uma posição social elevada, ainda

que sejam frequentes as declarações sobre a importante missão que lhes incumbe.

As alegações acima apresentadas em relação à docência tornam-se mais

evidentes e preocupantes quando analisadas pelas palavras de Corazza (2004, p.

52), assim diz:

[...] todos os que trabalham com educação podemos dizer e, inclusive, testemunhar que somos tristes, isto é, que ao educar predominam paixões, forças reativas, ressentimentos e até mesmo infelicidades. Todos podemos dizer que essa tristeza é do tipo grave, pesada, uma carga, (...) uma tristeza imensa tão duradoura, que nos leva à exaustão, ao desejo de que chova muito para irem poucos alunos à aula, que haja greve, que chegue logo o término do turno ou, melhor ainda, as abençoadas férias. Improdutiva tristeza expressa em lamentações, queixas, nostalgia: nunca, nunca, nunca... vamos encontrar a escola idealizada, o aluno sonhado, os colegas perfeitos. (Corazza, 2004, p. 52).

Esta caracterização feita por Corazza, relativa ao contexto do trabalho

educativo e em relação à atitude manifestada por certos profissionais que atuam no

processo educativo, leva-nos a refletir profundamente sobre que tipo de homens

teremos e o que se espera deles como contributo para o desenvolvimento do país.

Concordamos com Yoba et al (2007) ao afirmar que a “pessoa insatisfeita no plano

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ocupacional-profissional realiza mal a sua tarefa, rende menos e obstaculiza o

desempenho de outras pessoas que consigo labutam”.

Leite (2008), por sua vez, sustenta que essa realidade nos dá a sensação de

que o futuro está literalmente penhorado, “uma vez que não estamos sendo capazes

de cuidar do maior patrimônio que uma nação pode ter: a educação de seu povo e

dos jovens em particular”. Em outras palavras, o autor, nos remete a refletir sobre

que futuro se espera de um país onde a população esta a ser educada e formada

por pessoas sem motivação para o exercício da atividade.

Apesar de todos estes empecilhos que caracterizam o dia a dia das nossas

escolas e da atividade dos professores em particular, para a realização do trabalho

docente, o surgimento e aumento de novas áreas de trabalho com melhores

remunerações e condições de trabalho, nota-se, porém, que ainda existe um numero

considerável de indivíduos que terminado o ensino médio elege as escolas de

formação pedagógica para a sequência dos seus estudos e consequentemente para

a sua formação em um curso de nível superior para no futuro exercerem a profissão

docente como seria de esperar.

Estas constatações despertaram a curiosidade do autor desta dissertação em

busca de respostas para verificar o que considera uma dicotomia ou incoerência.

Apesar de tantas reclamações sobre o trabalho docente, desistência no exercício da

profissão e ou desvalorização da mesma, ainda sim, existe um numero considerável

de indivíduos a ingressarem nos cursos de formação de professor. Ou seja,

enquanto os que exercem a profissão querem sair, muitos dos que não se

encontram na docência e buscam um curso de graduação querem entrar para a

docência.

Esta inquietude levou-nos a buscar resposta no curso de pedagogia, pois, em

ambos os países, o mesmo é por excelência dedicada à formação de professores

para atuarem no Ensino geral.

Diante da situação dos docentes e da profissão, nos lançamos para a

seguinte problemática: por que o sujeito ainda escolhe ser professor?

Como questões norteadoras desta pesquisa destacam-se as seguintes

1- Quais são os fatores determinantes para a eleição da profissão docente?

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2- Quais são as expectativas dos estudantes em relação ao curso escolhido?

3- Qual sentido os futuros professores manifestam em relação ao trabalho do

professor?

1.2- JUSTIFICATIVA

Segundo Bohoslavsky (2007), quando o indivíduo pensa em uma profissão

ele pensa em algo que se relaciona com a realização pessoal, a felicidade, a alegria

de viver, etc. Quando o envolvimento com esse "algo" não leva a essa realização

pessoal, a tendência será, certamente, diminuir o envolvimento, diminuir os esforços

para realização das atividades inerentes à profissão escolhida.

Em razão disso, a escolha deste tema se justifica pelo fato de vivermos um

momento histórico marcado por constantes modificações da realidade social, as

quais têm produzido grandes mudanças em todas as esferas da vida produtiva dos

homens. Pretendemos demonstrar que, no século XXI, não basta apenas escolher

uma profissão ou um curso preparatório, é preciso manter-se atualizado e atento,

[...] às próprias experiências de vida para agregar valores aos seus recursos pessoais e desenvolver ao mesmo tempo, espírito critico e flexibilidade suficiente para transitar e se adaptar às mudanças sociais e de mercado que, a cada dia, estabelecem novos paradigmas”. (CAMARGO, 2006, p. 26-27).

A motivação para o desenvolvimento da pesquisa tem origem nas tantas

reclamações e críticas ouvidas no dia a dia em relação à qualidade do processo

educativo; no que diz respeito à atuação descompromissada de muitos professores;

e, nas opiniões sobre as escolas estatais não superiores tanto em Angola como no

Brasil as quais foram observadas durante nossa atuação como professor no Ensino

Geral em Angola e, durante o tempo de formação no Brasil em conversas com

professores, alunos, pais e encarregados de educação.

Na área da Psicologia e da Educação, a análise da escolha e motivação para

a prática docente, incorpora-se no campo de estudos relativo aos interesses

pessoais, socioeconômicos e, à avaliação da atratividade da carreira docente para a

sociedade.

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Toda prática educativa é expressão de determinada concepção ou teoria do

conhecimento, e está relacionada a um momento histórico, afirma Mello, (2000).

Assim, queremos deixar claro que não se trata de criticar a realidade educativa nem

mesmo de confrontar aspectos distintos de realidades distintas com a finalidade de

dizer qual é o melhor.

Buscarmos compreender o mesmo fenômeno, a partir de distintos olhares e

distintas realidades. Almejamos com isso, dar um salto no sentido de definir alguns

pressupostos que fundamentam a escolha da profissão docente em ambos os

países.

Nosso propósito é relevante na medida em que nos permitirá estudar o

assunto na sua vertente original e concreta. Essa originalidade será considerada

mediante a contextualização de propostas de discussão que acreditamos ser

fundamentais para que possamos chegar a algumas considerações e buscar

soluções possíveis em relação aos temas aqui tratados.

Nosso trabalho poderá contribuir para que os indivíduos aspirantes a esta

classe profissional tenham espaços de reflexão sobre os seus interesses e

motivações profissionais. Também poderá contribuir na avaliação e planejamento de

políticas públicas sobre a educação, no que diz respeito às premissas que

justifiquem a formação de professores; bem como na criação de ações concretas

para a valorização da área da educação como escolha profissional.

Piaget (2006) afirma que “pelo fato da psicologia e da pedagogia serem

disciplinas internacionais é impossível realizar pesquisa nessas áreas em qualquer

país, sem levar em conta o conjunto de pesquisas da mesma natureza feitas no

mundo inteiro”. Por isso, não vamos apenas nos ater às diferentes pesquisas

realizadas nesses países, como também vamos explorar e trazer à tona os

diferentes contextos de produção científica, e as razões que fundamentam a escolha

e a prática docente em ambos os países.

Ainda, segundo o mesmo autor,

[...] as influências políticas, de um pequeno país tendiam a se inspirar nos métodos e nas estruturas educativas adotadas por um grande, ninguém sonhava, e os grandes países ainda menos que os outros, com trocas de experiências ou com estudos comparativos que podiam facilitar as decisões a serem tomadas. (PIAGET. 2006, p. 120).

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Na mesma linha de pensamento, Popper (1996), nos diz que:

[...] uma discussão entre pessoas que compartilham várias opiniões tem poucas probabilidades de vir a ser proveitosa, ainda que possa ser agradável; enquanto uma discussão entre contextos bastante díspares pode ser extremamente proveitosa, ainda que, por vezes, possa ser muito difícil e, talvez, não tão agradável possamos embora aprender a apreciá-la [...], (1996, p. 57).

Na esteira destes dois últimos autores, a consideração dos aspectos

particulares de produção de conhecimentos de cada um dos contextos em análise

neste trabalho, torna-se de importante para uma possível troca de experiências e

uma discussão mais detalhada do assunto. Como podemos observar, tanto Piaget

como Popper recomendam a realização de trabalhos, explorando outros horizontes

e ou realidades.

Esta observação torna-se de extrema importância nos estudos de educação,

pois, apesar de os países apresentarem realidades diferentes no campo

socioeconômico, observa-se que os fundamentos teóricos utilizados no campo

educacional para a formação das novas gerações e nas políticas de formação de

professores são semelhantes. Desse modo, é de extrema importância a troca de

experiências e de pesquisas com o propósito de se observar as possíveis

dificuldades comuns para que possamos buscar melhorias nesses processos.

Conhecer e compreender a trajetória dos alunos do curso de formação de

professores é fundamental para que se possa verificar as razões dessa escolha,

sempre estabelecendo relações entre as escolhas e o universo político, econômico e

social nas quais essas individualidades estão inseridas. O entendimento desses

elementos permitirá estabelecer novas políticas no âmbito do processo de formação

de professores, fortalecendo aqueles elementos considerados como determinantes

para o exercício da profissão docente.

O estudo da escolha do curso de pedagogia torna-se de vital importância,

permitindo enxergar aspectos peculiares que levam a pessoa a eleger a carreira

docente, tais como: características dos alunos, oportunidades de crescimento, status

social, interesses e motivações. Conhecendo essas características é possível

interferir direta ou indiretamente no ensino, no trabalho ou até mesmo na baixa ou

na alta produtividade dos estudantes de pedagogia futuros professores. (SORIANO;

WINTERSTEIN,1998).

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A satisfação ou insatisfação no ambiente educacional pode ainda influenciar

sobremaneira, as estratégias educativas. As atitudes e as posturas assumidas frente

à escolha de ser professor influenciam os relacionamentos, o envolvimento mais

efetivo e, principalmente, o agir pedagógico dos futuros professores, no que diz

respeito à melhoria do exercício da sua profissão e do processo educativo da sua

região (LAPO; BUENO, 2003; MAURA; RODRÍGUES, 2002; SORIANO;

WINTERSTEIN, 1998).

Com a expectativa de contribuir com mais informações e reflexões sobre o

docente que vai atuar nas escolas de ensino fundamental e médio em Angola e no

Brasil, suas características socioeconômicas, seus interesses e motivações,

condições profissionais, suas percepções; que esta pesquisa se coloca à disposição

das diversas instâncias públicas que definem e viabilizam ações que têm o professor

como elo fundamental de um processo educativo.

1.3- HIPÓTESE:

Para este estudo, derivamos uma reflexão hipotética descrita em:

1- Apesar da desvalorização social da profissão no contexto atual por razões

econômicas, os indivíduos aderem à mesma por existir ainda a representação

cultural da valorização histórica da profissão;

2- Os fatores de conteúdo intrínsecos à própria atividade docente, como a

expectativa ou a percepção de vocação para a profissão docente manifestos no

gosto e sonho de vida são os que parecem ter maior influência na motivação

para a escolha desta profissão, em detrimento dos fatores de conteúdo

extrínsecos (salários).

Este trabalho busca compreender os fatores que fundamentam a escolha do

curso de pedagogia em Angola e no Brasil na formação de nível superior e na opção

da docência como profissão. O mesmo se constitui em um ensaio para que mais

pessoas possam realizar pesquisas do gênero ou mesmo de outros campos

científicos que envolvam os dois países.

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Na parte introdutória, que corresponde ao item 1(um), fazemos a

apresentação do tema, introduzimos a problemática e a justificativa deste trabalho.

Após, o trabalho segue estruturado em seis itens principais:

No item dois (2), chamado “Sistemas de ensino: olhares sobre a formação de

professores” descrevemos um pouco os sistemas de ensino e a formação de

professores em Angola e no Brasil tendo como ponto de partida as Leis de Diretrizes

e Bases da Educação de ambos os países.

“A escolha profissional” é objeto do item três (3). Neste, trabalhamos sobre a

problemática da escolha profissional e os fatores que concorrem para este processo.

Ainda neste item procuramos trazer alguns aspectos inerentes à motivação humana

e apresentamos a teoria sócio-histórica como premissa para a compreensão da

mediação no processo de formação e aprendizagem dos futuros professores.

“Metodologia de Pesquisa” é o tema do item quatro (4). Neste, fazemos uma

caracterização do estudo, falando sobre a população e amostra. Fazemos ainda a

caracterização das escolas escolhidas para desenvolvermos nossa pesquisa: o

ISCED em Angola e o UNIFIEO no Brasil. Enfim, debruçamo-nos sobre os

instrumentos da coleta de dados e os procedimentos adotados para a referida

coleta.

“Análise de conteúdo: Resultados e discussão” é o objeto do item cinco (5).

Neste item, por meio da técnica de análise de conteúdo, criamos categorias de

análise a partir do referencial teórico que subsidia a nossa pesquisa, definimos

indicadores e apresentamos os resultados. Por meio da análise foi possível fazer

algumas inferências que se constituíram nas linhas conclusivas deste estudo.

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“[...] a melhor riqueza dum país é o seu Povo. Mas o desenvolvimento

e felicidade de um Povo dependem da sua educação”.

Frei João DOMINGOS, (2003).

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2- SISTEMAS DE ENSINO: OLHARES SOBRE A FORMAÇÃO DE

PROFESSORES

O tema deste item constitui o primeiro eixo que sustentou o pensar e o

desenvolvimento da pesquisa aqui apresentada. Antes, porém, de se fazer qualquer

descrição a respeito dos fatores que concorrem para a escolha do curso de

pedagogia em Angola e no Brasil, gostaríamos de apresentar a legislação de ambos

os países que definem as políticas de atuação que norteiam as ações educativas de

cada um deles. Para o efeito, tomamos como ponto de partida as resoluções

prescritas e levadas ao conhecimento nessa área pelas Leis de Diretrizes e Bases

dos Sistemas de Educação: Lei nº. 13/01 de 31 de dezembro de 2001 (Angola) e a

Lei n.º 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996 (Brasil).

Nestas diretrizes, conforme Damis, (2002), apud Rodrigues e Sobrinho,

(2006, 101), “estão contidos os princípios norteadores” para a formação profissional

para atuar na educação básica, a coerência entre formação e pratica do futuro

professor, a definição da pesquisa como foco do processo de ensinar e aprender e a

definição de competências como concepção central na organização dos cursos de

formação de professores.

A formação de professores é um tema muito trabalhado e discutido entre os

acadêmicos ligados particularmente à área das ciências de educação. Placco e Silva

(2000), num estudo sobre formação do professor, reflexões, desafios e perspectivas,

consideram esse assunto como “antigo e, ao mesmo tempo atual”. Antigo porquê ao

longo da história da educação a questão fundamental tem sido o modo como os

professores são formados. Atual porquê, nos últimos tempos, dadas as

necessidades e requisições culturais e tecnológicas da sociedade, a formação do

professor tem-se apresentado como ponto modal das reflexões sobre a qualidade do

ensino, evasão e reprovação escolar.

Considera-se ainda atual, pelos diversos estudos que vem sendo realizados

como forma de entender o significado de alargamento do universo cultural e

científico daquele que ensina seus motivos e interesses inerentes a essa prática. O

papel do professor, competências e carreira são outros aspectos que constituem

temas efervescentes entre os debates sobre educação, tanto no que concerne aos

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aspectos políticos, como aos pedagógicos que norteiam a atividade do professor

(UNESCO/Brasil, 2004).

Nóvoa (1992) por meio do artigo “formação de professores e profissão

docente”, advoga que a década de 80 foi o período no qual as pesquisas

educacionais começaram a dirigir atenção para as práticas pedagógicas e,

particularmente, para a pessoa do professor e a formação deste na tentativa de unir

sua identidade, de forma que o docente como profissional não estivesse separado

do docente como pessoa. Para o autor, essa nova era em que se encaminhavam as

pesquisas em relação à formação de professores, vem em contraposição à

tendência anterior que reduzia "a profissão docente a um conjunto de competências

e de capacidades, realçando essencialmente a dimensão técnica da ação

pedagógica" (NÓVOA, 1992, p.15).

Em um estudo sobre o perfil dos professores brasileiros encomendado pela

UNESCO Brasil (2004), afirma-se que a questão da formação de professores ganha

importância no mundo inteiro e em particular nos países subdesenvolvidos e os em

via de desenvolvimento a partir da discussão sobre a “qualidade do ensino

ministrado nos diferentes níveis e modalidades, como desdobramento da luta em

favor da construção da cidadania e da democracia”.

Em Angola, a preocupação com este assunto é bastante nova, sendo a sua

discussão ainda incipiente entre os acadêmicos. Esta situação se observa em

decorrência da política educativa herdada do colonialismo português e dos

constrangimentos de ordem político-militar (guerra civil) e econômico-sociais

(pobreza) registrados após a independência nacional que destruíram o tecido

nacional e enfraqueceram o funcionamento das estruturas básicas.

Em função disto a questão da formação de professores toma lugar importante

a partir do momento que se impõe necessariamente a adoção de políticas

educativas integradas e sustentáveis. Estas políticas foram elaboradas com o

objetivo de contribuir para o desenvolvimento do capital humano, a redução das

desigualdades sociais e para o progresso humano, por meio da Estratégia Integrada

para a Melhoria do Sistema de Educação, Luanda (2001).

No Brasil, segundo Weber (2000), a questão da formação de professores

retoma a partir do momento em que se impõe no debate educacional a discussão a

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respeito da qualidade do ensino ministrado nos diferentes níveis escolares, como

desdobramento da luta em favor da construção da cidadania e da democracia.

A maioria dos autores que trata sobre a questão da formação de professores

associa este conceito ao “desenvolvimento pessoal e profissional”. Consideram esse

momento, como uma dimensão de reconstrução permanente da identidade pessoal

e profissional. Por meio de referenciais e parâmetros para a aquisição de

conhecimentos específicos os educadores ou futuros educadores, são levados a

refletirem acerca do saber pedagógico, como fonte de aprendizagem e

conhecimentos que consolidam e subsidiam o trabalho pedagógico para desenvolver

com eficiência e dedicação a atividade docente (Sobrinho e Carvalho, 2006; Brito,

2006; Rodrigues e Sobrinho, 2006; Feldmann, 2008).

Considerando-se os objetos propostos e as diferentes linhas teóricas que

conceitualizam esta pesquisa, a concentração delimitadora desta dissertação será a

definição na qual a formação de professores ou formação de formadores, é um

conjunto de “ações destinadas especificamente, a preparar pessoas que terão a

responsabilidade de formar profissionalmente jovens e adultos na aquisição e

desenvolvimento de conhecimentos teóricos, aptidões e qualificações práticas

necessárias para o exercício da atividade docente” (MAPESS, 2004).

Sendo considerado um conjunto de atividades ou ações, compartilhamos com

Yoba et al (2007), ao afirmar que a formação de formadores deve ser vista,

[...] como um processo, sendo que para a execução do mesmo, é necessário obedecer a etapas, métodos, técnicas e procedimentos diversos que vão desde o diagnóstico das necessidades, à concepção elaboração do plano, até ao ato de transmissão e assimilação dos conhecimentos para a criação de habilidades específicas em função dos objetivos previamente traçados pela entidade formadora e que o exercício da profissão exige, (YOBA, 2007, p. 13).

A formação de professores é uma atividade de extrema importância para as

sociedades. Observa-se que os professores têm um papel importante para o

desenvolvimento dos recursos humanos, que exige não só, investimentos em

capital, como também a disponibilidade de mão de obra flexível capaz de, em curto

espaço de tempo, adquirir novas qualificações e preparar-se para novas

oportunidades. Por meio das novas qualificações os sujeitos estarão munidos de

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ferramentas para fazer face às atuais demandas e mudanças nas estruturas

econômicas, políticas, sociais e culturais das sociedades.

Para alcançar isso, é importante que se façam grandes investimentos no

sector da educação, visto que,

Formar cidadãos e cidadãs para o exercício profissão [...], é tarefa que implica o compromisso de assegurar aos sujeitos o desenvolvimento de saberes, de competências, de habilidades e de atitudes necessárias ao exercício pleno da cidadania (LIMA, 2006, p. 36).

Distinguem-se dois momentos essências na formação de professores: A

formação inicial e a formação continuada. É importante dizer que a formação inicial

do professor é aquela que se da de modo sistemático, acadêmico e em diferentes

níveis (médio/magistérios ou Universitário/pedagogia e áreas afins das diferentes

Licenciaturas). A formação continuada é aquela que ocorre ao longo da vida

docente, na sala de aula, no cotidiano, na prática diária com os alunos, nos cursos

de aperfeiçoamento.

Diversos estudos apontam que a consideração desses dois momentos é

deveras importante como mecanismo para se pensar em políticas educacionais

comprometidas com as exigências atuais da sociedade. Segundo Nóvoa (1999), a

formação inicial é apenas um componente de uma estratégia mais ampla de

profissionalização do professor, indispensável para implementar uma política de

melhoria da educação básica em qualquer estado ou sistema de educação que

presa a melhoria. Esse processo deve necessariamente ser acompanhado de outras

atividades como meio de aperfeiçoar a atividade dos professores. A formação

continuada ou em serviço é uma forma de educação permanente altamente

recomendada, por permitir a todos os membros do corpo docente melhorar suas

competências pedagógicas.

Na obra Educação um Tesouro a Descobrir, Jacques Delors (2006, p. 126),

aponta que uma das finalidades da formação de professores, quer inicial quer

continua é “desenvolver neles as qualidades de ordem ética, intelectual e afetiva que

a sociedade espera deles de modo a poderem em seguida cultivar nos seus alunos

o mesmo leque de qualidades”.

Tendo em conta esses momentos pelos quais se configuram a formação de

professores, nesse trabalho vamos atender a primeira modalidade. As Leis de

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Diretrizes e Bases da Educação, as quais vigoram atualmente em Angola e no

Brasil, serão norteadoras dessa análise. Tal propósito se justifica, por um lado, pelo

fato de ser nesses documentos onde se espelham os processos de normalização e

regulamentação dos parâmetros curriculares nacionais destes países.

Por outro lado, estaremos proporcionando aos indivíduos uma visão dos

diferentes sistemas de ensino. Por meio destes é possível verificar as linhas mestras

que fundamentam a formação de professores considerados como mecanismo para

atender e assegurar às demandas e as necessidades da escola, as quais exigem

um professor dinâmico, criativo e com base aprofundada que contribua para a

formação integral dos educandos para que estes respondam por si, para além da

escola e os requisitos que a atual sociedade impõe aos seus cidadãos. Vamos

atender a esses documentos, mas sempre que necessário, faremos menção as

diferentes discussões que vem sendo feitas nessa área.

2.1 DIFERENTES PERPECTIVAS SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Em decorrência do desenvolvimento socioeconômico tanto Angola bem como

Brasil adotam um modelo de formação de seus professores em função da realidade

vivida nestes países. Apesar deles serem diferentes em função do desenvolvimento

socioeconômico, observa-se que os fundamentos das políticas educacionais e de

formação de professores se orientam em relação às políticas de formação de

quadros a que se propõem respondendo, desta forma, as seguintes questões: Que

futuro se quer ao povo do respectivo país? Como este futuro se constrói a partir de

ações no presente? Para ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos

Profissionais da Educação/Brasil) “ter presente estas amarras mais amplas é

fundamental para evitar que o debate sobre formação do educador se concentre

apenas em questões técnicas (...)” (ANFOPE, 2009).

2.1.1 República de Angola. Caracterização.

Angola esta situado na costa ocidental da África Austral, a sul do Equador,

estendendo-se entre 5 e 18 graus de latitude sul, na África subsaariana. É o quinto

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país de maior dimensão com uma área de cerca de 1.276.700 Km² e cuja população

é estimada em 14.602.002, habitantes em 2002. Tem fronteira a norte e nordeste

com a República Democrática do Congo, a leste com a Zâmbia e a sul com a

Namíbia, num total de 4840 km de fronteiras terrestres, sendo banhado pelo Oceano

Atlântico numa extensão costeira de cerca de 1650 quilômetros.

Administrativamente esta dividida em dezoito províncias (estados). É um país que

apresenta uma grande diversidade de recursos naturais e, possui um grande

potencial ao nível agrícola, mineral, pescatório e florestal.

É um país plurilingüístico onde o português é considerado a língua oficial e de

comunicação entre os angolanos, apesar de existirem outras línguas nacionais

como, por exemplo: Umbundu, Kimbundu, Kikongo, Fiote, Tchokwe, N'gangela,

Kwanhama e Nhaneka-Humbe. O ensino formal é feito em língua portuguesa.

Depois de um longo trajeto sob jugo colonial de Portugal alcançou a Independência

Nacional a 11 de Novembro de 1975.

2.1.1.2- Modalidades de Ensino.

A modalidade principal aplicada em Angola é o ensino presencial, porém,

outras modalidades constituem recursos indispensáveis tais como:

1- A modalidade de Educação especial é aplicável em Educação pré-escolar e

em todos os níveis de ensino, a fim de atender indivíduos com necessidades

educativas especiais, nomeadamente indivíduos portadores de deficiências

motoras, sensoriais, mentais, com transtornos de conduta ou com dificuldades

de aprendizagem (Artigos 43º e 44º).

2- A modalidade de Educação extraescolar é aplicável na Educação pré-escolar

e em todos os níveis de ensino, a fim de assegurar, no período inverso ao das

aulas, o complemento da formação escolar (Artigos 48º e 49º).

3- A modalidade de Educação à distância é aplicável aos níveis do Ensino

primário, do Ensino secundário e do Ensino superior (Artigo 31º).

4- A Investigação científica é realizada de maneira mais sistemática e acentuada

no Ensino superior (Artigo 41º).

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2.1.1.3- Formação de professores.

A Formação de Professores é uma área do Sistema de Educação que tem

merecido atenção especial das autoridades angolanas. Produto das atuais

exigências da ciência e da técnica e do compromisso assumido pelo governo

angolano em erradicar o analfabetismo. Para isto, ele pretende ofertar educação de

qualidade aos seus cidadãos considerando isto como via essencial para responder

as orientações pertinentes à prática cuja diretriz está nas Recomendações de

Conferências Regionais e Internacionais no domínio da Educação.

A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação de Angola, Lei 13/01 de 31

de dezembro de 2001), estabelece a formação de professores em dois momentos

distintos conforme os níveis (Ensino Primário, I e II Ciclos do Ensino Secundário), e

modalidades de Ensino, acima descritos. Assim, a Formação de Professores do

Ensino Primário e para o 1º Ciclo do Ensino Secundário, Educação de Adultos e

Educação Especial, realiza-se após a 9ª classe do Ensino Geral ou equivalente, nos

Institutos Normais de Educação (IMN - Instituto Médio Normal, INEF - Instituto

Normal de Educação Física e INFAC - Instituto Nacional de Formação Artística e

Cultural), com a duração de 4 anos, ou seja, 10ª, 11ª, 12ª e 13ª classes.

Na Formação de Professores para atuarem no Ensino Primário e no 1º Ciclo

do Ensino Secundário pretende-se atingir os seguintes objetivos:

- Formar professores com o perfil necessário à materialização integral dos

objetivos gerais da educação;

- Formar professores com sólidos conhecimentos científicos e uma profunda

consciência patriótica de modo a que assumam com responsabilidade a tarefa de

educar as novas gerações;

- Desenvolver ação de permanente atualização e aperfeiçoamento dos

agentes de educação.

Para a concretização destes propósitos, o currículo da formação de

professores do Ensino Primário e para o 1º ciclo do Ensino Secundário além dos

seus planos de estudo incorporam não só disciplinas que permitem a continuação

dos estudos nos níveis subsequentes, mas também outros variados conhecimentos

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práticos que facilitam o desenvolvimento com eficácia da atividade profissional do

docente.

Outra via de formação inicial e contínua de professores é o Instituto Superior

de Ciências da Educação (ISCED). Ele é responsável pela formação de

Formadores, pois dá prioridade ao atendimento das necessidades em geral das

escolas do 2º Ciclo do Ensino Secundário no que diz respeito às disciplinas não

tecnológicas ou de formação geral e das disciplinas relacionadas com os Institutos

Normais de Educação. Especialmente: pedagogia, psicologia, filosofia, matemática,

biologia, física, química, história, geografia, sociologia, português, francês e inglês.

Paralelamente, existem ainda os Centros Provinciais de Superação que

fazem diversas ações que se enquadram na formação permanente tais como:

- Agregação Pedagógica;

- Aperfeiçoamento.

2.1.1.4- Caracterização dos planos de estudo.

Na necessidade de proporcionar aos futuros docentes uma formação mais

abrangente possível, dada a complexidade e as mudanças rápidas do mundo atual,

e de uma maneira a ajudar os alunos com maiores dificuldades em dois momentos e

ou espaços diferentes12 os planos de estudo da formação de professores do Ensino

Primário e para o 1º ciclo do Ensino Secundário adotou-se a formação de docentes,

de um modo geral, para duas disciplinas com afinidades epistemológicas entre si, à

exceção das Línguas e das Educações Física e Visual e Plástica.

Os planos de estudo concebidos destinam-se à formação de professores de

Português, Inglês, Francês, Matemática/Física, Biologia/Química, História/Geografia,

Educação Visual e Plástica e Educação Física.

12 Os sujeitos que frequentam as escolas de formação de professores para o Ensino Primário e o 1º Ciclo do Ensino Secundário em Angola são formados para atender os alunos em dois momentos e espaços diferentes mediante a formação destes em duas disciplinas similares. Durante a formação o mesmo é levado a escolher duas disciplinas com afinidades entre si para a sua especialização. Por exemplo, o sujeito pode escolher Biologia/Química, Matemática/Física, Geografia/Historia. Com o conhecimento que vai adquirir sobre cada uma dessas disciplinas no final da formação, o sujeito estará em condições de atender tanto em biologia tal como em química.

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As disciplinas que compõem os referidos planos são aglutinadas em quatro

grupos: formação geral, formação específica, formação profissional e ainda um novo

grupo denominado formação facultativa. Em cada grupo as especialidades de

formação observam conhecimentos e competências a serem atingidas no decorrer

da formação como meio principal para assegurar o desenvolvimento e ou

aperfeiçoamento da habilidade de ensino.

2.1.1.5- Perfil dos professores formados e novatos.

A Formação e a melhoria da qualificação científica e técnica pedagógica dos

docentes constitui condição essencial para a obtenção de níveis elevados de

eficácia e de qualidade de Ensino, adaptando-as às mudanças socioeconômicas do

país em particular e do mundo em geral, conforme descrito por Jacques Delors em

Educação um tesouro a descobrir (2006, p 89) “A educação deve transmitir, de fato,

de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos,

adaptados à civilização cognitiva, pois são bases das competências do futuro”. Para

o cumprimento cabal destes propósitos, A perspectiva é de que no fim da formação

tanto os professores para o Ensino Primário e o 1º Ciclo do Ensino Secundário,

como os professores do 2º Ciclo do Ensino Secundário e para os Institutos Normais,

dererão alcançar o seguinte perfil:

1. A nível de saber: Conhecer e dominar as problemáticas mais

relevantes e mais complexas do mundo em que se vive. Ser diligente as rápidas

mudanças, bem como as perspectivas educacionais e os conteúdos programáticos;

2. A nível de saber-fazer: Definir os objetivos específicos com base nos

objetivos gerais, adotar métodos e meios de ensino, bem como mecanismos de

diferenciação pedagógica, desenvolver valores, atitudes, práticas que contribuam

para a formação de cidadãos conscientes e participativos;

3. A nível de ser: Distinguir-se por um elevado sentido de

responsabilidade, de idoneidade moral, cívica e deontológica e assumir uma atitude

de respeito pela importância da atividade docente na formação da personalidade

humana e no desenvolvimento socioeconômico da sociedade.

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Apesar dos esforços do governo de Angola na melhoria da qualidade do

ensino o que se passa primeiro pela formação de professores com um perfil

adequado as atuais exigências globais e mundiais observam-se, porém inúmeras

situações que se constituem em verdadeiros desafios para a concretização dos

objetivos propostos pelo governo. Como forma de minimizar esses desafios e

alcançar os objetivos preconizados pelo governo na formação de professores o

Ministério da Educação de Angola tem sido apoiado por inúmeras instituições

nacionais e internacionais, tais como: o Banco Mundial (BM), a União Europeia (UE),

o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), o Fundo das Nações Unidas para a

Infância (UNICEF), o Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), a Ajuda

de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP) e a Ação para o Desenvolvimento

Rural e Ambiente (ADRA), no intuito de reforçar a formação de professores;

principalmente para o Ensino Básico.

De acordo com Peterson, “estas experiências, dispersas até certo momento

do surgimento deste apoio, não são suficientemente aproveitadas nem estudadas no

sentido de conjugar esforços intelectuais e de criar sinergias com vista a transformar

toda essa prática numa pedagogia nacional.” (2002).

Diante desta realidade, assiste-se no país uma falta de articulação entre as

diferentes instituições destinadas a formação de professores dificultado, desse

modo, a materialização e o comprimento do programa do governo em prestar uma

educação de qualidade para todos.

2.1.2. República Federativa do Brasil. Caracterização.

A República Federativa do Brasil, oficialmente conhecido, é formada pela

união de 26 estados federados e pelo Distrito Federal. Esta localizada na America

do Sul, sendo colonizado pelos portugueses constitui o único país de expressão

portuguesa do continente americano. O país conta com 5.565 municípios e uma

população estimada em 190.732.694 habitantes, segundo dados obtidos pelo IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) relativos ao censo 2010 distribuídos

numa área de 8.514.876,599 km² o que representa 47% do território sul americano.

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Em relação aos demais países do globo dispõem do quinto maior contingente

populacional e da quinta maior área.

Faz fronteira a norte com a Venezuela, com a Guiana, com o Suriname e com

o departamento ultramarino da Guiana Francesa; ao sul com o Uruguai, ao sudoeste

com a argentina e com o Paraguai, a oeste com a Bolívia e com o Peru e, por fim a

noroeste com a Colômbia. O país é banhado ao longo de toda sua costa norte,

nordeste, sudeste e sul pelo Oceano Atlântico. A língua oficial e de comunicação

entre os brasileiros é o português.

2.1.2.1- Modalidade de Ensino.

No que se refere às modalidades de ensino que permeiam os níveis de

ensino, tem-se:

• Educação especial: oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino,

para educados portadores de necessidades especiais.

• Educação de jovens e adultos: destinada àqueles que não tiveram na idade

própria acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio.

• Educação profissional: integrada às diferentes formas de educação, ao

trabalho, à ciência e à tecnologia, tem como objetivo conduzir ao permanente

desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. É destinada ao aluno

matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como ao

trabalhador em geral, jovem ou adulto (art. 39).

Devido à existência de comunidades indígenas em algumas regiões do Brasil,

há, para elas, o oferecimento de educação escolar bilíngue e bicultural, cujos

objetivos são: «i – proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a

recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades

étnicas; a valorização de suas línguas e ciências; ii – garantir aos índios, suas

comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e

científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não índias (art.

78).

2.1.2.2- Formação de professores

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As políticas relativas à formação de professores são de responsabilidade de

todas as esferas governamentais. Contudo, vários esforços têm sido empreendidos

a fim de que sejam obtidas parcerias com instituições de ensino superior,

organizações não governamentais e agências de financiamento, de modo a tornar

possível a formação mínima exigida pela legislação educacional.

A LDB, (Lei 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996), estabelece a formação de

professores em nível superior, para atuar na educação básica. (Art. 1 do Decreto

3.276, de 06 de dezembro de 1999). A mesma deve incluir as habilitações para a

atuação multidisciplinar e em campos específicos do conhecimento. (ponto 1, Art. 3)

No âmbito das políticas nacionais, a Resolução do CNE/CP nº 1, de 18 de

fevereiro de 2002, vem vincar mais ainda esse propósito ao instituir as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em

nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.

O Artigo 2º desta resolução apresenta como orientação para o preparo do

professor, os seguintes compromissos: (I) – o ensino visando à aprendizagem do

aluno; (II) – o acolhimento e o trato da diversidade; (III) – o exercício de atividades

de enriquecimento cultural; (IV) – o aprimoramento em práticas investigativas; (V) –

a elaboração e a execução de projetos de desenvolvimento dos conteúdos

curriculares; (VI) – o uso de tecnologias da informação e da comunicação e de

metodologias, estratégias e materiais de apoio inovadores; (VII) – o desenvolvimento

de hábitos de colaboração e de trabalho em equipe.

No Artigo 6º da mesma resolução, são indicadas como competências a serem

consideradas para a construção do projeto pedagógico dos cursos de formação dos

docentes, aquelas referentes: (I) – ao comprometimento com os valores inspiradores

da sociedade democrática; (II) – à compreensão do papel social da escola; (III) – ao

domínio dos conteúdos a serem socializados, aos seus significados em diferentes

contextos e sua articulação interdisciplinar; (IV) – ao domínio do conhecimento

pedagógico; (V) – ao conhecimento de processos de investigação que possibilitem o

aperfeiçoamento da prática pedagógica; (VI) – ao gerenciamento do próprio

desenvolvimento profissional.

Assim, a organização curricular dos cursos deverá permitir ao graduado

opções que favoreçam a escolha da etapa da educação básica para a qual se

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habilitará e a complementação de estudos que viabilize sua habilitação para outra

etapa da educação básica. (ponto 2, Art. 3).

2.1.2.3- Perfil dos professores novatos e formados

Após a formação em qualquer Instituição Superior de Educação, para a

atuação na educação básica, os professores deverão desenvolver as seguintes

competências:

- Comprometimento com os valores estéticos, políticos e éticos, inspiradores

de sociedade democrática;

- Compreensão do papel social da escola;

-Domínio dos conteúdos a serem socializados e do conhecimento

pedagógico, incluindo as novas linguagens e técnicas de forma a promover a efetiva

aprendizagem da criança;

-Conhecimento do processo de investigação que possibilite o

aperfeiçoamento da prática pedagógica.

Primeiramente, apresentamos as políticas de formação de professores de

Angola e do Brasil. Fundamentalmente utilizou-se até aqui a legislação em vigor, a

qual é responsável pela regulação, pela orientação e pelos rumos da educação. A

formação e o ofício que o professor tem em seu respectivo país foram

especialmente tratados. A seguir, será feito uma investigação crítica, reflexiva e

conceituação a cerca da relação entre a legislação vigente e diferentes análises

efetuadas por acadêmicos na atualidade.

Como condição única de se criar um ambiente harmonioso na convivência

sócio-laboral, quase todas as sociedades, desde as mais antigas até as atuais,

adotaram como processo educativo a prática ensino/aprendizagem por meio da

escola como meio fundamental para transmitir as novas gerações o legado cultural,

o qual é caracterizado por conhecimentos, práticas e vivências construídas na

condição pessoal e comunitária de convivência entre os membros de uma

comunidade e que orientam suas atividades e práticas sociais.

A passagem dessas informações as novas gerações torna-se de suma

importância, pois é por meio delas, que se obtêm conhecimentos necessários para

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entender a sociedade e atuar sobre ela. Muito embora a preocupação da sociedade

na passagem do legado cultural ser uma prática muito antiga é importante salientar

que “(...) a escola, juntamente com todos os requisitos que a engendram, é na

verdade um invento recente da história da humanidade”, (Lima, 2006, p. 31).

Segundo Fusari, (1992, p. 23), o papel central da escola é transmitir e

produzir o conhecimento a partir de sua tarefa primeira que é “democratizar

sistematizadamente o saber, produzido e acumulado historicamente pela

humanidade, para a totalidade da população”. Desta forma, a sociedade fez surgir

em todo o mundo, uma nova classe de profissionais, os pedagogos Termo da Grécia

antiga “Paidós” eram os escravos que conduziam os filhos dos Senhores ao local

que se pode considerar atualmente como sendo a escola. De “paedagogium”,

passaram a ser chamados de pedagogos ou seja, pessoa responsável por ensinar e

educar.

Perrenoud (1999), ao traduzir a importância que ocupa a classe dos

professores (pedagogos) nas sociedades em processos de mudanças, destaca,

“ainda que não se configurem como intelectuais, no sentido estrito, são eles, no

mínimo, os mediadores e intérpretes ativos das culturas, dos valores e do saber em

transformação”.

Nas palavras de Perrenoud, pode se ressaltar que os professores destacam-

se dos demais profissionais pelo fato de a eles serem atribuídos a missão de

pensarem sobre a transformação da natureza, a luta pela diminuição das

desigualdades sociais e pela educação e formação da nova geração dotando-a de

conhecimentos para a vida.

Essa missão pelo qual foi atribuída a classe docente, ampliou o sentido da

escola que de um local para a preparação para a vida, passou a ser considerada, tal

como nos diz, Alarcâo, (2001, p. 18), “a própria vida, um local de vivência da

cidadania”. TARDIF e LESSARD (2001), por meio de um estudo sobre elementos

para uma teoria da docência como profissão de interações humanas vêm ampliar a

importância dada a essa classe de profissionais ao definirem a docência como,

[...] uma forma particular de trabalho sobre o humano, ou seja, uma atividade em que o trabalhador se dedica ao seu “objeto” de trabalho, que é justamente um outro ser humano, no mundo fundamental da interação humana, (TARDIF e LESSARD, 2001, p. 8).

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A interação perpetuada entre os professores e o seu “objeto” de trabalho que

são os próprios homens, torna possível segundo Vygotsky (2008) às relações entre

os homens, pois, segundo o autor, “o homem se constitui mediante as relações que

estabelece com os outros homens”.

Ao pensar a escola como a “a própria vida”, passou-se a reconhecer que os

professores exercem um papel insubstituível no processo de desenvolvimento e

aprendizagem dos indivíduos para a transformação social deles mesmos e das

sociedades em particular como premissas para melhorar a própria vida. Contudo,

Muito embora o reconhecimento que esta classe profissional detém, muitos são os

estudos que apontam hoje a desvalorização e a falta de políticas de incentivo para o

exercício da mesma levando a profissão à perda de status e prestígio.

A apreciação dos conteúdos dos dispositivos legais que norteiam a educação

em Angola e no Brasil nos possibilitou ter uma ideia sobre as políticas educacionais

desses países. Bem como nos revelou sobre a formação teórica-prática dos

professores e os interesses subjacentes às mudanças ocorridas no processo

educativo com vista a adequar essa prática as exigências teóricas e práticas da

atividade docente.

2.2.- OLHARES SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Em Angola, como pode-se observar, a LDB nº. 13/01 Identifica um subsistema

de formação de professores que entre os seus objetivos gerais destaca a

necessidade de formar docentes com perfil adequado à materialização dos objetivos

da educação, a responsabilidade para a tarefa de educar as novas gerações e ainda

a perspectiva da atualização e aperfeiçoamento permanentes dos agentes de

educação.

No Brasil, a Lei nº. 11.502, de julho de 2007, atribui à Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) a responsabilidade pela

formação de professores da educação básica é uma prioridade do MEC (Ministério

da Educação). O objetivo é assegurar a qualidade da formação dos professores que

atuarão ou que já estejam em exercício profissional nas escolas públicas, além de

integrar a educação básica e superior visando à qualidade do ensino público. A

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Política Nacional de Formação de Professores tem como objetivo expandir a oferta e

melhorar a qualidade nos cursos de formação dos docentes.

Na medida em que a educação é responsabilidade direta dos poderes

públicos e do serviço público, as políticas de formação de professores são uma

definição do Estado/Governo Central, Estrutura Central no caso de Angola, e do

Governo Federal, no caso do Brasil. Por intermédio do Ministério da Educação tanto

em Angola como no Brasil, mas, neste, há uma participação direta do Conselho

Nacional de Educação. Brasil difere de Angola pelas suas especificidades, pois, para

além do Governo Federal, algumas políticas de formação de professores são de

responsabilidade dos Governos Estaduais. Em ambos os países, a materialização

dessas políticas é feita em estabelecimentos educacionais estatais e em parceria

com o setor privado e em outros momentos com organizações não governamentais

sem fins lucrativos. Nestas instituições a relação com Angola merece destaque.

Todos esses estabelecimentos têm o Estado (Estrutura Central em Angola) e

o Governo Federal (Brasil), por meio de Instituições apropriadas, como os órgãos

mantedores e de supervisão de suas atividades, particularmente as de caráter

pedagógicos. Ao Estado e ao Governo Federal, cabe a supervisão das atividades no

âmbito pedagógico com suas exigências, obrigações e regras deontológica, mas,

também, com as suas garantias e proteções. Assim ao Estado e ao Governo Federal

cabem o papel de reitor, de orientador, de promotor, de regulador, de catalisador, de

fomento, de desenvolvimento, de fiscalizador e de o único certificador de

conhecimentos (emissão de certificados).

Podemos constatar pelos documentos legais, que a via fundamental de

formação inicial e continuada dos professores para o Ensino primário e o 1º Ciclo do

Ensino Secundário em Angola são os Institutos Médios Normais e para o 2º Ciclo do

Ensino Secundário e os Institutos Normais é o Instituto Superior de Ciências da

Educação. Já no Brasil, a via fundamental de formação inicial e continuada do

professor, são as escolas Superiores Pedagógicas, ou seja, Faculdades, Centros

Universitários e Universidades, tanto as públicas como as particulares.

Ao mesmo tempo, tanto os sistemas educativos públicos como o setor privado

onde ocorre a formação desses profissionais, se fundamentam em estratégias

definidas pelo Estado e pelo Governo Federal em função das políticas educacionais

vigentes no momento. Seja qual for o modo de gestão, pública ou privada, os

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documentos legais advogam que o profissionalismo dos docentes deve ser

alcançado por meio da articulação de disciplinas e conteúdos que permitem, por um

lado, a autonomia ou independência no trabalho de adaptação permanente do

ensino às necessidades dos alunos e, por outro, da sociedade em elevar o nível de

qualificação que fundamenta este trabalho de adaptação permanente em bases

mais científicas em relação à investigação e as exigências atuais. Significa que, a

essas instituições lhes é imposta a responsabilidade de “formar professores que

terão a missão de contribuir para a formação de cidadãos capazes de construir

alternativas e saídas para desafios que lhes são colocados no cotidiano”,

(UNESCO/Brasil, 2004).

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"Não basta gostar muito e ter vocação, como antigamente se pensava

é preciso reunir um conjunto de habilidades e capacidades

para desempenhar uma profissão”.

YOBA, (2009).

“Não existe um professor predestinado e

possuidor de capacidades pedagógicas inatas”.

PETERSON, (2002).

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3. ESCOLHA PROFISSIONAL

Neste item será apresentado como o tema escolha profissional serviu de eixo

teórico para a sustentação e desenvolvimento da pesquisa sobre o assunto aqui

apresentado. A escolha profissional é um processo para o qual procura-se encontrar

procedências das mais diversas para se justificar a tomada de decisão para a

formação e exercício de um ofício ou atividade. Influências como a família, a escola,

as relações sociais, os amigos, aquelas recebidas dos meios de comunicação e as

reflexões e sínteses pessoais que compõem o processo de escolha profissional são

os principais elementos de maior influência nesta escolha.

Tendo em conta esses requisitos, nos propomos neste capítulo a apresentar

os principais elementos que determinam este processo para uma melhor

compreensão e avaliação do que mais influenciou a escolha da profissão docente

dos estudantes do curso de pedagogia do ISCED (Cabinda-Angola) e da UNIFIEO

(Osasco, São Paulo-Brasil).

Segundo Silva (1992) e Neiva (2007), toda escolha requer renunciar algo,

envolve mudanças, perdas, medo do fracasso e da desvalorização. Para

Bohoslavsky (2007), a escolha supõe a elaboração de lutos e conflitos consigo

mesmo e com outros significativos e requer reavaliações constantes. Em razão

disso, faz-se necessário avaliar o modo e as possibilidades que se da à escolha

profissional dos indivíduos, pois a mesma serve como premissa para se avaliar a

identidade profissional e a motivação para o exercício da atividade. A escolha

profissional contribui para a formação da identidade profissional e esta, por sua vez,

complementa a identidade pessoal e contribui para a integração da personalidade.

Com a globalização e atualização ou modernização de muitos artifícios a

diversidade de profissões, as áreas de atuação crescem a cada dia. Esta nova

realidade tem aumentado os dilemas dos jovens sobre qual profissão escolher, o

que considerar na hora de tal escolha e quais profissões se ajustam com as suas

qualidades, interesses, motivações e estilo de vida. Muitos são os que durante

jovens recebem uma verdadeira sobrecarga de informações e acabam optando por

uma profissão com base muito mais nos referencias externos – como a influência

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dos familiares, amigos e outros – do que nos próprios desejos. Essa atual realidade

nos leva ao seguinte questionamento: O que seria escolha profissional?

3.1- A CONCEPÇÃO DE ESCOLHA PROFISSIONAL

Refletir sobre o problema da escolha profissional feita pelos indivíduos, os

quais estão comprometidos com as atuais exigências do novo século é no mínimo

uma atitude ousada. Em função das requisições atuais do regime capitalista, nem

sempre as escolhas do homem se justificam em relação ao presente. Para Soares

(2002, p. 41), a “possibilidade de escolha está completamente determinada pelo

capitalismo, pela condição da classe social a qual pertencemos que nos transmite

uma série de expectativas de padrões de comportamento e de consumo”. Essa

realidade tal como nos apresenta a autora, impõe aos indivíduos a aquisição de

várias habilidades para fazer em face de realidade e, de igual modo, contribui no

afastamento de muitos em diversas profissões.

O novo século está marcado por diversos problemas em suas distintas

formas. O surgimento e avanço rápido de novos ramos da ciência e da tecnologia e

as crescentes exigências do mercado de trabalho, que caracterizam esta nova era,

estão a interferir muito na maneira como as pessoas vivem, trabalham, pensam e

planejam o futuro. E é justamente o pensar que leva a escolha da profissão. Este

ritmo que está impregnado na sociedade de hoje acarreta muitas consequências

para os indivíduos em função dos requisitos e capacidades exigidas para o ingresso

no mercado de trabalho.

Pode-se definir a escolha profissional como o “estabelecimento do que fazer

de quem ser e a que lugar pertencer no mundo através do trabalho” (Bohoslavsky,

2007), ou ainda, como o ato de “escolher um estilo de vida, um modo de viver”

(Neiva, 2007). Para Aguiar et al (2009, p. 174), escolher uma profissão “é desenhar

um projeto de vida e de inserção na sociedade”.

Em função das distinções feitas pelos autores em relação à escolha

profissional, a entendemos como sendo o modo de estar e de contribuir para o

progresso da sociedade em que estamos inseridos. Uma vez que o modo de estar e

contribuir para o progresso social é determinado pela atividade do sujeito e a

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atividade do sujeito determinada pela opção de formação fica claro o quão

importante é aliar as questões de cada pessoa – tais como o conhecimento das

habilidades dela, seus interesses e suas perspectivas futuras – com as

oportunidades do meio social, bem como o mecanismo para se fazer uma escolha

adequada.

Vive-se a época de informações e conhecimentos. Ela é necessária e

mutável. Entretanto, neste contexto, a questão da escolha da profissão torna-se

cada vez mais complicada e difícil se comparada a um passado, no qual a profissão

do indivíduo era praticamente determinado após o seu nascimento. Antes do

capitalismo, os indivíduos já tinham sua profissão determinada pelos “laços de

sangue, sua ocupação vinha de berço” (BOCK, 2002); era determinada pelo “clã,

pela camada social à qual pertencia” (NEIVA, 2007). Perante esta realidade,

podemos observar que as pessoas tinham poucas possibilidades de escolhas, a

ocupação ou profissão era feita de forma “seguidista” (YOBA, 2004).

Os filhos, conforme as posições sociais da família, tinham a possibilidade de

exercer a profissão dos seus pais, avôs ou outros membros da família mais próximos

àqueles. Porém, a realidade gritante das transformações promovidas pelo mundo

contemporâneo no campo das tecnologias não permite mais posturas como estas.

Com o capitalismo, o indivíduo liberta-se dos “laços de sangue” (BOCK,

2002). O capitalismo traz consigo a ideia de que o indivíduo pode tudo, desde que

se esforce já não existe automação ou sequência para a escolha e exercício da

profissão. Não importa a origem familiar cada um pode tudo. Basta crer e lutar para

que isso aconteça.

Nesta linha de pensamento, BOCK e BOCK, (2005) por meio de um artigo

relacionado à Orientação Profissional: Uma Abordagem Sócio-Histórica, observam:

O desenvolvimento das forças produtivas capitalistas põe em relevo o indivíduo, como possuidor de livre-arbítrio, capaz de decidir que lugar ocupar na sociedade (...). O liberalismo, como produção ideológica da burguesia, expressa essa ênfase no indivíduo. Para o liberalismo, todos os homens são livres e iguais; apesar de iguais, têm interesses próprios e individuais. (BOCK e BOCK, 2005).

Por meio deste postulado, observa-se que o desenvolvimento das forças

produtivas capitalistas põe em relevo o indivíduo, como possuidor de livre-arbítrio,

capaz de decidir que lugar ocupar na sociedade. Em decorrência destes

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posicionamentos, cabe o questionamento: Pode se falar determinadamente, que o

homem é livre para escolher? Em acordo com esta questão, e levando-se em

consideração a nova realidade, vários fatores passaram a ser considerados antes de

qualquer escolha ou decisão para uma determinada profissão.

Desta situação resultou que diversos pesquisadores se empenharam em

desenvolver teorias e técnicas para ajudar as pessoas no momento da escolha

profissional. No entanto, observa Aguiar et al (2009, p. 170) “em sua maioria, os

estudos não analisam a escolha profissional como um processo sócio e

historicamente determinado”.

Dentre as várias teorias existentes, podemos observar que quase todas elas,

Muito embora constituírem de linhas teóricas diferentes, observam que o momento

da escolha profissional, se consubstancia em um importante período da vida do

indivíduo Esta observação e fundamentada, pois para alguns autores “não se trata

de uma simples escolha, trata-se, porém, de uma vida toda, de um estilo de vida, de

uma forma de ganhar o pão e contribuir para o desenvolvimento da sociedade onde

estiver envolvido” (NEIVA, 2007; BOCK e BOCK, 2005; SOARES, 2002).

Em decorrência destas observações, a consideração dos aspectos sócio-

históricos ou ainda históricos culturais de uma determinada realidade, passam a ser

assim a condição adotada para se explicar o complexo processo de escolha

profissional na abordagem sócio-histórica. Desse modo, a educação surge como um

importante recurso estratégico para esse fim em função do desenvolvimento

econômico das sociedades e dos processos de influência social no novo século.

A educação aqui passa a ser entendida não apenas como responsável pelas

suas funções tradicionais de transmissão e aquisição de novos conhecimentos, mas

como um pilar para a formação da pessoa e, principalmente, como forma de

influenciar as pessoas de maneira crítica e refletida a respeito das suas escolhas.

Deste modo, elas tornam-se conscientes das demandas locais e das próprias

características pessoais de quem está prestes a escolher uma profissão em

detrimento de outra. A escola passa a ser um local privilegiado para esse importante

papel de conscientização dos indivíduos nas suas escolhas. Em especial na escolha

da profissão.

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Por esse fato “é globalmente notória o fato dos professores,

independentemente da área curricular que lecionam exercerem uma influência

considerável na manifestação da concepção vocacional dos seus alunos”

(Imaginário 1995). Esta atitude dos professores é extremamente importante, pois

apesar da escolha profissional ser uma responsabilidade de quem escolhe isso só

será concretizada na medida em que o indivíduo tenha conhecimentos de si mesmo

e dos mais diversos campos de trabalho que só podem ser adquiridos na prática

educativa.

Essa forma de atuação que se espera dos professores, segundo Freitas

(2002), faz com que os mesmos se compõem em figuras relevantes na “formação e

preparação dos jovens para a vida ativa e para a cidadania, sendo neles, em geral,

depositadas fortes expectativas em termos do apoio e da facilitação do processo de

desenvolvimento vocacional”.

Em função a essa realidade as implicações de uma escolha profissional

passaram a ser não apenas do aluno. As consequências de uma decisão

profissional têm grande incidência social, porque “uma pessoa que exerce sua

profissão com motivação está não só se realizando como também prestando um

serviço de melhor qualidade a sociedade” (BOCK: 2002; NEIVA: 2007; SOARES:

2002). Essa realidade passou a exigir mais da escola e em particular do professor

sendo este o representante da sociedade, ou seja, do Estado.

A consideração da teoria sócio-histórica vem em oposição às demais teorias

consideradas como tradicionais pelo fato das mesmas, ao longo do tempo, se

tornarem instrumentos de manutenção do status quo e de dissimulação da realidade

ao postularem que todos os sujeitos são livres de escolher. Para Bock e Bock,

(2005),

[...] não há liberdade de escolha para todos e nem igualdade de oportunidades em nossas sociedades; não existe este indivíduo isolado que possui características pessoais naturais ou potencialidades naturais desenvolvidas pelo aproveitamento das condições que lhe foram ofertadas pela sociedade. Estas ideias de igualdade, liberdade e individualidade ocultam a desigualdade social existente em nossas sociedades e o processo de construção dos sujeitos nas condições sociais desiguais, (BOCK, 2005).

Por meio deste postulado, observa-se que a consideração de liberdade para a

escolha profissional é uma atitude que encobre as desigualdades sociais existentes

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em nossas sociedades. Não é possível falar de escolha profissional sem ter em

conta as condições sociais, econômicos, políticos e culturais que têm a ver, com o

momento histórico, com as possibilidades de escolha profissional realizada pelos

sujeitos.

Contrariamente as abordagens tradicionais, a abordagem da Psicológica

sócio-histórica para a escolha profissional não utiliza testes. Através de um processo

de reflexão grupal utilizando técnicas de dinâmica de grupo, troca de experiências,

pesquisas e visitas às instituições, pretende que o jovem elabore os conflitos que

experimenta em relação à escolha da profissão, permitindo que suas dificuldades

sejam trabalhadas”, Bock e Bock, (2005). A abordagem sócio-histórica no seu

sentido geral visa trabalhar os aspectos internos e externos envolvidos na escolha,

considerando uma sociedade em constante transformação, em que as profissões

mudam de características e surgem constantemente novas especializações.

Com a quantidade de cursos disponíveis atualmente profissões se modificam.

Além disso, há um mercado de trabalho cada vez mais exigente e diversificado. A

perspectiva sócio-histórica surge como uma alternativa fundamental que visa auxiliar

os indivíduos no processo de escolha profissional por meio do resgate da

compreensão da historicidade que constitui a subjetividade do sujeito. Para Aguiar,

et al, “o resgate da historicidade permite o desvelamento das múltiplas

determinações que envolvem o processo da escolha da profissão”, (2009, p. 172).

A consideração do jovem que escolhe, torna-se importante para o resgate da

historicidade em função da sua vivência na infância, e consequentemente, durante a

adolescência. Estas épocas ou períodos cruciais da história de vida de toda pessoa

têm consequências fundamentais para o indivíduo na vida adulta, pelo fato das

mesmas trazerem em sim, uma série de recordações, manifestações e vivências,

que impelem ou, pelo contrário, podem tornar o mesmo apático em futuras

realizações e conquistas em função do conflito que pode se manifestar “de um lado

pelos seus interesses de criança; de outro, o mundo dos adultos”, (SOARES, 2002,

p. 20).

Na infância, a criança vive o mundo em que se funda sua possibilidade de

converter-se num ser capaz de aceitar e respeitar o outro a partir da aceitação e do

respeito de si mesma. Nela, a pessoa desenvolve uma série de atividades que se

fundamentam na imitação na qual se firma com o parente mais próximo de si na

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medida em que este apresenta a ele bons exemplos. Principalmente na questão da

vivência em comunidade e na aceitação ou não dos diferentes estilos de vida das

pessoas.

Na adolescência, experimenta-se a validade do mundo de convivência na

aceitação e no respeito pelo outro a partir da aceitação e do respeito por si mesmo,

no começo de uma vida adulta social e individualmente responsável. Nesta fase o

indivíduo começa a descobrir-se. Nota-se uma autoafirmação em seus desejos sem,

contudo, ter certeza na realização das coisas, a dúvida se evidencia em quase todas

as suas atividades. A autoafirmação, e o sentido de responsabilidade começam a se

manifestar entre os adolescentes sem, contudo, eles poderem se manifestar. Isto se

deve, pelo fato de estarem condicionados pelas expectativas da família em relação

ao seu futuro.

Ainda que consideremos que as perspectivas da família têm um peso

significativo na escolha profissional do indivíduo, entendemos que o processo de

decisão, construído desde o processo de socialização primária, possui aspectos que

só podem ser desvendados por meio de um trabalho com especialistas da área de

orientação profissional.

Deste modo, os fatores que intervêm no desenvolvimento da capacidade que

o sujeito tem para decidir entre as várias escolhas, tendo em vista as exigências

sociais, e em especial as expectativas da família, podem ser ultrapassados pela

participação em um processo de orientação profissional para a escolha. Neste

processo, poderão ser trabalhadas questões com esses indivíduos a fim de

proporcionar a eles a possibilidade de conhecer as profissões, suas demandas e

exigências e assim, poder fazer uma escolha consciente.

Estamos certos de que existem diferentes qualidades de escolha. Contudo,

qualquer que seja o modo que se vai efetuar a escolha, para que seja feita de forma

consciente, precisamos passar por um processo onde poderão ser trabalhados o

“conhecimento que o sujeito tem, o conhecimento que pensa que tem, o

conhecimento que não tem, aquele que acredita que não tem, o que escolhe e o que

deixa de escolher e, é claro, apreender as condições vividas pelo sujeito”. (AGUIAR,

2006).

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Além de proporcionar aos indivíduos um processo de reflexão dos seus

interesses, desejos e motivações pelo processo de orientação profissional é

necessário avaliar todos os fatores que permeiam os contextos sociais de

convivência e de partilha da cultura entre os indivíduos. Portanto, os fatores que

intervêm no desenvolvimento da capacidade que o sujeito tem para decidir entre as

várias escolhas, tendo em vista as exigências sociais e, em especial, as mudanças

estruturais na família, devem ser investigados. A seguir apresentaremos alguns

fatores que consideramos serem determinantes para a escolha profissional.

3.2- FATORES QUE INTERFEREM NA ESCOLHA PROFISSIONAL

Trata-se de uma temática complexa, pois a escolha e o exercício da profissão

não são determinados apenas por um ou dois fatores. Na verdade essa realidade é

influenciada tanto pelo mundo circundante assim como pelo modo que a pessoa

compreende o referido mundo. Há fatores subjetivos (emocionais e pessoais) e

objetivos, que estão envolvidos na escolha e exercício da profissão.

Objetivando, essencialmente, averiguar alguns dos fatores que condicionam

ou interferem na tomada de decisão para a escolha do curso de pedagogia, foi

necessário delinear algumas diretrizes para o procedimento da coleta de

informações que deem sustentação as hipóteses principais deste estudo.

Temos clareza, a partir das inúmeras pesquisas realizadas nessa área de

conhecimento, de que há uma série de determinantes internos e externos que

interferem na escolha da profissão. Deste modo, o que buscamos avaliar tem como

premissa o fato de que o processo de decisão, que termina na eleição de um curso

superior ou profissão, só pode ocorrer na medida em que os indivíduos possam

consentir suas frustrações, aguentar as tensões, ansiedades e confusões próprias

deste momento de suas vidas.

Considerando, em proposição, que os elementos psicossociais familiares e a

experiência escolar, atrelados à incorporação de valores, poderão interferir na maior

ou menor capacidade do sujeito tomar decisões relativas à escolha da profissão é

importante para o futuro do país e da profissão “pedagogo” averiguar os fatores

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psicossociais e o aspecto valorativo incorporados durante a infância e a

adolescência, os quais estariam associados a escolha profissional.

Entendendo que a maior ou menor capacidade para tomar decisões está

intimamente relacionada ao processo de construção, pelo indivíduo, de sua própria

identidade. Naturalmente poderemos investigar apenas aspectos parciais da inter-

relação acima mencionada. Em consideração a esses aspectos e tendo em conta os

processos de mudanças sociais que caracterizam o meio no qual está inserido o

indivíduo, neste trabalho, apoiados pela descrição feita por Yoba et al (2007),

destacamos dois grupos de fatores que consideramos de maior influencia na

escolha para o exercício profissional dos indivíduos, que são: Fatores Intrínsecos

(internos) e fatores extrínsecos (externos).

3.2.1- Fatores Intrínsecos

No grupo dos fatores intrínsecos (externos) ressaltamos todos os elementos

que tornam o indivíduo, dentro da sua singularidade, apto para o exercício de uma

determinada profissão e consequentemente motivado para a formação,

aprendizagem e exercício futuro da profissão.

Para Silva (1992),

O modo como os alunos diferem em termos de aptidões, capacidades, interesses, traços de personalidade, valores, necessidades, ajustamento e motivação, é um aspecto que apresenta considerável importância na opção vocacional. (…)entre as diferenças evidenciadas pelos educandos, destaca-se a da maior ou menor facilidade com que aprendem, intrinsecamente relacionadas à sua inclinação e a potencialidade de cada um (SILVA, 1992, p. 72).

Em virtude dos aspetos apresentados pela autora, podemos considerar que

independentemente de todos estarem em uma mesma classe, em particular no

curso de pedagogia, cada aluno se apresenta com suas expectativas, interesses e

motivações. Esses elementos serão os impulsionadores da capacidade de aprender,

no empenho, na dedicação e na persecução dos objetivos para o qual foi feita a

escolha.

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Considerando este grupo de fatores como muito complexo, pois envolve

vários outros elementos, nesta pesquisa, dado nossos objetivos, evidenciamos os

seguintes aspectos: vocação, aspirações, interesses e motivações.

A seguir há uma breve definição e comentários destes aspectos.

Vocação: Historicamente o conceito vocação foi e continua a ser utilizado por

muitos pesquisadores como meio de responder a certas escolhas, tais como a

escolha profissional. Esta ideia de que as pessoas têm aptidões e tendências inatas

para certas ocupações possui relação com a escolha profissional. Por estas

tendências o conceito vocação tem sido identificado frequentemente como tendo o

sentido profissional ou algo muito próximo disto.

Aguiar, (2006) em artigo relacionado “a escolha na orientação profissional

contribuições da psicologia sócio-histórica” citando Houaiss (2001) entende a

vocação como "disposição natural e espontânea que orienta uma pessoa no sentido

de uma atividade, uma função ou profissão”.

No dicionário de psicologia, Gauquelim et al, (1990, p. 579), vocação é

definida "como um convite, uma inclinação ou como proposta à liberdade e

responsabilidade do homem à qual ele pode aderir ou não, mas não lhe compete

fabricá-la ou modificá-la. É um chamado que vem de encontro ao homem, e a ele

cabe apenas atender ou não”.

No primeiro caso, podemos observar, em função da definição de Houaiss, a

qual foi retomada por Aguiar, que o conceito vocação se remete a uma disposição

inata. Tal concepção e, como bem nos recorda Aguiar (2006) em outros momentos

do seu trabalho, “se opõe à visão da construção histórica do sujeito, colocando-o

como obra da natureza. E, mais do que isso, ao adotarmos a concepção de

vocação, anulamos do homem a condição de sujeito ativo e criamos uma ilusão que

provoca a sujeição social”.

No segundo caso, a vocação é compreendida como um chamado e não uma

disposição natural que impele ou direciona a pessoa para a realização de uma

atividade como se pensa no senso comum. A vocação natural pode ser

desconhecida ou simplesmente irrealizável. Podendo então criar perturbações

psicológicas duradouras, devida à insatisfação das aspirações profundas do sujeito.

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Não se pode chamar verdadeiramente de vocação senão a orientação que concilia

os desejos conscientes e inconscientes do sujeito, as suas aptidões, o seu potencial.

O conceito de vocação tem sido um dos mecanismos mais eficientes para

induzir muita gente a escolher certas profissões. No ensino, particularmente a opção

para o mesmo, tem sido influenciada por essa ideologia. As pessoas desejam e

escolhem essa ocupação, acreditando que o fazem por vocação sem, contudo,

avaliar as possibilidades concretas de sucesso pessoal e profissional na carreira.

Tornam-se tarefa do especialista no processo de orientação profissional

descobrir entre as aspirações expressas pelo sujeito as que estão fundamentadas e

as que não estão.

Aspirações: W. ARNOLD et al, (1994, p. 121), no dicionário de Psicologia,

define aspirações como "impulsos do homem que se enraízam na base endotimica

para a consecução de fins determinados”.

Por meio deste postulado, pode-se entender que em toda e qualquer

atividade que o indivíduo se predispõe a fazer deve-se de antemão estabelecer um

grau de exigências para o seu desempenho que vai determinar o sucesso ou

insucesso dela.

Uma ação específica só se torna sucesso ou insucesso por causa de sua

relação com um fim momentâneo, ou norma, que possa velar como medida para

essa ação considerada em termos de rendimento. O nível de aspiração aumenta no

indivíduo por meio de sucessos repetidos no mesmo desempenho, e uma

diminuição através de insucessos repetidos. Depois da solução de uma tarefa com

sucesso, em média diminui constantemente o tempo empregado para escolher a

nova tarefa. Perante um sucesso, mostra-se o encorajamento não só no aumento do

nível de aspiração, mas na rapidez da escolha e na aplicação imediata das tarefas

mais difíceis.

Com o insucesso, o tempo médio de escolha ou permanece

aproximadamente o mesmo ou decai muito. A queda da autoestima se expressa não

só na diminuição do nível de aspiração, mas numa considerável flutuação ou num

processo lento e hesitante nas futuras escolhas.

A aspiração na escolha e motivação para a prática docente consiste na

valorização do sucesso a médio e a longo prazo. Trata-se de uma disposição geral

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para aprendizagens complexas e prolongadas, que pressupõe um alto nível de

autoconfiança, é por isso que esta constitui mais uma variável motivacional

indispensável para uma boa aprendizagem dos conteúdos relacionados à profissão

escolhida.

Interesses: W. ARNOLD et al, (1994, p. 121), op cit, define interesses como a

"tendência a apresentar comportamentos orientados a certos objetos, atividades ou

experiências, tendência essa que varia de intensidade de indivíduo para indivíduo".

Yoba et al (2007, p. 28) define o interesse como “a paixão com que

enfrentamos um determinado argumento de estudo ou um determinado trabalho

proposto”. Para este autor, todo o argumento de estudo, formação e trabalho são

motivados por um grau de interesse do candidato para a realização dessa mesma

atividade. Se existe interesse o trabalho pesa menos e é mais gratificante. Nos

momentos difíceis, é preciso avivá-lo. Se faltar o interesse num determinado

trabalho então é uma desgraça.

É importante observar que os elementos aqui apresentados fazem parte de

um grupo maior de fatores. A classificação nesse grupo é derivada do fato de os

mesmos fazerem uma distinção dos aspetos próprios do indivíduo, ou seja, aqueles

que definem a singularidade e as características individuais, sem, contudo, reduzir

as escolhas dos mesmos nesses aspectos.

3.2.2- Fatores Extrínsecos

A sociedade, com os seus valores, crenças, e divisões de classes, joga um

papel extremamente importante na escolha ocupacional. Na medida em que é nela

onde o indivíduo desenvolve todas as suas atividades quotidianas, nesta

conformidade, o sujeito estabelece relações com os seus parceiros que lhe permite

obter informações, conhecimentos e experiências para a sua auto realização através

do exercício pleno da profissão. As oportunidades e o contato com os outros servem

de meio essencial para que a pessoa possa se realizar no interior da sociedade.

Valle, (2000) por meio de um estudo sobre a carreira do magistério, revela

que o destino de uma pessoa não se prende apenas nas suas características

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pessoais, como a maioria das pessoas pensa. Mais do que as características

pessoais, entram em jogo nesse processo outros elementos que podem condicionar

muito as escolhas dos indivíduos. Para o autor;

[...] ao contrário do que revela o senso comum, o destino de uma pessoa, não se prende somente às características próprias de sua personalidade – disposições, inteligência, caráter, vocação, aptidão, dons, e méritos pessoais, que podem ser cultivados de maneira diversos -, mas depende principalmente de ter nascido num determinado momento histórico e num certo ambiente sociocultural, definidos por elementos estruturais bem precisos: de ordem econômica, políticos, educacionais. Esses elementos pesam sobre as opções de cada um e acabam por prescrever o futuro no mais longo termo, orientando a escolha pessoal, e exercendo forte influência sobre o itinerário profissional, (VALLE, 2000, p. 179).

Os fatores externos relacionam-se com as influências do meio que orientam a

escolha e motivação profissional do indivíduo. Nesta conformidade e à luz do que

atrás referimos, concordamos com Silva, (1992, p. 76), que afirma:

Além dos determinantes individuais, há aqueles propiciados pelo ambiente no qual se insere o indivíduo, incluindo oportunidades do mercado de trabalho, tipo de instrução ou de treinamento necessário e barreiras econômicas e sociais. Estas variam desde a política familiar, até as limitações geográficas e financeiras que o indivíduo tem de enfrentar para conciliar a opção por determinado curso de estudo e de preparação profissional exigida com opções relacionadas à própria subsistência. Essas barreiras impedem inúmeras vezes, o prosseguimento dos estudos numa dada área, dirigindo arbitrariamente o indivíduo para certos tipos de profissões contrárias àquelas almejadas, (SILVA, 1992, p. 76).

Dentre os vários fatores externos existentes, neste trabalho, em função dos

nossos objetivos, destacamos os seguintes: A família, a educação/escola e a

condição social.

Família: Alves, (1996, p. 90) em seu livro “Educar para a Felicidade da

Família”, afirma que a família em qualquer região ou estado é “considerada como a

instituição básica e fundamental da sociedade”. Esta consideração decorre da

importância que a família desempenha para a constituição das sociedades, pois, é

nela onde o indivíduo nasce, desenvolve-se e educa-se. É, portanto, o grupo social

que fornece ao homem a vida e a educação. Através da família, o homem penetra

na sociedade e entra em contato com outros grupos sociais.

Para a realidade angolana tanto quanto para a brasileira e de acordo com a

legislação existente em ambos os países, a família configura o núcleo da sociedade.

Isto quer dizer que a família constitui o ponto de partida e de chegada de toda a

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sociedade. “Ela pode ser tomada como sendo o sustentáculo da sociedade porque

sem a procriação que se efetua no seio familiar, não podemos construir uma

sociedade." Yoba (2002).

A análise dos fatores familiares, segundo Soares (2002), se constitui de suma

importância, pois os mesmos “são o reflexo de toda a sociedade que organiza a vida

dos seus indivíduos para manter como está, com o mínimo possível de mudanças

sociais, procurando manter a dicotomia indivíduo-sociedade”. Por meio dos padrões

de vida que a sociedade impõe aos seus membros, observa-se que a orientação

educativa das famílias tende a se encaminhar para esse ritmo. Assim, o processo da

escolha profissional é orientado para aquelas profissões que o padrão social

estabelece como as mais privilegiadas em função do status que lhes é atribuída em

relação às demais.

Constata-se que fruto das alterações sociais e as mudanças sucessivas dos

próprios sistemas ou regimes políticos dos estados, a família sofre grandes

transformações. Diminuiu o número de filhos por casal, o casamento tornou-se mais

instável com um número crescente de divórcios, aumentando as famílias

monoparentais e reconstruídas, as mulheres passaram a ter uma atividade

profissional, estudam até mais tarde. Elas conseguem, com isto, a independência

econômica e, muitas vezes, a maternidade torna-se algo secundário. Tudo isto,

torna os pais mais ausentes do que presentes no lar e na participação direta no

quotidiano dos filhos, remetendo esta tarefa a terceiros.

Yoba (2010), por meio de um estudo sobre a educação social e a contribuição

das famílias em Angola, diz ser, “importante que a família contribua para o

desenvolvimento harmonioso e equilibrado de todos os seus membros, de forma que

cada um possa realizar a sua personalidade e as aptidões no interior de toda a

sociedade, em geral, e do lar, em particular”. Ainda segundo esse autor, a família é a

responsável pela educação de todos os seus membros no espírito do amor ao

trabalho, do respeito pelos valores culturais e combate as más concepções.

A influência da família ou de pessoas próximas é um fator que pode interferir

muito no momento da escolha profissional dos indivíduos. Muitos pais depositam

nos filhos expectativas e esperanças, as quais nem sempre compartilhadas e quase

sempre se cria um conflito no interior deste jovem: seguir seus sonhos ou realizar o

desejo da família. A pressão dos pais ou de pessoas próximas acaba sempre,

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conforme nos diz Soares (2002.) “em uma escolha inadequada por parte do filho,

que muitas vezes segue uma carreira onde não se realiza totalmente”. Uma das

estratégias a usar pelos pais para se evitar esse conflito, segundo Yoba (2007) é “a

entrevista com profissionais de modo a colocar o jovem em contato com a realidade

profissional”. Essa atitude pode contribuir para a eliminação dos conflitos gerados

entre as expectativas da família e o desejo do indivíduo.

A família joga um papel importante no processo da formação e,

consequentemente, na escolha profissional dos filhos. Por meio da sua atividade

educadora, devem os pais ou encarregados de educação proporcionar aos filhos

várias oportunidades que permitirão a estes obter uma visão clara sobre o mundo

das profissões e algumas das principais atividades da profissão. O contato com as

informações profissionais habilita o jovem a eliminar as profissões que não têm

interesse para ele. É importante que o jovem aprofunde os conhecimentos sobre as

profissões que melhor correspondem aos seus critérios pessoais para no futuro

fazer uma escolha autônoma.

Educação/Escola: A escola é uma instituição que transmite conhecimentos

científicos e técnicos permitindo ao indivíduo desempenhar um determinado papel

na sociedade. Depois da família ela assume a transmissão de valores, normas a

cultura científica e humanista que facilitam o indivíduo a inserir-se socialmente. Nela,

a figura do professor é tida como o elemento essencial do processo de socialização

dos alunos.

A mesma desempenha um papel importante na divulgação da nova visão do

mundo. Para tal, não precisa restringir as suas atividades no âmbito do ensino e

aprendizagem ou especificamente, nas tarefas de sala de aula, deve também,

estender o seu raio de ação criando atividades diversificadas tais como reuniões de

estudo, palestras, discussões, seminários pedagógicos, colóquios e outras

atividades que vão ao encontro com a realidade social em geral, para que os alunos

reflitam mais sobre os problemas do dia a dia de forma a encontrarem soluções. A

participação nessas atividades poderá por meio das reflexões propostas pela escola

levar os indivíduos a se identificarem com certas profissões.

As mudanças de hábitos de convivência entre as pessoas e, particularmente,

nas famílias, as quais se registram nos tempos atuais, acabaram com que a escola

assumisse tarefas e limites que antes cabia à família. Esta situação veio ampliar as

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exigências com o professorado em suas práticas cotidianas, tornando-se necessário

trabalhar a afetividade, a interação grupal e social, a orientação sexual e moral, e,

também, zelar pelo equilíbrio psicológico dos alunos, para além das suas

tradicionais atividades.

Todos esses elementos quando bem trabalhados tornam-se potenciais

requisitos para uma escolha profissional autônoma. Para tal, deve haver sempre

uma colaboração entre a escola e a família. Se cada um cumprir com as suas

obrigações a sociedade é quem ganha.

Condição social: A classe social a qual o jovem pertence, influi de forma

direta na formação dos seus valores, das suas aspirações e também no

desenvolvimento de suas habilidades.

O salário compatível ou a remuneração correspondente às funções e ao grau

de cada profissional, facilita o exercício e a formação de um cidadão. Por mais

ânimo e vontade que a pessoa tenha para a realização de uma determinada

atividade ou para o estudo, nota-se que a condição financeira que se encontra

mergulhado o indivíduo pode afetar ou contribuir para a sua formação.

Vejamos como exemplo: Um indivíduo que desde a sua infância almejou ser

um médico na especialidade de Ginecologia. Depois de concluir os seus estudos

Médios na área de enfermagem geral, vê-se dificultado em prosseguir os seus

estudos pelo fato de não haver uma instituição Superior na sua zona de origem onde

se ministra este Curso. Para continuar os seus estudos, o mesmo deverá deslocar

para fora do país ou em uma localidade distante da sua. Acontece que a sua família

não tem recursos financeiros para sustentar os seus estudos. Nesta conformidade

para não ficar parado, terá que se adaptar ao que existe na sua terra, aplicando-se a

lei da compensação.

Gostaríamos de ressaltar que nenhuns destes fatores isolados poderam ser

considerados como satisfatórios. Para escolher uma profissão é fundamental que o

indivíduo saiba: de si mesmo (fatores intrínsecos) e também do mundo das

profissões, suas demandas, oportunidades, possibilidades, oferta de mercado, e

facilidade ou possibilidades de formação por meio do estudo (fatores extrínsecos).

Conhecendo seus gostos, preferências, habilidades, e seus limites, torna-se

mais fácil definir aquilo que mais se aproxima da sua disposição de trabalho futuro e

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na elaboração de um projeto de vida. A escolha de uma profissão implica em um

planejamento em médio prazo ou ainda em longo prazo, em função dos anos de

estudo, de preparo para o exercício da profissão, que variam de acordo com a

opção.

Basicamente, considera-se que o desempenho das pessoas em suas tarefas

decorre de “impulsos, determinados por necessidades do próprio organismo, as

quais a experiência individual depois modifica, na interação do organismo com o

meio, seja quanto a condições de vida material, seja em relação ao ambiente da

natureza social” Campos, (2007, p. 86). Assim considerada, para além dos fatores

acima citados, torna-se importante avaliar, para o processo da escolha da prática

docente, a questão da motivação.

3.3- MOTIVAÇÃO

A palavra motivação vem do Latim “motivus”, relativo a movimento, coisa

móvel. Vemos que a palavra motivação, pela origem, significa movimento em busca

de novos horizontes, de novas conquistas.

A motivação constitui um aspecto fundamental da personalidade humana.

Para Serra, (1995; p. 9), a motivação “é o núcleo central da pessoa e está

constituído pelas suas necessidades e motivos." Por necessidades, entende-se “os

desejos, valores, interesses do indivíduo”. O motivo expressa condições existente no

indivíduo, ou seja, “envolve as necessidades ou desejos existentes no indivíduo e

ligados a uma intenção de atingir a um objetivo adequado que impelem o indivíduo a

agir em determinada direção”, (CAMPOS, 2007; p. 109).

A motivação tem sido alvo de muitas discussões. Segundo Campos, (2007),

no campo clínico, quando se estudam algumas doenças, na educação, voltada para

o processo de aprendizagem. Na vida religiosa, quando se tenta compreender o que

motiva alguém a ter fé numa determinada crença. E, nas organizações, buscando

obter um maior rendimento dos profissionais que formam o quadro de uma

corporação.

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Em psicologia, em virtude de existir diferentes correntes, motivação não tem

uma definição única ou de consenso. Foi definida conforme as posições teóricas das

diferentes correntes psicológicas. Assim por exemplo:

Para os Behavioristas o comportamento motivado "depende dos esforços e

das suas contingências” (OLIVEIRA; 1999 p. 106); ou ainda como "uma força que

impele à ação" (LIEURY et al, 2000, p. 64).

Os cognitivistas insistem na percepção e significado da situação para o

sujeito, nas suas expectativas, curiosidades, desse modo, as opções feitas pelas

pessoas entre as alternativas de ação, “dependem do grau relativo que têm as

forças que atuam sobre o indivíduo, o comportamento e o seu resultado dependem

tanto das escolhas conscientes do indivíduo, como dos acontecimentos do meio

sobre as quais não tem controlo e que atuam sobre ele" (OLIVEIRA; 1999; p. 107).

Os Psicanalistas acreditam que a motivação do comportamento "é, portanto

em boa medida, proveniente do Id. inconsciente e o comportamento resultam da

interação conflituosa ou não entre os três sistemas constituintes da personalidade

(Id, Ego e Super Ego)" (BRAGHIROLLI et al 2004, p. 106).

Os humanistas destacam a "liberdade, a autonomia funcional das motivações

(Alport), o desejo de auto realização" (Maslow), (OLIVEIRA, 1999; p. 107).

Como se pode observar, no olhar da psicologia, motivação é um conceito que

abarca diversas conotações ou construtos significativamente relacionados ao

movimento, a aprendizagem, ao desejo de realização, ou seja, ao desenvolvimento

individual. No contexto educativo, Pintrich (1991) citado por Sobral (2003) identificou

três categorias gerais de construtos pertinentes à motivação no contexto educativo:

(a) crenças dos indivíduos em suas capacidades para realizar uma atividade; (b)

suas razões ou propósitos para se engajarem na atividade e (c) suas reações

afetivas em relação à atividade.

Tendo em conta a diversidade de definições sobre a motivação, para esse

trabalho, apoiados em Serra (1995) e em função da linha teórica que fundamenta

este trabalho, entendemos a motivação como sendo "um conjunto de processos

psíquicos que contêm um papel ativo relativamente autônomo da personalidade e a

sua constante transformação e determinação recíproca com a atividade externa,

seus objetivos e estímulos, para satisfazer as necessidades dos homens e em

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consequência regular a direção (objetivo-meta) e a intensidade do comportamento

com atividade motivada".

Trata-se por um lado, de um fator interno que dá energia e direção ao

comportamento. O sujeito motivado inicia uma conduta instrumental, a qual o leva a

satisfação de um desejo, ajudando-o a escolher entre os que mais eficazmente

atingem o objetivo em vista, além de manter a sua atividade até a satisfação da

necessidade.

Por outro lado, a motivação não se limita apenas a fornecer a energia para

realizar certas ações, mais também as dirige para o objetivo a atingir, escolhendo os

meios, adaptados a alcançar o fim e destacando os inadaptados, tornando o sujeito

persistente, mesmo que seja preciso procurar novos meios para continuar a orientar-

se no bom sentido.

Distinguem-se duas classes da motivação, a saber: Motivação Extrínseca e

motivação Intrínseca. Na motivação extrínseca o sujeito age quase exclusivamente

em vista da recompensa, de qualquer ordem que seja. Os fatores motivadores não

são inerentes nem ao sujeito nem à tarefa, mas dependem de contingentes alheias

ao sujeito. Quando um trabalhador trabalha unicamente pelo salário, está motivado

extrinsecamente. Sobretudo se depende de outros fatores incontroláveis, como: a

pressão dos familiares, o humor ou simpatia do patrão, o ambiente de amigos, etc.

Na motivação intrínseca, o sujeito move-se primordialmente pelo próprio

gosto, de tal maneira que o trabalhador pode, por exemplo, fazer além do esperado

mesmo tendo prejuízo, pois ele não espera recompensas exteriores, porque se

sente compensado pelo próprio fato de realizar o que gosta.

Os fatores motivacionais são inerentes à interação sujeito-tarefa e a ação

justifica-se por si mesma. Trata-se de fatores controláveis pelo sujeito. Todavia, é

difícil encontrar uma motivação intrínseca pura, podendo misturar motivações menos

claras como ocorre no amor de mãe.

3.3.1- A motivação no contexto organizacional

A questão da motivação do ser humano compõe um aspecto do

conhecimento da Psicologia organizacional, cujo ponto fundamental concentra-se no

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esforço de compreender a natureza dos fatores que “orientam as atividades, o

comportamento e o desempenho profissional dos homens em suas atividades

cotidianas” (FERREIRA: 2001; BRAGHIROLLI: 2004; SPECTOR: 2006; CAMPOS:

2007). Tal como se observa muitos pesquisadores têm estado a levar estudos sobre

esta área da psicologia. Tal ânimo, conforme mostra a linha de pesquisa da

Psicologia Social e da Psicologia do Trabalho, tem culminado na elaboração de

várias teorias que procuram, a partir de diferentes metodologias e pontos de vistas,

determinar as condições de produção da representação do mundo e de suas

vinculações com as visões de mundo e de homem dominante em cada momento

histórico da sociedade.

O estudo da motivação ganha ainda maior impulso na analise sob ponto de

vista organizacional, no trabalho, quando a mesma recebe interesse considerável

devido, a crença que ela esta diretamente relacionada com a produtividade

individual e organizacional.

A afinidade da motivação com o comportamento e com o desempenho é

colocada espontaneamente tanto pelos cientistas como pelas pessoas laicas. O

comportamento motivado é percebido como sendo provocado e guiado por metas da

pessoa que realiza um esforço para atingir determinado objetivo. A maioria dos

autores considera a motivação humana como um processo psicológico

estreitamente relacionado com o impulso ou com a tendência a alcançar, com

perseverança, determinados comportamentos.

3.3.2- Motivação para o trabalho

Sabemos que se as pessoas envolvidas numa tarefa estiverem

suficientemente motivadas, elas conseguirão superar quaisquer tipos de

dificuldades.

Deste modo, para Ferreira et al (2001) as,

Características individuais, aptidões intelectuais, valores e motivação têm sido elementos consideráveis como importantes do ponto de vista de compreensão do funcionamento das pessoas no contexto de trabalho e da sua produtividade organizacional, (FERREIRA, 2001; p. 255).

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A psicologia organizacional há muito descobriu a importância da motivação

para o bom cumprimento das atividades na atmosfera de trabalho.

Independentemente, do grau ou cargo dentro da organização, o trabalho só

apresenta qualidade e é produtivo se o seu produtor estiver motivado pelo desejo de

trabalhar; o gestor só alcança bons frutos com sua equipe se o elemento humano

sob sua responsabilidade estiver motivado para provocar bons resultados. Isto

acontece porque "a motivação e a satisfação no trabalho possuem componentes

cognitivos, comportamentais e aditivos, mas o que predomina na motivação é o seu

componente comportamental” (Ferreira, 2001, p. 356).

O ditado ”uma empresa é feita pelas suas pessoas” expressa a mais pura

realidade, embora muitos dirigentes ainda não acreditem. Se o trabalho for

organizado e sistematizado dentro das mais rigorosas técnicas de desenvolvimento

de produtos, alta tecnologia e garantia da qualidade associada, será que vai ser

realizado como previsto? Não necessariamente, muitas vezes o trabalho não ocorre

como seria desejável, ainda que muito bem organizado e planificado.

Eichorn et al (1981) citado por DAVIDOFF (2001, p.473) afirma “em qualquer

situação de trabalho, as pessoas trazem consigo o próprio e exclusivo padrão de

habilidades, necessidades, valores e objetivos. Qualquer pessoa que esteja em uma

situação de descompasso tende a se sentir infeliz e contrariada".

A satisfação no trabalho está correlacionada com o grau em que o trabalho

reflete os nossos interesses pessoais e permite o uso de aptidões na sua execução.

Essa situação se observa pelo fato dos fatores que a levam a caminhar numa

determinada direção ser intrínsecos ou extrínsecos tais como citado anteriormente.

Quando são intrínsecos, há motivação; quando são extrínsecos, há apenas

movimento ou apenas satisfação, segundo Herzberg (1968), citado por Silva (1995,

p. 36).

Para se avaliar a motivação e os interesses profissionais subjacentes a

escolha do curso de pedagogia presentes a curto, médio e longo prazo nos

indivíduos no contexto do trabalho docente, assumimos os indicadores de motivação

profissional elaborados por Viviana González Maura, (1989) retomados por Yoba,

(1998, p. 60-63). Nesses indicadores concebidos em categorias, os autores

identificam elementos de comportamento humano expressos pelos sujeitos

relacionados à motivação no contexto da formação e trabalho docente. As

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categorias são: (a) indicadores de conteúdo, (b) indicadores de desempenho, (c)

indicadores que expressam a existência de intenções profissionais, (d) indicadores

que refletem a existência de interesses cognitivos ao estudo da profissão, (e)

indicadores que refletem a inexistência de interesses profissionais. Cada uma

dessas categorias se desdobra em subcategorias.

Em função dos objetivos traçados para esse trabalho que se resumem na

avaliação das razões da escolha do curso de pedagogia pelos estudantes do ISCED

e do UNIFIEO vamos considerar apenas os indicadores de conteúdo; os que

expressam a existência de intenções profissionais; os que refletem a existência de

interesses cognitivos ao estudo da profissão e os que refletem a inexistência de

interesses profissionais. Atemo-nos a esses indicadores por acreditarmos que os

mesmos dão conta de satisfazer os objetivos desta pesquisa.

1- Indicadores de conteúdo.

a)- Motivação orientada a conteúdos essenciais da profissão: O sujeito aborda

os assuntos referentes à profissão, por seus atributos essenciais expressa objetivos

de carreira como interesse intrínseco em uma compreensão mais profunda da

profissão, o interesse no desenvolvimento de competências profissionais.

b)- Motivação orientada a conteúdos não essenciais para a profissão:

Apresenta o assunto da profissão, por seus atributos não essenciais expressos em

objetivos extrínsecos de carreira, tais como: obter um diploma universitário, o desejo

de agradar os pais, alcançar a independência econômica.

2- Indicadores que refletem a existência da intenção profissional (nível

superior).

Orientação para a essência da profissão;

Satisfação na escolha da profissão;

Perspectiva motivacional mediata;

Desempenho volitivo em relação à escolha e estudo da profissão;

Posição ativa em busca de informação profissional;

Desenvolvimento de decisões profissional, pessoal.

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3- Indicadores que refletem a existência de interesse cognitivo ao estudo da

profissão (nível médio).

Orientação para o conteúdo essencial da profissão;

Satisfação ou contradição na escolha da profissão;

Perspectiva motivacional imediata;

Desempenho volitivo;

Posição reativa;

Elaboração de julgamentos profissionais com ajuda de outras pessoas.

4- Indicadores capazes de refletir a falta de interesse profissional (nível

inferior)

Orientação conteúdo não essencial da profissão;

Insatisfação ou contradição com a escolha da profissão.

5- Outros indicadores relevantes

Indecisão sobre a escolha da profissão;

Elegeu a profissão do pai, mãe ou outro familiar;

Beneficiou-se ou não de orientação profissional;

Manifesta clareza ou incerteza na escolha da profissão.

Segundo Campos (2007), a motivação que uma pessoa apresenta para a

realização de uma atividade não é a mesma entre a infância e a fase adulta.

À medida que o indivíduo cresce, muda o caráter da motivação e os impulsos primitivos da criança são suplantados por outras características mais complexas, representadas por termos tais como: interesses, sentimento, valor, traço, ambição, atitude, gosto e inclinação, (Campos, 2007; p. 91).

As alegações apresentadas por Campos podem ser observadas em virtude

de que quando crianças ou jovens nossa autoconfiança, motivação e pretensão de

exercício profissional futuro são alimentadas ou destruídas pelos adultos, conforme

tenhamos sido respeitados, amados, valorizados, encorajados em nossas escolhas

e a confiar em nós mesmos. Contudo, nesta fase da vida, as nossas escolhas e

decisões são muito importantes para o desenvolvimento futuro de nossa autoestima

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e da nossa personalidade profissionalizante enquanto adulto. Considera-se

importante que o indivíduo tenha uma disposição que aliada à motivação e as

condições de oferta em relação à formação superior da região onde estiver inserido

– fruto do status socioeconômico -, a qual o impulsiona a eleger e a exercer uma

profissão de acordo com os seus anseios e expectativas de vida.

No processo da formação dos sujeitos para o exercício da docência, a baixa

ou alta motivação apresentada pelos indivíduos pode ser compreendida e trabalha

para proporcionar melhores resultados durante o desempenho profissional destes

mediante o processo de mediação de conhecimentos proposto por Vygotsky e

colaboradores por meio da teoria sócio-histórica. Pela mediação é possível trabalhar

com os indivíduos, o desejo e a motivação que se tem em relação à formação e

exercício da atividade. Trabalhando isso nos processos de formação destes, tem-se

base para que os mesmos possam se valer desse elemento durante o exercício

profissional.

Falar das mediações pela teoria sócio-histórico de Vygotsky implica

apresentar a noção do homem como mecanismo para a compreensão das

mediações propostas por Vygotsky. Desse modo, antes de nos atermos às

mediações vamos discorrer sobre alguns fundamentos da teoria sócio-histórica onde

estaremos apresentando a nossa visão de homem que fundamenta esse estudo.

3.4 – ALGUNS FUNDAMENTOS DA TEORIA SÓCIO-HISTÓRICA.

De modo a avaliar os fatores orientados para a escolha, formação e exercício

da profissão docente atemo-nos sobre alguns fundamentos da teoria sócio-histórica.

Esta concepção teórica permite o estudo científico do homem, concebido num

processo único, lógico, e, por conseguinte, possibilita considerar a análise deste

mesmo homem como um ser social historicamente condicionado, um produto do

desenvolvimento da cultura que ele cria para a transformação da realidade social.

Assim, e corroborando com Aguiar (2006), estamos a;

Entender o sujeito como aquele que é ao mesmo tempo único e singular, mais também social e histórico, como aquele que transforma o social em psicológico, como aquele que vive a unidade contraditória do simbólico e do

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emocional e como aquele que produz sentidos subjetivos. Por isso, com certeza ele certamente escolhe. (AGUIAR, 2006, p. 12).

No entanto, como bem nos recorda a autora acima citada, ao referirmos que o

homem escolhe, “não estamos nos pautando nas concepções liberais, que

destacam o aspecto da liberdade humana, da autonomia, sempre calcadas no

individualismo, valorizando o indeterminismo” (AGUIAR, 2006). Para este estudo,

estamos entendendo o homem como à unidade simbólica entre o individual e o

social. Desse modo, o mesmo não pode ser diluído apenas no individual e, tão

pouco só no social.

Falamos assim da unidade simbólica entre o individual e o social como forma

de apresentarmos uma visão dialética da constituição do humano extrapolando com

as visões puramente subjetivistas ou objetivistas. Em meio a essa visão estamos

considerando as mediações sociais e históricas como constitutivas.

Como lembra Bock:

As condições biológicas hereditárias do homem são a sustentação de um desenvolvimento sócio-histórico que lhe imprimirá possibilidades, habilidades, aptidões, valores e tendências historicamente conquistadas pela humanidade e que se encontram condensados nas formas culturais desenvolvidas pelos homens em sociedade. (2001, p. 28).

O caminho para o entendimento da gênese da escolha da profissão docente

gravitara, como já referenciamos, pela interpretação e adaptação ao materialismo

histórico na perspectiva sócio-histórica, desenvolvida por Vygotsky, Leontiev e

colaboradores, na União Soviética no início do século XX. Assumimos está

concepção teórica em particular pelo fato de acreditarmos que a filosofia marxista na

vertente sócio-histórica nos fornece uma concepção filosófica, científica, teórica e

metodológica, que nos auxília na busca e na compreensão dos fatores que

envolvem o complexo processo de escolha e exercício da carreira.

Os estudos de Vygotsky introduzem uma nova perspectiva para as pesquisas

sobre os processos de desenvolvimento e aprendizado, procurando relacioná-los ao

contexto social e histórico em que as pessoas nascem e vivem. Essa ideia deixa de

lado o conceito, anteriormente cultivado, que cada pessoa já nasce com uma

profissão predestinada alimentando assim a visão assumida por alguns círculos

acadêmicos de que a pessoa já nasce professor, nesse caso particular.

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A teoria de Vygotsky oferece subsídios valiosos para a compreensão do

homem enquanto um processo social e um fenômeno histórico. Contrapondo-se ao

pensamento inatista e empirista, vigorante no momento de suas pesquisas, sua

teoria (sócio-histórica), parte da ideia que o homem deve ser entendido como um

“ser integral”, ou seja, “um ser biológico e social”.

Para uma melhor estruturação e compreensão da teoria sócio-histórica

Azevedo (2003), em seu estudo sobre “as emoções no processo de alfabetização”,

ao estudar Vygotsky nos seus amplos escritos, apresenta três ideias, as quais

considera possíveis “pilares” básicos de Vygotsky e seus seguidores:

Nesse novo enfoque à Psicologia, ficam explícitas em três ideias centrais que podemos considerar como ”pilares” básicos do pensamento de Vygotsky: as funções psicológicas têm um suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral; o funcionamento da psicologia fundamenta-se nas relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior, as quais se desenvolvem num processo histórico; e a relação homem-mundo é mediada por sistemas simbólicos. (AZEVEDO, 2003, p. 47-48).

Partindo desta linha de pensamento a qual também apoiamos, Vygotsky e

seus seguidores edificaram a sua teoria à luz da psicologia sócio-histórica, cujos

fundamentos teóricos estão assentados no materialismo histórico dialético, tendo

como base o desenvolvimento do indivíduo como decorrência de um processo sócio-

histórico. Leontiev (2003) discípulo de Vygotsky, em seu livro “A formação e

desenvolvimento do psíquico humano”, afirma que a teoria de Vygotsky “introduziu

na investigação psicológica concreta a ideia da historicidade da natureza do

psiquismo humano e a da organização dos mecanismos naturais dos processos no

decurso da evolução sócio-histórica e ontogênica”. Essa nova visão, em relação à

natureza psicológica do homem, veio contribuir para a consideração de outros

fatores que até então não eram levados em consideração na investigação

psicológica deste homem no caso concreto da consideração deste com seu tempo

social e biológico.

Em seu sentido geral, a psicologia sócio-histórica traz na sua linha de

pesquisa a concepção de que o homem se constitui como ser pelas relações que

estabelece com os outros. Por esta razão o ser é considerado como “sócio-

histórico”.

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Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação mediada

nas várias relações do sujeito com o meio. Pela teoria, o homem, enquanto sujeito

de conhecimento, não tem acesso direto aos objetos, mas sim o acesso é feito de

forma mediada pelos sistemas simbólicos de que se dispõe e expressos pela

linguagem.

O conhecimento não está sendo visto como uma ação do sujeito a respeito da

realidade, mas sim pela mediação feita por outros sujeitos ou membros da realidade.

O outro social pode manifestar-se por meio de objetos, do ambiente, do mundo

cultural que rodeia o indivíduo, tal como defende Vygotsky (apud Azevedo, 2003, p.

49) “a relação do homem com o mundo não é uma relação direta, mais uma relação

mediada, sendo os sistemas simbólicos os elementos intermediários entre o sujeito

e o mundo”.

As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos

remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no processo

de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de internalização e ao

papel da escola na difusão de conhecimento. Para Leontiev (1999), citado por Asbhr

(2005),

[...] tanto as atividades externas quanto as internas apresentam a mesma estrutura geral. A atividade interna é constituída a partir da atividade prática sensorial externa, ou seja, a forma primária fundamental da atividade é a forma externa, sensório-prática, não apenas individual, mas fundamentalmente social. A transformação da atividade externa em interna acontece por meio do processo de internalização, (ASBHR, 2005, p. 0-0).

O processo da internalização nesse caso concreto envolve uma atividade

externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna, ou seja, é

interpessoal e se torna intrapessoal. A cultura fornece ao indivíduo os sistemas

simbólicos de representação da realidade. Por esta concepção, entende-se que as

funções psicológicas superiores (linguagem, pensamento) são construídas ao longo

da história social do homem, em sua relação com o mundo.

Quando se refere às funções psicológicas superiores Vygotsky trata dos

processos voluntários, mecanismos intencionais e ações conscientes que dependem

de processos de aprendizagem, ou seja, o universo de significações que permite

construir a interpretação do mundo real. Afirma dizendo “desde o nascimento somos

socialmente dependentes dos outros e entramos em um processo histórico que, de

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um lado, nos oferece os dados sobre o mundo e visões sobre ele e, de outro lado,

permite a construção de uma visão pessoal sobre este mesmo mundo”,

(VYGOTSKY, 2008).

Na sua teoria, aponta dois níveis de desenvolvimento: um real, já adquirido ou

formado, que determina o que o indivíduo é capaz de fazer por si própria, e um

potencial, ou seja, a capacidade de aprender com outra pessoa.

A partir da existência desses dois níveis de desenvolvimento, Vygotsky define

a zona de desenvolvimento proximal (ZDP) como “a distância entre o nível de

desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente

de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da

solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com

companheiros mais capazes” (VYGOTSKY, 1988). Ou seja, a aprendizagem

interage com o desenvolvimento, produzindo abertura nas zonas de

desenvolvimento proximal nas quais as interações sociais são centrais, estando

então, ambos os processos, aprendizagem e desenvolvimento, inter-relacionados.

Em observância do exposto, Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do

professor como impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. Isto

porque para ele todo aprendizado é necessariamente mediado. A mediação

proposta pelo professor na sala de aula em relação à matéria e à aprendizagem dos

seus alunos, favorece a incidência no nível de desenvolvimento potencial dos

mesmos, tornando assim o papel do ensino e do professor mais ativo.

No livro Exercício da Profissão versus Formação Universitária Yoba et al

(2007), explorando a teoria sócio-histórica de Vygotsky e seus colaboradores,

afirma:

(...) a zona de desenvolvimento próximo tem um valor incomensurável para a dinâmica da instrução e da educação, isto significa que o ensino deve incidir sobre essa zona de desenvolvimento, pelo que as atividades pedagógicas devem ser organizadas, com a finalidade de conduzir o aluno à apropriação dos conceitos científicos fundamentais elaborados pela humanidade torná-los em instrumentos de desenvolvimento. (2007, p. 37).

Nesse caso o desenvolvimento será produzido pelo processo de

internalização da interação social com os materiais fornecidos pela cultura, sendo

que o processo se constrói de fora para dentro. Para Vygotsky, a atividade do sujeito

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refere-se ao domínio dos instrumentos de mediação, inclusive sua transformação

por uma atividade mental.

Segundo Vygotsky e seus colaboradores, o domínio dos instrumentos de

mediação e a sua transformação em atividade mental são possíveis na medida em

que os sujeitos não só são considerados como ativos, mas também como sendo

interativos. Esta consideração é justificada pelo fato dos mesmos serem capazes de

construir conhecimentos a partir de relações intrapessoais e interpessoais que são

estabelecidas entre os mesmos.

É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando

conhecimentos, papéis e funções sociais. Tal troca permite a formação de

conhecimentos e da própria consciência. Trata-se, pois de um processo que

peregrina do plano social - relações interpessoais - para o plano individual interno -

relações intrapessoais.

Neste sentido, e como nos diz Molon (2000), o sujeito não é um mero signo,

ele exige o reconhecimento do outro para se constituir enquanto sujeito em um

processo de relação dialética. Ele é um ser significante, é um ser que tem o que

dizer, fazer, pensar, sentir. Ademais, tem consciência do que está acontecendo e

reflete todos os eventos da vida humana. É um sujeito constituído e constituinte nas

e pelas relações sociais e é o sujeito que se relaciona na e pela linguagem.

Os aspetos acima apresentados pela autora levam-nos a compreensão do

sujeito como sendo uma unidade múltipla, que se realiza na relação “Eu-Outro”,

sendo constituído e constituinte do processo sócio-histórico onde a subjetividade é a

interface desse processo. A subjetividade manifesta-se, revela-se, converte-se,

materializa-se e objetiva-se no sujeito. Ela é processo que não se cristaliza, não se

torna condição nem estado estático e nem existe como algo em si, abstrato e

imutável. É permanentemente constituinte e constituída. Está na interface do

psicológico e das relações sociais, Molon (2000).

No centro do interesse dessa perspectiva está a formulação do sentido e do

significado. Quando relacionada ao tema da escolha e motivação profissional, busca

estudar aspectos da edificação de significados na relação entre o sujeito que

escolhe seus interesses, inclinações, possibilidades, oportunidades e,

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posteriormente, sua motivação para o exercício profissional, considerando sempre o

contexto histórico e social onde estiver inserido o indivíduo.

Cada um de nós é continuamente obra da relação dialética entre duas linhas

de desenvolvimento: a da história da espécie (filogênese) e da história do indivíduo

(ontogênese) Vygotsky (2008). Estas linhas nos localizam no desenvolvimento

histórico-cultural da humanidade e, a todo tempo, permitem as modificações que

ocorrem, dialeticamente, ou seja, (tese-antítese-síntese), pela oposição entre o Eu e

o Outro e entre os processos pessoais e sociais, influenciando desse modo as

nossas escolhas e significados aos fenômenos e fatos da vida social. Assim, por

meio da mediação é possível identificar estas linhas de desenvolvimento do

indivíduo e, por meio delas criar atividades que vão de encontro com as tendências

profissionais dos indivíduos.

3.5- A MEDIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS NA FORMAÇÃO DE

PROFESSORES

O conceito de mediação do conhecimento, proposto por Vygotsky na sua

teoria é fundamental para a compreensão da atividade pedagógica na ação

educativa, pois é através da mediação dos outros indivíduos do grupo social com o

indivíduo que se forma o mundo cultural e por meio dela que se pode “interceder”

entre o mundo subjetivo e o mundo social.

De acordo com, Asbhr, (2005),

(...) o professor é, portanto, o mediador entre o conhecimento e o aluno, entre os produtos culturais humano-genéricos e seres humanos em desenvolvimento. Tanto Vygotsky (1988) quanto Leontiev (1978) enfatizam o caráter mediador do trabalho do professor (adulto responsável ou criança mais experiente) no processo de apropriação dos produtos culturais.

A mediação desempenhada pelo professor entre o aluno e a cultura

proporciona abertura nas zonas de aprendizagem deste, ou seja, o ensino deve

promover a transformação e criar nos alunos as condições e premissas de um

desenvolvimento favorável. Neste processo o professor tem um papel relevante

como mediador e agente de socialização entre o aluno (sujeito) e o conhecimento

(conteúdo), cabendo a ele a responsabilidade de incidir sobre a zona de

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desenvolvimento próximo dos seus alunos, conduzindo a prática pedagógica no

sentido de garantir uma aprendizagem eficaz e criativa. Para Asbhr (2005), citando

Vygotsky (1988), afirma:

Ao possibilitar acesso às objetivações das esferas não cotidianas, a prática pedagógica estará contribuindo para a apropriação de sistemas de referência que permitem ampliar as oportunidades de o aluno objetivar-se em níveis superiores, não só satisfazendo necessidades já identificadas e postas pelo desenvolvimento efetivo, como produzindo novas necessidades de outro tipo e considerando o desenvolvimento potencial, ou seja, as ações pedagógicas que estimulam e dirigem o processo de desenvolvimento da criança. (ASBHR, 2005).

Pela teoria sócio-histórica, entende-se que o aluno, da mesma forma que

aprende e recebe os conhecimentos, desenvolve valores, sentimentos, crenças,

hábitos e competências profissionais, incentivando assim o desenvolvimento

cognitivo e o seu interesse em diferentes disciplinas ou conteúdos. Este interesse

deve ser acompanhado pelo reforço por parte do professor de assuntos que estejam

ligados à realidade sócio-histórica e cultural, do contexto onde estiver a efetuar a

aprendizagem. Para tal, as ações educativas do professor e da escola devem

trabalhar no sentido que todos os cidadãos tenham acesso e permanência dentro do

processo escolar.

Por meio de certas objeções sociais – Asbahr (2005) e Silvestre (2009) –

observa-se que a atividade do professor muitas vezes tem sido caracterizada como

sendo “alienada ou mesmo descaracterizada em relação ao sentido atribuído e a

finalidade social da mesma”. Essa situação particular, segundo as autoras, pode

afetar os contextos educativos, contribuindo na desvalorização do processo

educativo tornando o processo de mediação fora dos contextos de formação dos

sujeitos.

O sentido da atividade docente pode se esvaziar, por meio de uma prática

alienante, quando as condições objetivas levam ao distanciamento entre o

significado do trabalho do professor e o sentido pessoal construído mediante

situações que precarizam o seu trabalho tais como: baixo salário, falta de recursos,

condição de desvalorização entre outros.

Para resistir a uma possível ruptura entre o sentido pessoal e significado

social do trabalho docente, proporcionando assim uma mediação clara entre os

conteúdos do ensino e a realidade sócio-histórica dos contextos de produção de

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conhecimentos dos indivíduos, Asbahr (2005) aponta a formação continuada do

professor, o trabalho orientado pelos projetos políticos pedagógicos como integração

da atividade individual e coletiva. Silvestre (2009) defende um modelo de formação

inicial baseado na importância da superação de modelos pautados na racionalidade

técnica e na racionalidade prática e que inclua a compreensão sobre a função da

escola e a consciência crítica sobre a natureza da prática pedagógica.

Para Piton (2006) esta situação passa por uma melhor compreensão do

docente da importância da prática pedagógica, contribuindo assim para o

desenvolvimento de uma consciência crítica sobre os valores e atitudes em relação

ao papel que o ensino representa no país e também para a otimização dos

processos educacionais/pedagógicos sugeridos nos Parâmetros e Propostas

Curriculares. É fundamental considerar as articulações e contradições entre as

propostas de construção do projeto político pedagógico na unidade escolar e as

políticas educacionais que determinam objetiva e subjetivamente sua realização

Cabe, portanto, aos cursos orientados para a formação de professores

criarem condições para que o sujeito possa se apropriar das “mediações

constitutivas das suas necessidades, ou seja, que se aproprie afetiva e

cognitivamente dos elementos que o constituem, tendo claro que essa apreensão é

sempre parcial”, como defende Aguiar (2006b). Esta realidade poderá desencadear

dentro dos cursos de formação dos profissionais para atuarem na educação,

segundo Aguiar, op cit “um processo que favoreça a reflexão sobre os fatos, objetos,

fenômenos que podem ser significados como possíveis de satisfazer suas

necessidades, desenvolvendo assim uma visão crítica ante a realidade social e as

próprias necessidades constituídas”.

Portanto, em função das alegações da autora acima referenciada é possível

verificar que é preocupação fundamental dos estudiosos que nos cursos de

formação de professores haja espaços para que os futuros professores percebam o

seu próprio caráter crítico reflexivo, de modo, a pensar e repensar sobre as suas

escolhas e formação para a docência. Considerando esse momento pelo qual os

professores ou futuros professores têm para avaliar as suas escolhas e motivações

para a prática do magistério como meio essencial de se repensar relativamente as

motivações e os interesses subjacentes a essa prática.

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4. METODOLOGIA DE PESQUISA

4.1 CARATERIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente estudo caracteriza-se como uma abordagem qualitativa13 com

ênfase no estudo de caso. A escolha da abordagem qualitativa justifica-se pelo fato

da mesma, “considerar que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito,

isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito

que não pode ser traduzido em números” (Silva, et al, 2001; Severino, 2007). Nesta

abordagem, “a tarefa do investigador não é descobrir leis, mas engajar-se numa

compreensão interpretativa [...] das mentes daqueles que são parte da pesquisa”.

(Santos – Filho, 2001, p.27).

A seleção do procedimento metodológico recaiu sobre o estudo de caso

considerando-se os seguintes aspectos: o estudo de caso vem sendo destacado

como um dos procedimentos mais adequados para o tipo de pesquisa qualitativa

(Lüdke e André, 1986; Triviños, 1987; Richardson, 1999; Campomar, 1991), a

possibilidade de obter dados essencialmente qualitativos como indicadores do

funcionamento de estruturas e de relações sociais (Croper, 1982); permite analisar

eficientemente uma situação complexa sem perder de vista a riqueza das múltiplas

relações e interações de seus componentes (Severino, 2007); durante o

desenvolvimento do estudo permite a inclusão de muitos fatores e o questionamento

sobre as suas interconexões (Croper, 1982; Campomar, 1991) a principal vantagem

relaciona-se com a ausência de estudos conclusivos sobre o problema de pesquisa

(Croper, 1982; Lüdke e André, 1986).

Para enriquecer e ampliar as possibilidades conclusivas do estudo (além da

preocupação com a sua validação externa) optou-se pelo “estudo comparativo de

casos”, cuja prática é bastante comum em estudos semelhantes que versam sobre

as implicações sociais do fenômeno educativo para o desenvolvimento de políticas

13 Segundo Severino (2007), quando se fala de pesquisa quantitativa ou qualitativa, e mesmo quando se fala de

metodologia quantitativa ou qualitativa, apesar da liberdade de linguagem consagrada pelo uso acadêmico, não

se está referindo a uma modalidade de metodologia particular. Daí ser preferível falar-se de abordagem

quantitativa, de abordagem qualitativa, pois, com estas designações, cabe referir-se a conjuntos de metodologias,

envolvendo, eventualmente, diversas referências epistemológicas.

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sócias com vista à superação das necessidades das populações nos diferentes

contextos.

4.2- INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA A COLETA DE DADOS.

No desenvolvimento deste trabalho utilizamos as seguintes técnicas de

investigação:

Trabalhamos com os grupos de discussão e com o inquérito por questionário.

4.2.1- Grupo de discussão.

Por meio dos grupos de discussão, foi possível colher opiniões entre

formulações gerais e particulares de indivíduos distintos mais pertencentes a uma

mesma classe. A saber: alunos de pedagogia.

Nem sempre o questionário nos permite obter todos os dados relativos aos

contextos das pessoas alvos da investigação, particularmente aqueles relacionados

ao campo subjetivo. Desse modo, o grupo de discussão vem contribuir para

preencher o vazio que muitas vezes é deixado pelos questionários.

Os grupos de discussão têm a finalidade de reunir um conjunto de pessoas

para se abordar “acima de tudo as orientações coletivas ou as visões de mundo do

grupo social ao qual o entrevistado pertence”, Weller (2006, p. 245).

Gatti (2009) define os grupos de discussão como uma técnica de pesquisa,

“que permite a obtenção de dados de natureza qualitativa a partir de sessões em

grupo, nas quais de 8 a 12 pessoas, que compartilham alguns traços comuns,

discutem aspectos de um tema sugerido”.

Segundo a mesma autora,

O grupo de discussão permite a identificação e o levantamento de opiniões que refletem o grupo em um tempo relativamente curto, otimizado pela reunião dos participantes e pelo confronto de ideias que se estabelece, assim como pela concordância em torno de uma mesma opinião, o que permite conhecer o que o grupo pensa. O objetivo é coletar, a partir do diálogo e do debate com e entre os participantes, informações acerca de um

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tema específico, permitindo que eles apresentem, simultaneamente, seus conceitos, impressões e concepções. (GATTI, 2009, p. 22).

Weller (2006), por meio de um estudo relacionado aos Grupos de Discussão

na pesquisa com adolescentes e jovens, ao discutir as principais vantagens obtidas

por meio desses grupos, entre várias, aponta que os mesmos, “permitem que a

pessoa se expressa mais a vontade desenvolvendo assim um diálogo que reflete

melhor a realidade e os contextos, permitindo com isso, perceber detalhes desse

convívio e desta realidade social que nenhuma outra técnica pode captar”. Ainda por

meio dos grupos de discussão é possível corrigir fatos distorcidos, posições radicais

ou visões que não refletem a realidade socialmente compartilhada.

Para que tudo isso ocorra, Weller (2006) assinala ser importante que haja

uma boa mediação entre os sujeitos participantes e os contextos em debate. Para a

autora,

O papel desenvolvido pelo moderador durante a entrevista, fazem dos grupos de discussão um procedimento distinto aos grupos focais, uma vez que o objetivo principal desse tipo de entrevista é a obtenção de dados que permitam a análise do meio social dos entrevistados, bem como de suas visões de mundo ou representações coletivas. (WELLER, 2006; p. 244).

A experiência partilhada pelos indivíduos na escola, concretamente na sala de

aula, torna fundamentais as ideias difundidas pelos mesmos através dos grupos de

discussão. A vivência em comum dos alunos do curso de pedagogia manifestada no

convívio dos mesmos na sala de aula permite, “(...) conhecer não apenas as

experiências e opiniões dos entrevistados, mas as vivências coletivas” (WELLER,

(2006, p. 245). Isso é possível, pois, em todo processo de conversação, embora a

manifestação da pessoa seja de forma individual, observa-se que o pensamento

manifesto é construído com base no grupo, mediante ideias já concebidas pelo

grupo e que refletem a visão de mundo desse mesmo grupo.

4.2.2- Questionário

A utilização do questionário nos permitiu colher informações através de

perguntas por escrito a respeito do tema em estudo sob o relato dos indivíduos alvos

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do estudo. As perguntas do questionário14 foram elaboradas em função das

hipóteses e em consonância com os objetivos traçados para o presente trabalho.

Desse modo, as questões iniciais do mesmo, buscam trazer dados referentes às

situações socioeconômicas dos sujeitos envolvidos na pesquisa como requisito para

se avaliar o estado social destes. Entre estes se destacam os relacionados a faixa

etária, gênero, se está a trabalhar, pessoas com que mora, se há outros professores

na família, e os indicadores de nível socioeconômico.

Com o objetivo de se levantar as possibilidades de escolha que tiveram os

sujeitos, no que se refere às intenções iniciais de formação, foram elaboradas

questões referentes à tomada de decisão a partir da identificação de alguns fatores

favoráveis e desfavoráveis considerando-se a profissão escolhida. Com a finalidade

de verificar se os estudantes estavam seguros sobre a escolha feita, avaliar,

finalmente, a função social da atividade docente e explorar a opinião destes sobre a

valorização ou desvalorização da carreira docente e os fatores ratificadores desta

situação. Para isto, foram elaboradas questões dissertativas.

4.3- POPULAÇÃO.

A população deste estudo foi constituída por estudantes do Instituto Superior

de Ciências da Educação (ISCED) e do Centro Universitário Fieo (UNIFIEO). As

referidas escolas diferem uma da outra pelas seguintes características: Situam-se

em regiões de cultura e desenvolvimento econômico e social diferentes uma da

outra. Muito embora serem de países que possuem o mesmo colonizador e, por isto,

a mesma língua oficial: a língua portuguesa. Para além das diferenças geográficas

de localização das referidas escolas, podemos também citar que a primeira é de

domínio público e a segunda é de caráter particular. A escolha das referidas escolas

foi feita de forma propositada, pois é nossa intenção estudar o fenômeno nas duas

vertentes (ensino estatal e particular), pelo qual se processa o trabalho docente

educativo e a formação de professores.

A primeira escola localiza-se na Província de Cabinda ou, como é conhecida

localmente, Tchiowa. Cabinda é uma cidade de Angola, país localizado na região

14 Vide apêndice E (questionário de pesquisa).

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austral do continente africano. O Instituto Superior de Ciências da Educação ISCED-

Cabinda localiza-se a Oeste da cidade capital da província, concretamente no bairro

Cabassango.

Importa salientar que esta Instituição do Ensino Superior Público não possui

instalações próprias estando neste momento a funcionar em paralelo com o Instituto

Médio de Economia de Cabinda, que é detentor do espaço físico. No Cabassango, a

mesma possui um espaço físico com dois pavilhões onde funciona e conta com uma

biblioteca, uma sala de informática e 10 salas de aulas além de gabinetes para as

áreas administrativas.

Antigamente uma Unidade orgânica do Centro Universitário de Cabinda,

unida a Universidade Agostinho Neto (UAN), era, até o ano 2009, a única

Universidade pública no país. No âmbito do redimensionamento do subsistema de

Ensino Superior em Angola, o Conselho de Ministros cria as Regiões Acadêmicas (I,

II, III, IV, V, VI e VII), Decreto 02/09 de 12 de maio cria mais VI Universidades

Públicas por meio do Decreto nº. 07/09 de 12 de maio.

Atualmente, a Universidade Onze de Novembro (UON), integra a região

acadêmica III compreendendo as províncias de Cabinda (sede) e Zaire. A referida

instituição funciona com duas Unidades Orgânicas – Instituto Superior de Ciências

da Educação (ISCED) e o Instituto Superior Tecnológico (IST) – e três faculdades:

Economia, Direito e Medicina. Em 2010, A UON contou com um universo estudantil

estimado em 3161 estudantes.

A segunda escola situa-se em Osasco, um município brasileiro localizado no

estado de São Paulo, na região metropolitana da capital paulista e na microrregião a

que dá nome. A FIEO - Fundação Instituto de Ensino para Osasco foi instituída em

26 de outubro de 1967. É uma Fundação privada, que se dedica ao ensino e hoje

mantém o UNIFIEO - Centro Universitário FIEO, com mais de 60 cursos e perto de

13 mil alunos. A Fundação instituiu a Faculdade de Direito, iniciando sua atividade

didática em junho de 1969, com 118 alunos na primeira turma.

4.4- CARACTERIZAÇÃO DAS ESCOLAS

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a)- ISCED. DISPOSIÇÕES GERAIS

O Ensino Universitário foi institucionalizado em Angola, no ano de 1962

(decreto-lei 44530, de 21 de agosto), com a criação dos Estudos Gerais

Universitários de Angola, integrados à Universidade Portuguesa.

Em dezembro de 1968, o decreto-lei 48790 (de 23 de dezembro) determina a

transformação dos Estudos Gerais Universitários de Angola, em Universidade de

Luanda, sendo no ano de 1976, após a proclamação da independência de Angola,

transformada em Universidade de Angola (portaria 77-A/76, com data de 28 de

setembro). No dia 24 de janeiro de 1985, por força da resolução 1/85, do CDS (DR

9- 1ª Série, 28/1/1985) a Universidade de Angola passou a chamar-se Universidade

Agostinho Neto, em memória do primeiro Presidente de Angola e primeiro Reitor da

Universidade de Angola.

Em agosto de 1989, O decreto-lei 95/80 (de 30 de agosto) cria, no quadro da

Universidade de Angola, O Instituto Superior de Ciências da Educação e extingue a

Faculdade de Letras do Lubango, província da Huila.

O ISCED – Cabinda é consequência do ISCED – Lubango (ISCED mãe),

criado na base do Decreto n.º 95/80, de 30 de agosto e nos termos das disposições

combinadas da alínea c) do artigo 7º e da alínea i) do artigo 11º ambos do Decreto

n.º 2/95 após parecer favorável do Senado Universitário e fundamenta-se na

DELIBERAÇÃO N.º 001/AU/2001 da Assembleia da Universidade Agostinho Neto.

Constituem objetivos fundamentais do Instituto Superior de Ciências da

Educação a formação de pessoal qualificado necessário ao correto funcionamento

do ensino de base, médio, superior, a habilitação de especialistas de Educação e a

promoção de investigação científica e técnica.

Esta instituição ministra cursos superiores no nível de licenciatura nas áreas

de: Psicologia; Pedagogia; História; Matemática e Biologia. Cada um destes cursos

está integrado aos Departamentos ligados ao Ensino e Investigação dos respectivos

cursos. Nomeadamente: Ciências Sociais, Ciências Exatas e Ciências da Educação.

Em 2010, contou com um universo de 1.657 estudantes matriculados, os quais

eram, repartidos em dois turnos (814 no curso regular e 843 no curso pós-laboral).

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Tabela nº. 1: Distribuição dos estudantes do ISCED por cursos e anos no

período diurno (laboral) e pós laboral 2010.

CURSOS

Turnos letivos Sexo

Total

Laboral

Pós Laboral

Laboral Pós Laboral

M F M F

Psicologia 162 239 61 101 116 123 401

Pedagogia 204 236 84 120 103 133 440

História 190 215 126 64 144 71 405

Matemática 178 74 151 27 56 18 252

Biologia 80 79 36 44 38 41 159

Total de

estudantes

814

843

458

356

457

386

1657

Fonte: DAAC-ISCED, agosto/ 2010.

O ISCED goza de autonomia financeira, administrativa e acadêmica, podendo

abrir outros cursos desde que as condições sejam criadas de acordo com as

exigências da sociedade, da realidade regional e com os avanços da ciência e da

técnica.

Nesta instituição, o período das aulas e outros trabalhos pedagógicos era

apenas o diurno. Atendendo a pressão social, a partir de 2005/2006 foi aberto o

processo de aula pós-laboral vigoradas em muitas unidades orgânicas da

Universidade Agostinho Neto.

4.4.1- Perfil de entrada dos estudantes.

No GLOSSÁRIO DA UNESCO (1984), citado por Peterson (2003), vem

expresso o seguinte:

Ninguém concede um curso de formação sem saber qual é o seu objetivo. Os objetivos de um determinado curso estão relacionados em estreita relação com o perfil. O perfil é uma representação que traduz os resultados obtidos nas diversas provas. Distinguem-se o perfil de entrada que é o conjunto de capacidades ou comportamentos necessários antes de iniciar uma aprendizagem e o perfil de saída, que é um conjunto de capacidades

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ou competências esperadas no fim de uma aprendizagem. (PETERSON, 2003; p. 31).

O perfil de entrada no ISCED atualmente é variável. Tendo em conta os

diferentes cursos médios existentes na província e que ao terminar o ensino médio

qualquer cidadão angolano está apto a se inscrever no ISCED em um dos cursos

oferecidos. A frequência das aulas é feita depois de o candidato ser aprovado no

exame de seleção a qual é submetido mediante a realização de uma prova escrita

onde, além dos conteúdos específicos do curso o qual pretende frequentar, são

avaliados conteúdos relacionados à cultura geral e a capacidade de escrita e síntese

do candidato à vaga por meio de uma redação. As vagas são preenchidas pelos

candidatos que obtêm as maiores notas.

4.4.2 – Perfil dos estudantes quando terminam a graduação.

Durante a frequência das aulas, instruído pela formação acadêmica e técnica,

o estudante é progressivamente inserido no processo docente-educativo, o qual

encaminha o educando à docência. É por meio da prática da docência que ele

estabelece uma relação dos conhecimentos teóricos e a realidade educativa nas

escolas do ensino geral e médio.

Nesta perspectiva, os quadros formados no ISCED têm os seguintes

escalões:

- Concluído o terceiro Ano, tem a equivalência de Bacharel.

- Com a elaboração de um trabalho de fim de curso e a consequente defesa

do mesmo torna-se licenciado em Ciências da Educação com a correspondente

opção (Pedagogia, Psicologia, História, Matemática e Biologia).

O Curso de pedagogia ministrado pelo ISCED-Cabinda tem como objetivo

formar profissionais em nível superior, capacitados a atuar no ensino, na

organização e na gestão de sistemas educativos nos seguintes contextos: em

unidades e projetos educacionais; na organização do trabalho educativo e na

produção e difusão do conhecimento; e em diversas áreas da educação formal e

não formal.

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86

Este curso tem duração de quatro anos letivos equivalentes a oito (8)

semestres. Em relação as disciplinas do currículo15 de formação dos pedagogos

desta instituição, observa-se que elas encontram-se organizadas em três grupos

distintos. Um primeiro grupo é composto por disciplinas denominadas de formação

geral. Um segundo por disciplinas denominadas de formação específica. O terceiro

de formação profissional.

O grupo das disciplinas de formação geral tem como objetivo proporcionar ao

futuro professor uma visão geral e global dos problemas mais urgentes e latentes do

mundo atual sob diferentes vertentes como reforço da cultura geral que o professor

carrega consigo. O grupo de formação específica integra disciplinas das Ciências da

Educação que asseguram o fundamento científico pedagógico para o exercício da

atividade docente. O terceiro grupo caracteriza-se por disciplinas denominadas de

formação profissional, as quais asseguram a formação profissional do candidato à

docência e dá-lhe, ao mesmo tempo, a formação específica para a respectiva

especialidade.

Os profissionais formados nessa especialidade são especificamente

preparados para atuarem em ambientes onde se realiza o processo

ensino/aprendizagem. Desenvolver a formação pessoal e social dos educadores e

professores de pedagogia de modo a: proporcionar a interiorização de atitudes e

valores deontológicos; dominar a formulação de conceitos de didática, domínio e

utilização dos aspectos fundamentais da investigação científica, da história, da

educação, da psicologia, do desenvolvimento, dos recursos educativos e saber

intervirem corretamente num ambiente educacional; saber exercer a profissão,

conhecer e saber avaliar os processos docentes educativos. Estas são, entre

muitas, as principais atividades que deverão ser assumidas no âmbito do processo

ensino/aprendizagem por esses profissionais.

b) Centro Universitário Fieo (UNIFIEO).

Ao longo destas 4 décadas o UNIFIEO vem se estruturando em seus recursos

físicos, humanos e tecnológicos, visando a excelência da qualidade de ensino e o

bem-estar de alunos, professores, funcionários, prestadores de serviço e visitantes.

O UNIFIEO conta hoje com mais de 60 cursos desde a Graduação (Administração;

15 Apêndice B.

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87

Ciências da Computação; Ciências contábeis; Design Digital; Direito; Educação

Física; Farmácia; Fisioterapia; História; Pedagogia; Publicidade e Propaganda;

Química e Sistemas de Informação), Graduação Tecnológica – 2 anos –, (Análise e

Desenvolvimento de Sistema; Eventos; Gestão comercial de Varejo; Gestão de

Recursos Humanos; Gestão Financeira e Bancária; Logística e Redes de

Computadores) Pós-graduação lato Senso (Administração; Direito; Educação;

Turismo; Informática; Letras; Meio Ambiente; Psicopedagogia e Química) e Mestrado

(Direito e Psicologia Educacional), distribuídos em três campi: Narciso, Vila Yara e

Jardim Wilson.

O campus Narciso abriga o curso de Graduação em Direito e todos os cursos

de Pós-Graduação – exceto os de Psicopedagogia -, além de Departamentos

Administrativos e de parte da Biblioteca. No campus Vila Yara a Instituição abriga

todos os cursos de Graduação e de Tecnologia – exceto Direito, os Cursos de Lato

Sensu e Mestrado em Psicologia Educacional e grande parte do corpo

Administrativo da Instituição. O campus Jardim Wilson abriga a Clínica de

Fisioterapia e a Clínica de Psicopedagogia, que prestam serviços à comunidade.

Nos corredores dos 3 campi, estão expostas as quase 1.500 obras de Acervo FIEO

de Arte, que a Fundação coleciona desde 1969. São obras de artistas consagrados

e de enorme valor artístico e cultural.

As Bibliotecas, com cerca de 150 mil itens, dão suporte ao ensino de todos os

cursos. Todo Acervo está informatizado e pode ser consultado on-line. A Sala de

Leitura da Biblioteca do Campus Vila Yara conta com mesas equipadas com

recursos para uso de laptop.

O UNIFIEO oferece aos seus alunos mais de 70 laboratórios, dentre os quais

há diversos de Informática para atendem todos os cursos. Para atender os alunos do

campus Vila Yara, há dois anfiteatros com capacidade para 250 alunos e 8

auditórios com capacidade para 110 pessoas. Já no campus Narciso há um auditório

para cerca de 200 pessoas, o qual atende os alunos do Curso de Direito e dos

cursos de Pós-Graduação.

Os prédios foram planejados com rampas e elevadores para o bem-estar dos

portadores de deficiência física. O UNIFIEO também deixa à disposição de seus

usuários um carro elétrico, silencioso, para transporte de idosos, deficientes,

gestantes ou de pessoas com dificuldades de locomoção.

Page 90: ESCOLHA PROFISSIONAL DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA …§ão... · Ângela Salles; Virginia Vasconcelhos Facundo; Cirleide Soares Campos; Pela ajuda, compreensão, acolhimento, paciência

88

A criação do curso de pedagogia do UNIFIEO ocorreu no período da Reforma

Educacional, cuja exigência era solucionar os problemas na área de educação e da

necessidade de adequar o sistema educacional brasileiro ao modelo de

desenvolvimento econômico que o país atualmente ostenta. Ao mesmo tempo,

acontecia também a Reforma Universitária, através da Lei 5.540/68. O surgimento

do curso coincide, igualmente com o período de efervescência da criação de novas

funções pedagógicas na escola básica e, por isso, com a proliferação do número de

cursos superiores em educação, principalmente em escolas privadas.

O curso de pedagogia do UNIFIEO é reconhecido como um curso de

Licenciatura Plena: Rec. Dec. Federal 74.709-D.O.U.18/10/74 e Portaria SESu nº.

617-D.O.U-15/09/06. Com uma carga horária de 3766 Horas, ou seja, ministrado em

seis (6) semestres. O mesmo é fundamentado nas novas diretrizes curriculares,

introduzidas na Educação pela Resolução CNE/CP 01/2006, e pelas novas

exigências da sociedade. Tem como objetivo formar profissionais destinados a

atuarem como docente, gestor escolar e educacional, com competências e

habilidades didático pedagógicas e tecnológicas, nos diferentes espaços educativos,

como organizações não governamentais e setores de aprendizagem da área de

Recursos Humanos.

Os profissionais formados neste curso assumem atividades de planejamento,

coordenação, controle, supervisão e avaliação dos planos de ação administrativa e

pedagógica. O Pedagogo na função de educador está comprometido com a

formação de crianças, adolescentes, jovens, adultos e, também, com a formação

dos profissionais da educação. Envolvendo-se nos aspectos sociais, econômicos,

políticos, culturais, éticos e humanos, os quais sejam importantes e relevantes à

prática profissional.

O Pedagogo formado pelo UNIFIEO estará preparado para atuar em Creches,

Escolas de Educação Infantil, no Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), além de poder

atuar nas áreas de Gestão Escolar, Supervisão de Ensino, Coordenação

Pedagógica nos diferentes espaços educativos, Assessorias de órgãos públicos e

privados, Associações populares, ONGs - Organizações não governamentais,

Recursos Humanos de Empresas.

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89

4.5- AMOSTRA.

A amostra desse trabalho é constituída por alunos do I Ano do curso de

pedagogia do ISCED e do UNIFIEO do ano Acadêmico 2010. No curso de

pedagogia do ISCED estavam matriculados em 2010 um total de 105 alunos. Destes

50 no período regular, sendo 21 alunos do sexo masculino e 29 do feminino, e 55

alunos no período pós-laboral (noturno), sendo 20 alunos do sexo masculino e 35 do

feminino. Já no UNIFIEO estavam matriculados, em 2010, 21 alunos, dos quais

apenas um era do sexo masculino sendo os demais do sexo feminino.

Os sujeitos da amostra foram selecionados obedecendo aos seguintes

critérios ou requisitos: Ser estudante do primeiro ano do curso de pedagogia; não

ser professor atuante; não ter no ensino médio frequentado o curso de magistério. A

partir destes critérios a amostra desta pesquisa foi delimitada em 26 alunos, dos

quais 14 do UNIFIEO e 12 do ISCED.

4.5.1- Caracterização do Grupo

Dos 26 alunos da amostra, apenas 3 alunos – aproximadamente 12 % do total

- são do sexo masculino contra 23 alunos – aproximadamente 88 % do total – do

sexo feminino. Neste trabalho não abordaremos a extrema predominância de alunos

do sexo feminino no curso de pedagogia, mas algumas reflexões que corroborem

para a questão de como eles chegaram a escolha profissional. Os alunos da

amostra serão divididos pela nacionalidade. Com isso, pretende-se apresentar as

características pertinentes ao sujeito cuja relação esteja contemplada pela

nacionalidade dele e, desta forma, ter-se uma melhor visibilidade dos participantes.

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90

Quadro 1- Distribuição dos sujeitos da amostra, referentes ao

ISCED/Cabinda.

Sujeito

Sexo

Idade

Estado

Civil

Mora com

quem

Trabalha

Professores

na família

Classe

Social

1

F

41 a 50

Solteira

Esposo/filhos

Não

Não

Baixa

2

F

20 a 30

Solteira

Esposo/filhos

Não

Irmãos (as)

Média

3

F

41 a 50

Solteira

Pais/

familiares

Recepcionista

Irmãos (as)

Média

4

F

31 a 40

Casada

Esposo/filhos

Diarista

Não

Média

5

F

41 a 50

Solteira

Pais ou

familiares

Cozinheira

Irmãos,

Média

6

M

31 a 40

Casado

Sozinho

Não

Não

Baixa

7

M

20 a 30

Casado

Esposa/filhos

Recepcionista

Irmãos

Baixa

8

F

20 a 30

Solteira

Pais ou

familiares

Não

Não

Média

Baixa

9

F

20 a 30

Solteira

Pais ou

familiares

Não

Pai

Média

10

F

31 a 40

Solteira

Esposo/filhos

Não

Irmãos

Média

baixa

11

F

31 a 40

Solteira

Esposo/filhos

Administrativa

(saúde)

Pai

Média

12

F

31 a 40

Casada

Esposo/filhos

Não

Primos

Média

Quadro 2- Distribuição dos sujeitos da amostra, referentes ao

UNIFIEO/Brasil.

Sujeito

Sexo

Idade

Estado

Civil

Mora com

quem

Trabalha

Professores

na família

Classe

Social

1

F

20 a 30

Solteira

Pais ou

familiares

Corretora de

seguros

Tios e tias

Média

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91

2

F

Menos

de 20

Solteira

Pais ou

familiares

Não

Tios e tias

Média

3

F

41 a 50

Solteira

Sozinha

Auxiliar

Administrativo

Não

Média

Baixa

4

F

20 a 30

Solteira

Pais ou

familiares

Corretor

terceirizado

Tios

Média

5

F

41 a 50

Casada

Esposo/filhos

Assistente

Administrativa

Não

Média

Baixa

6

F

20 a 30

Casada

Esposa/filhos

Não

Primos

Média

Baixa

7

M

20 a 30

Solteiro

Sozinho

Inspetor de

alunos

Primos

Média

Baixa

8

F

Menos

de 20

Solteira

Pais e ou

familiares

Auxiliar

administrativo

Não

Média

Baixa

9

F

Menos

de 20

Solteira

Sozinha

Inspetora de

alunos

Tios e tias

Média

Baixa

10

F

20 a 30

Solteira

Pais e ou

familiares

Auxiliar de

administração

Não

Baixa

11

F

41 a 50

Casada

Esposo/filhos Cadastrament

o de empresas

Não

Média

12

F

Menos

de 20

Solteira

Pais ou

familiares

Recepcionista

Tios ou tias

Média

13

F

Menos

de 20

Solteira

Pais ou

familiares

Monitora no

transporte

escolar

Não

Média

14

F

20 a 30

Casada

Esposo/filhos

Não

Esposo

Média

Baixa

Caracterizando as idades dos ingressos observa-se: 19% têm menos de 20

anos de idade, o que indica um ingresso imediato após a conclusão do Ensino

Médio; 38% apresentam a idade entre 20 a 30 anos, o que destaca que houve um

intervalo moderado entre o término do Ensino Médio e a entrada no curso; 19% têm

idade entre 30 a 40 anos, o que implica um tempo ligeiramente demorado entre o

término do Ensino Médio e a entrada no curso; finalmente, 23% têm idade superior a

41 anos, ou seja, houve um longo período entre o término do Ensino Médio e o

ingresso destes no curso de Pedagogia.

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92

Vale ressaltar em relação às idades apresentadas, as menores encontram

entre os alunos do UNIFIEO com menos de 20 anos e, em relação as demais,

observa-se relativamente um equilíbrio entre as duas escolas.

No tocante ao estado civil, 31% são casados e 69% são solteiros. Entre os

solteiros, destaca-se que quase metade deles, apesar de solteiros, morram com

esposo (marido) e filhos e, os demais morram com os pais e ou familiares.

Os dados das tabelas permitem igualmente identificar que 38% dos discentes

não exerciam qualquer atividade ate o momento da pesquisa, sendo que esse

número é mais significativo para o ISCED, onde 7 dos 12 não exercem qualquer

atividade. 62% exerciam alguma profissão. Destes, e de modo significativo, apenas

12% dedicavam-se a atividades vinculadas à área educacional não como

professores, mas como inspetores de alunos e monitor de transporte escolar, sendo

todos estes estudantes do UNIFIEO.

Metade dos discentes dedica-se a outras profissões, tais como: diaristas,

recepcionistas, auxiliar de contabilidade, cozinheira, auxiliar de saúde, auxiliar de

telemarketing, balconista, auxiliar de escritório de contabilidade, acompanhamento

de cadastramento de empresas, corretor de seguros e outros trabalhos

terceirizados. É importante ressaltar que, em sua grande maioria, se tratam de

atividades profissionais de baixo prestígio social cuja remuneração vária entre um e

três salários mínimos no Brasil e um a dois salários mínimos em Angola o que indica

uma correlação entre a origem da classe social dos discentes e as possibilidades

limitadas de acesso a atividades profissional de elevado prestígio social.

Os dados das tabelas revelam que a situação socioeconômica dos sujeitos e

das famílias deles varia entre baixa, média baixa e média, respectivamente, 15%,

35% e 50% do total de alunos da amostra. Não foi observado nenhum indivíduo

pertencente à classe média alta e alta. Tal informação, juntamente com outros

estudos realizados, comprova que indivíduos destas classes sociais não pretendem

se formar nesta profissão, muito menos dar aulas (GATTI, 2009, UNESCO/Brasil,

2004, PETERSON, 2002). Os indivíduos situados na faixa média e superior estavam

mais dispostos a fazer um curso superior fora da área de humanas.

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93

4.6- PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

A presente pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa do Centro

Universitário Fieo (CEP-UNIFIEO) sob o registro 012/2010 e, em conformidade com

a Resolução CNS nº. 196/96 em, 30 de abril de 2010.

Primeiro foi feita à discussão por meio dos grupos e só depois a aplicação do

questionário. Para o efeito foram constituídos para as discussões dois grupos de

trabalho, ou seja, um em cada uma das escolas. Em função dos elementos que

reuniram as condições para a pesquisa observadas nas amostras de cada uma das

escolas, o grupo do UNIFIEO ficou constituído por dez estudantes e o ISCED ficou

composto por seis estudantes. Essa diferença em números pode ser explicada em

função do número de estudantes que compõem amostra deste estudo em ambas as

instituições.

A escolha dos participantes para os grupos de discussão foi feita da seguinte

forma: Depois de serem identificados os sujeitos que correspondiam com os

requisitos para a participação na pesquisa (descritos na seleção da amostra) foi

pedido de forma livre que dez pessoas para o UNIFIEO e seis para o ISCED

ficassem na sala para uma breve conversa com a finalidade de debaterem sobre as

motivações inerentes a escolha feita, as expectativas em relação ao curso, as

possibilidades reais que tiveram para a escolha e suas manifestações sobre a

valorização e ou desvalorização da profissão docente. De forma a organizar as falas

foi apresentado aos estudantes um roteiro16 onde constavam as orientações para o

debate.

O roteiro constitui-se um guia, mas cabia aos investigadores direcionar a

discussão e de vez em quando formular questões para explorar outros aspectos que

não estavam contemplados no roteiro. Tivemos o cuidado de não alongar muito as

discussões. Assim, foi comunicado aos estudantes que os debates teriam no

máximo 2 horas. Esse tempo foi observado em ambas às instituições sem prejuízo

nos debates.

Os grupos de discussão foram realizados em dois momentos distintos. Em

função da nossa estada no Brasil, primeiro foi realizada a discussão com os

16 Vide apêndice D (Roteiro do grupo de discussão).

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estudantes do UNIFIEO, isto é, no mês de junho de 2010. A mesma ocorreu no

momento normal de aulas e no ambiente habitual dos estudantes. Tivemos o

cuidado em observar esta variável para evitar qualquer influência externa capaz de

provocar apatia e inibição dos estudantes fruto da mudança de local.

No segundo momento, dois meses depois de termos trabalhado no UNIFIEO,

deslocamos para Angola onde podemos, igualmente, trabalhar com os estudantes

do ISCED. Neste lugar tomamos as mesmas providências que no UNIFIEO. A

discussão foi realizada no ambiente habitual dos estudantes.

Todos os trabalhos nos grupos de discussão foram conduzidos por dois

pesquisadores17. Cada um assumiu um determinado papel durante os debates. Um

pesquisador assumiu o papel de mediador, conduzindo a discussão enquanto o

outro procedia ao registro das informações, interações e todas as manifestações dos

estudantes relacionadas aos momentos de hesitação, de discordância, expressões

corporais, etc. O segundo pesquisador acompanhou de perto o roteiro como forma

de despertar ou mesmo direcionar o mediador sobre eventuais aspectos não

explorados durante a discussão. O registro das impressões manifestas pelos

estudantes foi feito por meio de anotações em bloco e as falas por meio de áudio.

Em relação ao questionário, o mesmo foi aplicado a 26 estudantes, ou seja,

todos aqueles que reuniram os requisitos e constituíram a amostra do presente

estudo. A aplicação do mesmo foi efetuada uma semana depois dos grupos de

discussão para o UNIFIEO e, de igual modo, o mesmo intervalo te tempo para os

estudantes dos ISCED.

O referido questionário foi aplicado de forma direta pelo fato das perguntas

serem respondidas pelos próprios estudantes sem qualquer interferência ou ajuda.

Observou-se apenas no início da sessão a explicação da finalidade da pesquisa em

função de muitos não terem participado dos grupos de discussão. Foi pedido que os

alunos respondessem as questões com a máxima sinceridade possível, sem que

fosse permitido o contato entre eles em função do mesmo ser aplicado em sala de

aula. A maior preocupação observada durante a aplicação do questionário foi que

não deixassem questões em branco.

17 Francisco A. M. Chocolate (pesquisador mediador) e Josefa Lamberga Aragão (pesquisadora auxiliar no

UNIFIEO). Francisco A. M. Chocolate (pesquisador mediador) e Albertina Nviedi Simão (pesquisadora auxiliar

no ISCED).

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5. ANÁLISE DE CONTEÚDO - RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1- ANÁLISE DE CONTEÚDO

Vale recordar que os resultados aqui apresentados e a análise dos mesmos

contemplam informações provenientes dos questionários e dos grupos de discussão

realizados em alunos do primeiro ano do curso de pedagogia de duas escolas de

ensino superior, uma em Angola e outra no Brasil, respectivamente, ISCED e

UNIFIEO.

Para a análise e avaliação dos resultados obtidos por meio dos grupos de

discussão e do questionário estaremos adotando a técnica de análise de conteúdo

do material coletado. Estamos considerando esta técnica para a análise dos

resultados em função da mesma ser feita levando-se em consideração as condições

contextuais de seus produtores, cujas implicações possam ser inferidas do conteúdo

analisado.

“A análise de conteúdo pode ser considerada como um conjunto de técnicas

de análises de comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetos de

descrição do conteúdo das mensagens (...) A intenção da análise de conteúdo é a

inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e de recepção das

mensagens, inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não)”.

(Bardin, 1977 p.38 apud Franco 2008).

De acordo com Franco (2008) na análise de conteúdo estão inseridos,

elementos importantes no processo de comunicação: a fonte emissora (quem), o

processo de codificador (por que) que resulta em uma mensagem (o que), o

processo decodificador (com que efeito) e por fim o receptor (para quem), conforme

pode ser visualizado mediante a figura a baixo:

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Figura 1: Características definidoras da Análise de Conteúdo.

Fonte: Maria Laura B.P. Franco. Análise de Conteúdo. 2008, p. 23.

Na análise de conteúdo o ponto de partida é a mensagem. Contudo, a

consideração das condições contextuais de seus produtores se fundamenta na

concepção crítica e dinâmica da linguagem (FRANCO, 2008, p. 12). Nesta técnica

deve ser considerado não apenas a semântica da língua, mas também a

interpretação do sentido que um indivíduo atribui às mensagens.

5.2- RESULTADOS E DISCUSSÃO.

Os dados obtidos por meio dos questionários e dos grupos de discussão

foram submetidos à leitura cuidadosa que possibilitou a criação de categorias a

posteriori. O ponto de partida para a criação das categorias e para a análise de

conteúdo foi à mensagem escrita e falada obtida por meio dos instrumentos

utilizados neste trabalho. A articulação entre os conteúdos obtidos desses

instrumentos foi fundado na perspectiva de um conteúdo complementar o outro pelo

fato dos mesmos se apresentarem relativamente diferentes em relação às questões

apresentadas.

Gostaríamos de observar que muitos são os estudos levados a cabo pelos

investigadores angolanos e brasileiros relacionados às temáticas: formação de

professores e escolha profissional. Contudo, vale recordar que pouco existe em

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relação a estudos que versam sobre essa problemática e que exploram realidades e

contextos entre os dois países. Assim, pelo fato da amostra do nosso estudo não ser

representativa para os dois países, estaremos apenas a considerar a realidade das

escolas e das localidades onde foi realizada a pesquisa. Com isso, não estamos a

generalizar os resultados desta pesquisa para toda a realidade angolana e brasileira.

A partir das respostas obtidas, foram construídos quadros ilustrativos com o

objetivo de auxiliar nos procedimentos de agrupamentos, de classificações, de pré-

análise e na posterior criação de categorias que serão necessárias para a inferência,

a análise e a interpretação dos dados da Análise de Conteúdo.

No primeiro momento estaremos apresentando as respostas em quadros

ilustrativos obtidos mediante os grupos de discussão realizados nos alunos do

ISCED e do UNIFIEO. Os nomes que aparecem na coluna estudantes são todos

fictícios, no entanto, indicam de quem é a resposta e qual a sua procedência, ou

seja, aluno e escola que pertence, como forma de contemplar os casos.

As questões a seguir e os seus respectivos quadros seguem o roteiro dos

grupos de discussão e, indicam cada uma das questões contempladas durante a

discussão dos grupos. As respostas/considerações aqui apresentadas foram

retiradas dos pronunciamentos dos estudantes durante a discussão. Em razão disso,

os nomes não seguem a mesma ordem de colocação nos respectivos quadros.

QUADRO 3 – Considerações dos estudantes à questão: Como se deu a

vossa escolha pelo curso?

Considerações dos estudantes do ISCED.

Instituto Superior de ciências da Educação-ISCED-Cabinda, Angola

Estudantes Respostas

Ana

Escolhi o curso de pedagogia porque foi sempre um sonho da

minha parte. Sempre quis ser professora. Por isso escolhi o curso

de pedagogia.

Eduarda

“O meu sonho desde sempre, eu fiz o meu ensino médio PUNIV,

mas o meu sonho desde sempre, foi de ser professora.

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Gisela

“Para mim, foi uma coisa que eu sempre quis fazer na vida,

sempre foi minha vontade fazer pedagogia, já tive a oportunidade

de fazer um outro curso, mais fazer pedagogia foi sempre o meu

maior desejo.

Benvinda

No ensino médio eu fiz PUNIV (Formação Geral), o meu desejo foi

sempre fazer o curso de medicina, uma vez que não consegui

tentei aqui no curso de pedagogia e tive êxitos.

Lucinda

O meu sonho não foi fazer pedagogia, eu gostaria de fazer direito

para ser advogada como não tive a oportunidade de entrar na

faculdade de Direito, tentei a minha segunda opção e me inscrevi

aqui e graças a Deus passei no exame e estou aqui a fazer

pedagogia.

Chica

Fazer o curso de pedagogia nunca foi o meu sonho, como não tive

a oportunidade de fazer outros cursos do meu agrado, por isso

aqui estou.

Considerações dos estudantes do UNIFIEO.

Fundação Instituto de Ensino para Osasco – UNIFIEO- Osasco, São Paulo-Brasil

Estudantes Respostas

Maria

A minha escolha se deu porque é uma coisa que eu gosto muito

de fazer, eu adoro muito crianças, gosto de conversar, gosto de

saber, gosto falar, gosto de fazer eu adoro ler, adoro estudar então

eu acho que esta é a profissão exata.

Manucha

Escolhi fazer a pedagogia porque eu gosto do curso, não tenho

interesse em dar aulas, posso fazer outra coisa além de dar aulas

ne, eu gosto de estudar, entendeu e eu acho que as matérias que

tem, tem muito haver com aquilo que eu gosto de fazer.

Renilda

Eu escolhi esta profissão porque realmente foi um sonho desde

criança sempre adorei assim sempre me surpreendi com os

professores, sempre brinquei muito e acabei com tudo isso não

como toda a criança que só brinca ne, e acabei querendo ser

mesmo uma profissional.

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99

Fátima

Escolhi ser professora porque (...), é uma paixão de infância, eu

sempre gostei de dar aulas, sempre, não tive influência de

ninguém, é decisão própria mesmo.

Deolinda

Primeiro é que na minha família tem vários professores e eu acho

que me inspirei neles para ser professora também e porque eu

gosto

Ângela

Eu pensava em atuar em assistente social em presídio só que

quando eu vi como o assistente social atua em presídio falei não,

não é isso foge do meu ideal, ali uma tia minha estava a fazer

pedagogia estava no final de curso e eu comecei a ver o material

dela assim e tal, meu tio casou com uma professora logo em

seguida e ali, conversando com elas eu optei em pedagogia e

larguei o serviço social os dois semestres que eu já tinha feito e

vim para cá fazer pedagogia. Não foi o meu primeiro desejo já falei

que queria fazer serviço social primeiro não foi um desejo sim,

mas acabei optando pelo curso por influência, mas por influência

externa.

Miria

Eu gosto a minha mãe é professora e porque desde nova eu cresci

nesse ambiente e eu comecei a gostar achei interessante acho

que traz resultado imediato.

Campos

Eu quero ser uma das pessoas que pode mudar essa educação,

entendeu, por isso escolhi esse curso porque eu gosto de crianças

gosto de ficar com elas gosto de ensinar e também gosto de

aprender um pouco do que elas podem me ensinar também.

Benge

“Então no princípio eu escolhi a pedagogia ne porque eu tentei

várias outras áreas, mas nada que me interessa-se então o foco

maior foi na pedagogia porque eu ainda acredito na educação que

através da educação é que se forma um ser humano para viver em

sociedade, para uma sociedade melhor e é uma área que sempre

mexeu comigo ne, é uma área que eu gosto de fazer. Eu comecei

a observar como o mundo esta vivendo hoje e eu comecei a

observar, no meu ponto de vista, eu creio que o mundo deve ser

social transformada através de uma boa educação, eu creio na

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100

educação porque a educação é uma forma de educar a pessoa

para viver em sociedade e através da educação que nós podemos

solucionar os problemas que o mundo esta a enfrentar hoje: as

guerras, os conflitos as fomes através de uma boa educação é

isso que eu acredito.

Francisca

“A profissão que me deu primeiro na cabeça foi ser professora, ao

conhecer assim mais fundo como seria a profissão me veio àquela

vontade de querer fazer a diferença na educação porque a gente

vê muito como são as escolas hoje, a gente vê que esta tendo

uma decadência muito grande e muita das vezes é porque o

professor, ele não se da, ele mesmo não se da o seu próprio valor.

Obs.: Todos os nomes são fictícios.

Quadro 4 – Respostas dos estudantes à questão: quais são as vossas

expectativas em relação ao curso escolhido?

Respostas dos estudantes do ISCED.

Instituto Superior de ciências da Educação –ISCED- Cabinda, Angola

Estudantes Respostas

Gisela

Com este curso, pretendo ser uma boa profissional, adquirir

bastantes conhecimentos para a exercer bem a atividade docente.

Como não tive a oportunidade de fazer o mesmo no médio, vou

procurar agora, ter bastante conhecimento para ser uma professora

exemplar.

Eduarda

Eu espero com esse curso, obter conhecimentos que me permitem

amanhã exercer a atividade de professora, poder ensinar bem as

crianças e atribuir nelas o conhecimento que estou aprendendo

aqui, isso para mim é muito importante e prazeroso quando é feito

com amor e gosto.

Lucinda

As minhas expectativas serão de dar o melhor de mim, aproveitar a

experiência dos meus professores (docentes), que se têm

demonstrados abertos para ensinar a gente e, com essa

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experiência adquirir conhecimentos para amanhã poder passar aos

meus alunos.

Chica

As minhas expectativas para o curso é de me formar para contribuir

na formação das crianças que são o futuro do amanhã. Não foi o

meu desejo, contudo, como estou a fazer esse curso vou fazer o

melhor da minha parte para ser uma boa professora, ensinar bem e

educar as crianças.

Ana

Ser professora foi sempre um desejo meu sempre quis e quando

me formar gostaria de também de transmitir os meus

conhecimentos para a sociedade, ensinando, ou seja, transmitindo

os conhecimentos as crianças para a formação dos mesmos.

Benvinda

“Tal como já afirmei, não foi meu desejo fazer pedagogia, tentei em

outros cursos e não consegui, tentei a pedagogia aqui consegui

agora vou fazer o curso e espero que me forme nessa área.

Respostas dos estudantes do UNIFIEO.

Fundação Instituto de Ensino para Osasco – UNIFIEO,Osasco, São Paulo-Brasil

Estudantes Respostas

Manucha

Eu estou a fazer o curso não porque eu gosto de dar aulas, mas

porque tem algumas matérias que eu acho que tem haver comigo

entendeu, para o meu conhecimento é para o meu crescimento

pessoal se eu poder tirar proveito desse conhecimento melhor mas

eu não tenho a expectativa, eu não comecei fazendo este curso

pensando em dar aulas ta, (...) eu primeiro vou me formar, ter bases

uma estrutura (...), porque eu nunca tive um desejo de ser

professora ta.

Campos

Eu vim buscar aqui uma forma de... eu sei que cada um tem que ter

uma forma , ou um modo de ensinar mas eu vim buscar uma forma

melhor, uma forma que eles possam me dar apoio, possam me dar

uma ajuda na maneira de ensinar de falar com as crianças de saber

o que a criança pensa ali eu escolhi esse curso com a expectativa

de aprender muito mais do que eu já sei porque ser professor hoje

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você já sabe ensinar porque você já tem uma educação e formação

mais as crianças precisam muito mais do que aquilo que você já

sabe entendeu.

Renilda

As expectativas para o curso sempre foram de poder adquirir um

apoio para adquirir mais conhecimentos para poder estar dando

aulas.

Maria

As minhas expectativas sobre o curso, eu gostaria de obter

conhecimentos, eu espero desse curso obter o máximo de

conhecimentos para passar para as crianças futuramente ou para

os adultos né?

Benge

Então, espero uma boa formação nesse curso porque o professor

para ele saber dar aulas ele deve estar bem capacitado é isso que

eu busco no curso de pedagogia em primeiro e eu penso que essa

capacitação ela não depende só da faculdade ela também depende

de mim é difícil.

Fátima

A minha expectativa é de terminar o curso ensinar e colocar a

profissão em primeiro lugar e entrar com muito amor e seguir para

diante passar o que eu aprendi e muito mais para os meus alunos.

Ângela.

Bem para ser sincera eu vim sem nenhuma expectativa como eu já

disse estava fazendo assistente social eu pensava que era uma

coisa depois eu vi que não era aquilo que eu pensava vim pra cá

assim vamos ver o que vai dar e para ser sincera estou gostando e

vou seguir em frente porque é isso que eu quero.

Miria

Espero sair formada, especializada pelo menos com uma base para

começar a dar aulas não só a parte profissional, mas também uma

conquista pessoal, né? Eu acho divertido.

Deolinda

As minhas expectativas para o curso é adquirir experiência em

primeiro lugar aprimorar conhecimentos e (pausa), terminar o meu

curso e ser bem no meu curso.

Francisca

Falar sobre as minhas expectativas é (pausa), não exatamente

quais são as minhas expectativas eu acho que tenho muito que

aprender e eu acho que essa é a minha verdadeira expectativa é

aprender adquirir experiência e saber como eu vou lidar com a

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103

minha profissão quando eu começar a atuar na área.

Obs.: Todos os nomes são fictícios.

Quadro 5 – Respostas dos estudantes à questão: Ser professor foi sempre

um desejo vosso ou é algo que surgiu na impossibilidade de fazer outro

curso?

Respostas dos estudantes do ISCED.

Instituto Superior de ciências da Educação –Isced- Cabinda, Angola

Estudantes Respostas

Ana

Ser professora foi sempre um desejo meu sempre quis e quando

me formar gostaria de também de transmitir os meus

conhecimentos para a sociedade, ensinando, ou seja, transmitindo

os conhecimentos as crianças para a formação dos mesmos.

Eduarda

Com o passar do tempo, isso se foi ativando mais ainda mediante

os incentivos do meu esposo, fazendo nascer cada vez mais em

mim o desejo de ensinar as crianças.

Chica

Tal como já afirmei, não foi meu desejo fazer pedagogia, tentei em

outros cursos e não consegui, tentei a pedagogia aqui consegui

agora vou fazer o curso e esperar que me forme nessa área.

Benvinda

Não foi o meu desejo, contudo, como estou a fazer esse curso vou

fazer o melhor da minha parte para ser uma boa professora ensinar

bem e educar as crianças

Lucinda

Tal como já adiantei, não foi o meu desejo fazer o curso de

pedagogia mais como já estou aqui, estou a amar em fazer esse

curso.

Gisela

Em alguns momentos da vida, por dificuldades de ingressar na

pedagogia, pensei em fazer outro curso, mais, a pedagogia sempre

esteve em frente.

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104

Respostas dos estudantes do UNIFIEO.

Fundação Instituto de Ensino para Osasco – UNIFIEO Osasco, São Paulo-Brasil

Estudantes Respostas

Manucha

Já pensei em fazer outro curso na outra época né? Mas agora eu

acho que eu to, mas para fazer a pedagogia ta, é um outro

conhecimento porque a pedagogia ela vai te trazer um auto

conhecimento saber como você pode lidar com certos

comportamentos e ali você poderá saber de maneira como você

poderá direcionar, por exemplo, a (...) é por isso.

Fátima

Ser professor foi um desejo meu eu poderia ter escolhido qualquer

outra profissão, mas resolvi vir ser professora porque é uma paixão

minha é algo que eu quero levar em frente e eu amo muito eu

valorizo a palavra professor porque ela faz parte da nossa vida

desde que saímos da nossa casa para nós socializarmos na escola.

Maria

É ser professora sempre foi o meu desejo mesmo desde criança

porque na realidade a gente brinca de escolinha quando é criança e

quando a gente cresce, a gente na realidade passa para outras

profissões e, na realidade eu sempre quis mesmo ser professora.

Deolinda

Primeiro é que na minha família tem vários professores e eu acho

que me inspirei neles para ser professora também e porque eu

gosto.

Ângela

Não foi o meu primeiro desejo já falei que queria fazer serviço social

primeiro não foi um desejo sim, mas acabei optando pelo curso por

influência, mas por influência externa.

Renilda

Portanto, das histórias na escola como eu já disse o meu pai ele

também queria ser sempre professor, mas na realidade acabou não

sendo por falta de estudo, mas foi sempre um sonho dele e é assim,

ao mesmo tempo em que eu sei estou me realizando, também

estou a realizar o sonho do meu pai que sempre quis ser professor.

Então ser professor foi sempre um desejo mais por algum tempo

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Benge

esse desejo saiu do meu coração para mim não tinha mais outra

chance, mas depois eu comecei a observar como o mundo esta

vivendo hoje e eu comecei a observar, no meu ponto de vista, eu

creio que o mundo deve ser social transformada através de uma

boa educação, eu creio na educação porque a educação é uma

forma de educar a pessoa para viver em sociedade e através da

educação que nós podemos solucionar os problemas que o mundo

esta a enfrentar hoje as guerras, os conflitos as fomes através de

uma boa educação é isso que eu acredito.

Campos

Foi um desejo meu, eu sempre quis isso, antes me dava aquilo eu

quero ser médica, advogada mais conforme fui crescendo fui vendo

a educação conforme foi passando e eu fui não, eu quero ser

professora porque eu vejo tanta coisa hoje no Brasil e eu falo como

que isso pode acontecer como que o governo como as pessoas não

enxergam as coisas que acontecem ai, eu sempre tive esse desejo.

Francisca

Sempre foi um desejo meu em atuar na área e ser professora, não

foi na impossibilidade de fazer um outro curso, esse curso foi

sempre o que esteve na minha mente.

Miria

Sempre foi na área educacional, nunca em outra área pensei em

fazer matemática cheguei ate a cursar um semestre de matemática,

mas por indisponibilidade financeira e de tempo troquei de curso.

Obs.: Todos os nomes são fictícios.

Quadro 6 – Respostas dos estudantes à questão: O que vocês têm a dizer

sobre a seguinte frase: “Ser professor é ser um profissional desvalorizado?

Respostas dos estudantes do ISCED.

Instituto Superior de Ciências da Educação - ISCED- Cabinda, Angola.

Estudantes Respostas

Gisela

Na nossa sociedade, a valorização do professor ainda esta muito

baixa, em tempos estava a conversar com uma colega e ela me

perguntou: Porque estas a fazer pedagogia? Respondi por que

gosto! Ah esse é curso para fazer? Ali vem já a desvalorização quer

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dizer, não se tem hoje a ideia do papel do professor na sociedade.

Lucinda

Uma colega minha que esta fazer Direito, me perguntou: o porquê

é que estas a fazer pedagogia? Por que não fizeste outro curso

como história, matemática ou outra coisa que não seja pedagogia.

Eu disse para ela, filha, hoje em dia é difícil realizar na sociedade o

teu sonho o que aparecer você abraça e faça porque o que esta em

sua frente se você não amar, jamais poderá amar alguma coisa.

Chica

Sabemos que o professor é o espelho de uma sociedade por isso,

devemos valorizar os mesmos por nos terem dado a formação.

Benvinda

O professor deve ser o profissional mais valorizado, pois, se ele não

ensinar bem a criança ou adulto não teremos na sociedade homens

capazes de dar resposta aos problemas que a cada dia vão

surgindo, por isso, o professor deve ser mesmo muito valorizado.

Eduarda

Acho que nos mesmos professores é que devemos valorizar a

nossa profissão e não esperarmos somente a valorização dos

outros. Devemos trabalhar com vontade e ânimo e não como muitos

que só estão a estragar a classe com atitudes e comportamentos

não muito bons. Hoje, não é fácil ser professor.

Ana

Os professores são desprezados por outros profissionais muitas das

vezes com a mesma titulação no campo financeiro. Contudo, uma

pessoa que educa deveria ter o melhor salário porque ele está a

despertar as pessoas em função a evolução do mundo.

Respostas dos estudantes do UNIFIEO.

Fundação Instituto de Ensino para Osasco – UNIFIEO Osasco, São Paulo-Brasil

Estudantes Respostas

Maria

O profissional ele como professor ele é realmente desvalorizado de

certa forma porque eu acho que o governo deveria investir mais nos

professores, mais nas escolas porque afinal é o professor que faz

com que o cidadão de certa forma cresça, porque sem a educação,

sem o professor não existe nada, acho que o professor e a base eu,

acho que o profissional, o professor, deveria ser muito valorizado e,

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107

acho que ele não é.

Renilda

Hoje eu acho que o professor assim ele não é muito valorizado

porque na realidade a educação no Brasil ela não é muito

valorizada não é pelo fato dos professores, (…), eu acho que,

realmente, a questão esta não porque o professor seja

desvalorizado, mas é porque a educação é muito desvalorizada

aqui no Brasil que não é uma das prioridades, entendeu.

Deolinda

Eu acho que hoje na sociedade onde a gente vive no meio onde a

gente está o professor ele está sendo desvalorizado devido, até

mesmo pelas crianças pelos educandos e também a questão

salarial os governantes estão deixando um pouco a desejar na

questão salarial eu creio que seja isso.

Ângela

Eu acho que depende da onde que o profissional atua se é na rede

publica ou na rede privada. Eu acho que depende muito do próprio

profissional de como ele se impõe em relação à sala em relação à

escola se ele se valoriza estudando buscando mais conhecimentos

sempre eu acho que é uma cadeia de fatores assim não depende

só do estado ou das iniciativas privadas ou dos alunos eu acho

Manucha

O professor de uma certa maneira quando ele, para poder ser mais

valorizado há vários aspetos: um, se ele desvaloriza, ele vai ser

desvalorizado né? Se ele não faz com amor, entendeu, se ele faz

para ganhar dinheiro ou se ele faz com uma realização pessoal

então ele, pode ser valorizado, entendeu, né? Então depende muito

do professor se ele faz com amor ou não faz ele pode ser um

professor valorizado numa periferia, numa favela ele pode ser um

professor desvalorizado numa escola de nome, entendeu, porque

ele não atuou adequadamente.

Fátima

A profissão ela tem muito valor ela é de muito valor só que a

sociedade ela não valoriza o professor, ele deveria ser valorizado

porque a maior parte da nossa vida faz parte da educação ela nos

acompanha por toda a vida e é algo que (pausa) deveria dar

orgulho sabe deveria ser vista como uma profissão como qualquer

outra que tenha muito valor deveria ser muito valorizado pela

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108

sociedade.

Campos

Eu acho que (pausa), na verdade não é ser um profissional

desvalorizado eu acho que o próprio profissional se desvaloriza,

(…), eu acho que o próprio profissional tem de se dar valor,

entendeu, então é assim, paga pouco? Paga mas o que agente tem

a dizer, não tem, se agente não, se nos não formos por nos

mesmos ninguém vai mudar ninguém vai fazer nada, eu acho que o

profissional é que deve se der valor, ensinar independente de

salário de como que o governo ajuda se não ajuda cada um deve

dar o melhor de si, entendeu.

Francisca

Esta faltando um interesse dos próprios profissionais nessa

questão, hoje sim, alguns profissionais se consideram

desqualificados, mas eles não se dão valor e não buscam essa

valorização eles acabam se acomodando a onde eles estão não

buscam a melhorias no seu próprio currículo e dali acabam não

conseguindo também melhorias da sua profissão.

Miria

Eu não acho verdade porque a valorização talvez não seja dinheiro,

mas a criança, o indivíduo que você esta dando aulas, você tem o

retorno dele, você tem a valorização da criança, talvez a criança

(…) entende que você esta fazendo algo em favor dela então ela se

sente grata, ela e às vezes, então às vezes o pessoal começa a ter

uma certa afetividade pelo professor então, eu acho que você tem

mais retorno do que em qualquer outro lugar.

Benge

Ser professor, eu acho que é uma das profissões mais lindas que

existe do meu ponto de vista é uma das profissões mais bonitas que

existe porque você está a ajudar a formar cidadãos a formar

pessoas, entendeu e eu acho que não tem nada mais gratificante

que isso.

Obs.: Todos os nomes são fictícios.

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109

Quadro 7 – Considerações dos estudantes à questão: Como vocês veem o

trabalho do professor hoje?

Considerações dos estudantes do ISCED.

Instituto Superior de Ciências da Educação-ISCED- Cabinda, Angola.

Estudantes Respostas

Gisela

Hoje como antigamente, sempre o trabalho do professor é difícil

mais é preciso dedicação, quando nos propomos a fazer algo

devemos ter tempo para essa coisa por mais difícil que for.

Chica

Em relação ao trabalho do professor, eu diria que o mesmo é e foi

sempre difícil, porque para poder formar alguém é preciso ter gás

(vontade), por isso, é importante que valorizassem o trabalho do

professor.

Benvinda

Quanto ao trabalho do professor, eu penso que um professor deve

sempre ter a força de vontade e habilidade suficientes para educar

os seus alunos porque os mesmos serão o futuro da nação.

Ana

Acho que o trabalho do professor é difícil. Mas se fizermos com

amor e dedicação, acredito que o mesmo se torna fácil e mais

prazeroso. Apesar da desvalorização financeira, gostaria de dizer

que vou estar orgulhosa em trabalhar como professora, ensinar e

educar as crianças e contribuir para o desenvolvimento da

sociedade.

Eduarda

Ser professor é difícil porque o dar aulas, ensinar ou passar os

conhecimentos aos alunos não é uma coisa fácil, tem de ser forte,

não é qualquer pessoa que tem esse dom, essa capacidade. Saber

que estou a formar alguém que amanhã poderá dizer que quem me

formou foi o fulano, isso torna o trabalho do professor mais

prazeroso.

Em geral o trabalho do professor é um trabalho difícil. Não é nada

fácil você como professor, tirar o teu conhecimento e transmitir a

outra pessoa para que ele possa entender e compreender o que

você esta a querer passar para ele é por isso mesmo, que para ser

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110

Lucinda professor e necessário ter capacidades, habilidades, deve ser

exigente, deve ser uma pessoa preparada para poder transmitir

bem aos alunos para que esses alunos venham a ser o futuro da

nação para o desenvolvimento do nosso pais.

Considerações dos estudantes do UNIFIEO.

Fundação Instituto de Ensino para Osasco – UNIFIEO Osasco, São Paulo-Brasil

Estudantes Respostas

Fátima

Como você vê o trabalho do professor? Eu vejo que é um trabalho

de (pausa grande), como é que posso dizer, eu vejo que é um

trabalho como um outro qualquer porque a partir do momento que

você faz algo com amor você consegue os seus objetivos se você

colocar amor na sua profissão se fosse ser um professor é poder

participar da educação de uma criança da construção física

emocional, profissional e tem algo mais lindo do que isso você

poder olhar o futuro e falar ele cresceu porque eu fiz parte desse

futuro e tem algo mais bonito do que isso não tem recompensa

melhor a única recompensa que pode substituir o professor é a

maternidade e a mãe outra profissão assim que participa da vida do

ser humano, ali sabe não tem, não tem sabe, o professor é tudo é

maravilhoso ensinar é maravilhoso você aprender você passar o

seu conhecimento você viver o dia a dia compartilhando com outros

seres é muito gostoso sabe não tem igual, ser professor é muito

bom.

Deolinda

Eu vejo o trabalho do professor como uma coisa bonita uma e,

como é que vou dizer, porque para mim participar da vida

educacional de alguém você receber elogios por aquilo que você

fez é muito prazeroso é isso (risos).

Então o trabalho do professor hoje talvez ele não tem a valorização

que ele deveria ter, acho que o governo deveria investir mais na

educação dar mais valor tanto financeiramente ela é porque quem

falar que não é importante financeiramente eu digo que é

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111

Benge

importante sim ser valorizado pelo governo e principalmente pela

sociedade e pelas famílias porque eu acho que a família é que

deveria valorizar mais o professor porque a maior parte do tempo o

aluno está com o professor e tudo que o aluno aprende é com o

professor, embora a família seja a base, mas o professor também

tem uma participação de fundamental importância na vida da

sociedade.

Francisca

Eu vejo que o profissional que atua na área de educação ele é

essencial porque a criança ela precisa de um educador é um

educador e, como eu posso dizer... (pausa) me fugiu a palavra... de

um educador bem estruturado com muitos recursos, e...(pausa)

esqueci a palavra... assim, um profissional bem estruturado mesmo

na sua profissão que ele possa proporcionar, por exemplo, na

criança um leque amplo com vários temas com muita cultura eu

acho que ele é essencial na vida da criança porque ela vai se

desenvolver através da educação que está recebendo do professor

ei, acho que isso, acho que é uma profissão importante não só para

a escola mas também para a vida das pessoas.

Renilda

Eu acho o trabalho do professor quando ele faz com amor é um

trabalho muito, muito bonito, ela é bela porque ele transforma a

pessoa então ele leva do bruto ele pega como se fosse uma pedra

bruta e ele vai lapidando vai lapidando, né? e aqui se transforma às

vezes até em uma pedra preciosa aquilo que ninguém da valor ele

transforma o barro você pega você amassa ali ele não tem forma,

daqui a pouco você começa a dar forma então o professor é como

se transforma

Obs.: Todos os nomes são fictícios.

O quadro que se segue é das respostas dos estudantes em relação à questão

onze (11) do questionário de pesquisa. Diferentemente dos grupos de discussão, os

estudantes no questionário foram identificados por números e não por nomes. Os

números seguem a ordem concebida nos quadros que representam a amostra deste

estudo (quadros 1 e 2). Essa diferença se observa em função do questionário ter

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112

sido respondido por todos os integrantes da amostra e nos grupos de discussão

apenas a metade dos elementos da amostra participou do estudo.

Quadro 8 – Respostas dos estudantes à questão: O que é ser professor

para você?

Respostas dos estudantes do ISCED.

Instituto Superior de ciências da Educação-ISCED- Cabinda, Angola.

Estudantes Respostas

1

Para mim ser professor é de capital importância, porque quanto

mais na sala de aula melhor eles aprendem é também aprender

deles porque o professor tem a missão de conduzir ou orientar

apesar de ser de um modo discreto, através de receitas de construir

o seu próprio saber e saber fazer.

2

Para mim ser professor é ser segunda mãe ou mesmo segundo pai,

porque a escola é a nossa segunda casa. Ser professor é nada

mais, nada menos ser educador e espelho da humanidade visando

no crescimento da sociedade.

3 É ser um educador capacitado em ensinar com clareza e sabedoria.

4 É estar atualizado com o mundo para melhor educar.

5

Ser professor para mim é formar o homem do amanhã que virá

servir a nação. Ser pacífico, investigador da ciência ou amante da

ciência, facilitador dos conhecimentos etc.

6

Ser professora para mim é dar o meu melhor; aprender com os

meus alunos e ensinar.

7 É amor, paixão é vida.

8

É ser um educador que saiba exercer as funções e também saber

dos direitos do aluno e não só, o professor é o espelho da

sociedade.

9

É ser uma pessoa capacitada, exemplar, educador, que venha para

ajudar os nossos alunos como os filhos em certas circunstanciam

(…), ter o amor com os alunos, compartilharmos as ideias e

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113

contribuir no processo de ensino e aprendizagem deles.

10

Ser professor para mim é contribuir para o bem-estar da sociedade

instruindo e educando a criança, ou seja, é possuir qualidades e

habilidades para administrar conteúdos.

11

Ser professor é ser despertador, ele transmite os seus

conhecimentos aos alunos e ajuda na diminuição do índice de

analfabetismo.

12

É aquele que cumpre com todas as regras de competências

exigidas no curso de pedagogia.

Respostas dos estudantes do UNIFIEO.

Fundação Instituto de Ensino para Osasco – UNIFIEO Osasco, São Paulo-Brasil

Estudantes Respostas

1

É ter a responsabilidade de não apenas ensinar, educar, mas

também formar cidadãos comprometidos com a sociedade em que

vivemos.

2 Crescer.

3

É ser alguém que irá direcionar crianças e jovens para um futuro

melhor, através de seu empenho e ensinamento dentro daquilo que

lhe é permitido. É uma grande responsabilidade. É acrescentar,

somar junto à sociedade (sua comunidade).

4

Ser professor é ser como um segundo pai ou mãe para uma

criança, é educar além da educação familiar, é ensinar como ser

alguém.

5

É participar ativamente da vida de crianças, levar educação,

conhecimento e cultura ao maior número de pessoas possíveis.

6

É um condutor do ensino, é alguém em quem depositamos muita

confiança, às vezes é alguém que almejamos ser igualzinho, algum

dia em nossa vida. Não é inveja! risos.

7

É participar do desenvolvimento educacional e poder ajudar da

melhor forma possível o indivíduo na sua formação.

8 É dar o melhor de si para o próximo.

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114

9

É ensinar, mas na verdade quero ser educadora e participar na vida

dos meus alunos transformando.

10

Alguém que abre os nossos olhos para o mundo. Hoje ele não é

mais só aquele que ensina e sim aquele que nos abre um leque de

oportunidade.

11

É um formador de conhecimentos, é despertar no indivíduo o prazer

de aprender. É como um artista que transforma muitas vezes o que

ninguém percebeu ou não dá valor, em obra prima e única.

12

É ser um educador, e também ensinar várias coisas para as

crianças e mostrar para elas que é muito importante estudar.

13

Ter o dom e a capacidade para formar mentes para enfrentar

futuras relações e adaptações com a sociedade, ajudando.

14

Ser professor é essencial ter a responsabilidade de ensinar, então

temos responsabilidade e deveres.

OBS: Os números que identificam os estudantes seguem a ordem da numeração apresentada durante na amostra dos sujeitos desta pesquisa. O numero 1 do ISCED por exemplo, significa o sujeito numero um da amostra e assim, sucessivamente. As respostas aqui apresentadas provêm do questionário.

Após apresentar as considerações dos estudantes em relação às questões do

roteiro dos grupos de discussão e da questão 11 do questionário, estas passaram a

se constituir como pré-indicadores que possibilitaram a criação de categorias para a

análise e discussão. Depois de uma leitura rigorosa das respostas apresentadas

pelos estudantes, as categorias de análise e os seus respectivos indicadores serão

apresentados simultaneamente tanto para o ISCED como para o UNIFIEO. Durante

a apresentação dos pré-indicadores podemos observar que as respostas manifestas

pelos estudantes em relação às questões apresentadas com uma ou outra palavra

diferente se apresentam nas mesmas linhas de pensamento, por isso, podem ser

enquadradas em categorias de análises semelhantes. Contudo, durante a discussão

dos dados, sempre que for necessário recorrer em alguma fala vamos indicar a

origem, ou seja, de quem é, onde foi retirada (grupo de discussão ou questionário) e

de que escola pertence o sujeito.

Assim, para facilitar as análises foram elaboradas tabelas em torno de cinco

eixos temáticos que expressam as categorias criadas e os seus respectivos

indicadores em função das respostas dos estudantes. Os referidos eixos são:

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115

Eixo 1 - Implicações intrapessoais e interpessoais relativas à escolha do curso

de pedagogia para a formação Superior. Compreender os fatores/motivações que os

estudantes consideram relevantes para essa opção.

Para a elaboração desse eixo, consideramos a questão: Como se deu a

vossa escolha?

Eixo 2 - Expectativas em relação ao curso. Verificar o que os alunos

pretendem alcançar no final da formação deles como meio para se avaliar a

compatibilidade entre as razões das escolhas e das expectativas deles em relação

ao curso.

Para a elaboração desse eixo, consideramos as seguintes questões:

Questionário. Questão nº. 8: Enumera as opções abaixo de 1 a 5 de acordo

com sua prioridade. Pensando em você enquanto estudante o que pretende

alcançar no final do curso. a)- Apenas um título de nível superior; b)- Concretização

de um sonho: ser professor; c)- Ter bastante conhecimento para o exercício futuro

da profissão; d)- Seguir carreira acadêmica e ser realizado profissionalmente; e)-

Facilidade de ingresso na função pública.

Grupo de discussão. Questão 2: Quais são as vossas expectativas em

relação ao curso.

Eixo 3 - Desejo e possibilidades reais para escolha do curso. Avalia se os

estudantes estão seguros sobre a escolha feita.

Para a elaboração desse eixo, consideramos as seguintes questões:

Questionário. Questão nº. 10: Se tivesses oportunidade de uma bolsa de em

uma instituição com maiores oportunidades de escolha, optarias na mesma por

cursar pedagogia? Justifica o teu posicionamento.

Grupo de discussão. Questão 3 - Ser professor foi sempre um desejo vosso

ou é algo que surgiu na impossibilidade de fazer outro curso.

Eixo 4 - Representação de “ser professor” e do “trabalho do professor”, ou

seja, o sentido que os estudantes representam em relação à profissão docente.

Para a elaboração desse eixo, consideramos a questão nº. 11 do

questionário: O que é ser professor para vocês?

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Eixo 5 - Opinião dos formandos relativamente à valorização ou desvalorização

da carreira docente e os fatores que concorrem para tal.

Para a elaboração desse eixo, consideramos a questão nº. 4 do grupo de

discussão: O que vocês têm a dizer sobre a seguinte frase: Ser professor é ser um

profissional desvalorizado.

Eixo 6 – Contexto do trabalho docente na atualidade como requisito para se

avaliar a imagem que os futuros professores têm desta atividade e sobre os desafios

da prática docente na atualidade.

Para a elaboração desse eixo, consideramos a questão nº. 5 dos grupos de

discussão: Como vocês veem o trabalho do professor?

Apresentados os eixos que nortearam essa discussão, em seguida passamos

a nos debruçar sobre os mesmos.

5.3 IMPLICAÇÕES NA ESCOLHA DO CURSO DE PEDAGOGIA.

Em conversas preliminares com os estudantes participantes da pesquisa a

primeira ocorrência que nos sobreveio foi que nenhum deles participou em um

programa ou de um teste de orientação profissional para a escolha profissional. Todos

foram unânimes em dizer que a escolha se originou de várias implicações. Tendo em

conta essa constatação e considerando os dilemas e as tensões que envolvem o

indivíduo no momento da escolha profissional, a nossa primeira preocupação foi saber

como se deu a escolha profissional dos mesmos, ou seja, como chegaram ao curso

de pedagogia.

Tabela 2 – Distribuição das justificações dos estudantes em relação aos

motivos da escolha do curso de pedagogia.

Categoria Subcategoria Nº. %

Impressões que justificam a escolha determinante.

Relacionadas ao gosto.

• Eu gosto do curso.

2

12

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117

Escolha

determinante

• É uma coisa que eu gosto muito de fazer.

Relacionadas à realização de um sonho.

• Por que realmente foi um sonho desde

criança sempre adorei.

• Foi sempre um sonho da minha parte.

• O meu sonho desde sempre, foi de ser

professora.

3

19

Escolha como transformação.

• Eu quero ser uma das pessoas que pode

mudar essa educação.

• Por que eu ainda acredito na educação que

através da educação é que se forma um ser

humano para viver em sociedade, para uma

sociedade melhor.

• Eu creio na educação porque a educação é

uma forma de educar a pessoa para viver em

sociedade é através da educação que nós

podemos solucionar os problemas que o mundo

está a enfrentar hoje: as guerras, os conflitos as

fomes através de uma boa educação é isso que

eu acredito.

• Ao conhecer assim mais fundo como seria a

profissão me veio aquela vontade de querer fazer

a diferença na educação porque a gente vê muito

como são as escolas hoje, a gente vê que está

tendo uma decadência muito grande.

4

25

Relacionadas com admiração/ paixão pelo curso.

• É uma paixão de infância

1

6

Impressões que justificam a escolha por determinação.

Escolha baseada em modelos sociais/família.

• É que na minha família tem vários

professores e eu acho que me inspirei neles para

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118

Escolha por

determinação.

ser professora também.

• Meu tio casou com uma professora logo em

seguida e ali, conversando com eles eu optei por

pedagogia.

• A minha mãe é professora e porque desde

nova eu cresci nesse ambiente e eu comecei a

gostar achei interessante.

3

19

Escolha como oportunidade do meio.

• Como não tive a oportunidade de fazer

outros cursos do meu agrado por isso aqui estou.

• Uma vez que não consegui tentei aqui no

curso de pedagogia e tive êxitos.

• Como não tive a oportunidade de entrar na

faculdade de Direito, tentei a minha segunda

opção e me inscrevi aqui e graças a Deus passei

no exame e estou aqui a fazer pedagogia.

3

19

OBS.: As porcentagens foram calculadas a partir dos números das impressões explícitas em função dos participantes dos grupos de discussão.

Pelas respostas obtidas é possível observar que a escolha do curso se deu de

maneira determinante e determinada. A escolha determinante foi permeada por

condicionantes interno-subjetivos. A determinada foi influenciada por determinantes

externo-objetivos.

Neste ponto, Lourenço Filho assinala:

O que há, em relação à escolha da profissão [...] é o resultado da formação social. Ideias, hábitos mentais, longamente firmados desde a infância; tradições da família; bom ou mau conceito local de determinado trabalho; influência direta muitas vezes dos nossos primeiros mestres que tomamos como modelo; modificações de melhoria econômica da profissão. Tudo isso pode agir isoladamente ou em conjunto, num dado momento” (2001:17).

Pelos resultados, observa-se que 37% dos pesquisados justificam a preferência

pelo curso por gosto, sonho de vida e paixão. Acredita-se que essas justificativas

decorrem porquê o processo de escolha do curso superior ser definida pelos próprios

indivíduos, em função de suas percepções, valores e interesses particulares. A

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119

escolha seguindo este padrão parece ser justificada por determinantes subjetivo-

internos como os elementos da definição na opção para o curso de pedagogia.

A eleição dum curso superior está associada às preferências, ao gosto, à

paixão, ao sonho de vida ou, como a maioria diria, à vocação individual. Salvo os

casos em que o candidato à vaga no curso superior não consegue passar no

vestibular ou não possui condições econômicas para pagar o curso que deseja. Desta

forma, acaba sendo obrigado a fazer outro curso.

É comum os indivíduos argumentarem que escolheram determinado curso

porque gostam da área e acreditam que têm habilidades apropriadas ao exercício da

profissão ou mesmo que sempre sonharam em se formar nesta ou naquela área de

conhecimento. Apesar de a crença ser quase generalizada, porém temos consciência

de que não são os fatores exclusivamente pessoais que levam uma pessoa a fazer

escolhas. Principalmente a opção profissional. Para Vygotsky (2010), estas

justificativas decorrem pelo fato de “toda espécie de trabalho ser constituída de

combinações especiais e de reações que lhe são inerentes”.

Em Psicologia Pedagógica Vygotsky, advoga;

É de suma importância estabelecer a aptidão dessa ou daquela pessoa para a respectiva profissão. Trata-se a uma exigência que corresponde aos interesses não só do assunto, mas do correto desenvolvimento do indivíduo. (VYGOTSKY, 2010, p.410).

Por meio da fala de Vygotsky é possível ressaltar que as escolhas que

seguem estas preferências são em geral sólidas e seguras. Os indivíduos que optam

por gosto, paixão e sonho de vida em determinada profissão e/ou curso, se

consideram, em princípio, realizados pelo fato de estarem a cursar aquilo que

sempre almejaram na vida. Essa particularidade torna, na maioria das vezes, os

mesmos mais abertos para o aprendizado e conhecimentos das questões ligadas à

profissão escolhida com a possibilidade de melhor se prepararem para o

desempenho futuro.

O gosto pela profissão, a realização de um sonho e a paixão pelo curso, é

apresentado pelos participantes como “disposições” que se dão desde a infância e

se prolongam ate a idade adulta. Os mesmos são ostentados como determinismo

biológico, que pretende explicar por meio da vocação, e/ou presença de aptidões

inatas, a preferência na escolha do curso.

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120

Em relação à escolha determinante, pode se observar que a mesma se deu

por influências externo-objetivas. A escolha de uma profissão não é feita somente

por fatores pessoais, próprios do indivíduo. A sociedade em que vivemos nos impele

a ter um trabalho para nos sentirmos dignos de viver nela. Esta necessidade decorre

de pressões sociais que estão inscritas no poder vigente, o qual é exercido sobre o

indivíduo a todo o momento no intuito de discipliná-lo, torná-lo útil e produtivo.

Aliados a essas pressões, estão os vários modelos de atividades e profissões que

se apresentam no dia a dia das pessoas. Na medida em que nos envolvemos na

sociedade por meio dos grupos, primários ou secundários, estes, por meio das suas

práticas e atividades, podem influenciar as nossas escolhas. A memória que se tem

na família ou uma pessoa que sirva de modelo pode influenciar também nessa

escolha.

As adoções dos modelos de profissão dos familiares estão entre os fatores

externos que tiveram influência na escolha do curso de pedagogia. Neste caso há

uma correspondência de 19% das escolhas. A família como instituição social primária

desempenha um papel importante na escolha profissional dos seus progenitores. Os

primeiros modelos de profissão dos sujeitos iniciam na família por meio da afinidade

em modelos profissionais do pai, da mãe ou de qualquer outro membro familiar. Essa

afinidade pode se prolongar e se firmar como profissão futura em função da

experiência que a pessoa vivencia junto destes.

A família tem um papel decisivo na definição da opção profissional de um filho,

pois esta serve como exemplo ou indica a carreira que ele deve ou não seguir,

impondo, muitas vezes, uma profissão ou proibindo outra. A importância da família na

influência das opções dos seus progenitores e destacada por diversos autores que

consideram a mesma como positiva em alguns momentos e, em outros, essa

influência pode ser do tipo negativa. Soares (2002), afirma que a “busca da realização

das expectativas familiares em detrimento dos interesses pessoais influencia na

decisão e na fabricação dos diferentes papéis profissionais”.

Quando a influência da família for desse tipo pode ser considerada como

negativa, pois, segundo Neiva (2007, p. 74), ela não se importa com as preferências

do sujeito. Visa apenas “resgatar, por intermédio dos filhos, projetos profissionais não

realizados ou abandonados”. Pelas falas dos sujeitos da pesquisa, pode se observar

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que a influência da família, foi de forma positiva, pois nenhum relato demonstra que os

mesmos recebem uma imposição dos pais e parentes para que optassem pelo curso.

Considerando os dados apresentados é importante, realçar ainda a influência

dos modelos familiares na escolha e construção da identidade profissional como

mencionado anteriormente, pois 62% dos nossos participantes relatam que existem

em suas famílias profissionais atuando na área da educação. Tais afirmações, até

então, fazem menção aos fatores determinantes no processo de escolha pelo curso

de Pedagogia.

A convivência social que se dá nas famílias, nos grupos, na escola e em outros

locais de socialização, contribui bastante na definição de certos papéis e no

desenvolvimento cognitivo dos indivíduos. O desenvolvimento cognitivo é produzido

pelo processo de internalização da interação social com materiais fornecidos pela

cultura, sendo que o processo se constrói de fora para dentro. Para Vygotsky, a

atividade do sujeito refere-se ao domínio dos instrumentos de mediação, inclusive sua

transformação por uma atividade mental.

Os sujeitos para Vygotsky e seus colaboradores, não só são considerados

como ativos, mas também como sendo interativos. Esta consideração é justificada

pelo fato dos mesmos serem capazes de construir conhecimentos a partir de

relações intrapessoais e interpessoais que são estabelecidas entre si.

É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando

conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação de

conhecimentos e da própria consciência (objetividade). Trata-se, pois de um

processo que peregrina do plano social - relações interpessoais - para o plano

individual interno - relações intrapessoais.

Neste sentido, e como nos diz Molon (2000), o sujeito não é um mero signo,

ele exige o reconhecimento do outro para se constituir enquanto sujeito em um

processo de relação dialética. Ele é um ser significante, é um ser que tem o que

dizer fazer, pensar, sentir, tem consciência do que está acontecendo, reflete todos

os eventos da vida humana é um sujeito constituído e constituinte nas e pelas

relações sociais, é o sujeito que se relaciona na e pela linguagem no campo das

intersubjetividades.

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Os aspectos acima apresentados pela autora levam-nos a compreensão do

sujeito como sendo uma unidade múltipla, que se realiza na relação “Eu-Outro”,

sendo constituído e constituinte do processo sócio-histórico onde as manifestações

desse sujeito são a interfaces desse processo. A subjetividade manifesta-se, revela-

se, converte-se, materializa-se e objetiva-se no sujeito. Ela é processo que não se

cristaliza, não se torna condição nem estado estático e nem existe como algo em si,

abstrato e imutável. É permanentemente constituinte e constituída. Está na interface

do psicológico e das relações sociais, Molon (2000).

Nas suas longas discussões a respeito da teoria sócio-histórica, Vygosty em

Psicologia Pedagógica destaca que “o homem é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto

das relações sociais é produto e produtor da sociedade”. Por meio disso, o homem é

apresentado como intra e interativo.

No dizer de Soares, (2002, p. 44),

É impossível se pensar o homem como algo separado do seu meio social, não vê-lo como determinado historicamente e, portanto determinado ideologicamente. (…), ao vermos o homem apenas como determinado estamos nos esquecendo de pensar que é o próprio homem quem faz a história, quem escreve a sua história e de seu grupo social. Portanto, ele também deve ser visto como um elemento do processo de mudanças sociais que caracteriza o meio no qual vive e se projeta.

Constata-se fruto das alterações sociais e das mudanças sucessivas dos

sistemas ou regimes políticos dos estados, o processo educativo sofre grandes

transformações. Por meio das políticas deficitárias dos governos para com a

educação, e particularmente com o corpo docente, nota-se hoje a diminuição no

envolvimento dos professores com os problemas da escola, no trato com os alunos e

com a comunidade. Essa situação tem estado a dificultar, por um lado, o desempenho

daqueles que se encontram na prática educativa e, por outro, a depreciação da

profissão docente.

Como consequência disto, muito embora haja uma crença de que “a educação

é a base sustentável para o desenvolvimento de qualquer nação”, os índices em

relação à educação de qualidade têm caído em muitos países. Inclusive em Angola e

no Brasil. Entretanto, em torno de 25 % dos alunos avaliados nesta pesquisa,

preocupados com o rumo que o processo educativo vem trilhando e, por meio da

convivência social, motivados pelo espírito de transformação desse quadro,

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escolheram o curso de pedagogia no intuito de reverter a situação e tornar a

educação, por meio do ensino, um verdadeiro pilar de desenvolvimento de uma

nação.

Essa situação fica clara nas próprias falas dos alunos que seguem:

Eu creio que o mundo deve ser socialmente transformado através de uma boa educação, eu creio na educação porque a educação é uma forma de educar a pessoa para viver em sociedade e através da educação que nós podemos solucionar os problemas que o mundo esta a enfrentar hoje (Benge, grupo de discussão, UNIFIEO).

Eu quero ser uma das pessoas que pode mudar essa educação, (Campos, grupo de discussão, UNIFIEO).

Eu ainda acredito na educação que através da educação é que se forma um ser humano para viver em sociedade, para uma sociedade melhor. (Benge, grupo de discussão, UNIFIEO).

Ao conhecer assim mais fundo como seria a profissão me veio aquela vontade de querer fazer a diferença na educação, (Francisca, grupo de discussão, UNIFIEO).

As justificativas apresentadas por esses estudantes todos do Centro

Universitário Fieo, podem ser compreendidas, se analisarmos o nível de

desempenho profissional dos professores brasileiros que pode ser avaliado pelo

desempenho dos alunos em particular os das escolas públicas não universitárias. De

acordo com os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa,

na sigla em inglês), - anunciados em 7 de 12 de 2010 - realizado a cada três anos

pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) o Brasil

ocupa o 53º lugar no ranking de 65 nações membros do OCDE.

Segundo esta organização, o Brasil conseguiu superar a barreira dos 400

pontos em leitura e ciências, mas ficou abaixo desse patamar em matemática. O

resultado, no entanto, ainda está longe de ser positivo. Nas três áreas, pelo menos a

metade dos jovens brasileiros não consegue passar do nível mais básico de

compreensão.

Finalmente, pelos dados da tabela 2, pode se observar que 19% das escolhas

foram motivadas na impossibilidade de fazer o curso pretendido. Pela fala de três

alunas é possível verificar que a escolha do curso se deu na impossibilidade de

frequentar a faculdade dos sonhos delas. O curso de pedagogia surge como

recompensa em função de ser a oportunidade que surgiu no momento. Importa

salientar que essa particularidade é observada em alunas do ISCED.

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Pelas falas destes participantes, durante os grupos de discussão, foi possível

observar, nesse caso em que a escolha não decorre de um gosto declarado pelo

curso ou área profissional associada, a descrição do processo de decisão destes

como orientado pelas percepções, valores e interesses individuais, subjacentes e

posteriormente apresentados como sendo a segunda ou terceira opção de escolha

profissional.

Apesar disso, devemos salientar que um indivíduo que busca um diploma

qualquer de nível superior por conseguir uma vaga no curso e visando apenas obter

um outro enquadramento dentro da hierarquia social, isto é: status, e que frequenta,

para isso, o curso de acesso por oportunidade do meio, é menos exigente

academicamente guia-se, igualmente, por um conjunto particular de representações

sobre o sistema de ensino, sua capacidade intelectual e seu futuro profissional.

5.4 EXPETATIVAS EM RELAÇÃO AO CURSO

Os motivos e as expectativas que determinaram o processo da escolha do

curso de pedagogia estão sendo considerados nesta pesquisa, uma vez que são

etapas significativas para a formação acadêmica e profissional dos indivíduos. A

consideração destes pode ainda trazer a tona questões inerentes a motivação futura

no desempenho profissional dos sujeitos.

Pensando assim, e com o objetivo de avaliar a afinidade entre a escolha e as

expectativas dos sujeitos em relação à profissão escolhida, foi pedido que os alunos,

por meio da questão 8 (ver questionário de pesquisa), escolhessem das cinco

alternativas apresentadas quais seriam as expectativas deles em relação ao curso,

sendo que a numero um (1) foi considerada a mais significativa. Do total de alunos da

amostra, 11 deles, 42%, esperam realizar o sonho de “ser professor”. Outros 11, 42%

também, esperam com o curso “terem bastante conhecimento para o exercício da

profissão”. Por fim, 4 alunos, 16%, afirmam que “pretender seguir carreira acadêmica

e serem realizados profissionalmente”.

Em virtude dos resultados e as porcentagens aqui apresentadas serem

conseguidas pelos pesquisadores por meio do questionário, no grupo de discussão,

como forma de ouvir diretamente dos sujeitos, voltamos a debater a mesma questão.

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Dessa vez foi perguntado aos sujeitos “quais são as vossas expectativas em relação

ao curso escolhido”. As manifestações dos sujeitos foram agrupadas em categorias

evidenciadas pela própria fala destes.

Tabela 3 – Distribuição das expectativas dos alunos em relação ao curso

escolhido.

ALUNOS

EXPETATIVAS EXPLICITADAS

Nº.

Relacionadas a conhecimentos e experiências para o exercício da

profissão.

• Adquirir bastantes conhecimentos para exercê-la bem a atividade

docente.

• Obter conhecimentos que me permitem amanhã exercer a atividade

de professora.

• Adquirir conhecimentos para amanhã poder passar aos meus alunos.

• Eu gostaria de obter conhecimentos, eu espero desse curso obter o

máximo de conhecimentos para passar para as crianças futuramente

ou para os adultos né?

• Eu escolhi esse curso com a expectativa de aprender muito mais do

que eu já sei por que ser (…) as crianças precisam muito mais do

que aquilo que você já sabe, entendeu?

• Adquirir mais conhecimentos para poder estar dando aulas.

• Espero sair formada, especializada pelo menos com uma base para

começar a dar aulas.

• Me formar para contribuir na formação das crianças que são o futuro

do amanhã.

• Aprender adquirir experiência e saber como eu vou lidar com a minha

profissão.

• É adquirir experiência em primeiro lugar aprimorar conhecimentos.

10

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Relacionadas à formação no nível superior.

• Para o meu conhecimento e para o meu crescimento pessoal.

• Fazer o curso e esperar que me forme nessa área.

• Uma boa formação nesse curso.

• É de terminar o curso.

• Me formar.

• Para ser sincera eu vim sem nenhuma expectativa.

6

Nos grupos de discussão, observa-se pelos resultados que as expectativas

dos estudantes em relação ao curso estão vinculadas em duas categorias distintas:

Formação no nível superior e conhecimentos e experiências. 63% afirmam que, com

o curso, pretender obter conhecimentos e experiências para o exercício futuro da

profissão. Os 37% restantes esperam com o curso obter apenas uma formação de

nível superior.

Os resultados apresentados podem ser considerados como análogos em

relação aos primeiros. A analogia dos mesmos pode ser observada em virtude de no

primeiro caso aparecerem como expectativas em relação ao curso a realização de

um sonho, “ser professor”, ter bastantes conhecimentos para o exercício da

profissão e, finalmente seguir carreira acadêmica e ser realizado profissionalmente.

Apesar de não termos observado nos grupos de discussão frases que

fizessem referência a questão “seguir carreira e ser realizado profissionalmente”.

Consideramos análogos os mesmos por atendermos que “ter bastantes

conhecimentos” uma etapa para a realização de um sonho e, igualmente, como

fundamental para “seguir carreira e ser realizado profissionalmente”. Esta

constatação pode ser observada em função dos dizeres de Ana, Francisca e Maria.

Apesar de reconhecerem as dificuldades porque passam os profissionais dessa

classe dizem dispostas para exercerem a atividade docente, continuar a buscar

atualização e estar cada vez mais dentro da profissão.

Apesar da desvalorização financeira, gostaria de dizer que vou estar orgulhosa em trabalhar como professora, ensinar e educar as crianças e contribuir para o desenvolvimento da sociedade. (Ana, grupo de discussão, ISCED).

Terminado o curso eu quero exercer a profissão e nunca parar de estudar eu quero sempre me especializar, buscar atualizar os meus conhecimentos, sempre estudando e estar cada vez mais dentro da minha profissão. (Francisca, grupo de discussão, UNIFIEO).

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Eu estou disposta a exercer a profissão mesmo com todos esses problemas, eu acho que vai ser ótimo, eu vou adorar. (Maria, grupo de discussão, UNIFIEO).

Por meio dessas frases e em função dos resultados que apontam para 63%

dos estudantes com interesses em adquirir conhecimentos e experiências para o

exercício futuro da profissão, pode se inferir que os mesmos apresentam uma

motivação orientada a conteúdos essenciais da profissão. Nesse tipo de motivação,

os sujeitos abordam os assuntos referentes à profissão, por seus atributos

essenciais expressam objetivos de carreira e interesse intrínseco em uma

compreensão mais profunda da profissão e interesses no desenvolvimento de

competências profissionais. Segundo a escala de classificação das motivações

profissionais elaborado por Maura, (1989) retomados por Yoba, (1998, p. 60-63), as

expectativas formativas e os interesses dos estudantes refletem que as intenções

profissionais destes podem ser classificadas em nível superior.

Alguns indicadores apresentam o assunto da profissão, por seus atributos não

essenciais expressos em objetivos de carreira extrínsecos, tais como: obter

conhecimentos para o crescimento pessoal, me formar, ou seja, obter um diploma

Universitário e terminar o curso. Quando os interesses são pautados por conteúdos

puramente extrínsecos a motivação pode ser avaliada como não orientada a

conteúdos essencial para a profissão. Em função a esses indicadores, pode-se

inferir que 37% dos sujeitos apresentam uma motivação que reflete a falta de

interesses profissional, com isso, avaliado no nível inferior.

Essas características que configuram o atual momento da motivação podem

ser as bases fundamentais para se avaliar a condição que o indivíduo apresenta

para a realização de uma determinada atividade. Em função dos resultados

podemos inferir que o nível de motivação que os estudantes apresentam para a

realização da profissão é alto, já que avaliado em 63% dos integrantes da amostra

de pesquisa.

No decorrer dos grupos de discussão e ainda em função da questão

relacionada às expectativas em relação ao curso, foi possível observar alguma

indignação dos estudantes em relação à atuação de alguns professores,

particularmente os da rede pública do ensino. Esta situação foi observada em ambos

os grupos aonde os estudantes chegaram a manifestar que existe muita gente que

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está a atuar como professor e de professor nada tem além do nome. Observam, de

igual modo, não ser possível que a pessoa passa por uma formação e, ainda sim,

tenha uma atuação que não condiz com o seu grau de formação e com as

exigências do nível para qual está a lecionar. Para estes, ou a pessoa não foi

devidamente preparada durante a formação para estar na sala de aula ou o mesmo

não tem “vocação” para ser professor.

Em função disto, na visão dos nossos participantes:

“O verdadeiro professor é aquele que olha no aluno e ele sabe aquilo o que se passa com ele e ele saberá como agir e como tratar aquela criança porque cada criança tem uma maneira diferente de ser tratada, cada criança tem um jeito, uma maneira. Eu acho que o verdadeiro professor é aquele que compreende cada um dos alunos que sabe lidar com todos e sabe de uma forma ou outra chamar a atenção deles e a convencer eles a quererem estudar a querer aprender, eu acho que este é o verdadeiro professor”. (A citação foi da Renilda, grupo de discussão, UNIFIEO, compartilhada por todos os sujeitos do grupo).

Diante do exposto e, em função das expectativas apresentadas pelos

participantes em relação ao curso de pedagogia, achamos ser necessário que os

programas de formação de professores, em ambos os países, criem condições para

que os indivíduos formandos estejam cada vez mais imbuídos e penetrados ou

imersos num ambiente pedagógico favorável e necessário a sua profissionalização

como requisito para se chegar ao “verdadeiro professor”. Pelo ambiente pedagógico,

entendemos um conjunto de atividades adequadas e sistematizadas, de acordo com

as cadeiras nucleares a serem efetuadas pelos estudantes ao longo da sua

formação.

Cremos que a informação que os aspirantes a esta classe têm sobre os

conteúdos de ensino de níveis subsequentes e do modo como os mesmos se

transformam em matéria de ensino resulta de um processo aquisitivo. Parte do

desenvolvimento real é aquilo que os estudantes trazem e sobre o que vão

adquirindo ao longo dos primeiros anos de formação e possibilitando o restauro e o

surgimento de um novo nível de aprendizado.

Tendo como pressuposto fundamental nossa convicção no enfoque sócio-

histórico de produção e disseminação dos conhecimentos, defendemos que os

requisitos de um bom educador, tais como o domínio da especialidade a lecionar, o

domínio metodológico, ou seja, a capacidade pedagógica e a motivação para

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129

ensinar, se adquirem, em parte, através da penetração dos estudantes em um

ambiente pedagógico favorável e, em um segundo momento, através da prática

docente. “Não existem indivíduos nascidos professores. Não existe um professor

predestinado e possuidor de capacidades pedagógicas inatas” (PETERSON, 2002).

Se quisermos ter professores comprometidos com os desafios da atualidade é

preciso, levar-se a cabo um conjunto de aprendizados e atividades que se traduzam

em uma formação que vincule “a teoria e a prática desde o início do curso, a partir

da pesquisa e de uma efetiva inserção no interior da escola” Leite et al (2008, p. 49).

Diante dessa compreensão são imprescindíveis: tempo, propostas concretas

e compatíveis com a realidade de cada contexto sociopolítico e educacional. É

necessário, ainda, um tempo de fortalecimento dessas ideias Implica desse modo,

considerar que é necessário em primeiro lugar “(...) envolver o elemento humano, as

pessoas e, através delas, mudar a cultura que se vive na escola” (Alarcão, 2001, p.

19), ou seja, “as transformações dos constrangimentos e das contradições objetivas

do ensino dariam um maior contributo para a modificação das práticas do que a

difusão de ideias ou de receitas pedagógicas prontas” (PERRONOUD, 1993).

Deve-se, a par disso e compartilhando com Nóvoa (1997), criar espaços que

permitam o professor formando refletir sobre sua ação, pois a produção de práticas

educativas eficiente surge da reflexão da experiência pessoal, partilhada com os

demais colegas. Essa atitude e pensamento são de extrema importância na

construção de valores e concepções que de certo modo, poderão fundamentar o

desenvolvimento do conhecimento e motivação para a prática docente. Como

defende Vygotsky (2007), o homem constitui-se a partir da sua relação com os

outros, com o mundo exterior e a aprendizagem ocorre por uma mediação social.

Essa mediação social pode ser constatada a partir do indivíduo e, principalmente, a

partir da relação que este estabelece com os demais membros da sociedade onde

estiver envolvido.

Compete, portanto, aos responsáveis pelo processo de aprendizagem situar a

perspectiva que mais se apresente adequada às propostas apresentadas pelos

governos, assim como a linha que reflita a sua postura, a qual pode enaltecer ou

desqualificar a formação e a prática docente.

Dessa forma, afirma Freitas,

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130

[...] não é suficiente que os professores conheçam novas teorias; é preciso, além disso, que eles se conscientizem de seu papel social e se comprometam, em sua prática pedagógica, (...) pela transformação da sociedade, buscando eles também conquistar o poder de agir e decidir com autonomia (FREITAS, 1998, p.128).

Para que os docentes, formados nas atuais políticas estabelecidas pelas Leis

e Diretrizes e Bases da Educação de Angola e do Brasil, consigam exercer sua

profissão conscientes da importância de seu papel social e seguros do

conhecimento que vão manusear, Perrenoud (2000) enfatiza ser necessário formá-

los para as novas tecnologias, ou seja;

(...) formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e análise de textos e de imagens e representação de redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação (p.128).

Na mesma perspectiva de análise Nóvoa (1995) enfatiza ser necessário que

os futuros professores "se apropriem dos saberes de que são portadores e os

trabalhem do ponto de vista teórico e conceptual" (p.17).

Portanto, a formação inicial é, a nosso ver, o momento mais importante na

vida do professor, pois é a partir dele que se devem fornecer as bases para se

construir um conhecimento pedagógico sólido e especializado, como via

fundamental para a preparação do professor para enfrentar as exigências e os

desafios propostos pela escola no contexto atual. Faz-se necessário uma política

emergencial de formação de professores, pensando numa educação que vise não

só o crescimento econômico, mas também o desenvolvimento social e científico, a

preservação do patrimônio histórico-cultural e, fundamentalmente, a autonomia de

modo a fazer frente ao processo de globalização.

5.5 DESEJO E POSSIBILIDADES NA ESCOLHA DO CURSO DE

PEDAGOGIA.

Observa-se que há uma distância grande entre escolher e assumir a escolha.

Existem aqueles que escolhem como fator de realização, de crescer como pessoa

(auto realização), de conhecimento e estima, e fazer alguma coisa que lhe agrade e

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131

de fazê-la bem feito, de ascensão social etc. Há também aqueles que escolhem por

falta de opção ou ainda para atender a uma solicitação social (aquisição de uma

formação superior).

Com o intuito de verificar o desejo e as possibilidades reais que os estudantes

tiveram para a escolha do curso como forma de avaliar se os mesmos estão seguros

sobre a escolha feita, foi questionado a estes: “Se tivesses oportunidade de uma

bolsa em uma instituição com maiores oportunidades de escolha, optarias na

mesma em cursar pedagogia? Justifica o teu posicionamento.” Gostaríamos de

salientar que esta questão faz parte do grupo de questões que compõem o

questionário aplicado aos estudantes.

Os resultados revelam que independemente de bolsa de estudo em

Universidades com maior cotação em nível do país ou mesmo internacional, 87.5%

dos estudantes afirmam que escolheriam cursar pedagogia e apenas 12.5% afirmam

que optariam por outros cursos. Em relação àqueles que afirmam fazer o curso de

pedagogia mesmo podendo escolher outra graduação, as razões apresentadas são

majoritariamente do nível intrínsecos e extrínsecos. As intrínsecas são expressas

pelo desejo de atuar na profissão, pelo autoconhecimento e na perspectiva da

educação como desejo de transformação para ascensão social dos povos. As de

ordem extrínsecas, relativamente à permanência no curso, são expressas em função

do incentivo que recebem da família e outros pares pela escolha. Aqueles que

manifestam a intenção de mudar de curso apresentam como justificativas a não

identificação com a docência.

Como forma de assegurar as reais possibilidades que os estudantes tiveram

na escolha do curso e no intuito de verificar os resultados do questionário, nos

grupos de discussão voltamos a debater a mesma questão. Desta vez, mudamos o

teor da pergunta passando para a seguinte: Ser professor foi sempre um desejo

vosso ou é algo que surgiu na impossibilidade de fazer outro curso?

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132

Tabela 4 – Motivação explicita em relação à questão: Ser professor foi

sempre um desejo vosso ou é algo que surgiu na impossibilidade de fazer outro

curso?

Categoria

Subcategorias/Indicadores

%

Motivações

relacionadas à

escolha e

permanência.

Admiração/Desejo

• Ser professora foi sempre um desejo meu.

• Ser professor foi um desejo meu.

• Sempre foi um desejo meu em atuar na área e

ser professora.

• Ser professora sempre foi o meu desejo

mesmo desde criança.

• Sempre foi na área educacional, nunca em

outra área.

• A pedagogia sempre esteve em frente.

6

38

Autoconhecimento.

• Por que a pedagogia ela vai te trazer um

autoconhecimento saber como você pode lidar

com certos comportamentos.

1

6

Incentivo de familiares/Esposo.

• Os incentivos do meu esposo, fazendo nascer

cada vez mais em mim o desejo de ensinar as

crianças.

• Primeiro é que na minha família tem vários

professores e eu acho que me inspirei neles

para ser professora também.

• Acabei optando pelo curso por influência, mas

por influência externa.

• Ao mesmo tempo em que eu sei estou me

realizando, também estou a realizar o sonho

do meu pai que sempre quis ser professor.

4

25

Educação como transformação/Mudanças

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133

sociais.

• Eu creio que o mundo deve ser socialmente

transformado através de uma boa educação,

eu creio na educação (…) através da

educação que nós podemos solucionar os

problemas que o mundo esta a enfrentar hoje.

• Eu quero ser professora porque eu vejo tanta

coisa hoje no Brasil e eu falo como que isso

pode acontecer como que o governo, como

que as pessoas não enxergam as coisas que

acontecem ai, eu sempre tive esse desejo.

2

12.5

Motivações

relacionadas a

não escolha e

permanência.

Pouca admiração/Falta de desejo.

• Não foi o meu desejo.

• Não foi o meu desejo fazer o curso de

pedagogia.

2

12.5

Dificuldade de ingresso no curso de seu desejo.

• Tentei em outros cursos e não consegui, tentei

a pedagogia aqui consegui.

1

6

A partir destes resultados é possível observar que o aspecto subjetivo, no

caso o desejo pela docência construído desde a infância, é a principal razão

apresentada pelos estudantes em escolher, permanecer e frequentar o curso de

pedagogia. Desta forma, 38% das respostas, indepedentemente de se poder

escolher um outro curso em uma universidade melhor e com bolsa de estudos,

escolheriam permanecer no curso. Tal como já nos debruçamos em outros

momentos desse trabalho, acreditamos que esta justificativa seja considerada em

virtude da escolha do curso superior ser conotado como uma escolha própria do

sujeito em função dos seus interesses, motivações, sonhos e realização pessoal.

O desejo de aprender coisas novas, o conhecimento de si na perspectiva de

autoconhecimento aparece na fala de uma aluna como o motivo pelo qual escolheu

o curso e, por esse mesmo motivo, pretende permanecer independemente da

instituição onde estiver.

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134

Outros, porém, apontam as razões de ordem extrínsecas como o incentivo da

família e o desejo de mudar a realidade que se encontra a educação. Acreditando

que por meio desta é possível ajudar as pessoas sem condições a continuar a

acreditar em si mesmas. Particularmente no Brasil pelas razões da escolha e

permanência no curso de pedagogia, seja em uma Universidade de melhor cotação

a nível nacional ou internacional, por meio de uma bolsa de estudo.

Finalmente, 18.5% dos estudantes, afirmam que se tivessem a oportunidade

de frequentar outra Universidade com maior cotação e com bolsa de estudo não

escolheriam o curso de pedagogia para a sua formação superior, mas largariam de

imediato o mesmo. Entre as razões apresentadas destaca-se a dificuldade de

ingressar nos cursos pretendidos e a oportunidade de conseguir uma vaga em

pedagogia como a razão de estar a frequentar a mesma. Em relação às duas

escolas, estas constatações são em grande parte observadas em alunos do ISCED.

Independemente das razões apresentadas que justificam a permanência ou

não no curso de pedagogia os resultados apontam que os estudantes estão seguros

em relação à escolha feita. A certeza de 87.5% dos estudantes em permanecer no

curso justifica essa segurança e determinação na escolha feita não obstante

estarem em uma universidade de maior ou menor cotação a nível nacional ou

internacional.

5.6 REPRESENTAÇÃO DE SER PROFESSOR E DO TRABALHO DOCENTE

A avaliação da representação de ser professor e do trabalho docente foi feita

mediante a compreensão dos sentidos que os estudantes atribuem a essa prática.

Vale ressaltar que os sentidos não estão dissociados dos significados. Por essa

razão, a compreensão do sentido envolve a compreensão do homem como um todo.

Assim se considera que está presente nesta interpretação todo um conjunto de

experiências e significados do contexto e da realidade que o indivíduo possui ou

carrega ao longo da vida, por outro, as condições sócio-históricas e a produção

material de uma determinada sociedade influenciam na compreensão dos sentidos

que os indivíduos atribuem à vida e ao trabalho. Não sendo pólos iguais, pois, “os

sentidos são individuais criados na convivência coletiva e os significados unitárias

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135

sendo verdades tomadas para uma determinada sociedade” (AGUIAR, 2006), nossa

intenção foi avaliar o sentido atribuído a atividade docente pelos formandos para

esse fim, uma vez que o significado já é partilhado por todos.

Para se avaliar o sentido que os alunos atribuem à atividade docente foi

considerada a questão: O que é ser professor para ti?

Tabela 5 - Distribuição das respostas dos alunos em relação à questão: o que

é ser professor para ti?

ALUNOS

RESPOSTAS EXPLICITAS

Nº.

Relacionadas a educador.

• É ser um educador que saiba exercer as funções.

• Ser professor é ser educador.

• É ser um educador.

• É ser um educador capacitado em ensinar com clareza e sabedoria.

• É estar atualizado com o mundo para melhor educar

5

Relacionadas à função paterna.

• Professor é ser segunda mãe ou mesmo segundo pai.

• Ser professor é ser como um segundo pai ou mãe para uma

criança.

• Ajudar os nossos alunos como os filhos em certas circunstâncias.

• Aprender com os meus alunos e ensiná-los; e a cada dia viver com

eles um aprendizado.

4

Relacionada à admiração.

• É amor, paixão é vida.

1

Relacionadas a direcionador/condutor.

• O professor tem a missão de conduzir ou orientar.

• É ser alguém que irá direcionar crianças e jovens para um futuro

melhor.

• É um condutor do ensino.

3

Relacionadas à participante ativo na vida das crianças.

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136

• Participar ativamente da vida de crianças, levar educação,

conhecimento e cultura.

• É participar do desenvolvimento educacional e poder ajudar da

melhor forma possível o indivíduo na sua formação.

• É ensinar, mas na verdade quero ser educadora e participar na vida

dos meus alunos transformando-os.

• É dar o melhor de si para o próximo

4

Relacionadas a formador.

• Formar cidadãos comprometidos com a sociedade em que vivemos.

• Ser professor para mim é formar o homem do amanhã que virá

servir a nação.

2

Relacionadas a despertador.

• É um formador de conhecimentos, é despertar no indivíduo o prazer

de aprender.

• Ser professor e ser despertador, ele transmite os seus

conhecimentos.

• Alguém que abre os nossos olhos para o mundo.

3

Relacionadas a administrador de conhecimentos.

• É possuir qualidades e habilidades para administrar conteúdo.

• É aquele que cumpre com todas as regras de competências

exigidas no curso de pedagogia.

• Ter o dom e a capacidade para formar mentes (...), ajudando-lhes a

entender e aprender muitas coisas importantes, aumentando seus

conhecimentos.

• Ser professor é essencial ter a responsabilidade de ensinar.

4

Vários são os sentidos que os estudantes atribuem à atividade do professor.

Considerando o rumo que a sociedade está a atravessar hoje, relativamente à “crise

de valores” 18, é possível entender as respostas categorizadas que manifestam os

18 Segundo Yoba (2010), No mundo atual, e em consequência das transformações velozes que se assistem,

muitas sociedades, desde as chamadas desenvolvidas às designadas menos desenvolvidas, declararam a

existência de crise de valores. Inicialmente, se poderia assumir que a crise de valores somente se verificasse na

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137

sentidos que os estudantes atribuem a atividade docente, ou seja, a função do

professor.

Observa-se que os valores assumidos como morais; culturais; resumidos no

cuidado; acompanhamento dos filhos; participação ativa na vida dos mesmos; no

respeito ao próximo; no amor à Pátria, que têm o seu início formativo no seio da

família; sendo esta, responsável pela sua educação, desenvolvimento e

consolidação; são agora transferidos no dizer dos alunos para a escola na pessoa

do professor como o responsável para a execução dos mesmos.

Estas constatações são observadas no dizer de 15% dos sujeitos da pesquisa

que relacionam a atividade docente com a função paterna, ou seja, “é ser igual ao

pai ou mãe”. Observa-se também que pouco mais de 15%, apesar de não serem tão

explícitos, contudo, podemos depreender que comungam igualmente dessa ideia,

pois afirmam que ser professor “é participar ativamente na vida das crianças”. Pode-

se inferir dessa participação ser processada de várias maneiras. No entanto, durante

a realização da pesquisa, particularmente no momento dos grupos de discussão, foi

possível observar que a “participação na vida das crianças” estava basicamente a

ser relegada a função do cuidado e acolhimento. Este cuidar e acolher, segundo os

nossos participantes, podem ser igual ao cuidar do pai ou da mãe para com o filho

ou filha.

Pode até parecer que estas atividades estejam ligadas a função docente, pois

em algum momento da prática do professor ele se vê obrigado a exercer funções

quase que semelhantes às dos pais. Esta particularidade pode ser observada

naqueles professores que trabalham com as classes iniciais do ensino fundamental,

onde pelas características dos alunos exige do professor o “cuidado” em alguns

momentos para poder ter a atenção dos seus alunos. Contudo, vale ressaltar que

todas estas atividades devem ser atribuídas a família, cabe o professor um

acompanhamento sem, no entanto, se envolver muito, pois estaria a tirar o lugar da

família que não pode ser afastada no processo educativo dos filhos.

influência das culturas e sociedades desenvolvidas sobre aquelas em vias de desenvolvimento, no entanto, este

conceito tomou outras proporções, passando a influência serem em ambas as culturas.

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138

O direito à educação é um direito fundamental dos seres humanos. (cfr. Artigo

26º da Declaração Universal dos Direitos do Homem). A educação dos filhos é um

dos deveres dos pais, integrado no poder paternal. Conforme as possibilidades dos

pais, estes devem promover o desenvolvimento físico, intelectual e moral dos filhos.

Os pais devem proporcionar a adequada instrução geral e profissional para os filhos

e orientá-los de acordo com as aptidões e opções de cada um deles. Esta

responsabilidade é parental, porquanto o direito à educação é um dos direitos que

os pais devem aos filhos.

Segundo Yoba (2010), “primeiro é na família e posteriormente na escola onde

se adquirem, desenvolvem e se fortalecem os vínculos sociais, entendidos

fundamentais para o processo de emancipação, de autonomia, promoção de direitos

de cidadania, bem como na formação da personalidade do sujeito”. Esta atividade

poderá ser complementada pela escola na medida em que os professores

entenderem, tal como observam 62% dos estudantes, que a função destes é:

Educar; Direcionar; Formar; Despertar e Administrar Conhecimentos. O

entendimento da atividade do professor, vinculado a esses sentidos, poderá levar os

mesmos a trabalharem com os seus alunos no sentido de produzir novos

conhecimentos, conduzi-los para uma auto formação, ou seja, formar os alunos com

competências e habilidades necessários para fazer face aos requisitos da sociedade

sendo estes o futuro da mesma.

Apesar da maioria dos sujeitos investigados (87.5%) terem segurança em

relação à escolha feita, pode-se inferir, em função dos resultados que os futuros

professores apresentam, um vazio relacionado a conhecimentos de apropriação dos

elementos conceituais e empíricos para a construção da imagem da profissão

docente e das possibilidades de atuação profissional futura. Tal fato pode ser

decorrente dos saberes e das experiências construídas, advindas das suas vivências

como alunos, como mães, filhos/filhas ou mesmo da interação com os seus pares e

professores. Por meio dessas interações, os sujeitos vão construindo vínculos de

identificação com o referido curso mediante os sentidos que estes atribuem a esta

prática.

A compreensão do sentido da prática docente do professor se dá quando o

professor crê, em seu âmago, e procura entender como organizar a sua experiência

subjetiva para o processo de ensino/aprendizagem considerando sempre as suas

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tensões e dilemas. Tudo isto com ética profissional, nas escolhas e possibilidades

diante do outro.

Na abordagem sócio-histórica, Vygotsky, citado por Doron et al, (2001, p. 690)

entende o sentido como sendo “o enriquecimento da palavra pelo ‘sentido’ que eles

tiram do contexto (significação); é a lei fundamental da dinâmica das significações

(sentido) das palavras”. Ainda na mesma perspectiva, Castanho (2009), ao fazer um

estudo sobre o sentido de ensinar e do aprender para os jovens, explorando a teoria

sócio-histórica, afirma: para Vygotsky (2001),

Sentido é um dos componentes da palavra, da qual se distinguem o significado, um núcleo relativamente estável de compreensão da palavra compartilhado por todas as pessoas que a utilizam, e o sentido pessoal, composto por relações que dizem respeito ao contexto de uso da palavra e às vivências afetivas (CASTANHO, 2001, p. 120).

Na mesma linha de pensamento Maheirie, e Pereira, (2006) em artigo sobre a

“Criação e cristalização na dialética do ensinar e aprender: os sentidos que

professoras atribuem às suas práticas pedagógicas” observam, para Vygotsky,

(1999),

O significado é coletivo, compartilhado, enquanto o sentido é pessoal, alterando-se em contextos diferentes. Ou seja, o sujeito produz sentidos, a partir dos significados construídos pela cultura e pelos outros que, quando apropriados se tornam instrumentos subjetivos da relação do sujeito consigo mesmo. A partir destes sentidos o sujeito se apropria, passa a "entender" o mundo, e assim definir-se no presente como o sujeito que "está sendo, (MAHEIRIE e PEREIRA, 2006, p.0-0).

Por meio destes postulados, entende-se desde já o sentido como sendo, o

conteúdo produzido pelos sujeitos, a partir da interpretação contextual das diferentes

formas de vida, na relação que estes estabelecem com seus semelhantes e nas

diferentes práticas social onde os mesmos estão inseridos, caracterizado como uma

construção pessoal. Já o significado é entendido como a ideia partilhada por todos

os membros de uma sociedade e que orientam as suas atividades, comportamentos

e formas de vida.

Para Asbahr (2005), uma compreensão distorcida entre o sentido e a

finalidade do trabalho docente poderá comprometer substancialmente os objetivos

que se pauta com a realização da mesma. Silvestre (2009) por sua vez, é de opinião

que conhecer os sentidos apreendidos (...) sobre as práticas pedagógicas nos faz

enxergar além de nossa própria concepção sobre formação inicial de professores,

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140

ou seja, permite compreendermos como a singularidade do sujeito que aprende

compõe o processo de ensino e aprendizagem e como seu modo de agir, pensar e

compreender as questões relacionadas à docência imprime urgência à necessidade

de incluir em nossas práticas de formação procedimentos metodológicos que

acionem significações e sentidos, para que sejam modificados, adquiram outros

significados, assim reflete Silvestre (2009).

Os sentidos atribuídos à profissão docente são a base para se definir a

identidade profissional dos sujeitos formandos para essa atividade. Para Pimenta, a

identidade profissional dos sujeitos é uma construção que deriva dos sentidos e dos

significados que cada um atribui a prática docente tendo como base para essa

construção o ambiente sócio-político onde está inserido o sujeito, ou seja, a

identidade profissional,

Constrói-se a partir da significação (sentido) social da profissão. Constrói-se também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor conferem à atividade docente de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida: o ser professor. Assim, como a partir de sua rede de relações com outros professores, nas Escolas, nos sindicatos, e em outros agrupamentos. Pimenta (2000, p. 07).

Nas palavras de Nóvoa (1998:28) em relação à identidade profissional se

expressa da seguinte maneira:

A forma como cada um de nós constrói a sua identidade profissional define modos distintos de ser professor, marcados pele definição de ideias educativas próprios, pela adoção de métodos e práticas que colocam melhor com a nossa maneira de ser, pela escolha de estilos pessoais de reflexão sobre a ação. È por que isso que, em vez de identidade, prefiro falar de processo identidário, um processo único e complexo graças ao qual cada um de nós se apropria do sentido da sua história pessoal e profissional. (NÓVOA, 1998:28).

Pela fala desses autores, observa-se que a identidade profissional dos

professores é uma construção que tem origem nos sentidos e significados que estes

atribuem a esta prática. Desse modo, no processo de formação do professor é

fundamental considerar a dinâmica em que se constrói sua identidade, como uma

construção que tem as marcas das experiências feitas, das opções tomadas, das

práticas desenvolvidas, ou seja, como cada profissional mobiliza os seus

conhecimentos e valores para ir dando forma à sua identidade.

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141

5.7 ASPECTOS RELACIONADOS À VALORIZAÇÃO E DESVALORIZAÇÃO

DA CARREIRA DOCENTE

Observa-se que a sociedade de hoje valoriza o ter antes do ser. Assim,

aqueles que procuram o magistério como opção de formação e posteriormente de

trabalho são vistos pela sociedade com desdém. Por causa das demandas e

exigências desse trabalho. Pelas dificuldades que os professores enfrentam no

cotidiano escolar, fundamentalmente na relação que o professor tem com o aluno, a

escola, a família ou com a comunidade. O salário não adequado obtido por esses

profissionais, o qual torna o professor e o professorado inferiorizados se comparado

à outras profissões da sociedade. Tendo em conta essa atual realidade foi

preocupação nossa ouvir dos pesquisados como eles veem essa realidade e de que

maneira ela afeta a vida deles.

Tabela 6 – Pareceres relacionados à frase: Ser professor é ser um

profissional desvalorizado.

Categoria

Subcategorias

%

Desvalorização

Pareceres relacionados ao não reconhecimento

social da profissão.

• Por que estas a fazer pedagogia? Respondi por

que gosto! Ah esse é curso para fazer? Ali vem já

a desvalorização quer dizer, não se tem hoje a

ideia do papel do professor na sociedade.

• O porquê é que estas a fazer pedagogia? Por

que não fizeste um outro curso como história,

matemática ou outra coisa que não seja

pedagogia.

• A sociedade, ela não valoriza o professor, ele

deveria ser valorizado porque a maior parte da

nossa vida faz parte da educação.

3

12

Pareceres relacionados à atitude do próprio

profissional.

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142

• Eu acho que o próprio profissional se desvaloriza,

(…), eu acho que o próprio profissional tem de se

dar valor.

• Esta faltando um interesse dos próprios

profissionais nessa questão (...), alguns

profissionais se consideram desqualificados, mas

eles não se dão valor e não buscam essa

valorização, eles acabam se acomodando aonde

eles estão, não buscam as melhorias no seu

próprio currículo e dali acaba não conseguindo

também melhorias da sua profissão.

• Se ele desvaloriza, ele vai ser desvalorizado né?

• Eu acho que o professor se desvaloriza hoje, eu

acho que ele não tem tanto interesse em buscar

mais, as pessoas que buscam a profissão por

dinheiro, essas sim é que se sentem

desvalorizadas.

• Acho que o professor hoje é muito mais

desvalorizado, isso por ele não tem esse jogo de

cintura.

5

21

Pareceres relacionados ao pouco investimento na

educação pelos governos.

• Os professores são desprezados por outros

profissionais muitas das vezes com a mesma

titulação no campo financeiro.

• Na realidade a educação no Brasil, ela não é

muito valorizada não, é pelo fato dos

professores.

• O profissional, ele como professor ele é

realmente desvalorizado de certa forma porque

eu acho que o governo deveria investir mais nos

professores, mais nas escolas porque afinal é o

professor que faz com que o cidadão de certa

5

21

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143

forma cresça.

• O professor, ele está sendo desvalorizado devido

até mesmo pelas crianças, pelos educandos e

também a questão salarial, os governantes estão

deixando um pouco a desejar na questão salarial.

• Então o trabalho do professor hoje talvez ele não

tenha a valorização que ele deveria ter, acho que

o governo deveria investir mais na educação dar,

mas valor tanto financeiramente ela é porque

quem falar que não é importante financeiramente

eu digo que é importante sim ser valorizado pelo

governo e principalmente pela sociedade e pelas

famílias.

Valorização

Pareceres relacionados com a postura do

profissional.

• Eu acho que depende muito do próprio

profissional de como ele se impõe em relação à

sala, em relação à escola, se ele se valoriza

estudando buscando mais conhecimentos

sempre, eu acho que é uma cadeia de fatores,

assim não depende só do estado ou das

iniciativas privadas ou dos alunos eu acho.

• Acho que nos mesmos professores é que

devemos valorizar a nossa profissão e não

esperarmos somente a valorização dos outros.

• Se ele não faz com amor, entendeu, se ele faz

para ganhar dinheiro ou se ele faz com uma

realização pessoal, então ele pode ser

valorizado, entendeu, né? Então depende muito

do professor se ele faz com amor ou não faz.

• As que buscam por amor, vontade de dar aulas

fazer algo mais para uma criança, eu acho que

essas se sentem realizadas.

4

17

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144

Pareceres relacionados ao reconhecimento do

trabalho na formação dos cidadãos.

• Eu não acho verdade porque a valorização talvez

não seja dinheiro, mas a criança, o indivíduo que

você esta dando aulas, você tem o retorno dele,

você tem a valorização da criança.

• Você está a ajudar a formar cidadãos a formar

pessoas, entendeu? e eu acho que não tem nada

mais gratificante que isso.

• Sabemos que o professor é o espelho de uma

sociedade por isso, devemos valorizar os

mesmos por nos terem dado a formação.

• O professor deve ser o profissional mais

valorizado, pois, se ele não ensinar bem a

criança ou adulto não teremos na sociedade

homens capazes de dar resposta aos problemas

que a cada dia vão surgindo.

• Ser um professor é poder participar da educação

de uma criança da construção física emocional,

profissional e tem algo mais lindo do que isso

você poder olhar o futuro e falar ele cresceu

porque eu fiz parte desse futuro e tem algo mais

bonito do que isso.

• Para mim participar da vida educacional de

alguém você receber elogios por aquilo que você

fez é muito prazeroso é isso.

• Eu acredito que o professor deve ser valorizado

(...), ele tem grande influência assim (...) na

formação do indivíduo no caráter.

7

29

Os resultados apontam que 56% dos sujeitos participantes dos grupos de

discussão afirmam que os professores são desvalorizados diante da sociedade.

Somente 44% afirmam que não são desvalorizados. Os que dizem ser desvalorizado

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145

apontam o não reconhecimento do trabalho pela sociedade, o pouco investimento

dos governos nas questões educacionais, incluindo os salários reduzidos que obtêm

os profissionais dessa classe em comparação com outros, muitas das vezes com a

mesma titulação, e o pouco interesse dos próprios profissionais no envolvimento

com suas atividades. Estas são apontadas como as principais razões que concorrem

para esse fim.

Muito embora o reconhecimento da desvalorização da atividade docente

pelas razões acima apontadas foi possível observar que essa situação não intimidou

os sujeitos na escolha do curso. Os mesmos têm conhecimento da situação e ainda

sim dizem que estão dispostos a exercer a atividade pelo qual estão sendo

formados.

Almeida (1998) destaca que a profissão continua a ser escolhida e que,

apesar de tudo, as pessoas gostam da profissão, têm amor por ela. Contudo, para a

autora, gostar da profissão não impede de lutar para melhorar as condições de

exercê-la:

Se por um lado educar e ensinar são uma profissão, por outro lado, não há melhor meio de ensino e aprendizagem do que aquele que é exercido de um ser humano para outro, isso também é um ato de amor. E indo mais além, gostar desse trabalho, acreditar na educação e nela investir como indivíduo também se configura como um ato de paixão, a paixão pelo possível [...], (1998: 76).

Tendo em conta a observação feita por Almeida, Pelas falas dos 44% dos

sujeitos que afirmam a valorização do professor observa-se que a atitude do próprio

profissional em relação ao exercício da profissão e a valorização por meio do

reconhecimento do seu trabalho na formação dos cidadãos são as premissas de

satisfação profissional. Isto, para eles, independemente do salário reduzido e do

pouco investimento no setor.

Pela fala desses últimos é possível perceber que o amor pela profissão, a

entrega no trabalho, ou seja, a dedicação face às dificuldades da profissão deve ser

tanta e, por meio disso, pode o professor abdicar das questões financeiras. O fato de

estar a fazer o que sempre sonhou é para estes estudantes a maior gratificação que

alguém pode receber.

Outra observação que pode ser feita consiste na constatação que a satisfação

em ser professor esta na possibilidade de estar a contribuir na formação daqueles

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146

que serão o “futuro da nação”. O fato de o professor ser um dos participantes no

processo de formação de quadros para assegurar o país futuramente, no dizer de

muitos, é muito gratificante.

5.8 CONTEXTO DO TRABALHO DOCENTE NA ATUALIDADE

O contexto do trabalho educativo na atualidade está articulado numa série de

alterações das mais diversas ordens. A globalização, as tendências gerais para a

democratização do ensino, o crescimento do número de alunos e sua

heterogeneidade sócio cultural, a demanda pela população de certa qualidade de

escolarização, o impacto de novas formas metodológicas de tratar o conhecimento e

o ensino, a ausência de periodização político-econômica concreta da educação

primária e secundária, e as estruturas hierárquicas e burocráticas, no mais das

vezes, centralizadoras e inoperantes em seus diferentes níveis são, dentre outros,

segundo Piaget (2008) e Gatti (1996), os fatores determinantes das constantes

mudanças que se registram na função docente atualmente.

Em função disto, foi nossa preocupação explorar dos participantes a opinião

deles em relação ao trabalho do professor na atualidade, como meio de verificar se

os mesmos estão cientes das dificuldades que poderão passar quando forem atuar

profissionalmente.

Tabela 7 – Distribuição das respostas explícita em relação ao trabalho do

professor.

ALUNOS

RESPOSTAS EXPLICITAS

Relacionadas a um trabalho difícil.

• Hoje como antigamente, sempre o trabalho do professor é difícil

mais é preciso dedicação.

• Eu diria que o mesmo é e foi sempre difícil.

• Acho que o trabalho do professor é difícil.

• Ser professor é difícil porque o dar aulas, ensinar ou passar os

5

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147

conhecimentos aos alunos não é uma coisa fácil.

• Não é nada fácil, você como professor, tirar o teu conhecimento e

transmitir a outra pessoa para que ele possa entender e

compreender.

Relacionadas com a força de vontade.

• Eu penso que um professor deve sempre ter a força de vontade e

habilidade suficientes para educar os seus alunos.

1

Relacionadas com outros trabalhos.

• Eu vejo que é um trabalho (...), como outro qualquer.

• Acho que é uma profissão importante não só para a escola mas

também para a vida das pessoas.

2

Relacionadas à admiração.

• Eu vejo o trabalho do professor como uma coisa bonita.

• Eu acho o trabalho do professor quando ele faz com amor é um

trabalho muito, muito bonito, ele é belo porque ele transforma a

pessoa.

2

Relacionadas ao sacrifício.

• Eu acho que o trabalho do professor é sacrificado e que merece

reconhecimento.

1

Os resultados apontam que 45% dos sujeitos dizem que o trabalho do

professor é muito difícil. Alegam que não é fácil passar os conhecimentos aos alunos

e fazer com estes se apropriem desse saber para as suas vidas. Contudo, apontam

à dedicação a força de vontade como os meios para vencer as dificuldades que a

profissão apresenta.

Dos estudantes, 12% são de opinião que o trabalho do professor é igual a

qualquer outra atividade permeada com seus dilemas e tensões. É importante, que

os sujeitos estejam cientes das implicações decorrentes de sua atividade e que

atuem unicamente pelos preceitos que regem a mesma. Guiando-se nestes

preceitos é possível vencer os dilemas e as tensões advindas desta atividade e, de

igual modo, suportar o sacrifício apontado por 6% dos participantes que afirmam que

o trabalho do professor é sacrificado.

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148

É possível observar que algumas falas estão carregadas de certa ideologia

em relação às questões educacionais e ao trabalho do professor. Alguns estudantes,

avaliados em 12%, acreditam que trabalhando com amor poderão mudar o rumo das

coisas e da educação. No dizer destes, o trabalho do professor é uma “coisa bonita”;

“é amor”.

Pode-se observar que essas falas estão carregadas de certa ideologia e até

mesmo utopia. Em razão disso, podemos inferir que parte dos problemas que se

resistam na classe dos professores, deve-se em parte a ideia ou a convicção de que

trabalhando com amor as coisas tornam-se realizáveis.

A realidade atual nos demonstra que sentimentos de insatisfação e mal-estar

afetam não só professores, mas também os alunos. Por mais que a pessoa se pauta

em trabalhar com “amor”, observa-se que o pouco investimento feito na educação

contribui diretamente para o desinteresse e desmotivações dos professores com os

problemas dos alunos no trato com estes, com a comunidade e, consequentemente,

essa realidade contribui para a menor qualidade do processo de ensino-

aprendizagem que leva a uma depreciação do processo educativo de qualquer país.

Isso acontece, pelo fato da escola não fornecer a sociedade à mão de obra

qualificada fruto da má prestação do trabalho por parte dos profissionais da área.

5.9 – SÍNTESE DOS CASOS. ISCED e UNIFIEO

Os estudantes do ISCED que fizeram parte desta pesquisa são

majoritariamente do sexo feminino 83%. A maioria deles está a acima dos 25 anos

de idade, solteiros e, se encontram em relação ao status quo entre a classe média,

media baixa e a classe baixa o que representa que não gozam de uma boa posição

econômica.

A escolha do curso para estes foi motivada por um lado, pelo desejo de atuar

na área, fruto da admiração pela carreira e dos profissionais da mesma e, por outro,

a mesma foi realizada por influência externas, família/esposo e, na impossibilidade

de fazer o curso desejado. Em razão disso, os estudantes almejam com o curso

obter conhecimentos e experiências necessárias para o desempenho da profissão

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149

para alguns e para outros, porém, apenas um título de nível superior como forma de

melhorar o status social.

Quanto à escolha e permanência no curso, se lhes fosse apresentada outra

oportunidade em instituições melhores conceituadas, 8 (oito) dos 12 (dose)

escolheriam continuar cursando pedagogia e somente 4 (quadro) mudariam de

curso. Os que afirmam permanecer no curso de pedagogia apresentam o desejo de

infância em atuar como professor. A realização de um sonho, a admiração pela

carreira e pelos professores, os incentivos dos familiares (pai, marido), são as

principais razões para a escolha e permanência no curso. Aqueles que afirmam

mudar ou troca apresentam a pouca afinidade pelo curso e o insucesso nas provas

de vestibular dos cursos de suas preferências como às razões da troca.

Ser professor para estes estudantes é ser exemplo, é dedicação, é amor, é

ser alguém, é dom, é uma profissão para mulheres. Claramente, observam que a

profissão é desvalorizada em função ao ter e valorizada em relação ao ser. Eles

apontam que há uma condução à desvalorização dos professores. Isto se dá, para

eles, por que o Governo investe pouco na educação e pela atitude de muitos

professores. Ademais, o professor possui baixo salário se comparado com outros

profissionais detentores de nível superior.

Como fatores de valorização, apontam as melhorias que se observa nos

últimos tempos em relação às políticas voltadas para a melhoria do ensino e pelo

fato de estarem a realizar aquilo que sempre almejaram e por contribuírem para a

formação das novas gerações como a maior gratificação, independente dos salários.

No geral, esses estudantes apontam para uma motivação voltada a conteúdos

essenciais da profissão, 60%, e uma motivação voltada a conteúdos não essências

a profissão, 40%. Apesar dessas porcentagens, 10 (dez), ou seja, 80% afirmam

dispostos em atuar na área depois de formados.

Finalmente, observam que o trabalho do professor no contexto atual é difícil e

sacrificado. Para vencer essa dificuldade apontam, tendo-se como pressupostos os

conhecimentos adquiridos durante a formação, a dedicação, a realização com zelo

da atividade e a continua capacitação como os ingredientes para superar os

obstáculos da prática letiva atualmente.

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150

Tanto quanto os estudantes da ISCED como os da UNIFIEO são

majoritariamente do sexo feminino. O que representa neste caso 93% do total de

alunos do curso de pedagogia. Em relação às idades, as mesmas variam de menos

de 20 a 40 anos de idade com predominância para 20 a 35 anos. Quanto ao status

quo há uma variação entre a classe média e média baixa, apresentando uma

condição relativamente média em relação à posição social.

As motivações para a escolha do curso destes se deram como realização de

um sonho, necessidade de atuar na área, obter conhecimentos para o

desenvolvimento pessoal, o desejo de transformação e por influências externas. Os

mesmos esperam com o término do curso obter conhecimentos e experiências para

a prática letiva, desenvolver habilidades no fazer docente para atuar na solução dos

problemas sociais.

Em relação à escolha e permanência no curso se tivessem oportunidade de

uma bolsa de estudo em uma universidade com maior cotação, todos alegam que

optariam de igual modo por permanecer no curso de pedagogia. Entre as razões

apresentadas para justificar essa preferência se destacam os conteúdos de ordem

intrínseca como: realização de um sonho, participar da vida de uma criança, desejo

em atuar na área, paixão e amor pela profissão.

Para estes ser professor é ser exemplo, é amor, é ser igual à mãe ou pai, é

ajudar na formação de cidadãos, é contribuir no desenvolvimento da sociedade e,

por fim, é resolver os problemas sociais. Observam que a profissão ela é

desvalorizada mais pela atitude dos profissionais que não buscam atualização do

que pelo pouco investimento do Governo. Apesar disso, reconhecem que o governo

e a sociedade devem fazer deles. No geral, apresentam uma motivação para

conteúdos essenciais da profissão avaliada em 90% dos participantes.

Finalmente, apesar de apontarem que o trabalho do professor é como

quaisquer outros trabalhos observam o mesmo com admiração: “Eu vejo o trabalho

do professor como uma coisa bonita”; “Eu acho o trabalho do professor quando ele

faz com amor é um trabalho muito, muito bonito, ele é belo porque ele transforma a

pessoa”. Apontam o amor, o cuidado equiparado com o de uma mãe ou de um pai, o

desejo de mudar a realidade e fazer alguma coisa para as crianças como à atitude a

tomar durante o exercício da profissão. 90% destes estão dispostos a atuar na área

depois da formação.

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151

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Da abordagem feita até o momento, que conclusões podemos tirar sobre os

fatores que concorrem para a escolha do curso de pedagogia para a formação

superior entre indivíduos de Angola e do Brasil? Em relação ao exposto nos

capítulos anteriores cabem algumas considerações que permitem localizar o alcance

dos objetivos pretendidos por meio de um exercício teórico metodológico. Ao

responder essa questão acreditamos que pode ficar mais claro o caminho até aqui

percorrido em busca da resposta sobre a questão que norteou este exercício teórico

metodológico.

Ao pensar neste importante papel da educação para esta nova era, marcada

com todas as transformações e exigências, o aparecimento de novas formas de

trabalho e ocupação, a desvalorização de muitos ofícios e do desrespeito de muitas

normas de conduta e convivência entre os homens. A partir destas questões nosso

objetivo foi refletir a respeito da escolha e exercício da profissão docente como meio

fundamental para a formação da nova geração e, particularmente, de quadros

capazes de dar conta das atuais exigências da ciência e da técnica, como condição

fundamental para o desenvolvimento de qualquer sociedade.

A pesquisa baseou-se nas contribuições de Vygotsky e seus colaboradores

relativamente à teoria sócio-histórica. A contribuição dessa teoria foi fundamental no

entendimento da natureza das relações que os homens estabelecem entre si e como

essas relações e todo o ideário cultural da pessoa têm grande influência na escolha

profissional.

Pela teoria, Vygotsky nos apresenta o homem como determinado e

determinante do meio social onde está inserido. Por meio desse dualismo o homem

não pode unicamente ser apresentado como um indivíduo biológico ou como

simplesmente social. A interação entre os conteúdos de ambos determina as ações do

homem e, consequentemente as escolhas dele se pautam nesse dualismo.

Tardif e Lessard apontam que a consideração da construção social do homem

permite entender que as profissões não podem ser definidas, unicamente pela

natureza biológica ou pelos condicionantes sociais. Para esses autores, a construção

da noção social significa:

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As profissões não são realidades naturais, mas sócio históricas por um lado, e, por outro, que essas realidades não são produzidas por qualquer determinismo [...], mas sim pela ação dos atores sociais que agem em contextos já condicionados, mas que oferecem aos atores algumas possibilidades, algumas margens de manobra, espaços de jogo, etc. (TARDIF e LESSARD, 2005, p.11).

A identificação das razões da escolha do curso superior dos discentes no

processo de escolha do curso de pedagogia possibilitou-nos, como pesquisadores, a

compreensão dos processos de identificação desses discentes com o respectivo curso

escolhido, as expectativas construídas por eles, os elementos explicativos de suas

escolhas e suas possíveis relações com os perfis socioeconômicos e culturais bem

como suas possíveis motivações.

Tratando-se de um estudo que envolve dois países e, de igual modo, duas

escolas distintas, nossa primeira preocupação foi fazer um mergulho sobre os

sistemas de ensino e as políticas de formação de professores nesses países. Foi

também nossa preocupação verificar a compatibilidade das grades curricular19 dos

distintos cursos de pedagogia, do ISCED e do UNIFIEO, visto que por meio das

disciplinas das mesmas é definido o tipo de profissional a ser formado em função das

diretrizes educacionais e as políticas de formação de quadros em ambos os países.

O primeiro elemento a ser considerado em relação à pesquisa está relacionado

ao status quo dos pesquisados. Entre os níveis de classificação do status quo os

sujeitos se apresentam entre a classe média e média baixa. Majoritariamente se

apresentam na classe média baixa.

Um dado importante que nos chamou atenção, durante a caracterização dos

estudantes foi a faixa etária. Pode se observar por meio dos quadros 1 e 2, que 42%

têm idade entre 30 a 50 anos. Esse dado nos preocupa, pois por um lado, revela que

os mesmos tiveram uma entrada geralmente tardia no Ensino Superior após o término

do Ensino Médio se considerar como idades mínimas20 de ingresso para esse nível de

Ensino em Angola e no Brasil 18 e 19 anos. Por outro lado, esta situação torna-se

preocupante pelo fato destes encontrarem-se a frequentar ainda o primeiro ano de

formação.

19 Apêndice B e C. 20 Anexos A e B. Organograma do Sistema de Educação de Angola e Brasil.

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153

Pelo tempo que resta até o término (2 anos para os do UNIFIEO e 3 anos para

os do ISCED), em virtude dos cursos terem a duração de 3 (três) anos ou seja, seis

semestres para a primeira instituição e 4 (quatro) anos para a segunda, muitos deles

já ultrapassaram e outros poderão estar quase no limite da idade mínima de ingresso

na função pública em Angola, sendo que a mesma, é permitida até aos 35 anos de

idade, salvo algumas exceções quando é permitido na falta de pessoal qualificado

para uma determinada área. No Brasil, a entrada na função pública é feita mediante

aprovação em concurso público, onde a priori não se tem em conta a idade. Contudo,

essa situação pode criar alguns constrangimentos no momento da seleção em função

da idade de aposentadoria prevista por lei ser os 60 anos.

No processo de escolha do curso de Pedagogia pelos discentes do ISCED e do

UNIFIEO, identificaram-se dois grupos de fatores. Ao focalizarem os motivos que os

levaram a prestar vestibular (prova de seleção para ingresso no curso superior), os

discentes enumeraram razões de ordem intrínsecas e extrínsecas, ou seja, algumas

escolhas foram determinantes e outras determinadas.

Tanto nas escolhas determinantes como as determinadas foi possível observar,

portanto, uma diversidade de fatores que justificam a preferência pelo curso de

Pedagogia. Estes, por sua vez, envolvem convicções pessoais, projeções futuras de

ascensão social, de realização pessoal e de contribuição na melhoria do estado da

educação além, das influências de grupos institucionais de pertença e referência.

Pela escolha determinante, pode se observar pelos resultados apresentados na

tabela 2 por meio das subcategorias – gosto, sonho, paixão e escolha como

transformação/reparação – que a escolha foi feita na crença de existir nos indivíduos

um determinismo biológico e/ou uma “predestinação vocacional” para essa atividade.

Pelas falas dos sujeitos foi possível enxergar que os mesmos acreditam que a

identidade e a afinidade pela profissão são algo que vem desde a infância deles, ou

seja, como uma predisposição do organismo/vocação. Na subcategoria

transformação/reparação a escolha foi motivada com o propósito de mudar o rumo

que a educação se encaminha. Os sujeitos se veem como agentes de transformação

social por meio da prática docente.

Na categoria escolha determinada foi possível constatar pelas subcategorias –

escolha baseada em modelos sociais/família e escolha como oportunidade do meio –

a influência de diversos fatores. Na subcategoria modelos sócias, percebemos que a

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154

escolha foi motivada por existir alguém na família que exerce a atividade docente, (pai

ou mãe). Apesar de a escolha ser feita com base em modelos familiares, podemos

observar durante os grupos de discussão que a mesma não foi imposta, ela foi

estimulada pelo exemplo e pela aceitação dos familiares. Finalmente, na subcategoria

oportunidade, a escolha foi baseada sem qualquer vínculo inicial com o curso de

pedagogia. A mesma ocorreu na possibilidade de ser a área que apresentou vaga

para o ingresso no ensino superior como requisito para responder a uma solicitação

social. Isto é, possuir formação em nível superior.

Os motivos e as justificativas apresentadas por esses estudantes para a

escolha do curso de Pedagogia podem ser extremamente positivos e relevantes como

indicadores de diferenciação se considerar que há 10 anos para cá, Mello, por meio

de um estudo sobre “Formação inicial de professores para a educação básica: uma

(re)visão radical” (2000), afirmava que aqueles que entre os que escolhiam a docência

a grande maioria não se interessava em ser docente. Para ele,

O único aspirante ao magistério que ingressa no ensino superior com opção clara pelo ofício de ensinar é o aluno dos cursos de magistério de primeira a quarta série do ensino fundamentais [...] Os demais ingressam no ensino superior de formação de professores com a expectativa de serem biólogos, geógrafos, matemáticos, linguistas, historiadores ou literatos, dificilmente professores de biologia, de geografia, de línguas ou de literatura. (MELLO, 2000 p. 100).

Por outro lado, afirma Valle (2006), a escolha pela docência, “procede de uma

decisão adotada em razão da atração que esta carreira exerce sobre o futuro

profissional, mas que pode ser gerada também na impossibilidade de concretizar

outro projeto profissional, seja por razões de ordem pessoal ou devido à oferta

limitada de habilitações profissionais”. No meio de todos estes empecilhos entre a

“oferta e a procura” da formação no nível superior particularmente nas Universidades

estatais, não se duvida nada que a escolha pela carreira docente seja motivada pela

ausência de vagas em outros cursos, o que viabiliza a entrada de alguns candidatos.

Não se admira que as razões expostas por muitos docentes para a concretização

desta escolha não tenham origens estranhas a este fato (SILVA, 2002).

Para este estudo está claro que os motivos apresentados por Mello

observados naqueles que elegem o magistério não se justificam para esse caso.

Esta constatação pode ser observada em função dos nossos participantes serem

estudantes do I ano do curso de pedagogia que não fizeram o magistério e que não

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atuam como professores. Por meio das falas dos mesmos pode se observar que

apesar de não terem feito o magistério e não atuarem nessa área, 81% destes estão

claros, cientes e conscientes da opção feita. Isso manifesta que foram autônomos

em suas escolhas.

Pela escolha como oportunidade do meio foi possível observar que a opção

pelo curso precedeu da impossibilidade de realizar o projeto profissional de sua

autoria. Pela oferta ilimitada e por fracasso no vestibular muitos optaram em

pedagogia pelo fato de ser nele onde conseguiram vaga e aprovação, situação

observada nas falas de 19% dos nossos participantes. Essa situação foi acautelada

por Valle (2006), ao afirmar que a escolha do curso de Pedagogia “pode ser gerada

também na impossibilidade de concretizar outro projeto profissional, seja por razões

de ordem pessoal ou devido à oferta limitada de habilitações profissionais”.

Em função da opção do curso ser permeado por condicionantes subjetivos e

objetivos foi possível observar que as expectativas em relação ao mesmo estão

permeadas em função da razão da escolha e do ingresso. Basicamente, os

estudantes manifestam os seus interesses em relação ao curso em dois grupos

particulares: Obter conhecimento e experiências para o exercício futuro da profissão

e apenas uma formação no nível superior. Os estudantes que fizeram a escolha com

autonomia dizem que pretendem obter conhecimento e experiências para o

exercício da profissão. Aqueles que a escolha foi observada na impossibilidade de

realizar o projeto profissional de sua autoria dizem querer adquirir apenas uma

formação de nível superior.

Contudo, a maioria, ou seja, 63% dos participantes alegam que estão no

curso para obterem conhecimentos e adquirir experiência para a prática letiva futura

como meio de realização e ao mesmo tempo, como forma de contribuir para a

melhoria do estado atual em que se encontram os sistemas educativos.

Foi nossa preocupação considerar à disposição do candidato em fazer um

curso fora da área pelo qual está sendo formado. Essa variável foi considerada

como forma de se investigar em que medida o alargamento ou o fechamento dos

horizontes de escolha individuais poderiam modificar as atitudes destes em relação

à escolha feita. Os resultados obtidos dão conta que 81.5% destes estão

determinados em formar-se em pedagogia, independemente da Universidade.

Apenas 18.5% afirmam que mudariam de curso se tivessem a oportunidade de uma

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bolsa de estudos em outra Universidade. Importa salientar que todos quantos

afirmaram que mudariam de curso são estudantes do ISCED. Pelos resultados

pode-se inferir que os estudantes estão conscientes e seguros da escolha feita. Esta

segurança pode ainda ser observada, pelo fato dos mesmos manifestarem o desejo

e a motivação de exercerem a atividade logo após o término da formação.

Visando, ainda, caracterizar a identificação do estudante com o curso, foi

perguntado o sentido de ser pedagogo. Os resultados apontaram para os seguintes:

“Educador”; “igual à função paterna (pai ou mãe)”; “direcionador/condutor”;

“participante ativo na vida das crianças”; formador”; “despertador”; “administrador de

conteúdos/conhecimentos”.

Pelos resultados, pode se inferir que o sentido atribuído a essa prática pelos

sujeitos se encontra ligeiramente distorcida em relação ao significado social da

mesma. Pelas idades dos nossos participantes, (a maior parte esta acima dos 25

anos) nos remete a pensar que antes de ingressarem no curso, cada um destes

havia construído uma imagem da profissão por meio da experiência histórica.

Para Vygotsky (1997, p. 45),

O homem não se serve unicamente da experiência herdada fisicamente. Toda nossa vida, o trabalho, o comportamento, baseiam-se na amplíssima utilização da experiência das gerações anteriores, isto é, de uma experiência que não se transmite de pais a filhos por meio do nascimento. Chama-lá-emos de experiência histórica.

Por meio da experiência histórica e a partir da análise das várias correntes

pedagógicas podemos inferir que os futuros professores, os quais participaram desta

pesquisa, ainda que não sejam de forma explicita, se baseiam nas funções

colocadas por algumas correntes, como as da pedagogia liberal e as da pedagogia

progressista para a manifestação do sentido da profissão. Tais perspectivas

pedagógicas, juntamente com as políticas educacionais, enfatizam a necessidade de

um professor reflexivo, que troca informações com seus alunos e participa de todo o

processo de aprendizagem. Essa particularidade, no nosso entendimento,

descaracteriza a função real da prática educativa que é, segundo Landimi, (2008; p.

139), “proporcionar aos alunos a apropriação, assimilação e generalização do

conhecimento cientifico”.

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157

Faz-se necessário para o professor recuperar a importância e relevância de

seu papel e, de igual modo, o significado que este trabalho desempenha na

sociedade partir durante os processos formativos destes sobre o que ele traz e, por

meio disso, criar estratégias de trabalho. Este procedimento pode ser observado

tendo em conta o conceito de Zona de Desenvolvimento Próximo (ZDP),

apresentado por Vygotsky.

Segundo Facci,

Quando esse autor apresenta a ‘zona de desenvolvimento próximo’, constata-se que os pressupostos da Psicologia Histórico-Cultural mostram-se compatíveis com uma pedagogia que define como tarefa central do professor, a transmissão do saber objetivo, de forma a intervir na formação das consciências dos indivíduos que passam pelo processo de escolarização e, consequentemente, contribuir para uma prática social que produza a superação da sociedade alienada, ou seja, da sociedade capitalista. (FACCI, 2009; p. 88).

A consideração da Zona de Desenvolvimento Próximo em nosso entender

traz a oportunidade para que o futuro professor se sirva da sua própria condição

histórico-social e, por si só, criar normas de pensar e agir, livre de fundamentos em

argumentos preconcebidos e tomados como verdades absolutas válidas para todos.

A partir dos sentidos que eles produzem em seus processos de aprender e de

ensinar é possível contemplar espaços de manifestação de suas subjetividades,

pois, “essas permeiam o modo de estar no mundo e no trabalho humano em geral,

afetando, no caso do professor, suas perspectivas em relação a sua formação e

suas formas de atuação profissional”, (SCOZ, 2008).

A consideração da subjetividade no processo formativo dos futuros

professores por meio dos sentidos atribuídos aos processos de aprender e de

ensinar por estes se torna ainda de extrema importância como forma de minimizar

certas frustrações e até mesmo adoecimento registrado em muitos profissionais

dessa classe. Pode-se observar estas constatações, no dizer dos nossos

participantes, a nosso ver como utópicas, como, por exemplo: Eu quero ser aquela

que vai mudar a educação no Brasil; Eu pretendo ajudar principalmente as crianças

carentes e dar condições a elas, abrir uma escola, com ajuda de voluntários e

ensinar aqueles que precisam e não tem condições de estudar.

No caso concreto da profissão docente, existe um distanciamento muito

grande entre a teoria dada no momento da formação e o quotidiano vivido na prática

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escolar. No entanto, é possível vencer este distanciamento entre a prática e a teoria

se for considerado no processo formativo destes elementos os contextos sociais e

culturais em que acontece a ação humana exprimidos por estes.

Ao discutirem sobre a frase: “Ser professor é ser um profissional

desvalorizado” observou-se significativa mobilização do grupo ocorrendo, em alguns

momentos, sobreposição de falas e certa agitação, angústia e por vezes

sentimentos de revolta em função do olhar muitas vezes pejorativo em relação à

profissão. Os comentários dos participantes são compartilhados por todos os

membros do grupo. Observa-se nos dois grupos (ISCED e UNIFIEO) um consenso

quanto aos sentimentos de valorização e desvalorização da profissão.

No decorrer das discussões os participantes deixam clara a diferença entre a

importância atribuída por estes à condição profissional e forma como são vistos

pelos outros. Um aspecto interessante que chamou a nossa atenção foi à questão

de que os mesmos reconhecerem que a sociedade, o Estado e outros segmentos da

esfera social, não valorizam a educação e os profissionais deste segmento. Apesar

disso, e no dizer destes a maior desvalorização provêm dos próprios profissionais

dessa classe.

É interessante observar, nesse caso, que a valorização da profissão está

ancorada na afirmação da dimensão cultural da educação e no compromisso moral

com a formação das novas gerações em detrimento de salários e de

reconhecimento da sociedade do trabalho destes. Essas observações remetem a

Formosinho (2005) que afirma que o conceito de profissionalidade na Educação (...)

diz respeito aos conhecimentos e competências do professor e também à dimensão

moral e cultural da profissão.

Contudo, apesar dos estudantes reconhecerem que a valorização e a

desvalorização da profissão depende em parte do próprio profissional, eles

distinguem também que o governo e as famílias têm muito a contribuir nesse

processo. Segundo os nossos participantes, ao governo cabe criar políticas que

deem aos professores condições de trabalho dignas e um salário compatível com as

atividades deles, criar políticas de valorização dos sistemas educacionais com

investimentos nas escolas, pois “uma pessoa que educa deveria ter o melhor salário

porque ele está a despertar as pessoas em função a evolução do mundo”, (Ana,

grupo de discussão, ISCED).

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Gostaríamos de observar que a nova realidade que se apresenta ao processo

educativo tem estado a proporcionar grandes desafios para aqueles que atuam ou

pretendem atuar nesse campo. As demandas da prática letiva atual exigem que o

profissional esteja integrando a todo o momento conhecimento que estejam

vinculados com a capacidade criadora dos alunos nas vertentes teóricas, críticas e

práticas sobre a realidade onde estão inseridos de maneira a levá-los a uma maior

interação com o meio, apropriando desse modo, do conhecimento como prática

cultural para utilizá-lo no seu quotidiano.

Para que isso aconteça seria necessário que no processo de formação destes

professores, fossem observados momentos, ou seja, conteúdos que os fizessem

refletir sobre as suas práticas ou futuras práticas como meio de se pensar sobre as

suas motivações, interesses, possibilidades de abertura ou fechamento perante a

realidade.

Este nosso posicionamento baseia-se em observações que além de ensinar e

ajudar a integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação e de ter uma

visão totalizante, “educar é ajudar a integrar todas as dimensões da vida, a

encontrar nosso caminho intelectual, emocional, profissional, que nos realize e que

contribua para modificar a sociedade que temos”. Moran et al (2000, p. 12).

Consequentemente se queremos ver minimizado às questões inerentes a qualidade

da educação praticada nessas localidades, deve-se olhar com “outros olhos” a

questão da formação e condições de trabalho dos professores que são os artífices

desta pratica, (GATTI, 1998).

Tendo em conta que “as mudanças históricas e culturais na sociedade e na

vida material produzem geralmente mudanças na consciência e no comportamento

humano” (YOBA, 2007, p. 36) é importante que os indivíduos desse novo tempo,

estejam atentos e bastantes informados sobre as questões que envolvem a escolha

profissional, as informações sobre os cursos pretendidos, sua demanda e

possibilidades de atuação como forma de assegurar uma escolha profissional

condigna respondendo sempre com os seus anseios em correspondência com o

desenvolvimento histórico dos fenômenos naturais e sociais mantendo sempre uma

relação de interdependência essencial relativamente à vida e a atividade social.

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________________. Psicologia Pedagógica. Trd. Paulo Bezerra. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

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Apêndice A

Aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa.

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171

Apêndice B

Currículo do curso de Pedagogia- ISCED/Cabinda

I Ano N° 1° Semestre (15 semanas) H/S U.C. N° 2° Semestre (15 semanas) H/S U.

C. 1. Pedagogia Geral 4 7.5 1. Pedagogia Geral 4 7.5 2. Psicologia Geral 4 4 2. Psicologia Geral 4 4 3. Portuguesa I 2 2 3. Português I 2 2 4. Filosofia Geral 3 3 4. Lógica 3 3 5. Metodologia de Investigação

Científica 3 4 5. Metodologia de Investigação

Científica 3 3

6. Anatomia e Fisiologia Humana 4 4 6. Psicofisiologia 4 4 7. Língua Estrangeira 3 4 7. Língua Estrangeira 3 4 8. História da Educação 3 6 8. História da Educação 3 6 9. Informática 3 3 9. Informática 3 3 Totais 29 37.5 Totais 29 36.

5 II Ano N° 1° Semestre (15 semanas) H/S U.C. N° 2° Semestre (15 semanas) H/S U.

C. 1. Didática Geral 4 3 1. Didática Geral 4 3 2. Psic. Desenvolvimento 4 4 Psic. do Desenvolvimento 4 4 3. Psicologia Pedagógica 4 5 Psicologia Pedagógica 4 5 4. Português II 3 3 Português II 3 3 5. Língua Estrangeira II 3 3 Língua Estrangeira II 3 3 6. Teoria da Educação 3 3 Teoria da Educação 3 3 7. Sociologia Geral 3 3 Sociologia da Educação 3 3 8. Demografia 3 3 Estatística Aplicada a

Educação 3 3

9. Historia de Angola 3 3 Ética e Deontológia Profissional

3 3

Totais 30 30 Totais 30 30 III Ano – Opcional. N° 1° Semestre (15 semanas) H/S U.C. N° 2° Semestre (15 semanas) H/

S U. C.

1. Dificuldade de aprendizagem 3 3 1. Necessidades Ed. Especiais 3 3 2. Filosofia da Educação 3 3 2. Desenvolvimento Curricular 3 3 3. Obser. Prática Pedagógica 4 4 3. Prática Pedagógica 3 3 4. Probl. Comportamental 3 3 4. Met. Adm. Gest. Escolar 3 3 5. Docum. E informação 3 3 5. Inspeção Educativa 4 4 6. Acom. e Orient. Esc. Profs. 2 3 6. Psic. do Dens. E Excl. Social 4 4 7. Teoria e prat. de testes Psicop. 2 2 7. Pert. do Desenvolvimento 3 3 8. Modelos Adm. Gest. Escolar 2 2 8. Met. de Ens de Matemática 3 3 9. Saúde segurança e Ambiente 3 3 9. Prática das Metod. Educação 3 3 10. Didáct. Especial de Pedagogia 3 3 10. Metodologia de

Alfabetização 3 3

11. Met. de língua Port 3 3 11. Metodologia de Geografia 3 3 12. Met. de Alfabetização 3 3 12. Metodologia de Historia 3 3 13. Desenvolvimento Curricular 3 3 13. Met. de Ens. Do Meio em

Ciência da Natureza 3 3

14. Met. da Educação Pré Escolar

4 3

15. Relatório 6 6 Totais Totais

VARIANTE I - LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL

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IV Ano N° 1° Semestre (15 semanas) H/S U.C. N° 2°Semestre (15 semanas) H/S U.

C. 1. Metodologia da Inv. Em

Educação 3 3 1. Metodologia de investigação

em Educação. 3 3

2. Educação Comparada 3 3 2. Educação Comparada 3 3 3. Pratica e Inter. Pedagógica I 6 6 3. Defectologia 4 4 4. Pert. Desenvolvimento 4 4 4. Multidificiência (Audição e

linguagem) 4 4

5. Logopedia 4 4 5. Estágio 6 6 6. Defectologia 4 4 6. Trabalho de Fim de Curso 10 10 7. Semin. em Educação Especial 6 6 Totais 30 30 Totais

VARIANTE II - LICENCIATURA EM GESTÃO E INSPEÇÃO ESCOLAR IV Ano 1. Metodologia da investigação

em Educação. 3 3 1. Metodologia de Investigação

em Educação 3 3

2. Educação Comparada 3 3 2. Educação Comparada 3 2 3. Planificação e Gestão

Educativa 3 3 3. Planificação e Gestão

Educativa 3 3

4. Diagnostico de Sistema educativo

3 3 4. Avaliação do Sistema Educativo Angolano

3 3

5. Técnicas qualitativas 3 3 5. Pratica Inspectiva/ Supervisão

3 3

6. Legislação Escolar 3 3 6. Estágio 6 6 7. Técnicas de informação e

comunicação escolar 3 3 7. Trabalho do Fim de Curso 10 10

8. Economia da Educação 3 3 9. Seminário em Gestão e

Inspeção 3 3

10. Desenvolvimento pessoal e profissional

2 2

11. Praticas das metodologias educativas

4 4

Totais 30 30 31 30 VARIANTE III - LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO PRIMÁRIA

IV Ano 1. Metodologia de Investigação

em Educação 3 3 1. Metodologia da Investigação

em Educação 3 3

2. Educação Comparada 3 3 2. Educação Comparada 3 3 3. Língua Materna e Metodologia 3 3 3. Língua Materna e

Metodologia 4 4

4. Metodologia de Ensino das expressões Mat. Mas. Escolar

3 3 4. Metodologia de Ensino das expressões Mat. Mas. Escolar

3 4

5. Administração e Gestão escolar

3 3 5. Estágio 6 6

6. Literatura Infantil 3 3 6. Trabalho de Fim de Curso 10 10 7. Pratica e Intervenção

Pedagógica 6 6

8. Seminário em educação Primaria

6 6

Totais 30 30 Totais 29 30 VARIANTE IV - LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DE INFÂNCIA IV Ano 1. Metodologia de Investigação

em Educação 3 3 1. Metodologia de Investigação

em Educação 3 3

2. Educação Comparada 3 3 2. Educação Comparada 3 3 3. Pratica e Intervenção 6 6 3. Metodologia das expressões 8 8

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Educativa 4. Seminário de Expressão

Integradas 4 4 4. Estágio 6 6

5. Seminário em educação de Infância

4 4 5. Trabalho de Fim de Curso 10 10

6. Literatura Infantil 3 3 7. Metodologia das expressões 3 4 8. Administração e Gestão das

Instituições de Educação da Infância

3 3

Totais 29 30 Totais 30 30 VARIANTE V - LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DE ADULTOS

IV Ano 1. Metodologia de Investigação

em Educação 3 3 1. Metodologia de Investigação

em Educação 3 4

2. Educação Comparada 3 4 2. Educação Comparada 3 4 3. Desenvolvimento Pessoal e

Profisssional 2 3 3. Adragogia 3 4

4. Prática e Intervencao Educativa

6 6 4. Estágio 8 8

5. Metedologia e Tecnica de alfabetização de Adultos

3 4 5. Trabalho de Fim de Curso 10 10

6. Metodologia e Daidactica de Ensino Secundário

3 4

7. Seminário em educação de Adultos

6 6

Totais 26 30 Totais 25 30 Fonte: ISCED-Cabinda. Departamento de Ciências da Educação. 08/2010

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174

Apêndice C

Currículo do curso de Pedagogia - UNIFIEO/Osasco.

1º Semestre

DISCIPLINAS AULAS SEMANAIS

CARGA HORARIA

Antropologia da Educação 4 76 Filosofia da Educação I 4 76 História da Educação I 4 76 Português 4 76 Psicologia da Educação I 4 76 Literatura Infantil e O Contador de Histórias : teoria e prática 2 38 Metodologia do Estudo 2 38 Atividades Acadêmico-científico-culturais I 0 50

SUBTOTAL 24 506 2º Semestre DISCIPLINAS AULAS

SEMANAIS CARGA

HORARIA Filosofia da Educação II 4 76 Fundamentos de Didática e Prática de Ensino 4 76 História da Educação II 4 76 Psicologia da Educação II 4 76 Sociologia da Educação I 4 76 Libras: Teoria e Prática 2 38 Metodologia de Pesquisa em Educação 2 38 Atividades Acadêmico-científico-culturais II 0 50 SUBTOTAL 24 506 3º Semestre DISCIPLINAS AULAS

SEMANAIS CARGA

HORARIA Educação Motora, Jogo e Brinquedo Na Infância: Teoria e Prática 4 76 Linguagem Oral e Escrita Na Educação infantil: Teoria e Prática 4 76 Políticas Educacionais 4 76 Psicologia da Educação III 4 76 Sociologia da Educação II 4 76 Filosofia Para Criança: Teoria e Prática 2 38 Inclusão Socioeducativa: Teoria e Prática 2 38 Estágio Supervisionado Na Educação Infantil I 0 70 Projetos Pedagógicos I 0 100 Trabalhos Interdisciplinares I 0 100 SUBTOTAL 24 726 4º Semestre DISCIPLINAS AULAS

SEMANAIS CARGA

HORARIA Currículo: Teoria e Prática 4 76 Linguagem Matemática Na Educação Infantil: Teoria e Prática 4 76 Metodologia e Prática de Ensino da Alfabetização 4 76 Metodologia e Prática de Ensino de Arte I 4 76 Tecnologia da Informação e Educação 4 76 Criança, Natureza e Sociedade: teoria e prática 2 38 Metodologia e Prática de Ensino de Educação Física 2 38 Estágio Supervisionado Na Educação Infantil II 0 40 Estágio Supervisionado No Ensino Fundamental I 0 70 Projetos Pedagógicos II 0 100

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Trabalhos Interdisciplinares II 0 100 SUBTOTAL 24 766 5º Semestre DISCIPLINAS AULAS

SEMANAIS CARGA

HORARIA Gestão Educacional das Instituições Educativas 4 76 Metodologia e Prática de Ensino da Língua Portuguesa 4 76 Metodologia e Prática de Ensino da Matemática 4 76 Metodologia e Prática de Ensino de Arte II 4 76 Organização pedagógico administrativa das Instituições Educativas I 4 76 Educação de Jovens e Adultos 2 38 Planejamento Educacional 2 38 Estágio Supervisionado de Gestão Educacional I 0 50 Estágio Supervisionado No Ensino Fundamental II 0 70 Projetos de Pesquisa I 0 60 SUBTOTAL 24 636 6º Semestre DISCIPLINAS AULAS

SEMANAIS CARGA

HORARIA Avaliação Educacional 4 76 Legislação Aplicada às Instituições Educativas 4 76 Metodologia e Prática de Ensino das Ciências Humanas 4 76 Metodologia e Prática de Ensino das Ciências Naturais 4 76 Dinâmica de Grupo Nas Instituições Educativas 2 38 Nutrição, Saúde e Cuidados Na Educação Infantil 2 38 Organização pedagógico administrativa das Instituições Educativas II 2 38 Políticas da Infância No Brasil 2 38 Estágio Supervisionado de Gestão Educacional II 0 50 Estágio Supervisionado No Ensino Fundamental III 0 50 Projetos de Pesquisa II 0 60 SUBTOTAL 24 616 Fonte: www.unifieo.br/cursodepedagogia. 09/2010

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Apêndice D

Roteiro dos grupos de discussão.

1- Como se deu a vossa escolha profissional?

2- Quais são as vossas expectativas em relação ao curso?

3- Ser professor foi sempre um desejo vosso ou foi um desejo que surgiu por

conta da impossibilidade de fazer outro curso?

4- O que vocês têm a dizer sobre a seguinte frase:

“Ser professor é ser um profissional desvalorizado”

5- Como vocês veem o trabalho do professor?

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177

Apêndice E

Questionário de pesquisa

Prezado estudante,

Estamos realizando uma pesquisa com o objetivo de conhecer os fatores que o

levaram a escolher o curso de Pedagogia para a formação Superior.

Por isso, estamos nos dirigindo a você. Informamos que não há resposta certa ou

errada, queremos apenas saber como você chegou até este curso e quais são as

suas expectativas em relação a ele.

Por isso, pedimos que responda com a máxima sinceridade e honestidade possível

as questões que seguem. Essas questões não têm qualquer finalidade avaliativa e o

seu anonimato está garantido.

De antemão agradecemos,

Questionário:

1- Sexo:

a. masculino;( ) b. feminino. ( )

2- Qual é a sua idade?

a. ( ) Menos de 20 anos; b. ( ) de 20 a 30 anos; c. ( ) de 31 a 40 anos; d.

( ) de 41 a 50 anos; e. ( ) mais de 50 anos.

3- Você é:

a. ( ) solteiro(a); b. ( ) casado(a).

4- Você mora com:

a. ( ) seus pais ou familiares; b. ( ) com esposa(o) e ou filhos; c. ( ) com

amigos; ( ) sozinho(a).

5- Trabalha?

a. ( ) sim; b. ( ) não.

a) se sim, qual tarefa realiza? _____________________________________

______________________________________________________________

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178

6- Entre seus familiares há professores?

a. ( ) Sim; b. ( ) não.

6.1 Se sim, quem? a. ( ) pai; b. ( ) mãe; c. ( ) avô ou avó; d. ( ) irmãos(ãs);

e. ( ) tios ou tias; f.( ) filhos; g. ( ) primos.

7- Tendo em conta a renda da tua família e/ou a sua renda, em que classe social

você estaria?

( ) alta; ( ) média alta; ( ) média; ( ) média baixa; ( ) baixa.

8- Organize as opções abaixo de 1 a 5 de acordo com sua prioridade. Pensando

em você no papel de educando, o que espera alcançar no final do curso?

a) Apenas um titulo do nível superior ( );

b) concretização de um sonho: “ser professor (a)” ( );

c) ter bastantes conhecimentos para o exercício futuro da profissão ( );

d) seguir carreira acadêmica e ser realizado profissionalmente ( );

e) facilidade de emprego e ingresso na função pública ( ).

9- Cite pelo menos três razões que te fizeram eleger o curso de pedagogia para

a tua formação superior.

1_____________________________________________________________

2_____________________________________________________________

3_____________________________________________________________

a)- Entre as razões citadas, diga a(s) fundamental(is) e por quê?

Resposta:

10-Se tivesses oportunidade de ter uma bolsa de estudos em uma instituição

com mais opções de cursos para escolher, ainda optarias por cursar

Pedagogia? Justifica o teu posicionamento.

Resposta:

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11-O que é ser professor para ti?

Resposta:

12-Achas que a sociedade hoje valoriza os profissionais da educação? Justifica a

tua resposta.

R.:

13-No exercício de qualquer atividade, a pessoa se depara sempre com algumas

dificuldades. Para ti, quais te parecem ser os maiores desafios da prática

docente que caracterizam a atividade do professor hoje?

R.:

14- Levando em conta as variáveis: compromisso do professor para com a

escola, para com a sociedade e a relação professor/aluno, como pretendes

atuar depois de formado para melhorar o estado atual?

R.:

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Apêndice F

Falas dos estudantes nos grupos de discussão.

a) - INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO (ISCED-CABINDA).

Gisela: Para mim, foi uma coisa que eu sempre quis fazer na vida, sempre foi minha vontade fazer

pedagogia, já tive a oportunidade de fazer um outro curso, mas fazer pedagogia foi sempre o meu

maior desejo. Como não tive a oportunidade de fazer o magistério no Ensino médio, por isso, aqui

estou, gosto muito. Com este curso, pretendo ser uma boa profissional, adquirir bastantes

conhecimentos para exercê-la bem, a atividade docente. Como não tive a oportunidade de fazer o

mesmo no [ensino] médio, vou procurar agora, ter bastante conhecimento para ser uma professora

exemplar. Ser professora sempre foi o meu sonho. Em alguns momentos da vida, por dificuldades de

ingressar na pedagogia, pensei em fazer outro curso, mas, a pedagogia sempre esteve na frente. Em

relação à frase, tenho a dizer que a mesma é muito difícil. Na nossa sociedade, a valorização do

professor ainda esta muito baixa, em tempos estava a conversar com uma colega e ela me

perguntou: Por que estas a fazer pedagogia? Respondi: porque gosto! Ah esse é curso para fazer?

Ali vem já a desvalorização, quer dizer, não se tem hoje a ideia do papel do professor na sociedade.

Hoje, como antigamente, sempre o trabalho do professor é difícil mas é preciso dedicação, quando

nos propomos a fazer algo, devemos ter tempo para essa coisa por mais difícil que for.

Chica: Fazer o curso de pedagogia nunca foi o meu sonho, como não tive a oportunidade de fazer

outros cursos do meu agrado, por isso aqui estou. Uma vez estando aqui no curso, pretendo me

formar muito bem nessa área e que amanhã eu seja uma boa profissional, ou seja, uma boa

professora no futuro. Tal como já afirmei, não foi meu desejo fazer pedagogia, tentei em outros

cursos e não consegui, tentei a pedagogia aqui consegui agora vou fazer o curso e esperar que me

forme nessa área. Em relação à frase, tenho a dizer que não é bem assim. Sabemos que o professor

é o espelho de uma sociedade, por isso, devemos valorizar os mesmos por nos terem dado a

formação. Em relação ao trabalho do professor, eu diria que o mesmo é e foi sempre difícil, porque

para poder formar alguém é preciso ter gás [vontade], por isso, é importante que valorizemos o

trabalho do professor.

Benvinda: No ensino médio eu fiz PUNIV (Formação Geral), o meu desejo foi sempre fazer o curso

de medicina, uma vez que não consegui, tentei aqui no curso de pedagogia e tive êxitos. A minha

expectativa para o curso é de me formar para contribuir na formação das crianças que são o futuro do

amanhã. Não foi o meu desejo. Contudo, como estou a fazer esse curso, vou fazer o melhor da

minha parte para ser uma boa professora, ensinar bem e educar as crianças. Em relação à frase, eu

diria que o professor deve ser o profissional mais valorizado, pois, se ele não ensinar bem a criança

ou adulto não teremos na sociedade homens capazes de dar respostas aos problemas que a cada

dia vão surgindo, por isso, o professor deve ser mesmo muito valorizado. Quanto ao trabalho do

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professor, eu penso que um professor deve sempre ter a força de vontade e habilidade suficientes

para educar os seus alunos porque os mesmos serão o futuro da nação.

Ana: Escolhi o curso de pedagogia porque foi sempre um sonho da minha parte. Sempre quis ser

professora por isso, escolhi o curso de pedagogia. Desde criança ficava impressionada ao ver os

professores dar aulas, isso me motivou bastante para fazer o curso. Ser professora foi sempre um

desejo meu, sempre quis e quando me formar gostaria também de transmitir os meus conhecimentos

para a sociedade, ensinando, ou seja, transmitindo os conhecimentos às crianças para a formação

das mesmas. Quanto à frase, tenho a dizer que em parte a pessoa que escreveu isso está certa se

formos ver em relação ao campo financeiro. Os professores são desprezados por outros profissionais

com a mesma titulação no campo financeiro. Contudo, uma pessoa que educa deveria ter o melhor

salário porque ela está a despertar as pessoas em função da evolução do mundo. Acho que o

trabalho do professor é difícil. Mas se fizermos com amor e dedicação, acredito que o mesmo se

torna fácil e mais prazeroso. Apesar da desvalorização financeira, gostaria de dizer que vou estar

orgulhosa em trabalhar como professora, ensinar e educar as crianças e contribuir para o

desenvolvimento da sociedade.

Eduarda: O meu sonho desde sempre, eu fiz o meu ensino médio PUNIV, mas o meu sonho desde

sempre foi de ser professora, como consegui entrar no curso de pedagogia estou a me esforçar para

aprender bem e um dia exercer a atividade de professora, passar os meus conhecimentos para as

crianças. Tenho estado a receber encorajamento do meu esposo, ele sempre me disse, continua a

estudar, como você é mulher, o melhor curso a fazer é ser educadora, as mulheres são melhores em

relação a esse curso do que os homens. Eu espero com esse curso, obter conhecimentos que me

permitem amanhã exercer a atividade de professora, poder ensinar bem as crianças e passar a elas o

conhecimento que estou aprendendo aqui, isso para mim é muito importante e prazeroso quando é

feito com amor e gosto. Ser professora foi sempre o meu desejo. Com o passar do tempo, isso foi-se

ativando mais ainda mediante os incentivos do meu esposo, fazendo nascer cada vez mais em mim o

desejo de criança. Em relação à frase, antigamente por causa do salário do professor que era muito

baixo, o professor era muito desvalorizado, com o tempo e a evolução que estamos vendo hoje, as

coisas para mim tendem a mudar, amanhã o professor será alguém, alguém muito, será uma pessoa

muito aproveitada, hoje, as pessoas desprezam os professores mas, eu digo que quem quer se

formar como professor, o tempo é este, porque um dia as coisas poderão estar bem melhores em

relação aos dias de hoje. Acho também que nós mesmos, os professores, é que devemos valorizar a

nossa profissão e não esperarmos somente a valorização dos outros. Devemos trabalhar com

vontade e ânimo e não como muitos que só estão a estragar a classe com atitudes e

comportamentos não muito bons. Hoje, não é fácil ser professor. Ser professor é difícil porque o dar

aulas, ensinar ou passar os conhecimentos aos alunos não é uma coisa fácil, tem de ser forte, não é

qualquer pessoa que tem esse dom, essa capacidade. Saber que estou a formar alguém que amanhã

poderá dizer que quem me formou foi o fulano, isso torna o trabalho do professor mais prazeroso.

Lucinda: O meu sonho não foi fazer pedagogia, eu gostaria de fazer direito para ser advogada, como

não tive a oportunidade de entrar na faculdade de Direito, tentei a minha segunda opção e me

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inscrevi aqui e, graças a Deus passei no exame e estou aqui a fazer pedagogia, como eu consegui

entrar nesse curso, vou dar o meu máximo. Uma vez que estou a fazer esse curso, as minhas

expectativas serão de dar o melhor de mim, aproveitar a experiência dos meus professores

(docentes), que se têm demonstrado abertos para ensinar a gente e, com essa experiência, adquirir

conhecimentos para amanhã poder passar aos meus alunos. Tal como já adiantei, não foi o meu

desejo fazer o curso de pedagogia mas como já estou aqui, estou a amar fazer esse curso. Essa

frase é usada por muita gente. Comigo também já aconteceu de alguém me falar assim, uma colega

minha que está a fazer direito, me perguntou o por quê é que estais a fazer pedagogia? Por que não

fizeste um outro curso como história, matemática ou outra coisa que não seja pedagogia? Eu disse

para ela, filha, hoje em dia é difícil realizar, na sociedade, o teu sonho. O que aparecer você abraça e

faça porque o que está em sua frente se você não amar, jamais poderá amar alguma coisa, então

realmente, eu estou amando esse curso. Em geral o trabalho do professor é um trabalho difícil. Não é

nada fácil você como professor tirar o teu conhecimento e transmitir a outra pessoa para que ela

possa entender e compreender o que você esta a querer passar para ela e é por isso mesmo, que

para ser professor é necessário ter capacidades, habilidades, deve ser exigente, deve ser uma

pessoa preparada para poder transmitir bem aos alunos, para que esses alunos venham a ser o

futuro da nação para o desenvolvimento do nosso pais.

b) - CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO (UNIFIEO, SP-OSASCO).

Fátima: 1.- Escolhi ser professora porque éeeeeeeeeeeeeeee, é uma paixão de infância eu sempre

gostei de dar aulas, sempre na minhaaaaaaaaaa, não tive influência de ninguém, é decisão própria

mesmo, sempre gostei de dar aulas, eu via, na minha infância, eu via o professor como um exemplo

para a juventude e um passaporte para o nosso futuro profissional né; então, foi isso que me levou a

escolher a pedagogia e quero muito atuar nessa área. 2.- A minha expectativa é de terminar o curso

ensinar e colocar a profissão em primeiro lugar e entrar com muito amor e seguir para diante passar o

que eu aprendi e muito mais para os meus alunos e aprender com eles também porque ser professor,

não é só ensinar, mas, é aprender com eles também né, compartilhar em sala de aula. 3.- Ser

professor foi um desejo meu, eu poderia ter escolhido qualquer outra profissão mas resolvi ser

professora porque é uma paixão minha, é algo que eu quero levar em frente e eu amo muito. Eu

valorizo a palavra professor porque ela faz parte da nossa vida desde que saímos da nossa casa

para nos socializarmos na escola. 4.- Ser professor é ser um profissional desvalorizado? Não, não

vejo como profissional desvalorizado porque a profissão ela tem muito valor, ela é de muito valor, só

que a sociedade ela não valoriza o professor, ele deveria ser valorizado porque a maior parte da

nossa vida faz parte da educação, ela nos acompanha por toda a vida e é algo que (pausa) deveria

dar orgulho, sabe, deveria ser vista como uma profissão como qualquer outra que tenha muito valor.

Deveria ser muito valorizada pela sociedade, entendeu, porque ela é uma boa profissão ela nos dá

algo e a gente também dá, o professor também não (pausa), ele não só oferece, o aluno também

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oferece conhecimento ao professor, não só o professor que oferece conhecimentos ao aluno. Assim

como o professor ensina ele também aprende, é um futuro interligado, entendeu, tem relação entre o

ensinar e o aprender, entendeu, um depende do outro então tem valor sim. 5.- Como você vê o

trabalho do professor? Eu vejo que é um trabalho de (pausa grande), como é que posso dizer, eu

vejo que é um trabalho como um outro qualquer porque a partir do momento que você faz algo com

amor, você consegue os seus objetivos. Se você colocar amor na sua profissão, você ser um

professor é poder participar da educação de uma criança, da construção física, emocional,

profissional e tem algo mais lindo do que isso? Você poder olhar o futuro e falar “ele cresceu porque

eu fiz parte desse futuro” e tem algo mais bonito do que isso? Tem recompensa melhor? A única

recompensa que pode substituir o professor é a maternidade e a mãe é outra profissão, assim que

participa da vida do ser humano, ali, sabe, não tem, não tem, sabe, o professor é tudo, é maravilhoso,

ensinar é maravilhoso, você aprender, você passar o seu conhecimento, você viver o dia a dia

compartilhando com outros seres é muito gostoso, sabe, não tem igual, ser professor é muito bom.

Deolinda: - Eu escolhi ser, esta profissão, porque eu acho, porque toda a pessoa, todo o indivíduo

tem de escolher uma profissão e eu escolhi pedagogia porque eu acho uma profissão bonita.

Participar da vida educacional de um indivíduo para mim é muito importante. 2.- As minhas

expectativas para o curso é adquirir experiência. Em primeiro lugar, aprimorar conhecimentos e

(pausa), terminar o meu curso e me sair bem no meu curso. 3.- Ser professora foi sempre o seu

desejo? Primeiro é que na minha família tem vários professores e eu acho que me inspirei neles para

ser professora também e porque eu gosto. 4.- Eu acho que hoje na sociedade onde a gente vive, no

meio onde a gente está, o professor ele está sendo desvalorizado devido até mesmo pelas crianças,

pelos educandos, e também a questão salarial. Os governantes estão deixando um pouco a desejar

na questão salarial, eu creio que seja isso. 5.- Eu vejo o trabalho do professor como uma coisa bonita

uma éeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee, (como é que vou dizer), porque para mim, participar da vida

educacional de alguém, você receber elogios por aquilo que você fez é muito prazeroso. È isso

(risos).

Manucha: 1.- Não tenho formação acadêmica ainda, escolhi fazer a pedagogia porque eu gosto do

curso, não tenho interesse em dar aulas, posso fazer uma outra coisa além de dar aulas né, eu gosto

de estudar, entendeu, e eu acho que as matérias que tem, tem muito a ver com aquilo que eu gosto

de fazer (pausa), o professor não é simplesmente ensinar, é mostrar que a criança tem a capacidade

e ela tem vontade de querer o conhecimento e não simplesmente ensinar ela. É despertar dentro dela

o conhecimento, isso é o que eu acho que é ser professor. 2.- Eu estou a fazer o curso não porque eu

gosto de dar aulas, mas porque tem algumas matérias que eu acho que tem a ver comigo, entendeu,

para o meu conhecimento, para o meu crescimento pessoal. Se eu puder tirar proveito desse

conhecimento melhor, mas eu não tenho a expectativa. Eu não comecei fazendo este curso

pensando em dar aulas tá, esse curso eu vejo para mim voltado para outra área, não a educação

propriamente dita tá, então a minha expectativa, eu não vou dizer que quando sair daqui eu vou dar

aulas, eu vou fazer isso ou aquilo, eu primeiro vou me formar, ter bases, uma estrutura e estou a

estudar para isso da melhor forma. Se possível quero fazer uma pós graduação, entendeu, de uma

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área ligada talvez à educação, mas quem sabe se eu fizer uma outra coisa sem poder lidar com

crianças, mas poder lidar com uma outra área, entendeu: pode ser com adultos, uma outra área,

entendeu, porque eu nunca tive um desejo de ser professora tá. 3.- Se escolhi na impossibilidade de

fazer outra área? Não, eu poderia ter feito um outro curso, mas eu achei que esse é o momento meu

de fazer a pedagogia, é o momento meu que eu acho que devo fazer né, eu já pensei em fazer

biologia, já pensei em fazer outro curso na outra época né, mas agora eu acho que eu tô mais para

fazer a pedagogia ta, é um outro conhecimento porque a pedagogia ela vai te trazer um auto

conhecimento, saber como você pode lidar com certos comportamentos e ali você poderá saber de

que maneira, como você poderá direcionar, por exemplo a ........ é por isso tá. 4.- Se o professor é

valorizado? O professor de uma certa maneira quando ele éeeeeeeeeeeee, ele para poder ser mais

valorizado há vários aspectos: uma se ele desvaloriza, ele vai ser desvalorizado né; se ele não faz

com amor, entendeu, se ele faz para ganhar dinheiro ou se ele faz com uma realização pessoal então

ele, pode ser valorizado, ele pode, mas tem muitos casos de professores valorizados, entendeu, tem

professores, por exemplo, nem todos os professores são maus, nem todos os professores dão bem

aulas, então eu acho que cabe à sociedade fazer um trabalho de valorização também, colocar que o

professor não cabe só para educar a criança ele esta ali também para ajudar os pais, não colocar

como se o professor estivesse ali para cuidar da criança, mas sim, para o desenvolvimento da criança

né; e o Estado (pausa) também deve fazer com que todos hajam em conjunto fazer que todos

colaborem, porque só através da educação nós vamos ter uma melhor sociedade, porque uma está

ligada a outra, entendeu, né, então depende muito do professor se ele faz com amor ou não faz. Ele

pode ser um professor valorizado numa periferia, numa favela, ele pode ser um professor

desvalorizado numa escola de nome, entendeu, porque ele não atuou adequadamente. 5. Eu acho o

trabalho do professor quando ele faz com amor é um trabalho muito, muito bonito, ela [a profissão] é

bela porque ele [o professor] transforma a pessoa, então ele leva do bruto, ele pega como se fosse

uma pedra bruta e ele vai lapidando vai lapidando, né; e aí se transforma às vezes até em uma pedra

preciosa. Aquilo que ninguém dá valor, ele transforma o barro, você pega, você amassa ali ele não

tem forma, daqui a pouco você começa a dar forma, então, o professor é como se transformasse ele,

[como se] mudasse uma coisa bruta uma pedra ou uma coisa de maior valor, entendeu, e só talvez

com o conhecimento nós podemos mudar tudo, mudar uma vida, ou então, socialmente tudo,

entendeu, através do conhecimento você tem isso. Terminada a formação, se o caminho me indicar

para o exercício da profissão eu farei, entendeu, mas não é assim a minha perspectiva. Quando me

formar a primeira coisa que vou fazer é dar aulas, entendeu, mas no final de curso, entendeu se por

acaso, eu perceber a minha vontade, a minha disposição de ser isso mesmo aquilo que eu quero,

porque a gente deve gostar tudo o que a gente faz, então eu vou fazer entendeu, mas não é o que eu

penso hoje, entendeu, porque eu já atuei em outra área né; porque a pedagogia pode servir para

outra coisa que não é só dar aulas.

Benge:- Então no principio eu escolhi a pedagogia né porque eu tentei várias outras áreas mas nada

que me interessasse, então o foco maior foi na pedagogia porque eu ainda acredito na educação, que

através da educação é que se forma um ser humano para viver em sociedade, para uma sociedade

melhor e é uma área que sempre mexeu comigo né, é uma área que eu gosto de fazer, já que eu ia

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fazer uma faculdade e pagar caro, então tenho que fazer uma coisa que eu gosto e, eu quero atuar

na área e eu quero não apenas trabalhar para ganhar dinheiro, mas eu quero fazer com amor, dar o

meu melhor daquilo que eu aprender [para] passar para os meus alunos, entendeu, de forma que

eles possam entender, que eles possam guardar para eles o resto das suas vidas. 2.-

Expectativas? Então, espero uma boa formação nesse curso porque o professor, para ele saber dar

aulas, ele deve estar bem capacitado. È isso que eu busco no curso de pedagogia em primeiro e eu

penso que essa capacitação, ela não depende só da faculdade, ela também depende de mim. È

difícil! mas já que você escolheu o curso, tem que dar um tempo para ele nem que for de madrugada,

tem que dar sempre tempo para estudar, entendeu. 3.- Então ser professor foi sempre um desejo,

mas por algum tempo esse desejo saiu do meu coração. Para mim não tinha mais outra chance, mas

depois eu comecei a observar como o mundo está vivendo hoje e eu comecei a observar. No meu

ponto de vista, eu creio que o mundo deve ser socialmente transformado através de uma boa

educação, eu creio na educação porque a educação é uma forma de educar a pessoa para viver em

sociedade e é através da educação que nós podemos solucionar os problemas que o mundo está a

enfrentar hoje: as guerras, os conflitos, as fomes. Através de uma boa educação, é isso que eu

acredito. 4.- Ser professor é ser um profissional desvalorizado? Do meu ponto de vista não. Do ponto

de vista da pessoa, se prevalece a prática, ele deve estar no ensino e dar uma boa prática a si

mesmo, então porque ele escolheu essa profissão? Se foi um professor que respondeu isso, ele deve

estar muito mal equivocado sobre o assunto, né, porque ser professor eu acho que é uma das

profissões mais lindas que existe. Do meu ponto de vista, é uma das profissões mais bonitas que

existe porque você está a ajudar a formar cidadãos, a formar pessoas, entendeu, e eu acho que não

tem nada mais gratificante que isso. 5.- Como você vê o trabalho do professor hoje? Então, o trabalho

do professor hoje, talvez ele não tem a valorização que ele deveria ter, acho que o governo deveria

investir mais na educação, dar mais valor tanto financeiramente, porque quem falar que não é

importante financeiramente eu digo que é importante sim ser valorizado pelo governo e

principalmente pela sociedade e pelas famílias, porque eu acho que a família é que deveria valorizar

mais o professor, porque a maior parte do tempo o aluno está com o professor e tudo que o aluno

aprende é com o professor ahhhhhhhhhhhhhh, embora a família seja a base, mas o professor

também tem uma participação de fundamental importância na vida da sociedade.

Francisca: Rsrsrsrsrrsrs É eeeeeeeeeeeeeeee a minha escolha da profissão eeeeeeeeeeeee, desde

pequena eu sempre tive vontade sempre, o que, (pausa) a profissão que me deu primeiro na cabeça

foi ser professora eeeeeeeeee, ao conhecer assim a fundo como seria a profissão, me veio aquela

vontade de querer fazer a diferença na educação, porque a gente vê muito como são as escolas hoje,

a gente vê que esta tendo uma decadência muito grande e muita das vezes é porque o professor, ele

não se dá, ele mesmo não se dá o seu próprio valor, ele acaba se prendendo nas questões

financeiras e acaba não fazendo isso com amor, não cuidando da sua profissão com amor e essa é a

minha vontade, pretendo entrar na área e dar aulas, participar bastante nas escolas e conseguir

mudar essa realidade da educação principalmente aqui no nosso pais. 2- falar sobre as minhas

expectativas éeeeeee não sei exatamente quais são as minhas expectativas eu acho que tenho muito

que aprender e eu acho que essa é a minha verdadeira expectativa: é aprender a adquirir experiência

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e saber como eu vou lidar com a minha profissão quando eu começar a atuar na área. 3.- Sempre foi

um desejo meu atuar na área e ser professora, não foi na impossibilidade de fazer um outro curso,

esse curso foi sempre o que esteve na minha mente. 4.- Eu acho que está faltando um interesse dos

próprios profissionais nessa questão, eeeeeeee, hoje sim alguns profissionais se consideram

desqualificados, mas eles não se dão valor e não buscam essa valorização. Eles acabam se

acomodando onde eles estão, não buscam a melhorias no seu próprio currículo e dali acabam não

conseguindo também melhorias da sua profissão. 5.- Eu vejo que o profissional que atua na área de

educação é essencial porque a criança, ela precisa de um educador, éeeeee um educador eiiiiii

(como eu posso dizer, (pausa), me fugiu a palavra ...) de um educador bem estruturado com muitos

recursos, ei (pausa), esqueci a palavra, assim, um profissional bem estruturado mesmo na sua

profissão, que ele possa proporcionar, por exemplo, na criança, um leque amplo com vários temas

com muita cultura eu acho que ele é essencial na vida da criança porque ela vai se desenvolver

através da educação que está recebendo do professor eiiiiiiiiii, acho que é isso, acho que é uma

profissão importante não só para a escola mas também para a vida das pessoas. Terminado o curso,

eu quero exercer a profissão e nunca parar de estudar, eu quero sempre estar me especializando,

buscar atualizar os meus conhecimentos, sempre estudando e estar cada vez mais dentro da minha

profissão.

Maria: A minha escolha seu deu porque é uma coisa que eu gosto muito de fazer, eu adoro muito

crianças, gosto de conversar, gosto de saber, gosto de falar, gosto de fazer, eu adoro ler, adoro

estudar, então eu acho que esta é a profissão exata, 2.- As minhas expectativas sobre o curso, eu

gostaria de obter conhecimentos, eu espero desse curso obter o máximo de conhecimentos para

passar para as crianças futuramente ou para os adultos né; (Pausa), 3.- Éeeeeeeeeeeeeee ser

professora sempre foi o meu desejo, mesmo desde criança, porque na realidade a gente brinca de

escolinha quando é criança e quando a gente cresce, a gente na realidade passa para outras

profissões eiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, Na realidade eu sempre quis mesmo ser professora eiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, eu estive

fazendo um outro curso, eu tive fazendo o curso de Direito, eu trabalho na área de direito há 10(dez)

anos uuuuuuuuuuuuuu não deu para continuar o curso. O meu desejo maior de fazer pedagogia falou

mais alto, né, 4.- Quanto à frase, realmente o profissional, ele como professor, ele é realmente

desvalorizado de certa forma porque eu acho que o governo deveria investir mais nos professores,

mais nas escolas porque afinal é o professor que faz com que o cidadão de certa forma cresça

néeeee, porque sem a educação uuuuuuuuuuu, sem o professor, não existe nada, acho que o

professor é a base, a família é a base mas o professor é tudo também na vida da pessoa, eu acho

que o profissional, o professor deveria ser muito valorizado e, eu acho que ele não é (pausa), bem,

não a sociedade deveria claro influenciar, mas a família deveria investir, né, dada a importância do

professor, tá. Também porque há uma consciência que o professor não saiba um pouco o seu papel,

mas é um conjunto sociedade, estado e todos juntos nessa valorização do professor né. 5.- Eu acho

que o trabalho do professor é sacrificado e que merece reconhecimento (risos) é um trabalho

sacrificado porque precisa gostar muito. Em primeiro lugar é preciso ter amor, gostar do que faz

porque se você não gostar do que faz, nada corre bem. É um trabalho que merece reconhecimento,

eu acho que é um trabalho que merece todo um aparato, de toda gente e de todos os lados. Na

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escola pública não é fácil trabalhar como professor, na escola particular já tem um nível melhor, mas

não é fácil, não, não é fácil, é como em todas as profissões que existem. Não é fácil mesmo, a

pessoa precisa ter muito amor pelo que faz, isso é que torna mais fácil. Olha, pra falar bem a

verdade, pra mim tudo está sendo novidade ainda, estou aprendendo, estou na fase do aprendizado

igual a uma criança e muita coisa a gente já sabia e muita outra a gente acaba esquecendo, então a

gente vem fazer uma faculdade pra a gente ter mais conhecimento. Eu quero sair daqui se não uma

profissional boa mas uma ótima profissional, então é isso que eu espero desse curso, que eu saia

muito melhor do que quando eu entrei. Pretendes exercer a profissão? Sim, sim, sim eu estou

disposta a exercer a profissão mesmo com todos esses problemas, eu acho que vai ser ótimo, eu vou

adorar (risos).

Ângela: 1.- Ah é assim, eu fiz dois semestre de serviço social (em uma outra Universidade) e ali eu vi

que não era isso que eu queria, porque eu pensava em atuar em assistente social em presídio. Só

que quando eu vi como o assistente social atua em presídio falei não, não é isso! foge do meu ideal.

Ai uma tia minha estava a fazer pedagogia, estava no final de curso e, eu comecei a ver o material

dela assim e tal, meu tio casou com uma professora logo em seguida e ali, conversando com elas eu

optei em pedagogia e larguei o serviço social - os dois semestre que eu já tinha feito - e vim para cá

fazer pedagogia. 2.- Bem, para ser sincera, eu vim sem nenhuma expectativas. Como eu já disse,

estava fazendo assistente social, eu pensava que era uma coisa, depois eu vi que não era aquilo que

eu pensava [e] vim pra cá, assim, vamos ver no que vai dar e, para ser sincera, estou gostando e vou

seguir em frente porque é isso que eu quero. 3.- Não foi o meu primeiro desejo, já falei que queria

fazer serviço social primeiro, não foi um desejo, sim, mas acabei optando pelo curso por influência,

mais por influência externa. 4.- Ser professor é ser um profissional desvalorizado? Eu acho que

depende da onde que o profissional atua, se é na rede pública ou na rede privada eiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, eu

acho que depende muito do próprio profissional, de como ele se impõe em relação à sala, em relação

à escola, se ele se valoriza estudando, buscando mais conhecimentos. Sempre eu acho que é uma

cadeia de fatores, assim, não depende só do estado ou das iniciativas privadas ou dos alunos, eu

acho que é uma cadeia que forma a valorização ou desvalorização do profissional. 5.- Como você vê

o trabalho do professor? Eu acredito que o professor deve ser valorizado, tanto que eu quero atuar na

área e eu acho que é um trabalho importante. Ele tem grande influência assim na em (pausa), na

formação do indivíduo, no caráter, porque querendo ou não, as crianças passam mais tempo na sala

de aula com os professores do que com os pais ou qualquer outro familiar responsável por elas,

independente de ser pai ou mãe. È isso. (risos).

Miria 1- Eu gosto, a minha mãe é professora e, porque desde nova eu cresci nesse ambiente e eu

comecei a gostar, achei interessante, acho que traz resultado imediato. 2- Espero sair formada,

especializada pelo menos com uma base para começar a dar aulas, não só a parte profissional, mas

também uma conquista pessoal, né, eu acho divertido. 3- sempre foi na área educacional, nunca em

outra área, pensei em fazer matemática cheguei até a cursar um semestre de matemática, mas por

indisponibilidade financeira e de tempo troquei de curso. 4- eu não acho verdade porque a

valorização talvez não seja dinheiro, mas a criança, o indivíduo que você está dando aulas, você tem

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o retorno dele, você tem a valorização da criança éeeeeeeeeeeee, talvez a criança pensando eu não

estou pagando e o professor está me dando aulas de graça, o governo paga, os pais pagam assim os

impostos e faz com que os filhos tem direito ao estudo, só que para a criança, ela, na consciência

dela, ela entende que você está fazendo algo em favor dela então ela se sente grata, ela éeeeeeeeee

às vezes, então às vezes o pessoal começa a ter uma certa afetividade pelo professor então, eu acho

que você tem mais retorno do que em qualquer outro lugar . 5- Eu acho que o professor se

desvaloriza hoje, eu acho que ele não tem tanto interesse em buscar mais, as pessoas que buscam a

profissão por dinheiro, essas sim é que se sentem desvalorizadas. As que buscam por amor, vontade

de dar aulas fazer algo a mais para uma criança, eu acho que essas se sentem realizadas. Então é

assim, depende do próprio professor, o professor para se sentir valorizado tem de gostar do que ele

faz ali sim, ele vai se sentir melhor, por mais que os pais, o salário não valorizam ele. Mas uma

criança sempre vão estar valorizando ele, a pessoa que está recebendo o ensino, a educação,

percebendo que o professor está trabalhando com amor, ela vai estar a retribuindo à altura que o

professor necessita.

Campos 1- Eu escolhi esse curso porque desde pequena eu tenho essa vontade de ser professora,

só que é assim, com o passar do tempo, acho que a educação ela caiu muito em decadência, então

eu me acho éeeeeeeee, (como eu posso falar), eu quero mudar, entendeu, eu quero ser uma das que

pode mudar a educação do Brasil, então é assim, é muito pouco, eu vejo a educação, as crianças

muitas vezes na rua, muitas nas drogas porque a educação que a gente tem hoje não proporciona

nada para elas, então, eu quero ser uma das pessoas que pode mudar essa educação, entendeu, por

isso escolhi esse curso, porque eu gosto de crianças, gosto de ficar com elas, gosto de ensinar e

também gosto de aprender um pouco do que elas podem me ensinar também. 2- Eu vim buscar aqui

uma forma de ... eu sei que cada um tem que ter uma forma , ou um modo de ensinar, mas eu vim

buscar uma forma melhor, uma forma que eles possam me dar apoio, possam me dar uma ajuda na

maneira de ensinar, de falar com as crianças, de saber o que a criança pensa, aí eu escolhi esse

curso com a expectativa de aprender muito mais do que eu já sei, porque ser professor hoje - você já

sabe ensinar porque você já tem uma educação e formação - mas as crianças precisam de muito

mais do que aquilo que você já sabe, entendeu. 3- Foi um desejo meu, eu sempre quis isso, antes me

dava aquilo: eu quero ser médica, advogada, mas conforme fui crescendo, fui vendo a educação,

conforme foi passando e eu fui: “não, eu quero ser professora porque”, eu vejo tanta coisa hoje no

Brasil e eu falo: “como que isso pode acontecer, como que o governo, como as pessoas não

enxergam as coisas que acontecem”; aí, eu sempre tive esse desejo. 4- Eu acho que (pausa), na

verdade. não é ser um profissional desvalorizado. eu acho que o próprio profissional se desvaloriza

porque ele vê as pessoas, na verdade, vem o professor e perguntam como que aquela pessoa pode

ser professor como que ela vai lidar hoje, não tem como, mas eu acho que tem sim, é só a pessoa

querer mudar e ela consegue. Eu acho que o próprio profissional tem de se dar valor, entendeu,

então é assim, paga pouco? Paga, mas o que a gente tem a dizer, não tem, se a gente não, se nós

não formos por nós mesmos, ninguém vai mudar, ninguém vai fazer nada, eu acho que o profissional

é que deve se dar valor, ensinar independente de salário, de como que o governo ajuda. Se não

ajuda, cada um deve dar o melhor de si, entendeu. 5- Muito, muito ruim para falar a verdade, muito

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ruim, porque eu mesma na escola não gostava das matérias porque os professores chegavam lá,

passavam alguma coisinha na lousa, explicavam um pouquinho e pronto e aí eu perguntava:

“professor eu não entendi”, e aí o que você não entendeu? Então, era sempre assim, vai lá, faz

alguma coisa, passa o exercício, senta e começa a ler uma revista. Eu acho que os professores, hoje,

ele tinha que fazer muito mais porque ele tem a capacidade de fazer muito mais do que o que ele faz

hoje. Então é assim, o trabalho de um professor é procurar saber as dificuldades de cada um [e]

explicar, entendeu, então eu acho que o professor hoje é muito mais desvalorizado, por ele não ter

esse jogo de cintura, entendeu.

Renilda. 1- Eu escolhi esta profissão porque realmente foi um sonho desde criança, sempre adorei,

assim, sempre me surpreendi com os professores, sempre brinquei muito e acabei com tudo isso não

como toda a criança que só brinca né... e acabei querendo ser mesmo uma profissional. 2- As

expectativas para o curso sempre foram: de poder adquirir um apoio, para adquirir mais

conhecimentos, para poder estar dando aulas. 3- Sempre foi um desejo que surgiu através disso

mesmo, portanto, das histórias na escola, como eu já disse o meu pai ele também queria ser sempre

professor, mas na realidade acabou não sendo por falta de estudo, mas foi sempre um sonho dele e

é assim, ao mesmo tempo que eu sei estou me realizando, também estou a realizar o sonho do meu

pai, que sempre quis ser professor. 4- Hoje, eu acho que o professor, assim, ele não é muito

valorizado porque na realidade a educação no Brasil ela não é muito valorizada. Não é pelo fato dos

professores, eu creio sim que tem alguns professores que são desvalorizados, mas como tem

aqueles professores que não está muito afim de dar aulas (risos), eu acho que foi mesmo por opção

deles, não porque realmente eles queriam. Mas agora esse fator, realmente tem mesmo muitos

professores que são desvalorizados, mas tem professores que são excelentes, que mereciam ter um

salário maior, um reconhecimento melhor de todo mundo, eu acho que realmente a questão está não

porque o professor seja desvalorizado, mas é porque a educação é muito desvalorizada aqui no

Brasil, que não é uma das prioridades, entendeu. 5.- Acho que o verdadeiro professor é aquele que

olha no aluno e ele sabe aquilo que se passa com ele e, ele saberá como agir e como tratar aquela

criança, porque cada criança tem uma maneira diferente de ser tratada, cada criança tem um jeito,

uma maneira, né; é assim, eu acho que o verdadeiro professor é aquele que compreende cada um

dos alunos, que sabe lidar com todos e sabe, de uma forma ou outra, chamar a atenção deles e a

convencer eles a quererem estudar, a querer aprender, eu acho que este é o verdadeiro professor.

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ANEXO A

Figura 2 – Organograma do Sistema de Ensino (Angola).

Page 195: ESCOLHA PROFISSIONAL DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA …§ão... · Ângela Salles; Virginia Vasconcelhos Facundo; Cirleide Soares Campos; Pela ajuda, compreensão, acolhimento, paciência

191

ANEXO B

Figura 2- Organograma do Sistema de Educação (Brasil).