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ESCORBUTO

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Page 1: ESCORBUTO

Prefácio

O assunto tratado nas paginas seguintes é de muita importância para esta nação (Inglaterra), cuja frota é a mais poderosa do mundo e cujo comercio é mais florescente do que qualquer outro. Tem-se dito que os exércitos hão perdido mais homens por doenças que por espadas. Mas, esta asseveração à sido verificada ainda mais nossas frotas e esquadrões, nos quais o escorbuto só, durante a última guerra, resultou ser um inimigo mais destrutivo e que acabou com mais vidas valiosas, que os esforços das armadas francesa e espanhola em conjunto. Não somente tem cometido às vezes estragos assombrosos em barcos e frotas, senão que quase sempre afeta aos marinos em geral; e aonde não chega constituir uma calamidade visível, freqüentemente se adiciona em forma poderosa na malignidade de outras doenças. Agora à mais de 150 anos desde que aquele grande marinheiro, Sir Peter (Richard) Hawkins, em suas observações feitas durante uma travessia pelos mares do sul, comentou que esta enfermidade era a pestilência de aquele momento. No percurso de 20 anos, durante os quais havia estado embarcado, chegou dar conta de 10000 marinheiros destruídos por ela. Mas me adula pensar que o seguinte tratado vai ser possível evitar a calamidade e eliminar o perigo de este destrutivo mau; e não cabe duvida que todos os esforços para pôr final numa peste terrível receberam um acolhimento favorável pelo publico.

Sobre as causas do Escorbuto

Em 2 cruzeiros pelo canal da Mancha, um de 10 semanas e outro de 11, em 1746 e 1747 respectivamente, no Salisbury, embarcação de quarta classe de sua majestade, tive a oportunidade de ver como se desenvolveu a doença com grande violência. E foi notável que, embora estive em outras travessias pelo Canal, particularmente uma de 12 semanas, desde o 10 de agosto até o 28 de outubro, só tivermos um doente de escorbuto, e durante outra, segundo as minhas memórias, não tivermos nenhuma aparição de escorbuto. Mas, durante as mencionadas anteriormente, o escorbuto começou após 1 mês e uma semana fazermos na mar, quando o água de abordo, na qual eu prestei uma particular atenção, estava extraordinariamente doce e boa, e o estado das provisões era tal, que não podia provocar nenhuma suspeita de produzir uma enfermidade em geral, já que eram da mesma qualidade que nas travessias anteriores. E embora, graças na generosidade daquele grande marinheiro, o Honorável capitão George Edgcumbe, as pessoas doentes com escorbuto foram alimentadas com provisões frescas, como caldo de cordeiro, aves, inclusive carne da sua própria mesa, porem depois de 10 semanas, levamos a Plymouth 80 homens, de um total de 350, mais ou menos afetados pela enfermidade.

Agora bem, podia-se observar que ambas as viagens foram nos meses de abril, maio e junho, quando o tempo no canal, especialmente no inicio, sempre é frio, chuvoso e brumoso, enquanto nos outras viagens, o tempo foi geralmente bom, excetuando no inverno, quando, durante meu tempo como oficial medico, os cruzeiros eram curtos. Também não pude atribuir qualquer outro motivo que não fosse a influencia do clima em na freqüência desta doença durante as duas viagens e sua ausência em outros momentos, devido a que as circunstancias dos homens, da embarcação, e as provisões eram semelhantes em todos os outros aspectos. Tenho observado mais de uma vez que depois de grandes chuvas o na continuação de tempo abafado e brumoso, em especial depois de tormentas com chuva, os doentes de escorbuto ficavam pior; mas os seus sintomas eram aliviados quando o tempo mudava por alguns dias para mais seco e caloroso. E tenho certeza que todas as pessoas que hão tido a oportunidade de observar esta enfermidade no mar, ou que consideraram com atenção a situação dos marinheiros, vão aceitarem que a principal causa que predispõe para esta enfermidade é uma qualidade manifesta e evidente no ar, ou seja, sua umidade. Observa-se que os efeitos da umidade são mais daninhos e prejudiciais em certas constituições: em pessoas muito fracas

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por doenças previas; nas quais, por causa de um temperamento preguiçoso e inativo, não fazem exercício suficiente; e nas que tem animo melancólico; todos os quais são fatores que podem se considerar como causas secundárias que predispõem para esta horrível e fatal doença.

Já que se pode supor que a atmosfera no mar esta sempre com mais umidade que na terra, então sempre existe uma maior propensão a diatesis escorbutica no mar que com o ar seco e puro da terra. Mas supondo uma constituição igual do ar em ambos os lugares, as inconveniências sofridas pelas pessoas em um barco durante uma estação chuvosa são infinitamente muito maiores que aqueles as que estão expostas as pessoas em terra; estes últimos têm muitos jeitos de se proteger contra os efeitos nocivos, como são: roupa seca e quente, lareiras, bom hospedagem, etc., em cambio que os marinheiros estão obrigados não só respirar este ar durante o dia todo, mas também dormir com ele durante a noite toda, e freqüentemente com a roupa de cama molhada, quando é preciso manter abertas as escotilhas do barco. E efetivamente uma causa da freqüência do escorbuto durante as travessias antes indicadas foi a freqüente subida de roupa de cama da tripulação à seus dormitórios, onde as vezes estava completamente molhada e ficava assim durante muitos dias, quando, por falta de bom tempo, não havia oportunidade para secar-la.

Nenhuma pessoa sensível a os prejudiciais efeitos de dormir em quartos úmidos ou com a roupa de cama molhada e quase ao ar livre, sem ter nenhuma coisa seca ou cálida para se colocar, pode se surpreender pelos estragos causados pelo escorbuto na tripulação de Lord Anson ao passar pelo Cabo de Hornos, se considerando devidamente a sua situação em um tempo tão insólito e tempestuoso.

Em tormentas tão terríveis, a espuma do mar por causa da violência do vento se dispersa pelo barco todo, fazendo que as pessoas quase respirarem água durante muitas semanas. As ondas tumultuosas, quando romper no convés do navio e molhar os que estavam em serviço como se se tiveram submergido no mar, também levam grandes quantidades de água na parte inferior, o que origina o alojamento mais úmido e incomodo que se pode imaginar.