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Edição 159 | Ano XXIII | www.aborlccf.org.br O que diz a lei • Tudo que o otorrino precisa saber sobre o prontuário eletrônico do paciente Conquistas: Conheça o novo aplicativo da ABORL-CCF e suas funcionalidades Gestão e carreira: As vantagens de investir na automatização do consultório ESCREVENDO UM ARTIGO CIENTÍFICO

ESCREVENDO UM ARTIGO CIENTÍFICO - ABORL-CCF• Tudo que o otorrino precisa saber sobre o prontuário eletrônico do paciente Conquistas: Conheça o novo aplicativo da ABORL-CCF e

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  • Edição 159 | Ano XXIII | www.aborlccf.org.br

    O que diz a lei• Tudo que o otorrino precisa saber sobre o prontuário eletrônico do paciente

    Conquistas: Conheça o novo aplicativo da ABORL-CCF e suas funcionalidades

    Gestão e carreira: As vantagens de investir na automatização do consultório

    ESCREVENDO UM

    ARTIGO CIENTÍFICO

  • ANUIDADE 2017

    www.aborlccf.org.br/sga

    FIQUE EM DIA COM A ANUIDADE DA ABORL-CCF PARA TER ACESSO A TODOS OS

    BENEFÍCIOS DE ASSOCIADO!

    • Assessoria jurídica• Curso UP! Atualização de A -> Z• Descontos em congressos e cursos apoiados• Publicações da Aborl-CCF

    ... e muito mais!

  • Caro (a) associado (a),Imperativo deste mundo globalizado, interativo e di-

    nâmico, a exemplo do que ocorre na maioria dos países e nas diversas áreas do conhecimento e profissões, no dia 4 de maio, nossa Associação passou a disponibilizar, no por-tal do site da ABORL-CCF, uma plataforma específica para a educação médica continuada (EMC). Nos últimos dois anos, em parceria com o Comitê da EMC, temos trabalhado para formatar esse recurso que propicia ao otorrino o acesso conveniente à particularidade de seus horários e a conteúdos densos e atualizados sobre a “práxis” de nossa especialidade médica. Em nossas áreas de atuação, o aperfeiçoamento não é só uma exigência de mercado, mas do próprio conheci-mento. Instrumento da EMC, o sucesso da educação a dis-tância já se evidencia com o grande número de inscritos para o Curso UP! Não deixe de se inscrever e ter acesso às aulas, gratuitas para todos os associados quites da ABORL!

    Gostaria de ressaltar a importância do II Combined Meeting, realizado no mês de junho, em São Paulo. Esse encontro, idealizado por Dr. Sady Selaimen, teve sua se-gunda edição repleta de abordagens desafiadoras de nosso cotidiano, contemplando as subespecialidades de Laringo-logia, Otorrinolaringologia Pediátrica, Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Medicina do Sono. Já nos preocupamos com a realização do III encontro, certamente com uma edição um pouco diferente.

    Os departamentos do Sono e o de Foniatria mantêm, com sucesso, o curso anual para os otorrinos com um conteúdo atualizado. De forma inovadora, o curso de polissonografia tem agradado seus alunos com um formato semipresencial.

    Parabéns ao Dr. Alex Ogawa, presidente do Comitê de Comunicação, e a toda sua equipe. No próximo mês, estão apresentando a todos os associados a nova versão do aplicativo da nossa associação.

    Estamos ultimando para o início deste segundo semes-tre a atualização do Consenso Brasileiro de Rinites, em parceria com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e a So-ciedade Brasileira de Pediatria. Igualmente, ainda neste ano, deveremos lançar a campanha sobre o uso racional de antibi-óticos em vias aéreas superiores.

    Outro passo importante a ser tomado por nossa diretoria, em conjunto com o Comitê de Planejamento Estratégico e Conselho Administrativo-Fiscal da ABORL-CCF, será o de traçar os futuros caminhos de nossa Associação por meio de uma consultoria de planejamento especializada na área. Consideramos, neste momento, a importância de traçarmos nossos objetivos e trajetórias em curto, médio e longo prazos.

    Por fim, acompanhem as novidades sobre nosso Congresso Brasileiro em Florianópolis (SC).

    Um forte abraço a todos!Dra. Wilma Terezinha Anselmo Lima

    Presidente da ABORL-CCF

    Mensagem da

    PRESIDENTEWilma Terezinha Anselmo Lima

    Diretoria 2017PresidenteDra. Wilma Anselmo Lima - Ribeirão Preto (SP)

    Primeiro Vice-Presidente Dr. Márcio Abrahão - São Paulo (SP)

    Segundo Vice-Presidente Dr. Luiz Ubirajara Sennes - São Paulo (SP)

    Diretor-SecretárioDr. Edwin Tamashiro - Ribeirão Preto (SP)

    Diretora Tesoureira Dra. Eulalia Sakano - Campinas (SP)

    Diretor-Secretário AdjuntoDr. Edson Ibrahim Mitre - São Paulo (SP)

    Diretor Tesoureiro AdjuntoDr. Leonardo Haddad - São Paulo (SP)

    AssessoresDr. Eduardo Landini Dolci - São Paulo (SP)Dr. Márcio Fortini - Belo Horizonte (MG)Dr. Geraldo Druck Sant’Anna - Porto Alegre (RS)

    PRESIDENTES DOS COMITÊSComitê de Eventos e CursosDra. Thais Knoll Ribeiro - São Paulo (SP)

    Comitê de ComunicaçãoDr. Allex Ogawa - Londrina (PR)

    Comitê de Educação Médica Continuada

    Dr. Thiago Freire Pinto Bezerra - Recife (PE)

    Comitê de Ética e Disciplina

    Dr. Marcelo Miguel Hueb - Uberaba (MG)

    Comitê de Residência e Treinamento

    Dr. Eduardo Macoto Kosugi - São Paulo (SP)

    Comitê de Título de Especialista

    Dr. Fernando Danelon Leonhardt - São Paulo (SP)

    Comitê de Defesa Profissional

    Dr. Bruno Almeida A. Rossini - São Paulo (SP)

    Os médicos Dr. Edwin Tamashiro, Dra.Wilma Anselmo, Dra. Eulália Sakano e

    Dr. Carlos Alberto, da Diretoria da ABORL-CCF

  • Carta ao leitor

    Páginas azuis: Bioética em pauta

    Espaço ao leitor

    Agenda de eventos

    O que diz a lei: O prontuário eletrônico do paciente

    47º CBO sem fronteiras

    Gestão e carreira: Gerenciamento de processos no consultório

    Capa: Escrevendo um artigo científico

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    ABORL-CCF em ação: Comitê de Educação Médica Continuada e Departamento Jurídico da ABORL-CCF

    Conquistas: Aplicativo da ABORL-CCF

    Vox news

    Entrevista: Candidatos à presidência da AMB expõem suas ideias

    Conduta médica: Monitorização eletrofisiológica

    Qualidade de vida: Uma paixão chamada Ponte Preta

    Educação médica continuada: Lesões brancas

    Internacional: Academia Americana de ORL

    HumORL

    VOX Otorrino

    Presidente:Wilma Anselmo Lima

    Comitê de Comunicações: Alexandre Beraldo Ordones

    Allex Itar Ogawa Fabrizio Ricci RomanoGustavo Polacow Korn

    Ingrid Helena Lopes de OliveiraMarco Antonio dos A. Corvo Maria Dantas C. L. Godoy

    Renata Dutra Moricz Ricardo Landini Lutaif Dolci

    Assistente de Comunicação da ABORL-CCF:

    Aline Pereira Cabral

    Editora-chefe:Gabriela Rezende

    Revisão: Leonardo de Paula

    Reportagem: Bruno Bernardino, Gabriela Rezende e Mariana Moreira

    Fotos: Alexandre Guzanshe/AMMG,

    Divulgação, Divulgação ABORL-CCF, Arquivo pessoal e Toni Escalante

    Diagramação:Douglas Almeida, Monica Mendes e

    Tatiana Couto

    Produção:DOC Content

    Fone: (21) 2425-8878

    Periodicidade:Bimestral

    Tiragem:6.500 exemplares

    Os artigos assinados são de inteira respon-sabilidade dos autores e não refletem, ne-cessariamente, a opinião da ABORL-CCF.

    Espaço do leitor

    Sugestões de pauta, críticas ou elogios? Fale conosco:[email protected]

    (11) 95266-1614

    EXPE

    DIE

    NTE

    AB

    OR

    L-C

    CF CARTA AO

    LEITORAllex Ogawa

    Um novo ano para a Otorrinolaringologia

    Presidente do Comitê de Comunicações

    A Vox 159 chegou! E com ela, textos dinâmicos para esta época de consultório cheio. A parceria com o Comitê de Educação Médi-ca Continuada na produção dos textos de Estomatologia continua. Apresentamos o aplicativo permanente da ABORL-CCF, que, entre outros benefícios, trará a possibilidade de realizar perguntas nas aulas do congresso. Dicas para escrever um artigo científico estão em nossa matéria de capa, e reabordaremos os temas da bioética e do prontuário eletrônico.

    Para tirar todas as dúvidas sobre o prontuário eletrônico, Dra. Vânia, do Departamento Jurídico da ABORL-CCF, Dr. Bruno Rossini, da Defesa Profissional, e Dr. Felipe Félix, que participou inicialmente do projeto do prontuário eletrônico da ABORL-CCF, foram convidados para essa edição. As regras do CFM são extremamente rígidas para a produção da versão digital sem a necessidade de documentos em papel. Quais são as implicações para a grande maioria que não segue esse padrão? Fique por dentro de tudo e, se ainda tiver dúvidas, envie para nós!

    Aliás, é importante destacar que somos sempre cobrados a abordar temas “espinhosos”. Porém, como instituição representativa, a ABORL- CCF precisa zelar, sempre, por oferecer informações sólidas a seus associados. Para questões específicas a Vox oferece o Espaço ao Leitor, onde o associado pode manifestar sua dúvida, inclusive sob anonimato, caso seja de seu interesse. Sua opinião é muito importante e será respondida por um membro da Diretoria Executiva da ABORL-CCF. Além disso, é claro, toda a estrutura já montada pelo Co-mitê de Defesa Profissional, Comitê de Ética e pelo Departamento Jurídico da ABORL-CCF estão à disposição via site ou e-mail.

    Aproveite a Vox 159! A publicação está sempre sendo produzida antena-da às demandas dos associados. Continue participando, dando sua sugestão ou enviando seu questionamento.

    Boa leitura!

  • VOX Otorrino

    Presidente:Wilma Anselmo Lima

    Comitê de Comunicações: Alexandre Beraldo Ordones

    Allex Itar Ogawa Fabrizio Ricci RomanoGustavo Polacow Korn

    Ingrid Helena Lopes de OliveiraMarco Antonio dos A. Corvo Maria Dantas C. L. Godoy

    Renata Dutra Moricz Ricardo Landini Lutaif Dolci

    Assistente de Comunicação da ABORL-CCF:

    Aline Pereira Cabral

    Editora-chefe:Gabriela Rezende

    Revisão: Leonardo de Paula

    Reportagem: Bruno Bernardino, Gabriela Rezende e Mariana Moreira

    Fotos: Alexandre Guzanshe/AMMG,

    Divulgação, Divulgação ABORL-CCF, Arquivo pessoal e Toni Escalante

    Diagramação:Douglas Almeida, Monica Mendes e

    Tatiana Couto

    Produção:DOC Content

    Fone: (21) 2425-8878

    Periodicidade:Bimestral

    Tiragem:6.500 exemplares

    Os artigos assinados são de inteira respon-sabilidade dos autores e não refletem, ne-cessariamente, a opinião da ABORL-CCF.

    Espaço do leitor

    Sugestões de pauta, críticas ou elogios? Fale conosco:[email protected]

    (11) 95266-1614

    EXPE

    DIE

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    AB

    OR

    L-C

    CF CARTA AO

    LEITORAllex Ogawa

    Um novo ano para a Otorrinolaringologia

    Presidente do Comitê de Comunicações

    A Vox 159 chegou! E com ela, textos dinâmicos para esta época de consultório cheio. A parceria com o Comitê de Educação Médi-ca Continuada na produção dos textos de Estomatologia continua. Apresentamos o aplicativo permanente da ABORL-CCF, que, entre outros benefícios, trará a possibilidade de realizar perguntas nas aulas do congresso. Dicas para escrever um artigo científico estão em nossa matéria de capa, e reabordaremos os temas da bioética e do prontuário eletrônico.

    Para tirar todas as dúvidas sobre o prontuário eletrônico, Dra. Vânia, do Departamento Jurídico da ABORL-CCF, Dr. Bruno Rossini, da Defesa Profissional, e Dr. Felipe Félix, que participou inicialmente do projeto do prontuário eletrônico da ABORL-CCF, foram convidados para essa edição. As regras do CFM são extremamente rígidas para a produção da versão digital sem a necessidade de documentos em papel. Quais são as implicações para a grande maioria que não segue esse padrão? Fique por dentro de tudo e, se ainda tiver dúvidas, envie para nós!

    Aliás, é importante destacar que somos sempre cobrados a abordar temas “espinhosos”. Porém, como instituição representativa, a ABORL- CCF precisa zelar, sempre, por oferecer informações sólidas a seus associados. Para questões específicas a Vox oferece o Espaço ao Leitor, onde o associado pode manifestar sua dúvida, inclusive sob anonimato, caso seja de seu interesse. Sua opinião é muito importante e será respondida por um membro da Diretoria Executiva da ABORL-CCF. Além disso, é claro, toda a estrutura já montada pelo Co-mitê de Defesa Profissional, Comitê de Ética e pelo Departamento Jurídico da ABORL-CCF estão à disposição via site ou e-mail.

    Aproveite a Vox 159! A publicação está sempre sendo produzida antena-da às demandas dos associados. Continue participando, dando sua sugestão ou enviando seu questionamento.

    Boa leitura!

  • PÁGINAS AZUIS

    Bioética – palavra tão pequena, entretanto, com um significado tão grandioso. De acordo com a Grande Enciclopédia Larousse Cultu-ral, significa “o conjunto dos problemas colocados pela responsa-bilidade moral dos médicos e biólogos em suas pesquisas teóricas ou nas aplicações práticas dessas pesquisas”. O que isso quer dizer, de fato? Como a bioética se aplica na prática?

    Foi em meados dos anos de 1970, frente a avanços significativos da ciência e experimentações envolvendo alguns dilemas éticos, como a aids, além de outros que foram surgindo, que se fomentou o estudo da Bioética. Esses avanços incluíam: as intervenções humanas sobre o ambiente, que influem no equilíbrio das espécies vivas; o projeto geno-ma humano; o aborto; a eutanásia; os transgênicos, incluindo também os campos da experimentação com animais e com seres humanos; os direitos e deveres dos profissionais da saúde e dos clientes; e as práticas psiquiátricas, pediátricas e com indivíduos inconscientes.

    A Revista Vox Otorrino conversou com Dr. Arnaldo Guilherme, professor-associado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro do Comitê de Ética da ABORL-CCF, para entender um pouco mais sobre esse universo e seus desdobramentos, refletindo como o estu-do dos problemas e implicações morais despertados pelas pesquisas cien-tíficas em Biologia e Medicina devem ser aplicados na realidade médica.

    BIOÉTICA EM PAUTAMembro do Comitê de Ética da ABORL-CCF, Dr. Arnaldo Guilherme nos ajuda a entender

    as definições, aplicações e dilemas da Bioética

    por Gabriela Rezende e Mariana Moreira

    6 | VOX Otorrino

  • VOX: Como o senhor define a Bioética?

    Dr. Arnaldo Guilherme: A Bioética é pautada em quatro princípios fundamentais, introduzidos como conceitos por Beauchamp e Childress, em 1989 – auto-nomia, beneficência, não maleficência e justiça. O prin-cípio da autonomia requer que o indivíduo, com capa-cidade de deliberar sobre suas escolhas pessoais, deva ser tratado com respeito por sua capacidade de decisão. As pessoas têm o direito de decidir sobre as questões relacionadas a seus corpos e suas vidas. Quaisquer atos médicos devem ser autorizados pelo paciente. O direito moral do ser humano à autonomia gera um dever dos outros em respeitá-lo. Assim, também os profissionais da Saúde precisam estabelecer relações com os clientes em que ambas as partes se respeitem. O princípio da be-neficência refere-se à obrigação ética de maximizar o be-nefício e minimizar o prejuízo. O profissional deve ter a maior convicção e informação técnicas possíveis que as-segurem ser o ato médico benéfico ao paciente. O prin-cípio de não maleficência implica o dever de se abster de fazer qualquer mal para os clientes, de não causar-lhes danos ou colocá-los em risco. O profissional se com-promete a avaliar e evitar os danos previsíveis. É preciso considerar se determinada técnica não oferece riscos e, ainda, se existe outro modo de executar com menos ris-cos. O princípio da justiça estabelece como condição fundamental a equidade – obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto e ade-quado, de dar a cada um o que lhe é devido. O médico deve atuar com imparcialidade e considerar, ao máximo, quais aspectos sociais, culturais, religiosos, financeiros ou outros interferem na relação com o paciente.

    VOX: Qual é a diferença entre ética médica e bioética?

    AG: Em sua edição atual, o Código de Ética Médica foi elaborado com algumas reflexões bioéticas e regula sua aplicação, trazendo, também, importantes inova-ções, como a previsão de cuidados paliativos, o refor-ço à autonomia do paciente e a abordagem de regras para reprodução assistida, em função dos mais recentes avanços técnico-científicos ocorridos no âmbito das relações humanas, profissionais e sociais. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), no conteúdo, os avanços envolveram áreas importantes, como con-flitos de interesses, ensino médico, terminalidade da vida, novas tecnologias e autonomia profissional.

    Lembrando os princípios fundamentais do

    CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

    XXI – No processo de tomada de decisões pro-fissionais, de acordo com seus ditames de cons-ciência e as previsões legais, o médico aceitará as escolhas de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por eles expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas.

    XXII – Nas situações clínicas irreversíveis e ter-minais, o médico evitará a realização de procedi-mentos diagnósticos e terapêuticos desnecessá-rios e propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados.

    XIII – Quando envolvido na produção de conhe-cimento científico, o médico agirá com isenção e independência, visando ao maior benefício para os pacientes e a sociedade.

    XXIV – Sempre que participar de pesquisas en-volvendo seres humanos ou qualquer animal, o médico respeitará as normas éticas nacionais, bem como protegerá a vulnerabilidade dos su-jeitos da pesquisa.

    XXV – Na aplicação dos conhecimentos cria-dos pelas novas tecnologias, considerando-se suas repercussões tanto nas gerações presentes quanto nas futuras, o médi-co zelará para que as pessoas não sejam discriminadas por qualquer razão vinculada a herança gené-tica, protegendo-as em sua dignidade, identi-dade e integridade.

    VOX Otorrino | 7

  • PÁGINAS AZUIS

    VOX: Que tipo de questões esse conceito de bioética abrange?

    AG: O acelerado processo de desenvolvimento cientí-fico e tecnológico na Medicina impõe constante apri-moramento por parte do médico e esbarra em questões como ausências de políticas públicas eficazes, deterio-ração dos serviços de saúde, relações de trabalho inade-quadas e deficiências do ensino médico. Na relação do dia a dia, dilemas como comunicação de más notícias, terminalidade da vida, uso de próteses e órteses, interfe-rência da indústria farmacêutica e de equipamentos, alta a pedido e iminente risco de morte, atestado médico, atestado de óbito, publicidade e concorrência desleal.

    “Na relação médico-paciente, o que se espera é que o médico busque o interesse do paciente, evitando que interesses secundários possam influir na escolha dos mais adequados procedimentos ou tratamentos médicos”

    Dr. Arnaldo Guilherme

    VOX: Quais são os principais conflitos bioéti-cos existentes?

    AG: Na relação médico-paciente, o que se espera é que o médico busque o interesse do paciente, evi-tando que interesses secundários possam influir na escolha dos mais adequados procedimentos ou trata-mentos médicos. Deve-se evitar situações nas quais pode ser configurada a obtenção de vantagens por parte do médico, como a indicação de produtos que lhe trarão ganhos econômicos diretos e vincu-lados à indicação de tratamento e/ou de implantes ou próteses, e que ferem princípios deontológicos normatizados em nossa carta ética maior, o Código

    de Ética Médica do CFM.

    VOX: A questão do consentimento também é estudada pela Bioética, correto? Nesse caso, o que ela tem a dizer sobre a importância do consentimento do paciente frente a um proce-dimento médico?

    AG: A formalização do denominado Termo de Consen-timento Informado não acarreta qualquer prejuízo ao paciente e serve, ainda, de maneira não absoluta, como respaldo jurídico ao profissional de que, efetivamente, conversou com o paciente e explicou-lhe o procedimen-to médico a ser adotado. O que se deve fazer sempre é dar uma explicação mais próxima da linguagem co-mum, popular, acerca dos riscos existentes, anotar no prontuário médico tudo o que foi informado e realizar a confecção do termo de consentimento nos casos de maior risco ao paciente, que deve, inclusive, ser assi-nado por algum familiar que tenha presenciado a ex-plicação. Somente a apresentação e a assinatura de um termo de consentimento não demonstram a adequada relação do médico com seu paciente, cumprindo apenas um formalismo. Pela ótica dos princípios bioéticos, na relação médico-paciente devemos esperar: falar a ver-dade; prestar atendimento humanizado, com tempo e atenção necessários; saber ouvir o paciente, esclarecen-do dúvidas e expectativas, com registro no prontuário; explicar detalhadamente, de forma simples e objetiva, o diagnóstico e o tratamento, seus benefícios, compli-cações e prognósticos; e, no tratamento, respeitar a autonomia do paciente e a atualização científica.

    Divulgação

    8 | VOX Otorrino

  • ESPAÇO AO LEITOR

    A ABORL-CCF QUER SABER A SUA OPINIÃO!

    Envie suas ideias para o nosso Departamento de Comunicação

    Se você tem alguma dúvida, quer dar uma sugestão de pauta, fazer um elogio ou externar sua reclamação, este é o seu espaço. Envie um e-mail para [email protected] ou uma mensagem via WhatsApp para (11) 95266-1614. As mensagens podem ser publicadas de forma resumida por questões de espaço ou de clareza. Sua opinião é muito importante – e nos ajudará a melhorar cada vez mais nossa Associação.

    Amamentação e otiteDiante do conhecimento clássico e estabe-

    lecido pelos Otorrinolaringologistas de que a amamentação da criança em posição deitada predispõe a otites e diante da facilidade da divulgação pelas mídias sociais de informa-ções de fontes não confiáveis em contrário, solicito um posicionamento da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial sobre “criança pode ser ama-mentada deitada?”

    Dr. Jamal Sobhi Azzam

    Sugestão de pautaComo sou professora de Otorrinolaringo-

    logia da Universidade Federal do Maranhão, sugiro um perfil das disciplinas de ORL nas graduações no Brasil. Quem são os médicos que disciplinam esse assunto? Só otorrinos? Outras especialidades? Mestres, doutores ou especialistas? Qual é a carga horária específi-ca? Existe atuação em laboratórios de simu-lação realística?

    Dra. Janaina Bentivi Pulcherio

    Nota da Diretoria Executiva - ABORL-CCF: Em relação aos fatores que predispõem às otites na criança temos apenas embasamento científi-co que suporte o fator protetor do aleitamento materno. Assim, embora a tuba auditiva seja, na infância, anatomicamente (ângulo e com-primento) distinta da do adulto, não temos qualquer suporte científico para afirmar que a posição durante o aleitamento possa predispor a criança a quadros de otites.

    Resposta enviada por Dra. Melissa Avelino, presidente da Academia Brasileira de Otorri-nolaringologia Pediátrica

    Nota da Diretoria Executiva - ABORL-CCF: Nós, do Comitê de Comunicação, agradece-mos a sugestão e o destaque para a situação. Iremos elaborar uma pesquisa nas faculdades de Medicina para mapear como a Otorrinola-ringologia está inserida nas grades curriculares e, quando pronta, apresentaremos uma maté-ria com esses dados.

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  • AGENDA DE EVENTOS

    AGENDAJULHO14 de julho de 2017 II Curso de Anatomia e Técnicas Cirúrgicas em Otologia para ResidentesCoordenação: Dr. Iulo Barauna e Dr. Gustavo BarrosLocal: Complexo Hospitalar Professor Edmundo Vasconcelos - Rua Borges Lagoa, 1450, Anfiteatro - Vila Clementino, São PauloWebsite: facebook.com/centrodeotorrinospE-mail: [email protected]; [email protected]ções: (11) 5080-4375 - Yone Heiss. Evento restrito a médicos. Especialidade-alvo: Otorrinolaringologia

    20 a 22 de julho de 2017 17º Congreso Latinoamericano de Rinologia y Cirugía FacialCoordenação: Dr. João Telles Jr.Local: Hotel Windsor Barra - Av. Lúcio Costa, 2630 - Barra da Tijuca, Rio de Janeiro Website: www.rino2017.comE-mail: [email protected]ções: (11) 3865-5354 / Fax: (11) 3864-4673 - Amanda Campolargo / Secretaria Executiva

    Organização: Malu Losso Eventos

    AGOSTO2 a 4 de agosto de 2017 IV Curso Teórico-Prático de Cirurgia Endoscópica Nasal e da Base do CrânioCoordenação: Dr. Rodrigo de Paula Santos, Dr. Eduardo Macoto Kosugi e Dr. Samuel Tau ZymbergLocal: Hospital São Paulo - Rua Napoleão de Barros, 715 - Vila Clementino, São PauloWebsite: www.iocp.org.brE-mail: [email protected]ções: (11) 5080-4933

    2 a 4 de agosto de 2017 Curso de Dissecção do Osso TemporalCoordenação: Prof. Dr. Paulo Roberto LazariniLocal: Santa Casa de Misericórdia de São PauloWebsite: www.otorrinosantacasa.com.brE-mail: [email protected] destinado ao aprimoramento na dissecção do osso temporal, desenvolvendo o conhecimento necessário para cirurgia otológica. Por se tratar de um curso extremamente personalizado, pode ser realizado pelo especialista iniciante e também pelo profissional mais experiente que queira ampliar seu conhecimento anatômico.

    3 a 4 de agosto de 2017 99º Curso de Cirurgias Endoscópicas Endonasais - FORL-BA Coordenação: Marcus LessaLocal: Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, Rua Pacífico Pereira, Salvador (BA)Website: www.forl.org.brE-mail: [email protected] Informações: (11) 3068-9855 - Camila / Secretaria ExecutivaOrganização: Fundação Otorrinolaringologia Curso teórico-prático de cirurgia endoscópica dos seios paranasais. Além das aulas teóricas, cada realiza, na prática, todos os fundamentos teóricos da cirurgia endoscópica nasossinusal.

    3 a 4 de agosto de 2017 XXV Workshop em Estroboscopia Coordenação: Dra. Adriana Hachiya e Dra. Saramira BohadanaLocal: Voice Center - Anfiteatro do Hospital Paulista, Rua Dr. Diogo de Faria, 780 - Vila Clementino, São PauloWebsite: www.voicecentercursos.com.brE-mail: [email protected] evento tem como objetivo desenvolver as habilidades do profis-sional em otorrinolaringologia para interpretação diagnóstica das diferentes patologias laríngeas com a técnica da videolaringoes-troboscopia.

    3 a 5 de agosto de 2017 VIII Curso Teórico/Prático de Implante Coclear Coordenação: Eduardo Barbosa de SouzaLocal: Auditório Ceppaj, Salvador (BA)E-mail: [email protected]ções: O curso receberá a participação dos palestrantes convidados Dr. Rogério Hamerschmidt, Dr. João Flávio Nogueira e Dra. Lilian Flores

    7 a 9 de agosto de 2017 XIV Curso Teórico-Prático de Anatomia e Dissecção do Osso Temporal Coordenação: Dr. Iulo Barauna e Dr. Gustavo BarrosLocal: Complexo Hospitalar Professor Edmundo Vasconcelos, Rua Borges Lagoa, 1450, Anfiteatro - Vila Clementino, São PauloWebsite: facebook.com/centrodeotorrinospE-mail: [email protected] e [email protected]ções: (11) 5080-4357 - Yone Heiss. Evento restrito à médicos. Especialidade Alvo: Otorrinolaringologia

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  • O QUE DIZ A LEI

    O prontuário do paciente, seja por meio de ar-mazenamento em papel ou eletrônico, está sob a guarda do médico ou da instituição que assiste o paciente, a quem cabe o dever da segurança e do sigilo das informações, para regular e assegurar a boa prática médica.

    Em 2007, o Conselho Federal de Medicina (CFM), observando os avanços da tecnologia da informação relacionados aos métodos de armazena-mento e transmissão de dados, resolveu, ao publicar a resolução nº 1821/07, regulamentar as normas técnicas concernentes à digitalização e ao uso de sis-temas informatizados para a guarda dos prontuários dos pacientes.

    Assim, ao falar em uso de sistemas informatizados, podemos tratar do prontuário eletrônico do paciente – PEP, que, de acordo com o Institute of Medicine (IOM, 1997), “é o registro eletrônico que reside em um sistema especificamente projetado para apoiar os usuários fornecendo acesso a um completo conjunto de dados corretos, alertas, sistemas de apoio à decisão e outros recursos, como links para bases de conheci-mento médico”.

    Há diversos PEPs no mercado, com níveis de ga-rantia de segurança 1 ou 2, e, possuindo ambos, vali-dade jurídica proporcional ou plena, conforme o nível de segurança do sistema informatizado de prontuário.

    Sob o aspecto da validade jurídica, ambos os pron-tuários podem ser considerados como prova, nos ter-mos da lei. Porém, aqueles registrados com o NGS2 têm plena validade jurídica, com relação a segurança, confiabilidade, autenticidade e integralidade das infor-mações, já que possuem o mecanismo de segurança de certificação digital.

    Assim, considerando as boas e seguras práticas médi-cas, o PEP – sistema de prontuário digital com benefícios tanto para o profissional médico como para o paciente, que visa preservar a privacidade do paciente, o sigilo pro-fissional, a segurança e a garantia de dados – pode ser adotado pelos médicos, observando os NGS 1 e 2.

    O prontuário eletrônico

    do pacientePor Departamento Jurídico da ABORL-CCF

    NÍVEL DE GARANTIA DE SEGURANÇA 1 (NGS1)

    Apresenta um bom nível de segurança, porém não dispensa o papel. A eliminação do papel so-mente poderá ser adotada para aqueles prontuá-rios de nível de garantia de segurança 2.

    NÍVEL DE GARANTIA DE SEGURANÇA 2 (NGS2)

    Apresenta um robusto nível de segurança, pois, nesse tipo de prontuário, está presente o uso de assinatura digital padrão reconhecido no Brasil. Portanto, prontuários eletrônicos reconhecidos pelo CFM e que atendam ao nível 2 apresentam plena segurança, dispensando a obrigatoriedade do registro em papel.

    Tabela 1: Características dos prontuários, conforme preco-nizado pelo Conselho Federal de Medicina

    Vale ressaltar que o CFM não obriga à adesão ao PEP, porém aqueles que assim pretenderem devem observar a resolução nº 1821/07, que aprova as normas técnicas concernentes ao uso do sistema informatizado de segu-rança para armazenamento e manuseio dos documentos dos prontuários, pois desrespeitar as normas do CFM ca-racteriza infração aos princípios fundamentais éticos.

    Mas afinal, o PEP apresenta alguma vantagem?

    Sim, poiS, ao penSarmoS em avanço da tecnologia em prol do médico, do paciente, da Segurança e do aceSSo àS informaçõeS, podemoS exemplificar como vantagenS: Segurança da informação, confiabilida-de, autenticidade, integralidade, clareza, legibili-dade, digitalização doS prontuárioS, redução de gaStoS com impreSSão de papeiS, fim da neceSSidade de eSpaço fíSico (arquivoS/SalaS) para a guarda doS prontuárioS em papel, aceSSo – mantendo o Sigilo profiSSional – à informação doS profiSSio-naiS reSponSáveiS pelo paciente e melhor geStão do conSultório/hoSpital/clínica.

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  • 47º CBO SEM FRONTEIRAS

    Por Bruno Bernardino

    Conheça os palestrantes desse que será o mais internacional de todos os congressos

    47º CBOSEM FRONTEIRAS

    De 1º a 4 de novembro, acontecerão, simul-taneamente, o 47º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Fa-cial, o IV Congresso da Academia Ibero-americana de Otorrinolaringologia e o 9º Congresso Luso-brasileiro de Otorrinolaringologia, no Centro de Convenções de Florianópolis, em Santa Catarina. Das palestras nacio-nais, alguns assuntos a serem abordados são: recons-trução nasal após ressecção cancerígena, harmonização facial com preenchedores, rejuvenescimento do olhar com ácido hialurônico e uma mesa-redonda que dis-cutirá a faringotonsilite na infância. Também serão discutidos: cirurgia endoscópica otológica, paralisia

    facial, tumores do osso temporal, inflamação nasossi-nusal e sua influência na prática clínica, diagnóstico de câncer de laringe e seu tratamento, cirurgia endoscó-pica transoral em câncer moderadamente avançado na laringe, ética na prática médica, os cuidados que todo otorrinolaringologista deve ter para construir uma car-reira sustentável de sucesso e técnicas cirúrgicas para tratamento da síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), entre outros temas.

    Com muitos palestrantes internacionais esse está sendo considerado o mais internacional de todos os congressos.

    Confira, a seguir, a lista de palestrantes e debatedores internacionais e o que será abordado:

    CARLOS CARVALHO Portugal

    CARLOS RIBEIRO Portugal

    CLARA CAPUCHO Portugal

    Cirurgia endoscópica do ouvido médio

    Implante coclear bilateral

    Emergências e urgências na voz profissional

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  • DAVID WHITE Estados Unidos

    DENNIS POE Estados Unidos

    DEVYANI LAL Estados Unidos

    EZEQUIEL BARROS Portugal

    FAUSTO FERNANDES Portugal

    FERNANDO VAZ GARCIAPortugal

    JOÃO BACELAR Portugal

    JOAO ELOI Portugal

    JOÃO OLIAS Portugal

    JOÃO PAÇO Portugal

    JORGE SPRATLEY Portugal

    JOSE CARLOS NEVES Portugal

    JOSE JUAN MONTES BRACHINNI México

    JULIO PÉREZ Peru

    KEVIN GUSMAN Colômbia

    LEONEL LUIS Portugal

    LUISA MONTEIROPortugal

    Aula Magna: Current Management of laryngotracheal stenosis: from open to endoscopic Aula Magna: Is supraglottoplasty underutilized?Velopharyngeal insufficiency: choise of surgery and management trendsAdenotonsillectomy in children with Down Syndrome: what do we know?

    Distúrbios da tuba auditivaCirurgia otológica por via endoscópica

    Endoscopic repair of CSF leaks and skull base defect Revision endoscopic and external frontal surgerySimplifying frontal sinus surgery: basic concepts in anatomyTechniques to optimize outcomes from endoscopic sinus surgery

    Fechamento de fístula liquórica

    Ensino da Medicina do Sono: visão internacional

    O ensino da Otoneurologia em e-learning

    Septoplastia: o que mudou com a abordagem externa

    Quando o IC falha

    Tratamento das paralisias de pregas vocais

    Doença de Ménière

    Além do narizEstridor congênito na infância

    O horizonte da estética facialRejuvenescimento facial cirúrgico

    Dicas para a rinoplastia no paciente com pele grossaMantendo a integridade do dorso nasal: reavaliando a técnica do let down Como ser eficiente no preenchimento facial com ácido hialurônicoO que fazer e o que não fazer no uso de neuromodulares na faceElevação e remodelamento do supercílio: o que é mais importante e quando?Tratamento do pescoço sem ritidoplastiaAvaliação da perda do volume facial e seu tratamentoRejuvenescimento facial cirúrgicoRejuvenescimento facial não cirúrgico

    E agora, Doutor? Casos difíceis em Fonomicrocirurgia

    Ensino da Medicina do Sono: visão internacional

    O que é preciso para montar um consultório de OtoneurologiaVHIT: como fazer e interpretar

    Surdez e CMVirus

    VOX Otorrino | 13

  • Informações:47º CBO Sem Fronteiras Data: de 01/11/2017 a 04/11/2017Centro de Convenções CentroSul Av. Gov. Gustavo Richard, 850 - Centro, Florianópolis - SC, 88010-290Para saber a programação completa de palestrantes nacionais, acesse o QR Code ao lado.

    47º CBO SEM FRONTEIRAS

    MARIO EMILIO ZERNOTTIArgentina

    MICHAEL BENNINGEREstados Unidos

    MONICA SAAVEDRA ORTEGAVenezuela

    PAULO VERA CRUZ Portugal

    PEDRO ESCADA Portugal

    RICARDO SERRANO Argentina

    RODNEY J. SCHLOSSEREstados Unidos

    RODOLFO LUGO México

    SAM P. MOSTEstados Unidos

    VICTOR CORREIA DA SILVA Portugal

    Manejo integral da microtiaDeiscência do canal semicircular superiorImplante coclear e supressão do tinnitusReconstrução do ouvido médio

    Principles and techniques of Phonosurgery Innovations in the care of the performing vocalistOffice laryngeal procedures

    Emergências e urgências na voz profissional

    Como conduzir OM com efusão

    O tratamento cirúrgico do colesteatoma mudou muito nos últimos 25 anos?

    Tratamento do câncer de laringe T1 e T2Tratamento das neoplasias iniciais de laringe com laser

    Endoscopic skull base surgery: Evolution or revolution?Olfaction: Does it really matter?CSF leaks and skull base reconstructionFESS: When and how much?

    Abordando o ronco primárioDiagnóstico da SAOS: o que importa?Ensino da Medicina do Sono: visão internacionalQual o melhor tratamento para SAOS?Tratamento da SAOS: cirurgia multinívelComo seleciono o melhor tratamento para SAOS?Neuroestimulação: visão criticaTratamento da SAOS: cirurgia faríngea

    Nuances of establishing tip rotation and projection using the tripod conceptAsian rhinoplastyRevision of the over-resected noseNasal reconstruction after cancer resectionReducing the dorsal hump: both give and takeFunctional rhinoplasty: new paradigms for measurement and surgeryRinoplastia funcionalSurgical anatomy of the face with reference to our approach to faceliftingTop 10 pearls for upper and lower blepharoplastyRinoplastia primária

    Implantes activos do ouvido médio

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  • ABORL-CCF no mundial de Otorrinolaringologia

    A ABORL-CCF marcou presença na edição 2017 do Congresso Mundial de Otorrinolaringologia e apoiou a delegação brasileira, que se firmou como a terceira maior do IFOS 2017.

    Ao todo, foram 242 médicos brasileiros inscritos no evento.

  • GESTÃO E CARREIRA

    Gerenciamento de processos no consultórioAs vantagens de automatizar rotinas no ambiente médico

    Por Gabriela Rezende

    16 | VOX Otorrino

  • A tecnologia é um importante facilitador de vários aspectos das áreas pessoal e profissional da vida de qualquer pessoa. Não é diferente com o pro-fissional da área da Saúde, mais especificamente na vida do médico e em sua rotina no consultório. Recursos tec-nológicos podem melhorar a relação médico-paciente e, também, agilizar questões de gestão do consultório.

    Prontuários manuscritos, agenda de papel para mar-cação de consultas, pilha de livros com relatórios e da-dos dos pacientes, guias de operadoras de saúde e até as fichas internas são recursos que estão ficando para trás, dando lugar à automatização dos sistemas e ao geren-ciamento dos processos na Medicina. A utilização da Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde (TICS) vem crescendo e são inúmeros os recursos, as possibilidades e os benefícios que a informática pode trazer, especialmente para o médico.

    De acordo com Dr. Bruno Rossini, presidente do Co-mitê de Defesa Profissional da ABORL-CCF e participan-te do processo de seleção e escolha do prontuário eletrônico que será parceiro da associação, informatizar a documenta-ção médica é um passo essencial para o otorrinolaringolo-gista, nos dias de hoje. “Além da maior facilidade de acesso aos dados dos pacientes, da legibilidade das informações, da diminuição da redundância dos dados e das possibilida-des de acesso remoto, de prescrição eletrônica e de acesso simultâneo por mais de um profissional de saúde, temos, ainda, a grande economia que pode ser feita com a im-pressão em papel e com o posterior armazenamento desses prontuários em formato físico”, lista.

    Dr. Felippe Felix, que participou do início do projeto do prontuário eletrônico da ABORL-CCF na gestão do Dr. Sady Selaimen, compartilha da opinião e acredita que com o uso da automatização no consultório, o otorrino ganha es-paço, praticidade e mobilidade, já que consegue acessar os dados do paciente mesmo de casa, do celular. “Hoje, essas in-formações ficam na nuvem, então, se um paciente ligar, nós conseguimos acessar a ficha dele de onde estivermos e saber exatamente quais medicamentos foram passados, os exames que fizemos etc. Com isso, fica mais fácil para o médico dar um retorno sobre o caso”, explica.

    É preciso se adaptar aos sistemasQualquer mudança de rotina traz consigo certas

    dificuldades e incertezas e, claro, isso também aconte-ce com a automatização dos processos do consultório. Imagine que no lugar de anotar à caneta os horários dos

    Atualização na gestãoDr. Felippe conta que, no início da carreira, chegou

    a usar fichas de papel no consultório, mas era muito difícil lidar com isso no dia a dia. “Nós perdíamos tempo procurando as fichas, identificando se haviam sido ar-quivadas nos lugares certos. Se estivessem guardadas erradamente, era quase impossível encontrá-las. Além disso, os papeis ocupavam muito espaço, e, no consul-tório, espaço era sempre necessário”, relata.

    Há quase seis anos, logo que abriu seu consultório, Dr. Bruno já percebeu a importância de ter um sistema informatizado de prontuário e cadastro dos pacientes. “Na época, acabei assinando um software gratuito que me ajudou por um bom tempo. A partir daí, percebi que as rotinas ficavam muito mais rápidas. O registro eletrônico é achado muito mais rapidamente que o no prontuário em papel, e eu conseguia checar informações de meus pacientes mesmo estando fora do consultório”, analisa.

    médicos, por exemplo, as recepcionistas e secretárias precisem começar a utilizar o computador e softwares de gestão para realizar essas tarefas.

    Toda a equipe deve aprender a utilizar os novos recur-sos e se habituar com a nova dinâmica do trabalho, por-que, assim, ocorre uma interação muito mais completa e informativa entre a própria equipe e, também, com os pacientes. Além disso, um profissional alinhado com as tecnologias passa segurança aos pacientes.

    Dr. Felippe teve que realizar um treinamento do pesso-al ligado a essa área, na estrutura do consultório, principal-mente as secretárias, que, ao passarem por essas mudanças, encontraram algumas barreiras. “Algumas eram senhoras, que não possuíam computador nem em casa. Imagine a mudança de lidar com esse equipamento no trabalho... En-tão, no começo foi difícil, mas nada que o treinamento, o tempo e a rotina não tenham tornado mais fácil”, lembra.

    VOX Otorrino | 17

  • Para Dr. Bruno, as maiores dificuldades encontradas têm relação com as falhas da internet e os períodos de manutenção e bugs de sistema. “Sugiro sempre ter duas formas diferentes de acessar a internet. Além disso, o sof-tware escolhido precisa ser robusto e ter uma assistência de fácil acesso, permitindo, assim, a pronta resolução

    dos problemas apresentados. Em relação à segurança

    dos dados, buscar um sistema que contemple todas as

    requisições do Conselho Federal de Medicina é impor-

    tante para ficarmos mais tranquilos e aumentarmos a va-

    lidade jurídica das informações registradas”, recomenda.

    Dificuldades vs. soluções (na implantação de softwares de gestão)

    Adequação do programa ao profissional e ao consultório.

    Seleção criteriosa do sistema de gestão.

    Problemas de adaptação na usabilidade do sistema.

    É preciso que o gestor passe suas necessidades para o programador, para dispor de todas as ferramentas de do-cumentação necessárias, assim como suas características de gestão financeira e administrativa.

    Verificar, com muito cuidado, se as funcionalidades do siste-ma cumprem o que prometem, bem como toda a estrutura da empresa fornecedora para resolver as questões de insta-lação, treinamento, implantação e suporte técnico.

    É necessário que haja um engajamento de toda a equipe no projeto, participando ativamente dos treinamentos e dos processos de implantação.

    As principais ferramentas de automati-zação para consultórios médicos:

    Já está mais do que claro que as novidades tecnológi-cas são de grande importância para a gestão dos consul-tórios médicos. Elas capacitam o médico para controlar todos os procedimentos realizados e dão tempo ao profis-sional para dedicar-se à qualidade de vida dos pacientes.

    Entre as ferramentas mais importantes estão:

    Organizador de documentos: o arquivamento de pas-tas e documentos físicos já não é o mais indicado na rotina dos consultórios médicos. A solução atual é digi-talizar os dados de seus pacientes e salvá-los em pastas virtuais no computador, em HDs externos ou até em sistemas de arquivamento de dados na nuvem.

    Softwares de gestão: a tecnologia permite concen-trar todas as informações e processos de um consul-tório em um único sistema. Nessas plataformas, é possível inserir os dados de cada paciente, além de organizar e programar a agenda de consultas. Todas as informações ficam disponíveis para o médico em seu celular, computador ou tablet.

    “Hoje, as informações

    ficam na nuvem, então se

    um paciente ligar, nós conseguimos

    acessar sua ficha até da rua, saber

    exatamente quais medicamentos foram

    passados, os exames que fizemos. E com

    isso fica mais fácil para o médico dar um

    retorno sobre o caso”

    Dr. Felippe Felix

    GESTÃO E CARREIRA

    Div

    ulga

    ção

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  • Automação de e-mails: comunicar-se é fundamen-tal para a relação entre o médico e seus pacientes, e a tecnologia está tornando esse processo mais eficiente. Utilizar e-mails para enviar lembretes, novidades e in-formações aos clientes tem substituído os telefonemas. O SMS também é um recurso muito comum e isso já vem sendo integrado a muitos softwares de gestão.

    Prontuário eletrônico: esse recurso permite consultar o histórico de exames, tratamentos e medicamentos ministrados ao paciente e inserir novos procedimen-tos realizados. Em consultórios ou clínicas com grande número de médicos, o mesmo paciente acaba se con-sultando com mais de um profissional, ou tem seu tra-tamento acompanhado por enfermeiros. Esse recurso facilita o acompanhamento realizado por vários setores.

    Tecnologia da Informação e o CFMA regulamentação do prontuário eletrônico foi imple-

    mentada no Brasil em 2002. Nesse ano, o Conselho Fede-ral de Medicina (CFM) definiu suas características gerais, na resolução 1.638, como “um documento único constitu-ído de um conjunto de informações, sinais e imagens regis-tradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comuni-cação entre membros da equipe multiprofissional e a con-tinuidade da assistência prestada ao indivíduo”.

    Com o intuito de estabelecer as normas, padrões e regulamentos para o prontuário eletrônico do paciente (PEP) e o registro eletrônico de saúde (RES) no Brasil, o CFM e a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) estabeleceram um convênio de cooperação técni-co-científica que está em vigência desde 2002. Esse con-vênio propiciou a criação de um processo de Certifica-ção de Sistemas de Registro Eletrônico de Saúde, com o estabelecimento dos requisitos obrigatórios e, acompa-nhando a legislação federal para documento eletrônico, reforçou a obrigatoriedade do uso de certificação digital (assinatura eletrônica) para a validade ética e jurídica de um PEP/RES. Um marco regulatório importante foi a publicação da resolução CFM nº 1821/2007.

    Os sistemas auditados possuem um selo de certificação do CFM e da SBIS. A lista oficial dos sistemas que já foram auditados e, portanto, aten-dem a todos os requisitos obrigató-rios, está disponível no site da SBIS. Acesse pelo QR Code ao lado:

    A estrutura de um prontuário, in-dependentemente de ser eletrônico ou em papel, deve seguir as determinações da resolução CFM nº 1638/2002. Saiba mais pelo QR Code:

    Benefícios para o médico e para o pacientePara Dr. Felippe, hoje, com a digitalização dos documentos, a rotina

    no consultório ficou muito mais fácil. “Bom para nós médicos, que ganha-mos agilidade, e bom para o paciente, que tem o atendimento bem facilitado e seu histórico mais seguramente guardado nesses prontuários digitais”, constata.

    Além dos benefícios já citados, Dr. Bruno afirma que conseguiu melhorar sua forma de assistência aos pacientes, o que se reflete na qualidade percebida por eles. “Além disso, a possibilidade de enviar e-mails e mensagens aos pacientes diminui as faltas às consultas. Podemos, também, enviar orientações médicas di-retamente ao paciente após a realização da consulta por meios eletrônicos, o que aumenta a fidelização”, salienta.

    Div

    ulga

    ção

    VOX Otorrino | 19

  • CAPACAPA

    ESCREVENDO UM

    ARTIGO CIENTÍFICO por Bruno Bernardino

    Destrinchamos o passo a passo e as medidas a se levar em consideração na hora

    de escrever e publicar um trabalho acadêmico

    20 | VOX Otorrino

  • A publicação de artigos científicos é de extrema importância para a car-reira do médico, principalmente se o profissional tem ambições na área acadêmica. Com o fácil acesso aos periódicos internacionais, hoje, um artigo

    tem o potencial de expor o otorrinolaringologista ao meio científico e auxiliá-lo

    na comunicação com diversos centros de pesquisa ao redor do mundo. “Para

    um residente recém-formado, essa exposição pode facilitar o acesso a

    esses centros para a realização de um estágio observacional ou

    um programa de fellowship, por exemplo”, relata Dr. Agrício

    Crespo, chefe da Disciplina de Otorrinolaringologia, Cabeça e

    Pescoço da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual

    de Campinas (Unicamp).

    A elaboração de um artigo científico possibilita ao otorrinolaringologista a

    complementação de seu treinamento prático da residência médica com o de-

    senvolvimento do método científico. Dessa forma, o profissional pode compre-

    ender melhor a metodologia aplicada nos demais artigos e ter o hábito de se

    atualizar, conforme realiza sua leitura. “Esse hábito pode ser muito salutar no

    que tange a uma melhor prática clínica”, enfatiza Crespo.

    VOX Otorrino | 21

  • CAPACAPA

    Elaborando o artigo Para retirar dúvidas acerca do tema e oferecer dicas para a realização de um artigo de qualidade, destrinchamos

    o passo a passo da confecção de um artigo até sua publicação em uma revista científica, conforme as orientações de Dra. Regina Helena Martins, professora da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp) e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia. Confira!

    O trabalho científico engloba as seções: título, introdução, objetivo, métodos, resultados, discussão, conclusões, agradecimentos e referências bibliográficas.

    Escolha do título: antes de iniciar a redação de um artigo científico, deve-se escolher o tema e elaborar uma pergunta científica. Para que o tema e a pergunta sejam interessantes, é necessário fazer uma revisão bibliográfica atual a fim de certificar-se da existência de uma resposta para a questão dada por outros autores. A resposta à sua pergunta será a hipótese. Não é preciso escrever o título logo no início da pesquisa, pois, na maioria das vezes, ele será alterado ao final do trabalho. Muitas vezes, o título é concluído apenas no encerramento do estudo.

    Introdução: nessa etapa, é importante apresentar a proposta do estudo que você preten-de realizar, descrever os principais trabalhos de outros autores relacionados ao tema pro-posto e apresentar sua pergunta científica, justificando a realização de seu trabalho. Essa parte também pode englobar conceitos, trabalhos clássicos e fundamentos teóricos. A intro-dução pode iniciar com o histórico, mas deve terminar com informações atuais, descrevendo cronologicamente as pesquisas que foram desenvolvidas ao longo dos anos, até o período de realização do texto. Por fim, no último parágrafo da introdução deve constar a justificativa de seu trabalho e a proposta de sua pesquisa, a qual deve corresponder ao seu objetivo.

    Objetivo: inicia-se por um verbo (por exemplo, analisar, estudar, comparar), correspondendo a sua pergunta científica e sua hipótese.

    Material e Métodos: começa com o desenho do estudo. De uma forma didática, os estudos podem ser de dois tipos: observacionais (quando não há qualquer ação ou intervenção do pesquisador) ou experi-mentais (quando há participações do autor, como o uso de um determinado fármaco ou a realização de um procedimento, entre outros). O estudo será em animais ou em humanos? Será um estudo observacional do tipo caso controle, transversal, relato de caso? Ou será experimental, como um ensaio clínico randomi-zado? Será uma revisão sistemática ou descritiva?

    A metodologia é uma seção muito importante, na qual é preciso descrever, mi-nuciosamente, todos os passos e detalhes do estudo. Deve-se informar onde foi realizado o trabalho, a divisão dos grupos de estudo, o número de participantes por grupo, faixas etárias, sexo, parâmetros analisados, técnicas utilizadas, nomes, tipo e procedência dos equipamentos, doses de medicamentos, técnicas cirúrgicas, exames laboratoriais solicitados, momentos estudados e tempo do experimento. Também deve abranger critérios de inclusão e exclusão dos participantes e a me-todologia estatística utilizada na interpretação dos resultados. Em muitos estudos, principalmente nas revisões sistemáticas, lança-se mão de organogramas para indicar o fluxo de busca dos artigos científicos. Lembre-se de que o tamanho amostral é um item muito importante do estudo e deve ser calculado por um profissional de estatística antes de você começar a pesquisa. Quando esse tamanho não está de acordo com a pes-quisa, os resultados são inconsistentes e, muitas vezes, impedem as análises estatísticas. Revistas conceituadas não aceitam pesquisas com erros metodológicos como esse.

    22 | VOX Otorrino

  • Resultados: pode-se apresentar os resultados de forma descritiva ou em tabelas, gráficos e fi-guras, contendo as respectivas análises estatísticas. Na descrição dos resultados não se deve repetir as informações contidas nas tabelas e gráficos. Todos os símbolos utilizados nas tabelas devem ser expli-cados nos rodapés.

    Discussão: resume-se em confrontar os re-sultados obtidos aos de outros autores. É uma das sessões mais difíceis da pesquisa, pois con-centra a interpretação dos resultados. Nesse momento, é interessante fazer uma nova revisão bibliográfica para que artigos atuais não deixem de ser incluídos no estudo. Um erro frequente na redação de artigos científicos é repetir os re-sultados na discussão. Isso não deve acontecer, pois torna o trabalho cansativo e demonstra que você não está confrontando seus resultados com a literatura pertinente. Nas discussões, você deve mostrar que seus resultados concordam ou não com os de outros autores, procurando, sempre, justificar seus dados. É importante se-guir a sequência de suas tabelas e gráficos du-rante a redação dessa parte para que nenhum resultado seja esquecido. Um conselho aos alu-nos de pós-graduação que estão produzindo seus manuscritos seria nunca utilizar apenas os resumos dos trabalhos na discussão. Os resu-mos, como o próprio nome diz, trazem dados incompletos, servindo para você fazer sua pré--seleção dos artigos. Os artigos que você usará na discussão deverão ser lidos na íntegra, pois os detalhes da metodologia só se encontram nos textos completos.

    Conclusões: no momento de escrever as conclu-sões, retome seus objetivos e sua pergunta científica. Esse é o momento de respondê-la. Não apresente, também, informações dos resultados (outro erro fre-quente). O texto deve ser claro e conciso: limite-se a concluir sobre o que se propôs a estudar. Não faça suposições neste item.

    Agradecimentos: esta seção é opcional. Cos-tuma-se demonstrar gratidão às agências de fo-mento que apoiaram financeiramente a pesquisa ou, mesmo, a algum pesquisador que colaborou de forma expressiva no trabalho.

    Referências: todos os autores citados no tra-balho devem estar contemplados nas referências, obedecendo as normas de cada publicação. Na maioria delas os autores são listados em ordem de citação no texto.

    Regina salienta que “nem sempre um artigo cien-tífico diz respeito a uma pesquisa. Pode ser um artigo de revisão, no qual um assunto é abordado com base nos resultados já publicados por outros autores, ou ser a apresentação de um caso clínico interessante ou de uma série de casos. Pode ser uma mensagem clínica prática, com o tema ‘como eu trato’, ou ‘à beira do leito’, um editorial ou uma carta ao editor, na qual um autor critica ou elogia uma informação de algum arti-go publicado anteriormente”.

    Dicas essenciais para a confecção de um artigo de leitura fácil, direta e clara:

    a) Escreva um texto com frases curtas, na ordem direta, com linguagem simples;

    b) Não alongue excessivamente os parágrafos;

    c) Evite a utilização de gerúndio;

    d) Mantenha o mesmo tempo verbal em cada sessão do trabalho;

    e) Defina as abreviaturas na primeira entrada do texto;

    f ) Use subtítulos para separar os componentes do trabalho;

    g) Mantenha-se restrito ao conteúdo de cada sessão do texto;

    h) A introdução deve ser breve e não deve conter discussão ou comentários;

    i) A revisão de literatura deve ater-se aos trabalhos estrita-mente pertinentes ao foco do estudo;

    j) Os resultados devem estar perfeitamente apoiados no ma-terial e métodos utilizados;

    k) A discussão deve comentar os resultados obtidos e pode compará-los a estudos semelhantes. Não deve repetir a in-trodução;

    l) As conclusões devem ser firmemente baseadas nos resul-tados obtidos.

    VOX Otorrino | 23

  • Redigindo um abstract Após redigir o artigo, será necessário montar um abs-

    tract, nome dado ao resumo do texto. A confecção dessa parte é muito importante, já que outros pesquisadores po-dem se interessar pelo artigo após lerem esse resumo, dispo-nível nas bases de dados do PubMed (site que lista citações e resumos de artigos de investigação em biomedicina).

    O abstract deve resumir as etapas do estudo para que o leitor se interesse em lê-lo na íntegra. Normalmente, as revistas limitam o resumo em 250 palavras. São proi-bidas abreviações. “O abstract estruturado é o mais co-mum e deve conter os seguintes itens: introdução, tipo de estudo, material e métodos, resultados e conclusões”, elucida Regina. “Na maioria das revistas não há discus-são no abstract. A introdução deve ser breve, em poucas linhas, sendo finalizada com a justificativa da realização do trabalho”, completa.

    CAPACAPA

    O que um abstract deve cOnter: Descrição da metodologia resumida;

    Informações relevantes, como divisão dos grupos de estudo, faixas etárias, gêneros, parâmetros es-tudados e as técnicas utilizadas;

    Os principais resultados devem ser apresentados de forma clara e sucinta;

    As conclusões não podem ser vagas e extensas, mas objetivas e restritas aos resultados do estudo.

    “O abstract estruturado é o mais comum e deve conter os seguintes itens: introdu-ção, tipo de estudo, material e métodos, resultados e conclusões. Na maioria das revistas não há discussão no abstract. A introdução deve ser breve, em pou-cas linhas, sendo finalizada com a justificativa da realização do trabalho”

    Dra. Regina Helena

    Martins

    Div

    ulga

    ção

    24 | VOX Otorrino

  • “Procure sempre uma revista que esteja em sintonia com o tema do estudo, e

    que tenha tradição em publicar matérias correlatas. Siga os passos confor-

    me as diretrizes (guia para os autores) que cada revista disponibiliza em

    seu site. A leitura cuidadosa das características dos procedimentos de sub-

    missão da revista evitará atrasos e retornos desnecessários. A decisão final

    de um aceite, rejeição ou pedido de correções e comentários ficará por conta

    dos editores e revisores da publicação. O capricho no título (objetivo e chama-

    tivo) e no abstract vão causar uma boa primeira impressão. O texto bem escrito e editado por profissionais (com clareza na linguagem, gramática correta). Estima-se

    que 30% a 40% das submissões sejam rejeitadas pelos editores antes de chegar aos revisores

    por problemas dessa natureza. “Caso o artigo chegue aos revisores e retorne com sugestões ou comentários,

    o autor deve deixar os sentimentos de frustração, desapontamento e raiva de lado e atender às sugestões e

    comentários de forma educada, pertinente e completa, lembrando-se de que os revisores escolhidos serão

    experts na área em questão e que vão ter, graciosamente, levado um bom tempo para avaliar a submissão e para ajudar o(a) autor(a) a torná-la melhor”, recomenda Dra. Shirley Pignatari, professora da Universidade

    Federal de São Paulo.

    E se o artigo não for aceito?

    Após passar por todas as etapas anteriores, será a hora de enviar seu artigo para alguma publicação científica. Apesar de todos os processos, há a possibi-lidade de o artigo não ser aceito, como explica Dra. Shirley: “A rejeição pode ocorrer por vários motivos, nem sempre relacionados à qualidade científica do manuscrito. O estudo pode, por exemplo, não se en-caixar no escopo atual da revista. Pode, ainda, tra-tar de um tema já muito explorado e as informações contidas nele não trazerem qualquer ideia ou aspecto inédito para a área”.

    Entre as causas mais frequentes de rejeição, incluem--se a estatística inapropriada, a interpretação exagerada dos resultados, amostra muito pequena, texto de difícil leitura, discussão pobre, revisão de literatura deficiente ou erros de linguagem. “A rejeição é sempre difícil para o autor. Geralmente, é motivo de raiva, desapontamento e frustração, mas não é o fim do mundo. O autor deve sempre ter em mente que não se trata de algo pessoal e que essa rejeição pode ser uma chance de aprendizado, de aprimorar o manuscrito. É bom lembrar que sempre se pode reapresentar a submissão após as correções e que existem diversas outras publicações científicas às quais os artigos podem ser enviados”, ensina a professora.

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  • CAPAABORL-CCF EM AÇÃO

    Por Bruno Bernardino

    Associação segue visando aperfeiçoamento de seus associados

    Com objetivo de oferecer mais serviços ao associado, a ABORL-CCF está lançando o Portal da Educação Médica COntinuada (acesse no link: . O site abrange temas como: diagnóstico e investi-gação propedêutica, incluindo diagnósticos diferen-ciais. Indicações de tratamentos clínicos, medica-mentosos ou não e suas posologias; recomendação de tratamentos cirúrgicos e vídeos com resumos e orientações pós-consulta e pós-operatório.

    “Nossa principal intenção é oferecer um portal útil aos otorrinolaringologistas associados, um curso de atualização completa sobre os principais temas da

    área”, detalha Dr. Thiago Bezerra, coordenador atu-al do Comitê de Educação Médica Continuada. “No Portal ORL, o associado pode postar vídeos curtos de cirurgias e procedimentos da Otorrinolaringolo-gia”, completa.

    A EMC marcará presença no 47º CBO por meio do Primeiro Encontro Nacional das Ligas de Otorrinola-ringologia, que é um espaço específico para o acadêmi-co. Nele, será disponibilizado um vídeo de iniciação na área sobre a prática médica na Otorrinolaringologia, 14 videoaulas e muito mais. “Cada universidade pode for-mar sua liga por meio de um cadastro gratuito no Portal da ABORL-CCF”, ressalta Bezerra.

    Conheça um pouco mais sobre o COMITÊ DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA

    e Departamento Jurídico da ABORL-CCF

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  • Jurídico em ação

    O departamento jurídico da associação é conduzido pelos advogados Dra. Vania Rosa Moraes e Dr. Carlos Magno Michaelis Junior, que atendem às demandas in-ternas, externas e estendidas aos associados, academias e regionais regularmente conveniadas. Com atuação jun-to às entidades nacionais, o departamento defende os associados da ABORL-CCF e sua gestão, contando com corpo jurídico especializado nas áreas do direito à saúde, bem como nas demais áreas do direito.

    Se o associado necessitar, pode contar com o apoio jurídico especializado. O Departamento pode ser acio-nado pelo associado via Programa de Extensão Jurídica ao Associado ABORL-CCF por meio de: e-mail, seção Fale conosco (no site da Associação), telefone ou direta-mente na sede, na capital São Paulo.

    “Atuamos nos interesses relacionados ao exercício profissional da especialidade, àqueles associados adim-plentes, nas esferas administrativa ou judicial, com ca-pilaridade em todo o território nacional”, define Vania. “Salientamos que as despesas operacionais e advindas dos processos são de responsabilidade do associado, a exemplo: custos judiciais, despesas com deslocamento, cópias, postagens e demais despesas ligadas aos proces-sos. O que a associação disponibiliza são os advogados sem custos ao associado”, complementa.

    É importante destacar que desde a implementação do projeto, em 2014, há curva positiva de casos envia-dos pelos associados ao Jurídico. O número de procura pelos associados durante os plantões realizados no Con-gresso Brasileiro continua a crescer, ou seja, com a am-pla divulgação do projeto é possível observar que este é bem-visto e aceito pelos associados.

    UP é nova ação da EMCO novo Portal UP – Atualização de A a Z en-globa 110 aulas, em um total de 220 horas-aula sobre os assuntos mais relevantes para o otorri-nolaringologista em geral. É, também, oferecido um material de apoio para um estudo dirigido posterior. O aluno pode, então, receber um cer-tificado de frequência por ter assistido todo o curso e, ainda, finalizar as aulas respondendo um questionário que lhe renderá um segundo certifi-cado por ter completado seus estudos.

    “Atuamos nos interesses relacio-nados ao exercício profissional da es-pecialidade, àqueles associados adimplentes, nas esferas administrativa ou ju-dicial, com capilaridade em todo

    o território nacional”

    Dra. Vania Rosa Moraes

    “Nossa principal

    intenção é oferecer

    um portal útil aos

    otorrinolaringologistas

    associados, um curso

    de atualização completa sobre

    os principais temas da área.

    No Portal ORL, o associado

    pode postar vídeos curtos de

    cirurgias e procedimentos da

    Otorrinolaringologia”

    Dr. Thiago Bezerra

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    Dr. Carlos Michaelis, advogado do Jurídico da ABORL-CCF

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  • CONQUISTAS

    Por Gabriela Rezende

    Aplicativo da ABOLR-CCFQuais são os objetivos e as expectativas

    para seu lançamento

    A ideia de criar o aplicativo da ABORL-CCF vem de outra gestão, do presidente e idealizador Dr. Marcelo Hueb, em 2010. A vontade de transfor-mar essa ideia em realidade sempre esbarrava no custo do aplicativo e, exatamente por essa razão, o investimen-to acabava sendo feito no aplicativo temporário para os Congressos Brasileiros de Otorrinolaringologia (CBO). De acordo com Dr. Allex Ogawa, presidente do Comitê de Comunicação da Associação, no último congresso, o número de downloads do aplicativo foi expressivo, en-tão, Dra. Wilma Anselmo, presidente da ABORL-CCF, resolveu investir em um aplicativo permanente, com o objetivo principal de facilitar o acesso a informações para os otorrinos. “Se eu pudesse resumir seu objetivo em uma palavra seria: facilitar. Facilitar o acesso a infor-mações sobre cursos e eventos, encurtar a distância com os associados e disponibilizar serviços da associação”, resume Dr. Allex.

    A proposta é o desenvolvimento de um aplicativo para ABORL-CCF que reúna os mais importantes meios de contato do associado com a associação, ao mesmo tempo que faz uso dos recursos disponíveis nos smartphones e tablets atuais, como notificações, mapas e troca rápida de mensagens. Segundo o pre-sidente do Comitê de Comunicação, foram selecio-nados conteúdos já existentes no site e ainda será mantido o já tradicional app do congresso, tudo isso em um único aplicativo. “Uma das novidades será o associado poder fazer perguntas, no congresso, por meio do aplicativo”, explica.

    Como baixar o app?O download do aplicativo não terá custo e não será exigida senha para sua inicialização. As res-trições no app seguirão as já adotadas no site da ABORL-CCF, por se tratar de um aplicativo re-servado aos otorrinolaringologistas.Por meio do aplicativo será possível efetuar o pagamento da anuidade e realizar a inscrição do CBO, mas não será possível submeter trabalhos científicos para o congresso.

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  • O desenvolvimentoExistem muitos paradigmas na hora da criação de

    um aplicativo. Para Dr. Allex, eles podem ser divididos em: 1) O aplicativo não pode ser lento: para acesso às aulas gravadas do banco de dados ele direcionará ao site; 2) O aplicativo precisa funcionar no CBO, mas também fora dele.

    Segundo Daniel Marcoto, analista de sistemas da GN1, empresa responsável pelo desenvolvimento do app, trata-se de um projeto grande e, neste primeiro semestre, o foco do time de desenvolvimento esteve em construir a base que vai permitir o avanço consisten-te do aplicativo. “Temos nos reunido frequentemen-te com representantes da Comissão de Comunicação

    A estrutura de navegação irá prover as seguintes funcionalidades:

    Agradecimentos“Não poderia deixar de mencionar o Dr. Gustavo Korn, membro do Comitê de Comunicações, que desde seu in-gresso no Comitê, em 2015, sempre batalhou pelas melhorias do aplicativo e foi meu braço direito na formatação do aplicativo desde que assumi o comitê, em 2016. Menciono, também, a jornalista da ABORL-CCF, Aline Cabral, que, diante das adversidades e atrasos no aplicativo, no ano passado, se desdobrou, vestiu a camisa da nossa associa-ção e minimizou imensamente os problemas que foram aparecendo”.

    Dr. Allex Ogawa

    para prestar contas e apresentar o resultado do desen-volvimento”, assegura.

    Expectativas para o lançamento O lançamento do aplicativo está previsto para ou-

    tubro deste ano, para uso massivo antes, durante e após o congresso. O presidente do Comitê de Comunicação da ABORL-CCF conta que a expectativa é de que o recurso seja útil aos associados. “Todas as diretorias da ABORL-CCF sempre viram o aplicativo como um grande facilitador. Por isso, nos congressos, ele já é uma realidade. Se tivermos uma boa resposta com este, po-demos avançar em outras direções, além do trabalho nas atualizações do aplicativo”, pontua.

    Notícias: lista de notícias, com opção de compartilhamento;

    Área do associado:

    Eventos: lista de eventos, com opção de visualização do mapa, filtro por critérios, salvamento na agenda e compartilhamento;

    Congresso anual:

    Mensagens:

    Atualização cadastral – telefone, endereço e foto, por exemplo;

    Programação científica com opções de filtro;

    Informações turísticas;

    Conteúdo exclusivo ao associado quite;

    Mapa do evento;

    Minha agenda, que permite ao usuário do aplicativo salvar um tema da programação pelo qual se interesse;

    Área para troca de mensagens com a ABORL-CCF.

    Outras informações sobre o evento;

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  • VOX NEWS

    19ª CAMPANHA NACIONAL DA VOZ

    No dia 16 de abril, foi realizada a 19ª edição da Campanha Nacional da Voz, que, há oito anos, é coordenada pelo Dr. Gustavo Korn e cele-bra o Dia Mundial da Voz. O evento aconteceu no Parque do Povo, em São Paulo, teve a participação dos palhaços Fuska e Gaiato, que animaram o público, e abrigou uma cabine de karaokê que foi sucesso, por ter permitido aos visitantes soltarem as vozes e cantarem livremente. A já tradicional laringe gigante, que permite ao público entender as estruturas do aparelho fonador e ti-rar dúvidas com os médicos presentes também esteve disponível. Além disso, o Clube da Voz, grupo formado por radialistas, jornalistas, publicitários, atores e dubladores, fez um bate-papo dinâmico, coordenado por Dr. Gustavo e aberto ao público, em que foram explicadas as características e problemas da rotina de quem tem a voz como instrumento de trabalho. Encerrando a programação do dia, a Batalha das Goelas foi uma competição de beatbox acirrada entre pessoas de todas as idades, com premiação para os três primeiros colocados.

    “A campanha marcou presença na mídia, sendo comentada em rádios e canais de televisão”, afirma o coordenador. “Apesar de, coincidentemente, ter caído no dia da Páscoa, a adesão foi muito grande, sendo marcada pelo acesso recorde ao site da ABORL-CCF durante o período da campanha”, completa.

    Por Bruno Bernardino | Fotos: Toni Escalante

    O evento aconteceu no Parque do Povo, em São Paulo, teve

    participação dos palhaços Fuska e Gaiato, que animaram o público, e

    abrigou uma cabine de karaokê que foi sucesso, por ter permitido aos

    visitantes soltarem a voz e cantarem livremente

    VOX NEWS

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  • Entre os dias 2 e 4 de junho de 2017, a ABORL--CCF realizou, no Centro Fecomércio de Even-tos, em São Paulo (SP), o II Combined Meeting. O evento contemplou as subespecialidades de Laringo-logia, Otorrinolaringologia Pediátrica, Cirurgia de Ca-beça e Pescoço e Medicina do Sono. O criador do even-to, Dr. Sady Selaimen, explica: “O Combined Meeting foi idealizado para viabilizar os históricos e tradicionais encontros científicos das subespecialidades que sempre lutaram com imensas dificuldades de calendário e, prin-cipalmente, patrocínios para, com muito esforço, orga-nizar suas reuniões”.

    A presidente da Academia Brasileira de Otorrinola-ringologia Pediátrica, Dra. Melissa Avelino, conta que o evento foi um meio de trazer o otorrino para um con-tato mais próximo, com salas que tiveram a intenção de debater e discutir questões do dia a dia. “Nós tivemos o cuidado de trazer colegas de outras especialidades, como alergistas e gastropediatras. É de enorme importância termos essa relação com as outras especialidades, já que andamos em conjunto com elas”, acrescenta.

    A aproximação entre os jovens e os palestrantes é o grande objetivo do Combined, de acordo com Dr. Luciano Neves, presidente da Academia Brasileira de Laringologia e Voz. “Reduzir a distância entre o deba-tedor e quem está assistindo faz com que as pessoas te-nham oportunidade de perguntar e tirar dúvidas com tranquilidade. Essa é a base do evento, o porquê de ele ter sido criado”, define.

    Conforme Dr. Edilson Zancanella, coordenador do Departamento de Medicina do Sono da ABORL-CCF, o evento foi muito positivo. “Tivemos mesas que foram extremamente interessantes quanto ao con-teúdo discutido, e salientamos uma situação impor-tante – aquilo que vem sendo priorizado para o dia a dia. Foi um evento que buscou questões práticas, em que o otorrino já pôde levar a informação para sua rotina”, analisa.

    II COMBINED MEETING Evento contemplou e se aprofundou em temas de quatro subespecialidades da Otorrinolaringologia

    Por Bruno Bernardino e Gabriela Rezende| Fotos: Divulgação ABORL-CCF

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  • ENTREVISTA

    O que pensa a dupla que se enfrentará nas urnas para a diretoria da Associação Médica Brasileira

    Bruno Bernardino

    No dia 31 de agosto acontecerão as eleições para a Presidência da Associação Médica Brasileira (AMB). Também serão elegidos os cargos de Vice-Presidente Regionais, Secretário-Geral, 1º Secretá-rio, 1º Tesoureiro e 2º Tesoureiro. Para conhecer quem está concorrendo à Presidência, entrevistamos os candi-datos Lincoln Lopes Ferreira e Jurandir Marcondes que disputam a vaga. Confira a seguir!

    Qual é a importância do título de especialista, em sua opinião?

    Lincoln: O título de especialista representa uma garantia para a sociedade, de que terá profissionais bem formados, que passaram pelos crivos e filtros das sociedades de espe-cialidades e da Associação Médica Brasileira. Ao receber o título ele está preparado para atuar da forma qualificada, fundamentado cientificamente e com o embasamento ético necessário à prática da boa medicina. O título de especialista ganhou mais importância após a vitória da AMB, do CFM e das sociedades de especialidades diante do decreto 8.497/2015, que atentava contra sua extinção. Nessa batalha, a ABORL-CCF teve participação ativa.

    Jurandir: O título de especialista é o principal ins-trumento de qualificação profissional. Hoje, os cursos de graduação em Medicina vêm, progressivamente, piorando a qualidade de formação. Existe uma grande heterogeneidade, com escolas de ótima qualidade de en-sino, com hospitais universitários de alto padrão e corpo docente bem preparado, mas outras contam com uma estrutura bastante deficitária. As residências médicas,

    principalmente aquelas certificadas pelas sociedades de especialidades conseguem, de certa forma, suprir essa di-ficuldade. No entanto, o título de especialista é o grande instrumento de qualificação do médico. As sociedades de especialidades têm a responsabilidade de mantê-lo nesse patamar. É importante, também, que a sociedade como um todo saiba valorizá-lo.

    Como está e como melhorar a remuneração do otorrinolaringologista na saúde suplementar?

    L: Os otorrinolaringologistas, assim como os médicos das demais especialidades, enfrentam um momento econô-mico singular e uma alta competitividade, com atuação de não médicos no segmento. A maioria dos profissionais, conforme dados da Demografia Médica (CFM 2015), possui muitos vínculos empregatícios e insatisfação com a remuneração atual. Junto às entidades médicas nacionais e com o apoio das sociedades de especialidades estamos trabalhando para reverter esse quadro.

    J: A remuneração dos médicos junto a operadoras de pla-nos e seguros de saúde encontra-se bastante defasada, e isso não é diferente na Otorrinolaringologia. Ao longo dos últi-mos 20 anos, os reajustes sempre foram abaixo dos índices inflacionários, o que levou a um enorme desequilíbrio eco-nômico no sistema. Planos de saúde cobram mensalidades muito caras e remuneram muito mal os profissionais. As especialidades cirúrgicas englobadas pela Otorrinolaringo-logia são as mais prejudicadas, pois os valores de consultas, apesar de também estarem defasados, foram reajustados em percentuais maiores que procedimentos e cirurgias. É

    Candidatos à presidência da AMB expõem suas ideias

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  • “O título de especialista

    representa uma garantia

    para a sociedade, de

    que terá profissionais bem

    formados, que passaram pelos

    crivos e filtros das sociedades de

    especialidades e da Associação

    Médica Brasileira”

    Dr. Lincoln Lopes Ferreira

    “Em minha opinião,

    não podemos expor a

    sociedade a profissionais

    com formação deficiente

    pois irão causar muitos danos aos

    pacientes. (...) Algo precisa ser feito,

    no interesse da medicina e

    da sociedade”

    Dr. Jurandir Marcondes

    fundamental que tenhamos um Departamento de Defesa Profissional forte e atuante em todas as entidades médi-cas e que atuem em conjunto, estabelecendo uma pauta unificada que comtemple reajustes que possam recompor, gradativamente, o valor de nossos honorários.

    Qual é a situação atual do otorrinolaringologista que trabalha no Sistema Único de Saúde (SUS)?

    L: A situação é complexa para todas as especialidades. No Brasil, há problemas relacionados ao modelo assistencial, fi-nanciamento, gestão, governança, absorção de tecnologias, perfil epidemiológico, inadequação da formação profissio-nal e dificuldades demográficas, dentre outros aspectos. Mas, acima de tudo, falta rumo, falta política estratégica. Por isso a representatividade de nossas entidades e tão im-portante. Estamos trabalhando para estabelecer diretrizes para a criação e organização da carreira de médico de esta-do. Uma resposta plausível as iniciativas do Governo Fede-ral diante da criação do programa Mais Médicos, em 2013.

    J: Se a remuneração na saúde suplementar é deficitária, no SUS é muito pior, pois a tabela SUS não é reajustada há mais de dez anos. Médicos que são remunerados por essa tabela recebem valores irrisórios pelos procedimen-tos realizados. Além disso, a maioria dos órgãos públicos contratam médicos sem observar a legislação trabalhista. A situação se agravou com a aprovação da PEC do Teto, que congelou os investimentos (limitando-os à inflação) nos próximos 20 anos. Essa é outra luta que exige a uni-dade de todos médicos, representados por suas entidades, tendo como pauta a revisão do financiamento do SUS e a criação da Carreira Médica, que irá garantir a nossos colegas contratos regulares e com remuneração adequada.

    Qual é a sua posição sobre o Exame dos Egressos de Medicina nos moldes do Cremesp? Em sua opinião, o exame deve ser nacional? Regulatório?

    L: Podemos dizer que, como uma medida de proteção social, da própria Medicina e dos médicos qualificados, entendemos como fundamental o exame de ordem, que deveria ser sequencial. Diferentemente do advogado, que mesmo sem o exame da OAB pode exercer outras atividades, ao médico cabe apenas o exercício da Medi-cina depois de passar pela faculdade. Defendemos que o exame deve ocorrer nos segundo, quarto e sexto anos, com uma corresponsabilização das escolas. Se a maioria dos alunos de uma determinada instituição não conse-guir passar no teste do segundo para o terceiro ano, essa escola não poderá mais abrir novas vagas e não será per-mitida a entrada de outras pessoas.

    J: Em minha opinião, não podemos expor a sociedade a profissionais com formação deficiente, pois irão cau-sar muitos danos aos pacientes. O exame do Cremesp, que é realizado de forma cuidadosa, reflete claramente que temos sérios problemas na qualidade da graduação médica e cabe a nós médicos identificar esse problema e esclarecer a sociedade a respeito, pois ela também é parte interessada e deve contribuir com a apresentação de propostas que possam solucioná-lo ou, pelo menos, minimizá-lo. Algo precisa ser feito, no interesse da Me-dicina e da sociedade. Nesse sentido, a avaliação não só do aluno, mas também da instituição de ensino su-perior, e, por certo, em nível nacional, é instrumento fundamental para a solução desse relevante problema.

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  • CONDUTA MÉDICA

    a obrigatoriedade do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    Por Departamento Jurídico da ABORL-CCF

    Monitorização eletrofisiológica:

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  • O desenvolvimento de técnicas na área médica caracteriza o uso do melhor do progresso científico em benefício do pa-ciente, que é o alvo de toda a atenção do profis-sional médico, segundo o que é preconizado pelo Código de Ética Médica.

    No âmbito do progresso científico, profissionais médicos relatam que, com o avanço das técnicas ci-rúrgicas, é possível constatar que os cirurgiões otor-rinolaringologistas operam cada vez mais próximos a estruturas neurais sensíveis e delicadas e o cuida-do em preservar a função neural durante esses pro-cedimentos levou ao desenvolvimento de técnicas neurofisiológicas de monitorização eletrofisiológica para auxílio à prevenção de traumatismos indeseja-dos nas cirurgias.

    No contexto da monitorização, o que diz a lei?

    Sob o aspecto legal, afirma-se que sua realiza-ção exige informação e esclarecimento por parte do médico ao paciente, para que este tenha subsídios suficientes e liberdade de decidir e consentir quan-to a fazer ou não o procedimento recomendado.

    No caso da monitorização eletrofisiológica, a necessidade de obtenção de termo de consentimen-to está claramente expressa na resolução do Conse-lho Federal de Medicina nº 2.136/2015, portanto, o médico deve atender ao disposto no artigo 5º desse documento.

    As normas deontológicas preconizam que o médico deve respeitar o princípio da autonomia da vontade do paciente e reconhece como infração éti-ca aquela conduta médica que incorre em executar um ato médico sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal. Portanto, executar um ato médico não informado, não esclarecido e sem consentimento do paciente, salvo em caso de iminente risco de morte, é considerando infração aos princípios éticos.

    Transcrevemos o artigo 5º da resolução CFM nº 2.136/2015

    “Para a realização do procedimento se faz

    necessária a obtenção de termo de consen-

    timento livre e esclarecido (TCLE), assinado

    pelo paciente ou seu responsável legal, onde

    constem informações sobre os principais ris-

    cos do procedimento, bem como a identifica-

    ção do médico responsável por sua realiza-

    ção, conforme Anexo I desta resolução”.

    O Conselho Federal de Medicina disponibiliza

    o modelo de termo de consentimento para re-

    alização da monitorização, como descrito no

    anexo I dessa mesma resolução, que pode ser

    acessado na integra pelo QR Code abaixo:

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  • CONDUTA MÉDICACONDUTA MÉDICA

    Em caso de dúvidas, consulte o Departamento Jurídico da ABORL-CCF, que está à disposição para atendê-lo.

    É importante ressaltar que o Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido não eximirá o profissional médico, se agir com imperícia, imprudência ou negli-gência, de responder legalmente pelos atos profissio-nais praticados.

    O documento assinado demonstrará que o médico agiu de boa fé e, principalmente, que cumpriu com o dever legal de informar e esclarecer o paciente.

    Portanto, o Departamento Jurídico da ABORL--CCF recomenda atenção às normas do ordenamento

    jurídico brasileiro que regulamentam a matéria e que o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido seja en-tregue e explicado ao paciente ou responsável antes da realização do procedimento, preferencialmente no mo-mento em que o médico esclarecerá ao paciente qual conduta será adotada para o caso. Isso deve acontecer dias antes da realização do procedimento, e exclusiva-mente pelo médico, sendo vedada a transferência dessa obrigação a outro profissional, por exemplo, de enfer-magem, secretaria etc.

    DESTACAMOS O CÓDIGO

    de Ética Médica:

    Capitulo iV – Direitos Humanos

    É vedado ao médico:

    Art. 22. Deixar de obter consenti-

    mento do paciente ou de seu representante

    legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a

    ser realizado, salvo em caso de risco iminente

    de morte.

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  • QUALIDADE DE VIDA

    Para o Dr. Roberto Beck, a paixão por futebol veio antes mesmo de seu nascimento. Os pais, avós e bisavós do médico sempre acompanharam o esporte