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EsoEstudos I – ASPECTOS MORAIS MarcoALSilva --- 1 EsoEstudos Estudos Esotéricos Livres www.esoestudos.blogspot.com Marco Aurélio Leite da Silva Compilação de Estudos Até 03/01/2011 I – Aspectos Morais

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Compêndio do EsoEstudos - Estudos Esotéricos Livres, até 03-01-2011

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EsoEstudos I – ASPECTOS MORAIS

MarcoALSilva --- 1

EsoEstudos

Estudos Esotéricos Livres

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Marco Aurélio Leite da Silva

Compilação de Estudos Até 03/01/2011

I – Aspectos Morais

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ÍNDICE

I – Aspectos Morais .....................................................................................................1

A Mansuetude..........................................................................................................3 Nossa Iniquidade .....................................................................................................3 Não tema! Decida! Viva! .........................................................................................5 Lírios ........................................................................................................................6 Bem e Mal - Visão Espírita (Kardec)......................................................................7 Pense Positivo! .......................................................................................................10 Palavras são águas profundas... ............................................................................11 Espíritas, Evangélicos, Católicos...........................................................................12 Perdoar --- Punir ...................................................................................................13 O Amor... ...............................................................................................................14 Responsabilidade sexual........................................................................................15 Amar os Inimigos (?) .............................................................................................15 Aspectos Morais – Espiritismo - I .........................................................................16 LEI DE ADORAÇÃO.........................................................................................16

Aspectos Morais – Espiritismo - II .......................................................................19 ABSTER-SE DO MAL NÃO BASTA ................................................................19 O ÓBOLO DA VIÚVA.......................................................................................19

Aspectos Morais – Espiritismo - III ......................................................................20 REFERÊNCIA MORAL .....................................................................................20

Desequilíbrios Emocionais ....................................................................................21 A Fé ........................................................................................................................22 Sofrimento... ..........................................................................................................23 Livre-Arbítrio X Determinismo ............................................................................25 Aflições...................................................................................................................26 Pequenas Obras .....................................................................................................26 Culpa, o veneno nosso de cada dia... .....................................................................27 A vingança e suas facetas ......................................................................................28 Indulgência ............................................................................................................29 Umbral - Astral inferior - Visão Espírita .............................................................30 Confiança - Dom Magno da Alma ........................................................................31 O vôo dos pássaros.................................................................................................32 "Cordeirisse" excessiva... ......................................................................................32 Meditação ou Serviço à Humanidade...? Intenção!..............................................33

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A Mansuetude

A mansuetude é um dom magno que o homem deve procurar cultivar com serenidade na construção de seu edifício evolucionário de paz interior. A ira é um vinho frisante sempre prestes a arremeter longe a rolha da garrafa. É a jactância do ego perante si mesmo, num misto de orgulho e arrogância, o olvido de nossa pequenez diante do Pai Eterno. Todos temos nossos momentos de fraqueza, máxime pelo desgaste acumulativo com que o estresse diário nos envenena e vai minando o bom-senso. Tenhamos paciência e boa-vontade. Lembremo-nos do ponto fundamental: todos nós necessitamos de perdão; portanto, não devemos nos deixar levar pela sedução da ira sob pena de recebermos o influxo inevitável de nossa contra-parte nas agitações violentas que imprimimos no éter a que estamos sintonizados.

Nossa Iniquidade

O Universo, e é a Física quem o assevera firmemente, é um imenso oceano de vibrações. É um todo de manifestações ondulatórias que vêm e vão, cruzando-se, interagindo, literalmente convivendo em meio ao corpo universal de que, afinal, elas próprias são elementos estruturais.

Um espiritualista, independentemente de sua religião ou ausência de religião, bem sabe que as vibrações nos circundam, trespassam, conosco ressoam. Nem sempre tal interatividade resulta favorável ao nosso equilíbrio geral. Pessoas sensíveis sentem-se mau tão-só ao adentrarem determinados ambientes, muitas vezes de insuspeitada nocividade. Há também sensitivos que se revigoram ao convívio daqueles cuja alma vibra em paz, espargindo harmonia.

Já as pessoas bem menos sensíveis, aquelas imersas integralmente no padrão denso das vibrações mais graves, terminam percebendo que têm algo diferente da maioria. São os que não sentem nada ruim em ambiente algum, mesmo que outros apontem aquele local como desagradável ou até insuportável.

A grande maioria de nós está no meio-termos entre os muito sensíveis e os quase insensíveis. Não cabe aqui nenhuma crítica, é bom que se esclareça. Pessoas isentas de sensibilidade às vibrações baixas de um local, ou de alguém, nem por isso serão necessariamente menos evoluídas no geral. Da mesma forma, pessoas com grande sensibilidade nem sempre cultuarão o requinte de uma conduta moralmente elevada.

O que se pretende discutir, nessas parcas linhas, é a dificuldade que temos de identificar o que há de influência imaterial em uma dada situação perturbadora que o homem experimente.

A magia dos verbetes técnicos da psiquiatria ou da psicologia não nos esclarece, com seus diagnósticos emoldurados de cientificismo, a essência dos males que perturba o ser, seja no estamento da mera perturbação, seja na desestruturação de sua personalidade. Mas ainda que nos mantivéssemos nos muros da ortodoxia catedrática, no mínimo teríamos o desconforto dos depósitos de psicopatas que se arrastam ou divagam em manicômios. Rótulos de diagnose e tratamento inúmeras vezes são quimeras sofisticadas incapazes de levar àquelas almas qualquer lenitivo.

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Nos anais da neurologia bastas patologias deixam assente que o cérebro sofre ataques ou degeneração, o que comprova a efetiva existência de desarranjos essencialmente materiais para os males do tipo a que nos atemos aqui.

Existem psicopatas sem nenhum dano no cérebro. Existem infelizes que perdem a noção de si mesmos por degeneração das células cerebrais.

A coisa toda se complica ainda mais se considerarmos que, num ou noutro caso, pode ou não haver a influência de causas espirituais. Como em tudo na vida, não podemos utilizar a sedução reducionista de taxar as perturbações como "sempre espirituais". Quase ninguém ignora que o estresse pode levar à deterioração tanto física como emocional. Basta que o homem enfrente um ambiente hostil por tempo suficiente, tendo que se adaptar continuamente à hostilidade percebida, dia após dia, para que seu sistema imunológico baixe, sua auto-estima regrida, numa sucessão fenomênica que poderá levá-lo a um colapso, quiçá fatal. Se estivesse na vida selvagem, fugiria ou lutaria pela sobrevivência. Mas no mundo civilizado, no interior de um escritório de trabalho com extremos de competitividade e, por isso mesmo, quase sempre sob muita agressividade, o ser tem que ambientar os impulsos no teatro da vida.

Existem, pois, perturbações essencialmente psicogênicas.

Nessas fases de desequilíbrio emocional o homem, salvo poucas exceções, não costuma cultivar os melhores pensamentos acerca de tudo à sua volta. Abre todas as comportas da irascibilidade no recôndito de sua mente, insciente de que nada é mais ilusório do que a privacidade de um pensamento.

É nessas oportunidades que fica mais vulnerável à influência de outras ondas mentais de igual teor. Quando o padrão vibratório assume oitavas mais graves, agitando-se nessa seara de ondulações energéticas, recebe por ressonância o aditamento dos harmônicos com que se irmana. O diapasão da alma vibra por si e se realimenta com a vibração semelhante que lhe chega em harmonização. Cada um recebe o que cultua. Cada homem se afina com os pensamentos que merece.

Portanto, mesmo as perturbações essencialmente psicogênicas são, no mínimo, um campo muito fértil para a erva daninha da perturbação espiritual.

Muitas vezes ficamos sem saber o que fazer quando a bênção da medicina tradicional não resulta eficaz e nos frustra o ideal de cura. Mesmo os espiritualistas convictos, com os quais formo, sofrem intensamente a dor de conhecer a causa subjacente a todo e qualquer mal: a incúria.

O grande pecado que cometemos contra nós mesmos é a incúria, a ausência do "orai e vigiai". Se o erro é a falsa noção da realidade e o pecado é a noção do caráter ilícito da atitude que tomamos, a iniqüidade é a contumácia no cometimento dos pecados.

Pecamos, e muito, em pensamento.

Quem não tem os seus pensamentos inconfessáveis?

Cultivamos a iniqüidade que nos aprisiona nos limites de nossa incúria. Recebemos os harmônicos dos tons perturbados que conosco se afinam. E o pior de tudo: colaboramos para que outrem recebam os nossos harmônicos de dor e desatino.

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É hora de nos ajustarmos. Tarda. Somos integralmente responsáveis por tudo o que fazemos ou deixamos de fazer. Somos integralmente responsáveis por cada nesga de pensamento que lançamos no seio da Criação.

Não tema! Decida! Viva!

Quando pensamos na escuridão plena de uma noite sem estrelas, observada por alguém distante de quaisquer fontes de luz, podemos bem imaginar o que é a ausência de cores e, por extensão, o que sejam as trevas. Por outro lado, se olharmos para o sol em um dia sem nuvens, quando o astro está bem alto no céu, mal poderemos manter o vislumbre de tão intensa luz ofuscando-nos a visão. São extremos perceptivos que não geram dúvidas quanto ao seu conceito, por mais variadas que sejam as potencialidades perceptivas das pessoas em geral. Nem mesmo os cegos podem entender os conceitos de luz e trevas por ausência do indispensável elemento de comparação que os apartam, um em cada canto do senso perceptivo. Míopes, mesmo os de menor acuidade visual, bem sabem o que é olhar para o sol ou estar em uma sala escura. Mas e se pensarmos no que existe em meio a estes extremos? O nascer do sol é um momento tão lindo quanto o seu poente. O espetáculo de cores e o bailado intenso e rápido dos matizes surgem tanto logo pela manhã como no anoitecer. No entanto, tanto nos primeiros instantes em que o raiar se prenuncia como nos últimos suspiros do astro que se põe, o cinza toca a alma humana e marca sua presença como o elemento que mais faz sofrer o espírito eterno do homem. É o cinza que nos refrata a nudez interior, expondo-a diante de Deus que, compassivamente, restringe-nos a vergonha em pequenas lições curtas, dia-a-dia, na chegada e na partida do astro doador de luz e calor. O cinza é a confusão entre a luz e as trevas. É a nossa incapacidade de distinguir o que é, com certeza, daquilo que não é. É a certeza de que não podemos saber exatamente o que é nos momentos em que o cinza impera. É o princípio da incerteza como lei universal também para a alma do homem. Todavia o orgulhoso filho do Criador, senhor de sua consciência e cioso de suas convicções sólidas que acumula no vigor do dia iluminado tanto quanto em meio à noite que aprende a iluminar, pretende também nos momentos cinzas ousar diante de Deus ocultando seus medos e lançando-se na estrada que o leva... que o leva... que o leva a algum lugar... Afinal, o sol voltará! Se a ousadia for daquelas não tão extravagantes, o homem aguardará só mais um pouco, vencendo a manhã para que a luz novamente o faça bem ver e saber por onde anda. Contudo, se a ousadia for maior do que a prudência recomenda, deverá permanecer toda uma noite de escuridão até

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descobrir se ousou corajosamente, ou se apenas embalou-se na tolice de uma malsinada aventura. Saber e ousar no que tange a tudo o que a luz nos mostra e evidencia pressupõe uma grande prudência, prudência que só não é maior do que a coragem de escolher, decidir e ousar quando o cinza não nos permite saber. Quem vive, decide e ousa apenas à luz de um dia plenamente iluminado raramente correrá o risco de errar. Da mesma forma, quem vive, decide e ousa tão-somente nas noites em que as estrelas e a lua concorrem com lâmpadas e faróis, da mesma forma dificilmente errará o caminho. Mas pense! Deus nos deu a luz e as trevas. São como talentos de que devemos haurir o que nos falta para vencermos e bem decidir quando os instantes cinzas nos forem colocados para nossa apreciação e decisão. Não tema! Decida! Viva!

Lírios

No comum das lides diárias, o homem trava a sua mais dura batalha. Ano a ano arrosta a luta contra os instintos de milênios de aprendizado na seara dos impulsos indispensáveis da conquista e domínio de seu meio. Eis que os verdadeiros heróis da grande aventura do Homem não estão por trás dos olhos vitoriosos das armas ou da subjugação pura e simples dos semelhantes. Não... O grande guerreiro, o infatigável soldado da senda que arrosta o bom combate, jamais empunhou outra arma senão a perseverança em buscar o que tantas vezes sequer pôde compreender. O homem que recebe o galardão que faz sua alma menos densa não passa por este Mundo com o cetro poderoso à destra... É simples, humilde, tenaz em suas convicções mesmo que as palavras não lhe emirjam dos lábios tímidos e desacostumados à oratória... Não convence a ninguém, tampouco tenta expressar-se conquanto a própria Vida, para quem tem olhos de ver, seja-lhe o mais eloqüente discurso da glória a buscar. São os pobres pelo Espírito que, à tibieza de pernas cansadas, conseguem mais ascender na difícil senda evolutiva. Não tecem senão remendos, não semeiam senão gotas de suor... No entanto, como lírios que são, nem mesmo os mais sábios podem cobrir-se com maior glória!

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Antecipam para si, pelo mais árduo mérito, a bem-aventurança da conquista suprema de subjugar o ego ao chamado do Alto, deixando o ardor da vida ardente pela Serenidade da Vida na Paz. São os simples que mais praticam a Benevolência, a Indulgência e o Perdão... Valores magnos que o Espírito Humano alcança nos vôos condoreiros a que, infelizmente, nem todos ousam... Têm boa-vontade e distribuem auxílio multiplicando meios com a mesma magia que multiplicou pães e peixes... São indulgentes porque, na árdua conquista de si mesmos, relegam o orgulhoso senso de retidão à certeza de que todos erramos... Perdoam, fundamentalmente perdoam, porque sabem-se falhos e necessitados também, antes de tudo, do perdão de Deus... Sábios os pobres pelo Espírito! Brilhantes! Ofuscam a mais complexa concepção filosófica com a simplicidade de um viver humilde.

Bem e Mal - Visão Espírita (Kardec)

No estudo deste tema, inevitável que abordemos a questão da dualidade Bem versus Mal. Iniciemos com a conceituação. 629. Que definição se pode dar da moral? “A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.” (O Livro dos Espíritos) Como regra básica, portanto, procede bem quem procura o bem comum. A noção de Bem e Mal está no homem como atributo de sua inteligência para discernir. 630. Como se pode distinguir o bem do mal? “O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.” 631. Tem meios o homem de distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal? “Sim, quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu inteligência para distinguir um do outro.” 632. Estando sujeito ao erro, não pode o homem enganar-se na apreciação do bem e do mal e crer que pratica o bem quando em realidade pratica o mal? “Jesus disse: vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis.” (O Livro dos Espíritos) Talvez uma das normas de conduta mais importantes: fazer ao próximo o que desejamos que nos façam. A distinção entre várias situações limítrofes e confusas tem aí o seu fundamento.

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Uma abordagem muito importante foi feita por Kardec quanto à existência do Mal na natureza das coisas. A resposta dada pelos Espíritos é muito significativa, apontando expressamente a necessidade de experiência do ser tanto no Bem como no Mal. 634. Por que está o mal na natureza das coisas? Falo do mal moral. Não podia Deus ter criado a Humanidade em melhores condições? “Já te dissemos: os Espíritos foram criados simples e ignorantes (115). Deus deixa que o homem escolha o caminho. Tanto pior para ele, se toma o caminho mau: mais longa será sua peregrinação. Se não existissem montanhas, não compreenderia o homem que se pode subir e descer; se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros. É preciso que o Espírito ganhe experiência; é preciso, portanto, que conheça o bem e o mau. Eis por que se une ao corpo.” (119) (grifei) (O Livro dos Espíritos) Disso advém a necessidade de um maior questionamento acerca da origem do Mal. Kardec volta a abordar o tema em A Gênese. Sendo Deus o princípio de todas as coisas e sendo todo sabedoria,todo bondade, todo justiça, tudo o que dele procede há de participar dos seus atributos, porquanto o que é infinitamente sábio, justo e bom nada pode produzir que seja ininteligente, mau e injusto. O mal que observamos não pode ter nele a sua origem. Após apontar a existência de dois tipos de Mal, (os evitáveis e os inevitáveis), Kardec propõe que o conceito em si de Mal é relativo. Uma circunstância muitas vezes pode aparentar ser um mal, quando, na verdade, se conhecidos fossem a causa, o objetivo e o resultado definitivo, seria tida como um bem. O homem, cujas faculdades são restritas, não pode penetrar, nem abarcar o conjunto dos desígnios do Criador; aprecia as coisas do ponto de vista da sua personalidade, dos interesses factícios e convencionais que criou para si mesmo e que não se compreendem na ordem da Natureza. Por isso é que, muitas vezes, se lhe afigura mau e injusto aquilo que consideraria justo e admirável, se lhe conhecesse a causa, o objetivo, o resultado definitivo. Pesquisando a razão de ser e a utilidade de cada coisa, verificará que tudo traz o sinete da sabedoria infinita e se dobrará a essa sabedoria, mesmo com relação ao que lhe não seja compreensível. (A Gênese) É bem nesse contexto que podemos entender, pois, que a experiência no Mal leva ao Bem. Dir-se-ia circunstâncias tidas como males leva a um bem. Mesmo no que se refere à livres opções do ser, que freqüentemente o relega à dor por sua própria escolha, temos fatos e circunstâncias de aprendizado pela experiência. Muitos são os aspectos da vida em que o aprendizado não se opera senão à conta do treinamento inafastável e o respectivo esforço e dedicação. Vejamos adiante: Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se

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sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais da sua existência. (grifei) (A Gênese) Tanto é verdade, que Kardec pronuncia uma das pedras basilares da conceituação espírita: o mal é a ausência do bem. Esse aspecto é de grande relevância por evidenciar que o Mal não é um atributo distinto do Bem. Pode dizer-se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Assim como o frio não é um fluido especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro. Onde não existe o bem, forçosamente existe o mal. Não praticar o mal, já é um princípio do bem. Deus somente quer o bem; só do homem procede o mal. Se na criação houvesse um ser preposto ao mal, ninguém o poderia evitar; mas, tendo o homem a causa do mal em SI MESMO, tendo simultaneamente o livre-arbítrio e por guia as leis divinas, evitá-lo-á sempre que o queira. (A Gênese) Ainda mais compreensível se torna a referida necessidade de experiência do ser tanto no Bem como no Mal quando verificamos o que Kardec fala das paixões e dos vícios: Estudando-se todas as paixões e, mesmo, todos os vícios, vê-se que as raízes de umas e outros se acham no instinto de conservação, instinto que se encontra em toda a pujança nos animais e nos seres primitivos mais próximos da animalidade, nos quais ele exclusivamente domina, sem o contrapeso do senso moral, por não ter ainda o ser nascido para a vida intelectual. O instinto se enfraquece, à medida que a inteligência se desenvolve, porque esta domina a matéria. O Espírito tem por destino a vida espiritual, porém, nas primeiras fases da sua existência corpórea, somente a exigências materiais lhe cumpre satisfazer e, para tal, o exercício das paixões constitui uma necessidade para o efeito da conservação da espécie e dos indivíduos, materialmente falando. Mas, uma vez saído desse período, outras necessidades se lhe apresentam, a princípio semimorais e semimateriais, depois exclusivamente morais. É então que o Espírito exerce domínio sobre a matéria, sacode-lhe o jugo, avança pela senda providencial que se lhe acha traçada e se aproxima do seu destino final. Se, ao contrário, ele se deixa dominar pela matéria, atrasa-se e se identifica com o bruto. Nessa situação, o que era outrora um bem, porque era uma necessidade da sua natureza, transforma-se num mal, não só porque já não constitui uma necessidade, como porque se torna prejudicial à espiritualização do ser. Muita coisa, que é qualidade na criança, torna-se defeito no adulto. O mal é, pois, relativo e a responsabilidade é proporcionada ao grau de adiantamento. (A Gênese) Eis que o mal (ou, melhor dizendo, muito do que é tido como mal) é uma fase do desenvolvimento do ser. O que outrora era um bem, torna-se um mal, conforme

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o ser deixa a animalidade e adentra à noção de si conforme o seu grau de adiantamento. Todas as paixões têm, portanto, uma utilidade providencial, visto que, a não ser assim, Deus teria feito coisas inúteis e, até, nocivas. No abuso é que reside o mal e o homem abusa em virtude do seu livre-arbítrio. Mais tarde, esclarecido pelo seu próprio interesse, livremente escolhe entre o bem e o mal. (A Gênese) A situação do ser enquanto ainda nos limites mais primitivos é destacada por Kardec em O Céu e o Inferno: Como prova da sua inocência, o quadro dos homens primitivos extasiados ante a Natureza e admirando nela a bondade do Criador é, sem dúvida, muito poético, mas pouco real. De fato, quanto mais se aproxima do primitivo estado, mais o homem se escraviza ao instinto, como se verifica ainda hoje nos povos bárbaros e selvagens contemporâneos; o que mais o preocupa, ou, antes, o que exclusivamente o preocupa é a satisfação das necessidades materiais, mesmo porque não tem outras. O único sentido que pode torná-lo acessível aos gozos puramente morais não se desenvolve senão gradual e morosamente; a alma tem também a sua infância, a sua adolescência e virilidade como o corpo humano; mas para compreender o abstrato, quantas evoluções não tem ela de experimentar na Humanidade! Por quantas existências não deve ela passar! (O Céu e o Inferno) Mais adiante: Se nos remontarmos a estes últimos (homens primitivos), então, surpreendê-los-emos mais exclusivamente preocupados com a satisfação de necessidades materiais, resumindo o bem e o mal neste mundo somente no que concerne à satisfação ou prejuízo dessas necessidades. (O Céu e o Inferno) Assim Kardec identifica a causa de prevalecer no homem primitivo, conforme ganha mais responsabilidade por seu adiantamento, uma tendência ao mal. Mas o homem é comumente mais sensível ao mal que ao bem; este lhe parece natural, ao passo que aquele mais o afeta. Nem por outra razão se explica, nos cultos primitivos, as cerimônias sempre mais numerosas em honra ao poder maléfico: o temor suplanta o reconhecimento. (O Céu e o Inferno) Conquanto não haja uma referência expressa, temos aí a visão espírita, com fulcro em Kardec, para o mito da Queda do Homem. Não se tem um anjo ciumento lançando-se nas trevas por querer ser Deus; tem-se uma fase de desenvolvimento do ser, que se identifica com aspectos da vida que são tidos como males.

Pense Positivo!

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O som das palavras vibra como som na faixa audível para o homem comum. Estimula o seu tímpano e anota impulsos que o sistema nervoso aprende a identificar como idéias. Porém, mais do que isso, essas idéias que as palavras despertam no ser continuam sua senda e despertam pensamentos que, por sua vez, irradiam-se no mundo etérico imprimindo na aura do ser as formas correspondentes, tanto mais intensas quanto mais concentrado for o pensamento gerador. Um pensamento aceito e reiterado é uma entidade astral que ganha força e perdura, vibrando e gravitando o ser pensante numa atração recíproca que estabelece uma realimentação fechando um círculo fenomênico. Por isso boas palavras, despertando bons pensamentos, contribuem em muito para que a atmosfera psíquica do ser permaneça saudável e o ajude a veicular as energias necessárias para que os fins de sua existência sejam atingidos... Jamais se permita criar o hábito suicida de dizer coisas do tipo "para mim tudo dá errado", "tinha que ser comigo", "minha vida é uma porcaria" etc etc etc... Pelo contrário! Crie um hábito simples e acessível a todos: toda manhã, diante de si no espelho do banheiro, diga alto e em bom som para si mesmo - " Tudo vai dar certo hoje!". Repita algumas vezes... Não tenha medo de parecer infantil ou bobo... Faça... É uma programação mental simples que com o tempo você fará com mais e mais sinceridade... Aproveite o ensejo e peça que o seu anjo guardião esteja com você... O hábito faz o monge...

Palavras são águas profundas...

As palavras são águas profundas. Isso não quer dizer que o fenômeno começa no plano físico. Na verdade começa no pensamento de quem vai pronunciar as palavras que, ouvidas, transmutam-se em sinais que são compreendidos como idéias e que despertam - em quem ouve - os correspondentes pensamentos. Daí a responsabilidade de quem fala... Ou, melhor dizendo, de quem pensa (ou não pensa adequadamente) antes de falar... Essas idéias que as palavras despertam no ser continuam sua senda e despertam pensamentos que, por sua vez, irradiam-se no mundo etérico imprimindo na aura do ser as formas correspondentes, tanto mais intensas quanto mais concentrado for o pensamento gerador.

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As idéias transmitidas por outrem, no mais das vezes, chegam-nos através das palavras ditas, que se originam do pensamento de quem assim se comunica. Mas não é só. Quem pronuncia boas palavras (no sentido de bons pensamentos), irradia boas idéias que advêm necessariamente de um pensamento bom, saudável, pelo que o primeiro a se beneficiar é exatamente quem fala... Por isso boas palavras, despertando bons pensamentos, contribuem em muito para que a atmosfera psíquica do ser permaneça saudável e o ajude a veicular as energias necessárias para que os fins de sua existência sejam atingidos... Procurando boas palavras estaremos, também assim, procurando primeiro o reino de Deus. É o mesmo princípio da prece. Se não for feita com o coração, pode ser linda e bem entoada... De nada adiantará... Mas a oração feita com pensamento que nasce das emoções magnas de quem busca sinceramente a elevação, essa sim, frutifica e jamais deixa de ser ouvida.

Espíritas, Evangélicos, Católicos

A água só aparece quando o poço está pronto. Há uma versão mais clara: Quando o discípulo está pronto o Mestre aparece. A consciência espiritual jamais, em toda a história humana, foi massificada...Claro que a idéia de Boa Nova é exatamente mudar isso, tendo ocorrido inclusive a parafernália de fenômenos em várias partes do mundo para chamar a atenção das pessoas --- Daniel Dunglas Home, mesas girantes, irmãs Fox etc. No entanto, o progresso dos homens em geral, no que pertine à aquisição de consciência espiritual, apenas em quimera ocorreria por conta da Codificação ou de quaisquer outras correntes espiritualistas que se tenham voltado a um público maior... É um fenômeno de aquisição individual e essencialmente progressiva... Ao contrário de muitos (como vejo na internet em geral) que apontam o "fracasso" do Espiritismo ou de outras escolas espiritualistas, eu diria que a semente foi plantada no exato planejamento superior para o que viria. Não foi à toa que a Codificação ocorreu em meados do século XIX e durante o século XX milhões de espíritos vieram para suas experiências de conformação como joio ou como trigo... Que bom que existam miríades de igrejas evangélicas!!! Que bom que tenha se desenvolvido, por exemplo, a renovação carismática e tantas pastorais na igreja católica!!! Juntas, ajudam miríades de presidiários, toxicômanos e delinquentes

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de todos os níveis, recuperando muito mais do que o movimento espírita jamais pôde fazer... De nossa parte, somos engrenagens igualmente importantes na condução da Obra naquilo que nos cabe cumprir. Não se trata de maior ou menor evolução para uns ou para outros: trata-se de dar-se o cuidado e atenção adequados a cada um conforme as características de sua fé. Deus É e Está em TODA a Obra. Ninguém será deixado sem a chance generosa de redenção, nos seus limites. Ou Deus é concebido como o Inteligência Suprema que a tudo conduz na Harmonia Perfeita, ou a própria noção de Divindade deve ser revista... Assim como outros deste Fórum, tenho grandes amigos tanto evangélicos como católicos. Desempenham trabalhos diamantinos para os semelhantes. Outros tantos existem que não merecem sequer menção --- mas isso ocorre também no meio espírita. Meditemos...

Perdoar --- Punir

Devemos perdoar mas aplicar as consequências que a lei humana preveja para o caso, tanto quanto ocorrerá por via da causalidade cármica. Devemos aplicar a lei humana, com todos os seus eventuais defeitos, porque não aplicar o Direito equivaleria ao abandono de um dos aspectos em que se sustenta nossa sociedade, imperfeita sem dúvida, mas que necessita do ordenamento jurídico. É por isso não podemos tomar a justiça em nossas mãos. Quem julga não é a vítima ou seus parentes. Quem julga é um homem (com todos os defeitos da condição humana) que não tem relação emocional com o caso (sob pena de nulidade do processo). Assim, perdoar e punir são fenômenos que devem ocorrer concomitantemente. A vítima perdoa; o Estado julga. No que tange ao "dai a Cesar o que é de Cesar", apesar de todas as ilações elevadas que se possa daí retirar, na verdade corresponde a uma armadilha que o Sinédrio havia criado para prejudicar Jesus em suas pregações. Foi perguntado ao Mestre, em praça pública, acerca dos pesados tributos que os judeus tinham que pagar a Roma. Uma resposta menos inteligente levaria o Mestre à arapuca assim armada, abreviando o enfrentamento diante da autoridade civil constituída - a tirania romana. O perdão é um fenômeno interno, da alma. A consequência do ato danoso é uma consequência objetiva do mundo --- no caso do mundo humano, a punição que a lei estipule; no caso do Mundo, a causalidade cármica. Perdão não implica em imunidade penal nem em isenção cármica. O perdão existe para a vítima e para o algoz, na relação entre eles e não em face da Vida, da evolução.

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A Lei do Talião, segundo o Livro dos Espíritos, é a Lei de Deus, que só Deus pode aplicar. Ou seja, ela existe. 764. Jesus disse: “Quem matar pela espada perecerá pela espada”. Essas palavras não representam a consagração da pena de talião? E a morte imposta ao assassino não é a aplicação dessa pena? – Tornai tento! Estais equivocados quanto a estas palavras, como sobre muitas outras. A pena de talião é a justiça de Deus; é ele quem a aplica. Todos vós sofreis a cada instante essa pena, porque saís punidos naquilo em que pecais, nesta vida ou noutra. Aquele que fez sofrer o seu semelhante estará numa situação em que sofrerá o mesmo. É este o sentido das palavras de Jesus. Pois não vos disse também: “Perdoai aos vossos inimigos”? E não vos ensinou a pedir a Deus que perdoe as vossas ofensas da maneira que perdoastes, ou seja, na mesma proporção em que houverdes perdoado. Compreendei bem isso. (Livro dos Espíritos)

O Amor...

O Amor é a essência do todo universal. É o Amor que faz as gemações frutificarem mesmo na pedra, denunciando a natureza indômita com que a Vida se anuncia desde a rigidez mineral. É o Amor que faz a luz curvar-se em reverência aos grandes astros que ele próprio sustenta no seio de sua infinita expansão. É o Amor que embala a resignada lagarta, prisioneira de sua fealdade, ao aprimoramento das formas ante a magia que oculta em um casulo as asas prestes a adornar o ar ao bailado dos perfumes que a primavera doa. É o Amor que transforma um momento de dor e sofrimento no aprendizado que edifica a Alma e resguarda o Espírito da liberdade, que nos teima em seduzir na ilusão do mero desejo. É o Amor que nos bate forte à face, marcando-nos a frívola inocência com o rubor da corrupção desnudada, sempre que forjamos a mentira no orgulho com que esgrimimos nossas verdades. É o Amor que nos lança ao solo com as mãos amarradas, evitando que marchemos à cegueira que nos conduz ao penhasco de nossas convicções embriagadas de personalismo. É o Amor que nos traz a dor que mais fundo cala... aquela dor que nos faz atônitos ao percebermos que somos nós mesmos a causa vil de toda dor... É o Amor! Quem espera que o Amor seja uma textura de prazer na pétala suave de uma flor envolvendo-nos o egoísmo, chorará muito ainda... Chorará o pranto dos dentes

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que rangem no desespero daqueles que asfixiamos ao fumo de nossa chama de vaidade e ilusão. Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=56931

Responsabilidade sexual...

A energia que se movimenta pelos chacras básico e genésico é das mais próximas dos fenômenos sensoriais que sensibiliza com ardor a matéria. Cada fluxo de energia corresponde, grosso modo, a um fluxo hormonal intenso no físico. Conforme dirigimos nosso foco de atenção para ideais superiores e nos permitimos absorver por esses ideais, naturalmente as energias sobem nas vias e alimentam atividades assim demandadas em realizações outras. Que ninguém se sinta diminuído com isso! O ser humano ainda muito mal se habilita diante da Vida com as atividades de união íntima e respectivos pensamentos, ocorram ou não os fatos... Somos mais responsáveis porque o conhecimento nos traz maior discernimento... Todavia, sermos mais responsáveis não faz de nós pessoas necessariamente melhores... Apenas deixa claro que devemos acrescer a parcela correspondente de esforço pessoal na condução de tudo o que a Vida nos ensina sob os ditamos das Leis Morais atemporais que dos Planos Superiores nos vieram em doação já há um bom tempo. O pensamento conduz o nosso destino... Segundo o que pensamos, é a nossa Vida. Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir. Nas condições ordinárias do casamento, a lei de amor é tida em consideração? De modo nenhum. Não se leva em conta a afeição de dois seres que, por sentimentos recíprocos, se atraem um para o outro, visto que, as mais das vezes, essa afeição é rompida. (O Evangelho Segundo o Espiritismo)

Amar os Inimigos (?)

A Boa Nova, à luz do Espiritismo, tem interessante resposta a este questionamento. Peço licença para transcrever: Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho. Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura

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pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas idéias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo. A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio. Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos. Se este preceito parece de difícil prática, impossível mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda se dê no coração, assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar. Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à razão cabe estabelecer as diferenças, conforme aos casos. Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contacto de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contacto de um amigo. Amar os Inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo a reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar. Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos. (O Evangelho Segundo o Espiritismo - págs. 198/199)

Aspectos Morais – Espiritismo - I

LEI DE ADORAÇÃO ELEVAÇÃO DO PENSAMENTO A busca do Pai Eterno. A elevação do pensamento nos momentos de prece sentida e sincera. São momentos assim que ensaiam o ser humano nas vibrações mais elevadas que no porvir hão de constituir-lhe a Paz e Serenidade da bem-aventurança. 649. Em que consiste a adoração? – E a elevação do pensamento a Deus. Pela adoração o homem aproxima dEle a sua alma. (O Livro dos Espíritos)

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O templo fundamental da cada ser humano é o seu coração. A prece sentida não exige locais ou liturgias obrigatórias. Mais vale a oração feita no recinto da consciência do que o culto ostensivo e desprovido de sinceridade. Seja no templo, seja consigo mesmo, o homem deve orar sempre com a verdade de seu coração. Por outro lado, pouco importa qual a religião que o homem siga, desde que busque aplicar os ensinamentos elevados semeados para todos com sinceridade e dedicação. 653. A adoração necessita de manifestações exteriores? – A verdadeira adoração é a do coração. Em todas as vossas ações, pensai sempre que o Senhor vos observa. 653-a. A adoração exterior é útil? – Sim, se não for um fingimento. É sempre útil dar um bom exemplo; mas os que o fazem só por afetação e amor próprio, e cuja conduta desmente a sua aparente piedade, dão um exemplo antes mau do que bom, e fazem maior mal do que supõem. 654. Deus tem preferência pelos que o adoram desta ou daquela maneira? – Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que pensam honrá-Lo através de cerimônias que não os tornam melhores para os seus semelhantes. – Todos os homens são irmãos e filhos do mesmo Deus, que chama para Ele todos os que seguem as suas leis, qualquer que seja a forma pela qual se exprimam. – Aquele que só tem a aparência da piedade é um hipócrita; aquele para quem a adoração é apenas um fingimento e está em contradição com a própria conduta, dá um mau exemplo. – Aquele que se vangloria de adorar o Cristo mas que é orgulhoso, invejoso e ciumento, que é duro e implacável para com os outros ou ambicioso de bens mundanos, eu vos declaro que só tem a religião nos lábios e não no coração. Deus, que tudo vê, dirá: aquele que conhece a verdade é cem vezes mais culpável do mal que faz do que o selvagem ignorante e será tratado de maneira conseqüente, no dia do juízo. Se um cego vos derruba ao passar, vós o desculpais, mas se é um homem que enxerga bem, vós o censurais e com razão. – Não pergunteis, pois, se há uma forma de adoração mais conveniente, porque isso seria perguntar se é mais agradável a Deus ser adorado numa língua do que em outra. Digo-vos ainda uma vez: os cânticos não chegam a Ele senão pela porta do coração. (O Livro dos Espíritos) ADORAÇÃO INERTE A adoração, enquanto elevação do pensamento, pressupõe que o ser esteja no enfrentamento de sua Vida cumprindo com o bom combate, lutando em seu dia-a-dia na edificação de seu aperfeiçoamento, cumprimento de suas tarefas, bem suportando as vicissitudes que lhe surjam no caminho.

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A inércia de uma vida contemplativa, sem realizações e sem o esforço de aprimoramento perante a humanidade não tem maior valia para a alma. 657. Os homens que se entregam à vida contemplativa, não fazendo nenhum mal e só pensando em Deus, têm algum mérito aos seus olhos? – Não, pois se não fazem o mal, também não fazem o bem e são inúteis. Aliás, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que se pense nEle, mas não que se pense apenas nEle, pois deu ao homem deveres a serem cumpridos na Terra. Aquele que se consome na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque sua vida é toda pessoal e inútil para a Humanidade. Deus lhe pedirá contas do bem que não tenha feito. (O Livro dos Espíritos) A PRECE Como já destacado, a Lei da Adoração pressupõe a elevação do pensamento, a busca de Deus mesmo nas limitações do homem. O meio mais eficaz do homem elevar suas vibrações é a prece sentida, sincera e meditada com o coração. Sempre e sempre a intenção é o elemento fundamental da prece, pouco importando fórmulas ou sacramentos. Quando o homem ora com o coração, com sinceridade, põe em movimento a sua preciosa capacidade de ter fé, de confiar, de firmar na busca do Altíssimo a convicção de que o Pai a todos ouve. 658. A prece é agradável a Deus? – A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, porque a intenção é tudo para Ele. A prece do coração é preferível a que podes ler, por mais bela que seja, se a leres mais com os lábios do que com o pensamento. A prece é agradável a Deus quando é proferida com fé, com fervor e sinceridade. Não creias, pois, que Deus seja tocado pelo homem vão, orgulhoso e egoísta, a menos que a sua prece represente um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade. (O Livro dos Espíritos) [...] A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: é necessário que se apoie numa fé ardente na bondade de Deus. [...] (O Evangelho Segundo o Espiritismo – pág. 108) [...] Qualquer que seja o caso, a prece nunca deixa de dar bom resultado. [...] (O Livro dos Médiuns – pág. 111) 8ª Podem obter-se curas unicamente por meio da prece? "Sim, desde que Deus o permita; pode dar-se, no entanto, que o bem do doente esteja em sofrer por mais tempo e então julgais que a vossa prece não foi ouvida." (O Livro dos Médiuns – pág. 218) 9ª Haverá para isso algumas fórmulas de prece mais eficazes do que outras? "Somente a superstição pode emprestar virtudes quaisquer a certas palavras e somente Espíritos ignorantes, ou mentirosos podem alimentar semelhantes idéias, prescrevendo fórmulas. Pode, entretanto, acontecer que, em se tratando

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de pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, o uso de determinada fórmula contribua para lhes infundir confiança. Neste caso, porém, não é na fórmula que está a eficácia, mas na fé, que aumenta por efeito da idéia ligada ao uso da fórmula." (O Livro dos Médiuns – pág. 219) A prece pode permite louvar, pedir e agradecer, mas fundamentalmente a prece traz ao homem mais força interior na sedimentação de suas convicções pela conduta correta a ser tomada em cada momento da vida. 659. Qual o caráter geral da prece? – A prece é um ato de adoração. Fazer preces a Deus é pensar nEle, aproximar-se dEle, pôr-se em comunicação com Ele. Pela prece podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer. 660. A prece torna o homem melhor? – Sim, porque aquele que faz preces com fervor e confiança se torna mais forte contra as tentações do mal, e Deus lhe envia bons Espíritos para o assistir. É um socorro jamais recusado, quando o pedimos com sinceridade. (O Livro dos Espíritos)

Aspectos Morais – Espiritismo - II

ABSTER-SE DO MAL NÃO BASTA Considerando que a experiência do ser nos evos da evolução o faz progredir, uma vez atingida a noção de si mesmo e a consciência plena da do acerto ou desacerto das atitudes, nasce para ele a responsabilidade por tudo o que faz ou que deixa de fazer. 642. Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura? – Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer. (O Livro dos Espíritos) Ainda mais rigorosa é a Lei, porquanto assevera que o mérito pelo bem que se faça mede-se pela dificuldade de realizá-lo. 646. O mérito do bem que se faz está subordinado a certas condições, ou seja, há diferentes graus no mérito do bem? – O mérito do bem está na dificuldade; não há nenhum em fazê-la sem penas e quando nada custa. Deus leva mais em conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão, que o rico que só dá do seu supérfluo. Jesus já o disse, a propósito do óbolo da viúva. (O Livro dos Espíritos) O ÓBOLO DA VIÚVA

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E estando Jesus assentado defronte donde era o gazofilácio, observava ele de que modo deitava o povo ali o dinheiro; e muitos, que eram ricos, deitavam com mão larga. E tendo chegado uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, que importavam um real. E convocando seus discípulos, lhes disse: Na verdade vos digo, que mais deitou esta pobre viúva do que todos os outros que deitaram no gazofilácio. Porque todos os outros deitaram do que tinham na sua abundância; porém esta deitou da sua mesma indulgência tudo o que tinha, e tudo o que lhe restava para seu sustento. (MARCOS, XI l: 41-44-LUCAS, XXI: 1-4). Aqueles cuja intenção está isenta de qualquer idéia pessoal, devem consolar-se da impossibilidade em que se vêem de fazer todo o bem que desejariam, lembrando-se de que o óbolo do pobre, do que dá privando-se do necessário, pesa mais na balança de Deus do que o ouro do rico que dá sem se privar de coisa alguma. Grande seria realmente a satisfação do primeiro, se pudesse socorrer, em larga escala, a indigência; mas, se essa satisfação lhe é negada, submeta-se e se limite a fazer o que possa. Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar lágrimas e dever-se-á ficar inativo, desde que se não tenha dinheiro? Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, mil ocasiões encontrará de realizar o seu desejo. Procure-as e elas se lhe depararão; se não for de um modo, será de outro, porque ninguém há que, no pleno gozo de suas faculdades, não possa prestar um serviço qualquer, prodigalizar um consolo, minorar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil. Não dispõem todos, à falta de dinheiro, do seu trabalho, do seu tempo, do seu repouso, para de tudo isso dar uma parte ao próximo? Também aí está a dádiva do pobre, o óbolo da viúva. (O Evangelho Segundo o Espiritismo – págs. 216/217).

Aspectos Morais – Espiritismo - III

REFERÊNCIA MORAL O MESTRE O paradigma de conduta a ser seguido é Jesus Cristo. 625. Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo? – Vede Jesus. Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do Espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra. Se alguns dos que pretenderam instruir os homens na lei de Deus algumas vezes os desviavam para falsos princípios, foi por se deixarem dominar por sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regem as condições da vida da alma com as que regem a vida do corpo. Muitos deles apresentaram como leis divinas o que era apenas leis humanas, instituídas para servir às paixões e dominar os homens. (O Livro dos Espíritos)

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No entanto, as verdades espirituais foram semeadas desde sempre na humanidade, ainda que incompletas. 626. As leis divinas e naturais só foram reveladas aos homens por Jesus e antes dele s6 foram conhecidas por intuição? – Não dissemos que elas estão escritas por toda parte? Todos os homens que meditaram sobre a sabedoria puderam compreendê-las e ensiná-las desde os séculos mais distantes. Por seus ensinamentos, mesmo incompletos, eles prepararam o terreno para receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da Natureza, o homem pôde conhecê-las sempre que desejou procurá-las. Eis porque os seus princípios foram proclamados em todos os tempos pelos homens de bem, e também porque encontramos os seus elementos na doutrina moral de todos os povos saídos da barbárie, mas incompletos ou alterados pela ignorância e a superstição. (O Livro dos Espíritos) MORAL CRISTÃ A Moral Cristã constitui a mais completa revelação dos valores magnos da alma que a Humanidade deve cultivar. Ainda assim, a complementação trazida como o Ensinamento dos Espíritos foi uma necessidade para que as parábolas do Mestre não caíssem em interpretações eivadas de vícios consoante interesses oportunistas. 627. Desde que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual é a utilidade do ensinamento dado pelos Espíritos? Têm eles mais alguma coisa para nos ensinar? – O ensino de Jesus era freqüentemente alegórico e em forma de parábolas, porque ele falava de acordo com a época e os lugares. Faz-se hoje necessário que a verdade seja inteligível para todos. É preciso, pois, explicar e desenvolver essas leis, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. Nossa missão é a de despertar os olhos e os ouvidos, para confundir os orgulhosos e desmascarar os hipócritas: os que afetam exteriormente a virtude e a religião para ocultar as suas torpezas. O ensinamento dos Espíritos deve ser claro e sem equívocos, a fim de que ninguém possa pretextar ignorância e cada um possa julgá-la e apreciá-lo com a sua própria razão. Estamos encarregados de preparar o Reino de Deus anunciado por Jesus, e por isso é necessário que ninguém venha a interpretar a lei de Deus ao sabor das suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei que é toda amor e caridade. (O Livro dos Espíritos)

Desequilíbrios Emocionais

É impressionante como há pessoas vitimadas por desequilíbrios emocionais nos dias de hoje...

Pensemos...

É muito sabido no meio esotérico que o veículo de manifestação da consciência mais desenvolvido do ser humano deste planeta é o corpo físico, o litossoma. O corpo físico, conquanto ainda ostente elementos vestigiais denunciativos de sua

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natureza animal (unhas, pelos etc), é estruturalmente muito avançado. Em seguida vem o nosso psicossoma, o corpo emocional. Não atingiu ainda a plena evolução estrutural exatamente porque o ente humano não conquistou ainda sua Vida Interior.

Com efeito, o homem em geral baila ao sabor de evos de instintos automatizados ao mesmo tempo em que experimenta progressiva capacidade de valoração cosmoética de sua própria conduta.

Então, a epinefrina continua inundando o seu sangue apesar dos estímulos serem já mais sofisticados. Não há rubor preparatório da luta ou fuga diante de um predador, mas sim diante de efetivas ou pretensas ofensas que os semelhantes deflagram em suas percepções.

O homem é uma fera mal-domada e ávida por expandir os milênios de agressividade antes imprescindível à sua sobrevivência.

Basta imaginar uma ofensa... Basta conceber um construto meramente mental, uma simples idéia, e todo o ciclo de reação instintiva é acionado. Nesses momentos, mesmo sabedor de que o juízo de valoração está obnubilado, deleita-se prazerosamente no fulgor da agressividade desprovida de perigos... Agride pura e simplesmente... Alguns chegam a sentir prazer, um êxtase covarde de sentir-se poderoso o suficiente para legitimar-se a um contra-ataque que sequer se funda em um fato concreto...

Já notaram quantos crimes são cometidos nas discussões de trânsito?

O carro é forte e deleita o senso de força do homem. Se o instrumento dessa vaidade é agredido, o homem toma para si as rédeas de sua cerebrina desdita e... agride... às vezes mata...

Não é à toa que TODAS as correntes espiritualistas pregam (suplicam) que o homem deve buscar controlar suas emoções...

É uma questão de prioridade absoluta na senda de quem se pretende apto a conduzir sua própria Vida...

A Fé

Costumam apontar os valores religiosos como os que se assentam na fé dos profitentes desta ou daquela religião... Nada mais ilusório... As religiões estão longe de ser o fundamento mais importante da fé que uma pessoa possa ter. Na verdade, é comum vermos referências às "crises de fé" que os sacerdotes exibem vez por outra. Mas... você já viu algum entusiasta da ciência perder-se em questões existenciais por força dos conceitos que essa ciência prega? Não... Sim, uma coisa está, sim, estreitamente vinculada à outra. Vejamos. Os conceitos que a ciência tem por sedimentados e provados, no mais das vezes, repousam em fundamentos complexos que a grande maioria das pessoas não pode compreender. Até mesmo com a física newtoniana, lecionada nos cursos secundários, há vários conceitos que, em essência, a maioria dos alunos não

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abarca. Experimente questionar um desses estudantes sobre o que seja, em última análise, a inércia. Provavelmente ele saberá mostrar gráficos, fazer cálculos, desenhar pesos etc. No entanto, quando tentar descrever essencialmente o que seja a inércia, faltar-lhe-ão palavras e analogias... Agora imagine que tenhamos em mente aspectos da física mais complexa, seja no macrocosmo com a Relatividade, seja no microcosmo com a Mecânica Quântica. Quantos de nós pode, de fato, compreender os fenômenos descritos nos livros de divulgação científica sobre a Relatividade ou sobre a Física Quântica? Mas vou mais além: quantos cientistas devem entender essencialmente o que compunha o pensamento de Einstein ou de Niels Bohr? Será que todos os físicos entendem o pensamento desses gênios? Não creio... Aliás, aí está a grande palavra: crer. Quando um cientista, digamos, discorre sobre a dualidade matéria-onda, citando Heinsenberg etc, costumamos arquear as sobrancelhas. Alguns até comentam coisas como "já li sobre isso". Mas, a bem da verdade, deglutimos a informação sem qualquer mastigação. Sabem por que? Porque não temos dentes para mastigar esse tipo de comida. Então simplesmente acreditamos no que nos é mostrado, por mais "maluca" que a idéia pareça. Um feixe de elétrons comporta-se como uma onda ou como partículas, dependendo da medição feita. Segundo alguns, dependendo pura e simplesmente de haver ou não uma medição sendo feita... Claro que isso não explica nada em nossa mente, mas acreditamos. Afinal, é a Física Quântica! Ainda mais curioso é que os divulgadores da ciência dizem que isso está provado porque, se não fosse assim, coisas como o microondas ou as células fotoelétricas não funcionariam... Nossa! Nada mais evidente... Francamente, isso não facilita nada a compreensão da coisa! Mas acreditamos... Cremos... Temos fé... Tenhamos certeza: a religião perde de goleada para a ciência quando o assunto é fé...

Sofrimento...

O sofrimento, desde sempre, vem sendo vivenciado, observado, experienciado, enfim, vem compondo a Vida de todos ao menos em alguns momentos da jornada terrestre. Já pensou como toda a existência parece vergar-se em dor em cada episódio da grande aventura de existir?

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Os minerais bailam no ritmo próprio de seus limites, lentamente, por séculos, milênios, aperfeiçoando-se continuamente. Sabemos dos eventos telúricos, do magma vulcânico, do manto móvel no leito dos aceanos, nas fendas que se trituram à dança das placas tectônicas. Os vegetais exibem sua força por décadas, imóveis porém ativos no concerto das múltiplas relações dos ecossistemas que compõem. Suportam hóspedes de todos os quilates, devorando-lhe folhas e frutos. Imiscuem-se nas sujidades do solo buscando o fluido abençoado da Vida. Os animais lançam-se com sua grande capacidade de sobrevivência nos embates constantes com que o meio ambiente testa-lhes a capacidade de adaptação, numa constante batalha em que se arriscam todo o tempo, depredando e sendo depredados. E nós, seres humanos, cá estamos em meio ao combate com que nos afinemos. Existem guerreiros empunhando armas, lavradores empunhando alfanjes, operários empunhando ferramentas, intelectuais empunhando livros, e mais toda sorte de evolucionários na seara de seu burilamento interior. Todos, sem exceção, travam a luta de sua Vida, cada qual com seus combates e, ao mesmo tempo, comungando da lide que a todos toca. De fato, quem não enfrenta a mentira, a inveja, o despeito, a aleivosia, quando não a maldade direta, a ofensa, a calúnia, a agressão moral ou física? Quem passa pela Terra sem que, em algum momento, tenha diante de si a dor, o medo, a ansiedade, a desolação? O sofrimento, seja dos minerais, seja dos homens, parece mesmo a tônica do aperfeiçoamento nesta dimensão da Vida. Mas não sejamos pessimistas. Sempre e sempre a dor é a mola propulsora de fenômenos inimagináveis. Tenhamos ou não noção disso, acreditemos ou não, pouco importa, a dor sempre nos embala para cima. Por mais irônico que pareça, simplesmente é assim. Há um enunciado espiritualista muito sábio: a dor é inevitável, mas o sofrimento não. Cada milímetro conquistado na compreensão das coisas da Vida, levar-nos-á a uma absorção menos dolorosa das lições que essa Vida impõe. O diamante é formado por imensa pressão. As pérolas se formam por constante irritação. As tempestades renovam a atmosfera. A dor nos faz mais tolerantes, mais benevolentes, mais indulgentes, mais capacitados ao perdão.

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As revoluções geológicas amoldam as gemas belíssimas e perfeitas dos cristais preciosos. As seivas e haustos vegetais sustentam a vida de milhares de seres e cobrem o orbe com o manto sagrado das cores com que a primavera perfuma a Vida. Os instintos burilados nos irmãozinhos sem plena razão bailam no homem com o encanto do cão amigo enquanto uma compreensão maior não impede a rapina dos recursos de criadouros. Tenhamos confiança. Deus está em cada detalhe da Vida. Procuremo-Lo antes de tudo e tudo o mais nos virá. Não tenhamos vergonha de chorar de vez em quando. A mais diamantina Alma que há habitou um corpo humano certa vez disse "Pai, afasta de mim esse cálice".

Livre-Arbítrio X Determinismo

Sabe aqueles globos de arame, cheios de bolinhas numeradas? Servem para realizar sorteio de números. Ninguém duvida que o resultado é aleatório. Sim, é aleatório. Mas isso não quer dizer que é um fenômeno essencialmente impossível de previsão. O homem hoje, seja por si, seja através de equipamentos, não pode prever exatamente qual bolinha vai sair após iniciado o movimento do globo; no entanto, no exato momento em que venha a ter como conhecer TODAS (todas mesmo --- inerciais, dinâmicas, ambientes etc etc etc) as variáveis envolvidas e analisá-las plenamente e com suficiente velocidade de processamento dos dados, poderá saber exatamente qual a bolinha que vai sair tão-logo iniciado o movimento. Alguém duvida que, ao menos do ponto de vista matemático ("Matemática", o idioma de Deus), isso é verdade? Então podemos dizer sim "tudo decorre exatamente do que deveria decorrer" --- Maktub! A criança de 3 anos numa sala com doces vai usar de seu livre-arbítrio para comer e todos nós podemos "prever" isso. A divindade ("Deus" é um conceito que mais confunde do que esclarece) sabe sempre o antes, o durante e o depois... Mas nós não... Se você assistir à noite a um jogo de futebol ocorrido à tarde e gravado por seu amigo, vai poder torcer à vontade pelo resultado que deseje... O resultado não mudará e o seu amigo o conhecerá (até vai se divertir muito vendo sua torcida)... Mas para você o jogo é imprevisível. Livre-Arbítrio e Determinismo... Duas faces de uma mesma moeda. Curiosamente, não é senão o livre-arbítrio que permite cogitar se ele existe ou não...

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"Livre-arbítrio" é um daqueles conceitos compostos, aglutinando em si vários outros. É o vetor-resultante de um sistema de valores que abrange, dentre outros aspectos, a capacidade de raciocinar. A intuição é um raciocínio-síntese que só é possível para quem, antes da síntese, percorreu reiteradamente a análise; tendo compreendido a análise em profundidade, passa a colher os seus resultados em situações análogas sem necessidade de percorrer, passo a passo, os entes intermediários que levam à conclusão. O aprendizado passa a compor o ser. Depois que você aprende a dirigir, não fica raciocinando analiticamente tudo o que faz para bem conduzir o veículo. Mas primeiro teve que aprender de modo analítico... Nunca ouvi falar de alguém que entre pela primeira vez em um carro e, por intuição, saiba exatamente o que fazer. O repositório universal do pensamento de Deus só é acessível para quem, passo a passo, vai se habilitando a dele mais colher. Esse é o grande mérito individual. Buscar a síntese sem ter assimilado a análise é o mesmo que buscar a Luz mantendo-se nas Trevas...

Aflições

A aflição a que o Mestre se refere como uma bem-aventurança certamente não traduz um ideal de sofrimento como bênção a se cultuar, à guisa de um pretenso postulado de dor pela dor... Não... Ocorre que todo evolucionário que se põe neste planeta sob o aguilhão que compele à ascensão, via de regra mescla com a missão a que se dedica um leque maior ou menor, conforme o caso, de retificações necessárias. Não se sabe de nenhum ser humano dedicado à Vida Superior que tenha percorrido a jornada terrestre dentre flores num jardim... Sofrem aflições múltiplas, quase sempre decorrentes da busca interior e do compromisso perante si mesmo e para com o Criador, em torno do qual norteia suas opções sob o determinismo das consequências. É, pois, comum que o indivíduo que mantém os olhos fitos nos valores magnos da alma, perseverando na árdua senda da benevolência, da indulgência e do perdão, tenha os naturais espinhos de sua condição ainda umedecida pelas lágrimas dos vícios e paixões que herdamos de nossa origem instintiva. A aflição retrata aquela sensação de estar em débito perante a Vida, sentimento que, se bem meditado, não deve levar à ansiedade mas sim à compreensão do sentido da existência atual. Bem-aventurados os que compreendem sua aflição e se sustentam na confiança de que o todo universal é regido pelo Pensamento do Criador.

Pequenas Obras

Um dos aspectos cosmoéticos mais relevantes é a relatividade da importância de atitudes aparentemente insignificantes. A bela música de Renato Teixeira diz "como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar". O romeiro vence a

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distância e, diante do objeto de sua devoção, exibe a si mesmo, desnudando-se candidamente. A prece assim ofertada, apenas com um olhar, tem menor valor? Quando lhe batem ao portão pedindo comida, ou água, ou uma esmola qualquer, qual a atitude correta a se tomar? Impressionam-me tantos sofismas acerca do "mal" que fazemos ao estender a mão a quem nos pede algo. Variam desde a invocação das desditas auto-impostas até a responsabilidade aviltada das obras sociais que os tributos deveriam financiar. "Não podemos consertar o mundo!", bradam tantos... Mas... Dar uma esmola, como quem se doa num olhar, seria mesmo algo tão pernicioso? Sei de muitos que entendem ser a desdita de cada um a medida exata que o Universo forja para as suas necessidades... Algo assim como um autêntico "já que Deus assim o permite, não serei eu quem vai se meter...". De minha parte, na pequenez de minhas imperfeições, ouso romper o silêncio para impor a mim mesmo um dever: jamais deixarei de dar uma esmola, um trocado, um pouco de comida, ou simplesmente minha atenção, meu olhar, a quem me pede... Se o dinheiro for usado para uma cachaça, que o álcool alivie o espinheiro de quem perdeu-se nas correntezas perigosas desse ribeirão que é a Vida... Se a comida alimentar quem se joga voluntariamente na assistência alheia, que a fome não o atormente mais do que suas opções infelizes. Bem, mas não só de mendigos e pedintes estamos a cogitar. Renato Teixeira foi tocado por inspiração ao conceber a mais simples oração como um olhar. De fato, uma das obras mais significativas que o homem pode realizar neste mundo é olhar o seu semelhante nos olhos, dando-lhe atenção de verdade, ouvindo-o para a doação de uma resposta que, na medida das próprias imperfeições, não se ressinta de sinceridade. Com o tempo aprendemos que essas pequenas obras são os tijolos da Grande Obra. Ninguém poderá se auto-corromper negligenciando o amor ao próximo sem sofrer a óbvia consequência: saber-se-á devedor de um dos mais valiosos dons magnos da Alma, a Boa Vontade. Não se trata de religião ou religiosidade. É o que nos cabe do Olhar...

Culpa, o veneno nosso de cada dia...

O ser evolui pela senda do automatismo instintivo, aprimorando sobremodo o instinto de conservação sob pena de não aperfeiçoar-se (adaptar-se) o suficiente e, por seleção natural, deixar de existir. Nesse concerto, como expressamente diz a Doutrina Espírita (principalmente o Livro dos Espíritos, A Gênese e O Céu e o Inferno), conforme o ser progride pela fase de humanização e ganha consciência ética, as ações decorrentes dos automatismos instintivos passam a constituir vícios e paixões, no sentido de que o ser, então, conhece o aspecto prazeroso que ultrapassa a satisfação da mera necessidade.

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A cada milímetro conquistado de consciência ética, tanto mais culpado sente-se o ser por agir em desconformidade com os foros de "certo e errado" que florescem. Já hodiernamente, quando fazemos algo ruim a um semelhante e nos arrependemos, é comum que o remorso nos remeta a um desejo quase inconsciente de pagar pelo erro, de compensar, enfim, de fazer algo que possa nos atenuar a sensação de culpa. Esse sentimento, é claro, só existe em quem adquiriu valores éticos e tenham assumido padrões mínimos de valoração da conduta. Mas, desde que existam esses valores conquistados, o ser passa a ter uma necessidade de sentir-se redimido, no mais das vezes, através de alguma punição --- já que é mais fácil punir-se do que trabalhar em prol da reconciliação. Creio que, nos exatos contornos dos ensinamentos doutrinários, não existe o "karma" como punição, ou como consequência fatal, mas sim como o que nós mesmos forjamos para nós através de nossas culpas. A consciência (entendida aqui como a noção do erro cometido) está alocada no âmago de nosso ser; não há ninguém buscando nos castigar, tampouco permitiríamos ser castigados por algum processo obsessivo se não tivéssemos janelas escancaradas para o ingresso do pensamento algoz --- a nossa culpa. De fato, a sintonia que estabelecemos com nossos semelhantes (tanto no plano físico como no plano espiritual) pelos padrões de nossa vida psíquica, é forte vinculação que realimenta o comportamento vicioso mutuamente. Mesmo nos desvarios aparentemente menos danosos, como a gula, o senso de desequilíbrio sedimenta-se e edifica uma crescente certeza de conduta errada --- o ser se perde em sua culpa e, ansioso, ainda mais fica suscetível à egrégora de pensamentos e emoções em que comungam gulosos de toda sorte. Para deixarmos de sentir culpa é primordial que abandonemos as auto-corrupções. Ao menor sinal de que estamos fazendo ou deixando de fazer algo, numa conduta que nossa consciência detecta como "erro", devemos ajustar o comportamento. Orai e vigiai.

A vingança e suas facetas

Já destaquei em vários outros textos que Kardec assevera ter origem no instinto de conservação todas as paixões e vícios do ser humano ("A Gênese" e "O Céu e o Inferno"). Por outro lado em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", a vingança é apontada como o último resquício da barbárie humana. Já foi dito que a vingança é um prato que deve ser servido frio, o que bem demonstra a ação do intelecto já desenvolvido na gestão de atitudes norteadas pelo prazer que a vingança traz... Sim, prazer... Infelizmente esse é o termo, prazer. Por que a vingança é particularmente prazerosa para a maioria das pessoas? O prazer é, grosso modo, a sensação intensamente agradável que um ato ou fato provoca no universo sensorial do ser. Quando o ser humano se sente aviltado,

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ofendido, seja ou não real a sua desdita, basta imaginar algo de igual intensidade ou até bem pior acontecendo com o desafeto para que uma satisfação se insinue em sua alma... Quem sabe seja melhor assim... Talvez muitos atos tresloucados sejam evitados pelo mero prazer em imaginar o pior para aqueles que trouxeram dor moral ou física... Talvez... De qualquer modo, o ensinamento cristão aponta no contrazimute de posturas que tais... Jesus ensinou a dar a outra face. Ensinou a perdoar não sete, mas setenta vezes sete vezes... Ensinou a amar aos inimigos... Há quem oculte nos ensinamentos o desejo sorrateiro de vingança, travestindo-o em pensamentos como "Eu o perdôo, mas não queria estar em sua pele diante de Deus!!!"; ou então "Deus vai lhe dar o que merece!!!"... Quem assim pensa, pelo menos já deixou de praticar moto propriu os atos de vingança... Mas continua desejando que o desafeto sofra... Dizem que "ciúme" é desejar que outrem não tenham o que temos, e que "inveja" é não desejar que outrem tenham o que têm (o invejoso muitas vezes sequer deseja para si o que os outros têm, apenas gostaria que também não tivessem...). A vingança é o desejo mórbido de que a dor que sentimos seja vivenciada pelos nossos desafetos. Curiosamente, o desejo de vingança ocorre até mesmo quanto a dores que não são nossas... Nesse contexto, continuo concordando com o ensinamento de André Luiz. Tudo indica que a Vida condiciona atração e repulsão no mineral, automatismos fisiológicos no vegetal, instintos no animal e conduta no ser humano... Depois de evos inteiros na aquisição do enorme tesouro instintivo humano, buscamos condicionar nossa conduta... É o momento da cosmoética determinar os contornos do ser...

Indulgência

Antigamente o termo que definia o volume de um sólido geométrico era capacidade. Gosto de pensar que essa expressão é bem mais interessante e rica. Por que? Porque deixa evidente desde logo que aquele corpo não poderá acolher além de sua capacidade. Um litro de água é a capacidade, digamos de um dado cone; sabemos que esse cone só poderá reter, acolher, enfim, conter um litro de água no máximo - é sua capacidade. Tenho para mim que o ser, em cada momento de sua Vida, tem uma certa capacidade de absorver o todo à sua volta. Evoluir implica em aumentar essa capacidade. Dessa forma, um aspecto que ressalta aos olhos é jamais ter a expectativa de que o ser abarcará mais do que pode. A indulgência tem também esse matiz. E eu o considero o mais complexo e difícil de realizar.

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Aplicar na Vida o "deixe estar" aos que não conseguem absorver o que tanto tentamos lhe passar exige aquele insight que ilumina a percepção do limite atingido... Cada um de nós é como um vaso disforme, que a evolução faz crescer e ajustar-se às arestas corretas. Não podemos saber facilmente qual a capacidade de cada um, até porque a forma varia consoante o ser adota esta ou aquela atitude e recebe-lhe as consequências. Por isso mesmo é preciso que deixemos de tentar fazer valer sempre e sempre o que elegemos como nossa convicção plena... Deixe estar... Depois de algum tempo inevitavelmente a coisa se esclarece (ainda que leve mais do que uma jornada física). O mais interessante é que nem sempre veremos nossa convicção se firmar... Por vezes, mudaremos nós nossas arestas, acertando-as para o crescimento. Assim, uma forma de indulgência que considero relevante é simplesmente deixar, sem nenhuma crítica ou sentimento de menosprezo, que cada um pense como quiser, ainda que nos pareça uma autêntica bobagem... Estou, de minha parte, longe de conseguir essa postura... Mas estou tentando aprender a agir assim.

Umbral - Astral inferior - Visão Espírita

[...]Aquela perturbação apresenta circunstâncias especiais, de acordo com os caracteres dos indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo. Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem dormir. É que têm sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos Espíritos revelam essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente. Todavia, sempre mais generalizada se apresenta entre os que, embora doentes, não pensavam em morrer.[...] (LE - págs. 118/119)

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O Umbral é o meio em que, por sintonia, os Espíritos erram (situam-se) por tempo variável, consoante sua condição individual de apequenada compreensão da realidade da Vida Espiritual. O retorno ao mundo extrafísico, desde que o Espírito pouco ou quase nada compreenda de seu reingresso na Vida Real, leva à ambientação de seu existir nos exatos termos de seu mundo interior, de sua mente. Há, assim, no Umbral tantos "lugares" quanto variados sejam os padrões coletivos de Espíritos em sintonia. Pântanos, covas, cavernas, vales, cidades, mosteiros, etc etc etc. Cada um sintonizará com o seu "próprio" inferno ou purgatório...

Confiança - Dom Magno da Alma

Um dos aspectos mais árduos da ascensão de cada consciência deste plano é manter a postura mental de serenidade ante os inevitáveis obstáculos que nossa condição evolutiva enseja. Como já dito em posts anteriores, é da Doutrina Espírita (principalmente nos livros A Gênese e O Céu e o Inferno) que o instinto de conservação engendra, durante a ascensão evolutiva na fase de humanização, uma série de arrastamentos que originam os vícios e paixões (na terminologia de Kardec). O imenso acervo de instintos é um tesouro inestimável do ser, mas na fase de consciência contínua, com a clara noção de individualidade, o livre-arbítrio relativo do ser o põe à frente de decisões e, por extensão, nasce a valoração da conduta. Ainda em meio às tormentas que os fluxos energéticos do corpo espiritual induz como hormônios no corpo físico, o animal passa a cogitar de si e do que o senso progressivo de valoração lhe traz. Não é fácil, pois, ao ser equilibrar-se nessa efervescência. Não por outra razão, desde a mais profunda antiguidade (da história humana) os Mestres vêm ensinando os valores magnos da Alma, os parâmetros seguros da elevação espiritual. Fizeram-no, desde sempre, através dos Mitos. A Mitologia dos povos antigos são riquíssimas fontes de ensino simbólico em que gerações sucederam-se no aprendizado sofisticado dos Mistérios. Um dos pontos mais preciosos do ensino atemporal que vem sendo ministrado para os homens em geral é o dom sagrado da CONFIANÇA. Muito mais relevante do que a fé religiosa, a crença pela crença, a fé raciocinada (como dizia Kardec), ou a meditação, manter uma postura mental de confiança no todo universal é o mecanismo para a conquista da Paz e da Serenidade. Na verdade, tenho para mim que a essência da fé ou da meditação é (ou deveria ser) a confiança em Deus --- Deus, aqui, tomado na acepção do Todo Universal, ao mesmo tempo Criador e Criação --- o Logos. A valoração da conduta traz ao homem a noção das consequências que advêm de sua tomada de decisões. O homem não tem como ascender de um salto à angelitude. Portanto, deve se ater (com absoluta sinceridade consigo mesmo) à

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boa-vontade, à indulgência e ao perdão (no ensinamento preciosíssimo que está em O Livro dos Espíritos - Kardec - na diamantina conceituação de "caridade"), deixando que os equívocos e desagrados do caminho fiquem à conta do custo normal da evolução --- eis aí a CONFIANÇA. Não deixemos que o desespero, a depressão, a ira, a inveja, enfim nada que já entendemos ser contra-evolutivo nos atrapalhe a senda.

O vôo dos pássaros...

Como falar do vôo dos pássaros? Por que Deus concedeu a graça do vôo aos pássaros e não ao homem? Mesmo na Terra, vivendo entre os ostensivos limites da matéria, os pássaros comungam da liberdade que só as almas libertas conhecem... A liberdade do vôo... Tavez Deus saiba que as criaturas aladas, pelo asserenamento com que se recobriram de plumas, poderiam ganhar o espaço mesmo sob o peso de um corpo de barro... São poucos os homens que podem voar... São poucos os pássaros que não o podem... Somos uma multidão que rasteja à poeira... Eles se desenham nos céus num delta de delicado traço, agrupando-se com beleza ao vencer a altitude.. Por que os pássaros são tão lindos, em plumagens vívidas de refinado colorido, fazendo inveja aos lírios do campo? Por que os homens são tão toscos, grunhindo ímpetos de conquista como se as porções de chão e poeira fossem o céu de seus sonhos? Só mesmo quem já observou um beija-flor para saber o que é a suavidade e o extremo requinte de um sofisticado vôo... O vôo dos pássaros nos lembra que a liberdade é uma conquista para a qual o menor dos valores é o conhecimento e o ilusório orgulho por um pretenso livre-arbítrio...

"Cordeirisse" excessiva...

Existe uma Harmonia Universal que coordena rigorosamente tudo... Sim, sem dúvida. Mesmo sendo impossível perscrutar a natureza da Divindade, podemos, sim, entender que tudo se submete a uma Lei Fundamental. Agora, pensemos por outro ângulo. Um sujeito vai ao médico. Descobre, depois de vários exames, que tem câncer (não importa em que órgão). O médico lhe diz "você vai fazer uma cirurgia desde logo, com riscos calculados, e depois vai se submeter a uma quimioterapia por uns 2 anos; sua qualidade de vida vai ser baixa, com vários momentos de sofrimento, mas há chances concretas de cura". O indivíduo, depois do susto e dos momentos iniciais de pânico, muito provavelmente vai seguir todas as orientações médicas. Talvez venha a se curar efetivamente. Ou não.

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Seja qual for o desfecho, uma pergunta se impõe: deverá ele tentar sentir-se feliz e alegre durante todo o período de tratamento? Muitos dirão: "Sim! Ele deve se entregar nas mãos de Deus e confiar!" Alguns dirão: "Sim! O pensamento positivo é uma garantia de melhora!" Muito poucos dirão: "Ele deve fazer o tratamento, mas ciente de todos os riscos e de que poderá não dar certo, de modo que ele pode se permitir chorar quando for necessário ou mesmo vivenciar alguns momentos de revolta, a fim de não sufocar-se e aumentar ainda mais o seu estresse". Outras possibilidades de resposta existem... Mas o ponto é: essa cordeirisse de forçar-se a um sentimento anti-natural de alegria e felicidade diante da dor só faz aumentar o sofrimento do ser... Eu confio em Deus e sei que tudo o que ocorre, somente ocorre porque é a resultante normal de todos os fatores que levaram àquilo... Mas daí a dizer que fico "feliz" com a chance de sofrer, não... De fato, não tenho esse perfil... Esse texto é apenas um momento de revolta a que me permito diante de algumas dificuldades que a Vida me impõe por força das circunstâncias que, em grande parte, eu mesmo criei. O câncer referido foi mesmo apenas uma analogia. Se vou ter eu não sei... Mas existem outros "cânceres" que corroem a alma ainda desprovida de uma conduta plenamente saudável. Não se sinta culpado por sentir o que a Natureza forjou como reação normal para os momentos de dor. Basta a dor por si só...

Meditação ou Serviço à Humanidade...? Intenção!

Consoante a tradição esotérica dos povos, há dois caminhos (por assim dizer, mais comuns) para a ascensão. A meditação e o serviço à humanidade. "Meditar" tornou-se um autêntico mistério para a maioria dos ocidentais, enquanto que no Oriente é uma postura encarada com mais naturalidade. Por outro lado, o serviço à humanidade é mais ostensiva no Ocidente, visto quase sempre como algo vinculado a tarefas sociais realizadas por entidades assistenciais. Cabe aí analisar o sentido de ambas as condutas. Do ponto de vista essencialmente humanitário, a atividade assistencial tem efeitos obviamente mais importantes para os hipossuficientes do que quaisquer lições filosóficas acerca do sentido da vida. Bem nesse contexto, a grande maioria dos hipossuficientes, por sua vez, se vê às voltas com restrições de toda ordem, não se dispondo a cogitações além de suas buscas imediatas. A meditação costuma levar o ser a um grau de serenidade maior, o que influi inclusive no padrão de reatividade às carências enfrentadas. Por certo não se

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cuida de uma regra, mas a educação desde o lar, no Oriente, amolda pessoas, no geral, menos dramáticas. Exceções sempre há... A questão que se propõe é perscrutar se a atividade assistencial ou a meditação realmente levam à ascensão espiritual de quem as pratica. Por mais evidente que seja, vale sempre reiterar: nada supera a intenção com que algo é ou deixa de ser feito. Ajudar alguém para ganhar o reino dos céus é uma auto-corrupção tão imoral quanto inútil, valendo apenas pela gratidão (se realmente houver) daquele que recebe o auxílio. Meditar sem nada fazer é o mesmo que morrer de sede ao lado de uma fonte, por preguiça de ir até a água... Muita gente passa uma vida inteira pensando, pensando, pensando em como... meditar... Outros tantos meditam, meditam, meditam... a fim de eleger um objetivo para viver... É necessário um mínimo de senso prático para que o ser não relegue toda uma existência à inutilidade.