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ARTIGO O Esôfago de Barrett é uma doença que ocorre uma mudança das células do reves- timento da porção inferior do esôfago, com transformação do epitélio escamoso, nome do esôfago para epitélio colunar (típico do estômago e do intestino) chamado meta- plasia intestinal. É duas vezes mais frequen- te em homens brancos, que em mulheres e tem incidência aumentada em alcoólatras e tabagista, é raro entre descendestes africanos e asiáticos. O esôfago de Barret é causado por uma agressão da porção inferior do esôfago, du- rante muitos anos, pelo refluxo gastroesofá- gico, quando o conteúdo do estômago reflui para o esôfago. Na verdade a mucosa do esô- fago não tem revestimento para resistir a ação do ácido, por isso ocorre uma inflamação, que chamamos de esofagite. A persistência do refluxo, transforma as células que reveste o esôfago ficando semelhante ao do estômago, para resistir ao ácido. Esse esôfago modifica- do é denominado esôfago de Barret. Os sintomas mais frequentes são decor- rentes do refluxo e esofagite, nos quais os pacientes apresentam azia, queimação ou pi- rose, regurgitação, desconforto retroesternal, dor na garganta, dando a sensação de entala- do. Sendo que a noite pode causar falta de ar e sensação de sufoco. O diagnóstico é feito através de endosco- pia digestiva alta que sugere a alteração, mas devera sempre confirmar o diagnóstico com biopsia, para graduar a presença de displasia, que é o principal marcador de risco para de- senvolver o câncer de esôfago. A evolução do Barret para adenocarcinoma, mantém a seguinte sequência; metaplasia intestinal, dis- plasia de baixo grau, displasia de alto grau e adenocarcinoma. O acompanhamento endos- Esôfago de Barrett Dr. Edison José Aparecido Angeli Médico Cirurgião CRM 34068 Foto Arquivo Pessoal cópico com múltiplas biopsias é essencial para evolução da doença. O tratamento inclui o con- trole do refluxo com medicamentos e medidas para amenizá-lo. Pode-se tam- bém, quando não há houver resultado clinico satisfatório, optar-se por uma cirurgia chama- da fundoplicatura, com hiatoplastia quando necessário. A dieta para paciente com esôfa- go de Barret é a mesma para gastrite, ulcera, duodenite, ou seja, evitar frituras, gordura, chocolate, álcool, café, sucos cítricos, molho, pimenta, etc. Alimentar-se a cada 4 horas, e ao deitar elevar a cabeceira da cama nos ca- sos de refluxo, evitando também o cigarro e o sobre peso. Estima-se que a doença afete 700.000 pessoas nos Estados Unidos. Se descoberto a displasia ou câncer, o médico geralmente irá recomendar uma cirurgia, analisando an- teriormente cada caso isoladamente. O tipo de cirurgia geralmente envolve a remoção de grande parte do esôfago, elevando o estôma- go ao tórax. Alguns idosos não apresentam condição cirúrgica, então se usa em displasia graves (alto grau) tem se utilizado o laser, ao passo que, o câncer pode necessitar de radio- terapia ou quimioterapia sistêmica.

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ARTIGO

O Esôfago de Barrett é uma doença que ocorre uma mudança das células do reves-timento da porção inferior do esôfago, com transformação do epitélio escamoso, nome do esôfago para epitélio colunar (típico do estômago e do intestino) chamado meta-plasia intestinal. É duas vezes mais frequen-te em homens brancos, que em mulheres e tem incidência aumentada em alcoólatras e tabagista, é raro entre descendestes africanos e asiáticos.

O esôfago de Barret é causado por uma agressão da porção inferior do esôfago, du-rante muitos anos, pelo refluxo gastroesofá-gico, quando o conteúdo do estômago reflui para o esôfago. Na verdade a mucosa do esô-fago não tem revestimento para resistir a ação do ácido, por isso ocorre uma inflamação, que chamamos de esofagite. A persistência do refluxo, transforma as células que reveste o esôfago ficando semelhante ao do estômago, para resistir ao ácido. Esse esôfago modifica-do é denominado esôfago de Barret.

Os sintomas mais frequentes são decor-rentes do refluxo e esofagite, nos quais os pacientes apresentam azia, queimação ou pi-rose, regurgitação, desconforto retroesternal, dor na garganta, dando a sensação de entala-do. Sendo que a noite pode causar falta de ar e sensação de sufoco.

O diagnóstico é feito através de endosco-pia digestiva alta que sugere a alteração, mas devera sempre confirmar o diagnóstico com biopsia, para graduar a presença de displasia, que é o principal marcador de risco para de-senvolver o câncer de esôfago. A evolução do Barret para adenocarcinoma, mantém a seguinte sequência; metaplasia intestinal, dis-plasia de baixo grau, displasia de alto grau e adenocarcinoma. O acompanhamento endos-

Esôfago de Barrett

Dr. Edison José Aparecido AngeliMédico Cirurgião

CRM 34068 Fo

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Pesso

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cópico com múltiplas biopsias é essencial para evolução da doença.

O tratamento inclui o con-trole do refluxo com medicamentos e medidas para amenizá-lo. Pode-se tam-bém, quando não há houver resultado clinico satisfatório, optar-se por uma cirurgia chama-da fundoplicatura, com hiatoplastia quando necessário. A dieta para paciente com esôfa-go de Barret é a mesma para gastrite, ulcera, duodenite, ou seja, evitar frituras, gordura, chocolate, álcool, café, sucos cítricos, molho, pimenta, etc. Alimentar-se a cada 4 horas, e ao deitar elevar a cabeceira da cama nos ca-sos de refluxo, evitando também o cigarro e o sobre peso.

Estima-se que a doença afete 700.000 pessoas nos Estados Unidos. Se descoberto a displasia ou câncer, o médico geralmente irá recomendar uma cirurgia, analisando an-teriormente cada caso isoladamente. O tipo de cirurgia geralmente envolve a remoção de grande parte do esôfago, elevando o estôma-go ao tórax. Alguns idosos não apresentam condição cirúrgica, então se usa em displasia graves (alto grau) tem se utilizado o laser, ao passo que, o câncer pode necessitar de radio-terapia ou quimioterapia sistêmica.