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01 • ABR/14 COPA DO MUNDO Legado ou dívida para a cidade? e mais: MARIANO ARANA BIENAL SP • Q+50 CARAVANAS DA ARQUITETURA IAB RS 66 ANOS RENOVAÇÃO DO BEIRA-RIO e mais: MARIANO ARANA BIENAL SP • Q+50 CARAVANAS DA ARQUITETURA IAB RS 66 ANOS RENOVAÇÃO DO BEIRA-RIO HYPE STUDIO

Espaço IAB RS 01

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Revista do IAB RS. 84 páginas. Tiragem 12 mil exemplares. Envio pelo correio convencional para todos os arquitetos do RS.

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Page 1: Espaço IAB RS 01

01 • ABR/14

COPA DO MUNDOLegado ou dívida para a cidade?

e mais: MARIANO ARANABIENAL SP • Q+50CARAVANAS DA ARQUITETURAIAB RS 66 ANOSRENOVAÇÃO DO BEIRA-RIO

e mais: MARIANO ARANABIENAL SP • Q+50CARAVANAS DA ARQUITETURAIAB RS 66 ANOSRENOVAÇÃO DO BEIRA-RIO

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15 anos

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Conceber um projeto e realizar uma obra é do dia-a-dia da nossa profissão, mas a oportuni-dade de inaugurar um novo projeto, um novo ESPAÇO, é sempre muito emocionante. Assim estamos, emocionados, com a publicação desta revista que é a consolidação e materialização de um trabalho de algumas gestões e de muitos

colegas com o objetivo de recuperar as publicações periódicas que o IAB RS manteve, em diversas épocas, desde a sua fundação em 1948.

ESPAÇO é a matéria prima do trabalho do Arquiteto e Urbanista, da cons-trução do abrigo ao planejamento das cidades, sempre buscando atender às necessidades dos clientes e da sociedade. ESPAÇO é o nome desta revista e também o conceito que mantivemos e recuperamos, como se fosse uma antiga edificação que, a partir de sua preservação e restauro, respeita e mantém viva a história ao mesmo tempo em que se renova para continuar a servir de palco para outras manifestações e atores.

A revista ESPAÇO tem o objetivo de promover a Arquitetura como Cultura, tratando dos temas tradicionais de interesse dos arquitetos, mas com lingua-gem acessível e abordagem ampla que permita uma aproximação com todas as pessoas, rompendo as 4 paredes do ambiente profissional especializado para levar a Arquitetura para a rua, para as escolas, para os bairros, para as administrações públicas e instituições... Temos certeza que muitos dos nossos temas também são temas de interesse de toda a sociedade e esperamos acertar na forma de comunicá-los.

A revista ESPAÇO será enviada gratuitamente pelo correio convencional para todos os arquitetos do estado do Rio Grande do Sul e, partir do número 2 também aceitará solicitações de assinatura. Cada edição apresentará um tema de capa, que será a matéria principal, uma entrevista com uma personalidade, uma matéria sobre uma área de atuação do arquiteto, publicação de projetos e obras de arquitetura e urbanismo, notícias e outras informações, sempre priorizando uma abordagem didática e jornalística.

Este primeiro número da revista ESPAÇO traz como matéria de capa a Copa do Mundo, suas mazelas e seus legados, com reportagem extensa e a opinião de convidados como o jornalista André Machado e o Vice Prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo, além da publicação do novo Beira Rio, projeto de jovens arquitetos gaúchos. Nosso entrevistado é o arquiteto uruguaio

Mariano Arana, grande referência como profissional e como político. Abrimos

a seção sobre a História da Arquitetura no estado comemorando os 66 anos

do IAB RS. Publicamos também matérias sobre a Bienal de São Paulo, sobre

as Caravanas da Arquitetura realizadas em 2013, alguns projetos e obras de

arquitetura apresentadas no Solar do IAB, projetos de concursos públicos,

notícias e novidades.

As próximas edições serão dedicadas aos temas da Mobilidade Urbana, da

Habitação Social, do Patrimônio Cultural, das novas tecnologias... Contaremos as

histórias do Bar do IAB, do enterro de Le Corbusier na UFRGS, do II Congresso

Brasileiro de Arquitetos realizado em Porto Alegre nos 40... Publicaremos mais

projetos e obras de arquitetos gaúchos e projetos vencedores de concursos

públicos. Falaremos sobre as atribuições dos arquitetos buscando ampliar o

conhecimento da sociedade sobre a nossa profissão.

Pretendemos, com tudo isto, complementar a oferta de publicações existente

com uma revista com um caráter mais amplo, tanto cultural como político. Cul-

tural buscando demonstrar que a arquitetura é uma ação intelectual e, portanto,

artística e criativa e que sua concretização na criação de espaços de habitar do

homem, também busca a beleza, além da solidez e da funcionalidade. E um

perfil político, obviamente não a nossa desgastada política partidária e repre-

sentativa, mas a política como uma ferramenta de transformação da realidade

através da promoção do entendimento entre grupos e pessoas diversas, mas

com interesses comuns pela arquitetura, urbanismo, cidade e cultura.

Queremos registrar um agradecimento à todos colegas que participaram

e participam da gestão do IAB RS, dedicando-se de forma voluntária e não

remunerada para construir este rica história. Agradecemos também aos nos-

sos funcionários e colaboradores e às centenas de associados do IAB RS que

permitem que o Instituto permaneça vivo, ativo e independente. Finalmente,

agradecemos à toda equipe editorial e colaboradores desta edição, assim

como aos patrocinadores e anunciantes, ainda poucos, é verdade, mas foram

os que tiveram a coragem de apostar no número 1, assumindo o risco e agora

colhendo os frutos do sucesso desta iniciativa.

Esta obra, mesmo depois de inaugurada, está em constante transformação.

Esperamos que todos vocês apreciem e contribuam, afinal, as pessoas trans-

formam o ESPAÇO pelo uso que dão para ele.

Entre neste ESPAÇO e sinta-se em casa.

TIAGO HOLZMANN DA SILVApresidente IAB RS

ESPAÇO arquitetura, urbanismo, cidade, cultura

O IAB RS já publicou periódicos em diversas épocas, desde a sua fundação em 1948.A revista ESPAÇO, que agora está sendo reeditada, é a pioneira destas publicações históricas.

editorial

Page 4: Espaço IAB RS 01

A REVISTA ESPAÇO É UMA PUBLICAÇÃO DO IAB RS

01 • ABR/14ARQUITETURA | URBANISMO | CIDADE | CULTURA

INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL - DEPARTAMENTO DO RIO GRANDE DO SUL GESTÃO 2014/2016 - “IAB: CIDADE E CULTURA”

NÚCLEO TORRES

Presidente Marcelo Koch • Secretário Raquel Linhares • Tesoureiro Giana Paola Miron Brentano Representante CoEs Vera Prates

CONSELHO SUPERIOR - TITULARES

Claudio Fischer • Carlos Alberto Sant’Ana • Iran Rosa • Rogério Malinsky • Oritz Adriano Adams de Campos • Alexandre Pereira dos Santos • Conselho Superior Suplentes: César Dorfman • Clovis Ilgenfritz da Silva • Salma Cafruni • Lais Salengue • Ivan Mizoguchi • David Léo Bondar

CONSELHO FISCAL

Gilda Maria Franco Jobim • Adroaldo Xavier da Silva • Tiziano Filizola

NÚCLEO CAXIAS DO SUL

Presidente Rodrigo Salvati • 1ª Secretária Bruna Chiaradia • 2º Secretário Rafael Ártico • 3º Secretário Max Leonardo Manoel • 1ª Tesoureira Giovana Santini • 2ª Tesoureira Silvia R. S. Nunes • Representante CoEs Silvia R. S. Nunes

NÚCLEO ERECHIM:

Presidente Alexandre Nichetti • Vice-Presidente Magali Mingotti • 1ª Secretária Roberta Grendene • 2ª Secretária Thaiana Puhl • Representante CoEs Luiz Fiori

CONSELHO ESTADUAL - TITULARES

Humberto Hickel • Maria Tereza Fortini Albano • Cícero Alvarez • Julio Cesar Vargas • Maria Dalila Bohrer • Luciane Kinsel • Daniela Fialho • Emílio Domingues • Taiana Pitrez Tagliani • Lídia Fabrício Conselho Estadual Suplentes: Daniele Caron • Carlos Fernando Seffrin • Letícia Franco • Cecília Esteve • Andréia Bocian • Pedro Araújo • Lucas Leite • Marcelo Parahiba • Márcio Arioli • Geraldo Ozio

CONSELHO DIRETOR

Presidente Tiago Holzmann da Silva1º Vice-Presidente Rafael Pavan dos Passos2º Vice-Presidente Ednezer Flores3º Vice-Presidente Vinicius VieiraSecretário Geral Marcelo Gribov Brinckmann1ª Secretária Claudia Fávaro2ª Secretária Roberta Krahe EdelweissDiretor Financeiro Henrique Dauber1ª Tesoureira Ângela Ponsi2º Tesoureiro Marcelo Arioli Heck

COMITÊ EXECUTIVO DESTA EDIÇÃO

ROBERTA KRAHE EDELWEISSHENRIQUE DAUBERTIAGO HOLZMANN DA SILVATIZIANO FILIZOLACARLOS ALBERTO SANT’ANNA

[email protected] • (51) 3212.2552CONTATO E PUBLICIDADE

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO

Alexandre Haubrich • André Machado • Angélica Magrini Rigo • Anthony Ling • Bruno Cesar Euphrasio de Melo • Carlos Alberto Sant’Anna • Ceça Guimaraens • Cecília Esteve • Cesar Augusto Franarin • Claudius Sylvius Petrus Ceccon • Daniel Pitta • Elmar Bones • Fernando Balvedi • Humberto Hickel • Hype Studio • Jac Sanchotene • Luciane Kinsel Flach • Luiz Gonzaga Lopes • Madalena Gusen • Marcus Vinicius Brasil • Mariano Arana • Mauricio Santos • Nivaldo Vieira Andrade Junior • Odilo Almeida • Paulo Ricardo Bregatto • Rafael Passos • Roberto Py • Sabrina Ortácio • Salma Cafruni • Sebastião Melo • Sergio Magalhães • Vinícius Vieira

NÚCLEO ARQUITETOS DO LITORAL

Presidente Edmundo T. Francisco • Secretário Leandro Machado dos Santos • Tesoureiro Rodrigo Colissi Alves • Representante CoEs Claudia R. Casaccia

NÚCLEO PELOTAS

Presidente Otavio Martins Peres • Vice-Presidente Nirce Saffer Madevedoski • Secretário Luis Antônio Machado Veríssimo • Representante CoEs Ana Lúcia Oliveira

NÚCLEO RIO GRANDE

Presidente Evelise Jaime de Menezes • Vice-presidente Guilherme Castro Dias • Tesoureira Camila Cardoso de Melo Sampaio • Secretária Letícia Carneiro Estima • Tesoureira Camila Cardoso de Melo Sampayo • 2ª Tesoureira Rosana Senna da Silva • Representante CoEs Marcio Gomes Lontra

AGRADECIMENTOS

Assessorias de comunicação do CAU/BR, IAB RJ, IAB BA, IAB SP e Funcionários do IAB RS

NÚCLEO SANTA MARIA

Presidente Sheila Comiran • Vice-Presidente Lidia Glacir Gomes Rodrigues • Secretária Annelieze Correa • Tesoureiro Hugo Gomes Blois Filho • Representante CoEs Hugo Gomes Blois Filho

RUA GENERAL CANABARRO, 363 CEP 90010-160 • CENTRO(51) 3212.2552PORTO ALEGRE/RSIABRS.ORG.BR

PUBLICAÇÃO Visual&Design • Revistas Customizadas

DIRETOR GERAL

Fernando Rodrigues • [email protected]

DIREÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO Gustavo Gomes

DEPTO. ADMINISTRATIVO Adriane Alles

CONTATO Av. Nova York, 547 sala 304 • Porto Alegre/RS CEP: 90550-070 • Fone: (51) 3029.5318

REVISTAS CUSTOMIZADAS

O Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB - é a entidade de livre associação de arquitetos e urbanistas brasileiros, que se dedica a temas essenciais ao arquiteto, à cultura arquitetônica e suas relações com a sociedade. Fundado no Rio de Janeiro em 26 de janeiro de 1921, e em 1948 no Rio Grande do Sul, o IAB é a mais antiga das entidades brasileiras dedicadas à arquitetura, ao urbanismo e ao exercício da profissão.

O IAB adotou o modelo federativo de organização e conta com Depar-tamentos autônomos em todos estados do país, que possuem, por sua vez, núcleos locais nos municípios e regiões de maior relevância. A entidade é liderada pela Direção Nacional, responsável pela articulação e pela coordena-ção dos Departamentos, bem como pelas ações de abrangência nacional e internacional. Sua instância política máxima é o Conselho Superior, composto proporcionalmente por representantes de todos os Departamentos e pelos Conselheiros Vitalícios, ex-presidentes da entidade.

O IAB é membro fundador da União Internacional de Arquitetos (UIA), órgão consultivo da UNESCO para assuntos relativos ao habitat e à qualidade do espaço construído, e do Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa (CIALP). Também integra, como membro fundador, a Federação Pan-Americana de Associações de Arquitetos (FPAA). Por meio da Direção Nacional, o Instituto se faz representar em órgãos da administração federal.

O IAB compõe o Colégio Brasileiro de Arquitetos (CBA), coletivo das entidades nacionais de arquitetura e urbanismo, e o Colegiado das Entidades Nacionais de Arquitetura e Urbanismo (CEAU), órgão consultivo da estrutura do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR).

O IAB não tem fins lucrativos e seus dirigentes não são remunerados.

A construção da Revista Espaço conta com os seus leitores para ser espaço também de interação.

Colabore! Envie sugestões e comentários para [email protected]

Gratos - Equipe editorial

IAB Direção Nacional Arq. Sérgio Magalhães, Presidente

Departamentos do IAB AM, AL, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RR, RS, SC, SE, SP, TO

Núcleos IAB RS Cidade do Rio Grande, Erechim, Caxias do Sul, Arquitetos do Litoral, Pelotas, Santa Maria, Torres, Canoas

RUA GENERAL CANABARRO, 363 CEP 90010-160 • CENTRO(51) 3212.2552PORTO ALEGRE/RSIABRS.ORG.BR

Page 5: Espaço IAB RS 01

50 anos separam estes dois desenhos do cartunista Claudius. O primeiro, acima, foi realizado para ilustrar a publicação dos resultados do Seminário Habitação e Reforma Urbana - sHRu, conhecido como Quitandinha, realizado em 1963 pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, em Petrópolis, RJ. Abaixo outro desenho, realiza-do no ano passado, igualmente para ilustrar a publicação da série de Seminários intitulados Q+50, comemorativos ao cinquentenário do evento original.

Claudius Sylvius Petrus Ceccon (Garibaldi, RS, 1937). Arquiteto, designer, artista gráfico, carica-turista, jornalista. Inicia a carreira jornalística em 1952 como auxiliar de paginador da revista O Cruzeiro. Em 1954 realiza caricaturas políticas para o Jornal do Brasil. No ano de 1964 trabalha na revista Pif-Paf, dirigida por Millôr Fernandes (1923), e conhece Ziraldo (1932), Jaguar (1932) e Fortuna (1931-1994). Integra em 1969 a equipe de fundadores do jornal O Pasquim. Em 1971 muda-se para Genebra, onde conhece o educador Paulo Freire (1921-1997) e com ele funda o Instituto de Ação Participativa (Idac). Por meio desse instituto, realiza, entre 1971 e 1975, um importante trabalho de alfabetização de adultos nos países africanos de língua portuguesa. Retorna ao Rio de Janeiro em 1978 e, com o arcebispo de São Paulo dom Paulo Evaristo Arns (1921), aplica os métodos educativos desenvolvidos pelo Idac em comunidades carentes de São Paulo. Desliga-se do Instituto em 1985 e, no ano seguinte, integra a diretoria do Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), onde desenvolve experiências pedagógicas em vídeo na cidade de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Como fruto dessa experiência surge a TV Maxabomba, desenvolvida por moradores da comunidade. Suas atividades pedagógicas resultam na publi-cação de diversos livros. Entre eles, destaca-se Vivendo e Aprendendo: Experiências do Idac em Educação Popular, escrito com Paulo Freire, Rosiska e Miguel Darcy de Oliveira (1980). Publica diversos outros livros e produz alguns vídeos, lançados pelo Cecip. Em paralelo às atividades educacionais, continua a colaborar em publicações de caráter jornalístico, como a revista Caros Amigos. (fonte: http://www.itaucultural.org.br)

notícias

capa

entrevista

cau/rs

projeto&obra

atribuição de arquiteto

q+50

especial

Copa 2014

10 pontos por um projeto de cidade

Mariano Arana

Beira-RioEdital IAB RS Projeto & ObraConcursos de ProjetosPrêmio IAB RS

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história

solar condede porto alegre

entidades

informação

interação

cidades

guia

caravanas da arquitetura

66 anos de luta

SAERGS - Sindicato dos Arquitetos RS

Rio Grande

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opiniãoSérgio Magalhães

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produtos&serviços

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Page 7: Espaço IAB RS 01

Me convida o colega Tiago Holzmann da Silvapara escrever um texto sobre o IAB, sua importância histórica e o futuro da entidade e da arquitetura - em uma página. Me dá dois dias.

Sérgio Magalhães, presidente do IAB, é Arquiteto, FAU-UFRGS. Doutor em Urbanismo, PROURB--UFRJ. Professor do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo-Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi secretário municipal de Habitação no Rio de Janeiro e secretário de Estado de Projetos Especiais do Rio de Janeiro. Foi responsável pela concepção e implementação de programas como Favela-Bairro, Moral Legal, Morar sem Risco e Morar Carioca.

É um bom amigo.

Obediente, começo pelo futuro. Nós, arquitetos, fomos treinados para o futuro; concebemos agora o que queremos construir, somos convictos que o futuro será como projetamos. Assim com um objeto e com uma cidade. Enquanto vigorou o moderno, isso fazia muito sentido.

À certeza da modernidade deu lugar a incerteza. Agora, o futuro não está mais lá à frente, necessariamente róseo; o futuro é indefinido; é o presente deslocando-se perma-nentemente por sobre a linha do tempo.

Talvez nós ainda não tenhamos absorvido essa mudança essencial - daí nossa perple-xidade na formação profissional e na própria prática da arquitetura.

O IAB, quase centenário, foi fundado e prosperou sob o modernismo, que adotou como bandeira, imbuído da missão de redesenhar o espaço e a sociedade. A arquite-tura tinha princípios e parâmetros claramente definidos, que se opunham à arquitetura herdada (e à sociedade herdada), a ser combatida.

Vencemos.

A arquitetura moderna se tornou hegemônica. E, quase em simultâneo, claudicou.

A tabula rasa, condição do modernismo, já não mais interessa. Agora, reconhecemos as preexistências. O edifício autônomo, isolado, não mais nos comove. Hoje, valoramos a boa inserção na cidade. Os parâmetros, quase dogmas, do moderno são possibilida-des, não mais são imposições. A arquitetura se enriquece na complexidade do quoti-diano e na experiência construída pelo conjunto da sociedade, não apenas pelas obras magistrais e episódicas. A arquitetura não é mais a exceção. A arquitetura é a cidade e a favela, a periferia e a obra-prima. A arquitetura é o conjunto do espaço construído e a arquitetura brasileira é o conjunto do espaço construído pelo povo brasileiro.

Nesse contexto, o IAB abre-se para a reinterpretação da cultura arquitetônica tratando-a como um processo de amplas contribuições, de diversidade e multiplicidade de fontes, na produção do espaço para a democracia. A cidade é a arquitetura, a arqui-tetura é a cidade. Não há mais dogma a impor; há ética a orientar.

O IAB também se redesenha para alcançar arquitetos e sociedade. Tal como há um século, o IAB busca ajudar a construir o futuro. Agora, não mais na certeza de alcançar a implantação de seus modelos, mas na convicção de que do bom trabalho do quotidiano nascem as esperanças.

Mais do que nunca o espaço brasileiro precisa ser desenhado qualitativamente para a fruição de todo o povo brasileiro. Este é o papel do arquiteto. Para essa luta existe o IAB.

opinião Sérgio Magalhães • Presidente Nacional do IAB

“Mais do que nunca o espaço brasileiro precisa ser desenhado qualitativamente para a fruição de todo o povo brasileiro. Este é o papel do arquiteto”

espaço 77

Page 8: Espaço IAB RS 01

notícias internacional

O presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Sérgio Maga-lhães, apresentou em novembro de 2013, em Paris, a candidatura oficial do Rio de Janeiro para sediar o XXVII Congresso da União Internacional dos Arquitetos (UIA), principal entidade mundial de representação dos profissionais arquitetos.

Com o tema “Todos os mundos. Um só mundo. Arquitetura 21”, a cidade carioca disputa a realização do evento com Paris e Melbourne, que propuseram discutir a arquitetura responsável e a dialética do lugar, respectivamente.

Em fevereiro, o IAB formalizou a candidatura junto ao Conselho da UIA reunido em Istambul e lançou o site uia2020rio.org que apresenta informações da candidatura do Rio para sediar o 27º Congresso Mundial da União Internacional de Arquitetos (UIA), que será realizado em 2020, como a proposta brasileira para organizar o evento, o tema sugerido, a programação, as opções de hospedagem. Em agosto, durante o congresso de Durban, na África do Sul, será eleita a cidade que vai promover o evento de 2020. Vamos torcer.

A crise no primeiro mundo, diretamente relacionada com a construção civil, aprofundou o fenômeno da globalização na exportação de serviços de arqui-tetura. Os grandes escritórios internacionais tem visto o Brasil como um mer-cado atraente e já tem diversos projetos e obras em andamento. Por um lado, saudamos a alta qualidade, em geral, verificada nestas obras e sua relevância cultural e social. Mas por outro, há discussões sobre a responsabilidade local e a não reciprocidade para a atuação dos arquitetos brasileiros no exterior.

A solução para estas polêmicas é a realização dos Concursos Públicos de projetos, sejam nacionais ou internacionais, como o promovido para o Parque Olímpico do Rio de Janeiro.

Cidade do Rio de Janeiro é candidata a sede do maior congresso de arquitetura do mundo

Le Corbusier. Um Atlas de paisagens modernas

“Star Architects” no Brasil

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Em Porto Alegre, o Centro Cultural Judaico projeto do arquiteto Daniel Libeskind norte americano de origem polonesa. • Arquiteto espanhol San-tiago Calatrava projetou o Museu do Amanhã, em execução no Píer Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro. • Escritório suíço de Herzog & De Meuron e o projeto para o Complexo Cultural Luz, em São Paulo.

Parque Olímpico do Rio de Janei-ro, projeto da equipe liderada pelo arquiteto in-glês Bill Hanway (Aecom) vence-dor do concurso internacional promovido pela Prefeitura do Rio e organizado pelo IAB.

8 espaço

Magnífica exposição com um itinerário completo por todas as fa-ses da obra de Le Corbusier através de sua coleção de desenhos, pinturas, projetos e maquetes.

Le Corbusier, figura-chave da arquitetura do século XX, foi pioneiro na proposição de novas formas em urbanismo e arquite-tura. Foi também um artista multidisciplinar, com uma obra que se estende também para a pintura a fotografia, que combina arte e arquitetura.

As peças, em sua maioria, são procedentes da Fondation Le Corbusier, de París, e do MoMA, de Nova York, e estão em expo-sição no Caixa Forum de Barcelona, até maio de 2014.

Page 9: Espaço IAB RS 01

Com máscaras de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, arquitetos e estudantes fizeram um protesto irre-verente contra o contrato firmado pelo Governo do Distrito Federal e uma empresa de Cingapura para planejar Brasília para os próximos 50 anos. A ação foi liderada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), que define o contrato feito sem licitação como um crime de lesa-cultura.

Segundo o presidente do IAB, Sérgio Magalhães, é louvável a iniciativa do governador do Distrito Federal em querer planejar os próximos anos de Brasília, mas é indispensável que se haja transparência e participação da sociedade nesse processo.

“A capital federal é fruto da capacidade do povo brasileiro, concebida e planejada pelo talento dos arquitetos Lucio Costa e Oscar Niemeyer, um retrato da cultura do país no Planalto Central. Do modo como as coisas estão sendo feitas, corre-se o risco de vermos nossa cultura ser sufocada em favor de um deslumbramento de conceito de cidade que pode não atender às nossas reais necessidades”, afirma Sérgio Magalhães.

A campanha nacional “Brasília By Cingapura Não!” conta com apoio de diversas entidades, como a União Internacional de Arquitetos (UIA), a Federação Pan-Americana de Associações de Arquitetos (FPAA), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR).

notícias Brasil

O ArquiMemória 4 - En-contro Internacional sobre Preservação do Patrimô-nio Edificado, promovido pelo IAB BA em parce-ria com a Faculdade de Arquitetura da UFBA e seu Programa de Pós--Graduação no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, ocorreu de 14 a 17 de maio de 2013. Foi o maior encontro brasileiro da área da preservação do patrimônio edificado, se consolidando como o principal espaço de interlocução entre o meio acadêmico, a sociedade civil e os órgãos públicos responsáveis pela preservação do patrimô-nio cultural e urbano. O evento contou com mais de 700 profissionais e estudantes de graduação e pós-graduação provenientes de 26 das 27 Unidades da Federação e de países como Argentina, Bolívia, Chile, Espanha, Hungria, Itália, México, Paraguai, Peru, Portugal e Uruguai.

A programação foi estruturada em seis conferências magistrais, 18 mesas redondas temáticas, sete colóquios temáticos, 54 sessões de comunicações e nove sessões de projetos de intervenção sobre o patrimônio, além da exposição de projetos e do encontro do Fórum Nacional das Instituições Estaduais de Preservação do Patrimônio Cultural. As conferências magistrais foram proferidas por profissionais de renome internacional: Antoni González Moreno-Navarro (restaurador de obras de Antoni Gaudi, de Barcelona), Emilio Tuñón (sócio do escritório Mansilla+Tuñón, de Madri), Gon-çalo Byrne (titular do Atelier Gonçalo Byrne Arquitectos, de Lisboa), Marco Dezzi Bardeschi (professor catedrático de Restauração Arquitetônica do Politécnico, de Milão), Mariano Arana (ex-prefeito de Montevidéu) e Nelson Dupré (titular da Dupré Arquitetura, de São Paulo).

As seis conferências magistrais promoveram importantes discussões sobre temas atuais ligados à preservação do patrimônio, de interesse para os profissionais brasileiros e estrangeiros presentes na ocasião, e tiverem grande reper-cussão, uma vez que foram transmitidas ao vivo via internet, o que ampliou o alcance do encontro e das temáticas tratadas, atingindo um público maior, em todo o Brasil e no exterior.

Em fevereiro de 2014, o Colegiado de Enti-dades Nacionais de Arquitetura e Urbanismo - IAB, FNA, ABEA, AsBEA e ABAP - e o CAU/BR, elaborou e entregou à ministra Ideli Salvatti em audiência especial, o documento intitulado “As obras públicas e o Direito à Ci-dade”, à propósito da revisão da lei 8666/03, ora em tramitação no Congresso Nacional. O documento também foi subscrito por diversas entidades da engenharia, incluindo o CON-FEA. Esteve presente, ainda, representante da entidade nacional dos estudantes de arquitetura - FENEA.

A ideia central do documento e da mobilização é que toda obra pública deve ser licitada a partir de um Projeto Completo: “A experi-ência demonstra que o projeto completo e elaborado independen-temente do construtor é condição indissociável de uma boa obra, de menores prazos e menores preços. Quem projeta, não constrói”. E, ainda que a “chamada ‘Contratação Integrada’, sistema pelo qual a licitação se faz a partir do Anteprojeto, é ainda mais danosa ao interesse público (Instituída pela lei 12.462/2011 - RDC), pois deixa-se ao empreiteiro a incumbência de “projetar, construir, fazer os testes e demais operações necessárias e suficientes para a entrega da obra”.

Esta ação demonstra a unidade do setor na defesa da qualidade das obras públicas e na construção das cidades.

ArquiMemória 4 reúne mais de 700 profissionais em Salvador

XX CBA - Fortaleza

Qualificar as obras públicas

Máscaras de Lucio e Oscar pela defesa da arquitetura brasileira

Ministra Ideli Salvati recebe os presidentes das entidades de arqui-tetura e engenha-ria que defendem o Projeto Completo nas obras públicas.

Os Congressos Brasileiros de Arquitetos cons-tituem uma importante tradição na arquitetura brasileira. Organizados pelo IAB, desde 1945, conformam a única série de eventos no País que propõe reunir os arquitetos em geral, sem

segmentação regional ou de especialidades pro-fissionais. O CBA é o maior acontecimento dirigido a arquitetos da América Latina que, na sua vigésima edição, enfatizará as temáticas da atuação profissional, políticas públicas de arquitetura e urbanismo e gestão de negócios no setor, contando com uma estrutura de deba-tes, conferências, mesas redondas, exposições de projetos, sessões de

comunicação e feira de produtos e serviços com temas de abrangência nacional e internacional.

Entre os palestrantes convidados, mais de 50 personalidades da arquitetura local, nacional e mundial como Carlos Medellín (Colômbia), Angelo Bucci(SP), Marcos Acayaba (SP), Elizabete França (SP), Hector Vigliecca (SP), Jorge M. Jáuregui (RJ), Fausto Nilo (CE), Marco Suassuna (PB), Rosa Kliass (SP), Marcelo Ferraz (SP), entre outros.

O Departamento do Ceará do Instituto de Arquitetos do Brasil é o responsável pela organização do XX CBA, realizado em Fortaleza no período de 22 a 25 de Abril de 2014, no Centro de Eventos do Ceará. www.xxcba.com.br

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notíciasnotícias especialespecial

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO COMPLETO EM OBRAS PÚBLICAS

01. MENOR CUSTOO projeto completo custa de 5% a 10% do custo total. Hoje, as obras públicas podem ser licitadas apenas com o Projeto Básico, sem definição de técnicas construtivas, dos materiais utilizados e equipamentos de segurança. Essas definições a posteriori são a principal causa dos atrasos e do aumento de custos. No Estádio Nacional de Brasília, a diferença entre o orçamento original e o custo real foi de 48%.

02. MAIS QUALIDADEAs entidades de Arquitetura e Urbanismo defendem a obrigatoriedade de concursos públicos de projetos para equipamentos públicos. Com isso, as construções atenderiam a critérios de qualidade, e não somente de preço, resultando em cidades mais bonitas, acessíveis e demo-cráticas. Essa obrigatoriedade existe em países como a Espanha, Suíça e França. Este último realizou 1.200 concursos públicos de Arquitetura em 2009. No Brasil, foram 16.

03. MAIS CONTROLEUm projeto completo, detalhado, facilita aos órgãos de controle do Estado um melhor acompanha-mento do que acontece na obra. Além disso, impede a possibilidade de que as empresas responsá-veis pela construção acrescentem aditivos e mudanças que geram novos custos ao erário.

04. DEFINIÇÃO DE RESPONSABILIDADESQuem projeta não constrói, e quem constrói não projeta. Essa separação de responsabilidades é fundamental para a lisura e a defesa do interesse público em obras. O Regime Diferenciado de Contratações, criado pela Lei 12.462/2011, permite que uma só empresa ou consórcio exer-ça as duas funções, concentrando o poder de decisão na mão das empresas. O uso do RDC de forma indiscriminada constitui uma ameaça à ética no trato dos negócios públicos.

01. MENOR CUSTOO projeto completo custa de 5% a 10% do custo total. Hoje, as obras públicas podem ser licitadas apenas com o Projeto Básico, sem definição de técnicas construtivas, dos materiais utilizados e equipamentos de segurança. Essas definições a posteriori são a principal causa dos atrasos e do aumento de custos. No Estádio Nacional de Brasília, a diferença entre o orçamento original e o custo real foi de 48%.

02. MAIS QUALIDADEAs entidades de Arquitetura e Urbanismo defendem a obrigatoriedade de concursos públicos de projetos para equipamentos públicos. Com isso, as construções atenderiam a critérios de qualidade, e não somente de preço, resultando em cidades mais bonitas, acessíveis e demo-cráticas. Essa obrigatoriedade existe em países como a Espanha, Suíça e França. Este último realizou 1.200 concursos públicos de Arquitetura em 2009. No Brasil, foram 16.

03. MAIS CONTROLEUm projeto completo, detalhado, facilita aos órgãos de controle do Estado um melhor acompanha-mento do que acontece na obra. Além disso, impede a possibilidade de que as empresas responsá-veis pela construção acrescentem aditivos e mudanças que geram novos custos ao erário.

04. DEFINIÇÃO DE RESPONSABILIDADESQuem projeta não constrói, e quem constrói não projeta. Essa separação de responsabilidades é fundamental para a lisura e a defesa do interesse público em obras. O Regime Diferenciado de Contratações, criado pela Lei 12.462/2011, permite que uma só empresa ou consórcio exer-ça as duas funções, concentrando o poder de decisão na mão das empresas. O uso do RDC de forma indiscriminada constitui uma ameaça à ética no trato dos negócios públicos.

Proposta das entidades nacionais de Arquitetura e Urbanismo busca melhorar qualidade urbana, com eficiência e economiaProposta das entidades nacionais de Arquitetura e Urbanismo busca melhorar qualidade urbana, com eficiência e economia

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notícias RS

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O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS) inaugurou, em dezembro de 2013, sua sede própria em Porto Alegre. Com apenas dois anos de atuação o conselho gaúcho é o primeiro a investir em instalações próprias. “Neste segundo ano de existência do CAU constatamos, com grande satisfação, que os arquitetos e urbanistas gaúchos trabalham muito”, destaca o presidente do CAU/RS, Roberto Py, sobre a capacidade e dedicação dos profissionais. Na ocasião, foram homenageados os arquitetos e urbanistas gaúchos Emil Achutti Bered, que possui o registro de número 4, e Vera Fabricio de Carvalho, a profissional em atividade há mais tempo no Estado, que possui o registro de número 12.

A partir de iniciativa do IAB RS, o deputado estadual Vinicius Ribeiro (PDT), protocolou na Assembleia Legislativa o projeto 20/2014, que altera a Lei 13.490, que institui o Siste-ma Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais - PRÓ-CULTURA, e acrescenta arquitetura e urbanismo entre as atividades culturais que recebem incentivos fiscais para sua viabilização.

“A Arquitetura e a cultura andam juntas. Sem arquitetura a cultura é incompleta. A cultura precisa da arquitetura para materializar uma tendência, uma arte, um estilo e uma forma épica e temporal. A relação de dependência é tal que uma passa a ser con-sequência da outra em um ciclo sem fim”, afirma o deputado, que é arquiteto urbanista.

O IAB RS tem representação em ambos os Conselhos e tem conseguido sucessivos avanços na legislação. No Brasil, a Portaria nº 05 do Ministério da Cultura, de 21 de dezembro de 2009, reconheceu formalmente a arquitetura como atividade cultural, com direito a representação no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), órgão integrante do Sistema Federal de Cultura. Mas, no Estado, a arquitetura e urbanismo ainda não é contemplada pela lei de incentivo, eliminando, portanto, a possibilidade de envio de Projetos Culturais para atividades, eventos, publicações e outras iniciativas de interesse de toda a sociedade e dos profissionais e entidades.

A partir de iniciativa do IAB RS, o deputado estadual Vinicius Ribeiro (PDT), protocolou na Assembleia Legislativa o projeto 20/2014, que altera a Lei 13.490, que institui o Siste-ma Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais - PRÓ-CULTURA, e acrescenta arquitetura e urbanismo entre as atividades culturais que recebem incentivos fiscais para sua viabilização.

“A Arquitetura e a cultura andam juntas. Sem arquitetura a cultura é incompleta. A cultura precisa da arquitetura para materializar uma tendência, uma arte, um estilo e uma forma épica e temporal. A relação de dependência é tal que uma passa a ser con-sequência da outra em um ciclo sem fim”, afirma o deputado, que é arquiteto urbanista.

O IAB RS tem representação em ambos os Conselhos e tem conseguido sucessivos avanços na legislação. No Brasil, a Portaria nº 05 do Ministério da Cultura, de 21 de dezembro de 2009, reconheceu formalmente a arquitetura como atividade cultural, com direito a representação no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), órgão integrante do Sistema Federal de Cultura. Mas, no Estado, a arquitetura e urbanismo ainda não é contemplada pela lei de incentivo, eliminando, portanto, a possibilidade de envio de Projetos Culturais para atividades, eventos, publicações e outras iniciativas de interesse de toda a sociedade e dos profissionais e entidades.

Em março de 2014, o FestFoto e a Usina do Gasô-metro receberam a exposição “Genesis”, do fotógra-fo Sebastião Salgado, com o circuito de lançamento mundial da exposição que é fruto de um trabalho de oito anos do fotógrafo nos locais mais “virgens” da ação humana. Genesis tem curadoria e projeto de Lélia Salgado e conta com 250 fotos.

Nas manifestações de junho de 2013 o Diretório Acadêmico da Arquitetura da UFRGS - DAFA, marcou forte presença nas manifestações levando para a rua os temas do Direito à Cidade e pela maior participação dos arquitetos e urbanistas nas decisões sobre o rumo das cidades. A repercussão foi grande nas ruas e nas redes sociais. “O DAFA me representa”, publicou no facebook o arquiteto Miguel Esnaola.

O IAB nacional também divulgou sua posição sobre as manifestações de rua no mês de junho. O documento “Di-reito à cidade e o IAB” afirma que é necessário recuperar o planejamento urbano integrado às questões da mobilidade como forma de en-frentar os problemas das grandes cidades e esclarece que a habitação deve ter qualidade e estar implantada no lugar certo para ajudar a resolver os proble-mas de mobilidade. A manifestação con-clui exigindo mais transparência na contratação de pro-jetos e na realização de obras públicas, com realização de concursos públicos e licitação apenas com projeto execu-tivo completo.

Em solenidade no Salão Júlio de Castilhos da Assembleia Legislativa do estado, o arquiteto Telmo Magadan rece-beu a medalha do Mérito Farroupilha, a mais alta honraria concedida pelo Parlamento gaúcho. Magadan lembrou, emocionado, sua trajetória profissional nos setores públi-co e privado e declarou que “os bons resultados, aquilo que se chama de sucesso, não são jamais individuais, são resultado de um trabalho coletivo, sempre!”.

Telmo Borba Magadan é arquiteto formado pela UFRGS e desenvolveu toda a sua carreira profissional nas áreas pública e privada, na estruturação e criação de projetos e em cargos estratégicos de gestão. Por três anos foi chefe de gabinete do prefeito Telmo Thompson Flores. Exerceu ainda cargos públicos junto aos gover-nos estaduais e federal, tendo sido presidente da EBTU (Empresa Brasileira de Transportes Urbanos). Na iniciativa privada, é um dos pio-neiros e principais responsáveis pela instalação de parques eólicos no Rio Grande do Sul. Na década de 80, foi presidente estadual e nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil, sendo uma grande referência de atuação para as atuais lideranças da entidade.

Telmo Borba Magadan é arquiteto formado pela UFRGS e desenvolveu toda a sua carreira profissional nas áreas pública e privada, na estruturação e criação de projetos e em cargos estratégicos de gestão. Por três anos foi chefe de gabinete do prefeito Telmo Thompson Flores. Exerceu ainda cargos públicos junto aos gover-nos estaduais e federal, tendo sido presidente da EBTU (Empresa Brasileira de Transportes Urbanos). Na iniciativa privada, é um dos pio-neiros e principais responsáveis pela instalação de parques eólicos no Rio Grande do Sul. Na década de 80, foi presidente estadual e nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil, sendo uma grande referência de atuação para as atuais lideranças da entidade.

Magadan em imagem histórica junto aos arquitetos gaúchos Paulo Bertussi e Enilda Ribeiro e o cearense Campelo Costa, ex presidente do IAB nacional.

Sede do CAU/RS

Alterar a Lei Pró Cultura RS para incluir a Arquitetura e Urbanismo

FestFotoPoa - Genesis, de Sebastião Salgado

Profissionais e Estudantes se manifestam pelo Direito à Cidade

Prêmio para Magadan

Homenageados Emil Bered e Vera Fabrício junto aos presidentes do CAU/RS, CAU/BR e das entidades de arquitetos do RS.

Estudantes da UFRGS preparando sua manifestação em defesa da Cidade para Todos.

Estudantes da UFRGS preparando sua manifestação em defesa da Cidade para Todos. CE

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capa Copa 2014POR ALEXANDRE HAUBRICH

COPA DO MUNDOLegado a que custo?Em 2007, quando a Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) escolheu o Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014, a eu-foria de milhares de brasileiros foi mostrada nas telas da televisão. Em algumas capitais a comemoração se espalhou a partir de espa-ços públicos onde estavam instalados grandes telões para que todos pudessem acompanhar juntos o anúncio. Agora, às vésperas do 12 de junho que deverá ver a seleção brasileira enfrentar a croata em São Paulo, passaram-se sete anos, muitas obras, muitas remoções, muitos protestos e R$ 25,6 bilhões de reais estimados pelo Tribunal de Contas da União, em setembro de 2013. Nestes últimos momen-tos, antes da data estipulada para o início da Copa, e mesmo a partir de 13 de julho, dia marcado para a final da competição, seguirão como temas centrais a organização da Copa do Mundo e sua influência futura sobre a sociedade brasileira e sobre as cidades do país.

RECURSOS PÚBLICOS, LUCROS PRIVADOS

No dia do anúncio do Brasil como sede do me-

gaevento, o então presidente Luiz Inácio Lula da

Silva destacou o papel que a iniciativa privada

cumpriria para bancar os gastos necessários.

Sete anos depois, o custo da Copa está se apro-

ximando de R$ 30 bilhões. Este é o mesmo custo

estimado para a construção da usina de Belo

Monte. É também aproximadamente 30% dos

R$ 91 bilhões investidos pelo governo federal em

Educação no ano de 2013. Dos R$ 25,569 bilhões

projetados em setembro do ano passado como

custo das obras da Copa, R$ 3,751 bi são gastos

da iniciativa privada. O restante, equivalente

a 85,3% - R$ 21,8 bi -, vem do poder público,

dividido entre financiamentos, investimentos

federais e investimentos locais. Os dados fazem

parte da Matriz de Responsabilidades da Copa,

que acompanha todos os gastos com vistas ao

megaevento e que mantém apenas as obras cuja

previsão de término continua sendo anterior à

abertura do campeonato.

Os investimentos são variados, sendo a maior

parte em obras de entorno (R$ 8 bi), estádios (R$ 8

bi), de mobilidade urbana (R$ 7 bi) e de aeropor-tos (R$ 6,2 bi). Desse montante, a iniciativa privada deve investir diretamente apenas em estádios (R$ 133 milhões) e aeroportos (R$ 3,6 bilhões), além dos projetos financiados pelo governo federal através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Para Orlando Santos Júnior, coordenador da pesquisa “Metropolização e Megaeventos: im-pactos da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 sobre as metrópoles brasileiras”, são as empresas privadas quem lucram com a forma pela qual a Copa está sendo organizada: “em geral essas parcerias vão promover divisões: prejuízos podem ser assumidos pelo poder público, lucro vai ser apropriado pelo setor privado”, diz ele, que é professor do Instituto de Pesquisa e Planejamen-to Urbano e Regional da UFRJ.

Essa é a Copa do Mundo mais cara da história. As duas últimas, na Alemanha (2006) e na África do Sul (2010) custaram, respectivamente, US$ 6 bi e US$ 8 bi, o equivalente, em uma conversão atual, a cerca de R$ 14 bi e R$ 18 bi. Realizado no Brasil, o evento deve custar quase 50% a mais do que na

África do Sul. Na terra de Nelson Mandela, a Fifa anunciou uma arrecadação de US$ 3,65 bilhões, contra despesas que chegaram a US$ 1,3 bi. No Brasil, o recorde deve ser batido: em matéria do jornal Estado de São Paulo, em março de 2013, é apresentada a projeção feita por uma empresa especializada que aponta possíveis rendimentos de US$ 5 bilhões.

A Fifa tem em sua órbita mais países do que os que compõem a Organização da Nações Unidas - 209 contra 191. A maior parte de sua renda provem dos eventos que promove, especialmente através de direitos de transmissão e de seus par-ceiros (os principais são a Adidas, a Coca-Cola, a Hyundai, a Emirates, a Sony e a Visa). No ciclo de quatro anos entre 2007 e 2010, a Fifa teve receita de US$ 4,2 bilhões, e lucro de US$ 631 milhões, de acordo com o site da entidade. 87% dessa receita veio da Copa do Mundo de 2010.

A arquiteta Claudia Favaro, integrante da Arti-culação Nacional dos Comitês Populares da Copa, critica o que, citando o urbanista Carlos Vainer, chama de “cidade de exceção”. Segundo ela, em espaços assim constituídos, “se gera toda uma

Perspectiva do projeto do novo Beira Rio, prova-velmente a única das obras anunciadas para a Copa que realmente estará pronta a tempo.

Perspectiva do projeto do novo Beira Rio, prova-velmente a única das obras anunciadas para a Copa que realmente estará pronta a tempo.

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legislação específica e casuísta, para aproveitar a oportunidade de negócios. Existe uma sucessão interminável de exceções impostas pela Fifa para a realização da Copa do Mundo: regime diferen-ciado de contratação, isenção tributária, isenção fiscal e alfandegária para parceiros, elitização dos estádios, etc. Uma das flexibilizações que talvez nos será mais custosa, permite que os municípios se endividem com obras para a Copa acima da Lei de Responsabilidade Fiscal”.

De acordo com Orlando Santos Júnior, é a Fifa quem “passa a ser o agente regulador do espaço público durante o desenvolvimento da Copa e dos eventos associados à Copa”. Para ele, há “uma subordinação completa do poder público aos interesses econômicos da Fifa e do conglo-merado de empresas a ela associadas, e isso é

viabilizado através desse conjunto de regulações, de leis que representam uma exceção em relação à legislação existente nessas cidades ou para o país”. Betânia Alfonsin, coordenadora do Grupo de Direito Urbanístico da Fundação do Ministério Público (FMP), concorda. Para ela, a Fifa é “um ator muito poderoso economicamente, politicamente, que mandou e desmandou aqui dentro, que está mandando nos três níveis de governo”.

AS “LEIS DE EXCEÇÃO”

Para que a Copa do Mundo possa acontecer, o país--sede deve ceder a todas as exigências feitas pela entidade organizadora - a Fifa - sem nenhuma exce-ção. Se existem leis que contrariem essas exigências, as leis devem ser temporariamente modificadas. Essa é a dinâmica. Para isso foi criada no Brasil a Lei Geral da Copa, aprovada em 5 de junho de 2012.

Entre outras coisas, essa lei padrão-Fifa restrin-ge o comércio nos entornos dos estádios, limita a transmissão de jogos em bares e restaurantes, coloca a União como responsável por quaisquer danos e prejuízos causados à Fifa durante o campeonato, cria diversas exceções na aplicação do Estatuto do Torcedor, e beneficia a Fifa e suas parceiras com isenções fiscais.

Para Orlando Silva Júnior, “a Fifa passa a ser o agente regulador do espaço público durante o desenvolvimento da Copa. Tem mudança do calen-dário escolar, tem o poder público promovendo a proteção das patentes vinculadas ao megaevento, tem portanto uma subordinação completa do poder público aos interesses econômicos da Fifa e do conglomerado de empresas a ela associadas”. De acordo com ele, um antigo ditado se aplica à situação: “aos inimigos, a lei, aos amigos, tudo”.

A necessidade de cumprir a Lei Geral da Copa, se-gundo Betânia Alfonsin, descumpre leis e pactos em diversas instâncias: “essa legislação de exceção, pra favorecer os interesses da Fifa, viabilizar a realização da Copa, passou por cima de pactos internacionais, como são os que garantem o direito humano à moradia. A legislação internacional foi ofendida. Legislação nacional, federal, como a Lei de Licita-ções, o Código Florestal, o Estatuto das Cidades...”.

A Lei Geral da Copa também restringe o uso de “símbolos oficiais” do megaevento, além de permitir o registro, pela Fifa, de palavras e marcas para uso exclusivo dos patrocinadores até 31 de dezembro de 2014. A Fifa já requereu ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial o registro de mais de mil itens, entre eles o nome das cidades-sede e o numeral “2014”. Além disso, ao redor dos estádios os comerciantes locais não poderão expor marcas

Para Betânia Alfonsin a legislação de exceção para favorecer os interesses da Fifa passou por cima de pactos internacionais como são os que garantem o direito humano à moradia

Claudia Favaro reclama que a maioria dos projetos foi feita “sem debate, sem audiência pública, sem concurso público e a maioria deles, insuficiente e com diversos problemas técni-cos, o que obviamente causou aumento de injeção de recursos públicos e atraso nas obras”.

que não as dos patrocinadores da Copa do Mundo.Claudia Favaro acrescenta que há ainda outras

leis que, na carona da Copa, causam preocupa-ções: “também ainda estão sendo discutidas e aprovadas outras diversas leis que retrocedem em direitos e atingem diretamente o direito de expressão, de ir e vir e manifestação. Preocupa à maioria dos movimentos sociais a tramitação da Lei do Terrorismo e a recente aprovação da Lei da Ordem, que criminaliza quem luta pelo acesso e o direito à cidade”, explica ela.

INTERVENÇÕES URBANAS, A MESMA LÓGICA DE SEMPRE

A ponta mais visível de todo esse processo é com-posta pelas intervenções urbanas que reinventam ou fortalecem a dinâmica das cidades. As cha-madas “obras de mobilidade” devem chegar ao valor de R$ 8 bilhões, custeadas em sua totalidade pelo poder público - R$ 4,3 bi em financiamentos federais, R$ 3,6 bi através dos governos locais e R$ 17 milhões investidos pelo governo federal. Seus objetivos são principalmente voltados ao entorno dos estádios e aeroportos e a melhorias nos siste-mas de transporte público, caso do VLT (Veículo

Os Comitês Populares são uma iniciativa dos movimentos e or-ganizações sociais, principalmente das comunidades afetadas pelas obras viárias, com o objetivo dar maior visibilidade aos problemas re-lacionados à forma como está sendo feita a preparação para a Copa 2014.

O filme uruguaio “Banheiro do Papa” está sen-do usado como metáfora para criticar as obras da Copa e a expectativa com o seu legado.

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Leve sobre Trilhos) em Cuiabá e da instalação ou ampliação dos BRTs (Bus Rapid Transit, um novo sistema de transporte em ônibus, como o atual-mente utilizado em Curitiba) em diversas cidades.

Na avaliação de Orlando, o conjunto dessas obras tem três direcionamentos gerais: o fortale-cimento de centralidades já existentes, a criação de novas centralidades e a revitalização de centra-lidades decadentes. Há, segundo ele, especificida-des nas situações de cada uma das cidades-sede, mas é possível perceber uma tendência geral: “está em curso uma nova rodada de mercantilização, de elitização das cidades-sedes, e associada a esse projeto de intervenção a gente também assiste à difusão de um certo modelo de governança metropolitana que a literatura tem denominado de ‘empreendedorista neoliberal’”, afirma. Orlando explica os problemas desse processo: “além de eventuais ganhos que eventuais grupos sociais tenham, esse é um projeto de cidade mais eli-tizado, mais mercantilizado. E ao meu ver afeta a todos nós. Não apenas aos segmentos sociais que são diretamente prejudicados, os removidos, etc, etc. Afeta também às classes médias, afeta a todos aqueles que vivem na cidade”.

QUE CIDADE QUEREMOS?

Mesmo assim, Orlando acredita que esse processo de reinvenção das cidades está em disputa: “Que cidade queremos? Uma cidade segregada, uma cidade apartada, uma cidade homogênea? Isso é negador do próprio sentido de cidade, como cidade heterogênea, como cidade da diversidade. Isso é negador da própria cidade como ideia de espaço social caracterizado pela diversidade cultural, econômica, política, social. Esse projeto de cidade atende fundamentalmente aos interesses do capital e é negador da diversidade que caracteriza a vida urbana. É isso o que está em discussão, que cidade queremos? Essas intervenções caminham na dire-

ção de uma cidade mais justa, mais democrática, mais diversa, mais plural? Ou essas intervenções caminham no sentido de subordinar tudo e todos à lógica do capital, à lógica do mercado, à homoge-neização, à exclusão, à segregação? É isso o que está em discussão”.

Já Betânia, ao analisar o andamento das obras, recorda uma expressão

usada por Marcelo Cafrune em um artigo recente: “urbanismo a la carte”. Ela explica: “O empreen-dedor diz o que precisa e ganha de presente”. Betânia faz ainda uma comparação com um premiado filme franco-uruguaio-brasileiro, “O Banheiro do Papa”. No filme, toda a cidade de Melo, no Uruguai, se prepara para receber o João Paulo II, fato real ocorrido em 1988. Betânia conta o resto: “é uma comparação ótima, porque os caras acham lá que Melo vai receber milhares de turistas, que gastam um monte de dinheiro...e não vai ninguém, o Papa mal passa por ali, e fica aquela sensação de desperdício, eles usaram suas economias...”.

A procuradora critica também o planejamento das obras: “O Brasil tem uma cultura de jeitinho, de prorrogar... só que a Copa tem um prazo inafastá-vel. E aí, claro, o Brasil achou que ia nesse jeitinho, mas acabou se atrapalhando muito”, explica.

Em Porto Alegre, segundo levantamento do site G1, apenas uma das dez obras previstas inicialmente para a Copa será entregue pronta a tempo: o entorno do estádio Beira-Rio, nas ave-nidas Padre Cacique e Beira-Rio. De acordo com

a mesma reportagem, há um aumento de quase 70% nos custos das obras de mobilidade urbana na capital gaúcha entre janeiro de 2010 e abril de 2013, passando de R$ 524,9 milhões para R$ 887,9 milhões. No final do ano passado, todas as obras de mobilidade urbana previstas para Porto Alegre foram retiradas da Matriz de Responsabilidades, já que não devem estar concluídas a tempo. Ainda segundo o G1, 75% das obras de mobilidade previstas para as 12 cidades-sede estão atrasadas ou foram descartadas.

Em dezembro de 2013, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro Augusto Nardes, concedeu entrevista à Agência Brasil na qual falou sobre os atrasos das obras. De acordo com a matéria, Nardes afirmou que um dos principais problemas é “a falta de gestão, de planejamento e de pessoal nos ministérios e nos setores estatais que são responsáveis por elas”, e que “a mobilidade urbana deverá ser um dos principais gargalos nas cidades-sede”.

COMUNIDADES REMOVIDAS PARA A COPA PASSAR

Para que muitas das obras para o megaevento sejam colocadas em prática, milhares de famílias precisam sair de suas casas em todas as 12 cidades--sede. Segundo a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa, o número de pessoas já remo-vidas ou ameaçadas de remoção no contexto da Copa do Mundo chega a 250 mil. Em Porto Alegre, as remoções devem chegar a 6 mil famílias. Destas, mais de 1500 devem ser removidas para a duplica-ção da Avenida Tronco, necessária para garantir o fluxo de carros para a Zona Sul da cidade em dias de jogos, já que a Avenida Padre Cacique, principal via nesse sentido, estará bloqueada.

No início do processo de organização da remo-ção, a ideia era que as famílias da Tronco fossem

Obras do entorno do Estádio Beira Rio foram paralisadas e houve grande impasse sobre as responsabilidades da origem dos recursos financeiros para a conclusão de sua execução.

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“Chave por chave” é o lema que guia a re-sistência das famílias ameaçadas de remo-ção pelas obras da implantação do Corredor Avenida Tronco, em Porto Alegre.

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Em dezembro de 2013, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro Augusto Nardes, concedeu entrevista à Agência Brasil na qual falou sobre os atrasos das obras. De acordo com a matéria, Nardes afirmou que um dos principais problemas é “a falta de gestão, de planejamento e de pessoal nos ministérios e nos setores estatais que são responsáveis por elas”, e que “a mobilidade urbana deverá ser um dos principais gargalos nas cidades-sede”.

para uma área na Pitinga, a mais de 20 quilômetros de distância. Claudia, que tem acompanhado a situação através do Comitê Popular da Copa, conta que a luta da comunidade fez com que os planos mudassem, e fosse conquistado o direito de per-manecer na região. Mesmo assim, segundo ela, o Bônus Moradia e o auxílio-aluguel oferecidos não dão conta das demandas das famílias, obrigando muitos a sair de Porto Alegre em direção à Região Metropolitana e, alguns casos, até mesmo para o litoral sul, onde, de acordo com ela, “formarão novos bolsões de miséria já que não são famílias habituadas a pesca e sofrerão muitas dificuldade de prover renda nesses novos locais”. Cerca de 600 famílias já saíram em troca desses recursos.

O dono de uma das casas marcadas pela Prefei-tura é José Araújo, 74 anos, todos eles vividos na Grande Cruzeiro, conjunto de vilas por onde passa a Tronco. Além de morador, José é uma importante liderança comunitária, e integra o Comitê Popular da Copa em Porto Alegre. José explica que a co-munidade nunca foi contra a realização da Copa do Mundo, mas a forma como foi conduzido o processo fez com que muitos mudassem de ideia: “a gente não é baderneiro, a gente quer que aconteça tudo isso, mas que os nossos direitos sejam respeitados. O problema da Copa tu sabes que é tudo euforia do momento, né. Quando se vê Copa do Mundo, o Brasil campeão não sei quantas vezes, todo mundo ama o futebol...todo mundo não, mas a maioria. Então que bom, né, que vai vir a Copa. Só que não sabiam de todo esse processo que ia vir. Muitos que estavam apoiando já não apoiam mais”, garante.

Nesse momento as obras da Avenida Tronco estão paradas, mas muitos outros processos de remoção seguem em curso. Betânia vê a dinâmica de remoções como um novo ciclo de expulsão dos pobres das zonas centrais das cidades: “é um novo ciclo, e nesse sentido é um retrocesso. Durante a ditadura militar, o governo tinha uma política urbana

José foi um dos protagonistas da construção de um movimento organizado na Cruzeiro para lutar pelos direitos dos moradores no processo de remoção: o “Chave por Chave”. A mobilização tem um objetivo muito claro: permitir que ninguém fique em más condições. José explica: “dissemos que nós não que-ríamos nem o aluguel social, nem o bônus moradia. Que quando a Prefeitura entregasse a chave da casa nova, a gente entregaria a chave da casa velha”.

e habitacional na qual o lema ‘remover para promo-ver’. Remoção era a palavra de ordem. O Estatuto das Cidades vem pra dizer que não. Mas agora tem um novo ciclo de expulsão para as periferias, só que dessa vez inobservando um marco legal, que antes não existia. Era perverso, mas não tinha amparo jurídico para dizer ‘não faça assim’. Agora tem”. Ela vê esse processo como um avanço contra direitos adquiridos: “não é favor, são direitos. Muitas vezes isso é percebido como ‘a turma que quer que dê tudo errado’. Não é isso. Ninguém quer que dê tudo errado. É como a gente deu o título pra esse curso que demos para as lideranças: ‘Copa legal é Copa que respeita os direitos humanos’”.

Claudia completa, afirmando que há uma disputa pelo território nas metrópoles: “As insti-tuições, as empresas e os mais diversos agentes sociais desenvolvem suas próprias estratégias de apropriação do território, suas territorialidades, fre-quentemente justapostas sobre o mesmo espaço social, em razão do que explodem os conflitos. O território, como disputa entre grupos antagônicos, tem levado de maneira geral a desterritorialização dos mais fracos”. Orlando concorda: “(Nesse pro-cesso) é preciso relocalizar os pobres que estão nas áreas de interesse desse projeto de reestruturação urbana de forma vque essas áreas, esses territórios possam ser apropriados, ou reapropriados, ao circuito de valorização do capital”.

UM FUTURO EM DISPUTA

Com esse longo e complexo processo, cheio de variáveis e especificidades, as 12 cidades-sede cami-nham para um futuro que, a partir de 13 de julho, já não terá mais a Copa do Mundo à frente. Mas, com 12 novos estádios, milhares de famílias removidas e dezenas de obras de mobilidade, o megaevento deixará para sempre um pouco de si no Brasil.

José Araújo, morador da Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, acredita que a população mais pobre não vai ganhar nada com a Copa: “O que vai ficar de bom pra população? Não tem nada de benéfico. O legado da Copa vai ser bom pra quem tem dinheiro. Pra quem tem carro, vai ficar bonito pra eles andarem, o transporte coletivo vai continuar a mesma porcaria”.

Betânia Alfonsin, coordenadora do Grupo de

Direito Urbanístico da Fundação do Ministério

Público (FMP), admite a herança de um legado,

mas questiona sua qualidade: “quanto mais perto

chega da Copa o que a gente vê é que o estádio

vai estar bonito, o aeroporto vai estar minima-

mente maquiado, para dar um truque, vários dos

aeroportos não conseguiram concluir as obras, o

caos na infraestrutura desse serviço continua, e a

maior parte das obras não vai estar pronta para a

Copa. E quando se faz essa série de investimentos

tu estás, na verdade, incentivando as pessoas a

usarem o carro. Então as obras vão melhorar a

questão do transporte individual de passageiros,

a questão é se esse é um legado racional”.

Para Orlando Santos Júnior, coordenador da

pesquisa “Metropolização e Megaeventos: im-

pactos da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas

de 2016 sobre as metrópoles brasileiras”, não é

possível falar em “legado”, mas em “consequên-

cias” ou “contradições”: “Legado é um conceito

que visa legitimar esse projeto de cidade que

não passa por esferas democráticas, que não

está sujeito a nenhum controle social, que não

é transparente, que é opaco, então a ideia de

legado é de legitimação desse projeto. O que

nos interessa é exatamente discutir esse projeto

de cidade, colocar nisso as contradições que estão

associadas a essas intervenções, dar luz sobre

os efeitos sociais, políticos e econômicos dessas

intervenções”, contesta.

Mas, para Orlando, esse futuro está em dispu-

ta: “é óbvio que esse é um processo social aberto,

em disputa, e é óbvio que grupos sociais estão

buscando se apropriar dos benefícios gerados

por algumas dessas intervenções, e é óbvio que

isso vai acontecendo ao curso desse processo,

mas o que é fundamental é perceber que esse

processo tem possibilitado a organização da so-

ciedade, a discussão da sociedade, a politização

da discussão da cidade, e isso a meu ver abre

a possibilidade de nós construirmos espaços de

esperança de que uma nova cidade, novos pro-

jetos de cidade mais democráticos, mais justos,

emerjam dessas contradições”.

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capa Copa 2014

Que o Brasil é o pais do futebol é lugar comum, todo mundo sabe. Aqui todos entendemos tudo desse esporte inventado pelos bretões, do jogo e dos jogadores. Quem não bate uma bolinha, até as mulheres já praticam, torcedoras ou jogadoras, já disputam campeonatos.

Confesso que nunca fui muito amigo da pelota, joguei enquanto usava calças curtas, desisti de vez de sacrificar minha canhota quando, e um chute que acreditava certeiro, errei na bola e o tênis, em um voo oposto, acertou a vidraça da casa do seu Artur.

Hoje me contento como um pacato torcedor principalmente quando o certame é mundial como a Copa. Imaginem que agora a Copa é no Brasil, quem não se entusiasma, já me vejo com a camiseta amarela tamanho G.

Acredito que até os arquitetos, críticos das ações governamentais nesse período preparatório que antecede a Copa, vão esquecer por um breve período de tempo a grana mal empregada em obras não planejadas e de duvidosa eficácia as quais dizem os governantes será o “legado da Copa”.

Bem, mas a Copa passa e o legado realmente ficará. Mas legado, explica o dicionário, é o “patrimônio, obra ou conhecimento que se deixa para a posteridade”.

Aí a coisa complica, pois o legado que prometem não se enquadra naquilo que pregam os arquitetos. Chatos esses arquitetos. De norte a sul do Brasil reclamam das obras que abastecem as empreiteiras, elevam a autoestima dos governantes e até, quem sabe, trazem dividendos eleitorais.

Dizem eles, os arquitetos, que são obras pontuais e que não consideram a cidade em seu conjunto e que em alguns casos desalojam populações para as periferias. Falam até em um tal de “planejamento”, “a cidade precisa ser planejada, não podemos privilegiar o automóvel tão somente”. Dizem obviedades esses arquitetos. Vejam as manifestações de ruas de junho passado: falavam a mesma coisa, só que de uma maneira diferente.

O que diferencia os arquitetos é que, por formação, sabem do que estão falando, afinal saem das faculdades com um diploma de arquiteto e urbanista, e têm orgulho de assinalar sua formação. Sabem que existem inúmeras razões para que a cidade seja planejada.

Muitos destes arquitetos estarão torcendo pela seleção brasileira nesta Copa, com a esperança de que passado o evento se aprofunde a reflexão a respeito das práticas de intervenção nas ci-dades e que se amplie as oportunidades de concursos públicos para obras públicas, pratica tão salutar e democrática que outros países já a praticam há um bom tempo. Não será por falta de arquitetos, principalmente agora, organizados em um conselho próprio.

• HUMBERTO HICKEL Arqui-teto e Urbanista, UNISINOS (1981), especialização em Desenho Urbano pela UFRGS (1986), mestre em Planeja-mento Urbano e Regional pela UFRGS (2003). Aposen-tado como arquiteto pela Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, professor de urbanismo e paisagismo na UNIRITTER (2000 a 2010), vice-presidente do IAB RS por duas gestões, membro do Conselho Estadual IAB RS, atualmente atua como profissional autônomo.

ARQUITETOS E SUAS OBVIEDADES

AFINAL, QUAL OLEGADO DA COPA?

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NOVA CULTURA POLÍTICA E DE GESTÃONo dia 30 de outubro de 2007 a Fifa ratificou o Brasil como país sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Segundo pesquisas de opinião pública, á época, 86% dos brasileiros aprovaram a sua realização.

Dois anos depois, são anunciadas as 12 cidades sede do evento e Porto Alegre estava entre elas. Uma explosão de alegria toma conta das cidades: milhares de pessoas fazem festa na Praça Pampulha em Belo Horizonte; na Avenida Beira-Mar; em Porto Alegre, milhares de gaúchos comemoraram na Redenção. E o presidente Lula afirmou que “no fundo, no fundo, nós estamos aqui assumindo uma responsabilidade enquanto nação. Somos um país que tem muitos problemas, sim, mas somos um país com homens determinados a resolver esses problemas”.

Desde então, um saudável debate instalou-se no país. De um lado, aqueles que justificam o evento pelo legado positivo que deixará ao país. De outro, os que criticam sua realização frente aos nossos enormes problemas sociais. No meio desta peleia, denúncias de superfaturamento em obras, combinadas com as jornadas de junho do ano passado, colaboraram para que o debate chegasse a um impasse.

Como cidadão e vice-prefeito, não me coloco em nenhuma das trincheiras, porque existem bons argumentos e fatos inegáveis nos dois lados. Entretanto, julgo que a escolha de Porto Alegre como cidade sede, nos ofereceu uma oportunidade histórica para transformar muito dos nossos problemas em legado positivo, desamarrando projetos que já contavam mais de uma geração e projetando ainda mais nossa cidade no cenário internacional, com impactos positivos nas áreas econômica, turística e de cooperação descentralizada.

• SEBASTIÃO MELO Atual vice-prefeito de Porto Alegre, foi vereador (2000 a 2012) e presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, advogado pela Uni-sinos (1988), foi presidente do Centro Acadêmico e depois conselheiro estadual da OAB e da Caixa de As-sistência dos Advogados.

Confesso que estava entre aqueles que esperavam uma Porto Alegre totalmente transformada após o Mundial. Mais moderna e preparada para o turismo. O mesmo esperava para o país. Santa Ilusão, Batman. A poucos dias da bola rolar o único legado verdadeiro que vejo por aqui é um Beira-Rio remodelado. Poderia ficar feliz por ser colorado, mas ainda é muito pouco. Até porque há muito por fazer na região.

Quando foi feito o anúncio da Copa do Mundo do Brasil tínhamos um prazo de sete anos para fazer pro-jetos, aprová-los e executá-los. E Porto Alegre fez de conta que faria. Há um documento de julho de 2013 que lista paradas seguras de ônibus, mobiliário urbano, novos leitos hospitalares, melhoria do Morro do Osso, revitalização do Cais Mauá, reforma da Usina do Gasômetro... Se listar tudo que foi prometido não haverá espaço aqui. Não é necessário aprofundar-se sobre o estado em que estão.

As vistosas obras de mobilidade transformaram-se em problema e desafiaram a nossa capacidade de mo-dificar o nosso ambiente urbano de forma ágil e simultânea. A capital fracassou. Porto Alegre seguirá sendo um canteiro durante o evento e o que virá depois só Deus sabe. Como se trata de financiamento ficarão as dívidas e uma série de obras sem prazo para acabar. O prazo original expirou há muito.

Infelizmente a situação de Porto Alegre não é isolada. Para diminuir o mico as prefeituras retiraram da matriz da Copa dezenas de projetos. Neste momento deveríamos já estar vivendo uma nova cidade, mas não é isto que temos. As cidades brasileiras seguirão no seu modelo de individualismo e sem ingressar no século 21.

Confesso que minha expectativa de um maior legado ainda está no Turismo e no efeito positivo que a pas-sagem de turistas estrangeiros por nossas cidades possa ter sobre o brasileiro. Confio na qualidade dos nossos roteiros, mesmo que em muitos estados o nosso receptivo ainda deixe muito a desejar. Ao menos espero que as pessoas saiam falando bem do Brasil. Melhor não repetir a expressão Santa Ilusão... Que o Rio 2016 nos redima.

• ANDRÉ MACHADO 47 anos, jornalista. Atuou por 17 anos na Rádio Gaúcha onde apresenta-va o programa Gaúcha Atualidade. Trabalhou também na TVCom e foi professor da Unisinos. Atualmente é dirigente estadual do PC do B.

O LEGADO DESPERDIÇADO

Inegavelmente, sem a Copa, não disporíamos dos vultosos recursos federais para obras de mobilidade urbana, que não só atualizam a capacidade viária da cidade, mas diversificam os modais de transporte, com os corredores dos BRTs, ciclovias e o futuro metrô.

Da mesma forma, o comércio e os serviços não investiriam tanto em qualificação; não teríamos dois estádios modernos, palcos para o fu-tebol e a cultura; o aeromóvel ainda seria uma pista de testes e o Cais do Porto uma polêmica burocrática. Além disso, mais de 1.500 famílias permaneceriam vivendo em condições subumanas na margem da Av Tronco. Com efeito, estamos diante da maior intervenção urbana, desde os anos 70, com 14 obras que facilitarão a circulação de pessoas, carros, ônibus e bicicletas, com enormes ganhos em qualidade de vida.

Tudo isso é coroado pela transparência. Porto Alegre foi apontada pelo Instituto Ethos como a segunda cidade mais transparente entre as cidades sedes da copa. Com certeza este é o legado mais significativo, porque promove uma nova cultura política e de gestão dos assuntos públicos.

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Nunca passaria pela minha cabeça ver um

campeonato de futebol como algo que

pudesse ser destrutivo. A Copa do Mundo

no Brasil, no entanto, me fez mudar de

ideia: o que era para ser um espetáculo

esportivo se tornou uma política pública - e

um desastre social.

Comecei questionando a avaliação pública

de que a Copa extrapola a esfera privada pela

sua escala. É divulgada a ideia de que, sem

desmandos de políticos, turistas gerarão caos

em aeroportos, hotéis e no sistema de trans-

porte, enquanto gangues preparam ataques

criminosos, sendo um prejuízo enorme para a nossa imagem internacional.

Mas não foi a própria interferência política que selecionou cidades despre-

paradas para os jogos? Quando o Brasil foi escolhido como sede, nenhum

estádio estava de acordo com as exigências da Fifa, mas o governo prometeu

um redirecionamento artificial de recursos públicos para adequar o que fosse

necessário. Ou seja, não foi o caso que o evento privado extrapolou a sua

esfera, mas o setor público que o considerou indispensável para sua política,

influenciando na sua realização.

Mas digamos que o evento estivesse marcado sem interferência política,

com os próprios clubes investindo na melhoria dos seus estádios. Será que

veríamos uma catástrofe? Grandes aglomerações urbanas, sedes de estádios

com tal preparo, são locais ideais para receberem grandes eventos. Metrópoles

são resilientes neste sentido por contarem com relações cruzadas entre uma

variedade de fornecedores e empreendedores. Os hotéis se preparam para o

aumento da demanda ajustando seus preços para lotar sua infraestrutura com

o máximo de eficiência. Proprietários de imóveis se cadastram em sites como

o AirBnB, por onde podem facilmente serem locatários de curta duração. No

entanto, o governo normalmente interfere nesse preparo, como a recente

notícia do combate aos “preços abusivos” dos hotéis no Rio de Janeiro: um

desconto obrigatório aos turistas, gerando insegurança para quem investe

e empreende. O AirBnB também cai na irregularidade já que é comum a

proibição de atividades comerciais em zonas residenciais, além de requerer

a abertura de uma empresa para essas transações, inviabilizando o que era

para ser algo rápido e acessível.

Recentemente, falando sobre a Copa, a presidenta Dilma falou que “é muito

caro fazer transporte coletivo. Se não for parceria, ou se a União não botar

dinheiro, não sai”. Mas seria apenas uma questão financeira ou existem outros

entraves? Operadores de transporte coletivo e taxistas não podem aumentar

o número de veículos nas ruas, criar rotas novas, e muito menos aumentar o

preço de suas tarifas para equilibrar o aumento da demanda durante o evento.

Empreender e inovar no setor de transportes, seja aéreo ou terrestre, é uma

tarefa ora para os insanos ora para os poderosos, tamanha a barreira de en-

CAOS E A CONSTRUÇÃO DE UM LEGADO DE DESTRUIÇÃO

capa Copa 2014

• ANTHONY LING é arquiteto e urbanista pela UFRGS, editor e proprietário do site renderingfreedom.com e autor do projeto do livro Caos Planejado

trada regulatória nestes setores. Pequenos empreendedores de micro-ônibus

são comuns na região da Ásia-Pacífico ou da América Central, mas raramente

são legalizados em cidades brasileiras. Além disso, aplicativos que permitem

o compartilhamento de caronas são proibidos por serem uma ameaça às

corporações de táxi vigentes. Por fim, no tocante ao planejamento da cidade

como um todo, o maior desafio não está no investimento em infraestrutura,

mas sim nas legislações municipais que regulam a forma urbana, a proximidade

dos pontos de atração e a competividade do sistema de transportes.

Assim, depois de direcionar o evento para cidades despreparadas e restrin-

gir sua adaptação natural, surgem as prerrogativas “econômicas”: a Copa do

Mundo seria uma chance para o Estado “liberar” recursos para infraestruturas

importantes, incentivando a economia. Mas as 41 obras de “mobilidade urbana”

somam em torno de R$ 8 bilhões e compreendem em grande parte viadutos -

indutores de tráfego ao prejudicar o pedestre e coletivizar os custos de quem

usa transporte individual - e os BRTs, oo Bus Rapid Transport. A abordagem

busca votos e não resultados já que a população, leiga em transportes, vê

qualquer obra, independente da tecnologia ou do custo, como um benefício

para a mobilidade urbana. Pouco é divulgado, mas o BRT (uma espécie de

metrô de superfície usando ônibus no lugar dos trens) piorou o sistema de

transportes como um todo em casos emblemáticos como Lima e Bogotá,

onde já foi implementado. Um dos motivos foi a eliminação e a proibição de

importantes rotas de ônibus e microôonibus do sistema antigo para gerar

demanda para o BRT. Além disso, a centralização do sistema o torna frágil tanto

à mudanças políticas como à alterações na demanda das rotas, garantidas

para qualquer cidade. Para abordar um sistema complexo e descentralizado

como o trânsito é necessário pensar em soluções que são, também, com-

plexas e descentralizadas, ao invés de simplificadas e centralizadoras como

as nossas obras de mobilidade. Além disso, qualquer sistema que requer a

restrição forçada de seus concorrentes para uma boa operação será, desde

a largada, um fracasso.

Mas a grande “infraestrutura” que o país ganha são estádios de futebol que,

segundo o Instituto Ethos, receberão quase R$ 9 bilhões em recursos públicos.

E qual é a utilidade prevista para muitos destes estádios após o evento? Ne-

nhuma, pois estão em cidades que simplesmente não tem torcidas ou times

para ocupá-los. O “Ninho de Pássaro”, estádio construído em Pequim para as

Olimpíadas de 2008, enfrenta exatamente o mesmo problema, e hoje organiza

cômicos passeios de Segway para desesperadamente gerar qualquer tipo de

retorno. O diretor do comitê organizador da Copa brasileira mostrou falta

de bom-senso quando, ao questionado como evitaria os “elefantes brancos”,

sugeriu utilizar os estádios para festas de casamento. Mais recentemente, a

Arena da Amazônia foi considerada para se tornar um presídio provisório após

o evento, uma improvisação em escala literalmente monumental.

Percebi, assim, que gastar dinheiro não significa gerar riqueza, muito menos

resolver problemas antigos de uma nação. Com a Copa do Mundo, apenas

aumentam-se as justificativas estatais para a centralização de poder e para a

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cobrança de impostos - de onde o governo tira seus recursos - e na verdade não existem impostos “presos” para serem “liberados”. Assim, nossa economia não é “estimulada”, apenas redirecionada para outras finalidades, saindo da esfera das preferências pessoais dos cidadãos passando para decisões gover-namentais a nível federal.

Neste redirecionamento reina a ineficiência e a corrupção, pois uns gastam o dinheiro de outros, com a opção de arrecadar mais caso seja insuficiente: o contrário da lógica do setor privado, com exemplos que não poderiam ser mais claros. Obras como a expansão dos aeroportos de Curitiba e de Salvador, do estádio em Porto Alegre e as obras no porto em Fortaleza praticamente do-braram seu orçamento inicial. O Estádio Mané Garrincha, em Brasília, promete ultrapassar o custo de R$ 2 bilhões: já se foram R$ 1,78 bilhões e acabaram de licitar contratos de mais R$ 350 milhões para obras no seu entorno.

No entanto, a tentativa de produzir um “legado” não tem apenas um custo financeiro, mas também social e de valor inestimável, talvez o maior de todos os prejuízos gerados pela Copa do Mundo. A Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop) em parceria com a ONG Conectas calcula que 250 mil pessoas serão despejadas de suas casas por causa das obras. A grande maioria mora em comunidades informais, com o azar de terem nascido em um terreno em uma área pública ao invés de uma área privada. Este fato por si só elimina seu direito ao usucapião, o título de propriedade da terra por ocupação e uso prolongado, direito que já teria sido adquirido décadas atrás caso a terra não fosse pública. Maioria das comunidades sofrendo com os despejos não são assentamentos recentes, mas verdadeiros bairros que já deveriam ter sido

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As obras viárias focadas na melhoria das condições de circulação dos veículos privados foi alvo de críticas fortes do IAB RS e de diversas entidades de profissionais e da comunidade. Em geral, foram projetos contratados sem licitação ou por regime diferenciado, que não levaram em conta o planejamento urbano integrado e a proteção ambiental, e primaram pela falta de um processo participativo do conjunto da população nas decisões e nas discussões técnicas.

reconhecidos e formalizados muito tempo atrás. A mais antiga delas, do Morro da Providência no Rio de Janeiro, após um século sem receber seus títulos de propriedade nem qualquer tipo de investimento público, hoje recebe de R$ 75 milhões para a construção de um teleférico cuja principal função é a visita de turistas: ao invés de resolver os problemas é gerado um espetáculo para a elite, removendo as pessoas e as casas no caminho.

O documentário “Casas Marcadas” revela que a Secretaria Municipal de Habitação do Rio de Janeiro marcou centenas de casas com códigos para, em seguida, sem negociação ou qualquer contato pessoal, enviar retroescavadeiras para colocá-las abaixo. Propriedades vendidas nestas comunidades, mesmo restritas ao seu mercado informal interno e com construção precária, atingem valores de R$ 100 mil. No entanto, as indenizações públicas aos moradores que perdem suas casas - quando recebem alguma coisa - raramente ultrapassa de R$ 10 mil, uma escala de valor dez vezes menor. Não só isso, já são centenas as denúncias de violência e coerção da polícia aos moradores que desafiaram aqueles que tentaram tirá-los, mas sem sucesso. Agora imagine esta cena se repetindo, com poucas variações, por todas as cidades que se preparam para a realização da Copa do Mundo. Ao serem literalmente removidas, de noite para o dia, sem alternativa de moradia, se agrava a situação já assustadora de desigualdade e exclusão social que o país se encontra.

O governo brasileiro interferiu na Copa do Mundo para evitar um cenário caótico e para construir um “legado” para a sociedade. O resultado que se vê até o momento é o contrário do que se prometeu: caos e a construção de um legado de destruição.

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Apita o árbitro. Começa a Copa do Mundo. Estamos todos torcendo para o Brasil, para que jogue bem e que ganhe a Copa. Estamos torcendo, mas não queremos ganhar de qualquer jeito, não queremos depender apenas da sorte ou da ajuda do juiz, do corpo mole dos adversários ou de mudanças de regras no meio do jogo... Futebol é assim: ganhar de 1x0 jogando bem e fazendo um gol de placa é muito diferente de ganhar de 1x0 com gol de canela, impedido, com as calças na mão e a torcida vaiando... Entretanto, o fato de nosso time não jogar bem, nunca foi motivo para trocar de time. Pelo contrário, é motivo para participar mais, exigir mais empenho e dedicação dos diri-gentes, treinador e jogadores, ir para o campo apoiar o time para que ele se recupere e não siga perdendo. Ambas vitórias valem os 3 pontos, mas será que é só isto que está em jogo nesta Copa?

Metaforicamente, esta é exatamente a nossa posição - como profissionais e como entidade - com relação à Copa do Mundo no Brasil e ao seu dito legado. Com a aproximação dos jogos parece haver uma exigência para que todos - pessoas e entidades - se posicionem “contra” ou “a favor” da Copa. Esta simplificação esconde a verdadeira discus-são que exige uma postura mais inteligente e construtiva. É claro que, enquanto brasileiros, somos a favor da Copa do Mundo no Brasil. Por outro lado, também é fato que o IAB e os arquitetos e urbanistas não podem estar a favor de todas as indecências que estão sendo feitas, em nome da Copa, pela Fifa e por alguns governos e empresas.

Nas sociedades capitalistas e globalizadas, a realização dos grandes eventos é uma convergência de oportunida-des econômicas que favorecem a concentração de investimentos financeiros para a realização de uma grande quan-tidade de obras sobre um mesmo território em um período de tempo relativamente curto. Este fenômeno é bastante criticado, mas também pode produzir efeitos benéficos para a cidade e sua população, dependendo de como são determinados e controlados os seus processos. Obviamente, se o interesse público está, na hierarquia de decisões, acima dos interesses privados a probabilidade de bons resultados é muito maior. Por exemplo, os novos estádios construídos para a Copa são obras maravilhosas, uma goleada de arquitetura de qualidade, mas consolidam uma bola na trave que é a elitização dos estádios a partir da “shoppinização” e do aumento dos preços dos ingressos que tem excluído o povão das arquibancadas. E tem também, muito gol contra: superfaturamento de obras, promis-cuidade nos financiamentos públicos, falta de contrapartidas urbanas para os entornos dos estádios, remoções de população para obras viárias exageradas que, invariavelmente, seguem privilegiando o automóvel privado...

FOI A COPA QUE TROUXE ESTAS “NOVIDADES”?

Neste sentido, propomos uma reflexão: estas indecências que estão sendo feitas em nome da Copa são novidades ou apenas estamos assistindo uma concentração e potencialização do modo de fazer impregnado em nossa cultura política e econômica? No Brasil, os superfaturamentos são uma prática corrente nas grandes obras de engenharia e infraestrutura ou apenas agora, na Copa, está sendo assim? A Copa é que está impondo a prioridade para as faraônicas obras viárias sobre os direitos à moradia e sobre as áreas verdes? Alguma vez em nossa história construir e melhorar escolas e hospitais foi realmente uma prioridade sobre as obras de asfalto e viadutos?

Raras vezes o poder público no Brasil tem conseguido atuar em nome do interesse comum e da maioria da po-pulação. Em geral, os interesses de grupos econômicos poderosos se apropriam das esferas públicas administrativas para colocá-las ao seu serviço, fenômeno conhecido como “privatização do Estado”. Porque na Copa seria diferente?

TORCENDO PELO

capa Copa 2014

BRASIL

POR DIRETORIA IAB RS

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“Esperamos que o verdadeiro legado da Copa seja o aprendizado sobre a importância do planejamento e dos bons projetos públicos urbanos e arquitetônicos.”

Fora de campo foi um “Maracanazo”, perdemos muitas oportunidades e precisamos tirar lições destes erros. Em campo, que ganhe o melhor para que a vitória seja justa e merecida.

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PÊNALTI!

Em nosso entendimento, a Copa apenas está escancarando a forma como tratamos nossas cidades e as obras públicas: descaso com o planejamento; cultura do impro-viso e do jeitinho; burocracia absurda; obras contratadas sem projeto completo, mal detalhadas e orçadas; falta de concursos públicos; irresponsabilidade dos adminis-tradores; falta de participação da população... Enfim, o “modo de fazer” das obras da Copa não nos oferece grandes novidades como legado.

Os jogadores ainda nem entraram em campo e o espetáculo que estamos assistindo é uma oportunidade na qual o Brasil não jogou nada bem. Está claro que repetimos erros históricos e já conhecidos. Agora nos resta torcer e, se o Brasil não for campeão, pelo menos que o campeão seja o time que jogar melhor, mostrar mais qualidade em campo, encantar pela eficiência e beleza de seu jogo. Como se diz “que vença o me-lhor”. De qualquer maneira, o futuro campeão do mundo de futebol não depende de nós e da nossa vontade e não podemos influir nem um pouco neste resultado.

Por outro lado, de nada adianta ficarmos apenas torcendo pelas cidades brasileiras, precisamos entrar em campo porque este jogo está sendo jogado e estamos perdendo de goleada. Estamos na terceira divisão deste campeonato e o resultado disto não é apenas uma tristeza momentânea pela derrota de nosso time, é muito mais grave, porque afeta diariamente nossa qualidade de vida. Se temos a pretensão de um dia sermos campeões, teremos que escolher muito melhor nossos cartolas e treinadores, fazer com que as regras do jogo sejam cumpridas por todos e, certamente, entrar em campo e alterar a tática de jogo completamente.

QUAL O LEGADO, AFINAL?

Nossa responsabilidade, enquanto profissionais e como entidade, é aproveitar a Copa para tentar fazer com que seu verdadeiro legado seja um ensinamento para nós e para toda a população. Este ensinamento passa principalmente por esclarecer à todos a importância do planejamento e dos bons projetos públicos urbanos e arquitetônicos.

Na nossa posição, de arquitetos e urbanistas do IAB, é isto que estamos pro-curando fazer quando criamos o Conselho de Arquitetura e Urbanismo; quando lutamos por mais Concursos Públicos para obras públicas; quando defendemos projetos completos detalhados nas licitações públicas; quando exigimos transpa-rência e participação; quando promovemos a dimensão cultural da arquitetura na sociedade; quando criamos uma lei que garante às famílias de baixa renda o acesso ao trabalho do arquiteto; quando insistimos que o planejamento e um bom projeto é o melhor caminho para a verdadeira solução de um problema e para a construção de uma cidade mais justa e sustentável.

Que o legado desta Copa seja a lição de que sem planejamento e sem bons pro-jetos não há solução para nossas cidades. Esta é a posição dos arquitetos e urbanis-tas, estamos em campo para qualificar as cidades e seguimos torcendo pelo Brasil.

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O arquiteto uruguaio e ex-prefeito de Montevidéu conta sua trajetória marcada pela luta por sociedades mais igualitárias e cultas

O arquiteto uruguaio e ex-prefeito de Montevidéu conta sua trajetória marcada pela luta por sociedades mais igualitárias e cultas

entrevistaPOR VICKY FURTADO

MarianoARANA

O arquiteto Mariano Arana nasceu em Montevidéu, no Uruguai, em 1933. Graduou-se em arquitetura pela Facultad de Arquitectura de Montevideo, em 1961, da qual é Professor Emérito desde 2001. Além de se destacar como professor universitário, arquiteto vinculado à habitação social e historiador da arquitetura, Mariano Arana exerceu diversos mandatos políticos, dentre os quais o de Presidente da Comisión de Patrimonio Histórico, Artístico y Cultural de la Nación (1985-1989), Senador da República (1990-2004 e 2008-2010), Ministro da Habitação, Ordenamento Territorial e Meio Ambiente (2005-2008) e Prefeito de Montevidéu por dois mandatos (1994-2005), quando coordenou o exitoso plano de requalificação do centro histórico da capital uruguaia, que imediatamente tornou-se referência internacional. Recebeu em 1999 a Medalha de Ouro da Federación Panamericana de Asociaciones de Arquitectos (FPAA) e é Professor Honoris Causa da Università di Ferrara, Itália (2003) e da Universidad de la República Oriental del Uruguay (2008).

O arquiteto Mariano Arana nasceu em Montevidéu, no Uruguai, em 1933. Graduou-se em arquitetura pela Facultad de Arquitectura de Montevideo, em 1961, da qual é Professor Emérito desde 2001. Além de se destacar como professor universitário, arquiteto vinculado à habitação social e historiador da arquitetura, Mariano Arana exerceu diversos mandatos políticos, dentre os quais o de Presidente da Comisión de Patrimonio Histórico, Artístico y Cultural de la Nación (1985-1989), Senador da República (1990-2004 e 2008-2010), Ministro da Habitação, Ordenamento Territorial e Meio Ambiente (2005-2008) e Prefeito de Montevidéu por dois mandatos (1994-2005), quando coordenou o exitoso plano de requalificação do centro histórico da capital uruguaia, que imediatamente tornou-se referência internacional. Recebeu em 1999 a Medalha de Ouro da Federación Panamericana de Asociaciones de Arquitectos (FPAA) e é Professor Honoris Causa da Università di Ferrara, Itália (2003) e da Universidad de la República Oriental del Uruguay (2008).

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Por que o senhor escolheu ser arquiteto?Escolhi ser arquiteto pelos passeios que, desde criança e junto com meu irmão, meu pai organi-zava pela “Ciudad Vieja” e pelo centro de Monte-vidéu, nos fazendo conhecer alguns edifícios em-blemáticos do século XIX. Para mim, um arquiteto é um organizador do espaço a serviço das pessoas. Meu primeiro trabalho foi aos 29 anos, quando projetei uma casa para uma família de amigos.

Comente alguma passagem ou projeto que marcou sua carreira.O que marcou minha carreira foi trabalhar, desde 1970, no Centro Cooperativista Uruguaio projetan-do tipologias de casas e dirigindo a construção de conjuntos habitacionais realizados por “Ayuda Mu-tua”. Além disso, tive profissionais como inspiração e referência, tais como Corbusier entre os pioneiros; Giancarlo de Carlo y Ralph Erskine, entre os euro-peus; Rogelio Salmona, entre os latino-americanos; e Julio Vilamajó, entre os uruguaios.

Como um arquiteto virou prefeito?Mais que uma decisão de índole pessoal, penso que foram as circunstâncias que me levaram a isto. Em particular a multiplicidade de aberrações levadas a cabo pela ditadura uruguaia (1973-1984) contra os direitos humanos essenciais, contra a cultura e o patrimônio arquitetônico e urbanístico. Tudo isso me induziu a liderar um movimento na defesa destes va-lores que alcançou uma enorme repercussão pública. Após isso, com o retorno à normalidade democrática, a força política a qual pertenço (Frente Ampla) ficou motivada e cogitou meu nome para ser candidato à “Intendencia” de Montevidéu, eleição a qual venci.

Torre das homenagens do mítico Estádio Centenário (J. A. Scasso, em Montevideo, 1930) palco da primeira Copa do Mundo de Futebol.

Torre das homenagens do mítico Estádio Centenário (J. A. Scasso, em Montevideo, 1930) palco da primeira Copa do Mundo de Futebol.

“Para mim, um arquiteto é um organizador do espaço a serviço

das pessoas”

Mariano Arana participou de dois eventos no Brasil em 2013, Q+50 e Arquimemória. Entrevistado em fevereiro, forneceu as imagens para ilustrar estas páginas com obras dos principais arquitetos uruguaios.

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Faz diferença ter um arquiteto como prefeito?Não tenho dúvidas que a formação de arquiteto, treinado para a rea-lização de projetos de arquitetura e planejamento territorial, constitui uma característica que traz grande vantagem no enfrentamento das complexas tarefas de uma administração municipal.

Em sua opinião, é possível aos “bem inten-cionados” fazer política? Ou a nossa cultura latino-americana, em relação à política, acaba vencendo as boas intenções?Tenho certeza que isto é possível, ainda que se deva estar muito alerta para não cair no perigo do afrouxamento ou na resignação das tarefas assumidas.

Atualmente, quais são os grandes desafios das cidades para arquitetos e administradores? Habitação, mobilidade, planejamento, cons-trução de áreas verdes, espaços públicos? Qual o senhor destacaria como o desafio principal?Todos esses aspectos são absolutamente indis-sociáveis. Gosto de salientar um em particular de grande relevância: um “habitat” adequado, capaz de assegurar um razoável equilíbrio sócio territorial e espaços de convivência e integração, projetados com sensibilidade estética para a totalidade da cidadania, sem discriminação alguma. Este seria um dos meus principais objetivos.

“Embora pareça um pouco ingênuo, eu acho que a arquitetura tem não

apenas responsabilidades, mas, além disso, possui

as oportunidades de contribuir para gerar

espaços de convivência e, consequentemente, estímulos

individuais e coletivos”

Como foi a sua participação no Q+50 SP e o como o senhor vê esses intercâmbios de ideias?Destaco, em primeiro lugar, que sempre é estimulante assistir a múltiplos e variados eventos convocados no Brasil e, em particular, aqueles realizados no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre e Pelotas, em especial. Não somente para conhecer os colegas brasileiros e convidados de outros países, mas, fundamentalmente, para trocar experiências e aprofundar - através do diálogo e da reflexão - temas--chaves para a nossa disciplina. Sigo acreditando que estes encontros nos permitem avançar para atender com a maior eficácia algumas das graves deficiências que persistem em nossos países. Como exemplo, acredito que a experiência das cooperativas habitacionais uruguaias serviu de estímulo para algumas iniciativas de sucesso na melhoria das condições de vida nas favelas brasileiras, havendo sido motivo de estudos em outros países do continente e também na Europa, além de fundamentais para o grupo de profissionais mais comprometidos com este tema na região.

Qual sua opinião sobre a arquitetura brasileira do período moderno? A arquitetura brasileira do período “moderno” que logrou uma desta-cável ressonância mundial, desde os anos 50, apresenta uma grande diversidade e uma certa dispersão geográfica. É bom registrar que

não apenas as emblemáticas figuras de Lucio Costa, Niemeyer ou Burle Marx são de grande relevância nacional e internacional, outros muitos, com preocupações e orientações coincidentes ou contrastantes, dão um panorama de enorme sig-nificado. Menciono entre estes - mesmo que sob risco de discutíveis preferências e injustas omis-sões - Alfonso Reidy, Rino Levi, Vilanova Artigas, os irmãos Roberto e, mais tarde, personalidades como Mendes da Rocha, Maximiliano Fayet, Joa-quim Guedes, Sérgio Magalhães, Severiano Porto, Carlos Bratke, João Filgueiras (o Lelé).

E a arquitetura contemporânea?Já em relação à arquitetura “contemporânea” bra-sileira, espero que me desculpem por sustentar que tal como sucede na maior parte da América do Sul, e em boa parte do mundo atual, a produ-ção predominantemente oscila entre o desborde de caprichosos formalismos e uma impiedosa

mediocridade, induzida ou imposta pelo mercado imobiliário. As honrosas exceções felizmente também existem. E me desculpo por mencionar tão somente a produção de um talentoso amigo pessoal, nascido e formado no Uruguai ainda que residente há 40 anos em São Paulo: Hector “Tito” Vigliecca.

Acima o Edifício Centenário (De los Campos, Puente e Tournier, em Montevideo, 1930). À direita o Palácio da “Tribuna Popu-lar” (J. Aubriot e R. Valabrega, em Montevideo, 1929/1933), obras pioneiras do modernismo uruguaio.

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abaixo, à esquerda Conjunto de edificações do “Complexo Bulevar” (R. Bascans, T. Sprechman, H. Vigliecca e A. Villaamil, em Montevi-deo 1971/1974), obra singular realizadas pelas cooperativas de habitação. Um dos autores, o arquiteto Hector Vigliecca, vive e trabalha em São Paulo há muitos anos. • Pátio da Faculdade de Arquitetura da Universidade da República do Uruguai (R. Fresne-do Siri e M. Muccinelli, em Montevideo, 1938/1946). Siri também é o autor das tribunas do Hipódromo do Cristal, em Porto Alegre, que comprova o intenso intercâmbio dos arquitetos uruguaios com o Rio Grande do Sul, na metade do século passado.

Conte sobre a formação do arquiteto no Uruguai e comente, por favor, como está atualmente o mercado de trabalho no país.No geral, eu penso que a formação de arquitetos no Uruguai tem mantido um bom nível, principalmente na Faculdade de Arquitetura da Universidade da República, depois desta ter aumentado o número de seus mestrados e doutorados. Nos últimos anos, o mercado de trabalho tem sido dinamizado, embora isso não se traduza, necessariamente, em qualidade de projeto elevada. Além disso, valorizo muito as tradicionais “Viagens de Estudo” que têm sido realizados anualmente a cerca de 60 anos. Nas últimas décadas, o número de alunos e a extensão dos per-cursos aumentaram e o financiamento é conseguido através de sorteios com prêmios muito atraentes. Importante ressaltar que esses grupos de estudantes e recém-formados arquitetos vão acompanhados por professores nomeados pelo Conselho da Faculdade, e contam com pla-nejamento prévio para que tenham um melhor aproveitamento cultural.

Quais são os grandes arquitetos uruguaios?E hoje, as novas gerações?Entre os arquitetos nascidos e formados no Uruguai, eu não tenho nenhuma dúvida de colocar em primeiro lugar Julio Vilamajó, que veio a conhecer Niemeyer como um membro da equipe que executou o projeto da sede das Nações Unidas em Nova York. Entre os colegas uruguaios de notável trajetória, cito também Carlos Surraco, Juan A. Scasso, Carlos Gómez Gavazzo, Rafael Lorente Escudero, Juan Au-briot, Román Fresnedo Siri (que ganhou o concurso para as tribunas do Hipódromo de Porto Alegre) e as equipes constituídas por De los Campos, Puente y Tournier, a Ruano y Vázquez Barrière, a Arbeleche y Canale. E também os arquitetos de gerações mais recentes: Mario Payssé, Justino Serralta, Juan Carlos Vanini, Mario Spallanzani, Carlos Ott, Conrado Pintos, Tomás Sprechman, Rafael Lorente Mourelle, Nelson Inda e Fernando Giordano.

acima, à esquerda O arquiteto Julio Vilamajó, considerado por Arana o mais importante do Uruguai, participou da equipe in-ternacional que desenvolveu o projeto do edificio das Nações Unidas. Na foto com Oscar Niemeyer, entre outros. • Faculda-de de Engenharia da Universidade da República do Uruguai (J. Vilamajó, em Montevideo, 1936/1953). De autoria de Julio Vilamajó, o pioneiro da arquitetura moderna uruguaia.

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A Torre das Telecomunicações (E. Baruzze, C. Ott y L. Rocca, em Montevi-deo, 1997/2003) é o ícone uruguaio da arquitetura contemporânea globa-lizada. • Sede do Banco da Previdência Social (M. Payssé e W. Chappe, em Montevideo, 1957/1975) vencedora de concurso público. • “Viviendas Loop” (G. Gómez Platero, V. Lorieto, C. Pintos y L. Santellán, em Canelones, 2011)

entrevista

O senhor considera os concursos públicosimportantes para a arquitetura?Em relação aos concursos públicos, compartilho totalmente a atitude da Sociedade de Arquitetos do Uruguai que promoveu, desde sua criação em 1914, os concursos como uma forma de encontrar as soluções mais acertadas, em cada caso, mas também como uma forma de dar oportunidades para jovens profissionais apresentarem o seu talento.

O senhor conhece a arquitetura dos novos estádios brasileiros reformados para a Copa do Mundo? Se sim, o que está achando dos projetos e resultados?Mesmo que eu tenha pouco conhecimento dos novos estádios reformados para a Copa do Mundo, eu acredito que um evento como esse é uma excelente oportunida-de para que o Brasil dê a conhecer internacionalmente suas enormes potencialidades e que isto possa gerar um incremento de recursos capaz de financiar uma boa porcentagem de programas de política social.

Quem vai ganhar a copa do Brasil? O Uruguai vai aprontar outra vez? Para que time o senhor torce? Não tenho a menor ideia de qual país vai ganhar a Copa do Mundo e eu não acho que o Uruguai tenha a força necessária para obtê-la. Pessoalmente, eu sou “hincha” do Nacional, mas não me considero fanático.

• 1971: Coordenador de Habitação no Centro Cooperativista do Uruguai e membro da equipe interdisciplinar do CCU para a elaboração e gerenciamento de projetos de habitação para Montevidéu e interior do país.

• 1985: Presidente da Comissão de Pa-trimônio Histórico, Artístico e Cultural do Ministério de Educação e Cultura

• 1994: Se elege prefeito de Montevidéu pela Frente Ampla

• 1996: Recebe a “Orden Nacional al Mérito de la República Francesa”

Fonte: www.facartes.unal.edu.co

CONHEÇA ALGUNS FATOS MARCANTES NA VIDA DO ARQUITETO

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“Os Concursos são a forma de encontrar

as soluções mais acertadas, mas também

a forma de dar oportunidades para jovens profissionais apresentarem o seu

talento.”

Complexo “Barrio Norte” (M. Arana, J. Couriel, A. Gravina e M. Spallanzani, em Maldonado, 1980/1985) exemplo emblemático da importante experiên-cia uruguaia em habitação social.

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E as recentes polêmicas sobre Aborto e Ma-conha no Uruguai? Como o senhor enxerga o governo do Uruguai que tem sido constante-mente notícia internacional? Alguma opinião formada em relação aos assuntos?Efetivamente, foi grande a repercussão internacional de algumas das medidas implantadas pelos gover-nos de esquerda no Uruguai. Em particular, no que diz respeito à descriminalização da venda regulada de maconha e a interrupção voluntária da gravidez, acredito que possam ser feitas em certas circunstân-cias, assim como tudo que garante o matrimônio igualitário. Tais iniciativas eu considero marcos significativos na conquista dos direitos de cidadania.

Na sua visão, o que o futuro reservapara a arquitetura e para as cidades?Meu maior desejo seria chegar a conhecer, em nosso mundo, sociedades mais igualitárias, cultas, fraternas e coesas. Embora pareça um pouco ingênuo, eu acho que a arquitetura tem não ape-nas responsabilidades, mas, além disso, possui as oportunidades de contribuir para gerar espaços de convivência e, consequentemente, estímulos individuais e coletivos. Como um octogenário, te-nho alguns poucos planos, ainda que, para minha surpresa e satisfação, muita atividade.

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cau/rs

Foi no “apagar das luzes” de seu segundo mandato, mais precisamente no dia 30 de dezembro de 2010, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 12.378, regulamentando o exercício da Arquitetura e Urbanismo e criando o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura dos Estados e do Distrito Federal – CAU/UF.

A luta dos arquitetos e urbanistas pelo reconheci-mento das atribuições da classe desenvolveu-se por cerca de cinquenta longos anos e no decorrer desse período, diversas propostas foram desenvolvidas, sempre com a finalidade de buscar um conselho próprio que viesse a representar efetivamente nossa profissão. Muitas idas e vindas aconteceram, algumas propostas chegaram a tramitar pelo Congresso Nacional, até chegarmos ao momento descrito no início desse texto.

Todas as dificuldades que um conselho multipro-fissional apresenta no que se refere a interpretar com correção a identidade de cada uma das profissões envolvidas, foram sendo mapeadas, como estraté-gias de convencimento de nossos colegas, tanto os arquitetos e urbanistas como os de profissões afins, de modo que, quando ocorresse a almejada separação, todos fossem capazes de compreender e aceitar essas razões.

Infelizmente os fatos não ocorreram exatamente assim, tendo havido, na transição, situações ines-

UM CONSELHO PRÓPRIOPARA TODOS OS ARQUITETOS E URBANISTASRoberto Py Gomes da Silveira • Presidente do CAU/RS

peradas e indesejadas. O fato é que, uma visão corajosa e decidida, desenvolvida já nos momentos que antecederam a posse do presidente do CAU/BR, permitiu que o Conselho de Arquitetura e Urbanismo iniciasse suas atividades imediatamente após a posse do arquiteto e urbanista Haroldo Pinheiro Villar de Queiróz como presidente do Conselho Federal.

Os conselheiros federais desta primeira legisla-tura, liderados pelo presidente Haroldo, ficarão na história da arquitetura e urbanismo do Brasil como os heróis desta epopeia que foram os primeiros meses do CAU.

Destacamos na primeira frase deste texto o “apa-gar das luzes” do governo Lula, com a finalidade de

valorizar a imagem do “Monumento aos Açorianos”, de autoria do consagrado escultor Carlos Tenius, que o CAU/RS divulga na última capa desta revista, na qual há o registro da intensa luz do sol visualizada através das figuras que formam esta obra de arte. É como uma “luz” se elevando com o conjunto escultórico e que, em nosso imaginário, pode repre-sentar o CAU, elevando a imagem da Arquitetura e Urbanismo do nosso Rio Grande.

Um conselho próprio e independente é a emancipação dos arquitetos e urbanistas através da retomada de suas atribuições e de seu relevante papel no desenvolvimento da sociedade brasileira. Um gesto simbólico, de simplicidade notável, como a comemoração do Dia do Arquiteto e Urbanista, em 15 de dezembro – data de nascimento de Oscar Niemeyer – demonstra a independência, o resgate da identidade e a grandeza que a Arquitetura e o Urbanismo possuem no Brasil.

Como parte de um plano desenvolvido para divulgar e aproximar Conselho e profissionais, além de avaliar formas de aperfeiçoar as relações, o CAU/RS realizou, desde junho de 2012, 23 edições do programa “Conhecendo o CAU/RS”, percorrendo cidades do nosso Estado, realizando reuniões com os profissionais, visitando Prefeituras e meios de co-municação locais. Nestes eventos, além dos debates com profissionais, são realizadas coletas de dados para a obtenção das carteiras profissionais daqueles que ainda não a possuem, bem como coleta inicial de dados dos formandos, para o recebimento de um cartão de egresso, que é entregue aos novos

O primeiro Fórum realizado pelas entidades do CAU/RS (IAB RS, SAERGS, AsBEA e AAI) no dia 7 de fevereiro de 2013, em Santa Maria/RS.

Programa Conhecendo o CAU/RS em Erechim, realizado no dia 6 de dezembro de 2012.

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profissionais nas cerimônias de colação de grau junto de uma carta de boas vindas, que servirá de base para a elaboração da carteira definitiva.

Com dois anos de atuação, o CAU/RS inaugurou sua sede própria em localização privilegiada na capi-tal gaúcha, tendo sido o primeiro Conselho no Brasil a adquirir propriedade para a implantação de sua sede. A negociação foi efetivada em meados do ano de 2013, através de uma política de gestão centrada em atitudes que pudessem servir de exemplo para as futuras administrações de nosso Conselho. Assim, esta aquisição foi considerada marcante para carac-terizar o empenho de nosso Conselho em criar uma imagem de dedicação ao trabalho e de realizações. Por ocasião do ato de inauguração da sede, tive a oportunidade de declarar que “Neste segundo ano de existência do CAU/RS constatamos, com grande satisfação, que os arquitetos e urbanistas gaúchos trabalham muito. O resultado desse trabalho pode ser visto, em sua plenitude, aqui, na sede própria”.

É necessário lembrar que, no dia da posse do Conselho, realizada no final de 2012, foi assinado termo de comodato entre a Sociedade de Enge-nharia e o CAU/RS, possibilitando a utilização de três pavimentos do prédio daquela associação como sede temporária do CAU e destacamos aqui a importância e o significado deste gesto, inicialmente

por parte do presidente da Sociedade de Engenharia na época, arquiteto e urbanista Sérgio Zimmermann e logo após, na sucessão, pelo engenheiro Hilário Pires. O gesto fraternal e de grande compreensão pelo momento em que nossa profissão vivia foi essencial para manter, no mais elevado grau, as relações entre engenheiro e arquitetos, num período em que problemas decorrentes de uma transição bastante polêmica, dificultavam muito as primeiras ações do CAU/RS.

Também é importante salientar que, nos primeiros meses, enquanto providenciava a mudança para a Sociedade de Engenharia, o CAU instalou-se na sede do SAERGS. Onde aconteceram momentos muito especiais, quando iniciamos um processo de seleção dos primeiros colaboradores, contratados em caráter temporário, para auxiliar na construção do novo Conselho. Registramos aqui nosso agra-decimento ao então presidente Cícero Alvarez e a toda a diretoria do Sindicato por esse apoio, pelo seu desprendimento considerando as dificuldades para a própria gestão sindical, pelo pouco espaço disponível em sua sede.

Na sequência, apresentamos tópicos de ações do CAU/RS desenvolvidas ao longo destes quase dois anos e meio de intenso trabalho, no entanto, não poderia encerrar este meu depoimento sem fazer

referência a duas questões que considero essenciais, nesse momento comentar.

A primeira diz respeito à constituição de nosso Conselho, pois fomos o único Estado do Brasil onde quatro chapas concorreram à primeira eleição para a constituição dos Plenários Estaduais e dos Con-selheiros Federais e as quatro chapas conseguiram eleger conselheiros, mesmo em caráter minoritário. O Conselho é constituído por 21 Conselheiros, sendo 12 do interior do Estado e 09 da capital.

Além de uma Sessão Plenária Ordinária mensal, o trabalho das nossas Comissões tem sido exemplar. Parabenizo aqui a todos os colegas, titulares e seus suplentes, pelos êxitos que temos tido nesta missão sagrada de construir um Conselho que possa res-ponder à sociedade sempre que acionado em temas de nossas responsabilidades.

E, finalmente, algumas palavras sobre a parti-cipação do CAU/RS no ressurgimento da Revista Espaço, dizer de nossa grande satisfação em poder participar de forma expressiva do renascimento da primeira edição desta Velha-Nova Revista.

Foi uma publicação surgida em 1948, quando um grupo de estudantes de Arquitetura do Instituto de Belas Artes, daqui de Porto Alegre, criou uma versão gaúcha da Revista Anteprojeto, instituída na Faculdade Nacional de Arquitetura do Rio de Janeiro, em 1945. A Revista Espaço teve diversas versões e momentos de paralizações e reerguimentos, sempre defendendo a ideia da necessidade de uma nova arquitetura.

A revista foi uma das responsáveis pela vinda de Oscar Niemeyer, a Porto Alegre, como paraninfo da primeira turma do hoje extinto Curso de Urbanismo. Foi também partícipe do início da luta pela criação de uma Faculdade de Arquitetura autônoma, uma vez que à época existiam dois cursos na Universidade, um o do Instituto de Belas Artes e outro vinculado à Escola de Engenharia. De certa forma, sua vida de combates tem muito a ver com a própria e exitosa, embora demorada, campanha pela criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo no Brasil.

De qualquer modo, com este constante renascer, ela hoje vem com a força deste passado e, espera-mos todos, para ficar.

Saúdo por tudo isto ao ressurgimento da Revista, que deverá se constituir em um importante elo de contato do IAB RS, das demais entidades e do CAU/RS com todos os arquitetos e urbanistas do Rio Grande do Sul.

Finalizo ressaltando que a mesma figura que procurei fixar no início destas linhas, e que salientou o significado do “Monumento aos Açorianos” com o CAU, pode perfeitamente ser entendida também como válido à nossa Revista Espaço, ou seja, levando ao alto e iluminando as relações com todos nossos colegas gaúchos.

Parabéns, pois, à Revista Espaço e ao IAB RS.

Roberto Py e o presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, durante a inauguração da placa comemorativa da sede própria do CAU/RS no dia 16 de dezembro de 2013.

Plenária do CAU/RS.

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Arquitetura com sotaque gaúcho

Foi a partir de uma proposta global, do Parque Gigante e do Estádio Gigante da Beira-Rio que o Hype Studio - escritório de arquitetura de Porto Alegre, dos arquitetos na época recém formados pela UFRGS Fernando Balvedi, Gabriel Garcia e Mauricio Santos - convenceu a diretoria do Sport Clube Internacional a modernizar o estádio e seu entorno paisagístico. Havia sido assistindo a um jogo no Estádio Beira-Rio que o arquiteto recém-formado e torcedor colorado Fernando Balvedi, a partir de uma conversa informal com o conselheiro Roberto Leitão dos Santos, foi desafiado a candidatar-se a apresentar um projeto para a modernização do estádio do seu time, mesmo que as primeiras conversas tratassem da cobertura, o grupo decidiu por uma proposta global.

Foi a partir de uma proposta global, do Parque Gigante e do Estádio Gigante da Beira-Rio que o Hype Studio - escritório de arquitetura de Porto Alegre, dos arquitetos na época recém formados pela UFRGS Fernando Balvedi, Gabriel Garcia e Mauricio Santos - convenceu a diretoria do Sport Clube Internacional a modernizar o estádio e seu entorno paisagístico. Havia sido assistindo a um jogo no Estádio Beira-Rio que o arquiteto recém-formado e torcedor colorado Fernando Balvedi, a partir de uma conversa informal com o conselheiro Roberto Leitão dos Santos, foi desafiado a candidatar-se a apresentar um projeto para a modernização do estádio do seu time, mesmo que as primeiras conversas tratassem da cobertura, o grupo decidiu por uma proposta global.

Estádio Beira-Rio

projeto&obra Beira-Rio

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FOTOS ARQUIVO HYPE STUDIOFOTOS ARQUIVO HYPE STUDIO

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projeto&obra Beira-Rio

INSERÇÃO URBANA OU INTERVENÇÃO PONTUAL?

Historicamente o Estádio Beira-Rio efetivamente encontrava-se na beira do rio, justificando seu nome. O Estádio da Beira-Rio, da Porto Alegre da poesia de Veríssimo, da “Rua da Praia que não tem praia” também é a do Beira-Rio que não tem rio e da beira do rio que não é rio, ou é, não porque se mudou, mas porque o que se mudou foi o rio. O Projeto de modernização do Estádio Beira-Rio envolveu não somente a cobertura como proposto e sim uma proposta global, e que trata do entorno do estádio.

Sua relação com o entorno desde seu surgimento mudou e a nova relação deve ser questionada globalmente, dentro de um contexto global, o contexto da Orla do Guaíba. O projeto, seu programa de necessidades (ver box) assim como as demais intervenções contemporâneas da Orla, como por exemplo a Fundação Iberê Camargo, atua como uma intervenção pontual no contexto da Orla do Guaíba. Nestes exemplos fica clara a importância do planejamento urbano e a ausência do mesmo no caso da Orla do Guaíba. A inexistência de um projeto global que oriente as intervenções pontuais faz com que a definição do programa de necessidades e a tomada de decisões de cada projeto em específico seja tratado como uma exceção. Um pro-jeto global somente traria qualidade e evitaria as exceções nas intervenções pontuais.

PROGRAMA DE NECESSIDADES PREVISTO PELO PROJETO GERAL DE MODERNIZAÇÃO DO ESTÁDIO BEIRA-RIO• a demolição da arquibancada inferior e sua reconstrução (maior e mais próxima do campo, rebaixado em um metro)• a construção de lojas e espaços comerciais no corpo do estádio• um novo museu• restaurantes • um anel inteiro de suítes entre a inferior e a superior • áreas vip e lounges novos, entre outros itens desenvolvidos para deixar o Beira-Rio completamente renovado, confortável e seguro• cobertura do estádio

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TECNOLOGIA E FABRICAÇÃO LOCAL

A estrutura metálica da cobertura do estádio, de 4,5 mil toneladas em forma de concha - fincada no solo, fora do estádio, e formando sobre o gramado uma abertura ovalada na qual estão fixados os refletores.

A hipótese inicial era cobrir com a estrutura com PVC, o mesmo material usado na cobertura do Teatro Araújo Viana, material que tem garantia de cinco anos. A decisão, neste caso, foi buscar uma material esteticamente similar porém mais durável, encon-trou-se o PTFE, misto de teflon e fibra de vidro, material até então inédito na América do Sul (hoje há fábricas no Brasil) que tem garantia de 30 anos, neste caso fornecido pela empresa alemã Hightex.

A solução importou tecnologia quando a matéria prima local não respondeu com a mesma qualidade que a concorrência estrangeira. Entretanto, grande parte desta obra é local. A busca por fornecedores locais e soluções locais é importante estratégia no sen-tido de promover a sustentabilidade e a inserção social. A estrutura metálica da cobertu-ra, que tem grande expressão e complexidade no projeto, também é de fabricação local, foi executada pela Sulmeta, de Nova Bassano. Reforça o sócio da Hype Studio Fernando Balvedi, em entrevista à Espaço “O ponto mais impactante sempre foi a cobertura, e é justamente aqui que a nossa intenção foi contemplada pela técnica. A cobertura é uma estrutura de vanguarda, com uma geometria muito complexa. Bem no início, tinha pessoas que diziam que no Brasil não teria empresa de estrutura metálica que pudesse fabricar essa estrutura. Não só isso, foi feito como foi feito, aqui no Rio Grande”.

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FICHA TÉCNICA - MODERNIZAÇÃO DO ESTÁDIO DO BEIRA-RIO

• Projeto: Hype Studio (Porto Alegre)

• Cálculo da estrutura metálica: Charles Simon (Porto Alegre)

• Ensaio de resistência a ventos: Laboratório de Aerodinâmica das Construções (LAC) - UFRGS

• Fornecimento da estrutura metálica: Sulmeta (Nova Bassano)

• Fornecimento da membrana PTFE: Hightex (Tailândia)

• Projeto executivo: Santini & Rocha (Porto Alegre)

• Gerenciamento da obra: Geplan (Curitiba)

• Demolição inicial: Construtora Tedesco (Porto Alegre)

• Construção: Andrade Gutierrez (Belo Horizonte)

Em 2007, o Solar do IAB RS foi local da primeira apre-sentação aberta ao público do projeto do novo Beira Rio, nas atividades do Ciclo Projeto e Obra.

JOVENS ARQUITETOS E ARQUITETURA DE QUALIDADE

Uma obra do porte do Beira-Rio requer a compatibilização e o desenvolvimento de seus projetos complementares. A complexidade de projetos e da gerência de obra fez necessária a contratação do escritório Santini & Rocha para o desenvolvi-mento dos projetos e da Arquiteta Diana Oliveira, encarregada da interlocução entre a equipe de execução e o cliente.

O projeto e a obra foram um exemplo de aposta em profis-sionais jovens e locais. Esta aposta revela a alta qualidade da arquitetura do Rio Grande do Sul, com expoentes jovens. Se-gundo o ranking das universidades do MEC-INEP, o Rio Grande do Sul conta hoje com Faculdades de Arquitetura e Urbanismo que estão entre as melhores do Brasil, a obra do Beira-Rio comprova estas estatísticas como um exemplo de arquitetura de qualidade feita por arquitetos gaúchos e recém formados.

Neste sentido, fica clara a presença de um enorme potencial para a produção de arquitetura de qualidade, frisada através do exemplo atual da obra do Beira-Rio, de autoria de jovens arquitetos locais, recém formados. Fato que é capaz de der-rubar argumentos como por exemplo a exigência do título de “notório saber” em processos licitatórios, num contexto onde arquitetos jovens estão, segundo os critérios de avaliação do Ministério de Educação e Ciltura, entre os melhores do Brasil. A intervenção no Beira-Rio é evidência de que o Rio Grande do Sul tem um grande potencial para ser lugar de produção de arquitetura de qualidade.

O Rio Grande do Sul tem arquiteturos e urbanistas de quali-dade. Para ter arquitetura de qualidade, deve ter planejamento urbano, necessita o pano de fundo onde a arquitetura possa se consagrar. Enquanto os agentes públicos continuarem confun-dindo planejamento com obra e as intervenções pontuais não forem obras completas não teremos arquitetura realizada com qualidade, não teremos cidade, apenas intervenções pontuais.

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Reforma contemporânea de alta qualidade

PROJETO CRIADO PELO IAB RS PRETENDE DESTACAR PROFISSIONAISDO ESTADO E PROMOVER A DIVULGAÇÃO E DEBATES SOBRE ARQUITETURA

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OFICINA DE PLANTAS - PELOTAS/RSAutor: Arq. Otávio RiemkeColaborador: Arq. Pedro Osório

Uma obra rápida, de baixo custo e que permitisse o funciona-mento do estabelecimento o maior tempo possível. Esses eram os requisitos para o projeto de reforma da Oficina de Plantas, localizada em um entroncamento movimentado no centro de Pelotas. A ideia era simples: criar uma casca de concreto que envolvesse a estrutura já existente permitindo o funciona-mento do espaço original ao longo do período da reforma. A estrutura pré-existente foi transformada em um opaco cubo de madeira com a função de resguardar as áreas de armazena-gem e manejo das plantas, escondendo também o acesso de serviço, bem como o medidor de energia e hidrômetro. Acima do cubo, com o piso igualmente em madeira, instalou-se o escritório com vista para a Avenida Bento Gonçalves. A casca de concreto e o cubo de madeira não se tocam, tendo simples-mente vedação em vidros duplos e proteção solar com cortinas horizontais. Um painel metálico abriga os compressores do sistema de refrigeração do edifício, uma vez que a ventilação natural foi dispensada em virtude do excessivo ruído da via.

Além da solução construtiva, o partido arquitetônico buscava reconstituir o quarteirão original bem como o gabarito da edi-ficação, característicos da zona central de Pelotas. A qualidade na reforma e o projeto altamente contemporâneo destacam-se no cenário geral perante as construções já existentes e mais antigas ao entorno.

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O Instituto dos Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio Grande do Sul (IAB RS) elaborou um Edital em sua gestão de 2012/2013 para criar um processo de seleção de projetos e obras de arquitetura e urbanismo para integrarem sua programação cultural, enfatizando a valorização e divulgação da arquitetura gaúcha. O objetivo geral do Edital é selecionar trabalhos - projetos e obras - realizados nos últimos cinco anos por arquitetos gaúchos ou radicados no Estado, para a sua apresentação pública em 10 datas reservadas no Projeto intitulado “Quarta no IAB”.

Atualmente, mesmo com as diversas redes sociais e possibilidades de publicações via internet, ainda é muito rasa e insuficiente a divulgação da produção de arquitetura no RS. É necessário criar cada vez mais espaços para discutir o tema, trocar informações, apresentar trabalhos, promover debates e novas ideias. O IAB RS busca justamente esta integração e socialização de trabalhos, como apoia o crescimento de canais de inter-câmbios de experiências entre profissionais, algo que só irá enriquecer a arquitetura e colaborar com a sua extensão para além dos escritórios.

Em 2013, foram 21 projetos apresentados. A seleção foi realizada pelos arquitetos Rogério Malinsky, Hilton Fagundes e André Huyer. As ins-crições para este ano estão abertas.

ARQUITETO E URBANISTA,PARTICIPE DO EDITAL DOCICLO PROJETO & OBRA 2014 Inscrições abertas para a sele-ção de trabalhos e apresentação na “Quarta no IAB”, em 10 datas selecionadas em 2014. Veja o edital em: www.iabrs.org.br

ARQUITETO E URBANISTA,PARTICIPE DO EDITAL DOCICLO PROJETO & OBRA 2014 Inscrições abertas para a sele-ção de trabalhos e apresentação na “Quarta no IAB”, em 10 datas selecionadas em 2014. Veja o edital em: www.iabrs.org.br

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Boa inserção urbana e plasticidade em TorresFORTE DA PRAINHA - TORRES/RSAutores: Arqs. Alberto Torres, Audrey Bello Ramos e André Jost MafraColaboradores: Arqs. Adriano Rossetto, Alessandra Azevedo, Cíntia Rothen e Lisiane Rodrigues

O projeto localiza-se na praia de Torres, Rio Grande do Sul, em um terreno de esquina com 4.532m² construídos. O prédio possui quatro pavimentos, com elevador, e é for-mado ao todo por 20 apartamentos. No úl-timo pavimento, os apartamentos possuem uma cobertura com terraço descoberto.

O partido adotado constitui-se de dois blocos arquitetônicos formando a esquina e marcando o acesso. A proposta foi utilizar ao máximo o potencial construtivo do ter-reno, valorizando a ampla e bela vista para o mar. Para atender a estes dois quesitos, criou-se um pátio de lazer interno, um espaço que interliga todas as circulações dos pavimentos e sacadas de vidro voltadas para a paisagem, que, ao mesmo tempo, estão em contraponto ao paredão cego, favorecem a convivência.

A construção é composta da seguinte maneira: no subsolo, garagem e reservató-rios. No pavimento térreo, acesso ao prédio residencial, portaria, piscina, deck com churrasqueira e dois apartamentos de 3 dormitórios , um de 1 dormitório e três de 2 dormitórios. Já o segundo pavimento abriga um apartamento de 3 dormitórios e seis de 2 dormitórios. Por fim, o terceiro andar con-ta com dois apartamentos duplex, sendo um de 3 dormitórios e seis de 2 dormitórios.

O projeto recebeu o Prêmio AsBEA 2010, em São Paulo.

TORRES & BELLO ARQUITETOS ASSOCIADOS • www.torresebello.com.br

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Trata-se de uma habitação de caráter popular, construída na ci-dade de Campo Bom-RS e finan-ciada pelo programa Minha Casa Minha Vida. Teve como objetivo atender um jovem casal, sem filhos. Conceitua-se como um espaço conformado por 4 planos - 2 horizontais [base e cobertura] e 2 verticais [empenas laterais]. Os planos se multiplicam, tanto na composição formal, quanto na concepção dos espaços inte-riores. São alvenarias rebocadas ou em concreto aparente [aces-so a residência], ou painéis de madeira [esquadrias e divisória interna] que combinados com os demais elementos configuram o partido do projeto.

Para atender um baixo custo de construção, foram utilizadas soluções como utilização de laje impermeabilizada, sem estrutura de madeira e cobertura com telhas; divisória interna executada em MDF melamínico - não necessitando infraestrutura e reduzindo em 15% o custo da obra convencional.

O problema de projeto era criar uma residência que atendesse a demanda de um espaço flexível, podendo estar reservado o espaço privado [dormitório] num uso social e integrado num momento familiar. Construída em quatro meses, com uma área de 51m², a obra teve um custo total de 50 mil reais.

Projeto criativo e econômicoCASA PLANOS (MCMV) - CAMPO BOM/RSAutores: Arqs. Maria Rita Soares e Leonardo GiovenardiAUX ATELIÊ DE PROJETOS • www.auxatelie.arq.br

39espaço

DEMAIS ESCRITÓRIOS EPROJETOS SELECIONADOS NO EDITAL E APRESENTADOSNO IAB RS EM 2013:

• 4D ARQUITETURAFábrica Bortolini Móveis

• HYPE STUDIO ARQUITETURAModernização do Estádio Beira-Rio

• IDEIA1 ARQUITETURASede da CanoasPrev

• SALVATI PORTAL ARQUITETOSResidencial Sangiacomo

• SOUZA&CAMPELOEdifício Residencial Imperador

• VINICIUS RIBEIROE CRISTIAN MOZPepsi Club

• GABRIELA MOSCHETTAE RENATA FONTANELIEscola Infantil Comunitária da Vila São Judas Tadeu

• 3C ARQUITETURA E URBANISMOPlano Diretor do ParqueTecnológico Itaipu

• SUSTENTATIVAEdifício Sede FATMA/FAPESC

• N2AAnexo II UFCSPA

• BRASIL RODRIGUES ARQUITETOSCasa MMVB

• STUDIO PRUDENCIOSEBRAE-MG

• ARQUITETURA NACIONALFernando Abbott 866

• STUDIO PARALELOSede Inspetoria CREA-PB

• ALBERTO BRIZOLARACasa Nasser

• ILLANES JAQUETResidencial Costão da Vigia

• CANTERGIANI + KUNZEEdifício Península

Page 40: Espaço IAB RS 01

concursos de projetosprojeto&obraPOR VICKY FURTADOPOR VICKY FURTADO

40 espaço

INAUGURADA SEDE DO CREA/PB, CONCURSO VENCIDO POR ESCRITÓRIO DE PORTO ALEGRE

ESTAÇÃO ANTÁRTICA

COMANDANTE FERRAZ

ANO: 2013PROMOTOR: Marinha do Brasil ORGANIZADOR: IAB Direção NacionalVENCEDOR: Estúdio 41Autores: Fábio Henrique FariaEmerson Jose Vidigal, Eron Costin e João Gabriel de Moura Rosa Cordeiro (Curitiba)

ANO: 2010 Concurso. Inaugurado em 2012 • PROMOTOR: CREA/PB • ORGANIZADOR: IAB PB • VENCEDOR: MAPA (MAAM + Studioparalelo) • Autores: Luciano Andrades, Matías Carballal, Rochelle Castro, Andrés Gobba, Mauricio López, Silvio Machado, Álvaro Méndes

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Em certos lugares do planeta a natureza por vezes cria condi-ções adversas para o corpo humano. Nestes locais, pensar um edifício é quase como construir uma vestimenta, um artefato que protege e conforta. Trata-se de um problema de desem-penho tecnológico, mas que deve estar aliado à estética. Fazer o ser humano sentir-se bem é mais que trabalhar as noções de conforto e segurança, é também trabalhar os espaços nas suas dimensões simbólicas e perceptivas. Fonte: ARCHDAILY

O concurso da Estação Antártica Comandante Ferraz derrubou mais um mito sobre Concursos Públicos de projetos de arqui-tetura, o mito de que é um “processo demorado”. Menos de 10 meses foi suficiente para o IAB organizar e realizar o concurso, a Marinha contratar os vencedores e estes realizarem os projetos executivos. Veja o cronograma realizado:

22/01/2013 - Lançamento do concurso pelo Ministério da Marinha

15/04/2013 - Anúncio do resultado

26/06/2013 - Contratação dos vencedores

09/10/2013 - Entrega dos Projetos Executivos para iniciar a licitação de obra

JOVENS ARQUITETOS GAÚCHOS GANHAM CONCURSO PARA A NOVA BIBLIOTECA DO DIREITO DA USP

ANO: 2013 • PROMOTOR: Fundação Arcadas Entidade de Apoio à faculdade de Direito - USP • ORGANIZADOR: IAB SP • VENCEDOR: Camila da Rocha Thiesen • Colaboradores: Angélica Magrini Rigo, Cássio Sauer, Diogo Valls, Elisa Martins, Jaqueline Lessa e Lucas Gonçalves Valli (Porto Alegre)

Page 41: Espaço IAB RS 01

PAVILHÃO DO BRASIL NA EXPO MILÃO 2015

ANO: 2014 • PROMOTOR: Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) • ORGANIZADOR: IAB DF • VENCEDOR: Arthur Casas • Co-Autores: Co-Autores: Alessandra Mattar, Alexandra Kayat, Eduardo Mikowski, Gabriel Ranieri, Nara Telles, Pedro Ribeiro, Raul Cano (São Paulo)

O território proposto como sítio de implantação do com-plexo de edifícios do Sistema Fecomércio-RS, insere-se num contexto geográfico em que o espaço modificado pelo ser humano encontra o ambiente natural.

Trata-se de uma região limítrofe da malha urbana, onde o município de Porto Alegre encontra com sua região me-tropolitana.Partindo dessa realidade, a presente proposta coloca-se como um modo de interpretar essa relação en-tre o meio ambiente e a cidade, entre natureza e artifício.

Partindo do princípio de que os artefatos criados pelo homem transformam a paisagem; construindo ou destruindo os objetos presentes no espaço; entende-se a possibilidade de transformar a região onde se insere o conjunto edificado, criando lugares em que os artifícios produzidos pelo homem - os edifícios - se constituam numa extensão da natureza, estabelecendo assim uma re-lação amigável entre as edificações e os espaços abertos.

De fato, uma intervenção do porte do Sistema Fecomércio tem o poder de renovar, induzir e qualificar seu entorno imediato. Entendendo a força dessa ideia, propõe-se que boa parte dos espaços projetados possa ser utilizada, além dos usuários e colaboradores, pela comunidade local. Fonte: memorial do autor

Esta proposta se destacou especialmente por apresentar originalidade e coerência entre os projetos de arquitetura e expografia, concebidos como um todo coeso e indissociável, segundo um conceito denso e original. Trata-se de um pavilhão adequado às Exposições Universais por ser mar-cante, convidativo e enfrentar um tema sob uma perspectiva inovadora.

O projeto possui, ainda, plantas e fluxos bem resolvidos em torno de dois eixos expositivos bem definidos e complementares: “imersão” e “con-teúdo”. Os elementos de destaque da composição, o invólucro vazada em grelha metálica, que define o percurso da imersão, cumpre a dupla função de caracterizar o Pavilhão e recepcionar o visitante que transita ao longo do Decumanus. Fonte: ARCHDAILY

APROVADOS PROJETOS

DA NOVA SEDE DO

SISTEMA FECOMÉRCIO-RS

ANO: 2011 • PROMOTOR: Sistema Fecomercio-RS, Sesc e Senac • ORGANIZADOR: IAB RS • VENCEDOR: Emerson José Vidigal - V A Arquitetura • Co-Autores: Eron Danilo Costin, Fabio Henrique Faria, João Gabriel de M. R. Cordeiro (Curitiba)

Page 42: Espaço IAB RS 01

Prêmio IAB RS José Albano VolkmerPrêmio IAB RS José Albano Volkmerprojeto&obraprojeto&obra

2 3

4

ZIPOA - Um zípper no tecido urbano, uma nova porta para a cidadeOrientadora: Profa. Maria Isabel Marroco Milanez • Semestre: 2012/[email protected]

ZIPOA - Um zípper no tecido urbano, uma nova porta para a cidadeOrientadora: Profa. Maria Isabel Marroco Milanez • Semestre: 2012/[email protected]

Núcleo Cultural e Comercial CanelenseOrientadora: Profa. Vera Mascarello • Semestre: 2012/[email protected]

4 JEAN PAULO DA ROSA

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Revitalização do Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul Orientador: Prof. Milton R. Keller • Semestre: 2012/[email protected]

2 MARCELO ASSMANN

Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

1 JÂNERSON FIGUEIRA COELHO

Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitterCentro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter

Polo Guaspari de Moda - Retrofit Edifício GuaspariOrientador: Prof. Luis Carlos Macchi • Semestre: 2012/[email protected]

3 ALESSANDRA BONOTTO HOFFMANN PAIM

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

42 espaço

O Prêmio IAB RS tem por objetivo destacar o melhor traba-lho de conclusão de cada turma de formandos de cada Fa-culdade de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul.

O saudoso professor e ex-presidente do Instituto, José Albano Volkmer (1942/2007), recebeu a homenagem de ter seu nome permanentemente vinculado à este prêmio devido à sua paixão pela docência e pela arquitetura, reconhecido por todos como um notável professor e grande incentivador dos estudantes.

Desde sua primeira edição, em 1999, já foram mais de 150 trabalhos premiados destacando a qualidade da produção acadêmica do estado e divulgando os jovens talentos da arquitetura gaúcha. Nesta primeira edição de revista desta-camos 4 trabalhos de colegas que se formaram no segundo semestre de 2012.

O Prêmio IAB RS tem por objetivo destacar o melhor traba-lho de conclusão de cada turma de formandos de cada Fa-culdade de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul.

O saudoso professor e ex-presidente do Instituto, José Albano Volkmer (1942/2007), recebeu a homenagem de ter seu nome permanentemente vinculado à este prêmio devido à sua paixão pela docência e pela arquitetura, reconhecido por todos como um notável professor e grande incentivador dos estudantes.

Desde sua primeira edição, em 1999, já foram mais de 150 trabalhos premiados destacando a qualidade da produção acadêmica do estado e divulgando os jovens talentos da arquitetura gaúcha. Nesta primeira edição de revista desta-camos 4 trabalhos de colegas que se formaram no segundo semestre de 2012.

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Page 45: Espaço IAB RS 01

especial bienal SP

OS DIVERSOS MODOS DE FAZER E USAR A CIDADEA Bienal de Arquitetura de São Paulo, chegou à décima edição em 2013, com o tema “Cidade: Modos de Fazer, Modos de Usar”, instalou-se em locais francamente urbanos, espalhados em rede. Refletindo sobre a cidade contemporânea, a bienal incorporou a dimensão urbana na própria estrutura espacial. Assim, ao mesmo tempo em que visitou a exposição, o público teve a experiência viva da cidade de São Paulo. O evento com curadoria de Guilherme Wisnik, Ana Luiza Nobre e Ligia Nobre ocupou, de 12 de outubro a 1º de dezembro de 2013,diversos espaços culturais na cidade, com um tema que chama atenção para o debate sobre o espaço público e a mobilidade urbana.

A escolha dos locais que compuseram a rede seguiram dois crité-rios básicos: a qualidade dos espaços na relação entre arquitetura e uso e sua acessibilidade por meio da articulação ao sistema de trans-porte de massa da cidade. Assim, foi possível visitar toda a X Bienal a partir de um conjunto multimodal que tem o metrô como espinha dorsal. “Esta edição da Bienal de Arquitetura propõe uma discussão de extrema relevância, ao abordar as múltiplas possibilidades de pensar e construir a cidade contemporânea, e nelas registrar o neces-sário espaço para o fazer cultural”, destacou Marcelo Mattos Araujo, Secretário de Estado da Cultura de São Paulo, durante o evento.

MODOS DE AGIR

O Centro Cultural São Paulo foi a base principal da Rede Bienal, com o conjunto maior de pesquisas e exposições especialmente produzidas para o evento. “Fazer” e “usar” a cidade parecia ser, até pouco tempo atrás, um par dicotômico, que aludia, de um lado, às forças políticas e econômicas que constroem a cidade junto ao

A Bienal de Arquitetura de São Paulo, chegou à décima edição em 2013, com o tema “Cidade: Modos de Fazer, Modos de Usar”, instalou-se em locais francamente urbanos, espalhados em rede. Refletindo sobre a cidade contemporânea, a bienal incorporou a dimensão urbana na própria estrutura espacial. Assim, ao mesmo tempo em que visitou a exposição, o público teve a experiência viva da cidade de São Paulo. O evento com curadoria de Guilherme Wisnik, Ana Luiza Nobre e Ligia Nobre ocupou, de 12 de outubro a 1º de dezembro de 2013,diversos espaços culturais na cidade, com um tema que chama atenção para o debate sobre o espaço público e a mobilidade urbana.

A escolha dos locais que compuseram a rede seguiram dois crité-rios básicos: a qualidade dos espaços na relação entre arquitetura e uso e sua acessibilidade por meio da articulação ao sistema de trans-porte de massa da cidade. Assim, foi possível visitar toda a X Bienal a partir de um conjunto multimodal que tem o metrô como espinha dorsal. “Esta edição da Bienal de Arquitetura propõe uma discussão de extrema relevância, ao abordar as múltiplas possibilidades de pensar e construir a cidade contemporânea, e nelas registrar o neces-sário espaço para o fazer cultural”, destacou Marcelo Mattos Araujo, Secretário de Estado da Cultura de São Paulo, durante o evento.

MODOS DE AGIR

O Centro Cultural São Paulo foi a base principal da Rede Bienal, com o conjunto maior de pesquisas e exposições especialmente produzidas para o evento. “Fazer” e “usar” a cidade parecia ser, até pouco tempo atrás, um par dicotômico, que aludia, de um lado, às forças políticas e econômicas que constroem a cidade junto ao

POR LUIZ GONZAGA LOPESPOR LUIZ GONZAGA LOPES

4545espaçoespaço

desenho do arquiteto e, de outro, ao uso dos espaços urbanos pela população. Hoje, no entanto, está claro que esses polos não se se-param, pois usar é fazer e vice-versa, e a sociedade não dará conta da complexidade crescente das cidades sem arquitetar seus fazeres e usos de maneira equilibrada. “A oportunidade de sediar atividades deste evento nos alegra, sobretudo, pelo tema escolhida para esta edição, que vai ao encontro com o momento que a cidade vivencia atualmente, que é de autocrítica e de busca de novas soluções para antigos e também novos problemas cotidianos.” disse Juca Ferreira, Secretário Municipal de Cultura de São Paulo.

Uma das mostras mais impactantes da X Bienal foi Brasil: O Espetáculo do Crescimento, sediada no Centro Cultural Banco do Brasil. A mostra com fotografias e vídeos foi resultado de pesquisa realizada a partir de uma viagem de 20 dias feita pelos pesquisa-dores Carolina Sacconi e André Godinho e o fotógrafo Tuca Vieira às regiões que mais cresceram economicamente nos últimos dez anos, no Norte e Nordeste do país. Esse crescimento foi obtido por meio de atividades econômicas locais (basicamente mineração e agronegócio) e por grandes obras infraestruturais do governo federal (transposição do Rio São Francisco, usina hidrelétrica de Belo Monte, Mina de Carajás, Ferrovia Transnordestina, Porto de Suape, programa Minha Casa Minha Vida). As cidades visitadas foram: Salgueiro, Santa Cruz do Capibaribe, Cabo de Santo Agostinho, Marabá, Parauapebas e Altamira. Em entrevistas sobre a mostra, o fotógrafo Tuca Vieira - que havia percorrido cidades do Nordeste como fotojornalista da Folha de São Paulo, há uma década, acom-panhando as viagens do presidente Lula em inauguração de obras ¬- disse que o sertão se desglamurizou, que virou cópia da cópia de outras cidades. “Melhoraram os problemas dos brasileiros; antes, a busca era por subsistência, agora é por planejamento urbano, por mais e melhores espaços públicos.”

desenho do arquiteto e, de outro, ao uso dos espaços urbanos pela população. Hoje, no entanto, está claro que esses polos não se se-param, pois usar é fazer e vice-versa, e a sociedade não dará conta da complexidade crescente das cidades sem arquitetar seus fazeres e usos de maneira equilibrada. “A oportunidade de sediar atividades deste evento nos alegra, sobretudo, pelo tema escolhida para esta edição, que vai ao encontro com o momento que a cidade vivencia atualmente, que é de autocrítica e de busca de novas soluções para antigos e também novos problemas cotidianos.” disse Juca Ferreira, Secretário Municipal de Cultura de São Paulo.

Uma das mostras mais impactantes da X Bienal foi Brasil: O Espetáculo do Crescimento, sediada no Centro Cultural Banco do Brasil. A mostra com fotografias e vídeos foi resultado de pesquisa realizada a partir de uma viagem de 20 dias feita pelos pesquisa-dores Carolina Sacconi e André Godinho e o fotógrafo Tuca Vieira às regiões que mais cresceram economicamente nos últimos dez anos, no Norte e Nordeste do país. Esse crescimento foi obtido por meio de atividades econômicas locais (basicamente mineração e agronegócio) e por grandes obras infraestruturais do governo federal (transposição do Rio São Francisco, usina hidrelétrica de Belo Monte, Mina de Carajás, Ferrovia Transnordestina, Porto de Suape, programa Minha Casa Minha Vida). As cidades visitadas foram: Salgueiro, Santa Cruz do Capibaribe, Cabo de Santo Agostinho, Marabá, Parauapebas e Altamira. Em entrevistas sobre a mostra, o fotógrafo Tuca Vieira - que havia percorrido cidades do Nordeste como fotojornalista da Folha de São Paulo, há uma década, acom-panhando as viagens do presidente Lula em inauguração de obras ¬- disse que o sertão se desglamurizou, que virou cópia da cópia de outras cidades. “Melhoraram os problemas dos brasileiros; antes, a busca era por subsistência, agora é por planejamento urbano, por mais e melhores espaços públicos.”

Ant Farm, Cadillac Ranch

Page 46: Espaço IAB RS 01

CULTURA AUTOMOBILÍSTICA

Os carros e a cultura automobilística nas grandes cidades é

tema que foi abordado em duas mostras. Carrópolis tratou

das transformações sofridas pelas cidades - em especial

São Paulo - a partir do momento em que o carro se tor-

nou protagonista. Se, no início, o automóvel surgiu como

promessa de felicidade, moldando o novo imaginário ur-

bano a partir das experiências de Los Angeles e Las Vegas,

ele foi se tornando o grande vilão, criando cicatrizes viárias

em meio ao tecido histórico das cidades e puxando seu

crescimento horizontal em direção aos subúrbios. Hoje, a

consciência sobre o direito à mobilidade como garantia de

cidadania pede a revisão urgente do modelo rodoviarista

de crescimento urbano, francamente adotado pelas cida-

des brasileiras. Já a mostra Detroit: Ponto Morto? retratou

o declínio da cidade americana de Detroit, que foi sede

da indústria automobilística mundial, como símbolo do

colapso deste modelo urbano. Com a ruína da cidade,

proliferam atividades colaborativas ligadas à agricultura

de subsistência.

País que mais cresce dos pontos de vista econômico

e urbano, a China continua a apresentar fenômenos

intrigantes no cenário atual. De um lado, cidades como

Shenzhen, cujos parques temáticos clonam as imagens

de vários lugares, e de outro Ordos Kangbashi, construída

para 1 milhão de habitantes mas ainda praticamente va-

zia. Se Detroit é a “cidade fantasma” do passado, Ordos é

seu equivalente no futuro. Estes temas estiveram presen-

tes em exposições como “China: O Mundo Renderizado”,

realizada no Centro Cultural São Paulo.

O local também abrigou a RioNow, que abordou as

transformações urbanas em curso no Rio de Janeiro em

função de grandes eventos, como a Copa do Mundo e

1 Eduardo Longo, Casa Bola 1969 /arquivo Eduardo Longo) • 2 Ordos, a cidade fantasma da China / Valentina Tong • 3 Vista aérea da cidade de Los Angeles / Iwan Baan • 4 Praça das Artes, Nelson Kon

1 2

3 4

Page 47: Espaço IAB RS 01

47espaço

as Olimpíadas. Como já ocorreu em cidades como Barce-lona e Berlim, esse processo tem mobilizado arquitetos e investidores de várias gerações e latitudes, que apostam em diferentes modelos de parcerias com empresas, instituições e corporações nacionais e transnacionais de poder econômico e político para viabilizar novos projetos e negócios. A questão primordial desta mostra foi sobre quais seriam as opções que têm sido apresentadas para o modelo altamente predatório que domina as grandes cidades hoje. No que tange ao Rio de Janeiro, “O Rio do Futuro de Sergio Bernardes” abordou com um rico material iconográfico, que se relacionou com o Rio de Janeiro de hoje e de amanhã, apresentado na exposição RioNow, recupera o legado visionário do arquiteto cario-ca Sergio Bernardes, com um projeto urbano abrangente para o Rio de Janeiro do ano 2000, publicado na revista Manchete em 1965.

Exposição Modos de Fluir - Praça Victor Civita / Divulgação

No eixo Modos de Usar do Centro Cultural São Paulo, outras mostras se destacaram, como “Espaço Público e Ativismo”, com registros (fotos, vídeos, cartazes, faixas) das ondas de protestos das ruas de várias cidades do mundo, incluindo material do “Occupy Wall Street”, de Nova York, e das manifestações recentes no Brasil, desencadeadas pelo Movimento Passe Livre, com discussões de novas formas de atividades políticas, que encontram no espaço público a sua esfera primordial de ação; e também “Revisitando os Grandes Conjuntos”, que combina projetos habitacionais na França, com fotografias e imagens de cartões-postais dos conjuntos residenciais modernos na periferia de Paris e fotos de sua demolição; e “O Copan que Não se Vê”, sobre uma rede excessiva de relações e histórias no edifício mais francamente metropolitano de São Paulo.

Page 48: Espaço IAB RS 01

especial bienal SP

Michigan Theater, série Detroit, 2008-2009 • Fazendas Urbanas Detroit, 2013

MODOS DE ATRAVESSAR

Considerada o epicentro conceitual da X Bienal de Arquitetura de São Paulo, a mostra Modos de Atravessar que foi sediada no Museu de Arte de São Paulo - MASP - relacionou a produção de importantes artistas e arquitetos brasileiros na virada dos anos 1960 para os 1970, em torno da promulgação do AI-5. São eles: Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha, Lina Bo Bardi, Hélio Oiticica e Cildo Meireles. O tema foram os constantes atravessamentos entre as esferas pública e privada no Brasil, na forma de casas pensadas como espaços urba-nos e instalações artísticas ambientais em lugar público concebidas para ser usadas de modo subjetivo e doméstico. Os elementos do asfalto e da praia, presentes nos diversos trabalhos, encarnam a imagem metafórica das duas principais áreas coletivas no Brasil: a rua e a praia.

MODOS DE HABITAR

O Museu da Casa Brasileira integrou o sistema expositivo conectado por meio do transporte público, com programação que promoveu o debate sobre os modos de habitar. Da Casa Bola, do arquiteto Eduardo Longo, à luta da comunidade indígena Emanuel Guarani Kaiowá pelo direito à moradia, o Museu apresentou cinco mostras que buscaram refletir sobre a habitação em diferentes contextos re-lacionados aos desafios territoriais, sociais e políticos da metrópole contemporânea. Estiveram em exposição, ainda, a Casa Moriyama, de Ryue Nishizawa, o Projeto Estadual “Casa Paulista” e o Programa Federal “Minha Casa, Minha Vida”.

A Casa-Bola é, quem sabe, a mais contundente experiência arquitetônica da contracultura no Brasil. A obra foi criada por Edu-ardo Longo entre 1974 e 1979 como protótipo de uma unidade de habitação industrializada, imaginada como módulo de hipotéticos edifícios de apartamentos. A cápsula esférica materializou uma mudança radical na carreira do arquiteto: ela é fruto da autocrítica de Longo, que, no rescaldo de maio de 1968, passou a reprovar o modo de vida corrente, levantando bandeiras contra o consumo excessivo e o desperdício de recursos na construção civil - temas atuais não apenas para a arquitetura, mas também para toda a sociedade. Outsider à época, Longo tinha em sua viagem particular paralelos com autores estrangeiros, como Buckminster Fuller, Yona Friedman e os metabolistas japoneses.

Mais do que um projeto acabado ou um exemplo-síntese da rica trajetória de Longo, a casa-bola é um processo, ininterrupto e inacabado, de mais de 40 anos de trabalho, onde foi possível ob-servar sua investigação em busca de uma visão urbanística e eco-lógica particular, simultaneamente aos resquícios da primeira parte

de sua trajetória, cuja casa-escritório era um exemplar interessante. Eduardo Longo foi apresentado na figura de narrador em primeira pessoa, utilizando sua voz, sua emoção e seu acervo para relatar esse processo em que obra e autor são indissociáveis.

Quando lançado pelo governo federal, em março de 2009, o programa Minha Casa Minha Vida tinha como meta a construção de 1 milhão de unidades habitacionais para famílias com renda de até dez salários mínimos. Gerido pelo Ministério das Cidades e operacionalizado pela Caixa Econômica Federal, o programa foi apresentado como modelo inédito de política habitacional e justifi-cado com base em dois argumentos: a necessidade de redução do déficit habitacional brasileiro, concentrado nas regiões metropoli-tanas, e o combate à crise econômica internacional, por meio do estímulo à indústria de construção civil. Na Bienal de São Paulo, foi mostrado o conjunto de projetos e pesquisas recentes desenvolvi-das por arquitetos que discutem o “Programa Minha Casa, Minha Vida”, propondo alternativas para a implantação do programa em terrenos marcadamente urbanos. As propostas apresentadas foram de João Filgueiras Lima (Lelé), Luiz Carlos Toledo, Jorge Mario Jáuregui, Hector Vigliecca e alunos de pós-graduação da escola de arquitetura da ETH- Zurique.

O conjunto de propostas reunidas na mostra Minha Casa, Minha Vida foi um instantâneo deste momento. Mais do que um ou outro projeto, mostra a disposição de arquitetos do Brasil para lidar com o desafio atual de projetar habitação social de qualidade no país, em descompasso com uma política habitacional e urbana que repete gravemente os erros de outros tempos enfrentando apenas parcialmente o problema da habitação e do direito à cidade.

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Page 49: Espaço IAB RS 01

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MUITOS MODOS

Os modos de negociar, colaborar, fluir, encontrar e ver, bem como seminários, palestras, oficinas, percursos e visitas foram pensados e buscados pela curadoria e pela organização do evento pelo IAB SP, na gestão do presidente José Armênio de Brito Cruz. Os Modos de Negociar trouxeram o registro da história do High Line em Nova York e uma apresentação de projetos artísticos sobre o Minhocão em São Paulo, na Associação Parque Minhocão. Os Modos de Colaborar foram compostos de rede internacional de coletivos de arquitetos, urbanistas e artistas, estúdios de arquitetura e design, escolas e universidades que adotam posturas colaborativas, visando a transformar e melhorar sua cidade, realizados no Sesc Pompeia.

Na Praça Victor Civita, a temática Modos de Fluir foi um núcleo dedicado aos projetos de infraestrutura urbana que tratam da questão das águas. A relação de uma cidade com seus recursos hídricos é sempre central para seu planejamento, pela proximidade com o mar, por ser cruzada por rios e outros cursos de água ou mesmo pelas mais básicas questões de abastecimento. Foram apresentadas praças, parques e até cidades inteiras que trazem em seus desenhos um indissociável liame entre desenho urbano, paisagem e infraestrutura.

No projeto Encontros, os modos de encontrar no Metrô Paraíso reuniram ações e percursos ex-ploratórios de São Paulo e de outras cidades, como o projeto Safari, do São Paulo Lab/Rede Studio-X Columbia University (Nova York), que apresenta mapeamentos da fauna e flora de regiões pelas quais passam redes metroviárias em Nova York, Pequim e São Paulo, e a exposição interativa usando a hashtag #modosdeusaracidade. Os Modos de Ver foram representados por um programa de filmes que a Mostra Internacional de Cinema e a X Bienal de Arquitetura de São Paulo prepararam para o vão livre do MASP, com nove títulos gravados na capital paulista, escolhidos, entre muitos, para ver a cidade e notar também os modos pelos quais ela foi e é vista. O programa cobriu um arco de 84 anos, período no qual São Paulo se transformou radicalmente. Mais informações sobre o que foi a X Bienal de Arquitetura de São Paulo estão no site www.xbienaldearquitetura.org.br

A X Bienal de Arquitetura de São Paulo é uma realização do Instituto de Arquitetos do Brasil há 40 anos. Em 2013, teve a correalização do Centro Cul-tural São Paulo (Prefeitura de São Paulo), SESC São Paulo e Museu da Casa Brasileira (Governo do Estado de São Paulo), contando com o patrocínio da Gerdau e Caixa Econômica Federal e correalização institucional do Masp, Praça Victor Civita, Centro Universitário Maria Antonia, Associação Parque Minhocão, Mostra de Cinema Internacional, Projeto Encontros - Estação Paraíso do Metrô, CPTM e Metrô de São Paulo, com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Cultura, Programa de Ação Cultural 2013.

Conforme o presidente do IAB SP, José Artêmio Cruz, o tema da X Bienal de Arquitetura de São Paulo (Cidade: Modos de fazer, modos de usar) explorou as questões ligadas à mobilidade urbana e todo o seu contexto. “Esse novo caráter da Bienal expôs a arquitetura não apenas como algo relacionado a objetos bem desenhados, mas como algo com uma visão integrada, transformando-a como um instrumento de qualidade das pessoas. O fato de a Bienal se espalhar pela cidade, fazendo com que os visitantes ao mesmo tempo em que conheciam as exposições propostas pelo evento, pudessem também viver a cidade, ampliando seus limites de convivência com tudo o que ela proporciona: de positivo e negativo”, declara Artêmio. A busca de soluções para os problemas das cidades é outro aspecto abordado pelo presidente do IAB SP em seu depoimento. “Acredito que conseguimos atingir o nosso principal propósito, que era o de chamar a atenção para os problemas enfrentados pelas grandes cidades e, mais, propor soluções simples e viáveis que estimulem o aproveitamento orgânico em prol da cidade e seus habitantes”, finaliza.

A Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo ocorreu pela primeira vez em 1975, procurando ampliar o espaço então disponível na Bienal de São Paulo para a divulgação da arquitetura, repartido até então com as demais formas de artes visuais. Organizada inicialmente pelo IAB e pela Fundação Bienal de São Paulo, a BIA pretendia seguir o formato padrão de outras bienais internacionais. A sua segunda edição só ocorreu em 1993. Desde então, foi sido realizada de forma relativamente regular nos anos ímpares (não acontecendo somente em 1995 e 2003). Em 2007, foi realizada a sua 7ª edição, com o tema “O público e o privado”, ocorrendo no mesmo espaço da Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera.

A 8ª Bienal Internacional de Arquitetura, foi realizada de 31 de outubro a 6 de dezembro de 2009 no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera. Orientado pela temática “Ecos Urbanos”, o evento apresentou projetos de interven-ções urbanas em função de megaeventos, focando a Copa do Mundo 2014. A 9ª edição, de 2 de novembro e 4 de dezembro de 2011, teve como tema “Arquitetura para Todos - Construindo Cidadania”, sob curadoria de Valter Caldana, sendo realizada na OCA, no Parque Ibirapuera. Sua ênfase foi no aspecto didático, sendo voltada também para o grande público não especializado e formador de opinião, mostrando ao cidadão que ele vive, convive, cria, procria, estuda, trabalha, produz, mora, passeia, torce, vibra, se emociona num ambiente onde a Arquitetura e Urbanismo é presença constante.

Buscando discutir a arquitetura de forma global, aquela Bienal contou com a presença de profissionais e projetos da França, Alemanha, Argentina, Chile, Dinamarca, Estados Unidos, Itália, Israel, entre outros. O arquiteto francês Dominique Perrault foi curador da exposição “Metrópolis”, exibida em 2010 na 12ª Bienal de Veneza e participou da conferência de abertura no dia 3 de novembro e de um seminário “Rendez-vous Metrópolis? São Paulo - Entre megalópole e metrópole: estratégias de projetos urbanos”, no dia 4. Na mostra “Metrópolis”, Perrault mostrou que a metrópole não é uma cidade, mas sim um território composto essencialmente de espaços livres, abertos ou disponíveis e que revelar, transformar e proteger esses vazios são ferramentas fundamentais para governar, imaginar e viver nessas cidades. Além da “Grand” Paris, estiveram presentes na exposição as cidades francesas de Bordeaux, Lyon, Marselha e Nantes.

Outro destaque da 9ª Bienal foi a exposição “Arquitetura não solicitada”, do arquiteto holandês Ole Bouman, diretor da Netherlands Architecture Institute (NAi). A mostra debateu a arquitetura como solução para re-solver as grandes questões sociais e fez parte das ações comemorativas pelo ano da Holanda no Brasil. Nesta 9ª a descentralização da Bienal já foi bem sentida, pois além da OCA, os trabalhos foram apresentados em pelo menos nove escolas de arquitetura, cinco unidades do SESC no interior de São Paulo e em quatro estações do Metrô da capital paulista: Sé, República, Tamanduateí e Vila Prudente.

A X Bienal de Arquitetura de São Paulo é uma realização do Instituto de Arquitetos do Brasil há 40 anos. Em 2013, teve a correalização do Centro Cul-tural São Paulo (Prefeitura de São Paulo), SESC São Paulo e Museu da Casa Brasileira (Governo do Estado de São Paulo), contando com o patrocínio da Gerdau e Caixa Econômica Federal e correalização institucional do Masp, Praça Victor Civita, Centro Universitário Maria Antonia, Associação Parque Minhocão, Mostra de Cinema Internacional, Projeto Encontros - Estação Paraíso do Metrô, CPTM e Metrô de São Paulo, com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Cultura, Programa de Ação Cultural 2013.

Conforme o presidente do IAB SP, José Artêmio Cruz, o tema da X Bienal de Arquitetura de São Paulo (Cidade: Modos de fazer, modos de usar) explorou as questões ligadas à mobilidade urbana e todo o seu contexto. “Esse novo caráter da Bienal expôs a arquitetura não apenas como algo relacionado a objetos bem desenhados, mas como algo com uma visão integrada, transformando-a como um instrumento de qualidade das pessoas. O fato de a Bienal se espalhar pela cidade, fazendo com que os visitantes ao mesmo tempo em que conheciam as exposições propostas pelo evento, pudessem também viver a cidade, ampliando seus limites de convivência com tudo o que ela proporciona: de positivo e negativo”, declara Artêmio. A busca de soluções para os problemas das cidades é outro aspecto abordado pelo presidente do IAB SP em seu depoimento. “Acredito que conseguimos atingir o nosso principal propósito, que era o de chamar a atenção para os problemas enfrentados pelas grandes cidades e, mais, propor soluções simples e viáveis que estimulem o aproveitamento orgânico em prol da cidade e seus habitantes”, finaliza.

A Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo ocorreu pela primeira vez em 1975, procurando ampliar o espaço então disponível na Bienal de São Paulo para a divulgação da arquitetura, repartido até então com as demais formas de artes visuais. Organizada inicialmente pelo IAB e pela Fundação Bienal de São Paulo, a BIA pretendia seguir o formato padrão de outras bienais internacionais. A sua segunda edição só ocorreu em 1993. Desde então, foi sido realizada de forma relativamente regular nos anos ímpares (não acontecendo somente em 1995 e 2003). Em 2007, foi realizada a sua 7ª edição, com o tema “O público e o privado”, ocorrendo no mesmo espaço da Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera.

A 8ª Bienal Internacional de Arquitetura, foi realizada de 31 de outubro a 6 de dezembro de 2009 no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera. Orientado pela temática “Ecos Urbanos”, o evento apresentou projetos de interven-ções urbanas em função de megaeventos, focando a Copa do Mundo 2014. A 9ª edição, de 2 de novembro e 4 de dezembro de 2011, teve como tema “Arquitetura para Todos - Construindo Cidadania”, sob curadoria de Valter Caldana, sendo realizada na OCA, no Parque Ibirapuera. Sua ênfase foi no aspecto didático, sendo voltada também para o grande público não especializado e formador de opinião, mostrando ao cidadão que ele vive, convive, cria, procria, estuda, trabalha, produz, mora, passeia, torce, vibra, se emociona num ambiente onde a Arquitetura e Urbanismo é presença constante.

Buscando discutir a arquitetura de forma global, aquela Bienal contou com a presença de profissionais e projetos da França, Alemanha, Argentina, Chile, Dinamarca, Estados Unidos, Itália, Israel, entre outros. O arquiteto francês Dominique Perrault foi curador da exposição “Metrópolis”, exibida em 2010 na 12ª Bienal de Veneza e participou da conferência de abertura no dia 3 de novembro e de um seminário “Rendez-vous Metrópolis? São Paulo - Entre megalópole e metrópole: estratégias de projetos urbanos”, no dia 4. Na mostra “Metrópolis”, Perrault mostrou que a metrópole não é uma cidade, mas sim um território composto essencialmente de espaços livres, abertos ou disponíveis e que revelar, transformar e proteger esses vazios são ferramentas fundamentais para governar, imaginar e viver nessas cidades. Além da “Grand” Paris, estiveram presentes na exposição as cidades francesas de Bordeaux, Lyon, Marselha e Nantes.

Outro destaque da 9ª Bienal foi a exposição “Arquitetura não solicitada”, do arquiteto holandês Ole Bouman, diretor da Netherlands Architecture Institute (NAi). A mostra debateu a arquitetura como solução para re-solver as grandes questões sociais e fez parte das ações comemorativas pelo ano da Holanda no Brasil. Nesta 9ª a descentralização da Bienal já foi bem sentida, pois além da OCA, os trabalhos foram apresentados em pelo menos nove escolas de arquitetura, cinco unidades do SESC no interior de São Paulo e em quatro estações do Metrô da capital paulista: Sé, República, Tamanduateí e Vila Prudente.

ARQUITETURA COM UMA VISÃO INTEGRADA DESDE 1975

O programa cobriu um arco de 84 anos, período no qual São Paulo se transformou radicalmente

Page 50: Espaço IAB RS 01

Especial Q+50Especial Q+50iab rsiab rs

Seminários Q+50Em 2013, a vontade de reconstituir o papel político e a força empreendedora da instituição levou o Instituto de Arquitetos do Brasil a comemorar, em Seminários intitulados Q+50, o cinquentenário do Seminário Habitação e Reforma urbana - sHRu, o reconhecido Quitandinha 1963, quando as deman-das das populações urbanas foram discutidas com diferentes esferas de governo, políticos, intelectuais e representantes da sociedade.

Os encontros Q+50 foram realizados no Rio de Janeiro, em Rio Grande no Rio Grande do Sul, Bra-sília, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Manaus e Petrópolis, e, assim, ampliaram e atualizaram as dis-cussões de temas que, assemelhados ou não àqueles tratados no histórico Quitandinha 1963, direcionam hoje os futuros de nossas cidades.

O encerramento do Q+50, à maneira de 1963, realizou-se em novembro no Quitandinha, possibili-tando a consolidação das propostas que consideram o necessário compromisso coletivo em favor da meta nacional de urbanização das áreas pobres das cidades, impedindo a segregação social por meio de projetos habitacionais de variada morfologia, e ocupando o tecido urbano existente.

Em 2013, a vontade de reconstituir o papel político e a força empreendedora da instituição levou o Instituto de Arquitetos do Brasil a comemorar, em Seminários intitulados Q+50, o cinquentenário do Seminário Habitação e Reforma urbana - sHRu, o reconhecido Quitandinha 1963, quando as deman-das das populações urbanas foram discutidas com diferentes esferas de governo, políticos, intelectuais e representantes da sociedade.

Os encontros Q+50 foram realizados no Rio de Janeiro, em Rio Grande no Rio Grande do Sul, Bra-sília, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Manaus e Petrópolis, e, assim, ampliaram e atualizaram as dis-cussões de temas que, assemelhados ou não àqueles tratados no histórico Quitandinha 1963, direcionam hoje os futuros de nossas cidades.

O encerramento do Q+50, à maneira de 1963, realizou-se em novembro no Quitandinha, possibili-tando a consolidação das propostas que consideram o necessário compromisso coletivo em favor da meta nacional de urbanização das áreas pobres das cidades, impedindo a segregação social por meio de projetos habitacionais de variada morfologia, e ocupando o tecido urbano existente.

Os participantes do Q+50 também sugeriram a criação do fundo financeiro da mobilidade e acessi-bilidade e o condicionamento dos investimentos pú-blicos à existência de planos urbanos que privilegiem o transporte coletivo articulado aos demais modos. O projeto completo obrigatório na licitação de obras públicas e o planejamento urbano permanente e continuado, agregados aos serviços públicos uni-versalizados poderão resolver o passivo ambiental e garantir o direito das pessoas de viverem os dias de hoje com perspectivas seguras e favoráveis.

Nessa dimensão propositiva, a criação do Progra-ma de universalização do crédito imobiliário, foi uma das principais recomendação que, emanada nos seminários Q+50, reúne e concretiza os desejos da sociedade e dos arquitetos brasileiros.

Os participantes do Q+50 também sugeriram a criação do fundo financeiro da mobilidade e acessi-bilidade e o condicionamento dos investimentos pú-blicos à existência de planos urbanos que privilegiem o transporte coletivo articulado aos demais modos. O projeto completo obrigatório na licitação de obras públicas e o planejamento urbano permanente e continuado, agregados aos serviços públicos uni-versalizados poderão resolver o passivo ambiental e garantir o direito das pessoas de viverem os dias de hoje com perspectivas seguras e favoráveis.

Nessa dimensão propositiva, a criação do Progra-ma de universalização do crédito imobiliário, foi uma das principais recomendação que, emanada nos seminários Q+50, reúne e concretiza os desejos da sociedade e dos arquitetos brasileiros.

REVISTA ARQUITETURA DO IAB RJ

Lançada em agosto de 1961, a revista ARQUITETURA do IAB RJ foi editada de modo contínuo até o ano de 1968. A partir daí foram editados números especiais com temas cuja relevância conjuntural exigia a publi-

cação de artigos, entrevistas e resenhas, em que se refletiram diretrizes e decisões importantes

para os arquitetos e para a sociedade. Em 1963, a revista registrou os principais fatos e as recomendações elaboradas no sHRu.

O número 82, edição especial da revista ARQUITETURA do IAB RJ apresenta, em linguagem acessível à comunidade em geral, os debates e as propostas elaboradas nos Seminários Q+50.

A revista será composta de Editorial, Documento Final do Q+50, textos com os debates que aconteceram nas oito cidades acima

relacionadas, artigo sobre o Quitandinha 1963 e páginas facsimilares às edições anteriores que contêm matérias sobre este histórico seminário.

ARQUITETURA será distribuída para os arquitetos e outros interessados. A tiragem ampla para permitir a divulgação institucional: faculdades, associações, enti-

dades e empresas. O IAB RS tem exemplares para os interessados.

50 espaço

Page 51: Espaço IAB RS 01

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atribuição de arquitetopor paulo ricardo bregattopor paulo ricardo bregatto (arquiteto e urbanista, professor da faculdade de arquitetura e urbanismo da pucrs, conselheiro titular do caurs, desenvolve prática privada no escritório bregatto arquitetos ltda.por paulo ricardo bregatto (arquiteto e urbanista, professor da faculdade de arquitetura e urbanismo da pucrs, conselheiro titular do caurs, desenvolve prática privada no escritório bregatto arquitetos ltda.)por paulo ricardo bregatto (arquiteto e urbanista, professor da faculdade de arquitetura e urbanismo da pucrs, conselheiro titular do caurs, desenvolve prática privada no escritório bregatto arquitetos ltda.)

ARQUITETURAARQUITETURA

AFINAL O QUE FAZ UM ARQUITETO E URBANISTA?

Responder esta questão passa obrigatoriamente por uma análise preliminar das atribuições profis-sionais descritas e regulamentadas pela lei e pelas matrizes curriculares dos cursos de arquitetura e urbanismo do nosso país, pois mesmo tratando de assuntos complementares - as escolas que formam e as leis que regulamentam - a justa ausência desta linearidade lógica pode estar na origem de tanta dúvida, uma vez que formação acadêmica e atribuição profissional são ações distintas que só passam a fazer sentido quando versam sobre o mesmo conteúdo.

Adquirir, apenas por força de lei, os direitos legais para exercer um ofício, principalmente, quando dissociado de uma adequada e precisa formação acadêmica capaz de preparar o profissional para as especificidades deste ofício, invariavelmente, trás grandes prejuízos para a sociedade, seja pela falta de qualidade e habitabilidade das edificações, pela falta de cuidado com o meio ambiente natural e edificado, pelo descaso com o patrimônio histórico artístico e cultural, pela falta de planejamento da cidade e da paisagem ou pelos custos exagerados causados pela falta de um planejamento adequado.

Neste sentido, cabe destacar que os arqui-tetos e urbanistas durante décadas assistiram várias das atividades técnicas que historicamente sempre foram reconhecidas como de sua alçada profissional - projeto arquitetônico, urbanístico e paisagístico, e aquelas do âmbito do patrimônio histórico - sendo indevidamente exercidas por outros profissionais sem a adequada formação acadêmica que os preparasse, qualificasse e credenciasse para a função.

ATRIBUIÇÃO DE ARQUITETO

Essa situação que muito preocupou e aglutinou por tantos anos profissionais engajados com o desejo de mudar teve sua origem com a instituição do primeiro marco regulatório das profissões tec-nológicas, a partir do Decreto Federal nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933. Naquela época, as atividades, atribuições e campos de atuação dos arquitetos estiveram compartilhados com várias e amplas áreas de sombreamento com os de outros profissionais regulamentados.

A Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, pouco alterou este sombreamento e seus previ-síveis prejuízos para o exercício profissional dos arquitetos e urbanistas. Ao contrário disto, incluiu outras profissões menos similares aquelas já exis-tentes, e tratou de forma genérica as atividades, atribuições e campos de atuação de cada uma delas, permitindo que permanecessem grandes áreas de sombreamento entre os campos de atu-ação da arquitetura e urbanismo e os das outras profissões existentes no sistema.

Foi somente com o advento da Lei nº 12.378, de 2010, que criou o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, que se apresentaram em plenitude

Nas próximas edições, esta seção será dedicada a aprofundar cada um dos campos de atuação do Arquiteto e Urbanista.

Nas próximas edições, esta seção será dedicada a aprofundar cada um dos campos de atuação do Arquiteto e Urbanista.

“Santinho” distribuído pelo arquiteto Eduardo Kneese de Mello

as condições para a efetiva individualização da

Arquitetura e Urbanismo e para sua diferenciação

em relação às demais profissões regulamentadas.

Esta lei estabeleceu, em seu art. 2º, quais as ativi-

dades e atribuições dos arquitetos e urbanistas e,

no parágrafo único deste artigo, quais os campos

de atuação a que estas se aplicam.

Em seu art. 3º a lei delegou ao CAU/BR o dever

de especificar as áreas de atuação privativas dos

arquitetos e urbanistas e as áreas de atuação

compartilhadas com outras profissões regula-

mentadas, destacando no parágrafo 2º do mesmo

artigo que serão consideradas privativas de pro-

fissional especializado aquelas áreas de atuação

nas quais a ausência ou insuficiência de formação

profissional venha a expor o usuário do serviço

prestado a qualquer tipo de dano ou de risco à

sua segurança ou saúde ou ao meio ambiente.

Na resolução 51, as atividades, atribuições e

campos de atuação privativos dos arquitetos e

urbanistas e aqueles compartilhados com outras

profissões regulamentadas foram especificados

em estrita observância ao que determina a

Lei nº 12.378, de 2010, confirmando o caráter

uniprofissional da Arquitetura e Urbanismo, de

formação generalista, e tomando como referência

as diretrizes curriculares nacionais dos cursos de

graduação desta profissão.

A seguir, de forma sintética e agrupada, estão

listadas as áreas de atuação especificadas como

privativas dos arquitetos e urbanistas:

Entre as várias dúvidas que são externadas pelos alunos, principalmente os que iniciam o curso de Arquitetura e Urbanismo, a que mais se destaca pela recorrência diz respeito às áreas de atuação dos profissionais arquitetos e urbanistas. A dúvida faz sentido, principalmente, considerando que durante muitos anos nosso exercício profissional se confundiu com as práticas de outras profissões similares regulamentadas. Neste sentido, cabe a especulação de que a dúvida dos alunos, ampliada à escala da sociedade, assume patamares expressivos e alarmantes nos exigindo um trabalho urgente e continuado de divulgação profissional.

Entre as várias dúvidas que são externadas pelos alunos, principalmente os que iniciam o curso de Arquitetura e Urbanismo, a que mais se destaca pela recorrência diz respeito às áreas de atuação dos profissionais arquitetos e urbanistas. A dúvida faz sentido, principalmente, considerando que durante muitos anos nosso exercício profissional se confundiu com as práticas de outras profissões similares regulamentadas. Neste sentido, cabe a especulação de que a dúvida dos alunos, ampliada à escala da sociedade, assume patamares expressivos e alarmantes nos exigindo um trabalho urgente e continuado de divulgação profissional.

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página anterior e acima Fundação Iberê Camargo - Arquiteto Álvaro Siza Vieira - Porto Alegre

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atribuição de arquiteto

EDIFICAÇÃO:Projeto arquitetônico de edificação ou de reforma de edificação; projeto arquitetônico de monumento; coordenação e compatibilização de projeto arqui-tetônico com projetos complementares; relatório técnico de arquitetura referente a memorial des-critivo, caderno de especificações e de encargos e avaliação pós-ocupação; desempenho de cargo ou função técnica concernente à elaboração ou análise de projeto arquitetônico; ensino de teoria, história e projeto de arquitetura em cursos de graduação; co-ordenação de curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo; projeto urbanístico; projeto urbanístico para fins de regularização fundiária; projeto de parcelamento do solo mediante loteamento; projeto de sistema viário urbano; coordenação e compatibi-lização de projeto de urbanismo com projetos com-plementares; relatório técnico urbanístico referente a memorial descritivo e caderno de especificações e de encargos; desempenho de cargo ou função téc-nica concernente à elaboração ou análise de projeto urbanístico e ensino de teoria, história e projeto de urbanismo em cursos de graduação.

ARQUITETURA DE INTERIORES:Projeto de arquitetura de interiores; coordenação e compatibilização de proje-to de arquitetura de interiores com projetos complementares; relatório técnico de arquitetura de interiores referente a memorial descritivo, caderno de espe-cificações e de encargos e avaliação pós-ocupação; desempenho de cargo ou função técnica concernente à elaboração ou análise de projeto de arquitetura de interiores e ensino de projeto de arquitetura de interiores.

Mini Mod - Mapa | Maam + Studio Paralelo - Porto Alegre

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Restauro da Praça da Alfândega, Centro Histórico, Porto Alegre. Projeto Monumenta, arq. Rafael Brener da Rosa e equipe.

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PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL E ARTÍSTICO:Projeto e execução de intervenção no patrimônio histórico cultural e artístico, arquitetônico, urbanístico, paisagístico, monumentos, práticas de projeto e soluções tecnológicas para reutilização, reabilitação, reconstrução, preserva-ção, conservação, restauro e valorização de edificações, conjuntos e cidades; coordenação da compatibilização de projeto de preservação do patrimônio histórico cultural e artístico com projetos complementares; direção, condução, gerenciamento, supervisão e fiscalização de obra ou serviço técnico referente à preservação do patrimônio histórico cultural e artístico; inventário, vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo e parecer técnico, auditoria e arbi-tragem em obra ou serviço técnico referente à preservação do patrimônio histórico cultural e artístico; desempenho de cargo ou função técnica referente à preservação do patrimônio histórico cultural e artístico e ensino de teoria, técnica e projeto de preservação do patrimônio histórico cultural e artístico.

LEI Nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e dá outras providências.

Art. 2º As atividades e atribuições do arquiteto e urbanista consistem em:I - supervisão, coordenação, gestão e orientação técnica;II - coleta de dados, estudo, planejamento, projeto e especificação;III - estudo de viabilidade técnica e ambiental;IV - assistência técnica, assessoria e consultoria;V - direção de obras e de serviço técnico;VI - vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria e arbitragem;VII - desempenho de cargo e função técnica;VIII - treinamento, ensino, pesquisa e extensão uni-versitária;IX - desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio, padronização, mensuração e controle de qualidade;X - elaboração de orçamento;XI - produção e divulgação técnica especializada; eXII - execução, fiscalização e condução de obra, instala-ção e serviço técnico.

Parágrafo único. As atividades de que trata este artigo aplicam-se aos seguintes campos de atuação no setor:I - da Arquitetura e Urbanismo, concepção e execução de projetos;II - da Arquitetura de Interiores, concepção e execução de projetos de ambientes;III - da Arquitetura Paisagística, concepção e execução de projetos para espaços externos, livres e abertos, pri-vados ou públicos, como parques e praças, considerados isoladamente ou em sistemas, dentro de várias escalas, inclusive a territorial;IV - do Patrimônio Histórico Cultural e Artístico, ar-quitetônico, urbanístico, paisagístico, monumentos, restauro, práticas de projeto e soluções tecnológicas para reutilização, reabilitação, reconstrução, preserva-ção, conservação, restauro e valorização de edificações, conjuntos e cidades;V - do Planejamento Urbano e Regional, planejamento físicoterritorial, planos de intervenção no espaço urbano, metropolitano e regional fundamentados nos sistemas de infra-estrutura, saneamento básico e ambiental, sistema viário, sinalização, tráfego e trânsito urbano e rural, aces-sibilidade, gestão territorial e ambiental, parcelamento do solo, loteamento, desmembramento, remembramento, arruamento, planejamento urbano, plano diretor, traçado de cidades, desenho urbano, sistema viário, tráfego e trânsito urbano e rural, inventário urbano e regional, assentamentos humanos e requalificação em áreas urbanas e rurais;VI - da Topografia, elaboração e interpretação de levan-tamentos topográficos cadastrais para a realização de projetos de arquitetura, de urbanismo e de paisagismo, foto-interpretação, leitura, interpretação e análise de da-dos e informações topográficas e sensoriamento remoto;VII - da Tecnologia e resistência dos materiais, dos elementos e produtos de construção, patologias e recuperações;VIII - dos Sistemas Construtivos e estruturais, estruturas, desenvolvimento de estruturas e aplicação tecnológica de estruturas;IX - de Instalações e equipamentos referentes à arqui-tetura e urbanismo;X - do Conforto Ambiental, técnicas referentes ao estabelecimento de condições climáticas, acústicas, lu-mínicas e ergonômicas, para a concepção, organização e construção dos espaços;XI - do Meio Ambiente, Estudo e Avaliação dos Impactos Ambientais, Licenciamento Ambiental, Utilização Racional dos Recursos Disponíveis e Desenvolvimento Sustentável.

LEI Nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e dá outras providências.

Art. 2º As atividades e atribuições do arquiteto e urbanista consistem em:I - supervisão, coordenação, gestão e orientação técnica;II - coleta de dados, estudo, planejamento, projeto e especificação;III - estudo de viabilidade técnica e ambiental;IV - assistência técnica, assessoria e consultoria;V - direção de obras e de serviço técnico;VI - vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria e arbitragem;VII - desempenho de cargo e função técnica;VIII - treinamento, ensino, pesquisa e extensão uni-versitária;IX - desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio, padronização, mensuração e controle de qualidade;X - elaboração de orçamento;XI - produção e divulgação técnica especializada; eXII - execução, fiscalização e condução de obra, instala-ção e serviço técnico.

Parágrafo único. As atividades de que trata este artigo aplicam-se aos seguintes campos de atuação no setor:I - da Arquitetura e Urbanismo, concepção e execução de projetos;II - da Arquitetura de Interiores, concepção e execução de projetos de ambientes;III - da Arquitetura Paisagística, concepção e execução de projetos para espaços externos, livres e abertos, pri-vados ou públicos, como parques e praças, considerados isoladamente ou em sistemas, dentro de várias escalas, inclusive a territorial;IV - do Patrimônio Histórico Cultural e Artístico, ar-quitetônico, urbanístico, paisagístico, monumentos, restauro, práticas de projeto e soluções tecnológicas para reutilização, reabilitação, reconstrução, preserva-ção, conservação, restauro e valorização de edificações, conjuntos e cidades;V - do Planejamento Urbano e Regional, planejamento físicoterritorial, planos de intervenção no espaço urbano, metropolitano e regional fundamentados nos sistemas de infra-estrutura, saneamento básico e ambiental, sistema viário, sinalização, tráfego e trânsito urbano e rural, aces-sibilidade, gestão territorial e ambiental, parcelamento do solo, loteamento, desmembramento, remembramento, arruamento, planejamento urbano, plano diretor, traçado de cidades, desenho urbano, sistema viário, tráfego e trânsito urbano e rural, inventário urbano e regional, assentamentos humanos e requalificação em áreas urbanas e rurais;VI - da Topografia, elaboração e interpretação de levan-tamentos topográficos cadastrais para a realização de projetos de arquitetura, de urbanismo e de paisagismo, foto-interpretação, leitura, interpretação e análise de da-dos e informações topográficas e sensoriamento remoto;VII - da Tecnologia e resistência dos materiais, dos elementos e produtos de construção, patologias e recuperações;VIII - dos Sistemas Construtivos e estruturais, estruturas, desenvolvimento de estruturas e aplicação tecnológica de estruturas;IX - de Instalações e equipamentos referentes à arqui-tetura e urbanismo;X - do Conforto Ambiental, técnicas referentes ao estabelecimento de condições climáticas, acústicas, lu-mínicas e ergonômicas, para a concepção, organização e construção dos espaços;XI - do Meio Ambiente, Estudo e Avaliação dos Impactos Ambientais, Licenciamento Ambiental, Utilização Racional dos Recursos Disponíveis e Desenvolvimento Sustentável.

“Adquirir, apenas por força de lei, os direitos legais para exercer um ofício, principalmente, quando dissociado de uma adequada e precisa formação acadêmica capaz de preparar o profissional para as especificidades deste ofício, invariavelmente, trás grandes prejuízos para a sociedade, seja pela falta de qualidade e habitabilidade das edificações, pela falta de cuidado com o meio ambiente natural e edificado, pelo descaso com o patrimônio histórico artístico e cultural, pela falta de planejamento da cidade e da paisagem ou pelos custos exagerados causados pela falta de um planejamento adequado.”

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atribuição de arquiteto

CONFORTO AMBIENTAL:Projeto de arquitetura da iluminação do edifí-cio e do espaço urbano; projeto de acessibili-dade e ergonomia da edificação e projeto de acessibilidade e ergonomia do espaço urbano.

RESOLUÇÃO 51 SUSPENSA, MAS...

A Resolução nº 51 do CAU/BR - Conselho de Arquitetura e Urba-nismo do Brasil está liminarmente suspensa. Em novembro de 2013, foi dada a concessão da tutela antecipada pela Juíza Federal Lana Lígia Galati, da 9ª Vara Federal, Seção Judiciária do Distrito Federal.

Entretanto, em sua decisão, a juíza concorda que a “Lei n° 5.194 (do CREA) tratou de forma genérica e enfeixada as profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agronomo” e que a Lei do CAU acerta em buscar disciplinar as especificidades do campo de atuação em separado de ambas as profissões. E vai além, afirman-do que “a leitura comparativa entre as Resolucões 51 do CAU/BR e 218 do CONFEA não permite vislumbrar interferência indevida do CAU/BR nas atividades dos engenheiros, visto que o ponto de maior controvérsia - o projeto - esta referido na Resolucão do CAU como ‘projeto arquitetônico’ nas mais diversas modalidades, o que parece ser mesmo atribuição do Arquiteto, enquanto a Resolução n° 218 do CONFEA reporta-se genericamente a ‘projeto’, que pode ser qualquer outro, menos o arquitetônico”.

Conclui lembrando que a Resolução n° 1.010 do CONFEA demonstra claramente que a “Concepção e Execução de Projetos de Arquitetura foi eleita pelo próprio CONFEA como atribuição do Arquiteto” e que isto legitima a delimitação de atividades entre arquitetos e engenheiros.

No julgamento do mérito, os arquitetos tem tudo para garantir que suas atribuições, dadas pela formação universitária, estarão garantidas e preservadas, defendendo a sociedade de atividades de profissionais sem formação pra tanto.

Praça Itália, Porto Alegre. Arq. Carlos Maximiliano Fayet.

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W.A

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Vista aérea da cidade de Erechim, RS

Coordenação de equipe multidisciplinar de planejamento con-cernente a plano ou traçado de cidade, plano diretor, plano de requalificação urbana, plano setorial urbano, plano de intervenção local, plano de habitação de interesse social, plano de regulariza-ção fundiária e de elaboração de estudo de impacto de vizinhança.

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ARQUITETURA PAISAGÍSTICA:Projeto de arquitetura paisagística; projeto de recupe-ração paisagística; coordenação e compatibilização de projeto de arquitetura paisagística ou de recuperação paisagística com projetos complementares; cadastro do como construído (as built) de obra ou serviço técnico resultante de projeto de arquitetura paisagística; desem-penho de cargo ou função técnica concernente a elabo-ração ou análise de projeto de arquitetura paisagística e ensino de teoria e de projeto de arquitetura paisagística.

GO

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APS

PLANEJAMENTOURBANO E REGIONAL:

Residência Nivaldo Borges - Arquiteto João Filgueiras Lima

A Resolução nº 51 do CAU/BR - Conselho de Arquitetura e Urba-nismo do Brasil está liminarmente suspensa. Em novembro de 2013, foi dada a concessão da tutela antecipada pela Juíza Federal Lana Lígia Galati, da 9ª Vara Federal, Seção Judiciária do Distrito Federal.

Entretanto, em sua decisão, a juíza concorda que a “Lei n° 5.194 (do CREA) tratou de forma genérica e enfeixada as profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agronomo” e que a Lei do CAU acerta em buscar disciplinar as especificidades do campo de atuação em separado de ambas as profissões. E vai além, afirman-do que “a leitura comparativa entre as Resolucões 51 do CAU/BR e 218 do CONFEA não permite vislumbrar interferência indevida do CAU/BR nas atividades dos engenheiros, visto que o ponto de maior controvérsia - o projeto - esta referido na Resolucão do CAU como ‘projeto arquitetônico’ nas mais diversas modalidades, o que parece ser mesmo atribuição do Arquiteto, enquanto a Resolução n° 218 do CONFEA reporta-se genericamente a ‘projeto’, que pode ser qualquer outro, menos o arquitetônico”.

Conclui lembrando que a Resolução n° 1.010 do CONFEA demonstra claramente que a “Concepção e Execução de Projetos de Arquitetura foi eleita pelo próprio CONFEA como atribuição do Arquiteto” e que isto legitima a delimitação de atividades entre arquitetos e engenheiros.

No julgamento do mérito, os arquitetos tem tudo para garantir que suas atribuições, dadas pela formação universitária, estarão garantidas e preservadas, defendendo a sociedade de atividades de profissionais sem formação pra tanto.

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O IAB RS apresenta às administrações municipais tópicos para o planejamento e urbanismo das cidades

1. PLANEJAR PARA DESENVOLVER A CIDADECOM SUSTENTABILIDADETema: PLANEJAMENTO URBANO• Retomar o planejamento urbano de médio e longo prazo como ferramenta central de um projeto de cidade voltado para a promoção da igualdade social;• Elaborar PROJETO DE CIDADE expresso em um Plano Diretor que atenda a Constituição Federal e ao Estatuto da Cidade;• Implementar sistemas de gestão do planejamento que valori-zem órgãos técnicos e os conselhos públicos, disponibilizando a informação e oferecendo os instrumentos de acompanhamento e monitoramento do desenvolvimento urbano.

2. PARTICIPAÇÃO É UM DIREITO EUMA GARANTIA DE CIDADANIATema: PARTICIPAÇÃO SOCIAL• Garantir a participação da comunidade em todas as etapas do processo de planejamento urbano, inovando e avançando em relação às práticas vigentes;• Informar, expor, debater e submeter à sociedade os projetos para a cidade e os grandes investimentos públicos;• Garantir nas administrações municipais a democracia e a trans-parência nas decisões sobre a cidade e o papel do poder público como mediador dos conflitos e indutor do desenvolvimento.

3. PROJETO URBANO QUALIFICAA CIDADE PARA TODOSTema: PROJETO URBANO• Valorizar o projeto urbano como ferramenta do plano diretor para qualificação dos espaços e equipamentos públicos;• Qualificar as intervenções na cidade, para alcançar, a partir da coordenação do poder público, transformações urbanísticas, melhorias sociais e valorização ambiental;• Efetivar a utilização da Operação Urbana Consorciada, pre-vista no Estatuto da Cidade, como instrumento de projeto de setores urbanos.

especial

10 PONTOSPor um Projeto de Cidade

por um projeto de cidade

4. ESPAÇO PÚBLICO É O LUGAR DOENCONTRO E DA TROCATema: ESPAÇO PÚBLICO• Promover políticas de criação e qualificação de espaços públi-cos - ruas, praças, parques, equipamentos públicos - mediante a valorização do projeto urbano e dos concursos públicos;• Realizar intervenções que promovam a diversidade socioeco-nômica da cidade e a integração de diferentes políticas setoriais e escalas territoriais;• Potencializar o espaço público como lugar do encontro, da convivência social e não como terra de ninguém;• Garantir a acessibilidade universal aos portadores de neces-sidades especiais.

5. MOBILIDADE É PRIORIDADE AO PEDESTREE TRANSPORTE PÚBLICO DE QUALIDADETema: MOBILIDADE URBANA• Promover política pública de mobilidade urbana garantindo o direito de deslocamento, por diversas modalidades a todos os cidadãos;• Estimular os modos de transporte não motorizados com vistas a reduzir o consumo de combustíveis fósseis através da implan-tação de uma rede eficiente de ciclovias e da qualificação dos percursos de pedestres;• Priorizar a qualificação do transporte coletivo, para reduzir o uso do veículo privado e o espaço público destinado aos automóveis;• Integrar a política de mobilidade urbana às demais políticas de desenvolvimento urbano como uso do solo, densificação, paisagem urbana e patrimônio cultural. >

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especial Por um Projeto de Cidade

A gestão 2012/13 do IAB RS destacou “Cidade e Cultura” como foco de atuação e, diante da perplexidade com a falta de projetos de futuro, reuniu sua Comissão Cidades e formulou o documento “10 pontos por um projeto de cidade”, sob a coordenação da arquiteta Maria Tereza Albano.

O documento representa uma síntese do pensamento do IAB sobre a cidade e define princípios e diretrizes gerais sobre as principais temáticas do planejamento, do urbanismo e da atuação profissional. Igualmente, o documento serve para provocar um debate técnico entre diversos agentes sobre as questões que envolvem as políticas urbanas e também os aspectos do processo de planejamento urbano e da gestão, com vistas a consolidar a ação da entidade.

Este documento foi amplamente divulgado no ano de 2013 e ocorreram diversas atividades com administradores públicos, entidades, co-munidade e outros agentes sociais e políticos. Foram realizados eventos no Solar do IAB e em outros locais do Estado, reunindo convida-dos e mobilizando a participação de aproximadamente duas mil pessoas, colocando a arquitetura e urbanismo no centro das discussões.

6. A PAISAGEM DA CIDADE ÉPATRIMÔNIO DE TODOSTema: PAISAGEM URBANA E PATRIMÔNIO• Buscar a sustentabilidade da cidade, incorporando a perspectiva de longa permanência das construções no tempo, valorizando a idéia de que adequar e reciclar edifícios é mais sustentável do que demolir;• Propor planos que mantenham a identidade dos bairros, quali-ficando seus espaços e respeitando as preexistências, de forma a reforçar os vínculos do cidadão com a história da cidade;• Valorizar políticas de patrimônio ambiental - natural e cultural - voltadas à qualificação espacial das paisagens representativas, em diferentes escalas territoriais.

7. HABITAÇÃO COM QUALIDADE EINTEGRAÇÃO DAS COMUNIDADESTema: HABITAÇÃO SOCIAL• Valorizar projetos habitacionais que priorizem a inserção da ha-bitação de interesse social no tecido urbano existente construindo bairros e não guetos;• Garantir o direito à cidade, entendido como acesso à habitação, ao transporte, aos equipamentos urbanos e comunitários, ao traba-lho, à renda e a um ambiente equilibrado para todos os cidadãos;• Projetar e construir moradias que considerem as diversidades paisagísticas, climáticas e topográficas, assim como as diversas composições familiares das populações;• Realizar programas voltados à requalificação e à adaptação de edificações desocupadas ou subutilizadas em áreas urbanas centrais, principalmente nos centros urbanos.

8. MORAR COM DIGNIDADE ÉUM DIREITO DE TODOSTema: ASSISTÊNCIA TÉCNICA À MORADIA• Divulgar e implementar a assistência técnica gratuita para as famílias de baixa renda assegurando o direito à construção de mo-radia digna e o direito à assistência de um profissional qualificado;• Operacionalizar a Lei da Assistência Técnica à Moradia para Famílias de Baixa Renda (Lei 11.888/2008) conforme previsto na legislação, garantindo à população serviços de profissionais ha-bilitados, tanto em novos assentamentos como em projetos de regularização fundiária e urbanística.

9. CONCURSOS PÚBLICOSDE PROJETOS PARA OBRAS PÚBLICASTema: CONCURSOS PÚBLICOSDE ARQUITETURA E DE URBANISMO• Exigir a realização de concursos públicos de arquitetura e urbanismo abertos à todos os profissionais ou equipesqualificadas tecnicamente para estudar, avaliar e propor soluções para a cidade;• Eliminar a prática de contratação de projetos através de licitações de menor preço e as questionáveis e antiquadas contratações de “notório saber”;• Valorizar concursos públicos como instrumento para a conquista de cidades mais sustentáveis, justas e belas.

10. ARQUITETO É O PROFISSIONALQUE FAZ EDIFÍCIOS, PRAÇAS E PARQUES, CUIDA DO PATRIMÔNIO, PLANEJAA CIDADE...Tema: ATRIBUIÇÃO PROFISSIONAL• Reconhecer as atribuições legais do profissional arquiteto e urbanista de atuação no projeto e execução de edifica-ções, espaços e equipamentos públicos, projeto urbano, planejamento urbano, patrimônio cultural e natural;• Valorizar o arquiteto como o profissional que adquire, por formação, a capacidade para propor, em conjunto com ou-tros profissionais e a sociedade, as melhores soluções para a estruturação do espaço urbano em diferentes escalas.

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Em 17 de setembro de 2012 aconteceu no Solar do IAB RS um debate realizado com os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre e arquitetos convidados. Sobre o documento dos 10 pontos e os temas da cidade, urbanismo, planejamento, entre outros, ficou claro que são de res-ponsabilidade dos gestores públicos municipais. Entre os arquitetos

que participaram do debate estavam Telmo Magadan, ex-presidente do IAB Nacional; Rogério Malinsky; Rafael Passos e Humberto Hickel, membros da diretoria do IAB RS; Cícero Alvarez, presidente do SAERGS e Maria Cristina Lay, diretora da Arquitetura da UFRGS. A mediação do encontro ficou a cargo do jornalista da Rádio Gaúcha, André Machado.

Em 17 de setembro de 2012 aconteceu no Solar do IAB RS um debate realizado com os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre e arquitetos convidados. Sobre o documento dos 10 pontos e os temas da cidade, urbanismo, planejamento, entre outros, ficou claro que são de res-ponsabilidade dos gestores públicos municipais. Entre os arquitetos

que participaram do debate estavam Telmo Magadan, ex-presidente do IAB Nacional; Rogério Malinsky; Rafael Passos e Humberto Hickel, membros da diretoria do IAB RS; Cícero Alvarez, presidente do SAERGS e Maria Cristina Lay, diretora da Arquitetura da UFRGS. A mediação do encontro ficou a cargo do jornalista da Rádio Gaúcha, André Machado.

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QUARTA NO IAB

Foram reservadas 10 datas para o evento sema-nal “Quarta no IAB”. Entre os 40 debatedores e palestrantes estiveram Flávio Villaça, doutor em Urbanismo e ex-professor da USP; Ana Maria Marchesan, da Promotoria do Meio Ambiente do MP; Benamy Turkienicz e Douglas Aguiar, professores da UFRGS; Milton Cruz, sociólogo; Mário Verdi, presidente da APDesign; Dr. Emilio Merino, consultor especialista em mobilidade; Maria Teresa Peres de Souza e Eduardo Speg-giorini, da CAIXA (patrocinadora dos encontros). Criado em 2012, o projeto “Quarta no IAB” tem como objetivo divulgar a arquitetura gaúcha. Ele acontece todas às quartas-feiras, a partir das 19h30, no Solar do IAB, e integra o calendário cultural do Instituto que tem como eixo a realização de ciclos com diferentes temáticas, pensadas a partir da relação Cidade e Cultura. Os eventos são abertos e gratuitos. A progra-mação do projeto foi diversificada para atender várias áreas de interesse, sendo constituídos os seguintes ciclos: Desafios Urbanos (debates), Ciclo Projeto & Obra, Ciclo Viagem de Arquite-to, Ciclo Cinema e Arquitetura, Teatro no Solar, Música no Solar (o Bar do IAB) e Espaço IAB (exposições de artes visuais no Solar).

Jaqueline Pedone, presidente do Núcleo de Caxias do Sul, e diri-gentes do IAB RS apresentando o documento para o Prefeito eleito de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho.

TRIBUNA POPULARNA CÂMARA DE PORTO ALEGRE

O IAB RS marcou presença na Tribuna Popular na Câmara Municipal de Porto Alegre. O presidente do Instituto, o arquiteto Tiago Holzmann, esteve no evento. Na ocasião, o documento “10 pontos por um Projeto de Cidade” foi apresentado para vereadores e para a comunidade. O documento é uma contribuição dos arquitetos e urbanistas e propõe dez pontos fundamentais para as administrações municipais construírem um Projeto de Cidade. O IAB RS defende que é fundamental planejar para desenvolver uma metrópole com sustentabilidade, além de enfatizar a importância de espaços públicos. A primeira tribuna ocorreu em 5 de agosto de 2013. Já a segunda realizou-se em 14 de outubro, abordando o tema Concurso Público de Projetos.

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REUNIÕES COMPREFEITOS ELEITOS

O IAB RS realizou reuniões com os prefei-tos eleitos em 2012 para a apresentação do documento que contém as sugestões dos arquitetos. Prefeito de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho, recebeu a presidente do núcleo do IAB de Caxias, Jaqueline Pedone, o presidente do IAB RS, Tiago Holzmann da Silva; o vice-presidente, Rogério Malinski; o arquiteto Alexandre Pereira Santos, membro do Conselho Esta-dual do IAB, e o arquiteto Carlos Pedone, membro do Conselho Estadual e atual diretor do CAU-RS. Outra reunião ocorreu em Rio Grande, com o prefeito Alexandre Lindenmeyer. A iniciativa foi seguida por outros Núcleos em todo o Estado.

CARAVANA DA ARQUITETURA

O debate sobre os temas do decálogo também fez parte das pautas de oito Caravanas de Arquitetura que se rea-lizaram - com calendário próprio em diferentes momentos de 2013 - nas cidades de Santa Maria, Rio Grande, Torres, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Pelotas, Porto Alegre e Erechim.

CONVERSANDO SOBRE UM PROJETO DE CIDADE

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A FUNDAÇÃO DO IAB RS - BREVE HISTÓRICO

O Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamen-to do Rio Grande do Sul (IAB RS) foi fundado em 19 de março de 1948 e vem, desde sua fundação, contribuindo decisivamente para os interesses dos arquitetos e urbanistas do Estado. Sua pri-meira reunião foi realizada no dia 19 de fevereiro de 1948, na Biblioteca do Instituto de Belas Artes no do Rio Grande do Sul, sob a presidência do professor Tasso Corrêa, e contou com a pre-sença de Eduardo Corona, como representante do Conselho Diretor Nacional do Instituto dos Arquitetos do Brasil. Corona, em sua participação na reunião, informou aos profissionais presentes que Porto Alegre sediaria o II Congresso Brasi-leiro de Arquitetos, realizado entre 20 e 27 de novembro de 1948. Foram Realizadas novas reuniões, nos dias 24 de fevereiro e 4 de março, já sob presidência do arquiteto Ernani Dias Corrêa, colocou-se em pauta: convocar a classe para a fundação do Departamento Estadual do Instituto de Arquitetos do Brasil, solicitar ao IAB Nacional os estatutos e os esclarecimentos e orientações necessárias sobre como proceder esta fundação, além de solicitar instruções sobre o II Congresso Nacional Brasileiro de Arquitetos. A eleição para a composição da Comissão Diretora do IAB RS ocorreu em 19 de março de 1948, com a eleição de Ernani Dias Corrêa para presidente, Edgar Graeff e Carlos Bube dos Santos para primeiro e segundo secretários e Max Schlüpmann para te-soureiro. Na ocasião, Corrêa disse que iria “fazer tudo pelo progresso da arquitetura e urbanismo, em nosso Estado”. Participaram da sessão de fundação, Ernani Corrêa, Eugenio Steinhof, Carlos Bube dos Santos, Romeu Amaral, Carlos Alberto Mendonça, Max Hermann Schlüpmann, Edgar Graeff, Egon Weindorfer e Edvaldo Pereira Paiva.

Conforme o arquiteto e urbanista Cícero Alva-rez, atual dirigente do Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul e ex-secretário geral do IAB RS, a fundação do departamento gaúcho do IAB é um dos três fatores responsáveis pela mudança de visão na construção civil em Porto Alegre, citando o destaque de Demétrio Ribeiro no artigo “A Arquitetura no Período 45-60”, publicado inicialmente no “Arquitetura Moderna em Porto Alegre” (Faurgs/Pini, 1987), organizado por Alberto Xavier e Ivan Mizoguchi e depois na obra “Demétrio Ribeiro (IAB RS/Livraria do Arquiteto, 2005), organizado por Flavia Boni Licht e Salma Cafruni. Para Demétrio Ribeiro, “três fatores podem ser lembrados no processo de promoção da arquitetura no Rio Grande do Sul, que, como dissemos de início, tomava a forma de promoção da arquitetura moderna: projetos vindos de fora, fundação do ensino da arquitetura no Estado e fundação do departa-mento local do Instituto dos Arquitetos de Brasil”. Cícero destaca que a escolha de Porto Alegre para realização do II Congresso Brasileiro de Arquitetos, se deu, conforme declarou Eduardo Corona, pelo fato da capital gaúcha necessitar de “um impulso e um esclarecimento no que se refere ao aspecto arquitetônico. Porto Alegre neste particular está atrasadíssima. É uma cidade em câmara lenta. Tudo chega em último lugar”, declaração concedida em entrevista ao Correio do Povo, na edição de 26 de outubro de 1948.

Cícero Alvarez lembra que em agosto de 1948, os estudantes do Instituto de Belas Artes da URGS criaram a versão gaúcha da revista Ante-Projeto, dedicada ao II Congresso Brasilei-ro de Arquitetos, com a direção composta por Edgar Graeff, Francisco Riopardense de Macedo, Jorge Sirito, Luis Fernando Corona, Marcos

Jaimovish e Nelson Souza. A partir do segundo número, a revista foi rebatizada de Espaço, tendo a comissão editorial formada por Carlos Fayet, Enilda Ribeiro, Nelson Souza, Jorge Sirito e Luis Fernando Corona. A revista Espaço, em seu terceiro número, foi responsável pelo registro da vinda de Oscar Niemeyer a Porto Alegre como paraninfo da primeira turma de urbanistas do Instituto de Belas Artes (IBA), em abril de 1949, pelo registro das decisões do II Congresso de Arquitetos e pelo início da luta dos estudantes por uma Faculdade de Arquitetura autônoma. Em sua quarta e última edição, deste período, a revista registrou os cinco anos do curso do IBA e os primeiros arquitetos formados no Rio Grande do Sul, em 1949.

Nos anos 50, o Departamento do IAB no Rio Grande do Sul, sob a presidência de Max Hermann Schlüpman, passou a discutir e demandar uma solução para o problema do ensino da Arquitetura no Rio Grande do Sul, com a gestão da criação de uma faculdade de arquitetura e urbanismo. Tam-bém em 1950, no mês de abril, o presidente do IAB RS enviou uma carta ao presidente Eurico Gaspar Dutra solicitando a criação da carreira funcional de arquiteto na função pública federal e paraestatal. Max Schlüpman designou Tasso Corrêa ao IAB - Direção Nacional para objetivar um movimento em caráter nacional que tinha como principais metas a uniformidade do título de arquiteto, a criação da carreira do arquiteto na função pública e a transformação em Faculdade Nacional de Ar-quitetura dos diversos cursos existentes até então e também a campanha em prol da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Rio Grande do Sul, o que se concretizou em 1952, A Faculdade

66 ANOSUma luta de

Pelos Arquitetos e Urbanistas

história

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66 anos IAB RS

Criada em 1952, a Faculdade de Arquitetura da UFRGS, unificando os dois cursos então existentes, foi uma das primeiras conquistas da organização dos arquitetos gaúchos.

POR LUIZ GONZAGA LOPES

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de Arquitetura foi criada em 1952, a partir da fusão dos cursos de arquitetura então existentes na Escola de Engenharia e no Instituto de Belas Artes. Nascida do impulso destas demandas do IAB RS junto ao Ministério da Educação e Cultura e Governo Federal e também da mobilização estudantil, a Faculdade de Arquitetura da UFRGS, Universidade federalizada também nos anos 50, é uma das mais antigas e qualificadas instituições de ensino de arquitetura e urbanismo do Brasil.

A ARQUITETURA MODERNA E A ATUAÇÃO DO IAB RS

Nos anos 50, o IAB gaúcho teve uma forte repre-sentação nas questões relativas aos concursos de anteprojetos para novas edificações na cida-de. Em 1952, foi designado o arquiteto Demétrio Ribeiro para integrar a comissão julgadora dos anteprojetos de construção do Palácio de Justiça do Rio Grande do Sul, cujo projeto foi iniciado em 1953 e concluído em 1968. O concurso foi vencido pelos arquitetos Luiz Fernando Corona e Carlos Maximiliano Fayet, que nos anos 90 viria a ser presidente do IAB RS.

Este período foi marcado também pelo mo-vimento estudantil, que era bastante atuante e mantinha relação muito próxima ao IAB. Em 1953, o acadêmico Danilo Landó tomou posse como o primeiro presidente do recém criado Centro dos Estudantes Universitários de Arqui-tetura (CEUA). Danilo também foi presidente da entidade nos anos 90 e um dos responsáveis por transferir a sede do IAB RS para o Solar Conde de Porto Alegre.

Em 1958, foi realizado outro importante Con-curso na Praça da Matriz em Porto Alegre, este para o Palácio Farroupilha, sede da Assembleia Legislativa do Estado, tendo como vencedor o

arquiteto paulista Gregório Zolko, que em 2009 veio a ser um dos jurados do Concurso realizado pelo IAB RS para o Plano Diretor e ampliação das instalações da AL.

As duas décadas iniciais do IAB RS também foram também de consolidação da arquitetura moderna em Porto Alegre. Conforme o livro “Ar-quitetura Moderna em Porto Alegre”, de Alberto Xavier e Ivan Mizoguchi (1987), a promoção da arquitetura moderna na capital gaúcha é um dos três fatos a serem lembrados no processo de consolidação da arquitetura no Estado, junto com a fundação do ensino da arquitetura em 1945 e a própria fundação do Departamento RS do IAB, em 1948. Nos anos 50, outros projetos modernos foram ganhando corpo como o do Colégio Júlio de Castilhos, vencedor de concur-so em 1953, pelo casal de arquitetos Demétrio e Enilda Ribeiro, ambos presidentes do IAB RS em anos posteriores. Além de tantos outros prédios comerciais e dezenas de residências e prédios residenciais, destaca-se a Estação de Passageiros do Aeroporto Salgado Filho, de Nelson Souza (1950), os edifícios Jaguaribe, de Luiz Fernando e Fernando Corona (1951) e Santa Cruz, de Carlos Alberto de Holanda Mendonça (1955) e o edifício Tannhauser, de Emil Bered (1953), também presidente do IAB RS e um dos mais destacados arquitetos gaú-chos do período.

No final dos anos 50, o IAB RS chegou a ter uma seção quinzenal no Correio do Povo, para a publicação de projetos e artigos de interesse públi-co e dos profissionais da arquitetura e urbanismo.

Deste período destaca-se também a presença influência ideológica do realismo socialista em

Porto Alegre, que teve como ápice a criação da revista Horizonte, em 1951, que tinha Demétrio Ribeiro como um dos membros do conselho de redação. Matérias assinadas por Demétrio, Edgar Graeff, Nelson Souza, Vera Fabrício e Edvaldo Pereira Paiva falavam sobre a arqui-tetura voltada para o povo. O estilo realista na forma e socialista no conteúdo que emanava da Rússia soviética, desde a metade dos anos 30, estava presente nos ideias dos jovens ar-quitetos formados pelo IBA e se constituía num condicionante em projetos de arquitetos da época. Em sua dissertação de Mestrado, Cícero Alvarez reproduz uma afirmação de Demétrio na revista Horizonte, número 5, de maio de 1951: “A arquitetura verdadeiramente nova será, na nossa opinião, uma arquitetura compreendida pelas massas e capaz de evocar em seu espí-rito as ideias grandiosas que inspiram as lutas patrióticas e revolucionárias do nosso povo”. Eram tempos de grandes conflitos conceituais e ideológicos e de busca de uma construção de identidade para a arquitetura no Brasil.

A SEDE PRÓPRIA

Neste período, as reuniões do IAB RS tinham como sede o escritório dos seus presidentes. Irineu Breitman, que dirigiu o Instituto de 1958 a 1961, e também em 1964, dizia que o sonho da sede própria se fortaleceu no grupo de ar-quitetos, segundo ele, jovens e audaciosos. Na sua primeira gestão, Irineu, então com menos de 30 anos, propôs a ideia de fazer um empre-endimento imobiliário a preço de custo, com a compra do terreno na rua Annes Dias. Junto com Flávio Figueira Soares, tesoureiro do IAB nessa gestão, Irineu Breitman recebeu procuração plena do IAB para vender o empreendimento. ”Em um ano conseguimos liberar o terreno, onde havia duas casas velhas desabitadas, e vender os primeiros títulos que possibilitaram recursos para iniciar a obra em 1960”, explicou em entrevista ao Jornal do IAB. Um concurso foi realizado para escolha do projeto da futura sede. O vencedor foi o arquiteto Carlos Maximiliano Fayet. A construção do prédio durou cinco anos, de 1960 a 65, quando também exerceu a presi-dência do IAB RS o arquiteto Miguel Pereira, que posteriormente, a partir de 1972, foi presidente nacional da entidade.

Eleito em 65, o arquiteto Cláudio Araújo foi o primeiro presidente a instalar-se na nova sede, de 1966 a 67. Desde a sua ocupação, a sede do

história 66 anos IAB RS

Imagem aérea da Praça da Matriz mostrando a inserção de edifícios modernos na pai-sagem da cidade. À esquerda o Tribunal de Justiça e à direita a Assembleia Legisla-tiva, ambos projetos selecio-nados por Concurso Público realizado nos anos 50.

FONTE: LIVRO UM PALÁCIO PARA A JUSTIÇA

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IAB logo se identificou com o mundo cultural da cidade, conforme depoimento posterior do próprio Cláudio Araújo. Foi instalada nessa gestão, em 1966, uma galeria de arte, orientada por Francisco Stockinger, artista já reconhecido nacionalmente na época. A primeira exposição foi de trabalhos do arquiteto Flávio de Carvalho, artista excepcional e com obras no Museu de Arte Moderna de São Paulo. O IAB foi palco de grandes eventos, que marcaram a vida cultural da Capital, como a exposição de móveis da Oca, com a presença do arquiteto Sérgio Rodrigues, a palestra de Umberto Eco e do presidente do BNH na época, Mário Trindade.

OS ANOS DE CHUMBO

Os anos que seguiram foram difíceis, de resis-tência contra um regime totalitário. A ditadura militar instaurada no país, em 1º de abril de 1964, atingiu diretamente a classe dos arquite-tos, principalmente aqueles que militavam no IAB e lecionavam nas faculdades de Arquitetura. Muitos arquitetos e professores de arquitetura foram cassados pelo regime como Demétrio e Enilda Ribeiro, Carlos Fayet, Edvaldo Pereira Pai-va, Irineu Breitman, Miguel Pereira, entre outros. No artigo “Lembranças de uma Bela Época”, publicado no livro “Arquitetura Ufrgs: 50 Anos de Histórias” (2002), o arquiteto Clóvis Ilgenfritz da Silva observa que “entre os primeiros 12 pro-fessores cassados e expurgados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, seis eram da nossa faculdade. Mais de 70 estudantes entre os 250 matriculados em nossa Faculdade foram humi-lhados por uma junta de professores e policiais em longos interrogatórios absolutamente absur-dos, para nossa indignação”. No artigo, Ilgenfritz complementa o que seria a barbárie do regime contra seres pensantes e com ideologia como os arquitetos: “Alguns de nós (Cláudio Casaccia, Fernando Rocha e eu) fomos encaminhados a outros interrogatórios complementares pela Polícia do Exército, que funcionava no Palácio da ‘Justiça’ na Av. João Pessoa, e a cena se repetia para nós três, com requintes de tortura moral, no DOPS. Éramos acusados de ‘perigosos’ comunistas, ainda mais depois de termos ido a Cuba em 1963 (para participar do Congresso da UIA - União Internacional de Arquitetos). Mas ninguém se intimidou. Guardo esta lembrança, com orgulho, de todos os colegas que foram submetidos àquelas barbáries, a quem, jovens idealistas, poderiam ter abatido”.

Durante a sua gestão, no mês de outu-bro de 1964, o presidente do IAB RS, Irineu Breitman, agiu com energia para enviar um telegrama ao então presidente do Brasil, o marechal Castelo Branco cobrando que o mandatário da Nação não permitisse a ameaça que pairava sobre o exercício profis-sional de arquitetos e professores da Facul-dade de Arquitetura: “vem apelar espírito de justiça V,G Vossencia não permita injunção ordem política firam princípios permanentes liberdade cultural V,G acarretando profundos prejuízos ensino arquitetura VG que temos dever defender como arquitetos P.T.”

Nos anos 70, a entidade teve como um dos seus principais líderes, o arquiteto Telmo Magadan, que presidiu o departamento RS do IAB nos anos 1978 e 1979 e depois o IAB nacional, entre 1983 e 1985. “O IAB RS foi durante todo o período de ditadura militar um foco de resistência. Em 1978, nós reeditamos a revista Espaço com a publicação de oito números e artigos de nomes como Demétrio Ribeiro e Carlos Fayet”. Muitas das atividades do IAB RS à época da direção de Telmo Magadan estão registradas no relatório de gestão Memória IAB RS - 1978/1979. Dentre as reivindicações da época pelos arquitetos gaúchos estava a necessidade de uma política habitacional adequada à realidade brasileira, a necessidade de modernização dos dispositivos constitucionais sobre propriedade e uso do solo, reformulação do ensino da arquitetura e a necessidade de legislação nacional do desenvolvimento urbano e de legislação profissional adequada, bem como posicionamentos nacionais sobre a política de exploração da Amazônia e a questão nuclear de Angra 1. “Os arquitetos nunca se calaram. Nós

sempre achamos formas de criar uma discussão durante a ditadura militar, apesar da paranoia que eram as reuniões e mesas de bar nos meus tempos de estudante de Arquitetura no final dos anos 60 e início dos 70 em locais como o bar Alaska, no Bom Fim. Havia sempre alguém pedindo para falar mais baixo, pois um rosto era desconhecido e podia ser do DOPS”, lembra.

Sempre confiando em questões como pla-nejamento e gestão das cidades como locais de acolhimento, encontro e vivência humana, Telmo destaca que a luta dos arquitetos do IAB RS sempre foi permeada por questões como a ação política para buscar a produção da melhor arquitetura vinculada às cidades sustentáveis, por uma visão sistêmica de cidade. “Na época da ditadura militar, toda a nossa ação estava permeada pelo autoritarismo, mas o IAB sempre avançou, nunca recuou. Assumimos os riscos. O maior bem do IAB é a sua independência de posicionamento como entidade”, salienta.

61espaço

Desenho de Carlos Fayet para o his-tórico edifício sede do IAB RS na Annes Dias, empreendi-mento liderado pelo presidente Irineu Breitman que contou com a colaboração de diversos dirigen-tes da entidade.

Auditório da sede na Annes Dias lotado para um evento de discus-são sobre arquitetura nos anos 80, quando o IAB RS foi um espaço de referência para a cultura da cidade.

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Durante esta gestão, conforme a arquiteta Sal-ma Cafruni, secretária geral do IAB RS à época, a entidade de classe, por meio da sua Comissão de Estudos Ambientais, fez uma manifestação pública em nota do dia 25 de abril de 1978 sobre a po-luição da costa marítima gaúcha, a popular maré vermelha da praia do Hermenegildo. Em trecho da manifestação, há a crítica ao uso desenfreado de agrotóxicos, devastação florestal e poluição do ar, água e solo.

Salma Cafruni destaca também que a preo-cupação com o Patrimônio Histórico e Cultural foi bastante intensa no IAB RS no final dos anos 70. Em sessão extraordinária do departamento no dia 21 de abril de 1978, na cidade de Pelotas, foi redigida a Carta de Pelotas com pelo menos cinco itens: 1. a validade e a divulgação dos docu-mentos, cartas e declarações de preservação de bens culturais e do patrimônio histórico, como por exemplo a Carta de Veneza, o Documento de Nai-róbi e a Carta Cultural de São Miguel das Missões; 2. a necessidade de criação de um Sistema Per-manente de Proteção Cultural Rio-grandense; 3. a necessidade de inventário e cadastro destes bens no Estado; 4. a necessidade de justificar ao povo, lideranças da comunidade e estudantes a impor-tância da preservação dos bens culturais; e, por fim, 5. a necessidade destas justificativas se funda-mentarem em argumentação científica para que o assunto siga o sentido racionalista da preservação.

BAR DO IAB COMOREFERÊNCIA CULTURAL DE UMA ÉPOCA

Contribuindo para o sucesso da galeria de arte do IAB, nos anos de chumbo, o espaço do IAB teve uma boa frequência de arquitetos no fim dos anos 60, mas foi a partir dos anos 80 que passou a ser reconhecido como um dos principais pontos de encontro entre artistas, militantes, ar-quitetos, estudantes, publicitários e jornalistas, que o tornaram o primeiro bar underground de Porto Alegre. Unindo principalmente arte, arquitetura e política, o bar atraia os mais diversos segmentos culturais e criativos da sociedade e transformou-se em uma verdadeira referência cultural para toda uma geração.

Mais precisamente em 1º de dezembro de 1981, o Bar Espaço IAB foi inaugurado no andar térreo do Edifício do IAB, na rua Annes Dias, 166. Administrado por Dirceu Russi, na época com 36 anos, o bar contava com uma livraria administra-da pelo designer Antonio Carlos Castro e com a galeria de arte administrada pelos dois. Pelo seu pequeno palco, passaram personalidades da mú-sica popular brasileira como Chico Buarque, Nana Caymmi, Rosinha de Valença, Elis Regina, Cida Moreira, Geraldo Flach, Ney Lisboa, Celso Loureiro Chaves e Ayres Potthoff e Adriana Calcanhotto. Não era incomum que o reduto de intelectuais, dos modernos e dos alternativos do sul do Brasil sediasse sessões de autógrafos de autores como Mario Quintana ou Millôr Fernandes.

O Bar do IAB RS fazia história em Porto Ale-gre como um lugar-síntese dos sentimentos e da movimentação social, cultural e política da cidade, como um local de todos aqueles que buscavam as novidades que aquele início da dé-cada de 1980 proporcionava. Conforme Dirceu Russi, aquele foi um momento mágico, mas que só aconteceu por ter sido no IAB RS. “Seis meses depois da inauguração, nós promovemos uma

apresentação do grupo de teatro de bonecos 100 Modos e do músico Raul Ellwanger, que tinha sido exilado político na Argentina, junto com uma exposição de fotografias do Luiz Carlos Felizardo. A partir daquele momento, o público do teatro, do Centro de Artes Dramá-ticas, da Ufrgs, os músicos, os militantes políti-cos, escritores e também, claro, os arquitetos passaram a frequentar constantemente o bar e dar a ele uma aura de um local frequentado pela elite intelectual da cidade”, recorda Russi. O proprietário do Bar do IAB neste período lembra de uma pequena conversa com o autor do projeto da sede do IAB, Carlos Fayet: “Ele me encontrou na entrada do bar, parou do meu lado e disse: ‘Meus parabéns, pois eu esperei mais de 14 anos para ver o meu projeto realizado integralmente’. Ele pensou neste formato, mas só nos anos 80 é que este espaço encontrou a ideia do criador”, relata Russi.

Entre os grandes momentos do Bar do IAB, Russi lembra da maioria dos shows em formato pocket, de 50 a 60 minutos, nos quais ninguém falava e os garçons paravam de atender para que a música fosse o mais importante. “Tivemos shows memoráveis como a Suíte de Claude Bolling, com o Celso Loureiro Chaves e o Ayres Potthoff, o show da Cida Moreira, a apresenta-ção da Nana Caymmi e da Rosinha Valença ou o show “Só Blues”, do Nei Lisboa e Augustinho Licks, com iluminação feita por fósforos”, conta Russi. O espetáculo Tangos & Tragédias, de Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez, teve a sua primeira apresentação no Bar do IAB, em 1984.

O início dos anos 80 também trouxe ao IAB RS o engajamento com outros movimentos e entidades de classe na luta pelas Diretas Já! Conforme Telmo Magadan, que estava presidindo o IAB - Direção Nacional, entre 1983 e 1985, o IAB RS com ou-

história 66 anos IAB RS

Cartaz de divulgação da primei-ra apresentação do espetáculo Tangos e Tragédias realizado no Bar do IAB em 1984.

Doctor Jazz Band realizando apresentação no Bar do IAB. Da esquerda para a direita: César Franarin (sax alto), Paulo Amaral (clarinete), Alfredo Sommer (sax tenor), Marco Ferreira (guitarra) e, atrás, Roberto Meimes (bateria).

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63espaço

tras 21 entidades, entre as quais o Sindicato dos Bancários, presidido na época por Olívia Dutra, assinou um manifesto em 14 de março de 1984 exigindo o resgate da legitimidade dos pleitos e eleições diretas para Presidente e outros cargos, feitos até então por colégio eleitoral. Em trecho do manifesto, o pedido é pelo regime realmente democrático no país: “A implantação efetiva do regime democrático passa pela conquista das eleições diretas em todos os níveis, e propiciará aos brasileiros o direito fundamental de uma vida digna e justa. A mobilização popular em defesa das eleições diretas abre espaço para a participação de todos os segmentos da população brasileira nas decisões que lhes dizem respeito, conduzindo ao questionamento democrático dos problemas afetos à política educacional, habitacional, ao uso e a posse da terra, da saúde e previdência, do espaço ambiental e do modelo econômico como um todo”.

A REDEMOCRATIZAÇÃO

Sucedendo a David Bondar, Ivan Mizoguchi (1990/91) foi o primeiro presidente após aber-tura política. Ele lembra que o IAB RS sempre esteve engajado na luta pelos arquitetos desde a fundação nacional em 1921, passando pelo departamento estadual em 1948. “O IAB RS não se concentrou, no entanto, apenas nas questões específicas da profissão. Foi além. Quando foi preciso, e quando era impositivo, seus inte-grantes foram corajosos - num tempo em que contestar o status quo implicava até mesmo em risco de vida - e generosos. Aderiram, na pri-meira hora, às lutas contra a ditadura, à favor de redemocratização do país, por uma anistia ampla e irrestrita e por eleições diretas”, revela. De acor-do com Mizoguchi, as grandes características da entidade são “a garantia de sua credibilidade e de sua força - apesar de não ser uma entidade nem poderosa nem grande - são sua Indepen-

dência em relação aos poderes constituídos e a Democracia Interna na deliberação de qualquer questão. Penso que todos deveriam lutar para que essas características nunca mudem”.

Nos anos 90, as gestões de Carlos Fayet e Da-nilo Landó, trouxeram características interessantes como uma maior aproximação da entidade com a comunidade, a criação de outras entidades e o aumento do diálogo e a criação de núcleos do IAB RS no interior do Estado. A presidência de Carlos Fayet entre os anos de 1994 e 1997 foi marcada por um período de retomada da participação dos associados do departamento. “As ações do Fayet foram todas no sentido de atrair os associados e a comunidade e as suas duas gestões foram marcadas pela convivência dos opostos e pela diversidade de pensamento”, ressalta Cícero Alvarez. Fayet, falecido em 2007 teve a preocupação de publicizar o trabalho dos arquitetos e urbanistas. A retomada dos concur-sos de projetos de arquitetura e também todo o contato político e negociações para a cessão do prédio e do terreno do Solar Conde de Porto Alegre pelo Governo do Estado para a criação do Solar do IAB foram importantes iniciativas da sua gestão à frente do IAB RS.

Entre 1998 e 2001, o presidente Francisco Danilo Landó imprimiu um ritmo de descentraliza-

ção da participação dos arquitetos nas atividades da gestão do IAB RS. O compromisso de interio-rizar as ações foi realiza-do pela criação de cinco núcleos regionais do IAB em cidades-polo: Cruz Alta, Nova Prata (Região do Basalto), Santa Maria, Rio Grande e Erechim (Alto Uruguai). No livro

“Nos Limites da História - Arq. Danilo Landó - um Homem de Visão” (2011), o texto “Período de 1998 a 2001”, elaborado em 2008 pela jornalista Vera Pinto, enumera algumas das principais caracterís-ticas da gestão do presidente à frente do IAB RS, entre elas a mudança para nova sede: “O início do processo de restauração do Solar Conde de Porto Alegre e a mudança da sede da entidade para o prédio histórico foram as principais realizações do alegretense. A busca por maior participação por profissionais da área nas atividades do IAB, em especial dos estudantes e arquitetos do interior, estiveram no alvo de suas ações; assim como o engajamento na luta permanente pela criação do Colégio Brasileiro de Arquitetos, o Conselho próprio, separado do sistema CONFEA/CREA. A democratização do acesso ao trabalho, no incenti-vo à promoção de concursos públicos de projetos de Arquitetura e a comunicação com a categoria, através da divulgação dos acontecimentos de seu interesse foram prioridades”. Em depoimento à revista Espaço, Landó destaca que as suas duas gestões foram de muita participação da classe que “as propostas da plataforma de ação das chapas Integração para 1998/99 e 2000/01 foram cumpridas integralmente”.

A LUTA PELO CAU E O FUTURO DO IAB

Nos anos 2000, além da mudança da sede da entidade do prédio da rua Annes Dias para o Solar Conde de Porto Alegre, Solar do IAB, um dos grandes pleitos foi a intensificação da luta pelo CAU, além da ampliação da oferta de atividades culturais e a renovação dos quadros diretivos do departamento. A grande liderança deste período foi o saudoso José Albano Volkmer, presidente por duas gestões, entre 2002 e 2005, e que já havia sido presidente da entidade em 1976/1977. Conforme o atual presidente, Tiago Holzmann da Silva, “o professor Albano, com sua característica

Reunião de organização da Infra-estrutura do Forum Social Mundial 2005 na sede do IAB/RS.

Abertura do 121º CoSu, Faculdade de Arqui-tetura - durante Fórum Social Mundial 2005. Gestão do IAB/DN sob a Presidência do Arq. Demetre Anastassakis. Gestão do IAB/RS sob a Presidência do Arq. José Albano Volkmer. Des-taque para a presença da Arq. Enilda Ribeiro.

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história iabagregadora e inclusiva incentivou e permitiu a renovação de quadros do IAB RS e aprofundou a política da abertura da entidade para o interior e para as gerações de arquitetos mais jovens”. Albano também foi uma liderança fundamental no engajamento nacional pela criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), que se con-solidou somente com a aprovação de lei em 30 de dezembro de 2010, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas que demandou décadas de luta.

O arquiteto Carlos Alberto Sant´Ana passou a participar da diretoria do IAB RS em 2002, como 1º secretário na gestão do presidente José Albano Volkmer, a quem agradece por ter aberto as portas do IAB para a renovação, incentivando a participação de jovens arquitetos. Ele seguiu como 3º vice-presidente na gestão de Albano em 2004/05. “Em 2007, assumi como presidente interino no lugar do arquiteto Iran Fernando da Rosa e fui eleito presidente nas gestões 2008/09 e 2010/11. Neste período em que participei da diretoria, pude acompanhar a elaboração e negociação do projeto de lei para a criação do CAU, adotado e proposto pelo senador José Sarney, que foi aprovado no Congresso e depois vetado em dezembro de 2008 pelo presidente Lula, por vício de origem”, revela Sant´Ana.

O presidente do IAB RS à época destaca que o projeto de lei foi novamente apresentado, desta vez pelo Executivo e foi aprovado no Senado Federal em 21 de dezembro de 2010, em sessão presidida pelo próprio José Sarney. A sanção do PL 12.378 que criou o Conselho de Arquite-tura e Urbanismo (CAU), em 30 de dezembro daquele ano, foi o último ato do governo Lula.

“Os parlamentares gaúchos como o arquiteto e deputado federal Luiz Carlos Busato, a deputada Manuela D´Ávila, o deputado Eliseu Padilha e os senadores Sérgio Zambiasi e Paulo Paim tiveram participação ativa para o convencimento de ou-tros parlamentares e resistência à argumentação do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura)”, observa Sant´Ana.

Sobre os quatro anos de sua gestão à frente do IAB RS, Sant´Ana lembra que deu continuidade a gestão renovadora de Albano Volkmer, seguindo com a luta pelo CAU, com a marca do diálogo, do agir coordenado, da manutenção dos programas de expansão da entidade e das visitas ao núcleos do interior. “Procuramos organizar o IAB RS nos aspectos administrativo, burocrático e legal, equacionando dívidas e deixando com uma boa organização operacional e financeira”, salienta, lembrando que o IAB RS trabalhou para a uni-dade das entidades e apoiou a chapa vencedora da eleição para a primeira gestão do CAU/RS, cujo presidente eleito para o triênio 2011/13 foi o arquiteto Roberto Py Gomes da Silveira.

Outras demandas coordenadas pelo IAB RS entre 2008 e 2011 foram, segundo o ex-presidente

Sant´Ana, uma ação vigorosa contra a destruição de Porto Alegre em seu Plano Diretor de Desen-volvimento Urbano e Ambiental. “A visão crítica do IAB RS é que a arquitetura é um direito da população, que é um bem cultural e público, que deve ser atendido pelas políticas públicas como a saúde e a educação”, afirma. Segundo Sant´Ana, a ação política da sua gestão até 2011 e que teve continuidade na gestão seguinte do presidente Tiago Holzmann da Silva, em 2012/13, foi para que o IAB se tornasse mais unido, unificado, co-erente, superando as divisões internas e também com uma renovação dos quadros diretivos e o reconhecimento aos parceiros e colaboradores. “Ninguém faz uma gestão sozinho. É importante que a gente valorize aqueles que dão sua energia e tempo em prol do IAB RS”, finaliza Sant´Ana.

A atual gestão do presidente Tiago Holzmann da Silva, reeleito para o mandato 2014/2016, tem o desafio de seguir preparando a entidade para esta nova realidade tendo como linhas principais a qualificação da atuação profissional, a interioriza-ção da representação e a presença dos arquitetos nos debates da cidade e na construção de uma sociedade mais justa e sustentável.

Eventos da “Quarta no IAB” tratando de temas relevantes para a arquitetura e para a socie-dade. Realizados semanalmente desde 2012 lotam o Solar do IAB com frequência, como nesta palestra sobre Arquitetura Sustentável.

Foto histórica do dia da sanção da Lei de criação do CAU com a presença de lideranças das entidades de arquitetos de todo o Brasil com o Presidente Lula, em 30 de dezembro de 2010.

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Ernani Dias Corrêa • 1948

Max Herrmann Schlüpmann • 1949/50 e 1951/52

Roberto Felix Veronese • 1953/54

Emil Achutti Bered • 1955/56 e 1958

Manoel José Carvalho Meira • 1957

Irineu Breitman • 1959/60, 1961 e 1964

Miguel Alves Pereira • 1962/63

Edegar Bittencourt da Luz • 1965

Cláudio Luiz Araujo • 1966/67

Demétrio Ribeiro • 1968/69

Günter Weimer • 1970/71

Newton Burmeister • 1972/73

Jorge Decken Debiagi • 1974/75

José Albano Volkmer • 1976/77

Telmo Borba Magadan • 1978/79

Enilda Ribeiro • 1980/81

Augusto Primo Portugal • 1982/83

Maria Isabel Marocco Milanez • 1984/85

Rômulo Krafta • 1986/87

David Léo Bondar • 1988/89

Ivan Gilberto Borges Mizoguchi • 1990/91

Sônia Nara P. Rego Mascarello • 1992/93

Carlos Maximiliano Fayet • 1994/95 e 1996/97

Francisco Danilo Menezes Landó • 1998/99 e 2000/01

José Albano Volkmer • 2002/03 e 2004/05

Iran Fernando da Rosa • 2006/07

Carlos Alberto Sant’Ana • 2008/09 e 2010/11

Tiago Holzmann da Silva • 2012/13

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A HISTÓRIA SEGUE

Os diversos aspectos da história da arquitetura gaúcha terão continuidade nas edições seguintes da revista Espa-ço IAB. O foco da matéria na segunda edição da revista será o Bar do IAB e sua referência cultural para a cidade dos anos 80, as personalidades que por lá passaram, os grandes shows e espetáculos (Cida Moreira, Nei Lisboa; Nana Caymmi e Rosinha Valença; Celso Loureiro Chaves e Ayres Potthoff; 100 Modos e Raul Ellwanger; Tangos & Tragédias) e também as histórias pitorescas do local.

EX-PRESIDENTES

O IAB RS presta sua homenagem a arquiteta e urbanista Maria Isabel Marocco Milanez, que presidiu o Instituto dos Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio Grande do Sul, nos anos de 1984 e 1985, tendo atuado sempre no sentido da afirmação política, legal e institucional da profissão, destacando-se por seus fortes posicionamentos em relação ao urbanismo gaúcho.

Bela, como era conhecida, atuava há 30 anos (1984-2014) como professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do UniRitter, tendo sido coordenadora do curso entre 2003 e 2006 e exercido diversas outras funções institucionais e administra-tivas no curso. Apaixonada pela docência, tinha sempre como preocupação a qualidade do ensino de arquitetura como um todo, sendo responsável direta pela concepção da linha de ensino de urbanismo que a escola adotou.

Urbanista por vocação e formação, atuou junto a órgãos públicos municipais e estaduais em importantes projetos de planejamento em âmbitos diversos, desde a habitação popular, até planos de desenvolvimento regional.

Bela era graduada em arquitetura pela Faculdade de Arquitetu-ra e Urbanismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1977), tinha especialização em Desenho Urbano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul / PROPUR (1984) e Mestrado em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul / PROPAR (2002). Atualmente era professora titular e Coordenadora Setorial de Pós-Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ritter dos Reis. Foi consultora ad hoc em Arquitetura e Urbanismo, com ênfase na Gestão de Projetos Institucionais, Planejamento e Projeto do Espaço Urbano, atuando principalmente nos seguintes temas: projetos de arquitetura, dese-nho urbano, urbanismo, planejamento e desenvolvimento urbano e ambiental, gestão urbana participativa.

Falecida no mês de março, depois de uma difícil luta contra o câncer, nos deixará saudades. Mas dela levaremos, além de muitos outros, o ensinamento que “a arquitetura e o urbanismo são uma coisa só, não podem ser vistos separadamente, o que muda é o olhar, a escala, a complexidade...”.

“a arquitetura e o urbanismo são uma coisa só, não podem ser vistos separadamente, o que muda é o olhar, a escala, a complexidade...”

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A segunda caravana, integrando a programação da Festa do Mar em abril, coincidiu com a realização do Seminário Nacional Q+50 (veja box) com o tema da “Moradia Brasileira”, com convidados de expressão nacional como o presidente nacional do IAB Sérgio Magalhães (RJ), Demetre Anastassakis (RJ), Elisabeth França (SP), Pablo Benetti (RJ), Claudia Pires (MG), Roberto Guione (PE), Pedro da Luz Moreira (RJ), Clovis Ilgen-fritz da Silva (RS), Julio Dornelles (RS), além da cientista social Natália Carnovale coordenadora de Projetos Estratégicos da cidade de Rosário, Argentina. Contou com o apoio da Prefeitura Municipal e a presença do prefeito Alexandre Lindemeyer; do presidente da Federação Panamericana dos Arquitetos, João Suplicy; do Vice Presidente da Federação Nacional dos Arquitetos, Daniel Amor; do Deputado Federal Fernando Marroni; do CAU/RS e de seu presidente Roberto Py Gomes da Silveira; e da Federação das Associações de Municípios do RS.

A Caravana encerrou com almoço de domingo na Festa do Mar, após visitas guiadas ao Centro Histórico de Rio Grande, molhes da barra do porto, Superporto, e a cidade vizinha de São José do Norte, com direito a passeio de barco.

Santa Maria

Rio Grande

A Caravana da Arquitetura é uma atividade tradicional do IAB RS, desde as gestões dos presidentes Danilo Landó e José Albano Volkmer. Trata-se de conjunto de eventos concentrados em uma cidade em um final de semana, começando na sexta-feira à noite e encerrando no domingo à tarde, geralmente com um tema principal e composta de uma palestra, um debate com convidados, uma reunião com os arquitetos locais e uma visita guiada na cidade. Em 2013, as Caravanas foram contempladas pelo edital de patrocínio do CAU/BR e per-correram diversas cidades do estado durante todo o ano, contando com a presença de 40 palestrantes e debatedores e mais de 1.600 par-ticipantes. A promoção das Caravanas é do IAB RS com organização dos Núcleos locais do IAB e apoio de diversas instituições, entidades, faculdades e administrações locais, sendo que todas as atividades são gratuitas e abertas à participação dos profissionais e da comunidade.

A primeira Caravana do ano, em março de 2013, contou com a presença do presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, que foi morador da cidade durante alguns anos, e teve como tema principal a “Atribuição Profissional” do arquiteto, além de promover ampla discussão sobre o “Projeto e Responsabilidade Técni-ca” justamente no sensível momento após a tragédia na Boate Kiss.

A reorganização do Núcleo do IAB em Santa Maria foi também um saldo positivo da atividade que contou com o apoio e participação da Prefeitura Mu-nicipal e das faculdades locais - UFSM, ULBRA e UNIFRA. Após as atividades pro-fissionais os participantes realizaram roteiro de turismo cultural pela 4ª Colônia.

Haroldo Pinheiro: “A criação do CAU é o momento oportuno para empreender uma verdadeira revolução cultural na profissão dos arquitetos e urbanistas”

Sérgio Magalhães: “O espraimento da cidade é incompatível com a cidade sustentável e com a própria democracia. Direito à habitação é a cidade reconhecer, urbanizar e financiar o acesso universal a moradia”.

O Seminário Q+50 de Rio Grande fez parte de um ciclo comemorativo nacional aos 50 anos do Seminário Nacional de Habitação e Reforma Urbana (SHRU), realizado pelo IAB, em julho de 1963, no Hotel Quitandinha, Petrópolis (RJ). Em 2013, renovou-se a discussão sobre a cidade brasileira revisando os conceitos e in-

corporando os novos paradigmas de desenvol-vimento sustentável e da participação popular nas decisões de políticas públicas. Além de Rio Grande, única cidade do interior a sediar uma edição, o Seminário Q+50 também foi realiza-do em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e Manaus, entre outras.

O Seminário Q+50 de Rio Grande fez parte de um ciclo comemorativo nacional aos 50 anos do Seminário Nacional de Habitação e Reforma Urbana (SHRU), realizado pelo IAB, em julho de 1963, no Hotel Quitandinha, Petrópolis (RJ). Em 2013, renovou-se a discussão sobre a cidade brasileira revisando os conceitos e in-

corporando os novos paradigmas de desenvol-vimento sustentável e da participação popular nas decisões de políticas públicas. Além de Rio Grande, única cidade do interior a sediar uma edição, o Seminário Q+50 também foi realiza-do em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e Manaus, entre outras.

caravanas da arquitetura

Palestra do presidente do CAU/BR

Abertura com autoridades. Da esquerda para a direita: Deputado Federal Fernando Marroni, Prefeito de Rio Grande Alexandre Lindemeyer, presidente nacional do IAB Sérgio Magalhães, presidente da FPAA João Suplicy e Vice Presidente da FNA Daniel Amor. • Natália Carnovale falando sobre planejamento e participação na cidade de Rosário, Argentina • Demetre Anastassakis criticando os projetos padronizados realiza-dos no programa Minha Casa Minha Vida.

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Caravanas 2013

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Torres

Capão da Canoa

Durante o Festival de Balonismo, em maio, a Caravana foi a Torres para debater o tema da “Profissionalização da Profissão” que envolveu con-vidados das entidades de arquitetos como o Diretor do CAU/RS, Carlos Eduardo Pedone; o coordenador do Núcleo local, Marcelo Koch; e a Coordenadora do Curso de Arquitetura da Ulbra, professora Thais Menna Barreto. A palestra principal foi apresentada por Marcio Carvalho e Ricar-do Ruschel sobre “O Arquiteto Incorporador”. As visitas do grupo foram às obras de restauro da Igreja de São Domingos e à empresa Pultrusão Brasil fabricante de perfis estruturais a partir de fibra de vidro resinada.

A “Infraestrutura Turística” e o planejamento do litoral sul de Santa Catarina foi o tema da palestra dos arquitetos Nelson Saraiva e Michel Mittman (SC), em junho, no auditório lotado da Câmara de Vereadores de Capão da Canoa. A presença do prefeito e de autoridades da região foi também motivo para uma apresentação sobre Concursos Públicos de Arquitetura e a possibilidade de realização destes para a Orla das cidades do litoral norte.

No último dia um grande grupo formou uma verda-deira caravana para uma visita guiada ao Parque Eólico e ao Morro da Borussia, ambos em Osório.

A “Infraestrutura Turística” e o planejamento do litoral sul de Santa Catarina foi o tema da palestra dos arquitetos Nelson Saraiva e Michel Mittman (SC), em junho, no auditório lotado da Câmara de Vereadores de Capão da Canoa. A presença do prefeito e de autoridades da região foi também motivo para uma apresentação sobre Concursos Públicos de Arquitetura e a possibilidade de realização destes para a Orla das cidades do litoral norte.

No último dia um grande grupo formou uma verda-deira caravana para uma visita guiada ao Parque Eólico e ao Morro da Borussia, ambos em Osório.

Palestra no au-ditório da ULBRA Torres • Reunião com as entidades de arquitetos

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Caxias

Pelotas

Erechim

O IAB RS ampliou a discussão sobre a “Mo-bilidade Urbana”, em julho, com a presença do Dr. Emilio Merino, especialista em Siste-mas de Transporte e do Deputado Estadual e Arquiteto Vinicius Ribeiro. Eles debateram sobre este tema e sobre a “Cidade Acessível” com outros convidados como Cesar Wagner, Edson Marchioro e Carlos Eduardo Pedone. Foi destaque também a apresentação de projetos para a região como o Trem da Serra e a Reabilitação da Área da Estação Férrea por Rosana Guarese e Sandra Barella, respectivamente. As atividades foram realizadas no Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho e tiveram o apoio da Secretaria da Cultura de Caxias. Os participantes concluíram com passeio pelo Vale dos Vinhedos e a Santa Tereza.

A Caravana da Arquitetura integrou, em agos-to, as programações do Dia do Patrimônio, iniciativa pioneira da Prefeitura de Pelotas que abriu todos os edifícios tombados para visitação pública. A “Arquitetura como expressão cultural” teve como palestrante o arquiteto Jeferson Navolar, presidente do CAU PR, ex-presidente

do IAB PR e membro do Conselho Nacional de Cultura, e contou com a presença de mais de 150 pessoas entre estas a vice-prefeita, Paula Mascarenhas, além de outras autoridades e profes-sores e estudantes das faculdades locais UFPel e UCPel.

O grupo realizou um “Percurso Intraurbano”, visita guiada pelo ar-quiteto Otávio Perez, pelo centro e área férrea da cidade, visitando as edificações restauradas, as obras da Estação de Trens e a caixa d’água.

Em novembro, com apoio da Prefeitura Municipal, da Defender e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), a última Caravana do ano de 2013 contou com a participação de mais de 150 pessoas para debater o “Espaço Público, Arquitetura e Cidade” com os convidados Ro-gério Malinsky, Briane Bicca, Telmo Padilha Cesar e outros. Um ponto alto foi a apresentação do estudo sobre a “Requalificação do Centro Histórico de Erechim”, fruto de convênio com diversas instituições locais, provou mais uma vez a grande mobilização do Núcleo do IAB de Erechim. Finalizando as atividades o grupo foi levado à visitar as obras de restauração do Cas-telinho e o Centro Histórico da cidade encerrando com almoço no Estádio Colosso da Lagoa.

Abertura do evento. Na mesa a Secre-tária Municipal e Arquiteta Joseane Almeida, Vice Pre-feita Paula Masca-renhas, palestrante Jeferson Navolar e arquiteto Márcio Lontra do Núcleo de Rio Grande.

Palestra do arquiteto Humberto Hickel, vice--presidente do IAB RS na gestão 2012/13

Castelinho, prédio construído entre 1912 e 1915, com refinada tecnologia em madeira, que serviu para abrigar a Comissão de Terras do Estado do Rio Grande do Sul

Abertura do evento. Na mesa a Secretária Municipal e Arquiteta Joseane Almei-da, Vice Prefeita Paula Mascarenhas, palestrante Jeferson Navolar e arquiteto Márcio Lontra do Núcleo de Rio Grande. • Grupo visita Santa Tereza, cidade tombada pelo patrimônio nacional as margens do Rio Taquari

“As Caravanas de 2013 foram de encontro e troca de experiências. À beira-mar, na campanha ou na serra, ficou evidente a necessidade de reforçar a organização dos núcleos para apoiar os arquitetos na fase pós CAU.” Humberto Hickel

caravanas da arquitetura

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Porto Alegre

COSU

CARAVANAS 2014

A histórica bandeira do IAB em favor dos concursos foi o tema da Caravana realizada em Porto Alegre, no feriado de 20 de setembro, integrando a programação do 144 COSU (veja box) e coincidindo também com a 75ª reunião do Conselho Esta-dual do RS. Aprofundando e ampliando as discussões sobre os “Concursos Públicos de Arquitetura”, na presença de mais de 80 arquitetos de todo o Brasil, a arquiteta Patrícia Moura apresentou, em nome do IAB RS, o relatório das atividades desenvolvidas pelo grupo de trabalho responsável pela atuali-zação do regulamento nacional de Concursos.

O Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil (COSU) é a instância máxima de deliberação do IAB nacional. Neste conselho estão representados proporcionalmente todos os Departamentos estaduais do IAB, os presidentes estaduais e os ex presidentes nacionais.

Depois de 8 anos ausente, a 144ª reunião do COSU voltou a Porto Alegre com a participação de colegas de 14 departa-mentos (Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Per-nambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins).

A reunião teve dois temas principais: a homologação do novo estatuto com diversas atualizações e alterações, como a ampliação do mandato para 3 anos e a revisão dos critérios de proporcionalidade na representação estadual. Neste ponto o RS ampliou de 4 para 6 o número de vagas para membros eleitos. O outro tema de destaque foi a discussão da atualização do regulamento de Concursos Públicos de projetos de arquitetura e urbanismo e suas políticas de implantação e divulgação.

O presidente do IAB CE, Odilo Almeida, expôs o projeto do XX Congresso Brasileiro de Arquitetura, a ser realizado em Fortaleza em abril de 2014. E também tratou-se da indicação pelo IAB da candidatura da cidade do Rio de Janeiro para o Congresso da União Internacional dos Arquitetos de 2020.

O IAB RS está concluindo a pro-gramação para as Caravanas de 2014, que irá promover a integração entre os diversos núcleos do interior priorizando a realização dos eventos nas cidades e regiões com novos núcleos. A divulgação do calendário será publicada nas mídias do IAB RS.

O IAB RS está concluindo a pro-gramação para as Caravanas de 2014, que irá promover a integração entre os diversos núcleos do interior priorizando a realização dos eventos nas cidades e regiões com novos núcleos. A divulgação do calendário será publicada nas mídias do IAB RS.

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Sérgio Magalhães: “Quando modificarmos o quadro atual, em que obras deixem de ser licitadas mediante apenas a apresentação de anteprojeto, daremos um passo gigantesco na melhoria do trabalho dos arquitetos e na qualificação do espaço brasileiro”.

Cartaz da edição 2013 em Torres/RS

Presidente Sergio Magalhães, no centro, abre a 144ª Reunião do COSU. À esquerda o presidente do IAB RS, Tiago Holzmann da Silva, e à direita o presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro.

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SOLAR CONDE DE PORTO ALEGRE um espaço para a cultura

O Solar do IAB RS é palco desde 2011 de exposi-ções de artes visuais, teatro e música. Nesta foto, o Salão Negro no dia de abertura de uma exposição.

Solar Conde de Porto Alegreiab rsPOR LUIZ GONZAGA LOPES FOTOS ACERVO IAB RSPOR LUIZ GONZAGA LOPES FOTOS ACERVO IAB RS

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O prédio do Solar Conde de Porto Alegre, também conhecido como Solar do IAB, data da primeira metade do século XIX, e foi tombado pelo patrimônio histórico em 1998. Apesar de não haver registros que comprovem o ano de sua construção, ele já aparecia em mapas de Porto Alegre desde o ano de 1837. Até o início da década de 1930 foi utilizado como residência pelos descendentes do Conde de Porto Alegre que foi o militar que defendeu Porto Alegre da invasão dos Farrapos e o principal responsável pelo título de “mui leal e valerosa” dado à cidade pelo Impe-rador Dom Pedro II.

Em 1932, passou a ser próprio do Estado, sendo utilizado como sede dos órgãos de segurança pública. A partir de então, sediou o Departa-mento de Polícia, o primeiro necrotério de Porto Alegre, o Quartel da Brigada Militar e o Departamento de Trânsito. Nos anos 60 e 70, período da ditadura militar, também foi sede informal do DOPS e do DOI-CODI.

Em 1994, o prédio do Solar, que encontrava-se abandonado e em ruína, sem cobertura e entrepisos e com graves problemas estruturais, foi doado ao Instituto de Arquitetos do Brasil pelo Estado do Rio Grande do Sul através de lei aprovada na Assembleia Legislativa. A partir de 2000 teve início o processo de restauração financiado pelo IAB RS, que permitiu a ocupação do prédio. Nascia então o Solar do IAB, um espaço de cultura, formação e associativismo profissional. No Solar, hoje em dia, são realizadas diversas atividades culturais e profissionais, além de sediar as exposições de artes visuais na Galeria Espaço IAB, sob a curadoria de Adriana Xaplin e Vinicius Vieira. (veja box com a programação de 2014)

Entre as atividades do Solar do IAB a mais destacada é a já tradicional “Quarta no IAB”, evento semanal que promove a cultura arquitetônica e a discussão de temas relevantes para a cidade. Conforme o arquiteto Hum-berto Hickel, vice-presidente da gestão 2012/13 e principal responsável pela programação, a intenção com a criação da “Quarta no IAB” há dois anos foi a de tratar de assuntos diversos todas as quartas-feiras no final da tarde, fazendo com que este se tornasse um dia referencial de ativida-des culturais e um momento de encontro entre os arquitetos, estudantes e a sociedade. “Temos diversas atividades, como o ciclo Cinema e Arqui-tetura, que já discutiu edificações em Buenos Aires, com apresentações de filmes e debates como ‘O Homem ao Lado’ e ‘Medianeras’ ou também o ci-clo Projeto e Obra, no qual jovens arquitetos utilizam o espaço para apresen-tar e discutir os seus projetos”, revela Hickel. Ele salienta também a parceria com o grupo Teatro Geográfico, que utiliza um espaço no Solar do IAB para a realização de ensaios, discussões e também apresentações teatrais.

A criação do Bazar do Solar, que teve duas edições em 2013, nos dias 4 de maio e 30 de novembro, e que terá outras edições já agendadas para 2014, também surgiu para permitir o encontro dos arquitetos com a comunidade para a venda de artesanato, roupas, acessórios, gastronomia, troca de livros e shows artísticos, movimentando o Solar do IAB em um sábado por semestre.

Imagens das exposições de artes visuais que reuniram mais de uma centena de artistas e multidões nos coquetéis de abertura. Na imagem inferior, à esquerda, o arquiteto e artista plástico Vinícius Vieira, vice presi-dente do IAB RS e responsável, juntamente com Adriana Xaplin, pela curadoria de artes visuais da entidade.

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Solar Conde de Porto Alegreiab rsConforme o presidente do IAB RS, Tiago Holzmann da Silva, na

gestão que tem como lema “Cidade e Cultura”, os objetivos são a inserção cada vez maior dos arquitetos nos temas da comunidade, principalmente por atividades culturais e sócio-políticas, desde as ar-tes visuais, teatro e cinema, até o planejamento urbano, patrimônio histórico e cultural, meio ambiente, entre outros assuntos da pauta atual. Segundo ele, muitos movimentos e entidades foram acolhidas pelo IAB RS ou tendo o Solar como sede de suas reuniões e debates, como o movimento “O Morro é Nosso” em defesa do Morro Santa Tereza, o grupo do Museu das Águas, Moinhos Vive, Agapan, Defender, Aprova Já!, Comitê Popular da Copa, entre outros.

UMA GALERIA QUASE CINQUENTENÁRIA

A Galeria de Arte do Instituto de Arquitetos do Brasil funciona ininterruptamente há quase 48 anos. Foi fundada em abril de 1966, durante a gestão do presidente Cláudio Araújo. Ela funcionava na sobreloja da antiga sede do IAB RS, na rua Annes Dias, em Porto Alegre. A primeira exposição foi de pinturas, esculturas e trabalhos de arquitetura de Flávio de Carvalho, que doou uma de suas obras ao IAB RS. Um dos seus primeiros diretores artísticos foi o escultor Xico Stockinger. Entre o final da década de 60 e início da década de 70, trabalharam na curadoria nomes como Gilberto Morás Marques (final dos anos 60) e Naida Gomes (1973).

No final dos anos 70, sob a direção artística de Renato Rosa, o espaço abrigava artistas plásticos de várias regiões do país, como Al-fredo Volpi, Emanoel Araújo, Octávio Araújo, Caulos, Rebolo, Farnese de Andrade, Antônio Maia, Glauco Rodrigues, Carlos Bastos, Pietrina Checcacci, Zaragoza, Iaponi Araújo e Paulo Roberto Leal. A Galeria teve mostras de artistas como Danúbio Gonçalves, Tadeuz Lapinski, Ado Malagoli, Maria Bonomi, Di Cavalcanti, Wesley Duke Lee, Décio Pignatari, Manabu Mabe, Sônia Ebling, Henrique Fuhro, Magliani, Inah Fantoni, Plínio Bernhardt, Pasquetti, Tenius, Joyce Schleiniger, Ilsa Monteiro, Roth, Nelson Jungbluth, Léo Dexheimer, Regina Silveira, Leonid Streliaev, e outros artistas atuantes na cena cultural gaúcha, principalmente durante o período da ditadura militar. A partir do ano de 2001, a galeria passou a funcionar no Solar do IAB.

Desde 2010, com curadoria artística de Adriana Xaplin e de Vini-cius Vieira, a galeria Espaço IAB realiza exposições de Artes Visuais, selecionadas por meio editais anuais. Desde então, a galeria recebeu em mostras coletivas ou individuais, o trabalho de mais de 100 artis-tas, como Angela Pettini, Bebeto Alves, Caé Braga, Arminda Lopes, Hidalgo Adams, Marli Araújo, Glaé Macalós, Paulinho Chimendes, Ena Lautert, Alexandra Eckert, Santiago, Liana Timm, Gilberto Perin, entre muitos outros.

Diversas atividades culturais e profissionais no Solar do IAB. De cima para baixo: teatro e performance na abertura da exposição de Liana Timm, palestra técnica lotando o Salão Multiuso, discussão sobre o documento dos 10 pontos por um Projeto de Cidade, show musical com Wander Wildner no lançamento da cerveja Coruja, mesmo com chuva o Solar do IAB com grande movimento nas quartas.

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QUARTA NO IAB - PROGRAMAÇÃO 2014

MAIO

12 • Cesar Dorfman. “Havana 63”

19 • Aniversário IAB - 66 anos

26 • Ciclo Projeto e Obra 1

02 • Arquitetura é Cultura

09 • “Retirantes” pré-estreia do filme

16 • Abertura da 1ª Exposição de Artes Visuais • Edital IAB RS 2014

23 • Arquitetura e a Norma de Desempenho NBR 15575

30 • Seminário “Por um Projeto de Cidade” IAB RS + PMPA

07 • Cinema e Arquitetura. “Flores Raras” de Bruno Barreto

14 • João Diniz. Projetos e Obras

21 • Economia Criativa

28 • Projeto e Obra 2

04 • Dia Nacional do Meio Ambiente

11 • Obras de Arte em Edificações. Arte e Cidade

18 • Abertura da 2ª Exposição de Artes Visuais. • Edital IAB RS 2014

25 • Projeto e Obra 3

02 • Habitação de Interesse Social

09 • Ativistas por uma Cidade mais Humana

16 • Apresentação do projeto vencedor do Concurso SENGE/IAB RS.

23 • 100 anos do Plano de Melhoramentos

30 • Projeto e Obra 4

06 • E agora? O que fazer com o legado da Copa?

13 • Viagem de Arquiteto. “NY”, cidade pedestre.

20 • Porque preservar? Patrimônio cultural e arquitetônico

27 • Projeto e Obra 5

ABR

MA

RM

AI

OU

T

JUN NO

V

JUL

DEZ

AGO

SET

03 • Projetos Olímpicos Rio 2016.

10 • Viagem de Arquiteto. “Berlim”

17 • Eleições 2014. Debate com candidatos sobre Arquitetura e Urbanismo

24 • Abertura da 3ª Exposição de Artes Visuais. Edital IAB RS 2014

01 • Bar do IAB. Bate bapo com arquitetos, artistas e intelectuais.

08 • Eleições CAU/RS. Debate com as chapas.

15 • Dia do professor. Debate sobre o ensino de arquitetura

22 • Projeto e Obra 6

29 • Licitações Públicas para Arquitetura e Urbanismo

05 • Dia do Urbanismo

12 • Arquitetura da Saúde

19 • Reforma Urbana, Estatuto da Cidade e Plano Diretor

26 • Projeto e Obra 7

03 • Viagem de Arquiteto. “Dinamarca e Copenhague”

10 • SEMANA DA ARQUITETURA. Atividades conjuntas com outras entidades

17 • Abertura da 3ª Exposição de Artes Visuais. Edital IAB RS 2014

Confira a agenda completa do IAB RS no site www.iab rs.org.br

GA

LERI

A E

SPAÇ

O IA

B • Ernani Chaves - Individual. Áreas Externas e Circulação;

• Elton Manganelli - Individual. Sala do Arco;

• Carla Pilla - Individual. Sala Anexa;

• Estelita Branco, Angela Oliveira, Carmen Sansone, Eleonor Branco, Julia Toba, Leci Bohn, Mara Caruso, Olenca Quintian, Rosa Lang, Rosângela Coelho, Sandra Fraga, Suzana Campozani e Valquíria Muniz - Coletiva. Sala Negra;

• Lucas Strey - Individual. Áreas Externas e Circulação;

• Leandro Michels - Individual. Sala do Arco;

• Adreson Vita de Sá - Individual. Sala Anexa;

• Leonardo Pereira e Paulo Funari - Coletiva. Sala Negra;

ABRILdia 16, abertura 19:30

JUNHOdia 18, abertura 19:30

• Antônio Augusto Bueno e Luís Filipe Bueno - Coletiva. Áreas Externas e Circulação;

• Zetti Neuhaus - Individual. Sala do Arco;

• Gaby Benedyct - Individual. Sala Anexa;

• João Otto Klepzig - Individual. Sala Negra;

SETEMBROdia 24, abertura 19:30

• Soraya Girotto - Individual. Áreas Externas e Circulação;

• Suzel Ko Freitag Neubarth - Individual. Sala do Arco;

• Rogrigo Núñes e Adriana Daccache - Coletiva. Sala Anexa;

• Câmera Viajante - Coletiva. Sala Negra;

DEZEMBROdia 17, abertura 19:30

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Page 74: Espaço IAB RS 01

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informaçãoiab rs

Posse da nova Diretoria e comemoração de 66 anos IAB RSO Instituto que representa os arquitetos e urbanistas gaúchos realizou con-fraternização em dezembro para comemorar o Dia do Arquiteto e para dar posse aos 81 colegas eleitos para a Gestão 2014/2016, entre Diretoria, Conse-lhos e Núcleos. Em 19 de março, nova comemoração, desta vez referente aos 66 anos de atividades no estado. Em ambas ocasiões, o IAB RS abriu o Solar, no Centro Histórico da capital, para reunir os associados, amigos, autoridades e representantes de outras entidades e instituições como o SAERGS, CAU/RS, AAI, AsBEA, SENGE-RS, AGAPAN, SERGS, IBAPE, Conselho de Cultura e outras.

Consolidando a parceria entre o Sindicato dos Engenheiros no Estado do RS e o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB RS) foi lançado em março o CONCURSO EXPANSÃO SENGE-RS, Concurso Público Nacional de Arquitetura e Projetos Comple-mentares para a Ampliação e Expansão da Sede do Sindicato. As inscrições estarão abertas até 28 de abril e serão distribuídos R$ 100 mil em premiações para os 5 melhores estudos preliminares, sendo que o vencedor será contratado para realizar os proje-tos executivos de arquitetura e complementares, o que exige dos participantes a formação de equipes multidisciplinares.

Os profissionais interessados em apresentar seus projetos já podem realizar as inscrições pelo site www.iabrs.org.br/concursosengers. A entrega das propostas será no dia 13 de maio de 2014, e em 27 de junho a divulgação dos resultados. Mais informações pelo telefone (51) 3212.2552.

Integrantes da nova Gestão 2014/16 na cerimônia de posse no Solar do IAB em dezembro de 2013.

O Gestão 2012/13 publicou relato completo de suas atividades no site do IAB RS. Veja em: www.iabrs.org.br/web/Editoriais

O Gestão 2012/13 publicou relato completo de suas atividades no site do IAB RS. Veja em: www.iabrs.org.br/web/Editoriais

Vaga Vivaem Rio Grande

Audiência Pública sobre a Orla Em audiência pública promo-vida pela Câmara Municipal de Porto Alegre, a pedido do IAB RS, os porto-alegrenses tiveram pela primeira vez a oportunidade de conhecer o projeto de revitalização da orla do Guaíba. A apresentação aconteceu em outubro de 2013, no Plenário Otávio Rocha lotado, contando com a presença do arquiteto Jaime Lerner (responsável pelo projeto) e do vice-prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo, entre outros. Lerner e sua equipe apresentaram uma projeção genérica com imagens do projeto, perspectivas e alguns desenhos técnicos. O presidente do IAB RS pediu mais publicidade e participação pública para os grandes projetos de interesse da população e reforçou a posição favorável ao concurso público para a revitalização da orla que, em 2007, estava sendo negociado com a Secretaria do Planejamento Municipal, mas acabou sendo desconsiderado.

Reunião nacional do IAB em Porto Alegre

ConcursoExpansãoSENGE-RS

Para comemorar o Dia do Urbanismo em novembro de 2013, o Núcleo Cidade do Rio Grande do IAB RS realizou, pela primeira vez em uma cidade do interior do estado, uma atividade chamada de “Vaga Viva”. Trata-se de uma ocupação de vagas de estacionamento de carros nas vias públicas, como uma extensão do passeio público, para desenvolver atividades artístico-culturais e de lazer.

Ausente do estado há 8 anos, Porto Ale-gre sediou a 144ª Reunião do Conselho Superior (COSU) do IAB recebendo, em setembro de 2013, mais de 80 colegas

representantes de 14 estados da federação. Em 2014 o COSU se reunirá em Fortaleza em abril, coincidindo com

o Congresso Brasileiro de Arquitetos e reuniões de outras entidades.

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Beba com sabedoria

De arquitetos para arquitetos. A Cerveja Coruja foi criada, em 2004, pelos arquitetos gaúchos Micael Eckert e Rafael Rodrigues, buscando uma nova forma de fazer e beber cerveja. Atualmente, a Coruja engloba três linhas de cervejas: as Vivas, Pasteurizadas e Fora de Série; além de um pub localizado na Cidade Baixa, a Toca da Coruja, e um centro cultural cervejeiro, o Solar Coruja, que está de portas abertas na rua Riachuelo, 525.

www.facebook.com/cervejacoruja www.twitter.com/cervejacoruja

Page 77: Espaço IAB RS 01

informaçãoiab rs

IAB RS tem assentono ConselhãoA arquiteta e professora da UFRGS, Luciana Miron, é a representante do IAB RS no Conselho de Desenvolvi-mento Econômico e Social. O CDES é um espaço pú-blico não-estatal que tem o papel de analisar, debater e propor diretrizes para promover o desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio Grande do Sul.

Com 90 integrantes de diferentes segmentos da sociedade, os arquitetos Un-derléa Miotto Bruscato e Telmo Magadan também são membros do Conselhão, este último ex presidente nacional e local do IAB.

ConvênioUNIMED/IABComemorando 15 anos do convênio o IAB oferece as melhores opções de valores e serviços da UNIMED para os arquitetos de todo o estado. Planos completos, internações, UniOdonto, SOS, e outros serviços complementares pelos melhores preços. Quem compara acaba decidindo. Veja as condições e valores no site www.iabrs.org.br

Convênioem ErechimO Núcleo de Erechim do IAB RS participa de convênio reunindo diversas instituições -Prefeitura Mu-nicipal, Sindilojas, SEBREAE e CDL, para a elaboração de “Conceitos de Projeto de Requalificação do Centro Histórico de Erechim”. O objetivo da parceria é a qualifica-ção do especo público da cidade e a recuperação e valorização do patrimônio urbano da primeira cidade planejada do estado.

DEMOCRACIA SIMULADA E O SEQUESTRO DA PARTICIPAÇÃO

IAB RS PERDE ASSENTO NO CONSELHO DO PLANO DIRETOR DE PORTO ALEGRE (CMDUA) E PUBLICA ARTIGO NOS PRINCIPAIS VEÍCULOS DA IMPRENSA.

Porto Alegre é pioneira em planejamento urbano no Brasil. Elaboramos o primeiro Plano Diretor das cidades brasileiras e temos uma longa tradição em urbanismo e participação. Entretanto, estas práticas tem sido gradativamente distorcidas ou abandonadas e o que assistimos hoje é a destruição do sistema de planejamento e da política urbana. A falta de um Projeto de Cidade que defina uma visão de futuro nos condena à construção da cidade de maneira fragmen-tada, sem uma visão global e, muito pior, gravemente influenciada pelos grupos econômicos que atuam com a eventual conivência do poder público.

Estamos assistindo o sequestro dos ambientes participativos por estes grupos como no caso do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental - CMDUA, responsável por formular as políticas de desenvolvimento urbano, e composto por representantes da comunidade, de entidades e de órgãos públicos. A escolha destes representantes está totalmente viciada, pois a maioria ali existente aprovou regras para eliminar as minorias, e temos hoje uma composição que não representa a diver-sidade de opiniões e visões sobre a cidade. Desta maneira, os grandes empreendimentos imobiliários, shoppings, grandes obras viárias e outros projetos de interesse destes grupos são facilmente aprovados por este Conselho, muitas vezes atropelando critérios técnicos e legais, simulando um ambiente democrá-tico no qual o jogo já está jogado.

Enquanto outras cidades revisam suas prioridades focando seu desenvolvimento nas pessoas, aqui seguimos priorizando o automóvel, o asfalto, o shopping, o espigão e ainda sofremos com a abso-luta falta de planejamento e a total inexistência de espaços democráticos de discussão sobre o futuro da cidade. A exclusão do IAB e de outras entidades no CMDUA representa a desqualificação técnica do mesmo e o enfraquecimento dos interesses coleti-vos da sociedade em defesa do patrimônio cultural, do meio ambiente, do planejamento, dos espaços públicos e das pessoas.

A alternativa à esta simulação da democracia e o sequestro da participação é a constituição de espaços efetivos de discussão no qual todos tenham condições de defender seus interesses em igualdade de condições para, no enfrentamento democrático e transparente dos conflitos, buscar os consensos e pactos que garantam um Projeto de Cidade com-partilhado por todos. Mas, para isto, o poder público deve alterar radicalmente sua atuação assumindo seu verdadeiro papel de mediador dos conflitos e indutor do desenvolvimento para que tenhamos uma cidade mais justa e sustentável para todos.

Tiago Holzmann da SilvaPresidente IAB RS • Janeiro 2014

Porto Alegre é pioneira em planejamento urbano no Brasil. Elaboramos o primeiro Plano Diretor das cidades brasileiras e temos uma longa tradição em urbanismo e participação. Entretanto, estas práticas tem sido gradativamente distorcidas ou abandonadas e o que assistimos hoje é a destruição do sistema de planejamento e da política urbana. A falta de um Projeto de Cidade que defina uma visão de futuro nos condena à construção da cidade de maneira fragmen-tada, sem uma visão global e, muito pior, gravemente influenciada pelos grupos econômicos que atuam com a eventual conivência do poder público.

Estamos assistindo o sequestro dos ambientes participativos por estes grupos como no caso do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental - CMDUA, responsável por formular as políticas de desenvolvimento urbano, e composto por representantes da comunidade, de entidades e de órgãos públicos. A escolha destes representantes está totalmente viciada, pois a maioria ali existente aprovou regras para eliminar as minorias, e temos hoje uma composição que não representa a diver-sidade de opiniões e visões sobre a cidade. Desta maneira, os grandes empreendimentos imobiliários, shoppings, grandes obras viárias e outros projetos de interesse destes grupos são facilmente aprovados por este Conselho, muitas vezes atropelando critérios técnicos e legais, simulando um ambiente democrá-tico no qual o jogo já está jogado.

Enquanto outras cidades revisam suas prioridades focando seu desenvolvimento nas pessoas, aqui seguimos priorizando o automóvel, o asfalto, o shopping, o espigão e ainda sofremos com a abso-luta falta de planejamento e a total inexistência de espaços democráticos de discussão sobre o futuro da cidade. A exclusão do IAB e de outras entidades no CMDUA representa a desqualificação técnica do mesmo e o enfraquecimento dos interesses coleti-vos da sociedade em defesa do patrimônio cultural, do meio ambiente, do planejamento, dos espaços públicos e das pessoas.

A alternativa à esta simulação da democracia e o sequestro da participação é a constituição de espaços efetivos de discussão no qual todos tenham condições de defender seus interesses em igualdade de condições para, no enfrentamento democrático e transparente dos conflitos, buscar os consensos e pactos que garantam um Projeto de Cidade com-partilhado por todos. Mas, para isto, o poder público deve alterar radicalmente sua atuação assumindo seu verdadeiro papel de mediador dos conflitos e indutor do desenvolvimento para que tenhamos uma cidade mais justa e sustentável para todos.

Tiago Holzmann da SilvaPresidente IAB RS • Janeiro 2014

Preservação das Casas da LucianaO plenário da 144ª Reunião do COSU do IAB apro-vou por unanimidade “Moção de apoio a perma-nência das casas da Luciana de Abreu” reforçando ampla mobilização social e cultural pela preservação do patrimônio de Porto Alegre. Considerando “o recorrente desrespeito pela história das cidades brasileiras e do patrimônio arquitetônico por parte das grandes empresas de empreendimentos imobi-liários” o Conselho Superior do IAB manifestou que “esta prática deve ser eliminada e substituída pela valorização das cidades brasileiras, de seu patrimô-nio histórico, artístico e cultural, representado com destaque por sua arquitetura”, além de oferecer “total apoio às instituições, entidades e moradores que estão defendendo a preservação do casario da Rua Luciana de Abreu, conjunto arquitetônico re-presentativo de um período histórico e da paisagem urbana daquele bairro e da cidade”.

O plenário da 144ª Reunião do COSU do IAB apro-vou por unanimidade “Moção de apoio a perma-nência das casas da Luciana de Abreu” reforçando ampla mobilização social e cultural pela preservação do patrimônio de Porto Alegre. Considerando “o recorrente desrespeito pela história das cidades brasileiras e do patrimônio arquitetônico por parte das grandes empresas de empreendimentos imobi-liários” o Conselho Superior do IAB manifestou que “esta prática deve ser eliminada e substituída pela valorização das cidades brasileiras, de seu patrimô-nio histórico, artístico e cultural, representado com destaque por sua arquitetura”, além de oferecer “total apoio às instituições, entidades e moradores que estão defendendo a preservação do casario da Rua Luciana de Abreu, conjunto arquitetônico re-presentativo de um período histórico e da paisagem urbana daquele bairro e da cidade”.

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40 anos do Sindicato

Em 2013 o Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul - SAERGS completou 40 anos. Mas como se deu o seu nascimento? É o que focalizaremos aqui neste breve ensaio. A assinatura da carta sindical do SAERGS, ato que marca o início de sua existência, ocorreu em 1973. No entanto, o processo que culminaria com a constituição da entidade é longo. Sua fundação arremata um trabalho que principia em 1969 com a Associação Profissional dos Arquitetos de Porto Alegre (APA). É essa entidade que dá origem ao SAERGS.

A iniciativa de fundar uma Associação Profissional, condição legal para criar um sindicato, seguia à risca resolução do VI Congresso Bra-sileiro de Arquitetos realizado em Salvador, 1966. E a futura entidade funcionaria para questões específicas relacionadas à disputa capital/trabalho e na defesa dos arquitetos assalariados, algo para o qual os IABs não tinham competência legal.

O IAB RS liderou este processo no Estado. Foi Demétrio Ribeiro, então presidente do Instituto, quem abriu a reunião de fundação da APA em fins de 1969. Nesta reunião é apresentado e aprovado estatuto da Associação e indicada chapa para dirigi-la. Na ata, consta que foi “sugerida uma chapa composta dos arq. Breno F. [Falcão] Motta, L. [Luiz] C. [Carlos] Xavier, Regina Cutin, para pres. [presidente], sec. [secretário], tez. [tesoureiro], respectivamente com Guaracy M. [Miguel da] Conceição, C. [Cláudio] Ferraro, Clovis [Ilgenfritz da] Silva como suplentes e mais o conselho fiscal Paulo V. [Vianna] Bopp, Benno Sperhacke e Militão M. [de Morais] Ricardo para titulares, com Ivone Manske, Nelson Medeiros e Emil [Achutti] Bered como suplentes”.

entidades SAERGS

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1973/2013

Bruno César Euphrasio de Mello é Diretor e 1º Secretário do SAERGS, gestão 2011/2013

Ata de fundação da Associação Profissional dos Arqui-tetos de Porto Alegre, 1969. Fonte: Arquivos do SAERGS.

Solenidade de entrega da Carta Sindical, na sede do IAB RS (rua Prof. Annes Dias, centro de Porto Alegre), 1973. Da di-reita para a esquerda Cap. Walter Spalding, Guido Moesch, Clovis Ilgenfritz da Silva e Fonte: Arquivos do SAERGS.

A carta sindical só foi assinada anos depois, em novembro de 1973, durante o governo do militar Emilio Médici. Quem assina a carta é o Ministro de Estado dos Negócios do Trabalho e Previdência Social, Júlio Barata. A solenidade de entrega da carta sindical ocorreu em 15 de janeiro de 1974, no auditório da sede do IAB RS. Em seu pronun-ciamento, Clovis Ilgenfritz da Silva, então presidente da APA, destacou que, além da atitude reivindicatória de questões próprias para a categoria profissional, o Sindicato “tem também uma missão a desempenhar, que é a missão de colaborar para traçar as linhas de desenvolvimento da nossa nação e, principalmente, da nossa região”. Já o re-presentante do Ministério do Trabalho, o Delegado Regional do Trabalho Guido Moesch, afirmava que “um sindicato autêntico precisa ser órgão de colaboração, não pode ser órgão de contestação. Deve ter independência, mas não usar esta independência só para contestar, precisa integrar-se para ajudar as autoridades do poder público a realizar estas funções que visam, principalmente, à realização do bem comum”. O representante do ministro do Trabalho apresentava, assim, entendimento oficial sobre como deveriam funcionar os sindicatos. Não deveriam ser espaços de resistência ou oposição ao re-gime, mas entidades que trabalhassem cooperativamente com o governo autoritário.

Contudo, o Ministro deve ter se frustrado, pois o SAERGS nunca foi submisso ao Estado ao longo destes 40 anos de existência. Pelo contrário, sempre foi entidade crítica, não atrelada à governos e autonomamente militante das causas dos arquitetos e urbanistas e das causas sociais do país.

POR BRUNO CÉSAR EUPHRASIO DE MELLO SA

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interação

Havana 63CESAR DORFMAN • Movimento, 2013

O arquiteto gaúcho Cesar Dorfman lançou no final de 2013, com patrocínio do SAERGS, o livro “Havana 63”, resultado de quatro anos de buscas, pesquisas e reencontros, que tentam remontar a história vivenciada pelo autor e outros 400 estu-

dantes de arquitetura que participaram do Encontro Interna-cional de Professores e Estudantes e do VII Congresso da União

Internacional de Arquitetos de Havana, em Cuba, em 1963.

Plano Geral de Melhoramentos de Porto Alegre: o plano que orientou a modernização da cidade

CELIA FERRAZ DE SOUZA • Armazém Digital, 2010

Para esclarecer a qualificada origem do urbanismo em Porto Alegre e entender os conceitos de intervenção urbana e de planejamento através do projeto, buscando na melhor técnica o desenho

do futuro da cidade. Este livro, magistralmente escrito pela professora Celia Ferraz de Souza, é leitu-ra fundamental para quem se interessa na construção da cidade e na qualidade do espaço público.

A sociedade justa e seus inimigosANTÔNIO DAVID CATTANI • Tomo Editorial, 2012

O livro apresenta uma série de artigos de diferentes autores que comprovam a apro-priação privada da riqueza e analisa os mecanismos de proteção e ocultamento finan-ceiro dos considerados inimigos da sociedade justa, apresentando os esquemas de desvio de recursos públicos para milionários rentistas e o sistema tributário regressivo que privilegia o capital e a apropriação privada da riqueza. Cattani é professor titular de Sociologia da UFRGS, pesquisador 1A do CNPq, membro da International Associa-tion for Research in Income and Wealth e membro fundador do Instituto Justiça Fiscal.

dicas&novidades

PORTAL VITRUVIUS

O melhor portal de conteúdo de arquitetura bra-sileira: artigos, resenhas, projetos e muito mais. O editor do portal é o arquiteto paulista Abílio Guerra. http://www.vitruvius.com.br

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MAIS UM CLÁSSICO NA COLEÇÃO DEARQUITETURA DA LEGO

Capturando a essência da casa modernista, a réplica da Villa Savoye, projetada por Le Corbusier, é o mais novo edifício na coleção de réplicas arquitetônicas de renome da série da LEGO®. Desculpa de arquiteto para voltar a ser criança. Fonte: archtendencias.com.br

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CONCURSO DE PROJETOS

O melhor portal sobre concursos do Brasil. Baita fonte de pesquisa e referências de arquitetura contemporânea de alto nível. O editor do portal é o arquiteto Fabiano Sobreira, de Brasília.http://concursosdeprojeto.org/

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Cidades SustentáveisCARLOS LEITE • Bookman, 2013

Carlos Leite é arquiteto e professor do Mackenzie, em São Paulo, com anos de pesquisas sobre a cidade e a sustenta-bilidade urbana. O livro é recomendado para arquitetos e para leigos que querem se aprofundar no tema com linguagem acessível e exemplos de iniciativas bem sucedidas com casos reais, diversos deles no Brasil. Recomendamos!

Manual da Assistência TécnicaA página do IAB RS tem uma infinidade de documentos disponíveis gratui-tamente com apresentações, palestras, artigos e projetos produzidos para as Caravanas, “quarta no IAB” e outros eventos. O Manual da Assistência Técnica é um destaque:http://issuu.com/iab rs/docs/iab_manual_at/1Assim como as apresentações realizadas na edição gaúcha do Q+50: http://issuu.com/iab rs/docs/rg_a_moradia_brasileira_sergio_magalh_esVeja e baixe em: http://issuu.com/iab rs/docs

INTERAÇÃOA construção da Revista Espaço conta com os seus leitores para ser espaço também de inte-ração. Colabore! Envie sugestões e comentários para [email protected]

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Page 80: Espaço IAB RS 01

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cidades

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RIO GRANDECidade mais antiga e que deu nome ao nosso Estado, Rio Grande sediou em 2013 uma Caravana da Arquitetura que coincidiu com o evento nacional Q+50 em comemo-ração ao primeiro Seminário Nacional de Reforma Urba-na. O Núcleo do IAB RS na cidade é um dos pioneiros e tem destacada atuação na região em defesa do patrimô-nio cultural realizando eventos no Dia do Patrimônio e entregando o Prêmio Memória da Arquitetura, já em sua 8ª edição. Também foi responsável pela primeira edição de uma “Vaga Viva” no interior do estado e atua com energia na promoção e defesa da qualidade do espaço urbano incentivando os concursos públicos de projeto e o planejamento urbano sustentável.

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