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www.cnoticias.net Junto ao edifício Metropolis, na Gran Via, a artéria mais cosmopolita da capital espanhola. Mariana à conquista de Madrid Jovem fadista esteve em destaque no III Festival de Fado de Madrid. A C acompanhou a cantora da Praia de Mira nesta visita ao país vizinho. POR BRUNO VALE Declaração de interesses: já conhecemos a Mariana desde o tempo em que, com 12 anos, venceu o passatempo "Achas que sabes cantar?" e foi consi- derada a melhor voz do distrito de Coimbra. Três anos depois, esta jovem, natural da Praia de Mira, entrou no circuito dos fados. Quando soubemos que a Mariana iria estar a atuar três dias seguidos em Madrid, fizemos as malas. O Festival de fado de Madrid, uma organiza- ção da produtora Everything is New , transformou o terraço do ABC Serrano, numa espécie de mostra em registo best of de coi- sas portuguesas: as coisas que se bebem (lá estavam os vinhos da bairrada e o Licor Beirão), as coisas que se usam (lá estavam novos estilistas da filigrana ou da cortiça) e as coisas que se comem. E as coisas que se comem, mais que portugue- sas eram bem gandarezas: a equipa de cozinha comandada pelo Chef Fernando Heleno do restaurante Baga (Coimbra) era do Curso Profissional de Técnico de Cozinha/Pastelaria do colégio de Calvão, Vagos. Naquela noite, o desafio era preparar uma receita de baca- lhau fresco sob orientação de um Chef espanhol. Mas vamos aos fados: a organização pro- movia uma réplica de uma casa de fados lisboeta e programou para os três dias do evento um conjunto de atuações dos mais novos e importantes nomes do fado. Kátia Guerreiro, Camané, José Manuel Neto atuavam no auditório. Cuca Roseta, Micaela Vaz, Lina Rodrigues, Miguel Capucho, Ricardo Ribeiro e Mariana eram as estrelas da "casa lisboeta". A voz do mar A sala, cheia, num falado rápido e alegre de castelhano, lá ia sossegando um pouquito para ouvir as atuações... uma espanhola que cantava fado, em português, mas também um trio norte-americano que se apaixonou por este "timbre triste que também se dança". O jantar ia sendo servido, com no- tas de alegria (já muito bairra- da) e aquele tagarelar de fundo sempre presente... Iniciou Pedro Calado, uma boa voz, cantou corridinho. Seguiu-se Micaela Vaz, uma fadista mais séria e soturna (e os espanhóis que não se calam!). Pausa para troca de músicos. Entra Mariana, com direito a quatro fados. Mariana canta fado porque o fado lhe canta bem. Na sala... o silêncio era total... nem um talher se mexeu. Quatro fados de Mariana para provar a todos que a voz com que canta o fado é a voz do mar português, da Praia de Mira, batido, duro. São só quinze anos. Mas entre fados e sorrisos Mariana ganhou aos espa- nhóis o silêncio com que se deve, sempre, come- çar uma grande atuação. Mariana com os seus músicos Miguel Gonçalves e Armindo Fernandes Miguel Capucho, Mariana e Cuca Roseta Trabalho de estreia será apresen- tado no próximo dia 21 de julho, pelas 22 horas, com entrada gratuita, no Casino Figueira.

espanhola. Mariana à conquista de Madrid fileum Chef espanhol. Mas vamos aos fados: a organização pro - ... Mariana e Cuca Roseta Trabalho de estreia será apresen-tado no próximo

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www.cnoticias.net

Junto ao edifício Metropolis, na Gran Via, a artéria mais

cosmopolita da capital espanhola.

Marianaà conquistade MadridJovem fadista esteve em destaque no III Festival de Fado de Madrid. A C acompanhou a cantora da Praia de Mira nesta visita ao país vizinho. POR BRUNO VALE

Declaração de interesses: já conhecemos a Mariana desde o tempo em que, com 12 anos, venceu o passatempo "Achas que sabes cantar?" e foi consi-derada a melhor voz do distrito de Coimbra. Três anos depois, esta jovem, natural da Praia de Mira, entrou no circuito dos fados. Quando soubemos que a Mariana iria estar a atuar três dias seguidos em Madrid, fizemos as malas. O Festival de fado de Madrid, uma organiza-ção da produtora Everything is New, transformou o terraço do ABC Serrano, numa espécie de mostra em registo best of de coi-sas portuguesas: as coisas que se bebem (lá estavam os vinhos da bairrada e o Licor Beirão), as coisas que se usam (lá estavam novos estilistas da filigrana ou da cortiça) e as coisas que se comem. E as coisas que se comem, mais que portugue-sas eram bem gandarezas: a equipa de cozinha comandada pelo Chef Fernando Heleno do restaurante Baga (Coimbra) era do Curso Profissional de Técnico de Cozinha/Pastelaria do colégio de Calvão, Vagos. Naquela noite, o desafio era preparar uma receita de baca-lhau fresco sob orientação de um Chef espanhol. Mas vamos aos fados: a organização pro-movia uma réplica de uma casa de fados lisboeta e programou para os três dias do evento um conjunto de atuações dos mais novos e importantes nomes do fado. Kátia Guerreiro, Camané, José Manuel Neto atuavam no auditório. Cuca Roseta, Micaela

Vaz, Lina Rodrigues, Miguel Capucho, Ricardo Ribeiro e Mariana eram as estrelas da "casa lisboeta".

A voz do marA sala, cheia, num falado rápido e alegre de castelhano, lá ia sossegando um pouquito para ouvir as atuações... uma espanhola que cantava fado, em português, mas também um trio norte-americano que se apaixonou por este "timbre triste que também se dança". O jantar ia sendo servido, com no-tas de alegria (já muito bairra-da) e aquele tagarelar de fundo sempre presente... Iniciou Pedro Calado, uma boa voz, cantou corridinho. Seguiu-se Micaela Vaz, uma fadista mais séria e soturna (e os espanhóis que não se calam!). Pausa para troca de músicos. Entra Mariana, com direito a quatro fados. Mariana canta fado porque o fado lhe canta bem. Na sala... o silêncio era total... nem um talher se mexeu. Quatro fados de Mariana para provar a todos que a voz com que canta o fado é a voz do mar português, da Praia de Mira, batido, duro. São só quinze anos. Mas entre fados e sorrisos Mariana ganhou aos espa-nhóis o silêncio com que se deve, sempre, come-çar uma grande atuação.

Mariana com os seus músicos Miguel Gonçalves e Armindo Fernandes

Miguel Capucho, Mariana e Cuca Roseta

Trabalho de estreia será apresen-tado no próximo dia 21 de julho, pelas 22 horas, com entrada gratuita, no Casino Figueira.