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Órgão de Divulgação do Centro Acadêmico Rocha Lima - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Ano LII - nº 1 - Abril / 2005 Esta edição está disponível no site do CARL www.fmrp.usp.br/carl Depois de passar o restinho de férias rindo à toa, finalmente, chegou o tão esperado (e batalhado) dia de se tornarem calouros. Parabéns e sejam bem vindos à FMRP-USP! Especial Calouros Pags. 4 e 5 E continua a discussão sobre o Ato Médico Páginas 7 e 8 Enfim Calouros “... É injusto [o sistema de cotas] porque passa a selecionar suas vítimas, como se houvesse diferença entre flagelados negros, cafusos ou verdes com bolinhas roxas” COTAS Página 6 Página 10

Especial Calouros 2005

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Page 1: Especial Calouros 2005

Órgão de Divulgação do Centro Acadêmico Rocha Lima - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Ano LII - nº 1 - Abril / 2005

Esta edição está disponível no site do CARL

www.fmrp.usp.br/carl

Depois de passar orestinho de férias rindo

à toa, finalmente,chegou o tão esperado(e batalhado) dia de se

tornarem calouros.Parabéns e sejam bemvindos à FMRP-USP!

Especial CalourosPags. 4 e 5

E continuaa discussão

sobre oAto Médico

Páginas 7 e 8

Enfim Calouros

“... É injusto [o sistemade cotas] porque passa

a selecionar suasvítimas, como se

houvesse diferençaentre flagelados negros,cafusos ou verdes com

bolinhas roxas”COTAS Página 6 Página 10

Page 2: Especial Calouros 2005

Abril de 20052

EXPEDIENTE

Gestão KwaiConviver

Presidente : Malu (52ª)Vice-presidente : Tavinho (52ª)1º secretário : GABA (52ª)1º tesoureiro : Tigela (52ª)2º secretário : Anna Bia (53ª)2º tesoureiro : Papaya (53ª)

ASSESSORES DEDEPARTAMENTOS :

Ensino : Dany (53ª)Científico : Ana Bia (53ª)Imprensa : Carol (53ª)Cultural : Guarujá (52ª)

COORDENADORES:Ligas : Tito, Lucy, Vivian e Samuca (52ª),Pedreira (53ª)Extensão : Marina (52ª)Rel. Internacionais : Teflon, Fabrício, Ma-mão e Peixe (52ª)Marketing : Natal, Nayara, Vivi, André Luppe Sandra (52ª)Patrimônio : Jaroslav (52ª) e Dany (53ª)Relações Externas : Alessandro, Caio Ri-beiro e Lizia (52ª)

DEPARTAMENTO DE IMPRENSAX2 (50ª), Patrícia (51ª), Malu (52ª), Carol ePáscoa (53ª), Xinxilla (54ª)

Todo texto assinado é de inteiraresponsabilidade do autor. Não serão

publicados textos sem assinatura.

EditorialAproveitando o primeiro

Esteto do ano, gostaríamosde dar boas-vindas aos ca-louros da 54ª turma daFMRP-USP. Parabéns pelaconquista! Agora que vocêsjá são de casa, sintam-se àvontade para escrever noEsteto. Seu texto não preci-sa mais ter introdução, doisparágrafos de discussão econclusão, afinal, a FUVESTé passado. Não é necessá-rio que você seja do Depar-tamento de Imprensa paraescrever, mas quem tiverinteresse em ajudar na ela-boração do Esteto (desdeeditor até etiquetar!) é sócomparecer às nossas reu-niões, toda terça-feira,12h30min, no CARL. O re-cado também vale para osveteranos, viu?

Departamentode Imprensa

Envie seus textos para:[email protected]

Veja as edições passa-das no:

www.fmrp.usp.br/carl

Mudanças naDiretoria da FMRP

Começo de ano agitado por diversasinaugurações na Faculdade de Medicinade Ribeirão Preto, alguma parte financi-ada pela herança da implantação dosCursos Novos e Novíssimos, outra partefoi captada de diversas fontes da Facul-dade e da Universidade e também umaboa parcela veio de doação do ex-alunoAntonio Jaiter Maniglia.

AssistênciaUm belo Centro de Saúde Escola foi

inaugurado ao lado do antigo, muitoembora o estacionamento esteja emcondições precárias.

Mais uma mudança prevista é a doHospital Dia, da Nove de Julho para ocampus, no já começado HospitalEmboaba logo ao lado do CEMEL –Centro de Medicina Legal, que ainda

DiretoriaApós quatro anos como vice-diretor e

outros quatro ocupando o cargo de dire-tor, o Professor Ayrton Custódio Moreiradespede-se. E não demorou muito paraocupar-se dos “objetivos fins” de qual-quer professor universitário no Regimede Dedicação Integral à Docência e àPesquisa, que constituem o famoso tri-pé universitário: ensino, pesquisa e as-sistência. Deixou para trás muitos pla-nos já transformados em realidade emuitos outros que ainda precisam serlevados adiante; dos quais nunca pode-remos deixar de citar como exemplo ainstalação dos Novos e Novíssimos Cur-sos da nossa faculdade, iniciativa quelhe garantiu elogios da Reitoria pelo es-pírito de cooperação da Faculdade deMedicina de Ribeirão Preto na expansãode vagas da Universidade, assunto aindaem pauta em São Paulo.

Seu companheiro dos últimos quatroanos, Professor Antônio Waldo Zuardi,também deixa suas funções na Diretoriada FMRP. Ainda teve seu nome, juntocom os professores Marcos Felipe Silvade Sá e Wiliam Alves do Prado, figurandona lista tríplice formulada pelo ColégioEleitoral em que o Reitor da Universidadede São Paulo baseia-se para escolherquem terá o cargo de confiança de dirigira Unidade em questão.

Essa lista tríplice é feita pelos repre-sentantes da Congregação e dos Conse-lhos de Departamentos em votação dire-ta e sigilosa. A primeira rodada de votoslevará para a lista quem obtiver mais quea metade dos votos previstos do ColégioEleitoral, assim o primeiro nome da listafeita em 7 de dezembro de 2004 foi o doProf Marcos Felipe, todos os outrosvotados não obtiveram o número mínimonecessário de votos para compor a listano chamado primeiro escrutínio.

Faltando dois nomes, é feita a segun-

da rodada de votação, seguindo as mes-mas regras da primeira e, então, o nomedo Prof Zuardi foi levado à lista tríplice. Oterceiro nome foi feito em terceiro escru-tínio com maioria simples dos votos.

Caso no primeiro e segundo escrutíni-os nenhum nome tivesse obtido mais dametade do número de votantes do Colé-gio Eleitoral, os três nomes seriam indi-cados como o primeiro, segundo e ter-ceiro colocados na terceira votação, nãoimportando a quantidade de votos quecada um receberia. É um processo mui-to complexo de votação e todas as bre-chas são aproveitadas para que apoiosou oposições acabem por definir quemdirigirá a Unidade.

O Centro Acadêmico “Rocha Lima”mobilizou-se e organizou duas Discus-sões abertas ao público para que pudés-semos discutir abertamente temas deimportância para todos. Além de termosatingido esse objetivo, os candidatosque se declararam nessas ocasiões, osprofessores Zuardi, Marco Antônio Zagoe Marcos Felipe, puderam responder aquestões de seus pares docentes e dosdiscentes que raramente desviavam dosassuntos infra-estrutura e consolidaçãodos cursos de Fisioterapia, Terapia Ocu-pacional, Nutrição e Metabolismo, Fo-noaudiologia e Informática Biomédica,além de sinalizações que o ensino médi-co também precisa de atenção especial.

Toda a campanha eleitoral do ProfMarcos Felipe que presenciamos e quefoi empreendida abertamente desde asegunda Discussão para a Diretoria daFMRP que o Centro Acadêmico “RochaLima” organizou é, entretanto, muito maisvelha.

Para ganhar 104 votos em primeiroescrutino do colégio eleitoral, o ProfMarcos Felipe apoiou-se, essencialmen-te, em sua grande experiência adminis-trativa acumulada durante toda sua vida

acadêmica, e especialmente durante osoito anos de exercício da Superintendên-cia do Hospital das Clínicas.

Apesar de muito ser questionado quan-to a diferenças entre ser Superintenden-te do HC e Diretor da FMRP, o ProfMarcos Felipe reafirmou seu compro-misso com a Faculdade em sua concor-rida Cerimônia de Posse no dia 14 demarço, e dessa vez falando como diretorda Faculdade de Medicina de RibeirãoPreto deixou clara sua disposição paraenfrentar a rotina da FMRP e certamenteimprimir sua marca na história da insti-tuição.

Vice DiretoriaA disputa pelo cargo de vice-diretor foi

centralizada entre os professores WiliamAlves do Prado e Cláudio HenriqueBarbieri. A Discussão que o Centro Aca-dêmico promoveu foi muito menos movi-mentada, porém o conteúdo foi abordadode maneira muito mais polêmica.

A votação realizada dia 11 de abril de2005 teve em seu primeiro escrutínio onome do Prof Prado indicado para a listatríplice.

O segundo escrutíneo revelou o nomedo Professor Luiz Ernesto de AlmeidaTroncon com a maioria dos votos, e foinecessário um terceiro escrutínio paraque o Professor Cláudio Barbieri fosselevado a fazer parte da lista tríplice.

O Reitor manifestou-se indicando onome do Prof Prado, já no dia 18 de abril,para exercer o cargo de vice-diretor, eassim temos a nova diretoria da FMRPcomposta pelos professores MarcosFelipe e Prado, um representante daárea clínica e outro da área básica, euma proposta de integração dessas áre-as, consolidação dos novos cursos efortalecimento do curso de Medicina.

Diretoria Executiva

INAUGURAÇÕEStem dois terços de sua totalidade paraser construído. Esse remanescente seráfeito com o dinheiro arrecadado a partirda venda do imóvel da Nove de Julho jáque sua reforma foi inviabilizada pelaUSP.

E, talvez a mais esperada conquista,tenha sido o compromisso e o planeja-mento do Hospital Secundário da FMRP– o já batizado Hospital Estadual Ribei-rão Preto, com apoio do Governo Esta-dual assegurado.

EnsinoO reformado Laboratório Multidiscipli-

nar, que agora conta com sala nova paraanatomia equipada com ar-condiciona-do especial para melhor conservaçãodas peças anatômicas, laboratórios demicrobiologia com bancadas novas e

microscopia renovada, também mere-ceu atenção diferenciada sob os cuida-dos da Professora Cláudia Maffei e doProfessor Sérgio Britto. Mas a gradua-ção ainda espera que o projeto de outroConjunto de Anfiteatros seja logo con-cretizado.

PesquisaPara completar, o Prédio da Virologia

está equipado para começar a produzir.Esse prédio foi conseguido com os es-forços de professores da área básica eda clínica e a FMRP, encampando aidéia e pedindo ajuda ao Dr. Maniglia,cooperou para a construção do espaçofísico para abrigar todo o equipamentoque já havia sido conseguido.

Diretoria Executiva do CARL

Page 3: Especial Calouros 2005

3Abril de 2005

Fórum de Ensino 2005 – IIPrêmio “Prof. Dr.

Gutembrg de Melo Rocha”O Departamento de Ensino do CARL já está iniciando os prepara-

tivos para a realização do Fórum de Ensino 2005 / II Prêmio “Prof. Dr.Gutemberg de Melo Rocha”. Como forma de tornar as discussõesmais produtivas, achamos mais interessante centrarmos as mesmasem poucos temas. Dessa forma, pedimos a todos que enviemsugestões de temas que gostariam que fossem discutidos para nosauxiliar nessa escolha (favor mandar para [email protected]).

Aproveitamos a oportunidade para informar que o relatório final doFórum de Ensino-2004 teve alguns problemas na sua confecção e seencontra hoje em fase final de diagramação e aprovação. Dentro embreve, ele será encaminhado a todos os colegiados e participantes doevento do ano passado. Além disso, já se iniciaram as votações paraescolher os indicados e ganhadores do II Prêmio “Prof. Dr. Gutembergde Melo Rocha”. (Confira o quadro com os indicados por cada turma.)

Aqueles que se interessarem em ajudar na organização ou emparticipar das reuniões do Departamento de Ensino, nossas reuniõessão realizadas todas as quartas-feiras às 17:30 no CARL.

Departamento de EnsinoCentro Acadêmico “Rocha Lima”

Indicados ao II Prêmio“Prof. Dr. Gutemberg de Melo Rocha”

1º ano (indicados pela 53ª turma):- Angela Kaysel Cruz (Depto. de Biologia Cel. e Mol. e Bioag. Patogênicos)- Fernando Silva Ramalho (Depto de Cirurgia e Anatomia)- Isis do Carmo Kettelhut (Depto. de Bioquímica e Imunologia)- Roy Edward Larson (Depto. de Biologia Cel. e Mol. e Bioag. Patogênicos)

2º ano (indicados pela 52ª turma):- Eurico de Arruda Neto (Depto. de Biologia Cel. e Mol. e Bioag. Patogê-nicos)- Francisco Silveira Guimarães (Depto. de Farmacologia)- José Antunes Rodrigues (Depto. de Fisiologia)

3º ano (indicados pela 51ª turma):- Afonso Dinis Costa Passos (Depto de Medicina Social)- João Terra Filho (Depto de Clínica Médica)- José Abrão Cardeal da Costa (Depto de Clínica Médica)- Sílvio Tucci Júnior (Depto de Cirurgia e Anatomia)

4º ano (indicados pela 50ª turma):- José Antônio Marin Neto (Depto. de Clínica Médica)- Margaret de Castro (Depto. de Clínica Médica)- Paulo Louzada Júnior (Depto. de Clínica Médica)

5º ano (indicados pela 49ª turma):- Ajith Kumar Sankarankutty (Depto. de Cirurgia e Anatomia)- Eduardo Ferriolli (Depto. de Clínica Médica)- Geraldo Duarte (Depto. de Ginecologia e Obstetrícia)- Carlos Eduardo Martinelli Júnior (Depto. de Puericultura e Pediatria)- Sonir Roberto Rauber Antonini (Depto. de Puericultura e Pediatria)

6º ano (indicados pela 48ª turma):- Antonio Pazin Filho (Depto. de Clínica Médica)- Benedito Antônio Lopes da Fonseca (Depto. de Clínica)- Paulo Louzada Júnior (Depto. de Clínica Médica)

Departamento de Ensino

Eleições paraVice-Diretor

Após encarar a eleição paradiretor da FMRP-USP, o ColégioEleitoral da FMRP irá novamentese reunir no próximo dia 12 deabril para escolher a lista tríplice

para escolher o novo vice-diretorda nossa faculdade. Até agora são

candidatos os professores WiliamAlves do Prado (Farmacologia) e Cláu-

dio Henrique Barbieri (Ortopedia).O Departamento de Ensino já

recebeu para discussões am-bos os candidatos e, a exem-plo do que ocorreu na eleiçãopara diretor, será organizada

pela Diretoria Executiva do CARL umadiscussão aberta a toda a comunidade acadêmica coma presença dos candidatos.

Departamento de Ensino

Regulamento de estágiosDepois de muitas negociações encabeçadas pelo

Departamento de Ensino, foi aprovado pela Congre-gação e pelo Conselho Deliberativo do HC novoregulamento de estágios da FMRP. Mais simplesque o anterior, ele deixa mais claro a exigência deassinatura de convênio entre a FMRP e as institui-ções interessadas em receber alunos daqui ou emenviar estagiários para o HC.

Queremos que TODOS os alunos se engajemnessa luta para evitar que docentes e médicosassistentes burlem e desrespeitem o regulamento.Portanto, ao suspeitar de que qualquer pessoa é umestagiário irregular, denuncie a algum representan-te discente. Iremos levar as denúncias para frente,fazendo com que os que desrespeitarem o regula-mento sejam devidamente punidos.

Departamento de Ensino

Renovação daComissão deGraduação

Na próxima reunião da Congregação serão escolhidos6 novos membros para a CG (3 titulares e 3 suplentes).O Departamento de Ensino do CARL está se mobilizan-do para viabilizar uma real renovação da CG, mantendoapenas os membros que realmente são empolgadoscom ensino. Nossa pretensão é substituir docentes quenão se dedicam de maneira adequada ao Ensino deGraduação por antigos membros da CG e por docentesmais novos que têm demonstrado grande interesse pelagraduação. Departamento de Ensino

V Jornada deGeriatria e

Gerontologiade Ribeirão

PretoNos dias 29 e 30 de abril, a Frente

de Geriatria da LAMS, em conjuntocom a Sociedade Brasileira de Geri-atria e Gerontologia – Seção SãoPaulo, realizará a V Jornada de Ge-riatria e Gerontologia de RibeirãoPreto, no Stream Palace Hotel. Serãoabordados temas como pneumoni-as, insuficiência cardíaca congestiva,doença de Alzheimer, depressão,doença de Parkinson, hipertrofiaprostática benigna e osteoporose,dentre outros temas geriátricos, alémde assuntos gerontológicos que tra-tam da inclusão, nutrição e reabilita-ção do idoso e do próprio processode envelhecer.

No contexto do crescente envelhe-cimento da população mundial, sãonecessários treinamento e atualiza-ção no campo da geriatria e geronto-logia, para que nos tornemos aptos acuidar dos pacientes senis, conhe-cendo e respeitando suas particula-ridades. Só para ressaltar: de 1900 a2025, a população brasileira terá sidomultiplicada por cinco, ao mesmotempo em que o segmento de 60anos ou mais terá o seu númeromultiplicado por quinze, o que farácom que o Brasil passe de décimosexto (1950) para o sexto lugar (2025)em número absoluto de pessoascom 60 anos ou mais no mundo(dados da Organização Mundial deSaúde). Compareçam!

Carolina Bisinoto Borges (53ª)Coordenadora da Frente de Geria-

tria da LAMS

E O ENSINO?

Se Liga

Jornadas dasoutras Frentes

da LAMS

Frente de SaúdeReprodutiva

I Jornada da Frente de SaúdeReprodutiva da LAMS - “Prazer:

Sexualidade e Saúde”Dias 14 e 15 de maio de 2005

Anfiteatro da Bioquímica

Frente de PuericulturaSimpósio de

Neurodesenvolvimento InfantilDia 1º de junho de 2005Anfiteatro da Bioquímica

Foi realizada, nos dias 8, 9 e 10 de março, a primeira Mostra de Cinemado CARL, organizada pelo Departamento Cultural. Foram passados seisfilmes em dois horários, no almoço e no fim da tarde, todos no Anfiteatrode Bioquímica. Os filmes escolhidos foram: “Nós que aqui estamos, porvós esperamos”, “Sociedade dos poetas mortos”, “A primeira noite de umhomem”, “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, “Abril despeda-çado” e “O fabuloso destino de Amélie Poulain”, sendo este último o demaior público. Poucas pessoas da Med, incluindo boinas, compareceram.Entretanto, ficamos contentes que outros cursos com os da Filô e da ECAprestigiaram nosso evento. Uma próxima mostra já está sendo cogitada eaqueles que se interessarem, ou quiserem ajudar, compareçam àsreuniões do Cultural às sextas-feiras, 12h30min, em algum lugar do CA.

Pedro Otávio Meretti Camargo (53ª)Departamento Cultural

Mostra de Cinema do CARL

Page 4: Especial Calouros 2005

Abril de 20054

Especial Calouros 2005Calouro, eu?

Com certeza, nunca um primeiro diade aula foi tão desejado. Nunca um diade matrícula foi tão aguardado. Depoisde passar o restinho de férias rindo à toa,finalmente chegou a hora de ir conheceros novos amiguinhos na nova escola:FMRP-USP. Aos poucos, no dia 28 demarço, cabeças raspadas foram se agru-pando com camisetas Calouro 2005,orgulhosos de si próprios, mas ao mes-mo tempo inseguros e... perdidos. Perdi-dos num lugar ainda desconhecido, commuita gente esquisita, sentindo-se es-tranhos: calouro, eu? Sim, calouro.

Com o intuito de tornar esse lugar umpouquinho mais conhecido, as pessoasmenos esquisitas e o sentimento de es-tranheza menor, que a Semana de Re-cepção foi desenhada (e deu trabalhopara desenhá-la, viu!). As palestras, oseventos e as apresentações tiveram comoobjetivo promover a integração dos calou-ros com esse tão-aguardado-(idealiza-do)-estranho-novo-mundo, do qual agorafazem parte.

A semana contou com várias palestras,além de eventos realizados pelas entida-

des da FMRP e apresentações do CentroAcadêmico e da Atlética. Como um des-taque, a apresentação das ligas se deude forma diferente dos anos anteriores,com a divisão dos calouros em pequenosgrupos que conheceram as ligas de formaseparada. No Ato público, os calourosforam para a praça XV e, falando sobreHipertensão, tiveram seu primeiro conta-to com o “público” fora da faculdade... Otradicional “ButeCARL da Boina” aconte-ceu na quinta-feira após um enorme jura-mento... No sábado, fechando com chavede ouro, houve as oficinas culturais, sem-pre uma forma divertida e uma oportunida-de singular de interação entre os calourose entre eles e seus veteranos.

Enfim, foi-se a semana de recepção etalvez não valha muito a pena ficar falan-do nela num texto tão geral. Confiraentão, na extensão dessa matéria, osvários eventos que a compuseram e asfotos. Vale sempre repetir para os calou-ros... Sejam bem vindos!

Carol e Páscoa (53ª)Departamento de Imprensa - CARL

Primeiro Ano – A visão do Segundo-AnistaEsse texto é algo um tanto comple-

xo, pois nele pretendo mostrar a você(calouro, em especial) um pouquinhodo que é o primeiro ano de medicina daFMRP-USP. No entanto, essa “visão” éalgo muito pessoal e especial, de modoque talvez o artigo “o” em “do” no títulodo texto talvez ficasse melhor se subs-tituído por um “um” mais pessoal epassível de erros.

A primeira coisaque você vai ouviré que o primeiroano “é chato”, “édesanimador” eoutras frases clás-sicas mais. Euparticularmentenão concordo comessa visão, já queo que se estudano primeiro ano éBiologia, e achoque é o esperado para alguém quetrabalhará com a vida e a morte. Nãoespere vestir um jaleco branco, pôr umestetoscópio no pescoço e ir para ohospital atender pacientes...

Algo assim exige muita responsabi-lidade, e tudo o quanto exige responsa-bilidade também exige preparo, o quenos leva de volta à primeira parte do seupreparo no curso de medicina, que é oseu primeiro semestre.

Você é recebido, coloca a boina nacabeça, acontecem festas, palestras,recepções, e você se depara com ummundo novo que não tem muito a ver

com o que vivia antes e que cria umasensação de perda misturada ao gan-ho, que pouco pode ser descrita. Co-meçam as aulas e você começa aestudar um monte de coisas novas ediferentes. Seu ano começa com ma-térias mais moleculares, como a Bio-química, Biocel e GMTD, para no se-gundo semestre ser seguido por uma

quantidade gigan-tesca de aulas deMorfologia, comuma quantidadeigualmente enormede nomes a seremmemorizados...

Você pode ficarum pouco confusocom o motivo detudo isso, mas eleme parece bas-tante simples, seresumindo ao fato

de que um dia você vai atender paci-entes, e sua função como médiconão vai ser a de decorar protocolos, esim a de administrar um quadro clíni-co entendendo o que faz. E partedesse entendimento me parece terbastante a ver com todas as ciênciasbásicas.

Sobre suas matérias é isso, mas oprimeiro ano é bem mais que um montede ciências básicas juntas... Ele tam-bém é a passagem de uma etapa aoutra da vida.

De repente você se vê em um lugarestranho, com gente diferente, visões

diferentes, livros diferentes, atividadesdiferentes e um quadro que você nãoconsegue explicar ou entender muitobem. Ser chamado de “calouro perdi-do” pode até incomodar, mas poucasexpressões definem melhor a formacomo se sente alguém que acaba dechegar à FMRP-USP.

Isso porque você se verá em meio auma quantidade de oportunidades deaprendizado e envolvimento acadêmi-co que à primeira vista vão te assustar,mas com as quais você se acostumaaos poucos. Departamentos, Coorde-nadorias, Ligas, Iniciação Científica,Esportes... Tudo isso começa a girar econfundir, mas em algum instante vocêentende um pouco e se descobre me-lhor...

Acredite. Se sua vida começou mu-dando quando viu seu nome na lista daFuvest aquela era só a primeira mudan-ça... As melhores ainda estão por vir...

Eu poderia gastar mais alguns pará-grafos falando sobre a necessidade deenvolvimento acadêmico e o quantoisso irá te ajudar na sua relação com aFaculdade no primeiro ano, mas achoque será desnecessário, já que ummonte de gente vai te falar para partici-par de um monte de coisas (isso jádeve ter acontecido)...

Não sei bem mais o que dizer...Então vou ser usual e nem um poucooriginal e dizer... Seja bem vindo.

Páscoa (53ª)Departamento de Imprensa - CARL

Ser chamado de“calouro perdido”

pode atéincomodar, mas

poucas expressõesdefinem melhor aforma como se

sente alguém queacaba de chegar à

FMRP-USP.

Ocorreu no dia 4 de março e, por ser umasexta-feira à tarde não contou com muitoscalouros. Entretanto, os que foram presen-ciaram uma novidade: as Ligas programa-ram atividades fora do anfiteatro, proporcio-nando uma visão mais prática e cativante dofuncionamento delas. Após uma breve expli-cação sobre as ligas, os boinas foram divi-didos e levados para locais de atuação dasligas – CSE, HC, GATMO, Colégio OtonielMota e outros. Ao final eles fizeram umrelatório citando pontos positivos e negati-

Apresentação

Page 5: Especial Calouros 2005

5Abril de 2005

Eis que chega dia 28 de Fevereiro e todos nós, calouros2005 da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, queestávamos acostumados a dormir até tarde, tivemos queacordar cedo e ir para a faculdade, o que, de fato, ainda nemsabíamos o que era. Acordar, realmente, foi a parte maisdifícil do dia. E para piorar a situação, muitos mal conse-guiram dormir de tanta ansiedade paraconhecer a Gloriosa. Todos estavam curi-osos para saber como seria a nossa vidadali para frente, e até agora não sabemos!

Nessa 2ª feira, tivemos uma longa ma-nhã de palestras, uma refeição no HC, umapalestra e uma visita por lá. Depois de tantotempo dentro da faculdade, os veteranosnos acompanharam em uma volta pertodos semáforos da cidade... Muito tempofazendo malabarismos, dancinhas, con-tando piadas, correndo de um lado para ooutro, convencendo os outros de que dardinheiro para nós é a coisa mais importan-te da vida deles! Queria, ao menos, termatado a minha sede com as bebidascompradas com o dinheiro provindo demuito suor, mas nem vi a cor delas. Com uma parte dodinheiro arrecadado pagamos um trenzinho que tentou noslevar para o Campus! Isso mesmo, tentou. Depois de algumtempo com veteranos pulando em cima dele, batucadas noteto e calouros aloprando em seu interior, chegamos aocentro de Ribeirão Preto. Lá, nós calouros sentimos umforte cheiro de queimado, pulamos para fora dele, e ospneus terminaram de estragar. Durante a troca de pneus,puxamos todos os gritos possíveis e os veteranos nãoresistiram ao verem as cadeiras do bar e tiveram que fazero famoso “1 na cadeira...”. Alguns até saíram do trenzinhopara amenizar o peso, mas mesmo assim ele quebrou denovo. Foi como se tivéssemos feito “1 no trenzinho...”e elenão agüentou a 54. E assim tivemos que achar um meioalternativo de ir para a Chopada, como os carros de algunsveteranos. E a chopada pegou fogo com a entrada dosbombeiros da 49. Muito chopp para ser bombeado etomado, muita música e muita festa... Depois de quasetodos os calouros terem conversado com o Kajiwara,tomado banho de chopp e bomberinho na orelha, bombe-ado o chopp e enfiado o dedo no azul de metileno, a festaterminou com uma árvore.

A 3ª feira não começou muito diferente,uma manhã super-empolgante de pales-tras. Em seguida tivemos que achar umlugar para comer. Pela tarde, assistimos aapresentação do CA, depois uma aula dehipertensão e um ônibus nos levou para aPraça XV. Lá, houve o Ato Público, e nósconversamos com o pessoal que passavasobre o que aprendemos na aula. Aborda-mos muitos pedestres, fizemos uma pes-quisa, entregamos folhetos... Mas o povonão conseguiu conter sua sede na frentedo Pingüim e foi assim que nosso breveAto Público terminou.

Chegou 4ª feira e todos pensamos “Umdia sem palestras!”, mas ao recebermos aprogramação da Calourada Unificada nos-sas ilusões acabaram. Palestra de ma-nhã, palestra de tarde. A Gincana foi bemdivertida e deu para conhecer algumas pessoas dos outroscursos. De noite, fomos para a festa, lá o povo conversoumais e se conheceu melhor.

Na 5ª feira, finalmente uma manhã diferente! Acordamoscedo e fomos para a Bioquímica assistir uma palestra na

qual aprendemos que o álcool faz mal à saúde. Pena queela não foi dada na 2ª feira! Senão nós certamente nãoteríamos bebido tanto na chopada! Depois disso, os vete-ranos nos levaram ao bandejão. Sempre cantando “La lalalalala la lala la la!” (já estava vendo todo mundo azul) ougritando “Ooôoô o abre alas Medicina Chegou!”. Ao chegar

no Bandex, o povo estava animado, lá naporta, nos esperando. A Batesão apresen-tou-se e dançamos um bom tempo aoritmo de suas batucadas muito lokas, queincentivaram muitos de nós a começar aensaiar desde já! Almoçamos, fomos naapresentação da atlética e vimos a algunsclipes das Intermeds passadas! Ao Final,duas panteras cor de rosas entraram emcena, e nós fizemos o Juramento da Boina.Juramos por tantos nomes esquisitos queeu não sei até agora o significado deles,mas espero um dia saber pelo menos o dealguns... Ou não. Passados 38 minutoscom o membro superior direito numa alturasuperior ao forame mentual supraesternal(o que será isso?!), sendo vistoriados por

milhares de veteranos que não nos deixavam descansar osbraços, colocaram nossas boinas sobre nossas cabeças!Até que enfim de boina! Estávamos ansiosos para começara andar de boina! Quando ela tocou nossa cabeça, foi comose estivéssemos entrando na faculdade por definitivo.Parecia-nos que somente naquele momento nos tornáva-mos calouros da FMRP-USP! Emboinados, seguimos parao ButeCARL! Tivemos mais uma oportunidade de conversare dançar com os veteranos e brincar de bexigas d’água comos sexto-anistas. Esse com certeza foi um dia que ficarána memória de todos nós.

Uma manhã típica de recepção de calouros na 6ª feira,anfiteatro da Bioquímica... Recebemos nossas canecasdo projeto USP Recicla, visitamos a biblioteca e “aprende-mos” a achar livros nela. Na parte da tarde, as ligas foramapresentadas e cada um foi para um canto com aquela quelhe chamou mais a atenção. Pena que só tivemos esse diacom as ligas, com certeza muitos adorariam conhecermais de uma liga.

Sábado: Oficinas culturais... O mais legal desse dia foique não teve nenhuma palestra! Estávamos livres de ficar

sentados na Bioquímica! Já começamos odia no Multi. Podíamos escolher entre:Forró, origami e coral. Com isso, nos apro-ximamos mais, principalmente na aula deforró. Acabada a primeira aula, tivemosoutras alternativas: SOS república,biodança, danças caribenhas. O frangoxadrez preparado no SOS republica atéestava com uma cara boa, mas muitosevitaram experimentá-lo. Já outros o devo-raram ferozmente. E as caixinhas construí-das na aula de origami se espalhavam pelolocal enquanto nós, calouros, comíamos oque ainda havia por lá...E assim terminounossa semana!

Infelizmente, esses dias prazerosos aca-baram. Posso dizer que, com certeza, nósaproveitamos muito esse tempo dentro daGloriosa, sem nos preocuparmos com au-las e livros. Essa semana foi muito útil para

nós nos conhecermos e nos integrarmos! Ao seu final, foicomo se tivéssemos escutado um “Vai que é tua, calouro!”.E agora, como integrantes da FMRP, pudéssemos aproveitá-la ao máximo!

Xinxilla (54ª)

Especial Calouros 2005

Acordamoscedo e fomos

para aBioquímica

assistir umapalestra na qualaprendemos queo álcool faz malà saúde. Penaque ela não foi

dada na 2ªfeira!

“Vai que é tua, calouro!”

Até que enfimde boina!

Estávamosansiosos para

começar aandar de boina!

Quando elatocou nossacabeça, foicomo se

estivéssemosentrando nafaculdade por

definitivo.

vos em que as principais pontos levantadosforam o estímulo a conhecerem mais profun-damente as Ligas e como foi impossívelconhecer todas. Para isso, porém, existe apossibilidade de conhece-las durante aspróximas semanas, pois a maioria das ligasestá de portas abertas para os calouros.

Esperamos que todos tenham se divertidoe aproveitado a experiência e que se sintammotivados para participar das variadas ativi-dades propostas pelas Ligas.

Coordenadoria de Ligas

das Ligas

Page 6: Especial Calouros 2005

Abril de 20056

‘pretos’, pardos e indígenas” (art. 49).Será que o número de “amarelos” ou

“loiros” nas universidades respeitariamuma criterização destas? Sigamos.

No item três temos mais uma questãocom uma vasta gama de pormenores aser tratada, desde a relação números defaculdades/vagas e seus reais benefíci-os/qualidade dos profissionais até a ques-tão do mercado de trabalho/importânciasocial das profissões.

Em alguns destes pontos devemos“dar os louros” a algumas ações quepretendem fiscalizar de uma forma efici-ente principalmente faculdades privadascom fins lucrativos que “esquecem” dos

seus objetivos não fi-nanceiros. Entretantoem outros assuntos“lembremos” do“deveria(m) ser maisquestionado(s)...”.

Para finalizarmosesta “receita”, apenaslembremos do que seexige no vestibular, de

como isto é passado naquelas escolasbásicas e fundamentais já ditas, da “ne-cessidade” do “cursinho” pré-vestibular,e façamos nossas “reflexões” como par-ticipantes da sociedade e da universida-de sobre se este “instrumento” é eficaz,mede o quão “pronto” está o indivíduo acursar uma faculdade e outros pontosmais que colocam este “exame” geral-mente em cheque.

Com esta pequena explanação sobrealguns pontos destas políticas que “vi-sam” a diminuição da desigualdade soci-al, queremos apenas lembrar que osproblemas não possuem uma soluçãosimples e não serão resolvidos com algu-mas ações chaves, não bastando rotulartudo como déficit de “inclusão social” eaplicar políticas “afirmativas”, são proble-mas que exigem um amplo “estudo” da

sociedade e engajamento desta, e nós,como cidadãos, universitários e futurosprofissionais da saúde, devemos ter uma“atenção” a estes temas sociais pois eles“interferem” diretamente na nossa vida deuma forma muito desagradável,eufemisticamente falando.

Se a desigualdade é social não podeser abordada pontualmente ou com par-ticularizações, pois, a partir do dia emque “resolvemos” viver em sociedadeestamos “obrigados” a termos um res-peito mútuo para que possamos “convi-ver” em “harmonia” e, como nos diz a“Constituição”, temos como objetivo fun-damental da nação:

“Promover o bem de todos, sem pre-conceitos de origem, raça, sexo, cor,idade e quaisquer outras formas de dis-criminação.” (art. 3º inciso IV)

Aliás, caso fora das paredes da univer-sidade uma “mágica” solucionasse osproblemas, nós como universitários co-nhecemos um pouco a estrutura da facul-dade e sabemos que esta mal conseguedar suporte aos alunos que já estão nela.Será que também existiria uma “solução”para toda falta de infra-estrutura interna deamparo didático e sócio-econômico vi-gente? Ou esta será também ampliadaem conjunto com o “acesso”? Alguémlembrou das pessoas que já ingressaramna faculdade e “enfrentam” dificuldades?

Mais questões...

Obs.: Para quem estranhou o númeroexagerado de aspas lembro que estasdevem representar uma citação, estran-geirismo ou alguma ironia sugerida. Nes-te texto aproveito para pontuar tambémalgumas palavras chaves que possuemsignificado “dúbio” que pode trazer inter-pretações “dúbias”. Todas estas devemser devidamente “especificadas” peloleitor.

Claudimar Amaro - Jabá (53ª)

Passando pelo quadro político e eco-nômico que criou a sociedade comoconhecemos, chegamos a uma realida-de de exclusão social crônica, construí-da por um sistema que tem como ban-deira uma liberdade, infelizmente, presaao mastro do relativismo. Esta exclusãoé acentuada, ainda mais em nosso país,por políticas que visam uma soluçãorápida e milagrosa, tão boas quanto asque criaram estes problemas sociais, eque surgem de tempos em tempos para“abrilhantar” nossa pátria.

Neste “ano da promoção da igualdaderacial” e do “anteprojeto de reforma uni-versitária”, as universidades, criadas emuma realidade excludente, se vêem obri-gadas a derrubar seus muros e “aceitar”a sociedade que as justifica. Este fatonão deve aterrorizar ninguém, mas as“idéias” de como se deve concretizá-lo...

Podemos resumir as “soluções” en-contradas em uma “receita” simples:

1º - Pegue as pessoas que “desejam”frequentar a universidade;

2º - Pergunte a sua raça;3º - Distribua a estas pessoas, de

acordo com a opção escolhida anterior-mente, um número de vagas pequeno;

4º - Obrigue-as a “disputar” estas va-gas em um instrumento chamado vesti-bular.

Vamos analisar um pouco mais deperto cada etapa “salvatória” da socieda-de.

Logo no primeiro item nos questiona-mos sobre o objetivo primário das solu-ções apresentadas e de suas bases. Anecessidade de se cursar uma faculda-de e a preparação para que este ingressose efetive é uma questão social muitovasta, mas que passa por caractereschaves. Entre estes pontos o que deveuma atenção especial é a educaçãobásica e fundamental.

Segundo a Constituição da República

Federativa do Brasil (art.205), a educa-ção deve “visar o pleno desenvolvimentoda pessoa (e) seu preparo para o exercí-cio da cidadania” algo que “talvez” nãoseja levado em conta por algumas esco-las que visam apenas uma relação esta-tística de ingressantes e concluintespositiva ou uma “deseducação” baseadano automatismo e quantificação das ma-térias dadas.

Este “possível” desacato à lei máximado país “pode” causar alguns problemassociais graves, como a exclusão social,e, ao menos por isso, deveria ser maisquestionado pelas políticas públicas epela sociedade. Mas sigamos em frente.

O item seguinte trazuma relação antiga (jáabordada pelo texto “Ascotas e o racismo: Pas-sado e Presente”, nestemesmo jornal) de funda-mental importância aocorpo social a que per-tencemos devido às “mar-cas” deixadas.

Todos sabemos que a miscigenação éa grande geradora das característicasbrasileiras, devendo sempre valorizada e“questionada” em sua totalidade, bemcomo, que políticas de discriminaçãonunca podem ser consideradas comosolução eficaz a problemas. Somandoestas afirmações, nós observamos nas“soluções” apresentadas por políticaspúblicas uma criterização duvidosa emuitas vezes parcial. Por exemplo, ob-servamos no anteprojeto de lei já citado,uma “es- pecificação” de critérios“particulari-zantes” como: proposição de“ações afirmativas na promoção da igual-dade de condições” (art. 4º inciso III),“ações e memórias dos diferentes seg-mentos étnicos nacionais... em especialdas culturas...” (art. 5º inciso IX), “oucriterização de algumas etnias como

As Cotas e a Discriminação Racial: Presente e Futuro (?)

Uma breve análise da história brasilei-ra é suficiente para constatar o porquê,mesmo após cem anos de Lei Áurea, adiscriminação e o racismo ainda persis-tem no cotidiano nacional. Durante operíodo colonial, uma instituição nasceue criou raízes em nossa cultura: o Se-nhorialismo/Escravismo.

Esta forma de opressão é a mais cruelde todas, já que é Cultural. Ela surge frutodo modo de organização Político-Social.O Senhor de escravo era branco, católico,homem, rico e detinha o poder político. OEscravo era negro e criado como objeto -como ser inferior - junto da casa e dafamília do Senhor de escravo. Tal conjun-tura, na maioria dos casos, levava aocondicionamento da aceitação dos estra-tos sociais, tema abordado por AldousHuxley em “Admirável mundo novo”.

Desse modo, mais importante queesgotar a discussão sobre as cotas é

As Cotas e o Racismo: Passado e Presenteexpô-la como terreno fértil às distorçõese arbitrariedades, quebrando esse vernizde tabu que alguns inventaram para cer-cear o saudável hábito da discórdia.Salientando o pensa-mento de George Or-well: “Quem controla opassado, controla o fu-turo. Quem controla opresente, controla o pas-sado” (“1984”).

Os autores hegemôni-cos, dessa forma, mani-festam seu autoritaris-mo utilizando estratagemas comuns atodas as formas de pensamento único, nabusca empobrecedora da homogeneiza-ção cultural, com respaldo na hipocrisia eno policiamento histérico. A simples con-testação se transformou num atestado depreconceito racial, sufocada pela pereneameaça de constrangimento público.

Enquanto isso, a sociedade brasileiravai sendo obrigada a engolir lixo culturalde um dos países com o maior históricoviolento de segregação e conflitos étni-

cos, que é os EUA, ondeas chamadas ações afir-mativas fortaleceram orepúdio à miscigenaçãoe não impediram umavelada permanência dehábitos discriminatórios.

Não seria um perigo-so equívoco usar pre-textos étnicos para di-

ferenciar cidadãos, influenciando o aces-so a vagas pleiteadas por muitos. Imagi-nemos o absurdo dilema: apelarmos paraa aberração de estabelecer “raça” utili-zando meios pretensamente científicos,investigando 200 milhões de genealo-gias ou aceitarmos veredictos calcadosno depoimento pessoal.

Este sistema cumpriria um papel de-sagregador numa população cuja esma-gadora maioria possui algum ascenden-te escravizado, explorado ou humilhado.É retrogrado, pois reforça ilusórias dife-renças quando se deveria destruí-las. Étraiçoeiro porque ratifica a competição eo oportunismo, já endêmicos em umasociedade pós-industrial consumista. Eé injusto porque passa a selecionar suasvítimas, como se houvesse diferençaentre flagelados negros, cafuzos ou ver-des com bolinhas roxas.

É fato que a inclusão social é umaobrigação que transcende políticas com-pensatórias paliativas. Esse debate en-volve toda a sociedade e precisa serabordado de forma transparente, semressentimentos, simplificações paterna-listas ou maniqueísmos superficiais.

Emerson Rafael Lopes – Riso(54ª)

Cotas

[Este sistema]É retrogrado, poisreforça ilusórias

diferenças quando sedeveria destruí-las.É traiçoeiro porque

ratifica a competiçãoe o oportunismo [...]

Será que tambémexistiria uma

“solução” paratoda falta de

infra-estrutura deamparo didático esócio-econômico

vigente?

Page 7: Especial Calouros 2005

7Abril de 2005

Tenho percebido uma incrível resistên-cia dos profissionais para-médicos (eaté mesmo de alguns médicos e estu-dantes de medicina) frente ao Projeto deLei do Ato Profissional Médico (PL 25/2002). Resistência talvez não seja apalavra exata, creio que o sentimento emquestão é mais próximo do medo e daraiva, cega e paralisante a tal ponto deobnubilar o julgamento crítico e o sensológico de competentesprofissionais.

A última edição doESTETO (novembro2004) foi um bom exem-plo desta obnubilaçãocega e ilógica. No textodo Fisioterapeuta Pro-fessor Doutor Pós-Dou-tor e Presidente doCREFITO3 Gil LúcioAlmeida ele enxerga desrespeito aosprofissionais da saúde na elaboração delimites profissionais, dá a entender que aclasse médica se julga competente pararealizar um atendimento integral à saúdesem a presença das outras profissões echega a ponto de utilizar uma citaçãoque fiz em um texto anterior e atribuí-la amim para ressaltar o meu “desconheci-mento da realidade” e como meu texto“distorce o debate” (trechos retirados seseu texto). A favor do Ff, MC, PhD, Pós-Doc e Presidente do CREFITO3 Gil Lú-cio Almeida alegarei que seu julgamentofoi prejudicado pelo seu preconceito eque um fisioterapeuta mestre doutor pós-doutor e presidente do conselho regionalde sua profissão não faria afirmações tãocontundentes a lógica e ao bom sensoem seu estado normal.

Nosso colega Pedro (51a), em texto namesma edição, afirma que “tanto o CFMquanto os outros conselhos têm agidocomo um bando de crianças disputandoum pedaço de carne (...) que é o pacien-te(...)” e que os médicos se julgam “todo-poderosos profissionais da saúde e quesabem (...) o que é melhor para eles (ospacientes)”. Para o Pedro (51a) o PL 25/2002 não é uma tentativa de melhorar asrelações entre as profissões ou mesmode corrigir um erro legal histórico especi-ficando a área de atuação do médico.Para ele o PL 25/2002 é apenas umabirra para manter (ou conseguir) merca-do. A favor dele, também, alego que taisafirmações foram escritas sob desco-nhecimento das intenções e da atuaçãodo CFM e mesmo das recentes resolu-ções passadas pelos outros conselhos..

Pesquisando na internet, em especialno curioso site www.naoaoatomedico.com.br contra o PL 25/2002 me depareicom depoimentos como do obnubiladoProf. Itamar Tatuhy Sardinha Pinto daUFMG:

“(o PL 25/2002) Afetará os programasinovadores (...) prestados por equipesmultiprofissionais de saúde. Poderádescaracterizar e ameaçar iniciativastais como os serviços de saúde mentalinspirados na reforma psiquiátrica, oscuidados domiciliares, o Programa Saú-de da Família, o Programa Nacional deHumanização da Assistência Hospitalar

Ato Médico: Por que tanto medo?e iniciativas como Hospital Amigo daCriança e Humanização do Parto etc.”

Gostaria de saber: como o PSF serádescaracterizado pelo PL 25/2002? OHC se tornará menos Amigo da Criançapor causa do PL 25/2002? Voltaremos ainstitucionalizar pacientes psiquiátricosdevido ao PL 25/2002? Como o partoserá menos humano com o PL 25/2002?Como um professor de uma faculdade

federal pode chegar atais conclusões?

Aqueles que são con-tra o PL 25/2002 e aoAto Médico têm feitocampanhas de desinfor-mação buscando comisso confundir os objeti-vos do projeto. Em mi-nhas humildes capaci-dades, buscarei escla-

recer alguns pontos que têm sido distor-cidos.

Diagnóstico:O diagnóstico médico (diagnóstico da

doença, da patologia em questão) éexclusivo do médico, mas o diagnósticofuncional continua sendo ato comparti-lhado. Isso significa que o Fisioterapeu-ta, o Terapeuta Ocupacional, o Nutricio-nista, continuam atuando normalmentemas ficam, assim como já são, proibidosde diagnosticar doenças. É sempre bomlembrar que diagnóstico psicológico e dedoenças odontológicas não são diag-nósticos médicos, não sendo afetadospelo PL 25/2002.

Terapêutica:A escolha da modalidade terapêutica é

ato privativo médico. Somente o médicopode prescrever um tratamento para umadoença. Isso não significa que o médicopossa vir a determinar, por exemplo, amodalidade fisioterápica mais apropria-da, mas a opção por indicar fisioterapiaé do médico, assim como é a decisão deprescrever remédios, mudanças no esti-lo de vida e exercício físico...

A prescrição de medicamentos tam-bém é exclusiva dos médicos. Nada denovo aqui, apenas evita novas tentativascomo a resolução do COFEN Nº 271/2002 que pretendia tornar os enfermeirosaptos a prescrever alguns remédios.

Medidas para promoção da saúde nãosão enquadradas aqui. Estímulo à ativi-dade física, prescrição de dietas paranão doentes, terapia ocupacional, etc...não são afetadas.

Chefia:A chefia de cargos relacionada a atos

médicos deve ser exercidos exclusiva-mente por médicos, assim como já acon-tece com a enfermagem, nutrição, far-mácia, psicologia, etc... Com isso equi-para os direitos dos médicos àqueles jápossuídos pelas outras profissões desaúde. Não faz com que o chefe doserviço de nutrição do hospital tenha queser um médico, nem torna obrigatórioque cargos administrativos sejam exer-cidos por médicos.

Ou seja, o diretor de um hospital pode

ser de qualquer profissão, mas o diretorclínico deve ser médico. Nada de novoaqui, apenas a especificação em lei dobom senso coletivo já em vigor: umaequipe de médicos deve ser chefiada,obrigatoriamente, por um médico.

Subordinação:Segundo o Presidente do CFM, Edson

Andrade, “Não se trata, como infeliz-mente se tenta incutir no sentimento dajuventude de outras honradas profissões,de um ato de arrogância profissional.Não submetemos e não queremos sub-meter qualquer outro profissional ao do-mínio médico. Quem afirma o contrário ofaz por desonestidadeou por desconheceraquilo que está escritono parcimonioso proje-to de lei.”

Os outros profissio-nais da saúde não setornarão subordinadosdos médicos. Durante aatenção clínico-hospita-lar todos terão seu es-paço, mas a decisãoterapêutica e a investigação diagnósticadevem partir do médico responsável (apósa discussão do caso com a equipe, éclaro). Além disto, a incongruência daequipe multidisciplinar clínica sem a pre-sença de um médico é abolida.

Ver o pacientecomo um todo:

Muito se diz que com o PL 25/2002 osmédicos deixarão de trabalhar em equi-pes multidisciplinares e os pacientesdeixarão de ser vistos como um todo.Ora, as equipes multidisciplinares nãoserão extintas pelo projeto, serão, sim,beneficiadas pela especificação legal dotrabalho do médico.

Aliás, quem disse que o médico éincapaz de ver o paciente como um todo(holisticamente, se preferir)? O médico éo profissional da saúde treinado de formabio-psico-social (lembram-se das aulasde Psicologia Médica, Psiquiatria, Medi-cina Social, Epidemiologia, OAS, etc...).

Esta fantasia do “médico biológico” foi,em parte, propagada pelo facção dosmaus médicos (uma organização pre-sente em várias profissões e muito pre-judicial à categoria).

——//——

É bom lembrar que “Não é possível sermeio médico. Nem alguém pode ser umafração qualquer de um médico. O espe-cialista não é nem pode ser um pedaçode médico. É um médico inteiro, queatua com mais desembaraço e maiorcapacidade em determinada área daMedicina.” Desta forma, não se pode

transformar um profissi-onal da saúde não mé-dico em um médico es-pecializado em umaárea específica parabuscar suprir a deman-da por atenção médicada população. Isso re-sultaria em uma medi-cina de segunda classecomposta por ½ médi-cos para atender a po-

pulação sem condições de pagar peloserviço de saúde. Ou seja, um profissio-nal da saúde, não importa que treina-mento tenha durante ou após a gradua-ção, não pode agir como médico oumédico especialista se não tiver freqüen-tado a faculdade de medicina.

Informe-se sobre o PL 25/2002. Ques-tione tudo que lhe digam (mesmo o queeu escrevo!!!). Busque informações nainternet. Veja como funcionam as equi-pes multidisciplinares de sucesso (te-mos várias aqui no HC e o hospital é seu,vá atrás). Veja como funciona o atendi-mento dos pacientes aqui no HC, na UEno CSE, nos Núcleos e em sua própriacidade.

Faça isso porque a alternativa é sermais uma vítima da ignorância e, pior, dafalta voluntária de informação.

Ricardo Araujo Mendes - X 2 (50a)[email protected]

ü Para a “boca-de-urna” nas eleiçõesda representação discente

ü Para as baratas (2) nocafé da manhã da UE

NOTA 10

NOTA 0

ü Para a sincronia entreNeuroanato e Neurofísio

Aqueles que sãocontra o PL 25/2002 e ao Ato

Médico têm feitocampanhas dedesinformação

buscando com issoconfundir os

objetivos do projeto

[...] as equipesmultidisciplinaresnão serão extintas

pelo projeto,serão, sim,

beneficiadas pelaespecificação legal

do trabalho domédico.

Page 8: Especial Calouros 2005

Abril de 20058

Apontamos que não bastassem asdoenças que assolam a população bra-sileira, agora nos ameaça a manipula-ção de fatos, textos e contextos, que seorigina das entidades de paramédicos.Auto-declararam-se autônomos e inde-pendentes na abordagem dos pacientese, alardeando que, sob um ponto de vistanumérico, os médicos representariamminoria, manifestações exóticas vêmsendo usadas para impressionar a opi-nião pública e o Legislativo, alegandoque o Projeto de Lei sobre Medicinalimitaria as demais profissões da área desaúde. Mentira e verdade.

Mentira, porque leis que há 20 anosregulamentam as profissões da área desaúde já definem e limitam adequada-mente suas atribuições. O que ocorre éque, sob total impunidade, as autarquiasfiscalizadoras dessas profissões desafi-am as leis que deveriam cumprir, preten-dendo estender as suas prerrogativaspor sobre várias das especialidadesmédicas, em especial as que mais apoi-aram suas criações. A ponto de questi-onarmos que órgão irá enquadrar essesconselhos, que ao alegarem disputa demercado com os médicos assumemestimular o exercício ilegal da Medicina.

Verdade, porque a Medicina, estrutu-rada em mais de 50 especialidades, nãoaceita esse jogo pseudo-democrático ese declara à altura do desafio de explicarà população o que seja Medicina, seupapel social ético e impostergável e de-nunciar a inacreditável agressão que estásofrendo - e que atinge a saúde de todos.

Entendemos que não se deva confun-dir hierarquia administrativa com a ne-cessidade de hierarquia técnica no aten-

Medicina ameaçada é Saúde arriscadaManifesto das Associações Médicas Científicas Brasileiras

dimento de toda pessoa que apresentesinais e/ou sintomas (paciente), deven-do o sistema de saúde viabilizar seuacesso a um médico que o examine,emita um diagnóstico e formalize umaproposta de tratamento. O médiconão éo único que pode diri-gir um hospital, maspor sua formação, é oúnico profissional desaúde que pode assu-mir a responsabilida-de pela abordagem dopaciente como umtodo, e as várias es-pecialidades se entre-laçam pelo conheci-mento e intervençãosobre seus diversosórgãos e sistemas,evoluindo em busca davisão sistêmica.

Informamos que di-agnosticar significaidentificar a causa oudoença responsávelpelos sinais ou sintomas de um pacien-te. Somente médicos (e odontólogos emseu campo) fazem diagnóstico (em quais-quer de suas sub-denominações), inves-tigam doenças, requisitam exames, de-finem condutas, indicam terapias e trata-mentos, prescrevem medicamentos, fa-zem cirurgias, atestam doenças e saú-de, reavaliam em seguimento, intername dão alta, julgou o Supremo TribunalFederal.

Alertamos que não há nem haveráqualquer conflito ou sobreposição defunções, desde que respeitem a Medici-na, suas prerrogativas e as leis de suas

próprias profissões, e assumam quesomente médicos (e odontólogos) po-dem de fato atender inicialmente umpaciente. Nenhum terapeuta pode pre-tender fazer diagnóstico nem indicar tra-tamento, pois é ilegal e tecnicamente

inapropriado, por conta desua visão restrita do serhumano. E isso em nadalhes denigre, apenas defi-ne seu papel específico,não-médico, na assistên-cia, e serve de fundamen-tal apoio e segurança aopaciente.

Exemplificamos queuma sensação de bolo nagarganta pode necessitarterapia psicológica, masquem deve definir, antes,se existe refluxo,tireoidite, tumor, artrite,artrose, hérnia de discocervical e afastar outrasenfermidades, como a hi-pertensão arterial, é so-

mente um médico. Num raciocínio idên-tico, pacientes com obesidade, rouqui-dão, surdez, obstrução nasal, distúrbiosdo sono, perda de ereção, dores nopeito, no ombro ou nas costas, mal estarabdominal, inchação nas pernas ou qual-quer outro sinal ou sintoma, se forematendidos de forma responsável, devem,antes de tudo, obter um diagnóstico, ejamais um paramédico poderá pretenderassumir qualquer porta-de-entrada dosistema de saúde.

0Declaramos que abordagem multi-profissional é uma reconhecida necessi-dade, mas isso não significa que todos

No Brasil está acontecendo uma gran-de discussão a respeito da descrimina-lização do aborto. As mais diversas or-ganizações lutam para liberar/não liberaro aborto. Para se participar deste deba-te, devemos primeiramente entender oporquê do aborto ser considerado crime:

- A vida começa após a união do óvulocom o espermatozóide, logo, a interrup-ção de uma gestação é o mesmo que ainterrupção de uma vida;

- A mulher não tem direito de decidirsobre seu próprio corpo durante a gravi-dez, pois está com outra vida dentro desi e esta possui prioridade.

Bem, creio que ninguém esclarecido osuficiente seja capaz de ser contra oaborto em caso de fetos inviáveis, perigode vida para a mãe e estupro. Colocar avida da mãe em perigo ou fazê-la passarpor um parto de uma criança inviável oufruto de um estupro chega a ser tãoabsurdo que não abordarei este temaaqui. Sou a favor do aborto nestes casose acho que o SUS deveria bancar todasas despesas.

Quanto ao aborto de uma gravidez que

aborto, sofrem danos severos e duradou-ros à sua saúde física e mental pois,obviamente, não têm acesso a apoiopsicológico nem a segmento médicopara minimizar estes danos. Doençainflamatória pélvica, esterilidade, proble-mas de relacionamento e depressão sãoapenas amostras do que um aborto malconduzido pode trazer. Devemos deixarque isso continue acontecendo comopunição por elas desrespeitarem o nos-so conceito moral de certo ou errado?

Não sei se sou contra ou a favor doaborto nas mais diferentes situações.Devemos permitir o aborto em até qualsemana? Precisa da autorização do pai?E se não houver um pai? Precisa passarantes pela avaliação psicológica? O SUSpaga? Precisa de BO em 3 vias carimba-do e registrado em cartório?

Não tenho essas respostas. Só o quesei é que não quero o estado tomandodecisões de fundo religioso nem por mimnem por ninguém.

Ricardo Araujo Mendes - X 2 (50ª)

[email protected]

façam diagnóstico. Ou será que mesmoconsiderando as dificuldades da educa-ção continuada e fiscalização da Medici-na (que visa o todo), algum para-médicoteria essa formação? Vale lembrar que ainter-profissionalidade foi e continua sen-do estimulada e realizada pela própriaMedicina, ou teriam estas profissõesobtido geração espontânea?

Advertimos que a pretensão por trás detodo esse ruído pseudo-igualitário é a deque paramédicos possam assumir fun-ções de médicos (avaliando, solicitandoexames e definindo condutas), o que éilegal e interessa a alguns, pois é umaforma (irresponsável) de baratear a as-sistência. Para isso, pregam a heresiade que uma assistência “humanizada emoderna” não precise de médicos, medi-camentos e hospitais; mas, na verdade,alertamos, estão querendo dar aos po-bres uma ultrapassada pseudo-medici-na mais “acessível”.

Denunciamos que está ocorrendo umgrande golpe e blefe institucional promo-vido por entidades que estão tentando,de forma corporativista e ilegal, alcançarfunções médicas, e não se constrangemde contrariar frontalmente as leis desuas próprias profissões. O PL 25/02 doSenado é justo e necessário, não osprejudica em nada, respeita suas prerro-gativas e os remete ao texto de suaspróprias leis.

Contamos que o Brasil não permitaque sejam criados atalhos para a Medi-cina: os que quiserem ser médicos, quefaçam o respectivo curso e assumam asresponsabilidades inerentes à profissão.

Associação Médica Brasileira

foi simplesmente indesejada torna-semais difícil encontrar simpatizantes. Nós,criados sob a moral cristã, não podemosentender como essas mulheres podemsimplesmente querer matar a vida quecresce dentro de seu ventre. Elas deve-riam ser consideradas assassinas? Osmédicos que praticam tal ato deveriamser excomungados da comunidade mé-dica? Como alguém pode ser a favor doaborto nesses casos?

A verdade é que nenhuma destas res-postas possui a menor importância.

Nem todos acreditam que a vida deinicie após a dobradinha óvulo/esperma-tozóide, logo, para algumas pessoas,não estamos interrompendo uma vida,apenas uma gravidez. Muitos achamque, pasmem, a mulher tem direito sobreseu próprio corpo e pode decidir se querinterromper uma gravidez ou não.

A noção de que ao se fazer um abortoestamos cometendo um pecado é umavisão religiosa. Para você pode ser queisso seja pecado, para outras pessoaspode ser que não seja. No entanto,vivemos sob um estado que é laico e

decisões ou conceitos religiosos nãodevem interferir nas nossas leis. Minhaopinião sobre o aborto não deve impedirque uma mulher que deseje realizá-lo ofaça. O freio moral para a não realizaçãodo aborto deve ser individual e não insti-tucional.

O Estado já interfere em muitos fatoresem nossas vidas e creio que quererinterferir sobre conceitos religiosos, opi-niões pessoais e individuais, talvez sejaum pouco demais. Alguém aí lembra doTalibã?

Além disso existe um outro ponto prá-tico a se considerar: mulheres estãomorrendo. Abortos clandestinos são a 4a

causa de morte materna em nosso paíse esses dados são, provavelmente, su-bestimados. Mulheres ricas não sofremdeste problema, pois podem pagar clíni-cas competentes para realizar o procedi-mento, mas mulheres pobres, sem aces-so ao sistema privado de saúde, têm querecorrer a clínicas no mínimo duvidosas,ou até mesmo ao simples arame decabide para conseguir abortar.

As mulheres que não morrem após o

Aborto

Exemplificamos queuma sensação debolo na gargantapode necessitar

terapia psicológica,mas quem devedefinir, antes, seexiste refluxo,

tireoidite, tumor,artrite, artrose,hérnia de disco

cervical e afastaroutras

enfermidades, comoa hipertensão

arterial, é somenteum médico

Page 9: Especial Calouros 2005

9Abril de 2005

Autoridades presentes ou representa-das, docentes e funcionários, senhorespais e a todos que nos honram com assuas presenças. Meus caros graduandos.

Esta Sessão Solene da Congregaçãoda Faculdade de Medicina de RibeirãoPreto da Universidade de São Paulo paraa colação de grau da 48a turma evocavários símbolos. As escolhas do PatronoProf. Geraldo Duarte e da Paraninfa Profa.Margaret de Castro, simbolizam tanto adedicação ao ensino destes docentes;como eles são exemplos de legítimasvocações universitárias. Nas pessoasdos dois professores cumprimento to-dos os docentes, médicos e funcionári-os homenageados.

O diretor toma a liberdade de estenderestas homenagens a todos os docentes,funcionários e alunos que com o seutrabalho contribuíram nos últimos 52 anospara o sucesso desta escola. A criaçãodesse centro de ensino e pesquisa demedicina contribuiu decisivamente parao posicionamento de Ribeirão Preto comopólo de excelência na área de educação,ciência e saúde.

Discurso do diretor na colação de grau da48a Turma de Formandos da FMRP-USP

Foram formados 3900 médicos nes-ses 50 anos, incluindo vocês. Os progra-mas de residência médica e de aprimo-ramento no nosso Hospital das Clínicas,encontram-se entre os mais ativos dopaís. A partir dos anos 70, com a criaçãodos cursos de pós-graduação, 3.846mestres e doutores obtiveram seus títu-los na FMRP. Os programas de pós-graduação da Faculdade situam-se en-tre os melhores do país na avaliação daCAPES em 2004.

No conjunto, na graduação, na resi-dência, no aprimoramento e na pós-graduação, formamos nestes 50 anoscerca de 10.000 jovens que levaram aexcelência da FMRP e deste campuspara todos os estados do país – do RioGrande do Sul ao Ceará, do EspíritoSanto ao Acre. Esta é a vocação nacio-nal da USP: formar recursos humanosaltamente qualificados para o país.

O envolvimento de todos os docentesna graduação deverá continuar sendo ameta-síntese da escola. A Comissãode Graduação e os departamentos,deverão manter os estudos do currícu-

Cenas da Formatura

lo para corrigir defeitos e potencializaras qualidades. Devemos continuar gra-duando profissionais da saúde que te-nham na sua formação, os fundamen-tos do método científico necessários àeducação permanente frente à evolu-ção da medicina e aos novos desafiosda saúde pública. Esta capacidade deanálise crítica do conhecimento ficaráfrágil se não agregarmos, também, aformação cultural, a ética e o compro-misso social. A verdadeira educaçãouniversitária é a do estudante em todasas suas dimensões. A formação domédico não será completa se ele nãotomar consciência das desigualdadessociais deste país. O ensino extra-muros, incluindo o Centro de SaúdeEscola, particularmente o Programade Saúde da Família, contribui tantopara esta visão social, como para oaprendizado dos problemas mais co-muns da saúde da população.

Nesta cerimônia vocês farão o jura-mento aos princípios de Hipócrates quebalizam a ética médica. Este ato simbo-liza também a renovação dos seus com-

promissos éticos e humanitários. Estesprincípios vocês aprenderam pelos exem-plos de seus pais, seus primeiros mes-tres, e os encontraram no trabalho dosnossos docentes. Associo-me ao júbilodos seus familiares neste momento dassuas vidas.

Finalmente, peço aos jovens médicosque sejam gratos aos contribuintes pau-listas que com seus impostos permitema manutenção da USP e dos nossosambulatórios e hospitais. O ensino daUSP deve continuar público e gratuito. Odiploma simboliza a declaração do débi-to de vocês que será quitado ao longodas suas vidas profissionais, oferecendoao nosso povo o compromisso com aexcelência da saúde, com a consolida-ção do SUS, e com a defesa da cidada-nia.

O diretor despede-se da 48a turma. Asportas da FMRP estarão sempre abertaspara vocês. Muito obrigado.

Prof. Dr Ayrton Custódio MoreiraDiretor da FMRP-USP - 2004

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Abril de 200510

A desumanizaçãoda Medicina

Desde o primeiro ano, quando você entrou nessafaculdade, escutou falar sobre a humanização damedicina. Pois bem, será que você aprendeu algu-ma coisa? Bem, não importa, agora você irá ouvir deum interno sobre a desumanização da medicina.

O que? Não me diga que você não sabe sobreesse mais novo e antigo curso da faculdade? Seuidiota!

É que acho que você ainda não passou por essecurso ou, se você passou, tentou, como muito denós, ignorar e esquecer que está vendo aquilo,afinal, a verdade dói. Uma dor aguda e lancinante,pior do que a do infarto agudo do miocárdio.

Tudo começa bem. No primeiro ano você escutaum papinho a respeito de humanização da medici-na. E você pára e pensa: humanização? Por que éque temos esse curso? Significa que não somoshumanizados? Significa que entramos feito ani-mais? Afinal, somos bixos e aos pouco eles nostransformarão em gente. Poxa, se for isso é legal.

Daí você tem um monte de aulas, cuja maioriadelas os seus colegas está nos braços de Morpheus(Deus do Sono). Você tem aulas sobre relaçãomédico-paciente, equipe multidisciplinar (ou me-lhor, interdisciplinar), ética médica e você aprendea tríade que nunca deve deixar de escrever na provade psicologia: bio-psico-social.

Mas, enfim, tudo isso ainda fica meio solto dentrode você. Você não vê a finalidade de tudo isso. Equando você já está no terceiro ou quarto ano você,

como todo bom veterano descola-do que é, vira para o seu calou-

ro e diz: “Putz, vai ter auladisso! Que m...”.

Então, seja no terceiro,quarto ou quinto ano, você

começa a perceber algumascoisas estranhas no hospi-

tal. Você vai aos ambulatóriose repara que toda aquela

anamnese que você aprendeu no terceiro ano nãodá tempo de fazê-la exatamente como queria. Naenfermaria então, aquele exame físico seu vai proespaço quando você tem que, logo em seguida,almoçar porque vai ter aula às 13:00 horas. Relaçãomédico-paciente muitas vezes você não vê ocorrer,você vê mais é relação médico-exame. O famoso“ver o paciente como um todo” é trocado pelo“exame físico dirigido”. Muitas vezes escuta humi-lhações que, na verdade, são “brincadeirinhas”, écomo se fosse um novo trote, humilhar para você seenturmar, você agora é calouro do hospital só que,em vez da boina, tem um nariz de palhaço imaginá-rio: pega exames, pastas, fica esperando meia horaum professor chegar ou, quando você mesmochega 2 minutos atrasado, leva um fumo Homérico.

É que, na verdade, o curso de Desumanização daMedicina é um curso de conteúdo exclusivamenteprático e você é avaliado a todo o momento porcolegas, docentes, residentes, médicos contrata-dos enfim, você acaba aprendendo como é na real.

E nessa altura você novamente pára e pensa: Ué,mas e aqueles cursos que a gente teve no primeiroe segundo ano? De que adiantaram? A faculdadenos humaniza para depois desumanizar?

A minha humilde opinião é que esses cursos naverdade não serviram pra humanizar ninguém e simnos preparar para o que virá. É como se o médico,no caso a própria faculdade, aplicasse o medica-mento antes da doença.

Como diz meu irmão: “Médico é que nem salsi-cha, depois que você vê como se faz você nuncamais vai querer.”

Rodrigo Carvalho de Oliveira (50a)

En passantNaquela noite, ou melhor, naquela madrugada de

uma noite em claro, eu me esforçava para enxergarnaquele quarto escuro...

Fora liberado para dormir em meu plantão de obste-trícia e, como bom quarto-anista, dormi... umas trêshoras, tempo suficiente, eu acho, para me restabele-cer da euforia vivida há poucos instantes atrás. Quemdiria, eu, tão cauteloso com tudo, com medo derelâmpago,de abrir uma torradeira, com medo até deformatar um computador, tivera por alguns instantesum recém-nascido, uma vida, um NAIVE mes-mo, em minhas mãos (de luvas trocadas diga-se de passagem – Opa! uma vez calouro...).

Sentira o frêmito de seu “choro-berro”, suarespiração, seu calor, enfim, um parto deverdade, com direito a pai cabrero, mãeansiosa, residente apressada, enfermeirapiadista, touca colocada de última hora (in situeu diria), e, lógico... cabeçada naquele negócioque ilumina...o foco!!!!!

Confesso que a residente foi quem tirou a cabeça,mas isso é só um mero detalhe, pois eu, EU, tirei ocorpo sozinho e segurei por uns quinze, não, trinta,TRINTA segundos, sem escorregar, o que me dá direitoa 87,5% do parto. Meu colega de plantão, no entanto,me lembrou que o recém nascido não segue as propor-ções de da Vinci e eu então logo me pus a consideraro cordão e a placenta como elementos importantíssi-mos e inalienáveis de um parto e, pois bem, 87% é aminha parte (valor nutritivo é valor agregado!).

Como eu ia dizendo, naquele quarto escuro surgirauma luz forte vinda do corredor e uma voz dizendo aosexto-anista: ”Doutor, estão precisando de você nasala...”.

Não sei ao certo, mas aquela frase... naquele mo-mento,... Ah! transportou-me pelos caminhos menosóbvios dali para não sei onde.

Sempre imaginei que quando alguém me chamassede doutor eu iria me sentir bem, aliás, sempre acrediteina força e no respeito que tal palavra adquiria nos filmese seriados de TV e é bem verdade que tal título fora dadopela sociedade, não sendo necessário ao médico fazerdoutorado para ser chamado como tal (mas também,depois de seis anos de curso e outros tra-la-lá deresidência...merece!).

No entanto, aquela palavra que me faria orgulhoso,sentir que meus estudos valeram à pena veio acompa-nhada de uma sentença que a pôs em valor infinitamen-te menor. Com efeito, o “estão precisando de você”ecoou muito mais intenso distorcendo e emudecendoo vocábulo “doutor”.

Que frase mais linda, perturbadora, primitiva... Seriacapaz de entendê-la em gestos, “não-verbos”, chorosou sussurros; reconhecê-la-ia em qualquer língua.Vejam só,até a caixa de pandora que é o “Eu te amo”dilui em si o “eu (sinceramente) preciso de você”.

Um mal-estar generalizado tomou conta de mim;Minha miopia deve ter duplicado, não, triplicado, agra-

vada pelo escuro, e minhas percepçõesnunca foram tão confusas. Eu era um zero;não tinha um oposto, uma antimatéria ou

referência negativa do que não queria ser; eupura e simplesmente era... ou melhor não era,

pois era zero. No meio de uma reta de infinitosnúmeros, um “número - nenhum”. Indivisível - algo quenunca quis ser - e dividir-se por mim mesmo era,naquela ocasião, um absurdo. Nunca me senti tão forade mim, tão “not-self”, tão sozinho... mais parecia umaaura epiléptica, um “jamais vu” extremado;

Órfão e apátrida eu vasculhava ao meu redor conjetu-rando serem esses meus olhos míopes emprestados,bem como o braço,a perna, o cérebro e tudo mais e quenão era mais ou melhor do que ninguém, mesmo comum” título” de doutor.

Apenas tinha tudo por obséquio do acaso, inclusive oínfimo conhecimento médico e a maravilhosa oportuni-dade de expandi-lo, graças a meus pais e meu país,todos eles, um tácito empréstimo.

Machado de Assis afirmava ser o sono uma formainterina de morrer e, além disso, eliminando a necessi-dade de posto, patente, cargo que seja, deixa atuar aalma interior. No conto “O espelho” o protagonista nãomais consegue se olhar no espelho sem seu uniformede alferes. O que vê quando está sem a farda é umtraçado difuso, confuso, uma “nuvem de linhas soltas.”O mesmo passa a dormir mais para resgatar-se,reencontrar-se.

Enfim, quando me olhei no espelho estava de branco,mas não vi um doutor... Ufa!

Sei que percorri um longo caminho para despertar,contudo, por ter tido tal experiência que me recai agorauma imensa responsabilidade. Conceber uma idéia epensamento de tal gênero não deveria ser em vão. Seique esta sensação não mais voltará - e nem quero quevolte- mas escrevo este texto (com uma a certa dose dedeslumbramento,de fato) e um depoimento sincero dealguém que experimentou por alguns instantes o que éestar inexoravelmente de passagem.

Rogério Carvalho de Oliveira (51ª)

“O sábio fala porque tem alguma coisa a dizer; o tolo ,porque tem que dizer alguma coisa”. Platão, (427-347 aC).

Pense em sua vida atual.Feche seus olhos.Ao abri-los, você percebe que não

é mais o mesmo, está agora emuma cadeira de rodas. Olha parasuas mãos e observa que sua pelemais parece a de seus avós. Perce-be-se com setenta anos de idade.

Neste momento você sente a sín-tese do medo humano:

- Perdi minha vida!- Vou morrer sem ter feito nada na

vida!

- Não casei, não tive um filho, nãoescrevi um livro, não plantei umaárvore...

Entre vários outros nãos, pode-mos resumi-los em uma única fra-se:

- Faltou-me momentos felizes navida!

Voltando para o agora, eu te per-gunto:

- O que você está fazendo para termomentos felizes dos quais possase lembrar aos setenta anos de

idade?- Ou o trabalho, ou a busca por

glórias (efêmeras quase todas), oua necessidade de ser melhor do queos outros (mais precisamente, “O” melhor), ou a necessidade de “re-baixar “ as outras pessoas, sãomais importantes para você do quesua própria FELICIDADE?

Por fim, lembre-se:Existe VIDA além da medicina!

Tadeu Felipe Pires (51ª)

Fábula do terror humano

A faculdadenos humaniza

paradepois

desumanizar?

“Doutor,estão

precisandode você nasala...”.

Page 11: Especial Calouros 2005

11Abril de 2005

Damien RiceEm algum final de semana não muito distante saí de casa e fui ao

cinema assistir ao filme "Closer" (Perto Demais). Cheguei à sala ena cena de abertura começou uma música... O começo da letra "Andso it is" parecia traduzir a experiência que as duzentas e poucaspessoas naquela sala estavam prestes a viver. Não apenas pelofilme em si, mas pelas palavras que se seguiram ao primeiro verso...

Ali se iniciava uma canção inexprimível em letra e som... "Theblower's daughter" tem a capacidade de tomar conta da platéia,tornar as pessoas leves e, naquele ambiente em que ninguém asvê e tampouco as ouve, livres para sentir.

No refrão, o choro de um único violino misturado a uma voz queé a própria expressão do lirismo toma proporções de emoçõesdestoantes, que dificilmente podem ser definidas como próprias doautor, da música ou do próprio ouvinte...

Embora esteja aqui me restringindo a "The Blower's Daughter" (Omaior sucesso, sem dúvidas...), as outras canções de Damien Ricecomo Amie, Cannonball ou Cheers Darlin' seguem fórmulas pare-cidas. Lirismo extravazante somado à sutileza de sons que mostramclaramente a habilidade em sentir, produzir e levar o ouvinte aretomar o "sentir" criador da canção. Lirismo extravazante em ummundo que muitas vezes inibe o lírico e o "sentir" ante o "fazer" e amentalidade tecnicista. Lirismo extravazante chegando à jovial MTVe às barulhentas rádios FM de nossas cidades...

Uma fórmula ao mesmo tempo simples e trabalhosa, concreta eetérea, paradoxal por natureza... Uma proeza desse proeminentecantor irlandês que em seu trabalho de lançamento já conquistamilhões de fãs por todo o mundo... Um paradoxo maravilhoso emum mundo de contradições às vezes pouco agradáveis...

Páscoa (53)Departamento de Imprensa

Serendipite... Uma pala-vra bonita, de sonoridade ex-travagante e um significadodifícil de entender, que temalgo a ver com Destino eCoincidências maravilho-sas... Serendipity... O nomede um filme, que em portu-guês passou a chamar-se“Escrito nas Estrelas”, e quetraz no enredo a estranhezae o acaso da palavra...Serendipity... Também é onome de uma confeitaria emNew York onde se passamboa parte das ações do fil-me...

Bom... A primeira coisa a dizer é que se tratade um romance, e todos sabemos como sãoesses filmes... O rapaz conhece a moça, elesse apaixonam e vivem felizes para sempre.Devo dizer que quanto ao começo e final essefilme não é muito diferente (Se é que algumromance o pode ser...), mas as ações entre ocomeço e o fim acabam tendo duas funçõesinteressantes.

A primeira, e talvez a mais importante, é a delembrar que ainda existe, ao menos na sétimaarte, espaço para romances, idealizações esonhos, mesmo em uma sociedade de realis-mo, tecnicismo e frieza.

A segunda diz respeito à discussão do “amora primeira vista”, do “caos” e do “destino”. E

nessa segunda função cabeuma explicação para o roteiro...

Tudo começa quando um ra-paz e uma moça se conhecemàs vésperas do natal, fazendocompras, em algum lugar deNova York e, tentando pegar omesmo par de luvas. Ambosestão comprometidos e têm “vi-das próprias”, mas após essa“feliz coincidência” (Serendipity)têm uma noite maravilhosa quefaz com que, de certa forma,tornem-se pessoas diferentes.Decidem, no entanto, dar umachance ao destino e ao aca-

so... Ela escreve seu nome e telefone em umlivro, e ele numa nota de cinco dólares; a notaé gasta, o livro é deixado num sebo, e sóvoltarão a se encontrar se um dos objetos cairna mão do outro.

Tolo? Improvável? Previsível? Sob mais deum ponto de vista sim, mas também belo,inadequadamente e indesculpavelmente belo...Pela sutileza, pelos detalhes, pelos diálogosmaravilhosos e pelas cenas, trata-se de umfilme para se assistir e parar ao menos algunsminutos a fim de pensar em algo mais idealiza-do, 0romântico e bonito do que as guerras quevemos todos os dias nos jornais...

Páscoa (53ª)Departamento de Imprensa

“Mais que um filme, Gabbeh éum poema.” - Variety

Uma obra prima! Nada mais cor-reto a se escrever deste poema!

Temos dois personagens princi-pais, ambos chamados Gabbeh: amoça que é proibida de juntar-secom seu grande amor; e os colori-dos ‘gabbeths’, os rústicos tape-tes iranianos de fama mundial. Estamos no Irãrural, com sua estrutura social de clãs.

Este filme nos mostra quão simples é afelicidade e, quantas pedras colocam-nos (qua-se sempre nós mesmos) em nossos cami-nhos. “Com magia e muita emoção, vamossendo envolvidos por esta narrativa comoventee apaixonante . Uma lição de cinema que fazver com atenção e humanismo o mundo quenos cerca”, conta-nos, com muita propriedade,Leon Cakoff .

Uma cantiga do filme me chamou a atenção:

“A vida é cor! O amor é cor! Ohomem é cor! A mulher é cor! O amoré cor! A criança é cor (...) A vida é cor!A morte é...”. Pois não é que elaresume a essência deste filme: Ele écor! A fotografia, de Mahmond Kalari, é magnifica, merece ser contempla-da, assim publicou o Jornal do Brasil:“ Gabbeh mostra um apuro técnicofora do comum. “O que entristeceu-

me foi o fato de não saber persa, não podendoprestar menos atenção às legendas .

Esta é a chance de muitos que lêem, nestemomento, esta crítica apaixonada e, por issomesmo, pedante, conhecer este filme, e, con-sigo, o belo cinema iraniano, fugindo um pou-co, é claro, do eixo EUA, Inglaterra, Itália,França e Alemanha .

Assistam, mas assistam de coração, olhos,ouvidos e mente abertos!

Tadeu (51ª)

Esta ediçãoconta com o

apoio da

MÚSICA FILMES

Escrito nas Estrelas

GABBEH (Mohsen Makhmalbaf)

Page 12: Especial Calouros 2005

Abril de 200512

A internet, acredite, não é apenas para conversar com os amigos no Orkutou para joguinhos. A internet pode ser, também, um excelente instrumento paraestudo e para se aprofundar na medicina.

Considerando o preço dos livros atualmente e a quantidade de livros quetemos que estudar no curso de medicina a conta da livraria fica muito acima dolimite mensal. Por isso é bom saber que existem alternativas virtuais muito maisem conta (de grátis na maioria das vezes).

Na internet encontram-se muitos sites de medicina, mas é bom olhar comcautela o autor e a instituição que lhe dá suporte. Condutas variadas podem serencontradas e devemos sempre checar se são condutas atualizadas eutilizadas aqui. Isso é muito freqüente com sites estrangeiros.

Ficam aqui exemplos dos meus sites favoritos e que considero ao mais úteis:

http://www.medstudents.com.br

Exige que se faça um cadastro mais é totalmente gratuito.Tem resumos enviados por outros estudantes de medicina, um banco de

dados de fotos e sons de estetoscópio e apresenta, todo mês, um caso clínicopara você opinar sobre diagnóstico e conduta. Além disso, tem piadas e um jogode forca para descontrair, afinal, ninguém é de ferro. Cuidado com as informa-ções dos resumos, muitas estão francamente erradas.

http://www.medlinks.com.br/

É um portal com links para as mais diversas especialidades e assuntos. Temlinks para a maioria das sociedades de especialidade e para páginas deuniversidades. Precisa de imagens para alguma aula? Aqui você encontra! Bomlugar para quando você não sabe por onde começar.

http://www.emedicine.com/

Não exige cadastro para as áreas abertas, mas muitos itens são pagos.Tem livros virtuais sobre variados assuntos. Abrange desde anatomia até

condutas terapêuticas. Bom lugar para se estudar enquanto tem um tempinholivre no computador, mas não permite fazer download dos livros. Informaçõesbastante atualizadas e confiáveis.

http://www.vh.org/index.html

Permite acesso livre a exelentes livros e serviços, incluindo University of IowaFamily Practice Handbook, um ótimo guia para atenção em nível primário e paraMedicina de Família. Ótimo para quem está iniciando o clínico e para ointernato. Informações atualizadas e de alta confiabilidade, em um formatodidático. Também tem notícias e muito mais.

http://www.freebooks4doctors.com

Possui uma grande biblioteca de livros para médicos, separados por especi-alidade. A maioria em inglês, mas possui livros em espanhol e, acho, que atéem português. Isso sim é uma biblioteca virtual! Como o próprio nome diz, primapor oferecer material gratuito. A qualidade depende do livro, mas costuma sermuito boa.

X2(50ª) FMRP-USP

(Ricardo Araujo Mendes )[email protected]

Sonho

Desperto-me agora de um sonho.Sonhei que estava morto.Porém, sinto-me vivo a ponto deescrever.Resta-me saber se realmenteVivo sonhei estar morto,Ou se morto sonho estar vivo.Prefiro encerrar este sonho e conti-nuar minha vida.Dentro do meu quarto escuro,Olhando-me no espelho,Tentando ver as flores no jardim.

Xinxilla (54ª)

Insano de PaixãoInsano de PaixãoInsano de PaixãoInsano de PaixãoInsano de PaixãoEu sinto-me em um presente pereneQuando estás longe, sinto-me vazio!Quando meus lábios sentem teu perfumeDe cor vermelha tendem ao delírio.

O meu sentimento inconseqüenteCoordena loucamente meus sentidos!Larga-me a deriva num mar latenteQue me deixa totalmente perdido.

Não tenho como não enlouquecerPerto ou longe de ti perco a razão.Em delírios presentes vou viver!

Os batimentos de meu coraçãoSempre perdem o ritmo ao te ver.E eu fico insano dessa paixão!

RELAX FOR MEDDepois da Medicina Baseadaem Evidências vem agora a

Medicina Baseada em FrasesPressão subiu?Captopril!

O coração tá uma zona?Amiodarona!

Tossiu?Amoxil!

Quer matar o que tem?Imipenem!

Está incomodando às 3 da manhã?Fenergan!

Quer dá para mim?Yasmin

Aconteceu o pior?Postinor!

Dor que vem?Voltarem

Não sabe o que tem?Meticorten

Do diafragma pra cimanão sabe o que tem:Soro glicosado com meticorten!

Do diafragma pra baixonão sabe o que há:Buscopan Composto vai melhorar!

Xinxilla (54ª)

LEMBRE-SE:

- Neurônios vêm e se vão, mas células de gordura são para sempre.

- Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.

- Em medicina e futebol não se devem fazer prognósticos.Jô Soares

- A única maneira de conservar a saúde é comer o que não se quer, beber o quenão se gosta e fazer aquilo que se preferiria não fazer.

- Se você está se sentindo bem, não se preocupe. Isso passa.

- A saúde, quando usada com moderação, pode trazer muito prazer e bem-estarà vida, desde que a sua utilização não prejudique o tabaco e o álcool.

Casseta&Planeta

Medicina on line