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ECONOMIA 19 de Abril de 2012 Fersant já tem 80 por cento do espaço ocupado A Fersant - Feira Empresarial da Região de Santarém, que se realiza pelo terceiro ano consecutivo em conjunto com a Feira Nacional da Agricultura, no CNEMA, em Santarém, já tem cerca de 80 por cento do espaço ocupado. O certame decorre de 2 a 10 de Junho e segundo a Nersant, enti- dade promotora, o sucesso dos últimos anos tem resultado num grande número de solicitações de empresas para terem um stand na mostra. “Na última sema- na, mais cinco empresas confirmaram a sua presença no certame”, diz a Nersant. Na Fersant estarão representadas gran- de parte das entidades, organizações, ins- tituições e empresas do distrito de Santa- rém, que acabam por beneficiar da fusão de sinergias com a Feira Nacional da Agri- cultura, o que veio engrandecer os dois eventos, que constituem agora o maior encontro empresarial da região. Os interessados em participar na Fer- sant devem manifestar a sua intenção junto do Departamento de Feiras e Cer- tames da Nersant, através do telefone 249 839 500 ou do e-mail [email protected]. Empresários que sabem o que valem e recusam baixar os braços Os breves depoimentos que O MIRANTE recolheu para este suplemento especial deviam ser lidos com muita atenção pelos governantes. São declarações de quem sabe do negócio, das empresas, dos clientes, dos bancos e de muito mais. Pessoas que sabem mais da vida com os olhos fechados, que todos os membros do Governo com óculos e binóculos. 4 ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO “Esta é uma boa altura para comprar um Peugeot António Martinho, responsável da Pedro Lamy de Vila Franca de Xira, diz-se motivado na procura de novas soluções 10 Pedro Costa, presidente da delegação de Abrantes da Ordem dos Arquitectos 2 Empresa da Semana Candidente é especialista em prótese dentária Hugo Candeias é um profissional com muitos anos de experiência e espírito perfeccionista 9 Carlos Crisóstomo Nuno Mendes Ricardo Pereira Bruno Barbosa Miguel Saldanha Miguel Vieira Manuel Tomé Correia Sílvia Marante Cláudio Pereira Manuel Vicente Sílvia Sousa Ricardo de Almeida Nelson Mercê Filipe Barreira Ana Vieira “A arquitectura tem que ser vista como uma actividade de valor”

ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO

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“A arquitectura tem que ser vista como uma actividade de valor” Candidente é especialista “Esta é uma boa altura para comprar um Peugeot em prótese dentária ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO António Martinho, responsável da Pedro Lamy de Vila Franca de Xira, diz-se motivado na procura de novas soluções 10 Hugo Candeias é um profissional com muitos anos de experiência e espírito perfeccionista 9 Empresa da Semana Miguel Vieira

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Economia 19 de Abril de 2012

Fersant já tem 80 por cento do espaço ocupadoa Fersant - Feira Empresarial da Região

de Santarém, que se realiza pelo terceiro ano consecutivo em conjunto com a Feira nacional da agricultura, no cnEma, em Santarém, já tem cerca de 80 por cento do espaço ocupado. o certame decorre de 2 a 10 de Junho e segundo a nersant, enti-dade promotora, o sucesso dos últimos anos tem resultado num grande número

de solicitações de empresas para terem um stand na mostra. “na última sema-na, mais cinco empresas confirmaram a sua presença no certame”, diz a nersant.

na Fersant estarão representadas gran-de parte das entidades, organizações, ins-tituições e empresas do distrito de Santa-rém, que acabam por beneficiar da fusão de sinergias com a Feira nacional da agri-

cultura, o que veio engrandecer os dois eventos, que constituem agora o maior encontro empresarial da região.

os interessados em participar na Fer-sant devem manifestar a sua intenção junto do Departamento de Feiras e cer-tames da nersant, através do telefone 249 839 500 ou do e-mail [email protected].

Empresários que sabem o que valem e recusam baixar os braçosOs breves depoimentos que O MIRANTE recolheu para este suplemento especial deviam ser lidos com muita atenção

pelos governantes. São declarações de quem sabe do negócio, das empresas, dos clientes, dos bancos e de muito mais. Pessoas que sabem mais da vida com os olhos fechados, que todos os membros do Governo com óculos e binóculos. 4

ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO

“Esta é uma boa altura para comprar um PeugeotAntónio Martinho, responsável da Pedro Lamy de Vila Franca de Xira, diz-se motivado na procura de novas soluções 10

Pedro Costa, presidente da delegação de Abrantes da Ordem dos Arquitectos 2 Empresa da Semana

Candidente é especialista em prótese dentáriaHugo Candeias é um profissional com muitos anos de experiência e espírito perfeccionista 9

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“A arquitectura tem que ser vista como uma actividade de valor”

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foto O MIRANTE

“A arquitectura tem que ser vista como uma actividade de valor prioritário para o país”Pedro Costa, presidente da delegação de Abrantes da Ordem dos Arquitectos É um defensor de uma maior participação dos arquitectos na construção do país. Quer ver os seus pares a participar noutras áreas de actividade para além da construção civil, tal como acontece com outras profissões, porque considera que a sua visão do mundo é uma mais valia que não pode ser desperdiçada. E defende que esse caminho tem que começar por uma maior participação nas actividades da Ordem.

Quando pensamos em arqui-tectos pensamos nos grandes arqui-tectos premiados como o Siza Vieira e o Souto Moura. De que forma é que vê essa situação?

É motivo de grande orgulho e mos-tra o trabalho que foi feito nos últimos anos. Há uns anos atrás muitas pessoas nem sequer sabiam o que era um ar-quitecto. O facto de muita gente que sabe quem é o Siza Vieira ou o Souto Moura significa que a sociedade portu-guesa valoriza os seus melhores. Não é muito normal noutros países as pessoas conhecerem as suas estrelas da arqui-tectura. Mas também há razões para isso. O ano passado houve seis grandes prémios internacionais de arquitectura que vieram para Portugal. Nós temos dois prémios Pritzker. Se formos fazer o rácio e compararmos com a Espanha e com a França ou com a Itália, é abso-lutamente extraordinário.

A arquitectura já é devidamente valorizada?

É mais valorizada mas ainda não acontece como na Alemanha, por exem-

plo, onde a arquitectura é considerada uma actividade de valor prioritário para o país, como a medicina, por exemplo.

A profissão ganhou importância. O tempo em que os projectos eram as-sinados pelos desenhadores já lá vai.

Sim. Isso já não acontece mas houve uma época muito engraçada em que os únicos projectos em que se exigia uma assinatura de um arquitecto eram os projectos de jazigos. Para um jazigo

era obrigatória a assinatura de um ar-quitecto, para o resto não era. Foi mui-to importante a anulação do decreto 73/73 que permitia tal coisa. Foi a úni-ca vez, depois do 25 de Abril, que uma lei foi anulada por iniciativa popular. Os arquitectos têm a noção que traba-lham um bem público e têm a ideia de que são responsáveis pela defesa de um bem público. E nessa lógica baterem-se por serem as pessoas com as qualifica-

ções certas a proporem as coisas certas. Mas a legislação não resolve tudo...Claro que não. Há pessoas que dizem

que se se fizer a legislação certa os pro-blemas se vão resolver. Eu não acredi-to nisso. Que se entregarmos certos tra-balhos a certas pessoas tudo vai correr bem. Acho que só quando toda a socie-dade compreende o valor do que se está a fazer. Quando tem cultura suficiente para apreciar as coisas que têm quali-

“Cheguei a propor que a sede fosse numa roulotte”

Em Abril de 2004 foi formalizado o Núcleo do Médio Tejo da Ordem dos Arquitectos. O convite para a formali-zação partiu da arquitecta Leonor Cin-tra que na altura era presidente da Sec-ção Regional Sul da Ordem. “Ela achou que para descentralizar as actividades da Ordem era necessário apoiar as es-truturas locais e fez uma coisa muito pouco portuguesa que foi passar das palavras aos actos. No Congresso de Guimarães convidou-nos a formar o núcleo por saber que nós éramos um grupo de arquitectos que informalmen-te fazíamos coisas interessantes aqui”. conta Pedro Costa.

O núcleo englobava os arquitectos

que trabalhavam nos dez municípios do Médio Tejo. Agora o núcleo pas-sou a ser Delegação de Abrantes da Ordem dos Arquitectos para abranger mais municípios e englobar mais pro-fissionais. E fundamentalmente para poder desenvolver outras actividades. “Éramos dez no Médio Tejo. Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamen-to, Ferreira do Zêzere, Mação, Tomar, Sardoal, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. Agora saiu Alcanena que passou a pertencer ao Oeste e entra-ram Alter do Chão, Avis, Chamusca, Gavião, Golegã, Mora, Ponte de Sor, Sertã e Vila de Rei.

O presidente da Delegação confes-sa que nem tudo lhe agrada na nova estrutura mas diz que isso não o atra-palha por aí além. “Estas coisas nunca são perfeitas. Foi discutido com Lisboa. Algumas coisas conseguimos e outras não. A delegação Nacional em Lisboa,

decide o que se vai fazer mas não tem orçamento. As secções têm orçamento mas não decidem o que vão fazer. Pa-ra fazerem alguma coisa é preciso que se entendam. É um sistema peculiar e muito interessante. Mas há uma coisa que eu gosto de realçar. A delegação não é a delegação de Abrantes, em-bora tenha esse nome. É a delegação destes municípios todos. Ficou com esta designação contra nossa vontade, para ser sincero. Mas já antes não era tudo perfeito. Eu no início do núcleo, quando se começou a discutir o local da sede cheguei a propor uma roulot-te. Num ano ficava em Torres Novas, noutro ano em Tomar...”

Como é explicado no convite envia-do para a inauguração da delegação o objectivo de descentralizar a Ordem dos Arquitectos “é criar uma escala de proximidade com os profissionais que operam no terreno e estruturar progra-

mas locais que valorizem a profissão e a função do Arquitecto, ajudando a pro-jectar no exterior o trabalho criativo e a envolver a comunidade num processo de simbiose e diálogo contínuo”. Pedro Costa complementa. “Em Lisboa con-sideraram, com razão, que era interes-sante que se abrisse o leque. Que além da divulgação se começassem a prestar serviços. O núcleo fazia muito divulga-ção do papel da arquitectura. Da vanta-gem da existência da arquitectura como serviço à comunidade que qualifica os ambientes, os espaços de trabalho, os espaços públicos. Que racionaliza os gastos. Não tínhamos uma estrutura permanente com pessoal que vamos passar a ter que permite a realização de actividades mais alargadas, forma-ção, esclarecimentos, apoio a concur-sos, apoio às actividades da delegação e servirmos de ligação com Lisboa nas coisas que queiram difundir na região”.

19 ABRIL 2012 ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO 3 foto O MIRANTE

dade e a qualidade dos intervenientes é que conseguimos.

Ainda há legislação limitativa da actividade

O problema maior não só para os ar-quitectos mas calculo que para muitas profissões é a complexidade, a quantida-de e a má qualidade geral da legislação produzida. Há leis que se contrariam umas às outras. A Ordem está a tentar promover e promulgar uma coisa que existe noutros países que é um código da construção civil. Que haja um códi-go onde esteja reunida toda a legislação respeitante à arquitectura e construção civil. O problema é de tal ordem que por vezes é impossível saber se existe ou não legislação sobre determinado assunto.

Como é isso de o mesmo projecto servir para construir cinquenta esco-las, por exemplo?

Isso é discussão que tem muitos anos. Depende do que se está a falar. Um pro-jecto deve servir as pessoas que o vão uti-lizar. Um fato feito por um bom alfaiate para uma dada pessoa, serve bem a essa pessoa. Se nós fizermos fatos iguais para pessoas diferentes é evidente que eles não assentam bem a todas as pessoas.

Estamos a falar do pronto-a-vestir da arquitectura. Uma escola de Bra-gança pode ser igual a uma escola dos Olivais, por exemplo?

De maneira nenhuma. As necessi-dades e problemas dos Olivais são dife-rentes dos problemas de Bragança. As condições climatéricas são diferentes, as condições sociais são diferentes, o número de pessoas não é o mesmo. A maneira como as pessoas aprendem é diferente. É preciso compreender o es-pírito do lugar. Repetir um projecto é prestar um mau serviço porque ele foi

estudado para responder a um determi-nado número de problemas.

Benefícios das novas tecnologias na profissão?

Na nossa área a evolução foi fantásti-ca e permite coisas maravilhosas, como testar e experimentar antes de construir, por exemplo.

E os malefícios? O principal é aquele que diz respei-

to a todas as actividades. A expectativa de as coisas poderem ser feitas instan-taneamente. Esta sociedade tem pouca paciência. Quer tudo instantaneamente. Rapidamente. Para ontem. E a arquitec-tura ...um projecto, é um trabalho de amadurecimento. É como querer fazer vinho do Porto em três semanas. A boa arquitectura não é para fazer a correr e nós temos pouca paciência.

Quando passa por alguns mamar-rachos fica com azia?

Os gregos diziam que os homens têm seis sentidos. O sexto sentido, que para eles era o mais importante, é a sensa-tez. É preciso ser sensato. Não há pos-sibilidade de fazer tanta coisa e de tudo correr bem. Por outro lado há muitas coisas que são consideradas mamarra-chos quando são feitas mas que com o passar do tempo passam a ser conside-radas obras primas. Com a Torre Eiffel em Paris passou-se isso, por exemplo. Ter razão antes do tempo é complicado.

O que aconteceria se algumas obras antes de serem feitas fossem referen-dadas pelo povo?

O voto popular em questões de arte e cultura não é um bom sistema. Muitas vezes tem que ser a minoria a decidir.

Mas para isso acontecer tem que haver uma sociedade que tenha a ideia que essa minoria tem a credibilidade sufi-ciente para defender coisas que ainda não são bem compreendidas. Isso é si-nal de um grande país.

A sua casa foi projectada por si? Não. Mas foi projectada por um ar-

quitecto.E de vez em quando roga umas pra-

gas a esse seu colega?A beleza às vezes merece sacrifícios. Sim, há coisas pouco práticas. A minha mulher é lindíssima mas

por vezes não é muito prática mas eu casava-me com ela outra vez se fosse possível voltar atrás. Estar confortável e sem problemas não é o valor princi-pal da vida. Nem é muito inspirador.

Como é a participação dos associa-dos na Ordem?

Presumo que não difere do que se passa noutras profissões. A Ordem de-ve estar a atingir os vinte mil associa-dos. Normalmente em cada congresso participam cerca de seiscentos. É uma questão que tem a ver com a nossa so-ciedade. Somos uma comunidade de consumidores. Eu faço a minha arqui-tectura e tu fazes o teu papel associati-vo. Eu vou lá consumir o que tu fizeres. Nós já tivemos a ideia de que o trabalho da Ordem é uma parte importante da profissão e agora já não temos. É im-portante inverter isso. A Ordem devia investir fortemente na ideia que todos nós temos a ganhar com a participação na vida profissional da Ordem.

Qual o papel que os arquitectos podem vir a desempenhar no futuro?

Veja o que se passa em Portugal. O engenheiro também é político, admi-nistrador, gestor, bancário. Tem uma ideia que a sua formação como enge-nheiro lhe permite uma determinada intervenção. Isso é igual para os mé-dicos, advogados. Os arquitectos, acho que incorrectamente, restringem-se a determinada área de actividade, quando a sua formação lhes permite fazer uma diferença enorme em imensas áreas do país. É preciso trabalhar fortemente na ideia de que o arquitecto é uma pessoa com uma visão especial dos problemas. A arquitectura e os arquitectos têm uma maneira especial de olhar para o Mun-do e isso pode ser muito útil para além da construção civil.

“Deixa estar que eu arranjo-te

outra inspecção”Pedro Costa nasceu no dia de S.

Pedro, 29 de Junho, no ano de 1962, no Hospital Militar em Lisboa. Toda a família estava ligada às forças ar-madas. O pai tinha feito o curso de fuzileiros e estava na marinha. Havia um tio que era Almirante. O bisavô tinha sido militar na GNR. O avô era de Artilharia. Foi ele que vinte anos mais tarde, quando o neto regressou a casa depois de ter chumbado na inspecção, ficando livre da tropa por ser demasiado magro, o animou com as seguintes palavras: “Deixa lá meu neto que eu arranjo-te outra inspec-ção!”. Alguém o deve ter dissuadido da ideia e apesar das forças armadas terem perdido um elemento de uma família com tradições militares o país ganhou um arquitecto. Apesar disso, o presidente da Delegação de Abrantes da Ordem dos Arquitectos faz ques-tão de declarar. “Acho que gostaria de ter frequentado a Escola Naval. Gosto muito do mar!”. Fica registado.

Com a passagem dos anos o lisboe-ta transformou-se em abrantino, por opção. “Vim para cá em 1986. Já vi-

vi mais anos em Abrantes do que em Lisboa e gosto”. Depois de concluir o curso e de se inscrever na Ordem dos Arquitectos, Pedro Costa recebeu, co-mo muitos outros recém-licenciados da altura, um convite para estagiar no interior do país. “Vim para o Gabine-te de Apoio Técnico (GAT) de Abran-tes. Outros colegas foram para os de Tomar, Torres Novas, Torres Vedras. Acabado o estágio fiquei. Está mais que provado, o que faz as pessoas mu-darem de terra e fixarem-se noutras regiões é o trabalho”, diz.

No seu caso pessoal a troca de Lis-boa por Abrantes foi ainda mais fácil porque gostou da cidade e das pesso-as. “Durante a guerra colonial o meu pai fazia comissões de dois anos e a família ia atrás. Estive em Moçambi-que, Angola (o meu irmão nasceu em Luanda), estive nos Açores. Estivemos num sítio que nunca mais esqueço que era a fronteira de Moçambique com a Rodésia. O Lago Niassa. É o interior de África. Aprendi cedo que os sítios são as pessoas. Se estivermos num lo-cal que tem as pessoas certas, estamos em casa”, explica.

Em 1986 havia poucos técnicos no interior e havia apoios do Fundo Social Europeu para estágios e para obras. Foi uma grande oportunidade para

jovens licenciados. “Quando acabei o meu primeiro trabalho no GAT fui ter com a directora e perguntei-lhe: ‘quem vê isto? Quem aprova isto?’. E ela disse-me que não há ninguém para ver ou para aprovar o que eu tinha feito. Que a responsabilidade era minha. Que eu é que sabia se es-tava bem. Era uma responsabilidade enorme mas era imensamente atrac-tivo”, conta.

Pedro Costa esteve no GAT até à sua extinção em 2009, que conside-ra ter sido uma história triste. Desde então trabalha como profissional li-beral. “Sempre tive actividade como profissional liberal mesmo quando estava no GAT. Isso deu-me acesso a outras perspectivas mais comerciais, mais de mercado, em que as lógicas e as competições são diferentes das do serviço público. Aprendi muito tan-to numa vertente como na outra”. Quanto à região que viu crescer e desenvolver-se diz que tem pena que não tenha outra visibilidade. “Esta região tem um grande dinamismo mas é pouco valorizada. Vê-se pou-co. Este triângulo Torres Novas, To-mar, Abrantes é muito interessante. Coimbra, Lisboa, Porto, Leiria vêem--se muito. Este é um triângulo muito discreto e é pena”.

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Senhor ministro da Economia oiça bem o que lhe dizem!Empresários que sabem o que valem e que se recusam a baixar os braços Os breves depoimentos que O MIRANTE recolheu para este especial dedicado ao imobiliário e à construção civil devia ser lido com muita atenção pelo Ministro da Economia e pelo Primeiro-Ministro. São declarações de quem sabe do negócio, das empresas, dos clientes, dos bancos e de muito mais. Pessoas que sabem mais da vida com os olhos fechados, que todos os membros do Governo

com óculos e binóculos. Não há aqui ideias novas. A maioria delas já foi transmitida aos governantes por associações empresariais e foi ignorada. Pode dizer-se que os empresários estão a falar para o boneco ao repetirem o que se sabe mas a sabedoria popular também diz que “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. E fica outra mensagem. Estes empresários não vão baixar os braços.

Ricardo de Almeida, construção e manutenção de jardins, Louriceira (Almoster)

“Fazer um bom serviço é a melhor forma de conquistar clientes”

Com a actividade da sua empresa unipessoal montada há cerca de um ano na construção e manu-tenção de jardins, Ricardo Vitorino de Almeida foi fazendo do serviço e da confiança com os clientes um meio para chegar a outros clientes. “Os clientes querem o mais barato possível, por isso digo-lhes que mais vale acertar um preço por hora e assim sabem com o que vão contar”, explica.

Como a construção de jardins de raiz já tem pou-ca procura, o jovem empresário vai apostando na manutenção e conservação, bem como em altera-ções que os clientes por vezes querem fazer. Faz ainda trabalhos de pintura, reparação de fissuras, serralharia, entre outros. “Há que procurar sempre novas alternativas”, acrescenta.

Com a crise no mercado da construção, Ricardo de Almeida tinha duas propostas a fazer para legis-lação. A redução do IVA para 17 por cento ou para uma taxa intermédia, seja nas transacções como no custo dos materiais e o reforço do apoio à internacio-nalização de empresas num sector onde acontecem despedimentos em massa e as obras estão paradas.

Ricardo Pereira, António Jorge Pereira Lda., Torres Novas

Estado tem de ser o primeiro a dar o exemplo e pagar a tempo e horas

“O Estado deve começar a pagar a tempo e horas se quer ser exemplo e ver a economia dar o salto que ne-cessita”. A opinião é de Ricardo Pereira, sócio-gerente da empresa de comercialização de tintas António Jor-ge Pereira, Lda., com lojas em Torres Novas e Fátima. “Pela nossa parte deixámos de fornecer quase todas as câmaras municipais e temos duas ou três situações de créditos pendentes. Neste momento só fornecemos um município”, refere. A par dos atrasos nos pagamentos há menos clientes e é inevitável negociar muito mais e com maior atenção. “Os construtores, de um modo geral, li-gam muito aos preços. Já os particulares, embora estejam a dar atenção aos preços, preferem pagar um pouco mais para ter um produto de qualidade”, refere.

A empresa também se adaptou às circunstâncias e o primeiro passo dado foi a redução de stocks apesar de manter a mesma diversidade de artigos e marcas de tintas. “A situação é bem diferente da de há dez anos quando os clientes construtores compravam e guardavam nos esta-leiros toda a tinta de que precisavam “, recorda Ricardo Pereira, admitindo que o sector da construção foi mais longe do que devia. Apesar de tudo acredita que manter um “pensamento positivo” é essencial, porque “desani-mar é caminhar para a liquidação”.

Nelson Mercê, Nelson Mercê - Atelier de Arquitectura, Unipessoal Lda., Almeirim

Clientes procuram projectos mais comedidos em dimensão e materiais

No atelier de arquitectura de Nelson Mercê, em Almeirim, também se sente a crise que se vive no país e no sector imobiliário mas de forma particular. Nos últimos anos os clientes e potenciais interessados têm procurado o técnico para executar projectos de menor dimensão e com materiais mais em conta. Isto em rela-ção a projectos para habitações particulares.

O atelier teve de se adaptar aos novos tempos e pro-curar novas áreas de negócio como as legalizações e alterações de uso de imóveis, trabalhando para todo o país, dado ter experiência de trabalho em Cascais e Lisboa, antes da instalação em Almeirim. As dificulda-des de acesso ao crédito são o principal motivo para a alteração da maneira de pensar dos clientes. O arqui-tecto não desanima e procura encontrar alternativas aos negócios mais convencionais. Ainda assim procura dar um cunho pessoal e profissional aos projectos que vai concebendo, de acordo com as suas convicções. “Te-mos dois projectos aprovados em câmaras municipais, prontos a serem concebidos, que estão presos por falta de financiamento bancário”, exemplifica.

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Manuel Vicente, Casa Arranjada, Entroncamento

Devia ser dada mais atenção às imobiliárias e aos serviços que prestam

Com os bancos a dificultarem o acesso ao crédito para habitação nova há muitas pessoas a renovar as suas casas ou a apostar no mercado das casas usadas. A caminhar para um ano de actividade no Entroncamento, com a sua “Casa Arranjada”, empresa que se dedica a todo o tipo de construções, reparações e manutenção de casas ou de jardins, Manuel Vicente reconhece que os clientes estão a tentar fazer tudo para gastar o menos possível. “Existe alguma margem entre o que o cliente quer pagar e o que a empresa pode facilitar. É nesse capítulo que tentamos chegar a um bom preço”, diz o empresário.

A empresa tenta tirar partido do know-how da imo-biliária QualiDomus, que Manuel Vicente também gere, para contornar as dificuldades de acesso a crédito bancá-rio com acordos com entidades de crédito ao consumo ou pessoal. Por muito que a crise esteja para ficar e em força Manuel Vicente diz que desanimar com as dificul-dades é morrer e acabar com o país, por isso aposta em procurar sempre novos trabalhos dando--se a conhecer na internet, nos jornais ou pessoalmente. Para si, o mercado de venda de imóveis devia passar obrigatoriamente pelas empresas de mediação imobiliária. “São os bancos, os construtores, os particu-lares a vender casas, muitas vezes sem es-tarem colectados. Afinal para que servem as imobiliárias? Deste modo mais vale aca-barem”, desabafa.

Cláudio Pereira, gerente da Prolarme, Almeirim

“Os clientes estão cada vez mais exigentes”

O gerente da Prolarme, empresa de Almeirim, Cláu-dio Pereira, nota que os clientes sabem bem o que que-rem e que quando o procuram já têm uma ideia formada sobre o produto ou serviço que pretendem. “No mundo das tecnologias, como é o caso de alarmes e outros, isso nota-se cada vez mais. E de um modo geral, uma boa parte pergunta pelos preços mais baixos e pelas opções de pagamento”, reconhece.

O empresário diz que também trabalha mais fora de horas e que tem procurado trabalhar com quem tem credibilidade no mercado. Se uma semana ou um mês não corre tão bem como o esperado, Cláudio Pereira não desanima à primeira e sabe que tem que ser mais proactivo. Diz que se pudesse introduzir nova legislação no país, reforçaria as condições de trabalho dos agentes da autoridade que considera que estão desacreditados perante a opinião pública. “São essenciais para prevenir o crime e para prender os criminosos”, conclui.

Nuno Mendes, topógrafo, Almeirim

“Registos do IMI deviam ser mais rigorosos”

O Governo deve ser mais exigente na realização de levantamentos topográficos de prédios para efeitos de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). É o que defende o topógrafo Nuno Mendes, de Almeirim, sabendo que há muitos prédios rústicos e urbanos em que os valo-res reais não têm em conta as benfeitorias realizadas. Além de poder aumentar o número de serviços da sua actividade profissional, essa seria uma acção provei-tosa para o Estado em termos de receitas, argumenta.

No dia-a-dia, Nuno Mendes repara que os clientes têm procurado resolver os seus problemas mais em cima da hora, quando realmente é necessário, já que falta dinheiro e se pedem prazos mais flexíveis para contratar o serviço. Admite que quando há menos en-comendas é obrigado a dar mais de si em termos de disponibilidade e a procurar novas soluções, não espe-rando que o telefone toque.

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Filipe Barreira, Mira e Barreira Construções, Chamusca

Baixar impostos e dar crédito para revitalizar a economia

Para sobreviver à crise a empresa Mira e Barreira Construções, da Chamusca, começou a poupar nas des-pesas correntes, principalmente no combustível. “Só fazemos deslocações estritamente necessárias”, dizem.

Os clientes existem mas regateiam até ao último cêntimo e a luta pelos preços é extenuante. “Há que tentar chegar a um acordo com os clientes particulares. Noventa por cento da construção está em queda e os bancos não desbloqueiam dinheiro para os investidores que têm projectos “, analisa Filipe Barreira, lembrando que os portugueses estão a cumprir com as exigências do Estado mas os bancos não.

Face às dificuldades o empresário defende que o IVA deve voltar a baixar três ou quatro pontos percentuais, assim como uma baixa do imposto a pagar à Seguran-ça Social. “Devia também haver maior fiscalização nas obras públicas e uma luta contra o clientelismo. Devia ainda haver uma baixa de juros, concessão de emprés-timos e carência de juros para quem investe em obras de regeneração urbana dentro das vilas e cidades”, su-gere o empresário.

Manuel Tomé Correia, Ribatintas, Santarém

Contornar as dificuldades procurando novos clientes e mercados

Manuel Correia tem procurado contornar o abaixa-mento da venda de tintas para construção civil nos úl-timos tempos com o escoamento para outras áreas de negócio. A venda de tintas cresceu em 2009-2010 mas estagnou em 2011-2012. “Tenho conseguido reforçar vendas para o sector de metalomecânica, restauro de imóveis e repinturas e procurar novos clientes. Manter os velhos clientes de confiança e encontrar novos, é o meu objectivo”, explica. Há sempre momentos menos bons durante um ano de actividade, principalmente na parte dos recebimentos o que causa algum desânimo, mas Manuel Correia diz que os compromissos se têm de cumprir independentemente dos recebimentos. Defen-de que devia ser instituída uma lei que obrigasse a que os negócios fossem consumados com pronto pagamen-to, principalmente quando estão metidos nos negócios as câmaras municipais. “Hoje em dia estamos sempre de pé atrás, já não sabemos quem é bom e quem não é. Por exemplo, só forneço duas ou três autarquias, a outras não dou crédito”, conclui.

Miguel e Ana Vieira, Casassist - Manutenção, Lda.

Empresas clandestinas deviam ser mais fiscalizadas

Com a falta de dinheiro que paira no mercado, os potenciais clientes de empresas como a Casassist, que faz remodelações, pinturas, trabalhos de pedreiro, ca-nalizações, ladrilhos, calçadas ou coberturas, também se retraem na hora de investir por não saberem como vai ser o futuro próximo. Ainda assim, a empresa vai garantindo um nicho do mercado. “Temos um leque de clientes que costuma apostar na remodelação das suas habitações com alguma regularidade”, exemplificam os sócios-gerentes da empresa Miguel e Ana Vieira. No actual momento de crise a Casassist também procura fazer uma melhor divulgação dos seus serviços através da publicidade, na transmissão de confiança às pessoas.

Ana e Miguel Vieira são optimistas por natureza e é nos períodos de maiores dificuldades que exigem mais de si mesmos, de insistir e de dar a volta por ci-ma. Apesar disso consideram que a legislação que rege o mercado e os diversos negócios devia ser aplicada à risca tendo como mira o mercado paralelo. “As empre-sas clandestinas que fazem concorrência são um desses problemas”, alertam.

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Sílvia Marante, 42 anos, empresária, Tomar

Arregaçar as mangas e antecipar o futuro

Mais clientes particulares e menos construtores civis foi a principal mudança sentida nos últimos dois anos pela empresária Sílvia Marante que gere, com a irmã Margarida, a empresa Marante - Materiais de Construção e Decoração, lda, em Tomar. “O crédito para a compra de habitação deixou praticamente de existir e muitos dos nossos clientes que eram, sobretudo, os construto-res, cessaram actividade. Houve uma mudança do perfil do nosso cliente”, explica. “Neste momento os mate-riais que se vendem destinam-se à construção de mora-dias e a obras de remodelação ou pequenos arranjos. E nós temos uma grande diversidade de artigos, desde os primários para a construção, canalizações até aos ma-teriais de acabamento ditos de decoração. “Apostamos na qualidade e diversidade”, garante.

A empresa, que completou 39 anos no dia 14 de Abril, não baixa os braços. Aproveitou para se reestruturar, es-tando a implementar o Sistema de Gestão da Qualidade segundo a ISO 9001/2008 encontrando-se a dois meses de concluir o processo e obter a certificação. Destaca-se ainda por ter sido distinguida com o prémio “PME Líder” em 2011, integrado no programa FinCresce atribuído pe-lo IAPMEI. Procurando combater o espírito negativista instaurado pela actual crise social e económica, a em-presária é pragmática, considerando que nesta altura é que se deve trabalhar mais e ser criativo. “Sempre arre-gaçámos as mangas e procurámos anteciparmo-nos ao futuro. Tirámos o “s” à palavra crise (crie) e colocamo--lo no início da palavra sucesso”, refere Sílvia Marante.

A empresária diz que a melhor solução para a crise era baixar o IVA para aumentar o consumo. “De certe-za que o Estado arrecadaria mais receitas”, opina. Tem expectativa em relação à nova lei do arrendamento. “Com a entrada em vigor desta lei encerra-se um ciclo no qual predominou a obra nova e a aquisição de casa própria, começando outro onde se irá destacar a reabi-litação”, refere.

Bruno Barbosa, AA João - Materiais de Construção, Lda, Azervadinha, Coruche

Não vale a pena desanimar quando a “tenda” está montada

No armazém de Bruno Barbosa em Azervadinha vendem-se materiais de construção, dos mais primá-rios, como os azulejos, mosaicos ou cimentos, a outro tipo de artigos como salamandras, churrasqueiras, etc. O empresário nota que as pessoas continuam a com-prar mas optam pelo artigo que pode ser mais barato sem deixar de fazer a compra a pronto pagamento. “É o que fazem se tiverem de levar uma salamandra mais acessível ou um azulejo de marca menos categoriza-da”, acrescenta Bruno Barbosa.

O empresário também procura controlar os gastos. Os carros deslocam-se menos vezes e em mais ocasiões direccionados para destinos próximos, com cargas e entregas completas, principalmente nos concelhos de Coruche e Mora, onde trabalha preferencialmente. Se o negócio abranda, Bruno Barbosa diz que não é de de-sanimar ou de ficar deprimido, até porque, como diz: “a tenda está montada” há vários anos.

Benéfico para todos se-ria a redução do IVA, de-fende. “Uma salamandra era taxada a 13 por cento, enquanto hoje é taxada a 23 por cento. O Estado fi-ca com quase um quarto do que vendemos. É um exagero”, conclui.

Miguel Saldanha, Construções Saldanha Alves, Amiais de Baixo

“O Estado absorveu o dinheiro com que os bancos deviam financiar a economia”

A empresa de Miguel Saldanha aposta na constru-ção de moradias de qualidade e há clientes que conti-nuam a privilegiar essa opção mas os preços baixaram para além do razoável e o desastre está à vista. “Há empreiteiros que chegam a apresentar valores 35 a 40 por cento abaixo do preço de custo. O resultado dis-so são uma série de insolvências e o sufoco em que as pessoas e empresários vivem”.

Miguel Saldanha diz que nos últimos quatro anos tem travado uma dura luta para convencer os clientes que abaixo de um certo preço é impossível garantir qualidade e que investir em qualidade numa habitação é ganhar dinheiro no futuro. Para Miguel Saldanha os bancos têm de voltar a injectar dinheiro na economia concedendo créditos às empresas para que estas criem empregos mas que as esperanças são poucas.

ESPECIAL CONSTRUÇÃO, IMOBILIÁRIO E DECORAÇÃO 19 ABRIL 20128

Missão empresarial ao Brasil resulta em protocolo entre Nersant e Estado de Goiás

A missão empresarial promovida pela Ner-sant - Associação Empresarial da Região de San-tarém ao Brasil, que decorreu até 15 de Abril, incidiu sobre o Estado de Goiás de onde resul-tou um protocolo de cooperação empresarial entre o Estado de Goiás e a Nersant que visa desenvolver as trocas comerciais entre os dois países, sobretudo no sector agro-industrial.

Salomé Rafael, presidente da Nersant, lan-çou o desafio para a criação de uma parceria com o Agrocluster do Ribatejo (cluster do sec-tor agro-industrial promovido pela associação de Santarém), que possa contribuir para o de-senvolvimento do sector agro-industrial do Es-tado de Goiás, promovendo a cooperação e a transferência de tecnologia, delineando uma estratégia de investimentos que visem poten-ciar a produção agrícola do Estado. Um desa-fio aceite com agrado pelo Governo de Goiás e que vai a partir de agora encetar passos para a sua formalização.

“O Estado de Goiás está pronto e apto a re-ceber investimento interno e externo”, realçou por sua vez Jardel Serra, presidente da Assem-bleia Legislativa de Goiás. Da mesma forma, o deputado federal do Estado de Goiás, Fran-cisco Júnior, realçou que espera um aumento nas exportações e importações com o distrito de Santarém. “Que possamos receber empresas na nossa região, e que possamos exportar em-presas brasileiras para Portugal. Acredito que a criatividade de Portugal e Brasil, baseada numa relação de confiança, não tem limites. Acredito que vai existir um sucesso prático, concreto”.

No que se refere ao Estado de Goiás, conta com 6 milhões de habitantes e fica a 200 km da capital federal, Brasília. É a nona maior econo-mia do país, o que se deve sobretudo ao cres-cimento de três grandes sectores: industrial, agro-pecuário e serviços.

A principal área de actividade é a agricultu-ra, sendo que a mineração e a pecuária também têm um peso significativo. Desenvolveu uma política forte de incentivos fiscais para a atrac-ção de empresas e investimento e implementou uma frente parlamentar do agronegócio para o seu desenvolvimento, baseado na I& e na tec-nologia. Tem ainda em execução um programa de formação profissional que pretende chegar a 1,5 milhões de goianos.

Carlos Crisóstomo, Organizações Crisóstomo, Vila de Rei

Incentivos à aquisição de equipamentos amigos do ambiente devem ser retomados

O fim dos incentivos à compra de equipamentos ami-gos do ambiente na produção de energia fez com que o esperado “boom” das energias renováveis entre os parti-culares e as empresas não produzisse o efeito esperado. Quem constata essa realidade é o empresário de Vila de Rei, Carlos Crisóstomo, que comercializa equipamentos de aquecimento através de painéis solares e caldeiras de biomassa. “Chegou a haver um incentivo de 40 por cento na compra destes equipamentos mas as pessoas já não ligam às poupanças e consideram caro o investimento inicial”, diz Carlos Crisóstomo, lembrando que um pai-nel solar para uma família de três pessoas pode custar 2.500 euros e ter retorno em quatro anos. Defende, por isso, que o incentivo deve ser retomado para voltar a mexer com o mercado. Paralelamente defende a baixa do IVA para a taxa intermédia de 13 por cento, onde já esteve. A nível da tutela defende maior fiscalização das actividades do sector.

Os seus negócios abrangem o norte do distrito de Santarém e a zona do Pinhal Interior. Adaptou-se a no-vas margens de lucro, mais curtas, enquanto os clientes optam pelo material estritamente necessário. Apostou nos equipamentos de biomassa que consistem na quei-ma de resíduos naturais, como miolo de azeitona, im-portado de Espanha.

Sílvia Sousa, Century 21 - Casas do Gótico, Santarém

Taxas de juro demasiado altas penalizam mercado imobiliário

As imobiliárias foram as primeiras a sentir a crise no sector da construção e a Century 21 - Casas do Gó-tico não foi excepção, principalmente nos últimos seis meses a um ano em que o cliente particular deixou de ter acesso ao crédito bancário para aquisição de imó-vel. “Actualmente são mais as famílias e compradores que possuem capitais próprios que movimentam as vendas de imóveis ou, em alternativa, as pessoas com rendimentos mais elevados, que disponham de 20 por cento do capital necessário”, explica Sílvia Sousa, ge-rente da loja de Santarém.

Face à alteração do comportamento dos clientes a Century 21 aposta actualmente mais nas opções de ar-rendamento e na sua gestão, com Sílvia Sousa a garantir que a loja possui um vasto leque de opções de imóveis para arrendamento, a preços apetecíveis, entre os 250 e 350 euros mensais. Ainda assim o peso dos imóveis para venda face aos que são para arrendar ainda tem uma relação de 60-40 por cento no negócio da Century 21 - Casas do Gótico em Santarém.

Para Sílvia Sousa o acesso ao crédito bancário é a chave para por o mercado imobiliário a funcionar no-vamente dentro da normalidade. “A União Europeia e o Banco Central Europeu deviam dar directrizes para a baixar as taxas de juro. Os bancos aplicam hoje spre-ads de cinco e seis por cento, o que é incomportável. Estamos a voltar a taxas de juro de mercado como em 2008”, alerta.