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Edição especial - Maio 2015 Especial de aniversário 123 anos Parabéns Cambuí

Especial de aniversário Parabéns Cambuí - Gazeta do Vale · Vicente do Gino Eu quero nestes versos, Durante toda esta minha idade! ... O amor que sinto por esta cidade! E à você,

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Edição especial - Maio 2015Edição especial - Maio 2015

Especial de aniversário

123 anos

Parabéns Cambuí

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Especial de aniversário02 Gazeta do ValeEDITORIAL

Cambuí: 123 anos revelando personagensNeste domingo Cam-

buí completa 123 anos de emancipação política. Lá no longínquo 1892, a cidade já despontava como uma das principais da região, prin-cipalmente no âmbito co-mercial. Mesmo em tempos de crise, como atualmen-te, a cidade não deixa de re-ceber seus vários turistas, compradores, que aqui op-tam por adquirir produtos e bens de serviço.

Nesta longa trajetória centenária, diversas pes-

soas se destacaram, auxi-liando no desenvolvimento econômico e social de Cam-buí. Foi pensando nisso que apresentamos, nesta edição especial, algumas delas. São personagens que marcaram a história do município; uns, ainda vivos; outros, que já nos deixaram.

Nestes anos todos, vá-rias são as pessoas que me-reciam o devido destaque em nossas páginas (quiçá não façamos em outra oca-sião). Pessoas ilustres e ou-

tras que preferiram viver no anonimato, mas sempre contribuíram em algo para a cidade.

Cambuí sempre foi um celeiro de pessoas de bem, com mentes avançadas para sua época. Quem não se recorda do saudoso Ta-tita e sua paixão por avia-ção, tanto que a cidade já possuiu um aeroclube. O senhor João Moreira Sal-les, que dá o nome a uma das principais ruas da ci-dade. Nascido no bairro do

ExpedienteJornal Gazeta do Vale | Redação: Av. Tiradentes, 250, sl. 1, Centro, Cambuí/MG, CEP 37600-000. Telefone: (35) 3431-3047 | E-mail: [email protected] | www.jornal-gazetadovale.com.br | Diretor geral: Gerson Benedito de Oliveira | Jornalista responsá-vel: Luis Cesar da Fonseca (MTB 09485/JP MG) | Reportagens: Carla Barbosa, Luis Cesar da Fonseca | Diagramação e arte final: Clauber Magalhães. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opnião des-te veículo de comunicação. As publicidades veiculadas são de responsabilidade das em-presas anunciantes.Área de abrangência do jornal: Cambuí. Impressão: PousoGraf - Pouso Alegre/MG - Telefone: (35) 3421-4896

Portão, conheceu o mun-do e fundou um dos maio-res grupos bancários des-te país. E o senhor Ditinho Ferreira, que ainda está no meio de nós, como o gran-de Luiz Preto: o primeiro, mestre na arte de forjar, foi um dos pioneiros na cida-de; já o segundo, deu os pri-meiros passos na engenha-ria civil e ainda foi prefeito municipal.

Esses são alguns dos no-mes que apresentamos nes-ta edição. Há vários outros que poderiam estar aqui, de pessoas que ainda estão em nosso meio ou que já nos deixaram. Mas, temos a cer-teza, de que a homenagem feita é para todos.

Parabéns, Cambuí. Seus 123 anos nos mostraram o quanto importante és para nossa região. Uma cidade abençoada, com pessoas que, mesmo nas dificulda-des encontradas, não a dei-xam por nada.

Um simplespoema a Cambuí

Vicente do Gino

Eu quero nestes versos, Durante toda esta minha

idade!Recordando a cada momento,

O quanto cresceu nossa cidade!

Os carros que aqui tinham,Eram os do Zé Gato, Zico, do

Tota e do Valdomirão!Os Ford do João Benvinda, e

do João do Gino,Eram a nossa frota de

caminhão!Meu pai vinha no armazém

do João Lopes,E comprava de tudo em gran-

de quantidade!Minha mãe ficava na roça,

Costurando sem sequer ter eletricidade!

Ah, meu Deus, como eu tenho saudades!

O tempo não para, E eu vi nossa Cambuí só

aumentar!Hoje vemos nossa cidade

cheia de carros,

Sem sequer ao menos ter onde estacionar!

Hoje tem grandes supermercados,

Acabaram-se os botecos e os armazéns!

É o progresso que chega à nossa cidade,

Com a força de vontade que as pessoas daqui têm!

Faz pena que as indústrias fo-gem de nossa cidade,

Fazendo com que muitos que aqui vivem,

Passem por tantasprecariedades!Fiz este poema,

Para registrar aqui a minha passagem!

Mostrando a todos que aqui vivem

O amor que sinto por estacidade!

E à você, meu amigoJoão Eiras,

Fica aqui à minha emoção!Por dar-me esta oportunidade,

E expressar a minha gratidão!

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Especial de aniversário 03Gazeta do Vale

Árvore CambuíLuciana Pereira dos Reis*

Na manhã de 07/04/2012, meu amigo de pesquisa na época e eu en-contramos a tão por nós procurada árvore cambuí pela primeira vez. Como historiadora, até hoje não consigo descrever a sensa-ção de finalmente encon-trar algo tão buscado! Ape-nas posso dizer que este local é uma fonte documen-tal rara de nossa história e que deveria ser reconheci-do e preservado.

Há alguns meses esti-ve próxima a propriedade e pude confirmar o que o proprietário já havia aler-tado: com uma desordena-da rapidez, as construções vão tomando conta e pre-enchendo locais antes ha-bitados pela fauna e flora nativas, deixando cada vez menos desses vestígios pa-trimoniais, ambientais e históricos.

Segundo consta, a ci-dade de Cambuí leva esse

nome por conta da abun-dância de árvores dessa espécie em épocas passa-das ou mesmo pela força da correnteza do rio que, ao percorrer na tabatinga, deixava as águas esbran-quiçadas, de cor leitosa, sendo Cambuí ou Cambuhy um sinônimo de água de rio leitoso. Seja como for, nem o rio e tampouco as árvores foram preservadas como marcas de nossa memória histórica tão desconhecida.

Na cidade há o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural e tam-bém o Conselho do Meio Ambiente. A maioria da po-pulação desconhece a árvo-re Cambuí, assim como eu também desconhecia. E ad-quiriu-se o costume de cha-má-la de “pau”- Cambuí. Em todas as pesquisas realiza-das sobre a árvore não foi encontrada nenhuma men-ção a nenhuma das espé-cies dessa forma.

No dia dessa pesqui-sa de campo, o proprietá-

rio do local nos forneceu 13 exemplares, pequenas mudas da Cambuí. Dessas, cinco exemplares sobrevi-veram e encontram-se co-migo, sendo que uma já deu frutos. O objetivo maior é protegê-las, garantir-lhes a sobrevivência, plantá-las em local seguro, acompa-nhá-las e fazer mais mudas espalhando essa belíssima árvore que conta um pouco de nossa própria história.

Segue abaixo algumas informações botânicas e científicas, encontradas em sites de pesquisas sobre nossa árvore:

Dentre as espécies de

frutíferas nativas brasileiras pouco conhecidas e que são fontes de nutrientes, encon-tra-se o cambuí (Myrciaria-tenella), uma Myrtaceae, que ocorre do Maranhão ao Rio Grande do Sul, estendendo--se até a Argentina.

Cambuí, palavra indíge-na que significa folha que cai; que se desprende, é uma designação comum de di-versas espécies dos gêneros Myrcia ou Myrciaria, da fa-mília Myrtaceae. O Cambuí (Myrciariatenella) é uma espécie belíssima da grande família das mirtáceas, cujos parentes mais conhecidos são a goiabeira, a jabutica-

beira, a pitangueira e o eu-calipto tinhoso.

Antigamente seus ga-lhos eram usados para fa-zer vassouras e estilingues. Sua madeira dura pode ser empregada para mourões, cabos de ferramentas e le-nha. Representa um recur-so medicinal importante, sendo utilizada no trata-mento de herpes, brotoe-jas, cólicas, diarréias entre outras. Seus frutos são ba-gas globosas, brilhantes, contendo uma ou duas se-mentes. Há grande varia-bilidade dentro da espécie, sendo possível diferenciar os indivíduos pela colora-ção de seus frutos (roxa, vermelha e amarela).

O Cambuí costuma re-compensar os longos anos de crescimento cobrindo--se de flores brancas mui-to miúdas. No período de novembro e dezembro ou até um pouco mais tarde, de acordo com a região, sua presença pode ser sentida à distância pelo intenso per-

fume que exala, muito atra-ente às abelhas. As mirtá-ceas geralmente têm folhas pequenas e tronco marmo-rizado e descamante de 20 a 30 cm de diâmetro.

O engenheiro agrôno-mo Harri Lorenzi, autor do livro ‘As Árvores Bra-sileiras’, chama a atenção para a importância eco-lógica da planta. Para ele, o Cambuí é indispensável em reflorestamentos mis-tos destinados à recompo-sição de áreas de preser-vação permanente.

É uma árvore extre-mamente ornamental. Seu tronco decorativo presta--se bem para o paisagismo, especialmente em arboriza-ção de ruas. Seus frutos são comestíveis e procurados por várias espécies de aves.

*Luciana Pereira dos Reis é Historiadora e Coordenado-

ra do Memória em ProsaBlog: www.memoria-

emprosa.com.brFacebook: Memória

em Prosa

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Especial de aniversário04 Gazeta do Vale

Cambuí e a passagem de Cônego Foch Morais Teixeira

Cambuí e o Monsenhor Afonsinho

Benedito Guimenti

Cônego Foch Morais Tei-xeira, nasceu em Silvianópo-lis. Nossa paróquia passava por uma fase difícil. Em fe-vereiro de 1968, Pe. Foch foi nomeado pároco, tendo ain-da a responsabilidade das paróquias de Córrego do Bom Jesus e Senador Ama-ral. Contava apenas com Mons. Aristeu Lopes, nos fi-

Benedito Guimenti

Em 25 de junho de 1915, nascia em nos-so município, no Bair-ro da Água Comprida, o menino miudinho na estatura, mas que se-ria grandioso diante de Deus: Afonso Ligório da Rosa.

Estudou na Escola Dr. Carlos Cavalcanti, sua foto consta em um dos quadros de forma-tura no hall da Escola. Depois, ingressou no se-minário, pois sua voca-ção era servir o Senhor.

Após ordenado sa-cerdote trabalhou em diversas paróquias, sendo elas: Extrema, Poço Fundo, Congo-nhal, Córrego do Bom Jesus e Cambuí como padre auxiliar.

Na paróquia de Poço

nais de semana. Em 1972, Pe. Foch cons-

truía a Igreja Santuário de Córrego do Bom Jesus e em seguida a casa paroquial de lá. Entre 1973 a 1975, sob a liderança e empenho direto de Pe. Foch, foi construído o nosso asilo, a Fundação Geri-átrica Pe. Antonio Paschoal, em terreno doado pela famí-lia Lopes.

Pe. Foch ficou conhecido no clero como “João de Bar-ro”, pelas inúmeras capelas que foram construídas nas três paróquias: Cambuí, Cór-rego do Bom Jesus e Sena-dor Amaral: 23 obras. Tam-bém a Igreja Matriz recebeu uma grande reforma, de 28/03/83 a 15/01/85, tendo sido sagrada pelo Sr. Arce-bispo D. José D’Ângelo Neto em 25/01/85. Com recursos financeiros da Adveniat, da Alemanha, foi também cons-truída a “Casa de Reflexão da

Fundo trabalhou por muitos anos, onde dei-xou muitas obras e muitos amigos. Tam-bém em Congonhal dei-xou plantadas várias obras, dentre elas o Centro Pastoral.

Padre Afonso rece-beu o t ítulo de Monse-nhor, carinhosamente chamado por todos de Monsenhor Afonsinho. Foi um santo sacerdo-te, bom, caridoso, sim-ples, humilde durante sua longa peregrinação na terra, fora ocupar seu lugar def init ivo na casa do Pai, no dia 07 de fevereiro de 2000.

Foi sepultado em nosso cemitério, sua terra natal, e lá foi construído um bela ca-pelinha para que os visitantes possam se lembrar com gratidão

Paróquia”, no bairro de Fur-nas.

Pe. Foch foi um inova-dor na paróquia: novos mo-vimentos passaram a fun-cionar junto aos leigos, onde podemos destacar os Cursi-lhos de Cristandade, Encon-tro de Casais com equipes diocesana e local, Movimen-to de Jovens e Renovação Ca-rismática Católica que atuam até hoje.

Em fevereiro de 1988, ao completar 20 anos de de-dicação e serviços em nos-sa paróquia, com proble-mas sérios de saúde, através de uma diabetes, ele foi mo-rar em Pouso Alegre. Ele não queria despedidas, por isso fez uma carta de explicações e agradecimentos, que foi lida aos fiéis nas missas do domingo seguinte.

Cônego Foch faleceu em Pouso Alegre em 1996, onde foi sepultado.

deste santo homem que aqui nasceu e que ter-minou seus últ imos dias nesta passagem terrena.

Nossa eterna grati-dão a Deus por sua vida.

“Quando vivemos, te-mos medo da morte. Mas quando morremos alegra-mo-nos com a vida eter-na.” (Mons. Afonsinho).

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Cambuí e o Monsenhor Aristeu Lopes

Luiz Evangelista Rangel Padilha – O ‘Preto da Belinha’

Benedito Guimenti

No início do século pas-sado nascia em Cambuí Aristeu Lopes, �ilho ilustre da família “Lopes”.

Como existiam poucas escolas na região, o jovem Aristeu fez seus estudos fora de Cambuí. A vocação sacerdotal era a vocação de Aristeu Lopes, por isso in-gressou no seminário para os cursos de �iloso�ia e teo-logia.

Em 15/08/1928, dia da Assunção de Nossa Senho-ra, ele se ordenava padre. Foi o primeiro sacerdote �i-lho de Cambuí.

Trabalhou muitos anos no Seminário Arquidioce-sano de Pouso Alegre, de-senvolvendo um trabalho

Benedito Guimenti

Filho de Sr. Antonio Rangel Padilha e Sra. Izabel Lourdes Padilha (Belinha), nascia nesta cidade, em 12 de maio de 1923, um meni-no que foi logo denominado o “Preto da Belinha”. Teve seis irmãos, sendo eles: Se-bastião, José, Izabel, Irace-ma, Brinco e Cotinha.

Foi casado com Maria do Carmo Oliveira Padi-lha e desta união conjugal nasceram seus cinco �ilhos. Hoje ele está viúvo, mas para sua alegria possui seis netos e quatro bisnetos.

Em 1929 começou a tra-balhar como servidor pú-blico na Prefeitura Mu-nicipal de Cambuí, onde permaneceu até 1954.

Em 1939, Cambuí con-tava como pároco o padre italiano Antonio Pascho-al. Foi quando ele iniciou o seu trabalho de sacristão na igreja matriz de Nossa Senhora do Carmo e con-tinuou este trabalho até a morte de Padre Antonio, em 1950. Colaborou nesta

muito importante junto aos seminaristas, tendo sido di-retor espiritual.

Colaborador incansável de nossa paróquia nos �i-nais de semana, sendo au-xiliar dos párocos que por aqui passaram, especial-mente junto com Côn. Foch.

Mons. Aristeu era uma pessoa, santa, carismática, inteligente e tinha muito conhecimentos de parapsi-cologia.

Na década de 70 ha-via, todo sábado à noite, a Escola de Vivência dos Jo-vens no salão paroquial e Mons. Aristeu desenvolveu conosco o estudo detalha-do do “Credo”, cada semana falava sobre um parágra-fo. Certo dia, ele falando do céu, nos dizia: “O Céu é um

época na campanha para a construção do altar de “São José” em nossa Matriz e de-pois na construção do tú-mulo de Padre Antonio Pas-choal, em 1950.

Até a década de 1960, Cambuí não tinha aqui um engenheiro que pudes-se projetar, desenhar e re-gistrar as plantas das ca-sas e comércios. Foi então, que através de sua experi-ência no setor, o CREA de MG deu a ele o registro de “Construtor Projetista”, au-torizando-o a trabalhar no ramo de construção civil.

Cambuí se desenvol-veu de lá para cá e muitos engenheiros civis e ar-

lugar maravilhoso, cheio de anjos. Lá reina a vida ple-na, a paz de�initiva, o pró-prio amor que é Deus. Nós não fomos criados para vi-vermos somente na Terra, mas nossa morada de�initi-va é o céu”.

Mas, no �inal da aula, to-dos riram quando ele fa-lou: “Mas eu não estou com pressa de ir para lá.”

No �inal de sua vida, em-bora com a saúde debilita-da, trabalhou como capelão do Hospital Ana Moreira Salles.

Faleceu em 29/02/1996 e está sepultado em nosso cemitério.

Nossas eternas home-nagens e agradecimentos a este santo e saudoso sacer-dote, nosso conterrâneo.

quitetos trabalham atu-almente na cidade, mas o Seu Luiz, embora apo-sentado e contando com 92 anos de idade, ainda assina pequenos proje-tos, principalmente aju-dando pessoas carentes para construírem suas residências.

Foi presidente do Clube Literário e Recreativo de Cambuí.

Contribuiu com nossa cidade, na condição de Pre-feito Municipal eleito, nos anos de 1971 e 1972, sendo seu vice-prefeito Bruno Ca-pozzoli.

Nossas homenagens a este cidadão cambuiense

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Especial de aniversário06 Gazeta do Vale

Um pouco da história do Futebol de Salão de Cambuí! Enivaldo Eiras

O futebol de salão, atu-almente conhecido como futsal, sempre foi marcante na história de Cambuí. Pelo que sei, começou sendo jo-gado em uma quadra den-tro do Clube Literário de Cambuí, na Praça da Matriz. Mas se popularizou na qua-dra do Colégio, com grandes campeonatos e grande pre-sença de público.

A quadra de cimento do Colégio era sem cober-tura, por isso os concorri-dos campeonatos de firmas eram marcados no inverno, onde as chuvas sempre são mais raras. E a multidão se apertava em volta, cercados apenas por uma corda, para ver os emocionantes jogos, onde se destacavam os ti-mes do Móveis Tovazzi, Ka-trin, Auto Viação Cambuí, Vulcão, Cambuí Confecções,

entre tantos outros. Nem vou falar dos cra-

ques e dos personagens que fizeram a história, por falta de espaço aqui e por serem muitos, e também para não cometer injustiças esque-cendo alguém. Mas chama-va atenção a organização do torneio e a grande presença da torcida. Cada comércio ou uma atividade de pro-fissional liberal tinha uma equipe.

Os times tinham os pre-sidentes e também os téc-nicos, sempre obrigatórios. E essa obrigatoriedade me levou a ser técnico do time dos “Advogados e Fórum”, isso aos 15 anos de idade. Convidado pelo meu ami-go, o saudoso Nerinho Pa-raiso, estava eu lá coman-dando todos os advogados da cidade, promotor e Juiz. Nada fácil comandar essas feras, principalmente quan-do eu achava que tinha que trocar alguém.

Mas este honroso con-vite do Nerinho, que lem-bro com carinho, e me mar-cou muito, tem um motivo. Os mais jovens talvez nem saibam disto, e podem até achar engraçado, mas quan-do eu era criança, na mi-nha casa a TV era em “pre-to e branco” ainda, como na maioria dos lares da nossa cidade na época. Eram ra-ras a TVs “coloridas”, como também eram raras as par-tidas de futebol transmiti-das ao vivo.

E, quando tinha algu-

ma final ou jogos da Seleção, o meu pai Tito Eiras me pega-va pela mão e íamos assistir “a cores” na casa do Professor Alcides Del Agnolo, que também jogava no time, ou na casa do Nerinho Parai-so. E mesmo criança eu gostava de ficar comentando os jo-gos, e principalmen-te aprendendo com os comentários do Titão, do Professor, e do saudoso Neri-nho, de onde par-tiu o convite alguns anos depois para ser o técnico do time dele.

Depois do colégio, os torneios passaram a serem disputados na quadra de ci-mento, ainda descoberta, e com precárias arquibanca-das de madeira sempre lo-tadas, no mesmo local que depois seria construído o Ginásio Poliesportivo de Cambuí, no final da Av. Ti-radentes. Depois do Ginásio

pronto e coberto, as compe-tições ficaram ainda mais “profissionais” e disputa-das.

Tanto os campeonatos de firmas quanto o Torneio de Verão por equipes, ago-ra sem o problema da chu-va, movimentavam a cidade inteira gerando até algumas intrigas entre as famílias. E os horários do ginásio tam-

bém eram muito disputa-dos pelas inúmeras “pela-das” diárias. Difícil mesmo era conseguir ficar em pé no dia que o Macarrão encera-va o piso sintético da qua-dra, aí eram tantos os gols como os inúmeros tombos.

E as disputas ficaram sérias: me lembro que ti-nha 17 anos quando já era goleiro do Moto Sul, no pri-

Especial de aniversário 07Gazeta do Vale

meiro campeonato do Ginásio, e vi o es-forço do Waldécio, indo até São Paulo, somente para buscar o Dida pra jogar a se-mifinal à noite. Sor-te nossa, e do Dida, que vencemos e pas-samos à final. Nes-ta época não valia gols marcados den-tro da área: era uma discussão só se foi gol ou não. E nós, os goleiros, sofríamos com as “pancadas” chutadas de fora da área, e ainda as bo-las eram menores e mais duras do que as

atuais, causando muitos he-matomas no corpo inteiro.

Anos depois, me lembro da festa e do choro meu e do Robinson Rosa após con-quistarmos o torneio de fir-ma pela A.V.C. (apenas os goleiros eram livres e não precisavam trabalhar na firma e nem serem profis-sionais liberal do ramo). O título veio após o Ricardo

Del Agnolo, filho do profes-sor Alcides, marcar um go-laço na prorrogação, que na época tinha o “gol de ouro”, a famosa “morte súbita”. O detalhe foi que o Ricardo, depois do gol, saiu andando com a cabeça baixa, como se nada tivesse aconteci-do, mesmo com todo estar-dalhaço em volta, e nós to-dos pulando e chorando em cima dele. Impressionante a calma do grande Ricardão.

Foram tantos campe-onatos, tantas histórias e tantas emoções com vários campeões e figuraças jo-gando ou na torcida. Teve também os emocionantes torneios de vilas, dividido por bairros a paixão pelo Futsal dos cambuienses. E depois, em 1989, veio a fa-mosa Taça EPTV de Fut-sal do Sul de Minas, onde Cambuí ganhou por qua-tro vezes. Sendo Tri em 89, 90, 91, depois o Tetra já em 2001, e um vice em 2003. Contando também com jo-gadores que disputavam os principais campeonatos

brasileiros de Futsal, mas que também eram contra-tados para jogar nos nos-sos times aqui.

As cidades vítimas da grande equipe de Cam-buí nas finais foram: La-vras, em 89; Po-ços de Caldas, em 90; Pratápo-lis, em 91; e Ca-xambu; em 2001. Em 2003 per-deu para Poços de Caldas, fican-do com o vice. E destaque para os vários ônibus lo-tados que saiam daqui para acom-panhar as parti-das onde fossem, mesmo que vez ou outra tives-sem umas brigui-nhas, ou umas confusãozinhas. Mas faziam parte também da gran-de paixão cam-buiense pelo Fut-sal.

E, nesta se-

mana de comemoração de mais um aniversário da nossa querida Cambuí, fica a saudade e um apelo para que os incentivos no Fut-sal voltem novamente, para

termos grandes campeona-tos no Ginásio, e solidifica-dos, irmos atrás do Penta do Futsal na Taça EPTV do Sul de Minas. Parabéns a nossa querida e amada Cambuí.

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Especial de aniversário06 Gazeta do Vale

Um pouco da história do Futebol de Salão de Cambuí! Enivaldo Eiras

O futebol de salão, atu-almente conhecido como futsal, sempre foi marcante na história de Cambuí. Pelo que sei, começou sendo jo-gado em uma quadra den-tro do Clube Literário de Cambuí, na Praça da Matriz. Mas se popularizou na qua-dra do Colégio, com grandes campeonatos e grande pre-sença de público.

A quadra de cimento do Colégio era sem cober-tura, por isso os concorri-dos campeonatos de firmas eram marcados no inverno, onde as chuvas sempre são mais raras. E a multidão se apertava em volta, cercados apenas por uma corda, para ver os emocionantes jogos, onde se destacavam os ti-mes do Móveis Tovazzi, Ka-trin, Auto Viação Cambuí, Vulcão, Cambuí Confecções,

entre tantos outros. Nem vou falar dos cra-

ques e dos personagens que fizeram a história, por falta de espaço aqui e por serem muitos, e também para não cometer injustiças esque-cendo alguém. Mas chama-va atenção a organização do torneio e a grande presença da torcida. Cada comércio ou uma atividade de pro-fissional liberal tinha uma equipe.

Os times tinham os pre-sidentes e também os téc-nicos, sempre obrigatórios. E essa obrigatoriedade me levou a ser técnico do time dos “Advogados e Fórum”, isso aos 15 anos de idade. Convidado pelo meu ami-go, o saudoso Nerinho Pa-raiso, estava eu lá coman-dando todos os advogados da cidade, promotor e Juiz. Nada fácil comandar essas feras, principalmente quan-do eu achava que tinha que trocar alguém.

Mas este honroso con-vite do Nerinho, que lem-bro com carinho, e me mar-cou muito, tem um motivo. Os mais jovens talvez nem saibam disto, e podem até achar engraçado, mas quan-do eu era criança, na mi-nha casa a TV era em “pre-to e branco” ainda, como na maioria dos lares da nossa cidade na época. Eram ra-ras a TVs “coloridas”, como também eram raras as par-tidas de futebol transmiti-das ao vivo.

E, quando tinha algu-

ma final ou jogos da Seleção, o meu pai Tito Eiras me pega-va pela mão e íamos assistir “a cores” na casa do Professor Alcides Del Agnolo, que também jogava no time, ou na casa do Nerinho Parai-so. E mesmo criança eu gostava de ficar comentando os jo-gos, e principalmen-te aprendendo com os comentários do Titão, do Professor, e do saudoso Neri-nho, de onde par-tiu o convite alguns anos depois para ser o técnico do time dele.

Depois do colégio, os torneios passaram a serem disputados na quadra de ci-mento, ainda descoberta, e com precárias arquibanca-das de madeira sempre lo-tadas, no mesmo local que depois seria construído o Ginásio Poliesportivo de Cambuí, no final da Av. Ti-radentes. Depois do Ginásio

pronto e coberto, as compe-tições ficaram ainda mais “profissionais” e disputa-das.

Tanto os campeonatos de firmas quanto o Torneio de Verão por equipes, ago-ra sem o problema da chu-va, movimentavam a cidade inteira gerando até algumas intrigas entre as famílias. E os horários do ginásio tam-

bém eram muito disputa-dos pelas inúmeras “pela-das” diárias. Difícil mesmo era conseguir ficar em pé no dia que o Macarrão encera-va o piso sintético da qua-dra, aí eram tantos os gols como os inúmeros tombos.

E as disputas ficaram sérias: me lembro que ti-nha 17 anos quando já era goleiro do Moto Sul, no pri-

Especial de aniversário 07Gazeta do Vale

meiro campeonato do Ginásio, e vi o es-forço do Waldécio, indo até São Paulo, somente para buscar o Dida pra jogar a se-mifinal à noite. Sor-te nossa, e do Dida, que vencemos e pas-samos à final. Nes-ta época não valia gols marcados den-tro da área: era uma discussão só se foi gol ou não. E nós, os goleiros, sofríamos com as “pancadas” chutadas de fora da área, e ainda as bo-las eram menores e mais duras do que as

atuais, causando muitos he-matomas no corpo inteiro.

Anos depois, me lembro da festa e do choro meu e do Robinson Rosa após con-quistarmos o torneio de fir-ma pela A.V.C. (apenas os goleiros eram livres e não precisavam trabalhar na firma e nem serem profis-sionais liberal do ramo). O título veio após o Ricardo

Del Agnolo, filho do profes-sor Alcides, marcar um go-laço na prorrogação, que na época tinha o “gol de ouro”, a famosa “morte súbita”. O detalhe foi que o Ricardo, depois do gol, saiu andando com a cabeça baixa, como se nada tivesse aconteci-do, mesmo com todo estar-dalhaço em volta, e nós to-dos pulando e chorando em cima dele. Impressionante a calma do grande Ricardão.

Foram tantos campe-onatos, tantas histórias e tantas emoções com vários campeões e figuraças jo-gando ou na torcida. Teve também os emocionantes torneios de vilas, dividido por bairros a paixão pelo Futsal dos cambuienses. E depois, em 1989, veio a fa-mosa Taça EPTV de Fut-sal do Sul de Minas, onde Cambuí ganhou por qua-tro vezes. Sendo Tri em 89, 90, 91, depois o Tetra já em 2001, e um vice em 2003. Contando também com jo-gadores que disputavam os principais campeonatos

brasileiros de Futsal, mas que também eram contra-tados para jogar nos nos-sos times aqui.

As cidades vítimas da grande equipe de Cam-buí nas finais foram: La-vras, em 89; Po-ços de Caldas, em 90; Pratápo-lis, em 91; e Ca-xambu; em 2001. Em 2003 per-deu para Poços de Caldas, fican-do com o vice. E destaque para os vários ônibus lo-tados que saiam daqui para acom-panhar as parti-das onde fossem, mesmo que vez ou outra tives-sem umas brigui-nhas, ou umas confusãozinhas. Mas faziam parte também da gran-de paixão cam-buiense pelo Fut-sal.

E, nesta se-

mana de comemoração de mais um aniversário da nossa querida Cambuí, fica a saudade e um apelo para que os incentivos no Fut-sal voltem novamente, para

termos grandes campeona-tos no Ginásio, e solidifica-dos, irmos atrás do Penta do Futsal na Taça EPTV do Sul de Minas. Parabéns a nossa querida e amada Cambuí.

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Especial de aniversário08 Gazeta do Vale

Ditinho Ferreira: trabalhador exímio, mestre de novas gerações, pai firme e amigo honesto

Por Sueli Silva(Jornalista, professora e filha

do grande mestre)

Foi crescendo ao som da bigorna e do marte-lo que o pequeno Diti-nho Ferreira aprendeu sobre uma arte antiga, que existe desde que os homens descobriram que podiam moldar os metais. Com apenas seis anos de idade ele já ma-nuseava o fole para fa-zer fogo e ajudar seu pai na construção de tor-nos e soldas, aprenden-do o oficio de Forjador ou Ferreiro.

Passou sua infân-cia na oficina do pai, Se-bastião Ferreira, homem trabalhador e aventurei-ro, que cresceu em meio às terras que a vista não alcançava no Bairro São Domingos. A casa onde

morava quando crian-ça era sempre cheia e re-cebia a todos com muita hospitalidade, já que na época era uma das úni-cas com rádio.

Sua mãe, conhecida como Dona Mariquinha, mulher de pouca pro-sa, mas de um coração imenso, onde os porões do casarão, hoje em ruí-nas, eram fartos de qui-tutes para alimentar as visitas que rodeavam a casa, na esperança de ouvir o rádio e as aven-turas do seu avô durante as andanças pelo Brasil.

A herança genéti-ca do pai e sua disposi-ção para o trabalho foi fator primordial para a construção da primei-ra oficina no final anos 60 e de muitas outras que vieram. Sua paixão era construir; logo que

uma casa ficava pron-ta, partia para outra. Um homem que até hoje não parou, seja no seu trabalho criativo ou na lida com a terra que vi-rou sua paixão. Ah... não

podemos esquecer que o preço que ele cobra e sempre cobrou é irri-sório e já foi motivo de criticas, que logo se jus-tificava dizendo: “Não preciso cobrar mais,

isso já é o suficiente”. O professor Pardal,

como é conhecido por muitos que sempre va-lorizaram seu oficio, está hoje com 77 anos de vida e 70 de trabalho. Um homem incansável que parece ter rodinhas no pé (segundo minha mãe). Não posso deixar de falar dessa mulher maravilhosa e dedica-da aos filhos e netos que está ao seu lado há mais de cinquenta anos.

Hoje, este engenhoso cidadão de Cambuí, que ficou conhecido como “cortador de panelas” viu e continuará vendo por muitos anos o rumo que a modernidade tem tomado. O fole, a bigor-na e o martelo foram substituídos pela faci-lidade das tecnologias “pneumáticas”, que ga-

rantem mais agilidade e precisão para os con-sertos em geral e cortes precisos das panelas, oficio passado por gera-ções que agora os netos aprenderam e darão se-quência, com muito or-gulho, daqui pra frente.

Estar em contato com a terra e a natu-reza são sua priorida-de neste momento da vida, pois o mestre Di-tinho Ferreira, o profes-sor Pardal, o pai firme, o amigo honesto está cada vez mais se ausentando da sua antiga profissão e, vê-lo em sua oficina o dia inteiro, passou a ser raro.

Para nós que ficamos em seu lugar de honra, a tarefa de dizer que ele não se encontra não é das mais fáceis, mais o des-canso é sempre merecido.

Ditinho Ferreira ainda mantém funcionando sua oficina

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Especial de aniversário 09Gazeta do Vale

João Moreira Salles:filho ilustre de Cambuí

Cambuí e o Prof. Levindo Furquim Lambert –

Historiador, advogadoe farmacêutico

Benedito Guimenti

João Moreira Salles, nas-cido no bairro do Portão, aqui em Cambuí, em 18 de fevereiro de 1888. Foi bati-zado pelo Padre Caramurú em 10 de abril de 1888, ten-do como padrinhos Adria-no Colli e Júlia Colli. Filho de pequenos produtores ru-rais: José Amâncio de Salles e Ana Moreira Salles.

Inicialmente trabalha-va em um armazém aqui em Cambuí, uma antiga casa situada na esquina da Praça da Matriz, onde hoje é a loja Cambuí Confecções. Atrás de melhores opor-tunidades, mudou-se para Guaranésia, depois para Mococa, onde montou uma comissária de café.

Adolescente foi para São Paulo. Estudou na Escola de Comércio Álvares Pen-teado e voltou para Cam-

Benedito Guimenti

O professor Levindo Fur-quim Lambert, filho do pro-fessor Maximiano José de Brito Lambert e dona Fran-cisca Amélia Furquim Lam-bert, nasceu em Cambuí, no dia 30 de abril de 1896. Fez o curso primário com seu pró-prio pai, que era Diretor do Grupo Escolar.

Diplomou-se em Farmá-cia em 1919. Depois exer-ceu o cargo de vereador na Câmara Municipal de Cam-buí. Em 1929 passou no concurso para o cargo de Assistente Técnico de En-sino. Convidado em 1932 pelo Secretário da Educa-ção foi para Belo Horizonte, chefiando o gabinete.

Em Belo Horizonte as-

bui aos 21 anos. Dedicou-se ao comércio em geral e pra-ticava transações bancá-rias como correspondente de vários bancos. Casou-se com Lucrécia de Alcântara, de Pouso Alegre, e tiveram 4 filhos: Walter, Elza, Hélio e José Carlos.

Mudou-se para Poços de Caldas. Lá, João Moreira Sal-les ampliou os negócios de café e montou um conjunto extremamente diversificado de lojas de secos e molhados a funerárias, o Magazine Mo-reira Salles. O negócio princi-pal era uma casa comissária de café que atuava no finan-ciamento da produção e que acabou se tornando “Casa Bancária Moreira Salles”.

Em meados dos anos 1920, houve uma reforma bancária permitindo às ca-sas bancárias se transfor-marem em bancos. Depois, ele comprou o “Banco Ma-

sumiu a direção do Conser-vatório Mineiro de Músi-ca (hoje Escola de Música da UFMG), cargo que exer-ceu por duas décadas, tendo sido catedrático de dicção. Com mais de 50 anos, ingres-sou na Faculdade de Direito da Faculdade de Direito da UFMG, onde formou-se ba-charel em Direito em 1954.

Estimado entre o meio educacional e político da época, chefiou, nas décadas de 50 e 60, os gabinetes dos secretários da Educação, da Agricultura, da Saúde e do Interior, tendo ainda exerci-do o cargo de Secretário da Educação no governo de Jus-celino Kubistchek.

Foi casado com a profes-sora Aurora Lambert, teve sete filhos: Nilze, Ney, Né-

chadense” e foi criado o “Banco Moreira Salles”, sen-do Poços de Caldas a agência nº 001 e Cambuí a agência nº 005 (depois se transfor-mou no “União de Bancos Brasileiros” e hoje compra-do pelo “Banco Itaú”).

Seu sucessor na direção do Banco foi seu filho Dr. Walter Moreira Salles, que chegou ser embaixador bra-sileiro nos EUA e negociador de nossa dívida externa.

Cambuí se orgulha mui-to de seu filho. Foi com o es-forço dele que se implantou a usina da Água Comprida, que por muitos anos forne-ceu energia elétrica para Cambuí. Foi através dele e de seu filho, Dr. Walter Mo-reira Salles, que o então pre-feito José Francisco do Nas-cimento e outras pessoas deram início ao nosso Hos-pital, com uma contribuição financeira de grande porte.

lio, Nilah, Nib, Neyde, Neusa Maria. Publicou três livros, dentre eles o que narra a história de Cambuí: “Bioge-ografia de uma cidade mi-neira”. Ele também é o autor do “Hino à Cambuí”. Faleceu em 20 de julho de 1991. O gi-násio poliesportivo da cida-de leva o seu nome.

Professor Levindo Furquim Lambert

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Especial de aniversário10 Gazeta do Vale

Os Imigrantes ItalianosBenedito Guimenti

Por causa da II Guerra Mundial, os imigran-tes italianos que residiam aqui em Cambuí foram obrigados a prestar depoimento na Delegacia de Polícia e afirmar que não apoiavam seu país de origem na guerra e davam total apoio ao Brasil. Era delegado na época o Sr. José Rodrigues Mar-ques que, em data de 16 de setembro de 1942, pro-cedeu ao interrogatório na delegacia.

Temos representantes das famílias de imi-grantes que deixaram a Itália e se fixaram aqui em Cambuí no final dos anos 1880 até o início dos anos 1900.

José Samuel Ghimenti – nascido em 27/08/1875 no distrito de Galeno, cidade de Fu-cecchio, na província de Firenze na região da Tos-cana, veio para o Brasil em 1887.

Philomena de Gloria D’Ambrozio – (sogra de Samuel), nascida em Polla em 1868, veio para o Brasil em 1887.

Antonieta D’Ambrozio Ghimenti – (esposa de Samuel), nascida em 27/10/1887 na cidade de Polla – província de Salerno na região da Campâ-nia (veio para o Brasil com 2 meses de idade com os pais Domenico e Philomena).

Savério Venturelli – nascido em 10/11/1876 no distrito de Brucciano, cidade de Molazzana, re-gião de Lucca na Toscana.

Família Lagatta: Todos nascidos em Lago-Ne-gro, província de Potenza - Maria Lagatta Ventu-relli – nascida em 1885 esposa de Savério, João Ba-tista Lagatta - nascido em 1890, Nicolau Lagatta

– nascido em 1891 e Maria Rosa Lagatta – nascida em 1899.

Francisco Fanuc-ci – nascido em 1869 em Montemagno e veio da Itália para o Brasil em 1881.

Padre Antonio Paschoal – nascido em 1881 em Polegge de Vicenza, no Vêne-to, veio para o Brasil em 1911, foi pároco de Cambuí de 1927 a 1950.

João Tozzi – nas-cido em 1877 na re-gião de Lucca, na Tos-cana.

Graciano Antimo Tognoli – nascido em 1884 em Fratta Polezine, veio para o Brasil em 1889.

João Botarelli – nascido em 1894 em Gianna, veio para o Brasil em 1895.

Gregorio Spineda – nascido em 1886 em Paola Cosenza, na Calábria, veio para o Brasil em 1911.

Não constam na delegacia os depoimentos de membros das famílias de imigrantes italianos: Capozzoli, Tognozzi, Lu-poni, Lombardi, Butarelli, D’Onofrio, Frederighi, Caporalli, Faccio e outros. fonte: Arquivo Público Mineiro http://www.siaapm.cultu-

ra.mg.gov.br/modules/dops_docs/photo.

José Samuel Ghimenti e Antonieta D’Ambrozio Ghimenti - imigrantes italianos que aqui se

estabeleceram

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Tatita: A história de um empreendedorJosé Geraldo de Moraes

Cambuí comemora-rá seus 123 anos de manei-ra diferente. Os últimos 95 contaram com a presença de uma pessoa de grande im-portância para o desenvol-vimento da cidade: Geraldo

Cypriano de Moraes, mais conhecido como Tatita.

Nasceu em 12/10/1917, no centenário casarão do Ba-zar do Leão, localizado atrás da igreja matriz de Nossa Se-nhora do Carmo, construído por seus pais no final do sé-culo XIX, início do século XX.

Desde cedo trabalhou de al-guma maneira: sendo autô-nomo como sorveteiro, en-graxate, taxista e alugando o carro para as pessoas e de-pois como empresário ven-dendo combustível Esso, com o Posto Tatita, para morado-res e viajantes 24h por dia.

Nesse cami-nho, começou a vender pneus, câ-maras de ar, gela-deiras, fogões, cor-tinas... O leque de produtos era ini-maginável para a época. Posterior-mente, começou a atuar no ramo au-tomotivo sendo concessionário de

algumas marcas, como até hoje, Volkswagen Tatita, onde trabalhou até agosto de 2014.

Sua vida foi cheia de curiosidades. Amante de carros, motos e aviões, pos-suía habilitação para os 3 ti-pos de transporte. Também possuiu diversas motos, mas sua grande paixão era uma Norton 500 1939, mes-mo modelo utilizado por Che Guevara em sua viagem pela América Latina. Em relação aos carros, seu caso de amor mais antigo era com um Ford Galaxie 1959 e, mais recente, com o modelo Volkswagen Santana, possuindo alguns exemplares durante seu pe-ríodo de fabricação. Sempre gostou de números, tendo em seus carros placas com-binadas como 1111 e 1000.

Falando de sua vida pessoal, casou-se no dia 24/06/1939 com Maria Bayeux de Moraes, com a qual teve 3 filhos, 5 netos e 4 bisnetos. Filho e sobrinho de músicos, aprendeu a to-car flauta, saxofone, trom-

pete e outros ainda jovem, e no tempo de espera da pro-dução do sorvete ficava trei-nando e, com o aperfeiçoa-mento da música, se tornou também compositor. Um tempo depois formou sua banda, Tatita e seu Jazz.

Cambuí, sem dúvida, mu-dou muito nesse século e

poucas pessoas consegui-ram acompanhar essa evo-lução para compartilhar as histórias. Infelizmente, no último dia 11/09, Geraldo Cypriano de Moraes nos dei-xou, mas as histórias da ci-dade vivenciadas por ele e o seu legado continuam vivos em nossos corações.

O empreendedor Geraldo Cypriano de Moraes - o Tatita

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Especial de aniversário12 Gazeta do Vale