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Especificidades das Cadeias de Produção Agropecuária em Estudos de Avaliação e Prospecção Tecnológica: o caso do amendoim em São Paulo José Roberto Vicente Renata Martins

Especificidades das Cadeias de Produção Agropecuária em ... · •Para a pesquisa agropecuária brasileira -em grande medida financiada por recursos públicos -avaliar e identificar

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Especificidades das Cadeias de Produção Agropecuária em Estudos de Avaliação e Prospecção Tecnológica: o caso do amendoim em São Paulo

José Roberto Vicente Renata Martins

• Para a pesquisa agropecuária brasileira - em grande medida financiada por recursos públicos - avaliar e identificar

demandas são ações essenciais no planejamento e gestão de suas atividades, assim como para interação como os

segmentos socioeconômicos que justificam sua atuação (SALLES FILHO; BONACELLI, 2005).

• Visão sistêmica de interação entre inovações e os elos que compõem as cadeias de produção agropecuária, torna-se

essencial para estudos que buscam avaliar os resultados dos investimentos em pesquisa agropecuária, assim como para aqueles que tratam da construção de cenários futuros e dos caminhos necessários para superar obstáculos e aproveitar

oportunidades.

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

• Com base nessa visão sistêmica, este estudo teve por objetivo avaliar os impactos econômicos das cultivares de amendoim

desenvolvidas pelo Instituto Agronômico, de Campinas (IAC/APTA), e identificar desafios para a produção de amendoim no Estado de São Paulo na próxima década.

• Para tanto, apoiou-se na proposta metodológica de Castro et al. (1995; 1998) estruturada em duas etapas:

• a diagnóstica, que procurou caracterizar a cadeia de produção e avaliar as contribuições das atividades de pesquisa; • a prognóstica, voltada ao mapeamento das demandas futuras.

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

• Década de 1960: Brasil um dos maiores produtores mundiais de óleo de amendoim (SP e PR); produção para óleo

(mercados interno e externo) e farelo (mercado externo).

• Anos 1970: contínuo declínio da produção, baixa rentabilidade econômica, fatores tecnológicos e a introdução da soja que dominou a produção de óleos e dos subprodutos proteicos. Permaneceu até o final dos anos 1980, quando a

inexistência de normas de controle sanitário reduziu a competitividade do farelo de amendoim e a soja estabeleceu-

se como matéria-prima para farelo e óleo.

• Década de 1990: crescimento da demanda pelo grão para consumo in natura. Novo mercado, a indústria confeiteira e seu padrão de qualidade, distinto do então encontrado na

produção de óleo e de farelo.

A CADEIA DE PRODUÇÃO DO AMENDOIMA CADEIA DE PRODUÇÃO DO AMENDOIM

• Início da década de 2000 - construção de nova dinâmica de produção marcada pela inovação tecnológica como um

conjunto de novos insumos e novas técnicas, em interação com inovações institucionais e organizacionais que permeiam todos os elos da cadeia de produção, concentrada no Estado de São Paulo, responsável por 80% da produção brasileira e quase

100% das exportações. • O amendoim paulista é produzido em duas regiões: a Alta Mogiana, onde o grão encontra espaço na renovação dos canaviais para produção da safra das águas ou safra de verão; e a Alta Paulista, onde a renovação de pastagens e canaviais torna disponíveis as áreas para produção de duas safras, a principal (safra das águas) e a safrinha (ou safra da seca).

A CADEIA DE PRODUÇÃO DO AMENDOIMA CADEIA DE PRODUÇÃO DO AMENDOIM

• Na última década, a retomada do comércio externo foi responsável pela inversão na posição da balança comercial,

de negativa para positiva, e revela que as mudanças tecnológicas também trouxeram ganhos em qualidade e

competitividade e a possibilidade de participação do amendoim no mercado externo.

• Apesar de a conquista da fatia do mercado externo e do crescimento do consumo de produtos à base de amendoim no

Brasil, o grão encontra concorrência: no mercado externo, compete com países como Argentina, Estados Unidos e

China, importantes produtores de amendoim; e, no interno, com produtos do segmento das castanhas e nozes, como a

castanha de caju e a avelã.

A CADEIA DE PRODUÇÃO DO AMENDOIMA CADEIA DE PRODUÇÃO DO AMENDOIM

•A metodologia de Castro et al. (1995) prevê duas etapas. •A primeira, diagnóstica, procurou caracterizar a cadeia de

produção do amendoim e identificar a interação entre a adoção de novas tecnologias, instituições e formas organizacionais frente aos desafios competitivos.

• Nessa etapa foram analisadas as mudanças nos subsistemas de produção agrícola, beneficiamento e armazenamento, e

avaliadas as contribuições das pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Agronômico, de Campinas (IAC/APTA) que

resultaram em três cultivares: IAC Caiapó (lançada em 1996 –23 ensaios experimentais); IAC Tatu-ST (lançada em 2000 – 19 ensaios experimentais); IAC Runner 886 (lançada em 2002 –

26 ensaios experimentais).•Retorno dos investimentos em pesquisas: abordagem da razão

incremental no valor da produção (KHALON et al., 1977).

METODOLOGIAMETODOLOGIA

• onde: RI é o retorno médio, VPA representa os acréscimos de valor da produção (creditados às cultivares) acumulados, e

IPA são investimentos em pesquisas acumulados.• Nessa metodologia, os ganhos (perdas) de competitividade

em relação a explorações alternativas – que se refletem em aumentos (diminuições) na área total com a lavoura

analisada -, assim como aumentos (diminuições) reais nos preços do produto, são também creditados (debitados) às

novas cultivares.

METODOLOGIAMETODOLOGIA

IPA

VPARI =

METODOLOGIAMETODOLOGIA

• Enfoque do excedente econômico: permite estimar o benefício econômico gerado pela adoção de inovações

tecnológicas em comparação com uma situação anterior em que a oferta do produto dependia de tecnologia tradicional.• Diferenças de rendimento obtidas a partir de resultados experimentais, como proposto por Pardey et al. (2002) - que consiste em manter as proporções dos ganhos de rendimento

obtidas em experimentos para as condições de campo -modificado para considerar diferenças de preços entre

cultivares de amendoins e nos custos de produção:

• onde P é o preço, Q é a quantidade produzida, os subscritos re t representam, respectivamente região e ano, e k é o ganho

proporcional de rendimento atribuído ao melhoramento varietal.

rttrtrt QPkB =

• Diferencial de rendimento em relação à cultivar Tatu comum (tecnologia base):

• Onde a razão Ya / Yb é a proporção dosganhos de rendimento, em experimentos,

entre a i-ésima cultivar e a tecnologia-base (Tatu comum), π é a proporção de área

plantada com a i-ésima cultivar e t é o ano em questão.•Rendimentos da tecnologia-base calculados pela razão Ym/Dt,

onde Ym é o rendimento médio do amendoim no ano t, publicado pelo IEA-APTA. Os rendimentos das demais

cultivares (IAC Tatu-ST, IAC Caiapó e IAC Runner 886) foram obtidos multiplicando-se a proporção dos ganhos de

rendimento, em experimentos (Ya / Yb), pelo rendimento da tecnologia-base, em cada ano do período analisado.

METODOLOGIAMETODOLOGIA

it

ib

a

it

Y

YD π∑

=

=4

1

.

METODOLOGIAMETODOLOGIA• Uma análise da evolução da produtividade total de fatores

(PTF) para cada uma das cultivares, foi feita através do cálculo de índices de Malmquist, obtidos por técnica de estimação de fronteiras não-paramétricas, assumindo-se

retornos variáveis à escala (COELLI et al., 2005), conforme descrito com detalhes em Vicente (2009). Os insumos

considerados foram as áreas plantadas (por cultivar), os custos operacionais de produção e os investimentos efetuados durante

o desenvolvimento das cultivares IAC.• O índice de produtividade de Malmquist pode ser representada pela média geométrica de dois quocientes de funções de distância-produto:

( ) ( )( )

( )( )

t t+1 t+1 t+1 t+1 t+1D x , y D x , yo ot+1 t+1 t t

M x , y ,x , y =o t t t t+1 t tD x , y D x , yo o

• Esse índice emprega, portanto, funções de distância de dois diferentes períodos ou tecnologias, e dois pares de vetores insumo-produto e pode ser decomposto em 2 componentes:

• O quociente fora da raiz é um índice de mudança na eficiência relativa (eficiência técnica). A média geométrica é um índice de mudança técnica (progresso tecnológico), que representa o deslocamento da fronteira tecnológica entre os

dois períodos de tempo. A decomposição do índice de Malmquist permite identificar as contribuições de mudanças

de eficiência e de inovações tecnológicas para a PTF.

METODOLOGIAMETODOLOGIA

( )( )( )

( )( )

( )( )

( )

t+1 t+1 t+1 t t+1 t+1 t t tD x , y D x , y D x , yo o ot+1 t+1 t t

M x , y , x , y =o t t t t+1 t+1 t+1 t+1 t tD x , y D x , y D x , yo o o

METODOLOGIAMETODOLOGIA• Construção das fronteiras necessárias ao cálculo dos índices

de Malmquist: método não-paramétrico (DEA). • O produto (output) foi representado pelo valor anual da produção por cultivar, considerando-se diferenças de preços. • Insumos (inputs), tomados por cultivar: áreas totais

plantadas anualmente; custos operacionais anuais - gastos com mão de obra, máquinas e implementos nas operações de preparo do solo, plantio, tratos culturais e colheita, além dos insumos empregados (sementes, fertilizantes e defensivos) – e os investimentos acumulados em pesquisa de melhoramento.

• Investimentos em pesquisas: informações coletadas junto ao IAC e outras fontes oficiais do governo, considerando o

período de 1990 a 2002 (anos de experimentação tanto em ensaios quanto em escala de produção); valores ponderados

por cultivar (deflacionados pelo IPCA médio de 2008).

• Série de recursos aplicados: Fapesp e recursos próprios; Pessoal (remuneração equipe envolvida e taxa de dedicação);

Custeio (diárias, combustível e materiais de consumo); Investimentos e infra-estrutura (68 ensaios experimentais);

Estimativa de investimentos em cada cultivar.• A segunda etapa, análise prognóstica, foi conduzida por meio

do método Delphi aplicado com apoio de ferramentas de interação online, o chamado webDelphi (WRIGTH e

GIOVINAZZO, 2000), composto por questionário com 16 questões, sendo seis perguntas abertas, seis de múltipla

escolha e o restante com escala de valores, variando de um a cinco.

• Participaram dessa etapa 69 especialistas atuantes nos três subsistemas da cadeia de produção e vinculados às

cooperativas de produtores, indústrias processadoras, pesquisadores, professores e técnicos.

METODOLOGIAMETODOLOGIA

• Os resultados mostraram a adoção de um conjunto de inovações dispostas ao longo da cadeia de produção visando construir competências capazes de atender às exigências e padrões qualidade presentes no mercado consumidor de amendoim em grão e distintos dos então praticados no

mercado de óleos vegetais. • Tal estratégia envolveu a introdução de cultivares para

produção de grãos de maior granulometria e de porte vegetativo rasteiro favorecendo a colheita mecanizada e o

maior controle dessa etapa de produção. • No elo seguinte, a secagem artificial contribuiu na redução

de perdas e na manutenção qualidade do produto, atributo que se estendeu ao armazenamento com controle de umidade

e de temperatura.

RESULTADOSRESULTADOS

• Todas essas mudanças ocorreram associadas a outras inovações atreladas principalmente ao controle e prevenção da aflatoxina, onde ganha destaque o programa de selo de qualidade Pró-Amendoim. • No elo de relação direta com o consumidor final destaca-se a adoção de boas práticas de processamento industrial (regras

da ANVISA). • O início dos anos 2000 marca esse momento de mudanças que

resultam no incremento da produtividade, em torno de 2.033 kg/ha em 2000 e de 3.436 kg/ha em 2012 e no aumento dos

volumes produzidos. • Cabe destacar a valorização do produto e a conquista do

mercado externo, principalmente o europeu: exportações de US$ 0,86 milhão (2000) para US$ 111,43 milhões (2012), com a

rápida expansão comercial da cultivar IAC Runner 886.

RESULTADOSRESULTADOS

• Resultados do método da razão incremental: taxa interna de retorno dos investimentos efetuados na obtenção das três

cultivares, foi estimada em 39,7% ao ano (1999 a 2008). Para as cultivares tomadas individualmente, as taxas calculadas foram: IAC Runner 886, 52,9% aa.; IAC Tatu-ST, 40,7%

aa.; e, IAC Caiapó, 20,6% aa.• Resultados do método do excedente econômico simplificado:

A taxa interna de retorno igual a 38,0% ao ano. As taxas calculadas para as cultivares foram: IAC Runner 886,

48,2% aa.; IAC Tatu-ST, 37,3% aa.; IAC Caiapó, 22,2% aa. • Os elevados retornos calculados reafirmam a importância e

a relevância dos investimentos públicos em pesquisa agropecuária no Estado de São Paulo.

RESULTADOSRESULTADOS

• Variações anuais dos índices de produtividade (PTF) refletiram, principalmente, as variações nos índices de

mudança técnica, ou progresso tecnológico. • Mudanças de eficiência técnica – relacionadas

predominantemente à eficiência de escala - foram observadas apenas para as cultivares IAC Caiapó (no início do período) e

IAC Tatu-ST.• Os índices de mudança técnica (progresso tecnológico)

encontrados foram superiores a 1 em sete dos nove anos para a cultivar IAC Runner 886, e em dois terços dos anos para as

cultivares IAC Caiapó e IAC Tatu-ST.• Por outro lado, em mais de metade desses pontos, as outras

cultivares mostraram índices inferiores a 1, indicadores de involução tecnológica.

RESULTADOSRESULTADOS

RESULTADOSRESULTADOS

RESULTADOSRESULTADOS

• Na etapa prognóstica cabe ressaltar que todo o processo desde o envio dos questionários até a consolidação das informações,

foi realizado durante o primeiro quadrimestre de 2009; contou com a participação de 31% dos especialistas convidados, em uma rodada convergente procurando apontar as demandas tecnológicas e institucionais para os próximos dez anos com

base nos três subsistemas.• Para o subsistema produção agrícola foram trabalhadas

questões envolvendo cultivares, sistemas de plantio e manejo e colheita. Nessa ordem, para as cultivares, 57% dos

especialistas consideram de extrema importância a busca por variedades resistentes às doenças foliares, 38% apontam a

tolerância à seca e 33% a precocidade; adaptação à colheita mecanizada foi considerada muito importante por 48% dos

respondentes, enquanto o porte rasteiro com película vermelha foi considerado pouco importante para 52% dos participantes.

RESULTADOSRESULTADOS

• Para o segundo subsistema, beneficiamento e estocagem, a secagem artificial é a técnica mais utilizada atualmente; assim, foram trabalhadas questões para identificar seus gargalos técnicos. Os resultados mostram que 36% dos respondentes apontam a necessidade de pesquisas que

indiquem o tempo e a temperatura ideais para secagem de vários tipos de grão e de níveis de umidade.

• No subsistema processamento industrial, a preocupação com a qualidade do produto pode ser verificada nas respostas

obtidas. De modo geral, as demandas identificadas envolvem o controle da aflatoxina, a rastreabilidade e a destinação do

amendoim impróprio para consumo humano e animal.

RESULTADOSRESULTADOS

• No decorrer do questionário houve a preocupação de identificar tendências futuras para a produção de amendoim, através de algumas questões. Dentre elas, a possibilidade de

produção de biodiesel a partir de amendoim, que para a maioria dos respondentes é uma possibilidade remota para os

próximos anos, caso não exista intervenção governamental. Em relação às exportações, 77% dos participantes indicam que

o descascado continuará a dominar os volumes exportados para mercadorias da cadeia de produção do amendoim. Outro ponto em destaque está no sistema de produção: para 62% dos participantes, o amendoim orgânico terá espaço no mercado.• Na etapa prognóstica a busca por cultivares resistentes a

doenças foliares apresenta-se como um demanda efetiva, assim como parâmetros técnicos para micronutrientes e de técnicas de manejo conservacionistas, como o plantio direto, além de

mudanças incrementais no maquinário para a colheita.

RESULTADOSRESULTADOS

• As pesquisas de melhoramento genético e a obtenção de novas cultivares, efetuadas pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA), de acordo com essas demandas, deverão priorizar resistência /

tolerância a doenças foliares, a pragas e à seca, bem como a precocidade. Também na seara do IAC-APTA – e englobando também os Polos Regionais de Desenvolvimento Tecnológico

dos Agronegócios (APTA Regional) - os respondentes solicitaram pesquisas sobre o comportamento das principais cultivares em relação aos defensivos disponíveis, o manejo

integrado e a melhor combinação de produtos, os efeitos dos micronutrientes, da adubação foliar e da inoculação com

bactérias fixadoras de nitrogênio, além de estudos específicos sobre as necessidades de lavouras irrigadas, adubos verdes e

do plantio direto.

•A detecção e controle de patógenos e de aflatoxina, com métodos mais adequados e kits de análise mais eficientes,

deverão focar pesquisas do Instituto Biológico e do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA).

•Ao Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) competiria, inicialmente, analisar a posição dos informantes, sobre as

possibilidades de expansão da cultura baseada em amendoim orgânico, ou na inserção competitiva do produto para biodiesel. Análises dos impactos da implementação da

produção integrada (PIA), bem como o aperfeiçoamento dos levantamentos das estatísticas relacionadas à cadeia de

produção, são também demandas relacionadas às atribuições desse Instituto, que poderão ser mais bem realizadas com a

colaboração da APTA Regional.

•A baixa oferta de profissionais adequados às especificidades e exigências da cadeia de produção do amendoim também foi identificada como um obstáculo que se estende à ausência de mecanismos capazes de articular e organizar os vários atores

envolvidos. • Nessa demanda cabe destacar que os resultados deste estudo contribuíram para justificar o processo de criação da Câmara

Setorial do Amendoim, junto à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, constituindo assim

uma ferramenta essencial para discussão dos desafios e definição de ações estratégicas que promovam a cadeia.

RESULTADOSRESULTADOS

A interação entre inovações e os elos que compõem as cadeias de produção agropecuária mostra-se importante para estudos

que buscam avaliar os resultados dos investimentos em pesquisa agropecuária, assim como para aqueles que tratam da construção de cenários futuros e dos caminhos necessários

para superar obstáculos e aproveitar oportunidades.

Essa visão sistêmica acompanhou este estudo com o objetivo de avaliar os impactos econômicos das cultivares de amendoim

desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC/APTA), e identificar desafios para o a produção de amendoim no Estado

de São Paulo na próxima década.

CONSIDERAÇÕES FINAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS

• Os resultados apontam que a nova realidade competitiva da produção paulista de amendoim está atrelada às suas

características de produção e mercado, que por sua vez, relacionam-se às condições observadas em determinados momentos que refletem ganhos ou perdas ligadas a um

conjunto de práticas inovadoras ou superadas frente à uma determinada dinâmica.

• O monitoramento, acompanhamento e reavaliação conduzidos por meio da organização sistêmica permite

compreender as particularidades da produção e da inserção das inovações, assim como de seus desdobramentos para cada

um dos elos e da cadeia de produção como um todo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Obrigado !

José R. Vicente [email protected]

Renata [email protected]

•Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios

•www.apta.sp.gov.br

•Instituto de Economia Agrícola•www.iea.sp.gov.br

• A quantidade produzida proveniente de cada cultivar foi estimada multiplicando-se os rendimentos acima pela área cultivada com cada um deles. Em seguida, o valor da produção foi calculado multiplicando-se os preços recebidos pelos produtores pela produção correspondente

• Com os acréscimos de valor da produção tomados ano a ano, e com as médias anuais dos investimentos efetuados, procedeu-se ao cálculo das taxas internas de retorno desses investimentos, que é a taxa necessária para igualar o valor presente líquido dos fluxos de caixa de um projeto a zero, ou seja, a taxa que faz com o valor atual das entradas seja igual ao valor atual das saídas

Slide Adicional - METODOLOGIASlide Adicional - METODOLOGIA

• Investimentos em pesquisas: informações coletadas junto ao IAC e outras fontes oficiais do governo, considerando o período de 1990 a 2002 (anos de experimentação tanto em ensaios quanto em escala de produção); valores ponderados por cultivar (deflacionados pelo IPCA médio de 2008)

• Valor da produção: preços médios anuais recebidos pelos produtores e quantidades produzidas (IEA-APTA)

• Percentuais de adoção para cada cultivar: informações coletadas junto a cooperativas, indústrias, pesquisadores e acadêmicos que trabalham com amendoim

• Retorno dos investimentos em pesquisas: abordagem da razão incremental no valor da produção

Slide Adicional - METODOLOGIASlide Adicional - METODOLOGIA

• onde P é o preço, Q é a quantidade produzida, os subscritos re t representam, respectivamente região e ano, e k é o ganho

proporcional de rendimento atribuído ao melhoramento varietal.

• onde Y é uma medida da performance do rendimento experimental, e os sobrescritos a e b representam os

instantes de tempo atual e base (contra o qual é feita a comparação).

• onde i representa o rendimento experimental de cada cultivar, e π é a proporção de área plantada com a i-ésima

cultivar.

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Slide Adicional - RESULTADOSSlide Adicional - RESULTADOS

Investimentos Realizados no Desenvolvimento das Cultivares IAC Tatu-ST, IAC Caiapó e IAC Runner 886, 1990-2002.

(Valores em mil R$ de 2008, deflacionados pelo IPCA médio anual)

Item FAPESP Participação Orçamento Participação Total Particip.

Pessoal 120,08 4,79% 2.389,32 95,21% 2.509,40 95,33%

Custeio 30,02 33,33% 60,04 66,67% 90,06 3,42%

Investimento 30,02 91,17% 2,91 8,83% 32,93 1,25%

Total 180,12 6,84% 2.452,27 93,16% 2.632,39

Slide Adicional - RESULTADOSSlide Adicional - RESULTADOS

Percentual da Área Plantada com Cultivares de Amendoim, Estado de São Paulo, 1999-2008

Cultivar 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

IAC Caiapó 3% 7% 15% 17% 9% 8% 5% 4% 4% 3%

IAC Tatu-ST 8% 16% 29% 52% 40% 20% 15% 29% 20% 15%

IAC Runner 886 - - 9% 21% 30% 52% 65% 42% 56% 62%

Outros 89% 77% 47% 10% 21% 20% 15% 25% 20% 20%

Slide Adicional - CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os métodos utilizados para mensurar os impactos econômicos dos investimentos em pesquisas com melhoramento genético do amendoim, que resultaram nas cultivares IAC Caiapó, IAC Tatu-ST e IAC Runner 886, indicaram taxas internas de retorno de 38,0% a 39,7% ao ano, para o agregado dessas cultivares. O menor retorno foi estimado para a cultivar IAC – Caiapó (taxa interna de retorno de 20,6% aa. a 22,2% aa.) e o maior para a cultivar IAC Runner 886 (taxa interna de retorno de 48,2% aa. a 52,9% aa.), com resultados intermediários para a IAC Tatu-ST (taxa interna de retorno de 37,3% aa. a 40,7% aa.)

Embora as cultivares IAC - Caiapó e IAC Tatu – ST estejam perdendo importância nos últimos anos, a IAC Runner 886 responde por mais de 50% da área cultivada com amendoim em São Paulo, o que indica que as taxas calculadas deverão aumentar nos próximos anos.

Slide Adicional - CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAISNa aplicação do método do excedente econômico, que resultou

em taxas internas de retorno menores, os recursos de custeio e investimento foram superestimados em relação às informações utilizadas na aplicação do método da razão incremental. Isso foi feito para procurar compensar a inexistência de dados sobre a depreciação de equipamentos e instalações durante o desenvolvimento das novas cultivares.

Também para diminuir o risco de superestimação dos retornos, as proporções de ganhos de rendimento das novas cultivares basearam-se em médias conservadoras de resultados experimentais.

Cultivares IAC também adotadas em outros estados brasileiros produtores de amendoim (MG, PR, BA e MS), mas a inexistência de dados confiáveis impossibilitou que fossem considerados nos cálculos dos retornos

Slide Adicional - CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma extensão interessante do presente estudo seria considerar impactos nas chamadas outras dimensões, que ganharam relevância nos últimos anos. Embora atualmente as tecnologias empregadas na produção de amendoim independam das cultivares, efeitos óbvios podem ser constatados. Por exemplo, impactos ambientais negativos podem ser debitados às cultivares IAC Caiapó e IAC Runner 886, devido ao ciclo mais longo que demanda aplicações adicionais de defensivos. Da mesma forma, impactos sociais positivos podem creditados a essas cultivares, que utilizam trabalho adicional, nessas aplicações de defensivos, na maior quantidade colhida por unidade de área, e em toda a cadeia, cuja competitividade aumentou. Naturalmente, quantificar esses efeitos implica em considerável grau de subjetividade.