132

Espiral do Tempo 26

Embed Size (px)

DESCRIPTION

A revista de quase todos os relogios.

Citation preview

Page 1: Espiral do Tempo 26
Page 2: Espiral do Tempo 26
Page 3: Espiral do Tempo 26

Director• Hubert de Haro • [email protected]

Editor • Paulo Costa Dias • [email protected]

Design gráfico • Paulo Pires • [email protected]

Jornalista • Marta S. Ferreira • [email protected]

Fotografia • Nuno Correia

Editor técnico • Miguel Seabra • [email protected]

Colaboraram nesta edição• Fernando Campos Ferreira• Fernando Correia de Oliveira• Isabel Stilwell• Rui Cardoso Martins

Traduções • Maria Vieira • [email protected]• Letrário

Contabilidade • Elsa Filipe • [email protected]

Coordenação de publicidade e assinaturas • Patrícia Simas • [email protected]

Revisão • Letrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos [email protected] • www.letrario.com

03Espiral do Tempo 26 Outono 2007

[ Editorial ]

ParceirosAir France • Ass. Jog. Praia d’El Rey • Belas Clube de Campo

• Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro

• Clube de Golf Pinta/Gramacho • Clube de Golfe Miramar

• Clube VII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo

Alvim • Golfe Aroeira • Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de

Lima • Golfe Quinta da Barca • Hotel Convento de São Paulo

• Hotel Fortaleza do Guincho • Hotel Golfe Quinta da Marinha

• Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien

Porto • Hotel Palácio Estoril • Hotel Quinta das Lágrimas

• Hotéis Tivoli • Lisbon Sports Club • Morgado do Reguengo

Golfe • Museu do Relógio de Serpa • Palácio Belmonte

• Penha Longa Golf Club • Pestana Hotels & Resorts

• Portugália Airlines • Quinta do Brinçal, Clube de Golfe

• TAP Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference

& Golf Resort • Vila Monte Resort • Vintage House

Ficha técnicaCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa • Fax: 21 811 08 [email protected]: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa. A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.

• Digitalização: ZL - Zonelab • Distribuição: VASP • Impressão: Soctip Periodicidade: trimestral• Tiragem: 52.000 exemplares • Registo pessoa colectiva: 502964332• Registo no ICS: 123890• Depósito legal Nº 167784/01

Das conversas cruzadas, surgiu, há muito pouco tempo, uma preocupação generalizada, que tem sido tema

recorrente dos nossos últimos editoriais: a indispensável procura de independência na industrialização e no

fabrico. Até agora, só demos conta da previsível «crise dos movimentos», marcada para o primeiro de Janeiro

de 2009, a data anunciada pelo grupo Swatch para o fim das entregas de movimentos.

Algumas históricas manufacturas e empresas criadas mais recentemente, que optaram, no início dos anos 90,

pela industrialização, pareciam imunes a esta ameaça.

No entanto, as dificuldades parecem estar agora relacionadas com dois aspectos em específico. O primeiro

aspecto diz respeito ao que é, aparentemente, mais simples de fabricar: as rodas e os parafusos. O cresci-

mento sustentado de toda a relojoaria suíça nos últimos anos levou ao aumento da pressão, que se tornou

insuportável, junto dos poucos fornecedores do sector. Confidencia-se, nos ‘corredores’ das marcas que não

possuem ateliês de estampagem, que os prazos de entrega podem chegar aos nove meses... Como resultado,

assistimos a novos investimentos. Salienta-se o caso do grupo Franck Muller, que construirá uma fábrica, na

aldeia de Les Bois, no Jura suíço, onde 160 empregados se dedicarão unicamente à estampagem. O investi-

mento está avaliado em 20 milhões de euros.

O segundo aspecto está relacionado com os mostradores, e é muito mais visível e delicado. Todos os analistas

da actualidade salientam a importância da estética e da legibilidade do mostrador. Por muito extraordinário

que seja o movimento ou o nível de acabamento do mecanismo, os apreciadores da bela relojoaria reconhe-

cem que o aspecto do mostrador influencia no momento da compra. Face aos desafios futuros, os grandes

grupos relojoeiros adquiriram, nos inícios dos anos 90, os mais notáveis fornecedores, como é o caso da

empresa Stern, pelo grupo Richemont, enquanto as marcas mais inovadores e sensíveis a estas mudanças

investiram neste sector (veja a nossa reportagem sobre a empresa Les Fils d’Arnold Linder). Outras apostaram

na colaboração, como as empresas Montres Journe e Harry Winston, no início desta década.

O resto da relojoaria lamenta amargamente não ter investido na altura certa. Hoje, e à semelhança do que

sucedeu na estampagem, os poucos fornecedores privilegiam, no que respeita aos prazos de entrega, as

marcas que pertencem ao mesmo grupo. As outras marcas são obrigadas a gerir prazos que podem chegar

aos 18 meses!

No entanto, a relojoaria fina não pára de nos espantar com apresentações de cortar a respiração (vejam o

excelente artigo de Miguel Seabra sobre o Extreme Lab da Jaeger-LeCoultre), fazendo eco, cerca de 400 anos

mais tarde, da famosa frase pronunciada por Galileu, em frente ao tribunal da Inquisição, em 1632: eppure

si muove...

Desejo-lhe uma excelente leitura!

Hubert de HaroDirector

Erratum: o preço do modelo TAP Pilot da Fortis é de € 6760 euros, e não € 2760, como lamentavelmente

publicámos na nossa precedente edição. Apresentamos, assim, as nossas sinceras desculpas a todos os

apreciadores da marca.

A vontade que temos de procurar a informação relojoeira fora dos limites do nosso país é visível

na quantidade (e, espero, na qualidade) das nossas reportagens. Permite-nos relatar, na primeira

pessoa, o crescente número de lançamentos, investigar novas tendências ou novos processos

de fabrico e, ainda, encontrar os actores do sector.

(* E no entanto move-se)

Page 4: Espiral do Tempo 26
Page 5: Espiral do Tempo 26
Page 6: Espiral do Tempo 26
Page 7: Espiral do Tempo 26
Page 8: Espiral do Tempo 26
Page 9: Espiral do Tempo 26
Page 10: Espiral do Tempo 26

Onde fomos Edição 26 | Outono 2007

Para cumprir a nossa missão de trazermos até si a melhor informação, fomos até centro do país procurar sugestões para que possa

saborear o tempo da melhor maneira. Estivemos na Suíça para desvendar os segredos dos famosos mostradores dos relógios assinados pelo

“Mestre das Complicações”, Franck Muller, e ainda demos um salto à Turquia, para assistir ao lançamento do Nabucco, da Raymond Weil.

Marrazes

Saborear o Tempo Restaurante Casinha Velha

112

Leiria

Perfil Carlos Joalheiro

102

Ourém

Saborear o Tempo Pousada de Ourém

108

Lisboa

Entrevista Luís Filipe Vieira

18Baleal

Saborear o Tempo Praia d’El Rey Golf & Beach Resort

110

Azambuja

Saborear o Tempo Quinta Vale de Fornos

114

Genéve

Entrevista François-Paul Journe

46

Le Sentier

Reportagem Extreme LAB

62

Page 11: Espiral do Tempo 26

Sumário

Les Bois

ReportagemMostradores Franck Muller

56

La-Chaux-des-Fonds

Reportagem Filipe Lima

72

Genéve

Reportagem F.P. Journe - Tourbillon Souverain

52

Istambul

Reportagem Raymond Weil - Nabucco

76

Grande Plano 12

Entrevista - Luís Filipe Vieira 18

Crónica Rui Cardoso Martins 22

Crónica Fernado Correia de Oliveira 24

Crónica ‘Contrafacção’ 26

Correio do Leitor 28

I-novação 30

Breves 32

Reportagens

Entrevista - François-Paul Journe 46

Reportagem - Tourbillon Souverain 52

Reportagem - Mostradores Franck Muller 56

Reportagem - Extreme LAB 62

Reportagem - Rolex Yacht Master II 68

Reportagem - Filipe Lima 72

Reportagem - Raymond Weil - Nabucco 76

Técnica

Em Foco

Audemars PiguetMillenary 82

Glashütte OriginalSenator Sixties 84

GrahamChronofighter Oversize Deep Seal 86

Jaeger-LeCoultreReverso Squadra World Chronograph 88

PaneraiLuminor 1950 8 Dias GMT 90

Porsche DesignPTC Limited Edition 2007 92

TAG HeuerAquaracer Calibre S 94

Laboratório Franck Muller - Master Banker Lune 96

Prazeres

PerfilCarlos Joalheiro 102

Saborear o Tempo

Pousada de Ourém 108

Praia d’El Rey Golf & Beach Resort 110

Restaurante Casinha Velha 112

Quinta de Vale de Fornos 114

Acontecimentos 116

Livros 126

Internet 128

Assinaturas 129

Crónica Fernando Campos Ferreira 130

11Espiral do Tempo 26 Outono

Page 12: Espiral do Tempo 26
Page 13: Espiral do Tempo 26

A. Lange & Söhne Precisão perpétuaFoi o primeiro relógio de pulso de corda automática

na história dos relógios mecânicos a integrar calen­

dário perpétuo, data panorâmica e mecanismo

pa tenteado zero reseat, que permite que a data

e a indicação das fases da lua avancem tanto de

forma isolada como conjuntamente. Com esta peça

de tecnologia engenhosa, a Lange mostra que a

utilidade dos relógios mecânicos pode certamente

evoluir ainda mais mesmo depois de cem anos.

O calendário perpétuo só precisa de ser corrigido

a 28 de Fevereiro de 2100, a próxima data em que

o calendário de anos tem de ser re­sincronizado

com o ano solar. Nessa data, basta simplesmente

pressionar um botão recluso na caixa.

13Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 14: Espiral do Tempo 26
Page 15: Espiral do Tempo 26

15Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Quem vê o rosto, vê o coraçãoComeçamos por lhe dizer que metade dos mostra­

dores que saem das mãos desta artesã não irão

nunca ser montados na caixa de um relógio. Por

mais ínfimas que sejam as suas deficiências tais

são inaceitáveis e não poderão equipar um Franck

Muller. Afinal falamos da casa relojeira cujos mos­

tradores são dos mais reconhecidos e admirados no

mundo da alta­relojaria. Desengane­se o leitor se

pensa que tal “fraco” aproveitamento da produção

se deve à falta de perícia dos intervenientes. Tal

como o mecanismo de um Franck Muller, também

os mostradores que os equipam são elaborados

tendo a participação humana o papel principal. To­

dos são acabados à mão por artífices com muitos

anos de experiência e, como tal, cada um encerra

em si as características únicas e irrepetíveis do to­

que humano. Mas estas pessoas são especiais e

nada menos que a perfeição servirá para equipar

algumas das mais cobiçadas peças da alta­relo­

joaria actual.

Page 16: Espiral do Tempo 26
Page 17: Espiral do Tempo 26

Energia suplementarA sucessiva apresentação de modelos avant-garde

que rompem com os dogmas da relojoaria tem

cimentado a reputação da TAG Heuer. O nome do

mais recente prodígio é bem revelador do novo

recorde por ele estabelecido: o seu balanço oscila

a 360 mil alternâncias por hora, permitindo uma

inédita cronometragem mecânica até ao centésimo

de segundo. Atingir uma tal precisão parecia impos­

sível, já que o mecanismo cronográfico reque rido

dispenderia tanta energia que a reserva de marcha

se esgotaria num ápice. A TAG Heuer idealizou um

mecanismo composto por dois calibres distintos

ligados entre si mas de funcionamento indepen­

dente! O Calibre 7, com reserva de marcha de 42

horas e frequência de balanço de 28.800 alternân­

cias por hora, encarrega­se de alimentar automati­

camente os ponteiros das horas, dos minutos e dos

segundos; o Calibre 360 alimenta exclusivamente a

função cronográfica.

17Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 18: Espiral do Tempo 26

18 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 19: Espiral do Tempo 26

[ Entrevista ]

Isabel Stilwell: Guia-se mais pelo relógio ou pelo Sol?

Luís Filipe Vieira: Pelo relógio. Para já, tenho uma coisa boa: levanto-me todos os dias muito cedo, o que me dá tempo para muita coisa.

IS: Precisa de despertador para acordar?

LFV: Não, e isso é que é engraçado, porque, deite--me à hora que me deitar, acordo sempre entre as seis e meia e as sete da manhã. Mas o nosso organismo é uma coisa fantástica. Aos fins-de- -semana, consigo dormir até mais tarde, até perto das nove e meia, dez e um quarto.

IS: Mas, durante a semana, começa a trabalhar assim

tão cedo?

LFV: Àquela hora vou directamente para o Estádio Nacional. Faça chuva ou faça sol, lá estou eu, às sete e meia, para correr durante uma hora e meia. Agora não corro, só posso andar, porque estou com problemas na coluna, mas ainda hoje andei uma hora e vinte e cinco. Se não o fizesse, dava em doido!

IS: É um tempo só para si...

LFV: Até às dez da manhã, o tempo é só para mim – podem marcar as reuniões que quiserem que

O campo verde está só isso: verde e vazio. As cadeiras não têm ninguém. O Estádio da Luz é imponente no seu silêncio, mas a paz

é uma ilusão. Por detrás de janelas envidraçadas, Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, corre de um lado para o outro,

porque, como diz, gerir um ’bisonte’ como aquele não é fácil. Ainda assim, encontra um minuto para nos falar

da missão que assumiu e do prazer de a realizar, sem disfarçar que «há coisas que doem». Mas faça

como nós: venha conhecer melhor um madrugador que não esconde a dificuldade

em exteriorizar alegrias e tristezas.

entrevista Isabel Stilwell ­ Directora do Jornal Destak | fotos Nuno Correia

“Este brinquedo que aqui temos - ou ‘bisonte’,como lhe costumo chamar – precisa é de ir mudando de mentalidade,

o que no mundo desportivo é muito difícil.”

Luís Filipe Vieira

não apareço! Ali, ao menos, varre-se-me tudo da cabeça; não me preocupo com nada. Quando pego no carro para vir para aqui (Estádio da Luz) ou para o escritório, então é que começo logo a pensar nas coisas.

IS: Apesar de sermos um país muito pequeno, há uma

rivalidade, às vezes doentia, entre o Norte e o Sul. A

culpa será (também) do futebol?

LFV: Penso – e não foi através do Benfica, mas de um outro clube – que se criou uma divisão entre o Norte e o Sul, entre os mouros e os andrades, e por aí fora. Infelizmente, ainda hoje, no futebol, esta divisão existe. No que respeita às empresas, já acabou, ou está em vias de acabar. Há uma ou ou-tra pessoa que se vai lastimando muito, mas para a grande maioria dos empresários não há Norte, nem há Sul. Investe-se onde é preciso investir.

IS: Anunciou que queria dar uma projecção interna-

cional ao Benfica. Queria libertá-lo destas querelas in-

ternas?

LFV: Anunciei e vou transformar o Benfica numa marca global. Queremos que o Benfica esteja no resto do mundo. Este brinquedo que aqui temos – ou ‘bisonte’, como lhe costumo chamar – pre-cisa é de ir mudando de mentalidade, o que no mundo desportivo é muito difícil. Isto é muito complicado num território onde a paixão tem de estar separada de um pensamento empresarial.

IS: Sendo um empresário de sucesso, não é frustrante

que este sucesso dependa de coisas como uma bola

que vai à trave?

LFV: A mim não me preocupa absolutamente nada, porque nunca tive a ambição de ser presi-dente do Benfica e ainda hoje não me vejo assim.

19Entrevista Luís Filipe Vieira

Page 20: Espiral do Tempo 26

“O meu grande desafio é encontrara pessoa certa para me suceder, para que tenha tempo

de se preparar para me dar continuidade.»

Luís Filipe Vieira

TAG Heuer S.L. BENFICA

Movimento: Cronógrafo de quartzo.

Caixa: Aço, vidro em cristal de safira anti­riscos e estanque a 200 metros.

Personalizada no verso com gravação do emblema do Sport Lisboa e Benfica.

Edição Limitada: Comemoração dos 50 anos de participações nas competições

europeias. Limitado a 492 peças, correspondentes aos 492 golos marcados.

Funções: Horas, minutos, segundos, cronógrafo e data.

Bracelete: Aço com fecho duplo de segurança e oferta de correia em cauchu

vermelho especialmente criada para este modelo.

Preço: € 1.000

20 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 21: Espiral do Tempo 26

Estou aqui com uma missão, a pedido de algu-mas pessoas, e a verdade é que a missão já dura há cinco ou seis anos. Ser presidente do Benfica também me tem dado muitos desgostos familia-res e empresariais.

IS: Qual foi o seu dia mais feliz neste clube?

LFV: Nestes anos todos, tive muitos dias de feli-cidade, como tive dias bastante infelizes, mas há mais dias felizes do que infelizes. Sinto orgulho no grupo de pessoas que trabalha comigo e no que temos feito. Não quero recompensa alguma, de nada, mas agora seria mau da minha parte se não reconhecesse que vou ficar na história do Benfica. Vou ficar na história do Benfica, mas não corro atrás disso.

IS: Qual é, agora, o seu grande desafio?

LFV: Neste momento, o meu grande desfio é en-contrar a pessoa certa para me suceder, para que tenha tempo para se preparar para me dar con-tinuidade. Essa pessoa vai ter de passar por um período de aprendizagem. Se assim não for, são muitos anos de trabalho que são postos em cau-sa. Porque o Benfica não se pode dar ao luxo de perder os principais quadros que tem. Quem me substituir deverá acrescentar valor ao clube, no-meadamente no que respeita a outros projectos, mas é essencial que se deixe os profissionais tra-balharem.

IS: O velho problema da sucessão...

LFV: Num clube destes, é muito complicado. Em três meses, pode abater-se o que se fez. Se eu pró-prio não resistir a pensar só em resultados, ou se

pensasse só em mim e quisesse para mim resulta-dos, era fácil consegui-los. Era fácil ganhar. Mas podia hipotecar muita coisa no Benfica. E isso era mais complicado.

IS: Qual foi a grande mudança que levou a cabo?

LFV: A grande revolução que fiz, e posso chamar- -lhe assim, foi implementar um modelo de gover-no que aqui não existia, levando a que os órgãos sociais aceitassem que o presidente da comissão executiva passaria a ser um profissional. A partir daí, tudo ficou mais fácil. E hoje não há dúvida de que tenho comigo um núcleo de profissionais, que além de pensarem muito bem, também me desafiam constantemente a pensar mais e melhor em termos estratégicos.

IS: Aqui, do gabinete, tem sempre o campo verde para

o inspirar...

LFV: Olho muitas vezes para o campo verde, que me recorda sempre que são eles ali que decidem muitas coisas. Mas isto não é incompatível com ter de mostrar às pessoas que o que estamos a fa-zer é um bem comum para todos os benfiquistas. Tenho sempre os sócios como o vértice mais fun-damental.

IS: O Benfica é só futebol?

LFV: Uma das suas virtudes é ter mantido sempre o seu ecletismo. Mantivemos as modalidades que tínhamos e apostámos nas novas, nomeadamente nas radicais, com o Benfica Aventura. Mas, logi-camente, o core business desta marca é o futebol. E aí já temos condições para pensar seriamente em investir, independentemente de sabermos que não

podemos chegar a determinado tipo de valores salariais e que não podemos prender cá ninguém. IS: Quando era pequeno, jogava futebol?

LFV: Era um miúdo como outro qualquer, gostava de dar um pontapé na bola, mais nada. Era um miúdo bairrista, morava em Lisboa no Bairro das Furnas – não esqueço as minhas origens! Nessa altura, todos os miúdos praticavam desporto na rua. Até hóquei de sarjeta!

IS: Como reage quando, durante um jogo, algum dos

‘seus’ comete um erro. Irrita-se, ralha, grita?

LFV: Tenho uma particularidade: tanto fora como dentro de casa, não exteriorizo nem a minha ale-gria, nem a minha tristeza. Cá dentro, interior-mente, é claro que é mais complicado, mas nin-guém ao pé de mim se apercebe disso. Confesso que me faz alguma aflição algumas pessoas que gritam «golo», e se põem de pé e fazem grande alarido. Sinto, logicamente, mas não deito para fora. Há jogos que quando me levanto da cadei-ra sinto-me como se tivesse levado uma sova, os músculos todos rígidos, nem me mexo.

IS: ‘Fechado’, dentro e fora de casa. A família não se

queixa da sua falta de ‘exteriorização’?

LFV: A minha mulher é sensacional. A mi nha mu lher, os meus filhos e as pessoas mais liga das a mim, senão nada disto era possível. Mas ago-ra que é difícil, dentro do seio familiar, lidar com certo tipo de notícias e comentários, é. Deixa sem-pre algumas marcas. E uma coisa é eu não ligar, mas, logicamente, a minha família liga, mudam de canal, zangados. Às vezes dói, às vezes dói. ET

Em conversa com a Espiral do Tempo, foi abordada a hipótese de

Luís Filipe Vieira já ter em mente o seu sucessor na cadeira da

pre sidência do Sport Lisboa e Benfica: o maestro, Rui Costa. Esta

possi bilidade foi aflorada, sem nunca o presidente benfiquista

ter sido peremptório na confirmação desse seu desejo. No entanto,

uns dias depois, no rescaldo do jogo Benfica­Naval, no qual

Rui Costa foi decisivo para a vitória, Luís Filipe Vieira verbalizou

aqui lo que, durante a conversa com a Espiral do Tempo, já tinha

sido conjecturado. O eventual futuro presidente, ainda enquanto

jogador do A.C. Milan, chegou a ser embaixador da TAG Heuer tendo

tido, inclusivamente, uma edição especial de enorme sucesso a si

dedicada. Foi, à altura, capa da 4.ª edição da Espiral do Tempo e,

para memória futura, acabou assim a entrevista que lhe fizemos:

“O meu futuro vai ser sempre ligado ao futebol. Gosto demasiado

de futebol e quero contribuir e partilhar com os outros o que

aprendi”. Costa dixit.

Rui Costa para presidente: A Espiral do Tempo foi a primeira a saber

21Entrevista Luís Filipe Vieira

Page 22: Espiral do Tempo 26

Temos de dar atenção aos mestres. Um dos programas

que mais aprecio na televisão passa em directo e, embora

não tenha dia nem hora certos, costuma transmitir duas

ve zes por ano. É a entrevista ao meteorologista Anthymio

de Azevedo, velha glória da TV a preto e branco («o

an ti ci clone dos Açores vai...», «a frente fria de noroeste

deve rá...»). Ainda há poucos anos, e já a cores, ele

explicava por que acontecia, nesse momento, em Portu-

gal, uma seca com fogos e, numa segunda vez, seis me-

ses de pois, a que se deviam agora as inundações.

Hoje, Anthymio aparece duas vezes por ano a ex pli-

car como é que há mortos por calor e incêndios, num

ponto do Globo, à hora exacta em que furacões e inun-

dações assassinas começam noutra área gigantesca,

arra sando paí ses ricos e pobres.

A melhor frase dele parece relativizar os aconteci-

men tos no tempo, mas Anthymio utiliza-a para mostrar

que o Homem está a acelerar a brutalidade própria da

Natureza, e dos ciclos solares, e do eixo de rotação da

Terra, e preparem-se que isto vai piorar...

– Não podemos esquecer que, há 25 mil anos, tínha-

mos icebergues a navegar à saída da barra do Tejo...

Também devemos ouvir Galopim de Carvalho, o

geó logo que não se rende e continua a escrever «dinos-

sáurios». Num texto sobre «O chão que Lisboa pisa»,

saído no Público, lembra que ninguém sabe que, há

95 milhões de anos, havia um mar raso muito mais

quen te do que o mar de hoje, mesmo no pino do Ve-

rão, com «populações imensas de moluscos», de que

restam estratos calcários debaixo do Aqueduto. Que

há 70 milhões de anos rebentaram vulcões, e é deles

o basalto das pe dras das calçadas. Que, nos séculos

que se seguiram «a este mar de fogo e cinzas», hou-

ve grandes secas e enxurradas, polindo os calhaus

arre dondados da Cal çada de Carriche. E depois o mar

regressou com mi nús culos invertebrados, mas o oceano

esvaziou de novo para o largo, e chegaram mas todontes

e grandes cro codilos a caçar na água rasa.

Lisboa, aprendi eu, esteve cheia de crocodilos e

an te passados de elefante gigantes, como está hoje de

carros e prédios abandonados... Claro que todos os ves-

tígios desta história geológica estão a ser destruídos a

camartelo. É o que melhor sabemos fazer.

Em pequeno, ofereceram-me uma colecção que ex-

pli ca va, entre outras coisas, A História dos Legumes,

que ainda tenho, com um chinês na capa, de trança,

a puxar um riquexó carregado de cebolas e cenouras.

Infe lizmente perdi A História dos Relógios, a epopeia

sim plificada da luta do homem para medir o tempo,

isto é, da luta para o dominar dentro do possível, pois

o tempo não pára.

Lembro-me da gravura de um grego barbudo,

er guen do uma barra ao Sol, com estrias desenhadas no

chão. Tem um ar confiante, sabendo quanto falta para o

almoço. Mas à noite, e em dias de chuva, este grego já

não sabia a quantas andava.

Lembro-me da questão das clepsidras, os famosos

relógios de água — de onde vieram as primeiras? —,

que recupero agora, com a ajuda da Internet (num ‘bra-

sileirês’ da Universidade de S. Paulo):

«Observou-se que um líquido em um reservatório,

ao vazar por um pequeno orifício, mantinha uma certa

re gularidade. A partir desta idéia, criou-se, então, o

Relógio de Água ou Clepsidra (do grego: kleptein –

roubar; hydor – água). Estes relógios constituíam-se

por dois recipientes, marcados com escalas uniformes

de tem po, dispostos de forma que a água pudesse

escoar, por gotejamento, de um para o outro. Um flu-

tuador (bóia) auxiliava as leituras temporais. Estes

re ló gios não eram muito precisos, devido à variação

da temperatura que alterava a viscosidade da água,

tornando o fluxo irregular.»

O sítio na Internet do Ministério da Tecnologia bra-

si leiro é mais concreto (e macarrónico). Mas dá atenção

aos mestres, como pedi no início deste texto.

«Há desencontros quanto a exata paternidade da

Clepsidra. Marco Vitrúvio Pólio, célebre arquiteto ro ma-

no do século I a.C., atribui sua invenção ao mecânico

Ctesibio ou Ctézibro. Existe uma corrente que atribui

a Platão, filósofo grego, esse privilégio; como foi um

emérito viajante, pode muito bem ter sido apenas o

por tador desse invento. Por outro lado, chineses e egíp -

cios também se arrogam essa prerrogativa. Fala ainda

de Arquimedes, inventor da alavanca e da roda dentada,

que faria nascer clepsidras mais evoluídas, com um úni-

co mostrador circular.

Há uma ‘Clepsydra’ famosa em Portugal, a de

Ca mi lo Pessanha, único livro que o poeta publicou

em vida (1920). Segundo a estudiosa Tereza Coelho

Lopes, sofreu a influência simbolista de Baudelaire e do

seu poema «L’horloge»: «le gouffre a toujours soif: la

clep sy dre se vide». Traduzo: «o turbilhão tem sempre

sede; a clepsidra esvazia-se». É uma boa imagem para

o «Clep sidra» que conheci em Coimbra, bar em que o

tem po dos estudantes não se media com reservatórios

de água, mas de cerveja.

Hoje há clepsidras modernas, com retortas e ser-

pen tinas em que corre um líquido azul, talvez álcool, de

uma precisão inédita. Mas continuamos sem saber onde

nasceu o primeiro relógio de água. Talvez no chão duma

gruta, habitada por homens primitivos, vendo pin gar

as estalactites. A hipótese é minha, lembrei-me agora.

Se não for, meti água.

Rui Cardoso Martins

Rui Cardoso Martins

Clepsidras

Não podemos esquecer que, há 25 mil anos,tínhamos icebergues a navegar à saída da barra do Tejo.

22 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

[ Crónica ]

Page 23: Espiral do Tempo 26
Page 24: Espiral do Tempo 26

Fernando Correia de Oliveira*

Utopia mecânica

Rousseau, d’Alembert, Chamfort, Voltaire e a Relojoaria (1)

24 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

[ Crónica ]

Desde o aparecimento da Relojoaria Mecânica,

em finais do século XIII, início do século XIV, muitos

autores, nomeadamente de textos religiosos, co-

meçaram a ceder à tentação de comparar o com-

portamento das engrenagens dos medidores do

tempo com o Universo.

Deus foi, então, chamado «supremo relojoei-

ro», «criador» e «guardião da Mecânica Celeste»,

tão perfeita na sua harmonia de esferas. Os corpos

celestes, com os seus ritmos exactos, eram, eles

próprios, inspiradores dessas mesmas engrena-

gens, que os representavam em miniatura, através

de relógios astronómicos.

Na Terra, os reis deveriam governar segundo

as regras do ‘relógio’ de Deus e ser, eles próprios,

‘mestres relojoeiros’ das sociedades que tinham

ao seu cuidado.

Os enciclopedistas, no Século das Luzes,

voltaram a fascinar-se pelo mundo da relojoaria.

Utopia Mecânica é o conjunto de uma série de

artigos onde se aborda essa relação entre Relo-

joaria e Filosofia, que se estendeu, nos séculos XIX

e XX, por exemplo, a anarquistas e comunistas.

O filósofo genebrino Jean-Jacques Rousseau

(1712-1778), no seu insistente desejo de encontrar

um país ideal onde natureza e cultura chegassem

a uma síntese harmoniosa, pensava na Suíça en-

quanto a terra onde existia uma população que

se desenvolvia sem abandonar o contacto com a

natureza – tão caro às ideias rousseanas – e con-

seguia, ao mesmo tempo, um grau muito elevado

de perfeição técnica.

Numa carta ao filósofo francês Jean le Rond

d’Alembert, recorda o que viu nos arredores de

Neuchâtel. Aqui vivia uma população que tinha

o ideal da vida perfeita e que desenvolvia uma

criatividade produtora de inúmeros objectos, que

exportava, inclusivamente para Paris. «Entre ou-

tras coisas, exportam estes pequenos relógios de

madeira que há anos se vêem por aí. Fazem-nos

também de ferro, e produzem relógios de bolso.

Incrivelmente, cada um destes artesãos reúne em

si todos os ofícios em que se divide a relojoaria,

e, inclusivamente, são eles próprios que fabricam

as suas ferramentas». Rousseau admira a ilustra-

ção destes industriosos montanheses que, para o

autor do Contrato Social, constituem exemplares

perfeitos da Humanidade.

O próprio d’Alembert usou, recorrentemente,

a imagem do relógio para exprimir as suas ideias

filo sóficas: «Haverá mais crimes num mundo

onde não exista pena nem recompensa, como ha -

veria mais desacerto num relógio cujas rodas não

tivessem todos os seus dentes»; ou ainda: «Aque-

le que tivesse inventado rodas dentadas e pinhões

teria inventado os relógios num outro século».

Outro filósofo francês, Sébastien Roch Nicolas

de Chamfort, afirmava, pela mesma altura, que

«a felicidade é como os relógios. Os menos com-

plicados são aqueles que se desregulam menos».

Continua na próxima edição

Fernando Correia de Oliveira

* Investigador do Tempo, da Relojoaria e das Mentalidades

Page 25: Espiral do Tempo 26
Page 26: Espiral do Tempo 26

Algumas semanas antes da publicação

do relatório sobre a contrafacção da auto ria da Or-

ganização para a Cooperação e De sen volvimento

Económico (OCDE), e na sequên cia de algumas

inconfidências, a imprensa tinha já anunciado as

conclusões. Foram elas as seguintes: o mercado

internacional de produtos pirateados e contrafeitos

poderá ter atingido os 200 milhares de dólares,

em 2005.

Seria inútil dizer que um tal montante fez

ime diatamente reagir os interessados, segundo

os quais este comércio deve corresponder a

um múltiplo do valor estimado pela OCDE, que

é claramente inferior à realidade. Antes mesmo

da publicação do relatório, a OCDE reviu a sua

versão, e considerou valer a pena estabelecer

que, contando com os produtos contrafeitos ven-

didos no país de produção, o montante glo bal do

tráfego poderá ser mais elevado umas centenas

de milhar de dólares.

À parte esta guerra de números, é interessante

observar que o trabalho da OCDE sobre esta

questão terá durado dois anos, durante os quais

se alargou o âmbito de um projecto afim, que

da tava de 1998.

Há já dez anos, portanto, que a Organização se

preocupa com um assunto que hoje se considera

uma verdadeira epidemia da Era Moderna e cujas

repercussões atingem todas as economias do

Planeta, bem como as respectivas capacidades

de inovação.

Quando a OCDE apela às autoridades públicas

para agirem de maneira firme e concertada para

tentar pôr fim a um comércio que alimenta máfias

por todos os cantos do mundo e, hoje em dia,

até alguns pe quenos grupos terroristas, o pedido

não deve ser levado de ânimo leve.

O comércio da contrafacção é, na verdade,

uma fonte de receitas claramente mais lucrativa

que o tráfico de droga e muito menos perigosa,

considerando as sanções em que os infractores

incorrem e as dificuldades em detectar as fontes

de produção. A evolução desta actividade, nos

últimos anos, demonstra-o claramente.

Então, o que fazer? Para começar, a OCDE

in cen tiva as diferentes organizações a trabalhar

em conjunto na junção de informações e de da-

dos fiáveis sobre este mercado, a partilhar por

todos. É apenas este o preço a pagar para que as

diferentes iniciativas levadas a cabo nesta área

pos sam verdadeiramente atingir o objectivo.

E somos obrigados a constatar que, neste

do mínio, mesmo que a apreensão de objectos

contrafeitos se multiplique nas economias desen-

volvidas, a abrangência da tarefa torna o esforço

inútil.

Neste contexto, a China deve ser claramente

apontada: 86% dos produtos contrafeitos apre-

en didos nas fronteiras da UE, em 2006, eram

provenientes dum país que admite, de má vonta-

de, ter alguns problemas a este respeito.

Apenas com a ajuda dos principais países pro -

dutores de contrafacção, quase todos situados

no Continente Asiático, este combate fará verda-

deiramente sentido. E é um logro considerar que

a recuperação destas economias e o aumento

pro gressivo do nível de vida conduzirão a um

en fraquecimento das fontes de produção. É junto

das populações com um forte poder de compra

que as contrafacções têm um sucesso maior.

www.hautehorlogerie.org

26 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Exclusivo Fondation de la Haute Horlogerie - Christophe Roulet

A OCDE e a contrafacção

O comércio da contrafacção é, na verdade, uma fontede receitas claramente mais lucrativa que o tráfico de droga e muito menos perigosa, considerando as sanções em que

os infractores incorrem e as dificuldades em detectar as fontes de produção.

[ Crónica ]

Page 27: Espiral do Tempo 26
Page 28: Espiral do Tempo 26

28 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

[ Correio do Leitor ]

Moínhos quixotescosTenho uma pequena colecção de relógios de pulso automáticos

(Jaeger-LeCoultre, Girard-Perregaux, Ulysse Nardin, Zenith e Omega).

Para os ter permanente carregados, e já que não os posso ter sempre

em uso, resolvi adquirir uma máquina eléctrica de dar corda, que tem

movimentos rotativos para a frente e para trás, paragens etc. Há dias,

quando visitava o Museu do Relógio em Serpa, recebi com grande es-

tupefacção a informação de que o uso continuado dessas máquinas de

dar corda não é aconselhado e que podem danificar os mecanismos.

Será que é mesmo assim? Ficaria muito grato por um esclarecimento.

Com os meus melhores cumprimentos.

MIGUEL AIRES - VIA EMAIL

A sua questão é interessante e oferece pano para muitas mangas! Rela-

tivamente à corda, há várias linhas de opinião. Há especialistas que

acham que as caixas com motor não são perniciosas para os mecan-

ismos, outros que dizem que não fazem assim tão bem – tal como há

quem diga que não se deve dar corda manual a relógios automáticos

e quem afirme precisamente o contrário. O Mestre Vítor Lopes, profes-

sor da Escola de Relojoaria da Casa Pia, afirma: «Não há problema

absolutamente nenhum. Os moinhos fazem bem ao mecanismo e é

sobretudo interessante para relógios com calendários perpétuos. Ac-

tualmente, um bom moinho tem temporizador e o efeito sobre um reló-

gio automático acaba por ser o de um utilizador que tem o relógio no

pulso durante o dia e que o usa mesmo à noite, na cama». No entanto,

Vítor Lopes refere que «dar corda manualmente, todos os dias, a um

relógio automático é desaconselhável porque força o mecanismo; só se

deve dar um pouco de corda manual quando o relógio está parado de

modo a pô-lo a funcionar e depois colocá-lo no pulso».

Mudança de dataTenho vários relógios mecânicos e, nalguns deles, a mudança da data

é instantânea, enquanto noutros demora algum tempo para mudar.

Existe alguma explicação especial para essa diferença? Estará directa-

mente ligada com a qualidade do relógio?

JORGE PINTO MELO - LISBOA - VIA EMAIL

Em vários casos, a diferença a que se refere está relacionada com

a idade do mecanismo (nos modelos mais antigos, o processo de

mudança de data era mais lento) e também à qualidade do mesmo.

Mas nem sempre. Há relógios com mudança de data instantânea, que

ocorre num piscar de olhos. Há outros que demoram um pouco mais e,

neste caso, a duração da mudança de data é normal se o tempo que

demora for de apenas alguns minutos; se for de mais de uma hora,

pode ser necessário proceder à sua regulação. Há modelos que mudam

a data impreterivelmente à meia-noite; outros com a mudança não

tão sincronizada. Há também modelos assentes em calibres mecânicos

menos recentes em que o processo de mudança de data se ‘arrasta’

lentamente durante quase duas horas – e, nesses casos, a mudança

não é instantânea.

Equação do TempoParabéns pela revista. (...) Tenho uma questão para vos colocar. Afinal de

contas, o que é uma equação do tempo?

Frederico Fernandes

MÁRIO CASTRO - LISBOA - VIA E-MAIL

Um relógio com equação do tempo é um relógio dotado de uma função su-

plementar que indica a diferença, em minutos, entre o tempo convencional

estipulado (tempo oficial) e o tempo solar real. Essa diferença até pode

ultra passar os 30 segundos de um dia para o outro, devido à trajectória

elíptica da órbita terrestre em torno do Sol. Durante quatro vezes por ano,

os dois tempos coincidem, mas no resto do ano podem ir desde menos 16

minutos e 23 segundos até mais 14 minutos e 22 segundos – uma variação

de quase 31 minutos. Um relógio dotado de equação do tempo (como o

mag nífico Jules Audemars Equation du Temps, da Audemars Piguet) é um

exemplar de alta-relojoaria e oferece este cálculo paralelamente à dispo-

sição tradicional do tempo. Os relógios normais não calculam as flutua ções

e dividem matematicamente o tempo em horas, minutos e segundos.

Page 29: Espiral do Tempo 26

29Espiral do Tempo 26 Correio do Leitor

Manual ‘versus’ Automático

Tenho uma dúvida que gostava de ver finalmente resolvida: os meca-

nismos automáticos são melhores do que os mecanismos manuais?

JOÃO PEDRO CAIEIRO - VIA EMAIL

É uma dúvida frequente. Os mecanismos de corda automática são de

invenção posterior ao mecanismos de corda manual e só a partir do

meio do século XX, muito graças à Rolex, é que começaram a ganhar

prestígio no mercado dos relógios de pulso. Os primeiros cronógra-

fos automáticos só surgiram em 1969 (o El Primero e o Chronomatic).

Após um período inicial em que os primeiros mecanismos automáticos

procuravam a fiabilidade exigida, a partir do momento em que pas-

saram a ostentar os mesmos valores de precisão dos modelos de corda

manual, passaram a ser encarados como sendo melhores – devido

à comodidade de se ‘alimentarem’ com os movimentos do pulso do

utilizador, dispensando o ritual diário de dar corda através da coroa.

No entanto, não se pode dizer que os relógios automáticos sejam

melhores do que os manuais; são concepções diferentes. Actualmente,

essa ideia está erradicada. Uma coisa é certa: porque necessitam de

um rotor, os mecanismos automáticos são um pouco mais volumosos

e o facto de terem mais peças faz com que alguns especialistas os

consideram teoricamente mais frágeis do que os calibres manuais. Mas

os relógios desportivos são geralmente automáticos, como que a des-

mentir esta teoria. Entretanto, nos últimos tempos, tem-se assistido

um regresso à ribalta de mecanismos de corda manual graças a reser-

vas de marcha superiores a sete dias (como a mais recente geração

Reverso da Jaeger-LeCoultre). As disparidades no preço entre mecanis-

mos de funções semelhantes não são significativas, mas a maior parte

dos modelos com grandes complicações (logo, os mais caros) até são

dotados de calibres manuais. Para terminar: de corda automática ou

de corda manual, um relógio mecânico será sempre intrinsecamente

melhor do que um relógio de quartzo. Porque um relógio de quartzo dá

as horas... e um relógio mecânico mede o tempo, personificando uma

herança cultural de séculos!

Esclarecimentos ‘Profundos’Em primeiro lugar, felicito o vosso excelente trabalho. Gostaria de deixar

uma questão à rubrica correio do leitor: se possível, gostaria de saber

como funciona e qual a finalidade da válvula de hélio de duas peças que

tenho vocacionadas para mergulho – mais especificamente o Oris TT1 Titan

1000 ft e o Seamaster da Omega. Qual a finalidade deste dispositivo, visto

existirem peças sem este sistema, mas com vocação idêntica, como é o caso

do Rolex Submariner? Gostaria de saber o procedimento correcto para a sua

utilização. Sem mais de momento, o meu muito obrigado,

RUI P. SILVA - CASTELO BRANCO - VIA E-MAIL

A válvula de hélio é um dispositivo habitualmente utilizado em relógios

de mergulho de grande profundidade e destina-se a atenuar os efeitos da

descompressão dentro da caixa do relógio nos casos de subida súbita.

Existem válvulas de hélio que se abrem automaticamente e válvulas

de hélio que se abrem manualmente – mas, habitualmente, tal não é

necessário. No que respeita aos dois relógios mencionados, o respectivo

livro de instruções abordará as particularidades de cada modelo em circun-

stâncias de descompressão. Relativamente ao Rolex Submariner, é verdade

que não dispõe nem precisa de válvula de hélio porque é estanque apenas

até aos 300 metros; já não é o caso do Rolex Seadweller, que é estanque

até aos 1220 metros e foi precisamente o primeiro relógio com uma válvula

de hélio automática para casos de descompressão extrema no regresso de

tão acentuadas profundezas....

Coroa à esquerdaTenho uma dúvida que gostaria de ver esclarecida. Estou interessado num

relógio Breitling que tem os botões do cronógrafo à direita e a coroa à es-

querda. Reparei que existe também um relógio da TAG Heuer com o mesmo

alinhamento. Existe alguma razão especial para essa disposição? É que

ainda ninguém me soube explicar a razão para tão ‘estranho’ visual. É uma

solução estética ou técnica?

PEDRO LEMOS

Os relógios de que fala são o Breitling Navitimer Chrono-Matic e o TAG

Heuer Autavia, duas recentes reedições de modelos criados em 1969 e

que ficaram para a história da relojoaria por estarem equipados com o

revolucionário mecanismo cronográfico automático Chronomatic – também

apelidado de Calibre 11. O próprio Jack Heuer, que viveu intensamente

os tempos pioneiros do cronógrafo automático, recorda que a intenção

de colocar a coroa do lado oposto aos botões foi intencional e não uma

solução inerente à arquitectura do mecanismo: «Optámos por colocar a

coroa à esquerda para que fosse facilmente reconhecível e as pessoas se

apercebessem de imediato que se tratava de um cronógrafo automático».

As reedições actuais do Breitling Navitimer Chrono-Matic (de 2005) e o TAG

Heuer Autavia (2002) não são dotadas do calibre original de 1969 com

microrrotor descentrado; dispõem de um calibre cronográfico normal com

rotor ao centro mas alterado para que a coroa surja à direita da caixa.

Page 30: Espiral do Tempo 26

Sempre na vanguarda da inovação, a Rolex decidiu consolidar a sua presença em Genebra com um novo programa

de construção industrial. Patrick Heiniger, CEO da Rolex, explica que o grupo avançou para este projecto

a fim de «assegurar a autonomia e manter o controlo dos componentes essenciais dos nossos

relógios. Integrámos os nossos fornecedores no grupo e consolidámos as nossas actividades

em Genebra, em três novos edifícios que são um exemplo de alta­tecnologia».

[ I-novação ]

30 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

texto Marta S. Ferreira

O novo programa de construcção industrial reflecte o objectivo primordial da Rolex:

manufacturar produtos de alta qualidade por pes­

soal especializado num ambiente de adequado.

O desafio ficou a cargo da firma de arquitectura

genebrina Brodbeck & Roulet: aumentar os espa­

ços de trabalho no quartel­ge ne ral com os novos

edifícios mantendo uma perfeita harmonia com os

edifícios já existentes.

Pioneira e inovadora, a abordagem arquitec­

tónica baseou­se em cinco aspectos: flexibilidade

e versatilidade; optimização da luz natural; pre­

ferência por fabrico externo; fachadas distintas e

homogeneidade entre edifícios.

O Plan­les­Ouates é um dos novos edifícios

e o espelho do design arquitectónico inovador

em que a Rolex apostou. Agrupa todas as activi­

dades relacionadas com o desenvolvimento, a ma­

nu factura e o controlo de qualidade de caixas e

braceletes, e junta todos os actores envolvidos sob

o mesmo tecto.

O edifício, inteiramente coberto por uma

fachada de vidro Parsol, é composto por três alas

de 131,5 metros de comprimento, 30 metros de

largura e 31 metros de altura. Estas alas estão

ligadas por um corredor circular que funciona

como um eixo central, com elevadores para o

pes soal, elevadores de serviço e escadas, que,

por sua vez, servem também de ligação entre os

11 andares. Estes 11 andares estão, por sua vez,

subdivididos em seis andares de produção e cinco

andares subterrâneos. No topo da ala central, um

restaurante circular panorâmico oferece uma vista

espectacular da região.

O edifício é equipado com um sistema de ar­

ma zenamento automático, localizado nos pisos

subterrâneos, com corredores compostos por filas

de prateleiras com 12 metros de altura. Cada um

dos corredores é servido por um transportador

automático, controlado por um sistema computo­

rizado de alta performance. Este serviço aumenta a

eficácia e representa uma redução significativa no

tempo de circulação de materiais e componentes.

Tal como os outros edifícios do grupo, o com ­

plexo em Plan­les­Ouates oferece condições de

trabalho excepcionais. A gestão inovadora de es ­

pa ço como os restaurantes e as áreas de lazer

são factores que reforçam a cultura de grupo.

Os telhados foram transformados em jardins

que oferecem aos trabalhadores uma vasta gama

de sensações visuais e tácteis. ET

Page 31: Espiral do Tempo 26

31I-novação Rolex

“Estes edifícios impressionantes fortalecema nossa presença em Genebra e na Suíça, e fazem parte de uma visão

ambiciosa a longo prazo: fortalecer a nível mundial e internacional

o estatuto da marca.”

Patrick Heiniger

O novo programa de construção in­

dustrial da Rolex é composto por três

novos edifícios no quartel­general de

Genebra, que são um exemplo de

alta­tecnologia.

Os telhados transformados em jardins

e a fachada em vidro, que permite

a optimização da luz natural, são

exemplos do empenho da Rolex em

oferecer as melhores condições de

tra balho aos seus funcionários.

Page 32: Espiral do Tempo 26

[ Breves ]

32 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Chronofighter Oversize CommanderO novo comandante da Graham

Com dimensão imponente e alavanca ultrafuncional,

que o torna facilmente reconhecível como uma das

‘granadas’ da Graham, o Chronofighter Oversize Com-

mander emana um fighting spirit tipicamente britâni-

co. Com 46 milímetros, apresenta uma caixa feita de

uma liga de titânio quase puro, chamada ‘Alpaha’,

mais resistente aos agentes corrosivos, e uma luneta

em fibra de carbono forjada a quente. O movimento

é conduzido pelo excepcional calibre G1732. Uma

só bria bracelete em cauchu preto com a assinatura

Graham vem reforçar o design profissional.

Preço: € 6.990

Master World GeographicTodas as horas do mundo

Mais uma vez, a Jaeger-LeCoultre conseguiu distinguir-se

num dos seus domínios preferidos: os fusos horários.

Da co lecção Master Control, o Master World Geogra phic

é o resultado do programa de investigação da marca e

permi te ver simultaneamente as horas locais e as de out-

ro qual quer ponto do mundo, graças ao seu mostrador

fora de série. O utilizador precisa ape nas de consultar

o anel do mostrador que, à semelhan ça da rotação da

Terra à volta do Sol, está em constante rotação. Inclui

horas universais e em 24 cidades, com opção de Verão e

Inverno e segundo fuso horário directo à escolha do uti li-

zador. Preço: € 9.950

Porsche DesignAcessórios para o homem do século XXI

A Porsche Design, sabe que a aposta no look dos

homens é uma aposta ganha. Os acessórios da

Porsche Design não são ape nas decorativos: são

fun cionais. Linhas puras e modernas com os va-

lores tradicionais: inovação técnica e autentici-

dade. Desde botões de punho a porta-chaves,

a Porsche Design tem os acessórios de que o

homem do século XXI precisa para se apresen-

tar sempre no seu melhor.

Preço: a partir de € 195

SIHH 2008 e 2009 já tem datasJá está marcado o próximo SIHH (Salão Inter-

nacional da Alta Relojoaria): vai realizar-se

de 7 a 12 de Abril de 2008, em cooperação

com o Baselworld. O número de marcas a

ex por as suas peças vai manter-se inalterado

(16 marcas), apesar dos diversos pedidos de

outras empresas relojoeiras. A organização

do evento argumentou questões de espaço

para recusar os pedidos. Em 2009, o evento

vai decorrer ainda no Inverno: de 19 a 24

de Janeiro.

Franck Muller investe 30 milhões no JuraFranck Muller vai criar um novo pólo de

fabrico de relógios na região do Jura. 160

empregos serão criados no sector de estam-

pagem do relojoeiro genebrino. Ambas as

partes já confirmaram a assinatura de um

contrato de aquisição definitiva de um imen-

so terreno em Les Bois, no Jura suíço. A ope-

ra ção, mediatizada desde há vários meses

e atrasada por diversos motivos, foi final-

mente oficializada no dia 9 de Julho. Trinta

milhões de francos serão investidos no pro-

jecto no período de três anos, 80 empregos

serão criados numa primeira fase e outros 80

numa segunda fase. O grupo Franck Muller

procedeu assim à aquisição de um terreno

de 23.000 m2.

Alta-relojaria em RomaA alta-relojoaria vai mostrar as suas peças

mais antigas e também as suas novidades

numa exposição em Roma, no Palazzo Incon-

tro, de 1 a 6 de Outubro. Pela primeira vez,

a Fundação da Alta-Relojoaria (Fondation de

la Haute Horlogerie - FHH), em colaboração

coma autarquia de Roma e a revista AD (Ar-

chitectural Digest), organiza uma exposição

de alta-relojoaria em Roma, com peças das

marcas mais influentes do sector.

“Somos uma empresa britânica no espírito, e suíça

na qualidade””

Max ImgrüthResponsável pelo Marketing e Vendas

da The British Masters

Page 33: Espiral do Tempo 26

Datograph da A. Lange & SöhneUm relógio extraordinário «Made in Germany»

O Datograph Flyback da A. Lange & Söhne destaca-se

de entre todos os outros cronógrafos, mantendo um

look clássico. De corda manual com flyback, jump-

ing minute counter e data panorâmica, o Datograph

pode cronometrar eventos até 30 minutos com uma

margem de erro de, no máximo, um quinto de segun-

do. A função flyback permite que o cronógrafo volte

instantaneamente ao zero durante uma contagem

em processamento, bastando para tal pressionar o

botão na caixa. Assim que se pára de pressionar, um

novo ciclo de tempo começa. Esta função elimina a

necessidade de parar uma contagem e fazer reset

antes de começar uma nova contagem.

Preço sob consulta.

François-Paul JourneOcta Automatique Reserve

Seis anos após a sua criação, a linha Octa apresenta um novo rosto alimentado por um novo calibre. O Octa

Automatique Reserve oferece um sistema de corda automática desenhado especialmente para pessoas com

pouca mobilidade. François-Paul Journe apercebeu-se de que o antigo calibre Octa nunca estava totalmente

carregado quando usado por pessoas que passam grande parte do dia ao computador ou atrás de uma

secretária, e desenhou o Octa Automatique Reserve especialmente para eles. O relógio mantém as directrizes

estéticas da etiqueta F.P. Journe, mas apresenta os ponteiros principais (horas e minutos) num eixo central e

não excêntrico como nos primeiros modelos da colecção. O Automatique Reserve possui um rotor inovador que

gira num único sentido e um calendário de salto instantâneo com data panorâmica. Com reserva de corda de

160 horas, tem caixa de 30,80 milímetros em platina e bracelete em pele de jacaré. Preço: € 28.260

33Espiral do Tempo 26 Breves

Jaeger-LeCoultreRevero Squadra Augusta

O 75º aniversário do Reverso inspirou a Jaeger-LeCoultre a dotar o seu emblemático modelo reversível de

uma nova versão de geometria mais quadrada e look mais contemporâneo. Nasceu então a colecção Re-

verso Squadra, da qual faz parte o Reverso Squadra Augusta, que está disponível numa série limitada de

32 exemplares, personalizada com a gravação do Arco da Rua Augusta e indicação de série limitada. Este

modelo, que celebra o restauro do relógio do Arco da Rua Augusta (patrocinado pela Jaeger-LeCoultre,

em parceria com a Torres Distribuição), vem equipado com movimento mecânico de corda automática JLC

977, e possui as funções de horas, minutos, segundos, data, indicação a.m. / p.m. e segundo fuso horário.

Combina uma caixa em ouro rosa de 18 k, vidro em safira, estanque a 50 metros e coroa em PVD preto,

com uma bracelete em pele de jacaré e fecho de báscula. Preço: € 14.900

“A Manufactura orgulha-se do seu envolvimento na recuperação

do património relojoeiro português

através do restauro do relógio

do Arco da Rua Augusta.”

Jérôme LambertCEO Jaeger-LeCoultre

Page 34: Espiral do Tempo 26

[ Breves ]

Royal Oak AutomaticA excelência da simplicidade

Uma prova de que não são necessárias funções varia-

das para se atingir a excelência na alta-relojoaria é o

Royal Oak Automatic. Possui apenas horas, minutos,

segundos e data, e é uma das peças mais apreciadas

pelos amantes da relojoaria. Decorado com o habitual

padrão ‘Grande Tapisserie’ possui um rotor personaliza-

do em ouro de 21 quilates, decorado à mão com os

bra sões das famílias Audemars e Piguet. A bracelete in-

tegrada envolve qualquer pulso com perfeição. No seu

coração está o calibre de corda automática AP 3120.

Preço: € 9.820

Porsche Design PTC Blue Edition 2007Edição limitada em tons de azul

Poucas marcas conseguem misturar tecnolo gia e desem-

penho como a Porsche Design. Exemplo disso é a série

limitada de 917 exem pla res do PTC Blue Edition 2007.

A caixa de 42 milímetros é de ti tâ nio, com vidro e fundo

em safira, e o movimento é conduzido pelo calibre ETA

2894-2, através do tradicional rotor Porsche Design espe-

cialmente decorado com o azul desta edição limitada. Tam-

bém as costuras da correia e a escala ta quimétrica são de

um azul forte que marca o contras te. O PTC Blue Edition

vem num estojo personalizado, que traz botões de punho

e um porta-chaves desenhados especialmente para esta

série limitada. Preço: € 5.300

“O que nos distingue é o nosso estado de espírito: a nossa

vontade de sermos sempre

inovadores e demonstrar isso

mesmo através das peças

que executamos.”

Georges-Henri MeylanCEO da Audemars Piguet

Master Date de Franck MullerCom mostradores de inegável beleza, com indicações a ver-

melho que ressaltam em contraste com o fundo, o Master

Date, concebido pelas mãos do “Mestre das Complicações”,

destaca-se pelo extraordinário calendário triplo apresentado

sob três formas distintas: digital para a data, que surge numa

janela panorâmica às 12 horas; retrógrado para o dia da se-

mana, com o ponteiro que salta para trás após chegar ao

Do mingo; e analógico para o mês, num submostrador às 6

horas, que é partilhado com os pequenos segundos. Disponí-

vel em ouro rosa, com mostrador branco, e em ouro branco,

com mos trador branco, preto ou azul. Preço: € 27.310

Page 35: Espiral do Tempo 26
Page 36: Espiral do Tempo 26

Lady Royal Oak Offshore ChronoA fusão entre borracha e diamantes

A colecção Lady Royal Oak Offshore continua a ex-

plorar os extremos: com um tamanho distinto, prova

como dois elementos tão diferentes como a borra cha

(cauchu) e os diamantes podem combinar na per-

fei ção. A colecção foi enriquecida com duas novas

cores, branco e ameixa, associadas com a famosa

cai xa em ouro rosa ou aço, onde se destaca a luneta

octogonal decorada com 32 brilhantes de 1,25k. O

modelo é completado por uma bracelete em cauchu

com a mesma cor da luneta, com fecho de báscula

em ouro cor-de-rosa 18 k ou aço polido.

Preço: € 17.980

Chopard Happy DiamondsConjunto de luxo

Presença habitual em grandes eventos, a Chopard

sabe ornamentar uma mulher e destacá-la de todas

as outras como ninguém. A nova colecção Happy

Dia monds mostra como a marca consegue manter a

elegância das jóias, conferindo-lhes um toque de mo-

dernidade. É composta por um pendente e um anel em

ouro bran co de 18k, constituídos por um entrelaçado

de três círculos polidos, com um design inovador.

O círculo central alberga um diamante móvel. Com

esta colecção, fica a promessa de brilhar em qualquer

festa. Preço: sob consulta.

Dashboard P’6612 PGCO prestígio Porsche no pulso

Da precisão do cronógrafo mecânico de corda auto má tica

ao extraordinário design desportivo e, ao mesmo tempo,

elegante, o Dashboard P’6612 PGC é a escolha ideal para

os homens que sabem aliar o profissionalismo ao gos-

to pela aventura. O rotor em forma de jante deixa bem

claro que este modelo é mais um exemplo de excelência

da Porsche Design. Com caixa em ouro rosa de 18 k, vidro

e fundo em safira, estanque a 100 metros, tem bracelete

em cauchu com fecho de báscula. Preço: € 9.690

Antiquorum perde fundadorA célebre casa de leilões Antiquorum, número

um a nível mundial no que toca a relógios de

colecção e que pertence ao grupo japonês

Artists House Holdings, perdeu um dos seus

mais caristáticos e célebres fundadores, Os-

valdo Patrizzi. De acordo com o diário suíço

‘Le Temps’, o co-fundador abandonou a

casa de leilões devido a «divergências es-

tratégicas muito sérias entre os accionistas

da Antiquorum».

PPR “de olho” na BulgariNuma recente entrevista ao semanário Paris-

-Match, François-Henri Pinault, proprietário

do grupo PPR, deu a entender que está in-

teressado no sector da bijuteria-joalharia, e

nomeadamente na marca Bulgari. Pinault fa-

la va do seu interesse pelo sector das jóias e

referiu: «Porque não a Bulgari?». Recorde-se

que, de momento, o grupo possui apenas as

marcas Boucheron et Bedat & Co. No entan-

to, a PPR detém ainda marcas como Gucci,

Yves Saint-Laurent e Stella McCartney.

Vendas da Richmont em franco crescimentoO poderoso grupo suíço de artigos de luxo,

Richemont, facturou 1,26 mil milhões de eu-

ros no primeiro trimestre do exercício (de

Abril a Junho), o que representa uma subida

de 9% em relação ao mesmo período do ano

anterior. Nos três primeiros meses do exercí-

cio 2007-2008, a divisão de relojoaria foi a

que registou o maior crescimento, já que a

sua facturação subiu 18%, para 367 milhões

de euros. Por regiões geográficas, a factura-

ção da Richemont registou um crescimento

na Ásia-Pacífico, com um aumen to de 20%,

seguida da Europa, com uma alta de 13%, e

das Américas, com um avanço de 3%.

“No domínio da relojoaria e da joalharia, somos a única empresa

familiar - e de certa dimensão -

a reunir todas as fases de fabrico

debaixo do mesmo tecto.”

Karl-Friedrich ScheufeleCEO da Chopard

[ Breves ]

36 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 37: Espiral do Tempo 26

Chopard L.U.C.Quando menos é mais

Less is More – Menos é mais. Este lema é ilustrado

pelo design contemporâneo da L.U.C. da Chopard.

As linhas depuradas da caixa em ouro rosa de 39,50

milímetros, com vidro em safira anti-reflexo, e a so-

briedade do quadrante e dos ponteiros exprimem na

perfeição este conceito. Com um movimento L.U.C.

96HM de corda automática, garante uma reserva de

corda superior a 65 horas. O mostrador de design

sóbrio apresenta numeração árabe nos quatro qua-

drantes. A bracelete é em pele de crocodilo e está

disponível em castanho e preto, com costuras da

mes ma cor, e o fecho em ouro gravado com o nome

da marca. Preço: € 6.500

Glashütte Senator MeissenElegância clássica para o homem moderno

Aliar a elegância clássica de um relógio para homem

ao mais esmerado trabalho manual só pode resultar

num modelo Glashütte. O Senator Meissen adopta o

estilo clássico na sua forma mais pura e minimalista.

Os finos ponteiros que apontam as horas e os mi-

nu tos deslizam pelo fundo de porcelana Meissen. A

numeração romana é pintada à mão. Também os fa-

mosos logos da Glashütte e Meissen são inscritos

ma nualmente. O Senator Meissen é alimentado pelo

calibre 100-10, que é visível através da parte de trás

da caixa, de ouro rosa de 18 k, em vidro de safira. O

movimento automático deste modelo é o mais fino

de toda a colecção. Preço: € 15.200

Patek Philippe CalatravaUm sinónimo de elegância

O Calatrava é um dos mais emblemáticos modelos da Patek Philippe. Os

relojoeiros da manufactura conseguiram, com subtileza, evoluir do eterno

clássico, ao criar uma versão ligeiramente ampliada (36 milímetros em vez

de 33,5) que sublinha a sua silhueta ultrafina e o requinte do seu design.

A caixa é em ouro de 18 k, com detalhes requintados como o acabamento

acetinado. A fina numeração romana a negro contrasta com o fundo em puro

branco, A elegância do relógio, movido pelo calibre 215 PS de corda manual,

é finalizada por uma bracelete negra em pele de crocodilo.

Preço sob consulta.

La Doña de CartierMedo de répteis?

Um relógio único inspirado em Maria Félix, La Doña

de Cartier surpreende mais uma vez: forma e estilo

numa sensualidade palpável que envolve o pulso

numa original bracelete em aço com o padrão da

pele de crocodilo. O mostrador de forma trapezoidal,

a curva do vidro, os contornos aguçados e o design

marcante invocam o crocodilo, o réptil ‘fetiche’ de

Maria Félix, a actriz mexicana grande amiga da casa

Cartier. A juntar-se aos tons extremos e fervorosos

dos modelos já existentes na colecção, surge o novo

modelo em ouro branco, que mantém a sua original

relação com a bracelete. Preço: sob consulta.

Page 38: Espiral do Tempo 26

[ Breves ]

35 das principais marcas de relógios doam para a caridadeA casa de leilões Antiquorum, juntamente

com o patrono Príncipe Alberto do Mónaco,

realizou o «Only Watch 2007», onde 35 das

principais marcas relojoeiras doaram um

relógio único ou o primeiro de uma sé rie,

para serem vendidos no Mónaco Yacht Show

no final de Setembro, em prol das pesquisas

sobre a Distrofia Muscular de Duchenne. Esta

foi a segunda vez que este evento de cari-

dade se realizou.

Andar com o Titanic no pulsoO joalheiro suíço Romain Jerome está a fabri-

car uma colecção de relógios para assinalar

o 100º aniversário do naufrágio do Titanic,

que se celebra em 2012. A colecção vai ser

feita, em parte, com metal do navio naufra-

gado. Os relógios vão ser vendidos com o

nome Titanic-DNA, numa série limitada de

2012 peças, e vão variar entre os cerca de

6600 euros e os 110 mil euros. Estarão dis-

poníveis em modelos de aço, prata e ouro

com diamantes.

TAG Heuer no grande ecrã Matt Damon regressa aos ecrãs das salas de

cinema como Jason Bourne, no mais recente

êxito mundial de bilheteiras “The Bourne Ul-

ti matum”. No mundo de incertezas, em que

o agente continua a perseguir o seu pas-

sado, a única constante é a confiança que

Bourne deposita no seu TAG Heuer Link

Chronograph, que ostenta no pulso desde o

primeiro filme desta odisseia. Além da perí-

cia única na mediação de tempo, o design

sofisticado do TAG Heuer Link Chronograph e

a sua robustez fazem dele o parceiro ideal.

Uma importante conquista da TAG Heuer na

sua estratégia de product placement.

“A Montblanc não pode ser apenas a marca de referência em termos

de instrumentos de escrita, queremos

tornar-nos numa marca de artigos

de luxo, na qual, obviamente, queremos

integrar os nossos relógios.”

Jean-Marc PontrouéDirector-geral da Montblanc Watches

Montblanc firma-se na relojoariaHoras marcadas a ouro rosa

Na busca de afirmação na relojoaria, a Montblanc apre sen tou

na SIHH 2007 diversas novidades. Nas colec ções masculinas,

o grande destaque foi para os novos modelos Time Walker.

Desta colecção, dis tingue-se o TimeWalker Chro no graph

Automa tic, um mode lo que conjuga a fun cionalidade com

um design do sé culo XXI. Este relógio tem caixa de 43 mm

em aço, movimen to automático com função de cronógrafo,

vidro e fundo em safira, e bracelete em pele de croco dilo.

A grande novidade do novo TimeWalker Chronograph Au-

tomatic são os números e ponteiros plaqueados a ouro

rosa. Preço: € 2.835

Fortis homenageia pilotos da TAPB-42 TAP Pilot Chronograph Alarm

Depois do sucesso na sua comercialização junto dos pilo-

tos da TAP Portugal, está agora disponível para o público

em ge ral o mais pujante modelo da Fortis. A marca suíça,

asso cia da à indústria aeroespacial russa, apresenta um

cronógra fo em ti tânio, com alarme, assente no mecanismo pa-

ten teado F2001. O mostrador é personalizado com as “asas

de piloto” às 6 horas e cada peça é numerada e entregue

num estojo rotativo gravado com os vários logótipos da TAP

ao longo dos anos. Preço: € 6.760

Sector Dive MasterDesafie os seus limites

Indicado para os audaciosos, o novo modelo da Sec-

tor tem caixa em aço, vidro em cristal mineral, lu-

neta giratória unidireccional, coroa e botões de ros-

ca, estanque até 100 metros. Tem como funções a

de cronógrafo analógico/digital, a função add-time,

split-time, data, função regata, calendário, alarme,

luz de fundo, profundímetro e termómetro. A brace-

lete é em cauchu impermeável. E se o comprar até

31 de Outubro, receberá um voucher no valor de 50

euros, que poderá usar em qualquer uma das ex-

pe riências da A Vida é Bela (www.avidaebela.com).

Preço: € 435

38 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 39: Espiral do Tempo 26
Page 40: Espiral do Tempo 26

[ Breves ]

Cleópatra da VersaceO mistério das pirâmides no pulso

A Versace foi buscar inspiração às pirâmides do Egipto para criar

a sua nova colecção de jóias e relógios. Para a linha Cleopatra,

a marca invocou a perfeição geométrica utilizada pelos antigos

egípcios, trazendo os mistérios e a precisão das pirâmides para

sua colecção de anéis, brincos, braceletes e relógios. Com um

design clássico, no relógio Cleopatra o plaqué ganha outra di-

mensão com o contraste das pirâmides em cerâmica branca que

adornam toda a bracelete. Preço: € 1.100

O pecado de Roberto CavalliA sensualidade do Eva Snake

Ousadia. Irreverência. A Roberto Cavalli sempre se

destacou pelo prazer de ousar e fazer-se notar pelo

estilo e originalidade. A mais recente colecção de

relógios da marca – Eva Snake – destina-se à mu-

lher sofisticada mas provocante. Mais uma vez, em

destaque está a cobra, um dos animais “fetiche” da

marca. Todo o relógio é o corpo de uma cobra, que

enlaça o pulso com uma sensualidade demarcada a

pedras e brilhantes. O mostrador ocupa o topo da

cabeça do animal. Disponível em aço e plaqué, é

enfeitado por esmalte e pedras. Preço: € 450

Chance of Love by MauboussinTalismã do amor

A colecção Chance of Love, da Mauboussin, é como

uma afirmação de um sentimento. Uma declaração

de amor. Uma colecção composta por jóias com um

toque romântico, tendo como elemento central um

trevo de quatro folhas, que poderá ser interpretado

como um talismã que trará à sua portadora sorte

no amor. Pendentes e anéis disponíveis em ouro

branco, rosa e amarelo, salpicados com diamantes

de variados carates.

Anéis Chance of Love a partir de: € 645

Pendentes a partir de: € 795

Just Cavalli ZebraA beleza da savana africana

As jóias da Just Cavalli destacam-se por serem cheias

de personalidade, respeitando os traços distintivos

da casa: criatividade, cor e fantasia. A colecção Just

Cavalli Zebra não é excepção: pendentes, anéis, co-

lares e pulseiras exibem listas da zebra de senha das

a esmalte que contrastam com o dourado do plaqué.

Jóias para as mulheres que gostam de ousar sem

abrir mão da elegância.

Pendente: € 88

Pulseira: € 175

Brincos: € 98

“Há trinta anos uma mulher usava uma jóia como forma de se igualar ao homem, hoje

em dia, a mulher escolhe uma jóia como testemunho

das suas emoções diárias.»

Alain NemarqDirector-geral da Mauboussin

40 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 41: Espiral do Tempo 26

Chopard Happy Sport Mark II ChronoRobustez e feminilidade

Desde que foi lançado em 1993, o modelo Happy

Sport tem sido um vencedor nato. Apesar das suas

linhas avant-garde, este relógio elaborado continua-

va a ser uma peça de joalharia. A caixa de ouro rosa

de 18 k alberga cinco diamantes que se vão moven do

ao longo do mostrador. A bracelete, num rosa vivo,

é em pele de crocodilo. A luneta é rotativa e a coroa

está decorada com uma safira com corte de diaman-

te. O cronógrafo de quartzo, que garante precisão, é

a escolha certa para quem quer um modelo robusto,

mas feminino no pulso. Preço sob consulta.

CartierA reinterpretação de um símbolo religioso

Muitas cruzes foram desenvolvidas durante a história

da Cartier: as cruzes Gregas, as cruzes latinas, as

cru zes espanholas de Calatrava (com flores de Lis

nas pontas) e cruzes ortodoxas. Em 1935, a marca

criou para a Duquesa de Windsor uma bracelete com

diamantes e nove cruzes gravadas que simbolizavam

os momentos mais importantes da sua vida. Agora,

em 2007, a Cartier traz um novo significado a este

símbolo histórico através de vários modelos de ouro

amarelo, ouro branco, diamantes e pedras de cor.

Preço sob consulta.

Divine da VersaceDignas de uma Diva

A colecção Divine da Versace é composta por um par

de brincos de pendente, um fio e um anel. Comum

a todas as peças é o elemento central: o “V” de

Versace, que surge num encadear de ouro compacto

com ouro cravado a diamantes. O estilo clássico da

marca mantém-se presente no ouro e nos diamantes,

mas é actualizado para se enquadrar no século XXI

através do design revolucionário da letra da marca.

Disponível em ouro branco e amarelo.

Anel: € 645

Pendente: € 795

Just Cavalli abre loja em Nova IorqueO timing foi perfeito: durante a NY Fashion

Week Spring 2008 que a Just Cavalli inau-

gurou uma nova loja em Nova Iorque. Locali-

zada na 5ª Avenida, no 665, entre as ruas 52

e 53, a nova loja da Just Cavalli vai oferecer

uma colecção mais direccionada aos jovens

e com preços mais acessíveis do que os da

boutique Roberto Cavalli, da Madison Ave-

nue, em Nova Iorque, e das lojas de Roma,

Paris, Milão, Veneza, Moscovo, Lon dres, Ge-

ne bra e Valência.

Gulbenkian expõe preciosidadesO Museu Calouste Gulbenkian expõe na Por-

tojóia – 18.ª Feira Internacional de Joalharia,

Ourivesaria e Relojoaria - uma colecção de

peças de joalharia criadas por Cartier, René

Lalique e Van Cleef & Arpels, que fazem parte

do espólio da instituição. Da Cartier será

exi bidos um par de pendentes piriformes

(em platina, ouro, diamantes de talhe an-

tigo e rosa), de 1905-1907; de René Lalique

o alfinete «Oferenda» (trabalhado em ouro,

es maltes, marfim e diamantes), datado de

1900-1901, e a placa de gargantilha «Águias

em ramos de amoreira» (de ouro vido, es-

malte e águas-marinhas), com a data de

1902-1903; e de Van Cleef & Arpels estará

em evidência uma pulseira de ouro, platina,

rubis e pedras-de-lua, de 1938.

John Galliano aventura-se no mundo dos relógiosA Mrellato & Sector assinou um acordo ex-

clusivo com a Les Jardins d’Avron S.A. para

produzir e distribuir por todo o mundo uma

linha de relógios swiss-made com assinatura

de John Galliano. O estilista vai ser responsá-

vel por todas as decisões criativas e de de-

sign. O primeira apresentação de um relógio

com a assinatura John Galliano vai acontecer

na BaselWorld de 2008.

“Estamos concentrados no que sabemos fazer melhor. Não iremos

fazer nada que esteja fora do nosso

ADN apenas com o propósito

de aumentar as vendas.”

Bernard FornasCEO da Cartier

41Espiral do Tempo 26 Breves

Page 42: Espiral do Tempo 26

[ Breves ]

“Criei com a TAG Heuer o relógio dos meus sonhos,

o primeiro que posso

usar quando jogo.”

Tiger Woods

Raymond Weil SportO equilíbrio entre estilo e técnica

Viver a vida à máxima velocidade é o lema da colecção Ray-

mond Weil Sport. Os modelos da colecção desportiva possuem

uma caixa redonda em aço, de um diâmetro generoso de 42

milímetros e 12 milímetros de espessura, com vidro em safira

e estanque a 200 metros. Esta nova colecção está disponível

com mostrador negro onde o contrate é feito pela numeração

brilhante e com mostrador onde o vermelho e o negro contras-

tam de forma marcante. A bracelete é em borracha vulcanizada

com fecho de báscula. Preço: a partir de € 990

TAG Heuer Professional Golf WatchForma e função

Fruto da estreita colaboração entre a TAG Heuer e o

campeão de golfe Tiger Woods este é o primeiro relógio

especialmente concebido para satisfazer as exigências

dos golfistas no que respeita a ergonomia e resistência.

Graças à utilização combinada do titânio e do aço, tem

um peso inferior a 53 gramas, permite não alterar a pre-

cisão do swing ou putting. O acerto preciso do compri-

mento da bracelete em elastómero extensível sem fecho

proporciona uma perfeita adaptação do relógio ao pulso

e a sua elasticidade permite-lhe moldar-se às variações

de diâmetro do pulso durante o esforço de um swing. A

configuração da coroa nas 9 horas permite-lhe, ainda, não

magoar o pulso durante o movimento. Preço: € 1.180

42 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 43: Espiral do Tempo 26
Page 44: Espiral do Tempo 26
Page 45: Espiral do Tempo 26

ReportagemTourbillon Souverain [52]

EntrevistaFrançois-Paul Journe [46]

ReportagemRolex Yacht Master II [68]

ReportagemExtreme LAB [62]

ReportagemMostradores Franck Muller [56]

ReportagemRaymond Weil - Nabucco [76]

ReportagemFilipe Lima [72]

45Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 46: Espiral do Tempo 26

Espiral do Tempo: O François é conhecido como um pro-

vocador, porque fala com toda a franqueza. Há muito

tempo, durante a adolescência, a franqueza valeu-lhe

a expulsão da escola de relojoaria de Marselha, cidade

onde nasceu, em 1957. Acha que todas as verdades

são para dizer?

François-Paul Journe: Quando eu era pequeno, fui sobretudo posto de parte. Quanto à verdade, Montherlant dizia que aquele que diz a verdade é como uma criança que faz xixi na cama!

ET: O director da escola de relojoaria de Marselha disse-

lhe, quando o expulsou, que nunca haveria de ser um

bom relojoeiro.

FPJ: Não exactamente. Quando, na altura, o direc-tor da escola de relojoaria de Marselha chamou a minha mãe, pediu-lhe que me orientasse noutra direcção.

ET: Mas insistiu e entrou na escola de relojoaria de Pa-

ris, em 1975. Porquê?

FPJ: Eu na verdade não tinha escolha. Não podia se não ir para Paris, depois da minha expulsão de Marselha. Acabei por não conseguir que me expulsassem também de Paris.

Felizmente, o director, de origem córsica, era um amigo da família e adorava ser presen- teado com garrafas de vinho! Senti-me demasia-do longe de casa. Mas como todos me tomavam por um inútil, resolvi provar que se enganavam. Tive portanto a melhor nota da turma, no último ano do curso.

ET: Foi talvez a vontade de se vingar daqueles que nun-

ca acreditaram em si?

FPJ: Foi um pouco por orgulho: se posso, quero e se quero, posso.

ET: Seguem-se oito anos de aparente tranquilidade, em

Paris, onde aprende, como outros grandes relojoeiros

da sua geração, a reparar peças antigas no ateliê do

seu tio Michel. Considera esta passagem um momento

de formação obrigatório para um relojoeiro?

FPJ: O restauro ou o conhecimento. Ninguém imagina um músico, que pretenda criar música, a não querer ouvir Mozart ou Beethoven. Se al-guém se interessa por um determinado assunto, põe-se à procura das origens, das fontes. É ver-dade que, actualmente, na Suíça, já não se ensina a história relojoeira, mas a indústria ou a cultura empresarial.

ET: Por história, entende....

FPJ: Se me mostrar um relógio do século XVII, posso dizer-lhe se é alemão, francês, posso falar--lhe da tecnologia que tem... Se lhe faltar uma

46 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

[ Entrevista ]

entrevista Hubert de Haro | fotos Nuno Correia | Genebra, Suíça

Agradecimentos a Natalia Signorini, Assessora de Imprensa Montres Journe S.A.

A franqueza com que fala teria sido suficiente para atrair os raios e coriscos dos bem­pensantes da relojoaria helvética.

Mas ele é também um dos mais talentosos jovens criadores de uma geração já de si extraordinária.

Retrospectiva sobre a personalidade de François­Paul Journe, para quem a relojoaria,

a independência e a provocação são notas dominantes numa carreira já marcada

pelos maiores prémios internacionais.

Page 47: Espiral do Tempo 26

47Entrevista François-Paul Journe

Page 48: Espiral do Tempo 26

48 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

“Uma verdadeira complicaçãoé inventar uma peça que possa substituir três.”

François-Paul Journe

O primeiro relógio construído por François­Paul Journe em 1982 e os primeiros esboços para

a colecção Octa, do início dos anos noventa. Estes esboços foram feitos numa tolha de papel

de um restaurante e guardados pelo mestre relojoeiro.

No Verão de 2005, em entrevista à Espiral do Tempo, François­Paul Journe falou­nos dos seus

projectos e ambições. Volvidos 2 anos assistimos ao crescimento e ao reconhecimento cada

vez maior do relojoeiro genovês. O projecto FP Journe está sólido, bem dirigido e para durar.

Page 49: Espiral do Tempo 26

peça, posso fazer uma igual, porque lhe conheço a forma, bem como a posição que ocupa.

No restauro, é também interessante com-preender as sínteses que alguns relojoeiros con-seguiram fazer. Quando decido produzir um novo calibre, a verdadeira complicação é inventar uma peça que possa substituir três.

ET: Um dos seus amigos sugeriu-lhe, em 1982, que

criasse o seu próprio turbilhão, uma complicação relo-

joeira que mais tarde se viria a tornar no seu primeiro

cartão de visita. Admitiu, na altura, que não domina-

va esta peça, mas lançou-se à aventura. Foi assim que

apareceu o seu primeiro relógio, cinco anos mais tarde.

Tinha vontade de se vingar de todos os que duvidavam

das suas capacidades?

FPJ: Não exactamente. Quando já estava a tra-balhar com o meu tio, em 1978, tínhamos um cliente – Cecil Clutton – que aparecia frequente-mente com relógios incríveis. Era um verdadeiro intelectual, coleccionava relógios e Bugatti, e ainda ia tocar órgão a Notre Dame. Além disto, eu vivia num mundo de antiquário onde os reló-gios de bolso turbilhão eram raros. Como estes relógios eram muito caros e eu sabia que não os podia comprar, decidi pôr-me a fazer um.

Mas é verdade que eu não fazia a mínima ideia de como funcionava um turbilhão. Pus-me portanto a estudar, a deduzir desenhos... Levei cinco anos a fazer o meu turbilhão num relógio de bolso.

Entretanto, alguns coleccionadores co-meçaram a pedir-me um relógio. Terminei em 1982 o turbilhão que ainda hoje conservo.

Trabalhava no ateliê do meu tio de segunda a quarta-feira e, de quinta a sábado, trabalhava para mim.

ET: De onde vem a ideia da corda de igualdade?

FPJ: O primeiro a utilizar este princípio foi Jopst Burgi, no século XVI. Ele criou um relógio de sala de corda, com três meses de reserva de mar-cha. Com as molas, não chegava a ter uma força constante durante três meses, daí o princípio da corda de igualdade, que permite regular esta força. Depois, no século XVIII, outros relojoeiros, como Robin, aplicaram este princípio em peque-nos relógios de molas, em formato de mesa.

Finalmente, este recurso foi utilizado no sécu-lo XIX pelos relojoeiros de torre. No caso, não

havia o problema da precisão, já que se tratava de pesos e não de molas. Tratava-se, naquela época, de isolar os ponteiros do mostrador que apanha-vam o ar do sistema regulador do movimento.

O princípio do meu turbilhão é, portanto, o usado do século XVIII, ou seja, o de nivelar a força da mola para que o escape receba a mesma energia.

ET: A apresentação do seu turbilhão, em 1991, na sala

dos relojoeiros independentes em Bâle, não interessou

muita gente.

FPJ: Gunter Blumlein chegou a interessar-se, pen sando nos 125 anos da IWC. Mas acabámos por não chegar a acordo porque eu não conse- guiria produzir uma tal quantidade. Mas bem se inspirou ali para a marca Lange & Söhne.

ET: Foi co-fundador, em 1989, da sociedade Techniques

Horlogères Appliquées em St. Croix. A lista de enco-

mendas de peças especiais faz referência a prestigiados

clientes: Chronographe Monopulsant pela GP, Pendules

Sympathiques pela Breguet, Pendules Mystérieuses

pela Cartier, Sonnerie pela Piaget. E, no entanto, sai da

sociedade em 1994.

FPJ: Surpreendi um associado em práticas que, para a minha ética de trabalho e de vida, são ina-ceitáveis. Saí e mantive a minha quota na socie-dade até hoje. Mas decidi sair para recriar uma estrutura pela qual me pudesse responsabilizar in teiramente e a qual pudesse controlar. ET: Admite que “depois de abandonar a THA, não sa-

bia o que fazer”. É então que recebe o prémio Gaia do

Museu do Homem e do Tempo. Que influência teve

este prémio em si?

FPJ: Naquela altura, estava eu em Paris a fazer umas peças únicas para a Piaget, quando um amigo me informa de que há um ateliê relojoeiro já equipado à venda em Genebra. A oportuni-dade interessou-me tanto mais quanto me aper-cebi de que as alfândegas não facilitavam o tra-balho entre Paris e as empresas suíças. E depois o TGV passou a ligar Paris e Genebra.

Na mesma altura, o turbilhão, que não agra-dou em 1991, começa a interessar os colecciona-dores. Decidi então fazer 20 peças em Genebra, que vendi por encomenda aos meus amigos e a coleccionadores. Ao mesmo tempo, volto a tra-balhar no protótipo da ressonância.

ET: Vinte e três anos depois da saída da escola de re-

lojoaria de Paris, a sua carreira vê-se relançada, em

1999, pela apresentação em Bâle do seu turbilhão com

corda de igualdade e com o rótulo FP Journe ‘Invenit

et Fecit’. O reconhecimento do público é imediato. O

que sentiu naquela época? Todos os esforços tinham

mesmo valido a pena...

FPJ: Foi um ano depois do crash asiático. Os co-merciantes andavam à procura de novidades. Naquela época em que ainda não tinha autono-mizado tanto a minha produção, não tive dificul-dades em encontrar fornecedores. Nos dias que correm, ser-me-ia impossível ter uma peça de um fornecedor.

A colecçãoET: Qual é a patente de que se orgulha mais?

FPJ: O princípio da corda de igualdade e o cro-nó metro de ressonância para um relógio de pulso continuam a ser exclusivos mundiais.

ET: Em 2005, decidiu utilizar o ouro para o conjunto dos

seus movimentos. Porquê?

FPJ: Sempre me pareceu bastante lógico para a alta-relojoaria, mesmo sendo o ouro mais difícil de trabalhar industrialmente do que o latão. Os utensílios partem-se mais facilmente, o que torna exorbitante o custo industrial. Escolhemos, no entanto, passar à frente sem aumentar de forma imprudente o preço dos relógios. Era pena ter-mos mecanismos exclusivos em latão enquanto nós só utilizamos metais preciosos nos nossos relógios (platina ou ouro) – à excepção do Son-nerie Souveraine.

ET: Apresentou um novo calibre, o OCTA 1300-3, que

possui um novo rotor que se monta numa só direcção.

Quais são as vantagens?

FPJ: Quis responder aos coleccionadores que têm actividades mais estáticas e que, portanto, não conseguem carregar suficiente aos seus relógios automáticos.

O princípio é o da sobreposição de dois rola-mentos de esferas. O primeiro é independente do segundo e não engrena com o barrilete. Conse- gue-se assim também que a massa oscilante tenha mais amplitude que num relógio normal. Quan-do a massa volta a baixar, ela engrena, através do segundo rolamento de esferas, directamente so bre o barrilete e carrega ao relógio.

49Entrevista François-Paul Journe

“Uma verdadeira complicaçãoé inventar uma peça que possa substituir três.”

François-Paul Journe

Page 50: Espiral do Tempo 26

50 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 51: Espiral do Tempo 26

ET: Voltemos ao Grande et Petite Sonnerie, apresenta-

do em 2006, um relógio com dez patentes. Qual é a pa-

tente mais marcante? Estes princípios podem aplicar-se

ao resto da colecção? São todos importantes, pois todos

foram criados para que o relógio fosse fiável e usável!

FPJ: Foi apresentado em Abril de 2006, mas o pri-meiro relógio foi lançado em Portugal, em Março do mesmo ano! Não creio que muitas marcas es-tejam em condições de lançar tão depressa as suas novidades! A empresaET: Tem uma empresa financeiramente independente

de um grupo. Nunca teve a tentação de se integrar

num grupo relojoeiro?

FPJ: Nunca.

ET: Fale-nos sobre os seus ateliês actuais em Genebra e

sobre os seus projectos.

FPJ: Ambicionamos a autonomia da nossa pro du-ção, mas queremos manter limitado o número da produção total. Além disto, já devíamos ter au-mentado a nossa secção de décolletage (produção de parafuso), para podermos libertar-nos dos nossos fornecedores ainda mais depressa do que o previsto. Temos actualmente de esperar entre três e nove meses para receber parafusos! Pelo menos, acabámos de adquirir 50% do nosso fornecedor de caixas, depois de termos criado, em 2004, em parceria com uma outra marca de relógios, a nossa própria sociedade de produção de mostradores.

ET: Como avalia a formação actual dos relojoeiros e o

que faz, no dia-a-dia, para formar os seus próprios em-

pregados.

FPJ: Vamos instalar no nosso espaço próprio uma escola para aprendizes e para uma formação es-pecializada no serviço de pós-venda dos nossos relógios.

ET: Quantos relojoeiros trabalham hoje para os relógios

Journe? Acha que existe uma quantidade crítica que

não se deve ultrapassar?

FPJ: A sociedade conta actualmente com umas cinquenta pessoas. Gostava de poder continuar a autonomizar a produção, para me tornar com-pletamente independente.

51Entrevista François-Paul Journe

ET: Apresenta o seu trabalho como o de um explorador

e o de um construtor de protótipos. Como se desenrola

o trabalho de equipa depois com os construtores e os

relojoeiros?

FPJ: Quando me envolvo numa nova exploração, divido os problemas em várias pequenas dificul-dades. Trato-as separadamente, umas atrás das outras. Neste processo, consulto por vezes os meus relojoeiros. Quando chego à fase do pro-tótipo, transmito o trabalho aos construtores.

ET: Acha possível vir a fazer um dia, em parceria com

outras empresas, uma nova espiral e tornar-se assim

completamente independente do NIVAROX e do grupo

Swatch?

FPJ: Não estou empenhado em livrar-me da Ni-varox.

ET: Quais serão os impactes das novas normas do ‘Swiss

Made’, caso sejam aprovadas pela comissão europeia?

FPJ: Nenhum dos meus relógios tem o rótulo «Swiss Made». Nunca senti necessidade de o usar. A minha assinatura acompanhada do meu próprio rótulo «invenit et fecit» – (inventar e fa- zer) garante a minha ética e o meu respeito pelo meu trabalho e pelos meus clientes.

ET: Depois de Tóquio, em 2003, HK em 2006, HEN e

a Florida em 2007, considera que o futuro da marca

passa pelas lojas?

Perfil

Local e data de nascimento. Marselha, 22 de Março de 1957.

Irmãos e irmãs. Primogénito da família? Um irmão dois anos mais novo e um pequeno meio­irmão.

Cor preferida? Tudo menos verde.

Aroma/perfume? O cheiro da cozinha.

Textura (madeira, veludo, cabedal...)? Detesto veludo.

Açúcar ou sal? Sal.

Prato preferido? Peixe e marisco.

Vinho branco ou vinho tinto? Vinho tinto.

Fato e gravata ou calças de ganga e camisa? Calças de ganga.

Personagem histórica? William Turner.

Local preferido? Tóquio.

Objecto preferido (excepto relógios)? Não sou materialista.

Livro ou Ipod? Livro.

Exposição de pintura ou BD? Pintura.

Televisão ou cinema? Cinema em casa.

Primeiro relógio de bolso? Tinha três anos e nunca mais o larguei!

Que relógio teria adorado inventar? A obra­prima de Antide Janvier: as quatro faces planetárias.

FPJ: A nossa produção mantém-se limitada, mas, como os nossos produtos são muito especiais, é indispensável controlar o mais possível o serviço ao cliente no seu conjunto. Pensamos em abrir, no entanto, um máximo de três lojas na Europa e nos Estados Unidos.

ET: Quais são os seus objectivos, no que respeita a

quantidades de relógios para 2010?

FPJ: Produzimos, actualmente, 800 relógios. O aumento dos nossos ateliês e a nossa autonomi-zação progressiva deverão permitir-nos alcançar os 1200 relógios. Não gostaria de ultrapassar este número. Considero que as nossas lojas deveriam representar cerca de 800 relógios e que o resto deveria ser representado por uma rede limitada a 30 POS independentes. Vou, por isso, pôr fim aos contratos que tenho actualmente com cerca de 20 POS.

ET: Uma última pergunta: – Como define a alta-relo-

joaria?

FPJ: Não creio que existam marcas de alta-relojo-aria, mas modelos de alta-relojoaria. Estes mo-delos têm de ter um excelente acabamento e um mecanismo original, cuja patente seja proprieda-de da marca. Os calibres também devem ser des-providos de módulo, quer se trate de um relógio com três ponteiros quer se trate de uma grande complicação. ET

Page 52: Espiral do Tempo 26

François-Paul Journe lançou a marca F. P. Journe com a sua assinatura a chancela em latim “Invenit et Fecit” estampada em dois relógios originais ‘inventados’ por uma

mente iluminada e ‘feitos’ com mão de mestre. Um deles é o Chronomètre à Résonance; o outro é o

Tourbillon Souverain – que agora entra na segunda geração aliando o sistema de corda de igualdade ao...

segundo morto.

[ Reportagem ]

Costumava gritar-se «O rei morreu, viva o rei» por alturas de sucessão dinástica. E François--Paul Journe pode anunciar «O soberano morreu, viva o soberano» na sequência da actualização de um emblemático modelo que ajudou a estabele-cer a sua marca como uma incontornável referên-cia da alta-relojoaria contemporânea.

O mestre francês surpreendeu o mundo com a apresentação de dois modelos espectaculares, na Feira de Basileia de 1999, integrados na linha Souverain: o Tourbillon (com um sistema de ‘cor-da de igualdade’, que fez dele o turbilhão mais preciso do mundo) e o Chronomètre à Résonance (que abriu novas fronteiras para a técnica de me-dir o tempo graças ao princípio da ressonância). Ambos os modelos são elaborados em caixas de ouro ou platina com fundos transparentes e me-canismos verdadeiramente únicos, sob mostrado-res personalizados em ouro com submostradores

“Montar e desmontar totalmente o mecanismoantes de chegar ao resultado desejado, é um exercício diário. Sendo o turbilhão composto

por mais de 60 partes cada gesto exige uma destreza extrema e uma incansável preserverança.”

François-Paul Journe

aparafusados em prata guilloché e ponteiros azula-dos. Foi o arranque perfeito para François-Paul Journe que, desde então, cimentou o seu prestígio na rarefeita estratosfera da altíssima-relojoaria – criando vários outros modelos de excepção que foram premiados consecutivamente no Grande Pré mio de Relojoaria de Genebra.

Há três anos, François-Paul Journe anunciou que todos os calibres mecânicos dos seus relógios passariam a ser concebidos em ouro e depois des-

velou a nova geração do Tourbillon Souverain: o Tourbillon Souverain à Remontoir d’Egalité avec Seconde Morte, transformando instantaneamen-te o Tourbillon Souverain original num modelo de colecção (ainda mais do que já era, devido ao prestígio e à escassez de produção!).

Soberano de ouroO Tourbillon Souverain original incluía, numa estreia em relógios de pulso, o chamado remontoir

52 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | Genebra, Suíça

Page 53: Espiral do Tempo 26

53Reportagem Tourbillon Souverain

No atelier de François­Paul Journe na

Rue de L’Arquebuse em Genebra, en­

contra­se um verdadeiro ambiente de

manufactura no sentido mais puro.

As peças que saem sob o nome FP

Journe são tão escassas como fasci­

nantes. Para lá da suprema qualidade

artesanal vivem mecanismos únicos

e reveladores dos profundos conheci­

mentos de relojoaria do Mestre Relo­

joeiro François­Paul Journe.

Page 54: Espiral do Tempo 26

54 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Tendo conquistado a admiração dos

conhecedores e o reconhecimento

dos seus pares François­Paul Journe

mantém uma colecção excepcional

de modelos no seu portfólio.

O relojoeiro assume o controle total

na produção das suas peças, não

sendo invulgar assistir à entrega de

algum modelo especial por parte do

próprio François­Paul Journe ao com­

prador.

Page 55: Espiral do Tempo 26

55Reportagem Tourbillon Souverain

O que é o sistema designado por seconde morte? A complicação, recuperada

por François­Paul Journe e única num relógio de pulso contemporâneo, até

ser imitada por outras marcas, oferece uma leitura mais precisa do que os

ponteiros de segundo que se movem constantemente – a definição de segundo

morto tem que ver com o facto de o ponteiro dos segundos se manter imóvel

(morto...) até que o espaço de tempo do segundo passe e aí move­se para a

posição seguinte.

Segundos mortos-vivos!

“Num mecanismo, hálatão que é necessário, mas também há

latão que não é necessário. Se estamos no

luxo, vamos até ao fim – mudar todos os

calibres F.P. Journe para ouro rosa de 18

quilates e laminado. Apesar da reputação

que o ouro tem de ser maleável, o ouro que

usamos tem 240 vickers de dureza.”

François-Paul Journe

d’égalité (corda de igualdade) – que proporciona uma força constante no escape, notável pelas suas prestações cronométricas de precisão.

Essa característica mantém-se, obviamente, no novo Tourbillon Souverain, embora com a companhia do peculiar sistema de segundo morto (seconde morte: o ponteiro dos segundos mantém--se imóvel até ao final do segundo e salta para o segundo seguinte, em vez de manter uma trajec-tória constantemente móvel). E, como em todos os mecanismos com a assinatura F. P. Journe, o calibre de corda manual FPJ 1403 é construído em peças de ouro rosa de 18 quilates – envolto também por uma caixa em platina ou ouro rosa com 40 milímetros de diâmetro.

Desde sempre, o homem tentou utilizar a ciência em seu benefício na histórica demanda pela pedra filosofal e pela milagrosa fórmula que lhe permitisse transformar qualquer coisa em ouro, mas o Toque de Midas de François-Paul Journe não tem a ver com qualquer poder sobre-natural – tem que ver com competência e genia-lidade. No caso do mestre marselhês, a alquimia que o ajudou a passar do latão para o mais famoso dos metais preciosos foi um processo cientifica-mente pensado e que exigiu inúmeras experiên-cias, já que o objectivo era também dotar os seus ateliês da Rue de L’Arquebuse, em Genebra, de uma estrutura própria para o fabrico em série. É que uma coisa é criar um único mecanismo em ouro – e François-Paul Journe já o havia feito, quando concebeu os seus primeiros exemplares de bolso pluricomplicados; nessas peças indivi-duais e nos protótipos, pode-se aplicar as gravu-ras, a decoração e a anglage em qualquer altura da produção. Outra coisa é passar para séries mais numerosas (embora sempre limitadas, porque a produção total da marca F. P. Journe não chega

aos mil relógios por ano), que exigem maquinaria específica para suportar o processo de fabrico...

O latão bem trabalhado, e pontualmente as-so ciado a outros metais através de ligas, sempre se revelou uma matéria adequada para os meca-nis mos relojoeiros; a qualidade do mesmo foi au mentando ao longo dos últimos séculos e tem sido utilizado na alta-relojoaria. Mas François- -Paul Journe quis mais e melhor, logrando dar um ca rácter ainda mais precioso aos seus preciosos calibres mecânicos.

Assinatura de prestígioO primeiro modelo a receber um calibre em ouro foi o Tourbillon Souverain – actualmente desig-nado Tourbillon Souverain à Remontoir d’Egalité avec Seconde Morte. A designação surge inscrita num mostrador em ouro que coloca simetrica-mente a gaiola do turbilhão ao lado do tradicional submostrador em prata com os característicos al-garismos árabes e os ponteiros azulados, sendo o conjunto embelezado com trabalho em guilloché e parafusos ornamentais. Em baixo, o contador dos pequenos segundos com o ponteiro do segundo morto; em cima, a escala indicadora da reserva de marcha (42 horas).

O novo Tourbillon Souverain, galardoado com o Grande Prémio de Relojoaria de Genebra, é uma prodigiosa peça que representa uma súmu-la da autenticidade e da criatividade das ciências relojoeiras, reflectindo aspectos das manufacturas tradicionais mas também pormenores inovadores e contemporâneos. Cada novo guardião do tem-po FP Journe é um produ to da mente criadora do mestre marselhês e é inteiramente original em termos de construção e estilo – a autenticidade de invenção e concepção é garantida pela já famosa inscrição Invenit et Fecit. ET

Page 56: Espiral do Tempo 26

56 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Nivelamento do mostrador por polimento e amaciamento. Passagem por três bobinas: a primeira, abrasiva, com grãos mais

grossos e, depois, com dois discos em feltro para polir e tornar brilhante o mostrador. O petróleo – abrasivo – misturado com o

óleo permite lubrificar e limpar as impurezas.

Page 57: Espiral do Tempo 26

[ Reportagem ]

texto Hubert de Haro | fotos Nuno Correia | Les Bois, Suiça

Quarta-feira, dia 5 de Setembro, 8 horas da manhã. Ao chegarmos a Les Bois, o termómetro do carro indica apenas um grau-zinho, enquanto observamos os campos ainda brancos pela geada matinal. Situada na Suiça, no Arco do Jura, esta pequena vila encontra-se a 15 qui-lómetros de La Chauds-de-Fonds, no meio da montanha, e tem aproxima-damente 1000 habitantes.

Um moderno sítio na Internet (www.lesbois.ch) surpreende pelo di-namismo e pela modernidade. Não é de estranhar, no entanto, tendo em conta tratar-se de um lugar que se orgulha dos seus três séculos de tradição relojoeira. A manufactura de Les Fils d’Arnold Linder S. A. é, actualmente e desde que em 2001 se instalou em Les Bois, uma das PME de sucesso da região.

Uma empresa histórica no Arco do JuraTendo constituído em 1946 uma empresa fami liar, os dois irmãos Linder, originários de Le Locle, rapidamente se afirmaram e desenvolveram uma notável carteira de clientes de marcas de prestígio, entre os quais se destaca especialmente a Piaget. A entrada nos anos 80 e a chegada do quartzo vieram pôr em causa quatro décadas de trabalho árduo.

A refinada estética dos mostradores assinados pelo célebre relojoeiro

genebrino participa do êxito internacional que a marca tem, tanto quanto o formato das caixas ou os

calibres com muitas complicações. Investigação sobre os segredos desta empresa, detida a 100% pelo

grupo Franck Muller: a manufactura dos mostradores “soignés” (requintados), Les Fils d’Arnold Linder.

Page 58: Espiral do Tempo 26

58 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

As duas grandes prensas, de 400 toneladas de pressão cada, en­

contram­se no subsolo sobre um pavimento separado do resto do

solo. A estampagem dos mostradores ou das horas em relevo é a

primeira decoração comum a todos os mostradores Franck Muller.

Existem em stock uma centena de estampas.

“Vivemos em perfeitaautocracia: não subcontratamos nada.»

Jean-Paul Boillat

Por outro lado, os dois irmãos tinham am-bos largamente excedido a idade da reforma (em 1984, celebravam 72 e 86 anos).

Ao mesmo tempo, Jean-Paul Boillat, actual administrador-delegado da sociedade, demonstra o rigor da sua gestão na Singer, outro famoso for-necedor de mostradores da região de La Chauds--de-Fonds. Em 1984, o CEO do seu principal clien te, a marca Baume & Mercier, contacta-o para lhe propor um encontro com Valentin Piaget, poderoso industrial suíço, que presidia aos desti-nos das duas marcas: Piaget e Baume & Mercier. «Preciso de alguém que recupere a sociedade dos irmãos Linder», lança Valentin Piaget, à laia de desafio. Os acontecimentos precipitam-se e Jean-

-Paul Boillat torna-se, então, accionista e geren-te da manufactura de Les Fils d’Arnold Linder, S. A. Enquanto dedica tempo e investimentos à modernização dos instrumentos de produção, Valentin Piaget garante-lhe 100% das encomen-das para a marca Piaget. Este idílio relojoeiro en-tre os dois homens acabará por vacilar, aquando da aquisição da Piaget pelo grupo Richemont, no final dos anos 90, e, principalmente, aquando da aquisição pelo grupo da sociedade de mostra-dores Stern.

Enquanto isto, uma nova e imprevista reunião permite a Jean-Paul Boillat reorientar a socieda-de. De facto, o relojoeiro Franck Muller exprime a vontade de se associar a ele e assim garantir o

de senvolvimento da marca genebrina. A manu-factura Les Fils d’Arnold Linder, S. A. muda-se, no início de 2001, para o espaço de 15.000 m2 que actualmente ocupa e que se encontrava devo-luto desde 1995.

Entre o artesanato e a micromecânicaA visita exaustiva aos ateliês leva-nos a tomar cons ciência da complexidade que a produção do mostrador Franck Muller tem. «São necessárias perto de 120 operações para fabricar os nossos mos tradores», explica Jean-Paul Boillat. «Não nos contentamos com o fabrico e a cópia dos mos tra dores, produzimos nós próprios todas as necessárias aplicações (números, ponteiros, aros

Granulagem manual obtida por meio de três passagens suces­

sivas de polimento nos mostradores com a ajuda de três escovas

diferentes: a primeira, com pelos de crinas; a segunda, com pelos

de latão; e a terceira, com madeira do Panamá e pelos de seda

fina. Os mostradores têm uma camada fina de prata, previamente

obtida por galvanoplastia. Esfrega­se uma mistura de pós de prata

e de rocha do Levante nos mostradores durante estas diferentes

escovagens.

Controlo visual da qualidade dos mostradores depois do decalque.

Galvanoplastia cuja parte superior é constituída por 14 coberturas.

As quatro primeiras são de limpeza, as seguintes de ouro, prata,

níquel e banho azul. Coberturas inferiores de lavagem. Os mostra­

dores ou números de cunhagem em latão devem ser polidos pre­

viamente para a escovagem ou para o jacto de água e pedra de

levante (pó abrasivo, do tipo talco).

Page 59: Espiral do Tempo 26

59Reportagem A face oculta dos mostradores

Page 60: Espiral do Tempo 26

60 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Técnica eléctrica de fixação das cha pas

do mostrador: colocação dos pés em

latão, sem necessidade de matéria,

por «atomização» e descarga eléctri­

ca. Reacção molecular entre o latão

do mostrador e o dos dois pés.

Lacagem dos mostradores do Master

Banker Lua na “Câmara Branca”. De

acordo com o resultado desejado, o

pintor mistura previamente a laca

líquida com verniz opaco ou com ga­

solina. Os testes podem demorar en­

tre uma hora e meio­dia de traba lho

até se atingir a cor exacta.

Page 61: Espiral do Tempo 26

61Reportagem A face oculta dos mostradores

do contador), assim como todos os nossos uten-sílios». O resultado é um espantoso contraste entre a modernidade e o artesanato harmoniosa-mente enlaçados numa extraordinária realização. Desde a prensa, engenhosamente instalada na cave do edifício, a fim de evitar barulhos e tremo-res aos cerca de 100 empregados da empresa, à mecânica, passando pelos decalques e a colocação do luminova no interior dos números do mostra-dor. Trata-se de um mesmo ‘corpo’ que trabalha em complementaridade e com uma precisão que pode atingir os 2/100 milímetros. No desenrolar da visita, Jean-Paul Boillat lembra-nos que «saem diariamente dos ateliês 200 mostradores, em sé-ries que variam entre os dois e os 1000 mostrado-res. Não queremos produzir em massa, queremos apresentar à casa-mãe Franck Muller um produ-to artesanal».

Importa ter em mente, ainda, que o reverso dos mostradores pode apresentar ‘cavidades’: es-paço escavado no latão destinado à inserção de

um elemento externo ao movimento (roda den-tada...), tudo invisível ao olho nu do colecciona-dor. Algumas técnicas chamaram especialmente a nossa atenção.

O alquimista pintor da lacagemA lacagem é efectuada numa ‘câmara branca’, um ateliê hermeticamente isolado e conforme às normas internacionais GELAIR 100 (pre-sença no ar de menos de 100 partículas de 0,1 mícrones por pés cúbicos, aproximadamente 30 litros!). O responsável por este ateliê explica-nos como as misturas de laca líquida com vernizes de cores permite aproximar-se da cor final pretendi-da por Genthod. De facto, será necessário entre uma hora e meio-dia para que o olho experiente do pintor encontre a dosagem perfeita!

Química e o ambiente em galvanoplastiaA galvanoplastia, situada perto da ‘câmara bran-ca’, é toda ela de uma empolgante modernidade.

Este procedimento químico permite fixar dife-rentes tipos de metais (ouro, prata, níquel...) nos mostradores ou nas aplicações. Este ateliê tem o aspecto de uma secção de banhos, onde os des-perdícios são meticulosamente tratados.

Os gestos secularesA dois passos, mergulhamos no século passado. Um jovem aprendiz “mata-se” a escovar uma placa constituída por 20 mostradores. Durante três mi-nutos e três vezes consecutivas, uti lizará escovas diferentes (de madeira nacional e do Panamá e de crina de cavalo ou latão) para depositar um pó de prata sobre estes mostradores, que rece be ram pre-viamente num banho de prata. A reac ção molecu-lar que resulta do contacto entre o pó e o mostrador dá um admirável aspecto «areado».

A nossa visita durará cerca de duas horas, pontuadas pelas explicações concisas e não menos apaixonadas de Jean-Paul Boillat. É alta-costura relojoeira num guarda-jóias verdejante! ET

Nomenclatura de vernizes translúcidos e os diferentes mostra­

dores que servem de protótipos.

Pormenor dos tubos de verniz de polivinil.

“Não ambicionamos a hiperprodução,o que significa critérios de exigência muito elevados

conducentes a 50% de refugo.»

Jean-Paul Boillat

Page 62: Espiral do Tempo 26

62 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 63: Espiral do Tempo 26

A Jaeger-LeCoultre revela-se bem sucedida a fazer futurologia no presente: com um mecanismo turbilhão que não requer

qualquer tipo de óleo e uma estética vanguardista, o Master Compressor

Extreme LAB faz tábula rasa das convenções tradicionais. Um fascinante

cocktail tecnológico que promete ser o padrão a seguir na alta-relojoaria!

texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | Le Sentier, Suíça

[ Reportagem ]

Durante muito tempo a Jaeger-LeCoultre foi encarada como uma casa relojoeira que per-sonificava o que de melhor existia na relojoaria clássica. Mesmo que a sua extraordinária com-petência comprovada em múltiplos domínios da micromecânica permitisse à Manufactura sediada em Le Sentier desbravar novos caminhos na arte de medir o tempo, a tecnologia surgia invariavel-mente integrada num invólucro de linhas puras e elegantes...

A tendência mantém-se, mas no início da dé-cada foi aberta outra via com o advento da linha mais desportiva e radical Master Compressor. E as grandes novidades da Jaeger-LeCoultre em 2007 são bem reveladoras dessa abrangência que vai de

uma ponta à outra do espectro da alta-relojoaria: por um lado, a pureza clássica do Duomètre à Chronographe, um cronógrafo de alto rendi-mento; por outro, o vanguardismo desportivo do Master Compressor Extreme LAB, que passa por ser o primeiro relógio a funcionar com fiabilidade sem o recurso a qualquer tipo de óleo.

TecnolojoariaO Extreme LAB afigura-se esteticamente como o relógio mais radical jamais saído dos ateliês da Manufactura, num explosivo cocktail que combina novos materiais com soluções técnicas revolucio-nárias – para um saldo final de seis novas patentes embrulhadas numa tendência que se poderá bap-

tizar de ‘alta-tecnolojoaria’, onde a estética indus-trial está intimamente ligada à técnica de ponta e é realçada em mostradores estruturados que colo-cam em evidência as funções do mecanismo.

A nova criação da Jaeger-LeCoultre é si-multaneamente tecnológica e viril, combinando aquela que passa por ser a mais emblemática complicação da relojoaria clássica com um ro-busto mecanismo automático que bate à eleva-da frequência de 28.800 alternâncias/hora sem necessitar de óleo para funcionar em condições extremas, seja a 40.º negativos, seja a 60.º posi-tivos. As temperaturas gélidas congelam o óleo e fazem parar qualquer mecanismo relojoeiro, mas não o Extreme LAB; a dispensa de qualquer tipo

63Reportagem Extreme Lab

Page 64: Espiral do Tempo 26

Como qualquer mecanismo, os calibres relojoeiros tradicionais sempre neces­

sitaram de lubrificantes para atenuar o desgaste provocado pela fricção e

assegurar o funcionamento das diversas peças em movimento. Um mecanismo

relojoeiro necessita de lubrificantes de diversa índole e viscosidade para peças

envolvidas em actividade de alta­rotação ou interactividade. Mas já se sabe que

as propriedades dos óleos e das gorduras vão­se deteriorando com o tempo e

a prestação dos mecanismos sofre em consequência, podendo mesmo sofrer

danos importantes se os lubrificantes não forem substituídos no seu devido

tempo. Ou seja, afecta o aspecto perpétuo de um mecanismo automático. Por

isso é que a concepção de um calibre sem necessidade de lubrificantes, que é

teoricamente perfeito, sempre constituiu um sonho para qualquer relojoeiro e

qualquer casa relojoeira.

Gordura sem formosura

64 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 65: Espiral do Tempo 26

E é precisamente o recurso a novosmateriais que está a lançar a relojoaria nos caminhos de futuro, daí o

investimento da Jaeger-LeCoultre na contratação de pessoal especializado

no sector sem que tenha obrigatoriamente um passado intimamente

ligado ao universo relojoeiro.

Independentemente da vanguarda tec­

nológica a que o Extreme Lab eleva a

alta­relojaria, os processos de Manufac­

tura continuam a perpetuar a tradição

relojoeira a que a Jaeger­LeCoultre já

ha bituou os seus admiradores.

Stéphane Sogne especialista em ma­

teriais experimentais e de vanguarda

e o rotor do Extreme Lab. É a tentativa

de adequação perfeita entre forma e

função.

65Reportagem Extreme Lab

de viscosidade é mesmo a primeira grande con-quista do calibre JLC 988C, graças a peças con-cebidas para não sofrerem erosão. A perfeição é alcançada também graças a uma nova geometria do balanço, para além da utilização de materiais mais leves e resistentes no sistema de escape e o inovador regulador do turbilhão.

Fica assim resolvida a eterna demanda relo-joeira em busca de um mecanismo perfeito que funcione sem óleo, o tal pequeno e fundamental detalhe que força os instrumentos do tempo a revisões mais ou menos periódicas. A substitui-ção do aço pela cerâmica (que não necessita de ser oleada) nos rolamentos de esferas dos rotores dos mecanismos automáticos de série a partir de 2002 já tinha permitido à Jaeger-LeCoultre es-paçar as revisões para dez anos; a utilização de novos materiais noutras peças veio dispensar o óleo nas outras partes do calibre.

MaterialistasE é precisamente o recurso a novos materiais que está a lançar a relojoaria nos caminhos de futu-ro, daí o investimento da Jaeger-LeCoultre na contratação de pessoal especializado no sector sem que tenha obrigatoriamente um passado in-timamente ligado ao universo relojoeiro. Como Stéphane Sogne, um jovem engenheiro mecâni-co especializado nos materiais chamados técnicos (experimentais e de vanguarda) que há dois anos e meio integra o departamento de pesquisa e de-senvolvimento da Manufactura. Juntamente com o prototipista Francis Crétin, já havia colaborado na concepção da carrosseria do AMVOX 2, o re-volucionário cronógrafo. O Extreme LAB surge na mesma linha, com a sua construção em carbo-no e titânio a afigurar-se extremamente original devido à eliminação de partes desnecessárias da estrutura. Os engenheiros químicos contribuem

para uma reflexão sobre cada peça e respectiva função no relógio. Na leve e rígida estrutura ex-terior do Extreme LAB, o carbono é protegido pelo titânio nas zonas mais vulneráveis aos riscos e impactos, mas é no coração do relógio que os novos materiais contribuem para a eliminação da necessidade de recurso ao óleo. Para além dos rolamentos de esfera em cerâmica, o ‘Easium’ – uma carbonitrura muito escorregadia e deslizan-te – faz a sua estreia na relojoaria e assume um protagonismo muito especial.

De uma dureza excepcional, o ‘Easium’ é do-tado de propriedades tribológicas (a tribologia é a ciência da fricção e do desgaste…) inauditas e afigura-se perfeito para substituir os tradicionais rubis lubrificados com óleo fino. Também o silí-cio e o diamante cristalino negro, material de sín-tese tão duro como o diamante natural mas com propriedades melhoradas, entram na composição.

Page 66: Espiral do Tempo 26

66 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 67: Espiral do Tempo 26

67Reportagem Extreme Lab

O departamento de R&D(Pesquisa e Desenvolvimento) da Jaeger-LeCoultre juntou em laboratório 45 especialistas,

que reuniram diferentes ADN tecnológicos e trabalharam afincadamente

durante 17.520 horas ao longo de 2 anos e meio para tornar

o relógio do futuro numa realidade contemporânea.

«O Extreme LAB foi testado em situações extremas juntamente com outros calibres mecânicos e de quartzo,

revelando­se claramente mais fiável. É um relógio revo lu cionário que não só é marcante para a relojoaria

mas também para a Jaeger­LeCoultre, porque projectos como o do Extreme LAB contemplam três vertentes: a

primeira tem a ver com ferramentas de comunicação, e o facto de divulgarmos que o Extreme LAB foi testado

numa escalada ao Evereste revela o facto de estarmos muito orgulhosos da sua fiabilidade; a segunda está

relacionada como facto de ajudarem a motivar as nossas equipas e de fornecerem um ímpeto catalizador na

concepção de diferentes modelos; a terceira implica a utilização de soluções técnicas integradas nos nossos

mecanismos relojoeiros – temos actualmente 40 calibres em produção que vão ser adaptados gra dualmente,

começando este ano com novos rotores e rodas de escape».

Jérôme Lambert, CEO da Jaeger-LeCoultre

Testado no topo do Evereste

E a superfície das peças recebe igualmente um tratamento especial que promove a longevidade do conjunto.

Noutro sector do mecanismo, a viscosidade desapareceu para dar lugar a pó de grafite que assegura o perfeito deslizar da mola no interior do tambor; contrariamente ao visco, a estrutura molecular do pó de grafite – que se apresenta sob a forma de um empilhamento de microplaque-tas – conserva as suas propriedades mecânicas ao longo do tempo, qualquer que seja a temperatura ou a higrometria. Os braços do rotor são realiza-dos em fibra de carbono, para que o suporte da massa seja mais leve e rígido; o próprio segmen-to da massa oscilante do rotor é composto por uma liga em platina iridium, o material físico não tóxico mais denso que é passível de ser trabalha-do. Mesmo o conjunto que permite a corda e o acerto das horas tem um tratamento em níquel / PTFE!

Para além de matérias inovadoras, a cons-trução revolucionária também está patente num balanço de geometria inédita (não tem a habi-

tual estrutura circular) em platina iridium com parafusos de regulação e que necessita de menos energia para oscilar (a uma cadência de 28 800 por hora), graças a uma optimização que lhe per-mite manter dimensões menores sem afectar os valores de inércia (11,5 mg por cm2). Tal como a aplicação da espiral está optimizada para um fun-cionamento perfeitamente concêntrico. A roda de escape é feita em silício e a caixa do turbilhão concebida numa liga de magnésio (que é duas ve-zes e meia mais leve do que o titânio!) que contri-bui para aumentar o rendimento excepcional.

Forma e funçõesMas a parte ‘materialista’ não é tudo. Também há um conjunto de funções, para além do turbilhão, a realçar. O Extreme LAB está também dotado de um segundo ponteiro para as horas e não es-quece a indicação a.m. / p. m. para a distinção entre o dia e a noite. A data, associada ao tempo de referência, é indicada analogicamente através de um ponteiro que salta entre o dia 15 e o 16 para não tapar a fascinante rotação do turbilhão

– um pormenor já patente no Master Tourbillon. O mostrador é dominado por uma ponte em ligas de alumínio, sendo a central em Ticalium (alumínio com carboneto de titânio). A estrutu-ra robusta e escurecida da caixa contribui para a personalidade moderna e sofisticada do relógio – para além de uma estanquicidade até aos 100 metros. Concebida em carbono e titânio, a cai-xa apresenta um diâmetro de 45 mm e, com três patentes por si só, complementa de modo ideal o mostrador estruturado, sendo acompanhada por uma luneta em carbonitrato de silício e um blo-co amortecedor em poliuretano vermelho. Até a bracelete é inovadora pela composição (pele, tela, tecido) e por um sistema de aperto patenteado.

O departamento de R&D (pesquisa e de-senvolvimento) da Jaeger-LeCoultre juntou 45 especialistas, que reuniram diferentes ADN tec-nológicos e trabalharam durante 17.520 horas ao longo de dois anos e meio para tornar o re-lógio do futuro numa realidade contemporânea. O Extreme Lab terá uma produção anual entre cinco e dez unidades. ET

Page 68: Espiral do Tempo 26

Esteticamente, a Rolex sempre recusou sacrificar o seu código genético no altar das modas passageiras; a sua colecção baseia-se em modelos tradicionais que vão sendo melhorados quase im-perceptivelmente até à perfeição absoluta.

Claro que há três anos surgiu o Turn-o-Graph, mas não foi mais do que o reavivar de um modelo de outrora... tal como o Milgauss desvelado este ano. Na verdade, a última grande apresentação de um nome completamente novo na família Oyster remonta a 1992 e ao Yacht-Master. E é com o Oyster Perpetual Yacht-Master II, estreado em 2007, que a Rolex surpreende o mundo com uma nova carroçaria e uma nova complicação: numa caixa sobredimensionada, o mostrador revela-se original e deixa antever instantaneamente uma complexidade mecânica diferente...

A Rolex nunca embarcou na onda das ‘com-plicações’ porque o termo está associado a relógios pouco práticos e invariavelmente frágeis. As com-

[ Reportagem ]

68 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

A originalidade reside no facto de o calibre 4160do Yacht-Master II lhe permitir fornecer contagens decrescentes de o a 10 minutos,

para estabelecer o momento da largada de regatas com várias

sequências de partida.

texto de Miguel Seabra

A Rolex nunca enveredou pelos caminhos da relojoaria complicada

– a sua reputação intercontinental assenta sobretudo em relógios pragmáticos de extrema

fiabilidade e evidente funcionalidade. Por essa razão, o novo Yacht-Master II está a surpreender

os aficionados: apresenta uma complicação inovadora que inclui memória mecânica e surge

embrulhado numa inédita carroçaria na colecção da famosa marca genebrina.

plicações que têm figurado na colecção são básicas: a data (Datejust), eventualmente, também, o dia da semana (Day-Date) e o cronógrafo, num úni-co modelo, (Daytona). O novo Yacht-Master II não sai muito dessa órbita, mas é o primeiro cro-nógrafo munido de contagem decrescente com memória programável!

A originalidade reside no facto de o Calibre 4160 do Yacht-Master II lhe permitir fornecer contagens decrescentes de zero a dez minutos, para estabelecer o momento da largada de regatas, com várias sequências de partida. E o termo ‘pro-gramável’ – e não simplesmente ‘ajustável’ – deve-

-se ao facto de o relógio se ‘lembrar’: quando se faz um restart da contagem decrescente, o pon-teiro countdown retoma o lugar onde iniciou a última contagem. Um feito notável para um calibre mecânico.

A estrutura do Yacht-Master II, talhada num monobloco de ouro amarelo ou branco de 18 quilates, ostenta um diâmetro de 42,6 mm – o maior na colecção da Rolex. Com uma coroa protegida das infiltrações (pelo sistema Trip lock, que lhe garante estanquicidade a 100 metros) e dois botões, é acompanhada de uma luneta rotativa Ring Command que assegura a

Page 69: Espiral do Tempo 26

Hans Wilsdorf, fundador da Rolex, registou duas patentes em La Chaux­de­Fonds, no ano de

1926, que lhe granjearam fama e fortuna. Essas patentes estão ambas ligadas ao conceito

Oyster e à obsessão então existente de tornar estanques os cada vez mais populares relógios

de pulso: uma tinha a ver com a construção da caixa a partir de um monobloco (uma junta

introduzida numa caixa com fundo e aro de rosca), que actualmente envolve 150 operações

diferentes; a outra estava relacionada com a forma de aparafusamento da coroa (através de

um tubo, sistema baptizado de Twinlock ou Trilock). Criados na segunda metade do século

XX, os modelos Submariner e Sea­Dweller estabeleceram novos padrões de estanquicidade

e passaram a reinar sob os mares. O Yacht­Master domina sobre eles desde 1992 e o novo

Yacht­Master II surge como fruto de uma íntima associação da marca aos desportos náuticos

e de toda a sua experiência alcançada no patrocínio de várias regatas de relevo – como a

regata Sydney­Hobart, a Maxi Yacht Cup ou a Middle Sea Race.

Histórica vocação marítima

69Reportagem Yacht Master II

Page 70: Espiral do Tempo 26

70 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 71: Espiral do Tempo 26

71Reportagem Yacht Master II

Com uma coroa protegidadas infiltrações (pelo sistema Triplock, que

lhe garante estanquicidade a 100 metros)

e dois botões, é acompanhada de uma

luneta rotativa Ring Command que assegura

a interacção entre o mecanismo

e a caixa do relógio.

interacção entre o mecanismo e a caixa do reló-gio. Rodando a 90 graus, a luneta acede à função de programação da contagem decrescente e fecha essa programação. O mostrador, com pon teiros das horas e minutos ao centro e os peque nos segundos às 6 horas, apresenta a escala situada entre as 8 e as 4 horas para os minutos de cres-centes (ponteiro ao centro com triângulo) e tem ainda outro ponteiro (vermelho, ao centro) para os segundos decrescentes. A bracelete é Oyster com fecho Oysterlock e sistema Easylink.

FuncionamentoA cronometragem da partida de uma regata faz--se premindo o botão start/stop para accionar a

contagem decrescente – finda a qual o ponteiro pára no zero e o ponteiro dos segundos continua a sua marcha. Se necessária, a sincronização da contagem decrescente, no momento do sinal oficial (sonoro ou visual), é feita através de uma breve pressão a fundo sobre o botão reset; o ponteiro dos minutos da contagem decrescente reposiciona-se no minuto mais próximo, enquanto o ponteiro dos segundos volta ao zero; e quando se solta o botão reset, o minuto e o segundo partem automaticamente para a contagem decrescente. Para parar, basta premir o botão start/stop.

Para iniciar a contagem decrescente, pressio-na-se o botão reset e o ponteiro dos minutos reto-ma o minuto programado aquando da últi ma

pro gramação, enquanto o dos segundos vol ta para o zero. A programação da contagem decrescente é feita rodando a luneta 90 graus no sentido contrário aos ponteiros do relógio; depois pressiona-se o botão reset até se ouvir um clique, desenrosca-se a coroa para a colocar na posição 1 e posiciona-se o ponteiro dos minutos rodando a coroa no sentido em que se dá corda. Devolve-se a luneta à sua posição original, rodando-a 90 graus no sentido das agulhas do relógio até se ouvir um clique; trata-se de uma manobra que devolve o botão reset à posição inicial e desbloqueia o botão start/

/stop. Finalmente, empurra-se a coroa e enrosca-se, ficando o relógio pronto para a contagem de-cres cente consoante o tempo programado! ET

O Calibre 4160 exigiu mais de 35 mil horas de estudo e deriva do mecanismo cronográfico automático que

alimenta o Cosmograph Daytona. Composto por 360 peças, bate a 28.800 alternâncias/hora e apresenta uma

autonomia de corda na ordem das 72 horas; a função da contagem decrescente é possível graças a uma roda de

colunas e uma embraiagem vertical. O mecanismo é dotado de uma espiral Parachrom Blu (tem um milésimo

da espessura do cabelo humano, feito pela Rolex numa liga 85% Niobium e 15% Zirconium) com curva Breguet,

dez vezes mais resistente aos choques e insensível aos campos magnéticos. Como habitualmente, a precisão

do relógio valeu­lhe ser certificado pelo Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros (COSC).

Embraiagem vertical e espiral Parachrom

Page 72: Espiral do Tempo 26

72 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 73: Espiral do Tempo 26

«Chega­te à boa árvore que a boa sombra te cobrirá»... Assim reza um ditado antigo de valor intemporal. Ninguém ousará

argumentar contra uma verdade tão autêntica e com um significado tão profundo. Bastante mais moderno, pelo menos

na apresentação e não no conceito, é o livro da australiana Rhonda Byrne, campeão de vendas em todo mundo.

Em Portugal, não é excepção. Falamos de The Secret (O Segredo). Elo de ligação entre os dois,

o golfista José Filipe Lima, o melhor jogador português da actualidade.

73Reportagem Filipe Lima

[ Reportagem ]

Estar na companhia de Tiger Woods, de Brad Pitt, entre outros, é estar em boa com-panhia, é sinal de reconhecimento e prestígio, com repercussão global.

Acreditar profundamente nos objectivos de vida que delineamos e lutar por eles com con-vicção e, acima de tudo, com muito trabalho é pôr em prática os conceitos do livro The Secret.

A marca TAG Heuer, umbrella, a boa sombra, associou à sua imagem, além de Tiger Woods, o golfista português José Filipe Lima. Em boa hora o fez, já que o jovem de 26 anos encontra-se no limiar de uma carreira que se deseja auspiciosa e pode mesmo vir a dar-nos, a nós, portugueses, gran des alegrias e prestígio, à semelhança de outros atletas nacionais. A nós e à prestigiada marca de relógios suíços. É já um sinal muito po sitivo da imagem de marca que Filipe carrega sobre os ombros.

A partir de agora, vamos ver no pulso esquerdo do jogador português o modelo GOLF, assinado por Tiger Woods. Este modelo, concebido para

“Vem esta prosa a propósito da recente visitaque fiz à casa TAG Heuer, perto de Neuchâtel, na Suíça, para assistir ao início

da relação promocional entre a marca e o nosso jogador.”

texto Nelson Ramalho | fotos Nuno Correia | La Chaux de Fonds, Suíça

Page 74: Espiral do Tempo 26

74 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 75: Espiral do Tempo 26

“Após algumas medidas de tempo, neste casoquatro ou cinco segundos depois do impacte, Flipe está de volta ao mundo

dos mortais. Volta a ser um ser comunicante, afável e descontraído.”

ser usado durante os jogos, foi estudado até ao mais ínfimo pormenor. Foram obviados todos os pontos negativos que qualquer outro relógio apre senta ou possa apresentar antes, durante, ou depois do swing. Trabalho de mestres-relojoeiros em sintonia com o mestre do golfe.

Vem esta prosa a propósito da recente visita que fiz à casa TAG Heuer, perto de Neuchâtel, na Suíça, para assistir ao início da relação pro-mocional entre a marca e o nosso jogador. Este foi um momento alto para ambos e fazemos votos para que venha a ser de mútua retribuição.

Na altura, e após um jogo de golfe no Neu-châtel Golf et Country Club em que partici-param todos os convidados, foi-me pedida a opi nião sobre o futuro do Filipe no âmbito do golfe de alta competição. Fiquei envergonhado. Quem não ficaria com tamanha responsabilidade de antever o futuro de alguém? Depois, e conhe-cendo o jogador há já três anos, durante os quais já o entrevistei variadíssimas vezes, além de ter mos passado juntos muitas horas de conversa e lei turas, pensei que talvez não fosse tão difícil assim falar da carreira e do futuro de Filipe Lima.

Com efeito, tudo aquilo que normalmente um atleta necessita para voar alto, direi mesmo, ao mais alto nível, o Filipe tem.

É jovem, tem 26 anos (nasceu em 1981), 1,78 cm de altura, 78 kg, boa compleição física fruto de muitas horas de ginásio, raciocínio rá pi do, ambição, simpatia e simplicidade que trans bor-dam. Além disto, emana uma energia que trans-mite a quem estiver por perto. Tem vontade e querer quanto baste, uma verdadeira paixão pelo jogo, conhecimentos sobre a modalidade, pró-prios de quem a ela se dedica, e, acima de tudo, tem uma qualidade que, a meu ver, talvez venha a fazer a diferença: a capacidade de concentração quase absoluta no momento em que inicia, mental e fisicamente, a atitude de preparação do stance. É como se, de repente, o mundo parasse, como se não houvesse mais ninguém. Fica completamente focado no swing de modo a enviar a pequena bola para o ponto desejado e previamente escolhido. Após algumas medidas de tempo, neste caso quatro ou cinco segundos depois do impacte, Filipe está de volta ao mundo dos mortais. Volta a ser um ser comunicante, afável e descontraído.

É praticamente impossível estar em estado de concentração total durante as habituais quatro ou cinco horas de jogo. Seria extenuante, mesmo prejudicial para o desenrolar do jogo. Filipe sabe dosear a sua concentração. Mas ele também sabe que é preciso muito trabalho, muitas e muitas horas de driving range e muita energia para as deslocações semanais, um verdadeiro carrossel de aviões, campos e hotéis. Para tal, há que ter uma alimentação adequada, respeitar as horas de descanso e parar, quando necessário.

Vi tudo isto no nosso Filipe Lima, senhor ainda de um portentoso swing, mas muita delica-deza no green, provavelmente a sua melhor área.

Atrevo-me, portanto, a responder à questão que me foi colocada: sim, acho que sim. O Filipe tem tudo para ser um dos melhores. Queira a sorte, repito, a sorte, estar do seu lado. Sem ela é tudo mais complicado. Lembremo-nos da resposta daquele jogador à pergunta se tinha muita sorte, ao que respondeu «Quanto mais treino e trabalho, mais sorte tenho». Compreendido, Filipe? ET

Agradecimentos à direcção do

Golf & Country Club de Neuchâtel

75Reportagem Filipe Lima

Page 76: Espiral do Tempo 26

A manufactura suíça Raymond Weil quer reforçar a sua imagem junto do consumidor masculino depois de,

nos últimos anos, ter dado mais atenção aos relógios de senhora. O modelo Nabucco, um cronógrafo

imponente, é o primeiro passo nesta nova estratégia.

[ Reportagem ]

76 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Olivier Bernheim explicou que o objectivoda empresa é reforçar, nos próximos anos, a imagem masculina

e ‘mecânica’ da marca, um tanto descurada

nos últimos tempos.

texto Fernando Correia de Oliveira | Istambul, Turquia

Istambul, a antiga Constantinopla, cidade de encruzilhadas mil, dividida entre a Eu ro pa e a Ásia, foi o cenário escolhido pela Raymond Weil para apresentar o seu novo modelo, Nabucco. Este é um relógio assumidamente masculino, de linhas modernas, que alia o aço à fibra de carbono.

Olivier Bernheim, presidente e CEO desta empresa familiar genebrina, foi o anfitrião de uma gala que começou com um cruzeiro no Bósforo e acabou numa noite inesquecível na ilha de Suada. Aqui comedores de fogo, dançarinas do ventre, mágicos e músicos actuaram sob uma decoração babilónica para cerca de 300 convidados, entre eles a Espiral do Tempo. Serdar Ortaç, um dos mais conhecidos cantores ligeiros turcos, foi a grande estrela da noite e passou a ser o embaixador oficial da Raymond Weil neste país.

Sob a presença do seu sogro e fundador, Raymond Weil, e da terceira geração a trabalhar na manufactura, os filhos Elie e Pierre, Olivier explicou que o objectivo da empresa é reforçar, nos próximos anos, a imagem masculina e ‘mecânica’ da marca, um tanto descurada nos últimos tem-pos, em que se deu mais atenção aos mode- los fe mininos e de quartzo. O modelo Nabucco, com caixa em aço de 46 mm, é a primeira peça lançada no âmbito desta nova estratégia, que

será acompanhada por publicidade institucional muito forte, fazendo passar a imagem da tradi- ção e modernidade, do luxo e da personalidade vin cada. «A independência é um estado de espí-rito», é a frase que acompanha o lançamento de Nabucco, e que ilustra bem os novos caminhos que a Raymond Weil quer trilhar.

«Faremos cada vez mais relógios masculinos, mecânicos» prometeu Olivier Bernheim, sa lien -tando que todo o design e conceito de comunicação do novo modelo foram feitos ‘in house’.

Seguindo a inspiração da ópera Nabucco, a Raymond Weil criou todo um enredo de escra-vidão/libertação à volta do novo modelo e até construiu no planeta virtual Second Life uma ilha dedicada às aventuras do lendário rei babilónico e do povo judeu.

A óperaNabucco é uma ópera em quatro actos, com música do compositor italiano Giuseppe Verdi

e libreto de Temistocle Solera. Baseia-se no Antigo Testamento e na obra Nabuccodonosor de Francis Cornue e Anicète Bourgeois.

Foi criada num período particularmente di-fícil da vida do compositor. A sua mulher e os dois pequenos filhos tinham falecido pouco tempo antes e Verdi tinha praticamente decidido não voltar a compor. O libreto de Nabucco chegou às suas mãos quase por acaso.

A composição nele inspirada deu como resul-tado uma obra que cativou, de imediato, toda a Itália. A ópera estreou a 9 de Março de 1842, no La Scala de Milão.

O enredo da ópera pode resumir-se da se-guinte forma: Nabucco (abreviatura de Nabucco-donosor), rei da Babilónia, avança sobre Jerusalém. Os judeus são forçados a esconder-se no Templo de Salomão. A filha de Nabucco, Fenena, é feita aí prisioneira, depois de ter sido raptada por Za carias, o Grande Sacerdote de Jerusalém, que a deixa ao cuidado de Ismael. Fenena e Is-

Page 77: Espiral do Tempo 26

77Reportagem Nabucco Raymond Weil

Imagens da festa de apre sen tação

do Nabucco, um modelo que prome­

te marcar um ponto de viragem da

Raymond Weil em relação aos reló­

gios mecânicos masculinos.

Olivier Bernheim, CEO da Raymond

Weil e Serdar Ortaç o novo embaixa­

dor oficial da marca exibindo o novís­

simo cronógrafo Nabucco.

Page 78: Espiral do Tempo 26

78 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 79: Espiral do Tempo 26

79Reportagem Nabucco Raymond Weil

mael apaixonam-se. A outra filha de Nabucco, Abigaille, oferece-se para poupar Jerusalém e os Judeus, se Ismael a escolher antes a si, mas ele rejeita-a. Nabucco chega ao Templo e Zacarias tenta matar Fenena, mas Ismael consegue salvá-la. O Templo de Salomão é destruído e os judeus condenam Ismael. Começa o cativeiro do povo judeu na Babilónia.

O êxito deveu-se, por um lado, às qualidades musicais da obra e, por outro lado, à associação que o público fazia entre a história do povo israe-lita e as ambições nacionalistas da época.

Um dos símbolos que Verdi utilizou para re for çar o ideal independentista foi o coro “Va pensiero”, do terceiro acto. Este coro de escravos hebreus é, sem dúvida, o trecho mais popular da ópera. Na sua época, os italianos assimilaram-no como um canto contra a opressão estrangeira em que viviam. No final, Nabucco liberta os judeus. A ópera continua a ser, ainda hoje, uma das mais representadas da obra de Verdi.

Na estreia, o papel de Abigaille foi interpre-tado por Giuseppina Strepponi, que se conver-teria na companheira sentimental de Verdi

e, posteriormente, na sua segunda mulher. Esta ópera foi o primeiro êxito importante do compositor e com ela iniciaram-se os chama- dos anos de criatividade máxima. Nestes anos, Verdi compôs a um ritmo frenético, produzindo dezassete óperas em doze anos.

A independência é um estado de espíritoOlivier Bernheim, Presidente da Raymond Weil, e segundo na geração familiar desta empresa inde-pendente – é casado com uma filha de Raymond Weil, ambos presentes no evento – não disfarçava o orgulho.

Diante do grupo de jornalistas convidados ao lançamento do Nabucco em Istambul, anunciou a passagem de um filme sobre a nova campanha publicitária, sublinhando: “Tudo o que vão ver foi feito in house, por uma equipa dirigida pelo meu filho Elie”. O terceiro na geração fundada por Raymond Weil, filho mais novo de Olivier, é o responsável pela área de marketing da com-panhia, enquanto o seu irmão Pierre tem a cargo as vendas e o RW Club, a presença on-line da mar ca relojoeira suíça.

A campanha de comunicação para o Nabucco, sempre com as novas cores corporativas, um cas-tanho forte, assenta no conceito “a inde pen -dência é um estado de espírito”. Fazendo refe-rência ao enredo da célebre ópera de Verdi com o mesmo nome, a campanha desenrola-se em quatro actos – Libertação, Instinto, Desa fio e Conquista. O “homem Nabucco”, uma rein ter-pretação moderna do herói verdiano, ultrapassa todas as dificuldades e passa a ser dono do seu pró prio destino. O monograma da marca, R e W fortemente gravados em pedra, é o epílogo de cenários onde o modelo escolhido – face an-gular, olhos felinos – se liberta das grilhetas, sai da escuridão e alcança a luz, “vê” pelos olhos de um leão, joga uma partida de xadrez decisi- va. O poder gráfico do novo monograma torna- -se num verdadeiro emblema, na assinatura de um herói moderno no universo do luxo.

“Com este conceito, vira-se uma página e abre- -se outra numa marca rejuvenescida”, explicou Olivier Bernheim. “Sen te-se aqui o impacto da ter ceira geração, con vocado por esta nova colecção masculina”. ET

Fazendo referência ao enredo da célebre óperade Verdi com o mesmo nome, a campanha desenrola-se em quatro actos

– Libertação, Instinto, Desafio e Conquista.

Taquímetro para Medições

O teor desportivo do Nabucco é salientado por uma escala

taquimétrica, que permite o cálculo de velocidades médias.

Para o cáculo, é necessário percorrer­se uma distância padrão

de um quilómetro: activa­se a função cronográfica no início

e, um quilómetro depois, pára­se a contagem. Nessa altura,

o ponteiro do cronógrafo indicará a velocidade média (em

km/h) a que foi percorrida a distância.

Robustez Implementada

Para tornar o Nabucco à prova de qualquer teste mais radi­

cal, o vidro (com tratamento anti­reflexo em ambos os lados)

ostenta uma reforçada espessura de 2,5 milímetros. O fundo

da caixa em aço inoxidável é aparafusado e devidamente

personalizado com o monograma RW em relevo. A coroa está

ladeada de protectores laterais.

Page 80: Espiral do Tempo 26
Page 81: Espiral do Tempo 26

GrahamChronofighter Deep Seal [86]

Glashütte OriginalSenator Sixties [84]

Audemars PiguetMillenary [82]

Porsche DesignLimited Edition 2007 [92]

PaneraiLuminor 8 Dias GMT [90]

jaeger-LeCoultreReverso Squadra World [88]

Laboratório - Franck MullerMaster Banker Lune [96]

TAG HeuerAquaracer Calibre S [94]

81

Page 82: Espiral do Tempo 26

82 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Com a sua caixa ergonómica inspirada no mítico Coliseu de Roma e com os seusmostradores carismáticos realçados pela utilização excêntrica dos algarismos, a linha Millenary transmite uma nova dimensão

ao tempo – conjugando números árabes e romanos em linhas circulares e ovais. A Audemars Piguet reformulou por completo

a colecção Millenary e dotou­a de um toque descentrado para além de aumentar o tamanho das caixas. Seja num tamanho

sobredimensionado para os homens ou de porte médio para as senhoras, em caixas de aço ou ouro, com ou sem diamantes, o

resultado afigura­se excelente e sofisticadamente original: o efeito óptico alcançado é mágico, com o mostrador das horas dentro

do mostrador dos minutos e a janela da data a complementar de modo ideal o conjunto. Sem esquecer o precioso detalhe de os

pespontos da correia condizerem com a cor dos algarismos árabes e o ponteiro dos segundos! Os mecanismos que equipam todos

os modelos Millenary são manufacturados e decorados segundo os elevados padrões da manufactura Audemars Piguet.

Em Foco Millenary Audemars Piguet

Georges-Henri Meylan

[ CEO Audemars Piguet ]

A colecção Millenary tem conquistado

um espaço cada vez maior dentro do

por tfólio da Audemars Piguet?

Estamos muito satisfeitos com os nossos

resultado comerciais em 2007. Sabemos

no entanto que as colecções Royal Oak

continuam a ser a imagem de marca da

Audemars Piguet, mas ficámos muito

agradados com o sucesso dos Millenary,

quer junto dos clientes masculinos quer

das senhoras. Não sendo um relógio

clás sico tem um design bastante sóbrio

e não sendo muito arrojado tem por­

me no res que o tornam distinto. A colec­

ção Millenary vai ser uma das apostas

fortes da Audemars Piguet para 2008.

Mecanismo automático

O Millenary é alimentado pelo calibre 3120

de corda automática com 60 horas de reserva

de corda, 21.600 alternâncias/hora, 40 rubis,

balanço de inércia variável, espiral plano e

rotor personalizado em ouro de 22 quilates.

Todas as peças são decoradas à mão e podem

ser apreciadas através do fundo transparente:

perlage, diamantage, anglage e Côtes de

Genève.

Correia de luxo

A correia em pele de crocodilo é concebida

com rebordos arredondados para se acoplar

de forma perfeita à carroçaria do relógio.

Normalmente, a caixa em ouro rosa é

acom panhada de uma correia castanha e a

caixa em ouro branco de uma correia preta.

Detalhe sublime: os pespontos são em cor

contrastante num tom condizente com os

detalhes do mostrador. E o fecho de báscula

integra as iniciais AP.

Mostrador como arena

O mostrador do Millenary é uma obra­prima

– digna do Coliseu que inspirou a colecção

e recentemente promovido a uma das no­

vas Sete Maravilhas do Mundo. O mostrador

das horas descentrado em relação ao dos

minutos é pouco mais do que uma ilusão de

óptica, já que os ponteiros estão colocados

no centro.

Caixa original

Concebida em estilo neoclássico, a caixa oval

do Millenary é ergonómica para melhor se

ajustar ao pulso (apesar do seu generoso

ta manho de 45 milímetros) e fornece um

toque de grande personalidade ao relógio.

Está disponível em ouro rosa ou ouro branco,

com superfícies alternadamente polidas e

acetinadas para acentuar os efeitos de luz.

A caixa é estanque a 20 metros.

Page 83: Espiral do Tempo 26

www.audemarspiguet.com

83Em Foco Audemars Piguet

Referência: 15320OR.00.D093CR.01 • Diâmetro: 45 mm x 40 mm • Espessura: 9 mm • Caixa: Ouro rosa 18K

Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira com tratamento anti­reflexos • Movimento: Mecânico

de corda automática, calibre 3120 • Decoração do movimento: Massa oscilante em ouro rosa 22K, decorado à mão

com os brasões das familias Audemars e Piguet • Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos e data

Estanquicidade: 20 metros • Bracelete: Pele de jacaré cosida à mão • Fecho: Fecho de báscula em ouro rosa 18K

Preço: 17.780 euros

Ficha técnica

Millenary

Audemars Piguet

Pormenores distintos

O mostrador das horas está adornado com

algarismos romanos em ouro, enquanto o

mostrador dos minutos inclui números ára­

bes – numa variedade de cores, consoante

as versões. No modelo de ouro rosa, os al­

ga rismos árabes são azulados, tal como o

ponteiro dos segundos e os pespontos da

correia. Os ponteiros das horas e dos minutos

são em ouro com pintura luminescente.

Page 84: Espiral do Tempo 26

Para os saudosistas da década de 60 ou para os mais jovens que apreciam exercícios de estilo revivalistas, a Glashütte Original concebeu um sedutor relógio automático reminiscente dos inconfundíveis

valores estéticos da época. Paradoxalmente, apesar do impacte imediato da sua aparência clássica, o Senator Sixties carrega

também consigo evocações de uma década delirante que assistiu à eclosão dos Beatles e Rolling Stones, ao mítico festival de

Woodstock, à filosofia flower power da comunidade hippie, ao advento da minissaia, à popularização da televisão e ainda à

chegada do homem à Lua. E enquanto o mundo ocidental dançava ao som dos Swinging Sixties, na localidade de Glashütte – que,

após a Segunda Guerra Mundial, ficou do lado comunista do Muro de Berlim – preservavam­se técnicas relojoeiras ancestrais que

seriam cruciais para a espectacular ressurreição da indústria relojoaria alemã, logo após a Reunificação. A marca Glashütte Original

é um dos dois expoentes máximos dessa relojoaria de qualidade superlativa.

Em Foco Senator Sixties Glashütte Original

84 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Frank Muller

[ CEO Glashütte Original ]

O design do Senator Sixties parece indi-

car uma mudança radical numa colecção

como a da Glashütte Original.

A linha Senator da Glashütte Original

representa a clássica e histórica interpre­

tação de um relógio de pulso masculino.

Neste sentido, introduzir o Senator 60ies

na nossa colecção é o oposto daquilo

que se considera ser uma aposta radical.

O design desta peça baseia­se num

mo delo que produzimos, de facto, nos

anos 60. Para homenagearmos o nosso

passado relojoeiro, empenhámo­nos nos

pormenores: vidros con vexos na frente

e no verso do relógio ponteiros e caixa

curva e muitos outros pormenores.

Motor à base de rotor

A década de 60 também foi importante para

o estabelecimento dos relógios automáticos

em detrimento dos de corda manual. Daí a

escolha de um mecanismo automático com

rotor personalizado em ouro de 21 quilates

que pode ser visto lateralmente através do

fundo transparente de formato convexo.

Um calibre fiável

O mecanismo que alimenta o Senator Sixties

é o calibre automático de manufactura 39­52,

caracterizado por vários dos elementos tradi­

cionais que são exclusivos da cidade­berço da

alta­relojoaria alemã: platina de três quartos,

regulação fina através do galo de balanço e

decoração especial feita à mão.

Variantes à escolha

Mostradores disponíveis em negro ou pratea­

do e caixas extraplanas em ouro rosa ou aço

inoxidável – as opções são várias, sendo que

todas elas apresentam um fundo transparente

em vidro de safira que permite apreciar as

particularidades do mecanismo automático.

Exercício de estilo

O Senator Sixties está dotado de um mostra­

dor ligeiramente convexo, vidro de safira

bombeado, ponteiros ligeiramente curvos e

algarismos estilizados que se complementam

em perfeita harmonia para um resultado final

surpreendente: não existe actualmente outro

relógio que melhor celebre os anos 60!

Page 85: Espiral do Tempo 26

www.glashuette-original.com

85Em Foco Glashütte Original

Ficha técnica

Senator Sixties

Glashütte Original

Referência: U39­52­04­02­04 • Diâmetro: 39 mm • Espessura: 9.4 mm • Caixa: Aço com fundo em safira

Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Bombeado em safira • Movimento: Mecânico de corda automática,

calibre 39 • Decoração do movimento: Decorado à mão com 25 rubis • Funções e indicadores: Horas, minutos e segundos

Estanquicidade: 30 metros • Bracelete: Pele de crocodilo cosida à mão • Fecho: Fivela em aço

Preço: 5.000 euros

Page 86: Espiral do Tempo 26

O Chronofighter é um dos relógios mais inconfundíveis no universo relojoeiro da actualidade – graças à emblemática e protuberante alavanca destinada a espoletar as funções cronográficas. As suas origens

remontam aos instrumentos de precisão presos à perna dos navegadores dos aviões da Segunda Guerra Mundial que, através de

uma alavanca semelhante, accionavam o cronógrafo para medir o tempo entre a largada da bomba e a deflagração no solo. Se

a inspiração foi aeronáutica, o último modelo lançado pela Graham está vocacionado para as profundezas aquáticas. Integrado

na linha sobredimensionada Chronofighter Oversize (caixa maior e alavanca diferente), o Diver Deep Seal inclui também uma

luneta giratória unidireccional destinada a ajudar os mergulhadores a gerirem o tempo debaixo de água e a própria alavanca foi

redesenhada para ser accionada mesmo com luvas de mergulho. O tom escuro da caixa em PVD torna o conjunto, que já de si é

impressionante, ainda mais agressivo.

Em Foco Chronofighter Oversize Diver Deep Seal Graham

86 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Eric Loth

[ CEO The British Masters ]

Como surgiu a ideia de base para a nova

colecção Chronofighter Oversize?

Uma das coisas que me estavam sempre

a dizer é que o Chronofighter parecia

uma granada – eu teimava que não e, a

certa altura, disse que conseguiria fazer

algo que fosse realmente parecido com

uma granada e lancei então a ideia de

um modelo Chronofighter mas em ver­

são Oversize. Passei o projecto ao depar­

ta men to de design mas as ideias que

surgiram não eram ousadas o suficiente,

na minha cabeça estava um relógio ‘infer­

nal’, imponente. Eu mesmo o desenhei

e a colecção Diver é um dos marcos da

imponência que eu pretendia.

Charme obscuro

Os tons negros proporcionados pelo revestimento da caixa em PVD fornecem ao relógio uma

personalidade ainda mais forte e masculina, ao mesmo tempo que favorecem a legibilidade dos

dados luminescentes no mostrador (algarismos, ponteiros) devido ao contraste com a carroçaria

negra e a bracelete preta em cauchu. O Chronofighter Oversize Diver está também disponível

numa versão em aço, denominada Orange Seal, para os espíritos menos “obscuros”.

Arma de defesa

Apelidado de ‘granada’, o Chronofighter Over­

size Diver apresenta uma estrutura de peso:

um diâmetro de 46 milímetros para uma es­

pessura de 16,5. A luneta giratória de sentido

unidireccional é estilizada e concebida em re ­

levo com algarismos e índices a facilitarem a

leitura de dados. O vidro de safira tem trata­

mento anti­reflexo em ambos os lados.

Alavancando a diferença

Dotados de uma alavanca diferente da origi­

nal, os modelos Chronofighter Oversize têm

no seu seio um modelo com uma alavanca

ainda mais particular – o sistema de acciona­

mento dos modelos Diver está estudado para

ser utilizado mesmo com luvas de mergulho.

Motor poderoso

O mecanismo automático é o Calibre G1732,

com a base mecânica a ser modificada para

implementar o accionamento do cronógrafo

à esquerda e sobre a coroa. O ponteiro crono­

gráfico dos segundos surge ao centro, com

um submostrador para os pequenos segun­

dos contínuos às 3 horas e um totalizador de

30 minutos às 9 horas.

Page 87: Espiral do Tempo 26

www.thebritishmasters.com

87Em Foco Graham

Ficha técnica

Chronofighter Deep Seal

Graham

Vocacionado para o fundo

O Chronofighter Oversize Diver integra uma

válvula de hélio para os mergulhos de longa

duração em atmosfera controlada (para evitar

os efeitos da pressão). Para mais, o relógio

foi preparado para resistir a quaisquer infiltra­

ções em profundidades até aos 300 metros.

O fundo é acoplado à caixa através de oito

parafusos.

Referência: 2OVDIVAZ.B02A.K10B • Diâmetro: 46 mm • Espessura: 16.5 mm • Caixa: Aço com tratmento PVD em preto

e fundo em safira • Coroa: Coroa com sistema de protecção • Vidro: Safira • Movimento: Cronógrafo mecânico de corda

automática, calibre G1732 com 42 horas de reserva de corda • Decoração do movimento: Decorado à mão

Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos e cronógrafo • Estanquicidade: 300 metros • Bracelete: Cauchu

Fecho: Fivela em aço • Preço: 7.390 euros (6.150 euros para a versão Orange Seal)

Page 88: Espiral do Tempo 26

Precisamente 75 anos após o lançamento do Reverso, a Jaeger-LeCoultre foi buscar um outro formato do célebre modelo reversível para lançar, em 2006, o Reverso Squadra – uma linha composta por relógios bem

mais volumosos e quadriláteros do que o original e que tem por vedeta o Reverso Squadra World Chronograph. O Reverso dito

original é claramente mais rectangular e as suas proporções foram escrupulosamente mantidas nos quatro diferentes tamanhos

surgidos desde o seu advento, em 1931. Curiosamente, um outro modelo de proporções distintas foi elaborado nessa mesma

altura… mas mantido na gaveta até que a Jaeger­LeCoultre o recuperou para inspirar um Reverso mais urbano e contemporâneo.

A nova linha é dotada de mecanismos automáticos de nova geração e todos os modelos apresentam múltiplos fusos horários.

O Reverso Squadra World Chronograph assenta numa caixa maior que os outros modelos e inclui a apresentação de todas as horas

do mundo no verso; o seu espírito moderno é exacerbado pelos tons escuros do titânio e pela paleta de cores utilizada.

Em Foco Reverso Squadra World Chorongraph Jaeger-LeCoultre

88 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Jérôme Lambert

[ CEO Jaeger-LeCoultre ]

O Reverso nasceu em 1931. 75 anos de-

pois a Jaeger-LeCoultre lança um outro

formato do modelo, o Reverso Squadra.

Foi um risco reintrepretar o grande ícone

na Manufactura?

Foi, mas um risco calculado. O que fize­

mos foi interpretar a ideia do Reverso,

que nasceu em 1931, com uma visão

con temporânea. Dou várias vezes a ima­

gem de uma árvore para caracterizar o

que é hoje a Jaeger­LeCoultre: é preciso

imaginar grandes raízes, com muitos

anos e muito profundas, mas com um

tronco com folhas que permitem captar o

sol e as influências novas, sentir o grande

eixo de evolução da relojoaria.

Volta ao Mundo

Um disco com o nome da principal cidade

de cada fuso horário é revelado na face

pos terior da caixa reversível: num piscar

de olhos, o utilizador apercebe­se do tempo

ime diato em qualquer zona do globo. Um

dis co transparente colocado sobre o nome

das cidades serve de indicador dia/noite.

Carácter Exclusivo

Relógio de excepção por si mesmo, o Rever­

so Squadra World Chronograph tem a sua au­

réola de exclusividade aumentada pelo facto

de ter sido editado numa edição de somente

1.500 exemplares. É, para já, o úni co modelo

Squadra com o tamanho Large e afigura­se à

prova de água até 50 metros.

Duas Grandes Complicações

O Calibre 753 é feito, montado e decorado

à mão. Composto por 366 peças e 39 rubis,

apresenta 65 horas de reserva de corda e

bate a uma frequência de 28.800 alternâncias

por hora. Enquanto as funções cronográficas

lhe dão um espírito desportivo no mostrador

principal; o segundo mostrador evoca a uni­

ver salidade do século XXI.

Conjugação Moderna

O Squadra World Chronograph é um instru­

men to do tempo versátil com a sua data

gran de, funções de cronógrafo e possibilida­

de de estabelecer a hora em qualquer ponto

do planeta. Apresenta também variedade de

escolha entre correias e braceletes: pode­se

optar por pele de crocodilo cosida à mão ou a

nova bracelete de elos em cauchú.

Page 89: Espiral do Tempo 26

www.jaeger-lecoultre.com

89Em Foco Jaeger-LeCoultre

Ficha técnica

Reverso Squadra World Chrono.

Jaeger-LeCoultre

Referência: Q702T470 • Diâmetro: 53 mm x 36.5 mm • Espessura: 16.5 mm • Caixa: Reversivel em titânio

Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira • Movimento: Mecânico de corda automática, calibre JLC

753, com 65 horas de reserva de corda • Decoração do movimento: Decorado à mão com 44 rubis

Funções e indicadores: Frente: horas, minutos, pequenos segundos, data panorâmica, indicador dia/noite e cronógrafo.

Verso: horas universais • Estanquicidade: 50 metros • Bracelete: Pele de jacaré • Fecho: Fecho de báscula em titânio

Preço: 12.000 euros

Centralização de Energia

Uma audaciosa construção do mecanismo

au tomático permite a centralização da ener­

gia gerada pelo rotor e a sua transmissão ao

segundo mostrador. Todos os modelos Squa­

dra acolhem calibres de nova geração: rotor

sobre rolamento de esferas em cerâmica que

não necessitam de lubrificação, regulação à

base de quatro masselottes na orla exterior

do balanço, extremidades da espiral presos

ao pitão e à virola através de soldadura laser.

Page 90: Espiral do Tempo 26

A Panerai ramifica a sua colecção bicéfala em duas linhas distintas: a Luminor e a Radiomir. A marca italiana tornou­se célebre por equipar os mergulhadores transalpinos que, na Segunda Guerra Mundial, se

sentavam em cima de torpedos submarinos (baptizados de ‘maiale’) para colocar cargas explosivas nos cascos dos barcos aliados...

O conceito Panerai foi recuperado na década de 90 e rapidamente atingiu estatuto de culto. A linha Luminor, que recupera um

modelo militar criado por volta de 1950, é caracterizada por uma caixa em forma de almofada com um mostrador redondo – e

um dos modelos Luminor de maior destaque é, sem dúvida alguma, o 1950 8 Dias GMT, que inaugura a prestigiada ‘Colecção

Manufactura’. Exclusivamente equipado com um mecanismo idealizado e concebido na Panerai, o Luminor 1950 8 Dias GMT

apresenta uma reserva de corda superior a uma semana patente num indicador linear; um ponteiro suplementar para um segundo

fuso horário revela­se útil para o viajante que gosta de se fazer acompanhar de um sofisticado instrumento do tempo.

Em Foco Luminor 1950 8 Dias GMT Panerai

90 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Angelo Bonati

[ CEO da Panerai ]

Uma história de sobrevivência

A história do renascimento da Panerai

tornou­se um caso de estudo. A marca

foi fundada em 1860, em Florença,

por Giovanni Panerai e tornou­se a

fornecedora oficial de relógios da marinha

italiana. Criou cerca de 300 relógios

exclusivos para a marinha entre 1938 e

1993, altura em que a parceria acabou.

A marca deixou de ter lucro e percebeu

que tinha de apostar no público civil . E a

aposta foi certeira. Hoje em dia têm um

calibre próprio, o P.2002, e aventuram­se

a acrescentar­lhe complicações como é o

caso do 8 Dias GMT. E com o vento a seu

favor, a Panerai promete voos mais altos.

Calibre multifunções

Fabricado a 100 por cento na Panerai, o mecanismo P.2002/1 que equipa

o Luminor 1950 8 Dias GMT é um calibre multifunções: para além das ho­

ras, minutos, pequenos segundos e data, fornece também um segundo fuso

horário, um interessante indicador triangular de reserva de corda disposto

numa escala horizontal e indicação dia/noite.

Coroa com protecção patenteada

A coroa situada às 3 horas é protegida por

um dispositivo patenteado – uma espécie

de ponte associada à própria coroa e que

é accionada por uma alavanca. O original e

emblemático sistema, indelevelmente as­

sociado à Panerai, ajuda a garantir uma

estanquicidade perfeita até aos 100 metros

de profundidade. O segundo fuso horário é

controlado através da coroa, tal como a data

e os ponteiros das horas e dos minutos.Três tambores

O calibre P.2002/1, de corda manual, apre­

senta três tambores de corda que garantem

a excepcional autonomia de 8 dias – à se­

melhança de modelos militares da marca

nos anos 40. É composto por 245 peças (in­

cluindo 21 rubis, balanço Glucydur e disposi­

tivo amortecedor Incabloc), bate a 28.800

alternâncias/hora e oferece a função zero­

reset para maior precisão na hora de acertar

o relógio.

Almofada bem robusta

Popularizadas na década de 30, as caixas de

formato ‘almofada’ (cushion shape, ou ‘cous­

sin’) consistem na colocação de um mostra­

dor redondo sobre uma base geométrica.

A robusta e elegante caixa do Luminor 1950 8

Dias GMT, concebida em aço alternadamente

polido e escovado, apresenta uma abertura de

mostrador com 44 milímetros de diâmetro.

Page 91: Espiral do Tempo 26

www.panerai.com

91Em Foco Penerai

Ficha técnica

Luminor 1950 8 Dias GMT

Panerai

Referência: PAM 00233 • Diâmetro: 44 mm • Espessura: 6.6 mm • Caixa: Aço • Coroa: modelo exclusivo Panerai

Vidro: Safira anti­risco com tratamento anti­reflexo • Movimento: Mecânico de corda automática, calibre P.2002/1

Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos, data, segundo fuso horário, indicador horizontal de reserva de corda e

reset de segundos • Estanquicidade: 100 metros • Bracelete: Pele de crocodilo • Fecho: Fivela em aço

Preço: 9.300 euros

Mostrador duplo

O mostrador dos relógios Panerai apresen­

ta características únicas, assentando numa

cons trução em sanduíche tanto nos modelos

Luminor como Radiomir. A parte superior, ne­

gra, apresenta algarismos e índices devida­

mente recortados para deixar entrever uma

base em material altamente luminescente.

Page 92: Espiral do Tempo 26

O desenho do original Porsche 911, que remonta ao início da década de 60, manteve­se ao longo dos tempos e transformou­se num clássico – mas também evoluiu de modo a alargar o seu conceito a uma

bem sucedida linha de produtos onde a função e a forma se casam de maneira ideal. Foi assim que, em 1972, nasceu o atelier

Porsche Design e rapidamente a afinidade mecânica fez com que a marca passasse de imediato a abranger instrumentos do

tempo particularmente sofisticados e inovadores. Actualmente, a Porsche Design abrange um alargado leque de acessórios de

luxo para o homem contemporâneo. E, numa iniciativa particularmente feliz, a marca apresenta um estojo em edição limitada

composto por uma versão especial do emblemático cronógrafo PTC, um porta­chaves e botões de punho – todos eles de visual

condizente (partilhando nuances laranja de inspiração racing) e fabricados em materiais idênticos, com as partes metálicas em

titânio acetinado e as componentes em couro de pele de borrego perfurada.

Em Foco PTC Limited Edition 2007 Porsche Design

92 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Ferdinand A. Porsche

[ Fundador da Porsche Design ]

O Professor F.A. Porsche fundou a Porsche

Design para desenvolver soluções de

ponta com a ajuda de desenhos van­

guar distas. A sua filosofia consiste em

apli car um traçado que se desenvolve do

interior para o exterior como expressão

de um princípio funcional e assenta em

quatro bases: a redução dos objectos

à sua função essencial; a obtenção de

linhas puras e fluídas; a selecção judicio­

sa dos materiais mais apropriados; e uma

execução que combina métodos ar te sa­

nais e tecnologias modernas. A aqui sição

da histórica manufactura Eterna for nec eu

uma sólida base relojoeira para a apli­

cação de tais princípios.

Vitamina C limitada

Tanto as costuras da pele (na correia e no porta­cha ves)

como alguns ponteiros e indicações do mostrador do reló­

gio apresentam um tom laranja que contrasta brilhante­

mente com a cor negra tão familiar ao universo Porsche.

O cronógrafo PTC inclui mesmo esse toque alaranjado no

inconfundível rotor raiado. O conjunto está disponível em

apenas 333 estojos.

Motorização

O cronógrafo PTC alberga o fiável calibre ETA

2894­2 – um mecanismo automático de con­

strução modular com 42 horas de reserva de

corda, função cronográfica para medida de

tempos curtos (segundos, minutos, horas)

e indicação da data numa janela entre as 4

e as 5 horas.

Rotor em jante

O fundo é transparente, graças à utilização

de um vidro de safira que permite revelar o

mecanismo cronográfico por baixo de uma

peça que se tornou emblemática no seio da

colecção: um rotor de rendimento superior

estilizado em forma de jante e que, no PTC

Limited Edition 2007, recebe uma pintura la­

ranja condizente com as inscrições no mostra­

dor e demais adereços do conjunto.

Page 93: Espiral do Tempo 26

www.porsche-design.com

93Em Foco Porsche Design

Ficha técnica

PTC Limited Edition 2007

Porsche Design

Cronógrafo de excepção

O PTC (sigla para Porsche Titanium Chrono­

graph) apresenta uma carroçaria em titânio

com acabamentos de superfície contras tan­

tes – polidos ou escovados. Com 42 milíme­

tros de diâmetro e 14,8 de espessura, a cai­

xa é encimada por uma luneta com escala

taquimétrica que circula o vidro de safira

anti­reflexo sobre o mostrador. Estanque a

100 metros.

Referência: 6612.1143.1179 • Diâmetro: 42 mm • Espessura: 14.8 mm • Caixa: Titânio • Coroa: Personalizada com o

logótipo da marca • Vidro: Safira anti­risco com tratamento anti­reflexo • Movimento: Cronógrafo mecânico de corda

automática, calibre ETA 2894­2 • Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos, data e cronógrafo

Estanquicidade: 100 metros • Bracelete: Couro de pele de borrego perfurada • Fecho: Fivela em titânio

Edição limitada: 333 exemplares

Preço: 5.300 euros

Page 94: Espiral do Tempo 26

A estreita ligação da TAG Heuer ao universo motorizado é sobejamente conhecida, mas a sua associação histórica aos desportos aquáticos não pode ser descurada. Em 1949, o Maréographe tornava­se no primeiro

instrumento de pulso a indicar o tempo das marés e, mais recentemente, o Searacer tornou­se numa referência com as suas

funções de contagem decrescente para a partida das regatas – enquanto a marca estabelecia várias parcerias náuticas, patrocinando

embarcações ou sendo cronometrista oficial da America’s Cup. Este ano, a TAG Heuer esteve associada ao Team China Challenge que

concorreu na prova de selecção para a America’s Cup de 2007 e colocou no mercado o Aquaracer Calibre S como nova vedeta da

linha Aquaracer. Tal como o seu antecessor Searacer, o Aquaracer Calibre S é um elegante cronógrafo de vocação náutica – surgindo

equipado com um sistema de totalizadores perfeitamente revolucionário, assente em ponteiros retrógrados bidireccionais. Mais um

relógio que a TAG Heuer coloca na vanguarda da cronometragem desportiva!

Em Foco Aquaracer Calibre S TAG Heuer

94 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Jean-Christophe Babin

[ CEO TAG Heuer ]

O quartzo volta a exercer algum fascínio

numa época em que o mecânico é rei e

senhor na relojoaria suíça?

Viemos da tradição do mecânico, fomos

para o quartzo, como o resto da indústria,

e no final dos anos 90 vendíamos 10 por

cento de relógios mecânicos e o resto

de quartzo. Actualmente estamos, em

ter mos de valor, nos 50 por cento para

cada lado. No entanto o nosso desejo

será tra balhar em inovações me cânicas

mas também de quartzo e, creio que será

seguro afirmar, somos ino va dores em

am bas as tecnologias representando o

ca libre S uma novidade acrescida que é a

integração do mecânico com o quartzo.

Calendário Perpétuo

O Aquaracer Calibre S apresenta um mostrador inédito com ponteiros bidireccionais em totali­

zadores semicirculares situados às cinco e às sete horas. Se a função tempo está em uso, esses

dois ponteiros indicam a data: o da esquerda para as dezenas, o da direita para as unidades.

O calendário é perpétuo.

Cronógrafo original

Basta pressionar uma vez a coroa para que o

Aquaracer Calibre S passe da função tempo

para a função cronógrafo, com o ponteiro bi­

direccional da direita a indicar os décimos de

segundo suplementares à indicação central

das horas, minutos e segundos passados.

Contagem decrescente

Com duas pressões da coroa, entra em acção

a função regatta countdown até ao tiro de

partida: os ponteiros centrais dos segundos e

dos minutos iniciam uma contagem decres­

cente de 10 minutos seguindo a escala na

luneta de alumínio; chegados ao zero, entra

então em funcionamento o cronógrafo nor­

mal para a cronometragem da regata.

Desportivo e elegante

Dotado de um sistema patenteado de totali­

zadores em semicírculo para melhor legibili­

dade e da função de contagem decrescente,

o Aquaracer Calibre S passa a ser o relógio

náutico de referência e o ponta­de­lança da

nova linha Aquaracer. O design do mostrador

é inspirado nos instrumentos de bordo que

granjearam fama à marca desde o início do

século XX.

Page 95: Espiral do Tempo 26

www.tagheuer.com

95Em Foco TAG Heuer

Ficha técnica

Aquaracer Calibre S

TAG Heuer

Caixa-forte

O sensacional Aquaracer Calibre S – que tem

uma caixa de 41 mm – está disponível em

mostradores azul ou antracite, com luneta

de alumínio a condizer. O vidro é de safira

e a bracelete tem fecho duplo de segurança

e sistema extensível para colocação sobre

o fato de mergulho. Estanque até aos 300

metros, passou testes de resistência e pre­

cisão ao longo de 12.000 horas.

Referência: CAF7110.BA0803 • Diâmetro: 41 mm • Espessura: 12 mm • Caixa: Aço com decoração alusiva ao mergulho no

fundo • Coroa: Personalizada com o logótipo da marca • Vidro: Safira • Movimento: Calibre S, eletromecânico, desenvolvido

e patenteado pela TAG Heuer • Funções e indicadores: Horas, minutos, segundos, calendário perpétuo até 2099,

cronógrafo e função regatta. • Estanquicidade: 300 metros • Bracelete: Aço • Fecho: Fecho duplo de segurança em aço,

com sistema extensível

Preço: 1.650

Page 96: Espiral do Tempo 26
Page 97: Espiral do Tempo 26

Não é para todas as bolsas, mas é pelo menos para três bolsas – o Master Banker

foi idealizado por Franck Muller para satisfazer um cliente que necessitava de

saber, num relance e em simultâneo, a hora nas bolsas de Londres (FTSE),

Nova Iorque (Dow Jones) e Tóquio (Nikkei), tornando­se rapidamente

num dos mais emblemáticos modelos da sua colecção. Tudo

graças a uma pequena grande complicação mecânica...

O desafio foi colocado por um banqueiro britânico, realizado por um mestre suíço, e ga- nhou dimensão internacional – não só em termos de utilização prática como também em fama. O Master Banker é um conceito mecânico que permite fornecer três fusos horários em simultâ-neo e está actualmente desenvolvido numa mini -co lec ção dentro da colecção Franck Muller: o mo delo original, com três pares de ponteiros das horas e dos minutos (um par ao centro para a hora de referência, os outros em dois submostradores adi cionais), foi tão bem-sucedido que, não muito depois, passou a ser declinado com compli cações adicionais e noutros formatos de caixa (rectangu-lar, redondo, quadrado...).

Tal encomenda especial de um cliente par ti-cular resultou num relógio com três fusos horários de leitura imediata e fácil manuseamento. Devido ao instigador e aos fins para que era destinado,

recebeu o feliz nome de baptismo de Master Banker e rapidamente se tornou num ícone da relojoaria – sobretudo para clientes da alta fi-nança que desejavam um instrumento do tempo elegante e capaz de indicar simultaneamente as horas de vários pontos do mundo ou para o via-jante dos dias de hoje em constante movimento real e virtual. Uma marca contemporânea como a Franck Muller sempre teve em conta as neces-sidades do homem moderno com a inclusão de modelos dedicados a viajantes na sua colecção...

O mostrador do modelo Master Banker ini-cial assumia um pendor vertical, com os sub- -mos tradores dos dois fusos horários adicionais colocados em cima e em baixo no mostrador. Depois surgiram o cronógrafo Master Banker, o turbilhão Master Banker, o Master Banker com fases da lua... até que, a caminho da década de vida sobre o protótipo, a casa relojoeira suíça

[ Laboratório ]

texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia

97Espiral do Tempo 26 Laboratório

«A ideia de criar o Master Banker surgiu no seguimento de um estudo sobre as recentes necessidades do ser humano

no século XXI. Efectivamente, os homens contemporâneos estão constantemente em viagem – pelo que precisam

de um instrumento do tempo que lhes permita estar a par de vários fusos horários em simultâneo. O Master Banker

é o resultado de vários anos de pesquisa e desenvolvimento; o desafio era montar três fusos horários que pudessem

ser activados por uma só coroa, de modo a apresentar uma leitura da informação deveras clara, orientando­se sobre

o essencial».

Franck Muller sobre o conceito Master Banker

Page 98: Espiral do Tempo 26

Claro que o essencial num relógio é que, por mais belo que seja ou complicações

adicionais que apresente, funcione bem e seja preciso nas mais diversas con­

dições de utilização. Os testes de estanquicidade – numa Witschi ALC 2000 –

permitiram confirmar uma resistência à água até 30 metros, enquanto a análise ao

funcionamento na Witschi Wicometre Professional também revelou a fiabilidade

do mecanismo: avaliado em cinco posições (VB, coroa para baixo; VG, coroa à

esquerda; VH, coroa para cima; HB, horizontal com mostrador para baixo; HH,

horizontal com mostrador para cima), o Master Banker Fases da Lua apresentou

uma média entre as várias posições de apenas três segundos!

Os testes

98 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 99: Espiral do Tempo 26

efectuou uma remodelação técnica e estética que permitiu não só adicionar um calendário aos três fusos horários como também alterar a disposição dos submostradores para um plano horizontal. Antes, ficavam situados às 12 e às 6 horas; actual-mente, surgem nos dois lados (às 3 e às 9 horas) do eixo central.

A nova disposição permitiu abrir espaço no mostrador para outras complicações que pu-dessem satisfazer melhor os ímpetos criativos do Master of Complications. Como o Master Banker Lune, que ostenta às 6 horas um submostrador para a data analógica com uma abertura onde a lua dá um toque mais místico ao conjunto. Para melhor conhecer os segredos por trás de tão em-blemático modelo, fomos analisá-lo no estúdio de relojoaria da Torres Distribuição.

Do todo às parteO Master Banker Lune foi desmontado pelo re-lojoeiro Vítor Rosa e imediatamente se tornou pos sível constatar a grande qualidade dos compo-nentes – qualidade intrínseca de construção, mas também qualidade estética. A tão peculiar caixa de formato Cintrée Curvex em ouro de 18 qui-lates é soberba; o vidro em safira convexo neces-sitou de aturados estudos e incrementa o efeito de tridimensionalidade do conjunto; o mos trador é uma pequena maravilha, com as nuances em guil-

loché frappé soleil e os contrastes de cores a acom-panharem de modo ideal os ponteiros azulados ou luminescentes e os algarismos estilizados.

Mas o mostrador é apenas a tradução do co-ra ção mecânico do relógio. O mecanismo auto-mático, com rotor em platina 950 de grande den-sidade para optimizar a circulação, está equipado com uma roda dentada para as fases da lua (60 dentes para maior precisão) e apresenta o disposi-tivo que lhe granjeou fama: Franck Muller ideali-zou um sistema de acerto dos vários fusos horá- rios através de uma única coroa que posteriormen-te foi objecto de patente. A placa com o sistema Master Banker permite um acerto horizontal no complexo trem de rodagem do mecanismo.

Os dois fusos horários suplementares estão sincronizados com a hora central; outra particu-laridade é o facto de os ponteiros dos minutos desses fusos horários suplementares avançarem de meia em meia hora, porque existem bizarras décalages em algumas localizações no mundo: por exemplo, quando marca o meio-dia em Portugal e em Greenwich, são 15 h 30 m no Irão, 17 h 30 m na Índia e 17 h 45 m no Nepal! Uma novidade que a nova geração Master Banker regista é o fac-to de, por baixo de cada um dos dois submostra-dores, passarem a existir pequenos orifícios para indicação da altura do dia: se é dia (amarelo) ou noite (azul escuro) no respectivo fuso horário. ET

O Master Banker é um conceito mecânicoque permite fornecer três fusos horários em simultâneo e está

actualmente desenvolvido numa mini-colecção

dentro da colecção Franck Muller

Test result

MASTER BANKER LUNE

Movimento: Cronógrafo mecânico de corda automática com rotor

em platina 950.

Funções: Horas, minutos, segundos, data, triplo fuso horário com

indicação dia/noite e fases da Lua.

Caixa: Ouro branco 18k, vidro em safira e estanque a 30 metros.

Bracelete: Pele de crocodilo.

Referência: 8880 MB L DT

Preço: € 28.500

99Laboratório Master Banker Lune

Page 100: Espiral do Tempo 26
Page 101: Espiral do Tempo 26

107Espiral do Tempo 24 Primavera 2007

Saborear o TempoPousada de Ourém [108]

PerfilCarlos Joalheiro [102]

Saborear o TempoQuinta Vale de Fornos [114]

Saborear o TempoCasinha Velha [112]

Saborear o TempoPraia d’El Rey [110]

Livros [126]Acontecimentos [116]

101Espiral do Tempo 26 Outono

Page 102: Espiral do Tempo 26
Page 103: Espiral do Tempo 26

O clarim da alvorada tocava às seis da manhã. Tinham cinco minutos para estar no banho, cinco minutos

para se ensaboarem, cinco minutos para se pentearem e para fazerem a cama… o Tempo era

bem medido para os alunos da Escola de Relojoaria da Casa Pia de Lisboa, nos idos

de sessenta do século passado, quando Carlos Batista por lá andou.

A formaçãoÀ disciplina férrea juntava-se uma padronização que ia do vestir à distribuição dos bens dis-poníveis, num sistema social que, nas palavras do casapiano, «mais do que comunitário, era comunista»! A individualidade era anulada e «isso marcou-me e criou anticorpos em relação à uniformização, sobretudo quando é imposta», acrescenta.

Os psicotécnicos apontam-lhe o caminho da Escola de Relojoaria que, na altura, era considerada a melhor da Península Ibérica. Faz parte – juntamente com uma outra referên-cia da relojoaria nacional, o Mestre Américo Henriques – do primeiro curso inteiramente suíço aí ministrado; desde os técnicos às ferramentas, passando pelos equipamentos, tudo vinha da Suíça. O enquadramento dado pela formação helvética viria a temperar-lhe a re-beldia e a fortalecer-lhe o carácter e a ambição; ao aprender o peculiar ofício de relojoeiro, aprendeu a respeitar um mundo que passou a olhar como uma forma de arte. Do respeito à paixão foi um passo.

Ainda adolescente, vai trabalhar para Leiria onde regressa depois de três anos no Ultra-mar. Volta à mesma empresa, até que o inconformismo se impõe: «H á, em todos os casapia-nos, pela educação positiva que tivemos virada para a concretização de projectos e para a iniciativa, uma efervescência enorme dentro de nós, uma capacidade e uma vontade muito grandes. Se quiser, uma ambição para além do razoável. Não queria estar confinado a três metros quadrados, que era a dimensão da minha oficina!».

entrevista de Paulo Costa Dias | fotos de Nuno Correia

[ Perfil ]

103Perfil Carlos Joalheiro

texto Paulo Costa Dias | fotos Nuno Correia

Page 104: Espiral do Tempo 26

104 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 105: Espiral do Tempo 26

105Perfil Carlos Joalheiro

Cinco geraçõesCarlos Joalheiro

Av. Heróis de Angola, 109 • 2400­155 Leiria

tel: 24 481 45 46

www.carlos­joalheiro.com

geral@carlos­joalheiro.com

“Agrada-me pensar que o meu netovai usar com orgulho um relógio meu.”

A liberdadeAbriu o seu primeiro estabelecimento, uma ofici-na onde trabalhava para o antigo patrão, e «para quase tudo o que era ourivesaria e relojoaria do centro do país. Durante cerca de dez anos, fiz reparações de tudo o que se possa imaginar: relógios com complicações, sem complicações, relógios de parede e de sala, mecanismos de má-quinas de moldes, conta-quilómetros. Reparei tudo o que era aparelhos de precisão. Quando deixei de arranjar relógios de forma intensiva, já me havia passado pelas mãos, entre relógios e afins, cinquenta e tal mil peças. Tenho tudo registado» – remata, revelando a minúcia própria do ofício.

Entretanto nasce a Carlos Joalheiro com a per sonalidade que caracteriza o dono. Se a deco-ração da loja fez a diferença, a sua dimensão – cerca de 140 metros quadrados – esteve longe de consensual, contrariando tudo e todos: «Foi uma pedrada no charco. Há as pessoas que gostam da massificação e as que estão cansadas de andar de igual. Não copiámos nenhum conceito, nem produtos, e somos, provavelmente, a única relo-

joaria do mundo que não coloca os expositores das marcas».

A ligação à C.S. Torres Distribuição, apesar de arrufos próprios de velhos amantes, revelou- -se o apoio de que necessitava mas o grande pulo para a afirmação no comércio de alta-relojoaria dá-se um pouco mais tarde, no virar do século, fruto de um intenso trabalho local de marketing e comunicação.

A paixãoMas não é num comerciante de sucesso que Carlos Batista se revê. «Sou essencialmente um artífice», afirma. E um artífice apaixonado «pelo que é belo, pelo que é eterno. Não gosto do que é efémero, e as jóias, sobretudo as pedras, são de uma beleza fabulosa. Os diamantes são eternos, são carbono puro, é a matéria, a natureza na sua expressão máxima. Isso sensibiliza quem observa a essência destas coisas.». A conversa ad-quire foros filosóficos que a questão do Tempo não pode deixar de suscitar. Enquanto o Homem existir, o Tempo, o que quer que isto seja, será medido. Ora, a máquina mais fiável para o fazer

é o relógio mecânico, que o relojoeiro considera «a máquina mais perfeita que o Homem conse- guiu fazer. Fascina-me porque não polui, basta- -se a si própria, trabalha 24 horas seguidas durante gerações, e sem queixas! Transmite emoções e valores. Gosto especialmente da frase publicitária da Patek Phillippe: ‘não somos verdadeiramente donos de um relógio. Apenas o guardamos para a geração seguinte.’ Agrada-me o simbolismo da passagem de testemunho entre gerações. Agrada--me pensar que o meu neto vai usar com orgulho um relógio meu. Carregará com ele o meu tempo e o dele. Um relógio perpetua-nos, cria linhagem, ultrapassa o nosso tempo. Já vi pessoas desespe-radas venderem casas, terrenos, todo o tipo de coi sas, e o que lhes custa mais a vender são os relógios dos pais, dos avós…».

De facto, o que se vende nesta loja é bem mais do que ouro, diamantes ou relojoaria fina. Mais do que meros contadores do tempo ou grandes complicações, o que aqui se vende é o profundo conhecimento do que se expõe e a paixão de uma pessoa que assume a sua ambição, a sua irreverên-cia e, como bom português, a sua poesia. ET

Page 106: Espiral do Tempo 26

106 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

[ Saborear o Tempo ]

Posso-lhe jurar que não fazemos parte de nenhum grupo de pressão, seja de aeroportos ou do que for. Ainda assim, foi para oeste que nos dirigimos para saborear o tempo que

por ali se vive. Uma viagem reveladora do que vai mexendo nestas bandas, nas suas gentes, nos seus

costumes, no trabalho, no investimento. Começámos pelo resort da Praia d’El Rey, banqueteámo-nos

em Marrazes transpirando o Eça, surpreendemo-nos em Ourém e degustámos o passado na Quinta Vale de

Fornos à Azambuja.

texto Paulo Costa Dias | fotos Nuno Correia

A qualidadeEm Novembro passado, a Praia d’El Rey Golf & Beach

Resort ganhou o galardão de Golf Resort of The Year –

Europe 2007, pela primeira vez atribuído na Europa Con­

tinental. Foi uma óptima prenda para os dez anos que

agora se comemoram de um dos mais prestigiados,

premiados e elegantes empreendimentos europeus. O

impulso foi de um inglês apaixonado pela região, que

percebeu o enorme potencial da mesma e teve a capaci­

dade de o concretizar. A direcção do golfe cabe desde o

início a Eduardo Johnston da Silva, natural de Moçam­

bique, onde deu as primeiras tacadas ainda miúdo. É a

globalização no seu melhor! A verdade é que, depois de

percorrer a região até – quase – ao Baleal, deparamo­

nos com a entrada do resort a partir da qual damos um

salto brusco para um subúrbio de classe média­alta de

qualquer um dos mais desenvolvidos países do hemis­

fério ocidental!

Os prazeresDirigimo­nos a Leiria com o fantasma de Eça presente.

Sabemos que foi um eminente gastrónomo e foi nesta

cidade que escreveu e se desenrola a trama d’O Crime

do Padre Amaro. E como é de prazeres que falamos, mais

ou menos pecaminosos, fomos dar à Casinha Velha, em

Marrazes, que bem se poderia chamar ‘Casinha de Pra­

zeres’. Começa pelo arranjo do espaço, pela hospitalidade

do Ricardo, pela qualidade do serviço, pela superior gar­

rafeira, e acaba no exacerbamento da gula, pecado mor­

tal como sabemos. A verdade é que a cozinha é fradesca.

E que bem ficaria o Ricardo na pele de frade queirosiano

a discorrer sobre outro dos seus prazeres, a relojoaria…

A surpresaPara quem, como este vosso escriba, tem a pretensão

de conhecer razoavelmente este país, o poiso seguinte

foi uma autêntica revelação. Numa região que inclui

quase metade das ‘7 maravilhas de Portugal’, mas que

vive abafada pela omnipresença de Fátima, foi com es­

panto que conheci o pitoresco bur go medieval de Ourém.

Um espaço merecedor de uma forte aposta, que é quase

inexistente e que está a cabo, em exclusivo, das Pousa­

das de Portugal que aí têm a sua Pousa da Conde de

Ourém. Desde a sua inauguração, em 2000, que Con­

ceição Costa e Sousa está à frente desta unidade e foi

com a hospitalidade própria da alentejana que é, que

nos abriu os olhos para esta, relojoeiramente falando,

grande complicação!

As históriasParece que Cristóvão Colombo cirandou aqui por terras

da Azambuja a caminho da casa de D. João II, ali a Vale

Paraíso, ao cabo desta quinta. Estava o rei refugiado da

peste que assolava a capital quando o navegador lhe foi

dar a boa nova da descoberta da América. Outros tem­

pos… Sabe­se que rezou missa numa capela da zona, mas

se foi na desta quinta não existem certezas. Já as pouco

napoleónicas tropas gaulesas, é certo que ocuparam a

casa aquando das suas inúteis e saqueadoras invasões.

A senhorial casa foi mais tarde pertença de D. Antónia

Ferreira – a Ferreirinha – que a doou à sua filha casada

com o 3.º Conde da Azambuja. Muitas são as histórias

desta casa centenária e muitas são as histórias que ouvi­

mos com prazer de Graciete Monteiro, que dá hoje a cara,

com paixão, pela vinha e pelo surpreendente espaço que

é a Quinta Vale de Fornos.

Page 107: Espiral do Tempo 26

Santarém

Coimbra

Porto

Castelo Branco

���������������������������

�����������������������������

���������������������

���������������������������������

������

Lisboa

Leiria

107Saborear o Tempo Viagem ao centro de Portugal

Para o lado do mar, para onde o riose arrasta nas terras baixas entre dois renques de salgueiros pálidos,

estende-se até aos primeiros areais o campo de Leiria, largo,

fecundo, com o aspecto de águas abundantes, cheio de luz.

O crime do Padre Amaro – Eça de Queiroz

Imagem de Ourém, uma pérola entre as vilas portuguesas,

que surpreende pela beleza e preservação. Vale a pena visitar

este “burgo medieval” e seguir o roteiro que lhe propomos.

Page 108: Espiral do Tempo 26

108 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 109: Espiral do Tempo 26

Pousada de Ourém - A surpresa

O Pousada foi buscar espaço à Igreja da Misericórdia, ao

hospital e a algum do casario nobre desta Ourém que foi

um dos primeiros concelhos do País, com foral atribuído

por D. Teresa, filha de Afonso Henriques, em 1180. É ele­

vada à categoria de Condado por D. Pedro I e foi seu

terceiro Conde o Condestável D. Nuno Álvares Pereira. Um

neto deste e de D. João I, Mestre de Avis, de seu nome

Afonso, terá sido a mais influente personagem da terra,

deixando importantes marcas ainda hoje visíveis. O cas­

telo é anterior a 1178 e dentro do burgo amuralhado

ainda persistem inúmeros pontos de interesse, sobrevi­

ventes da imensa destruição causada pelo terramoto de

1755 e pelo saque das tropas francesas aquando das in­

vasões: sob o pavimento da Colegiada está a cripta de D.

Afonso, sendo o seu rosto considerado o melhor retrato

em Portugal esculpido antes do Renascimento; os fantás­

ticos torreões do castelo; o Paço do Conde; a Fonte Gótica,

obra única em Portugal da arquitectura deste período e

datada de 1434. Como aviso a incautos visitantes, reco­

menda­se que não se confunda esta Ourém com a outra

que se estende a seus pés. Siga as indicações de ‘Castelo’

ou ‘Pousada’ e prepare a alma para o passeio que se im­

põe com a deliciosa ginja da ti Maria ou a kisch de ginja e

champanhe na Pousada. E deixe­se surpreender.

Pousada Conde Ourém

Largo João Mansos ­ Castelos • 2490­481 Ourém

Tel. + 351 249 54 09 20

www.pousadas.pt

“Nós lidamos com a parte boa da vida.Por isso temos que estar bem dispostos.”

Conceição Costa e Sousa

Audemars Piguet

Lady Millenary • € 10.590

109Saborear o Tempo Pousada de Ourém

Page 110: Espiral do Tempo 26

Graham

Chronofighter RAC Black Fighter • € 5.990

Praia d’El Rey Golf & Beach Resort

Vale de Janelas – Amoreira • 2510­451 Óbidos

www.praia­del­rey.com

Praia d’El Rey - A qualidade

Aqui, a qualidade não é simplesmente apregoada. Atin­

ge­se! Com esforço e dedicação, «vestindo a camisola»,

como frisa Eduardo Johnston da Silva, toda a equipa que

supervisiona – a melhor, sublinha – dá o máximo para

atingir o patamar da excelência que tinha como objec­

tivo. Uma qualidade global que se entende como a soma

da qualidade ambiental, da jogabilidade, dos serviços

adjacentes e do apelo visual. «É muito importante que

todos os serviços prestados estejam em consonância com

a qualidade geral». Os serviços e, por exemplo, os inter­

valos mínimos de 10 minutos entre as horas de saída

ou o facto de o jogador ter quatro horas e 40 minutos

para terminar os 18 buracos. «Consegue­se outra rentabi­

lidade se reduzirmos estes tempos. Tendo mais pessoas

no campo maximizamos a facturação mas ao fazer isto

“Vejo nos relógiosobras-de-arte que são também obras

tecnológicas e fascina-me a sua

complexidade mecânica. Admiro

especialmente as marcas que

fazem ‘benchmarking’.”

Eduardo Johnston da Silva

comprometemos a qualidade», remata o responsável. A

variedade do campo torna­o um verdadeiro desafio e dá­

lhe um cunho dificilmente igualável: tem quatro buracos

ao longo do mar em perfeita harmonia com os declives

naturais do terreno e, dos 18 buracos, 13 têm caracterís­

ticas links como St. Andrews (ao longo do mar, com ve­

getação rasteira de flora endémica, dunas de areia, bun-

kers, vento). Os outros cinco buracos são em parkland,

com vegetação e pinheiros altos. Para os amantes do

golfe de qualidade, este campo revela­se imperdível.

110 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 111: Espiral do Tempo 26

111Saborear o Tempo Praia d’El Rey Golf & Beach Resort

Page 112: Espiral do Tempo 26

112 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 113: Espiral do Tempo 26

Franck Muller

Chronograph Automatic • € 14.140

Casinha Velha - Os prazeres

Ganhou a casa como presente de casamento, aos 24

anos. Passados dez anos, a formação hoteleira, a equipa

familiar que reuniu e as mãos de sonho da sogra fizeram

uma casa que se tornou numa referência na região. Aqui,

reúne os amigos clientes em famosos jantares temáticos

de vinho, e serve diariamente o que de melhor a gas­

tronomia regional tem para oferecer: o Galo no Forno, a

Fritada com Açorda e Migas ou a Feijoada à Cadaixa são

disso exemplo. Mas são as entradas que nos levam à per­

dição: o pimento recheado e trabalhado de uma forma

divinal, o folhado de queijo com mel e Vinho do Porto, o

souflé de camarão ou o camembert com doce de abób­

ora, entre inúmeras outras. «Quem se atira às entradas

fica por aí», confidencia­nos o anfitrião, acrescentando,

com alguma pena, «e não é para todas as bolsas». «In­

felizmente, nem todos podem dar 100 euros por uma

garrafa de vinho ou 50 euros por um charuto, como nem

todos podem dar 20 ou 30 mil euros por um relógio» –

uma outra paixão sua – «e às vezes os que podem não

lhes dão valor nem lhes extraem prazer», termina, pesa­

roso, Ricardo Costa. Porque vê­se que para este homem

as coi sas boas da vida deviam estar ao alcan ce e ser usu­

fruídas por todos aqueles que realmente as apreciam.

Um hedonista solidário, portanto.

Restaurante Casinha Velha

Rua Prof. Portelas, 23 – Marrazes • 2415­534 Leiria

www.casinhavelha.com

“É engraçado quandoas coisas se tornam mais complexas.

É a luta da vida. Quando atingimos

um determinado patamar, aprofundamos

os conhecimentos e renasce a ambição

de ir mais longe. É como a relojoaria.”

Ricardo Costa

113Saborear o Tempo Restaurante Casinha Velha

Page 114: Espiral do Tempo 26

Quinta Vale de Fornos

2050­365 Azambuja • Tel. + 351 263 40 21 05

www.quintavaledefornos.com

Quinta Vale de Fornos - As histórias

«Então eu não distingo uma couve de uma alface e

agora vou­me enfiar no campo?», disse Graciete Mon­

teiro, quando a Quinta Vale de Fornos foi adquirida pela

família, em 1972. Hoje, é a sua paixão pela quinta, pelo

negócio e pelas vinhas que retém a família. Compreen­

de­se. Acede­se aos 200 hectares desta propriedade

cheia de história por uma estrada de terra batida que

serpenteia entre sobreiros, até nos depararmos com um

surpreendente conjunto de edificações contrastantes

com o verde da paisagem. «A cor da casa é a de origem.

Não é pintada. É caiada com óxido de ferro.», explica a

anfitriã. Mas o mundo de Graciete Monteiro é o mundo

global. Viaja por ele há muito tempo, mede­lhe o pulso,

sente de que lado sopram os ventos e adapta­se. Diz que

o futuro da vinha portuguesa passa pela exportação e

crê que mercados como a China, a Angola ou o Brasil

ofe recem oportunidades douradas. «Mas espero que to­

dos entremos com vinhos de qualidade», frisa, sabendo

o que a casa gasta…

Foi este espírito e esta visão que a levaram a produ­

zir o primeiro DOC e o primeiro Cabernet Sauvignon riba­

tejanos. Graciete Monteiro estudou japonês, assistiu à

impressionante abertura do primeiro MacDonalds em

Moscovo e fica fascinada com os stands consecutivos

da Ferrari ou Rolls Royce em Pequim. Uma senhora em

todos os tempos e lugares que gosta «de relógios bons»

e que deixa a pergunta: «Porque é que os relógios de

certas marcas são agora arranjados em Espanha?».

114 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Page 115: Espiral do Tempo 26

115Saborear o Tempo Quinta Vale de Fornos

Page 116: Espiral do Tempo 26

[ Acontecimentos ]

Um grande evento da sétima arte marcou o terceiro trimestre deste ano: a 64ª ediçãoda Mostra de Veneza. A relação entre as mais conhecidas marcas da alta-relojoaria e os grandes eventos cinematográficos já é tradição, e mais

uma vez a Chopard, a Jaeger-LeCoultre e a Audemars Piguet foram presenças notadas. Este trimestre foi ainda prolífero em inaugurações: Rolex, F.P.

Journe, Audemars Piguet e Lange abriram novos espaços. Ainda uma referência para a primeira colecção de jóias de autor da Gilles Fine Jewellery.

116 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Royal Oak Offshore Shaquille O’Neal ChronographShaquille O’Neal é, sem dúvida, um dos ícones

do basquetebol, e a Audemars Piguet decidiu

fazer um tributo à carreira deste «gigante» com

a criação do Royal Oak Offshore Shaquille O’Neal

Chronograph. Este modelo é composto por uma

grande caixa em aço, de 48mm de diâmetro, e

o mostrador e os pontos da bracelete em pele

ostentam o branco e vermelho da Miami Heat,

a equipa actual do jogador. A indicação de que

é um modelo de uma série limitada surge grava-

da no fundo da caixa, juntamente com a imagem que reproduz o mais conhecido passe de “Shaq”:

o “afundanço”. A apresentação do Royal Oak Offshore Shaquille O’Neal Chronograph realizou-se em

Pequim. Wolfgang Sickenberg, director da Audemars Piguet Hong Kong, aproveitou o evento para ap-

resentar o campeão de basquetebol como um dos mais recentes embaixadores da marca.

Jaeger-LeCoultre apoia equipa de póloA Jaeger-LeCoultre anunciou a sua parceria oficial

com a equipa La Dolfina no grande campeonato

Argen tina Pólo Open 2007 e apresentou o novo

equipamento que a equipa, que venceu as duas

edições anteriores da competição em Palermo,

Buenos Aires, vai envergar na competição deste

ano. Considerado um dos melhores jogadores

de pólo do mundo, o capitão da equipa, Adolfo

Cam biaso (à direita na foto), que deu a cara pela

última campanha publicitária do Reverso Squa-

dra, simboliza o laço cada dia mais forte que une

a Jaeger-LeCoultre ao mundo do pólo. Num dese-

jo de se aproximar ainda mais deste desporto, a

Jaeger-LeCoultre decidiu apoiar a equipa de Adol-

fo Cambiaso – La Dolfina – na ocasião da com-

petição de pólo mais prestigiante do mundo. A

decorrer de 17 de Novembro a 9 de Dezembro de

2007, o torneio vai reunir os melhores jogadores

de pólo do mundo, que enfrentarão La Dolfina, a

equipa que conquistou o título de campeões nas

duas últimas edições.

Original ou falso? A onda da contrafacção atingiu a indústria relojoeira: os

mais recentes dados apontam para o fabrico de entre 30

e 40 milhões de relógios contrafeitos por ano. Os con­

trafactores aprenderam que estes produtos ilegais têm

de ser absolutamente fiéis nos detalhes aos produtos

originais de forma a conseguirem enganar o cliente fi­

nal. É, portanto, essencial examinar ao pormenor. O FOR­

TIS B­42 Official Cosmonauts Chronograph Automatic é

uma das mais recentes vítimas da contrafacção. A caixa

é idêntica em tamanho e forma ao FORTIS original e al­

ber ga um movimento de cronógrafo de quartzo. No seu

conjunto, a maioria das características do modelo fal­

sificado é igual às do modelo original em tamanho e

forma. A falsificação é muito fiel ao mostrador do FORTIS

B­42 Chronograph. Até o fundo da caixa e a coroa têm

grava do o logótipo da FORTIS, tal como o original. Apesar

de o exterior de um relógio contrafeito poder ser muito

semelhante ao de um original, é vital realçar que o que

está por dentro – o movimento – já não é alvo de tantas

preocupações por parte dos contrafactores e deixa muito

a desejar quando comparado com o original.

Page 117: Espiral do Tempo 26

117Acontecimentos

Raymond Weil junta-se a Lemar A Raymond Weil juntou­se ao cantor de soul britâni­

co Lemar para apoiar o centro Nordoff­Robbins Mu­

sic Therapy, o maior centro de terapia musical no

Reino Unido. No final de Junho, o famoso “Silver

Clef Lunch” realizou­se no Hilton em Park Lane,

Londres, a favor do Nordoff ­Robbins Music Therapy.

Ao evento compareceram várias celebridades e per­

sonalidades do mundo da música. Na ocasião, um

relógio exclusivo, especialmente desenhado pela

Raymond Weil para a estrela do soul britânico, Le­

mar, foi leiloado. As receitas do leilão foram doadas

para a caridade. Fundado em 1974, o centro Nord­

off­Robbins Music Therapy baseia­se na crença de

que a música é uma linguagem universal, à qual to­

dos respondem, independentemente das doenças

ou deficiências de que possa padecer. Já antes a

Raymond Weil desenhou modelos exclusivos para

cantores excepcionais como Craig David e Jay Kay

que angariaram um total de cerca de 124 mil euros

ao leiloarem os seus modelos.

Auto-retratos de Fátima Mendonça na Galeria 111A pintora Fátima Mendonça (n. 1964) tem vindo a

construir, desde o início dos anos 90, um universo

figurativo e narrativo que conjura e subverte, com

humor, sarcasmo e violência expressiva, a imagem

tradicional da mulher. Nesta nova exposição, “Com

Dedicação e afecto, da Fátima”, que decorre na

Galeria 111, em Lisboa, de 15 a 27 de Outubro, a

artista aventura­se noutra vertente, apostando nos

auto­retratos. Fundada em 1964, a Galeria 111 é

a mais antiga galeria portuguesa sem interrupção

de funcionamento desde a sua abertura. Todas as

informações sobre esta e outras exposições em

www.galeria111.pt.

Rolex abre loja em ParisFoi no número 56 da rua de Rennes, perto de

Saint-Germain-des-Prés, que a Rolex abriu a

primeira boutique na Europa. A loja vai ser de

venda exclusiva de modelos da marca e vai ter

disponível em stock, no mínimo, um modelo de

cada relógio, além de uma grande variedade de

braceletes, mostradores e outros componentes.

A loja pode parecer pequena ao pensarmos na di-

mensão do sucesso da marca. Ladeada pelas lo-

jas Céline e Loft, tem duas montras no meio das

quais está a porta de entrada. O acolhimento é

atencioso, mas a loja, lançada por Jean Lachaus-

sois (proprietário das lojas Les Montres) não é

realmente grande - 78 m2. No rés-do-chão, tendo

uma decoração sóbria como cenário, dois fun-

cionários apresentam aos clientes uma selecção

das diferentes colecções Rolex que estão expos-

tas em vitrinas que ocupam as paredes. A loja

dispõe ainda de um salão e de um atelier com

relojoeiros Rolex.

A paixão pela engenharia de excelênciaA Audemars Piguet, uma marca conhecida pela sua afinidade ao mundo dos motores, decidiu associar

o seu nome a um rali de prestígio: o RAID Suisse-Paris. Parceira oficial da Maserati, e tendo como

em baixador Rubens Barrichello, a Audemars Piguet patrocinou também o Grande Prémio de Montreux

em 2006 e foi ainda parceira oficial do Tour Auto Lissac nas suas duas últimas edições. Com esta nova

parceria, a marca vem cimentar a sua imagem de aficionada pela engenharia de excelência. Em Agosto,

os participantes do RAID Suisse-Paris partiram de Basel para chegarem a Paris em três etapas. Os con-

correntes atravessaram paisagens magníficas, passando por Dijon e Orléans, até chegarem à meta, em

Château de Rambouillet. Houve também um espaço reservado no salão para celebrar a recente vitória

do Alinghi na America’s Cup.

Page 118: Espiral do Tempo 26

Jaeger-LeCoultre festeja 64.ª Mostra de VenezaPara celebrar os três anos de parceria com um dos mais glamorosos festivais da sétima arte, a Mos-

tra de Veneza, que se realizou de no final de Agosto e início de Setembro, a célebre casa suíça de

alta-relojoaria protagonizou todos os grandes momentos do evento: da entrega do Leão de Ouro à

celebração do património cinematográfico, acompanhando as estrelas presentes. Como que em eco

do 75º aniversário da lendária colecção Reverso, também a Mostra apagou este ano as 64 velas. Para

comemorar o duplo aniversário, a Jaeger-LeCoultre criou uma colecção única de alta joalharia. Tendo

como público-alvo as grandes personalidades que participam no evento, estas peças excepcionais fo-

ram apresentadas em exclusivo no terraço «Jaeger-LeCoultre Nikki Beach». Em homenagem ao cinema,

a marca suíça decidiu recompensar os laureados deste ano com peças únicas da lendária colecção

Reverso, personalizadas com a efígie do leão de Veneza.

118 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Museu do Relógio “em alta”O Museu do Relógio teve, em Julho e Agosto, uma

média de 100 visitantes diários, nomeadamente

tu ris tas oriundos de todo o território nacional

mas também viajantes de todo o Mundo. Para o

Alentejo profundo é uma mais valia que existam

atracções turísticas/culturais como o Museu do

Relógio que anualmente atrai cerca de 30 mil tu­

ristas a Serpa e consequentemente ao Alentejo.

A maioria dos visitantes do museu são crianças

acompanhadas pelos seus pais (que até aos 10

anos não pagam entrada). Em Outubro o museu

expõe “250 anos de Relógios Mecânicos Usados

no Norte” no Casino da Figueira – Figueira da Foz

– fruto do convite efectuado pelo Grupo Amorim

Turismo. O Museu do Relógio é o único Museu auto­

­sustentável em Portugal (sem qualquer ajuda go­

vernamental, autárquica ou empresarial), vivendo

dos seus visitantes, da sua oficina de restauro e

da sua loja. (www.museudorelogio.com)

Porsche Design Edition 1:uma caixinha de surpresasPor ocasião do International Frankfurt Motor Show

(IAA), o grupo Porsche Design e a Dr. Ing. h.c. F.

Porsche AG apresentaram o Porsche Design Edition

1, uma edição limitada de 777 carros que consiste

num Porsche Cayman S preto com design especial,

que vem acompanhado de uma caixa especial que

contém uma selecção de produtos Porsche Design.

A caixa é composta por um cronógrafo de quartz

Porsche Design, um canivete, uma caneta, um par

de óculos de sol e um porta­chaves. Em homenagem

ao “Chronograph 1”, que Ferdinand Alexander

Porsche desenhou há 35 anos, todos os produtos são

pretos, até mesmo a lâmina do canivete. O nome de

Ferdinand Alexander Porsche tem sido um símbolo

de funcionalidade, intemporalidade e design clean.

Não só F. A. Porsche desenhou o primeiro Porsche

911, como também fundou o Porsche Design Studio

em Zell am See, Áustria. Tanto o carro desportivo

como a caixa especial que o acompanha vão estar

limitados a 777 unidades.

[ Acontecimentos ]

Page 119: Espiral do Tempo 26
Page 120: Espiral do Tempo 26

[ Acontecimentos ]

120 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

Lange & Söhne adopta novo conceito de vendaA manufactura alemã Lange & Söhne, herdeira da tradição relojoeira saxónica, acabou de abrir em

Dresden a sua primeira academia, que vai permitir aos retalhistas e apreciadores da marca descobrirem

o universo dos relógios da Lange e dos detalhes habituais. A marca desenvolveu recentemente um

conceito inovador de vendas, que passa pela criação de academias, onde qualquer amante da alta-

-relojoaria pode ver a precisão, mostrada pela primeira vez fora dos seus ateliês. O primeiro desses

universos exclusivos foi inaugurado no dia 25 de Julho no número 8 da Töpferstrasse, em Dresden –

um universo Lange numa escala mais pequena, mas onde a história e a filosofia da A. Lange & Söhne

se fazem sentir.

F.P.Journe: um espaçode conhecimentoAssim que chegou a Genebra, François-Paul

Journe apaixonou-se pelo edifício imponente lo-

calizado na esquina entre a Rue de la Synagogue

e a Rue de l’Arquebuse. Quando ainda estava nos

primeiros passos, com apenas duas pessoas a

trabalhar para ele, conseguiu alugar um pequeno

espaço no edifício do seu coração, que acabou

por tornar-se um reflexo do seu crescimento – ao

mesmo tempo que a marca F.P. Journe se con-

solidava o edifício foi-se reformando para acolher

na totalidade os trabalhadores que a transfor-

maram num dos mais reconhecidos nomes da

alta-relojoaria. Agora, a entrada principal do edi-

fício tornou-se a entrada para a nova área de

exposições da marca, equipada com a mobília,

suporte multimédia e expositores necessários

para fazer exposições públicas, reuniões privadas

e outros eventos. O espaço está aberto ao públi-

co mediante marcação de visita.

Page 121: Espiral do Tempo 26

121Acontecimentos

Audemars Piguet inaugura loja em TóquioNo início de Julho, a Audemars Piguet inaugurou a sua nova loja nos primeiros dois andares de um

edifício de dez pisos em Tóquio, na zona de Ginza. A nova loja permite uma exposição excelente

dos relógios da marca, com os restantes pisos do edifício a albergar outros serviços da Audemars

Piguet, como apoio ao cliente, escritórios e uma suite VIP no último andar. O reconhecido arqui-

tecto e designer Yasumichi Morita criou uma fachada audaciosa para realçar a estrutura distinta do

edifício, que mistura a simplicidade das linhas com acabamentos requintados, inspirada no meca-

nismo dos relógios da AP. O designer incorporou também no espaço o conceito da lanterna Andon,

uma forma tradicional de iluminação japonesa. Jasmine Audemars, presidente da Audemars Piguet,

Georges-Henri Meylan, CEO da Audemars Piguet, e Go Mugino, director & CEO da Audemars Piguet

Japão, receberam amigos e parceiros numa festa de pré-inauguração exclusiva.

Rolex patrocina Semana Internacional de Vela A Rolex e o Yacht Clube de Ilhabela anunciaram a

parceria que terá início na próxima edição do maior

evento náutico do Brasil: a Rolex vai ser a patroci­

nadora oficial da Semana Internacional de Vela de

Ilhabela, que a partir deste ano passa a ser cha­

mada Rolex Ilhabela Sailing Week. A regata, que

há muito tempo é uma tradição na vela brasileira

e tem conquistado reconhecimento global, junta­

­se à lista de eventos internacionais da Rolex que

marcam a história da vela e contam com os mais

competitivos barcos e velejadores da actualidade.

Na América Latina, já faz parte deste grupo, o Circui­

to Atlântico Sul Rolex Cup, que ocorre bienalmente

entre as cidades de Buenos Aires e Punta del Este.

A Rolex é reconhecida por estar presente nalguns

dos principais eventos desportivos do mundo e es­

colheu a Rolex Ilhabela Sailing Week para ser o pri­

meiro evento patrocinado pela empresa no Brasil.

Chopard em 2006: vendas em altaA marca relojoeira­joalheira genovesa Chopard con­

seguiu no ano passado um volume de negócios de

«cerca de 720 milhões de francos, um crescimento

de cerca de 10%», anunciou o vice­presidente Karl­

Friedrich Scheufele. A sociedade pretende criar 130

novos postos de trabalho este ano. Com esta vaga

de contratações, os efectivos da empresa deverão

somar 1650, em todo o mundo, no final do ano,

avança Scheufele, numa entrevista à «Le Temps».

O responsável acrescenta ainda que a Chopard

produz cerca de 75.000 relógios e 75.000 jóias por

ano. Cada um dos sectores gera 50% dos rendi­

mentos totais da sociedade. O principal mercado da

Chopard é a Europa, bloco do Leste incluído, que

representa 45% das vendas, seguido do Extremo

Oriente (30%) e os Estados Unidos (18%). Scheufele

considera que a China é «o país que apresenta o

maior potencial».

Aposta em novos talentos musicaisCom reconhecida actividade de mecenas no mundo

da arte e da Cultura, a Raymond Weil, através do RW

Club, decidiu organizar um concurso que distinguirá

um jovem talento musical. Os membros do clube

vão votar qual entre os concorrentes levará para

casa um prémio de 5 mil dólares. A Raymond Weil

é uma casa relojoeira suíça que desde a sua criação

investe na descoberta de novos artistas. Este ano,

o Clube Raymond Weil decidiu oferecer aos jovens

talentosos a oportunidade de darem a conhecer as

suas criações musicais, dentro de todos os géneros

de música.

Page 122: Espiral do Tempo 26

Espiral do Tempo 26 Outono 2007

[ Acontecimentos ]

Jaeger-LeCoultre no lançamento da autobiografia de Alek WekA Jaeger-LeCoultre doou um modelo Reverso para ser leiloado durante o

lançamento da autobiografia de Alek Wek – «Alek: De Refugiada Sudanesa

a Supermodelo Internacional» – que decorreu no início de Setembro, em

Nova Iorque. As receitas do leilão foram inteiramente doadas à organização

Médicos sem Fronteiras. Alek Wek exibiu um Jaeger-LeCoultre Reverso no

pulso na noite do evento.

Embaixadora Audemars Piguet seduz VenezaA famosa actriz Michelle Yeoh, embaixadora da Au-

demars Piguet desde 2005, visitou a 64ª edição

da Mostra de Veneza, um dos mais importantes

eventos mundiais da sétima arte. A actriz esteve na

cidade italiana no final de Agosto, juntamente com

o restante elenco do filme “Far Borth (True North)”

do realizador Asif Kapadia, em que participa. Du-

rante o evento, Yeoh usou as mais recentes criações

relojoeiras da Audemars Piguet – na conferência de

imprensa, exibiu um Turbilhão e Cronógrafo Jules

Audemars no pulso e no tapete vermelho a actriz

escolheu usar um relógio Millenary Précieuse.

122

Page 123: Espiral do Tempo 26

123AcontecimentosAcontecimentos

Nova colecção Panerai apresentada em pleno TejoUm dia de Verão e um passeio no Tejo a bordo de um veleiro histórico mostrou ser o cenário ideal para

o desvendar da nova colecção de relógios da mítica Panerai. No final de Julho, a Anselmo 1910, uma

referência no panorama da relojoaria e joalharia em Portugal, convidou os seus clientes para um final

de tarde descontraído; um passeio a bordo do Veleiro Leão Holandês com o intuito de dar a conhecer

a nova colecção de relógios da Panerai. Foi uma tarde agradável que conjugou a descontracção com o

requinte a que a Anselmo 1910 já habituou os seus clientes.

Exportações de relógios suíçosmelhores do que nuncaAs exportações de relógios e mecanismos helvéti­

cos têm assistido a um grande crescimento. As ex­

portações de relógios suíços atingiram em Julho um

crescimento histórico de 27% para 1,46 mil milhões

de francos suíços (890 milhões de euros). Esta foi a

maior taxa de progressão em dois anos. A China, e

em particular Hong Kong, que beneficia de um re­

gime fiscal atractivo para estes produtos, importou

da Suiça 203 milhões de francos em mecanismos,

o que constituiu um aumento de 39% nas impor­

tações deste país. Já os Estados Unidos, primeiro

mercado para os relógios suíços, recuou 1,9% nas

importações para 209 milhões de francos.

O valor de um sonhoA Gilles Fine Jewellery apresentou no início de Se­

tembro a sua primeira colecção de jóias de autor,

num evento especialmente concorrido. A “The Love

Collections” é um tributo que José Gil presta à sua

mulher, Lurdes Gil – uma senhora especial que já

não se encontra entre nós mas que marcou todos os

que com ela privaram pela sua determinação, bom

gosto e paixão pela vida. Partindo destes valores, a

Gilles desafiou três designers a criarem peças exclu­

sivas. As colecções de Maria João Costa, Gabriel

Ribeiro e Susana Martins têm como traço comum

a utilização de materiais nobres, como o ouro e os

diamantes, além da atenção dada aos detalhes,

como forma de expressão do percurso de uma vida.

Do empenho destes criadores resultou uma vasta

colecção de mais de 100 peças que vão de colares a

brincos, de anéis a pendentes, de peças com grande

simbolismo a outras de grande valor conceptual.

Page 124: Espiral do Tempo 26

[ Acontecimentos ]

Bisontes voam com relógios FortisA esquadra de transportes da Força Aérea Portuguesa, 501 - Bisontes, comemorou em meados de Se-

tembro o seu trigésimo aniversário com uma série de iniciativas na Base Aérea n.º 6, no Montijo. Destas,

destacou-se como o ponto alto do evento, uma sui generis largada de carga aérea de um dos Hércules

C-130 que compõem a referida Esquadra. Tratou-se de uma palete contendo os 130 relógios Fortis da

série limitada “30 anos Esquadra 501 – Bisontes” que assinalaram tão importante data. Alguns dias

antes, o COFA Ten. General Alfredo Cruz, o Comandante da Esquadra Ten. Cor. Azevedo Santos e Francis-

co Amaro, representante da empresa importadora da marca, a Torres Distribuição, tinham-se deslocado

à fábrica, em Grenchen. Na Suíça, foram amavelmente recebidos pelo presidente da Fortis e mulher, que

os acompanharam numa inédita visita à fábrica, bem como num muito bem disposto jantar.

1 Colocação da carga com os 130 relógios Fortis de série limitada.

2 Abertura da carga onde estão os relógios Fortis para a Esq.501.

3 Comandante Azevedo Santos com a placa comemorativa desta acção.

4 O COFA Tenente General Alfredo Cruz, durante a visita à Fortis.

5 Peter Peter, CEO da Fortis recebe das mãos do COFA Tenente General Alfredo Cruz e do Comandante da Esquadra Tenente Coronel Azevedo Santos o quadro alusivo ao 30º aniversário da Esquadra 501 ­ Bisontes.

6 Fotografia de grupo dos vários elementos envolvidos nesta acção.

7 O C­130 que transporta a carga aérea com os 130 relógios Fortis, série limitada.

Espiral do Tempo 26 Outono 2007124

Page 125: Espiral do Tempo 26

Numa final muito disputada, a equipa Labrador

arrebatou no fim-de-semana de 15 e 16 de Setem-

bro o IV Porsche Banif Polo Cup que teve lugar no

Monte dos Duques em Santo Estevão. O torneio

inaugurou o novo campo de Polo no Monte dos

Duques e contou com uma assistência de mais

de 1000 pessoas. Neste exclusivo evento, sobres-

saiu a emoção dos jogos dentro de um fantás-

tico ambiente desportivo e social. Os jogos das

eliminatórias decorreram no sábado opondo as

equipas Strategos - Labrador e Nespresso - Jason

Associates. À final foram a Labrador e a Jason As-

sociates, saindo a primeira vitoriosa. Ao mesmo

tempo, os convidados tiveram a oportunidade de

testar toda a gama Porsche num pequeno per-

curso montado para o efeito pela Escola de Con-

dução Porsche. Na tenda VIP, a Gaggenau montou

uma sofisticada cozinha onde o Chefe Chakkal

preparou deliciosas iguarias para os convidados

degustarem.

Porsche Banif Polo Cup com assistência recorde

TAG Heuer: montras inovadorasÉ a primeira vez, em Portugal, que uma mon-

tra de relógios une som, imagem e movimen-

to. O mérito é da TAG Heuer, que criou mon-

tras inovadoras para a sua exposição “Motor

Racing”. Em destaque nestas montras estão

os clássicos das colecções Carrera e Monaco,

que são acompanhados por alguns modelos

das colecções Formula 1,Aquaracer e ainda o

SLR. Quem foi apreciar a montra pode ouvir

o som constante de um carro de F1, ver um

vídeo do piloto da McLaren Fernando Alonso

e assistir a uma corrida numa pista de car-

ros em miniatura entre um SLR e um F1 da

McLaren. Faz ainda parte da montra uma

imagem em tamanho real do também piloto

da McLaren Lewis Hamilton, que tem feito

as delícias dos amantes das grandes veloci-

dades, que aproveitam para tirar fotografias

ao lado da estrela da F1. A exposição “Motor

Racing” teve o seu arranque na Jóia Pura, no

Montijo, em Junho e vai continuar a correr o

país até meados de Outubro.

125AcontecimentosAcontecimentos

Page 126: Espiral do Tempo 26

[ Livros ]

Montres SportivesO livro convida o leitor a viajar ao longo dos anos

com que se faz a história da relojoaria de precisão. As

técnicas, os homens que as concretizam e as marcas

que ousam criá-las são o tema central deste livro que

se organiza em oito capítulos que vão desde o fun-

cionamento dos relógios desportivos, dos cronógrafos

e cronómetros até à apresentação dos modelos que

contam a evolução das peças de precisão.

• Por Constantin Parvulesco • Edições ETAI

• Texto em Francês • Formato 30 x 25 cm

• 178 páginas • Capa dura • € 65

A arte de medição do tempo, em geral, e a tradicional arte relojoeira, em particular, constituem um mundo fascinante e mesmo viciante. Como tal, a história da relojoaria, a complexidade das complicações micromecânicas,

a evolução do design, a respectiva inserção na conjuntura socioeconómica e as lendas da indústria relojoeira surgem bem documentadas em vários

livros que prometem ser uma leitura extremamente agradável para os aficionados. Alguns desses livros são mais técnicos, outros mais históricos,

outros são mais uma espécie de catálogo de marcas. Alguns são para principiantes, outros para coleccionadores experimentados. Mas todos eles

despertam o interesse de quem aprecia tudo sobre a relojoaria: factos históricos, curiosidades, anedotas, mitos.

Jaeger-LeCoultre - La Grande Maison

Este é o livro referência sobre a Jaeger-LeCoultre, a ‘Gran de Casa’ relojoeira fundada por Antoi-

ne LeCoultre. Ao longo das quase 400 páginas são apresentas dezenas de criações antigas e

alguns dos relógios com que a marca tem surpreendido o universo relojoeiro. As mais de 600

ilustrações, as fotografias e os textos tornam esta obra indispensável para um apaixonado

da bela relojoaria.

• Por Franco Cologni • Edições Flammarion

• Texto em Francês • Formato 25 x 29 cm

• 381 páginas • Capa dura • € 165

126 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

MontresO inventário do especialista

Organizada por décadas, esta obra propõe-nos uma

viagem de descoberta dos modelos e dos nomes da

indústria relojoeira que fizeram história ao longo de

todo o século XX. As fotografias dos relógios mais em-

blemáticos de cada época estão em destaque, bem

como os pormenores técnicos de cada peça e a fechar,

um glossário com termos técnicos.

• Por René Pannier • Edições Vilo Paris • 219 páginas

• Texto em francês • Formato 18 x 24 cm

• Capa semi-dura • € 45

Les montres et horloges de table du Musée du Louvre - Tome II

As mais de duas centenas de relógios de bolso e de

mesa, balizados entre os séculos XVI a XIX, analisados

pela conservadora Catherine Cardinal, compõem este

segundo volume. O catálogo com peças de diferentes

colecções, permite descobrir mais os objectos de arte

guardados no Musée du Louvre.

• Por Catherine Cardinal • Texto em francês

• Edição Réunion des Musées Nationaux

• Formato 26 x 27 cm • 239 páginas

• Capa dura • € 65

Page 127: Espiral do Tempo 26

La folie des montres

Um pequeno livro quadrangular de leitura simples e rápida, com vários capítulos referentes a

diversos tipos de abordagem relojoeira e com a ilustração de um relógio por página. Apresenta

fotografias dos relógios de pulso mais marcantes do século XX e de alguns modelos de excepção

verdadeiramente raros.

• Por G.-A. Berner

• Edições Société du Journal La Suisse Horlogère SA.

• Formato 15 x 21 cm • 1150 páginas • Capa dura • € 30

Vrais & Fausses MontresUm dos grandes temas da actualidade em relação à

indústria do luxo é o fenó me no da contrafacção, sendo

um dos sec tores mais vulneráveis a este flagelo econó-

mico, justamente, o sector relojoeiro, nomeadamente

no ‘ataque’ que é feito às marcas mais prestigiadas. Daí

a pertinência deste livro que nos ajuda a destrinçar o

‘trigo do joio’ mostrando as diferenças, bem mais ób-

vias do que se pensa, entre o original e as cópias.

• Por Fabrice Guêroux • Edição ArgusValentines

• Texto em Francês • Formato 15 x 21,5 cm

• 320 páginas • Capa dura • € 65

Encomende os seus livros com 15% desconto para os assinantes da revista

Fotocopie este questionário e preencha-o.

Junte um cheque endereçado à Company One no valor da encomenda e envie para:

Espiral do Tempo, Departamento de Livros e Catálogos > Av. Almirante Reis, 39 > 1169-039 Lisboa > Portugal

Nome: Idade:

Endereço:

C. Postal: Localidade: País:

E-mail: Tel.: Tm.: Profissão:

Pretendo encomendar os livros n.º Cheque n.º Banco:

La Cote de Montres Modernes et de Collection

Este livro ajuda-nos a aferir o valor de cerca de 650

modelos das principais marcas, pelo que se torna um

livro fundamental para quem faz colecção, para todos

os que o desejam vir a fazer ou para aqueles que têm

a sorte de herdar algum dos relógios de pulso encon-

trados no armário do sótão, na quinta do avô. Aqui en-

contra as principais características, o preço caso ainda

seja produzido e a cotação atribuída.

• Por MMC • Edição ArgusValentines

• Texto em Francês • Formato 21,5 x 30 cm

• 219 páginas • Capa dura • € 80

Dictionnaire professionel ilustré de l’horlogerie

Conhecido como Dicionário Berner, é uma verdadei-

ra enciclopédia consagrada à medição do tempo com

4800 termos técnicos em francês, alemão, inglês e es-

panhol. Um documento de referência único no mundo,

indispensável tanto para os entendidos como para os

amantes da melhor relojoaria.

• Por G.-A. Berner

• Edições Société du Journal La Suisse Horlogère SA.

• Formato 15 x 21 cm • 1150 páginas

• Capa dura • € 235

Page 128: Espiral do Tempo 26

[ Internet ]

www.jaeger­lecoultre.com

www.torresdistrib.com

www.fpjourne.com

www.raymond­weil.com

www.chopard.com

www.porsche­design.com

www.thebritishmasters.com

www.audemarspiguet.com

128 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

www.hautehorlogerie.org/en/

Tudo sobre a alta-relojoaria: do passado ao presente

O site da Fondation de la Haute Horlogerie (FHH) é uma boa ferramenta para os profissionais da relojoaria e para

os aficionados. Actualizado diariamente, lá encontram­se todas as novidades do mundo da alta­relojoaria. Com um

design simples, que permite uma navegação fácil, o site está dividido em três secções: Jornal, Eventos e Cultura. Na

primeira secção, o leitor pode encontrar as novidades de todas as grandes marcas, as notícias mais recentes sobre

relojoaria e ligações para artigos publicados na imprensa. Na secção Eventos, pode saber tudo sobre o SIHH (Salão

Internacional da Alta Relojoaria) e eventos similares, e na Cultura pode aceder a uma Timeline que conta toda a his­

tória da relojoaria desde os primórdios, um glossário dos mais importantes termos relacionados com relógios, uma

enciclopédia e a apresentação dos principais “jogadores” do mundo da alta­relojoaria. Consagra ainda um espaço a

artigos sobre a contrafacção e a preservação da relojoaria. Um espaço a visitar.

Page 129: Espiral do Tempo 26

[ Assinaturas ]

Nº 1 • € 5 Nº 2 • € 5 Nº 3 • € 5 Nº 4 • € 5 Nº 5 • € 5 Nº 6 • € 5 Nº 7 • € 5

Nº 8 • € 5 Nº 9 • € 5 Nº 10 • € 5 Nº 11 • € 5 Nº 12 • € 5 Nº 13 • € 5 Nº 14 • € 5

Nº 15 • € 5 Nº 16 • € 3,5 Nº 17 • € 3,5 Nº 18 • € 3,5 Nº 19 • € 3,5 Nº 20 • € 3,5 Nº 21 • € 3,5

Nº 22 • € 3,5 Nº 23 • € 3,5 Nº 24 • € 3,5 Nº 25 • € 3,5

Caso queira encomendar um número anterior da Espiral do Tempo,

envie-nos uma carta para: Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa, juntando

a quantia respectiva em cheque. Não esquecer de colocar remetente.

O cheque deverá ser emitido em nome de: Company One, Lda.

Assinaturas

Assinatura para 8 edições (dois anos): • Portugal € 28 • Europa € 60 • Resto do mundo € 80

Fotocopie este questionário, preencha, junte um cheque emitido/endereçado a: Company One, Publicações Lda.

Av. Almirante Reis, 39 1169-039 - Lisboa - Portugal

A assinatura deverá ser feita em nome de:

Morada: C.Postal: –

Localidade: Profissão: Datadenascimento:

Cont.: Tel: Tm.: Email.:

Pretendo assinar a partir da edição n.º: (inclusive) Cheque n.º: Banco:

Como se vê no mundo dos relógios? Onde viu a Espiral do Tempo?

Coleccionador Apaixonado Curioso Banca TAP Relojoaria Hotel/Golfe

De que tipo de artigos mais gosta? E neste número de que mais gostou?

Page 130: Espiral do Tempo 26

Junho, 15hA bordo de um barco fretado pela Audemars Piguet,

acom panhámos durante cerca de duas horas, ao lar-

go de Valência, como que sentados numa primeira

fila ima ginária de uma plateia flutuante, as peripécias

da quinta regata da «über» milionária America’s Cup

dispu tada entre o team Alinghi, do qual a AP é um dos

patrocinadores, e o team New Zealand, na posição de

Challenger.

Os «Kiwis» que na largada tinham logrado tomar a

dianteira, fruto (digo eu) de uma melhor interpretação

dos ventos dominantes nos minutos que antecederam

a partida (não estática) e de várias manobras bem-su-

cedidas de navegação, vieram a perder essa vantagem

no terço final da regata, quando o spinnaker cedeu,

ao ser desfraldado, aos ventos fortes que nessa tarde

sopravam naquelas partes do Mediterrâneo. A vitória

do Alinghi, que até essa regata estava empatado com

o Challenger a 2 – 2 e que, sem o sabermos, prenun-

ciava já a vitória final nesta edição da Cup, por uns

claros 5-2, foi ruidosamente festejada pelos muitos

suíços que estavam em Valência, agitando frenetica-

mente enormes badalos que nenhuma vaca daquelas

que tradicionalmente ornamentam a chocolataria e os

postais ilustrados helvéticos alguma vez aguentaria

ao pescoço. O Belzebu que escolha entre a chinfrineira

do badalo e a da corneta de ar comprimido que se

ouve no futebol.

A estadia em Valência, embora curta, também ser-

viu para constatar o desenvolvimento da cidade, a

que obviamente não será estranho tudo o que gravi-

ta à volta do maior evento náutico, mas que não se

fica por aí. O empreendedorismo e as vistas largas

do povo espanhol são a principal causa do fosso que

cada vez mais nos distancia. Ao contemplar as obras

do arquitecto Santiago Calatrava que compõem a no-

vel Cidade das Artes e das Ciências em Valência, por

alguma razão me veio à memória a polémica à volta

do Parque Mayer...

Julho, 10h 15mA learning curve gastronómica no rebaptizado

«Allgarve» estival é amarga ao palato e quase sem-

pre pesada para a bolsa, por mais viajada que esta

seja. Exemplos: no bar da bem arranjada concessão

de praia que dá pelo nome de Nikki Beach, uma de-

senxabida bica morna pode ser sua a troco de uns

imodestos € 3,5; e, se for jantar ao vizinho restauran-

te Búzios – não confundir com o Búzio de Quarteira –,

atraído pelo azul claro nórdico das madeiras pintadas

e pela esplanada em frente ao mar, prepare-se para o

preço do couvert. É que três pires de cenouras saloias

cortadas às rodelas com alho, mais umas azeitonas

medíocres e uns pacotinhos de manteiga para barrar

no papo-seco ultrapassam o preço de uns salmonetes

bem grelhados noutro lado.

Questionado o empregado sobre o engano da

máquina registadora, foi-me dito, enfática e enfadada-

mente, que era mesmo assim, que o preço do couvert

não era calculado em função do número de pires, mas

antes multiplicado pelo número de comensais! Nada

mal pensado não senhor, não fora a circunstância do

engenho sem arte me ter esportulado uns pornográ-

ficos € 37, que me pareceram ainda mais hard-core

depois do camarão tipo tigre miau-miau grelhado,

seco que nem uma alfarroba, acompanhado por uma

despropositada salada de alface com manga, kiwi e

abacaxi...

Mas valha ao veraneante mais avisado que tam-

bém há muitos casos de sinal contrário, como o res-

taurante do Lake Resort na Praia da Falésia, exemplo

de bom serviço a preço justo, ou o Veneza em Paderne

(a escolha de mesa na sala climatizada de garrafeira

é obrigatória). Também há o Willie’s na R. do Brasil,

em Vilamoura, ao lado do Hilton – arquitectura a fa-

zer lembrar um daqueles parques de escorregas de

água –, mas a estrela Michelin faz-se pagar e a relação

preço-qualidade fica a muitas estrelas de distancia,

por exemplo, da do Calima em Marbella.

Julho, 10h 25mEntão não é que vem aí uma reedição do Milgauss?!...

outrora o patinho feio da Rolex, que na sua versão ori-

ginal quase ninguém tentou, talvez pela sua aparente

simplicidade e rusticidade, mau grado a publicidade

da época garantir propriedades antimagnéticas e um

desvio mínimo se o utilizássemos no Pólo Norte, mas

que agora é cobiçado por coleccionadores. Quando

há três anos despertei para ele, o mesmo tinha entre-

tanto desaparecido do catálogo e nem o PT foi capaz

de me desencantar qualquer um, esquecido na poeira

de algum lojista.

Fernando Campos Ferreira

Fernando Campos Ferreira

Quotidianos

O empreendedorismo e as vistas largas do povo espanholsão a principal causa do fosso que cada vez mais nos distancia.

130 Espiral do Tempo 26 Outono 2007

[ Crónica ]

Page 131: Espiral do Tempo 26
Page 132: Espiral do Tempo 26