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Tempo que voa Breguet A duplicidade Duomètre Jaeger-LeCoultre Preço € 5,00 - Quadrimestral - Inverno 2012 www.espiraldotempo.com O charme da Chopard Caroline Scheufele

Espiral do Tempo 41

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Edição 41 da revista de quase todos os relógios.

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Inve

rno

2012

Tempo que voaBreguet

A duplicidade DuomètreJaeger-LeCoultre

Preço € 5,00 - Quadrimestral - Inverno 2012www.espiraldotempo.com

O charme da ChopardCaroline Scheufele

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tema de capa

18 Madame Chopard

A sua personalidade efervescente contrasta com a

aparentemente delicada figura, mas o seu espírito irrequieto

deixa adivinhar toda a sua força criativa. Caroline Scheufele

é daquelas personalidades que iluminam uma sala só pelo

brilho do seu olhar – e confirmou todo o seu carisma numa

entrevista realizada quase nove anos depois daquela que

serviu de capa à Espiral do Tempo número 12.

SuMário eSpiral do teMpo #41 inverno 2012

14 editorial por Hubert de Haro

16 Ficha técnica/Cúmplices

24 internet espiraldotempo.com

26 internet Surf‘n tell

28 Breves Contas feitas

30 Breves Tenho dito!

32 Breves Sabia que...

38 Crónica por Rui Cardoso Martins Coração botânico

40 reportagem Jaeger-LeCoultre Duomètre Uma tríade que afinal é bicéfala por Miguel Seabra

Fotografia de capa Nuno Correia nunocorreiaphotography.com

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48 História o outro Breguet Porque o tempo voa por Miguel Seabra

56 insider por Pierre Maillard A tão modesta mas tão indispensável espiral

62 reportagem Les Cadraniers de GenèveO rosto do tempo por Miguel Seabra

68 embaixadores Carminho e Filipe AlbuquerqueNova geração por Miguel Seabra

74 tempo livre por Miguel Seabra Ser número um

76 entrevista Ana Sara FerreiraRetalhista atípico por Paulo Costa Dias

80 produção A nossa escolha

88 em Foco

Rolex Sky-Dweller

Audemars Piguet royal oak offshore Chronograph Michael Schumacher

Jaeger-LeCoultreMaster Grande Tradition Tourbillon à Quantième Perpetuel

Raymond Weil nabucco va, Pensiero

Graham Chronofighter 1695

SuMário eSpiral do teMpo #41 inverno 2012

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106 laboratório MontblancVilleret 1858 Vintage TachyDate

112 produção ModaO Sonho

126 produção Still LifeSweet Christmas

134 entrevista Sandra CorreiaDo champanhe para a alta moda por Paulo Costa Dias

138 independentes Thomas MercerO caso Thomas Mercer por Carlos Torres

142 efeméride Centenário FortisUm século, catorze séries por Miguel Seabra

148 Gadgets

154 Social

158 livros

160 Contactos

161 assinaturas

162 Crónica por José Luís Peixoto Incenso

SuMário eSpiral do teMpo #41 inverno 2012

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editorial

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A relojoaria mecânica de precisão nasceu em 1656, pela mão do físico holandês Christiaan Huygens, inventor da primeira espiral. Desde essa altura, todos os relógios mecânicos se regem pela mesma construção: o 'motor' ou tambor (1) armazena a energia, transmitida depois pelas rodas (2) ao órgão regulador (3). este último divide a energia recebida em horas, minutos e segundos.

Acrescentaram-se ao longo dos séculos inúmeras funções: cronógrafo, horas mundiais, calendários perpétuos e complicações acústicas entre muitas outras.

Terá já sido tudo inventado? Qual é hoje a relevância da precisão mecânica no contexto de um tempo atómico? *

A última década veio desmentir os defensores do status quo: nunca na sua longa história a indústria relojoeira terá apresentada tantas patentes. o motor (1) passou de 42 horas de reserva de corda para 7, 10 e finalmente 31 dias com a Lange & Söhne. A transmissão (2) foi revolucionada com o Monaco TAG Heuer v4 e as suas correias de transmissão a substituir parte da rodagem (Espiral do Tempo, edição 33), ou ainda com o uso pela Breguet e a Lange & Söhne do sistema de fusée chaîne (Espiral do Tempo, edição 38). Por fim, a espiral (3) foi alvo de intensa pesquisa com uso de materiais novos, nomeadamente o silício (Patek Philippe, Breguet, Ulysse nardin), ou de formas novas (cilíndrica com a Jaeger‑LeCoultre). Sem falar do aumento significativo das frequências...

Parte deste sucesso encontra as suas origens nas relações intensas entre a indústria relojoeira e as duas escolas Politécnicas suíças de Lausanne e de Zurique, consideradas entre as dez melhores mundiais (rolex Learning Center na escola Politécnica de Lausanne rolexlearningcenter.epfl.ch).

É com grande privilegio que a equipa da Espiral do Tempo tem acompanhado em reportagens tal evolução. e é, neste contexto, que criamos nesta edição uma nova rúbrica chamada 'insider'. Pierre Maillard, redator chefe da mais antiga revista de relógios do mundo, a suíça Europa Star, aceitou o nosso desafio de partilhar connosco os últimos desenvolvimentos desta grande indústria. Começa neste edição com um 'Quem é Quem' na produção das... espirais.

não há dúvida, vivemos tempos heróicos. nunca foi tão relevante investir num objeto mecânico tão fútil com um relógio.

Saudações relojeirasHubert de Haro

PS: A taxa de desemprego na Suíça no mês de outubro de 2012 era de 2.9%... (fonte: www.seco.admin.ch)

*Estabelecido em 1967 na conferência dos pesos e medidas (ww.bipm.org), define o segundo como a duração entre 9 192 631 770 oscilações do átomo de césio 133.

tempos heróicos

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ricardo preto Com formação em diversas áreas da moda, a sua criatividade exprime-se também das mais variadas formas. Como criador, desenhou coleções de roupa, malas, chapéus e acessórios. A par das coleções, tem trabalhado na área de produção de moda para prestigiadas revistas. na Espiral do Tempo, ricardo Preto tem dado asas à sua criatividade, abordando de forma única os mais belos instrumentos do tempo.

112 produção de Moda

o Sonho

FiCHa téCniCa alGunS CúMpliCeS

diretorHubert de [email protected]

editoresPaulo Costa [email protected]

Cesarina [email protected]

editor técnicoMiguel [email protected]

Design gráfico/ilustraçõesPaulo [email protected]

Magda [email protected]

FotografiaNuno Correia • Paulo Pires • Pedro Ferreira

Colaboraram nesta ediçãoCarlos Torres • Dody Giussani • José Luís Peixoto • Pierre Maillard • Rui Cardoso Martins

Contabilidadeelsa Henriques - [email protected]

Coordenação de publicidade e assinaturas Patrícia Simas: [email protected]

revisãoLetrário - Serviços de Consultoria e revisão de Textos

ContactosCorrespondência: espiral do Tempo, Av. Almirante reis, 39 ‑1169‑039 Lisboa • Tel: 21 811 08 96

propriedadeTodos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a proteção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company one, Lda sito na Av. Almirante reis, 39 – 1169-039 Lisboa. Sede da redação - Av. Almirante reis, 39 - 1169-039 LisboaA revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.

Distribuição: vASPimpressão: Printer PortuguesaAv. Major General Machado De Sousa, edif. Printer - Casais de Mem Martins, 2639-001 rio de MouroPeriodicidade: Quadrimestral Tiragem: 20.000 exemplares registo pessoa coletiva: 502964332registo no iCS: 123890Depósito legal nº 167784/01registo na erC - 123890

nota da redação: A Espiral do Tempo foi redigida ao abrigo do novo acordo ortográfico

Fundador: pedro torres

Carlos torres editor da revista 12 - Exclusive Timepieces and Lifestyle e do portal temático www.relógioserelogios.com.pt, para além de escrever para várias publicações nacionais e internacionais. Quarta geração de uma familia com laços fortes na relojoaria, para ele, o relógio é uma porta para um mundo muito mais vasto, multidisciplinar e abrangente. Um fonte de informação científica, histórica e social quase inesgotável sobre quem somos e como aqui chegámos.

140 o caso thomas Mercer

pedro Ferreira Uma referência na fotografia feita em português. Distinguido com prémios como o visão / World Press Photo ou o de melhor fotógrafo de moda Fashion Awards / FTL, tem-se destacado em trabalhos para a Máxima, Vogue, GQ ou FS / Diário Económico entre outras publicações nacionais e estrangeiras, quer na área do retrato quer na fotografia de moda. Assina neste número a brilhante produção com peças Franck Muller.

112 produção de Moda

o Sonho

pierre Maillardredator chefe, desde 1994, da revista especializada Europa Star – editada há 85 anos, é a mais antiga revista do setor e a sua grande referência. interessado em todos os aspetos industriais, económicos e culturais da relojoaria suiça e internacional é também cineasta e documentarista. Um nome incontornável no mundo relojoeiro que inicia uma colaboração regular com a Espiral do Tempo.

56 a tão modesta, mas tão indispensável espiral

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eNTRevisTA De CAPA CAROLINE SCHEUFELE

madame ChopardPor Hubert de Haro e Miguel Seabra, em Meyrin. Fotos Chopard.

A sua personalidade efervescente contrasta com a aparentemente delicada figura, mas o seu espírito irrequieto deixa adivinhar toda a sua força criativa. Caroline scheufele é daquelas personalidades que iluminam uma sala só pelo brilho do seu olhar – e confirmou todo o seu carisma numa entrevista realizada quase nove anos depois daquela que serviu de capa à Espiral do Tempo número 12.

Há quem o tenha e quem não o tenha: carisma. O conceito é abstrato, mas sente-se claramente no ar… e Caroline Scheufele não deixa ninguém indiferente, sempre irrequieta e com o mesmo brilhozinho nos olhos que já tinha seduzido na entrevista que concedeu à Espiral do Tempo em inícios de 2004. Desde então, os reencontros deram-se sempre no âmbito de um acontecimento e até foram recorrentes nas várias entrevistas integradas nas reportagens da feira de Basileia – até que se sentiu a inevitabilidade de uma nova conversa em exclusivo sobre o seu papel na marca bicéfala que está com a família há várias décadas e que continua a exibir a sua elevada competência, tanto em relógios como em jóias. No último andar das instalações da Chopard, em Meyrin, existe um museu que é também o melhor exemplo do universo da marca e foi lá que voltámos a conversar com a copresidente. Falou-se um pouco de tudo, mas principalmente de valores intangíveis, de boutiques monomarca, de relações familiares, de estratégia e do chamado sexo fraco num mundo tão masculino. Eis o retrato de uma criativa de sucesso que comemorou recentemente meio século de vida e que continua fascinante.

espiral do Tempo (edT): Numa recente entrevista, a sua mãe referiu que a melhor recordação dela tem a ver com o momento em que lhe apresentou a ideia de uma linha de joalharia Chopard. Partilham essa recordação?Caroline scheufele (Cs): Ainda estava na escola quando desenhei os meus primeiros Clowns, que foram seguidamente comercializados em 1985 e que marcaram o arranque da Chopard na joalharia; foi um momento importante, porque até à altura era uma marca puramente relojoeira.

edT: A cada apresentação das novidades que é feita na feira de basileia, nota­se uma cumplicidade cada vez maior com o seu irmão Karl­Friedrich e também uma grande complementaridade entre o mundo da manufatura relojoeira L.U.C dele e o seu mundo, que é o da joalharia. vê essa complementaridade com orgulho?Cs: Acho que existe uma boa energia. A Chopard tornou-se uma empresa grande e exige que dividamos as tarefas. É por isso que continuamos, ainda hoje, no mesmo escritório. Quando não estamos em viagem, é uma mais- -valia partilharmos o mesmo escritório. Sei em que é que o meu irmão está a trabalhar e vice-versa. E ganhamos muito tempo dessa maneira. Mas essa divisão de tarefas não significa que eu não possa fazer uma visita a Fleurier ou que o meu irmão não possa mostrar o atelier de alta-joalharia!

edT: É mais fácil trabalhar em família?Cs: Sim, mesmo que haja momentos em que as nossas opiniões divergem. Mas, em comparação com os meus pais, o meu irmão e eu somos da mesma geração. Há muitas coisas que mudaram no modo de comunicar e de trabalhar. Recordo-me bem do tempo em que comecei: utilizávamos ainda o telex. E agora estamos a lançar a nossa primeira boutique on-line nos Estados Unidos! Os nossos pais deixam-nos o poder de decisão, mesmo que não estejam 100 por cento convencidos.19

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eNTRevisTA De CAPA CAROLINE SCHEUFELE

edT: e já pensam na geração seguinte?Cs: Será a quarta! Foi o meu bisavô quem começou tudo na Alemanha. O meu irmão tem três filhos; eu, nenhum. É preciso ver se a nossa atividade lhes interessa e se eles começam a sentir a mesma paixão que nos anima.

edT: o panorama relojoeiro está a interessar­se cada vez mais pelas complicações mecânicas para senhora e até pelos turbilhões para senhora. É uma tendência que se vai confirmar?Cs: Há muitas mulheres que gostam do universo mecânico, de automóveis. E existe certamente um mercado de elite, senhoras que amam os relógios pelos relógios em si e não tanto pela sua estética exterior. É por essa razão que iremos desvelar em Basileia um modelo Happy Sport automático. E, além disso, temos, na coleção atual, numerosos relógios de joalharia com calibres mecânicos; temos um turbilhão L.U.C de senhora na caixa Happy Sport. De um modo geral, já faz tempo que parei de referir que «é um relógio de senhora» porque vejo mulheres usar relógios de homem. E, no fim, não podemos saber quem compra o quê.

edT: o mundo da relojoaria é ainda muito masculino. Como vê o posicionamento da mulher nesse mundo, sendo que é reconhecida como um exemplo de sucesso e até mesmo de esperança?Cs: No início não era assim tão evidente. Recordo-me que, depois de ter realizado nos meus primeiros tempos um estágio de um ano na Alemanha, comecei a trabalhar aqui em Meyrin (nos arredores de Genebra). A empresa tinha somente 50 empregados (contra os 800 que tem atualmente) e um deles, mais idoso, até afirmou: «se ela trabalhar aqui, eu vou-me embora!» Não compreendi porquê, já que nem sequer tinha trabalhado com quem quer que fosse em Genebra. Felizmente, depois vim a trabalhar muitos anos com essa pessoa. E acabei por provar o que valia para impor uma linha de jóias e também o lançamento de boutiques da marca. Há poucas mulheres na relojoaria. Algumas na parte do design. Por vezes, encontro a irmã de Nicholas Hayek, com quem já dei uma entrevista cruzada para a revista Bilan.

edT: essa bicefalia relógios/jóias, tão própria da Chopard, explica o sucesso da marca?Cs: Somos diferentes das demais marcas por muitas razões. Primeiro, porque somos uma empresa 100 por cento familiar. As outras marcas pertencem quase todas a grandes grupos. Ora, quando um novo CEO chega a uma marca, a primeira decisão – talvez para se impor – é a de mudar o que foi feito antes. O que não é necessariamente uma estratégia. Depois, a Chopard

assenta em dois fortes pilares: os relógios e depois a joalharia, idênticos em número de peças e 60/40 em volume de negócio (80 mil € em relógios; 75 mil € em jóias). E se um homem vem até nós para escolher um relógio também pode escolher um relógio para a sua mulher. E isso explica o sucesso das boutiques Chopard. Na China, por exemplo, os casais compram dois relógios idênticos, mas de tamanhos diferentes, como sucede frequentemente com a nossa linha Impériale.

edT: Como é que a Chopard está a encarar a complicada conjuntura económica atual?Cs: Não é a primeira crise, nem será a última. É preciso sabermos adaptar, sermos flexíveis, não nos restringirmos a um único mercado. Tenho ouvido dizer que a China está mais calma, mesmo que a Chopard não se ressinta disso. Os chineses que compram produtos de uma marca de luxo gostam de ver essa marca bem colocada nos mais diversos países antes de fazerem a compra, como em Paris, Londres, Milão. Por outro lado, nunca descurámos a Europa nem a América, mesmo que ainda não estejamos presentes na América do Sul. Atualmente, temos mais de 140 boutiques em todo o mundo. Ainda recentemente reabrimos em Milão, com um espaço maior e um novo conceito, tal como em Las Vegas.

edT: batalhou desde muito cedo para que a Chopard abrisse a sua primeira boutique. Como é que chegou a essa necessidade imperiosa?Cs: Antes mesmo de começar a parte da joalharia, a Chopard já apresentava uma grande coleção em Basileia. A maior parte dos clientes comprava vários exemplares, mas isso não representava verdadeiramente o que é a Chopard. Na altura, alguns colegas de outras marcas tinham já optado por boutiques e achei que essa via seria um excelente veículo de publicidade na rua. Claro que os meus pais se mostraram céticos ao início; tinham medo de que os nossos clientes das lojas se chateassem. Mas sempre acreditei que, quando uma marca dispõe de uma excelente cadeia de boutiques, o retalho consegue trabalhar melhor. É o que se verifica hoje em dia.

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edT: e o que é que a marcou mais na sua juventude?Cs: Talvez a paixão pela criação de algo novo. Mas também o fascínio pelas pedras. Poder trabalhar pedras excecionais, únicas no mundo, é um prazer. A título de exemplo, enviámos hoje mesmo uma dezena de peças únicas a pedido da Harrods para ornamentar as princesas da Walt Disney para as montras de Natal, desde a Pocahontas à Cinderela. Dez costureiros – Elie Saab, Armani… – aceitaram desenhar cada qual um vestido, enquanto nós imaginámos uma jóia única para cada uma das princesas.

edT: se alguém não a conhecesse e lhe perguntasse qual era a sua profissão, o que responderia?Cs: Que sou desenhadora de jóias. É a minha profissão. Além das funções que acompanham a minha posição de copresidente da marca. Mas desenhar 150 jóias únicas para comemorar os 150 anos da marca foi um trabalho gigantesco, uma bela folia. No final, acabámos por produzir mais de 150 peças! Criámos uma série de 25 ursos polares e também interpretámos animais de clientes VIP da Chopard, como cães e gatos. Estou em vias de concluir o livro sobre o tema.

edT: Como é que se estabeleceu a parceria com a World Wildlife Fund e qual é o futuro dessa associação?Cs: Para a comemoração dos 150 anos, quisemos associar a casa Chopard a uma causa importante. A temática das jóias de animais aproximou-nos naturalmente da WWF. E estamos a trabalhar num novo projeto nessa direção, mas ainda é cedo para falar do assunto.

edT: Relativamente à coleção atual, quais são os próximos passos a tomar?Cs: Baselworld já está quase aí à porta, tal como Cannes. E, como habitualmente, já estamos atrasados. Mal acabamos uma coleção, já temos de arrancar com a próxima. 2013 é o ano do vigésimo aniversário da linha Happy Sport. Iremos apresentar peças especiais, únicas. Tratando-se de uma linha que faz parte do ADN da Chopard, o nosso projeto para 2013 é muito inovador. Os clientes vão poder ir às boutiques Chopard e construir os seus próprios relógios Happy Sport: escolher um tamanho de relógio e ‘encher’ o mostrador com o que desejarem. É tecnicamente assaz complicado, mas o conceito tailor made seduz-me.

edT: Houve períodos muito demarcados que se caracterizaram por tendências estéticas e artísticas muito próprias. Houve algum que tivesse tido uma influência maior sobre as suas criações? e como se inspira?Cs: Essas tendências veem-se menos nas jóias do que na arquitetura. Mesmo que veja atualmente na moda um regresso

edT: Teve desde muito cedo a visão do conceito Chopard. Fora os relógios e as jóias, qual é a importância dos acessórios?Cs: É um desenvolvimento que aconteceu naturalmente com as boutiques. Quando se é convidado para um jantar, oferecem-se normalmente flores. Praticamente pelo mesmo montante, pode oferecer-se um bonito acessório que permaneça como souvenir. E existe igualmente um grande mercado de corporate gifts. Os acessórios ainda são um pequeno pilar, mas que são importantes para nós.

EdT: Qual foi a influência que mais a marcou, enquanto criança, de modo a continuar o negócio de família?Cs: Foi na Alemanha, quando ainda estava na escola. Na altura, a nossa oficina estava perto de nossa casa, a cerca de 20 minutos a pé. E tinha um ambiente familiar que eu gostava de visitar, com os seus longos corredores. Muitas vezes, a minha mãe pedia-me para a ajudar a contar diamantes, por exemplo. Tinha muito respeito por eles. E, desde muito cedo, estabeleci um contacto físico com as matérias. Ficava espantada a ver profissionais passarem horas a cravejar diamantes. Nem eu nem o meu irmão fomos obrigados a ajudar, ainda que os nossos pais nos tenham levado a fazê-lo de maneira muito hábil.

edT: No plano social, mostra­se perfeitamente à vontade tanto no Festival de Cinema de Cannes como na mille miglia ou no White Tie & Tiara ball do elton John. e quem a vê nunca diria que é alemã, pensaria sempre que fosse de origem mediterrânica…Cs: (risos) É verdade: não tenho nem o físico nem o caráter de uma alemã. E sempre disse que não queria casar com um alemão. Acho que, do lado do meu pai, havia antepassados italianos… a nossa formação na escola internacional, minha e do meu irmão, cedo nos ajudou a compreender todas as culturas, religiões e nacionalidades. Foi uma base muito importante para nós os dois.

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Ainda estava na escola quando desenhei os meus primeiros Clowns, que foram seguidamente comercializados em 1985 e que marcaram o arranque da Chopard na joalharia; foi um momento importante, porque até à altura era uma marca puramente relojoeira. Caroline Scheufele Copresidente da Chopard

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dos desenhos muito geométricos, típicos da Courrèges. Re-cordo-me, por exemplo, da nossa primeira feira de Basileia na década de 80. O nosso stand tinha um tapete castanho achocolatado e longas franjas, como um cão, tanto no chão como nas paredes. Os móveis eram cor-de-laranja, muito pop! Ficámos com eles durante muito tempo. Mas, na joalharia, sentimos menos essas tendências, à exceção talvez dos nossos relógios com mostradores extravagantes com opalas e lápis- -lazúli; diria que estão a ficar de novo na moda. Criar novidades é sempre um desafio, mas é em viagem que costumo ter as melhores ideias – aqui no escritório quase não é possível.

edT: Falando de arquitetura, a Chopard tem uma muito própria para as suas boutiques e a madeira é dominante.Cs: Sim. Mesmo no novo conceito de decoração mais claro e contemporâneo para as boutiques, a madeira mantém-se, tal como as chaminés e o parquet. Quando se entra, tem-se a impressão de se estar numa casa. Historicamente, para a nossa segunda boutique, em Viena, que na altura foi um projeto meu, tivemos de trabalhar a arquitetura tendo em conta a fachada classificada, que depois se tornou no primeiro conceito Chopard.

O museu Chopard atual é uma reprodução da boutique de Viena. Para a sua mudança para um novo local, sou da opinião de que deveríamos pelo menos manter a fachada.

EdT: A fidelidade e a continuidade parecem contar muito para a Chopard, que mantém uma longa associação a amigos da marca como José Carreras, elton John, Jacky ickx. essa longevidade terá a ver com o caráter familiar da empresa? e dessas celebridades, qual foi a que mais a marcou?Cs: Existe uma continuidade, porque as decisões na Chopard são feitas pelas mesmas pessoas. E todas essas personalidades têm talentos excecionais; não nasceram célebres, mas nisso se tornaram graças ao seu talento – se bem que no quotidiano sejam perfeitamente normais e até sonhem com uma vida normal. Vim agora de Las Vegas, onde Elton John participou na inauguração da boutique; é um doido por relógios. Depois vi o espetáculo dele lá em Las Vegas, verdadeiramente excecional. Ele é muito tímido, mas no palco, e aos 63 anos, ele não para. É isso que me impressiona.

edT: Para terminar, o que lhe dá verdadeiramente felicidade?Cs: Muita coisa… quando a família está bem e todos estão com saúde. Isso não se compra: somos uma família verdadeiramente unida. E, no plano profissional, sinto-me feliz quando as nossas criações têm sucesso.

Local idealDefeito mais tolerávelDefeito que não toleravirtude/qualidadeHéroisonhoCoresculturaArquiteturaPinturaArtistaCinemaHobbyvício secreto

2004A minha casaImpaciênciaMentira e ciúmeSinceridadeMadre Teresa de CalcutáMundo sem terrorismoNegroBoteroRomana, italianaVan GoghElton JohnSomething's Gotta GivePintura, jardim, os meus sete cãesAntiguidades

2012O marImpaciênciaArrogânciaGentilezaMadre Teresa de CalcutáNão respondo, senão não se concretizará! (risos)AzulBoteroRomana, italianaVan GoghElton JohnO ultimo filme que amei foi ‘Les Petits Mouchoirs’Esqui, natação, cinema, jardim, os meus sete cãesAntiguidades

Em 2004 Caroline Scheufele foi capa da edição número 12 da Espiral do Tempo. Em 2012, oito anos volvidos sobre essa conversa, voltámos a submeter a copresidente da Chopard ao nosso questionário Proust.

Questionário Proust

eNTRevisTA De CAPA CAROLINE SCHEUFELE

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uma das mais sedutoras particularidades do site Espiral do Tempo

é a possibiliddade de aceder à espiral tV. desde os making of das

produções de moda feitas para a revista, passando pelas entrevistas,

até às reportagens ou à apresentação de modelos, múltiplos são

os temas que pode ver neste canal.

internet eSPirALDoTeMPo.CoM

espiral tV, o tal canal

entrevista exclusiva a dois: Cristiano ronaldo e Franck MullerUm mano a mano entre um dos maiores futebolistas e um dos maiores relojoeiros da atualidade – a propósito do lançamento da edição limitada Franck Muller QP Bi-retro Chrono Cr7.

Baselworld 2012: novidades taG HeuerUma entrevista exclusiva onde Jean- -Christophe Babin, Ceo da TAG Heuer, apresenta as novidades da marca.

relógio da semana: p’6780 diverApresentação do modelo de mergulho da casa Porsche Design por Filomena Gonçalves, seguida de uma análise técnica.

Making of ‘Cluedo’ e ‘Bite me’ Duas das produções de maior sucesso da Espiral do Tempo: Cluedo, com alguns modelos da Jaeger-LeCoultre num cenário de elegância, originalidade e mistério; Bite me, um ambiente sensual e ousado como pano de fundo de relógios TAG Heuer. Com realização de ricardo Preto e fotografia de Nuno Correia.

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internet SUrF’n TeLL

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Com apenas alguns cliques descobrem-se novidades e espaços

realmente interessantes. uma breve recolha de curiosidades que

nos chamaram a atenção pelo modo como descobrem a relojoaria.

Business Montres & JoaillerieProvocador, irreverente e sempre a par das últi-mas notícias de relojoaria e joalharia: assim se revela Gregory Pons no site que edita e que nasceu como complemento do boletim Business Montres. estamos perante uma plataforma que não se dedica a apresentar apenas relógios, muito pelo contrário. A ideia é apresentar uma grande variedade de conteúdos que passa por rumores que se confirmam, opiniões dignas de registo, análise dos principais acontecimentos do setor e apresentação de curiosidades, como em nenhum outro site se encontram. www.businessmontres.com

Ciência HojePorque Portugal consegue surpreender nas diversas áreas da Ciência, o site Ciência Hoje é uma publicação online fundamental para quem gosta de conhecer o que melhor se faz ao nível de atividades desenvolvidas nas áreas das Ciências, Tecnologias e empreendedorismo no nosso país. No entanto, o site não fica por aqui. Também as mais recentes novidades internacionais são apresentadas diariamente, com a vantagem de disponibilizar uma newsletter.www.cienciahoje.pt

aplicação Breguet para ipad e iphoneA Breguet aventurou-se recentemente por uma aplicação para ipad e iphone, dedicada à marca que se distingue por apresentar não só uma perspetiva histórica da Breguet, como também por destacar as suas coleções, novidades e pontos de venda certificados. O utilizador pode também deixar-se levar por uma viagem interativa ao universo da marca, assistir a vídeos e vibrar com imagens de qualidade. Ainda para os aficionados, será uma proposta irrecusável conhecer algumas das principais invenções de Abraham-Louis Breguet.itunes.apple.com/us/app/breguet

Surf’n tell

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É o número desta página!

BreVeS ConTAS FeiTAS

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Contas feitasde que números é feito o mundo da relojoaria? dos números de vendas,

dos números de peças, dos números das datas, dos números dos

protagonistas... reunimos aqui alguns destaques dos últimos tempos.

O P’6910 Indicator é uma peça muito técnica que exigiu a construção de um novo movimento muito complexo. O desafio era encontrar lugar para integrar quatro tambores e rodagens (motores) de corda automática na caixa mantendo as proporções estéticas do relógio. Patrick Kury CEO Eterna SA

Metros quadrados (m2).

área de superfície da recentemente remodelada boutique Jaeger-leCoultre, situada na place Vendôme, em Paris.

número de componentes do calibre 6036 que equipa o p’6910 indicator da Porsche Design.

dia anti-Contrafação que é celebrado na Suíça.

de Março de 2013

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Um relógio mecânico de um determinado preço deve ser preciso, caso contrário é insignificante.

David Chokron Lido no artigo ' Chronométrie: nouvelles

solutions de précision' em horlogerie-suisse.com

Alguns consideram que a linguagem para promover as criações da indústria relojoeira de luxo é demasiado floreada, mas é necessária uma linguagem evocativa e altamente descritiva para tentar transmitir o nível de mestria técnica e pensamento conceptual que está por trás dos mais requintados relógios.

Nick Rice Lido no artigo 'Trendy Timepieces?' em plazawatch.com

Existem excelentes técnicos relojoeiros portugueses, grande parte dos quais com formação da Casa Pia. Alguns ocupam hoje lugares de destaque na indústria relojoeira suiça; outros fazem parte das equipas técnicas de alguns importadores; e outros ainda terão os seus próprios gabinetes técnicos.

José Faria em entrevista à Espiral do Tempo, edição 36

BreVeS TenHo DiTo!

o que é que Machado Joalheiro considera que é, hoje em dia, essencial uma loja ter para ser uma relojoaria digna de vender peças de alta-relojoaria? Compreender e apaixonarmo-nos pelos valores e savoir-faire da alta-relojoaria é fundamental para melhor transmitirmos os nossos conhecimentos àqueles que, com exigência e paixão, procuram os nossos conselhos e sugestões.Além disso, é também importante termos uma seleção de relógios técnica e esteticamente inovadora e exclusiva.

tenho dito! porque sobre relojoaria há sempre muito para contar ou comentar,

dedicamos este espaço a novas perspetivas e nova ideias. palavras de

quem sabe bem o que diz.

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É curioso o facto de, nos dias de hoje, o relógio de pulso fazer parte do mundo masculino tanto quanto um automóvel ou um gadget de última geração. Claro está que as mulheres também são adeptas de relógios, mas, para os homens, os instrumentos do tempo assumem um estatuto de exclusividade. Porém, se recuarmos no tempo, iremos verificar que os primeiros relógios de pulso foram concebidos para mulheres. Há mesmo quem defenda que o primeiro relógio de pulso, na sua verdadeira aceção, de que há registo terá sido feito por Abraham-Louis Breguet, por encomenda de Caroline Murat (1782-1839), irmã de napoleão Bonaparte e rainha de nápoles entre 1808 e 1815.

existem relatos da existência, nessa altura, de relógios usados no pulso, mas em jeito de impro-viso, com pequenas fitas a servirem de bracelete. A Patek Philippe também refere que o primeiro verdadeiro relógio de pulso terá saído das suas portas em 1868, encomendado pela condessa húngara Kocewicz. Mas, segundo emmanuel Breguet, a manufatura Breguet descobriu, nos seus arquivos, um livro de registos de encomendas da casa Breguet. nesse livro estão eternizados todos os pedidos de clientes que foram aceites por Abraham-Louis Breguet, o eminente fundador da célebre casa relojoeira. em junho de 1810, a rainha de nápoles encomendou duas peças com características singulares: «um relógio de carrosse com grandes complicações, por 100 luís, e um relógio para bracelete de repetição pelo qual pedimos 5000 francos»*. referido como 'n.º 2639' e denominado «repetição de formato oval para bracelete», é atualmente reivindicado pela Breguet

como o primeiro relógio conhecido que terá efetivamente sido projetado de raíz com bracelete para poder ser usado no pulso.

infelizmente, não se conhece qualquer imagem ilustrativa desse relógio, apenas algumas descri-ções escritas. esteticamente, sabe-se que tinha uma caixa de formato oval e um mostrador guilloché prateado com números árabes, e que a bracelete era feita de fios de cabelo e de fios de ouro. Tecnicamente, era um relógio de repetição, dotado de um escape de âncora e incluía um termómetro... em dezembro de 1812, a peça estava terminada. o relógio é referido em alguns documentos de 1849, no âmbito de uma reparação solicitada pela condessa rasponi, Louise Murat, filha da própria Caroline Murat. em 1855, voltou a ser sujeito a reparação e o seu paradeiro perdeu-se. em 2002, a Breguet recuperou a memória deste relógio com o lançamento da coleção feminina reine de naples inspirada nas descrições que existem do relógio original. em 2012, a marca celebra o bicentenário desta peça com um esplendoroso modelo decorado com diamantes e safiras. Um relógio que a própria Caroline Murat não se importaria certamente de adicionar à sua coleção...

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BreVeS SABiA QUe

Sabia que...

* 'La première montre- -bracelete' in Le Quai de L’Horloge nº1

...Caroline Murat, rainha de nápoles entre 1808 e 1815, era uma

grande apaixonada por relógios e que terá conseguido reunir mais de

34 relógios e pêndulos, todos eles encomendados à casa Breguet?

entre eles, uma peça que a marca defende ser o primeiro verdadeiro

relógio de pulso...

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BreVeS SABiA QUe

Mútuas influências entre relojoaria mecânica e tipografia.Segundo Dominique Fléchon, no livro La Conquête du Temps, a revolução de Gutenberg/imprensa impulsionou positivamente o desenvolvimento da relojoaria mecânica. ora, o próprio Gutenberg trabalhou como joalheiro/ourives, onde aprendeu a fundir e moldar ligas metálicas. essa aprendizagem dotou-o dos meios e minúcia necessários à criação de formas de letras minúsculas em ‘carimbos’ de chumbo que seriam depois utilizados na reprodução industrial de livros e materiais de imprensa.

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bReves SABIA QUE

sabia que...... a TAG Heuer foi a grande vencedora do Grand Prix d’Horlogerie de Genève 2012 com o seu mikrogirder?

A 12º edição do Grand Prix d’Horlogerie teve um desfecho que fugiu à norma dos últimos anos, consagrando marcas que habitualmente não chegam aos galardões e refletindo a aposta da TAG Heuer numa alta-relojoaria revolucionária: mais habituada aos prémios na categoria do Relógio Desportivo, arrebatou o prémio principal (Aiguille d’Or, ou Ponteiro de Ouro) com o Carrera Mikrogirder. A grande surpresa pertenceu à marca independente Habring2, pertença ao antigo responsável ténico da IWC, Richard Habring, que conquistou o troféu de Relógio Desportivo com o cronógrafo rattrapante Doppel 2.0.

'Aiguille d’or'TAG Heuer / Mikrogirder

Relógio de senhoraChanel / Flying Tourbillon Première

Relógio de HomemMB&F / Legacy Machine N°1

Prémio de inovaçãoHYT / H1 Titanium Black DLC

Relógio Artístico Chopard / Imperiale Tourbillon Full Set

Relógio da ComplicaçãoGreubel Forsey / Invention Piece 2

Relógio DesportivoHabring2 / Doppel 2.0

'La Petite Aiguille'Zenith / Pilot Big Date Special

Prémio de melhor RelojoeiroCarole Forestier Kasapi

Prémio especial do JúriSociété Suisse de Chronométrie (SSC)

Prémio do PúblicoMB&F / Legacy Machine N°1

TAG Heuer Mikrogrider Chanel Flying Tourbillon Première

mb&F Legacy Machine Nº136

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CróniCa rUi CArDoSo MArTinS

Quem subir às montanhas de timor-leste perceberá o impacto

que estas podem ter num poeta. Se o poeta for também

botânico e silvicultor, um cientista das plantas, como rui Cinatti,

poderemos imaginar a sua alegria quando por ali passava.

Coração botânico

rui vaz Monteiro Gomes Cinatti nasceu em Londres, em 1915, e foi cedo para Lisboa. Chegou a Timor em 1946, como secretário do Governador, quatro anos depois da invasão japonesa. Meses depois, conseguiu autorização para percorrer todo o território timorense, com guias, e fazer o levantamento botânico e geográfico da região. Com o material, escreveu em Lisboa a sua tese de licenciatura de engenheiro agrónomo, e teve 19 valores. regressou à ilha como chefe dos Serviços de Agricultura. Foi o início de um ciclo de viagens, de estudos e de políticas em que procurou respeitar a cultura local e a defesa da floresta. Em 1966, publicou o manifesto 'em favor do Timorense'. Fará o doutoramento em oxford, também com material recolhido na ilha do sudeste asiático.

Do seu trabalho de campo, cheio de aventuras, com espírito assumidamente cristão, desterrado, aparente-mente simples, nasceu uma obra poética e científica que o levaram a todos os picos, como o ramelau, com cerca de 3000 metros, à epoca ‘o ponto mais alto de Portugal’. e aos vales de Timor, aos assustadores subões (estradas sobre os precipícios de mar). Filmou os locais e as cerimónias indígenas sempre que os chefes locais o deixaram. É lendário, entre os timorenses, o pacto de sangue com o ‘liurai’ de Loré, um momento de irmandade que simboliza ainda hoje a união improvável entre os povos de Portugal e de Timor-Leste, separados por 14 mil quilómetros. Cinatti fez um dia a proclamação:

A natureza não desceA contractos. Nem a vidaSe mede pela razão.

A vida é toda mistério.

Quem largamente se deuNão ofendeu a justiçaMas viveu do coração.

Pela estrada da praia de Tibar, logo depois de Dili, subimos por estradas e buracos ao mundo das plantações de café em altitude, até ermera. Mas onde está o café? Debaixo das madres-cacaus, as acácias gigantes que cobrem as montanhas de um tom pré- -histórico e claro. Troncos e copas inacreditáveis, como chapéus ao contrário, árvores-sombra das bagas verdes. Um homem que vive da apanha do café, nas colinas e em precipícios, diz-me que as árvores se chamam aurísias (um nome científico na boca de um camponês pobre), mas madres-cacau também serve, acrescenta ele, é a mesma coisa. São as mães colossais que protegem a plantação do sol violento dos trópicos.

Timor só se percebe vendo Timor. Como é que uma ilha tão pequena se atreve a ser tão grandiosa? Como nasceu esta natureza? De repente, percebemos que foi possível a luta impossível dos guerrilheiros, escondidos nas espessas florestas, nos planaltos e penedos, a batalharem o exército invasor desde 1975, ajudados pela população, comendo raízes, mangas, jacas, cobras. os sobreviventes do genocídio. Passamos ermera, chegamos a Mertutu e descemos ao subterrâneo minúsculo, de formiga, onde escreveu em português as últimas ordens estratégicas, e morreu, o comandante Konis Santana. Foi em 1998, mais um ano e ele teria visto o referendo e a libertação, de novo sangrenta, do país. e penso em rui Cinatti, que em 1986 faleceu triste com o terror vivido pela terra que mais amou.

Secreto apeloNa floresta silenciosa,Fui encontrar a rosaPrometida.

Na floresta silenciosaFui encontrar, generosa,A minha vida.

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Do seu trabalho de campo, cheio de aventuras, com espírito assumidamente cristão, desterrado, aparentemente simples, nasceu uma obra poética e científica que o levaram a todos os picos e aos vales de Timor, aos assustadores subões.

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em 1956, Sophia de Mello Breyner escreveu o poema

para rui Cinatti, ausente em timor e algures, após cinco anos sem notíciasAquele que partiuPrecedendo os próprios passos como um jovem morto.Deixou-nos a esperança.

Ele não ficou para connoscoDestruir com amargas mãos seu próprio rosto.Intacta é a sua ausênciaComo a estátua de um deusPoupada pelos invasores de uma cidade em ruínas.Ele não ficou para assistirÀ morte da verdade e à vitória do tempo.

Que ao longe,Na mais longínqua praia,Onde só haja espuma, sal e vento,Ele se perca, tendo-se cumpridoSegundo a lei do seu próprio pensamento.

E que ninguém repita o seu nome proibido

eu repito o seu nome, em Timor e nesta página: rui Cinatti.

Fotografias por ruy Cinatti em timor, espólio do poeta, Universidade Católica Portuguesa

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O sistema Dual-Wing é uma verdadeira revolução e não uma simples evolução, acrescentando um novo capítulo à história da relojoaria. Jérôme Lambert CEO Jaeger-LeCoultre

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reportaGeM JAeGer-LeCoULTre DUoMèTre

uma tríade que afinal é bicéfalaPor Miguel Seabra, fotos nuno Correia, em Le Sentier

a Jaeger-leCoultre baseou-se num conceito mecânico

denominado dual-Wing para desenvolver a sua prestigiada

linha duomètre – que já está declinada numa troika de

grande prestígio: o duomètre à Chronographe, o duomètre

à Quantième lunaire e o duomètre Sphérotourbillon.

entretanto, já está a caminho um novo elemento da família...

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O sistema Dual Wing consiste em dois mecanismos distintos reunidos numa mesma caixa de relógio. Christian Laurent Mestre-relojoeiro

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na mitologia greco-romana da antiguidade clássica existia um cão selvagem denominado Cérbero que defendia as portas do inferno e que se caracterizava pelas suas três cabeças. Com o conceito Dual-Wing, a Jaeger-LeCoultre defende a sua reputação de mítica manufatura relojoeira e captura o imaginário dos aficionados com um sistema mecânico assente em dois cérebros que é tão evoluído que deu origem a uma linha autónoma denominada Duomètre – composta por três modelos desde a sua estreia com pompa e circunstância, em 2007.

A linha começou com o Duomètre à Chronographe e, no espaço de cinco anos, foi enriquecida com o Duomètre à Quantième Lunaire e o Duomètre à Sphérotourbillon. Cada elemento da tríade apresenta uma apurada estética que exalta os valores da relojoaria clássica tradicional através de uma expressão estilística original e todos destacam no mostrador a bicefalia que está por trás do nome Duomètre, mas o revolucionário conceito Dual-Wing desenvolve-se de maneira diferente de modelo para modelo. o princípio de dois mecanismos e correspondentes fontes de energia reunidos num mesmo relógio é o mesmo; no entanto, as funções e a funcionalidade são distintas. e todos os três são tão cobiçados que existem listas de espera para cada um deles.

novo paradigmaA complexidade de execução e a intensa procura fazem com que os Duomètre entrem no mercado a conta-gotas e sejam entregues com parcimónia, mas vale a pena esperar por qualquer exemplar da nobre linhagem instaurada pela Jaeger-LeCoultre: o presidente da manufatura de Le Sentier, Jérôme Lambert, afirma convictamente que a nova linha de alta-relojoaria da sua marca estabelece mesmo um novo paradigma relativamente a relógios dotados de complicações.

o conceito de dois mecanismos com um órgão regulador comum já tinha sido abordado no passado por várias casas relojoeiras (a inspiração até vem de um cronómetro de 1880), mas nunca foi concretizado da maneira ideal; Christian Laurent, o mestre-relojoeiro que lidera o atelier dedicado à família Duomètre, aprecia particularmente a metáfora da bicefalia: «Cada modelo é um relógio com dois cérebros; o sistema Dual--Wing consiste em dois mecanismos distintos reunidos numa mesma caixa de relógio e o conceito assenta sobretudo numa

força constante dedicada à precisão que não só dá ao relógio a exatidão de um cronómetro como também a possibilidade de se adicionarem complicações que não incidem perniciosamente sobre a precisão».

o aspeto estético também se reveste de extrema importância, tendo em conta o patamar de qualidade e o metal precioso em que são concebidos: ouro amarelo, ouro rosa ou ouro branco. A caixa redonda é clássica e a superfície polida com alternâncias acetinadas; o mostrador apresenta sempre a dualidade característica da linha e é embelezado com um tratamento granulado; os mecanismos podem ser apreciados através do fundo transparente e surgem arquiteturalmente divididos. As pontes são confecionadas em maillechort para fazer recordar a arte decorativa dos relógios de bolso; rodas, pinhões e parafusos também são devidamente ornamentados, saltando imediatamente à vista os dois tambores de corda, além do apurado nível de acabamento.

duomètre à Chronographeo modelo inaugural não deixou ninguém indiferente porque se tratou da estreia de uma nova abordagem técnica num relógio clássico com a mais desportiva das complicações – o cronógrafo, para mais acompanhado do sempre espetacular ponteiro fulminante. o Duomètre à Chronographe assenta no Calibre JLC 380 com dois trens de rodagem: um dedicado à precisão das horas e dos minutos; o outro dedicado à função cronográfica, que apresenta a particularidade de medir parcelas de tempo até ao 1/6 de segundo.

o sistema Dual-Wing impede que o consumo de energia por parte do cronógrafo ‘canibalize’ a energia necessária para o relógio (horas, minutos), permitindo-lhe manter a elevada precisão de um cronómetro. o Calibre JLC 380 é o primeiro a não ter um sistema de embraiagem para dar as informações da medida do tempo e é alimentado por corda manual através de uma única coroa: num sentido, alimenta-se o relógio; no outro, o cronógrafo – e ambos com uma reserva de marcha de 50 horas, com os correspondentes indicadores no mostrador. outra das suas principais especificidades é a roda de escape com duas rodas em planos sobrepostos; um que serve para regular o escape do relógio, outro para regular o cronógrafo quando está em posição de marcha.

reportaGeM JAeGer-LeCoULTre DUoMèTre

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O conceito assenta sobretudo numa força constante dedicada à precisão que não só dá ao relógio a exatidão de um cronómetro como também a possibilidade de se adicionarem complicações que não incidem de modo pernicioso sobre a precisão. Christian Laurent Mestre-relojoeiro

reportaGeM JAeGer-LeCoULTre DUoMèTre

duomètre à Quantième lunaireo Duomètre à Quantième Lunaire foi desvelado em 2010 e declina-se em dois tamanhos: o primeiro é ligeiramente maior (42 mm de diâmetro, como os restantes modelos Duomètre) e apresenta o mostrador recortado de modo a deixar entrever parte da mecânica e dos indicadores de reserva de corda num plano inferior; o segundo é um pouco menor (40,5 mm), não conta com nenhuma abertura e tem os indicadores de reserva de marcha à superfície. Também existe uma versão de 42 mm em ouro branco e com mostrador preto.

o destaque vai para o ciclo lunar no submostrador esquerdo: um duplo ponteiro indica respetivamente a idade da Lua e a fase da Lua no hemisfério sul. Para que a duração do ciclo lunar seja transmitida fielmente, o mecanismo apresenta uma roda em estrela com 59 dentes que realiza o ciclo em 29,5 dias; como a indicação das fases da Lua apresenta uma diferença de somente 44 minutos e 2,8 segundos por mês, num total de um dia com-pleto ao cabo de três anos, o acerto faz-se facilmente através do corretor que surge inserido na caixa. Mas por mais fascinante que seja a Lua e por mais hipnótica que seja a velocidade do ponteiro fulminante, é precisamente na parte mecânica semiescondida – mas passível de ser apreciada através de um fundo transparente – que reside o grande trunfo: o Calibre JLC 381 de 369 peças, que tem a particularidade de apresentar uma primeira rodagem

unicamente dedicada à precisão, enquanto o segundo sistema de rodagens, que no Duomètre à Chronographe estava somente associado ao cronógrafo, é afeto às horas, aos minutos, aos segundos e ainda ao calendário e às fases lunares no hemisfério norte e no hemisfério sul.

Contrariamente a um relógio tradicional que para os segundos durante o acerto, o Duomètre à Quantième Lunaire permite acer- tar o relógio sem travar o balanço e basta puxar a coroa para que o ponteiro dos segundos e o ponteiro suplementar foudroyante (1/6 de segundo) volte ao zero para um acerto mais preciso.

duomètre à Sphérotourbillono mais recente elemento da linhagem é o Sphérotourbillon, que se tornou instantaneamente num dos relógios mais relevantes de 2012 e se vangloria de ser o primeiro turbilhão com acerto ao segundo, graças a um mecanismo flyback com re-start instan-tâneo. Coloca em evidência um novo tipo de turbilhão que rompe com a tradição devido ao facto de não efetuar uma rotação sobre si ao cabo de um minuto: uma observação mais atenta consta-tará que se trata de um turbilhão de eixo duplo em que a gaiola principal em titânio ultraleve, inclinada a 20 graus e montada sobre um rolamento de esferas de cerâmica, dá uma volta em 30 segundos enquanto o núcleo efetua uma revolução em 15 segundos. A combinação dos dois movimentos resulta numa

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rotação completa de 30 segundos e compensa os efeitos da gravidade em todas as posições, enquanto um turbilhão tradi-cional apenas compensa na posição vertical. A espiral cilíndrica evoca as que se encontravam em cronómetros de marinha do século Xviii e reforça a tridimensionalidade do conjunto.

o fascinante bailado mecânico do turbilhão volante, com o seu ângulo peculiar e original modo de rotação, domina o lado esquerdo do mostrador – enquanto a elegante parte direita é dedicada não só à leitura do tempo essencial num submostrador com uma disposição circular da data no perímetro, mas também a pequenos segundos com sistema zero-reset num submostrador à parte (e controlado por um botão às duas horas que permite o acerto sem que o turbilhão pare de trabalhar), segundo fuso num submostrador de 24 horas e ainda ponteiros separados para a indicação da reserva de corda de 45 horas dos dois tambores independentes (para o órgão regulador e para as funções). no total, o Duomètre Sphérotourbillon é composto por 460 peças e engloba a esma-gadora maioria dos mesteres executados na Jaeger-LeCoultre. os acabamentos polidos e acetinados da caixa em ouro rosa (existe uma edição limitada em platina) de 42 milímetros de diâmetro para 14,1 de espessura são excecionais, tal como a minuciosa decoração do Calibre 382 é fabulosa e pode ser admirada através do fundo transparente em vidro de safira.

direitos sucessóriosUma estética descentrada inconfundível mas clássica com a assinatura do diretor artístico Janek Deleskiewicz, prestação relojoeira do mais alto nível mas de irrepreensível elegância: na linha Duomètre, a técnica está diretamente ligada à estética através da reinterpretação dos códigos e das complicações tradicionais. o que se segue? Calendários perpétuos, equações do tempo, repetições de minuto? e convém não esquecer que o fabuloso e ultraexclusivo Hybris Mechanica à Grande Sonnerie – que reúne um carrilhão Westminster, turbilhão volante e calendário perpétuo – já apresenta um pendor estético muito inspirado no conceito Duomètre.

Aguarda-se pela próxima dualidade de tão nobre linhagem, que até já tem nome e foi desvelado recentemente em Paris: o Duomètre Unique Travel Time, com um inovador sistema de fusos mundiais. o certo é que continua a apresentar funções e complicações tradicionais com uma precisão reforçada numa roupagem inédita na alta-relojoaria… mas sempre elegante.

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reportaGeM JAeGer-LeCoULTre DUoMèTre

veja o vídeo em www.espiraldotempo.com

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Entre as paredes da manufatura trabalham-se 180 ofícios diferentes. O Duomètre à Sphérotourbillon exige 3331 operações sucessivas. 180 e 3331 são dois números que descrevem bem a profundidade da mestria técnica da Jaeger-LeCoultre. Jérôme Lambert CEO Jaeger-LeCoultre

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HiStória o oUTro BreGUeT

A grande época dos hidroaviões: construção de um Breguet 530 Saigão na fábrica Breguet, no Havre, em 1934.

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49porque o tempo voaPor Miguel Seabra, fotos Coll. Part. e Breguet

Há muitas companhias relojoeiras que se vangloriam da sua vocação

aeronáutica. a Breguet representa uma legitimidade a um plano mais

profundo: não só fez instrumentos de bordo e relógios de piloto como

criou aviões pela mão de Louis Breguet, bisneto de Abraham-Louis

Breguet. uma extraordinária saga que cruza o tempo com o céu e

inclui um certo antoine de Saint-exupéry.

louis Breguet em 1936 no seu escritório da rua George-Bizet em Paris, diante do seu estirador.

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Abraham-Louis Breguet tornou-se numa figura grada na história da relojoaria com a invenção do turbilhão que contrariava a força da gravidade, enquanto o seu trineto se dedicou à aviação para contrariar a força da gravidade e usar o céu como via de transporte.

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Abraham-Louis Breguet é unanimemente consi-derado como o mais genial relojoeiro de todos os tempos e a ele se devem praticamente todos os principais desenvolvimentos da relojoaria mecânica – que foram patenteados no final do século XVIII e inícios do século XiX. Quase todas as compli-cações de relevo que se conhecem atualmente são variantes ou evoluções das suas invenções, pelo que a marca que ostenta o seu nome só pode estar à altura de tão grande reputação e até mesmo a coleção atual é maioritariamente composta por adaptações contemporâneas das suas criações – mas há uma linha específica de relógios que remete para um outro membro da família Breguet.

Além dos mostradores evocativos do Século das Luzes na tecnicista linha Tradition ou da elegância pura dos modelos Classique, há um naipe que tem mais a ver com Louis Breguet do que com Abraham-Louis Breguet: os modelos Type XX de estilo militar e aeronáutico, recente-mente reforçados com os evolutivos Type XXi e sobretudo os novíssimos Type XXii alimentados por um mecanismo de alta frequência (10 Hz: 72.000 alternâncias/hora) com escape em silício e totalizador flyback de meio minuto ao centro.

dinastia engenhosaDesenhado na década de 50 para os oficiais da marinha aeronaval francesa, o Type XX foi reeditado com grande sucesso no catálogo da Breguet nos

anos 90. os seus sucessores Type XXi (lançado em 2004 para coincidir com o 50.º aniversário do Type XX) e XXii (estreado em 2011) nas versões Aéronavale e Transatlantique ajudam a cimentar uma lenda que associa a instrumentação relojoeira aos progressos da aviação e da marinha. Ajudam também a consolidar um nome com mais legiti-midade para se associar à conquista dos ares do que muitas outras marcas que assentam a sua comunicação numa estratégia de marketing permanentemente aérea.

o insigne Abraham-Louis Breguet (1747-1823) transitou de neuchâtel para França e tornou-se relojoeiro da corte e membro da Academia das Ciências; a sua genialidade passou para as gera-ções seguintes e o filho, Antoine‑Louis Breguet (1776-1858), ainda o acompanhou na carreira, mas os genes criativos da família começaram a abran- ger as novas áreas tecnológicas que começavam então a despontar. o neto, Louis-Clément Breguet (1804-1883), inventou vários aparelhos elétricos e um telégrafo com mostrador, além de vários sistemas de telecomunicação. o bisneto, Antoine Breguet (1851-1882), foi o politécnico que intro-duziu em França o telefone de Graham Bell e fomentou o uso de novos materiais, mas morreu prematuramente; deixou três filhos: Madeleine (1878-1900), Louis (1880-1955) e Jacques (1881-1936). o do meio ajudaria o mundo a avançar pelo século XX fora.

1. Breguet 20 léviathan, com quatro motores Breguet--Bugatti que acionavam uma hélice de quatro pás, antes do seu primeiro voo em Junho de 1922.

2. elementos do Breguet 21 léviathan apresentados depois do Salão de 1921 no Grand Palais, em Paris.

HiStória o oUTro BreGUeT

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HiStória o oUTro BreGUeT

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asas pelos aresA quinta geração teve quase tanta importância como a primeira – ou teve mais importância numa vertente mais lata. Tal como Abraham-Louis Breguet, também Louis Breguet viveu no futuro; o relojoeiro dominou a técnica do tempo como nenhum outro até então e tornou‑se numa figura grada na história da relojoaria com a invenção do turbilhão que contrariava a força da gravidade, enquanto o seu trineto se dedicou apaixonada-mente à aviação a partir dos seus 25 anos para contrariar a força da gravidade e usar o céu como via de transporte.

Começou com uma espécie de helicóptero, depois passou aos aeroplanos rudimentares movidos a motor de explosão – que se tornaram monoplanos, biplanos em 1910 e hidroaviões em 1912. A Primeira Grande Guerra Mundial, de 1914 a 1918, estreou o belicismo nos ares e impulsionou a indústria aeronáutica. Louis Breguet tornou-se num grande nome da aviação mundial e, depois do conflito, funda a Companhia dos Mensageiros Aéreos em 1919 para iniciar o transporte de correio entre Paris, Londres e Bruxelas; dedica-se também ao transporte de passageiros enquanto prossegue o fabrico de aeronaves, exportando aviões para Portugal na década de 20. o Breguet XiX foi o primeiro avião

a fazer o primeiro voo transatlântico bem-sucedido entre Paris e nova iorque, em 1930. A sua Air Union era a maior companhia aérea francesa em 1932 e esteve na origem da criação da Air France em 1933. e o primeiro helicóptero digno desse nome foi o giroplano Breguet Dorand de 1935.

Louis Breguet fundou a fábrica de aviação com o seu nome, criou empresas de transportes e salvamentos, fomentou a atividade aeropostal que se tornou famosa pelo romance Vol de Nuit, do mesmo Antoine de Saint-exupéry que escreveu O Principezinho. Sim, também ele pilotou um Breguet.

dos céus aos oceanosMas não era apenas o céu que incentivava Louis

Breguet: os mares também o fascinavam. Se nos ares contribuiu para a história da aviação militar e dos transportes aéreos civis, nos oceanos revelou a sua destreza de skipper e até ganhou uma medalha em vela nos Jogos olímpicos de 1924, sendo o fundador do famoso Deauville Yacht Club, em 1928.

no início da década de 40, começou a experi-mentar soluções mais ecológicas de transportes: viaturas elétricas e planadores. Sofria de angina de peito; morreu de crise cardíaca a 4 de maio de 1955. e a sua companhia fundiu-se com a famosa empresa aeronáutica Dassault em 1971, com o nome Breguet a desaparecer definitivamente do

Se nos ares contribuiu para a história da aviação militar e dos transportes aéreos civis, nos oceanos revelou a sua destreza de skipper. No início da década de 40 começou a experimentar soluções mais ecológicas de transportes: viaturas elétricas e planadores.

1. Biplano Breguet, 1910, à partida de la Brayelle para manobras na Picardia.

2. Carro elétrico Breguet, brochura comercial, 1941.

3. Hidroavião de vigilância costeira Breguet 790 nautilus.

4. Jaguar, cooperação Breguet Aviation / BAC, 1969. documento de apresentação.

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Desenhado na década de 50 para os oficiais da marinha aeronaval francesa, o Type XX foi reeditado nos anos 90 e os seus sucessores Type XXI e XXII ajudam a cimentar uma lenda que associa a instrumentação relojoeira aos progressos da aviação e da marinha.

HiStória o oUTro BreGUeT

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nome da companhia em 1990. Mas o mesmo apelido Breguet reganhava entretanto força nos meandros da relojoaria com o recrudescimento em força da marca que homenageia o fundador da dinastia Breguet e que começou a fazer os primei-ros relógios para pilotos em 1918, sendo a primeira encomenda destinada ao US Army Air Service.

instrumentação de bordo e de pulsoComo não podia deixar de ser, os aviões ideali-zados por Louis Breguet adotaram imediatamente os relógios de bordo da Societé d’Horlogerie Breguet. esses relógios dos primórdios da aviação eram, na maior parte dos casos, cronógrafos com contadores de minutos e escalas instalados no painel de instrumentos para ajudar à navegação, mas vários pilotos começaram a usá-los também presos à coxa através de correias de pele. e rapi-damente se tornaram mais pequenos e passaram para o pulso. A relojoaria artística preconizada por Abraham-Louis Breguet tornava-se funcional na era do trineto, Louis Breguet.

A ligação entre a relojoaria e a aeronáutica tornou-se mais estreita na década de 50, quando a Força Aérea Francesa passou a adotar cronógrafos Breguet Type Xi a bordo; em 1954, surgiu a encomenda dos cronógrafos de pulso Type XX com Calibre valjoux 22 de roda de colunas e flyback que se tornariam famosos pelos mostradores pretos de grafismo inconfundível; e, em 1956, surgiu um lendário relógio de piloto de bolso que é muito cobiçado em leilões sob a designação Type 2668.

era contemporâneao cronógrafo Type XX estava tão intimamente

ligado à esfera militar e aeronáutica que o arranque da sua produção para o consumidor civil chegou a causar protestos. Por volta de 1995, o modelo foi reeditado, mas sempre se destacou entre a moda dos relógios de piloto ou de aviação: afinal de contas, tratava-se de um Breguet! Type XX, denominado ‘rei dos relógios de Piloto’! e foi dos primeiros após a renascença da relojoaria mecânica a apresentar a função flyback (ou retour en vol, ou retorno instantâneo) que tornava a ação de cronometrar mais rápida e eficaz, já que uma única pressão recolocava o ponteiro dos segundos a zero e simultaneamente fazia disparar uma nova contagem. A nova versão do Type XX, ao contrário do mecanismo de corda manual do original nos anos 50, era motorizada por um calibre automático (o Lemania 1340).

Além do pedigree Breguet, outra diferença relativamente aos relógios de piloto da concorrência residia na estética da caixa – que elevou os padrões de estética para relógios supostamente funcionais. A versão Type XX designada Aéronavale, de 1995, foi anos depois acompanhada de uma versão maior designada Type XX Transatlantique. e em 2004, no imperdível 50.º aniversário do lançamento do primeiro Type XX, foi estreado o Type XXi 3810 com um tamanho maior até que o mais recente Type XXii alargou os seus limites para os 44 milímetros de diâmetro e a elevada frequência de 72.000 alternâncias/hora.

Porque o tempo voa.

1. relógios de bordo Breguet type 11

2. Breguet nº. 4100, type XX, 1960. ed Limit Marine nationale Aéronautique navale.

3. Breguet type XXii 4. Breguet 14 F-poSt

pilotado por eugène Bellet, sobre a costa marroquina, 2010.

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inSider Pierre MAiLLArD

a tão modesta mas tão indispensável espiralPor Pierre Maillard, chefe de redação da Europa Star

encaixe de uma espiral © Chopard

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Como diz o nome da bela revista que tem agora entre mãos, no coração

do tempo aninha-se uma misteriosa espiral que lhe dá direção e sentido.

do mesmo modo, no coração de um instrumento do tempo, bate uma

minúscula espiral que lhe dá o seu ritmo e a sua impulsão. Sem essa

modesta mola enrolada sobre si mesma, qualquer calibre mecânico

permaneceria inerte para sempre. Mas o perigo anda por aí. pelo menos,

o estado é de alerta, e o setor de manufatura relojoeira suíça está inquieto.

Montagem de uma espiral no movimento de um relógio de bolso histórico. © A. Lange & Söhne

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inSider Pierre MAiLLArD

No decurso desta última década, assistimos a uma grande efervescência por parte de todas as marcas. Objetivo: tornarem-se capazes de conceber e realizar internamente o(s) seu(s) próprio(s) mecanismo(s).

1. esquema espiral Breguet2. Balanço espiral Concepto3. Balanço espiral technotime 4. o enrolar de uma espiral

© A. Lange & Söhne

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Até há pouco, a vasta maioria dos movimentos mecânicos suíços era animada por uma espiral que tinha uma única proveniência: a Nivarox‑FAR, filial do todo‑poderoso Swatch Group. Mas eis que o Swatch Group anunciou querer colocar finalmente em marcha as medidas de redução progressiva de entrega dos seus mecanismos eTA a terceiros, tal como os órgãos reguladores no coração dos quais pulsa a pequena e mágica espiral. ora, sem espiral não há relógios mecânicos!

Seria enganoso referir que os relojoeiros suíços foram apanhados desprevenidos. nicolas Hayek já tinha feito o aviso no início da década passada; irritado com a constatação de que numerosas marcas, muitas delas desprovidas de uma verdadeira capacidade manufatureira, arrebatavam largas fatias do mercado e logravam espetaculares mais-valias personalizando mecanismos eTA do Swatch Group, resolveu pôr termo ao pagode. Acabava-se o Swatch Group como ‘supermercado’ de mecanismos e componentes. A sua filial ETA iria começar por endurecer as condições de pagamento e depois diminuir progressivamente a oferta disponível a terceiros. Mas não para todos, porque o Swatch Group reservava-se o direito de continuar a entregar as mesmas quantidades às suas ‘marcas amigas’, o que provocou crises de urticária a muito boa gente. Após ter sido contestada durante muitos anos, a medida foi oficializada no início de 2012, graças à luz verde – provisória – da Comissão Suíça da Concorrência (CoMCo). Depois de janeiro de 2012, a eTA começou então a baixar progressivamente as suas entregas. Até 2014, o Swatch Group não irá fornecer mais do que 70 por cento da quantidade de movimentos mecânicos distribuídos em 2010; nos dois anos seguintes, não entregará mais de 50 por cento, até atingir a cota de 30 por cento.

no decurso desta última década, assistimos a uma grande efervescência por parte de todas as marcas. objetivo: tornarem--se capazes de conceber e realizar internamente o(s) seu(s) próprio(s) mecanismo(s). À sua maneira, nicolas Hayek acabou por prestar um serviço válido à indústria relojoeira suíça. Um importante – e bastante oneroso – esforço de reindustrialização

que, dez anos depois, atinge progressivamente a maturidade. Sucessivamente, a richemont, marca após marca (vacheron Constantin, Jaeger-LeCoultre, Cartier, iWC, Piaget, Panerai, Lange & Söhne, Roger Dubuis, Baume & Mercier…) reconstruiu uma imponente ferramenta industrial. Depois, as marcas da LvMH (TAG Heuer, Zenith, Hublot e agora Bulgari) seguiram o mesmo caminho. e o mesmo esforço foi feito por parte dos independentes, seguindo o exemplo da Patek Philippe, que reagrupou todas as suas capacidades numa única e vasta manufatura. Quanto à Rolex, o seu gigantesco esforço ficou concluído neste último mês de outubro com o ultramoderno complexo de Bienne, sem dúvida a sua mais impressionante manufatura dedicada à integralidade dos mecanismos da marca. espiral incluída, como não podia deixar de ser.

Minúsculo tendão de aquilesA minúscula ponta de metal é mesmo o calcanhar de Aquiles de numerosas casas relojoeiras. Porque, no considerável esforço de reindustrialização relojoeira, negligenciou-se um pouco a tão pequena, mas indispensável, espiral. Uma espiral que pesa menos de dois miligramas e não custa mais do que alguns francos, mas que sai de uma complexa liga metálica, onde se pode encontrar ferro, níquel, cobalto, crómio, titânio, berílio e traços infinitésimos de outros metais. Esta liga, tão secreta quão elástica, invariável e termicamente pouco sensível, herdeira do elinvar inventado nos anos 20 pelo futuro Prémio nobel da Física edouard Guillaume, ostenta um nome que diz tudo: nivarox.

Para realizar centenas de milhares ou mesmo milhões de espirais, uma única fornada basta. Pouco a pouco, desde a grande crise do quartzo, as raras companhias que ainda dominavam o seu fabrico foram-no abandonando, deixando praticamente a sós a nivarox-FAr, que se transformou no único supermercado de espirais. Durante muito tempo, pensou-se que o abastecimento da pequena mola se manteria aberto a todos. Correram boatos fazendo crer que seria impossível substituí-lo por outra liga e que havia apenas uma fundição

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É aí que reside a plataforma dos recém-chegados ao mercado da espiral: serem mais versáteis e «adaptarem especificamente a espiral ao produto do cliente e não o inverso».

1. Manufatura eta2. oscillomax 5550p Patek Philippe3. Balanço espiral parachrom, rolex 4. Manufatura rolex em Bienne

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alemã que dominava o processo, mas, gradualmente, alguns relojoeiros conscientes dos riscos – e das oportunidades que se apresentariam – lançaram-se à aventura. A começar pela Precision Engineering, associada à marca H. Moser & Cie. Propriedade até há bem pouco de Thomas Straumann (ficou recentemente sob o controlo de Georges-Henri Meylan, antigo Ceo da Audemars Piguet), descendente direto do mesmo dr. Straumann, a quem se deve a invenção da liga nivarox em 1933, a Precision engineering foi pioneira, rapidamente acompanhada pela vaucher Manufacture com o seu estabe-lecimento Atokalpa. Contudo, a fiabilização do fabrico de uma espiral é um processo longo e complexo, que leva anos a ser aperfeiçoado até se atingir uma qualidade constante que não é apenas testada pelo tempo, mas também pela quantidade.

novas vias, novos anúnciosParalelamente, novas vias foram abertas com a entrada em cena do silício. Caminhos inovadores e tecnologicamente prometedores que tiveram como pioneiros Patek Philippe e Ulysse nardin. esses caminhos são indubitavelmente destinados a um belo futuro, mas permanecem ainda exclusivos e sem qualquer hipótese de substituir os milhões de espirais engolidas anualmente pela indústria.

Talvez o grande choque salutar tenha surgido com o anúncio da TAG Heuer, no passado mês de março, de que passaria a abastecer-se de espirais na Seiko (que fabrica excelentes espirais há décadas). Um tabu fora quebrado. Aqueles que ainda não estavam completamente cientes da situação foram definitivamente despertados, e as iniciativas foram sendo incrementadas, o seu anúncio precipitado. A Concepto, um fabricante de mecanismos exclusivos baseado em La Chaux- -de-Fonds, anunciava com fanfarra o lançamento da sua própria espiral, fabricada em «quantidades industriais». A operação foi montada no maior dos segredos e fruto de uma reflexão iniciada há já 15 anos por Jean-Pierre Jaquet, um industrial de La Chaux-de-Fonds, que entretanto passou por diversas peripécias, e foi retomada em surdina há três ou quatro anos pelo seu filho, Aurélien Jaquet. Para surpresa de todos, a Concepto anunciou poder produzir a prazo, daqui a 2015, entre 300.000 e 400.000 conjuntos completos (balanço/espiral, roda de escape, âncora). no momento, a empresa prevê produzir um total de 50.000 espirais optimo, em 2012, e 200.000, a partir do próximo ano.

entretanto, outro protagonista que está em crescendo é a Technotime. nascida das cinzas da France Ébauches – que, antes do seu colapso, era o único produtor francês de espirais –, a companhia agora tornada suíça anuncia uma capacidade de produção de 30.000 a 40.000 exemplares de espirais ‘nuas’ por mês. e, para passar de uma espiral ‘nua’ a uma espiral em estado de funcionamento, é necessário compreender todas as operações necessárias antes de a espiral levar uma virola (munida de um pequeno cilindro que permitirá alojá-la no eixo da roda do balanço). o número e a especialização de tais opera-ções – trefilação, laminagem, corte, estrapadagem, prensagem, fixação e separação das espirais tornados planos – explicam em grande parte as dificuldades encontradas para que se atingisse uma oferta verdadeiramente industrial. Tanto que as 30 a 40 mil espirais ‘nuas’ por mês se transformam em somente 30 a 40 mil conjuntos completos por ano. Sem esquecer os problemas da liga metálica. A Technotime trabalha a partir de duas receitas de liga diferentes, o nispan C (liga desenvolvida pelos japoneses quase idêntica ao elinvar, que esteve na origem do nivarox), que têm uma sensibilidade maior face aos coeficientes térmicos, tal como uma outra liga desenvolvida juntamente com uma univer-sidade francesa, mais ligeira, menos sensível e cujas prestações cronométricas parecem potencialmente superiores.

na Concepto, uma nova liga foi concebida – o optimox, cuja composição exata permanece rigorosamente secreta, mas que, segundo os responsáveis da empresa, foi «pensado segundo os critérios de fabrico desenvolvidos paralelamente». Porque, se o preço de uma espiral oscila entre 3 e 5 francos suíços cada, um conjunto pode passar a valer entre 35 e 80 francos suíços conforme o número de intervenções manuais e a complexidade da operação. Aqui reside a plataforma dos recém-chegados ao mercado da espiral: serem mais versáteis e «adaptarem especificamente a espiral ao produto do cliente e não o inverso», como se diz na Technotime. esta ‘elasticidade’ pode representar uma verdadeira alternativa para as marcas independentes, mas ela marca também os limites industriais destas novas aventuras. Porque é mesmo necessário arranjar milhões de espirais, as tais pequenas espirais sem as quais o tempo permaneceria indecifrável.

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O mostrador é a face do relógio; se mandarmos fazer o mostrador num fabricante que faz mostradores para toda a gente, o nosso relógio fica com a mesma cara dos relógios das outras marcas… François-Paul Journe

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o rosto do tempoPor Miguel Seabra, fotos nuno Correia

Mais do que a arquitetura da caixa ou o adereço

da correia/bracelete, o mostrador é o elemento

mais identificativo da personalidade de um relógio.

é a face do tempo.

reportaGeM LeS CADrAnierS De Genève

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reportaGeM LeS CADrAnierS De Genève

A vantagem de trabalhar com alguém como François-Paul Journe é que ele não está demasiado agarrado à tradição na feitura dos mostradores, pelo que está aberto a novas soluções. Tony Billet e Stéphane Cornioley Diretor de fabrico e Diretor administrativo

1. Fixação de decalques2. o resultado3. Controlo após uma etapa

de fabrico © F.P Journe

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não há outro aforismo popular que traduza tão bem a autonomia e responsa-bilização de um trabalho que se deseja corresponder às expectativas exigidas: ‘se queres algo bem feito, fá-lo tu mesmo’. e foi com essa máxima em mente que François-Paul Journe decidiu avançar para a fundação de uma empresa especializada na manufatura dos emblemáticos mostradores que o ultragalar-doado mestre exige para as suas obras-primas. É claro que não é o próprio François-Paul Journe a fabricar os mostradores, mas tem uma equipa da sua mais inteira confiança a fazê‑lo por si na ‘Les Cadraniers de Genève’.

«Juntei-me a Cèdric Johner e à Harry Winston para fundar a empresa em 2000. entretanto, adquiri as partes deles e passei a ter como parceira a vacheron Constantin», refere François-Paul Journe – que reforça: «o mostrador é a face do relógio; se mandarmos fazer o mostrador num fabricante que faz mostradores para toda a gente, o nosso relógio fica com a mesma cara dos relógios das outras marcas… ou as outras marcas ficam com a cara dos nossos relógios».

Os vários oficiosos mostradores estão à vista de todos e para mais têm a redobrada importância de ostentar o logótipo da marca na maior parte dos casos. Mas poucos sabem que, para além do que é óbvio perante o olhar, um mostrador de alta-relojoaria passa por diversas etapas complexas na sua fabricação. o tradicional ofício de cadranier continua a ter muito de artesanal e engloba procedimentos que passam de geração em geração, com técnicas que remontam a séculos transatos e que são zelosamente transmitidas.Dependendo do estilo clássico ou moderno, um mostrador pode requerer decoração feita à mão ou ter profundidade e ser estruturado; recorrer ao esmalte ancestral ou a matérias da era espacial; ter uma base em metal precioso ou em madrepérola; com tratamentos de superfície que vão desde a sablage ao baixo-relevo manual em guilloché. Tudo em nome da harmonia e legibilidade, havendo também pintores e decalcadores especializados.

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reportaGeM LeS CADrAnierS De Genève

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tradição e inovaçãona ‘Les Cadraniers de Genève’, localizada na zona genebrina de Meyrin, fazem-se alguns dos mais reputados mostradores do mundo – sobretudo os dos ‘donos’ F.P. Journe e vacheron Constantin, mas também outras marcas de alta-relojoaria. e os responsáveis, Tony Billet (diretor de fabrico) e Stéphane Cornioley (diretor administrativo), nem vieram propriamente da indústria relojoeira. Também surpreendem ao revelar que «a vantagem de trabalhar com alguém como François-Paul Journe é que ele não está demasiado agarrado à tradição na feitura dos mostradores, pelo que está aberto a novas soluções», confessam, sendo que o mestre até é assumidamente um dos principais apologistas da relojoaria tradicional. «Somos diferentes dos outros fabricantes. Para já, não viemos do fabrico dos mostradores e cada um veio de um domínio diferente, pelo que não tínhamos ideias preconcebidas relativamente ao assunto; os mostradores eram feitos sempre da mesma maneira há 30, 40 ou 50 anos, enquanto os produtos mudaram significativamente nos últimos dez anos. As exigências atuais são completamente diferentes e a qualidade mais elevada do que nunca».

Curiosamente, e de todos os sofisticados mostradores da F.P. Journe, o que é unanimemente considerado como o mais complexo nem apresenta a tipologia frequente na coleção do mestre marselhês: é o do Chronomètre Bleu. É necessário fazer várias microcoberturas tão sensíveis que qualquer pequeno percalço inviabiliza o mostrador; pela sua simplicidade é extremamente exigente – o mais pequeno defeito de polimento é fatal e são necessárias várias camadas delicadas para se atingir a tonalidade exata numa placa com três espessuras de uma folha de papel. Setenta por cento da produção é deitada fora, tamanha é a exigência.

Afinal de contas, o rosto do tempo tem de ser perfeito e sem a necessidade de qualquer operação plástica no futuro!

O Chronomètre Bleu pela sua simplicidade é extremamente exigente. O mais pequeno defeito de polimento é fatal e são necessárias várias camadas delicadas para se atingir a tonalidade exata numa placa com três espessuras de uma folha de papel.

1. Fixação de brilhantes2. Mostradores prontos para a etapa seguinte3. Lixas de polimento 4. na prensa5. Mostrador Chronomètre Bleu © F.P Journe6. Mostrador Quai de l’ile © vacheron Constantin

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Nova geração

Duas marcas relojoeiras de espírito distinto, dois jovens embaixadores de áreas diferentes

que projetam o talento de Portugal no futuro: de um lado, a fadista Carminho com a Raymond

Weil e a sua associação à música; do outro, o piloto Filipe Albuquerque com a TAG Heuer e a

sua vocação automobilística.

Texto Miguel Seabra

embAixADoRes CARMINHO E FILIPE ALBUQUERQUE

Produção: Ricardo Preto assistido por Silvana QueridoFotografia: Nuno CorreiaCabelos: Helena Vaz Pereira assistida por Pinimaquilhagem: Nana Benjamin com produtos Guerlain assistida por Sara Fonseca e Cátia Rocha

Malha e camisa, Ermenegildo Zegna / Calças, Tommy Hilfiger / Botas, Replay / Cadeira YOYO, Objects by rpvp designers

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Vestido Diane Von Furstenberg na Fashion Clinic

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A ligação da Raymond Weil à música fez parte da sedução que a marca teve para si?Evidentemente que sim, é uma marca que se direciona para o universo musical, para aquilo que eu mais amo fazer na vida. Isso desper- tou a minha atenção e fez-me ver a marca com olhos mais emotivos e mais artísticos do que aqueles com que veria outras marcas de relógios.

em que tempo é que vive? No séc. XXI; sou uma pessoa que tem amigos do mesmo século e tenho a ambição de vir a estar sempre no presente e no futuro próximo, acompanhando a evolução do mundo. Não sou nostálgica, revivalista ou saudosista, não tenho pena de não ter vivido noutras épocas. A minha postura, a minha música e a forma como eu a encaro, têm que ver com a tradição que trago comigo, com a forma como o fado corre no meu sangue sem eu o ter escolhido.

o que é que o fado tem de intemporal?Cantar os temas mais profundos do ser hu-mano. A não ser que se substitua o coração por uma máquina, enquanto o ser humano for como é, fisica e emocionalmente, há-de sentir o que sentiu desde sempre: medo, angústia, saudade, amor, paixão, amizade, há-de sentir--se só, há-de sentir-se feliz, e tudo é a grande matéria-prima da arte e mais precisamente do fado. 71

Carminho

embAixADoRes CARMINHO E FILIPE ALBUQUERQUE

Raymond Weil MaestroRef. 2839-STC-00209€ 2.170

Raymond Weil Freelancer ChronographRef. 7730-STC-20101€ 2.590

Vestido Lanvin na Loja das Meias

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Qual foi a melhor derrota da sua vida?Não há melhores derrotas, as derrotas são sempre difíceis. Mas se tivesse de dizer uma, talvez tenho sido a que aconteceu no apura-mento de um campeonato europeu de karts no Bombarral. Dominei todas as mangas de qualificação, ganhei na pré-final, e na final, que era o que contava, a três voltas do fim, quando liderava com seis segundos de avanço, saltou--me a corrente... foi duro!

Rapidinha é uma volta pequena muito rápida?Eu digo que é uma volta rápida mas que pode ser melhorada!

Quem é mais rápido: o Filipe Albuquerque, o speedy Gonzalez ou o Lucky Luke?Falta-me conhecer cara-a-cara o Speedy e o Lucky, mas eles têm bom nome na praça...

se, numa corrida, os também embai xa­dores da TAG Heuer Portugal Pedro Lamy e miguel barbosa disserem que lhe vão dar ‘uma abada’, como se sente?Sinto-me confiante e imbatível. Mas há vezes faço bluff; o jogo psicológico afecta alguns pilotos!

Com que piloto atual ou do passado gos­taria de ter visitado a TAG Heuer em La Chaux­de­Fonds? Sem sombra de duvida, com o Ayrton Senna!

embAixADoRes CARMINHO E FILIPE ALBUQUERQUE

TAG Heuer Grand Carrera Caliper

Calibre 36 RSRef. CAV5186.FC6304

€ 9.350

Filipe Albuquerque

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TAG Heuer Carrera Chronograph Calibre 1887Ref. CAR2012.FC6236€ 5.800

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Após a minha visita a La Chaux-de-Fonds compreendi a complexidade envolvida na montagem de um relógio que é o culminar de meses e anos de estudo, investigação e desenvolvimento. Filipe Albuquerque Embaixador TAG Heuer

Fato Tom Ford e camisa Fashion Clinic, ambos na Fashion ClinicGravata Salvatore Ferragamo

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teMpo liVre Por MiGUeL SeABrA

novembro foi um mês de muitas viagens e mudanças de chip para mim, passando do ténis para os relógios e saltitando entre Portugal, Suíça, inglaterra e França durante um périplo talvez demasiado vertiginoso mas inevitável. Portugal como ponto pátrio de partida e regresso, a Suíça como destino obrigatório para várias reportagens relojoeiras, Londres como sede do Salon QP durante a minha cobertura do ATP World Tour Finals que reuniu os melhores tenistas do mundo, e ainda Paris como cidade escolhida para um conjunto de atividades promovidas pela Jaeger-LeCoultre.

o ténis e os relógios são áreas bem distintas, mas que convergem cada vez mais devido ao patrocínio das maiores vedetas do circuito por parte das melhores marcas relojoeiras a um nível nunca antes visto. Conhecedores da minha outra especialização jornalística na relojoaria, muitos dos meus colegas da imprensa tenística abordaram-me constantemente em Londres com a mesma pergunta com a qual sou tantas vezes confrontado ao longo do ano: «qual é a melhor marca de relógios?». outra variante recorrente: «qual é o equivalente à rolls royce na relojoaria?». e ainda há uma terceira versão: «a rolex é a rolls royce dos relógios?».

Para o último caso, tenho uma resposta modelo: digo sempre que «a rolex não é a rolls royce dos relógios; a rolex é uma marca de excelente reputação que faz relógios que se querem simples e que funcionem sem preocupações – quanto muito, podem comparar-se a taxis Mercedes a diesel que

Sou recorrentemente confrontado com uma de

duas perguntas – e muitas vezes até mesmo

com as duas em sequência: qual é a melhor

marca relojoeira; qual é a equivalência de uma

determinada marca relojoeira relativamente ao

mercado automóvel. tento esquivar-me sempre

à comparação entre alhos e bugalhos, mas para

a primeira questão chego sempre à mesma

conclusão. e uma recente estadia em paris

reforçou essa convicção.

Ser número um

Page 75: Espiral do Tempo 41

fazem 200 mil quilómetros por ano sem problemas». Para a segunda questão, começo por balbuciar que «há a tendência para se aceitar a Patek Philippe como o equivalente relojoeiro da rolls royce», mas logo acrescento que há muitas outras marcas tradicionais e contemporâneas com um nível de exclusividade igualmente elevado. Para a primeira pergunta, começo sempre por hesitar mas também acabo sempre por chegar à mesma conclusão quando tomo em conta os múltiplos parâmetros de avaliação e querendo sempre pautar-me pela isenção jornalística: «talvez a melhor marca seja a Jaeger-LeCoultre».

Admito que há muitos fatores que poderiam contribuir para que a escolha pela Jaeger-LeCoultre fosse tendenciosa: conheço a Manufatura de Le Sentier muito melhor do que qualquer outra, já a visitei mais vezes do que qualquer outra, tenho quatro relógios da marca, conheço bem o seu presidente, os seus diretores, o seu staff, os seus mestres relojoeiros. Mas basta olhar atentamente para o seu catálogo e perceber a extensão da coleção comparativamente à concorrência para se perceber que nenhuma outra marca apresenta uma tal variedade de oferta e uma tal abrangência técnica. está lá tudo: masculino e feminino; clássico, contemporâneo e moderno; simples e complicado; elegante, desportivo e militar; redondo, quadrado e retangular; em aço, metal precioso ou joalharia; de pulso e de mesa; democrático com preços de entrada para modelos reverso ou Master Control de alguns milhares até ao

máximo da exclusividade com os Hybris Mechanica que estão para além do milhão de euros. e tudo feito in house, com um dinamismo, consistência e competência que não têm paralelo.

E fico contente por ver a Jaeger‑LeCoultre carburar ao nível do seu potencial sob a batuta do seu incan-sável Ceo, Jérôme Lambert. A operação montada em Paris no mês de novembro e que contou com a presença de um destacado grupo de jornalistas de todo o mundo foi mais uma prova dessa vitalidade e autenticidade: foram apresentados (ainda sob embargo) alguns modelos complicados que serão oficialmente desvelados no Salon International de la Haute Horlogerie de janeiro ao mesmo tempo que se procedia à reinauguração com pompa e circunstância da Boutique Jaeger-LeCoultre, agora transformada no maior espaço relojoeiro da emblemática Place vendôme. A Manufatura celebra o seu 180º aniversário em 2013 e há vários modelos comemorativos na calha que tornarão ainda mais rico o catálogo da marca – sendo que o aficionado menos abonado tem um preço de entrada (para vários modelos em aço) bem inferior ao de outras marcas de alta-relojoaria com legitimidade semelhante.

A sentença final que confirma a minha opinião pertence ao ultra-galardoado mestre relojoeiro François-Paul Journe, que há alguns anos atrás me disse: «se eu não fosse relojoeiro e não tivesse a minha própria marca, o relógio que eu escolheria seria um Jaeger-LeCoultre».

A sentença que confirma a minha opinião pertence a François-Paul Journe, que me disse: «se eu não fosse relojoeiro e não tivesse a minha marca, o relógio que eu escolheria seria um Jaeger-LeCoultre».

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Retalhista atípico

Ana sara Ferreira é diretora de compras e de logística da Lojas Francas de Portugal

(LFP), mas ainda fica deslumbrada com o ambiente único que se vive num aeroporto,

com as personagens, por vezes bem peculiares, que por ele circulam, pela cor, pelos

múltiplos idiomas e culturas que o atravessam. Não se perde, contudo, em lirismos

e nunca deixa de estar atenta àquilo que as ‘suas’ lojas têm para oferecer, ao que

mais podem fazer para cativar os milhões de pessoas de todos os quadrantes que

as atravessam. Foi junto ao bonito e bem­sucedido espaço que a TAG Heuer ocupa

no aeroporto que conversámos sobre a especificidade do ‘seu’ negócio.

Por Paulo Costa Dias

Page 77: Espiral do Tempo 41

A LFP são uma joint venture entre a TAP, detentora de 51% do capital, e o grupo Nuance, com os restantes 49%, que explora espaços comerciais em aeroportos portugueses. Sendo a TAG Heuer uma referência global no mercado relojoeiro e não só, fomos tentar perceber como se comporta esta marca e os seus aficionados no universo específico dos aeroportos internacionais, nomeadamente no aeroporto de Lisboa.

espiral do Tempo: Que tipos de produto vende a LFP?Ana sara Ferreira: São lojas multicategoria de relojoaria, de perfumaria e cosmética, de bebidas, de tabacos, de chocolate, de delicatessen portuguesa, de brinquedos e de gifts. Lojas de luxo onde comercializamos artigos de moda e acessórios. Trabalhamos com cerca de 22.000 referências.

edT: Quando é que começou a parceria entre a LFP e a TAG Heuer, e o que a despertou?AsF: No final de 2008, quando assumi a direção de compras da empresa, achei que a TAG Heuer estava em falta no nosso portfólio de marcas de relógios de luxo. Então decidi contactar a Torres Distribuição e assim nasceu a nossa parceria.

edT: Porque se lembrou da TAG Heuer?AsF: Por ser uma marca de prestígio mundialmente reconhecida. Já tínhamos outras marcas de prestígio, e faltar-nos-ão algumas, naturalmente, até porque o espaço no aeroporto é sempre limitado, mas achei que era uma marca que se adequava às necessidades e tendências do nosso perfil de passageiros e que, bem trabalhada, poderia ter uma boa performance. Eu conhecia um pouco da TAG Heuer e a decisão revelou-se acertada porque os resultados são bastante positivos. Naturalmente, o facto de a TAG Heuer ser uma marca global, pertencendo ao respeitável grupo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), que já estava representado na LFP com marcas como a Moët & Chandon e a Hennessy, influenciou a decisão. Como holding especializada em artigos de luxo, claro que teve peso e influência, além da estrutura, do peso e do sucesso que o nome TAG Heuer carrega.

edT: mas, entretanto, sentiram a necessidade de aumentar o espaço que a marca inicialmente tinha. Porquê essa aposta?AsF: O que aconteceu foi que, na altura, a loja era mais pequena, e a TAG Heuer estava num espaço pequeno, com outras marcas. Assim que a ANA Aeroportos, proprietária do espaço, nos disse que iria reestruturar o aeroporto, nós pensámos em reestruturar as nossas lojas e em dar mais espaço às marcas que achámos que tinham mais potencial, e uma delas foi a TAG Heuer. Chegámos à conclusão de que estávamos certos, porque a marca obteve subidas de vendas de dois dígitos percentuais face ao ano anterior.

eNTRevisTA ANA SARA FERREIRA

Eu conhecia um pouco da TAG Heuer, como consumidora, e a decisão revelou-se acertada porque as coisas estão, de facto, a correr bem. Naturalmente que o facto de a TAG Heuer ser uma marca global, pertencendo ao respeitável grupo LVMH, que já estava representado nas LFP com marcas como a Moet & Chandon ou a Hennessy, influenciou a decisão. Ana Sara Ferreira

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É transversal que a linha Formula 1 é a mais vendida a qualquer dos fiéis da marca, embora o comportamento perante a compra seja completamente diferente. Ana Sara Ferreira

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eNTRevisTA ANA SARA FERREIRA

edT: Conseguem perceber qual é a nacionalidade dos mais fiéis consumidores TAG Heuer aqui no aeroporto?AsF: Os principais clientes de qualquer categoria, neste aeroporto, são brasileiros e angolanos. Na relojoaria de luxo em geral, o passageiro angolano tem mais peso, mas, na TAG Heuer, especificamente, o brasileiro é, de longe, o melhor comprador. Há muitos angolanos que vêm a Portugal especificamente para fazer compras mas também captamos o passageiro que vem cá em negócios, que não teve tempo de ir à Avenida da Liberdade, por exemplo, e que aproveita o aeroporto para fazer as suas compras.

edT: o que é que uns e outros procuram na TAG Heuer?AsF: É transversal que a linha Formula 1 é a mais vendida a qualquer dos fiéis da marca, embora o comportamento perante a compra seja completamente diferente. O passageiro brasileiro é um comprador muito estruturado, sabe exatamente o que quer, é muito sensível ao preço, que conhece em vários pontos de venda, não é facilmente influenciável e gosta de um atendimento muito personalizado. O cliente angolano tem um grande poder de compra, dá muita importância à forma do relógio, ao seu design, e compra muito por impulso, por paixão. Frequentemente, põe o relógio que acabou de adquirir imediatamente no pulso.

edT: Conseguem perceber se há preferência por determinadas linhas, de acordo com a área geográfica de origem de cada passageiro? AsF: Sim, o passageiro brasileiro compra Formula 1 e Aquaracer, enquanto o passageiro angolano compra Formula 1 e Carrera. Tal como os passageiros alemão e francês, que vêm logo a seguir ao angolano no que ao consumo diz respeito.

edT: e como é que as coisas funcionam em relação à garantia, visto que o passageiro vai sair do país?AsF: Se os países de destino tiverem representação da marca, o cliente poderá dirigir-se diretamente ao representante. Nós também prestamos assistência pós-venda através do nosso departamento de apoio ao cliente, mas é muito raro, neste tipo de artigos de luxo, haver reclamações.

edT: Quem é que decide a coleção a apresentar no aeroporto?AsF: É sempre uma decisão em parceria. Nós, LFP, conhecemos bem o nosso passageiro, o que ele procura, o que funciona no ambiente específico de um aeroporto. O importador conhece bem os relógios, as linhas, os mecanismos, os designs, o que funciona melhor e pior no mercado local, por isso a decisão do assortment é sempre decidida em conjunto.

edT: os vendedores aqui são funcionários da LFP. Têm formação exclusivamente da LFP ou também formação específica disponibilizada pela marca?AsF: São funcionários da LFP, têm formação em atendimento ministrada por nós e têm formação específica da marca. É importante que conheçam os mecanismos, as linhas, que tenham capacidade para dar resposta às necessidades específicas do passageiro. Achamos, no entanto, que seria importante para a LFP e para a TAG Heuer que houvesse um vendedor exclusivo da marca para melhor defesa e melhor apresentação da TAG Heuer. Os nossos funcionários têm de trabalhar com várias marcas, vários produtos, e certamente que uma pessoa dedicada à marca compensaria o investimento.

edT: Qual é o volume de tráfego de passageiros anual do aeroporto?AsF: Em Lisboa, no terminal 1, passageiros embarcados, prevê--se que sejam cerca de sete milhões em 2013, e com previsões de crescimento.

edT: Qual o rácio entre a circulação de passageiros e o consumo na LFP em geral e no mercado específico da relojoaria?AsF: É de cerca de 17,5% nas nossas lojas e, no mercado específico da relojoaria, é de cerca de 1,5%. Por isso, ainda temos muito mercado para absorver (risos).

edT: Quais são as perspetivas de expansão da LFP?AsF: Perspetiva de crescimento em termos de espaço, bem, estamos sempre disponíveis para novos desafios (risos). Perspetiva de crescimento das vendas, a LFP tem conseguido minorar o impacto da crise económica graças aos clientes naturais de países onde a situação macroeconómica é mais favorável à nossa oferta de marcas e de produtos em condições preferenciais e ao continuo investimento no design e no layout das lojas que fazemos, nomeadamente os passageiros oriundos de Angola e do Brasil.

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A nossa escolhaOuro, incenso e mirra foi a seleção dos Reis Magos na quadra natalícia. A nossa selecção aponta para os tons dourados, mais adequados à época festiva – sobretudo modelos em ouro (especialmente o ouro rosa). Na relojoaria, o ouro representa uma garantia eterna de investimento com toda a carga simbólica que lhe é inerente, sendo as suas várias tonalidades exploradas de modo a serem conjugadas na perfeição com mostradores claros ou escuros, clássicos ou desportivos, sóbrios ou ousados, simples ou complicados. Os nove prestigiados instru mentos do tempo que seleccionámos têm um pendor um pouco mais desportivo pelas funções que apresentam e pelo espírito que exalam, mas ficam bem em qualquer circunstância e em qualquer pulso. Até no dos Reis Magos.

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Patek PhilippeReferência: Ref 5960R-011 | Preço: € 62.260

Um Patek Philippe é garantia imediata de exclusividade e sofisticação. Uma das especialidades da lendária casa genebrina é a conjugação de complicações relojoeiras e o Ref 5960R-011 combina o cronógrafo com um calendário anual sem que as correspondentes indicações afetem negativamente a elegância do mostrador com um totalizador único para as horas e os minutos. Pelo contrário, só lhe acrescentam personalidade!

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Jaeger­LeCoultre Amvox2 Grand ChronographReferência: Q1972473 | Preço: € 27.700

A associação entre a Jaeger-LeCoultre e a Aston Martin tem dado azo a que a manufatura de Le Sentier traduza o seu tecnicismo em peças de grande originalidade mecânica. O AMVOX2 Grand Chronograph é um cronógrafo singular porque não apresenta quaisquer botões: a contagem é iniciada, parada, colocada a zero e retomada graças à pressão dos dedos sobre uma caixa basculante. Para mais, o mostra- dor apresenta nuances cromáticas bem lusitanas.

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Chopard mille miglia 2012Referência: 161288-5001 | Preço: € 16.120

A Chopard tem sido cronometrista oficial da Mille Miglia desde o final da década de 80 e a parceria promove anualmente um modelo em honra da lendária corrida que é justamente considerada la più bella corsa del mondo. O modelo de 2012 é um cronógrafo complementado com um ponteiro para um segundo fuso horário. Emblemáticos: a bracelete em cauchu com padrão reminiscente dos pneus Dunlop Racing dos anos 60 e a flecha vermelha que serve de logótipo à competição.

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Porsche Design RattrapanteReferência: 6920.6943.201 | Preço: € 24.940

A arquitectura da caixa é a mesma da do Indicator e o mostrador é igualmente alveolado. Se os elementos de estilo são aparentados, o resto está também à altura da herança, já que o interior alberga um fiável mecanismo cronográfico dotado de um ponteiro suplementar de recuperação (rattrapante). O calibre do P’6920 tem mesmo a sua fiabilidade certificada pelo COSC (Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres).

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Panerai Luminor marina 1950 3 Days Automatic oro RossoReferência: PAM0039 | Preço: € 18.400

Tons quentes para uma versão preciosa do clássico Luminor Marina 1950 da Panerai, para mais vestindo uma caixa em ouro e sendo motorizada por um mecanismo de manufatura com três dias de reserva de corda. O espírito da marca transalpina surge bem patente através de um mostrador minimalista construído em sanduíche e da ponte patenteada que não só protege a coroa dos choques como também lhe reforça a estanqueidade.

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TAG Heuer Carrera Chronograph Calibre 1887Referência: CAR2140.FC8145 | Preço: € 17.500

O Carrera está a comemorar meio século de vida mas continua jovem – porque os clássicos são eternos e intemporais. O Carrera Calibre 1887 apresenta toda a pureza dos códigos estéticos do original de Jack Heuer num mostrador tricompax vertical e a motorização é assegurada pelo Calibre 1887 da TAG Heuer, que assegura um conforto de utilização notável. A simbiose perfeita entre o cronógrafo clássico e a classe da elegância.

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Cvstos Tourbillon Yachting ClubReferência: CVS.TO.SYC/OVPR | Preço: € 128.000

Um relógio de ouro dotado de uma prestigiada complicação sem perder a sua personalidade desportiva e vanguardista: notável exemplar em que os típicos mostradores estruturados da Cvstos ganham mais vida com a fascinante dança do turbilhão. Os elementos de estilo inspirados nas corridas GT são evidentes e fazem parte do ADN da marca, mas o fundo do mostrador replica o deck de madeira de um iate clássico. Pormenores que são pormaiores!

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paulo torres torres joalheiros Surpreendente esta recém-lançada peça da Rolex, não só pelo seu design inovador como também pelas sofisticadas soluções técnicas que oferece.

um lugar no céuPor Miguel Seabra, fotos rolex

a rolex voltou a surpreender com uma inesperada

incursão pelas complicações mecânicas na nova estrela

do seu firmamento: o Sky-dweller apresenta um inédito

sistema de calendário anual com um modo operativo

muito original e pode representar uma transição gradual

da casa genebrina para modelos mais complexos – mas

sempre práticos e funcionais.

A rolex é uma das marcas mais conhecidas e reconhecidas do Planeta, sendo normal que a sua filosofia empresarial e linha de produtos estejam constantemente sob escrutínio. e quando se soube que a marca genebrina tinha registado o nome Sky-Dweller, criou-se imediatamente enorme expec-tativa relativamente ao lançamento eventual de um novo relógio – afinal de contas, a Rolex raramente introduz na sua coleção um modelo que não seja uma reedição histórica ou o aperfeiçoamento de modelos já existentes no catálogo e é precisamente essa evolução na continuidade que tem constituído a sua força. A apresentação do oyster Perpetual Sky‑Dweller confirmou que só lança modelos novos quando se trata de algo inédito e que marca mesmo a diferença.

eM FoCo roLeX Sky-dweller

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intrinsecamente, trata-se de um relógio de qualidade excecional que vai além da tradicional apologia do essencial da rolex com a apresentação de uma complexidade mecânica (o calendário anual) e um mostrador mais sobrecarregado (com a inclusão de um disco para o segundo fuso horário) ou mesmo híbrido (convivência de algarismos árabes e romanos em duas das três versões). A complicação suplementar representa uma nova dimensão na história recente da marca, exaltando o ineditismo das soluções encontradas e revelando a mestria técnica da manufatura genebrina sem que o seu ADn seja traído.

Código genético inconfundívelA rolex até tem no seu historial calendários triplos associados a cronógrafos muito valorizados em leilões e o ref. 8171 com fases da Lua atingiu estatuto de culto, mas desde há meio século que tem optado por privilegiar declaradamente o que é verdadeiramente essencial para seguir uma linha depurada de modelos simples com uma funcionalidade sem mácula. o Yacht-Master ii de 2007 já tinha representado a entrada num novo patamar de complexidade graças a um cronógrafo dotado de memória mecânica que exaltou a histórica associação da marca ao universo das regatas, tornando a complicação cronográfica com countdown perfeitamente pertinente.

o passo dado com o Sky-Dweller é diferente e representa sobretudo um sinal dos tempos, sendo a resposta da rolex às necessidades contemporâneas de uma clientela sofisticada que está em deslocação permanente através dos diversos fusos horários e que procura um elemento mais diferenciador num relógio que mantenha o perfil a que a marca os habituou. e não há qualquer dúvida: o Sky-Dweller tem um visual rolex e sente-se como um rolex. A caixa de 42 milímetros assume o tamanho canónico para os padrões contemporâneos e está apenas disponível em metal precioso, sendo muito pouco provável que algum dia venha a ser declinado em aço – tal como o Yacht-Master ii não o foi – para manter a sua auréola de exclusividade. A oferta estende-se por três versões: em ouro amarelo, em ouro branco e em ouro rosa (na liga everose, desenvolvida pela marca), cada qual com o seu mostrador distinto e com bracelete em metal correspondente ou em correia em pele de crocodilo.

técnica ao serviço da funcionalidadeÉ sobretudo na vertente mecânica que surgem as inovações. É mesmo necessário ter o Sky-Dweller no pulso e utilizar as suas funções para se poder aferir convenientemente toda a sua qualidade mecânica (rotação da luneta, utilização da coroa) e de construção (proporções, arquitetura da caixa, detalhes de acabamento).

A função de segundo fuso horário já existe há muito no catá-logo da rolex sob a forma de ponteiro suplementar em modelos como o GMT-Master ou o explorer ii da linha Professional, só que o Sky-Dweller apresenta como novidade um anel no mostrador que está associado a um calendário anual apelidado Saros (em honra do fenómeno astronómico de revolução da Terra e da Lua que regula as eclipses) programado para distinguir os meses de 30 ou 31 dias devido a uma engenhosa colocação de rodas dentadas no mecanismo; os ponteiros principais indicam o tempo local e estão sincronizados com a data, o disco de 24 horas fornece o segundo fuso horário e a indicação do mês surge discretamente em pequenas janelas na base dos índices das horas. o acerto das três funções (hora local, hora de referência, data) através da coroa é selecionado pela rotação da luneta canelada batizada ring Command – mas o relógio só precisa de ser ajustado uma vez por ano, mais precisamente no final de fevereiro por se tratar de um mês mais curto e que só tem um dia suplementar a cada quatro anos.

no total, o Sky-Dweller reclama cinco patentes exclusivas, num total de 14 patentes. A motorização faz-se através do novo calibre 9001 de corda automática desenvolvido e manufaturado pela Rolex com a certificação de cronómetro (pelo COSC) e 72 horas de reserva de marcha, incluindo as habituais mais-valias da marca como a espiral Parachrom e o sistema antichoque Paraflex. Um relógio robusto e elegante com o selo inconfundível da rolex que estabelece uma nova fronteira na coleção da marca genebrina. Será o céu o limite?

O Sky-Dweller apresenta como novidade um anel no mostrador que está associado a um calendário anual apelidado Saros e programado para distinguir os meses de 30 ou 31 dias devido a uma engenhosa colocação de rodas dentadas no mecanismo.

eM FoCo roLeX Sky-dweller

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data/mês

horário local

horário de referência

posição neutra

Gire a luneta para a posição de ajuste que pretende

ajuste da hora de referência

data/mês

horário local

horário de referência

posição neutra

desenrosque a coroa e puxe-a para a posição de ajuste

luneta ring Commandno Sky-Dweller, é a luneta que, sendo rodada, permite selecionar as duas leituras horárias e o calendário anual ajustáveis a partir da coroa. o sistema inclui mais de sessenta componentes.

ajuste da hora local

data/mês

horário local

horário de referência

posição neutra

A hora local (do destino) está nos ponteiros tradicionais; no acerto, o ponteiro dá saltos de uma hora e não afeta os ponteiros das horas e dos segundos.

A hora do local de partida (de referência) surge numa escala de 24 horas num disco giratório recortado no mostrador.

eM FoCo roLeX Sky-dweller

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Quando terminar, gire a luneta de volta à posição neutra

empurre a coroa e enrosque-a

data/mês

horário local

horário de referência

posição neutra

ajuste da data

data/mês

horário local

horário de referência

posição neutra

o sistema Saros funciona em torno de uma roda dentada planetária (equivalente ao Sol) fixa no centro do mecanismo. Uma roda satélite (cujo centro representaria a Terra) engrenada na planetária gira em torno desta por 1 mês, movida pelo disco de data do qual é solidária, e ao mesmo tempo roda em torno de si mesma. essa roda satélite tem quatro dentes (a Lua) para cada um dos quatro meses de 30 dias (abril, junho, setembro e novembro) e forçam o sistema a pular dois dias no final desses meses.

meses de 31 dias

meses de 30 dias

não parece, mas o Sky-Dweller tem um calendário anual. o dia aparece na janela tradicional debaixo da lupa Cyclops; os 12 meses são representados por janelas por trás do indicador de cada hora; uma janela surge escura quando o indicador corresponde ao mês.

Saros o calendário anual está programado para distinguir os meses de 30 ou 31 dias devido a uma engenhosa colocação de rodas dentadas no mecanismo do Calibre 9001.

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josé faria relojoaria fria Um carismático modelo e um nome já lendário da competição automóvel unidos numa peça incontornável que ficará certamente para a história da manufatura.

royal oak offshore Chronograph Michael Schumacher

referência 9880CCMCAT/ACBrv | preço € 56.830

A Audemars Piguet desvelou finalmente a aguardada edição especial dedicada ao seu embaixador Michael Schumacher: um royal oak offshore Chronograph que o piloto germânico recordista de títulos de Fórmula 1 ajudou a desenhar e que está personalizado com pormenores alusivos à sua gloriosa carreira.

Fórmula vencedora honra campeão

a coroa do kaiserProtegida pelas novas plataformas laterais dos botões do cronógrafo, a coroa inspira-se numa engrenagem e tem uma pastilha vermelha em alumínio anodizado.

eM FoCo AUDeMArS PiGUeT roo Chrono Michael Schumacher

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Fundo com assinaturao rotor em ouro de 22 k do calibre automático AP 3126/3840 recebeu um tratamento galvânico em antracite e tem a assinatura de Michael Schumacher – tal como a gravação faz a referência da edição limitada.

Foto

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O alemão é o melhor piloto de sempre: maior número de títulos mundiais (7), maior número de vitórias em Grandes Prémios (91) e numa época (13, em 2004), maior número de pole positions (68), maior número de pódios (155) e maior número de melhores voltas (76). Já anunciou a sua retirada, pelo que os relógios da sua edição limitada se vão valorizar…

eM FoCo AUDeMArS PiGUeT roo Chrono Michael Schumacher

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design com autoriaMichael Schumacher trabalhou diretamente com octavio Garcia, diretor artístico da Audemars Piguet: «As corridas e a relojoaria têm muitos pontos em comum, como a atenção ao detalhe – porque cada elemento influencia diretamente os outros. É necessário encontrar soluções audaciosas para melhorar a funcionalidade».

nova arquiteturaA edição Michael Schumacher segue o novo royal oak offshore Chronograph, com uma caixa de 44 mm, luneta CerMet e suportes laterais para os botões de forma. está declinado em três versões: 1000 exemplares em titânio, 500 em ouro rosa e 100 em platina.

Sete estrelasos títulos mundiais surgem destacados na escala taquimétrica em relevo: as estrelas a azul representam dois com a Benneton; cinco a vermelho aludem aos troféus na Ferrari; a escala dos minutos evoca as bandeiras de xadrez; os ponteiros parecem bólides de Fórmula 1 estilizados; os submostradores inspiram-se nos painéis de instrumentos.

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antónio machado machado joalheiros Um requintado relógio que, ao unir linhas clássicas puras a elementos técnicos de grande sofisticação prova, mais uma vez, a histórica mestria da Grande Maison.

Master Grande tradition tourbillon à Quantième perpetuel

referência Q500242A | preço € 110.000

Master Grande Tradition Tourbillon à Quantième Perpetuel alia duas complicações superlativas num modelo que integra a nova linha que celebra o domínio das artes relojoeiras pela Jaeger-LeCoultre. Sob um invólucro clássico, os mecanismos incluem materiais de ponta e soluções de vanguarda: cerâmica, titânio de grau cinco, silício, soldadura a laser, depósito por evaporação no vácuo e polimento plasma.

Conjugação eterna da Grande Maison

Calendário perpétuoTrês submostradores proporcionam uma memória de 1461 dias sem necessidade de mudar data (nas 9h), dia da semana e fases da Lua (nas 3h), mês e ano (nas 12h); uma janela indica os anos bissextos.

turbilhão com ponteo padrão picotado decorativo em Clous de Paris distingue-se pela textura e enobrece a abertura para um turbilhão de um minuto sustentado por uma barra transversal.

eM FoCo JAeGer-LeCoULTre Master Grande tradition

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eM FoCo JAeGer-LeCoULTre Master Grande tradition

A linha Master Grande Tradition junta duas complicações clássicas com um nível decorativo excecional; os elementos de estilo são tradicionais, desde acabamentos polidos e acetinados da caixa redonda à luneta abaulada inspirada em relógios de bolso, passando pelo padrão geométrico Clous de Paris e pelos ponteiros em lâmina de punhal nos mostradores reminiscentes do Chronomètre Geophysic de 1959.

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Complicações nobreso turbilhão e o calendário perpétuo são sublimes complexidades relojoeiras que no Master Grande Tradition Tourbillon à Quantième Perpetuel funcionam em ritmos antagónicos – o turbilhão no seu reviravoltear vertiginoso, o calendário perpétuo na sua lânguida placidez.

lupa sobre o coraçãoUm fundo transparente em vidro de safira permite admirar o Calibre JLC 987, um movimento mecânico de corda automática constituído por 401 peças, com dois dias de reserva de marcha; o trabalho decorativo é excecional: gravação no galo do balanço, anglage, platina e pontes em maillechort.

Certificação exigenteA precisão é oficialmente certificada através do teste das ‘1000 Horas’ estabelecido pela Jaeger-LeCoultre – mas, tratando-se de parâmetros superlativos de exigência e exatidão, os testes aos modelos Master Grande Tradition são efetuados com o mecanismo montado no relógio e certificados com o novo selo ‘1000 Horas Chrono’.

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eM FoCo rAYMonD WeiL nabucco Va, pensiero

nabucco Va, pensieroreferência 7820-StC-05607preço € 4.650

A linha nabucco homenageia a ópera que exalta a mensagem de libertação do povo hebreu e a sua personalidade é poderosa como o rei nabucodonosor ii que inspirou o compositor Giuseppe verdi em 1842. o cronógrafo nabucco é o maior modelo da raymond Weil e surge anualmente declinado numa versão exclusiva – como o va, Pensiero (nome alusivo ao coro do terceiro ato da ópera).

a pujança do rei nabucodonosor

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Taquímetro para mediçõesA escala taquimétrica na luneta permite o cálculo de velocidades médias: ativa-se a função cronográfica e, um quilómetro depois, pára-se a contagem; nessa altura, o ponteiro do cronógrafo indicará a velocidade média (em km/h) a que a distância foi percorrida.

Calibre comprovadoMotorização pelo calibre valjoux 7753 (três submostradores: pequenos segundos contínuos, totalizador dos minutos e das horas; segundos cronográficos ao centro) com data e botão às dez horas para ajuste rápido da data.

Sobredimensionado mas leveA caixa tem um diâmetro de 46 para uma espessura de 15,5 mm, mas o titânio torna-a especialmente leve. o vidro (com tratamento antirreflexo em ambos os lados) ostenta uma reforçada espessura de 2,5 mm. A correia em pele de crocodilo faz-se acompanhar de um fecho de báscula em titânio.

rui neves marcolino relojoeiro Um dos mais bem conseguidos relógios da marca. As linhas poderosas da coleção Nabucco casam perfeitamente com os tons prata e textura arenosa da caixa.

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Chronofighter 1695referência 2CXAP.S03A.C138P preço € 17.350 (ouro); € 4.750 (aço)

O Chronofighter é o grande ícone da Graham e a pujança do seu design já lhe valeu o carinhoso epíteto de ‘Granada’ junto dos aficionados italianos; tendo em conta essa analogia, pode dizer-se que a Graham passou da granada para o arco e flecha com o seu Chronofighter 1695: nunca antes, e tendo em conta as múltiplas variações do conceito, se viu um Chronofighter tão puro e essencial!

o Chronofighter mais essencial

eM FoCo GrAHAM Chronofighter 1695

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estilo e elegânciaCom ‘apenas’ 42 mm, mantém um tamanho viril, mas apresenta-se elegante comparativamente ao estilo mais desportivo ou militar dos restantes Chronofighter. Apenas um submostrador (o totalizador dos 30 minutos) além da janela da data e das indicações elementares.

Idiossincrasia identificadoraA alavanca de acionamento é um ex-libris e no Chronofighter 1695 surge com um espírito ainda mais rétro, inspirada em alavancas de automóveis dos anos 30. É idealizada para otimizar a utilização através do polegar.

Pedigree históricoo fundo da caixa mostra uma gravação do observatório real de Greenwich que teve precisamente George Graham como relojoeiro oficial a partir de 1695. Uma escotilha em vidro de safira deixa ver o balanço e o sistema de escape do calibre automático G1745.

pedro rosas david rosas Uma casa com peças de design marcante traz-nos um relógio completamente novo, mas com história, ideal para os apologistas de clássicos originais.

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laBoratório MonTBLAnC Villeret 1858 Vintage tachydate

MontblancVilleret 1858 Vintage tachydatePor Dody Giussani, diretora da revista L’Orologio

o relógio em destaque nesta edição integra a coleção de alta-relojoaria

da Montblanc e foi desenvolvido no atelier Minerva, em Villeret

(localidade que dá o nome à coleção). não é por acaso que se trata

de um cronógrafo monopulsante, tipologia que tem vindo a consagrar

a manufatura Minerva ao longo dos anos.

o calibre MBM16.32 de corda manual é um verdadeiro clássico da produção villeret com características que o enquadram no vértice da mais tradicional produção suíça, a começar pelo amplo balanço de parafusos que oscila apenas 18'000 alternâncias/hora, dividindo o segundo em cinco partes. o encaminhamento das funções cronográficas é feito por meio de uma roda de colunas e a embraiagem é a clássica horizontal com engrenagem e báscula de transmissão. Montado sob 22 rubis, apresenta 50 horas de reserva de corda. os materiais utilizados são os mais tradicionais da relojoaria, desde as pontes em alpaca, à platina em aço e às alavancas em carbono, o que permite obter um polimento impecável de superfície. A este propósito, a Montblanc/Minerva pode orgulhar-se do aturado cuidado nos acabamentos dos seus movimentos, que são rigorosamente realizados à mão. Aqui analisamos as características e funcionamento do calibre que anima este villeret 1858 vintage TachyDate.

Segundos contínuos. São relativos às indicações horárias e assinalam o funcionamento do relógio (de corda manual).

data analógica

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o ponteiro central do cronógrafo completa cinco passos a cada segundo, com uma resolução igual a dois décimos de segundo.

A escala interna permite calcular a velocidade ou frequências mais baixas (na segunda volta do ponteiro do cronógrafo), de 60 a 30 unidades por hora. As unidades de medida podem ser os quilómetros/hora de uma viatura que percorra um trajeto de 1000 metros ou as unidades produzidas numa hora por uma cadeia de montagem, por exemplo.

A escala taquimétrica mais externa do mostrador, numa base 1000, fornece a velocidade ou frequência de 60 a 1000 por hora.

A coroa roda em torno do botão cronográfico coaxial.

o único botão cronográfico está posicionado coaxialmente à coroa e comanda, por ordem, a ativação, a paragem e retorno a zero do cronógrafo. É impossível reiniciar o cronógrafo sem premir o retorno a zero.

Minutos do cronógrafo. o submostrador avança um index a cada volta completa do ponteiro central do cronógrafo (a cada 60 segundos).

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108 A roda de engrenagem completa uma volta por minuto, solidariamente à roda dos segundos contínuos.

Martelo de retorno a zero. Permite fazer com que os ponteiros dos segundos e minutos cronográficos retornem a zero.

A mola de retenção da roda dos minutos impede a roda (e respetivo ponteiro) de mover-se entre um avanço e outro. Também garante que o movimento do ponteiro dos minutos cronográficos seja realizado a cada minuto de forma precisa.

A famosa ponte em forma de V do cronógrafo Minerva, cuja anglage é realizada e polida à mão.

o grande balanço de parafusos, produzido in-house como a mola espiral, oscila a uma frequência de 18'000 alternâncias/hora.

roda de transmissão

Roda de engrenagem dos minutos cronográficos: a cada 60 segundos um dente solidário da roda central do cronógrafo faz avançar esta roda e, por conseguinte, a roda dos minutos cronográficos a que está ligada.

laBoratório MonTBLAnC Villeret 1858 Vintage tachydate

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A roda de colunas comanda as funções cronográficas e é acionada pelo botão coaxial à coroa.

Báscula de transmissão. Quando o cronógrafo está a zeros, a extremidade da báscula apoia-se contra uma coluna da roda de colunas, mantendo distanciados o carrete de transmissão e a roda central.

A roda central do cronógrafo,com os seus característicos dentes triangulares para facilitar a engrenagem com a roda de transmissão, é solidária do ponteiro dos segundos cronográficos, centrais no mostrador.

A roda dos minutos do cronógrafo avança a cada 60 segundos arrastando o ponteiro que lhe é solidário (localizado nas 3 horas do mostrador).

raqueta de regulação: permite intervir sobre a frequência de oscilação do balanço para regular a marcha do relógio.

A mola de retenção para posicionamento da raqueta de regulação.

Botão de ativação/paragem/retorno a zero do cronógrafo, co-axial à coroa.

o movimento que vemos na foto está a zeros: a extremidade superior do martelo de retorno a zeros está inserida no espaço entre duas colunas, pois a alavanca do martelo encontra-se com as duas cabeças premidas contra a came em forma de coração solidário dos ponteiros dos segundos e minutos cronográficos, mantendo-o alinhado no zero.

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A cada pressão do botão de ativação/paragem/retorno a zero, a roda de colunas gira um ângulo igual à metade de uma coluna.

Com a ativação do cronógrafo, a extremidade da báscula de transmissão insere-se no espaço entre duas colunas da roda de colunas, fazendo rodar a báscula, no sentido horário, o ângulo necessário para fazer com que a roda de transmissão (que lhe está associada) engrene com a roda central do cronógrafo, transmitindo-lhe o movimento da roda de engrenagem.

Mecanismo do cronógrafo iniciado. A extremidade superior do martelo de retorno a zero apoia-se contra uma coluna da roda de colunas, elevando a cabeça do martelo da came em forma de coração que é solidário do ponteiro dos segundos e minutos cronográficos, deixando-o livre para rodar no mostrador.

Martelo de retorno a zero. As duas cabeças da alavanca são agora visíveis, elevadas da came em forma de coração dos segundos e minutos.

roda de transmissão e roda central do cronógrafo engrenam uma na outra: o movimento é transmitido da roda de engrenagem ao ponteiro dos segundos cronográficos.

Uma secção da báscula de transmissão atua como freio da roda central no momento de paragem do cronógrafo.

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laBoratório MonTBLAnC Villeret 1858 Vintage tachydate

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a foto representa o mecanismo do cronógrafo parado.

A extremidade da báscula de transmissão apoia-se contra uma coluna da roda de colunas, que impede a báscula de rodar em sentido contrário.

A extremidade do martelo de retorno a zero permanece apoiada contra uma coluna da roda de colunas, mantendo o martelo elevado da came em forma de coração.

A báscula de transmissão retrocede, rodando em sentido anti-horário e interrompe a transmissão do movimento da roda de transmissão à roda central, ou ao ponteiro do cronógrafo.

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Num ambiente de sonho prenhe de uma densidade labiríntica de elementos e tonalidades, mergulhámos algumas peças emblemáticas da Franck Muller numa produção que oscila entre fantasia e realidade, exalando um exotismo bucólico carregado de sensualidade e mistério. Um ambiente feérico, intenso, digno dos relógios de sonho que iluminam cada imagem.

* 'O Sonho' é uma pintura de Henri Rosseau.

Realização: Ricardo PretoAssistido por Silvana Querido e Analdina VeigaFotografia: Pedro FerreiraAssistido por Ana ViegasDecor: Maurício Fernandes para ‘Em nome da Rosa’makeup: Nana BenjaminAssistida por Sara FonsecaHair: Helena Vaz PereiraAssistida por Pinimodelos: Sofia Baessa para Central Models e Valter Carvalho para Glam Models

Le Rêve*

Franck muller GaletRef: 3002 MQZRD3/OVBRPreço: € 29.280

Casaco, Tara JarmonLenço, Salvatore Ferragamo na Loja das MeiasCinto Ralf Lauren estola Kenzo jungle ambos na Loja das Meias

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Page 114: Espiral do Tempo 41

Franck muller Cintrée Curvex DiamondsRef: 7502 QZRELDCD1R/OVBRPreço: € 27.360

Franck muller Long island Color DreamsRef: 952 QZCOLD/OVBRVPreço: € 25.460

Casaco, Top e calça Mango / Colares, La Princesa y la Lechuga Lenço leopardo, Salvatore Ferragamo na Loja das Meias / Pêlo Malene Bierger Penas da produção

Page 115: Espiral do Tempo 41

Vestido, Etro na Fashion Clinic / Casaco, Rizal na Loja das Meias / Penas da Produção

Franck muller Cintrée Curvex ChronographRef: 8880 CCATD/OVPreço: € 60.830

Page 116: Espiral do Tempo 41

Franck muller HeartRef: 5000 HSCD31P/OVBRPRPreço: € 53.010

Franck muller HeartRef: 5002 MQZC6HD3/OVBRBOPreço: € 30.400

Vestido, Escada na Loja das Meias / Colar, Patine / Clutch Jimmy Choo na Fashion Clinic / Penas e pêlo da Produção

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Vestido branco, Vionnet Colete, Nigel Preston & Knight ambas na Stivali Colares, La Princesa y La Lechuga Botas, Mango

Page 119: Espiral do Tempo 41

Franck muller Cintrée CurvexRef: 2852 QZRELDCD1R/OVBRVPreço: € 31.160

Franck muller master squareRef: 6002 MQZRELRDCD1R/OVBRPreço: € 26.900

Page 120: Espiral do Tempo 41

Franck muller Double misteryRef: 8880 DMDCD/OVPreço: € 80.750

Page 121: Espiral do Tempo 41

Malha, Camisa, ambas Decenio Casaco, Ermenegildo Zegna Calças, Tommy Hilfiger Chapéu, Mango Penas, Produção Encharpe, Louis Vuitton Colar, La Princesa y La Lechuga Bota, Tommy Hilfiger

Page 122: Espiral do Tempo 41

Camisa, Gant / Camisola, Christophe Sauvat / Écharpe, Salvatore Ferragamo na Loja das Meias / Pêlo da produção

Page 123: Espiral do Tempo 41

Franck muller vegasRef: 8880 VEGASD6/OVBRVPreço: € 77.710

Franck muller Gold CrocoRef: 8880 SCGOLCRO/OVPreço: € 24.510

Franck muller Tourbillon Crazy HoursRef: 8880 TCH/OVBRVPreço: € 161.500

Page 124: Espiral do Tempo 41

Franck muller Conquistador Cortez Full DiamondsRef: 10000 KCCDCD/OVPreço: € 116.710

Blazer, camisa e laço, Hackett / Colete de Malha, Gant / Luvas Decenio / Pêlo e penas da produção

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Malha, Salsa / Casaco de pêlo, Meam by Ricardo Preto / Calças, Pepe Jeans / Leggins, Calzedonia

Franck muller Ronde TourbillonRef: 7002T/OVBRVPreço: € 106.500

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Para um período que se pretende doce, embalámos em elementos feitos totalmente em açucar as doces peças relojoeiras que reservámos para esta produção. Como não pode deixar de ser feito, e a bem da dentição, a Espiral do Tempo recomenda parcimónia na degustação...

Realização e Fotografia: Nuno CorreiaPós­produção: Miguel CurtoTrabalhos em açúcar e chocolate: Alexandra Soares de Albergaria

sweet Christmas

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As mãos de Alexandra soares de Albergaria constróem com paciência e meticulosidade admiráveis cada peça, em açúcar.

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Patek Philippe Quantième AnnuelRef: 5205GPreço: € 38.720

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Chronoswiss Timemaster big Date Power ReserveRef: CH 3533Preço: € 4.095

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breguetmarine ChronographRef: 5827BA125ZUPreço: € 26.900

Page 132: Espiral do Tempo 41

vacheron Constantin Patrimony Contemporaine date self­windingRef: 85180/000G-9230Preço: € 24.300

Page 133: Espiral do Tempo 41

A. Lange & söhneLange 1 TimezoneRef: 116.025Preço: € 51.300

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134Do champanhe para a alta moda

Um sobreiro vive entre 250 e 350 anos e precisa de 25 anos para que dele seja extraída a

primeira cortiça. Tinhamos o mote ‘tempo’ para a nossa entrevista. Com sandra Correia,

Ceo da Pelcor, empresa que voou da serrania algarvia para o momA, em Nova iorque,

falámos sobre formas inovadoras de trabalhar uma matéria prima de que Portugal

é responsável por mais de metade da produção mundial. Formas que transformam

a cortiça, tida por uma coisa rústica, num produto e num tema sexy e fashionable.

Por Paulo Costa Dias

sandra Correia com a inseparável Corky, a sua cadela Cão de Água Português.

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eNTRevisTA SANDRA CORREIA

espiral do Tempo: A sua família trabalha a cortiça de uma forma tradicional desde os anos 30 do século passado. Um dia, a sandra resolveu pegar no mesmo produto, a cortiça, e fazer tudo de maneira diferente. o que é que se passou? sandra Correia: O negócio principal da nossa empresa-mãe, a Nova Cortiça, é a produção de discos para rolhas de champanhe. No ano 2000, apesar do milénio, tivemos um momento menos bom, porque o mercado não comprou tantas garrafas de champanhe como se estava à espera. Depois, em 2001 e em 2002, a produção de garrafas de champanhe diminuiu e nós ficámos com matéria-prima a mais. Aí, colocou-se a questão «o que fazer com esta cortiça?». O meu pai chama-lhe um momento de inspiração, mas, na verdade, o que procurámos foi, apenas, aplicar aquela cortiça. Foi então que criámos o primeiro guarda-chuva em pele de cortiça, que foi o mote para o nascimento da Pelcor. Este negócio nasceu da necessidade de dar resposta a um momento complicado.

edT: ou seja, da crise no setor nasceu uma oportunidade?sC: Sim, resumindo e concluindo, é isso…

edT: e porquê o guarda­chuva?sC: Porque é um produto emblemático, mas também por ser, na altura, aquele cuja produção tínhamos mais facilidade em arranjar localmente. Era também aquele que iria chamar mais a atenção das pessoas. Tem um simbolismo interessante, porque foi debaixo dele, da sua proteção, se quisermos, que nasceram todos os outros produtos. E hoje continua a ser um produto icónico da empresa.

edT: Guarda­chuva esse que agora é comercializado, também, no momA (museum of modern Art) de Nova iorque. Como é que deu esse passo?sC: Lá está, foi o agarrar de uma oportunidade. Recebemos a solicitação do IAPMEI para uma reunião com uma equipa do MoMA que vinha a Portugal. Eles iam fazer uma exposição sobre o design português, intitulada Destination Portugal, e, durante seis meses, teriam produtos portugueses

à venda. Quando acabou a exposição, como o guarda-chuva Pelcor foi um dos produtos que tiveram aceitação, acabou por ficar, o que é fantástico, e tornou-se numa bandeira nossa. Aproveitámos a oportunidade, mas, para que ela nos batesse à porta, para que fôssemos convidados, houve um trabalho anterior e empenhado.

edT: mas o mercado internacional foi, desde sempre, a sua aposta. em que mercados estão?sC: É, foi sempre prioritário. Neste momento, estamos principalmente nos EUA, mas também na Suécia, na Alemanha e em França. Estes são os mercados principais. Estamos a estudar a potencialidade, para 2013, do Japão, da Ásia, em geral, e do Brasil, mas queremos também cimentar a nossa posição na Europa do Norte e nos EUA, onde abrimos recentemente um gabinete de RP, em Nova Iorque. Queremos fazê-lo para trabalhar a marca, para que ela comece a aparecer nos media principais, para que adquira notoriedade. Tem de haver este trabalho, porque as pessoas valorizam a marca.

edT: o conceito de marca é, portanto, uma aposta firme e consciente?sC: É. O conceito da marca é fundamental. Costumo dizer que nós não produzimos produtos em cortiça, nós produzimos Pelcor. Quando as pessoas compram Pelcor, compram um produto distinto, inovador, com qualidade, com design, eco--friendly, um produto único. Daí a nossa assinatura, ‘the genuine cork skin’: somos a única marca que, genuinamente, trabalha a pele de cortiça. Este é o conceito que queremos vender.

O conceito da marca é fundamental. Costumo dizer que nós não produzimos produtos em cortiça, nós produzimos Pelcor. Quando as pessoas compram Pelcor, compram um produto distinto, inovador, com qualidade, com design, eco-friendly, um produto único. Daí a nossa assinatura: ‘the genuine cork skin’. Sandra Correia

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edT: A tirada da cortiça é feita de nove em nove anos. A Pelcor está, justamente, a celebrar o nono ano de existência e parece estar igualmente madura e em crescente ambição. A alta moda é o novo desafio?sC: É. Queremos entrar na alta moda com acessórios de moda direcionados para o luxo, para um target médio alto. É este objetivo que tem por base o investimento que temos estado a fazer desde 2011, investimento na marca, no design, nos materiais, nas soluções de aplicação, na promoção. Este mercado de luxo é o objetivo a atingir. Até lá, temos de colocar a Pelcor, no que respeita a acessórios, nos principais circuitos de moda, nacionais e internacionais.

edT: Design, inovação e sustentabilidade são palavras­chave que ouvimos frequentemente como sendo essenciais à economia portuguesa. A Pelcor tem isso tudo nos seus produtos. Confirma-se, portanto, que é uma boa receita?sC: Sim, mas há muito trabalho para fazer (risos). A inovação, o design e a sustentabilidade estão ligadas. Se hoje quisermos criar um produto que não seja sustentável, ele não traz mais-valia nenhuma para a humanidade nem para as nossas áreas. Juntamente com a inovação, é importante trazer a sustentabilidade, quer da floresta, no caso da Pelcor, quer do nosso setor económico. Se a marca tiver sucesso, gera mais trabalho, mais emprego, mais volume de negócios, cria sustentabilidade económica. Se a inovação levar o nome de Portugal para fora, cria sustentabilidade de imagem política e de promoção para o próprio país. É importante para o consumidor, cada vez mais, que o produto que está a comprar não seja adquirido só pelo gosto e pelo prazer de o possuir ou adquirir, mas porque esse produto contribui para algo eticamente louvável.

edT: mas a cortiça também é tato, apela a valores sensoriais. estes fatores costumam ser valorizados?sC: Sim, a cortiça é uma matéria-prima viva, e é natural o contacto do ser humano com a natureza, até porque nós somos muito táteis. Mas, além da

textura, é a resposta que o próprio produto dá que entusiasma e surpreende, como a enorme facilidade em ser limpo, por exemplo.

edT: Que importância teve o facto de ter recebido o troféu de melhor empresária europeia, no ano passado?sC: É uma honra e é um reconhecimento que eu não esperava. Tudo o que faço é com paixão, com amor e não olhando a resultados. Enfim, a resultados económicos do negócio, olho! (risos) Sinceramente, abriu-me portas que eu nunca pensei que fossem abertas, e confesso-vos que ainda hoje não digeri a coisa, ainda não percebi a grandeza, a importância que o prémio teve e tem para mim, pessoalmente, e para a Pelcor. Acho que foi muito bom para Portugal e estou certa de que abrirá a porta a outras pessoas, a outros negócios.

edT: É extremamente curioso ver produtos de cortiça aplicados, como a Pelcor faz, a conceitos contemporâneos como os do quotidiano urbano, produtos de escritório ou de viagem. Para quando braceletes de relógios?sC: Está no caminho. Está pensado, e acho que é um mercado que pode ter interesse. Mas a Pelcor é uma marca de design exclusivo, e só entraremos nesse mercado quando pudermos fazer braceletes exclusivas, com design exclusivo e dirigido ao target que a marca se propõe atingir.

edT: sei que acredita nas pessoas e que a gestão de recursos humanos marcou muito o início da Pelcor. Confia nos portugueses para suplantar a crise?sC: Confio plenamente. Só que temos de ultrapassar certos obstáculos. Temos de trabalhar em conjunto, para o mesmo fim, temos de deixar de olhar para o nosso umbigo e começar a olhar para mais longe.

edT: isso seria inédito em Portugal…sC: (risos) Eu sei. Por isso, eu acho que é necessário mudar as mentalidades. Eu acredito em Portugal, mas as mentalidades têm de mudar.

eNTRevisTA SANDRA CORREIA

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Construir relógios não pode ser comparado à construção de cronómetros, onde o melhor dos acabamentos é exigido e onde a compensação da espiral e balanço ao longo de um espectro de temperaturas alargado é o grande desafio. Tony Mercer in Chronometer Makers of the World

o caso thomas MercerPor Carlos Torres, fotos Thomas Mercer

o construtor de cronómetros marítimos thomas Mercer destacou-se, durante a segunda metade do século XiX e a primeira do século XX, como um peso pesado na relojoaria de precisão. Mais de 150 anos após a fundação, o nome de thomas Mercer reemerge, ameaçando transformar-se novamente num caso sério entre os relógios mecânicos de precisão.

No século XVIII, testemunhou‑se um dos avanços científicos com maior impacto na consolidação do reino Unido como potência política, militar, económica e marítima a nível global. A descoberta de um método para calcular a posição este- -oeste de uma embarcação no mar, ou seja, a longitude, que permitisse uma navegação mais precisa e segura, foi motivada pelo célebre Act of Parliament de 1714 que instituiu um prémio de 20.000 libras para quem o conseguisse. o célebre n.º 1, ou H4, construído por John 'Longitude' Harrison, acabou por se revelar, em 1761, como o primeiro cronómetro marítimo da história, abrindo caminho nesta área a nomes célebres como John Arnold, edward John Dent, Thomas earnshaw ou Charles Frodsham. Mas, em meados do século XiX, um outro nome viria a emergir, destacando-se entre a forte concorrência que se verificava neste período da história no setor da construção de cronómetros marítimos.

independenteS THoMAS MerCer

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independenteS THoMAS MerCer

Filho de um fabricante de velas náuticas, Thomas Mercer não hesitou em abandonar a ideia de emigrar para os estados Unidos perante a visão de um cronómetro de marinha na vitrina de John Fletcher, candidatando-se nesse mesmo momento a um posto de trabalho na manufatura. Mercer acabaria por fundar, em 1858, a Thomas Mercer Chronometers, que se viria a tornar um dos últimos e mais importantes nomes da sua área. Até 1983, ou seja, ao longo de 125 anos, construiu cerca de 30.000 cronómetros marítimos da mais elevada precisão. Mas, tal como na indústria relojoeira suíça, também nas terras de sua majestade o surgimento do quartzo, com o seu baixo custo e elevado nível de precisão, ditou a inviabilidade desta indústria e do punhado de empresas que produziam cronómetros. A Thomas Mercer entrava num sono profundo, do qual apenas viria a sair em 2012.

o período de revivalismo da relojoaria mecânica que se faz sentir desde há cerca de 20 anos por todo o mundo foi indiscutivelmente o responsável pelo acordar de um dos mais importantes nomes no campo da relojoaria de precisão. Um campo que distingue bem a relojoaria convencional dos cronómetros marítimos e que Tony Mercer, o neto do fundador, enfatiza na sua excelente obra Chronometer Makers of the World: «Construir relógios não pode ser comparado a construir cronómetros, onde o melhor dos acabamentos é exigido, e onde a compensação da espiral e do balanço ao longo de um espectro de temperaturas alargado é o grande desafio.» Com a participação de um elemento da quinta geração da família Mercer e de uma equipa de características raras com mais de 30 anos de experiência nesta área, a Thomas Mercer surge revitalizada e focada no design, na inovação e na excelência da sua engenharia. Condições suficientes para que, a 11 de maio de 2012, fosse apresentado ao mundo o primeiro calibre de uma nova geração, o TM0801, com oito dias de autonomia.

Ciente da herança e grande reputação de Thomas Mercer, apenas um mecanismo seria capaz de, associado a este nome, representar a primeira página no novo capítulo da sua história. Um cronómetro com movimento 100% puro, que a manufatura afirma ser atualmente a única a conseguir produzir e que não

dispensa a histórica combinação de corrente e fuso, escape de retenção (détente ou cronómetro) associado a uma mola de balanço helicoidal. Um conjunto de sonho responsável por um isocronismo de exceção, onde cada oscilação, indepen-dentemente do ângulo, é constante, e à qual não é estranha a utilização de um Balanço ovalisante. Trata-se de uma solução que utiliza uma barra em Invar com um coeficiente de dilatação bastante reduzido quando sujeito a um espectro alargado de temperaturas e que obriga o balanço a assumir uma forma oval. esta característica, associada a um aro sem corte que pratica-mente elimina qualquer erro de movimento centrífugo, origina uma enorme redução dos erros residuais e, consequentemente, reduz também os chamados erros de 'temperatura intermédia'. Com a apresentação do TM0801, a Thomas Mercer conseguiu revitalizar o interesse por este género de medidores de precisão, pelo que, em setembro, optou por o estrear numa envolvente que combina a perfeição mecânica e a tradição com um design verdadeiramente soberbo e inovador.

o Classis, produzido numa edição limitada a dez exemplares, inspira-se na forma de um molinete e conta a saga das mais importantes viagens de descoberta na história da navegação. Cada uma das faces laterais presta homenagem a embarcações famosas que desempenharam um papel de relevo nos destinos do mundo. o ano de partida, as coordenadas dos pontos de chegada mais relevantes, assim como a imagem de cada barco foram gravados na caixa e cada nome foi embutido em madeira de magnólia sobre um corpo de ébano de Macassar magnificamente executado pela Andrew Winch Designs. os doze nomes e os seus percursos repetem-se novamente sobre o mapa de Mercator, representado sobre o mostrador do relógio apoiado numa suspensão cardan. Além de ostentar os elementos tradicionais de um puro cronómetro marítimo, este design marcante e fora do comum conseguiu ainda transformar o movimento num autêntico objet d´art que testemunha o regresso de uma forma de arte que atualmente poucos podem ambicionar recriar. o caso Thomas Mercer mantem-se, até agora, como uma exceção no campo da cronometria de precisão.

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eFemÉRiDe CENTENÁRIO FORTIS

Um século, catorze sériesPor Miguel Seabra, fotos Nuno Correia e Fortis

Uma marca suíça independente que cumpre um século de vida e que vela pela segurança lusa graças à mais profícua sequência de séries limitadas do mundo: a Fortis celebra o seu jubileu com a discrição que lhe é habitual enquanto domina o espaço aéreo nacional. e não só.

Fundada em 1912 por Walter Vogt na localidade suíça de Grenchen, a Fortis tem construído o seu currículo à volta de uma particular vocação em conceber relógios de inspiração aeronáutica ao longo dos seus 100 anos de vida – revelando essa tendência logo nos seus primeiros tempos para acompanhar o pioneirismo da aviação e reforçando-a nas décadas mais recentes graças ao estabelecimento de diversos protocolos que a tornaram na marca eleita dos cosmonautas das missões europeias e dos pilotos de várias esquadras de elite de diversas Forças Aéreas do Velho Continente, sobretudo as portuguesas.A história da marca helvética cruza-se também com a do relojoeiro britânico John Harwood, considerado o pai do primeiro relógio automático da era moderna e que viu a sua invenção ser aplicada em massa pela primeira vez numa coleção apresentada pela Fortis em 1926. O pendor aeronáutico conjugado com mecanismos automáticos constitui a trave mestra da Fortis.

Um nome fortíssimoO ambiente bélico que se viveu na década de 1940 e a necessidade de instrumentação levou a Fortis a conceber relógios de pendor mais militar e até mesmo a adotar o nome Fortíssimo em vários modelos. Começava a sua reputação enquanto fabricante de ‘instrumentos de precisão para profissionais’ – uma companhia especializada em relógios de óptima funcionalidade e considerável ‘know-how’ técnico que podem ser utilizados nas condições mais extremas mas comercializados a um preço mais acessível do que o das marcas de alta-relojoaria da altura. E a partir de 1962 a Fortis passou

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também a acompanhar a corrida espacial com a participação ativa nas missões EuroMir.

Mas foi sobretudo em 1987 que se deu a viragem. Tal como várias outras marcas que sobreviveram à revolução do quartzo, a Fortis tinha aderido à moda de relógios sintéticos de pilha coloridos que acompanharam a explosão do pop entre a década de 70 e 80: o Flipper e o Logo foram mesmo ícones da altura. Mas por ocasião do 75º aniversário da marca, o novo proprietário alemão Peter Peter – que atualmente se mantém à frente dos destinos da maca, juntamente com a mulher Lise-Lotte e o filho – investiu no lançamento da linha Pilot, cujo carácter pragmático tanto contrastou com o espírito hedonístico da altura. Mostradores pretos, grafismo funcional e espírito militar: os modelos Pilot lançaram a moda do relógio de piloto e do military chic que está cada vez mais em voga nos dias de hoje.

o voo dos FalcõesO espírito instrumental e a forte ligação à aeronáutica fez com que a Fortis fosse a escolha de várias esquadras de diversas Forças Aéreas, que optaram pelo modelo de base Pilot Professional Chronograph para equipar o pulso dos seus pilotos de elite. E foi nesse âmbito que também a esquadra de elite Falcões se associou à empresa relojoeira suíça através da Torres Distribuição, sendo estabelecido um protocolo de fornecimento de instrumentos do tempo a cada um dos seus pilotos.Tudo começou durante um festival aéreo em 1998, quando um piloto da Esquadra 201 (denominada Falcões) sugeriu a Francisco Amaro (Torres Distribuição) a criação de um relógio ‘oficial’ para

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a esquadra. A parceria entre a Fortis e os Falcões revelou-se um casamento perfeito entre os profissionais do tempo e os senhores do céu, devidamente materializado com a criação de um relógio exclusivo. A partir daí, a ideia suscitou o interesse não só de outras esquadras como também da marinha e da própria aviação civil. A adesão foi tão notável que Portugal passou a ser um case study publicitado pela própria Fortis: até ao momento, contabilizam-se 14 coleções diferentes, sendo que várias se desmultiplicaram em diversas séries para acompanhar a natural renovação do contingente de pilotos e há sempre um lote de exemplares que são colocados à venda nas relojoarias que comercializam a marca.

baptismo de fogo a 9GNo total, são já 23 as diferentes séries limitadas feitas para Portugal. Logicamente, os primeiros lideram essa lista: cada fornada de novos pilotos da esquadra 201 da Força Aérea Portuguesa – denominada Falcões por utilizar aviões de caça F.16 Fighting Falcon – é agraciada com um cronógrafo Fortis personalizado. Produziram-se 50 em 1999, mais 200 em 2000, 50 para os pilotos do biénio 2001/2002, 50 para os de 2003/2004, outros 30 para a vaga de 2006/2007, mais uma série para comemorar os 50 anos dos Falcões em 2008, e ainda 50 para os de 2009/2010.

O batismo de voo dos relógios das séries limitadas passou a ser um ritual quase religioso e normalmente conta com a presença do Chefe do Estado Maior General da Força Aérea: a entrega dos exemplares aos pilotos é feita depois de os relógios serem colocados numa caixa colocada no avião para um voo de treino normal mas com velocidade supersónica, a mais de 40 mil pés de altitude e sujeito a uma força de 9G (nove vezes o peso normal da gravidade)! E após os Falcões vieram os Jaguares (Esquadra 301) com uma série de 80 relógios em 2005 e mais 50 em 2008; os Bisontes (Esquadra 501) com 130 exemplares em 2007; a Esquadra 751 (Helicópteros) aderiu em 2009 com uma série de 99 relógios em 2009; os Linces (Esquadra 504) promoveram uma série de 99 em 2010; este ano, os Elefantes (Esquadra 502) lançaram 150 peças e os Caracóis (Esquadra 103) tiveram a mais recente série especial com 99 exemplares de características únicas: o ponteiro dos segundos contínuos do relógio replica a silhueta de um avião Alpha Jet, aeronave operacional dos Caracóis. Nunca antes tal alteração tinha sido feita e a Fortis precisou de fazer testes contínuos e ajustar o mecanismo do modelo base B-42 ao maior peso de tão original ponteiro para que a precisão não fosse afetada.

outras paragensVários dos pilotos da Força Aérea passaram para a aviação civil e promoveram a ideia de criar novas edições limitadas para as companhias aéreas: em 2007 surgiu a da TAP, a mais importante graças ao número de exemplares da tiragem (300) e ao valor do modelo escolhido (com caixa e bracelete de titânio; mecanismo com cronógrafo e alarme que é uma especialidade da Fortis desde os anos 90 na sequência de uma colaboração com o mestre-relojoeiro Paul Gerber), e em 2009 a da SATA (150 relógios); também o curso geral de pilotos da TAP (27º Curso Geral de Pilotos das Linhas Aéreas) teve a sua edição de 16 relógios em 2008 e o mesmo sucedeu com os Pardaloucos (Curso da Academia da Força Aérea).

Entretanto, começaram a surgir séries limitadas fora do âmbito dos ares nacionais. Depois de ter sido testada com sucesso nas nuvens, a Fortis fez-se ao mar com uma inédita associação à Marinha Portuguesa em 2005 através de série limitada (duas versões de 88 exemplares cada) que prestou homenagem à Fragata Corte-Real. Seguiram-se as edições limitadas do Curso Conde São Vicente (Escola Naval) com 84 relógios em 2009 e a inevitável série do Navio-Escola N R P Sagres em 2010.

PersonalizaçãoHá mais edições limitadas na forja que também irão acompanhar a evolução do catálogo da Fortis. A primeira dos Falcões assentou no cronógrafo Pilot que lançou a moda dos relógios de aviação no final dos anos 80, mas as mais recentes têm adotado sobretudo a caixa B-42 nas suas diversas versões. A recente linha F-43 e as suas variantes promete recolher preferências futuras.

Os modelos das séries limitadas são sempre personalizados com o respectivo número e nome gravados (no rotor do mecanismo, na caixa), constituindo um excelente investimento: afinal de contas, integram uma tiragem exclusiva de elevado simbolismo nacional com alguns exemplares a serem colocados à venda nos agentes oficiais da marca. E fazem orgulhosamente parte da agora secular história da Fortis.

eFemÉRiDe CENTENÁRIO FORTIS

144 Nota da redação: No plano das páginas 146-147 tentámos ilustrar as edições limitadas criadas pela Fortis exclusivamente para Portugal. Lamentavelmente por motivos logísticos não conseguimos incluir na imagem as peças repeitantes às edições Fragata Corte Real, Pardaloucos e 27º CGPLA.

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A história começa em 1998 num festival aéreo com um piloto da esquadra 201 Falcões a estabelecer contacto para a criação de um relógio ‘oficial’ da esquadra. A partir daí e após a primeira série, uma sequência de contactos de outras esquadras promoveu novos projetos de relógios oficiais das esquadras.

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esq. 201 Falcões

esq. 501 bisontes

esq. 751 Helicópteros

esq. 301 Jaguares

esq. 301 Jaguares

199950 relógios

2007130 relógios

200999 relógios

200580 relógios

2009­201050 relógios

200850 relógios

2000200 relógios

2001­200250 relógios

2003­200450 relógios

2006­200730 relógios

2008Série 50Anos

eFemÉRiDe CENTENÁRIO FORTIS

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esq. 504 Linces

NRP sagres

esq 502 elefantes

esq 103Caracóis

TAP

sATA

Curso Condesão vicente

201099 relógios

2010Série numerada

2012150 relógios

201299 relógios

2007300 relógios

2009150 relógios

200984 relógios

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GadGetS

riders on the stormo estado do tempo nem sempre ajuda, mas a verdade é que ir de bicicleta para o trabalho ou dar um passeio de bicicleta no fim de semana são opções cada vez mais adotadas, com a vantagem de serem bem saudáveis. Desta vez, propomos-lhe uma solução diferente para experimentar umas voltas mais radicais. A Paratrooper Pro é uma bicicleta desdobrável desenvolvida pela Montague que inclui características específicas para trilhos aventureiros e que se destaca pela sua durabilidade e resistência. em destaque um sistema exclusivo que permite fechá-la em apenas 20 segundos...

Montague paratrooper pro Mais informações: www.montaguebikes.com

nas profundezasMais uma proposta para aventureiros, agora para os adeptos do mundo subaquático: um regulador de mergulho concebido em materiais de ponta e preparado para enfrentar as situações mais extremas. Com efeito, o regulador Atomic Aquatics M1 inclui numa primeira fase componentes internos em Monel, uma liga que se caracteriza pela força, resistência à corrosão e compatibilidade com o oxigénio. Por outro lado, uma segunda fase emprega aço inoxidável, bronze revestido a zircónio e titânio. ideal para mergulhadores exigentes.

regulador atomic aquatics M1 Mais informações: www.atomicaquatics.com

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Som com estiloo AeroSystem One é o resultado de quatro anos de investigação e desenvolvimento da parte de Jean Michel Jarre e da sua equipa de engenheiros de som. este sistema é uma coluna-suporte que aceita qualquer formato digital com a vantagem de integrar uma entrada USB 2.0 e uma entrada para adaptadores mini-jack, garantindo a possibilidade de ligação aos mais diversos sistemas – entre laptops, CD, DvD, smartphones. Com um design fora de série, surpreende ainda pela qualidade e envolvência de som, graças à estrutura da caixa e speakers bidirecionais.

Jarre-technologies aeroSystem one Mais informações: www.jarre.com

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Bons velhos (novos) tempos

Uma proposta tentadora para os apaixonados das novas tecnologias que revelam um fraco por inovações de outros tempos. Tal como em alta-relojoaria, com a Trumstand iPhone Dock o passado e o presente unem-se numa peça extraordinária: uma estação concebida a partir de bronze, cobre e alumínio que dispensa conceitos atuais de transmissão de som. Como num gramofone antigo, o som é gerado através da ressonância criada no próprio braço em forma de trompete. Disponível apenas por encomenda.

trumstand iphone dockMais informações: www.pleiadesdesigns.co.jp

www.geekalerts.com/trumstand-iphone-dock

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Música alternativaDavid Torn, Henry Kaiser e Hans Zimmer foram alguns dos músicos que tiveram a oportunidade de tocar nesta maravilha. A Birdfish trata-se de uma guitarra construída de modo a que os elementos fundamentais, caixa e pickups, se unam de forma modelar. Além das inúmeras possibilidades tonais, distingue-se pela vivacidade do som. A Birdfish foi considerada pela revista britânica Guitarrist como uma das mais importantes guitarras do século XX, tendo sido galardoada com três prémios de design.

Guitarra teuffel Mais informações: www.teuffel.com

ao ritmo da exclusividaderesultado da união entre a Logic 3 e a exclusiva Ferrari, a coleção Ferrari Cavallini inclui headphones inspirados nos carros GT da marca italiana. As superfícies metálicas fazem sobressair um design de extrema elegância, já os elementos em pele acentuam o toque de exclusividade. nesta parceria de gigantes a união faz a força, pelo que a qualidade de som é garantida, ao mesmo tempo que os elementos em pele oferecem uma envolvente e confortável experência musical.

Headphones Ferrari Cavallino t350 Mais informações: www.ferrari-by-logic3.com/eu

GadGetS

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GadGetS

152Para jovens quarentõesPara celebrar a sua história, a Porsche Design lançou, em edição limitada de 911 conjuntos, um coffret imperdível. Por um lado contém o P'6540 Heritage Chronograph que evoca o emblemático Cronograph 1, o primeiro relógio da marca lançado há 40 anos; em titânio com PvD preto, mantém a mesma dimensão do original: 41 mm. Por outro lado, inclui um par de óculos de aviador baseado no design que a marca produziu a partir de 1978.

porsche design p'6540 Heritage SetMais informações: www.torresdistrib.com/relogios/porsche-design/heritage

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reescrever a história da escritaA Heritage Collection é um tributo da Montblanc que captura o espírito pioneiro do inicio do século XX e o fazer bem artesanal, mas é também um passo para uma nova dimensão de tecnologia e design. edição limitada a 333 peças, a Montblanc Heritage Collection 1912 Limited edition, primeira caneta desta coleção, é uma maravilha tecnológica criada pelos mais experientes e dedicados mestres artesãos, sendo também uma reminiscência de uma época em que tudo era possivel e o progresso era uma força motriz impressionante.

Montblanc Heritage Collection 1912 limited editionMais informações: www.montblanc.com

these boots are made for walkingTão irreverentes como a canção de nancy Sinatra e acompanhando o espírito da principal designer da marca, Frida Giannini, estas botas sugerem uma atitude informal, embora polida e romântica, completamente Gucci. Uma tendência criada pela estilista, o visconti Grunge é o look e, neste caso, o calçado de luxo para homens rebeldes. Ao seu dispor na Fashion Clinic mais perto de si, para um inverno que se adivinha frio.

Fashion Clinic, Botas Gucci Para mais informações: www.fashionclinic.pt

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machado Joalheiro 'Éphémère'

estoril Film Festival

A Machado Joalheiro de Lisboa foi palco de uma boutique 'Éphémère' – uma exposição de peças da Jaeger-LeCoultre que teve patente ao público durante dez dias e que ocupou a quase totalidade do reconhecido espaço do agente oficial da marca na Avenida da Liberdade. No âmbito da original iniciativa foram mostradas as mais recentes novidades da marca em 2012 e promovido o evento de lançamento oficial da coleção Rendez- -Vous, a nova estrela da Jaeger-LeCoultre criada para pulsos femininos que tem a atriz Diane Kruger como sua embaixadora. O lançamento do novo modelo feminino, disponível numa grande diversidade de versões, foi feito na presença de inúmeros convidados e amigos da Jaeger-LeCoultre; a iniciativa Éphémere decorreu entre 19 e 29 de novembro de 2012 e revelou-se um verdadeiro sucesso.

Reforçando a sua presença no universo da Sétima Arte através de vários festivais em todo o mundo e sobretudo no Festival de Cinema de Veneza, a Jaeger-LeCoultre associou-se também ao Lisbon & Estoril Film Festival com a entrega ao vencedor de um Reverso personalizado no verso com o logótipo do certame – e o relógio (tal como troféu produzido pelo Instituto de Artes e Ofícios da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva) acabou por ir para Leonardo do Constanzo, que venceu o prémio de Melhor Filme graças à longa- -metragem L’Intervallo. O júri foi constituído pelo pianista austríaco Alfred Brendel, pela atriz francesa Fanny Ardant e pela violoncelista franco-americana Sonia Wieder-Atherton.

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A exposição, que quase se transfor-mou numa pop-up store Jaeger--LeCoultre, foi a admiração e surpresa de muita gente – que até pensou que a marca tinha aberto uma loja em Lisboa. O impacto foi muito grande, não só para a marca, que teve um momento muito importante e especial, mas também para Machado Joalheiro, que apro-veitou essa sinergia para passar a sua imagem.

António Machado

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Ralf Tech cronometrista oficial da vendée GlobeA Vendée Globe é uma competição brutal que, ao contrário de outras duras regatas como a Volvo Ocean Race, é vivida por marinheiros que contam apenas com eles mesmos durante os cerca de três meses de navegação; na edição de 2012/2013, 10 dos 20 participantes escolheram usar no pulso um exemplar da Ralf Tech, marca que se especializou em robustos instrumentos do tempo para mergulho. Os relógios de mergulho representam uma categoria especial no universo dos relógios desportivos, já que estão sujeitos a uma enorme pressão e são vitais: uma falha mecânica ou uma falha na estanqueidade pode ter consequências bem funestas para quem os utiliza. Na Vendée Globe também assumem um papel referencial.

«A Ralf Tech é uma marca vocacionada para o mergulho e a nossa vocação marítima vai sair reforçada com a nossa presença na mítica Vendée Globe de navegação a solo à volta do mundo», revelou o fundador Franck Huyghe aquando da sua passagem por Portugal em Outubro. Dar a volta ao mundo na Vendée Globe sem paragens e sem assistência é o equivalente a escalar o Evereste; a própria organização define a prova como ‘O Evereste dos Mares’.

mansão Patek em xangaiA Patek Philippe orgulha-se dos seus Salões localizados em zonas históricas e de prestígio em apenas 3 cidades, Genebra, Londres e Paris. São espaços únicos que acolhem com requinte e intimismo os amantes da marca e que estão, agora, replicados na nova Mansão Patek, em Xangai, também ela localizada numa emblemática e histórica zona da megalópole chinesa, a Bund.

A nova localização da Maison Patek Philippe tem uma vantagem geográfica única e um importante passado cultural. Com isso pretendemos mostrar a história e valores da marca a um crescente número de aficionados chineses. Adquirir um relógio Patek Philippe é, também, partilhar a paixão e a dedicação de várias gerações de uma empresa familiar.

Tierry Stern Presidente da Patek Philippe

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embaixadores bebem na fonteHabituados a olhar constantemente para o tempo, Pedro Lamy, Miguel Barbosa e Filipe Albuquerque ficaram a ver o tempo de outra maneira através de uma visita à TAG Heuer que passou primeiro pela pequena localidade de Tramelan, onde está sedeada a ArteCad – uma das melhores companhias especializadas no fabrico de mostradores e que é pertença da TAG Heuer. Orlando Loureiro, um dos chefes de projecto, serviu de anfitrião e explicou todos os procedimentos de manufactura de mostradores de qualidade; apresentou também o trio a vários trabalhadores portugueses (e não só) que quiseram logo autógrafos dos pilotos. Depois, o grupo transferiu-se para La Chaux-de-Fonds e, na sede da TAG Heuer, visitou as várias áreas de produção, o atelier de alta-relojoaria e também o museu. O vice-presidente Guy Semon explicou aos embaixadores TAG Heuer Portugal como a TAG Heuer voltou a esticar as fronteiras da relojoaria com o Mikrogirder – um cronógrafo que eclipsa os registos anteriores graças à capacidade de chegar aos 1/2000 de segundo mediante uma ultra-frequência de 7,2 milhões de alternâncias/hora; o ponteiro central dá a volta ao mostrador 20 vezes por segundo e é propulsionado por um calibre tão revolucionário que não tem balanço convencional (como o Mikrotimer) nem tem espiral (como o Pendulum, um Concept Watch que funciona à base de campos magnéticos). No dia seguinte, o Mikrogirder ganhava o ‘Óscar’ da relojoaria no Grand Prix d’Horlogerie de Genève.

Se a base mecânica do Mikrogirder é completamente diferente do que se tem feito, também a sua arquitetura surpreende ao juntar códigos estéticos tradicionais a uma estrutura assimétrica que reinterpreta de modo vanguardista os antigos cronógrafos de mão numa estrutura herdada da linha Carrera. Um portento que mereceu o mais cobiçado prémio da relojoaria internacional.

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brilho na Cidade­LuzA proximidade do 180º aniversário e a expansão da sua boutique na Place Vendôme levaram a Jaeger-LeCoultre a reunir um grupo representativo da imprensa especializada, várias personalidades e alguns dos seus embaixadores para um conjunto de atividades em Paris estreado com uma visita excecional ao Museu d’Orsay… que abriu em horário noturno para os convidados da Manufatura não só apreciarem o valioso acervo representativo do Impressionismo e do Pós-Impressionismo como também jantar no salão Campana. Na manhã seguinte, o grupo rumou ao Museu do Jeu de Paume nas Tulherias para a revelação da primeira novidade relojoeira em conferência de imprensa – com o presidente Jérôme Lambert a anunciar mais um elemento da família Duomètre: o Duomètre Unique Travel Time de ouro branco em edição limitada que será uma exclusividade da boutique da marca na Place Vendôme até à adição de um modelo em ouro rosa que integrará a coleção regular. Foram também reveladas (sob embargo) outras grandes novidades para 2013, mas o ponto socialmente mais alto da jornada parisiense foi a (re)inauguração da Boutique Jaeger-LeCoultre da Place Vendôme, que agora passa a ser o maior espaço relojoeiro de uma única marca na emblemática praça, e a grande festa no Grand Hotel de Paris que augura um 2013 em grande para a marca.

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LivRos

/ edição Company One 2012/ Formato 297 x 210mm

/ Páginas 176

Franck mullero Livro das Complicações

o novo catálogo da marca Franck muller é também uma homenagem às complicações da relojoaria mecânica e apresenta a particularidade de ter sido elaborada em Portugal com uma característica tipicamen­te nacional: uma lombada em cortiça. Trata­se de uma luxuosa publi­ca ção dedicada aos relógios mais complicados da marca genebrina que pode ser adquirida gratuitamente nos agentes oficiais da Franck muller.

A equipa que faz a Espiral do Tempo foi desafiada pela Franck Muller a fazer algo de diferente e saiu-se a contento: um catálogo que é mais do que isso – é um sofisticado livro de mesa que passa em revista a história das inovações que tiveram a assinatura da marca e apresenta todas as complicações mecânicas que granjearam ao mestre genebrino o epíteto de ‘Mestre das Complicações’.

Com capas duras e lombada de cortiça que lhe dá um toque bem lusitano, a luxuosa publicação passa em revista as ‘Estreias Mundiais’ que Franck Muller lançou na última década do século passado e todas as complicações vigentes atualmente na sua coleção (Giga Tourbillon, Aeternitas, Tourbillon Revolution 3, Tourbillon Imperial, Lady Tourbillon, Tourbillon Crazy Hours, Grande Sonnerie, Perpetual Calendar Bi-Retro Chronograph, Master Banker Date, Mariner, Master Date, Double Mistery, Secret Hours, Vegas, Master Calendar Chronograph, Crazy Hours), para além do rol de todas as

edições limitadas feitas especialmente para Portugal e ainda um overview da coleção completa.

O trabalho fotográfico ficou a cargo de Nuno Correia e a pós-produção foi realizada pelo atelier do mesmo. Os separadores foram concebidos e produzidos por Ricardo Preto.

Enfant terrible com Toque de midasMas quem é Franck Muller? Há quem lhe chame o enfant terrible da alta relojoaria, o iconoclasta que se transformou em ícone da indústria relojoeira graças à implementação de novas soluções técnicas e estéticas. O certo é que Franck Muller pode ser considerado um visionário com o toque de Midas: sempre viu as tendências com grande antecipação e tudo o que decidiu fazer transformou-se em êxito.

Filho de um suíço e de uma italiana, Franck Muller foi um menino-prodígio que se iniciou profissionalmente no restauro;

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passou depois a produzir relógios de exceção que saciaram a sua galopante criatividade e estabeleceram recordes mundiais graças a originais complicações, mas a enorme procura conduziu-o ao fabrico em série e foi assim que a companhia com o seu nome nasceu em 1992, devidamente comemorada com o relógio de pulso mais complicado do mundo. A partir de então, o mestre genebrino passou a lançar anualmente um relógio único que é novidade mundial para fazer jus ao cognome de ‘Master of Complications’ – ao mesmo tempo que foi alargando a produção das suas linhas regulares e oferecendo novos formatos à coleção.

Disponível nos agentes oficiais em PortugalUm criador genial é aquele que vê as tendências com grande antecipação e que transforma em êxito todas as as suas iniciativas. Protagonista única de uma espécie de rutura evolutiva na relojoaria, a casa Franck Muller cedo integrou o lote das marcas visionárias – para além das inovações estéticas, também patenteou inovações técnicas e estreias mundiais que têm contribuído decisivamente para a história da evolução relojoeira.

A conceção de relojoaria com a chancela Franck Muller pode ser admirada num fascinante universo relojoeiro localizado em Genthod, nos arredores de Genebra: esse museu vivo chama-se Watchland, a ‘terra dos relógios’ dominada por um palacete feudal de estilo neogótico com vista para o lago Léman. E também pode ser admirada através do novo livro feito pela Company One, a empresa que edita a Espiral do Tempo. Basta visitar um dos agentes oficiais da marca e solicitar o livro – esperamos que goste!

Um livro rico em pormenores para que se possa apreciar toda a riqueza do trabalho relojoeiro da Franck muller, dividido por colecções para uma consulta mais fácil.

Todos os modelos do catálogo estão em tamanho real. explicações técnicas e uma vasta selecção de modelos.

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marcas

a. lange & söhne alange-soehne.comTorres Joalheiros torres.pt 213 472 753

audemars piguet audemarspiguet.comDavid Rosas davidrosas.com 226 061 060Machado Joalheiro machadojoalheiro.com 226 101 283Ourivesaria Camanga camanga.com 217 955 245Relojoaria Faria relojoariafaria.pt 219 105 580Torres Joalheiros torres.pt 213 472 753

breguet breguet.comBoutique dos Relógios Plus boutiquedosrelogios.pt 218 311 243Torres Joalheiros torres.pt 213 472 753

chopard chopard.comDavid Rosas davidrosas.com 226 061 060EdJóia edjoia.com 289 392 334Gilles Joalheiros gilesjoalheiros.com 218 951 238M.F. Ribeiro 227 340 051Ourivesaria Pimenta torres.pt 213 424 564Torres Joalheiros torres.pt 213 472 753

chronoswiss chronoswiss.comImportempo 226 164 608

cvstos cvstos.comTorres Distribuição torresdistrib.com 218 110 896

fortis fortis-watches.comTorres Distribuição torresdistrib.com 218 110 896

franck muller franckmuller.comTorres Distribuição torresdistrib.com 218 110 896

f.p.journe – invenit et fecit fpjourne.comTorres Distribuição torresdistrib.com 218 110 896

graham – london graham-london.comTorres Distribuição torresdistrib.com 218 110 896

jaeger-lecoultre jaeger-lecoultre.comTorres Distribuição torresdistrib.com 218 110 896

montblanc montblanc.com (Canetas, relógios)Boutique Montblanc Av. Liberdade 213 259 825Boutique Montblanc El Corte Inglés

panerai panerai.comAnselmo 1910 anselmo1910.com 217 165 512Joalharia Cunha joalhariacunha.com.pt 251 800 702Machado Joalheiro machadojoalheiro.com 226 101 283Margarido Joalheiros margaridojoalheiros.com 284 323 252

patek philippe patek.comDavid Rosas davidrosas.com 226 061 060

porsche design porsche-design.com (relógios)Torres Distribuição torresdistrib.com 218 110 896

ralf tech ralftech.comTorres Distribuição torresdistrib.com 218 110 896

raymond weil raymond-weil.comTorres Distribuição torresdistrib.com 218 110 896

rolex rolex.comBoutique Rolex C.C. Colombo 210 079 290Aquaverdi 222 037 525David Rosas davidrosas.com 226 061 060Ourivesaria Portugal ourivesaria-portugal.pt 213 231 986Pires Joalheiros 253 201 280Pimenta joalheiros saldanhaepimenta.pt 213 852 190Torres Joalheiros torres.pt 213 472 753

tag heuer tagheuer.com (relógios, telemóveis)Boutique TAG Heuer El Corte InglésTorres Distribuição torresdistrib.com 218 110 896

vacheron constantin vacheron-constantin.comDavid Rosas davidrosas.com 226 061 060Machado Joalheiro machadojoalheiro.com 226 101 283Marcolino Relojoeiro marcolino.com.pt 222 001 606Relojoaria Faria relojoariafaria.pt 219 105 580

onde CoMprar

Contactos mencionados nesta edição

retalhistas

david rosas

davidrosas.com226 061 060

machado joalheiro machadojoalheiro.com 226 101 283

marcolino relojoeiro marcolino.com.pt 222 001 606

relojoaria faria relojoariafaria.pt 219 105 580

torres joalheiros torres.pt 213 472 753

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assinaturas

Assinatura para 8 edições: Portugal € 28 | europa € 60 | resto do mundo € 80Fotocopie este questionário, preencha e junte um cheque emitido/endereçado a: Company One, Publicações Lda.Av. Almirante reis, 39 1169-039 - Lisboa - PortugalMais informações: [email protected]

a assinatura deverá ser feita em nome de:

Morada:

C.Postal: - Localidade:

Profissão: Data de nascimento:

Cont.: Tel:

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Pretendo assinar a partir da edição n.º: (inclusive)

Cheque n.º: Banco:

Caso queira encomendar um número anterior da Espiral do Tempo, envie-nos uma carta para: Av. Almirante reis, 391169-039 Lisboa, juntando a quantia respetiva em cheque. não esquecer de colocar remetente. o cheque deverá ser emitido em nome de: Company one, Publicações Lda. 161

Edições disponíveis: N.º s 16 - 30 € 3,5 n.º s 1 - 15 / 31 - 40 € 5 esgotados

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CróniCa JoSÉ LUiS PeiXoTo

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na serenidade, o tempo. num instante verdadeiramente sentido, num fio de

fumo, é possível encontrar todos os outros instantes, longos ou fugazes. na

serenidade, a vida.

incenso

Um fio delicado de fumo a enrolar‑se sobre si próprio, desenhado no ar, a entrançar‑se. Depois, a desfazer-se numa forma cada vez mais desgovernada, que alastra e se dis-solve na pequena nuvem de fumo que paira na sala e que, aqui, neste mundo limitado por paredes, se desloca como um grande corpo, espécie de monstro a dirigir-se infinitamente na direção dos livros da estante, mas que nunca lá chega.

Às vezes, o tempo passa à velocidade de incenso a queimar. Lento, mas constante. Seguro, como um sopro. A partir de um pequeno ponto incandescente ergue-se uma linha de curvas ligeiras, elegantes. e os pensamentos sucedem-se a essa velocidade. É sempre assim. os pensamentos seguem a velocidade do tempo que interiorizamos. e, às vezes, o tempo passa sem pressa, como incenso a queimar.

na Ásia, os templos budistas têm paus de incenso que homens e mulheres seguram entre as mãos e que inclinam diante do altar ao ritmo com que inclinam todo o corpo em vénias repetidas. Depois, quando os espetam em pequenos potes, começa a sua combustão serena. o fumo sobe ao céu, indiferente às pessoas que se aproximam ou se afastam. e quando soa o gongo, o fumo segue o seu caminho ascendente com a mesma segurança com que a vibração se propaga. Para cima ou para dentro, um instante contínuo que tranquiliza.

nesses mesmos templos, há incensos em espiral. Penduram-nos debaixo de telheiros, ficam esticados como molas. No interior, têm um papel com um pedido escrito, caligrafia chinesa. Muito devagar, a sua pequena brasa vai ardendo às voltas, como se subisse a estrada lenta de uma montanha. Demora, é um caminho que chega a parecer que não vai continuar. Talvez se detenha em algum obstáculo, talvez não encontre forças.

Mas continua sempre. É assim o tempo que passa à velocidade de incenso a queimar. Transporta em si a

certeza de que não irá ser interrompido por qualquer repente, bom ou mau. É um tempo de descanso, valioso para respirar. e, toda a gente sabe, é tão necessário respirar, faz tanta falta. Aqui, esse tempo paira lentamente. Se me levantasse desta cadeira, creio que me chegaria ao peito. A essa altura, avança seguro na direção das estantes, como uma vontade branda ou um desejo antigo.

nas estantes, há o tempo dos livros. esse avança a outra velocidade. Pode ser mais lenta ainda, é possível parar o tempo nessas páginas. Mas também é possível apressá--lo. numa linha podem passar dez anos. Mas também é possível obrigá-lo a tropeçar sobre si próprio. os livros são, cada um deles, como salas parecidas com esta. Há uma velocidade própria para o tempo que contém.

Aqui, o incenso. existe também uma velocidade que pode ser medida a partir do seu perfume, fumo perfumado. No ar desta sala, sobe um fio delicado de fumo. É contem‑porâneo de mil templos budistas no outro lado do mundo. A distância não tem qualquer significado nessa constatação. Aqui, neste tempo, é possível encontrar todos os outros. Basta ser capaz de imaginá-los.

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