(Espiritismo) Emmanuel - Pão Nosso (Chico Xavier)

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Francisco Cndido Xavier

Po Nosso2o livro da Coleo Fonte Viva (Interpretao dos Textos Evanglicos)

Ditado pelo Esprito

Emmanuel

Coleo Fonte Viva01 - Caminho, Verdade e Vida 02 - Po Nosso 03 - Vinha de Luz 04 - Fonte Viva (1948) (1950) (1951) (1956)

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ndiceNo Servio Cristo ................................................................................ 7 1 Mos obra ..................................................................................... 9 2 Pensa um pouco ............................................................................ 11 3 O arado .......................................................................................... 12 4 Antes de servir ............................................................................... 14 5 Salrios .......................................................................................... 16 6 Valei-vos da luz.............................................................................. 18 7 A semente ...................................................................................... 20 8 Ansiedades .................................................................................... 22 9 Homens de f................................................................................. 24 10 Sentimentos fraternos .................................................................. 25 11 O bem incansvel...................................................................... 27 12 Pensaste nisso? ........................................................................... 29 13 Estaes necessrias .................................................................. 31 14 Pginas ........................................................................................ 33 15 Pensamentos ............................................................................... 34 16 A quem obedeces? ...................................................................... 36 17 Intercesso................................................................................... 37 18 Provas de fogo ............................................................................. 38 19 Falsas alegaes ......................................................................... 39 20 A marcha...................................................................................... 40 21 Mar alto ........................................................................................ 42 22 Inconstantes................................................................................. 44 23 No de todos............................................................................. 46 24 Filhos prdigos............................................................................. 48 25 Nas estradas ................................................................................ 50 26 Trabalhos imediatos ..................................................................... 51 27 Esmagamento do mal .................................................................. 53 28 E os fins? ..................................................................................... 55 29 A vinha ......................................................................................... 57 30 Convenes ................................................................................. 58 31 Com caridade............................................................................... 60 32 Cadveres.................................................................................... 62 33 Trabalhemos tambm .................................................................. 64 34 Lugar deserto ............................................................................... 66 35 O Cristo operante ......................................................................... 68 36 At o fim ....................................................................................... 70

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37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76

Seria intil .................................................................................... 71 Conta particular............................................................................ 73 Convite ao bem ............................................................................ 75 Em preparao............................................................................. 77 No futuro ...................................................................................... 79 Sempre vivos ............................................................................... 81 Boas maneiras ............................................................................. 83 Curas ........................................................................................... 85 Quando orardes ........................................................................... 87 Vs, entretanto............................................................................. 88 O problema de agradar ................................................................ 89 Compreendamos.......................................................................... 91 Velho argumento .......................................................................... 93 Preserva a ti prprio ..................................................................... 95 Socorre a ti mesmo ...................................................................... 97 Perigos sutis................................................................................. 99 Em cadeias ................................................................................ 101 Razo dos apelos....................................................................... 103 Coisas invisveis......................................................................... 105 xitos e insucessos.................................................................... 107 Perante Jesus ............................................................................ 109 Contribuir ................................................................................... 111 Sigamos at l ........................................................................... 113 Lgica da Providncia ................................................................ 115 O homem com Jesus ................................................................. 117 Jesus para o homem.................................................................. 119 O Senhor d sempre .................................................................. 121 Melhor sofrer no bem ................................................................. 123 Tenhamos paz ........................................................................... 125 Boa-vontade............................................................................... 127 M-vontade ................................................................................ 128 Necessrio acordar .................................................................... 129 Hoje............................................................................................ 131 Elogios ....................................................................................... 133 Sacudir o p ............................................................................... 134 Contempla mais longe................................................................ 136 Aprendamos quanto antes ......................................................... 138 Ms palestras............................................................................. 140 Murmuraes ............................................................................. 141 As testemunhas ......................................................................... 142

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Responder.................................................................................. 144 Segundo a carne ........................................................................ 146 O mas e os discpulos.............................................................. 148 O no e a luta .......................................................................... 150 No paraso.................................................................................. 152 Em Esprito................................................................................. 154 Conforme o amor ....................................................................... 156 Levantando mos santas ........................................................... 158 E o adltero?.............................................................................. 160 Intentar e agir ............................................................................. 162 Pondera sempre......................................................................... 164 Correes................................................................................... 166 Bem-aventuranas ..................................................................... 168 O trabalhador divino ................................................................... 170 Isso contigo ............................................................................. 172 Deus no desampara ................................................................. 174 O Evangelho e a mulher............................................................. 176 Sexo........................................................................................... 178 Esta a mensagem ................................................................... 180 Justamente por isso ................................................................... 182 Conserva o modelo .................................................................... 184 Evita contender .......................................................................... 186 Com ardente amor ..................................................................... 188 Rendamos graas .................................................................... 190 Resiste tentao.................................................................... 192 Ns e Csar ............................................................................. 194 Cruz e disciplina....................................................................... 196 Direito sagrado......................................................................... 198 Observao primordial ............................................................. 200 H muita diferena ................................................................... 201 Piedade .................................................................................... 203 Orao ..................................................................................... 205 Trs imperativos....................................................................... 207 Magnetismo pessoal ................................................................ 209 Granjeai amigos ....................................................................... 211 Tabernculos eternos............................................................... 213 Tua f ....................................................................................... 215 Novos atenienses..................................................................... 217 A porta ..................................................................................... 218 Ouam-nos............................................................................... 219

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117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156

Em famlia ................................................................................ 221 para isto ................................................................................ 223 Ajuda sempre ........................................................................... 225 Conciliao............................................................................... 227 Monturo .................................................................................... 229 Pecado e pecador .................................................................... 230 Condio comum ..................................................................... 232 No falta................................................................................... 233 Separao................................................................................ 235 O espinho................................................................................. 237 Lei de retorno ........................................................................... 239 porque ignoram..................................................................... 241 Ao partir do po........................................................................ 242 Onde esto?............................................................................. 243 O mundo e a crena................................................................. 245 Em tudo.................................................................................... 247 O grande futuro ........................................................................ 249 Nutrio espiritual .................................................................... 251 Renovao necessria ............................................................. 253 Conflito ..................................................................................... 254 Inimigos.................................................................................... 256 Vejamos isso............................................................................ 258 Oferendas ................................................................................ 260 Saibamos lembrar .................................................................... 262 Amor fraternal .......................................................................... 263 Revides .................................................................................... 265 No tiranizes ............................................................................ 267 Fazei preparativos.................................................................... 268 Obreiros ................................................................................... 270 Seguir a verdade ...................................................................... 272 No s................................................................................... 274 Ceifeiros ................................................................................... 276 Crer em vo ............................................................................. 278 o mesmo ............................................................................... 279 Ningum se retira ..................................................................... 281 De que modo?.......................................................................... 283 No tropecemos ....................................................................... 285 Os contrrios............................................................................ 287 Contra a insensatez ................................................................. 289 Cu com cu ............................................................................ 291

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157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180

O filho egosta .......................................................................... 293 Governo interno ....................................................................... 295 A posse do Reino ..................................................................... 297 A grande luta............................................................................ 299 Vs, que dizeis? ....................................................................... 301 Manifestaes espirituais ......................................................... 302 Agradecer................................................................................. 304 O diabo .................................................................................... 306 Falsos discursos ...................................................................... 308 Cura do dio............................................................................. 309 Entendimento ........................................................................... 311 De madrugada ......................................................................... 313 Olhos........................................................................................ 315 A lngua .................................................................................... 317 Lei do uso................................................................................. 319 Que despertas?........................................................................ 321 Como testemunhar................................................................... 323 Espiritismo na f....................................................................... 325 Tratamento de obsesses ........................................................ 327 Na revelao da vida................................................................ 329 Guardemos sade mental ........................................................ 331 Combate interior....................................................................... 333 Entendamos servindo............................................................... 335 Cr e segue.............................................................................. 337

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No Servio CristoPorque todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito, estando no corpo, o bem ou o mal. Paulo. (2 Epstola aos Corntios, 5:10.) No falta quem veja no Espiritismo mero campo de experimentao fenomnica, sem qualquer significao de ordem moral para as criaturas. Muitos aprendizes da consoladora Doutrina, desse modo, limitam-se s investigaes de laboratrio ou a discusses filosficas. imperioso reconhecer, todavia, que h tantas categorias de homens desencarnados, quantas so as dos encarnados. Entidades discutidoras, levianas, rebeldes e inconstantes transitam em toda parte. Alm disso, incgnitas e problemas surgem para os habitantes dos dois planos. Em vista de semelhantes razes, os adeptos do progresso efetivo do mundo, distanciados da vida fsica, pugnam pelo Espiritismo com Jesus, convertendo-nos o intercmbio em fator de espiritualidade santificante. Acreditamos que no se deve atacar outro crculo de vida, quando no nos encontramos interessados em melhorar a personalidade naquele em que respiramos. No vale pesquisar recursos que no nos dignifiquem. Eis por que para ns outros, que supomos trazer o corao acordado para a responsabilidade de viver, Espiritismo no expressa simples convico de imortalidade: clima de servio e edificao.

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No adianta guardar a certeza na sobrevivncia da alma, alm da morte, sem o preparo terrestre na direo da vida espiritual. E nesse esforo de habilitao, no dispomos de outro guia mais sbio e mais amoroso que o Cristo. Somente luz de suas lies sublimes possvel reajustar o caminho, renovar a mente e purificar o corao. Nem tudo o que admirvel divino. Nem tudo o que grande respeitvel. Nem tudo o que belo santo. Nem tudo o que agradvel til. O problema no apenas de saber. o de reformar-se cada um para a extenso do bem. Afeioemo-nos, pois, ao Evangelho sentido e vivido, compreendendo o imperativo de nossa iluminao interior, porque, segundo a palavra oportuna e sbia do Apstolo, todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, a fim de recebermos, de acordo com o que realizamos, estando no corpo, o bem ou o mal. EMMANUEL Pedro Leopoldo, 22 de fevereiro de 1950.

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1 Mos obraQue fareis, pois, irmos? Quando vos ajuntais, cada um de vs tem doutrina, tem revelao, tem lngua, tem interpretao. Faa-se tudo para edificao. Paulo. (1 Epstola aos Corntios, 14:26.) A igreja de Corinto lutava com certas dificuldades mais fortes, quando Paulo lhe escreveu a observao aqui transcrita. O contedo da carta apreciava diversos problemas espirituais dos companheiros do Peloponeso, mas podemos insular o versculo e aplic-lo a certas situaes dos novos agrupamentos cristos, formados no ambiente do Espiritismo, na revivescncia do Evangelho. Quase sempre notamos intensa preocupao nos trabalhadores, por novidades em fenomenologia e revelao. Alguns ncleos costumam paralisar atividades quando no dispem de mdiuns adestrados. Por qu? Mdium algum solucionar, em definitivo, o problema fundamental da iluminao dos companheiros. Nossa tarefa espiritual seria absurda se estivesse circunscrita freqncia mecnica de muitos, a um centro qualquer, simplesmente para assinalarem o esforo de alguns poucos. Convenam-se os discpulos de que o trabalho e a realizao pertencem a todos e que imprescindvel se movimente cada qual no servio edificante que lhe compete. Ningum alegue ausncia de novidades, quando vultosas concesses da esfera superior

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aguardam a firme deciso do aprendiz de boa-vontade, no sentido de conhecer a vida e elevar-se. Quando vos reunirdes, lembrai a doutrina e a revelao, o poder de falar e de interpretar de que j sois detentores e colocai mos obra do bem e da luz, no aperfeioamento indispensvel.

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2 Pensa um poucoAs obras que eu fao em nome de meu Pai, essas testificam de mim. Jesus. (Joo, 10:25.) vulgar a preocupao do homem comum, relativamente s tradies familiares e aos institutos terrestres a que se prende, nominalmente, exaltando-se nos ttulos convencionais que lhe identificam a personalidade. Entretanto, na vida verdadeira, criatura alguma conhecida por semelhantes processos. Cada Esprito traz consigo a histria viva dos prprios feitos e somente as obras efetuadas do a conhecer o valor ou o demrito de cada um. Com o enunciado, no desejamos afirmar que a palavra esteja desprovida de suas vantagens indiscutveis; todavia, necessrio compreender-se que o verbo tambm profundo potencial recebido da Infinita Bondade, como recurso divino, tornando-se indispensvel saber o que estamos realizando com esse dom do Senhor Eterno. A afirmativa de Jesus, nesse particular, reveste-se de imperecvel beleza. Que diramos de um Salvador que estatusse regras para a Humanidade, sem partilhar-lhe as dificuldades e impedimentos? O Cristo iniciou a misso divina entre homens do campo, viveu entre doutores irritados e pecadores rebeldes, uniu-se a doentes e aflitos, comeu o duro po dos pescadores humildes e terminou a tarefa santa entre dois ladres. Que mais desejas? Se aguardas vida fcil e situaes de evidncia no mundo, lembra-te do Mestre e pensa um pouco.

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3 O aradoE Jesus lhe disse: Ningum, que lana mo do arado e olha para trs apto para o reino de Deus. (Lucas, 9:62.) Aqui, vemos Jesus utilizar na edificao do Reino Divino um dos mais belos smbolos. Efetivamente, se desejasse, o Mestre criaria outras imagens. Poderia reportar-se s leis do mundo, aos deveres sociais, aos textos da profecia, mas prefere fixar o ensinamento em bases mais simples. O arado aparelho de todos os tempos. pesado, demanda esforo de colaborao entre o homem e a mquina, provoca suor e cuidado e, sobretudo, fere a terra para que produza. Constri o bero das sementeiras e, sua passagem, o terreno cede para que a chuva, o sol e os adubos sejam convenientemente aproveitados. necessrio, pois, que o discpulo sincero tome lies com o Divino Cultivador, abraando-se ao arado da responsabilidade, na luta edificante, sem dele retirar as mos, de modo a evitar prejuzos graves terra de si mesmo. Meditemos nas oportunidades perdidas, nas chuvas de misericrdia que caram sobre ns e que se foram sem qualquer aproveitamento para nosso esprito, no sol de amor que nos vem vivificando h muitos milnios, nos adubos preciosos que temos recusado, por preferirmos a ociosidade e a indiferena. Examinemos tudo isto e reflitamos no smbolo de Jesus.

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Um arado promete servio, disciplina, aflio e cansao; no entanto, no se deve esquecer que, depois dele, chegam semeaduras e colheitas, pes no prato e celeiros guarnecidos.

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4 Antes de servirBem como o Filho do homem no veio para ser servido, mas para servir. Jesus. (Mateus, 20:28.) Em companhia do esprito de servio, estaremos sempre bem guardados. A Criao inteira nos reafirma esta verdade com clareza absoluta. Dos reinos inferiores s mais altas esferas, todas as coisas servem a seu tempo. A lei do trabalho, com a diviso e a especializao nas tarefas, prepondera nos mais humildes elementos, nos variados setores da Natureza. Essa rvore curar enfermidades, aquela outra produzir frutos. H pedras que contribuem na construo do lar; outras existem calando os caminhos. O Pai forneceu ao filho homem a casa planetria, onde cada objeto se encontra em lugar prprio, aguardando somente o esforo digno e a palavra de ordem, para ensinar criatura a arte de servir. Se lhe foi doada a plvora destinada libertao da energia e se a plvora permanece utilizada por instrumento de morte aos semelhantes, isto corre por conta do usufruturio da moradia terrestre, porque o Supremo Senhor em tudo sugere a prtica do bem, objetivando a elevao e o enriquecimento de todos os valores do Patrimnio Universal. No olvidemos que Jesus passou entre ns, trabalhando. Examinemos a natureza de sua cooperao sacrificial e aprendamos com o Mestre a felicidade de servir santamente. Podes comear hoje mesmo.

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Uma enxada ou uma caarola constituem excelentes pontos de incio. Se te encontras enfermo, de mos inabilitadas para a colaborao direta, podes principiar mesmo assim, servindo na edificao moral de teus irmos.

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5 SalriosE contentai-vos com o vosso soldo. Joo Batista. (Lucas, 3:14.) A resposta de Joo Batista aos soldados, que lhe rogavam esclarecimentos, modelo de conciso e de bom senso. Muita gente se perde atravs de inextricveis labirintos, em virtude da compreenso deficiente acerca dos problemas de remunerao na vida comum. Operrios existem que reclamam salrios devidos a ministros, sem cogitarem das graves responsabilidades que, no raro, convertem os administradores do mundo em vtimas da inquietao e da insnia, quando no seja em mrtires de representaes e banquetes. H homens cultos que vendem a paz do lar em troca da dilatao de vencimentos. Inmeras pessoas seguem, da mocidade velhice do corpo, ansiosas e descrentes, enfermas e aflitas, por no se conformarem com os ordenados mensais que as circunstncias do caminho humano lhes assinalam, dentro dos imperscrutveis Desgnios. No por demasia de remunerao que a criatura se integrar nos quadros divinos. Se um homem permanece consciente quanto aos deveres que lhe competem, quanto mais altamente pago, estar mais intranqilo. Desde muito, esclarece a filosofia popular que para a grande nau surgir a grande tormenta.

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Contentar-se cada servidor com o prprio salrio prova de elevada compreenso, ante a justia do Todo-Poderoso. Antes, pois, de analisar o pagamento da Terra, habitua-te a valorizar as concesses do Cu.

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6 Valei-vos da luzAndai enquanto tendes a luz, para que as trevas no vos apanhem. Jesus. (Joo, 12:35.) O homem de meditao encontrar pensamentos divinos, analisando o passado e o futuro. Ver-se- colocado entre duas eternidades a dos dias que se foram e a que lhe acena do porvir. Examinando os tesouros do presente, descobrir suas oportunidades preciosas. No futuro, antev a bendita luz da imortalidade, enquanto que no pretrito se localizam as trevas da ignorncia, dos erros praticados, das experincias mal vividas. Esmagadora maioria de personalidades humanas no possui outra paisagem, com respeito ao passado prximo ou remoto, seno essa constituda de runa e desencanto, compelindo-as a revalorizar os recursos em mo. A vida humana, pois, apesar de transitria, a chama que vos coloca em contacto com o servio de que necessitais para a ascenso justa. Nesse abenoado ensejo, possvel resgatar, corrigir, aprender, ganhar, conquistar, reunir, reconciliar e enriquecer-se no Senhor. Refleti na observao do Mestre e apreender-lhe-eis o luminoso sentido. Andai enquanto tendes a luz, disse Ele. Aproveitai a ddiva de tempo recebida, no trabalho edificante. Afastai-vos da condio inferior, adquirindo mais alto entendimento.

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Sem os caractersticos de melhoria e aprimoramento no ato de marcha, sereis dominados pelas trevas, isto , anulareis vossa oportunidade santa, tornando aos impulsos menos dignos e regressando, em seguida morte do corpo, ao mesmo stio de sombras, de onde emergistes para vencer novos degraus na sublime montanha da vida.

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7 A sementeE, quando semeias, no semeias o corpo que h de nascer, mas o simples gro de trigo ou de outra qualquer semente. Paulo. (1 Epstola aos Corntios, 15:37.) Nos servios da Natureza, a semente reveste-se, aos nossos olhos, do sagrado papel de sacerdotisa do Criador e da Vida. Gloriosa herdeira do poder divino, coopera na evoluo do mundo e transmite silenciosa e sublime lio, tocada de valores infinitos, criatura. Exemplifica sabiamente a necessidade dos pontos de partida, as requisies justas de trabalho, os lugares prprios, os tempos adequados. H homens inquietos e insaciados que ainda no conseguiram compreend-la. Exigem as grandes obras de um dia para outro, impem medidas tirnicas pela fora das ordenaes ou das armas ou pretendem trair as leis profundas da Natureza; aceleram os processos da ambio, estabelecem domnio transitrio, alardeiam mentirosas conquistas, incham-se e caem, sem nenhuma edificao santificadora para si ou para outrem. No souberam aprender com a semente minscula que lhes d trigo ao po de cada dia e lhes garante a vida, em todas as regies de luta planetria. Saber comear constitui servio muito importante. No esforo redentor, indispensvel que no se percam de vista as possibilidades pequeninas: um gesto, uma palestra, uma

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hora, uma frase pode representar sementes gloriosas para edificaes imortais. Imprescindvel, pois, jamais desprez-las.

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8 AnsiedadesLanando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vs. (1 Epstola a Pedro, 5:7.) As ansiedades armam muitos crimes e jamais edificam algo de til na Terra. Invariavelmente, o homem precipitado conta com todas as probabilidades contra si. Opondo-se s inquietaes angustiosas, falam as lies de pacincia da Natureza, em todos os setores do caminho humano. Se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, no na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remisso. Se a criatura refletisse mais sensatamente reconheceria o contedo de servio que os momentos de cada dia lhe podem oferecer e saberia vigiar, com acentuado valor, os patrimnios prprios. Indubitvel que as paisagens se modificaro incessantemente, compelindo-nos a enfrentar surpresas desagradveis, decorrentes de nossa atitude inadequada, na alegria ou na dor; contudo, representa impositivo da lei a nossa obrigao de prosseguir diariamente, na direo do bem. A ansiedade tentar violentar coraes generosos, porque as estradas terrenas desdobram muitos ngulos obscuros e problemas de soluo difcil; entretanto, no nos esqueamos da receita de Pedro. Lana as inquietudes sobre as tuas esperanas em Nosso Pai Celestial, porque o Divino Amor cogita do bem-estar de todos ns.

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Justo desejar, firmemente, a vitria da luz, buscar a paz com perseverana, disciplinar-se para a unio com os planos superiores, insistir por sintonizar-se com as esferas mais altas. No olvides, porm, que a ansiedade precede sempre a ao de cair.

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9 Homens de fTodo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelh-lo-ei ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Jesus. (Mateus, 7:24.) Os grandes pregadores do Evangelho sempre foram interpretados conta de expresses mximas do Cristianismo, na galeria dos tipos venerveis da f; entretanto, isso somente aconteceu quando os instrumentos da verdade, efetivamente, no olvidaram a vigilncia indispensvel ao justo testemunho. interessante verificar que o Mestre destaca, entre todos os discpulos, aquele que lhe ouve os ensinamentos e os pratica. Da se conclui que os homens de f no so aqueles apenas palavrosos e entusiastas, mas os que so portadores igualmente da ateno e da boa-vontade, perante as lies de Jesus, examinando-lhes o contedo espiritual para o trabalho de aplicao no esforo dirio. Reconforta-nos assinalar que todas as criaturas em servio no campo evanglico seguiro para as maravilhas interiores da f. Todavia, cabe-nos salientar, em todos os tempos, o subido valor dos homens moderados que, registrando os ensinos e avisos da Boa Nova, cuidam, desvelados, da soluo de todos os problemas do dia ou da ocasio, sem permitir que suas edificaes individuais se processem longe das bases crists imprescindveis. Em todos os servios, o concurso da palavra sagrado e indispensvel, mas aprendiz algum dever esquecer o sublime valor do silncio, a seu tempo, na obra superior do aperfeioamento de si mesmo, a fim de que a ponderao se faa ouvida, dentro da prpria alma, norteando-lhe os destinos.

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10 Sentimentos fraternosQuanto, porm, caridade fraternal, no necessitais de que vos escreva, visto que vs mesmos estais instrudos por Deus que vos ameis uns aos outros. Paulo. (1 Epstola aos Tessalonicenses, 4:9.) Forte contra-senso que desorganiza a contribuio humana, no divino edifcio do Cristianismo, o impulso sectrio que atormenta enormes fileiras de seus seguidores. Mais reflexo, mais ouvidos ao ensinamento de Jesus e essas batalhas injustificveis estariam para sempre apagadas. Ainda hoje, com as manifestaes do plano espiritual na renovao do mundo, a cada momento surgem grupos e personalidades, solicitando frmulas do Alm para que se integrem no campo da fraternidade pura. Que esperam, entretanto, os companheiros esclarecidos para serem efetivamente irmos uns dos outros? Muita gente se esquece de que a solidariedade legtima escasseia nos ambientes onde reduzido o esprito de servio e onde sobra a preocupao de criticar. Instituies notveis so conduzidas perturbao e ao extermnio, em vista da ausncia do auxlio mtuo, no terreno da compreenso, do trabalho e da boavontade. Falta de assistncia? No. Toda obra honesta e generosa repercute nos planos mais altos, conquistando cooperadores abnegados. Quando se verifique a invaso da desarmonia nos institutos do bem, que os agentes humanos acusem a si mesmos pela defec-

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o nos compromissos assumidos ou pela indiferena ao ato de servir. E que ningum pea ao Cu determinadas receitas de fraternidade, porque a frmula sagrada e imutvel permanece conosco no amai-vos uns aos outros.

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11 O bem incansvelE vs, irmos, no vos canseis de fazer o bem. Paulo. (2 Epstola aos Tessalonicenses, 3:13.) muito comum encontrarmos pessoas que se declaram cansadas de praticar o bem. Estejamos, contudo, convictos de que semelhantes alegaes no procedem de fonte pura. Somente aqueles que visam determinadas vantagens aos interesses particularistas, na zona do imediatismo, adquirem o tdio vizinho da desesperao, quando no podem atender a propsitos egosticos. indispensvel muita prudncia quando essa ou aquela circunstncia nos induz a refletir nos males que nos assaltam, depois do bem que julgamos haver semeado ou nutrido. O aprendiz sincero no ignora que Jesus exerce o seu ministrio de amor sem exaurir-se, desde o princpio da organizao planetria. Relativamente aos nossos casos pessoais, muita vez ter o Mestre sentido o espinho de nossa ingratido, identificandonos o recuo aos trabalhos da nossa prpria iluminao; todavia, nem mesmo verificando-nos os desvios voluntrios e criminosos, jamais se esgotou a pacincia do Cristo que nos corrige, amando, e tolera, edificando, abrindo-nos misericordiosos braos para a atividade renovadora. Se Ele nos tem suportado e esperado atravs de tantos sculos, por que no poderemos experimentar de nimo firme algumas pequenas decepes durante alguns dias? A observao de Paulo aos tessalonicenses, portanto, muito justa. Se nos entediarmos na prtica do bem, semelhante desastre

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expressar em verdade que ainda nos no foi possvel a emerso do mal de ns mesmos.

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12 Pensaste nisso?Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernculo, segundo o que tambm nosso Senhor JesusCristo j mo tem revelado. - (2 Epstola a Pedro, 1:14.) Se muitas vezes grandes vozes do Cristianismo se referiram a supostos crimes da carne, necessrio mencionar as fraquezas do eu, as inferioridades do prprio esprito, sem concentrar falsas acusaes ao corpo, como se este representasse o papel de verdugo implacvel, separado da alma, que lhe seria, ento, prisioneira e vtima. Reparamos que Pedro denominava o organismo, como sendo o seu tabernculo. O corpo humano um conjunto de clulas aglutinadas ou de fluidos terrestres que se renem, sob as leis planetrias, oferecendo ao Esprito a santa oportunidade de aprender, valorizar, reformar e engrandecer a vida. Freqentemente o homem, qual operrio ocioso ou perverso, imputa ao instrumento til as ms qualidades de que se acha acometido. O corpo concesso da Misericrdia Divina para que a alma se prepare ante o glorioso porvir. Longe da indbita acusao carne, reflitamos nos milnios despendidos na formao desse tabernculo sagrado no campo evolutivo. J pensaste que s um Esprito imortal, dispondo, na Terra, por algum tempo, de valiosas potncias concedidas por Deus s tuas exigncias de trabalho?

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Tais potncias formam-te o corpo. Que fazes de teus ps, de tuas mos, de teus olhos, de teu crebro? sabes que esses poderes te foram confiados para honrar o Senhor iluminando a ti mesmo? Medita nestas interrogaes e santifica teu corpo, nele encontrando o templo divino.

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13 Estaes necessriasArrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados e venham assim os tempos do refrigrio pela presena do Senhor. (Atos, 3:19.) Os crentes inquietos quase sempre admitem que o trabalho de redeno se processa em algumas providncias convencionais e que apenas com certa atividade externa j se encontram de posse dos ttulos mais elevados, junto aos Mensageiros Divinos. A maioria dos catlicos romanos pretende a iseno das dificuldades com as cerimnias exteriores; muitos protestantes acreditam na plena identificao com o cu to-s pela enunciao de alguns hinos, enquanto enorme percentagem de espiritistas se cr na intimidade de supremas revelaes apenas pelo fato de haver freqentado algumas sesses. Tudo isto constitui preparao valiosa, mas no tudo. H um esforo iluminativo para o interior, sem o qual homem algum penetrar o santurio da Verdade Divina. A palavra de Pedro massa popular contm a sntese do vasto programa de transformao essencial a que toda criatura se submeter para a felicidade da unio com o Cristo. H estaes indispensveis para a realizao, porquanto ningum atingir de vez a eterna claridade da culminncia. Antes de tudo, imprescindvel que o culpado se arrependa, reconhecendo a extenso e o volume das prprias faltas e que se converta, a fim de alcanar a poca de refrigrio pela presena do Senhor nele prprio. A chegado, habilitar-se- para a construo do Reino Divino em si mesmo.

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Se, realmente, j compreendes a misso do Evangelho, identificars a estao em que te encontras e estars informado quanto aos servios que deves levar a efeito para demandar a seguinte.

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14 PginasMas a sabedoria que vem do alto primeiramente pura, depois pacfica, moderada, tratvel, cheia de misericrdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. (Tiago, 3:17.) Toda pgina escrita tem alma e o crente necessita auscultarlhe a natureza. O exame sincero esclarecer imediatamente a que esfera pertence, no crculo de atividade destruidora no mundo ou no centro dos esforos de edificao para a vida espiritual. Primeiramente, o leitor amigo da verdade e do bem analisarlhe- as linhas, para ajuizar da pureza do seu contedo, compreendendo que, se as suas expresses foram nascidas de fontes superiores, a encontrar os sinais inequvocos da paz, da moderao, da afabilidade fraternal, da compreenso amorosa e dos bons frutos, enfim. Mas, se a pgina reflete os venenos sutis da parcialidade humana, semelhante mensagem do pensamento no procede das esferas mais nobres da vida. Ainda que se origine da ao dos Espritos desencarnados, supostamente superiores, a folha que no faa benefcio em harmonia e construo fraternal , apenas, reflexo de condies inferiores. Examina, pois, as pginas de teu contacto com o pensamento alheio, diariamente, e faze companhia quelas que te desejam elevao. No precisas das que se te figurem mais brilhantes, mas daquelas que te faam melhor.

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15 PensamentosQuanto ao mais, irmos, tudo o que verdadeiro, tudo o que honesto, tudo o que justo, tudo o que puro, tudo o que amvel, tudo o que de boa fama, se h alguma virtude e se h algum louvor, nisso pensai. Paulo. (Filipenses, 4:8.) Todas as obras humanas constituem a resultante do pensamento das criaturas. O mal e o bem, o feio e o belo viveram, antes de tudo, na fonte mental qu os produziu, nos movimentos incessantes da vida. O Evangelho consubstancia o roteiro generoso para que a mente do homem se renove nos caminhos da espiritualidade superior, proclamando a necessidade de semelhante transformao, rumo aos planos mais altos. No ser to-somente com os primores intelectuais da Filosofia que o discpulo iniciar seus esforos em realizao desse teor. Renovar pensamentos no to fcil como parece primeira vista. Demanda muita capacidade de renncia e profunda dominao de si mesmo, qualidades que o homem no consegue alcanar sem trabalho e sacrifcio do corao. por isso que muitos servidores modificam expresses verbais, julgando que refundiram pensamentos. Todavia, no instante de recapitular, pela repetio das circunstncias, as experincias redentoras, encontram, de novo, anlogas perturbaes, porque os obstculos e as sombras permanecem na mente, quais fantasmas ocultos. Pensar criar. A realidade dessa criao pode no exteriorizar-se, de sbito, no campo dos efeitos transitrios, mas o objeto

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formado pelo poder mental vive no mundo ntimo, exigindo cuidados especiais para o esforo de continuidade ou extino. O conselho de Paulo aos filipenses apresenta sublime contedo. Os discpulos que puderem compreender-lhe a essncia profunda, buscando ver o lado verdadeiro, honesto, justo, puro e amvel de todas as coisas, cultivando-o, em cada dia, tero encontrado a divina equao.

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16 A quem obedeces?E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvao para todos os que lhe obedecem. Paulo. (Hebreus, 5:9.) Toda criatura obedece a algum ou a alguma coisa. Ningum permanece sem objetivo. A prpria rebeldia est submetida s foras corretoras da vida. O homem obedece a toda hora. Entretanto, se ainda no pde definir a prpria submisso por virtude construtiva, que, no raro, atende, antes de tudo, aos impulsos baixos da natureza, resistindo ao servio de auto-elevao. Quase sempre transforma a obedincia que o salva em escravido que o condena. O Senhor estabeleceu as gradaes do caminho, instituiu a lei do prprio esforo, na aquisio dos supremos valores da vida, e determinou que o homem lhe aceitasse os desgnios para ser verdadeiramente livre, mas a criatura preferiu atender sua condio de inferioridade e organizou o cativeiro. O discpulo necessita examinar atentamente o campo em que desenvolve a prpria tarefa. A quem obedeces? Acaso, atendes, em primeiro lugar, s vaidades humanas ou s opinies alheias, antes de observares o conselho do Mestre Divino? justo refletir sempre, quanto a isso, porque somente quando atendemos, em tudo, aos ensinamentos vivos de Jesus, que podemos quebrar a escravido do mundo em favor da libertao eterna.

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17 IntercessoIrmos, orai por ns. Paulo. (1 Epstola aos Tessalonicenses, 5:25.) Muitas criaturas sorriem ironicamente quando se lhes fala das oraes intercessrias. O homem habituou-se tanto ao automatismo teatral que encontra certa dificuldade no entendimento das mais profundas manifestaes de espiritualidade. A prece intercessria, todavia, prossegue espalhando benefcios com os seus valores inalterados. No justo acreditar seja essa orao o incenso bajulatrio a derramar-se na presena de um monarca terrestre a fim de obtermos certos favores. A splica da intercesso dos mais belos atos de fraternidade e constitui a emisso de foras benficas e iluminativas que, partindo do esprito sincero, vo ao objetivo visado por abenoada contribuio de conforto e energia. Isso no acontece, porm, a pretexto de obsquio, mas em conseqncia de leis justas. O homem custa a crer na influenciao das ondas invisveis do pensamento, contudo, o espao que o cerca est cheio de sons que os seus ouvidos materiais no registram; s admite o auxilio tangvel, no entanto, na prpria natureza fsica vem-se rvores venerandas que protegem e conservam ervas e arbustos, a lhes receberem as bnos da vida, sem lhes tocarem jamais as razes e os troncos. No olvides os bens da intercesso. Jesus orou por seus discpulos e seguidores, nas horas supremas.

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18 Provas de fogoE o fogo provar qual seja a obra de cada um. Paulo. (1 Epstola aos Corntios, 3:13.) A indstria mecanizada dos tempos modernos muito se refere s provas de fogo para positivar a resistncia de suas obras e, ponderando o feito, recordemos que o Evangelho, igualmente, se reporta a essas provas, h quase vinte sculos, com respeito s aquisies espirituais. Escrevendo aos Corntios, Paulo imagina os obreiros humanos construindo sobre o nico fundamento, que Jesus-Cristo, organizando cada qual as prprias realizaes, de conformidade com os recursos evolutivos. Cada discpulo, entretanto, deve edificar o trabalho que lhe peculiar, convicto de que os tempos de luta o descobriro aos olhos de todos, para que se efetue reto juzo acerca de sua qualidade. O aperfeioamento do mundo, na feio material, pode fornecer a imagem do que seja a importncia dessas aferies de grande vulto. A Terra permanece cheia de fortunas, posies, valores e inteligncias que no suportam as provas de fogo; mal se aproximam os movimentos purificadores, descem, precipitadamente, os degraus da misria, da runa, da decadncia. No servio do Cristo, tambm justo que o aprendiz aguarde o momento de verificao das prprias possibilidades. O carter, o amor, a f, a pacincia, a esperana representam conquistas para a vida eterna, realizadas pela criatura, com o auxilio santo do Mestre, mas todos os discpulos devem contar com as experincias necessrias que, no instante oportuno, lhe provaro as qualidades espirituais.

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19 Falsas alegaesQue tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altssimo? Peo-te que no me atormentes. (Lucas, 8:28.) O caso do Esprito perturbado que sentiu a aproximao de Jesus, recebendo-lhe a presena com furiosas indagaes, apresenta muitos aspectos dignos de estudo. A circunstncia de suplicar ao Divino Mestre que no o atormentasse requer muita ateno por parte dos discpulos sinceros. Quem poder supor o Cristo capaz de infligir tormentos a quem quer que seja? E, no caso, trata-se de uma entidade ignorante e perversa que, nos ntimos desvarios, muito j padecia por si mesma. A vizinhana do Mestre, contudo, trazia-lhe claridade suficiente para contemplar o martrio da prpria conscincia, atolada num pntano de crimes e defeces tenebrosas. A luz castigava-lhe as trevas interiores e revelava-lhe a nudez dolorosa e digna de comiserao. O quadro muito significativo para quantos fogem das verdades religiosas da vida, categorizando-lhe o contedo conta de amargo elixir de angstia e sofrimento. Esses espritos indiferentes e gozadores costumam afirmar que os servios da f alagam o caminho de lgrimas, enevoando o corao. Tais afirmativas, no entanto, denunciam-nos. Em maior ou menor escala, so companheiros do irmo infeliz que acusava Jesus por ministro de tormentos.

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20 A marchaImporta, porm, caminhar hoje, amanh e no dia seguinte. Jesus. (Lucas, 13:33.) Importa seguir sempre, em busca da edificao espiritual definitiva. Indispensvel caminhar, vencendo obstculos e sombras, transformando todas as dores e dificuldades em degraus de ascenso. Traando o seu programa, referia-se Jesus marcha na direo de Jerusalm, onde o esperava a derradeira glorificao pelo martrio. Podemos aplicar, porm, o ensinamento s nossas experincias incessantes no roteiro da Jerusalm de nossos testemunhos redentores. imprescindvel, todavia, esclarecer a caracterstica dessa jornada para a aquisio dos bens eternos. Acreditam muitos que caminhar invadir as situaes de evidncia no mundo, conquistando posies de destaque transitrio ou trazendo as mais vastas expresses financeiras ao crculo pessoal. Entretanto, no isso. Nesse particular, os chamados homens de rotina talvez detenham maiores probabilidades a seu favor. A personalidade dominante, em situaes efmeras, tem a marcha inada de perigos, de responsabilidades complexas, de ameaas atrozes. A sensao de altura aumenta a sensao de queda. preciso caminhar sempre, mas a jornada compete ao Esprito eterno, no terreno das conquistas interiores.

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Muitas vezes, certas criaturas que se presumem nos mais altos pontos da viagem, para a Sabedoria Divina se encontram apenas paralisadas na contemplao de fogos-ftuos. Que ningum se engane nas estaes de falso repouso. Importa trabalhar, conhecer-se, iluminar-se e atender ao Cristo, diariamente. Para fixarmos semelhante lio em ns, temos nascido na Terra, partilhando-lhe as lutas, gastando-lhe os corpos e nela tornaremos a renascer.

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21 Mar altoE, quando acabou de falar, disse a Simo: Faze-te ao mar alto, e lanai as vossas redes para pescar. (Lucas, 5:4.) Este versculo nos leva a meditar nos companheiros de luta que se sentem abandonados na experincia humana. Inquietante sensao de soledade lhes corta o corao. Choram de saudade, de dor, renovando as amarguras prprias. Acreditam que o destino lhes reservou a taa da infinita amargura. Rememoram, compungidos, os dias da infncia, da juventude, das esperanas crestadas nos conflitos do mundo. No ntimo, experimentam, a cada instante, o vago tropel das reminiscncias que lhes dilatam as impresses de vazio. Entretanto, essas horas amargas pertencem a todas as criaturas mortais. Se algum as no viveu em determinada regio do caminho, espere a sua oportunidade, porquanto, de modo geral, quase todo Esprito se retira da carne, quando os frios sinais de inverno se multiplicam em torno. Em surgindo, pois, a tua poca de dificuldade, convence-te de que chegaram para tua alma os dias de servio em mar alto, o tempo de procurar os valores justos, sem o incentivo de certas iluses da experincia material. Se te encontras sozinho, se te

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sentes ao abandono, lembra-te de que, alm do tmulo, h companheiros que te assistem e esperam carinhosamente. O Pai nunca deixa os filhos desamparados, assim, se te vs presentemente sem laos domsticos, sem amigos certos na paisagem transitria do Planeta, que Jesus te enviou a pleno mar da experincia, a fim de provares tuas conquistas em supremas lies.

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22 InconstantesPorque aquele que duvida semelhante onda do mar, que levada pelo vento e lanada de uma para outra parte. (Tiago, 1:6.) Inegavelmente existe uma dvida cientfica e filosfica no mundo que, alojada em coraes leais, constitui precioso estmulo posse de grandes e elevadas convices; entretanto, Tiago refere-se aqui inconstncia do homem que, procurando receber os benefcios divinos, na esfera das vantagens particularistas, costuma perseguir variadas situaes no terreno da pesquisa intelectual sem qualquer propsito de confiar nos valores substanciais da vida. Quem se preocupa em transpor diversas portas, em movimento simultneo, acaba sem atravessar porta alguma. A leviandade prejudica as criaturas em todos os caminhos, mormente nas posies de trabalho, nas enfermidades do corpo e nas relaes afetivas. Para que algum ajuze com acerto, com respeito a determinada experincia, precisa enumerar quantos anos gastou dentro dela, vivendo-lhe as caractersticas. Necessitamos, acima de tudo, confiar sinceramente na Sabedoria e na Bondade do Altssimo, compreendendo que indispensvel perseverar com algum ou com alguma causa que nos ajude e edifique. Os inconstantes permanecem figurados na onda do mar, absorvida pelo vento e atirada de uma para outra parte.

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Quando servires ou quando aguardares as bnos do Alto, no te deixes conduzir pela inquietude doentia. O Pai dispe de inumerveis instrumentos para administrar o bem e sempre o mesmo Senhor Paternal, atravs de todos eles. A ddiva chegar, mas depende de ti, da maneira de procederes na luta construtiva, persistindo ou no na confiana, sem a qual o Divino Poder encontra obstculos naturais para exprimir-se em teu caminho.

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23 No de todosE para que sejamos livres de homens dissolutos e maus, porque a f no de todos. Paulo. (2 Epstola aos Tessalonicenses, 3:2.) Dirigindo-se aos irmos de Tessalnica, o apstolo dos gentios rogou-lhes concurso em favor dos trabalhos evanglicos, para que o servio do Senhor estivesse isento dos homens maus e dissolutos, justificando apelo com a declarao de que a f no de todos. Atravs das palavras de Paulo, percebe-se-lhe a certeza de que as criaturas perversas se aproximariam dos ncleos de trabalho cristianizante, que a malcia delas poderia causar-lhes prejuzos e que era necessrio mobilizar os recursos do esprito contra semelhante influncia. O grande convertido, em poucas palavras, gravou advertncia de valor infinito, porque, em verdade, a cor religiosa caracterizar a vestimenta exterior de comunidades inteiras, mas a f ser patrimnio somente daqueles que trabalham sem medir sacrifcios, por instal-la no santurio do prprio mundo ntimo. A rotulagem de cristianismo ser exibida por qualquer pessoa; todavia, a f crist revelar-se- pura, incondicional e sublime em raros coraes. Muita gente deseja assenhorear-se dela, como se fora mera letra de cmbio, enquanto que inmeros aprendizes do Evangelho a invocam, precipitados, qual se fora borboleta erradia. Esquecem-se, porm, de que se as necessidades materiais do corpo reclamam esforo pessoal dirio, as necessidades essenciais do esprito nunca sero solucionadas pela expectao inoperante.

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Admitir a verdade, procur-la e acreditar nela so atitudes para todos; contudo, reter a f viva constitui a realizao divina dos que trabalharam, porfiaram e sofreram pela adquirir.

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24 Filhos prdigosE caindo em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai tm abundncia de po, e eu aqui pereo de fome! (Lucas, 15:17.) Examinando-se a figura do filho prdigo, toda gente idealiza um homem rico, dissipando possibilidades materiais nos festins do mundo. O quadro, todavia, deve ser ampliado, abrangendo as modalidades diferentes. Os filhos prdigos no respiram somente onde se encontra o dinheiro em abundncia. Acomodam-se em todos os campos da atividade humana, resvalando de posies diversas. Grandes cientistas da Terra so perdulrios da inteligncia, destilando venenos intelectuais, indignos das concesses de que foram aquinhoados. Artistas preciosos gastam, por vezes, inutilmente, a imaginao e a sensibilidade, atravs de aventuras mesquinhas, caindo, afinal, nos desvos do relaxamento e do crime. Em toda parte vemos os dissipadores de bens, de saber, de tempo, de sade, de oportunidades... So eles que, contemplando os coraes simples e humildes, em marcha para Deus, possudos de verdadeira confiana, experimentam a enorme angstia da inutilidade e, distantes da paz ntima, exclamam desalentados: Quantos trabalhadores pequeninos guardam o po da tranqilidade, enquanto a fome de paz me tortura o esprito!

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O mundo permanece repleto de filhos prdigos e, de hora a hora, milhares de vozes proferem aflitivas exclamaes iguais a esta.

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25 Nas estradasE os que esto junto do caminho so aqueles em quem a palavra semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satans e tira a palavra que neles foi semeada. Jesus. (Marcos, 4:15.) Jesus o nosso caminho permanente para o Divino Amor. Junto dele seguem, esperanosos, todos os espritos de boavontade, aderentes sinceros ao roteiro santificador. Dessa via bendita e eterna procedem as sementes da Luz Celestial para os homens comuns. Faz-se imprescindvel muita observao das criaturas, para que o tesouro no lhes passe despercebido. A semente santificante vir sempre, entre as mais variadas circunstncias. Qual ocorre ao vento generoso que espalha, entre as plantas, os princpios de vida, espontaneamente, a bondade invisvel distribui com todos os coraes a oportunidade de acesso senda do amor. Quase sempre a centelha divina aparece nos acontecimentos vulgares de cada dia, num livro, numa particularidade insignificante do trabalho, na prestimosa observao de um amigo. Se o terreno de teu corao vive ocupado por ervas daninhas e se j recebeste o princpio celeste, cultiva-o, com devotamento, abrigando-o nas leiras de tua alma. O verbo humano pode falhar, mas a Palavra do Senhor imperecvel. Aceita-a e cumpre-a, porque, se te furtas ao imperativo da vida eterna, cedo ou tarde o anjo da angstia te visitar o esprito, indicando-te novos rumos.

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26 Trabalhos imediatosApascentai o rebanho de Deus que est entre vs, tendo cuidado dele, no por fora, mas espontaneamente, segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganncia, mas de nimo pronto. (1 Epstola a Pedro, 5:2.) Naturalmente, na pauta das possibilidades justas, ningum dever negar amparo ou assistncia aos companheiros que acenam de longe com solicitaes razoveis; entretanto, constitui-nos obrigao atender ao ensinamento de Pedro, quanto aos nossos trabalhos imediatos. H criaturas que se entregam gostosamente volpia da inquietao por acontecimentos nefastos, planejados pela mente enfermia dos outros e que, provavelmente, nunca sobreviro. Perdem longo tempo receitando frmulas de ao ou desferindo lamentos inteis. A lavoura alheia e as ocorrncias futuras, para serem examinadas, exigem sempre grandes qualidades de ponderao. Alm do mais, imprescindvel reconhecer que o problema difcil, ao nosso lado ou a distncia de ns, tem a finalidade de enriquecer-nos a experincia prpria, habilitando-nos soluo dos mais intrincados enigmas do caminho. Eis a razo pela qual a nota de Simo Pedro profunda e oportuna, para todos os tempos e situaes. Atendamos aos imperativos do servio divino que se localiza em nossa paisagem individual, no atravs de constrangimento, mas pela boa-vontade espontnea, fugindo cada vez mais aos

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nossos interesses particularistas e de nimo firme e pronto para servir ao bem, tanto quanto nos seja possvel. s vezes, razovel preocupar-se o homem com a situao mundial, com a regenerao das coletividades, com as posies e responsabilidades dos outros, mas no justo esquecermo-nos daquele rebanho de Deus que est entre ns.

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27 Esmagamento do malE o Deus de paz esmagar em breve a Satans debaixo dos vossos ps. Paulo. (Romanos, 16:20.) Em toda parte do Planeta se poder reconhecer a luta sem trguas, entre o bem e o mal. Manifesta-se o grande conflito, sob as mais diversas formas, e, no turbilho de seus movimentos, muitas almas sensveis, de modo invarivel, conservam-se na atitude de invocao aos gnios tutelares para que estes venham arena combater os inimigos que as atordoam, prostrando-os de vez. Solicitar auxlio ou recorrer lei da cooperao representam atos louvveis do Esprito que identifica a prpria fraqueza, contudo, insistir para que outrem nos substitua no esforo, que somente a ns outros cabe despender, demonstra falsa posio, suscetvel de acentuar-nos as necessidades. Satans, representando o poder do mal, na vida humana, ser esmagado por Deus; todavia, Paulo de Tarso define, com bastante clareza, o local da vitria divina. O triunfo supremo verificar-se- sob os ps do homem. Quando a criatura, pela prpria dedicao ao trabalho iluminativo, se entregar ao Pai, sem reservas, efetuando-lhe a vontade sacrossanta, com esquecimento do velho egosmo animal, apreendendo a grandeza de sua posio de esprito eterno, atingir a vitria sublime. O Senhor Todo-Paternal j se entregou aos filhos terrestres, mas raros filhos se entregaram a Ele. Indispensvel, pois, no

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esquecer que o mal no ser eliminado, a esmo, e sim debaixo dos ps de cada um de ns.

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28 E os fins?Mas nem todas as coisas edificam. Paulo. (1 Epstola aos Corntios, 10:23.) Sempre existiram homens indefinveis que, se no fizeram mal a ningum, igualmente no beneficiaram a pessoa alguma. Examinadas nesse mesmo prisma, as coisas do caminho precisam interpretao sensata, para que se no percam na inutilidade. lcito ao homem dedicar-se literatura ou aos negcios honestos do mundo e ningum poder contestar o carter louvvel dos que escolhem conscientemente a linha de ao individual no servio til. Entretanto, ser justo conhecer os fins daquele que escreve ou os propsitos de quem negocia. De que valer ao primeiro a produo de longas obras, cheias de lavores verbais e de arroubos tericos, se as suas palavras permanecem vazias de pensamento construtivo para o plano eterno da alma? em que aproveitar ao comerciante a fortuna imensa, conquistada atravs da operosidade e do clculo, quando vive estagnada nos cofres, aguardando os desvarios dos descendentes? Em ambas as situaes, no se poderia dizer que tais homens cogitavam de realizaes ilcitas; todavia, perderam tempo precioso, esquecendo que as menores coisas trazem finalidade edificante. O trabalhador cnscio das responsabilidades que lhe competem no se desvia dos caminhos retos. H muita aflio e amargura nas oficinas do aperfeioamento terrestre, porque os seus servidores cuidam, antes de tudo, dos ganhos de ordem material, olvidando os fins a que se destinam.

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Enquanto isso ocorre, intensificam-se projetos e experimentos, mas falta sempre a edificao justa e necessria.

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29 A vinhaE disse-lhes: Ide vs tambm para a vinha e dar-vosei o que for justo. E eles foram. (Mateus, 20:4.) Ningum poder pensar numa Terra cheia de beleza e possibilidades, mas vogando ao lu na imensidade universal. O Planeta no um barco desgovernado. As coletividades humanas costumam cair em desordem, mas as leis que presidem aos destinos da Casa Terrestre se expressam com absoluta harmonia. Essa verificao nos ajuda a compreender que a Terra a vinha de Jesus. A, vemo-lo trabalhando desde a aurora dos sculos e a assistimos transformao das criaturas, que, de experincia a experincia, se lhe integram no divino amor. A formosa parbola dos servidores envolve conceitos profundos. Em essncia, designa o local dos servios humanos e referese ao volume de obrigaes que os aprendizes receberam do Mestre Divino. Por enquanto, os homens guardam a iluso de que o orbe pode ser o tablado de hegemonias raciais ou polticas, mas percebero em tempo o clamoroso engano, porque todos os filhos da razo, corporificados na Crosta da Terra, trazem consigo a tarefa de contribuir para que se efetue um padro de vida mais elevado no recanto em que agem transitoriamente. Onde quer que estejas, recorda que te encontras na Vinha do Cristo. Vives sitiado pela dificuldade e pelo infortnio? Trabalha para o bem geral, mesmo assim, porque o Senhor concedeu a cada cooperador o material conveniente e justo.

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30 ConvenesE disse-lhes: O sbado foi feito por causa do homem, e no o homem por causa do sbado. (Marcos, 2:27.) O sbado, nesta passagem evanglica, simboliza as convenes organizadas para o servio humano. H criaturas que por elas sacrificam todas as possibilidades de elevao espiritual. Quais certos encarregados dos servios pblicos que adiam indefinidamente determinadas providncias de interesse coletivo, em virtude da ausncia de um selo minsculo, pessoas existem que, por bagatelas, abandonam grandes oportunidades de unio com a esfera superior. Ningum ignora o lado til das convenes. Se fossem totalmente imprestveis, o Pai no lhes permitiria a existncia no jogo das circunstncias. So tabelas para a classificao dos esforos de cada um, tbuas que designam o tempo adequado a esse ou quele mister; todavia, transform-las em preceito inexpugnvel ou em obstculo intransponvel, constitui grave dano tranqilidade comum. A maioria das pessoas atende-as, antes da prpria obedincia a Deus; entretanto, o Altssimo disps todas as organizaes da vida para que ajudem a evoluo e o aprimoramento dos filhos. O prprio Planeta foi edificado por causa do homem. Se o Criador foi a esse extremo de solicitude em favor das criaturas, por que deixarmos de satisfazer-lhe os divinos desgnios, prendendo-nos s preocupaes inferiores da atividade terrestre?

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As convenes definem, catalogam, especificam e enumeram, mas no devem tiranizar a existncia. Lembra-te de que foram dispostas no caminho a fim de te servirem. Respeita-as, na feio justa e construtiva; contudo, no as convertas em crcere.

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31 Com caridadeTodas as vossas coisas sejam feitas com caridade. Paulo. (1 Epstola aos Corntios, 16:14.) Ainda existe muita gente que no entende outra caridade, alm daquela que se veste de trajes humildes aos sbados ou domingos para repartir algum po com os desfavorecidos da sorte, que aguarda calamidades pblicas para manifestar-se ou que lana apelos comovedores nos cartazes da imprensa. No podemos discutir as intenes louvveis desse ou daquele grupo de pessoas; contudo, cabe-nos reconhecer que o dom sublime de sublime extenso. Paulo indica que a caridade, expressando amor cristo, deve abranger todas as manifestaes de nossa vida. Estender a mo e distribuir reconforto iniciar a execuo da virtude excelsa. Todas as potncias do esprito, no entanto, devem ajustar-se ao preceito divino, porque h caridade em falar e ouvir, impedir e favorecer, esquecer e recordar. Tempo vir em que a boca, os ouvidos e os ps sero aliados das mos fraternas nos servios do bem supremo. Cada pessoa, como cada coisa, necessita da contribuio da bondade, de modo particular. Homens que dirigem ou que obedecem reclamam-lhe o concurso santo, a fim de que sejam esclarecidos no departamento da Casa de Deus, em que se encontram. Sem amor sublimado, haver sempre obscuridade, gerando complicaes. Desempenha tuas mnimas tarefas com caridade, desde agora. Se no encontras retribuio espiritual, no domnio do entendi-

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mento, em sentido imediato, sabes que o Pai acompanha todos os filhos devotadamente. H pedras e espinheiros? Fixa-te em Jesus e passa.

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32 CadveresPois onde estiver o cadver, ai se ajuntaro as guias. (Mateus, 24:28.) Apresentando a imagem do cadver e das guias, referia-se o Mestre necessidade dos homens penitentes, que precisam recursos de combate extino das sombras em que se mergulham. No se elimina o pntano, atirando-lhe flores. Os corpos apodrecidos no campo atraem corvos que os devoram. Essa figura, de alta significao simbolgica, dos mais fortes apelos do Senhor, conclamando os servidores do Evangelho aos movimentos do trabalho santificante. Em vrios crculos do Cristianismo renascente surgem os que se queixam, desalentados, da ao de perseguidores, obsessores e verdugos visveis e invisveis. Alguns aprendizes se declaram atados influncia deles e confessam-se incapazes de atender aos desgnios de Jesus. Conviria, porm, muita ponderao, antes de afirmativas desse jaez, que apenas acusam os prprios autores. imprescindvel lembrar sempre que as aves impiedosas se ajuntaro em torno de cadveres ao abandono. Os corvos se aninham noutras regies, quando se alimpa o campo em que permaneciam. Um homem que se afirma invariavelmente infeliz fornece a impresso de que respira num sepulcro; todavia, quando procura

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renovar o prprio caminho, as aves escuras da tristeza negativa se afastam para mais longe. Luta contra os cadveres de qualquer natureza que se abriguem em teu mundo interior. Deixa que o divino sol da espiritualidade te penetre, pois, enquanto fores atade de coisas mortas, sers seguido, de perto, pelas guias da destruio.

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33 Trabalhemos tambmE dizendo: Vares, por que fazeis essas coisas? Ns tambm somos homens como vs, sujeitos s mesmas paixes. (Atos, 14:15.) O grito de Paulo e Barnab ainda repercute entre os aprendizes fiis. A famlia crist muita vez h desejado perpetuar a iluso dos habitantes de Listra. Os missionrios da Revelao no possuem privilgios ante o esprito de testemunho pessoal no servio. As realizaes que poderamos apontar por graa ou prerrogativa especial, nada mais exprimem seno o profundo esforo deles mesmos, no sentido de aprender e aplicar com Jesus. O Cristo no fundou com a sua doutrina um sistema de deuses e devotos, separados entre si; criou vigoroso organismo de transformao espiritual para o bem supremo, destinado a todos os coraes sedentos de luz, amor e verdade. No Evangelho, vemos Madalena arrastando dolorosos enganos, Paulo perseguindo ideais salvadores, Pedro negando o Divino Amigo, Marcos em luta com as prprias hesitaes; entretanto, ainda a, contemplamos a filha de Magdala, renovada no caminho redentor, o grande perseguidor convertido em arauto da Boa Nova, o discpulo frgil conduzido glria espiritual e o companheiro vacilante transformado em evangelista da Humanidade inteira. O Cristianismo fonte bendita de restaurao da alma para Deus.

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O mal de muitos aprendizes procede da idolatria a que se entregam, em derredor dos valorosos expoentes da f viva, que aceitam no sacrifcio a verdadeira frmula de elevao; imaginam-nos em tronos de fantasia e rojam-se-lhes aos ps, sentindose confundidos, inaptos e miserveis, esquecendo que o Pai concede a todos os filhos as energias necessrias vitria. Naturalmente, todos devemos amor e respeito aos grandes vultos do caminho cristo; todavia, por isto mesmo, no podemos olvidar que Paulo e Pedro, como tantos outros, saram das fraquezas humanas para os dons celestiais e que o Planeta Terreno uma escola de iluminao, poder e triunfo, sempre que buscamos entender-lhe a grandiosa misso.

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34 Lugar desertoE ele lhes disse: Vinde vs aqui, parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. (Marcos, 6:31.) A exortao de Jesus aos companheiros reveste-se de singular importncia para os discpulos do Evangelho em todos os tempos. Indispensvel se torna aprender o caminho do lugar parte em que o Mestre aguarda os aprendizes para o repouso construtivo em seu amor. No precioso smbolo, temos o santurio ntimo do corao sequioso de luz divina. De modo algum se referia o Senhor to-somente soledade dos stios que favorecem a meditao, onde sempre encontramos sugestes vivas da natureza humana. Reportava-se cmara silenciosa, situada dentro de ns mesmos. Alm disso, no podemos esquecer que o Esprito sedento de unio divina, desde o momento em que se imerge nas correntes do idealismo superior, passa a sentir-se desajustado, em profundo insulamento no mundo, embora servindo-o, diariamente, consoante os indefectveis desgnios do Alto. No templo secreto da alma, o Cristo espera por ns, a fim de revigorar-nos as foras exaustas. Os homens iniciaram a procura do lugar deserto, recolhendo-se aos mosteiros ou s paisagens agrestes; todavia, o ensinamento do Salvador no se fixa no mundo externo. Prepara-te para servir ao Reino Divino, na cidade ou no campo, em qualquer estao, e no procures descanso impensadamente, convicto de que, muita vez, a imobilidade do corpo tortura da

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alma. Antes de tudo, busca descobrir, em ti mesmo, o lugar parte onde repousars em companhia do Mestre.

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35 O Cristo operantePorque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circunciso, esse operou tambm em mim com eficcia para com os gentios. Paulo. (Glatas, 2:8.) A vaidade humana sempre guardou a pretenso de manter o Cristo nos crculos do sectarismo religioso, mas Jesus prossegue operando em toda parte onde medre o princpio do bem. Dentro de todas as linhas de evoluo terrestre, entre santurios e academias, movimentam-se os adventcios inquietos, os falsos crentes e os fanticos infelizes que acendem a fogueira da opinio e sustentam-na. Entre eles, todavia, surgem os homens da f viva, que se convertem nos sagrados veculos do Cristo operante. Simo Pedro centralizou todos os trabalhos do Evangelho nascente, reajustando aspiraes do povo escolhido. Paulo de Tarso foi poderoso m para a renovao da gentilidade. Atravs de ambos expressava-se o mesmo Mestre, com um s objetivo o aperfeioamento do homem para o Reino Divino. tempo de reconhecer-se a luz dessas eternas verdades. Jesus permanece trabalhando e sua bondade infinita se revela em todos os setores em que o amor esteja erguido conta de supremo ideal. Ningum se prenda ao domnio das queixas injustas, encarando os discpulos sinceros e devotados por detentores de privilgios divinos. Cada aprendiz se esforce por criar no corao a

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atmosfera propcia s manifestaes do Senhor e de seus emissrios. Trabalha, estuda, serve e ajuda sempre, em busca das esferas superiores, e sentirs o Cristo operante ao teu lado, nas relaes de cada dia.

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36 At o fimMas aquele que perseverar at ao fim ser salvo. Jesus. (Mateus, 24:13.) Aqui no vemos Jesus referir-se a um fim que simbolize trmino e, sim, finalidade, ao alvo, ao objetivo. O Evangelho ser pregado aos povos para que as criaturas compreendam e alcancem os fins superiores da vida. Eis por que apenas conseguem quebrar o casulo da condio de animalidade aqueles Espritos encarnados que sabem perseverar. Quando o Mestre louvou a persistncia, evidenciava a tarefa rdua dos que procuram as excelncias do caminho espiritual. necessrio apagar as falsas noes de favores gratuitos da Divindade. Ningum se furtar, impune, percentagem de esforo que lhe cabe na obra de aperfeioamento prprio. As portas do Cu permanecem abertas. Nunca foram cerradas. Todavia, para que o homem se eleve at l, precisa asas de amor e sabedoria. Para isto, concede o Supremo Senhor extensa cpia do material de misericrdia a todas as criaturas, conferindo, entretanto, a cada um o dever de talh-las. Semelhante tarefa, porm, demanda enorme esforo. A fim de conclu-la, recruta-se a contribuio dos dias e das existncias. Muita gente se desanima e prefere estacionar, sculos a fio, nos labirintos da inferioridade; todavia, os bons trabalhadores sabem perseverar, at atingirem as finalidades divinas do caminho terrestre, continuando em trajetria sublime para a perfeio.

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37 Seria intilRespondeu-lhes: J vo-lo disse e no ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? (Joo, 9:27.) muito freqente a preocupao de muitos religiosos, no sentido de transformarem os amigos compulsoriamente, conclamando-os s suas convices particularistas. Quase sempre se empenham em longas e fastidiosas discusses, em contnuos jogos de palavras, sem uma realizao sadia ou edificante. O corao sinceramente renovado na f, entretanto, jamais procede assim. indispensvel diluir o prurido de superioridade que infesta o sentimento de grande parte dos aprendizes, to logo se deixam conduzir a novos portos de conhecimento, nas revelaes gradativas da sabedoria divina, porque os discutidores de ms inclinaes se incumbem de interceptar-lhes a marcha. A resposta do cego de nascena aos judeus argutos e inquiridores padro ativo para os discpulos sinceros. Lgico que o seguidor de Jesus no negar um esclarecimento acerca do Mestre, mas se j explicou o assunto, se j tentou beneficiar o irmo mais prximo com os valores que o felicitam, sem atingir o alheio entendimento, para que discutir? Se um homem ouviu a verdade e no a compreendeu, fornece evidentes sinais de paralisia espiritual. Ser-lhe- intil, portanto, escutar repeties imediatas, porque ningum enganar o tempo, e o sbio que desafiasse o ignorante rebaixar-se-ia ao ttulo de insensato. No percas, pois, as tuas horas atravs de elucidaes minuciosas e repetidas para quem no as pode entender, antes que lhe

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sobrevenham no caminho o sol e a chuva, o fogo e a gua da experincia. Tens mil recursos de trabalhar em favor de teu amigo, sem provoc-lo ao teu modo de ser e tua f.

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38 Conta particularAh! se tu conhecesses tambm, ao menos neste teu dia, o que tua paz pertence! Jesus. (Lucas, 19:42.) A exclamao de Jesus, junto de Jerusalm, aplica-se muito mais ao corao do homem templo vivo do Senhor que cidade de ordem material, destinada runa e desagregao nos setores da experincia. Imaginemos o que seria o mundo, se cada criatura conhecesse o que lhe pertence paz ntima. Em virtude da quase geral desateno a esse imperativo da vida, que os homens se empenham em dolorosos atritos, assumindo escabrosos dbitos. Atentemos para a assertiva do Mestre ao menos neste teu dia. Estas palavras convidam-nos a pensar na oportunidade de servio de que dispomos presentemente e a refletir nos sculos que perdemos; compelem-nos a meditar quanto ao ensejo de trabalho, sempre aberto aos espritos diligentes. O homem encarnado dispe dum tempo glorioso que provisoriamente dele, que lhe foi proporcionado pelo Altssimo em favor de sua prpria renovao. Necessrio que cada um conhea o que lhe toca tranqilidade individual. Guarde cada homem digna atitude de compreenso dos deveres prprios e os fantasmas da inquietude estaro afastados. Cuide cada pessoa do que se lhe refira conta particular e dois teros dos problemas sociais do mundo surgiro naturalmente resolvidos.

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Repara as pequeninas exigncias de teu crculo e atende-as, em favor de ti mesmo. No caminhars entre as estrelas, antes de trilhares as sendas humildes que te competem.

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39 Convite ao bemMas, quando fores convidado, vai. Jesus. (Lucas, 14:10.) Em todas as pocas, o bem constitui a fonte divina, suscetvel de fornecer-nos valores imortais. O homem de reflexo ter observado que todo o perodo infantil conjunto de apelos ao sublime manancial. O convite sagrado repetido, anos a fio. Vem atravs dos amorosos pais humanos, dos mentores escolares, da leitura salutar, do sentimento religioso, dos amigos comuns. Entretanto, raras inteligncias atingem a juventude, de ateno fixa no chamamento elevado. Quase toda gente ouve as requisies da natureza inferior, olvidando deveres preciosos. Os apelos, todavia, continuam... Aqui, um livro amigo, revelando a verdade em silncio; ali, um companheiro generoso que insiste em favor das realidades luminosas da vida... A rebeldia, porm, ainda mesmo em plena madureza do homem, costuma rir inconscientemente, passando, todavia, em marcha compulsria, na direo dos desencantos naturais, que lhe impem mais equilibrados pensamentos. No Evangelho de Jesus, o convite ao bem reveste-se de claridades eternas. Atendendo-o, poderemos seguir ao encontro de Nosso Pai, sem hesitaes.

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Se o clarim cristo j te alcanou os ouvidos, aceita-lhe as clarinadas sem vacilar. No esperes pelo aguilho da necessidade. Sob a tormenta, cada vez mais difcil a viso do porto. A maioria dos nossos irmos na Terra caminha para Deus, sob o ultimato das dores, mas no aguardes pelo aoite de sombras, quando podes seguir, calmamente, pelas estradas claras do amor.

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40 Em preparaoDiz o Senhor: Porei as minhas leis no seu entendimento e em seu corao as escreverei; e eu lhes serei por Deus e eles me sero por povo. Paulo. (Hebreus, 8:10.) Traduziremos o Evangelho Em todas as lnguas, Em todas as culturas, Exaltando-lhe a grandeza, Destacando-lhe a sublimidade, Semeando-lhe a poesia, Comentando-lhe a verdade, Interpretando-lhe as lies, Impondo-nos ao raciocnio, Aprimorando o corao E reformando a inteligncia, Renovando leis, Aperfeioando costumes E aclarando caminhos... Mas, vir o momento Em que a Boa Nova deve ser impressa, em ns mesmos, Nos refolhos da mente, Nos recessos do peito, Atravs das palavras e das aes.

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Dos princpios e ideais, Das aspiraes e das esperanas, Dos gestos e pensamentos. Porque, em verdade, Se o Cu nos permite espalhar-lhe a Divina Mensagem no mundo, Um dia, exigir nos convertamos Em tradues vivas do Evangelho na Terra.

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41 No futuroE no mais ensinar cada um a seu prximo, nem cada um a seu irmo, dizendo: Conhece o Senhor! porque todos me conhecero, desde o menor deles at ao maior. Paulo. (Hebreus, 8:11.) Quando o homem gravar na prpria alma Os pargrafos luminosos da Divina Lei, O companheiro no repreender o companheiro, O irmo no denunciar outro irmo. O crcere cerrar suas portas, Os tribunais quedaro em silncio. Canhes sero convertidos em arados, Homens de armas volvero sementeira do solo. O dio ser expulso do mundo, As baionetas repousaro, As mquinas no vomitaro chamas para o incndio e para a morte, Mas cuidaro pacificamente do progresso planetrio. A justia ser ultrapassada pelo amor. Os filhos da f no somente sero justos, Mas bons, profundamente bons. A prece constituir-se- de alegria e louvor E as casas de orao estaro consagradas ao trabalho sublime da fraternidade suprema.

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A pregao da Lei Viver nos atos e pensamentos de todos, Porque o Cordeiro de Deus Ter transformado o corao de cada homem Em tabernculo de luz eterna, Em que o seu Reino Divino Resplandecer para sempre.

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42 Sempre vivosOra, Deus no de mortos, mas, sim, de vivos. Por isso, vs errais muito. Jesus. (Marcos, 12:27.) Considerando as convenes estabelecidas em nosso trato com os amigos encarnados, de quando em quando nos referimos vida espiritual utilizando a palavra morte nessa ou naquela sentena de conversao usual. No entanto, imprescindvel entend-la, no por cessao e sim por atividade transformadora da vida. Espiritualmente falando, apenas conhecemos um gnero temvel de morte a da conscincia denegrida no mal, torturada de remorso ou paraltica nos despenhadeiros que marginam a estrada da insensatez e do crime. chegada a poca de reconhecermos que todos somos vivos na Criao Eterna. Em virtude de tardar semelhante conhecimento nos homens, que se verificam grandes erros. Em razo disso, a Igreja Catlica Romana criou, em sua teologia, um cu e um inferno artificiais; diversas coletividades das organizaes evanglicas protestantes apegam-se letra, crentes de que o corpo, vestimenta material do Esprito, ressurgir um dia dos sepulcros, violando os princpios da Natureza, e inmeros espiritistas nos tm como fantasmas de laboratrio ou formas esvoaantes, vagas e areas, errando indefinidamente. Quem passa pela sepultura prossegue trabalhando e, aqui, quanto a, s existe desordem para o desordeiro. Na Crosta da Terra ou alm de seus crculos, permanecemos vivos invariavelmente.

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No te esqueas, pois, de que os desencarnados no so magos, nem adivinhos. So irmos que continuam na luta de aprimoramento. Encontramos a morte to-somente nos caminhos do mal, onde as sombras impedem a viso gloriosa da vida. Guardemos a lio do Evangelho e jamais esqueamos que Nosso Pai Deus dos vivos imortais.

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43 Boas maneirasE assenta-te no ltimo lugar. Jesus. (Lucas, 14:10.) O Mestre, nesta passagem, proporciona inolvidvel ensinamento de boas maneiras. Certo, a sentena revela contedo altamente simblico, relativamente ao banquete paternal da Bondade Divina; todavia, convm deslocarmos o conceito a fim de aplic-lo igualmente ao mecanismo da vida comum. A recomendao do Salvador presta-se a todas as situaes em que nos vejamos convocados a examinar algo de novo, junto aos semelhantes. Algum que penetre uma casa ou participe de uma reunio pela primeira vez, timbrando demonstrar que tudo sabe ou que superior ao ambiente em que se encontra, torna-se intolervel aos circunstantes. Ainda que se trate de agrupamento enganado em suas finalidades ou intenes, no razovel que o homem esclarecido, a ingressando pela vez primeira, se faa doutrinador austero e exigente, porquanto, para a tarefa de retificar ou reconduzir almas, indispensvel que o trabalhador fiel ao bem inicie o esforo, indo ao encontro dos coraes pelos laos da fraternidade legtima. Somente assim, conseguir alijar a imperfeio eficazmente, eliminando uma parcela de sombra, cada dia, atravs do servio constante. Sabemos que Jesus foi o grande reformador do mundo, entretanto, corrigindo e amando,