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Espíritos que nos salvam

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Desde criança, Christian já possuía o poder da mediunidade, mas decidiu não educar e exercer esse dom. Aos 26 anos, ocupando um cargo importante de uma grande empresa em San Diego – Estados Unidos, ele parecia ter se “livrado” dessas questões de infância. Nada neste mundo poderia impedi-lo de realizar o obstinado desejo em assumir a presidência de uma grande companhia americana. No entanto, esse projeto de vida sofre ameaças diante de uma série de acontecimentos que irão marcá-lo para sempre: as estranhas visões de uma garota de séculos passados, crise no casamento, um amigo conselheiro e misterioso, e uma filha com visões espirituais. Uma missão especial será revelada a Christian no decorrer dessa imprevisível história. O primeiro livro da série, recheada de fatos marcantes, revela espíritos reencarnados que vieram a este mundo para salvar almas e recuperar importantes laços de vidas passadas. Um convite à mensagens de renúncia, amor e perdão.

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Alberto Bezerra de Melo

São Paulo, 2014

TALENTOS DA LITERATURA BRASILEIRA

Espíritos que nos salvam

Filhos

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Copyright © 2014 by Alberto Bezerra de Melo

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográficoda Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no- 54, de 1995)

Melo, Alberto Bezerra de.Espíritos que nos salvam / Alberto Bezerra de Melo – 1a- ed. – Barueri, SP : Novo Século Editora, 2014 – (Talentos da Literatura Brasileira).

1. Ficção brasileira I. Título. II. Série.

14-07390 cdd-869.93

Índices para catálogo sistemático:1. Ficção : Literatura brasileira 869.93

2014IMPRESSO NO BRASIL

PRINTED IN BRAZILDIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO

À NOVO SÉCULO EDITORA LTDA.CEA – Centro Empresarial Araguaia II

Alameda Araguaia, 2190 – 11o- andarBloco A – Conjunto 1111

CEP 06455-000 – Alphaville Industrial – SPTel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 3699-7323

www.novoseculo.com.br

Coordenação Editorial Nair Ferraz Diagramação Edivane Andrade de Matos/Efanet Design Capa Monalisa Morato Revisão Carlos Hallberg Cristiane Toledo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

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Dedico esta obra a todas as pessoas que vieram a este mundo com uma missão

especial para salvar os seus semelhantes. Ofereço especialmente à minha esposa Mitzihellen,

aos meus filhos, netos, sogra (Rita), irmãos e amigos.

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“A evolução é a lei da vida, o número é a lei do Universo, a unidade é a lei de Deus.”

(Pitágoras)

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Capítulo 1

Christian Baroni dirigia o seu BMW pelas ruas de San Diego, na Califórnia, em uma noite fria. O céu coalhado de nuvens

cobria o brilho das estrelas. Uma pequena quantidade de chuva tamborilava, acompanhada por um vento que batia contra as ja-nelas de seu carro.

Por volta das oito horas da noite, ele estacionou em frente a sua residência, no balneário de La Jolla. A casa, totalmente branca, tinha paredes com uso extensivo de vidro, conferindo um eleva-do padrão estético aos três andares. A maior parte da fachada era constituída de vidro, com a sua face voltada para o mar, propor-cionando uma vista panorâmica deslumbrante.

Como de costume e por questão de segurança, antes de acio-nar o controle de abertura do portão, Christian olhou para todos os lados, verificando se havia alguém ao redor. De dentro do carro, acionou um sistema eletrônico que abria automaticamente a gara-gem e acionava as luminárias multicoloridas que, além de refletir, combinavam com cada ponto da estrutura da mansão. A intensa claridade proporcionava em toda sua extensão a visão da beleza da arquitetura. Por um instante, apenas a luminária da varanda do último andar começou a piscar com espaços intercalados.

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Ele retirou as mãos do volante e inclinou a cabeça para ver o que estava acontecendo. Ficou perplexo ao ver uma menina sor-rindo e acenando, sentada perigosamente no alambrado da va-randa. Ela era clara, magra, com cabelos negros e cacheados que lhe caiam pelo ombro, aparentando uns oito anos de idade. Não conseguiu reconhecê-la de imediato. Ora, talvez seja filha de ami-gos que estejam visitando a minha esposa, pensou. Mas o que ele estranhou foi o fato de a garota estar vestida com uma roupa fora dos padrões atuais, possivelmente de alguns séculos passados. Não podia perder tempo. Saiu do carro de imediato para alertá-la de que ela corria risco de morte naquela posição delicada em que se encontrava.

Quando se posicionou para falar com a garota, tomou um susto ao olhar para a parte superior da mansão. O frio percor-reu-lhe o estômago: ela havia desaparecido de forma instantânea diante de seus olhos. Aquela era a visão mais estranha que tinha acontecido em sua vida. Ao contrário de seus pais que eram espí-ritas, Christian não acreditava em mediunidade, na capacidade de comunicação entre homens e espíritos. Para ele, aquilo que acabara de presenciar ‒ uma menina desaparecer sem mais nem menos diante de seus olhos ‒ não podia ser mediunidade ou coisa pare-cida, apenas fruto de sua imaginação, influenciada pelo cansaço do longo dia de trabalho. Mas algo o incomodava, jamais tinha vivenciado tal experiência.

Em um deteminado momento, os pensamentos o levaram ao seu passado. Ele se lembrou de que, quando criança, recebera uma grande carga de influência de seus pais, irmãos, parentes e amigos, para que acreditasse na reencarnação e na mediunidade. Não era por menos: Uberaba, a sua cidade natal e onde passara toda a sua infância, localizada no interior de Minas Gerais, a 477 quilôme-tros de Belo Horizonte, é conhecida como a capital mundial do espiritismo, um legado deixado pelo famoso médium Francisco de Paula Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier, que viveu

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por lá de 1959 até a sua morte, em junho de 2002. Apesar de todas essas influências, ele frustrou as expectativas de todos por não ter abraçado o espiritismo.

Ao completar doze anos, Christian foi obrigado a morar nos Estados Unidos. Na época, o seu pai havia lhe dito que, em razão de comunicações espíritas, ele deveria ir a San Diego para cum-prir uma missão especial. Seu pai não a revelou para ninguém, nem mesmo para o filho. Para não contrariá-lo, ele resolveu ficar naquele país, mesmo a contragosto. Por alguns segundos questio-nou-se: Será que o surgimento dessa menina tem alguma coisa a ver com a missão que o meu pai havia falado? Ora, deixe pra lá, estou delirando, eu não acredito mesmo nessas coisas.

Christian retornou ao carro, balançando a cabeça, como que para afugentar o recente episódio, que considerou uma bobagem, uma ilusão de sua mente. Depois de estacionar o carro, entrou por uma porta que fazia conexão entre a garagem e o primeiro andar, onde havia inúmeros móveis de estilo moderno. As paredes conta-vam com um prático sistema de envidraçamento, em que as portas de correr se escondiam uma atrás da outra, tendo como pano de fundo a vista para o oceano. Com o paletó pendurado sobre o om-bro, apertou o sistema de segurança fixado na parede que permitia o fechamento automático de todos os acessos da mansão.

Deu alguns passos em direção à sala de jantar. Enquanto de-satava o nó da gravata, seus olhos castanhos, taciturnos, avistaram a grande mesa no centro da sala de jantar, decorada com algumas velas que iluminavam com elegância o ambiente.

Depois de algumas voltas pela sala, com um breve sorriso, chegou à conclusão de que aquilo só podia ser produção de sua es-posa. Imaginou que aquela surpresa viria acompanhada de alguma comemoração. Enquanto tentava imaginar e controlar a curiosi- dade, algumas luzes se apagaram, a penumbra favoreceu um am-biente silencioso e romântico.

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Em poucos segundos, descia pela escada a bela mulher de Christian. Magra, branca, 26 anos, Jessica tinha o rosto moldado. Ela era detentora de uma mistura entre simplicidade e elegância. O seu cabelo louro e longo acomodava-se nas costas, dentro de uma perfeita harmonia com a estatura de 1,70 m. O vestido de cor piscina que trajava nessa noite combinava com os seus olhos azuis.

Christian ergueu os olhos em direção à esposa, fazendo o mais amável acolhimento. Aproximou-se com um gesto afetuoso. Passou-lhe o braço por cima do ombro, apertando-a ao seu peito.

‒ Que recepção maravilhosa! Alguma data especial que eu não esteja sabendo? ‒ perguntou ele, beijando-a com fervor.

‒ É uma surpresa maravilhosa.Jessica passou o braço pela cintura de seu marido, convidan-

do-o para sentar. Christian, com espírito cavalheiro, puxou a ca-deira para que ela pudesse se acomodar. Ele não tirava os olhos da esposa.

‒ E agora, posso saber que surpresa é essa?‒ Você é muito curioso.‒ Claro, fico mais ainda quando vejo todos esses prepara-

tivos.‒ Então vamos brindar. Jessica pegou uma taça, fazendo um gesto para que ele abrisse

a garrafa de vinho. Seus olhos sedutores transmitiam uma expres-são de alegria.

‒ Você está me deixando ansioso.Ele colocou uma pequena quantidade de vinho em cada uma

das taças. ‒ Meu amor, estou tão feliz, por isso eu planejei tudo isso.

Estou pronta para ser mãe! Christian empalideu. Os seus olhos luziam com ardor febril,

os músculos faciais se contraíram.‒ Você está grávida!

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‒ Ainda não, mas a partir de hoje à noite poderei ficar. Já está na hora de ter um filho com você. E vamos aproveitar que estou no período fértil.

‒ Eu não quero que você tenha filho!Ele se levantou com movimentos rápidos e tensos. Jessica

esperava uma reação calorosa dele, jamais ouvir aquelas palavras ríspidas. Os seus lábios finos e delicados tremiam com uma respi-ração sufocada.

‒ Por quê?‒ Não é o momento. Você sabe que eu não terei tempo para

dar atenção a nenhum filho. Ocupo um cargo importante na em-presa, meus negócios precisam de mim, tenho que participar de almoços e jantares com empresários.

Ela também se levantou, olhando com surpresa a reação de seu marido. Os seus ombros agitaram-se com um tremor nervoso. Por alguns segundos, quis revidar a estupidez, mas resolveu apro-ximar-se dele para demonstrar que tinha a emoção sob controle.

‒ Oh, meu amor, eu compreendo. Pode deixar, dou meu jeito de cuidar dele.

‒ Não! Já disse que não!Ele pegou nos braços dela com grosseria. Jessica olhou de

forma triste para ele, o coração palpitando de forma brusca, lágri-mas rolando pelo seu rosto avermelhado.

‒ Desculpe, mas você já sabe a minha opinião, não insista. Ele soltou lentamente os braços de sua esposa. ‒ Isso é questão de tempo, quem sabe daqui a dois anos a

gente possa ter um filho, mas por enquanto não ‒ complemen-tou Christian.

‒ Gostaria de ter um filho com a pessoa que amo. Será que você não compreende?

‒ Eu sei disso, apenas peço que aguarde mais um pouco. O nosso filho tem que vir de forma planejada.

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‒ Poxa, eu preparei todo esse jantar pensando que você iria gostar.

‒ Não se preocupe, teremos jantares especiais pela frente. Mas, no momento, está descartada a ideia de termos um filho.

‒ Tudo bem ‒ ela inspirou de forma profunda. ‒ Tenho que me controlar, vou precisar de paciência para aguardar esses dolo-rosos dois anos.

‒ Não fale assim, dois anos passam rápido.‒ Não pra mim. Aliás, já estamos casados há dois. Todo casal

quer ter um filho.‒ Já disse que eu não quero, pelo menos agora não.‒ Ok, desculpe, não sabia que você ficaria assim tão irritado.‒ Eu que peço desculpas, estraguei tudo.Jessica baixou a cabeça e caminhou em direção à escada,

com o rosto banhado de lágrimas. Christian olhou para ela com ar de arrependimento. Percebeu que a sua estupidez tinha estra-gado uma noite que poderia ser inesquecível para os dois. Pensou em acompanhá-la até o quarto, acariciá-la e pedir-lhe perdão pelo excesso cometido. Ficou estático por alguns segundos, com uma sensação de choro a dominá-lo. Chegou à conclusão de que a sua esposa não o merecia, com certeza, naqueles últimos minutos ele fora o homem mais cruel de todos os tempos: um mesquinho, um egoísta.

Christian olhou para todos os cantos da sala, na tentativa de encontrar algum refúgio para a sua tristeza. Preferiu a biblioteca, um lugar que utilizava para as suas costumeiras reflexões, estudos e planejamento de atividades profissionais. Ao abrir a porta, as lu-zes foram ligadas de maneira automática, iluminando o ambiente espaçoso, repleto de prateleiras, com um grande acervo de livros clássicos e modernos.

Avançou em passos lentos, os olhos sem rumo, seus pensa-mentos longe daquele suntuoso espaço cultural. A única lembrança

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que veio à mente foram aquelas cenas de estupidez com a sua es-posa. Sabia que nada justificava tal atitude. Mesmo sendo jovem aos 28 anos, não podia mais se comportar como criança. Estava casado, tinha um bom emprego, uma responsabilidade no cargo de diretor de vendas de uma grande fábrica de San Diego e o mais importante: tinha uma esposa carinhosa, fina e educada, que não merecia ser alvo de atrocidades como aquelas que ele havia praticado.

Christian aproximou-se da escrivaninha elegante de mogno, com relevos de bronze dourado a fogo. Predominava um silêncio indescritível. Quando começou a manusear alguns papéis, ouviu atrás de si um barulho. Virou-se e, para sua surpresa, viu uma me-nina agachada apanhando um livro que havia caído no chão. Ela se levantou com um semblante triste, algumas gotas de lágrimas corriam por seu rosto. Após dirigir a ele um olhar melancólico, correu em disparada, passando pela porta entreaberta da biblio-teca. Perplexo, Christian sentiu um frio na barriga, com a cabeça cheia de questionamentos. Era a mesma garota que ele tinha visto na varanda de sua casa alguns minutos atrás! A curiosidade fez com que ele cedesse ao impulso de se levantar da cadeira para tentar alcançar a menina. A tentativa foi em vão. Chegou à sala, olhando para todos os lados, mas não a encontrou.

‒ Jessica! – ele gritou o nome da esposa, com um semblante recheado de apreensão.

‒ Jessica! – Christian insistiu em chamá-la, com uma acele- rada pulsação em seu coração.

‒ O que foi, meu amor? O que aconteceu? ‒ perguntou ela, descendo a escada com ar de espanto.

‒ Onde está a menina que saiu da biblioteca?‒ Que menina? ‒ Deixe de brincadeira, Jessica. Você sabe muito bem do que

estou falando.

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‒ Meu amor, eu não sei do que você está falando.‒ Olha aqui, já disse que não estou brincando. Ele apertou forte o braço de sua esposa, a irritação o domi-

nava por completo.‒ É a segunda vez nesta noite que você pega o meu braço

de forma grosseira. E você sabe que estou falando sério: não vi nenhuma garota andando por aqui. Você mesmo chegou e fechou as portas de acesso, lembra?

Christian correu rápido até o sistema eletrônico de segurança e verificou que ele permanecia inalterável. Após checar cada porta de acesso, constatou que todas elas estavam fechadas. Subiu as escadas, verificando pessoalmente cada um dos aposentos. Voltou em seguida para conversar com Jessica.

‒ Mas não é possível, ela não está mais nesta casa... ‒ disse Christian, ainda com certa palidez no rosto.

‒ Você viu a criança na biblioteca? ‒ perguntou Jessica. ‒ É claro que sim.‒ Vamos, meu amor, venha descansar. Você está estressado.‒ Não, eu não estou estressado! Tenho certeza de que eu vi

aquela menina! ‒ Christian retrucou com forte dose de irritação.‒ Você checou todas as portas. Ninguém entrou aqui.‒ Antes de eu chegar, você não viu ninguém rondando por

esta casa?‒ Já disse que não vi ninguém. Vamos pra cama, você precisa

descansar um pouco.‒ Peço desculpas, mais uma vez fui estúpido com você.‒ Eu o compreendo. Você está trabalhando muito, e isso está

deixando você estressado. Agora vamos.‒ Vamos.

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