Upload
cleytonlima
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 1/215
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 2/215
Sumário
Direito
Lei de Introdução ao Código Civil
Integração do sistema jurídico
Fontes
Eficácia da lei no tempo
Hermenêutica jurídica
Livro I Das Pessoas – Parte Geral
Das pessoas naturais
Personalidade
Capacidade
Ausência
Registro
Direitos da personalidade
Multibrasil Download - www.multibrasil.n
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 3/215
Individualização da pessoa natural
Das pessoas jurídicas
Classificação da pessoa jurídica
Pessoa jurídica de direito privado
Responsabilidade civil das pessoas jurídicas
Domicílio das pessoas jurídicas
Livro II Dos Bens – Parte Geral
Dos bens considerados em si mesmos
Bens corpóreos e incorpóreos
Bens imóveis e móveis
Bens fungíveis e infungíveis
Bens consumíveis e inconsumíveis
Bens divisíveis e indivisíveis
Bens singulares e coletivos
Dos bens reciprocamente considerados
Bens principais e acessórios
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 4/215
Dos bens quanto à titularidade do domínio
Bens públicos e particulares
Livro III Dos Fatos Jurídicos – Parte Geral
Negócio jurídico
Requisitos de existência ou Elementos essenciais
Requisitos de validade
Elementos acidentais do negócio jurídico
Defeitos do negócio jurídico
Invalidade do negócio jurídico
Atos jurídicos lícitos
Atos ilícitos
Prescrição
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 5/215
Direito
1. Etimologia da palavra direito:
A palavra direito tem origem na expressão latina “directum” ou “jus”, que signi
fica o que é reto, ou aquilo que é conforme a regra.
2. Normas de comportamento:
Para a existência de uma sociedade são necessárias regras que disciplinem o com
portamento dos homens no grupo social. Tais regras podem ser jurídicas, religiosas
morais etc.
• Normas morais (Moral): São mais amplas, abrangem todas as normas reguladora
da sociedade.
• Bem moral: O bom.
• Sanção: A sanção é implícita, ou seja, esta na consciência do homem.
• Norma unilateral: Traz o direito ou a obrigação.
• Normas jurídicas (Direito): Abrangem as normas com força coercitiva do Estado
ou seja, aquelas expedidas pelo Poder Competente e impostas coativamente a obser
vância de todos para ordenar a vida em sociedade.
• Bem jurídico: O Justo.
• Sanção: A sanção é explícita, ou seja, é imposta pelo Poder Público.
• Norma bilateral: Traz a dicotomia direito x obrigação.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 6/215
A desobediência às normas de comportamentos provoca uma reação da
sociedade, que nada mais é do que a sanção.
3. Conceito de direito:
Não há um consenso sobre a definição do direito. "Direito é o conjunto
das normas gerais e positivas, que regulam a vida social" (Radbruch).
4. Direito positivo e direito natural:
• Direito positivo: É o ordenamento jurídico em vigor.
• Direito natural: É a idéia abstrata do direito, um ordenamento ideal.
Para o direito positivo, diferentemente do natural, a dívida de jogo e a
dívida prescrita não são exigíveis.
5. Direito objetivo e direito subjetivo:
• Direito objetivo: É o conjunto de normas jurídicas impostas pelo Poder
Público a toda a sociedade. Esse conjunto de normas é denominado de normas
de agir (“norma agendi”)
• Direito subjetivo: É a faculdade conferida ao indivíduo, pelo direito objet-
ivo, de invocar a norma a seu favor. A faculdade de satisfazer suas pretensõesdenomina-se faculdade de agir (“facultas agendi”).
6. Direito público e direito privado:
A classificação em ramos é puramente acadêmica, pois o direito é uno
(indecomponível).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 7/215
• Vários são os critérios diferenciadores das regras de direito público e
privado:
• Critério da pessoa que interage na relação jurídica: Pertence ao Direito
Público a relação jurídica que envolva o Estado (Estado com outro Estado ou
Estado com o cidadão) e pertence ao Direito Privado a que envolvesse apenasindivíduos.
Entretanto, este critério comportava várias exceções, sendo assim insufi-
ciente.
• Critério da natureza da norma jurídica: Direito Público é aquele composto por normas cogentes ou impositivas (normas insuscetíveis de modificação
pela vontade das partes), já o direito privado é aquele composto por normas
dispositivas (normas que podem ser alteradas pelas partes).
Porém, este critério também apresenta exceções. Exemplo: No direito de
família há normas cogentes e dispositivas.
• Critério dos princípios fundamentais: O Direito Público é baseado no
princípio da legalidade, decorrente do princípio da indisponibilidade do in-
teresse público, segundo o qual as pessoas só podem fazer aquilo que a lei
autoriza, ou seja, não podem fazer o que bem entenderem. O direito privado,
diferentemente, é baseado no princípio da autonomia da vontade e no da dig-nidade da pessoa humana, assim a pessoa pode fazer tudo o que a lei não
proíbe e até mesmo o que silencia a respeito.
Todavia, este critério também não resolveu totalmente o problema. Ex-
emplo: Os Direitos reais estão baseados no princípio da legalidade.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 8/215
Lei de Introdução ao Código
Civil
(Decreto-lei 4657/42)
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 9/215
6. Introdução:
A nomenclatura “Lei de introdução ao Código Civil” deve-se ao fato de que o
Código Civil era o diploma de maior importância do ordenamento jurídico. Porém
aplica-se a todos os ramos do direito e não apenas ao direito civil.
A Lei de Introdução ao Civil é uma sobrenorma (metadireito), ou seja, um con
junto de normas sobre normas, que embora se encontra fora do sistema jurídico, regul
todos os ramos do direito. A classificação em ramos é puramente acadêmica, pois o
direito é uno.
Entretanto, a Lei de Introdução ao Código Civil não se aplicará quando existi
uma regulamentação diferente em lei específica. Exemplo: O artigo 4º da LICC de
clara que quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, o
costumes e os princípios gerais de direito. Já o artigo 108 do Código Tributário dis
põe que na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar
legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I - a analogia; II - o
princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito público e IV
- a equidade.
2. Campo de atuação da Lei de Introdução ao Código Civil:
Enquanto a lei tem por objeto o comportamento, a Lei de Introdução ao Código
Civil trata da própria norma.
A Lei de Introdução ao Código Civil cuida da integração do sistema jurídico, da
regras de interpretação do sistema jurídico, da elaboração e vigência da lei, da sua ap
licação no tempo e no espaço etc.
Integração do sistema jurídico
Fontes
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 10/215
2. Conceito de fonte:
A palavra fonte vem do latim “fons” (“fontis”) e significa origem ou
causa de alguma coisa.
As fontes são muito importantes, pois integram o sistema jurídico, ouseja, resolvem os problemas de antinomia (conflito de normas) e anomia (la-
cuna na lei).
2. Espécies de fonte:
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analo-
gia, os costumes e os princípios gerais de direito” (art. 4º da LICC). Assim, alei é principal fonte de direito.
• Fontes diretas (imediatas ou primárias): Aquelas capazes de gerar a regra
jurídica. A maioria da doutrina apresenta como fontes diretas a lei e o costume.
• Fontes indiretas (mediatas ou secundárias): Aquelas que não são capazes degerar a regra jurídica, mas auxiliam os aplicadores da lei. São elas: Doutrina,
jurisprudência; analogia, princípios gerais de direito e equidade. Não há unan-
imidade quanto às fontes indiretas apresentadas.
3. Classificação das fontes:
Os manuais trazem como fontes a analogia, os costumes, os princípiosgerais de direito, os brocardos jurídicos, a doutrina e a jurisprudência.
3.1. Lei:
É a regra escrita, emanada da autoridade estatal competente, dotada de
caráter geral, abstrato e obrigatório, com o fim de orientar condutas humanas.
Essa norma pode ser permissiva, proibitiva ou obrigatória.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 11/215
• Características:
• Geral: A lei dirige-se e a um número indeterminado de indivíduos.
• Abstrata: A lei não regula uma situação concreta.
• Obrigatória: A lei é imposta coativamente à observância de todos.
• Classificação quanto ao critério hierárquico: No topo da pirâmide estão as
normas constitucionais, abaixo delas aparecem a lei ordinária e a lei comple-
mentar no mesmo patamar, e abaixo destas últimas as normas infralegais de
caráter administrativo como as portarias, os regulamentos e os decretos. Asleis delegadas encontram-se ao lado da lei ordinária.
Tanto a lei ordinária como a lei complementar garantam eficácia ao texto
constitucional, mas ambas possuem objetos diferentes.
• Lei complementar: É a espécie normativa utilizada nas matérias expres-samente previstas na Constituição Federal. As hipóteses de regulamentação da
Constituição por meio de lei complementar foram taxativamente previstas na
Constituição Federal.
Quando o constituinte quiser se referir a uma lei complementar trará no
texto a expressão “lei complementar”. Exemplo: Lei complementar disporásobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis (art. 59, pará-
grafo único da CF).
O procedimento da lei complementar é o mesmo da lei ordinária,
diferenciando-se apenas quanto ao quorum para aprovação. As leis comple-
mentares serão aprovadas por maioria absoluta de seus membros (art. 69 daCF). Maioria absoluta refere-se aos membros integrantes da casa.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 12/215
• Lei ordinária: É a espécie normativa utilizada nas matérias em que não cabe
lei complementar, decreto legislativo e resolução. Assim, o campo material
das leis ordinárias é residual.
O texto constitucional refere-se à lei ordinária apenas como lei sem autilização do adjetivo “ordinária”, visto que este está implícito. Entretanto,
quando pretende diferenciá-la de outra espécie normativa, normalmente, traz
a expressão “lei ordinária”. Exemplo: “A iniciativa de leis complementares e
ordinárias...” (art. 61 da CF). - Pode ainda ser utilizada a expressão “lei espe-
cial”. Exemplo: “Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabele-
cerá as normas de processo e julgamento” (art. 85, parágrafo único da CF).
Embora o constituinte apenas a mencione como lei, não podemos nos es-
quecer que o nome dessa espécie normativa, no próprio texto constitucional, é
lei ordinária (art. 59 da CF).
As leis ordinárias serão aprovadas por maioria simples (relativa) de seusmembros. Maioria relativa refere-se ao número de presentes na sessão ou re-
união.
• Posições quanto à existência de hierarquia entre lei ordinária e lei comple-
mentar:
• Manuel Gonçalves Ferreira de Melo: Há hierarquia. A lei complementar é
um terceiro gênero interposto, ou seja, encontra-se entre a Constituição e a lei
ordinária.
• Celso Bastos: Não há hierarquia, mas sim campos diferentes de atuação. Am-
bas tiram fundamento de validade do texto constitucional.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 13/215
• Souto Maior Borges: Há duas espécies de leis complementares, as norm-
ativas (servem de fundamento de validade para outros atos normativos) e as
não-normativas. Com relação às normativas, há hierarquia. Mas com relação
às não-normativas, não há hierarquia.
• Classificação quanto ao critério da especialidade:
• Lei geral: Trata de todo um ramo do direito. Exemplo:
• Códigos: É sistematizado e todas as normas têm início de vigência simul-
tânea.
• Consolidações: Pode ou não ser sistematizado e as normas têm início de
vigência diferente.
• Princípios: São regras que servem de interpretação das demais normas
jurídicas, apontando os caminhos que devem ser seguidos pelos aplicadores da
lei.
• Lei especial: Cuida de apenas um ponto do direito.
• Lei extravagante: Trata de matérias já codificadas.
• Lei especial propriamente dita: Trata de matérias novas.
• Classificação quanto ao critério cronológico:
• Lei permanente: Aquela que não possui prazo certo para viger, portanto,
tem vigor até que outra a modifique ou a revogue.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 14/215
“ Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue” (art. 2º da LICC).
• Leis temporárias ou excepcionais: Aquelas que tem prazo certo para viger,
isto é, trazem um comando de auto-revogação e são ultrativas (acompanham o
fato).
• Classificação quanto à imperatividade (força obrigatória):
• Normas cogentes (impositivas, de imperatividade absoluta ou de ordem
pública): Aquelas insuscetíveis de modificação pela vontade das partes.
• Normas dispositivas (supletivas): Aquelas que podem ser alteradas pelas
partes.
• Classificação quanto à natureza:
• Leis substantivas (materiais): Aquelas que tratam do direito material.
• Leis adjetivas (processuais ou formais): Aquelas que tratam do direito pro-
cessual.
3.2. Analogia:
Analogia nada mais é do que a aplicação de uma norma reguladora de umfato a um outro fato semelhante não regulado.
• Direito Público: No direito público o uso da analogia não é uma constante,
visto que o Poder Público só pode fazer aquilo que a lei permite.
• Direito Penal: Analogia não é aplicada no direito penal, salvo para benefi-ciar o agente (“analogia in bonan parter”). Podemos concluir então que uma
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 15/215
norma incriminadora não pode incidir em fato semelhante não regulado por
lei.
• Direito Tributário: Admite-se a analogia “in bonan parter” e em questões
secundárias ligadas aos processos administrativos tributários e obrigações
acessórias. Assim, o Supremo Tribunal Federal, utilizando-se da analogia, temdecidido pela aplicação da correção monetária na restituição de tributos in-
devidos.
O emprego de analogia não pode implicar na exigência de tributo não
previsto em lei e nem em aumento de tributo já existente (art. 108, §1º do
CTN).
3.3. Costume:
É a norma não escrita observada por todos sem que tenha sido instituída
pelo Estado. Costume é um uso considerado juridicamente obrigatório.
Exemplo: “O locatário é obrigado: II - a pagar pontualmente o aluguelnos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar” (art.
569 do CC).
• Requisitos:
• Objetivo: Prática reiterada de determinados atos por um grande número de pessoas (exterioridade).
• Subjetivo: Crença na obrigatoriedade e conseqüentemente na sanção. Este
requisito faz com que o costume diferencie-se do hábito, já que neste último
não há tal elemento subjetivo.
• Classificação quanto à origem:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 16/215
• Costume Popular: Aquele que surge com a prática reiterada pela sociedade
• Costume Erudito: Aquele que surge com o cientista do direito. Exemplo:
“Pacta sunt servanda”.
• Classificação quanto à lei:
• Costume “contra legem” (costume negativo): Aquele em que as partes
desobedecem a lei, pois crêem na ineficácia da lei.
• Costume “praeter legem”: Aquele em que as partes não desobedecem a lei,mas o praticam paralelamente, ampliando a lei. Exemplo: Cheque pré-datado.
• Costume “secundum legem”: Aquele praticado conforme a lei, ou seja, a
própria lei determina que o costume resolverá no caso concreto. Exemplo:
Empreitada, salvo convenção.
3.4. Princípios gerais do direito:
São enunciados (sugestões), implícitos ou explícitos, que englobam um
conjunto de regras jurídicas.
3.5. Brocardos jurídicos:
São frases concisas, de fácil memorização, que expressam uma verdade jurídica. Exemplo: “Ne proceda judex officio” (Princípio da inércia de juris-
dição). – Na verdade os brocardos jurídicos são uma espécie de principio geral
de direito.
3.6. Jurisprudência:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 17/215
É o conjunto reiterado e pacífico de decisões do Poder Judiciário sobre
determinada matéria num determinado sentido. Na maioria dos casos a juris-
prudência é forma de interpretação.
Súmula ou enunciado é um sumário das decisões dos Tribunais Superi-
ores. Conforme o artigo 103-A da Constituição Federal podem ter um caráter vinculante. “O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,
mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação
na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas feder-
al, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento,na forma estabelecida em lei”.
3.7. Doutrina:
É o pensamento orgânico do cientista do direito. Para que seja consid-
erada como fonte do direito deve vir acompanhada dos seguintes requisitos: a)
Que o cientista seja doutor em direito (subjetivo); b) Que a obra tenha passado pelo crivo científico (objetivo).
Anomia
3.7.1.1. Conceito de anomia:
Anomia nada mais é do que a lacuna na lei. O direito estaticamente con-siderado pode conter lacunas, mas sob o aspecto dinâmico não, pois o sistema
prevê meios para que seja integrado.
3.7.1.2. Sistemas sobre anomia:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 18/215
• Sistema integrativo (adotado pelo nosso ordenamento): Em caso de anomia
o juiz deve integrar o sistema por meio do rol taxativo lógico do artigo 4º da
Lei de Introdução ao Código Civil.
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito” (art. 4º da LICC).
Portanto, o juiz nunca pode deixar de decidir o caso concreto, ou seja,
sempre deve dar uma sentença de mérito.
• Sistema “non liqued” (sem clareza): Em caso de anomia o juiz deixa de de-
cidir o caso concreto e extingue o processo.
• Sistema suspensivo: Em caso de anomia o juiz suspende o processo e
aguarda a produção da norma.
Antinomia
3. Conceito de antinomia:
Antinomia nada mais é do que o conflito de normas. Mesmo havendo an-
tinomia o juiz tem que dar uma resposta de mérito, ou seja, não pode deixar de
decidir.
2. Espécies de antinomia:
• Antinomia real: Havendo uma antinomia real o juiz resolverá caso a caso
(solução casuística).
• Antinomia aparente simples (conflito de leis): Havendo uma antinomiaaparente simples o juiz resolverá através dos princípios informadores.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 19/215
• Princípio hierárquico: A lei superior revoga a lei inferior - Este princípio é
insuficiente frente ao conflito de leis de mesma hierarquia.
• Princípio cronológico: A lei posterior (aquela que entrou em vigor por úl-
timo, independentemente da data da publicação) revoga a lei anterior.
• Princípio da especialidade: A lei especial revoga a lei geral. - A lei tributária
de caráter geral não revoga nem é revogada pela lei tributária de caráter espe-
cial.
• Antinomia de 2º grau (conflito de princípios): Havendo uma antinomia de2º grau prevalecerá o princípio hierárquico, salvo se houver conflito entre lei
geral posterior e lei especial anterior.
3. Antinomia entre lei geral posterior e lei especial anterior:
• Antinomia entre o Código Civil de 2002 (lei geral posterior) e as Leis 8971/94 (regula o direito dos companheiros a alimentos e à sucessão), 6515/77 (reg-
ula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos
e respectivos processos e dá outras providências) e 6015/73 (dispõe sobre re-
gistros públicos e dá outras providências), todas leis especiais anteriores:
• O Código Civil de 2002 prevalece nas disposições expressas: Por exemplo,o Código Civil traz o prazo de um ano para o divórcio direto e a Lei de divór-
cio traz um prazo de dois anos. Como o Código Civil traz disposição expressa,
prevalece.
• O Código Civil de 2002 não prevalece quando há lacuna e não existe in-
compatibilidade lógica: Por exemplo, a Lei de Divórcio determina que o otermo da dissolução da sociedade conjugal deve ser assinada na frente do juiz,
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 20/215
já o Código Civil de 2002 silencia a esse respeito, prevalecendo, portanto, a
Lei de Divórcio.
• O Código Civil de 2002 não prevalece quando há expressa determinação
nas Disposições Finais e Transitórias para prevalecer determinada lei especial:
As Disposições Finais e Transitórias regulam o conflito no tempo e trazemautolimitação do próprio Código Civil.
• O Código Civil de 2002 não prevalece quando há expressa determinação no
instituto civil para prevalecer a lei especial: Por exemplo os artigos que tratam
do bem de família determinam que estão mantidas as regras da legislação es-
pecial (Lei 8009/90 e Decreto-lei 3200/41).
• Antinomia entre o Código Civil de 2002 e as leis especiais anteriores mistas
(aquelas que trazem disposições civis e não civis. Exemplo: CDC e ECA).
• Código Civil de 2002 e ECA: O Código Civil revogou as disposições civis,
mas manteve as disposições penais e administrativas do ECA. Exemplo: A ad-oção em caso de risco continua a ser tratada no ECA.
• Código Civil de 2002 e CDC: O Código Civil só prevalecerá quando for
mais protetivo ao consumidor: Exemplo: O Código Civil determina o início da
contagem da garantia legal somente depois da garantia convencional de quatro
anos.
• Antinomia entre o Código Civil de 2002 e os outros Códigos: Na verdade
não há antinomia, pois um dos princípios resolve. O Código Civil 2002
somente incidirá quando for recepcionado pelos princípios daquele sistema.
• Código de Processo Penal recepcionou Exemplo: O menor de 21 anos não precisará mais de representante no interrogatório.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 21/215
• Código Penal não recepcionou, salvo se beneficiar o réu.
• Com relação ao que o Código Civil de 1916 previa expressamente e Código
Civil de 2002 silenciou: Somente serão mantidos se forem princípios gerais de
direito. Exemplo: O artigo 8º do Código Civil de 1916 que vedada o “retitu-to in integrum” continua mantido em razão do princípio da boa-fé em face do
menor incapaz.
Eficácia da lei no tempo
3.1.1. Processo legislativo ordinário:
• Fase introdutória (iniciativa): Trata do poder de iniciativa. Iniciativa é a fac-
uldade conferida a alguém ou a algum órgão para apresentar um projeto de lei.
Da início ao processo legislativo.
Podemos ter uma iniciativa geral, parlamentar, extra-parlamentar, concor-
rente, exclusiva e popular.
• Fase constitutiva: Trata da deliberação parlamentar e da deliberação exec-
utiva.
• Deliberação parlamentar: O projeto de lei é apreciado nas duas casas do Con-
gresso Nacional (Casa Iniciadora e Revisora), separadamente, e em um turno
de discussão e votação (no plenário), necessitando de maioria relativa em cada
uma delas.
• Deliberação executiva: O Presidente recebe o projeto de lei aprovado noCongresso Nacional com ou sem emendas, para que sancione ou vete.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 22/215
O veto tem que ser manifestado no prazo de 15 dias úteis do recebimento,
pois o silêncio do Presidente da República importará em sanção (art. 66, §3º
da CF).
• Fase complementar (integradora): Trata da promulgação e publicação dalei.
• Promulgação: É um atestado da existência válida da lei e de sua executor-
iedade.
Em regra é o Presidente da República que verifica se a lei foi regular-mente elaborada e depois atesta que a ordem jurídica esta sendo inovada, es-
tando assim a lei apta a produzir efeitos no mundo jurídico. A presunção de
validade das leis decorre da promulgação.
O que se promulga é a lei e não o projeto de lei. Este já se transformou
em lei com a sanção presidencial ou com a derrubada do veto no Congresso Nacional.
Cabe ao Presidente da República promulgar a lei, ainda que haja rejeição
do veto. O veto rejeitado tem necessidade de ser promulgado. Assim, podemos
ter uma lei sem sanção, mas nunca uma lei sem promulgação.
Quando está escrito no texto “eu sanciono”, implicitamente traz a pro-
mulgação. A promulgação é implícita na sanção expressa. No caso da rejeição
do veto, como não houve sanção estará escrito no texto “eu promulgo”.
• Publicação: É o ato através do qual se dá conhecimento à coletividade da ex-
istência da lei. Consiste na inserção do texto promulgado na Imprensa Oficial
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 23/215
como condição de vigência e eficácia da lei. É a fase que encerra o processo
legislativo.
A promulgação confere a lei uma executoriedade. A esta tem que se
somar uma notoriedade que decorre da publicação. Esta notoriedade é ficta,
assim presume-se que as pessoas conheçam a lei.
A publicação é feita por quem promulga. Se existir omissão deliberada
dolosa da publicação pelo Chefe do Poder Executivo haverá crime de re-
sponsabilidade (Lei 1079/50 e Decreto-lei 201/67).
Embora a lei já esteja publicada só vinculará com a sua entrada em vigor.
• Em regra geral, a lei começa a vigorar em todo País 45 dias depois de oficial-
mente publicada, salvo disposição em contrário (art. 1º da LICC). Nos Estados
estrangeiros entra em vigor 3 meses após a publicação (art. 1º, §1º da LICC).
• Lei pode estabelecer a data de início de vigência:
• Segundo a Lei Complementar 95/98, alterada pela lei complementar 107/01,
a lei não pode entrar em vigor na data da sua publicação, salvo se de pouca
importância.
“A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contem- plar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a
cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena
repercussão” (art. 8° da LC 95/98).
Para muitos doutrinadores tal disposição é inconstitucional, visto que as
funções legislativas estão expostas na Constituição Federal e não poderiam ser ampliadas por meio de uma lei complementar.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 24/215
• “Vacatio legis”: Todas leis importantes devem ter uma “vacatio legis”, isto
é a eficácia deve ser protraída para uma data futura para que as pessoas tomem
conhecimento da lei. Assim, “vacatio legis” é o fenômeno que suspende a
eficácia da norma jurídica já publicada até a entrada em vigor, a fim de gerar
amplo conhecimento.
• Finalidade: Cognitiva (conceder tempo para o destinatário tomar amplo
conhecimento) e Instrumental (conceder tempo para que os órgãos da Admin-
istração possam se aparelhar).
• Sistema simultâneo ou sincrônico de “vacatio legis”: O período de “vacatiolegis” é o mesmo em todo território nacional, salvo em dois casos: Fusos
horários e Exterior.
No sistema omissivo não há “vacatio legis” (Exemplo: atos administrat-
ivos) e no progressivo há várias “vacatio legis” para diferentes lugares.
• Contagem da “vacatio legis”: Faz-se a inclusão da data da publicação, in-
clusão do último dia e prorrogação para o subseqüente, mesmo que caia em
domingo ou feriado, pois as leis têm incidência abstrata. Incide o princípio de
que a contagem nunca pode prejudicar o destinatário.
“A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último
dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integ-
ral” (art. 8°, §1° da LC 95/98).
No caso do mês e ano a contagem é feita levando-se em conta o mês e o
ano subseqüente. – Há autores que afirmam a contagem deve ser feita dia adia.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 25/215
• A norma em “vacatio legis” não obriga ninguém, ou seja, não tem potencial-
idade para incidir no caso concreto.
• Classificação das leis quanto à “vacatio legis”:
• Lei com “vacatio legis” expressa: Traz um comando disciplinando o período
de “vacatio legis” (leis com grande repercussão). Exemplo: “Este Código en-
trará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação” (art. 2044 do CC).
• Lei sem “vacatio legis” expressa: Traz um comando determinando a imediata
vigência, ou seja, que a lei entre em vigor na data de sua publicação.
• Lei com “vacatio legis” tácita Não traz comando nenhum, caindo na regra
dos 45 dias após a publicação.
A emenda constitucional entra em vigor na data da publicação, ou seja,
não tem “vacatio legis”.
• Correção de erros na lei (errata) durante a “vacatio legis”: Os erros irrelev-
antes não precisam de correção, pois são de fácil constatação pelo intérprete,
mas os substanciais precisam.
• Se a correção ocorrer durante a “vacatio legis”, começará a correr um novo prazo de “vacatio legis”, a partir da publicação da correção. Assim, a cada cor-
reção haverá uma interrupção no prazo.
“Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará
a correr da nova publicação” (art. 1º, §3º da LICC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 26/215
• Se a correção ocorrer depois da entrada em vigor, precisará de nova lei para
consertá-lo.
“As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova” (art. 1º,
§4º da LICC).
3.1.2. Elementos para a norma produzir efeitos:
• Existência: A norma precisa existir. É a promulgação que atesta a existência
válida da lei e sua executoriedade.
• Validade: A norma precisa ter pertinência, quer sob aspecto material (estar de acordo com princípios e regras constitucionais) e formal (cumprir seu pro-
cesso de elaboração). Uma norma em “vacatio legis” é uma norma válida, mas
ineficaz.
Uma norma inválida pode ter eficácia e até mesmo efetividade até a sua
anulação.
• Eficácia: A norma precisa ter potencialidade para produzir efeitos reais no
mundo jurídico. A norma somente passa a ter eficácia com a entrada em vigor.
O período de eficácia da norma (da entrada em vigor até a revogação)
é denominado de vigência. Já vigor é a vinculação da norma à situação con-creta até que produza todos os seus efeitos. Na ultratividade e retroatividade a
norma tem vigor, mas não tem vigência.
• Efetividade: É a real produção de efeitos, a satisfação social da norma, o
cumprimento da função social para a qual a norma foi criada.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 27/215
• Fenômenos em que a norma jurídica tem eficácia (tem potencialidade para
incidir), mas não ter efetividade (não incide):
• Caducidade (objetivo): Inefetiva pela perda do objeto.
• Desuso (subjetivo): Inefetiva, pois embora haja um bem jurídico a proteger,o titular de direitos não quer mais se valer da norma.
• Costume negativo: Inefetiva pela desobediência reiterada e crença na im-
punidade (fato subjetivo).
3.1.3. Princípios aplicáveis:
• Princípio da obrigatoriedade: Não se pode alegar o desconhecimento ou ig-
norância da lei para descumpri-la, pois a publicação gera presunção de conhe-
cimento.
“ Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece” (art.3º da LICC).
• Regra: O erro de direito é inescusável ou injustificável em 3 casos:
• Absoluta ignorância da norma.
• Falta de compreensão.
• Erro hermenêutico.
• Exceção: “O erro é substancial quando: III - sendo de direito e não implic-
ando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico” (art. 139, III do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 28/215
• O erro de direito poderá ser perdoado se estiverem presentes os seguintes
requisitos:
• Que haja boa-fé: Que não haja intenção de desobedecer a norma.
• Que o erro seja motivo fundamental ou causa determinante do negócio
jurídico: Se a pessoa soubesse do erro não contrataria.
Há precedente no Supremo Tribunal Federal reconhecendo o erro de
direito no caso em que o viúvo casou com a sogra, pois desconheciam que o
vínculo era insolúvel.
• Princípio da continuidade (aplicável às normas permanentes): A norma tem
eficácia (tem potencialidade para incidir no caso concreto) até que seja retirada
do sistema por outra norma, portanto, não tem prazo certo para viger ou vig-
orar.
“ Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue” (art. 2º da LICC).
Há certos casos em que a norma tem eficácia, mas não tem efetividade,
como a caducidade, desuso e o costume negativo.
• Princípio da irretroatividade da lei: “A lei em vigor terá efeito imediato e
geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”
(art. 6º do LICC).
Assim, a norma aplica-se aos fatos pendentes e futuros, ou seja, não
poderá atingir uma situação jurídica anterior a sua entrada em vigor se houver ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 29/215
• Ato jurídico perfeito: “Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado se-
gundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou” (art. 6º, §1º do LICC). É o
ato ou negócio jurídico apto a produzir efeitos.
O ato jurídico perfeito condicional (aquele cujo efeito depende de eventofuturo e incerto) pode ser atingido pela nova lei
• Coisa julgada: “Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial
de que já não caiba recurso” (art. 6º, §3º do LICC).
Em regra a coisa julgada não pode ser alterada por lei anterior, ou seja,os efeitos da sentença são imutáveis. Porém hoje em dia é possível a relativiz-
ação dos efeitos da coisa julgada.
• Direito adquirido: É o direito ou prerrogativa integralmente incorporado ao
patrimônio pessoal do sujeito de direito.
“Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém
por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo
pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem” (art.
6º, §2º do LICC).
A expectativa de direito não esta integralmente incorporada e destaforma, não goza de proteção.
4. Revogação da lei:
É a perda da validade da lei assim que a nova entre em vigor.
• Revogação expressa: Ocorre quando a nova norma traz um comando de-terminando a perda da eficácia da anterior.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 30/215
“A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou dis-
posições legais revogadas” (art. 9º da LC 95/98).
• Revogação tácita: Ocorre quando a nova norma se torna incompatível com
a norma anterior.
A ab-rogação é a revogação total da norma antiga, já a derrogação é a re-
vogação parcial da norma antiga, continuando assim a viger com alguns pon-
tos revogados.
5. Repristinação:Repristinação é a restauração automática de vigência da norma revogada
pela revogação da norma dela revogadora. Com a revogação da norma re-
vogadora voltava a vigorar a lei revogada.
No Brasil não há repristinação, pois nem a Constituição opera o efeito
automático de restauração, ou seja, ela só recepciona dispositivos da anterior por disposição expressa.
Há alguns autores que afirmam ser possível a repristinação quando a lei
posterior assim expressamente requeira.
“Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter alei revogadora perdido a vigência” (art. 2º, §3º da LICC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 31/215
Hermenêutica jurídica
5. Hermenêutica:
Hermenêutica é a teoria científica de interpretação das leis. Tem por estudo a sis
tematização das técnicas utilizadas para determinar o significado e alcance da norma.
2. Exegeta:
Exegeta é a pessoa que realizada a exegese (parte prática da hermenêutica), isto
que faz comentários para interpretar a norma em sentido técnico.
3. Interpretação:
Interpretação é o procedimento lógico através do qual se obtém o significado, o
conteúdo e o alcance das normas jurídicas. Todas as normas jurídicas devem ser inter
pretadas, mesmo as aparentemente claras.
4. Sistemas de interpretação:
• Sistema dogmático: Faz uma interpretação literal (gramatical) da lei.
• Sistema histórico evolutivo: Faz uma interpretação com base em fatores anteriore
à promulgação da lei.
• Sistema da livre pesquisa: Faz uma interpretação levando em conta a finalidade so
cial da norma, ou seja, as exigências do bem comum.
“ Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e à
exigências do bem comum” (art. 5º da LICC).
5. Classificação quanto ao sujeito que realiza:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 32/215
• Autêntica: É aquela realizada pelo Poder Legislativo através de leis inter-
pretativas. A lei posterior irá interpretar a anterior.
• Doutrinária: É aquela realizada pelos operadores do direito. O valor da in-
terpretação dependerá da capacidade intelectual e prestígio de quem a inter-
preta.
• Judicial: É aquela realizada pelo Poder Judiciário, por meio de suas sen-
tenças e acórdãos.
6. Classificação quanto aos meios de que se vale o intérprete:
• Interpretação Gramatical: É ponto de partida da interpretação. Aquela que
leva em conta a força das palavras.
• Interpretação sistemática ou contextual: É a interpretação realizada com
base em todo o sistema jurídico, pois quem aplica artigo do código aplica todo
o sistema.
• Teleológica: É a interpretação realizada tendo em vista a “ratio legis” ou
“intento legis”, isto é conforme a intenção da lei. Busca-se entender a finalid-
ade para a qual a norma foi editada, isto é a razão de ser da norma.
A “ratio legis” não se confunde com o “ratio legislatores” (vontade do le-gislador). Podem até coexistir, mas no confronte vale a intenção da lei.
• Interpretação histórica: Conjuga a teoria objetiva e a subjetiva. Assim,
busca a vontade da lei (“mens legis”) e a vontade do legislador (“mens legis-
latores”).
7. Classificação quanto ao resultado que produz:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 33/215
• Extensiva: É a interpretação que vai além da lei, transformando o interprete
em legislador.
• Restritiva: É a interpretação que fica aquém da lei e também transforma o
interprete em legislador
• Declaratória: É a interpretação que fica nos estritos limites da lei.
Livro I Das Pessoas – Parte Ger-
al7. Sistematização da Parte Geral no Código Civil:
O Código Civil de 2002, embora tenha mudado o conteúdo, manteve a
forma do Código Civil de 1916.
• Livro I Das Pessoas: Trata dos sujeitos das relações jurídicas.
• Livro II Dos Bens: Trata dos objetos das relações jurídicas.
• Livro III Dos Fatos Jurídicos: Trata dos fatos que formam as relações
jurídicas.
É importante destacar que relação jurídica nada mais é do que toda re-
lação da vida social regulada pelo direito.
2. Direito subjetivo
É a faculdade conferida ao indivíduo, pelo direito objetivo, de invocar a norma
a seu favor. A faculdade de satisfazer suas pretensões denomina-se faculdadede agir (“facultas agendi”).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 34/215
Não há direito subjetivo sem que exista o titular dessa prerrogativa, ou seja, o
sujeito de direito.
3. Sujeitos de direitos:
Alguns autores utilizam as expressões “sujeitos de direito” e “pessoas”como sinônimas, mas não é a mais correta, visto que existem sujeitos de
direito despersonalizados, ou seja, sujeitos de direito que não são pessoas.
• Sujeitos Personalizados: Aqueles que têm personalidade jurídica, ou seja,
aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Exemplos: Pessoas físicas
e jurídicas.
• Sujeitos Despersonalizados: Aqueles que não têm personalidade jurídica, ou
seja, não têm aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Exemplos:
Nascituros e “Quase pessoas jurídicas” (espólio, herança jacente, massa falida,
condomínio edilício e pessoa jurídica sem registro).
Os sujeitos despersonalizados somente podem praticar os atos relacionados
com a sua finalidade ou para os quais estejam autorizados.
4. Espécies de pessoas:
• Pessoa natural ou física: É o ser humano. Toda pessoa tem personalidade jurídica, ou seja, aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações.
• Pessoa jurídica (moral ou coletiva): É a entidade à qual a lei confere per-
sonalidade jurídica, tornando-a, portanto, apta para ser titular de direitos e
obrigações.
Das pessoas naturais
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 35/215
Personalidade
4. Conceito de personalidade:
Personalidade é a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações, ou
ainda, é a capacidade para ser titular de direitos.
• “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil” (art. 1° do CC).
Este artigo agrupa o conceito de personalidade e capacidade.
• Pessoa: Enquanto o Código Civil de 1916 mencionava “homem” o Código
Civil de 2002 menciona “pessoa”, demonstrando claramente o afastamentoda personalidade aos animais. Exemplo: Um animal não pode ser beneficiado
com uma herança.
• Deveres: Outro ponto relevante a destacar é que o Código Civil de 1916
mencionava “obrigações”, ao passo que o Código Civil de 2002 traz a ex-
pressão “deveres”, muito mais ampla e eficiente.
2. Início da personalidade:
A personalidade da pessoa natural inicia-se com o nascimento com vida,
mas não podemos esquecer que a lei protege, desde a concepção, os direitos
do nascituro. - “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com
vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro” (art.2° do CC).
Tendo em vista que a qualidade de pessoa natural se inicia com o nasci-
mento com vida, basta existir para ser pessoa, ou seja, para ter personalidade.
Portanto, é correto afirmar que não existe incapacidade de direito.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 36/215
O Código Civil adotou a teoria natalista ou da natalidade (aquela que ex-
ige o nascimento com vida para aquisição da personalidade) e não a teoria da
concepção (aquela que atribui personalidade desde a concepção).
• Quando se da o nascimento com vida: Quando a criança, separada do corpo
da mãe, respira, ainda que não tenha o cordão umbilical cortado, ainda que nãotenha forma humana e nem seja viável.
Antigamente, para saber se uma criança tinha ou não respirado ao nascer
utilizava-se da “docimasia hidrostática de Galeno”. Segundo esta técnica
mergulhava-se o pulmão da criança em um recipiente com água e aguardava-
se para saber se este flutuava ou não. Caso flutuasse, constatava-se que nelehavia entrado ar e, portanto, que a criança havia respirado.
• Nascituro: É o ser concebido, mas que ainda esta no ventre materno.
O nascituro, embora não tenha personalidade, é titular de direitos even-
tuais subordinados a uma condição suspensiva, ou seja, de direitos condicion-ados ao nascimento com vida.
“Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou res-
olutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo” (art. 130 do
CC). Assim, o nascituro pode praticar atos para conservação do seu direito.
Exemplo: O nascituro pode ir a juízo, representado por sua mãe, propor umaação de alimentos ou petição de herança. - “O herdeiro pode, em ação de
petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para
obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de
herdeiro, ou mesmo sem título, a possua” (art. 1824 do CC).
• Dispositivos que protegem o nascituro:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 37/215
• “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante
legal” (art. 542 do CC). O nascituro também pode sofrer ação anulatória de
doação ou testamentos feitos em seu favor.
• “O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior
ao seu falecimento, se ele deixar descendentes” (art. 1609, parágrafo único doCC).
• “Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher,
e não tendo o poder familiar” (art. 1779 do CC). – “Se a mulher estiver inter-
ditada, seu curador será o do nascituro” (art. 1779, parágrafo único do CC).
• Natimorto: É aquele que nasceu morto. O natimorto deve ser registrado no
livro “C Auxiliar” (art. 53, §1° da Li 6015/73), mas o que nasceu vivo e mor-
reu no parto deve ter um registro de nascimento e um de óbito (art. 53, §2° da
Lei 6015/73).
3. Extinção da existência da pessoa natural:“A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,
quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão
definitiva” (art. 6° do CC).
• Morte real: É a morte efetiva, isto é, a que pressupõe a existência do cadáver.
“ Nenhum sepultamento será feito sem certidão do oficial de registro do
lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do
atestado de médico, se houver no lugar, ou, em caso contrário, de duas pessoas
qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte” (art. 77 da Lei
6015/73). A prova da morte real é feita pela certidão de óbito.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 38/215
• Comoriência (morte simultânea ou morte comum): É a morte real de duas
ou mais pessoas ao mesmo tempo, independentemente do local, sem que se
possa saber quem pré-morreu ao outro.
Há relevância em saber quem pré morreu para fins sucessórios. Se não for
possível precisar o momento exato da morte, presume-se que morreram aomesmo tempo e um não herdará do outro, beneficiando-se os herdeiros de cada
qual (art. 8° do CC).
• Momento exato da morte: O momento exato da morte é diagnosticado por
um perito médico com base na paralisação da atividade cerebral, assim a paral-
isação da atividade respiratória e circulatória por si só são insuficientes.
“A retirada “post mortem” de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano
destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de
morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes
das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clíni-
cos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina”(art. 3º da Lei 9434/97).
• Morte presumida: É aquela em que não há certeza da morte.
• Morte presumida com a declaração de ausência: Nesta hipótese a medida
cabível é a ação declaratória de ausência, mas somente após a abertura da su-cessão definitiva é que se presume a morte do ausente.
A sentença de declaração de ausência não produz todos os efeitos, produz
apenas efeitos patrimoniais, necessitando assim da abertura da sucessão defin-
itiva para se presumir a morte do ausente. Exemplo: Com abertura da sucessão
definitiva já ocorre a dissolução da sociedade conjugal
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 39/215
• Morte presumida sem a declaração de ausência (declaração judicial da
morte sem decretação da ausência): Nesta hipótese a medida cabível é a ação
de justificação de óbito.
A declaração judicial da morte sem decretação de ausência produz todos
os efeitos até mesmo os pessoais. Duas são as hipóteses:
• Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida
(art. 7°, I do CC).
• Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, por até 2 anos
após o término da guerra (art. 7°, II do CC).
“A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser re-
querida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fix-
ar a data provável do falecimento” (art. 7°, parágrafo único do CC).
O artigo 88 da Lei dos Registros Públicos determina que poderão os juizestogados admitir justificação para assento de óbito de pessoas desaparecidas
em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe,
quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível
encontrar-se o cadáver para exame.
• Morte civil: Era existente no direito romano e consistia no tratamento da pessoa viva como se morta fosse. Hoje há um resquício da morte civil com re-
lação ao herdeiro excluído da herança por indignidade.
O herdeiro excluído é considerado como se morto fosse para fins sucessórios,
mas conserva a personalidade para os demais efeitos.
Capacidade
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 40/215
3. Conceito de capacidade:
Todas as pessoas têm capacidade para ser titular de direitos e obrigações na or-
dem civil, mas nem todas têm capacidade para exercê-los pessoalmente. Port-
anto, a capacidade é a medida da personalidade.
2. Espécies de capacidade:
• Capacidade de direito, aquisição ou gozo: Confunde-se com a personalidade,
ou seja, é a aptidão para ser titular de direitos e deveres na ordem civil. Não
existe incapacidade de direito, pois basta nascer com vida para adquiri-la.
• Capacidade de fato ou exercício ou de ação: É a aptidão para a prática por si
só de atos da vida civil. Há Incapacidade de fato (restrição legal da capacidade
de fato).
Os que possuem tanto a capacidade de fato como a de direito possuem
uma capacidade plena, já os que possuem somente a capacidade de direito têmuma capacidade limitada.
3. Espécies de incapacidade:
A incapacidade não restringe a personalidade, pois o incapaz pode
praticar todos os atos da vida civil desde que esteja assistido ou representado.
O incapaz somente não poderá praticar os atos da vida civil por expressa de-terminação legal.
Tendo em vista que só existe incapacidade de fato, as espécies referem-se
somente a restrição legal à prática por si só de atos da vida civil. A incapacid-
ade tem por fim proteger as pessoas a ela submetidas.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 41/215
• Incapacidade absoluta: Aquele que tem incapacidade absoluta não pode
praticar por si só nenhum ato da vida civil, sob pena de nulidade.
A incapacidade absoluta é suprida pela representação (pais, tutor e
curador). Somente o representante legal realiza o negócio jurídico (ato da
vontade humana a que a lei empresta conseqüências), sem qualquer parti-cipação do incapaz. Exemplo: Só o representante legal assina um contrato.
• Se um absolutamente incapaz realizar pessoalmente um negócio jurídico:
Será considerado nulo. - “É nulo o negócio jurídico quando: I – celebrado por
pessoa absolutamente incapaz” (art. 166, I do CC).
• A nulidade pode ser alegada por qualquer interessado ou até mesmo re-
conhecida pelo juiz de ofício. - “As nulidades dos artigos antecedentes podem
ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe
couber intervir” (art. 168 do CC). - “As nulidades devem ser pronunciadas
pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encon-
trar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes” (art. 168, parágrafo único do CC).
• Ato nulo não gera nenhum efeito, é como se não existisse. “O negócio
jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso
do tempo” (art. 169 do CC). A sentença produzirá efeitos retroativos.
Com relação à matéria de casamento o juiz não pode reconhecer a nulid-
ade de ofício e o casamento mesmo nulo pode gerar efeitos.
• Não corre prescrição contra os absolutamente incapazes. “Também não
corre prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3º” (art. 198, I do
CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 42/215
• “As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se
pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por
dolo, ou se o perdente é menor ou interdito” (art. 814 do CC).
• Incapacidade Relativa: Aquele que tem incapacidade relativa pode praticar
por si só os atos da vida civil, mas sob assistência (pais, tutor ou curador). Serealizar sem assistência, o negócio será anulável.
A incapacidade relativa é suprida pela assistência. Os dois realizam um
negócio jurídico, ou seja, os dois assinam um contrato.
• “Além dos casos expressamente declarados em lei, é anulável o negócio jurídico: I – por incapacidade relativa do agente” (art. 171, I do CC).
• A anulabilidade só pode ser alegada pelos interessados. “A anulabilidade
não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os
interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem,
salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade” (art. 177 do CC).
• “O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de ter-
ceiro” (art. 172 do CC). A sentença não produzirá efeitos retroativos.
• Alguns atos que aqueles com 16 anos podem praticar mesmo sem assistên-
cia:
• Ser eleitor.
• Ser testemunha.
• Fazer testamento.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 43/215
• Aceitar mandato.
• Casar, mas necessita de uma autorização. Tal autorização não se confunde
com a assistência, assim somente o nubente assina o casamento.
4. Rol dos absolutamente incapazes:Tendo em vista que a incapacidade é uma exceção, podemos declarar que o
rol dos absolutamente incapazes é taxativo. - “São absolutamente incapazes de
exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa trans-
itória, não puderem exprimir sua vontade” (art. 3º do CC).
• Menores de 16 anos (art. 3º, I do CC): São denominados por alguns autores
de menores impúberes, pois antigamente tomava-se por base a puberdade. O
critério é objetivo, assim basta ter menos de 16 anos para ser considerado ab-
solutamente incapaz, ou seja, se tiver 16 anos já será relativamente incapaz.
Em regra, os atos praticados por menores de 16 anos são considerados nu-
los, com exceção do casamento que é anulável. - “É anulável o casamento: I –
de quem não completou a idade mínima para casar” (art. 1550, I do CC).
• Os que, por enfermidade mental ou deficiência mental, não tiverem o ne-
cessário discernimento para a prática desses atos (art. 3º, II do CC): O CódigoCivil de 2002 substituiu a expressão “louco de todo gênero” que era muito
criticada pela doutrina.
Se o amental não tiver o necessário discernimento para a prática do ato
será considerado como absolutamente incapaz, mas se tiver o discernimento
apenas reduzido será relativamente incapaz (art. 4º, II do CC), sendo o grau deincapacidade verificado num processo de interdição.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 44/215
“Estão sujeitos a curatela: I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil” (art.
1767, I do CC).
• Negócio jurídico realizado após a interdição: É considerado nulo, mesmoque em momentos de lucidez, pois há presunção de publicidade.
• Negócio jurídico realizado antes da interdição: A jurisprudência nos orienta
que em princípio é nulo, salvo se o terceiro estiver de boa-fé (terceiro demon-
strar que o negócio foi realizado em condições normais e que a loucura não
era notória).
• Os que, mesmo por uma causa transitória, não puderem exprimir sua vontade
(art. 3º, III do CC): Exemplos: Arteriosclerose, estado de coma, derrame, em-
briaguez não habitual, hipnose e uso eventual de entorpecentes ou substancias
alucinógenas.
Aqueles que por causa transitória não puderem exprimir a sua vontade
não estão sujeitos a curatela, diferentemente daqueles que, por causa
duradoura, não puderem exprimir a sua vontade. - “Estão sujeitos a curatela:
II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vont-
ade” (art. 1767, II do CC).
• Com relação aos surdos-mudos há várias posições:
• Há os que os consideram como relativamente incapazes, mais especifica-
mente como excepcionais sem desenvolvimento completo.
• Há aqueles que afirmam que os surdos-mudos que não puderem exprimir sua vontade, nem por sinais nem por escrito, devem ser considerados com ab-
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 45/215
solutamente incapazes, dentre os que mesmo por uma causa transitória não
puderem exprimir sua vontade.
• E também aqueles que apontam três categorias de surdos-mudos, os abso-
lutamente incapazes (não consegue externar sua vontade), os relativamente in-
capazes (externam sua vontade de uma forma parcial) e os plenamente capazes(aqueles que conseguem externar sua vontade).
4. Rol dos relativamente incapazes:
Tendo em vista que a incapacidade é uma exceção, podemos declarar que o
rol dos absolutamente incapazes é taxativo. - “São incapazes, relativamente a
certos atos, ou à maneira de os exercer: I – os maiores de dezesseis e menoresde dezoito anos; II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III – os excepcionais,
sem desenvolvimento completo; IV – os pródigos” (art. 4º do CC).
• Maiores de 16 anos e menores de 18 anos (art. 4º, I do CC): São denom-
inados de menores púberes. Assim que completarem 16 anos, já serão consid-erados como relativamente incapazes.
• Se o menor (relativamente incapaz), desassistido por seu representante leg-
al, dolosamente ocultou a sua idade ou declarou-se maior: Não gozará da pro-
teção que o ordenamento lhe confere, ou seja, o negócio não será anulado, pois
o menor que agiu dolosamente, tem discernimento para distinguir o bem domal.
“O menor entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela
parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior” (art. 180 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 46/215
• Se o menor (relativamente ou absolutamente incapaz) praticar ato ilícito,
com culpa ou dolo: A responsabilidade será subsidiária e mitigada.
• Responsabilidade subsidiária: O incapaz, absoluta ou relativamente, pode
vir subsidiariamente a ser responsabilizado pelos prejuízos que causar.
“O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele re-
sponsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios su-
ficientes” (art. 928 do CC).
• Responsabilidade mitigada: A indenização será fixada pelo juiz, tendo em
vista o necessário à sobrevivência do incapaz ou das pessoas que dele depen-dam.
“A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá
lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependam” (art.
928, parágrafo único do CC).
Para Silvio Rodrigues o menor relativamente incapaz deve ser
equiparado ao maior com relação às obrigações decorrentes de atos ilícitos.
• “ Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um
incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga” (art.
181 do CC).
• Ébrios habituais (alcoólatras), viciados em tóxico (toxicômanos) e os que por
deficiência mental tenham o discernimento reduzido (fronteiriços ou fracos da
mente) (art. 4º, II do CC):
• Ébrios habituais: Somente serão interditados se a embriaguez for quase quediária e houver perturbação do discernimento.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 47/215
• Viciados em tóxico: Diferentemente dos ébrios habituais não é necessária
uma habitualidade, basta que haja dependência da droga e exista perturbação
do discernimento.
• Deficientes mentais com discernimento reduzido: Conforme já foi estudadoanteriormente, se o deficiente mental não tiver o necessário discernimento
para a prática do ato será considerado como absolutamente incapaz, mas se
tiver o discernimento apenas reduzido será relativamente incapaz, sendo o
grau de incapacidade verificado num processo de interdição.
“Estão sujeitos a curatela: III - os deficientes mentais, os ébrios habituaise os viciados em tóxicos” (art. 1767, III do CC). - “Pronunciada a interdição
das pessoas a que se referem os incisos III e IV do art. 1767, o juiz assinará,
segundo o estado ou desenvolvimento mental do interdito, os limites da cur-
atela, que poderão circunscrever-se às restrições constantes do art. 1782” (art.
1772 do CC).
- Os excepcionais sem desenvolvimento completo (art. 4º, III do CC): Exem-
plos: Portadores da síndrome de down; surdos-mudos que externam sua
vontade de uma forma parcial; deficientes mentais que tenham uma edu-
cação mais lenta.
“Estão sujeitos a curatela: IV - os excepcionais sem completo desenvol-vimento mental” (art. 1767, IV do CC). - “Pronunciada a interdição das pess-
oas a que se referem os incisos III e IV do art. 1767, o juiz assinará, segundo
o estado ou desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela, que
poderão circunscrever-se às restrições constantes do art. 1782” (art. 1772 do
CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 48/215
- Pródigos (art. 4º, IV do CC): É aquele que não consegue conservar seus bens,
colocando em risco o próprio sustento e de familiares.
A interdição visa a proteção não só da família como do próprio pródigo,
portanto, mesmo que ele não tenha família pode vir a ser interditado.
Com a interdição o pródigo fica proibido de praticar apenas os atos que
comprometam o patrimônio. - “A interdição do pródigo o privará de, sem
curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser
demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera adminis-
tração” (art. 1782 do CC).
Assim, não há proibição à prática de atos pessoais. Exemplo: O pródigo
não precisa de assistência do curador para casar, mas precisará na escolha do
regime de bens, pois tem conteúdo patrimonial.
4. Capacidade dos índios:
A capacidade dos índios será regulada por legislação especial (art. 4º, pará-grafo único do CC).
O Estatuto do índio exige assistência da FUNAI nos atos praticados pelos
índios (semelhante aos relativamente incapazes), mas considera como nulo os
atos praticados por eles sem assistência da FUNAI (semelhante aos absoluta-
mente incapazes) quando os prejudicarem (característica própria). Se o juizverificar que o índio tinha plena ciência do que estava fazendo e que o ato não
o prejudicou, poderá considerar o ato como válido.
“Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para
ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Min-
istérm defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministterdiia to apssim
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 49/215
como os excepcionais possuem um quociente de intelio Público em todos os
atos do processo" (art. 232 da CF).
“Os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição do
nascimento. Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de as-
sistência aos índios” (art. 50, §2º da Lei 601573). Os índios não integrados nacomunidade serão registrados na FUNAI para que haja um controle da popu-
lação indígena
4. Diferença entre incapacidade e falta de legitimação:
• Incapacidade: Abrange qualquer ato. É a restrição legal à pratica por si só deatos da vida civil.
• Falta de legitimação: Abrange apenas um ato. É a falta de aptidão específica
para a prática de determinado ato ou negócio jurídico. Na falta de legitimação
a pessoa é capaz.
Exemplo: O pai só esta legitimado a vender bens para certo filho com a
anuência dos demais. - “É anulável a venda de ascendente a descendente,
salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente
houverem consentido” (art. 496 do CC). - “Em ambos os casos, dispensa-
se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação
obrigatória” (art. 496, parágrafo único do CC).
4. Benefício da restituição ou “restitutio in integrum”:
O instituto do benefício da restituição, originado do romano, possibilitava a
anulação de um negócio jurídico válido, pratica pelo representante legal em
nome do incapaz, porque foi prejudicial ao incapaz. Tal instituto não é acol-
hido pelo novo Código Civil, embora este não faça qualquer menção.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 50/215
4. Fim da incapacidade:
Com o fim da incapacidade a pessoa esta habilitada à prática de todos os
atos da vida civil. (art. 5º do CC). A incapacidade pode cessar com a maiorid-
ade civil, o levantamento da interdição, a integração do índio e a emancipação.
- Maioridade civil: Quando o menor completa 18 anos cessa a incapacidade.Entretanto, não podemos nos esquecer que há casos em que os maiores
de 18 anos são incapazes (art. 3º e 4º do CC).
- Levantamento da interdição: É o cancelamento dos efeitos da sentença de in-
terdição, tendo em vista que as causas da interdição cessaram.
“Estão sujeitos as curatelas: I – aqueles que, por enfermidade ou deficiên-
cia mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
II – aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vont-
ade; III – os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
IV- os excepcionais sem desenvolvimento mental; V – os pródigos” (art. 1767
do CC).
“A sentença que declara a interdição produz efeitos desde logo, embora
sujeita a recurso” (art. 1773 do CC). A apelação da sentença de interdição não
tem efeito suspensivo.
• Integração do índio: O índio integrado a civilização brasileira poderá ser emancipado desde que preencha os seguintes requisitos (art. 9º da Lei 6001/
73):
• Idade mínima de 21 anos.
• Conhecimento da língua portuguesa.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 51/215
• Habilitação para exercício de atividade útil, na comunidade nacional.
• Razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional.
• Liberação por ato judicial diretamente ou por ato da FUNAI homologado
judicialmente.
É relevante destacar que o Presidente da República, por meio de um
decreto, pode emancipar determinada população indígena (emancipação
coletiva), após requerimento da maioria desta comunidade e comprovação
pela FUNAI de plena integração a civilização.
• Emancipação: Emancipação nada mais é do que a antecipação da capacidade
civil aos menores.
Com a emancipação antecipa-se a capacidade civil e não a idade, assim em-
bora o menor seja emancipado, não poderá praticar atos da lei especial
que levem em consideração a maioridade. Exemplo: O menor eman-cipado não pode tirar carteira de motorista, pois a lei especial prevalece
sobre a geral.
A emancipação válida é irrevogável pelos pais ou pelo menor. Entretanto, se
for inválida pode ser anulada por sentença judicial.
• Emancipação voluntária (art. 5º, parágrafo único, I do CC): É aquela con-
cedida conjuntamente pelos pais ao filho com 16 anos, mediante escritura
pública, independentemente de homologação judicial. A emancipação será re-
gistrada no livro das emancipações no Cartório do 1º Ofício do Registro Civil
da Comarca do domicilio do menor.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 52/215
A emancipação pode ainda ser concedida por apenas um dos pais no caso
da falta do outro (Exemplo: Um deles faleceu ou esta interditado). Entretanto,
se um deles estiver em lugar incerto e não sabido será necessária uma autoriz-
ação judicial para emancipar.
Na emancipação voluntária os pais não ficam livres da responsabilidade pelos atos ilícitos dos filhos, pois assim evita-se emancipações maliciosas.
Tendo em vista que a emancipação é concedida em benefício do filho,
se ficar comprovado que foi concedida para que os pais se libertassem da
prestação alimentícia, ela será anulada.
• Emancipação judicial (art. 5º, parágrafo único, I do CC): É aquela conce-
dida por sentença judicial ao menor com 16 anos que se encontra sob tutela
(Exemplo: Os pais morreram ou foram destituídos do poder familiar).
O tutor não pode emancipar voluntariamente para evitar que assim possa
se livrar do ônus da tutela. A sentença judicial deve ser registrada no Cartóriodo 1º Ofício do Registro Civil.
Se houver divergência entre os pais sobre a emancipação, será decidido
pelo juiz.
• Emancipação legal: É aquela que decorre automaticamente de fatos previs-tos na lei, independente de registro.
• Casamento (art. 5º, parágrafo único, II do CC): Sendo válido o casamento o
menor será emancipado. Se o casamento for invalidado voltará a ser incapaz,
salvo se o menor estava de boa-fé.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 53/215
• Menor com 16 anos: Pode casar, mas necessita de uma autorização (tal
autorização não se confunde com a assistência, assim somente o nubente
assina o casamento).
• Menor que ainda não tem 16 anos: Os menores de 16 anos não podem se
casar, salvo para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou emcaso de gravidez.
• Exercício de emprego público em caráter efetivo (art. 5º, parágrafo único,
III do CC): A expressão “emprego público” deve ser interpretada como função
pública.
Como a lei não fala em estabilidade, mas somente em caráter efetivo, já
no estagio probatório adquirirá a emancipação.
• Colação de grau em curso de ensino superior (art. 5º, parágrafo único, IV
do CC): As pessoas consideradas gênios, podem se submeter a avaliação no
Ministério da Educação e obter diploma antes da maioridade.
• Estabelecimento civil ou comercial com economia própria por quem tenha
16 anos (art. 5º, parágrafo único, V do CC): É necessário que o menor tenha
16 anos e que com essa atividade consiga se sustentar.
• Manter uma relação de emprego, com economia própria, por quem tenha 16anos (art. 5º, parágrafo único, V do CC): É necessário que o menor tenha 16
anos, que a relação de emprego seja estável e que com esse emprego ele possa
se sustentar.
Ausência
4. Localização da ausência:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 54/215
O Código Civil de 2002 deixou de considerar o ausente como absoluta-
mente incapaz e passou a tratar a ausência na Parte Geral do Direito Civil e
não mais no Direito de Família.
2. Conceito de ausente:
Ausente é aquele que desaparece de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e sem deixar representante para administrar seu patrimônio.
“Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se
não houver deixado representante ou procurador a quem cabia administrar-
lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério
Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador” (art. 22 do CC).
“Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o aus-
ente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o
mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes” (art. 23 do CC).
3. Finalidade da declaração da ausência:A declaração da ausência produz apenas efeitos patrimoniais, portanto,
somente com a abertura da sucessão definitiva é que há a declaração da
morte. - “O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges,
aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente” (art.
1571, §1º do CC).
Procedimento da ausência
3. Fases do procedimento da ausência:
Se o ausente não deixar bens não há necessidade de instauração do pro-
cedimento de ausência. Entretanto, se tiver deverá ser instaurado o procedi-
mento com o fim de proteger os interesses do ausente, dos herdeiros e da so-ciedade.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 55/215
O procedimento da ausência é de jurisdição voluntária e instaura-se no
último domicílio do ausente.
• 1a
Fase Curadoria de ausentes.
• 2a
Fase Sucessão provisória.
• 3a
Fase Sucessão definitiva.
2. 1a
Fase Curadoria de ausentes:
A fase da curadoria visa a preservação dos bens do ausente com sua entrega a
um curador, para o caso de um eventual retorno do ausente. Portanto, esta fase
leva em consideração os interesses do ausente.
• Requerimento para instauração do procedimento de ausência: Por qualquer
interessado ou pelo Ministério Público.
• Arrecadação, entrega da administração dos bens ao curador, declaração da
ausência: Os bens serão arrecadados com o fim de que não pereçam.
• Curador: O legítimo curador será o cônjuge, desde que não esteja separado
judicialmente ou de fato a mais de dois anos da declaração da ausência (art. 25
do CC). Se a ausência ocorrer durante a união estável caberá ao companheiro
ou companheira.
Na falta do cônjuge a nomeação recairá sobre os pais ou descendentes,
nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer (art. 25, §1º
do CC). Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 56/215
(art. 25, §2º do CC). Na falta dos três o juiz nomeará um curador dativo (art.
25, §3º do CC).
“O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, con-
forme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a re-
speito dos tutores e curadores” (art. 24 do CC).
• “Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais durante 1 (um) ano,
reproduzindo de dois em dois meses, anunciando a arrecadação e chamando o
ausente a entrar na posse dos seus bens” (art. 1161 do CPC).
• Curadoria cessa:
• Pelo comparecimento do ausente; do seu procurador ou de quem o repres-
ente (art. 1162, I do CPC).
• Pela certeza da morte do ausente (art. 1162, II do CPC): O procedimento
será convertido em inventário.
• Pela abertura da sucessão provisória, com partilha aos herdeiros (art. 1162,
III do CPC).
3. 2a
Fase Sucessão provisória:
A segunda fase visa a abertura da sucessão provisória, com entrega dos bens em caráter provisório e condicional aos herdeiros.
• Após o prazo de um ano da arrecadação dos bens do ausente (após o decurso
do prazo de um ano da publicação dos editais), ou, sele ele deixou represent-
ante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requer-
er a abertura da sucessão provisória (art. 26 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 57/215
• Somente são considerados interessados para efeito deste artigo:
• Cônjuge não separado judicialmente (art. 27, I do CC).
• Herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários (art. 27, II do CC).
• Os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte
(art. 27, III do CC).
• Os credores de obrigações vencidas e não pagas (art. 27, IV do CC).
Se não houver interessados ou se esses não requerem a abertura, caberá aoMinistério Público requerê-la. - “Findo o prazo a que se refere o artigo 26,
e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério
Público requerê-la ao juízo competente” (art. 28, §1º do CC).
• “O interessado, ao requerer a abertura da sucessão provisória, pedirá a
citação pessoal dos herdeiros presentes e do curador e, por editais, a dos aus-entes para oferecerem artigos de habilitação” (art. 1164 do CPC).
• Após o julgamento das habilitações, o juiz prolatará sentença determinando a
abertura da sucessão provisória. - “A sentença que determinar a abertura da su-
cessão provisória só produzirá efeitos após cento e oitenta dias depois de pub-
licada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à aber-tura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o
ausente fosse falecido” (art. 28 do CC).
“Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até
trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a su-
cessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pelaforma estabelecida nos arts 1819 a 1823” (art. 28, §2º do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 58/215
“Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a con-
versão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou extravio, em imóveis ou
em títulos garantidos pela União” (art. 29 do CC). Tal artigo também pode ser
utilizado por analogia em momento posterior a partilha.
• Imissão dos herdeiros na posse dos bens do ausente: Assim que a sentença
transitar em julgado realizar-se-á a partilha dos bens, mas os herdeiros só
poderão tomar posse dos bens após o prazo de 180 dias. – Os bens serão en-
tregues em caráter provisório.
“Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darãogarantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes
aos quinhões respectivos” (art. 30 do CC).
“Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a
garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe de-
viam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia” (art. 30, §1º do CC).
“Os ascendentes, os descendentes, e o cônjuge, uma vez provada a sua
qualidade de herdeiros, poderão independentemente de garantia, entrar na
posse dos bens do ausente” (art. 30, §2º do CC).
• Representação do ausente pelos sucessores provisórios: “Empossados nos
bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o
ausente, de modo que contra ele correrão as ações pendentes e as que de futuro
àquele forem movidas” (art. 32 do CC).
• Frutos e rendimentos dos bens do ausente: Os descendentes, ascendenteou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 59/215
rendimentos dos bens que a este couberem, os outros sucessores, porém, de-
verão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no
art. 29 (convertendo-os em imóveis ou títulos da divida pública), de acordo
com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente constas ao
juiz competente (art. 33 do CC).
A capitalização da metade dos frutos e rendimentos têm por objetivo
assegurar os interesses do ausente caso ele retorne. Entretanto, se o ausente
aparecer e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá
ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos (art. 33, pará-
grafo único do CC).
“O Excluído, segundo o artigo 30, da posse provisória poderá, justific-
ando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do
quinhão que lhe tocaria” (art. 34 do CC).
• “Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropri-
ação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína” (art. 31 doCC). A alienação de bens móveis também depende de ordem judicial.
• “Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida
a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela im-
itidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas,
até a entrega dos bens a seu dono” (art. 36 do CC).
O cônjuge, ascendente ou descendente que for sucessor provisório não
precisará devolver os rendimentos e frutos, mas os outros sucessores terão de
devolver aquela metade capitalizada para esse fim.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 60/215
• “Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do
ausente, considerar-se-á nessa data, aberta a sucessão, em favor dos herdeiros
que o eram àquele tempo” (art. 35 do CC).
4. 3a
Fase Sucessão definitiva:
A terceira fase visa a conversão da provisória em definitiva e o levantamentodas cauções.
• Poderão os interessados requerer a conversão da provisória em definitiva e o
levantamento das cauções:
• Quando houver certeza da morte do ausente (art. 1167, I do CPC).
• Quando o ausente contar com 80 anos de idade e já decorridos 5 anos das
suas últimas notícias (art. 38 do CC).
• Após 10 anos do transito em julgado da sentença que concede a abertura da
sucessão provisória (art. 37 do CC).
• Efeitos da sentença de sucessão definitiva:
• Presunção de morte do ausente (morte ficta).
• Averbação da sentença no Cartório de Registro Civil.
• Dissolução do casamento.
• Extinção do poder familiar.
• Levantamento das cauções.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 61/215
• Imissão na posse dos herdeiros que não tinham como prestar garantia.
• Aquisição da propriedade resolúvel dos bens: Antes os sucessores eram
meros possuidores, agora adquirem a propriedade dos bens.
• Se o ausente ou descendentes ou ascendentes retornarem dentro do prazo de10 anos após a abertura da sucessão definitiva: Terão direito aos bens exist-
entes no estado em que se acharem, ou aos sub-rogados em seu lugar ou preço
que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens aliena-
dos depois daquele tempo (art. 39 do CC). Se retornarem após este prazo não
terão direito algum.
É relevante destacar que o ausente, descendentes ou ascendentes que retorn-
arem dentro do prazo acima não terão direito aos frutos e rendimentos.
• Se nenhum interessado promover a sucessão definitiva e o ausente não re-
gressar dentro do prazo de 10 anos após a abertura da sucessão definitiva: Os
bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal,se localizados nas respectivas circunscrições, ou da União, quando localizados
em território federal (art. 39, parágrafo único do CC).
Registro
4. Inscrições em registro público:
• Nascimento, casamentos e óbito (art. 9º, I do CC).
• Emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz (art. 9º, II do CC).
• Interdição por incapacidade absoluta ou relativa (art. 9º, III do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 62/215
• Sentença declaratória de ausência e de morte presumida. (art. 9º, IV do CC)
2. Averbação em registro público:
• Sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio,
a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal (art. 10, I doCC).
Também deve ser feita a averbação do traslado extraído da escritura
pública de separação e divórcio realizados em cartórios.
• Dos atos judiciais ou extrajudiciais que declarem ou reconhecerem a filiação(art. 10, II do CC).
• Dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção (art. 10, III do CC).
Direitos da personalidade
2. Localização dos direitos da personalidade:
Os direitos da personalidade embora não previstos no Código Civil de
1916, já eram admitidos pela doutrina e estabelecidos na Constituição Federal
de 1988. Hoje também estão presentes, de uma forma exemplificativa, no
Código Civil de 2002.
• “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
crático de Direito e tem como fundamentos: III – a dignidade da pessoa hu-
mana” (art. 1º, III da CF).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 63/215
• São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização, pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação (art. 5º, X da CF).
2. Conceito de direitos da personalidade:
Direitos da personalidade são os atributos físicos, psíquicos e morais in-erentes à pessoa humana. Exemplos: Direito à vida, à honra, à liberdade, ao
nome, ao corpo e à imagem.
3. Características dos direitos da personalidade:
A doutrina também não é unânime quanto ao rol das características dos direit-
os da personalidade.
• Absolutos: Os direitos da personalidade devem ser respeitados por todos
(“erga omnes”).
• Gerais: Os direitos da personalidade são atribuídos a todos, assim basta ter
personalidade jurídica (ser pessoa) para titulá-los.
• Extrapatrimoniais: Os direitos da personalidade recaem sobre bens jurídicos
insuscetíveis de apreciação econômica, ou seja, não integram o patrimônio da
pessoa de forma direta.
Entretanto, quando houver violação dos diretos da personalidade poderáocorrer uma apreciação econômica dos prejuízos sofridos. - “Pode-se exigir
que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei” (art. 12 do CC).
Não podemos nos esquecer que também existem direitos da personalidade
patrimoniais, como, por exemplo, a imagem de uma pessoa famosa. Estes sãosuscetíveis de apreciação econômica.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 64/215
• Indisponíveis: Os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenun-
ciáveis.
• Intransmissíveis: Tendo em vista que os direitos da personalidade são in-
erentes a pessoa, podemos afirmar que não podem ser transmitidos a outras pessoas, mas há exceções, como por exemplo, os direitos autorais, direito de
imagem e cessão de órgãos ou tecidos para fins de transplante.
Em se tratando de morto, os parentes podem defender os direitos da per-
sonalidade. - “Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer medida
prevista neste artigo o cônjuge, sobrevivente, ou qualquer parente em linha re-ta, ou colateral até o quarto grau” (art. 12, parágrafo único do CC).
• Irrenunciáveis: O titular não pode renunciar aos direitos da personalidade.
Embora não possa renunciá-los, pode não propor as medidas do artigo 12 do
Código Civil.
É relevante destacar que pode existir renuncia aos direitos da personalid-
ade patrimoniais.
• Inalienáveis: Os direitos da personalidade encontra-se fora do comércio
salvo com relação a imagem de pessoas famosas, pois estes são direitos da
personalidade patrimoniais.
• Imprescritíveis: Tendo em vista que a prescrição é uma renuncia tácita e que
os direitos da personalidade são irrenunciáveis, podemos concluir que também
são imprescritíveis. Os direitos da personalidade não desaparecem se não for-
em utilizados e nem são adquiridos pelo decurso do tempo.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 65/215
Só haverá prescrição quanto a possibilidade de pleitear reparação em razão de
ofensa aos direitos da personalidade, pois esta tem caráter patrimonial.
• Impenhoráveis: Tendo em vista que os direitos da personalidade não integ-
ram o patrimônio do titular de forma direta, podemos afirmar que os direitos
da personalidade não podem ser penhorados.
Entretanto, vale destacar que os créditos decorrentes da violação dos dire-
tos da personalidade podem ser penhorados.
• Vitalícios: A pessoa titulariza os direitos da personalidade por toda vida. Al-
guns se refletem até mesmo após a morte.
4. Proteção dos direitos da personalidade:
“Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e
reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei” (art.
12 do CC).
5. Classificação dos direitos da personalidade:
A doutrina não é unânime quanto a classificação dos direitos da personalidade.
• Direito à integridade física:
• Direito à vida: Em razão do direito à vida, proíbe-se o homicídio, o aborto,eutanásia etc.
• Direito sobre o corpo: Direito sobre o próprio corpo, vivo ou morto, direito
sobre o corpo alheio, vivo ou morto e direto sobre as partes separadas do corpo
vivo ou morto.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 66/215
• Direito à integridade moral: Direito à honra, direito à liberdade (de
pensamento, política, religiosa, de trabalho etc), direito à imagem, direito a
identidade (aos elementos distintivos da pessoa na sociedade), direito à priva-
cidade, direito pessoal do autor científico ou do autor artístico ou do inventor
etc.
Direito sobre o próprio corpo
5.1.1.1. Direito sobre o próprio corpo vivo:
• “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes” (art. 13 do CC). - “O ato previsto neste artigo será admitido
para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial” (art. 13, pará-
grafo único do CC).
• O próprio artigo traz duas exceções:
• Exigência médica: A exigência médica pode referir-se ao bem estar físico
ou ao bem estar psíquico. No último caso encontram-se os transexuais (porta-
dor de desvio psicológico permanente de identidade sexual, inclusive com
tendência à automutilação e ao auto-extermínio).
• Critérios que definem os transexuais (art. 3º da Resolução 1652/02 Con-selho Federal de Medicina): Desconforto com o sexo anatômico natural;
desejo expresso de eliminar os genitais, perder as características primárias e
secundárias do próprio sexo e ganhar as do sexo oposto; permanência desses
distúrbios de forma contínua e constante por, no mínimo 2 anos; ausência de
outros transtornos mentais.
• Para fins de transplantes:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 67/215
“A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção
de órgãos, tecidos ou substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e
tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus
derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização” (art. 199, §4º da CF).-
A Lei 9434/97 dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpohumano para fins de transplante.
“É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de te-
cidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para
transplantes em cônjuge ou parentes consangüíneos até o quarto grau, inclus-
ive, na forma do §4º deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, medianteautorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea” (art. 9º da
Lei 9434/97). Para doar a estranhos é necessária autorização judicial, salvo
quando se tratar de medula óssea.
“Só é permitida a doação referida neste artigo quando se tratar de órgãos
duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não im- peça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua in-
tegridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e
saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e corresponda
a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa re-
ceptora” (art. 9º, §3º da Lei 9434/97).
“A doação poderá ser revogada pelo doador ou pelos responsáveis legais
a qualquer momento antes de sua concretização” (art. 9º, §5º da Lei 9434/97).
• “ Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a trata-
mento médico ou a intervenção cirúrgica” (art. 15 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 68/215
O artigo não trata do iminente perigo de vida, pois neste caso o médico
deve intervir independentemente da anuência do paciente. Já no perigo de vida
futuro, diferentemente, será necessária anuência, do paciente ou responsáveis,
para tratamento médico ou intervenção cirúrgica.
2. Direito sobre o próprio corpo morto:
• “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte” (art. 14 do CC).
• “A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano
destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico demorte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes
das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clíni-
cos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina”
(art. 3º da Lei 9434/97).
• “A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas paratransplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do côn-
juge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral,
até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas
testemunhas presentes à verificação da morte” (art. 4º da Lei 9434/97). Port-
anto, além da autorização da pessoa em vida é necessária autorização dos par-
entes.
• “A expressão “não-doador de órgãos e tecidos” deverá ser gravada, de
forma indelével e inviolável, na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Na-
cional de Habilitação da pessoa que optar por essa condição” (art. 4º, §1º da
Lei 9434/97).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 69/215
• “A manifestação de vontade feita na Carteira de Identidade Civil ou na
Carteira Nacional de Habilitação poderá ser reformulada a qualquer momento,
registrando-se, no documento, a nova declaração de vontade” (art. 4º, §4º da
Lei 9434/97). - “O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer
tempo” (art. 14 parágrafo único do CC).
• “ No caso de dois ou mais documentos legalmente válidos com opções
diferentes, quanto à condição de doador ou não, do morto, prevalecerá aquele
cuja emissão for mais recente” (art. 4º, §5º da Lei 9434/97).
Direito à imagem
2. Conceito de imagem:
• Imagem-retrato (sentido estrito): Refere-se ao aspecto físico da pessoa.
• Imagem-atributo (sentido amplo): Refere-se a forma como a pessoa é vista
na sociedade, assim abrange também as idéias da pessoa exteriorizadas por meio de escrito ou através da palavra falada.
2. Proteção à imagem:
• Poderão ser proibidos, a requerimento do interessado (ação de proibição), e
sem prejuízo da indenização (ação de indenização): A divulgação de escritos;a transmissão da palavra ou publicação; a exposição ou utilização da imagem
de uma pessoa.
• Quando: Quando atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade ou
destinarem-se a fins comerciais.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 70/215
A reprodução de imagem para fins comerciais, sem autorização do
lesado, enseja o direito a indenização, ainda que não lhe tenha atingido a
honra, boa fama ou a respeitabilidade.
• Exceções (casos em que será permitida a veiculação de imagem):
• Quando autorizadas.
• Quando necessária à administração da justiça.
• Quando necessária à manutenção da ordem pública.
Não podemos ainda nos esquecer que o direito à imagem não pode ser invo-
cado para proteger atividades ilícitas (Exemplo: Criminoso não pode invocar
o direito de imagem para que seu retrato não seja publicado) e nem na hipótese
de evento de inegável alcance jornalístico (Exemplo: Jogador de futebol que
marcou o gol).
3. Proteção à imagem dos mortos ou ausentes:
“Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requer-
er essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes” (art. 20, pará-
grafo único do CC).
Individualização da pessoa natural
3. Conceito de individualização da pessoa natural:
Individualização da pessoa natural nada mais é do que a identificação da
pessoa na sociedade e essa se faz por meio de três elementos: a) Nome; b)
Estado e c) Domicílio.
Nome
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 71/215
3. Conceito de nome:
Nome é o sinal pelo qual se identifica a pessoa, tanto na sua própria
família como na sociedade.
2. Aspectos do nome:
• Aspecto público: Toda pessoa deve ter um nome. O Estado tem interesse na
identificação das pessoas, tanto que disciplina o uso do nome na Lei de Regis-
tros Públicos e no Código Civil.
• Aspecto privado: Toda pessoa tem direito ao uso e proteção do nome contra
a usurpação (utilização indevida) e exposição ao ridículo.
“Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome” (art. 16 do CC). - “O pseudônimo adotado para atividades lícitas
goza da proteção que se dá ao nome” (art. 19 do CC).
“O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicaçõesou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não
haja a intenção difamatória” (art. 17 do CC). - “Sem autorização, não se pode
usar o nome alheio em propaganda comercial” (art. 18 do CC).
“Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade,
e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”(art. 12 do CC).
3. Natureza jurídica do nome:
O nome é um direito da personalidade com todas as suas características.
4. Elementos do nome:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 72/215
O nome é composto por elementos essenciais (fundamentais) e facultativos
(acessórios).
• Elementos essenciais: Aqueles obrigatórios para o registro no Cartório com-
petente, ou seja, o prenome e o sobrenome. - “Toda pessoa tem direito ao
nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome” (art. 16 do CC).
• Prenome (primeiro nome ou nome de batismo): É aquele que inicia o nome.
• Pode ser livremente escolhido pelos pais. Entretanto essa liberdade é re-
lativa, ou seja, o escrivão está proibido de registrar um nome que exponha a
criança ao ridículo. Se os pais não se conformarem com a recusa oficial, estesubmeterá o caso ao juiz corregedor.
“Os oficiais de registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de ex-
por ao ridículo os seus portadores. Quando os pais não se conformarem com
a recusa oficial, este submeterá por escrito o caso, independentemente da co-
brança de quaisquer emolumentos, à decisão do juiz competente” (art. 55, parágrafo único da Lei 6015/73).
• Pode ser simples (com um só vocábulo) ou composto (com mais de um vo-
cábulo).
• Os irmãos não podem ter o mesmo prenome, salvo se for composto comapenas um dos vocábulos idênticos ou se for nome completo diverso. - “Tam-
bém serão obrigados a duplo prenome, ou a nome completo diverso, os irmãos
a que se pretender dar o mesmo nome” (art. 63, parágrafo único da Lei 6015/
73).
• A primeira providência que o juiz deverá tomar com relação a criança aban-donada é dar um nome. Entretanto, se mais tarde se descobrir a origem, faz-se
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 73/215
uma retificação. - “O registro do nascimento do menor abandonado, sob jur-
isdição do juiz de menores, poderá fazer-se por iniciativa deste, à vistas dos
elementos de que dispuser e com observância, no que for aplicável, do que
preceitua o artigo anterior” (art. 62 da Lei 6015/73).
• Sobrenome (apelido familiar ou patronímico): É o mesmo dos pais.
• Não pode ser livremente escolhido.
• O sobrenome pode ser o paterno ou o materno ou ainda ambos.
• “Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial lançará adi-ante do prenome escolhido o nome do pai, e na falta, o da mãe, se forem con-
hecidos e não o impedir a condição de ilegitimidade, salvo reconhecimento no
ato” (art. 55 da Lei 6015/73).
• Não será lançado o nome do pai sem que este expressamente o autorize. En-
tretanto, a lei de investigação de paternidade (Lei 8560/92) obriga o escrivãodo Registro Civil a remeter ao juiz dados sobre o suposto pai, que será convo-
cado para reconhecer voluntariamente o filho. Não o fazendo, os dados serão
encaminhados ao Ministério Público, que poderá promover a ação de invest-
igação de paternidade.
• Elementos facultativos: Aqueles não obrigatórios para o registro no Cartóriocompetente.
• Agnome: É o sinal acrescentado ao nome para diferenciá-lo de outras pess-
oas, da mesma família, que possuam o mesmo nome. Exemplos: Neto, filho,
sobrinho, segundo e júnior.
• Cognome: É o apelido que integra o nome por decisão judicial. Ex: Lula
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 74/215
• Partícula: É a preposição “da”, “das”, “de”, “do” e “dos”.
• Pseudônimo (codinome): É o nome escolhido pela própria pessoa para o
exercício de uma certa atividade. Normalmente são utilizados pelos artistas.
• Hipocorístico: O nome, geralmente abreviado, atribuído a uma pessoa como
demonstração de carinho. Exemplo: Zé.
• Axiônimos: São os títulos de nobreza (Exemplos: Conde e Duque),
eclesiásticos (Exemplos: Padre e Bispo), qualificativos de identidade oficial
(Ex: Prefeito; Juiz) e os títulos acadêmicos e científicos (Exemplos: Doutor eMestre). – A lei não cuida desses elementos facultativos.
5. Possibilidades de alteração do nome:
Em regra, o nome não pode ser alterado e tal restrição existe para proteger as
pessoas que realizaram negócios jurídicos.
• Causas de mudança do prenome e o sobrenome
• Evidente erro gráfico: Quando há erro de grafia.
O artigo 58 da Lei de Registros Públicos, em seu texto original, dispunha
que o prenome era imutável e o seu parágrafo único permitia a retificaçãono caso de erro gráfico evidente. Entretanto, a Lei 9708/98 trouxe a seguinte
redação “o prenome será definitivo, admitida se, todavia a sua substituição por
apelidos públicos e notórios” e no seu parágrafo único dispôs que a substitu-
ição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça
decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em
sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público. – Embora não es-
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 75/215
teja mais expresso ainda há a possibilidade de retificação do prenome em caso
de evidente erro gráfico.
• Erro no registro: Quando o oficial registrou um nome diferente daquele de-
clarado pelos pais.
• Nome que expõe o portador ao ridículo: Embora a lei só faça referencia a
alteração do prenome, a jurisprudência tem estendido a mudança à qualquer
parte do nome que exponha o portador ao ridículo, porém no caso de
sobrenome, a modificação tem que restringir-se a outro sobrenome de família.
“Os oficiais de registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de ex- por ao ridículo os seus portadores. Quando os pais não se conformarem com
a recusa oficial, este submeterá por escrito o caso, independentemente da co-
brança de quaisquer emolumentos, à decisão do juiz competente” (art. 55,
parágrafo único da Lei 6015/73).
• Inclusão no programa de proteção a testemunha: “A substituição do pren-ome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça, decorrente
da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de
juiz competente, ouvido o Ministério Público” (art. 58, parágrafo único da Lei
6015/73).
• Adoção: O prenome do adotado pode ser mantido ou não, já o sobrenomedeve ser obrigatoriamente alterado. Assim, será cancelado o sobrenome dos
pais biológicos.
“A decisão confere ao adotado o sobrenome do adotante, podendo de-
terminar a modificação de seu prenome, se menor, a pedido do adotante ou do
adotado” (art. 1627 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 76/215
• “Interessado no primeiro ano após atingir a maioridade civil, poderá, pess-
oalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique
os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela im-
prensa” (art. 56 da Lei 6015/73). O interessado que completar 18 anos poderá
até os 19 anos alterar:
• Prenome: Pode-se alterar o prenome composto para simples ou vice-versa,
desde que não seja nome célebre. Entretanto é relevante destacar que não pode
haver supressão total, salvo justificada gravidade.
• Sobrenome: Tendo em vista que o sobrenome deve ser mantido, só po-
demos falar em inclusão de outros sobrenomes. Exemplo: Sobrenome dosavós.
Dentro do prazo decadencial de 1 ano as alterações são feitas adminis-
trativamente (juiz corregedor do Cartório de Registro Civil apreciará o pe-
dido).
Após o prazo decadencial qualquer alteração do nome só será permitida
judicialmente, motivadamente e ainda após audiência do Ministério Público
(juiz da vara de Registros Públicos decidirá por sentença). - “Qualquer alter-
ação posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiên-
cia do Ministério Público será permitida por sentença do juiz a que estiver
sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pelaimprensa” (art. 57 da Lei 6015/73).
• Causas de mudança do prenome:
• Tradução: Prenomes estrangeiros podem ser alterados desde que haja o cor-
respondente na língua brasileira e que o prenome estrangeiro não esteja integ-rado em nossa língua. Tal alteração não se estende ao sobrenome.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 77/215
• Apelidos populares: “O prenome será definitivos, admitindo-se, todavia, a
sua substituição por apelidos públicos notórios” (art. 58 da Lei 6015/73). Da
mesma forma que pode alterar, pode também apenas incluir o apelido notório
no nome.
• Irmão com nome idêntico: Os irmãos não podem ter o mesmo prenome,
salvo se for prenome composto com apenas um dos vocábulos idênticos ou se
for nome completo diverso. Se os nomes forem idênticos deverá ser alterado o
nome daquele que foi registrado por último.
• Transexual: O transexual pode alterar seu prenome para um feminino.
• Causas de mudança do sobrenome
• Casamento: O cônjuge pode vir a utilizar o sobrenome do outro, trata-se
de mera faculdade. O marido pode utilizar o da esposa e essa pode utilizar o
desse.
• União estável: Tendo em vista que o Código Civil não tratou da utilização
do sobrenome pela companheira, continua valendo a Lei dos Registros Públi-
cos. “A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem solteiro
desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável poderá
requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbadoo patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios, de
família, desde que haja impedimento legal para o casamento, decorrente do es-
tado civil de qualquer das partes ou de ambas” (art. 57, §2º da Lei 6015/73). –
Requisitos para que a companheira inclua o sobrenome do companheiro:
• Haja autorização expressa do outro companheiro (art. 57, §3º da Lei 6015/73).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 78/215
• Estejam juntos há cinco anos, salvo se tiverem um filho, pois o prazo será
de 1 ano (art. 57, §3º da Lei 6015/73). Há quem afirme que não há necessidade
desses requisitos, visto que tais prazos não são exigidos para caracterização da
união estável.
• Que nenhum deles seja casado.
• Haja impedimento legal ao casamento. Exemplos: Os dois são separados
judicialmente; um é separado judicialmente e a outro é viúvo; um é solteiro e
a outra separada judicialmente.
• Que a ex-esposa não esteja utilizando o sobrenome.
A Alteração do sobrenome da companheira será feita judicialmente,
sendo ouvido o Ministério Público.
• Separação judicial:
• Na separação consensual: O Cônjuge pode continuar a usar o sobrenome do
outro. Se não quiser usar deve requerer expressamente.
• Na separação-remédio e na separação-falência: O Cônjuge pode continuar
a usar o sobrenome do outro. O art. 17 da Lei 6515/77 encontra-se revogado.
• Na separação sanção: O cônjuge inocente pode continuar a usar o
sobrenome do outro.
Já o cônjuge culpado, poderá perder o direito de usar o sobrenome do
outro se o inocente assim requerer. Entretanto, o cônjuge culpado poderá con-tinuar a usar o sobrenome do outro cônjuge em 3 casos: evidente prejuízo na
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 79/215
sua identificação; manifesta distinção entre seu nome de família e dos filhos
havidos da união dissolvida e dano grave reconhecido na decisão judicial.
• Divórcio: O cônjuge pode continuar a usar o sobrenome do outro, inde-
pendentemente de ser divórcio direto ou conversação. Só não poderá utilizar
se desta forma ficar consignado na separação, em se tratando de divórcio con-versão.
Segundo alguns autores mesmo se a divorciada vier a contrair um novo
casamento poderá continuar a usar sobrenome do casamento anterior.
Não podemos nos esquecer da separação e do divórcio realizados emCartório (Lei 11.441/07).
• Viuvez: A viúva embora tenha o direito de continuar usando o nome do fa-
lecido marido poderá renunciá-lo.
• Reconhecimento de filho: Sendo o filho reconhecido poderá usar osobrenome do pai.
• Ação negatória de paternidade: Sendo julgada procedente a ação negatória
e paternidade, deverá ser retirado o sobrenome do pai.
• Anulação de casamento: Com a anulação do casamento o cônjuge perde odireito de usar o sobrenome do outro, salvo o cônjuge de boa-fé no casamento
putativo.
• Utilização do nome de casada pela viúva, separada ou divorciada para fins
ilícitos ou imorais. Se estas utilizarem o nome de casada para fins ilícitos ou
imorais perderão o direito ao uso do nome de casada.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 80/215
• Homônimo: No caso de existir outra pessoa com o mesmo prenome e
sobrenome é possível a alteração do sobrenome com a inclusão de outro
sobrenome de família.
• Domicílio do incapaz: É o do representante legal (representante ou assist-
ente).
Estado
5. Conceito de estado:
Estado é a posição jurídica da pessoa na sociedade em razão das qualid-
ades que lhe são inerentes.
2. Espécies de estado:
• Estado individual ou físico: Leva em conta às características físicas da pess-
oa, como por exemplo, idade, sexo, altura, capacidade, peso, cor, saúde, nome
etc. Assim, a pessoa pode ostentar o estado de homem, mulher, maior ou men-or de idade, capaz ou incapaz.
• Estado familiar ou civil: Leva em conta a posição da pessoa na família, em
razão do matrimônio e parentesco. Portanto, a pessoa pode ostentar o estado de
solteiro, casado, separado judicialmente, divorciado, convivente, viúvo, sogro,
pai, filho, enteado, padrasto, avô etc.
• Estado político: Leva em conta a posição da pessoa em face do Estado.
Assim, a pessoa pode ostentar o estado de nacional, de brasileiro nato, de
brasileiro naturalizado, de cidadão, de estrangeiro, de pessoa inelegível etc.
3. Características de estado:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 81/215
• Imprescritível: O decurso do tempo não faz com que as pessoas adquiram ou
percam o estado. Entretanto, há uma exceção, pois o menor com o decurso do
tempo torna-se maior.
• Indivisível (uno): Tendo em vista que o estado é indivisível, podemos afirm-
ar que nenhuma pessoa pode ostentar dois estados ao mesmo tempo. Exemplo: Nenhuma pessoa pode ser casada e solteira ao mesmo tempo.
Entretanto, há uma exceção no caso da dupla nacionalidade.
• Indisponível: É bem fora do comércio, ou seja, inalienável e irrenunciável.
Porém, pode ocorrer uma mudança de um estado para outro diante de determ-inado fato. Exemplo: Com o casamento muda-se o estado de solteiro para cas-
ado.
As ações que visam a proteção do estado são imprescritíveis, personalíssi-
mas e intransmissíveis.
Domicílio
3. Conceito de domicílio:
Domicílio é o local em que a pessoa se estabelece com ânimo definitivo.
É a sede jurídica da pessoa, ou melhor, o lugar em que ela responde por suas
obrigações.
“O domicilio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece residência
com ânimo definitivo” (art. 70 do CC). O conceito jurídico de domicílio se
compõe de dois elementos:
• Elemento objetivo: Residência (lugar onde a pessoa mora).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 82/215
• Elemento subjetivo: Ânimo definitivo (intenção de permanecer naquele
lugar por tempo indeterminado).
2. Pluralidade de domicílio (domicílio plúrimo):
“Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternada-
mente, viva, considerar-se-á domicilio seu qualquer delas” (art. 71 do CC).
O Código Civil adotou o sistema da pluralidade de domicílios, assim se a
pessoa natural tiver diversas residências, onde alternadamente viva, qualquer
uma delas será considerada como domicílio.
“Tendo mais de um domicilio, o réu será demandado no foro de qualquer deles” (art. 94, §1º do CPC). - “Havendo dois ou mais réus com domicílios
diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha
do autor” (art. 94, §4º do CPC).
2. Domicílio profissional:
“É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações con-cernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida” (art. 72 do CC). Portanto,
o domicílio com relação à atividade profissional pode ser o da residência com
ânimo definitivo (teoria da realidade) ou o lugar em que a pessoa exerce sua
profissão (teoria da ficção).
“Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um delesconstituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem” (art. 72, pará-
grafo único do CC). Se a pessoa exercer atividade profissional em vários
lugares, mesmo que seja na mesma cidade, qualquer deles será considerado
como domicílio.
2. Domicílio sem residência (domicílio aparente ou ocasional):
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 83/215
A pessoa que não tem residência habitual ter-se-á por domicílio o local
onde for encontrada (art. 73 do CC). Exemplos: Pessoas que trabalham em
vários lugares e cada hora ficam em um hotel; artistas de circo.
2. Mudança de domicílio:
“Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção mani-festa de o mudar” (art. 74 do CC).
Tendo em vista que na mudança de domicílio estão presentes dois ele-
mentos, um objetivo (mudança da residência) e outro subjetivo (intenção
manifesta de mudar), podemos concluir que se a pessoa mudar de residência
sem o elemento subjetivo, permanece o domicílio anterior. Entretanto, não po-demos nos esquecer que a pessoa pode mudar de domicílio sem adquirir outro,
como no caso do domicílio aparente.
“A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municip-
alidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não
fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem” (art.74, parágrafo único do CC). Se a pessoa não declarar à Municipalidade que
vai mudar o domicilio, prova-se a mudança com as circunstâncias que a acom-
panharem.
“Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta.
São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas pos-teriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a com-
petência em razão da matéria ou da hierarquia” (art. 87 do CPC). Assim, de-
pois que a ação é proposta pouco importa a mudança do domicílio.
2. Espécies de domicílio:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 84/215
• Domicílio necessário ou legal: É aquele determinado por lei (art. 76, pará-
grafo único do CC):
• Domicílio do incapaz: É o do representante legal (representante ou assist-
ente).
• Domicílio do preso: É o local em que cumprir sentença.
• Domicílio do militar (da ativa): É o local em que servir. Entretanto, se for
militar da marinha ou aeronáutica o domicílio será a sede do comando a que
se encontrar diretamente subordinado.
• Domicílio do marítimo: É o local em que o navio estiver matriculado.
• Domicílio do servidor público: É o local em que desempenha perman-
entemente suas funções. Assim, se exercer cargo em comissão ou outro de
natureza temporária terá como domicílio o de sua residência definitiva.
• Domicílio voluntário: É aquele escolhido livremente pela pessoa natural.
• Domicílio voluntário comum: É aquele escolhido pela pessoa natural e que
pode ser mudado a qualquer momento.
• Domicílio voluntário especial: É aquele escolhido pelos contratantes para ocumprimento da obrigação (foro do contrato/ art. 78 do CC) e/ou para dirimir
controvérsias em razão do contrato (foro de eleição).
Embora as partes tenham escolhido um foro de eleição não há óbice para
que elas proponham no domicílio do réu. Com relação ao foro de eleição po-
demos afirmar que não pode haver ofensa a regra de competência absoluta, ouseja, o domicílio contratual só poder versar sobre a comarca competente.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 85/215
Não se admite foro de eleição nos contratos de adesão, salvo se não pre-
judicar o aderente no acesso à jurisdição ou exercício da ampla defesa. – “A
nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser de-
clarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de dom-
icílio do réu" (art. 112, parágrafo único do CPC).
2. Domicílio do agente
“O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar ex-
traterritorialidade sem designar onde tem, no país o seu domicílio, poderá ser
demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde
o teve” (art. 77 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 86/215
Das pessoas jurídicas
2. Conceito de pessoa jurídica:
Pessoa jurídica é a entidade à qual a lei confere personalidade, tornando-a, port
anto, apta para ser titular de direitos e obrigações.
Assim, a pessoa jurídica tem personalidade própria que não se confunde com
dos seus membros, respondendo pelas dívidas da empresa.
Na França utiliza-se a denominação “pessoa moral”, em Portugal “pesso
coletiva” e no Brasil “pessoa jurídica”.
2.1.2. Teorias sobre a natureza jurídica da pessoa jurídica:
• Teorias da Ficção:
• Teoria da ficção doutrinária: Declara que a pessoa jurídica não existe de fato, send
apenas uma criação da doutrina.
• Teoria da ficção legal: Também afirma que a pessoa jurídica não existe de fato, ma
dispõe, diferentemente da anterior, que é uma criação da lei.
A teoria da ficção é muito criticada, pois se a pessoa jurídica é uma ficção,
Estado também o é e assim o direito produzido por ele também seria.
• Teorias da Realidade:
• Teoria da realidade objetiva: Para esta teoria, a pessoa jurídica existe e é uma cri
ação da necessidade humana de se agrupar.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 87/215
• Teoria da realidade jurídica: Segundo esta teoria, a pessoa jurídica é uma
criação da necessidade humana de se agrupar para prestar serviços ou ofício.
Tanto a teoria da realidade objetiva com a da realidade jurídica são muito
criticadas, pois não explicam como a pessoa jurídica ganha personalidade pró- pria.
• Teoria da realidade técnica: De acordo com esta teoria, a pessoa jurídica ex-
iste de fato, mas sua personalidade jurídica é conferida pela técnica legislativa.
O legislador confere personalidade para que a pessoa jurídica possa atuar no
cenário jurídico. - A teoria da realidade técnica tem prevalecido.
A lei confere personalidade a determinados grupos sociais desde que
preencham determinados requisitos legais (manifestação de vontade, objeto lí-
cito e registro do ato constitutivo).
Classificação da pessoa jurídica
2. Quanto à nacionalidade:
- Pessoas Jurídicas nacionais: São constituídas sob as leis nacionais. Devem
ter sede e administração no Brasil, sendo dispensável a nacionalidade dossócios.
- Pessoas Jurídicas estrangeiras: São constituídas sob as leis de países es-
trangeiros. Devem ter autorização especial do governo para funcionar no
Brasil.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 88/215
2. Quanto à extensão da atuação (função) da pessoa jurídica (art. 40 do
CC):
- Pessoa Jurídica de direito privado:
• Corporação (“universitas personarum”):
• Associação:
• Sociedades:
• Sociedade simples
• Sociedade empresária
As entidades religiosas e os partidos políticos também fazem parte da
Corporação.
• Fundação (“universitas bonorum”):
“São pessoas jurídicas de direito privado: I – as associações, II – as so-
ciedades; III – as fundações; IV – as organizações religiosas e V - os partidos
políticos” (art. 44 do CC). Os Sindicatos, as empresas públicas, sociedades de
economia mista e os serviços sociais autônomos (Exemplo: SESC) tambémsão pessoas jurídicas de direito privado.
- Pessoa jurídica de direito público:
• Pessoa jurídica de direito público externo: Atuação externa. Exemplos: Or-
ganismos Internacionais (ONU, OTAN, OEA, OMS etc), Santa Sé, EstadosEstrangeiros e as pessoas de direito internacional público.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 89/215
• Pessoa jurídica de direito público interno (art. 41 do CC): Atuação limitada
ao país.
• Pessoa jurídica de direito público interno da administração direta: União,
Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
• Pessoa jurídica de direito público interno da administração indireta: Autar-
quias, inclusive as associações públicas, e demais entidades de caráter público
criadas por lei (fundações públicas e agências reguladoras).
“Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público,a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber,
quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código” (art. 41, parágrafo
único do CC).
3. Quanto à estrutura interna:
- Corporação: Era denominada no direito romano de “universitas personarum”
(grupo de pessoas). Consiste num grupo de pessoas que, através de uma
pessoa jurídica, visa o bem estar de seus sócios (fins internos). Os bens
não são essenciais, isto é, são apenas um meio para atingir seus fins.
- Fundação: Era denominada no direito romano de “universitas bonorum”(conjunto de bens). Consiste num patrimônio que se transforma em pess-
oa jurídica, visando o bem estar da coletividade (fins externos). É cara-
cterizada por um patrimônio personalizado destinado a um determinado
fim. Os bens são essenciais.
Pessoa jurídica de direito privado
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 90/215
3. Conceito de personalidade:
Personalidade é a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações, ou
ainda, é a capacidade para ser titular de direitos.
2. Requisitos para criação da pessoa jurídica (teoria da realidade téc-
nica):
• Manifestação de vontade (vontade humana criadora):
• Associações: Manifestação de vontade expressada no Estatuto.
• Sociedade: Manifestação de vontade expressada no Contrato social.
• Fundação: Manifestação de vontade expressada na Escritura pública ou
Testamento.
• Licitude do objeto (licitude de sua finalidade): A pessoa jurídica deve ter ob-
jetivo lícito e o seu objeto deve ser compatível com o tipo de pessoa jurídica.Exemplo: Torcidas organizadas de futebol deturparam seus objetivos.
• Elaboração e registro do ato constitutivo: Só com a inscrição do ato con-
stitutivo é que a pessoa jurídica passa a ter existência legal, ou seja, inicia a
personalidade jurídica das pessoas jurídicas.
• “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com
a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando ne-
cessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo” (art. 45 do CC).
Algumas pessoas jurídicas para adquirirem personalidade jurídica precis-am observar outros requisitos além do registro. As Instituições Financeiras, as
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 91/215
Seguradoras, Administradoras de consórcios, Operadoras de planos privados
de assistência a saúde, Sociedades e Fundações Estrangeiras, e Montepios (en-
tidades de previdência) precisam ainda de uma autorização prévia do governo;
os partidos Políticos precisam ter inscrição no Tribunal Superior Eleitoral.
• “O registro declarará: I – a denominação, os fins, a sede, o tempo de dur-ação e o fundo social, quando houver; II – o nome e a individualização dos
fundadores ou instituidores, e dos diretores; III – o modo por que se adminis-
tra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV – se o
ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V -
se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio,nesse caso” (art. 46 do CC).
• Local em que deve ser feito o registro do ato constitutivo:
• Associações: O registro do estatuto deve ser feito no Cartório de Registro
Civil das Pessoas Jurídicas.
• Sociedade:
• O registro do contrato da sociedade empresária deve ser feito na Junta
Comercial.
• O registro do contrato da sociedade simples de vê ser feito no Cartório de
Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
• O registro da sociedade de advogados deve ser feito na OAB. (art. 15 e 16
do EOAB).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 92/215
• Fundação: O registro da Escritura pública ou Testamento deve ser feito no
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
• Pessoa jurídica de fato: Se a pessoa jurídica não registrou seu ato con-
stitutivo não passa de uma pessoa jurídica de fato. Tanto a pessoa jurídica de
fato com a pessoa jurídica de direito têm legitimidade ativa e passiva, sendorepresentada em juízo por quem seus estatutos designarem. (art. 12 do CPC).
• “Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas
de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da pub-
licação de sua inscrição no registro” (art. 45, parágrafo único do CC).
3. Conseqüências da aquisição de personalidade pela pessoa jurídica:
• Autonomia patrimonial: Há uma distinção entre o patrimônio da pessoa
jurídica e de seus sócios.
• A pessoa jurídica pode praticar todos os atos jurídicos, salvo aqueles veda-dos.
• A pessoa jurídica pode figurar como parte nas relações materiais ou proces-
suais.
4. Diferença entre a aquisição da personalidade da pessoa natural e dapessoa jurídica:
A pessoa natural embora também tenha que ser registrada no Cartório
competente, já adquire a personalidade com o nascimento com vida, sendo o
registro apenas um ato declaratório. Agora a pessoa jurídica só adquire per-
sonalidade jurídica com o registro dos atos constitutivos no órgão competente,
assim o registro é constitutivo.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 93/215
É relevante destacar que a personalidade jurídica das pessoas jurídicas de
direito público decorre da lei que as criou.
5. Representação e administração das pessoas jurídicas:
• Administração: “Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, ex-ercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo” (art. 47 do
CC).
“Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento
de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório” (art. 49 do
CC).
• Representação, ativa e passiva, em juízo:
• Pessoas jurídicas: Por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não
designando, por seus diretores. (art. 12, VI do CPC).
• Sociedades sem personalidade jurídica: Pela pessoa a quem couber a ad-
ministração dos seus bens (art. 12, VII do CPC).
• Pessoa jurídica estrangeira: Pelo gerente, representante ou administrador de
sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 12, VIII do
CPC).
• Administração coletiva da pessoa jurídica: Neste caso as decisões serão
tomadas pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dis-
puser de outra forma (art. 48 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 94/215
É relevante destacar que no caso das sociedades a maioria leva em conta
a contribuição para formação do capital social.
Quando as decisões violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro,
dolo, simulação ou fraude, pode-se pleitear sua anulação no prazo decadencial
de 3 anos (art. 48, parágrafo único do CC). No caso da coação pode-se pleitear no prazo decadencial de quatro anos, contados do dia em que a coação cessar
(art. 178, I do CC).
6. Extinção das pessoas jurídicas:
• Extinção convencional: É aquela que decorre de deliberação entre os seusmembros, observado o quorum estabelecido nos estatutos ou em lei.
• Extinção legal: É aquela que decorre de motivo determinado pela lei. Exem-
plo: Falência.
• Extinção administrativa: É aquela que decorre da cassação da autorizaçãoconferida pelo Poder Público a determinadas pessoas jurídicas, por praticarem
atos nocivos ou contrários aos seus fins.
• Extinção natural: É aquela que decorre da morte dos membros, sem que haja
estipulação de continuidade pelos herdeiros.
• Extinção judicial: É aquela que decorre de algum dos casos de dissolução,
previstos em lei ou no estatuto, necessitando do ingresso de algum dos sócios
no Poder Judiciário.
Corporação
6. Associação:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 95/215
Associação é a corporação (grupo de pessoas que visa o bem estar de seus
sócios) sem fim lucrativo. - “Constituem-se as associações pela união de pess-
oas que se organizem para fins não econômicos” (art. 53 do CC). Embora não
tenha finalidade lucrativa, o lucro pode vir para consecução de seus fins.
Tendo em vista que as associações não têm fins lucrativos, podemos con-cluir que normalmente têm objetivos culturais, religiosos, filantrópicos, recre-
ativos, educativos etc. Exemplos: Partidos políticos; clubes; associações reli-
giosas, culturais, desportivas, recreativas; sindicatos.
• É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter para-
militar (art. 5º, XVII da CF).
A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem
de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento
(art. 5º, XVIII da CF).
“São livres a criação, a organização, a estrutura interna e o funciona-mento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes
reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcio-
namento” (art. 44, §1º do CC).
“Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o dis-
posto em lei especifica” (art. 44, §3º do CC).
• As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial exigindo-se, no primeiro caso, o
trânsito em julgado (art. 5º, XIX da CF).
• Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado (art.5º, XX da CF).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 96/215
• As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimid-
ade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente (art. 5º, XXI
da CF).
Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou indi-viduais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas (art.
8º, III da CF).
• Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação,
os fins e a sede da associação; II - os requisitos para admissão, demissão e ex-
clusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontesde recursos para sua manutenção; V - o modo de constituição e funcionamento
dos órgãos deliberativos, VI - as condições para alteração das disposições es-
tatuárias e para a dissolução e VII – a forma de gestão administrativa e de
aprovação das respectivas contas (art. 54 do CC).
• “ Não há, entre associados, direitos e obrigações recíprocos” (art. 53, pará-grafo único do CC). Só há direitos e obrigações entre associados e à Asso-
ciação.
“Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir
categorias com vantagens especiais” (art. 55 do CC).
“ Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que
lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma prev-
istos na lei ou no estatuto” (art. 58 do CC).
• “A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o
contrário” (art. 56 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 97/215
“Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da asso-
ciação, a transferência daquela não importará de per si, na atribuição da qual-
idade de associado ao adquirente ou herdeiro, salvo disposição diversa do es-
tatuto” (art. 56, parágrafo único do CC).
- “A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim recon-hecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos
termos previstos no estatuto” (art. 57 do CC).
- Compete privativamente à assembléia geral:
• Destituir os administradores (art. 59, I do CC).
• Alterar o estatuto (art. 59, II do CC).
“Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exi-
gido deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo
quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dosadministradores” (art. 59, parágrafo único do CC).
“A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto,
garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la” (art. 60
do CC).
- Dissolução da associação: O remanescente do seu patrimônio líquido, depois
de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações idéias, referidas no pará-
grafo único do art. 56, será destinado à (art. 61 do CC):
• Se houver disposição no estatuto: À entidade de fins não econômicos des-
ignada no estatuto.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 98/215
• Se o estatuto for omisso: À instituição municipal, estadual ou federal, de
fins idênticos ou semelhantes, por deliberação dos associados. – Não existindo
estas, o que remanescer do patrimônio da associação se devolverá a Fazenda
do Estado, Distrito federal ou da União (art. 61, §2° do CC).
“Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, rece-
ber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem
prestado ao patrimônio da associação” (art. 61, §1° do CC).
2. Sociedade:
Sociedade é a corporação (grupo de pessoas que visa o bem estar de seus só-cios) com fim lucrativo. Há entre os sócios, direitos e obrigações recíprocos.
- Espécies:
• Sociedade empresária: É aquela que desenvolve atividade típica de
empresário, ou seja, exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Tem fins lucrativos.
A empresa pública pode ser simples ou empresária, já a sociedade de eco-
nomia mista só pode ser empresária. A Sociedade Anônima e a comandita por
ações, independentemente de seu objeto, serão sempre empresárias.
A sociedade empresária tem tipicidade fechada, ou seja, só pode adotar
as seguintes formas: Sociedade em nome coletivo, Sociedade em Comandita
Simples, Sociedade Limitada, Sociedade Anônima, Sociedade em comandita
por ações e Sociedade em conta de participação.
A sociedade empresária submete-se a falência.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 99/215
• Sociedade não empresária:
• Sociedade simples: É aquela que desenvolve atividade intelectual, artística
ou literária. Exemplo: Sociedade de Médicos. – Tem fins lucrativos.
A sociedade simples tem tipicidade aberta, ou seja, pode adotar qualquer forma.
A sociedade simples submete-se à insolvência civil.
• Sociedade de advogados: Tem disciplina especial.
• Cooperativa: Tem disciplina especial
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 100/215
Fundação
2. Conceito de fundação:
Consiste num patrimônio que se transforma em pessoa jurídica, visando o bem
estar da coletividade (fins externos). É caracterizada por um patrimônio personalizado
destinado a um determinado fim. Os bens são essenciais.
- Objetivos: O artigo 62, parágrafo único do Código Civil trouxe limites à finalidad
de uma fundação, com a intenção de evitar a sua instituição para fins meno
nobres. Assim, a fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, mo
rais, culturais ou de assistência (não pode, portanto, ter ins lucrativos).
Este artigo vem sofrendo várias críticas da doutrina, pois não permite a instituição
de fundações com fins ligados a tecnologia. Porém, para alguns doutrinadores
admitida a instituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de pro
moção do meio ambiente, somente não sendo possível para fins econômicos ou
menos nobres.
É importante ressaltar que vamos estudar as fundações particulares, cabendo ao
direito administrativo dispor sobre as fundações públicas.
2. Fases para instituição de uma fundação:
- 1a Fase: Ato de dotação: “Para criar uma fundação o seu instituidor fará por escritur
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a qu
se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la” (art. 62 do CC).
• Escritura Pública ou Testamento: Ato solene
• Dotação de bens livres: Os bens devem estar livres e desembaraçados.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 101/215
“Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destina-
dos serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra
fundação que se proponha a fim igual ou semelhante” (art. 63 do CC). No
Código Civil de 1916 os bens eram convertidos em títulos da dívida pública.
• Especificação do fim a que se destina: Já vimos anteriormente que a
Fundação só pode se constituir para fins religiosos, morais, culturais ou de as-
sistência.
• Declaração, se quiser, da maneira de administrá-la: A declaração da
maneira de administrar a fundação é opcional.
Após a elaboração da escritura Pública ou da morte do fundador (quando a
fundação for instituída por testamento) segue-se para a elaboração dos estat-
utos.
- 2a
Fase: Elaboração dos estatutos: “O instituidor, ao criar uma fundação,elaborará o seu estatuto ou designará quem o faça” (art. 1199 do CPC).
• Elaboração própria ou direta: Elaboração pelo próprio instituidor
(fundador).
• Elaboração fiduciária ou indireta: Elaboração por 3ª pessoa de confiançadesignada pelo instituidor - “Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação
do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com
as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em
seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz” (art. 65
do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 102/215
“Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou,
não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Min-
istério Público” (art. 65, parágrafo único do CC).
Após a elaboração do estatuto segue-se a aprovação pelo Ministério
Público.
- 3a
Fase: Aprovação dos estatutos pelo Ministério Público:
• Regra: Cabe ao Ministério Público a aprovação do Estatuto, sem qualquer
participação do juiz.
“O interessado submeterá o estatuto ao órgão do Ministério Público, que
verificará se foram observadas as bases da fundação e se os bens são sufi-
cientes ao fim a que ela se destina” (art. 1200 do CPC).
“Autuado o pedido, o órgão do Ministério Público, no prazo de 15 dias,
aprovará o estatuto, indicará as modificações que entender necessária ou lhedenegará a aprovação” (art. 1201 do CPC).
• Exceção: Cabe ao juiz aprovar o estatuto nas seguintes situações:
• Quando o estatuto for elaborado pelo Ministério Público. Este irá elaborar
o estatuto quando o instituir não o fizer e nem nomear quem o faça ou quandoo nomeado não elaborá-lo no prazo, ou não havendo prazo, não o fizer em 180
dias (art. 65, parágrafo único do CC).
• Quando o ocorrer modificações no estatuto pelo Ministério Público.
• Quando ocorrer denegação da aprovação pelo Ministério Público.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 103/215
Ocorrendo modificações ou denegação da aprovação, o interessado poderá
requerer ao juiz o suprimento da aprovação. Este poderá aprová-lo ou mandar
fazer no estatuto as modificações a fim de adaptá-lo ao objetivo do instituidor
(art. 1201, §§1º e 2º do CPC).
- 4a Fase: Registro dos estatutos no Cartório do Registro Civil das PessoasJurídicas: Com o registro dos estatutos no Cartório do Registro Civil das
Pessoas Jurídicas a fundação obtém personalidade jurídica.
3. Fiscalização da fundação:
“Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas” (art.
66 do CC).
- “Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em
cada um deles, ao respectivo Ministério Público” (art. 66, §2º do CC).
- “Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo
ao Ministério Público Federal” (art. 66, §1º do CC). Para alguns autoresa fiscalização deveria ser exercida pelo Ministério Público do Distrito
Federal e não pelo Ministério Público Federal.
4. Revogação do ato institucional:
- Fundação instituída por testamento: A revogação pode ocorrer a qualquer tempo pelo testador, mas após sua morte é irrevogável.
- Fundação instituída por escritura pública: É irrevogável. – “Constituída a
fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a
transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados,
e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial”(art. 64 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 104/215
5. Requisitos para alteração dos estatutos:
- Que a reforma seja deliberada por 2/3 dos competentes para gerir e repres-
entar a fundação (art. 67, I do CC).
- Não contrariar ou desvirtuar o fim da fundação (art. 67, II do CC).
- Seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue,
poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado (art. 67, III do CC).
“Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os ad-ministradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério
Público, requererão que se de ciência a minoritária vencida para impugná-la,
se quiser, em dez dias” (art. 68 do CC).
6. Extinção da fundação:
- Quem pode promover: A extinção se da por meio de sentença judicial e
poderá ser promovida pelo Ministério Público ou qualquer interessado.
- Quando pode ser promovida:
• Quando a fundação se tornar ilícita (Exemplo: Deturpação de suas finalid-ades), impossível (geralmente por problemas financeiros) ou inútil (Exemplo:
Descoberta a cura para qual a fundação foi instituída) a finalidade que visava.
• Quando vencer o prazo estipulado pelo instituidor.
- Destinação do patrimônio: O patrimônio da fundação será incorporado, salvoem contrário no ato constitutivo (escritura pública ou testamento), ou no
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 105/215
estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim
igual ou semelhante.
Se não existir outra fundação de fins iguais ou semelhantes, deve ser aplicado
por analogia o artigo 61, §2º do CC. “Não existindo no Município, Estado
ou distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, in-stituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu
patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da
União”.
Responsabilidade civil das pessoas jurídicas
Responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito
privado
6. Noções gerais:
- Regra da distinção da personalidade: A pessoa jurídica possui personalidade
e patrimônio autônomo, ou seja, distintos dos sócios. Assim, a responsab-
ilidade pelos danos causados pela pessoa jurídica fica a cargo do pat-
rimônio da pessoa jurídica.
A pessoa jurídica responde pelos danos que causar, independentementede culpa (responsabilidade objetiva).
• Responsabilidade contratual: “Não cumprida a obrigação, responde o de-
vedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos e honorários de advogado” (art. 389 do
CC). Os honorários advocatícios somente serão devidos se houver efetivaatividade de um advogado.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 106/215
“Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais jur-
os, atualizações dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado” (art. 395 do CC).
• Responsabilidade extracontratual: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo” (art. 927 do CC).
“São também responsáveis pela reparação civil: III – o empregador ou
comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do tra-
balho que lhe competir, ou em razão deles” (art. 932, III do CC). - “As pessoas
indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa desua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos” (art.
933 do CC).
“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”(art. 927, parágrafo único do CC).
- Teoria da Desconsideração da personalidade jurídica (“Disregard of the legal
entity” ou teoria do superamento da personalidade jurídica): A Teoria da
desconsideração da personalidade jurídica surgiu em razão de algumas
pessoas aproveitarem-se da regra de distinção da personalidade para criar empresas como fraude e assim ocasionar imensos prejuízos a credores.
Com a Teoria da desconsideração da personalidade jurídica, o juiz, no
caso de evidente abuso da personalidade, estaria autorizado por meio de lei, a
desconsiderar a regra que proíbe a penhora de bens particulares dos sócios e
administradores.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 107/215
“Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio
de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requer-
imento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações
sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pess-
oa jurídica” (art. 50 do CC). Portanto, a desconsideração da personalidade jurídica pode ocorrer em dois casos: abuso da utilização pelo desvio de função
ou pela confusão patrimonial.
Responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito
público
6. Conceito de responsabilidade do Estado:
Responsabilidade do Estado é a obrigação atribuída ao Poder Público
para ressarcir os danos causados a terceiros pelos seus agentes, quando no ex-
ercício de suas atribuições. Exemplo: O policial que não estava em serviço,
mas atira para impedir um assalto e acaba atingindo um terceiro, agiu na qual-
idade de agente público.
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado presta-
doras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o re-
sponsável nos casos de dolo ou culpa” (art. 37, §6º da CF).
2. Agente público:
Só será indenizável o dano causado pelo agente público. Agente público
é uma expressão bem ampla que abrange os agentes políticos, os servidores
públicos e os particulares em colaboração com o Estado.
• Agentes políticos: São os agentes públicos que não mantém com o Estadoum vínculo de natureza profissional, embora exerçam função de governabilid-
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 108/215
ade. Não titularizam cargos, empregos ou funções, isto é, exercem mandato.
Exemplos: Senadores, Deputados e Presidente.
• Servidores públicos: São os agentes públicos que mantém com o Estado vín-
culo de natureza profissional.
• Funcionário público: É o servidor que titulariza cargo público. Ingressa via
concurso, é nomeado em caráter efetivo (permanente) e está sujeito ao regime
estatutário.
• Empregado público: É o servidor que titulariza emprego púbico. Ingressa via
concurso e sujeita-se ao regime celetista.
Nas empresas públicas e sociedades de economia mista que exerçam
atividade econômica o regime é o celetista.
• Contratado temporário: É o servidor que não titulariza cargo nem emprego,
mas exerce função por tempo determinado, para atender situação de excep-cional interesse público. Não ingressa por concurso, pois não há tempo hábil.
Exemplo: Funcionário para combater epidemia de dengue.
A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, IX
da CF).
• Particulares em colaboração com o Estado: Também não têm vínculo de
natureza profissional com o Estado.
• Por delegação: São os concessionários e Permissionários.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 109/215
• Por nomeação: Aqueles que prestam serviço militar obrigatório, os jurados,
os mesários em eleição etc. – São chamados de agentes honoríficos, pois se
considera uma honra a sua colaboração com o Estado.
Juizes e promotores têm aspectos semelhantes com os funcionários públi-
cos (titularizam cargo) e com os agentes políticos (exercem funções de gov-ernabilidade. Exemplo: Ministério Público pode fiscalizar outros poderes).
Assim, são agentes políticos que titularizam cargos públicos exercendo fun-
ções de governabilidade. – Para Hely Lopes Meirelles são agentes políticos.
3. Características do dano indenizável:
O dano indenizável tem que ser certo, especial e anormal.
• Dano certo: É aquele real, concreto, já configurado. - Não é possível acionar
o Estado por danos virtuais (aqueles que estão para acontecer)
• Dano especial: É aquele individualizado que se diferencia do dano geral. –
Não é possível acionar o Estado por falta de segurança, por falta de condiçõesmínimas de saúde etc.
• Dano anormal: É aquele que ultrapassa os limites, parâmetros, as di-
ficuldades da vida em sociedade.
4. Evolução da responsabilidade do Estado:
• Fase da Irresponsabilidade do Estado (auge do absolutismo): O Estado não
respondia pelos danos causados a terceiros, pois o Estado era o rei e o rei
nunca erra.
Frase que marcou este período: “O Estado sou eu”. “The King can do notwrong” (O rei não erra nunca).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 110/215
• Fase Civilista ou da Responsabilidade subjetiva (Período de industrializ-
ação pós 1a
Guerra Mundial): O Estado respondia pelos danos causados a
terceiros, desde que houvesse culpa no serviço. Exemplos: O serviço não foi
prestado e causou prejuízo; serviço foi prestado de forma deficiente e causou
prejuízo.
Esta culpa poderia recair sobre algum agente ou então era uma culpa an-
ônima, isto é, recaia sobre o serviço, sem que pudesse identificar o agente cau-
sador do prejuízo.
O Ônus da prova era da vítima e cabia ação regressiva do Estado contra oagente causador do dano. - Frase que marcou este período: “Faute du service”
(culpa no serviço).
• Fase Publicista ou da responsabilidade objetiva (a responsabilidade civil do
Estado passou a ser tratada no direito público): O Estado responde pelos danos
causados a terceiros, independentemente de culpa, bastando comprovação donexo de causalidade entre o ato e o resultado. - Tem fundamento na Teoria
do risco, segundo a qual quem desenvolve atividade visando o lucro deve
responsabilizar-se por ela, independentemente de culpa do agente.
O ônus da prova não é mais da vítima e sim do Estado, devendo a vítima
apenas provar o nexo de causalidade. - Cabe ação regressiva do Estado contrao agente, mas como sua responsabilidade é subjetiva, o Estado deverá com-
provar a culpa do agente.
A Constituição Federal tornou obrigatória a responsabilidade do Estado,
mas não diz em qual modalidade se apresenta. Há duas teorias no direito ad-
ministrativo:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 111/215
• Teoria do risco integral: O Estado tem que indenizar os danos causados
a terceiro, mesmo que não os tenha causado, respondendo assim em caso de
culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. – O Estado não pode
alegar nenhuma excludente ou atenuante de responsabilidade.
• Teoria do risco administrativo: O Estado tem que indenizar somente osdanos que tenha causado efetivamente, assim ficará isento de responsabilidade
se provar culpa exclusiva da vítima ou caso fortuito ou força maior ou fato
exclusivo de terceiro. – O Estado pode alegar excludente ou atenuante de re-
sponsabilidade.
5. Evolução da responsabilidade do Estado no Brasil:
• CF 1934:
• A responsabilidade era subjetiva (baseada na culpa).
• Não havia ação regressiva, pois o Estado e funcionário público (sentido re-strito) respondiam solidariamente.
• CF 1946:
• A responsabilidade era objetiva (independente de culpa).
• Havia ação regressiva contra o funcionário, assim não respondiam mais em
solidariedade.
• Somente a pessoa jurídica de direito público interno respondia.
• CF 1967:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 112/215
• A responsabilidade era objetiva.
• Havia ação de regresso contra o funcionário. Na ação regressiva o Estado
podia alegar tanto dolo como culpa.
• Desaparece a expressão interno, abrangendo assim todas as pessoas jurídicas de direito público.
• CF 1988: A responsabilidade é das pessoas jurídicas de direito público e
de direito privado prestadoras de serviço público pelos danos que seus agentes
nesta qualidade causarem a terceiro, assegurado o direito de regresso contra o
responsável no caso de dolo ou culpa.
• Trouxe a expressão pessoas jurídicas de direito público e de direito privado
prestadores de serviço público:
• Incluiu as empresas públicas e sociedades de economia mista desde que
prestadoras de serviço público. As que prestam atividade econômica con-tinuam de fora, se submetendo quanto às obrigações civis ao regime das
empresas privadas (art. 173, §1º, II da CF).
• Trouxe os particulares que executem serviços públicos, como os conces-
sionários e permissionários.
• Trouxe a expressão agente que é muito mais ampla.
• Trouxe a ação regressiva: Cabe ação regressiva do Estado contra o agente
desde que o Estado tenha sido condenado em ação proposta contra ele pelo
particular e fique caracterizada a culpa ou dolo do agente.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 113/215
• Trouxe a responsabilidade objetiva, mas não trouxe a modalidade de risco:
Segundo a doutrina e jurisprudência a responsabilidade do Estado é objetiva
na modalidade risco administrativo. – Para Hely Lopes Meirelles a responsab-
ilidade do Estado é sempre objetiva. Para Celso Antonio Bandeira de Melo é
objetiva quando resultante de atos comissivos e subjetiva quando decorrente
de atos omissivos (geralmente caso de culpa anônima)
O Estado responde por prejuízos causados a terceiros decorrentes de de-
cisões judiciais. Exemplo: O Estado indenizará o indivíduo quando ficar preso
além do tempo fixado na sentença ou por erro judicial (art. 5º, LXXV da CF).
O Estado responde pelos prejuízos causados a terceiros decorrente de leisinconstitucionais, desde que esta inconstitucionalidade já tenha sido recon-
hecida pelo Poder Judiciário. Exemplo: Uma pessoa foi multada várias vezes
por não ter o kit primeiros socorros. Depois a lei foi declarada inconstitucional
pelo Poder Judiciário. O Estado é responsável pelos prejuízos causados.
O Estado responde no caso de dano nuclear (“a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa” (art. 21, XXIII, “d” da
CF)), ambiental (art. 225 da CF) e atentado terrorista.– Para os administrativ-
istas, majoritariamente, o risco é administrativo, salvo em relação ao atentado
terrorista, em que o risco é integral. Há autores que sustentam que nos três
casos o risco é integral.
6. Aspectos processuais:
• Numa 1a
fase de concurso: É melhor afirmar que a ação deve ser promovida
contra o Estado e não contra o agente, e que cabe a denunciação da lide.
• Em outras fases: É melhor demonstrar as várias posições existentes sobre a possibilidade de acionar diretamente o causador do dano:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 114/215
• Para Hely Lopes Meirelles: Não é possível a propositura de ação direta-
mente contra o agente. Deve-se propor contra o Estado e este se for condenado
entra com ação regressiva contra o funcionário.
• Celso Antonio Bandeira de Mello: É possível a propositura de ação contrao Estado e/ou contra o agente de acordo com a vontade de quem experimentou
prejuízos. Mas não podemos esquecer que a responsabilidade do agente é sub-
jetiva é do Estado é objetiva. - Se a vítima perder contra o agente pode propor
contra o Estado, pois a causa de pedir é diferente.
A vantagem de propor ação contra o Estado é ter a certeza de que receberá, pois não se pode alegar insolvência do Estado. Já a de propor contra o agente
é que a execução é mais rápida.
• Em outras fases: É melhor demonstrar as várias posições existentes sobre
a possibilidade de o Estado fazer denunciação da lide ao causador do dano, já
que tem direito de regresso decorrente de lei:
• Para Hely Lopes Meirelles e Celso Antonio Bandeira de Mello: Não cabe
denunciação da lide, pois o Estado responde de forma objetiva e o agente de
forma subjetiva. Tendo em vista que os fundamentos são diferentes não é pos-
sível que Estado e agente ocuparem o pólo passivo da ação.
• Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro: Será possível a denunciação da lide
quando o Estado e o agente puderem ser responsabilizados pelo mesmo fun-
damento, ou seja, pela culpa. - Quando a ação for fundada em culpa anônima
não poderá ocorrer a denunciação da lide.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 115/215
• Entendimento majoritário nos Tribunais em São Paulo: Não cabe a denun-
ciação da lide, se ela introduzir no processo um fundamento fático novo (in-
terpretação restritiva do art. 70, III do CPC).
O Tribunal alega que se a Fazenda Pública fizesse a denunciação da lide,
estaria introduzindo um fundamento fático que não esta sendo discutido atéentão (a culpa do funcionário) e aquele processo que teria uma solução rápida
demoraria, pois haveria produção de provas da culpa, prejudicando assim a
vítima. - Outro argumento que utilizam é que a Fazenda Pública participa de
duas ações, numa tendo que alegar que não houve culpa ou houve caso fortuito
ou força maior e na outra culpa do funcionário. Assim, tudo que a Fazenda
Pública provar em seu favor na ação principal estará provando contra na de-nunciação da lei.
• STJ (maioria): Admite a denunciação por economia processual, afirmam
que a lei não faz qualquer restrição e pelo princípio da eventualidade o Estado
pode assumir posições antagônicas (pode apresentar mais de uma defesa na
eventualidade da primeira não ser acolhida).
No caso de culpa concorrente entre a vítima e Estado cada um responderá
por sua parte. A praxe é o juiz reduzir pela ½ a indenização pleiteada pela
vitima, mas pode reconhecer mais para um do que para o outro, conforme o
caso concreto.
Domicílio das pessoas jurídicas
6. Domicílio da pessoa jurídica:
• Domicílio da União: O Distrito Federal (art. 75, I do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 116/215
• Causas em que a União for autora: Serão aforadas na seção judiciária onde
tiver domicilio a outra parte (art. 109, §1º da CF).
• Causas intentadas contra a União: Caberá ao autor escolher se serão afora-
das na seção judiciária em que ele for domiciliado; naquela onde houver ocor-
rido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa ou,ainda, no Distrito Federal (art. 109, §2º da CF).
• Domicílio dos Estados e Territórios: As respectivas capitais (art. 75, II do
CC).
• Do Município: O lugar onde funcione a administração municipal (art. 75,III do CC).
• Das demais pessoas jurídicas: O lugar onde funcionarem as respectivas
diretorias e administrações, ou onde elegerem domicilio especial no seu estat-
uto ou atos constitutivos (art. 75, IV do CC). Cabe ao autor escolher onde essa
pessoa jurídica será demandada.
“Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diversos,
cada um deles será considerado domicilio para os atos nele praticados” (art.
75, §1º do CC).
“Se a administração, ou diretoria, tiver sede no estrangeiro, haver-se-á por domicilio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada
uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela
corresponder” (art. 75, §2º do CC).
Livro II Dos Bens – Parte Geral
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 117/215
6. Sistematização do Livro II Dos Bens no Código Civil:
- Título único Das Diferentes Classes de Bens.
•Capítulo I - Dos bens considerados em si mesmo.
• Capitulo II - Dos bens reciprocamente considerados.
• Capitulo III - Dos bens públicos.
2. Inovações trazidas pelo Código Civil de 2002:
• Bem de família não é mais tratado na Parte Geral.
• Bens fora do comércio não são mais tratados no Código Civil 2002. O Códig
Civil de 1916 tratava apenas de dois casos de bens fora do comércio, sendo o restante
tratado em outras leis. Exemplo: Órgãos do corpo humano estão dispostos na Con
stituição Federal como bens fora do comércio.
3. Direito subjetivo:
Já estudamos o titular (pessoas) do direito subjetivo (faculdade conferida ao indivíduo
pelo direito objetivo, de invocar a norma a seu favor), agora vamos cuida dos objeto
sobre os quais recaem o direito subjetivo.
4. Conceito de bem:
Não há um consenso na doutrina sobre o que seja “bem” e o que seja “coisa”
Alguns afirmam que são sinônimos, outros que bem é gênero e coisa é espécie e aind
os que afirmam que coisa é gênero e bem é espécie. Para estes últimos, coisa é tudo
aquilo que existe no mundo fora o homem.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 118/215
Bem pode ser definido como tudo aquilo que pode ser objeto de uma re-
lação jurídica (toda relação da vida social regulada pelo direito).
Desta forma, não são bens os naturalmente indisponíveis (Exemplos:
Água do mar e ar atmosférico), os legalmente indisponíveis (Exemplo: Os ór-
gãos do corpo humano) e os indisponíveis pela vontade humana (Exemplo:Bens deixados em testamento ou doados com cláusula de inalienabilidade. Tal
cláusula abrange a impenhorabilidade e a incomunicabilidade). – É relevante
destacar que o ar atmosférico e água do mar em pequena proporção podem ser
comercializados porque houve apropriação.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 119/215
Dos bens considerados em si mesmos
4. Bens considerados em si mesmos:
Esta classificação leva em consideração o exame isolado (individual) dos bens
ou seja, sem qualquer comparação a outros bens. Um bem pode se enquadrar em vária
categorias.
• Bens corpóreos e incorpóreos
• Bens imóveis e móveis
• Bens fungíveis e infungíveis
• Bens consumíveis e inconsumíveis
• Bens divisíveis
• Bens singulares e coletivos
Bens corpóreos e incorpóreos
4. Conceito de bens corpóreos e incorpóreos:
• Bens corpóreos: Aqueles que têm existência real (física ou material), perceptíve
pelos sentidos. Exemplos: Bens móveis e imóveis. - Os bens corpóreos são objetos d
compra e venda e doação.
• Bens incorpóreos: Aqueles que têm uma existência abstrata (jurídica ou ideal). Ex
emplos: Direitos autorais, crédito e ponto comercial. - Os bens incorpóreos são objeto
de cessão, onerosa ou gratuita. Estes não podem ser adquiridos por meio de usucapião
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 120/215
Bens imóveis e móveis
Bens imóveis ou de raiz
4. Conceito de bens imóveis:
Bens imóveis são aqueles que não podem ser transportados para outros
locais sem destruição, ou seja, sem alteração da sua substância (essência) ou
da destinação econômico-social. – Este conceito não se aplica aos imóveis por
força de lei.
2. Classificação dos bens imóveis:
Para classificar um bem como móvel ou imóvel é relevante verificar a
intenção do destinatário. Exemplo: As árvores são imóveis, mas se plantadas
para o corte recebem tratamento de móveis e assim chamadas, pela doutrina,
de móveis por antecipação.
• Imóveis por natureza: O solo e tudo que nele incorporar naturalmente (art.
79 do CC). Exemplos: Árvores, subsolo, fósseis, jazidas e espaço aéreo.
As coisas incorporadas naturalmente ao solo só são imóveis enquanto es-
tiverem aderentes a eles, assim depois de retiradas são móveis.
• Imóveis por acessão física, industrial ou artificial: É tudo aquilo que o
homem incorporar permanentemente ao solo. Exemplos: Sementes e con-
struções, edifícios. (art. 79 do CC).
Não perdem o caráter de imóveis: I - As edificações que, separadas do
solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local (Ex-emplo: Casa pré-fabricada); II - Os materiais provisoriamente separados de
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 121/215
um prédio, para nele se reempregarem (Exemplo: Material de demolição de
uma casa para ser reempregado na construção daquele imóvel) (art. 81, I e II
do CC).
• Imóveis por acessão intelectual ou destinação do proprietário: Eram os
bens que o proprietário intencionalmente mantinha no imóvel para exploraçãoindustrial, aformoseamento ou comodidade. Exemplos: Máquinas agrícolas,
quadros pendurados na parede e armários embutidos.
Segundo o Código Civil de 2002 não fazem mais parte da classificação
de imóveis, sendo assim considerados com pertenças. - “São pertenças os bens
que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, aouso, ao serviço ou aformoseamento do outro” (art. 93 do CC).
• Imóveis por determinação legal:
• Direitos reais sobre imóveis e as respectivas ações que os asseguram (art.
80, I do CC). Exemplos: Usufruto, servidão, hipoteca, superfície, habitação,compromisso de compra e venda, habitação, uso e propriedade.
• Direito à sucessão aberta (art. 80, II do CC): É um bem incorpóreo que só
se materializa com a partilha.
O direito à sucessão aberta pode ser objeto de cessão (cessão de direitoshereditários).
Bens móveis
2. Conceito de bens móveis:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 122/215
Bens móveis são aqueles que podem ser transportados de um local para o
outro sem alteração da substância ou da destinação econômico social. - “São
móveis, os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força
alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social” (art.
82 do CC).
2. Classificação dos bens móveis:
• Móveis por sua natureza: Aqueles que podem ser deslocados, sem alteração
de sua substância, por movimento próprio (semoventes: animais) ou por força
alheia.
Segundo o Código Civil de 2002, os navios e aeronaves são bens móveis
por sua natureza, mas para fins de hipoteca são considerados como imóveis
(art. 1473, VI e VII do CC). - “A hipoteca dos navios e aeronaves reger-se-á
pelo disposto em lei especial” (art. 1473, parágrafo único do CC).
Os materiais destinados a uma construção são bens móveis enquanto nãoempregados. E ainda, os materiais separados de um prédio desde que o propri-
etário não tenha intenção de reempregá-los.
• Móveis por antecipação: Aqueles incorporados temporariamente ao solo
para depois serem destacados e convertidos em móveis. Exemplo: Árvores
destinadas ao plantio.
• Móveis por determinação legal:
• As energias que tenham valor econômico (art. 83, I do CC). Exemplos: En-
ergia elétrica e nuclear. – Por esta razão pode existir o furto de energia.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 123/215
• Direitos reais sobre bens móveis e as ações correspondentes (art. 83, II do
CC). Exemplos: Usufruto, uso e penhor.
• Direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações (art. 83, III
do CC). Exemplo: Locação.
3. Distinção entre bens móveis e imóveis:
• Quanto à aquisição da propriedade:
• Bens móveis: A transferência da propriedade os bens móveis se da com a
mera tradição (entrega da coisa).
• Bens imóveis: A transferência dos direitos reais sobre imóveis, inclusive a
propriedade, se da com o registro do título no Registro Imobiliário.
• Quanto à alienação:
• Bens móveis: A alienação dos bens móveis é livre, podendo ser feita até
mesmo por contrato verbal.
• Bens imóveis: A alienação dos bens imóveis com valor superior a trinta
salários mínimos deve ser feita por meio de escritura pública.
“ Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à val-
idade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modi-
ficação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta
vezes o maior salário mínimo vigente no País” (art. 108 do CC).
• Quanto à necessidade de autorização do cônjuge:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 124/215
• Bens móveis: Não há necessidade de autorização do cônjuge na alienação
de bens móveis.
• Bens imóveis: Há necessidade de autorização do cônjuge na alienação de
bens imóveis, salvo no regime de separação absoluta de bens. O regime da
separação absoluta é o convencional, ou seja, aquele escolhido por ambos no pacto antenupcial.
“Ressalvado o disposto no art. 1648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime de separação absoluta: I – alienar ou
gravar de ônus real os bens imóveis; II – pleitear, como autor ou réu, acerca
desses bens ou direitos, prestar fiança ou aval, fazer doação, não sendo remu-neratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação” (art.
1647, I e II do CC).
Também vale destacar que os pais não podem alienar ou gravar de ônus
real os imóveis dos filhos, salvo por necessidade ou evidente interesse da
prole, mediante prévia autorização do juiz (art. 1691 do CC). Já com relaçãoaos bens móveis não há essa proibição.
• Quanto à participação no processo:
• Bens móveis:
• Ações reais sobre móveis são propostas no foro de domicílio do réu.
• Não há necessidade de as pessoas casadas serem citadas em conjunto, nem
de irem juntas a juízo ou trazerem autorização.
• Bens imóveis:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 125/215
• Ações reais sobre imóveis são propostas no foro da situação do imóvel.
• Polo passivo: Nas ações reais sobre imóveis as pessoas casadas devem ser
citadas em conjunto (litisconsórcio passivo necessário), salvo regime de sep-
aração absoluta de bens. Esta regra não vale para a união estável.
• Pólo ativo: Nas ações reais sobre imóveis os cônjuges podem ir a juízo jun-
tos ou ir apenas um deles com autorização do outro, salvo na separação abso-
luta de bens.
Se o cônjuge for sem a autorização do outro o processo é nulo.
É também relevante ressaltar que sendo o regime da participação final dos
aquestos e não havendo a comunicação de bens, não poderão ir juntos, mas
aquele que ingressar com a ação deverá trazer a autorização do outro.
Cabe ao juiz suprir a outorga quando um dos cônjuges a denegue sem
justo motivo ou lhe seja impossível concedê-la (art. 1648 do CC).
• Quanto ao direito real de garantia que pode ser constituído:
• Bens móveis: São objetos de penhor.
• Bens imóveis: São objetos de hipoteca.
Bens fungíveis e infungíveis
3. Conceito de bens fungíveis e infungíveis:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 126/215
• Bens fungíveis: São os móveis que podem substituir-se por outros da
mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85 do CC). Exemplo: Dinheiro.
• Bens infungíveis: Aqueles que não podem ser substituídos, pois possuem
qualidades especiais que o distinguem de outros da mesma espécie Exemplo:
Quadro de um pintor famoso.
Enquanto os bens móveis podem ser fungíveis e infungíveis, os imóveis,
em princípio, só podem ser infungíveis. Os imóveis somente não serão in-
fungíveis quando integrarem um negócio jurídico apenas pelo valor econ-
ômico, e não pela essência.
2. Classificação dos bens fungíveis e infungíveis:
A classificação em bens fungíveis e infungíveis pode decorrer da natureza
ou da destinação que lhe é fornecida pelo proprietário (a vontade do propri-
etário pode mudar a classificação do bem. Exemplo: Uma moeda que faz parte
de coleção passa a ser infungível).
Uma coisa fungível emprestada para fins de ornamentação torna-se in-
fungível (“ad pompae vel ostentationes causa”). Exemplo: Uma cesta de frutas
como ornamentação é infungível.
3. Contratos de empréstimo:
• Mútuo: É o empréstimo gratuito de bens fungíveis.
• Mútuo feneratício: É o empréstimo oneroso de bens fungíveis.
• Comodato: É o empréstimo gratuito de bens infungíveis.
• Locação: É o empréstimo oneroso de bens infungíveis.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 127/215
Bens consumíveis e inconsumíveis
3. Conceito de bens consumíveis e inconsumíveis:
Os bens imóveis só podem ser inconsumíveis, já os bens móveis podemser consumíveis ou inconsumíveis.
• Consumíveis: “São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destru-
ição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os desti-
nados à alienação” (art. 86 do CC).
• Consumíveis de fato: Aqueles cujo uso leva a destruição imediata do bem.
São os materialmente consumíveis. Exemplo: Gêneros alimentícios.
• Consumíveis de direito: Aqueles destinados à alienação. Exemplo: Livros
em relação à livraria.
• Inconsumíveis: Aqueles cujo uso reiterado não leva a destruição imediata
do bem. Assim, admite a destruição em decorrência do tempo.
2. Classificação dos bens consumíveis e inconsumíveis:
A classificação pode ser mudada em razão da destinação dada pelo pro-
prietário. Exemplo: As frutas expostas à venda são consumíveis de fato e dedireito.
3. Usufruto:
• Usufruto próprio: Direito real de gozo ou fruição que incide sobre coisas in-
consumíveis e infungíveis. O usufrutuário deve restituí-las ao nu-proprietário.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 128/215
• Usufruto impróprio (quase-usufruto): Aquele que incide sobre coisas con-
sumíveis e fungíveis. O usufrutuário tem que restituir a coisa equivalente,
como se fosse um mútuo.
“Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da
coisa e seus acrescidos” (art. 1392 do CC). - “Se, entre os acessórios e osacrescidos, houver consumíveis, terá o usufrutuário o dever de restituir, findo
o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero, qual-
idade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor estimado ao tempo da
restituição” (art. 1392, §1º do CC).
Bens divisíveis e indivisíveis
3. Conceito de bens divisíveis e indivisíveis:
• Bens divisíveis: Aqueles que podem ser fracionados sem alteração na sua
substância, diminuição de valor ou prejuízo a que se destina. Portanto, a parteconserva a qualidade do todo. Exemplo: Área de terras.
“Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua sub-
stancia, diminuição considerável de valor, ou prejuízo a que se destinam” (art.
87 do CC).
• Bens indivisíveis: Aqueles que quando fracionados não conservam a qual-
idade do todo.
• Espécies de indivisibilidade: “Os bens naturalmente divisíveis podem
tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes” (art.
88 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 129/215
• Indivisibilidade natural (física ou material): A indivisibilidade é material,
ou seja, se o bem for dividido perderá a sua substância. Exemplo: Animal vivo.
• Indivisibilidade legal: A indivisibilidade decorre de lei. Exemplo: Módulo
rural.
• Indivisibilidade convencional: A indivisibilidade decorre da vontade das
partes ou do motivo do negócio.
Há ainda quem traga a indivisibilidade econômica, apontando como ex-
emplo o diamante. Se este for dividido continuará a ser diamante, mas terá um
valor infinitamente menor do que anteriormente.
Bens singulares e coletivos
3. Conceito de bens singulares e coletivos:
• Bens singulares: Aqueles que são considerados individualmente. - “São sin-
gulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independente-
mente dos demais” (art. 89 do CC).
• Simples: Aqueles em que as partes são unidas naturalmente.
• Compostos: Aqueles em que as partes são ligadas por ato humano.
• Bens coletivos ou universais: Aqueles que são compostos por bens singu-
lares, formando um todo homogêneo.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 130/215
• Universalidade de fato: É a pluralidade de bens singulares que, pertencentes
à mesma pessoa, tenham destinação unitária (art. 90 do CC). Exemplos: Bib-
lioteca e coleção de selos.
“Os bens que formam essa universalidade podem ser objetos de relações
jurídicas próprias” (art. 90, parágrafo único do CC).
• Universalidades de direito: É o complexo de relações jurídicas de uma
pessoa, dotadas de valor econômico e que em razão disso o ordenamento
jurídico concede um caráter unitário. Exemplos: Herança, patrimônio e fundo
de comércio (art. 91 do CC).
Dos bens reciprocamente consid-
erados
Bens principais e acessórios
3. Conceito de bem principal e acessório:
• Bem principal: É aquele que tem existência própria. Principal é o bem que
existe sobre si, abstrata ou concretamente (art. 92 do CC).
• Bem acessório: É aquele que para existir depende da existência do princip-
al. Acessório é aquele cuja existência supõe a do principal (art. 92 do CC).
Exemplos: Fiança e cláusula penal.
2. Regras aplicáveis:
Em regra o bem acessório segue o principal, salvo estipulação em con-trato ou legal. Exemplo de estipulação legal: “Os frutos caídos de árvore ao
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 131/215
terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caírem, se este for de pro-
priedade particular” (art. 1284 do CC).
Assim, o acessório tem a mesma natureza do principal (Exemplo: Se o
principal for considerado imóvel, o acessório também assim será); o acessório
acompanha o destino do principal (Exemplo: Extinta a obrigação principal,extingue-se também a acessória); o proprietário do principal também será pro-
prietário do acessório.
• “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do
caso” (art. 233 do CC).
• “Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrange-se todos
os seus acessórios” (art. 287 do CC).
• “A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis
que nele estiverem” (art. 1209 do CC).
3. Classificação dos bens acessórios:
O Código Civil de 1916 trazia os frutos, os produtos e os rendimentos.
Diferentemente, o Código Civil de 2002 traz apenas os frutos e produtos, est-
ando os rendimentos dentro dos produtos.
“Apesar de não separados do bem principal, os frutos e produtos podem
ser objetos de negócio jurídico” (art. 95 do CC).
• Frutos: Frutos são bens acessórios que quando utilizados não esgotam a
fonte, ou seja, possuem reposição automática. Exemplo: Frutos de uma árvore.
• Quanto à origem:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 132/215
• Frutos naturais: Aqueles que surgem e se renovam pela própria força. Ex-
emplos: Frutos de uma árvore e crias de animais.
• Frutos industriais: Aqueles que surgem e se renovam pela atuação do
homem. Exemplo: Produção numa fábrica.
• Frutos civis: São os rendimentos que os bens produzem em razão da sua
utilização por outrem que não o proprietário. Exemplos: Aluguéis e juros.
• Quanto ao estado em que se encontram:
• Frutos pendentes: Aqueles que ainda não foram colhidos ou retirados, ou
seja, que ainda encontram-se presos à coisa.
• Frutos percipiendos: Aqueles que deveriam ser, mas ainda não foram col-
hidos.
• Frutos estantes: Aqueles que já foram separados da coisa e encontram-se
armazenados para o consumo.
• Frutos percebidos ou colhidos: Aqueles que já foram colhidos ou retirados,
ou seja, já foram separados da coisa.
• Frutos consumidos: Aqueles que já foram utilizados.
• Produtos: Aqueles que quando utilizados esgotam a fonte. Exemplos:
Petróleo e metais.
• Benfeitorias: São acréscimos ou melhoramentos, realizados pela atuação dohomem, em coisa já existente (art. 96 do CC). Exemplo: Pintura da casa.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 133/215
• Pressuposto:
• Acréscimo de valor. Se diminuir o valor terá que indenizar
• Existência de um determinando bem: Não devemos confundir benfeitoriascom acessões industriais, pois estas diferentemente daquelas, não são realiz-
adas em coisas já existentes, ou seja, são obras que criam coisas novas (con-
struções ou plantações). Exemplo: A construção de uma casa é uma acessão e
não uma benfeitoria.
• Atuação do homem: “Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ouacréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor
ou detentor” (art. 97 do CC).
• Classificação:
• Benfeitorias necessárias: Podem ser observadas sob dois aspectos:
• Aquelas que visam conservar o bem e que, portanto, se não forem realizadas
levarão ao desaparecimento do bem (São imprescindíveis para a conservação
ou funcionalidade da coisa). Exemplo: Pagamento do IPTU.
“São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se de-teriore” (art. 96, §3º do CC).
• Aquelas que visam permitir a normal exploração econômica da coisa. Ex-
emplo: Adubação.
Aquele que realiza benfeitorias necessárias é um gestor de negócio, poiscumpre a função social e, portanto, precisa ser protegido.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 134/215
• Benfeitorias úteis: Aquelas que visam aumentar ou facilitar o uso do bem
(visam ampliar o exercício). Exemplo: Construção de uma garagem.
“São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem” (art. 96, §2º do
CC).
• Benfeitorias voluptuárias: Aquelas que visam deixar o ambiente mais
agradável, ou seja, aqueles acréscimos ou melhoramentos de luxo. Exemplo:
Construção fontes luminosas.
“São voluptuárias as de mero deleito ou recreio, que não aumentam o usohabitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado val-
or” (art. 96, §1º do CC).
• Pertenças: São os bens que, não constituindo partes integrantes, se destin-
am, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou aformoseamento do outro (art.
93 do CC). Exemplos: Ar-condicionado de uma casa, máquinas agrícolas des-tinadas a melhor exploração da propriedade e quadros pendurados na parede.
Tendo em vista que as pertenças não são partes integrantes, se forem re-
tiradas não afetam sua essência. Diferentemente, as partes integrantes afetam
a essência da coisa se retiradas.
“Os negócios jurídicos que dizem respeito ao principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrario resultar de lei, da manifestação da vontade ou
das circunstâncias do caso” (art. 94 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 135/215
Dos bens quanto à titularid-
ade do domínio
Bens públicos e particulares
3. Conceito de bens públicos e particulares:
“São públicos os bens de domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual
fora pessoa a que pertencerem” (art. 98 do CC).
• Bens particulares: São definidos por exclusão, assim são todos aqueles que
não são públicos.
• Bens públicos: São todos aqueles que integram o patrimônio da Adminis-
tração Pública direta e indireta.
As empresas públicas e as sociedades de economia, embora sejam pessoas
jurídicas de direito privado, integram as pessoas jurídicas de direito público
interno, assim os bens destas pessoas também são públicos.
2. Classificação dos bens públicos:O artigo 99 do Código Civil utilizou o critério da destinação do bem para
classificar os bens públicos.
• Bens de uso comum: São aqueles destinados ao uso indistinto de toda a pop-
ulação. Exemplos: Mar, rio, rua, praça, estradas e parques (art. 99, I do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 136/215
O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou oneroso, conforme
for estabelecido por meio da lei da pessoa jurídica a qual o bem pertencer (art.
103 CC). Exemplos: Zona azul nas ruas e zoológico.
• Bens de uso especial: São aqueles destinados a uma finalidade específica.
Exemplos: Bibliotecas, teatros, escolas, fóruns, quartel, museu e repartições publicas em geral (art. 99, II do CC).
• Bens dominicais: Não estão destinados nem a uma finalidade comum e nem
a uma especial. - “Constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público, como objeto de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades”
(art. 99, III do CC).
Os bens dominicais representam o patrimônio disponível do Estado, pois
não estão destinados. Exemplo: Terras devolutas (terras que passam a perten-
cer ao Estado por abandono, desapropriação, acordo realizado com devedores
de impostos).
Afetação consiste em conferir ao bem público uma destinação, já a de-
safetação (desconsagração) consiste em retirar do bem aquela destinação an-
teriormente conferida a ele. Os bens dominicais não apresentam nenhuma des-
tinação pública, ou seja, não estão afetados. Assim, são os únicos que não pre-
cisam ser desafetados para que ocorra sua alienação.
3. Regime jurídico dos bens públicos:
• Inalienabilidade:
• Regra geral: Os bens públicos não podem ser alienados (vendidos, permuta-
dos ou doados).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 137/215
• Exceção: Os bens públicos podem ser alienados se atenderem aos seguintes
requisitos:
• Caracterização do interesse público.
• Realização de pesquisa prévia de preços. Se vender abaixo do preçocausando atos lesivos ao patrimônio público cabe ação popular.
• Desafetação dos bens de uso comum e de uso especial: Os bens de uso
comum e de uso especial são inalienáveis enquanto estiverem afetados. - “Os
bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar” (art.100 do CC).
Os bens dominicais não precisam de desafetação para que sejam ali-
enados. - “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei” (art. 101 do CC).
• Necessidade de autorização legislativa em se tratando de bens imóveis (art.
17 da Lei 8666/93). Para bens móveis não há essa necessidade.
• Abertura de licitação na modalidade de concorrência ou leilão: É relevante
destacar que o artigo 17 da Lei de Licitações traz algumas hipóteses de dis-
pensa.
• Imprescritibilidade: É a característica dos bens públicos que impedem que
sejam adquiridos por usucapião Os imóveis públicos, urbanos ou rurais, não
podem ser adquiridos por usucapião.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 138/215
“Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião” (art. 183, §3º
e 191, parágrafo único da CF). - “Os bens públicos não estão sujeitos a usu-
capião” (art. 102 do CC).
“Desde a vigência do Código Civil (CC/16), os bens dominicais, como os
demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião” (súmula 340do STF).
• Impenhorabilidade: É a característica dos bens públicos que impedem que
sejam eles oferecidos em garantia para cumprimento das obrigações contraí-
das pela Administração junto a terceiros.
Os bens públicos não podem ser penhorados, pois a execução contra
a Fazenda Pública se faz de forma diferente. - “À exceção dos créditos de
natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadu-
al, ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente
na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou pessoas nas dotações orça-mentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim” (art. 100 da CF).
Livro III Dos Fatos Jurídicos –
Parte Geral
3. Sistematização do Livro III Dos Fatos Jurídicos no Código Civil:
• Título I Do Negócio Jurídico:
• Título II Dos Atos Jurídicos Lícitos
• Título III Dos Atos Ilícitos
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 139/215
• Título IV Da Prescrição e Decadência
• Título V Da Prova
2. Conceito de fato e fato jurídico:
• Fato: É tudo o que acontece no mundo, tenha ou não relevância jurídica.
• Fatos jurídicos: É todo acontecimento, decorrente da atividade humana ou
de fatos naturais, capaz de gerar conseqüências jurídicas, por criarem, conser-
varem, modificarem, transferirem ou extinguirem uma relação jurídica.
3. Classificação dos fatos jurídicos (fatos jurídicos em sentido amplo):
• Fatos naturais ou fatos jurídicos em sentido estrito: Aqueles que indepen-
dem da ação humana para ocorrer.
• Fatos Ordinários: Aqueles que freqüentemente ocorrem. Exemplos: Morte,
nascimento e decurso do tempo.
• Fatos Extraordinários: Aqueles que eventualmente ocorrem. Exemplos:
Força maior; caso fortuito e “factum principis”.
• Fatos humanos ou atos jurídicos em sentido amplo: Aqueles que decorrem
de comportamentos humanos.
• Atos lícitos:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 140/215
• Ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito: É o ato decorrente de
uma manifestação de vontade submissa à lei. A vontade humana é relevante
para a realização do ato, mas não quanto aos seus efeitos.
O ato jurídico em sentido estrito é sempre unilateral (se aperfeiçoa com
uma única manifestação de vontade) e potestativo (permite a interferência naesfera jurídica de outra pessoa sem que ela possa impedir).
Em alguns casos a lei exige vontade qualificada, mas em outros basta
a mera conduta. Exemplos: A Notificação do devedor para constituí-lo em
mora, registro de nascimento, reconhecimento de filho, pesca, colheita de
frutas, confissão e notificação requerida em juízo (exige vontade qualificada).
• Negócio Jurídico: É o ato decorrente de uma manifestação de vontade capaz
de criar novas situações que não estão sequer previstas em lei (multiplicidade
de efeitos). A vontade humana é relevante no que toca aos efeitos jurídicos.
A validade do negócio jurídico depende de uma manifestação de vontadequalificada (manifestada por quem tem plena capacidade e sem vícios).
• Negócio jurídico bilateral: Aperfeiçoam-se com duas ou mais manifest-
ações de vontade. Contratos.
• Negócio jurídico unilateral: Aperfeiçoam-se com uma manifestação devontade. Exemplos: Testamento, renúncia à herança, instituição de fundação e
promessa de recompensa.
O Testamento é um negócio unilateral, pois se aperfeiçoa com uma única
manifestação de vontade e permite a criação de múltiplos efeitos, como, por
exemplo, estabelece a forma da partilha dos bens, a maneira de ser enterrado,traz o reconhecimento de filhos havidos fora do casamento etc.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 141/215
• Atos-fatos jurídicos: Aquele para o qual a lei ou o costume prevê um de-
terminado efeito independentemente de manifestação de vontade. Exemplos:
Encontro casual de tesouro por um louco em propriedade alheia (por acaso
torna-se dono de ½); criança comprando doces (por costume aceita sem que
essa compra e venda sem que seja nula).
Os atos-fatos jurídicos, diferentemente do negócio jurídico e do ato
jurídico em sentido estrito, independem da manifestação de vontade.
Para alguns autores, os atos-fatos jurídicos encontram-se nos fatos nat-
urais.
• Atos ilícitos (involuntários): Não geram os efeitos queridos pelo agente, ou
seja, só geram deveres.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 142/215
Negócio jurídico
3. Conceito de negócio jurídico:
Negócio jurídico é ato decorrente de uma manifestação de vontade capaz de cria
novas situações, que não estão sequer previstas em lei. É o ato decorrente de um
manifestação de vontade direcionada para alcançar um determinado fim.
2. Classificação dos negócios jurídicos:
• Negócios jurídicos unilaterais: Aqueles que se aperfeiçoam com uma manifestação
de vontade. Exemplos: Testamento, renúncia à herança, instituição de fundação
promessa de recompensa.
O Testamento é um negócio unilateral, pois se aperfeiçoa com uma única mani
festação de vontade e permite a criação de múltiplos efeitos, como, por exemplo, es
tabelece a forma da partilha dos bens, a maneira de ser enterrado, traz o reconheci
mento de filhos havidos fora do casamento etc.
• Receptícios: Aqueles que só produzem efeitos quando a manifestação de vontad
for recebida pelo destinatário. Exemplos: Revogação de mandato e denúncia.
• Não-receptícios: Aqueles que independem do conhecimento da declaração pelo
destinatário para produzirem efeitos. Exemplos: Aceitação e renúncia da herança.
• Negócios jurídicos bilaterais ou plurilaterais: Aqueles que se aperfeiçoam com dua
ou mais manifestações de vontade. Contratos.
Requisitos de existência ou Elementos essenciais
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 143/215
2. Requisitos de existência do negócio jurídico:
A falta de um desses requisitos faz com que o negócio jurídico seja inex-
istente. A teoria dos atos inexistentes surgiu no direito de família.
• Manifestação de vontade
• Agente emissor da vontade
• Objeto
• Forma
É relevante destacar que alguns autores apontam como requisitos de ex-
istência: a manifestação de vontade; a idoneidade do objeto (objeto tem que
ser idôneo ao negócio que se pretende realizar Exemplo: Na locação o bem
tem que ser infungível, já no mútuo é fungível); a finalidade negocial (in-
tenção de criar, modificar ou extinguir direitos).
2. Manifestação de vontade:
Não há negócio jurídico sem manifestação de vontade.
• A manifestação de vontade pode ser expressa ou tácita.
• Expressa: Quando expressada por escrito, verbal ou através de símbolos(sinais ou gestos). Exemplo: A sublocação depende de consentimento ex-
presso do locador.
A manifestação de vontade será expressa quando a lei assim exigir.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 144/215
• Tácito: Quando expressada por meio de comportamentos positivos que
demonstram a intenção de contratar. Exemplo: Quando o locador recebe o
aluguel após o término do contrato.
A manifestação de vontade pode ser tácita quando a lei não exigir que
seja expresso.
• Silêncio: O silêncio pode ser considerado como manifestação de vontade
quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a de-
claração de vontade expressa, ou quando a lei assim determinar.
• Quando o costume assim determinar. Exemplo: Contratos mercantis.
“O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa” (art. 111
do CC).
• Quando a lei determinar. Exemplo: O silêncio do beneficiário na doação pura importa em aceitação. - “O doador pode fixar prazo ao donatário, para de-
clarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo,
não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não
for sujeita a encargo” (art. 539 do CC).
• Violência física ou uso de medicamentos: Quando há violência física (“visabsoluta”) ou uso de medicamentos o negócio jurídico é inexiste, pois não
houve manifestação de vontade.
• Reserva mental: Ocorre quando a pessoa faz uma declaração diversa da que
gostaria, mas sem que estejam previstos os vícios de vontade. Exemplo: Al-
guém empresta um dinheiro à outra pessoa para evitar que ela se mate e não porque tinha intenção de emprestar.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 145/215
“A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito re-
serva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento” (art. 110 do CC). Assim, em princípio a vontade manifestada
com reserva mental subsiste, salvo se outro contratante tinha conhecimento
dela, caso em que o negócio é inexistente por ausência de manifestação devontade.
3. Agente emissor da vontade:
Não há negócio jurídico sem agente emissor da vontade, ou seja, sem a
presença de uma pessoa física ou jurídica que tenha emitido a vontade.
4. Objeto:
Não há negócio jurídico sem objeto, ou seja, sem conteúdo. Exemplos:
Não há contrato sem cláusulas; não há testamento sem disposições testa-
mentárias.
5. Forma:Para que exista um negócio jurídico é necessário que a vontade tenha sido
exteriorizada de alguma forma (escrita, verbal, sinal ou até mesmo silêncio).
Requisitos de validade
5. Requisitos de validade do negócio jurídico:
A falta de um desses requisitos faz com que o negócio jurídico não seja
válido.
O artigo 104 do Código Civil traz três requisitos (agente capaz, objeto lí-
cito, possível determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa emlei), mas são insuficientes.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 146/215
• Manifestação de vontade livre de vícios.
• Agente emissor da vontade capaz e legitimado.
• Objeto lícito, possível, determinado ou determinável.
• Forma prescrita ou não defesa em lei.
2. Manifestação de vontade livre de vícios:
Para que o negócio jurídico seja válido a manifestação de vontade deve
ser livre e consciente, ou seja, isenta dos vícios do consentimento e vício so-cial. Estes serão estudados no item defeitos dos negócios jurídicos.
3. Agente emissor capaz e legitimado:
• Agente emissor capaz: Para que o negócio seja válido não pode haver inca-
pacidade de alguma das partes.
• O negócio realizado pelo absolutamente incapaz sem representação é nulo
(art. 166, I do CC).
• O negócio realizado pelo relativamente incapaz sem assistência é anulável
(art. 171, I do CC).
“A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela
outra em beneficio próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo
se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum” (art.
105 do CC). Tendo em vista que a incapacidade existe para proteger o próprio
incapaz, as pessoas capazes não serão beneficiadas pela anulação do negócio
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 147/215
jurídico, assim haverá anulação apenas em relação ao incapaz, salvo se o negó-
cio não puder ser dividido, caso em que a anulação será total.
“Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado”
(art. 115 do CC).
“A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus
poderes, produzem efeitos em relação ao representado” (art. 116 do CC).
“É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de in-
teresses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de
quem com ele contratou” (art. 119 do CC). - “É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadên-
cia para pleitear-se a anulação prevista neste artigo” (art. 119, parágrafo único
do CC). Este artigo vale tanto para a representação legal como para a repres-
entação convencional.
• Agente emissor legitimado: Para que o negócio seja válido também é ne-cessário que não haja falta de legitimação (falta de aptidão específica para a
prática de determinado ato ou negócio jurídico).
Exemplo: O pai só esta legitimado a vender bens para certo filho com a
anuência dos demais. - “É anulável a venda de ascendente a descendente,
salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamentehouverem consentido” (art. 496 do CC). - “Em ambos os casos, dispensa-
se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação
obrigatória” (art. 496, parágrafo único do CC).
4. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 148/215
Para que o negócio seja válido o objeto tem que ser lícito, possível, de-
terminado ou determinável, caso contrário será nulo (art. 166, II do CC). O
objeto do contrato chama-se prestação de dar, fazer ou não fazer.
• Lícito: O objeto deve ser lítico, isto é não pode contrariar a lei, a moral e os
bons costumes. Exemplo: A contratação de serviços sexuais é ilícita.
• Possível: O objeto deve ser possível, ou seja, a pretensão tem que ser pos-
sível de ser atendida. A impossibilidade do objeto pode ser física ou jurídica:
• Impossibilidade jurídica: Há impossibilidade jurídica quando a lei expres-
samente proíbe o negócio jurídico com aquele objeto. Exemplos: “Não podeser objeto de contrato herança de pessoa viva” (art. 426 do CC); compra e
venda de bem público de uso comum.
• Impossibilidade física: Pode ser absoluta ou relativa.
• Impossibilidade absoluta: Quando a prestação convencionada não puder ser cumprida por nenhum ser humano. Se a impossibilidade for absoluta o negó-
cio jurídico será nulo, salvo se cessar antes de realizada a condição a que ele
estiver subordinado.
“A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se
for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subor-dinado” (art. 106 do CC).
• Impossibilidade relativa: A impossibilidade relativa refere-se somente ao
devedor. Se a impossibilidade for relativa o negócio jurídico não é inválido.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 149/215
“A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se
for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subor-
dinado” (art. 106 do CC).
• Determinado ou, no mínimo, determinável:
• Determinado: O objeto deve estar individualizado.
• Determinável: Devem estar previamente indicados o gênero e a quantidade
para que o objeto possa ser determinado.
5. Forma prescrita ou não defesa em lei:Para que o negócio seja válido deve ser utilizada a forma adequada aquele
tipo de negócio, ou seja, a forma determinada pela lei ou no caso de não ser
prescrita, aquela não proibida pela lei.
No direito de família, diferentemente, a falta de formalidade no
casamento leva a inexistência e não à invalidade.
• Regra: Há uma liberdade na escolha da forma. A regra é de que os negócios
jurídicos são informais (não solenes).
“A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,
senão quando a lei expressamente a exigir” (art. 107 do CC).
• Exceção: A lei pode exigir determinada forma para a prática de um determ-
inado negócio (negócios solenes). Exemplos:
• A emancipação concedida pelos pais deve ser feita por escritura pública.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 150/215
• “ Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação
ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o
maior salário mínimo vigente no País” (art. 108 do CC).
• A venda de bens de menores somente é admitida por hasta pública.
• A instituição de bem de família deve ser feita por meio de escritura pública.
• Escolha de regime de bens deve ser feito em pacto antenupcial e deve con-
star de escritura pública.
É relevante que nos negócios solenes se faça a distinção entre a forma
“ad solemnitatem” e a forma “ad probationem tantum”. Enquanto na primeira
a forma é essencial ao negócio, ou seja, o negócio só é valido se a forma for
respeitada, no último a forma só é exigida para a facilitar a prova em juízo.
“Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só seadmite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o déclupo do maior
salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados” (art. 227
do CC).
Elementos acidentais do negócio
jurídico
5. Noções gerais:
Da mesma forma que existe os elementos essenciais do negócio jurídico,
também pode haver os elementos acidentais, ou seja, são aqueles que modi-
ficam os efeitos do negócio jurídico.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 151/215
As cláusulas acidentais não são admitidas em negócios relacionados
a direito de família. Exemplo: Não é possível o estabelecimento de uma
condição para o reconhecimento de um filho ou para a realização de um
casamento.
2. Espécies de elementos acidentais:Quando não estão presentes os elementos acidentais, diz-se que o negócio
jurídico é puro e simples, porém, se estiverem presentes o negócio jurídico
será condicional, a termo ou modal.
• Condição
• Termo
• Encargo
3. Condição:
É a cláusula que, por vontade das partes, subordina os efeitos do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
“Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto” (art. 121 do CC).
Se a condição for obstada maliciosamente por quem a desfavorecer, será
considerada como verificada e por outro lado, se aquele que se beneficia
com a condição agir maliciosamente para que ela ocorra, será ignorada a sua
verificação. - “Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição
cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavore-
cer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 152/215
levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento” (art. 129 do
CC).
• Elementos:
• Futuridade: O evento tem que ser futuro, ou seja, não pode ter ocorridoquando da celebração do negócio.
Se o negócio estiver subordinado a um acontecimento passado, mesmo
que desconhecido pelas partes, não haverá condição. Exemplo: “Darei uma
quantia em dinheiro à você se o bilhete que correu ontem estiver premiado”
• Incerteza: O evento tem que ser incerto, ou seja, não se sabe quando irá
ocorrer.
A incerteza tem que estar relacionada com a ocorrência do fato e não com
a data da ocorrência do mesmo. Por exemplo, com relação a morte podemos
afirmar que trata-se de um evento certo e não de uma condição, pois não háincerteza de que a morte irá ocorrer, apenas não se sabe quando. A morte só
pode ser configurada como condição se for fixada em um intervalo de tempo,
por exemplo, se fixar a condição de a pessoa morrer até o final de 2007.
• Voluntariedade: As condições são voluntárias, ou seja, estabelecidas pelas
partes.
Quando a condição for legal estaremos diante de um requisito de eficácia
do negócio jurídico e não de uma condição. Exemplo de requisito de eficácia
do negócio jurídico: Exige-se a morte do testador para que o testamento tenha
eficácia (evento futuro e incerto previsto na lei).
• Classificação:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 153/215
• Quanto ao modo de atuação:
• Suspensiva: Aquela que suspende os efeitos do negócio jurídico enquanto
não for cumprida, ou seja, que impede a aquisição de direitos enquanto não for
verificada.
“Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva,
enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa”
(art. 125 do CC). Antes de ocorrer a condição suspensiva, o negócio jurídico
não produz efeitos, mas o credor tem uma expectativa de diretos.
Tendo em vista que o credor não tem direto ao objeto, mas sim mera ex-
pectativa de direitos, podemos dizer que o pagamento feito pelo devedor antes
do implemento da condição é um pagamento indevido e, portanto, dá direito à
repetição. - “Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado
a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes
de cumprida a condição” (art. 876 do CC).
Também levando-se em conta a expectativa de direito, podemos afirmar
que o credor pode pratica atos de conservação de seu direito eventual. - “Ao
titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é
permitido praticar os atos destinados a conservá-lo” (art. 130 do CC).
“Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente
esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a
condição, se com ela forem incompatíveis” (art. 126 do CC). Embora a con-
dição não produza efeitos, já representa uma restrição ao devedor, que não
poderá fazer novas disposições incompatíveis com a condição.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 154/215
• Resolutiva: Aquela que gera o desaparecimento dos efeitos jurídicos que
até então estavam sendo produzidos. Assim, antes de ocorrer a condição res-
olutiva, o negócio jurídico produz todos os efeitos. Exemplo: Pacto de retro-
venda.
“Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorá onegócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele
estabelecido” (art. 127 do CC).
“Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o
direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada
ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficáciaquanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da con-
dição pendente e conforme aos ditames de boa-fé” (art. 128 do CC).
• Quanto à licitude:
• Lícitas: Aquelas que não contrariam a lei, a ordem pública ou aos bons cos-tumes.
“São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem
pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que
privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de
uma das partes” (art. 122 do CC).
• Ilícitas: Aquelas que contrariam à lei, à moral ou aos bons costumes.
• Ilícitas propriamente ditas: Aquelas proibidas por lei
• Condições imorais: Aquelas que contrariam os bons costumes. Exemplo:Aquela que priva alguém de trabalhar ou de se casar.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 155/215
As cláusulas que atingem a liberdade das pessoas de forma absoluta são
ilícitas (Exemplo: Cláusula privando alguém de se casar), mas as que atingem
de forma relativa não (Exemplo: Cláusula privando alguém de se casar com
determinada pessoa).
• Condições impossíveis:
• Fisicamente impossíveis: Aquelas que são impossíveis de ser cumpridas por
qualquer ser humano.
• Juridicamente impossíveis: Aquelas que são impossíveis de ser cumpridasem razão de proibição legal. Exemplo: Condição que envolva o casamento de
alguém com mais de 70 anos, sob regime de comunhão de bens.
“Tem-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas,
e as de não fazer coisa impossível” (art. 124 do CC). Assim, se a condição ilí-
cita for suspensiva, o negócio será nulo. Porém se a condição for resolutiva,ela será inexistente.
“Invalidam os negócios jurídicos que lhe são subordinados: I – as con-
dições físicas ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas” (art. 123, I
do CC).
• Condições perplexas, contraditórias ou incompreensíveis: Aquelas que
privam de todo efeito o negócio jurídico. Exemplo: Uma pessoa empresta din-
heiro a outra desde que essa não use o dinheiro.
“Invalidam os negócios jurídicos que lhe são subordinados: III – as con-
dições incompreensíveis ou contraditórias” (art. 123, III do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 156/215
• Condições puramente potestativas: Aquelas que subordinam os efeitos do
negócio ao arbítrio (capricho) de uma das partes. Exemplo: Se eu tiver vont-
ade.
As condições puramente potestativas invalidam os negócios jurídicos
que lhe são subordinados (art. 123, II do CC).
• Quanto à origem:
• Casuais: Aquelas que dependem do acaso. Exemplo: Se chover.
• Puramente potestativas: Já foram estudadas anteriormente.
• Mistas: Aquelas que sujeitam os efeitos do negócio jurídico ao arbítrio de
uma das partes e também à vontade de um terceiro. Exemplo: Se você casar
com Fulano eu te dou o carro.
• Simplesmente ou meramente potestativas: Aquelas que sujeitam os efeitosdo negócio jurídico ao arbítrio de uma das partes e também à um fator externo.
Exemplo: Se você passar no vestibular te dou um carro. – São válidas.
4. Termo:
É a cláusula que subordina os efeitos do negócio jurídico à evento futuro
e certo. O termo é certo quanto à ocorrência do fato, mas não necessariamentequanto a data da ocorrência do mesmo.
• Classificação:
• Quanto à determinação da data da sua ocorrência:
• Termo certo: Aquele que traz a data da ocorrência.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 157/215
• Termo incerto: Aquele que não traz a data da ocorrência, mas sabe-se que
vai ocorrer. A morte é um exemplo de termo incerto, pois embora não se saiba
quando vá ocorrer, é certo que um dia ela irá acontecer.
• Quanto ao modo de atuação:
• Termo inicial ou suspensivo: Denominado de “dies a quo”. - “O termo ini-
cial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito” (art. 131 do CC).
Diferentemente da condição, em que há apenas expectativa de direitos,
no termo há aquisição de direitos. Assim, se o devedor pagar antes do termoentende-se como renuncia ao termo, não havendo qualquer possibilidade de
repetição do indébito como na condição.
• Termo final, extintivo ou resolutivo: Denomina-se de “dies ad quem”. É
aquele cuja ocorrência leva a extinção dos efeitos do negócio jurídico.
• Prazos: É o período de tempo entre a declaração e o advento do termo.
• “Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os
prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento” (art. 132 do
CC).
• “Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o
prazo até o seguinte dia útil” (art. 132, §1º do CC).
• “Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia” (art. 132,
§2º do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 158/215
• “Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início,
ou no imediato, se faltar exata correspondência” (art. 132, §3º do CC).
• “Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto” (art. 132,
§4º do CC).
• “ Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e nos con-
tratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instru-
mento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor,
ou de ambos os contratantes” (art. 133 do CC).
Assim, se o devedor quiser pagar sua dívida antes do termo poderá fazê-lo, salvo se for verificado que o termo foi estabelecido a favor do credor ou
de ambos os contratantes, caso em que o credor pode se opor ao pagamento
antecipado.
5. Encargo ou modo:
É um ônus (limitação) imposto ao beneficiário do negócio jurídico. Emgeral o encargo aparece nos negócios jurídicos gratuitos, mas nada impede que
seja previsto nos negócios jurídicos onerosos.
“O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo
quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como
condição suspensiva” (art. 136 do CC). O encargo não impede a aquisição dedireitos e nem o seu exercício, mas o beneficiário deverá cumpri-lo ou caso
contrário poderá até mesmo ser desfeita a liberalidade.
“Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se con-
stituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negó-
cio jurídico” (art. 137 do CC). O encargo ilícito ou impossível é consideradocomo não escrito, ou seja, o beneficiário não precisa cumpri-lo (Exemplo:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 159/215
Encargo que envolva a prática de um crime). Entretanto, se o encargo for o
motivo determinante da liberalidade o negócio jurídico será inválido (Exem-
plo: Pai doa um carro ao filho menor com o encargo de este tirar a carteira de
motorista).
Defeitos do negócio jurídico
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 160/215
5. Noções gerais:
Já vimos anteriormente que para que o negócio jurídico seja válido a manifest
ação de vontade deve ser livre e consciente, ou seja, isenta dos vícios do consenti
mento e vício social.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 161/215
2. Defeitos do negócio jurídico:
A ocorrência dos defeitos faz com que o negócio jurídico seja anulável (art. 171
II do CC) e o prazo decadencial para a propositura da ação é de 4 anos a contar da cel
ebração do negócio, salvo na coação, em que conta-se do momento em que ela cessa
(art. 178, I do CC).
• Vícios do consentimento: A vontade declarada não corresponde a vontade rea
(vontade querida) do agente. São eles: Erro, Dolo, Coação, Estado de Perigo e Lesão
• Vício social: A vontade declarada corresponde a vontade real do agente, mas há
intenção de fraudar a lei ou prejudicar terceiros. É a fraude contra credores.
É relevante lembrar que a simulação não é mais causa de anulabilidade do negó
cio jurídico e sim causa de nulidade.
3. Erro ou Ignorância:
Primeiramente vale lembrar que o erro é um vício do consentimento, assim
vontade declarada não corresponde a vontade querida pelo agente.
• Conceito: O Código Civil não traz diferença entre o erro e a ignorância, mas se
gundo o dicionário, o erro é a falsa idéia da realidade (engano sobre a realidade)
ignorância é o completo desconhecimento da realidade.
Tendo em vista que o erro é subjetivo, podemos concluir que é muito difíci
prová-lo. O dolo, diferentemente, não possui esta dificuldade, pois a pessoa é induzid
a realizar um negócio e uma testemunha pode presenciar tal ato.
• Anulação do negócio jurídico: “Além dos casos expressamente declarados na lei, é
anulável o negócio jurídico: II – por vício, resultante de erro, dolo, coação, estado d
perigo, lesão ou fraude contra credores” (art. 171, II do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 162/215
“É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico, contado: II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado
de perigo, ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico” (art. 178, II
do CC).
• Requisitos para que o erro torne o negócio anulável: Que o erro seja sub-
stancial (essencial), escusável e real.
• Erro substancial ou essencial: Aquele relacionado a aspectos relevantes do
negócio, ou seja, a aspectos que se fossem conhecidos pelo agente, não realiz-
aria o negócio.
Assim, o erro acidental recai sobre coisas insignificantes e não é capaz de
anular o negócio jurídico. Exemplo: “O erro de identificação da pessoa ou da
coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando,
por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa
cogitada” (art. 142 do CC). - “O erro de cálculo apenas autoriza a retificaçãoda declaração de vontade” (art. 143 do CC).
• O erro é substancial quando (art. 139 do CC):
• Quando diz respeito à natureza do negócio (art. 139, I do CC): É o “error in
negotio”. O agente se engana quanto à espécie de negócio celebrado. Exem- plo: O agente assina uma doação pensando ser uma compra e venda.
• Quando diz respeito ao objeto principal da declaração ou a alguma das qual-
idades a ele essenciais (art. 139, I do CC): É o “error in corpore rei”. Exemplo:
Compra um relógio pensando que era de ouro, quando na verdade não era.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 163/215
• Quando diz respeito à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem
se refira à declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo rel-
evante (art. 139, II do CC): É o “error in persona”. Esta hipótese esta relacion-
ada às obrigações personalíssimas.
• Quando sendo erro de direito e não implicando em recusa à aplicação dalei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico (art. 139, III do CC):
É o “error juris”.
Segundo o artigo 3º da Lei de Introdução ao Código Civil, ninguém se
escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Entretanto, pode haver
anulação do negócio jurídico por erro de direito, quando o agente estava de boa-fé. Exemplo: Quando o agente interpretar mal a lei. Exemplo: O agente
celebra um contrato de importação sobre determinado produto, mas depois
descobre que é proibido tal contrato.
• Erro escusável (aceitável): Como oposto do erro escusável temos o erro
grosseiro que não gera anulação do negócio jurídico.
• Critérios para saber se o erro é escusável:
• Critério do homem médio (“homo medius”): Verificar como a média das
pessoas agiriam na mesma situação.
• Critério do caso concreto: Verificar as condições pessoais de quem alega
que cometeu o erro. Exemplos: idade, grau de cultura e saúde. – O critério
do caso concreto não foi mantido pelo Código Civil 2002, com exceção da
coação.
Entretanto, para uma certa corrente doutrinária o requisito da escusabil-idade não é relevante.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 164/215
• Erro Real: Aquele que causa um efetivo prejuízo.
• Que o erro seja conhecido ou reconhecível pela parte contrária: “São an-
uláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de
erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, emface das circunstâncias do negócio” (art 138 do CC).
Vale ressaltar que este requisito não é aceito por vários doutrinadores.
• Diferença entre vício redibitório e erro quanto às qualidades essenciais do
objeto:
• Erro essencial: No erro essencial o agente se engana quanto aos aspectos es-
senciais do objeto, que se fossem do seu conhecimento, não realizaria o negó-
cio (O erro é subjetivo).
Cabe ação anulatória no prazo decadencial de 4 anos, a contar da celeb-ração do negócio.
• Vício redibitório: Vício redibitório é o defeito oculto de coisa recebida por
meio de contrato comutativo, que a torna imprestável ao uso que se destina ou
lhe diminua o seu valor (natureza objetiva).
O adquirente poderá utilizar uma das duas ações edilícias: Ação redib-
itória para rescindir o negócio ou ação estimatória (“quanti minoris”) para ob-
ter um abatimento no preço, no seguinte prazo:
• Vício oculto de exteriorização imediata:
• Bem móvel:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 165/215
• Sem posse antecedente: 30 dias a partir da posse.
• Com posse antecedente: 15 dias da compra.
• Bem imóvel
• Sem posse antecedente: 1 ano a partir da posse.
• Com posse antecedente: 6 meses da compra.
• Vício oculto de exteriorização mediata:
• Bem móvel: 180 dias a partir da exteriorização.
• Bem imóvel: 1 ano a partir da exteriorização. – 5 anos para defeito de es-
trutura.
Diferentemente do vício redibitório, o vício do produto do Código de De-
fesa do Consumidor pode ser aparente ou oculto e ainda recair sobre negócio
oneroso ou gratuito. O prazo decadencial para reclamar vício do produto ou
serviço do Código de Defesa do consumidor é de 30 dias para bens não durá-
veis e 90 dias para duráveis. Se o vício for aparente conta-se o prazo da data
do recebimento do produto ou de sua conclusão, mas se for oculto conta-se dadata em que ficar evidenciado.
• Falso motivo: “O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando ex-
presso como razão determinante” (art. 140 do CC). Assim, o falso motivo só
ocasiona a anulação do negócio quando estiver expresso no contrato e se o real
motivo era a razão determinante para a celebração do negócio.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 166/215
• Mensagem truncada: “A transmissão errônea da vontade por meios inter-
postos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta” (art. 141
do CC). Assim, se ficar provado que o negócio só ocorreu por defeitos nos
meios interpostos (meios utilizados para transmitir a proposta) também poderá
ser anulado.
• Princípio da conservação do negócio jurídico pela retificação: “O erro não
prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a mani-
festação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da
vontade real do manifestante” (art. 144 do CC).
4. Dolo:O dolo, assim como o erro, é um vício do consentimento, assim a vontade
declarada não corresponde a vontade real (vontade querida) do agente.
• Conceito: Dolo é o induzimento malicioso, pelo outro contratante ou por
terceiro, para que alguém realize um negócio que lhe é prejudicial, mas que
beneficia aqueles que provocaram o erro.
• Anulação do negócio jurídico: “Além dos casos expressamente declarados
na lei, é anulável o negócio jurídico: II – por vício, resultante de erro, dolo,
coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores” (art. 171, II do CC).
“É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação donegócio jurídico, contado: II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado
de perigo, ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico” (art. 178, II
do CC).
• Requisitos para que o dolo torne o negócio anulável:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 167/215
• Dolo principal (“dolus causam”): Que o dolo principal seja a causa do negó-
cio, ou seja, que o negócio só tenha sido realizado por causa do induzimento
malicioso. - “São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a
sua causa” (art. 145 do CC).
No dolo acidental (“dolus acidenti”) o negócio se realizaria de qualquer jeito, mas a parte foi prejudicada nas condições do contrato. Não leva a an-
ulação do contrato, mas gera perdas e danos. - “O dolo acidental só obriga à
satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio
seria realizado, embora por outro modo” (art. 146 do CC).
• “Dolus malus”: Que a parte contrária ou o terceiro tenham tido intenção de prejudicar o contratante.
Diferentemente, o “dolus bonus”, que é o exagero ou propaganda sobre
as qualidades da coisa, é tolerável no comércio em geral. Não vicia o ato, pois
as pessoas já contam com ele.
Vale ressaltar que o “dolus bonus” no Código de Defesa do Consumidor
pode configurar propaganda enganosa e assim, gerar sanções.
• Dolo seja manifestado por conduta maliciosa da própria parte (dolo da pró-
pria parte) ou terceiro:
• A conduta maliciosa pode se manifestar tanto por ação (dolo positivo) como
por omissão (dolo negativo, omissão dolosa ou reticência).
• Dolo positivo: No dolo positivo o contratante é induzido maliciosamente
em erro.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 168/215
• Dolo negativo: No dolo negativo há um silêncio intencional a respeito de
uma circunstância que se fosse conhecida pelo contratante, ele não realizaria o
negócio.
“ Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das
partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constituiomissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não teria sido celebrado”
(art. 147 do CC). Exemplo: Uma pessoa silencia com relação a uma doença
grave e faz um seguro de vida.
• Dolo de terceiro: Se o dolo for de terceiro e um dos contratantes sabia do
dolo (má-fé), haverá anulação do negócio, mas se não sabia haverá perdas edanos contra o terceiro. - “Pode também ser anulado o negócio jurídico por
dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter con-
hecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro
responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou” (art. 148 do
CC).
• No caso de dolo do representante convencional, o representado responde
solidariamente por perdas e danos, pois escolher mal seu representante. Difer-
entemente no caso de dolo do representante legal, o representado só responde
pela devolução das vantagens recebidas e não por perdas e danos.
“O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o represen-tado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém
o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidari-
amente com ele por perdas e danos” (art. 149 do CC).
• Dolo unilateral: Que o dolo só tenha decorrido de uma das partes, ou seja,
que aquele que alegue ter sido vítima também não tenha agido com dolo.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 169/215
No dolo bilateral ou de ambas as partes não poderá ocorrer anulação do
negócio, pois ninguém pode se beneficiar da própria torpeza. - “Se ambas as
partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio,
ou reclamar indenização” (art. 150 do CC).
5. Coação:Coação também é um vício do consentimento e, portanto, a vontade de-
clarada não corresponde a vontade real.
• Conceito: Coação é toda ameaça feita sobre alguém para forçá-lo a realizar
um negócio que não deseja. Se não existisse a coação, a vítima não realizaria
o negócio jurídico.
É relevante lembrar que a coação no direito de família apresenta um trata-
mento diferenciado.
• Anulação do negócio jurídico: “Além dos casos expressamente declarados
na lei, é anulável o negócio jurídico: II – por vício, resultante de erro, dolo,coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores” (art. 171, II do CC).
“É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico, contado: I – no caso de coação, do dia em que ela cessar”
(art. 178, II do CC). A coação também pode gerar responsabilidade civil e pen-
al.
• Espécies:
• Coação absoluta ou física (“vis absoluta”): Consiste no emprego de força
física e que impede qualquer manifestação de vontade.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 170/215
Como a vítima não chega a manifestar a sua vontade, o negócio é inex-
istente, e não um vício do negócio jurídico.
• Coação relativa ou moral (“vis compulsiva”): Consiste no emprego de
grave ameaça para que a vítima realize o negócio jurídico. A vítima pratica o
negócio exigido pelo coator com receio da grave ameaça efetuada.
A coação relativa, diferentemente da absoluta é um vício do negócio
jurídico.
• Coação da própria parte ou de terceiro: Assim como no dolo, a coação pode
ser da própria parte ou de terceiro.
• Coação de terceiro: Se a coação for de terceiro e um dos contratantes sabia
dela, haverá anulação do negócio, mas se não sabia haverá perdas e danos con-
tra o terceiro.
“Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da
coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto”
(art. 155 do CC).
• Requisitos para que a coação torne o negócio anulável:
• Que a coação seja a causa do negócio: Que o negócio só tenha sido realiz-
ado por causa da coação.
• Que a coação seja grave: Que a coação consiga atemorizar a vitima. - “A
coação, para viciar a declaração de vontade, há de ser tal que incuta ao pa-
ciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à suafamília, ou aos seus bens” (art. 151 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 171/215
• Critério do caso concreto: Na coação deve-se verificar as condições pess-
oais do paciente. Exemplos: idade, grau de cultura e saúde.
“ No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a
idade, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstânciasque possam influir na gravidade dela” (art. 152 do CC). Assim, diferentemente
do erro, utiliza-se o critério do caso concreto e não o critério do homem médio.
• Simples temor reverencial: O simples temor reverencial (receio de des-
gostar as pessoas a quem se deva respeito. Exemplos: Pais, avós e patrões) não
é considerado como coação (art. 153 do CC). Entretanto, se estiver acompan-hado de outra circunstância pode vir a ser coação.
• Que a coação seja injusta: A coação não pode corresponder ao exercício
normal do direito (art. 153 do CC). Exemplos: A ameaça de mover uma ação
despejo contra o devedor de aluguéis não é coação; a coerção do policial e do
oficial de justiça não é coação.
• Que o mal prometido seja eminente e considerável: Que o mal prometido
seja possível e atual.
• Que o mal prometido recai sobre o outro contratante, sobre sua família ou
sobre seus bens: A interpretação de família tem que ser a mais ampla possível, podendo até mesmo atingir os amigos.
“A coação, para viciar a declaração de vontade, há de ser tal que incuta
ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
família, ou aos seus bens” (art. 151 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 172/215
“Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz,
com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação” (art. 151, parágrafo
único do CC).
6. Estado de perigo:
Estado de perigo também é um vício do consentimento e, portanto, avontade declarada não corresponde a vontade real.
• Conceito: Consiste na assunção de obrigação excessivamente onerosa ao
agente com o fim de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano con-
hecido pela outra parte. Exemplo: A pessoa da um cheque de altíssimo valor
em um hospital para que seu pai seja atendido.
“Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessid-
ade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela
outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa” (art. 156 do CC).
O Estado de perigo leva a invalidade do negócio jurídico em razão daofensa à função social do contrato (ao senso de justiça) ou à boa-fé objetiva.
Entretanto, segundo a doutrina aquele que realizou a prestação, mesmo se
aproveitando do estado de perigo, deverá receber alguma indenização, pois o
ordenamento veda o enriquecimento ilícito.
• Anulação do negócio jurídico: “Além dos casos expressamente declaradosna lei, é anulável o negócio jurídico: II – por vício, resultante de erro, dolo,
coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores” (art. 171, II do CC).
- “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negó-
cio jurídico, contado: II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de
perigo, ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico” (art. 178, II do
CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 173/215
• Requisitos:
• Que a ameaça de um dano grave e atual recaia sobre à própria pessoa ou
sobre sua família: Cabe ao juiz analisar se houve ou não estado de perigo
quando a vítima assume uma obrigação excessivamente onerosa para salvar
uma pessoa que não faz parte da família.
“Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz
decidirá segundo as circunstancias” (art. 156, parágrafo único do CC).
• Que a situação de perigo tenha sido a causa do negócio: O agente pratica o
negócio para livrar-se do perigo. Se não existisse a situação de perigo a pessoanão teria realizado o negócio.
Não importa quem tenha criado a situação de perigo, podendo até mesmo
ser a pessoa que assume a obrigação excessivamente onerosa.
• Que a obrigação seja excessivamente onerosa: Na obrigação excessiva-mente onerosa há uma desproporção entre a obrigação assumida e a prestação
da outra parte.
O juiz irá analisar se a obrigação era excessivamente onerosa e caso não
seja, poderá reduzir o valor do contrato, sem anulá-lo.
• Que a outra parte tenha conhecimento da situação de perigo: Neste requisito
esta presente a ofensa a boa-fé objetiva.
7. Lesão:
Lesão também é um vício do consentimento, assim a vontade declarada
não corresponde a vontade do agente.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 174/215
• Conceito: Ocorre lesão quando alguém obtém um lucro desproporcional em
razão da necessidade (desespero) ou inexperiência da outra parte. Exemplo:
Empréstimos bancários abusivos.
“Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta” (art. 157 do CC).
Enquanto no estado de perigo a necessidade é de salvar vidas, na lesão
a necessidade é econômica. Aqui também há uma ofensa à função social do
contrato (ao senso de justiça) ou à boa-fé objetiva.
Vale ressaltar que nos contratos bilaterais comutativos é exigido um equi-
librio entre as partes, mas nos aleatórios não.
• Anulação do negócio jurídico: “Além dos casos expressamente declarados
na lei, é anulável o negócio jurídico: II – por vício, resultante de erro, dolo,
coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores” (art. 171, II do CC).- “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negó-
cio jurídico, contado: II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de
perigo, ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico” (art. 178, II do
CC).
• Requisitos:
• Que uma das partes encontre-se num estado de hipossuficiência, seja decor-
rente da necessidade econômica (Exemplo: Risco de falência) ou da sua inex-
periência para este negócio.
O juiz irá levar em conta as condições pessoais do lesado para veri-ficação desse requisito.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 175/215
• Que a prestação seja manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta:
Caberá ao juiz verificar a desproporção no caso concreto. - “Aprecia-se
a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em quefoi celebrado o negocio jurídico” (art. 157, §1º do CC).
É relevante destacar que se a desproporção for superveniente, poderemos
estar diante da teoria da imprevisão e não da lesão.
• Defeito sanado: O defeito pode ser sanado, até mesmo contra a vontade doautor da ação, quando aquele que obteve o lucro exagerado depositar o pre-
juízo da vitima.
“ Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento su-
ficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito” (art.
157, §2º do CC). Exemplo: Alguém, com receio de que requeiram sua falênciaem razão de títulos não pagos, faz empréstimo em um Banco que cobra juros
altíssimos. Mais tarde ingressa com ação de anulação, tendo em vista que out-
ros Bancos cobram valores menores. O Banco pode concordar com a redução
dos juros e assim não ocorrerá a anulação.
8. Fraude contra credores:A fraude contra credores, diferentemente de todas as espécies anteriores,
é um vício social, em que a vontade declarada corresponde a vontade real do
agente, mas há a intenção de fraudar a lei ou prejudicar terceiros.
Antes de se estabelecer o conceito de fraude contra credores faz-se ne-
cessária uma exposição sobre responsabilidade patrimonial.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 176/215
• Responsabilidade patrimonial: O credor possui dois tipos de garantia do seu
crédito, a real (recai sobre bem específico do patrimônio, por meio da hipo-
teca, penhor ou anticrese) e a geral (recai sobre todo o patrimônio). Se o pat-
rimônio do devedor não for suficiente para o pagamento das dívidas haverá
um rateio entre os credores, com exceção do credor com garantia real.
• Fraude contra credores: É a prática de qualquer ato negocial pelo devedor
que o reduza a insolvência (passivo maior que o ativo) ou aumente-a, com o
intuito de frustrar o pagamento de credores ou violar a igualdade entre eles.
• Anulação do negócio jurídico: “Além dos casos expressamente declarados
na lei, é anulável o negócio jurídico: II – por vício, resultante de erro, dolo,coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores” (art. 171, II do CC).
- “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negó-
cio jurídico, contado: II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de
perigo, ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico” (art. 178, II do
CC).
• Requisitos para ser alegada a fraude contra credores:
• Existência da dívida antes da prática de atos que levem o devedor a insolv-
ência ou aumentem-na.
Há alguns julgados que consideram fraude contra credores a conduta dodevedor tendente a frustrar crédito futuro (fraude predeterminada ou preorde-
nada).
• “Eventus damni” (evento danoso): A prática de certos atos deve ter
aumentado ou ocasionado a insolvência do devedor. Trata-se de um requisito
objetivo.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 177/215
Há uma presunção relativa de que se os bens não forem localizados, o de-
vedor esta em insolvência.
• “Consilium fraudis” ou “scientia fraudis”: É a má fé do terceiro adquirente.
Não é necessário que haja concluiu entre as partes, mas apenas que o terceiro
tenha ciência da má-fé do devedor.
É relevante lembrar que nas alienações gratuitas não é necessário a prova
de má-fé do terceiro adquirente, basta prova da insolvência. Assim, a prova da
má-fé deve ser feita apenas nas alienações onerosas.
• Casos em que se presume a má-fé do terceiro adquirente (art. 159 do CC):
• Se a insolvência do devedor era notória. Exemplo: O devedor tinha inúmer-
os títulos protestados e vendeu o bem.
• Se o terceiro tinha motivos para saber da má situação financeira do devedor.
Exemplos: Parentesco próximo, amizade intima, realização de vários negócioscom o devedor e preço vil.
• Que o vício seja reconhecido por ação própria (ação pauliana ou revoc-
atória): A fraude contra credores somente pode ser demonstrada por meio de
ação específica, ou seja, da ação pauliana.
• Prazo: Ação pauliana deve ser proposta no prazo decadencial de 4 anos a
contar da celebração do negócio.
• Legitimidade ativa: É daqueles que já eram credores quirografários na data
das alienações fraudulentas (art. 158, §2º do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 178/215
Excepcionalmente, o credor com garantia real também pode propor a ação
pauliana quando esta garantia tornar-se insuficiente (art. 158, §1º do CC).
• Legitimidade passiva: Devedor alienante e terceiros adquirentes de má-fé
(litisconsórcio passivo necessário).
“A ação, nos casos dos arts 158 e 159, poderá ser intentada contra o de-
vedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada
fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé” (art. 161
do CC).
• Efeitos da procedência da ação: O negócio jurídico (alienação fraudulenta)é anulado, voltando as partes ao estado em que se encontravam antes da cel-
ebração do negócio jurídico. Assim, os bens voltam para o patrimônio do de-
vedor para que possam ser penhorados. – O Código Civil de 2002 adota esta
posição.
Vale ressaltar que se o adquirente de má-fé já tiver transferido o bem paraterceiro de boa-fé, este negócio não poderá ser anulado, devendo o adquirente
de má-fé repor o valor.
Há quem afirme que trata-se de mera ineficácia do negócio jurídico em relação
ao credor, assim este poderia requerer a penhora do bem mesmo estando com
o terceiro adquirente. Se houvesse remissão ou ainda se o devedor pagasse adívida após a ação pauliana, o bem permaneceria no patrimônio do terceiro
adquirente.
• Situações que configuram fraude contra credores:
• Devedor já insolvente paga dívida ainda não vencida: Credores de dívidavencida podem ingressar com ação pauliana.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 179/215
• Devedor já insolvente concede garantia especial a um dos credores quiro-
grafários (sem garantia): Credores podem ingressar com ação pauliana para
que o credor beneficiário volte a ser credor quirografário, ou seja, para que
seja cancelada a preferência.
• Alienações a título gratuito (doações) e remissões de dívidas (perdão de di-
vidas): Credores podem ingressar com ação pauliana, independentemente da
boa-fé do adquirente, necessitando apenas da prova da insolvência. Há uma
maior proteção ao credor.
“Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, seos praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda
quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos” (art. 158 do CC).
• Alienações onerosas (Exemplo: Devedor vende seus bens e esconde o din-
heiro para frustrar a penhora): Diferentemente das alienações gratuitas, aqui sócabe ação pauliana se o terceiro adquirente estava de má-fé (sabia da situação
financeira do devedor), assim o autor deverá provar má-fé do adquirente.
“Presume-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indis-
pensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural ou industrial, ou
a subsistência do devedor e de sua família” (art. 164 do CC).
• Fraude não consumada nos negócios jurídicos de execução diferida: É
aquela que começou a ser praticada, mas foi evitada, pois o adquirente ao to-
mar conhecimento da fraude faz um depósito em juízo e manda citar os possí-
veis credores. Com isso o negócio não precisa ser anulado.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 180/215
“Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o
preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o
em juízo, com a citação de todos os interessados” (art. 160 do CC).
“Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o
preço que lhes corresponda ao valor real” (art. 160, parágrafo único do CC).Se o valor depositado for inferior, o adquirente poderá complementá-lo e as-
sim evitar a fraude.
• Diferença entre fraude contra credores e fraude à execução:
• Na fraude contra credores há vício do negócio jurídico, disciplinado pelodireito privado. Na fraude à execução há ato atentatório à dignidade e admin-
istração da justiça, regido pelo direito público.
• Fraude contra credores só pode ser alegada em ação própria, mais espe-
cificamente na ação pauliana. Fraude a execução pode ser argüida na própria
execução, sem necessidade de ação própria.
É relevante destacar que a fraude contra credores não pode ser discutida
na execução, devendo ser proposta ação própria. “Em embargos de terceiro,
não se anula o ato jurídico, por fraude contra credores” (súmula 195 STJ).
• Na fraude contra credores em alienações onerosas é necessário se provar amá-fé do adquirente. Na fraude a execução não é necessário provar a má-fé do
adquirente, pois aqui não existe adquirente de boa-fé.
• Fraude contra credores torna o negócio anulável. A fraude a execução faz
com que o negócio seja ineficaz.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 181/215
• Fraude contra credores traz prejuízo apenas aos credores. A Fraude a ex-
ecução traz prejuízos também ao Estado, já que é um crime.
• Fraude contra credores configura-se antes mesmo da demanda. Fraude a ex-
ecução pressupõe demanda em andamento.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 182/215
Invalidade do negócio jurídico
8. Conceito de invalidade:
Invalidade é o vício na formação do negócio jurídico (inobservância da norm
jurídica), que impede a produção dos efeitos pretendidos.
O direito de família possui um regime diferenciado de invalidade do negócio
jurídico
2. Espécies de invalidade:
Há dois graus de nulidade.
• Nulidade absoluta: Negócio nulo ou nulidade.
• Nulidade relativa: Negócio anulável ou anulabilidade:
3. Diferenças entre nulidade e anulabilidade:
• Quanto ao interesse tutelado:
• Nulidade: É de ordem pública, decretada no interesse da coletividade.
• Anulabilidade: É de ordem privada, decretada no interesse da parte prejudicada.
• Quanto à legitimidade para alegação e possibilidade de reconhecimento de ofício
pelo juiz.
• Nulidade: A nulidade pode ser alegada por qualquer interessado, ou pelo Ministério
Público, quando lhe couber intervir (art. 168 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 183/215
O juiz deve reconhecer a nulidade de ofício. “As nulidades devem ser pro-
nunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos
e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requer-
imento das partes” (art. 168, parágrafo único do CC).
Vale a pena destacar que no direito de família o juiz não pode reconhecer de ofício a nulidade, assim há necessidade de propositura de ação própria.
• Anulabilidade: A anulabilidade só pode ser alegada pelos interessados (pre-
judicados) e não pode ser reconhecida de oficio pelo juiz.
“A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de oficio, só os interessados podem alegar, e aproveita exclusiva-
mente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade”
(art. 177 do CC).
• Quanto à possibilidade de confirmação:
• Nulidade: A nulidade não pode ser suprida pelo juiz e nem pelas partes.
- “O negocio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce
com o decurso do tempo” (art. 169 do CC).
• Anulabilidade: A anulabilidade pode ser suprida pela confirmação, salvo
direito de terceiro (art. 172 do CC).
• Confirmação expressa: “O ato de confirmação deve conter a substância do
negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo” (art. 173 do CC).
• Confirmação tácita: “É escusada a confirmação expressa, quando o negócio
já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava” (art.174 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 184/215
• Quanto à possibilidade de convalescimento pelo decurso do tempo:
• Nulidade: O negócio nulo não convalesce com o decurso do tempo, assim
a ação pode ser proposta a qualquer tempo. - “O negócio jurídico nulo não é
suscetível de confirmação, nem convalesce com o decurso do tempo” (art. 169do CC).
É relevante destacar que há uma hipótese em que o nulo pode convales-
cer, já que o artigo aplica-se tanto ao testamento anulável como ao nulo. -
“Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento,
contado o prazo da data do seu registro” (art. 1859 do CC).
• Anulabilidade: O negócio anulável pode convalescer se não for alegado no
prazo decadencial:
• De 4 anos: Quando houver vício do consentimento, a contar da celebração
do negócio, salvo com relação a coação que começa a ser contado do dia emque ela cessar (art. 178, I e II do CC).
• De 2 anos: Quando a lei estabelecer que determinado ato é anulável, mas
sem declarar qual é o prazo, a contar da data da conclusão do ato. (art. 179 do
CC).
• Quanto aos efeitos:
• Nulidade: O negócio nulo não produz os efeitos esperados do negócio, em-
bora outros possam ser gerados (Exemplo: Direito aos frutos, no caso de boa-
fé).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 185/215
No direito de família, o casamento nulo pode gerar efeitos desde que
contraído de boa-fé (casamento putativo). E mesmo que não seja putativo
ainda poderá gerar alguns efeitos (Exemplo: Afinidade em linha reta).
• Anulabilidade: O negócio anulável produz todos os efeitos esperados do
negócio até ser reconhecido.
“A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se
pronuncia de oficio; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusiva-
mente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade”
(art. 177 do CC).
• Quanto à eficácia de sentença:
• Nulidade: A sentença que reconhece a nulidade é declaratória e tem efeitos
retroativos, ou seja, os efeitos retroagem a data em o negócio foi realizado
(efeitos “ex tunc”).
• Anulabilidade: A sentença que decreta a anulabilidade é desconstitutiva, as-
sim os efeitos da sentença não retroagem a data em que o negócio for realizado
(efeitos “ex nunc”).
4. Nulidade:
• Hipótese de nulidade: Será nulo o negócio jurídico quando:
• Celebrado por pessoa absolutamente incapaz (art. 166, I do CC): Trata-se
de um dos requisitos de validade do negócio jurídico.
• For ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto (art. 166, II do CC):Também é um dos requisitos de validade do negócio jurídico.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 186/215
• O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito (art. 166, III
do CC).
• Não revestir a forma prescrita em lei (art. 166, IV do CC): Também é um
dos requisitos de validade do negócio jurídico.
• For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade (art. 166, V do CC).
• Tiver por objetivo fraudar lei imperativa (art. 166, VI do CC).
• A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar
sanção (art. 166, VII do CC): Por este artigo podemos concluir que o rol do
artigo 166 do Código Civil é exemplificativo, ou seja, que existem nulidades
expressas (nulidades textuais) e nulidades implícitas no ordenamento jurídico
(nulidades virtuais).
No direito de família não existe nulidades virtuais, ou seja, os atos só são
nulos ou anuláveis se existir previsão legal.
Vale a pena destacar que o negócio jurídico simulado também é nulo.
• Conversão do negócio jurídico: Se o negócio nulo puder ser aproveitado emoutro negócio e as partes estavam de boa-fé, não haverá nulidade.
“Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, sub-
sistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor o que teriam
querido, se houvesse previsto a nulidade” (art. 170 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 187/215
Exemplos: O juiz pode converter a compra e venda de imóveis por instru-
mento particular em compromisso de compra e venda e salvar o negócio, pois
se as partes soubessem da norma teriam feito por escritura pública; a duplicata
que não obedece aos requisitos legais equivale à confissão de dívida.
5. Anulabilidade:
• Hipóteses de anulabilidade: Além dos casos expressamente declarados na
lei, é anulável o negócio jurídico.
• Por incapacidade relativa do agente (art. 171, I do CC).
• Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores (art. 171, II do CC).
• “Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro,
será validado se este a der posteriormente” (art. 176 do CC): Se um dos côn-
juges alienar bens imóveis sem autorização do outro, em princípio o negócioserá anulável. Entretanto, se ocorrer autorização posterior o negócio será val-
idado.
• “O menor entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela
parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior” (art. 180 do CC).
• “ Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um
incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga” (art.
181 do CC).
• “Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 188/215
da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não
induz a da obrigação principal” (art. 184 do CC).
6. Simulação:
Com o Código Civil 2002 a simulação deixa de ser defeito do negócio
jurídico (causa de anulabilidade) e passa a ser causa de nulidade.
Simulação é a declaração enganosa da vontade visando aparentar negócio
jurídico diverso da realidade com o fim de lesar terceiro ou fraudar a lei.
“Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes
do negócio jurídico simulado” (art. 167, §2º do CC).
• Espécies:
• Simulação absoluta: Aquela em que os simuladores não realizam nenhum
negócio jurídico, apenas fingem a sua realização. – Tal negócio jurídico é
nulo.
Exemplo: O marido finge realizar negócios com um amigo perante a es-
posa para depois quando se separar subtrair tal bem da partilha. A esposa
poderá ingressar com ação declaratória de nulidade para que os bens retornem
e sejam divididos na separação.
• Simulação relativa: Aquela em que os simuladores realizam dois negócios
jurídicos, um simulado (aparente) e outro dissimulado (verdadeiro, mas
oculto). - “É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissim-
ulou, se válido for na substância e na forma” (art. 167 do CC).
Exemplo: O adúltero, sabendo que não pode doar um imóvel para suaconcubina, vende o imóvel para um amigo e combina com este que doe a sua
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 189/215
concubina. Para a esposa só aparece a compra e venda, mas na verdade era
uma doação.
Exemplo: Alguém vende um apartamento por R$ 100.00, mas passa na
escritura por R$ 50.000. A escritura será anulada, mas o contrato de compra e
venda não.
• Hipóteses:
• Simulação subjetiva (“ad personam” ou por interposta pessoa): ”Haverá
simulação nos negócios jurídicos quando: I – aparentarem conferir ou trans-
mitir direitos a pessoas diversa daquelas às quais realmente se conferem, outransmitem” (art. 167, §1º, I do CC).
• Simulação objetiva (simulação de conteúdo): “Haverá simulação nos negó-
cios jurídicos quando: II – contiverem declaração, confissão, condição ou
cláusula não verdadeira” (art. 167, §1º, II do CC).
• Simulação de datas: “Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: III
– os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados” (art. 167,
§1º, III do CC).
• Simulação fraudulenta e inocente: Com o Código Civil 2002 não há mais
distinção entre as duas, sendo ambas são nulas.
• Simulação Fraudulenta: Aquela em que os simuladores têm intenção de
fraudar a lei ou prejudicar terceiros.
• Simulação Inocente: Aquela em que os simuladores não têm intenção de
fraudar a lei ou prejudicar terceiros.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 190/215
Exemplo: Um homem solteiro quer fazer uma doação a sua namorada,
mas para os pais não ficarem sabendo, pede ao escrivão que conste como com-
pra e venda. O negócio oculto prevalecerá, assim a compra e venda será sub-
stituída pela doação.
Atos jurídicos lícitos
6. Disposições gerais:
“Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se
no que couber, as disposições do Título anterior” (art. 185 do CC). As dis-
posições referentes aos negócios jurídicos também devem ser aplicadas aos
atos não negociais.
Atos ilícitos
6. Conceito de ato ilícito:
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudên-
cia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,comete ato ilícito” (art. 186 do CC).
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, ex-
cede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes” (art. 187 do CC). Assim, também comete
ato ilícito aquele que exerce seu direito de forma abusiva.
A conseqüência da prática do ato ilícito é a responsabilidade civil, que
vem prevista no artigo 927 do Código Civil. “Aquele que, por ato ilícito (arts.
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
2. Responsabilidade civil e penal:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 191/215
• Responsabilidade penal: É aquela que decorre da violação da norma penal
e tem como conseqüência a aplicação de uma sanção.
• A responsabilidade penal pode existir mesmo que não tenha ocorrido um
dano (prejuízo), como por exemplo, nos crimes tentados.
• Na responsabilidade penal há grande relevância em saber se o agente agiu
com dolo ou com culpa.
• Na responsabilidade penal a obrigação se extingue com a morte do agente.
• Na responsabilidade penal não pode haver responsabilização de um terceiroque não foi o causador do dano.
• Responsabilidade civil: É aquela que decorre do descumprimento do dever
legal de não lesar o outrem.
• Para que haja responsabilidade civil é preciso que haja um dano (prejuízo).
• Na responsabilidade civil não há relevância em saber se o agente agiu com
dolo ou com culpa.
• Na responsabilidade civil a obrigação transmite-se aos limites da herança,
pois quem responde pela indenização é o patrimônio do responsável.
• Na responsabilidade civil pode haver responsabilização de um terceiro que
não foi o causador do dano (casos de responsabilidade indireta).
O Brasil segue o sistema de independência da responsabilidade civil e
penal, mas tomou determinadas cautelas para evitar decisões conflitantes. -“Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 192/215
dano poderá ser proposta no juízo cível contra o autor do crime e, se for o
caso, contra o responsável civil” (art. 64 do CPP). - “Intentada a ação penal,
o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definit-
ivo daquela” (art. 64, parágrafo único do CPP). - “Não impedirão igualmente
a propositura da ação civil: I – o despacho de arquivamento do inquérito ou
das peças de informação; II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; III – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime”
(art. 67, I, II e III do CPP).
3. Responsabilidade contratual e extracontratual:
A classificação em responsabilidade contratual e extracontratual tem em
vista a existência ou não de um vínculo negocial entre o responsável e o titular do direito de reparação.
Embora haja distinção entre as duas espécies de responsabilidade, a con-
seqüência é a mesma, ou seja, a obrigação de ressarcir o prejuízo causado.
• Classificação:
• Responsabilidade extracontratual: É a que surge do descumprimento de um
dever legal (dever genérico) de não lesar o outrem.
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudên-
cia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,comete ato ilícito” (art. 186 do CC). – “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e
187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo” (art. 927 do CC).
• Responsabilidade contratual: É a que surge do descumprimento de um
dever contratual (dever específico), ou seja, do inadimplemento de uma
obrigação contratual.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 193/215
“ Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais
juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabele-
cidos, e honorários de advogado” (art. 389 do CC). - “Responde o devedor
pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores
monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários
de advogado” (art. 395 do CC).
• Diferenças quanto ao ônus da prova:
• Responsabilidade extracontratual:
• Subjetiva ou aquiliana: Aquela que responsabiliza o causador do dano com base na culpa (em sentido amplo, abrangendo o dolo e a culpa em sentido es-
trito). A vítima (credor) tem que provar o inadimplemento culposo, o nexo de
causalidade e o dano. Assim, o ônus da prova cabe ao autor.
• Objetiva: Aquela que responsabiliza o causador do dano, independente-
mente de culpa. A vítima (credor) não precisa provar a culpa do causador dodano, basta a prova do inadimplemento, nexo de causalidade e o dano.
Há uma inversão do ônus da prova, ou seja, o réu na demanda que deverá
provar excludentes de sua responsabilidade (caso fortuito, força maior ou
culpa exclusiva da vítima).
• Responsabilidade contratual: O credor não precisa provar a culpa do réu,
basta provar o inadimplemento, o nexo de causalidade e o dano.
Há uma inversão do ônus da prova, ou seja, o réu na demanda que deverá
provar excludentes de sua responsabilidade (caso fortuito, força maior ou
culpa exclusiva da vítima).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 194/215
• Diferenças quanto a gradação da culpa para fins de indenização:
• Responsabilidade extracontratual: Não há, em princípio, relevância do grau
de culpa.
• Responsabilidade contratual: Há relevância no grau de culpa.
• Diferenças quanto à prova do dano:
• Responsabilidade extracontratual: O credor tem que provar o dano, salvo
nas hipóteses em que ele for presumido. Exemplos: Dano moral pelo atraso no
embarque de viagem internacional; na lei de imprensa o dano moral é presum-ido nos casos de calúnia, bastando a prova da ofensa.
• Responsabilidade contratual: O credor deve prová-lo, salvo se houver
cláusula penal. Esta é uma multa contratual que tem por fim a coerção ao
cumprimento da prestação e prefixação de perdas e danos, caso a coerção seja
ineficaz.
4. Responsabilidade subjetiva e objetiva:
• Responsabilidade subjetiva ou aquiliana: Aquela que responsabiliza o cau-
sador do dano com base na culpa (em sentido amplo, abrangendo o dolo e a
culpa em sentido estrito).
• Objetiva: Aquela que responsabiliza o causador do dano, independente-
mente de culpa.
A responsabilidade será objetiva nos casos especificados na lei e quando
o agente desenvolver uma atividade que implica em riscos ao direito de outr-em. - “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 195/215
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outr-
em” (art. 927, parágrafo único do CC).
• Responsabilidade pelo fato da coisa (pelo fato de ser dono da coisa):
• “O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de
sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta”
(art. 937 do CC).
• “Aquele que habitar em prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveni-
ente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido” (art.938 do CC).
• Responsabilidade pelo fato do animal (pelo fato de ser dono do animal): “O
dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior” (art. 936 do CC).
• Responsabilidade pelo ato de terceiro: “As pessoas indicadas nos incisos de
I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão
pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos” (art. 933 do CC).
“São também responsáveis pela reparação civil: I – os pais, pelos filhos
menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II – o tutor eo curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos,
no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV – os donos de
hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até aconcorrente quantia” (art. 932 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 196/215
“Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que
houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for des-
cendente seu, absoluta ou relativamente incapaz” (art. 934 do CC).
5. Pressupostos da responsabilidade extracontratual:Responsabilidade extracontratual é a que surge do descumprimento de
um dever legal (dever genérico) de não lesar o outrem.
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudên-
cia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito” (art. 186 do CC). - “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo” (art. 927 do CC).
• Ação ou omissão: Há omissão quando existe um dever de agir e o agente se
abstém de praticá-lo causando um dano que poderia ter sido evitado se tivesse
agido.
A responsabilidade pode derivar de ato próprio, de terceiro, de danos cau-
sados por coisas ou por animais.
• Culpa ou dolo: O artigo 186 do Código Civil refere-se ao dolo quando
menciona “ação ou omissão voluntária” e também a culpa em sentido estrito
quando menciona “negligência ou imprudência”. Não menciona a imperícia, pois copiaram o Código Civil de 1916 e naquela época entendiam que esta
encontrava-se na imprudência.
• Dolo: É a violação intencional do dever jurídico
• Culpa: É a falta de diligência que se exige do homem médio.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 197/215
• Culpa grave: Esta tão próxima do dolo que se diz que ela se equipara ao
dolo.
Assim quando algum dispositivo trouxer o dolo, também devemos acres-
centar a culpa grave. - “Nos contratos benéficos, responde por simples culpa
o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem nãofavoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa,
salvo as exceções previstas na lei” (art. 392 do CC).
• Culpa leve: Falta evitável com atenção ordinária.
• Culpa levíssima: Falta evitável com atenção extraordinária. No penal aculpa levíssima absolve, mas no cível até mesmo a culpa levíssima gera inden-
ização.
• Em alguns casos o Código Civil presume a culpa (art. 936 do CC), já
em outros determina que haverá obrigação de reparar o dano, independente-
mente de culpa, nos casos, especificados em lei ou quando a atividade normal-mente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem (art. 927, parágrafo único do CC).
• Nexo de causalidade: É o nexo entre a ação ou omissão e o dano causado.
Só há obrigação de indenizar se existir um nexo entre a ação ou omissão e o
dano causado.
Se estiverem presentes as excludentes de responsabilidade (culpa da ví-
tima, caso fortuito e força maior) não haverá responsabilidade do agente.
• Dano:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 198/215
• Dano patrimonial ou material: A reparação consiste em recompor aquele
patrimônio desfalcado. A indenização será correspondente a extensão do dano.
• Dano extrapatrimonial ou moral: Não atinge o patrimônio, mas sim os
direitos da personalidade. A indenização não precisa corresponder ao prejuízo,
basta que o juiz arbitre um valor que sirva de consolo, que faça com que a ví-tima saia da tristeza. Leva-se em conta a situação econômica do agente.
Como exceção ao princípio de que só há responsabilidade civil se existir
dano, há o artigo 940 do Código Civil que prescreve que aquele que demandar
por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou
pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeirocaso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele
exigir, salvo se houver prescrição.
É relevante destacar que todo dano deve ser indenizado independente-
mente do grau de culpa. - “A indenização mede-se pela extensão do dano” (art.
944 do CC). - “Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa eo dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização” (art. 944, pará-
grafo único do CC). Na lei de imprensa o grau de culpa pode influenciar no
arbitramento do dano.
6. Causas de exclusão da ilicitude:
“ Não constituem atos ilícitos: I – os praticados em legítima defesa ou noexercício regular de um direito reconhecido; II – a deterioração ou destruição
da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente” (art.
188 do CC).
Em regra, se ocorrer alguma dessas causas não haverá obrigação de re-
parar, mas a lei pode trazer a responsabilidade civil ainda que o ato seja lícito.Exemplo: O estado de necessidade não isenta o causador do dano de indenizar
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 199/215
o dono da coisa prejudicada. Assim, deverá indenizar e depois ingressa com
ação de regresso contra o causador do perigo.
• Legítima defesa: Consiste na repulsa, proporcional à ofensa, com o fim de
evitar violação a interesse próprio ou de terceiro.
O agente não pode ser responsabilizado se o seu ato de legítima defesa foi
praticado contra o próprio agressor. Porém, se atingir terceiro, por engano ou
erro de pontaria, deverá reparar, mas terá ação regressiva contra o agressor.
“ No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro,
contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que ativer ressarcido ao lesado” (art. 930 do CC). - “A mesma ação competirá con-
tra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I)” (art. 930,
parágrafo único do CC).
Vale a pena destacar que a legítima defesa putativa não exime o réu de
indenizar o dano.
• Exercício regular do direito: O exercício regular do direito, ainda que dele
decorra prejuízo, não gera responsabilidade civil. Entretanto o exercício abus-
ivo do direito é ato ilícito.
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, ex-cede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes” (art. 187 do CC).
• Estado de necessidade: Consiste na prática de um ato que ocasione a deteri-
oração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão à pessoa, com o objetivo de
remover perigo grave e iminente a si ou a terceiro.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 200/215
“ No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstân-
cias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indis-
pensável para a remoção do perigo” (art. 188, parágrafo único do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 201/215
Prescrição
6. Introdução:
Primeiramente vale lembrar que decurso do tempo é um fato jurídico que pode
ocasionar a extinção ou aquisição de direitos.
• Prescrição extintiva: É aquela em que o decurso do tempo gera a extinção de direit
os. A prescrição extintiva é tratada na Parte Geral do Código Civil.
• Prescrição aquisitiva: É aquela em que o decurso do tempo gera a aquisição d
direitos. A prescrição aquisitiva é tratada nos Direitos das Coisas, como forma d
aquisição da propriedade.
Embora as espécies sejam tratadas em capítulos diferentes possuem as mesma
regras quanto à suspensão, interrupção e impedimento da prescrição. - “Estende-se ao
possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem o
interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião” (art. 1244 do CC)
Exemplos: Não corre prescrição contra os absolutamente incapazes (art. 198,
do CC); “A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu su
cessor” (art. 196 do CC). Assim, se o credor falece faltando um ano para ingressa
com ação de cobrança, o seu filho menor poderá ingressar com a ação quando fize
16 anos. Da mesma forma, se o proprietário de um imóvel que esta prestes a ser usu
capido vier a falecer e tiver como herdeiro um filho menor, o prazo para usucapião só
voltará a correr quando ele completar 16 anos.
2. Prescrição e institutos afins:
Todos esses institutos estão relacionados com o decurso do tempo.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 202/215
• Prescrição: Segundo Clóvis Beviláquia “é a perda da ação atribuída a um
direito, e de toda a sua capacidade defensiva, em conseqüência do não-uso
dela, durante determinado espaço de tempo”. Para outros autores é a perda de
um direito em decorrência da inércia de seu titular em determinado período de
tempo.
Entretanto, o Código Civil de 2002 adotou a expressão “pretensão” para
acabar com a polêmica que existia sobre o assunto. Prescrição é a perda da
pretensão (poder de reagir) em decorrência da inércia do seu titular no prazo
estabelecido pela lei. - “Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a
qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts 205 e 206”
(art. 189 do CC). A pretensão nasce com a violação do direito e é deduzida em juízo através da ação, porém é a pretensão que prescreve.
São requisitos da prescrição: A inércia do titular e o decurso do tempo.
“A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão” (art. 190 do CC).
Exceção, neste caso, é o direito de o réu invocar a sua pretensão na formade defesa. Exemplo: Uma pessoa que deixou um crédito prescrever não
pode alegar em sua defesa o crédito para que haja compensação de dívi-
das.
• Decadência: É a perda de um direito potestativo (poder de influir, unilater-
almente, na esfera de interesses do outrem. Exemplo: Anulação de um negócio jurídico) em decorrência da inércia do seu titular no prazo estabelecido pela
lei.
• Perempção: É a perda do direito de ação pelo autor contumaz, por ter dado
causa a três extinções do processo, sem julgamento do mérito.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 203/215
“Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fun-
damento previsto no n. III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação
contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possib-
ilidade de alegar em defesa o seu direito” (art. 268, parágrafo único do CPC).
Na perempção perde-se o direito de ação, ou seja, não pode mais ser ex-ercido nem mesmo por reconvenção. Entretanto, o direito material ainda pode
ser alegado em matéria de defesa.
• Preclusão: É a perda de uma faculdade processual por não ter sido exercida
num momento próprio.
3. Prescrição e decadência:
Embora ambas sejam conseqüências da inércia do titular somada ao de-
curso do tempo, possuem regimes jurídicos diferentes.
• Identificação dos prazos:
• Antes do Código Civil de 2002: Levava-se em conta o tipo de sentença a
ser proferida diante de uma pretensão para saber se o prazo era prescricional
ou decadencial.
• Para pretensões cuja sentença fosse condenatória: O prazo era prescricional.
• Para pretensões cuja sentença fosse constitutiva (positiva ou negativa), com
prazo estabelecido em lei: O prazo era decadencial.
• Para pretensões cuja sentença fosse constitutiva, sem prazo estabelecido em
lei: Imprescritíveis.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 204/215
• Para pretensões cuja sentença fosse meramente declaratória: Imprescrití-
veis.
• Com o advento do Código Civil 2002: Ficou estabelecido que são prescri-
cionais os prazos dos artigos 205 e 206 (rol taxativo) e decadenciais os que
não estiverem nestes artigos.
Portanto, podemos encontrar prazos decadenciais na parte geral, logo
após a disciplina de certo assunto, e na parte especial.
• Quanto a alteração dos prazos:
• Prescrição: Os prazos prescricionais decorrem exclusivamente da lei, assim
as partes não podem aumentar, diminuir e nem transigir a respeito dela. - “Os
prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes” (art. 192
do CC).
• Decadência: Os prazos decadenciais podem ser legal (resultar da lei) ouconvencional (resultar de contrato ou testamento).
• Quanto a possibilidade de reconhecimento de ofício pelo juiz:
• Prescrição: “O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição” (art. 219, §5º do
CPC).
Antes da Lei 11280/06 o juiz não podia reconhecer a prescrição de ofício,
salvo com relação à direitos não patrimoniais e a prescrição em favor de abso-
lutamente incapazes.
“A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela partea quem aproveita” (art. 193 do CC). Assim, podemos dizer que a prescrição
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 205/215
não esta sujeita a preclusão. Os Tribunais superiores incluíram nos regimentos
internos a necessidade de prequestionamento da matéria, assim para que a pre-
scrição possa ser alegada em sede de recurso especial e recurso extraordinário
é necessário que tenha ocorrido prequestionamento da matéria nas instâncias
inferiores.
A prescrição não pode ser alegada depois do trânsito em julgado da de-
cisão.
• Decadência: O juiz pode conhecer de ofício a decadência legal - “Deve o
juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei” (art. 210
do CC).
A decadência convencional precisa ser alegada pela parte e esta pode
fazê-la em qualquer grau de jurisdição. - “Se a decadência for convencional,
a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o
juiz não pode suprir a alegação” (art. 211 do CC).
• Quanto a possibilidade de renúncia:
• Decadência: Não pode haver renúncia da decadência. - “É nula a renúncia
à decadência fixada em lei” (art. 209 do CC).
• Prescrição: Pode haver renúncia da prescrição. A renúncia da prescrição sóvale quando feita após sua consumação e sem prejuízo a terceiros, que em re-
gra são outros credores. Assim, não se admite a renúncia prévia da prescrição.
“A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo
feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é
a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição” (art. 191 do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 206/215
• Quanto aos benefícios:
• Prescrição:
• “Também não corre a prescrição: I – contra os incapazes de que trata oart. 3º” (art. 198, I do CC). Não corre prescrição contra os absolutamente in-
capazes, mas a favor corre.
• “Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra seus
assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a
alegarem oportunamente” (art. 195 do CC). O artigo não faz menção aos ab-solutamente incapazes, pois não há tal necessidade, visto que contra eles não
corre a prescrição.
• Decadência: “Aplica-se à decadência o disposto nos arts 195 e 198, inciso
I” (art. 208 do CC). Assim, o novo Código Civil estendeu alguns benefícios à
decadência.
4. Suspensão e interrupção da prescrição:
É relevante mencionar que os prazos decadenciais não se sujeitam a sus-
pensão ou interrupção, salvo se a lei especial prever de outra forma (art. 207
do CC). Exemplo: A reclamação feita pelo consumidor acarreta a suspensão
do prazo decadencial, enquanto não houver resposta.
• Diferenças:
• Impedimento: O prazo nem sequer começa a correr.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 207/215
• Suspensão: Decorre automaticamente de fatos previstos na lei. Na sus-
pensão o prazo fica obstado e quando recomeça a correr, considera-se o lapso
anterior à suspensão.
• “Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só apro-
veitam os outros se a obrigação for indivisível” (art. 201 do CC).
• Interrupção: Depende de um comportamento ativo do credor e só pode ser
realizada uma única vez (Exemplo: Notificação). - Na interrupção o prazo fica
obstado e quando recomeça a correr despreza-se o lapso anterior à interrupção,
ou seja, o prazo recomeça a correr por inteiro a partir do ato que a interrompeu.
Mas se a interrupção for ocasionada por ajuizamento de ação, o prazo só re-começa a partir do último ato do processo.
• “A interrupção da prescrição por um dos credores não aproveita aos outros;
semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro,
não prejudica aos demais coobrigados” (art. 204 do CC).
• “A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim
como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e
seus herdeiros” (art. 204, §1º do CC).
• “A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário
não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate deobrigações e direitos indivisíveis” (art. 204, §2º do CC).
• “A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador”
(art. 204, §3º do CC).
• Causas que suspendem ou impedem a prescrição:
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 208/215
• Não corre prescrição entre as pessoas abaixo em razão do relacionamento
harmônico existente entre elas (causas subjetivas bilaterais):
• Não corre prescrição entre os cônjuges na constância do casamento. Exem-
plo: mulher empresa dinheiro ao marido no regime de separação de bens (art.
197, I do CC). – Há quem entenda que esta regra também deve ser aplicadacom relação à união estável.
• Não corre prescrição entre ascendentes e descendentes durante o poder fa-
miliar (art. 197, II do CC).
• Não corre prescrição entre tutelados ou curatelados e seus tutores oucuradores, durante a tutela ou curatela (art. 197, III do CC).
• Não corre prescrição entre as pessoas abaixo em razão da situação em que
se encontram (causas subjetivas unilaterais):
• Não corre prescrição contra os absolutamente incapazes (art. 198, I do CC).Entretanto corre prescrição contra o relativamente incapaz e também em favor
do absolutamente incapaz.
• Não corre prescrição contra os ausentes do País a serviço público da União,
dos Estados ou dos Municípios (art. 198, II do CC).
• Não corre prescrição contra os que se acharem servindo nas Forças Arma-
das, em tempo de guerra (art. 198, III do CC).
• Não corre prescrição nos casos abaixo, pois ainda não há pretensão e só
podemos falar em prescrição quando ocorre a violação de um direito e con-
seqüentemente surge a pretensão (causas objetivas).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 209/215
• Pendendo condição suspensiva (art. 199, I do CC).
• Não estando vencido o prazo (art. 199, II do CC).
• Pendendo ação de evicção (art. 199, III do CC).
• “Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal,
não correrá prescrição antes da respectiva sentença definitiva” (art. 200 do
CC). O prazo de 3 anos para reparação de dano decorrente de ilícito penal não
começa a correr enquanto não vier a sentença criminal definitiva.
• Causas que interrompem a prescrição: Vale lembrar que a interrupção re-começa a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do pro-
cesso para a interromper (art. 202, parágrafo único do CC).
Quando a interrupção se da por um comportamento do credor, diz-se que
a causa é interpelativa, e quando a interrupção se da por um comportamento
do devedor, diz-se que a causa é recognoscitiva.
• Por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual (art. 202 do
CC): Esta redação correspondia ao artigo 219, §1º do Código de Processo
Civil, porém este foi alterado com a reforma de 1994, passando a dispor que a
citação interrompe a prescrição, com efeitos retroativos à data da propositurada ação, desde que o autor promova a citação (forneça os elementos necessári-
os) no prazo legal (art. 219, §§1º e 2º do CPC). Assim, se por inércia do autor
a citação não ocorrer no prazo legal, a interrupção só ocorrerá com a efetiva
citação.
A interpretação que tende a prevalecer é de que as normas do CódigoCivil e do Código de Processo Civil devem ser conciliadas, assim a inter-
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 210/215
rupção retroage a data do ajuizamento, desde que obedecidos os prazos pro-
cessuais.
Segundo a corrente dominante, a interrupção da prescrição ocorre ainda
que o processo venha a ser extinto sem julgamento do mérito.
No processo penal a interrupção da prescrição se da com o recebimento
da denuncia e existe prescrição intercorrente.
• Por protesto, nas condições do inciso antecedente (art. 202, II do CC): O
Código Civil refere-se neste inciso ao protesto judicial (medida cautelar nom-
inada) que interromperá a prescrição ainda que ordenado por juiz incompet-ente.
• Por protesto cambial (art. 202, III do CC): Exemplos: Notas Promissórias e
cheques.
• Pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em con-curso de credores (art. 202, IV do CC): A habilitação do crédito nos autos da
falência ou do inventário interrompem a prescrição. Exemplo: Se o herdeiro
não concordar com a habilitação o credor terá que promover ação nas vias or-
dinárias, mas a habilitação interrompe o prazo prescricional.
• Por qualquer ato judicial que constitua o devedor em mora (art. 202, V doCC). Exemplos: Notificações e interpelações judiciais.
• Por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhe-
cimento do direito pelo devedor (art. 202, VI do CC): Exemplo: Confissão do
devedor, pagamento parcial, pedido de alongamento de prazo. – Única causa
recognoscitiva.
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 211/215
5. Prazos prescricionais:
Os prazos dividem-se em prazo ordinário e prazos especiais.
• Prazo ordinário: “A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe
haja fixado prazo menor” (art. 205 do CC).
• Prazos especiais:
• Prescreve em 1 ano:
• A pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a con-
sumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dosalimentos (art. 206, §1º, I do CC).
• A pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, con-
tado o prazo:
• Para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data emque é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro pre-
judicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador (art.
206, §1º, II, “a” do CC).
• Quanto aos demais seguros, da ciência do segurador (art. 206, §1º, II, “b”
do CC).
• A pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, ár-
bitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários (art. 206,
§1º, III do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 212/215
• A pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para
a formação do capital da sociedade anônima, contado da publicação da ata da
assembléia que a aprovar o laudo (art. 206, §1º, IV do CC).
• A pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os li-
quidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidaçãoda sociedade (art. 206, §1º, V do CC).
• Prescreve em 2 anos a pretensão para haver prestações alimentares, a partir
da data em que se vencerem (art. 206, §2º do CC).
• Prescreve em 3 anos:
• A pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos (art. 206, §3º,
I do CC).
• A pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vi-
talícias (art. 206, §3º, II do CC).
• A pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessóri-
as, pagáveis, em períodos não maiores de 1 ano, com capitalização ou sem ela
(art. 206, §3º, III do CC).
• A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa (art. 206, §3º,IV do CC).
• A pretensão de reparação civil (art. 206, §3º, V do CC).
• A pretensão de restituição dos lucros e dividendos recebidos de má-fé, cor-
rendo o prazo da data em que foi deliberada (art. 206, §3º, VI do CC).
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 213/215
• A pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou
do estatuto, conta o prazo:
• Para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade an-
ônima (art. 206, §3º, VII, “a” do CC).
• Para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço
referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião
ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento (art. 206, §3º, VII, “b”
do CC).
• Para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação(art. 206, §3º, VII, “c” do CC).
• A pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do venci-
mento, ressalvadas as disposições de lei especial (art. 206, §3º, VIII do CC).
• A pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado,no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório (art. 206, §3º, IX do
CC).
• Prescreve em 4 anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da
aprovação das contas (art. 206, §4º do CC).
• Prescreve em 5 anos:
• A pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento
público ou particular (art. 206, §5º, I do CC).
• A pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais,curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 214/215
dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato (art. 206, §5º,
II do CC).
• A pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo
(art. 206, §5º, III do CC).
6. Novos prazos e pretensões estabelecidas antes da vigência do Código
Civil de 2002:
“Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e
se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do
tempo estabelecido na lei revogada” (art. 2028 do CC).
• Se já tinha corrido mais da metade do prazo, quando da entrada em vigor
do Código Civil de 2002: Vale o prazo antigo.
• Se não tinha corrido mais da metade do prazo, quando da entrada em vigor
do Código Civil de 2002: Vale o novo prazo, a ser contado da entrada em vig-
or do Código Civil. Mas, se a soma do novo prazo com o já ocorrido for su- perior ao antigo, vale o antigo.
7. Pretensões imprescritíveis:
Há determinadas pretensões que não se submetem a prescrição e decadên-
cia.
• Pretensões que protegem direitos da personalidade: Direito à vida, à honra,
à liberdade, ao nome, ao corpo, à imagem etc.
Tendo em vista que a prescrição é uma renúncia tácita e que os direitos da
personalidade são irrenunciáveis, podemos concluir que também são im-
prescritíveis. Os direitos da personalidade não desaparecem se não foremutilizados e nem são adquiridos pelo decurso do tempo
7/22/2019 Esquemas de Direito Civil_ Parte Geral - Julie Ivy Ambrosio Alvaro
http://slidepdf.com/reader/full/esquemas-de-direito-civil-parte-geral-julie-ivy-ambrosio-alvaro 215/215
Só haverá prescrição quanto a possibilidade de pleitear reparação em razão
de ofensa aos direitos da personalidade, pois esta reparação tem caráter
patrimonial. Sempre que houver ofensa a direito da personalidade cabe
ação de reparação de dano. - “Pode-se exigir que cesse ameaça ou lesão,
a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo deoutras sanções previstas em lei” (art. 12 do CC).
• Pretensões que digam respeito ao estado da pessoa: Exemplos: Ação de
separação judicial, ação de investigação de paternidade, ação negatória de pa-
id d ã d i di ã
Multibrasil Download - www.multibrasil.n