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ESTA REVISTA É SUA, LEVE E COMPARTILHE! ed. 38 | www.fleury.com.br | nov./dez. 2017 - jan./fev. 2018 Inquieto, ele já quis ser aviador e agora explora os territórios do mundo digital tas marcelo #curiosidade Um convite para sair da bolha e se abrir para novas perspectivas As descobertas saborosas da cozinha criativa de Neide Rigo A inteligência artificial do Watson for Genomics no tratamento do câncer

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esta revista é sua, leve e compartilhe!

ed. 38 | www.fleury.com.br | nov./dez. 2017 - jan./fev. 2018

inquieto, ele já quis ser aviador e agora explora os territórios do mundo digital

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#curiosidade

Um convite para sair da bolha e se abrir para

novas perspectivas

As descobertas saborosas da cozinha criativa de Neide Rigo

A inteligência artificialdo Watson for Genomicsno tratamento do câncer

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Sempre inquietos

Andamos por aí conectados em nossos celulares o tempo todo, pulan-do de um post a outro, de uma notícia a uma conversa, de uma piada à polêmica do momento. Podemos parecer pessoas muito interessadas e antenadas. Mas os entrevistados desta edição nos mostram que es-tarmos interessados em nosso próprio quintal, ainda que ele seja fas-cinante, não basta. Não bastou a Marcelo Tas, que ousou querer co-nhecer o Brasil e, da aeronáutica, foi parar no mundo da comunicação. Também não foi suficiente para Neide Rigo, que segue buscando ingre-dientes e técnicas em outros quintais.

Esta edição é um convite para espiar fora da bolha. Descortinar o que há além, seja provando uma comida diferente, arriscando uma leitura-surpresa aqui, incluindo uma pitada de novidade ali, seja in-vestigando como é que nossa cabeça funciona e experimentando que-brar padrões. Até as máquinas podem aprender coisas novas, como nos mostra o Watson, a inteligência artificial que ajuda os médicos no trabalho de diagnosticar. Mas a curiosidade e a inquietude ainda são essencialmente humanas.

Que tal alimentar essa natureza e se provocar a ter a cabeça sempre aberta para o novo? É um caminho por vezes arriscado, como nos lem-bra Christian Dunker. Exige disposição para lidar com o desconhecido, com o conflito, com o que pode ser desagradável descobrir. Mas certa-mente nos ajuda a melhorar, como pessoas, sempre.

Boa leitura!

editorial

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8Novidades sobre saúde, ciência e qualidade de vida, além de serviços e exames oferecidos aos clientes nas unidades Fleury

PARA COMEÇAR

Uma viagem conduzida pelo bibliófilo Alberto Manguel pela história da curiosidade

ENTRE ASPAS34

As curiosidades da medicina diagnóstica

MEDICINA44

28NOSSA MENTEComo ser curioso nos move para o aprendizado e para o novo

INFOGRÁFICO38

Entenda como funciona a inteligência artificial Watson for Genomics

Quem resiste a buscar aquele sintoma no “Dr. Google”? Veja como usar a informação a seu favor

SAÚDE40

Christian Dunker nos lembra dos mistérios e riscos que a curiosidade desperta

REFLEXÃO32

Ideias e provocações para sair da bolha e conhecer novas perspectivas

COMPORTAMENTO4616CAPA

A inquietude que levou Marcelo Tas a uma interessante trajetória

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Pão azul, varal de macarrão... Conheça a cozinha inventiva de Neide Rigo

COMIDA24

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quem somos sua opinião

EXPEDIENTE

SuPErvISão EDITorIalKleber Soares Filho larissa vecchiWilliam Malfatti

SEcrETarIa DE rEDaçãocarolina PimentelNatalia Benatti

colaBoraçãoGustavo Moraes, Joaquim cruz e Suzanne Fernandes

rEvISão MéDIcaana carolina Silva chuery, Barbara Silva, Fernanda aimee Nobre e Milena Gurgel Teles Bezerra (coordenação)

rESPoNSávEl TécNIcoDr. Edgar Gil rizzatti – crM-SP 94.199

ProJETo EDITorIalTv1 conteúdo & vídeoJornalista responsável: Gilberto colzani MTb 15.850

DIrETora DE clIENTES E NEGócIoSKate Souza

EDITora-chEFEFabiana lopes

EDIçãoMaíra Termero

TEXToana Karla rodrigues, Bruna Fontes, Débora rubin, renata valdejão, verônica Mambrini e vinicius Medeiros

rEvISãolaura Folgueira

ProDuçãoPriscilla lam

ProJETo GráFIcoMonique Schenkels rico lins + Studio

DIrEção DE arTEluiz Felipe Gualtieri Monteiro

DESIGN GráFIcoandrea chang, cyntia Fonseca, Débora casella e Mauro Takeshi Kawasaki

TraTaMENTo DE IMaGEMálvaro Zeni

colaBoraraM NESTa EDIçãoFlavio Santana, Inara Negrão e Jorge oliveira

[email protected]./dez 2017 - jan./fev. 2018, Número 38

IMPrESSãorr Donnelley

TIraGEM30 mil exemplares

caPaFoto: Flavio Santana

ED. 37aBr./MaI./JuN. 2017

Queremos estabelecer um relacionamento com você. Saber o que pensa, entender suas expectativas em relação ao conteúdo desta revista e receber sugestões para que possamos ir além do esperado. Escreva para [email protected]. Estamos prontos para ouvir o que você tem a nos dizer.

facebook.com/FleuryMedicinaeSaude

youtube.com/FleuryMedicinaeSaude

twitter.com/fleury_online

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Dr. alvaro PulchINEllIAssessor médico do Fleury em Bioquímica Clínica e Toxicologia, Dr. Alvaro é professor afiliado de Patologia Clínica na Escola Paulista de Medicina e Presidente Regional da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial. Colabora com a equipe da Revista Fleury nas reportagens médicas.

Conheça alguns integrantes da equipe que colaborou com texto, fotografia, arte, ilustração, infografia e conhecimento técnico para esta edição da Revista Fleury.

BruNa FoNTES Jornalista formada pela ECA-USP, trabalhou como repórter e editora na Folha de S.Paulo e na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Nesta edição, investigou o que nos faz curiosos e conduziu uma deliciosa conversa com Neide Rigo.

FlavIo SaNTaNaFotógrafo profissional desde 1996, fez seus primeiros cliques ainda criança, incentivado

pelo pai. São dele os ensaios de capa com Amyr Klink, Neka Menna Barreto e Contardo

Calligaris de outras edições da Revista Fleury. Nesta edição, Flavio fez o ensaio com Marcelo

Tas, além das fotos de Neide Rigo, entre outras.

KlEBEr SoarES FIlho Jornalista pela Escola de Comunicações e Artes

da Universidade de São Paulo (ECA-USP), passou pelas redações do Portal Terra e Destak Jornal, e pela Tendências Consultoria Integrada.

É coordenador de Comunicação Externa do Grupo Fleury (marcas Fleury e Weinmann) e

faz a supervisão editorial desta revista.

aTENDIMENTo MóvEl São JoSé Do rIo PrETo“Excelente. Nós merecemos esse laboratório de alta qualidade aqui na nossa cidade. Só temos a agradecer.”Maria Evanir Dellamura, via Facebook

JoaNINha“Mesmo sem joaninha, meus filhos adoram tomar vacina no Fleury. Eles dizem que no Fleury não dói. Carinho nessas horas é tudo!”Giselda Zago Mariano, via Facebook

aTENDIMENTo“Frequento o Fleury há mais de 30 anos e sempre fui bem atendida. Um lugar muito preparado.”Vania Moraes Lucentini, via Facebook

as salas de vacinação infantil do Fleury agora contam com um equipamento em forma de joaninha que vibra e reduz a sensação de dor

além do ótimo atendimento, o Fleury oferece tecnologia de ponta para realizar os procedimentos com mais conforto. Quando as veias são de difícil acesso, o accuvein facilita a punção.

PrEvENção, SEMPrEEliane narrou como, ao refazer a mamografia no Fleury, descobriu uma neoplasia lobular, retirada em cirurgia. “Toda noite, agradeço à Dra. Patrícia Ohara, uma médica jovem, [que] encontrou o que poderia ter passado desapercebido para a maioria dos olhos mais bem treinados.”Eliane Cury Nahas, via blog http://dominique.com.br

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para começar

Além de Anália Franco II e Morumbi, outras quatro unidades do Fleury foram inauguradas recentemente. Os pacientes da zona oeste de São Paulo já podem usar os serviços da Unidade Heitor Penteado e da Unidade Vila Leopoldina, localizada na rua Carlos Weber. Já quem mora na região do Jardim Paulista pode contar agora com um Fleury na alameda Jaú. Para completar, além das unidades São Bernardo do Campo e Santo André, o ABC agora tem outra opção de fácil acesso na região, a Unidade São Caetano do Sul.

NOVAS UNIDADES

As zonas leste e sul contam agora com mais duas unidades do Fleury. Localizada em uma das regiões mais movimentadas de São Paulo, a Anália Franco II chegou com a missão de atender à grande procura existente nesse importante bairro da zona leste paulistana. Do outro lado da cidade, a unidade Morumbi passa a ser mais uma opção na região, que já conta com as unidades Oscar Americano e Shopping Jardim Sul.

Completas, as duas novas unidades oferecem aos pacientes grande variedade de exames e muitas opções de horário para realizá-los, inclusive aos domingos. Nelas, além do Gestar, um núcleo dedicado às gestantes e seus acompanhantes, as mulheres têm à disposição o cuidado exclusivo do Espaço Saúde da Mulher. E, enquanto aguardam a realização de algum exame ou procedimento, os pequenos se divertem na Vila da Saúde.

SErVIçOS OfErEcIDOS pElAS DUAS UNIDADES• Análises Clínicas• Cardiotocografia• Colposcopia• Densitometria Óssea• Ecocardiograma• Eletrocardiograma• Holter• Mamografia• Mapa• Medicina Fetal• Provas Funcionais• Raios X• Ressonância Magnética• Teste Ergométrico• Ultrassonografia• Vacinação

Fleury AnáliA FrAnco iiRua Antonio de Barros, 2203, Vila CarrãoHorário de atendimentoDe segunda a sexta-feira, das 6h30 às 18h30 Sábados e domingos, das 7h às 12h30

Fleury AlAmedA JAú

Alameda Jaú, 1725, Jardim Paulista

Horário de atendimento De segunda a

sábado, das 6h30 às 12h30

Fleury Heitor PenteAdo

Rua Heitor Penteado, 833, Sumarezinho

Horário de atendimento

De segunda a sábado, das 6h30 às 12h30

Fleury São cAetAno do Sul

Avenida Goiás, 420, Centro

Horário de atendimento

De segunda a sábado, das 6h30 às 12h30

Fleury VilA leoPoldinA

Rua Carlos Weber, 624, Vila Leopoldina

Horário de atendimento

De segunda a sábado, das 6h30 às 12h30

Fleury morumbiAvenida Giovanni Gronchi, 3108Horário de atendimentoDe segunda a sexta-feira, das 6h30 às 18h30 Sábados e domingos*, das 7h às 12h30*Para clientes a partir dos 13 anos

Anália franco II e Morumbi são novas opções de cuidado e comodidade para os clientes

Alameda Jaú, Heitor penteado, Vila leopoldina e São caetano agora têm Fleury

mais duas unidades completas para você!

SErVIçOS OfErEcIDOS NAS UNIDADES AlAMEDA JAú E SãO cAEtANO DO SUl• Análises Clínicas• Colposcopia• Densitometria Óssea• Mamografia• Ultrassonografia

SErVIçOS OfErEcIDOS NA UNIDADE HEItOr pENtEADO• Análises Clínicas• Ultrassonografia

SErVIçOS OfErEcIDOS NA UNIDADE VIlA lEOpOlDINA• Análises Clínicas• Cardiotocografia• Colposcopia• Densitometria Óssea• Mamografia• Medicina Fetal• Provas Funcionais• Raios X• Ressonância Magnética• Ultrassonografia

Mais informações: www.fleury.com.br/unidades fo

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para começar

cidades atendidas

Grande São Paulo, Alphaville, Araçoiaba da Serra, Barrinha, Barueri, Batatais, Brodowski, Campinas, Campo Limpo Paulista, Cravinhos, Dumont, Embu das Artes, Indaiatuba, Itatiba, Itu, Jandira, Jardinópolis, Jundiaí, Louveira, Osasco, Pradópolis, Praia Grande, Ribeirão Preto, Salto, Salto de Pirapora, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Roque, São Vicente, Serra Azul, Serrana, Sertãozinho Sorocaba, Valinhos, Vinhedo e Votorantim.

Horários de atendimentoSegunda a sexta, das 5h45 às 18h50Sábado, das 6h30 às 11h10Domingo, das 6h30 às 11h10Para agendar, ligue 3179-0822 (Grande São Paulo) ou 0800 704 0822 (outras localidades), todos os dias, das 6h às 22h.

Exames oferecidosAnálises clínicas, vacinas, eletrocardiograma, Holter, Mapa e polissonografia*.

*A polissonografia está disponível de segunda a sábado, às 21h30 e às 23h, consulte as cidades atendidas

Membros da equipe do Atendimento Móvel fleury Sentados, da esq. para a dir.: Andrea Mattos Buelau, Gilberto Brito e Luciane Ingles. Em pé: Iracema Ferreira da Costa, Lourdes Werner e Antonia Djaci Barros

Segurança e tranquilidade em cada atendimentoVocê sabia que, cada vez que um cliente chega a uma das unidades do Fleury, há nos bastidores uma equipe dedicada à sua segurança? Formado por médicos e enfermeiros, o núcleo de Segurança do Paciente mapeia todas as etapas do atendimento para reduzir riscos de queda nas unidades, conferir a prática e higiene das mãos da equipe, além de checar a prescrição, o uso e a administração de medicamentos. em seu segundo ano de atividade, o núcleo identificou, ao longo de 2017, clientes com potencial risco de queda ou outros riscos – eles receberam uma pulseira e um folheto explicativo.

Fleury lança plAtAfOrMA ONlINE exclusiva para genômicaSempre em busca de avanços que ofereçam conforto e tranquilidade aos clientes, o Fleury acaba de inaugurar um site dedicado aos diversos testes genéticos que investigam possíveis diagnósticos ou o risco de repetição de uma enfermidade na mesma família nas especialidades de Oncologia, Cardiologia, Neurologia, Medicina Fetal, Hematologia e Genética Médica.

Em casos de doenças já diagnosticadas, como o câncer de mama, por exemplo, esse tipo de teste é fundamental para a individualização do tratamento. Um exemplo é o Oncotype DX® que, a partir de uma amostra de tecido tumoral, analisa 21 genes, auxiliando no direcionamento da escolha terapêutica e indicando a possibilidade de recorrência quando a enfermidade está em seu início.

Outro exame importante é o NIPT, sigla em inglês para Teste Pré-Natal Não Invasivo, que, a partir de uma coleta de sangue da mãe realizada a partir de dez semanas de gestação, detecta, além do sexo do bebê, possíveis alterações cromossômicas associadas às trissomias mais comuns no feto, entre elas a Síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21).

No site www.fleurygenomica.com.br, além de acessar informações completas sobre esses outros testes, é possível agendar a coleta em uma unidade Fleury ou pelo Atendimento Móvel e realizar o pagamento de maneira 100% online. Para mais informações, entre em contato com a Central de Atendimento dedicada à Genômica pelo telefone (11) 5014-4573.

O Atendimento Móvel do Fleury cresceu. Criado inicialmente para atender a pacientes acamados ou com deficiências locomotoras, futuras mamães, idosos e crianças, o serviço também pode ser utilizado por pessoas que queiram mais comodidade e conveniência. Voltado para todas as idades, o atendimento é feito no local definido pelo cliente. Quem quer fugir da correria pode fazer seus exames em casa, no escritório ou em outro lugar de preferência.

Andrea Mattos Buelau, coordenadora do serviço, cita a redução da ansiedade como um exemplo de seu diferencial. “Uma criança não passa o estresse de ir até a unidade e esperar a sua vez para ser atendida. Ela está no seu quarto brincando e é chamada apenas no momento do procedimento”, explica.

tIME ESpEcIAlAlém do treinamento de coleta, os profissionais recebem instruções de como atuar na casa

precisa fazer exames

O Fleury vai até você de um jeito muito especial

do cliente, além de primeiros socorros. "Nossos colaboradores são muito bem preparados, pois vivenciam situações diversas fora da unidade e sem a presença de uma coordenação próxima”, diz Andrea. Antonia Djaci Barros, há 17 anos no Fleury, lembra que a pontualidade é uma marca do serviço. "Como em São Paulo o trânsito nem sempre está a nosso favor, aprendemos a lutar contra o tempo, com a excelência de sempre."

Todo esse preparo técnico se completa com muita sensibilidade. Como alguns pacientes são frequentes (como gestantes e deficientes físicos) e o atendimento é feito na residência do paciente, as relações acabam se tornando mais próximas. “Tem sempre aquele cliente que oferece um cafezinho ou um bolo. Somos recebidos com muito carinho e respeito, é um trabalho muito gratificante”, conta Iracema Ferreira da Costa, que trabalha há 20 anos no Fleury.

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para começar

Diversas pesquisas vêm demonstrando que o consumo regular de probióticos (como o iogurte e o kefir) melhora a digestão e é capaz de promover a multiplicação das boas bactérias no intestino humano. Ambos podem ser produzidos artesanalmente sem conservantes e corantes e vão bem no café da manhã, com frutas, geleias, cerais matinais, granolas e aveia. Além disso, como a fermentação reduz a lactose, tanto o kefir quanto o iogurte podem ser consumidos por quem tem intolerância leve.

Probióticos saborosos e com menos lactose

escolha consciente

• É produzido pela fermentação do leite por bactérias e leveduras contidas em grãos – massas gelatinosas de 3 a 35 mm de diâmetro com aparência semelhante à da couve-flor, amareladas ou esbranquiçadas. A composição de microrganismos dos grãos não é completamente conhecida e varia conforme a região de origem, o uso de água ou leite e outros fatores.

• Feito de maneira artesanal, é obtido principalmente por doação, o que cria uma espécie de “corrente do bem dos probióticos”. É preciso preparar o alimento quase diariamente – ele pode ser congelado, mas tem de ser revitalizado depois de algumas semanas.

• Tem consistência cremosa e espessa, gosto ácido e uma leve efervescência natural. Mas tudo isso pode variar conforme o tipo de leite, seu teor de gordura, o processo de produção e a origem dos grãos.

• O iogurte é produzido pela fermentação do leite por bactérias conhecidas, usualmente Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus.

• A produção é industrial e iogurtes naturais podem ser comprados no mercado. Mas também é possível fazê-lo em casa. As bactérias podem ser compradas e misturadas ao leite de sua preferência.

• Assim como o kefir, a consistência é cremosa e espessa, tem leve gosto ácido e, dependendo da intensidade da fermentação, uma leve efervescência natural. O aroma, sabor e a composição também dependem do tipo de leite e do processo de produção.

iogurte nAturAlKeFir

fontes: Karin sedo sarkis e mariana morales, nutricionistas do grupo fleury

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Quando se pensa na mais brasileira das frutas, imediatamente, ela nos vem à cabeça. E é tempo dela, da jaboticaba: entre setembro e janeiro, a frutinha de casca grossa e preta pode ser encontrada em todo o Brasil, principalmente na região Sudeste. Além de ser delicioso e nativo, o fruto ainda tem um encanto extra: faz muito bem à saúde, graças aos bioativos em sua casca e em seu sumo, que têm demonstrado favorecer a redução do colesterol ruim e das inflamações.

A descoberta é de um grupo de pesquisadores do Laboratório de Nutrição e Metabolismo (Lanum) da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas (FEA-Unicamp). Tendo à frente o professor Mário Maróstica Júnior, a pesquisa começou em 2008, quando a jaboticaba chamou a atenção dos pesquisadores por ser excelente fonte de polifenois, substâncias que possuem comprovado efeito antioxidante, prevenindo o envelhecimento da pele e de outros tecidos. “É uma fruta pouco explorada, mas muito promissora”, comenta Maróstica.

A equipe descobriu que os polifenois presentes na jaboticaba (tanto in natura

doce, brasileira

Além do sabor e das memórias da infância, a jaboticaba oferece benefícios valiosos à saúde

E pODErOSAquanto em outras apresentações) melhoram os níveis de colesterol e também de inflamação, o que pode ser fundamental no combate a algumas formas de câncer. “Nós temos estudado os efeitos dessa fruta na obesidade, na inflamação intestinal e, mais recentemente, na memória. Os resultados são muito animadores, pois conseguimos estabelecer uma relação importante entre o consumo moderado da fruta e diminuição de diversos marcadores destas doenças”, complementa o professor.

Até agora, a equipe já desenvolveu um chá (uma infusão da casca), um suco e um extrato, que foi desenvolvido e patenteado em parceria com a Faculdade de Biologia da Unicamp. Também vem trabalhando na produção de uma geleia, sempre com o apoio e a parceria dos agricultores, para quem o grupo do Lanum desenvolveu uma metodologia para o aproveitamento da fruta, que pode ser usada tanto por eles quanto pela indústria.

Quem diria que aquela frutinha com sabor de boas memórias teria todo esse potencial? Helena Dias, uma das doutorandas que trabalha na pesquisa da Unicamp conta que, depois desse trabalho, sua visão sobre a jaboticaba mudou. “Seu consumo está atrelado à infância, àquele pé no quintal de casa em que todos se reuniam ao redor dele. Poder olhar para essa fruta com conhecimento científico e ter percepção de todos os seus benefícios é enriquecedor.”

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para começar

cOrpO HUMANO EM EqUIlíbrIO, com baixíssima radiaçãoO Fleury é o primeiro centro da América Latina a incorporar a seu parque tecnológico o EOS, um sistema de imagem inovador para o cuidado da coluna vertebral, dos quadris e dos membros inferiores. O exame é executado com o paciente em pé, o que permite uma avaliação funcional de equilíbrio do corpo humano, sem distorções, fornecendo imagens 2D e 3D em tamanho real e em cerca de 20 segundos.

O sistema ainda reduz em até 85% a radiação emitida em comparação com a radiografia digital, que usa raios X padrão. Em casos de enfermidades de complexidade evolutiva, e que necessitem de exames radiográficos recorrentes para acompanhamento, como a escoliose (muito comum entre crianças e adolescentes), o novo método faz toda a diferença.

“A redução da radiação pode chegar a 95% com o uso do protocolo de microdose para controle de escoliose na infância”, explica Dr. Marcelo Nico, médico radiologista e Coordenador do Centro Avançado de Diagnóstico por Imagem Osteomuscular, na Unidade Higienópolis, onde o equipamento está disponível. “Isso torna o EOS o método de eleição em pacientes pediátricos”, completa.

O EOS é indicado também para avaliação do equilíbrio global de pacientes que realizam tratamentos de adequação postural, para investigação e planejamento pré-cirúrgico de diversas deformidades da coluna vertebral em todas as faixas etárias e, ainda, para o planejamento de cirurgias corretivas de desvios de alinhamento e para artroplastias (implantação de próteses) de quadris e joelhos.

“Em muitos casos, o método pode substituir algum exame, mas também é comum ser aplicado em complementaridade a outras técnicas, como tomografia e ressonância, auxiliando o médico solicitante quanto a melhor condução do caso clínico e eventual cirurgia do seu paciente”, conclui Dr. Nico.

Para saber mais sobre o EOS, acesse www.fleury.com.br.

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Assista a um vídeo explicativo sobre o EOS em nosso canal no YouTube: youtube.com/FleuryMedicinaeSaude.

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curiosidadePara Marcelo Tas, o mundo ainda guarda milhares de caminhos a serem explorados, muito embora a era digital insista em nos apontar o contrário

Marcelo Tristão Athayde de Souza é um sujeito inquieto. Aos 15 anos, largou Itu-verava (SP) para ser aviador e conhecer o Brasil. Descobriu o Rio de Janeiro e São Paulo e, na intimidade dessas duas me-trópoles, viu que o mundo era realmente muito maior do que imaginava.

Encantou-se pela arte, pelo teatro e pelo cinema, dando outra guinada na vida, não sem antes arrumar tempo para ganhar um canudo de Engenharia Civil. A partir dali, deixou de ser o aluno Athayde e virou Marcelo Tas, aquele da TV, repór-ter intrépido, comunicador de primeira, professor de toda uma geração.

Hoje, em meio a atividades simultâne-as no rádio, na TV e na internet, retorna à sala de aula com uma função dupla, de aprender e ensinar, e nunca pareceu tão motivado. O que o impulsiona nessa nova etapa? Sua intensa curiosidade, seu desejo de conhecer o novo e de explorar o mundo digital.

Faz tudo isso sem nunca deixar de lado seu passado, sem esquecer a infância na roça, as grandes descobertas nas Forças Armadas, as intensas e únicas emoções proporcionadas pela televisão. Nesta con-versa, ele fala de tudo isso, mostrando como a curiosidade moldou – e continua a delinear – sua trajetória.

TransforMar

para

Por VINICIuS MEDEIROS foTos FlAVIO SANTANA

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Então, agora, conte-nos uma história realmente curiosa.Há alguns anos, fui convidado para fazer fotos para um livro sobre personalidades que interpretavam personagens que gostariam ser. O Washington Olivetto, por exemplo, foi um baixista de jazz dos anos 1930. Contei ao fotógrafo sobre meu passado na Epcar e sugeri a ele uma imagem com traje do pi-loto que nunca fui. No dia da sessão de fotos, quando cheguei ao estúdio, tinha um carro da Aeronáutica estacionado, o que já mexeu comigo. Quando entrei, havia um sargento lá dentro com uma roupa da Esquadrilha da Fumaça para mim. Nesse dia, retomei um namoro suave com a Aeronáutica e, pouco tempo depois, surgiu um convite para fazer a palestra inau-gural da turma de 2010 da Epcar. Falar em um cinema de mil lugares lotado foi uma das maiores emoções da minha vida. Anos mais tarde, quando já estava no CQC, fui convidado para voar com a Esquadrilha da Fumaça. Quando cheguei à Acade-mia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), revivi meus tempos de Epcar e voltei a ser criança. O programa encheu o avião de câmeras já prevendo que eu passaria mal, porque as manobras realizadas não são para qualquer um. Decolei com muito medo, com certeza absoluta de que não deveria estar ali, mas é por isso que estou contando essa história. A curiosi-dade me puxou. Quando eu teria uma experiência como essa novamente? uma frase do comandante me marcou muito: “Aviadores, estamos aqui para fazer o que a gente mais gosta. O dia está perfeito, então, agora é hora da diversão”. E aí co-meçou a brincadeira, o medo foi embora e relaxei. Aguentei mais do que uma manobra e, com certeza, foram os 50 mi-nutos mais incríveis que já vivi.

Ser curioso é uma qualidade? Ou curiosidade demais acaba matando, como diz o ditado? É mais do que uma qualidade, é uma necessidade. É uma vir-tude exigida em qualquer área de atuação, justamente por-que as mudanças são exponenciais hoje em dia. Não basta só ser curioso. Veja essa área a que venho me dedicando, a ciência dos dados. Não basta olhar para esse conjunto de informações, é preciso gerar valor a partir dele. Então, mais do que ser curioso, é preciso produzir conhecimento, gerar resultados e também atritos a partir disso. Para chegar lá, é vital se colocar no lugar do outro, ouvi-lo atentamente. Só assim é possível mudar a maneira como você vê a realidade e criar um atrito criativo com pessoas que pensam diferente de você e, de uma maneira mais ampla, com a sociedade. Só assim se consegue mudar a realidade ao lado de outras pessoas. Enfim, não adianta ficar com a “curiosidade de fre-ezer”, com tudo guardado lá dentro. Você tem que botá-la na rua, compartilhá-la, ver o que funcionou ou não e, even-tualmente, levar umas pauladas por conta disso. Faz parte!

No dicionário, há várias definições para curiosidade e quase todas esbarram no que o senso comum fala sobre a palavra; mas o que ela significa para você? É olhar para as coisas como criança, um olhar que rastreia e vasculha o que a gente ainda não viu, e isso aparentemente é muito difícil hoje em dia, porque tudo parece estar dispo-nível para a gente. Então, em meio a essa era digital, temos uma tarefa extra de exercitar a curiosidade e não deixá-la desaparecer. Embora pareça que não há mais nada a ser re-velado atualmente, na realidade, é justamente o contrário. Agora, neste exato momento, é que existe muito mais para descobrirmos. O mundo ainda está cheio de coisas que não podemos prever, e isso vale para todas as áreas de atuação. E o Marcelo Tristão Athayde de Souza é um ser curioso? Quando e como teve certeza disso?Sou muito curioso, mas fui desafiado a exercitar minha curio-sidade. Não adianta ser curioso e ficar sempre preso ao seu mundinho. Agradeço à minha infância, que foi muito legal, em meio a galinhas e muito verde na fazenda do meu avô, em Ituverava (SP). Com uma riqueza muito grande de estímulos, a roça é um lugar perfeito para quem é curioso. Aos 15 anos, entretanto, percebi que já tinha explorado todo aquele uni-verso e que o mundo era muito maior. Vi um panfleto sobre a prova de seleção da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), para pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB), resolvi me inscrever e acabei passando. Era minha maior curiosidade naquele momento: eu queria conhecer o Brasil. E, de fato, foi um mundo totalmente novo: eram 370 alunos de todos os estados brasileiros, de todas as classes sociais. Ainda assim, 60% das pessoas eram cariocas, entre elas, o sambista Ar-lindo Cruz, conhecido entre nós como aluno Cruz. Na Epcar, vi que o mundo era realmente muito maior do que imagi-nava, e isso nunca mais terminou na minha vida. Hoje, por exemplo, estou preparando um curso sobre aceleração digi-tal. Diariamente, nas minhas pesquisas, vejo como o mundo é vasto. Essa é a beleza das coisas: entender que a gente só enxerga um viés dos muitos existentes. O segredo é procurar aprender e, principalmente, respeitar o viés dos outros. Essa é a grande tarefa que temos atualmente, em especial nesses tempos de intolerância e polarização.

“Se nós não virarmos uma espécie de aplicativo de nós mesmos, que precisa ser constantemente atualizado, as chances de ficarmos preguiçosos são grandes.”

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“O poder de decisão está cada vez mais em nossas mãos. Se o indivíduo tomar ciência disso, ele impulsionará as empresas a serem mais responsáveis, éticas e

TransP arenTes.”

Hoje, aos 57 anos, o que desperta sua curiosidade?Vivo o cume de uma curiosidade que co-meçou quando dei meus primeiros passos na televisão. O que me atrai muito na TV é o fato de você conversar com uma lente e imaginar que um monte de gente está assistindo. Ou seja, mesmo tendo pou-cas pessoas no estúdio, você precisa falar como se estivesse conversando com mi-lhares de pessoas ao mesmo tempo. Des-de essa época, convivo com um desejo de saber que me persegue: quem são essas pessoas? Por que elas estão me ouvindo? Essa é uma curiosidade que todo comu-nicador precisa ter, porque comunicação não se limita ao que estou falando, mas engloba como os interlocutores enten-dem essa mensagem. Hoje, o que me move é entender esse grande volume de informações para poder atender melhor ao cara que está do outro lado. Ganhei uma grande tarefa na minha vida, que é começar a falar sobre isso com diferentes atores, como escolas e corporações, entre outros, com o curso que estou criando. Mostro como o consumidor mudou nes-ses últimos anos. É, portanto, um curso sobre gente, sobre mudanças dentro das pessoas. Quero levar essa mudança para mais gente, para que um número ainda maior de pessoas participe das grandes transformações que a tecnologia vem promovendo. Não tenho ideia de aonde isso vai me levar, mas estou muito entu-siasmado. De verdade!

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Com a internet, hoje basta “googlar” para matar quase to-das as nossas curiosidades. Qual será o impacto disso na sociedade: ficaremos mais preguiçosos ou menos curiosos? A resposta depende da gente, e essa é a beleza do jogo. Se nós não virarmos uma espécie de aplicativo de nós mes-mos, que precisa ser constantemente atualizado, as chan-ces de ficarmos preguiçosos são grandes. Infelizmente, essa condição leva ao desaparecimento, à perda da ade-rência com a realidade. Com isso, as pessoas deixam de ser relevantes para os meios onde estão, e o mesmo vale para qualquer organização.

A internet também vem provocando mudanças signifi-cativas na educação. Hoje, o professor cumpre um papel diferente de no passado, não sendo mais o único reposi-tório do conhecimento. Sua função hoje é provocar re-flexões e despertar a curiosidade dos alunos. Em cima disso, como seria fazer hoje, 20 anos depois, o Professor Tibúrcio (personagem do programa Rá-Tim-Bum da TV Cultura nos anos 1990)? De fato, no passado, ele era um repositório de informação e, coitado, tinha que carregar vários livros debaixo do bra-ço para colocar esse conteúdo na lousa. E os alunos faziam o quê? um “copy paste” desse material. Portanto, o papel de provocador da curiosidade era limitado, pois havia mui-ta coisa para passar. Os professores mais habilidosos, en-tretanto, conseguiam provocar o estudante o tempo todo, e são justamente eles que mais marcam nossa vida estu-dantil, já que aguçavam nossa curiosidade e interesse por aprender. Hoje, na revolução digital, temos cada vez mais a chance de ter na sala de aula aquele professor provocador, porque o que temos aqui na tela do celular não é conheci-mento, apenas informação. O professor continua, portanto, no mesmo papel de transformar informação em conheci-mento e, por isso, acho que o Professor Tibúrcio seria exa-tamente igual. Foi um personagem que sempre provocou discussões, e essa é também uma bandeira descarada do meu canal no YouTube, o #descomplicado.

Neste mundo em transformação, onde a curiosidade hu-mana nos levará? Será um mundo melhor ou pior?Não estou fugindo da resposta, mas essa construção de mundo depende de cada um de nós. Temos uma mania horrível de botar a responsabilidade para fora da gente. A política é um exemplo claro disso. Criticamos tanto os polí-ticos, mas esses sujeitos que estão sendo condenados por corrupção não foram eleitos por extraterrestres. Precisa-mos assumir nossa responsabilidade, porque os donos do destino desse barco somos nós. O que está no horizonte são possibilidades. Temos a prerrogativa do uso da tec-nologia, da escolha de onde jogar o lixo ou da maneira de utilizar a água e a energia. Então, a gente pode detonar o planeta ou fazer dele um lugar incrível. O poder de decisão está cada vez mais em nossas mãos. Se o indivíduo tomar ciência disso, ele impulsionará as empresas a serem mais responsáveis, éticas e transparentes. Para isso, no entanto, precisamos gerar e compartilhar mais educação. Eu sofro, entretanto, da doença do otimismo e talvez este seja o se-gundo e último capítulo da minha vida, que é oferecer uma colaboração na área de educação. É onde posso ajudar a colocar mais gente para participar do jogo.

Para fechar, complete a frase: um ser humano sem curio-sidade é...Alguma coisa que não é um ser humano. A única coisa que nos diferencia dos demais seres é a curiosidade. E não estou aqui falando mal dos nossos colegas insetos, por exemplo, que são seres incríveis. Eles têm uma vida abso-lutamente adequada ao presente deles. As abelhas, por exemplo, nasceram para construir sua caixa de mel. Elas não precisam ser curiosas. Já nasceram em outro estado, altamente elevado por sinal, em contato com a natureza, o que não demanda criação. Não precisam inventar nada, diferentemente de nós.

“Não adianta ficar com a ‘curiosidade de freezer’, com tudo guardado lá dentro. Você tem que botá-la na rua, compartilhá-la, ver o que funcionou ou não e, eventualmente, levar umas pauladas por conta disso. Faz parte!”

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por bruna fontes fotos flavio santana

A cozinhA movidA pelA inquietude de neide Rigo

a almapão azul? Na cozinha da Neide rigo, tem. flores para comer? também. assim como um varal de ma-carrão feito com uma tabuinha que estava encostada e vol-tou à vida reforçada com alguns paus de poleiro. tudo criado por essa paulista que desde criança nutre um olhar curioso sobre comidas com nomes inusitados e investiga como pre-pará-las em sua cozinha criativa. nutricionista de formação, neide é uma curiosa de coração: quando vê uma espécie que não conhece e suspeita que pode virar comida, sai per-guntando para todo mundo o que é e fuça os livros e a inter-net até chegar a uma resposta. “a curiosidade é uma paixão. o prazer da descoberta é inenarrável, aquela alegria que se sente ao aprender uma coisa. isso motiva a gente a viver.”

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taioba, orelha-de-padre e feijão-mangalô são nomes desconhecidos para muita gente, mas muito familiares para neide desde a infância. “tinha vizinhos de tudo quanto é canto do país. eles trouxeram um mundo novo para mim, que eram esses outros ingredientes do brasil. Daí, comecei a entender as diferenças regionais. Meus pais são da roça, então, cozinhar, plantar e colher sempre estiveram muito presentes na minha vida. Quando eu era criança, uma vez por ano a gente passava um mês no sítio dos meus avós, no Paraná. Chegando lá, eu nem entrava em casa, ia direto ver a roça, saber o que tinha, o que estava nascendo.”

ExpErimEntar sEmprECara feia à mesa? nem de longe. “sempre fui muito aberta a experimentar tudo, saber que gosto tinha.” Daí a se arris-car nas panelas, foi um pulo. “Mas nada do que eu fazia na cozinha era com permissão da minha mãe. ela sempre cozi-nhou muito bem e gostava da comida dela, não queria que ninguém cozinhasse. tudo o que eu aprontava era escondi-do, quando ela saía.” esse espírito de experimentação levou neide a explorar diferentes trilhas pela vida. ela fez três fa-culdades: jornalismo, artes plásticas e nutrição, mas só con-cluiu a última. no caminho, transformou a curiosidade em ofício. Há dez anos, criou o blog Come-se, no qual compar-tilha suas descobertas sobre alimentos e técnicas culinárias genuinamente brasileiros. ela também fala desses achados na coluna que escreve para o caderno Paladar, do jornal O Estado de S. Paulo. “Gosto muito da cozinha brasileira, quero saber o que as pessoas fazem, como fazem. Criei o blog para escrever mais livremente sobre ingredientes di-ferentes, para falar das coisas que eu aprendia e mostrar como fazer. nunca estudei culinária, mas nunca tive medo. sempre fui ousada. Descobri que jaca verde era comestível, e muitas flores e plantas também. a culinária indígena tem técnicas maravilhosas e super-requintadas, e a gente não conhece porque não vai pesquisar. a gente conhece os cor-tes em francês, mas não sabe o que é uma abobrinha batidi-nha, com cortes em forma de diamantes, a coisa mais linda, feita na mão porque antigamente não se usava tábua.”

Neide explica que tudo começou quando leu em um livro que essa coloração pode ser extraída do jenipapo nativo da nossa mata atlântica. “Ele ensinava a fazer um bolo de um jeito que ficava meio escuro, achei que ficou meio amargo. Então, fui experimentando. Procurei saber sobre o pigmento, descobri que ele reage com proteína e que podia ficar mais claro. Daí, fui testando com várias coisas que têm proteína: feijão-fradinho, iogurte, leite de coco. O melhor resultado foi com leite de vaca, com um pouquinho só já fica um azul bonito”, elucida.

pErgunta aqui, pErgunta acoláCom seu jeito “perguntadeiro”, neide vai aprendendo novas receitas e cultivando novas amizades. “se chego num lugar e me deparo com uma árvore no meio da rua que parece ser um fruto comestível, pergunto para um, pergunto para ou-tro. fico pesquisando até de madrugada, não paro enquanto eu não descubro. um dia estava andando no meu bairro e vi uma senhora colhendo uma coisa. Perguntei o que era, mas ela não queria muito falar, só disse que era indiano. eu falei que tinha uma caripata em casa, e no final essa árvo-re era filhote da muda da mãe dela. Daí, ela se abriu e co-meçou a me explicar tudo sobre a moringa. no mesmo dia, eu estava na cozinha dela aprendendo três receitas, com a vagem, com a folha, com a flor. todo dia, a gente aprende alguma coisa.” Para começar, não precisa ir tão longe. basta observar o que tem de diferente na feira, no hortifruti. “Hoje, uma pessoa jovem não compra quiabo, jiló, almeirão, ma-xixe, porque não sabe fazer. as receitas dos livros são com cenoura, batata, pimentão. ninguém ensina a cozinhar com jiló. assim, a alimentação fica muito monótona: 90% do que comemos vem apenas de 20 espécies.”

comEr com o coração E com a razãoCultivar esse olhar curioso sobre o que comemos é uma questão crucial para vivermos de maneira mais autêntica, reforça neide. “isso nos dá autonomia e liberdade para fa-zermos escolhas conscientes. Quer coisa mais libertária do que saber onde buscar a sua comida? o fato de saber e ter escolha dá soberania: eu vou decidir o que eu vou co-mer, e não a indústria.” saber de onde vem a nossa comida também é essencial para fazermos escolhas que não são apenas boas para nós, mas também sustentáveis. “Quando comemos sempre as mesmas coisas, estamos favorecen-do a monocultura, que causa uma deterioração do meio ambiente. o comer saudável não é só pensar na funciona-lidade para o nosso corpo, e sim perguntar de onde está vindo a comida. Dizem que o sal do Himalaia é bom, mas em que condições ele é feito, como está ficando o Hima-laia com essa exploração global? e quem planta a chia, a quinua, continua comendo, como sempre foi a tradição, ou será que está vendendo tudo e usando o dinheiro para dar comida industrializada para seus filhos?”, questiona. “Para mim, alimentação saudável é a que tem o máximo possível de alimento local, natural.”

fica azul,

para quem ficou curioso para saber como o pão

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Do despertar do interesse ao aprendizado de algo novo,

entenda como a curiosidade nos move

Por que somos

por bruna fontes

alguém próximo sussurra uma fofoca, um bichinho esquisito pousa ali do lado, sai o resultado surpreen-dente de uma eleição. ao longo de um dia, milhares de estímulos como esses pipocam ao nosso redor. alguns passam despercebidos, mas outros nos dei-xam com a pulga atrás da orelha. De onde vem essa curiosidade? “o desejo de conhecer faz parte da nos-sa estrutura psicológica. Queremos saber o que está além daquilo que estamos vendo”, afirma a psicólo-ga Denise ramos, professora de pós-graduação em Psicologia da Pontifícia universidade Católica de são Paulo (PuC-sP).

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Feitos para o novoalguma coisa acontece no nosso cérebro quando algo nos intriga. tudo começa no córtex pré-frontal, ativado quan-do nosso interesse é capturado. “o cérebro depende da atenção plena para acionar o mecanismo investigativo”, es-clarece regina Migliori, coordenadora do Mindeduca, um programa de desenvolvimento pessoal baseado em neuro-ciência e atenção plena. a curiosidade aguçada aumenta a atividade do circuito cerebral ligado à recompensa, alimen-tado pela dopamina, uma espécie de mensageiro químico que passa as mensagens pelos neurônios.

ao descobrirmos a resposta que buscávamos, esse apren-dizado fica bem gravado na memória, porque o hipocampo, responsável pela formação de novas memórias, também trabalha mais. “a curiosidade estimula a inteligência”, com-pleta Denise. e as duas são tão indissociáveis que, hoje, já se fala em tentar medir nosso “quociente” de curiosidade para saber o quanto estamos preparados para viver em um mun-do cada vez mais complexo, que exige que sejamos cada vez mais questionadores e abertos a novas experiências para ter novas ideias. infelizmente, a curiosidade ainda não pode ser medida tão objetivamente quanto o Qi. Mas pode – e deve – ser estimulada em qualquer idade.

para manter vivana infância, as crianças costumam ser curiosas porque ainda não sabem como as coisas funcionam. nessa fase, é essencial encorajá-las a explorar o mundo em busca de soluções. “o modelo de educação atrapalha a curiosidade ao ensinar a buscar uma única resposta: a que o professor considera a certa”, reflete Denise. a tecnologia pode ser uma aliada para descobertas, se usada de maneira cons-ciente. “Jogos e softwares muito padronizados trazem res-postas prontas ou desenvolvem apenas a habilidade, e não a curiosidade. Por isso, é preciso equilibrar seu uso com a experimentação”, completa a psicóloga.

teoricamente, esse espírito investigativo não deveria di-minuir com a idade – nosso cérebro tem plena capacidade de se manter curioso até o fim da vida. Mas, na prática, não é isso o que acontece. “Com o peso das responsabilidades da vida adulta e a redução de hormônios que nos manti-nham cheios de vitalidade na juventude, vem uma grande preguiça, especialmente, de encarar coisas novas que nos desafiem. ficamos menos curiosos e mais apegados àqui-lo que já conhecemos e em que confiamos”, diz Calabrez. “acomodação é morte: devemos sempre lembrar que a curiosidade mantém nosso corpo e nosso cérebro vivos. Manter-se intelectualmente ativo é importante para preve-nir doenças como o mal de alzheimer.”

ATENÇÃo o desconhecido seduz o cérebroa “mágica” começa quando algo intrigante atrai – e mantém – a nossa atenção. no cérebro, esses processos de atenção são mediados por estruturas do córtex pré-frontal.

ANTECIpAÇÃo A mente busca a recompensa

DESCoBErTA A resposta é gravada na memória

Diante de um enigma, formulamos perguntas. entramos, então, em um estado de antecipação das possíveis respostas, o que ativa estruturas cerebrais como o núcleo caudado e o giro frontal inferior. essa ativação está intimamente ligada à antecipação de uma recompensa.

a curiosidade é saciada quando descobrimos a resposta. Para fechar o ciclo, entram em ação estruturas cerebrais associadas ao aprendizado e à memória, como o giro parahipocampal e o hipocampo – que fica mais ativo e, por isso, grava melhor o que acabamos de aprender.

A curiosidade é uma vontade diferente de aprender, que deixa

o cérebro mais alerta e ajuda a gravar

CoMo a CuriosiDaDe atiça o CérEBrotudo o que nos intriga gera uma memória mais duradoura

fonte: Pedro Calabrez

“nosso cérebro nasce adorando novidades. a exploração do mundo, buscar e conhecer coisas novas, é parte essen-cial do desenvolvimento humano”, explica Pedro Calabrez, sócio-diretor da neuroVox e pesquisador do Laboratório de neurociências Clínicas (LinC) da escola Paulista de Medi-cina da universidade federal de são Paulo (ePM-unifesp).

a incessante busca de respostas para o que desconhe-cemos é o que nos move a mudar o mundo. “a curiosidade está por trás de todo avanço da ciência”, afirma Denise. e nos ajuda a nos descobrir como indivíduos. “a conquista do proibido, a descoberta da verdade para além da obediência e da confiança na palavra do outro nos levam à conquista do próprio saber. saber por si mesmo, ‘de cor’, ou seja, pelo coração, tem a ver com essa apropriação, por via da curio-sidade espontânea”, afirma o psicanalista Christian Dunker, professor titular do instituto de Psicologia da universidade de são Paulo (usP).

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melhor as descobertas na memória.

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Nosso lado curioso também nos leva a explorar terrenos misteriosos e, por vezes, arriscados, como o desejo alheio, as mentiras que nos contam e as aventuras que desafiam a nossa zona de conforto, aponta o

psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e vencedor do prêmio Jabuti na área de Psicologia e Psicanálise

A descoberta do desejoA curiosidade é essencial para o desen-volvimento das crianças porque enco-raja a criação e a descoberta, pondera Dunker. Nesse processo, revela-se o nosso querer. “A curiosidade é uma das modalizações possíveis do nosso de-sejo. Freud dizia que a origem da curio-sidade em geral é a curiosidade sexual. Não devemos entender por isso o coi-to nem o interesse em compreender a reprodução humana, mas o desejo de saber sobre o desejo dos outros. O que eles querem de nós? O que eles espe-ram de nós?”, questiona.

Risco ou controle?Não gostamos muito de pensar nisso, mas a curiosidade também nos leva a correr riscos. “Saudamos a curiosida-de, mas ao mesmo tempo a punimos. Afinal, não se diz que ‘a curiosidade matou o gato’? Adoramos que nossas crianças se interessem pelo mundo e deem livre curso às suas investigações, mas como reagimos quando essas investigações recaem sobre drogas, pessoas de que não gostamos ou te-mas e contextos que consideramos perigosos?”, questiona o psicanalista. Em uma cultura de aversão a riscos, chegamos a um dilema: “Queremos que a criança vá em frente, mas quere-mos controlar onde é esse ‘em frente”.

Mentiras em xequeO psicanalista observa que, na infância, a curiosidade vira uma ferramenta po-derosa para duvidar da palavra de pais, professores e autoridades – e consi-dera essa uma atitude saudável para toda a vida. “Eles mesmos, os adultos, nem sempre sabem algo sobre seus próprios desejos. Além disso, habitu-almente mentem, especialmente em torno de certos assuntos em relação aos quais acham importante proteger as crianças: a maldade, a morte, a se-xualidade, os vícios e as incoerências dos adultos”, afirma Dunker.

Explorando as fantasiasQuem dá vazão à curiosidade come-ça uma jornada sem saber onde vai chegar. “A complexidade do mundo decorre de que ele não é bipolar nem tem regiões seguras e pontos que não possamos rever, questionar e rein-ventar”, afirma Dunker. Por isso mes-mo, a curiosidade nos prepara para gerenciar a incerteza e mexe com nossos sentimentos de segurança. “A curiosidade é a mãe da aventura. Não é assim que começam muitos proble-mas de gerenciamento da vida fami-liar ou conjugal? A curiosidade sobre onde anda aquele seu velho amor da sétima série, a curiosidade sobre como seria se sua vida fosse outra ou se você resolvesse explorar o lado B de sua vida e de suas fantasias?”

Curiosidade patológicaA curiosidade também pode assumir uma forma patológica, alerta Dunker. “Uma delas é a curiosidade inconse-quente; a outra é a curiosidade com o outro como forma de manter a igno-rância sobre si mesmo”, esclarece. A curiosidade inconsequente, explica o psicanalista, é aquela que dirigimos a todas a coisas, de modo errático e in-determinado, criando um estado em que apenas consumimos informação em vez de investigar o mundo. “Muitos curiosos querem que sua curiosidade seja gerenciada pelo YouTube ou pelas redes sociais, onde passivamente se alimentam de mais saber, sem con-sequência. É o saber sobre a vida dos outros para criticá-los, para se compa-rar, para viver uma vida por procura-ção, como no filme A vida dos outros. É um reflexo e o meio mais simples para manter sua vida em estado de irrelevância e impessoalização. Nes-sa medida, não estamos falando em curiosidade para enfrentar o risco, mas apenas para fingir que ele não existe, para nos defendermos da experiência. Essa é a segunda forma de curiosidade patológica: saber sobre tudo para não saber sobre o que implica aquela pes-soa em seu desejo.”

por BrUNA FONTES

Christian Dunker, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo

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ENTRE ASPAS

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Alberto Manguel já nasceu com fome, mas não propria-mente de comida. Ainda menino, com apenas três anos, lia e escrevia e, pouco tempo depois, já dominava mais de um idioma. Hoje, beirando o septuagésimo aniversário, continua nessa busca incessante para aplacar seu apetite por conhe-cimento. “A curiosidade alimenta nossa imaginação, que é nosso instrumento de sobrevivência”, afirma o escritor, en-saísta e bibliófilo argentino naturalizado canadense, dono de uma biblioteca particular com mais de 40 mil títulos.

Será seu acervo literário do tamanho de sua curiosida-de? Bem, na verdade, ficou mais complicado para Man-guel responder a essa indagação, pois sua coleção cres-ceu um bocado no ano passado. A razão? Nomeado pelo presidente Maurício Macri, assumiu a direção da Biblioteca Nacional da República Argentina, em Buenos Aires, ga-nhando a oportunidade de devorar mais algumas dezenas de milhares de livros.

Habitamos um mundo mutante. Nesse rincão ainda inexplorado por completo, o desconhecido pode estar ali na esquina. Para Alberto Manguel, a curiosidade nos empurrará sempre para frente, mesmo que um misto de desejo e temor, interesse e prudência acompanhe nossa decisão.

Passaporte para umaviagem sem fim

O retorno à cidade natal depois de décadas longe da Ar-gentina – ele firmou há alguns anos residência no sul da França – não lhe dá apenas novos títulos para se saciar. A nomeação o faz “reencontrar” um velho amigo, com quem passou parte da adolescência dividindo clássicos da litera-tura mundial: Jorge Luís Borges, que também comandou, de 1955 a 1973, a Biblioteca Nacional argentina.

NãO POdEMOS RAciOciNAR, NãO POdEMOS PENSAR, A NãO SER imaginativamente

Por viNiciuS MEdEiROS

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Está curioso para saber como esses dois grandes pensadores e intelectuais argentinos, que tinham dé-cadas de vida os separando, conheceram-se? A histó-ria é realmente boa e merece um registro. Os dois se esbarraram na livraria Pygmalion, no centro da capital argentina, que vendia apenas títulos em idiomas es-trangeiros e onde o adolescente Manguel trabalhava. Já começando a perder a visão, o autor de Ficções e O Aleph, entre outras obras clássicas, viu no garoto culto e bilíngue a chance de continuar alimentando sua curiosidade e imaginação. convocou-o para ler, em voz alta, os clássicos em inglês que já não podia mais devorar sozinho.

convite aceito, Borges ganhou mais do que um bom narrador. Passou a ter um discípulo aplicado, capaz de criar frases sublimes como: “A curiosidade não é o fim, é o passaporte, o convite para viajar”; ou: “Quem se contenta com respostas são os mortos. Os vivos questionam-nas”.

Afinal, em meio a um mundo em constante (e rá-pida) transformação, para que direção caminhamos? “Não podemos conhecer o futuro. Nossa noção de tempo é linear, de ontem a amanhã. Não sei se a raça humana vai desaparecer dentro de uma hora”, espe-cula Manguel. Sem saber ao certo o futuro que nos aguarda, com o desconhecido presente em cada es-quina, será a curiosidade o que efetivamente impul-sionou a humanidade para alguma direção? Man-guel acredita que sim, mas nunca sem certo clima de tensão entre o medo e o desejo por conhecimento. “isto é muito claro: estamos sempre entre o desejo e o medo, entre a curiosidade e a prudência. Os limites que nos são impostos também representam a ten-tação de cruzá-los”, diz o discípulo de Borges.

E o raciocínio lógico, onde entra nessa equa-ção? Só ele, associado à curiosidade, é capaz de nos conduzir mais rápido ao conhecimento pleno? E onde a imaginação entra nessa combinação que aparentemente nos tira da ignorância? “Não po-demos raciocinar, não podemos pensar, a não ser

Rumo desconhecido “Sou curioso desde muito jovem, e continuo sendo”, diz Manguel, para quem não existe uma só pessoa sem curiosidade. “Às vezes, ela é reprimida, está es-condida. Ela está sempre lá, entretanto, à espreita em seu canto”, completa o escritor argentino, que se de-bruçou sobre o tema em seu último livro, Uma his-tória natural da curiosidade (companhia das Letras), lançado no Brasil em 2016.

Na obra, Manguel parte da premissa de que a curiosidade foi o combustível que alimentou a apren-dizagem, a imaginação, o desenvolvimento e o pro-gresso da humanidade ao longo de toda a nossa exis-tência. Ele recorre a textos de autores que marcaram sua vida de leitor, como Tomás de Aquino, Sócrates e dante Alighieri, entre outros, para tentar responder questões que sempre nos angustiaram, tais como “o que é o infinito”, “por que estamos aqui”, “o que é a verdade” e “quem sou eu?”.

Pensamento SigNiFicA ABSTRAçãO E ESTA Só é POSSívEL POR MEiO dO NOSSO POdER dE iMAgiNAçãO

imaginativamente. Pensamento significa abstração e esta só é possível por meio do nosso poder de imaginação”, comenta Manguel, para acrescentar em seguida: “curiosidade, razão e imaginação são os três rostos da mesma besta.”

com o rápido avanço tecnológico, uma pergunta ser faz pertinente: onde nossa curiosidade vai parar? Ela continuará nos estimulando a sempre seguir em frente, mesmo com o google se firmando como um oráculo rápido e prático para saciar quase todas as nossas inquietações? Será, no futuro, a inteligên-cia artificial tão predominante em nossa existência a ponto de nos tranquilizar frente às encruzilhadas da vida, ensinando-nos os caminhos mais fáceis e rápi-dos? (calma lá, o Waze já não faz isso?) Enfim, o des-conhecido terá a mesma graça de antes? “Nenhuma tecnologia pode tirar a ‘graça’ que a curiosidade des-perta”, acredita Manguel. “Toda tecnologia é uma fer-ramenta, como uma colher ou uma faca, com a qual mergulhamos no mundo que nos rodeia. São, por-tanto, instrumentos da nossa curiosidade”, conclui.

Alberto Manguel: nascido em Buenos Aires, é escritor, ensaísta, tradutor e bibliófilo.

Naturalizado canadense, é autor de dezenas de livros e já recebeu inúmeras honrarias por conta do seu trabalho literário, entre elas Cavaleiro da

Ordem das Artes e Letras, concedida pelo governo francês. Doutor honoris causa pelas universidades

de Ottawa e York, no Canadá, Liège, na Bélgica, e Anglo Ruskin, em Cambridge (Reino Unido),

Manguel dá aulas nas prestigiadas universidades norte-americanas de Princeton e Columbia.iL

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a importânciaConheCimento médiCo multiplicado

Imagine uma equipe de centenas de especialistas trabalhando em parceria com seu médico para oferecer um diagnóstico ou estratégia de tratamento mais precisos. É isso que a tecnologia Watson faz.

o que é o Watson?É uma ferramenta de computação cognitiva. Em palavras mais simples, uma forma de inteligência artificial. Lembra do DeepBlue? O computador que venceu o enxadrista Gary Kasparov foi o antecessor do Watson.

tecnologia de pontaEssa inteligência artificial é uma das mais avançadas e complexas já desenvolvidas: ela entende e responde em linguagem natural (ou seja, conversa como nós), é capaz de procurar respostas para problemas complexos dentro do que foi treinada para fazer e de aprender sozinha. Pode ser aplicada em várias áreas, não apenas na medicina.

1Watson for

genomicsUm dos campos mais promissores é o uso do Watson na Oncologia, em conjunto com as análises genéticas de tumores. Isso porque, para alguns pacientes, ainda faltam opções terapêuticas, especialmente se o tumor é raro, agressivo ou em está em estágio avançado.

2cruzamento de dados

Quando o tratamento não está indo bem, é possível investigar se isso está associado a alguma mutação no tumor. “O genoma tem 3,3 bilhões de pares de base e aproximadamente 20 mil genes, sendo que mais de 400 deles estão associados à condição tumoral ou à resistência do tumor a drogas” explica Dr. Miguel Mitne Neto, Assessor Científico Sênior do Fleury.

o Watson substitui o médico?em um estudo, a inteligência artificial acertou a expectativa de vida de um paciente numa proporção parecida com o acerto de médicos, em torno de 90%. “mas esses dados precisam ser replicados e comprovados”, diz dr. meirelles. e o fator humano sempre será decisivo: só um profissional bem treinado pode prever em que casos a tecnologia pode de fato ser útil.

é uma tecnologia do futuro?o Watson já é usado para o tratamento de neoplasias, mas ainda não é possível prever quando as várias aplicações possíveis estarão disponíveis. “não será em menos de um ano e não será em mais de dez anos”, estima dr. meirelles. ele já está em uso clínico experimental em seis países, incluindo os estados unidos.

onde mais a inteligência artificial pode ajudar?como o Watson sabe “ler” imagens, em todo diagnóstico que usa de exames de imagem. “mas, sem banco de dados estruturado, bem definido, adotado, não vale grande coisa”, explica dr. meirelles. isso porque, para aprender, o Watson precisa ser ensinado com milhares de imagens. Hoje, o fleury colabora com essa construção do banco de dados. outro uso em medicina é na conduta médica: o sistema avalia um conjunto enorme de linhas de tratamento e protocolos, para ver se o médico está seguindo as melhores práticas.

Hoje, já há mais de 700 mil trabalhos científicos cadastrados no Watson. grandes centros médicos como o memorial sloan Kettering cancer center começaram a “treinar” o Watson para ler padrões.

o que é como funciona

como ele simula a inteligência Humana?

a inteligência artificial mais sofisticada usa deep learning, uma forma de aprendizado semelhante às redes neurais do cérebro.

“é parecido com o aprendizado de um bebê. com o tempo, a máquina aprende com ela mesma, e poderá ler e descartar um artigo ruim, ou desatualizado”, explica dr. gustavo meirelles, gestor médico do fleury.

o Watson vai confrontando dados e eliminando possíveis respostas, com processos internos de checagem. assim, elege as respostas com maior probabilidade de acerto.

quanto maiores os volumes de informação disponíveis, melhor o deep learning funciona.

3

3como o Watson ajuda

a escolHer o melHor tratamento?Com o Watson for Genomics, é possível fazer análises em bancos de dados enormes que buscam as melhores opções de tratamento para a variação genética específica encontrada em determinado tumor.

a partir do sequenciamento do

tumor, podem-se identificar alterações e escolher a melhor

conduta de tratamento para o paciente.

1

o sequenciamento gera um arquivo de

100 mil a 200 mil linhas. o Watson

analisa esse resultado a partir de sua base de conhecimento

científico.

uma equipe médica levaria

meses para pesquisar e comparar casos e artigos científicos.

com o Watson, levam-se minutos.

um médico precisaria de 27 horas diárias de

estudo hoje para se manter atualizado

com todo o conhecimento

produzido.

2

infográfico e ilustração verônica mambrini; inara negrão e jorge oliveira fontes Dr. gustavo meirelles, gestor méDico Do Fleury, e Dr. miguel mitne neto, assessor cientíFico sênior Do Fleury

inFográFico

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Antes da consulta ou depois de um exame, quem não faz uma busca sobre o possível diagnóstico? Ter informação é bom, mas é importante consultar um médico.

Por renata valdejão

Quando estava grávida de estevão, hoje com sete anos, elane Martins Schoenfeld abriu um dos mui-tos exames que precisou fazer durante a gestação e se deparou com um nome que não conhecia: poli-drâmnio. resolveu procurar informações na internet e quase caiu de costas. Pelo que ela leu, chegou à conclusão de que seu filho poderia nascer com vários problemas, entre eles, a Síndrome de down. elane conta que, apesar de estar em meio aos colegas, no trabalho, entrou em desespero e chorou muito.

resolveu, então, ligar para a irmã, que é pe-diatra neonatologista. levou uma bronca. “ela me perguntou onde eu estava com a cabeça para pes-quisar resultado de exame na internet e disse que somente um médico poderia fazer essa análise”, relembra. a irmã explicou a ela que polidrâmnio é o termo que os médicos utilizam para definir os casos em que o líquido amniótico da bolsa onde fica o bebê está aumentado, e que esse resultado, sozinho, não significa problema grave na certa. no dia seguinte, ela ligou para a médica que a acompa-nhava e confirmou o que a irmã havia falado. “Foi a primeira e última vez que fiz essa burrice. Hoje, não pesquiso mais nada relacionado ao assunto na inter-net nem abro exames para xeretar. Meu filho é lindo e muito saudável!”, afirma ela.

Segundo a dra. Milena teles, assessora Médica em endocrinologia e diabetes do Fleury, “acreditar piamente, sem filtro, em tudo o que leem” é um dos perigos que as pessoas leigas correm ao pesquisar informações sobre saúde na internet. a médica ex-plica que considera positivo ter um paciente mais en-volvido com a própria saúde, mas alerta que é preciso ter cuidado. “Simplesmente digitar alguns sintomas aleatórios para ver o que aparece não funciona”, diz.

“vivemos em uma época em que as informações estão mais disponíveis e o potencial disso é bené-fico”, avalia dra. Milena. “Mas a internet tem muita informação fornecida por leigos, e a experiência de um não pode ser extrapolada para todos. além dis-so, existe também muito charlatanismo e conteúdo de qualidade duvidosa, que é preciso evitar.” Por isso, é importante fazer a pesquisa em sites confi-áveis, de preferência revisados por médicos, e que contenham informações claras. Quando assunto é diabetes, por exemplo, ela recomenda o site da So-ciedade Brasileira de diabetes (www.diabetes.org.br) como uma boa fonte de pesquisa. “ele tem in-formações fantásticas e vai agregar conhecimento importante”, diz. “Mas, depois de ler, é necessário passar em um médico.”

?o “dr. Google”resolve

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QuesTão de confiAnçAdependendo do perfil do paciente, segundo dra. Milena, outro risco que ele corre é o de não acredi-tar no diagnóstico do médico e, consequentemente, não seguir o tratamento prescrito. o ideal é o pa-ciente ter a mente aberta e livre de mitos. “É bom conversar, mas ele precisa confiar no especialista, que tem muitos anos de estudo na área.”

a ansiedade que pode surgir de uma pesquisa malfeita no Google já tem nome: cybercondria, expressão que foi “emprestada” de hipocondria (pensamento e preocupações voltados compulsi-vamente para o próprio estado de saúde sem ra-zão real) para designar o que acontece com quem usa a internet para alimentar suas preocupações exageradas com a saúde. a condição pode levar algumas pessoas, inclusive, a acreditar em “trata-mentos milagrosos” – que não existem, alerta a médica. “a Sociedade Brasileira de endocrinologia, por exemplo, já se posicionou com relação ao óleo de coco [à ideia disseminada recentemente de que o consumo de óleo de coco só teria benefícios e que poderia até curar alguns males]”. ela recomen-da cuidado com esse tipo de informação. “existem nuances na interpretação de certas informações que só o médico pode avaliar.”

PesQuisA dA boAnem tudo é negativo no universo das informações sobre saúde que percorrem canais acessíveis a lei-gos. no caso de Maria domingues, uma pesquisa na internet serviu como preparação para quando ela recebeu a notícia de que seu pai estava com câncer terminal, há pouco mais de um ano. “Quando fui ao médico com ele, já sabia que meu pai faleceria em pouco tempo”, conta.

desde então, ela diz que “sempre tenta bater os resultados dos exames com o ‘dr. Google”’ antes do retorno ao consultório. Maria ressalta, porém, que faz suas pesquisas em “fontes mais embasadas, como sites médicos e artigos científicos”. Por causa desse perfil de paciente, que gosta de estar sempre bem informado, o Fleury introduziu algumas obser-vações nos resultados de certos exames, para evitar má interpretação, afirma dra. Milena. “existem mui-tas variáveis que podem interferir em alguns tipos de exames”, explica. afinal, uma informação confiá-vel pode evitar muitos sustos.

Pesquisa da Pew research Center sobre as tendências da internet e o estilo de vida norte-americano, em 2013, mostrou que um em cada três americanos adultos já haviam pesquisado na internet sobre alguma condição de saúde. Perguntados sobre a acuidade do “diagnóstico inicial” a que chegaram com a pesquisa, comparado ao que disse o médico na consulta, os entrevistados se dividiram em suas respostas:

• 41% disseram que um médico confirmou seu “diagnóstico”;

• 2% afirmaram que o médico confirmou parcialmente seus achados;

• 35% admitiram não ter visitado um médico para procurar uma opinião profissional;

• 18% disseram ter consultado um médico que deu uma opinião diferente ou não concordou com suas conclusões;

• 1% consideraram a conversa com um médico inconclusiva.

Dra. Milena diz não conhecer uma pesquisa desse tipo no Brasil, mas já levanta a possiblidade de outro uso para as informações buscadas por internautas brasileiros: “Se começarem a aparecer muitas buscas por informações sobre febre amarela em uma determinada região, por exemplo, esse fato poderia ser informado às autoridades de saúde, que investigariam se houve crescimento de casos e se existe necessidade de intervenção”.

Vale a busca?

“Vivemos em uma época em que as informações estão

mais disponíveis, por causa da internet, e o potencial

disso é benéfico.”dra. Milena teles

Dra. Milena Teles, Assessora Médica

em Endocrinologia e Diabetes do Fleury d

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Curiosidades da

medicina diagnósticaDe formigas no xixi a diagnósticos computadorizados, o salto nessa área médica é imenso

Quando olhamos o passado da medicina diagnóstica, os recursos tecnológicos disponíveis hoje parecem mágica. Diversas descobertas foram acidentais. Outras, momentos de inspiração inexplicáveis. Além, é claro, do resultado do trabalho colaborativo de muitos cientistas ao longo de anos. Conheça alguns fatos curiosos dessa história.

SapoS!Em 1976, surgiu o primeiro teste de gravidez de farmácia para a consumidora, o Early Pregnancy Test. Foi revolucionário porque podia ser feito fora do laboratório, por uma pessoa não especializada, a qualquer momento. Na década de 1950, os testes de gravidez de laboratório eram feitos com sapos. A urina da mulher era colocada em contato com os anfíbios: se ela estivesse grávida, os hormônios produzidos pela placenta e excretados na urina fariam os sapos produzirem espermatozoides.

Hoje, são 3.500 testes laboratoriais, segundo a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Só no Fleury, são oferecidos 3,5 mil exames em 37 especialidades médicas, em torno de 2.300 laboratoriais.

70 exames laboratoriais existiam em

café?Na década de 1920, o diferencial do hemograma era contado colocando-se grãos de café em uma caixinha com subdivisões dos tipos celulares. “Não pergunte o porquê do café”, diverte-se Dr. Alvaro Pulchinelli, Assessor Médico do Fleury.

Do tempo Dos faraósOs primeiros textos médicos diagnósticos são os papiros cirúrgicos de Edwin Smith, escritos por Imhotep, um sacerdote e chanceler do faraó do século 26 a.C.

É possível fazer mil exames de glicemia por hora com o aparelho usado no Fleury. Até os anos 1960, um técnico

bem treinado dava conta de no máximo 30 por dia.

automação laboratorialEm 1921, um técnico era capaz de fazer um hemograma por hora. Hoje, a tecnologia permite fazer um por minuto.

do rádio à guerraA Nobel de Física Marie Curie, que descobriu a radioatividade e foi a responsável por isolar os elementos químicos rádio e polônio, criou unidades móveis de radiografia para ajudar o atendimento médico durante a Primeira Grande Guerra, em 1914.

a reação mais antiga em uso até hoje é o método de Jaffé para creatinina, descoberta em 1886, conta Dr. Pulchinelli.

a urina contém pistasConsiderado pai da medicina, o grego Hipócrates já associava as características da urina, como sedimentos, sangue e pus, a doenças. Na Idade Média, a mátula era um frasco de coleta de urina que permitia ver cor, cheiro e presença de sedimentos.

80milexames são realizados por dia

...mais de ...80%dos resultados são liberados automaticamente 700

... foram desenvolvidos e implementados cerca de tEStES

DIAgnóStICOS nOS últImOS CInCO AnOS

O Fleury foi pioneiro na padronização dos testes para a detecção do vírus Influenza A/H1N1 e no desenvolvimento de exame para diagnóstico de Chikungunya.

o coração do Fleury. na área técnica...

faça um tour em vídeo pela área técnica do Grupo fleury, em nosso canal: youtube.com/grupoFleury

PioNeiroso primeiro raio X feito no mundo foi o da mão de Anna Bertha, mulher do físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen, em 1895, com direito a aliança radiografada. O cientista recebeu um Nobel de Física pela descoberta. Já a primeira ferramenta de medição da pressão arterial foi desenvolvida com a ajuda de um cavalo, por Stephen Hales, em 1733. Ele inseriu um tubo de vidro em uma artéria do animal e, conforme o nível do sangue se elevava pelo tubo, registrava o aumento da pressão.

Na década de 1960, o valor normal de colesterol era de 300 mg/dL. Hoje, acima de 190 mg/dL já é considerado alto, conta Dr. Pulchinelli. “Já a relação entre colesterol alto e doença do coração só foi estabelecida de forma definitiva em 1984.”

evoluir, sempre

Dr. Alvaro Pulchinelli,

Assessor Médico do

Fleury

por vErônICA mAmbrInI imagens IStOCkPhOtO

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Do lado de fora

da A curiosidade é um item de fábrica do ser humano. Vem no mesmo pacote do sentimento e do pensamento. Mas en-quanto os outros itens são aperfeiçoados ao longo da vida, a curiosidade parece arrefecer conforme nos tornarmos adul-tos. Aquela criança que pegava um objeto e virava do aves-so até saber do que se tratava é gradualmente substituída por um adulto cheio de opiniões e certezas absolutas. Sem curiosidade, nos enfiamos em bolhas e nos acomodamos nas nossas zonas de conforto. O que acontece com a nossa criança curiosa quando crescemos?

“Vamos adentrando em um mundo tão engessado e com expectativas de como devemos nos comportar que entramos no piloto automático, sem questionar mais o porquê das coisas”, explica a coach Mari Cordeiro. E não questionar pode ser algo um tanto perigoso. Afinal, esse mundo engessado, cercado de expectativas e hoje vigiado e punido pelos tribunais virtuais faz com que nos fechemos em zonas seguras, cercados de amigos que pensam pare-cido com a gente.

O problema, segundo Sharon Sanz Simon, psicóloga pós-doutoranda na Universidade de Columbia e especia-lista em neurociência cognitiva e envelhecimento, é que, se acreditarmos que a nossa visão das coisas é a única correta, provavelmente seremos menos curiosos em relação ao que o outro tem a dizer. “Em tempos de polarização política, sem dúvida, esse é um aspecto relevante. Quanto mais flexíveis, empáticos, tolerantes, e quanto mais questionarmos as nos-sas certezas, mais curiosos seremos a respeito do mundo e dos outros”, destaca Sharon. “Gosto muito da frase do Ru-bem Alves que diz que ‘a curiosidade é a coceira das ideias’.”

O que fazer, então, para lubrificar essa peça enferru-jada da curiosidade, manter-se criativo e olhar do lado de fora da bolha? É um trabalho árduo, que requer energia e postura ativa. Primeiro, é preciso se conhecer bem: o que você gosta de fazer, o que lhe dá prazer e o deixa relaxa-do? O segundo passo é não ter medo de questionar tudo, mesmo que seja sobre o que você acredita conhecer bem. Também é fundamental vivenciar as próprias emoções, inclusive as negativas, para aprender com essas experiên-cias. Por fim, provar coisas diferentes (como as ideias su-geridas a seguir) também ajuda a perceber que o mundão lá fora é mais vasto do que se acredita.

“Cada vez mais, me parece que o segredo está nesse de-licado equilíbrio entre nosso sistema de crenças e o ques-tionamento dele – como continuar nos deslumbrando com as coisas apesar de já termos conhecimento acumulado so-bre o mundo?”, desafia Sharon. “É preciso ter coragem para se libertar um pouco, a cada dia, do que a gente vai apren-dendo ao longo da vida como ‘o certo’ por meio do nos-so sistema familiar, educacional e cultural”, complementa Mari. Em suma, tudo é uma questão de manter a mente aberta, o espírito inquieto e o coração cheio de emoção.

Em tempos de certezas absolutas e mentes cada vez mais fechadas, manter-se aberto ao mundo e exercitar a curiosidade é um desafio recompensador

Por dÉbORA RUbin ilustração MAURO TAKESHi KAWASAKi

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imagine ter à sua disposição uma curadoria online que, a partir de uma análise cuidadosa do seu perfil e das suas ne-cessidades, recomenda filmes, artigos, palestras e podcasts que você dificilmente encontraria de outra forma? Pois essa ferramenta já existe: o Mappa, criado pela inesplorato, faz isso por meio de uma assinatura de R$ 10 por mês. “Todos os dias, toneladas de livros, artigos, pesquisas, filmes, da-dos, palestras são publicados. no entanto, estamos perdi-dos em meio ao excesso”, explica débora Emm, uma das sócias da inesplorato, que faz curadoria de conhecimento para pessoas e empresas desde 2010. Para piorar, estamos sendo cada vez mais conduzidos por algoritmos caça-cli-ques. “Quando você se deixa levar pelas recomendações da sua linha do tempo ou pelos filmes e livros da moda, reduz as possibilidades de encontrar conteúdos que realmente vão colaborar para o seu desenvolvimento.”

saiba mais:www.mappa.ccwww.inesplorato.com.br

O Turista Literário é mais que um clube do livro: é um pas-saporte para conhecer novos mundos sem sair de casa. Os assinantes recebem, a cada mês, uma mala com um livro e uma série de objetos que levam o leitor ao universo retra-tado em determinada obra. Quando O canto mais escuro da floresta, de Holly black, foi o livro escolhido da vez, uma noz em formato de sabonete, com o cheiro da tal floresta, era um dos itens da mala. A empreitada foi criada pelas irmãs cariocas Priscilla e Mayra Sigwall, inspirada em uma brin-cadeira de infância. Priscilla, seis anos mais velha, criava um ambiente fantasioso como pano de fundo ao ler historinhas para a irmã. “É uma boa forma de sair da zona de conforto literária: em vez de ir à livraria e comprar sempre os mes-mos tipos de livro, nosso cliente está aberto a receber algo desconhecido e a se deixar levar por uma viagem sensorial completa”, diz Priscilla que celebrou com a irmã, em junho de 2017, um ano da empresa com 1.500 assinantes.

saiba mais:www.turistaliterario.com.br

Viajar é bom. Viajar e curtir uma linda paisagem, à beira--mar, tomando bons drinques, é melhor ainda. Mas viajar e conhecer algo totalmente inusitado pode ser uma experi-ência transformadora. O Airbnb, maior site de hospedagem do mundo, criou a plataforma Experiências, onde é possível escolher um destino junto de uma atividade oferecida na-quele lugar, como caçar e degustar trufas em Praga, apren-der a manejar espada com um “samurai de verdade” em Tó-quio ou se vestir como drag na Cidade do México. no brasil, a única cidade a oferecer essa possibilidade, por enquanto, é o Rio de Janeiro, mas os brasileiros já podem usufruir de mais de 2.500 ofertas em mais de 35 destinos (e crescendo) mundo afora. Os preços das atividades são definidos por quem as oferece, de forma que há opções para todos os bolsos. barcelona, Los Angeles, São Francisco, Paris e Tó-quio são as cidades mais procuradas para as experiências.

saiba mais:www.airbnb.com.br

o mapa da minaturista sem sair de casa muito além

do resort

Fazemos ao menos três refeições por dia e, em geral, de for-ma automática e apressada. Que tal ousar fazer uma refeição completamente diferente? Se você quer ser surpreendido, uma boa dica é o Jantar Secreto, criado pelo casal Gustavo Rigueiral e Larissa Januário, ele, chef, ela, jornalista especia-lizada em gastronomia. nas mãos da dupla, até o local onde será realizada a refeição é secreta (a comida, claro, também é uma surpresa). “A ideia é não ter cara nem proposta de restaurante. Queremos que seja uma experiência comple-tamente nova” explica Larissa. A casa acolhe entre 14 e 24 pessoas, e os ingressos são adquiridos pelo site.

Se a ideia é sair da correria e comer uma comidinha casei-ra com ares de mãezona pernambucana, a Casa Choppanil-do é a pedida. Thiago beltrão recebe as pessoas em sua pró-pria casa, na esquina da avenida Paulista com a Consolação, e prepara pratos inspirados em sua infância no Recife. “Comi muito arrumadinho e caranguejada na casa da minha mãe, que adorava receber amigos aos domingos.” Além de comer bem, o cliente pode descansar no sofá, deitar na rede e fa-zer um carinho no Choppanildo, coelho de estimação que dá nome ao projeto. O cliente pode definir o que deseja comer, pedir cardápio-surpresa e até decidir o valor que quer gastar.

saiba mais:www.jantarsecreto.comwww.casachoppanildo.com

outros sabores

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surpreender é

Todos os dias, milhares de corretores de imóveis circulam em prédios de São Paulo. Um deles, Matteo Gavazzi, notou que muitos escondiam histórias interessantes, desconhecidas até mesmo dos proprietários. Com os parceiros Carolina Mossin, Emiliano Hagge e Milena Leonel, ele reuniu essas histórias no livro Prédios de São Paulo. Revelaram-se as belas varandas do Germaine Buchard, premiado nos anos 1940 como o edifício mais belo da cidade, na agitada avenida Cásper Líbero (abaixo), entre outros tesouros. O terceiro volume, um livro de achados, para além dos prédios icônicos, atingiu a meta do financiamento coletivo em 48 horas e será lançado em breve.

Mil

ena

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endereços

Unidade Oscar Americano r. eng. oscar americano, 163 – Cidade Jardim

Unidade Paraíso r. Cincinato Braga, 282 – Bela Vista

Unidade Ponte Estaiadaav. Jornalista roberto Marinho, 85, Térreo do edifício Tower Bridge Corporate – Brooklin

Unidade República do Líbano I av. república do líbano, 635 – ibirapuera

Unidade República do Líbano IIAtendimento geral e Centro Diagnóstico Avançado da Mulherav. república do líbano, 561 – ibirapuera

Unidade República do Líbano III av. república do líbano, 990 – ibirapuera

Unidade Rochaverá av. dr. Chucri Zaidan, 1.170 – edíficio rochaverá Corporate Towers – Vila Cordeiro

Unidade Shopping Anália Franco shopping anália Franco, piso acácia, loja 37e av. regente Feijó, 1.739 – Tatuapé (até as 10 horas, entrada somente pela av. regente Feijó)

Unidade Shopping Jardim Sul shopping Jardim sul – piso 1 – loja 206 a av. Giovanni Gronchi, 5.819 – Vl. andrade(acesso ao estacionamento pela r. itacaiúna, 61)

Unidade Sumaré av. sumaré, 1.270 – perdizes

NOVAUnidade Vila Leopoldinarua Carlos Weber, 624 – Vila leopoldina

Unidade Villa–Lobos r. Castro delgado, 188 – alto de pinheiros

OUtROS MUNICíPIOSUnidade Alphaville al. araguaia, 2.400 – Barueri – sp (entrada pela av. sylvio Honório Álvares penteado, nova r. projetada)

Unidade Campinas av. aquidaban, 747 – Centro Unidade Granja Vianar. José Felix oliveira, 838 – Granja Viana, Cotia – sp

Unidade Jundiaí av. antônio segre, 241 – Jd. Brasil

Unidade Santo André av. d. pedro ii, 1.313 – Jd. santo andré (entrada lateral pela r. das aroeiras)

Unidade São Bernardo do Campoav. lucas nogueira Garcez, 666 – Centro

NOVAUnidade São Caetano do Sulavenida Goiás, 420 – Centro

OUtROS EStADOS Unidade Brasíliaseps 715/915, conjunto a, bloco e do Centro Clínico pacini, asa sul, Brasília – dF

AtENDIMENtO MóVEL serviço disponível nas cidades nas quais o Fleury tem unidade e também em localidades como osasco, itu, sorocaba, são José dos Campos, santos, são Vicente, praia Grande, Valinhos, Vinhedo, entre outras. para mais informações, consulte www.fleury.com.br/exames-e-servicos ou entre em contato com a nossa Central de atendimento ao Cliente.

CENtRAL DE AtENDIMENtO AO CLIENtE são paulo e localidades com ddd (11): 3179-0822 outras localidades: 0800-704-0822

SãO PAULO – CAPItAL NOVAUnidade Alameda Jaúalameda Jaú, 1725 – Jardim paulista

NOVAUnidade Anália Franco IIrua antonio de Barros, 2203 – Vila Carrão

Unidade Brasil Iavenida Brasil, 216 – Jardim paulista

Unidade Brasil II ( Jardim América)av. Brasil, 1.891 – Jd. américa

Unidade Braz Lemeav. Braz leme, 2.011 – santana

Unidade Campo Belo av. Vereador José diniz, 3.457, 2o andar do Campo Belo Medical Center – Campo Belo

Unidade Cerro Corárua Cerro Corá, 1.865 – Vila romana

Unidade Chácara Klabin av. pref. Fábio prado, 538 – Chácara Klabin

NOVAUnidade Heitor Penteadorua Heitor penteado, 833 – sumarezinho

Unidade Higienópolis r. Mato Grosso, 306, 1a sobreloja do Higienópolis Medical Center – Higienópolis

Unidade Ipiranga avenida nazaré, 1.266 – ipiranga

Unidade Itaimav. Juscelino Kubitschek, 1.117 – itaim Bibi

Unidade Moema alameda dos nhambiquaras, 353 – Moema

NOVA Unidade Morumbiavenida Giovanni Gronchi, 3108 – Morumbi

www.fleury.com.br/unidades50

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