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1 ESTABILIDADE PARA EMBARCAÇÕES MERCANTES 2ª Edição Revista e atualizada CLC SIDNEI ESTEVES PEREIRA Com a colaboração do 2 ON Thiago de Lima Nascimento

Estabilidade - Clc Sidnei

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ESTABILIDADE PARA EMBARCAÇÕES MERCANTES

2ª Edição Revista e atualizada

CLC SIDNEI ESTEVES PEREIRA Com a colaboração do 2 ON Thiago de Lima Nascimento

2

ESTABILIDADE PARA

EMBARCAÇÕES MERCANTES

2ª.edição

Rio de Janeiro

2011

Autor: CLC : Sidnei Esteves Pereira Co-participação: 2ON Thiago de Lima Nascimento Revisora pedagógica: Patrícia Meirinho Garcia Bordoni Pereira Revisão Ortográfica: Maria Regina Moirinha Lopes Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto no 1825, de 20 de dezembro de 1907.

IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL

3

PREFÁCIO

Moveu-nos, na feitura desta apostila, a vontade imperiosa de termos um livro-texto que

atendesse todos os currículos do CIAGA e CIABA nesta área, bem como que viesse a servir

como fonte de consulta aos interessados.

Como toda obra didática, esta também poderá dar origem a controvérsias, visto tratar de

assunto eminentemente técnico e restrito. Para tal, colocamo-nos, desde já, a disposição dos

leitores para que, através de suas críticas, muito possam colaborar com o aprimoramento da

obra que não se pretende definitiva, uma vez apostila.

Queremos agradecer aos mestres, presentes e ausentes, que nos legaram o

conhecimento através dos anos e que forjaram o nosso interesse pelo transporte marítimo.

Um agradecimento especial faz-se mister: ao honrado e saudoso mestre dos mestres,

Capitão-de-Longo-Curso Carlos Rubens Caminha Gomes, por haver-nos apoiado, incentivado,

orientado e concedido o uso de sua brilhante apostila Arquitetura Naval Para Oficiais de

Náutica, sem a qual esta obra estaria incompleta.

Esta apostila, além de atender a disciplina de Estabilidade, atende também grande

parte da disciplina Arquitetura Naval e serve de base para a disciplina Técnica de Transporte

Marítimo, atendendo também aos oficiais de náutica em formação de cursos expeditos, tais

como, Adaptação para Segundo Oficial de Náutica (ASON); Acesso a Segundo Oficial de

Náutica (ACON); Aperfeiçoamento para Capitão-de-Cabotagem (APNT) e Atualização para

Oficial de Náutica (ATNO); servindo para dirimir dúvidas nos diversos assuntos tratados.

Cônscios de havermos tentado preencher uma lacuna existente em nossa querida

Escola, aí está, para o uso de todos os alunos e profissionais do ramo, a nossa APOSTILA DE

ESTABILIDADE PARA EMBARCAÇÕES MERCANTES.

Os autores.

4

Agradecemos a colaboração nesta obra dos:

Capitão-de-Longo-Curso Amândio Pereira Chaves

Professor José Carlos da Silva Coelho (1ª Edição)

Desenhista Reinaldo José Souza Bastos (1ª Edição)

Digitador 2ON Thiago de Lima Nascimento (2a Edição)

Revisão CLC Sidnei Esteves Pereira

Coordenador de Embarcação (Técnico de Estabilidade) Kleber Luiz Bordoni Pereira

(PETROBRAS)

Professor/CMG Mauro Francelino Barbosa

Professor/CLC Adilson da Silva Coelho

― I n M e m o r i a n ‖

Capitão-de-Longo-Curso Amâncio Amaro Esteves

Professor William Saab

Desenhista Euvaldo Felix Sales

5

6

SUMÁRIO

Capítulo 1 – CONCEITOS BÁSICOS 10

1.1 Definição e classificação da estabilidade 11

1.2 Dimensões lineares dos navios 14

1.3 Dimensões volumétricas dos navios 17

1.4 Pesos 26

1.5 Coeficientes de forma 34

1.6 Qualidades e planimetria dos navios 36

1.7 Fórmulas para cálculo de áreas e volumes dos navios 40

1.8 Sociedades Classificadoras 44

Capítulo 2 – PONTOS NOTÁVEIS DA ESTABILIDADE 50

2.1 Pontos notáveis da estabilidade 51

2.2 Denominações dadas às distâncias entre os pontos notáveis 51

2.3 Definição dos pontos notáveis da estabilidade 51

2.4 Determinação da posição do Centro de Gravidade 52

2.5 Detalhamento para obtenção do Centro de Gravidade 53

2.6 Centro de Gravidade 54

2.7 Experiência de estabilidade 56

Capítulo 3 – MUDANÇA DE POSIÇÃO DOS PONTOS NOTÁVEIS DA ESTABILIDADE 58

3.1 Centro de Carena ―B‖ 59

3.2 Curvas geradas por ―B‖ 59

3.3 Metacentro ―M‖ 60

3.4 Lugar geométrico do Metacentro 61

3.5 Mudança de posição do Centro de Gravidade 62

3.6 Efeitos da Remoção 65

3.7 Embarque de Pesos 66

Capítulo 4 – ESTABILIDADE TRANSVERSAL ESTÁTICA INICIAL 67

4.1 Estados de equilíbrio dos navios 67

4.2 Análise dos estados de equilíbrio 70

4.3 Braços de estabilidade 71

4.4 Momentos de estabilidade 75

4.5 Estabilidade de formas e estabilidade de pesos 75

Capítulo 5 – SUPERFÍCIE LIVRE 76

5.1 Noção de momento de inércia 77

5.2 Noção de momento de inércia em relação a um eixo 78

5.3 Efeito da superfície livre 78

5.4 Fórmula para o cálculo da elevação virtual do Centro de Gravidade 79

5.5 Como atenuar o efeito de superfície livre 81

7

Capítulo 6 – BANDA PERMANENTE 82

6.1 Banda permanente devido a descentralização de pesos 83

6.2 Banda permanente devido a GM = 0 83

6.3 Banda permanente devido a altura metacêntrica inicial negativa 86

6.4 Correção da banda permanente 89

6.5 Processos de correção da banda 92

Capítulo 7 – CURVAS DE ESTABILIDADE 93

7.1 Determinação do braço de estabilidade pelo método de Atwood 94

7.2 Curvas cruzadas de estabilidade 96

7.3 Construção da curva de braços de estabilidade 97

7.4 Curvas de momentos de estabilidade 102

7.5 Correções à curva de braços de estabilidade 102

7.6 Variação do momento de estabilidade devido a movimentação de pesos 119

Capítulo 8 – ESTABILIDADE LONGITUDINAL 121

8.1 Conceitos preliminares 121

8.2 Centro de Flutuação 121

8.3 Graus de liberdade de um navio 122

8.4 TPC- Toneladas por centímetro de imersão 123

8.5 Variação de calado devido a variação do trim 124

8.6 MTC– Momento para variar o trim de 1cm 126

8.7 Efeito da remoção de pesos 128

8.8 Efeito de embarque ou desembarque de pequenos pesos 129

8.9 Determinação do calado em embarque ou desembarque de peso considerável 131

8.10 Embarque de peso com variação do calado apenas em uma das extremidades 135 139

8.11 Correções ao calado de um navio 137

8.12 Correção para o calado devido à deflexão do casco 141

Capítulo 9 – DRAFT SURVEY ( ―ARQUEAÇÃO DA CARGA‖ ) 143

9.1 Introdução 144

9.2 Diferença terra-bordo 145

9.3 Passos no draft survey 145

9.4 Documentos de bordo necessários 145

9.5 Aproximação nos cálculos 146

9.6 Leitura dos calados nas marcas 146

9.7 Densidade da água 147

9.8 Pesos a bordo que não a carga 149

9.9 Constante do navio 149

9.10 Consumíveis 151

9.11 Cálculos 152

9.12 Apêndice – A 2ª correção para o trim 156

8

Capítulo 10 – LINHAS DE CARGA 166

10.1 Introdução 166

10.2 Convenção Internacional para Limites de Carga – 1966 167

10.3 Determinação das bordas-livres mínimas 168

10.4 Determinação dos deslocamentos correspondentes às Linhas de Carga 170

10.5 Efeito da densidade sobre o calado 171

10.6 Demonstração da fórmula da permissão para água doce 171

10.7 Permissões envolvendo água salobra 172

10.8 Estudo sobre carregamento máximo 173

Capítulo 11 – PLANOS OPERACIONAIS 179

11.1 Planos Operacionais 179

11.2 Plano de Capacidade 180

11.3 Plano de Curvas Hidrostáticas 181

11.4 Plano ou Diagrama de Compasso (Trim) 182

11.5 Plano de Curvas Cruzadas 182

11.6 Caderno (Manual) de Estabilidade 182

11.7 Plano de Arranjo Geral 183

11.8 Plano de Segurança 183

11.9 Plano de Aparelhos de Carga 183

11.10 Plano de Docagem 184

Capítulo 12 – ESTABILIDADE EM DOCAGEM ENCALHE E AVARIAS 185

12.1 Docagem 185

12.2 Encalhe 190

12.3 Alagamento 191

12.4 Permeabilidade 195

Capítulo 13 – ESTABILIDADE DINÂMICA 198

13.1 Importância da estabilidade dinâmica 198

13.2 Medida da estabilidade dinâmica 199

13.3 Fórmula de Moseley 199

13.4 Área sob a curva de braços de adriçamento 201

13.5 Determinação da estabilidade dinâmica 203

13.6 Critérios de Estabilidade 205

Capítulo 14 – ESFORÇOS 212

14.1 Resistências estruturais 212

14.2 Esforços longitudinais 214

14.3 Esforços transversais 215

14.4 Cálculo analítico da Força Cortante e do Momento Fletor 217

14.5 Exemplo de cálculo dos esforços longitudinais 222

9

Capítulo 15 – EXERCÍCIOS 225

15.1 Parte I - Exercícios sobre Estabilidade Transversal 225

15.2 Parte II - Exercícios sobre Estabilidade Longitudinal 230

15.3 Respostas dos exercícios parte I e parte II 236

Bibliografia 240

Anexos: 241

10

CAPÍTULO 1

CONCEITOS BÁSICOS

Nesta parte são apresentados os aspectos básicos da nomenclatura e definições que são

imprescindíveis ao estudo da estabilidade. Por isso, é necessário que os aspectos aqui

apresentados sejam bem assimilados para o estudo posterior da estabilidade transversal,

longitudinal dinâmica e o estudo dos esforços.

11

1.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE ESTABILIDADE

1.1.1 Definição

Estabilidade é a propriedade que tem o navio de retornar à sua posição inicial de

equilíbrio, depois de cessada a força perturbadora que dela o afastou. Estas forças

perturbadoras podem ser: as vagas, provocando balanços, um rebocador puxando o navio para

um dos bordos, a movimentação de pesos por guindastes, paus de carga, cábreas, etc.

A Estabilidade é estudada sob vários aspectos, a saber:

Inicial: ângulos de inclinação até 12º

Estática

Transversal Grandes balanços: ângulos de inclinação maiores que 12º

Estabilidade

Dinâmica

Longitudinal

ESTABILIDADE TRANSVERSAL

Estuda o comportamento do navio no sentido transversal, isto é, de bordo a bordo.

ESTABILIDADE LONGITUDINAL

Estuda o seu comportamento longitudinal, isto é, no sentido de proa a popa.

ESTABILIDADE ESTÁTICA

Estuda as forças que afastam o navio da posição inicial.

ESTABILIDADE D INÂMICA

Estuda a estabilidade sob os efeitos das vagas e influências externas. Considera-se o

trabalho necessário parar levar o navio a uma determinada inclinação.

COMPRIMENTO – é a medida linear unidimensional compreendida entre os dois pontos

de referência. Unidade: m, Km, pé, etc.

PESO – grandeza originada pelo produto da massa de um corpo com a aceleração local

da gravidade.

VOLUME – Espaço tridimensional ocupado por um corpo.

É o número de unidades cúbicas contidas no objeto.

Conhecendo-se o volume de um corpo e o seu respectivo peso específico, basta

multiplicá-lo por este para encontrarmos o seu peso ou multiplicá-lo pela densidade para

obtermos a sua massa.

δVP γVM

DENSIDADE ABSOLUTA de um corpo sólido ou líquido – é a relação existente entre a

massa do corpo e a unidade do volume.

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DENSIDADE RELATIVA – relação entre a massa específica da substância e a massa de igual volume de água doce.

FORÇA – É tudo aquilo capaz de produzir ou modificar o estado de repouso ou de

movimento retilíneo uniforme de um corpo. O peso de um corpo é uma força.

EQUILÍBRIO – Um corpo permanece em equilíbrio quando a resultante de forças que

sobre ele atua é nula.

INÉRCIA – Propriedade pela qual um corpo não pode por si só modificar seu estado de

repouso ou de movimento.

MOMENTO BINÁRIO – Seja um binário, de duas forças iguais, paralelas e de sentidos

opostos. O momento desse binário é igual ao produto de uma das forças pela menor distância

entre elas.

PRESSÃO – A água exerce um pressão de baixo para cima, essa pressão é proporcional

à profundidade e a superfície que atua de acordo com o Teorema de Pascal (todo aumento de

pressão é transmitido igualmente em um líquido). Muitas pessoas pensam que pressão é

sinônimo de força, porém a pressão leva em conta não apenas a força mas também a área em

que a força atua.

Área

ForçaPressão

A água exerce uma pressão perpendicular à superfície. Quando um corpo está imerso, a

pressão do líquido é em direção perpendicular à superfície imersa.

EMPUXO – Um líquido exerce um empuxo sobre um corpo flutuante ou imerso nele

porque a pressão na parte inferior do corpo é maior que a pressão na sua parte superior. A

força de empuxo só depende da diferença de pressões entre a face inferior e superior do

corpo. Não depende da profundidade, portanto o valor do empuxo é igual ao peso do líquido

deslocado.

PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES : (Fig.1.1)

―Todo corpo mergulhado num líquido recebe um empuxo deste de baixo para cima

igual ao peso do volume de massa líquida deslocada.‖

Observe a figura 1.1 para melhor entender essa definição.

13

Figura 1.1 – Princípio de Arquimedes.

FLUTUABILIDADE – É a propriedade de um corpo de permanecer na superfície da

água. Esta flutuabilidade vai depender da igualdade entre o peso do corpo e o empuxo do

líquido. Como no nosso caso o líquido é sempre a água, a flutuabilidade varia principalmente

com o peso específico, isto é, o peso por unidade de volume.

As madeiras leves têm peso específico menor que o da água, portanto um pedaço de

madeira flutua sempre. Já o ferro tem um peso específico maior que o da água, por esta razão

não flutua. Mas, tornando-se oco este mesmo material (ferro), se diminui o seu peso por

unidade de volume, e portanto, aumenta-se a flutuabilidade. É possível assim, a construção de

navios feitos com materiais mais pesados que a água, como o ferro e o aço.

L IMITE DE FLUTUABIL IDADE – o navio tem um Limite de Flutuabilidade, determinado

pelo máximo de volume que pode alcançar sua carena. Corresponde ao peso máximo que

pode o navio transportar com as garantias e seguranças da exploração comercial e econômica

do Armador.

RESERVA DE FLUTUABILIDADE – É o volume dos compartimentos acima do plano de

flutuação que limita a flutuabilidade no seu máximo. É um garantia para os acidentes que

podem ocorrer, como a entrada d’água por acidentes de navegação ou quando o navio navega

em mar de grandes vagas. É a soma de todos os volumes estanques acima do plano de

flutuação, que limita o máximo de flutuabilidade. Será tanto maior quanto maior forem as partes

estanques acima do plano de flutuação. (Fig.1.2)

E = P

deslocamento

Empuxo

Centro de Gravidade

Centro de Carena

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Figura 1.2 – Reserva de Flutuabilidade.

1.2 DIMENSÕES LINEARES DO NAVIO

COMPRIMENTO TOTAL (LOA)

É a maior comprimento do navio, incluindo os apêndices. É a medida linear obtida desde

a parte mais extrema da proa até a parte mais extrema da popa, nas partes que fiquem acima

ou abaixo d’água. (Fig.1.3)

Figura 1.3 – Comprimento Total.

COMPRIMENTO ENTRE PERPENDICULARES (LPP)

Distância entre as perpendiculares de vante e a perpendicular de ré. (Fig.1.4)

PERPENDICULAR DE VANTE – Perpendicular ao plano de base, pertencente ao plano

diametral e que passa pela interseção da linha d’água de projeto ou linha de carga máxima,

com a roda de proa.

PERPENDICULAR DE RÉ – Perpendicular ao plano de base, pertencente ao plano

diametral e que passa pela interseção de linha d’água de projeto ou linha de carga máxima

com:

a) a linha de centro de projeto da madre do leme;

b) o contorno de projeto da popa.

15

Figura 1.4 – O comprimento entre perpendiculares é empregado nos

principais cálculos de Estabilidade. Sua notação é Lpp.

BOCA – Largura de uma embarcação em um determinado ponto. (B) (Fig.1.5)

BOCA MOLDADA – Maior largura do casco medida entre as superfícies externas do

forro exterior, ou do chapeamento do casco. (Bmol)

BOCA EXTREMA – Maior largura do casco, medida entre as superfícies externas do

forno exterior, incluindo o verdugo. (Bmax) (Fig.1.5)

PONTAL – Distância vertical, medida sobre o plano diametral e a meio navio entre a

linha do vau do convés principal e a linha de base. (D) (Fig.1.5)

CALADO – Distância entre o ponto mais baixo da embarcação e o plano de flutuação. (H)

(Fig.1.5)

CALADO MOLDADO – Distância vertical entre o ponto mais baixo da superfície moldada

do caso e o plano de flutuação. (Hmol) (Fig.1.5)

CALADO MÁXIMO – Calado até o qual a embarcação mercante pode ser carregada. É

indicado pelas marcas de linhas de carga (marcas de borda livre). (Hmáx)

BORDA L IVRE – Distância vertical do plano de flutuação ao mais alto convés contínuo

estanque, medido em qualquer ponto do comprimento do navio. (BL) (Fig.1.5)

Figura 1.5 – Boca, boca moldada,

calado, calado moldado, pontal e

borda livre.

16

CALADO AÉREO – É a distância vertical da linha de flutuação (LF) até um ponto

convencionado das obras mortas. (Ha) (Fig.1.6)

Figura 1.6 – Borda livre e calado

aéreo.

COMPASSO (TRIM) – Ângulo formado pelo plano de base com a superfície das águas

tranqüilas. Nas embarcações que têm a quilha horizontal, o compasso é definido como a

diferença entre o calado de vante (Hv) e o calado de ré (Hr). T = HR – HV

Diz-se que a embarcação está com Compasso pela proa ou ―embicada‖ quando está

inclinada para vante e, com Compasso pela popa ou ―derrabada‖, quando está inclinada para

ré. (Fig.1.7)

Figura 1.7 – Classificação do navio quanto ao Trim.

17

OBSERVAÇÃO:

Notas sobre os principais planos dos navios.

PLANO DE BASE – plano perpendicular aos planos diametral e da seção a meio navio,

passando pelo ponto mais baixo da superfície moldada do casco pertencente ao plano da

seção de meio navio (mesmo que plano de base moldada).

PLANO D IAMETRAL – plano vertical longitudinal de simetria da superfície moldada do

casco de uma embarcação.

PLANO DE FLUTUAÇÃO – plano que contém a superfície das águas tranquilas em que o

caso está flutuando.

PLANO DE L INHA D’ÁGUA – plano paralelo ao plano de base.

PLANO DA SEÇÃO DE MEIO NAVIO – plano perpendicular ao plano diametral e

equidistante das perpendiculares de vante e de ré.

Neste plano encontra-se localizado o elemento ―aranha‖, importante no estudo da

Estabilidade Longitudinal. ( )

O estudo mais aprofundado sobre os principais planos dos navios será objeto de

comentário futuro.

1.3 DIMENSÕES VOLUMÉTRICAS DOS NAVIOS

VOLUME DE CARENA

É o volume da carena correspondente às obras vivas do navio. É o volume da parte

submersa do casco, inclusive com os apêndices (bolina, estabilizador, cadaste, anodos quando

houverem, verdugos, tubos telescópicos, tubulão do leme, pés de galinha).

VARIAÇÃO DO VOLUME DE CARENA DEVIDO A MUDANÇA DE DENSIDADE DO MEIO

FLUTUANTE

Esta variação será chamada de imersão ou emersão, quando a densidade do meio

flutuante diminuir ou aumentar, respectivamente. Toda vez que o navio estiver num meio

líquido que não seja a água salgada (Densidade padrão = 1.025 t/m3), o seu Volume de Carena

modificará, bem como os elementos que seguem:

CALADOS À VANTE E À RÉ;

COMPASSO; e

CENTRO DE CARENA LONGITUDINAL.

A fórmula de imersão/emersão é:

TPCγ'

)γ'(γΔi

sendo:

i = imersão/emersão em centímetros.

= densidade da água salgada padrão (1,025).

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’ = densidade da água em que o navio estiver.

= deslocamento em toneladas.

TPC = toneladas por centímetro de imersão.

O TPC é a quantidade em peso que deve ser colocada a bordo para que o calado médio

do navio varie em 1 centímetro. É encontrado no Plano de Curvas Hidrostáticas ou tabela de

valores hidrostáticos.

ARQUEAÇÃO

A tonelagem de arqueação é um atributo específico de cada navio; é calculada, desde o

início de sua vida operacional, por uma Autoridade Marítima reconhecida e consignada em um

Certificado de Arqueação Oficial que, de certa forma, tem função semelhante à certidão de

nascimento de um indivíduo. No Brasil o termo arqueação é sinônimo de tonelagem. No idioma

inglês arqueação ou tonelagem é ―tonnage‖.

Sobre o valor da arqueação bruta ou sobre o valor da arqueação líquida, derivada

daquela, como veremos mais adiante, são baseadas todas as obrigações e exigências

impostas pelas Leis e Regulamentos Internacionais, como também as taxas, tarifas, direitos,

etc., que incidem nas atividades operacionais do navio, como: praticagem, fundeio, atracação,

reboque, trânsito de canais, docagem, etc. Em função dos tributos legais e fiscais, que incidem

em razão direta do valor da tonelagem ou arqueação, se estabelece um conflito permanente de

interesses opostos entre Construtores e Armadores, tentando reduzir ao valor mínimo a

tonelagem ou arqueação sem prejuízo do porte bruto.

H ISTÓRICO

Desde as épocas mais antigas de gregos e romanos, costumava-se determinar a

capacidade comercial dos navios mercantes pelo número de talentos ou de ânforas que

podiam transportar em seus porões. O talento ético, equivalente à ânfora romana, era um

recipiente de barro com cerca de 25 litros de capacidade, usado para o transporte e água,

vinho, azeite, mel e cereais.

Exploração arqueológicas submarinas,levaram à descoberta de numerosos restos de

navios antigos, ainda com centenas de ânforas em seus bojos.

Uma das mais antigas citações que se conhece com relação à tonelagem de navios está

contida em certas tarifas portuárias do ano de 1140 da República de Gênova, onde são

lembrados ―golábios‖ ou ―carábias‖ (dos quais talvez provenha o termo ―caravela‖ para indicar

um pequeno carábio) de 800, 1000 ou mais de 1000 minas. A mina era uma unidade de

capacidade da época, que em Gênova valia cerca de 116 litros, ou seja 0,116m3, podem-se

deduzir que os navios mercantes da época tinham, presumidamente, uma capacidade de porão

de 90, 120 ou mais de 120m3.

Com o progresso tecnológico, os frágeis recipientes de barro foram sendo substituídos

por outros de madeira aparelhada, mais resistentes, mais leves e de maior capacidade, como

os cântaros, barricas, pipas e os ―tonéis‖. Consequentemente, a capacidade dos navios passou

a ser indicada pelo tipo de recipiente. Daí a origem da palavra ―tonelada‖ e ―tonelagem‖: veio

do tonel.

19

Os portos de Lubeck, Bremen e Hamburgo media a capacidade de seus navios em

―Last‖, que eram as barricas de peixe salgado (arenque) que, junto com o vinho, o sal,

constituíram os principais produtos de comércio marítimo no Mar do Norte e no Báltico. Do

termo ―last‖ deriva o português ―lastro‖, o francês ―lest‖ e o inglês ―ballast‖, que passaram a

indicar, não se sabe como, a carga fixa ou não pagante do navio (lastro).

Em 1377, durante o reinado de Dom Fernando, em Portugal, foram promulgadas leis de

incentivo à navegação, isentando de impostos os armadores que construíssem navios com

mais de cem tonéis, sendo esse uma das mais antigas referências ao termo ―tonel‖, usado

como unidade de arqueação.

Na mesma época também era fundada a ―Companhia das Naos‖, onde deviam ser

registrados todos os navios tilhados com mais de 50 tonéis. ―Tilhados‖, ou seja, cobertos por

telhados, eram os navios providos de convés para distinguí-los dos barcos sem convés, ou de

―boca aberta‖.

Uma das leis mais antigas que obrigava à arqueação de navios é do ano 1422, sob o

reinado de Henrique IV na Inglaterra, que mandava que fossem medidas todas as

embarcações que carregavam carvão em Newcastle, sem, no entanto, explicar como deveria

ser feito isso.

Na península ibérica, o cálculo de arqueação era feito em tonéis, equivalente a duas

pipas. A pipa, todavia, tinha capacidade variável de região a região, podendo valer de 21 a 25

almudes. Acontece que o almude, por sua vez, tinha capacidade diferente nos vários lugares,

variando de 16 a 25 litros.

No século XV, generalizou-se na Europa o uso dos tonéirs para indicar a capacidade dos

navios, como o ―tonnegen‖, nos países nórdicos, e o ―Tonneau‖ na França, surgindo assim o

termo ―tonelada‖ para indicar a capacidade de um tonel e que portanto, nada tem a ver com a

tonelada de 1000kgs. que apareceu muito depois, com a adoção do sistema métrico decimal.

Em 1839, era concedida um redução de 40% na tonelagem bruta para os navios que

utilizavam a propulsão mecânica a vapor, a fim de deduzir os espaços ocupados pelas

máquinas, caldeiras e carvoeiras, que não eram utilizadas para carga, nascendo assim a

distinção entre a tonelagem bruta e a tonelagem líquida.

A essa altura havia uma grande confusão na determinação da arqueação dos navios,

pois era calculada de maneira diferente em cada país, de acordo com a preferência dada à

regra francesa ou à inglesa ou a critérios próprios, como, por exemplo, nos Estados Unidos,

onde foi adotada a tonelada de arqueação de 40 pés cúbicos ao invés de 42 (usada pelos

franceses e ingleses). Havia, também, grande disparidade de métodos para tirar as medidas de

comprimento, boca e pontal de arqueação, sendo que vários projetistas e construtores

passaram a estudar formas estranhas de navios, visando a reduzir artificialmente as medidas

de arqueação, sem prejuízo do porte, a fim de obter uma tonelada oficial menor com vantagem

nos custos operacionais para os armadores que eram incentivados a comprar navios de

qualidade marinheiras duvidosas.

Nasceram, por exemplo, os navios com convés ―em dorso de baleia‖ (whaleback deck),

os de ―convés de torre‖ (turrent deck) e os de ―convés de tronco‖(trunk deck).

20

Por outro lado a regra inglesa incentivava a redução da boca e o aumento exagerado do

pontal que, como vemos, resultava uma relação boca/pontal anormal e totalmente prejudicial à

estabilidade do navio.

A princípio, a determinação da capacidade do porão era feita pela contagem das ânforas,

barricas, pipas, etc., quer fisicamente, quer por estima do arqueador. Com o progresso da

navegação e dos tráfegos marítimos, esses métodos arcaicos foram abandonados e

substituídos pelo cálculo matemático. O perito arqueador media o comprimento, a boca e o

pontal do porão, pelo lado interno, nas unidades da época, que eram o palmo e o côvado

(3palmos), que multiplicava entre si e dividia pelo tonel de 100 palmos cúbicos, de maneira que

a tonelagem do navio era obtida por: (medidas em palmos)

Também o palmo, como de resto todas as medidas da época, variava de acordo com a

localidade, de 0,22 a 0,25m. Assim sendo, o tonel de arqueação era também variável de 1,1 a

1,5m3. Em 1681, a ―Ordenance Touchant la Marine‖ promulgada na França, sob o reinado de

Luiz XIV, abre por assim dizer, a época moderna da legislação marítima. Entre as várias leis

inerentes à navegação, tráfego marítimo e construção naval foi também definida a tonelada de

arqueação em 42 pés cúbicos, equivalentes a 4 ―bordoleses‖, ou pipas de vinho de Bordeaux.

Assumindo o pé francês a 0,3248, resulta que a tonelada de arqueação era equivalente a

1,436m3.

O cálculo de arqueação continuava sendo feito multiplicando as três dimensões principais

internas do porão e dividindo esse produto por 42, de maneira que:

(medidas em pés)

Com esse sistema se considerava o casco como sendo um paralelepípedo, condição

essa de certo modo aceitável em virtude das formas bojudas dos barcos mercantes daqueles

tempos. Com o progresso da construção naval, os navios foram aumentando de comprimento e

assumindo cada vez formas mais finas, sendo que, em 1800, na época da República Francesa,

a fórmula de arqueação foi modificada para levar em conta a finura média do casco,

estabelecida em: 0,466 - coeficiente de bloco mínimo, passando o divisor da fórmula a ser o

seguinte:

94,2

DB L TBR

(medidas em pés)

Em 1836, passou a vigorar na Inglaterra o chamado ―Builder Old Mesurement‖ (B.O.M.),

constituído pela seguinte fórmula:

942

BB

5

3-L TBR

2

(medidas em pés ingleses)

Inspirada, evidentemente, na fórmula francesa com a diferença que o pontal ―D‖ era

tomado igual à metade da boca e o comprimento L era reduzido de da boca para

42

DBL TBR

21

deduzir os lançamentos de proa a popa, não utilizados para carga.

Em 1837, foi adotado na França o sistema métrico decimal e, por conseguinte, a fórmula

de arqueação foi modificada para:

3,8

DBL TBR

(medida em metros)

Na realidade, o divisor deveria ter sido igual a 3,228 para uma simples conversão, mas foi

aumentada para 3,8 a fim de levar em conta as linha mais finas do navio e as reclamações do

armadores. Em 1839, era concedida uma redução de 40% na tonelagem bruta para os navios

que utilizavam a propulsão mecânica a vapor. Após 1970, B. Moorson, que era perito

arqueador do Board of Trade e secretário da Comissão Real Inglesa, encarregada de

regulamentar a arqueação de navios, propôs também a tonelada de arqueação de 100 pés

cúbicos, equivalente a 2,832 m3 em lugar dos 42 ft3 até então adotados e que também a

arqueação de navios fosse baseada sobre o cálculo efetivo do volume interno do convés

principal, ou convés de arqueação, utilizando a fórmula de quadratura da parábola de Simpson.

Quer dizer, pela fórmula de Simpson se calcula primeiramente a área, e depois, o volume.

Então, a fórmula ficou:

100

TOTAL VOLUME TBR

(medida em pés)

832,2

TOTAL VOLUME TBR

(medida em metros)

Esse sistema que, embora trabalhoso, é bastante aderente à realidade, poderá parecer

que tenha resolvido definitivamente a questão, mas assim não foi particularmente no tocante

ao cálculo das deduções para a determinação da tonelagem líquida, que é considerada, de um

modo geral, para a cobrança das taxas e direitos e, especialmente, para a passagem de canais

e vias navegáveis.

Os armadores procuravam deduzir ao máximo e as autoridades dos canais tendiam a

reduzir ao mínimo as deduções permitidas, surgindo, assim, regulamentos múltiplos que

obrigam um navio de Longo Curso a possuir, pelo menos, três Certificados de Arqueação: um

nacional, um para o Canal de Suez e um para o Canal do Panamá; e se pretende entrar

também no Rio Danúbio, deverá levar então um quarto Certificado de Arqueação para aquela

via navegável, cada um com valores diferentes de tonelagem para o mesmo navio, o que não

deixa de ser um absurdo.

SIMBOLOGIA:

L = Comprimento

B = Boca

D = Pontal

TBR = Tonelagem de Arqueação (tonelagem bruta de registro)

Numa embarcação, e muito especialmente nas mercantes, existe uma característica de

volume e duas de peso, que apesar de terem significações diversas, não são, em geral, bem

22

compreendidas, dando lugar a confusões.

A característica de volume é a ARQUEAÇÃO (ou tonelagem).

As duas características de peso são: DESLOCAMENTO e PORTE BRUTO

ARQUEAÇÃO (ou tonelagem) – Conceito anterior à Convenção de 1969 (Londres -1969)

da IMO.

Arqueação ou tonelagem é a quantidade em volume, de carga que um navio pode

transportar, não só nos seus porões, como também nos diversos compartimentos que possam

recebê-la. O termo ―tonelagem‖ é a universalmente empregado na Marinha Mercante com a

significação de ―arqueação‖.

A unidade de medida desta característica, em volume, era a tonelada de arqueação, que

equivalia a 100 pés cúbicos ou 2,839m3; esta unidade tinha obrigatoriamente, a denominação

composta de ―Tonelada de Arqueação‖.

Esta característica de volume era importante, principalmente nas embarcações

cargueiras, porque ela permitia avaliar o valor comercial da embarcação; atualmente, a

tonelada de porte bruto define melhor o valor comercial da embarcação, mas por comparação

de embarcação entre si, arqueação ou tonelagem bruta servia para melhor indicar as

dimensões da embarcação, ao passo que a arqueação líquida para melhor avaliar seu valor

comercial. O seu cálculo era efetuado, levando-se em consideração o volume com várias

exclusões e deduções difíceis de serem memorizadas e, às vezes, de complicada utilização.

Isto deu margem a diversas interpretações por parte dos países. Chegou-se a criar dois

tipos de arqueação, uma para convés aberto e outra para convés fechado, onde uma marca no

costado, chamada de marca de tonelagem, definia qual o tipo de arqueação a ser empregado.

Nada mais eram que artifícios de construção para que os armadores pagassem menos taxas.

CONCEITO POSTERIOR À CONVENÇÃO INTERNACIONAL DA IMO – LONDRES 1969 –

A CONVENÇÃO ENTROU EM VIGOR EM 01 DE SETEMBRO DE 1982.

Toda embarcação deverá possuir ―Certificado de Arqueação‖, expedido pelo Governo, ou

pessoa ou organização devidamente autorizada pelo Governo (caso das Sociedades

Classificadoras).

Os princípios filosóficos, sempre de acordo com a Convenção, foram simplificados no

sentido de que:

a arqueação bruta significa a medida da capacidade da embarcação; e

a arqueação líquida significa a medida da capacidade útil da embarcação.

SIMBOLOGIA:

AB – Arqueação bruta

TB – Tonelagem bruta

TBR – Tonelagem bruta de registro ( uma vez que registrada em Certificado).( GRT—

Gross Register Tonnage)

AL – Arqueação líquida

TL – Tonelagem líquida

TLR – Tonelagem líquida de registro (uma vez que registrada em Certificado). (NRT—

Net Register Tonnage)

23

As regras para determinação dos volumes estão contidas em NORMAN específica, ou na

própria Convenção.

DEFINIÇÃO:

ARQUEAÇÃO ou TONELAGEM de um navio é um número que serve para determinar os

direitos portuários que o navio deve pagar e compromissos regulamentares que deve cumprir.

Ou seja, a arqueação é um número fiscal para classificar o navio à luz das leis e disposições

nacionais e internacionais. De modo geral, a uma maior arqueação, maiores pagamentos e

suportar, maiores obrigações e registros a cumprir.

CLASSES DE ARQUEAÇÃO:

Todo navio tem duas arqueações: bruta e líquida, determinando-se cada uma delas pelas

fórmula 1 e 3, indicadas mais adiante.

IMPORTANTE :

AMBAS AS ARQUEAÇÕES NÃO TÊM UNIDADE, POR SEREM NÚMEROS ABSTRATOS.

OBJETIVO DA ARQUEAÇÃO:

A arqueação serve de base para aplicação das numerosas leis e disposições do Direito

Marítimo.

Assim, da arqueação bruta dependerá: dotações regulamentares e títulos facultativos;

normas para a construção; direitos de docagem, limitação da faculdade de construir e armar

um navio e tarifas de praticagem.

Da arqueação líquida dependem: direitos portuários, estatísticas da navegação e direitos

de passagem por canais,

Evidentemente, isto poderá variar de país para país.

Para uniformizar as regras de arqueação e assinalar uma comum internacional, na nova

Convenção abandonou-se o clássico sistema de arqueação Moorsom e as respectivas marcas

de tonelagem, passando-se a determinar as arqueações bruta e líquida por fórmulas.

Arqueação bruta ou Tonelagem bruta – designa-se pelas iniciais AB ou TB e não tem

unidade. Se a tonelagem bruta de um navio é 5000, representa-se assim:

TB = 5000

A tonelagem bruta se determina pela seguinte fórmula:

(1) TB = K1 x V

onde:

V = Volume total de todos os espaços fechados do navio em metros cúbicos.

K1 é dado pela fórmula: (2) K1 = 0,2 + 0,02 logV, sendo log = logaritmo decimal.

Exemplo: Achar a tonelagem bruta de um navio cujo volume total de todos os espaço

fechados é de 10.500m3.

24

Aplicando a fórmula (1):

TB = K1 x V

K1 = 0,2 + 0,02 log 10500

log 10500 = 4,021189, logo K1 = 0,2 + 0,02 x 4,021189 = 0,2804237

TB = 0,2804237 x 10500 = 2944,4488

Arqueação líquida ou Tonelagem líquida – designa-se pelas iniciais AL ou TL e não tem

unidade. Se a tonelagem líquida de um navio é 3000, representa-se assim: TL = 3000.

A arqueação líquida ou tonelagem líquida se determina pela seguinte fórmula:

10

NNKV

3D

4dK TL 2

13c

2

2

(3)

onde:

K2 = 0,2 + 0,02 log Vc e K3 = 1,25 + 0,000125 TB

Vc = Volume total dos espaços de carga em metro cúbicos

d = Calado moldado a meio navio, em metros

D = Pontal moldado a meio navio, em metros

N1 = número de passageiros em camarotes com um máximo de 8 beliches

N2 = número de passageiros restantes

N1 + N2 = número total de passageiros que o navio é permitido carregar, como indicado

no Certificado do navio; quando N1 e N2 é menor que 13, N1 e N2 deverão ser considerados

iguais a zero.

Como de acordo com a CISVHM de 1969, navio de passageiros é todo navio que

transporte mais de doze passageiros, para navios cargueiros a fórmula (3) fica resumida a:

c

2

2 V3D

4dKTL

Limitações da fórmula (3):

a) Limitação por calado: o fator sendo igual ou maior que a unidade, se tomará por

seu valor a unidade.

Ex. = 1,7 então =1

b) Limitação pela tonelagem bruta: Se a expressão c

2

2 V3D

4dK

for menor que 0,25TB,

tomar-se-á como valor da mesma o fator 0,25TB.

EXERCÍCIO:

Achar a tonelagem líquida de um petroleiro sendo:

Volume total dos tanques de carga: 15232m3

Calado moldado de verão: 8,36m

Pontal moldado: 10,34m

25

Volume total de todo os espaços fechados: 24920m3

10

NNKV

3D

4dK TL 2

13c

2

2

a) Por ser um navio de carga e não levar passageiros, N1 = 0 = N2

b) Vc = 15232 m3

c) K2 = 0,2 + 0,02 log Vc = 4,182757 logo,

K2 = 0,2 + 0,02 x 4,182757 = 0,283655

d)

3D

4d

1,08

10,643

8,364

e) Vejamos agora se é preciso aplicar as limitações:

3D

4d = 1,08, logo se tomará como valor para

3D

4d a unidade

f) A tonelagem líquida com a primeira limitação será:

TL = 0,283655 x 12 x 15,232 = 4320,63

g) Vejamos, agora, a segunda limitação:

A expressão cV

2

23D

4dK que no nosso caso, por ser navio de carga, é a própria TL,

terá que, em caso de ser menor que 0,25 TB, se igualar a este valor.

h) É preciso então calcular a tonelagem bruta.

TB = K1 x V ; sendo V = 24920m3 , logo, TB = K1 x 24920 e

K1 = 0,2 + 0,02 log 24920 = 0,28793096

Então TB = 0,28793096 x 24920 = 7175 e 0,25 TB = 1794.

i) Como a expressão 4320,6V3D

4dK c

2

2

é maior que 0,25TB = 1974, o valor achado

para TL é o valor final.

Campo de aplicação da regra de arqueação da IMO

De acordo com a Convenção Internacional de Regulamentação da Arqueação de

Londres de 1969, o campo de aplicação será a todos os navios mercantes, maiores ou iguais a

12 metros de comprimento, definido no Regulamento e que cumpram as seguintes condições:

1ª) A todos os navios de construção nova;

2ª) A todos os navio existentes que efetuem reparos que venham a alterar sua

arqueação bruta atual;

3ª) A todos navios existentes a pedido do Armados;

26

4ª) A todos os navios existentes, a partir de doze anos de entrada em vigor da

Convenção de Londres de 1969.

A Conferência Internacional de Arqueação da IMO exigiu que a CONVENÇÃO entre em

vigor transcorridos 24 meses depois da adesão à mesma de 25 governos que possuam mais

de 65% de tonelagem bruta mundial, o que ocorreu a 01 de setembro de 1982. Então a partir

de 01/09/1994 todos os navios já estão adaptados à nova Convenção.

1.4 PESOS

1.4.1 Deslocamento

É o peso do navio expresso em toneladas. É dado em toneladas métricas ou em

toneladas longas, é representado pelo símbolo Δ .

O termo deslocamento é usado porque o peso do navio é igual ao peso do volume d’água

deslocada pela carena do mesmo.

Sabemos que: p = v × δ

Sendo ―p‖ o Δ ;

―v‖ o ; e δ

o peso específico do meio flutuante, teremos: xδΔ

Como = Lpp x B x Hmed x , obteremos o deslocamento do navio pela fórmula:

Δ = Lpp × B × Hmed × ×

As variáveis nessa fórmula são o calado médio e o coeficiente de bloco (). Esse último

também é função do calado e pode ser obtido no plano de curvas hidrostáticas e será estudado

no próximo capítulo.

O peso específico da água salgada é 1,025 t/m3 e da água doce é de 1t/m3. Esse valores

são fixados para as marcações das linhas de carga. Quando o navio se encontra em região

cuja densidade da água seja diferente de 1,025 e 1, utiliza-se o densímetro para a obtenção do

valor exato da densidade

Dependendo das condições em que se encontrar o navio temos ainda as seguintes

definições de deslocamento:

DESLOCAMENTO ATUAL (Δ):

É o peso do navio quando flutuando na linha d’água considerada.

DESLOCAMENTO LEVE (ΔL)

É o peso do casco, apêndices, acessórios da construção, máquinas e seus acessórios.

Geralmente, é o peso do navio ao final da construção.

DESLOCAMENTO EM LASTR O (ΔLa)

É o peso do navio, expresso em toneladas, sem carga.

27

DESLOCAMENTO EM PLENA CARGA OU MÁXIMO (ΔPc ou ΔM)

É o peso do navio quando atinge o plano de flutuabilidade máxima, permitido pela linha

de carga do local onde se efetua o carregamento, levando em conta as zonas onde vai navegar

e o local de descarga. É a soma de todos os pesos que formam o corpo do navio e das que o

navio transporta, portanto, casco, máquinas, acessórios, carga, combustível, aguada,

passageiros, bagagens, tripulantes, pertences, sobressalentes, lastros, etc.

1.4.2 Porte – Porte Bruto – Deadweight

PORTE BRUTO (T.P.B)

É o peso que o navio pode transportar, excetuando o seu próprio peso, quando se

encontra num determinado calado. Pode ser classificado como o PB atual, ou a diferença entre

o deslocamento num calado considerado e o deslocamento leve.

PORTE BRUTO TOTAL (T.P.B)

É a diferença entre o deslocamento máximo na linha de carga permitida e o

deslocamento leve.

PORTE L ÍQUIDO (T.P.L)

É o peso da carga, passageiros e bagagens, que rende frete.

Não é constante, variando de acordo com os interesses e técnica de administração.

PORTE OPERACIONAL (T.P.O)

É o peso de todos os elementos a serem supridos à embarcação de modo que ela possa

operar numa determinada condição. Ele é a soma dos pesos de: óleo combustível, óleo diesel,

óleo lubrificante, água potável, água destilada, lastro, guarnição e pertences, rancho(víveres),

material sobressalente, etc. O peso da guarnição, pertences, rancho, sobressalentes e lastro

residual é denominado ―CONSTANTE DO NAVIO‖, ou seja é a parcela do porte operacional

que não pode ser mensurada individualmente. Deve ser mantida sempre atualizada por meio

de ―draft-survey‖, que será estudado mais adiante no capítulo 9.

PORTE COMERCIÁVEL (P.C.)

É o peso que falta em certa ocasião para o navio completar o seu porte bruto total.

O porte bruto relativo a um determinado calado pode ser obtido diretamente na escala de

porte que normalmente acompanha o plano de capacidade.

FÓRMULAS APLICADAS AOS CÁLCULOS DE DESLOCAMENTO E PORTES :

1) ΔPc = PBT + ΔL 2)PB= Δ – ΔL 3) PBT = ΔPc – ΔL

4)TPB = TPL + TPO 5)PC= PBT–(Somatório dos pesos existentes a bordo)

6)PC = PBT – (TPL + TPO)

7)ΔPc = ΔM

28

Figura 1.8 – Esquema com a classificação

dos diversos deslocamentos e portes do

navio.

29

1.9 – ESCALA DE PORTE

30

Figura 1.10 – Certificado de Arqueação – Em Português. (frente)

31

ESPAÇOS INCLUÍDOS NA ARQUEAÇÃO

ARQUEAÇÃO BRUTA

ARQUEAÇÃO LÍQUIDA

NOME DO ESPAÇO

LOCAL (CAV)

COMP.

(M)

NOME DO ESPAÇO

LOCAL (CAV)

COMP.

(M)

Abaixo do convés principal

Acomodações acima do convés principal

1ª Camada 2ª Camada 3ª Camada 4ª Camada Castelo de proa

29-57 30-57 33-57 38-57

165-fwd

21,34 20,57 18,29 14,48

13,60

Porões de carga

No1

No2/3

No4

No5

Braçolas de escotilha

No1

No2/3

No4

No5

138-165 84-138 54-84 4-37

143-160 86-136 63-80 14-29

20,90 41,15 22,86 24,40

11,61 37,03 12,90 11,38

Braçolas de Escotilha

No 1

143-160

11,61

NÚMERO DE PASSAGEIROS

(Regra 4(1))

No 2/3

No 4

86-136 63-80

37,03 12,90

Número total de passageiros em camarotes com até 8 beliches

No 5 14-29 11,38 - - -

Chaminé Guindastes Casarias

42-50 - -

6,10 Número total dos demais passageiros

- - -

ESPAÇOS EXCLUÍDOS (Regra 2(5))

um asterisco(*) deve ser feito àqueles espaços acima discriminados que

sejam simultaneamente considerados espaços fechados e excluídos.

CALADO MOLDADO

(Regra 4(2))

8,846m

DATA E LOCAL DA ARQUEAÇÃO ORIGINAL 31/07/1989 – RIO DE JANEIRO

DATA E LOCAL DA ÚLTIMA REARQUEAÇÃO

OBSERVAÇÕES: TPB = 12840,80t

Figura 1.10 – Certificado de Arqueação – Em Português. (verso)

32

Figura 1.11 – Certificado de Arqueação - Em Inglês. (frente)

33

Figura 1.11 – Certificado de Arqueação - Em Inglês. (verso)

SPACES INCLUDED IN TONNAGE

GROSS TONNAGE

NET TONNAGE

NAME OF SPACE

LOCATION

(Fr.)

LENGTH

(M)

NAME OF SPACE

LOCATION

(Fr.)

LENGTH

(M)

Underdeck

Accommodations

1ª Camada 2ª Camada 3ª Camada 4ª Camada Forecastle

on main

29-57 30-57 33-57 38-57

165-fwd

deck

21.34 20.57 18.29 14.48

13.60

Cargo Holds

No1

No2/3

No4

No5

Hatchcoamings

No1

No2/3

No4

No5

138-165 84-138 54-84 4-37

143-160 86-136 63-80 14-29

20.90 41.15 22.86 24.40

11.61 37.03 12.90 11.38

Hatchcoamings

No 1

143-160

11.61

NUMBER OF PASSENGERS

(Regulation 4(1))

No 2/3

No 4

86-136 63-80

37.03 12.90

Number of passengers in cabins with not more than 8 berths

No 5 14-29 11.38 - - -

Funnel Cranes Deck houses

42-50 - -

6.10 Number of other passengers

- - -

EXCLUDED SPACES

(Regulation 2(5))

An asterisk (*) should be added to those spaces listed above which comprise both enclosed and excluded spaces.

MOULDED DRAUGHT

(Regulation 4(2))

8.846m

DATE AND PLACE OF ORIGINAL MEASUREMENT July 31, 1989 – Rio de Janeiro

DATE AND PLACE OF LAST PREVIOUS REMEASUREMENT

REMARKS: dwt = 12840.80t

34

1.5 COEFICIENTES DE FORMA OU FINURA

A fim de determinar certas qualidades hidrostáticas, ou para se calcular condições de

estabilidade do navio, é necessário conhecer o volume da carena ou área de alguns planos e,

para isso, devemos utilizar os coeficientes de forma ou finura.

Esses coeficientes variam com os diversos tipos de navios e são quatro, a saber: dois

de volume e dois de área podendo ser obtido pelo Plano de Curvas Hidrostáticas ou pelas

fórmulas apresentadas nesta parte.

1.5.1 Coeficiente de Bloco – cb – (Volume)

Coeficiente de Bloco é a relação entre o volume da carena ( ) e o volume de um

paralelepípedo (bloco) que envolve a carena.

HmedBLpp Cb

As dimensões do paralelepípedo são:

Lpp = comprimento entre perpendiculares

B = boca

Hmed = calado médio

Cb, também conhecido pela letra grega , é sempre menor que a unidade, variando, nos

navios mercantes, entre 0,6 a 0,8.

Uma peculiaridade:

HmedBLppHmedB

mAx

LppmACb

Cb = Cp x Csm

Figura 1.12 – Coeficiente de Bloco.

1.5.2 Coeficiente Prismático – cp – (volume)

É a relação entre o volume da carena ( ) e o volume de um prisma ou de uma seção

longitudinal de um cilindro que tenha o mesmo comprimento (Lpp) que a carena e uma seção

transversal igual à seção transversal a meio navio.

35

AmLppCp

Lpp = Comprimento entre perpendiculares

Am = Área da Seção Mestra

Cp, também conhecido pela letra grega , é sempre menor que a unidade.

Figura 1.13 – Coeficiente Prismático Usado para o Cálculo de Potência.

1.5.3 Coeficiente da Seção a meio navio (Csm) – (Área)

É a relação entre a área da seção mestra e a de um retângulo cujos lados tenham as

dimensões da Boca e do Calado Médio da carena.

HmedB

AmCsm

B = Boca

Am = Área da Seção Mestra (imersa)

Hmed = Calado Médio

Csm, também conhecido pelo letra , é sempre menor que a unidade.

Figura 1.14 – Coeficiente de Seção a Meio Navio.

36

1.5.4 Coeficiente da Área de Flutuação (Caf) – Área

É a relação entre a área do plano de flutuação correspondente ao calado médio e a

área do retângulo cujos lados tenham as dimensões da Boca (B) e do comprimento (Lpp) do

navio.

BLpp

AfCaf

Lpp = Comprimento entre perpendiculares do navio

B = Boca da navio

Caf = também conhecido pela letra grega , é sempre menor que a unidade

Figura 1.15 – Coeficiente da Área de Flutuação.

1.6 QUALIDADES E PLANIMETRIA DOS NAVIOS

1.6.1 Qualidades Comerciais

As qualidades comerciais são determinadas pelo Armador que o manda construir e

resumem-se me qualidades comerciais (econômicas), funções de uma série de fatores.

Estes fatores podem ser:

número suficiente de porões para maior rapidez na operação de estiva;

maior economia de combustível;

calado adequado para os portos de escala;

os navios devem ser projetados para cada tipo de comércio em particular a que se

destinam.

1.6.2 Qualidades Técnicas (Essenciais e Náuticas)

As qualidades técnicas são determinadas pela engenharia naval, de acordo com as

Sociedades Classificadoras.

As qualidades técnicas são: essenciais e náuticas.

Solidez

Essenciais Flutuabilidade

Estanqueidade

37

Estabilidade Estática

Náuticas Ângulo máximo de inclinação (Estabilidade)

Mobilidade

Regularidade de oscilação entre as vagas

Portanto, é o navio uma construção náutica, dotada de qualidades essenciais e náuticas.

A exploração comercial do navio requer um conhecimento perfeito dessas propriedades.

O melhor processo para conhecer um navio é saber determinar as suas qualidades ou

conhecer de que modo foram calculadas.

Com o auxílio de planos operacionais de construção podemos determinar as

propriedades hidrostáticas do navio e saber como utilizar economicamente os seus recursos,

transportando o máximo de carga, com segurança, realizando as viagens com rapidez,

obtendo-se o máximo de rendimento com o mínimo de despesas.

Qualquer que seja o seu tipo ou o meio de propulsão, um navio deve possuir as

seguintes qualidades técnicas:

1.6.2.1 Essenciais

SOLIDEZ – é a propriedade que deve ter toda a estrutura de resistir aos esforços

produzidos pelas vagas no balanço e na arfagem e, pesos transportados a bordo.

FLUTUABIL IDADE – é a propriedade de poder permanecer na superfície d’água ainda

mesmo com a sua carga completa.

ESTANQUEIDADE – é a propriedade que deve possuir o casco de permanecer

intransponível pela água, qualquer que seja o estado do mar.

1.6.2.2 Náuticas

ESTABILIDADE ESTÁTICA – é a tendência que deve ter o navio para voltar à sua

posição original de equilíbrio ao cessar a força externa que o afastou desta posição.

ÂNGULO MÁXIMO (estabilidade) – é o maior ângulo de inclinação que o navio possa

apresentar sem que o mesmo emborque.

MOBILIDADE – é a sua facilidade de governo e evolução, isto é, as propriedade de se

manter no rumo com um pequeno ângulo de leme nos diversos estados de mar e vento, e de

girar facilmente para BE ou para BB, com o menor raio de giro possível.

REGULARIDADE DE OSCILAÇÕES ENTRE AS VAGAS – é a propriedade de arfar,

caturrar e balançar suavemente e sem choques, os quais são prejudiciais ao casco, à carga e

ao pessoal.

1.6.3 Planimetria

1.6.3.1 Desenhos de linha e planos de formas.

Tanto as superfícies das obras vivas como das obras mortas são topográficas, isto é, são

38

analiticamente representáveis. O desenho de linhas e planos de formas, é a representação das

formas e dimensões do casco por projeções, em três planos ortogonais de referência.

Se fizermos passar planos secantes ao casco do navio, as linhas de interceptação

desses planos com a superfície do casco são linhas a duas dimensões que podem ser

traçadas em verdadeira grandeza e projetadas em planos de referência.

São planos de referência:

a) Plano de base moldada;

b) Plano diametral;

c) Plano transversal de meio navio

Estes três planos são ortogonais entre si e neles são projetadas linhas e interceptação da

superfície do casco por uma série de planos secantes e paralelos a um deles. O ponto de vista

da projeção é diferente para cada um dos planos.

PLANO DE BASE MOLDADA

Plano horizontal, tangente interiormente à quilha ou à superfície moldada. É a origem das

cotas ( distâncias verticais ).

PLANO DIAMETRAL

Plano vertical, longitudinal, que divide o navio em dois bordos, bombordo e boreste.

PLANO TRANSVERSAL DE MEIO NAVIO ( PLANO ARANHA )

Plano vertical, normal ao diametral. Divide o navio em corpo de proa e de popa

PLANOS DE LINHA D ’ÁGUA

O plano de referência é o da base moldada. Os planos secantes cortam

longitudinalmente o horizontalmente o casco. As linhas determinadas são as linhas d’água, que

são projetadas ortogonalmente no plano de base moldada, em verdadeira grandeza, sendo a

linha de base moldada a linha zero e as outras de acordo com o espaçamento dos planos e

secantes.

Sendo o navio um volume com um eixo de simetria longitudinal, as linhas d’água são

representadas pela metade. Com este plano podemos calcular as áreas dos planos das linhas

d’água.

PLANO DE BALIZAS

O plano de projeção das balizas é o transversal de meio navio.

O casco do navio é cortado por planos secantes verticais.

As linhas determinadas pela interceptação do plano secante com o casco são projetadas

no plano transversal de meio navio, representando as balizas em verdadeira grandeza. O ponto

de vista fica situado à proa ou à popa. A linha central é a projeção do plano diametral.

De cada lado da linha central são representadas as balizas, sendo um lado as da proa e

do outro, as da popa.

Com este plano podemos calcular as áreas de cada seção transversal, tomado a

grandeza do segmento limitado pela linha central e a baliza.

39

PLANO DE PERFIL

Neste plano o casco é cortado por planos secantes e paralelos ao plano diametral, sendo

o plano de referência o diametral. A maior utilidade deste plano é a determinação dos

baricentros dos diversos compartimentos.

L INHAS DE ALTO

Interseção do casco por planos verticais longitudinais ou planos do alto. Elas aparecem

em verdadeira grandeza no plano de perfil e são denominadas de acordo com o afastamento

do plano diametral. Há geralmente, quatro destas linhas espaçadas igualmente a partir do

plano diametral, que determina a linha do zero.

Figura 1.16 – Planos do desenho de linhas.

Figura 1.17 – Desenho de Linhas, Plano das Balizas, Plano de Perfil e Plano das Linhas d’Água.

40

1.7 FÓRMULAS PARA CÁLCULO DE ÁREAS E VOLUMES DOS NAVIOS

FÓRMULA TRAPEZOIDAL / FÓRMULAS DE SIMPSON

Fosse o navio um corpo geometricamente regular e o cálculo das Áreas ou Volumes de

qualquer de suas partes ou do todo seria questão de aplicação das fórmulas geométricas

usuais. Tal, no entanto, não ocorre com os navios. Vejamos o exemplo da figura abaixo, que

representa um convés típico:

Figura 1.18 – Típico convés de um navio.

Sua parte central ―ABCD‖ aproxima-se da forma de um retângulo, mas à proporção que

se prolonga no sentido de Proa e da Proa, seu contorno torna-se curvo, constituindo-se de

diferentes curvas parabólicas, às quais não se podem aplicar fórmulas usuais.

Os métodos mais usados são:

Fórmula Trapezoidal ou dos Trapézios

Fórmulas de Simpson.

1.7.1 Fórmula dos Trapézios

Empregada unicamente quando a área que se deseja calcular, tem a forma de um

trapézio ou muito próxima dessa figura regular.

TRAPÉZIO: d2

b) (B A

Área = semi-soma das bases multiplicada pela altura

Por vezes, a superfície presta-se à subdivisão em trapézios contíguos com alturas iguais,

como na figura a seguir, nesse caso, cada subdivisão terá sua própria área calculada e

efetuada a soma dessas áreas.

2 3 4 5 6

M

Figura 1.19 - Fórmula dos Trapézios.

41

Área do Trapézio ACGH –

2

yy 21 d

Área do Trapézio CDJH – d2

yy 32

Área do Trapézio DEJK – d2

yy 43

Área do Trapézio EFLK – d2

yy 54

Área do Trapézio FBLM – d2

yy 65

Área total = 21 yy2

d 32 yy

2

d 43 yy

2

d 54 yy

2

d 65 yy

2

d

Área total = 654321 y2y y2y2y2y2

d

Área total =

5432

61 yy yy2

yyd

Havendo ―n‖ ordenadas =

1n 5432

n1 y...yy yy2

yy dA

1.7.2 Fórmulas de Simpson

1.7.2.1 Pr imeira Fórmula de Simpson

Essa fórmula é dedutível tanto geometricamente como por cálculo integral; devendo ser

empregada quando se deseja calcular a área de um superfície dividida num número par de

seções(número ímpar de ordenadas).

Modo de usá-la:

A figura 1.20 apresenta uma superfície irregular, formada por áreas dos trapézios e áreas

da superfície parabólica, as quais, somadas dão origem à 1ª fórmula de Simpson.

Devemos proceder da seguinte forma:

A) Baixamos as perpendiculares y1 até y7 ao eixo AB ;

B) Essas perpendiculares são chamadas ordenadas e guardam uma mesma distância

entre elas;

C) A distância entre essas ordenadas é chamada de intervalo comum;

O índice de erro dependerá do espaço entre a ordenada e a curvatura do lado.

42

PROPRIEDADE DA PRIMEIRA FÓRMULA DE S IMPSON

A área entre três ordenadas consecutivas quaisquer é igual à soma das ordenadas

extremas mais quatro vezes a ordenada média, multiplicada por um terço do intervalo comum.

Figura 1.20 – Primeira Fórmula de Simpson.

Área Total = 7654321 y4y2y4y2y4yy3

d

EMPREGO DA PRIMEIRA FÓRMULA DE S IMPSON

Essa fórmula é aplicada somente com número ímpar de ordenadas.

1.7.2.2 Segunda Fórmula de Simpson

Área entre quatro ordenadas consecutivas é igual à soma das ordenadas extremas, mais

três vezes cada ordenada média, multiplicada por 8

3do intervalo comum.

Figura 1.21 – Segunda Fórmula de Simpson.

Área total: A = 76544321 y3y3yy8

3dy3y3yy

8

3d

Área total: A = 7654321 y3y3y2y3y3yy8

3d

Essa fórmula é empregada quando:

43

o número de ordenadas for 4;

o número de ordenadas for um múltiplo de 3 mais 1; e

quando a superfície cuja área se deseja calcular é dividida num número de

subdivisões múltiplos de 3.

1.7.2.3 Terceira Fórmula de Simpson

Essa fórmula é empregada apenas quando, tendo-se 3 ordenadas, se necessite calcular

à área de apenas uma seção.

Seu enunciado é:

A área entre duas ordenadas consecutivas é igual a cinco vezes a 1ª ordenada mais oito

vezes a ordenada média menos a ordenada externa, multiplicada por 1/12 do intervalo comum.

Figura 1.22 – Terceira Fórmula de Simpson.

A1 = d/12 (5x + 8y – z) e A2 = d/12 (5z + 8y – x)

A título de verificação, somemos as 2 áreas A1 e A2.

A1 + A2 = d/12 (5x + 8y – z) + d/12 (5z + 8y – x)

A1 + A2 = z58y8yx-5x12

d z

A1 + A2 = zyx 416412

d

Área total = zyx 43

d

Essa fórmula final é a primeira fórmula de Simpson para o cálculo área total dividida por 3

ordenadas.

1.7.3 Volumes

O volume de tanques, paióis e outros compartimentos existentes a bordo limitados por

superfícies planas ou cilíndricas, podem ser calculadas pelas fórmulas usuais da matemática

para figuras regulares.

Outros espaços como a carena e a maioria dos compartimentos a bordo, devem ter seus

volumes calculados pelas fórmulas de Simpson.

44

Basta usar as 3 fórmulas de Simpson, substituindo ―A‖ de área por ―V‖ de volume e as

consecutivas ordenadas (y1,y2,y3,...) por áreas consecutivas (A1,A2,A3,...), apresentando-se as

fórmulas com as seguintes disposições.

1) )A4A 2A 4A (A3

dV 543211 – caso de 5 áreas – ordenadas.

2) )A 3AA32A 3A 3A (A8

3dV 76543211 – 2ª fórmula, 7 áreas – ordenadas

3) )A 8A (5A12

dV 3211 , terceira fórmula de Simpson nas quais:

V = Volume que se deseja calcular.

A = Área das seções paralelas equidistantes contidas nesse volume – (seção

transversal, conveses, linhas d’água, etc.)

d = É a medida da equidistância dessas áreas.

Como se vê, é necessário conhecer ou calcular previamente as áreas das seções em que

o espaço será dividido.

Calculada cada área em separada, efetua-se o cálculo do volume, aplicando-se a fórmula

de Simpson adequada.

Figura 1.23 – Fórmulas de Simpson aplicadas no cálculo do volume.

1.8 SOCIEDADES CLASSIFICADORAS

As Sociedades Classificadoras não fazem seguro.

Não são entidades oficiais – são pessoas jurídicas de direito privado e geralmente sem

fins lucrativos.

1.8.1 Finalidades

a) fixar regras sobre a construção do casco e das máquinas propulsoras e auxiliares das

embarcações;

b) fiscalizar a construção dos navios;

c) apreciar as qualidades dos navios já construídos;

d) proporcionar aos compradores, carregadores, afretadores, tribunais, companhias de

seguros, etc., informações sobre o estado e valor do navio;

e) fazer inspeções periódicas (vistorias) a fim de fiscalizar a observância de suas regras e

garantir a manutenção de suas qualidades náuticas;

45

f) expedir certificados quanto às regras e inspeções;

g) determinar a borda livre – quando um governo lhe delegar tal atribuição;

h) publicar um registro detalhado das embarcações por ela classificadas.

Gozam, quase todas, de prestígio universal em razão da reputação de eficiência e

honorabilidade que constituíram em 2 séculos de existência.

1.8.2 Vistorias que Efetuam

a) Inicial – permanentemente, durante toda a construção do casco, máquinas e

equipamentos, inclusive testes finais;

b) Classificação – geralmente a cada 4 anos e revestidas de extremo rigor:

I – as chapas que apresentam espessura igual ou inferior a ¾ da espessura

primitiva, devem ser substituídas;

II – duplo fundo e tanques de aguada e combustível são testados sob pressão;

III – as máquinas são vistoriadas no estrado e as caldeiras são testadas sob pressão

igual a 1,5 vezes a pressão de regime.

Atualmente, quase todas as Sociedades Classificadoras estão substituindo esta vistoria

pela classificação contínua na qual, evitando um longa paralisação dos navios, os Armadores

podem parcelá-las, dentro dos 4 anos previstos, condicionado a que no final todos os quesitos

sejam completados e que não haja intervalos maiores de 4 anos para o quesito.

c) em seco – em dique-seco, geralmente a cada 2 anos:

I – inspeção do casco, roda de proa, cadaste e leme

II – inspeção da máquina e equipamentos auxiliares, caldeiras, aparelho de governo,

aspirações e descargas;

III – aparelho de fundeio e salvatagem.

d) especiais – sempre que o navio sofra acidente grave ou seja submetido a reparos ou

modificações importantes.

1.8.3 Sociedades Classificadoras mais Importantes

LLOYD’S REGISTER of British and Foreign Ships (LR) – Londres – 1760

AMERICAN BUREAU of Shipping (AB) – Nova Iorque – 1862

BUREAU VERITAS (BV) – Paris – 1828

GERMANISCHER LLOYD (GL) – Hamburgo – 1867

DET NORSKE VERITAS (NV) – Oslo – 1864

Temos ainda diversas outras: suecas, italianas, etc.

No Brasil, registramos o Bureau Colombo e o RBNA (Registro Brasileiro de Navios e

Aeronaves).

Todas apresentam símbolos diversos para as diferentes categorias de navios que

classificam, conforme o grau em que atendam às suas rigorosas regras.

46

1.8.4 Borda Livre

Borda livre é a distância vertical, medida no costado, entre a Linha de Flutuação e o

Convés, é uma medida da Reserva de Flutuabilidade.

Quando não for especificado o convés e em que ponto foi medida, subentende-se que é

referida ao Convés Principal e a Meio-Navio.

O convés de referência é denominado Convés de Borda Livre.

Assim como há mais de uma Reserva de Flutuabilidade, há mais de uma BL:

a) Borda Livre Mínima de Segurança (BLM) – estipulada em Certificado e objeto de

Convenção Internacional;

b) Borda Livre Atual – a que o navio possua no momento.

1.8.5 Borda Livre Mínima de Segurança (BLM)

Instituída em 1876 devido à sucessão de acidentes ocasionados por carregamento

excessivos. Proposta por Lord Plimsoll por cujo nome o disco marcado no costado é até hoje

conhecido. (Disco de Plimsoll).

Rege-se por uma Convenção Internacional de Linhas de Carga.

Por ela, os navios são obrigados a ostentar, cravada no costado, uma marcação (Disco

de Plimsoll) e exibir o Certificado Internacional de Linhas de Carga ( ou de Borda Livre), emitido

segundo modelos e normas fixados pela Convenção.

No Brasil, a DPC (Diretoria de Portos e Costas) do Comando da Marinha é a autoridade

competente para expedir esses Certificados, geralmente delegando tal atribuição de acordo

com a Convenção, às Sociedades Classificadoras.

1.8.6 Marcação das Bordas Livre Mínimas de Segurança (BLM)

Objetivo principal do estabelecimento das BLM é SEGURANÇA, dotando os navios de

uma reserva de flutuabilidade.

Esta varia nas diferentes regiões e com as diferentes estações climáticas – em água

doce permite-se que seja menor não só porque a menor densidade ocasiona maior imersão

para um mesmo deslocamento como, também, porque os locais de água doce são mais

abrigados.

Marcas Símbolo Símbolo Inglês

Tropical T T

Verão V S

Inverno I W

Inverno no Atlântico Norte IAN WNA

Água doce AD FW

Água doce tropical ADT TFW

Um mapa, que lhes será exibido, foi confeccionado em conformidade com a Convenção

delimitando as regiões oceânicas onde se aplicam estas marcas; quase todas essas regiões

têm seus limites móveis, conforme a estação climátérica, fixando a Convenção, as Datas em

que prevalecem esses limites.

47

1.8.7 Disco de Plimsoll

O Disco de Plimsoll, conforme veremos mais adiante, contém as seguintes marcas:

1) MARCA DO CONVÉS DE BL

Linhas horizontais cravada a Meio Navio, em ambos os bordos; limbos superior

coincidindo com a superfície do convés de BL – medidas 300mm de comprimento x 25mm de

espessura.

2) DISCO DE PLIMSOLL PROPRIAMENTE DITO

Anel cravado a Meio Navio com raio de 300mm e espessura de 25mm – deve ser

interceptado por uma Marca horizontal medindo 450mm x 25mm, o Limbo Superior desta

marca passando pelo Centro do Disco, o Centro do Disco distará verticalmente do Limbo

superior da Marca de Convés de BL a medida determinada para sua Borda Livre de Verão (V).

3) LINHAS DE CARGA

São Marcas horizontais medindo: 230mm x 25mm e devem ser cravadas

perpendicularmente a outra Marca Vertical cravada a 540mm à vante do Disco Plimsoll e tendo

25mm de espessura;

A LINHA DE VERÃO (V) – é demarcada na mesma altura da Marca horizontal que

intercepta o Centro do Disco Plimsoll;

A LINHA DE INVERNO (I) – é paralela e logo abaixo da Linha de Verão

A LINHA TROPICAL (T) – é paralela e logo acima da Linha de Verão;

A LINHA DE INVERNO NO ATLÂNTICO NORTE (IAN) – é paralela e logo abaixo da Linha de

Inverno;

A LINHA DE ÁGUA DOCE (AD) – é paralela e logo acima da Linha Tropical.

A LINHA DE ÁGUA DOCE TROPICAL (ADT) – é paralela e acima da de Água doce.

As quatro primeiras são demarcadas para vante da Marca Vertical, as duas últimas (água

doce) são demarcadas para Ré da Marca Vertical.

As distâncias verticais entre essas Marcas são determinadas pelo Certificado

Internacional de Borda Livre no Navio.

Nenhum navio pode penetrar em qualquer das Regiões Oceânicas demarcadas no Mapa

tendo submersas a Marca correspondente.

1.8.8 Borda Livre para Madeira

Navios que conduzem madeira no convés arrumada adequadamente, segundo a Convenção, e

que obedeçam a detalhes de construção definidos pela Convenção, e que sigam certos

preceitos desta Convenção a respeito de peação de carga e vedação de saída d’água, são

permitidos ostentar no costado uma marcação especial correspondente à Borda Livre de

Madeira. Esta marcação ficará à Ré do Disco de Plimsoll, a seguir, e tem os mesmos símbolos

precedidos da letra (M); em inglês (L).

Esta marcação só prevalecerá quando o navio estiver transportando madeira, nas condições

estipuladas e observadas precauções usuais quanto à Estabilidade.

48

Figura 1.24 – Disco de Plimsoll para a determinação da borda livre.

49

50

CAPÍTULO 2

PONTOS NOTÁVEIS DA ESTABILIDADE

Neste capítulo são introduzidos os Pontos Notáveis da Estabilidade, cuja posição relativa

ao navio, caracteriza o estado de estabilidade atual e consequentemente a segurança do

carregamento, da viagem e da tripulação.

2.1 PONTOS NOTÁVEIS DA ESTABILIDADE

São eles:

G – Centro de Gravidade do navio

51

B – Centro de Carena

M – Metacentro

OBSERVAÇÃO :

O ponto ―K‖ não é um ponto notável, e sim um ponto pertencente ao plano de base, e que

serve como referência para as distâncias verticais a partir dele (cotas).

2.2 DENOMINAÇÕES DADAS ÀS DITÂNCIAS VERTICAIS ENTRE OS

PONTOS NOTÁVEIS

KG – Cota do Centro de Gravidade

KB – Cota do Centro de Carena

KM – Cota do Metacentro

BM – Raio Metacêntrico

GM – Altura Metacêntrica

Figura 2.1 – Pontos Notáveis da Estabilidade na Seção Transversal.

GM – Altura Metacêntrica = KM – KG

KG – Cota do Centro de Gravidade = KM – GM

BM – Raio Metacêntrico

KB – Cota do centro de carena

KM – Cota do Metacentro – KB + BM = KG + GM

2.3 DEFINIÇÃO DOS PONTOS NOTÁVEIS DA ESTABILIDADE

1) CENTRO DE GRAVIDADE (G)

É o ponto de aplicação da resultante das forças gravitacionais que atuam no navio e

em tudo que existir a bordo.

52

2) CENTRO DE CARENA (B)

É o ponto de aplicação da força de Empuxo.

É o Centro geométrico do volume imerso.

3) METACENTRO (M)

É o ponto de encontro de dois raios de uma curva infinitamente pequena, descrita

pelas sucessivas mudanças de posição do Centro de Carena de um navio que oscila em

flutuações isocarenas.

Figura 2.2 – Metacentro.

2.4 DETERMINAÇÃO DA POSIÇÃO DO CENTRO DE GRAVIDADE

2.4.1 Definição

É o ponto de aplicação da resultante das forças gravitacionais que atuam no navio e em

tudo mais que existir a bordo.

2.4.2 Componentes

As componentes que formam a resultante das forças gravitacionais que atuam em um

navio são:

deslocamento leve do navio;

peso da aguada, óleo combustível e lubrificante;

peso da carga;

peso de tudo mais que existir a bordo.

Determinamos a posição do Centro de Gravidade de um navio, por intermédio de uma

fórmula semelhante à usada na obtenção do centro de gravidade de volumes tendo, porém o

cuidado de bem definir os três eixos usados no posicionamento do centro de gravidade.

Ao construímos um navio ou ao colocarmos a bordo qualquer quantidade de carga,

temos por norma efetuar a distribuição dos pesos simetricamente em relação ao plano

diametral dando desta forma condições para que o navio possa flutuar em sua posição normal,

isto é, adriçado, eliminando também a necessidade de efetuarmos cálculos para posicionar

transversalmente o centro de gravidade do navio. Deveremos, portanto, determinar a distância

do centro de gravidade ao plano de base moldada (para estabilidade transversal) e distância do

centro de gravidade ao plano transversal de meio navio ou às perpendiculares de vante ou de

ré (para a estabilidade longitudinal).

53

Fórmula para o Cálculo da cota do Centro de Gravidade (KG):

P

MVKG

Onde:

KG = Cota do C.G.

Sendo:

ΣMV = somatório dos Momentos Verticais (P x Kg) ΣP = somatório dos pesos

2.5 DETALHAMENTO PARA A OBTENÇÃO DO CENTRO DE GRAVIDADE

1 – CENTRO DE GRAVIDADE DE UM NAVIO EM DESLOCAMENTO LEVE

Calculado pelo estaleiro construtor, em função da forma do navio, peso do material

empregado, estrutura, acessórios, etc.

O navio é dividido em planos transversais e calculam-se os momentos verticais de cada

compartimento tendo-se como referência o plano de base moldada.

2 – CENTRO DE GRAVIDADE DO ÓLEO E AGUADA

Calculado pelo pessoal de bordo em função da distribuição da massa líquida nos

tanques.

Conhecendo-se o centro de gravidade e o peso da massa líquida colocada em cada

tanque, calcula-se os momentos verticais de cada compartimento tendo-se como referência o

plano de base moldada.

3 – CENTRO DE GRAVIDADE DE CARGA

Calculado pelo pessoal de bordo em função da distância vertical da carga, pelos locais a

ela destinados.

Conhecendo-se a posição do centro de gravidade do peso da carga, calculam-se os

momentos verticais provocados pela carga, após ter sido estivada, em relação ao plano de

base moldada.

4 – CENTRO DE GRAVIDADE DE TUDO QUE EXISTIR A BORDO

Calculado pelo pessoal de bordo com o procedimento igual ao do item anterior.

Emprego dos momentos na determinação do centro de gravidade de um navio.

(ΔL . KGL ) + ( P1. Kg1) + ( P2 . Kg2 ) + ( P3 . Kg3 )

KG = —————————————————————————

ΔL + P1 + P2 + P3

54

2.6 CENTRO DE GRAVIDADE

O ponto de aplicação da resultante de todos os pesos a bordo do navio, inclusive ele

próprio, chama-se Centro de Gravidade. É como se todos os pesos do navio estivessem

concentrados nesse ponto.

Com os pesos a bordo igualmente distribuídos em relação ao plano longitudinal a

quantidade de pesos a BB é igual à quantidade dos pesos à BE. O centro de gravidade fica

sobre o plano longitudinal.

Figura 2.3 – Centro de Gravidade na Linha de Centro.

Se o navio está adernado devido a uma distribuição assimétrica dos pesos a bordo, é

óbvio que aquele ponto não está sobre o plano longitudinal. A distância KG, que vai do plano

de base moldada (K) ao centro de gravidade G, medida sobre o plano longitudinal, é a cota do

centro de gravidade. Esta cota é valor muito importante nos cálculos de estabilidade e é

determinada pelo teorema dos momentos de Varignon ―O Momento da Resultante é igual à

soma dos momentos das componentes‖.

nn332211 PKg...PKgPKgPKgΣPKG ,

sendo: n321 P,...,P ,P ,P , os diversos pesos; e

n321 Kg ,...,Kg ,Kg ,Kg , suas distâncias respectivas ao Plano de base moldada.

ΣP = Δ, então: KG × Δ é o momento da resultante, logo:

Δ

PKg...PKgPKgPKgKG nn332211

Se fizermos o numerador igual a ΣMV, ou seja, ao somatório dos momentos verticais,

teremos

Δ

Verticais M omentosKG

Exemplo:

55

DESCRIÇÃO DOS PESOS PESO (t) Kg (m) MOMENTOS VERTICAIS

Navio Leve Tanque n° 9 Tanque n° 11 Tanque n° 7 Tanque n° 8 Tanque n° 1 Coberta do porão n° 2

3.050 60 60 100 100 700 660

6,45 0,60 0,60 0,60 0,60 4,30 4,70

19.673 36 36 60 60

3.010 3.102

Temos então: Σ Pesos = 4.730 t Σ Mv = 25.977 t.m

5,49m4.730t

m25.977tKG

Fig. 2.3.1

2.7 EXPERIÊNCIA DE ESTABILIDADE — PROVA DE INCLINAÇÃO

Esta experiência se destina a determinar a posição do Centro de Gravidade do navio em

Deslocamento Leve, portanto, serve para determinar o KG do navio leve.

Esta prova experimental consiste em:

1. O navio deverá estar flutuando em águas tranquilas, de preferência dentro do dique, com a amarração solecada por ocasião das medições.

2.

Dispor de um peso móvel, que em navios médios e grandes se movimenta numa carreta sobre trilhos para ambos os bordos, e que proporcione um ângulo de banda de cerca de 1° para cada bordo em navios grandes, de 1,5° para navios médios e de 2° a 3° para pequenas embarcações.

3. Mede-se por meio de pêndulos de grande comprimento amortecidos numa cuba com óleo e que se deslocam sobre uma régua graduada, o valor das distâncias percorridas pelos pêndulos a partir da linha central.

Em navios grandes, um comprimento de até 10m, geralmente é viável. Usualmente são

colocados três pêndulos: um próximo à seção mestra, outro bem a vante e outro bem a ré,

sendo usada a média das três leituras.

56

Figura 2.4 – Demonstrativo da prova.

4. Determina-se o calado médio real, após as leituras dos calados AV e AR com as devidas correções e com este calado médio, obtém-se o valor de KM ( cota do metacentro ) , e do volume de carena no plano de curvas hidrostáticas do navio.

5.

Obtém-se a densidade da água no local em que o navio encontra-se flutuando, e determina-se o deslocamento correto, multiplicando-se o valor do volume de carena pelo valor da densidade.

6. Com a fórmula deduzida conforme veremos na figura adiante, FL

CF

Δ

dp

, obtém-se o

valor de GM, por ocasião da experiência de estabilidade;

7. Somente deverão ficar a bordo o pessoal indispensável à prova de Estabilidade;

8. Deverão ser computados todos os pesos em excesso a bordo, para as devidas correções necessárias;

9. Repete-se a experiência com diversos pesos (p) e distâncias (d);

10. Com os valores de GM e KM, obtidos durante a prova de estabilidade, é determinado um valor definitivo de KG, o qual deverá constar nos planos operacionais, caderno de estabilidade e demais dados técnicos do navio, bem como o valor do Deslocamento leve.

Δ

dpGG2

Triângulo FCL retângulo em F

θ cotgFLCF

θ cotgFL

CF

Triângulo MGG2 retângulo em G

θ cotgGGGM 2

θ cotgGG

GM

2

θ cotgGGGM 2 ou FL

CF

Δ

dpGM

57

Figura 2.5 – Experiência de Estabilidade.

2.7.1 Exemplo de Exercício sobre Prova de Inclinação

O navio ―ALDEBARAN‖ com deslocamento de 8.000 t, pontal de 14,00 m e boca de 32,00

m, em final de construção, irá realizar uma prova de inclinação. Sabe-se que:

Densidade da água no dique = 1,025 t / m³;

Peso de inclinação a ser embarcado = 70 t;

O peso tem a forma de um cubo de 2,00 m de aresta e será movimentado a partir do plano

diametral, até encostar na borda-falsa, no convés principal, com o navio adriçado;

Comprimento do prumo = 5,00 m;

Deflexão na régua de leitura = 20 cm;

KM = 5,84 m (considerar constante );

O tanque central nº 5 (Kg = 0,80 m) está lastrado completamente com 80 m³ de água doce

(densidade = 1,000 t / m³).

Determine:

A ) A Altura metacêntrica ( GM ) obtida pela prova;

B ) O deslocamento leve, para constar nos planos do navio e caderno de estabilidade;

C ) A cota do centro de gravidade ( KG ) do navio leve para também constar nos planos e

caderno de estabilidade.

Resolução

Distância transversal = 16,00 m – 1,00 m = 15,00 m

Kg = 14,00 m + 1,00 m = 15,00 m

GM = p.d / Δ + p . CF / FL = 70 . 15 . 5 / 8070 . 0,2 = 3,25 m

KG = KM – GM = 5,84 m – 3,25 m = 2,59 m

P t Kg m MV t.m

8070 2,59 20901,3

- 70 15,00 - 1050

- 80 0,80 - 64

Δ leve = 7920 t Σ MV = 14.787,3 t.m

KG leve = Σ MV / Δ leve = 14,787,3 t.m / 7920 t = 2,50 m

58

CAPÍTULO 3

MUDANÇA DE POSIÇÃO DOS

PONTOS NOTÁVEIS DA ESTABILIDADE

Neste capítulo veremos como a alteração de posição dos pontos notáveis da

estabilidade, estudados no capítulo anterior, alteram o estado de equilíbrio do nosso navio.

Faremos também um pequeno estudo de como o embarque, desembarque e remoção de

pesos a bordo alteram a posição do centro de gravidade.

M

G

B

59

3.1 CENTRO DE CARENA (B)

3.1.1 Definição

É o ponto de aplicação da resultante das forças de Empuxo.

É o centro geométrico e centro de gravidade do volume imerso.

3.1.2 Mudança de Posição

O centro de carena muda de posição em relação aos referenciais do navio, quando:

há no navio uma variação no volume de carena;

atua no navio uma força que provoque a modificação da forma da carena.

3.1.3 Determinação da Posição do Centro de Carena

No estudo de estabilidade transversal, o que nos importa é conhecer a posição do centro

de carena em relação à linha de base moldada (KB).

O valor de (KB) para qualquer deslocamento do navio, é fornecido pelo estaleiro, sendo

facilmente encontrado no plano de curvas hidrostáticas de qualquer navio.

O valor de (KB) para uma embarcação em forma de paralelepípedo é igual à metade do

calado.

O valor de (KB) pode ser obtido por intermédio da fórmula Empírica de Morrish.

γ

H2αH5

6

1KBou

A

2H5

6

1 KB m

m

f

m

sendo: = coeficiente de bloco = coeficiente da área de flutuação

3.2 CURVAS GERADAS POR (B)

A cada banda, B desloca-se para nova posição. As diferentes bandas geralmente,

conforme o formato da carena, ocasionam novas formas à carena, mesmo em flutuações

isocarenas. As curvas geradas por esse deslocamento de B têm formatos diferentes, conforme

as formas da carena, a saber:

a) numa esfera – a curva gerada é uma circunferência.

b) num cilindro – a curva gerada é igualmente uma circunferência.

c) num paralelepípedo – a curva gerada é aproximadamente uma elipse.

d) num navio comum – as carenas têm formas intermediárias entre um cilindro

e o paralelepípedo, B portanto descreverá aproximadamente elípticas, ou seja: elipsóides.

60

3.3 METACENTRO (M)

Da mesma forma que B e G, M é um ponto no espaço interior do navio.

Seu afastamento longitudinal em relação ao Aranha é negligenciado. Seu afastamento

transversal em relação ao plano diametral, com o navio adriçado é nulo.

Sua cota (KM) em relação à linha de base não é calculada diretamente.

Na prática a bordo o plano de curvas hidrostáticas e as escalas gráficas lineares

fornecem o valor de KM em função do calado médio.

CÁLCULO DE BM

Poucos são os planos de curvas hidrostáticas que trazem o valor do raio metacêntrico.

Em geral eles trazem o valor da cota do metacentro (KM) e o valor da cota do centro de carena

(KB), e teremos por subtração:

BM = KM – KB

BM também é calculado pela fórmula;

IT BM , onde IT é o momento de inércia transversal para um plano de flutuação

formado por curvas irregulares.

OBSERVAÇÃO :

Momento de inércia do plano de flutuação é a resistência que o referido plano oferece ao

movimento do eixo longitudinal.

A fórmula é pequena e fácil de memorizar, mas bastante trabalhosa para calcular; pois

tanto o IT como importam em cálculos trabalhosos.

Fórmulas empíricas:

IT = n · Lpp · B3 – Momento de inércia para um plano de flutuação formado por curvas

irregulares, onde (n) é um coeficiente geralmente menor que 0,1,

sendo:

= Cb · Lpp · B ·Hm , substituindo teremos:

m

2

m

2

bmb

3

H

Ba

H

B

C

n

BHLppC

BLppnBM

Onde (a) é um coeficiente empírico que varia de 0,08 a 0,1 sendo o valor usual para

navios marcantes 0,09.

Para uma embarcação de forma retangular, temos:

IBM , sendo

12

BLI

3 e = L·B·Hm

61

Substituindo: m

2

m

3

H12

B

HBL12

BLBM

3.4 LUGAR GEOMÉTRICO DO METACENTRO

―M‖, como sabemos, é o ponto de encontro de 2 raios de um arco infinitamente pequeno

contido na curva gerada pelas sucessivas mudanças do Centro de Carena e é o Centro de

curvatura da curva descrita pelo Centro de Carena..

I – vimos que numa esfera ou num cilindro o lugar geométrico do Centro de Carena é

uma circunferência;

portanto, qualquer que seja a posição de (B), os arcos e respectivos raios serão

iguais;

―M‖ está sempre no centro da esfera;

num cilindro está no seu baricentro, isto é, no centróide de sua seção transversal a

meio.

II – num flutuante, em forma de paralelepípedo o lugar geométrico do Centro de Carena

é uma elipse;

Numa elipse, cada pequeno arco corresponde a um pequeno arco de diferentes

circunferências com diferentes raios;

―M‖, em consequência, não será um ponto fixo;

para diferentes bandas, ―M‖ terá alteradas tanto sua Cota como seu afastamento

transversal em relação ao Plano Diametral.

Por esse motivo, a posição de ―M‖ sobre a (Linha de Centro) e com os valores indicados

pelo Plano de Curvas Hidrostáticas só é válida para pequenos ângulos de banda (Estabilidade

Estática Inicial). A IMO adota o valor de 12° como limite para a estabilidade inicial. Assim sendo

consideramos o Metacentro fixo na Linha de Centro até 12°. Na realidade este valor varia entre

5° e 15° nos navios mercantes. Este fato nos permite calcular a GM nesta faixa, sendo um

elemento de suma importância na estabilidade do navio pois mede a estabilidade inicial, que já

é uma referência quanto às condições de estabilidade do navio.

Figura 3.1 – Gráfico que mostra o lugar geométrico das diversas posições

do centro de carena e do Metacentro.

62

Aceitemos a figura mostrada como sendo uma elipse, lugar geométrico dos Centros de

Carena de um navio para diversas bandas; B e B1; B2 e B3; B4 e B5 são pares de Centros de

Carena para bandas muito próximas sendo (B) para 00º, B4 para 90º e B2 para uma banda

intermediária; os arcos BB1, B2B3; e B4B5 têm curvaturas sensivelmente diferentes,

correspondendo portanto a diferentes arcos de circunferências diferentes cujos centros seriam

respectivamente (M), (M1) e (M2). Estes satisfazem plenamente a definição de Metacentro e

seriam realmente os Metacentros desse navio em cada um dos 3 pares de bandas muito

próximos (arco infinitamente pequeno); nas bandas maiores, teriam variado não só a Cota do

Metacentro (KM) como a posição de (M), (M1) e (M2) em relação à Linha de Centro, da qual se

teria afastado.

Embora a figura exagerado propositalmente, em benefício de maior clareza, assim ocorre

em realidade com o Metacentro.

3.5 MUDANÇA DE POSIÇÃO DO CENTRO DE GRAVIDADE

Consideramos uma balança em equilíbrio, como exemplificado na figura 3.2. Se

acrescentarmos um peso ―p‖ numa extremidade ―A‖, a mesma se deslocará para baixo devido

ao momento exercido. Consideremos a força G atuando nesta balança verticalmente para

baixo. Antes do peso ser acrescido, esta força atuava diretamente sobre o bloco ―CD‖, e a

balança permaneceria em equilíbrio porque nenhum momento era exercido sobre a mesma.

Figura 3.2 – Variação da posição do G pela criação de um momento.

O centro de gravidade do corpo é o centro de todo peso acrescido à balança. G se move

para G1, em direção à extremidade ―A‖. A força da gravidade agora atuará verticalmente para

baixo em G1, produzindo um momento inclinador. Este momento será o produto do peso total

pela distância GG1.

Momento = P x GG1

Desde que a balança se encontrava em equilíbrio antes de ser acrescido o peso ―p‖, o

efeito de (P x GG1), deve-se inteiramente ao deslocamento do ―p‖ com referência a G. Assim

poderemos afirmar que ―g‖ é o centro de gravidade de peso ―p‖.

63

Momento = p x Gg

Desta forma teremos: P x GG1 = p x Gg

GG1 = p x d / P

Concluímos então:

a) O centro de gravidade de um corpo se moverá diretamente em direção ao centro de

gravidade do peso acrescido a ele.

b) O centro de gravidade se moverá segundo o momento produzido pelo deslocamento

do peso acrescido segundo o centro de gravidade do corpo, dividido pelo peso total do sistema.

Efeitos das remoções do peso sobre o centro de gravidade do navio:

Poderemos aplicar a fórmula anterior quando foram embarcados ou removidos pesos a

bordo.

Δ

d x pGG1

Quando acrescentamos peso ao navio, a fórmula passará a ser:

d x pGG1

Quando retiramos peso do navio, a fórmula passará a ser:

d x pGG1

A finalidade do presente tópico é a de determinamos a posição de CG do navio após

removermos a bordo uma determinada quantidade da carga.

Sempre que colocamos o centro de gravidade de um ou mais corpos coincidindo

exatamente com o centro de gravidade de um determinado SISTEMA o centro de gravidade do

sistema permanecerá na mesma posição.

Havendo coincidência nas posições do centro de gravidade do corpo e do centro de

gravidade do sistema, ao mudarmos a posição do corpo, constataremos que o centro de

gravidade do sistema deslocar-se-á na mesma direção e no mesmo sentido da trajetória do

centro de gravidade do corpo removido.

Não havendo coincidência nas posições dos centros de gravidade do corpo e do sistema,

ao mudarmos a posição do corpo, o centro de gravidade do sistema deslocar-se-á em direção

paralela à direção da trajetória do centro de gravidade da carga e com o mesmo sentido. A

distância percorrida pelo centro de gravidade pode ser obtida por intermédio da seguinte

propriedade:

―O produto do peso movimentado multiplicado pela distância percorrida por seu centro

de gravidade é igual ao produto do peso total do sistema multiplicado pela distância percorrida

por seu centro de gravidade.‖

Aplicando-se esta propriedade à navios, podemos escrever:

P x d = Δ x GG’

64

Sendo:

P = peso

d = distância percorrida pelo C.g., do peso

Δ = deslocamento do navio

GG’ = distância percorrida pelo C.G. do sistema:

Donde concluímos:

Δ

d x PGG'

Figura 3.3 – Tipos de Remoção.

65

3.6 EFEITOS DA REMOÇÃO

Figura 3.4 – Movimentação do Centro de Gravidade com as diversas remoções de um peso a bordo.

GG’ = Δ

dp

Onde: d = gg’ ou Kg – Kg’

GG’ = Δ

dp

Onde: d = gg’ ou Kg – Kg’

GG’ = Δ

dp

Onde: d = gg’ ou afBB + afBE

GG’ = Δ

dp onde d = Kg – Kg’

G’G” = Δ

d'p

Onde: d’ = afBB + afBE

66

3.7 EMBARQUE DE PESO

Figura 3.5 – Movimentação do Centro de Gravidade como o efeito de embarque de peso a bordo.

Para desembarque, o raciocínio é inverso ao do embarque.

Daí, concluímos que na remoção, o elemento ―d‖ é a distância entre o Centro de

Gravidade inicial e final do peso, no embarque ou desembarque, ―d‖ é a distância entre o

Centro de Gravidade do navio e o do peso

GG’ = pΔ

dp

Onde: d = Kg – KG

GG’ = pΔ

dp

Onde: d = KG – Kg

GG’ = pΔ

dp

; Onde: d = Kg – KG

G’G‖ = pΔ

d'p

; Onde: d’ = afBB

GG’ =pΔ

dp

; Onde: d = KG – Kg

G’G‖ = pΔ

d'p

; Onde: d’ = afBE

67

CAPÍTULO 4

ESTABILIDADE TRANSVERSAL / ESTÁTICA / INICIAL

Neste capítulo faremos um estudo um pouco mais aprofundado dos estados de equilíbrio

dos sólidos, aplicado no nosso navio. Analisaremos também, todos os ―braços‖ que um navio

com banda possa vir a ter e consequentemente discutiremos os momentos gerados por esses

―braços‖.

4.1 ESTADOS DE EQUILIBRIO DOS NAVIOS

Equilíbrio estável

Equilíbrio indiferente ou neutro

Equilíbrio instável.

Sabemos que existe um braço GZ do binário formado pelas forças (G) gravidade e (E)

empuxo que, agindo simultaneamente darão ao navio condições para voltar à sua posição

normal de equilíbrio.

Em função das posições dos centros de gravidade e de carena, poderemos ter valores

positivos, nulos e negativos para o braço de estabilidade, o que dará como resultado de acordo

com a posição dos pontos notáveis, o navio em um dos três estados de equilíbrio.

4.1.1 Equilíbrio Estável

O navio ao adernar volta à sua posição normal de equilíbrio

Isto ocorre quando: GM>0; GZ 0; MA>0 e KM > KG *

Em (A) o navio está adriçado, em (B) já adquiriu banda, formando-se o binário de

forças.

No binário resultante, verifica-se nitidamente que, enquanto o Empuxo força o lado em

banda para retornar à posição normal, para cima, a gravidade faz o outro bordo tender para

baixo.

68

(A) (B)

Figura 4.1 – Equilíbrio Estável.

GM positivo – equilíbrio estável

* - Veja capítulos 4.2 e 4.3

4.1.2 Equilíbrio Indiferente

O navio estará em equilíbrio seja qual for a sua posição

Isto ocorre quando GM=0; GZ = 0 e MA=0 e KG=KM

Mesmo com banda, não há binário de forças porque (B) deve estar na mesma vertical

que (M) e este tem a mesma cota que (G).

Empuxo e gravidade continuam atuando na mesma vertical, anulando-se e isto ocorrerá

com qualquer banda, na estabilidade inicial.

O navio estará em equilíbrio com esta banda, da mesma forma que estava quando

adriçado e assim estará com qualquer banda, não havendo tendência a retornar à posição de

adriçado. Diz-se, então que o navio está em equilíbrio indiferente ou neutro.

( C )

Figura 4.2 – Equilíbrio Indiferente.

4.1.3 Equilíbrio Instável

GM < 0 ; GZ < 0 ; MA < 0 e KG > KM

69

Ao adquirir banda, formou-se o binário de forças. Este binário tem efeito inverso ao

exercido no navio (B), sua tendência é fazer o navio adquirir maior banda. O navio irá se

inclinando para um dos bordos B’ na figura (D), irá caminhando para a direita conforme o navio

for adernado. Se a distância entre G e M, ou seja, a altura metacêntrica negativa for pequena,

B’ alcançará a vertical que passa através de G, e então, neste instante, se encontrará em

equilíbrio indiferente. Mas, se a GM negativa for bastante grande, B’ não poderá alcançar a

vertical que passa por G, e o navio continuará a adernar. Esta banda, que o navio adquire ao

assumir tal posição de equilíbrio, chama-se banda permanente por GM negativo.

(D)

Figura 4.3 – Equilíbrio Instável.

4.2 ANÁLISE DOS ESTADOS DE EQUILIBRIO

Das três condições de equilíbrio expostos deduz-se, de imediato, que as condições de

equilíbrio instável e indiferente são indesejáveis porque o navio, em ambas condições, perde

sua capacidade de adriçar-se após cada inclinação.

Resta como desejável a condição de equilíbrio estável, ou seja KM > KG, com uma GM

positiva.

Cabe ao oficial encarregado do carregamento o dever e a prerrogativa de providenciar a

distribuição de pesos a bordo de forma a proporcionar tal condição ao navio. Compete-lhe,

porém, fazê-lo de tal forma que a GM não seja exagerada.

Valores de GM normais na prática. (Regra de Mandelli)

Determinamos que MA = Δ . GZ; e pela figura 4.1 B: GZ = GM sen θ;

logo: MA = Δ · GM · senθ

Terminado o carregamento e suprimento do navio, o deslocamento não mais se alterará,

porém, analisando as fórmulas, verificamos que, para uma mesma banda, maior será o MA

quanto maior for o valor de GM. Maior (MA) significa maior velocidade de retorno a posição de

Navios de passageiros GM = 4 a 5% da Boca Navios de carga geral GM = 5 a 7% da Boca Navios petroleiros e graneleiros GM = 8 a 9% da Boca Rebocadores GM = 10 a 12% da Boca

70

adriçado, isto é, balanços mais rápidos.

Uma GM exageradamente grande poderá causar balanços violentos, com consequências

indesejáveis, das quais destacamos:

1) desconforto para tripulantes e passageiros;

2) dificuldades e até impossibilidade de confecção da alimentação;

3) prejuízos para a estrutura do navio;

4) riscos de danos à máquinas e, principalmente, nos equipamentos de precisão;

5) avarias à carga ou sua embalagem, motivada por peação partida ou compressão entre

os volumes estivados;

6) mau governo e perda de velocidade.

Hoje, está se tornando comum aparecerem indicados nos cadernos de estabilidade,

valores de GM selecionados para os respectivos carregamentos que o navio possa apresentar.

Ao final da construção do navio, o Estaleiro construtor fornece ao navio um folheto,

denominado Caderno de Estabilidade onde são dados os valores ideais de: GM e KG, assim

como a respectiva curva de estabilidade estática para as diversas condições de carregamento

em que o navio possa se encontrar. Este caderno de Estabilidade será motivo de estudo

oportunamente. A IMO estabelece o valor mínimo de 0,15m para a GM de todos os navios,

com exceção dos graneleiros com carga de grãos cujo valor mínimo da GM é de 0,30m. Alguns

países têm critérios de GM com relação a navios especiais. Na Alemanha e em mais alguns

países do norte europeu a GM mínima para ―full-containers ― é de 0,40m.

4.3 BRAÇOS DE ESTABILIDADE (ADRIÇAMENTO, EMBORCAMENTO E

BANDA)

Foi dito anteriormente que, quando o navio aderna, B movimenta-se para o bordo em que

o navio adernou. Continuam atuando as duas forças: gravidade, aplicada em G, de cima para

baixo e de empuxo aplicada em B’ (nova posição do centro de carena) atuando de baixo para

cima. Fica formado um binário, cujo braço de alavanca, ou seja, a menor distância entre as

duas forças, é GZ. A esse braço de alavanca dá-se o nome particular de ―braço de

estabilidade‖.

Dizemos então que GZ é o braço de estabilidade.

Plotemos num sistema de eixos retangulares, no eixo horizontal os ângulos de banda

temporária, e no vertical os valores de GZ. Obtém-se uma curva denominada ―curva de braços

de estabilidade‖ ou diagrama de estabilidade.

Figura 4.4 – Braço de adriçamento e de emborcamento

71

Braço de estabilidade é o nome geral de GZ; quer seja positivo ou negativo, qualquer que

seja seu valor, e quer ele seja o braço do binário que levará o navio à posição inicial de

adriçado, a posição de banda permanente ou a emborcar.

Nota-se que, na figura a seguir, os braços acima do eixo dos X são positivos, e os abaixo

são negativos, mas todos eles são braços de estabilidade. Portanto, braço de estabilidade é a

denominação geral de GZ, qualquer que seja o sentido, o valor, ou seja sua conseqüência.

Figura 4.5 – Gráfico que indica os braços de estabilidade segundo sua área.

Suponhamos G na linha de centro e abaixo de M, ou seja, altura metacêntrica inicial

positiva, que é o caso mais comum (figura 4.6A).

O navio, devido a um motivo qualquer, aderna para BE, B sai de sua posição na mesma

vertical de G e vai para o bordo da banda; está criado um binário restaurador, e temos GZ

positivo. Continuando a adernar, os valores de GZ vão crescendo até chegar a um ponto

máximo, a partir do qual vão diminuindo até tornar-se igual a zero, onde alcança o limite de

estabilidade. A partir daí os valores de GZ são medidos para o lado oposto da banda, portanto

negativos e tendem a fazer o navio emborcar.

( A ) ( B ) ( C )

Figura 4.6 – Braço de adriçamento e de emborcamento.

A figura 4.7 a seguir mostra o diagrama de estabilidade para o caso mencionado. Em ―a‖,

o navio está adriçado; e ―b‖ ele está adernado, e GZ tem seu máximo valor positivo; em ―c‖

continua adernado com GZ novamente igual a zero. A partir daí, os valores de GZ são

negativos e tendem a fazer o navio emborcar.

72

Figura 4.7 – Amostra de um diagrama de estabilidade.

Verifica-se que GZ, medido a partir de G em direção a Z, é positivo quando no mesmo

sentido da banda; é negativo quando em sentido contrário à banda. Isso pode ser verificado

nas figuras B e C já mostradas.

Temos, então, as definições:

BRAÇOS DE ADRIÇAMENTO , ENDIREITAMENTO OU DE RESTABELECIMENTO – é o

braço de estabilidade positivo.

BRAÇO DE EMBORCAMENTO – é o braço de estabilidade negativo que surge após o

limite de estabilidade, tendendo a emborcar o navio.

Na última figura mostrada, o ponto ―c‖, onde a curva corta o eixo dos x, e os braços de

estabilidade passam de positivo a negativo chama-se limite de estabilidade.

OBSERVAÇÃO :

No caso de GM negativa, os primeiros braços são de emborcamento, que não ocorrendo

e levarem o navio a posição de banda permanente com GM = 0, serão então, braços de banda.

Suponhamos, agora, um navio em que, devido a má distribuição de pesos, o centro de

gravidade G ficou para BE da linha de centro (figura A a seguir). Este navio ficará adernado de

uma banda permanente, numa posição tal que G e B fiquem na mesma vertical. Essa banda

permanentemente será para o mesmo bordo em que está o centro de gravidade.

Se, sob ação de forças externas o navio aderna mais ainda para BE, B deixa sua posição

na vertical que passa por G, indo para B’, criando-se, assim, um binário restaurador que irá

levá-lo à posição inicial de banda permanente. Neste caso, GZ tem o nome de braço de

endireitamento. (fig.b a seguir).

Se, porém, sob a ação de força externas o navio vai da posição de banda permanente

para BB, ficando com uma inclinação transversal entre 0º e a banda permanente, o GZ é

negativo. Nesta hipótese, o braço de estabilidade GZ toma o nome de braço de banda.

BRAÇO DE BANDA – é o braço de estabilidade negativo que tende a adernar o navio

sem emborcá-lo, levando-a uma posição de banda permanente.

73

’ ’

a) b) c)

d)

Figura 4.8 a/b/c/d – Diagrama de estabilidade.

O diagrama de estabilidade para a hipótese de G fora da linha de centro é mostrado na

figura d, onde são indicados os braços de adriçamento, braços de banda e braços de

emborcamento.

Suponhamos um navio adernado de um ângulo menor que 12º (Fig. 4.8 E). O G permanece

fixo na linha de centro, mas o B vai ocupar a nova posição B’.

Como visto, as forças do peso e do empuxo não mais atuam na mesma vertical, e

formam um conjugado que tende a trazer o navio à sua posição inicial de adriçado. Já vimos

que GZ é o braço de estabilidade. Considerando a figura E, temos que:

GZ= GM × senonde:

GZ = braço de estabilidade

GM = altura metacêntrica transversal inicial

θ = ângulo de banda temporária Ao momento do binário Δ . GZ, dá-se o nome de ―momento de estabilidade‖.

74

Figura 4.8 E

4.4 MOMENTO DE ESTABILIDADE

É o momento criado quando, ao afastar-se a embarcação de sua posição de equilíbrio, as

forças de empuxo e deslocamento deixam de ser diretamente opostas e passam a formar um

binário (binário de estabilidade), cujo braço é o braço de estabilidade. O momento de

estabilidade tem por medida o produto do braço de estabilidade (GZ) pelo deslocamento (Δ).

Conforme a denominação especial do braço de estabilidade (GZ), temos:

MOMENTO DE ADRIÇAMENTO – é o momento de estabilidade que tende a trazer a

embarcação à posição de adriçada. Neste caso, GZ é positivo, é braço de adriçamento.

MOMENTO DE EMBORCAMEN TO – é o momento de estabilidade que tende a adernar a

embarcação até o emborcamento. Neste caso, GZ é braço de emborcamento (negativo)

MOMENTO DE BANDA – é o momento que tende a levar a embarcação à sua posição de

equilíbrio adernada, ou seja, banda permanente. Neste caso, GZ é braço de banda (negativo).

Então, temos para o momento de estabilidade: ME = Δ · GZ que é a real medida da

estabilidade do navio.

Se a inclinação estiver dentro da faixa de estabilidade inicial, podemos escrever a fórmula

do momento de estabilidade inicial:

ME = Δ · GM · sen θ

Como GM é diretamente proporcional ao ME, podemos medir a estabilidade inicial pela

GM.

O MOMENTO DE ESTABILIDADE é a medida da capacidade do navio voltar à sua

posição inicial de equilíbrio, cessada a força que dela o retirou.

4.5 ESTABILIDADE DE FORMAS E ESTABILIDADE DE PESOS

Pela figura 4.8 ―F‖, temos: GM = BM – BG. Como GZ = GM · sen θ;

teremos: GZ = (BM – BG) · sen θ

75

GZ = BM · sen θ – BG · sen θ

O termo BM · sen θ indica a estabilidade de formas, pois o raio metacêntrico BM depende

das formas do navio.

O termo BG · sen θ indica a estabilidade de pesos, pois depende a posição do centro de

gravidade do sistema de pesos a bordo, inclusive do seu próprio peso.

O valor do momento de adriçamento em função da Estabilidade de formas e de pesos

será determinado pela fórmula:

MA = Δ · BM · sen θ - Δ · BG · sen θ

Existem navios que, por construção, possuem pouca estabilidade de formas, o que

deverá ser compensado pela distribuição dos pesos que, neste caso, deverão ser colocados o

mais próximo possível do plano de base moldada, diminuindo o valor de BG.

Figura 4.8 F –

76

CAPÍTULO 5

SUPERFÍCIE LIVRE

Neste capítulo faremos um estudo sobre um dos efeitos mais importante a ser levado em

consideração na hora de efetuarmos o carregamento do nosso navio, a superfície livre, que

uma vez que, quando com grande intensidade, é capaz de diminuir o braço de adriçamento do

navio, induzindo o mesmo à um estado de pouca estabilidade, com importantes consequências

à segurança.

5.1 NOÇÃO DE MOMENTO DE INÉRCIA

Ao adquirir banda, um navio que transporte carga sólida, não sofrerá alterações no seu

Centro de Gravidade.

O mesmo acontecerá se transportar carga líquida, desde que os tanques estejam

completamente cheios, isto porque não tendo o líquido para onde se expandir, comportar-se-á

como um sólido.

Transportar cargas líquidas em tanques incompletos importa em deixar espaços para a

expansão do líquido.

A carga transportada tem superfície livre e seus efeitos na estabilidade do navio serão a

seguir analisados.

77

5.2 NOÇÃO DE MOMENTO DE INÉRCIA EM RELAÇÃO A UM EIXO

Suponhamos um plano, dividido em infinitos quadrados, e calculamos a área de cada um

desses quadrados. O momento necessário para se criar uma rotação será expresso por:

Momento = área de cada quadrado (cm2) x quadrado da distância da área em relação a

um eixo (cm2).

A soma destes infinitos momentos recebe o nome de MOMENTO DE INÉRCIA EM

RELAÇÃO A UM EIXO.

Unidade do Momento de Inércia: como vimos, o momento de Inércia é o produto da área

pelo quadrado da distância. Logo, multiplicamos cm2 por cm2 e a unidade será expressa em

cm4. Não se prende sempre a unidade em cm4. Ela pode variar para m4, que é mais comum

nos navios, com valores expressos nas Tabelas de Superfície Livre e de Sondagem dos

Tanques.

5.3 EFEITO DA SUPERFÍCIE LIVRE

Vemos, na figura 5.1 a seguir, um navio adriçado com um tanque de duplo-fundo

contendo óleo apenas até a metade de sua altura, e o Centro de Gravidade do líquido é g.

Se houver um balanço, o Centro de Gravidade do Navio, G deslocar-se-á paralelamente

e no mesmo sentido da mudança do centro de gravidade do líquido no tanque, passando para

G’. Assim, a Gravidade passará a atuar segundo a vertical que passa por G’ e não mais pela

que passa por G

78

CL CL

G

B

g

K

S.L.

g

g

B B’

G

G’ Z’

Z

M

P P

E

K

L’

L

F’

F

L F

Gv

Figura 5.1 – Navio adriçado com tanque de duplo-fundo.

O Braço de Adriçamento que seria (GZ) caso o CG do navio não se tivesse deslocado,

será agora (G’Z’), sensivelmente menor.

Também menor será o Momento de Adriçamento (MA)

MA = Δ·GZ Sem superfície livre

MA = Δ·G’Z’ Com superfície livre

Sendo a Gravidade e o Empuxo forças paralelas, são equidistantes em toda extensão da

figura já vista.

Assim, G’Z’=GvZv (Gv ponto de corte de prolongamento da Gravidade com a Linha de

Centro.

Gv é chamado C.G. Virtual do navio com Superfície Livre

É válido, portanto, expressar.

MA = Δ · GvZv

MA = Δ · GvM · sen

Seria MA = Δ · GM · sen ; se não houvesse superfície livre. GvM é nitidamente menor do que GM.

O efeito da Superfície Livre equivale, portanto, a uma Elevação Virtual de G e redução de

GM e conseqüentemente redução da Estabilidade do navio.

5.4 FÓRMULA PARA O CÁLCULO DA ELEVAÇÃO VIRTUAL DO CENTRO DE

GRAVIDADE

GGv = ( l .b³ / 12 V ) . ( δ1 / δ2 )

79

onde:

l – comprimento do tanque

b – largura do tanque

12 – Coeficiente

– Volume de Carena

– densidade do líquido no tanque – densidade da água em que o navio flutua

Sabendo que δΔ e que o fator 12

bl 3é o momento de inércia (i) que podemos definir

como o momento em que, em vez de ser tomar o braço de alavanca (distância), toma-se o seu

quadrado. Assim, as distâncias ao eixo considerado são elevadas ao quadrado. Momento de

Inércia é a soma dos produtos formados pela multiplicação das massas (áreas, volumes, etc...)

de cada elemento de uma figura pelo quadrado da distância e uma linha específica. É também

conhecido como Segundo Momento. Existem momentos de inércia de pesos, volumes,

massas, etc.

Para nosso estudo, no que diz respeito à Estabilidade do navio, o que mais importa, sem

dúvida, é o Momento de Inércia do plano de flutuação com relação aos eixos transversal, de

meio-navio e diametral.

Vamos, então, substituir na fórmula o fator 12

bl 3 por i, isto porque os Cadernos de

Estabilidade dos navios já trazem os valores destes Momentos de Inércia (i) calculados para os

diversos tanques. A fórmula então fica:

Δ

δiGGv 1

Os planos de alguns navios dão o valor de i · como uma constante para cada tanque,

pois consideram i em seu valor máximo para o citado tanque (consideram a seção horizontal

que produza o maior valor de i) e como cada tanque tem uma finalidade (água doce, lastro,

óleo combustível, etc.) aplicam densidade padrão. O caderno de Estabilidade do navio SD-14

dá o valor de ―i‖ máximo e o produto de ―i‖ pelas densidades específicas. Temos então que

dividir pelo deslocamento do navio. O fator i . δ1 é chamado Momento de Superfície Livre (

t.m).

O caderno de Estabilidade de um graneleiro tipo Docepolo, dá tanto o valor de ―i‖ como a

correção para a superfície livre em função do deslocamento para cada compartimento em que

haja superfície livre. Há que multiplicar o valor encontrado pela densidade do produto contido

no tanque.

80

81

Então, sendo i1, i2, i3, ..., in, os momentos de inércia transversais de diversos compartimentos

com superfície livre e 1, 2, 3, ..., n, as densidades dos líquidos armazenados nos respectivos

compartimentos, a elevação virtual do centro de gravidade será:

Δ

δi...

Δ

δi

Δ

δi

Δ

δiGGv nn332211

Calculada a elevação virtual do Centro de Gravidade, GGv, temos:

82

GMc = GM - GGv

KGc = KG + GGv

GMc = KM – KGc onde:

GMc – altura metacêntrica inicial corrigida do efeito de superfície livre

KGc – cota do centro de gravidade considerando o efeito de superfície livre.

KG – cota do centro de gravidade sem considerar o efeito de superfície livre (KG sólido)

KM – cota do metacentro transversal

GGv – elevação virtual do centro de gravidade devido à superfície livre.

5.5 COMO ATENUAR O EFEITO DE SUPERFÍCIE LIVRE

Para se atenuar o efeito de superfície livre, devemos dividir o tanque por anteparas

longitudinais.

Como é sabido, o momento de inércia de um tanque em relação ao plano é expresso

pela fórmula.

12

bli

3

Se b é a boca do tanque e queremos dividi-lo em n partes, teremos:

3

3

3

1n12

bl

12

n

bl

i

O momento de inércia total será, então, o somatório dos momentos de inércia de cada

uma das partes do tanque dividido em n partes. Como são n partes iguais, bastará multiplicar o

momento de inércia de cada parte por n.

ou seja,

Com a divisão do tanque, a elevação virtual do centro de gravidade será:

, logo . e ,

Onde:

GGv’ – elevação virtual do centro de gravidade do navio devido à superfície livre

causada por um tanque dividido por anteparas longitudinais em ―n‖ partes iguais.

GGv – elevação virtual do centro de gravidade do navio depende à superfície livre num

tanque sem divisões.

n – no de partes em que o tanque foi dividido.

2

3

t3

3

1tn12

bl i n .

n12

blnii

2t

n

ii

83

CAPÍTULO 6

BANDA PERMANENTE

Nesta parte, faremos um estudo mais aprofundado dos estados de banda permanente do

navio, já anteriormente discutidos. Estudaremos as principais causas da banda permanente,

bem como, evitá-las, e corrigi-las adequadamente.

84

6.1 BANDA PERMANENTE DEVIDO À DESCENTRALIZAÇÃO DE PESOS

A remoção transversal, o embarque ou desembarque de pesos provocam uma banda

permanente que pode ser calculada pela relação indicada, conforme demonstrado na figura

abaixo.

Figura 6.1 – Remoção Transversal de Peso.

GM

GGtgθ 2 onde

Δ

dpGG2

teremos pois; GMΔ

dptgθ

Também poderemos tirar a relação: 2GG

GMcotgθ

A distribuição transversal de pesos pode causa banda permanente e, até mesmo, levar

o navio a emborcar, quando a resultante de todos os pesos a bordo (inclusive o próprio peso

do navio) for aplicada num ponto que esteja localizado fora da linha de centro do navio, ou

seja, fora do plano longitudinal (diametral).

Quando o somatório dos pesos a BB não é igual ao somatório dos pesos à BE da linha

central, haverá uma banda permanente.

6.2 BANDA PERMANENTE DEVIDO A GM = 0

Quando o navio tem altura metacêntrica igual a zero, ele está em equilíbrio indiferente.

Teoricamente ele ficará com qualquer inclinação numa faixa que vai de 0o até o ponto em que o

metacentro começa a subir, criando uma GM positiva e, portanto, um braço de adriçamento.

Na figura 6.2a seguir, temos o navio adriçado e B e G na mesma vertical que M. O navio

aderna, e a figura 6.2b mostra que B’ continua na mesma vertical que G’, não criando braços

de adriçamento. Adernando ainda mais, (figura 6.2c), o centro de carena andando para o lado

da banda o bastante para que sua vertical não passe mais por G, cria braços adriçantes.

85

’ ’

a) b) c)

Figura 6.2 – Navio com altura metacêntrica inicial igual a zero.

Em (a) GM = 0; em (b) GM = 0, adernado ainda mais e em (c) M sobe e cria uma GM positiva.

Na prática, observa-se que o navio com GM inicial igual a zero, fica adernado no ponto

em que o metacentro inicia sua ascensão, e qualquer tentativa para tirá-lo dessa posição

movendo cargas horizontalmente no plano transversal, para o bordo oposto ao da banda, fará

com que o navio se volte violentamente para esse bordo, ficando novamente adernado com

banda permanente maior que a original, e talvez até emborcando.

Para conseguir que o navio adquira altura metacêntrica positiva, o que se deve fazer é

mover o centro de gravidade do navio para baixo, iniciando com a eliminação das superfícies

livres que por caso existirem.

A curva de braços de adriçamento para um navio com GM inicial igual a zero tem o

aspecto mostrado na figura a seguir, e é igual para ambos os bordos. O ângulo limite da

estabilidade indiferente com que o navio fica, permanentemente, é chamado de ―ângulo de

indiferença‖.

Figura 6.3 – Curva de braços de adriçamento de navio com GM inicial igual a zero.

Acima dissemos que, movendo um peso horizontalmente no plano transversal com o fim

de eliminar banda devido a GM = 0, o que conseguimos é uma banda maior no bordo oposto

ao da banda inicial, ou seja, o bordo para qual movemos o peso. Vejamos de quanto será esta

banda.

Na figura 6.4, o navio tem altura metacêntrica inicial igual a zero. Quando um peso P é

movido horizontalmente no plano transversal de uma distância d, o centro de gravidade do

86

navio vai de G para G’, sendo que a direção GG’ é paralela à direção do movimento do centro

de gravidade do peso.

Figura 6.4 – Dedução da fórmula do ângulo de banda devido

a movimentação transversal de peso em navio com GM inicial igual a zero.

A componente horizontal da mudança do centro de gravidade é GZ (GZ neste caso

especial não é braço de adriçamento) e a componente horizontal do movimento do centro de

gravidade do peso é ―a‖. Mas:

a = d x cos

e portanto p × d × cos Δ× GZ

o comprimento de GZ, embora neste caso não seja um braço de adriçamento, pode ser

determinado por meio da fórmula dos costados perpendiculares:

senθθtg2

BMGMGZ 2

donde:

θtg

2

BMGMsenθΔcosθdp 2

e para GM = 0 θtg2

BMsenθΔcosθdp 2

θtg2

BM

cosθ

senθ

Δ

dp 2

θtgBMΔ

dp2 3

3

BMΔ

dp2tgθ

Nesta fórmula:

p – peso

d – distância

87

BM – raio metacêntrico

– ângulos de banda permanente devido a movimentação transversal de peso

para navio com altura metacêntrica inicial igual a zero.

Δ – deslocamento

6.3 BANDA PERMANENTE DEVIDO A ALTURA METACÊNTRICA INICIAL

NEGATIVA

a) b) c)

Figura 6.5 – Navio com altura metacêntrica inicial negativa.

Num navio com altura metacêntrica inicial negativa, temos que:

GM = KM – KG

KG > KM

Na figura 6.5 a) mostrada, vemos que com a inclinação do navio o centro de carena

move-se para o lado mais baixo. Se o centro de carena se mover para uma posição além da

vertical que passa por G, o momento adernador desaparecerá. O ângulo de inclinação em que

isso ocorre também é chamado de ―ângulo de indiferença‖. No ângulo de indiferença o GZ é

igual a zero (figura b). Se o navio aderna além do ângulo de indiferença, o centro de carena vai

além da vertical que passa por G, sempre em direção ao bordo da banda, e haverá momentos

de adriçamento (figura c). O navio vai oscilar em torno do ângulo de indiferença em vez de o

fazer em torno da vertical. E se o centro de carena não se mover o bastante para ficar na

mesma vertical e abaixo de G, o navio emborcará.

Se a banda permanente devido à altura metacêntrica inicial negativa é conhecida,

podemos, com o auxílio do plano de curvas cruzadas, determinar o KG do navio. Suponhamos

que a fórmula do plano é:

GZ = KN – KG sen

No ângulo de indiferença o GZ é igual a zero, logo:

0 = KN – KG sen

KN = KG sen

O valor de KN é obtido no plano de curvas cruzadas para o ângulo de indiferença.

Se o plano de curvas cruzadas usar a fórmula

GZ = PN – (KG – KP)·sen

88

teremos:

senθ

KPsenθPNKG

KGsenθKPsenθPN

KPsenθKGsenθPN

KP)senθ(KGPN

KP)senθ(KGPN0

PN é o valor obtido no plano, KP é a constante do plano e é o ângulo de indiferença.

A curva de braço de estabilidade, traçada para ambos os bordos, de acordo com a

convenção adotada neste trabalho, tem o aspecto curva mostrado na figura abaixo.

Figura 6.6 – Curva de braços de estabilidade para navio com GM inicial negativa.

Em destaque a estabilidade negativa.

A altura metacêntrica negativa pode ser plotada no gráfico da mesma maneira que a

positiva. A tangente se confunde com o primeiro ramo da curva, como no caso de GM positiva.

Para se conseguir equilíbrio estável, teremos que baixar pesos de modo que seja

produzido um movimento vertical para baixo do centro de gravidade do navio, maior em valor

absoluto, que a altura metacêntrica negativa. (GG’ = p.d / Δ ). A tentativa de adriçar o navio

movendo pesos horizontalmente no plano transversal fará com que o navio vá violentamente

para o bordo o qual se moveu o peso, aumentando ainda mais a banda, e os braços de

adriçamento para o lado onde se moveu o peso serão menores que os anteriores. A

estabilidade do lado de onde se moveu o peso será aumentada, em prejuízo da estabilidade do

bordo para onde se moveu o peso, que será diminuída. A situação piorará muito se nesse

tentativa forem movidos pesos líquidos (óleo combustível, água, etc.) criando superfície livre

não existente anteriormente.

Vamos deduzir a fórmula que nos dá o ângulo de indiferença para navio com GM

negativa, Temos a fórmula dos costados perpendiculares.

senθθtg2

BMGMGZ 2

e sabemos que no ponto de indiferença GZ é zero senθθtg2

BMGM0 2

89

Para que um produto seja igual a zero é necessário que pelo menos um dos fatores seja

igual a zero. Mas sen θ não pode ser igual a zero, pois sabemos que o ângulo de indiferença é

diferente de zero. Logo será:

GM + BM/2 tg² θ = 0,

donde GMθtg2

BM 2

BM

GM2tgθ

2GMθtgBM 2

mas o ângulo de indiferença tem como causa uma GM negativa, logo

t BM

GM)(2gθ

então:

t BM

2GMgθ

Nessa fórmula

= ângulo de indiferença

GM = altura metacêntrica inicial negativa (valor absoluto)

BM = altura metacêntrica quando adriçado

Esta fórmula também nos permitirá encontrar o valor absoluto da GM negativa e teremos:

GM = tg² θ . BM / 2

que irá possibilitar acharmos o valor de GG’ para tornar a GM positiva.

6.4 CORREÇÃO DA BANDA PERMANENTE

Havendo banda, é mister corrigi-la não deve porém o Oficial encarregado fazê-lo sem ter

certeza sobre suas causas. Para isso, dispõe de todos os dados sobre a Estabilidade do navio:

Deslocamento (Δ) e portanto: Hmed, KM, KB

Distribuição de todos os pesos a bordo e portanto: KG, MV e MH

Agir sem analisar as causas da banda pode conduzir a providência que termine por

agravar a situação, podendo inclusive ocasionar riscos à segurança do navio.

Duas são as causas prováveis da banda:

I – má distribuição transversal dos pesos a bordo;

II – GM negativa.

90

6.5 PROCESSOS DE CORREÇÃO DA BANDA

I – Má distr ibuição transversal dos pesos a bordo

Carga mais pesada em um bordo do que em outro ou mais combustível (peso) nos

tanques de um bordo do que no outro.

Temos as fórmulas :

GM

GG'tgθ logo,

GMΔ

dptgθ

nela conhecemos: Δ, , GM

resta-nos como incógnitas: p x d = MH (Momento horizontal ou transversal)

logo, p x d = MH = Δ x GM x tg

conhecido o MH, resta apenas optar entre duas providências:

a) aliviar o bordo em banda de um Momento igual ao valor achando;

b) criar um Momento igual no bordo oposto.

I I – GM negativa

Causa: má distribuição vertical dos pesos a bordo (KG > KM)

São quatro as soluções possíveis:

a) aliviar pesos situados acima de ―G‖;

b) remover para baixo os pesos situados acima de ―G‖;

c) adicionar pesos abaixo de ―G‖; e

d) corrigir superfícies livre porventura existentes.

a) ALIVIAR PESOS ACIMA DE ―G‖

Importa em descarregá-lo, o que é improvável acontecer; importa, também, em reduzir

seus ―Kg‖ como por exemplo: descendo para seus descansos os paus de carga e guindastes

que estejam içados.

b) REMOVER PARA BAIXO OS PESOS SITUADOS ACIMA DE ―G‖

Importa em remover carga (por exemplo: do convés para o cobro do porão); isto nem

sempre é possível e só excepcionalmente será admissível, pelas despesas que causará.

Pode importar também, em remover líquidos (água e óleo) de tanques elevados para

tanques de duplo-fundo. Muito raramente surgirá uma tal oportunidade, visto que,

normalmente, a quase totalidade dos tanques de consumo situa-se no duplo-fundo. Elevados

somente alguns tanques de lastro e os tanques de carga.

Esta providência, quando possível, é muito boa, por ser rápida, econômica e ser feita

com os recursos de bordo.

c) ADICIONAR PESOS ABAIXO DE ―G‖

Estando o navio no porto, esta é uma providência viável e recomendável, seja estivando

a carga por embarcar nos espaços mais baixos, seja recebendo suprimento de óleo

combustível nos tanques de Duplo-Fundo.

91

Em viagem, estas providências não serão possíveis, restará o recurso de Lastrar com

água salgada os tanques vazios de Duplo-Fundo.

Mas esta providência deve ser feita com cautela:

1º ) Completar todos os tanques incompletos, eliminando Superfícies Livres;

2º ) Efetuar as providências possíveis previstas em (a), (b) e (c);

Iniciar o lastreamento, enchendo um tanque de cada vez.

3º )

Como sabemos, a perda de GM por Superfície Livre é o somatório das

Superfícies Livres de todos os tanques e lastrando um tanque de cada

vez, limitaremos a Superfície Livre a esse tanque;

4º ) Selecionar os tanques vazios que devem ser lastrados em 1º lugar.

Que critério adotar nesta situação?

Inicialmente, lembremo-nos que um tanque não se enche instantaneamente; entre o

início e o término da operação, haverá, portanto, um intervalo de tempo durante o qual o líquido

admitido terá Superfície Livre;

Consequência: agravamento de GM negativa durante este tempo.

Deve-se, por isso, começar pelos tanques menores

Consideremos, agora, que o tanque pelo qual iniciaremos o lastreamento é dividido

longitudinalmente em 2 (um em cada bordo).

Se iniciarmos pelo bordo oposto à banda, haverá 3 efeitos:

I – no começo: a quantidade de líquidos admitida ainda é insuficiente para causar

qualquer efeito de banda;

II – em meio à operação: haverá um momento em que a quantidade de líquido admitido

comece a suavizar a banda – mas simultaneamente o líquido se deslocará por

haver Superfície Livre, apressando o efeito.

III – na fase final: próxima a adriçar-se o navio, o líquido admitido já terá pesos

significativo, gerando um Momento Horizontal que causará banda para o bordo

oposto à banda que tentávamos corrigir;

Consequência: ocorrerá um violento ―Tombo‖ do navio para o bordo contrário à banda,

ficando em banda maior ainda para este bordo e com risco inclusive de emborcar, dada a

violência do Tombo.

ATENÇÃO!!!

INICIAR O LASTREAMENTO PELO BORDO OPOSTO À BANDA É ERRADO E

PERIGOSO.

Se, no entanto, iniciarmos a operação lastreando o tanque de mesmo bordo que o da

banda, ocorrerá:

92

S.L.S.L.

A C

S.L. S.L.

B D

BORDO OPOSTO

MESMO BORDO

EFEITO

EFEITO

VAZIO

VAZIO

VAZIOVAZIO

A) a banda aumentará devido ao peso admitido.

B) mas simultaneamente ―GM‖ aumentará (mais peso com pequeno Kg).

C) haverá superfície livre com perda de ―GM‖.

Porém, como os tanques de duplo-fundo têm pouca altura, rapidamente o líquido atingirá

a altura máxima do tanque no lado correspondente ao bordo ou banda; chama-se a isto

―Embolsamento‖ – a partir desse momento, não só reduz a Superfície Livre (S. L.) como o

Centro de Gravidade (C.G.) do líquido passa a deslocar-se no sentido da Linha de Centro.

Nesse instante, a banda terá adquirido seu valor máximo e, a partir de então, começará a

suavizar, sem o risco de Tombo para o outro bordo.

Terminado o enchimento do bordo em banda, ainda haverá banda, já agora causada por

Momento Horizontal (M.H.) devido ao peso de líquido admitido nesse bordo.

– o enchimento de tanque do outro bordo far-se-á então sem qualquer risco de Tombo

porque só depois de completado seu enchimento criará este tanque um M.H. igual ao causador

da banda existente.

As figuras A e B mostram o Embolsamento e a Superfície Livre criada num tanque; na 1ª,

em tanque do bordo oposto à banda; na 2ª, no bordo da banda; as figuras C e D mostram

respectivamente os efeitos da continuação do enchimento do tanque do bordo oposto ã banda

e os do enchimento da banda após o enchimento do tanque do bordo em banda.

93

RESUMO

Cautelas na correção da banda: devido à GM negativa

1) completar todos os tanques incompletos para eliminar Superfície Livre;

2) efetuar as providências possíveis previstas em (a), (b) e (c);

3) encher um tanque de cada vez, para evitar muitas Superfícies Livres;

4) iniciar preferencialmente o lastreamento pelos tanques menores;

5) quanto a localização de tanque inicial:

a) preferir tanques centrais caso os haja disponíveis

b) optar por tanques do bordo em banda caso não disponha de centrais;

c) NUNCA iniciar a operação enchendo tanque de bordo oposto à banda.

94

CAPÍTULO 7

CURVAS DE ESTABILIDADE

Este capítulo tratará de um assunto de suma importância, uma vez que o que vamos

estudar é a representação gráfica das condições de estabilidade do navio. Aprenderemos

também a fazer as devidas correções de curvas já construídas devido a movimentações de

carga.

7.1 DETERMINAÇÀO DO BRAÇO DE ADRIÇAMENTO PELO MÉTODO DE

ATWOOD

Como já dissemos, a fórmula GZ = GM × sen só é válida para a faixa de estabilidade

inicial (até 12º de banda). Para ângulos maiores, podemos usar a fórmula de Atwood, que será

deduzida a seguir.

95

Figura 7.1 – Dedução da fórmula de Atwood.

Seja a figura acima na qual representamos o navio inicialmente flutuando adriçado na

linha d’água WL. Adernando de um ângulo θ passou a flutuar na linha d’água W’L’. Então

houve a emersão da cunha WOW’ e a imersão da cunha L’OL. Na figura, g e g’ são os

baricentros das cunhas e h e h’ suas projeções no plano horizontal.

Ao adernar o navio, o centro de carena se movimento de B para B’ ocupando nova

posição. A vertical a partir de B’ não passa mais por M, metacentro inicial. BR é a componente

horizontal do movimento do centro de carena.

Pela figura mostrada anteriormente temos:

GZ = BR – BT (1)

Já deduzimos anteriormente que, havendo movimentação de área, o entro de gravidade

do sistema se desloca em direção paralela à que deslocou o centróide da pequena área,

obedecendo a equação:

GG’ x A = gg’ x A1 .

Fazendo o mesmo raciocínio para os volumes, é como se a cunha W’OW transferisse

para LOL’. Seu centro de gravidade vai de g para g’. A componente horizontal desse

movimento é hh’. Podemos, então, escrever chamando de v o volume da cunha (imersa ou

emersa).

v x hh’ = x BR

onde :

v = volume da cunha (emersa ou imersa)

hh’ = componente horizontal do deslocamento do baricentro da cunha

= volume de carena

BR = componente horizontal do deslocamento do centro de gravidade do volume total,

ou seja, do centro de carena.

E, BR =

hh'v (2)

E ainda mais θ senBGBT (3)

96

substituindo (2) e (3) em (1),

obtemos: senθBGhh'v

GZ

Essa é a fórmula de Atwood. Ela não é usada a bordo devido ao fato de não se ter meios

para calcular os volumes das cunhas e a distância hh’. É, entretanto, usado pelos engenheiros

na construção das curvas cruzadas.

O momento de estabilidade estática é

Me = Δ·GZ

E substituindo GZ por seu valor dado pela fórmula de Atwood

senθBG

hh'vΔMe

7.2 CURVAS CRUZADAS DE ESTABILIDADE

Até 12º, aproximadamente, determinamos os braços de estabilidade (GZ) por meio de

fórmulas simples. Para ângulos maiores não se usa, a bordo, nem a fórmula de Atwood (como

vimos não é possível calcular o momento v x hh’) nem a fórmula dos ―costados

perpendiculares‖ (pois na proa e na popa os costados dos navios não são perpendiculares),

embora essa última dê resultados bastante aproximados.

A bordo, para determinar o valor do braço de estabilidade para ângulos maiores de 12º

usa-se o plano de ―curvas cruzadas‖, também conhecido como ―curvas isóclinas‖ e ― curvas de

Dahlman‖ (nome de seu inventor). Essas curvas nos dão os valores dos braços de estabilidade

para uma posição assumida do centro de gravidade, isto é, assumem um valor de KG.

Existem dois tipos. Um faz o KG assumido igual a zero, e fornece um valor KN (figura

7.2), e por isso é conhecida por curva KN. Pela figura 7.2 temos:

GZ = LN

porque são perpendiculares entre perpendiculares, mas LN = KN – KL ou seja: GZ = KN – KL

e KL = KG·sen donde temos:

GZ = KN – KG·sen

Figura 7.2 – Curvas Cruzadas do tipo KN.

Os planos de curvas cruzadas de certos navios não trazem o valor de KN, mas sim um

valor PN ( ou outro nome atribuído), que corresponde a um centro de gravidade assumido

numa posição P acima do plano de base moldada (figura 7.3). Pela figura 7.3 temos:

97

GZ = LN

LN = PN – PL ou seja, GZ = PN – PL, mas

PL = PG senθ e como PG = KG – KP onde

KP é uma constante dada no plano, teremos

portanto:

PL = ( KG – KP ) sen θ

E, finalmente,

GZ = PN – ( KG – KP ) sen θ

Figura 7.3 – Curvas Cruzadas do tipo PN.

Nas páginas anexas são apresentados planos de curvas cruzadas referentes a dois tipos

de navio. Essas curvas são do tipo KN, e do tipo PN, sendo que nestes, o KG assumido é de 5

metros e 6,10 metros. As curvas cruzadas também apresentam-se a bordo em forma de tabela,

constante do Caderno de Estabilidade do navio. (Veja anexos). Hoje são todas elas calculadas

por meio de computador.

7.3 CONSTRUÇÃO DA CURVA DE BRAÇOS DE ESTABILIDADE

A construção dos ângulos de banda e braços de estabilidade correspondentes num

sistema de eixos retangulares nos dá a curva de braços de estabilidade, que permite visualizar

as condições de estabilidade estática do navio para um dado carregamento. Essa

representação também é chamada de ―diagrama de estabilidade‖. Ela é conhecida

erroneamente, também, como curva de braços de adriçamento: é errado assim chamar por que

ela pode conter braços de adriçamento, de banda e de emborcamento.

Para construir a curva de braços de estabilidade para uma determinada condição,

necessitamos de:

valor e posição dos centros de gravidade de todos os pesos a bordo relativamente à

linha de base;

plano de curvas hidrostáticas ou tabelas hidrostáticas;

plano ou tabela de curvas cruzadas de estabilidade.

Opera-se a seguinte maneira:

1 – Calcula-se o KG do navio. Obtém-se o KM e o deslocamento no plano/tabela de

curvas hidrostáticas.

2 – Determina-se a altura metacêntrica inicial fazendo a subtração: GM = KM – KG

3 – Prepara-se um gráfico – sistema de eixos retangulares onde no eixo X–X serão

marcados os ângulos, e o eixo Y–Y serão marcados os braços de estabilidade. A

escala é arbitrária.

4 – No eixo das abscissas (eixo X–X) marca-se o valor de um radiano (57,3º) e por ele

suspende-se uma ordenada. Marca-se sobre essa ordenada o valor de GM, já

calculado, medida na mesma escala em que serão medidos os GZ. (braços de

estabilidade)

98

5 – Pelo ponto assim determinado nessa ordenada traça-se uma reta ligando-o à

origem. Essa reta se confundirá com o primeiro ramo da curva (até uns 12º

aproximadamente) de braços de estabilidade que iremos traçar.

6 – Com o deslocamento do navio entra-se nas curvas cruzadas e determina-se o KN

(ou PN) para os diversos ângulos que ela trouxer.

7 – Calculam-se os valores de (KG x sen) ou (KG – KP)·sen para os mesmos

ângulos.

8 – Subtraem-se (ou somam-se) os valores obtidos em (7) com os obtidos em (6). Tem-

se os vários braços de estabilidade (GZ).

9 – No gráfico já preparado marcam-se os pontos – ângulos contra braços de

estabilidade e, unindo-os, ter-se-á a curva de braços de estabilidade. Lembramos

que o primeiro ramo da curva deve confundir-se com a reta traça de acordo com a

explicação em (5).

Nota:

Pode-se traçar a curva para ambos os bordos, boreste e bombordo, adotando uma

convenção. Isso será estudado em prosseguimento, mas, normalmente ela é traçada apenas

para um dos bordos.

Exemplo: Usando as tabelas hidrostáticas e de curvas cruzadas fornecidos, traçar o

diagrama de estabilidade estática para o navio ―Ciaga‖, sabendo-se que o calado

correspondente é 5,20m e o KG obtido foi de 5,40m.

Solução:

(a) – Pelo tabela de dados hidrostáticos – (vide anexo)

Δ = 7344 t

KM = 7,3 m

GM = KM – KG = 7,3 – 5,4 = 1,9m

(b) – Escalas usadas: Abscissas: 1º = 15mm

Ordenadas: (GZ): 1 metro = 2,5 cm

(c) – Fórmula do plano de curvas cruzadas (vide anexo): GZ = PN – ( KG – 5 ) sen θ

Então: GZ = PN – 0,4 sen θ

GZ = PN – 0,4 sen θ

θ PN 0,4×sen θ GZ

15º 0,65 0,10 0,55

30º 1,38 0,20 1,18

45º 1,75 0,28 1,47

60º 1,61 0,35 1,26

75º 1,09 0,39 0,70

90º 0,36 0,40 -0,04

99

Pode-se reproduzir este exemplo com a utilização das tabelas hidrostáticas e tabelas de

curvas cruzadas encontradas nos anexos.

Figura 7.4 – Diagrama de estabilidade estática referente ao exemplo da pág. 97

Os principais elementos do diagrama de estabilidade estática (curva de braços de

estabilidade) são:

1) FAIXA DE ESTABILIDADE – é o comprimento tomado no eixo das abscissas para a

porção positiva da curva, medido em graus. Na figura 4, a faixa de estabilidade é de

89º (aproximadamente). Por exemplo, se a curva começasse aos 12º e fosse até 75º,

a faixa de estabilidade seria de 63º.

2) L IMITES DE ESTABILIDADE – são os pontos da curva cortados pelo eixo dos X, ou

seja, onde os GZ são zero. No nosso exemplo são os pontos das abscissas iguais a

0º e 89º.

3) BRAÇO DE ADRIÇAMENTO MÁXIMO (GZm) – é o maior valor da ordenada.

4) ÂNGULO CORRESPONDENTE AO MÁ XIMO BRAÇO DE ADRIÇA MENTO (θm) é lido

na figura correspondente à ordenada máxima. A partir desse ângulo, os braços de

adriçamento vão diminuindo. A este ângulo damos o nome de Limite Prático de

Estabilidade.

5) ÂNGULO DE EMBORCAMENTO – é o ângulo onde termina a faixa de estabilidade. A

partir daí, os braços serão braços de emborcamento, tendendo a fazer com que o

navio emborque. É um dos limites da faixa de estabilidade. A este ângulo damos o

nome de Limite Teórico de Estabilidade.

Este é o método do traçado da curva, mesmo quando existe superfície livre, pois, como

sabemos a correção para superfície livre é feita diretamente no KG.

Vejamos os aspectos de maior relevância numa curva de braço de adriçamento:

1) DECLIVIDADE DA CURVA NA ORIGEM – Para pequenos ângulos, ou seja, dentro da

faixa de estabilidade inicial, o braço de estabilidade é proporcional ao ângulo de

banda, pois nessa faixa o metacentro é, efetivamente, fixo. Por isso, a tangente à

100

curva de braços de estabilidade na origem representa a altura metacêntrica, como

vamos demonstrar.

Como sabemos da estabilidade inicial:

GZ = GM × sen θ

e como para ângulos pequenos o seno se confunde com o arco em radianos.

GZ = GM . θ

Figura 7.5 – Declividade da curva de GZ na origem.

A declividade de uma reta é igual à sua tangente e nos primeiros ângulos da curva ela se

confunde com sua tangente. Sua declividade nesse ramo, será, visto que os GZ são

proporcionais aos ângulos:

dGZtgα

Mas, diferenciando a equação

GZ = GM× θ

Considerando que GM é constante para

pequenos ângulos de inclinação

dGZ = GM · d θ

Donde dθ

dGZGM

e portanto: GM = tg Figura 7.6 – Marcação da GM na curva.

e é esse o motivo do traçado da GM na curva de braços de estabilidade.

Se fizermos: θ = 1 radiano, o arco traçado com centro na origem e abertura do compasso

igual a um radiano é um arco de círculo trigonométrico, e a GM é a tangente do ângulo α (fig.

7.6).

2) O MÁXIMO VALOR DE GZ é proporcional ao maior momento inclinante (momento

que faz o navio inclinar, produzido pela ação dos ventos, das vagas e outras forças

externas) que faz o navio adernar e emborcar. Por isso, é de máxima importância o

101

conhecimento de seu valor, como também de sua posição (ângulo de inclinação em

que ele ocorre).

3) COMO DISSEMOS , OS LIMITES DE ESTABILIDADE ONDE GZ = 0, delimitam a

faixa de estabilidade. O limite da direita é conhecido como limite teórico de

estabilidade (ângulo de emborcamento). Os ingleses o chamam de ―angle of

vanishing stability‖: ângulo de desaparecimento da estabilidade. Além dessa posição

não existem braços de endireitamento, e sim, braços de emborcamento, que levarão

o navio a fazer ―da quilha portaló‖. Até alcançar o ângulo de emborcamento é

possível que o navio volte à sua posição inicial de adriçamento quando cessar o

motivo que dela o afastou, pelo menos teoricamente‖.

4) ÂNGULO DE IMERSÃO DO CONVÉS – o valor deste ângulo depende da forma do

navio. Para a maioria dos navios, a curva de braços de estabilidade apresenta uma

deflexão no ponto em que o convés começa a imergir. Naturalmente que o ângulo

em que o convés começa a imergir varia ao longo do comprimento do navio, devido

ao tosamento natural (tem uma valor na proa, outro a MN, etc.) mas é dentro de uma

faixa razoavelmente estreita a meio navio que ele exerce a maior influência na

estabilidade.

Nessa faixa normalmente os navios têm os costados perpendiculares e, supondo que o

convés imerge antes que o bojo emerja, temos pela figura 7.7

dtgθ2

Bf donde : t

B

f2gθd

Onde:

θd = ângulo de banda para imergir o mais alto convés

completo;

f = borda livre referente ao convés completo mais alto;

B = boca.

Figura 7.7 – θdé o ângulo em que o navio imerge o convés (costados perpendiculares a meio navio).

Normalmente o navio começa a imergir o convés antes da banda alcançar o ângulo

correspondente ao máximo valor de GZ.

θm > θd

5) ÁREA SOB A CURVA – a área sob a curva representa a capacidade do navio em

absorver energia suprida pelos ventos, vagas e outros agentes externos, conforme

será visto ao estudarmos estabilidade dinâmica.

102

7.4 CURVA DE MOMENTOS DE ESTABILIDADE – TRAÇADO DA CURVA

O traçado da curva de momentos de estabilidade é igual ao da curva de braços de

estabilidade, e elas são parecidas, pois: ME = Δ . GZ. Apenas o gráfico será em momentos

em vez de braços de estabilidade e, no quadro, colocaremos mais uma coluna, que será do

produtos dos braços de estabilidade pelo deslocamento. Assim, para o exemplo anterior:

θ PN 0,4·sen θ GZ ME

15º 30º 45º 60º 75º 90º

0,65 1,38 1,75 1,61 1,09 0,36

0,10 0,20 0,28 0,35 0,39 0,40

0,55 1,18 1,47 1,26 0,70 -0,04

4039 8732 10796 9253 5141 -296

Figura 7.8 – Curva de momentos de estabilidade estática correspondente ao exemplo dado no texto.

Para se conhecer a condição de estabilidade do navio não é necessário o traçado da

curva dos momentos de estabilidade. É suficiente traçar o diagrama de estabilidade estática. O

presente item é dado com fim ilustrativo.

7.5 CORREÇÕES À CURVA DE BRAÇOS DE ESTABILIDADE

7.5.1 Introdução

Excetuando os fatores externos como o vento, constante (pouco importante nos navios

de propulsão mecânica, mas importantíssimo para os veleiros) existem, considerada a

estabilidade, dois motivos para que um navio adquira banda permanente e, ambos, são

resultados da distribuição de pesos a bordo. Esses motivos são:

a) pesos descentralizados;

b) altura metacêntrica inicial igual a zero ou negativa.

A água aberta (compartimento aberto ao mar abaixo da flutuação) quase sempre produz

banda permanente. Mas é um caso de avaria, e não é produzido por falta de estabilidade, e

sim por perda de flutuação que, por sua vez influenciará na estabilidade.

A distribuição transversal de pesos pode causar banda permanente e até mesmo levar o

navio a emborcar, quando a resultante de todos os pesos a bordo (inclusive o peso de próprio

103

navio) for aplicada num ponto que esteja localizado fora da linha de centro. Para um navio

convencional, teremos que, se o somatório dos momentos dos pesos a BB não for igual ao

somatório dos momentos a BE, com referência a linha de centro, haverá banda permanente. A

distribuição vertical de pesos causará banda permanente e da mesma maneira poderá levar o

navio a fazer ―da quilha, portaló‖ no caso de termos altura metacêntrica inicial zero ou negativa.

Estudaremos, a seguir, cada um desses casos.

O sistema de eixos perpendiculares forma quatro quadrantes (figura 7.9 a seguir). Os

quadrantes da direita do eixo dos Y representam as bandas para BE (bandas medidas sobre o

eixo das abscissas) e os da esquerda de Y representam as bandas para BB (também medidas

sobre o eixo das abscissas). As ordenadas são positivas nos quadrantes I e III e negativas nos

quadrantes II e IV. Assim, a curva de braços de estabilidade para um navio com o centro de

gravidade na linha de centro toma o aspecto mostrado na figura 7.10, quando traçada para

ambos os bordos.

Figura 7.9 – Convenções de sinais de GZ e de momentos de estabilidade para o traçado das respectivas curvas.

Figura 7.10 – Traçado completo (para ambos os lados) de uma curva GZ. Os sinais são relativos aos GZ.

Ainda mais, fazem que todas as correções aditivas sejam traçadas nos quadrantes

negativos, e as subtrativas sejam traçadas nos quadrantes positivos, para facilitar a leitura dos

braços de estabilidade residuais. Chama-se braço de estabilidade residual o que sobrou de um

braço de estabilidade para determinada banda, depois da curva corrigida, seja para movimento

vertical, seja para movimento transversal de pesos.

7.5.2 Pesos Descentralizados

Neste estudo consideramos os afastamentos medidos a partir da linha de centro, para

boreste positivos, para bombordo negativos. Assim, os momentos a BE da Linha de Centro são

positivos e os momentos a BB são negativos. Estando o navio adriçado, o somatório dos

momentos transversais dos pesos com relação à linha de centro é igual a zero:

0M t

ou seja, de acordo com a convenção de sinais estabelecidas:

104

BBt BEt MM

Se o somatório dos momentos relativos à linha de centro é diferente de zero, o navio

ficará adernado de um ângulo θ, pois G, centro de gravidade de todo o sistema também não

estará sobre a linha de centro. Ele estará numa posição TCG (transverse centre of gravity) e

chamando de GG1 a distância de sua posição à linha de centro, e sendo Mt o momento

transversal dos pesos:

Δ

MGG

t

1

GG1 positivo G estará a BE da linha de centro; GG1 negativo, G estará a BB de LC.

Seja a figura 7.11. Nela temos que G1 é a posição transversal do centro de gravidade que está

a uma distância GG1 para BE da linha de centro. O navio toma uma banda permanente para o

mesmo bordo em que se acha G1. O ângulo de banda é dado por:

GM

GGtg 1

(θ positivo, banda para BE;

θ negativo, banda para BB )

Figura 7.11 – Navio adernado de um ângulo θ

devido ao centro de gravidade não estar na linha de centro.

Suponhamos que, depois da banda permanente θ, o navio aderna devido à forças externas,

até um ângulo θ1. Aumentando a banda além de θ, aparecerão braços de estabilidade (braços

de adriçamento, pois, positivos), representados por G1Z1 na figura 7.12.

Figura 7.12 – Centro de gravidade fora de linha de centro.

Temos que:

105

G1Z1 = GZ – GL

onde GZ é o braço de adriçamento considerando G na linha de centro, ou seja, o ponto

de partida para uma inclinação θ1 é o navio adriçado. E ainda

GL = GG1 x cos θ1

Portanto:

Na fórmula

GZ = braço de adriçamento considerando G sobre a linha de centro.

GG1 = afastamento transversal de G (a partir da linha de centro)

θ1 = ângulo de banda

Entre 0º e a banda permanente θ1, existem braços de banda que tenderão levar o navio

sempre para essa posição adernada.

Suponhamos agora que, devido às mesmas influências externas, o navio tende a adernar

para o bordo oposto ao em que está o centro de gravidade G1. Para esse bordo os braços de

adriçamento serão aumentados em relação àqueles calculados para o centro de gravidade na

linha de centro de uma quantidade igual a (GG1 x cos θ1). Na figura 7.13 temos:

G1Z1 = Z1L + LG1

Z1L = GZ

LG1 = GG1 x cos θ1

Figura 7.13 – Navio adernado devido à forças externas para o bordo oposto

ao quem se encontra o centro de gravidade descentralizado.

Na figura 7.14 temos bandas entre 0º e a posição de banda permanente θ1, (são braços

de estabilidade negativos, mas que não tendem a emborcar o navio e, sim, levá-lo à banda

permanente). Por essa figura temos que:

G1Z1 = GA – GZ

mas GA = GG1 x cos θ1

logo G1Z1 = GG1 x cos θ1 – GZ

G1Z1 = GZ – GG1 x cos

G1Z1 = GZ + GG1 x cos

106

Figura 7.14 – Navio adernado, devido a força externa, entre o ângulo de banda permanente θ1 e 0o

.

Do estudo apresentado chegamos às seguintes conclusões:

Havendo peso descentralizado, ou seja, G fora da linha de centro, o navio ficará com

uma banda permanente θ, sendo que os braços de adriçamento não tenderão a restaurar a

posição de adriçado e, sim, manter aquela posição adernada θ. O equilíbrio se dará com o

navio adernado de θ graus, sendo que os braços de adriçamento para banda maiores que θ

para o bordo do peso descentralizado serão menores que os calculados para o navio com

centro de gravidade na linha de centro. Os braços de adriçamento, tomados em relação à

posição de equilíbrio adernada de θo são menores no bordo em que se encontra o centro de

gravidade G1 e maiores no oposto. Por isso é que com o navio adernado devido a peso

descentralizado, ele praticamente só balança para o bordo da banda permanente, ficando

―duro‖ para o bordo oposto.

Na figura 7.17, que veremos posteriormente, temos uma curva de braços de estabilidade

para um navio com G na linha de centro. Vemos que ela é simétrica em respeito ao eixo Y-Y. A

outra curva, que é para o mesmo navio com G descentralizado, a BE da linha de centro, a

curva não possui simetria; nem em relação ao eixo das ordenadas nem em relação ao eixo das

abscissas.

O estudo da banda para o bordo oposto ao que se encontra o centro de gravidade

descentralizado é de interesse puramente acadêmico. Na prática de bordo, o que se deseja é

conhecer os valores mínimos da estabilidade, pois são eles que influem na segurança do

navio.

De todo o exposto, concluímos que pesos descentralizados diminuem a estabilidade do

navio. NOTA: As fórmulas dadas não são algébricas.

7.5.3 Movimentação de Pesos Transversalmente

Façamos a hipótese inicial de um navio adriçado, com um peso ―P‖ sobre a linha de

centro. Movendo esse peso para um dos bordos (figura 7.15) na distância ―d‖, o navio adernará

de um ângulo θ, e ficará novamente em equilíbrio quando as verticais através de B e G se

superponham.

107

Figura 7.15 – Movimentação transversal de peso.

Sabemos que o centro de gravidade G se moverá paralelamente de uma distância GG’ tal que:

P x d = Δ x GG’

Mas, pela figura 7.15: GG’ = GM x tg θ

Portanto P x d = Δ x GM x tg θ

Donde: GMΔ

dPtgθ

Nesta fórmula, temos que:

d = distância transversal do movimento: para BE é positiva;

para BB é negativa.

θ = ângulo de banda: tg θ positiva, a banda é para BE

tg θ negativa, a banda é para BB

NOTA:

As bandas para BE têm linhas trigonométricas do 1º quadrante: seno, cosseno e

tangente positivas, as bandas para BB têm linhas trigonométricas do 2º quadrante: seno

positivo, cosseno e tangentes negativas.

Suponhamos que a curva de braços de estabilidade já estava construída para o navio

adriçado. Após a construção foi feita a movimentação transversal do peso. Na figura 7.16, o P

é transferido da posição A para a posição D na distância d. O centro de gravidade G também

se movimenta, paralelamente a d, de um distância GG’ que sabemos ser: GG’= p. d / Δ onde d

tem os sinais dados acima e, portanto, GG’ será obtido com um sinal, logicamente o mesmo de

d.

O braço de adriçamento era, antes da movimentação transversal, igual a GZ. Após a

movimentação, o centro de gravidade foi para G’, e o braço de adriçamento passou a ser G’Z’.

Temos que:

108

G’Z’ = LZ

e LZ = GZ – GL

logo G’Z’ = GZ – GL

mas GL = GZ – GL

logo

G’Z’ = GZ – GG’ cos θ

Figura 7.16 –

Figura 7.17 – Curva de braços de estabilidade para um navio com centro da gravidade na linha de centro,

e para o mesmo navio com centro gravidade a BE da linha de centro.

Chamando de Ct a correção à curva de estabilidade para movimentação de pesos no

sentido transversal, temos:

Ct = GG’ x cos θ

G’Z’ = GZ – Ct

Essas fórmulas são algébricas (a generalização foi feita no estudo de G descentralizado).

Nela temos:

GG’ – tem o mesmo sentido do movimento do peso:

Para BE positivo

Para BB negativo

109

θ – ângulo de banda:

BE tem as linhas trigonométricas do 1º quadrante (cosseno positivo);

BB tem as linhas trigonométricas do 2º quadrante (cosseno negativo).

A curva corretora é plotada no gráfico da curva inicial, a fim de que seja efetuada a

subtração e, adotando a convenção a que nos referimos, ela será plotada da seguinte maneira:

peso movido de BB para BE: curva corretora plotada por cima do eixo X-X

peso movido de BE para BB: curva corretora plotada por baixo do eixo X-X

Na sua plotagem são determinados os pontos correspondentes aos braços de

estabilidade de 10º em 10º ou de 15º em 15º. Mas é muito comum plotar apenas três pontos,

que são os correspondentes às bandas de 0º, 60º e 90º (por serem os valores do cosseno

iguais respectivamente a 1; 0,5 e 0), unidos por uma curva que é a curva corretora.

Exemplo:

Determinados os braços de estabilidade de um navio de 5160t de deslocamento e

GM = 2,6m, encontrou-se:

GZ: 15º = 0,73m GZ: 60º = 1,55m

GZ: 30º = 1,54m GZ: 75º = 0,92m

GZ: 45º = 1,92m GZ: 90º = -0,07m

Após traçada a curva de braços de estabilidade, foi movido transversalmente um peso de

160t de BB para BE, numa distância de 13m. Pede-se traçar a curva inicial, a curva corretora e

a curva corrigida, determinando os valores dos braços de estabilidade residuais para as

inclinações acima, o ângulo de banda permanente e a altura metacêntrica após a

movimentação (altura metacêntrica para o ângulo de banda permanente).

Solução:

(a) – Traçado da curva original

Escala: 1º = 1mm 1m = 1mm

A curva original está traçada na página seguinte

(b) – Cálculo das correções

Ct = GG’ x cos θ

GG’ = Δ

dP = 0,40

5160

13160

Ct = 0º = 0,40m Ct = 60º = 0,20m

Ct = 15º = 0,39m Ct = 75º = 0,10m

Ct = 30º = 0,35m Ct = 90 = 0º

Ct = 45º = 0,28m

(c) – Plotagem da curva corretora

A curva corretora é obtida ligando os pontos que têm para ordenadas os valores acima

calculados. Esses pontos são colocados no gráfico da seguinte maneira:

110

(1) – Verifica-se para que bordo o centro de gravidade se deslocou (no exemplo foi

para BE) e, seguindo a convenção estabelecida, traçamos a curva corretora acima dos

X.

Figura 7.18 – Curva original, curva corretora e curva corrigida referente ao exemplo. A parte sombreada na

figura de cima representa a estabilidade residual que depois é transferida para a curva de baixo.

(d) – Plotagem da curva corrigida

Traçada a curva corretora, medem-se com um compasso ou régua graduada os

braços de estabilidade residuais, ou seja, aquela parte da ordenada entre a curva

original e a curva corretora. Os valores obtidos são levados para outro sistema de eixo

convencionais, e plotados como se fossem GZs comuns. Unidos esses pontos tem-se

a curva corrigida. Podemos traçar diretamente a curva corrigida, sem o traçado da

curva corretora se, no bordo em que G se localizou após a movimentação, subtraímos

dos GZ iniciais o valor da correção e no bordo oposto ao em que ficou G, somarmos

aos GZ iniciais os valores correspondentes da correção. Neste exemplo temos visto

que G ficou a BE.

Braços residuais a BE

G’Z’: 0º = 0,00 – 0,40 = –0,40 m

G’Z’: 15º = 0,73 – 0,39 = 0,39 m

G’Z’: 30º = 1,54 – 0,35 = 1,19 m

G’Z’: 45º = 1,92 – 0,28 = 1,64 m

G’Z’: 60º = 1,55 – 0,20 = 1,35 m

G’Z’: 75º = 0,92 – 0,10 = 0,82 m

G’Z’: 90º = –0,07 – 0 = – 0,07 m

111

Braços residuais a BB

G’Z’: 0º = 0,00 + 0,40 = 0,40 m

G’Z’: 15º = 0,73 + 0,39 = 1,12 m

G’Z’: 30º = 1,54 + 0,35 = 1,89 m

G’Z’: 45º = 1,92 + 0,28 = 2,20 m

G’Z’: 60º = 1,55 + 0,20 = 1,75 m

G’Z’: 75º = 0,92 + 0,10 = 1,02 m

G’Z’: 90º = -0,07 + 0 = – 0,07 m

O ângulo de banda permanente pode ser lido diretamente na curva e corresponde à

abscissas do ponto em que a curva original é cortada pela curva corretora. A leitura na curva

dá o valor aproximado de 8º. Podemos tê-lo diretamente pelo cálculo, empregando a fórmula.

GMΔ

dPtgθ

0,1555160x2,6

160x13tgθ

A altura metacêntrica inicial na prática não sofre influência quando a inclinação

permanente que o navio toma também está dentro da faixa de estabilidade inicial. Assim

podemos considerar que ela continua a mesma: a altura metacêntrica inicial é constante em

movimentação transversais de pesos que causem inclinações dentro da faixa de estabilidade

inicial.

Sendo ela a distância entre o centro de gravidade do navio, agora em G’, e o metacentro

(este considerado fixo), ela é a hipotenusa do triângulo GG’M, triângulo esse retângulo em G, e

seu valor poderá ser obtido pelo Teorema de Pitágoras.

G’M2 = GM2 + GG’2

ou trigonometricamente

G’M = GM x sec θ

Obtida essa distância, essa altura metacêntrica para o navio adernado, ela é traçada no

gráfico da seguinte maneira:

A partir do ponto da abscissa correspondente à banda permanente marca-se, para

cada lado, a distância igual a um radiano (57,3º). Pelos pontos assim determinados

levantam-se as ordenadas e marca-se o valor de G’M. Une-se a extremidade de cada

uma dessas ordenadas (a de BB e a de BE) ao ponto da abscissa correspondente ao

ângulo de banda permanente. A reta assim obtida confunde-se com o primeiro ramo

da curva corrigida, como é mostrado no gráfico inferior da figura 7.18 (nessa figura,

como a banda permanente foi de apenas 8º, consideramos GM=G’M).

Se a banda permanente estiver além da faixa de estabilidade inicial, o metacentro, que

sabemos ser um ponto móvel, já se deslocou e o cálculo de GM pelas fórmulas dadas acima

(tanto por Pitágoras como Trigonometricamente) não é válido. Neste caso obteremos G’M

graficamente, tangenciando o primeiro ramo da curva corrigida a partir do ângulo de banda

permanente, lendo seu valor ordenada situada 57,3º afastada desse ponto.

Pela comparação das duas curvas, a original e a corrigida, observamos diversas

112

alterações causadas pelo movimento transversal de peso. Analisaremos somente a curva

correspondente ao bordo em que ocorre a banda permanente, pois este é o que contém G’e

onde ocorre a diminuição da estabilidade. Temos:

1 – praticamente não há alteração na altura metacêntrica inicial para o navio adernado

devido à movimentação de peso transversal (centro de gravidade descentralizado) se

a banda permanente for dentro da faixa de estabilidade inicial. Se for além dessa

faixa de estabilidade inicial. Se for além dessa faixa, a G’M será calculada

graficamente;

2 – o navio aderna adquirindo banda permanente para o bordo para o qual foi movido o

peso;

3 – os limites de estabilidade são alterados, ficando internamente à curva original; isso

significa que a faixa de estabilidade diminui;

4 – os braços de adriçamento diminuem;

5 – o GZm diminui de valor;

6 – o ângulo de banda temporária correspondente ao GZm (θ m) muda de posição.

A curva de estabilidade no bordo oposto ao qual o peso foi movido apresenta alterações

diversas das acima mencionadas, mas, tornando a frisar, sem importância na segurança do

navio, pois para esse bordo a estabilidade aumenta.

7.5.4 Movimentação Vertical de Pesos a Bordo

Sabemos que, havendo movimentação de pesos, o centro de gravidade do sistema, ou

seja, do navio, se deslocará paralelamente à direção desse movimento de um valor GG’ tal

que:

P x d = x GG’

Haverá, então, modificação na cota do centro de gravidade quando a movimentação for

na vertical, ou tiver componente vertical. Estudaremos, agora, somente a movimentação

vertical.

Se o peso for elevado, o centro de gravidade subirá, e como não há variação na posição

do metacentro M, o valor de GM diminuirá. Se o peso for abaixado, G descerá e, assim,

aumentará o valor da altura metacêntrica. Portanto elevando pesos diminuímos a estabilidade,

abaixando pesos aumentamos a estabilidade.

Vejamos o que se passa com o braço de adriçamento GZ (Fig.7.19).

Na figura 7.19B temos que, antes da movimentação vertical, a posição do centro de

gravidade é G e o braço de adriçamento é GZ. Depois da movimentação, com centro de

gravidade em G’, o braço de adriçamento passo a ser G’Z’. Por essa figura 19B, temos que:

113

Figura 7.19 – Movimentação vertical de pesos, de baixo para cima.

G’Z’ = LZ

Mas LZ = GZ – GL

E como GL = GG’ x sen θ

Temos, substituindo em (1)

LZ = GZ – GG’ x sen θ

Ou seja

G’Z’ = GZ – GG’ x sen θ

Chamaremos ao valor de (GG’sen θ) de correção vertical, e teremos:

Cv = GG’ x sen θ

Essa correção é subtrativa quando elevamos pesos, como foi feito na dedução. Ela é

aditiva quando descemos pesos.

Como ela é função do seno, temos que a curva corretora para movimentos verticais é

uma senóide. Para traçado da curva usa-se o mesmo método aplicado para movimentos

transversais (só que, quando para movimentos transversais, a curva é uma cossenóide). Para

minimizar os cálculos, quando não se exige muito rigorismo, usa-se determinar o valor da

correção para as inclinações de 0º, 30º e 90º, pois:

Cv: 0º = GG’ x sen0º = 0

Cv: 30º = GG’ x sen30º = 0,5

Cv: 90º = GG’ x sen90º = 1

Determinadas as correções, seus valores são plotados no gráfico da curva de braços de

estabilidade já existentes, e unindo-se os pontos assim determinados, ter-se-á a curva

corretora. Somando ou subtraindo, conforme o caso, com a curva original, tem-se a curva

corrigida.

Exemplo:

O navio ―CIAGA‖ cujas tabelas de dados hidrostáticos e de curvas cruzadas estão no

anexo, tem um calado de 4 metros. O KG corrigido do efeito de superfície livre é 6,4m. Foi

traçada a curva de braços de estabilidade. Depois de traçada, foi transferido um peso de 600t,

verticalmente, do cobro para a coberta do porão 2. A distância vertical em que o peso foi

114

movido é de 4 metros. Pede-se:

(a) traçar a curva de braços de estabilidade original;

(b) traçar a curva corretora

(c) traçar a curva corrigida

(d) determinar a GM antes e depois da movimentação.

Solução:

(a) Pelas tabelas hidrostáticas:

= 5520t

KM = 8,00 m

GM = KM – KG = 8,00 – 6,40 = 1,60 m

(b) Pelas curvas cruzadas

Valores de PN:

15º = 0,79m 60º = 1,86m

30º = 1,64m 75º = 1,28m

45º = 2,05m 90º = 0,33m

Fórmula: GZ = PN – (KG – 5)sen θ

GZ = PN – 1,4xsenθ

θ PN 1,4xsenθ GZ

15º 0,79 0,36 0,43

30º 1,64 0,70 0,94

45º 2,05 0,98 1,07

60º 1,86 1,21 0,65

75º 1,28 1,35 – 0,07

90º 0,33 1,40 – 1,07

(c) Traçado da curva original já foi estudado. Usaremos uma escala de:

Valor de GZ: 50mm = 1metro

Ângulo de inclinação: 1,5mm = 1º

(d) Cálculo de GG’ e das correções:

GG’ = Δ

dP

GG’ = 0,43m5520

4600

Cv = GG’·sen θ

Cv = 0º = 0

Cv = 15º = 0,11m

Cv = 30º = 0,22m

Cv = 45º = 0,30m

Cv = 60º = 0,37m

115

Cv = 75º = 0,42m

Cv = 90º = 0,43m

(e) Traçado da curva corretora:

No mesmo traçado da curva de braços de estabilidade marcam-se os pontos que têm

para abscissas os ângulos de banda e para ordenas os valores das correções

correspondentes ao item (4) acima.

Unindo-se esses pontos, temos as curva corretora.

(f) Medida dos braços de estabilidade residuais

Com um compasso ou régua graduada mede-se a distância tomada numa mesma

ordenada entre a curva original e a curva corretora. Esse é o valor do GZ residual. Faz-se

isso para todas as ordenadas e os valores plotados no mesmo ou em outro sistema de

eixos fornecem uma série de pontos que, unidos, nos dão a curva corrigida. Na curva

corrigida, somente o ramo de boreste está representado na figura 7.21.

(g) Altura metacêntrica após a movimentação

A altura metacêntrica, após a remoção (G’M) é igual à altura metacêntrica, antes da

movimentação (GM) somada (se o peso desce), ou subtraídas (se o peso sobe) de GG’.

Para o nosso caso temos.

G’M = GM – GG’ = 1,55 – 0,43 = 1,12m

(h) Traçado da curva corrigida sem o traçado da curva corretora.

Podemos calcular os valores de G’Z’ pela fórmula

G’Z’ = GZ ± GG’ · sen θ

15º30º45º60º75º90º

15º 30º 45º 60º 75º 90º

0.5

1.0

1.5

0.5

1.0

1.5

ÂNGULOS DE BANDA

ÂNGULOS DE BANDA

BR

OS

DE

BA

ND

A (

t·m

)B

RA

ÇO

S D

E B

AN

DA

(t·m)

CURVA ORIGINAL

CURVA CORRETORA

BORESTEBOMBORDO

CURVA ORIGINAL

CURVA CORRETORA

Figura 7.20 – Curva original e curva corretora para movimento vertical de peso,

de baixo para cima, de acordo com o exemplo.

116

15º 30º 45º 60º 75º 90º

1.0

1.5

0.5

ÂNGULOS DE BANDA

Figura 7.21 – Ramo de boreste da curva de braços de estabilidade corrigida da movimentação

vertical de pesos, referente ao exemplo anterior.

θ = 0º 0

θ = 15º 0,43 – 0,11 = 0,32m

θ = 30º 0,94 – 0,22 = 0,72m

θ = 45º 1,07 – 0,30 = 0,77m

θ = 60º 0,65 – 0,37 = 0,28m

θ = 75º – 0,07 – 0,42 = – 0,49m

θ = 90º – 1,07 – 0,43 = – 1,50m

Com os ângulos e os valores de G’Z’ correspondentes traça-se a curva de estabilidade

do modo já conhecido.

Suponhamos, agora, que a movimentação é feita no sentido vertical de cima para baixo.

Então o centro de gravidade do navio também desce para uma posição G’. O traçado da curva

corretora é igual ao explicado no movimento ascendente de pesos. Só que ela é traçada nos

quadrantes negativos, a fim de facilitar a leitura dos braços de adriçamento residuais. A figura

7.22 nos dá as três curvas para os mesmos dados do exemplo anterior, mas considerando que

o peso desceu, e visto os dois ramos das curvas serem simétricos (tanto na curva original,

como da corrigida e de corretora) traçamos somente o ramo de BE. A escala é a mesma das

figuras 7.20 e 7.21.

Analisando a curva original e a curva corrigida, temos que:

A) Movimentando pesos no sentido vertical de cima para baixo.

1 – a altura metacêntrica inicial aumenta de um quantidade igual a GG’;

2 – a faixa de estabilidade aumenta;

3 – os braços de adriçamento (GZ), para as mesmas inclinações, têm seus valores

aumentados;

4 – o ângulo de emborcamento (limite teórico de estabilidade) tem seu valor

aumentado;

5 – a área limitada pela curva de estabilidade aumenta;

6 – o GZm é maior depois da movimentação que antes da movimentação;

7 – o ângulo correspondente ao GZm (limite prático de estabilidade) tem seu valor

alterado para mais, afastando-se da origem;

8 – resumo: a estabilidade aumenta,

117

B) Movimentando pesos no sentido vertical de baixo para cima:

1 – a altura metacêntrica diminui de uma quantidade igual a GG’. Pode ocorrer um

dos seguintes casos:

1º) GG’ < GM

O navio continuará em equilíbrio estável;

2º) GG’ = GM

O navio ficará em equilíbrio indiferente;

3º) GG’ > GM

O navio ficará em equilíbrio instável.

2 – a faixa de estabilidade diminui;

3 – os braços de adriçamento ( GZ ) para as mesmas inclinações têm seus valores

diminuídos;

4 – o ângulo de emborcamento tem seu valor diminuído aproximando-se da origem;

5 – o GZm é menor depois da movimentação que antes dela;

6 – o ângulo correspondente ao GZm (θm — limite prático de estabilidade) se

movimenta para o lado da origem, ou seja, tem menor valor;

7 – em resumo, a estabilidade diminui.

Figura 7.22 – Curvas original, corretora e corrigida para movimentação

vertical de peso de cima para baixo.

Os cadernos de Estabilidade trazem curvas de braços de estabilidade para diversas

situações de carga. Podemos usá-las, com certos cuidados, para traçar nossa curva em uma

dada ocasião, desde que o deslocamento verdadeiro seja sensivelmente igual ao da curva

apresentada no Caderno. A diferença entre o KG da curva e o KG real é tratada como se fosse

um GG’, e a curva corrigida pode nos dar a curva real. (Nota: a finalidade do Caderno de

Estabilidade não é essa, e sim fornecer elementos necessários à correta distribuição dos pesos

no navio com vista à segurança no que diz respeito à estabilidade).

Nos cálculos, quando resolvendo problemas sobre movimentação vertical de pesos, é útil

o uso das seguintes convenções:

distância vertical de movimentação

de cima para baixo: positiva (+)

118

de baixo para cima: negativa (–)

e aplicamos as fórmulas algébricas

G’M = GM + GG’ GG’ = Δ

dP

G’Z’ = GZ + GG’·senθ

Sendo que θBE são ângulos do 1º quadrante, e θBB ângulo do 2º quadrante, e sabe-se

que o seno é positivo nos dois primeiros quadrantes.

7.5.5 Movimentação de Pesos a Bordo em Sentido Inclinado

Quando se trata de movimentar peso em sentido inclinado, no plano transversal, o

movimento deve ser decomposto em suas componentes vertical e transversal, e cada uma

dessas componentes gerará uma correção à curva original. O valor da correção total à curva

será

C = Cv + Ct

ou seja:

(a) C = GG’v senθ + GG’t cosθ

Na fórmula, que é algébrica GG’v e GG’t entram com seus sinais, temos que:

C = correção à curva original devido ao movimento inclinado de peso;

GG’v = movimento do centro de gravidade do navio no sentido vertical;

GG’t = movimento do centro de gravidade do navio no sentido transversal;

θ = ângulo de banda.

Se a posição inicial do navio é adriçada, após a movimentação em sentido inclinado ele

deverá ficar com banda permanente, cujo valor é dado:

(b) tgθ = MG'Δ

dP t

Como mostra a fórmula, será usada a GM já corrigida de GG’ devido ao movimento

vertical (a correção vertical deve ser feita em primeiro lugar). Usamos o valor final de GM, pois,

se fizermos primeiro o movimento transversal, criaremos uma situação de peso

descentralizado, com uma banda permanente θ. Quando fizermos o movimento vertical após

G estar descentralizado, a GM variará, o ângulo de banda também, pois a banda para centro

de gravidade descentralizado é dada a fórmula já deduzida anteriormente.

Tgθ = GM

GG't

Por ela vemos que, com o navio adernado devido ao fato de o centro de gravidade estar

fora da linha de centro, se elevarmos pesos, a GM diminuirá e, portanto, o ângulo θ aumentará;

se baixarmos pesos, a GM aumentará e θ diminuirá.

Exemplo:

Após o carregamento observou-se que o calado do navio era 4,5m; o deslocamento =

6280t, KM = 7,63m, KG = 5,28m. Após terminado o cálculo, verificou-se ser necessário

transferir um peso de 200t do cobro para o convés, na distância vertical de 7m e distância

119

transversal de 13m, de BE para BB. Pede-se traçar as três curvas com as respectivas

correções. Traçar as curvas para o bordo de estabilidade mínima.

Solução:

a) Cálculo da GM, de GG’v e de GG’t

KM = 7,53m GG’v = 0,226280

7)200x(

Δ

dP v

KG = 5,28m GG’t = 0,416280

)13200x(

Δ

dP t

GM = 2,35m

(b) Cálculo da G’M

G’M = GM + GG’ = 2,35 + (-0,22) = 2,13m

(c) Curva cruzada: cálculo dos GZ (Podem ser usados o plano ou tabela do navio Ciaga)

θ PN 0,28xsenθ GZ

15º 0,71 0,07 0,64

30º 1,51 0,14 1,37

45º 1,91 0,20 1,71

60º 1,77 0,24 1,53

75º 1,20 0,27 0,93

90º 0,35 0,28 0,07

A fórmula aplicada foi:

GZ = PN – (KG – 5)senθ

GZ = PN – (5,28 – 5,00)senθ

GZ = PN – 0,28 x senθ

(d) Traçado da curva

O problema pede somente o traçado da curva do bordo de estabilidade mínima. Como o

peso foi movimentado de BE para BB, G’ estará a BB da linha de centro, e será BB o bordo de

estabilidade mínima. Então faremos a construção somente à esquerda do eixo dos Y.

Os gráficos são mostrados na página seguinte, figura 7.23. Para maior clareza, deixamos

de traçar a altura metacêntrica, visto que ela cairia dentro do gráfico seguinte, e já tínhamos

seu valor determinado pelo cálculo.

Observando a figura 7.23 atentamente, verifica-se que as influências de um movimento

inclinado de um peso, no plano transversal, é um somatório das conclusões a que chegamos

anteriormente quando estudamos movimento vertical e movimento horizontal separadamente.

O traçado direto da curva final é possível, se aplicarmos aos GZ da curva original os

valores determinado através da fórmula (a). O ângulo de banda permanente pode ser obtido

pela fórmula (b), usando a GM após a movimentação vertical.

120

Pela fórmula apresentada temos que o ângulo de banda permanente será:

0,194772,13x6280

13)(x200tgθ

θ = 11° para BB

Figura 7.23 – Curva de braços de estabilidade original corrigida para movimentação

de peso em sentido inclinado. Mostrado o ramo de BB, conforme a convenção

adotada nesta apostila. (BB abaixo do eixo X-X; as ordenadas são positivas).

7.6 VARIAÇÃO DO MOMENTO DE ESTABILIDADE DEVIDO A

MOVIMENTAÇÃO DE PESOS

Foi visto que o braço de estabilidade fica alterado quando movimentamos pesos a bordo.

No movimento vertical ele fica diminuído ou aumentado, conforme o movimento seja de baixo

para cima ou de cima para baixo, de uma quantidade igual a:

121

Cv = GG’v x senθ

e no movimento transversal, ele ficará alterado de uma quantidade

Ct = GG’t x cosθ

Portanto, temos que:

G’Z’ = GZ + GG’vx senθ

para movimentação vertical e

G’Z’ = GZ – GG’t x cosθ

Para movimento transversal. Repetimos que as fórmulas acima são algébricas e,

portanto, GG’ e as funções trigonométricas de θ devem ser consideradas com os respectivos

sinais:

Movimento de peso na vertical:

- de baixo para cima: GG’v negativo

- de cima para baixo: GG’v positivo

Movimento de peso na transversal

- de BB para BE – GG’t positivo

- de BE para BB – GG’t negativa

Banda à BE – as funções trigonométricas de θ têm sinais do 1º quadrante

Banda à BB – as funções trigonométricas de θ têm sinais do 2º quadrante

Considerando as expressões acima, temos que todos os valores que dependem dos

braços de estabilidade ficam aumentados ou diminuídos proporcionalmente. Tomemos as duas

últimas expressões e as multipliquemos pelo deslocamento (Δ).

Δ x G’Z’ = Δ·(GZ + GG’vsen θ)

Δ x G’Z’ = Δ·(GZ – GG’tsen θ)

ou seja

Δ x G’Z’ = Δ·(GZ + Δ·GG’vsen θ)

Δ x G’Z’ = Δ·(GZ – Δ·GG’tsen θ)

mas

Δ·GZ = Me = Momento de estabilidade antes da movimentação de pesos

Δ·G’Z’= Me’ = Momento de estabilidade após a movimentação de pesos

logo, Me’ = Me + Δ GG’v senθ

Me’ = Me – Δ GG’t cos θ

Então, chamado de dMe a variação do momento de estabilidade estática, temos para

movimento vertical de pesos:

dMe = Δ·GG’v senθ

e para movimento transversal dMe = Δ·GG’t cos θ ambas algébricas

122

CAPÍTULO 8

ESTABILIDADE LONGITUDINAL

Nesta parte iniciaremos o estudo da estabilidade longitudinal, vendo como embarque,

desembarque e remoção de cargas influenciam no trim do navio. Antes disso, serão

apresentados alguns conceitos básicos ao estudo da estabilidade longitudinal.

8.1 CONCEITOS PRELIMINARES

Estabilidade Longitudinal é a propriedade que todo navio tem de voltar à sua posição

normal longitudinal, quando dela tenha sido afastado, ou seja, é a tendência que o navio possui

de manter o mesmo calado. Devido ao maior tamanho do comprimento em relação a boca,

resulta que inclinações em torno do eixo transversal (caturros) são muito menores que os de

balanço, e dada a grande dimensão do raio metacêntrico longitudinal (BML), sempre haverá

altura metacêntrica longitudinal (GML) positiva.

Portanto, seu estudo carece de importância no que diz respeito à segurança do navio.

Porém, tem grande influência nos cálculos de calado e trim.

8.2 CENTRO DE FLUTUAÇÃO (F)

É importante sabermos que F é o centróide da área de um plano de flutuação.

Teoremas da física em que baseamos essa afirmação:

1) Quando uma figura admite uma linha diametral, o centróide encontra-se nessa linha.

2) Quando uma figura admite um plano diametral, seu centróide encontra-se nesse plano.

123

3) Se a figura admitir um plano ou eixo de simetria, seu centróide encontra-se nesse

plano ou eixo.

Sendo o plano diametral o plano de simetria do navio, a linha de centro o eixo de

simetria, o Centro de Flutuação fica sobre essa linha.

É importantíssimo conhecer a posição do ―F‖, isto é, a sua distância em relação às

perpendiculares, pois todos os cálculos de Estabilidade Longitudinal serão baseados nele. Os

planos de bordo, normalmente, dão a sua posição em relação à perpendicular de meio navio

(Plano Aranha) e em relação a perpendicular de ré, em função do calado médio ou do

deslocamento.

8.3 GRAUS DE LIBERDADE DE UM NAVIO (Degrees of Freedom)

1) ARFAGEM (Heave) – é um movimento vertical em torno de um eixo vertical que passa

pelo centro de flutuação.

2) BALANÇO (Roll) – é um movimento oscilatório para BB e para BE em torno de um eixo

longitudinal que passa pelo centro de flutuação.

3) CATURRO (Pitch) – é um movimento vertical em torno do eixo transversal que passa

pelo centro de flutuação.

124

4) AVANÇO E RECUO (Surge) – é um movimento longitudinal em torno de um eixo

longitudinal que passa pelo centro de flutuação.

5) CAIMENTO (Sway) – é um movimento transversal em torno de um eixo transversal que

passa pelo centro de flutuação.

6) CABECEIO (Yaw) – é um movimento horizontal para BB e para BE em torno de um

eixo vertical que passa pelo centro de flutuação.

Disso, podemos deduzir, então, que nas flutuações isocarenas, as inclinações

longitudinais do navio se fazem e m torno do eixo que passa pelo centro de flutuação; este

pode ou não coincidir com o plano transversal de meio navio (plano aranha)

Por convenção, o afastamento de ―F‖, a partir do , é positivo se ―F‖ estiver à ré do

e negativo se estiver à vante.

Esta convenção também vale para o Centro de Carena ―B‖.

Alguns planos de curvas hidrostáticas trazem a localização de ―F‖ e ―B‖ a partir da

perpendicular de ré.

8.4 TPC – TONELADAS POR CENTÍMETRO DE IMERSÃO

125

Af – Área do plano de flutuação

1 cm = 1/100m

Digamos que foi retirado um determinado volume da área do plano de flutuação e essa

retirada ocasionou um diminuição do calado em 1 cm.

Calcularemos o volume da área que decresceu.

(Volume = área x altura)

100

1AfV

Porém P = V x d, então dx 100

AfP

P= Af . 1,025 /100 (água salgada)

Como TPC é peso, ou seja, toneladas por centímetro de imersão, podemos dizer que:

TPC = Af x δ / 100, que é o peso em toneladas necessário para fazer o calado variar em 1cm.

TPC é obtido do plano ou tabela de Curvas Hidrostáticas, tendo como elemento de

entrada o Calado Médio.

IMERSÃO PARALELA:

A imersão paralela provocada pelo acréscimo da carga é determinada pela fórmula:

TPC

Pi ; da mesma forma se calcula a emersão paralela. OBS: Resultado em cm.

Para que haja imersão ou emersão paralela, o peso tem que ser embarcado ou

desembarcado sobre o ―F‖.

8.5 VARIAÇÃO DE CALADO DEVIDO À VARIAÇÃO DO TRIM

F

8.5 1 Simbologia

126

VAV – variação do calado a vante

VAR – variação do calado a ré

VT – Variação do trim – é a diferença entre o trim final e o trim inicial.

HMN – Calado médio = 2

HH PRPV

HMR – Calado médio real - é o calado medido na altura do centro de flutuação. Também

chamado calado correspondente.

F – Distância entre o plano aranha e o centro de flutuação

θ – ângulo formado entre a linha d’água inicial e a linha d’água final

λ – distância entre o ―F‖ e a PAV

λ’ – distância entre o ―F‖ e a PAR

λ = 2

Lpp ± F (neste exemplo é mais)

λ’ = 2

Lpp ± F (neste exemplo é menos)

Temos, na figura, 3 triângulos retângulos:

O 1º onde VAV = λ x tg θ λ

Vtgθ AV

O 2º onde VAR = λ’ x tg θ λ'

Vtgθ RA

O 3º onde VT = Lpp x tg θ Lpp

Vtgθ T

Logo, VAV / λ = VT / Lpp = VAR / λ’

daí: VAV = λ . VT / Lpp e VAR = λ’ . VT / Lpp

127

8.5.2 Posições do Centro de Flutuação

OBSERVAÇÃO : A segunda posição é a mais comum.

8.6 MOMENTO PARA VARIAR O TRIM (COMPASSO) DE 01 CM – MTC ( MCC )

É a medida da intensidade de retorno do navio ao calado primitivo. É também um

parâmetro que serve para medidas de comparação.

Seu valor é obtido nas Curvas ou Tabelas Hidrostáticas, tendo como elemento de entrada

o calado médio.

CF coincidente com

VAV = VAR

CF situado a ré do VAV > VAR

CF situado a vante do VAV < VAR

128

G – Centro de gravidade do navio

B – Centro de carena

ML – Metacentro longitudinal

O navio embicou, devido à remoção de um peso. O navio ficará em um novo equilíbrio

em G’B’.

As alturas metacêntricas longitudinais, GML, são grandes.

O ângulo em G é reto, e o ângulo em G’ pode ser considerado reto, pois são

semelhantes.

θ será um ângulo muito pequeno, seu valor será de segundos.

GG’ = GML tg θ

Temos que tg θ = VT / Lpp

Então: GG’ = Lpp

VGMLGG'

Lpp

VGML TT

Porém VT = 1cm ( o que se quer é o momento para variar o Trim de 1cm)

1cm = 100

1m

Logo VT = 100

1m , então:

100Lpp

1GMLGG'

Temos que GG’ = Δ

dp , logo

100Lpp

GML

Δ

dp

100Lpp

ΔGMLdp

, então MTC =

Lpp100

GMLΔ

Sabendo-se o valor de MTC, é fácil encontrar a variação total do Trim (VT).

VT = MTC

dp

OBSERVAÇÃO:

Os valores de MTC existentes nos planos e tabelas de valores hidrostáticos são

calculados em função do BML e não da GML, visto BML ser calculado de forma exata em

129

função do Momento de inércia longitudinal e do Volume de carena, ao passo que GML,

depende do valor de KG, que como sabemos varia para cada carregamento. O erro cometido

é assimilável, pois ―G‖ e ―B‖, estão próximos um do outro verticalmente e ambos muito

distantes do Metacentro Longitudinal. Pode-se visualizar as grandes cotas KML nas tabelas

hidrostáticas do N/M ―ALTAIR‖ existente nos anexos.

8.7 EFEITO DA REMOÇÃO DE PESOS

O problema da transferência de pesos a bordo, sem alterar o deslocamento, é resolvido

da seguinte maneira:

a) Com os calados AV e AR, determina-se o calado médio (HM)

b) Com este calado médio, entra-se no plano/tabelas hidrostáticas e obtêm-se os valores

de F e MTC;

c) Calcula-se a variação total do Trim, usando-se a fórmula VT = MTC

dp

d) Com as fórmulas:

Lpp

VλV T

AV

e

Lpp

V λ'V T

AR

Calculamos VAV e VAR respectivamente

e) Observe-se o sentido no momento trimador, isto é, o sentido do movimento do peso.

Se ele é movimentado para vante, o calado AV aumenta e o de ré diminui, então somam-se

VAV ao HV e subtrai-se VAR do HR inicial. Se o movimento do peso for para ré, procede-se de

modo contrário.

Exercício:

O calado do nosso navio era AV = 6,00m e AR=6,20m. Seu Lpp = 108m, MTC = 108t/cm

e F = +1,125m. Um peso de 50t foi deslocado de ré para vante na distância de 43,2m.

Determinar o calado final.

Solução

1) Determina-se o calado médio

HV = 6,00m

+ HR = 6,20m

2HM = 12,20m

HM = 6,10m

2) Com o HM = 6,10m, determina-se MTC e F no plano /tabelas hidrostáticas, nesse

caso, já determinado.

MTC = 108t/cm

F = + 1,125m (1,125m a ré do )

3) Cálculo da VT (Variação do Trim) (Variação Total)

130

VT = MTC

dp = 20cm

108

43,250

4) Determinação de VAV e VAR

Lpp

VλV T

AV

;

2

Lppλ – F = 54 + 1,125 = 55,125m

VAV = 108m

0,2m55,125m = 0,102m

Lpp

V λ'V T

AR

;

2

Lppλ' F = 54 – 1,125 = 52,875m

VAR = 108m

0,2m52,875m = 0,098m

5) O peso foi movimentado de ré para vante, logo o calado AV aumenta e o calado AR

diminui.

HV inicial = 6,00m HR inicial = 6,20m

HAV = 0,102m + VAR = 0,098m -

HV = 6,102m HR = 6,102m

8.8 EFEITO DE EMBARQUE E DESEMBARQUE / EMBARQUE DE PEQUENOS

PESOS (< 5% Δ) / CÁLCULO ANALÍTICO DO NOVO CALADO

Seja um navio com as seguintes características:

Lpp = 120m

HV = 5,00m

HR = 6,00m

MTC = 120t.m/cm

Neste navio, embarcou um peso de 100t a uma distância longitudinal de 10m à vante do

plano transversal de meio navio, sendo que o centro de flutuação está localizado 2m à ré do

mesmo plano. ( λ = 62m e λ’ = 58m ).

131

1º ) Supõe-se o peso embarcado no ―F‖, provocando uma imersão paralela.

TPC

Pi e 5,50m

2

6,005,00

2

HHH RV

M

Com este HM entra-se nas curvas / tabelas hidrostáticas e tira-se o valor do TPC.

Suponhamos TPC = 50t/cm

0,02m2cm50t/cm

100t

TPC

Pi

HR = 6,00m HV = 5,00m

i = 0,02m + i = 0,02m +

HR = 6,02m HV = 5,02m

2º ) Remoção de peso para o lugar do embarque – Cálculo da variação do Trim

MTC

dpVT

d = g + F = 10 + 2 = 12m (Distância do peso ao F)

0,10m10cm120

1200

120tm/cm

12m100tVT

3º ) Distribuição proporcional da VT

0,052m120

0,1062

Lpp

VλV T

AV

0,048m120

0,1058

Lpp

V λ'V T

AR

Realmente, pois VT também é igual a VAV + VAR, VT = 0,10 = 0,052 + 0,048

Se sabemos a variação do calado à vante e à ré, teremos o calado final:

HR = 6,02m HV = 5,02m

VAR = 0,048m - VAV = 0,052m +

HR = 5,972m HV = 5,072m

VAV será adicionada, devido ao fato de o peso haver sido embarcado AV do F, o que fará

o HV aumentar e o HR diminuir, logo VAR será subtrativa.

Nos casos de desembarque, procede-se de maneira inversa.

Como foi dito, esse método é válido para cálculo dos calados nos embarques e

desembarques de pequenos pesos, desde que se possa considerar o centro de flutuação como

fixo e TPC e MTC como constantes. Não serve, porém para embarque e desembarque de

grandes pesos.

Para tal, visando uniformizar os cálculos, estabelecemos que pequeno peso é todo

aquele menor 5% do deslocamento atual.

132

OBSERVAÇÃO

Nos cálculos das variações à vante e à ré (VAV e VAR) usamos os elementos λ e λ’ que

nada mais são do que distâncias longitudinais, como vimos: 2

Lppλ F (partindo da

perpendicular à vante) e 2

Lppλ' F (partindo da perpendicular à ré).

Podemos também dar forma algébrica ao cálculo das variações. Assim sendo, teríamos:

VAV = Lpp

VT (2

Lpp + F)

VAR = – Lpp

VT (2

Lpp– F)

Usando as convenções de sinais adotadas, as fórmulas se aplicam em quaisquer

circunstâncias.

8.9 DETERMINAÇÃO DO CALADO EM EMBARQUE (OU DESEMBARQUE) DE

PESO CONSIDERÁVEL

Quando o embarque (ou desembarque) se tratar de peso considerável, não mais

poderemos considerar os elementos obtidos nas curvas hidrostáticas como constantes, nem

usar o plano de compasso (diagrama de Trim). Para que determinemos o calado final, teremos

que calcular a situação final de estabilidade longitudinal do navio.

Determinadas as posições longitudinais do centro de gravidade (LCG) e do centro de

carena (LCB), podem ocorrer as hipóteses seguintes;

1) BG = 0.

No cálculo encontramos o centro de carena e o centro de gravidade sobre uma mesma

vertical, e o navio estará sem compasso. Esta vertical poderá estar AV ou AR da perpendicular

de meio navio, assim como pode coincidir com ela.

―B‖ e ―G‖ na mesma vertical: Navio sem compasso.

133

2) No cálculo, encontramos ―G‖ à vante de ―B‖.

Então o navio embicará e o centro de carena procurará se posicionar na mesma vertical

que G, ficando assim compassado pela proa, de uma quantidade VT = Δ.BG / MTC onde BG

representa a distância longitudinal relativa que o centro de carena anda em relação à ―G‖.

G‖ a vante de ―B‖ – O navio embica e ―B‖, centro de carena, procura sua nova posição se

deslocando para vante, até se posicionar na mesma vertical que G quando o navio pára de

embicar, ficando com trim pela proa.

3) No cálculo encontramos ―G‖ a ré de ―B‖ . Então o navio derrabará até que o centro

de carena, deslocando-se para ré, se posicione na mesma vertical que ―G‖. A distância

longitudinal relativa que o centro de carena andou é ―BG‖. Então o navio ficará com um trim

pela popa de: VT = Δ.BG / MTC

G‖ a ré de ―B‖; Navio derrabado. ―B‖ se desloca para ré, procurando-se posicionar na

vertical de ―G‖, e quando isso ocorre, o navio para de derrabar, ficando compassado pela popa.

Depois de determinada a VT, em qualquer dos casos, calculam-se os valores VAV e VAR

pelas fórmulas já conhecidas: Lpp

VλV T

AV

e

Lpp

V λ'V T

AR

, e aplicam-se essas variações no

calado correspondente ao deslocamento final do navio, de acordo com a posição relativa de

―G‖ em referência a ―B‖.

8.9.1 Processo de Cálculo

a) Determina-se a distância longitudinal do CG do navio carregado pelo Teorema dos

momentos de Varignon, obtendo-se G ou PRG (LCG em relação à perpendicular

de ré ) ;

b) No plano/tabelas hidrostáticas, com o deslocamento final, acha-se: HM, MTC e B

ou PRB (LCB em relação a perpendicular de ré).

c) Determina-se a distância BG, analisando o valor de G e B (ou PRG e PRB);

fazendo BG = d e Δ = p na fórmula MTC

dpVT

, temos

MTC

BGΔVT

e calcula-se o

Trim (pois neste caso parte-se de um Trim teórico igual a zero para o Trim real do

134

navio e portanto a diferença entre os trims é igual ao Trim real). Esse Trim terá sinal

indicado pelas posições do ―B‖ e do ―G‖.

d) Determinam-se as variações à vante e a ré pelas fórmulas: Lpp

VλV T

AV

e Lpp

V λ'V T

AR

e) Aplicando-se essas variações ao HM, obtém-se respectivamente, os calado AV e AR

finais.

HV = HM ± VAV e HR = HM ± VAR

Exemplo:

Nosso navio de 107,5m de Lpp tem os seguintes pesos a bordo, com as respectivas

distâncias à PAR:

NOME PESO (t) LCg (m)

Navio leve 2800 45,5

Tanque Óleo Combustível no 3 (BB/BE) 80 62,5

Tanque Óleo Combustível no 5 (BB/BE) 90 40,0

Tanque Óleo Combustível no 7 60 20,0

Óleo lubrificante e pequenos tanques de máquinas 12 15,0

Tanque de água doce no 2 50 71,25

Provisões e sobressalentes 15 11,0

Guarnição e pertences 6 24,0

Carga: porão 1 1020 86,0

coberta 1 650 85,5

porão 2 1400 60,5

coberta 2 380 60,5

porão 3 1200 36,5

coberta 3 500 36,5

Calcular o calado à vante e à ré. Usar o plano de curvas hidrostáticas.

Solução

Cálculo da posição do Centro de gravidade.

135

NOME PESO (t) LCg(m) M.L (t.m)

Navio leve 2800 45,5 127400,00

Tanque Óleo Combustível no 3 (BB/BE) 80 62,5 5000,00

Tanque Óleo Combustível no 5 (BB/BE) 90 40,0 3600,00

Tanque Óleo Combustível no 7 60 20,0 1200,00

Óleo lubrificante e pequenos tanques de

máquinas

12 15,0 180,00

Tanque de água doce no 2 50 71,25 3562,50

Provisões e sobressalentes 15 11,0 165,00

Guarnição e pertences 6 24,0 144,00

Carga: porão 1 1020 86,0 87720,00

coberta 1 650 85,5 55575,00

porão 2 1400 60,5 84700,00

coberta 2 380 60,5 22990,00

porão 3 1200 36,5 43800,00

coberta 3 500 36,5 18250,00

= 8263t ML= 454286,50t.m

LCG (PRG) = 54,98m8263

454286,50

Δ

ML

2) Determinação de B; F; MTC e do calado médio

No plano / tabela de curvas hidrostáticas com deslocamento igual a 8263t encontra-se

o HM = 5,75m

B = -2,85m x 0,5m/cm =1,43m

F = +1,5cm x 0,5m/cm = 0,75m

MTC = 10,4cm x 10t.m/cm = 104t.m

3) Cálculo de BG:

2

Lpp = 53,75m

2

107,5

PRB= 2

Lpp + B (porque para vante)= 53,75 + 1,43 = 55,18m

BG = PRB – PRG = 55,18 – 54,98 = 0,20m

OBSERVAÇÃO:

PRB maior que PRG, isso indica que o navio irá ficar derrabado.

136

4) Cálculo das variações:

8263 . 0,20 / 104 = 15,89 cm = 0,16 m

5) Cálculo dos calados AV e AR

Como sabemos que o navio ficará derrabado, temos;

HM = 5,75m HM = 5,75m

VAV = 0,08m - VAR = 0,08m +

HV = 5,67m HR = 5,83m

8.10 EMBARQUE DE PESO COM VARIAÇÃO DO CALADO APENAS EM UMA

DAS EXTREMIDADES

Carregar de modo a manter inalterado um dos calados. 1) Embarque a vante de ―F‖

PIL – Ponto de indiferença Longitudinal – é o local em que se embarca o peso, sem

alterar o calado AR(neste exemplo)

O peso deverá ser embarcado para vante do ―F‖, pois é o HV que vamos variar e o HR

deverá permanecer inalterado. Já vimos que, no caso de embarque de pesos que não

sejam em cima do ―F‖, primeiro supomos o peso embarcado em ―F‖.

2

Lppλ + F = 53,75 + 0,75 = 54,5m

2

Lppλ' F = 53,75 – 0,75 = 53,0m

MTC

BGΔVT

0,08m107,5

0,1653

Lpp

V λ'V T

AR

0,08m107,5

0,1654,5

Lpp

VλV T

AV

137

Com este peso embarcado em ―F‖, o navio imerge paralelamente de ―i‖.

Então devemos movimentar o peso para uma posição à vante de ―F‖, de maneira que a

variação à ré seja igual à imersão paralela. Em resumo, temos que ter:

i + VAV = 0, sendo, portanto, i = VAR

ou seja: p / TPC = λ’. VT / Lpp

VT = MTC

dp , logo,

LppMTC

λ'dp

TPC

p

LppMTCpTPCλ'dp

tirando-se o valor de ―d‖:

TPCλ'p

LppMTCpd

TPCλ'

LppMTCd

que é a distância a que se deve embarcar o peso de modo a alterar o calado somente à vante,

permanecendo o calado à ré inalterado.

Embarque à ré:

Usando o mesmo raciocínio, teremos que: TPCλ

LppMTCd

que é a distância a que se

deve embarcar o peso à ré, de modo a alterar somente o calado à ré permanecendo o calado à

vante inalterado.

Exemplo:

Nosso navio, de 107,5m de Lpp, está com os calados: AV=6,10 e AR=6,50m. O calado

máximo de saída é 6,50m. Qual o máximo peso de carga que pode ainda ser embarcado e em

que posição relativamente ao plano transversal de meio-navio, de modo que o navio fique com

aquele calado em águas parelhas?

Solução:

No plano de Curvas Hidrostáticas ou Tabelas anexas, com o HM = 6,3m, encontramos:

TPC = 16t/cm

MTC = 110t.m/cm

F = +1,4m

VT = Tf- Ti , logo: VT = 0 – 0,4 = – 0,4m ( p/vante)

3) Cálculo da distância Fg

, onde F = 53,75 – 1,4 = 52,35m

d = 110 x 107,5 / 52,35 x 16 = - 14,117m ( p/vante do ―F‖, daí o sinal negativo)

4) Cálculo da distância g:

g = F = – 14,177 – 1,4 = – 12,717m

TPCλ'

LppMTCd

2

Lppλ'

FG

138

5) Cálculo do peso:

VT = – 0,4m = – 40 cm = p. – 14,177) / 110 t.m/cm

p =

Resposta:

Podemos embarcar um máximo de 311,68t; 12,717m à vante do plano transversal de

meio-navio.

8.11 CORREÇÕES AO CALADO DE UM NAVIO

8.11.1 Calado

Já foi vista a definição de calado. No navio os números para leitura do calado são

marcados no costado, na proa, na popa e a meio navio, nas proximidades das perpendiculares.

O zero das escalas de calado, marcadas no costado, refere-se à linha de fundo da quilha.

Geralmente as escalas são marcadas em decímetros e em algarismos arábicos a BE, e em pés

e em algarismos romanos a BB.

As anotações usadas são:

HMR = calado na marca de ré

HMV = calado na marca de vante

HMN = calado na marca do meio navio

Mas o calado lido nas escalas do costado deve passar por uma série de correções para

servir como argumento de entrada nos planos, ou ser usados nos cálculos de estabilidade.

Chama-se compasso ou trim a diferença entre o calado a ré e o calado a vante.

Usaremos como notação para compasso a letra T.

Neste nosso estudo faremos a seguinte convenção:

Calado a ré maior que calado a vante ..... compasso positivo

Calado a ré menor que calado a vante ..... compasso negativo

HMED =

Calado médio é a semi-soma dos calados a vante e a ré.

MTC

dp

t68,311117,14

40110

2

HH MVMR

139

8.11.2 Correções para as Perpendiculares

As marcas do calado deveriam ser feitas sobre as perpendiculares, mas, devido as

formas do navio. Geralmente, isso é impossível. Por exemplo, numa proa lançada não há

maneira de colocar a escala de calado sobre a perpendicular.

Se as marcas de calado são colocadas numa linha diferente que a perpendicular, quando

o navio está em águas parelhas (sem compasso) não haverá erro. Mas se ele está

compassado, quer pela proa, que pela popa, essa defasagem originará um erro que deverá ser

corrigido.

Na figura a seguir, temos um navio compassado pela proa. O calado lido na marca de

proa deve sofrer a correção Cf para obtermos o calado na perpendicular de vante, temos que:

cf = xf . tg θ

mas o triângulo maior mostra que: LM

TMtgθ

Correção do calado devido a leitura fora das perpendiculares

donde, substituindo LM

TMxfcf

para a correção a ré: LM

TMxaca

Nessas duas últimas fórmulas temos:

cf = correção para o calado a vante

ca = correção para o calado a ré

xf = distância entre a marca de calado e a perpendicular de vante

xa = distância entre a marca de calado e a perpendicular de ré

TM = Compasso nas marcas de calado (calado a ré lido na marca menos calado a vante

lido na marca

LM = Comprimento entre as marcas de calado de vante e de ré.

Para aplicação dessas duas fórmulas faremos a convenção:

140

xf = negativa e xa = positiva

compasso pela popa ....... Positivo e compasso pela proa...........Negativo.

Podemos então armar o seguinte quadro:

COMPASSO PELA POPA COMPASSO PELA PROA

Correção AV é subtrativa Correção AV é aditiva

Correção AR é aditiva Correção AR é subtrativa

NOTA – Na convenção para distâncias xa e xf supomos as marcas nas posições

mostradas na figura 1, ou seja, a marca de vante a ré da perpendicular de vante e a marca de

ré a vante da perpendicular de ré. Isso é o que ocorre em quase todos os navios. Num navio

com marcas posicionadas de maneira diferente trocaremos o sinal convencionado.

O calado a meio do navio não exige correção, pois a escala ou é posicionada sobre a

perpendicular a meio navio ou tão perto dela que a correção é desprezível. Nos navios de

grande porte ela é levada em conta.

8.11.3 Correção para o Calado devido ao Compasso

Esta correção é devida ao centro de flutuação não pertencer ao plano transversal de

meio navio, mas é comumente conhecida de correção devido ao compasso.

Na verdade, se o centro de flutuação estiver a meio navio, que o navio esteja

compassado ou não, não haverá erro na leitura. Só quando F não pertencer ao aludido, plano é

que, se o navio estiver compassado, haverá erro na leitura do calado.

Os movimentos longitudinais do navio, em flutuações isocarenas se fazem em torno de

um eixo transversal que passa pelo centro de flutuação.

Nesta figura, temos o centro de flutuação localizado à ré do plano aranha.

Pela figura anterior, vemos que neste caso o calado médio real é maior que o calado

médio.

O lado ―s‖ é análogo a ―T‖

F é análogo a Lpp

Então teremos:

141

Lpp

T

F

s , logo, s = . T / Lpp

O elemento ―s‖ nos dará o valor da correção. F e T serão usados com seus sinais.

8.12 CORREÇÃO PARA O CALADO DEVIDO À DEFLEXÃO DO CASCO

Devido aos esforços sofridos, o casco do navio pode ficar alquebrado ou contra-

alquebrado. Nesse caso o calado médio, não corresponderá ao calado a meio navio. Sendo

menor no primeiro caso e maior no segundo caso. A diferença entre o calado a meio navio e o

calado médio mede a deflexão do casco, e ela será:

ALQUEBRAMENTO E CONTRA-ALQUEBRAMENTO

δ = 2

HH MRMV – HMMN

δ = HMED – HMMN

HMED > HMMN

HMMN + δ = 2

HH MRMV

142

– δ = – HMMN

δ = HMMN – HMED

HMED < HMMN

CONTRA-ALQUEBRADO (SAGGED) = Calado médio menor que o calado a meio navio

ALQUEBRADO (HOGGED) = Calado médio maior que o calado a meio navio

8.12.1 Correção para a Deflexão

Podemos dar forma algébrica às fórmulas, fazendo sempre: δ = HMMN – HMED

A Engenharia Naval adota o seguinte valor para a correção devida à deflexão:

c= 0,75

Esta correção será somada ao calado médio, corrigido para as perpendiculares e devido

ao trim, se o navio está contra-alquebrado, e subtraída se o navio está alquebrado. Note-se

que como a deflexão é medida diretamente no costado, o calado médio usado na fórmula é a

média dos calados nas perpendiculares AV e AR. Podemos aplicar a correção para a deflexão

diretamente no modo de calcular o calado. Se o navio está contra-alquebrado a correção ao

HMED é aditiva:

H’ = (HPV + HPR) / 2 + 3/4 δ

Mas o valor de δ com o navio contra-alquebrado é:

δ = HMMN – HMED = HMMN – (HPV + HPR) / 2

Que substituindo acima:

H’ = (HPV + HPR) / 2 – 3/4 { HMMN – (HPV + HPR) / 2 }

Desenvolvendo:

H’ = (HPV + HPR) / 2 + (6 HMMN – 3HPV – 3HPR) / 8

H’ = ( HPV + 6 HMMN + HPR ) / 8

Se o navio está alquebrado a correção é subtrativa: H’ = (HPV + HPR) / 2 – 3/4 δ e

aplicando o valor absoluto da deflexão para o navio alquebrado δ = HMED – HMMN

chegaremos à mesma fórmula.

Assim sendo teremos então a FÓRMULA GLOBAL PARA OBTENÇÃO DO CALADO MÉDIO REAL.

HMED Real =

8

H6HH PRMMNPV . T / Lpp

H’ = Calado médio intermediário

2

HH MRMV

2

HH MRMV

HMMN – δ =

143

HMMN = Calado nas marcas de meio-navio

HMED = Calado médio

HMV = Calado na marca de vante

HMR = Calado na marca de ré

HPV = Calado na perpendicular de vante

HPR = Calado na perpendicular de ré

T = Trim ( compasso )

Lpp = Comprimento entre perpendiculares.

Estudadas as diversas correções que devem ser feitas ao calado lido nas escalas

marcadas no costado do navio, podemos agora ter o calado de entrada nos planos ou tabelas

de valores hidrostáticos ou outras quaisquer que tenham como argumento de entrada o calado.

O calado médio real também é conhecido como calado correspondente (do inglês

corresponding draft).

OBSERVAÇÃO:

Ocorre que no cálculo do ―draft-survey‖ entra-se nas tabelas com o calado médio

corrigido apenas para as perpendiculares e deflexão, sendo que a correção para o trim será

transformada em peso, (1ª correção para o trim) principalmente quando é necessário efetuar

uma outra correção ao trim, esta sempre em peso (2ª correção para o trim), sendo ambas

aplicadas ao deslocamento, e neste caso, é comum denominar-se o calado médio obtido

primeiramente também de calado correspondente. Isto será assunto dos próximos capítulos a

seguir.

144

CAPÍTULO 9

DRAFT SURVEY

(―ARQUEAÇÃO DA CARGA‖)

Nesta parte aprenderemos como calcular o peso da carga embarcada ou desembarcada,

em função da leitura dos calados e da densidade da água, bem como determinar o valor da

―constante‖ de bordo.

145

Este capítulo foi extraído de apostila do Comte. Carlos R. Caminha Gomes, tendo sido

revisto e atualizado pelos autores.

9.1 INTRODUÇÃO

O peso da carga a bordo, conforme o caso, pode ser determinado por um dos seguintes

métodos:

1) Pesando cada volume da carga embarcado, como pode ser feito nos carregamentos

de carga geral, usando os pesos indicados nos conhecimentos de embarque;

2) Pesando a carga em terra, por meio de balança, como se faz em alguns

carregamentos de granéis sólidos;

3) Por medição indireta, medindo o volume dos tanques de terra, nos casos de granéis

líquidos;

4) Por medição indireta, determinando-se o volume ocupado nos tanques de bordo, nos

casos de granéis líquidos;

5) Através de medida do calado, feito para os casos dos granéis sólidos.

No caso da carga geral, dá-se pouca importância ao peso total da carga devido ao fato

de frete ser cobrado por consignação individual e, quase sempre, o navio ficar ―cheio sem estar

embaixo‖.

Nos granéis líquidos, os tanques de terra são medidos antes e depois da operação (carga

ou descarga) e, calculando o volume movimentado, passa-se ao peso. O mesmo é feito a

bordo: medem-se os tanques do navio antes e depois da operação, obtendo-se o peso

multiplicando o volume movimentado pela densidade da carga. Tem-se, então, os pesos pelo

cálculo de terra e pelo cálculo de bordo, que devem ser semelhantes.

Também nos granéis sólidos, o peso da carga movimentada pode ser fornecido por

terra, por meio de balanças. O peso por bordo é obtido através de uma operação denominada

―arqueação da carga‖, conhecida em inglês como ―draft survey‖, que significa, literalmente,

―inspeção do calado‖. Em alguns casos este é o único meio para se ter tal peso.

A arqueação da carga também é um método indireto para se obter o peso das

mercadorias a bordo. Determina-se o calado correspondente; o deslocamento corrigido para a

densidade da água em que o navio flutua; os pesos dos objetos, materiais, pessoas, etc. a

bordo; e o peso do navio leve. Então o peso da carga é dado por:

O embarcador, o recebedor, o afretador, o dono da carga ou outra pessoa nela

interessada, pode indicar um técnico para efetuar a arqueação da carga. A essa pessoa

chamaremos de ―inspetor‖ ou ―arqueador‖; em inglês chama-se ―draft surveyor‖.

Quando, no caso de granel sólido, o peso da carga for unicamente determinado por

arqueação, deve ser usado o ―arqueador‖. Este técnico determinará o peso da carga, mas isso

não desobriga o Imediato de também calculá-lo.

PESO DA CARGA

DESLOCAMENTO DO NAVIO

PESO DOS MATERIAIS, OBJETOS,

PESSOAS, ETC.

PESO DO NAVIO LEVE =

__ __

146

Antes de prosseguirmos, queremos deixar bem claro que as instruções aqui dadas são

relativas à determinação do peso da carga. Embora alguns itens sejam comuns à outras

operações, pode ser que não sejam exatamente iguais.

Por exemplo, num ―On Hire Survey‖, a determinação da quantidade de combustível a

bordo deve ser efetuada muito mais cuidadosamente que numa ―draft survey‖, pesquisando-se

até o conteúdo de água nos tanques de fuel oil; nos cálculos de carregamento, no qual o que

importa é o calado e as linhas de carga, usamos a densidade relativa e não a densidade, como

no caso da arqueação da carga.

9.2 DIFERENÇA TERRA–BORDO

Vimos acima que o peso da carga pode ser determinado em terra e a bordo.

Haverá, sempre, uma diferença entre os dois cálculos, que é oriunda dos próprios

processos e das aproximações usadas nos cômputos.

Entretanto, ela deve ficar, no máximo, em 0,2% (dois décimos por cento) do total da

carga movimentada (embarcada ou desembarcada), tomando-se o maior valor. Assim, se a

carga embarcada for de 30.000t, uma diferença de até 60t entre os cálculos de bordo e de terra

é aceitável. Sendo mais que isso, um dos dois está errado, geralmente o de bordo.

9.3 PASSOS NO DRAFT SURVEY

A ―draft survey‖ é uma operação continuada. Isso significa que ela deve ser feita de uma

só vez; os passos que a compõem devem ser efetuados seguidamente.

Não se deve, por exemplo, ler os calados pela manhã e somente de tarde tomar a

densidade da água do mar. Os passos são efetuados um imediatamente após o outro. Esses

são os passos:

1 – Leitura dos calados nas marcas do costado;

2 – Determinação da densidade em que o navio flutua;

3 – Determinação da ―constante do navio‖;

4 – Determinação do peso dos ―consumíveis‖;

5 – Cálculo do calado correspondente;

6 – Determinação do deslocamento real do navio; e

7 – Determinação do peso da carga.

9.4 DOCUMENTOS DE BORDO NECESSÁRIOS

Além das informações do Imediato (ou do Comandante), os seguintes documentos de

bordo, devidamente aprovados pela autoridade marítima do país em que o navio está

registrado (ou da Classificadora autorizada), são necessários:

1 – tabela ou plano de curvas hidrostáticas (as tabelas, embora necessitando muitas

vezes de serem interpoladas, são preferíveis ao plano de curvas);

2 – tabelas de sondagens para os tanques de óleo combustível, lubrificante, diesel, água

e outros tanques da máquina;

147

3 – tabela de ulagens (ou sondagens) para os tanques laterais elevados e outros tanques

que podem levar carga ou lastro;

4 – caderno de estabilidade (ou livro dados do navio, o ―data book‖)

5 – plano de capacidade, para determinação da posição e volume dos porões, tanques e

outros compartimentos (os dados hidrostáticos devem ser obtidos no Plano de

Curvas Hidrostáticas ou na Tabelas Hidrostáticas);

6 – plano de arranjo geral, para determinação e posicionamento de tanque ou outros

compartimentos e ainda de dimensões que não possam ser obtidas no plano de

capacidade.

9.5 APROXIMAÇÃO NOS CÁLCULOS

Os cálculos devem ser feitos com a aproximação de duas casas decimais, a não ser que

os documentos usados não possibilitem tal. As densidades devem ser aproximadas ao

milésimo. No final, o peso da carga obtido será arredondado para décimo de tonelada.

As interpolações devem ser feitas com o máximo de rigor.

9.6 LEITURA DOS CALADOS NAS MARCAS

Os calados devem ser lidos:

- na proa, a boreste e a bombordo;

- a meio-navio, a boreste e a bombordo;

- na popa, a boreste e a bombordo.

Tomam-se as médias dos calados a vante, à meio-navio e a ré, tendo-se então:

- calado na marca de vante = HMAV

- calado na marca de meio-navio = HMMN

- calado na marca de ré = HMAR

O trim nas marcas (TM) é a diferença entre o calado na marca de ré e o calado na marca

de vante:

TM = HMAR – HMAV

A banda do navio é verificada com um aparelho denominado inclinômetro. Mas se ele

não existir, ou se sua indicação não for de confiança, pode-se usar fórmulas:

navio do boca

navio-meio a calado de diferençaBanda tg

A banda toma o nome do bordo mais baixo ( ou seja, o de maior calado).

Exemplo: a boca do navio é de 21m. Os calados nas marcas de meio-navio são:

HMMN BE = 9,30m HMMN BB = 9,56m

Pede-se o calado nas marcas a meio navio e a banda.

Solução:

148

HMMN BE = 9,30m

HMMN BB = 9,56m

HMMN = 9,43m

Dif. = 0,26m

tg banda = m

m

21

26,0 =0,0124

banda = 0,71º BB

9.7 DENSIDADE DA ÁGUA

A densidade da água em que o navio flutua deve ser determinada no mesmo instante e

no mesmo local em que são feitas as leituras dos calados nas marcas.

A densidade média da água dos oceanos é de 1024,12 Kg/m3. Mas nos cálculos de

arquitetura naval, nas curvas e tabelas hidrostáticas do navio, considera-se a água salgada

como tendo uma densidade relativa de 1025 Kg/m3 e sendo a densidade relativa da água doce

à 1.

Ocorre geralmente, que a densidade real da água em que o navio flutua é diferente de

1025 Kg/m3 e de 1000 Kg/m3. Portanto, há necessidade de se conhecer seu valor real para

corrigir o deslocamento obtido nas tabelas ou curvas hidrostáticas.

O material necessário para esse trabalho é constituído de um balde com retinida, um

densímetro (também conhecido pelo nome de areômetro) com capacidade de medir as

densidades da água do mar, e de uma proveta (alguns Imediatos usam o próprio balde como

proveta).

O densímetro para água do mar consiste num corpo de vidro com bulbo pesado e haste

alongada retangular, onde fica uma escala. Sua precisão varia entre 0,1% e 0,2%.

Chama-se de densidade à massa na unidade de volume. No sistema internacional de

unidade (SI), a densidade é medida em quilogramas por metro cúbico (Kg/m3). A densidade

inclui um efeito do deslocamento do ar, isto é, é medida no ar.

Massa Específica tem o mesmo significado de densidade, só que este termo só é usado

quando o corpo é homogêneo, isto é, é composto de uma única substância.

Densidade Relativa é a relação entre a densidade de um corpo e a densidade de outro

corpo tomada como referência. O outro corpo usado como referência no caso de líquidos e

sólidos é a água destilada a 4ºC (mais precisamente, a 3,98 ºC), cuja densidade é de 1000

Kg/m3. Sendo uma razão entre duas quantidades da mesma unidade, é uma grandeza

adimensional, isto é, a densidade relativa não tem unidade. A densidade relativa não inclui o

efeito do ar, sendo, portanto medida no vácuo.

Sabemos que o peso de um corpo na água é menor que seu peso no ar e este, por sua

vez, é menor do que o seu peso no vácuo. Isso se deve à lei de Arquimedes.

Na superfície da Terra todos os corpos são pesados no ar, exceto casos específicos de

pesagens efetuadas em laboratórios, com fins científicos. O peso comercial da carga é um

peso no ar.

Chama-se de peso aparente de um corpo ao seu peso incluindo o efeito do deslocamento

149

de ar. Logo:

Peso aparente = volume x densidade

Peso absoluto de um corpo é o peso desse corpo no vácuo..

Peso absoluto = volume x densidade relativa

O peso absoluto é maior que o peso aparente. Logo a densidade relativa é maior que a

densidade (em valores numéricos).

A diferença entre o peso absoluto e o peso aparente é o empuxo devido ao ar, como

determina a lei de Arquimedes, já estudada no 1º Capítulo.

Empuxo = volume imerso x densidade do fluido

Há uma tremenda dificuldade em calcular o volume do navio imerso no ar. Deste modo, o

Imediato e o arqueador, quando fazendo a ―arqueação da carga‖, devem usar densímetro

calibrado em densidade (Kg/m3), pois este lhes fornecerá o valor que, multiplicado pelo volume

da carena, dará o peso aparente do navio que, por sua vez, após os cálculos que veremos a

seguir, indicará o peso aparente da carga, ou seja, o peso comercial.

Quando o densímetro for calibrado em densidade relativa, se usará a seguinte fórmula:

vácuodefator

relativa densidadedensidade

Sendo o fator de vácuo obtido na tabela:

DENSIDADE RELATIVA FATOR DE VÁCUO

1,000

1,005

1,010

1,015

1,020

1,025

1,001 08

1,001 06

1,001 06

1,001 05

1,001 04

1,001 03

Para saber se o densímetro está calibrado em densidade ou em densidade relativa é

muito fácil: Basta observar se ele tem ou não a marca de Kg/l ou Kg/dm3 (ou correspondente);

se tiver, é calibrado em densidade; se não tiver, é calibrado em densidade relativa.

Voltemos à leitura da densidade

Tomam-se amostras da água na proa, a meio-navio e a ré, com o balde. A água é

passada para a proveta e, colocado o densímetro, lê-se a densidade. Toma-se a média das

três leituras como sendo a densidade real.

Não há necessidade, para a arqueação da carga de se tomarem seis amostras da água,

como é feito na determinação do deslocamento leve, durante a prova de estabilidade no dique.

150

Porém, há de se ter cuidado em não se apanhar água próximo das descargas da praça

de máquinas.

Lembre-se: a leitura dos calados nas marcas e a densidade da água em que o navio

flutua devem ser efetuadas no mesmo local e no mesmo momento. Nos cálculos do peso da

carga é usada densidade e não densidade relativa.

Usamos como notação de densidade da água do mar a letra grega γ (gama), podendo

também usar-se a letra grega δ ( delta ).

Anota-se o valor médio da densidade.

9.8 PESOS A BORDO QUE NÃO A CARGA

O deslocamento total do navio, para o caso da arqueação da carga, é composto de:

1 – deslocamento leve (Δl);

2 – peso da guarnição e pertences, dos mantimentos, dos sobressalentes, etc..., que se

chama ―constante do navio‖.

3 – peso do óleo combustível, óleo diesel, óleo lubrificante, água doce, água de lastro,

etc, que se chama ―peso dos consumíveis‖;

4 – peso da carga.

O deslocamento leve é dado no ―Livro de Dados‖, no ―Caderno de Estabilidade‖, no Plano

de Capacidade e em outros documentos do navio.

O deslocamento total é conseguido através do calado, entrando-se nas tabelas ou curvas

hidrostáticas e depois corrigindo para o trim e densidade da água em que o navio flutua. Isso

será visto posteriormente.

Temos que determinar os itens (2) e (3), acima, para depois, por subtração, obtermos o

peso da carga.

9.9 CONSTANTE DO NAVIO

Dá-se o nome, bastante impróprio, de ―Constante do Navio‖ à soma daqueles pequenos

pesos que quase não variam. Assim, ela é o somatório dos pesos de:

guarnição e pertences;

passageiros e seus pertences;

material de custeio (das três seções de bordo, inclusive: tinta, estopa, etc...)

víveres e bebidas;

líquidos nas redes e em certos aparelhos, como por exemplo: água nas caldeiras,

água nos condensadores, óleo e água nas respectivas redes, óleo lubrificante dos

cárteres dos motores e das máquinas; etc... .

A constante, como se vê, é uma variável.

Podemos notar a variação pelos nossos próprios pertences: ao embarcarmos, uma

maleta dá para toda a bagagem; quando desembarcamos quase que necessitamos de uma

Kombi.

151

Também outros pesos fazem variar a constante, como a lama que se acumula no fundo

dos tanques; a tinta que vai se sobrepondo nas pinturas sucessivas das obras mortas; os

cabos velhos que vão ficando nos paióis; as peças sobressalentes que foram reutilizadas,

desembarcadas as substituídas, mas não foram repostas por novas; o rancho consumido

durante a viagem e ainda não foi feito o abastecimento no porto na hora da ―arqueação‖; e etc.

Embora não faça parte da constante, e sim seja uma alteração do deslocamento leve,

temos que considerar como tal uma modificação estrutural, com adição ou subtração de pesos;

a colocação, por exemplo, de mais um radar, etc.

Embora variando, a constante tem um valor que o imediato deve conhecer. E os

imediatos que embarcarem vão informando o substituído para o substituto, o valor das

constantes, com as alterações observadas.

Como já dissemos, o Imediato que já fez várias arqueações da carga deve conhecer o

valor da constante. Mas se ele é novo no navio e nada lhe informaram, ou se desconfia do

valor, deve proceder da seguinte maneira para determinar esse valor

Como o navio sem carga, faz a ―draft survey‖, determinando o deslocamento real do

navio, o peso dos consumíveis e obtendo o deslocamento leve nos documentos de bordo, ter-

se-á, chamando:

Δp = deslocamento determinado na ―arqueação‖;

Δl = deslocamento leve;

Consumíveis = peso dos consumíveis

C = Constante do navio

C = Δp - Δl – peso dos consumíveis

Mas o navio só com os materiais que formam a constante a bordo fica, geralmente, muito

trimado pela popa e há impossibilidade de medição exata do calado a vante (às vezes a roda

de proa fica fora d’água), como pelas interpolações ou correções para os dados hidrostáticos,

sondagens, ulagens, etc...

Por isso, procede-se da seguinte maneira. Com o mínimo de carga possível, coloca-se o

navio adriçado e aproximadamente em águas parelhas (trim de menos de 1% do comprimento

entre perpendiculares); pára-se o carregamento e faz-se uma arqueação preliminar; o peso da

carga embarcada pode ser fornecida pela balança de terra, ou contando o número de

caçambas (grabs) que levaram a carga para bordo; este peso pode ser considerado exato,

devido à pequena quantidade. Então aplica-se a fórmula:

C = Δp – Δl – peso dos consumíveis – carga embarcada

Quando o Inspetor suspeitar do valor da constante fornecida pelo Imediato, deve

proceder da maneira que acima descrevemos, para determinar um número mais exato. Ele

deve exigir que se faça a arqueação preliminar.

E quando a operação for descarga, far-se-á a determinação da constante quase no fim

da operação.

Note que a quantidade de carga deve ser bem pequena, apenas para possibilitar deixar o

navio com pequeno trim, para que o erro em seu peso não venha a influir notadamente no valor

da constante.

152

Depois de determinada a constante, ela deve ser anotada e passada para o Livro de

Dados do navio.

9.10 CONSUMÍVEIS

Chama-se ―consumíveis‖, numa arqueação de carga, àqueles materiais cujos pesos

variam bastante e podem ser bem determinados.

óleo combustível;

óleo diesel;

óleo lubrificante;

água de lastro;

água doce;

água destilada.

Com se vê, todos são líquidos e ficam armazenados em tanques. O estaleiro construtor

do navio fornece tabelas de sondagens ou de ulagens, com as respectivas correções para o

trim e para a banda, para esses tanques.

Aqui um aviso inicial. Alguns navios não possuem tabelas de sondagens com correções

para o trim para todos os tanques. Os tanques cujas tabelas não tenham correção para o trim

devem ser deixados vazios, quando não for possível determinar tal correção por fórmula; se o

tanque for pequeno e o trim for inferior a 1% do comprimento entre perpendiculares, pode-se

considerar, nestes casos, a correção igual a zero.

Com o navio adriçado e em águas parelhas, basta entrar na tabela correspondente com

a sondagem ou ulagem, conforme o caso, e tirar o volume do líquido. Multiplica-se esse volume

pela densidade e tem-se o peso.

Mas o problema não é tão fácil assim. O navio, embora geralmente esteja adriçado no

início e no término do carregamento, ou descarga, quase sempre está trimado.

Portanto, serão necessárias correções, que são dadas em tabelas junto a tabela de

sondagem ou de ulagem do tanque específico. O estaleiro deve fornecer, repetimos, tais

tabelas de correção para banda e para o compasso.

Outro problema é a densidade do líquido. Na maioria dos casos admite-se um valor

médio para a densidade, mas em certos casos é necessário medi-la. Isso veremos quando das

observações sobre cada líquido.

Quando tomando as sondagens ou ulagens, o Imediato, e especialmente o Inspetor ,

deve proibir qualquer movimentação de líquido a bordo durante a operação; em alguns navios,

verificou-se que eram transferidas algumas toneladas de um tanque para o outro, enquanto o

―surveyor‖ estava ocupado em outro setor do navio.

153

OBSERVAÇÕES GERAIS E PRECAUÇÕES SOBRE AS SONDAGENS

1 – Sonde todos os tanques para os quais os navios possuírem tabelas de sondagem;

determine a ulagens que possuírem tabelas para tal; sonde também todos os

coferdames, espaços vazios, dalas da praça de máquinas e outros compartimentos

que possam conter líquidos;

2 – Para os tanques da praça de máquinas, que não possuem tabelas de sondagem,

determine o volume tomando a forma e dimensões do mesmo no Plano de

Capacidade;

3 – Verifique cuidadosamente qual o tanque que está sondando, principalmente quando

atuar como Inspetor de Arqueação; em alguns navios observou-se que as

―plaquinhas‖ dos tubos de sondagem, com o nome do tanque, tinham sido trocadas

para facilitar fraude; a verificação pode ser feita pelo posicionamento do tanque,

usando o plano de Arranjo Geral ou de Capacidade.

4 – Meça a altura do tanque (altura desde a boca do tubo de sondagem até o fundo,

menos a altura do tubo de sondagem) confira essa altura com seu valor no plano;

isso lhe dirá se há entupimento do tubo de sondagem;

5 – Confirme, no caso de tanques laterais, a altura do tanque de BB com a altura do

tanque de boreste, desde a boca do tubo de sondagem; isso lhe dirá se há ou não

entupimento dos tubos;

6 – Quando calculando o volume do líquido no tanque, faça as correções para banda e

para o trim;

7 – As interpolações devem ser feitas com duas casas decimais.

9.11 CÁLCULOS

Anotadas as sondagens e densidades e os calados nas marcas, o Imediato e o Inspetor

vão para o escritório a fim de fazerem os cálculos:

1 - DETERMINAÇÃO DOS ―CONSUMÍVEIS‖

Tomam-se, separadamente, os tanques com:

- óleo combustível;

- óleo diesel;

- óleo lubrificante;

- água de lastro;

- água doce;

- água destilada;

- outros espaços com líquido.

Entra-se na tabela correspondente para cada tanque com a sondagem (ou ulagem) e tira-

se o volume; ao lado lêem-se as correções para banda e para o trim, ou estas são calculadas

pelas fórmulas:

Vc = Volume corrigido

Vt = Volume dado na tabela principal

Corr. Banda = Correção para banda

Corr. Trim = Correção para Trim

154

Vc = Vt + corr. banda + corr. trim

Para cada tanque, multiplica-se o volume pela densidade do líquido, obtendo-se o peso

comercial:

P = Vc × dens.

P = peso em toneladas

Vc = volume corrigido

Dens. = Densidade do líquido

Somam-se os pesos de cada líquido; obtém-se valores parciais; somam-se esses valores

parciais e tem-se o peso dos consumíveis.

2 - DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE

Já visto anteriormente.

3 - DESLOCAMENTO LEVE

Lê-se no Livro de Dados do Navio, no Caderno de Estabilidade, no Plano de Capacidade

ou no Plano de Arranjo Geral.

4 - DETERMINAÇÃO DO DESLOCAMENTO CARREGADO

a) Calados nas perpendiculares

Os calados nas marcas foram lidos avante (BE e BB), a meio-navio (BE e BB) e a ré (BE

e BB).

Chamemos de HM o calado nas marcas, e H o calado nas perpendiculares.

HMAV = HMAVBE + HMAVBB / 2

HMMN = HMMNBE + HMMNBB / 2

HMAR = HMARBE + HMARBB / 2

Temos os calados nas marcas a vante (HMAV), a meio navio (HMMN) e a ré (HMAR).

De princípio a transformação de calados nas marcas em calados nas perpendiculares só

deve ser feita quando os documentos do navio trouxerem os dados necessários. Porém, se o

Inspetor acha que as distâncias das marcas às perpendiculares são relativamente grandes,

pode determiná-las por medição no plano e aplicar as fórmulas que damos a seguir.

Em navios grandes, a não aplicação da correção conduz a erros consideráveis no

deslocamento calculado e, portanto, no peso da carga.

A fórmula que usamos, bastante aproximada, é:

Correção = TM x d / LM

Onde:

TM = Trim nas marcas

d = distância da marca de calado à perpendicular correspondente

LM – (xa + xf)

A correção tem os seguintes sinais:

155

TRIM Correção para calado AV quando as marcas de vante estão AR da perpendicular de vante.

Correção para calado AR quando as marcas de ré estão AV da perpendicular de ré.

Pela popa – +

Pela proa + –

Então:

HAV = HMAV + corr.av

HMN = HMMN

HAR = HMAR + carr.ar.

Como se vê, não há correção para o calado lido a meio navio.

Determina-se o trim:

T = HAR - HAV

b) Calado correspondente

8

HH6HH ARMNAV

c

Onde:

Hc = calado correspondente

HAV = calado na perpendicular de vante

HMN = calado na perpendicular de meio navio

HAR = calado na perpendicular de ré

Com Hc entra-se nas tabelas hidrostáticas, retirando-se os valores de TPC, e do

deslocamento (Δ1).

c) Calcula-se a 1ª correção devida ao Trim:

T = HAR – HAV

O valor de ―A‖ pode ser positivo ou negativo, conforme os sinais de e do trim

Lpp

TPC100T A

1) Se o trim for maior que 1% do comprimento entre perpendiculares, se aplicará, ao

deslocamento, a 2ª correção devida ao Trim.

B = d MTC / dH x 50 T² / Lpp

Esta correção é sempre positiva.

Com os calados de 0,5m acima e 0,5 abaixo do calado correspondente, entra-se nas

tabelas ou curvas hidrostáticas e retiram-se os MTC’s correspondentes:

156

Hc + 0,5m ........................... MTC =

Hc – 0,5m ........................... MTC =

Dif =

A diferença entre esse dois MTC’s é o dMTC / dH da fórmula da 2ª correção devida ao

Trim.

Os outros valores são conhecidos:

T = Trim

Lpp = comprimento entre perpendiculares

Então, o deslocamento em água salgada (densidade 1,025) correto será:

Δ2 = Δ1 + A + B

2) O Trim é menor que 1% do comprimento entre perpendiculares.

Neste caso considera-se o deslocamento do plano como o deslocamento em água

salgada de densidade

1,025 mais ―A‖

Δ2 = Δ1 + A

O volume de carena é = 1,025

2

em metros cúbicos.

Tomando-se a densidade da água do mar γ (em t/m3), determinada como indicado no

item 7, ter-se-á:

Δr = , onde Δr = deslocamento real.

Ou seja,

Δr = 1,025

γ2

e) Carga

Todos os elementos já são conhecidos. Agora é só fazer o cálculo:

Peso da Carga = Δr – (Δleve + constante + consumíveis)

157

9.12 APÊNDICE

A SEGUNDA CORREÇÃO DEVIDO AO TRIM

INTRODUÇÃO:

Quando se calcula o 1º calado médio, são aplicadas as seguintes correções, de forma

parcelada:

1) Corrigem-se os calados lidos nas marcas, transformando-os em calados nas

perpendiculares;

2) Aplica-se a fórmula:

8

HH6HH' ARMNAV

E tem-se o calado corrigido da deflexão do casco.

3) Com H’, entra-se nas tabelas ou nas curvas hidrostáticas, tirando-se o valor de

. E calcula-se o calado médio real, aplicando-se a correção para o trim.

T = HAR – HAV

Lpp

T Ct

(1)

Com esse HMR, é que se entra nas tabelas e curvas hidrostáticas para obter o

deslocamento.

Por fim, o deslocamento obtido nas tabelas ou curvas é corrigido para a densidade da

água em que o navio flutua, medida pelo Oficial-de-Náutica que está fazendo os cálculos.

Ocorre que todos os valores dados nas tabelas ou curvas hidrostáticas, o são

considerando o navio sem compasso (HAV = HAR). E isso também se dá com o valor de .

Quando o trim é pequeno, pode-se considerar o valor de como sendo o dado nas

curvas ou tabelas hidrostáticas. Mas quando ele é superior a 1% (um por cento) do

comprimento entre perpendiculares, a fórmula (1) não fornece a aproximação necessária.

Metacentro Diferencial.

Quando o navio se inclina, quer transversalmente, quer longitudinalmente, o centro de

flutuação (F) muda de posição, descrevendo uma curva (FF’). O centro de curvatura dessa

curva é denominado metacentro diferencial; o nome metacentro é dado porque esse centro

não é um ponto fixo, deslocando-se conforme o navio se inclina. Temos, conforme a inclinação

considerada, um metacentro diferencial transversal e um metacentro diferencial longitudinal.

Interessa-nos o metacentro diferencial longitudinal.

158

Raio metacêntrico diferencial longitudinal é o raio de curvatura da curva descrita pelo

centro de flutuação.

Na figura a seguir é Fm.

Figura 1

A expressão teórica do raio do metacentro diferencial longitudinal é:

d

dIFm L

Onde:

Fm = raio metacêntrico diferencial longitudinal;

dIL = diferencial do momento de inércia do plano de flutuação com relação ao eixo

transversal;

d = diferencial do volume de carena.

Nem o plano, nem as tabelas de curvas hidrostáticas trazem o valor do raio metacêntrico

diferencial longitudinal, embora seja possível determiná-lo a partir dos elementos que eles

fornecem. Mas esse é outro assunto.

Correção devido ao Trim

Seja a figura 2, onde AB é o plano de flutuação com o navio sem compasso. O navio se

inclinando longitudinalmente para vante do ângulo θ, o centro de flutuação se desloca para F’.

descrevendo a curva FF’. O centro da curva FF’ é m, e a distância mF = mF’ é o raio

metacêntrico diferencial longitudinal.

Figura 2

A linha d’água quer era AB, passa a ser A’B’. Na perpendicular de meio-navio, lê-se, com

o navio trimado, o valor Q, enquanto que o correto é o valor P.

Há, desta maneira, uma correção devida ao trim (Ct = PQ) que deve ser aplicada no

calado Q para se ter o calado real P.

159

Assim temos, de acordo com a figura (3) (que não é mais que uma ampliação da figura

(2))

Figura 3

Ct = PQ = PI

Mas podemos ver na figura (2) tg Lpp

Tθ (1)

Donde pode-se escrever: Ct = PI Lpp

T (2)

Na figura (3) PI = PF + FI (3)

Mas FI = F’I = Fm. tg 2

θ (4)

Como o ângulo θ é muito pequeno, pode-se escrever:

tg 2

θ =

2

1 tg θ

ou seja, de acordo com (1 ) tg 2

θ =

2Lpp

T

Agora, substituindo FI em (3)

PI = PF + Fm 2Lpp

T

Mas PF =

Fica PI = + Fm . T / 2 Lpp

160

Que por sua vez, substituindo em (2), dá:

Ct = ( – Fm . 2Lpp

T) .

Lpp

T

Efetuando a multiplicação indicada Ct = Lpp

T –

2

2

Lpp2

TFm (5)

O primeiro termo do segundo elemento é a primeira correção para o calado devida ao

trim, que já conhecemos. Façamos:

Lpp

T = A’ (6)

2

2

Lpp2

TFm= B’ (7)

A’ já é valor conhecido. Vamos procurar uma expressão mais prática para determinar o

valor de B’.

Sabemos que o raio metacêntrico longitudinal BML tem como expressão.

BML =

LI

Donde IL = BML .

dIL = d(BML . )

e como Fm = d

dIL

logo Fm =

d

)d(BML

que também pode ser escrito

Fm =

d

)d(BML (8)

Onde Δ é o deslocamento.

A equação que nós dá o momento para compassar em um centímetro:

MCC = LL GMΔ

Lpp100

1

Lpp100

GMΔ

Mas como BML e GML são valores próximos, pode-se escrever

MCC = 1 / 100.Lpp . Δ BML

161

E as diferenciais:

dMCC =

d(ΔLpp100

1BML)

Tirando o valor de

d (Δ .BML)=100Lpp· dMCC

que, por sua vez, substituindo em (8)

Fm =

d

Lpp100dMCC

Que, por sua vez, substituindo em (7)

B’ = 2

2

2d

TLpp100dMCC

Lpp

Simplificando:

B’ = LppdΔ

TdMCC50 2

(9)

Mas a diferença de deslocamento entre duas linhas d’água separadas entre si da altura dH é d Δ = dH·TCI e substituindo em (9) teremos:

B’ = LppTCIdH

TdMCC50 2

onde obtém-se B’ em centímetros.

Para se ter a variação no deslocamento, multiplicam-se A’ e B’ por TCI. Convém lembrar

que A’ é obtido em metros e logo deve ser multiplicado por 100

c: ΔA’ = A = Lpp

TCIT 001

c: ΔB’ = TCILppTCIdH

TdMCC50 2

c: ΔB’ = B = Lpp

T50

dH

dMCC 2

Então, podemos escrever já as fórmulas de correção para o deslocamento devido ao trim:

A = 100. )O(F . T . TCI / Lpp

B = dMCC . 50 . T² / dH . Lpp

162

Utilização das fórmulas:

Com as aplicações das fórmulas acima, a sistemática para correção do calado e cálculo

dos deslocamento fica um pouco diferente.

1 – corrigem-se os calados nas marcas para calados nas perpendiculares;

2 – aplica-se a fórmula:

8

HH6HH ARMNAV

1

3 – Com H1 entra-se nas curvas hidrostáticas, retirando-se os valores de TCI, e do deslocamento (Δ1).

4 – Calcula-se a 1ª correção devido ao trim:

T = HAR – HAV

A = Lpp

TCIT 001

O valor A pode ser positivo ou negativo, conforme os sinais de . e do Trim

5 – Se o trim for maior que 1% (um por cento) do comprimento entre perpendiculares,

calcula-se a 2ª correção devida ao trim:

B = Lpp

T50

dH

dMCC 2

Se o trim for igual ou menor que 1% do comprimento entre perpendiculares, faz-se:

6 – Efetua-se: B = 0

Δ1 + A + B = Δ2

Δ2 é o deslocamento correto para a densidade com que a curva ou tabela de

deslocamento foi calculada (γ = 1,025).

7 – Para se ter o deslocamento real do navio, para a densidade da água em que ele

flutua.

OBSERVAÇÃO :

d(MCC) é a variação do momento para compassar um centímetro referente à variação de

dH do calado. Sendo dH dados em metros, evita-se a divisão da seguinte maneira.

Toma-se os MCC’s 0,5m acima e 0,5m abaixo do calado correspondente. A diferença

entre esses dois valores é d (MCC). Como a variação dH é um metro, ficará:

1,025

γΔΔ 2

)(1

)(MCCd

MCCd

163

TABELAS HIDROSTÁTICAS

Calado

m

Deslocamento

t

TCI

t

MCC

t.m

)O( B

m

)O( F

m

TKM

m

6,50

60

70

80

90

7,00

10

20

30

40

7,50

60

70

80

90

8,00

10

20

30

40

59.842

60.452

61.423

62.395

63.367

64.340

65.314

66.288

67.263

68.239

69.216

70.193

71.171

72.149

73.128

74.108

75.088

76.069

76.069

78.033

97,0

97,0

97,2

97,2

97,2

97,4

97,4

97,5

97,5

97,5

97,6

97,8

97,8

97,9

98,0

98,0

98,1

98,1

98,2

98,2

1498,5

1501,2

1502,9

1506,6

1509,3

1511,9

1514,5

1517,0

1519,6

1522,1

1524,6

1527,0

1529,5

1531,9

1534,4

1636,7

1539,1

1541,4

1543,7

1546,0

-12,26

-12,24

-12,21

-12,19

-12,16

-12,13

-12,13

-12,08

-12,06

-12,02

-12,01

-11,98

-11,95

-11,93

-11,90

-11,87

-11,85

-11,82

-11,79

-11,76

-10,83

-10,78

-10,72

-10,66

-10,61

-10,55

-10,43

-10,40

-10,37

-10,31

-10,25

-10,18

-10,12

-10,05

-9,99

-9,92

-9,85

-9,78

-9,71

-9,64

26,68

26,38

26,20

25,83

25,57

25,31

25,06

24,83

24,59

24,37

24,15

23,94

23,74

23,55

23,36

23,18

23,00

22,83

22,66

22,50

Deslocamento leve = 25.305t

Distância da marca de calado avante para a perpendicular de vante = 0,71m

Distância da marca de calado a ré para perpendicular de ré = 4,87m LPP = 260 m

Exemplo: Num navio, os calados lidos nas marcas foram:

BBMAVH = 21’ 03‖

BBMMNH = 25’ 10‖ BBMARH = 30’ 01‖

BEMAVH = 6,48m

BEMMNH = 7,88m BEMARH = 9,18m

Os pesos dos consumíveis, obtidos na arqueação, são:

Óleo pesado – 1.896t

Óleo diesel – 236t

Óleo Lubrificante – 36t

Água doce – 212t

Água destilada – 108t

Água de lastro – 0t

O valor da constante é 89t. A densidade da água do mar é 1,019t/m3. Pede-se calcular a

carga a bordo. Usar as tabelas hidrostáticas acima.

Solução:

Transformando os calados de BB de pés e polegadas em metros:

BBMAVH = 6,48m BBMMNH = 7,87m

BBMARH = 9,17m

164

TM = 9,175 m - 6,480 m = 2,695 m

Transformando para calados nas perpendiculares. Trim pela popa.

Corr.av. = =

Corr.av. = =

Pela tabela, obtêm-se os sinais:

HAV = 6,48 – 0,008 = 6,472m

HAR = 9,175 + 0,050 = 9,225m

HMN = 7,875m

= = 7,869m ( H1)

Entrando na tabela hidrostática com o calado de 7,87m, tira-se:

= – 10m TPC = 98t Δ = 72.834,3t

T = HAR – HAV = 9,225 – 6,472 = 2,753m

1a CORREÇÃO PARA O TRIM:

A =

H1 = 7,87m Δ=72.834,3t

Δ2 = 72.834,3 – 1.037,7 = 71.796,6t

7,875m2

7,887,87HMMN

m480,62

48,648,6HMAV

9,175m2

9,189,17HMAR

LM

dTM

LM

dTM

008,042,254

71,0695,2

05,042,254

87,4695,2

8

HH6HH' ARMNAV

8

225,97,8756472,6

1.037,7t260

981002,75310

Lpp

TCIT 100

165

2a CORREÇÃO PARA O TRIM:

H1

H1 – 0,5m = 7,87m – MTC = 1.521,3

d(MTC) = 24,0

B = = = +35t

Δ3 = 71796,6 + 35 = 71831,6t

Δ REAL (CORREÇÃO PARA DENSIDADE LOCAL)

Δ REAL = = 71.411,12t

NAVIO LEVE + PESOS = 27.882t

CARGA: ΔREAL – ( NAVIO LEVE + PESOS)

CARGA: 71.411,12 – 27.882 = 43.529,12t

LppdH

TdMCC50 2

260

2,7534250 2

025,1

019,16,71831

166

167

CAPÍTULO 10

LINHAS DE CARGA

Nesta parte iremos estudar as linhas de carga, que se referem ao carregamento máximo

permitido, segundo a Convenção da IMO, ―Load Lines/66.

10.1 INTRODUÇÃO

A idéia de marcação de uma linha de carga máxima nasceu das discussões causadas

pelo Sr. Samuel Plimsoll, membro da Câmara dos Comuns da Inglaterra, o qual fez um

movimento contra o carregamento excessivo dos navios que causavam grandes acidentes e

mortalidade.

168

Em 1873, ele publicou um folheto chamado ―Our Seamen‖(Nossos Marinheiros), onde se

referia a alguns navios como ―esquifes flutuantes‖, que já estavam ameaçados de afundar

antes mesmo de sair do porto. Com este movimento, ele conseguiu que os armadores

colocassem marcas no costado dos navios, indicando o limite de carga, marcas estas que

ficaram conhecidas como ―Eye of Plimsoll‖ (olho de Plimsoll). Mas não havia nenhuma regra

governamental, que só começaram a ser regulamentadas a partir de 1876.

10.2 CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA LIMITES DE LINHAS DE CARGA

1966

A borda livre é uma das medidas da reserva de flutuabilidade. Como essa reserva de

flutuabilidade é necessária à segurança dos navios no mar, as autoridades governamentais

estabelecem um valor mínimo para ela. Como as condições de mar e tempo variam nos

diversos oceanos do mundo, são determinadas, para cada navio, três bordas-livres mínimas e

quatro para navios com comprimento igual ou inferior a 100 metros (que naveguem no Atlântico

Norte). É que, quanto maior o temporal, maiores massas d’água varrerão o convés,

aumentando o deslocamento e, portanto, diminuindo a reserva de flutuabilidade. Assim, para

oceanos com constante mau tempo, são designadas bordas-livres maiores, enquanto que em

oceanos mais calmos, são estabelecidas bordas-livres menores.

Devido a esses fatos, as diversas nações do mundo, tendo em vista salvaguardar a vida

humana e a propriedade no mar, concluíram a Convenção Internacional para limites de linhas

de carga. Essa Convenção estabelece os métodos, regras e normas para determinação dos

valores mínimos das bordas-livres.

A conferência para o estabelecimento dessa Convenção foi patrocinada pela IMO, tendo

sido aprovada e assinada em 06 de abril de 1966, na cidade de Londres.

A Convenção compõe-se de 34 artigos e 3 anexos. Nos 34 artigos, são tratadas as

disposições da Convenção quanto à sua aplicação, exceções, isenções, vistorias, expedições

de certificados, modelos, prazos de validade, etc.

Geralmente as autoridades governamentais delegam poderes às Sociedades

Classificadoras para estabelecimento e fiscalização das marcas de linhas de carga, assim

como para que efetuem as vistorias competentes.

Os anexos são:

Anexo I – traz as regras para determinação das linhas de carga;

Anexo II – traz as zonas, áreas e regiões

Anexo III – mostra os modelos dos Certificados.

As principais alterações feitas pela Convenção Internacional de 1966 em relação à

anterior de 1930 foram:

a) modificação no mapa de zonas de linhas de carga;

b) alterações nas linhas de carga para transporte de madeira;

c) passou a estipular prazo de vistoria pelos inspetores governamentais.

169

INDICAÇÃO DA AUTORIDADE QUE ATRIBUI A BORDA-LIVRE

A indicação da autoridade competente para e marcação das bordas-livres pode ser

aposta a um e outro lado do disco e por cima da faixa horizontal, que passa pelo seu centro.

Essa indicação consiste num grupo de não mais de quatro letras, iniciais da identificação do

nome da autoridade.

PORMENORES DA MARCAÇÃO

O disco, as faixas e as letras são pintados em branco ou amarelo sobre o fundo escuro,

ou em preto sobre fundo claro. Devem ser marcados de forma permanente no costado do

navio, a contento da administração. As marcas devem ser bem visíveis e, se for necessário,

serão tomadas disposições especiais para esse efeito.

Todos os navios devem ter a marca de borda-livre, exceto: os navios de guerra (esses

navios possuem a marca de borda-livre e as linhas de carga, desde que estejam ocupados

com o transporte de cargas comerciais, exemplo dos navios ―Soares Dutra‖, ―Ary Parreiras‖ e

―Custódio de Melo‖), navios de madeira, embarcações de recreio, navios de pesca e cargueiros

com menos de 500TBR (Tonelagem Bruta de Registro).

10.3 DETERMINAÇÃO DAS BORDAS-LIVRES MÍNIMAS

BORDA-L IVRE MÍNIMA DE SEGURANÇA

É a distância medida verticalmente a meio navio, desde a aresta superior da linha do

convés de borda-livre até a aresta superior da faixa horizontal, que representa a linha de carga

adequada.

O convés de borda-livre é, normalmente, o convés completo mais elevado, exposto à

intempérie e ao mar, que possuir dispositivos permanentes para fechar todos as aberturas

situadas na parte descoberta e abaixo do qual as aberturas praticadas no costado possuírem

dispositivos permanentes de fechamento estanque.

As linhas utilizadas são as seguintes:

L INHA DE CARGA DE VERÃO (SUMMER)

Indicada pelo limite superior da faixa que passa pelo centro do disco e igualmente pelo

limite superior de um faixa com a marca ―V‖ ( S )

L INHA DE CARGA DE INVERNO (WINTER)

Indicada pelo limite superior de uma faixa com a marca ―I‖. (W)

L INHA DE CARGA DE INVERNO NO ATLÂNTICO NORTE (WINTER NORTH

ATLANTIC).

Indicada pelo limite superior de um faixa com a marca ―IAN‖. (WNA)

L INHA DE CARGA TROPICAL (TROPICAL)

170

Indicada pelo limite superior de uma faixa com a marca ―T‖. (T)

L INHA DE CARGA DE VERÃO EM ÁGUA DOCE (FRESH)

Indicada pelo limite superior de uma faixa com a marca ―AD‖ (F), traçada a ré da faixa

vertical.

A diferença entre a linha de carga de VERÃO EM ÁGUA DOCE e a linha de VERÃO

representa o aumento de imersão que é permitido em relação às outras linhas de carga,

quando o navio carrega em água doce.

L INHA DE CARGA TROPICAL EM ÁGUA DOCE (TROPICAL FRESH).

Indicada pelo limite superior de uma faixa com a marca ―ADT‖ (TF), traçada para ré da

faixa vertical.

A borda-livre mínima da zona tropical deve ser a borda-livre obtida por dedução do verão,

de 1/48 da imersão de verão, medida da face superior da quilha até o centro do disco da marca

da linha de carga.

A boda-livre mínima de inverno deve ser a borda-livre obtida pela adição à de verão de

1/48 da imersão de verão, desde a face superior da quilha até o centro do disco da marca de

borda-livre.

A borda-livre para navios com 100 metros ou menos de comprimento, que efetuem

viagens durante o período da estação de inverno, em qualquer região no Atlântico Norte,

definida na regra 52 do anexo II, deve ser a borda-livre de inverno aumentada de 50mm.

A borda-livre mínima em água doce de densidade igual à unidade deve obter-se

deduzindo da borda-livre mínima em água salgada o seguinte valor:

TPC40

ΔvP

onde:

p = permissão para a água doce em centímetros (fresh water allowance).

= deslocamento em água salgada, em toneladas, na linha de carga de verão.

TPC = é o número de toneladas por centímetro de imersão em água salgada, na linha

de carga de verão.

Se o navio flutuar em água de densidade diferente de 1,025 e da unidade, temos que

observar o artigo 12 da Convenção, que transcrevemos:

ART.12 - Imersão

parágrafo 1º - exceto nos casos previstos nos parágrafos 2º e 3º desse artigo, as linhas de

carga próprias, marcadas no costado de um navio, e que correspondem à

zona ou região na qual o navio se pode encontrar, nunca devem estar

submersas quando o navio sai para o mar, durante a viagem ou à chegada.

Δv

171

parágrafo 2º - quando o navio se move em água doce, de densidade igual à unidade, a

linha de carga própria pode estar submersa a uma profundidade

correspondente à correção para a água doce indicada no Certificado

Internacional de Linha de Carga de 1966. Quando a densidade da água for

diferente da unidade, a correção será proporcional à diferença entre 1,025 e

a densidade real.

parágrafo 3º - quando um navio parte de um porto fluvial ou de um porto situado em águas

interiores, será permitido aumentar o carregamento do navio de uma

quantidade correspondente ao peso do combustível e de quaisquer outros

materiais de consumo entre o porto de partida e o mar.

A correção citada no parágrafo 2º é obtida, empregando a fórmula:

025,0

)"025,1(

Pi

onde:

i = correção para a linha de carga, quando o navio se move em água de densidade

diferente da unidade.

P = permissão para água doce.

= densidade atual da água em que o navio se move.

Como vimos, pelo artigo 12 da Convenção, um navio não deve ultrapassar a imersão

correspondente à zona em que navega. Assim, um navio, navegando em zona de verão, não

pode imergir a marca da linha de carga correspondente à zona em que navega.

Quando um navio sai de uma zona correspondente a uma menor borda-livre para outra

correspondente à uma maior borda-livre (por exemplo: da zona tropical para a zona de verão),

deve estar, ao entrar nessa última zona, na linha de carga adequada (no caso verão). Deve

sair do porto com um calado tal que o consumo, durante a viagem até entrar na zona de maior

borda-livre (verão no nosso caso), o leve àquela linha. O mesmo é feito, quando partindo de

um porto interior de água doce.

Durante esses cálculos, devem ser observadas as zonas a demandar que, pela

Convenção de Linhas de Carga de 1966, são:

Zonas de verão permanentes e periódicas.

Zonas de inverno periódicas.

Zonas tropicais permanentes e periódicas.

10.4 DETERMINAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS CORRESPONDENTES ÀS

LINHAS DE CARGA

Determinados os calados, são calculados os deslocamentos para as diversas linhas de

carga.

"

172

Esse cálculo é feito determinando o volume da carena correspondente e multiplicando o

valor obtido pela densidade da água (1,025 para a água salgada e 1 para a água doce).

A determinação do deslocamento, partindo do deslocamento de verão (conhecido), é feito

usando a fórmula:

TPCip

onde:

p = peso a somar ou subtrair do deslocamento de verão

i = imersão (ou emersão) entre a linha desejada e à de verão, (calado de verão), em

centímetros.

TPC = Tonelada por centímetro de imersão.

Quando o navio se move, ou carrega em água doce, de densidade igual à unidade, a

linha de carga própria pode estar submersa a uma profundidade correspondente à correção

para água doce, indicada no Certificado Internacional de Linhas de Carga, 1966. Como vimos,

essa correção é dada pela fórmula:

TPC40

ΔvP

10.5 EFEITO DA DENSIDADE SOBRE O CALADO

Quando um navio se move de um meio líquido de uma densidade para outro, de

densidade diferente, sem que haja alteração no seu deslocamento, seu calado mudará de

valor. Isto ocorre porque o navio desloca a mesma quantidade de água em ambos os casos.

Desde que a densidade mudou, o volume de carena também mudou. Isto pode ser

comprovado pela fórmula.

Se a densidade da água aumenta, o volume da água deslocada diminui, a fim de se

manter o deslocamento constante e vice-versa.

10.6 DEMONSTRAÇÃO DA FÓRMULA DA PERMISSÃO PARA ÁGUA DOCE

Quando um navio passa da água de densidade (água salgada) para a água de

densidade (água doce), seu calado aumenta de uma determinada quantidade:

Temos que:

e

Subtraindo (1) de (2), teremos:

δ

Δ

δ'

Δ'

efetuando e fazendo

v'

48

HV

(1) δ

Δ (2)

δ'

Δ'

173

onde v é o volume que a carena aumentou

Podemos considerar esse volume que aumentou igual ao que aumentaria se

embarcássemos um peso ―p‖.

p = logo,

então:

, então

temos que: p =

Logo,

TPCδ'

)δ'Δ(δi

Fazendo δ= 1,025 e δ’=1

i = Δ / 40 . TPC

10.7 PERMISSÕES ENVOLVENDO ÁGUA SALOBRA

Permissão para água salobra, conhecendo-se a permissão para a água doce (partindo de

δ=1,025)

x = imersão

1)(1,025

)δ"(1,025

p

x

0,025

)δ"(1,025

p

x

0,025

)δ"(1,025px

δδ'

Δδ'Δδ v

δδ'

)δ'Δ(δv

v

pv

δδ'

)δ'Δ(δ

p

δ'

)δ'Δ(δ p

TPCi

δ'

)δ'Δ(δTPCi

TPC1

1)-,0251Δ(i

TPC

,0250Δi

174

Passando da água doce para água salgada de densidade δ‖ :

1)(1,025

)δ"(1

p

x'

025,0

)δ"(1

p

x'

0,025

)δ"(1px'

OBS: δ‖ = densidade da água salobra

10.8 ESTUDO SOBRE CARREGAMENTO MÁXIMO

LINHAS DE CARGA

O quadro a seguir, apresenta informações do estudo sobre carregamento máximo.

175

Co

nd

içã

o

Sa

ída

Recife

: T

(T

)

Sa

ída

Recife

: V

(S

) m

ais

co

nsu

mo

até

pa

rale

lo 2

3º5

S

Sa

ída

Recife

: I

(W

) m

ais

co

nsu

mo

até

Ca

bo 3

Pon

tas

(Arg

en

tin

a)

Sa

ída

Recife

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) m

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co

nsu

mo

até

pa

rale

lo 2

3º5

S

Sa

ída

Calla

o:

I (

W)

mais

co

nsu

mo

até

la

t 2

6 S

lo

ng

75 W

Sa

ída

Recife

: I

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mo

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orin

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Sa

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íso

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Sa

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T)

v (

S)

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)

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S)

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)

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S)

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S)

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S)

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T)

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S)

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T)

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S)

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T)

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T)

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T)

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T)

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T)

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T)

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T)

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T)

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S)

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S)

v (

S)

v (

S)

v (

S)

I (W

)

I (W

)

I (W

)

No

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

176

177

178

179

180

CAPÍTULO 11

PLANOS OPERACIONAIS

Esta parte destina-se a apresentação dos principais planos operacionais da embarcação,

bem como o seu manuseio.

11.1 PLANOS OPERACIONAIS

São planos necessários à operação do navio.

181

Deverão estar em idioma português, podendo ser em outro idioma e em conformidade

com as normas de desenho, terminologia, e outras adotadas pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT).

11.2 PLANO DE CAPACIDADE

Este plano conterá:

a) Plano de Perfil da embarcação com espaçamento entre cavernas.

b) Plano de Linha d’água (flutuação), ou contorno correspondente a todos os conveses,

cobertas e cobros dos porões, excluídos os conveses dos compartimentos habitáveis.

c) Escala de deslocamento referida ao calado em metros, com as seguintes

correspondências:

Escala gráfica linear de deslocamento em toneladas métricas para água salgada de

densidade 1,025 e com indicação do deslocamento leve;

Escala gráfica linear de deslocamento em toneladas métricas para água doce de

densidade 1,000 e com indicações do deslocamento leve;

Escala gráfica linear de porte bruto em toneladas métricas para água salgada de

densidade 1,025;

Escala gráfica linear de porte bruto em toneladas métricas para água doce de

densidade 1,000;

Desenho das marcas da borda livre de forma que a cada linha de carga

corresponda horizontalmente às diferentes escalas.

Escala gráfica linear de toneladas por centímetro de imersão (TPC);

Escala gráfica linear de momentos para alterar o compasso em 1cm em toneladas-

metro.

d) Capacidade dos porões e cobertas em fardos e granel, indicando localização entre

cavernas, capacidade em metros cúbicos (porões e cobertas)

e) Capacidade dos tanques de óleo de carga, indicando localização entre cavernas,

capacidade em metros cúbicos e toneladas métricas.

f) Capacidade dos porões frigoríficos, indicando localização entre cavernas,

capacidade (fardos) em metros cúbicos.

g) Capacidade dos tanques de óleo combustível e diesel indicado localizado entre

cavernas, capacidade em peso 96% cheio, em toneladas métricas de óleo e combustível

(densidade relativa de acordo com a norma de ABNT, pesos específicos dos combustíveis).

h) Capacidade dos tanques do óleo lubrificante, indicando localização entre cavernas,

capacidade em metros cúbicos, em peso (toneladas métricas) 96% cheio, densidade relativa

de acordo com a norma da ABNT, pesos específicos dos combustíveis.

i) Capacidade dos tanques de lastro indicando localização entre cavernas, capacidade

em metros cúbicos, em peso (toneladas métricas) 100% carregado de água salgada de

densidade 1,025.

j) Capacidade dos paióis de mantimentos e frigoríficas domésticas, indicando

localização entre cavernas, capacidade (fardos) em metros cúbicos.

182

k) Capacidade dos tanques de aguada, indicando localização entre cavernas,

capacidade em metros cúbicos, capacidade em peso (toneladas métricas).

l) Cota do centro de gravidade (Kg) e distância longitudinal dos porões, cobertas,

tanques de óleo combustível, tanques de óleo de carga, tanques de óleo diesel, porões

frigoríficados, tanques de óleo lubrificante, tanque de lastro, paióis de mantimentos e frigorífica

doméstica, tanques de aguada e de colisão.

m) Cota do centro de gravidade (Kg) e distância longitudinal, do navio com

deslocamento leve.

11.3 PLANO DE CURVAS HIDROSTÁTICAS

O plano de curvas hidrostáticas não terá diagonais, será referido ao calado médio em

metros, cuja escala gráfica linear será na margem esquerda, terá escalas gráficas de leitura

direta para cada curva e conterá obrigatoriamente:

a) Curva de deslocamento em tonelada métricas para água salgada, densidade 1,025.

b) Curva de deslocamento em toneladas métricas para água doce, densidade de 1,000.

c) Curva de volume de carena, em metros cúbicos.

d) Curvas das cotas do centro de carena em metros.

e) Curva das cotas de metacentro longitudinal em metros.

f) Curva das cotas do metacentro transversal em metros.

g) Curva das posições longitudinais do centro de carena em metros, referidos à

perpendicular a meio navio (aranha).

h) Curva das posições longitudinais do centro de flutuação, em metros, referidos à

perpendicular a meio navio (aranha).

i) Curva dos coeficientes de bloco

j) Curva dos coeficientes prismáticos

k) Curva dos coeficientes de linha d’água (plano de flutuação)

l) Curva dos coeficientes da Seção Mestra.

m) Curva das superfícies molhadas da carena

n) Curva das áreas das linhas d’água (plano de flutuação), em metros quadrados.

o) Curva das toneladas por centímetro de imersão (TPC), para água salgadas de

densidade 1,025.

p) Curva dos momentos para alterar o compasso de um centímetro, em toneladas-metro,

para água salgada de densidade 1,025.

OBSERVAÇÃO :

Este plano também é apresentado em forma de tabela encontrada no Caderno de

Estabilidade.

183

11.4 PLANO OU DIAGRAMA DE COMPASSO (TRIM)

Este diagrama será feito para a embarcação flutuando em água salgada de densidade

1,025, terá obrigatoriamente o plano de perfil da embarcação na parte superior e dele constará

o peso, em toneladas, para cujo embarque ou desembarque foi calculado (normalmente 100

tons). Ele resolve todo e qualquer problema envolvendo pequenos pesos (até 5% do

deslocamento).

O diagrama de compasso traz abaixo do perfil do navio várias escalas referentes a

distintos calados médios, dando a variação total dos calados em centímetros AV e AR, para o

embarque de 100 tons. (Pode-se encontrar a bordo planos para valores diferentes de 100t).

Plota-se a posição dos pesos no navio, baixa-se uma perpendicular e encontra-se no calado

observado a variação do calado AV e AR, com seus respectivos sinais.

Também são fáceis de identificar o ponto F correspondente a determinado calado médio

(será onde as variações foram iguais), assim como o ponto de indiferença longitudinal para

uma e outra extremidade do navio (quando a variação do compasso para essa determinada

extremidade for zero).

Esse plano leva em consideração tanto a imersão paralela como a variação do

compasso. Para desembarque, invertem-se os sinais e para transferências pode-se trabalhar

em módulo.

11.5 PLANO DE CURVAS CRUZADAS

a) Estas curvas são referidas aos deslocamentos em toneladas métricas em água

salgada de densidade 1,025, numa faixa que irá do deslocamento leve ao deslocamento em

plena carga para a linha tropical. A escala gráfica linear de deslocamento será na parte inferior

do plano.

b) As curvas cruzadas serão de 15º em 15º e abrangerão a faixa de 0° a 90º de banda,

ou de 10º em 10º.

c) Os braços de estabilidade (GZ) serão em metros, em escala linear, nas margens

direita e esquerda do plano.

d) No plano constará a cota, em metros, do centro de gravidade assumido.

(Kg assumido) e sua respectiva fórmula de obtenção dos braços de estabilidade.

OBSERVAÇÃO :

Este plano também é encontrado em forma de tabela no Caderno de

Estabil idade.

11.6 CADERNO (MANUAL) DE ESTABILIDADE

É um plano de carregamento, tendo em vista: calado, compasso,

estabil idade transversal, longitudinal, dinâmica e esforços longitudinais.

a) Plano de perfil com a figuração da localização de pesos em conjunto com curvas de

184

estabilidade estática.

A curva de estabilidade estática terá no eixo das abscissas os ângulos de banda 00º a

90º, e nas ordenas os braços de estabilidade em metros com a respectiva análise dos critérios

de estabilidade da IMO.

b) As condições de estabilidade devem ser calculadas para o navio leve, e para a partida

e chegada de viagens, sendo obrigatórias as condições em lastro, com carregamento completo

de carga homogênea de fator de estiva igual ao do navio e, pelo menos, uma outra condição

típica de serviço, assim como outras condições especiais como no caso de em lastro ou

carregamento de minério, com o respectivo cálculo de esforços.

c) O caderno deve indicar as condições de óleo combustível por ocasião de saídas e

chegadas do navio.

d) Deverá indicar: calado AV, AR e HM e metros.

e) GM na saída e na chegada, corrigida das superfícies livres.

f) Cota e distância em metros, do centro de gravidade, referentes respectivamente, à

linha de base e à perpendicular a meio navio.

g) Dados e tabelas diversas para consulta no planejamento de carga.

11.7 PLANO DE ARRANJO GERAL

O plano de arranjo geral terá, além do perfil do navio e dos planos dos diversos

conveses:

a) localização dos camarotes, alojamentos, salões, cozinhas, etc.

b) principais características da embarcação.

11.8 PLANO DE SEGURANÇA

Plano de perfil e de linha d’água (flutuação) do navio indicando:

a) Sistema do combate a incêndio de água, de espuma, de CO2, etc.

b) Localização dos postos de incêndio, tomadas, hidrantes, mangueiras, etc.

c) Localização das tomadas e válvulas principais do comando local e remoto (Sistema

fixo de CO2).

d) Pressão da rede de incêndio, em Kg/cm2.

e) Localização, capacidade e tipo de extintores portáteis.

f) Localização de outros equipamentos de combate a incêndio como: caixa de areia,

machadinhas, machados, roupa de amianto, máscara contra gases, etc.

g) Localização e tipos dos equipamentos salva-vidas.

h) Localização da conexão universal.

i) Localização e tipo de sistema de alarme.

j) Localização de sistema de parada de emergência do MCP e caldeiras.

11.9 PLANO DE APARELHOS DE CARGA (mastreação)

O plano de aparelhos será feito sobre os planos de perfil e planos de convés em que

185

opera cada aparelho e conterá:

a) características dos cabos e do poleame de aparelho, contendo o fabricante e marca de

identificação de catálogo.

b) carga de trabalho da mastreação, guindastes, lanças, poleames, massames, em

toneladas.

c) alcance máximo dos aparelhos, em metros.

11.10 PLANO DE DOCAGEM

Deve apresentar

a) Posição cotadas das caixas de mar (Válvulas do fundo)

b) Posições cotadas dos bujões dos tanques.

c) Posição cotada do Ecobatímetro.

d) Localização dos anodos de zinco.

e) Localização das quilhas de docagem (picadeiros).

f) Normalmente existem dois planos com diferentes posições dos picadeiros para

permitir pintura total.

OBSERVAÇÃO: Veja nos anexos, alguns modelos de Planos e tabelas.

186

CAPÍTULO 12

ESTABILIDADE EM DOCAGEM,

ENCALHE E AVARIAS

Neste capítulo iremos estudar como proceder para docar o navio em segurança, bem

como proceder em caso de encalhe e alagamentos com ou sem água aberta e determinar a

permeabilidade.

12.1 DOCAGEM

12.1.1 Procedimentos para Docagem do Navio:

Navio com GM > 0, adriçado, com pequeno trim, usualmente pela popa.

Entrada no dique. Navio alinha com os picadeiros.

187

Porta-batel é fechada. Começa o esgotamento. O nível d’água começa a baixar sem

redução do calado e sem efeitos na estabilidade.

Popa toca os picadeiros. O calado AR começa a diminuir e o trim a mudar. Parte do peso

do navio começa a ser sustentada pela reação no ponto de apoio. A GM começa a diminuir.

A medida que o nível d’água baixa, o peso do navio vai sendo transferido para os

picadeiros pelo aumento da área de apoio.

O navio assenta totalmente sobre os picadeiros e o calado começa a diminuir

uniformemente AV e AR (Trim igual a zero). Este momento é denominado instante crítico.

O nível d’água fica abaixo da quilha. O esgotamento do dique prossegue até que este

fique seco

Importante: O intervalo de tempo entre o momento em que a popa toca os picadeiros e o

instante crítico é chamado de período crítico.

12.1.2 Princípios Básicos da Docagem

Nas inclinações longitudinais do navio, o eixo de rotação é o eixo transversal que passa

pelo Centro de Flutuação (CF). Normalmente, CF está a ré da seção-mestra, o que provoca

variações diferentes nos calados AV e AR ( Variação AV > Variação AR).

Figura 12.1

Usualmente, pode-se considerar que o navio, docando com trim pela popa, começa a

tocar os picadeiros na Perpendicular AR. (Na figura 12.1, a uma distância l do CF)

Relembre que:

MTC – É o momento longitudinal, em t·m/cm, necessário para variar o trim de 1 cm. Seu

valor é obtido das tabelas hidrostáticas, a partir do calado médio.

TPC – É o peso necessário para variar o calado de 1 cm. Seu valor é obtido das

tabelas hidrostáticas, a partir do calado médio.

12.1.3 Cálculo da reação nos picadeiros (perda de empuxo) no instante

crítico

A partir do momento em que a popa toca os picadeiros, o trim (t) começa a variar pela

ação de P.

Instante Crítico: O navio assenta totalmente sobre os picadeiros e o trim é igual a zero.

Momento Inclinante = MTC × t

188

P × l = MTC × t MTC

lPt

l

tMTCP

OBSERVAÇÃO :

Se o navio entrar no dique com t = 0, tocará os picadeiros uniformemente AV e AR e P

será nulo no instante crítico. P surgirá logo em seguida com o abaixamento do nível d’água no

dique.

12.1.4 Cálculo da reação nos picadeiros com o navio totalmente assentado

(depois do instante crítico)

MÉTODO 1

A qualquer instante, durante a docagem, o valor de P será igual à diferença entre o

peso do navio (deslocamento antes de entrar no dique = Δ) e o peso do volume d’água que ele

estiver deslocando ( Δ1 = deslocamento obtido nas tabelas hidrostáticas para o calado nesse

instante)

P1 = Δ – Δ1

MÉTODO 2

A partir do instante crítico, o calado variará uniformemente (sem trim). Para cada cm

que o nível d’água baixar no dique, P aumentará de um valor igual a TPC.

P1 = P + TPC × Redução do H

Redução do H = Hinstante crítico – Hatual

OBSERVAÇÃO :

Se o navio estiver no dique com t = 0, P = 0:

P1 = TPC × Redução de H

Figura 12.2

189

OBSERVAÇÕES:

1) A flutuação parcial reduz a estabilidade. Para pequenas inclinações, o momento de

estabilidade será

ME = Δ1· G1M· senθ

2) Se G1M < 0, há o perigo de o navio inclinar e escorregar do apoio.

3) Nos navios em que G1M pode ser nula durante a docagem, os planos de docagem

prevêem a utilização de berços ou escoras para apoiar lateralmente o navio.

4) Reação de apoio P (para cima) é equivalente ao desembarque de um peso P no

ponto do navio em contato com o apoio, o que resulta numa perda de GM.

1º MÉTODO

Desembarque de P abaixo de G ocasiona uma alteração na posição G, subindo para uma

nova posição G1 e consequentemente um novo deslocamento Δ1 = Δ – P e mais, uma nova

altura metacêntrica G1M.

; p = – P e d = Kg – KG = 0 – KG = – KG

p

dpGG

)()(1

p

dpGG

1 ou

1

1

KGpGG

GM = KM – KG G1M = GM – GG1

2º MÉTODO

Na figura 12.3 ao lado, θ é um pequeno ângulo de

inclinação durante o período crítico, provocado por

força externa. Consideremos as duas forças paralelas:

P e Δ – P.

A resultante Δ atua através de M1 e então teremos:

(Δ – P) × Y = P × X

ou (Δ – P) × MM1 × sen θ = P × KM1 × sen θ

(Δ – P) × MM1 = P × KM1

Δ· MM1 – P·MM1 = P × KM1

Δ· MM1 = P × KM1 + P·MM1

= P × (KM1 + MM1)

= P × KM

Δ

KMPMM1

GM1 = GM - MM1

OBSERVAÇÃO :

A validade dos dois métodos será confirmada pelo cálculo do Momento de Estabilidade

por ambos os métodos.

p

dpGG

1

Figura 12.3

190

EXEMPLOS

1 – Um navio de Δ = 6000t vai entrar num dique com T = +0,30m; KM = 7,50m;

KG = 6,00m; MTC = 90 t·m/cm e PRF = 45,00 m. Determine a GM para o período crítico. Obs:

PRF é a distância do CF à PAR.

Resolução:

1º MÉTODO

60t45m

30cmcm

m)90(t

PRF

TMTCP

0,061m5940t

6m60t

KGPGG'

GMantes = 1,500

GG’ = 0,061

GMcrítica = 1,439m

2º MÉTODO

0,075m6000t

7,5m60t

Δ

KMPMM'

GMantes = 1,500

MM’ = 0,075

GMcrítica = 1,425m

Validade dos Métodos:

MA = (Δ – P)×G1M×senθ

MA = 5940 × 1,439 × senθ

MA = (8549 × senθ)t·m

MA = 6000 × 1,425 × senθ

MA = (8550 × senθ) t·m

2 – Determinação do Trim máximo (pela popa) para entrada no dique, visando GMcrítica –

Um navio com Δ = 14000t, Lpp = 150m; KM = 9,00m; KG = 8,40m; F = + 5,00m e MTC =

146 t·m/cm, vai entrar no dique para reparos. Calcule o Trim máximo pela popa para a entrada

de modo a perda na GM não ser maior que 0,10m.

KGPGG'

p

dpGG

1

0,10 =

P-1400

40,8P m P = 164,7t

191

T =

cm

m)164,7(t

70m164,7t

= 78,9cm

12.2 ENCALHE

No encalhe, a perda de empuxo é calculada pelo que chamamos de TONELAGEM DE

ENCALHE, que pode ser calculada por dois processos.

Hm antes do encalhe = Δ1 =

Hm após o encalhe = Δ2 = .

T.E. =

Hm antes do encalhe =

Hm após o encalhe = . TPC médio

e =

T.E. = e × TPC médio

A T.E. é um dado importante para se calcular a força de tração necessária para

o desencalhe.

Força de Tração = T.E. × coeficiente de atrito com o fundo

LAMA E ALUVIÃO 0,2 a 0,4

AREIA 0,4 a 0,6

CORAL 0,6 a 0,8

ROCHA 0,8 a 1,5

EXEMPLO

Um navio com Δ=8000 e KG= 4,00m navegava em águas parelhas com calado de 5,20m,

quando encalhou em um banco de areia dura, ficando com calado médio de 3,20m e

KM=5,00m. Sendo TPC=15t, calcule a GMcrítica, a força de tração e analise as conseqüências.

T.E. = e × TPC = 200 × 15 = 3000t

Hm = 5,20m

Hm’= 3,20m

e = 2,00m = 200cm 2,40m5000

43000

KGPGG'

Com água aberta, usar o valor seguinte.

192

KG =4,00m F.T. = 3000t × 0,6 = 1800t

GG’=2,40m

KG’=6,40m

KM =5,00m

GM’= - 1,40m Como consequência, o navio pode emborcar.

12.3 ALAGAMENTO

12.3.1 Exercício de alagamento interno

Uma chata mede: L = 30m; B = 12m e D = 10m e Hm = 1m em água salgada. No

combate a um incêndio, é alagado um compartimento com as seguintes dimensões: c = 10m;

l = 4, 5 e h = 1,2m, cujo c.g. está situado 3m a BE da Linha de Centro e seu piso a 1,5m da

quilha. Sabendo-se que a altura do alagamento foi de 1m e que o KG da chata antes da avaria

era de 8,34m, determinar:

Deslocamento após a avaria

Calado médio após a avaria

GM após a avaria

Ângulo de Banda Permanente

RESOLUÇÃO:

1- CÁLCULO DO Δ ANTES DA AVARIA:

Δ= 30·12·1·1,025 = 369t

2- CÁLCULO DO PESO D’ÁGUA EMBARCADO:

p = 10 · 4,5 · 1 · 1,025 = 46,1t

3- Δ APÓS A AVARIA:

Δ1 = Δ + p = 369 + 46,1 = 415,1t

4- NOVO CALADO MÉDIO:

415,1 = 30·12·Hm’·1,025 Hm’ 1.12m369

415,1

Kg = 2m d = KG – Kg = 8,34 – 2,00 = 6,34m

5 - CÁLCULO DO BM APÓS A AVARIA:

B1M1= 10,71m1,1212

12

H12

B

HBL12

BLI 2

m

2

m

3

t

– –

193

6- CÁLCULO DA MOVIMENTAÇÃO DE ―G‖ DEVIDO AO ACRÉSCIMO DE PESO:

0,70m415,1t

6,34m46,1t

Δ

dPGG'

1

7- CÁLCULO DA ELEVAÇÃO VIRTUAL DO ―G‖ DEVIDO A SUPERFÍCIE LIVRE:

0,19

415,112

1,0254,510

Δ12

δbl

Δ

δiGvG'

1

3

1

8- CÁLCULO DA GM APÓS A AVARIA:

GvM = KM1 – KGv

KM1 = B1M1 + KB1 = B1M1 + 2

Hm = 10,71 + 0,56 = 11,27m

KGv = KG + GG’ – GGv’ = 8,34 + 0,70 – 0,19 = 7,83m

GvM1 = 11,27 – 7,83 = 3,44m

9- CÁLCULO DA MOVIMENTAÇÃO TRANSVERSAL DE ―G‖:

TCG = GvG2 = 1,415

31,46dp

1

t

= 0,33m para Boreste

10- CÁLCULO DO ÂNGULO DE BANDA PERMANENTE:

44,3

33,0

1

2 MG

GGtg

v

v θ = 6º BE

12.3.2 Alagamento em compartimentos laterais

12.3.2.1 Introdução

Produzem bandas permanente, além dos efeitos já estudados.

Em geral, navios mercantes possuem poucos compartimentos laterais com exceção dos

navios de casco duplo.

194

Quando há livre comunicação com o mar (água aberta), os efeitos sobre a estabilidade

transversal são maiores.

Quando o navio joga, a água entra e sai livremente do compartimento, além do efeito de

superfície livre, há uma variação na posição de G, equivalente a elevação virtual por superfície

livre, só que devido à água aberta com consequente redução da GM.

Essa elevação virtual devido a água aberta pode ser calculada pela seguinte fórmula:

1

2

'

afaGG ab

a – área da superfície do alagamento

af – afastamento lateral do c.g. do alagamento

δ – peso específico da água de alagamento

Δ1 – deslocamento após avaria

OBSERVAÇÃO :

Afastamentos são as distâncias transversais contadas a partir da linha de centro para os

bordos.

EXERCÍCIO

Em um navio com Δ = 13000t, B = 18m, D = 15m, GM = 0,90m com calados de 9,00m EK

(Even Keel), ocorreu um alagamento com Superfície Livre e comunicação franca com o mar

num compartimento lateral de BE situado nas proximidades da Linha de Flutuação, cujo piso

está a 6m da quilha, TCg = 6,00m e g = +3m. Sabe-se que a altura do alagamento é de 3m

e que o compartimento tem por dimensões: c =15m, l = 6m e h = 7m. KM = 8,35m; KM’ =

8,29m; TPC = 19,8t; MTC = 125t·m e

F = 0. Determine as condições de estabilidade transversal e longitudinal após a avaria.

195

RESOLUÇÃO

CÁLCULO DO KG INICIAL:

KGi = KM – GM1 = 8,35m – 0,90m = 7,45m

CÁLCULO DO VOLUME E PESO D’ÁGUA EMBARCADO:

V = c·l·halag. = 15·6·3 = 270 m3

p = V ·δ = 270·1,025 = 276,75t

CÁLCULO DO DESLOCAMENTO FINAL:

Δfinal = Δinicial + p = 13000 + 276,75t = 13276,75t

CÁLCULO DO GG’ VERTICAL:

dpGG'

d = Kg – KG = 7,50 – 7,45 = 0,05m

GG’ = (276,75 . 0,05) / 13276,75 = 0,001m p/cima

CORREÇÃO PARA SUPERFÍCIE LIVRE

f

δiGG

433

270m12

615

12

bli

0,021m13276,75

1,025270GGv

CORREÇÃO PARA ÁGUA ABERTA:

Δ

δafaGG

2

ab v

a = 15 . 6 = 90m2

af = 6m

0,25m13276,75

1,025690GG

2

ab v

OBS: Atentar para o fato de que o efeito de água aberta foi o maior de todos os efeitos.

CÁLCULO DO KG CORRIGIDO

GG’v = GG’ + GGv + GGv ab = 0,001 + 0,021 + 0,25 = 0,272m

KGc = KGi + GG’v = 7,45 + 0,272 = 7,722 m

CÁLCULO DA GMf (após avaria):

GMf = KMf - KGc = 8,29 – 7,722 = 0,568m

CÁLCULO DA BANDA PERMANENTE:

196

GGt = 0,125m13276,75

6276,75

Δ

dp

f

t

tgθ = 0,220,568

125,0

G

'

f

t

M

GG θ = 12,4º

CÁLCULO DA V.T.:

VT = MTC

dp ; d = Fg = 3m

VT = 276,75 . 3 / 125 = 6,64cm

CÁLCULO DA VAV E VAR:

VAV = VAR ( pois F = 0 ) = 2

Vt = 3,3cm

CÁLCULO DA IMERSÃO:

14cm19,8

276,75

TPC

Pi

CÁLCULO DOS CALADOS FINAIS:

HV = 9,00 + 0,14 – 0,03 = 9,11m

HR = 9,00 + 0,14 + 0,03 = 9,17m

12.4 PERMEABILIDADE

12.4.1 Definição

Permeabilidade é o espaço de um compartimento carregado que pode ser ocupado por

água, em percentagem.

Pb = %100 totalespaço

disponível espaço

EXEMPLO

Um porão possui um volume de 5000m3. Está com carga ocupando 3000m3. Qual a

permeabilidade?

Pb = %1005000

3000-5000 = 40%

12.4.2 Aumento do calado em função da permeabilidade / Cálculo do peso

da água entrante no compartimento

197

p = Pb·V·δ, onde

Pb – permeabilidade

V – volume do compartimento

δ – densidade da água entrante

Então teremos: i = p/TPC

EXEMPLO:

Uma embarcação em forma de caixa com L=100m, B=20m, flutua em água salgada com

calado de 6m em águas parelhas. Um compartimento de proa com 10m de comprimento, 12m

de largura e 4m de altura acima da quilha contém carga com permeabilidade de 25%. Calcule

os novos calados quando o compartimento for alagado.

Resolução:

CÁLCULO DO PESO D’ÁGUA QUE ENTROU NO COMPARTIMENTO

p = Pb·V·1,025 = 0,25·10·12·4·1,025 = 123t

TPC = 20,5t/cm100

1,02520100

100

δAf

i = TPC

P =

cm

20,5t

123t= 6cm = 0,06m

PARA CALCULAR OS NOVOS CALADOS, TEMOS QUE OBTER A VARIAÇÃO DO

TRIM:

VT = MTC

dP

CÁLCULO DO MTC:

MTC = L100

BMΔ L

Δ = L· B· H·δ = 100·20·6,06·1,025 = 12423t

BML = 138m6,062010012

10020

12

LBMI 33

L

Logo, MTC = m/cm171t100100

13812423

Logo, VT = proa a para cm4,32171

45123

MTC

dp

VALORES EMPÍRICOS PARA PERMEABILIDADE:

Alojamento: 0,95 Carga Geral: 0,60 Praça de Máquinas: 0,85

198

CALADOS FINAIS:

VAV = 16cm2

32,4

2

VT = VAR = 0,16m

OBS: ―F‖ é o centróide da área do plano de flutuação, esta sendo retangular, ele está à

meia-nau.

Então teremos: HV = 6,00m HR = 6,00m

i = 0,06 + i = 0,06m +

HV’ = 6,06m HR’ = 6,06m

VAV = 0,16m + VAR = 0,16m –

HVf = 6,22m HRf = 5,90m

199

CAPÍTULO 13 ESTABILIDADE DINÂMICA

Neste capítulo iremos estudar a importância da estabilidade dinâmica e sua influência na

determinação dos critérios mínimos de estabilidade estabelecidos pelas autoridades marítimas

para um navio navegar com segurança.

13.1 IMPORTÂNCIA DA ESTABILIDADE DINÂMICA

Estabilidade dinâmica é o trabalho necessário para adernar o navio. É o trabalho

executado ao levar o navio de sua posição inicial de equilíbrio adriçado a uma inclinação

isocarena qualquer θ. No estudo de estabilidade dinâmica supõe-se que o movimento de

inclinação seja suficientemente lento para que se anulem as resistências passivas do ar e da

água, assim como as velocidades inicial e final da inclinação sejam zero.

Fazendo essas hipóteses o momento do conjugado necessário a adernar o navio até um

ângulo θ é igual ao momento resistente criado por estarem o empuxo e gravidade atuando em

verticais diferentes.

A importância do estudo da estabilidade dinâmica se deve ao fato de que o navio deve

absorver uma certa energia externa, sem adernar mais que limites pré-estabelecidos. Essa

200

energia específica para os limites determinados são os chamados critérios de estabilidade.

Esses critérios de estabilidade são determinados pelas autoridades com ingerência na

segurança da navegação, sendo que a IMO recomendou os critérios de Rahola, (Eng. Naval

finlandês, que defendeu tese de mestrado sobre critérios mínimos de estabilidade), sendo que

essa recomendação se transformou em lei na Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Espanha,

etc. A Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana, 1974, foi emendada na

parte de carregamento de grãos, para inserir os critérios de estabilidade para navios que

transportam grãos.

13.2 MEDIDA DA ESTABILIDADE DINÂMICA

Suponhamos o navio adriçado. Partimos dessa posição de equilíbrio para uma inclinação

qualquer θ. O trabalho efetuado para adernar o navio de um ângulo muito pequeno dθ é igual

a:

dT = dθGZΔ

pois sabemos da física que trabalho é conjugado ( GZΔ ) vezes rotação (dθ). O trabalho

total para levar o navio de um inclinação zero a uma inclinação θ, será:

θ

0dθGZΔT (fórmula 13.1)

Suponhamos, agora, que o ângulo θ pertence à faixa de estabilidade inicial (menor que

12º, aproximadamente)

GZ = GM sen θ

sendo θ pequeno, o seno se confunde com o arco medido em radianos

sen θ = θ

E teremos que: T = Δ . GM . θ² / 2 (fórmula 13.2)

Na fórmula 13.2, que só serve para a faixa de estabilidade inicial temos que:

= deslocamento em toneladas

GM = altura metacêntrica em metros

θ = ângulo de banda temporária, em radianos

T = momento de estabilidade dinâmica , em toneladas x metros x radianos.

13.3 FÓRMULA DE MOSELEY

A fórmula 13.2 só se emprega na faixa de estabilidade inicial. Para grandes bandas usa-

se a fórmula de Moseley. Vejamos sua dedução.

201

Figura 13.1

Quando o navio aderna, G sobe e B desce em relação à linha d’água (a distância anterior

de G à linha d’água era GO; da mesma maneira bB’ é maio que OB). É como se o peso do

navio se tivesse movimentado para cima da distância que o centro de gravidade subiu em

relação ao plano de flutuação, e para baixo da distância que o centro de carena se movimentou

em relação ao dito plano de flutuação.

O trabalho efetuado para adernar o navio, ou seja, a estabilidade dinâmica é igual ao

peso do navio vezes o aumento na separação vertical entre G e B. Assim:

T = Δ(B’Z’ – BG)

T = Δ(B’R’ + RZ – BG)

mas B’R é o deslocamento vertical do centro de carena, que como sabemos de dedução

anterior é:

B’R =

)h'g'(ghv

e RZ = pG = cosθBG

Substituindo, vem:

T = Δ(

)h'g'(ghv + cosθBG – BG)

Evidenciando BG temos a fórmula de Moseley.

(Fórmula 13.3 )

Nessa fórmula:

Δ = deslocamento

v = volume da cunha que imerge ou emerge

gh + g’h’ = deslocamento vertical do centro de gravidade da cunha, ou seja, a distância

vertical que se deslocou o centro da cunha.

BG = distância vertical entre o centro de carena e o centro de gravidade

= Volume de carena

Essa fórmula não é usada a bordo, pois não dispomos de meios para calcular v e

(gh + g’h’).

T = Δ(

)h'g'(ghv– cosθ(BG – 1))

202

13.4 ÁREA SOB A CURVA DE BRAÇOS DE ADRIÇAMENTO

No presente estudo só consideramos a parte positiva da curva de braços de estabilidade,

pois é ela que mede a capacidade do navio em voltar à sua posição inicial direita. Navio com

banda permanente devido pesos descentralizados será caso a ser estudado a parte . A figura

13.2 representa a curva de braços de adriçamento de um navio e estudaremos os significados

da área limitada por ela e pelo eixo das abscissas.

Na figura 13.3 o navio está adernado de um ângulo θ. A seguir ele é adernado ainda mais

de um pequeno ângulo dθ. Sendo dθ infinitamente pequeno, pode-se considerar o centro de

carena, que está em B’, movendo-se paralelamente à linha d’água W’L’ para a posição B‖ –

figura 13.4.

Na figura 13.4 B‖Z‖ é a nova vertical que passa pelo centro de carena, e GZ’ é o novo

braço de adriçamento.

A separação vertical entre Z e Z’ é:

ZZ’ = GZ

Mas como supomos dθ infinitamente pequeno

sendθ = dθ

para dθ em radianos. Logo

ZZ’ = GZxdθ

Mas já sabemos que esse valor é igual à variação da distância vertical entre B e G.

Portanto a estabilidade dinâmica de θ até (θ + dθ) é:

dT = Δ (GZxdθ) (1)

A figura 13.5 mostra um ramo da curva de braços de adriçamento. Tomemos um ângulo

θ e façamos e acréscimo dθ. A área do retângulo elementar (área tracejada) é

dA = GZ x dθ e a área total da figura é

θ

0

θ

0dθGZdAA

multiplicando essa área pelo deslocamento:

θ

0dθGZΔAΔ (2)

Também, na expressão (1), por integração obtemos:

θ

0

θ

0dθGZdTT

θ

0dθGZΔT (3)

Observando as expressões (2) e (3) chegamos à conclusão:

AΔT

(fórmula 13.4)

A estabilidade dinâmica é igual á área limitada pela curva de braços de adriçamento

multiplicada pelo deslocamento.

203

Figura 13.2 – Área limitada pela curva de braços de adriçamento e o eixo das abcissas.

Figura 13.3 – Navio adernado de um

ângulo.

Figura 13.4 – Deslocamento de Z

Figura 13.5 – Cálculo da área. Figura 13.6 – Ramo da curva de

momentos de estabilidade estática

A área do retângulo elementar neste caso será:

dGZΔGZ)dθ(ΔdA'

204

E a área total: θ

0

θ

0dθGZdA'A'

θ

0dθGZΔA'

Mas sabemos que:

θ

0dθGZΔT

E portanto temos:

(fórmula 13.5)

―A estabilidade dinâmica é igual à área limitada pela curva de momentos de estabilidade estática.‖

13.5 DETERMINAÇÃO DA ESTABILIDADE DINÂMICA

Como vemos pela fórmula 13.4, para termos a estabilidade dinâmica basta determinar a

área limitada pela curva de braços de adriçamento e multiplicá-la pelo deslocamento.

Para calcular a área usa-se um dos processos conhecidos, estudados no Capítulo 1.7

desta apostila. O mais comum é usar a 1ª fórmula de Simpson.

Devemos lembrar que o comprimento da abscissa deve ser tomado em radianos (caso

usemos a fórmula de Simpson, d – intervalo comum entre as ordenadas – deve ser

transformado em radianos) embora em Cadernos de Estabilidade de alguns navios tenhamos

encontrado o mesmo em graus.

Determinada a área, como os braços de adriçamento são medidos em metros, e a base

em radianos, o resultado será em metros x radianos.

Exemplo

Foram determinados os braços de estabilidade de 0,165m; 0,325m; 0,520m; 0,710m;

0,650m; 0,450m; 0,150m e -0,112m para ângulos de banda de 10º, 20º, 30º, 40º, 50º, 60º, 70º

e 80º respectivamente. O deslocamento é 8000t. Pede-se a estabilidade dinâmica total e a

estabilidade dinâmica até 40º.

Solução:

(a) Traçado da curva:

Traçada a curva de braços de estabilidade na escala:

15mm = 10º 5cm = 1m

Determinamos a faixa de estabilidade: ela vai de 0º a 74º - figura 13.7.

Só nos interessa a parte positiva da curva: a curva de braços de adriçamento, cuja área

será calculada usando a 1ª fórmula de Simpson. Escolhemos oito espaçamentos, e o valor do

intervalo será 9,25º. Traçamos as ordenadas a partir de 0º, guardando um intervalo de 9,25º

entre elas, e obtemos os seguintes valores.

T = A’

205

y0 = 0

y1 = 0,15m

y2 = 0,31m

y3 = 0,48m

y4 = 0,69m

y5 = 0,70m

y6 = 0,52m

y7 = 0,26m

y8 = 0 .

Figura 13.7 – Faixa de estabilidade.

NO DE

ORDENADAS VALOR DA

ORDENADA

MULTIPLICADOR SIMPSON

PRODUTOS POR ÁREA

y0

y1

y2

y3

y4

y5

y6

y7

y8

0

0,15

0,31

0,48

0,69

0,70

0,52

0,26

0

1

4

2

4

2

4

2

4

1

0

0,60

0,62

1,92

1,38

2,80

1,04

1,04

0

= 9,40

d = 9,25º = 0,161rad

A = 3

d = 4,9

3

161,0

A = 0,5044 m.rad

T = AΔ = 8000 x 0,5044 = 4035,2 t.m.rad (toneladas x metro x radiano)

Vejamos, agora, a estabilidade dinâmica de 0º a 40º. Como são dadas cinco ordenadas

espaçadas de 10º, não necessitamos traçar a figura.

Temos ordenadas:

y0 = 0, y1 = 0,165 y2 = 0,325 y3 = 0,520 y4 = 0,710

O cálculo da área é o seguinte:

206

NO DE

ORDENADAS

VALOR DA

ORDENADA

MULTIPLICADOR

SIMPSON

PRODUTOS

POR ÁREA

y0

y1

y2

y3

y4

0

0,165

0,325

0,520

0,710

1

4

2

4

1

0

0,660

0,650

2,080

0,710

= 4,100

A = 3

d = 1,4

3

1745,0 = 0,2385 m.rad

T = AΔ = 8000 x 0,2385 = 1908 t.m.rad

13.6 CRITÉRIOS DE ESTABILIDADE

Critério de estabilidade é o conjunto de valores mínimos aceitáveis que asseguram a

estabilidade do navio em qualquer condição. Na determinação desses valores são feitos

estudos da estabilidade de navios que naufragaram devido à incorreta distribuição de carga,

estudos em tanques de prova, levantamentos estatísticos, e baseiam-se na experiência dos

construtores de navios. Geralmente os elementos que causam um momento inclinante são:

A) A ação dos ventos – essa ação é mais pronunciada nos navios de alta borda livre, e

de grande superestruturas, como é o caso de navios de passageiros, full-containers e roll-on-

roll-off.

B) A ação das vagas, que fazem o balanço do navio. Este é o ponto mais importante, e

atua em todos os navios, qualquer que seja o local onde navegue. Mas certos oceanos

produzem mais tempestades como é o caso do Norte do Atlântico.

C) A ação do leme e forças atuantes sobre o casco quando o navio manobra;

D) Carga e descarga de pesos.

Além disso, podem ocorrer fatos tais como alagamento de um compartimento, corrimento

da carga, mas esses são fatos extraordinários, que requerem estudo a parte, como já

estudado.

Vejamos os principais elementos causadores do momento inclinante:

VENTO – o momento inclinante produzido pelo vento é dado pela fórmula:

1000

θcoszAu0,0195M

2

V

2

V

(fórmula 13.6)

E para braços inclinantes, temos:

1000

θcoszAu0,0195 inclinante braço

2

V

2

(fórmula 13.7)

Os elementos das fórmulas 13.6 e 13.7 são:

Δ = deslocamento

u = velocidade do vento em nós

207

AV = área projetada do navio acima da linha d’água, em metros quadrados (área exposta

ao vento)

z = braço de alavanca que vai de um ponto R cujas coordenadas são a metade do

calado e a linha de centro, até o centróide das áreas projetadas (área exposta ao

vento).

= ângulo de banda, em graus.

Com a fórmula 13.7 podemos traçar a curva de braços inclinantes devido ao vento. Se

essa curva for traçada sobre a curva de braços de estabilidade, obedecendo a mesma escala,

o ponto onde as duas curvas, a de braços de estabilidade e a de braços inclinantes, se cortam,

nos indica a banda permanente que o navio adquire devido ao vento. Se bem que de quase

nenhuma importância para navios cargueiros convencionais, mas já é de alguma importância

para navios de passageiros, full- containers e ro-ros e de importância máxima para navios à

vela. A figura 8 abaixo nos dá um aspecto de explicado.

Figura 13.8 – Banda permanente devido ação do vento.

MOVIMENTO DE CARGAS DE UM BORDO PARA OUTRO

Durante as operações de carga e descarga do navio e, na maioria das vezes, é

impossível deslocar simultaneamente os pesos a BB e a BE da linha de centro. Isso provoca

um desequilíbrio, fazendo com que o navio aderne. No carregamento (ou descarga) de grandes

pesos, principalmente quando feito com aparelhamento de bordo, a distância do peso à linha

de centro fica aumentada da projeção do aparelho sobre a linha de centro (figura 13.9),

aumentando a distância de descentralização. Enquanto o peso está suspenso, sendo movido,

o navio pode adernar para o bordo do peso.

Figura 13.9 – Peso muito grande carregado ou descarregado com aparelho

de bordo faz o navio adernar. O peso está descentralizado de uma distância ―d ―

208

AGLOMERAÇÃO DE PASSAGEIROS EM UM SÓ BORDO .

Nas saídas e chegadas nos portos, os passageiros costumam correr todos para o bordo

do navio que fica voltado para terra. Isso cria um peso descentralizado. Sabemos que os

navios de passageiros, devido suas grandes superestruturas, têm geralmente pequena altura

metacêntrica. O peso descentralizado faz com que o navio aderne, mas sempre, em navios de

relativo tamanho, de poucos graus. Em embarcações de recreio, entretanto, é muito perigoso o

acúmulo de passageiros de um só bordo, pois pode inclusive levar a embarcação a emborcar.

INCLINAÇÃO QUANDO FAZENDO UMA CURVA G IRO EM ALTA VELOCIDADE

Quando o navio está guinando firmemente, atua sobre ele a força centrífuga.

gr

vΔF

2

(fórmula 13.8)

onde:

Δ = deslocamento em toneladas métricas

v = velocidade em metros por segundo

g = aceleração da gravidade (9,81m/s2)

r = raio do círculo de evolução (metade do diâmetro final)

F = força centrífuga

A aplicação dessa força cria braços inclinantes, da mesma maneira que o vento, dados

seus valores pela expressão 13.9 a seguir:

Braço inclinante = θgr

GRvcos

2

(fórmula 13.9)

Nesta fórmula temos:

v = velocidade do navio em metros por segundo

GR = distância, em metros, entre o centro de gravidade e o centro de resistência lateral

r = raio de evolução (metade do diâmetro final), em metros

g = aceleração da gravidade (9,81m/s2)

Geralmente os engenheiros navais dão a ―r‖, para navios de formas convencionais, um

valor de 3 vezes o comprimento do navio.

Figura 13.10

209

O traçado da curva de braços inclinantes é mostrado na figura 13.10, e o ponto em que

ela cruza com a de braços de estabilidade (ponto de corte mais próximo da origem) nos indica

o ângulo de banda permanente durante o giro.

O ângulo de banda permanente durante o giro do navio pode ser calculado pela fórmula:

rGM

GRv0,1tgθ

2

(fórmula 13.10)

onde todos os elementos são nossos conhecidos (GM é a altura metacêntrica

transversal).

AÇÃO DAS VAGAS SOBRE O NAVIO

Esse é o ponto mais importante para o estabelecimento dos critérios de estabilidade. Ele

é estudado em conjunto com a ação do vento.

Determinado o ângulo de banda permanente devido ao vento, conforme visto

anteriormente, o engenheiro projetista prolonga as curvas de braços de estabilidade e braços

inclinantes para um ponto a 25º desse ângulo de inclinação constante para barlavento (ver

figura 13.11). As áreas A1 e A2 são calculadas:

1) o braço de adriçamento medido no ponto de banda permanente devido ao vento não

pode ser maior que 0,6 do braço de adriçamento máximo (GZm)

2) a área A1 não pode ser menor que 1,4xA2

3) o ângulo de banda permanente devido ao vento não pode ser maior que 15º.

Figura 13.11

Visto isso, passemos para os critérios recomendados pela IMO: (Resolução A-167 e

A– 749)

a ) A área sob a curva de braços de estabilidade não deve ser menor que:

(1) 0,055 metros.radianos até uma inclinação de 30º.

(2) 0,090 metros.radianos até uma inclinação de 40º ou até a inclinação em que a

aresta inferior de quaisquer aberturas no costado, que não possuam fechamento

estanque a água, fique imersa quando essa inclinação for menor que 40º .

A2

A1

210

(3) 0,030 metros.radianos entre os ângulos de inclinação de 30º e 40º, ou entre 30º

e o ângulo menor que 40º em que fiquem submersas as arestas inferiores de

quaisquer aberturas que não disponham de fechamento estanque à água, como

referido em (2) acima.

BR

OS

Figura 13.12 – Critérios da IMO.

b) o braço de adriçamento máximo deve ocorrer num ângulo de inclinação igual ou maior

que 25º, e ter um valor mínimo de 0,20m a 30º.

c) a altura metacêntrica inicial não deve ser menor que 0,15 metros. No caso de um navio

com carregamento de madeira no convés, que cumpra o exigido na alínea (a) acima, levando

em consideração o volume de carga de madeira no convés e altura metacêntrica inicial não

deverá ser menor que 0,05 metros.

A curva de braços de estabilidade, em qualquer situação, deve manter o acima

determinado.

O cálculo das áreas fica facilitado se dividirmos o eixo dos x em intervalos de 10º, de 0º a

40º. A área de 0º a 40º é então calculada pela 1ª fórmula de Simpson. A área entre 30º e 40º

pode ser calculada pela fórmula dos cinco e oito ou pela fórmula dos trapézios.

Exemplo:

Num navio de 6800t de deslocamento foram determinados os seguintes braços de

estabilidade:

banda 15º 30º 45º 60º 75º 90º

GZ 0,75 1,58 1,90 1,66 1,04 0,04 metros

Verificar a estabilidade do navio, de acordo com os critérios da IMO e determinar os

percentuais. A GM pode ser calculada pelo método da tangente ou melhor ainda em função do

GZ para 10°.

Solução:

(1) Traçado da curva de braços de estabilidade para medida da área, medida da GM

inicial, posicionamento e medida do braço de adriçamento máximo: ver figura 13.13.

211

Figura 13.13

Medidas as ordenadas, obtemos:

yo = 0; y1 = 0,425m; y2 = 1,050m; y3 = 1,600m; y4 = 1,850m.

Cálculo da área de 0º a 40º;

NÚMERO DA

ORDENADA

VALOR DA

ORDENADA

MULTIPLICADOR

SIMPSON

PRODUTO

POR ÁREA

yo

y1

y2

y3

y4

0

0,425

1,050

1,600

1,850

1

4

2

4

1

0

1,700

2,100

6,400

1,850

Σ = 12,050

d = 10º = 0,175rad

A40º = radm.703,0050,123

175,0

Cálculo da área entre 30º e 40º;

pela fórmula dos trapézios

A30º:40º = radmdyy

302,0175,02

850,1600,1

2

43

Pela fórmula dos cinco e oito (3ª Fórmula de Simpson)

A = 234 8512

yyyd

A30º:40º = ram 306,0050,1800,12250,912

175,0 rad

212

Cálculo da área até 30º:

Podemos calcular diretamente pela 2ª fórmula de Simpson, ou fazer por subtração:

A30º = A40º – A30º:40º

A30º = 0,706 – 0,306 = 0,400 m·rad

Braço de adriçamento máximo:

Lido na curva, igual a 1,9m

Ângulo correspondente ao GZ máximo:

Lido na curva, igual a 44º

Altura metacêntrica inicial:

Marca-se no eixo dos x o ângulo correspondente a 57,3º, levantando-se uma

perpendicular; Tira-se uma tangente à curva na origem, prolongando até encontrar a

perpendicular traçada aos 57,3º. O valor dessa ordenada é a GM inicial que, lida nas curvas,

nos dá 2,5m. Ou melhor, ainda: GM = GZ:10°/sen 10° = 0,425 / 0,174 = 2,44m

Determinação dos percentuais:

Os percentuais são os valores calculados em função dos valores exigidos, se fizermos o

valor exigido igual a 100.

DESCRIÇÃO VALOR

CALCULADO

VALOR

EXIGIDO

PERCENTUAL

ÁREA SOB A CURVA ATÉ 40º

ÁREA SOB A CURVA ATÉ 30º

ÁREA DE 30º A 40º

BRAÇO DE ADRIÇAMENTO A 30º

ÂNGULO DE GZ MÁXIMO

ALTURA METACÊNTRICA

0,703

0,400

0,303

1,900

44º

2,44

0,090

0,055

0,030

0,200

25º

0,150

781

727

1010

950

1627

OBSERVAÇÃO

Em certos Cadernos de Estabilidade poderemos encontrar os valores das áreas

calculadas em metros·graus . Para obter os valores em metros·radiano basta multiplicar por

0,017453. Assim como, para passar de metros·radiano para metros·graus, multiplica-se aquele

valor por 57,296.

Podemos encontrar, também, em certos países, valores de critérios de estabilidade

diferentes dos da IMO, bem como para alguns tipos de embarcação, a IMO apresenta critérios

adicionais.

Cabe ao oficial usuário, examinar atentamente o Caderno (Manual) de Estabilidade de

sua embarcação, como também o software de carregamento.

213

CAPÍTULO 14

ESFORÇOS

Nesta parte, estudaremos os esforços estruturais, com ênfase nos longitudinais, a fim de

evitarmos deformações, avarias e até a perda do navio não só no porto como no mar.

14.1 RESISTÊNCIAS ESTRUTURAIS

A estrutura do navio, como outras estruturas, está sujeita à ação de diversas forças,

incluindo as forças destruidoras. O casco está sujeito a esforços de flexão provenientes de

diversas causas, tais como: peso do próprio casco, do aparelho motor, do combustível e da

carga; pressão da água, do vento, ação das máquinas e do propulsor em movimento.

NAVIO EM MAR TRANQUILO

Quando o navio flutua em mar tranquilo, a ação de duas forças em módulo e opostas em

sentido, estabelecem o equilíbrio. Contudo, a pressão hidrostática não se faz sentir igualmente

em todos os pontos e, havendo predominância de uma sobre a outra em qualquer ponto da

parte imersa , a consequência é deformar o casco, exercendo o peso ação de dentro para fora

e o empuxo de fora para dentro.

214

Os navios mercantes são construídos especialmente para o transporte de carga e as

peças estruturais são planejadas para oferecer resistência às forças deformantes e a sua

construção obedece ao critério da continuidade de resistência do casco a fim de alcançar uma

estrutura na qual todas as partes sejam igualmente fortes em relação a todos os esforços.

TEORIA DA VIGA

A viga é um sólido cujo comprimento em relação às outras dimensões é maior.

O navio pode ser considerado uma viga oca, cujas abas são o convés resistente e o

fundo.

Figura 14.1 Figura 14.2

Figura 14.3 Figura 14.4

COMPRESSÃO E TRAÇÃO

Se tomarmos uma viga de material dotado de flexibilidade, como um metal, e a

sujeitarmos a fazer uma curvatura, veremos aparecer nas faces interiores da curvatura umas

quantas réguas e na face exterior aparecerão fendas, indicando que a primeira diminui e a

segunda aumenta.

A flexão produz dois tipos de esforços: esforço de compressão na face interior, tendendo

a encurtá-la e de tração ou tensão, na face exterior, tendendo a alongá-la.

Figura 14.5

215

VARIAÇÃO DE LOCAIS DE PESO E EMPUXO

No estudo da flutuabilidade, pelo Princípio de Arquimedes, sabemos que estando os

pesos distribuídos, de forma que em todos os pontos, sua força seja igual à força do empuxo,

nenhuma deformação se produzirá. Porém, quando ao longo do comprimento, estas forças não

mantem uma distribuição equitativa, em vista de seus volumes e pesos serem diferentes,

haverá em cada parte do navio uma predominância da força do peso sobre a força de empuxo

ou vice-versa, pois se a carga não for distribuída equitativamente pelos porões/tanques,

veremos quando em água, que cada bloco (referente a cada porão), tomará um plano de

flutuação diferente, pois seus volumes e pesos são diferentes.

14.2 ESFORÇOS LONGITUDINAIS

A distribuição dos pesos a bordo, no sentido longitudinal, tem a maior importância nos

esforços longitudinais do casco.

Sabemos que, relativamente, os porões/tanques extremos pesam mais e os do centro

pesam menos. Estabeleçamos agora a hipótese do navio sob ação do mar de vagas e façamos

a comparação com a teoria da viga

A figura 14.4a nos mostra o navio subindo a crista da vaga, apresentando a proa e a

popa sob ação de menos empuxo. Assim como a viga tende a deformar pelo esforço de tração

na parte superior e compressão na inferior, com o casco do navio o esforço é de

alquebramento, semelhante ao da viga. Sendo a estiva mal feita, com excesso de peso nas

extremidades, a situação tende a piorar e pode haver deformações elásticas.

Figura 14.4a Figura 14.4b

O esforço de tração ou tensão está na face inferior e o de compressão na parte superior.

Corresponde ao navio quando é suportado pelas cristas de duas vagas nas

extremidades, o esforço é de contra-alquebramento. Tanto o esforço de alquebramento quanto

o de contra-alquebramento são agravados pelas rápidas e sucessivas variações das vagas e

movimentos do navio.

Quanto à distribuição da carga, se os maiores pesos estiverem concentrados nas

extremidades, ter-se-á um excesso de impulsão da água sobre a parte média do casco,

tendendo o navio a deformar-se por alquebramento.

Se os maiores pesos estiverem concentrados na região média do navio, ter-se-á um caso

análogo ao de uma viga apoiada pelos extremos a carregada a meio.

A deformação é de sentido contrário a do caso anterior (contra-alquebramento), sofrendo

o convés um esforço de compressão e a quilha um esforço de tração.

216

As figuras 14.5 a e b mostram os casos de alquebramento e contra-alquebramento, por

má distribuição da carga (pesos).

Figura 14.5 a e b

Para contrariar estas deformações, a distribuição de pesos (carga), no sentido

longitudinal, deve obedecer a um critério, de forma que os extremos levem menor quantidade

de pesos que o centro.

O carregamento deve iniciar do centro para os extremos e a descarga dos extremos para

o centro. Em hipótese alguma o navio deve fazer-se ao mar com extremos carregados (porões

de proa e popa) e os porões do centro vazios.

As figuras 14.6 a e b mostram os casos de alquebramento e contra-alquebramento com o

navio em ondas.

Figura 14.6 a

Figura 14.6 b

14.3 ESFORÇOS TRANSVERSAIS

Estes são menos pronunciados que os longitudinais.

Os esforços transversais provêm dos balanços ou movimentos oscilatórios em

consequência dos balanços. O navio é uma ―caixa‖ e os esforços transversais são garantidos

pelo cavername e vaus.

Sob o movimento oscilatório da água, a massa do navio entra em movimento, a princípio

com sincronismo que tende a desaparecer pela inércia e, em certo ponto, o movimento do

navio passa a ser em sentido oposto sob a ação das vagas e contrariando a ação de inércia.

Como consequência deste conjunto de forças, a estrutura do navio sofre, havendo alterações

dos ângulos formados pelos vaus com as cavernas num bordo, que tendem a passar para

agudos, enquanto no outro tende a ser obtuso.

217

Figura 14.7

DISTORÇÃO

Figuras 14.8 a e b

CARGAS DINÂMICAS

Figuras 14.9 a e b

EFEITO DE SUPERFÍCIE LIVRE – ―SLOSHING‖

Figura 14.10

218

14.4 CÁLCULO ANALÍTICO DO ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO FLETOR

ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO FLETOR

NAVIO PANAMAX

Observação Inicial:

Devemos lembrar que para efetuarmos tais cálculos (esforço cortante e momento fletor),

o navio é considerado fixo em uma de suas extremidades (neste caso a proa e a partir de tal

ponto são simulados os esforços (pesos) e momentos (pesos x braços).

Figura 14.11 – Esforço cortante e momento fletor.

FORÇA CORTANTE:

Diferencial entre o peso e o empuxo na caverna (seção) considerada.

FATOR USADO PARA CÁLCULO DA FORÇA CORTANTE:

Corresponde ao percentual que o peso no tanque/porão influencia uma determinada

caverna.

Representa o esforço sofrido pela caverna em função dos tanques/porões a vante dela.

DETERMINAÇÃO DO PERCENTUAL:

Tomar uma caverna como referência;

Tanques/Porões a vante da referida caverna terão fator 1 (100 %);

Todos os tanques/porões a ré da referida caverna terão fator zero;

Tanques/Porões que estiverem sobre a caverna terão fator 0,5.

CAVERNA TANQUE/PORÃO FATOR

276 1 0 (está a ré da caverna)

210 DF BB/BE 0,5 (metade a vante e metade a ré)

111 # 6 0 (está a ré da caverna)

111 # 5 1 (está a vante da caverna)

MOMENTO FLETOR

Define o tipo de deflexão (alquebrado ou contra-alquebrado) na caverna (seção)

considerada.

VALORES DOS BRAÇOS USADOS NOS CÁLCULOS:

Corresponde a distância do centro de gravidade do peso no tanque/porão até a referida

219

caverna a ré do mesmo.

Deve-se tomar uma caverna como referência;

Tanques/porões a ré da referida caverna possuem braços iguais a zero;

Tanques/porões a vante da referida caverna terão braços iguais a distância do centro de

gravidade do peso até a referida caverna.

Tanques/porões com baricentro coincidente com a caverna entram com metade do peso.

EXEMPLO:

CAVERNA TANQUE/PORÃO BRAÇO

276 PKT AV 5,77m ( a vante da caverna)

144 # 5 ZERO ( a ré da caverna)

78 # 6 13,56m ( a vante da caverna)

CÁLCULO DA FORÇA CORTANTE: (SHEAR FORCE)

FC = L + C – E (1) OU FC = E – L – C (2)

Em (1): Peso (+) e Empuxo (–)

Em (2): Peso (–) e Empuxo (+)

Os programas e/ou manuais de carregamento usam uma das duas expressões.

L = Parcela do deslocamento leve, considerada desde a seção até a extremidade de

proa. ( fornecida pelo estaleiro ).

C = Parcela de carga, óleo e água, considerada desde a seção até a extremidade de

proa. ( calculado por bordo ).

E = Parcela de empuxo, considerada desde a seção até a extremidade de proa.

(fornecida pelo estaleiro com ajustes tabulares).

OBSERVAÇÃO:

Os valores calculados tanto para a condição de porto bem como para a condição de mar

devem sempre estar abaixo dos máximos permissíveis (fornecidos), sendo estes equivalentes

a 100%.

Abaixo vemos a figura 14.12 interpretativa das desigualdades existentes entre peso e

empuxo em cinco seções diferentes.

220

CÁLCULO DO MOMENTO FLETOR: (BENDING MOMENT)

MF = ME – ML – MC (1) OU MF = MC + ML – ME (2)

Em (1): MF (+) Contra-alquebrado (sagged, SAG)

MF (–) Alquebrado (hogged, HOG)

Em (2): MF (+) Alquebrado (hogged, HOG)

MF (–) Contra-alquebrado (sagged, SAG)

Os programas e/ou manuais de carregamento usam uma das duas expressões.

ME = Momento da parcela de empuxo em relação a seção. (fornecido pelo estaleiro

com ajustes tabulares).

ML = Momento da parcela do deslocamento leve em relação a seção. (fornecido pelo

estaleiro).

MC = Momento da parcela de carga, óleo e água em relação a seção. (calculado por

bordo).

OBSERVAÇÃO:

Os valores calculados tanto para a condição de porto bem como para as condições de

mar devem sempre estar abaixo dos valores máximos permissíveis (fornecidos), sendo

estes correspondentes a 100%.

VARIÁVEIS APRESENTADAS NAS TABELAS DE EMPUXO E DE MOMENTO DE EMPUXO. (AJUSTES)

HBASE = Calado Base: é o elemento de entrada nas tabelas e corresponde ao inteiro

do calado médio. EX: Calado médio = 13,40m, HBASE = 13m

VBE = Valor base para o empuxo

CEC = Correção para o empuxo devido a variação do calado, onde

ΔH = HMÉDIO — HBASE.

CET = Correção do empuxo devido ao trim.

VBM = Valor base para o momento de empuxo.

CMC = Correção para o momento de empuxo devido a variação do calado, onde

ΔH = HMÉDIO—HBASE.

CMT = Correção para o momento de empuxo devido ao trim.

221

EXTRATO DA TABELA DE EMPUXO

DE UM NAVIO TIPO PANAMAX.

Unidades em toneladas. Calado Base = 13,00m

CAVERNA EMPUXO BASE

(VBE)

CORREÇÃO P/CALADO

(CEC)

CORREÇÃO P/TRIM

(CET)

276 2229 188 85

243 11905 965 377

210 23153 1837 610

177 34422 2710 744

144 45691 3581 780

111 56965 4453 718

78 68224 5326 557

45 78596 6194 299

EXTRATO DA TABELA DE MOMENTO DE EMPUXO

DE UM NAVIO TIPO PANAMAX.

Unidades em toneladas-metro. Calado Base = 13,00m

CAVERNA MOMENTO BASE

(VBM)

CORREÇÃO P/CALADO

(CMC)

CORREÇÃO P/TRIM

(CMT)

276 12834 1042 479

243 190017 15631 6519

210 652550 52606 19753

177 1412493 112612 37840

144 2469992 195663 56159

111 3825148 301747 78190

78 5477791 430818 95230

45 7420614 582906 106706

222

EXEMPLO DE UM CARREGAMENTO DE 72000T DE MINÉRIO DE FERRO

DE UM NAVIO TIPO PANAMAX.

CÁLCULO DO TRIM E DOS CALADOS

223

14.5 EXEMPLO DE CÁLCULO DOS ESFORÇOS LONGITUDINAIS

FORÇA CORTANTE

224

MOMENTO FLETOR

225

226

CAPÍTULO 15

EXERCÍCIOS

15.1 PARTE I − EXERCÍCIOS SOBRE ESTABILIDADE TRANSVERSAL

01) Um bloco de ferro que pesa 750t foi colocado num meio flutuante de densidade igual a 1.

Sabendo-se que a densidade do ferro é igual a 7,5; calcular a força de empuxo e afirmar o que

ocorrerá com esse bloco.

02) Uma embarcação em forma de caixa tem 105m de comprimento, 30m de boca e 20m de

pontal, estando flutuando em água de densidade 1. Sabendo-se que ela desloca 19.500t,

determinar a reserva de flutuabilidade.

03) Um paralelepípedo de madeira cuja densidade é de 0,57; tem as seguintes dimensões:

comprimento, 20m; largura, 9m e altura, 6m. Determinar a altura da parte imersa quando

flutuando em água de peso específico igual a 1,015 t/m3.

04) Determinar o empuxo que recebe uma esfera de 5m de diâmetro totalmente mergulhada

em água do mar de densidade 1,025.

05) No exercício 03, determinar a borda-livre.

06) Sendo o deslocamento de um navio igual a 8199,79t, determinar o volume de carena

quando flutuando em água de densidade 1,026.

07) O volume de carena do navio ―CIAGA‖ é 7992m3 quando flutuando em água de densidade

1,010. Qual o seu deslocamento?

08) O deslocamento de um navio em água salgada é de 35000t e seu calado é de 9,45m. Qual

será o seu deslocamento, no mesmo calado, em água doce?

09) O deslocamento máximo de um navio para determinada viagem é de 16500t. Seu

deslocamento leve é 6300t e o somatório dos pesos de combustível, aguada, lastro, provisões,

sobressalentes, guarnição, pertences, etc, é de 1420t. Até o momento, ele tem a bordo 4300t

de carga. Pergunta-se: Qual o seu porte bruto máximo, porte bruto atual, porte líquido atual,

porte líquido de saída, porte operacional, porte comerciável atual e porte comerciável de saída?

10) O deslocamento leve de um navio é 3000t. A guarnição e seus pertences pesam 35t, a

água de alimentação da caldeira 250t, a água potável 180t, combustível e lubrificantes 600t e

a carga 4135t. Calcular: o deslocamento em lastro ou serviço, porte bruto e porte líquido.

227

11) Um navio tem a bordo 4200t de carga e 3600t entre óleo combustível, lubrificantes,

guarnição e pertences, rancho, materiais, etc. Sendo seu porte bruto máximo de 15022t,

calcular o porte operacional e o porte comerciável.

12) Num navio com as características: Lpp = 120m; Boca = 15m; Cp = 0,78; HMED = 6m e CSM

= 0,98; determinar o volume de carena e o deslocamento em água salgada de densidade

1,025.

13) Um navio desloca 10.500t em plena carga, quando em água salgada de densidade 1,025

com os calados a vante = 6,30m e a ré = 6,82m. Suas características são: Lpp = 160m e Boca

= 15m. Determinar o coeficiente de bloco.

14) De um navio com deslocamento igual a 12000t, obtivemos os seguintes dados: Cb = 0,8;

Lpp = 150m; B = 20m; HV = 4m. Densidade do local igual a 1. Se calcularmos o calado a ré

encontraremos:

15) Calcular a área de uma chapa a ser substituída no convés, conhecendo-se as ordenadas,

abaixo discriminadas, separadas 20m entre si: y1 = 5m; y2 = 7m; y3 =9m; y4 = 7m ; y5 = 5m.

Empregar a fórmula de Simpson e a fórmula trapezoidal.

16) Calcular a área de uma chapa que foi dividida em ordenadas espaçadas de 2,5m.

Ordenadas y1 a y7, a saber: 0,5m; 0,9m; 1m; 0,8m; 0,7m; 0,6m e 0,5m.

17) Calcular a área entre duas ordenadas consecutivas que apresentam um intervalo comum

de 12m. Essas ordenadas medem 16m e 20m, e a ordenada externa mede 20m.

18) Um convés de um saveiro tem 18m de comprimento, tendo sido dividido em 10 ordenadas

(semi), a saber: 1m; 3m; 3,5m; 3,6m; 4m; 4,1m; 3,8m; 3,6m; 3,5m e 1m. Calcular a área de

flutuação desse convés.

19) Calcular o volume da carena e o deslocamento de uma embarcação que flutua em água de

densidade 1,025, conhecendo-se as áreas das seguintes seções dos planos e flutuação,

espaçadas de 0,3m; A1 = 100m2; A2 = 90m2; A3 = 80m2; A4 = 70m2.

20) Uma embarcação de 27m de comprimento teve a sua carena dividida em seções

transversais que são semicírculos limitados pela linha d’água de verão. Determinar esse

volume da carena, sabendo-se que as ordenadas, ou raios, na linha d’água considerada, a

partir da perpendicular de ré são: 2m; 3m; 5m e 6m.

21) Calcular a quantidade de água salgada, de densidade 1,025, que contém um tanque de

lastro com 30m de comprimento, que foi dividido em 5 seções transversais equidistantes, a

saber: A1 = 12m2; A2 = 25m2; A3 = 36,5m2

; A4 = 50,5m2; A5 = 65m2

.

22) Calcular o coeficiente da área da seção mestra de um navio que tem 20m de boca e calado

6m, cuja ASM foi dividida em 9 ordenadas a partir da linha de centro, a saber: 6m; 7m; 7,5m;

8,5m; 9m; 9,5m; 9,6m; 9,8m e 10m.

228

23) O convés de uma embarcação tem 18m de comprimento, tendo sido dividido em 9

ordenadas (semi), a saber: 1,5m; 2m; 2,5m; 3m; 3,5m; 3m; 2,5m; 2m e 1,5m. Sabendo-se que

1Kg de tinta pinta 20m2 de superfície, determinar quantos quilos desta tinta serão necessários

parar revestir todo o convés.

24) Um tanque de um VLCC tem 48 m de comprimento, tendo sido dividido em seções

transversais, a saber: 15m2; 20m2; 22m2 e 15m2. Este tanque está cheio com um produto de

densidade 0,986. A seguir, ele foi descarregado e depois lastrado com água salgada de

densidade 1,025. Calcular a alteração no deslocamento do navio.

25) Um tanque do fundo duplo tem 0,5m de altura. As áreas horizontais igualmente espaçadas,

a partir do duplo fundo são: 18,4; 29,6; 33,6; 36,8; 38,4 e 40 metros quadrados. Determinar o

volume do tanque.

26) Em um navio cujo Δ = 3000t, um peso de 100t é removido do convés para o cobro numa

distância vertical de 8m. Determinar quanto deslocou o centro de gravidade do navio.

27) Um navio atracou no porto de Bremen deslocando 4500t. Durante as operações de carga,

foram embarcadas 300t numa posição a 4m diretamente abaixo do centro de gravidade

anterior do navio. Determinar quanto deslocou o centro de gravidade do navio.

28) O navio ―XUXA‖, chegou ao porto de Santos com o deslocamento de 20200t e KG= 8,2m.

Nesse porto ele descarrega: 4000t (Kg = 4,5m); 3000t (Kg = 6,5m) 400t (Kg = 9,0m) e carrega:

2000t (Kg = 2,5m); 3500t (Kg = 6,0m) e 70t (Kg = 9,8m). Na estadia ele consome 10 t de diesel

(Kg = 0,5m). Determinar o KG ao final das operações

29) Um navio deslocando 12000t, recebeu o seguinte carregamento: porão 1 = 1000t (Kg =

7,0m); porão 2 = 2000t (Kg = 4,0m) e porão 3 = 3000t (Kg = 8,0m). Sabendo-se que após este

carregamento o KG do navio passou a ser 7,0m; determinar o KG do navio antes do

carregamento.

30) Um navio deslocando 7200t, apresenta um KG = 6,8m e KM = 7,3m. Determinar a

quantidade de carga que pode ser embarcada num ponto do navio (Kg = 10,0m), para que o

navio fique com uma GM de 0,3m.

31) Um navio deslocando 11500t, tem um momento de adriçamento de 500t·m, quando

adernado 6º. Calcular a GM inicial.

32) Quando um navio de 12000t de deslocamento aderna 6º, seu momento de adriçamento é

de 300t·m. Sendo seu KG = 7,5m, calcular o valor de KM.

33) Um navio desloca 8200t, apresentando uma GM de 0,9m. Possui dois tanques laterais com

capacidade de 30t cada um, estando BB cheio e BE vazio. Calcular a banda permanente nesse

navio ao serem transferidas 30t para o tanque de BE, sabendo-se que os tanques têm um af =

3,5m.

229

34) O navio ―Angélica‖ desloca 16000t com KG = 9,2m e tem KM = 9,6m e mede de boca 20m.

Nesta ocasião, uma carga pesando 250t (Kg = 12m) foi descarregada de um ponto a BE do

plano diametral. Sabendo-se que a banda produzida foi de 10º, determinar a distância que esta

carga estava afastada daquele plano ao ser descarregada.

35) Sendo o Momento de Estabilidade estática do navio ―JOANA‖ para um ângulo de banda de

10º igual a 200t·m, determinar a banda que será produzida pela transferência de um peso de 4t

na distância transversal de 12m.

36) Um navio deslocando 6000t e com KG = 7,00m; operou em carga, embarcado: 300t (Kg =

7,0m e af= 6,0m BE); 200t (Kg = 8,0m e af= 3,0m BE) e 200t (Kg = 8,5m e af= 3,0m BB).

Calcular a banda permanente, sabendo-se que o KM com esses pesos embarcados é de

8,07m.

37)Um navio deslocando 8000t, tem um KG = 7,6m. Durante uma operação de carga, os

seguintes pesos foram embarcados e desembarcados: EMBARQUE: 250t (af = 7,6m BE) e

300t (af = 6,1m BB) e DESEMBARQUE: 50t (af = 4,6m BB). Calcular a banda permanente,

considerando que todos os Kg das cargas estão no mesmo plano horizontal que contém o KG

anterior do navio e que o KM final é de 8,7m.

38) Um navio tem 8200t de deslocamento e KG = 6,3m. É necessário aderná-lo 3º para BE e

para isso um peso de 15 t deve ser movimentado transversalmente. Determinar essa distância,

sabendo-se que o KM = 6,5m.

39) Quando um peso de 10t é deslocado transversalmente no convés 12,0m; de um navio que

apresenta uma GM = 0,6m, causa uma deflexão de 0,25m num sistema pendular de 10,0m de

comprimento. Determinar o deslocamento.

40) O navio ―SIMONE‖, deslocando 11000t, embarcou a BE uma locomotiva que pesa 180t

numa posição 8,0m acima do CG anterior do navio e a 6,0m do plano diametral. Calcular a

banda permanente após o embarque, sabendo-se que a GM antes era de 0,9m e o KG de

6,0m.

41) O navio ―MARISA MONTE‖ tem em determinado calado, 1808m2 de área de flutuação e

11300m3 de volume de carena. Sabendo-se que este plano de flutuação está a 8,0m do plano

de base moldada, determinar a cota do centro de carena.

42) Uma carena em forma de paralelepípedo retangular tem 60m de comprimento, 9m de boca

e pesa 2214t em água salgada. Calcular a cota do metacentro transversal.

43) O deslocamento do navio ―MARA‖ é de 1750t e ele adernou quando um peso de 6 foi

movido transversalmente numa distância de 6,6m. Um sistema pendular de 4,8m de

comprimento registrou um desvio de 0,28m. Se o KM = 4,75m, determinar o valor do KG.

44) Uma barcaça em forma de caixa desloca 3600t em água salgada. Sua GM inicial é 0,45m.

Sua boca é 15m e flutua num calado sem compasso de 4m. Achar o Momento de estabilidade

230

estática para 3º de banda.

45) Uma Alvarenga de formato retangular tem 30m de comprimento, 10m de boca e desloca

360t em água doce. Ela foi rebocada para água salgada onde foram embarcadas mercadorias

adicionais, até que seu calado fosse igual ao que tinha em água doce. Qual o peso das

mercadorias embarcadas?

46) O calado de uma barcaça em forma de caixa de 30m de comprimento e 12m de boca foi

observado em água doce. Ela foi rebocada para água salgada onde embarcou 20t de carga e

o calado igualou ao que tinha em água doce. Qual o calado observado em água doce?

47) Um navio numa determinada condição desloca 4600t. As ordenadas de sua curva de

braços de estabilidade têm as seguintes medidas: 0,20m; 0,42m; 0,65m; 0,63m; 0,42m; 0,17m;

respectivamente para ângulos de banda de: 15, 30, 45, 60, 75 e 90 graus. A altura

metacêntrica inicial é de 0,73m. Traçar a curva de braços de estabilidade e determinar o ângulo

de máximo braço de adriçamento e o ângulo de emborcamento.

48) A curva de braços de adriçamento do navio ―GAL‖ tem as seguintes ordenadas para

ângulos de 15, 30, 37, 45 e 60 graus: 0,9m; 1,92m; 2,02m; 1,65m e – 0,075m,

respectivamente. Sua altura metacêntrica inicial é de 3,4m. Traçar a curva de estabilidade e

determinar os limites de estabilidade.

49)O navio ―FAFÁ DE BELÉM‖ está com deslocamento de 7200t, calado médio = 5,1m; KG =

5,5m e KM tirado das Curvas Hidrostáticas igual a 7,35m. Existem a bordo, quatro tanques com

superfície livre, todos com combustível de densidade 0,96. Tanque no 1 BB/BE: i = 439,45m4;

Tanque no 4 BB/BE: i = 335,85m4. Determinar a elevação virtual do centro de gravidade e a

altura metacêntrica corrigida.

50) O navio ―ALEGRETE‖ está deslocando 9500t com calado médio de 6,0m; KG sólido =

5,35m e KM = 7,78m. Sabe-se que possui os seguintes tanques com superfície livre: no 1

Central (lastro de água salgada), i = 4187m4; no 2 Central (óleo combustível densidade 0,9), i =

968m4; no 3 BB/BE (óleo combustível densidade 0,9), i = 696m4; nº 3 Central (óleo combustível

densidade 0,9), i = 1142 m4 e no 11 Central (lastro água salgada), i = 451,6m4; Determinar a

altura metacêntrica corrigida para o efeito de superfície livre.

51) O navio ―PILOTO SAFO‖ atracou no porto de Santos, deslocando 22500t e com KG = 7,5m.

Nenhum tanque apresenta superfície livre. Foram efetuadas as seguintes operações de carga:

EMBARQUE: 800 t, Kg = 7,5m, Af = 3,0m BE; 600t, Kg = 6,5m, Af = 4,0m BE; 1200t, Kg = 4,0m

e Af = 5,0m BB. DESEMBARQUE: 600t, Kg = 8,0m, Af = 3,0m BB; 300t, Kg = 4,5m, Af = 2,0m

BE. O tanque retangular no 3 DF, com centro de gravidade localizado na linha de centro, que

tem capacidade de 500 m³ e altura de 1,6m, foi abastecido até a metade com combustível de

densidade = 0,75m. Sabe-se que o momento de inércia deste tanque é igual a 19640m4 e o KM

final é de 8,5m. Após o término das operações de carga e abastecimento, pergunta-se: a) Qual

o KG sólido do navio? b) Qual o valor da elevação virtual do centro de gravidade do navio? c)

Qual o valor da altura metacêntrica corrigida?

231

52) Um navio tipo SD-14 está com GM = 3,10m e HM = 7,20m, quando é desembarcada uma

carga de 3400t (Kg = 2,50m), na linha de centro. Qual a GM final?

53) Um navio tipo SD-14 com HM = 7,00m; GM = 2,41m e AfG = 1,00m BB, quando é

desembarcada uma carga de 1823t (Kg = 8,00m e af = 1,00m BE. Determine o KG após o

desembarque e o afastamento final de G.

54) Uma barcaça em forma de caixa totalmente estanque com 30m de comprimento, 8m de

boca e 3,5m de pontal, flutua em água salgada com 2m de calado. Pergunta-se: A) Qual o

momento de estabilidade estática para uma banda de 5°, sabendo-se que KG = 0,9m? B) Se a

barcaça passar a flutuar em água doce, o ME aumentará ou diminuirá?

55) Um bloco homogêneo, em forma de paralelepípedo retangular, possui B = 6m, L = 18m e D

= 3m e sua densidade é igual a metade da densidade do líquido em que flutua. Calcule GM e

GZ para um ângulo de inclinação de 5°.

56) Um navio tipo SD-14 com KG = 4,82m; HV = 6,00m e HR = 6,60m, apresenta superfície

livre nos seguintes tanques: 2FDC com óleo combustível, 5FDBB; 3FDC; 7FDC e o 21BE que

está com óleo vegetal. Calcular a altura metacêntrica corrigida.

15.2 PARTE II − EXERCÍCIOS SOBRE ESTABILIDADE LONGITUDINAL

01) Num navio o imediato fez a leitura dos calados e, após as correções, entrando no plano de

curvas hidrostáticas com o calado correspondente, encontrou um deslocamento para água

salgada de 45320t. Com um densímetro observou que a verdadeira densidade da água do mar

era 1,018. Qual o deslocamento correto?

02) Um navio cujos costados nas cercanias da flutuação são retos ao passar da água do mar

de densidade 1,026 para água do rio de densidade 1,012 teve seu calado aumentado de 18cm.

Sabendo-se que a área do plano de flutuação em dita zona é de 752m2, achar o deslocamento.

03) Um navio de 12600t de deslocamento tem um calado de 6,3m. Seu TPC é 20t, e tem um

KG de 5,1m. É embarcado um peso de 240 t a uma distância de 4,8m do plano de base

moldada. Qual a distância da nova posição do centro de gravidade do navio à linha de

flutuação?

04) Um navio de guerra estava fundeado num porto de água doce e seu calado era 9m e TPC

para água salgada 40t. Ele saiu de viagem para um porto de água salgada e durante a viagem

consumiu 400t entre água, óleo, etc e foi abastecido por um petroleiro. Seu calado de chegada

foi de 9,1m que corresponde a um deslocamento de 32000t. Supondo-se que não há variação

do TPC na faixa em que se movimentou o calado, calcular a quantidade de combustível

recebida do petroleiro.

05) O TPC de um navio em água salgada é de 22t. Qual seu TPC, no mesmo calado, em água

doce?

232

06) Um navio tem um plano de flutuação com área de 1850m2 e calado de 4,25m. Ele embarca

105t de carga. Qual o calado final em água salgada.

07) O TPC de um navio para determinado calado em água salgada é 22,55t. Achar a área do

plano de flutuação correspondente.

08) Um navio tem 150m de comprimento, 20m de boca e flutua com um calado de 7,5m em

água salgada. Determine seu calado em água doce. O coeficiente de bloco é 0,5 e do plano de

flutuação é 0,6.

09) Calcular o TPC em água salgada para um calado ao qual corresponde um plano de

flutuação com área igual a 2225m2.

10) Um navio flutua com calado de 5,40m AV por 6,86m AR. Pede-se: a) Calado médio e b)

compasso.

11) Um navio tem calados: AV = 5,00m, AR = 6,00m. Depois de operações de carga, o navio

ficou com calados; AV = 5,80m, AR = 6,20m. Calcular os calados médios e os compassos

antes e depois da operação de carga, a imersão e a variação do compasso causada pela dita

operação.

12) Calcular o calado médio e o compasso de um navio que tem os calados AV = 5,20m; AR =

4,60m. Do mesmo modo calcular o valor da alteração do compasso se depois da operação de

carga o navio ficou com calados de 5,80m AV e 5,40m AR.

13) Um navio tem calados de : AV = 5,96m e AR = 6,16m. Depois de operações de carga e

descarga, o navio ficou com calados: AV = 5,59m e AR = 5,39m. Pede-se os calados médios e

compassos antes e depois das operações, a variação no compasso e a imersão (ou emersão).

14) Num navio de 80m de comprimento entre perpendiculares, foram observados os seguintes

calados: AV: 5,20m; a MN = 5,85m e AR = 6,40m (sem correção necessária para

perpendiculares). Sabendo-se que o centro de flutuação fica a 1,40m AR da caverna mestra,

calcular o calado correspondente.

15) Num navio de 100m de comprimento o imediato, entrando com o deslocamento calculado

no plano de curvas hidrostáticas encontrou um calado correspondente de 7,22m. As leituras no

costado acusaram para as perpendiculares, o calado de 7,06m AV e de 7,38m AR. O centro de

flutuação está a 2,8m a vante de meio-navio. Calcular o calado a meio navio e a deflexão do

casco, informando se o navio está alquebrado ou contra-alquebrado.

16) Num navio, a perpendicular de vante fica 8m a vante da escala de calado respectiva; a

perpendicular de ré fica 14m a ré de suas escala de calado. O comprimento entre

perpendiculares é 280m. Foi lido um calado de 12,40m na escala de vante e 14,60m na de ré.

Quais os calados nas perpendiculares?

17) Num navio de 160m de comprimento entre perpendiculares, o imediato através de um

233

clinômetro de bolha posicionado longitudinalmente, determinou que o navio estava inclinado de

0o 26’ para proa. O calado na perpendicular de vante era 8,35m. Qual o calado na

perpendicular de ré?

18) Um navio de 120m de comprimento entre perpendiculares tem o deslocamento de 10225t

na linha de verão, correspondente a um calado de 7,5m. O valor do TPC correspondente à

linha de verão é 13,6t. Supondo que o TPC não se altera nos limites das marcas de boda livre,

calcular os calados e deslocamentos correspondentes às diversas linhas de carga.

19) Um navio de 96m de comprimento tem um deslocamento de verão igual a 5380t. O calado

moldado de verão é igual a 6m e o TPC correspondente é 9t. Posicionar as demais marcas de

linha de carga.

20) Um navio tem comprimento entre perpendiculares de 110m e seu deslocamento leve é

2731t. O deslocamento de verão é 8100t; calado moldado na linha de verão é 6,5m; TPC =

12,6t. Considerando que não há variação no TPC, calcular os calados moldados nas diversas

linhas de carga, nem como os respectivos deslocamentos e portes brutos.

21) O Certificado Internacional das Linhas de Carga de um navio estabelece uma permissão

para água doce de 160mm. O navio se encontra num porto de água salobra cuja densidade é

1,015. Calcular o valor da permissão nesse porto.

22) Um navio tem um deslocamento de verão de 4000t que corresponde a um calado de 5m. O

TPC correspondente é 6,6t/cm. Até que calado poderá carregar em Manaus (Água Doce

Tropical)?

23) Qual o calado que um navio pode carregar em Niterói cuja água salobra tem uma

densidade de 1,018, sabendo-se que seu calado moldado de verão é 9,6m correspondente a

um deslocamento de 18240t e o TPC na linha de verão é 24t?

24) Um navio carrega num porto de água doce interior, em zona tropical. Do porto de partida

até o ponto de água salgada inicial da viagem, ele consome entre combustível, material,

rancho, etc. 35t. Sabendo-se que seu deslocamento de verão é 4200t para um calado de verão

de 4,8m e que o TPC na linha de verão é 7t. (permanecendo constante), calcular o

deslocamento e o calado de saída permitido desde aquele porto de água doce interior.

25) Um navio tem um deslocamento de verão de 7440t que corresponde a um calado de verão

de 7,2m. O deslocamento leve é 2440t. O TPC = 17t e deverá ser considerado constante neste

problema. Ele deverá embarcar carga total em Santos para New York no mês de agosto

(distância total = 4957 milhas; distância ao paralelo 10º N = 2329 milhas; distância ao paralelo

20º N = 3084 milhas). Os pesos fixos a bordo ( guarnição e pertences, sobressalentes, etc)

somam 40t. O consumo total diário ( tudo incluído: óleo combustível, água, rancho, etc.) é de

45t e a velocidade do navio 15 nós. Ele deverá navegar com um reserva de combustível de

30%. Qual o porte bruto, o porte líquido e o calado de saída de Santos?

26) Um navio de 90m de comprimento flutua na água do mar em calado sem compasso de

234

4,8m. O TPC é 10t e o MCC = 84,6t·m, deslocamento 4800t, (ARANHA)B = 0, (ARANHA)F = +

3,0m. Calcular o calado em água doce.

27) O deslocamento leve de um navio de 128m de comprimento é 4300t e o centro de

gravidade está 62m a partir da perpendicular de ré. Determinar os calados finais após o

embarque dos seguintes pesos:

NOME PESO DISTÂNCIA à PAR

ÁGUA DE LASTRO 1600t 65,5m

COMBUSTÍVEL 1000t 61,0m

ÁGUA DOCE 200t 64,0m

O calado médio de 4,8m nos dá: Δ = 7100t, (ARANHA)B = -1m, (ARANHA)F = + 2m, MCC =

110 t·m/cm

28) Determinar a que distância do plano transversal de meio navio um peso pode ser

embarcado ou desembarcado sem alterar o calado a ré. O comprimento do navio é 90m, TPC

= 6,6t; MTC = 40 t·m e (ARANHA)F = + 5,5m.

29) Um navio tem 137m de comprimento e está com calados de 7,90m AV e 8,25m AR. O

calado de saída é 8,25m em águas parelhas. Existe espaço para carga no porão 1 ( a 113,5m

a partir da perpendicular de ré) e no porão 3 ( a 38,5m a partir da perpendicular de ré). Calcular

a carga a embarcar, discriminada por porão, para que o navio fique nas condições desejadas.

(ARANHA)F = + 3m; MTC = 140 t·m; TPC = 28t.

30) O deslocamento leve de um navio de 140m de comprimento é 4175t e seu centro de

gravidade está 2,5m AR de MN. Seu deslocamento máximo é de 16700t com um calado

correspondente de 8,75m. O porte bruto tem seu centro de gravidade 1,2 m AV de MN. a)

Determinar os calados AV e AR para o deslocamento máximo, sabendo que para essa

condição: TPC = 20t, MTC = 140t·m, (ARANHA)B = -1,2m, (ARANHA)F = + 3,0m. b) Depois de

totalmente carregado, o navio seguiu viagem na qual consumiu 600t de combustível com

(ARANHA)g = -25m. Pede-se os calados na chegada.

31) Um navio de 150m de comprimento flutua em calado uniforme de 8,20m. Um peso de 200t

é embarcado a 29m a vante de meio navio. O centro de flutuação está 3m AR de MN; MTC =

400t·m, TPC = 50t. Determinar os novos calados AV e AR.

32) Um navio de 125m de comprimento chega no porto com calados de 6,2m (águas parelhas):

MTC = 110 t·m; TPC = 16t e (ARANHA)F = -2m. Foram desembarcados os seguintes pesos:

440t ( (ARANHA)g = -12m) e 180t ( (ARANHA)g = +28m). Calcular os calados finais.

33) Um navio de 132m de comprimento flutua com calados de 7,2m AV e 7,8m AR. Nessa

condição TPC = 24t, MCC = 160t·m, (ARANHA)F = -1,2m. Quando um peso é desembarcado

do navio de um ponto 60m AR do centro de flutuação (F) o calado na popa passa a ser

235

7,5767m. Qual o valor do peso e do calado final a vante?

34) Um navio flutua em calado de 8,2m AV e 8,6m AR. O centro de flutuação está a MN.

Determinar os novos calados AV e AR quando os seguintes pesos foram desembarcados: 30t,

25m AR de MN; 45t, 38m AR de MN; 60t, 2m AR de MN; 20t, 12m AV de MN; 80t, 45m Av de

MN; sendo MTC = 180 t·m e TPC = 20t.

35) Determinar que peso colocado 8m AV de MN terá o mesmo efeito que um peso de 15t

colocado a 10m da perpendicular de vante, sendo o comprimento do navio 120m e o centro de

flutuação estando 2m AV de MN.

36) Um navio de 95m de comprimento desloca 4400t e sua altura metacêntrica longitudinal é

120m. Achar o momento para variar o compasso em um centímetro.

37) Um navio de 155m de comprimento desloca 18700t. Ele deve investir uma barra que só

permite entrada de navios com calados até 8m. O navio está com calados de 7,8m AV e 8,1 m

AR. Qual a mínima quantidade de óleo combustível que deve ser transferido de um tanque de

ré ( (ARANHA)g = +32m) para um tanque de vante ( (ARANHA) g = -68m) para colocar o navio

em condições de investir a dita barra. TPC = 33,5t; MTC = 230 t·m e (ARANHA)F = + 2,5m.

38) Um navio de 155m de comprimento desloca 22200t, MTC= 280 t·m e sai de viagem com

calados de 9,4m AV e 9,6m AR. Ele tem 620t de combustível no tanque profundo de vante

(centro de gravidade 72m AV de MN) e 650t no tanque profundo de ré (centro de gravidade

60m AR de MN). Ele faz uma viagem que dura 7 dias, gastando 70t por dia do tanque de ré.

Calcular quantas toneladas de combustível ele deve transferir de vante para ré para que

chegue com calado sem compasso, sabendo que o centro de flutuação está a MN.

39) Um navio está flutuando com calados de 7,4m AV e 7,9m AR. São embarcados os

seguintes pesos:

PESO (t) (ARANHA)g

40 - 40m

50 - 20m

12 - 8m

38 + 16m

44 + 28m

56 + 35m

(ARANHA) F = 0; MTC = 150t·m, TPC = 20t. Calcular os novos calados.

40) Um navio de 176m de comprimento flutua em água salgada com calados de 10,5m AV e

11,5 AR. TPC = 45t, MTC= 400t·m; (ARANHA)F = 0. Um peso de 450t é descarregado de um

ponto 36m AV de meio navio. Em que ponto deve ser embarcado um peso de 630t para trazer

o calado a ré para o mesmo valor inicial? Também determinar o calado final a vante.

236

41) Um navio flutua sem compasso em água salgada com deslocamento de 14800t, KM = 9,2m

e KG = 8,5m. Para completar seu carregamento faltam embarcar 600t. O espaço disponível é:

coberta do porão 1 ( Kg = 9m; (ARANHA)g = - 45m) e no porão 4 (Kg = 1,2m; (ARANHA)g =

38m). Calcular a distribuição da carga de maneira a terminar o carregamento compassado de

0,5m pela popa e também determinar a GM final. TPC = 26,5 t; MTC = 185t·m e (ARANHA)F =

0.

42) Um navio de 107,5 m de comprimento, 14,6m de boca, cala em água salgada 6m AV e

6,8m AR. TPC = 15t, MCC = 90 t.m, (ARANHA)F = - 2m. São descarregadas: PORÃO 1: 60t

com centro de gravidade 42m a vante de MN; PORÃO 2: 80t com centro de gravidade 12m a

vante de MN; PORÃO 3: 70t com centro de gravidade 12m a ré de MN. Calcular os calados

após a operação.

43) Um navio chega num porto com calados de 8,3m AV e 9,2m AR. Ele realiza as seguintes

operações.

DESCARGA CARGA

COMPARTIMENTO PESO (t) (ARANHA)g (m) COMPARTIMENTO PESO (t) (ARANHA)g

PORÃO 1 80 -75 PORÃO 1 60 - 70

PORÃO 2 40 - 52 PORÃO 2 50 - 55

PORÃO 3 60 - 12 PORÃO 3 - -

PORÃO 4 30 + 20 PORÃO 4 - -

PORÃO 5 50 + 50 PORÃO 5 100 + 48

Pede-se os calados finais sabendo-se que: TPC = 36t; MTC = 280 t·m e o centro de flutuação

está a MN.

44) Um navio de 148m de comprimento está com calados de 9m AV e 9,3m AR. São

embarcados: 30t com centro de gravidade 18m a vante de MN; 40t com centro de gravidade

2m a vante de MN; 25t com centro de gravidade 15m a ré de MN; 25t com centro de gravidade

25m a ré de MN. Os calados finais são 9,04m AV e 9,34m AR. TPC = 30t; MTC = 237,5 t.

Achar a posição do centro de flutuação em referência à linha do aranha.

45) Um navio de 108m de comprimento chega num porto com calado de 5,8m AV e 6,3m AR.

Então ele embarca: 25 t com centro de gravidade 40m a vante de MN; 40t com centro de

gravidade 2m a vante de MN; 60t com centro de gravidade 15m a ré de MN; 35t com centro de

gravidade 41,72m a ré de MN. E os calados passam a ser: 5,8472m AV e 6,447m AR. TPC =

16t; MTC = 80t·m. Determinar a posição do centro de flutuação em referência a linha do

aranha.

46) Acha a posição do centro de flutuação de um navio se o compasso permanece inalterado

após o embarque da seguinte carga: 100t com centro de gravidade 8m AV de MN; 45t com

centro de gravidade 25m AV de MN; 50t com centro de gravidade 16m AR de MN; 50t com

237

centro de gravidade 22,5m AR de MN. Considere TPC = 20t e MTC = 180t·m.

47) Um navio está com calados de 4,4m AV e 5,2m AR. Ele descarrega 120t de uma posição

8m AV de MN e 240t de uma posição 12m AR de MN, e passa a calar 4,2m AV e 5,0m AR.

Qual a posição do centro de flutuação.

48) Um navio tem 150m de comprimento, MTC = 250t·m; TPC = 30t, (ARANHA)F = +4m.

Determinar em que posição referente ao plano transversal de meio navio se deve embarcar um

peso de 80t de maneira a não alterar o calado a ré.

49) Um navio de 120m de comprimento desloca 10000t em água salgada e seus calados são

7,0m AV e 7,8m AR. TPC = 15t, MTC = 130t·m; (ARANHA)F = 0. É necessário reduzir o calado

AR para 7,7m. Qual a mínima quantidade de água que deve ser embarcada no tanque de

colisão de vante ( (ARANHA)g = - 58m) para levá-lo a essa condição e também qual o calado

final a vante?

50) Um navio de 120m de comprimento está com calados de 6,3m AV e 6,8m AR. Determinar a

quantidade mínima de água a embarcar no tanque de colisão de vante ( (ARANHA)g = - 56m)

para trazer o calado de ré para 6,7m. (ARANHA) F = +2m; TPC = 14t; MTC = 120t·m.

51) O N/M ―Frotasirius‖ vai entrar no dique para reparos. Lpp = 180m; Δ = 41819t e KG =

11,80m. Determine o trim máximo pela popa para que a perda na GM não ser maior que

0,20m.

52) O N/M ―Frotasirius‖ encalhou num banco de areia dura. Calado médio antes do encalhe =

9,00m e após = 8,00m. Determine a GM após o encalhe, a força de tração e faça a análise da

avaria, considerando KG = 12,00m.

15.3 RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

PARTE 1

01) 100t, deverá afundar.

02) 43500m3

03) 3,37m

04) 67,09t

05) 2,63m

06) 7992 m3

07) 8071, 92t

08) 34146,34t

09)PBM = 10200t

PBa = 5720t

PLa = 4300t

PLs = 8780t

PO = 1420t

PCa = 4480t ; e

238

PCs = 0.

10) 4065t, 5200t e 4135t

11) 3600t e 7222t

12) 8255,5 m3 e 8461,9t

13) 0,65

14) 6m

15) 560m2

16) 11,44m2

17) 220 m2

18) 122,85 m2

19) 76,5 m3 e 78,41t

20) 752,42m3

21) 1158,25t

22) 0,86

23) 4,5 kg

24) 36,504t de aumento

25) 16,9 m3

26) 0,27m

27) 0,25m

28) 8,24m

29) 7,25m

30) 480t

31) 0,42m

32) 7,74m

33) 01o 36’

34) 4,94m

35) 02o 23’

36) 15o 10’ 55’’ BE

37) 01o 34’ BE

38) 5,73m

39) 8000t

40) 07o 07,5’ BE

41) KB = 4,58m

42) KM = 3,69m

43) KG = 4,36m

44) 84,8 t·m

45) 9t

46) 2,22m

47) 51o e 99o

48) 35,5o e 59,5o

49) GGv = 0,21m e GMc = 1,64m

50) 1,60m

51) a) 7,26m; b) 0,60m e c) 0,64m

52) 2,59m

53) KG=5,71m e afG = 1,29mBB

54) ME = 118,6 t.m; diminui p/116,9 t.m devido GM e HM

239

55) GM = 1,25m e GZ = 0,109m

56) GMc = 3,545m

PARTE 2

01) Δ = 45010,5t

02) Δ = 10038,99t

03) h = 1,33m

04) P = 1570,7t

05) TPC = 21,46 t

06) H = 4,305m

07) Aw = 2200 m2

08) H = 7,66m

09) TPC = 22,81 t

10) a) Hmed = 6,13m e b) T = 1,46m pela popa.

11) Calado médio antes da operação = 5,50

Compasso antes da operação = 1m pela popa

Calado médio depois da operação = 6,00m

Compasso depois da operação = 0,40m pela popa

Imersão = 0,50m

Variação do compasso = 0,60m para proa.

12) Calado médio antes da operação = 4,90m

Compasso antes da operação = 0,60m pela proa

Variação do compasso = 0,20 m para popa

13) Calado médio antes da operação = 6,06m

Compasso antes da operação = 0,20m pela popa

Calado médio depois da operação = 5,49m

Compasso depois da operação = 0,20m pela proa

Variação do compasso = 0,40m para proa

Emersão = 0,57m

14) Hc = 5,8585m

15) Hmn = 7,2319m

Def = 0,0119m

16) 12,33m a vante

14,72 a ré.

17) 7,14m

18) Tropical : Δ = 10437,16t; d = 7,656m

ADT : Δ = 10437,16t ; d = 7,844m

Inverno : Δ = 10012,85t ; d = 7,344m

AD : Δ = 10255, 00 ; d= 7,688m

19) Calado de verão = 6,000m

Calado tropical = 6,125m

Calado Inverno = 5,875m

Calado Inverno Atlântico Norte = 5,825m

Calado em Água Doce = 6,149m

Calado em Água Doce Tropical = 6,274m

240

20) V : d = 6,500m; Δ = 8100,00t; PB: 5369,00t

I : d = 6,365m; Δ = 7929,40t; PB: 5198,40t

T : d = 6,635m; Δ = 8270,10; PB: 5539,10t

AD : d = 6,661m; Δ = 8100,00t; PB: 5369,00t

ADT : d = 6,796m; Δ = 8270,10t; PB: 5539,10t

21) permissão para água salobra = 64mm

22) calado máximo em Manaus = 5,256m

23) calado máximo em Niterói: 9,853m

24) H = 5,10m

Δ = 4305t

25) PB = 5255t; PL = 4409,49t; H = 7,35m (tropical)

26) HV = 4,926m e HR = 4,014m

27) HV = 4,04m e HR = 5,52m

28) d = 8,31m a vante de MN

29) no porão 1 = P = 234t; no porão 3 : P = 234,5t;

Total = 468,5t

30) A) HV = 8,17m; HR = 9,28m

B) HV = 7,25m; HR = 9,55m

31) HV = 8,32m e HR = 8,16m

32) HV = 5,85m e HR = 5,76m

33) P = 96t e HV = 7,34m

34) HV = 8,05m e HR = 8,52m

35) P = 120t

36) MTC = 55,6t.m

37) P = 46t

38) P = 180,3t

39) HV = 7,48m e HR = 8,06m

40) )0( g = - 30,79m e HVf = 10,58m

41) Porão 1: P = 163,3t; Porão 4: P = 436,7t e GM = 0,90m

42) HV = 5,74m e HR = 6,79m

43) HV = 8,22m e HR = 9,25m

44) )0( F = + 3,17m

45) )0( F = + 3,00m

46) )0( F = 0

47) )0( F = + 5,33m

48) A 13,61m AV de meio-navio

49) P = 63,9t e HV = 7,19m

50) P = 61,7t

51) T = + 1,07m

52) GM = - 0,61m; FT = 2977,8t; Análise: Vai adernar com risco de emborcamento.

241

BIBLIOGRAFIA

CHAVES, Amandio Pereira. Folhas de Informação. Rio de Janeiro: CIAGA.

COELHO, Adilson da Silva. Folhas de Informação. Rio de Janeiro: CIAGA.

DERRET, D. R. Ship Stability for Masters and Mates Stamford Maritime Limited. London, Inglaterra, 2002.

FERNANDEZ, Cesario Diaz. Teoria del buque. Barcelona, Espanha: 1972.

FONSECA, Maurílio da. Arte Naval. Rio de Janeiro:DPC, 1990.

GOMES, Carlos R. Caminha. Arquitetura Naval para Oficiais de Náutica; Problemas resolvidos de Arquitetura Naval; Folhas de Informação diversas. Rio de Janeiro: CIAGA.

MANDELLI, Antonio. Elementos de Arquitetura Naval. Buenos Aires, Argentina: Editorial Alsina, 1960.

PURSEY, H. J. Merchant Ship Stability. Glasgow, Escócia: 1971.

SILVA, C. Natalino de Carvalho. Folhas de Informação. Rio de Janeiro: CIAGA.

PEREIRA, Sidnei Esteves et al. Estabilidade. Rio de Janeiro: CIAGA, 1990.

242

ANEXOS

243

244

245

246

247

248

TABELA DE DADOS HIDROSTÁTICOS

NAVIO CLASSE SD- 14 (OBS: LCB e LCF em relação a PPAR)

Hm (m) Desl. (t) TPC (t) MTC (t.m) KMT (m) KB (m) LCB (m) LCF (m) Hm (m)

2,00 3695 20,13 127,2 16,72 1,03 71,67 70,73 2,00

2,20 4100 20,30 129,6 15,31 1,13 71,57 70,58 2,20

2,40 4509 20,44 131,8 14,24 1,24 71,47 70,44 2,40

2,60 4919 20,57 133,9 13,39 1,35 71,38 70,29 2,60

2,80 5331 20,71 136,0 12,64 1,45 71,29 70,17 2,80

3,00 5745 20,83 137,9 12,06 1,56 71,20 70,04 3,00

3,20 6163 20,94 139,8 11,57 1,66 71,12 69,91 3,20

3,40 6584 21,06 141,6 11,14 1,76 71,03 69,79 3,40

3,60 7005 21,18 143,3 10,77 1,87 70,95 69,67 3,60

3,80 7431 21,28 145,0 10,45 1,97 70,88 69,55 3,80

4,00 7859 21,39 146,7 10,15 2,07 70,81 69,43 4,00

4,20 8288 21,48 148,5 9,90 2,17 70,73 69,31 4,20

4,40 8719 21,59 150,3 9,66 2,28 70,65 69,19 4,40

4,60 9150 21,69 152,0 9,46 2,38 70,58 69,97 4,60

4,80 9586 21,79 153,8 9,28 2,49 70,51 68,95 4,80

5,00 10022 21,89 155,6 9,13 2,59 70,44 68,82 5,00

5,20 10460 21,99 157,6 8,99 2,70 70,37 68,69 5,20

5,40 10903 22,09 159,7 8,87 2,80 70,30 68,56 5,40

5,60 11346 22,19 162,0 8,76 2,91 70,23 68,42 5,60

5,80 11790 22,29 164,4 8,66 30,20 70,16 68,28 5,80

6,00 12235 22,41 167,1 8,60 3,12 70,09 68,11 6,00

6,20 12684 22,52 169,9 8,55 3,22 70,02 67,93 6,20

6,40 13135 22,64 172,7 8,50 3,33 69,95 67,75 6,40

6,60 13590 22,77 175,7 8,47 3,43 69,87 67,53 6,60

6,80 14047 22,90 178,7 8,44 3,54 69,79 67,31 6,80

7,00 14507 23,03 181,6 8,41 3,65 69,70 67,08 7,00

7,20 14968 23,17 184,6 8,40 3,75 69,62 66,86 7,20

7,40 15432 23,30 187,6 8,40 3,86 69,53 66,64 7,40

7,60 15900 23,43 190,5 8,41 3,97 69,44 66,44 7,60

7,80 16369 23,55 193,5 8,42 4,07 69,35 66,25 7,80

249

TABELA DE DADOS HIDROSTÁTICOS (Cont.)

NAVIO CLASSE SD- 14 (OBS: LCB e LCF em relação a PPAR)

8,00 16841 23,67 196,4 8,44 4,18 69,27 66,08 8,00

8,20 17315 23,78 199,3 8,45 1,29 69,17 65,91 8,20

8,40 17794 23,90 202,1 8,46 4,40 69,08 65,76 8,40

8,60 18273 24,01 204,9 8,47 4,50 68,99 65,61 8,60

8,80 18754 24,12 207,5 8,48 4,61 68,91 65,48 8,80

9,00 19238 24,22 210,1 8,51 4,71 68,82 65,34 9,00

9,20 19723 24,32 212,6 8,53 4,82 68,73 65,21 9,20

9,40 20209 24,43 215,1 8,57 4,93 68,64 65,09 9,40

9,60 20700 24,52 217,5 8,62 5,04 68,56 64,96 9,60

9,80 21191 24,61 219,9 8,67 5,16 68,47 64,87 9,80

10,00 21683 24,70 222,2 8,72 5,27 68,39 64,69 10,00

250

TABELA DE DADOS HIDROSTÁTICOS

NAVIO N/M RIO DAS OSTRAS

CALADO m

DESLOC. t

TPC t

MTC t·m

)O( F

m

)O( B

m KM m

4,0 7.840 21,40 148 -2,36 -3,77 10,20

4,1 8.054 21,50 149 -2,39 -3,73 10,07

4,2 8.269 21,50 150 -2,23 -3,69 9,94

4,3 8.484 21,60 150 -2,17 -3,65 9,81

4,4 8.700 21,70 151 2,11 -3,61 9,68

4,5 8.917 21,80 152 -2,05 -3,57 9,55

4,6 9.135 21,80 153 -1,98 -3,53 9,46

4,7 9.353 21,90 154 -1,92 -3,49 9,36

4,8 9.572 21,90 154 -1,86 -3,45 9,27

4,9 9.791 22,00 155 -1,80 -9,17 9,17

5,0 10.011 22,00 156 -1,74 -3,37 9,08

5,1 10.231 22,10 157 -1,68 -3,33 9,03

5,2 10.452 22,10 157 -1,62 -3,29 8,98

5,3 10.673 22,10 158 -1,56 -3,25 8,94

5,4 10.894 22,20 159 -1,50 -3,21 8,89

5,5 11.116 22,20 160 -1,44 -3,17 8,84

5,6 11.338 22,20 160 -1,38 -3,13 8,79

5,7 11.560 22,30 162 -1,33 -3,09 8,74

5,8 11.783 22,40 164 -1,23 -3,07 8,70

5,9 12.007 22,40 165 -1,13 -3,05 8,65

6,0 12.231 22,50 167 -1,03 -3,03 8,60

6,1 12.456 22,60 168 -0,93 -3,01 8,58

6,2 12.682 22,60 170 -0,82 -2,99 8,56

6,3 12.908 22,70 171 -0,72 -2,95 8,54

6,4 13.135 22,70 173 -0,62 -2,91 8,52

6,5 13.362 22,80 175 -0,52 -2,87 8,50

6,6 13.590 22,90 176 -0,42 -2,82 8,48

6,7 13.819 22,90 178 -0,32 -2,78 8,47

6,8 14.048 23,00 179 -0,22 -2,74 8,45

6,9 14.278 23,00 181 -0,11 -2,69 8,44

251

TABELA DE DADOS HIDROSTÁTICOS (Cont.)

NAVIO N/M RIO DAS OSTRAS

CALADO m

DESLOC. t

TPC t

MTC t·m

)O( F

m

)O( B

m KM m

7,0 14.508 23,10 182 -0,01 -2,65 8,42

7,1 14.739 23,10 184 0,09 -2,61 8,42

7,2 14.970 23,20 185 0,19 -2,56 8,41

7,3 15.202 23,20 186 0,29 -2,52 8,41

7,4 15.434 23,30 188 0,39 -2,48 8,40

7,5 15.667 23,30 189 0,50 -2,44 8,40

7,6 15.900 23,40 191 0,60 -2,39 8,40

7,7 16.134 23,40 192 0,70 -2,35 8,41

7,8 16.368 23,50 194 0,80 -2,31 8,41

7,9 16.603 23,50 195 0,90 -2,27 8,42

8,0 16.838 23,60 196 1,00 -2,22 8,42

8,1 17.074 23,70 198 1,08 -2,17 8,43

8,2 17.311 23,70 199 1,15 -2,13 8,44

8,3 17.548 23,80 200 1,22 -2,09 8,44

8,4 17.786 23,90 202 1,29 -0,05 8,45

8,5 18.025 23,90 203 1,37 -2,01 8,46

8,6 18.264 24,00 205 1,44 -1,96 8,47

8,7 18.504 24,10 206 1,51 -1,92 8,48

8,8 18.745 24,20 207 1,58 -1,88 8,49

8,9 18.987 24,30 209 1,65 -1,83 8,50

9,0 19.230 24,30 210 1,73 -1,79 8,50

252

TABELA DE CURVAS CRUZADAS PN - N/M CIAGA

Valores de PN em metros, deslocamento em toneladas métricas e ângulo de inclinação em graus.

GZ = PN - (KGv - 5)sen θ

Deslocamento 10 15 20 25 30 40 45 60 75 90

3000 1,285 1,519 1,753 1,987 2,221 2,285 2,317 2,067 1,394 0,294

3100 1,244 1,481 1,718 1,955 2,192 2,276 2,317 2,063 1,410 0,294

3200 1,176 1,423 1,670 1,917 2,163 2,266 2,317 2,058 1,430 0,294

3300 1,131 1,385 1,638 1,891 2,144 2,260 2,317 2,048 1,419 0,294

3400 1,087 1,346 1,606 1,865 2,125 2,247 2,308 2,044 1,423 0,298

3500 1,035 1,298 4,561 1,824 2,087 2,228 2,298 2,040 1,423 0,298

3600 1,006 1,269 1,532 1,795 2,058 2,212 2,288 2,038 1,419 0,298

3700 0,942 1,212 1,481 1,750 2,019 2,192 2,279 2,038 1,413 0,298

3800 0,910 1,183 1,455 1,728 2,000 2,179 2,269 2,038 1,404 0,298

3900 0,869 1,144 1,420 1,696 1,971 2,163 2,600 2,029 1,400 0,298

4000 0,821 1,106 1,391 1,676 1,962 2,154 2,250 2,025 1,394 0,298

4100 0,795 1,077 1,359 1,641 1,923 2,135 2,240 2,019 1,385 0,298

4200 0,766 1,048 1,330 1,612 1,894 2,119 2,231 2,010 1,385 0,308

4300 0,734 1,019 1,304 1,590 1,875 2,099 2,212 2,000 1,375 0,308

4400 0,692 0,981 1,269 1,558 1,846 2,083 2,202 1,994 1,365 0,308

4500 0,660 0,952 1,244 1,535 1,827 2,064 2,183 1,990 1,356 0,313

4600 0,641 0,933 1,224 1,516 1,808 2,051 2,173 1,971 1,346 0,317

4700 0,625 0,913 1,202 1,490 1,779 2,035 2,163 1,962 1,342 0,317

4800 0,606 0,894 1,183 1,471 1,760 2,022 2,154 1,952 1,337 0,317

4900 0,574 0,865 1,157 1,449 1,740 2,003 2,135 1,942 1,333 0,321

5000 0,564 0,856 1,147 1,439 1,731 1,987 2,115 1,933 1,327 0,327

5100 0,532 0,827 1,122 1,417 1,712 1,974 2,106 1,923 1,317 0,327

5200 0,513 0,808 1,103 1,397 1,692 1,955 2,087 1,913 1,308 0,327

5300 0,506 0,798 1,090 1,381 1,673 1,942 2,077 1,885 1,298 0,327

5400 0,513 0,798 1,083 1,369 1,654 1,923 2,058 1,875 1,288 0,327

5500 0,503 0,788 1,074 1,359 1,644 1,913 2,046 1,865 1,279 0,327

5600 0,484 0,769 1,054 1,340 1,625 1,894 2,029 1,856 12,690 0,327

5700 0,478 0,760 1,042 1,324 1,606 1,875 2,010 1,837 1,260 0,327

5800 0,468 0,750 1,032 1,314 1,598 1,865 2,000 1,827 12,500 0,327

5900 0,462 0,740 1,019 1,298 1,577 1,846 1,981 1,823 1,240 0,337

6000 0,452 0,731 1,010 1,288 1,587 1,830 1,962 1,808 1,231 0,346

6100 0,446 0,721 0,997 1,272 1,548 1,817 1,952 1,788 1,221 0,346

6200 0,436 0,712 0,987 1,263 1,538 1,801 1,933 1,779 1,212 0,346

6300 0,446 0,712 0,978 1,244 1,510 1,779 1,913 1,769 1,202 0,346

6400 0,444 0,708 0,972 1,236 1,500 4,769 1,904 1,750 1,192 0,346

6500 0,439 0,702 0,965 1,228 1,490 1,753 1,885 1,746 1,192 0,356

6600 0,429 0,692 0,955 1,218 1,481 1,737 1,865 1,731 1,173 0,365

6700 0,428 0,687 0,945 1,203 1,462 1,724 1,856 1,712 1,169 0,365

6800 0,428 0,683 0,937 1,192 1,446 1,713 1,846 1,692 1,163 0,365

6900 0,422 0,677 0,932 1,187 1,442 1,699 1,827 1,683 1,144 0,365

253

TABELA DE CURVAS CRUZADAS PN - N/M CIAGA (Cont.)

Valores de PN em metros, deslocamento em toneladas métricas e ângulo de inclinação em graus.

GZ = PN - (KGv - 5)sen θ

7000 0,423 0,673 0,923 1,173 1,423 1,686 1,817 1,663 1,125 0,365

7100 0,413 0,663 0,913 1,163 1,413 1,663 1,788 1,644 1,121 0,365

7200 0,404 0,654 0,904 1,154 1,404 1,654 1,779 1,635 1,115 0,365

7300 0,405 0,650 0,895 1,140 1,385 1,635 1,760 1,615 1,096 0,365

7400 0,408 0,650 0,892 1,133 1,375 1,619 1,740 1,606 1,087 0,365

7500 0,412 0,648 0,884 1,120 1,356 1,593 1,712 1,577 1,025 0,365

7600 0,419 0,648 0,878 1,107 1,337 1,567 1,683 1,558 1,077 0,365

7700 0,420 0,644 0,869 1,093 1,317 1,548 1,663 1,548 1,067 0,365

7800 0,423 0,644 0,865 1,087 1,308 1,526 1,635 1,538 1,058 0,365

7900 0,413 0,635 0,856 1,077 1,298 1,510 1,615 1,529 1,048 0,375

8000 0,417 0,635 0,853 1,071 1,288 1,494 1,596 1,490 1,029 0,375

8100 0,423 0,635 0,846 1,058 1,269 1,474 1,577 1,481 1,023 0,375

8200 0,429 0,635 0,840 1,045 1,250 1,449 1,548 1,462 1,019 0,385

254

TABELA DE CURVAS CRUZADAS - NAVIO CLASSE SD-14

GZ = PN - (KGv - 6,10m) senθ

Deslocamento. 15º 30º 45º 60º 75º 90º

4000 2,35 2,98 2,75 2,25 1,50 0,38

4100 2,30 2,95 2,73 2,26 1,50 0,38

4200 2,27 2,93 2,70 2,27 1,48 0,37

4300 2,20 2,90 2,69 2,27 1,48 0,36

4400 2,10 2,88 2,68 2,28 1,49 0,36

4500 2,00 2,77 2,67 2,31 1,50 0,36

4600 1,98 2,75 2,67 2,31 1,51 0,35

4700 1,90 2,72 2,66 2,33 1,51 0,33

4800 1,95 2,68 2,66 2,36 1,52 0,33

4900 1,90 2,65 2,65 2,38 1,52 0,32

5000 1,85 2,60 2,64 2,40 1,53 0,32

5100 1,80 2,58 2,64 2,41 1,53 0,31

5200 1,78 2,57 2,64 2,41 1,54 0,31

5300 1,70 2,56 2,63 2,42 1,54 0,31

5400 1,68 2,55 2,63 2,40 1,54 0,31

5500 1,65 2,53 2,63 2,41 1,55 0,31

5600 1,60 2,51 2,62 2,40 1,55 0,31

5700 1,58 2,50 2,62 2,40 1,55 0,30

5800 1,55 2,49 2,61 2,40 1,56 0,30

5900 1,53 2,48 2,60 2,40 1,56 0,30

6000 1,50 2,48 2,60 2,40 1,56 0,30

6100 1,49 2,43 2,59 2,39 1,57 0,30

6200 1,40 2,42 2,59 2,39 1,57 0,30

6300 1,39 2,41 2,59 2,39 1,57 0,30

6400 1,38 2,40 2,59 2,39 1,56 0,30

6500 1,37 2,40 2,58 2,38 1,55 0,30

6600 1,36 2,39 2,57 2,38 1,55 0,30

6700 1,36 2,38 2,56 2,38 1,54 0,29

6800 1,35 2,37 2,55 2,37 1,54 0,29

6900 1,32 2,36 2,54 2,37 1,54 0,29

7000 1,30 2,35 2,53 2,36 1,52 0,29

7100 1,27 2,33 2,52 2,36 1,50 0,28

255

TABELA DE CURVAS CRUZADAS - NAVIO CLASSE SD-14 (Cont.)

GZ = PN - (KGv - 6,10m) senθ

Deslocamento 15º 30º 45º 60º 75º 90º

7200 1,25 2,30 2,52 2,35 1,49 0,28

7300 1,23 2,29 2,51 2,34 1,49 0,28

7400 1,20 2,27 2,51 2,34 1,49 0,27

7500 1,15 2,25 2,51 2,33 1,49 0,27

7600 1,14 2,23 2,50 2,32 1,49 0,27

7700 1,13 2,20 2,50 2,31 1,48 0,26

7800 1,12 2,17 2,50 2,31 1,48 0,26

7900 1,10 2,15 2,50 2,30 1,48 0,26

8000 1,08 2,12 2,49 2,29 1,48 0,26

8100 1,06 2,11 2,49 2,29 1,47 0,26

8200 1,03 2,10 2,49 2,28 1,46 0,26

8300 1,02 2,09 2,49 2,27 1,45 0,26

8400 1,01 2,08 2,49 2,26 1,42 0,26

8500 1,00 2,07 2,49 2,25 1,40 0,26

8600 0,98 2,03 2,49 2,24 1,39 0,26

8700 0,96 2,00 2,49 2,23 1,38 0,26

8800 0,95 1,99 2,49 2,22 1,38 0,26

8900 0,93 1,99 2,49 2,21 1,38 0,26

9000 0,90 1,98 2,49 2,17 1,38 0,26

9100 0,89 1,98 2,49 2,17 1,38 0,26

9200 0,88 1,97 2,49 2,17 1,37 0,25

9300 0,87 1,96 2,48 2,16 1,37 0,25

9400 0,85 1,94 2,48 2,16 1,37 0,25

9500 0,83 1,93 2,48 2,15 1,37 0,25

9600 0,82 1,93 2,48 2,15 1,36 0,25

9700 0,81 1,92 2,48 2,14 1,35 0,25

9800 0,81 1,91 2,48 2,14 1,34 0,25

9900 0,80 1,91 2,48 2,13 1,32 0,25

10000 0,79 1,90 2,48 2,13 1,31 0,25

10100 0,78 1,88 2,46 2,11 1,31 0,25

10200 0,77 1,87 2,46 2,10 1,31 0,25

10300 0,76 1,85 2,43 2,09 1,30 0,25

10400 0,75 1,83 2,40 2,09 1,30 0,25

256

TABELA DE CURVAS CRUZADAS - NAVIO CLASSE SD-14 (Cont.)

GZ = PN - (KGv - 6,10m) senθ

Deslocamento 15º 30º 45º 60º 75º 90º

10500 0,74 1,81 2,38 2,08 1,29 0,25

10600 0,73 1,79 2,36 2,06 1,29 0,25

10700 0,72 1,77 2,34 2,04 1,26 0,25

10800 0,71 1,75 2,32 2,03 1,26 0,25

10900 0,70 1,73 2,31 2,02 1,25 0,25

11000 0,69 1,70 2,30 2,00 1,25 0,24

11100 0,68 1,69 2,28 1,99 1,25 0,24

11200 0,67 1,69 2,26 1,98 1,24 0,24

11300 0,67 1,68 2,26 1,97 1,24 0,24

11400 0,66 1,67 2,26 1,96 1,23 0,24

11500 0,66 1,66 2,25 1,95 1,23 0,24

11600 0,65 1,65 2,24 1,93 1,23 0,24

11700 0,65 1,64 2,24 1,90 1,23 0,24

11800 0,64 1,63 2,23 1,88 1,22 0,24

11900 0,64 1,62 2,23 1,88 1,22 0,24

12000 0,63 1,61 2,22 1,87 1,21 0,24

12100 0,63 1,60 2,21 1,86 1,20 0,24

12200 0,63 1,60 2,19 1,86 1,18 0,24

12300 0,62 1,59 2,17 1,85 1,15 0,24

12400 0,62 1,59 2,15 1,85 1,14 0,24

12500 0,62 1,59 2,15 1,85 1,13 0,24

12600 0,61 1,58 2,14 1,83 1,13 0,24

12700 0,61 1,57 2,13 1,81 1,13 0,24

12800 0,61 1,55 2,12 1,80 1,12 0,24

12900 0,61 1,54 2,10 1,79 1,12 0,24

13000 0,60 1,53 2,08 1,77 1,12 0,24

13100 0,59 1,52 2,08 1,76 1,12 0,24

13200 0,62 1,51 2,05 1,73 1,11 0,24

13300 0,63 1,51 2,03 1,71 1,11 0,24

13400 0,63 1,50 2,01 1,70 1,10 0,24

13500 0,63 1,50 2,00 1,68 1,10 0,24

13600 0,62 1,49 2,00 1,67 1,09 0,24

13700 0,62 1,49 1,99 1,66 1,09 0,24

257

TABELA DE CURVAS CRUZADAS - NAVIO CLASSE SD-14 (Cont.)

GZ = PN - (KGv - 6,10m) senθ

Deslocamento 15º 30º 45º 60º 75º 90º

13800 0,62 1,50 1,99 1,65 1,08 0,24

13900 0,61 1,50 1,98 1,64 1,07 0,24

14000 0,61 1,50 1,97 1,63 1,06 0,24

14100 0,60 1,49 1,96 1,63 1,05 0,24

14200 0,60 1,49 1,95 1,63 1,03 0,24

14300 0,59 1,48 1,93 1,62 1,03 0,24

14400 0,59 1,48 1,91 1,62 1,01 0,24

14500 0,59 1,48 1,90 1,61 1,00 0,24

14600 0,59 1,48 1,88 1,60 1,00 0,24

14700 0,59 1,48 1,86 1,58 1,00 0,24

14800 0,59 1,47 1,84 1,57 1,00 0,25

14900 0,59 1,47 1,82 1,56 1,00 0,25

15000 0,59 1,46 1,80 1,55 1,00 0,25

15100 0,59 1,46 1,79 1,54 0,99 0,25

15200 0,59 1,45 1,78 1,53 0,99 0,25

15300 0,59 1,43 1,77 1,52 0,96 0,25

15400 0,59 1,41 1,76 1,51 0,96 0,25

15500 0,60 1,40 1,75 1,50 0,96 0,25

15600 0,61 1,40 1,73 1,48 0,94 0,25

15700 0,61 1,39 1,70 1,46 0,92 0,25

15800 0,63 1,39 1,69 1,44 0,90 0,25

15900 0,65 1,38 1,68 1,40 0,90 0,25

16000 0,66 1,38 1,65 1,38 0,88 0,25

16100 0,66 1,37 1,63 1,38 0,88 0,25

16200 0,66 1,37 1,60 1,37 0,88 0,25

16300 0,67 1,37 1,58 1,37 0,87 0,25

16400 0,67 1,36 1,56 1,36 0,87 0,25

16500 0,68 1,36 1,55 1,36 0,87 0,25

16600 0,70 1,36 1,54 1,35 0,86 0,25

16700 0,70 1,35 1,53 1,35 0,86 0,25

16800 0,73 1,35 1,52 1,34 0,85 0,25

16900 0,73 1,34 1,51 1,34 0,85 0,25

258

TABELA DE CURVAS CRUZADAS - NAVIO CLASSE SD-14 (Cont.)

GZ = PN - (KGv - 6,10m) senθ

Deslocamento 15º 30º 45º 60º 75º 90º

17000 0,73 1,32 1,50 1,34 0,85 0,26

17100 0,73 1,30 1,49 1,33 0,84 0,26

17200 0,73 1,30 1,49 1,33 0,84 0,26

17300 0,73 1,29 1,48 1,32 0,83 0,26

17400 0,73 1,28 1,48 1,32 0,83 0,26

17500 0,73 1,27 1,47 1,31 0,82 0,26

17600 0,73 1,27 1,46 1,30 0,82 0,26

17700 0,73 1,25 1,45 1,28 0,81 0,26

17800 0,73 1,21 1,43 1,27 0,81 0,26

17900 0,73 1,19 1,41 1,26 0,81 0,26

18000 0,73 1,17 1,40 1,25 0,81 0,26

18100 0,73 1,15 1,38 1,23 0,80 0,26

18200 0,73 1,13 1,36 1,21 0,79 0,26

18300 0,73 1,12 1,34 1,19 0,78 0,26

18400 0,73 1,12 1,32 1,17 0,77 0,26

18500 0,73 1,11 1,31 1,15 0,76 0,26

18600 0,73 1,11 1,30 1,14 0,76 0,26

18700 0,74 1,10 1,30 1,14 0,76 0,26

18800 0,74 1,09 1,28 1,13 0,75 0,26

18900 0,74 1,09 1,26 1,13 0,75 0,26

19000 0,74 1,08 1,25 1,13 0,75 0,26

19100 0,74 1,08 1,23 1,12 0,74 0,26

19200 0,74 1,07 1,21 1,11 0,74 0,26

19300 0,74 1,06 1,19 1,10 0,74 0,26

19400 0,74 1,06 1,17 1,08 0,74 0,26

19500 0,74 1,05 1,15 1,06 0,73 0,26

19600 0,74 1,05 1,13 1,04 0,70 0,26

19700 0,74 1,04 1,10 1,03 0,68 0,26

19800 0,74 1,03 1,09 1,02 0,68 0,26

19900 0,74 1,02 1,07 1,01 0,67 0,26

20000 0,75 1,00 1,05 1,00 0,66 0,26

259

TABELA DE DADOS HIDROSTÁTICOS - N/M CIAGA

CAL (m) DESL.(t) TPC (t) MTC (t.m) )O( B (m) )O( F (m) KM (m) KB (m) CAL (m)

2,00 2.400 14,40 79,00 -2,40 -2,23 12,40 1,05 2,00

2,05 2.480 14,40 79,25 -2,40 -2,25 12,08 1,07 2,05

2,10 2.560 14,40 79,50 -2,40 -2,28 11,75 1,10 2,10

2,15 2.640 14,40 79,75 -2,39 -2,20 11,51 1,12 2,15

2,20 2.720 14,40 80,00 -2,38 -2,13 11,28 1,14 2,20

2,25 2.800 14,40 80,00 -2,38 -2,11 11,14 1,17 2,25

2,30 2.880 14,40 80,00 -2,38 -2,10 11,00 1,19 2,30

2,35 2.960 14,40 80,00 -2,36 -2,08 10,90 1,21 2,35

2,40 3.040 14,40 80,00 -2,35 -2,05 10,80 1,23 2,40

2,45 3.120 14,40 80,25 -2,35 -2,03 10,65 1,26 2,45

2,50 3.200 14,40 80,50 -2,35 -2,00 10,50 1,28 2,50

2,55 3.276 14,45 80,50 -2,34 -1,99 10,25 1,31 2,55

2,60 3.352 14,50 80,50 -2,33 -1,98 10,00 1,33 2,60

2,65 3.428 14,50 80,75 -2,31 -1,95 9,90 1,36 2,65

2,70 3.504 14,50 81,00 -2,30 -1,93 9,80 1,38 2,70

2,75 3.580 14,50 81,25 -2,30 -1,91 9,65 1,41 2,75

2,80 3.656 14,50 81,50 -2,30 -1,90 9,50 1,43 2,80

2,85 3.732 14,51 81,75 -2,29 -1,89 9,43 1,46 2,85

2,90 3.808 14,52 82,00 -2,28 -1,88 9,35 1,48 2,90

2,95 3.884 14,53 82,25 -2,26 -1,85 9,30 1,51 2,95

3,00 3.980 14,54 82,50 -2,25 -1,83 9,25 1,53 3,00

3,05 4.040 14,54 82,50 -2,25 -1,79 9,15 1,56 3,05

3,10 4.120 14,54 82,50 -2,25 -1,75 9,05 1,58 3,10

3,15 4.200 14,54 81,75 -2,24 -1,74 8,98 1,61 3,15

3,20 4.280 14,54 83,00 -2,23 -1,73 8,90 1,63 3,20

3,25 4.360 14,54 83,50 -2,21 -1,70 8,83 1,66 3,25

3,30 4.440 14,54 84,00 -2,20 -1,68 8,75 1,68 3,30

3,35 4.520 14,57 84,25 -2,19 -1,65 8,68 1,71 3,35

3,40 4.600 14,60 84,50 -2,18 -1,63 8,60 1,73 3,40

3,45 4.680 14,62 84,75 -2,18 -1,64 8,55 1,76 3,45

3,50 4.760 14,64 85,00 -2,18 -1,65 8,50 1,78 3,50

3,55 4.836 14,64 85,00 -2,16 -1,58 8,45 1,81 3,55

3,60 4.912 14,64 85,00 -2,15 -1,50 8,40 1,83 3,60

3,65 4.988 14,64 85,50 -2,14 -1,46 8,33 1,86 3,65

3,70 5.064 14,64 86,00 -2,13 -1,43 8,25 1,88 3,70

260

TABELA DE DADOS HIDROSTÁTICOS - N/M CIAGA (Cont.)

CAL (m) DESL.(t) TPC (t) MTC (t.m) )O( B (m) )O( F (m) KM (m) KB (m) CAL (m)

3,75 5.140 14,67 86,25 -2,11 -1,39 8,20 1,91 3,75

3,80 5.216 14,70 86,50 -2,10 -1,35 8,15 1,93 3,80

3,85 5.292 14,75 86,75 -2,09 -1,31 8,10 1,96 3,85

3,90 5.368 14,80 87,00 -2,08 -1,28 8,05 1,98 3,90

3,95 5.444 14,80 87,50 -2,05 -1,25 8,03 2,01 3,95

4,00 5.520 14,80 88,00 -2,03 -1,23 8,00 2,03 4,00

4,05 5.596 14,85 88,50 -2,01 -1,19 7,95 2,05 4,05

4,10 5.672 14,90 89,00 -2,00 -1,15 7,90 2,07 4,10

4,15 5.748 14,93 89,25 -1,99 -1,10 7,85 2,10 4,15

4,20 5.824 14,95 89,50 -1,98 -1,05 7,80 2,12 4,20

4,25 5.900 14,98 89,75 -1,96 -1,01 7,76 2,14 4,25

4,30 5.976 15,00 90,00 -1,95 -0,98 7,73 2,16 4,30

4,35 6.052 15,00 90,50 -1,94 -0,94 7,70 2,18 4,35

4,40 6.128 15,00 91,00 -1,93 -0,90 7,68 2,21 4,40

4,45 6.204 15,00 91,25 -1,91 -0,86 7,65 2,23 4,45

4,50 6.280 15,00 91,50 -1,90 -0,83 7,63 2,25 4,50

4,55 6.356 15,05 92,00 -1,89 -0,76 7,59 2,28 4,55

4,60 6.432 15,10 92,50 -1,88 -0,70 7,55 2,30 4,60

4,65 6.508 15,15 93,00 -1,86 -0,65 7,53 2,33 4,65

4,70 6.584 15,20 93,50 -1,85 -0,60 7,50 2,35 4,70

4,75 6.660 15,20 94,25 -1,80 -0,53 7,49 2,38 4,75

4,80 6.736 15,20 95,00 -1,75 -0,45 7,48 2,40 4,80

4,85 6.812 15,25 95,25 -1,75 -0,40 7,45 2,43 4,85

4,90 6.888 15,30 95,50 -1,75 -0,35 7,43 2,45 4,90

4,95 6.964 15,35 95,75 -1,74 -0,30 7,39 2,48 4,95

5,00 7.040 15,40 96,00 -1,73 -0,25 7,35 2,50 5,00

5,05 7.116 15,40 96,50 -1,71 -0,19 7,34 2,53 5,05

5,10 7.192 15,40 97,00 -1,70 -0,13 7,33 2,55 5,10

5,15 7.268 15,40 97,50 -1,68 -0,06 7,31 2,80 5,15

5,20 7.344 15,40 98,00 -1,65 0,00 7,30 2,60 5,20

5,25 7.420 15,45 98,50 -1,64 0,05 7,29 2,63 5,25

5,30 7.496 15,50 99,00 -1,63 0,10 7,28 2,35 5,30

5,35 7.572 15,53 99,20 -1,61 0,18 7,25 2,68 5,35

5,40 7.648 15,55 100,00 -1,60 0,25 7,23 2,70 5,40

261

TABELA DE DADOS HIDROSTÁTICOS - N/M CIAGA (Cont.)

CAL (m) DESL.(t) TPC (t) MTC (t.m) )O( B (m) )O( F (m) KM (m) KB (m) CAL (m)

5,45 7.724 15,58 100,50 -1,56 0,30 7,21 2,73 5,45

5,50 7.800 15,60 101,00 -1,53 0,35 7,20 2,75 5,50

5,55 7.880 15,00 101,25 -1,51 0,43 7,19 2,78 5,55

5,60 7.960 15,60 101,50 -1,50 0,50 7,18 2,80 5,60

5,65 8.040 15,65 102,25 -1,49 0,56 7,16 2,83 5,65

5,70 8.120 15,70 103,00 -1,48 0,63 7,15 2,85 5,70

5,75 8.200 15,75 103,50 -1,46 0,69 7,15 2,88 5,75

5,80 8.280 15,80 104,00 -1,45 0,75 7,15 2,90 5,80

5,85 8.360 15,85 104,75 -1,43 0,83 7,14 2,93 5,85

5,90 8.440 15,90 105,50 -1,40 0,90 7,13 2,95 5,90

5,95 8.520 15,95 106,00 -1,38 0,95 7,13 2,98 5,95

6,00 8.600 16,00 106,50 -1,35 1,00 7,13 3,00 6,00

6,05 8.680 16,00 106,75 -1,34 1,08 7,13 3,03 6,05

6,10 8.460 16,00 107,00 -1,33 1,15 7,13 3,50 6,10

6,15 8.840 16,05 107,75 -1,30 1,23 7,11 3,80 6,15

6,20 8.920 16,10 108,50 -1,28 1,30 7,10 3,10 6,20

6,25 9.000 16,15 109,25 -1,26 1,33 7,10 3,13 6,25

6,30 9.080 16,20 110,00 -1,25 1,35 7,10 3,15 6,30

6,35 9.160 16,25 110,50 -1,24 1,40 7,11 3,18 6,35

6,40 9.240 16,30 111,00 -1,23 1,45 7,13 3,20 6,40

6,45 9.320 16,35 111,75 -1,19 1,55 7,11 3,23 6,45

6,50 9.400 16,40 112,50 -1,15 1,65 7,10 3,25 6,50

6,55 9.472 16,40 112,75 -1,13 1,65 7,11 3,28 6,55

6,60 9.544 16,40 113,00 -1,10 1,65 7,13 3,30 6,60

6,65 9.616 16,40 113,50 -1,09 1,69 7,10 3,33 6,65

6,70 9.688 16,40 114,00 -1,08 1,73 7,07 3,35 6,70

6,75 9.760 16,43 114,50 -1,06 1,76 7,11 3,38 6,75

6,80 9.832 16,45 115,00 -1,05 1,80 7,15 3,40 6,80

6,85 9.904 16,48 116,00 -1,03 1,83 7,15 3,43 6,85

6,90 9.976 16,50 117,00 -1,00 1,85 7,15 3,45 6,90

6,95 10.048 16,55 117,50 -0,98 1,88 7,19 3,48 6,95

7,00 10.120 16,60 118,00 -0,95 1,90 7,23 3,50 7,00

262

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267

268

TÁBUA DE RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS

ÂNGULO SENO COSSENO TANGENTE ÂNGULO SENO COSSENO TANGENTE

0 0,00000 1,00000 0,00000 46 0,71934 0,69466 1,03553

1 0,01745 0,99985 0,01746 47 0,73135 0,68200 1,07237

2 0,03490 0,99939 0,03492 48 0,74314 0,66913 1,11061

3 0,05234 0,99863 0,05241 49 0,75471 0,65606 1,15037

4 0,06976 0,99756 0,06993 50 0,76604 0,64279 1,19175

5 0,08716 0,99619 0,08749 51 0,77715 0,62932 1,23490

6 0,10453 0,99452 0,10510 52 0,78801 0,61566 1,27994

7 0,12187 0,99255 0,12278 53 0,79864 0,60182 1,32704

8 0,13917 0,99027 0,14054 54 0,80902 0,58779 1,37638

9 0,15643 0,98769 0,15838 55 0,81915 0,57358 1,42815

10 0,17365 0,98481 0,17633 56 0,82904 0,55919 1,48256

11 0,19081 0,98163 0,19438 57 0,83867 0,54464 1,53986

12 0,20791 0,97815 0,21256 58 0,84805 0,52992 1,60033

13 0,22495 0,97437 0,23087 59 0,85717 0,51504 1,66428

14 0,24192 0,97030 0,24933 60 0,86603 0,50000 1,73205

15 0,25882 0,96593 0,26795 61 0,87462 0,48481 1,80405

16 0,27564 0,96126 0,28675 62 0,88295 0,46947 1,88073

17 0,29237 0,95630 0,30573 63 0,89101 0,45399 1,96261

18 0,30902 0,95106 0,32492 64 0,89879 0,43837 2,05030

19 0,32557 0,94552 0,34433 65 0,90631 0,42262 2,14451

20 0,34202 0,93969 0,36397 66 0,91355 0,40674 2,24604

21 0,35837 0,93358 0,38386 67 0,92050 0,39073 2,35585

22 0,37461 0,92718 0,40403 68 0,92718 0,37461 2,47509

23 0,39073 0,92050 0,42447 69 0,93358 0,35837 2,60509

24 0,40674 0,91355 0,44523 70 0,93969 0,34202 2,74748

25 0,42262 0,90631 0,46631 71 0,94552 0,32557 2,90421

26 0,43837 0,89879 0,48773 72 0,95106 0,30902 3,07768

27 0,45399 0,89101 0,50953 73 0,95630 0,29237 3,27085

28 0,46947 0,88295 0,53171 74 0,96126 0,27564 3,48741

29 0,48481 0,87462 0,55431 75 0,96593 0,25882 3,73205

30 0,50000 0,86603 0,57735 76 0,97030 0,24192 4,01078

31 0,51504 0,85717 0,60086 77 0,97437 0,22495 4,33148

32 0,52992 0,84805 0,62487 78 0,97815 0,20791 4,70463

33 0,54464 0,83867 0,64941 79 0,98163 0,19081 5,14455

269

TÁBUA DE RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS (Cont.)

ÂNGULO SENO COSSENO TANGENTE ÂNGULO SENO COSSENO TANGENTE

34 0,55919 0,82904 0,67451 80 0,98481 0,17365 5,67128

35 0,57358 0,81915 0,70021 81 0,98769 0,15643 6,31375

36 0,58779 0,80902 0,72654 82 0,99027 0,13917 7,11537

37 0,60182 0,79864 0,75355 83 0,99255 0,12187 8,14435

38 0,61566 0,78801 0,78129 84 0,99452 0,10453 9,51436

39 0,62932 0,77715 0,80978 85 0,99619 0,08716 11,43005

40 0,64279 0,76604 0,83910 86 0,99756 0,06976 14,30067

41 0,65606 0,75471 0,86929 87 0,99863 0,05234 19,08114

42 0,66913 0,74314 0,90040 88 0,99939 0,03490 28,63625

43 0,68200 0,73135 0,93252 89 0,99985 0,01745 57,28996

44 0,69466 0,71934 0,96569 90 1,00000 0,00000

45 0,70711 0,70711 1,00000

DADOS DO NAVIO GRANELEIRO TIPO PANAMAX – TABELAS A SEGUIR

DESLOCAMENTO LEVE = 13217 t

Lpp = 233,76 m

LM = 227,06 m

BOCA = 32 m

CALADO DE VERÃO = 13,60 m

CORREÇÃO DO CALADO A VANTE = 0,0035 x TM

CORREÇÃO DO CALADO A RÉ = 0,026 x TM

CORREÇÃO DO CALADO A MEIO-NAVIO = 0,0051 x TPP

LM = Comprimento entre as marcas de calado

TM = Trim nas marcas de calado

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