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Estação Centenário Fascículo II Foto Christyam de Lima

Estação Centenário

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Fascículo II da revista especial aos 100 anos de Divinópolis

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Foto Christyam de Lima

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Religião A religião tem sido uma das formas mais empregadas pelos homens para organizar e esclarecer suas relações com os mistérios que permeiam a criação, a existência e a morte, bem como para cultivar as dimensões mais sutis (ou transcendentes) de sua experiência no mundo. Geralmente de� nem-se como re-ligião as crenças (judaísmo, budismo, cristianismo, islamismo) cuja compreensão do mundo propõe uma ética na qual o indi-víduo escolhe o caminho de sua “salvação”. No caso do Brasil, devido aoprocesso de colonização, baseado na convivência de brancos, índios e negros, existe uma grande diversidade de religiões praticadas em todo o país. No entanto, a forte religiosidade católica dos colonos portugueses ainda predomina entre a população mineira. Em Divinópolis, encontramos uma rica diversidade de religiões que se entrelaçam umas às outras, ofertando aos ci-dadãos da cidade do Divino uma bela oportunidade de “falar com Deus”, como diz a música de Gilberto Gil, a partir de várias possibilidades.A religião católica, predominante entre os divi-nopolitanos, foi marco na história da cidade. Vários momen-tos registraram a importância do catolicismo – a construção da primeira capela, a chegada do Padre Guaritá, a construção da Igreja do Divino Espírito Santo, a chegada dos franciscanos que trouxeram não somente educação, mas também cultura para uma cidade ainda jovem. Imagens saudosas existem no coração dos divinopolitanos - os tapetes das procissões da Semana San-ta, coloridos e carregados de signi� cados. Outra riqueza que temos em Divinópolis é o Reinado, uma das mais tradicionais manifestações da cidade e, duran-te anos, resistiu ao autoritarismo dos padres e bispos. Hoje é reconhecido pela Igreja, e todos os anos é celebrada pelo Frei Leonardo a missa conga na Igreja do Santuário, no centro da cidade. Quem tem a chance de ver e ouvir o batuque e as mú-sicas numa celebração de fé, jamais esquece a beleza da cultura existente. Mas, nem somente da religião o município se consoli-dou. Historicamente, tivemos a construção da Primeira Igreja Batista, em 1918, sob a orientação de Antônio da Costa Rangel. Antes disto, os cultos e celebrações eram realizados em casas particulares. Hoje percebemos a importância desta primeira pedra fundamental da consolidação da religião. Notamos uma variedade de religiões que se � zeram fortes a partir daí. O es-piritismo também tem forte in� uência e é a religião que mais cresce, segundo os dados do último IBGE na terra do Divino. Neste segundo fascículo do jornal O PASSAGEIRO, erigimos a questão da religião como � o condutor para apresen-tar um pouco da história de Divinópolis. Tentamos contribuir com dados históricos, memórias de cidadãos divinopolitanos e registros de imagens para entender a importância da religião em nossas vidas. Desejamos uma bela viagem neste segundo vagão da Estação Centenário. Que você, leitor, re� ita a importância da religião em nossa cidade desde a sua origem até a atualidade. E que a fé seja sempre uma dádiva nos corações de todos nós.

Número de páginas: 12Tiragem: 4 milFundador: Laércio Nunes

Editor Geral: Marcelo NunesDiretora Comercial: Stefane MouraChefe de Redação: Amanda Quintiliano

Redação: Amarílis Pequeno, Cíntia Teixeira, Amanda Quintiliano, Júlia MedeirosArte Grá� ca e diagramação: Daniel Allan, Douglas BarretoControle Administrativo: Paula Danielle

EXPEDIENTE

INTRODUÇÃO3

PEDRO XAVIER GONTIJO4 5&

FÉ INDIVIDUAL6 7&

10 CHEGARAM OS FRANCISCANOS

RAÍZES DA RELIGIÃO8 9&

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Júlia Medeiros

São terços, louvor, santos, adoração, comunhão, pedidos, agradecimentos e acima de tudo, fé. A religião sempre foi motivo de ampla discussão no país e no mundo. Embora não consiga se chegar a uma única opinião, e isso é bom, a verdade é que cada pessoa tem uma crença, uma fé, uma religião e expressa a reli-giosidade a partir de cada momento.

É um sinal da cruz ao passar na porta da igreja, uma ora-ção dedicada ao santo preferido, uma prece, no culto, durante a missa, ou simplesmente em casa, seja antes de dormir ou ainda diante do oratório.

E como é importante e bonita cada maneira de ter fé. Cada um encontrou a sua forma de se comunicar com Deus. Formas às vezes tão distintas, mas que podem sim, expressar, o mesmo sen-timento, ora de agradecimento e outrora de perdão, de reflexão.

Em Divinópolis não é diferente: Todas as religiões ajudam a contar a história do município, que está prestes há completar 100 anos. A história da cidade, assim como em tantas outras, teve início ao redor de uma igreja: Catedral do Divino Espírito Santo. Antes da construção imponente de hoje, outras versões acrescentam ainda mais charme à história da Princesinha do Oeste, como também é denominada carinhosamente.

Além de igrejas católicas, não podemos deixar de referen-ciar as outras religiões que também compõem o cenário religioso de Divinópolis. Como por exemplo, a Igreja Batista. Onde hoje é o Edifício Costa Rangel, funcionou a primeira Igreja Batista do município. Hoje com sede na Rua Pernambuco, é a segunda maior religião do município.

E como já dizia Gilberto Gil: andar com fé eu vou que a fé não costuma falhar.

Andar com fé eu vou...

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Pedro Xavier

Gontijo Polêmico, arrebatado e anarquista confesso

Cíntia Teixeira

Pedro Xavier Gontijo sempre foi uma � gura marcante na cidade do Divino, tendo formado com o Padre Matias Lobato e o Pa-triarca - Francisco Machado Gontijo o “trio de doidos”, como ele próprio quali� cava estes três personagens que lutaram pela emanci-pação da cidade. Nascido na comunidade de Água Limpa, pertencente a Itapecerica, tornou-se amante de Divinópolis ainda jovem. Como perdera muito jovem a mãe, aos sete anos, pela im-posição do pai, veio residir em Divinópolis, na época em que ainda era conhecida como Arraial do Divino Espírito Santo, juntamente com os irmãos dele. Segundo LARA (1994, p.53) como não fora bem tratado pelos tios deles, juntou uns trocados e foi parar em São João Del Rey ainda novo.De lá, foi mais longe, em Cachoeira do Campo para a “via sacra” dos estudos dele. Também foi estudante de Humanidades no Caraça e por � m, estudou Farmácia em Ouro Preto. Podemos consta-tar nestes trilhos de Pedro, como era conhe-cido quando jovem, de onde vinha a detenção aprimorada da formação intelectual dele. O regresso para a cidade que ele escolhera para chamar de dele e fazer história se deu em meados de 1910. Primeiramente montou uma farmácia na Rua do Comércio e mais tarde na Rua São Paulo com Getúlio Vargas, onde residiu até a morte. Pedro Xavier Gontijo envolveu-se na política integralmente dedicado a fazer

de Divinópolis uma cidade cada vez melhor. Foi partícipe do movimento que emancipou o município, em 1912. Sempre atuante na busca da realização dos sonhos dele de cidadão, Pe-dro X. Gontijo tornou-se prefeito em 1931. Figura caricatural, terrível diante dos adversários dele e sério no compromisso com a política local, LARA (1994, p. 54) relata que o prefeito daquela época percorria de motoci-cleta as obras para � scalizar os serviços e no momento do almoço fazia os empregados as-sentarem à mesa com ele. Homem de grande humildade e tamanho amor pela cidade é in-titulado por ele mesmo “anarquista cristão, preso no ideal maior de ser útil à coletividade, sem desejar nada para o benefício próprio”. (GONTIJO, 1995, p. 67). Polêmico, arrebatado e anarquista confesso, o personagem deste fascículo, pode ser compreendido em uma única palavra - libertário! Nas palavras do próprio homem que representa Divinópolis, mesmo não sen-do � lho da terra, � nalizamos a homenagem. “Amo a cidade de Divinópolis e sempre pro-curo construir agitando almas e não corpos. Lembro o ontem, discuto o hoje e prego o amanhã” (GONTJIO, 1995, p. 5). Que possamos aprender com os escritos e ações deste homem que política se faz com gestos nobres e amor, que � zeram de Divinópolis uma bela centenária paisagem de “causos” e esperança de ser cada vez melhor!

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Amanda Quintiliano

A religião faz parte da cultura e está ligada à so-ciedade e por isso, ela também se transforma. Já não se pensa em religiosidade como há 100 anos e nem como se pensará a daqui outras 10 décadas. Ao contrário do que pensavam Karl Max, Freud e tantos outros � lósofos, a re-ligião ainda não acabou e apesar das instituições serem menos frequentadas, acredita-se na evolução, na “fé indi-vidual”. Seria este, o futuro da religião? Não há como falar de futuro sem analisar o pas-sado e o presente. Frei Leonardo Pereira, formado em � loso� a, teologia e ciências sociais, conta que em 1912, a religião poderia ser tratada como “fé social”. Naquela época, as pessoas eram católicas porque todas as outras também eram. Com o passar dos anos, a ciência foi pre-dominando e a religião entrou em declínio. “A religião foi colocada de escanteio. A ciência, a � loso� a eram que explicavam tudo. Houve o processo que chamamos de circularização, ou seja, a perda da for-ça da religião”, explica Frei Leonardo. Para a existência do mundo uma explicação. Para as doenças, as curas. Desta forma, a ciência minimizava a religião diante dos fatos. “Mas, as promessas de moderni-dade não se concretizaram”, diz o � lósofo e completa: vai sempre existir algo que para o drama humano não será solucionado pela ciência. Com a necessidade de acredi-tar, de ter esperança diante da impotência da ciência, as pessoas aos poucos voltaram a se aproximar da religião. De acordo com Frei Leonardo, todas as trans-formações ocorridas com as descobertas e avanços da ciência não podem ser desconsiderados. Este contexto histórico, segundo ele, marcou o declínio e ascensão da religião. A partir deste período, as pessoas trocaram a “fé social”, pela “fé individual”, ou opcional. “Muitas pessoas não querem saber de uma instituição, elas querem ape-nas ter uma espiritualidade, uma religiosidade”, conta. Essa mudança ocorreu junto com as transforma-ções da sociedade. O individualismo das pessoas, levou também ao individualismo da religião. “As pessoas são

individuais, independentes, querem ser donas de si. Eu e Deus”, a� rma Frei Leonardo. Porém, ele não descarta que ainda há quem deposita a fé em instituições. “Há outras, talvez menos corajosas, que acreditam que pertencer a uma instituição, a um rebanho, pode resolver todos os problemas, talvez por trazer as elas mais segurança”, co-menta se referindo às instituições que promete prosperi-dade e curas milagrosos. A “fé opcional” foi moldada pela atual sociedade. Hoje, segundo o � lósofo, as pessoas juntam um pouquin-ho de cada religião e constroem a delas próprias. “Elas [pessoas] vivem a fé a partir dos valores do mundo atual, das preocupações do homem contemporâneo”, esclarece, a� rmando que isso não é um fator negativo. “Fé em si é sempre uma escolha pessoal, tem liberdade. Trata-se da escolha de acordo com a consciência de cada um”. A partir desde cenário de individualismo, de modernidades e tecnologias é que Frei Leonardo, de forma cautelosa, acredita que se formará a religião para os próximos 100 anos. “A gente tem que ter cuidado ao fazer previsões. Filósofos previam o desaparecimento da religião e hoje a gente ver a força que ela tem”, comenta. Ele acredita em uma religião mais midiática. “E também mais democrática, com mais participação de mulheres, menos intolerante e preconceituosa. Ela vai tratar das coisas essenciais, como o sentido da vida”, acrescenta. Para não perder � éis e atrair mais para as re-ligiões e até mesmo incentivar a frequentar institu-ições, ele a� rma ser necessário falar a linguagem dos dias atuais. Para ele, a religião em si não deve perder os fundamentos, mas é necessário rever a forma com que é levada até aos � éis. Para os jovens, de forma mais descontraída, mas sempre transmitindo a palavra de Deus. “Mas, sem dúvida, será bem diferente, como a de hoje é bem diferente da de 1912”.

FÉ INDIVIDUALA FÉ DO FUTUROindividuais, independentes, querem ser donas de si. Eu e Deus”, a� rma Frei Leonardo. Porém, ele não descarta que ainda há quem deposita a fé em instituições. “Há outras, talvez menos corajosas, que acreditam que pertencer a uma instituição, a um rebanho, pode resolver todos os problemas, talvez por trazer as elas mais segurança”, co-menta se referindo às instituições que promete prosperi-

A “fé opcional” foi moldada pela atual sociedade. Hoje, segundo o � lósofo, as pessoas juntam um pouquin-ho de cada religião e constroem a delas próprias. “Elas [pessoas] vivem a fé a partir dos valores do mundo atual, das preocupações do homem contemporâneo”, esclarece, a� rmando que isso não é um fator negativo. “Fé em si é sempre uma escolha pessoal, tem liberdade. Trata-se da escolha de acordo com a consciência de cada um”. A partir desde cenário de individualismo, de modernidades e tecnologias é que Frei Leonardo, de forma cautelosa, acredita que se formará a religião para os próximos 100 anos. “A gente tem que ter cuidado ao fazer previsões. Filósofos previam o desaparecimento da religião e hoje a gente ver a força que ela tem”, comenta. Ele acredita em uma religião mais midiática. “E também mais democrática, com mais participação de mulheres, menos intolerante e preconceituosa. Ela vai tratar das coisas essenciais, como o sentido da vida”, acrescenta. Para não perder � éis e atrair mais para as re-ligiões e até mesmo incentivar a frequentar institu-ições, ele a� rma ser necessário falar a linguagem dos dias atuais. Para ele, a religião em si não deve perder os fundamentos, mas é necessário rever a forma com que é levada até aos � éis. Para os jovens, de forma mais descontraída, mas sempre transmitindo a palavra de

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Acredito em uma religião mais democrática, com mais participação de mulheres, menos

intolerante e preconceituosa.“ “

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Amarilis Pequeno

Divinópolis é referência na região quando se trata de religiosidade. Desde 1750 encontramos registros da história da construção de um templo, em homenagem a Francisco de Paula. Quem traz relatos daquele tempo é o Jornalista e Historiador, Flávio Flora. Ele conta que naquela época Divinópolis era chamada de “paragem”, era apenas um trecho de passagem para Itapecerica (Ta-manduá) e São João Del Rey. Passados alguns anos, a “paragem” recebeu diversas famílias que formaram um pequeno povoado. Em 1767, já havia 50 famílias estabe-lecidas e centenas de escravos e colonos.

E então, em 1767, os moradores do pequeno po-voado, “conseguiram provisão para erguer a capela ao Divino Espírito Santo e São Francisco de Paula e para construção de um adro para servir como cemitério”. Nesta época ainda era uma tradição manter um cemité-rio próximo à igreja.

A família de Maria Alves Ferreira e o sertanista Manoel Fernandes Teixeira foram grandes propulsores da cultura no pequeno arraial. Sendo ela letrada e ele um bandeirante, inspirados em São Francisco de Paula, � zeram da casa da família uma referência para assuntos ligados ao arraial. Do casal nasceram oito � lhos. “Com as novas perspectivas de vida, o fazendeiro João Pimenta Ferreira, pai de Maria, e seu genro Manoel decidiram buscar provisão para a criação do curato (arraial) do Es-pírito Santo da Itapecerica, alcançada em 29 de março de 1770. Para isso, fez doação 40 alqueires de terras e algu-mas casas de telhas para a Igreja, e vendeu alguns sítios para novos moradores. Em 1775, a localidade recebeu seu primeiro padre residente,” relata o historiador. Na capela, os negros organizavam as festas e danças religiosas, reinados e congado, até 1830. Em 23 de maio daquele ano, um incêndio misterioso destruiu toda a capela. Foi um período de turbulência para todos os religiosos que a freqüentavam. Em seguida, quatro anos mais tarde, outra igreja foi erguida no mesmo

lugar, porém não mais dedicada a Francisco de Paula e tão pouco aberta às manifestações culturais do povo de origem africana. Este templo foi demolido em 1959 para a construção da igreja da Catedral do Divino Es-pírito Santo. “Com o passar dos anos, a tolerância com as danças do congado só era mantida porque o pároco local tinha por esposa uma formosa e respeitável jovem negra”. Mas estas manifestações duraram apenas até a morte do padre Flávio Felício dos Santos. Quando o padre Guaritá veio substituir o então falecido, em con-versas com o major Antonio Ferreira, estimulou a con-strução de um novo templo dedicado a Nossa Senhora do Rosário, onde aquele povo pudesse manifestar sua cultura. A obra foi concluída em 1855, por Camilo Fon-seca e com a fundamental colaboração da Sociedade dos Devotos de N. S. do Rosário e foi entregue à Irmandade dos Pretos.

Já em 1775, durante as Missões, frei Paulino (da Ordem dos Mínimos, de São Francisco de Paula), coordenou a construção de um campo-santo nas prox-imidades da Igreja do Rosário. Cemitério utilizado até o início de 1920. Depois, na construção do Santuário de Santo Antônio (1944), foram utilizadas (na fundação) as pedras-secas do entorno desse cemitério (que deu lugar ao atual mercado). Infelizmente a Igreja do Rosário foi demolida em 1957. Em memória dela, foi construída uma réplica menor, no mesmo lugar, em 1985.

Até os dias de hoje a capela é referência para as festas e celebrações de reinado e danças de congado. Ela � ca próximo a Praça do Mercado, na Rua Antônio Olímpio de Moraes.

Ainda sem justi� cativa plausível, como conta o historiador, entre os anos de 1957 e 1959 foram destruí-dos dois templos históricos em Divinópolis, a Igreja do Rosário (de 1855) e a Matriz do Divino Espírito Santo (de 1834).

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Fernando Teixeira

Correm os primeiros decênios do século passado e Divinópolis, tornada entroncamento ferroviário, acorda para o desenvolvimento urba-no. Rememorar a história da cidade no capítulo dos franciscanos é motivo de emoção para mim que presenciou a importância da chegada deles que vieram para � car. A Paróquia do Divino Espírito Santo e São Francisco de Paula fora entregue ao clero da Arquidiocese de Belo Horizonte sofrendo prob-lemas de relacionamento com autoridades políti-cas locais. Em razão disto, Dom Antônio dos San-tos Cabral resolve promover mudanças e oferece a paróquia a frei Paulo Stein, então Comissário no Brasil da Província holandesa dos Mártires Gorgomienses. Depois de superadas as restrições do episcopado nacional a religiosos estrangeiros, frei Hilário Verheij assume a paróquia divinop-olitana em 10 de agosto de 1924, tendo exercido o trabalho religioso entre di� culdades postas por grupos anticlericais. Na realidade, com a instalação do curso de teologia em 1931 – primeira instituição de en-sino superior em Divinópolis e da Paróquia Santo Antonio, cujo primeiro vigário foi designado em 1936, frei MeteloGreeve, a in� uência franciscana na comunidade torna-se mais palpável. Os cléri-gos estimulam o gosto pelo teatro e literatura com a academia deles, bem como os professores, a par da atividade de magistério, inserem-se na comu-nidade pela atuação pastoral. De sua parte, o vigário do Santuário, jo-vem e dinâmico, transforma a casa paroquial em cinema, também aparelhado para espetácu-los teatrais. Ali, por inspiração dos frades, peças cuidadosamente escolhidas do Conjunto Teatral Mariano. Difunde-se a música, especialmente a coral, por meio de talentos de renome, dentro os quais frei Joel. A tipogra� a, depois chamada Grá� ca Santo Antônio, imprimeduas revistas:

uma destinada a divulgar a devoção ao padroeiro e, outra, a partir de 1936, a revista Santa Cruz, órgão do então Comissariado. Edita-se, por ela, o jornal A Semana, periódico noticioso e no qual, autores importantes da literatura local, inclusive Adélia Prado, se revelaram. Para sustentação do curso teológico, a biblioteca do convento, que frei Eurico Peters organizou nos anos trinta, ampliou o acervo, abre-se à comunidade sob o nome de Biblioteca Franciscana, sediando mostras de arte e lança-mento de livros. Como que perpetuando a ação cultural do antigo curso teológico, abre-se o Cen-tro Ecumênico de Formação e Espiritualidade, dentro do qual ocorrem as Semanas Culturais Franciscanascoordenadas por frei Leonardo Lu-cas Pereira. Impõe-se, neste espaço, à guisa de fecho, lembrar três nomes de frades, dentre muitos, que povoaram o Convento Franciscano, ilustrando, com sua passagem e dotes intelectuais, a história da cultura local e a Ordem dos Frades Menores: frei Odulfo van der Vat, historiador de reconhe-cimento internacional e que ocupou cadeira na Academia Divinopolitana de Letras; Dom Aloísio Lorscheider, professor, cardeal e que desempen-hou notável trabalho pastoral em Divinópolis e o saudoso frei Bernardino Leers, mestre de gera-ções, inclusive na Faculdade de Filoso� a Ciência e Letras – FAFID em seus primórdios, promov-endo implantação de uma pastoral rural identi-� cada com a realidade da roça. Mais não direi, senão que os frades hol-andeses chegaram missionários numa cidade em processo de modernização e � ncaram raízes. Fru-tos resultaram de suas ações e espiritualidade. Não é possível esquecer, por justiça, o contributo dos franciscanos na literatura, no teatro, na música, no ensino, na imprensa, en� m na cultura divino-politana, do que esta síntese é mera introdução.

PARA FICARCHEGARAM OS

FRANCISCANOS...

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