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1 Índice Pág. 1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA 2 1.1- Historial 2 1.2- Recursos humanos e técnicos 2 1.3- Rede biológica/fenológica e meteorológica 3 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 6 2.3- Ciclo vegetativo das culturas 9 2.4- Evolução dos inimigos das culturas 10 2.4.1- Vinha 10 2.4.1.1 – Pragas 10 2.4.1.2 – Doenças 12 2.4.2- Pomóideas 18 2.4.2.1- Pragas 18 2.4.2.2- Doenças 24 2.4.3- Olival 28 2.4.3.1- Pragas 28 2.4.3.2- Doenças 32 2.5- Balanço fitossanitário 34 3- OUTRAS ACTIVIDADES 35 3.1- Condicionamento da vinha 35 3.2- Controlo da condicionalidade 36 3.3 – Concurso “A melhor vinha – 2007” 36 3.4 – Acções de sensibilização/divulgação de metodologias dos avisos 37 3.5- Ensaios inseridos na candidatura da ex-DRABL ao Programa Agro 37

Estação de Avisos de Leiria

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Page 1: Estação de Avisos de Leiria

1

Índice Pág. 1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA 2

1.1- Historial 2

1.2- Recursos humanos e técnicos 2

1.3- Rede biológica/fenológica e meteorológica 3

2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5

DE LEIRIA

2.1- Boletins emitidos 5

2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 6

2.3- Ciclo vegetativo das culturas 9

2.4- Evolução dos inimigos das culturas 10

2.4.1- Vinha 10

2.4.1.1 – Pragas 10

2.4.1.2 – Doenças 12

2.4.2- Pomóideas 18

2.4.2.1- Pragas 18

2.4.2.2- Doenças 24

2.4.3- Olival 28

2.4.3.1- Pragas 28

2.4.3.2- Doenças 32

2.5- Balanço fitossanitário 34

3- OUTRAS ACTIVIDADES 35

3.1- Condicionamento da vinha 35

3.2- Controlo da condicionalidade 36

3.3 – Concurso “A melhor vinha – 2007” 36

3.4 – Acções de sensibilização/divulgação de metodologias dos avisos 37

3.5- Ensaios inseridos na candidatura da ex-DRABL ao Programa Agro 37

Page 2: Estação de Avisos de Leiria

2

1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA

1.1- Historial

A Estação de Avisos de Leiria é um serviço da responsabilidade do Ministério

da Agricultura, está afecta à Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral (DRABL) –

Divisão de Protecção das Culturas – e é supervisionado pelo Serviço Nacional de Avisos

Agrícolas (SNAA).

Territorialmente inclui a área dos concelhos de Leiria, Ansião, Pombal,

Marinha Grande, Batalha e Porto de Mós e Alvaiázere, dispondo de uma rede

meteorológica e biológica/fenológica. As principais culturas abrangidas, desde o início,

são as pomóideas, a vinha e o olival.

O papel dos Avisos consiste na emissão de uma circular de aviso com indicação

para a realização dos tratamentos nas alturas mais oportunas bem como listas para os

produtos fitofarmacêuticos homologados, dentro de uma boa prática agrícola.

1995 foi o ano de inauguração desta Estação de Avisos. Instalaram-se 7

Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs), foi adquirido material informático

(computador e impressora) e material de laboratório de apoio: frigorífico, estufa,

microscópio, lupa biocular, pinças, bistoris etc…

Em 1996 e 1997 decorreram as fases experimentais desta Estação através da

testagem do software das EMAS.

Em 1998 esta Estação de Avisos entrou oficialmente em funcionamento,

formada por dois técnicos, tendo contado nas campanhas de 1998 e 1999 com a

colaboração de uma técnica profissional.

Em 2001 e 2002 esta Estação teve a colaboração de uma estagiária mas desde

então restringe-se aos dois técnicos.

1.2- Recursos humanos e técnicos

Desde 1995, fazem parte desta Estação de Avisos 2 elementos: Marta Maria Filipe

de Oliveira Caetano (Eng.ª Agrária) e José Manuel Heleno Batalha (Engº Técº Agrário).

Page 3: Estação de Avisos de Leiria

3

A Estação de Avisos ocupa dois gabinetes do Edifício da DRABL em Leiria, sendo

um dos quais um pequeno laboratório onde se encontra o material técnico usado na

execução dos trabalhos:

- 1 microscópio Olympus Ch-2, lâminas e lamelas

- 1 lupa binocular Olympus SZ60

- 1 máquina dobradoura de papel

- 1 Estufa Heraeus

- 1 Frigorífico Edesa

- 1 computador Azus Version New PCB R2.0

- 1 impressora/ scanner/ copiadora hp750

- 8 Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs): 6 da marca Campbell e 2 da

Vórtice

- 1 insectário

- 1 termopluviohumectógrafo

- Material de laboratório (pinças, agulhas, placas de petri, lâminas, lamelas…)

Existe ainda uma viatura que teve afecta a este serviço até Agosto, altura em que

avariou.

1.3- Rede meteorológica e biológica/fenológica

Para a elaboração dos boletins fitossanitários, a Estação de Avisos de Leiria, a

mais recente estação pública, está equipada com 8 EMAs (não possuindo nenhuma

estação meteorológica clássica de apoio) e vários postos de observação biológicos para

as culturas que supervisiona (Fig. 1).

Em 2007, a transmissão de dados das Estações Automáticas passaram a ser

feitos por via GSM tendo sido substituído o modem e requalificadas todas as Estações,

tendo algumas delas sido deslocalizadas. Na requalificação, os sensores de humidade e

temperatura e folha molhada foram calibrados assim como os hudómetros. Para além

desta tarefa, a empresa “Quantific” ficou também responsável pela manutenção de

todo o equipamento. Toda esta remodelação ficou abrangida pelo projecto AGRO 8.2

no que diz respeito à modernização do Serviço Nacional dos avisos Agrícolas e só ficou

Page 4: Estação de Avisos de Leiria

4

concluída em finais de 2007, pelo que até meados deste ano apenas era possível

aceder aos dados de 4 EMAs tal como em 2006.

As estações emitem dados diários e horários de temperatura (máxima, mínima

e média), humidade e precipitação que chegam ao computador central da Estação de

Avisos via modem. Os sensores de folha molhada permitem determinar o número de

horas que a folha permaneceu molhada no dia. Este valor deverá ser comparado com

o obtido no termopluviohumectógrafo para averiguar a sua fiabilidade.

A Estação de Avisos recorre ainda a uma rede de postos de observação

biológicos (POB), onde são colocadas armadilhas para acompanhamento do voo das

pragas e onde se observam semanalmente os vários órgãos da planta de acordo com o

estado de desenvolvimento da planta e o dos seus inimigos. Esta informação é depois

cruzada com os dados climáticos extraídos das EMAS e com os conhecimentos sobre

bioecologia dos inimigos para os quais emitimos avisos, permitindo, depois,

determinar as alturas mais oportunas para a realização dos tratamentos.

Figura 1 – Rede meteorológica e biológica/fenológica da Estação de Avisos de Leiria em 2007.

Page 5: Estação de Avisos de Leiria

5

2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS DE

LEIRIA

2.1- Utentes inscritos e boletins emitidos

Em 2007 registaram-se 194 inscrições que se traduziu num acréscimo em 10% na

adesão comparativamente a 2006, que tinha sofrido um decréscimo de 15%, fruto de

alguma sensibilização dos técnicos, no entanto, com a ajuda ao arranque da vinha a

iniciar este ano, prevê-se que o número de utentes possa reduzir nos próximos anos, a

juntar ao desânimo sentido por parte dos agricultores devido à falta de rendimento desta

actividade para além de muito dura e exigente em termos humanos. Se antes sentiam

esse trabalho monetariamente compensado, e eram muitos os que viviam

exclusivamente dela, actualmente não conseguem competir com a elevada concorrência

do mercado externo e os preços dos produtos não pagam, na maior parte das vezes, os

encargos subjacentes. Verifica-se um abandono progressivo da agricultura,

principalmente no sector da vinha e esta situação, obviamente se traduz num decréscimo

de inscrições.

Num inquérito efectuado em 2005, por esta Estação de Avisos aos seus utentes,

era-lhe reconhecido valor na sua actividade. Em 2006 voltamos a questionar se estavam

satisfeitos com o serviço e quais as sugestões que propunham para melhorá-lo e sentimos

que este serviço era muito importante para todos, no entanto, dada a conjuntura

desfavorável que este sector atravessa, teme-se uma quebra sentida na adesão a este

serviço.

Os utentes incluem: agricultores, cooperativas e adegas, serviços oficiais e

particulares, que por sua vez fazem chegar os avisos a outros agricultores não inscritos

pelo que o número de agricultores a beneficiar deste serviço é muito superior ao número

de utentes inscritos. O valor da assinatura anual foi de 12,66€.

Foram emitidas 19 circulares contendo avisos para o tratamento das principais

pragas e doenças das pomóideas, vinha e olival, bem como a indicação dos produtos

homologados para o seu combate e informações para alguns inimigos do pessegueiro e

citrinos.

Page 6: Estação de Avisos de Leiria

6

2.2- Resumo do Ano Agrícola 2007

As condições atmosféricas são determinantes não só no desenvolvimento dos

inimigos das culturas como das próprias culturas existindo fases particularmente

sensíveis, nomeadamente altura do vingamento e crescimento dos frutos, quer na fase

inicial, para impedir que eles se deformem, quer na final para se atingirem bons

calibres e índices de maturação.

As condições atmosféricas ocorridas em 2007 estão resumidas nas figuras 1 e 2

que revelam a temperatura e precipitação ocorridas em duas EMAs situadas

respectivamente em Porto de Mós.

O tempo durante a campanha revelou-se chuvoso e propício ao

desenvolvimento de doenças, tal como em 2006, principalmente nos meses de Março,

Abril e Maio e decorreu seco no final da campanha.

Relativamente à temperatura pode-se dizer que foi um ano mais ameno do que

2006. O Inverno não foi tão frio e no Verão não se fizeram sentir os repetidos picos de

calor atingidos nos anos anteriores. Assinala-se um pico de calor, atingido em finais de

Julho / início de Agosto, que provocou algum escaldão na fruta, mas sem

consequências económicas.

No final da campanha, principalmente a partir de Agosto, o tempo decorreu

seco beneficiando com isso a qualidade dos frutos, uma vez que as doenças que

ocorrem nesta fase, junto á maturação, em vinha e olival, salvo algumas excepções,

não se expandiram muito.

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Fig 2- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados noposto meteorológico Ribeira de Cima, Porto Mós, em 2007 .

Page 7: Estação de Avisos de Leiria

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mm

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T Min

T Máx

T Med ºC

Fig 3- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados noposto meteorológico Ribeira de Cima, Porto Mós, em 2007 .

Nas pomóideas a produção revelou-se dentro do que era esperado apesar de

ter havido alguns problemas na altura do vingamento devido às oscilações de

temperatura que se fizeram sentir e que provocou o abortamento de alguns frutinhos

nas variedades mais precoces. No fim da campanha apesar do tempo seco atingiram-

se bons calibres devido ás reservas de água no solo, à rega e à monda de frutos que os

agricultores já se habituaram a realizar e a aceitar como prática necessária para se

atingir uma boa qualidade de fruta.

Em termos sanitários o pedrado voltou novamente em força mas apesar dos

vários períodos de infecção registados quem tratou logo de início esta doença de

forma oportuna e com os produtos adequados não teve grandes problemas. Para além

do pedrado, o cancro teve boas condições para se dispersar principalmente nas

variedades vermelhas. A incidência de bitter-pit no período pós colheita foi também

referida pelos técnicos das cooperativas fruteiras, devendo-se não só á falta de

aplicações em cálcio, mas também ás condições atmosféricas sentidas nomeadamente

as oscilações de temperaturas.

Na vinha, e no que respeita á produção, o ano revelou-se ligeiramente abaixo

do que normal com os agricultores a queixarem-se da falta de chuva, problemas em

Page 8: Estação de Avisos de Leiria

8

controlar o míldio e de algum escaldão. Este último muitas vezes devido a uma

desparra e desfolha mais violenta.

Os cachos no final apresentavam-se mais engelhados nas vinhas não regadas.

Algumas castas, como é o caso da touriga nacional acusaram algum desavinho e

bagoinha devido às oscilações de temperatura verificadas na floração/alimpa. Segundo

informação colhida nas adegas esta referida baixa de produção teve consequências na

qualidade do vinho tinto, que parece ter melhorado, não se revelando tanto nos

brancos. Em termos gerais a qualidade foi superior à colheita de 2006.

Quanto aos inimigos das culturas o míldio voltou a atacar este ano nas folhas e

cachos de uma forma repentina em toda a região, mantendo-se até tarde nas folhas.

As perdas causadas por esta doença rondam os 20%.

O bago negro “black rot” continua a aparecer embora este ano com menor

expressão e por essa razão não se tenha feito referência a ele nas nossas circulares. O

oídio é considerado nesta região o principal inimigo da vinha, no entanto este ano não

se manifestou de forma tão gravosa como nos anos anteriores.

No olival, o rendimento e principalmente a qualidade do azeite foram bons,

apesar da azeitona se apresentar muito engelhada no final da campanha devido à

desidratação, no entanto, no lagar apresentou bom rendimento. Com o tempo seco a

azeitona apresentou-se sem sintomas de gafa gerando azeites com um índice de acidez

rondando os 0,5%. Em 2006 esta doença foi responsável em certos casos por perdas

quase totais de produção e por azeites de má qualidade. A mosca apesar de ter

iniciado o seu voo mais cedo não causou problemas para quem fez os tratamentos nas

alturas oportunas.

A produção não foi uniforme contribuindo, tal como já vem sendo referido a

instabilidade do tempo na altura da floração e também as variedades, sendo que a

galega atingiu níveis de produção e rendimento superiores à cobrançosa. Na zona de

Pombal a produção foi menor do que em Porto de Mós.

Page 9: Estação de Avisos de Leiria

9

2.3- Ciclo vegetativo das culturas

Vinha- As datas representam uma média na região uma vez que ela é distinta,

constituída por vários microclimas, e para além disso as castas encontram-se

misturadas. Na figura 4 estão definidas as datas dos estados fenológicos da vinha em

geral.

O abrolhamento foi tardio tal como se observou nos dois últimos anos e

irregular, com diferenças em toda a região. Iniciou-se o pintor na última semana de

Julho. Novamente este ano, existe uma coincidência quase total nas datas dos

diferentes estados fenológicos entre 2005, 2006 e 2007.

Macieira – Não se registaram diferenças significativas relativamente ao ano anterior.

A floração foi um pouco mais tardia, mas no final da campanha essa diferença ficou-se

por uma semana. Na figura 5 estão referenciadas as datas dos estados fenológicos da

macieira. Os calibres foram razoáveis devido à monda que já está praticamente

instituída entre os agricultores. A maturação depende das variedades, mas nas

dominantes nesta região, esta fase decorre entre fins de Julho e meados de Outubro.

Vindima

E. F. A C E F H I J K L M

Data Fev 28-Mar 9-Abr 16-Abr 7-Maio 21-Mai 4- Jun 12- Jun 18-Jun 9 –Jul 23-Jul 17 - Set

Fig 4- Datas dos estados fenológicos (E. F.) dominantes nas vinhas da região de Leiria em 2007.

E. F. A C D E E2 F G I J

Data Fev 26– Mar 3– Abr 9–Abr 16-Abr 23–Abr 30–Abr 7– Mai 21-Mai

Fig 5 – Datas dos estados fenológicos dominantes da macieira na região de Leiria em 2007.

Page 10: Estação de Avisos de Leiria

10

Oliveira – O abrolhamento foi igualmente tardio, como em 2006, o vingamento foi

mais precoce mas no final da campanha as azeitonas começaram a pintar ao mesmo

tempo que no ano anterior. Na figura 6 pode observar-se os estados fenológicos da

oliveira e respectivas datas dominantes na região. Em meados de Novembro os olivais

da região de Leiria e Porto Mós estavam com a azeitona colhida, enquanto em

Alvaiázere e Castanheira de Pêra a colheita só aconteceu início de Dezembro, por

serem zonas mais tardias.

2.4- Evolução dos inimigos das culturas

2.4.1- Vinha

2.4.1.1- Pragas

Traça da uva (Lobesia botrana)

A praga teve uma primeira geração ainda menos elevada do que em 2006 e

sensivelmente na mesma altura, com o pico a ser atingido em meados de Abril (fig. 7).

Esta geração ataca as inflorescencias e o seu ataque tem o efeito de monda natural

impedindo que os futuros cachos não fiquem demasiado compactos pelo que

normalmente não se aconselha tratar. Só na primeira semana de Maio é que foram

observados ninhos de traça, primeiro no posto das Alcanadas (Batalha), mas não se

atingiu o NEA em qualquer dos postos. Tem-se observado um decréscimo gradual da

E. F. A B C E F I J

Data Mar 19 –Mar 26 –Mar 7–Mai 14 Mai 28 –Mai 18–Jun

Fig 6 – Datas dos estados fenológicos da oliveira dominantes na região de Leiria em 2007.

Page 11: Estação de Avisos de Leiria

11

incidência desta primeira geração, no entanto constata-se não existir uma correlação

visível na incidência das outras gerações. Os POB das Alcanadas e Porto Mós foram

onde o voo se verificou mais elevado.

0

20

40

60

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100

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180

22-Mar

03-Abr

17-Abr

02-Mai

15-Mai

29-Mai

12-Jun

26-Jun

10-Jul

24-Jul

07-Ago

21-Ago

04-Set

18-Set

02-Out

N.º

de

ca

ptu

ras

Mourã

P. Mós

Alcanadas

Pombal

Figura 7 - Curva de voo da traça da uva em postos biológicos na região de Leiria em 2007.

A segunda geração também decorreu fraca com o pico a ser alcançado na

terceira semana de Junho e o posto de Pombal a registar maior número de capturas.

Aconselhamos um tratamento a 18 de Junho, um pouco antes do pico do voo, com um

ovicida ou uma semana depois com um produto larvicida. A incidência de ovos, agora

nos cachos, foi muito fraca.

Em 2006 a terceira geração foi fraca, comparativamente às anteriores, mas este

ano esta situação inverteu-se, o que reforça mais a ideia da não existência de uma

ligação directa nas capturas entre gerações. Esta última geração foi mais intensa que

as anteriores, com o posto das Alcanadas e Mourã a registarem o maior índice de

capturas. Em 30 de Julho observou-se elevado número de larvas no estado L4 e L5 na

generalidade dos postos, pronuncio de que esta geração estava próxima de se iniciar.

O voo ficou bem definido entre meados de Agosto e meados e Setembro,

contrariamente ao do ano anterior que foi bastante longo. É necessário ter cautela nos

tratamentos, nesta fase, uma vez que estamos já perto da colheita a temos que

atender aos Intervalos de Segurança (I.S.) dos produtos. O tratamento aqui, mais do

que evitar perdas de produção, vai prevenir a instalação da podridão que aproveita as

Page 12: Estação de Avisos de Leiria

12

feridas provocadas pelas lagartas nos bagos para se desenvolver. Aconselhou-se uma

intervenção a 14 de Agosto com ovicida, logo no início do voo que nos pareceu muito

oportuno, uma vez que foi só na semana seguinte (20 de Agosto) que se começaram a

observar os ovos desta geração nas Alcanadas (Batalha) e em Porto de Mós, atingindo-

se o NEA que nesta fase é muito curto: 1 a 10% de bagos atacados.

A 10 de Setembro devido ao elevado número de posturas nos cachos,

observados a 7 de Setembro, recomendou-se novo tratamento embora no final não se

tenha observado grandes estragos visíveis.

Cochonilha algodão (Planococcus ficus)

O panorama desta praga continua a ser o mesmo de anos anteriores. É uma

praga que se apresenta muito localizada nas vinhas da região mas que se não for

tratada pode dar cabo da produção.

O tratamento de Inverno passa pela descamação da casca, uma vez que as

cochonilhas se instalam debaixo do ritidoma, seguida de uma pulverização molhando

bem o tronco com Malatião + Óleo Mineral ou Óleo de Verão. Na altura das vindimas

devem-se marcar as árvores que apresentem sintomas de ferrujão – presença de

fumagina.

Deu-se indicação a 6 de Março para combater as formas hibernantes.

A 13 de Junho observaram-se a saídas das larvas nos nossos postos de

observação justificando a emissão de um aviso a aconselhar a tratar com um produto à

base de malatião, metidatião, clorpirifos, azinfos-metilo dirigido ao tronco e ramos do

interior da videira.

2.4.1.2- Doenças

Míldio (Plasmopora viticola)

2007 foi um ano em que esta doença voltou a atacar fortemente os vinhedos

da região. Embora o míldio se tenha manifestado mais tarde do que no ano passado,

Page 13: Estação de Avisos de Leiria

13

os ataques causaram maiores estragos este ano cifrando-se numa média de 20% de

perdas de produção na região (Fig. 8).

Os oósporos começaram a ser colocados na estufa em meados de Fevereiro

demorando mais de 4 dias a germinarem a uma temperatura de 22ºC. A 5 de Março o

tempo de germinação diminuiu para 3 dias, tendo-se observado zoósporos no dia 8. A

germinação em menos de 24 horas só aconteceu no final do mês de Março, primeiro

em Leiria, depois na região de Porto Mós. Em Pombal houve dificuldade em definir

este momento, uma vez que as folhas se encontravam muito degradadas devido aos

insectos do solo.

Foram nove os períodos de infecção desta doença observados ao longo do ano

e que estão distribuídos na escala temporal definida na figura 8 . O início de cada

período está assinalado com um círculo oval, que corresponde ao dia em que ocorreu

infecção, e termina com a data prevista para o aparecimento das manchas. Estão

circulares de avisos com referência a esta doença.

Com as chuvas caídas no início de Abril muitas das vinhas já apresentavam

pampanos com mais de 10cm de comprimento, encontrando-se em condições de

serem atacadas por este fungo, que nesta altura já se apresentava maduro por toda a

região. Foi enviado um sms a 9 de Abril para tratarem com um produto de acção

curativa, e foi emitida uma circular a 11 aconselhando a tratarem o mais próximo

possível do dia 20, data provável do aparecimento das manchas e que coincidiu com o

início de novo período de infecção (20 a 28 de Abril) onde foi também enviado novo

sms para tratarem caso não o tivessem feito até ao dia 20.

SMS

20ABR 28ABR 27MAI 4 JUN

SMS SMS SMS SMS SMS

9ABR 20ABR 1MAI 10MAI 20MAI 29MAI 14JUN 22JUN 2JUL 8JUL 16JUL 22JUL

1 ABR 15 ABR 1 MAI 15 MAI 1 JUN 15 JUN 1 JUL 15 JUL 1 AGO

AVISO

11 ABRIL

AVISO

18 JUNHO

AVISO

26 ABRIL AVISO

4 MAIO

AVISO

21 MAIO

AVISO

5 JUNHO

AVISO

3 JULHO

AVISO

17 JULHO AVISO

31 JULHO

Figura 8- Períodos de infecção de míldio registados ao longo do ano de 2007.

Page 14: Estação de Avisos de Leiria

14

As chuvas de 30 de Abril, 1 e 2 de Maio, provocaram novas infecções. Foi

emitido novo sms para tratarem curativamente, e, no dia 4 de Maio o aviso referia que

as vinhas estavam muito vigorosas e muitas se encontravam desprotegidas,

aconselhando a tratar até ao dia 10, caso o não tivessem feito a quando do envio da

mensagem de telemóvel. Ainda não se tinham detectado manchas.

A 21 de Maio a indicação do aviso aconselhava a um tratamento geral devido

ao tempo instável que se fazia sentir. Esse tratamento cobriu o período de infecção de

27 de Maio a 4 de Junho.

No dia 5 de Junho a circular de aviso fazia referência à possível pioria de tempo

nesse fim-de-semana pelo que se aconselhava a tratarem preventivamente nas vinhas

só com manchas visíveis.

O período de infecção de 14 a 22 de Junho justificou a emissão de novo sms

para tratarem com produto de acção curativa e o aviso de 18 de Junho aconselhava a

tratarem de imediato antes da saída das manchas, caso o não tivessem feito. Referia-

se que já se podia utilizar o cobre. Este período de infecção despoletou ataques

particularmente intensos na folhagem nova e atingiu de uma forma generalizada

todos os postos de observação.

No dia 2 de Julho foi emitido um sms para tratarem a infecção que se estava a

iniciar, e no dia 3 o aviso alertava para os ataques intensos que se estavam a observar

na região aconselhando a tratar aplicando um fungicida misto com acção anti-

esporulante.

Novas chuvas em 15 e 16 de Julho causaram novas infecções. Foi emitido um

sms para tratarem com um produto de acção curativa. O aviso de 17 de Julho referia

que quem não tivesse efectuado este tratamento para proteger a vinha até 21 de

Julho, altura em que se previa o aparecimento das manchas, com um produto anti-

esporulante com cobre.

A 31 de Julho dado o elevado número de focos com fungo esporulado que se

observava, quer em cachos quer em folhas, apresentando-se aqui sob a forma de

míldio mosaico, aconselhava-se a tratar nessas vinhas com um produto de contacto à

base de cobre favorecendo assim também o atempamento das varas.

O míldio acabou por ser controlado ao nível dos cachos melhor do que se fazia

supor, embora nas folhas se tenha mantido incontrolável até ao fim da campanha.

Page 15: Estação de Avisos de Leiria

15

OÍDIO (Uncinula necator)

Este fungo tem sido, em anos anteriores, uma doença chave da cultura da vinha.

Em 2007 isso não se verificou, tendo sido o míldio a ocupar o seu lugar, no entanto,

foram efectuadas várias referências a esta doença ao longo da campanha.

Foram observados ataques de oídio em meados de Junho e em inícios de Julho

todos os postos manifestavam esta doença, que apesar das condições favoráveis

existentes nestes dois meses para o seu desenvolvimento, manteve-se em níveis

perfeitamente controláveis.

Aconselhou-se um tratamento a 3 de Abril à medida que as vinhas fossem

atingindo o estado fenológico F – cachos visíveis, utilizando de preferência o enxofre

em pó. Este tratamento foi reforçado a 26 de Abril, aproveitando o do míldio.

Aconselhou-se o enxofre em pó na floração/alimpa a 21 de Maio visto ser

benéfico no vingamento dos bagos devido ao aumento de temperatura que provoca

junto às sementes.

A fase de maior susceptibilidade a esta doença vai desde a floração/alimpa até

ao pintor, sendo o mês de Junho aquele onde as condições atmosféricas, manhãs

orvalhadas seguidas de tempo quente, são mais favoráveis ao desenvolvimento desta

doença. Neste mês foram emitidas três circulares de aviso com referência a esta

doença: a 5 de Junho aconselhando a tratar com produtos à base de enxofre ou

dinocape e a aplicar sistémicos em zonas onde a pressão da doença seja normalmente

elevada, mas desde que esta doença não se encontrasse instalada devido aos

fenónemos de resistência que isso pode causar; a 18 fazia-se referência ao sms

enviado a 14 de Junho para o tratamento do míldio onde se aconselhava a tratar

também para o oídio, referindo nesse aviso para tratarem nesta altura se o não

tivessem feito ainda; finalmente o aviso de 26 aconselhava a manterem a vinha

protegida com tratamentos preventivos.

As referência feitas a esta doença em Julho eram de manterem a vigilância e a

tratarem apenas as vinhas com problemas graves de oídio, evitando as horas de maior

calor.

Page 16: Estação de Avisos de Leiria

16

PODRIDÃO CINZENTA (Botrytis cinérea)

O ano decorreu bem em relação ao ataque deste fungo, embora tenham

ocorrido casos pontuais de ataques graves antes da colheita devido ao descuido em

relação aos tratamentos e ao facto de manterem a vinha muito fechada impedindo o

arejamento. A pouca chuva caída no final do ciclo vegetativo aliada à baixa incidência

de traça e ao oídio que não se manifestou de forma tão intensa como é habitual,

contribuíram para que esta doença se mantivesse em níveis controláveis.

A 21 de Maio as vinhas encontravam-se no estado fenológico floração/alimpa,

fase muito sensível devido ao risco do fungo poder ser arrastado para as sementes.

A 26 de Junho e nas castas mais sensíveis aconselhou-se outro tratamento

antes do fecho do cacho.

Com a entrada do pintor a sensibilidade a esta doença aumenta. A 31 de Julho,

a instabilidade do tempo na altura e os ataques de oídio justificaram a emissão de um

aviso.

Uma última recomendação foi aconselhada a 14 de Agosto apenas nas vinhas

onde se verificassem ataques de traça mais intensos e se o tempo decorresse chuvoso.

Nos nossos postos de observação foram detectados ataques de botrytis em

folhas em meados de Abril nas castas Aragonês, Fernão Pires e Touriga Nacional em

Leiria. Entre Maio e Julho foram detectados outros focos de infecção nos restantes

postos de observação mas sem gravidade.

ESCORIOSE (Phomopsis vitícola)

É uma doença em progressão na região que deixou de ser exclusiva de vinhas

velhas. A proliferação de viveiristas que vivem à margem da lei e que não cumprem os

requisitos necessários na produção de garfos sanitariamente isentos de doenças, tem

favorecido a disseminação desta doença. Vinhas com dois e três anos apresentam já

sintomas de escoriose comprometendo logo de início o vigor da videira, a sua

formação e o rendimento. A poda curta, a talão, a mais generalizada na região e a que

apresenta menos custos por não necessitar de empa, pode ser muito prejudicial para o

Page 17: Estação de Avisos de Leiria

17

rendimento da vinha uma vez que em árvores com escoriose, os gomos da base

podem não abrolhar e, a acontecer em talões, a produção fica logo comprometida.

A Primavera chuvosa que se fez sentir esta ano criou condições favoráveis ao

desenvolvimento desta doença, no entanto, não se considera que esta doença tenha

progredido muito devido à sensibilidade cada vez maior dos agricultores relativamente

a ela. Insistiu-se novamente nas medidas profilácticas na altura da poda de forma a

evitar a sua propagação e, tratamentos químicos preventivos no estado D – E – Saída

das folhas – folhas livres.

Informaram-se os agricultores das medidas profilácticas a implementar contra

esta doença em 24 de Janeiro onde se chamava a atenção para:

a) podar as videiras mais infectadas no fim, deixando nestas mais dois gomos

para o caso dos da base não rebentarem,

b) queimar a lenha da poda,

c) não enxertar com garfos infectados,

d) desinfectar com lixívia o material de poda depois de podar videiras

infectadas para videiras sãs.

Na luta química preventiva, aconselhou-se tratar a 22 de Março dando à

escolha duas estratégias:

a) duas intervenções com produtos não sistémicos (enxofre, folpete,

mancozebe, metirame, propinebe), sendo uma no estado D (saída das folhas) e outra

no estado E (folhas livres), ou

b) uma só intervenção com um produto sistémico (azoxistrobina, famoxadona +

fosetil de alumínio, folpete + fosetil de alumínio, mancozebe + fosetil de alumínio) no

estado E (folhas livres).

Page 18: Estação de Avisos de Leiria

18

2.4.2- POMÓIDEAS

PRAGAS

BICHADO (Laysperesia pomonella)

Esta praga continua a ser muito importante, mas desde que tratada na altura

oportuna não causa grandes prejuízos. Nos últimos anos o bichado tem mantido voos

ininterruptos durante toda a campanha e este ano não foi excepção (Fig. 9).

O voo iniciou-se a 16 de Abril em todos os postos biológicos e a 24 de Abril

foram detectados os primeiros adultos no insectário, no entanto, a baixa quantidade

de lagartas que foi possível reunir podem justificar este atraso. Esta situação tem-se

verificado nos últimos dois anos. Os casais que se colocaram em mangas de postura na

semana de 26 a 31 de Abril morreram possivelmente devido ao frio que se fazia sentir

ao final do dia e durante a noite, por essa altura, e que também foi responsável por

uma diminuição do voo a 2 de Maio.

Foi emitido um aviso a 4 de Maio referindo que estava a decorrer a primeira

geração da praga e para tratarem com um produto larvicida que combatesse em

simultâneo a cochonilha S. José. Este pico está mais ou menos bem definido e

compreendido entre 8 e 15 de Maio.

Page 19: Estação de Avisos de Leiria

19

Durante os meses de Maio e Junho o voo permaneceu abaixo das 6 capturas

semanais à excepção do posto das Cortes (Leiria) onde habitualmente ele é mais forte

e onde se faz com mais assiduidade a observação aos 1000 frutos. A 26 de Maio foi

emitido outra circular de aviso. O voo continuava baixo mas o número de frutos

bichados que até ao dia 13 era de 0% em todos os postos aumentou e embora não se

tenha atingido o Nível Económico de Ataque para esta fase (0,5 a 1%) as temperaturas

estavam muito favoráveis para o acasalamento e posturas tendo-se aconselhado a

aplicação de um produto de acção ovicida-larvicida ou daí a mais 3 a 4 dias um

produto larvicida.

A 17 de Julho a recomendação na circular do aviso era de que o voo

permanecia em níveis baixos, à excepção do posto das Cortes, mas era contínuo. Os

ventos sentidos nessa altura poderiam estar a dificultar o voo mas as temperaturas

crepusculares eram muito favoráveis às posturas e assim se iriam manter o resto da

semana pelo que se recomendou a observação dos 1000 frutos dando preferência aos

que se encontrassem encostados devendo tratar se detectassem entre 5 a 10 frutos

bichados. Esta recomendação foi reforçada em 31 de Julho.

No início de Agosto o nível de capturas de adultos subiu no posto de Porto de

Mós mantendo-se em níveis mais ou menos moderados nas Cortes. Pela observação

dos 1000 frutos só se atingiu o NEA por esta altura nas Cortes pelo que se aconselhou

um tratamento a 14 de Agosto se atingissem o NEA.

Por enquanto não se observa muita quebra de eficácia dos insecticidas

utilizados no seu combate.

LAGARTA MINEIRA (Phyllonorycter blancardella)

Confirma-se que desde que os pesticidas utilizados no combate a outras pragas

sejam oportunos, pouco agressivos para a fauna auxiliar e se rodem as famílias

químicas dos produtos, esta praga é perfeitamente controlável com poucos ou

nenhum tratamento.

Este ano e pela primeira vez, a lagarta manteve-se em níveis pouco

preocupantes e só se deu uma indicação durante a campanha para não tratarem. As

capturas nos postos de observação existiam (Fig. 10) mas em níveis que gradualmente

Page 20: Estação de Avisos de Leiria

20

têm vindo a descer de ano para ano tendo-se constatado que nos postos Cortes e

Porto Mós o voo desceu em determinadas alturas para metade.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

22-Mar

03-Abr

17-Abr

02-Mai

15-Mai

29-Mai

12-Jun

26-Jun

10-Jul

24-Jul

07-Ago

21-Ago

04-Set

18-Set

02-Out

16-Out

30-Out

N.º

de

cap

tura

s

P. Mós

Conqueiros

Cortes

Figura 10- Capturas de lagarta mineira pontuada em postos biológicos da região de Leiria em 2007.

MOSCA DA FRUTA (Ceratitis capitata)

O ataque desta importante praga não decorreu tão gravoso como no início se

chegou a prever. O voo teve início a 17 de Julho, um mês mais cedo comparativamente

a 2006, ficando acertado uma vez que no ano passado as capturas tiveram início um

mês mais tarde. O ataque verificado em prunóideas foi forte tanto nos pessegueiros

como em ameixeiras no entanto, pela observação da curva de voo nos nossos postos

(Fig. 11), em maçãs, à excepção do posto dos Conqueiros, ela foi significativamente

mais baixa comparativamente a 2006 apesar do voo ter-se iniciado mais cedo.

É característico nesta praga ela intensificar-se a partir de meados de Setembro,

altura em que a maioria das variedades de maçã na região estão a entrar na maturação

ou já se encontram maduras e ficam mais susceptíveis. Este ano essa tendência

manifestou-se a partir de meados do mês de Agosto mas com altos e baixos, à

excepção dos Conqueiros onde nitidamente as capturas aumentaram. Mesmo assim

em finais de Outubro e comparativamente a 2006, a intensidade de voo da mosca foi

mais baixa em todos os postos. Uma das razões para esta situação prende-se com o

facto desta praga ser bastante temida na região e estando ainda bem presente os

prejuízos sofridos em 2004 e 2005. Os agricultores estão muito sensibilizados e iniciam

Page 21: Estação de Avisos de Leiria

21

os tratamentos com alguma precocidade chegando a fazer 3 a 4 tratamentos. Os

nossos postos situando-se em propriedades privadas reflectem esta situação.

0

20

40

60

80

100

120

140

17-Jul

24-Jul

31-Jul

7-Ago

14-Ago

21-Ago

28-Ago

4-Set 11-Set

18-Set

25-Set

2-Out

9-Out

16-Out

23-Out

30-Out

6-Nov

Cortes

P. Mós

Conqueiros

N.º

capt

uras

Figura 11- Capturas de mosca da fruta em postos biológicos da região de Leiria em 2007.

Aconselhou-se um primeiro tratamento em 31 de Julho para as variedades mais

precoces de macieira quando já se havia detectado a presença da praga nesta cultura

e se referia que os ataques em prunóideas tinham sido gravosos.

A 14 de Agosto recomendámos um tratamento total uma vez que praticamente

todas as variedades mais predominantes na região tinham entrado na maturação.

Aconselhava-se a tratar se observassem 2 a 3 frutos picados em 150 observados.

A 10 de Setembro indicou-se novo tratamento, desta vez para as variedades

mais tardias, recomendando novamente a observação de 150 frutos. Já se tinham

observados frutos picados nas variedades da região sendo que em 17 de Setembro,

altura da colheita nos Conqueiros chegou-se a encontrar cerca de 15 frutos picados

por caixa, o que equivale sensivelmente a 15% de ataque o que é bastante elevado.

Nas Cortes e em Porto Mós o ataque da mosca cifrou-se em níveis mais reduzidos

rondando os 5% e os 3%, respectivamente.

Em todos os avisos emitidos se chamou a atenção para o cumprimento para

com os Intervalos de Segurança dos produtos uma vez que o ataque da mosca

acontece junto à colheita.

Page 22: Estação de Avisos de Leiria

22

COCHONILHA S. JOSÉ (Quadraspidiotus perniciosus)

Continua a ser uma praga interdita na comercialização da fruta e como tal de

tratamento obrigatório nos pomares onde está instalada. Com a saída do mercado do

metidatião, uma das substâncias activas que melhor a combate, poderá haver nova

dispersão e agravamento do ataque deste inimigo.

A cochonilha apresenta-se muito localizada quer na região, quer mesmo dentro

dos pomares, obrigando o agricultor a fazer observações de forma a ficar a conhecer e

a marcar as árvores contaminadas.

A 6 de Março, perto do início da rebentação, altura em que as formas

hibernantes estão mais sensíveis, deu-se a indicação para ser feito um tratamento

dirigido ao tronco e pernadas com óleo de verão a 4%.

Nesta Estação de Avisos o acompanhamento desta praga passa pela observação

das eclosões das jovens larvas conjuntamente com a temperatura média acumulada

acima dos 7,3ºC, a partir de 1 de Janeiro. A curva de voo dos adultos machos nunca se

conseguiu traçar por a armadilha sexual com feromona, por razões que

desconhecemos, não os capturar.

Colocaram-se as cintas armadilhas brancas à volta dos troncos no princípio de

Abril e apanharam-se as primeiras larvas no posto das Cortes seguido do de Porto Mós

respectivamente a 27 e 2 de Abril. A temperatura acumulada para essa altura era de

521,8ºC e 606,5ºC em duas EMAs localizadas em Leiria e Porto Mós, respectivamente,

situando-se o primeiro valor dentro do intervalo de valores estudado (500-525º) e o

segundo acima. A emergência deu-se logo de início com intensidade pelo que foi

emitido uma circular de aviso a 4 de Maio a referir a saída das larvas móveis e a

aconselhar a molhar bem os troncos. Em 2006 a saída das larvas deu-se aos 409º o que

nos levou a sugerir um estudo mais pormenorizado desta metodologia

A 13 de Junho verificou-se uma saída extemporânea de larvas, no posto das

Cortes que levou à emissão de novo aviso a 18 de Junho aconselhando a tratarem caso

observassem, com a ajuda de uma lupa de bolso, larvas móveis amarelas a passear

pelos troncos das árvores.

Page 23: Estação de Avisos de Leiria

23

A eclosão da segunda geração deu-se em meados de Julho mas foi muito fraca,

como vem sendo habitual. A temperatura acumulada rondava nessa altura os 1170ºC

em Leiria e os 1357ºC em Porto Mós, valores respectivamente abaixo e acima do

estudado -1270ºC- mas que não fogem muito daquele valor.

Todos os tratamentos são apenas dirigidos aos pomares onde se verifique a

presença da praga.

AFÍDEOS (Aphis spp.; Dysaphis plantaginea)

Dos vários piolhos que atacam as pomóideas o mais preocupante é sem dúvida

o cinzento devido à deformação que provoca nos raminhos terminais e que acaba por

os proteger dos tratamentos. A sua presença nos nossos postos de observação não

tem alcançado níveis preocupantes, no entanto, todos os anos fazemos referência a

este afídeo. A 11 de Abril a circular de aviso aconselhava à observação de 100 gomos

ou inflorescências e a tratar se 1% estivessem infestados. No piolho verde o NEA é de

15%.

Em Maio detectámos grandes infestações de afídeo verde ultrapassando o NEA

em todos os nossos postos de observação. Esta praga aprecia órgãos verdes e tenros e

a chuva ocorrida na Primavera favoreceu este desenvolvimento. A 21 de Maio a

circular de aviso aconselhava a observarem 100 rebentos e a tratar caso 15%

estivessem infestados. Nova chamada de atenção a 5 de Junho foi feita por se ter

continuado a observar ataques intensos desta praga. O tempo continuava chuvoso e

os pomares verdejantes.

ÁCAROS (Panonychus ulmi Koch)

Como vem sendo hábito, demos uma primeira indicação de tratamento a 6 de

Março dirigido às formas hibernantes de insectos e ácaros, numa altura em que o

abrolhamento estava próximo do início. As eclosões nas tabuinhas tiveram início na

segunda semana de Março mas com baixa intensidade e no campo em finais de Abril

foram detectadas algumas ninfas embora em níveis muito baixos. O pico das eclosões

Page 24: Estação de Avisos de Leiria

24

ocorreu na segunda semana de Maio, embora no campo não se tenha verificado este

facto, no entanto, como o seu controlo deve ser feito logo de início, aconselhou-se, a 4

de Maio, e apesar do tempo com chuva não ir muito favorável, a fazerem observações

a 100 folhas do terço inferior dos ramos e a tratar só se 50 a 75% das folhas estivessem

ocupadas, em macieira, e 40% na pereira. A 7 de Maio observou-se um ligeiro

aumento das populações no pomar das Cortes e a 14 nos Conqueiros. Apesar dos

pomares estarem verdejantes, a chuva não favorece o desenvolvimento desta praga

exercendo antes um efeito de lavagem

Só se voltou a referir esta praga a 31 de Julho recomendando vigilância através

da observação de 100 folhas e a tratar se observassem, com a ajuda de uma lupa de

bolso, 50 a 75 folhas ocupadas com formas móveis. Detectamos a sua presença nos

nossos pomares embora em níveis baixos. O tempo durante a campanha não lhe foi

favorável e os níveis populacionais nunca atingiram o NEA nos nossos postos de

observação. A aplicação de produtos à base de abamectina também têm contribuído

para manter a praga em níveis aceitáveis.

A 7 de Agosto voltou-se novamente a constatar um ligeiro aumento

populacional no posto das Cortes (Leiria) e a 14 nos Conqueiros. Neste mesmo dia foi

emitida uma circular referindo a baixa pressão desta praga mas para não descurarem

as observações a efectuar.

Este terá sido o ano onde esta praga causou menos problemas. Normalmente

os anos secos são mais favoráveis.

2.4.2-2- DOENÇAS

PEDRADOS (Venturia spp.)

Em 2007, o tempo durante a Primavera e na campanha, decorreu chuvoso o

que aliado ao inoculo deixado em 2006 criou condições óptimas para o

desenvolvimento desta doença.

No final da campanha os prejuízos não foram muito elevados porque os

agricultores estão já muito sensibilizados para esta doença e normalmente não

descuram os tratamentos. Apesar das oscilações de temperatura ocorridas no

Page 25: Estação de Avisos de Leiria

25

vingamento não se verificou uma baixa na produção porque a monda dos frutos incidiu

em frutos atacados com pedrado e os restantes compensaram no aumento de calibre.

As folhas de macieira com peritecas foram colhidas e colocadas no chão no final

de Outono de 2006 para se acompanhar a evolução do fungo em condições naturais. A

maturação das peritecas principiou na segunda semana de Março, mas só no início de

Abril foi generalizada a toda a região.

Na figura 12 apresenta-se um diagrama temporal com a sequência dos vários

períodos de infecção e os sms e avisos emitidos ao longo do ano à excepção do

primeiro e último aviso. Foram identificados 9 períodos de infecção de pedrado

(segmentos de recta) e calculados os respectivos períodos de incubação e

aparecimento de manchas. Os círculos ovais representam os dias em que ocorreram as

infecções.

O primeiro tratamento foi aconselhado no estado C3-D em 22 de Março para as

pereiras e variedades de macieira mais precoces. É um tratamento que habitualmente

se aconselha como forma de prevenção da doença.

A 1 e 2 de Abril ocorreram as primeiras chuvas contaminadoras. Pela curva de

Mills., a infecção era média e foi enviada uma mensagem em sms para fazerem um

tratamento curativo. A 3 de Abril o aviso referia que, quem não tivesse tratado para

aguardar por novas orientações, que foram dadas no aviso de 11 de Abril

aconselhando a protegerem os pomares até ao dia 17, altura prevista para o

aparecimento das manchas.

1 ABR 15 ABR 1 MAI 15 MAI 1 JUN 15 JUN 1 JUL 15 JUL 1 AGO

SMS

20 ABR 28 ABR

SMS

9ABR 24ABR 27MAI 4 JUN

SMS SMS SMS SMS SMS

1ABR 17ABR 1 MAI 10 MAI 20MAI 27MAI 14JUN 23JUN 2JUL 9JUL 16JUL 22JUL

AVISO

17 JUL

AVISO

31 JUL

AVISO

26 ABR

AVISO

3 ABR

AVISO

11 ABR

AVISO

18 JUN

AVISO

5 JUN

AVISO

21 MAI

AVISO

4 MAI

AVISO

3 JUL

Figura 12- Períodos de infecção de pedrado ocorridos em 2007.

Page 26: Estação de Avisos de Leiria

26

O período de infecção de 9 a 24 de Abril ficou coberto de várias formas: pelo

sms no início da infecção, ainda por quem tratou no sms anterior e, agora dependendo

do tempo de actuação do produto utilizado, por quem tratou juntou ao dia 17 de Abril.

A 20 de Abril novas infecções ocorreram, novamente intercaladas no período

da infecção anterior. Foi enviado outro sms para quem tivesse os pomares a

descoberto. Este tratamento também iria cobrir as infecções que ocorreram de 9 a 24

de Abril. O aviso de 26 aconselhava a tratarem de imediato se ainda o não tivessem

feito através de mensagem de telemóvel.

As chuvas de 30 de Abril e 1 de Maio provocaram infecções graves. O sms saiu a

2 de Abril para tratarem de imediato com produto de acção curativa. A 4 de Maio o

aviso fazia referência para tratarem até ao dia 10 se o não tivessem feito através de

sms e os pomares se encontrassem a descoberto.

As primeiras manchas foram detectadas nas Cortes (Leiria) a 30 de � ulho com

alguns dias de infecção.

As infecções de 20 e 27 de Maio ficaram protegidas através do aviso de 21 onde

se aconselhava a manterem o pomar protegido. Foi no fim deste mês que os ataques

de pedrado se generalizaram em toda a região.

O mês de Junho foi instável, tal como no ano passado. O aviso de dia 5 fazia

menção ao tempo instável que se previa para os próximos dias aconselhando a

manterem os pomares protegidos preventivamente. A 14 de Junho as infecções que

ocorreram justificaram a emissão de um sms nesse próprio dia. Previa-se que as

manchas ocorressem no dia 23 pelo que a 18 de Maio se fazia referência a tratarem o

quanto antes com um produto de contacto se se confirmasse melhoria do tempo.

Em � ulho havia pomares com fortes ataques de pedrado. O sms emitido a 2 de

Julho e o aviso a 3 era para tratarem os pomares que apresentassem manchas activas

a fim de evitar desfoleações e comprometer a maturação dos frutos.

Para finalizar os períodos de infecção assinalados, a chuva que ocorreu a 15 e

16 de Julho obrigou ao envio de mais um sms a 16 para um tratamento curativo e a

circular a 17 de Julho mencionava a tratarem até ao dia 22 com um produto de

contacto caso o não tenham feito através de mensagem de telemóvel.

O aviso de 31 de Julho mencionava a ocorrência de manchas esporuladas e

apenas esses pomares deveriam continuar a ser protegidos com produto de contacto.

Page 27: Estação de Avisos de Leiria

27

Finalmente, a 30 de Outubro, aconselhava-se nos pomares que tivessem sido

fortemente atacados por esta doença, a fazerem um tratamento à base de ureia a 5%

molhando bem as folhas da árvore e do chão.

As infecções de pedrado ocorreram de forma quase contínua sobrepondo-se

em algumas alturas. Esta doença manteve-se activa na cultura até bastante tarde e

causou prejuízos sérios nos pomares que não foram tratados nas fases de infecção e

com os produtos adequados, realçando a importância dos tratamentos terem de ser

oportunos. Quem seguiu as nossas indicações os estragos causados pelo pedrado não

foram significativos.

CANCRO (Nectria galigena)

Nos anos chuvosos e nas variedades mais susceptíveis sabe-se que esta doença

se desenvolve mais activamente.

Como não existem produtos que combatam esta doença, o modo de actuação

passa pela aplicação de medidas profilácticas que controlem a sua dispersão.

Foi dada uma primeira indicação para limpeza de feridas e aplicação de cobres

a 24 de Janeiro de forma a impedir a entrada dos esporos. A 6 de Março, como o ano

estava a decorrer muito chuvoso, reforçou-se a indicação do tratamento com cobre

antes do abrolhamento.

Em 30 de Outubro chamava-se à atenção para limparem e desinfectarem bem

as feridas existentes bem como novas provocadas pela poda. As feridas causadas pela

queda das folhas também são uma porta de entrada a este agente e que este

tratamento também vai proteger.

Page 28: Estação de Avisos de Leiria

28

2.4.3- OLIVEIRA

2.4.3.1- PRAGAS

TRAÇA DA OLIVEIRA (Prays oleae)

Esta praga tem 3 gerações distintas e o seu desenvolvimento está

estreitamente ligado à fenologia da cultura.

As larvas da geração filófaga começaram a aparecer em meados de Fevereiro,

altura em que terminam a fase mineira e começam a roer as folhas e os rebentos dos

ramos jovens para completarem o seu desenvolvimento. Este ano verificou-se uma

actividade superior ao que é habitual nesta fase. Na observação de 100 raminhos, o

número de galerias observadas atingiu um máximo em meados de Março, no entanto,

o tratamento a esta geração só se justifica em olivais novos por poder comprometer a

sua formação.

A primeira geração, a antófaga, decorreu entre fins de Março e finais de Maio

(Fig. 13) e foi um pouco mais intensa do que no ano anterior. Os adultos da geração

anterior fazem as posturas nos botões florais e as lagartas alimentam-se das peças

florais tecendo de seguida uma teia à sua volta para puparem. A oliveira floresceu

muito e apesar das condições de instabilidade que se verificaram na altura da floração

e que prejudicaram o vingamento em alguns olivais não se justificou a emissão de um

aviso até porque não se atingiu o NEA. Esta geração funciona como uma monda

natural dos frutos.

A segunda geração, a carpófaga, ataca os frutinhos provocando a sua queda

quer à entrada como à saída das larvas. Este tratamento deve posicionar-se logo a

seguir ao pico de voo antes da lenhificação do caroço. A indicação de tratamento deu-

se logo a seguir ao pico do voo, a 26 de Junho, tendo este sido mais fraco do que em

2006.

Tem-se verificado que os ataques de traça não causam prejuízos de maior na

região e os tratamentos só pontualmente se justificam, no entanto, dada a

complexidade das observações a efectuar, não é possível ao agricultor acompanhar a

praga sozinho pelo que, na dúvida, trata.

Page 29: Estação de Avisos de Leiria

29

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20

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22-M

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Alcanadas

Pombal

Alvaiàzere

Figura 13- Capturas de traça de oliveira em postos biológicos da região da Leiria em 2007.

MOSCA DA AZEITONA (Dacus oleae)

A mosca continua a ser a praga chave dos olivais da região. A curva de voo

deste ano (Fig. 14), comparativamente a 2006, revela um índice de capturas de adultos

nas armadilhas inferior, no entanto, registaram-se um maior número de azeitonas

picadas possivelmente devido ao facto de não se terem atingido os picos de calor

observados no ano anterior e que foram responsáveis pela elevada mortalidade de

ovos e larvas.

Nos nossos postos de observação o voo registou vários picos mas não chegou

às 70 capturas/semana, ao passo que em 2006 ultrapassaram-se as 200/semana no

posto das Alcanadas (Batalha).

Em fins de Julho o voo já era significativo em alguns dos nossos postos de

captura e a quantidade de ovos e larvas viáveis era já muito superior ao tolerado nas

Alcanadas, em Pombal e Alvaiázere, pelo que enviamos um sms a 27 de Julho para a

realização de um primeiro tratamento. Durante o mês de Agosto e Setembro fomos

observando que os olivais tratados apresentavam azeitonas picadas mas sem

evolução, ao passo que nos olivais não tratados a azeitona encontrava-se muito picada

com ovos e larvas vivas. Esta situação levou a que as recomendações de 14 Agosto e

10 de Setembro se dirigissem aos olivais que se encontrassem a descoberto.

Page 30: Estação de Avisos de Leiria

30

Em finais de Setembro verificou-se um elevado número de larvas já muito

desenvolvidas e de pupas o que indiciava um novo ciclo de ataque razão pela qual

aconselhámos uma intervenção no dia 27. Atendendo a que nas observações

realizadas em Outubro a praga permaneceu controlada e o voo também começou a

diminuir, mesmo nas zonas onde a colheita é mais tardia, atendendo, também, ao

estar a aproximar-se a colheita e aos cuidados a ter com o intervalo de segurança dos

produtos, principalmente à base de dimetoato que é o mais usado, e finalmente, ao

facto da azeitona começar a ser colhida nos finais de Outubro na zona de Leiria e Porto

de Mós, não se considerou necessária a realização de mais nenhuma intervenção.

O panorama desta praga não foge ao observado em anos anteriores. Quem

trata tem azeitona de boa qualidade e azeite de baixa acidez, quem não trata tem

muita queda de fruto e azeite de péssima qualidade.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

N.º

de

ca

ptu

ras

Alcanadas

P.Mós

Pombal

Alvaiàzere

Figura 14 - Capturas da mosca da oliveira em postos biológicos da região de Leiria em 2007.

CARUNCHO (Phloeotribus scarabaeoides Bernard)

Não foi um ano onde os ataques desta praga se tivessem observado de uma

forma especial como em anos anteriores. Os agricultores começam a ter a noção

correcta de que deixar a lenha da poda no olival é fomentar o desenvolvimento desta

praga.

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31

Não existem produtos químicos homologados para o combate do caruncho,

passando o seu controlo pela aplicação de medidas culturais. Nesse sentido foi

aconselhado um tratamento a 6 de Março para retirarem e queimarem a lenha da

poda deixando alguma como isco até se observar o serrim, sinal da sua actividade,

queimando de seguida antes dos adultos saírem para atacar a rebentação nova na

axila dos ramos, comprometendo a formação a produção, principalmente em árvores

jovens.

COCHONILHAS

As cochonilhas que se acompanharam com mais atenção no olival são o

algodão e a cochonilha negra. Ambas devem ser combatidas respectivamente antes da

formação do algodão e da carapaça que as protege contra os tratamentos impedindo

que os produtos as atinjam directamente.

O algodão tem cerca de uma a três gerações por ano e inicia a sua actividade

em fins de Fevereiro início de Abril. A 3 de Abril deu-se indicação para tratarem caso

observassem mais de 25% de inflorescências atacadas em 120 observadas

pulverizando em alta pressão sobre as colónias com produtos à base de dimetoato. A 4

de Maio reforçou-se esta indicação.

O tratamento da cochonilha H, que habitualmente apresenta uma geração/ano,

passa pela detecção da saída das larvas e deve incidir quando se atinge o pico da sua

saída para abranger um maior número de larvas. Quando estas se fixam e começam a

ganhar a carapaça ficam imunes aos tratamentos. São marcados alguns ramos com

fêmeas adultas para facilitar a detecção daquele momento. Este ano o aviso saiu a 18

de Junho, cerca de 2 semanas mais cedo que o do ano anterior tendo-se aconselhado a

observarem as pequenas larvas junto às fêmeas adultas. Esta eclosão poderá demorar

cerca de 3 semanas, portanto, em olivais muito atacados poderá justificar um segundo

tratamento.

Os ataques desta praga são pontuais e controláveis, apesar dela se encontrar

em progressão nesta região. O ferrujão que ela provoca, devido à formação de

fumagina, é responsável por uma diminuição da produção por interferir com a

fotossintese dificultando que a seiva elaborada chegue a todos os órgãos da árvore.

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32

2.4.3.2- DOENÇAS

GAFA (Gloeosporium spp)

O ano de 2007 a partir de Agosto tornou-se seco, não facilitando o

estabelecimento desta doença que necessita de água da chuva para dissolver a massa

gelatinosa que envolve os esporos deixando-os livres para efectuarem as

contaminações. O ano foi de pouca gafa que se traduziu na boa qualidade de azeite na

região, contrariamente ao que aconteceu em 2006, onde a queda de chuva de forma

contínua provocou graves ataques em zonas do país onde habitualmente ela não é

problema.

Como o ataque em 2006 foi intenso e esta doença permanece nas árvores e

nos frutos caídos, de um ano para o outro, aconselhámos a realização de um

tratamento a 10 de Setembro mas só quando ocorressem as primeiras chuvas de

Outono, com um produto à base de cobre.

A 27 de Setembro, quando a azeitona começava a mudar de cor nos olivais

mais precoces tornando-se mais susceptível aos ataques desta doença, tornou-se

novamente a recomendar um tratamento preventivo à base de cobre aconselhando os

agricultores a permanecerem atentos às previsões do tempo e intervirem antes das

chuvas. A 30 de Outubro, apesar de não encontrarmos gafa em condições naturais,

isto é, no campo, ela desenvolvia-se em estufa em frutos humedecidos a partir do

inóculo deixado do ano anterior, pelo que se fez uma última recomendação aqui já

para os olivais de colheita mais tardia.

OLHO DE PAVÃO (Spiloceae oleagineae)

Esta doença desenvolve-se melhor com a Primavera e Outono chuvosos. A

Primavera foi chuvosa mas o Outono foi seco equilibrando a incidência desta doença.

Alguma desfoleação observada no início vegetativo, bem como contaminações que

permaneceram latentes durante o Verão, não se manifestaram de forma intensa no

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33

final do ciclo da cultura. Por outro lado, a variedade galega apresenta-se muito

resistente.

Foi aconselhado um tratamento a 6 de Março com produtos à base de cobre ou

zirame e reforçado a 3 de Abril devido ao tempo muito propício ao desenvolvimento

desta doença. A variedade cobrançosa está muito difundida pela região e é muito

susceptível aos ataques deste fungo.

No Outono, as recomendações dadas para a gafa referiam esta doença, uma

vez que a base dos produtos é praticamente a mesma aconselhando-se a aplicação de

uma formulação de cobre que combatesse as duas doenças. Os avisos coincidem com

os emitidos para a gafa: 10 e 27 de Setembro e 30 de Outubro.

CERCOSPORIOSE (Cercospora cladosporioides)

É normalmente no Outono que esta doença ganha expressão ficando a página

inferior das folhas enegrecidas e a página superior amarelecida ocorrendo depois a

desfoleação. Este ano devido à Primavera chuvosa começaram a verificar-se fortes

ataques de cercospora no cedo. A recomendação para o olho de Pavão de 3 de Abril

fazia referência a esta doença.

No Outono a recomendação de 30 de Outubro para a gafa fazia também

referência a esta doença. Não se fazem tratamentos exclusivos para a cercospora uma

vez que os produtos que combatem a gafa a controlam. Considera-se importante a sua

referência para a sua correcta identificação. A variedade galega é susceptível a esta

doença principalmente em zonas húmidas como é o caso dos olivais da região de

Ansião.

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2.5 – Balanço fitossanitário

Quadros resumo dos tratamentos

Nos quadros n.º 1, 2 e 3 estão indicadas as datas em que foram emitidos avisos

com referência, respectivamente, aos inimigos da vinha, pomóideas e olival,

abrangendo todas as estratégias de luta. Estão definidos o número de tratamentos

para cada inimigo. Os tratamentos condicionados estão identificados por um asterisco

(*) e M.P. significa medidas profilácticas.

Quadro 1- Quadro resumo das datas dos avisos referentes à vinha na campanha de 2007.

Data/

inimigo

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de

trat.

Míldio 11*

26

4

21

5*

18

3

17

6+2*

Escoriose M.P.

24

22* M.P. +

1*

Botrytis 21* 26 31 14* 2+2*

Oídio

3

26

21 5, 18

26

3*

17*

6+2*

Traça 18 14 10* 2+1*

Coch.

Algodão

24* 6* 18* 3*

*-Tratamento condicionado

M.P. –Medidas Profilácticas

Quadro 2 - Quadro resumo das datas dos avisos referentes às pomóideas em 2007.

Data/

Inimigo

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de

trat.

Cancro 24 6* 30 2+1*

Pedrado 22* 3, 11

26

4, 21 5, 18 3, 17

31*

30*

Aranhiço

vermelho

INV

(6)

4* 5* 31* 14* 1 (INV)+4*

Piolhos INV

(6)

11* 21* 5* 1+3*

Coch. S. INV 4* 18* 17* 1+3*

VINHA

Pomóideas

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José (6)

Bichado 4 26 17*

31*

14* 2+3*

Lagarta

Mineira

0

Mosca da

Fruta

31* 14* 10* 3*

Antónomos 0

* -Tratamento condicionado

INV. -Inverno

Quadro 3- Quadro resumo das datas dos avisos referente ao olival em 2007.

Data/

Inimigo

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de

trat.

Cercospori-

ose

3 30 2

Gafa 10

27

30 3

Olho de pavão 6 3 10

27

30 4+1*

Mosca 31

14 10

27

3+1*

Traça 26 1

Caruncho MP

(6)

MP

Coch. negra 18 1

Coch. Algodão 3* 4 1+1*

M.P.- Medidas Profilácticas

3- OUTRAS ACTIVIDADES

3.1- Condicionamento da vinha

Em 2007 continuámos a assegurar o serviço do condicionamento do plantio da

vinha na região de Leiria. Assim que se soube que iria ser subsidiado o arranque

definitivo da vinha, começou a haver uma afluência enorme de viticultores ao serviço a

fim de saberem se podiam beneficiar da mesma. Até ao fim do ano a medida ainda não

tinha saído, mas a afluência continua a ser muito grande.

Oliveira

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36

3.2- Controlo de condicionalidade

Em Outubro de 2007 a equipa da Estação de Aviso Agrícolas de Leiria foi

convocada para prestar ajuda nos Controlos de Condicionalidade Ambiental,

directivas: lamas e produtos fitofarmacêuticos. Foram feitos 40 controlos nos

concelhos de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Leiria, Montemor-o-Velho, Penela, Porto de

Mós e Soure.

Este serviço ocupou a equipa dos avisos até 31 de Dezembro impedindo-a de

finalizar de forma atempada o relatórios de actividade dos avisos bem como os dos

ensaios da medida 8 acção 8.2 do Programa AGRO (mosca da fruta, mosca da azeitona,

olho de pavão, cochonilha S. José e traça da oliveira).

3.3 - Concurso “A melhor vinha – 2007”

À semelhança do concurso decorrido em 2006, o Plano de Acção para a

Vitivinicultura da Alta Estremadura para a fruticultura promoveu novamente esta

iniciativa abrangendo os concelhos de: Leiria, Batalha e Porto Mós, que teve como

objectivo a melhoria das práticas culturais conducentes ao aumento da qualidade das

uvas produzidas na área dos concelhos da Alta Estremadura. Pretendia-se premiar as

explorações vitícolas que pela sua apresentação e gestão técnica ao longo do ciclo

vegetativo da videira fossem uma referência na região e promover um aspecto

pedagógico através do intercâmbio de conhecimentos entre técnicos e participantes.

As parcelas de vinha a concurso teriam que estar legalizadas, ter mínimo de 4

anos, uma área mínima de 0,5 ha, estarem aramadas e possuírem castas autorizadas

para Vinho Regional Estremadura e/ou VQPRD Encostas de Aire. Das 8 parcelas

inscritas, 7 cumpriam estes requisitos mínimos.

Os critérios de avaliação exigidos prendiam-se com a condução e qualidade do

maneio do coberto vegetal, a cargo da Comissão Vitivinícola Regional da Estremadura

(CVRE) e da Estação Vitivinícola da Bairrada, e com o aspecto fitossanitário, a cargo da

Estação de Avisos de Leiria. Estas três entidades completam o júri técnico.

Esta Estação de Avisos realizou com os outros membros do júri técnico, 2 visitas

às vinhas a concurso: em Julho e em Setembro onde foi avaliado a incidência de traça,

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a podridão, míldio, oídio, cochonilha e escoriose e atribuída uma classificação final

para cada vinha.

3.4- Acções de sensibilização / Divulgação das metodologias utilizadas

nos avisos

A Estação de Avisos de Leiria interviu em diversas acções de

sensibilização/divulgação que visaram o esclarecimento de algumas metodologias

aplicadas por esta Estação de Avisos:

- 3.º Encontro da Estação de Avisos de Leiria – 14 de Março – St. Antão - Batalha

- Pragas e doenças da vinha -18 de Maio – Estabelecimento Prisional de Leiria

- Pragas e doenças do olival – 21 de Novembro- Santiago da Guarda

- Importância da prevenção no contolo do olho de pavão e da gafa – 12 de Dezembro –

Viseu

3.5 – Ensaios inseridos na candidatura da ex-DRABL ao Programa Agro

No âmbito da candidatura da ex- DRABL à acção 8.2 – Medida 8 do Programa

AGRO que visou a Modernização e Reforço da Capacidade do Serviço Nacional dos

Avisos Agrícolas, a Estação de Avisos de Leiria participou em vários ensaios

respeitantes às seguintes culturas e inimigos:

OLIVAL – Tentativa de Validação de um modelo de somatório das temperaturas

aplicado à traça da oliveira.

- Validação e simplificação das metodologias de previsão relativamente ao olho

de pavão.

- Estudo do método de captura em massa, como método biotécnico alternativo

ao controlo da mosca da azeitona.

POMÓIDEAS – Validação da metodologia de previsão da cochonilha de S. José

pelo somatório de temperaturas existentes, e a sua adaptação à região.

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- Estudo comparativo de dois métodos de captura em massa com recurso a

garrafas de polietileno e copos tephry no controlo da mosca da fruta.

Estes trabalhos foram fruto de relatórios à parte.

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