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ESTADO DA FORMAÇÃO NA ORDEM RELATÓRIO DE PESQUISA ORDEM HOSPITALEIRA S. JOÃO DE DEUS

ESTADO DA FORMAÇÃO NA ORDEM · 2008-11-03 · Podemos verificar que o estudo revela luzes e sombras. ... e de exprimir a nossa vida consagrada e hospitaleira. ... sociológica centrada

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FICHA TÉCNICA

TituloEstado da Formação na Ordem - Relatório de Pesquisa

AutorProf. Pe. Renato Mion, SDBInstituto de Sociologia, Faculdade de Ciências da Educação da Universidade Pontifícia Salesiana de Roma

Imagem da CapaOnófrio Bramante. Montemor-o-Novo

Ano2008

EdiçãoEditorial HospitalidadeProvíncia Portuguesa da Ordem Hospitaleira de S. João de DeusRua S. Tomás de Aquino, 201600-871 Lisboa

Tiragemxxx exemplares

DesignConnect International

Impressão e acabamentoxxx

Depósito Legalxxxxxx/xx

ESTADO DAFORMAÇÃO NA ORDEM

RELATÓRIO DE PESQUISA

ORDEM HOSPITALEIRA S. JOÃO DE DEUS

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Ordem HOSPITALeIrA de S. JOÃO de deUS

A Ordem HOSPITALeIrA de S. JOÃO de deUSPerANTe OS deSAFIOS dA SOCIedAde

INTerrOGA-Se e PrOJeCTA-Se

reLATÓrIO de PeSQUISASOBre O eSTAdO dA FOrmAÇÃO NA Ordem

Cúria Geralroma, 2006

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Esta PESQUISAfoi realizada por duas Comissões de Irmãos,

com a consultadoria e a análise técnico-científica doProf. Pe. Renato MION, Sdb

Instituto de SociologiaFaculdade de Ciências da Educação

da Universidade Pontifícia Salesiana de Roma.

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APreSeNTAÇÃO

1. É com grande satisfação que apresento o documento intitulado “Estado da Formação na ordEm” (EFO), que se pode considerar uma “fotografia” e “radiografia” que resulta da investigação sociológica promovida pela Cúria Geral com o propósito de estudar e aprofundar a melhoria qualitativa da pastoral vocacional e a formação a partir da análise de seis áreas específicas relativas à vida dos Irmãos e à missão da Ordem.

Todos sabemos que o tema da pastoral vocacional e da formação dos Irmãos jovens exige um cuidado especial, nos dias de hoje e no futuro. Hoje é muito grande a nossa preocupação pelas novas vocações e a nossa posição consiste em promovê-las e em sermos capazes de as formar bem (cf. Carta Circular “Seguindo as pegadas de João de Deus”, 2.2.2004). O documento que agora apresentamos pode-nos dar pistas para promover de modo harmonioso, sistemático e progressivo o crescimento e o amadurecimento vocacional de quantos se sentem chamados a compartilhar connosco a vida de Irmãos de S. João de deus na Igreja e ao serviço do homem e da mulher que sofrem num mundo globalizado.

2. Para facilitar a compreensão do texto é necessário conhecer o contexto no qual ele foi realizado: para isso, vou referir-me à sua origem, às etapas por que passou e a como se desenvolveu, até se tornar no documento final.

Na Assembleia de Superiores Maiores realizada em Tagay-Tay (Filipinas), em dezembro de 2003, foi levantada a questão sobre a realidade das vocações e da formação na Ordem. O Definitório Geral, com três Provinciais e um delegado para a Região da Ásia--Pacífico, na reunião de 19 e 20 de Janeiro de 2004, entre outros temas, abordou a pastoral vocacional e a formação, à qual fiz referência na referida Carta circular de 2 de Fevereiro de 2004, convidando a reflectir sobre o grande desafio que a Ordem tinha pela frente, e afirmando que era urgente assumi-lo como linha de

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acção prioritária (cf. n. 7. 5) face à convicção de que o futuro da Ordem depende em grande parte das novas vocações que formos capazes de promover, acolher e formar.

No Outono do mesmo ano o Definitório aprovou a proposta de levar a cabo um estudo aprofundado do tema e, para o realizar, foi nomeada uma comissão de trabalho composta por um Conselheiro Geral, quatro Irmãos, em representação das áreas geográficas da Ordem, e a consultoria de um perito externo. A Comissão, em duas reuniões sucessivas (dezembro de 2004 e Fevereiro de 2005) lançou as bases do estudo, prosseguido por uma segunda Comissão integrada por três Irmãos italianos e um espanhol.

Após vários meses de trabalho foi elaborado um Questionário, com 54 perguntas, enviadas aos 1362 Irmãos então presentes na Ordem; responderam ao questionário 1012 Irmãos, um número que é considerado bastante significativo e indicativo da importância do tema e do interesse com que foi enfrentado.

3. da análise feita pelo Instituto de Sociologia da Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, partindo de trinta variáveis diferenciadas, resultou o documento objecto desta apresentação que colocamos agora à disposição de toda Ordem. O seu conteúdo, além da introdução e da conclusão, compreende sete capítulos, sendo o último um apêndice com a síntese das respostas livres que os Irmãos deram à pergunta nº 54.

No primeiro capítulo, o documento apresenta aspectos gerais da análise estrutural e orgânica da Ordem; o segundo e terceiro capítulos referem-se à identidade carismática em duas áreas fundamentais para nós: a consagração e a missão; o quarto e quinto capítulos mostram elementos importantes relativos ao estilo de vida da comunidade e à formação dos formadores. Por fim, os capítulos sexto e sétimo vertem sobre a pastoral vocacional, em duas direcções, não paralelas mas complementares, denominadas, respectivamente, A Voz dos Irmãos, Fenomenologia e Perspectivas.

4. A Ordem, desde o Fundador, teve sempre uma consciência constante e viva da sua vocação e missão na Igreja ao serviço da hospitalidade; manteve sempre numa atitude vigilante e esteve em processo de mudança perante os desafios e exigências de cada tempo e lugar. Agora, e “face aos desafios da sociedade, interroga-se e projecta-se para o futuro”, com uma esperança sempre renovada. Nesta perspectiva, levou a cabo o estudo sobre o estado e a realidade da formação como uma estratégia que nos permite olhar “para dentro” e conhecer a nossa realidade nas áreas abordadas por este estudo de investigação.

O conhecimento desta realidade abre-nos à esperança e motiva--nos a procurar pistas que nos ajudam a transformar, melhorar e planificar o futuro. No final do sexénio, repito uma vez mais aos meus Irmãos que só quem tem esperança pode pensar nas coisas novas para conseguir reproduzir com coragem a audácia e a criatividade que S. João de Deus teve por causa da fidelidade ao carisma.

As técnicas utilizadas no presente estudo, e outras a que possamos recorrer para fazer um exame judicioso que nos leve a assumi--lo, são meios preciosos para potenciarmos as nossas energias pessoais, comunitárias e institucionais, mas principalmente para descobrirmos o que o Espírito nos está a pedir, como Ordem que vive e se esforça num mundo e numa sociedade que muda e se transforma.

5. Uma síntese do documento foi apresentada aos participantes no LXVI Capítulo Geral. Podemos verificar que o estudo revela luzes e sombras. As luzes iluminam o caminho da nossa família joandeína e convidam-nos a não perder o horizonte daquilo que a Ordem é chamada a ser, hoje, na sociedade e na Igreja. Por sua vez, as sombras exigem de nós uma mudança de visão e interpelam-nos à conversão.

6. A escassez de vocações nalgumas áreas geográficas da Ordem, por um lado, e, por outro, o assumir e incorporar novas realidades convidam-nos a fazer uma leitura à luz da fé, a não nos cansarmos de lançar as redes e pedir ao senhor da messe que envie trabalhadores

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para a sua vinha hospitaleira. Tudo isso está a fazer despertar a Ordem de um sonho, porque para as novas vocações é necessário preparar e proporcionar uma outra forma de ver, de interpretar e de exprimir a nossa vida consagrada e hospitaleira. Temos que preparar novos cenários no estilo de vida das comunidades, temos que aplicar o plano de formação coerentemente com o actual Projecto Formativo.

É urgente que toda a Ordem se levante para assumir os desafios que a pastoral vocacional e a formação estão a exigir de nós nos dias de hoje, e que prepare o futuro da hospitalidade. Por isso, o que agora se espera das Províncias, das delegações Gerais, das Comunidades, de cada Irmão e dos Colaboradores mais sensíveis, é que nos apliquemos com esforço e simplicidade, para vivermosem profundidade o carisma e realizarmos a missão com a visão e o espírito de João de deus.

�. Concluo esta apresentação sublinhando que a “realidade da formação na Ordem” não é apenas mais um documento. Pelo seu conteúdo, este documento é importante, como meio de confronto e de avaliação, para fazermos as necessárias mudanças que a realidade nos pede. Requer de todos responsabilidade e co-responsabilidade, porque todos precisamos de mudar e de melhorar, todos precisamos de crescer nos valores genuínos da Ordem, em fidelidade à vocação de consagrados a Deus como seguidores de Cristo ao serviço da missão. Cada um de nós pode ser uma proposta vocacional e dar um contributo que ajude a crescer os Irmãos que o Senhor continua a chamar e que se encontram no seu processo formativo.

Com um agradecimento a todos os Irmãos da Ordem, quero também agradecer de modo especial aos Irmãos Luís Maria Aldana, Richard binder, Ildefonso de Castro, billy Gutiérrez, León Mbengue, Jesus Etayo, benedetto Possemato, dario Vermi e Salvino Zanon, membros da primeiro e segunda Comissões, que trabalharam com zelo e de modo generoso durante dois anos. Agradeço igualmente ao Professor Pe. Renato Mion, Sdb, e aos seus Colaboradores, pelo trabalho técnico e pela análise sociológica que levaram a cabo.

Este Governo Geral, como um dos últimos actos do sexénio que está a terminar, apresenta a toda a Ordem este trabalho e coloca-o sob a protecção da Virgem Maria, no dia em que todos os membros do Capítulo visitam o Santuário de Nossa Senhora do bom Conselho, em Genazzano (Itália). Pedimos a S. João de deus e aos outros nossos Santos e beatos que nos acompanhem, agora e na nossa caminhada na hospitalidade rumo ao futuro.

Roma, � de Outubro de 2006Memória de Nossa Senhora do Rosário

Ir. Pascual Piles FerrandoSuperior Geral

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INTrOdUÇÃO

Uma radiografia para a inovação: radicados no passado e projectados no futuro

para uma renovação da Ordem

Entrámos há pouco tempo no novo milénio e os desafios da sociedade contemporânea pressionam cada vez mais as Instituições eclesiais no sentido daquela renovação, quer da vida espiritual quer apostólica, que foi iniciada pelo Concílio Vaticano II através da reforma das Constituições de cada Congregação e Ordem Religiosas. Parar para fazer uma primeira verificação geral do caminho empreendido constitui o começo de um processo fecundo de análise e actualização que a Ordem Hospitaleira dos Irmãos de S. João de deus já começou a aprofundar tendo também em vista o Capítulo Geral; agora, e além disso, propõe-se verificar também, experimentalmente, esse mesmo caminho, mediante uma investigação sociológica centrada no estado da formação na Ordem e nas vias possíveis a empreender para uma pastoral vocacional mais efectiva.

Valor desta investigação sociológica

O Relatório que aqui apresentamos pretende ser uma radiografia atenta e pontual, uma leitura de fundo e de valor, aprofundada e detalhada, sobre situações reais específicas da Ordem, observadas através de critérios rigorosos de objectividade científica ao redor dos conteúdos sugeridos e concordados em conjunto com os Superiores religiosos, que exploraram as dimensões fundamentais da vida religiosa dos Irmãos de S. João de deus (Irmãos) e da sua actividade apostólica.

Será estruturado logicamente de acordo com uma distribuição por temáticas globais abrangendo os vários sectores da vida e do trabalho desenvolvido pela Ordem na formação dos seus membros e nos diferentes âmbitos do seu serviço apostólico na Igreja: de modo particular, será examinada a dimensão formativo-vocacional subjacente a todas estas preocupações. Segundo esta linha, serão também distribuídos os capítulos do presente Relatório.

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O valor de uma investigação sociológica, cientificamente elaborada, não é de somenos importância em qualquer âmbito da vida social, em geral, mas, acima de tudo, se for aplicada à vida religiosa, oferece elementos indubitáveis de avaliação e juízo, tendo em vista as decisões que deverão ser tomadas pelos responsáveis, ao nível central, nas sedes mais oportunas. E apesar de muitos aspectos já poderem ser conhecidos e terem sido identificados, mesmo no plano de uma simples intuição, a investigação sociológica permite contudo dar-lhes um fundamento e problematizá-los objectivamente, de modo que esse mesmo conhecimento, além de se tornar mais seguro, pode encontrar novas orientações de resposta e resolução que a própria pesquisa analítica pôs em evidência nas duas perspectivas de análise crítica e de proposta metodológica: trata-se de sombras e luzes que deverão ser aprofundadas num debate mais cuidadoso, para lhes reduzir as limitações e potenciar os seus recursos.

A investigação permite de facto apoiar as próprias bases em fundamentos sólidos, em dados objectivos, todos eles expressos pelos Irmãos que se confrontaram com um mesmo instrumento de discussão e pesquisa. Isto permitiu superar o nível das simples suposições subjectivas ou conjecturas, das opiniões óbvias, do “ouvi-dizer”, ou das mais variadas sensações que cada um pode ter, vivenciar e transmitir nas mais diversas situações quotidianas.

de facto, a pesquisa garante a objectividade de resultados e a separação de interpretações, também pelo facto de ter sido encomendada a um Instituto de investigação que tem uma longa experiência profissional reconhecida, mas, acima de tudo, pode garantir aquela neutralidade de juízo feita por um observador externo que lê, avalia e valoriza os seus resultados, sem os manipular para seu uso e consumo, uma vez que não tem interesses directos nessa avaliação. Ao mesmo tempo, ela reflecte directamente os juízos, as avaliações, as percepções e as orientações dos Irmãos que, presentes nas várias regiões e segundo a sua própria sensibilidade, tiveram a possibilidade de se exprimir livremente sobre os temas mais candentes da Ordem – de modo especial, as vocações e a vida religiosa interna.

O que emergir da pesquisa será por conseguinte um dado garantido e fundamentado, uma fotografia no estado da Ordem, como ela é vista pela maior parte dos Irmãos que responderam com a mais absoluta liberdade de juízo e expressão, garantida para além do mais pelo anonimato que

sempre preside a este tipo de investigações. A partir destes dados, será, pois, não só necessário mas também oportuno proceder a reflexões individuais e a discussões comunitárias de aprofundamento, para as enriquecer com novas achegas, individual e colectivamente, especialmente por parte de quantos se esforçam por dar uma interpretação razoável aos factos. dependerá de nós conseguir torná-los mais eloquentes e contextualizados, na tentativa de lhes dar uma explicação plausível, hipotética e razoável, quer relativamente às suas causas quer acerca dos seus efeitos e circunstâncias.

A pesquisa pode portanto constituir para o Capítulo Geral da Ordem Hospitaleira de S. João de deus, e para todas as comunidades, uma contribuição essencial de base, detalhada, objectiva, global, enriquecida por numerosas tabelas e gráficos ilustrativos, que podem favorecer as necessárias decisões capitulares. Mais que isso, ela pode constituir uma base sólida para ulteriores aprofundamentos e desenvolvimentos reformadores, não só no futuro imediato, mas também numa sucessão gradual de intervenções a longo prazo.

A investigação preliminar: o itinerário percorrido

A investigação preliminar foi preparada no primeiro semestre de 2005 por uma longa série de reuniões bilaterais entre o Conselheiro Geral responsável pela pastoral vocacional da Ordem, com as duas Comissões internacionais instituídas ad hoc, e os professores da equipa de trabalho do instituto de Sociologia da Universidade Pontifícia Salesiana. O trabalho em comum procurou analisar o projecto proposto, discutir, operacionalizar os objectivos propostos pela Ordem, a natureza dos problemas e os temas a serem enfrentados, a formulação das perguntas do questionário, para serem traduzidas, de modo que, no final, tudo correspondesse melhor e mais efectivamente às exigências de qualidade e à necessária eficiência. As numerosas reuniões de estudo e trabalho, a colaboração cordial, fecunda, aberta e rica mantida com as Comissões delegadas para este trabalho, permitiram que se chegasse à redacção definitiva do questionário que foi depois enviado a cada Irmão nas diferentes regiões nas quais a Ordem está presente, de forma que cada um tivesse a oportunidade de expressar livremente a própria opinião sobre questões cruciais e contribuir assim para o melhor êxito do Capítulo Geral.

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Principal objectivo da investigação

O principal objectivo da investigação consistia em analisar e aprofundar o estudo da melhoria qualitativa da formação e da pastoral vocacional na Ordem.

Obviamente, nesta perspectiva, a questão não se podia restringir apenas a uma função meramente prática de técnicas e estratégias. Implicava necessariamente uma série de outros objectivos particulares, de não menor importância, que foram desenvolvidos no estudo de aprofundamento sobre a identidade profunda da Ordem, a própria qualidade da vida religiosa dos Irmãos, a expressão concreta da consagração e missão, o estilo de vida fraterna no âmbito da Comunidade de pertença e a eficácia da acção apostólica confiada a cada uma delas. Tudo isso foi expresso na estrutura do questionário, subdividido em diferentes áreas de análise.

Áreas problemáticas que foram objecto da análise: o questionário

Nesta perspectiva, o questionário definitivo, elaborado pela Comissão dos Irmãos de S. João de deus, acabou por ser estruturado em seis áreas temáticas principais, distribuídas por 54 perguntas articuladas em função dos conteúdos a estudar e dos vários sectores de análise que se pretendia aprofundar na pesquisa.

A primeira secção de análise procurou, pois, recolher as informações gerais de cada um dos entrevistados que mais poderiam interessar a fim de especificar, qualificar e diferenciar cada vez mais analiticamente as respostas, segundo as regiões de origem, a idade, os anos de profissão religiosa, a actual condição religiosa de cada um, o seu respectivo papel, as habilitações académicas obtidas, a orientação da disponibilidade das próprias competências em função da formação na Ordem.

A segunda secção dizia respeito à identidade da consagração, expressa nas motivações originárias da própria escolha religiosa, no exercício dos votos religiosos, nas dificuldades encontradas para a própria fidelidade aos mesmos, no uso e no valor do confronto e da direcção espiritual, nas possíveis e mais frequentes razões para o abandono da própria vocação.

A terceira secção concentrou-se mais directamente na identidade da missão do Irmão de S. João de deus, isto é, na dimensão operacional e apostólica da Ordem, constituída pelos novos papéis que é necessário desempenhar, mas também nas dificuldades encontradas para o equilíbrio entre acção e contemplação. de modo particular, analisou-se o sector da pastoral da saúde e das suas relações, quer ad intra quer ad extra. Um cuidado especial foi dedicado acima de tudo à formação dos Irmãos jovens e à sua inserção inicial, assim como à proposta e à qualidade da formação permanente. Nesta área de análise não faltou, por fim, o estudo da relação com os Colaboradores que compartilham o espírito e as fadigas da missão.

Na quarta secção foi aprofundado com uma atenção muito especial todo o estilo de vida da Comunidade religiosa, núcleo e fonte de uma convivência religiosa serena e alegre: um estilo feito de oração, de modalidades de relações interpessoais, de modo especial relativamente aos Irmãos jovens, à animação da comunidade, à actividade apostólica e à sua influência no território envolvente.

A quinta secção é uma introdução à leitura mais directa dos compromissos do formador nos diferentes níveis da estrutura institucional e da sua concreta realização nas várias Províncias, da sua preparação, do projecto formativo e das suas estratégias de realização, assim como das várias propostas formativas já em execução na Ordem.

Uma série de 9 perguntas ocupou a análise da sexta secção, dedicada mais explicitamente à pastoral vocacional. Deste tema foram aprofundados os diversos aspectos, tais como as causas da escassez de vocações, as modalidades com que cada Província está a enfrentar o problema, a escolha e a formação dos Irmãos que a ela se dedicam, a contribuição que cada Comunidade é chamada a dar para favorecer o surgir de novas vocações, a oferta da própria disponibilidade e colaboração para esse fim, na perspectiva de um aprofundamento e relançamento dos valores específicos da Ordem, proponíveis aos jovens de hoje.

Irmãos chamados a responder ao questionário

O questionário foi distribuído a todos os Irmãos da Ordem que, de acordo com os dados fornecidos pela Cúria Geral, em 31.12.2004, eram 1362.

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Não se trata portanto de uma investigação baseada numa amostra, mas de um inquérito aplicado a todo o universo a estudar. Obviamente, não tendo sido imposta como obrigação a todos os membros da Ordem, devemos constatar alguns limites circunscritos a algumas situações particulares de coordenação, organização e dificuldades objectivas inevitáveis numa Ordem de difusão mundial e com um número bastante significativo de Irmãos. Devemos no entanto observar que, entre o número de questionários recebidos e o número total de Irmãos, há uma diferença de 350 indivíduos que, ou não responderam de forma alguma, ou só responderam a uma parte do questionário, ou não deram respostas validamente utilizáveis para os objectivos do inquérito. Esta percentagem de não-respostas (cerca de um quarto dos Irmãos) não é desprezível para a precisão e generalização dos resultados obtidos. Para se fazer uma leitura mais correcta e rigorosa dos dados será oportuno avaliá-los com base na consistência das razões que determinaram esta limitação.

Generalização dos resultados

A generalização dos resultados é legítima, válida e representativa dos problemas da Ordem, mesmo se as respostas não correspondem à totalidade dos Irmãos. Apesar disso, a validade dos resultados é garantida pela qualidade dos que responderam, precisamente porque foram esses Irmãos, os mais responsáveis e mais preocupados com o desenvolvimento e a melhoria da Ordem que sentiram o dever de responder e exprimiram a sua preocupação neste processo de verificação, aproveitando a ocasião para expressar a sua opinião e dar o seu contributo construtivo. Provavelmente aqueles que não responderam tê-lo-ão feito pelas mais variadas razões e por dificuldades diversas, nomeadamente a idade, doença, impossibilidade de se exprimirem e, talvez, também alguma indiferença ou desconfiança nos instrumentos das ciências sociais. Em todo o caso, pelas razões acima expostas, consideramos justamente que os resultados obtidos têm um alto grau de validade, mas sobretudo reflectem fielmente as apreciações, positivas e críticas, de pelo menos três quartos dos Irmãos de S. João de deus.

Elaboração dos dados estatísticos

A elaboração dos dados estatísticos obtidos a partir das respostas de cada questionário foi muito detalhada, bastante analítica, segundo um

modelo de pesquisa formulado em conjunto com a equipa dos Irmãos de S. João de deus (por brevidade, referidos daqui em diante, quase sempre com o nome de Irmãos). Tratou-se, de facto, de evidenciar alguns indicadores de base, que acabaram por se tornar nas numerosas variáveis de cruzamento ou intersecção (30, ao todo), com as quais seria necessário confrontar os totais de cada um dos itens de todo o questionário.

A análise de cada uma das percentagens e dos respectivos cruzamentos nos pesados ficheiros estatísticos teria sido excessivamente fragmentada e um desperdício de tempo para a finalidade de obtermos uma fotografia da Ordem – e tornar-se-ia pesada e inútil. A excessiva fragmentação detalhada teria feito perder de vista a visão global que, pelo contrário, se torna substancial para uma programação inovadora e de amplo respiro.

Contudo, o nível analítico do nosso estudo foi ponderado e oportunamente aprofundado, conforme se pode ver nos diferentes capítulos, graças às reflexões do Relatório, que não perderá ocasião para sublinhar as diferenças significativas e importantes no sentido de sublinhar aspectos específicos relacionados com os diferentes contextos. Em todo o caso, quem desejar conhecer de perto os diversos resultados das tabelas (que ficam à disposição de todos na Cúria Geral), pode encontrar respostas às suas legítimas perguntas ou também desenvolver estudos sectoriais aprofundados com técnicas específicas ulteriormente sofisticadas.

As principais variáveis de referência

Um dos aspectos positivos da elaboração estatística realizada reside aproximadamente em trinta variáveis de cabeçalho e cruzamento, que permitiram diferenciar e cruzar muito pormenorizadamente todos os dados globais de cada pergunta do questionário através de uma série de variáveis diferenciadoras, multiplicando assim imensamente a possibilidade de reflexões mais analíticas sobre os diferentes temas.

de facto, cada pergunta do questionário foi submetida a esta leitura cruzada com aquela série de variáveis diferenciadoras que permitiram elaborar uma radiografia muito detalhada da Ordem, segundo uma diferenciação estatística muito cuidadosa sobre cada um dos resultados

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globais das respectivas perguntas, permitindo assim uma análise mais aprofundada de cada um dos aspectos examinados.

As principais variáveis diferenciadoras e de cabeçalho foram escolhidas relativamente a uma diferenciação específica por:

1. Grandes zonas geográficas da actividade apostólica de cada Irmão (6 áreas);

2. diferentes faixas de idade (Pergunta 3: 4 níveis) 3. Anos de profissão (Pergunta 4: 4 níveis) 4. Cargos de responsabilidade formativa (Pergunta 5.2: Sim = 1+2, Não = 3) 5. Tarefas de responsabilidade na pastoral vocacional (Pergunta 5.3: Sim = 1+2, Não = 3) 6. Formação académica (Pergunta 6: 3 níveis) �. Cargos de governo actualmente exercidos na Ordem (Pergunta �:

4 níveis) 8. Preparação específica adquirida no sector da formação vocacional

(Pergunta 9)9. Disponibilidade para assumir responsabilidades na área da

formação (Pergunta 10).

Trata-se de um trabalho muito aprofundado que permite desenvolver reflexões mais analíticas relativamente aos diferentes temas estudados e aos diversos sectores de intervenção. Essa elaboração facilitará muitíssimo entrar em detalhes mais específicos relativamente aos problemas que se queiram enfrentar.

O texto aqui disponibilizado pretende ser portanto uma síntese e uma radiografia muito detalhada dos resultados obtidos nos diversos âmbitos da vida da Ordem que foram por nós estudados tendo em vista os objectivos enunciados. Além disso, procedemos também a uma série de aprofundamentos adicionais, quer do ponto de vista estatístico quer no plano lógico, quando nos parecia que as exigências dos objectivos e a natureza particular do conteúdo das questões colocadas aos Irmãos o exigissem para um melhor conhecimento da realidade.

A exigência de uma descrição realística da situação e da fidelidade às respostas dos Irmãos, bem como as finalidades cognitivas e operacionais

do Capítulo Geral, colocaram-nos numa espécie de camisa de força que nos levou a optar por um trabalho de equilíbrio entre uma informação superficial esquemática e uma leitura analítica das mais subtis diferenças encontradas nas várias passagens – que, no entanto, se pode sempre realizar num eventual aprofundamento sucessivo.

Esperamos por isso que este texto, na redacção aqui proposta, visando aos resultados operacionais e a indicações metodológicas concretas, possa responder aos objectivos propostos pelo Conselho Geral da Ordem e permita oferecer a todos os Irmãos uma fotografia global da Ordem não só nos seus aspectos positivos mas também nos que são mais críticos, e nas questões mais específicas de renovação, tal como elas emergiram das respostas que chegaram até nós.

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ANÁLISe eSTrUTUrAL e OrGÂNICA dA Ordem

Os objectivos que nos propusemos neste primeiro capítulo destinam--se a apresentar uma fotografia dos entrevistados na estruturação particular da Ordem e dos seus membros, seguindo algumas variáveis objectivas de idade, profissão religiosa, papéis e cargos desempenhados, formação académica e diplomas obtidos, distribuição dos Irmãos de S. João de deus nos vários continentes e, caso interessante, a disponibilidade para assumir um compromisso formativo explícito dentro da Ordem.

A base das nossas análises é determinada pela quantidade e qualidade das respostas obtidas aos questionários individuais que foram enviados a todos os Irmãos. Segundo estes dados oficiais, que nos foram fornecidos pela Secretaria da Cúria Geral, os Irmãos membros da Ordem, em 31 de dezembro de 2004, atingem o número de 1362 indivíduos.

As respostas válidas que recebemos sobre as quais pudemos realizar todas as elaborações estatísticas necessárias, cifrou-se na cota válida de 1012 Irmãos que respondem aos questionários (menos 350 do que o valor global: não são muitos, mas também não são poucos – cerca de um quarto do total): é esse o valor de referência ao longo do nosso trabalho.

Antecipamos aqui a seguinte observação geral que deve acompanhar toda a leitura dos dados: frequentemente, por conveniência, utilizaremos o termo “amostra” para indicar os indivíduos que responderam ao questionário, sabendo no entanto que não se trata de uma amostra representativa, em termos estatísticos, pelas razões acima expostas.

1. reSPOSTA dAS PrOVÍNCIAS

Os questionários foram enviados a todos os Irmãos, os quais responderam individualmente, reenviando-os à Cúria Geral, que, por sua vez, os enviou ao Instituto de Sociologia da Universidade Pontifícia

CAPÍTULO I

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Salesiana. Aqui, recorrendo a oportunos critérios metodológicos, procedeu-se à análise da validade de cada um para a elaboração estatística sucessiva. da selecção efectuada resultaram 1012 questionários válidos, tendo sido excluídos alguns que estavam muito incompletos ou que dificilmente seriam interpretados.

A tabela 1.1 apresenta a distribuição detalhada em termos de frequência e em percentagem, calculada sobre a totalidade dos questionários recebidos. A distribuição geográfica obedece a um agrupamento convencional específico, por nós elaborado, que se refere à subdivisão das Províncias por áreas continentais ou por afinidades sócio-económico-culturais, facilitando assim a leitura de modo mais orgânico.

Estas áreas por nós construídas são as seguintes:Europa Meridional – Itália, Espanha, França, PortugalEuropa Central – Áustria, Alemanha, Polónia, Inglaterra/

Irlanda, República Checa, República Eslovaca, Hungria, Ucrânia

ÁfricaAmérica LatinaÁsia – Índia, Coreia, Vietname, Filipinas e Japãoe.U.A. – Estados Unidos da América, Canadá e Austrália,

abrangendo a Papua Nova-Guiné e a Nova Zelândia.

Tab. 1.1. Distribuição por Província dos questionários válidos e utilizados (em V.A. e %)1

Frequências PercentagensRomanaLombardo-Véneta FrancesaAragão – Espanha Castela – Espanhabética – EspanhaPortuguesa

24433��6�3605�

2,44,23,��,5�,25,95,6

Subtotal: 380 37,5Polaca Silésiabaviera Renânia boémia-Morávia República ChecaÁustria InglesaIrlandesa

6�1�22 4 6

3� 9

26

6,�1,�2,2

,4 ,6

3,� ,9

2,6

Subtotal: 189 18,4África – bento Menni África – Ricardo PampuriÁfrica – N.ª S.ª Misericórdia

2�2630

2,�2,63,0

Subtotal: 84 8,4México e América CentralColômbiabrasilAmérica do Sul SetentrionalAmérica do Sul Meridional

3�45103�42

3,�4,41,03,�4,2

Subtotal: 172 17,1Índia Coreia Filipinas Vietname

39261052

3,92,61,05,1

Subtotal: 127 12,6E.U.A.Canadá Austrália

151035

1,51,03,5

Subtotal: 60 6,0Total: 1012 100,0

1V.A. = Valor acrescentado; % = Percentagem.

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26 2�

de tal distribuição, conclui-se que a maior parte dos questionários proveio da Europa Meridional (380, ou seja 37,5%) e Central (189, o que equivale a 1�,4%), seguindo-se a América Latina, com 1�2 Irmãos a responder, perfazendo 1�,1%, do Continente asiático (12�, isto é 12,6%), da África (�4, valor que corresponde a �,4%) e da área dos E.U.A., que, por razões de afinidade cultural, engloba também o Canadá e a Austrália (60 questionários, equivalente a 6%): a área da Austrália abrange também a Papua-Nova Guiné e a Nova Zelândia.

dos 3�0 Irmãos da Europa Meridional, só �,4% têm menos de 35 anos de idade, enquanto que a percentagem dos idosos é bastante elevada, com 266 Irmãos acima dos 56 anos (representando �0% do total), sendo estas as percentagens mais elevadas de todas as áreas geográficas consideradas. Por conseguinte, também a percentagem de quantos têm mais de 25 anos de profissão é proporcionalmente elevada (76,3%). Nesta mesma área, regista-se igualmente a percentagem mais alta de quantos desenvolveram, ou desenvolvem, actividades de formação (3�,6%, isto é 157 Irmãos) comparativamente aos 17,9% de Irmãos da América Latina, aos 17,5% da Europa Central, aos 9,8% da Ásia, aos 9,6% da África e aos �,�% dos E.U.A. Além disso, nada menos que aproximadamente um terço destes Irmãos (31,4%, ou seja, 90) desenvolveu, ou desenvolve actualmente, tarefas no âmbito da pastoral vocacional, registando-se depois 21,6% (62) na América Latina, 21,3% (61), na Europa Central, 10,5% (30) na África, 9,1% (26) na Ásia e, finalmente, 6,3% (18) na área dos E.U.A.

de modo mais explícito foi também colocada a pergunta (n. �) – “Em que continente desenvolves actualmente o teu apostolado?” – que obteve as seguintes respostas:

Mais de metade dos entrevistados desenvolve o seu apostolado na Europa, quer Meridional quer central (52,3%, isto é, 535 Irmãos), 20% (202) trabalham em todo o continente americano, �,5% (= �6) no continente africano, 15,3% (155) na Ásia e na área do Pacífico.

As respostas confirmam algumas observações imediatas que sublinham de modo particular a predominância de Irmãos de idade mais avançada nas regiões da Europa e Irmãos mais jovens nas áreas extra--europeias. A tendência nas Américas, porém, vai no sentido de fazer

aproximar a realidade deste continente, em termos de estrutura de idade e graus académicos, da que se regista na Europa.

2. eSTrUTUrA POr IdAdeS

Os Irmãos que responderam ao questionário foram estudados também com base na distribuição por idades. Numa primeira observação geral, a distância vai desde os 18 anos, do mais jovem até aos 96 anos do mais idoso, evidenciando-se para cada ano a presença de um ou mais indivíduos. A este respeito, os dados das tabelas fazem emergir dados bastante interessantes.

Antes de mais, um quarto dos que respondem têm menos de 36 anos e metade não chega aos 52 anos de idade – 50� Irmãos. Abaixo dos �0 anos de idade há 806 Irmãos (que correspondem a 79,64% das respostas). Com mais de 80 anos podem-se contar 55. Embora não se possa afirmar que estes dados reproduziram a estrutura real da Ordem quanto à idade dos seus membros, este pode no entanto ser um índice aproximado bastante fiável.

A relação jovens (18-35) / idosos (70-96) é ainda favorável aos jovens, como se pode ver pela seguinte equação que ilustra a relação demográfica do índice de dependência:

Idosos (71 - 95 anos) = 20,36%= 0,�1

Jovens (1� - 35 anos) = 25,10%

Isto significa que entre os entrevistados não se encontra sequer um idoso com uma idade compreendida entre os 71 e 96 anos (0,81) para cada um dos jovens entre os 1� e os 35 anos.

Para além destas observações, de tipo teórico, para maior funcionalidade de leitura das nossas tabelas, pudemos construir uma distribuição por faixas de idade bastante homogénea, subdividida em 4 faixas, assim constituídas:

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2� 29

1. de 18 até 35 anos = 23,6% (239) considerados os mais jovens e activos 2. de 36 até 55 anos = 30,3% (30�) especialmente em actividades de responsabilidade 3. de 56 até �4 anos = 32,0% (324) adultos maduros em actividades e cargos de governo 4. de 75 até 96 anos = 13,0% (132) idosos, em parte activos e em parte reformados.

As operações estatísticas por nós realizadas permitem-nos aprofundar o estudo com uma análise mais pormenorizada e cruzar cada um dos níveis ou classes de idade para obtermos indicações mais detalhadas.

deste modo, podemos recuperar uma série de tabelas analíticas relativas à distribuição para as 6 zonas de origem.

Os Irmãos mais jovens (239) estão percentualmente mais presentes na África e na Ásia, diminuindo, depois, na América Latina, na Europa Central, nos E.U.A. e, finalmente, na Europa Meridional, enquanto os mais maduros e mais idosos (456, equivalente a 45%, todos somados) encontram-se sobretudo nos E.U.A. e na Europa Meridional.

É interessante observar que na África não existem Irmãos com mais de �4 anos de idade e que na Ásia só há 2.

Tab. 1.2 – Distribuição das faixas de idade por zonas de origem (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

1� – 35 anos239 20 54 39 62 56 �

23,6 5,3 2�,6 46,4 36,0 44,1 13,3

36 – 55 anos30� �� 6� 3� 50 56 9

30,3 22,9 36,0 44,0 29,1 44,1 15,0

56 – �4 anos324 1�0 49 � 44 13 30

32,0 4�,4 25,9 9,5 25,6 10,2 50,0

Mais de �4 anos de idade

132 �6 1� 0 15 2 12

13,0 22,6 9,0 0,0 �,� 1,6 20,0

Em síntese, entre os 36 e os �4 anos estão reunidos 62,3% dos Irmãos, o que representa quase dois terços da Ordem, ocupados maioritariamente em actividades e ocupando posições de responsabilidade. de modo particular, como se vê na tabela 1.3, �2,4% foram ou são actualmente formadores e �1,4% foram, ou são, responsáveis pela pastoral vocacional.

Os Irmãos da Europa Meridional ocupam principalmente a faixa etária entre os 56 e os �4 anos (4�,4%), os da Europa Central situam-se entre os 36 e os 55 anos (36%), os da África estão entre os 1� e os 35 anos (46,4%), juntamente com os da Ásia (44,1%) e, em medida menor, os da América Latina (36%). Metade dos Irmãos dos E.U.A. encontra-se entre os 56 e os �4 anos de idade. Resulta deste quadro, por conseguinte, que a Ordem tem os Irmãos mais jovens na África e na Ásia, enquanto os mais idosos estão mais presentes na Europa Meridional e nos E.U.A.

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30 31

Tab. 1.3 – Distribuição das faixas etárias por compromissos de tipo formativo e vocacional (em V. A. e %)

Se comparamos a relação da idade com as responsabilidades actualmente assumidas, verificamos que mais de metade dos Irmãos do Governo Geral e Provincial (cf. Tab. 1.4: 52,9% dos casos, ou seja, 46 Irmãos) tem uma idade compreendida entre os 36 e os 55 anos, 36,�% entre os 56 e os �4 anos, mas também há Irmãos, que preenchem �% dos casos (� Irmãos), com menos de 35 anos.

5.2 – Formação 5.3 – Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. técn.

Bacher./ Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAL 1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2

100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Percentagem sobre o total 100,0 41,3 5�,� 2�,4 �1,6 4�,3 21,� 1�,0

1� – 35 anos239 46 193 45 194 112 40 26

23,6 11,0 32,5 15,� 26,� 22,9 1�,2 15,1

36 – 55 anos30� 149 15� 10� 200 13� �� �4

30,3 35,6 26,6 3�,3 2�,6 2�,0 35,5 43,0

56 – �4 anos324 154 1�0 98 226 160 �� 62

32,0 36,� 2�,6 34,1 31,2 32,� 35,0 36,0Mais de

�4 anos de idade

132 65 6� 34 98 �� 23 9

13,0 15,6 11,3 11,� 13,5 15,� 10,5 5,2

Tab. 1.4 – Distribuição das faixas etárias por cargos desempenhados (em V. A. e %)

Também pouco menos de metade (46,4%) dos Superiores locais e dos directores dos Centros são bastante jovens: têm uma idade compreendida entre 36 e 55 anos, e mais de um terço (3�,3%) têm entre 56 e �4 anos, mas não devemos esquecer depois os 20 Irmãos que têm menos de 35 anos de idade.

Também os Irmãos (�0) que actualmente desempenham actividades de formação e de pastoral vocacional são predominantemente jovens: 44,3% (31) têm menos de 35 anos, e 3�,1% (26) estão entre os 36 e os 55 anos. É bastante elevada a disponibilidade para assumir compromissos de carácter formativo e vocacional, sobretudo por parte de quase metade dos Irmãos mais jovens (46,2%, 121) e bastante mais que um terço (39,3%, 103) têm entre 36 e 55 anos de idade.

Sublinhamos, por fim, e obviamente, que quase 2/3 (62,5%, 633) dos entrevistados não desempenham actualmente qualquer cargo de responsabilidade institucional.

Gov. GeralGov. Provincial

Superior LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633

100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

1� – 35 anos239 � 20 31 1�1

23,6 �,0 9,0 44,3 2�,6

36 – 55 anos30� 46 103 26 132

30,3 52,9 46,4 3�,1 20,9

56 – �4 anos324 32 �5 9 198

32,0 36,� 3�,3 12,9 31,3

Mais de �4 anos de idade

132 2 14 3 113

13,0 2,3 6,3 4,3 17,9

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3. IdAde dA eNTrAdA PArA O NOVICIAdO

Como geralmente acontecia antes do Concílio Vaticano II, a maior parte das vocações entrava para a vida religiosa em idade juvenil. O mesmo aconteceu também na Ordem dos Irmãos, como emerge das respostas ao questionário. De facto, 49,11% entraram com uma idade inferior aos 22 anos, e, se elevarmos esse etário limite para menos de 2� anos, obtém-se a percentagem de 77,27%. Com menos de 32 anos tinham entrado 90,2% de todos os Irmãos. Os restantes 10% abrangem a faixa etária entre 33 e 61 anos.

Recuperando de modo sistemático a distribuição que nos ajudará também nos cruzamentos de aprofundamento, construímos as seguintes 5 faixas de idade para o momento de entrada para o Noviciado:

1. de 16 até 20 anos: 36,1% = presumivelmente após a escolaridade obrigatória 2. de 21 até 25 anos: 31,�% = especialmente na África3. de 26 até 30 anos: 1�,5% = especialmente na África e na Ásia4. de 31 até 35 anos: �,1% = entradas tardias5. mais de 35 anos: 5,2% = vocações adulta

Para desenvolver uma análise mais articulada, recorremos à Tab. 1.5 que especifica as respectivas entradas, quer globalmente (total) quer na distribuição geográfica por áreas diversificadas.

Mais de um terço dos Irmãos (36,1%, 365) entrou com uma idade compreendida entre os 16 e os 20 anos, especialmente nas regiões de tradição cristã antiga. Entre os 21 e os 25 anos entraram 31,�% dos Irmãos, enquanto 1�,5% ingressaram entre os 26 e os 30 anos. Com o crescimento da idade dos Irmãos, e, portanto, quanto mais afastada no tempo consideramos a entrada mais diminuem também as entradas tardias e as vocações adultas, de forma que entre os 31 e os 35 anos entraram 7,1% dos Irmãos e só 5,2% o fizeram com mais de 35 anos.

No caso da África (4�,6%) e da Ásia (35,4%), mas também dos E.U.A. (35%), as entradas não se verificaram em idades muito jovens, mas mais avançadas, concentrando-se sobretudo entre os 21 e os 25 anos. Porém, existem também percentagens consistentes entre os 26 e os 30 anos, respectivamente de 2�,6% e 24,4%, valores muito superiores aos dados das outras zonas para idades iguais.

Com mais de 35 anos registam-se apenas 5,2% de enradas (53), especialmente na América Latina (�,1%) e na Europa Central (5,�%). �5% dos Irmãos da Europa Meridional entraram com menos de 26 anos, face a �3,3% dos E.U.A., a 65,1% da América Latina, a 63,5% da Europa Central, a 59,8% da Ásia e a 58,3% da África.

Tab. 1.5 – Idade de entrada para o Noviciado por totais e áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

Europa Central África América

Latina Ásiae.U.A.

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60

100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não responde14 11 2 0 1 0 0

1,4 2,9 1,1 0,0 0,6 0,0 0,0

16 – 20 anos365 189 5� 9 55 31 23

36,1 49,7 30,� 10,� 32,0 24,4 3�,3

21 – 25 anos321 96 62 40 5� 45 21

31,� 25,3 32,� 4�,6 33,1 35,4 35,0

26 – 30 anos1�� 55 36 24 32 31 9

1�,5 14,5 19,0 2�,6 1�,6 24,4 15,0

31 – 35 anos�2 14 20 9 13 14 2

�,1 3,� 10,6 10,� �,6 11,0 3,3

Mais de 35 anos de idade

53 15 11 2 14 6 5

5,2 3,9 5,� 2,4 �,1 4,� �,3

79,3% dos Irmãos que hoje desempenham funções ao nível do governo Geral e Provincial entraram para a Ordem com menos de 25 anos de idade, como ilustra a Tab. 1.6, mas também com esta idade entraram �5,�% dos superiores locais, 62,�% dos formadores actuais, 63% dos responsáveis pela pastoral vocacional e 59,2% dos que estão disponíveis para assumir este cargo. Certamente que uma iniciação e formação espiritual precoce

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dentro da Ordem é geralmente uma garantia e uma previsão concreta de uma maior estabilidade e solidez de compromissos.

Pelo contrário, quando se entra para o Noviciado com uma idade mais avançada, é menor o período de formação e interiorização dos valores da Ordem, havendo no entanto também uma maior diferenciação de percursos culturais. Aumentam os títulos de simples diplomas de qualificação profissional ou técnica, como emerge das percentagens do segundo nível entre os 21 e os 25 anos (36%), e entre os 26 e 30 anos (19,6%), comparativamente aos 16,4% de quantos obtiveram os graus de bacharel universitário e aos 1�,4% que já possuíam uma licenciatura.

Metade dos Irmãos (49%) entrados com mais de 35 anos apresenta o simples diploma de qualificação profissional ou técnica. Entre aqueles que detêm hoje alguma responsabilidade no sector da formação, exactamente ¾ (�5,4%), entraram com menos de 25 anos de idade.

Finalmente, quase metade dos que ostentam graus académicos superiores de bacharelato ou universitários de licenciatura eclesiástica e/ou licenciatura/mestrado entraram tendo uma idade compreendida entre os 16 e os 20 anos, como se pode ver na tab. 1.�, respectivamente, em 45,9% e 47,7% dos casos. Mas é também a esses que é preferivelmente confiada a missão de serem formadores e encarregados da pastoral vocacional.

Tab. 1.6 – Idade de entrada para o Noviciado por posição institucional(em V. A. e %)

Gov. GeralGov. Provincial

Superior LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633

100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não responde14 1 1 1 11

1,4 1,1 0,5 1,4 1,�

16 – 20 anos365 44 95 15 211

36,1 50,6 42,� 21,4 33,3

21 – 25 anos321 25 �3 29 194

31,� 2�,� 32,9 41,4 30,6

26 – 30 anos1�� 11 35 14 12�

1�,5 12,6 15,� 20,0 20,1

31 – 35 anos�2 3 11 6 52

�,1 3,4 5,0 �,6 �,2

Mais de 35 anos de idade

53 3 � 5 3�

5,2 3,4 3,2 �,1 6,0

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36 3�

Tab. 1.7 – Idade de entrada para o Noviciado relativamente aos compromissos de formação e de pastoral vocacional desenvolvidos e por

habilitações académicas (em V. A. e %)

5.2 – Formação 5.3 - Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. téc.

Bachar./ Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAIS 1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2

100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Percentagem sobre o Total 100,0 41,3 5�,� 2�,4 �1,6 4�,3 21,� 1�,0

Não responde14 5 9 5 9 5 4 1

1,4 1,2 1,5 1,� 1,2 1,0 1,� 0,6

16 – 20 anos365 190 1�5 11� 24� 146 101 �2

36,1 45,5 29,5 40,� 34,2 29,9 45,9 4�,�

21 – 25 anos321 125 196 93 22� 1�6 5� 40

31,� 29,9 33,0 32,4 31,4 36,0 25,9 23,3

26 – 30 anos1�� 6� 119 44 143 96 36 30

1�,5 16,3 20,0 15,3 19,7 19,6 16,4 1�,4

31 – 35 anos�2 16 56 1� 55 40 9 10

�,1 3,� 9,4 5,9 �,6 �,2 4,1 5,�

Mais de 35 anos de idade

53 14 39 11 42 26 13 9

5,2 3,3 6,6 3,� 5,� 5,3 5,9 5,2

4. OS ANOS de PrOFISSÃO reLIGIOSA

A profissão religiosa é uma etapa altamente decisiva e qualificante da própria formação pessoal e inserção na Ordem religiosa. Por isso, conhecer a quantidade de tempo nela decorrido constitui um dos indicadores mais úteis para melhor se compreender o nível religioso e de formação pessoal alcançado por cada Irmão. Quanto mais longo é o tempo de profissão religiosa de um Irmão, tanto mais se pressupõe (embora, infelizmente (!), às vezes, isso não corresponda à verdade) que ele possua também um elevado nível de formação humana, cristã e religiosa. Porém, esta variável específica é muito adequada para se compreender os diversos níveis, além de servir para confirmar e verificar a estrutura por idades da Ordem religiosa.

dado que o tempo de profissão religiosa, a sua duração, na nossa investigação chega, no caso de alguns Irmãos, aos �5 anos, tentámos, baseando-nos nalgumas etapas específicas que se referem às Bodas de Prata, de Ouro e de Diamante – ainda solenemente celebradas no âmbito religioso –, construir convencionalmente uma série de 4 faixas etárias, assim distribuídas:

1. até aos 5 anos = 20,6 % 20� Irmãos2. dos 6 aos 25 anos = 2�,� % 2�0 Irmãos3. dos 26 aos 50 anos = 34,5 % 349 Irmãos4. mais de 50 ano = 14,6 % 14� Irmãos

Resulta que 4�,3% – pouco menos de metade dos Irmãos (4�� Irmãos) –, ainda não celebrou o 25° aniversário (bodas de Prata) de Profissão Religiosa, sinal e confirmação de uma Ordem bastante jovem.

Entremos agora num aprofundamento de análise mais detalhada baseando-nos nas variáveis de cruzamento já definidas, que se referem à distribuição geográfica das áreas de origem e à disponibilidade para assumir responsabilidades no âmbito da animação vocacional.

Tab. 1.8 – Distribuição dos Irmãos por anos de profissão religiosa de acordo com as áreas geográficas de origem (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Até 5 anos20� 20 50 23 51 56 �

20,6 5,3 26,5 2�,4 29,7 44,1 13,3

6 – 25 anos2�0 5� 63 51 54 42 12

2�,� 15,3 33,3 60,� 31,4 33,1 20,0

26 –50 anos349 193 55 9 41 25 26

34,5 50,� 29,1 10,� 23,� 19,7 43,3

Mais de 50 anos

14� 97 15 1 20 2 13

14,6 25,5 7,9 1,2 11,6 1,6 21,�

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3� 39

Os anos de profissão religiosa são também um indicador da juventude/ antiguidade da presença da Ordem nas respectivas áreas geográficas. A tab. 1.8 confirma quanto tinha emergido nas anteriores observações relativas às faixas de idade.

Tomando em consideração a Europa Meridional, são só 5,3% os Irmãos com menos de 5 anos de profissão religiosa e 25,5% os que a fizeram há mais de 50 anos.

Se, pelo contrário, considerarmos a Ásia, que parece ser a região mais jovem, as percentagens invertem-se, porque 44,1% dos Irmãos têm menos de 5 anos de profissão e só 1,2% já celebrou as Bodas de Ouro de profissão religiosa. Neste caso, o índice de juventude / antiguidade parece pertencer muito claramente à Ásia, um continente muitíssimo jovem. Estamos perante dois extremos em cujo âmbito se colocam, diversamente distribuídas, as restantes áreas geográficas.

Uma região também muito jovem é a África, embora não seja a mais jovem. O predomínio e a grande consistência quantitativa (60,�%) de Irmãos que têm entre 6 e 25 anos de profissão religiosa permitem propor a hipótese que nesta área a presença dos Irmãos é anterior à do continente asiático. Em todo o caso, baseando-nos sempre nestes dados, ��,1% dos Irmãos só chegam aos 25 anos de profissão, ultrapassando sob este aspecto a Ásia (��,2%) em 10 pontos percentuais, seja relativamente aos Irmãos mais jovens, seja aos mais idosos (África 11,9% – Ásia 21,3%).

As regiões da América Latina e da Europa Central apresentam uma

tendência bastante proporcionada e regular, com um predomínio, na América Latina, de jovens na primeira faixa (29,7% face a 26,5% da Europa Central), e uma maior presença de idosos na última (11,6% da América Latina e 7,9% da Europa Central). A tendência na área dos E.U.A. parece acompanhar mais de perto a da Europa Meridional.

Para aprofundar o estudo relativamente ao âmbito da formação e da

pastoral vocacional podemos observar a Tab. 1.9.

Tab. 1.9 – Distribuição dos Irmãos activos no âmbito da formação e da pastoral vocacional e habilitações académicas segundo os anos de

profissão religiosa (em V. A. e %).

5.2 – Formação 5.3 - Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. téc.

Bachar./Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAIS1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2

100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Percentagem sobre o total 100,0 41.3 5�.� 2�.4 �1.6 4�.3 21.� 1�.0

Até aos 5 anos20� 2� 1�1 29 179 99 33 20

20,6 6,5 30,5 10,1 24,� 20,2 15,0 11,6

6 – 25 anos2�0 13� 142 104 1�6 133 65 6�

2�,� 33,0 23,9 36,2 24,3 2�,2 29,5 39,0

26 – 50 anos349 1�6 1�3 10� 241 169 �6 69

34,5 42,1 29,1 3�,6 33,2 34,6 39,1 40,1

Mais de 50 anos

14� �2 �6 42 106 �0 30 15

14,6 1�,2 12,� 14,6 14,6 16,4 13,6 �,�

39,5% dos Irmãos que já desempenharam cargos de formação, ou o fazem actualmente, e 46,3% dos Irmãos responsáveis pela pastoral vocacional pertencem às faixas mais jovens – até 25 anos de profissão –, porém estes (é interessante esta observação) são mais numerosos (mais � pontos) do que os primeiros que, pelo contrário, são predominantes na faixa dos mais idosos, com mais de 50 anos de profissão (17,2%, face aos 14,6% da pastoral vocacional). A mesma realidade observa-se também ao nível da faixa etária entre 26 e 50 anos de profissão, respectivamente 42,1% e 3�,6%. Por outras palavras, os responsáveis pela formação são sempre um pouco mais velhos do que os que se ocupam da pastoral vocacional.

Relativamente às habilitações académicas podemos observar que, com o crescimento da idade, aumenta proporcionalmente o número dos Irmãos que realizaram estudos de grau superior. No entanto, ao passo que nas faixas de idade entre os 26 e os 50 anos de profissão as percentagens de licenciaturas são mais elevadas do que as dos diplomas (39%, 29,5%, 27,2%, respectivamente, na segunda faixa; e 40,1%, 39,1%, 34,6% na terceira), na primeira faixa dos Irmãos mais jovens essas mesmas

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40 41

percentagens são inversas (11,6%, 15%, 20,2%,). Por outras palavras, parece que actualmente a formação superior termina (oxalá que não!) facilmente com o diploma profissional e não inclui, com coragem, também um curso de estudos de maior empenhamento cultural.

Quanto à disponibilidade para um compromisso de pastoral vocacional, correspondente à pergunta “gostarias de te preparar para seres formador?”, entre os 262 Irmãos que responderam positivamente, nada menos que 79% pertencem às faixas de profissão religiosa mais frescas, isto é, 40.5% entre os muito jovens (os primeiros 5 anos de profissão) e 38,5% dos que têm entre 6 e 25 anos de profissão, apreciando o compromisso e a dedicação de uns 15,3% que se situam entre a celebração de 25 e 50 anos de profissão religiosa.

5. O eSTAdO reLIGIOSO de CAdA IrmÃO

Com este título queremos referi-nos à estrutura institucional da Ordem dos Irmãos, bem conhecida pela Cúria Geral graças aos dados continuamente actualizados pela Secretaria Geral. A pergunta inserida no questionário tinha por finalidade permitir realizar algumas análises transversais de notável utilidade, embora tendo consciência de não poder generalizar as nossas reflexões a toda a Ordem, devido às observações feitas atrás, acerca da amostra utilizada.

Tab. 1.10 – Distribuição dos Irmãos que respondeu ao questionário em base para o estado religioso e em comparo com os dados da Cúria Geral

(em V. A. e %)

Actualmente és…Questionário Secretaria da Cúria (2004)

% Frequências Frequências

Não respondeu à pergunta 0,4 4 ---

1. Oblato 0,� � 16

2. Noviço 6,3 64 ��

3. Escolástico 15,� 160 1�6

4. Professo de votos solenes �0,1 709 10�3

5. Sacerdote (6,6) (6�) (141: incluídos nos professos)

TOTAIS 100 1012 1362

Temos aqui um quadro de grande interesse, que permite a comparação com os dados oficiais da Secretaria Geral, em finais de Dezembro de 2004. Além do mais, é possível constatar também a respectiva consistência das respostas ao questionário e os sectores das maiores lacunas.

A tabela não carece de comentários, excepto para propor algumas observações que emergem da comparação com os dados estruturais fornecidos pela Cúria, acerca da percentagem das respostas obtidas relativamente ao total dos Irmãos nas respectivas categorias. Responderam 50% dos oblatos, �3,6% dos noviços, �6% dos escolásticos e 66,1% dos professos de votos solenes.

Baseando-nos nos cruzamentos com as áreas geográficas da tabela 1.11, podemos observar:

uma maior presença de noviços na Ásia (14,2% = 1�), na América Latina (12,2% = 21) e na Europa Central (10,6% = 20), mas a sua ausência na África e uma presença exígua nos E.U.A. (3) e na Europa Meridional (2);a presença de escolásticos em África (35,�% = 30), na Ásia (29,1% = 37), na América Latina (20,9% = 36), na Europa Central (1�% = 34) e uma presença discreta nos E.U.A. (10% = 6), percentualmente superior ainda à da Europa Meridional (4,5% = 1�);

a prevalência numérica dos professos de votos solenes tornou--se entretanto óbvia, mas podemos fazer a sua distribuição percentual nas várias áreas geográficas: por ex., na Europa Meridional (�3,4%) e na Europa Central (66,1%);

mais interessante, porém, é a distribuição percentual em comparação com os outros níveis institucionais da Ordem. de facto, onde os Irmãos estão ausentes nos níveis iniciais aumentam as percentagens dos professos; mas devemos também observar que é nessas áreas que existe escassez de vocações e substituição dos Irmãos idosos por jovens. Onde as percentagens dos professos são menores, são mais elevadas as percentagens dos noviços e dos escolásticos;

finalmente, a maior parte dos sacerdotes encontra-se na Europa Meridional (3�) e na América Latina (1�).

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42 43

Examinando, portanto, a distribuição dos Irmãos por faixas etárias, a maior parte (55) dos noviços, que ao todo são 64, têm entre 1� e 35 anos de idade, embora outros � estejam presentes na faixa que vai dos 36 aos 55 anos e 1 tenha mais de 56 anos, confirmando assim uma grande presença hoje de vocações adultas.

dos 160 escolásticos que responderam ao questionário, 122 encontram-se na primeira faixa etária, entre 1� e 35 anos de idade, 35 pertencem à faixa seguinte, até aos 55 anos, e 3 situam-se na faixa entre 56 e �4 anos.

Entre os professos de votos solenes (122), embora se trate predominantemente de pessoas todas adultas, com mais de 36 anos de idade, há 5� mais jovens que se situam na faixa etária entre os 1� e os 35 anos.

Os sacerdotes (67) pertencem principalmente (56,7% = 38) à faixa etária dos 56-74 anos, mas 28,3% (19) colocam-se na faixa inferior, entre 36-55 anos. Além disso, 6 têm mais de �5 anos e encontramos 3 na faixa dos mais jovens.

Analisando a disponibilidade para assumir compromissos de formação, em 262 Irmãos, 29,4% (77) dos que estão positivamente disponíveis para tais tarefas encontram-se também entre os escolásticos e os próprios noviços (13,�% = 36), sendo óbvio que a maior disponibilidade se encontra entre os professos – 51,1% (134) dos casos.

Uma dimensão não desprezível é a relativa aos graus académicos obtidos.

dela se depreende muito claramente que só 15 dos 160 escolásticos, 9,4% dos casos, têm uma licenciatura ou mestrado, enquanto 78 (48,7%) alcançaram um diploma de qualificação profissional ou técnica. Obviamente, entre os 6� sacerdotes, 6�,6% (46) alcançaram um diploma eclesiástico ou uma licenciatura.

Parece-nos que possa constituir um motivo de particular atenção o facto de entre os professos de votos solenes, 53,1% (3�6) só terem obtido um diploma de qualificação profissional ou técnica, e apenas 23,8% (169) um grau de bacharelato universitário.

Tab. 1.11 - Distribuição por status religioso segundo as áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189.. �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não responde4 3 1 0 0 0 0

0,4 0,� 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0

Oblato� 4 2 0 1 1 0

00,� 1,1 1,1 0,0 0,6 0,� 0,0

Noviço64 2 20 0 21 1� 3

6,3 0,5 10,6 0,0 12,2 14,2 5,0

Escolástico160 1� 34 30 36 3� 6

15,� 4,5 1�,0 35,� 20,9 29,1 10,0

Professo de votos solenes

709 31� 125 52 97 �1 4�

�0,1 �3,4 66,1 61,9 56,4 55,9 ��,3

Sacerdote6� 3� � 2 1� 0 4

6,6 9,7 3,� 2,4 9,9 0,0 6,�

Um maior rigor derivará seguidamente da nossa reflexão sobre a pergunta mais directa relativa às habilitações académicas obtidas. É igualmente verdade que podia ser difícil responder a esta pergunta, devido à diferente e heterogénea interpretação por parte dos entrevistados, à diversidade dos títulos e das classificações inerentes aos níveis de estudo alcançados nos diferentes sistemas de ensino. Mantém-se, no enanto, sempre vigilante e actual a preocupação de uma substancial competência profissional do próprio pessoal religioso.

6. IrmÃOS OCUPAdOS NO SeCTOr dA FOrmAÇÃO

A pergunta 5.2 “És (ou foste) responsável por algum sector da formação?”, que constitui a parte substancial deste parágrafo, foi

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44 45

introduzida com a finalidade específica de analisar com mais atenção o sector da formação (que, por razões de clareza, separámos do da pastoral vocacional) nas suas várias articulações, com base nas variáveis de cruzamento que foram oportunamente escolhidas para o efeito.

das respostas dos entrevistados podemos colher estes dados de base:

Em primeiro lugar, verificamos que só não responderam à pergunta 2,3% dos Irmãos: trata-se de uma percentagem irrisória que, por conseguinte, confere fiabilidade à distribuição obtida.

Tab. 1.12 – Distribuição dos actuais formadores por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189.. �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não responde23 14 3 1 2 3 0

2,3 3,� 1,6 1,2 1,2 2,4 ,0

Sou actualmente

110 24 20 1� 25 15 �

10,9 6,3 10,6 21,4 14,5 11,� 13,3

Já fui no passado

30� 133 53 22 50 26 24

30,4 35,0 2�,0 26,2 29,1 20,5 40,0

Nunca fui5�1 209 113 43 95 �3 2�

56,4 55,0 59,8 51,2 55,2 65,4 46,�

Feita esta premissa, resulta (tab. 1.12) que são 110 os Irmãos ocupados no sector da formação: é uma percentagem significativa, relativamente à consistência quantitativa da Ordem, tendo em consideração o facto de 30,4% dos Irmãos já terem desempenhado tais funções no passado.

1. 10,9% são actualmente responsáveis por algum sector da formação2. 30,4% já o foram no passado3. 56,4% nunca o foram.

Trata-se de um grupo consistente de Irmãos que, mais do que os outros, ficou enriquecido por uma experiência formativa e que, por conseguinte, a podem colocar à disposição das fileiras actuais de formadores, com grande vantagem para toda a Ordem religiosa.

Tab. 1.13 – Distribuição dos formadores actuais, por faixas etárias e profissão religiosa (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão

18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre

o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não responde23 5 4 4 � 5 1 5 �

2,3 2,1 1,3 1,2 5,3 2,4 0,4 1,4 5,4

Sou actualmente110 35 4� 23 3 1� 63 2� 3

10,9 14,6 15,6 �,1 2,3 �,2 22,5 �,� 2,0

Fui no passado30� 11 101 131 62 10 �5 149 69

30,4 4,6 32,9 40,4 4�,0 4,� 26,� 42,� 46,6

Nunca fui5�1 1�� 154 166 60 1�6 141 16� 6�

56,4 ��,� 50,2 51,2 45,5 �4,6 50,4 4�,1 45,9

O número de Irmãos globalmente incumbidos da formação atinge actualmente 41,3% do total dos Irmãos, constituindo assim, como acima ficou dito, um forte património de formação sobre o qual a Ordem pode felizmente contar, não só ao nível social de transmissão de valores religiosos, mas também em relação à sua formação religioso e espiritual, pessoal e individual, que se presume um formador possa ter acumulado ao longo dos anos.

detendo-nos, concretamente, sobre os actuais formadores, a distribuição territorial parece ser bastante homogénea, embora evidenciando uma maior presença na África (21,4% = 1�) e na América Latina (14,5% = 25). Obviamente, as regiões de fundação mais recente dispõem de um número menor de Irmãos já-formadores.

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46 4�

Também a idade dos formadores resulta ser bastante jovem, estando principalmente presente nas primeiras duas faixas etárias (1�-35 e 36-55, respectivamente com 14,6% e 15,6% dos casos, ao passo que a dos já-formadores se situa nas duas faixas mais maduras, em termos quer de idade (respectivamente em 40,4% e 47% dos casos), quer de profissão religiosa (respectivamente em 42,�% 3 e 46,6% dos casos), como ilustra a Tab. 1.13.

Os formadores possuem, além disso, numa boa percentagem, graus académicos superiores, como se vê na tab. 1.14.

Tab. 1.14 – Distribuição dos actuais formadores, por graus académicos e compromissos na formação e na pastoral vocacional (em V. A. e %)

5.2 – Formação 5.3 - Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. técnicas

Bachar./Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAIS 1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2Percentagem sobre o total 100,0 41,3 5�,� 2�,4 �1,6 4�,3 21,� 1�,0

Não responde23 0 23 4 19 15 3 1

2,3 0,0 3,9 1,4 2,6 3,1 1,4 0,6

Sou actualmente

110 110 0 �2 3� 55 24 25

10,9 26,3 0,0 25,1 5,2 11,2 10,9 14,5

Fui no passado30� 30� 0 145 163 119 �4 �2

30,4 �3,� 0,0 50,5 22,5 24,3 3�,2 4�,�

Nunca fui5�1 0 5�1 66 505 300 109 64

56,4 0,0 96,1 23,0 69,7 61,3 49,5 3�,2

A mesma tabela evidencia também outro dado particular, que surge frequentemente também noutras respostas: trata-se da sobreposição de cargos entre os que se ocupam da formação e, simultaneamente, são também responsáveis pela pastoral vocacional. Estaríamos perante uma acumulação de cargos, claramente documentada nesta tabela, e da qual por vezes alguns se queixam devido à dificuldade de os gerir adequadamente.

de facto, dos 110 Irmãos ocupados em actividades de formação, �2 (65,4%) também são responsáveis pela pastoral vocacional, face aos 3� (34,6%) em que não se verifica tal situação.

7. IrmÃOS OCUPAdOS NO SeCTOr dA PASTOrAL VOCACIONAL

Juntamente com o sector da formação, foi também analisado o da pastoral vocacional, reservando-lhe uma pergunta específica que nos permitisse avaliar explicitamente a sua consistência. A pergunta (5.3) foi formulada da seguinte forma: És (ou foste) responsável pela pastoral vocacional?

Também nesta pergunta a ausência de respostas foi escassa (4%), apesar de ser levemente superior à anterior. Evidenciando os resultados totais, podemos observar a sua distribuição nestes termos:

dos 82 Irmãos de S. João de Deus que declaram ser responsáveis pela pastoral vocacional, 22 trabalham na América Latina, 19 na Europa Meridional, 15 na Europa Central, 12 na África, 9 na Ásia e 5 nos E.U.A. Trata-se de Irmãos predominantemente jovens, pois 33 têm menos de 35 anos (e, destes, 22 têm menos de 5 anos de profissão religiosa). Outros 33 situam-se na faixa etária dos 36-55 anos. Porém, há também 2 idosos, com mais de �5 anos, que ainda estão activos no sector. No conjunto dos responsáveis, 5� declaram ocupar-se também do sector da formação, como se vê na tabela seguinte:

1. 10,9% são actualmente responsáveis por algum sector da formação2. 30,4% já o foram no passado3. 56,4% nunca o foram.

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4� 49

Tab. 1.15 – Distribuição dos actuais responsáveis pela pastoral vocacional por graus académicos e compromissos na formação e na pastoral

vocacional (em V. A. e %)

5.2 – Formação 5.3 - Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. técnicas

Bachar./Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAIS 1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2Percentagem sobre o total 100,0 41,3 5�,� 2�,4 �1,6 4�,3 21,� 1�.0

Não responde40 1� 23 0 40 1� � 5

4,0 4,1 3,9 0,0 5,5 3,� 3,6 2,9

Sou actualmente

�2 5� 25 �2 0 3� 19 21

�,1 13,6 4,2 2�,6 0,0 �,6 �,6 12,2

Fui no passado205 160 45 205 0 �� 50 53

20,3 3�,3 �,6 �1,4 0,0 1�,0 22,� 30,�

Nunca fui6�5 1�4 501 0 6�5 346 143 93

6�,� 44,0 �4,3 0,0 94,5 �0,� 65,0 54,1

Tal como o pessoal responsável pela área da formação, também o da pastoral vocacional foi preparado com estudos de grau elevado: pelo menos 21 desses Irmãos declaram ter obtido um diploma eclesiástico ou uma licenciatura, e 19 um grau de bacharelato universitário, embora 37 (45,1%) tenham apenas um diploma profissional.

Entre estes �2 Irmãos, 40 parecem também desempenhar a tarefa de formadores, 12 fazem parte do Governo Geral ou Provincial e 16 são superiores locais ou de algum Centro, 14 parecem não ter qualquer outro encargo. Há um grupo consistente de 205 Irmãos que declaram terem--no sido no passado, assim como também um outro grupo de 30� Irmãos que foram formadores. Somando os dados, os que declaram ter estado ocupados na formação (41�) e os que o foram na pastoral vocacional (2��), obtemos o valor de �05 Irmãos, o que equivale a 51,�% de todos os 1362 Irmãos da Ordem.

Embora aceitando que tenha havido algumas sobreposições de cargos, trata-se de uma parte notável da Ordem, mais de metade, que desenvolveu cargos de tipo formativo ou vocacional. E não é pouco, considerando

a necessária preparação religiosa e formativa que tais compromissos pressupõem.

Um ulterior elemento interessante emerge de outros dados da nossa análise: entre os 5�1 Irmãos que declaram nunca terem desempenhado cargos na área da formação, exactamente 14� (25,�%) estariam disponíveis para se prepararem para ser formadores. E destes 6�5 que nunca tiveram responsabilidades de ordem vocacional, precisamente 162 (23,6%) estariam dispostos a prepararem-se para ser formadores.

8. HABILITAÇÕeS ACAdÉmICAS

Numa Ordem Religiosa de tipo eminentemente activo, empenhada na acção caritativa do serviço hospitaleiro, a competência profissional ocupa um lugar de importância primária. Por isso, a análise da pergunta n. 6 do questionário não é de somenos importância. Essa pergunta permite-nos efectivamente ter pelo menos uma avaliação bastante objectiva e realística, também sobre a declaração subjectiva dos Irmãos entrevistados, e não de todos, do nível cultural da Ordem, medido a partir do indicador das habilitações académicas.

Percentagens Casos

1. Diploma de qualificação profissional ou técnica2. bacharelato universitário3. diploma eclesiástico4. Licenciatura/Mestrado5. Não respondido

4�.321.� �.� �.312.9

489220 �� �4

131

Total 100 1012

Apesar de se constatar que 12,9% (131) não responderam a esta pergunta, especialmente os mais jovens (61) e os mais idosos (23), contudo, no caso dos Irmãos da Europa Meridional (44) e da América Latina (35), as respostas úteis distribuem-se segundo as percentagens do quadro acima.

Querendo fazer uma comparação com a totalidade dos Irmãosda Ordem, no total de 1362 indivíduos, baseando-nos nas frequências objectivas já obtidas pelas respostas à pergunta 6, tendo embora consciência das limitações desta operação, podemos todavia propor uma

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50 51

hipotética distribuição que oferece uma fotografia real de uma parte do orgânico da Ordem.

Percentagens Casos

1. Diploma de qualificação profissional ou técnica2. bacharelato universitário3. diploma eclesiástico4. Licenciatura/Mestrado5. Não respondido

35.916.1 6.5 6.2

35.3

489220

8884

481

Total 100 1362 Irmãos

Em ambos os quadros podemos observar que a maior parte dos Irmãos obteve principalmente um diploma de qualificação profissional ou técnica, mais ou menos o dobro dos que possuem um grau de ensino superior correspondente ao bacharelato universitário; 1 em cada 6 têm o diploma de estudos eclesiásticos e outro sexto apresenta níveis de estudos equivalentes a uma licenciatura ou mestrado universitários.

Tab. 1.16 – Distribuição das habilitações académicas por faixas etárias e anos de profissão (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não responde131 61 1� 25 23 56 15 25 23

12,9 25,5 5,9 �,� 1�,4 26,9 5,4 �,2 15,5

diploma de Qualificação Profissional

489 112 13� 160 �� 99 133 169 �0

4�,3 46,9 44,6 49,4 5�,3 4�,6 4�,5 4�,4 54,1

bacharel universitário

220 40 �� �� 23 33 65 �6 30

21,� 16,� 25,4 23,� 1�,4 15,9 23,2 24,6 20,3

Licenciatura eclesiástica

�� 11 31 39 6 10 31 35 12

�,� 4,6 10,1 12,0 4,5 4,� 11,1 10,0 �,1

Licenciatura/Mestrado

�4 15 43 23 3 10 36 34 3

�,3 6,3 14,0 �,1 2,3 4,� 12,9 9,7 2,0

Desagregando os dados totais com base nos indicadores mais relevantes, observamos que as áreas geográficas com o maior número de diplomados são a Europa Meridional (33) e a Europa Central (23), em pé de igualdade com os Irmãos da América Latina (19).

Porém, parece-nos muito importante e emblemático analisar a faixa etária dos mais novos, entre os 1� e os 35 anos, porque, como revela a tab. 1.16, é neste segmento que se regista o maior número daqueles que não responderam à pergunta específica, e também porque, aos 35 os, 46,9% deste grupo (quase metade) só têm um diploma profissional. A mesma observação é confirmada e agravada também pelos dados das duas últimas faixas etárias, que apresentam, relativamente a estudos superiores, percentagens mais elevadas em todos os níveis. A observação pode ser redimensionada talvez pela leitura da coluna entre os 36 e os 55 anos, cujas percentagens parecem ser um pouco mais elevadas.

A mesma leitura é também confirmada pelo estudo da variável anos de profissão que, de outra forma, em medida quase homogénea, reflecte a mesma situação precedente.

depois, perguntámos se tinham conseguido outras especializações (pergunta 6.1), obtendo uma resposta positiva em 39,2% dos casos (equivalente a 397 Irmãos), especialmente na Ásia (56,7%) e nos E.U.A. (5�,3%), como também nas duas faixas etárias intermédias, mais directamente presentes na actividade profissional, isto é, entre os 36 e 74 anos. Isto foi também confirmado pela variável anos de profissão. A resposta positiva chegou especialmente de quem já tinha conseguido um diploma ou o grau de bacharelato universitário (109), ou um diploma eclesiástica ou licenciatura (90 Irmãos).

Destes 397 Irmãos, uma boa parte deles sentir-se-ia preparada para oferecer os seus préstimos tanto na pastoral vocacional (5�) como na formação (139) e, além disso, fá-lo-ia mesmo com prazer. Além disso, 370 Irmãos assinalaram também o tipo de especialização alcançado, facto que, não servindo directamente para as finalidades do questionário, não foi aprofundado.

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52 53

9. PAPÉIS eSTrUTUrAIS e CArGOS INSTITUCIONAIS (pergunta �)

Um outro elemento ajuda-nos a aprofundar a estrutura institucional da Ordem nalguns dos seus cargos institucionais, através da pergunta � do questionário, assim formulada: Actualmente desempenhas o cargo de…” O principal objectivo desta variável visava adquirir um indicador adequado, suficientemente articulado e útil, que, através das diferentes questões do questionário, nos permitisse encontrar a opinião explícita de algumas categorias de Irmãos, qualitativamente diversificadas especialmente em função do papel institucional. Assim, esta pergunta oferece-nos uma dupla resposta: permite-nos verificar a distribuição do orgânico da Ordem de acordo com alguns papéis e, em segundo lugar, dá--nos a oportunidade de colher o parecer explícito destes mesmos Irmãos relativamente a todas as perguntas do questionário.

das respostas dadas ao questionário resultam os seguintes dados globais:

Frequência Percentagens

1. Membros do Governo Geral2. Membros do Governo Provincial3. Superior local4. directores ou Gerentes de um Centro5. Formadores de postulantes, noviços e

escolásticos6. Responsáveis pela Pastoral Vocacional�. Irmãos que agora não desempenham cargos

institucionais

9��

136�636

34597

0,9�,�

13,4�,53,6

3,459,0

Uma percentagem de 3,6% dos entrevistados não respondeu a esta pergunta. Ela apresenta-nos uma estrutura orgânica da Ordem bastante regular, sobre a qual não há nada a dizer.

Uma única dúvida surge ao lermos os resultados relativos aos Formadores (item 5) e aos responsáveis pela Pastoral Vocacional (item 6). dado que a pergunta pressupunha apenas uma resposta, surpreende--nos a percentagem tão baixa dos que responderam a este item, em comparação com os dados obtidos às questões colocadas nos pontos 5.2 e 5.3. Provavelmente, verificou-se neste caso a influência da forma de responder indicada pelas instruções, nomeadamente, a necessidade de

assinalar apenas uma das opções propostas e, caso houvesse sobreposição de cargos, que fosse assinalado o que exigia mais tempo e dava mais preocupações.

Prosseguindo na nossa leitura sociológica analítica das tabelas à nossa disposição, analisamos os dados procedendo a algumas interessantes variáveis de cruzamento. A primeira variável que queremos analisar (tab. 1.17) apresenta-nos uma imagem do orgânico segundo a sua distribuição por áreas geográficas: ela permite-nos identificar a consistência e a distribuição dos Irmãos que desempenham cargos de responsabilidade nas diferentes áreas onde a Ordem está presente.

Numa primeira observação, ao mesmo tempo que emergem os números do orgânico da América Latina, apresentando percentagens em todos os sectores elevadas, na África e na Ásia parecem predominar os Centros. Relativamente à idade, como já foi acima observado, os cargos de governo, tanto a nível Geral como Provincial e local, são desempenhados sobretudo por Irmãos pertencentes às duas faixas intermédias que vão dos 36 aos 74 anos, como mostra a tabela 1.18 relativa à idade e aos anos de profissão.

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54 55

Tab. 1.17 – A distribuição dos Irmãos em cargos de responsabilidade, em total e por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Membro Governo Geral

9 3 2 1 1 2 0

0,9 0,� 1,1 1,2 0,6 1,6 0,0

Membro Governo

Provincial

�� 24 20 5 13 � �

�,� 6,3 10,6 6,0 �,6 6,3 13,3

Superior local136 63 35 � 1� 6 �

13,4 16,6 1�,5 �,3 10,5 4,� 11,�

director de Centro

�6 21 12 13 20 1� 3

�,5 5,5 6,3 15,5 11,6 13,4 5,0

Formador Postulantes

36 5 5 5 10 � 3

3,6 1,3 2,6 6,0 5,� 6,3 5,0

Responsável Pastoral

Vocacional

34 � 6 6 9 3 2

3,4 2,1 3,2 �,1 5,2 2,4 3,3

Nenhum cargo597 233 10� 46 94 �1 36

59,0 61,3 56,6 54,� 54,� 63,� 60,0

Tab. 1.18 – Distribuição do orgânico por faixas etárias e anos de profissão religiosa (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão

18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Membro Governo Geral

9 0 3 6 0 0 1 � 0

0,9 0,0 1,0 1,9 0,0 0,0 0,4 2,3 0,0Membro Governo

Provincial

�� � 43 26 2 1 36 34 6

�,� 2,9 14,0 �,0 1,5 0,5 12,9 9,7 4,1

Superior local136 � 5� 60 11 1 52 6� 14

13,4 2,9 18,9 1�,5 �,3 0,5 1�,6 19,5 9,5

director de Centro

�6 13 45 25 3 6 41 35 4

�,5 5,4 14,� �,� 2,3 2,9 14,6 10,0 2,�

Formador Postulantes

36 11 1� 5 2 � 20 � 2

3,6 4,6 5,5 1,5 1,5 3,4 �,1 2,0 1,4Responsável

Pastoral Vocacional

34 20 9 4 1 16 14 2 2

3,4 �,4 2,9 1,2 0,� �,� 5,0 0,6 1,4

Nenhum cargo597 1�5 131 1�3 102 1�1 116 1�1 10�

59,0 �3,2 42,� 56,5 ��,3 �2,2 41,4 51,9 �2,3

10. PrePArAÇÃO NO CAmPO dA FOrmAÇÃO (Pergunta 9)

Um dos problemas que mais preocupam a Igreja e, de modo especial, os Superiores Maiores de todas as Congregações e Ordens Religiosas é o da formação dos seus próprios membros. Para isso, logo depois do Concílio Vaticano II, eles foram convidados a actualizar as suas Constituições e a reformular de modo substancial a respectiva Ratio Studiorum. Relativamente a esta solicitude e, acima de tudo, porque empenhados nesta investigação especificamente orientada para esse objectivo, tentámos especificar e verificar a evolução e a sensibilidade dos Irmãos, questionando-os sobre a sua preparação para prestarem o seu serviço nalgum dos sectores da formação presentes na Ordem,

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56 5�

colocando-lhes uma pergunta expressamente destinada a documentar esta disponibilidade: “Em que sector da formação te sentes preparado para exerceres o teu serviço “ (pergunta 9).

Obtivemos os seguintes resultados, relativos a cada um dos sectores nos quais os Irmãos se sentiam preparados para trabalhar. Esclarecendo que �,6% dos destinatários da pergunta não responderam, as respostas válidas estão distribuídos na Ordem da seguinte forma:

Prescindindo daquela metade de Irmãos (53,4%, = 540) que não se sentem preparados para trabalhar nos sectores da formação, os 39,1% que se sentem preparados para trabalhar nesse âmbito representam bons recursos, muito preciosos nos dias de hoje para uma Ordem que pretende caminhar com os tempos, mas que se apresenta também como uma área frequentemente problemática, difícil e nem sempre adequadamente valorizada.

Querendo entrar mais a fundo nos detalhes para cada um dos sectores, o da pastoral vocacional recebeu as maiores adesões em todas as áreas geográficas, excepto na Europa Meridional e nos E.U.A. Observando a Tab. 1.19, podemos verificar que se declararam mais disponíveis para esse compromisso, por ordem, a Europa Central (22,�%), a África (20,2%), a América Latina (1�,�%) e a Ásia (15%), perfazendo um total de 146 Irmãos.

Referindo-nos às opções por faixas de idade (Tab. 1.20), os mais jovens orientar-se-iam, com ímpeto, para a pastoral vocacional numa percentagem de 24,�% dos casos (um quarto dos Irmãos jovens), como segunda hipótese estariam preparados para o Postulantado (13,4%) e para o Noviciado (10%), sendo muito menos os que se sentem preparados para o Escolasticado (�,1%). Nas duas últimas faixas de idade, as percentagens de disponibilidade são menores. Apesar disso, existe ainda um grupo restrito de Irmãos, entre os 56 e os �4 anos, disponíveis para se empenhar, especialmente para o Escolasticado.

Sentem-se preparados para… Percentagem Número de Irmãos…a Pastoral vocacional…o Postulantado…o Noviciado…o Escolasticado…nenhum destes campos

14,4%�,�% �,4% �,5%

53,4%

146 89 �5 �6540

A análise por anos de profissão religiosa serve para confirmar as anteriores reflexões.

Se, pelo contrário, considerarmos a relação com a variável habilitações académicas dá gosto verificar que os Irmãos que têm graus académicos mais elevados se sentem mais preparados e disponíveis para o Noviciado e o Escolasticado.

Tab. 1.19 – Irmãos que se sentem preparados para trabalhar nos diferentes sectores da formação por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não responde�6 49 9 2 10 6 0

�,5 12,9 4,� 2,4 5,� 4,� 0,0

Pastoral Vocacional

146 2� 43 1� 31 19 �

14,4 �,4 22,� 20,2 1�,0 15,0 13,3

Postulantado89 1� 9 14 23 23 3

�,� 4,5 4,� 16,� 13,4 1�,1 5,0

Noviciado�5 6 14 11 14 2� 3

�,4 1,6 �,4 13,1 �,1 21,3 5,0

Escolasticado�6 1� 16 4 15 2� 6

�,5 4,� �,5 4,� �,� 21,3 10,0

Para nenhum540 262 98 36 79 25 40

53,4 68,9 51,9 42,9 45,9 19,7 66,�

Referindo-nos de modo particular às zonas geográficas, a Europa Meridional, de onde chegaram menos respostas à pergunta, parece ser aquela que mais dificuldade sente em trabalhar no Noviciado: apenas 1,6% dos entrevistados.

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5� 59

Tab 1. 20 - Irmãos que se sentem preparados para trabalhar nos diferentes sectores da formação, por faixas de idade e anos de profissão religiosa

(em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�

Percentagem 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não responde�6 11 15 2� 19 11 9 30 21

�,5 4,6 4,9 �,6 14,4 5,3 3,2 �,6 14,2

Pastoral Vocacional

146 59 43 32 10 52 46 32 12

14,4 24,� 14,0 9,9 �,6 25,0 16,4 9,2 �,1

Postulantado89 32 43 14 0 33 36 1� 2

�,� 13,4 14,0 4,3 0,0 15,9 12,9 4,9 1,4

Noviciado�5 24 36 14 1 1� 32 23 1

�,4 10,0 11,� 4,3 ,� �,2 11,4 6,6 0,�

Escolasticado�6 1� 39 2� 3 15 35 33 2

�,5 �,1 12,� �,3 2,3 �,2 12,5 9,5 1,4

Para nenhum540 96 131 209 99 �0 122 214 110

53,4 40,2 42,� 64,5 �5,0 3�,5 43,6 61,3 �4,3

A Europa Central, pelo contrário, ao mesmo tempo que se orienta com fervor para a pastoral vocacional (22,�%, 43 Irmãos) pareceria menos propensa a trabalhar no Postulantado (4.�%). A África, que está muito empenhada em todos os sectores, parece menos atraída pelo Escolasticado (4,�%). A América Latina mostra uma certa vitalidade para a pastoral vocacional e o Postulantado, mas um pouco menos para o Noviciado e o Escolasticado. A Ásia apresenta uma actividade bastante comprometida em todos os sectores formativos, com percentagens muito elevadas em todas as áreas. Uma certa problemática, que se aproxima mais da existente na Europa Meridional, encontramo-la, pelo contrário, nos E.U.A., especialmente nos sectores do Postulantado e do Noviciado.

11. dISPONIBILIdAde PArA ASSUmIr COmPrOmISSOS NA FOrmAÇÃO (pergunta 10)

Com esta pergunta quisemos estudar não propriamente a preparação, como na pergunta anterior, mas a disponibilidade e a certeza das próprias atitudes em relação à actividade formativa da Ordem. Obviamente, a disponibilidade pressupõe a consciência de uma preparação adequada, como demonstram as percentagens relativas às habilitações académicas – onde elas são mais elevadas aumenta também a oferta. Obviamente, também onde não existem competências actualizadas, uma disponibilidade clara e generosa pode constituir uma óptima predisposição para uma preparação adequada sucessiva.

Tal disponibilidade resulta ser bastante generosa e generalizado, precisamente nos 25,9% dos casos, o que representa um quarto dos Irmãos, especialmente na América Latina, na Ásia e na África, em metade dos jovens entre os 1� e os 35 anos (121 Irmãos), e um terço dos que têm entre 36 e 55 anos (103 Irmãos), entre os que possuem um diploma ou um Mestrado.

Maiores resistências parecem, pelo contrário, provir dos Irmãos residentes na Europa Meridional e, obviamente, e dos idosos.

Indicações explícitas da direcção para que sectores se orienta esta disponibilidade foram também dadas e poderiam constituir uma ulterior explicação, mais aprofundada, e uma confirmação dos dados até agora apresentados.

12. CONCLUSÃO

Já esta primeira parte de análise do capítulo relativo às informações gerais sobre os Irmãos que responderam ao questionário é muito rica em dados documentários, reflexões, estímulos e orientações que podem orientar uma acção de renovação e desenvolvimento da Ordem nos seus variados sectores de actividade apostólica. Nas páginas seguintes tentaremos sintetizar os elementos mais salientes tendo em vista oferecer uma panorâmica de fundo que evidencie as suas dimensões mais importantes, os elementos críticos e problemáticos e os pontos de força disponíveis para uma acção de desenvolvimento.

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60 61

12.1 Em primeiro lugar, merecem ser sublinhados alguns elementos positivos:

1. É de louvar a atitude positiva e construtiva com que o questionário parece ter sido acolhido por Irmãos não acostumados a este tipo de colaboração. Apesar de ter havido um número significativo de Irmãos que, pelas razões mais diversas, não puderam ou não quiseram responder, as respostas dadas mostram uma grande diligência e seriedade dos que responderam integralmente.

2. As informações tão precisas que foram dadas permitiram-nos construir mais correctamente uma série de variáveis e indicadores muito pertinentes para prosseguirmos na investigação e construirmos um quadro de indicadores muito pertinentes para aprofundar analiticamente cada uma das respostas dadas ao questionário.

3. dos 1362 Irmãos que compõem a Ordem Hospitaleira dos Irmãos de S. João de deus podemos dispor das respostas de 1012 entrevistadas, que constituem uma “amostra” suficientemente representativa da Ordem Religiosa, adequadamente subdividida nas seguintes 6 áreas geográficas, denominadas, por razões operacionais: Europa do Sul ou Meridional, com 3�0 entrevistados (37,5%); Europa Central, com 189 Irmãos (18,7%); África, com 84 Irmãos (�,3%); América Latina, com 1�2 Irmãos, que representam 1�% do total; Ásia, com 12� Irmãos (12,5%), e E.U.A., com 60 Irmãos (5,9%). Também a proporção da distribuição parece corresponder bastante à presença real da Ordem nas diferentes zonas do mundo.

4. O estudo da estrutura por idades evidencia de forma positiva um bom grupo consistente de jovens com menos de 35 anos de idade, equivalente a um quarto dos Irmãos, comparativamente com uns 13% de Irmãos que têm uma idade superior aos �5 anos. A faixa entre os 36 e os �4 anos, a que resulta ser operacionalmente mais activa e mais presente no desempenho de cargos administrativos, é constituído por 62,3% dos Irmãos.

Abaixo dos 70 anos, uma idade hoje ainda suficientemente activa, situam-se quase �0% dos membros da Ordem, ou seja �06 Irmãos.

Este dado demonstra que a Ordem é ainda bastante jovem e rica em recursos humanos, diferentemente distribuídos, particularmente os mais jovens, nas regiões da Ásia e da África, enquanto os menos jovens estão principalmente presentes na Europa Meridional e nos E.U.A. A América Latina apresenta uma posição peculiar, a meio caminho entre os outros dois grupos de regiões.

A relação jovens/idosos favorece ainda os jovens, quer globalmente considerados (0,81) que nos sectores específicos do Governo Geral e Provincial que, de facto, resulta ser ainda bastante jovem, como também são predominantemente jovens os Irmãos que trabalham na formação e na pastoral vocacional.

5. A idade dos Irmãos de S. João de Deus no momento de entrarem para o noviciado, ao mesmo tempo que nos permite conhecer a presença de vocações adultas na Ordem, apresenta-nos um mapa global dessa realidade assim distribuída: mais de um terço dos Irmãos (36,1%, 365) entrou para o Noviciado entre os 16 e os 20 anos, especialmente nas regiões de antiga tradição cristã, e quase um outro terço (31,�%) dos Irmãos entrou entre os 21 e os 25 anos, havendo 1�,5% que entraram entre os 26 e os 30 anos de idade.

Com o aumento das idades dos Irmãos, quanto mais se recua no tempo, mais diminuem também as entradas tardias: na faixa etária entre 31 e 35 anos entraram �,1% dos Irmãos, e com mais de 35 anos só o fizeram 5,2% (53). As vocações adultas parecem prevalecer hoje, tanto na América Latina como na Europa Central, enquanto na Europa Meridional são maioritárias as de idade juvenil dos anos passados.

A entrada em idade jovem favorece não só uma formação religiosa e espiritual mais profunda, mas também uma maior qualificação académica. Hoje, nas faixas etárias mais altas predominam os graus académicos correspondentes a simples diplomas de qualificação profissional ou técnica, mais directamente operacionais no campo médico, mas menos úteis para favorecer uma boa preparação para assumir os compromissos formativos e vocacionais da Ordem. Estas tarefas exigem uma formação académica e humanística mais elevada, e por conseguinte um currículo mais longo, que é favorecido por uma estadia mais prolongada na Ordem, que se produz com a entrada para o Noviciado em idade juvenil. Na realidade, ¾ dos que

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hoje desempenham cargos de responsabilidades no sector da formação (�5,4%) entraram para o Noviciado antes dos 25 anos.

6. A análise aprofundada da duração da profissão religiosa dos Irmãos de S. João de Deus ajuda a confirmar a estrutura etária relativamente jovem da Ordem e a identificação das zonas geográficas de mais tardio desenvolvimento religioso e/ou mais recente, como na Ásia e na África.

�. Na nossa investigação, a análise da condição religiosa dos Irmãos, distribuída nos vários sectores de oblatos, noviços, escolásticos, professos de votos solenes e sacerdotes, nada diz de novo, mas ajuda a evidenciar a natureza e a composição do status da Ordem, de modo que se constata uma forte presença de noviços na Ásia, de escolásticos na África, de professos em toda a Europa e de sacerdotes na Europa Meridional e na América Latina. Além disso, comparando os nossos dados com os da Secretaria Geral da Cúria, pode-se obter também os grupos dos quais derivaram as maiores lacunas em termos de respostas ao questionário.

Mais interessante é a distribuição da percentagem dos Irmãos por faixas etárias: a maior parte dos noviços (55) tem menos de 35 anos – só 1 se pode considerar idoso, tendo mais de 56 anos. dos 160 escolásticos entrevistados, 122 são muito jovens e 35 têm menos de 55 anos. Entre os professos de votos solenes (122), há também 5� muito jovens. Geralmente os sacerdotes (6�) têm mais de 56 anos, mas há porém um pequeno grupo (19) que representam 2�,3%, que são mais jovens, e 3 mesmo muito jovens.

Uma dimensão, em nossa opinião, não desprezível, é a das habilitações académicas, segundo a qual só 15 dos 160 escolásticos (9,4%) obtiveram uma licenciatura ou mestrado, enquanto 78 (48,7%) conseguiram um diploma de qualificação profissional ou técnica. Apraz-nos registar que entre os 67 sacerdotes entrevistados, 46 (6�,6%) obtiveram um diploma de estudos eclesiásticos ou uma licenciatura. Trata-se de um capital formativo de importância notável.

Consideramos, no entanto, que possa constituir um motivo de atenção o facto de mais de metade dos professos de votos

solenes (376) ter obtido só um diploma de qualificação técnica ou profissional e apenas 23,8% (169) um grau de bacharelato universitário.

�. Um ulterior elemento positivo a ser utilizado como recurso precioso é o do capital formativo de Irmãos que trabalham

actualmente, ou que já trabalharam, no sector da formação. Não são poucos os Irmãos ocupados nesta área, hoje como no passado, e constituem 41,3% do total dos Irmãos de S. João de deus. A Ordem pode contar com eles, felizmente, não só no plano social da transmissão de valores religiosos, mas também relativamente à simples formação religiosa espiritual, pessoal e individual, que se presume um formador tenha acumulado ao longo dos anos.

Os actuais formadores (110) estão distribuídos de uma maneira bastante homogénea em toda a Ordem, mas há uma certa predominância na África (21,4%, 18 Irmãos), e na América Latina (14,5%, 25 Irmãos). A idade destes formadores situa-se entre as primeiras duas faixas etárias dos mais jovens, em 14,6% e 15,6% dos casos, respectivamente; por sua vez, a dos já-formadores abrange as duas últimas faixas, mais maduras, quer em termos de idade quer de anos de profissão religiosa.

Neste âmbito emerge também outro detalhe, que aparece também frequentemente noutras respostas: uma certa sobreposição de cargos naqueles que se ocupam da formação e simultaneamente da pastoral vocacional. Isto faria pensar numa acumulação de compromissos que, na opinião dessas mesmas pessoas, tornaria mais dificultoso levar a cabo tais tarefas. De facto, dos 110 Irmãos ocupados em actividades de formação, �2 (65,4%) desempenham ao mesmo tempo actividades no âmbito da pastoral vocacional; 3�, porém, só exerceriam uma única tarefa formativa.

9. Os responsáveis pela pastoral vocacional são menos, numericamente (�2), comparados com os que actuam na área da formação, mas são também mais jovens. Como eles, têm na maior parte dos casos graus académicos do ensino superior, geralmente de tipo humanístico, e estão principalmente presentes na África e na América Latina. Também eles vivem o mesmo problema da acumulação de tarefas que alguns consideram difícil de gerir.

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de passagem, observamos um pequeno problema metodológico devido à discrepância de alguns dados relativamente às perguntas

7 e 9.

10. O problema das habilitações académicas, acima levantado, tem certamente uma sua leitura específica e razoável por parte dos Superiores do Governo Geral. Quanto a nós, limitamo-nos a mencioná-lo, porque quase metade dos Irmãos entrevistados (48,3%) declara ter apenas um diploma de qualificação técnica ou profissional, e porque nos parece bastante limitado o número de graus académicos universitários, especialmente de carácter humanístico e teológico. Estes parecem estar concentrados na Europa e na América Latina. Há no entanto cerca de 2/5 do total dos Irmãos entrevistados que declaram possuir igualmente outras especializações.

11. Um ulterior elemento de grande importância para uma compreensão mais profunda da estrutura institucional da Ordem,

e precioso para a construção de um indicador de qualidade, a ser utilizado como variável de cruzamento para todo o questionário – foi a distribuição dos cargos de responsabilidade actualmente desempenhados na Ordem. Numa primeira abordagem, ficamos com uma imagem do orgânico da Ordem proporcionalmente distribuído de acordo com as diferentes áreas geográficas. Porém, o da América Latina parece ser mais homogéneo, estruturado e consistente, porque apresenta percentagens relativamente elevadas em todos os sectores, enquanto na África e na Ásia parecem prevalecer as estruturas ligadas aos Centros.

Impressiona, além disso, positivamente o facto de os cargos de Governo, tanto Geral como Provincial e local, estarem preenchidos por Irmãos maduros, com uma certa experiência, pertencendo acima de tudo às duas faixas etárias intermédias que vão desde os 36 até aos �4 anos, embora não faltando nestes papéis um número significativo de pessoas jovens.

O problema relativo ao número muito reduzido de Irmãos que declaram estar empenhados (pergunta �) na pastoral vocacional (34), em comparação com outros dados, poderia talvez encontrar uma solução na hipótese interpretativa segundo a qual os que

respondem à pergunta, tendo que assinalar apenas uma das 7 opções, indicadas pelos itens, e no caso de sobreposição, a mais exigente em termos de tempo e preocupações suscitadas, terá sido sobre esta que se concentraram os poucos efectivos 34 (3,4%) que desenvolvem hoje principalmente esta tarefa.

12. Um último elemento positivo deve ser indicado naquela generosa e generalizada disponibilidade dos Irmãos para se dedicarem prioritariamente a actividades de tipo formativo, nos seus diferentes níveis: precisamente 25,9% (262) dos entrevistados sentir-se-iam disponíveis para isso. Trata-se de um grande recurso que concretiza uma feliz série de compromissos e responsabilidade que apenas precisam de ser canalizados e orientados.

Já uns 39,1% dos entrevistados (396) declaram sentir-se preparados para prestar o seu serviço nos vários sectores da formação: na pastoral vocacional (14,4%), nos Postulantados (�,�%), nos Noviciados (�,4%) e nos Escolasticados (�,5%). São sobretudo os jovens que se oferecem, especialmente nos primeiros três sectores, deixando oportunamente o compromisso do Escolasticado para Irmãos mais maduros.

Para confirmação das nossas anteriores observações, é um factor extraordinariamente confortante o facto de os mais desejosos de actuarem no campo da formação e da pastoral vocacional serem precisamente aqueles Irmãos que têm habilitações académicas mais elevadas e frequentemente também de tipo humanístico e teológico.

12.2 Aspectos críticos e problemáticos

Entre os elementos críticos, observáveis desde estas primeiras análises, emerge a falta de vocações jovens na Europa Meridional, um dado que se pode aliás generalizar a outras Ordens e Congregações Religiosas.

A isso acrescente-se também talvez a relativa escassez dos graus académicos superiores, especialmente de natureza humanística, que vimos serem tão preciosos e necessários para os futuros formadores e responsáveis pela pastoral vocacional. O predominar

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66 6�

de alguns simples diplomas de qualificação técnica ou profissional, como se vê pelos resultados da nossa investigação, poderia fazer baixar, em nossa opinião, o próprio nível da formação humanística e teológica da Ordem.

Também a sobreposição de cargos entre o pessoal ocupado na pastoral juvenil-vocacional e, simultaneamente, na formação, provoca uma certa intranquilidade nas pessoas directamente interessadas, que se nota ao longo das observações do questionário.

12.3 Recursos hipoteticamente disponíveis

Todos os elementos positivos acima evidenciados constituem já uma base sólida de recursos disponíveis para um trabalho sistemático de renovação. Queremos, contudo, sublinhar alguns de entre os mais fulcrais.

1. Um recurso operacional de grande importância é a idade relativamente jovem da Ordem inteira, confirmada pela relação positiva entre jovens e idosos, e que ainda se mantém favorável aos jovens. de facto, metade dos Irmãos entrevistados – 50� –, tem menos de 52 anos de idade; pelo contrário, com mais de �0 anos aparecem apenas 55, o que representa 1/10 dos Irmãos.

Este recurso, a jovem idade dos Irmãos, é predominante e evidente entre quantos se ocupam da formação e da pastoral vocacional, assim como nos Irmãos com responsabilidade normal de Governo Geral e Provincial.

2. A entrada para o noviciado em idade juvenil parece favorecer ser não só uma melhor formação religiosa, mas também uma melhor formação académica e humanística, o que, pelo contrário, não se verifica em idades mais avançadas.

3. Constitui um factor positivo, e também um recurso precioso e rico, a ampla e generosa disponibilidade dos Irmãos entrevistados para assumirem tarefas nas áreas da formação e da pastoral vocacional.

4. A actividade apostólica da Ordem na África e na Ásia parece bastante promissora, especialmente no campo da formação e da pastoral vocacional; na Europa, pelo contrário, esta parece estar bastante estagnada e encontrar resistências, embora haja aí um maior número de Irmãos especificamente preparados para o efeito.

Para concluir, na perspectiva deste primeiro capítulo, emergiram muitos e numerosos dados de carácter estrutural, deles resultando uma fotografia da Ordem na sua globalidade, mas também muito articulada e aprofundada nos seus diversos elementos e nas suas diferentes composições. A análise detalhada efectuada com as variáveis de cruzamento permitiu sublinhar aspectos que, de outra forma, talvez tivessem passado despercebidos, ao passo que agora podem constituir o ponto de partida para ulteriores reflexões e discussões de carácter formativo, religioso e político da Ordem, tendo em vista a sua renovação dentro da Igreja no novo milénio que acabamos de iniciar.

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69

IdeNTIdAde CArISmÁTICA dA VIdA CONSAGrAdANA Ordem HOSPITALeIrA de S. JOÃO de deUS

A exigência da fidelidade à própria vocação e de um aprofundamento da própria vida consagrada exige constantemente que se defenda e verifique a qualidade, a consistência, as dimensões e a orientação religiosa, tendo em vista corrigir o próprio itinerário espiritual, fortalecer e imprimir, por conseguinte, um golpe de asa ao desenvolvimento da própria vida religiosa. Trata-se daquela “fidelidade dinâmica” ao próprio carisma, à qual se refere a Exortação Apostólica “Vita Consecrata” (1996), porque, perante as dificuldades do momento presente e os desafios da sociedade contemporânea, ela constitui a ideia-força do desenvolvimento carismático e apostólico, assim como o amadurecimento progressivo da própria identidade religiosa, que é determinada pela consagração e pela missão. A consagração, que é dom de deus, é acção divina sobre o religioso, é graça por Ele livremente concedida, mas é também consagração do religioso a Deus como resposta à sua vocação na Igreja, em cujo interior são professados os conselhos evangélicos. O enfoque no problema da identidade ajuda a dar segurança à pessoa e à instituição, mas também a tornar a vida consagrada mais adequada à sua missão. É por isso que, nos anos �0 do sec. XX, é cada vez mais frequente a leitura teológica da vida religiosa em chave de consagração, até ao ponto de se substituir a expressão “vida religiosa” por “vida consagrada”. Há nesta teologia da consagração a preocupação de afirmar que a vida religiosa não existe prioritariamente para fazer algo, mas para se pertencer a Alguém e para se viver como Ele através da profissão e do exercício dos conselhos evangélicos.

“Fidelidade dinâmica” e profissão dos conselhos evangélicos tornaram-se por conseguinte um dos objectivos mais exigentes para as Ordens religiosas e uma das preocupações constantes de verificação que em medida mais ou menos explícita e directa, são sempre abordados em cada Capítulo Geral.

CAPÍTULO II

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�0 �1

Também no nosso caso tal aprofundamento assumiu um valor e uma importância especiais que se traduziram numa área específica de análise do nosso questionário, tendo em vista precisamente uma reflexão sobre a identidade da nossa consagração na Ordem Hospitaleira de S. João de deus.

Nesta primeira área, por conseguinte, considerámos cinco dimensões que julgámos serem constitutivas para verificar a consistência e a qualidade da própria consagração: concretamente, trata-se do estudo:

1. das maiores dificuldades para viver a própria consagração hospitaleira (pergunta 11),

2. das motivações na origem da própria entrada para a Ordem (pergunta 12),

3. das razões para o abandono e saída da Ordem (pergunta 1�).4. da direcção espiritual como meio de perseverança na vocação

(pergunta 13),5. das dificuldades que põem em questão a prática dos votos

religiosos (perguntas 14-1�).

1. AS mAIOreS dIFICULdAdeS PArA VIVer A PrÓPrIA CONSAGrAÇÃO (pergunta 11)

A consagração hospitaleira vivida na sociedade contemporânea não encontra facilitações nem apoios, mesmo quando se apresenta como um dos serviços ao próximo mais urgentes e procurados. de muitas partes, surgem desafios diversos que provocam severamente a fidelidade dinâmica ao próprio carisma.

Procurámos, por isso, analisar algumas das possíveis dificuldades que o Irmão de S. João de deus pode geralmente encontrar ao viver a identidade da própria consagração hospitaleira.

1.1. Visão panorâmica

À pergunta “Que dificuldades encontras para viveres a identidade da nossa consagração hospitaleira?” obtivemos os seguintes resultados:

Percentagens

0. Não responde1. Nenhuma dificuldade2. Escassa vida de fé e de oração3. Insuficiente formação humana4. Insuficiente formação cristã e religiosa5. Pouca clareza sobre a identidade da vocação hospitaleira6. Incapacidade para assumir os compromissos da vida

consagrada hospitaleira7. Outras

5,232,526,522,�20,215,6

�,�

7,7

Esta primeira pergunta introduz-nos imediatamente num dos problemas mais delicados da vida religiosa, que é precisamente a interiorização da própria identidade e consagração na vocação mais pessoal.

É com satisfação que podemos observar que cerca de um terço dos Irmãos declara abertamente não encontrar nenhuma dificuldade.

No entanto, para os outros, surgem dificuldades de vário tipo, que não devem ser menosprezadas. São como que sinais de alarme, que nos obrigam a abrir os olhos e a apostar fortemente na formação dos próprios membros.

Para pelo menos um em cada quatros Irmãos, prevalece a dificuldade de uma escassa vida de fé e oração (26,5%), e mais de um Irmão em cada cinco (22,�%) reconhecem haver na própria formação uma insuficiente formação humana, aos quais se juntam 20,2% que, insistindo nestes aspectos formativos, se reconhecem carentes em formação cristã e religiosa. Além disso, para 15,6% a identidade da vocação hospitaleira parece desvanecer-se, se é que isso ainda não aconteceu. Não se deve menosprezar sequer os �,�% de Irmãos (cerca de 1 em cada 10) que se reconhecem incapazes de assumir os compromissos da vida consagrada hospitaleira. Se a isso acrescentarmos os �,�% que denunciam dificuldades de vário tipo, temos uns 16,5% do total, uma percentagem que equivale a 16� Irmãos.

Temos aqui um sintoma de como é urgente a necessidade de uma clarificação cada vez mais precisa e um aprofundamento do próprio carisma religioso, especialmente nestes momentos de incerteza, aos quais

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�2 �3

a sociedade contemporânea em geral nos está entretanto a acostumar, mas que também um clima de difundido bem-estar e uma organização dos Serviços de Saúde eficiente em muitos Países porá em crise se toda a nossa formação não despertar novamente para um sentido bem concreto de transcendência evangélica, que deriva da nossa consagração religiosa.

1.2. Análises específicas

A análise detalhada, através de tabelas mais analíticas de cada cruzamento com as variáveis de fundo, permitir-nos-á aprofundar ulteriormente estas indicações gerais.

Os 53 Irmãos que não deram nenhuma resposta provêm sobretudo da África e da Europa Meridional, e dos Irmãos mais idosos.

Os 32,5% de quantos vivem serenamente a identidade da sua consagração hospitaleira, porque não encontram nenhuma dificuldade, residem predominantemente nas duas zonas europeias, meridional (3�,1%) e central (3�,6%), e nos E.U.A. (36,�%). Relativamente escassas, pelo contrário, são aqui as percentagens da África e da Ásia. São sobretudo os Irmãos mais adultos e mais idosos que vivem com serenidade a própria identidade, como também os que têm um diploma ou grau universitários, e especialmente quem não exerce qualquer cargo de responsabilidade (35,1%) – 24,1% dos membros do Governo Geral e Provincial, 33,�% dos superiores locais e 15,�% dos formadores.

Concluindo, são apenas um terço os que não encontram qualquer dificuldade em viver a identidade da própria consagração hospitaleira. Este dado é uma confirmação e um apelo a como é importante manter sempre viva uma vigilância constante e trabalhar sem cessar para o fortalecimento ascético da própria consagração religiosa, hoje particularmente problematizada pelas várias tendências e estilos de vida da sociedade contemporânea.

As maiores dificuldades são identificadas na escassa vida de fé e de oração (26,5%) denunciada sobretudo pelos Irmãos da Ásia (51,2%), da África (2�,6%), e da Europa Meridional (24,5%); pelas duas faixas etárias mais jovens, pelos diplomados e licenciados (31,4%), por quantos exercem

responsabilidades de governo, quer Geral quer Provincial (35,6%), como também por quantos se preparam para ser formadores (33,2%).

Tab. 2.1 – Principais dificuldades para viver a identidade da própria consagração hospitaleira, segundo as áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60

Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem53 21 9 11 � 2 3

5,2 5,5 4,� 13,1 4,1 1,6 5,0

Insuficiente formação humana

230 �2 2� 24 50 4� �

22,� 18,9 14,� 2�,6 29,1 3�,� 13,3

Pouca formação cristã religiosa

204 �� 33 20 30 40 3

20,2 20,5 1�,5 23,� 1�,4 31,5 5,0

Escassa identidade

15� 5� 3� 11 13 23 1�

15,6 15,0 19,6 13,1 �,6 1�,1 2�,3

Escassa vida de fé26� 93 35 24 3� 65 13

26,5 24,5 1�,5 2�,6 22,1 51,2 21,�

Incapacidade para assumir

89 26 12 � 1� 15 11

�,� 6,� 6,3 �,3 10,5 11,� 1�,3

Nenhuma dificuldade

329 141 �3 12 5� 23 22

32,5 3�,1 3�,6 14,3 33,� 1�,1 36,�

Outras�� 29 19 5 1� 2 6

�,� �,6 10,1 6,0 9,9 1,6 10,0

*** Nas restantes partes deste Relatório, em todas as tabelas seguintes, os totais de coluna podem ultrapassar o valor de 100%, quando se admite mais que uma opção de resposta à mesma pergunta.

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�4 �5

Tab. 2.2 – Principais dificuldades em viver a identidade da própria consagração hospitaleira, por faixas etárias e anos de profissão

(em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão

18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem53 13 13 15 11 12 13 1� 9

5,2 5,4 4,2 4,6 �,3 5,� 4,6 4,9 6,1

Insuficiente formação humana

230 �6 �0 60 23 63 �1 64 30

22,� 31,� 22,� 1�,5 1�,4 30,3 25,4 1�,3 20,3

Pouca formação cristã religiosa

204 49 �6 61 1� 44 �0 63 25

20,2 20,5 24,� 1�,� 13,6 21,2 25,0 1�,1 16,9Escassa

identidade com o carisma

15� 49 45 50 13 41 44 49 20

15,6 20,5 14,� 15,4 9,8 19,7 15,� 14,0 13,5

Escassa vida de fé26� �4 99 �� 16 �3 �5 �4 16

26,5 31,0 32,2 23,� 12,1 35,1 30,4 24,1 10,�Incapacidade para assumir

compromissos da

89 32 20 25 12 24 26 23 12

�,� 13,4 6,5 �,� 9,1 11,5 9,3 6,6 �,1

Nenhuma dificuldade

329 40 �5 131 66 39 6� 141 �4

32,5 16,� 2�,� 40,4 50,� 1�,� 23,9 40,4 50,0

Outras respostas�� 1� 23 25 12 13 19 30 13

�,� �,1 �,5 �,� 9,1 6,3 6,� �,6 �,�

Tab. 2.3 – Principais dificuldades em viver a identidade da própria consagração hospitaleira, por Irmãos activos na área da formação e da

pastoral vocacional e por habilitações académicas (em V. A. e %).

5.2 - Formação 5.3 - Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. técnicas

Bachar. Licenc.

Mestr.Dout.

TOTAIS 1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2Percentagem sobre o total 100,0 41,3 5�,� 2�,4 �1,6 4�,3 21,� 1�.0

Não respondem

53 20 33 16 3� 23 � 10

5,2 4,� 5,6 5,6 5,1 4,� 3,2 5,�Insuficiente

formação humana

230 �� 153 56 1�4 123 3� 26

22,� 1�,4 25,� 19,5 24,0 25,2 1�,3 15,1Pouca

formação cristã

204 �� 11� 4� 15� 116 39 29

20,2 20,� 19,7 16,4 21,� 23,� 1�,� 16,9Escassa

identidade com o

15� 60 98 45 113 �1 35 31

15,6 14,4 16,5 15,� 15,6 14,5 15,9 1�,0

Escassa vida de fé

26� 114 154 64 204 119 60 54

26,5 2�,3 25,9 22,3 2�,1 24,3 2�,3 31,4

Incapacidade para assumir

89 29 60 25 64 43 1� 9

�,� 6,9 10,1 �,� �,� �,� �,2 5,2

Nenhuma dificuldade

329 146 1�3 99 230 154 �4 5�

32,5 34,9 30,� 34,5 31,� 31,5 3�,2 33,1

Outras respostas

�� 40 3� 29 49 33 24 16

�,� 9,6 6,4 10,1 6,� 6,� 10,9 9,3

Se a maior dificuldade reside na escassa vida de fé, segue-se-lhe imediatamente um par de dificuldades encontradas no âmbito da própria formação julgada insuficiente, quer no plano da formação humana (22,7%), quer cristã e religiosa (20,2%).

da primeira, queixam-se sobretudo os Irmãos da Ásia (3�,�%), da África (28,6%) e da América Latina (29,1%), os muito jovens entre os 18 e os 35 anos (31,8%), os que têm menos de 5 anos que profissão (30,3%) e os diplomados simples (25,2%). A segunda resulta estar mais presente na

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Ásia e na África, nos Irmãos que têm entre 36 e 55 anos, nos diplomados e nos superiores provinciais.

Comparável, por afinidade com as precedentes dificuldades, e merecedor de estudo, é o facto de 8,8% dos Irmãos manifestarem incapacidade para assumir os compromissos hospitaleiros da vida consagrada, o que ocorre especialmente nos E.U.A. (1�,3%) e na Ásia (11,8%), entre os muito jovens (13,4%), com menos de 5 anos de profissão, os formadores vocacionais e os superiores.

Por fim, um em cada sete Irmãos entrevistados queixa-se da pouca clareza na identidade da vocação hospitaleira (15,6%), especialmente nos E.U.A. (28,3%), na Europa Central (19,6%) e na Ásia (18,1%), nas faixas etárias dos Irmãos mais jovens, com menos de 5 anos que profissão religiosa, entre aqueles que têm um diploma ou uma licenciatura, e entre os formadores (20%), especialmente os que trabalham na pastoral vocacional.

Tab. 2.4 – Principais dificuldades em viver a identidade da própria consagração hospitaleira, segundo os cargos exercidos (em V. A. e %).

Cargos desempenhados

Gov. GeralGov. Prov.

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem53 2 15 4 32

5,2 2,3 6,� 5,� 5,1

Insuficiente formação humana

230 19 4� 14 150

22,� 21,� 21,2 20,0 23,�

Pouca formação cristã religiosa

204 26 51 13 114

20,2 29,9 23,0 1�,6 1�,0Escassa identidade

com o carisma hospitaleiro

15� 14 32 14 98

15,6 16,1 14,4 20,0 15,5

Escassa vida de fé26� 31 61 1� 159

26,5 35,6 2�,5 24,3 25,1Incapacidade

de assumir compromissos da

89 9 9 9 62

�,� 10,3 4,1 12,9 9,8

Nenhuma dificuldade

329 21 �5 11 222

32,5 24,1 33,� 15,� 35,1

Outras respostas�� � 19 10 42

�,� �,0 �,6 14,3 6,6

Recolhendo os elementos principais desta pergunta, podemos verificar que, aproximadamente, mais de um terço dos Irmãos que não indicam qualquer dificuldade em viver a identidade da própria consagração hospitaleira, as maiores dificuldades por eles identificadas são a escassez da vida de fé e de oração, a insuficiente formação humana, cristã e religiosa, e, para uma percentagem mais reduzida, também a pouca clareza do carisma próprio da Ordem e a dificuldade de assumir compromissos no âmbito da vida consagrada. Isto emerge especialmente nas faixas mais jovens de idade, nos E.U.A., mas bastante mais entre os Irmãos da Ásia e da África.

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deve-se ter em conta igualmente uma certa homogeneidade na distribuição das respostas, que convergem todas isoladamente ao redor dos 20-30%, sinal de uma reflexão notável e de atenção nas respostas dadas. Sendo esta também a primeira pergunta da secção, pensamos que o empenho dos Irmãos foi muito elevado. Mantém-se, no entanto, uma certa perplexidade metodológica e interpretativa na leitura destes dados, pois, se o texto da pergunta pretendia claramente fazer emergir as dificuldades de cada um, às vezes fica-se com a dúvida que o entrevistado não se refira apenas a si próprio, mas também, porventura, nalguns casos, aos Irmãos em geral; em todo o caso, as respostas obtidas são muito precisas e perfeitamente identificáveis.

2. mOTIVAÇÕeS NA OrIGem dA PrÓPrIA VOCAÇÃO (pergunta 12)

A busca das motivações das próprias escolhas constitui uma dimensão central do agir humano, que é absolutamente necessário quando se trata da orientação definitiva da própria vida. Estudar, por conseguinte, as razões pelas quais uma pessoa decidiu entrar para a vida consagrada segundo o carisma de S. João de deus é um aspecto muito importante também para colher os fundamentos sobre os quais foi construída uma vida e para avaliar igualmente as possibilidades de “re-proposta” na situação actual.

2.1. Visão de conjunto

As respostas, obtidas para os 5 itens da pergunta 12 do questionário, apresentam um desenvolvimento muito interessante.

Trata-se, em primeiro lugar, de uma pergunta acolhida por todos – só 1% não respondeu. Em segundo lugar, cerca de 19% dos Irmãos acrescentaram outras motivações. Em terceiro lugar, as restantes respostas são polarizadas claramente ao redor de dois blocos perfeitamente distintos nas escolhas: um grupo de razões concentra-se na figura do encontro com o doente, objecto de um particular testemunho de caridade (40%, 813 Irmãos), e outro, menos tematicamente uniforme e mais heterogéneo, ao redor de 20% (390 Irmãos), deixando isolado um item mais pessoal.

Percentagens1. Não responde

2. Um encontro com um pobre e/ou com um doente3. Testemunho de um Irmão no serviço aos doentes

4. Orientação do meu director Espiritual5. A vida fraterna dos Irmãos 6. Uma doença na minha experiência pessoal

7. Outras

1,0

42,33�,0

20,51�,1

8,9

19,3

Sobressai o forte impacto, em todo o caso para �0% dos Irmãos entrevistados, que teve o encontro pessoal com um doente e o testemunho de caridade de um outro Irmão no serviço da caridade prestado a quem sofre. É, por conseguinte, um índice muito significativo, ao nível de proposta pastoral, deixar que os jovens façam experiências destes encontros altamente interpelantes.

Em segundo lugar, emerge claramente a importância e o valor de

um guia ou de um director espiritual (20,5%) no acompanhamento e na orientação das próprias escolhas que, como se pode ver também a seguir (imediatamente na pergunta seguinte, mas também nas sugestões propostas no final do questionário), ainda constitui uma das pedras fundamentais do surgir e perseverar das vocações.

O terceiro elemento significativo continua a ser o testemunho de vida fraterna dos Irmãos (1�,1%): “ver como eles se amam”. Num clima social em que as pessoas procuram amor e afecto, do qual se sente particularmente necessidade, conseguir encontrá-lo visivelmente nas comunidades religiosas abre o coração e impele a experimentá-lo concretamente.

2.2. Análises específicas

Entrando numa análise mais específica, observamos que:– o encontro com um pobre e/ou com um doente foi a razão principal

da vocação para 42,3% dos Irmãos – 42�. É o que declaram especialmente os Irmãos da Ásia (63%), da Europa Central (5�,1%), da África, e em número muito menos, da Europa Meridional (2�,4%), os Irmãos muito jovens (60,3%) e os da segunda faixa de idade (52,�%) – bastante menos,

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�0 �1

os Irmãos com mais de 56 anos. Isto significa que esta motivação não foi muito forte no passado, mas está a sê-lo cada vez mais nos dias de hoje, especialmente para quem se declara disponível para se empenhar na pastoral vocacional.

Tab. 2.5 – Motivações na base da própria vocação. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

Canadá e Austrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem10 5 2 0 1 1 1

1,0 1,3 1,1 0,0 0,6 0,� 1,�

Testemunho de Irmão

3�5 15� 45 34 66 66 16

3�,0 41,6 23,� 40,5 3�,4 52,0 26,�

Meu director Espiritual

20� 99 24 26 24 22 12

20,5 26,1 12,� 31,0 14,0 1�,3 20,0

Encontro com um pobre

42� 104 10� 40 �0 �0 26

42,3 2�,4 5�,1 4�,6 40,� 63,0 43,3

Vida fraterna1�3 55 24 14 39 30 21

1�,1 14,5 12,� 16,� 22,� 23,6 35,0

doença pessoal90 20 2� 12 13 14 3

8,9 5,3 14,� 14,3 �,6 11,0 5,0

Outras respostas

195 98 41 9 32 � �

19,3 25,� 21,� 10,� 1�,6 5,5 13,3

Nas faixas etárias mais adultas dos Irmãos, pelo contrário, as razões fundamentais correspondem em medida percentualmente mais elevada ao testemunho de caridade de um Irmão (44,1%), e, a uma discreta percentagem de outras razões diferentes das que foram por nós apresentadas (Outras, 27,5%), como mostra a Tab. 2.6.

Em segundo lugar, mais de um terço dos Irmãos indica o testemunho de um Irmão no serviço prestado aos doentes (38%). Esta motivação está principalmente presente na Ásia (52%) e na Europa Meridional (41,6%), onde ocupa o primeiro lugar; entre os Irmãos de meia-idade, desde os 36 até aos �4 anos de idade, e entre 45% dos diplomados, como se pode ver na Tab. 2.�.

Tab. 2.6. - Motivações na origem da própria vocação. Distribuição por faixas etárias e anos de profissão (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão

1�-35anos

36-55anos

56-�4 anos

75-96 anos

Menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

Mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem10 1 2 3 2 0 2 4 2

1,0 0,4 0,� 0,9 1,5 0,0 0,� 1,1 1,4

Testemunho de Irmão

3�5 �0 11� 143 44 64 109 154 53

3�,0 33,5 3�,1 44,1 33,3 30,� 38,9 44,1 35,�

Meu director Espiritual

20� 36 56 �2 41 29 61 �2 41

20,5 15,1 1�,2 22,2 31,1 13,9 21,� 20,6 2�,�

Encontro com um pobre

42� 144 162 92 2� 130 151 10� 30

42,3 60,3 52,� 2�,4 21,2 62,5 53,9 30,� 20,3

Vida fraterna1�3 64 49 4� 20 55 52 46 25

1�,1 26,� 16,0 14,� 15,2 26,4 1�,6 13,2 16,9

doença pessoal90 2� 35 16 10 30 30 20 �

8,9 11,� 11,4 4,9 �,6 14,4 10,� 5,� 4,�

Outras respostas195 24 42 89 3� 24 30 �� 44

19,3 10,0 13,� 2�,5 2�,0 11,5 10,� 25,2 29,7

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�2 �3

Tab. 2.7 - Motivações na origem da própria vocação. Distribuição por compromissos formativos e habilitações académicas

(em V. A. e %)

5.2 – Formação 5.3 - Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. técnicas

Bachar./Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAIS 1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2Percentagem sobre o total 100,0 41,3 5�,� 2�,4 �1,6 4�,3 21,� 1�.0

Não responde10 4 6 5 5 5 3 0

1,0 1,0 1,0 1,� ,� 1,0 1,4 ,0

Testemunho de Irmão

3�5 154 231 111 2�4 220 �0 5�

3�,0 36,� 38,9 3�,� 3�,� 45,0 31,� 33,�

Meu director Espiritual

20� 89 11� 63 144 106 49 29

20,5 21,3 19,9 22,0 19,9 21,� 22,3 16,9

Um encontro com um pobre

42� 15� 2�1 110 31� 20� �� �6

42,3 3�,6 45,6 3�,3 43,9 42,5 39,5 44,2

A vida fraterna1�3 �3 100 63 120 �0 43 30

1�,1 19,9 16,� 22,0 16,6 16,4 19,5 1�,4

doença pessoal90 32 5� 21 69 40 1� 15

8,9 �,� 9,8 �,3 9,5 �,2 �,� �,�

Outras respostas

195 90 105 53 142 �2 53 36

19,3 21,5 1�,� 1�,5 19,6 16,� 24,1 20,9

A uma distância de aproximadamente 20 pontos percentuais fica a orientação do meu director espiritual (20,5%), indicada sobretudo por 31% dos Irmãos de África e 26,1% da Europa Meridional, mas também a segunda, por ordem de prioridade, dos mais idosos (31,1%), em termos de idade e de profissão; em medida menor, esta razão é indicada pelos diplomados e Superiores Provinciais, como revela a Tab. 2.�.

A vida fraterna dos Irmãos foi a razão predominante para 1�,1% (1�3 Irmãos) dos entrevistados, especialmente nos E.U.A. (35%), para os muito jovens (26,4%), os Superiores Provinciais (24,1%) e os responsáveis pela pastoral vocacional (2�,4%)

Tab. 2.8 – Motivações na origem da própria vocação. Distribuição por cargos de responsabilidade (em V. A. e %)

Cargos desempenhados

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não responde10 1 4 0 5

1,0 1,1 1,� 0,0 0,�

Testemunho de Irmão

3�5 30 �5 25 245

3�,0 34,5 3�,3 35,� 3�,�

Meu director Espiritual

20� 10 45 10 142

20,5 11,5 20,3 14,3 22,4

Encontro com um pobre

42� 39 96 34 259

42,3 44,� 43,2 4�,6 40,9

Vida fraterna1�3 21 26 14 122

1�,1 24,1 11,� 20,0 19,3

doença pessoal90 � 13 13 56

8,9 9,2 5,9 1�,6 �,�

Outras respostas195 15 51 12 11�

19,3 1�,2 23,0 1�,1 1�,5

Para concluir, queremos confirmar a importância que tiveram para a sua vocação, em primeiro lugar, as razões do encontro com o doente e o testemunho de caridade que lhe foi dado. de facto, porém, é valorizada também a direcção espiritual e a orientação encontrada no próprio percurso formativo e vocacional, como nos é confirmado pelo estudo relativo à necessidade e à importância da disponibilidade de um guia nas mais diferentes situações de dificuldade na própria vida religiosa.

No ponto seguinte, de facto, tentaremos analisar as outras razões que, pelo contrário, não favorecem a perseverança na própria vocação e que foram identificadas como causas principais da falta de perseverança no âmbito da Ordem.

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�4 �5

3. rAZÕeS PArA O ABANdONO e SAÍdA dA Ordem (pergunta 1�)

As Congregações da Igreja encararam por diversas vezes este tema, mesmo de modo sistemático, realizando seminários e estudos profundos: contudo, o nosso objectivo consistia em analisar a percepção e a consciência que os Irmãos tinham acerca deste fenómeno, de forma que, tornando-se mais conhecido, pudesse também ser prevenido e oportunamente combatido.

3.1. Visão de conjunto

O estudo deste ponto pretendia mostrar a consciência da Ordem na sua globalidade acerca das razões prevalecentes pelas quais um Irmão abandona a Ordem. Este é um instrumento de grande importância para analisar as suas várias diferenciações de avaliação, nas diversas áreas geográficas, assim como segundo as faixas etárias e os cargos institucionais desempenhados.

Também a esta pergunta a resposta foi plebiscitária: só 1,�% não respondeu, ao passo que �,�% consideram válidas outras razões diferentes.

Na caixa seguinte reproduzimos a avaliação dos Irmãos segundo a distribuição por ordem de maiores frequências:

Percentagens

1. Não responde2. descido da vida espiritual 3. Dificuldades nas relações interpessoais na vida de comunidade4. Cessação das motivações vocacionais5. O activismo que apaga a identidade de consagrados6. Motivações de ordem afectiva�. Pressões familiares8. Outras

1,�55,15�,033,�20,�1�,3

2,5�,�

Ao contrário das outras respostas desta secção, aqui a percentagem de 55,1% é a mais elevada obtida em todas as perguntas – ultrapassa-as todas em medida notável. Mais de metade dos Irmãos concentra-se no descuido da vida espiritual (55,1%). A forte convergência para esta razão – que, aliás, na ordem das alternativas não tinha sido colocada em primeiro

lugar, podendo induzir a uma resposta mais fácil e imediata, parece denotar entre os Irmãos um discernimento espiritual correcto, ainda marcado por uma elevada consideração pela importância da vida sobrenatural na formação do consagrado, acreditando-se que a sua ausência produza efeitos desastrosos na perseverança vocacional. Só secundariamente se referem razões de ordem humana, de convivência relacional e de vida fraterna. De facto, só a quase 20 pontos de distância se aponta um par de outras razões, que obtiveram uma pontuação quase idêntica, isto é, as dificuldades nas relações interpessoais na vida de comunidade (37%), às quais se segue, para cerca de um terço dos Irmãos (33,7%), o enfraquecimento e o desaparecimento das motivações vocacionais.

Um segundo par de apreciações das percentagens, bastante semelhantes, refere-se ao activismo que apaga a identidade de consagrados (20,8%) e a motivações de tipo afectivo (18,3%).

Escassamente presentes na consciência da Ordem surgem as dificuldades que derivam de pressões familiares (2,5%), consideradas como mais frequentes pelos Irmãos dos E.U.A. (6,�%), da África (4,�%) e da Ásia (4,�%), e também pelos muito jovens (5,4%).

3.2. Análises específicas

Entrando especificamente na análise sistemática, vamos agora aprofundar os detalhes.

Em primeiro lugar, o descuido da vida espiritual (55,1%), que recebe o consenso de mais de metade dos Irmãos, especialmente na Ásia (65,4%), entre os mais idosos (65,2%), os formadores (5�,1%), os Superiores locais (59%); inferior à média é, pelo contrário, a avaliação feita pelas outras áreas geográficas, sobretudo os E.U.A. (só 40%), mas também pelos mais jovens, em idade (52,3%) e em profissão (49%): estes dados vêm redimensionar a nossa avaliação, acima expressa, na visão de conjunto

As dificuldades nas relações interpessoais na vida de comunidade (37%), no plano humano, é um factor multiplicador, conforme a motivação reconhecida como predominante em primeiro lugar na África (52,4%), depois na Ásia (4�,�%), nos E.U.A. (43,3%), e na Europa Central (40,�%); nas

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�6 ��

duas primeiras faixas etárias, no próprio juízo expresso pelos Superiores Provinciais e pelos responsáveis pela pastoral vocacional (43,�%). Este facto é bastante menos notável na Europa Meridional (32,6%), e no caso dos Irmãos com mais de 56 anos de idade (36,4%), particularmente os mais idosos (24,2%), e os superiores locais.

Tab. 2.9 – Principais razões para o abandono da Ordem. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem1� � 6 0 3 0 2

1,� 1,� 3,2 0,0 1,� 0,0 3,3

Quebra das motivações

341 13� 6� 2� 55 32 21

33,� 36,1 36,0 33,3 32,0 25,2 35,0

Activismo apaga consagração

211 �5 40 15 53 19 9

20,� 19,7 21,2 17,9 30,� 15,0 15,0

Razões deordem afectiva

1�5 �3 26 � 3� 30 12

1�,3 19,2 13,� �,3 21,5 23,6 20,0

Relações interpessoais

difíceis

3�4 124 �� 44 41 62 26

3�,0 32,6 40,� 52,4 23,� 4�,� 43,3

descuido da vida espiritual

55� 215 100 44 92 �3 24

55,1 56,6 52,9 52,4 53,5 65,4 40,0

Pressões familiares

25 3 3 4 5 6 4

2,5 0,� 1,6 4,� 2,9 4,� 6,�

Outras respostas

�� 35 16 6 13 3 5

�,� 9,2 �,5 �,1 �,6 2,4 �,3

Tab. 2.10 – Principais razões para o abandono da Ordem. Distribuição por faixas etárias e profissão religiosa (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão

18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem1� 3 2 5 � 1 2 � 5

1,� 1,3 0,� 1,5 5,3 0,5 0,� 2,0 3,4

Quebra das motivações

341 �3 96 116 40 6� �� 12� 4�

33,� 34,� 31,3 35,� 30,3 32,� 31,4 36,4 31,�

Activismo apaga consagração

211 55 �5 56 25 45 64 �0 29

20,� 23,0 24,4 1�,3 18,9 21,6 22,9 20,1 19,6

Razões de Ordem afectiva

1�5 43 53 �0 1� 41 4� 63 2�

�,3 1�,0 1�,3 21,6 12,9 19,7 16,� 1�,1 18,9Relações

interpessoais difíceis

3�4 95 12� 11� 32 �� 116 130 34

3�,0 39,7 41,� 36,4 24,2 41,� 41,4 3�,2 23,0

descuido da vida espiritual

55� 125 165 1�4 �6 102 159 193 89

55,1 52,3 53,� 53,� 65,2 49,0 56,� 55,3 60,1

Pressões familiares

25 13 3 5 4 9 6 5 3

2,5 5,4 1,0 1,5 3,0 4,3 2,1 1,4 2,0

Outras respostas

�� 12 22 30 14 13 20 2� 16

�,� 5,0 �,2 9,3 10,6 6,3 �,1 �,0 10,�

O desaparecimento das motivações vocacionais (33,7%) é indicado

sobretudo pelos Irmãos das duas áreas europeias e dos E.U.A. (35%), por quem desempenha cargos de responsabilidade, mas também pelos muito jovens; pelo contrário, esta motivação é bastante menos relevante para os Irmãos da Ásia (25,2%).

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�� 89

Tab. 2.11 – Principais razões para o abandono da Ordem. Distribuição por cargos desempenhados (em V. A. e %)

Cargos desempenhadosGov. Geral

Gov. ProvincialSup. Local

Dir. de CentroFormador

vocacionalNenhum

cargoTOTAIS 1012 �� 222 �0 633

Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem1� 0 4 0 14

1,� 0,0 1,� 0,0 2,2

Quebra das motivações

341 31 �� 24 209

33,� 35,6 34,� 34,3 33,0

Activismo apaga consagração

211 23 4� 15 125

20,� 26,4 21,6 21,4 19,7

Razões de ordem afectiva

1�5 16 45 16 10�

1�,3 1�,4 20,3 22,9 1�,1Relações

interpessoais difíceis

3�4 34 �6 2� 23�

3�,0 39,1 34,2 3�,6 3�,4

descuido da vida espiritual

55� 50 131 30 34�

55,1 5�,5 59,0 42,9 54,�

Pressões familiares

25 0 2 0 23

2,5 0,0 0,9 0,0 3,6

Outras respostas�� 4 14 13 4�

�,� 4,6 6,3 1�,6 �,4

Um dos dois itens do último conjunto de motivações para o abandono é o activismo que apaga a identidade de consagrados (20,8%), especialmente na América Latina (30,�%), segundo os Irmãos abaixo dos 55 anos, os diplomados (26,2%), os superiores Provinciais (26,4%) e os responsáveis pela pastoral vocacional.

É atribuída uma importância menor às motivações de tipo afectivo (18,3), também pelos Superiores Provinciais, mas não, porém, pelos Irmãos da Ásia (23,6%), da América Latina (21,5%), e dos E.U.A. (20%), pela faixa etária dos 56-74 anos (21,6%), pelos formadores (22,9%), diplomados e licenciados (26,�%).

Concluindo, na consideração dos Irmãos, entre as motivações para o abandono da Ordem parecem prevalecer as razões de tipo espiritual – como o descuido da vida espiritual e o desaparecimento das motivações vocacionais –, mas não são negligenciadas, antes pelo contrário (segundo os mais jovens e os formadores): emergem com evidência particular também as dificuldades concretas nas relações interpessoais da vida comunitária. O activismo excessivo e os problemas afectivos são factores de contorno, um de fundo, o outro de efeito, que sempre acompanham os momentos de crise.

4. ImPOrTÂNCIA dA dIreCÇÃO eSPIrITUAL (pergunta 13)

“Vae soli, porque quando cai não tem quem o ajude a levantar-se!”. Esta era uma das recomendações mais frequentes da vida espiritual e da ascética de um passado ainda não muito distante, na sua forma passiva, mas hoje também na forma activa.

4.1 – Visão de conjunto

Especialmente nos dias de hoje, a urgência e o valor do director espiritual parece reemergir com força como companheiro espiritual para o qual são exigidos dotes particulares e uma preparação precisa, uma vez que ele não é chamado apenas a ser uma espécie de instrutor técnico em coisas que interessam à vida religiosa, mas tem uma tarefa muito mais árdua e bela: ser intérprete inteligente e paternal do coração do homem e da acção de deus. Pede-se-lhe hoje capacidade de despertar perguntas, frequentemente ocultadas, que devem ser “ressuscitadas” com coragem e confiança. Apesar de estarem escondidas, elas existem. A sua tarefa consiste em abordar os jovens em profundidade, despertar neles o assombro, fazê-los experimentar o mistério que os envolve, conduzi-los a uma experiência forte de silêncio, solicitá-los a reentrar em si mesmos, ajudá-los com o dom do discernimento espiritual e do aconselhamento a aperceberem-se da acção de deus e a encontrar as palavras correctas para expressar uma indicação que interprete de modo adequado a profecia de toda a vocação.

Na nossa pesquisa, surge de modo palpável a confirmação desta necessidade por parte de todos os Irmãos entrevistados (só 1% não

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90 91

respondeu). Convidados a responder a esta pergunta, fizeram-no articulando de forma variada as intervenções na gama das propostas oferecidas pelo questionário.

Tanto mais que 9,2% indicaram outras soluções, como se vê no quadro relativo às respostas dadas à pergunta: “Em situações de dificuldade na tua vida de consagrado, a quem pedes conselho”? (Pergunta 13).

Percentagens0. Não responde1. director espiritual 2. Confessor3. Um Irmão4. Superior local/Provincial5. Formador6. Ninguém 7. Outras

1,039,93�,030,�1�,6

9,26,69,2

Desta perspectiva global resultam três figuras principais que mais frequentemente são interpeladas em situações de dificuldade. Em primeiro lugar, em percentagens bastante semelhantes e elevadas, temos as duas figuras institucionais clássicas do director espiritual (39,9%) e do confessor (38%), às quais se acrescenta porém hoje a figura de um Irmão de confiança (30,�%), com quem, na maior parte dos casos, se partilham as dificuldades. Em percentagens muito mais reduzidas aparece também o Superior local (1�,6%), um Irmão em cada dez também escolhe o formador para desempenhar essa função, e 6,6% não se abrem com ninguém.

Não se deve menosprezar os 9,2% que recorrem a outras figuras, certamente não as clássicas e tradicionais. Trata-se principalmente dos Irmãos com mais de 36 anos de idade.

4.2 – Análises específicas

O estudo analítico de cada um dos itens relativamente às diferentes variáveis faz emergir alguns elementos típicos muito esclarecedores para algumas escolhas de fundo.

Tab. 2.12 – Pessoa a quem pede conselho nas dificuldades da vida consagrada. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %).

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem

10 6 3 0 0 1 0

1,0 1,6 1,6 0,0 0,0 0,� 0,0

Ao director espiritual

404 11� 63 36 �0 �6 32

39,9 30,� 33,3 42,9 46,5 59,8 53,3

Ao Superior local

1�� 90 24 1� 31 1� �

1�,6 23,� 12,� 21,4 1�,0 13,4 13,3

A um formador93 15 13 9 30 25 1

9,2 3,9 6,9 10,� 1�,4 19,7 1,�

A um Irmão312 10� 41 50 41 49 23

30,� 2�,4 21,� 59,5 23,� 3�,6 3�,3

Ao confessor3�5 153 109 14 53 39 1�

3�,0 40,3 5�,� 16,� 30,� 30,� 2�,3

A ninguém6� 34 12 2 9 9 1

6,6 8,9 6,3 2,4 5,2 �,1 1,�

Outras93 29 2� 3 1� 5 10

9,2 �,6 14,� 3,6 10,5 3,9 16,�

O director espiritual e o confessor continuam a ser, por excelência, as duas figuras clássicas de referência a todos os níveis, em todas as áreas geográficas e em todas as faixas etárias. Particularmente para os idosos, o confessor constitui a pessoa central, até mais e melhor do que o director espiritual que, na realidade, acaba por perder importância com o passar dos anos. Porém, para as gerações mais jovens, ele constitui a figura de referência mais importante e necessária.

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92 93

Tudo isto tem também consequências em considerar as mesmas áreas geográficas, porque o recurso à pessoa do Director espiritual é particularmente procurada nas zonas onde predomina a presença dos jovens, como na Ásia (59,8%), na África (42,9%) e na América Latina (59,8%), mas também nos E.U.A. (53,3%) (Tab. 2,12): é um pouco menos valorizado nas duas zonas europeias habitadas predominantemente por Irmãos adultos e idosos.

Referindo-nos mais directamente às faixas etárias e de profissão, o director espiritual é procurado por metade dos Irmãos muito jovens, seguidos pelos adultos, mas, em medida menor, pelos sexagenários e pelos mais idosos (Tab. 2.13).

É muito valorizado pelos formadores e ainda mais pelos responsáveis pela pastoral vocacional: estes parecem recorrer a ele mais frequentemente do que ao confessor (Tab. 2,14). A mesma atitude é também adoptada pelos Irmãos com graus académicos universitários que reconhecem a sua importância muito mais do que os simples diplomados.

Por fim, assume uma importância e frequência cada vez maiores a confiança depositada nalgum Irmão (30,�%), especialmente na África (59,5%) onde aparece em primeiro lugar, ainda antes do confessor e do director espiritual. Também na Ásia (3�,6%) e nos E.U.A. (3�,3%), surge imediatamente depois do director espiritual e antes do confessor, assim como entre os Irmãos das primeiras duas faixas etárias e os formadores. dele não sentem uma necessidade particular os Irmãos que não desempenham cargos especiais de responsabilidade.

Tab. 2.13 – Pessoa a quem pede conselho nas dificuldades da vida consagrada. Distribuição por faixas etárias e anos de profissão

(em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem10 3 1 3 2 2 1 3 2

1,0 1,3 0,3 0,9 1,5 1,0 0,4 0,9 1,4

Ao director espiritual

404 11� 144 10� 31 109 132 11� 36

39,9 49,0 46,9 33,3 23,5 52,4 4�,1 33,5 24,3

Ao superior local

1�� 29 62 6� 29 30 44 �� 35

1�,6 12,1 20,2 20,� 22,0 14,4 15,� 22,1 23,6

A um formador93 69 1� 3 3 69 11 3 4

9,2 28,9 5,5 ,9 2,3 33,2 3,9 0,9 2,�

A um Irmão312 �4 131 �4 12 62 125 101 15

30,� 35,1 42,� 25,9 9,1 29,8 44,6 28,9 10,1

Ao confessor3�5 �3 �0 14� �1 65 79 145 �6

3�,0 30,5 26,1 45,4 61,4 31,3 2�,2 41,5 5�,1

A ninguém6� � 19 24 15 5 19 2� 15

6,6 3,3 6,2 �,4 11,4 2,4 6,� �,� 10,1

Outras93 13 33 31 15 10 31 33 15

9,2 5,4 10,� 9,6 11,4 4,� 11,1 9,5 10,1

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94 95

Tab. 2.14 – Pessoa a quem pede conselho nas dificuldades da vida consagrada. Distribuição por cargos de formação e habilitações

académicas (em V. A. e %).

5.2 – Formação 5.3 - Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. técnicas

Bachar./Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAIS 1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2Percentagem sobre o total 100,0 41,3 5�,� 2�,4 �1,6 4�,3 21,� 1�,0

Não respondem

10 4 6 2 � 3 3 1

1,0 1,0 1,0 0,� 1,1 0,6 1,4 0,6

Ao director espiritual

404 1�4 230 142 262 193 �� ��

39,9 41,6 3�,� 49,5 36,1 39,5 35,0 44,�

Ao superior local

1�� �3 105 56 132 101 43 2�

1�,6 19,9 1�,� 19,5 1�,2 20,� 19,5 15,�

A um formador93 16 �� 13 �0 4� 16 �

9,2 3,� 13,0 4,5 11,0 9,6 �,3 4,1

A um Irmão312 126 1�6 90 222 133 �� 63

30,� 30,1 31,3 31,4 30,6 2�,2 39,5 36,6

Ao confessor3�5 1�2 213 102 2�3 204 �2 54

3�,0 41,1 35,9 35,5 39,0 41,� 32,� 31,4

A ninguém6� 1� 50 10 5� 3� 10 10

6,6 4,1 �,4 3,5 7,9 �,� 4,5 5,�

Outras93 3� 55 33 60 40 26 1�

9,2 9,1 9,3 11,5 �,3 �,2 11,� 10,5

Bastante negligenciado é geralmente o recurso ao formador (9,2%), mais na América Latina e na Ásia, nem entre os Irmãos muito jovens.

9,2% dos Irmãos, que correspondem a 93 Irmãos, pedem conselho a outras pessoas, especialmente na Europa Central e nos E.U.A.: trata-se dos Irmãos idosos e de meia-idade e dos Superiores locais.

Como conclusão, embora não encontrando percentagens altíssimas ou picos particulares nas diferentes figuras de referência mantêm-se

bastante sólidas as figuras clássicas do director espiritual e do confessor.

5. dIFICULdAdeS NA PrÁTICA dOS CONSeLHOS eVANGÉLICOS (perguntas 14-1�)

Na busca de identidade de cada um dos institutos religiosos que procuram uma resposta à necessidade de uma fisionomia concreta, a teologia do carisma encarna-se nas diferentes modalidades nas quais, em cada um deles, se realiza a observância dos conselhos evangélicos. Seria uma utopia pensar que a sua prática é absolutamente fácil e indolor. A teologia da cruz, embora iluminada pela Páscoa da ressurreição, ocupa um lugar central na vida consagrada e o exercício dos conselhos evangélicos é o campo da sua aplicação. Estudar as dificuldades que se encontram poderia parecer uma tarefa inútil e um exercício sociológico desprovido de sentido. Porém, tomar consciência dos âmbitos nos quais isso mais se possa verificar é, pelo contrário, um exercício sábio de formação espiritual, exigido sobretudo pelas transformações sociais (o “mundo” de S. João de deus) que colocam os institutos religiosos actuais e a própria Igreja perante desafios novos.

Daqui a razão deste novo ponto que pretende identificar a percepção, os juízos e a sensibilidade dos Irmãos relativamente às modalidades de exercício deste sector fundamental da vida religiosa constituído pelos três conselhos evangélicos e pelo quarto voto de hospitalidade específico da Ordem hospitaleira de S. João de deus.

5.1 – Dificuldades que se encontram hoje em viver o voto de castidade (pergunta 14)

Segundo a mais recente doutrina do Concílio Vaticano II e as próprias Constituições da Ordem Hospitaleira dos Irmãos de S. João de deus, a castidade consagrada “é um dom insigne da graça” (Const., 10-11), que ajuda a viver a própria sexualidade “no Espírito” e com “a força do Espírito”, de forma a torná-la numa energia de relação e de vida que ajuda a pessoa a crescer nas suas dimensões humana e cristã.

Por isso, o religioso, com o auxílio do Espírito, sublima a sua sexualidade transformando-a em energia de relação aberta a todos, numa fonte de

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96 97

relação, para levar a salvação de Cristo a todas as pessoas. Neste sentido, ela encontra na formação de relações interpessoais autênticas e maduras, segundo as condições do próprio estado, uma verdadeiro instrumento de fidelidade e apostolado.

Na nossa investigação, identificámos assim 6 dimensões que se podem tornar hoje verdadeiros obstáculos para se viver serenamente o conselho evangélico e o voto de castidade, e solicitámos um confronto a todos os Irmãos da Ordem, pedindo-lhes que manifestassem a sua opinião acerca delas. A descrição e os resultados obtidos podem-se ver no quadro anterior, que responde à pergunta: “Que dificuldades se encontram hoje para viver o voto de castidade?”

Percentagens

1. Não respondem2. Imaturidade afectiva3. Incapacidade em viver autenticamente as relações interpessoais4. Dificuldades em viver de modo integrado a dimensão afectivo-sexual5. Abuso dos meios de comunicação social6. O voto de castidade já não tem hoje muito valor�. O voto de castidade não contribui para o desenvolvimento da pessoa8. Outras

6,633,9 33,932,�29,2

6,2 1,69,1

Os resultados obtidos confirmam uma contraposição nítida da totalidade dos Irmãos, em primeiro lugar, à mentalidade corrente segundo a qual, hoje, o voto de castidade não ajudaria ao desenvolvimento da pessoa (1,6%). Porém, 63 Irmãos afirmam que ele não tem hoje muito valor (6,2%), especialmente na África (13,1%), na Ásia (13,2%) e na América Latina (�,6%). A opinião é expressa pelos Irmãos muito jovens (10,5%), os quais, relativamente ao grupo dos 63, representam 40% e, especialmente por 62% dos diplomados relativamente aos licenciados (1�%) e aos doutorados (6%).

Em segundo lugar, constata-se que as dificuldades mais frequentes dizem respeito à imaturidade afectiva (33,9%), à incapacidade de viver de forma autêntica as relações interpessoais (33,9%) e à dificuldade de viver de modo integrado a própria dimensão afectivo-sexual (32,�).

Tab. 2.15 – Dificuldades em viver o voto de castidade. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem6� 36 13 3 � 6 2

6,6 9,5 6,9 3,6 4,1 4,� 3,3

Imaturidade afectiva

343 103 66 29 65 59 21

33,9 2�,1 34,9 34,5 3�,� 46,5 35,0

Afectividade não integrada

331 114 59 41 54 43 20

32,� 30,0 31,2 4�,� 31,4 33,9 33,3

Relações interpessoais

difíceis

343 132 51 2� 51 4� 34

33,9 34,� 2�,0 32,1 29,7 3�,� 56,�

A castidade não ajuda à pessoa

16 6 3 0 1 4 2

1,6 1,6 1,6 0,0 0,6 3,1 3,3

Abuso dos meios de

comunicação

295 105 5� 20 52 52 �

29,2 2�,6 30,� 23,� 30,2 40,9 13,3

A castidade já não tem hoje

muito valor

63 15 � 11 13 13 4

6,2 3,9 3,� 13,1 �,6 10,2 6,�

Outras92 44 23 2 15 5 3

9,1 11,6 12,2 2,4 �,� 3,9 5,0

São três situações que obtêm as mesmas percentagens, todas consideradas no mesmo plano e inter-relacionadas. Por contraste, e com a mesma força, estes dados dizem-nos que, como factores protectores para que a castidade possa ser vivida serenamente no âmbito de uma maturidade humana plena, é preciso saber integrar a afectividade e a sexualidade na globalidade mais profunda da personalidade e, além disso, que se aprenda sobretudo a estabelecer relações interpessoais autênticas. Trata-se da capacidade de gerir as próprias relações humanas de modo adequado às opções tomadas, precisamente porque estas, consciente e “virtuosamente”, foram objecto de um trabalho espiritual constante para

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98 99

uma sua plena integração emocional, racional e física na globalidade da pessoa humana, em função do Reino. Podem, assim, ser apontadas como preciosos objectivos formativos a serem trabalhadas durante a formação, tanto inicial como permanente, também porque são os próprios Irmãos de meia-idade que o afirmam com uma atenção particular.

Em terceiro lugar, pouco menos de um terço dos Irmão (29,2%) reconhece que o abuso dos meios de comunicação social e/ou a incapacidade para controlar o seu uso constituem uma dificuldade concreta para viverem serenamente a própria castidade.

Aprofundando o assunto com um estudo mais analítico podemos evidenciar algumas situações particulares.

A situação de imaturidade afectiva (33,9%) é ainda bastante genérica, e de fácil atribuição, mas é apresentada especialmente pelos Irmãos da Ásia (46,5%) e da América Latina (3�,�%), e menos pelos da Europa Meridional (2�,1%), que, pelo contrário, apontam principalmente dificuldades nas relações interpessoais (34,7%).

Tab. 2.16 - Dificuldades em viver o voto de castidade. Distribuição por faixas etárias e anos de profissão (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Não respondem

6� 11 5 29 20 � � 29 1�

6,6 4,6 1,6 9,0 15,2 3,� 2,5 �,3 12,2

Imaturidade afectiva

343 92 114 99 35 89 90 116 41

33,9 3�,5 3�,1 30,6 26,5 42,� 32,1 33,2 2�,�

Afectividade não integrada

331 �� 124 98 1� 79 111 106 26

32,� 36,� 40,4 30,2 13,6 3�,0 39,6 30,4 1�,6Relações

interpessoais difíceis

343 �6 113 121 32 61 104 135 3�

33,9 31,� 36,� 3�,3 24,2 29,3 3�,1 3�,� 25,0A castidade não ajuda à

pessoa

16 2 � 6 0 1 � 6 0

1,6 0,� 2,6 1,9 0,0 0,5 2,9 1,� 0,0Abuso dos

meios de comunicação

295 6� �� 90 46 56 90 �� 54

29,2 2�,5 2�,� 2�,� 34,� 26,9 32,1 24,9 36,5A castidade já

não tem hoje muito valor

63 25 1� 11 9 19 21 14 �

6,2 10,5 5,9 3,4 6,� 9,1 �,5 4,0 4,�

Outras92 13 23 29 26 12 21 34 23

9,1 5,4 �,5 9,0 19,7 5,� �,5 9,7 15,5

Relativamente às faixas etárias e de profissão, são as primeiras duas que o evidenciam de modo particular, como também os formadores (3�,�%) e os superiores locais (34,2%); menos, pelo contrário, os superiores Provinciais (2�,�%).

Dificuldades em viver de modo integrado a própria dimensão afectivo-sexual (32,7%) encontram-se especialmente na África (4�,�%), com 16 pontos de diferença relativamente à média geral, pelos Irmãos mais jovens, pertencentes às duas primeiras faixas etárias e de profissão, ao passo que são negligenciados pelos Irmãos mais idosos. Evidenciam-

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100 101

-na também quantos obtiveram graus universitários relativamente aos diplomados, e os que desempenham cargos de responsabilidades, quer ao nível de governo quer de formação.

Também o abuso dos meios de comunicação social (29,2%) é considerado um factor de risco para se viver bem o próprio voto de castidade, especialmente por parte dos idosos (34,�%), dos diplomados (31,9%), dos Irmãos da Ásia (40,9%) e, sobretudo, pelos Superiores do Governo Geral e Provincial (41,4%).

Tab. 2.17 - Dificuldades em viver o voto de castidade. Distribuição por cargos desempenhados (em V. A. e %)

Cargos desempenhadosGov. GeralGov. Prov.

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem6� 0 13 1 53

6,6 0,0 5,9 1,4 �,4

Imaturidade afectiva343 25 �6 22 220

33,9 2�,� 34,2 31,4 34,�

Afectividade não integrada

331 3� 93 2� 1�4

32,� 42,5 41,9 3�,6 2�,5

Relações interpessoais difíceis

343 33 �1 19 210

33,9 37,9 36,5 2�,1 33,2

A castidade não ajuda à pessoa

16 0 4 2 10

1,6 0,0 1,� 2,9 1,6

Abuso dos meios de comunicação social

295 36 5� 20 1�2

29,2 41,4 25,� 2�,6 2�,�

A castidade já não tem hoje muito valor

63 2 � 12 41

6,2 2,3 3,6 1�,1 6,5

Outras92 4 1� � 64

9,1 4,6 �,� 10,0 10,1

Podemos concluir que as maiores dificuldades foram indicadas especialmente na Ásia, pelos Irmãos mais jovens, mas também pelos de meia-idade, pelos Superiores e por aqueles que têm graus universitários.

5.2 – Dificuldades hoje encontradas na vivência concreta do voto de pobreza (pergunta 15)

Na sociedade do consumismo, a austeridade pessoal e o voto de pobreza constituem um testemunho de desapego dos bens materiais e de contracultura, hoje frequentemente debatido também no interior das Ordens e Congregações religiosas, quer na sua dimensão individual quer comunitária e estrutural.

Percentagens

1. Uso indevido dos meios destinados à missão hospitaleira2. Escassa sensibilidade para compartilhar o meu tempo com os

necessitados3. Escasso empenhamento no trabalho apostólico4. Não separação entre os bens da comunidade e os bens da Obra5. Pouca disponibilidade para o serviço na Obra (compromissos

externos)6. Outras7. Não respondem

3�,231,4

24,�1�,314,0

15,37,4

A atitude dos Irmãos entrevistados resulta ser bastante diversificada, sobretudo se a compararmos com os dados da pergunta anterior, sobre o voto de castidade, onde o consenso se tinha concentrado uniformemente sobre três situações particulares.

Considerando os itens relativamente aos quais os Irmãos se confrontaram, podemos identificar as dimensões concretas segundo as quais é hoje geralmente entendida a observância do voto de pobreza, que diz respeito a um aspecto não só individual mas também institucional.

A distribuição visível no quadro acima apresenta-nos claramente as respostas dos Irmãos à seguinte pergunta: “Que dificuldades se encontram hoje para viver o voto de pobreza?”

Em primeiro lugar, pouco menos de 40% dos Irmãos acreditam que a principal dificuldade está no uso indevido dos meios destinados à

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missão hospitaleira, aos quais se juntam 1�,3%, que assinalam a não separação entre os bens da comunidade e os bens da Obra, perfazendo as duas respostas um total de 56,5%. Trata-se de duas dimensões de carácter predominantemente estrutural e institucional, que afectam especialmente as decisões da autoridade competente – por conseguinte dos superiores responsáveis –, cuja reacção poderá melhor ser sublinhada pela análise sucessiva dos detalhes.

Há um segundo grupo de respostas referentes predominantemente aos aspectos individuais, que se referem à escassa sensibilidade para compartilhar o próprio tempo e as próprias qualidades com os pobres (31,4%), ao escasso empenhamento no próprio trabalho apostólico (24,8%) e à pouca disponibilidade para o serviço dentro da obra (14%), que se traduz na fuga em busca de compromissos externos. Somando estas percentagens, aproximamo-nos, de modo diferenciado, de �0,2% dos Irmãos.

No entanto, há cerca de 15,3% de respostas, de 155 Irmãos, que apontam, por fim, outras opiniões diferentes das anteriores. Valeria a pena tomá-las em consideração, porque o seu total, somado ao dos que não responderam, corresponde a 22,�% das respostas, o que não é pouco!

Tab. 2.18 – Dificuldades em viver o voto de pobreza. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem�5 40 15 6 � 2 5

�,4 10,5 7,9 �,1 4,1 1,6 �,3

Uso indevido do dinheiro

3�� 113 5� 53 6� 79 1�

3�,2 29,7 30,2 63,1 39,0 62,2 30,0

Partilha do tempo

31� 110 61 1� 45 54 31

31,4 28,9 32,3 20,2 26,2 42,5 51,�

Não separação dos bens

1�5 64 45 25 25 19 �

1�,3 16,� 23,� 29,8 14,5 15,0 11,�

Pouco empenhamento

apostólico

251 90 3� 22 4� 43 11

24,� 23,� 20,1 26,2 2�,3 33,9 1�,3

Compromissos externos

142 4� 19 9 2� 26 12

14,0 12,6 10,1 10,� 16,3 20,5 20,0

Outras155 �1 34 � 30 � 6

15,3 1�,� 1�,0 �,31 �,4 5,5 10,0

Voltando à análise mais específica da questão, queremos abordá--la segundo os dois grandes blocos de respostas: em primeiro lugar, as estruturais e, em segundo lugar, as de carácter mais individual.

Começando pelas respostas de tipo institucional, observamos que o uso impróprio dos meios destinados à missão hospitaleira (38,2%) é considerado uma dificuldade, entre as mais frequentes, especialmente na África (63,1%) e na Ásia (62,2%), com percentagens muito elevadas, por quase metade dos Irmãos mais jovens (49,8%) e por 46,1% dos que integram a faixa etária entre 6 e 25 anos de profissão, por 44,4% dos formadores, mas não é particularmente sublinhado pelos superiores, tanto ao nível do Governo Geral como Provincial.

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104 105

À não separação entre os bens da comunidade e os bens da obra (18,3%) demonstram-se particularmente sensíveis apenas os Irmãos da África (29,8%), os da faixa etária entre 36 e 55 anos (22,5%) – neste caso, também os superiores (21,�%), tanto do Governo Geral como Provincial (20,�%).

A dimensão mais individual e pessoal da pobreza foi verificada em três aspectos, nomeadamente: partilha do próprio tempo e qualidade, empenho no trabalho apostólico e fidelidade ao serviço dentro da obra.

As dificuldades apresentadas no primeiro caso foram principalmente identificadas pelos Irmãos dos E.U.A. (51,7%) e da Ásia (42,5%), onde parece ser mais frenética a actividade e a falta de tempo, como é confirmado pela observação dos Irmãos mais ocupados nas actividades da obra (cfr. Tab.2,19), ou seja, especialmente as duas faixas etárias intermédias (32-34%), mas também os Irmãos muito jovens (30,1%) e os diplomados (33,9%). Esta lacuna foi sublinhada e reforçada também por todos aqueles que desempenham cargos de responsabilidade, tanto no Governo Geral como Provincial (37,9%) e local (36,5%), mas sobretudo pelos formadores (40%).

Tab. 2.19 – Dificuldades em viver o voto de pobreza.Distribuição por faixas etárias e anos de profissão (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem�5 13 15 23 22 13 11 2� 1�

�,4 5,4 4,9 �,1 16,� 6,3 3,9 �,0 12,2

Uso indevido do dinheiro

3�� 119 116 109 40 97 129 109 44

3�,2 49,8 3�,� 33,6 30,3 46,6 46,1 31,2 29,7

Partilha do tempo

31� �2 99 112 34 6� �6 124 43

31,4 30,1 32,2 34,6 25,� 32,2 2�,1 35,5 29,1

Não separação dos bens

1�5 41 69 62 12 32 �1 63 16

1�,3 1�,2 22,5 19,1 9,1 15,4 25,4 1�,1 10,�Pouco

empenhamento apostólico

251 66 �6 79 2� 56 6� �� 33

24,� 2�,6 24,� 24,4 21,2 26,9 24,3 25,2 22,3

Compromissos externos

142 3� 51 36 16 34 43 45 16

14,0 15,5 16,6 11,1 12,1 16,3 15,4 12,9 10,�

Outras155 2� 43 53 29 25 3� 56 33

15,3 11,� 14,0 16,4 22,0 12,0 13,2 16,0 22,3

O escasso empenhamento no próprio trabalho apostólico (24,8%) é considerado uma dificuldade relativamente à pobreza por um em cada 4 Irmãos, especialmente na Ásia (33,9%), na América Latina (27,3%) e na África (26,2%), pelos mais jovens (2�,6%), pelos superiores, quer do Governo Geral quer Provincial (2�,�%), mas especialmente pelos formadores e por quantos estão ocupados na pastoral vocacional (31,4%)

O caminho de fuga da obra (14%) parece ser globalmente considerado relativamente limitado. É maior nas zonas da Ásia, dos E.U.A. e da América Latina, nas duas faixas de idade e de profissão mais jovens, ao nível de diplomados e licenciados, mas sobretudo por quem não desempenha qualquer cargo de responsabilidade (15%).

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106 10�

Como conclusão, as dificuldades mais relevantes são indicadas pelos Irmãos que moram na Ásia, na África e na América Latina, por aqueles que têm menos de 55 anos, especialmente os mais novos, pelos diplomados e pelos superiores com cargos de responsabilidade. Nos E.U.A. predomina a dificuldade em compartilhar o tempo e a disponibilidade; na Ásia, África e na América Latina, o uso indevido dos meios destinados à missão hospitaleira; na Europa Central e Meridional a escassa partilha do tempo e de serviços destinados aos pobres.

Tab. 2.20 – Dificuldades em viver o voto de pobreza. Distribuição por cargos de responsabilidade (em V. A. e %)

Cargos desempenhadosGov. Geral

Gov. ProvincialSup. Local

Dir. de CentroFormador

vocacionalNenhum

cargoTOTAIS 1012 �� 222 �0 633

Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem�5 1 13 0 61

�,4 1,1 5,9 ,0 9,6

Uso indevido do dinheiro

3�� 32 �6 31 24�

3�,2 36,� 34,2 44,3 39,2

Partilha do tempo

31� 33 �1 2� 1�6

31,4 37,9 36,5 40,0 2�,�

Não separação dos bens

1�5 19 46 13 10�

1�,3 21,� 20,� 1�,6 16,9Pouco

empenhamento apostólico

251 25 5� 22 14�

24,� 2�,� 25,� 31,4 23,2

Compromissos externos

142 13 30 4 95

14,0 14,9 13,5 5,� 15,0

Outras155 15 2� 15 97

15,3 1�,2 12,6 21,4 15,3

5.3 – Dificuldades encontradas hoje na vivência do voto de obediência (pergunta 16)

A verificação acerca do voto de obediência tomou em consideração uma série mais ampla de dimensões (�) e teve uma percentagem menor de rejeições (3,6%) e divagações (outras: 6,�%), como se pode ver pelo quadro seguinte, que recolhe as respostas à pergunta: “Que dificuldades se encontram hoje para viver o voto de obediência?”

Percentagens

1. Não respondem2. Falta de comunicação profunda com os superiores3. Incapacidade de renunciar às próprias ideias para um projecto

comunitário4. Forte busca de própria autonomia5. Não é compreendido o conceito da autoridade como serviço6. Comunidade reúne-se poucas vezes para discernir o projecto de vida7. Atitudes de orgulho e arrogância pessoal�. Pouca disponibilidade para assumir as solicitações dos Superiores9. Outras

3,6 29,924,1

23,323,321,31�,31�,4

6,8

Claramente separada das outras, a falta de comunicação profunda com os superiores (29,9%) emerge em geral como a dificuldade mais difundida.

À parte, por conseguinte, esta primeira dificuldade, o valor de todas as outras respostas consiste especialmente em ter oferecido um panorama muito diversificado, em grupos quase iguais, sobre aspectos muito significativos da vida.

de facto, com poucos pontos percentuais de diferença, seguem-se outros problemas de carácter individual, espiritual, interior e ascético, muito ligados à própria formação pessoal, que derivam hoje principalmente da mentalidade corrente e dos estilos de vida mais comuns, como o individualismo, a incapacidade para renunciar às próprias ideias em favor de um projecto comunitário (24,1%), e a forte busca da própria autonomia (23,3%). Trata-se de elementos que estruturam a personalidade dos Irmãos e que se exprimem também em atitudes de orgulho e de arrogância pessoal (1�,3%), que têm como consequência a pouca disponibilidade para assumir as solicitações e as responsabilidades propostas pelos Superiores (1�,4%).

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10� 109

Sobre estes aspectos, muito individualistas e desagregadores, parece ser necessário trabalhar muito intensamente ao nível da formação, inicial e permanente, para a vida religiosa, porque eles condicionam efectivamente também os estilos de vida da comunidade e o espírito da sua estrutura, mesmo no plano organizacional.

de facto, constata-se que a comunidade se reúne poucas vezes para discernir o projecto de vida (21,3%); mas, por outro lado, os Irmãos lamentam (exprimindo uma crítica bastante forte) que quem ocupa cargos de responsabilidade não os desempenha como serviço (23,3%).

Na sua articulação, a pergunta abriu com franqueza uma janela muito corajosa na Ordem, muito mais do que sucedeu com as respostas anteriores.

A análise mais detalhada que agora enfrentaremos permitir-nos-á penetrar melhor no significado destas afirmações.

Tab. 2.21 – Dificuldade em viver o voto de obediência. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 380 189 84 172 127 60Percentagem sobre o total 100,0 37,5 18,7 8,3 17,0 12,5 5,9

Não respondem36 21 10 0 3 0 2

3,6 5,5 5,3 0,0 1,7 0,0 3,3Pouca

disponibilidade cargos

1�6 51 34 13 30 42 6

1�,4 13,4 1�,0 15,5 1�,4 33,1 10,0Ideias pessoais/

Projecto Comunitários

244 �� 44 22 3� 3� 15

24,1 23,2 23,3 26,2 22,1 29,1 25,0

Poucas reuniões comunidade

216 �5 52 1� 2� 29 15

21,3 19,7 2�,5 21,4 15,� 22,� 25,0

Autoridade não de serviço

236 �4 29 25 53 31 14

23,3 22,1 15,3 29,8 30,� 24,4 23,3Faltas de

comunicação com os

303 120 45 22 60 35 21

29,9 31,6 23,� 26,2 34,9 2�,6 35,0

Orgulho pessoal1�5 53 3� 1� 35 3� 5

1�,3 13,9 20,1 20,2 20,3 29,1 �,3

busca da própria autonomia

236 89 50 34 2� 25 11

23,3 23,4 26,5 40,5 15,� 19,7 1�,3

Outras69 29 14 3 13 3 �

6,8 7,6 7,4 3,6 7,6 2,4 11,7

A falta de comunicação com os superiores (29,9%) é especialmente sentida e lamentada nos E.U.A. (35%), na América Latina (34,9%) e na Europa Meridional (31,6%), pelos Irmãos das duas faixas etárias mais adultas, mas especialmente os idosos (40,9%) com mais de 50 anos de profissão (41,9%); os diplomados (32,9%), os que nunca desempenharam cargos de responsabilidade; numa palavra, talvez (?) aqueles Irmãos que

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110 111

se sentem esquecidos e/ou marginalizados pelas Comunidades ou com escassos recursos pessoais.

A incapacidade para renunciar às próprias ideias em favor do projecto comunitário (24,1%) é a expressão mais evidente daquele individualismo que parece infiltrar-se em medida mais ou menos latente em todas as comunidades. Verificamos que esta situação é especialmente denunciada na Ásia (29,1%) e na África (26,2%), pelas duas faixas etárias mais jovens, com, respectivamente, 29,7% (18-35 anos) e 28% (36-55 anos), claramente confirmada pelos Irmãos com menos de 5 anos de profissão (29,8%) e, a contrariis, pela faixa dos mais idosos, aos quais corresponde uma percentagem de apenas 12,1%, sinal evidente de uma formação inicial muito diferente. É sobre ela que se concentram as respostas dos formadores (3�,6%) e dos responsáveis pela pastoral vocacional (32,2%).

A forte procura da própria autonomia (23,3%) é outro aspecto que mais de um Irmão em cada cinco consideram condicionar muito a própria obediência religiosa, especialmente na África (40,5%), onde é considerada a primeira razão para a dificuldade na observância deste voto. Consideram--na igualmente responsável por isso os Irmãos das duas faixas de idade intermédias, que se encontram em plena actividade quanto a compromissos de responsabilidade e trabalho apostólico, sobretudo na faixa etária dos 36-55 anos (2�,�%); um pouco menos, mas sempre bastante sensíveis, são os Irmãos com 56-�4 anos (25%). Nisto são também confirmados pela opinião dos próprios superiores, ao nível Geral e Provincial (31%) e local (31,5%), assim como pelos formadores (31,2%)

Tab. 2.22 – Dificuldades em viver o voto de obediência. Distribuição por faixas etárias e anos de profissão (em V. A. e %).

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem36 4 5 11 15 1 � 14 11

3,6 1,� 1,6 3,4 11,4 0,5 2,5 4,0 �,4

Pouca disponib. cargos

1�6 46 �2 3� 19 44 55 52 21

1�,4 19,2 23,5 11,4 14,4 21,2 19,6 14,9 14,2Ideias pessoais/

ProjectosComunitários

244 �1 �6 6� 16 62 �4 �0 19

24,1 29,7 2�,0 20,� 12,1 29,8 26,4 22,9 12,�

Poucas reuniões comunidade

216 51 56 �1 2� 44 62 �6 31

21,3 21,3 1�,2 25,0 20,5 21,2 22,1 21,� 20,9

Autoridade não de serviço

236 49 �0 �� 2� 4� �0 �2 33

23,3 20,5 26,1 24,1 21,2 22,6 25,0 23,5 22,3Faltas de

comunic. com os Superiores

303 �0 �5 103 54 59 �0 99 62

29,9 29,3 24,4 31,� 40,9 2�,4 2�,6 2�,4 41,9

Orgulho pessoal1�5 62 66 43 11 54 5� 52 11

1�,3 25,9 21,5 13,3 �,3 26,0 20,� 14,9 �,4

busca da própria autonomia

236 54 �5 �1 15 42 �4 93 19

23,3 22,6 2�,� 25,0 11,4 20,2 26,4 26,6 12,�

Outras69 11 16 25 16 10 16 23 19

6,� 4,6 5,2 �,� 12,1 4,� 5,� 6,6 12,�

O conceito de autoridade não é entendido como serviço (23,3%): é esta a crítica feita por um grupo consistente de Irmãos especialmente da América Latina (30,8% – é a primeira dificuldade que eles apontam), e da África (29,8% – para estes é a segunda dificuldade mais frequente, depois da busca da própria autonomia), sendo bastante reduzida na Europa Central (15,3% – indicada em último lugar). É a terceira dificuldade apontada pelos Irmãos com 36-55 anos (26,1%), mas a segunda para os que nunca desempenharam cargos de responsabilidade (24,�%).

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112 113

A Comunidade reúne-se poucas vezes para discernir sobre o seu próprio projecto de vida (21,3%): esta constatação, por conseguinte, parece ser o resultado de uma atitude depressiva em relação à comunidade, como que a sugerir que “de qualquer forma não vale a pena reunir”. Mais de um Irmão em cada cinco acreditam que este é um factor que poderia facilitar a circulação das ideias, o conhecimento mútuo, o aprofundamento do conhecimento recíproco, a fraternidade, mas também uma maior disponibilidade para trabalhar tendo em vista um mesmo projecto comum e, por conseguinte, para viver melhor o voto de obediência. Com um certo sofrimento, observa-se a difusão desta convicção, especialmente na Europa Central (2�,5%), a área onde esta dificuldade é indicada em primeiro lugar. Vêm logo depois os E.U.A. (25%) e a Ásia (mas aqui não é tida como a maior dificuldade) e, a seguir, também a faixa etária dos 56-�4 anos e os diplomados (23,1%). Insistem nela os Superiores dos Governos Geral e Provincial (24,1%), os formadores (26%), mas menos, pelo contrário, os superiores locais (1�,5% – para eles, esta ocupa o último lugar das dificuldades listadas).

A maior dificuldade está certamente no orgulho pessoal e nas atitudes de arrogância (18,3%) que dele derivam. Reconhecem-no especialmente os Irmãos na Ásia (29,1% – uma das percentagens mais elevadas), e é praticamente inexistente nos E.U.A. (�,3%); mas também os mais novos (25,9%) apontam-no igualmente como uma das maiores dificuldades, assim como os que têm menos de 5 anos que profissão religiosa (26%); os licenciados (20,3%) e também os Governos Geral e Provincial (19,5%), assim como os Irmãos activos na pastoral vocacional (21,9%).

Tab. 2.23 – Dificuldades em viver o voto de obediência. Distribuição por cargos de responsabilidade (em V. A. e %).

Cargos desempenhadosGov. GeralGov. Prov.

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633

Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem36 0 9 0 2�

3,6 0,0 4,1 0,0 4,3

Pouca disponibilidade cargos

1�6 23 4� 12 94

1�,4 26,4 21,2 1�,1 14,�

Ideias pessoais/Projecto Comunitários

244 22 5� 2� 13�

24,1 25,3 26,1 3�,6 21,6

Poucas reuniões comunidade

216 21 41 15 139

21,3 24,1 1�,5 21,4 22,0

Autoridade não de serviço236 14 52 13 15�

23,3 16,1 23,4 1�,6 24,�

Faltas de comunicação com os Superiores

303 24 45 23 211

29,9 2�,6 20,3 32,9 33,3

Orgulho pessoal1�5 1� 42 11 115

1�,3 19,5 18,9 15,� 1�,2

busca da própria autonomia236 2� �0 1� 122

23,3 31,0 31,5 24,3 19,3

Outras69 4 11 � 4�

6,� 4,6 5,0 10,0 �,4

A escassa disponibilidade para acolher as solicitações e as responsabilidades dos superiores (1�,4%) constitui um dos efeitos de todas estas lacunas formativas denunciadas nesta pergunta. Esta atitude constitui a opção expressa em maior percentagem (33,1%) pelos Irmãos da Ásia (é por eles considerada a primeira dificuldade emergente relativamente ao voto de obediência), ao passo que é pouco relevante para todas as outras áreas – abaixo de 1�%. É uma atitude bastante frequente na segunda faixa de idade, entre os 36-55 anos (23%), com quase 6 pontos

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114 115

superiores à média, e é também aquela que os Governos Geral e Provincial indicam como sendo uma das mais comuns (26,4%: é a segunda dificuldade por eles apontada depois da busca de autonomia pessoal – 31%).

Ao concluir a leitura destas respostas com algumas linhas de síntese, podemos afirmar que existe uma boa consciência dos Irmãos acerca das várias dimensões relativas às dificuldades para a observância do voto de obediência. Com notável franqueza, os Irmãos reconhecem estes aspectos que se baseiam em valores predominantemente individualistas, ligados à própria formação passada ou às tendências da modernidade, mas exigem que se aprenda a assumir, como urgentes e essenciais, novas atitudes de maior cooperação e comunicação, por vezes até mesmo de abnegação de si mesmos e de superação do próprio orgulho, de modo a favorecer a convergência de ideais e sacrifícios sobre projectos orientados para o bem da comunidade e o desenvolvimento da missão.

5.4 – Dificuldades que se encontram hoje na vivência do voto de hospitalidade (pergunta 17)

A apresentação do significado e do valor do voto de hospitalidade ocupa precisamente 5 artigos das Constituições (art. 20-24), sinal da grande importância que lhe é atribuída pela Ordem, precisamente pela mesma razão que a especifica e caracteriza de modo evidente relativamente a todas as outras instituições religiosas na Igreja no que diz respeito ao mundo do sofrimento e da dor.

Por isso, dedicámos-lhe uma maior atenção, com uma pergunta específica dirigida aos Irmãos, cujas respostas constam no quadro abaixo. Procurámos descobrir como é que algumas das dificuldades existentes para a sua observância são hoje sentidas na sua gravidade, também com a intenção de predispor remédios oportunos para a sua equilibrada superação.

O quadro seguinte apresenta os resultados globais para a pergunta: “Que dificuldades se encontram hoje para viver o voto de hospitalidade?”

Percentagens

1. Não respondem2. Falta de abertura às novas formas de hospitalidade3. A rotina diária faz perder a sensibilidade pelo homem que sofre4. Identificar a hospitalidade exclusivamente com o trabalho

profissional5. A atenção virada exclusivamente para os doentes assistidos nas

nossas obras6. Dificuldades em aceitar a colaboração de leigos nalguns cargos

administrativos7. A formação recebida não responde às exigências da hospitalidade de

hoje8. Outras

5,634,332,�29,2

19,7

1�,4

16,1

7,7

Perante as seis situações apresentadas, os Irmãos entrevistados parecem ter feito uma separação nítida entre dois grupos diversos, identificáveis também pela consistência das próprias percentagens. Há uma distância nítida de pelo menos dez pontos entre cada um destes dois grupos.

No primeiro, cujas respostas rondam os 30% ou mais, encontramos as dificuldades objectivas e de fundo, de contexto, de quadro ideal, de formação ou de-formação de mentalidade, que é preciso renovar e remotivar, como a falta de abertura perante as novas formas de hospitalidade (34,3%), a identificação da hospitalidade exclusivamente com o trabalho profissional (29,2%) e o desgaste provocado pela rotina diária que corre o risco de fazer perder a sensibilidade pelo homem que sofre (32,8%).

No segundo grupo parecem antes concentrar-se observações tipicamente concretas, referíveis e mais especificamente relacionadas com a “falta de abertura às novas formas de hospitalidade”. Trata-se, de facto, de situações novas que põem em questão os precedentes modos de administrar as Obras, como a colaboração com os leigos em papéis administrativos (17,4%), a referência à tradição e formação do passado (16,1%) desafiada pelas novas exigências de hoje, a própria exclusividade para os doentes no âmbito da obra (19,7%).

A análise detalhada de cada um dos itens permitir-nos-á aprofundar ainda outros elementos interessantes para uma melhor compreensão das dificuldades em viver este voto.

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116 11�

Tab. 2.24 – Dificuldades em viver o voto de hospitalidade. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %).

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 1� �4 1�2 12� 60Percentagem sobre

o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem5� 30 11 4 6 1 5

5,6 7,9 5,� 4,� 3,5 ,� �,3

Só os nossos doentes

199 56 2� 1� 53 36 9

19,7 14,� 14,3 21,4 30,� 2�,3 15,0

A rotina diária332 126 �1 34 4� 45 �

32,� 33,2 3�,6 40,5 27,9 35,4 13,3

Hospitalidade como profissão

296 111 65 23 41 40 16

29,2 29,2 34,4 2�,4 23,� 31,5 26,�

Formação inadequada

163 5� 29 11 25 2� 13

16,1 15,0 15,3 13,1 14,5 22,0 21,�

Falta de abertura34� 109 51 3� 5� 65 26

34,3 2�,� 2�,0 45,2 33,� 51,2 43,3

Colaboração com os leigos

1�6 �2 2� 1� 30 1� 11

1�,4 18,9 14,3 21,4 1�,4 14,2 1�,3

Outras�� 40 14 1 15 1 �

�,� 10,5 �,4 1,2 �,� 0,� 11,�

A falta de abertura às novas formas de hospitalidade (34,3%).Devemos sublinhar o seguinte pormenor não insignificante: este

ponto, que obteve o índice mais elevado de consensos, na pergunta 1� do questionário, ocupava, na disposição das opções de resposta, a penúltima posição.

Significa isto que não era a primeira possibilidade à qual o entrevistado poderia responder mais facilmente, quase sem pensar, mas estava como que escondida pelas outras. Por isso, este dado parece-nos merecer uma análise mais atenta e aprofundada.

É indicada sobretudo pelos Irmãos da Ásia (51,2%, sendo neste caso a percentagem mais alta de todos os itens da pergunta), da África (45,2%, idem), e dos E.U.A. (43,3%, idem); pelos Irmãos das primeiras duas faixas etárias, confirmados pelas correspondentes primeiras duas dos anos de profissão, sempre com percentagens acima dos 40%. Em percentagens menores, mas sempre elevadas, esta dificuldade é indicada igualmente pelos Governos Geral e Provincial (36,�%), pelos formadores e responsáveis pela pastoral vocacional.

Tab. 2.25 - Dificuldade em viver o voto hospitalidade. Distribuição por faixas etárias e anos de profissão religiosa

(em V. A. e %).

Níveis de idade Anos de profissão

18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem5� � 9 21 16 5 9 23 14

5,6 3,3 2,9 6,5 12,1 2,4 3,2 6,6 9,5

Só os nossos doentes

199 54 62 5� 24 51 55 55 34

19,7 22,6 20,2 1�,6 1�,2 24,5 19,6 15,� 23,0

A rotina diária332 92 112 96 30 �� 104 110 30

32,� 3�,5 36,5 29,6 22,� 3�,0 3�,1 31,5 20,3

Hospitalidade como profissão

296 65 103 99 2� 52 92 111 36

29,2 2�,2 33,6 30,6 20,5 25,0 32,9 31,� 24,3

Formação inadequada

163 2� 54 61 21 2� 45 63 2�

16,1 11,3 1�,6 1�,� 15,9 13,0 16,1 1�,1 18,9

Falta de abertura34� 99 11� 96 34 �5 116 102 36

34,3 41,4 3�,4 29,6 25,� 40,9 41,4 29,2 24,3

Colaboração com os leigos

1�6 36 4� 66 24 30 42 69 30

1�,4 15,1 15,6 20,4 1�,2 14,4 15,0 19,8 20,3

Outras�� 12 13 30 22 9 14 34 20

�,� 5,0 4,2 9,3 16,� 4,3 5,0 9,7 13,5

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11� 119

A rotina diária que faz perder a sensibilidade pelo homem que sofre (32,8%).

O desgaste da habituação e dos actos rotineiros resulta ser a segunda dificuldade experimentada pelos Irmãos, e apenas com uma ligeira diferença de um ponto e meio percentual em relação à primeira.

Tab. 2.26 – Dificuldade em viver o voto hospitalidade. Distribuição por compromissos formativos e habilitações académicas

(em V. A. e %).

5.2 – Formação 5.3 - Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. técnicas

Bachar./Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAIS 1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2Percentagem sobre o total 100,0 41,3 5�,� 2�,4 �1,6 4�,3 21,� 1�,0

Não respondem5� 23 34 9 4� 24 16 6

5,6 5,5 5,� 3,1 6,6 4,9 �,3 3,5

Só os nossos doentes

199 �6 123 5� 142 106 3� 36

19,7 1�,2 20,� 19,9 19,6 21,� 16,� 20,9

A rotina diária332 123 209 90 242 1�2 59 51

32,� 29,4 35,2 31,4 33,4 35,2 26,� 29,7

Hospitalidade como profissão

296 134 162 90 206 139 66 6�

29,2 32,1 2�,3 31,4 2�,4 2�,4 30,0 39,5

Formação inadequada

163 6� 95 50 113 �� 31 33

16,1 16,3 16,0 1�,4 15,6 1�,0 14,1 19,2

Falta de abertura34� 152 195 105 242 166 �� 5�

34,3 36,4 32,� 36,6 33,4 33,9 35,5 33,�

Colaboração com os leigos

1�6 �1 95 5� 11� �1 44 2�

1�,4 19,4 16,0 20,2 16,3 16,6 20,0 15,�

Outras�� 33 45 24 54 3� 21 11

�,� 7,9 �,6 �,4 �,4 �,6 9,5 6,4

A análise das respostas põe em evidência o facto que, embora seja sentida principalmente pelas duas faixas etárias mais jovens, até os

25 anos de profissão, esta é a dificuldade que mais preocupa aqueles que estão em contacto directo com os doentes. de facto, surge sempre em primeiro lugar, evidenciada sobretudo por aqueles que não desempenham qualquer cargo de autoridade e responsabilidade (34,3%), e pelos diplomados (35,2%), por aqueles que não trabalham na área da formação (35,2%), nem na pastoral vocacional (33,4%), e na África (40,5%), na Europa Central (3�,6%) e na Ásia (35,4%), menos nos E.U.A. (13,3%, porventura mais ocupados em tarefas de responsabilidade) e, dentro da média, na Europa Meridional (33,2%, 126 Irmãos). Parece, pois, consolidar-se a hipótese relativa àqueles que estão diariamente mais em contacto directo com o sofrimento real.

Sintetizando, poderíamos dizer que, ao nível da Ordem, esta exigência é mais difundida que o próprio pedido de abertura do carisma e, por conseguinte, a Ordem precisa de descobrir e activar recursos mais adequados para a corrigir e apoiar estes Irmãos que sentem mais intensamente o desgaste motivado pela actividade quotidiana.

Identificar a hospitalidade exclusivamente com o trabalhoprofissional (29,2%) é considerado o terceiro obstáculo para se viver serenamente o voto de hospitalidade. Talvez aqui esteja denunciado o risco de uma burocratização do carisma e de uma sua excessiva materialização.

Esta dificuldade é especialmente sentida pelos Irmãos da Europa Central (34,4%, em segundo lugar na classificação) e da Ásia (31,5%), e preocupa menos os Irmãos da América Latina (23,�%). Este risco atrai, além disso, a preocupação dos Irmãos de meia-idade, desde os 36 até aos 74 anos de idade (33%-30%), os licenciados (39,5%, em primeiro lugar na sua classificação), mas sobretudo os superiores, ao nível Central e Provincial (39,1%, em primeiro lugar na sua classificação), mas também os superiores locais, os formadores (32,1%) e os Irmãos responsáveis pela pastoral vocacional.

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Tab. 2.27 – Dificuldade em viver o voto hospitalidade. Distribuição por cargos de responsabilidade (em V. A. e %).

Cargos desempenhadosGov. Geral

Gov. ProvincialSup. Local

Dir. de CentroFormador

vocacionalNenhum

cargoTOTAIS 1012 87 222 70 633

Percentagem sobre o total 100,0 8,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem5� 1 10 1 45

5,6 1,1 4,5 1,4 �,1

Só os nossos doentes

199 13 40 19 12�

19,7 14,9 1�,0 2�,1 20,1

A rotina diária332 24 69 22 21�

32,� 2�,6 31,1 31,4 34,3

Hospitalidade como profissão

296 34 �2 21 169

29,2 39,1 32,4 30,0 26,�

Formação inadequada

163 1� 42 14 90

16,1 19,5 18,9 20,0 14,2

Falta de abertura

34� 32 �0 26 209

34,3 36,� 36,0 3�,1 33,0

Colaboração com os leigos

1�6 21 40 11 104

1�,4 24,1 1�,0 15,� 16,4

Outras�� 4 20 6 4�

�,� 4,6 9,0 �,6 �,6

Encarando a análise dos outros três aspectos, em nossa opinião, mais de carácter material e concretos, cuja escolha atingiu em média percentagens notavelmente inferiores, sublinha-se como dificuldade a atenção exclusivamente virada para os doentes assistidos nas Obras da Ordem (19,7%).

Este é um reparo que parece verificar-se especialmente na América Latina (30,8%, segunda, por ordem de importância), na Ásia (28,3%) e na África (bastante menos), não tendo praticamente expressão nas outras regiões. Uma certa preocupação suscita esta exclusividade nas duas faixas extremas de profissão: nos mais novos (24,5%) e nos idosos

(23%), porventura com motivações diferentes, e nos diplomados (21,�%) e formadores (2�,1%).

Particularmente nova poderia ser a dificuldade que deriva das recentes condições sociais em que o sector da saúde se veio a encontrar na actual sociedade de serviços, mas também a progressiva redução do pessoal religioso que talvez tenha induzido a abrir aos leigos o desempenho de tarefas administrativas que antes cabiam aos Irmãos. A dificuldade não é de menosprezar, dado que 17,4% dos Irmãos sentem dificuldade em aceitar a colaboração dos leigos nalgumas tarefas administrativas.

Isso verifica-se especialmente na África (21,4%), na Europa Meridional (18,9%) e nos E.U.A. (18,3%), sobretudo nas duas últimas faixas mais avançadas de idade e de profissão. Porém, com 7 pontos acima da média, esta dificuldade é vivida também ao nível do Governo Geral e Provincial, o que não pode deixar de suscitar uma certa preocupação (24,1%).

Por fim, obteve resultados comparativamente bastante limitados, mas que permitem concluir as observações até aqui formuladas, a última dificuldade apontada por 16,1% dos Irmãos quanto à insuficiência da formação recebida relativamente às exigências da hospitalidade de hoje.

Ela aparece especialmente nas respostas dos Irmãos da Ásia (22%), nos de meia-idade, embora não de modo particularmente vistoso (cerca de 18%), nos licenciados (19,3%) e nos diplomados (18%), mas também nos formadores. A observação pode parecer bastante óbvia, sobretudo para quem hoje observa atentamente as rápidas transformações sociais e a fácil e rápida obsolescência das competências profissionais. O apelo ganha maior profundidade se pretende sublinhar que a formação religiosa e humana dos Irmãos não foi feita de modo a premunir-se contra as inovações culturais e os avanços tecnológicos. Neste caso, torna-se um apelo a dar à formação das novas gerações uma abertura de horizontes capaz de lhes proporcionar os instrumentos necessários para uma leitura adequada das tendências culturais da sociedade, uma personalidade madura, a imprimir-lhes um carácter virtuoso e uma formação religiosa com que possam enfrentar adequadamente e sem receios as complexas inovações que inevitavelmente irão encontrar num futuro não muito remoto.

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6. CONCLUSÕeS

depois de termos começado, no primeiro capítulo, o estudo de alguns parâmetros estruturais de toda a investigação, neste segundo capítulo abordámos a análise das respostas dos Irmãos sobre o tema basilar da identidade carismática da consagração religiosa.

Para isso, desenvolvemos as nossas reflexões ao redor de cinco dimensões da vida consagrada, quer em chave positiva quer nos seus aspectos negativos. No primeiro sentido, estudámos as motivações originárias da própria escolha vocacional e, com elas estreitamente ligados, o valor e a importância que são atribuídos actualmente à figura do acompanhador vocacional que, no nosso caso, se identifica com o director espiritual; e isto ajudar-nos-á a compreender o grande consenso que ele desfruta dentro da Ordem e a importância que lhe é atribuída para uma eficaz orientação vocacional e de formação, não só inicial.

do ponto de vista negativo, mas apenas para descobrir melhor os elementos fracos a serem contrastados, e para melhor activar recursos tendo em vista a formação de anticorpos adequados, detivemo-nos nas razões dos abandonos vocacionais, nas dificuldades que geralmente se encontram para viver a própria consagração hospitaleira, e naquelas mais específicas que põem em questão a observância dos quatro votos religiosos, incluindo o da hospitalidade.

Nesta primeira visão de conjunto sobre as dificuldades encontradas na própria vida religiosa é reconfortante o testemunho de cerca de um terço dos Irmãos que declaram não encontrar quaisquer dificuldades. Porém, para a maior parte dos Irmãos, as dificuldades da própria vida religiosa são atribuídas mais a motivações de carácter quer espiritual quer material, ou seja, à escassa vida de fé e à fragilidade da formação inicial, tanto cristã como religiosa. Existe, além disso, um terceiro elemento que não deve ser subestimado, que é o ofuscamento da clareza e luminosidade da identidade carismática, quer a que é vivida pessoalmente como a que se observa no confronto com a realidade exterior: por outras palavras, o obscurecimento da imagem e da ressonância com que os homens de hoje se aproximam da Ordem Hospitaleira de S. João de deus. As áreas geográficas mais interessadas nesta verificação resultam ser a Ásia e

a África, as quais, ao longo do capítulo, nos outros aspectos, revelaram, simultaneamente, momentos de excelência e fragilidades.

Passando por conseguinte à análise das motivações originárias da própria escolha religiosa, emerge com clareza o forte impacto do testemunho concreto de serviço prestado ao doente, mais nos Irmãos idosos do que nos jovens de hoje. de facto, nas faixas etárias mais jovens, mas também entre os formadores, evidencia-se com especial valor estatístico a força do encontro com as situações de pobreza e mal-estar, hoje muito frequentes. Só num segundo momento, adquire importância o valor da orientação vocacional, especialmente da direcção espiritual, que se torna, assim para cada Irmão uma pessoa de referência nos momentos de crise.

Abordando paralelamente as causas dos abandonos, mais de metade dos Irmãos referiram o descuido da vida espiritual, sobretudo os da Ásia e da Europa Meridional, mas não os dos E.U.A., para os quais, pelo contrário, a causa principal é atribuída às dificuldades nas relações interpessoais e à quebra das motivações de fundo. Efectivamente, no plano humano, é por todos reconhecida como crucial a dificuldade nas relações interpessoais no âmbito da vida de comunidade. Tal dificuldade constitui, por assim dizer, um chamamento a operar para que as comunidades possam realmente viver em harmonia, sobretudo aprendendo a superar aqueles conflitos e dissabores que são inevitáveis em qualquer grupo humano (até mesmo na família, constituída por um pequeno número de pessoas), e a recompor os pequenos atritos da vida relacional, tão decisivos na vida religiosa. Não se pode porém negligenciar aquela constante vigilância e ascese que, mesmo no meio das actividades e dos problemas relacionais e afectivos, ajudam a manter vivas e fervorosas as motivações da própria escolha religiosa. disso têm consciência também os Irmãos mais novos.

Um poderoso recurso de apoio configura-se, como já tínhamos antecipado, na presença de uma pessoa que seja ponto de referência nos momentos de dificuldade. É muito importante a figura clássica do director espiritual, juntamente com a do confessor, mas também, e hoje mais do que outrora, a ajuda de um Irmão amigo, que saiba captar os desabafos e confidências do outro. Para os muito jovens, esta figura constitui a segunda escolha entre as � propostas, embora apareça ao lado das presenças clássicas do director espiritual, do formador e do confessor.

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O aprofundamento das dificuldades penetrou com muita precisão e cuidadosamente na leitura da realidade vivida dos conselhos evangélicos e do voto de hospitalidade, que pôs em evidência uma série de factores muito específicos para cada uma destas dimensões. Fizemo-lo porque tudo isto pode tornar-se uma ajuda preciosa para os formadores e os responsáveis pela pastoral vocacional, ocupados em estudar e propor elementos protectores e planos formativos adequados aos desafios formativos de hoje.

Em primeiro lugar, relativamente ao voto de castidade, impressionam positivamente dois elementos de verificação muito importantes. Antes de mais, é de apreciar o declarado e aberto respeito dos Irmãos pelo voto de castidade, que mantém hoje a sua importância, em nítida e consciente oposição a quantos pensam que ele já não tem valor e não serve para o desenvolvimento da personalidade. depois, não é casual a convergência dos Irmãos em identificar o peso de quatro situações, todas reconhecidas na mesma e idêntica medida como sendo as dificuldades mais importantes para viver bem este conselho evangélico. Trata-se da imaturidade afectiva, da incapacidade de viver autenticamente as relações interpessoais segundo a própria escolha de vida, da escassa integração da dimensão afectivo-sexual na globalidade da própria vida humana e religiosa, e do abuso dos meios de comunicação social. São por elas influenciados e afectados sobretudo os mais jovens, que ressentem de modo particular do clima erotizado da sociedade contemporânea, oferecendo estímulos e situações sem qualquer sintonia com as escolhas religiosas e de vida consagrada que eles professam. Ao mesmo tempo, nenhuma das áreas geográficas da missão hospitaleira está imune a esta realidade, devido à difusão e à força de penetração dos meios de comunicação social, mas também por causa da própria fragilidade da natureza humana, que é a mesma em todas as partes do mundo. São importantes os auxílios da Graça e os convites da Palavra de deus a manter-se vigilantes e a orar, mas é igualmente necessário utilizar aqueles instrumentos da ciência e da educação que podem ser de grande ajuda para o desenvolvimento de uma personalidade saudável e humanamente madura. Não são raros os casos em que situações às vezes desarmónicas, ou até mesmo conflituais no interior das comunidades religiosas, induzam a olhar para lá das fronteiras da própria casa, de forma que, enfraquecidas as motivações de fundo, por outras razões, facilitam a passagem a outras escolhas imediatamente mais luminosas e tentadoras.

Quanto ao voto de pobreza, a orientação das respostas teve em consideração um dúplice sentido: o institucional e o individual. No primeiro caso, foi sublinhado por mais de um terço dos Irmãos o uso impróprio dos meios destinados à missão hospitaleira e, em medida inferior, a não separação entre os bens da comunidade e os bens das Obras. Esta observação é feita especialmente pelos Irmãos da África e, em certa medida, pelos da Ásia, mas também por uma parte dos superiores e dos Irmãos de meia-idade. No segundo caso, relativamente à vivência individual do voto, mais do que a dimensão material do uso do dinheiro, foram postos em relevo outros aspectos de carácter mais imaterial, como o uso do tempo, a escassa sensibilidade em compartilhar as próprias qualidades com os necessitados, formas de indolência no próprio apostolado (especialmente entre os jovens) e a busca de compromissos externos, quase como compensação de fuga da rotina da vida diária dentro da Obra. Seria interessante, porém, analisar aqueles 15,3% de Irmãos que, assinalando a opção outras, deram algumas respostas originais, diferentes das que haviam sido propostas no questionário; talvez pudéssemos encontrar observações interessantes, também porque estas respostas provêm dos Irmãos da Europa e da América Latina, que são porventura portadores de perspectivas particulares, como também dos Irmãos mais idosos, dos licenciados e dos próprios formadores.

Sobre o voto de obediência, a verificação desenvolve-se de modo mais articulado. No entanto, colhe três atitudes simbólicas típicas: a profunda incomunicabilidade com os superiores, a defesa da própria autonomia, mesmo relativamente a projectos comunitários, o auto-reconhecimento da própria soberba e orgulho pessoais. Ao mesmo tempo, lamentam- -se carências no plano da inovação em activar iniciativas e instrumentos de comunicação para criar um clima de maior colaboração e diálogo. Os jovens reconhecem o próprio orgulho, os Irmãos na faixa etária dos 40-50 anos e os da Ásia queixam-se da pouca disponibilidade para assumir responsabilidades, os diplomados, da dificuldade em comunicar com os superiores, os superiores apontam a busca de autonomia, os Irmãos da Europa Meridional e os que nunca exerceram qualquer cargo de responsabilidade indicam a dificuldade para o diálogo, e os da Europa Central, a escassez de reuniões de comunidade.

Por fim, quanto à observância e à vivência do voto de hospitalidade, parece que sobre ele incidam principalmente as perspectivas de inovação,

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que estariam muito difundidas na Ordem. Parece entender-se que estão em gestação novas formas de hospitalidade, situações que subentendem aspirações e atitudes em relação às quais se está mais e melhor preparados, precisamente porque as dificuldades enunciadas pelo questionário fazem referência a uma formulação estrutural precedente e a uma formação passada, que não está em conformidade com as exigências da hospitalidade de hoje. Talvez neste âmbito a Ordem esteja a questionar-se a si própria, ou pelo menos fazem-no muitos Irmãos nas diferentes partes do mundo. de facto, um terço dos Irmãos denuncia a falta de abertura, a redução da hospitalidade ao profissionalismo, o carácter rotineiro e uma certa burocratização (que todo o mundo da saúde parece hoje privilegiar). Provavelmente é no âmbito deste quarto voto, que constitui a ponta de diamante, que se está a jogar o futuro do carisma da Ordem e é nele que se constrói a nova identidade para a missão. É aqui que as diferenças entre os jovens e os idosos são mais acentuadas. de falta de abertura fala-se especialmente na África, na Ásia e nos E.U.A.; de exclusividade para os doentes no interior da Obra, fala-se na Ásia e na América Latina; de profissionalismo e rotina, na Europa Central e Meridional, e por parte dos diplomados, mas também dos superiores ao nível Geral e Provincial; às relações problemáticas com os leigos, os Irmãos da Europa Meridional.

No espírito de renovação da vida consagrada, a dimensão da identidade carismática da própria consagração a deus torna-se central e constitui, em conjunto com a missão, o núcleo de cada Ordem e Congregação que, na Igreja e pelo mundo de hoje, é desafiado nas novas fronteiras da modernidade e da nova evangelização. As reflexões deste capítulo privilegiaram, de facto, a verificação da identidade da consagração e as suas diferentes dimensões.

O estudo sobre o voto de hospitalidade introduziu-nos assim, em parte, na verificação da missão para a qual a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus é chamada, que será objecto da análise do próximo capítulo.

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IdeNTIdAde CArISmÁTICA dA mISSÃO dOS IrmÃOS de S. JOÃO de deUS

A perspectiva da missão na vida consagrada constitui um dos dois pólos de identidade de cada instituto religioso. Tornamo-nos religiosos dentro de um instituto para consagrarmos a nossa vida a deus no serviço aos Irmãos: trata-se de um serviço que pode expressar-se em muitas direcções, mas que, na tradição secular da Igreja, se manifestou até agora em dois grandes sectores: a educação e a caridade.

A consagração tem uma especificidade incomum, própria, por efeito da missão, que caracteriza cada instituição religiosa e evidencia a sua identidade, também em relação a todas as outras Ordens e Congregações da Igreja. Por conseguinte, estudar a identidade carismática da missão dos Irmãos de S. João de Deus significa entrar na análise daquela dimensão única, típica e diferenciadora que caracteriza a Ordem em relação às restantes formas de vida religiosa: trata-se do seu papel no âmbito da saúde.

É por isso que a nossa investigação, depois de ter estudado o significado da identidade carismática da consagração dos Irmãos na Ordem, se prepara agora para analisar as múltiplas dimensões que constituem a identidade carismática da sua missão na vida da Igreja. Neste âmbito, analisaremos, neste capítulo, os seguintes pontos:

1. Novo papel do Irmão de S. João de deus na sua missão (perguntas 19-20)2. Equilíbrio entre activismo e vida interior (perguntas 21-22)3. Pastoral da saúde (perguntas 23-25)4. Relação com os Colaboradores (pergunta 29)5. Formação na missão: inicial e permanente (perguntas 26-2�)

CAPÍTULO III

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1. NOVO PAPEL NA MISSÃO (pergunta 19-20)

No espírito de fervor e renovação da vida consagrada que foi reavivado e realizado após o Concílio Vaticano II, também a Ordem hospitaleira de S. João de deus quis expressar de modo explícito um novo papel na Igreja, caracterizado por cinco factores fundamentais, na substância, e expresso nas cinco categorias acima referidas, que quisemos submeter à verificação dos Irmãos. Por outras palavras, trata-se de tornar-se e ser consciência crítica de modo muito mais explícito, guia moral, presença profética, aberta às novas necessidades, num renovado espírito de integração com os Colaboradores.

Para cada uma destas dimensões, tentámos aprofundar o grau de assimilação progressiva que cada Irmão considera estar hoje presente na Ordem.

Nesta avaliação, partimos de um nível ideal, óptimo (“muito”) de assimilação, para um mais medíocre (“bastante”) mas ainda positivo, para passar então a uma constatação de escassa assimilação do novo papel (“pouco”), necessitando por conseguinte de um esforço adicional, até uma avaliação totalmente negativa, no mais baixo (“de forma alguma”), de quem, por outras palavras, considera que ainda nada se fez neste âmbito. Aos dados estatísticos das percentagens, quisemos acrescentar uma explicação sintética, muito mais precisa e refinada, que é a pontuação média (M), isto é, o nível em que se coloca a avaliação global dos Irmãos (excluídos os que não responderam [NR]), numa escala de 5 níveis, que parte de 1 (por convenção, o nível máximo, correspondendo à avaliação mais positiva) até 5 (o mínimo, equivalente à avaliação mais crítica) nesta progressão: uma pontuação de 1 e 2 corresponde ao 1° nível “muito”, de 2 e 3 a “bastante”, de 3 e 4 a “poucos”, de 4 e 5 a “de modo algum”.

1.1 – Análise global (pergunta 19)

Feita esta premissa, de carácter metodológico, passamos agora à leitura dos dados obtidos através das respostas à pergunta do questionário, e representadas sinteticamente na tabela seguinte, correspondendo à pergunta “Em que medida é assimilado o novo papel que o Irmão de S. João de Deus deve viver hoje?” (pergunta 19)

NR Muito Bastante Pouco de modo algum

Pontuação média

1. Consciência crítica 11,8 1�,5 32,6 33,3 4,� 2,29

2. Guia moral 12,1 1�,3 36,� 30,2 3,� 2,23

3. Presença profética 12,2 1�,4 31,6 31,2 �,6 2,334. Integração com os colaboradores 9,0 22,� 41,9 23,5 2,� 2,0�*

5. Abertura às novas necessidades 9,1 23,5 34,6 2�,2 5,6 2,16*

Cerca de 10% dos Irmãos não responderam, sobretudo os idosos e, particularmente, aos últimos dois itens.

Aproximadamente 20% dos Irmãos consideram que, em geral, se realizou uma assimilação muito boa das diferentes dimensões do novo papel, particularmente no que diz respeito precisamente aos dois últimos itens. Esta apreciação também é confirmada pelas percentagens do segundo nível, “bastante”, onde as percentagens são mais elevadas (mais de um terço dos Irmãos), sobretudo relativamente à integração com os Colaboradores (41,9%). Há, porém, uma percentagem de 25% a 30% dos Irmãos que consideram ter-se feito ainda “pouco”. São menos de 5% os entrevistados que respondem não se ter assimilado “de modo algum”.

Em concreto, observando as pontuações médias, as avaliações positivas de satisfação por quanto se realizou concentraram-se, em primeiro lugar, no compromisso de integração com os colaboradores (M: 2,07), relativamente ao qual se considera terem sido feitos alguns progressos, seguindo-se a abertura às novas necessidades (M: 2,16); em terceiro lugar, as opiniões tornam-se menos concordes sobre o papel de guia moral (M: 2,23), vindo depois ser consciência crítica (M: 2,29) e, por último, presença profética (M: 2,33).

As avaliações mais críticas em quase todos os 5 itens considerados provêm repetidamente da Europa Meridional, da terceira faixa etária, que vai dos 56 até aos �4 anos, dos superiores locais, dos licenciados e de quantos não desempenham cargos de responsabilidade.

Pelo contrário, as avaliações mais positivas são expressas pelos mais jovens e pelos mais idosos.

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132 133

1.2 – Aprofundamento analítico de cada item

Comecemos por aqueles que receberam uma avaliação mais positiva, para passar depois aos que tiveram uma avaliação mais crítica e, em relação aos quais, haverá ainda muito que trabalhar e projectar. Fá-lo- -emos na base metodológica da comparação entre as pontuações médias relativas às 30 variáveis utilizadas para a análise, juntamente com a confirmação das respectivas percentagens. Evitámos incluir aqui as tabelas respectivas para não tornarmos o texto demasiado pesado com documentação excessiva que, além do mais, se pode consultar no Estudo original.

1.2.1 – Integração com os colaboradores

64,�% de Irmãos deram um juízo substancialmente positivo (M: 2,0�) (Muito + Bastante) do esforço feito nestes anos, para se tornarem mais próximos dos Colaboradores, os envolver mais, desenvolver um papel de maior integração e torná-los mais participes do espírito do seu próprio carisma. Mais de 1 Irmão em cada 5 consideram que se fez muito, especialmente nos E.U.A. e na Europa Central, entre as faixas mais jovens de idade e de profissão, os diplomados, os formadores e os Governos, Geral e Provincial.

Mais críticos, pelo contrário, parecem ser os Irmãos da Europa Meridional, como, de certo modo, também os da América Latina, os que têm uma idade compreendida entre 56 e �4 anos e nas duas faixas com mais anos de profissão religiosa, os licenciados, os superiores locais e quantos não desempenham cargos de responsabilidade.

1.2.2.– Abertura às novas necessidades

A percepção que os Irmãos têm deste traço característico da Ordem, provavelmente já perspectivado no passado como um dos objectivos deste tempo presente, é igualmente positiva. de facto, 23,5% consideram que este papel foi assimilado de forma óptima. Se, a esta avaliação somarmos a outra, igualmente positiva, de 34,6% (bastante), resulta que 6�,1% dos Irmãos, mais de 2/3, se exprimem em medida satisfatória, superior à do papel acima estudado da integração com os Colaboradores (64,�%).

Porém, no nosso caso, são mais numerosos (32,�%) os Irmãos que manifestam uma opinião crítica, especialmente os da Europa Meridional e da América Latina, os das faixas centrais de profissão religiosa, os licenciados, os formadores e os superiores, quer ao nível Central quer Provincial.

1.2.3 – Papel de guia moral

A assimilação do novo papel de guia moral foi positivamente avaliada por 54% dos Irmãos (muito: 1�,3% e bastante: 36,�%), face aos 34% que escolheram as opções pouco ou de forma alguma. Neste caso, porém, houve uma maior percentagem dos que não responderam (12,1%) que corresponde aos Irmãos mais idosos, às zonas dos E.U.A. (18,3%) e da Europa Meridional (16,3%), e dos Irmãos que não desempenham cargos de responsabilidade.

Os maiores consensos provieram da Ásia (31,5%) e da Europa Central (19,6%), das faixas etárias extremas – isto é, dos mais jovens e dos mais idosos (M: 2,0�) – dos diplomados e dos formadores, assim como dos superiores dos Governos Geral e Provincial.

Os mais críticos, pelo contrário, resultam ser os Irmãos da Europa Meridional (M: 2,33) e dos E.U.A. (M: 2,29), os da faixa etária 56-74 anos (M: 2,34), os que têm graus académicos mais altos, e também os superiores locais (M: 2,29).

1.2.4 – Papel de consciência crítica

Este objectivo é considerado assimilado em medida suficiente (32,6%), embora não muito interiorizado (1�,6%). A soma destes dois valores positivos abrange 50,1% dos Irmãos, especialmente da Ásia (M: 1,96) e da África (M: 2,19), os mais jovens (M: 2,19), os mais velhos, em idade (M: 2,21) e profissão (M: 2,28), e ainda os diplomados (M: 2,18).

3�,1%, porém, não estão convictos que o papel de consciência crítica tenha sido assimilado pelos Irmãos da Ordem: exprimem muitas reservas, especialmente na Europa Meridional e nos E.U.A., bem como quantos carregam o peso do governo local e os licenciados, também os das Universidades eclesiásticas.

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1.2.5 – Papel de presença profética

É um papel que, na maior parte da Ordem, ainda permanece uma meta por alcançar (M: 2,33), juntamente com o de ser consciência crítica. de facto, nos conteúdos parecem incluir atitudes bastante semelhantes, como demonstram as respostas recebidas, que apresentam a mesma curva estatística, isto é, só em 49% dos casos são positivas, sendo críticas 3�,�%.

Analisando mais detalhadamente as respostas, os mais críticos são os Irmãos da Europa Meridional (M: 2,45) e da Europa Central (M: 2,4�), os da faixa etária entre 56 e �4 anos (M: 2,46), os formadores e os superiores, tanto do Governo Geral como Provincial.

Para concluir, parece que ainda é preciso insistir muito nas dimensões e nos papéis mais espirituais que a Ordem se propusera, isto é, os relativos à interiorização de atitudes que possam tornar os Irmãos de S. João de deus consciência crítica e presença profética nesta sociedade, como já podiam ter sido estabelecidos nos anteriores Capítulos Gerais.

Trata-se de um compromisso muito delicado e, porventura, também nem sempre quantificável de modo preciso; apesar disso, serve para orientar para metas que já tinham sido positivamente propostas, e que, no entanto, pela sua natureza, nunca foram plenamente alcançados. Constituem objectivos sempre proponíveis, numa dinâmica de progressão, que amadurece e cresce ao longo do tempo e com a perseverante assimilação dos conteúdos propostos. Talvez pudesse ser útil mais realismo nas estratégias para uma maior visibilidade desta verificação.

Os outros dois papéis tomados em consideração, ou seja, a integração com os Colaboradores e a abertura às novas necessidades, obtiveram um consentimento visível e vasto, precisamente pelo seu carácter concreto e pela visibilidade nas condições da vida diária.

O papel de guia moral parece servir como charneira entre os dois blocos considerados e, assim, distinguir-se por ocupar uma posição intermédia relativamente aos anteriores.

Se, além disso, estas cinco dimensões se devem considerar como faces múltiplas de uma mesma imagem do Irmão de S. João de deus, então esta

leitura pode evidenciar aqueles aspectos da formação que já se encontram num bom nível de assimilação, como os primeiros dois, relativamente aos que ainda precisam de ser ulteriormente aprofundados, quer do ponto de vista ideal e motivacional, quer como ajuda e apoio estratégico para que possam crescer no âmbito da renovação espiritual e formativa, seja de cada religioso seja da comunidade inteira.

Precisamente nesta perspectiva, analisaremos agora as dificuldades que mais travaram o desenvolvimento destes processos formativos.

1.3 – Dificuldades encontradas no exercício do novo papel (pergunta 20)

Os novos desafios a serem enfrentados na modernidade e o processo de renovação interior que envolve todos os Irmãos estão a exigir que a Ordem assuma um novo papel em relação às actuais transformações sociais, para poder oferecer com maior eficácia e visibilidade o seu testemunho cristão e eclesial na sociedade contemporânea. Já analisámos acima as dimensões e os objectivos em que se desdobra este compromisso, perante o qual cada Irmão se sente responsabilizado.

A assimilação de tal papel por parte dos Irmãos encontrou porém uma série de dificuldades. Já vimos os seus limites e as resistências à abertura. Agora, queremos estudar os sectores em que elas estão mais presentes, compreender em que medida e peso elas foram vividas, de forma a projectar estratégias de apoio, adequadas à situação encontrada por cada um dos Irmãos. O estudo das respostas à pergunta 20 vai-nos permitir aprofundá-las.

1.3.1 – Análise global

A pergunta em questão estava formulada nos seguintes termos: “Perante este novo papel, quais são as principais dificuldades que se podem encontrar?” (pergunta 20)

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136 13�

Apresentamos nesta tabela uma síntese global das respostas:

Percentagens

0. Não responde1. Carência de formação adequada2. Medo e insegurança perante a mudança3. A força do tradicionalismo4. Ainda não compreendi plenamente a validade do novo papel5. Não me sinto suficientemente preparado para desempenhar o novo papel6. Temor de não ser aceite pelos Colaboradores�. Não partilho o novo papel8. Outras

3,9 41,630,429,220,�1�,0

11,6 4,� 6,9

A distribuição percentual das respostas coloca o dedo na ferida mais delicada, de que todos se lamentam com absoluta prioridade, isso é, a falta de uma formação adequada (41,6%).

Com cerca de 10 pontos percentuais de diferença, são reconhecidos seguidamente, com toda a simplicidade, dois aspectos entre si correlativos: o medo da mudança que produz insegurança e a força do tradicionalismo que faz permanecer amarrados ao passado. Trata-se de um sentimento comum, mas pesado, embora referido apenas por um terço dos Irmãos.

Se estas duas dificuldades podem ser consideradas quase institucionais, as seguintes referem-se de modo particular à vivência específica de cada Irmão, e, por conseguinte, podem ser consideradas, em conexão com o primeiro item, quase como um humilde apelo, uma exigência de ulterior formação para uma melhor compreensão da validade do novo papel (20,8%), precisamente porque quase 1/5 dos Irmãos sente-se impreparado para o desenvolver adequadamente (18%). Este facto, provavelmente, pode influir também na relação delicada com os Colaboradores, em que cerca de 1/6 dos Irmãos (11,6%) reconhece viver um sentido de inferioridade e sujeição, acompanhado por um vago temor de não ser por eles aceite. Parece quase uma forma de sujeição, derivando porventura de uma acentuada atmosfera de secularismo presente nalgumas nações, mas também de uma escassa confiança em si mesmos e na força-valor da própria missão

Bastante limitado, finalmente, é o número dos que não deram quaisquer respostas, confirmando a seriedade com que o questionário foi acolhido, especialmente naquelas perguntas que mais foram entendidas como sendo personalizadas.

Em todo o caso, mantêm-se estáveis uns 4,�% de Irmãos que não partilham o novo papel proposto pela Ordem. Trata-se especialmente de Irmãos da Europa Meridional, dos E.U.A. e da América Latina, dos que pertencem às faixas etárias intermédias, especialmente na maturidade tardia, com mais de 25 anos de profissão, também presentes no âmbito dos Governos Geral e Provincial, assim como alguns formadores.

1.3.2 – Aprofundamento analítico de cada item

A carência de formação adequada (41,6%) é a grande dificuldade referida por um número bastante elevado de Irmãos – 2/5 –, sobretudo por mais de metade dos da Ásia (59,1%) e da África (58,3%), por parte das primeiras duas faixas etárias, até aos 55 anos, e pelos diplomados (44,4%). Mas é uma lacuna reconhecida também pelos formadores e responsáveis pela pastoral vocacional.

O medo e a insegurança perante a mudança (30,4%), juntamente com a força do tradicionalismo, que se lhe junta com 29,2%, demonstram que há formas de resistência e incerteza perante o futuro. Se consideradas isoladamente, as respostas referem-se apenas a 1 Irmão em cada 3, mas se as somarmos, evidenciam uma faixa bastante ampla de dificuldades encontradas na assimilação e realização dos novos papéis.

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13� 139

Tab. 3.1 – Principais dificuldades encontradas na assimilação do novo papel, por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem39 16 � 1 9 0 5

3,9 4,2 4,2 1,2 5,2 0,0 �,3

Incompreensão do seu valor

211 6� 46 13 25 42 1�

20,� 1�,6 24,3 15,5 14,5 33,1 30,0

Temor de não ser aceite

11� 4� 25 19 13 9 3

11,6 12,6 13,2 22,6 �,6 �,1 5,0

Impreparação para o novo papel

1�2 �3 30 13 2� 19 10

1�,0 21,� 15,9 15,5 15,� 15,0 16,�

Formação inadequada

421 146 5� 49 �4 �5 19

41,6 3�,4 30,� 5�,3 43,0 59,1 31,�

Medo da mudança30� 115 62 32 42 41 16

30,4 30,3 32,� 3�,1 24,4 32,3 26,�

Tradicionalismo295 10� 52 13 �0 3� 14

29,2 2�,4 2�,5 15,5 40,� 29,9 23,3

Não partilho o novo papel

49 23 5 4 � � 3

4,� 6,1 2,6 4,� 4,1 5,5 5,0

Outras�0 33 13 3 13 3 5

6,9 �,� 6,9 3,6 �,6 2,4 �,3

O medo e a insegurança perante a mudança parecem ser mais forte entre os Irmãos da África (3�,1%), nas duas faixas etárias intermédias, entre os 36 e os �4 anos, mas sobretudo entre os 36 e os 55 anos; para os técnicos e os diplomados, esta constitui a segunda maior dificuldade. Esse medo e insegurança foram também assinalados por 39,1% dos superiores dos Governos Geral e Provincial, como também pelos superiores locais e pelos formadores.

A força do tradicionalismo é especialmente sublinhada pelos Irmãos da América Latina (40,7%) com 11 pontos superiores à média, pelos formadores, mas sobretudo pelos superiores do Governo Geral e Provincial (41,4%), assim como pelos responsáveis pela pastoral vocacional.

Segue-se depois, por ordem, um outro par de dificuldades, que atingem percentagens bastante semelhantes, ao redor de 20%. São daqueles que afirmam não terem ainda compreendido plenamente a validade do novo papel (20,�%) e dos que não se sentem suficientemente preparados para o desenvolverem (18%). Ambas estas dificuldades revelam a necessidade e urgência de instrumentos que conduzam a uma ulterior assimilação e interiorização dos novos papéis propostos pelos anteriores Capítulos Gerais.

Tab. 3.2 – Principais dificuldades encontradas na assimilação do novo papel, por faixas etárias e profissão religiosa (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 307 324 132 208 280 349 148Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 27,7 34,5 14,6

Não respondem39 6 � 12 13 3 � 14 11

3,9 2,5 2,3 3,� 9,8 1,4 2,9 4,0 �,4Incompreensão

do seu valor211 49 69 61 31 4� 61 6� 30

20,� 20,5 22,5 1�,� 23,5 22,6 21,� 19,2 20,3Temor de

não ser aceite11� 26 34 42 14 26 30 42 1�

11,6 10,9 11,1 13,0 10,6 12,5 10,� 12,0 11,5Impreparação

para o novo papel1�2 43 49 56 32 40 44 61 34

1�,0 1�,0 16,0 1�,3 24,2 19,2 15,� 1�,5 23,0Formação

inadequada421 115 144 120 41 10� 129 12� 52

41,6 4�,1 46,9 3�,0 31,1 51,4 46,1 36,� 35,1

Medo da mudança30� �1 102 101 31 52 97 113 36

30,4 29,7 33,2 31,2 23,5 25,0 34,6 32,4 24,3

Tradicionalismo295 66 93 98 33 49 �5 109 40

29,2 2�,6 30,3 30,2 25,0 23,6 30,4 31,2 2�,0Não partilho o

novo papel49 � 14 1� 10 � 11 19 10

4,� 2,9 4,6 5,2 �,6 3,4 3,9 5,4 6,�

Outras�0 � 1� 34 11 6 15 3� 12

6,9 3,3 5,5 10,5 �,3 2,9 5,4 10,6 �,1

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Trata-se de uma mentalização ainda incompleta e a ser operacionalizada a nível geral. De facto, a primeira dificuldade é sublinhada sobretudo pelos Irmãos da Ásia (33,1%) e dos E.U.A. (30%), como também pelos idosos, e igualmente por alguns jovens, em termos de profissão (22,6%), pelos formadores (25%), e ainda pelos Governos Geral e Provincial (23%).

Quanto à inadequação sentida para desenvolver estes novos papéis, sobressaem compreensivelmente as declarações dos mais velhos, em idade e profissão, e de alguns formadores vocacionais.

Emerge, por fim, em medida reduzida, mas não insignificante, uma certa dificuldade no relacionamento com os Colaboradores, por medo de não serem aceites (11,6%). Trata-se de um sentimento que se manifesta especialmente na África (22,6%), onde é considerada como a terceira dificuldade, por ordem de incidência, mas está também presente na Europa Central e Meridional (sociedade particularmente secularizada), sobretudo entre os Irmãos da faixa etária 56-�4 anos, ou seja, aqueles que estão em situações de actividade e responsabilidade, diplomados, mas que encontram dificuldades em fazer esta passagem para os novos papéis propostos pela renovação. O mesmo é assinalado também pelos superiores locais e directores de centros (13,1%), e igualmente pelos responsáveis pela pastoral vocacional.

Em conclusão, são três, principalmente, os tipos de dificuldades mais assinaladas pelos Irmãos, que fazem referência porém a um único denominador comum de fundo, que é a exigência de uma formação adequada para enfrentar os desafios da mudança.

As três linhas de fraqueza são indicadas na carência de formação e preparação adequadas, que produz resistência à mudança e vastos sentidos de inferioridade, quer no plano da auto-estima pessoal quer no valor da própria consagração. São sobretudo atingidos os Irmãos das regiões secularizadas, tecnologicamente desenvolvidas, da Europa, os de meia-idade, colocados em posições de responsabilidade, tanto ao nível geral como local, os quais têm a tarefa e sentem a urgência de enfrentar os desafios da renovação, sobretudo vocacional.

Tab. 3.3 – Principais dificuldades encontradas na assimilação do novo papel, por cargos institucionais (em V. A. e %)

Gov. GeralGov. Prov.

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 87 222 70 633Percentagem sobre o total 100,0 8,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem39 1 � 0 30

3,9 1,1 3,6 0,0 4,�

Incompreensão do seu valor

211 20 43 13 135

20,� 23,0 19,4 1�,6 21,3

Temor de não ser aceite

11� 2 29 4 �2

11,6 2,3 13,1 5,� 13,0Impreparação

para o novo papel

1�2 9 3� 16 120

1�,0 10,3 16,� 22,9 19,0

Formação inadequada

421 3� 79 41 264

41,6 42,5 35,6 5�,6 41,�

Medo da mudança

30� 34 79 22 1�3

30,4 39,1 35,6 31,4 2�,3

Tradicionalismo295 36 �3 22 164

29,2 41,4 32,9 31,4 25,9

Não partilho o novo papel

49 5 9 1 34

4,� 5,� 4,1 1,4 5,4

Outras�0 9 14 � 40

6,9 10,3 6,3 10,0 6,3

É possível também interpretar estas dificuldades como o preço necessário a pagar num período de transição e de mudanças sociais muito rápidas, nas quais diversos Irmãos não conseguem ver com clareza o futuro nem compreender a validade do novo papel a desenvolver e, por conseguinte, manter-se actualizados. Será necessário tempo, paciência e um ulterior empenho formativo, pois trata-se de uma passagem cultural que não é fácil de gerir, mas também de uma lentidão fisiológica pessoal na interiorização dos novos papéis, especialmente por parte de um certo grupo de Irmãos.

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2. eQUILÍBrIO eNTre ACTIVISmO e VIdA INTerIOr (pergunta 21-22)

À pergunta (n. 21): “Consegues estabelecer na tua vida um equilíbrio entre acção e contemplação (entre trabalho e vida de oração)?”, à qual respondeu a totalidade dos Irmãos (excepto uma percentagem mínima de 1,3%), cerca de 80% responderam afirmativamente, embora em medida diferente (19,7% “muito” + 58,7% “bastante”). Porém, cerca de 20% encontram dificuldades diversas, colocando-se quase em contraponto aos 19,7% que, respondendo afirmativamente, acentuam o êxito, considerando-o óptimo (“muito”).

Este resultado, descrito desta forma, é gratificante. Mas talvez fosse necessário um maior aprofundamento. Em todo o caso, merecem atenção aqueles 20% de Irmãos que não conseguem estabelecer o equilíbrio entre acção e contemplação. Analisando as pontuações médias encontramos nesta categoria, especialmente os Irmãos da Europa Meridional e Central e da América Latina, e os mais jovens em idade e profissão religiosa.

2.1 – Análise global

Em correspondência com o estudo deste problema, se, para efeitos de uma metodologia operacional é relevante descobrir o dado fenomenológico da situação, torna-se muito mais importante, contudo, enfrentar o estudo das dificuldades que os Irmãos encontram para estabelecer o equilíbrio entre activismo e vida interior, entre trabalho e vida de oração. Com esse propósito quisemos que os Irmãos se confrontassem com estas dificuldades, descritas na pergunta 22 e exprimissem uma avaliação diversa acerca delas com base na própria experiência quotidiana.

Este quadro global e de síntese, apesar de ser breve, permite-nos identificar os sectores mais problemáticos a nível pessoal.

Percentagens1. Insuficiente cuidado da oração pessoal2. Falta de sentido da vida espiritual3. Escassez de estímulos da comunidade religiosa4. Ausência de um projecto adequado de vida pessoal5. Activismo excessivo6. demasiados compromissos de trabalho�. Pouca criatividade nas celebrações litúrgicas comunitárias

29,12�,424,623,022,021,512,6

O que mais directamente nos surpreende é que, destas respostas, não emerge com clareza uma só dificuldade particular, que se evidencie em relação às outras, de forma que se possa identificar melhor um ponto focal, merecedor de maior atenção.

Existe, pelo contrário, uma gama de problemas que, em medida igual, embora nem sequer muito alta (entre 21% e 29%), são igualmente objecto de preocupação por parte dos Irmãos. de facto, em apenas sete pontos percentuais, juntam-se bem sete tipos de dificuldades, escassamente diferenciadas umas das outras. Uma certa diferenciação é evidenciada entre as percentagens mais elevadas e as mais baixas. Porém, é muito pouco. Talvez uma maior diferenciação se possa verificar ao nível das nossas 30 variáveis de cruzamento.

Queremos sublinhar uma vez mais a seriedade de preenchimento do questionário, cujos sinais indicadores são a elevada percentagem de quantos responderam (mais de 95% dos Irmãos), o facto de as perguntas terem sido objecto de uma consideração muito atenta, uma vez que não responderam por instinto, seguindo a classificação por nós proposta; pelo contrário, a percentagem mais elevada foi dada precisamente ao último item da lista, relativo à oração pessoal e, finalmente, o facto de as respostas terem sido 166�, sinal de que pelo menos 2/3 dos Irmãos forneceram duas respostas, como se pedia.

2.2 – Aprofundamento analítico de cada item

O escasso e insuficiente cuidado da oração pessoal (meditação, leitura espiritual...) foi assinalado por 29,1% das respostas, sobretudo pelos Irmãos da Ásia (4�,2%) e da África (35,�%). Pelo contrário, nos E.U.A., este problema (23,3%) é secundário, superado por outro, mais difuso – a falta de estímulos da comunidade (35%) – que não é menos grave. As variáveis “idade” e “profissão” não manifestam diferenças particulares, sinal de que, neste caso, há um sentimento comum e positivo a todos os níveis geracionais acerca da importância da oração pessoal para a vida. Sublinham-no de modo em particular os diplomados, os formadores e os superiores, a todos os níveis: Geral, Provincial e local.

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Tab. 3.4 – Dificuldades mais relevantes para o equilíbrio entre trabalho e vida de oração, por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem4� 19 14 2 6 1 6

4,� 5,0 �,4 2,4 3,5 0,� 10,0

Activismo excessivo

223 �5 43 21 55 22 �

22,0 19,7 22,� 25,0 32,0 1�,3 11,�demasiados

compromissos de trabalho

21� �6 42 23 42 2� �

21,5 20,0 22,2 2�,4 24,4 21,3 13,3

Falta de sentido da vida espiritual

2�� 14� 2� 13 5� 35 �

2�,4 3�,� 14,3 15,5 33,� 2�,6 11,�

Ausência de um projecto pessoal

233 94 31 26 3� 31 13

23,0 24,� 16,4 31,0 22,1 24,4 21,�Escassez de

estímulos da comunidade

249 106 49 20 24 29 21

24,6 27,9 25,9 23,� 14,0 22,� 35,0Pouca

criatividade nas celebrações

12� 34 2� � 1� 2� 14

12,6 8,9 14,3 9,5 10,5 21,3 23,3Insuficiente

cuidado da oração pessoal

294 100 51 30 39 60 14

29,1 26,3 2�,0 35,� 22,� 4�,2 23,3

Outras35 � 13 1 � 1 5

3,5 2,1 6,9 1,2 4,1 0,� �,3

Tab. 3.5 – Dificuldades mais relevantes para o equilíbrio entre trabalho e vida de oração, por faixas etárias e profissão religiosa (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 34,5 14,6

Não respondem4� 4 9 23 10 5 � 20 14

4,� 1,� 2,9 �,1 �,6 2,4 2,5 5,� 9,5

Activismo excessivo

223 66 �� 54 23 49 79 6� 23

22,0 2�,6 25,4 16,� 1�,4 23,6 19,2 15,5demasiados

compromissos de trabalho

21� 63 �� 5� 19 53 �2 66 20

21,5 26,4 25,4 1�,6 14,4 25,5 18,9 13,5

Falta de sentido da vida espiritual

2�� 51 89 97 4� 43 �� 102 54

2�,4 21,3 29,0 29,9 35,6 20,� 29,2 36,5

Ausência de um projecto pessoal

233 54 63 95 20 4� 55 94 31

23,0 22,6 20,5 29,3 15,2 22,6 26,9 20,9Escassez de

estímulos da comunidade

249 45 �0 �� 43 44 61 100 39

24,6 1�,� 22,� 26,9 32,6 21,2 2�,� 26,4Pouca

criatividade nas celebrações

12� 34 40 3� 14 2� 42 43 14

12,6 14,2 13,0 11,� 10,6 13,0 12,3 9,5Insuficiente

cuidado da oração pessoal

294 �3 91 �� 40 61 �1 100 44

29,1 30,5 29,6 2�,2 30,3 29,3 2�,� 29,7

Outras35 9 12 9 5 10 9 10 4

3,5 3,� 3,9 2,� 3,� 4,� 3,2 2,9 2,�

Uma atitude de fundo, de notável importância pela influência que exerce em criar uma certa mentalidade, foi reconhecida por 28,4% dos Irmãos de S. João de Deus na falta de sentido da vida espiritual por efeito do secularismo e do aburguesamento. Parece ser este o elemento separador fundamental para desencadear processos de desafeição e crise. Manifestam-no, sobretudo, os Irmãos da Europa Meridional (3�,�%) com dez pontos superiores à média, e da América Latina (33,7%), os idosos, em idade (35,6%) e profissão (36,5%), os licenciados, e 31,9%

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146 14�

dos Irmãos sem exercerem cargos de responsabilidade. Não o tomam em consideração, senão em mínima parte, pelo contrário, os Irmãos dos E.U.A. (11,�%), da Europa Central (14,3%), da África (15,5%), os muito jovens (21,3%) e os superiores locais.

Tab. 3.6 – Dificuldades mais relevantes para o equilíbrio entre trabalho e vida de oração, por compromissos formativos e habilitações académicas

(em V. A. e %)

5.2– Formação 5.3 – Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. técnicas

Bachar./ Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAL 1012 418 594 287 725 489 220 172Percentagem sobre o total 100,0 41,3 58,7 28,4 71,6 48,3 21,7 17,0

Não respondem4� 23 25 13 35 20 12 �

4,� 5,5 4,2 4,5 4,� 4,1 5,5 4,�

Activismo excessivo

223 89 134 �1 152 11� 3� 32

22,0 21,3 22,6 24,� 21,0 23,9 16,� 1�,6

demasiados compromissos de

trabalho

21� 91 12� �3 145 105 4� 44

21,5 21,� 21,4 25,4 20,0 21,5 21,4 25,6

Falta de sentido da

vida espiritual

2�� 12� 160 �4 213 12� 66 56

2�,4 30,4 26,9 25,� 29,4 26,0 30,0 32,6

Ausência de um Projecto pessoal

233 90 143 53 1�0 11� 5� 2�

23,0 21,5 24,1 1�,5 24,� 23,9 26,4 16,3

Escassez de estímulos

da comunidade

249 102 14� �1 16� 119 61 45

24,6 24,4 24,� 2�,2 23,2 24,3 2�,� 26,2

Pouca criatividade nas

celebrações

12� 59 69 41 �� 64 2� 26

12,6 14,1 11,6 14,3 12,0 13,1 12,3 15,1

Insuficiente cuidado da

oração pessoal

294 123 1�1 �0 214 152 5� 4�

29,1 29,4 2�,� 27,9 29,5 31,1 26,4 2�,3

Outras35 14 21 9 26 13 12 6

3,5 3,3 3,5 3,1 3,6 2,� 5,5 3,5

Com menos 4 pontos percentuais, 24,6% dos Irmãos questionam a própria comunidade religiosa que não ofereceria estímulos suficientes. É uma observação expressa especialmente pelos Irmãos dos E.U.A. (35%), com 10 pontos acima da média, e quase na mesma medida se pronunciam os idosos (32,6%), os responsáveis pela pastoral vocacional (2�,2%), os licenciados (26,2%), os formadores e os outros Irmãos (26,2%). Os Irmãos da América Latina não lhe atribuem uma prioridade relevante (14%), relegando-a para a penúltima posição das dificuldades assinaladas pelos Irmãos, e o mesmo fazem também os mais jovens (mas seria necessário verificar até que ponto eles consideram importante a comunidade, sob este aspecto).

Em que medida um projecto adequado de vida pessoal pode incidir no equilíbrio entre acção e contemplação? 23% dos inquiridos consideram a sua ausência como uma das dificuldades mais sérias para este equilíbrio. O projecto pessoal de vida religiosa é um elemento de equilíbrio importante e um factor da unidade da pessoa. Assim pensam especialmente os Irmãos da África (31%) que, com oito pontos superiores à média, consideram a sua ausência como a segunda maior dificuldade; os adultos maduros (29,3%), desde os 26 até aos 50 anos de profissão religiosa, e os superiores locais (26,6%). Menos convictos disso, pelo contrário, estão os Irmãos da Europa Central (16,4%), os idosos (15,2%), os licenciados (16,3%), mas também (o que é surpreendente!) os formadores vocacionais (12,9%).

Um outro par de dificuldades é indicado no activismo excessivo (22%) e, concretamente, nos demasiados compromissos de trabalho (21,5%), que enfraquecem e fazem perder a consciência da própria missão. Esta perspectiva parece amadurecer numa base de caos e desordem geral da própria vida, que poderá ter perdido de vista as finalidades últimas do agir e se coloca numa dimensão de funcionalidade e instrumentalidade, com o risco de devorar até mesmo os mais belos ideais: uma situação estruturada no presente, sem perspectivas organizadas, quase à mercê de uma corrida atrás dos eventos, com medo de se ficar de fora das actuais correntes maioritárias. Trata-se de um fenómeno que é especialmente denunciado para ambas as situações na América Latina e na África, por parte dos mais jovens, pelos licenciados, assim como pelos superiores locais e Provinciais, e pelos responsáveis pela pastoral vocacional (34,5% – uma percentagem com 13 pontos acima da média). Obviamente, o problema é menos sentido pelos Irmãos mais idosos e por aqueles que não desempenham cargos de responsabilidade.

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14� 149

Tab. 3.7 – Dificuldades mais relevantes para o equilíbrio entre trabalho e vida de oração, por cargos de responsabilidade (em V. A. e %)

Gov. GeralGov. Prov.

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 87 222 70 633Percentagem sobre o total 100,0 8,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem4� 3 11 3 31

4,� 3,4 5,0 4,3 4,9

Activismo excessivo

223 24 49 1� 132

22,0 2�,6 22,1 25,� 20,9demasiados

compromissos de trabalho

21� 30 60 19 109

21,5 34,5 2�,0 2�,1 1�,2

Falta de sentido da vida espiritual

2�� 20 4� 1� 202

2�,4 23,0 21,2 25,� 31,9

Ausência de um projecto pessoal

233 14 59 9 151

23,0 16,1 26,6 12,9 23,9Escassez de

estímulos da comunidade

249 19 46 1� 166

24,6 21,� 20,� 25,� 26,2Pouca criatividade

nas celebrações litúrgicas

12� 12 23 10 �3

12,6 13,� 10,4 14,3 13,1Insuficiente

cuidado da oração pessoal

294 31 �0 21 1�2

29,1 35,6 31,5 30,0 2�,2

Outras35 2 4 5 24

3,5 2,3 1,� �,1 3,�

As celebrações litúrgicas comunitárias, especialmente criativas, constituem certamente um recurso importante para alimentar o próprio espírito de fé e a interioridade da própria vida consagrada. Porém, a importância da criatividade foi redimensionada relativamente à centralidade da sua substância para além das modalidades de realização.

É também verdade que, muitas vezes, a rotina quotidiana corre o risco de banalizar e reduzir o seu impacto formativo, não tanto o sacramental, influenciando negativamente um estilo de vida distraído e pobre em

ambição. de facto, à falta de criatividade nas funções litúrgicas comunitárias, apesar de o seu impacto se limitar a 12,6% dos Irmãos, referem-se sobretudo os Irmãos dos E.U.A. (23,3%), da Ásia (21,3%) e os formadores vocacionais.

Para concluir, a quantidade de dados elaborados permite-nos sinteticamente observar que os factores perturbadores do equilíbrio entre a vida de oração e o trabalho são considerados sobretudo o insuficiente cuidado da oração pessoal, porventura descurada com a álibi de a oração comunitária já ser suficiente para o desenvolvimento da própria vida consagrada. A insignificância e banalização a que ela arrisca chegar, por efeito do clima de secularismo e laicismo, são apontadas sobretudo pelos Irmãos da Europa Meridional, pelos idosos.

Os muito jovens e a primeira faixa etária de adultos (36-55 anos), pelo contrário, referem uma carga excessiva de trabalho e um activismo exasperado, que, correndo o risco de os Irmãos acabarem por ser puramente funcionais às Obras, chegam progressivamente a estiolar e a enfraquecer a própria vida consagrada. A falta de estímulos por parte da comunidade e a ausência de um projecto de vida pessoal são consideradas, por um lado, factores penalizadores do equilíbrio entre vida activa e vida interior, enquanto a promoção da sua vitalidade e vivacidade pode transformar-se num oportuno antídoto e num recurso útil para realizar esta unidade na personalidade: são especialmente os Irmãos da África, da América Latina e os adultos de meia-idade que assinalam estes aspectos.

Surpreende a pouca atenção que parece ser dada, especialmente pelos encarregados da pastoral vocacional (18,5% e, noutras áreas, 12,9%, relativamente a 23%), ao projecto de vida pessoal que, pelo contrário, constitui um elemento de regulação e finalização da própria actividade, a fim de que esta não se torne caótica ou se deixe absorver facilmente pelas ansiedades e pressões das urgências quotidianas. A pouca criatividade nas celebrações litúrgicas comunitárias, se, por um lado, contribui para criar um clima que pode favorecer a piedade pessoal, por outro, não é porém considerada, caso faltasse, como uma dificuldade relevante.

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150 151

3. PASTOrAL dA SAÚde (perguntas 23-25)

Com este parágrafo, entramos no âmago da missão hospitaleira, porque queremos investigar a qualidade da participação de todos os membros e Colaboradores na pastoral da saúde, sobre os seus destinatários aos quais a Ordem dirige esta pastoral específica e sobre a integração de cada comunidade não só no tecido da Igreja local mas também a sociedade civil. A fotografia que resulta deste estudo oferece-nos uma amostra da avaliação feita pelos Irmãos que, aliás o fazem de forma bastante diversificada. Em todo o caso, vale a pena tê-la sempre em consideração, especialmente em fase de preparação do Capítulo Geral.

3.1 – Participação das várias componentes da Comunidade hospitaleira (pergunta 23)

Observamos a Comunidade na sua globalidade, mas também na variedade dos seus intervenientes, que são os religiosos, os Colaboradores, os voluntários e as pessoas “externas”. Ao mesmo tempo que encontramos uma percentagem notável de Irmãos que não responderam a esta pergunta, ao redor de 10-15%, a avaliação feita pelos que respondem não é excessivamente lisonjeira, fixando-se em valores médios, de 2 e 3 pontos, que correspondem às opções bastante e pouco, recolhendo as percentagens mais elevadas de toda a tabela. 63,6% (19,2% muito + 44,4% bastante) dos religiosos participam na pastoral da saúde com uma certa assiduidade, mas esta participação baixa progressivamente, e em medida muito forte, quando nos referimos aos Colaboradores (45,3%), aos Voluntários (3�,�%) até chegarmos a um mínimo de participação das pessoas “externas” (19,2%).

A tabela seguinte fornece-nos uma imagem mais precisa, através das respostas à pergunta n. 23, referindo-se sobretudo às diferentes articulações distribuídas pelas várias áreas geográficas onde a Ordem está presente, onde a pastoral da saúde organizada precisamente pela Igreja local assume contornos bastante diversificados segundo os vários contextos regionais. Utilizando também as outras variáveis de cruzamento por idades, tipo de trabalho, cargos desempenhados e outras, emerge um quadro muito diversificado. O que conta, porém, é identificar o compromisso da Ordem para extrair dele as consequentes decisões.

À pergunta: “Em que medida as componentes da Comunidade hospitaleira participam na realização da pastoral da saúde?” (pergunta 23), obtivemos as seguintes respostas, distribuídas em percentagem e nas pontuações médias.

NR Muito Bastante Pouco Nada Médias

Religiosos 6,1 19,2 44,4 2�,1 3,3 2,15*

Colaboradores 10,1 10,4 34,9 3�,� 6,� 2,46

Voluntários 12,8 �,6 31,2 34,5 13,� 2,63

Pessoas “externas” 15,4 5,4 13,� 40,3 25,0 3,00

A participação dos religiosos (63,6%) é a mais elevada, mas, como se pode ver, especialmente pelas pontuações médias das diversas áreas, diferencia-se diversamente nas diferentes áreas geográficas. De facto, a maior participação regista-se particularmente na Ásia (M: 1,��) e na Europa Central (M: 2,02), entre os Irmãos mais jovens, em idade e profissão religiosa, como também entre os que não desempenham cargos de responsabilidade directa na vida quotidiana, de modo que podem dispor de mais tempo para a realização da pastoral da saúde. Pelo contrário, há uma certa dificuldade para essa participação nos E.U.A. (M: 2,41), na América Latina (M: 2,26) e na Europa Meridional (M: 2,25), como também por parte dos Irmãos entre os 56 e os �4 anos, dos directores dos Centros e dos superiores locais, dos formadores e dos responsáveis pela pastoral vocacional.

Segundo a opinião dos Irmãos, só 10,4% dos Colaboradores participam muito na realização da pastoral da saúde; �2,�% fazem-no pouco ou bastante, mas apenas 6,�% não participam de modo algum (nada). Sublinham-no sobretudo os Irmãos da Europa Meridional (M: 2,62), da América Latina (M: 2,65) e da África (M: 2,60), os mais velhos, em idade e profissão, além dos formadores (M: 2,49). Menos críticos, a este respeito, são os Governos Geral e Provincial (M: 2,39) e os Irmãos mais jovens (M: 2,33).

A participação dos Voluntários é avaliada como bastante satisfatória apenas por 38,8% dos Irmãos, enquanto 65,8% a classificam como suficiente ou escassa. A pontuação média, de facto supera a M: 2,60. As

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maiores críticas provêm das zonas da África (M: 3,00), da Europa Central (M: 2,�3) e dos responsáveis pela pastoral vocacional (M: 2,�4).

Ainda mais severo é o juízo expresso pelos Irmãos sobre a participação na realização da pastoral da saúde das pessoas “externas”. Antes de mais, um em cada 7 Irmãos não a avalia de forma alguma e apenas 19,2% a consideram suficiente (bastante), ao passo que 65,3%, 2/3, exprimem uma avaliação bastante negativa. Trata-se especialmente dos Irmãos da América Latina (M: 3,1�), da Europa Meridional (M: 3,06), dos adultos entre os 36 e os 55 anos e dos idosos acima dos �5 anos; pelo contrário, a avaliação é bastante positiva por parte dos Irmãos dos E.U.A. (M: 2,�4) e da Ásia (M: 2,�6).

3.2 – Destinatários da pastoral da saúde (pergunta 24)

A pastoral da saúde é destinada a uma pluralidade de indivíduos que, no caso específico do questionário, foram classificados em quatro categorias: os assistidos internos, os familiares dos assistidos, os Colaboradores e os necessitados externos. Também relativamente a esta pergunta se podem observar elevadas percentagens de respostas em falta, cerca de 10%, e de avaliações bastante comparáveis às que foram dadas à questão anterior.

Há porém um aspecto que a caracteriza de modo positivo, evidenciando uma maior preocupação pastoral pelos assistidos internos: atinge a percentagem de 68,9%. Neste caso, a pontuação média eleva-se a 1,95%. Em segundo lugar, segundo 49,4% dos Irmãos, a pastoral destina-se bastante frequentemente aos Colaboradores, depois, aos familiares dos assistidos (35,4%) e, finalmente, aos necessitados externos (25,1%).

de facto, há uma ordem de prioridade que se orienta para os doentes internos e Colaboradores, mesmo antes dos familiares dos doentes e dos necessitados externos.

A distribuição das respostas está mais bem ilustrada pelo quadro seguinte, que recolhe os dados das respostas à pergunta “Em que medida a pastoral da saúde se dirige aos…

NR Muito Bastante Pouco Nada Pontuação média [m]

Assistidos internos 8,6 32,0 36,9 1�,� 4,� 1,95*

Familiares dos doentes 11,2 �,3 2�,1 41,� 11,� 2,65

Colaboradores 11,0 9,2 40,2 34,9 4,� 2,40

Necessitados externos 12,6 6,1 19,0 40,� 21,5 2,89

A maior parte dos cuidados pastorais dos Irmãos concentra-se, por conseguinte, preferivelmente, segundo o parecer de 68,9% dos Irmãos, nos assistidos internos. Um terço dos entrevistados considera que isso se faz de forma muito esmerada, ao passo que um outro terço abundante (36,9%) classifica os cuidados de modo bastante satisfatório. Substancialmente, exprimem um juízo positivo os Irmãos da Europa Meridional (M: 1,�4), dos E.U.A. (M: 1,�6), e da Ásia (M: 1,��), a faixa etária entre os 56 e os �4 anos, os superiores Gerais e Provinciais (M: 1,�1), e os formadores.

Relativamente às outras categorias de destinatários, verifica-se um interesse menor, com excepção, porém, da assistência pastoral aos Colaboradores, considerados objecto de uma atenção bastante significativa, por 49,4% dos Irmãos. Por outras palavras, quase metade dos Irmãos acredita que são muito ou bastante assistidos pastoralmente. As opiniões discordantes (39,6%) não superam 40% das avaliações globais e provêm especialmente das zonas da Europa Meridional (M: 2,54), da África (M: 2,50), dos mais idosos (M: 2,4�), de quem tem habilitações académicas de grau intermédio (M: 2,46). Exprimem, pelo contrário, uma avaliação bastante positiva as áreas da Ásia (M: 2,22), da Europa Central (M: 2,24) e dos E.U.A. (M: 2,31), os Governos Geral e Provincial, e os formadores vocacionais (M: 2,30).

É interessante observar que antes dos necessitados externos, os cuidados pastorais se dirigem aos familiares dos assistidos (M: 2,65): é o que indica especialmente pelo menos um bom terço dos Irmãos (35,4%) dos E.U.A. e da Ásia, face a um juízo menos positivo de mais de metade dos Irmãos (53,5%), principalmente da América Latina (M: 2,��) e dos idosos com mais de �5 anos de idade (M: 2,�3).

Finalmente, a assistência pastoral dos pobres e necessitados externos (M: 2,89) é referida por 25,1% dos Irmãos, mas há uma consciência

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generalizada de que ela é tomada em consideração pouco (40,�%) ou nada (21,5%). Este dado é confirmado também pelo alto valor da pontuação média, mais próxima do valor 3 do que do 2.

No entanto, não se trata de um juízo uniforme. Há algumas diferenças, devido a um grande interesse nas zonas da Ásia e da África, por parte dos muito jovens (M: 2,69), dos formadores e dos responsáveis pela pastoral vocacional (M: 2,69). Emergem, porém, igualmente algumas críticas dos Irmãos da Europa Meridional, da América Latina, dos adultos entre os 56 e os �4 anos, e dos próprios superiores locais.

Tudo isto despertou um pouco a nossa reflexão.

de facto, a convergência de alguns dados destas variáveis faz-nos avançar a hipótese de que esteja em curso uma mudança de mentalidade, especialmente nas pessoas mais jovens e nos formadores da pastoral vocacional, que estão mais em contacto com os jovens. Por outras palavras, parece emergir uma orientação pronunciada mais para o exterior, para as novas fronteiras da pobreza e da necessidade, do que para as estruturas da Ordem já consolidadas e, por conseguinte, para os doentes do próprio ambiente interno. Poderia tratar-se de um novo modo de expressar o zelo apostólico juvenil, especialmente por parte daqueles que, antes (sublinhámos este facto nas páginas anteriores), tinham declarado como prioritárias entre as motivações para a entrada na Ordem, um encontro com o doente e o necessitado.

A presença, porém, destes indícios, em nossa opinião, não deve passar despercebida, mas tornar-se objecto de uma reflexão mais atenta, porventura também ao nível comunitário mais vasto.

3.3 – Integração da Comunidade no contexto social e eclesial (pergunta 25)

A consciência de uma certa integração global com o contexto territorial parece estar bastante difundida na Ordem. Porém não vai além de metade dos Irmãos. Verificamos, pelo contrário, que uma faixa bastante significativa de Irmãos – mais de 40% –, a não entende nestes termos de satisfação. A sua presença não é negada no território: apenas um pequeno grupo de �%, especialmente da América Latina, da Europa Meridional e

dos E.U.A., lhe censura um certo retraimento, social e eclesial, mas também alguns adultos e idosos, acima dos 56 anos, juntamente com quantos hoje não desempenham cargos de responsabilidade.

O quadro seguinte apresenta dados globais, mas precisos, das várias articulações que constituem a pergunta: “Em que medida a Comunidade, no que diz respeito ao carisma, está integrada…

Integração… Muito Bastante Pouco Nada Pontuação média [m]

1. …na Igreja local 14,4 34,5 3�,� 7,9 2,41

2. …na sociedade local 11,� 35,6 35,1 9,9 2,47

Observando as pontuações médias, podemos observar uma integração mais elevada na Igreja local (M: 2,41) do que na sociedade civil (M: 2,4�) – embora entre as duas médias não haja uma diferença muito grande. As percentagens de “muito” são bastante baixas e vale a pena reflectir sobre elas, tendo em vista uma planificação geral.

Pelo que diz respeito às áreas geográficas, uma avaliação mais positiva

sobre uma maior integração em ambas as esferas, civil e eclesial, verifica--se especialmente na África e na Ásia, por parte dos Irmãos mais jovens, dos formadores e dos agentes da pastoral vocacional. Mais crítica, em ambas as vertentes, pelo contrário, é a avaliação dos Irmãos da Europa Meridional e da América Latina.

Particularmente, os diplomados e os técnicos são mais críticos e estão menos satisfeitos com a inserção da comunidade na sociedade civil (M: 2,51 comparativamente a 2,4�). Pelo contrário, os superiores locais e os directores dos Centros exprimem uma opinião oposta (M: 2,40).

Em conclusão, estudámos as modalidades com que é enfrentada a pastoral da saúde dentro da Ordem. Ela constitui uma parte notável da missão dos Irmãos de S. João de deus. Por isso, analisámos os sujeitos operadores da pastoral, a gama relevante dos destinatários privilegiados, que pedem uma comparticipação responsável dos vários operadores, ao nível individual, mas também no plano da comunidade. Além disso, pediu-se que fosse avaliada globalmente a maneira como é entendida a integração da mesma Comunidade no tecido social e eclesial do território.

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156 15�

A visão geral que emerge sobre a pastoral de saúde não parece ser muito positiva, embora se possam observar algumas oportunas excepções e avaliações diversificadas nalguns sectores particulares.

Pelas respostas dadas à pergunta n. 25, que tinha como objectivo aprofundar o juízo sobre a integração territorial dos Irmãos, fica a impressão de se estar ainda a meio caminho, numa fase de esforço operacional que divide os Irmãos ainda numa avaliação ambivalente, a meio caminho entre o já feito (bastante) de uma integração bastante avançada (para um Irmão em cada � já está muito realizada), e o que ainda está por fazer. Já se fez bastante a nível eclesial, mas muito mais está por fazer no plano civil da sociedade local, como assinalam 45% dos Irmãos, que exprimem uma opinião bastante crítica.

Pelo que diz respeito à frequente e activa participação dos religiosos Irmãos de S. João de Deus na pastoral da saúde, não há críticas nem reservas, excepto para 30% dos Irmãos. Mais problemáticos, pelo contrário, são os juízos sobre a participação dos Colaboradores (cerca de 44%), e ainda mais relativamente aos voluntários, chegando a ser absolutamente negativos quanto às pessoas “externas”. Esta é, na realidade, considerada relativamente ausente.

Quais são, pelo contrário, os destinatários, aos quais se dirigem com mais atenção os cuidados pastorais dos Irmãos? Em primeiro lugar, para dois terços dos Irmãos, são os assistidos internos e, em segundo lugar, os Colaboradores: aqui, os juízos positivos reduzem-se a metade; por fim, os familiares dos assistidos e, em último lugar, os necessitados externos.

Uma observação, em nossa opinião, muito interessante emerge desta última análise, na medida em que parece ser necessário evidenciar uma referência mais significativa e cuidadosa dos mais jovens e dos responsáveis pela pastoral vocacional à assistência pastoral dos mais necessitados. Esta atenção especial não é isolada, nem puramente ocasional. Se voltarmos atrás, às motivações que levam os jovens a entrar na Ordem, verificamos que esta experiência e o encontro com um pobre e necessitado se contam entre as mais fortes razões que induziram um jovem a seguir a vocação de especial consagração na Ordem dos Irmãos de S. João de deus.

4. A reLAÇÃO COm OS COLABOrAdOreS (pergunta 29)

O problema da relação com os Colaboradores parece emergir como uma das situações mais problemáticas que é necessário enfrentar e estudar adequadamente. Parece que se assiste ao emergir de um certo mal-estar, que já havia revelado alguns sintomas quando se analisou a participação dos Colaboradores na pastoral da saúde.

Os Irmãos de S. João de Deus têm consciência que, neste âmbito, há

algo que se fragmenta, que cria dificuldades, que torna menos desenvolta a relação de colaboração, a qual, pelo contrário, é considerada não só muito útil mas também importante e necessária. A presença dos Colaboradores, de facto, tornou-se hoje realisticamente urgente e insubstituível, sobretudo ao nível estrutural. Sente-se, pois, a necessidade de tornar essa relação não só formalmente colaborativa, mas também fluida, viável, fácil, harmoniosa, razoavelmente não conflitual, nem constantemente em tensão rígida.

A pergunta n. 29 procura identificar as dificuldades hipotéticas mais graves que os Irmãos se apercebem de encontrar na partilha da missão com os Colaboradores leigos. Essa situação está representada na tabela abaixo, que responde a essa pergunta: “Em que medida estás de acordo sobre o grau de influxo que cada uma das seguintes dificuldades pode ter na relação com os colaboradores?” (pergunta 29). As respostas estão traduzidas em pontuações médias e em %.

Um olhar imediato à primeira coluna apresenta-nos uma discreta percentagem de �%-10% de “Não Respostas” (NR), que correspondem a uma centena de Irmãos que não conhecem ou não quiseram pronunciar-se sobre a questão proposta. Pela análise dos dados ficamos a saber que são principalmente os Irmãos idosos, à volta de 25-30% dos que têm mais 75 anos se abstêm de responder em todos os itens.

Quanto aos outros, nos oito itens apresentados, o acordo de pelo menos aproximadamente 50%, dos Irmãos em cada uma das dificuldades apresentadas é bastante elevado. de facto, em mais que uma delas o valor das pontuações médias ou equivale ou varia em poucas centésimas de ponto.

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15� 159

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

De

mod

o al

gum

Pont

uaçã

o m

édia

1. Nossa incapacidade para trabalhar em equipa 9,5 1�,2 3�,2 2�,6 �,6 2,30

2. Desconfiança dos Colaboradores: vêem- -nos como patrões 7,4 21,5 35,9 2�,� 6,4 2,22

3. Resistência dos Irmãos em aceitar os Colaboradores em cargos administrativas 7,6 20,4 36,0 2�,1 9,0 2,27

4. Falta de formação dos Irmãos para trabalhar com os Colaboradores 8,5 1�,4 3�,4 26,� �,0 2,27

5. Falta de preparação dos Colaboradores para trabalhar com os Irmãos 9,6 19,9 3�,� 26,2 6,6 2,22

6. Parte dos Colaboradores não alinha com os nossos princípios e valores 8,1 26,1 36,� 24,6 4,4 2,08

7. Falta de confiança entre os próprios Colaboradores (competitividade, concorrência, ciúmes)

10,1 22,9 36,0 26,1 4,9 2,15

�. Escasso conhecimento e respeito da nossa parte pela vocação e identidade dos leigos 10,6 1�,2 40,1 26,5 5,6 2,23

Isto serve para mostrar uma forte e repetida convergência dos Irmãos sobre alguns aspectos, como acontece depois, de modo incomum, em pelo menos dois pares de pontuações médias que se repetem na mesma medida, tendo o mesmo peso quantitativo no juízo dos Irmãos, embora relativamente a dificuldades diferentes. Trata-se dos itens 2 e 5 (M: 2,22), e 3 e 4 (M: 2,2�). Por outras palavras, os Irmãos sobre estes dois pares de problemas exprimem o mesmo juízo.

Em quase todas as � respostas, o pleno acordo atinge quase sempre 20% do consenso dos Irmãos, enquanto a máxima discordância chega a 9%, que, somada à discordância parcial, só nalguns casos se aproxima de apenas um terço dos Irmãos.

Considerando agora as dificuldades que estão na origem de problemas, sobressai imediatamente uma dupla série de problemas: uma série de

dificuldade que são atribuídas pelos Irmãos à categoria dos Colaboradores, e outra que depende dos próprios Irmãos.

No primeiro caso, podemos reconhecer o afrouxamento e a divergência dos valores e princípios de referência, não alinhados com os da Ordem (M: 2,08), a falta de confiança existente entre os próprios Colaboradores, o clima de competitividade, de concorrência, de ciúmes (M: 2,15) que surgem nas suas mesmas relações, a sua escassa preparação para trabalhar com os Irmãos (M: 2,22), a desconfiança em relação a eles, considerados como patrões (M: 2,22).

No segundo caso, com extrema clareza e franqueza, o questionário revela também uma série de dificuldades que os próprios Irmãos reconhecem experimentar, isto é, o escasso conhecimento e a pouca consideração pela vocação e identidade dos Colaboradores (M: 2,23), a falta de formação dos Irmãos para trabalhar com os Colaboradores (M: 2,27), a resistência em aceitar os Colaboradores em cargos administrativas (M: 2,27) e a incapacidade dos Irmãos de trabalharem em equipa (M: 2,30).

No arco de � centésimas de ponto nos valores médios, convergem os consensos de todos os inquiridos em reconhecer com sinceridade e franqueza uma série de quatro dificuldades que consideram depender da sua própria formação da personalidade.

Além de uma atitude esplêndida de verdade e humildade, isto constitui também uma preciosa e fundamental contribuição para traduzir estas dificuldades em objectivos formativos como metas da formação dos Irmãos, quer jovens quer adultos, de forma a prepará-los para uma melhor, mais positiva e mais construtiva colaboração com os leigos. Para estes, por sua vez, poderão ser propostos momentos formativos concretos, também neste sector de temáticas, quer em termos de conteúdos e valores, quer do ponto de vista relacional, como acontece noutras instituições que, visando à melhoria das relações, se propõem criar competências interactivas positivas e estratégias eficazes para uma capacidade construtiva e mútua de gestão dos conflitos.

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4.1 – Dificuldades provenientes dos Colaboradores

Entrando na análise mais detalhada de cada uma das problemáticas, tendo em conta a sua heterogeneidade, podemos classificar e distinguir o conjunto das dificuldades em dois grupos distintos, na base dos indivíduos que a reconhecem: as que são atribuídas aos Colaboradores e, em segundo lugar, as derivadas da autoconsciência dos próprios Irmãos que, com franqueza e verdade, têm pessoalmente consciência delas em virtude das próprias limitações pessoais.

Vamos, portanto, analisar em primeiro lugar os juízos críticos dos Irmãos relativamente aos aspectos negativos presentes nos Colaboradores.

Com uma insistência particular, é evidenciada e sublinhada, antes de mais, e sobretudo, a diferença dos valores e dos princípios de fundo (M: 2,0�) frequentemente não aderentes aos princípios cristãos professados pela Ordem e pelos seus membros. Efectivamente, trata-se de uma dificuldade com uma influência clara na qualidade das relações de colaboração, salvo ocultá-las, colocando-as entre parênteses na praxe quotidiana, mas à custa de faltar à própria missão e, pro bono pacis, aceitar um compromisso de tipo pragmático, que estaria porém em contraste com os princípios de base professados pelos Irmãos.

Numa outra perspectiva, mais propositiva, isto abriria os espaços imensos de um terreno pastoral concreto de evangelização e pastoral da saúde eficaz, como acima se disse, envolvendo a missão dos Irmãos numa obra que, neste caso, não interessaria apenas aos destinatários doentes. Isto exigiria, em concreto, a criação e a abertura de momentos formativos, também para os Colaboradores – tempos de formação que, aliás, a pastoral da saúde das diferentes dioceses também se propõe realizar.

Sobre este problema, como se vê na tabela, regista-se o bem definido acordo de 26,1% dos Irmãos (a percentagem mais alta de toda a coluna dos muito) que atinge também o valor de 62,9%, somando a percentagem dos consensos parciais (36,�%). Trata-se de um dado extremamente positivo, relativamente aos consensos ainda só parciais (24,6%) que, com os outros 4,4% de discordância nítida, não ultrapassam o valor de 29%, que representa pouco mais de um quarto de todos os entrevistados.

Seria interessante aprofundar as causas desta discordância, dado que alguns Irmãos, dissociando-se dos restantes, pelo contrário, não consideram que esta dissonância de valores seja real. De facto, acham que este problema não constitui uma dificuldade tão grave como afirma a maioria dos Irmãos. A eliminação desta dissonância poderia também derivar de um nivelamento dos próprios valores religiosos sobre os dos leigos. Talvez isso não fosse um bom resultado para a própria natureza da Ordem.

Em todo o caso, divergindo do juízo maioritário dos inquiridos, os Irmãos de S. João de Deus (29%) que não concordam com o facto de os valores dos Colaboradores divergirem dos seus são sobretudo os dos E.U.A. (M: 2,3�), da Ásia, e (M: 2,23) da Europa Central (M: 2,16), as duas faixas etárias intermédias que estão mais em contacto com os Colaboradores (M: 2,11), especialmente entre os 26 e os 50 anos de profissão religiosa (M: 2,12) e (…com uma certa perplexidade) os que trabalham na formação e na pastoral vocacional (M: 2,12) e os directores dos centros (M: 2,1�). Evidenciam, pelo contrário, esta discrepância sobretudo os Irmãos da Europa Meridional (M: 1,99), da África (M: 1,94), da América Latina (M: 2,03), os idosos e os mais jovens (M: 2,03).

depois desta primeira e importante observação sobre a qualidade da consonância dos Colaboradores com os valores religiosos, passamos agora a avaliar o seu mundo relacional. 58,9% estão muito ou bastante de acordo em constatar entre os Colaboradores uma recíproca falta de confiança (M: 2,15), derivada de ciúmes, competitividade e outras atitudes conflituosas e concorrenciais. Trata-se precisamente daquelas dinâmicas interpessoais que, por parte dos Irmãos, são julgadas como negativas para uma colaboração também profissional. Este parecer é manifestado sobretudo pelos Irmãos da Europa Meridional (M: 2,09), da África (M: 1,81) e da América Latina (M: 1,99), pelos mais novos (2,02) e os idosos (M: 2,12), os formadores vocacionais e por aqueles que não ocupam cargos, mas estão em contacto directo com o pessoal. Consideram, pelo contrário, que este clima de desconfiança não está presente 31% dos Irmãos e, entre estes, também os superiores Gerais e Provinciais (M: 2,32 em 36% dos casos), como também os directores dos Centros e os superiores locais (M: 2,2� em 3�,�% dos casos), com os quais concordam os Irmãos da Europa Central, da Ásia e dos E.U.A. (M: 2,52; para 46,�%), além dos Irmãos com uma idade entre os 56 e �4 anos (M: 2,21; para 32,�%).

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Com os dois itens seguintes, que apresentam a mesma pontuação média de 2,22, encerra-se o bloco das dificuldades que se considera provirem dos próprios Colaboradores. Estes são os juízos relativos à desconfiança dos Colaboradores nos Irmãos, rotulados como patrões (57,4%), e à falta de preparação dos Colaboradores para trabalharem com os Irmãos (57,6%).

A relação de colaboração torna-se difícil também devido à sensação de se serem vistos como patrões empregadores. É uma atitude de desconfiança mais ou menos partilhada por mais de metade dos Irmãos, especialmente na África (em �6% dos casos), pelos mais jovens (em 65,6% dos casos), pelos técnicos profissionais (em 67,4% dos casos) e por 57,5% dos Irmãos que não desempenham cargos de responsabilidade, mas que vivem na actividade directa. Pelo contrário, não partilham a mesma (pouco + nada) 35% dos entrevistados, especialmente ao nível dos Governos Geral e Provincial, em 42,5% dos casos, nos E.U.A. (3�,4%) e na Europa Central (3�,1%).

5�,6% dos Irmãos opinam que os leigos não estão preparados para colaborarem com os Irmãos e, como nos outros casos, isso nota-se especialmente na África e na América Latina, entre as duas faixas extremas de idades, os mais novos e os idosos, entre os técnicos profissionais, os formadores vocacionais e os simples Irmãos. Não estão convictos disso, pelo contrário, os Irmãos dos E.U.A., da Ásia e da Europa Central, os que têm entre 36 e 55 anos de idade, os superiores dos Governos Geral, Provincial e local, como também os directores dos centros.

Em síntese, observamos que em todos os factores que emergem das respostas há alguns elementos comuns de crítica e de favor em relação aos Colaboradores. Os Irmãos da África são constantemente mais críticos, assim como os da América Latina e da Europa Meridional, além dos mais jovens, os técnicos profissionais, os formadores vocacionais e os Irmãos que não desempenham funções de responsabilidade. O juízo não parece ser tão crítico, pelo contrário, por parte dos Governos Geral e Provincial, dos superiores locais, dos Irmãos dos E.U.A., da Ásia e da Europa Central, cujas percepções são menos pesadas e menos negativas.

4.2 – Dificuldades provenientes dos Irmãos

A análise destas dificuldades afectará aquela série de limitações que, na autoconsciência dos próprios Irmãos são atribuídas à sua formação, isto é, à sua impreparação para trabalharem com os Colaboradores, para trabalharem em equipa, à sua resistência em aceitá-los a desempenhar cargos administrativas e em valorizar adequadamente a sua identidade e vocação de leigos. Numa perspectiva mais positiva, estas aberturas deveriam constituir o ponto de partida para se transformarem em objectivos formativos nos novos processos de formação e preparação para o apostolado dos jovens nas diferentes áreas geográficas.

Em primeiro lugar, uma observação. Se, mais acima, tínhamos observado que 5�,6% dos inquiridos sublinhavam, em medida maior ou menor, a falta de preparação dos Colaboradores para trabalharem com os Irmãos, aqui, em idêntica medida (M: 2,7) reconhece-se a mesma dificuldade, em sentido inverso, embora em menor grau, a falta de formação dos Irmãos para trabalharem com os Colaboradores (56,8%), face a uns 34,�% de outros que declaram o oposto.

Sobre o primeiro juízo, de auto-reconhecimento concordam sobretudo os Irmãos da Ásia (M: 2,14, em 6�,�% dos casos), da Europa Meridional (M: 2,21, em 5�,1% dos casos), da América Latina (M: 2,20, em 61,6% dos casos), e dos E.U.A. (M: 2,25, em 60% dos casos), os idosos (M: 2,14, em 4�,5% dos casos) e, em parte, os mais jovens (em 60,3% dos casos).

No segundo nível de apreciação, divergem, quanto ao reconhecimento da impreparação dos Irmãos, as zonas da Europa Central, em 4�,1% dos casos, e a África, em 39,3% dos casos, mas também os superiores dos Governos Geral, Provincial (em 39,1% dos casos) e local (38,8%).

Uma dificuldade de tipo psicológico, determinada também pela tradição precedente em que a abundância das vocações permitia que os Irmãos desempenhassem todos os papéis, refere-se à opinião de 56,4% dos entrevistados, sobretudo na África, nos E.U.A. e na América Latina, sobre a resistência dos Irmãos em aceitarem os Colaboradores em cargos administrativas (M: 2,27). Reconhecem-no também os responsáveis pela pastoral vocacional, em 60,3% dos casos, e os Irmãos licenciados (M: 2,13, em 62,�% dos casos). Há, porém, mais de um terço de Irmãos (36,1%) que estão pouco ou nada de acordo, na Europa Central e Meridional, assim

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como os mais idosos, os técnicos profissionais e os superiores, tanto do Governo-geral como Provincial.

Se a resistência psicológica para a mudança se materializa na dificuldade em aceitar os papéis administrativos que os leigos estão assumindo, mais difuso, pelo contrário (5�,3%), são o escasso conhecimento e a consideração pela vocação e a identidade dos leigos (M: 2,23) que os Irmãos, revelando um claro sentido de verdade, reconhecem existir nas suas fileiras. Além do mais, nesta viragem de século e de rápida mudança de atitudes, é necessário um longo período de tempo para mudar também de mentalidade.

Verifica-se isso partindo da análise das pontuações médias, que evidenciam uma nítida concordância de opiniões acerca da escassa consideração que os Irmãos demonstram em reconhecer a sua identidade, especialmente a vocação e a natureza do papel dos leigos, sobretudo nos E.U.A., na África e na América Latina, em metade dos Irmãos entre os 56 e os �4 anos de idade, por parte de 65,�% dos licenciados e de �4,3% dos formadores vocacionais.

Não partilha, pelo contrário, desta opinião negativa em relação aos leigos, mais de metade dos Irmãos, que se encontram na Europa Central, nas primeiras duas faixas etárias, entre os técnicos profissionais e os superiores locais.

Por último, verificámos o auto-reconhecimento da incapacidade dos Irmãos (57,4%) para trabalhar em equipa (M: 2,30). Efectivamente, os entrevistados pensam que ainda há muito para fazer neste âmbito tão fortemente dominado pelas transformações culturais do nosso tempo. A urgência da actualização (aggiornamento) e a reconversão profissional são um campo que exige um empenhamento notável, quer ao nível teórico quer prático, sobretudo individualmente. Reconhecem-no os Irmãos da Ásia, da África e dos E.U.A., os mais idosos, os diplomados, os formadores e, neste caso, também os Governos Geral e Provincial.

As avaliações mais críticas e contrárias provêm de 36,2% dos entrevistados, especialmente da Europa Central, dos mais jovens, dos técnicos profissionais, dos Irmãos sem cargos de responsabilidade e dos formadores.

Em conclusão, das análises às respostas recebidas, a relação com os Colaboradores é objecto de avaliações opostas por parte dos Irmãos. Não o são em medida igual, também porque no âmbito destas dificuldades diversificadamente reconhecidas, é possível distinguir pelo menos dois tipos de problemas: dificuldades cuja origem é atribuída pelos Irmãos directamente aos próprios Colaboradores, e dificuldades explicitamente reconhecidas pelos entrevistados e atribuídas à falta de preparação pessoal para enfrentarem as novas mudanças, sobretudo culturais.

Mais acima, delineámos as falhas atribuíveis aos Colaboradores.

Aqui, notamos especialmente as carências reconhecidas pelos próprios Irmãos como derivadas da sua falta de formação para aceitar, interiorizar e aceitar também culturalmente os novos papéis dos leigos na sociedade e na Igreja, a sua vocação e identidade, o seu enquadramento administrativo no orgânico da estrutura hospitalar e a sua escassa preparação individual para tal colaboração, cuja expressão mais imediata e directa se manifesta na incapacidade de trabalhar em equipa.

Mais de metade dos Irmãos reconhece que há problemas reais no relacionamento com os Colaboradores. Há algumas constantes, porém, que, em medida mais ou menos diferenciada, atravessam as várias categorias de Irmãos entrevistados, conforme descrevemos na análise detalhada de cada resposta. Por outras palavras, registam-se:

uma convergência da África, da América Latina e dos E.U.A. em reconhecer a presença de diferentes problemas;

estes são sublinhados melhor por quem vive em contacto directo com os doentes;

quem está menos envolvido manifesta facilmente atitudes mais mitigadas;

bastante diversificada é a atitude dos superiores, sobretudo relativamente aos princípios e valores divergentes/discordantes em relação ao pessoal leigo: o seu juízo parece ser mais favorável e articulado.

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166 16�

5. – FOrmAÇÃO INICIAL e PermANeNTe (perguntas 26-2�)

As Constituições da Ordem Hospitaleira dedicam todo o capítulo quarto (art. 53-�3) ao estudo e estruturação da formação dos Irmãos. de facto, depois de ter apresentado o espírito da vocação hospitaleira (art. 53-54), passa-se à declaração dos elementos constitutivos da formação na Ordem (art. 55-62), nos quais se sublinha a exigência de uma formação integral, sólida e permanente, atenta às aptidões pessoais e às diferentes condições do tempo (art. 55), orientada para a construção da identidade carismática do Irmão e da sua missão no mundo. Tudo isto é confiado à responsabilidade, em primeiro lugar, dos superiores maiores (art. 5�), mas, em segundo lugar, mais directamente aos formadores, para que ofereçam aos candidatos um testemunho de fé, de fraternidade e de serviço apostólico para um eficaz discernimento e orientação vocacional (art. 58-59), cujos critérios-guia são muito oportunamente identificados numa série muito precisa de âmbitos a serem privilegiados e de qualidades a serem cultivadas nesta fase inicial da formação. Seguir-se-á a fase muito delicada da inserção progressiva (art. 60-62) para a missão nas diferentes comunidades, cujo clima de oração, estudo e experiências orientadas devem visar à feliz integração na pessoa, dos valores humanos, apostólicos e sobrenaturais.

Muito articulado e analítico é o capítulo relativo à formação inicial (art. 63-�1) que, nas suas várias etapas, propõe objectivos e metodologias confiados à competência dos mestres formadores e dos Centros de formação (art. 64-65), desde o Postulantado (art. 66), ao Noviciado (art. 67-68) e ao Escolasticado (art. 69-71).

Uma indiscutível importância têm os princípios enunciados nos itens �2 e �3, que apresentam as linhas fundamentais da formação permanente considerada como exigência e tarefa de toda a vida, além de ser também uma resposta à acção renovadora do Espírito Santo. Por ela é responsável cada Irmão, nos lugares em que a obediência o colocar para desenvolver a missão apostólica carismática da Ordem.

No questionário enviado aos Irmãos, foram consideradas todas estas diferentes dimensões, quer da formação inicial quer da permanente, mas o enfoque foi especialmente colocado nos problemas da inserção/abandono dos Irmãos jovens nas comunidades e na missão apostólica (perguntas 26-2�).

5.1 – Inserção nas Comunidades e abandonos vocacionais (pergunta 26)

A inserção na comunidade religiosa constitui frequentemente um dos momentos mais delicados na formação inicial, se não até mesmo o mais crítico, porque o impacto com a realidade concreta das comunidades religiosas e o trabalho apostólico mais directo torna-se a pedra de toque quer para os ideais antes construídos e acarinhados com tanto cuidado, quer para os próprios recursos amadurecidos e formados nos anos da primeira formação, e que agora são postas em confronto com a realidade concreta da missão apostólica. Um recurso que nestes primeiros anos, está fortemente presente é a posição alegre e generosa de entusiasmo que acompanha estas primeiras experiências e que ajuda a superar dificuldades, resistências e momentos de depressão. Por outro lado, nas comunidades normais de acolhimento, os Irmãos estão em plena actividade, o trabalho é frenético e nem sempre a atenção e a assistência prestadas aos que chegam pela primeira vez se tornam explícitas, generosas, abnegadas e solícitas.

Com o nosso questionário, quisemos estudar e aprofundar este momento delicado da inserção dos Irmãos jovens nas comunidades, através de uma série de estímulos, destinados a provocar uma resposta imediata e, por isso mesmo, talvez também mais verdadeira, da situação, nas suas diversas facetas por parte dos Irmãos já activos. Além disso, considerámos também a outra face da medalha, isto é, a hipótese dos abandonos da Ordem, tanto em geral como por parte dos Irmãos jovens. O exame das dificuldades e dos motivos mais relevantes que hoje podem provocar o abandono da vocação religiosa era uma passagem obrigatória. Já na pergunta anterior, n. 1�, havíamos encarado este problema, mas em termos mais gerais. Aqui, queremos analisá-lo com uma referência particular ao problema da inserção apostólica dos Irmãos jovens.

Nesta perspectiva, a pergunta n. 26 analisa a avaliação dos Irmãos relativamente às causas do abandono e às dificuldades que os Irmãos jovens podem enfrentar para a sua inserção nas comunidades, enquanto a pergunta n. 2�, por sua vez, apresenta uma série de factores facilitadores e de condições positivas que favorecem o processo de inserção inicial na missão apostólica.

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5.1.1 – Análise global

O quadro seguinte apresenta-nos uma série de dificuldades/causas de abandono da Ordem, sobre as quais os Irmãos foram chamados a fazer uma avaliação de acordo/discordância, classificando-a desde um máximo (muito) até um mínimo (de modo algum), que é depois indicado na última coluna numa pontuação média (de 1 a 4), permitindo uma classificação entre os diversos itens, em que a pontuação mínima constitui, convencionalmente, o primeiro lugar na classificação das prioridades, seguindo-se o valor máximo, que representa a última motivação, a menos influente.

A pergunta 26 tinha a seguinte formulação: Apresento-te uma série de causas pelas quais alguns jovens Irmãos, quando são inseridos na missão, têm dificuldade em integrar-se e/ou abandonam a Ordem. Em que medida estás de acordo com cada uma delas? As respostas estão representadas na tabela seguinte, em pontuação média e percentagem:

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

de

mod

o al

gum

Pont

uaçã

o m

édia

1. Inserção muito precipitada 10,1 1�,6 30,9 29,9 10,5 2,36

2. Acompanhamento carente 11,9 1�,� 36,9 2�,1 4,5 2,21

3. Escassa visão carismática da missão 14,3 1�,� 32,4 29,0 6,6 2,29

4. Dificuldade jovens compromissos a longo prazo 11,3 26,� 40,0 1�,4 3,� 1,99*

5. Escassa formação dos formadores 13,5 19,3 30,� 2�,0 �,4 2,29

6. Testemunho negativo dos Irmãos 13,5 16,0 29,2 32,6 �,6 2,39

�. Testemunho negativo da comunidade 14,1 14,0 30,4 33,0 �,4 2,42

�. Motivações religiosas pouco claras 13,2 1�,5 40,5 22,6 5,1 2,17

9. Mal-estar dos jovens para assistir doentes 15,5 �,� 26,2 3�,1 13,4 2,66

10. Fragilidade pessoal dos jovens 12,2 19,3 39,1 24,9 4,5 2,17

11. Sobrecarga de tarefas para os jovens 14,9 �,6 25,2 35,4 16,9 2,72

12. Enfraquecimento do carisma do Fundador 15,0 9,9 25,1 25,� 24,3 2,76

13. Individualismo dos Irmãos 11,2 2�,2 35,� 21,0 4,9 2,04*

A coluna (NR) das respostas em falta dos Irmãos apresenta-nos percentagens de uma certa importância, desde 10% até 15%, atingindo, no grupo dos idosos o valor de 43% que, depois, se reflecte por consequência, especialmente nas zonas da Europa Meridional e nos E.U.A., que têm o maior número de idosos.

Somando os juízos de consenso (muito + bastante), expressos pela globalidade dos entrevistados, a dificuldade principal que os jovens encontram e que frequentemente se torna causa de abandono da Ordem reside, na opinião de 2/3 dos Irmãos, na própria estrutura psicológica dos jovens de hoje, isto é, na dificuldade real dos jovens de hoje em assumir compromissos a longo prazo (66,7%). Porém, desta opinião dissentem 22,1% dos Irmãos.

Num certo sentido, o problema das causas dos abandonos desloca- -se sobre os próprios jovens, quase desresponsabilizando a comunidade relativamente a uma intervenção pedagógica de cuidado e acompanhamento adequados, que é uma tarefa específica da geração adulta. Considerando a força e a difusão desta dificuldade de fundo, parece mesmo que ela se torna ainda mais necessária e urgente.

Desagregando os dados para cada uma das variáveis, afirmam-no os Irmãos das duas últimas faixas etárias, sobretudo os que têm entre 56 e 96 anos de idade, da Europa Meridional (M: 1,77) e dos E.U.A. (M: 1,94), os superiores dos Governos Geral, Provincial (�5,�%) e local, e os directores dos centros (em �4,�% dos casos), mas parecem ter consciência disso também 63,6% dos Irmãos mais jovens, na faixa dos 1�-35 anos, que ainda não chegaram aos 5 anos de profissão religiosa, os Irmãos da Ásia e da África, embora havendo entre estes 33,4% que, pelo contrário, estão pouco ou nada convencidos disso (M: 2,21).

5.1.2 – Aprofundamento analítico de cada item

Depois de ter analisado a dificuldade principal, que fez convergir o juízo da maior parte dos Irmãos de modo absoluto e primário, queremos, para maior clareza, organizar os dados e as reflexões ao redor dos itens da tabela segundo uma linha de prioridade baseada nas pontuações médias. Desta forma, tornar-se-á mais clara a ordem de importância que cada uma

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das dificuldades encontrou na apreciação dos Irmãos. As respostas estão apresentadas em percentagens e nas pontuações médias.

NR

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Bast

ante

Pouc

o

de

mod

o al

gum

Pont

uaçã

o m

édia

[m]

4. Dificuldades jovens compromissos a longo prazo 11,3 26,� 40,0 1�,4 3,� 1,99*

13. Individualismo dos Irmãos 11,2 2�,2 35,� 21,0 4,9 2,04*

�. Motivações religiosas pouco claras 13,2 1�,5 40,5 22,6 5,1 2,17

10. Fragilidade pessoal dos jovens 12,2 19,3 39,1 24,9 4,5 2,17

2. Acompanhamento carente 11,9 1�,� 36,9 2�,1 4,5 2,21

3. Escassa visão carismática da missão 14,3 1�,� 32,4 29,0 6,6 2,29

5. Escassa formação dos formadores 13,5 19,3 30,� 2�,0 �,4 2,29

1. Inserção muito precipitada 10,1 1�,6 30,9 29,9 10,5 2,36

6. Testemunho negativo dos Irmãos 13,5 16,0 29,2 32,6 �,6 2,39

�. Testemunho negativo da comunidade 14,1 14,0 30,4 33,0 �,4 2,42

9. Mal-estar dos jovens para assistir doentes 15,5 �,� 26,2 3�,1 13,4 2,66

11. Sobrecarga de tarefas para os jovens 14,9 �,6 25,2 35,4 16,9 2,72

12. Enfraquecimento do carisma do Fundador 15,0 9,9 25,1 25,� 24,3 2,76

Com a mesma força devastadora do primeiro juízo sobre a instabilidade juvenil, é condenado o individualismo dos Irmãos (62,9%). Sendo embora um item da pergunta proposto entre as últimas opções da lista, é no entanto seleccionado em segundo lugar como motivação para o abandono vocacional, assinalada por pouco menos de 2/3 dos Irmãos. O aspecto mais notável é que mais de um quarto dos entrevistados declarou estar muito de acordo em ambos os itens. Trata-se, provavelmente, de uma confissão pública, um sentido positivo de auto-acusação e de reconhecimento, um aspecto em relação ao qual todos sentem que falham e cuja consciência

pode constituir um ponto de força para se renovar espiritualmente numa maior dedicação e atenção aos outros, especialmente aos Irmãos jovens.

de facto, não são sobretudo os jovens a assinalar este aspecto, mas os Irmãos com mais de 56 anos, e com mais de 25 anos de profissão; especialmente da Ásia e dos E.U.A., seguidos pelos da Europa Central e Meridional, e da América Latina. Não partilham dessa opinião tão negativa os Superiores dos Governos Geral e Provincial, mas ao contrário dos Superiores locais que vivem em contacto mais directo com a realidade diária dos Irmãos.

Seguem-se dois tipos de razões com o mesmo nível de avaliação (M: 2,1�) e com a mesma percentagem de consensos, cerca de 60%, que se referem à pouca clareza das motivações religiosas (59%) e à fragilidade pessoal dos jovens de hoje (58,4%). Trata-se de razões que põem em causa a necessidade de um trabalho educacional e de formação urgente, seja para tornar as motivações cada vez mais transparentes, seja para fortalecer educativamente a formação dos jovens no seu carácter e personalidade.

Sobre a escassa clareza motivacional convergem sobretudo as duas últimas faixas etárias, os formadores, mas não os responsáveis pela pastoral vocacional, os licenciados (M: 2,03), os superiores locais e também os centrais e regionais, nas zonas da África (M: 1,99) e dos E.U.A. (M: 2,0�).

Sobre a fragilidade pessoal das jovens gerações só concordam os Irmãos da Europa Meridional (M: 2,06), os mais velhos, em idade e profissão religiosa (M: 1,99), todos os superiores com responsabilidade nos mais diversos níveis; mas não estão de acordo os muito jovens, nem os formadores, nem os encarregados da pastoral vocacional.

Como charneira entre os diferentes grupos com uma pontuação média original (M: 2,21), o deficiente acompanhamento (55,6%) é sublinhado como uma das razões para o abandono ou para a dificuldade de integração na Ordem. São especialmente os Irmãos dos E.U.A. (M: 1,98), da Ásia (M: 2,03), da faixa entre os 36 e os 55 anos (M: 2,15), os licenciados, os formadores e os encarregados da pastoral vocacional (M: 2,04) que a assinalam. Há, porém, uma percentagem relevante, que se aproxima de

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um terço dos Irmãos, isto é, 32,6%, que estão pouco ou de forma alguma convencidos disso, especialmente os idosos (M: 2,32) e os Irmãos da Europa Central (M: 2,33).

Vêm depois dois tipos de motivações (M: 2,29) que abrem uma série de pontuações mais elevadas, indicando uma certa perplexidade de metade dos Irmãos em considerar as seguintes condições como factores de abandono ou de difícil integração: referem-se à escassa visão carismática da missão (50,1%) e à escassa formação dos formadores (50,1%). Neste dois itens, e nos seguintes, as tomadas de posição muito extremas (muito – de modo algum) são bastante raras, prevalecendo, pelo contrário, as posições intermédias, mais esbatidas, de bastante e pouco, sinal de uma clara incerteza e indeterminação de juízos. A soma dos valores ronda os 60% de incertos, em aspectos que são muito relevantes para a perseverança, e que afectam uma boa parte dos Irmãos de S. João de deus – mais de metade. Trata-se de problemas que, na sua consistência, dividem a Ordem em dois grupos quase iguais quanto ao consenso ou desacordo acerca do enfraquecimento da visão carismática da missão e da escassa formação dos formadores.

E contudo, sobre o primeiro factor não concordam os Irmãos da África (M: 2,36) nem os da América Latina (M: 2,41), do mesmo modo que as primeiras duas faixas de idade, os superiores dos Governos Geral e Provincial (M: 2,3�), que parecem subestimar estes aspectos, ao contrário dos responsáveis pela pastoral vocacional (M: 2,19).

Quanto à escassa formação de formadores concordam os Irmãos da Ásia (M: 1,99), os mais idosos (M: 2,16), os licenciados, os próprios formadores vocacionais (M: 2,14), ao contrário dos Irmãos das duas áreas europeias, dos mais jovens (M: 2,35), e dos superiores dos Governos Geral e Provincial.

Com algum ponto de diferença em relação aos precedentes, há 59,5% de Irmãos que atribuem a dificuldade de integração na comunidade ou o abandono da vocação à inserção demasiado precipitada dos jovens (59,5%, relativamente a 40,4% que dissentem, em parte ou completamente). Afirmam-no sobretudo os Irmãos da Ásia e da América Latina, os idosos, os formadores e os encarregados da pastoral vocacional e os superiores locais (M: 2,2�), mas não os superiores dos Governos Geral e Provincial

(M: 2,54) ��% dos quais exprimem juízos menos radicais. Na realidade, tal inserção é gerida pelos próprios superiores que, por conseguinte, podem tender, de certa forma, a justificar as próprias escolhas que, pelo contrário, são avaliadas com outros parâmetros pelos superiores locais.

Um influxo não irrelevante é, depois, atribuído em percentagens entre si bastante iguais, ao testemunho negativo de cada um dos Irmãos (45,2%, muito + bastante, relativamente a 41,2% de quem diverge) e/ou da própria comunidade religiosa (44,4%, relativamente a 41,4% dos que discordam).

Acentuam a influência do contra-testemunho de cada um dos Irmãos especialmente a Ásia, a África e os E.U.A., assim como os formadores vocacionais (M: 2,21), mas também aqui não os superiores, quer do Governo Geral quer Provincial, e os superiores locais (M: 2,4�). O enfoque no peso da comunidade é assinalado pelos Irmãos dos E.U.A., da Ásia e da África, pelos formadores, mas não os da América Latina, não os Irmãos mais novos, e não os superiores dos Governos Geral e Provincial.

Foram consideradas, pelo contrário, como escassamente influentes, três tipos de situações que precisariam de um aprofundamento em termos de conteúdo, devido ao significado particular atribuído a cada uma delas. de facto, não parece constituir problema a relutância dos jovens face a alguns aspectos, talvez repugnantes, da assistência aos doentes e aos necessitados. Só 34% concordam em considerá-la como um factor de risco para a vocação, sobretudo nos E.U.A., na Europa Meridional e na Ásia, assim como por parte dos idosos, ao passo que discorda mais de metade dos Irmãos (50,5%), entre eles, os da Europa Central e da África, os próprios jovens, os Irmãos com menos de 50 anos de idade, os licenciados, 65% dos superiores dos Governos Geral e Provincial, como também 61,5% dos formadores e 52,2% dos que exerceram funções de responsabilidade no âmbito da pastoral vocacional.

Aliás, já vimos que esta situação não representa de modo algum um risco de crise para os jovens de hoje, podendo, pelo contrário, estar até mesmo na origem da própria escolha vocacional.

Nem sequer a sobrecarga de tarefas para os jovens parece ser considerada uma razão suficiente para o abandono vocacional por 52,3% dos inquiridos que, na realidade, estão pouco ou nada de acordo com esta

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hipótese. E os primeiros a afastar este item são os próprios jovens, em 49% dos casos, e os Irmãos da África (63,1%, relativamente a 48,4% dos E.U.A.), 60,4% dos superiores locais e 64,3% dos superiores dos Governos Geral e Provincial.

Um último factor considerado como facilitador do abandono da própria vocação resulta ser o enfraquecimento do carisma do fundador (M: 2,�6, que correspondem a 35% relativamente a 50% dos que discordam). Estas percentagens, contudo, tornam difícil a interpretação. de facto, em nossa opinião, quem abandona a Ordem fá-lo porque se enfraqueceu nele o carisma do fundador. Porém, apenas cerca de um terço dos Irmãos (35%) o considera um factor determinante, enquanto metade (50%) discorda decididamente: sobretudo a África e a América Latina, os Irmãos entre os 36 e os 55 anos de idade e todos os três níveis dos superiores (M: 2,85; 2,97), cerca de 60%, e os formadores. Por outras palavras, todas estas pessoas dissentem (ou concordam apenas pouco ou de modo algum) da opinião segundo a qual o enfraquecimento do carisma estaria na origem dos abandonos vocacionais.

Na realidade, parece-nos uma posição um pouco original. A não ser que haja uma outra persuasão, isto é, que isso queira dizer que não concordam que na Ordem exista um enfraquecimento do carisma do Fundador. Equívoco ou perplexidade?

Em conclusão, entre os factores de risco que dificultam a inserção e a integração dos Irmãos jovens na missão ou que chegam a facilitar o abandono da vocação e, por conseguinte, da ordem, os que são evidenciados com maior intensidade referem-se à estrutura frágil da personalidade dos jovens de hoje, considerados incapazes de assumir compromissos a longo prazo e de focalizar claramente as próprias motivações religiosas. Isto, porém, resulta também ser efeito de um acompanhamento bastante carente, e aqui, então, a responsabilidade recai sobre os adultos, a começar pelos formadores, mas depois sobre o acentuado individualismo que existe de modo bastante difundido entre os Irmãos, além do contra- -testemunho, quer dos Irmãos, no plano individual, quer das comunidades. A emergência do individualismo, que aqui ocupa o segundo lugar nesta classificação, já fora evidenciada na resposta à pergunta anterior, n. 18, que perguntava expressamente quais eram as razões predominantes pelas quais um Irmão saía da Ordem, e também aqui, em segundo

lugar, encontramos a denúncia de uma certa dificuldade nas relações interpessoais na vida comunitária (37%), bastante frequentemente dominadas e comprometidas por dinâmicas de acentuado individualismo.

Porém, aparecem também como sintomas de um certo enfraquecimento da visão carismática da vocação e, porventura, igualmente da interiorização do espírito inicial do próprio Fundador.

Os outros factores, que poderiam humanamente fazer pensar numa razão real de abandono, como a relutância dos jovens em aceitar alguns aspectos da assistência aos doentes e aos necessitados, ou a sobrecarga de compromissos, são bastante marginais e os mesmos jovens os classificam nos últimos lugares.

Um elemento que nesta série de respostas nos surpreende é determinado pelas avaliações divergentes dos superiores dos Governos Geral e Provincial, as quais, geralmente e de forma constante, são menos drásticas e preocupadas do que as dos outros superiores locais e dos directores dos Centros. Esta é uma constante nos 13 itens da pergunta, menos no da sobrecarga de tarefas para os jovens (os superiores locais não concordam lá muito com a ideia de que os jovens estejam sobrecarregados). Trata-se de um ponto que deveria ser objecto de maior discussão para uma verificação entre os próprios membros da Ordem

Poderia ser um elemento a verificar também no plano de uma abordagem mais articulada e alargada.

Uma outra pergunta nos interessa: “Quais são, segundo os Irmãos mais jovens, as razões mais relevantes para o abandono da Ordem?” Em nenhuma destas situações eles encontram alguma sobre a qual convergir, a não ser aquela em que todos concordam – a de estarem sobrecarregados de compromissos.

5.2 – Factores facilitadores da inserção dos jovens na missão (pergunta 2�)

Esta pergunta pretendia identificar os factores positivos que podem facilitar a inserção dos jovens Irmãos na missão. Situava-se numa linha propositiva e construtiva, com o propósito também de identificar os

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recursos e as possíveis direcções de intervenção e melhoria, em benefício de cada pessoa e das comunidades.

5.2.1 – Análise global

A pergunta (n. 27) utilizada para esta finalidade, estava formulada da seguinte forma: “Apresento-te uma série de factores que podem facilitar a inserção dos jovens Irmãos na missão. Peço-te que assinales em que medida estás de acordo com o grau de influxo positivo que cada um deles pode ter na sua perseverança”.

O quadro seguinte oferece-nos uma visão global, muito clara e indicativa, através das pontuações médias, e analítico, através das percentagens.

Factores positivos

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

De

mod

o al

gum

Pont

uaçã

o m

édia

1. Acolhimento cordial e fraterno na comunidade 4,2 63,3 26,4 5,5 0,5 1,41*

2. Acompanhamento de uma pessoa 7,2 47,5 34,1 9,9 1,3 1,62

3. Valor do carisma mantido em níveis elevados 9,7 49,5 31,7 8,6 0,5 1,56*

4. Constante reforço das motivações vocacionais 9,5 43,7 36,8 9,3 0,8 1,64

5. Tempos de oração bem preparados e fixos 8,1 42,5 37,1 11,1 1,3 1,69

6. Entusiasmo da vida alegre de Comunidade e Irmãos 7,9 53,7 27,9 8,9 1,7 1,55*

7. Programação eficaz da vida de Comunidade 10,3 37,2 36,8 13,6 2,2 1,79

�. Trabalho interessante e rico em significado 10,1 33,3 39,2 15,0 2,4 1,85

9. Comunidade com muitas relações externas 10,3 17,4 30,8 32,9 8,6 2,36

10. boa apresentação na equipa dos Colaboradores 9,7 29,4 38,0 19,0 3,9 1,97

11. Amizade/confiança com algum Irmão 9,0 28,5 39,6 18,7 4,2 1,99

12. boa comunicação entre jovens e idosos 8,1 44,6 35,5 10,0 1,9 1,66

13. Forte espírito de pertença, identidade carismática 8,5 55,3 27,8 6,7 1,7 1,51*

A uma primeira leitura da tabela emerge logo uma observação muito interessante relativamente à pergunta anterior (n. 26): enquanto na pergunta anterior quase todas as pontuações médias, indicativas do acordo, estavam sempre acima do valor 2, significando um consenso não total (muito), mas apenas suficiente (bastante), e que por isso deixava espaço também a outras opiniões, aqui, pelo contrário, todas as pontuações médias, excepto uma, que ultrapassa claramente a pontuação 2, estão na média de 1, indicando precisamente uma maior convergência bem definida e elevada sobre as situações propostas na maior parte dos Irmãos.

Além disso, o número de “Não Respostas” é constantemente inferior, com percentagens muito baixas, até mesmo irrisórias, na coluna “de modo algum”. De facto, nunca atingem os 9%, enquanto as percentagens da coluna “muito” são sempre muito elevadas, atingindo a média o valor excepcional de 42%. É um sinal muito claro da vontade dos Irmãos de evidenciar recursos potenciais que devem ser oportunamente aproveitados. de facto, sobre eles converge em medida quase plebiscitária, pelo menos em diversos casos, a maior parte dos consensos dos Irmãos. Efectivamente, só em três casos a soma das percentagens das duas colunas negativas da discordância supera os 20%.

Tudo isto constitui um quadro de objectivos muito precioso que deve ser potenciado, afinado, desenvolvido com estratégias específicas e concretas, para criar dentro das Comunidades uma vida de relação gratificante e alegre, capaz de aquecer os corações e, sobretudo, que ajude a sustentar, acompanhar e encorajar a inserção dos Irmãos jovens na missão. Quase todos os factores principalmente sublinhados referem- -se à vida de Comunidade, à força do seu clima de apoio e reforço, pensando sobretudo na repreensão do individualismo, que foi caracterizado mais acima com tintas carregadas, considerado como um dos factores, se não o principal, da desafeição e do abandono vocacional dos jovens Irmãos. Aqui temos uma prova claríssima.

Alguém poderá objectar que cada um deve caminhar com os próprios pés, sem precisar da muleta da Comunidade, mas é evidente que a investigação valoriza a sua eficácia e o seu valor positivo.

Como verificação plebiscitária, 90% dos Irmãos confirmam com grande força e convicção (63,3% de muito) que o acolhimento cordial e fraterno

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por parte da comunidade constitui o melhor recurso para a perseverança dos jovens na vocação, e, além disso, para uma velhice serena para os idosos. Aquela reduzida perplexidade que provém da percentagem bastante da segunda coluna, chega a pouco mais de 26,4%, a percentagem mais baixa obtida nesta coluna entre todos os 12 itens da nossa pergunta.

Com uma ligeira diferença, ao redor de �0%, são considerados factores muito positivos, como a formação de um forte espírito de pertença e de identidade carismática (83,1%) o entusiasmo pela vida alegre da Comunidade e de cada Irmão (81,6%) e o valor do carisma da missão, que se mantém em níveis elevados (81,2%).

Comunidade em que se vive com alegria, sentido de pertença, identidade carismática, níveis elevados de idealismo e paixão pela missão constituem o propulsor indispensável para uma vida religiosa fervorosa e um zelo generoso e abnegado pela missão.

No seguinte agrupamento de factores e recursos vocacionais os valores concretizam-se de modo muito explícito e concentram-se nos seguintes factores: acompanhamento de uma pessoa na inserção dos jovens na missão da Ordem (81,6%), o reforço constante das motivações na própria vocação (80,5%), a boa comunicação entre jovens e idosos (80,1%) e, finalmente, tempos de oração bem preparados e fixos (79,6%).

Com o aumento das pontuações médias diminui também a força das percentagens que, no entanto, permanecem sempre elevadas. Entre os inquiridos, merecem sempre um consenso muito vasto, de pelo menos 2/3 dos Irmãos, o grande valor e a importância formidável, para uma vida religiosa e apostólica facilitadora, o cumprimento da própria missão, a planificação eficaz de uma comunidade bem ordenada e organizada (74%), o trabalho considerado interessante e rico em significado (62,5%), a ajuda de uma boa apresentação do Irmão à equipa dos Colaboradores (67,4%), como também a amizade com algum Irmão em quem se confia (68,1%) – recurso, este, do qual já nos capítulos precedentes tínhamos visto a grande importância para a perseverança na vocação entre a turbulência das rápidas transformações do mundo de hoje, como ponto de apoio e confronto crítico das suas próprias escolhas.

Não muito familiar às perspectivas dos Irmãos é, pelo contrário, um último factor relativo à vastidão e à qualidade das relações que uma

comunidade sabe tecer com o exterior (48,2%). Este aspecto parece ser o menos considerado para ajudar à perseverança na vocação e fortalecer as motivações da própria missão. Embora tendo adquirido percentagens bastante elevadas de consensos, registam-se igualmente outras tantas opiniões contrárias (41,5%), que dividem assim os Irmãos em dois grupos bastante equivalentes.

A distribuição percentual do quadro seguinte tem em conta as

pontuações médias.

***Distribuição dos principais factores positivos com base na prioridade das pontuações medianas.

Factores positivos

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

Nad

a

Pont

uaçã

o m

édia

1. Acolhimento cordial e fraterno na comunidade 4,2 63,3 26,4 5,5 0,5 1,41*

13. Forte espírito de pertença, identidade carismática 8,5 55,3 27,8 6,7 1,� 1,51*

6. Entusiasmo da vida alegre de Comunidade e Irmãos 7,9 53,� 27,9 8,9 1,� 1,55*

3. Valor do carisma mantido em níveis elevados 9,7 49,5 31,7 8,6 0,5 1,56*

2. Acompanhamento de uma pessoa 7,2 4�,5 34,1 9,9 1,3 1,624. Constante reforço das motivações

vocacionais 9,5 43,� 36,8 9,3 0,� 1,64

12. boa comunicação entre jovens e idosos 8,1 44,6 35,5 10,0 1,9 1,66

5. Tempos de oração bem preparados e fixos 8,1 42,5 37,1 11,1 1,3 1,69

7. Programação eficaz de Comunidade 10,3 3�,2 36,8 13,6 2,2 1,79

�. Trabalho interessante e rico em significado 10,1 33,3 39,2 15,0 2,4 1,85

10. boa apresentação na equipa dos Colaboradores 9,7 29,4 38,0 19,0 3,9 1,97

11. Amizade/confiança com algum Irmão 9,0 2�,5 39,6 18,7 4,2 1,999. Comunidade com muitas relações

externas 10,3 1�,4 30,8 32,9 �,6 2,36

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5.2.2 – Aprofundamento analítico de cada item

A rápida abordagem panorâmica e sintética dos factores que, de modo positivo, contribuem para a perseverança na vocação e a inserção na missão dos Irmãos jovens, obriga-nos agora a um aprofundamento mais analítico do valor e da importância que a cada um deles é atribuído no âmbito de toda a Ordem e, de modo especial, por parte dos inquiridos.

Em primeiro lugar, um reconhecimento absoluto e prioritário (M: 1,41) é atribuído ao acolhimento cordial e fraterno na comunidade (89,7%).

Efectivamente, semelhante atitude de acolhimento abre o coração de quem se abeira da missão com tão boa vontade, entusiasmo juvenil e espírito de iniciativa, mas também com um profundo sentido de incerteza e trepidação, devido à novidade das tarefas e à dificuldade inicial de se inserir numa gama de relações, aliás nova.

As percentagens de consenso pleno são altíssimas. Mostrando embora todas as áreas geográficas a mesma convicção, ela é contudo evidenciada principalmente em África (M: 1,29), na Europa Central (M: 1,30) e pelos Irmãos dos E.U.A. (M: 1,36), pelos jovens, em idade (M: 1,36) e profissão (M: 1,3�), pelos licenciados e diplomados, pelos membros dos Governos Geral e Provincial (M: 1,30), como também pelos formadores e, um pouco menos, pelos superiores locais (M: 1,3�). Só 6% dos Irmãos revelam uma certa reserva relativamente a este valor profundo da vida religiosa nesta perspectiva vocacional. No conjunto, esta é a característica que, de modo mais nítido, se afasta de todas as outras. de facto, o segundo factor coloca-se a uma distância de 10 centésimas de ponto, aparecendo como líder de outros dois aspectos que se incorporam no espaço restrito de apenas 5 centésimas de ponto.

Trata-se, em primeiro lugar, da importância (M: 1,51) que acaba por assumir a formação de um forte espírito de pertença e de identidade carismática (83,1%). O acolhimento cria pertença e o sentido de pertença fortalece a identidade carismática da missão. Consideram importante este aspecto os Irmãos dos E.U.A. (M: 1,3�) e, depois deles, os da América Latina (M: 1,42) e da África (M: 1,43), os muito jovens, especialmente

em profissão religiosa (M: 1,44), os licenciados (M: 1,41), os formadores (M: 1,40) e os Governos Geral e Provincial (M: 1,3�).

Quase os mesmos consensos são atribuídos à importância (M: 1,55) do entusiasmo pela vida alegre da Comunidade, mas também de cada Irmão (81,6%). Torna-se então uma preocupação dos superiores, mas também de cada Irmão, criar e contribuir para manter elevado o clima de alegria ao seu redor, porque este factor é um elemento essencial para a serenidade da missão que se é chamado a realizar. Contudo, as pontuações médias não são tão claras, específicas e nítidas como nas análises anteriores. Apesar de evidenciarem a elevada consideração de que goza este aspecto na África (M: 1,46), para os Irmãos que têm entre 6 e 25 anos de profissão (M: 1,49), para os licenciados (M: 1,49) e os formadores (M: 1,48), as pontuações médias das outras categorias são geralmente superiores à média, o que é índice de uma certa perplexidade, derivada porventura da percepção que se tem das dificuldades em manter este clima de entusiasmo sempre elevado.

de facto, o factor sucessivo que apresenta a pontuação média inferior, em apenas uma centésima (M: 1,56), refere-se precisamente ao valor do carisma da missão mantido em níveis elevados (81,2%). Consideram--no importante, especialmente os Irmãos dos E.U.A., sem qualquer discordância (M: 1,22), da África (M: 1,43) e da Europa Central (M: 1,51), os licenciados (M: 1,46) em 90,7% dos casos, assim como os superiores em todos três os níveis considerados (M: 1,49).

Numa reflexão sintética sobre estes três aspectos, é caso para sublinhar que eles receberam um forte apoio de quase todos os inquiridos. Trata-se de factores que evidenciam uma dimensão predominantemente emocional, mas muito importante para o clima positivo e construtivo que produz em benefício de um sereno andamento da vida religiosa e profissional de elevada qualidade, se for bem construído, mantido e fortalecido. Porém, esta última operação requer um esforço especial de todos e cada um, assim como também da própria comunidade, que nem sempre é fácil realizar, devido precisamente aos aspectos emotivos e psicológicos muito frequentemente imponderáveis. Não deixa porém de ser importante na Ordem o sentido da pertença, o valor do carisma e a alegria da vida fraterna.

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Um terceiro grupo de factores, bastante parecidos e muito semelhantes nas percentagens, porque as suas pontuações médias estão compreendidas num raio de apenas � centésimas de ponto, são de natureza mais concreta e referem-se ao acompanhamento, ao reforço das motivações vocacionais, ao diálogo intergeracional entre Irmãos jovens e idosos, como também à regularidade da vida de oração para fortalecer a dimensão contemplativa da vida.

A exigência de um acompanhamento vocacional pessoal (81,6%) de quem está a inserir-se na missão apostólica é indubitável para todos (M: 1,62) como ajuda à própria perseverança, como factor de apoio nos começos da própria vida religiosa, e também como proposta eclesial sugerida e recomendada a todos os níveis por parte da Igreja às várias Congregações e Ordens religiosas. As respostas dos Irmãos entrevistados apresentam um acordo generalizado (�1,6%). Manifestam-no, de modo mais evidente, especialmente os Irmãos dos E.U.A. (M: 1,44), da Europa Central (M: 1,52), os formadores e os responsáveis pela pastoral vocacional (M: 1,53), os licenciados (M: 1,53) e os Governos Geral e Provincial (M: 1,42) em 93,1% dos casos.

O reforço constante das motivações na própria vocação (80,5%) é um compromisso predominantemente individual, mas que tem necessidade de ser constantemente estimulado (M: 1,64) e melhorado pelo apoio da comunidade, através de reuniões e conferências, mas também por meio de um verdadeiro estilo de vida que, de forma imperceptível, mas eficaz, actua no plano existencial e relacional. A este nível, emergem especialmente na Ordem os Irmãos dos E.U.A. (M: 1,45), da Europa Central (M: 1,54), da África (M: 1,54), os adultos entre os 36 e os 55 anos (M: 1,59), os formadores (M: 1,5�), os licenciados (M: 1,45) e os Governos Geral e Provincial (M: 1,55).

Na realidade da vida diária, há um factor de importância notável (M: 1,66) que é constituído pela boa comunicação intergeracional entre os jovens e os idosos (80,1%).

Numa época na qual o fosso entre as gerações vai assumindo uma dimensão cada vez maior, devido aos processos da transformação social muito rápida que incidem fortemente na relação entre as várias faixas etárias, também a vida religiosa ressente das repercussões dessas transformações, com o perigo de a busca da eficiência social poder

corromper também os valores das comunidades. Estes valores, contudo, parecem estar ainda bastante sólidos, graças à caridade e à fraternidade religiosa, pelo menos no plano das convicções e dos juízos. É quanto resulta, quer da percentagem muito alta dos consensos gerais, quer das percentagens mais específicas de grupos diversificados, como as zonas da África (M: 1,53), dos E.U.A. (M: 1,56), da Europa Central (M: 1,5�) e dos Governos Geral e Provincial (M: 1,62).

Finalmente, no âmbito deste terceiro grupo de factores positivos, considerando as percentagens e as pontuações médias (M: 1,69), muito próximas, um ponto firme unificador da comunidade e pontualmente indispensável para a vida espiritual de cada Irmão, é a exigência de tempos de oração, fixos e bem preparados (79,6%). Sobre esta exigência estão sobretudo de acordo os Irmãos dos E.U.A. (M: 1,36), da África (M: 1,51), da Ásia (M: 1,56) e da Europa Central (M: 1,5�), das faixas etárias extremas, desde os mais jovens (M: 1,65) até aos mais idosos (M: 1,64). Concordam igualmente os responsáveis pela pastoral vocacional (M: 1,65), os superiores dos Governos Geral e Provincial (M: 1,63), aos quais se juntam os técnicos profissionais (M: 1,64). Revela-se aqui também positiva a sensibilidade dos jovens em relação à oração comunitária, ao passo que se apresenta bastante problemática a resposta das faixas intermédias, talvez demasiado atarefadas no trabalho.

Recapitulando, algumas observações sobre as variáveis diferenciadoras destes factores, assim como sobre as anteriores, parecem emergir constantemente, pelo menos:

dois grupos geograficamente distintos: os E.U.A., a África e a Europa Central, que marcando o seu consenso relativamente à Europa Meridional, à América Latina e à Ásia, que parecem distanciar-se deles,

o constante acordo dos licenciados e dos superiores dos Governos Geral e Provincial relativamente à importância do acompanhamento, do reforço motivacional, do diálogo intergeracional e de tempos fixos de oração bem preparada.

Rondando �5% dos consensos dos Irmãos existem, além disso, dois factores muito positivos: o primeiro (M: 1,79) refere-se à planificação eficaz da vida da Comunidade, bem ordenada e organizada (74%); o

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outro (M: 1,85) é relativo ao trabalho interessante e rico em significado (72,5%).

Quanto ao primeiro, o acordo dos Irmãos é muito consistente, embora não completo nem nítido. Existem certas reservas, que se manifestam especialmente na Europa Meridional (M: 1,95), e (curiosamente!) também pelos próprios superiores dos Governos Geral e Provincial (M: 1,��), os quais, numa percentagem de 51,�%, estão apenas bastante de acordo sobre este factor, comparativamente a 31% de quantos estão plenamente de acordo sobre ele.

O segundo factor, relativo a um trabalho interessante e rico em significado (M: 1,85), é muito valorizado pelos Irmãos muito jovens, obtendo 81,6% dos consensos. Este dado evidencia a grande importância que é atribuída hoje ao factor da satisfação pessoal, especialmente por parte das gerações jovens, como também dos Irmãos dos E.U.A. (M: 1,5�), da Europa Central (M: 1,�6) e da América Latina (M: 1,��), relativamente à África (M: 2,08), à Ásia (M: 1,92) e à Europa Meridional (M: 1,89), para os quais este aspecto não parece ser tão determinante.

Um último conjunto de factores derivados das percentagens muito aproximadas, recolhe contudo mais de 2/3 dos consensos. Trata-se da importância que reveste a boa apresentação do Irmão à equipa dos Colaboradores (67,4%). É uma espécie de cartão de entrada que facilita certamente a boa inserção do jovem Irmão na sua missão (M: 1,97), sem nada lhe retirar da responsabilidade pessoal que tem de aumentar e desenvolver este “passaporte”, com o seu compromisso diário generoso e competente. É este, especialmente, o parecer dos jovens professos (M: 1,89), dos Irmãos dos E.U.A. (M: 1,65) e da Europa Central (M: 1,72), assim como dos idosos (M: 1,90). Só em parte partilham desta opinião os superiores (M: 2,01), a todos os níveis, os Irmãos adultos, entre os 36 e os 55 anos (M: 2,03), já inseridos no trabalho, e os próprios formadores (M: 2,03), para os quais o empenho seguinte é mais importante e oferece uma maior garantia de estima e de apreço, diferente da recomendação inicial, a qual pode mesmo, às vezes, ser contraproducente.

O segundo factor do conjunto confirma um resultado anterior do questionário, quando, na pergunta 13, se perguntava a quem se recorria

para pedir conselho nas dificuldades. Verificou-se então uma convergência de 30,8% dos que encontravam ajuda nas confidências feitas a um Irmão. Agora, entre os factores positivos de inserção na missão, repete-se e confirma-se esta mesma característica, a amizade e confidências com algum Irmão (68,1%), que é solicitada especialmente pelos Irmãos dos E.U.A. (M: 1,50), da África (M: 1,�2) e da Ásia (M: 1,�6), dos Governos Geral e Provincial (M: 1,90), e pelos licenciados (M: 1,90). Não é, pelo contrário, igualmente valorizada pelos idosos (M: 2,12) da Europa Meridional (M: 2,04) e da Europa Central (M: 2,16), assim como pelos formadores (M: 2,04).

Um último factor facilitador (M: 2,36) que, ao contrário dos anteriores, obtém um consenso relativamente mais escasso, é constituído pela situação de uma comunidade que mantém muitas relações importantes com o exterior (48,2%). Este pode ser certamente um elemento que a pode favorecer nas suas relações institucionais e privadas, como consideram sobretudo os Irmãos dos E.U.A. (M: 1,�2), da Ásia (M: 2,23) e da Europa Central (M: 2,22), mas também as duas faixas extremas de idade, os jovens (M: 2,2�) e os idosos (M: 2,23). Não partilham do mesmo entusiasmo, pelo contrário, os formadores (M: 2,43), os superiores locais (M: 2,4�), os licenciados (M: 2,51), e os Irmãos da América Latina (M: 2,61) e da Europa Meridional (M: 2,4�).

Concluindo, na perspectiva da inserção dos jovens Irmãos na missão, os Irmãos entrevistados acertaram em cheio quanto à importância e ao valor que certos factores têm neste contexto. de facto, a preferência é dada de modo especial aos factores carismáticos e de formação interna, quer de acolhimento fraterno nas comunidades, de sentido de pertença, de serenidade e laboriosidade, em clima de alegria, de reforço constante das motivações religiosas, de vida de oração. Em segundo lugar, embora com um forte consenso, é sublinhada, contudo, a importância do acompanhamento e dos elementos organizativos das comunidades, da planificação, da ordem e da fluidez no diálogo intergeracional.

Queremos dedicar uma palavra a este aspecto muito importante da

formação inicial que é o acompanhamento espiritual, sobre o qual, mais acima, 55,6% dos Irmãos reconheceram a falta no interior da Ordem (pergunta 26) e do qual aqui se reconhece a importância como pressuposto fundamental para se realizar o discernimento vocacional, porque é com

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ele que se forma aquela relação singular na fé e na caridade entre duas pessoas, das quais uma vive o tempo da maturidade da fé, e a outra, pelo contrário, caminha para uma maturidade da fé.

Para quem acompanha é uma das formas segundo as quais se exprime a fecundidade espiritual de uma pessoa e de uma comunidade, um acto de fé e de testemunho e um acto de caridade. Para quem é acompanhado, pelo contrário, é um lugar de entrega e partilha, de discernimento, de progressiva clarificação da própria interioridade, correcção fraterna, enriquecimento pessoal de conteúdos, de valores e de experiências, diálogo afectuoso, auto-observação e análise, aprofundamento pessoal da fé e da dimensão comunitária e eclesial, no âmbito do qual entender a própria vocação constitui a meta por excelência do itinerário espiritual.

5.3 – Formação permanente: importância e dificuldades operacionais (pergunta 2�)

No âmbito da formação para a missão, analisámos os juízos dos Irmãos sobre os temas da formação inicial, as possíveis e reais dificuldades para a vocação e os seus factores facilitadores. O ponto seguinte propõe-se aprofundar o outro aspecto da formação, a formação permanente, que a Igreja e, entretanto, também todas as instituições civis recomendam constantemente a todos os próprios membros. de facto, ela ainda não goza de uma difusão muito ampla, também porque, apesar de ser solicitada a todos os níveis, encontra dificuldades notáveis, quer em termos de organização quer no plano das convicções.

Por outro lado, este processo foi objecto de uma cuidadosa preocupação e solicitude por parte da própria Ordem. Na realidade, ele constitui o objecto de dois números das Constituições (�2-�3), muito ricos em conteúdo, onde são evidenciadas duas características centrais da formação permanente: por um lado, é “exigência de vida” e, por outro, “resposta contínua à acção renovadora do Espírito” (n. 71), que obriga ao aprofundamento da formação inicial e exige a constante e actualizada competência requerida pela mesma missão apostólica. Além do mais, não se trata só de um compromisso pessoal, mas todos são solicitados a contribuir para o crescimento da comunidade, que “deve manter-se numa atitude de progresso constante” (n. �3).

Neste contexto, adquirem valor de referência iluminante os resultados que passamos a ilustrar.

5.3.1 – Análise global

Para estudar esta dimensão quisemos estimular a reacção dos Irmãos com a pergunta específica n. 28, expressa com estas palavras: “Quais são, na tua opinião, as principais dificuldades pelas quais os religiosos não se apercebem da importância da formação permanente?

O quadro seguinte propõe-nos as percentagens globais das respostas dos Irmãos interpelados.

PercentagensEscasso interesse dos Irmãos

Idade avançada dos IrmãosFalta de um programa de formação permanente

Ausência de programas específicos segundo as idades dos IrmãosSatisfação com a segurança alcançada na vida religiosa

Predominância da actividade profissionalPouca atenção do Superior local

Concepção errada do poderPobreza cultural do lugar onde a comunidade reside

Inserção num novo ambiente de vida

55,339,835,02�,424,020,016,�16,� �,3 5,1

Mais de metade dos Irmãos (55,3%) declaram abertamente que as maiores dificuldades com a formação permanente afectam a própria sensibilidade dos Irmãos e a sua formação passada, que os torna menos cuidadosos e interessados no problema. Nisto tem influência, embora com 15 pontos percentuais de distância, também a idade (39,8%). Porém, uma influência qualitativamente mais incisiva, é determinada pela falta de uma planificação orgânica de formação permanente (35%), cuja realização poderia fazer despoletar a mola do interesse. Tanto mais que 16,�% dos Irmãos (1 em cada �) atribui ao superior local uma atenção escassa e um fraco cuidado em relação a este objectivo. O cuidado e a atenção relativamente a este terceiro factor não deveriam, pelo contrário, passar despercebidos, pois, se fossem sistematicamente institucionalizados, poderia tornar-se ponto de apoio para uma alavanca capaz de fazer recuperar espaço, tempo e interesse, mesmo no actual clima de indiferença e até, talvez, de resistência.

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1�� 189

Porém, num outro item, 2�,4% dos Irmãos, com uma observação muito perspicaz, queixam-se da ausência de programas específicos segundo as idades. Isso estimularia uma maior adesão porque corresponderia melhor às próprias necessidades dos Irmãos nas diferentes fases da vida, quer religiosa como profissional. Trata-se, além do mais, de vencer aquela inércia que deriva da satisfação pela segurança alcançada na vida religiosa (24%). É uma mudança de mentalidade profunda, que deve ser enxertada, sobretudo para superar aquela errada concepção do poder que 16,�% dos Irmãos lamentam. Pobreza cultural do lugar no qual vive a comunidade (8,3%), predominância da actividade profissional que rouba tempo e energias (20%), e inserção num novo ambiente de vida (5,1%), são factores que acabam por agravar a repetitividade e a rotina da vida diária e funcionam como um freio inibidor. Trata-se de razões que, no plano propositivo, representam um apelo a procurar todos aqueles meios que permitam desbloquear uma oportuna programação das resistências e a inércia da idade, da rotina e da indiferença.

Podemos, então, classificar estes factores pelo menos em duas classes, reciprocamente influentes:

factores de mentalidade, que podem abranger o escasso interesse e a idade avançada dos Irmãos, a satisfação que deriva da segurança alcançada na vida religiosa, a errada concepção do poder, e as dificuldades de inserção num novo ambiente de vida. Trata-se de características de um certo estilo de vida que não permite valorizar a formação permanente;

factores de organização, de carácter predominantemente externo e concreto, capazes de fazer compreender a falta de planificação orgânica, diversificada por faixas etárias, a escassa atenção prestada pelo superior local, a organização do trabalho excessivamente desequilibrada, acentuando a eficiência e a necessidade de descobrir as exigências imediatas da instituição. Trata-se, neste caso, de lacunas que, depois de serem identificadas, poderiam mesmo tornar-se objectivos a estabelecer para ultrapassar o escasso interesse dos Irmãos e iniciar assim o desenvolvimento de uma mentalidade favorável à formação permanente como estilo ordinário de vida da Ordem.

5.3.2 – Aprofundamento analítico de cada item

Passando a um aprofundamento mais analítico, a primeira dificuldade, relativa ao escasso interesse dos Irmãos, é considerada estar presente na Congregação por 55,3% dos entrevistados, que chegam a ser 62,1% na Europa Meridional (em segundo lugar, na lista das dificuldades, sendo a primeira a idade bastante elevada), e 55,6% na Europa Central (colocada em primeiro lugar entre as várias dificuldades).

Verifica-se o mesmo, em parte, também na América Latina (52,9%), ao passo que é bastante reduzida na África (46,4%), na Ásia (4�,2%) e nos E.U.A. (4�,3%). A queixa de desinteresse atinge valores mais elevados, ao redor de 60%, nas duas faixas etárias intermédias, mais ocupadas no trabalho diário, entre os formadores e os responsáveis pela pastoral juvenil, os licenciados, mas também entre os superiores dos Governos Geral, Provincial (66,�%) e local (62,6%). Entre os mais jovens, as percentagens são bastante baixas, também porque para eles o problema não se coloca; eventualmente, o problema para eles consiste em empenhar-se para ganhar cada vez mais interesse e dedicar-se com mais cuidado à própria formação inicial, quer religiosa quer profissional.

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Tab. 3.8 – Principais dificuldades observadas para a formação permanente. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 380 189 84 172 127 60Percentagem sobre o total 100,0 37,5 18,7 8,3 17,0 12,5 5,9

Não respondem23 � 6 1 3 2 4

2,3 1,� 3,2 1,2 1,� 1,6 6,�

Falta de programação

354 �5 55 59 63 6� 25

35,0 22,4 29,1 �0,2 36,6 52,� 41,�

desinteresse dos Irmãos

560 236 105 39 91 60 29

55,3 62,1 55,6 46,4 52,9 4�,2 4�,3

Pouca atenção do Superior

169 51 2� 16 29 3� �

16,� 13,4 14,� 19,0 16,9 29,9 11,�

Pobreza cultural�4 32 11 13 16 11 1

�,3 �,4 5,� 15,5 9,3 �,� 1,�

Idade avançada dos Irmãos

403 264 42 3 59 11 24

39,8 69,5 22,2 3,6 34,3 �,� 40,0

Programas inadequados

2�� 105 40 24 54 51 13

2�,4 2�,6 21,2 2�,6 31,4 40,2 21,�

Segurança da vida religiosa

243 �3 55 � 41 43 14

24,0 21,� 29,1 �,3 23,� 33,9 23,3

Inserção em novo âmbitos

52 1� 13 2 � � 5

5,1 4,5 6,9 2,4 4,1 6,3 �,3

Concepção errada do poder

169 42 36 20 36 29 6

16,� 11,1 19,0 23,� 20,9 22,� 10,0

Predominância do trabalho

202 51 50 3� 30 23 11

20,0 13,4 26,5 44,0 1�,4 1�,1 1�,3

Outras32 � 11 2 6 1 5

3,2 1,� 5,� 2,4 3,5 0,� �,3

Como o seu desenvolvimento lógico, o problema está ligado frequentemente à idade avançada dos Irmãos (39,8%). É para eles que o problema se coloca, mas não tendo sido habituados a esta nova perspectiva, torna-se difícil adequarem-se. de facto, entre os mais idosos, as percentagens quase duplicam (66,�%), ao passo que entre as primeiras duas faixas, de idade e de profissão religiosa, reduzem-se a metade, como se vê na tabela 3.�.

Confirma este facto também a percentagem de 69,5% de Irmãos da Europa Meridional, que regista notoriamente a média mais alta de idades, enquanto na África e na Ásia, áreas mais jovens, esse problema só é denunciado respectivamente por 3,6% e �,�% dos Irmãos. Também para os superiores, especialmente dos Governos Geral e Provincial, esta causa é considerada entre as mais graves para este tipo de desafeição. Não partilham a mesma opinião os formadores (1�,1%) que, pelo contrário, apontam o dedo principalmente à satisfação que deriva da segurança da vida religiosa, que cria afrouxamento e é considerada por eles (35,�%) como a terceira causa mais relevante.

Embora quantitativamente (35%) apareça apenas em terceiro lugar, a falta de um verdadeiro programa de formação permanente constitui, em nossa opinião, uma das razões predominantes mais fortes para esta indiferença, precisamente porque denuncia uma falta de estímulos adequados e propostas interessantes por parte da própria instituição. Esta falta é denunciada pelos Irmãos da África como sendo o seu primeiro problema, com uma percentagem dupla (70,2%), relativamente à que lhe é atribuída na Europa Meridional, que apresenta a percentagem mais baixa (22,4%), e pelos Irmãos da Europa Central, com 29,1%, onde parecem existir, pelo menos em parte, certos programas de formação permanente. denunciam-na também os formadores (3�,6%), os muito jovens (45,6%), mas muito escassamente os idosos das últimas duas faixas etárias, respectivamente com 29,3% e 26,5% dos que têm mais de 75 anos de idade, como também os superiores dos Governos Geral e Provincial (33,3%).

Embora inferior em 7 pontos percentuais relativamente à já verificada falta de planificação, a outra lacuna é a ausência de programas específicos segundo as idades dos Irmãos (28,4%). Revela-se aqui uma exigência que melhor qualificaria a escassa planificação, mesmo tendo em vista uma sua

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recuperação. Não só se pede uma planificação adequada, mas, para uma melhor eficácia, ela deveria ser específica para as diferentes faixas de idade. Por agora, só é notada a situação de precariedade, sobretudo por parte dos Irmãos da Ásia (40,2%), aos quais se associam também os mais jovens e os formadores (30%), enquanto nas outras áreas geográficas e por parte dos outros grupos de referência, os dados são relativamente limitados.

Pouco menos de um quarto dos Irmão com um agudo sentido de observação denuncia uma característica que poderíamos definir como afrouxamento e habituação devido ao bom nível de segurança alcançado na vida religiosa (24%). Esta já não seria estimulante para se sair de um certo torpor rotineiro, favorecendo pelo contrário um estilo de vida burguês e pouco projectual. Esta observação provém especialmente dos Irmãos da Ásia (33,9%) e da Europa Central (29,1%), das duas primeiras faixas etárias, sobretudo entre os mais jovens em profissão, dos Governos Geral e Provincial (31%), dos licenciados e dos formadores vocacionais (35,�%). É pouco observado pelos Irmãos da África (�,3%) e pelos idosos (16,�%).

O excessivo predomínio da actividade profissional (20%), que se traduz bastante frequentemente na absorção pelas urgências que incumbem no dia-a-dia, torna difícil encontrar tempo para a formação permanente. Afirmam-no, de facto, sobretudo os Irmãos muito jovens (24,3%) e os adultos em plena actividade (36-55 anos), os Irmãos da África (44%, o dobro da média), os da Europa Central (26,5%) e os formadores vocacionais (2�,1%).

Tab. 3.9 - Principais dificuldades observadas para a formação permanente. Distribuição por faixas etárias e profissão religiosa

(em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 307 324 132 208 280 349 148Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 27,7 34,5 14,6

Não respondem23 � 0 10 4 6 1 11 2

2,3 3,3 0,0 3,1 3,0 2,9 0,4 3,2 1,4

Falta de programação

354 109 114 95 35 89 12� 90 43

35,0 45,6 3�,1 29,3 26,5 42,� 45,4 25,� 29,1

desinteresse dos Irmãos

560 106 1�4 195 69 97 15� 213 �1

55,3 44,4 59,9 60,2 52,3 46,6 56,1 61,0 54,�

Pouca atenção do Superior

169 4� 49 4� 24 40 49 49 29

16,� 20,1 16,0 14,� 1�,2 19,2 1�,5 14,0 19,6

Pobreza cultural�4 14 29 30 10 1� 26 25 13

�,3 5,9 9,4 9,3 �,6 �,� 9,3 �,2 �,�

Idade avançada dos Irmãos

403 51 �6 169 �� 39 �4 1�3 93

39,8 21,3 2�,0 52,2 66,� 1�,� 26,4 52,4 62,�

Programas inadequados

2�� 6� 90 93 34 6� 6� 106 40

2�,4 2�,5 29,3 2�,� 25,� 32,� 24,3 30,4 2�,0

Segurança da vida religiosa

243 6� �2 6� 22 62 �3 �� 24

24,0 2�,5 26,� 21,0 16,� 29,8 26,1 22,1 16,2

Inserção em novos âmbitos

52 12 9 21 9 � 11 19 9

5,1 5,0 2,9 6,5 6,� 3,� 3,9 5,4 6,1

Concepção errada do poder

169 5� 56 3� 1� 49 54 45 16

16,� 23,� 1�,2 11,� 12,9 23,6 19,3 12,9 10,�

Predominância do trabalho

202 5� �4 5� 12 43 79 61 1�

20,0 24,3 24,1 17,9 9,1 20,� 2�,2 1�,5 11,5

Outras32 4 11 13 3 6 9 13 3

3,2 1,� 3,6 4,0 2,3 2,9 3,2 3,� 2,0

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194 195

16,�% dos entrevistados sublinham também uma outra lacuna, que não deixa de ter um certo peso: a pouca atenção dos Superiores locais (16,7%), especialmente na Ásia (29,9%, quase o dobro da média) e na África (19%), além de uma percentagem significativa de Irmãos muito jovens (20,1%), dos formadores vocacionais (24,3%) e dos técnicos qualificados (19,2%). É fácil que a pressão das tarefas diárias, acima evidenciada, esteja fortemente relacionada também com esta ulterior dificuldade que impede de ter um horizonte mais vasto e de longa perspectiva.

Outras circunstâncias, de carácter mais contingente, embora menos significativas do ponto de vista quantitativo, afectam alguns Irmãos que as apresentam com clareza, nomeadamente, a pobreza cultural do lugar onde reside a comunidade (8,3%) e a dificuldade de inserção num novo ambiente de vida (5,1%), sobretudo para os mais idosos. O primeiro caso é denunciado especialmente pelos Irmãos da África (15,5%), enquanto o segundo surge nos E.U.A., na Europa Central e no caso dos idosos.

Em síntese, embora apreciada por diversos Irmãos, a formação permanente não parece ter entrado de forma sistematizada e institucional na opinião de cada um dos Irmãos. Várias resistências a bloqueiam, quer de carácter qualitativo – como o escasso interesse, a mentalidade, a idade avançada, a segurança de vida entretanto alcançada e que se dilui na rotina quotidiana, dificilmente permeável a novos estímulos –, quer de ordem organizacional – como a falta de planificação orgânica, diversificada por faixas etárias, a escassa atenção por parte dos superiores locais, a organização do trabalho excessivamente desequilibrada, privilegiando a eficiência e a necessidade de satisfazer as exigências imediatas da instituição.

Tab. 3.10 - Principais dificuldades observadas para a formação permanente. Distribuição por cargos desempenhados (em V. A. e %)

Gov. GeralGov. Prov.

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 87 222 70 633Percentagem sobre o total 100,0 8,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem23 0 2 0 21

2,3 0,0 0,9 0,0 3,3

Falta de programação

354 29 79 2� 219

35,0 33,3 35,6 3�,6 34,6

desinteresse dos Irmãos

560 5� 139 3� 325

55,3 66,� 62,6 54,3 51,3

Pouca atenção do Superior

169 14 24 1� 114

16,� 16,1 10,� 24,3 1�,0

Pobreza cultural�4 4 19 5 56

�,3 4,6 �,6 �,1 �,�

Idade avançada dos Irmãos

403 39 97 12 255

39,8 44,� 43,� 1�,1 40,3

Programas inadequados

2�� 26 50 21 190

2�,4 29,9 22,5 30,0 30,0

Segurança da vida religiosa

243 2� 50 25 141

24,0 31,0 22,5 35,� 22,3

Inserção em novo âmbitos

52 4 11 2 35

5,1 4,6 5,0 2,9 5,5

Concepção errada do poder

169 9 30 14 116

16,� 10,3 13,5 20,0 1�,3

Predominância do trabalho

202 16 50 19 11�

20,0 1�,4 22,5 2�,1 1�,5

Outras32 2 10 3 1�

3,2 2,3 4,5 4,3 2,�

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6. CONCLUSÃO

depois de ter estudado os resultados da investigação acerca da identidade da consagração, neste capítulo enfrentámos os âmbitos mais específicos da sua missão na Igreja, articulando-a em cinco sectores, relativos em primeiro lugar à assimilação do novo papel do Irmão de S. João de Deus na sua missão (perguntas 19-20), depois, ao equilíbrio entre activismo e vida interior (perguntas 21-22), sucessivamente à área da pastoral da saúde (perguntas 23-25), à relação com os Colaboradores (pergunta 29) e, finalmente, à formação para a missão, tanto inicial como permanente (perguntas 26-2�).

A proposta de um novo papel a ser desenvolvido dentro da Igreja foi articulada pelas Constituições em cinco objectivos constituintes que, ao longo do nosso inquérito, resultaram ser prioritariamente o empenho de integração com os Colaboradores e a abertura às novas necessidades, relativamente ao ser guias morais, consciência crítica e presença profética que, por enquanto, estão em fase de assimilação ainda incompleta.

Registam-se, de facto, dificuldades, tanto na comunidade como no plano individual, evidenciadas especialmente na falta de uma formação pessoal adequada, sobretudo nos Irmãos mais jovens, enquanto nos mais adultos e idosos emerge uma certa insegurança perante as mudanças e um forte apego às formas tradicionais, que porventura devem ser superadas, mas das quais parece difícil desligar-se.

Para alguns Irmãos, isto traduz-se depois num sentido precário de inferioridade que torna mais difíceis também as relações com os próprios Colaboradores.

Um segundo âmbito de reflexão é desenvolvido ao redor do equilíbrio entre activismo e vida interior. Para cerca de �0% dos Irmãos, essa dificuldade está resolvida, embora em níveis e com intensidades diferentes, de modo substancialmente positivo. Permanecem porém cerca de 20%, especialmente de Irmãos muito jovens, que ainda não a resolveram.

As dificuldades que se apresentam não são poucas. Todas se colocam numa gama de percentagens contidas apenas numa dezena de pontos percentuais (de 29% a 21%), o que indica um peso idêntico

que elas assumem na percepção dos Irmãos. de facto, ao descuido da oração pessoal, acrescenta-se na mesma medida a falta de sentido da vida espiritual, a escassez de estímulos por parte da comunidade, a ausência de um projecto de vida adequado, o activismo excessivo, os muitos compromissos de trabalho. E todos estes factores são muito problemáticos, pondo em questão depois o ambiente em que decorre a própria vida religiosa quotidiana, ou até mesmo a própria perseverança vocacional.

da abordagem do tema da pastoral da saúde resulta uma visão geral muito positiva, embora com as devidas excepções e avaliações diversificadas nalguns sectores particulares. Quanto à integração territorial dos Irmãos, fica-se com a impressão de que ainda se está a meio do caminho, numa fase de esforço operacional. A avaliação dos Irmãos é ambivalente, ficando as respostas entre o que já se fez (bastante) de uma integração bastante adiantada (para 1 Irmão em cada � já está muito realizada), e o que ainda falta fazer. Já se fez bastante a nível eclesial, mas ainda mais está por fazer no plano da sociedade civil local, como se depreende da crítica de 45% dos Irmãos.

Relativamente à frequente e activa participação dos Irmãos religiosos de S. João de Deus na pastoral da saúde não há críticas nem reservas, excepto por parte de uns 30% de Irmãos. Mais problemáticos, pelo contrário, são os juízos acerca da participação dos seus Colaboradores (cerca de 44%), mas ainda mais em relação aos voluntários, e às pessoas “externas”, cuja participação é considerada bastante ausente.

Entre os destinatários, embora privilegiando os assistidos internamente, aos quais se destinam com maior atenção os cuidados pastorais dos Irmãos (68,9% das respostas), seguindo-se logo depois os Colaboradores (49,4%), os familiares dos assistidos e, em último lugar, os pobres externos, é importante sublinhar um fenómeno emergente vocacionalmente muito interessante. Os resultados do inquérito parecem evidenciar uma referência mais substancial e cuidadosa dos mais jovens e dos responsáveis pela pastoral vocacional à assistência pastoral dos mais pobres. Esta atenção especial não está isolada nem é puramente ocasional. Se voltarmos atrás, às motivações que levaram os jovens a entrar na Ordem, verificamos que esta experiência de assistência e de

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encontro com um doente pobre e necessitado foi um dos impulsos mais fortes que induziram um jovem a seguir a vocação de consagração especial na Ordem.

A relação com os Colaboradores apresenta uma série de dificuldades, que provêm tanto dos leigos como dos próprios Irmãos.

Quanto aos leigos, observa-se uma dissonância de valores e princípios de fundo que frequentemente torna difícil a colaboração, agravada no seu próprio nível também por um clima de competitividade e desconfiança mútuas. Acrescentem-se, por fim, uma percepção distorcida da função administrativa dos Irmãos, considerados como donos ou patrões das obras, acompanhada, na maior parte dos casos, também por uma falta de preparação dos próprios Colaboradores para trabalharem com os Irmãos.

Por sua vez, os Irmãos de S. João de Deus reconhecem com honestidade e franqueza os seus limites, que derivam da falta de formação para o trabalho de equipa, para trabalharem com os Colaboradores, aceitando-os no desempenho de funções administrativas, a valorizar adequadamente o seu papel e a sua vocação de leigos, hoje notavelmente reconhecida também no plano eclesial.

Querendo encontrar algumas variáveis constantes que parecem marcar este tipo de relações, podemos indicar os seguintes traços característicos:

uma convergência de África, América Latina e E.U.A. em reconhecer a presença de problemas análogos,

estes são sublinhados melhor por quem vive em contacto directo com os doentes, ao passo que quem está menos envolvido manifesta frequentemente atitudes mais ténues em relação aos Colaboradores;

é bastante diversificada a atitude dos Governos Geral e Provincial, sobretudo no que se refere aos princípios e aos valores convergentes ou não em relação ao pessoal leigo: a opinião destes Irmãos sobre tal dissonância parece facilmente ser menos severa e mais articulada.

Ao tratar da formação inicial, um aspecto muito delicado é o estudo das causas que conduzem os Irmãos jovens à crise vocacional até ao ponto de abandonarem a Ordem.

Entre estes factores de risco, o mais sério refere-se à frágil estrutura de personalidade dos jovens de hoje, considerados incapazes de assumir compromissos a longo prazo e de não conseguirem focalizar claramente as suas próprias motivações religiosas. Esta falta de clareza das motivações religiosas e vocacionais é também considerada como efeito de um acompanhamento bastante carente: neste caso, a responsabilidade recai sobre os adultos, a começar pelos formadores.

Outros factores, além disso, convergem para agravar a situação, já precária: são identificados com um acentuado individualismo dos Irmãos, hoje muito difundido e já previamente observado noutros contextos do questionário, a inserção demasiado precipitada nas comunidades e o impacto do contra-testemunho ou dos exemplos negativos, quer por parte de alguns Irmãos, isoladamente, quer das comunidades.

Porém, estão também presentes sintomas de um certo enfraquecimento da visão carismática da vocação e talvez também da assimilação e interiorização do espírito do próprio Fundador. Os outros factores, que humanamente poderiam fazer pensar numa causa real de abandono vocacional, como a relutância dos jovens em relação a alguns aspectos da assistência aos doentes e aos pobres ou a sobrecarga de compromissos, resultaram ser bastante marginais, de forma que mesmo entre os próprios jovens são classificados nos últimos lugares da tabela.

Surpreende-nos, porém, que no âmbito destas reflexões sobre a vocação, surja uma certa divergência de opiniões, menos severas por parte dos superiores dos Governos Geral e Provincial, mas de forma mais preocupada no caso dos superiores locais ou dos directores de Centros. Este é um ponto que poderia ser objecto de uma verificação mais vasta e de uma discussão mais aprofundada entre os próprios membros da Ordem.

Tomando, pelo contrário, em consideração o estudo dos recursos que a Ordem pode utilizar para uma melhor formação dos seus Irmãos, podemos indicar uma série de factores muito positivos que, segundo a opinião dos

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Irmãos, pode contribuir para o fortalecimento da vocação e facilitar a inserção dos Irmãos jovens na missão.

Como constatação unânime, 90% dos Irmãos confirmam com grande força e convicção (63,3% de muito) que o acolhimento sincero e fraterno na comunidade constitui para os jovens o melhor recurso para a perseverança na vocação, e também para uma velhice serena para os idosos. Com uma ligeira diferença, cerca de �0% dos Irmãos consideram como factores muito positivos a formação de um forte espírito de pertença e de identidade carismática (83,1%), o entusiasmo pela vida alegre da Comunidade e de cada Irmão (81,6%) e o valor do carisma da missão mantido em níveis elevados (81,2%). Comunidade que vive em clima de alegria, sentido de pertença, identidade carismática, ideais elevados e paixão pela missão constituem por conseguinte a força propulsora indispensável para uma vida religiosa fervorosa e um zelo generoso e abnegado de si mesmo pela missão.

Outros valores, além disso, tornam-se mais concretos através do desenvolvimento ordenado e sistemático do acompanhamento espiritual de uma pessoa que acompanhe a inserção dos jovens na missão da Ordem (81,6%), a boa comunicação entre jovens e idosos (80,1%), o reforço constante das motivações da própria vocação (80,5%) e, finalmente, os tempos de oração bem preparados e fixos (79,6%).

Suscitam sempre um consenso muito vasto, de pelo menos 2/3 dos Irmãos, a formidável importância que assumem, para uma vida religiosa e apostólica regulares, a planificação eficaz que uma comunidade bem ordenada e organizada sabe elaborar (74%), a ajuda de uma boa apresentação à equipa dos Colaboradores (67,4%), a amizade e a confiança depositada nalgum Irmão (68,1%), um tipo de trabalho considerado interessante e rico em significado (62,5%). Um valor bastante ambivalente, pelo contrário, é atribuído à vastidão e à qualidade das relações que uma comunidade consegue estabelecer com o exterior (48,2%).

Para concluir, os Irmãos inquiridos acertaram no alvo relativamente à importância e ao valor que certos factores têm neste contexto. O lugar de honra é de facto atribuído de modo especial aos factores carismáticos e de formação interior, quer em termos de acolhimento fraterno nas comunidades, quer de sentido de pertença, de serenidade e trabalho

em ambiente alegre, de reforço constante das motivações religiosas, de vida de oração. depois, mas sempre com um forte consenso, sublinham a importância do acompanhamento e dos elementos organizacionais das comunidades, da planificação, da ordem e da fluidez no diálogo intergeracional.

O nosso percurso de estudo sobre a identidade da missão, não pode negligenciar uma dimensão que é hoje bastante relevante, ou seja, a formação permanente. Apesar de ser recomendada pelas diferentes instituições, quer eclesiais quer civis, encontra uma certa dificuldade em institucionalizar-se. As razões são as mais diversas, como se depreende através dos resultados da nossa investigação junto dos Irmãos entrevistados. Em seu entender, a razão de fundo reside no escasso interesse dos Irmãos, sobre os quais também influi o factor idade, uma mentalidade bastante rígida, a habituação à segurança entretanto alcançada na vida religiosa e, por conseguinte, um estilo de vida consolidado, que se torna impermeável às solicitações, mesmo dos superiores. Estes estímulos, porém, não parecem ser muito eficazes, nem porventura institucionalmente organizados, ou propostos de modo sistemático, estudados para as diferentes fases de idade e específicos para as diversas categorias.

Pobreza cultural do lugar onde vive a comunidade, predomínio da actividade profissional que rouba tempo e energias, inserção num novo ambiente de vida, debilidade dos estímulos organizacionais, pressões urgentes da vida quotidiana: tudo isto são factores que contribuem para agravar a habituação e a rotina da vida quotidiana e funcionam como freio inibidor.

No plano mais propositivo, porém, todos estes factores podem e devem tornar-se um apelo e uma provocação para procurar e projectar com imaginação criativa todas aquelas estratégias institucionais e individuais que são capazes de desbloquear, com uma oportuna planificação, as resistências e a inércia da idade, da rotina e da indiferença.

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eSTILO de VIdA dA COmUNIdAde

Consagração religiosa e missão apostólica têm o seu ambiente natural de crescimento e desenvolvimento na comunidade. E é precisamente a comunidade que constitui o núcleo central de todo o terceiro capítulo das Constituições (n. 26-43), articulado nas três secções de comunidade de fé e oração (n. 2�-35), comunidade de amor fraterno (n. 36-40), e comunidade de serviço apostólico (41-43). Sobre estes três aspectos articulam-se também o questionário proposto aos Irmãos, e as suas respostas, que agora passamos a apresentar.

1. COmUNIdAde de FÉ e OrAÇÃO

A oração é um ministério e uma responsabilidade pessoal, intransferível a outros, um privilégio e um dever inalienáveis, um apostolado prioritário que torna fecundas todas as outras formas de apostolado. Em que medida é que ela está presente nas várias comunidades? Não podemos certamente entrar na intimidade de cada Irmão, mas podemos solicitar a cada um deles um juízo sobre a vida de oração da comunidade nas suas várias expressões visíveis de regularidade e participação, que as Constituições definem como “a fonte da atitude contemplativa da vida” (2�) quotidiana.

As várias articulações da pergunta tinham por fim oferecer um quadro geral, variamente analítico, dos diversos momentos em que se pode desenvolver o conjunto das práticas de piedade, diária, semanal ou mensalmente, e através das variáveis, verificar o seu andamento nas diferentes áreas geográficas da Ordem, segundo as diferentes faixas de idade, os diversos níveis de profissão e os cargos de responsabilidade.

CAPÍTULO IV

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1.1 – Quadro geral sobre a vida de oração (pergunta 30)

Foram definidas 7 situações emblemáticas que nos permitiram articular os diversos âmbitos da vida de oração de cada comunidade, que vão desde a oração pessoal, à oração comunitária da Liturgia das Horas, a participação nos Sacramentos da penitência e da Eucaristia, até aos retiros e aos exercícios espirituais. É evidente que estes parâmetros não constituem um termómetro qualitativo do fervor e da vida de fé e oração de cada Irmão. E nem sequer ajuda a medir a vida de fé de uma Comunidade, uma vez que esta é uma dimensão que escapa a medições estatísticas quantitativas; no entanto, através dos juízos que os Irmãos aceitam fornecer sobre a sua Comunidade relativamente às práticas objectivas, comunitárias externas, é possível identificar o clima de compromisso e fidelidade a estes momentos comunitários de oração, dos quais se alimenta também a regularidade e a interioridade da própria vida espiritual, além de constituir elementos de apoio de toda a comunidade religiosa.

O juízo pessoal de cada Irmão ajuda a definir as orientações de maior excelência e, por outro lado, os que apresentam alguma problematicidade, que saltam à vista de todos e à luz de uma reflexão de síntese, fazem emergir os objectivos de maior incerteza que devem tornar-se objecto de ulteriores esforços e atenções, tanto no plano individual como comunitário.

O quadro seguinte oferece-nos uma leitura de síntese dos juízos dos Irmãos sobre a vida de fé e de oração da própria Comunidade.

Tab. 4.1 – Juízos sobre a vida de fé e de oração vivida na Comunidade (em % e pontuações médias)

Não respondem Muito Bastante Pouco De modo

algumPontuações

médias1. Participa-se com

frequência na oração comunitária (Liturgia das

3,4 53,6 36,2 5,8 1,1 1,53*

2. Participa-se amiúde na celebração dos sacramentos (Penitência,

4,2 45,0 42,9 7,5 0,4 1,62

3. Fazem-se Exercícios espirituais, segundo as Constituições

6,0 36,1 39,8 15,0 3,1 1,84

4. Fazem-se Retiros espirituais, segundo as Constituições

4,2 31,7 38,2 21,0 4,7 1,99

5. Comunidade reserva espaços de tempo para a oração pessoal

3,5 26,1 45,3 22,5 2,7 2,02

6. A liturgia é adequadamente preparada

5,6 18,9 49,9 22,3 3,3 2,11

�. A liturgia é vivida só a nível pessoal 10,3 11,3 40,3 25,9 12,3 2,44

Uma primeira observação, muito importante, refere-se a este último item relativo à dimensão apenas individual com que é vivida a própria vida de fé e de oração. A ambiguidade reside na acentuação do só, ou do nível pessoal. É muito positivo que ela não seja vivida apenas a nível pessoal, mas que haja também uma componente comunitária. Nas, o número relativamente alto dos que não forneceram qualquer resposta (10,3%), dá azo à dúvida que a formulação da pergunta, relativamente a outras, possa ter sido bastante ambígua, porque a ideia central parece estar ligada àquele “só”. De facto, nada menos que 38,2% (pouco + de modo algum) sublinham (em sentido positivo e oportunamente) que a vida de fé e de oração não se vive só a nível pessoal, mas também comunitário.

Porém, ainda seria possível a outra interpretação de quem, com uma atitude crítica, julga haver pouca vida de fé e de oração em geral, mas as

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faixas etárias mais altas, talvez mais propensas a esta laudatio temporis acti, é a que faz registar a percentagem mais alta de não respostas: mais de 1/5 não respondeu, de modo que a questão permanece, por isso, sempre aberta. Não vamos aprofundar mais este aspecto, para respeitar preferencialmente os critérios de leitura e a função deste Relatório.

Em todo o caso, as séries das outras situações, que se concretizavam nas várias práticas de piedade, sublinham que a vida de fé e de oração da Comunidade se manifesta principalmente na participação assídua na oração comunitária, na Liturgia das Horas (89,8%), e na celebração dos Sacramentos (87,9%). Com uma diferença de uns 10 pontos, evidencia-se a participação nos Exercícios espirituais anuais (75,9%) e, um pouco menos, nos Retiros mensais (69,9%). Um lugar discretamente relevante é ocupado pela preparação adequada da liturgia (68,8%). Muito oportunamente, 61,4% sublinham o facto que a Comunidade reserva espaços de tempo para a oração pessoal, salvando assim o equilíbrio entre a oração pessoal e a comunitária.

Porém, quando se aprofundam os vários aspectos e se lê a coluna de excelência (muito), as percentagens não são muito altas. Por outras palavras, parecem estar presentes três níveis de participação: o primeiro, bastante alto, mas não excessivamente (esperar-se-ia algo mais, pelo menos no plano quotidiano), na medida em que ronda apenas metade, para a celebração das Horas e dos Sacramentos.

Um segundo nível de frequência, que diz respeito aos Retiros mensais e aos exercícios espirituais, abrange apenas um terço dos Irmãos que dão um juízo muito positivo, enquanto outros 25%, aproximadamente, parecem ser bastante críticos.

Finalmente, um terceiro nível, mais baixo, queixa-se de uma escassa participação na preparação da liturgia (25,6%).

1.2 – Aprofundamento analítico

A oração comunitária da Liturgia das Horas constitui o ponto central da mais ampla participação espiritual de toda a comunidade, em sentido absoluto. de facto, mais de metade das respostas e alguns juízos são

muito positivos (53,6%), sobretudo por parte de 64% dos Irmãos da Europa Central e da África, um pouco menos da Europa Meridional (4�,4%) e ainda menos dos E.U.A. (23,3%), para os quais este parece constituir um verdadeiro problema. Há, porém, 36,2% de Irmãos cujo juízo não é tão absolutamente positivo, mas exprimem algumas reservas, especialmente na Europa Meridional (43,2%) e nos E.U.A., onde se atingem 41,�%.

Uma nítida diferença emerge ao nível das faixas etárias, sobretudo entre as mais extremas, dos mais jovens, cujo juízo é muito positivo (93%), ao passo que, no caso dos idosos, a percentagem, mais reduzida (79,6%), se deve ao maior número de não respostas (11,4%), relativamente aos primeiros (2,1%). A opinião dos superiores locais e dos formadores é ligeiramente mais positiva do que a dos superiores aos níveis Geral e Provincial.

A participação frequente nos Sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação constitui um facto óbvio (87,9%), especialmente na Europa Central (92,1%), na África (96,4%) e na Ásia (92,2%), relativamente aos E.U.A. (70%) e à Europa Meridional (84,5%). Entre os muito jovens, as percentagens são sempre superiores à média, também relativamente às duas faixas etárias intermédias. Uma ligeira ponta de maior criticismo sobressai entre os Irmãos mais idosos.

Um terceiro âmbito, mais positivo, verifica-se na participação nos Exercícios espirituais (75,9%), cuja frequência não parece ser igualmente plebiscitária. Pelo menos um quarto dos Irmãos exprime notáveis perplexidades, especialmente (cerca de 30%) na África e nos E.U.A., relativamente à boa afirmação na América Latina (80,2%), na Europa Central (78,3%) e na Europa Meridional (79,2%), e nos juízos positivos dos superiores locais e dos responsáveis pela pastoral vocacional. Emergem, pelo contrário, algumas reservas nas duas faixas mais jovens de idade, e ainda nos Irmãos que têm entre 6 e 25 anos de profissão, cujas reservas atingem cerca de 25% das respostas.

Quanto aos Retiros espirituais mensais (69,9%), só menos de um terço exprime um juízo muito positivo, enquanto um quarto dos Irmãos (25,�%) manifesta algumas reservas, queixando-se que estes Retiros se realizam pouco ou de modo algum nas suas próprias zonas: denunciam esta falta especialmente os Irmãos da África (39,2%) e, (curiosamente!) os das

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20� 209

regiões da Europa Meridional (33,4%) e dos E.U.A. (33,3%), os das duas faixas etárias mais altas, os superiores dos Governos Geral e Provincial, e também os locais, além dos licenciados e diplomados. Parece que esta é uma prática de piedade um pouco negligenciada, da qual se denuncia a precariedade e talvez também o absentismo. Observamos, pelo contrário, apreciações bastante positivas dos formadores e dos responsáveis pela pastoral vocacional, sobretudo dos mais jovens (79,1%) e dos Irmãos da Ásia (89,7%), da Europa Central (76,1%) e da América Latina (77,4%).

Uma atenção de particular interesse foi por nós dedicada à liturgia e à respectiva preparação para as celebrações. 68,8% dos Irmãos parecem estar, globalmente, bastante satisfeitos: de facto, declaram o cuidado e a atenção que lhes são reservados, especialmente os Irmãos da Ásia (�2,6%), da Europa Central (79,9%) e da África (72,6%). Menos satisfeitos, pelo contrário, os da Europa Meridional, da América Latina e dos E.U.A., os mais idosos, em idade e profissão religiosa, os Governos Geral e Provincial, os formadores, os licenciados e os diplomados.

Reconhece-se com uma certa reserva que a comunidade dedica espaços de tempo à oração pessoal (71,4%). Mais de um quinto dos Irmãos discordam, afirmando que é pouco visível (22,5%) ou de modo nenhum, e, mais concretamente, 34,6% dos Irmãos da África, 35,5% da América Latina e 28,9% dos professos, especialmente os que têm entre 6 e 25 anos de profissão.

Consideram, pelo contrário, que a comunidade se esforça por oferecer tempo à oração pessoal 79,4% dos Irmãos da Europa Central, 81,7% dos E.U.A., os muito jovens em profissão (76,5%), os técnicos e os diplomados (�5,5%), ��% dos superiores locais e os encarregados da pastoral juvenil. Não partilham da mesma opinião, pelo contrário, os superiores dos Governos Geral e Provincial, pelo menos em 29,8% dos casos, e os formadores (31,4%).

Finalmente, para além de toda a possível ambiguidade desta pergunta, já acima explicitada, mais de metade dos Irmãos (51,6%) acredita que a vida de oração e fé é vivida a nível pessoal, especialmente nos E.U.A. (�0%), na Ásia (66,2%), enquanto todas as outras zonas exprimem uma opinião diferente, especialmente na África (5�,4%) e na América Latina (41,2%). Que a vida de fé e de oração se realize só a nível pessoal é afirmado

pelos Irmãos das primeiras duas faixas etárias e de profissão, isto é, até aos 55 anos.

Em conclusão, do conjunto das respostas é possível evidenciar que, confirmada uma boa frequência das práticas de piedade quotidianas da comunidade, a percentagem de excelência atribuída às outras situações propostas não parece ser particularmente elevada, quando, pelo contrário, não exprimem mesmo atitudes bastante problemáticas e dificuldades evidentes para realizar aquele equilíbrio que é tão importante na vida religiosa entre contemplação e acção, muito desejado pela Igreja, além dos Fundadores religiosos de cada Congregação.

2. COmUNIdAde de AmOr FrATerNO NAS reLAÇÕeS INTerPeSSOAIS (pergunta 31)

As Constituições dedicam nada menos que 5 números (36-40) ao desenvolvimento e aprofundamento desta dimensão estruturante da vida de comunidade, para poder criar unidade no espírito da hospitalidade e na perspectiva de construir e favorecer relações interpessoais equilibradas, acolhedoras e bem integradas, quer pessoal quer comunitariamente.

2.1 – Quadro geral da vida fraterna

A pergunta n. 31 do questionário introduz-nos no estudo de uma série de 9 dimensões que servem para criar um clima relacional positivo, e depois se manifesta num estilo de vida geral sereno no âmbito da comunidade.

Cinco destas dimensões são de sinal positivo e construtivo (compreensão, cordialidade, amizade, fraternidade, atenção esmerada), outras quatro são, pelo contrário, de cariz negativo e desagregador (indiferença, individualismo, conflitualidade, intromissão. Relativamente a essas dimensões solicitámos o juízo dos Irmãos sobre o estilo de vida fraterna das suas comunidade, de que resultaram os dados apresentados na tabela seguinte, subdivididos nos dois conjuntos de dimensões acima mencionadas.

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Tab. 4.2 – Distribuição das características presentes nas relações interpessoais predominantes no interior da Comunidade

(em % e pontuações médias)

Estão presentes +/- NR Muito bastante Pouco de modo algum

Pontuação média

Fraternidade + 5,8 20,0 53,1 19,2 2,0 2,03*

Cordialidade + 6,8 14,8 56,7 20,5 1,2 2,09

Compreensão + 6,2 15,3 53,4 23,0 2,1 2,13

Atenção esmerada + 8,9 15,8 44,2 27,7 3,5 2,21

Amizade + 7,2 13,6 44,0 31,0 4,2 2,28

Intromissão - 9,7 7,5 17,8 41,5 23,5 2,90*

Conflitualidade - 7,8 5,8 22,3 51,3 12,7 2,77

Indiferença - 8,5 10,9 27,3 38,2 15,1 2,63

Individualismo - 7,6 19,1 34,4 33,7 5,2 2,27

Para melhor estudar as dimensões e as apresentar com um certo grau sistemático e uma metodologia correcta, dividimos o quadro em dois âmbitos separados, caracterizados, por um lado, pelas características positivas, construtivas e, por outro, pelos traços negativos e desagregadores. Obviamente, as pontuações médias exigirão uma leitura mais cuidadosa, precisamente porque, tratando-se de características contrapostas, as lógicas de leitura devem consequentemente mudar.

É sempre difícil emitir um juízo sobre a vida fraterna da comunidade, especialmente para quem não participa nela com uma certa intensidade. No nosso caso, as percentagens de quem não respondeu são fisiológicas, comparadas também com a pergunta seguinte, que é do mesmo teor. Porém, no âmbito destas médias baixas (à volta de 7% – ver a segunda coluna), as percentagens de ausência de dados sobem muitíssimo, sobretudo relativamente aos idosos com mais de �5 anos: aqui, chega-se mesmo a 25% de não-respostas.

Feita esta premissa, a análise das características positivas evidencia que não são muito elevadas as percentagens de excelência (coluna muito): de facto, nenhuma delas ultrapassa os 20%, embora não desçam abaixo dos

13%. Mas também é verdade que as respostas às outras características rondam os 15%. As restantes percentagens concentram os Irmãos predominantemente em juízos só bastante positivos, relativamente a todas estas características, especialmente no que diz respeito, por ordem, à fraternidade (M: 2,03), à cordialidade (M: 2,09), à compreensão (M: 2,13), à atenção esmerada (M: 2,21) e à amizade (M: 2,28). Estão quase ausentes as percentagens de crítica total (de modo algum). Querendo, porém, quantificar as reservas, é preciso reconhecer que há um pequeno grupo de Irmãos, que representam entre 20% e 30% do total, pouco satisfeito e que se queixa da escassa presença destas características da caridade no interior da comunidade.

Por isso, parece-nos necessário salientar que os Irmãos, no seu conjunto, não se manifestaram muito entusiastas com a qualidade da sua vida fraterna. declararam estar satisfeitos, mas provavelmente sem entusiasmo.

Acerca das outras características negativas observadas em comunidade, os Irmãos põem o dedo sobretudo na ferida do individualismo (M: 2,2�), quer porque apenas 5,2% dos Irmãos acham que ele não está de modo algum presente, quer também porque os outros aspectos de indiferença (M: 2,63), conflitualidade (M: 2,77) e intromissão (M: 2,90) se distanciam muito mais nas pontuações. Enquanto a gama de extensão das pontuações nas características positivas se concentra no espaço de umas vinte centésimas de ponto (de 2,09 a 2,28) – o que mostra uma convergência notável nas apreciações dos Irmãos, todos muito de acordo entre si – nas características negativas, pelo contrário, há uma maior dispersão, sendo a gama de extensão muito mais ampla, ultrapassando 60 centésimas de ponto (de 2,27 a 2,90).

A apresentação analítica de cada traço característico permite-nos identificar a sua presença diversificada por áreas, idades, e outras variáveis, de forma a tornar mais concreta a sua distribuição e a identificação das zonas de maior excelência, ou de relativa problematicidade, para obter delas, depois, as tendências mais ou menos pronunciadas nos diversos sectores.

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2.2 – Aprofundamento analítico2.2.1 – Características positivas

�3,1% dos Irmãos reconhecem amplamente a presença de um clima de fraternidade difuso, sobretudo ��,5% da América Latina e �6,�% da Europa Central.

Esse clima é escassamente sentido na Europa Meridional, onde as percentagens descem para 65,5%. Em todas as outras regiões, as percentagens ultrapassam em toda a parte o valor de �0%. Reconhecem--no também �1,6% dos muito jovens, mas apenas �0,�% dos Irmãos do escalão etário entre 56 e �4 anos. Foi também declarado por �5,�% dos formadores e �5% dos superiores dos Governos Geral e Provincial. Um pouco menos convictos aparecem os superiores locais (��,5%) e 72% dos técnicos qualificados, relativamente a 78,5% dos licenciados. Algumas reservas são avançadas por 21,2% dos Irmãos, sobressaindo 25% dos E.U.A., 24,2% da Europa Meridional e ainda 24,4% dos que nunca desempenharam cargos de responsabilidade.

71,5% evidenciam a característica da cordialidade, relativamente a 21,�% dos Irmãos que, pelo contrário, se queixam de a encontrar pouco, especialmente nas comunidades da África, da Europa Meridional e da Ásia. Trata-se sobretudo de técnicos (22,3%) e de Irmãos que não desempenham cargos de responsabilidade (23,9%).

É, pelo contrário, amplamente reconhecida por �0% dos Irmãos dos E.U.A., por 79,6% da América Latina e por 75,7% da Europa Central, por 76,9% dos mais jovens, 77,3% dos licenciados, 85% dos membros dos Governos Geral e Provincial, por 79,3% dos superiores locais e 74,3% dos formadores.

Também a característica da compreensão (68,7%) é reconhecida por mais de dois terços dos Irmãos, especialmente na América latina, onde a percentagem sobe para 72,1%, atingindo na Europa Central os 69,8%. Entres os mais jovens chega aos 74,9%, rondando, no caso dos formadores, mesmo os �4,3%, relativamente a ��% dos superiores dos Governos Geral e Provincial e a �4,�% dos superiores locais.

Atitudes de maiores reservas são principalmente expressas pelos Irmãos da Europa Meridional (26,�%), da África (25,2%), dos E.U.A. (25%) e nas duas faixas etárias centrais, à volta de 25%.

Uma atitude muito mais delicada e calorosa é considerada a atenção esmerada (60%) em situações de necessidade. É especialmente assinalada na Europa Central (70,9%), nos E.U.A. (71,7%), e na Ásia (76,4%), pelos mais jovens (69,5%) e pelos Governos Geral e Provincial (73,6%).

Pelo contrário, consideram que esta atitude esteja pouco presente 31,2% dos Irmãos, especialmente na Europa Meridional (36,�%) e na África (36,9%), e ainda 32,9% os formadores e 29,8% dos superiores locais.

A característica da amizade é evidenciada por uma média de 5�,6% dos inquiridos, mas, neste caso, registam-se pontuações extremas: em primeiro lugar, as mais positivas, que emergem dos Irmãos dos E.U.A. (�5%), da Ásia (�4%), dos mais jovens (6�,2%), dos Governos Geral e Provincial (�2,4%) e, por outro lado, as mais críticas, que provêm da Europa Central (38,6%), Meridional (41,9%) e dos Irmãos entre os 36 e os 55 anos (41,�%).

Em síntese, podemos concluir que parece existir um clima de relações interpessoais mais fluidas nas comunidades dos E.U.A., da América Latina e da Europa Central relativamente às da Europa Meridional, da África e da Ásia. Um reconhecimento positivo provém também dos mais jovens, dos Governos Geral e Provincial, dos formadores vocacionais, ao passo que reservas mais críticas emergem dos Irmãos desprovidos de cargos de responsabilidade que talvez mais que os outros se dão conta de atitudes de menor calor e carinho.

2.2.2.– Características negativas

Abordemos aqui agora uma questão delicada, já evidenciada outras vezes, que se confirma de novo aqui, e que diz respeito ao clima de individualismo que atravessa as comunidades inquiridas. dele se queixa uma percentagem relevante de Irmãos, que corresponde a 53,5% do universo considerado, ou seja, mais de metade, presente concretamente nos E.U.A. (�3,4%), na Ásia (65,4%), em cerca de 5�% dos Irmãos das duas faixas etárias centrais, em 52,�% dos Governos Geral e Provincial, e em 54,5% dos superiores locais.

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Só 5,2% dos Irmãos assinalam a resposta de modo algum, os quais, somados aos 33,�% que o consideram pouco presente, constitui 38,9% que isentam as comunidades deste defeito grave.

Na realidade, as percentagens dos Irmãos que livremente ilibam a comunidade deste defeito são também muito mais numerosas – por ex., 43,9% da Europa Central, 47,6% da África, 52,9% da América Latina, 49,4% dos muito jovens, 40,9% dos diplomados, 54,3% dos formadores, o que também poderia fazer pensar em comunidades onde a fraternidade ainda tem o seu espaço.

Nós devemos porém esquecer que, mais acima, neste mesmo estudo, quando se perguntava quais eram as razões que, no momento da inserção, faziam com que os Irmãos jovens encontrassem dificuldades na sua integração e levavam mesmo alguns a abandonar a Ordem, a segunda razão principal indicada para esse mal-estar era a presença de um forte individualismo dos Irmãos: quase dois terços (62,9%), 27,2% dos quais consideravam que este defeito estava muito presente nas comunidades, chegando a ocupar o primeiro lugar na coluna do muito, relativamente a todas as 13 causas de abandono propostas.

Para agravar esta situação de individualismo, ainda mais generalizada no âmbito da nossa sociedade de hoje, surge em paralelo também um outro sentimento bastante difuso, o da indiferença social, em que cada um, fechando-se em si mesmo, vive ao lado dos outros, mas sem se ocupar excessivamente das necessidades do próximo. O contágio desta chaga é uma armadilha que se esconde sempre nas comunidades religiosas, mesmo nas que estão animadas pelo melhor espírito de compreensão e de caridade.

Quisemos ver, portanto, se este sentimento da indiferença também fosse sentido pelos Irmãos e em que medida. Os resultados das respostas forneceram-nos um quadro que, embora não seja alarmante, nos obriga a estar atentos. Só 10,9% dos Irmãos que escolhem a opção de resposta muito presente nas comunidades, encontram-se especialmente na Ásia e nos E.U.A., nas duas faixas etárias mais jovens e entre os formadores. Mas, se a estas opiniões somarmos os juízos mais mitigados (“bastante”), obtemos uns 3�,2% de Irmãos que a vêem rastejar também nas comunidades. Isto constitui um sinal claro de alerta para que se possa

prevenir e neutralizar com a fraternidade, a caridade, a cordialidade e as outras atitudes positivas acima analisadas.

Essa indiferença é experimentada e a sua presença denunciada especialmente pelas comunidades da Ásia (66,9%), dos E.U.A. (51,7%) e pelos Irmãos de meia-idade.

Pelo contrário, mais de metade dos Irmãos (53,3%) acha que ela só está presente nas diferentes comunidades pouco ou de modo algum. Este é um sinal confortante, quer para a vida religiosa quer para a vida fraterna. São sobretudo 65,1% dos Irmãos da América Latina, 54,5% da Europa Meridional, 55,1% da Europa Central, 5�,4% da África, 5�,3% dos mais jovens e 66,7% dos superiores dos Governos Geral e Provincial, 59,5% dos superiores locais e 60% dos formadores que exprimem esta avaliação.

As situações de conflitualidade atingem apenas 28,1%, face à média de 64% relativa a quem declara a sua presença em condições muito limitadas (pouco + de modo algum), ou seja, 69,5% da Europa Meridional, �3,2% da América Latina, 64,4% dos muito jovens, �3,5% dos superiores dos Governos Geral, Provincial e local e �5,�% dos formadores vocacionais.

denunciam a sua presença (muito + bastante), com percentagens muito elevadas, os Irmãos da Ásia (49,6%), dos E.U.A. (45%) e também, em medida menor, os da Europa Central (36,5%) e os Irmãos mais novos 33,4%.

Um último traço característico negativo para a caridade fraterna da comunidade foi indicado pela excessiva intromissão que, para além de toda a forma de discrição e respeito pelas pessoas, se torna asfixiante e provoca processos de autodefesa. Não parece ser uma realidade muito difusa, mas é assinalada com uma certa insistência por 25,3% dos Irmãos, especialmente na Ásia (40,1%), na África (31%) e nos E.U.A. (33,3%), por 31% dos mais jovens e por 2�,5% de quem não desempenha nenhum cargo de responsabilidade.

Em conclusão, entre os aspectos negativos mais assinalados, são dois os traços particularmente emergentes de que é preciso defender-se e, sobretudo, prevenir, com uma adequada e prolongada formação, isto é, o

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individualismo e a indiferença. Encontram-se presentes em percentagens não propriamente exíguas, nem desprezíveis, mas, acima de tudo, confirmam aquela tendência já emersa antes e que suscitava reflexões análogas nos capítulos anteriores.

Em primeiro lugar, é preciso encontrar um equilíbrio saudável entre indiferença e intromissão invasiva.

Mas, sobretudo, deve ser desenvolvida a capacidade de atenção aos outros e de colaboração, que supera o puro individualismo e o próprio isolamento, ou introversão, fechando-se em si mesmos. No âmbito religioso, éramos outrora frequentemente acostumados a sermos pontos de referência para tudo e todos, elementos centrais de toda a intervenção, de forma que não precisávamos de ninguém, éramos quase auto-suficientes. As novas e diversas condições culturais e da sociedade estão a impor que saibamos conviver com os outros, a colaborar com eles de modo criativo, construtivo e positivo, oferecendo o nosso apoio e a nossa contribuição sem por isso nos sentirmos diminuídos ou inferiorizados, disponibilizando as nossas competências para a construção do bem comum da obra. Esta nova competência que devemos adquirir e fazer amadurecer ajudar-nos--á também a solucionar aqueles problemas que emergiram no âmbito das dificuldades de colaboração com os leigos e os colaboradores externos à obra apostólica hospitaleira.

Analogamente, está a experimentar-se com cada vez mais realismo o pluralismo de opiniões e as visões pessoais que, hoje mais do que no passado – porque reagimos muito mais –, podem mais facilmente contrapor-se às próprias e, portanto, criar tensões conflituosas. Muito frequentemente, não são suficientes a compreensão ou a fraternidade, quanto a capacidade de ir à procura daquele rasto de verdade que se apresenta na posição e nas avaliações do outro, e prestar atenção a cada aspecto positivo que seja possível encontrar.

3. COmUNIdAde de AmOr FrATerNO NO eSTILO de ANImAÇÃO (pergunta 32)

Contribui para a serenidade e a vida fraterna da comunidade o estilo com que ela é animada pelos responsáveis directos, que podem exercer a

própria autoridade com uma variedade de estilos que nos comprometemos a identificar entre os que, no questionário, foram propostos à atenção dos Irmãos. Além do mais, esta dimensão mereceu também uma atenção particular no n. 38 das Constituições, quando se define que a natureza do “Irmão que exerce o serviço de governo é sinal de união e vínculo de caridade”. Além disso, apresentam-se duas funções: “animar a vida espiritual, ajudar a viver o projecto comunitário, coordenar e harmonizar os planos pessoais dos Irmãos com os da comunidade”. Esta coordenação e harmonização são realizadas segundo um estilo particular, que definimos precisamente estilo de animação.

3.1 – Os estilos de animação: quadro geral

Também neste ponto podemos encontrar dois tipos de estilos de animação que poderíamos definir, um, de participação colaborante e, o outro, de controlo autoritário.

Ao primeiro podemos associar as atitudes de diálogo, de participação, abertura, democraticidade, comunhão; ao segundo, os comportamentos de tipo autoritário, controladores ou, em sentido oposto, permissivos.

baseando-nos neste esquema, desenvolveremos a nossa análise da pergunta n. 32 do questionário, a isto mesmo destinada e formulada nestes termos: “Como classificas o estilo de animação na tua comunidade?”

Como no ponto anterior, distinguimos os tipos de animação numa dúplice perspectiva: a primeira, positiva e promocional; a segunda, negativa, autoritária e controladora, ou, por contraste, permissiva.

Relativamente ao ponto anterior, a ausência de dado das Não Respostas é levemente mais alta, especialmente nos últimos três itens, onde chega a tocar a média bastante elevada de 16,5% e, entre os idosos, a máxima de 40%.

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Tab. 4.3 – Juízos sobre o estilo de animação da Comunidade (em % e pontuações médias)

Estão presentes +/- NR Muito bastante Pouco Nada Pontuação média

Aberto + 7,2 19,0 46,� 23,3 3,8 2,13*

de comunidade + 12,2 15,� 4�,3 20,8 4,1 2,15

Participado + 7,4 15,6 4�,� 24,8 3,5 2,17

dialogal + 5,8 16,6 4�,6 25,7 4,2 2,19

democrático + 9,2 16,0 44,� 24,0 6,0 2,22

Permissivo - 16,5 8,0 29,5 31,9 14,0 2,62

Controlador - 13,4 7,0 20,8 37,8 20,8 2,84

Autoritário - 9,3 11,1 17,9 35,7 26,1 2,85

Está entretanto confirmado, também pela literatura mais autorizada, que o bom funcionamento de um grupo de trabalho resulta da forma como é desempenhado o papel do líder e das suas boas capacidades organizativas para criar o clima mais favorável. Mas é igualmente verdade que a sua capacidade de governo é um dos factores essenciais, e principais, para o bom clima de cooperação dentro de um grupo de trabalho, para que possa desenvolver a sua eficácia e eficiência. A comunidade religiosa, além disso, não é apenas um grupo de trabalho, mas, sobretudo, uma comunidade de vida, em cujo âmbito os Irmãos estão empenhados em diferentes sectores de actividade, com responsabilidades e tarefas diversificadas, tendo em vista um projecto comum que unifica os esforços de todos sobre o mesmo objectivo final, que é definido pelos critérios da vida religiosa, pela sua consagração e pela sua missão. A comunidade religiosa, por conseguinte, tem os seus critérios, os seus instrumentos, as suas perspectivas, os seus projectos e, sobretudo, Irmãos religiosos que se encontram nas situações e com as exigências mais diversificadas. Tudo isso deve ser gerido tendo em conta as pessoas, além das tarefas. O compromisso e a responsabilidade do superior local, portanto, são extremamente importantes e não são fáceis de gerir.

O exercício da autoridade requer de facto qualidades excepcionais para poder coordenar as diversas situações pessoais em vista da serenidade e do equilíbrio da comunidade. Não nos compete analisar aqui

as qualidades, as competências e os dotes que um superior deve possuir para harmonizar os diferentes objectivos desta sua missão, considerando também que não se trata simplesmente de uma equipa de trabalho, funcional ao sucesso e à eficiência operacional, mas de uma comunidade religiosa que, como se disse, tem estruturas e objectivos especiais, impostas pela fé, pela consagração e pela missão da vocação específica institucionalizada pelo Fundador.

Nesta perspectiva, o estilo de animação da comunidade constitui uma tarefa fundamental, mas também muito delicada, do superior religioso, que é chamado a construir a harmonia entre os Irmãos e a recompô-la quando, como num tecido, os fios se enfraquecem, se desfazem ou se quebram; por outras palavras, ele deve sustentar e fortalecer o desenvolvimento da vida religiosa da comunidade, num espírito que é ditado pelas próprias Constituições, mas que se alimenta também daquelas dinâmicas psicossociais que as ciências humanas nos perspectivam como muito eficazes para este fim.

O nosso questionário tinha, por conseguinte, o propósito de evidenciar a percepção e a avaliação que os Irmãos têm acerca do estilo de animação ordinariamente presente nas suas respectivas comunidades. Trata-se de uma pesquisa que tem como objectivo principal, não tanto acusar ou culpar seja quem for, devido às situações problemáticas fisiológicas, mas antes fornecer a ajuda que pode derivar de uma leitura fraterna dos seus resultados, numa perspectiva de melhoria e crescimento de cada comunidade e da Ordem no seu conjunto.

A análise geral da tabela evidencia um estilo de animação substancialmente positivo. Mantendo a subdivisão nos traços positivos e negativos acima introduzidos, o estilo de governo é caracterizado por uma convergência muito significativa das percentagens, quer na segunda coluna, que corresponde à opção bastante (convergente numa média das percentagens ao redor de 5�%), quer na primeira, de excelência (muito), cuja percentagem média ronda os 16%. Trata-se, por conseguinte, de um resultado homogéneo na distribuição qualitativa, que se confirma também na terceira e quarta colunas, indicadoras, por sua vez, em medida menor, de elementos mais problemáticos: na realidade, no espaço de nem sequer uma décima de ponto, convergem as pontuações médias das cinco características positivas (M: 2,13 até 2,22).

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Em conclusão, emerge assim um juízo substancialmente positivo do estilo de animação das comunidades, caracterizado pela abertura, comunhão, participação, diálogo e democraticidade, expresso por cerca de 2/3 dos Irmãos, face a uma avaliação mais crítica manifestada apenas por cerca de um quarto dos Irmãos, e por uma fraca percentagem, de uns 4%, relativa aos juízos totalmente negativos, que apontam alguns elementos de autoritarismo, controlo e, em sentido oposto, de permissividade.

3.2 – Aprofundamento analítico3.2.1 – Características positivas

As cinco características que ajudam a constituir o pentágono do estilo positivo promocional coordenam-se num estilo de animação dialogada, participada, democrática, aberta e de comunhão.

65,7% dos Irmãos de S. João de Deus consideram que o estilo de animação da sua comunidade é aberto. Entre eles, pouco menos de 1/5 avalia-o mesmo como muito aberto (19%, a percentagem mais alta da primeira coluna “positiva”) directamente. São sobretudo os Irmãos dos E.U.A. (��,3%), da América Latina (�0,4%) e da Europa Central (6�,�%), muito mais do que os da Ásia (65,4%), da Europa Meridional (61,3%) e da África (60,7%), que fazem essa avaliação. Também 69,9% dos Irmãos mais jovens a avaliam da mesma forma, e 1/4 deles escolhe a opção de resposta “muito”. A eles, acrescentam-se 79,1% dos superiores locais, 77% dos Governos Geral e Provincial e 72,9% dos formadores vocacionais. Temos, assim, uma ideia do clima geral.

Os aspectos mais críticos de avaliação (2�,1%) provêm especialmente das zonas da África e da Ásia, de uma parte dos mais idosos, mas também de 28,4% dos mais jovens e de 29,1% dos técnicos qualificados.

O estilo de comunhão confirma ainda mais o da abertura: indicam-no 63% dos Irmãos, sobretudo da América Latina (69,8%), da Ásia (70,1%), dos E.U.A. (68,3%), os mais jovens (71,9%) os superiores locais (69,9%), os Irmãos dos Governos Geral e Provincial (��,1%) e �6% dos responsáveis pela pastoral vocacional, relativamente à Europa Meridional (54,5%) e à África (6�,1%).

O estilo de comunhão é também o que recebe a percentagem mais baixa (24,9%) de dissenso crítico, proveniente geralmente dos Irmãos de meia-idade.

O estilo de participação (64,3%) favorece o envolvimento pessoal dos Irmãos e o seu espírito de responsabilidade, solicita a partilha dos recursos e estimula activamente à realização do projecto comum, de modo mais directo.

Existem, porém, uns 2�,3% de Irmãos que assinalam a escassez, ou mesmo a ausência, desta característica. São os que ainda não foram envolvidos no interior da comunidade e talvez se sintam marginalizados – porventura, apenas auto-marginalizados. Trata-se, de facto, da percentagem mais baixa (15,6% muito) na coluna da excelência, embora aumente a da suficiência (48,7% bastante).

As maiores reservas provêm dos Irmãos da Europa Meridional (32,9%) e da Ásia (31,5%), dos das faixas etárias intermédias, dos técnicos qualificados (31,1%) e, sobretudo, de quantos não desempenham qualquer cargo de responsabilidade (32,�%).

Pelo contrário, constatam uma certa presença desta característica sobretudo os Irmãos da América Latina (�3,�%), dos E.U.A. (�3,3%) e da África (6�,�%), os mais jovens (�2,3%), os diplomados (�0,4%), os superiores, em todos os níveis, quer dos Governos Geral e Provincial (�5,�%), quer local (�4,3%), quer ainda os formadores e os responsáveis vocacionais (�0,5%), mas não, porém, quantos nunca exerceram cargos de responsabilidade (5�,5%), os quais, pelo contrário, exprimem críticas notáveis numa percentagem que é a mais alta em todas as variáveis de cruzamento entre as consideradas, ou seja, em 32,�% dos casos.

O estilo de diálogo (64,2%), neste contexto, apresenta-se como um dos factores concomitantes com o estilo da animação, seja porque favorece a participação dos Irmãos, seja porque também é um dos seus efeitos. A sua conaturalidade com ele emerge também da convergência dos juízos dos Irmãos, evidente nas percentagens quase idênticas entre as duas características. A participação produz diálogo, troca de ideias, co-responsabilidade, mas, ao mesmo tempo, o diálogo favorece a circulação das ideias, o confronto, a projectualidade e a orientação convergente para a unidade da missão.

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Este estilo dialogal aparece bastante desenvolvido nos E.U.A. (�3,3%), enquanto as percentagens são significativamente mais baixas nas outras áreas geográficas: na Ásia (69,3%), na África (66,6%), na América Latina (65,1%), na Europa Central (65%) e, finalmente, na Europa Meridional (59,8%). O estilo da comunicação é reconhecido e apreciado também pelos mais jovens (�2,3%) e por 6�,�% dos Irmãos entre os 36 e os 55 anos. É especialmente indicado pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (78,1%), e locais (74,8%), e pelos formadores vocacionais (72,9%).

A maior parte dos descontentes (29,9%) e dos dissensos provém especialmente dos Irmãos que não exercem cargos, os quais parecem sentir que a animação comunitária está distante da sua realidade. de facto, 35%, ou seja, mais de um terço destes Irmãos exprimem uma atitude mais crítica.

Finalmente, o estilo democrático (60,8%) é compreendido com mais dificuldade (menos 4 pontos, relativamente ao anterior), também porque talvez a ideia que se tem de democraticidade pode ser bastante ambígua.

Como em todos os casos precedentes, os Irmãos dos E.U.A. manifestam uma maior disponibilidade (�3,4%) para este estilo de animação, relativamente aos da Europa Meridional (5�,4%) e da África (52,4%), como também aos mais idosos (46,2%), que se exprimem de forma mais crítica. Neste factor, precisamente talvez pela sua ambivalência, as faixas etárias tornam mais evidente uma divergência muito acentuada: os mais jovens apresentam pontuações superiores à média, tanto dos consensos (64,8%) como dos dissensos (34,3%), enquanto na faixa entre os 36 e os 55 anos, 6�,1% dos Irmãos parecem viver e entender este estilo democrático com grande naturalidade. Confirmam o seu valor com percentagens superiores à média os superiores dos Governos Geral e Provincial (74,7%), como também local (71,7%), e os próprios licenciados (69,2%).

Todos estes elementos parecem ser o sinal de que esta característica é mais vivida e compreendida por quantos têm um nível mais elevado em termos quer de responsabilidade, quer de maturidade comunitária. de facto, gerir democraticamente uma comunidade não é fácil. É o que resulta também das críticas e reservas de uma boa percentagem de Irmãos (30%): uma percentagem média que é muito ultrapassada, e de modo mais problemático, na África (42,9%), mas também entre os formadores

vocacionais (34,3%) e entre os que não exercem quaisquer cargos de responsabilidade (34%), e ainda no caso dos Irmãos da América Latina (30,2%).

Em conclusão, a maior parte dos Irmãos exprime substancialmente um juízo bastante favorável acerca do estilo de animação comunitário, que se exprime no diálogo, no espírito de comunhão, num clima de democracia muito favorável à boa participação dos Irmãos nas decisões da comunidade. Emergem diferenças regionais e geracionais acerca da maior ou menor sensibilidade em relação aos estilos organizacionais propostos, que será oportuno ter em consideração nas diversas sedes de decisão, que podem explicar melhor as suas causas e ajudar a avaliar os seus respectivos efeitos.

3.2.2 – Características negativas

Aquilo que, num estilo de animação da comunidade, pode hoje resultar, num certo sentido, negativo ou problemático para o bom resultado da vida dos Irmãos foi individualizado em três atitudes de governação da comunidade que, na nossa anterior reflexão, foi definida com categorias opostas às positivas, nomeadamente, autoritário, controlador, permissivo.

Estes mesmos estilos de governo da comunidade religiosa, se, por um lado, podem assegurar uma certa ordem e regularidade coercitiva, como nos primeiros dois casos, e uma maior liberdade de acção, no último, podem, porém, por outro lado, produzir efeitos problemáticos, quer nas pessoas, quer na própria comunidade. Nos primeiros dois casos, podem ter como efeito sugerir hipóteses de fuga do controle, ou atitudes de falsidade, autodefesa e, em qualquer caso, de desresponsabilização e absentismo dos Irmãos. No segundo caso, num clima de laissez-faire, acabam por se acentuar comportamentos de individualismo, indiferença, escasso envolvimento nas iniciativas da comunidade, descontentamento por parte dos mais fracos, para os quais o exemplo dos mais diligentes e autónomos pode alimentar sonhos de vitimização, vingança, animosidade e descontentamento.

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224 225

No nosso caso, as respostas dos Irmãos a esta parte da pergunta n. 32 mostraram uma relativa correspondência e complementaridade com os resultados paralelos das características positivas acima analisadas.

Por outras palavras, 61,8% dos Irmãos manifestam um sentido de satisfação, ao declarar que o estilo de animação da comunidade é pouco ou nada autoritário, relativamente a 17,9% que, pelo contrário, o consideram bastante autoritário e a 11,1% que o definem mesmo muito autoritário.

Querendo aprofundar mais estas atitudes individuais, os mais conscientes e satisfeitos com o estilo pouco ou nada autoritário são os Irmãos dos E.U.A. (6�,3%), da América Latina (66,�%), da Europa Meridional (65,�%), os mais adultos, entre 56 e �4 anos de idade (64,�%), os licenciados (�3,�%), os superiores dos Governos Geral e Provincial (81,6%), e também os superiores locais (77,9%).

Que a Ordem seja governada com um estilo bastante ou muito autoritário é convicção, pelo contrário, especialmente dos Irmãos da Ásia (52,3%), da África (33,3%) e da Europa Central (30,2%), de 3�,2% dos mais jovens, de 30,6% dos Irmãos da faixa etária entre 36 e 55 anos, de 31,9% dos técnicos profissionais, e (surpresa!) sobretudo de 40% dos formadores vocacionais, relativamente a 29% da média geral.

bastante semelhante nos conteúdos ao item precedente, é o estilo de controlo, que 58,6% dos Irmãos consideram pouco ou de forma alguma presente nas comunidades. Esta ausência ou fraqueza, de controlo é assinalada sobretudo pelos Irmãos da Europa Meridional (62,6%), dos E.U.A. (60%), da Europa Central (59,8%), em todos os Faixas etárias, excepto pelos mais jovens, por 6�,1% dos licenciados, �2,4% dos Irmãos dos Governos Geral e Provincial, 70,2% dos directores locais, face à média de 5�,6% em que se colocam os formadores vocacionais.

Apenas 20,8% dos Irmãos assinalam um controlo bastante consistente nas várias comunidades. Se a essa percentagem somarmos os �% de quantos o classificam como muito forte, obtemos um número pouco superior a um quarto dos inquiridos, constituído principalmente pelos Irmãos da Ásia (44,9%) da África (42,9%). Os mais jovens, no valor de 40,1% dos casos, apercebem-se disso em medida maior do que os adultos e os idosos.

Passando a um aprofundamento do estilo de animação permissivo encontramo-nos perante uma ausência mais alta de “não respostas”, 16,5%, isto é, 16� Irmãos, onde a percentagem dos mais idosos atinge mesmo o valor de 41,7% que, somado aos 19,4% dos Irmãos entre 56 e 74 anos, corresponde a 61,1% dos inquiridos. Porém, parece-nos que a própria natureza do conceito se pode prestar a uma consideração ambivalente.

37,5% dos Irmãos acham que o estilo de animação da comunidade é muito ou bastante permissivo, relativamente a 45,9% dos que o classificam como tal só em parte ou de forma alguma. de facto, este último juízo não nos autoriza, porém, a concluir que o estilo autoritário e controlador entre automaticamente como substituição dos outros e que, por conseguinte, contraste com as reflexões acima expostas. O estilo de animação julgado pouco ou de forma alguma permissivo também pode ser expressão de um juízo positivo, pelo facto de que quem o exprime acreditar que na comunidade ainda haja um estilo ordenado de gerir a autoridade, de forma que o andamento comunitário não é deixado ao acaso, mas conduzido com abertura, diálogo e participação.

A presença deste estilo permissivo é especialmente assinalada em medida muito superior à média por 51,2% dos Irmãos da Ásia (que antes, pelo contrário, tinham denunciado um estilo de controle), por 50% dos Irmãos dos E.U.A., por 42,9% dos da Europa Meridional, por 36,9% dos da África e, provavelmente com atitudes de fundo diversificadas, também por 46% dos superiores dos Governos Geral e Provincial, relativamente a 42,4% dos superiores locais e dos formadores.

Pouco ou nada permissivo, pelo contrário, é considerado por 56,1% dos muito jovens, por 52,9% dos Governos Geral e Provincial, por 50,8% da faixa etária entre 36 e 55 anos, por 50% dos responsáveis pela pastoral vocacional e por 49,5% dos técnicos qualificados.

Em síntese, os juízos sobre os dois estilos de animação “controlo/permissividade” fazem emergir de modo mais evidente as diferenças geracionais entre jovens e idosos, mas também entre áreas geográficas e entre quem desempenha cargos de responsabilidade e quem as não exerce. Parece afastar-se destas considerações, pelo contrário, a opinião dos formadores e dos encarregados da pastoral vocacional, que consideram o

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226 22�

estilo de animação ainda muito controlador e autoritário, ao contrário dos superiores dos Governos Geral e Provincial.

4. COmUNIdAdeS de AmOr FrATerNO NO eSPÍrITO de ACOLHImeNTO (pergunta 33)

O espírito de acolhimento foi sempre uma das características específicas da Ordem Hospitaleira, sobretudo em relação aos pobres e necessitados. O questionário, por isso, não podia deixar de tomar em consideração também esta dimensão constitutiva da vida religiosa, para avaliar a sua abertura de acolhimento relativamente a uma gama muito ampla de destinatários, que vai desde os Irmãos idosos e doentes, aos Irmãos jovens, aos que se encontram em fase de discernimento, aos Colaboradores, aos familiares dos Irmãos e aos hóspedes.

As respostas à pergunta n. 33 (Consideras que a tua comunidade é aberta e acolhedora em relação aos…) estão quantificadas na tabela seguinte, que apresenta as percentagens e as pontuações médias respectivas.

Tab. 4.4 – Qualidade da abertura e do acolhimento da Comunidade em relação a algumas tipologias de pessoas (em % e pontuações médias)

Comunidade aberta e acolhedora para com… NR Muito bastante Pouco De modo

algumPontuação

média

1. Irmãos idosos e doentes 3,7 42,9 4,7 7,7 1,1 1,66*

2. Irmãos jovens 7,7 31,2 49,2 10,2 1,7 1,81

3. Hóspedes 5,1 29,3 48,7 14,6 2,2 1,89

4. Familiares dos Irmãos 5,8 26,2 49,9 14,3 3,8 1,95

5. Jovens em discernimento 11,2 22,6 43,1 18,9 4,2 2,05

6. Colaboradores 6,5 20,0 51,3 20,0 2,3 2,05

Os Irmãos idosos e doentes são o objecto principal dos cuidados da comunidade, como revelam as respostas de ��,6% dos Irmãos. Sobre este aspecto, nada menos que 42,9% dos Irmãos exprimem-se em termos absolutamente prioritários, ultrapassando em bem 11 pontos percentuais

a abertura e o acolhimento para com os Irmãos jovens, com 31,2% das respostas de excelência (muito), alcançando, ao todo, �0,4% das respostas totais. A terceira categoria de pessoas às quais se destina o acolhimento são os hóspedes, em ��% dos casos. Seguem-se os familiares dos Irmãos (�6,1%) e, com 11 pontos de diferença, os jovens em discernimento (65,7%), vindo depois os Colaboradores (61,3%). A soma dos valores da coluna muito parece ser a mais adequada para indicar claramente a classificação das preferências expressas pelos Irmãos. Este facto, além disso, torna--se ainda mais indicativo e é também confirmado pelas percentagens da terceira coluna (pouco) que, logo depois das primeiras duas categorias relativas aos Irmãos, a partir da terceira linha para baixo, se tornam, para as outras categorias de pessoas bastante consistentes.

No conjunto, chama a atenção o tipo de abertura e acolhimento reservado aos jovens em discernimento que, numa perspectiva vocacional, que corresponde aos objectivos do questionário, dá que pensar. de facto, esta categoria recolhe o maior número de Irmãos que não respondem (11,2%). Além disso, a percepção geral de que haja uma grande preocupação em relação a eles, só é expressa por 22,6%, pouco mais de 1/5 dos Irmãos. Finalmente, outros 23,1% dos Irmãos acham que se cuide deles pouco ou nada. Na classificação das preferências, eles aparecem em penúltimo lugar por acolhimento e abertura da comunidade em relação a eles. Este parece ser um dado sobre o qual é oportuno reflectir na perspectiva de uma reflexão vocacional mais cuidadosa e problemática.

Passando a um aprofundamento mais analítico destes resultados globais, vamos agora analisá-los isoladamente, especificando melhor as categorias de Irmãos em que mais se verificam estas diferenças.

O acolhimento e o cuidado dos Irmãos idosos e doentes (87,6%) é uma característica muito acentuada, quase um traço descontado ao nível de vida religiosa, que vem confirmar aquele clima de caridade fraterna e de amor que se manifesta na comunidade também na assistência cuidadosa e na atenção às necessidades dos Irmãos mais fracos. Este aspecto é sublinhado especialmente na África e na América Latina, onde as percentagens ultrapassam 90% das respostas; com menos alguns pontos, seguem-se os E.U.A. (�5%), onde se manifestam mais os elementos críticos.

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22� 229

Não há diferenças particulares de um menor cuidado ao nível de faixas etárias, nem de anos de profissão, habilitações académicas, ou de cargos desempenhados. Isto significa que a atenção é elevada e presente em todos os âmbitos considerados pelas variáveis. Pelo contrário, parece haver um cuidado particular muito atento, reconhecido por mais de 90% dos interessados em todos os níveis de responsabilidade, quer pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (97,7%), e também locais (91,5%), quer por parte dos responsáveis pela pastoral vocacional (91,8%), que consiste em ocupar-se especialmente dos Irmãos doentes e idosos.

Imediatamente depois dos idosos e dos doentes, a preocupação e os cuidados do acolhimento destinam-se aos Irmãos jovens (80,4%), precisamente por aquele problema do acompanhamento e inserção que são tão necessários e urgentes para o fortalecimento do espírito da Congregação juntamente das jovens vocações. Trata-se, porém, de um acolhimento diferente do que se reserva aos idosos, porque requer uma sensibilidade particular, tratando-se não tanto de saúde, mas de calor e afecto, de atenção e proposta, apoio e orientação, guia e conselho prudencial. Apercebemo-nos imediatamente disso, também porque as percentagens de excelência diminuem exactamente 11 pontos (muito, 31,2%), não chegando sequer a representar um terço dos Irmãos que se dão conta.

No entanto, são só 10,2% as vozes críticas dos Irmãos que acham haver neste campo um escasso acolhimento: encontram-se especialmente na Europa Meridional (12,4%), entre os idosos, os licenciados e os que não desempenham cargos de responsabilidade (13,4%).

Em todo o caso, há a consciência de uma atenção muito escrupulosa nas zonas da Ásia (89%), da África (84,5%) e dos E.U.A. (73,3%). Tudo isto é reconhecido também pelos Irmãos mais jovens (�5%), pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (��,4%), e também ao nível local (�4,6%), e ainda pelos formadores vocacionais (90%).

Em relação às pessoas de fora da Ordem, são reservados um acolhimento e cuidados muito particulares aos hóspedes (78%) que, embora colocados em último lugar na ordem das propostas do questionário, obtêm percentagens muito altas na percepção dos Irmãos, mesmo superiores às dos jovens em discernimento. Tudo isto resulta das respostas

obtidas, especialmente muito numerosas por parte dos Irmãos dos E.U.A. (�5%), da Europa Central (�4,6%), da percepção dos mais jovens (�0%), como também dos superiores dos Governos Geral e Provincial (��,4%), e também locais (�3,3%), e dos formadores vocacionais (��,2%), além de �0% dos mais jovens, os quais, porém, são também bastante críticos em 19,3% dos casos.

Um escasso acolhimento à categoria dos hóspedes é observado de modo especial (embora sempre dentro de limites bastante contidos, 16,8%) pelos Irmãos da Ásia (26%), da América Latina (19,2%), da África (17,9%) e da Europa Meridional (15,8%).

Um acolhimento igualmente cuidadoso e atento é justamente referido também ao nível dos familiares dos Irmãos (76,1%), especialmente nos E.U.A. (85%), na Europa Meridional (79%), na Europa Central (75,9%), por parte dos mais jovens (�6,5%), mas também dos Irmãos de todos os escalões etários, dos superiores tanto ao nível Geral e Provincial (�1,6%), como local (78,8%), e pelos formadores vocacionais (82,9%).

Avaliações bastante críticas (1�,1%) provêm, pelo contrário, de um bom grupo de Irmãos da África (29,8%), da Ásia (24,4%), dos da faixa etária entre 36 e 55 anos (19,9%), mas também dos licenciados (20,3%).

Aos Colaboradores (71,3%) também se reservam cuidados e um acolhimento digno, especialmente na Europa Central (79,9%), com 8 pontos percentuais superiores à média geral. Pelo contrário, as maiores reservas registadas provêm dos Irmãos da Europa Meridional (25,2%), dos mais jovens (25,1%), dos Irmãos com 36-55 anos (23,5%), dos licenciados (25%) e dos superiores locais (24%).

E, finalmente, considerações diversas merece a análise do acolhimento e dos cuidados prestados aos jovens em discernimento (65,6%), porque, como já observámos, é o que mais nos interessa, tendo em vista o nosso relatório vocacionalmente orientado. Constitui uma surpresa muito grande o facto de esta categoria de pessoas aparecer no último lugar do acolhimento. Em nossa opinião, trata-se de um problema muito urgente e inquietante, o da abertura às possíveis vocações, em relação às quais se requer hoje maiores cuidados, especialmente nesta dúplice vertente: por um lado, a apresentação da missão hospitaleira da Ordem aos jovens e, por

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outro, a avaliação das qualidades e da disponibilidade destes por parte dos superiores.

Em primeiro lugar, o cuidado e o melhor acolhimento, na opinião mais geral dos Irmãos, parecem realizar-se nas zonas da África (�6,2%), da Ásia (�5,5%), da América Latina (�2,�%), evidenciando-o os próprios formadores vocacionais (�5,�%), juntamente com os restantes superiores, quer gerais quer locais.

Relativamente mais negligenciado, pelo contrário, parece estar nos E.U.A. (63,4%), na Europa Central (6�,3%) e na Europa Meridional (66%), como o salientam também as reservas críticas de um quarto dos Irmãos da Europa Meridional e dos licenciados (25,6%), de quantos não exercem cargos de responsabilidade (25,2%), além de 23,3% dos Irmãos, de 2�,2% dos mais jovens e dos Irmãos da faixa etária 36-55 anos, numa percentagem de 23,1%.

5. A COmUNIdAde de SerVIÇO APOSTÓLICO (perguntas 34-36)

No espírito da missão da Igreja, também a Ordem Hospitaleira desenvolve uma acção apostólica, que lhe foi confiada pelo seu Fundador e reconhecida na fecundidade das iniciativas a favor dos doentes. Para reforçar e clarificar tal missão da Comunidade, empenham-se as Constituições nos artigos 41 e seguintes numa análise muito cuidadosa de cada um dos papéis e das atitudes específicas de caridade que a Ordem se propõe realizar na Igreja. De modo particular, confirma-se a importância de uma verificação acerca da incidência da Comunidade na obra apostólica que lhe foi confiada e, sobretudo, dos diferentes papéis e tarefas que lhe são atribuídos pelas reflexões dos precedentes Capítulos Gerais, particularmente o papel de ser voz profética, consciência crítica, guia moral, instância de inovação apostólica, juntamente com uma certa eficácia na própria missão, manifestada pelo apreço que recebe do meio envolvente e dos destinatários da sua missão.

Neste ponto, ocupar-nos-emos, por conseguinte, destes dois aspectos que foram problematizados pelas perguntas n. 34 e 35 (em que esta última não é senão a verificação de uma pergunta anterior, já analisada mais acima, no n. 19, cap. 3°, § 1).

5.1 – Incidência da comunidade na obra apostólica (pergunta 34)

56% dos Irmãos consideram que a comunidade tem uma incidência real sobre a obra apostólica que lhe está confiada, e que esta é relevante. Pouco menos de 1/5 (19,1%) consideram-na mesmo determinante, havendo apenas uma percentagem de 15% que se exprimem em sentido oposto, alegando que é insignificante. Globalmente, para ¾ dos Irmãos, ela reveste uma grande importância, apesar das reservas críticas de um pequeno grupo, limitado, cujas propostas são geralmente animadas pelo desejo de a ver cada vez mais significativa na missão em favor das pessoas mais pobres e necessitadas.

Trata-se de dados que, na sua aridez, requerem uma análise mais aprofundada. Preparamo-nos para a fazer, utilizando as variáveis de cruzamento habituais na nossa exposição e reflexão.

O estudo da tabela seguinte apresenta-nos um quadro bastante interessante da percepção que os Irmãos têm dessa incidência nas diferentes regiões nas quais a Ordem desenvolve o seu apostolado.

Vemos, pois, em primeiro lugar, que tal influência é considerada como relevante, além de ser também determinante, especialmente nas zonas da Ásia (M: 2,22, isto é, para ��,4% dos Irmãos), e depois, por ordem decrescente de importância na Ordem, nas regiões da América Latina (M: 2,18, 80,2%), da África (M: 2,10, 79,7%), da Europa Central (M: 2,06, 77,2%), da Europa Meridional (M: 1,94, 70,3%) e, por fim, nos E.U.A. (M: 1,76, 51,7%). Estes últimos dois dados vêm confirmar como, nestas duas zonas, o juízo é bastante severo. de facto, a sua presença é considerada explicitamente insignificante em medida bastante elevada, especialmente nos E.U.A., onde representa 30% dos Irmãos.

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Tab. 4.5 – Incidência da Comunidade na obra apostólica por áreas de origem (em V. A. e %).

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásia e.U.A., Canadá

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem100 42 1� � 15 � 11

9,9 11,1 9,0 �,3 �,� 6,3 1�,3

É insignificante152 �1 26 10 19 � 1�

15,0 1�,� 13,� 11,9 11,0 6,3 30,0

É relevante56� 215 110 49 91 �� 25

56,0 56,6 5�,2 5�,3 52,9 60,6 41,�

É determinante193 52 36 1� 4� 34 6

19,1 13,� 19,0 21,4 2�,3 26,� 10,0

Média ponderadadesvio padrão

2,04 1,94 2,06 2,10 2,1� 2,22 1,�6

0,61 0,60 0,60 0,60 0,63 0,55 0,66

Reflectindo sobre os cruzamentos das variáveis ao nível de faixas etárias, podemos colher, pelo contrário, um certo pessimismo nos mais idosos, acima dos �5 anos, que em percentagem relativamente elevada consideram a sua incidência bastante insignificante em 24,2% dos casos, relativamente à faixa dos mais jovens, que exprimem essa apreciação apenas em 10% dos casos.

Estes, pelo contrário, evidenciam a sua importância em 63,2% dos casos e até mesmo um peso determinante em 20,4%. Um juízo mais equilibrado é expresso pelos Irmãos do escalão etário dos 36-55 anos, em que a consideram relevante 63,2% e, mesmo determinante, 24% dos Irmãos dessa faixa etária.

Tab. 4.6 – Incidência da comunidade na obra apostólica, por faixas etárias e profissão (em V. A. e %).

Faixas etárias Anos de profissão

18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem100 16 20 42 19 12 24 36 23

9,9 6,� 6,5 13,0 14,4 5,� �,6 10,3 15,5

É insignificante152 24 40 56 32 19 40 62 30

15,0 10,0 13,0 1�,3 24,2 9,1 14,3 1�,� 20,3

É relevante56� 151 1�2 1�0 60 129 153 198 �2

56,0 63,2 56,0 55,6 45,5 62,0 54,6 56,� 4�,6

É determinante193 4� �5 46 21 4� 63 53 23

19,1 20,1 24,4 14,2 15,9 23,1 22,5 15,2 15,5

Média ponderada 2,04 2,11 2,12 1,96 1,90 2,15 2,09 1,97 1,94

desvio padrão 0,61 0,56 0,62 0,60 0,6� 0,5� 0,63 0,61 0,65

Trata-se de juízos que são confirmados também pelo cruzamento com as variáveis relativas aos anos de profissão religiosa. Exprimem um juízo positivo acerca dela 85,1% dos Irmãos com menos de 5 anos de profissão, relativamente aos 64,1% que já completaram 50 anos de profissão.

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Tab. 4.7 – Incidência da comunidade na obra apostólica, por papel activo no âmbito da formação e na pastoral vocacional, e por habilitações

académicas (em V. A. e %).

5.2 – Formação 5.3 - Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. técnicas

Bachar./ Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAIS 1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2Percentagem sobre o total 100,0 41,3 5�,� 2�,4 �1,6 4�,3 21,� 1�,0

Não respondem100 36 64 24 �6 49 20 �

9,9 �,6 10,� �,4 10,5 10,0 9,1 4,�

É insignificante152 66 �6 44 10� �6 3� 21

15,0 15,� 14,5 15,3 14,9 15,5 16,� 12,2

É relevante56� 236 331 164 403 2�4 112 109

56,0 56,5 55,� 5�,1 55,6 56,0 50,9 63,4

É determinante193 �0 113 55 13� 90 51 34

19,1 19,1 19,0 19,2 19,0 1�,4 23,2 19,8

Média ponderada 2,04 2,04 2,05 2,04 2,05 2,03 2,0� 2,0�

desvio padrão 0,61 0,62 0,61 0,61 0,61 0,61 0,66 0,5�

Enquanto as duas variáveis de papéis desempenhados, entre os formadores e os encarregados da pastoral vocacional, não apresentam diferenças significativas, pelo contrário, elas surgem quando se consideram as habilitações académicas. de facto, o nível de habilitações mais elevado permite ler com maior optimismo a eficácia do influxo da comunidade sobre a obra apostólica. Assim, para os licenciados, ela é relevante em 63,4% dos casos, comparativamente a 50,9% dos bacharéis universitários, e a sua insignificância é observada apenas por 12,2% dos primeiros, relativamente a 15,5% dos técnicos profissionais e de 16,8% dos segundos.

O juízo mais pessimista acerca da insignificância da comunidade relativamente à obra apostólica é expresso sobretudo por quantos não exercem qualquer cargo de responsabilidade (16,6%, relativamente aos 11,4% e 12,6% restantes). Isto leva-nos a afirmar quase como uma atitude constante (que se poderia tornar quase um princípio e/ou uma

lei) que o pessimismo é rastejante especialmente onde pode existir um sentimento de marginalização e se respira um sentido de insignificância pessoal. Quem se sente excluído, de fora, tem também a impressão de que, quase como projecção do próprio mal-estar, também o mundo que o rodeia padece da sua mesma situação, ou talvez não consiga ter uma visão mais global e unitária. E estes Irmãos não sofrem pouco, mesmo sem ocuparem cargos de responsabilidade. Um pouco de responsabilidade talvez lhes faça bem à saúde mental.

Tab. 4.8 – Incidência da comunidade sobre a obra apostólica, por cargos desempenhados (em V. A. e %).

Cargos desempenhadosGov. Geral

Gov. ProvincialSup. locais

Dir. de CentroFormador

vocacionalNenhum

cargoTOTAIS 1012 87 222 70 633

Percentagem sobre o total 100,0 8,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem100 10 19 5 66

9,9 11,5 �,6 �,1 10,4

É insignificante152 11 2� � 105

15,0 12,6 12,6 11,4 16,6

É relevante56� 51 132 40 344

56,0 5�,6 59,5 5�,1 54,3

É determinante193 15 43 1� 11�

19,1 1�,2 19,4 24,3 1�,6

Média ponderada 2,04 2,05 2,0� 2,14 2,02

desvio padrão 0,61 0,5� 0,59 0,61 0,63

Enquanto os superiores, em geral (59%), sublinham mais a relevância e a incidência da comunidade do que a sua influência determinante sobre a obra apostólica (apenas 19%), os formadores vocacionais, pelo contrário, consideram-na determinante e decisiva para a obra apostólica (24,3%), relativamente a 1�% das outras categorias.

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236 23�

5.2 – A comunidade e obra apostólica: qualidade da sua incidência (pergunta 35)

Enquanto, mais acima, medimos, em certo sentido, quantitativamente, a incidência da Comunidade na obra apostólica, nesta pergunta sucessiva, n. 35, queremos estudar a qualidade da sua influência. Por outras palavras, em que termos é que ela se coloca em relação à obra apostólica, segundo aquelas cinco aberturas que os próprios Capítulos Gerais lhe indicaram como tarefa para estes anos.

Em parte, já tínhamos estudado a sua relação, na pergunta n. 19, mas, aqui, observamos quer a confirmação, ou não, quer a relação mais específica e explícita com a obra apostólica.

A tabela 4.9 oferece-nos uma imagem global muito clara e apresenta- -nos a avaliação dos Irmãos acerca do papel que a comunidade desenvolve hoje na obra apostólica pela qual é responsável (pergunta n. 35).

68,5% dos Irmãos consideram que hoje a própria comunidade é apreciada na obra apostólica por ela organizada. A sua percepção da estima que ela suscita é confirmada também por aquela percentagem limitada de 22,5% de Irmãos que exprimem reservas, as quais, porém, no conjunto dos 5 itens, recolhem um juízo crítico mais baixo (4,1%) que todos os outros papéis indicados pela pergunta.

Tab. 4.9 – Juízos sobre os papéis desenvolvidos pela Comunidade na obra apostólica (em % e pontuações médias)

NR Muito bastante Pouco De modo algum Pontuação média

Apreciado 9,1 25,0 43,5 18,4 4,1 2,02*

Guia moral 9,7 15,9 43,6 26,8 4,1 2,21

Voz profética 9,1 14,7 39,8 30,7 5,6 2,30

Consciência crítica 10,4 11,4 43,6 33,7 4,5 2,35

Inovadora 12,0 10,4 34,9 35,4 7,4 2,45

Quanto, depois, ao papel que mais lhe é reconhecido pelo conjunto de todos os Irmãos no âmbito da obra apostólica emerge o de guia moral (59,5%), mais do que o de voz profética (54,5%) ou consciência crítica (51,4%). de facto, o seu papel de inovação (45,3%) não parece

ser particularmente explícito e evidente, no entender da maioria dos inquiridos, de tal forma que não atinge nem mesmo metade das respostas obtidas.

Além disso, as percentagens dos juízos negativos cifram-se em 42,�%, de forma que quase igualam a percentagem dos juízos positivos. Sobre estes juízos, parece que os Irmãos se dividem em duas grandes orientações, de valor idêntico e peso quase igual. Se a estes se acrescentarem os 12% de Irmãos que encontraram dificuldades em reconhecer esta característica presente nas suas próprias comunidades, então as perplexidades aumentam ainda mais. Sobre esta característica, como sobre a da consciência crítica (38,2%), de facto, concentraram-se as maiores reservas dos Irmãos, relativamente aos cinco itens indicados.

5.2.1 – Características promovidas

Em primeiro lugar, confirma-se que mais de 2/3 dos Irmãos acham que a sua comunidade é apreciada (68,5%) na obra apostólica que dela depende. Trata-se de uma estima bastante generalizada, especialmente difusa sobretudo na África, cuja percentagem sobe para �5%, e na América Latina, com 69,8% das respostas, seguindo-se a Ásia (68,5%) e a Europa Meridional (6�,�%). Apreciações menos entusiastas encontram-se nas respostas dos Irmãos dos E.U.A. (60%), da Europa Central (66,�%) onde, pelo contrário, surgem mais as críticas (26,6%). Considerando as faixas etárias, só acima dos 56 anos se observam apreciações favoráveis por parte Irmãos (69,7%), enquanto por parte dos jovens (26,5%) e dos Irmãos entre 36-55 anos (22,4%) os juízos não são tão entusiastas.

As apreciações mais positivas emergem, finalmente, dos superiores dos Governos Geral e Provincial (79,3%), assim como dos superiores locais (��,4%), que são os mais directos interessados, mas também dos formadores vocacionais (��,6%) e dos licenciados (�2,1%). Os que, pelo contrário, nunca exerceram cargos de responsabilidade exprimem, como já se observou, apreciações mais críticas em 26,3% dos casos, ou seja, quatro pontos acima da média, que é de 22,5%.

Este difuso e articulado apreço dos Irmãos pela obra apostólica da comunidade é concretamente valorizado e apreciado de modo mais

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específico e particular na sua função principal de guia moral. de facto, 59,5% dos Irmãos consideram que a própria comunidade consegue desenvolver na obra apostólica um excelente papel de guia moral.

Reconhecem-no especialmente os Irmãos da Ásia (6�,�%, � pontos acima da média, que é de 59,5%), da América Latina (68,6%) e, um pouco menos, da Europa Central (61,9%) e da África (60,8%). Pelo contrário, a avaliação feita nos E.U.A. e na Europa Meridional é bastante mais divergente e crítica: 40% dos Irmãos, no primeiro caso, e 33,�%, no segundo, de facto, face a 30,9% da média dos Irmãos que só em parte, ou de modo algum, estão de acordo.

Críticas provêm também dos escalões etários intermédios, ao redor de 32,6%, ao passo que os mais jovens (66,9%) e os idosos (50,8%) exprimem juízos positivos, juntamente com os superiores locais (6�,2%) e, um pouco menos (62,1%), os superiores Gerais e Provinciais, aos quais se juntam os licenciados (61%) e os Irmãos de vida ordinária (56,6%).

Voz profética, pretendia-se que fosse a comunidade em relação à obra apostólica. Reconhecem que ela o é 54,5% dos Irmãos, face a 36,3% de quantos, por outro lado, se queixam de ela ainda não o ser, ou de o ser pouco. Entre estes últimos encontramos 41,3% dos Irmãos da Europa Meridional e 3�,1% da Europa Central.

As outras regiões apostólicas exprimem juízos globalmente positivos, na ordem de 10 pontos acima da média, especialmente na Ásia (64,6%), na América Latina (64,5%) e na África (64,3%). Também a avaliação dos mais jovens é bastante positiva (60,�%), juntamente com os idosos e, pelo contrário, um pouco menos, as duas faixas intermédias dos adultos, cerca de 55%, que exprimem dissensos mais críticos, rondando 40% dos casos, do mesmo modo que os da faixa etária compreendida entre 36 e 55 anos (quatro pontos acima da média), e 3�,2% dos Irmãos entre os 56 e os �4 anos de idade.

Também os Superiores Maiores e os Provinciais, além dos licenciados, não estão muito satisfeitos com o grau de realização desta dimensão. de facto, só 4�,2% dos juízos são positivos, enquanto 43,�% exprimem reservas e críticas, aos quais se juntam 46% dos licenciados. Os superiores

locais, pelo contrário, estão bastante satisfeitos (60,�%), embora haja 33,�% que manifestam reservas.

5.2.2 – Características a serem incrementadas

Colocado debaixo dos reflectores do questionário, o papel de consciência crítica obteve 51,4% das respostas positivas e de apreço, relativamente a 3�,2% dos Irmãos que, por sua vez, exprimiram reservas e críticas.

Os juízos positivos foram expressos sobretudo pelos Irmãos da Ásia (61,4%, com 10 pontos acima da média), da África (60,�%) e da América Latina (5�,�%), dos mais jovens (61,�%), de 56,3% dos superiores Centrais e Provinciais, 55,4% dos superiores locais, e de 54,3% dos formadores vocacionais.

do lado oposto, porém, temos as observações críticas da Europa Meridional (43,�%), dos E.U.A. (40%), de 41,�% dos Irmãos entre os 36 e os �4 anos, dos licenciados (44,�%). E não se deve menosprezar a avaliação dos superiores dos Governos Geral e Provincial (36,�%) e a dos próprios superiores locais (3�%): apesar de 2/3 exprimirem uma avaliação positiva, um terço não deixa de manifestar as próprias reservas.

Por fim, relativamente à perspectiva da inovação, cerca de 120 Irmãos, 12% do total, não souberam, ou não quiseram, dar qualquer resposta. Quanto aos outros, acabaram por formar-se dois grupos bastante iguais de Irmãos: uns 45,3% exprimiram-se reconhecendo, completamente ou em parte, a sua consistência; um outro grupo numericamente quase igual, 42,8%, manifesta algumas críticas de mérito.

Aprofundando as diferenças entre eles, podemos encontrar as opiniões mais favoráveis, expressas pelos Irmãos da África (5�,2% – 12 pontos acima da média), da Ásia (54,3%) e da Europa Central (53,9%), como também pelos mais jovens (56,5%), e pelos superiores locais (50%), mas não pelos superiores dos Governos Geral e Provincial, nem pelos formadores vocacionais.

de facto, enquanto as críticas mais explícitas provêm da Europa Meridional (51,3% – 9 pontos acima da média), da América Latina (40,1%)

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e dos E.U.A. (40%), dos Irmãos com 56-74 anos (47,2%), de 52,9% dos licenciados, não faltam as de superiores dos Governos Geral e Provincial (49,4%), assim como as dos formadores e dos encarregados vocacionais (45,�%).

Em conclusão, a Europa Meridional e os E.U.A., acompanhados, por vezes, pela Europa Central, são as regiões em que a relação comunidade e obra apostólica parece constituir um elemento problemático, às vezes até mesmo crítico, relativamente às diferentes características e aos papéis analisados, isto é, o apreço e a estima, a capacidade de inovação, o papel de voz profética, de consciência crítica e de guia moral.

Nesta questão, os superiores locais exprimem pareceres sempre mais positivos que os dos Superiores Provinciais e Gerais, como também dos formadores e responsáveis pela pastoral vocacional, os quais, às vezes, manifestam reservas e avaliações negativas, por ex., relativamente aopapel de voz profética e função inovadora. Positivos, nas suas avaliações, são os mais jovens, relativamente aos Irmãos mais maduros e aos licenciados, cujas observações são sempre mais articuladas e problematizantes.

Ao propor uma comparação com a pergunta n. 19, que verte quase sobre a mesma matéria, emerge uma observação muito interessante: observamos que nesta (n. 19) as percentagens eram ligeiramente mais elevadas em todos os sectores, na ordem de três ou quatro pontos percentuais. Os resultados destas actuais reflexões sobre a pergunta n. 35, por conseguinte, nada mais fariam senão confirmar as anteriores percentagens que, aqui, são até mais baixas, mas substancialmente concordantes em tudo.

Isto leva-nos a concluir, com mais convicção, em primeiro lugar, que os Irmãos expressaram juízos substancialmente constantes em todas as várias partes do questionário e que, de uma ou outra forma, mantiveram sempre uma atitude de compromisso e responsabilidade que, subterraneamente, aflora aqui e ali à superfície, emergindo de diferentes pontos, mesmo a grandes distâncias. Em segundo lugar, os dados e os juízos são reciprocamente confirmados, validando ulteriormente as conclusões a que chegámos.

5.3 – Unificação das comunidades mais próximas (pergunta 36)

Ao concluir esta secção, foi inserida também uma questão decisiva, muito importante para os fins institucionais do Capítulo Geral.

Tab. 4.10 – Avaliações cerca de uma possível unificação das comunidades territorialmente mais próximas. Distribuição por áreas

geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem109 43 21 9 19 5 12

10,� 11,3 11,1 10,� 11,0 3,9 20,0

Sim, oportuna5�3 221 99 46 98 �1 2�

56,6 5�,2 52,4 54,� 5�,0 63,� 46,�

Não oportuna330 116 69 29 55 41 20

32,6 30,5 36,5 34,5 32,0 32,3 33,3

Pediu-se, de facto, a todos os Irmãos um parecer sobre a possibilidade/eventualidade de formar uma só comunidade, unificando as que estão próximas entre si, mas talvez bastante debilitadas e empobrecidas. Trata--se de um problema análogo ao que já foi enfrentado noutros âmbitos eclesiais ao nível, por exemplo, de paróquias confinantes, com a proposta de constituir “unidades pastorais”, agrupando os sacerdotes em comunidades mais consistentes, deixando depois a cada um o compromisso individual e pastoral nas várias freguesias sob a sua jurisdição.

A resposta obtida é claramente favorável ao agrupamento, com 56,6% de consensos, registando-se, por outro lado, 32,6% de pareceres contrários e uns 10,8% que não exprimiram uma opinião qualificada.

Este resultado, muito explícito e determinante, requer, no entanto, esclarecimentos adicionais, que serão muito úteis na fase decisional,

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porque o estudo das respostas das diferentes categorias de Irmãos favorecerá uma escolha mais ponderada e compartilhada.

Os Irmãos que não responderam, 109, pertencem sobretudo ao grupo dos mais idosos (23,5%), dos E.U.A. (20%), da Europa Meridional (11,3%), da América Latina (11%) e de todas as outras zonas, com percentagens idênticas, excepto a Ásia (3,9%).

Tab. 4.11 – Avaliações sobre uma possível unificação das comunidades territorialmente mais próximas. Distribuição por faixas etárias e anos de

profissão (em V. A. e %)

Faixas etárias Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem109 14 21 42 31 11 19 45 30

10,� 5,9 6,� 13,0 23,5 5,3 6,� 12,9 20,3

Sim, oportuna5�3 144 1�6 1�3 55 132 159 193 �2

56,6 60,3 60,6 56,5 41,� 63,5 56,� 55,3 4�,6

Não oportuna330 �1 100 99 46 65 102 111 46

32,6 33,9 32,6 30,6 34,� 31,3 36,4 31,� 31,1

Os Irmãos que responderam afirmativamente (56,6%) são especialmente os da Ásia (63,�%, � pontos percentuais acima da média), aos quais se seguem os da Europa Meridional (5�,2%), da América Latina (57%), da África (54,8%) da Europa Central (52,4%) e, por fim, os dos E.U.A. (46,7%, com 10 pontos percentuais inferiores à média).

Também os Irmãos das primeiras duas faixas etárias, os mais jovens e os Irmãos com 36-55 anos, manifestaram o seu parecer positivo, com 60% de SIM, face a 56,5% dos Irmãos com 56-�4 anos e a 41,�% dos mais idosos.

Ao nível dos superiores, os mais favoráveis são os dos Governos Geral e Provincial (64,4%), os formadores e os responsáveis pela pastoral

vocacional (61,4%), os superiores locais (59,9%, cuja percentagem se coloca acima da média) e, finalmente, os licenciados (59,9%).

Os Irmãos que deram resposta negativa (32,6%), quase um terço, pertencem principalmente à zona da Europa Central (36,5%), seguidos pelos da África (34,5%) e dos E.U.A. (33,3%). Problemas menores parecem emergir das outras regiões, como também ao nível da idade, onde não se registam diferenças significativas entre as várias faixas.

Tab. 4.12 – Avaliação acerca de uma possível unificação das comunidades territorialmente mais próximas. Distribuição por cargos desempenhados

(em V. A. e %)

Cargos desempenhadosGov. Geral

Gov. ProvincialSup. locais

Dir. de CentroFormador

vocacionaisNenhum

cargoTOTAIS 1012 87 222 70 633

Percentagem sobre o total 100,0 8,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem 109 10 20 � �2

10,� 11,5 9,0 10,0 11,4

Sim, oportuna 5�3 56 133 43 341

56,6 64,4 59,9 61,4 53,9

Não oportuna330 21 69 20 220

32,6 24,1 31,1 2�,6 34,�

Uma maior resistência é expressa pelos Irmãos diplomados e profissionais técnicos (35,2%, com 3 pontos percentuais acima da média), relativamente aos licenciados (27,9% – 4 pontos abaixo da média); o mesmo se diga quanto aos superiores locais (31,1%), relativamente a 24,1% dos superiores dos Governo Geral e Provincial.

6. CONCLUSÃO

Neste capítulo, analisámos a vida da comunidade e os seus estilos de animação, de relação e de possível influência no trabalho apostólico por ela promovido. Aprofundámos a análise com base nas três orientações relacionadas com o desenvolvimento, proposto já no capítulo III das

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Constituições, como comunidade de fé e oração, comunidade de amor fraterno (estudado em dois parágrafos relativos às relações interpessoais e ao estilo de animação), e comunidade de serviço apostólico.

A vida de fé e oração das Comunidades é avaliada muito positiva e intensamente pelos Irmãos, que se exprimem sempre em termos de excelência (muito) e com percentagens constantemente muito elevadas, sublinhando os aspectos personalizados mas também os de uma participação comunitária bastante sentida. Além da oração pessoal, emergem três níveis de participação na vida de oração da comunidade, relativos às práticas quotidianas (muito alta), às práticas mensais e anuais (bastante frequente) e um terceiro nível de assiduidade à preparação da liturgia, que deixa um pouco a desejar.

Elementos de maior problematicidade encontram-se nas zonas da Europa Meridional e dos E.U.A., repetindo-se noutros contextos e para outras variáveis, como, por ex., relativamente aos retiros espirituais mensais. A procura de equilíbrio entre vida de oração e vida activa é um objectivo que, no âmbito das comunidades, se procura realizar, mas que encontra uma certa dificuldade, especialmente nas zonas da África e entre os Irmãos com 36-55 anos, sobre os quais recai o peso da maior parte da actividade diária e da missão apostólica.

A caridade fraterna vivida nas relações interpessoais parece estar animada por sentimentos positivos de cordialidade, compreensão, amizade, fraternidade e atenção cuidadosa, mas não em medida excelente. As avaliações colocam-se ao nível de uma mediocridade suficiente e digna, expressa nas elevadas percentagens das duas colunas centrais do bastante e do pouco. Não parece emergir uma excessiva satisfação com a própria vida de fraternidade. Como dissemos, satisfação, mas não entusiasmo. Os juízos positivos são expressos pelos Irmãos da América Latina, da Europa Central e dos E.U.A., assim como pelos mais jovens.

O “caruncho” principal parece esconder-se precisamente no individualismo, acompanhado pela indiferença. Isto emerge especialmente nas comunidades dos E.U.A. e na Ásia, e também nos Irmãos de meia- -idade, embora um pouco mais de metade dos Irmãos considere que esta dificuldade não se apresenta de modo massivo.

As percentagens do estilo de animação das comunidades parecem acompanhar a tendência da pergunta anterior, sobre a caridade das relações fraternas, onde o carácter de excelência (muito) era bastante limitado, na ordem dos 15-20%, enquanto bastante mais elevados eram os valores das duas colunas centrais – bastante e pouco.

Evocámos as características positivas emersas – o “pentágono” do estilo positivo promocional. E, efectivamente, ele parece caracterizado pela abertura, participação, comunhão, diálogo e democraticidade, evidenciados pela maior parte dos Irmãos, especialmente nos E.U.A., e na América latina, pelos mais jovens, os licenciados e os superiores, a todos os níveis, mas não, porém, os que nunca ocuparam cargos de responsabilidade (5�,5%).

Este grupo de Irmãos, pelo contrário, exprimem críticas bastante frequentes numa percentagem que é a mais alta entre todas as variáveis de cruzamento consideradas, ou seja, em 32,�% dos casos. E esta atitude, negativa e crítica, deste grupo, revela-se também relativamente a todos os outros traços característicos do estilo de animação da comunidade.

Quanto às características negativas, que servem de contrapeso – o estilo autoritário, controlador e permissivo –, elas parecem constituir uma variável distintiva entre os grupos geracionais. de facto, são principalmente sentidas e expressas pelos mais jovens, pelos Irmãos da África, da Ásia e da Europa Central, mas também (para nossa surpresa!) pelos formadores e os responsáveis pela pastoral vocacional que, pelo contrário, classificam o estilo de animação ainda muito controlador e autoritário, ao contrário dos superiores dos Governos Geral e Provincial.

Uma das expressões da comunidade de amor fraterno traduz-se no acolhimento e na abertura particular em relação a uma série das pessoas que estão mais próximas do mundo das actividades específicas da missão apostólica: em primeiro lugar, em relação aos Irmãos idosos e doentes, sobre os quais converge uma adesão quase plebiscitária de todos os Irmãos. Segue-se depois uma atenção muito cuidadosa para com os Irmãos jovens, que precisam de um acompanhamento caloroso para a sua formação inicial. Isto verifica-se de modo particular nas zonas da Ásia, da África e dos E.U.A., e é também reconhecido pelos mais jovens, pelos superiores, a todos os níveis, e pelos formadores vocacionais. O acolhimento abre-

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-se, com percentagens mais reduzidas, aos hóspedes, aos familiares dos Irmãos, aos colaboradores e aos jovens em discernimento.

Mas, a este ponto, parece-nos necessário sublinhar uma perplexidade que emerge dos próprios dados da investigação, relativa ao facto de o cuidado dos jovens em discernimento surgir em último lugar quanto ao acolhimento. Na nossa opinião, o problema das possíveis vocações exigiria hoje um maior cuidado, especialmente nesta etapa inicial, na qual se faz a apresentação da missão hospitaleira da Ordem aos jovens e, por outro, se procede à necessária avaliação das qualidades e disponibilidade para a admissão na Ordem.

Em todo o caso, o cuidado e o melhor acolhimento parecem ser feitos nas zonas da África, da Ásia e da América Latina, como sublinham os próprios formadores vocacionais, juntamente com os outros superiores, tanto ao nível geral como local. Relativamente mais negligenciado, pelo contrário, apresenta-se o acolhimento nos E.U.A., na Europa Central e na Europa Meridional, como também confirmam as reservas críticas de um quarto dos Irmãos da Europa Meridional, dos licenciados e dos próprios jovens.

Finalmente, era importante recolher um juízo acerca do serviço apostólico da comunidade, da sua incidência na obra apostólica e da qualidade do seu papel e da sua missão, tal como ela é entendida pelos Irmãos. Em primeiro lugar, quase todos os Irmãos consideram que o seu papel não só é relevante, mas 1/5 considera-o mesmo determinante, especialmente na Ásia, na América Latina, na África e na Europa Central. Um juízo mais severo e algumas críticas de uma certa insignificância provêm de 15% dos Irmãos, especialmente dos E.U.A. e dos mais idosos.

A comunidade é muito apreciada na sua missão apostólica por mais de 2/3 dos Irmãos, especialmente na África, América Latina, Ásia e Europa Meridional, mas as maiores dificuldades nos juízos residem precisamente em exprimir-se, especificamente, sobre cada um dos papéis propostos à verificação. Quanto aos papéis por eles desempenhados, alguns são aprovados, como os de ser guia moral e voz profética (especialmente na Ásia e na América latina, por uma parte dos Irmãos mais jovens e entusiastas, e pelos idosos). Outros, pelo contrário, exigem um compromisso adicional

de aprofundamento e interiorização, como o ser consciência crítica e inovação.

Os superiores dos Governos Geral e Provincial sugerem um maior aprofundamento e desenvolvimento de todos estes papéis, ao contrário dos superiores locais que já parecem estar bastante satisfeitos. de facto, estes últimos exprimem avaliações sempre mais positivas do que os Superiores Provinciais e Gerais, como acontece também com os formadores e os responsáveis pela pastoral vocacional, os quais, às vezes, manifestam também reservas e apreciações negativas, por ex., relativamente aos papéis de voz profética e função inovadora. Positivos, finalmente, são os mais jovens, ao contrário dos Irmãos mais maduros e dos licenciados, cujas observações são sempre mais articuladas e problematizadas.

Finalmente, quanto à questão, muito importante e determinante, em termos institucionais e estruturais, sobre a possibilidade/eventualidade de constituir uma única comunidade, unificando as que se encontram geograficamente mais próximas, as respostas dadas à pergunta do questionário foi claramente favorável à fusão, com 56,6% a favor, 32,6% contrários e 10,8% de respostas não qualificadas.

Deram à pergunta uma resposta afirmativa especialmente os Irmãos da Ásia, da Europa Meridional e da América Latina, os mais jovens e os Irmãos com 36-55 anos, os superiores Centrais, Provinciais e locais e, finalmente, os licenciados. Pelo contrário, exprimiram parecer oposto, sobretudo os Irmãos da Europa Central, da África e dos E.U.A., os diplomados e técnicos profissionais, ao contrário dos diplomados; e, igualmente, os superiores locais, ao contrário dos dos Governos Geral e Provincial. Emergem, no entanto, diferenças significativas ao nível dos escalões etários.

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FOrmAÇÃO dOS FOrmAdOreS

No contexto da actual sociedade pós-moderna, “fluida e desestruturada”, multicultural e complexa, cada vez mais orientada para a presença simultânea de culturas e valores fortemente heterogéneos, quando não contraditórios e contrastantes entre si, a necessidade de estruturas formadoras e de agências de socialização e educação cada vez mais preparadas, está a tornar-se hoje uma exigência absolutamente imprescindível. Por isso, é também cada vez mais sentida a urgência de formadores qualificados para a transmissão dos valores da tradição e dos que são mais específicos do carisma inspirador da missão nas novas gerações.

Neste contexto, constata-se, com uma preocupação atenta, a dificuldade acrescida de educar, seja da família, da escola, seja de outras agências educacionais ordinárias. Precisamente porque a sociedade se tornou multicultural e policêntrica, perdeu-se aquela unidade de educação para a qual, numa sociedade mais simples, convergiam outrora todas as entidades educativas, com o único objectivo, partilhado por toda a sociedade, de construir “o homem maduro.”

Agora, os próprios objectivos educacionais nem sempre são compartilhados, a pluralidade de finalidades torna-se dispersiva, a multiplicidade e a diferença dos modelos educacionais e dos ideais de pessoa fazem perder o sentido da hierarquia dos valores e dos objectivos específicos. O nivelamento das metas educacionais, bastante frequentemente desligadas de uma necessária perspectiva ética de responsabilização, conduz à confusão, quer dos meios quer dos fins. Por conseguinte, educar nesta sociedade torna-se uma tarefa e um compromisso cada vez mais complexo, perante o qual, precisamente devido à dificuldade que lhe é inerente, frequentemente se cai na tentação de abdicar dela, com atitudes permissivas e demissionárias. A própria geração dos adultos, talvez impreparada para enfrentar os novos desafios

CAPÍTULO V

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da sociedade actual, ou porventura equivocada acerca da própria função da educação sob um ambíguo pretexto de liberdade, já não consegue propor orientações claras e pontos de referência significativos, que possam constituir ideais de vida para as gerações mais novas.

Todos estes efeitos que derivam do condicionamento social de fragmentação, clamam em voz alta que quanto não é oferecido pelo compromisso educacional e convergente das estruturas sociais seja suprido pela competência e capacidade educativa dos formadores, chamados a desempenhar a difícil tarefa de formar as novas gerações como pessoas responsáveis pela própria existência, mas também conscientes da missão que lhes cabe realizar na sociedade.

Quando, depois, se trata de educar as novas gerações para o espírito da

vida cristã e, especificamente, para a vida religiosa, para a interiorização dos valores e do carisma próprio de cada Congregação e Ordem eclesiástica, experimenta-se directamente a importância crescente que assume a formação dos formadores e a preparação, de carácter global e específico, para as difíceis tarefas educacionais a que são chamados, de modo a transmitirem o espírito e o estilo de vida da Congregação.

Pois é disso que se trata, numa acção educacional que não é só tarefa de uma pessoa, mas que se está a tornar, com o tempo, numa responsabilidade global que envolve a comunidade inteira, ao nível local e Provincial. Todos e cada um, de facto, devem sentir a responsabilidade pela vida futura de própria Congregação/Ordem.

Não se trata, na realidade, apenas de comunicar, ou anunciar, mas também e sobretudo de ajudar a interiorizar valores, através de uma obra educacional de longo percurso.

Para isso, porém, é indispensável criar e cuidar adequadamente de um ambiente de comunidade que facilite, pelo menos no início dos primeiros anos, a formação de atitudes e comportamentos do religioso e, de modo especial, do religioso Irmão de S. João de deus, necessários para estruturar a própria identidade religiosa e carismática específica da Ordem.

As pessoas e o ambiente formativo são os dois pilares de toda a educação humana, cristã e religiosa. Quando, por qualquer razão, falta um destes dois pilares, começam a ganhar terreno a precariedade, a incerteza,

a dúvida, as situações problemáticas e, por fim, deixa de ser possível formar a personalidade, indispensável para a missão do apostolado.

Quando se fala de fragilidade vocacional dos jovens, deve-se também falar de fragilidade ou fraqueza formativa dos educadores, da sua escassa preparação para as responsabilidades institucionais, de ofuscação das metas da vida religiosa e imperdoável ligeireza face aos sérios desafios que o momento histórico actual nos coloca. São momentos difíceis, mas é necessário viver dentro dos desafios, sem os ocultar, e sem medo de se equipar para os enfrentar com a necessária competência, para além de confiar no auxílio e na luz do Espírito Santo.

A coragem destas escolhas e prioridades não pode ser adiada por mais tempo. O compromisso desta investigação-verdade é já um sinal preciso daquela viragem corajosa que a Ordem dos Irmão de S. João de deus se prepara para realizar com o próximo Capítulo Geral.

Daqui, então, a importância desta secção do questionário, cujo objectivo é o estudo da dimensão formativa e vocacional dos Irmãos, sobretudo dos formadores, aliás, já solicitada pelas mesmas Constituições, no Capítulo IV (especialmente os artigos 5�-�1), e pelo Projecto de Formação, Parte IV, Capítulo X (números 13�-141).

A consciência da importância extraordinária da figura do formador é claramente expressa no art. 5�, onde se recomenda a necessidade de “prover à preparação, nomeação e actualização dos formadores, visto que da sua idoneidade e da sua acção depende em boa parte a vitalidade religiosa e o desenvolvimento da Ordem”. Por isso, continua o Projecto de Formação, “os Irmãos designados para este ministério deverão dar a primazia a esta tarefa sobre as outras actividades e serviços que realizam” (n. 13�).

O desenvolvimento das nossas reflexões seguirá portanto, as temáticas principais que foram propostas no questionário e que, por razões de clareza metodológica, agruparemos nos seguintes três pontos:

1. Presença e preparação específica dos formadores (perguntas 3�-3�; 41)

2. Apoio e co-responsabilidade de toda a Ordem (perguntas 39-40; 42)

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252 253

3. Perspectivas de futuro para uma formação mais adequada (perguntas 43-44).

1 – PreSeNÇA e PrePArAÇÃO eSPeCÍFICA dOS FOrmAdOreS (perguntas 3�-3�; 41)

A pergunta n. 3� – “A tua Província escolheu Irmãos que se preparem para desempenhar o serviço de Formador?” – tem uma dupla intenção. Em primeiro lugar, verificar se, de facto, existem realmente nas Províncias Irmãos escolhidos e preparados para esta tarefa de formadores. Em segundo lugar, se e como os Irmãos estão ao corrente disso, o que nos permitirá verificar o grau de consciência e envolvimento de todos os Irmãos neste problema tão delicado para a Ordem, pelo menos ao nível de consciência reflectida e explícita.

1.1 – Escolha do formador e consciência dos Irmãos

As respostas ao questionário colocam-nos perante uma situação bastante decepcionante e talvez, em nossa opinião, insólita, dado que 29,8% dos Irmãos declaram candidamente não saberem e não estarem em condições de responder a esta pergunta, a qual, à primeira vista, poderia parecer bastante simples, e porventura óbvia. No entanto, este dado é indicativo de alguma outra coisa. Na realidade, quase um terço dos Irmãos não está ao corrente do que se programa e realiza no âmbito dos formadores, que parece assim ser um assunto bastante estranho ao quadro das suas informações gerais.

Se a esta percentagem somarmos os 5,4% de Irmãos que não deram qualquer resposta, obtemos 35,2% de Irmãos que, a este respeito, não sabem nada ou navegam no meio da escuridão: trata-se especialmente dos Irmãos dos E.U.A. (46,�%), da Europa Central (45,5%) e da Europa Meridional (33,4%). Não é certamente um sinal de grande interesse pelo problema, e nem sequer que ele seja proposto como tema ou colocado no centro da atenção por parte dos que por ele são responsáveis, de forma a torná-lo interessante e desafiante, para todos os Irmãos.

Mais informados se declaram, pelo contrário, os Irmãos da América Latina, da África e, em parte, também os da Ásia.

Tab. 5.1 – “A tua Província escolheu Irmãos que se preparem para desempenhar o serviço de Formador?” (em V. A. e %)

Estas percentagens são, depois, confirmadas pela complementaridade das respostas de quantos, pelo contrário, afirmam positivamente não só que estão ao corrente, mas também que, de facto, sabem que na própria Província se está a trabalhar na preparação dos formadores (49,8%). Isso é evidenciado pelas percentagens muito elevadas da tabela n. 5.2, distribuídas em medida proporcional sobretudo por �2% dos Irmãos da América Latina e ��,6% da África e depois, descendo progressivamente, até aos 54,3% da Ásia, aos 42,1% da Europa Meridional, aos 31,2% da Europa Central e apenas a 15% dos Irmãos dos E.U.A.

Estes dados, de facto, além de nos fornecerem o grau de consciência dos Irmãos (observável através das respostas não sei e dos que não respondem), manifesta de facto também o quadro orgânico da distribuição real desse pessoal formativo nas várias regiões. Por outras palavras, as Províncias que mais escolheram alguns Irmãos para os preparar para a tarefa de formadores parecem ser as da América Latina, da África e da Ásia.

Aproximadamente um em cada sete Irmãos (14,9%) declara, pelo contrário, que a sua Província ainda não escolheu pessoas para se prepararem como próprio pessoal formativo: isso verifica-se de modo particular nos dos E.U.A. (30%) e nas duas partes da Europa (1�,4%) – o que parece reflectir o andamento demográfico da Ordem.

V.A. Percentagem

NÃO RESPONdEMSIM

NÃONÃO SEI

55504151302

5,449,814,929,8

Total 1012 100,0

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254 255

Tab. 5.2 – “A tua Província escolheu Irmãos que se preparem para desempenhar o serviço de Formadores?” Distribuição por áreas

geográficas (em V. A. e %).

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem55 23 9 1 13 4 5

5,4 6,1 4,� 1,2 �,6 3,1 �,3

Sim504 160 59 66 141 69 9

49,8 42,1 31,2 ��,6 �2,0 54,3 15,0

Não151 �0 35 4 9 15 1�

14,9 1�,4 1�,5 4,� 5,2 11,� 30,0

Não sei302 12� �6 13 9 39 2�

29,8 33,4 45,5 15,5 5,2 30,� 46,�

Se tomarmos em consideração as faixas etárias, não sabe ou não responde à pergunta mais de metade dos idosos, mas também um terço das faixas etárias intermédias e um quarto dos próprios jovens. É surpreendente, porém, encontrar entre os incertos ou escassamente informados 23,4% dos Irmãos ocupados na formação e outros 23,3% a quem é confiada a pastoral vocacional, que declaram o seu desconhecimento.

Tab. 5.3 – “A tua Província escolheu Irmãos que se preparem para desempenhar o serviço de Formador?” Distribuição por faixas etárias e

profissão religiosa (em V. A. e %).

Faixas etárias Anos de profissão

18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem55 12 4 25 14 9 5 24 14

5,4 5,0 1,3 �,� 10,6 4,3 1,� 6,9 9,5

Sim504 150 1�1 131 4� 114 1�3 149 56

49,8 62,� 55,� 40,4 35,6 54,� 61,� 42,� 3�,�

Não151 15 46 �5 14 15 3� �3 21

14,9 6,3 15,0 23,1 10,6 �,2 13,6 20,9 14,2

Não sei302 62 �6 93 5� �0 64 103 5�

29,8 25,9 2�,0 2�,� 43,2 33,� 22,9 29,5 3�,5

Verdadeiramente, não faltam entre estes também alguns Irmãos dos Governos Geral e Provincial (12,6% = 11 Irmãos), como também 19,8% dos superiores locais. Provavelmente, estes nunca se encontraram em conferências ou reuniões de sector, onde mais facilmente são prestadas informações sobre as vicissitudes da Ordem e as novas e velhas tarefas dos Irmãos.

Estão, pelo contrário, positivamente ao corrente que na própria Província se estão a preparar formadores, especialmente os Irmãos mais jovens (62,�%) e, em diminuição progressiva, todas as outras faixas etárias, respectivamente a dos 36-55 anos, com 55,�%, a dos 56-�4, com 40,4%, e a dos idosos, com 35,6%. A eles, podemos acrescentar 60,9% dos superiores dos Governos Geral e Provincial, 54,5% dos superiores locais e �0% dos formadores vocacionais.

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256 25�

Tab. 5.4 – “A tua Província escolheu Irmãos que se preparem para desempenhar o serviço de Formador?” – Distribuição por tarefas

formativas e habilitações académicas (em V. A. e %).

5.2 – Formação

5.3 - Pastoral Habilitações académicas

Sim Não Sim Não Prof. técnicas

Bachar./Licenc.

Mestr./Dout.

TOTAIS 1012 41� 594 2�� �25 489 220 1�2Percentagem sobre o total 100,0 41,3 5�,� 2�,4 �1,6 4�,3 21,� 1�,0

Não respondem55 1� 3� � 4� 2� 4 �

5,4 4,3 6,2 2,4 6,6 5,� 1,� 4,1

Sim504 219 2�5 15� 346 249 105 89

49,8 52,4 4�,0 55,1 4�,� 50,9 4�,� 51,�

Não151 �3 6� 55 96 64 43 36

14,9 19,9 11,4 19,2 13,2 13,1 19,5 20,9

Não sei302 98 204 6� 235 14� 6� 40

29,8 23,4 34,3 23,3 32,4 30,3 30,9 23,3

Declaram, por fim, abertamente, que na própria Província não estão a ser escolhidos Irmãos (14,9%) tendo em vista a sua preparação para formadores 19% dos próprios formadores, 20,9% dos licenciados, 26,4% dos superiores dos Governos Geral e Provincial e 22,5% dos superiores locais.

Tab. 5.5 – “A tua Província escolheu Irmãos que se preparem para desempenhar o serviço de Formador?” – Distribuição por cargos

desempenhados (em V. A. e %).

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem55 3 � 1 44

5,4 3,4 3,2 1,4 �,0

Sim504 53 121 49 2�1

49,8 60,9 54,5 �0,0 44,4

Não151 23 50 12 66

14,9 26,4 22,5 1�,1 10,4

Não sei302 � 44 � 242

29,8 9,2 19,8 11,4 3�,2

Os dados de que dispomos não nos permitem identificar as zonas em que vivem estes superiores, mas a anterior tabela 5.2 já nos pode oferecer alguns indícios bastante suficientes.

1.2 – Apreciações sobre a preparação dos formadores

A este ponto, todos os Irmãos foram convidados a expressar a sua opinião, em geral, sobre a adequação e qualidade da preparação dos formadores para desempenharem esse papel, mais do que a exprimirem uma avaliação sobre cada formador. Trata-se, de facto, de uma questão vital para a persistência da própria vida religiosa. A tabela 5.6 pergunta efectivamente se se considera que os formadores são adequadamente preparados nos diversos âmbitos da sua necessária competência, que é hoje tão urgente para poderem enfrentar os desafios dos tempos e tão recomendada pelas próprias Constituições e pelo Projecto de Formação dos Irmãos de S. João de deus.

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25� 259

Tab. 5.6 – Avaliação da preparação dos formadores nos diversos âmbitos da sua competência (em % e pontuações médias)

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

Nad

a

Pont

uaçã

o m

édia

1. Teológico-espiritual 9,0 14,1 42,0 30,9 4,0 2,27

2. da espiritualidade da ordem 9,5 20,0 47,1 21,9 1,5 2,05*

3. Ciências e competências de humano 11,4 10,0 37,7 34,� 6,1 2,42

Os dados da tabela revelam uma satisfação geral, que, depois, se especifica nalguns juízos particulares. Por outras palavras, os Irmãos inquiridos declaram que há uma preparação bastante adequada no que diz respeito à espiritualidade da Ordem (M: 2,05), menos, pelo contrário, no que concerne ao âmbito teológico-espiritual (M: 2,7), e menos ainda no campo das ciências e competências humanas (M: 2,42). Talvez isso possa ser também compreensível devido ao facto de os Irmãos não serem obrigados a estudar teologia na perspectiva da ordenação sacerdotal, assumindo decididamente um enfoque mais forte a formação da espiritualidade da Ordem.

Quase nenhum dos Irmãos nega uma sua preparação nestes três sectores. de facto, a coluna de modo algum apresenta percentagens muito baixas, quase insignificantes. Há porém uma percentagem discreta de Irmãos que não responderam, que ronda uma média de 10%, talvez por não se sentirem tão informados, de forma a poderem exprimir uma sua avaliação neste sector.

Queremos, por fim, observar que não são efectivamente numerosos os Irmãos que exprimem um juízo muito positivo sobre a excelência (coluna muito) das diferentes competências dos formadores: chegam apenas a 20% e só no campo da espiritualidade da Ordem, o mais próximo dos interesses gerais. Já nos capítulos anteriores, especialmente no primeiro (pergunta 6), tínhamos observado uma certa dificuldade no sector das várias competências profissionais, verificáveis pelos indicadores das habilitações académicas.

Feitos, porém, estes esclarecimentos, 67,1% dos Irmãos acham que a preparação dos formadores sobre a espiritualidade da Ordem é muito, e bastante, adequada; um pouco menos numerosos (56,1%), com 10 pontos percentuais de diferença, são os que a consideram adequada no campo teológico e espiritual; e ainda menos (47,7%) quantos a julgam adequada no âmbito das ciências e competências humanas. Pesam muito, por fim, aqueles 40,9% de Irmãos que, precisamente neste sector, exprimem uma avaliação negativa e crítica sobre ele.

Estas avaliações, à parte a constatação destes limites, que fazem pensar num elo fraco da Ordem, soam como um sinal de alarme, quase um apelo bastante preciso acerca da necessidade de começar e desenvolver uma série de políticas pelo menos em duas direcções.

A primeira proposta orienta-se para o compromisso de uma formação ainda mais intensa para aprofundar sobretudo o âmbito das ciências e das competências humanas, mas também o teológico. Isto corresponde a uma exigência cada vez mais urgente da actual sociedade moderna, que se tornou cada vez mais exigente em termos de competências e actualização (aggiornamento), especialmente no âmbito da gestão dos recursos humanos e das relações interpessoais.

A segunda, para um compromisso de informação no próprio interior da Ordem, leva-nos a convidar e estimular os formadores, e os responsáveis por eles, e suscitar mais o interesse e a atenção dos Irmãos sobre este mesmo problema, de forma a suscitar neles um maior empenhamento pelo problema, também a nível informativo. Isto terá depois como efeito o facto de se traduzir, como que por inércia, espontaneamente, num factor de simpatia e co-responsabilidade, de modo que os próprios formadores não se vejam isolados ou marginalizados, mas sintam que o seu trabalho é seguido com interesse e atenção por todos os Irmãos, com evidentes consequências recíprocas sobre a própria preparação, a qual poderá assim ser feita com maior entusiasmo. de facto, as pessoas precisam de sentir que são acompanhadas e estimadas no seu trabalho, também de modo explícito.

Passemos agora a uma análise mais aprofundada dos diferentes campos, o que nos permitirá articular melhor as diferenças e intervir depois de modo mais concreto.

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260 261

No âmbito da espiritualidade da Ordem (67,1%), a incidência das não respostas, sobretudo dos mais idosos (22,�%), afecta também os Irmãos dos E.U.A. (21,�%) e da Europa Meridional (14,�%). As outras respostas são mais positivas: por parte dos Irmãos da Ásia (79,5%), dos mais jovens (74,9%), dos diplomados (66%), dos superiores dos Governos Geral e Provincial (��%), dos formadores e dos que se ocupam da pastoral das vocações (��,1%).

As respostas mais críticas (23,4%) provêm, pelo contrário, dos Irmãos da América Latina (2�,3%) e da África (2�,6%), dos superiores locais (2�,5%), dos licenciados (26,�%) e dos Irmãos na faixa etária 36-55 anos (24,�%).

No âmbito teológico-espiritual (56,1%), as percentagens positivas descem ligeiramente. Também aqui a falta de respostas regista-se especialmente, como é óbvio, nas fileiras dos mais idosos (22%), mas também dos Irmãos dos E.U.A. (23,3%) e da Europa Meridional (12,9%).

Exprime, além disso, respostas geralmente positivas mais de metade os Irmãos (56,1%), mas distinguem-se sobretudo, com mais de 10 pontos acima da média, os da Ásia (65,3%), os mais jovens (60,�%), os diplomados (55,9%), os superiores dos Governos Geral e Provincial (63,2%) e os formadores vocacionais (5�,1%).

Pelo contrário, são mais críticos (34,9%) os Irmãos da América Latina (45,9%), da África (41,7%), dos E.U.A. (33,3%), os da faixa etária 36-55 anos (39,4%), os mais jovens (36%), os licenciados (39,5%) e os superiores locais (42,3%).

No âmbito das ciências e das competências humanas (47,7%), o discurso torna-se mais problemático. Separadamente, o dado de um grande número de Irmãos que não responderam (11,4%) e sempre entre os mais idosos (2�,�%), aqueles que acerca deste aspecto fornecem um juízo bastante ou muito positivo são os Irmãos da Ásia (59,8%), da Europa Central (54%), o jovem (54%), os superiores dos Governos Geral e Provincial (56,3%), os formadores vocacionais (55,�%).

A maior parte das críticas (40,9%) provém sobretudo da África (5�,2%) e da América Latina (46%), dos Irmãos com 36-55 anos (44,6%), mas

também dos mais jovens 41,4%), dos licenciados (46%) e dos superiores locais (46,4%).

Concluindo, vivemos num tempo de grandes mudanças, com expectativas cada vez mais exigentes e papéis igualmente carregados de uma multiplicidade de funções, que afectam também os formadores, como veremos seguidamente, analisando as diferentes perguntas. A necessidade, porém, de cuidar atentamente das novas fileiras da Ordem é sempre a tarefa mais fecunda, embora globalmente dispendiosa para ela. Trata-se, por outro lado, não só de uma exigência de sobrevivência, mas também de qualidade e de desenvolvimento da Ordem. Sem prescindir de juízos de carácter religioso, como em todas as famílias, o problema da formação das novas gerações constitui de facto, por urgência vital, a preocupação mais premente e, por conseguinte, mais necessária se torna a formação dos formadores.

Quem primeiro se dá conta da maior ou menor validade da formação dos formadores parecem ser precisamente os superiores locais que, em todos os três sectores se mostraram mais críticos. Vivendo eles directamente em contacto com os Irmãos jovens, vêem também pessoalmente as suas limitações e falhas, de forma que mais facilmente atribuem a responsabilidade disso aos formadores directos.

Repetem-se sempre, nos três âmbitos, alguns aspectos constantes quanto à preparação adequada dos formadores:

exprimem uma avaliação positiva os Irmãos da Ásia e da Europa Central, os mais jovens, os superiores dos Governos Geral e Provincial, os formadores e os encarregados da pastoral juvenil;

exprimem, pelo contrário, juízos mais críticos, os superiores locais, os Irmãos da faixa etária dos 36-55 anos, os licenciados, os Irmãos dos E.U.A., da América Latina, da Europa Meridional e da África.

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262 263

1.3 – Ocasiões de encontro e confronto entre os formadores, nos diversos níveis

Um dos elementos fundamentais de formação dos formadores e de excelência da própria formação consiste na possibilidade e na capacidade de aproveitar todas as ocasiões de confronto e verificação que permitem comparar, avaliar objectivos, recursos, metas, metodologias, estratégias de formação e resultados. Precisamente pelo facto de cada formador operar hoje, e a própria formação acontecer, no âmbito de uma rede de agências formativas, de outros educadores, de contextos diversificados, de perspectivas específicas, tornam-se indispensáveis e preciosas a capacidade e a possibilidade de beneficiar das iniciativas e dos bons resultados conseguidos pelos outros, que se confrontam por ocasião de encontros, conferências, encargos de trabalho, de atenção científica e pastoral relativamente às metas que as outras Ordens estão a realizar no mesmo campo.

Animados por esta convicção, colocámos a pergunta n. 41 com o fim de verificar a presença e a difusão desta possibilidade de abertura dos formadores aos recursos que podem ser disponibilizados por estes preciosos e diversos momentos de confronto, tanto ao nível da Província e da Ordem, como relativamente às outras Congregações religiosas.

A comunicação de experiências entre os vários formadores é na realidade um dos recursos mais preciosos que existem para melhorar a própria formação pessoal e enriquecê-la com aquela fecundidade, criatividade e projectualidade para os formandos, que se tornou entretanto necessário em qualquer âmbito de desenvolvimento das ciências e da formação do pessoal. Sublinha-o também o “Projecto de Formação”, no n. 141-a, recomendando a “participação nos cursos e nas acções de formação para formadores ao nível da Igreja e da Ordem”, juntamente com “a abertura a outros Institutos a nível de estudos, e intercâmbio de experiências intercongregacionais” (141c).

Os dados da seguinte tabela, 5.�, apresentam-nos o respectivo panorama.

Tab. 5.7 – Na tua opinião, os formadores confrontam-se com os outros formadores?

Não respondem SIm NÃO NÃO SeI

1. da Província 7,4 54,9 9,1 28,6

2. da ordem 8,7 48,7 10,2 32,4

3. de outras Congregações religiosas 9,5 37,5 9,4 43,7

Os resultados obtidos através do questionário orientam-nos para uma leitura bastante positiva das respostas, que em geral foram dadas por quase todos os Irmãos, ou, pelo menos, a ausência de dados, precisamente das não respostas, mantém-se relativamente baixa, quase fisiológica, numa média de aproximadamente �%.

Em todo o caso, as respostas afirmativas apresentam uma curva progressivamente descendente. Por outras palavras, as percentagens afirmativas diminuem cada vez mais com o aumentar dos espaços dentro dos quais era possível o confronto, e, pelo contrário, aumentam as dos Irmãos que desconhecem o problema, isto é, as da coluna Não Sei, chegando a pouco menos de metade.

Mais de metade dos Irmãos, contudo, acha que estes confrontos com os outros formadores acontecem certamente no âmbito da Província (54,9%), são um pouco menos os que os situam ao nível geral da Ordem (48,7%) e, ainda menos, pouco mais de um terço, os que declaram vê--los com os formadores de outras Congregações religiosas (37,5%). É interessante observar também que são muito poucos (cerca de 9-10%) os que explicitamente respondem de modo absolutamente negativo, afirmando que não há qualquer confronto.

Pelo contrário, as percentagens relativas a quem não está informado se tais confrontos se verificam ou não, aumentam progressivamente à medida que aumentam também os possíveis espaços de intervenção. Vão desde 28,6%, relativamente à possibilidade de eles acontecerem no âmbito da Província, sobem até 32,4% no âmbito dentro da Ordem, até alcançar pouco menos de metade (43,�%) de quantos sabem que estes confrontos se realizam ao nível extracongregacional. Também aqui, o nível de informação de todos os Irmãos é bastante limitado.

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264 265

Uma leitura mais analítica e aprofundada oferece-nos um conhecimento mais articulado.

a) Em primeiro, no âmbito da Província, 54,9%, ou seja, mais de metade os Irmãos, tem conhecimento de que se realizam os confrontos, especialmente na América Latina (�3,3%) e também, com uma diferença notável, na Europa Central (5�,�%). Mais raramente, pelo contrário, parece que tais encontros se realizam na Ásia (49,6%), na África (42,9%) e nos E.U.A. (23,3%) onde é maior o desconhecimento (43,3%).

Tab. 5.8 – Avaliação das possibilidades de encontro entre os formadores no âmbito da Província. Distribuição por áreas geográficas (em V. A e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásia E.U.A., CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem�5 39 10 2 � � 10

�,4 10,3 5,3 2,4 4,1 5,5 16,�

Sim556 20� 109 36 126 63 14

54,9 54,� 5�,� 42,9 �3,3 49,6 23,3

Não92 20 1� 20 13 12 10

9,1 5,3 9,0 23,� �,6 9,4 16,�

Não sei289 113 53 26 26 45 26

2�,6 29,7 2�,0 31,0 15,1 35,4 43,3

O mesmo desconhecimento (2�,6%) aumenta também com o crescimento da idade: quanto mais a idade é superior aos 56 anos (30,2%) e aos 75 anos (37,9%), menos os irmãos demonstram estar informados. Os mais informados são os Irmãos entre os 36 e os 55 anos, ou seja, os que se encontram em plena actividade e são responsáveis pela maior parte das iniciativas formativas da Ordem.

Tab. 5.9 – Avaliação das possibilidades de encontro entre os formadores no âmbito da Província. Distribuição por cargos desempenhados

(em V. A. e %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem�5 5 12 5 53

�,4 5,� 5,4 �,1 �,4

Sim556 62 12� 46 320

54,9 �1,3 5�,� 65,� 50,6

Não92 12 29 � 43

9,1 13,� 13,1 11,4 6,�

Não sei289 � 53 11 21�

2�,6 9,2 23,9 15,� 34,3

A informação viaja certamente com a centralidade das responsabilidades, de modo que estão mais informados os superiores dos Governos Geral e Provincial (�1,3%) e locais (5�,�%), os próprios formadores (65,�%), embora entre estes (o que é curioso!) haja cerca de 15,�% que desconhecem completamente essa realidade. Até a própria qualidade das habilitações académicas favorece estes intercâmbios (cerca de 62% entre os licenciados), relativamente aos diplomados que, numa percentagem de 34,3%, declaram estar desinformados, assim como 34,3% dos Irmãos que não desempenham cargos de responsabilidade.

b) No âmbito da Ordem, a informação sobre estas ocasiões de encontro e confronto torna-se menos difusa (48,7%) relativamente à Província. Assim, são 42,6% os que não sabem ou afirmam que não se efectuam encontros entre os formadores. Entre estes, que estão informados acerca da realização, sobressaem os Irmãos da América Latina (53,5%), da Europa Central (52,9%) e da Europa Meridional (50,8%); os Irmãos entre os 36 e os 55 anos de idade (53,1%), os licenciados (56,4%) e os superiores dos Governos Geral e Provincial (64,4%).

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266 26�

Tab. 5.10 – Avaliação das possibilidades de encontro entre os formadores no âmbito da Ordem. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem�� 4� 9 2 12 � 10

�,� 12,4 4,� 2,4 �,0 6,3 16,�

Sim493 193 100 3� 92 53 1�

4�,� 50,� 52,9 45,2 53,5 41,� 2�,3

Não103 25 13 16 2� 14 �

10,2 6,6 6,9 19,0 15,� 11,0 13,3

Não sei32� 115 6� 2� 41 52 25

32,4 30,3 35,4 33,3 23,� 40,9 41,�

Os Irmãos dos E.U.A. (41,7%) e da Ásia (40,9%) são proporcionalmente os mais desinformados, juntamente com os mais jovens (35,6%) e os idosos (3�,1%), os diplomados (35,�%). Mas também 2�,5% dos superiores locais e 2�,1% dos mesmos formadores não se consideram informados acerca destas possibilidades. Também aqui parece tratar-se de um problema de informação e envolvimento geral.

Tab. 5.11 – Avaliação das possibilidades de encontro entre os formadores no âmbito da Ordem. Distribuição por cargos desempenhados (em V. A. e %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. Localdir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem�� 5 13 2 6�

�,� 5,� 5,9 2,9 10,�

Sim493 56 119 3� 2�1

4�,� 64,4 53,6 52,9 44,4

Não103 14 29 12 4�

10,2 16,1 13,1 1�,1 �,6

Não sei32� 12 61 19 236

32,4 13,� 2�,5 2�,1 3�,3

Por isso, não deveriam passar em silêncio aqueles 16,1% de superiores dos Governos Geral e Provincial que afirmam, explicitamente, que na Ordem não se realizam encontros entre os formadores (estranho!), como também os 13,�% que desconhecem a situação. Embora as percentagens sejam relativamente irrelevantes, não o são, pelo contrário, os respectivos cargos de responsabilidade em virtude dos quais estes Irmãos deveriam ter dado respostas presumivelmente diferentes.

c) Os encontros com os formadores de outras Congregações religiosas são mais raros, mas não inexistentes, como se vê na tabela seguinte.

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26� 269

Tab. 5.12 – Avaliação das possibilidades de encontro dos formadores Irmãos de S. João de Deus com os de outras Congregações. Distribuição

por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 380 189 84 172 127 60Percentagem sobre o total 100,0 37,5 18,7 8,3 17,0 12,5 5,9

Não respondem96 53 11 3 12 � 9

9,5 13,9 5,� 3,6 �,0 6,3 15,0

Sim379 12� �4 45 6� 41 23

3�,5 33,� 39,2 53,6 39,5 32,3 3�,3

Não95 33 12 � 2� 10 5

9,4 �,� 6,3 9,5 15,� 7,9 �,3

Não sei442 166 92 2� 65 6� 23

43,� 43,� 4�,� 33,3 3�,� 53,5 3�,3

Só 37,5% declaram que acontecem, mas nada menos que 53,1% não estão informados disso ou negam explicitamente que se realizem. Proporcionalmente, parece haver mais informação acerca dos encontros com as outras Congregações em África (53,6%), por parte dos Irmãos da faixa etária 36-55 anos (4�,2%), no caso de 64,4% dos superiores dos Governos Geral e Provincial e de 51,4% dos formadores e dos encarregados das vocações.

Mantêm-se sempre 30%, isto é, 26 superiores, que desconhecem a sua existência, quer no âmbito da Ordem quer relativamente a outras Congregações. do mesmo modo, mais de um terço dos superiores locais (3�,4%) não sabem dar uma resposta precisa, assim como também metade dos Irmãos sem cargos de responsabilidade.

Concluindo, podemos afirmar que se promovem ocasiões de encontro e de confronto entre os formadores, em diversos níveis, quer dentro da Província quer da Ordem, assim como também fora, relativamente a outras Congregações. Isso verifica-se com uma certa frequência e com uma

informação proporcionalmente adequada e difusa às diferentes categorias específicas de Irmãos. Por outras palavras, eles não ficam sem o saber. No entanto, surpreende o facto de até mesmo os Superiores Provinciais, ou locais, não estarem ao corrente disso. Poderia, portanto, nalgumas circunstâncias, tornar-se de forma mais visível objecto de interesse explícito por parte dos Irmãos, especialmente nalgumas áreas geográficas. Tudo isto, porém, seria possível se circulasse com maior intensidade uma informação sistemática, capaz de envolver oportunamente todos e cada um dos Irmãos. Decerto que, avaliar a importância e a qualidade destes dados, também na perspectiva de efeitos e vantagens operacionais em toda a Ordem e das sucessivas decisões, constitui a tarefa principal dos responsáveis directos. Pela nossa parte, contentamo-nos em tê--los evidenciado nas suas diversas articulações, tanto positivas como negativas.

2. APOIO e CO-reSPONSABILIdAde CONGreGACIONAL (perguntas 39-40; 42)

Há hoje o risco de os desafios colocados às Ordens e Congregações religiosas prevalecerem sobre a própria generosidade da missão e debilitarem os seus entusiasmos vocacionais. O murmúrio de queixumes contínuos sobre a situação que se vive para nada mais serve senão entristecer os Irmãos – apagando os horizontes, criando desconfiança no futuro e cortando as asas –, levando-os a fecharem-se em si mesmos, numa espécie de narcisismo melancólico de quem, cedendo à auto-comiseração, se deixa andar à deriva, vítima do seu próprio desânimo.

Se isto acontece também ao nível dos formadores e dos que se ocupam da pastoral vocacional, então a situação corre deveras o risco de precipitar, pois as próprias Constituições definem os formadores como aqueles dos quais “depende em grande parte a vitalidade religiosa e o desenvolvimento da Ordem” (n. 5�).

Por isso, eles não devem ficar sozinhos a desempenhar as suas tarefas, generosas e preciosas. O problema das vocações e a sua formação não pode ser confiado apenas a um pequeno grupo de Irmãos jovens e valentes, maturos, comunicadores entusiastas do carisma do Fundador, ricos em zelo apostólico e cheios de ardor missionário. A Congregação inteira e

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2�0 2�1

cada Irmão, no cumprimento do seu papel específico, deveriam sentir-se mobilizados para despertar vocações e empenhados em transmitir o carisma da missão como herança preciosa de quem quer o bem da Ordem e sua benéfica permanência no tempo, ao serviço dos mais pobres e doentes.

É isso o que as perguntas 39, 40 e 42 querem estudar, relativamente ao acompanhamento e à simpatia com que todos os Irmãos acompanham e sustentam o trabalho dos formadores, sentindo-se profundamente envolvidos e co-responsáveis, agindo nesse sentido de modo cordial, prático e eficaz. Isto só será possível, porém, se circular mais informação dentro da Ordem sobre os temas em questão. A formação dos Irmãos jovens deve afectar e co-responsabilizar cada um pela sua parte, mesmo se alguns, mais preparados para o efeito, foram formalmente incumbidos de cumprirem a delicada tarefa e a missão insubstituível da formação, à qual se deve “dar a primazia sobre as outras actividades e serviços que realizam” (Projecto de Formação, n. 13�).

2.1 – Conhecimento do “Projecto de Formação” (pergunta 39)

O primeiro passo inicial dessa co-responsabilização começa, por conseguinte, pelo conhecimento da própria natureza do papel e da missão do formador, que está muito claramente delineada no “Projecto de Formação dos Irmãos de S. João de deus” e que inspirou a pergunta do nosso questionário, sobre a qual se pedia a cada Irmão que exprimisse a sua opinião.

Conhece os conteúdos do “Projecto de Formação” da Ordem?

SIM = 65,5% (663) NÃO = 20,2% (204) N.R. = 14,3% (145)

Responderam afirmativamente dois Irmãos em cada três (65,5%), mas, negativamente, cerca de 20,2% dos Irmãos, aos quais se devem acrescentar 14,3% dos que preferiram não responder. Acrescentando este dado ao anterior, obtemos uns bons 34,5% de Irmãos que talvez nem sequer saibam do que trata o “Projecto de Formação”.

Tab. 5.13 – Conhecimento do “Projecto de Formação” da Ordem. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

Canadáe Austrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem145 63 24 � 29 � 13

14,3 16,6 12,� 9,5 16,9 6,3 21,�

Sim663 225 125 63 131 �� 31

65,5 59,2 66,1 �5,0 �6,2 69,3 51,�

Não204 92 40 13 12 31 16

20,2 24,2 21,2 15,5 �,0 24,4 26,�

Aprofundando os dados mais em pormenor, descobrimos com satisfação que as respostas afirmativas provêm dos Irmãos residentes, sobretudo na América latina (76,2%), na África (75%), na Ásia (69,3%), dos que têm menos de 55 anos de idade (�5%), dos licenciados (�3,�%), dos superiores dos Governos Geral e Provincial (�6,2%), e locais (6�,5%), e dos próprios formadores (�5,�%).

Menos atentos e envolvidos, pelo contrário, parecem estar os Irmãos da Europa Meridional (24,2%), os da Ásia (24,4%) e dos E.U.A. (26,�%), os idosos com mais de 56 anos, os diplomados e técnicos simples (21,3%) e os que não desempenham quaisquer cargos de responsabilidade (23,1%).

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2�2 2�3

Tab. 5.14 – Conhecimento do “Projecto de Formação” da Ordem. Distribuição por cargos desempenhados (em V. A. e %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem145 5 31 5 104

14,3 5,� 14,0 �,1 16,4

Sim663 �5 152 53 3�3

65,5 �6,2 6�,5 �5,� 60,5

Não204 � 39 12 146

20,2 �,0 1�,6 1�,1 23,1

2.2 – Aprofundamento, interiorização e prática do “Projecto de Formação” (perg. 39 bis).

Superado o primeiro impacto do conhecimento do “Projecto de Formação”, é importante aprofundá-lo, interiorizá-lo e aplicá-lo na vida, precisamente porque ele não interessa só aos Irmãos jovens, em formação, mas a todos.

de facto, o Projecto explicita concretamente, sobretudo no primeiro capítulo, a identidade do Irmão e o modelo de formação encarnado no carisma e na espiritualidade quotidiana. Ele nada mais é senão a aplicação prática das Constituições, articulada nas várias situações concretas de vida.

Conhece os conteúdos do “Projecto de Formação” da Ordem?

SIM = 65,5% (663) NÃO = 20,2% (204) N.R. = 14,3% (145)

Encontram-se nele, de facto, as linhas essenciais do carisma e da espiritualidade de João de Deus (n. 14-19), o itinerário do Fundador (n. 20-24), as qualidades e as atitudes dos Irmãos (25-26), os valores fundamentais

que garantem a própria fidelidade a Jesus Cristo e ao carisma (n. 33) – numa palavra, é a regra prática de vida que deve guiar e afectar integralmente a personalidade do consagrado e presidir às principais orientações de fundo da sua autoformação.

Para essa verificação, a pergunta foi articulada em três níveis: aprofundamento, interiorização e prática quotidiana, assumindo como amostra aqueles 65,5% de quantos responderam que conheciam os conteúdos do “Projecto de Formação.” Metodologicamente, esses 65,5% (663 Irmãos) constituem agora o novo valor global (100%) de referência para as percentagens seguintes destas respostas, que a ele se referem, como podemos ver na tabela 5.15.

Tab. 5.15 – Conhecimento do “Projecto de Formação” da Ordem e dos seus níveis progressivos de aplicação (em V. A. e %)

(Total da amostra: 100% = 663)

Conteúdos e níveis663 Irmãos

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

Nad

a

Pont

uaçã

o m

édia

1. Aprofundaste-os? 1,2 13,0 48,4 35,6 1,8 2,2�*

2. Interiorizaste-os? 2,� 9,5 45,2 40,0 2,6 2,3�

3. Aplicaste-os? 5,4 8,6 42,2 38,9 4,8 2,42

Estudando as duas primeiras colunas, que correspondem às respostas afirmativas (muito + bastante), podemos observar uma certa constância de percentagens positivas, quer na coluna de excelência (muito, cerca de 10%), quer na da suficiência (bastante), à volta de 45%. Podemos assim verificar que, globalmente considerados, mais de metade dos inquiridos está também ocupada num esforço de aprofundamento, de interiorização e de aplicação das indicações do “Projecto de Formação”.

Porém, um terço abundante (até quase 40%: entre 250 e 290 Irmãos) de quantos responderam que o conhecem, confessa que há resistência, descuido e negligência (pouco + de modo algum), sobretudo ao nível prático.

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2�4 2�5

Entrando, numa análise mais detalhada, os Irmãos que mais declararam um elevado aprofundamento dos conteúdos (61,4%) foram os da Ásia (�5,2%), dos E.U.A. (�4,2%), da Europa Central (�2%), os mais jovens (�0%), os do escalão etário dos 36-55 anos (62,2%), os licenciados (6�,�%), obviamente os superiores dos Governos Geral e Provincial (6�%), os formadores e os responsáveis pela pastoral vocacional (�5,5%), relativamente aos Irmãos da Europa Meridional (44,5%), da África (5�,2%), e aos mais idosos (54,4%).

A interiorização do “Projecto de Formação” (54,7%) sofreu uma ligeira diminuição, mantendo-se contudo em níveis bastante aceitáveis, especialmente por parte dos Irmãos dos E.U.A. (��,4%), da Europa Central (65,6%) e da Ásia (68,2%), relativamente a apenas 40,9% da Europa Meridional, a 5�,2% da África e a 52,�% da América Latina. Os mais jovens (66,1%) e os Irmãos do escalão etário dos 36-55 anos (53,6%), os formadores vocacionais (�3,6%), os superiores dos Governos Geral e Provincial (62,�%) e os licenciados (63%) exprimem também uma avaliação positiva.

Finalmente, o processo de aplicação prática dos conteúdos do “Projecto de Formação” (50,8%) evidencia uma grande dificuldade e encontra resistências no plano da realização. Contudo, são dignos de relevo os esforços dos Irmãos dos E.U.A. (77,4%), da Ásia (65,9%), da Europa Central (61,6%), dos mais jovens (63,9%) e, obviamente, dos superiores dos Governos Geral e Provincial (5�,3%), dos formadores vocacionais (69,8%) e dos licenciados (52,7%).

Uma menor atenção, pelo contrário, parece ter sido dada pelos Irmãos da Europa Meridional (34,�%), da África (4�,6%), pelos da faixa etária 36-55 anos (4�,�%) e pelos superiores locais (44,1%).

Em conclusão, das respostas ao questionário – que, aliás, foram muito sinceras e francas –, parece que ainda há muito a fazer no plano da interiorização e aplicação do “Projecto de Formação” na vida prática, pelo menos para quase metade dos Irmãos. As constantes mais recorrentes e positivas podem ser individualizadas, nos vários níveis, nas variáveis relativas às áreas de origem, especialmente nos E.U.A., na Ásia e na Europa Central, e nas que se referem às faixas etárias mais jovens, aos licenciados e aos formadores vocacionais.

2.3 – A formação, para os formadores, é um compromisso exclusivo é? (pergunta 40)

Se a formação assume para os superiores e para a Igreja a importância acima referida, em que medida e, com que cuidado, é que ela é dada aos jovens Irmãos e solicitada a toda a Ordem no seu compromisso de formação permanente? Um dos indicadores mais razoáveis é precisamente o tempo que lhe é dedicado pelos formadores e a exclusividade com que ela é gerida.

Na pergunta n. 40, pedia-se aos Irmãos que se confrontassem precisamente sobre este aspecto. As respostas obtidas reflectem o andamento geral, como se vê no quadro seguinte.

A resposta mais imediata é a de cerca de metade dos Irmãos (49,6%), os quais declararam claramente que os formadores não se dedicam exclusivamente à formação, ao contrário de 21,2% que respondem afirmativamente, ao mesmo tempo que outros 20,�% não se consideram suficientemente informados. 8,3% não fornecem qualquer resposta, de forma que, somado este valor ao anterior, podemos inferir que 29,1% dos Irmãos não estão ao corrente desta situação.

Obviamente, os menos informados são cerca de 34% dos mais velhos, em idade e profissão, e quantos não ocupam cargos de responsabilidade (2�%).

Quantos consideram que os formadores se dediquem exclusivamente à formação pertencem às Províncias da Ásia (33,1%) e da Europa Central (2�,6%); trata-se de 21,�% dos Irmãos mais jovens, de 24,4% da faixa etária dos 36-55 anos, assim como de 24,3% dos formadores vocacionais, ou seja 1� Irmãos.

Os formadores dedicam-se exclusivamente à formação?% V. A.

SIm 21,2 215

NÃO 49,6 502

NÃO SeI 20,� 211

NÃO reSPONdem �,3 �4

TOTAIS 100,0 1012

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2�6 2��

A maior parte (49,6%), porém, dos entrevistados reconhece claramente que os formadores estão ocupados também noutras tarefas, especialmente na África (�0,2%) e na América Latina (6�,4%), embora um pouco menos na Ásia (33,1%) e nos E.U.A. (3�,3%). Também os superiores dos Governos Geral e Provincial e os locais, do mesmo modo que 2/3 dos licenciados e os próprios formadores, confirmam a mesma orientação.

2.4 – Conhecimento das coordenadas da formação (pergunta 42)

Por coordenadas da formação consideramos aqui os conteúdos do Projecto de Formação, os Irmãos em formação e os Centros de formação.

Estes três elementos permitem conhecer o tipo de interesse, cuidado, atenção que eles despertam em geral na Ordem e nos Irmãos. O seu conhecimento é o sinal mais elementar do grau de informação e interesse que os Irmãos mostram em relação ao sector formativo e vocacional – como se pode ver no quadro seguinte:

Conheces… N. R. SIm NÃO

1. …Os Centros de formação da tua Província? 6,4 80,1 13,4

2. …Os Irmãos em formação? �,5 72,9 18,6

2. …Pelo menos o esboço do Projecto Formativo? 1�,1 49,4 38,5*

O quadro confirma as nossas precedentes reflexões, sobretudo pelo que diz respeito ao “Projecto de Formação”. Por estes dados, emerge também, de facto, que o conhecimento dos seus conteúdos diz respeito a cerca de metade dos Irmãos, como já antes se tinha sublinhado na análise da pergunta n. 39. As percentagens de então, juntamente com as actuais, têm uma correspondência quase perfeita: mais acima, na pergunta 39, os Irmãos que tinham respondido não eram 20% e, se a esse valor somarmos os 14,3% das não respostas, alcançamos o valor de 34,3%, bastante próximo dos actuais 3�,5%.

O conhecimento dos Centros de formação (80,1%) da própria Província parece ser muito alto, exactamente �11 Irmãos, especialmente nas áreas da América Latina (89,5), da Europa Central (87,8%) e da África (84,5%), assim como por parte dos mais jovens (89,1%) e dos da faixa etária dos

36-55 anos (88,9%), dos superiores dos Governos Geral e Provincial (��,4%), dos formadores vocacionais (��,6%), dos licenciados (��,�%) e dos superiores locais (�4,�%).

Menos difundido, pelo contrário, é esse conhecimento por parte dos Irmãos dos E.U.A. (46,�%) e da Ásia (�5,6%), como também, bastante compreensivelmente, pelos mais velhos, em idade e profissão religiosa.

dos Irmãos em formação (72,9%) também se tem um conhecimento bastante vasto, embora inferior ao dos respectivos Centros de formação. É, certamente, um pouco mais difícil conhecer todos os Irmãos, especialmente os mais jovens; no entanto, a percentagem é ainda elevada e respeitável. Obviamente, os mais jovens (�5,�%) apresentam as percentagens mais altas, mesmo 13 pontos acima da média, tratando-se presumivelmente de coetâneos ou da mesma geração. Igualmente elevadas (e porventura óbvias) são as percentagens dos superiores dos Governos Geral e Provincial (�6,2%) e dos formadores vocacionais (��,1%), em comparação com as dos superiores locais, que são relativamente mais baixas (�4,3%). As zonas onde mais se manifesta o conhecimento dos Irmãos em formação correspondem às áreas mais jovens, com um impacto vocacional forte, na África (84,5%) e na Ásia (79,5%), ao passo que as percentagens descem notavelmente nos E.U.A. (45%) e na Europa Meridional (69,5%).

Tab. 5.16 – Conhecimento do “Projecto de Formação” dos Irmãos em formação. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem122 53 19 10 12 10 1�

12,1 13,9 10,1 11,9 �,0 7,9 30,0

Sim500 1�5 99 40 102 �1 13

49,4 46,1 52,4 4�,6 59,3 55,9 21,�

Não390 152 �1 34 5� 46 29

3�,5 40,0 3�,6 40,5 33,� 36,2 4�,3

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2�� 279

Por fim, relativamente limitado parece ser o conhecimento mesmo apenas do esquema do “Projecto de Formação” (49,4%): nem sequer metade dos inquiridos o conhece. É mais alto na América Latina (59,3%), na Ásia (55,9%) na Europa Central (52,4%), relativamente aos 21,4% dos E.U.A. Obviamente, o conhecimento é maior entre os superiores dos Governos Geral e Provincial (�2,�%) que, porém, desce imediatamente para 54,1% dos superiores locais, ao passo que desperta em nós surpresa o facto de entre os próprios formadores vocacionais a percentagem se ficar pelos 64,3% do total. Os Irmãos mais jovens e os da faixa etária dos 36-55 anos apresentam dados bastante confortantes: 5�,�% e 61,2% dos casos, respectivamente – sempre, contudo, acima da média geral.

Tab. 5.17 – Conhecimento do esquema do “Projecto de Formação” dos Irmãos em formação. Distribuição para faixas etárias e anos de profissão

(em V. A. e %)

Faixas etárias Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem122 19 14 54 34 1� 11 53 39

12,1 7,9 4,6 16,� 25,� �,� 3,9 15,2 26,4

Sim500 13� 1�� 134 34 123 15� 161 41

49,4 5�,� 61,2 41,4 25,� 59,1 56,1 46,1 2�,�

Não390 �2 105 136 64 6� 112 135 6�

3�,5 34,3 34,2 42,0 4�,5 32,2 40,0 3�,� 45,9

Em conclusão, podemos considerar como confirmado um certo descuido no conhecimento e realização do “Projecto de Formação”, em quase todos os níveis, especialmente nos E.U.A. e entre os que não estão envolvidos em tarefas de formação ou no desempenho de cargos de responsabilidade. Uma boa adesão e comparticipação nos problemas da formação evidencia-se ao nível dos Irmãos mais jovens e dos da faixa etária dos 36-55 anos, como também (obviamente, mas nem sempre) entre os próprios formadores.

3. PerSPeCTIVAS de FUTUrO (perguntas 43-44)

Neste ponto do estudo, pretende-se explorar como é sentida, ao nível de todos os Irmãos, o estado, a adequação e a qualidade da formação no âmbito da Ordem.

depois de ter estudado as modalidades de escolha dos formadores, a avaliação sobre a adequação da sua preparação nos diferentes aspectos da teologia, da espiritualidade da Ordem e das ciências humanas, sobre a maior ou menor exclusividade de compromisso formativo precisamente dos formadores, sobre a sua possibilidade de confronto com os outros formadores, com a pergunta 43 queremos questioná-los sobre a qualidade da formação por eles ministrada.

A gama das alternativas propostas na pergunta compreende os elos mais específicos e mais problemáticos que são actualmente mais urgentes nas diferentes comunidades e que, a nível global da Ordem, evidenciam pontos fracos.

A tabela 5.1� mostra-nos, na sua inteireza e globalidade, mas também no seu esquematismo, uma síntese quantitativa e qualitativa (derivando, esta, das pontuações médias) dos resultados globais obtidos pelas respostas dos Irmãos. A tabela corresponde, de facto, à pergunta: “Consideras que os formadores estão a promover uma formação adequada às várias problemáticas…?”

Estudando as pontuações médias, observamos que o juízo dos Irmãos não se coloca tanto na qualidade da excelência (muito = 1ª pontuação média), isto é, de uma avaliação muito positiva, quanto numa série de pontuações médias, que vão para além do 2° nível, o da suficiência, compreendido entre as colunas bastante e pouco. Alguns, estão mais próximos do 2 e são relativamente mais positivos (cf. M: 2,05; M: 2,13); os outros estão um pouco mais distanciados, mais orientados para o pouco (M: 2,24, M: 2,35, M: 2,36,), embora nunca superem a M: 2,50.

Por outro lado, notamos também como as percentagens da coluna bastante se situam entre 3�% e 43%, valores mais altos que os da coluna pouco, que vão desde 19% a 29%. Se, por conseguinte, são baixos os juízos

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2�0 2�1

de excelência, são ainda mais baixos os totalmente negativos da coluna de modo algum, cujas percentagens são, como já se viu, muito baixas.

Tab. 5.18 – Avaliação dos Irmãos sobre a adequação da formação dada pelos formadores relativamente às diversas problemáticas (em % e

pontuações médias)

Formação adequada à…

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

Nad

a

Pont

uaçã

o m

édia

1. …composição multiétnica presente nas nossas comunidades 15,9 11,6 37,5 28,0 7,0 2,36

2. …especificidade cultural dos formandos 19,2 9,0 38,5 29,3 4,0 2,35

3. …mobilidade requerida pela obediência 19,9 12,3 40,2 24,0 3,7 2,24

4. …adaptabilidade requerida pela missão hospitaleira 17,9 15,4 43,1 21,0 2,6 2,13

5. …responsabilidade pessoal 18,6 19,3 40,5 19,6 2,1 2,05*

3.1 – Análise global

Numa análise global da tabela, emerge imediatamente uma nota bastante crítica da relativamente elevada percentagem dos Irmãos que não responderam (de 15,9% a 19,9%). Acerca das suas opiniões, portanto, nada sabemos. E seria necessário considerar este aspecto para se formular um juízo mais ponderado.

Talvez possa ajudar a corrigir a mira o facto de esta falta de respostas incidir muito nas altas percentagens relativas aos mais idosos, com mais de �5 anos, os quais, em todos os 5 itens da pergunta se abstêm de responder, numa percentagem que vai desde 37,9% a 50,8%. Esta influência, por conseguinte, não é de pouco peso; no entanto, nada retira ao valor das respostas dos Irmãos da última faixa etária e, ao mesmo tempo, garante indirectamente que os Irmãos que responderam são os mais directamente activos e que desempenham cargos de responsabilidade mais difíceis.

Em todo o caso, as percentagens relativas a juízos positivos mantêm--se ao redor de 50% dos inquiridos. Avaliar se esta percentagem pode ser considerada uma resposta satisfatória, caberá aos Superiores do Governo Central e ao próprio Capítulo Geral, responsáveis pelas reflexões operacionais e respectivas decisões.

Finalmente, como sinal da seriedade e responsabilidade com que os Irmãos responderam, deve considerar-se o facto de as respostas não terem sido dadas ao acaso e por cansaço – se assim fosse, o último item da pergunta teria podido registar as percentagens mais baixas. Pelo contrário, o resultado coloca-se do lado oposto ao que se obteve relativamente à ordem de prioridades proposta. de facto, o juízo dos Irmãos é polarizado positivamente com a percentagem positiva mais alta no último item da tabela.

Por outras palavras, o âmbito no qual os formadores são aprovados, com quase 60% de consensos, é o que foi assinalado em último lugar – a da formação dos jovens para a responsabilidade pessoal (59,8%). Neste sector, regista-se a percentagem mais alta de excelência (19,3%), e também a menor percentagem de críticas e reservas (21,�%).

Em segundo lugar, avalia-se como bastante adequada a formação para a adaptabilidade requerida pela missão hospitaleira (58,5%). Aqui, embora se registe uma percentagem muito próxima da anterior, já a coluna da excelência (15,4%) passa para segundo lugar, enquanto a boa percentagem total (abrangendo as colunas muito e bastante) é recuperada pela percentagem mais alta da coluna da suficiência (43,1%). As reservas críticas sobem até 23,6%.

A satisfação decresce ao considerar o âmbito da obediência e da

mobilidade por ela exigida (52,3%), havendo contudo um Irmão em cada dez que a considera ainda muito adequada. Também as críticas, porém, se tornam cada vez mais consistentes, chegando aos 2�,�%.

Bastante fraco resulta ser o consenso quanto à formação para a especificidade cultural dos jovens (47,5%), onde as reservas negativas atingem e ultrapassam um terço dos Irmãos (33,3%) e a percentagem da excelência toca valores mínimos absolutos (9%).

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2�2 2�3

Bastante semelhante à anterior é a insatisfação quanto à formação para a vida das comunidades, cada vez mais marcadas pelo carácter multiétnico dos Irmãos (49,1%).

Parece então que o carácter cada vez mais intercultural das várias comunidades esteja a emergir como problema, e a dificuldade em considerar a presença cada vez mais maciça de Irmãos vindos das diferentes partes do mundo se torna cada vez mais séria. 35% das críticas evidenciam claramente este problema. Trata-se de um aspecto problemático que já se encontra presente também nas reflexões do Projecto de Formação (cf. Introdução e artigos 33, �0b).

Por outro lado, questionados, na pergunta seguinte, n. 44, se existe alguma alternativa concreta aos centros interprovinciais de formação, 51,1% respondem claramente que não, embora um quarto de Irmãos admita a possibilidade de diferentes alternativas praticáveis (24,2% de SIM).

3.2 – Aprofundamento analítico

Entrando mais nos detalhes que nos são oferecidos pelos cruzamentos com as variáveis constantemente utilizadas, podemos agora individualizar e documentar as categorias de Irmãos mais atentos e preocupados com as diferentes situações problemáticas da Ordem.

Em primeiro lugar, é considerada substancialmente adequada, e boa, a formação oferecida acerca da responsabilidade pessoal (59,8% = 605 Irmãos). A isto, acrescentem-se os 50,�% dos Irmãos idosos e acima dos 56 anos de idade (154) que não responderam, e os 21,�% de críticas, que correspondem a 219 Irmãos. É, finalmente, sobre este problema que se obtém a percentagem relativamente mais baixa das críticas bastante radicais dos Irmãos (2,1% de modo algum) e a mais elevada, relativa à excelência (19,3% de muito).

Os consensos provêm sobretudo da Ásia (�0,3%) e, diminuindo progressivamente, da África (66,�%), da América Latina (65,1%), da Europa Central (61,9%), dos E.U.A. (51,7%), e de 49,2% dos Irmãos da Europa Meridional. Os mais jovens também são positivos, com �5,3% dos consensos relativamente a 60,1% dos Irmãos com 36-55 anos; 6�,4% dos

licenciados relativamente a 58,9% dos diplomados, 67% dos superiores dos Governos Geral e Provincial, e 82,9% dos formadores vocacionais, relativamente a 54,9% dos superiores locais que, pelo contrário, em 28,9% dos casos, movem críticas bastante consistentes comparativamente com as dos superiores dos Governos Geral e Provincial (16,1%), que são mais leves.

Outras críticas, além disso, provêm sobretudo de Irmãos da África (2�,4%), da Europa Central (23,3%), da América Latina (23,2%), da Europa Meridional (21,6%), de 16,6% dos E.U.A. e de 15,�% da Ásia, além dos Irmãos das duas faixas etárias mais altas.

A formação para a adaptabilidade requerida pela missão hospitaleira (58,5%) é avaliada com uma pontuação pouco abaixo da anterior. As duas percentagens são quase semelhantes, distanciada em pouco mais de um ponto percentual, de forma que também este sector parece merecer bastantes cuidados, embora os dados de excelência sejam 4 pontos percentuais inferiores ao precedente e a sua equiparação seja determinada sobretudo pela coluna do bastante (43,1%). Os méritos da excelência são referidos especialmente pelos Irmãos da Ásia (2�,3%), enquanto os da suficiência o são pelos da África (50%), e as críticas mais fortes provêm dos E.U.A.

Globalmente considerados (muito+bastante), os consensos mais favoráveis provêm não só da Ásia (�5,5%), mas também da África (�0,2%), da América Latina (66,3%), da Europa Central (60,3%), da Europa Meridional (47,6%) e, finalmente, dos E.U.A. (46,7%). Estão satisfeitos �3,2% dos mais jovens, �5,�% dos superiores dos Governos Geral e Provincial, e �0% dos formadores vocacionais. Pelo contrário, não validam essa avaliação positiva os superiores locais (favoráveis só em 54,9% dos casos).

Entre eles, pelo contrário, rasteja o maior número de críticas (29,3%), relativamente à média de 23,6%, comum na Europa Meridional e nos E.U.A., também entre os Irmãos de meia-idade (24-25%), aos das duas faixas etárias intermédias, sobretudo a dos 36-55 anos, e entre os licenciados (24,2%).

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2�4 2�5

A formação para a mobilidade requerida pela obediência (52,5%) recolhe o maior número de Irmãos que não responderam (19,9%), não só entre os mais idosos (4�,5%), mas também dos da faixa etária dos 56-74 anos (29,3%). No entanto, mais de metade dos Irmãos parecem estar satisfeitos com os resultados, especialmente �1,6% da Ásia, 63% da Europa Central, 5�,4% da África e 55,2% da América Latina, 45% dos E.U.A. e 39,4% da Europa Meridional, que é a área mais crítica (28,7%), depois da África (34,5%) e da América Latina (31,4%). Como se vê, as percentagens são bastante diferenciadas e com intervalos notáveis. Isto significa uma disparidade de avaliações entre as mesmas áreas geográficas e devido talvez também a diferenças ideológicas mais profundas.

Obviamente, os mais jovens em formação estão satisfeitos (65,3%), como também os formadores (�0%); pelo contrário, não exprimem a mesma avaliação os superiores locais, que apresentam uma leitura positiva em 53,3% dos casos, mas críticos em 31,1%, juntamente com os licenciados (32,6%), e igualmente também os superiores dos Governos Geral e Provincial (2�,�%), com um nível mais abundante de críticas relativamente à própria média geral, que é de 27,7%.

A formação adequado à composição multiétnica das comunidades (49,1%) constitui um desafio que os Irmãos, mas entretanto também muitas Congregações actuais, são chamados a enfrentar devido à presença cada vez maior de religiosos de outros continentes e de outras culturas. É este o âmbito no qual, embora se registe aqui a percentagem mais elevada de não respostas (15,9%), relativamente mais baixa de todas, temos contudo também a percentagem mais elevada de reservas críticas (35%) dos Irmãos, quer globalmente considerados (pouco+de modo algum), quer na avaliação totalmente negativa (de modo algum: 7%). Por outras palavras, este parece ser um dos problemas ainda abertos e que precisa de ulteriores atenções, estratégias operacionais e escolhas decisivas.

A maior parte dos juízos positivos provêm sobretudo dos Irmãos da Ásia (70,9%), com percentagens muito elevadas, relativamente às outras, igualmente positivas, mas bastante mais contidas, como, por ex., as expressas pelos Irmãos da África (5�,4%), da América Latina (55,�%), da Europa Central (54,5%), dos E.U.A. (40%) e, finalmente, da Europa Meridional (35,5%). Igualmente satisfeitos estão os mais jovens (65,2%) e os formadores vocacionais (�1,5%). Também os superiores dos Governos

Geral e Provincial, em 54% dos casos, se declaram bastante satisfeitos, mas um terço deles move críticas notáveis (33,3%), juntamente com os superiores locais, que exprimem as próprias reservas numa percentagem ainda maior (40,1%).

À percepção de uma formação ainda inadequada neste sector, unem as suas reservas especialmente os Irmãos da Europa Meridional (40%), juntamente com os da África (39,1%), da América Latina (35,5%), da Europa Central (32,8%), os da faixa etária dos 36-55 anos (39,1%) e os licenciados (39%).

Finalmente, parece igualmente urgente insistir ulteriormente para que a formação seja mais ajustada e atenta à especificidade cultural dos formandos (47,5%), tendo em conta as diversas áreas da sua proveniência. Encarado numa outra perspectiva, este item serve essencialmente para confirmar a urgência de atenção, assistência e preocupação que já antes foram observadas relativamente aos problemas da interculturalidade das comunidades, que se vai difundindo cada vez mais. Reencontramos aqui a repetição constante dessas características, positivas e negativas, que se registaram acima, nas respostas dos Irmãos inquiridos.

de facto, parecem bastante satisfeitos os Irmãos da Ásia (64,6%), da Europa Central (53,4%), da América Latina (51,2%), dos E.U.A. (46,�%) e, finalmente, também os da Europa Meridional (37,9%).

Em África, os juízos mais críticos e negativos (4�,6%) chegam mesmo a superar os positivos (45,2%). Talvez eles sejam o sinal que exprime as maiores resistências dos Irmãos para indicar provavelmente de modo mais explícito a inculturação ainda imperfeita do carisma do Fundador concretamente nesse continente.

Neste item, também os Irmãos da faixa etária dos 36-55 anos, que nos outros itens tinham formulado juízos negativos, parecem ser aqui bastante positivos (5�,�%), numa percentagem ainda mais numerosa do que os mais jovens (56,1%). A eles se juntam também os superiores dos Governos Geral e Provincial (55,1%) e �0% dos formadores vocacionais.

Um menor consenso, ou melhor, críticas bastante relevantes são expressas, não só pelos Irmãos da África, mas também pelos da

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2�6 2��

América Latina (3�,�%), da Europa Meridional (31,6%), da Ásia (31,5%); desprezíveis, pelo contrário, as dos E.U.A. (23,3%). Outras reservas foram manifestadas pelos Irmãos entre os 56 e os �4 anos de idade (32,1%), mas sobretudo ainda por 38,9% dos mais jovens e 34,9% dos Irmãos na faixa etária dos 36-55 anos, por 3�,3% dos licenciados, e também por 34,5% dos superiores maiores, os quais, aqui, são mais críticos do que os superiores locais (33,�%), normalmente bastante negativos em todos os outros itens desta pergunta.

Para chegarmos a uma síntese que tenha em conta as diversas constantes que emergem do estudo das várias categorias de Irmãos, além das observações gerais feitas numa primeira abordagem, ao iniciarmos este ponto do capítulo, podemos agora identificar de modo mais analítico entre os mais críticos e menos satisfeitos com a formação dada aos jovens a presença constante dos Irmãos da Europa Meridional, nalguns casos também da África, mas sobretudo dos superiores locais, dos licenciados e dos mais idosos.

Entre os mais satisfeitos que, pelo contrário, exprimem juízos positivos sobre a formação, considerada bastante adequada aos desafios actuais, encontramos sempre de acordo os mais jovens, os próprios formadores e, bastante frequentemente, os superiores dos Governos Geral e Provincial, os quais, contudo, também não deixam, por vezes, de manifestar observações críticas, além de estimulantes.

3.4 – Centros interprovinciais de formação (pergunta 44)

Quase como derivação e complemento da pergunta anterior, a análise desloca-se agora sobre o futuro dos Centros interprovinciais de formação, sobre a hipótese de uma sua reestruturação, de uma sua possível unificação, de uma diferente distribuição dos mesmos, ou de uma possível alternativa aos centros existentes, em relação aos quais, porém, ainda não parece ter-se encontrado elementos decisivos, substitutivos, fundantes e qualificantes. No âmbito formativo, isto constitui um verdadeiro problema.

Potenciar o papel dos Centros nos próprios lugares de origem?

Unificá-los? Fundi-los? Com que critérios, e tendo em vista que projectos?

Parecem ser estas as perguntas implícitas que estão na base desta pergunta intencionalmente dirigida aos Irmãos, precisamente para encontrar a sua explícita colaboração através da formulação de um parecer ponderado e qualificado para uma decisão mais geral que não parece ser fácil de encontrar.

Mais de metade (51,1%) dos Irmãos acha que não existe uma solução real como alternativa à dos actuais centros interprovinciais de formação.

Porém, outros Irmãos, pouco menos de um quarto, pelo contrário, consideram positivamente que se pode fazer algo, nalguma direcção (24,2%). E 60% destes Irmãos (14� em 245) tentam também explicitar algumas sugestões, que valerá a pena considerar, noutro contexto de análise. Mas, contudo, outros 24,7% de Irmãos não sabem ou não conseguem dar uma resposta razoável, como se vê no quadro seguinte.

Existe uma alternativa realística aos centros interprovinciais de formação?

% V.A.

SIm 24,2 245

NÃO 51,1 517

NÃO reSPONdem 24,7 250

(se SIM), que proposta farias para os realizar?)Foram assinaladas 60% de respostas alternativas, de 14� Irmãos.

Os Irmãos que acham que não há nenhuma alternativa real aos centros interprovinciais de formação (51,1%) provêm sobretudo das áreas geográficas de Europa: 45,3% da Europa Meridional (1�2 Irmãos) e 63% da Europa Central (119 Irmãos). Existem também 78% da Ásia (99 Irmãos) e 32% da América Latina (55 Irmãos), como se pode ver na tabela 5.19.

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2�� 289

Tab. 5.19 – Avaliações dos Irmãos acerca da existência de uma alternativa real para os centros interprovinciais de formação. Distribuição por áreas

geográficas (em V. A. e em %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem250 123 24 15 54 9 25

24,� 32,4 12,� 17,9 31,4 �,1 41,�

Sim245 �5 46 29 63 19 3

24,2 22,4 24,3 34,5 36,6 15,0 5,0

Não51� 1�2 119 40 55 99 32

51,1 45,3 63,0 4�,6 32,0 ��,0 53,3

Considerando as faixas etárias, verifica-se que há uma avaliação negativa, além de 52%, especialmente os Irmãos das duas faixas etárias intermédias, assim como os níveis intermédios, em termos de anos de profissão, como mostra a Tab. 5.20, e igualmente 50,6% dos mais jovens.

Tab. 5.20 – Avaliações dos Irmãos acerca da existência de uma alternativa real aos centros interprovinciais de formação. Distribuição por faixas

etárias e anos de profissão (em V. A. e em %)

Faixas etárias Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem250 45 53 92 5� 3� 43 95 66

24,� 1�,� 1�,3 2�,4 43,2 1�,� 15,4 2�,2 44,6

Sim245 �3 79 62 2� 63 79 66 30

24,2 30,5 25,� 19,1 21,2 30,3 2�,2 18,9 20,3

Não51� 121 1�5 1�0 4� 10� 15� 1�� 52

51,1 50,6 5�,0 52,5 35,6 51,9 56,4 53,9 35,1

Entre os superiores Gerais e Provinciais, mais de metade das opiniões (5�,5%) são negativas, como também 54,1% dos superiores locais, em ambos os casos com percentagens superiores à média (51,1%). Encontramos percentagens análogas também entre os licenciados (54,�% = 94 Irmãos), como mostra a Tab. 5.21.

Tab. 5.21 – Avaliações dos Irmãos acerca da existência de uma alternativa real aos centros interprovinciais de formação. Distribuição por cargos

desempenhados (em V. A. e em %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não responderam

250 1� 43 11 1��

24,� 20,� 19,4 15,� 2�,1

Sim245 19 59 29 13�

24,2 21,� 26,6 41,4 21,�

Não51� 50 120 30 31�

51,1 5�,5 54,1 42,9 50,1

Exprimem pareceres diversos, pelo contrário, os formadores e os responsáveis pela pastoral vocacional, dividindo-se, porém em dois grupos igualmente distribuídos entre posições favoráveis (29 Irmãos = 41,4%) e contrárias (30 Irmãos = 42,9%).

Relativamente às reflexões até agora conduzidas, há pelo contrário um bom grupo de 245 Irmãos que afirmam explicitamente poder haver uma alternativa real aos centros interprovinciais de formação (24,2%).

Com uma percentagem muito superior à média, são especialmente os Irmãos da América Latina (36,6% = 63 Irmãos), da África (34,5% = 29 Irmãos), da Europa Central (24,3% = 46 Irmãos) e da Europa Meridional (22,4% = �5 Irmãos). A eles, juntam-se 30,5% dos mais jovens e 25,�% dos Irmãos com 36-55 anos. Entre os que admitem essa possibilidade, encontram-se 19 superiores dos Governos Geral e Provincial (= 21,8%), os superiores locais, em número superior (59 Irmãos = 26,6%), mas esta

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290 291

hipótese é acarinhada sobretudo pelos formadores e pelos Irmãos que trabalham na pastoral vocacional (41,4%).

Portanto, sobre estas hipóteses de viabilidade assinalada (14� de 245 Irmãos) poderia abrir-se um debate para ulteriores verificações, que poderia começar com este número não irrelevante de Irmãos, os quais teriam também oferecido algumas linhas hipotéticas de solução a serem eventualmente tomadas em consideração noutra sede, recuperando-as directamente das entrevistas. Apresentamos a sua distribuição dividida por áreas de origem, faixas etárias e respectivos cargos exercidos.

A maior parte dos Irmãos que exprimiram a sua opinião provêm especialmente da Europa Meridional, da América Latina, da África e da Europa Central, como se pode ver observando a Tab. 5.22.

Analogamente, as propostas apresentadas não provêm apenas de um pequeno grupo de Irmãos com mais de 56 anos, mas são também consistentes as apresentadas pelos mais jovens e pelos Irmãos da faixa etária dos 36-55 anos, pelos licenciados (30 Irmãos), por 15 superiores dos Governos Geral e Provincial, por 31 superiores locais e 25 formadores vocacionais. É preciso observar também que cerca de metade destas propostas (�6 em 14�) foram expressas por Irmãos que nunca desempenharam cargos de responsabilidade.

Tab. 5.22 – Indicações de hipóteses de viabilidade quanto à alternativa aos centros interprovinciais de formação. Distribuição por áreas geográficas

(em V. A. e em %).

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 245 �5 46 29 63 19 3Percentagem sobre o total 100,0 34,� 1�,� 11,� 25,� �,� 1,2

Não responderam

98 2� 23 10 24 13 1

40,0 31,� 50,0 34,5 3�,1 6�,4 33,3

Indicaram hipóteses

14� 5� 23 19 39 6 2

60,0 6�,2 50,0 65,5 61,9 31,6 66,�

Tab. 5.23 – Indicações de hipóteses de viabilidade quanto à alternativa aos centros interprovinciais de formação. Distribuição por faixas etárias

e de profissão (em V. A. e em %).

Faixas etárias Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 245 �3 79 62 2� 63 79 66 30Percentagem sobre o total 100,0 29,8 32,2 25,3 11,4 25,� 32,2 26,9 12,2

Não responderam

98 24 33 25 15 20 32 26 16

40,0 32,9 41,� 40,3 53,6 31,� 40,5 39,4 53,3

Indicaram hipóteses

14� 49 46 3� 13 43 4� 40 14

60,0 6�,1 5�,2 59,7 46,4 6�,3 59,5 60,6 46,�

Tab. 5.24 – Indicações de hipóteses de viabilidade quanto à alternativa aos centros interprovinciais de formação. Distribuição por cargos

desempenhados (em V. A. e em %).

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 245 19 59 29 13�Percentagem sobre o total 100,0 �,� 24,1 11,� 56,3

Não responderam

98 4 2� 4 62

40,0 21,1 4�,5 13,� 44,9

Indicaram hipóteses

14� 15 31 25 �6

60,0 78,9 52,5 �6,2 55,1

Em síntese, a resposta à pergunta acerca da dificuldade de encontrar vias alternativas aos centros interprovinciais de formação parece ser bastante clara.

Mais de metade dos Irmãos não vislumbra nenhuma outra alternativa, apesar de haver uma série de propostas de cerca de um quarto dos inquiridos que parecem sugerir hipóteses alternativas. deveriam eventualmente ser tomadas em consideração, caso se decida enveredar

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292 293

por esta opção. As hipóteses possíveis e as sugestões concretas estão à disposição dos superiores tal como foram formuladas nos questionários.

4. CONCLUSÃO

Reconhecida a importância fundamental da formação dos formadores, a preocupação da Comissão centrou-se nos três âmbitos delineados, isto é, a escolha, a presença e a preparação específica dos formadores, o apoio e a comparticipação responsável de todos os Irmãos nas suas tarefas, as hipóteses de futuro para as novas orientações eclesiais e sociais das exigências de uma formação adequada aos tempos.

Se considerarmos as respostas dos Irmãos relativas à consciência explícita que eles têm acerca da escolha dos formadores, os dados não parecem ser muito encorajadores. de facto, nem todas as Províncias parecem dispor de uma equipa de formadores. Metade dos Irmãos declara explicitamente a sua existência e presença activa, mas 14% negam que eles estejam presentes na própria Província. Além disso, pouco menos de um terço reconhece não estarem ao corrente da sua existência. Não é certamente um bom sinal do interesse demonstrado pelo problema das vocações. Poder-se-ia deduzir que há uma espécie de indiferença, mas também de uma ainda fraca capacidade de proposta por parte de quem deveria manter desperta esta sensibilidade ao nível dos Irmãos da Ordem inteira. Os mais atentos e envolvidos, pelo contrário, parecem ser os países de missão, para os quais provavelmente há mais programas explícitos de formação, e talvez também um maior número de vocações para as quais é necessário preparar os próprios formadores. Os projectos de um maior cuidado das vocações juvenis nestes países traduzem-se numa escolha mais atenta e prudente dos mesmos formadores.

Depois, quanto à qualidade da formação teológica, espiritual e humanística, os Irmãos consideram haver uma escassa preparação humanística, uma suficiente formação teológico-espiritual e uma boa preparação no plano da espiritualidade específica da Ordem. Deve ser realçado, porém, um elemento constante de insatisfação que acompanha sempre cerca de um terço dos Irmãos. Estes dados, porém, sugerem-nos a proposta de desenvolver uma dúplice série de políticas: a primeira, orientada para um compromisso de formação mais intensa no âmbito

das ciências humanas e teológicas; a segunda, para um compromisso de maior informação do problema vocacional no interior da própria Ordem, de forma a envolver o maior número possível de Irmãos num processo de simpatia e co-responsabilidade, que não deixe os formadores sentirem-se isolados. Tal apoio geral estimulará o seu entusiasmo no sentido de uma preparação ainda mais específica e responsabilizada, ao aperceberem-se da valorização difusa do papel que desempenham.

Uma constante que se repete neste sector é a crítica persistente dos superiores locais e dos Irmãos da faixa etária dos 36-55 anos, os quais, sendo obviamente os primeiros interessados em aperceber-se da presença e da qualidade efectiva das novas fileiras, com as quais trabalham muito de perto, não deixam de recordar instintivamente os seus formadores, fazendo uma avaliação baseada nas qualidades dos novos formandos.

São cada vez mais positivos os juízos dos superiores gerais e provinciais, dos próprios formadores e dos mais jovens.

Ocasiões de encontro e confronto entre os formadores nos diferentes níveis, verificam-se com uma certa frequência, mas eles concentram-se principalmente dentro da Província ou da Ordem, continuando a ser, pelo contrário, bastante reduzidos e limitados os que se realizam fora, com outras Ordens e Congregações. O nível de informação dos Irmãos resulta ser bastante limitado e, como se observou neste âmbito, não são raros os superiores Provinciais e locais que parecem estar informados. Isso faz supor que a circulação da informação não é das mais fluidas pelo menos no sector das vocações e da formação dos formadores.

Aprofundando, ao nível de Ordem, a difusão da informação dos Irmãos sobre a formação acabamos por descobrir, relativamente ao “Projecto de Formação”, que existe um conhecimento generalizado e difuso dos seus conteúdos por parte de 2/3 dos Irmãos, especialmente na América latina, em África, na Ásia, ao nível dos que exercem cargos de responsabilidade nos vários sectores. deveria ser promovido um maior conhecimento ao nível das faixas mais fracas dos Irmãos.

Esse conhecimento constitui o primeiro ponto de partida para o seu aprofundamento, a sua interiorização e aplicação na vida quotidiana. Globalmente considerados, mais de metade dos inquiridos está empenhada

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294 295

também num esforço de aprofundamento, interiorização e aplicação das indicações do “Projecto de Formação”. Um terço abundante, porém (chegando quase a 40% = entre 250 e 290 Irmãos), de quantos declararam conhecê-lo, confessa no entanto que há resistência, descuido e negligência (pouco + de modo algum), sobretudo ao nível da prática.

De tudo isto emerge a constatação de que ainda há muito para fazer quanto à interiorização e aplicação do “Projecto de Formação” na vida prática, pelo menos para cerca de metade dos Irmãos. As avaliações positivas, que se repetem nos vários níveis registam-se, obviamente, entre os superiores, mas também por parte dos Irmãos dos E.U.A., da Ásia e da Europa Central, nas variáveis relativas aos escalões etários mais jovens, aos licenciados e aos formadores vocacionais.

Por outro lado, estes mesmos formadores – cerca de metade – não conseguem dedicar-se exclusivamente à formação dos seus jovens, devendo também desempenhar outras funções, especialmente na África e na América Latina. Mais sorte, pelo contrário, têm aqueles 21,2% de Irmãos que se podem empenhar nessa tarefa, de modo exclusivo, como os da Ásia e da Europa Central.

Faz parte do interesse pela Ordem e pela formação conhecer as suas coordenadas, isto é, o “Projecto de Formação”, os Irmãos em formação e os centros de formação. O seu conhecimento é o sinal mais elementar do grau de informação e de interesse que os Irmãos demonstram relativamente ao sector formativo e vocacional. Destes dados, recebemos uma confirmação para as nossas precedentes reflexões, sobretudo no que diz respeito ao “Projecto de Formação”, ou seja, que ele deveria ser mais conhecido também pelos não formadores.

Ao passo que mais facilmente está difundido o conhecimento dos Centros de formação (80,1%) da própria Província e dos Irmãos em formação (72,9%), parece ser relativamente limitado, pelo contrário, o conhecimento mesmo só do esquema do “Projecto de Formação”(49,4%): nem sequer metade dos inquiridos o conhece. Confirma-se assim uma certa negligência no conhecimento do “Projecto de Formação” em quase todos os níveis, especialmente nos E.U.A. e por parte dos que não desempenham funções na área da formação ou não ocupam cargos de responsabilidade. Um bom grau de comparticipação nos problemas da formação

regista-se ao nível dos mais jovens e dos Irmãos do escalão etário dos 36-55 anos, como também (obviamente, mas nem sempre) entre os próprios formadores.

A atenção dos superiores do Governo geral, porém, concentra-se principalmente nos conteúdos concretos da formação e na adequação da formação aos novos desafios, reunidos nas perguntas 43 e 44.

Enquanto se valoriza positivamente e se promove com um bom reconhecimento dos resultados obtidos o esforço envidado para formar no sentido da responsabilidade pessoal, da adaptabilidade requerida pela missão hospitaleira, da mobilidade exigida também pela obediência, surgem motivos de preocupação face à resposta ainda inadequada que foi dada aos últimos dois desafios, isto é, a formação para a especificidade cultural dos jovens e para o carácter multiétnico das comunidades, cada vez mais caracterizadas pela presença de Irmãos provenientes de países e culturas diferentes.

Trata-se de um aspecto problemático que, embora já tenha sido previsto até nas reflexões do Projecto de Formação (cf. Introdução e art. 33°, �0b), ainda não encontrou uma solução satisfatória, visto que mais de metade dos Irmãos (51,1%) considera que não há uma alternativa real aos centros de formação interprovinciais.

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297

A PASTOrAL VOCACIONAL

FeNOmeNOLOGIA e PerSPeCTIVAS

A análise sobre o actual estado da formação na Ordem Hospitaleira dos Irmãos de S. João de deus conduziu-nos por um itinerário muito articulado e complexo. Partiu de um olhar geral sobre a distribuição dos Irmãos inquiridos nas diferentes funções, papéis e características estruturais de idade, residência, habilitações académicas. Passámos depois a analisar os resultados dos principais traços característicos da consagração religiosa, realizada mediante os votos de pobreza, castidade, obediência e hospitalidade. detivemo-nos, além disso, a avaliar o carisma e a missão mais específica da Ordem, do novo papel que todo o Irmão procura viver, as etapas da sua formação inicial e permanente, na sua relação com os Colaboradores e no seu compromisso na pastoral da saúde. Neste itinerário, assume um lugar de grande importância a Comunidade, através dos seus ritmos de oração, de vida fraterna, de animação religiosa e apostólica. A última etapa do nosso itinerário consistiu em estudar a formação dos formadores, os conteúdos do “Projecto de Formação” e as estruturas formativas da Ordem.

Chegámos agora ao cerne da nossa investigação, que é o objecto deste sexto capítulo, que enfrenta a fenomenologia e a análise mais própria da pastoral vocacional e das suas diferentes articulações. Trata- -se, concretamente, de analisar, de modo aprofundado, como as diferentes Províncias e regiões estão a enfrentar os problemas da pastoral vocacional, dos animadores vocacionais, da importância de cada Comunidade para fazer surgir, desenvolver e acompanhar as novas vocações, dos valores carismáticos típicos da Ordem e dos que hoje podem mais eficazmente orientar os jovens nas suas escolhas de vida. Finalmente, um capítulo à parte será dedicado à preciosa contribuição das propostas sugeridas por todos os Irmãos inquiridos para melhorar a pastoral vocacional nas suas mais diversas e articuladas dimensões operativas.

CAPÍTULO VI

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298 299

Trata-se de um tema muito importante, porque a sua focalização específica foi também objecto de uma reflexão bastante articulada no próprio “Projecto de Formação” (n. 98-102), que especifica a sua natureza (n. 98-99), o seu objectivo geral (n. 100), os objectivos específicos (n. 101) e os meios para dar a conhecer o carisma da Ordem (n. 102). Além disso, está na base motivacional precisamente deste estudo, no qual nos propomos evidenciar os recursos e as limitações da pastoral vocacional em cada uma das regiões e Províncias.

Na linha destas indicações, o nosso estudo acaba por adoptar uma estrutura absolutamente particular, com a qual queremos organizar as perguntas desta secção (nº 45-53). De facto, ao mesmo tempo que consideramos mais oportuno reservar um capítulo específico (o seguinte) para as várias propostas dos Irmãos relativas à melhoria e ao potenciamento da pastoral vocacional própria da pergunta nº 54, neste, queremos desenvolver uma descrição da fenomenologia da Pastoral Vocacional (PV), tal como ela é realizada na Ordem, da força dos seus processos e da presença das suas estruturas, através de uma análise mais detalhada que, segundo a lógica interna da investigação, se presta mais facilmente a valorizar as diferentes contribuições dos Irmãos.

Articularemos as nossas reflexões nos seguintes pontos, que reflectem a distribuição das perguntas do questionário nesta parte, bastante bem estruturado e logicamente organizado:

1. Estudo sociológico dos factores de escassez das vocações nas regiões diferentes (pergunta 45)

2. Compromisso de cada Província em enfrentar a pastoral vocacional (perguntas 46-4�)

3. Carências e dificuldades na pastoral vocacional (pergunta 49)4. Os animadores da pastoral vocacional: sua preparação e

compromissos (pergunta 50)5. A Comunidade religiosa: sujeito importante da pastoral vocacional

(pergunta 51)6. disponibilidade dos Irmãos nas várias dimensões da pastoral

vocacional (pergunta 52)�. Os valores carismáticos da Ordem proponíveis aos jovens de hoje

(pergunta 53).

1. – FACTOreS de eSCASSeZ de VOCAÇÕeS NAS dIFereNTeS reGIÕeS e PrOVÍNCIAS (Pergunta 45)

Esta pergunta específica sobre a escassez de vocações já foi colocada nas perguntas n. 1� e 26 e, com elas, poderemos eventualmente fazer mais tarde algumas comparações. Aqui, porém, pretendemos contextualizar o problema nas áreas geográficas das várias Províncias/Delegações, numa reflexão que seja mais concreta face às dificuldades do próprio território. Inevitavelmente, ele está marcado por características socioculturais próprias, diferentes sobretudo de outros Continentes, já mais ou menos afectados pelos problemas da secularização, modernidade e pós--modernidade. Tratou-se de um esforço que cada Irmão foi convidado a fazer, reflectindo sobre os problemas da própria Província/Delegação: um esforço que permitiu tomar consciência de certas situações que antes poderiam ter passado despercebidas e, por conseguinte, sem efeitos na vida das comunidades.

1.1 – Análise global

Analisaremos os seus resultados de modo detalhado, colhendo aquilo que cada Irmão observou nas diferentes áreas geográficas. Em primeiro lugar, porém, é necessário e útil poder ter e apresentar uma visão global sintética, de fundo e contexto, no âmbito da qual colocar as opiniões da totalidade dos Irmãos. Eles exprimiram-se, relativamente a este tema muito delicado, com uma adesão tão completa, atingindo 97,5% das respostas, que tornaram insignificante o pequeno grupo de 2,5% de Irmãos que não responderam.

do quadro reproduzido, emerge uma leitura do próprio contexto sociocultural muito surpreendente, sobretudo pela classificação descendente com que se colocam as percentagens dos vários factores, ou fenómenos, sociais considerados pelos Irmãos como causa da escassez de vocações na própria região.

de facto, a pergunta precisa sobre as causas da escassez de vocações estava expressa nos seguintes termos: Entre as causas da escassez de vocações, quais de entre as seguintes te parecem ser predominantes na tua Província/Delegação?

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300 301

%

1. Ambiente social desfavorável (secularização, consumismo, etc.)2. Perda do sentido religioso da vida3. Dificuldade dos jovens de fazerem projectos a longo prazo4. Os jovens têm hoje muitas outras possibilidades e alternativas5. Falta de testemunho de alguns membros da Igreja6. Problemáticas familiares (divórcios, ausência de valores, etc.)�. Escassez de propostas válidas e atraentes da nossa parte�. diminuição dos nascimentos9. Falta de pessoas que se dediquem à pastoral vocacional10. Outras

52,942,�35,430,52�,322,420,61�,616,� 3,�

A principal razão, reconhecida por todos, não parece ser a falta de pessoas que se dediquem à pastoral vocacional, assinalada apenas por 16,�% dos Irmãos. Há outras razões, de fundo, muito mais fortes e difíceis de enfrentar, relacionadas com vários factores socioculturais. É nelas que somos chamados a incidir no nosso contexto, porque são esses os desafios mais concretos com os quais confrontar-nos. Não devem certamente constituir um álibi para a nossa impreparação psicológica e cultural. devem, antes, ser assumidas com um salto de qualidade para um compromisso muito mais vasto: o de nos prepararmos para enfrentar fenómenos que nos ultrapassam, com os equipamentos mentais, culturais e religiosos mais adequados. Trata-se de problemas culturais que não devem ser esquivados, nem escamoteados. É neste terreno que somos levados a medir forças, num âmbito muito mais exigente, mais profundo e vasto que não fica resolvido simplesmente destinando mais alguns Irmãos a se juntarem à equipa de pastoral vocacional.

Precisamente esta sua faceta mais complexa, que frequentemente se situa fora do nosso raio de acção, poderia induzir sentimentos de impotência e desconfiança; contudo, é necessário defender-se dessa tentação, contrapondo inteligentemente estratégias de âmbito mais vasto e satisfatório. Tais estratégias afectam o próprio projecto cultural, religioso e formativo da Ordem, que deixa de ser convidada não apenas a estancar situações de emergência recorrentes e contingentes, mas sobretudo a perspectivar linhas radicais de acção e desenvolvimento, na esteira das mesmas indicações metodológicas que estão a animar a acção pastoral do próprio Papa Bento XVI face aos desafios culturais do nosso tempo. Em nossa opinião, não se trata de sair, com equilíbrio, de uma situação de puro contraste e tamponamento de situações emergentes, que não devem ser negligenciadas, mas de desenvolver estratégias projectuais

e de desenvolvimento bastante concretas para não nos deixarmos seduzir por um projecto que se torne inacessível e puramente abstracto.

Voltando ao nosso quadro de referência, mais de metade os Irmãos individualizaram claramente e apontaram como primeira razão para a escassez das vocações o ambiente social de secularização e consumismo desfavorável ao surgir das vocações (52,9%), que, de forma alguma, induz a uma escolha de vida mais austera, exigente e generosa.

Esta poderia mesmo ser talvez uma resposta de comodidade, mas não é.

de facto, imediatamente depois, como segundo factor, embora a uma distância de 10 pontos percentuais, sublinha-se uma outra razão de fundo mais substancial e intrínseca (cf. também pergunta 22,3), que é a perda do sentido religioso da vida (42,7%), para cuja reconstrução todos somos chamados a agir, pelo menos nos nossos ambientes, para criar aqueles espaços nos quais este sentido religioso possa voltar a estar presente, a tornar-se palpável, mais visível e estimulante (... “in più spirabil aere [num ar mais respirável], como sugeriu dante: é o apelo do Transcendente, do espiritual, antídoto à aridez do espírito produzida pela tecnologia, que o S. Padre bento XVI repetiu na sua primeira Mensagem de Natal (2005).

A estas motivações sociológicas exteriores, de carácter sociocultural, acrescentam-se, com � pontos de diferença, os aspectos mais especificamente psicológicos e internos da estrutura de personalidade frágil dos jovens de hoje que (cf. perguntas 26,4 e 10, considerada a primeira grande dificuldade para a integração na Ordem e os consequentes abandonos), se exprime na dificuldade de fazer projectos a longo prazo (35,4%).

Eles têm hoje muitas outras possibilidades e alternativas (30,5%), estimulados pelo consumismo e por uma gama amplíssima de opções de carreira, apresentadas a quem tenha um mínimo de requisitos vocacionais e ambições pessoais. Também não faltam, infelizmente, contratestemunhos de alguns membros da Igreja (27,3%), ou mesmo dos próprios Irmãos, como já se observou também na pergunta 26.6 e � e sucessivo comentário.

Não estão ausentes da consciência dos Irmãos as difíceis condições em que se encontra nos dias de hoje, a família e as suas problemáticas

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302 303

(22,4%), devido às crises mais fáceis e numerosas, ao aumento de separações e divórcios, à conflitualidade familiar cada vez mais frequente – agravada pela hipersensibilidade em relação ao outro, frequentemente considerado como um estorvo para uma realização pessoal de ambição exasperada –, ao sentido de vazio educacional e ausência de valores que preenchem o ambiente, para além da promulgação de leis e instituições que não só não defendem a sua integridade, mas nem sequer oferecem apoio e recursos para enfrentar as acrescidas, múltiplas e insubstituíveis responsabilidades que ela deve enfrentar.

Esta situação é realisticamente acompanhada pela persistência de uma acentuada quebra demográfica e uma diminuição dos nascimentos (18,6%), que não dá sinais de recuperação, e que, além disso, ameaça a própria reposição geracional. E assim, as próprias famílias, cada vez menos numerosas, mais pequenas e mais frágeis, dificilmente permitirão que um dos seus filhos, muito frequentemente único, faça uma escolha vocacional de tipo religioso ou sacerdotal.

Por fim, mas não menos importante, um quinto abundante dos Irmãos confessa o auto-reconhecimento sincero e, infelizmente, cheio de confusão, de uma abertura, mais frequente do que se pensa, na constatada escassez de propostas válidas e atraentes por parte dos mesmos Irmãos (20,6%), em relação à qual bem pouco pode fazer a estrutural multiplicação de Irmãos designados ad hoc, para remediar, onde é possível, a falta de pessoas dedicadas à pastoral vocacional (16,7%).

Se, de facto, a equipa de pastoral vocacional é necessária numa Província/delegação para manter vivos a urgência e o sentido de responsabilidade vocacional de toda a Província e de cada um dos Irmãos, ela, sozinha, não é contudo suficiente para despertar vocações. Se o sentido da proposta vocacional não resultar da consciência própria de todos e cada um, difundida sistematicamente como consciência de cada Irmão, ocupado convictamente em encontrar o seu sucessor que o substitui na Ordem, bastante limitado será o esforço da equipa de pastoral vocacional. Às vezes, poderia tornar-se num álibi substitutivo para o abandono desta responsabilidade pessoal e colectiva.

Em conclusão, é muito esclarecedor e significativo observar que, em toda esta longa e detalhada análise sobre a falta de vocações e as dificuldades vocacionais que se encontram, os Irmãos distribuem as

suas respostas numa gama bastante articulada e percentualmente diversificada de factores, sobretudo após o forte impacto dos primeiros dois itens, que recolhem as observações da maior parte dos inquiridos. de facto, as percentagens não se concentram apenas num ou dois factores, sobre os quais convergem de forma homogénea as opiniões de todos os Irmãos, mas distribuem-se quantitativamente numa frente muito vasta, o que significa que os problemas não se limitam redutoramente apenas a alguns, mas exigem, pelo contrário, uma estratégia metodológica mais complexa que se abra a mais campos que dificuldades. A tomada de consciência que os Irmãos demonstraram possuir relativamente a este mapa diversificado de múltiplas causas, ou melhor, “con-causas”, ajuda a evitar o desânimo, facilita o reconhecimento da variedade dos problemas e impele a enfrentá-los isoladamente com sabedoria e tranquilidade.

1.2 – Aprofundamento analítico por variáveis estruturais: áreas, idades, papéis

Como são entendidas a ordem e a gravidade das dificuldades pelos vários Irmãos?

Há uma visão uniforme, ou as diferentes áreas de proveniência e de trabalho apostólico, as diferentes idades, os vários papéis desempenhados, os níveis culturais de maturidade humana, têm influência em determinar uma visão particular da sociedade?

Dado que a classificação global e sintética dos totais já foi apresentada mais acima, vamos deter-nos aqui a analisar cada uma das variáveis estruturais, particularmente na diferenciação interessante nas áreas geográficas de proveniência.

A Tab. 6.1, e as outras que iremos apresentando, documentam as várias percepções destas variáveis.

A leitura vertical de cada coluna permite-nos obter a classificação da importância que cada região atribui às dificuldades mais graves presentes na própria área, ordenadas pelos valores máximo e mínimo dos dados percentuais.

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304 305

A influência do ambiente secularizado e consumista foi mais sublinhado, em medida superior à média, sobretudo pelas respostas dos Irmãos da Europa Meridional (65,5%) e da Europa Central (56,1%), da América Latina (4�,�%) e também da Ásia (41,�%). Pelo contrário, é considerada como pouco importante pelos Irmãos da África (2�,6%), que a relegam para sexto lugar, após a falta de testemunho de alguns membros da Igreja (50%), da perda do sentido religioso (36,9%), da falta de pessoal para a pastoral vocacional (34,5%) e da dificuldade dos jovens em fazer projectos de longo prazo (34,5%).

A falta de testemunho de alguns membros da Igreja constitui a primeira dificuldade também para os Irmãos da Ásia (45,7%), que assinalam em segundo lugar o ambiente social desfavorável (41,7%) juntamente com as múltiplas alternativas oferecidas hoje aos jovens (41,7%), a perda do sentido religioso (33,9%) e a diminuição dos nascimentos (32,3%).

Para os Irmãos dos E.U.A., a causa principal da escassez de vocações é a perda do sentido religioso (50%), antes do facto de os jovens terem outras alternativas (40%) ou não estarem disponíveis para fazer projectos de longo prazo (40%); só em quarto lugar atribuem uma certa influência ao ambiente social desfavorável (35%).

Tab. 6.1 – Causas da escassez de vocações na tua Província/Delegação. Distribuição por áreas de proveniência (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem25 14 4 1 4 1 1

2,5 3,� 2,1 1,2 2,3 0,� 1,�

Ambiente social desfavorável

535 249 106 24 �2 53 21

52,9 65,5 56,1 2�,6 4�,� 41,� 35,0

Problemas familiares

22� 65 55 25 4� 20 14

22,4 1�,1 29,1 29,8 27,9 15,� 23,3

diminuição da natalidade

1�� 103 30 0 � 41 6

1�,6 2�,1 15,9 0,0 4,� 32,3 10,0

Perda do sentido religioso

432 179 69 31 �0 43 30

42,� 4�,1 36,5 36,9 46,5 33,9 50,0

Dificuldades dos jovens para

projectos a longo

35� 14� �3 29 59 25 24

35,4 38,9 3�,6 34,5 34,3 19,7 40,0

Falta de pessoas para a pastoral

Vocacional

169 32 30 29 40 31 �

16,� �,4 15,9 34,5 23,3 24,4 11,�

Escassez de propostas válidas

20� �� 2� 22 32 34 14

20,6 20,5 14,� 26,2 1�,6 26,� 23,3

Jovens têm outras alternativas

309 109 60 16 4� 53 24

30,5 2�,� 31,� 19,0 2�,3 41,� 40,0

Não testemunho da Igreja

2�6 66 43 42 50 5� 1�

2�,3 1�,4 22,� 50,0 29,1 45,� 2�,3

Para a América Latina, a segunda causa de tal falta escassez é atribuída à perda do sentido religioso da vida (46,5%), seguida pela dificuldade dos jovens em fazerem projectos a longo prazo (34,3%), mas também à falta de testemunho de pessoas de Igreja (29,1%) e ao agravamento das problemáticas familiares (27,9%).

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306 30�

No caso da Europa Central, a maior dificuldade consiste no ambiente social desfavorável (56,1%), nomeadamente, no consumismo e na secularização, seguida pela dificuldade dos jovens em fazerem projectos a longo prazo (38,6%), na perda do sentido religioso (36,5%), e nas problemáticas familiares (29,1%).

A Europa Meridional considera como primária a dificuldade do ambiente de secularização e consumismo (65,5%), em segundo lugar, a quase 20 pontos de distância, a perda do sentido religioso (47,1%) e a dificuldade dos jovens em fazerem projectos a longo prazo (38,9%), a pluralidade das alternativas que lhes são oferecidas (28,7%) e a diminuição dos nascimentos (27,1%).

É curioso observar como o item relacionado com a escassez de propostas válidas ocupe em todas as regiões os últimos lugares da classificação, depois da sexta, entre nove opções propostas, juntamente com o problema da diminuição dos nascimentos (considerado como tal só na Europa Meridional e na Ásia). Poderia ser interpretado como um índice positivo, no sentido que este aspecto já é devidamente considerado e não constitui um problema senão para poucos, mas também poderia ter uma outra leitura, mais negativa, no sentido de uma certa remoção do facto da percepção geral (“não se cuida disso”).

deslocando a focalização do nosso estudo para as variáveis de idade, podemos conhecer a importância e a classificação atribuída a tais causas por parte dos diversos escalões etários. Por outras palavras, quais são os problemas considerados mais importantes pelos jovens, os adultos e os idosos? O que pensam os Irmãos jovens acerca dos problemas dos jovens e das suas dificuldades? Como as avaliam?

Podemos encontrar respostas a estas questões observando a tabela 6.2, que nos oferece uma visão de conjunto. Também aqui, a nossa leitura será feita no sentido vertical, sobre as nove colunas relativas às várias faixas etárias e aos anos de profissão.

Para todas as faixas com percentagens diferenciadas, a primeira causa de tal escassez é determinada pelo ambiente social desfavorável de consumismo e secularização, excepto no caso dos jovens os quais, colocando-a em segundo lugar, consideram, pelo contrário, mais

importante e primário a falta de testemunho de alguns membros da Igreja (41%): esta causa é, pelo contrário, relegada pelas outras faixas etárias para posições entre o quinto e o oitavo lugares.

A classificação dos mais jovens, de facto, afasta-se notavelmente da das outras três faixas etárias, pois, além da consideração das observações anteriores relativamente aos primeiros dois factores, colocam em terceiro lugar a perda do sentido religioso (38,5%), seguido pela falta de pessoas que se dediquem à pastoral vocacional (31,8%), facto que, para todas as outras faixas etárias, ocupa os últimos dois lugares, a dificuldade em fazer projectos a longo prazo (31%), a multiplicidade das alternativas oferecidas aos jovens (29,7%), as problemáticas familiares (22,2%), as quais, pelo contrário, são consideradas mais relevantes pelas últimas duas faixas etárias; seguem-se a carência de propostas válidas (20,1%) e, por fim, a diminuição demográfica (10,9%), à qual, pelo contrário, os Irmãos acima dos 56 anos atribuem uma maior atenção.

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30� 309

Tab. 6.2 – Causas da escassez de vocações na tua Província/Delegação. Distribuição por faixas etárias e anos de profissão (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem25 3 5 � � 3 1 12 �

2,5 1,3 1,6 2,5 6,1 1,4 0,4 3,4 4,�

Ambiente social desfavorável

535 94 151 198 �4 �4 12� 20� 97

52,9 39,3 49,2 61,1 63,6 40,4 45,� 59,6 65,5

Problemas familiares

22� 53 54 �5 34 41 63 �1 41

22,4 22,2 1�,6 26,2 25,� 19,7 22,5 23,2 2�,�

diminuição da natalidade

1�� 26 4� �5 36 21 3� �6 3�

1�,6 10,9 15,3 23,1 2�,3 10,1 13,2 24,6 25,�

Perda do sentido religioso

432 92 11� 153 63 �� 109 165 6�

42,� 3�,5 3�,4 4�,2 4�,� 3�,0 38,9 4�,3 45,3

Dificuldade dos jovens para

projectos a longo

35� �4 11� 119 44 65 100 121 62

35,4 31,0 3�,1 36,� 33,3 31,3 35,� 34,� 41,9

Falta de pessoas para a pastoral

Vocacional

169 �6 52 33 � 62 56 33 12

16,� 31,� 16,9 10,2 6,1 29,8 20,0 9,5 �,1

Escassez de propostas válidas

20� 4� �� 61 12 46 �1 66 15

20,6 20,1 2�,3 1�,� 9,1 22,1 28,9 18,9 10,1

Jovens têm outras alternativas

309 �1 98 100 3� 63 89 10� 41

30,5 29,7 31,9 30,9 2�,0 30,3 31,� 30,� 2�,�

Não testemunho da Igreja

2�6 98 96 61 20 �1 94 �5 19

2�,3 41,0 31,3 1�,� 15,2 38,9 33,6 21,5 12,�

Outras3� 5 13 1� 3 � 12 15 3

3,� 2,1 4,2 5,2 2,3 3,4 4,3 4,3 2,0

É interessante observar como todas as faixas etárias e de anos de profissão concordam em atribuir mais ou menos o mesmo lugar na classificação às seguintes causas, por ordem decrescente: ambiente

social desfavorável, perda do sentido religioso da vida, dificuldade dos jovens em fazerem projectos a longo prazo e, finalmente, a presença de alternativas sedutoras.

Quando a nossa atenção se focaliza, pelo contrário, nos papéis desempenhados pelos vários Irmãos, é interessante analisar as prioridades atribuídas pelos diversos superiores do Governo Central e locais, pelos formadores ou pelos Irmãos de profissão simples. Também aqui emergem sintonias e divergências, pelo menos relativamente ao lugar de classificação atribuído aos vários itens.

Para todos e cada um dos papéis desempenhados, o primeiro lugar é dado ao ambiente social (sobretudo pelos superiores maiores), e o quarto é atribuído à multiplicidade das alternativas oferecidas aos jovens (sobretudo por parte dos superiores locais e dos formadores). Uma identidade geral e convergência nas prioridades emergem relativamente à perda do sentido religioso da vida, que ocupa o terceiro lugar, precedido, porém, pela dificuldade em fazer projectos de longo prazo.

Uma mesma identidade de pontos de vista existe também em relegar por unanimidade para os últimos lugares da classificação as problemáticas familiares, a quebra demográfica (factores sociais), a falta de pessoal para a pastoral vocacional, e a falta de propostas válidas e atraentes da Ordem (factores religioso-congregacionais).

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310 311

Tab. 6.2 – Causas da escassez de vocações na tua Província/Delegação. Distribuição por cargos desempenhados (em V. A. e %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633

Percentagem sobre 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem25 0 5 1 19

2,5 0,0 2,3 1,4 3,0

Ambiente social desfavorável

535 5� 122 39 316

52,9 66,� 55,0 55,� 49,9

Problemas familiares

22� 22 55 15 135

22,4 25,3 24,� 21,4 21,3

diminuição da natalidade

1�� 20 43 4 121

1�,6 23,0 19,4 5,� 19,1

Perda do sentido religioso

432 3� �4 24 2��

42,� 42,5 3�,� 34,3 45,3Dificuldade

dos jovens para projectos a longo

35� 41 96 23 198

35,4 4�,1 43,2 32,9 31,3Falta de pessoas

para a pastoral Vocacional

169 � 36 15 111

16,� �,0 16,2 21,4 1�,5

Escassez de propostas válidas

20� 15 45 15 133

20,6 1�,2 20,3 21,4 21,0

Jovens têm outras alternativas

309 23 �0 24 192

30,5 26,4 31,5 34,3 30,3

Não testemunho da Igreja

2�6 22 52 26 1�6

2�,3 25,3 23,4 3�,1 2�,�

Outras3� 3 6 5 24

3,� 3,4 2,� �,1 3,�

Quanto ao item relativo à falta de testemunho de alguns membros da Igreja, enquanto os superiores centrais e locais o colocam em quinto ou sexto lugares, pelo contrário, para os formadores, ocupa o segundo lugar (3�,1%), mesmo antes da perda do sentido religioso (34,3%).

A classificação dos formadores vocacionais na listagem dos primeiros cinco lugares considera em primeiro lugar o ambiente social desfavorável (55,7%), seguido pela falta de testemunho de membros da Igreja (3�,1%), vindo depois a perda do sentido religioso (34,3%), o excesso de alternativas (34,3%) e, em quinto lugar, a dificuldade dos jovens em fazerem projectos a longo prazo (32,9%).

A análoga classificação dos superiores dos Governos Geral e Provincial apresenta, pelo contrário, a ordem seguinte: ambiente social (66,7%), dificuldade de projectos a longo prazo (47,1%), perda do sentido religioso (42,5%), excesso de alternativas (26,4%), falta de testemunho de membros da Igreja (25,3%).

É útil fazer uma comparação com a classificação dos mais jovens, sendo esta a que aqui mais nos interessa, uma vez que apresenta características muito particulares, pelo menos nos primeiros cinco níveis, ou seja, por ordem: falta de testemunho de membros da Igreja (41%), ambiente social desfavorável (39,3%), perda do sentido religioso (38,5%), falta de responsáveis pela pastoral vocacional (31,8%), dificuldade em fazer projectos a longo prazo (31%).

1.3 – Aprofundamento analítico por grupos de causas

Para melhor analisar em profundidade cada uma das causas da escassez de vocações, consideramos ser necessário articular o nosso estudo em três níveis de causas, relativas aos três âmbitos sociais, individuais e religiosos, que acabámos de identificar:

1. Causas de tipo sociocultural 2. Causas de tipo psicológico individual3. Causas de tipo religioso-congregacional.

1.3.1 – Causas de tipo sociocultural

Sobre a escassez das vocações religiosas vimos que intervém a influência de diferentes causas. Em primeiro lugar, vamos considerar as de carácter sociocultural, que são macrossociais, as mais difusas, mais estudadas pela literatura sociológica e também as mais visíveis. A este nível, podemos introduzir os fenómenos assinalados pelos itens n. 1, 2 e

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312 313

3, relativos, respectivamente, ao ambiente social (1), às problemáticas familiares (2), e à generalizada diminuição demográfica (3).

O ambiente social permeado pela secularização e pelo consumismo (52,9%) constitui um contexto pouco favorável para que possam surgir e desenvolver-se vocações religiosas. Este parece ser um dado confirmado por uma abundante literatura que observa atentamente as tendências culturais do nosso tempo, embora a ela se juntem outros temas relativos ao reemergir do sagrado e do sentimento religioso. Mesmo aceitando a possível retomada, consideramos no entanto que estas não parecem ser bases suficientes para o amadurecimento de uma opção religiosa como é a de uma consagração definitiva a Deus. Pelo contrário, parece incidir fortemente sobre ela o estilo de vida difundido pelo consumismo que corta as asas a qualquer ímpeto de generosidade, nivelando os jovens num clima de plácida aquiescência no conforto alcançado.

Assinalam este facto, com pontuações superiores à média, os Irmãos da Europa Meridional (65,5%) e Central (56,1%), aos quais se juntam, por ordem, os da América Latina (4�,�%), da Ásia (41,�%), dos E.U.A. e, com 25 pontos de diferença, os da África (2�,6%), onde estes problemas não chegaram.

denunciam-no sobretudo os Irmãos acima dos 56 anos de idade (61,1%), os idosos (63,6%) e, 49,2%, os Irmãos entre os 36 e os 55 anos; em medida muito limitada, numa percentagem com 13 pontos abaixo da média, os mais jovens (39,3%).

Com o crescimento da idade e da importância do papel exercido, cresce também a percentagem de influência atribuída ao ambiente social, mais do que a factores pessoais ligados à fragilidade das personalidades juvenis.

Uma fraca influência é, pelo contrário, atribuída às problemáticas familiares (22,4%). de facto, elas são também tomadas em consideração, mas colocadas numa área intermédia – nem entre os mais importantes, mas nem sequer entre as mais negligenciáveis. Isto aplica-se sobretudo no caso da África (29,8%), da Europa Central (29,1%) e da América Latina (27,9%): em todas estas três zonas essas problemáticas ocupam o quinto lugar, em termos de importância, entre as nove propostas. Uma certa influência é-lhes atribuída pelos mais idosos (25,8%), relativamente aos mais jovens (22,2%), pelos superiores dos Governos Geral e Provincial

(25,3%), relativamente aos formadores (21,4%); pelos licenciados, relativamente aos diplomados.

A consideração destas causas sociais é completada pelo exame do factor relativo à diminuição demográfica (18,6%). Este dado acaba por ocupar geralmente o último ou o penúltimo lugares por ordem de importância, mais assinalado nas áreas geográficas da Europa Meridional (2�,1%) e da Ásia (32,3%): em ambos os casos, ocupam o quinto lugar por ordem de importância, sobretudo por parte dos idosos e dos superiores centrais, relativamente aos jovens e aos formadores.

À margem de quanto até aqui exposto e apenas para termos um elemento informativo e de confronto com a situação italiana, embora não seja muito pertinente à Ordem (que é de âmbito mundial e predominantemente constituída por Irmãos leigos), convém no entanto conhecer algumas indicações de fundo úteis, extraídas das mais recentes pesquisas sociológicas de âmbito nacional.

A média dos seminaristas maiores (filósofos e teólogos) mantém-se constante anualmente, na ordem das 3000 unidades. E se, antes, se entrava para o seminário aos 10-14 anos, as entradas ocorrem hoje entre os 1� os 40 anos. Os viveiros são sempre os mesmos: as vocações nascem em famílias numerosas, religiosas e praticantes, entre os jovens que frequentam as paróquias e a Acção Católica. Só 5 padres em cada 100, e � seminaristas em cada 100, são filhos únicos. As suas famílias são de condições sociais médias, nem desfavorecidas nem abastadas, mas os vínculos familiares são muito sólidos: (�4% dos padres e ��% dos seminaristas consideram “fortes” os laços com os seus pais).

Os jovens que chegam aos seminários vindos de movimentos católicos (Focolarinos, Neocatecumenais, Comunhão e Liberação e Opus dei) são menos do que se pensa, também porque estas associações têm os seus próprios centros de formação sacerdotal. O papel da paróquia continua a ser central: frequentaram-na 98% dos padres e 94% dos seminaristas, a começar pelos acólitos.

A vocação descobre-se graças a um padre ou à mãe, figuras importantes no caminho da fé, e desenvolve-se através de várias experiências. �5% dos padres e 6�% dos seminaristas sentiram a vocação desde crianças ou quando eram jovens, mas hoje entra-se para o seminário mais tarde,

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314 315

frequentemente depois do 12º ano de escolaridade ou da universidade. A formação foi, ou é, boa no caso de �3% dos padres e de �6% dos seminaristas, mas os seminaristas demonstram ser filhos do seu tempo: 6 em cada 10 esperam vir a ter momentos de crise.

Em conclusão, a atenção predominante dos Irmãos, tomando embora em consideração também as causas de tipo sociocultural e estrutural por nós propostas, atribuiu-lhes sabiamente um peso relativo, demonstrando, por um lado, não as negligenciar, mas orientando a sua apreciação para factores bastante mais pertinentes e de mais directo controlo por parte dos educadores e dos formadores, como são, pelo contrário, as causas de tipo psicológico-individual. de facto, elas envolvem mais a intervenção educacional de formação e de propostas por parte dos responsáveis pela pastoral vocacional, como também de cada outro Irmão que se sente responsabilizado, a nível individual, nas suas relações pessoais e de tipo educacional.

1.3.2 – Causas de tipo psicológico individual

Compreendemos sob esta denominação aqueles factores que, influenciando os estilos de vida dos jovens, condicionam as suas orientações ideais, os valores, os sistemas de significado, e constituem psicologicamente a própria raiz de uma certa indiferença, ou insensibilidade, relativamente ao problema vocacional. Por outro lado, estes valores também podem ser susceptíveis de uma certa recuperação positiva através da acção educacional e da formação mais personalizada de outros quadros de referência, ou sistemas de significados mais convincentes e mais importantes. Causas de tipo psicológico e individual são, de facto, a perda do sentido religioso da vida (item 4), a dificuldade dos jovens em fazerem projectos a longo prazo (item 5), a pluralidade e o desejo de alternativas de vida oferecidas hoje pela sociedade pós-moderna e consumista (item 8). Estudando os seus vários aspectos, encaramo-los isoladamente.

A perda do sentido religioso da vida (42,7%) constitui a segunda causa mais influente na escassez das vocações. E isso é perfeitamente compreensível, dado que a vocação religiosa nasce num clima de abertura ao Transcendente e funda-se numa dimensão religiosa madura. Apesar de só ter sido objecto da atenção de 2/5 dos Irmãos, esta causa constitui

no entanto um dos factores mais relevantes, indicado sobretudo pelos Irmãos da Europa Meridional (4�,1%) e dos E.U.A. (50%), assim como pelos da América Latina (46,5%), que a classificaram em primeiro ou segundo lugares da classificação geral, o mesmo nível que lhe foi também atribuído pelas outras áreas geográficas, embora com percentagens inferiores, como a África (36,9%), a Europa Central (36,5%) e a Ásia (33,9%).

Igualmente em todas as quatro faixas etárias, a este factor foi atribuído o segundo lugar, especialmente pelos adultos (3�,4%) e pelos idosos (4�,�%), mas apenas por um terço dos muito jovens (3�,5%), juntamente com os superiores dos Governos Geral e Provincial (42,5%) e locais (3�,�%). Estes, pelo contrário, orientam-se para atribuir maior valor ao factor seguinte, relativo à dificuldade dos jovens em fazerem projectos a longo prazo.

A dificuldade dos jovens em fazerem projectos a longo prazo (35,4%) ocupa o terceiro lugar na classificação dos itens mais escolhidos, com nada menos de � pontos de diferença relativamente ao precedente, e 5 pontos acima do sucessivo, que se refere ao excesso de alternativas oferecidas (30,5%).

A dificuldade em assumir compromissos duradouros é sublinhada sobretudo pelos Irmãos da Europa Meridional (38,9%) e dos E.U.A. (40%), mas também pelos da Europa Central (3�,6%) e, em medida menor, da África (34,5%) e da América Latina (34,3%), sendo quase insignificante a percentagem da Ásia (19,7%), onde ocupa o oitavo lugar.

Relativamente às faixas etárias, por todas elas é sublinhado, com percentagens bastante consistentes, sobretudo dos adultos jovens, do escalão etário dos 36-55 anos (3�,1%), e dos adultos maduros, no escalão etário dos 56-�4 anos (36,�%); escassamente assinalada é, ao invés, pelos muito jovens (31%, o que equivale ao 5° lugar da classificação das escolhas feitas por eles). Os superiores dos Governos Geral e Provincial (4�,1%) e os locais (43,2%) consideram-na em 2° lugar, enquanto os formadores vocacionais só a colocam em 5ª posição (32,9%).

Finalmente, a pluralidade das alternativas hoje oferecidas aos jovens (30,5%) é tomada em considerado por pouco menos de um terço dos Irmãos, mas prevalece sobretudo nas classificações dos Irmãos da Ásia (41,�%), dos E.U.A. (40%), da Europa Central (31,�%) e da Europa

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316 31�

Meridional (28,7%); absolutamente insignificantes são, como é óbvio, para a África (19%). Relativamente às diferentes faixas etárias não se observam particulares diferenças significativas. Isso serve para mostrar uma certa homogeneidade de pontos de vista, ao passo que emergem diferenças notáveis, numa certa medida, ao nível dos cargos desempenhados, ou seja, é considerada importante mais pelos formadores vocacionais (34,3%) do que pelos superiores locais (31,5%) e muito menos pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (26,4%).

Em conclusão, a este segundo grupo de causas, que respeitam sobretudo à condição de vida dos jovens, é dado um peso maior. Ocupam os lugares altos da classificação, quer a nível global, quer relativamente às características das diferentes variáveis de área geográfica, idade e de cargos desempenhados. Entre as diferenças de um certo relevo, sublinhamos as que são bastante típicas relativas aos formadores vocacionais, aos mais jovens e às áreas da África e da Ásia, sendo óbvias as da Europa e dos países da pós-modernidade.

1.3.3 – Causas de tipo religioso-congregacional

Estes factores referem-se especialmente aos estilos de vida relativos ao âmbito mais restrito da Igreja e da própria Ordem. Denuncia-se sobretudo a falta de testemunho como plataforma central desta série de lacunas, derivadas de um afrouxamento da vida religiosa, bem como de um enfraquecimento da proposta vocacional, que corre o risco de se tornar insignificante. Parece quase difundir-se uma espécie de complexo de inferioridade que bloqueia o ímpeto e o entusiasmo derivados da consciência jubilosa do valor da própria vocação e do carisma vivido com paixão e generosidade. Trata-se de três situações que influenciam mais directamente a pastoral vocacional e, originariamente, o estilo entusiasta e diligente da vida religiosa vivida pelos Irmãos.

dos três itens que consideraremos, o que é indicado com mais frequência e insistência está relacionada com a falta de testemunho por parte de alguns membros da Igreja (27,3%). Indicam-no sobretudo os Irmãos da África (50%) e da Ásia (45,�%), os mais jovens (41%) relativamente às duas últimas faixas etárias (15%), que tranquilamente o descuidam; os formadores vocacionais (3�,1%), que o relegam para 2° lugar,

relativamente aos superiores dos Governos Geral e Provincial (25,3%); e os licenciados (33,�%), relativamente aos diplomados (25,�%).

Observamos, finalmente, que esta carência de testemunho religioso e cristão foi também levantada nos pontos 6 e 7 da pergunta nº 26, relativamente à comunidade, e, também nesse caso, tinha sido classificada entre as primeiras dificuldades, que tornavam difícil a integração dos jovens Irmãos na Ordem, uma crítica que era apresentada por pouco menos de 50% dos Irmãos.

Os outros dois itens (falta de propostas válidas por parte dos Irmãos e de pessoal adequado) não foram tomados em grande consideração pelos inquiridos: ocupam, de facto, os níveis mais baixos da classificação, entre o 8° e o 9° lugares, quer no plano global, quer específico, de cada variável estrutural. O facto de estarem em último lugar itens relacionados com os problemas vocacionais mais directamente pertinentes aos problemas da Ordem, não deixa de suscitar em nós surpresa e também estranheza!

Isto torna, depois, difícil também uma leitura unívoca, pois parecem ser múltiplas as hipóteses que se podem fazer a este respeito, por vezes até mesmo de sentido oposto, como no caso de se levantar a hipótese que para a maioria dos Irmãos tudo esteja bem como está e não seja necessário tomá-los em consideração; ou, então, alvitrar que esses problemas não afectam todos e cada um dos Irmãos, mas outros Irmãos que, para o efeito, foram formalmente delegados pelos superiores, de forma a isentar cada um de qualquer responsabilidade; mas também pode acontecer que eles constituam uma novidade para a qual a maioria dos Irmãos se encontra desprevenida e impreparada para responder. Em todo o caso, quaisquer que sejam as possíveis interpretações, oferecemos uma análise detalhada dos dados que emergiram.

Passando a uma análise separada, a escassez de propostas válidas e atraentes da nossa parte (20,6%), é indicada por 1 em cada 5 Irmãos, provavelmente pelos mais críticos, que têm consciência de como é importante não permanecer fechados e receosos na proposta vocacional. Convictos, em primeiro lugar, e entusiastas da própria vocação, corajosos e abertos, com uma clara paresia generosa, consideram que o seu anúncio constitui uma espécie de dom e serviço para quem os aborda.

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31� 319

Este factor é “destacado” como um ponto fraco da pastoral vocacional dos Irmãos, especialmente da Ásia (26,�%) e da África (26,2%), mas é classificado em último lugar pelos Irmãos da Europa Central (14,8%) e, em penúltimo, pelos da América Latina (1�,6%).

Relativamente à variável idade, enquanto as duas faixas etárias mais altas apresentam valores bastante baixos, os Irmãos de idade compreendida entre 36 e 55 anos são os únicos que a reconhecem (2�,3%), com uma percentagem � pontos acima da média, o que também é confirmado pela análise da distribuição por anos de profissão.

Ao nível dos papéis desenvolvidos pelos superiores e formadores, são especialmente estes que evidenciam as suas carências (21,4%), relativamente aos superiores (1�,2%), cujas pontuações não são particularmente significativas. Essa sensibilidade, finalmente, parece maior entre os 133 Irmãos que não desempenham cargos de responsabilidade (21%) e que classificam esta situação em 6° lugar, relativamente à 7ª e 8ª posições em que a colocam os superiores.

Provavelmente, este problema está hoje a surpreender, de alguma forma, todos, de modo que uma reflexão mais cuidadosa e propositiva nas sedes oportunas pode ser de grande ajuda para promover uma série de iniciativas de contraste e perspectivação.

Um último problema, e sinal vermelho, na classificação destas causas, a falta de pessoas dedicadas à pastoral vocacional, parece ter sido tomada em consideração por uma exígua minoria de apenas 16,7% dos Irmãos. Seria um dado positivo se indicasse que os outros �4% dos Irmãos estão convictos que, de facto, este problema não subsiste, porque a Ordem já estaria abrangida por uma presença ingente de formadores dedicados à pastoral vocacional. Mais problemáticas, pelo contrário, seriam outras hipóteses interpretativas, de sinal contrário.

Em todo o caso, esta carência é sentida particularmente por mais de um terço dos Irmãos da África (34,5%) e por quase um terço dos da Ásia (24,4%), paralelamente aos da América Latina (23,3%). de forma alguma são relevantes, pelo contrário, os dados da Europa e dos E.U.A., dos Irmãos com mais de 56 anos de idade, dos superiores, tanto dos Governos Geral e Provincial (�%) como locais (16,2%). O mesmo não se pode dizer quanto aos formadores vocacionais (21,4%) nem dos Irmãos mais jovens (31,�%),

os quais, com uma percentagem dupla em relação à média, classificam esta carência em 4° lugar por ordem de importância.

Em conclusão, as observações surgidas das nossas análises e reflexões parecem orientar-se todas para a necessidade de um esclarecimento aprofundado sobre estes temas, que é também necessário tendo em conta a pergunta seguinte (n. 46), e aqui antecipada, em que 3�,5% dos inquiridos acreditam que a co-responsabilidade vocacional dos Irmãos é escassa ou não existe de forma alguma. É o que iremos aprofundar no ponto seguinte, abordando os esforços realizados pelas diversas Províncias e delegações para enfrentar adequadamente a pastoral vocacional.

2. eSFOrÇO dAS PrOVÍNCIAS PArA eNFreNTAr A PASTOrAL VOCACIONAL (perguntas 46-4�)

O problema das vocações é crucial para a Igreja, para as Ordens e Congregações religiosas, porque constitui o fundamento da sua continuidade e do seu desenvolvimento. Por este motivo, analisámos as suas diferentes dimensões e valências dentro da Ordem, quer ao nível de consciência, percepção, sensibilidade, responsabilidade, envolvimento e organização estratégica, quer no plano individual de cada Irmão, quer ainda ao nível das diferentes Províncias.

Por conseguinte, no desenvolvimento da nossa reflexão iremos enfrentar, primeiro, o estudo das modalidades com que as diversas Províncias/delegações procuram resolver o problema da pastoral vocacional (PV), quer de um ponto de vista estrutural e institucional, com projectos, recursos económicos, disponibilidade de pessoal, etc., quer de um ponto de vista individual de atitudes pessoais e comunitárias, para a criação de um clima favorável para que possam surgir e ser cultivadas as mesmas vocações. Verificaremos, depois, a realidade concreta destas afirmações acerca da disponibilidade real, no âmbito das Províncias, de um Irmão, ou de uma equipa de Irmãos, que se ocupem da PV.

Em primeiro lugar, a pergunta n. 46 testemunha a vasta gama de situações a que responderam os nossos inquiridos (Tab. 6.4) e os diferentes programas, modos ou projectos com que as Províncias/delegações estão a enfrentar a pastoral vocacional. As respostas dos Irmãos exprimem a percepção existente dentro da Ordem acerca deste compromisso global.

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320 321

Os itens foram ordenados segundo uma hierarquia de prioridades, com base nas pontuações médias obtidas mediante as análises estatísticas.

2.1 – Análise global

O estudo global dos dados faz emergir em primeiro lugar a presença de uma percentagem não desprezível de Irmãos que não responderam à pergunta, que se distribui de forma variada desde 9,5% até 17,6%. Esta média, porém, na faixa etária mais alta, chega a atingir os 43,2 pontos percentuais. Em todo o caso, as respostas obtidas, sobretudo dos Irmãos mais jovens e dos adultos, permitem-nos tirar algumas conclusões substancialmente fundadas e legitimamente apreciáveis, sobretudo porque foram expressas principalmente pelos Irmãos activos e, por conseguinte, mais envolvidos também nestes projectos vocacionais.

A Tab. 6.4 apresenta a síntese global ordenada em percentagens e pontuações médias.

Emerge, em primeiro plano, a constatação de que pouco menos de três quartos dos Irmãos consideram que o problema da PV é enfrentado em cada Província com muita, ou bastante, preocupação (72,9%), relativamente a 1�,�% de Irmãos que fazem avaliações bastante divergentes, manifestando críticas e reservas, não certamente radicais, mas de uma certa consistência.

Para comprovar esta avaliação, temos os resultados de outro item que, embora por oposição, confirma os dados anteriores. De facto, só 17,7% dos Irmãos acreditam que este tema é enfrentado com muita (3,6%), ou bastante (14,1%), indiferença, relativamente a 6�,3% que, pelo contrário, divergem parcial ou totalmente de semelhante avaliação. de facto, na tab. 6.4, esta atitude ocupa o último lugar da classificação. Além disso, o desvio entre as percentagens dos dois itens é determinado aqui pelo aumento de Não Respostas, numa percentagem de 15%, relativamente a 9,5% obtidas no primeiro item.

Por outras palavras, ao nível das várias Províncias/delegações, a PV constitui um problema geralmente entendido e vivido com preocupação.

Como expressão desta preocupação temos as iniciativas promovidas pelo governo Provincial com um apoio adequado (68,2%), reconhecido

como tal por mais de 2/3 dos Irmãos, face a 1�,2% de Irmãos mais críticos que parecem constituir um núcleo bastante compacto e constante de avaliações divergentes e críticas.

Esse apoio concretiza-se praticamente na constituição de delegados responsáveis pela PV, cuja presença e eficácia são reconhecidas positivamente por 65,2% dos Irmãos. Também neste caso, a percentagem das reservas críticas cifra-se em 19,4%, incluindo nesta percentagem um número superior de Irmãos mais descontentes (6,6%).

Tais medidas são acompanhadas, não raramente, também por vastos

recursos económicos para as diferentes actividades, referidas por 61% de Irmãos, mas negadas por 22,�%.

O facto de os Irmãos demonstrarem, depois, sensibilidade pelo problema da PV, é declarado por 60,8% dos entrevistados, sem descurar aqueles 2�% de Irmãos, que representam mais de um quarto do total, que exprimem pareceres bastante negativos e pessimistas.

Tab. 6.4 - De que modo a tua Província ou Delegação está a enfrentar a Pastoral Vocacional? (em % e pontuações médias)

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

De

mod

o ne

nhum

Pont

uaçã

o m

édia

Com preocupação 9,5 29,0 43,9 14,7 3,0 1,91*

Há apoio adequado do Governo Provincial 14,6 25,6 42,6 13,3 3,9 1,95

É delegada nos responsáveis 14,3 24,2 41,0 13,8 6,6 2,03

São disponibilizados recursos económicos 16,2 20,5 40,5 17,8 5,0 2,09

Há sensibilidade dos Irmãos 12,3 17,1 43,7 24,5 2,5 2,14

Desenvolve-se segundo o Projecto da Província 17,6 16,2 42,4 19,8 4,1 2,14

Há co-responsabilidade dos Irmãos 13,6 10,1 37,7 34,0 4,5 2,38

Há envolvimento dos Irmãos no projecto 12,5 8,1 30,4 41,5 7,7 2,55

É um tema do qual pouco se fala 14,7 8,3 31,8 28,2 17,0 2,63

Há o envolvimento de Colaboradores e outros 14,7 3,0 15,8 44,0 22,5 3,01

Com indiferença 15,0 3,6 14,1 31,5 35,8 3,17

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322 323

Se, por fim, além da particular sensibilidade e interesse, considerarmos uma precisa assunção de co-responsabilidade, então as percentagens diminuem de forma que não chegam a interessar sequer metade dos Irmãos (47,8%). Aliás, descem mais 10 pontos quando se trata de avaliar o envolvimento pessoal, directo e concreto, no projecto da Província (38,5%). Aqui, o grupo dos críticos torna-se mais numeroso e aproxima-se, percentualmente, de metade dos inquiridos (49,2%).

Esta percentagem aumenta ainda mais, até atingir 2/3 daqueles 66,5% que, abertamente, declaram uma ausência parcial ou total de envolvimento na PV por parte dos Colaboradores leigos ou de pessoal externo.

E, contudo, 5�,6% acham que a PV se desenvolve segundo o projecto da Província ou delegação, que é objecto de informação e troca de ideias entre os Irmãos (45,2%), face a 40,1% que, pelo contrário, exprimem uma opinião no sentido oposto. Quanto a falar pouco ou muito deste problema, registam-se duas versões diferentes, com percentagens quase idênticas, o que faz pensar que o problema, pelo menos nalgumas áreas ou algumas categorias, não seja debatido.

Em síntese, parece-nos poder dizer que, a nível estrutural, económico e institucional, se realizam projectos e actividades em favor da PV, embora não em todas as Províncias / delegações, e talvez nem sequer com a mesma intensidade. Se, de facto, examinarmos os primeiros 6 itens da Tab. 6.4, podemos observar percentagens relativamente muito altas a favor do interesse e do cuidado que se tem em relação a este problema em todos os aspectos analisados: trata-se dele com preocupação, existe o apoio do governo Provincial, há promotores vocacionais, não falta um projecto provincial e disponibilizam-se recursos económicos para as várias actividades promocionais. Porém, o envolvimento pessoal, ou de outros, resulta ser bastante limitado.

No plano individual, pelo menos em 60% dos casos, os Irmãos declaram-se sensíveis ao problema. Mas constata-se uma forte diminuição das percentagens quanto à co-responsabilidade e ao envolvimento operacional, quer dos Irmãos quer dos Colaboradores. Observa-se ao mesmo tempo, também uma escassa visibilidade ou informação geral

sobre os vários aspectos do problema, o que o torna objecto de uma mais ampla troca de ideias entre os Irmãos, fruto de uma sensibilização capilar das iniciativas que são empreendidas nas diferentes áreas geográficas. Talvez muitas iniciativas não tenham visibilidade, não sejam comunicadas, impedindo assim uma tomada de consciência informada acerca do que se realiza na Ordem. A difusão de um conhecimento mais directo das iniciativas vocacionais pode, de facto, contribuir para criar consciência, desenvolver interesse e também reforçar a própria imagem e identidade religiosa em relação à sociedade, além de contribuir para difundir e manter viva a sensibilidade também entre os Colaboradores leigos.

Ao nível de propostas, tudo isto faz pensar na exigência de um notável e exigente salto de qualidade em despertar atitudes e interesses mais fortes e difusos, alimentados precisamente por uma informação mais sistemática, vasta, e também mais explícita. O conhecimento cria identidade e favorece o entusiasmo. A sua falta é sentida com uma certa amargura e sofrimento, testemunhada de modo particular por aquele grupo consistente e constante de Irmãos, cujas críticas, porventura até mesmo provocatórias, do seu ponto de vista, denunciam uma escassez de compromisso, co-responsabilidade e envolvimento na PV, não tanto ao nível institucional e estrutural, quanto sobretudo no plano pessoal e individual de cada Irmão.

2.2 – Aprofundamento analítico por variáveis estruturais: áreas, idades, papéis

O estudo mais detalhado e diversificado, tomando em consideração os diferentes tipos de variáveis, permitir-nos-á identificar as áreas onde, por um lado, se acumulam os pontos fracos e as lacunas e, por outro, onde se podem encontrar recursos e aspectos positivos.

2.2.1 – Prevalência dos recursos vocacionais

Este ponto pretende individualizar os aspectos substancialmente positivos que emergiram das respostas à pergunta n. 46 e que podem constituir uma série de dimensões e recursos sobre os quais basear-se para reforçar mais a PV.

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Em primeiro lugar, nos planos individual e pessoal, é possível basear--se naquela preocupação positiva, real e generalizada, com que este problema é enfrentado pelos Irmãos, na sua notável sensibilidade e atenção, confirmada também pela escassa indiferença demonstrada em relação a este tema, além de uma certa informação que, sendo embora ainda escassa, consegue no entanto animar de alguma forma o discurso quotidiano.

Em segundo lugar, a nível institucional e estrutural, pode-se constatar uma clara, aberta e positiva disponibilidade do Governo Geral em apoiar as várias iniciativas, quer em termos de recursos económicos disponibilizados, quer quanto ao pessoal destinado à promoção vocacional, quer ainda a qualquer outro tipo de apoio.

Entrando agora numa análise mais detalhada, vamos passar em revista aqueles diversos aspectos com maior riqueza de análise, estudando antes os aspectos positivos que estão presentes na cultura e na sensibilidade geral dos Irmãos e das comunidades, e apresentando depois os recursos estruturais e institucionais disponibilizados pelos superiores.

2.2.1.1 – Recursos vocacionais a nível pessoal

Recursos vocacionais a nível pessoal são aquelas atitudes e comportamentos positivos em relação à PV que constituem uma boa premissa para um compromisso construtivo de sensibilidade, disponibilidade, interesse, cuidado, participação e desenvolvimento para o crescimento da Província e da Ordem, na medida em que favorecem o espírito vocacional.

Neste quadro e contexto, adquirem valor e significado os diferentes itens que passamos a analisar.

72,9% dos Irmãos acham que a sua Província / Delegação está a enfrentar com muita, ou bastante, preocupação o problema da PV. Isto é sentido de modo muito particular pelos Irmãos da Europa Central (�5,1%), da Ásia (85,1%) e da Europa Meridional (68,9%), por 60,6% dos idosos, mas também por �6,2% dos mais jovens que, porém, juntamente com os adultos jovens, são também os mais críticos (20,9%, relativamente a

1�,�% da média). Estão também preocupados os superiores, aos níveis Geral e Provincial (75,9%), e local (76,1%), e manifestaram-se igualmente preocupados 82,9% dos promotores vocacionais.

As críticas mais numerosas provêm da África (2�,3%), dos E.U.A. (25%) e da América Latina (19,2%), assim como dos licenciados (24,4%).

Quando, depois, se procura verificar, a contrariis, se há indiferença na Província em relação à PV, 67,3% negam que haja, confirmando assim que o problema é alvo de uma notável consideração nas várias Províncias/ Delegações. Confirmam-no, sobretudo, os Irmãos da África (81%), da América Latina (�0,�%), da Europa Central (6�,2%) e da Europa Meridional (62,9%), 77,2% dos adultos jovens (36-55 anos), 76,2% dos mais jovens (18-35 anos), 69,2% dos licenciados, 84,2% dos promotores vocacionais e 79,2% dos superiores dos Governos Geral e Provincial.

1�,�% de todos os inquiridos consideram, pelo contrário, que este tema é enfrentado na própria Província com uma discreta indiferença, como referem sobretudo 30,�% dos Irmãos da Ásia e 40% dos E.U.A., além de 20,1% dos mais jovens, 19,1% dos adultos maduros (56-74 anos) e 22,�% dos licenciados.

Permanecendo ainda no âmbito dos recursos pessoais, é possível, e necessário, apostar na clara sensibilidade dos Irmãos (60,8%), confirmada também pelos resultados positivos da pergunta n. 10, em que nada menos que 25,9% dos Irmãos manifestaram a sua disponibilidade para trabalhar na promoção vocacional. Embora não ocupando lugares cimeiros na classificação percentual de excelência (muito: 1�,1%), no entanto, ao nível de uma sensibilidade bastante atenta, ela surge em segundo lugar, com 43,�%, relativamente ao “grupinho” de críticos, bastante fixo e constante, na ordem de um quarto dos entrevistados (2�%).

Uma sensibilidade mais acentuada é reconhecida sobretudo pelos Irmãos da Europa Central (�3,6%) e da Ásia (�2,4%), pelos idosos (53,�% – mas convém recordar que 32,6% não responderam a este item) – pelos adultos jovens (66,2%), pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (�5,�%), enquanto diversas críticas e queixas de escassa sensibilidade na própria Província são expressas por diferentes grupos, mas especialmente pelos promotores vocacionais (3�,5%, relativamente a 2�% da média),

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326 32�

pelos licenciados (31,4%), pelos jovens (33,1%), e pelos Irmãos da África (42,9%) e da Europa Meridional (29,2%).

Um item que se coloca numa posição ambivalente, difícil de classificar como ponto de força ou como lacuna, diz respeito ao nível de intercâmbio diário e de comunicação (“é um tema do qual pouco se fala”) onde a sensação de que a conversação sobre estes assuntos seja bastante escassa é comum a 40,1% dos inquiridos (muito + bastante), ao mesmo tempo que existem 45,2% de respostas que constatam uma discreta informação (atribuíveis, a contrariis, às colunas pouco ou de modo algum). O facto de se falar da PV é índice também do nível de informação e sensibilidade que se manifesta na vida quotidiana dos Irmãos. O problema, de facto, é mantido vivo quando se torna objecto de conversação informal ou de um certo debate. Se, efectivamente, não se fala dele de modo algum, extinguem-se a utilidade e o interesse e, num certo sentido, também o envolvimento e a responsabilidade de quem, como veremos de seguida, se queixam de que esse interesse seja bastante escasso.

Pelos resultados do estudo, parece, porém, que a maior parte dos Irmãos está convicta de se fala disso. de facto, estão bastante, ou muito, satisfeitos porque se fala (45,2%) especialmente os Irmãos da América Latina (5�,5%), da África (46,4%) e da Europa Central (46,5%), os adultos jovens (55,3%), os licenciados (5�%), os superiores dos Governos Geral e Provincial (59,7%) e os formadores (57,2%), bem como os superiores locais (49,5%).

Por outro lado, aqueles 40,1% que acham que se fala pouco, são constituídos especialmente pelos Irmãos dos E.U.A. (55%), da Ásia (51,1%) e pelos mais jovens (44,�%), que representa um papel de tornesol bastante credível. A sua crítica torna-se então um estímulo precioso para desenvolver esta sensibilidade que, em última análise, constitui de forma crescente o terreno mais adequado para criar interesse, envolvimento e estratégias ao nível de todos os Irmãos da Ordem.

2.2.1.2 – Recursos vocacionais a nível institucional

Na sua estrutura institucional, expressa pelas Províncias/ delegações, a Ordem já está a promover algumas iniciativas no sentido de um desenvolvimento da promoção vocacional, através da formulação

e realização de um Projecto de PV da Província, da criação de equipas vocacionais, da escolha de Irmãos responsáveis com o compromisso trabalhar na PV e da disponibilização de recursos, também económicos, para este tipo de actividade.

Qual é, porém, a informação que os Irmãos têm acerca destes esforços e iniciativas que a Ordem promove actualmente? Qual é a sua reacção perante quanto se faz e se projecta ao nível oficial? Qual é a sua aceitação, ao nível de base e das várias comunidades, das estratégias implementadas para a PV?

A análise destes processos que resultam da pesquisa e das respostas dos Irmãos, permite-nos reflectir sobre as estratégias promovidas a partir do alto e sucessivamente introduzidas na realidade das Províncias.

Em primeiro lugar, podemos notar um apreço difuso e geral, uma atitude positiva e de acolhimento por parte de quase todos os Irmãos relativamente a quanto se está a fazer a nível institucional, tanto do Governo Geral como Provincial.

Em concreto, 68,2% dos inquiridos consideram que existe um apoio adequado por parte do Governo Provincial às várias iniciativas e propostas vocacionais. As críticas e reservas pessoais atingem os 17,2%, distribuídos segundo as categorias seguintes.

Mais críticos se revelam os Irmãos da África (40,4% com 23 pontos acima da média) e dos E.U.A. (1�,3%), juntamente com os da Europa Central (19,1%), os adultos jovens (26,1%) e os mais jovens (24,3%), os diplomados (19,2%) e, sobretudo, os promotores vocacionais (28,6%).

Mais positivos e favoráveis aparecem os Irmãos da Ásia (��%), da América Latina (�6,2%) e, num certo sentido, porque em percentagem superior à média, também os da Europa Central (70,9%); 60,8% dos idosos com mais de 50 anos de profissão religiosa, mas também 77,9% dos licenciados, �4% dos adultos jovens e �2,�% dos Superiores Gerais e Provinciais.

Um aspecto positivamente apreciado pelos Irmãos refere-se ao reconhecimento da disponibilidade dos recursos económicos

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disponibilizados pelos superiores para as diversas actividades vocacionais (61%), face a 22,8% de observações críticas que, porém, ainda não são as mais relevantes.

Neste âmbito, as críticas mais numerosas provêm dos Irmãos da África, com 69% de Irmãos que reconhecem a sua inquietação (um valor três vezes superior à média das críticas recolhidas), relativamente a 22,�% dos que estão satisfeitos. Aqui, as percentagens invertem-se, e é talvez um sinal da pobreza e precariedade em que vivem estes Irmãos, que parecem atribuir a esta razão as dificuldades da PV nesta região. Também a Ásia parece encontrar-se numa certa dificuldade, mas em medida menor (32,3%). São muito críticos, em medida superior à média, também os mais jovens (35,6%), os adultos jovens (28,3%), os diplomados (24,9%, relativamente a 20,9% dos licenciados), mas, especialmente, mais de um terço dos promotores vocacionais (34,3%).

Consensos, pelo contrário, e reconhecimentos positivos, provêm dos Irmãos da América Latina (69,7%), da Europa Meridional (66,1%) e da Europa Central (64%), dos adultos jovens (64,5%), dos adultos maduros (64,5%) e dos idosos (4�,5%), dos superiores dos Governos Geral e Provincial (�3,5%), dos superiores locais (65,�%) e dos licenciados (69,1%).

Há, além disso, uma percepção positiva de mais de metade dos Irmãos que considera que a PV está a ser desenvolvida segundo o Projecto da Província (58,6%).

Reconhecem-no especialmente os Irmãos da Ásia (70,9%), da América Latina (70,3%), e da Europa Central (61,9%), os mais jovens (67,7%) e os adultos jovens (64,�%), os licenciados (64,5%), os superiores dos Governos Geral e Provincial (�0,1%), os promotores vocacionais (64,3%) e os superiores locais (59,9%).

Nesta dimensão, as críticas foram mais numerosas (23,9%), o que pode significar que a PV nem sempre está a corresponder aos Projectos Provinciais. Evidenciam-no sobretudo os Irmãos da África (35,�%), da Ásia (23,�%) e também 26% dos da Europa Central. Observações análogas são feitas pelos adultos jovens (26,1%) e pelos Irmãos mais novos (26,�%), pelos diplomados (25,6%), pelos superiores locais (24,4%) e, em medida muito significativa, pelos próprios formadores vocacionais (30%).

O facto de mais de metade dos Irmãos ter reconhecido a presença de um Projecto vocacional Provincial é um aspecto que sublinha o cuidado que se tem com ela, a preocupação da Ordem, mas também a sua vontade política de agir de modo propositivo e projectual. E a mais evidente confirmação deste facto são as séries de respostas dos Irmãos que declaram, numa percentagem de 65,2%, que a PV é delegada nas pessoas responsáveis. Se há responsáveis oficiais, quer dizer que há um Projecto, no âmbito do qual eles se inserem como protagonistas, e isso é um sinal do compromisso de cada Província em implementar adequadamente a PV.

Reconhecem-no, positivamente, sobretudo os Irmãos da Ásia (�3,4%), da África (�1,4%), dos E.U.A. (65%) e da Europa Central (65,6%), �3,�% dos mais jovens e 69,7% dos adultos jovens, 68,1% dos licenciados e �1,4% dos promotores vocacionais.

Os elementos mais críticos e de reserva (20,4%) provêm sobretudo

dos Superiores dos Governos Geral e Provincial (26,4%) e dos superiores locais (22,6%), mas também dos licenciados (22,�%), dos adultos jovens (22,8%), dos Irmãos mais jovens (21,3%), da Europa Central (19,6%), da África (22,6%), mas sobretudo da América Latina (32,6%) – neste caso, com 12 pontos percentuais acima da média.

Este conceito da delegação, segundo um ponto de vista semântico, também poderia ter interpretações diferentes, entre as quais também a menos positiva, que poderia mesmo fazer pensar numa atitude negativa de delegação no sentido de deixar a tarefa das vocações apenas àqueles a quem ela está oficialmente confiada. Neste sentido, obviamente, tal atitude não é muito aconselhável, se a preocupação pelas vocações e a vida da Ordem dizem respeito a todos, como de facto deveria ser. Provavelmente, é nesta luz que poderia ser interpretada a elevada percentagem de críticas expressas pelos superiores do Governo Geral e locais, e porventura também de algumas outras categorias de Irmãos.

2.2.2 – Prevalência dos aspectos críticos

Com as últimas observações fomos introduzidos no exame daqueles aspectos negativos e críticos que se podem encontrar nas respostas dos inquiridos. de facto, das respostas emergiram aspectos bastante negativos

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que se referem à difusa percepção de uma falta de co-responsabilidade por parte dos Irmãos, a um seu escasso empenhamento nos programas de PV, e a um ainda mais escasso envolvimento dos Colaboradores leigos e das outras pessoas mais próximas nesse trabalho.

É muito reduzida a percentagem dos inquiridos que reconhecem haver nas suas Províncias uma clara co-responsabilidade dos Irmãos no modo como se está a desenvolver a PV (47,8%). São mesmo apenas 10,1% os que a avaliam em medida excelente (muito), ao passo que chegam a 3�,5% as críticas de quantos lamentam a sua falta e precariedade.

Entre os primeiros, distinguem-se os Irmãos da Ásia (56,�%), da

América Latina (55,�%), da Europa Central (55,6%), os mais jovens (54,4%), mas também 39,4% dos idosos (que, no entanto, em 37,9% dos casos, não deram qualquer resposta) e, em certa medida, os superiores locais (49,3%).

Entre quantos se queixam de uma escassa co-responsabilidade dos

Irmãos relativamente aos compromissos da Província, com juízos bastante negativos e críticos (38,5%), encontram-se os superiores, centrais e Provinciais (4�,2%, com 10 pontos percentuais acima da média), e mais de metade dos promotores vocacionais (51,4%), dos licenciados (46,6%), os adultos jovens (46,6%), os africanos (5�,�%, com 20 pontos acima da média) e os Irmãos dos E.U.A. (53,4%).

Ainda mais escasso é o envolvimento dos Irmãos no programa de PV da sua Província. Considera-o presente apenas pouco mais de um terço dos Irmãos, ou seja, 38,5%, dos quais só 8,1% o classificam como excelente. Pelo contrário, é bastante superior a percentagem das críticas e dos juízos negativos, que atinge quase metade dos inquiridos, 48,9%.

Um certo envolvimento emerge das respostas dos Irmãos da Ásia (4�%) e da Europa Central (52,4%); para as outras áreas e categorias, pelo contrário, as percentagens acumuladas não ultrapassam os 45%. de facto, só 44,5% dos mais jovens acham que há um certo envolvimento dos Irmãos no Projecto de PV, juntamente com 36% dos licenciados, 39,6% dos superiores locais, 42,�% dos promotores vocacionais e 46% dos superiores dos Governos Geral e Provincial.

bastante consistentes, pelo contrário, são as críticas que denunciam o seu escasso envolvimento (48,9%). Isto verifica-se sobretudo no caso dos Irmãos da África (63,1%, com 15 pontos percentuais acima da média), dos E.U.A. (53,4%), da Europa Meridional (51,6%), dos licenciados (5�%), dos formadores vocacionais (53,4%) e ao nível das duas faixas etárias dos adultos, quer jovens (51,5%) quer maduros (52,1%).

Se o envolvimento dos Irmãos resulta ser bastante escasso e precário, uma grande dificuldade surge quanto ao envolvimento dos Colaboradores e de outras pessoas sensíveis no Projecto de PV das Províncias (18,8%). A maior parte dos Irmãos, praticamente dois em cada três (66,5%), considera que tal envolvimento é muito escasso, ou mesmo ausente nos programas implementados pelas Províncias. Confirmações de alguma forma positiva foram observadas nas regiões da Ásia (29,9%) e da Europa Central (31,3%), entre os mais jovens (26,�%), os diplomados (20,1%), os superiores dos Governos Geral e Provincial (20,�%), e os promotores vocacionais (20%).

Dificuldades bastante relevantes foram especialmente encontradas na África (79,8%) e na América Latina (76,7%), quer por parte dos adultos jovens (74,9%), e mesmo dos mais jovens (68,6%), e dos licenciados (�6,�%), quer por parte dos Governos Geral e Provincial (�4,�%) como também dos próprios formadores (�5,�%).

2.3 – Presença efectiva de um ou mais Irmãos dedicados à PV

As reflexões precedentes, sobre os resultados da pergunta n. 46, levaram-nos a intuir a presença, nalgumas partes muito eficiente, de um Projecto de pastoral vocacional, juntamente com um número consistente de Irmãos dedicados à sua promoção. As duas perguntas – n. 47 e 48 –, objecto da análise desta secção, pretendem aprofundar a sua efectiva consistência e modalidade.

2.3.1 – Presença de apenas um Irmão responsável pela PV

Em primeiro lugar, quisemos verificar se nas Províncias / Delegações existe ou não, pelo menos, um Irmão dedicado à PV.

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As respostas dos inquiridos, bastante numerosas, relativamente à pergunta anterior (as não respostas são apenas 6% do total), declaram que, efectivamente, em 25% das Províncias (253 respostas) existe um Irmão dedicado a tempo inteiro à PV e, em 42,4% dos casos, a tempo parcial, ou conforme as ocasiões (21,5%). Isto evidencia uma rede bastante robusta e uma estrutura suficientemente implementada de educadores, especificamente orientados e comprometidos que fazem do processo formativo e vocacional uma das suas tarefas primárias.

Só 5% dos Irmãos declaram que na sua Província tudo isto ainda não existe.

Estes resultados apresentam algumas analogias e semelhanças com a pergunta n. 3�, centrada na escolha dos formadores, onde 49,8% dos Irmãos responderam que a Província já está a prover a este sector; e com a pergunta n. 40, onde 21,2% declaram que eles se dedicam exclusivamente à formação, embora 49,6% desenvolvam também outras tarefas, como no caso dos promotores vocacionais.

Concentrando-nos agora na pergunta n. 4�, aprofundamos os resultados globais e os cruzamentos com as suas diferentes variáveis, estudando sobretudo a sua distribuição por áreas geográficas (Tab. 6.5).

Tab. 6.5 – Presença, na Província, de um Irmão dedicado à PV. Distribuição por totais e áreas geográficas (em V. A. e em %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem61 3� 11 3 3 4 3

6,0 9,7 5,� 3,6 1,� 3,1 5,0

A tempo inteiro253 109 45 1� 2� 44 11

25,0 2�,� 23,� 20,2 15,� 34,6 1�,3

A tempo parcial429 161 �3 31 91 42 21

42,4 42,4 43,9 36,9 52,9 33,1 35,0

Conforme as ocasiões

21� 61 3� 2� 41 32 1�

21,5 16,1 20,1 33,3 23,� 25,2 30,0

Não existe51 12 12 5 10 5 �

5,0 3,2 6,3 6,0 5,� 3,9 11,�

A presença de um Irmão dedicado a tempo inteiro à PV observa-se particularmente na Ásia (34,6%), na Europa Meridional (2�,�%) e na Europa Central (23,�%); é sublinhada e reconhecida por parte dos adultos mais idosos (2�,2%) e referida sobretudo pelos superiores locais (2�,�%).

A maior parte dos Irmãos, sobretudo os adultos mais idosos (44,�%), sublinha o facto que na Província existem também responsáveis pela PV a tempo parcial (42,4%), especialmente na América Latina (52,9%) e na Europa Central (43,9%), como também na Europa Meridional (42,4%). Pode ser uma limitação, da qual têm consciência também os superiores dos Governos Geral e Provincial (55,2%) e os superiores locais (4�,6%), mas é também já um recurso a valorizar.

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334 335

Tab. 6.6 – Presença, na Província, de um Irmão dedicado à PV. Distribuição por totais e cargos desempenhados (em V. A. e em %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem61 1 9 3 4�

6,0 1,1 4,1 4,3 �,6

A tempo inteiro253 15 64 1� 15�

25,0 1�,2 2�,� 24,3 24,�

A tempo parcial429 4� 10� 2� 245

42,4 55,2 4�,6 40,0 3�,�

Conforme as ocasiões

21� 20 2� 19 151

21,5 23,0 12,6 2�,1 23,9

Não existe51 3 13 3 32

5,0 3,4 5,9 4,3 5,1

daqueles 21,5% de Irmãos que declaram a sua presença apenas ocasional, a maioria provém da África (33,3%), dos E.U.A. (30%) e, em parte, também da Ásia (25,2%). Estes dados indicam que, nestas áreas, a PV precisa de um estímulo adicional. de facto, é precisamente dos E.U.A. que provém a percentagem mais elevada de Irmãos que declaram não existir qualquer Irmão dedicado à PV (11,7%, relativamente a 5% da média respectiva). Também 2�,1% dos promotores vocacionais têm a percepção que em diversas áreas só exista uma presença ocasional.

2.3.2 – Presença de equipas de PV

A presença, mesmo de apenas um Irmão responsável pela PV parece estar entretanto generalizada na Ordem inteira. Além disso, quase dois terços dos inquiridos, numa percentagem de 60,�% dos Irmãos, declaram que na própria Província o compromisso da PV não só está confiado a um Irmão, mas até mesmo a uma equipa ou a um grupo de Irmãos de PV. As restantes respostas (cerca de 40%) dividem-se entre 16,�% que não sabem

ou não estão ao corrente, outros 16,1% que respondem negativamente, e outros 6,4% que não respondem.

Tab. 6.7 – Presença, na Província, de um Irmão dedicado à PV. Distribuição por totais e áreas geográficas (em V. A. e em %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Asiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem65 30 � 3 13 6 5

6,4 7,9 4,2 3,6 �,6 4,� �,3

Sim614 259 106 51 123 66 9

60,� 6�,2 56,1 60,� �1,5 52,0 15,0

Não163 3� 41 13 22 22 2�

16,1 9,7 21,� 15,5 12,� 1�,3 46,�

Não sei1�0 54 34 1� 14 33 1�

16,� 14,2 1�,0 20,2 �,1 26,0 30,0

A presença de uma equipa no âmbito da Província/Delegação é um indicador claro do compromisso programático geral, de um projecto, pelo menos inicial, e de um esforço que pretende tornar-se sistemático, institucional, não deixado a meros critérios ocasionais, mas sinal de uma vontade política precisa de operar numa perspectiva de regularidade. Por outro lado, também no ponto anterior, no comentário à pergunta n. 45, havia um item que reflectia, nas entrelinhas, uma certa presença de equipas vocacionais nas várias Províncias.

A presença mais numerosa destas equipas é especialmente verificável nas regiões da América Latina (�1,5%), na Europa Meridional (6�,2%) e na Europa Central (56,1%), mas são também confirmadas por 60,7% dos Irmãos da África (que antes, porém, pareciam exprimir uma certa problemática, como se pode ver nas Tab. 6.� e 6.�.

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336 33�

Pelas mesmas tabelas, pode-se observar que a ausência de um grupo específico de Irmãos dedicados à PV é especialmente indicada pelos Irmãos dos E.U.A. (46,�%) e da Europa Central (21,�%), mas têm um conhecimento pleno dela, como revela a Tab. 6.�, também por parte dos superiores dos Governos Geral e Provincial (21,�%) e os promotores vocacionais (21,4%).

Tab. 6.8 – Presença, na Província, de um Irmão dedicado à PV. Distribuição por totais e cargos desempenhados (em V. A. e em %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem65 4 5 � 4�

6,4 4,6 2,3 11,4 �,6

Sim614 63 163 43 345

60,� �2,4 �3,4 61,4 54,5

Não163 19 3� 15 92

16,1 21,� 16,� 21,4 14,5

Não sei1�0 1 1� 4 14�

16,� 1,1 �,� 5,� 23,4

Constatam a sua presença nas diversas áreas da Ordem, além, obviamente, dos superiores locais (�3,4%) e dos superiores dos Governos Geral e Provincial (�2,4%), também 54,5% dos Irmãos (345 respostas) que não ocupam cargos de responsabilidade: isso significa que a informação a este respeito se difundiu também bastante na “base” da Ordem, a todos os diferentes níveis de idade, com uma compreensível ligeira excepção dos mais jovens.

2.4 – Algumas conclusões

Em primeiro lugar, o problema da PV é considerado por quase três quartos dos Irmãos como um problema real, que deve ser abordado com atenção, cuidado e preocupação, superando indiferenças e atitudes

de desinteresse. de todas as respostas, resulta que a Ordem, na sua globalidade, já implementou, pelo menos em parte, um programa de PV bastante difundido a nível internacional, entre as suas várias Províncias, mas que necessita de ulteriores inovações e estímulos urgentes.

Ao mesmo tempo que se nota, a nível internacional, uma série de projectos, de apoios, também económicos, de implementação e desenvolvimento das mesmas equipas de promotores vocacionais, ou pelo menos a designação de um Irmão por Província para se ocupar das vocações; enquanto, também no plano individual, existe uma certa atenção e preocupação, sensibilidade e interesse, é menor, pelo contrário, o envolvimento explícito e directo de cada um em sentir-se pessoalmente responsável por uma promoção vocacional, mesmo informal.

Os recursos positivos a serem valorizados são precisamente esta sensibilidade de fundo dos Irmãos, esta sua preocupação, este seu interesse bastante evidente, que talvez seja fruto de uma sensibilização precedente, muito capilar ao nível formativo, mas é inegável que deva ser potenciado o espírito de iniciativa, de co-responsabilidade e de envolvimento de todos e cada um, no seu campo, precisamente para que cada um se torne promotor vocacional no âmbito da própria esfera de acção apostólica e profissional.

De um ponto de vista estrutural e orgânico, há o sentimento de um apoio positivo e de abertura dos superiores em relação às necessidades da PV, mesmo se as denúncias e as diferentes problemáticas parecem estar presentes e mais vivas, com maior mal-estar e sofrimento nas áreas da África e, por razões opostas, nos E.U.A. Parecem, pelo contrário, bem encaminhadas as metodologias e estratégias da PV nas zonas da Ásia e da Europa Central.

As variáveis mais importantes para esta análise são as geográficas, porque constituem indicadores preciosos sobre o estado da questão na estrutura da Ordem. Têm, porém, uma importância semelhante também as que se referem aos papéis desempenhados pelas várias categorias de Irmãos, porque se, por parte dos superiores há um reconhecimento geral e uma consciência das situações reais, por outro lado, temos o grupo dos promotores vocacionais e de outros Irmãos que funcionam como estímulos críticos, como se fossem a voz de um apelo que exprime desejos,

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33� 339

orientações e solicitações úteis para ulteriores desenvolvimentos e processos inovadores.

Estes elementos críticos emergem, de facto, de um pequeno grupo constante de Irmãos, frequentemente integrado também por licenciados, que denunciam os pontos fracos deste sector e parecem evidenciar a carência de envolvimento pessoal e co-responsabilização, quer de uma boa parte dos Irmãos, quer, sobretudo, dos Colaboradores externos.

Não se deve, porém, absolutamente descurar aquela novidade muito positiva que é representada pelas respostas de tantos Irmãos que, em duas das perguntas iniciais (n. 9 e 10) demonstraram uma ampla e generosa disponibilidade, quer a preparar-se como formadores (25,9%), quer a oferecer-se para as várias tarefas formativas, entre as quais também a da PV (14,4%).

Em síntese, a PV está hoje confiada geralmente a uma equipa de Irmãos em 60,�% dos casos, especialmente na América Latina e na Europa Meridional. Porém, nalgumas Províncias, só actua ainda um Irmão que, em quase metade dos casos trabalha a tempo parcial, ou em 21,5% é chamado conforme as ocasiões. Só em 25% dos casos os Irmãos evidenciam situações ideais em que este animador vocacional se pode dedicar à PV a tempo inteiro.

3. CArÊNCIAS e dIFICULdAdeS NA PASTOrAL VOCACIONAL (pergunta 49)

Prosseguindo o nosso processo de discernimento eclesial e vocacional no interior da Ordem Hospitaleira, o nosso itinerário conduz-nos a analisar as principais carências e dificuldades que se evidenciam na PV. Não há dúvida que o conceito de PV, o modo de a entender por parte dos próprios formadores e promotores vocacionais, as características ideais de optimização que se pensa ela deveria ter, a natureza das metas e dos objectivos visados, tudo isto constitui a cultura geral da Ordem relativamente a este projecto, o seu modo de o idealizar e avaliar, os pareceres de viabilidade, no terreno prático e em perspectiva, que é possível vislumbrar em diferentes níveis. Por outro lado, este clima cultural interior influencia a própria natureza da individualização das carências que se podem observar na nossa investigação sociológica.

A pergunta de resposta múltipla, por nós elaborada, fez concentrar ao redor de uma mesma gama bastante homogénea de razões que apresentam percentagens pouco diversificadas, mas suficientes para nos indicarem a maior concentração das respostas ao redor dos temas mais candentes. E não se trata de ninharias!

Apesar de a sua formulação ter sido bastante sintética e sóbria nas próprias percentagens, a série dos itens subentende, contudo, na substância, problemas de profunda delicadeza e gravidade, que afectam as dimensões centrais e fundamentais do modo de conceber a PV e das estratégias e metodologias coerentes a desenvolver. Obviamente, esta análise das carências encontradas estimula a pôr em acção as estratégias de contraste, quer a nível global quer no plano Provincial, porque, como veremos, a natureza e a gravidade das carências resultam ser específicas para cada área geográfica. Precisamente por isso, seria necessária uma reflexão mais cuidadosa e serena dos mesmos formadores e dos responsáveis, tanto de base, como também dos decisores de nível superior.

Embora considerando estes limites que, por outro lado, são também um elemento precioso de uma maior contextualização do problema relativo à Ordem, apresentamos na tabela seguinte os resultados globais obtidos através das respostas dos Irmãos à pergunta n. 49:

Quais são, na tua opinião, as principais carências que observas na pastoral vocacional?

%1. Acompanhamento insuficiente dos candidatos2. desmotivação dos Irmãos devido aos escassos resultados obtidos3. Confusão entre pastoral vocacional e “recrutamento de vocações”4. Pouca abertura da Igreja local às vocações religiosas5. Improvisação dos cargos para este serviço6. Falta de integração na Igreja local�. demasiada pressa em enviar os jovens para o Postulantado�. Não respondem

3�,033,333,033,031,126,220,�10,0

Em primeiro lugar, emerge um background cultural muito inteligente, que obriga a ir ao núcleo substancial da natureza da PV. de facto, ela surge do maior número de respostas assinaladas em primeiro lugar (3�%), é concebida, principalmente, e muito correctamente, sobretudo como

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340 341

acompanhamento constante e cuidadoso das vocações que já existem e vivem na Ordem, e que pedem com urgência para serem apoiadas adequadamente no seu caminho de aperfeiçoamento (cf. Tab. 6.9, 6.10 e 6.11).

de facto, o problema, indicado em primeiro lugar por mais de um terço dos inquiridos, é o insuficiente acompanhamento dos candidatos (37%), sublinhado com percentagens superiores à média sobretudo pelos Irmãos da África (5�,3%, com 21 pontos acima da média), da Ásia (51,2%) e da América Latina (43,6%), dos adultos jovens (42%) e também dos mais jovens (3�,5%), os quais, encontrando-se ainda na fase inicial da própria vida religiosa, têm uma recordação mais viva da sua experiência passada. O mesmo aspecto é muito sublinhado também pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (4�,3%, 10 pontos acima da média), pelos promotores vocacionais (41,4%), pelos licenciados (45,3%); não com a mesma intensidade, pelo contrário, pelos superiores locais, que poderiam ser, talvez, com a sua comunidade, também os mais directos responsáveis (34,2%). Provavelmente, é possível encontrar também as suas razões, aliás nem sempre plausíveis, isto é, a necessidade de empregar imediatamente estas forças jovens nas várias urgências quotidianas da comunidade ou do Centro.

Trata-se, além disso, de um problema que já encontrou, por motivos opostos, um relevo importante nas anteriores perguntas n. 26 e 2�. de facto, se deixar de haver acompanhamento, a sua falta é considerada como uma das causas principais de abandono da Ordem, ou de difícil integração nela, por parte dos Irmãos jovens. Pelo contrário, se for desenvolvido com cuidado e empenho, é considerado uma das causas que facilitam a inserção dos jovens na missão hospitaleira.

Uma segunda dimensão que constitui um problema é a desmotivação dos Irmãos face aos escassos resultados dos seus próprios esforços (33,3%). Embora se tratasse da última opção de resposta à pergunta, ela ocupa o segundo lugar nas escolhas dos Irmãos, ao lado de outro conjunto de problemas que é constituído pela ideia de pastoral vocacional entendida como “recrutamento de vocações” e pela constatação da pouca abertura da igreja local às vocações religiosas.

Tab. 6.9 – Principais carências observadas na pastoral vocacional. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem101 52 21 3 11 � �

10,0 13,� 11,1 3,6 6,4 5,5 11,�

Cargos improvisados

315 105 55 2� �1 3� 9

31,1 2�,6 29,1 32,1 4�,1 29,9 15,0

Escasso acompanhamento

3�4 126 44 49 �5 65 15

3�,0 33,2 23,3 5�,3 43,6 51,2 25,0Pressa em

enviar para o Postulantado

209 60 32 22 59 32 4

20,� 15,� 16,9 26,2 34,3 25,2 6,�Pastoral

Vocacional como recrutamento

334 130 50 36 44 54 20

33,0 34,2 26,5 42,9 25,6 42,5 33,3

Não integração na Igreja local

265 �5 49 30 51 40 10

26,2 22,4 25,9 35,� 29,7 31,5 16,�

Pouca abertura da Igreja local

334 122 60 25 56 54 1�

33,0 32,1 31,� 29,8 32,6 42,5 2�,3

Irmãos desmotivados

33� 15� 5� 1� 31 45 29

33,3 41,6 30,2 20,2 1�,0 35,4 4�,3

Outras69 22 20 5 � 4 11

6,� 5,� 10,6 6,0 4,1 3,1 1�,3

Trata-se de uma condição particularmente presente na sensibilidade e percepção dos Irmãos nos E.U.A. (4�,3%), na Europa Meridional (41,6%) e na Ásia (35,4%); nas duas últimas faixas etárias, entre os adultos maduros (41,4%) e entre os idosos (37,9%), e ainda por parte dos superiores dos Governos Geral, Provincial (34,5%) e, desta vez, também locais (33,3%).

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342 343

Quase descurada aparece, pelo contrário, esta forma de desânimo na África (20,2%) e na América Latina (1�%). E também não parece ser particularmente relevante entre os mais jovens (2�,5%) e para os adultos jovens (2�%).

Com idêntica percentagem, colocam-se as respostas dos Irmãos inquiridos acerca de outras duas carências detectadas na PV, que vamos analisar separadamente, e que são: confundir a pastoral vocacional com “recrutamento vocacional” (33%) e a escassa abertura da Igreja local às vocações religiosas (33%).

Pelo que diz respeito ao primeiro problema, trata-se de uma situação que, se for bem compreendida, com uma atitude e uma mentalidade adequadas à própria natureza da PV, tem uma notável importância, especialmente na fase inicial de proposta. Trata-se de uma concepção que poderia ser não só redutora, se, pelo contrário, fosse interpretada no plano puramente quantitativo, mas também contraproducente em relação às próprias finalidades da PV, pois tornar-se-ia comparável a uma operação comercial.

Em todo o caso, este defeito conta-se entre os que foram particularmente tomados em consideração, sobretudo por um bom grupo de Irmãos da África (42,9%) e da Ásia (42,5%), com 9 pontos acima da média, e em parte também pelos da Europa Meridional (34,2%), os adultos jovens (39,7%), os licenciados, os próprios formadores (37,1%), os superiores dos Governos Geral e Provincial (36,�%) e os superiores locais (35,1%).

Tab. 6.10 – Principais carências observadas na pastoral vocacional. Distribuição por faixas etárias e anos de profissão (em V. A. e %)

Níveis de idade Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem101 16 22 34 2� 16 13 3� 29

10,0 6,� �,2 10,5 21,2 �,� 4,6 10,9 19,6

Cargos improvisados

315 �6 110 102 25 60 114 105 30

31,1 31,� 35,� 31,5 18,9 2�,� 40,� 30,1 20,3

Escasso acompanhamento

3�4 92 129 113 3� �0 130 124 40

3�,0 3�,5 42,0 34,9 2�,� 33,� 46,4 35,5 2�,0Pressa em

enviar para o Postulantado

209 59 65 65 1� 53 63 66 21

20,� 24,� 21,2 20,1 13,6 25,5 22,5 18,9 14,2Pastoral

Vocacional como recrutamento

334 �4 122 95 39 61 110 115 42

33,0 31,0 39,7 29,3 29,5 29,3 39,3 33,0 2�,4

Não integração na Igreja local

265 79 6� �4 32 �6 63 89 30

26,2 33,1 21,� 25,9 24,2 36,5 22,5 25,5 20,3

Pouca abertura da Igreja local

334 �0 102 105 41 69 96 112 45

33,0 33,5 33,2 32,4 31,1 33,2 34,3 32,1 30,4

Irmãos desmotivados

33� 6� �3 134 50 56 �6 13� 61

33,3 2�,5 2�,0 41,4 37,9 26,9 2�,1 39,5 41,2

Outras69 11 25 24 � 9 22 26 10

6,� 4,6 �,1 �,4 6,1 4,3 7,9 �,4 6,�

Não se encontra, pelo contrário, muito presente e regista pontuações inferiores à média entre os inquiridos da Europa Central (26,5%) e da América Latina (25,6%), entre os adultos mais velhos (29,3%) e os idosos (29,5%). Porém, nos diferentes níveis de autoridade e responsabilidade, este facto levanta alguns problemas que, no entanto, como demonstram as tabelas, ocupam constantemente os primeiros três lugares mais problemáticos; para os superiores locais, coloca-se mesmo como primeiro problema a ser enfrentado.

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A outra dificuldade, com a mesma percentagem, foi a constatação da pouca abertura da Igreja local às vocações religiosas (33%). Enquanto as primeiras três problemáticas se inseriam no âmbito da própria Ordem, aqui, pelo contrário, as dificuldades são atribuídas a situações e causas externas, mesmo no próprio âmbito eclesial, por dificuldades de integração ou por outras razões de carácter sempre muito delicado na igreja local.

Este problema é levantado especialmente, de modo bastante especifico e acentuado, com 9 pontos acima da média, pelos Irmãos da Ásia (42,5%), para os quais ele constitui o segundo problema, mas também pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (44,�%), com menos que 12 pontos percentuais acima da média.

Para a Europa Central (31,�%), que apresenta, no entanto, a percentagem mais baixa, este é contudo o principal problema relativamente a todos os outros acima indicados. Para as restantes áreas geográficas, não parece assumir aquela particular importância que regista nas áreas já referidas: aparece, de facto, em terceiro ou quarto lugares entre os sete indicados.

Em todas as outras variáveis de idade, profissão religiosa e habilitações académicas, as percentagens colocam-se mais ou menos na média, apenas com ligeiros desvios de alguns pontos acima ou abaixo da média, e nada mais. Pode-se, pelo contrário, considerar aqueles 29,8% da África (3 pontos abaixo da média) onde, talvez por situações históricas e de precariedade, se poderia esperar uma maior diferença; e, finalmente, para 2�,3% de Irmãos dos E.U.A. este constitui o terceiro problema mais evidenciado.

No curto espaço de 3 pontos percentuais agrupam-se, finalmente, quatro grandes problemas relativos à PV. Já apresentámos os primeiros três; o último indicado tem a ver com a improvisação dos cargos para a PV (31,1%).

Provavelmente, no passado, esta situação podia verificar-se com mais frequência e gravidade, embora não pareça assumir hoje um peso menor, pelo menos na percepção que cerca de um terço dos Irmãos da Ordem tem dela, como se constata, de modo excessivo (4�,1%, 16 pontos acima da média), na América Latina, onde é considerado como primeiro problema. Numa percentagem pouco superior à média, é indicado na África (32,1%).

Nas outras áreas geográficas, os Irmãos relegaram-no para os últimos lugares da classificação, com pontuações abaixo da média – no caso dos E.U.A., directamente para o último lugar (15%).

Tab. 6.11 – Principais carências observadas na pastoral vocacional. Distribuição por totais e cargos desempenhados (em V. A. e %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre

o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem101 4 20 4 �3

10,0 4,6 9,0 5,� 11,5

Cargos improvisados

315 29 �� 25 1�4

31,1 33,3 34,� 35,� 29,1

Acompanhamento escasso

3�4 42 �6 29 22�

3�,0 4�,3 34,2 41,4 35,9

Pressa de enviar para o Postulantado

209 11 4� 1� 133

20,� 12,6 21,6 24,3 21,0

Pastoral Vocacional = Recrutamento

334 32 �� 26 198

33,0 36,� 35,1 3�,1 31,3

Não integração na Igreja local

265 14 4� 2� 1�6

26,2 16,1 21,6 3�,6 2�,�

Pouca abertura da Igreja local

334 39 �5 22 198

33,0 44,� 33,� 31,4 31,3

Irmãos desmotivados

33� 30 �4 21 212

33,3 34,5 33,3 30,0 33,5

Outras69 6 1� 11 35

6,� 6,9 �,� 15,� 5,5

Em todo o caso, evidenciaram o risco e o carácter problemático especialmente os Irmãos adultos jovens, no escalão etário entre 36 e 55 anos (35,8%), enquanto para os idosos, este só é um problema para 18,9%, o que confirma a nossa referência inicial ao passado, onde mais facilmente

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346 34�

este procedimento era bastante comum, e também negligenciado, ou considerado irrelevante.

Pelo contrário, este aspecto exige hoje maior cuidado e atenção, como sublinham, de facto, com uma certa insistência, os licenciados (3�,4%) e os formadores (35,�%), enquanto as indicações dos superiores dos Governos Geral e Provincial (33,3%) e os locais (34,�%) não se apresentam tão pronunciadas e definidas: apenas alguns pontos acima da média. Provavelmente, torna-se ainda hoje difícil fazer previsões e preparar o pessoal para um projecto de longo prazo, enquanto os promotores vocacionais insistiriam numa maior exigência formativa e qualitativa.

Um problema que não afecta directamente a PV, mas que investe mais amplamente as relações da Ordem e dos seus Centros com a Igreja local, e que tem óbvios efeitos na PV, foi identificado por mais de um quarto dos Irmãos na falta de integração na Igreja local (26,2%).

É verdade que este problema se coloca em último lugar, mas parece ser muito acentuado na África (36,7%, com 9 pontos acima da média), na Ásia (31,5%) e na América Latina (31,5%), enquanto é relativamente insignificante na Europa Central (25,9%), na Europa Meridional (22,4%) e nos E.U.A. (16,�%). Trata-se, porém, de um fenómeno que impressiona muito os mais jovens (33,1%), que o evidenciam em medida muito maior do que as outras faixas etárias. Evidenciam-no, sobretudo, os promotores vocacionais (3�,6%, com 12 pontos acima da média), para os quais esta situação constitui o segundo maior problema da PV, ao contrário dos superiores, tanto ao nível local como do Governo Geral, que o evidenciam escassamente ou bastante pouco.

Não parece constituir um problema para a PV, finalmente, a excessiva pressa em enviar os jovens para o Postulantado (20,7%): geralmente, surge nos últimos lugares da classificação. Contudo, este fenómeno parece ser bastante frequente, especialmente na América Latina (34,3%), na África (26,2%) e na Ásia (25,2%), enquanto nas outras zonas parece ser absolutamente irrelevante. Partilham a mesma opinião os superiores dos Governos Geral e Provincial (12,6%, � pontos abaixo da média) e os licenciados (1�%), mas não, porém, os superiores locais (21,6%). Mas, mais do que pelos superiores locais, o problema é considerado como tal

com uma certa frequência, pelos mais jovens (24,�%) e pelos promotores vocacionais (24,3%).

Em conclusão, queremos sintetizar e individualizar a ordem de importância dos primeiros três grandes problemas que as diferentes categorias de pessoas consideram mais relevantes.

Primeiro Segundo Terceiro

Áre

as g

eogr

áfica

s

Europa Meridional

desmotivação dos Irmãos

PV como recrutamento

Escasso acompanhamento

Europa Central Igreja local fechada

desmotivação dos Irmãos

Cargos improvisados

América Latina Cargos improvisados

Escasso acompanhamento

Pressa para o Postulantado

África Escasso acompanhamento

PV como recrutamento

Igreja local fechada

Ásia Escasso acompanhamento

Igreja local fechada

PV como recrutamento

E.U.A. desmotivação dos Irmãos

PV como recrutamento

Igreja local fechada

Faix

as e

tári

as

1�-35 anos Escasso acompanhamento

Igreja local fechada

Igreja local fechada

36-55 anos Escasso acompanhamento

PV como recrutamento

Cargos improvisados

36-�5 anos desmotivação dos Irmãos

Escasso acompanhamento

Igreja local fechada

+ de �5 anos desmotivação dos Irmãos

Fechamento da Igreja local

PV como recrutamento

Superiores Maiores Escasso acompanhamento

Igreja local fechada

PV como recrutamento

Superiores locais PV como recrutamento

Cargos improvisados

Escasso acompanhamento

Promotores Vocacionais Escasso acompanhamento

Igreja local fechada

PV como recrutamento

4. PerFIL dO ANImAdOr IdeAL de PV (pergunta 50)

Todo o capítulo anterior (Cap. V) foi dedicado à formação dos formadores, à sua presença e preparação, à sua relação com os superiores, com o espírito da Ordem, tendo em vista a sua mais adequada formação para que possam enfrentar os desafios da hospitalidade. Nesta precisa

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34� 349

secção da nossa análise, que se propõe comentar as respostas à pergunta n. 50, vamos analisar uma série de objectivos, ideais e tarefas que, presumivelmente, cada um dos promotores vocacionais deveria tornar próprios, com um espírito de fidelidade e criatividade para o melhor desenvolvimento da sua delicada missão formativa ao serviço da Ordem e da Igreja.

É aqui sintetizada uma série de reflexões que já foram antecipadas nos capítulos precedentes, de forma que é possível encontrar algumas correspondências nas respostas a questões já colocadas, como confirmação do modo como foram realizados os diferentes compromissos.

Além do mais, o próprio “Projecto de Formação” da Ordem propõe algumas pistas de reflexão (n. 98-102) sobre a natureza da PV, os seus objectivos gerais e específicos, e os meios para fazer conhecer o carisma da Ordem.

Aqui, vamos analisar, por fim, a avaliação feita pelos Irmãos entrevistados acerca das modalidades, da preparação, do entusiasmo, das motivações, da generosidade, da adequação da preparação dos responsáveis pela PV, e das suas equipas para responderem a uma série de nove tarefas/papéis considerados importantes para a renovação da PV dos nossos dias, face aos desafios da sociedade contemporânea.

Obviamente, as avaliações não se dirigem individualmente a cada Irmão responsável pela PV, mas, de modo global, ao papel concreto dos animadores da PV. A finalidade consiste, de facto, em melhorar cada vez mais o tipo e as metodologias de intervenção, especialmente as que se revelaram mais frágeis e problemáticas. Isso pode servir como verificação do passado e do presente, mas propõe-se também projectar o futuro com perspectivas de estímulo, ideais e orientações, tendo em vista intervenções melhores e cada vez mais eficazes.

4.1 – Análise global

Os itens propostos na pergunta n. 50 constituem um leque muito articulado e suficientemente exaustivo das principais funções e expectativas que a Ordem confia aos animadores da PV. Trata-se de

funções que podemos agrupar em dois grandes núcleos fundamentais: as que se dirigem principalmente ao exterior – jovens, famílias, igreja local – e as que se destinam sobretudo ao interior – a cada Irmão e às comunidades. desta subdivisão servir-nos-emos apenas dos aprofundamentos analíticos, enquanto agora nos concentramos numa visão global delas, regulada por uma hierarquia de avaliações e prioridades baseada nas pontuações médias.

A tabela que se apresenta mais abaixo oferece-nos um panorama mais do que exaustivo sobre a pergunta n. 50: “Os animadores da pastoral vocacional estão preparados e motivados para…”.

Os juízos globais são substancialmente positivos para quase todas as intervenções, embora mais na dimensão da simples suficiência (bastante) do que na da excelência (muito). Emerge uma notável mediocridade, descrita pelas duas colunas centrais das opções bastante e pouco.

É verdade que as percentagens das críticas radicais (de modo algum) são absolutamente insignificantes, especialmente nos itens mais importantes (de 1% a 4%), mas é igualmente verdade que a coluna da opção muito não atinge sequer, como ponta máxima, os 20% (1�,4%), considerando que a percentagem dos que não respondem é bastante elevada – de 11,2% até 21,�%, com uma média que ronda os 14-15% – e isso, sem considerar as não respostas dos idosos, que atingem o valor de 55,3%.

A percentagem das avaliações positivas (muito + bastante) estende- -se por uma gama de aproximadamente 30 pontos percentuais, indo de um máximo de 63,1% até um valor mínimo de 31,3%.

Por fim, a maior parte das pontuações médias coloca-se no primeiro quadrante com uma variação muito contida de aproximadamente 29 centésimas de ponto, entre 2,10 e 2,39, enquanto surge um item isolado, muito destacado (M: 2,65, o 9°, conhecer e motivar as famílias), que parece de difícil realização, mas que, por outro lado, não perturba o resto da leitura que faremos.

Não estão isentas, estas respostas, de uma certa ambiguidade, dado que, através dos Irmãos, podemos referir-nos a dados concretos, a uma realidade que pode ou não reconhecer a preparação dos animadores para

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350 351

o papel que lhes é confiado, ou a um ideal e um objectivo para os quais são solicitados. Em todo o caso, as críticas e as reservas apresentadas fazem-nos inclinar para uma leitura fenomenológica do existente, isto é, de carácter factual e realístico, que descreve a situação da Ordem tal como ela é sentida pelos Irmãos.

Feitas estas premissas, de cenário e contexto, e entrando nos conteúdos de cada uma das respostas, surpreende-nos de imediato um par de objectivos que são considerados como prioritários e se referem a uma acção ad extra, isto é, a de apresentar de modo claro e compreensível, os valores, o estilo de vida do Irmão (62,2%) e dar a conhecer a missão da Ordem na sociedade e na Igreja (63,1%). Trata-se de duas questões que, embora distintas entre si, são bastante homogéneas nos seus conteúdos. Referem-se à visibilidade e exemplaridade da vida da Ordem, a sua difusão. de facto, também as percentagens e as pontuações médias (2,10 e 2,12) têm valores muito próximos e semelhantes.

Tab. 6. 12 - Funções e tarefas confiadas à equipa de P.V. (em % e pontuações médias)

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

Nad

a

Pont

uaçã

o m

édia

1. Apresentar de modo claro e compreensível os valores e o estilo de vida do Irmão de S. João de deus

14,3 17,4 44,8 21,3 2,1 2,10

2. dar a conhecer a missão da Ordem no âmbito da sociedade e da Igreja 11,2 16,2 46,9 23,2 1,8 2,12

3. Aplicar critérios válidos de selecção 21,� 11,1 35,5 27,9 3,9 2,31

4. Realizar um acompanhamento adequado 15,5 11,6 37,9 31,6 3,4 2,32

5. Envolver os Irmãos para se tornarem co-responsáveis pelas vocações 14,6 10,8 35,3 35,2 4,2 2,38

6. Trabalhar no campo do pastoral em colaboração com a Igreja local 14,4 9,9 37,2 35,0 3,6 2,38

�. Conhecer a realidade de proveniência dos jovens 14,5 10,7 36,6 33,2 5,0 2,38

�. Usar meios apropriados (de comunicação social) 15,1 12,2 34,0 32,2 6,5 2,39

9. Conhecer e motivar as famílias 16,� 6,9 24,4 42,4 9,5 2,65

Segundo pouco menos de dois terços dos inquiridos, os animadores da PV estão preparados para essa tarefa: para um em cada sete Irmãos, de modo mesmo excelente (16-1�%), ao passo que para pouco menos de metade, de modo bastante suficiente (45-47%). Não faltam reservas críticas de aproximadamente um Irmão em cada cinco (entre 23% e 25%). Porém, este conjunto de itens é particularmente privilegiado e sublinhado pelos Irmãos, precisamente porque se afasta do conjunto sucessivo, por uma série de factores, entre os quais uma distância superior a 10 pontos percentuais e 20 centésimas de ponto nas pontuações médias. Há que sublinhar (e aqui é obrigatório) que na pergunta de apresentação destes itens, como também na de todos os outros sucessivos, as opções de resposta não estavam próximas, de forma a induzir uma escolha pré- -ordenada e preguiçosamente de cómodo.

deste modo, sem a ter previsto, encontramos uma outra série de tarefas, também estas em pares (a posteriori) nas escolhas dos Irmãos. Podem referir-se a actividades que poderíamos definir ad intra da Ordem, porque diz respeito à aplicação de critérios válidos de selecção (46,6%) para os jovens e à necessidade de realizar um adequado acompanhamento (49,5%). Aqui, as pontuações de excelência são inferiores, embora sejam muito mais acentuadas as críticas e as reservas – de 31,�% até 35%, respectivamente. Também aqui as pontuações médias, que nos permitem falar de conjuntos, são distanciadas das primeiras, mas muito próximas entre si.

O terceiro grupo de tarefas, também este bastante distanciado do anterior, mas com pontuações médias muitíssimo próximas (2,38 e 2,39) e percentagens igualmente consistentes e muitos semelhantes, refere- -se a uma pluralidade diversificada de situações e objectivos que, na sua variedade, nos permitem alargar a gama das avaliações dos Irmãos e enriquecer as séries das funções a serem recomendadas aos operadores da PV.

Trata-se, em primeiro lugar, de trabalhar no campo da pastoral em colaboração com a Igreja local (47,1%), uma necessidade reconhecida por pouco menos de metade dos Irmãos, embora mais de um terço levante críticas e reservas (3�,6%). Trata-se de uma questão que é abordada diversas vezes no questionário (perguntas 25 e 49.5), sinal de

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352 353

uma preocupação constante, na qual as mesmas críticas constituem um precioso sinal de alarme.

Analogamente, já outras vezes se tinha abordado o problema do

envolvimento dos Irmãos na PV (perguntas 46, 26 e 2�), em sentido positivo e em sentido crítico. Aqui, mais explicitamente, considera-se que uma das tarefas da PV consiste em envolver os Irmãos na co-responsabilidade das vocações (46,1%) e não a deixar apenas aos delegados que são por ela responsáveis. Neste processo, 39,4% dos Irmãos exprimem juízos bastante negativos e críticos. Trata-se de uma percentagem entre as mais altas nos vários itens desta pergunta que, por conseguinte, vem sublinhar como se tem vindo a tornar cada vez mais importante que os promotores da PV se sintam empenhados em solicitar e co-responsabilizar os Irmãos neste tipo de compromisso, que começa com o acolhimento na comunidade, prosseguindo no acompanhamento e numa relação de simpatia na inserção dos mais jovens, até ao sentir-se empenhados em rezar e agir quase como se fosse necessário garantir pelo menos um sucessor na própria Ordem.

As percentagens positivas do item seguinte mantêm-se na mesma

ordem de 47,3%, relativamente à necessidade de conhecer a realidade de origem dos jovens, isto é, o seu ambiente de vida, o sistema de significados, o quadro dos seus comportamentos, a carta dos seus valores, numa palavra, a condição juvenil da própria região. Trata-se de percentagens muito elevadas, quer nos consensos e nas avaliações positivas, quer também nas críticas e nas solicitações. E, por outro lado, constitui também um dos factores positivos reconhecidos na pergunta 51, entre os que uma comunidade deveria estimular para se empenhar na PV: o conhecimento do mundo dos jovens.

Entre os instrumentos úteis para o conhecimento e a visibilidade difusa da Ordem, 46,2% solicita também o uso do meios comunicação, considerados meios apropriados (46,2%), embora não sejam os únicos. 3�,�% dos Irmãos observam porém que os operadores da PV estão pouco preparados para isso, uma observação que muitas vezes se repete, sobretudo entre as sugestões para enfrentar mais adequadamente os problemas da PV, como nas respostas à pergunta 54, que comentaremos mais abaixo.

Por último, embora com percentagens relativamente mais reduzidas que as outras e com uma pontuação absolutamente única, é sublinhada uma tarefa que, apesar de ser evidenciada por poucos (42,2%), é um sinal positivo que deveria ser mais valorizado, ou seja, conhecer e motivar as famílias. É um sinal positivo porque denota uma sensibilidade, por parte de quem o manifestou, de uma atenção (frequentemente negligenciada) que tem a sua extraordinária importância nalgumas áreas geográficas, como demonstram os 51,9% de Irmãos que denunciam a sua falta e a sua pouca utilização no cuidado que é preciso ter acerca da PV.

4.2 – Aprofundamento analítico por variáveis estruturais: áreas, idades, papéis

Vista a estrutura da pergunta, mais acima, avançámos a hipótese de a analisar agrupando os itens em dois grandes núcleos fundamentais, relativos às principais funções que a Ordem parece confiar aos animadores da PV, nomeadamente:

1. Tarefas viradas principalmente ad extra, tais como:

apresentar de modo claro e compreensível os valores e o estilo de vida do Irmãodar a conhecer a missão da Ordem no âmbito da sociedade e da Igrejatrabalhar no campo da PV em colaboração com a Igreja localconhecer e motivar as famílias.

Tudo isto implica duas competências particulares:

conhecer a realidade de origem dos jovens saber usar os meios apropriados (os meios de comunicação social).

2. Tarefas destinadas sobretudo ad intra, dirigidas aos formandos e às comunidades, tais como:

aplicar critérios válidos de selecçãorealizar um acompanhamento adequadoenvolver os Irmãos na responsabilidade das vocações.

≥≥

≥≥≥

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À luz deste esquema lógico e unitário, enfrentaremos a análise detalhada e de cada item, assim como das várias diferenças que derivam do confronto com as variáveis específicas de estado, nomeadamente, áreas geográficas, faixas etárias, papéis e cargos exercidos, que dão consistência às inumeráveis percentagens que estamos a analisar.

4.2.1 – Tarefas dirigidas principalmente “ad extra”

A PV tem uma dimensão própria aberta ao exterior – a Igreja e a sociedade – porque, do mesmo modo que qualquer estrutura social e organização humana, como são todas as Ordens e Congregações religiosas, há a necessidade intrínseca e imperiosa, para si própria e para a Igreja, da sua continuidade e duração no tempo.

Obviamente, não vamos discutir aqui os aspectos teológicos e espirituais que são próprios da vida religiosa na sua consagração e na sua missão, da qual reconhecemos a substancial natureza e importância, e da qual já nos ocupámos abundantemente nos capítulos anteriores, mas queremos enfrentar também o problema na sua dimensão mais institucional e humana, isto é, na sua necessidade de se tornar visível e de “auto-sustentar-se” com pessoas e estratégias que permitam a sua continuidade ao serviço da Igreja e do Reino de deus.

Como cada organização, também uma Ordem religiosa tem que encontrar os recursos de que necessita para continuar a existir. Entre esses recursos e, obviamente, entre os mais importantes, encontra-se o pessoal que irá desempenhar os seus papéis próprios. Sob este aspecto, as organizações religiosas sofrem as influências e também as pressões, positivas e negativas, do que acontece nos ambientes externos, nas sociedades em que actuam, segundo uma relação que deveria ser de reciprocidade.

Trata-se, de facto, de uma Ordem religiosa que é também uma organização humana e social, no âmbito de uma estrutura mais vasta que é o sistema eclesiástico, com tarefas próprias e específicas, derivadas do carisma do instituto, reconhecidas pelo direito Canónico e aprovadas pela Igreja, mas activas no âmbito de uma sociedade. Daqui a necessidade da PV, como instrumento particular, não único, de crescimento, continuidade, desenvolvimento e visibilidade de um carisma e de um projecto pastoral

ao serviço da Igreja e da sociedade. Por isso, a PV contribui de uma maneira que lhe é específica, para um tríplice resultado: o bem-estar da própria sociedade, a difusão do Reino de Deus, e a santificação dos seus membros.

Neste cenário de contexto, indispensável para uma compreensão correcta e global da natureza da PV, adquire pleno valor aquela série de itens relacionados com as tarefas ad extra da PV, das quais os primeiros dois se configuram como objectivos específicos de uma visibilidade externa da Ordem, para articular e evidenciar a sua presença e a sua eficácia na Igreja e na sociedade.

A tarefa que a maioria dos Irmãos, muito mais de metade e pouco menos de 2/3 (62,2%), quis evidenciar, como importante para a PV, foi precisamente a tarefa de apresentar de modo claro e compreensível os valores e o estilo de vida dos Irmãos.

Este item que, na apresentação do questionário, ocupava o terceiro lugar, foi o que obteve a pontuação média mais favorável, embora o valor da percentagem seja levemente inferior ao seguinte.

Trata-se de um aspecto que questiona também o tipo de integração das comunidades na Igreja e na sociedade local, que já na pergunta anterior, n. 25, fora considerado como satisfatório apenas por metade dos Irmãos. Nesta tarefa pretendeu-se sublinhar, em primeiro lugar, um elemento de testemunho claro e compreensível, através do próprio estilo de vida e do próprio quadro de valores suficientemente definido, que se opõe àquelas formas híbridas e opacas de visibilidade/invisibilidade em que o testemunho e a proposta se diluem de forma indefinida numa relação insignificante.

Face a um notável consenso dos Irmãos (62,2%), dos quais 1�,4% se exprimem de modo muito positivo, encontra-se também um bom número de juízos negativos (23,4%), embora não radicalmente (2,1%).

Os maiores consensos distribuídos por áreas geográficas, são os dos Irmãos da África (�1,4%), da Ásia (6�,6%), da Europa Central (66,1%), dos E.U.A. (60%) e da América Latina (59,3%); mais escassos, pelo contrário, são os da Europa Meridional (5�,�%). Igualmente favoráveis

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são as apreciações dos mais jovens (69,9%) e dos adultos jovens (72%), dos superiores dos Governos Geral e Provincial (79,3%), dos promotores vocacionais (��,1%) e dos superiores locais (66,2%).

As críticas mais numerosas provêm, pelo contrário, dos Irmãos da América Latina (29,6%, relativamente à média de 23,5%) e da Ásia (2�,3%), mas também de 25,1% dos mais jovens, de 26,1% dos licenciados e de 22,1% dos superiores locais.

O compromisso de dar a conhecer a missão da Ordem no âmbito da sociedade e da Igreja (63,1%) obteve mais um ponto percentual, embora ocupe a segunda posição na classificação das pontuações médias. De facto, aqui, são mais numerosas as críticas (25%), apresentadas pelos animadores da PV. deve-se observar, além disso, que neste item houve também o menor número de não respostas, sinal de uma dificuldade dos Irmãos em exprimir uma avaliação pessoal.

Uma avaliação substancialmente positiva, que é também uma solicitação nesta direcção, registou-se por parte dos Irmãos da Europa Meridional (65,5%), da América Latina (66,3%), da Europa Central (62,9%), da Ásia (61,4%) – que, porém, se incluem também entre os mais críticos (32,2%, � pontos acima da média) –, da África (60,�%) e dos E.U.A. (46,�%), dos superiores dos Governos Geral e Provincial (��%, com bem 14 pontos acima da média), e locais (6�,1%). As faixas etárias mais favoráveis são as primeiras duas mais jovens, com cerca de 66% de apreço, juntamente com os licenciados (66,�%) e também dos Irmãos sem cargos de responsabilidade (59,9%).

Registaram-se elementos de dissenso (25%) sobretudo na África (34,5%, com quase 10 pontos acima da média), na Ásia, já salientados, nos E.U.A. (30%), na Europa Central (2�,6%), na América Latina (24,4%) e na Europa Meridional (1�,1%), por parte de 2�,4% dos adultos jovens e, sobretudo, dos formadores vocacionais (30% – uma percentagem que fala por si!), e ainda dos licenciados (2�,5%).

Faz também parte deste núcleo de tarefas dirigidas para o exterior trabalhar no campo da PV em colaboração com a Igreja local (47,1%). Quase metade dos Irmãos acha que isso se faz de diferentes formas, embora sejam poucos os que reconhecem e qualificam esta relação como

excelente (9,9%). É este, de facto, o sector em que as críticas dos inquiridos são mais numerosas, atingindo o valor de 3�,6%.

Passando a um aprofundamento analítico que cruza as variáveis de estado, área geográfica, idades e papéis, as avaliações mais positivas provêm dos Irmãos da África (59,6%, com 12 pontos acima da média), da Ásia (52,�%) e da Europa Meridional (46,�%), enquanto nas outras áreas, pelo contrário, são mais acentuados os juízos negativos. A distribuição por faixas etárias apresenta uma série de avaliações positivas, de modo particular dos mais jovens (51,5%) e dos adultos jovens (51,4%). Embora apresentando as mesmas percentagens, os mais jovens exprimem mais facilmente avaliações extremas (muito – de modo algum), com juízos mais radicais que os dos próprios adultos jovens. São positivos também os consensos dos superiores dos Governos Geral e Provincial (65,5%), enquanto os dos superiores locais, e também os de alguns formadores, se situam ao redor de 52%.

Que esta colaboração tenha necessidade de ser intensificada, é o que reclamam também as numerosas críticas da América Latina (4�,�%, com 9 pontos acima da média), da Europa Central (43,9%) e da Ásia (40,9%), relativamente às das outras regiões, bastante menos numerosas. Os muito jovens distinguem-se também pelos juízos negativos que exprimem (42,2%), juntamente com os adultos jovens (43%) e os licenciados (41,1%). Menos críticos, pelo contrário, são os idosos, apesar de não estarem ausentes, embora dentro de limites contidos na média, as reservas dos superiores centrais e Provinciais (31%), dos superiores locais (37,9%) e dos formadores (3�,5%).

Um dos elementos centrais da PV, pelo menos no passado, era considerada a família de origem. Esta percepção constituiu a razão de ser para este item (conhecer e motivar as famílias), sobretudo quando nos referimos a vocações muito jovens, ainda caracterizadas por uma forte influência familiar. Em todo o caso, porém, também no caso das vocações adultas, esta referência assume hoje uma importância notável, pelo menos como conhecimento prévio do ambiente de origem do candidato. Quanto às famílias com pré-adolescentes e adolescentes, continuam no entanto a constituir um grande compromisso a força e a capacidade de as motivar para uma perspectiva vocacional relativamente aos seus próprios filhos.

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35� 359

As respostas dos Irmãos a este item – “conhecer e motivar asfamílias”, (31,3%) – mesmo não sendo as mais numerosas (N. R. = 16,�%), denotam, apesar disso, a percepção que 31,3% dos Irmãos manifestam possuir acerca do valor deste factor, que é considerado bastante importante na PV. Reconhecem-no sobretudo os Irmãos da América Latina (42,5%, com 11 pontos percentuais acima da média), ao passo que, em termos globais, as percentagens são mais reduzidas nas outras regiões: 25,2% na Europa Meridional, 30,6% na Europa Central, 33,3% na África, 32,3% na Ásia e 33% nos E.U.A. O mesmo não se pode dizer em relação aos muito jovens (41%) que o consideram muito ou bastante importante, relativamente a 30,3% dos adultos jovens. Ao lado dos superiores dos Governos Geral e Provincial (39%), são sobretudo os formadores que estão mais convictos disso (42,9%), relativamente aos superiores locais (32%) e aos licenciados (34,9%).

As críticas são, pelo contrário, bastante mais numerosas (51,9%). Referem-se, de facto, à escassa atenção que parece ser reservada a este sector. Trata-se de respostas que provêm especialmente da Ásia (62,2%), da África (58,4%), da Europa Central (55%), da Europa Meridional (49,5%) e dos E.U.A. (41,�%); e ainda dos Irmãos mais jovens (53,1%), mas, em medida muito mais acentuada, dos adultos jovens (62,�%, com 11 pontos acima da média), muito ocupados nas actividades da missão da Ordem. Também não são poucas as avaliações negativas dos Superiores Provinciais (56,3%), assim como dos superiores locais (54,5%); mais escassas e abaixo da média são, pelo contrário, as dos encarregados da PV (45,�%).

Há, por fim, dois tipos de competências que devem ser consideradas altamente úteis e necessárias, anteriores ao exercício dos outros compromissos vocacionais, que é preciso ter na caixa das ferramentas, ou seja, um conhecimento aprofundado da condição juvenil e uma familiaridade com os jovens, que os torne capazes de sentir as experiências que eles vivem, e de lhes transmitir uma proposta de vida diferente. Em segundo lugar, será importante saber utilizar os meios apropriados da comunicação social para uma adequada apresentação e difusão da imagem da Ordem às gerações actuais que vivem sobretudo de visibilidade. Destas duas competências ocupar-nos-emos agora, sublinhando as reacções dos Irmãos às perguntas do questionário.

Conhecer a realidade de origem dos jovens (47,3%) é um aspecto que é atribuído positivamente aos actuais promotores vocacionais por quase metade dos Irmãos, face a 3�,2% dos que, pelo contrário, exprimem juízos bastante negativos a seu respeito.

Exprimem juízos mais positivos, como sinal de um compromisso que já se encontra presente, sobretudo os Irmãos da Ásia (5�,4%, com 10 pontos acima da média), da América Latina (4�%), da Europa Meridional (46,�%) e, sucessivamente, os da Europa Central e da África (43,4%), sendo esta última bastante mais negativa e crítica do que a das outras regiões, registando uma percentagem de 47,6%, 9 pontos acima da média. São, pelo contrário, positivas as avaliações dos Irmãos adultos jovens (53,5%), dos mais jovens (51%), dos formadores vocacionais (54,2%), mas, de modo especial, as dos superiores dos Governos Geral e Provincial (65,5%, com 1� pontos acima da média).

Manifestam algumas reservas críticas (38,2%) especialmente os Irmãos, já recordados, da África (4�,6%), e, depois, da Europa Central (43,9%), da América Latina (42,5%), da Ásia (37,8%) e da Europa Meridional, com a mesma percentagem dos E.U.A. (32,4%). São particularmente críticos também os mais jovens (43,1%), os diplomados (41,3%), além dos próprios formadores vocacionais (3�,2%). Seria, no entanto, interessante descobrir as suas razões, que não se podem aqui evidenciar.

Utilizar os meios apropriados da comunicação social (46,2%) para dar a conhecer a missão da Ordem no âmbito da sociedade e da Igreja é uma ulterior competência que obtém o consenso de pouco menos de metade dos Irmãos, mas também uma das pontuações mais altas na coluna da excelência (muito: 12,2%, 3ª em ordem de classificação dentro da mesma coluna).

O uso dos meios de comunicação é solicitado e apreciado, de modo positivo, especialmente pelos Irmãos da Europa Central (5�,2%, com 12 pontos acima da média), e depois, muito distanciados, pelos da Ásia (4�,�%), da América Latina (45,4%), e ainda, com baixas percentagens, da África (29,4%) que, pelo contrário, evidenciam a sua carência mais elevada (64,3%) nas zonas de missão. Sublinham ainda a positividade sobretudo os mais jovens (51,4%) e os adultos jovens (48,9%). Estes, porém, são também os mais críticos (45,3%). São positivos os juízos dos licenciados (50,6%),

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e ainda mais os dos superiores dos Governos Geral e Provincial (5�,5%) e dos formadores (54,3%). Pelo contrário, não partilham da mesma opinião os superiores locais, que se limitam a 46,9% de juízos positivos, chegando as apreciações negativas a atingir a percentagem de 40,5%.

Em conclusão, não consideram preparados os animadores da PV (38,7%), nem motivados para o uso dos meios de comunicação, sobretudo os Irmãos da África (64,3%, com 26 pontos acima da média), da Ásia (45,�%) e depois, descendo nos valores percentuais, todas as outras áreas geográficas, os mais jovens (42,7%), os adultos jovens (45,3%), e os licenciados (42,4%).

4.2.2 – Tarefas dirigidas principalmente “ad intra”

A PV não se reduz simplesmente a toda aquela série de tarefas acima enunciadas, que a tornariam numa inoportuna agência de marketing. Ela deve-se preocupar também em cuidar e reforçar as dinâmicas internas de envolvimento, relativas a um cuidadoso discernimento e selecção dos candidatos, ao cuidado da perseverança com uma preciosa, delicada, solícita e cuidadosa dinâmica de acompanhamento dos Irmãos jovens, quer no plano individual quer congregacional das comunidades nas quais eles são inseridos. Já nos capítulos anteriores desenvolvemos abundantemente os resultados (cf. perguntas nº 26 e 27).

Em todo o caso, estes dois momentos da selecção e do acompanhamento foram objecto de verificação por parte de todos os Irmãos. Apresentamos aqui os resultados, que se situam nos primeiros lugares da classificação da pergunta sobre a qual estamos a reflectir.

A exigência de uma escolha inicial mais reflectida e prudente requer a necessidade de se dotar de uma equipa com uma série de critérios válidos de selecção e de uma sua adequada aplicação (46,6%). Esta urgência recolhe uma percentagem bastante elevada de consensos, mas não é superior a tantos outros itens da mesma pergunta. Porém, o que lhe conferiu a prioridade (M: 2,31) foi o número relativamente escasso das críticas recebidas (31,�%), juntamente também com o valor mais alto dos que não responderam (21,7%). O que significa que, na percepção geral, este é um aspecto considerado bastante verificado e realizado. Há porém

uma percentagem bastante elevada (21,�%, que chega aos 55,3% no caso dos idosos) de quem não soube dar uma resposta.

Os consensos mais optimistas (46,6%) provêm das regiões da Europa Central (55,5%) e dos E.U.A. (56,6%), da África (50%) e da Ásia (49,6%), dos mais jovens (51,4%) e dos adultos jovens (51,�%), dos superiores dos Governos Geral e Provincial (64,4%, com 1� pontos acima da média) e dos formadores (55,�%).

Os elementos mais negativos (31,8%) são referidos especialmente pelos Irmãos da Ásia (44,1%, com 13 pontos acima da média), da África (41,7%) e da América Latina (39,5%), assim como também pelos mais jovens (41%) e os adultos jovens (39,8%), os licenciados (39,5%) e os superiores locais (36,5%).

Os animadores da PV estão preparados para realizar um acompanhamento adequado?

A pergunta (que encontra a sua complementaridade nas perguntas nº 26.2, 27.2, 49.2) não é fácil. Confirmam esta dificuldade as respostas igualmente negativas: uma avaliação substancialmente positiva é dada por 49,5% dos Irmãos, face a uns 35% de juízos negativos.

Os primeiros, mais optimistas, provêm especialmente dos Irmãos das regiões da Europa Central (5�,�%), dos E.U.A. (53,3%), da África (51,2%) e da América Latina (50%), dos mais jovens (59,4%) e dos adultos jovens (53,1%), dos licenciados (53,5%) e dos superiores dos Governos Geral e Provincial (60,9%), juntamente com os formadores (62,9%).

Os segundos, bastante mais críticos, foram expressos pelos Irmãos da Ásia (45,7%), da África (41,7%) e da América Latina (38,9%), pelos adultos jovens (39,8%) juntamente com os adultos mais velhos (35,8%). Pelo contrário, reservas menores foram apresentadas pelos mais jovens (35,2%); por outro lado, revelaram-se bastante críticos os licenciados (3�,�%) e os superiores locais (3�%), desta vez, juntamente com 34,4% dos superiores dos Governos Geral e Provincial, e de 30% dos formadores.

Faz parte ainda desta mesma dimensão ad intra a capacidade de envolver os Irmãos na co-responsabilidade pelas vocações, para que

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se sintam fraternamente co-responsáveis na vida diária de comunidade para as sustentar, as acompanhar adequadamente, promover momentos de alegria, de amizade e de cordialidade fraterna, de confronto sereno e também de progressivo aviamento para os papéis específicos da missão hospitaleira. Além disso, o envolvimento pode-se estender também aos outros aspectos da vida religiosa, como a colaboração ocasional no papel dos animadores da PV, ou também como afectuoso e empático apoio à sua actividade. No entanto, são inumeráveis as modalidades de envolvimento. Tudo depende das possibilidades e da boa vontade em sentir-se participantes neste importante aspecto da vida da Ordem.

Sob este aspecto, a participação nas respostas foi relativamente normal (N. R. = 14,4%), assumindo um lugar médio na hierarquia das preferências com a pontuação de M: 2,3�, partilhado com o do conhecimento do mundo juvenil e do seu ambiente.

46,1% dos Irmãos acreditam que os animadores da PV estão preparados e são incentivados para esta tarefa, ou seja, concretamente, que esse envolvimento na co-responsabilidade das vocações está muito ou bastante presente, ao contrário da significativa percentagem de 39,4% de outros Irmãos que, pelo contrário, consideram estar pouco ou nada presente.

No primeiro caso, demonstram-se positivos, de modo particular, os Irmãos da Ásia (55,9%, com 9 pontos acima da média), da Europa Central (51,�%), da África (46,4%), os mais jovens (52,3%), os adultos jovens (51,8%), os superiores Provinciais (60,9%) e os formadores (60%).

No segundo caso, as críticas mais numerosas vieram dos Irmãos da América Latina (44,2%), da África (45,2%), da Ásia (39,4%) e da Europa Meridional (38,9%), dos próprios Irmãos mais jovens (41,9%), dos adultos jovens (41,4%) e mais velhos (39,8%), dos licenciados (41,9%), e dos superiores locais (41%).

Em conclusão, no âmbito desta pergunta, as posições são mais matizadas nos diferentes itens em que se articularam. Porém, é possível observar algumas constantes, que se repetem em quase todos os itens, e que podem constituir elementos de reflexão e/ou de confirmação, como por exemplo o facto de os superiores locais serem sempre mais críticos do que os formadores da PV e que os superiores dos Governos Geral

e Provincial. Às reservas dos superiores locais acrescentam-se quase sempre as dos licenciados, os quais, porém, nalguns aspectos, são também positivos, como os superiores Centrais e Provinciais.

Os mais jovens e os adultos jovens exprimem sempre um maior volume de respostas, nalguns casos muito positivas, o que não impede que sejam também igualmente numerosos os que exprimem as suas críticas. Também os idosos manifestam os seus juízos, os quais, porém, nunca resultam particularmente visíveis na diferenciação das percentagens, apesar de serem claras as diferenças em relação aos muito jovens e aos adultos jovens.

Relativamente às áreas geográficas, não é possível encontrar características constantes para cada uma delas e em cada item, mas é precisamente esta especificidade que deve levar a uma reflexão mais específica de cada área geográfica. Qualquer generalização neste sector corre o risco de se tornar uma categoria distorcida para a percepção real dos problemas regionais.

5. A COMUNIDADE RELIGIOSA: SUJEITO PRIMÁRIO DA PV (pergunta 51)

Se a PV não for entendida como “recrutamento” (não o deveria ser!), então adquire um valor de importância fundamental o testemunho de figuras de particular densidade carismática, mas também a presença de religiosos na vida quotidiana ordinária e simples, vivida forte e intensamente no exercício do serviço generoso de caridade prestado às pessoas e que é muito meritório perante Deus. Sem descurar, porém, a santidade de vida dos Irmãos, o espírito de oração pelas vocações, a graça de deus Pai que, como “senhor da messe”, é quem mais tem a peito a difusão do Seu Reino e, por conseguinte, também o problema das vocações, pensamos que o exemplo e testemunho de cada Irmão, numa sociedade que valoriza e aprecia a visibilidade dos eventos e o estilo de vida individual, têm um forte impacto nas gerações jovens.

Tudo isto diz-nos também que não é suficiente haver uma equipa de pastoral vocacional e promover as vocações, pois é igualmente necessário o envolvimento e a responsabilização de cada Irmão, que se sinta chamado pessoalmente a dar a conhecer e fazer apreciar, através do entusiasmo da

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própria vida, os valores da Ordem, que estima e ama, na qual acredita e que com ela se identifica.

Neste processo, portanto, é essencial e fundamental o testemunho de toda a Comunidade, que se apresenta ao mundo caracterizada pela presença visível dos valores do Evangelho, encarnados num estilo de relações interpessoais que a tornam atraente, fascinante e desejável.

A isto acrescente-se que, num contexto social fragmentado, como é o de hoje, no qual muitas vezes se perde a noção dos pontos firmes de referência, tanto éticos como religiosos, a coragem e o testemunho de uma comunidade religiosa que vive intensamente a fraternidade e a manifesta também visivelmente, constituem elementos ideais que têm um impacto extraordinário. Não se trata de criar um colinho tépido de seguranças nem uma redoma de vidro, que poderiam funcionar como um terreno fácil de aterragem para pessoas imaturas que sonham com uma vida protegida, “no vácuo”, mas de oferecer ideais fortes e exigentes de vida que, numa comunidade, podem tornar-se mais visíveis e envolventes. Em todo o caso, parece que se pode afirmar que a qualidade do estilo de vida comunitário é o papel de tornesol para a qualidade religiosa da vida de uma Congregação ou de uma Ordem religiosa, que, por isso mesmo, se torna um ideal de vida apelativo, capaz de atrair almas generosas e corajosas.

O “Vede como se amam!” das primeiras comunidades cristãs, e o evangélico “Vinde e vede!”, precedem o surgir da invocação decisiva: “Senhor, onde moras?” que, frequentemente, também hoje surge em corações bem preparados que buscam o “onde Te poderemos encontrar?” (Jo 1,38-39).

5.1 – Análise global

Na cultura geral da Ordem dos Irmãos Hospitaleiros de S. João de deus, estas convicções e princípios parecem ser bastante difusos. Já falámos delas num capítulo específico, quando analisámos as perguntas n. 22, 2� e 30-33, as quais devem necessariamente ser completadas com esta pergunta específica, n. 51 do questionário, que quis aprofundar o seu valor também em relação ao surgir das novas vocações.

de facto, a pergunta estava formulada nos seguintes termos: “Apresento-te uma série de factores positivos com que uma Comunidade

religiosa pode favorecer ou fazer surgir novas vocações. Em que medida consideras que eles estão presentes na tua comunidade?”

Através dos nove itens seguintes, investiga-se, numa gama bastante ampla de actividades, comportamentos e percepções cuja presença favorece um estilo de vida comunitário orientado para o surgir e o desenvolvimento das vocações.

Quanto à pergunta anterior (n. 50), relativa às funções atribuídas à equipa de PV, parece que, nesta, os Irmãos se tenham sentido mais à vontade para responder. de facto, diminuíram as percentagens das Não respostas, que se ficam por uma média de 8%-10%, muito inferior ao valor registado na anterior (16%). As próprias pontuações médias são ligeiramente inferiores, embora estejam dispersas numa gama mais vasta (1,�0 – 2,61), sinal de uma maior convergência sobre os aspectos positivos e uma maior diferenciação de opiniões e variedade de respostas.

Uma série destes factores encontram-se repetidos e reforçados

também entre as iniciativas e propostas livres que foram apresentadas para uma PV mais eficaz, na pergunta n. 54, e que apresentaremos no último capítulo.

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366 36�

Tab. 6.13 – Factores comunitários considerados positivos para o surgimento de novas vocações e presentes na comunidade

(em % e pontuações médias).

NA COMUNIDADE…

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

Nad

a

Pont

uaçã

o m

édia

1. Prestam-se cuidados aos Irmãos idosos e doentes 9,1 30,8 49,9 �,1 2,1 1,80*

2. Reza-se pelas vocações 7,0 26,4 48,7 16,6 1,3 1,92

3. O estilo de vida é simples, sóbrio e acolhedor 5,5 20,2 53,1 19,3 2,0 2,03

4. Existe um bom clima de vida espiritual 8,2 15,9 54,0 20,� 1,3 2,08

5. Os membros dão testemunho, com alegria, da sua vocação 8,8 17,3 47,5 24,0 2,4 2,13

6. Vivem-se expressões autênticas de vida fraterna 7,1 14,9 49,5 25,2 3,3 2,18

7. Os ritmos/hábitos respondem às expectativas dos jovens 13,0 8,0 39,9 32,5 6,5 2,43

�. A nossa linguagem é compreendida pelos jovens de hoje 11,6 7,0 29,1 44,2 �,2 2,61

9. Nível adequado de conhecimento do mundo dos jovens 10,3 6,6 27,9 49,9 6,2 2,61

Aquilo que imediatamente surpreende, neste quadro, é uma tríplice distinção dos factores, que nos ajudará também seguidamente a desenvolver mais analiticamente as nossas reflexões. Tais factores têm em comum também uma consideração mais aproximada/distanciada das próprias pontuações médias. Podemos, portanto, distinguir:

1. Um par de comportamentos práticos (itens 1-2) 2. Uma série de atitudes e estilos de vida (itens 3-6)3. Um tríptico de aberturas orientadas para os jovens (itens 7-9).

Nesta tríplice subdivisão, os elementos radicalmente críticos (de modo algum) são muito reduzidos em todos os itens, enquanto os de excelência (muito) emergem especialmente no primeiro par de factores, e vão diminuindo progressivamente, até se reduzirem a valores muito baixos, nos últimos três. Com a diminuição dos consensos, porém, as reservas

críticas e os juízos negativos dos Irmãos aumentam excessivamente, atingindo percentagens particularmente elevadas (entre 30% e 50%).

Referindo-nos agora, de modo global, à tabela 6.13, os Irmãos inquiridos convergem todos, em maioria absoluta (4/5), em considerar que o factor positivo mais importante para o surgir das vocações é cuidar dos Irmãos idosos e doentes (80,7%). Os restantes 20% dividem-se entre os que não respondem (9,1%) e as poucas reservas ou críticas (10,2%).

Assim, é muito interessante descobrir que, na cultura geral dos Irmãos, este gesto fraterno contribui positivamente para o surgir das vocações. É, portante, uma opinião difusa que é precisamente o testemunho da vida fraterna quotidiana, que ganha visibilidade neste serviço aos Irmãos doentes e idosos, que serve para atrair as vocações. Acentua-se o valor intrínseco da virtude da caridade diária oferecida a deus, deixando talvez na penumbra a sua visibilidade social exterior.

Analogamente, o segundo factor que 3 Irmãos em cada 4 consideram contribuir positivamente para o surgir das vocações e tem na comunidade o cenário central da própria visibilidade, é a oração pelas vocações (75,1%). Aqui, porém, os elementos de dissenso são mais numerosos – exactamente 17,9%.

Na segunda série de factores (3-6), descritivos de algumas atitudes e estilos de vida comunitários, há uma maior contribuição de respostas (são percentualmente bastante reduzidas as não respostas), todas muito mais orientadas para o consenso (de �3,3% a 64,4%) do que para a crítica (de 21,3% a 2�,5%).

Nas primeiras duas, quase 3 Irmãos em cada 4 reconhecem que o estilo de vida da comunidade é simples, sóbrio e acolhedor (73,3%), face a 21,3% de juízos negativos, críticas e reservas. Além disso, evidenciam ainda um bom clima de vida espiritual (69,9%).

Mais distanciadas e menos convergentes são as respostas às outras duas atitudes, relativas à serenidade e à fraternidade em comunidade. De facto, desce para 64,8% a percentagem de Irmãos que reconhecem haver na comunidade um clima de alegria pela própria vocação ou expressões autênticas de fraternidade (64,4%). Se, no primeiro caso (alegria),

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as reservas atingem o valor de 26,4%, relativamente à fraternidade manifestada com expressões externas, descem para 2�,5%. Estes dados revelam alguns elementos de dificuldade, ou mal-estar, no seu interior, pelo menos para mais de um quarto dos Irmãos.

Nos casos em que mais se exprimem dúvidas e críticas, que correspondem também aos itens que registaram mais ausência de respostas (10-13%), é em relação ao último tríptico de factores, relativos à orientação de abertura da comunidade aos jovens, quer porque os ritmos e os hábitos da comunidade pouco ou nada correspondem às expectativas dos jovens (39%), quer porque se acaba por reconhecer que a própria linguagem não é compreendida por eles (52,4%), ou ainda porque o próprio nível de conhecimento dos jovens é em vária medida inadequado (56,1%). Nestes dois últimos itens reconhece-se mais de metade dos Irmãos, o que parece sublinhar a necessidade de se fazer um percurso de aproximação mais laborioso, mas também mais eficaz e, porventura, também gratificante.

deve-se, aliás, reconhecer que uma certa parte de Irmãos, pelo contrário, considera bastante positiva a própria abertura em relação aos jovens. Trata-se, porém, de uma minoria variamente distribuída, mas no entanto sempre minoritária, que se estende desde 47,9% até 34,5%.

5.2 – Aprofundamento analítico

Para o aprofundamento analítico de cada item vamos recorrer àquela tríplice subdivisão de factores, que ainda consideramos ser bastante lógica, e também esclarecedora, para ulteriores reflexões. De facto, o possível emergir de algum outro factor positivo para as vocações pode ser criativamente procurado naquela tríplice direcção: em primeiro lugar, a dos comportamentos concretos; em segundo lugar, as atitudes e estilos de vida mais profundos; em terceiro lugar, as orientações da comunidade em relação aos jovens.

5.2.1 – Comportamentos concretos

A atenção aos comportamentos concretos da comunidade, favoráveis ao desenvolvimento das vocações foi individualizada no conjunto de factores que vê em primeiro lugar o cuidado dos Irmãos idosos e doentes (80,7%).

Embora este factor se situe nos últimos lugares da pergunta apresentada, obteve no entanto o maior número de consensos, especialmente na coluna da excelência (30,�%), em que sobressaem os Irmãos dos E.U.A. (43,3%), seguindo-se os da Europa Central (3�,6%) e os da América Latina (34,9%). Considerando, pelo contrário, a soma das duas colunas positivas, a assistência aos Irmãos idosos evidencia-se mais na América Latina (84,9%), na Europa Meridional (82,6%) e na Europa Central (81,5%), ao passo que parece estar relativamente menos presente nas áreas geográficas de fundação mais recente, menos preocupadas, por conseguinte, com o envelhecimento dos Irmãos. Tal preocupação, de facto, é muito acentuada entre os superiores dos Governos Geral e Provincial (89,7%), e no caso dos superiores locais (�5,2%), enquanto, pelo contrário, as percentagens são relativamente mais baixas entre os próprios promotores vocacionais (��,2%), nas duas faixas etárias centrais dos inquiridos, isto é, entre os adultos mais velhos (�3,4%) e os adultos jovens (�0,1%), embora esteja também presente entre os mais jovens (�1,2%).

Na realidade, o andamento deste item no topo da classificação dos factores vocacionais favoráveis ao surgir das vocações suscita em nós pelo menos algumas dúvidas, como em parte tínhamos tentado explicar no ponto anterior. de facto, a não ser que entremos numa lógica de fé sobrenatural profunda na força do testemunho caritativo e na realidade do dogma do Corpo Místico/Comunhão dos santos, é difícil compreender como a assistência aos Irmãos doentes e idosos possa ser fonte de atracção numa perspectiva vocacional, a não ser que a comunidade torne visível aos jovens, para os quais se orientou abertamente, esse testemunho, assumido como seu compromisso de prioridade a ser cumprido com a própria devoção generosa.

Por outro lado, porém, e temos que reconhecer o dado de facto, a oração pelas vocações (75,1%) foi sempre considerada, desde a pregação apostólica e por toda a Igreja, como um dos factores positivos e principais para implorar de deus apóstolos e ministros da Palavra para serem enviados ao mundo inteiro, como havia pedido Jesus, indicando ele mesmo a fórmula do pedido: “Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 9,38).

de facto, este elemento não só é considerado por três quartos dos Irmãos como um dos principais elementos para que surjam vocações,

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em abstracto, mas está também realmente presente, como convicção profunda e comportamento concreto, na maior parte das comunidades. Provavelmente, está presente também em todas as comunidades, mas apenas três quartos delas o consideram prioritário. Este aspecto é evidenciado especialmente nas zonas da Ásia (�3,5%, com � pontos acima da média), na Europa Central (�3%) e, mais distanciada, na América Latina (��,3%); nas outras regiões, o problema é referido com percentagens próximas da média, ao passo que está pouco presente, ou nem sequer é evidenciado presente nas comunidades da África (33,4%), que apresenta a percentagem mais alta de reservas críticas em termos negativos.

Sublinham a sua importância os Irmãos adultos jovens (79,2%) e os mais jovens (��,�%), os quais, porém, são também os que em maior percentagem indicam a sua ausência ou insignificância (19,3%). Em termos globais, não são só os idosos que reconhecem o seu valor, mas também 79,8% dos Irmãos nos primeiros 5 anos de profissão, juntamente com os superiores locais (�0,6%), os superiores dos Governos Geral e Provincial (79,3%), os promotores vocacionais (78,6%) e os diplomados (76,1%), relativamente a �3,2% dos licenciados.

Tudo isto poderia ser considerado positivamente como um dos sinais da qualidade do espírito de fé sobrenatural no âmbito da Ordem.

5.2.2 – Atitudes profundas e estilos de vida

Entre as atitudes mais profundas e os estilos de vida que os Irmãos consideram como factores positivos para o surgir das vocações, recorda- -se, em primeiro lugar, o estilo de vida simples, sóbrio e acolhedor (73,3%) das comunidades, que, embora tendo sido introduzido em primeiro lugar na pergunta proposta, ocupa no entanto o terceiro no leque dos consensos. A simplicidade e sobriedade do estilo de vida foram consideradas como estando particularmente presente das comunidades dos E.U.A. (��,3%), da América Latina (77,9%), da Europa Central (76,2%) e da Ásia (73,2%), que são porém também as que sublinham em maior número as suas próprias reservas (24,4%), juntamente com os Irmãos da África (26,2%, com 5 pontos acima da média) e da Europa Meridional (22,9%).

Observamos, finalmente, que tanto os Irmãos da África (28,6%), como os superiores locais (25,2%), são também os que mais reconhecem que esse estilo de vida está muito presente nas suas comunidades, juntamente

com 25% dos E.U.A., 24,4% da Ásia e 14,9% dos superiores dos Governos Geral e Provincial.

Críticas mais frequentes emergem também entre os mais jovens (22,6%) e os adultos mais velhos (22,5%), entre os licenciados (2�,4%), relativamente aos diplomados (20,2%), e entre quantos não ocupam cargos de responsabilidade (24,9%).

A existência de um bom clima de vida espiritual (69,9%) encontra-se frequentemente nas comunidades que têm um estilo de vida sóbrio, simples e acolhedor, e constitui o contexto mais adequado para a perseverança na vocação, sobretudo dos Irmãos mais jovens. Torna-se também motivo de atracção e reflexão para quantos, de modo diferente, têm a possibilidade de o conhecer e experimentar directamente. Neste sentido, pode ser considerado como um factor positivo para que surjam vocações. Os Irmãos, de facto, consideram-no tal em 69,9% dos casos, especialmente na América Latina (��,4%, com � pontos acima da média), na Ásia (�5,5%) e na África (69%), entre os mais jovens (72%), os licenciados (75%), os superiores dos Governos Geral e Provincial (�5,�%) e os locais (��,5%).

Há, porém, em relação a ele, também uma série de reservas (22%), especialmente por parte dos Irmãos da África (2�,4%), da Europa Central (26,5%) e dos E.U.A. (23,4%), como também de 26% dos mais jovens, de 23,4% dos adultos jovens e de 25,�% dos formadores vocacionais.

Provavelmente, a atenção dos Irmãos concentrou-se no facto concreto da sua presença/ausência nas comunidades, e menos na sua eficácia vocacional. É uma simples hipótese que fazemos, que talvez possa ajudar a ponderar o impacto destes resultados, também porque este item podia ter uma sua verificação na pergunta n. 30, já analisada, e que era considerada de modo bastante positivo.

Faz sempre parte deste grupo de atitudes profundas, realmente e, num certo sentido, positivamente presentes na comunidade, mas quantitativamente impalpáveis, o testemunho alegre do modo de viver a vocação como expressão da alegria pela própria vida religiosa (64,8%).

Efectivamente, impressiona sempre, com agradável surpresa, uma pessoa que vive a sua vida quotidiana com alegria e a exprime visivelmente diante de todos. É interessante observar que dois Irmãos em cada três

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sintam isso como um dos factores favoráveis ao surgir das vocações. Além disso, neste sentido, isso é entendido justamente como uma meta ideal também para a própria experiência de vida pessoal.

São sobretudo os mais jovens que o evidenciam (�1,6%), com cerca de � pontos percentuais acima da média, precisamente porque a alegria é por si mesma contagiante. Mais prudente, pelo contrário, é a avaliação dos Irmãos adultos, jovens ou mais velhos, que se situa à volta da média (64%). São, de facto, especialmente os adultos jovens, da faixa etária dos 36-55 anos, que exprimem percentualmente o maior número de reservas a este respeito (31%, ou seja, 5 pontos acima da média, que é de 26,4%), juntamente com os licenciados (34,3%) e os formadores (30%), as comunidades da Ásia (31,5%) e da Europa Meridional (2�,�%) e também da Europa Central (25,9%).

Se este factor pode ser um indicador do clima alegre das comunidades, as da América Latina (�3,2%) parecem ser as mais serenas, juntamente com as da África (�1,4%).

Por fim, voltamos à questão da fraternidade em comunidade, já analisada nas perguntas 31-35, relativas aos estilos de vida comunitária e fraterna. A percepção de uma vivência animada por expressões autênticas de caridade fraterna (64,4%) é sempre considerada como factor positivo para o aparecimento de vocações. É o carácter concreto do Evangelho, o “vinde e vede”, que na vida dos jovens pode tornar-se um estímulo para uma reflexão mais projectual, aberta à consagração religiosa. Vida fraterna e alegria da própria vocação são, de facto, dois catalisadores das possíveis perguntas juvenis acerca de uma vida mais empenhada por deus e pelo próximo.

Sobre estes valores convergem também muitas respostas dos idosos (61,3%), além das dos mais jovens e mais sensíveis (�1,2%, com � pontos acima da média), dos superiores dos Governos Geral e Provincial (�1,3%) e, sobretudo, dos formadores (�4,3%). Fazem esta leitura positiva também os Irmãos dos E.U.A. (��,3%, com 14 pontos acima da média), da Ásia (�6,2%), da América Latina (6�%) e da Europa Central (6�,2%). Os da Europa Meridional, pelo contrário, exprimem sempre mais reservas face a estes factores (30,�%, relativamente a 2�,5% da média), mas, neste caso, também os da Ásia (31,5%) e da África (32,2%).

2.5.3 – Orientações e abertura aos jovens

A PV dirige-se, por sua natureza, ao mundo juvenil, que não pode ser esquecido nas suas propostas vocacionais. Se, nos itens anteriores, o olhar esteve centrado na comunidade, analisando os seus comportamentos, os seus estilos de vida e de animação, o testemunho da fraternidade e a alegria pela própria vida consagrada, não pode porém fechar-se dentro das paredes da casa religiosa. Oportunamente, esta consciência de abertura ao mundo juvenil foi tomada em séria consideração pela Comissão Preparatória, que formulou o questionário. Precisamente por isso, ela quis verificar o nível de consciência que a Ordem demonstra possuir relativamente a esta dimensão fundamental da PV. Além do mais, ela não pode ser considerada como tal sem ser também pastoral juvenil. Com este espírito e com esta consciência, passamos a analisar os outros factores relativos à relação com os jovens.

O dado que imediatamente salta à vista pela análise da tabela geral é a absoluta falta de atenção por este sector do mundo juvenil. Os itens que se lhe referem colocam-na nos últimos lugares desta classificação. Os ritmos, os horários e os hábitos das comunidades não correspondem às expectativas dos jovens, a própria linguagem é considerada distante e não compreendida pelos jovens de hoje, o nível de conhecimento do mundo juvenil é julgado absolutamente inadequado.

Uma leitura analítica das respostas permitir-nos-á fazer um discurso e uma reflexão mais articulados e aprofundados, além de nos ajudar a descobrir limites recuperáveis com uma acção destinada a remediá- -los através de perspectivas de intervenção e projectos programáveis precisos.

Sobre a correspondência dos ritmos, horários e hábitos das comunidades às expectativas dos jovens, só 47,9% acreditam que, de alguma forma, ela esteja ligada a estas exigências, mas 39% dos Irmãos consideram-na pouco ou de forma alguma presente.

Os primeiros que reconhecem a ausência deste factor e a fragilidade desta dimensão são sobretudo, e em primeiro lugar, os superiores dos Governos Geral e Provincial (52,�%, com 13 pontos acima da média) em medida muito superior à de todos os outros Irmãos. De facto, também os

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3�4 3�5

adultos jovens, que são os mais críticos, chegam aos 43,6%. Este é um bom sinal, porque essa consciência, que é muito clara ao nível dos Superiores, constitui um indicador feliz e uma premonição de que, num futuro bastante próximo, algo mais inovador se fará para uma planificação pontual a este respeito.

Se considerarmos as áreas geográficas de maior precariedade, são sobretudo os Irmãos da África (45,2%) que reconhecem esta incongruência dos tempos de vida, juntamente com os da Europa Meridional (44%) e da Ásia (41%), os Irmãos com 36-55 anos (43,6%), os que estão no escalão etário dos 56-74 anos (40,2%), os licenciados (41,9%) e os formadores vocacionais (41,4%).

Uma certa abertura e proximidade dos ritmos comunitários ao mundo juvenil são evidenciadas, pelo contrário, pelos Irmãos da Europa Central (57,6%, com 10 pontos acima da média), da América Latina (56,9%) e da Ásia (55,1%), como também pelos mais jovens (56,3%), os superiores locais (52,2%) e os formadores vocacionais (52,�%).

Um segundo elemento de reflexão é-nos dado pela leitura daquele factor que afecta o estilo de comunicação e a linguagem com que os jovens são abordados. bastante frequentemente, a linguagem é considerada incompreensível, de forma que impede aquela relação que precisa de ser imediata, simples, além de ser franca e propositiva. É importante, então, aprender a viver com eles, sem, no entanto, ceder a tentações de juvenilismo, mas mantendo-se no próprio lugar, com dignidade e carinho, sem medo das suas exuberâncias juvenis nem da sua vivacidade.

Só 36,1% dos Irmãos acreditam que a sua linguagem é compreendida

pelos jovens, ao passo que 54,4% sentem, em medida diversa, o seu afastamento e inadequação. desta indiscutível consciência pode despoletar-se aquela mola que faz emergir a necessidade de um maior compromisso também no plano institucional, que permita reconstruir aquelas pontes que é necessário lançar aos jovens, num empreendimento como o vocacional, em que a comunicação se torna um elemento primário de aproximação, encontro e proposta. Pelos resultados que emergiram ao longo de todo o estudo, resulta que esta dimensão é realmente central, quer para a PV, quer também para as relações entre as diferentes gerações de Irmãos. A linguagem não é simplesmente a terminologia que usamos,

no seu sentido etimológico, mas tudo aquilo que, com ela, queremos e conseguimos transmitir: emoções, impressões, juízos, avaliações, experiências, propostas.

E, aqui, emergem, também através dos dados, as diferenças geracionais e de mentalidade. de facto, as nossas percentagens fazem--nos ver como a percepção de que a própria linguagem é compreendida pelos jovens (36,1%), regista as percentagens maiores (mas nem por isso particularmente altas) vindas precisamente dos mais jovens (51,9%, 15 pontos acima da média) e dos adultos jovens (41,4%, só 4 pontos acima da média). Já estes dois dados, tão distantes entre si, abrem perspectivas muito diversificadas. Se, depois, consideramos as outras duas faixas de idade mais avançadas – a dos adultos mais velhos (25,3%) e a dos idosos (21,2%) – as diferenças tornam-se mais do que eloquentes.

Servem de contraprova as respostas de quantos reconhecem claramente (e nem sempre é fácil tal reconhecimento) que a sua linguagem não é compreendida pelos jovens, de modo algum, ou apenas pouco (52,4%). Aqui, as percentagens informam-nos que são sobretudo os idosos que têm dificuldades em reconhecê-lo, apenas 47,8%, ao passo que, no caso dos adultos de meia idade, se atinge a percentagem de 59,3%. No caso dos próprios Irmãos mais jovens, contudo, e no dos adultos jovens (na faixa dos 36-54 anos), registam-se, respectivamente, as percentagens de 44,1% e 53,1%. É sintomático, porém, que mesmo os Irmãos mais jovens sejam tão numerosos em reconhecer estas insuficiências de compreensão.

Em todo o caso, uma maior compreensão da linguagem, que se traduz numa maior facilidade de comunicação, é sublinhada especialmente pelas regiões da Ásia (62,2%, com 26 pontos acima da média), da Europa Central (45%), e da África (45,2%), por 44,3% dos promotores vocacionais, mas só por 32,1% dos superiores dos Governos Geral e Provincial e 35,6% dos superiores locais.

Centrando a atenção nas percentagens mais críticas que reconhecem tal dificuldade (52,4%), poderemos obter respostas mais construtivas e promissoras. Reconhecem esta fractura e distanciamento sobretudo as regiões da Europa Meridional (61,�%, � pontos acima da média), os a América Latina (5�,�%) e a África (4�,�%), relativamente a 43,4% da Europa Central, a 45% dos E.U.A. e 34,6% da Ásia. Estão, porém, também persuadidos disso os superiores centrais e Provinciais (62,1%), 54,5% dos

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3�6 3��

superiores locais, além de 4�,6% dos promotores vocacionais que, aliás, sendo jovens também eles, parecem estar bastante perto da mentalidade e da linguagem dos próprios jovens.

Por fim, parece faltar um nível adequado de conhecimento do mundo juvenil (56,1%). de facto, mais de metade dos Irmãos constata o escasso conhecimento desse mundo, relativamente a 34,5% de quem não são tão negativistas e consideram, pelo contrário, que esse conhecimento esteja muito ou bastante presente.

Felizmente, porém, parecem estar a afirmar-se o desejo e a vontade política de remediar essa lacuna.

As percepções mais positivas, provêm, de modo muito diversificado, especialmente dos Irmãos da Ásia (52,�%, com 1� pontos acima da média), da Europa Central (42,�%, com � pontos acima da média) e da América Latina (34,9%), dos mais jovens (44%), dos adultos jovens (39,4%) e dos promotores vocacionais (44,3%).

Reconhecem, pelo contrário, que o nível de conhecimento do mundo juvenil é escasso ou está ausente sobretudo os Irmãos da Europa Meridional (60,3%), da África (61,9%), dos E.U.A. (58,3%) e da América Latina (5�%), os adultos maduros (61,�%, com 4 pontos acima da média), sinal de um possível afastamento inicial entre as gerações, que talvez ao nível das duas primeiras faixas etárias ainda não é tão acentuado. Também por parte dos licenciados (59,3%), dos superiores dos Governos Geral e Provincial (58,6%), e os superiores locais (56,7%) verifica-se que esta consciência está viva, o que representa uma premissa providencial para uma melhoria futura da pastoral juvenil e vocacional.

Uma observação preciosa é transversal a toda esta série de itens, e tem a ver com a seguinte constatação: os que, por razões institucionais e de planificação, estão de alguma forma em contacto com os jovens – por ex., os formadores e os promotores vocacionais –, parecem eles mesmos ser jovens e dispostos a começar esta experiência, ou a possuí-la já em certa medida.

Em conclusão, entre os factores comunitários considerados positivos para o surgir das vocações, podemos observar uma ulterior subdivisão clarificadora, relativamente à que observámos no ponto anterior, ou seja,

entre factores ad intra e factores ad extra. Enquanto entre os primeiros podemos considerar uma certa consciência de que as comunidades estão bastante bem orientadas e equipadas, quer nos seus comportamentos de cuidado e oração, quer também nas atitudes mais profundas sobre os estilos de vida religiosa e comunitária, e quanto ao testemunho da alegria e da fraternidade, no segundo caso, os factores ad extra, é clara, difusa e maioritária a percepção de que ainda há muito a fazer. Será necessário trabalhar com mais intensidade para se chegar a um conhecimento mais qualificado do mundo juvenil, da linguagem dos jovens e da comunicação com as suas experiências, além de uma maior correspondência entre os ritmos e os hábitos de vida comunitária, para os tornar mais flexíveis e abertos aos jovens, tendo em vista um conhecimento mais aprofundado e recíproco. Está em causa como que uma osmose que permita a estes dois mundos, o dos jovens e o dos adultos, tornar-se mais próximos e comunicantes.

6. – dISPONIBILIdAde dOS IrmÃOS PArA Um COmPrOmISSO NA PV (pergunta 52)

Em previsão de um aumento e melhoria na PV, quisemos sondar toda uma série de possibilidades e disponibilidades dos Irmãos no sentido de um compromisso pessoal na PV. Já na primeira parte da investigação, tínhamos colocado duas perguntas (9 e 10), relativas, não a esta questão específica, mas sobre o tema mais geral da formação. A essas perguntas obtivemos respostas globalmente positivas. de facto, 25,9% dos inquiridos gostariam de se preparar para serem formadores. Se, então, aprofundarmos especificamente esta disponibilidade nos diferentes sectores da formação, face a uns razoáveis 53,4% dos que não se sentem preparados para enfrentar estas tarefas, nada menos que 14,4% dos Irmãos sentem-se capazes de prestar os seus serviços na PV – �,�% no Postulantado, �,4% no Noviciado e �,5% no Escolasticado.

Na pergunta que aqui estamos a analisar, descemos a uma articulação mais concreta que compreendesse os âmbitos da formação e da pastoral juvenil e vocacional.

As respostas obtidas são verdadeiramente muito numerosas, poderíamos mesmo considerá-las plebiscitárias. de facto, só 3% se abstiveram de responder.

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3�� 379

Para as restantes observações de premissa, a gama das escolhas desenvolveu-se ao redor daquela série de itens que se encontram representados no seguinte quadro geral, relativo à pergunta n. 52.

“Qual poderia ser a tua colaboração concreta no campo da formação e da pastoral juvenil e vocacional?” %

1. O testemunho2. Viver com alegria a vida do Irmão de S. João de deus3. Oração diária4. Acolhimento aos candidatos e aos Irmãos em formação5. Sustentar e apoiar os responsáveis pela formação 6. disponibilidade para ser formador�. Outras

52,946,03�,021,�20,2 �,5 0,5

Partindo de uma primeira observação imediata, observamos a

insistência dos Irmãos nos temas e nas convicções que já emergiram ao longo do percurso e, relativamente aos quais prevalece abundantemente, com uma percentagem que corresponde a mais de metade dos Irmãos, o tema do testemunho (52,9%). Um testemunho que se concretiza no próprio modo de viver a própria vida com alegria (46%). Reapresenta-se frequentemente este tema do testemunho da alegria, como quando (na pergunta 2�-6) �1,6% dos Irmãos o consideram como um dos factores que podem facilitar muito ou bastante a inserção dos jovens na missão.

A colaboração da própria oração diária (38%) constitui um precioso

elemento adicional de co-responsabilidade e interesse pela pastoral juvenil e vocacional, juntamente com a disponibilidade de cuidar do acolhimento dos candidatos e dos Irmãos em formação (21,7%), cujas verificações e confirmações se podem encontrar nas perguntas relativas à necessidade do acompanhamento, como por ex., nas perguntas n. 49.2; 33; 27.1; 27.2; e 26.3.

Uns bons 20,2% estão dispostos a apoiar os responsáveis pela formação. Porém, só �,5% se oferecem como formadores. Este último dado deixa-nos algo perplexos acerca da efectiva disponibilidade, que aqui aparece muito limitada, enquanto na pergunta n. 10 se chega aos 25,9%, e na alínea n. 10 pelo menos a 14,4%. Que dizer? Talvez uma surpresa.

Globalmente, constatamos que tal disponibilidade se concentra principalmente em elementos de carácter espiritual, de estilo de vida

de comunidade fraterna, alegre, atenta aos jovens, vivida intensamente. Porém, tudo isto parece escamotear o problema, embora um em cada cinto Irmãos se declare disponível para, ocasionalmente – e, aqui, pensamos numa ajuda concreta em termos de tempo e energias – apoiar os responsáveis principais aos quais está confiada a direcção e a planificação dos projectos vocacionais.

O estudo analítico das variáveis diferenciadoras permitir-nos--á clarificar e aprofundar melhor algumas ambiguidades. Retomando, portanto, os diversos itens, vamos ilustrar os seus desenvolvimentos e as particularidades com base nas tabelas analíticas em progressão.

A colaboração do testemunho (52,9%) parece ser uma convicção de base que afecta toda a vida religiosa. Aqui, porém, é problematizada e confirmada em relação com a pastoral juvenil e vocacional. Em todas as áreas geográficas o testemunho é considerado como um elemento fundamental, especialmente na África (64,3%, com 12 pontos), na América Latina (54,1%) e na Europa Meridional (54,5%), enquanto nas outras regiões desce para segundo lugar nas preferências dos Irmãos que, pelo contrário, nos E.U.A. (60%, com 14% acima da média), e na Ásia (59,8%, com 13 pontos acima da média), dão prioridade à vida quotidiana vivida com alegria. Na Europa Central, pelo contrário, o primeiro lugar é ocupado pela oração diária (53,4%, com 15 pontos acima da média).

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3�0 3�1

Tab. 6.14 – Âmbitos de colaboração oferecidos pelos Irmãos à pastoral juvenil e vocacional. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não respondem30 20 3 1 3 2 1

3,0 5,3 1,6 1,2 1,� 1,6 1,�

O testemunho535 20� 96 54 93 56 29

52,9 54,5 50,� 64,3 54,1 44,1 4�,3

A oração quotidiana

3�5 145 101 16 56 4� 19

3�,0 3�,2 53,4 19,0 32,6 3�,� 31,�disponibilidade

para ser Formador

�6 16 11 9 25 11 4

�,5 4,2 5,� 10,� 14,5 �,� 6,�

Acolhimento aos candidatos

220 �2 45 22 54 22 5

21,� 18,9 23,� 26,2 31,4 1�,3 �,3

Modo de viver com alegria

466 191 5� 44 61 �6 36

46,0 50,3 30,� 52,4 35,5 59,8 60,0Apoio aos

responsáveis pela PV

204 63 3� 20 33 31 19

20,2 16,6 20,1 23,� 19,2 24,4 31,�

Outras5 2 2 0 0 0 1

0,5 0,5 1,1 0,0 0,0 0,0 1,�

O valor do testemunho é positivamente considerado como prioridade, quer por parte dos mais jovens (45,6%, embora com apenas 3 pontos acima da média), mas sobretudo pelos idosos (62,1%) e pelos adultos mais velhos (58,1%), em termos de idade ou profissão, como também pelos técnicos qualificados (53,2%) e os licenciados, pelos superiores locais (55,4%) e os formadores vocacionais, relativamente aos superiores dos Governos Geral e Provincial, os quais, pelo contrário, consideram prioritária a vida quotidiana vivida com alegria (56,3%, com 10 pontos acima da média).

O modo de viver com alegria a vida do Irmão (46%) obtém igualmente um reconhecimento considerável, de forma a ser considerado como prioritário especialmente nos E.U.A. (60%) e na Ásia (59,8%), colocando--se contudo em todas as outras zonas imediatamente em segundo lugar, excepto na Europa Central, onde ocupa o terceiro lugar, depois da oração diária (53,4%) e do testemunho (50,2%). Relativamente às faixas etárias, é prioritário para os irmãos com 36-55 anos (49,8%), para os adultos jovens, os de meia-idade (49,8%) e os mais jovens (43,5%), sendo um pouco menos para os idosos (40,2%), embora esteja sempre entre as primeiras três opções de resposta. É uma prioridade para os superiores dos Governos Geral e Provincial (56,3%), situando-se imediatamente como segunda escolha para as outras categorias dos superiores locais (4�,6%), dos formadores (44,3%) e dos Irmãos simples (43,9%).

O valor da oração diária para impetrar boas e santas vocações (38%) é evidenciado sobretudo pelos idosos (5�,3%, com 20 pontos acima da média) e, muito distanciado, pelos adultos de meia-idade (41%); este valor é um pouco menos escolhido, mas sempre entre as primeiras três opções, pelos mais jovens (29,7%) e pelos adultos jovens (32,2%).

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3�2 3�3

Tab. 6.15 – Âmbitos de colaboração oferecidos pelos Irmãos à pastoral juvenil e vocacional. Distribuição por faixas etárias e de formação

(em V. A. e %)

Faixas etárias Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não respondem30 3 � 10 9 4 3 13 9

3,0 1,3 2,3 3,1 6,� 1,9 1,1 3,� 6,1

O testemunho535 109 150 189 �2 93 139 195 94

52,9 45,6 48,9 5�,3 62,1 44,� 49,6 55,9 63,5

A oração quotidiana

3�5 �1 99 133 �� 65 96 136 ��

3�,0 29,7 32,2 41,0 5�,3 31,3 34,3 39,0 52,0

disponibilidade para ser Formador

�6 40 2� � 0 35 29 10 1

�,5 16,� 9,1 2,5 0,0 16,� 10,4 2,9 0,�

Acolhimento aos candidatos

220 6� �3 6� 11 55 �4 6� 19

21,� 2�,5 23,� 20,� �,3 26,4 26,4 19,5 12,�

Modo de viver com alegria

466 104 153 152 53 99 123 1�1 60

46,0 43,5 49,8 46,9 40,2 4�,6 43,9 49,0 40,5Apoio aos

responsáveis pela PV

204 5� �1 60 12 41 69 �0 16

20,2 24,3 23,1 1�,5 9,1 19,7 24,6 20,1 10,�

Outras5 1 1 2 1 1 1 2 1

0,5 0,4 0,3 0,6 0,� 0,5 0,4 0,6 0,�

Este valor constitui o núcleo de prioridades para os Irmãos da Europa Central (53,4%, com 15 pontos acima da média), seguida pelos da Europa Meridional (3�,2%). Nas outras regiões e para todos os Superiores (32,3%) ocupa o terceiro lugar, excepto na África (19%, com 20 pontos abaixo da média), onde é considerado em penúltimo lugar. Obtém, pelo contrário, uma elevada percentagem por parte dos simples Irmãos (42,3%, com 4 pontos acima da média).

Tab. 6.16 – Âmbitos de colaboração oferecidos pelos Irmãos à pastoral juvenil e vocacional. Distribuição por cargos de responsabilidade

(em V. A. e %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre

o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não respondem30 3 3 3 21

3,0 3,4 1,4 4,3 3,3

O testemunho535 4� 123 35 330

52,9 54,0 55,4 50,0 52,1

A oração quotidiana3�5 2� �2 1� 26�

3�,0 32,2 32,4 24,3 42,3

disponibilidade para ser Formador

�6 5 14 16 41

�,5 5,� 6,3 22,9 6,5

Acolhimento aos candidatos

220 16 59 20 125

21,� 1�,4 26,6 2�,6 19,7

Modo de viver com alegria

466 49 10� 31 2��

46,0 56,3 4�,6 44,3 43,9Apoio aos

responsáveis pela PV

204 21 52 12 119

20,2 24,1 23,4 1�,1 1�,�

Outras5 0 0 1 4

0,5 0,0 0,0 1,4 0,6

O acolhimento aos candidatos e aos Irmãos em formação (21,7%) é a confirmação de quanto acima (perguntas 33, 27.1 e 51.1) se recordava a propósito do acompanhamento (perguntas 26.2; 27.2; 49.2 e 50.2), considerado como uma das prioridades fundamentais para o bom êxito da perseverança na vocação. Esta prerrogativa coloca-se em todas as áreas geográficos entre o terceiro e o quinto lugares, num total de 6, enquanto nas faixas etárias aparece em todas elas em quarto lugar, embora com variações nas percentagens. Está em terceiro lugar na África (26,2%), em quarto na América Latina (31,4%), na Europa Central (23,�%), e na Europa

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3�4 3�5

Meridional (18,9%). São os Irmãos mais jovens que convergem em medida bastante consistente para este compromisso (2�,5%, com � pontos acima da média), relativamente aos adultos jovens e, obviamente, e, por maioria de razão, relativamente às outras duas faixas etárias (idosos: 8,3%). Tal exigência é sublinhada com força assinalável pelos formadores (2�,6%) e pelos superiores locais (26,6%), um pouco menos pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (1�,4%) os quais, pelo contrário, privilegiam a vivência alegre do quotidiano, o testemunho, a oração e o apoio às pessoas responsáveis pela PV.

Sustentar e apoiar os responsáveis pela formação (20,2%), apesar de surgirem em quarto e quinto lugares em todas as variáveis de cruzamento, é uma forma de colaboração proposta de modo bastante definido, especialmente nos E.U.A. (31,7%, com 11 pontos acima da média), na Ásia (24,4%) e na África (23,�%). É o sinal da generosidade dos Irmãos que, concretamente, nas várias circunstâncias, se colocam à disposição para ajudar os promotores da PV, embora com papéis de menor responsabilidade. Constatam-no, visivelmente, os mais jovens (24,3%) e os adultos jovens (23,1%), cheios daquelas energias que, pelo contrário, estão obviamente enfraquecidas nos idosos (9,1%). Por sua vez, estão dispostos a dar uma forte colaboração os licenciados (25,6%) e os superiores, em todos os níveis de responsabilidade (24%).

Finalmente, a disponibilidade concreta para ser formador foi manifestada apenas por 7,5% dos inquiridos – a resposta ocupa constantemente, em toda as variáveis, o último lugar. Uma disponibilidade relativamente maior foi expressa pelos Irmãos da América Latina (14,5%, com � pontos acima da média), da África (10,�%), e da Ásia (�,�%), pelos licenciados (11,6%) e, naturalmente, pelos promotores da PV (22,9%). As outras percentagens são muito mais baixas (até 4,2%, no caso da Europa Central). A generosidade caracterizou sobretudo os mais jovens (16,7%, com 9 pontos acima da média), mas também os adultos jovens. Obviamente, por razões de idade e de enfraquecimento das energias físicas, as percentagens dos idosos são muito mais baixas, confirmadas também pela variável dos anos de profissão. A sua colaboração, porém, é generosa, fraterna e sincera, colocando-se como pára-raios, sobretudo ao nível da oração, do testemunho e da simpatia com que acompanham o trabalho daqueles que se ocupam da PV.

Em conclusão, queremos sintetizar e identificar da seguinte forma a ordem de importância nos primeiros três âmbitos para os quais os Irmãos oferecem a própria colaboração para a PV:

1º 2º 3º

Áre

as

Geo

gráfi

cas

Europa MEridional

Testemunho Vida alegre Oração quotidiana

Europa CEntral

Oração quotidiana Testemunho Vida alegre

aMériCa latina Testemunho Vida alegre Oração quotidiana

ÁfriCa Testemunho Vida alegre Acolhimento candidatos

Ásia Vida alegre Testemunho Oração quotidiana

E.u.a. Vida alegre Testemunho Oração quotidiana

Faix

as e

tári

as 18-35 anos Testemunho Vida alegre Oração quotidiana

36-55 anos Vida alegre Testemunho Oração quotidiana

56-75 anos Testemunho Vida alegre Oração quotidiana

+ dE 75 anos Testemunho Oração quotidiana Vida alegre

Carg

os d

e re

spon

sabi

lidad

e supEriorEs MaiorEs

Vida alegre Testemunho Oração quotidiana

supEriorEs loCais

Testemunho Vida alegre Oração quotidiana

proMotorEs VoCaCionais

Testemunho Vida alegre Oração quotidiana

irMãos siMplEs Testemunho Vida alegre Oração quotidiana

7. – VALOreS CArISmÁTICOS dA Ordem PrOPONÍVeIS AOS JOVeNS de HOJe (pergunta 53)

Todo o primeiro capítulo do Projecto de Formação da Ordem Hospitaleira dos Irmãos de S. João de deus está centrado na identidade do Irmão, particularmente no carisma específico da Ordem, na sua espiritualidade, no itinerário do Fundador, nas atitudes e qualidades do Irmão, mas o que mais interessa para o nosso caso está condensado no Capítulo 5 – “Fidelidade criativa do nosso carisma” (artigos 2�-33), que

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3�6 3��

termina com os valores fundamentais do carisma. Entre estes, indicam- -se: a imagem do bom Samaritano, a comunhão com a Igreja, a centralidade das pessoas que sofrem, a inculturação do carisma e a resposta aos novos tempos.

Na base destas orientações de fundo, foi construído um quadro de valores que parece corresponder melhor às indicações acima esboçadas, e que pode ser hoje apelativo e proponível aos jovens da nossa geração. Daí derivou um perfil que foi submetido à avaliação de todos os Irmãos, nos termos da pergunta abaixo enunciada, e sobre o qual eles podiam expressar as suas preferências e classificar as suas convicções.

Concentrar a própria reflexão na proposta de um quadro de valores a ser apresentado aos jovens de hoje permite também esclarecer-se a si próprios e tornar os diferentes aspectos do carisma da Ordem mais visíveis e proponíveis, porque capazes de dar significado à vida de um jovem que queira responder a uma vocação orientada para o serviço dos Irmãos na Igreja.

7.1 – Quadro geral

Neste ponto apresentaremos os resultados mais evidentes.Em primeiro lugar, a pergunta proposta (n. 53) tinha a seguinte

formulação: “Em que medida consideras que estes valores da nossa Ordem são mais atraentes para os jovens, hoje?”

Tab. 6.17 – Grau de apreço dos Irmãos relativamente ao poder atracção dos valores da Ordem sobre os jovens de hoje (em % e pontuações médias)

NR

Mui

to

Bast

ante

Pouc

o

De

mod

o ne

nhum

Pont

uaçã

o m

édia

1. Figura e carisma do Fundador 6,9 58,5 29,7 4,5 0,3 1,43*

2. Cuidar das pessoas, sem distinção de raça, religião e nação 6,4 55,3 34,4 3,7 0,2 1,45

3. Cuidar dos necessitados e dos doentes 7,1 52,4 36,6 3,8 0,2 1,48

4. Solidariedade 10,6 38,2 42,5 8,6 0,1 1,67

5. Vida fraterna autêntica e alegre 7,3 41,7 38,8 12,0 0,2 1,68

6. Vida espiritual intensa 9,1 38,6 37,2 14,8 0,3 1,74

Embora diversamente distribuídos nos 6 itens propostos, estes valores obtiveram uma adesão e um apreço muito elevados, interpretáveis pelas pontuações médias ao redor do valor 1 (M: 1), mesmo numa gama muito restrita de apenas 30 centésimas de ponto, o que traduz uma avaliação juízo predominantemente orientada ao redor da coluna da excelência (muito), especialmente nos primeiros três valores.

O número das não respostas, aliás, manteve-se normalmente num padrão bastante limitado, considerando que as percentagens mais altas se referem compreensivelmente aos Irmãos mais idosos, até mesmo a 26%.

Uma leitura mais cuidadosa da tabela 6.1� faz emergir imediatamente que 88,2% dos Irmãos consideram a figura e o carisma Fundador muito ou bastante atraente para os jovens de hoje. Mesmo mais de metade, 5�,5%, consideram-no muito atraente, face a uma exígua minoria de 4,�% que levanta algumas perplexidades. Imediatamente em segundo lugar é considerado muito importante e atraente cuidar das pessoas sem distinção de raça, de religião e de nação (89,7%) até com uma percentagem mais alta relativamente à figura do Fundador. Este traço evidencia, de facto, favoravelmente, a importância da visibilidade da prática concreta da missão e do carisma hospitaleiro dos Irmãos, tal como ele é hoje particularmente sentido, especialmente numa época na qual se acentua o emergir social do valor da pessoa, especialmente da mais necessitada. No nosso caso, depois, num clima de enfatizada igualdade, diferentemente do item seguinte, assume um peso particular a especificação “sem distinções de raça, de religião e de nação”, em que os elementos negativos e críticos são ainda mais baixos do que os do item anterior (3,9%).

O terceiro valor, bastante próximo, por pontuações médias, dos primeiros dois, é considerado o cuidado dos necessitados e dos doentes (89%), que recolhe uns escassos 4% de reservas críticas.

Nestes três itens, que são considerados os mais importantes, apresentando todos uma pontuação média pouco diferenciada e com o valor mais baixo de ausência de respostas, parece, por conseguinte, focalizar-se a carta de identidade da Ordem, proponível hoje, isto é, a figura do Fundador e o seu carisma específico da caridade social que caracteriza os Irmãos de S. João de deus no mundo inteiro. Trata-se de um

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carisma que foi também sublinhado recentemente pelo actual Pontífice, na sua encíclica “Deus charitas est”, naquela dimensão operacional na qual, observa o Santo Padre, se concretiza o amor de deus pelo seu Povo. Este carisma encarna-se nas obras de caridade da Igreja, postas em prática pelos filhos mais generosos, os santos da caridade, como S. João de deus. É este o ícone que o mundo de hoje reconhece como distintivo dos Irmãos de S. João de deus e que o imaginário popular, entretanto, já interiorizou e difundiu como característica fundamental e principal da Ordem Hospitaleira de S. João de deus.

de facto, embora com uma pontuação média só levemente mais elevada que as anteriores (M: 1,6�), o valor da solidariedade (80,7%), com a constelação de todos os seus correlatos, é considerado pelos Irmãos como um dos mais importantes e mais visíveis, com o qual a Ordem pode apresentar-se de cabeça erguida a todo o tipo de sociedade e, sobretudo, diante dos jovens, os quais também hoje, na faixa mais qualificada desta geração, se mostram atentos e sensíveis a esta dimensão. �,�% das reservas registadas bem pouco significam face à globalidade dos consensos obtidos.

Nos últimos dois itens sucessivos, pelo contrário, a atenção é colocada numa perspectiva autoreferencial, em que emergem alguns elementos de crítica (12,2%). Referimo-nos à vida fraterna autêntica e alegre (80,5%), onde mais uma vez é sublinhado aquele aspecto da alegria que, de facto, é transversal a toda a investigação, de forma constante, como uma linha vermelha, insistente e sintomática (cf. perguntas 2�.6, 31 e 32).

Fica-se com a impressão, nesta leitura, de tocar os elementos de fundo, mais interiores, robustos e concretos que sustentam a própria estrutura da Ordem, sem arrebiques nem acessórios que poderiam confundir os seus traços característicos. de facto, tudo isto se baseia numa vida espiritual intensa (75,8%), que já emergiu mais vezes (cf. perguntas 1�, 2�.3, 2�.5 e 30), aqui ou acolá, e que é considerada pela maioria absoluta dos Irmãos, mais de 3/4, como um cartão de ouro deste luminoso mosaico que, apresentando embora uns 15,1% de sombras, conserva no entanto um brilho fascinante.

Em conclusão, o serviço da caridade, sobretudo aos doentes mais necessitados, sustentado por uma espiritualidade profunda, constitui o

quadro sistemático dos valores da Ordem dos S. João de deus proponíveis ainda hoje aos jovens da nossa geração.

7.2 – Aprofundamento analítico

A análise do quadro dos valores considerados pode, portanto, ser razoavelmente subdividida nos dois sectores acima identificados: uma interface virada para o mundo, a sociedade e o próximo – a do serviço da caridade social ad extra, e uma outra, virada para dentro da Ordem, relativa à vida fraterna da comunidade e à vida espiritual. Esta subdivisão emerge, aliás, também das percentagens, quantitativamente semelhantes, que se agrupam nos dois grandes âmbitos acima referidos.

7.2.1 – Os valores do Fundador e do seu carisma caritativo

Em primeiro lugar, a figura e o carisma do Fundador (88,2%) constituem para todos os Irmãos na Ordem o ponto nevrálgico inspirador de toda a obra religiosa, perante a qual os jovens ficam impressionados e na qual se inspiram, na escolha do próprio estado de vida, de modo a constituir um forte chamamento para as novas vocações. Quase todos os Irmãos reconhecem este facto, que é confirmado pelo primeiro lugar (M: 1,43) que ocupa na hierarquia das pontuações médias, obtida através das análises estatísticas efectuadas sobre esta pergunta e os itens nela contidos.

Embora os dados sejam plebiscitários, podemos porém individualizar algumas diferenças que, não sendo significativamente elevadas, acentuam no entanto os seus aspectos específicos relativos às regiões, aos escalões etários, às habilitações académicas e aos papéis desempenhados no âmbito da Ordem.

As áreas em que o valor do carisma do Fundador parece receber o consenso mais elevado dos Irmãos são a Ásia (90,5%) e a África (90,5%), seguidas pela América Latina (88,4%), a Europa Meridional (87,9%), a Europa Central (87,8%) e, finalmente, os E.U.A. (83,3%), onde observamos também a percentagem mais alta de reservas críticas (�,3%).

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No âmbito das faixas etárias, são os mais jovens que exprimem as percentagens mais elevadas relativamente ao apreço declarado pelo Fundador (91,2%), embora se registem 5,8% de reservas. Se, com o aumento da idade, tal entusiasmo parece diminuir, como demonstram as percentagens relacionadas com as três faixas etárias sucessivas, para 90,9% (adultos jovens), 90,4% (adultos maduros), e 81,8% (idosos), respectivamente, os dados são, apesar disso, mais elevados. Uma adesão igualmente plebiscitaria verifica-se também entre os técnicos qualificados (��,3%), como também entre ��,�% dos licenciados, embora com �,6% de inevitáveis perplexidades. Entre os superiores dos Governos Geral e Provincial, registam-se as percentagens mais altas de apreço e admiração pela figura e carisma do Fundador (93,1%), seguindo-se os superiores locais (90,5%), os formadores vocacionais (88,6%) e os simples Irmãos (�6,�%).

Concentrando-nos agora sobretudo na tradução operacional do carisma, verificamos que 9 Irmãos em cada 10 consideram que cuidar das pessoas sem distinção de raça, de religião e de nação (89,7%) é o valor mais proponível aos jovens de hoje. Estão convictos disso, por ordem decrescente, os Irmãos dos E.U.A. (96,6%), da África (95,2%), da Ásia (92,1%), da Europa Central (88,8%), da América Latina (88,3%) e da Europa Meridional (��,6%).

Também neste caso as percentagens das primeiras duas faixas etárias são muito elevadas: os mais jovens (93,7%) e os adultos jovens (93,5%), seguidos pelos adultos mais velhos (��,3%) e pelos idosos (��,�%). O maior número de reservas provém das duas faixas etárias intermédias dos Irmãos adultos.

Sobre este valor convergem também 93% dos licenciados, 92,8% dos superiores locais, 92,2% dos superiores maiores e 87,1% dos formadores vocacionais que, no entanto, registam também a percentagem mais alta (�,1%) de reservas.

O apreço pelos valores há pouco descritos é ulteriormente confirmado

pelas percentagens, pouquíssimo inferiores, relativas ao item que apresenta os mesmos conteúdos de assistência aos necessitados e aos doentes (89%), sem a anterior evidenciação relacionada com a igualdade de todas as pessoas. Aqui, distinguem-se sobretudo a Ásia (93,7%), a

Europa Central (92,6%), a África (91,7%), os E.U.A (90%) e, um pouco mais distanciadas, a Europa Meridional (�6,1%) e a América Latina (�6%), que apresenta também 5,�% de reservas críticas, juntamente com os E.U.A. (6,�%).

Relativamente aos escalões etários, as percentagens mais elevadas provêm dos adultos jovens (93,2%) e, depois, dos mais jovens (92,5%); bastante mais distanciados aparecem os adultos maduros (��,4%) e os idosos (��,3%) que, neste caso, são um pouco mais críticos do que os outros (5,4%).

Além disso, 94,2% dos superiores dos Governos Geral e Provincial afastam-se da avaliação dos superiores locais (92%) e dos formadores vocacionais (��,6%), reduzindo para valores mínimos os elementos críticos (3� Irmãos em 1012 que respondem).

Neste contexto, relativo ao serviço da caridade para com o próximo, também o valor da solidariedade constitui um recurso muito importante e um motivo de escolha ao qual os jovens de hoje são igualmente sensíveis. demonstram-no as percentagens elevadíssimas dos entrevistados (80,7%), sobretudo nas áreas da Ásia (�6,6%), da América Latina (�4,3%), dos E.U.A. (83,3%), da África (81%), da Europa Meridional (79,5%) e apenas �5,2% da Europa Central, de onde provém também o número mais alto de críticas (14,�%, com 6 pontos percentuais acima da média), juntamente com os E.U.A. (13,3%) e a África (11,9%).

Muito sensíveis a este valor revelam-se os mais jovens (�6,2%, com 6 pontos acima da média) e os adultos jovens (�4%), incluindo os licenciados (84,9%), assim como os superiores dos Governos Geral e Provincial (��,4%), e os superiores locais (�5,6%); mais distanciados, pelo contrário, aparecem os promotores vocacionais (��,6%) e os diplomados técnicos (79,5%).

Porém, em nenhuma das observações referidas nos questionários aparecem críticas radicais. Uma certa reserva, relativamente à qual seria interessante descobrir as razões, emerge também dos superiores dos Governos Geral e Provincial (8%), dos promotores vocacionais (12,9%), e dos próprios licenciados (�,�%). Trata-se, porém, sempre, de reparos, de importância bastante limitada, que aliás também seria necessário interpretar.

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7.2.2 – Valores internos da comunidade religiosa

Se olharmos agora para a interface que se refere à comunidade religiosa e aos aspectos internos da Ordem, o valor da vida fraterna autêntica e alegre (80,5%) é muito enaltecido, nas mesmas proporções do anterior, relativo à solidariedade.

Sublinhávamos também, antes, e podemos confirmá-lo aqui, que este aspecto da alegria parece constituir como que um traço característico, muito belo, bastante positivo e fascinante, da Ordem, que transparece também em muitas outras circunstâncias ao longo da investigação globalmente considerada (cf. perguntas 2�.6, 31 e 32).

Trata-se de um traço que recolhe positivamente os consensos de mais de três quartos dos Irmãos, sobretudo dos da Ásia (��,1%, com � pontos acima da média), da América Latina (81,4%), da África (80,9%), um pouco menos dos E.U.A. (80%), da Europa Central (79,9%) e da Europa Meridional (77,9%). É um aspecto evidenciado especialmente pelos mais jovens (84,5%), pelos técnicos qualificados (82%), pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (83,9%) e pelos formadores (84,3%), relativamente a �1,5% dos superiores locais e �0,3% dos licenciados.

Por fim, a intensidade de uma vida espiritual mais profunda permanece para 75,8% dos Irmãos um valor que ainda constitui um apelo para os jovens de hoje. A busca de espiritualidade, que tem vindo a aumentar nos últimos tempos, parece, por conseguinte, para três quartos dos Irmãos, poder encontrar na Ordem uma resposta suficientemente adequada.

Nota-se isso especialmente nos E.U.A. (�3,4%, com � pontos acima da média), na Ásia (�2,�%), na América Latina (��,5%) e na Europa Central (�6,�%), ao passo que as maiores reservas críticas provêm dos Irmãos da Europa Meridional (14,5%), mas especialmente da África (29,8%, o dobro da média verificada), como também de uma parte do mais jovens (17,6%) e dos adultos jovens (19,3%).

Igualmente, os superiores dos Governos Geral e Provincial (20,�%), como também os formadores vocacionais (1�,1%), manifestam uma certa perplexidade relativamente a este valor, pelo menos nos termos indicados pelas percentagens críticas que emergiram. Numa hipótese interpretativa

razoável, poder-se-ia pensar que estas reservas exprimem um juízo mais crítico relativamente a situações muito concretas de uma vida espiritual menos fervorosa, de facto existente nalgumas regiões da Ordem, mais do que propriamente uma dúvida relativamente ao valor em si mesmo, tanto mais que as percentagens do seu consenso se situam dentro da média geral (�5,�%) acima apresentada.

Para concluir, parece poder-se afirmar, com suficientes razões de mérito, que o carisma do Fundador, e sobretudo a visibilidade da sua missão, se manifestam directamente no serviço da caridade, na assistência prestada aos outros, e que, numa sociedade fortemente afectada pelo individualismo e subjectivismo interessado, continue a ser um ponto de referência evidente, concreto e fascinante, para quantos desejam gastar a própria vida ao serviço da comunidade e da pessoa humana na sua mais grave situação de debilidade e necessidade. O espírito da consagração parece vir depois, mas, na realidade, é ele que sustenta a missão e a própria força da ordem. disso estão plenamente convictos quase todos os Irmãos.

8. – CONCLUSÕeS

Neste capítulo, enfrentámos o estudo da situação da PV no âmbito da Ordem, numa série articulada de etapas que temos vindo progressivamente a percorrer.

Em primeiro lugar, o estudo sociológico dos factores que incidem na falta das vocações nas diferentes áreas (pergunta 45) põe em evidência o predomínio de factores sociais e culturais, como o consumismo e a secularização, a perda do sentido religioso da vida e a falta de propostas válidas, mas também factores derivados da fragilidade das famílias, frequentemente apenas com um filho, além das mais frequentes e numerosas dificuldades psicológicas de personalidade que se registam nos próprios jovens. Neste caso, os diferentes contextos regionais qualificam--se de modo bastante evidente pela influência destes factores, ainda que de apenas alguns deles. basta considerar os contextos da sociedade ocidental pós-moderna e recheada de acessórios desnecessários, os dos Países em fase de desenvolvimento avançado, ou também os que se encontram numa fase ascendente de desenvolvimento.

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Neste capítulo, a análise precisa de ser muito rica e detalhada, vindo a articular-se muito eficazmente também nas variáveis de idade, anos de profissão, de habilitações académicas, assim como dos cargos desempenhados, que enriquecem a análise com dimensões cada vez mais específicas.

Apesar de se atribuir importância também aos fenómenos da secularização e do consumismo, fica-se no entanto com a percepção clara de que o peso das causas socioculturais é bastante relativo e, contra elas, não é fácil reagir, ao passo que são mais significativas as causas sobre as quais é possível intervir, de certo modo, e sobre as quais converge também a orientação de uma boa parte dos Irmãos. Tais causas estão relacionadas com factores de ordem psicológico-individual, de modo que solicitam com mais força a responsabilidade formativa e propositiva dos adultos, em geral, e dos responsáveis pela pastoral vocacional, em particular, além da de cada Irmão, que se deve sentir chamado em primeira pessoa a assumir a coragem da proposta individual aos jovens do nosso tempo.

Como se estão a empenhar, neste sentido, as diferentes comunidades da Ordem?

No plano estrutural, económico e institucional, fazem-se projectos e desenvolvem-se bastantes actividades em favor da PV, apesar de este trabalho não se realizar em todas as Províncias/delegações, e talvez nem sequer com a mesma intensidade. Podemos, de facto, encontrar percentagens relativamente muito altas em favor do interesse e do cuidado que se tem por este problema nas suas várias dimensões: trata-se dele com preocupação, constata-se o apoio dos superiores centrais e Provinciais, surgem e estabelecem-se diferentes equipas de promotores vocacionais, e em muitas áreas há também uma planificação Provincial e são abundantes de recursos económicos para as várias actividades de promoção. Porém, o envolvimento pessoal, ou dos Colaboradores, resulta ser bastante limitado.

No plano individual, pelo menos em 60% dos casos, há sensibilidade em relação ao problema. No entanto, constata-se uma forte diminuição nas percentagens da co-responsabilidade e do envolvimento operacional, quer por parte dos Irmãos, quer dos Colaboradores. Regista-se também, ao mesmo tempo, uma escassa visibilidade no exterior e uma informação

geral limitada, mesmo no âmbito da própria Ordem, sobre os vários aspectos do problema vocacional, que o torna objecto de conversação mais frequente entre os Irmãos, fruto de uma sensibilização capilar nas iniciativas empreendidas e realizadas nas diferentes áreas geográficas. Talvez muitas iniciativas fiquem veladas por um certo silêncio, por não serem conhecidas, de forma que os Irmãos desconhecem o que se passa na Ordem a este respeito. Pelo contrário, a difusão de um conhecimento mais directo e vasto das iniciativas vocacionais serviria para criar consciência, desenvolver interesse, fortalecer também a própria imagem e identidade, mesmo religiosa, quer em relação à Ordem, quer à própria presença, posição e missão na sociedade. Além do mais, ajudaria a difundir e a manter viva a sensibilidade vocacional também entre os Colaboradores leigos.

Os recursos a utilizar como alavancas na PV podem ser considerados tanto no plano individual – as atitudes positivas pessoais que evidenciámos –, como também no plano institucional. Referimo-nos aos projectos de cada uma das Províncias, às suas iniciativas em fase de arranque, de experimentação, ou já realizadas, ao apoio dado pelo Governo Geral, aos recursos, também de carácter económico, postos à disposição pelos superiores para as actividades vocacionais, para o desenvolvimento de um projecto vocacional específico e programas estratégicos programados pelas diferentes Províncias, até à constituição de autênticas equipas de PV, com papéis bem definidos e programados, estando organizadas e sujeitas a uma necessária e, mais do que nunca, preciosa avaliação.

Por outro lado, verificamos que existem situações de risco, de negatividade, falhas, críticas muito pesadas devido à falta de co-responsabilização e de envolvimento dos Irmãos e, ainda mais, dos Colaboradores leigos. Por vezes, fica-se com a impressão de que este processo da PV seja entregue nas mãos dos que são por ele directamente responsáveis, numa atitude fácil de delegação, com que, por outro lado, se escamoteia o problema, auto-marginalizando-se, mas que chega também a criar uma sensação de marginalização, esquecimento ou negligência, também por parte daqueles que se dedicam à PV com entusiasmo e generosidade.

Na realidade, uma boa parte das Províncias está a projectar iniciativas, mesmo estruturais, para organizar um plano não só de contraste, mas também de promoção e sensibilização para o valor da vocação religiosa;

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porém, o trabalho está ainda no início, nalguns casos, muito atrasado, noutros, talvez demasiado formalizado e engessado, noutros ainda apenas balbuciante, e noutros, finalmente, a própria presença de um Irmão muito animado e generoso consegue animar a Província inteira, levando-a a mobilizar-se activamente, criando uma rede de colaborações muito activa e promocional, tanto a tempo inteiro como a tempo parcial.

Em todo o caso, só 5% dos Irmãos responderam que, na própria Província, não se faz nada de tudo isto; nos outros casos, a PV é geralmente confiada a uma equipa de Irmãos em 60% dos casos, especialmente na América Latina e na Europa Meridional. É preciso, porém, reconhecer que, nalgumas Províncias, só se pode contar com a presença de um Irmão, o qual, em quase metade dos casos, trabalha também a tempo parcial, ou que, em 21,5% dos casos, é chamado segundo as ocasiões. Só em 25% dos casos, os Irmãos evidenciam situações excelentes, nas quais este animador vocacional se pode dedicar ao seu trabalho a tempo inteiro.

As carências registadas devem ser individualizadas especificamente com base também nas diferenças territoriais determinadas pelas diferentes áreas geográficas. Em todo o caso, há pelo menos cinco tipos de problemáticas que obtiveram percentagens quase iguais, significando que todas são sentidas com a mesma intensidade um pouco por toda a parte. Trata-se, de facto, do insuficiente acompanhamento dos candidatos, da desmotivação dos Irmãos face aos escassos resultados que resultam dos seus próprios esforços – que, no entanto, são considerados generosos –, da confusão entre pastoral vocacional e “recrutamento de vocações.” A estes três problemas há que acrescentar também dificuldades nas relações com a Igreja local, considerada pouca aberta às vocações religiosas, ou na qual a comunidade local tem dificuldades em integrar-se, especialmente na África e na Ásia. Este poderia constituir um problema de uma certa importância sócio-religiosa.

Apesar de não serem sentidos com a mesma gravidade, outros aspectos têm uma incidência notável, como por exemplo a improvisação em atribuir os cargos para a PV aos vários Irmãos (o que, no passado, poderia ser bastante comum, mas que não o é hoje, devido às diferentes condições da sociedade), como é solicitado pelos próprios formadores e pelos licenciados, ou a pressa excessiva em enviar os jovens para o Postulantado, especialmente na América Latina, na África e na Ásia.

Este último problema leva-nos a sublinhar um outro elemento bastante recorrente no nosso estudo: trata-se da diferença de percepção dos problemas nas duas categorias de superiores – os do Governo Geral e os Provinciais, que têm uma perspectiva mais global, e os locais que, estando em contacto com exigências concretas e urgentes, perspectivam uma visão mais imediata e directa, orientada principalmente para a solução dos problemas concretos que enfrentam.

Perante as dificuldades encontradas, é necessário que os animadores da PV tenham bem claras as tarefas e as expectativas, os objectivos e os ideais que lhes estão confiados, para poderem desenvolver da melhor maneira a delicada missão formativa ao serviço da Ordem e da Igreja: tarefas/papéis que são considerados importantes para a renovação da PV nos dias de hoje, face aos desafios da sociedade contemporânea. Estruturámo-los ao redor de dois grandes núcleos: o primeiro, virado para o exterior, o segundo, voltado para o interior da Ordem.

As avaliações não são particularmente empolgantes, mas nem sequer radicalmente negativas. Podemos falar de uma promoção apenas suficiente: as percentagens mais elevadas são, de facto, as das duas colunas internas – bastante e pouco. Em todo o caso, evidencia-se a necessidade de reforçar a qualidade dos papéis ad extra, ou seja, aqueles que apresentam de modo claro e compreensível os valores, o estilo de vida dos Irmãos (62,2%) e fazem conhecer a missão da Ordem no âmbito da sociedade e da Igreja (63,1%).

A estes, segue-se, em segundo lugar, um outro conjunto de papéis ad intra, que consistem, antes de mais, na aplicação de critérios válidos de selecção (46,6%) dos jovens e, em segundo lugar, na necessidade de realizar um adequado acompanhamento (49,5%). Aqui, as pontuações de excelência são muito baixas, enquanto ainda mais acentuadas são as críticas e as reservas, que atingem, respectivamente, os valores de 31,�% até 35%.

Há um terceiro grupo de tarefas, relativas ao trabalho de colaboração com a igreja local (4�,1%), mas igualmente notável é a urgência de envolver capilarmente os Irmãos na co-responsabilidade pelas vocações (46,1%), sem a delegar somente nos animadores a quem ela está formalmente confiada. De grande utilidade, para se conseguirem estes objectivos, são a

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promoção do conhecimento dos jovens, das suas famílias (também para as motivar), do seu ambiente e do uso inteligente dos meios de comunicação social.

Também aqui podemos observar, como acima, alguns pontos constantes que podem tornar-se elementos de reflexão e/ou de confirmação, como por exemplo as diferenças de opinião entre os superiores locais, mais críticos, relativamente aos formadores da PV e aos superiores centrais e Provinciais.

Além disso, os mais jovens e os adultos jovens exprimem sempre um maior volume de respostas, nalguns casos muito positivas, que não impede, porém, que sejam igualmente muito numerosos também em expressar as suas críticas. do mesmo modo, também os idosos exprimem as suas opiniões que, porém, nunca são particularmente visíveis na diferenciação das percentagens, embora sejam claras as fortes diferenças em relação aos mais jovens e aos adultos jovens.

Finalmente, as áreas geográficas são tão características e diferentes umas das outras que é difícil fazer generalizações adequadas, sob pena de criar categorias distorcidas para a percepção real dos problemas locais.

Neste processo de renovação da PV tomou-se consciência de que se torna cada vez mais essencial e fundamental o testemunho de uma Comunidade religiosa, que se apresenta perante o mundo caracterizada pela presença visível dos valores do Evangelho, encarnados num estilo de relações interpessoais que a tornam apelativa, fascinante e desejável.

Ao identificar os factores positivos que nela melhor favorecem o aparecimento de novas vocações, foram unanimemente evidenciados os mais internos, a assistência aos Irmãos idosos e doentes (�0,�%), juntamente com a oração pelas vocações (�5,1%). É igualmente considerado importante o clima sereno de vida espiritual (69,9%) que favorece um estilo de vida comunitário sóbrio, simples e acolhedor (�3,3%), onde se exprime um clima de alegria pela própria vocação (64,�%), manifestada na fraternidade da vida comum. Parece emergir a descrição de uma comunidade ideal, mais do que a situação real das várias comunidades. de facto, os elementos radicalmente críticos (de modo algum) estão quase ausentes nos primeiros factores acima referidos onde, pelo contrário,

emergem claramente os de excelência (muito), que vão progressivamente diminuindo até se reduzirem muitíssimo nos últimos três itens, relativos à condição juvenil. Nesta dinâmica, com a diminuição dos consensos, aumentam paralelamente as reservas críticas e os juízos negativos, até índices muito elevados (desde 30% até 50%), naqueles aspectos que confirmam elementos de dificuldade e de mal-estar, pelo menos para um quarto dos Irmãos.

bastante lacunosa é, de facto, a orientação de abertura das comunidades aos jovens, quer porque os ritmos e os hábitos de algumas comunidades pouco ou nada correspondem às expectativas dos jovens (39%), quer porque se reconhece que a própria linguagem não é por eles compreendida (52,4%), quer ainda devido à percepção de que o próprio nível de conhecimento dos jovens é, em medida diferente, inadequado (56,1%). Estas últimas observações parecem convidar a começar de modo urgente um percurso de aproximação aos jovens, que uma certa parte de Irmãos já considera realizado na própria comunidade – no entanto, parece tratar-se de uma feliz, mas estreita, minoria, de modo que se justifica a solicitação no sentido de uma maior inovação neste sector.

Passando à disponibilidade dos Irmãos para assumirem cargos de responsabilidade na PV, ficamos um pouco incertos, especialmente se fizermos uma comparação com as respostas dadas às perguntas nº 9 e 10, já apresentadas, onde esta disponibilidade atingia mesmo a percentagem de 25% dos Irmãos. Aqui, pelo contrário, na pergunta nº 52, a colaboração oferecida concentra-se principalmente em aspectos de tipo espiritual, como o testemunho, a vida fraterna e alegre, a oração diária, o acompanhamento e o acolhimento dos Irmãos em formação. Pelo contrário, quanto à disponibilidade para assumir concretamente responsabilidades próprias no sector da PV, a perplexidade surge porque, no máximo, está--se disposto a dar o próprio apoio e contributo aos que já trabalham activamente neste sector. Provavelmente, a pergunta não era muito clara, mas permanece o facto que, para além dos aspectos importantes mais acima indicados, afinal, a disponibilidade mais específica para a formação e a PV se reduz a poucas unidades. São de admirar, contudo, os idosos, que, sentindo-se parte viva da Ordem, oferecem generosamente a própria oração, a sua simpatia, o seu apoio moral e o testemunho da própria vida.

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Por fim, a proposta vocacional funda-se no quadro carismático dos valores fundamentais da missão da Ordem. do estudo, emerge um quadro de valores com nuances multifacetadas, todas fortemente compartilhadas pelos Irmãos e proponíveis aos jovens de hoje, porque consideradas apelativas e com significado para se tornarem interessantes na busca de uma vida em plenitude.

Em primeiro lugar, mantêm-se centrais a figura e o carisma do Fundador (��,2%), juntamente com a missão da Ordem em cuidar das pessoas, sem distinção de raça, de religião e de nação (89,7%), especialmente das mais necessitadas (89%). Estes três elementos parecem constituir a carta de identidade da Ordem, a sua imagem mais directa e imediata com que ela se apresenta à sociedade, na qual hoje o emergir social do valor da pessoa, especialmente da mais necessitada, é particularmente acentuado.

A isso, acrescenta-se o valor da solidariedade (�0,�%), acompanhado pela constelação dos seus correlatos, seguido, de modo particular, por outros dois traços que, ao longo da investigação, emergiram como características da Ordem, nomeadamente, a autenticidade de uma vida fraterna alegre (�0,5%) e a intensidade da vida espiritual, quer no plano individual quer comunitário (�5,�%), que já se havia evidenciado aqui e ali, e que são considerados pela grande maioria dos Irmãos, como um cartão dourado daquele mosaico luminoso que, apesar de apresentar 15,1% de sombras, conserva o seu brilho fascinante.

É nestes valores, indicados por quase todos os Irmãos como os mais significativos e importantes, que parece focalizar-se, por conseguinte, a visibilidade do Fundador e o seu carisma específico da caridade social.

Um carisma que foi recentemente sublinhado também pelo actual Pontífice, na sua primeira encíclica, “Deus charitas est”, na secção operativa na qual, o Santo Padre admoesta que o amor de deus se concretiza pelo seu Povo. Ele encarnou-se nas obras de caridade da Igreja, traduzidas em prática pelos seus filhos mais generosos, os santos da caridade, como S. João de deus. É este o ícone que o mundo de hoje parece reconhecer como distintivo dos Irmãos: o serviço da caridade, prestado sobretudo aos doentes mais necessitados, apoiado por uma espiritualidade profunda.

É esta a síntese que, desde há muito tempo, passou também para o imaginário popular e que, entretanto, se interiorizou difusamente como característica fundamental do carisma da Ordem Hospitaleira de S. João de deus (Fatebenefratelli).

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403

UmA PASTOrAL VOCACIONAL CAPAZ de eNFreNTAr OS deSAFIOS dA HOSPITALIdAde

A Hospitalidade define a identidade do Irmão, faz parte da sua consagração especial e é objecto de um voto especial. É o que afirmam as Constituições, que evidenciam as suas origens na vida misericordiosa de Cristo, exprimem as suas exigências no compromisso para que a pessoa esteja no centro do próprio apostolado e, portanto, a operar para “defender os direitos que a pessoa tem a nascer, a ser assistida na doença e a morrer com dignidade” (art. 23a). Além disso, a hospitalidade é considerada como um fruto precioso dos outros conselhos evangélicos, base do amor fraterno em comunidade, clima espiritual do espírito hospitaleiro, objectivo da formação de cada Irmão. Por estas razões, a formação do Irmão de S. João de Deus deve ser uma resposta aos desafios da hospitalidade de hoje, sensibilizando e iluminando “os temas do sofrimento e da marginalização com abordagens adequadas tendo em vista transformar e/ou eliminar as estruturas pessoais e sociais que os produzem” (Projecto de Formação, 2000, Introdução, �d).

Esta dimensão carismática da hospitalidade tem de enfrentar hoje desafios notáveis na sociedade pós-moderna, particularmente uma proposta vocacional clara que constitui o cerne de toda a Pastoral Vocacional (PV).

Nos capítulos anteriores, analisámos as carências, as suas articulações e dimensões, as realizações das Províncias, as metodologias e os seus objectivos, os factores que favorecem o aparecimento de novas vocações, os valores carismáticos proponíveis aos jovens de hoje, e observámos também como tudo isto pode ser facilitado para que o valor da centralidade da pessoa, embora entre diversas posições ideológicas, esteja no centro das diferentes reivindicações das pessoas de hoje.

No nosso estudo, este tema caracterizou-se pelo espaço de criatividade deixado a cada Irmão, que tinha de responder a uma pergunta-

CAPÍTULO VII

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404 405

-estímulo, apresentando sugestões e propostas para uma melhor realização da PV nos dias de hoje.

A colaboração dos Irmãos foi notável. de facto, 56,6% responderam positivamente e exprimiram uma ou mais propostas, de diferentes modos, que foram codificadas por um generoso grupo de Irmãos da Comissão Preparatória a qual, com um trabalho paciente, sacrificado e minucioso, individualizou uma série de 15 sectores de intervenção no âmbito dos quais colocou as propostas semelhantes, organizadas, por conseguinte, ao redor de um núcleo central homogéneo.

O presente capítulo propõe-se apresentar os resultados desta única pergunta aberta e oferecer acerca deles alguns comentários e avaliações.

1. – eSTrUTUrAÇÃO e ArTICULAÇÃO dAS reSPOSTAS OBTIdAS (pergunta 54)

Foram 573 os Irmãos que deram respostas, simples ou complexas, o que corresponde a 56,6% de todos os que responderam ao questionário. Inversamente, 439 Irmãos, numa percentagem de 43,4%, não forneceram qualquer resposta a esta pergunta. Porém, o volume das apresentadas atinge a bela quota de 1167 propostas avançadas pelos Irmãos.

Foi possível distribuir as respostas obtidas, tendo em conta as percentagens, segundo as habituais variáveis diferenciadoras, ou seja, por áreas geográficas, escalões etários e anos de profissão, formação académica, cargos desempenhados, etc., como se pode verificar pelas tabelas �.1, �.2 e �.3. A sua distribuição pode também dar uma explicação da natureza das propostas sugeridas, com base na sua proveniência.

Tab. 7.1 – Distribuição, por áreas geográficas, das propostas para uma PV atenta aos desafios da hospitalidade hoje (em V. A. e em %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não responderam

479 211 93 20 49 �6 30

4�,3 55,5 49,2 23,� 2�,5 59,8 50,0

Responderam533 169 96 64 123 51 30

52,� 44,5 50,� �6,2 �1,5 40,2 50,0

Considerando as áreas geográficas, as Províncias que percentualmente responderam em maior número foram a África (�1%) e a América Latina (77,9%) com dados muito acima da média. De facto, todas as outras regiões responderam com percentagens inferiores à média indicada, ou seja, menos de 56,6%.

Tab. 7.2 – Distribuição, por idades e anos de profissão, das propostas para uma PV atenta aos desafios da hospitalidade hoje (em V. A. e em %)

Faixas etárias Anos de profissão18-35anos

36-55anos

56-74 anos

75-96 anos

menos de 5 anos

6-25anos

26-50anos

mais de50 anos

TOTAIS 1012 239 30� 324 132 20� 2�0 349 14�Percentagem sobre o total 100,0 23,6 30,3 32,0 13,0 20,6 2�,� 34,5 14,6

Não responderam

479 103 143 151 �5 98 119 16� �1

4�,3 43,1 46,6 46,6 56,� 4�,1 42,5 4�,1 54,�

Responderam533 136 164 1�3 5� 110 161 1�1 6�

52,� 56,9 53,4 53,4 43,2 52,9 5�,5 51,9 45,3

Tendo em conta a idade, foram os mais jovens que responderam em maior número (60,3%), mas também 50% dos idosos quiseram estar presentes com a sua resposta.

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406 40�

Foram sobretudo os licenciados (65,�%), quase 2/3, que forneceram mais sugestões, ao passo que, com menos, se encontram os diplomados e os técnicos (54%).

Entre os que desempenhavam um papel de responsabilidade, o número mais elevado de propostas cabe aos formadores e aos promotores vocacionais (82,9%), directamente interessados no problema, podendo assim também exprimir-se com competência e conhecimento de causa. Muito distanciados surgem, depois, os superiores dos Governos Geral e Provincial (62,1%) e, finalmente, os superiores locais (59,9%): trata-se de uma presença bastante alta, mas, sobretudo, qualificada.

Tab. 7.3 – Distribuição, por cargos desempenhados, para uma PV atenta aos desafios da hospitalidade hoje (em V. A. e em %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não responderam

479 36 99 1� 32�

4�,3 41,4 44,6 24,3 51,�

Responderam533 51 123 53 306

52,� 5�,6 55,4 �5,� 4�,3

Passando agora ao estudo mais aprofundado dos conteúdos de cada resposta, relativamente às sugestões de renovação da PV na Ordem e codificadas segundo uma série de 19 temáticas organizadoras, acompanharemos os seus desenvolvimentos adoptando uma metodologia mais útil e sintética, que as unifica ao redor de quatro grandes sectores de análise tomados em consideração no ponto seguinte.

2. ANÁLISe GLOBAL dOS NÚCLeOS TemÁTICOS QUe emerGIrAm dAS PrOPOSTAS

As respostas livres assinaladas pelos Irmãos representam, pois, 52,7% dos questionários utilizados, isto é, 533 dos 1012 Irmãos inquiridos. Nesta base, após um trabalho particularmente preparado e preciso

de codificação das 1167 propostas, resultaram 19 núcleos temáticos, esquematicamente apresentados na síntese da tabela n. �.4 que permite identificar os seus aspectos mais notáveis.

À possível objecção de que o valor dos dados das percentagens ressente também um pouco da subjectividade dos codificadores, membros da Comissão Preparatória, ao atribuir as respostas a um determinado sector, em vez de a outro, podemos responder afirmando que as categorizações podem ser consideradas substancialmente objectivas e correspondentes à realidade, precisamente devido à formação prévia dos codificadores e ao respectivo treino de codificação com que foram preparados.

Passando ao mérito do problema, como se vê na Tab. �.4, a maior parte das respostas concentrou-se com absoluta prioridade na vida de comunidade e no testemunho de vida consagrada na hospitalidade (16,3%), evidenciados de modo particular pelos Irmãos da América Latina (19,8%), da Europa Meridional (16,8%), pelos adultos maduros (20,7%) e pelos idosos com mais de 50 anos de profissão (17,6% e 15,2%, respectivamente), e pelos superiores locais (18,9%).

A uma discreta distância, cerca de 4-5 pontos percentuais, concentraram-se três outros tipos de propostas: as relativas ao estilo de vida do Irmão (12,5%), sublinhado de modo particular pelos inquiridos da Europa Meridional (14,�%) e da América Latina (13,4%); as pertinentes aos instrumentos e estratégias da PV (11,8%), indicadas especialmente pelos Irmãos da América Latina (15,�%), da África (15,5), da Europa Central (14,�%) e da Europa Meridional (10%), pelos mais jovens (16,3%) e pelos promotores vocacionais (1�,1%); e as relacionadas com o estilo da comunidade e a vida interior (11,2%), vindas sobretudo dos Irmãos da Europa Meridional (12,6%), da América Latina (12,�%), da Europa Central (12,7%), dos idosos (15,9%) e dos Irmãos adultos mais velhos (13,8%), das faixas etárias mais altas, como também dos formadores e dos promotores vocacionais (14,3%).

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40� 409

Tab. 7.4 – Propostas de inovação da PV. Classificação dos 19 itens sobre as percentagens totais obtidas, por ordem de consistência das mesmas.

Percentagens

1. Comunidade: testemunho de vida consagrada na hospitalidade 16,3

2. Estilo de vida do Irmão3. Pastoral vocacional: instrumentos e estratégias4. Comunidade e Vida interior

12,511,�11,2

5. Apoio da Província e da Comunidade aos formadores e promotores6. Formação dos formadores e promotores da PV�. PV: itinerários formativos e pedagógicos na formação dos candidatos�. Pastoral de conjunto: paróquia, diocese e outros institutos religiosos9. Acompanhamento, discernimento e selecção dos candidatos10. Adaptação às mudanças: sociais, eclesiais e da vida consagrada

�,06,�5,95,�5,55,5

11. Pastoral juvenil12. Compromisso exclusivo na PV por parte dos promotores vocacionais e

formadores13. Novas formas de hospitalidade14. Atenção na escolha dos formadores e promotores da PV15. Cuidado do contexto sociocultural e familiar

4,34,1

4,03,93,5

16. Preparação técnico-profissional e espiritual dos Irmãos1�. Adaptação e aplicação em cada Província do Projecto de Formação da Ordem1�. Educação e formação para a integração com os Colaboradores19. Educação na fé e nos valores

2,62,1

1,6

Distanciado 4 pontos percentuais formou-se um conjunto de respostas articuladas entre as percentagens de 7% a 5,5%, e compreendem 6 itens relativos a diferentes urgências.

Em primeiro lugar, a necessidade do apoio da Província e da comunidade ao trabalho dos promotores vocacionais (7%), indicado especialmente pelos Irmãos da África (20,2%) e da América Latina 9,3%), pelos mais jovens (9,6%) e pelos adultos jovens (12,5%), pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (16,1%) e pelos promotores vocacionais (15,�%).

A urgência da formação dos formadores e promotores da PV (6,7%) foi sentida sobretudo pelos Irmãos da África (21%) e da América Latina (11%), pelos adultos jovens (10,�%) e pelos superiores dos Governos Geral e Provincial (12,6%).

Tab. 7.5 – Tipologia das propostas de inovação da PV. Distribuição por áreas geográficas (em V. A. e em %)

ÁreAS de PrOVeNIÊNCIA

Europa meridional

EuropaCentral África América

Latina Ásiae.U.A.,

CanadáAustrália

TOTAIS 1012 3�0 189 �4 1�2 12� 60Percentagem sobre o total 100,0 3�,5 1�,� �,3 1�,0 12,5 5,9

Não responderam479 211 93 20 49 �6 30

4�,3 55,5 49,2 23,� 2�,5 59,8 50,0

Atenção na escolha39 � 6 13 � 3 2

3,9 1,� 3,2 15,5 4,� 2,4 3,3

Formação dos Formadores6� 14 9 1� 19 6 2

6,� 3,� 4,� 21,4 11,0 4,� 3,3

dedicar-se a tempo inteiro41 11 4 4 1� 3 1

4,1 2,9 2,1 4,� 10,5 2,4 1,�

Apoio da Província�1 15 9 1� 16 9 5

�,0 3,9 4,� 20,2 9,3 �,1 �,3Instrumentos e estratégias

da PV119 3� 2� 13 2� 10 3

11,� 10,0 14,� 15,5 15,� 7,9 5,0

Pastoral juvenil44 16 � 4 11 3 2

4,3 4,2 4,2 4,� 6,4 2,4 3,3Itinerários formativos

pedagógicos da PV60 20 6 4 25 3 2

5,9 5,3 3,2 4,� 14,5 2,4 3,3Acompanhamento dos

candidatos56 15 � � 20 3 3

5,5 3,9 4,2 �,3 11,6 2,4 5,0Cuidado do contexto

sociocultural e familiar35 � 4 5 13 2 4

3,5 1,� 2,1 6,0 �,6 1,6 6,�Comunidade: de vida

interior113 4� 24 5 22 11 3

11,2 12,6 12,� 6,0 12,� �,� 5,0Testemunho de vida

consagrada165 64 2� 14 34 19 �

16,3 16,� 14,3 16,� 19,8 15,0 11,�Novas formas de

hospitalidade40 11 3 3 6 11 6

4,0 2,9 1,6 3,6 3,5 �,� 10,0

Estilo de vida do Irmão12� 56 23 � 23 15 3

12,5 14,� 12,2 �,3 13,4 11,� 5,0Preparação técnico-

profissional e espiritual26 11 5 1 3 4 2

2,6 2,9 2,6 1,2 1,� 3,1 3,3Adaptação às mudanças

sociais e eclesiais56 12 13 11 11 6 3

5,5 3,2 6,9 13,1 6,4 4,� 5,0Educação na fé e nos

valores11 3 1 1 4 1 1

1,1 0,� 0,5 1,2 2,3 0,� 1,�Aplicação do Projecto de

Formação21 3 0 2 9 5 2

2,1 0,� 0,0 2,4 5,2 3,9 3,3

Pastoral de conjunto59 15 14 14 12 3 1

5,� 3,9 �,4 16,� �,0 2,4 1,�Integração com

colaboradores16 3 6 2 2 1 2

1,6 0,� 3,2 2,4 1,2 0,� 3,3* A Ordem dos itens é a que resulta da ordem de codificação inicial de todas as perguntas e não a que emergiu da classificação geral

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A necessidade de preparar itinerários formativos e pedagógicos para a formação dos candidatos (5,9%) é especialmente observada na América Latina (14,5%), pelos mais jovens (6,�%), os diplomados (10,5%) e os promotores vocacionais (11,4%).

O cuidado da pastoral de conjunto (5,8%) constitui uma preocupação bastante relevante sobretudo para os Irmãos da África (16,�%, um valor triplo da média) e ainda mais para os formadores e os promotores vocacionais (22,9%) que a sentem numa percentagem quatro vezes acima da média.

Também o acompanhamento, o discernimento e a selecção dos candidatos (5,5%) é indicado entre os objectivos a serem promovidos com cuidado: afirmam-no especialmente os Irmãos da América Latina (11,6%), os licenciados e os superiores locais.

Com a mesma percentagem de sugestões há uma série de respostas que sentem a necessidade de uma adaptação às mudanças sociais, eclesiais e da vida consagrada (5,5%), para se poder acompanhar os tempos, mesmo sem se ser por eles condicionados, como sublinham os Irmãos da África (13,1%) os mais jovens (8,7%) e também os superiores maiores (9,2%).

Tab. 7.6 – Tipologia das propostas de inovação da PV.

Distribuição por cargos desempenhados (em V. A. e em %)

Gov. GeralGov. Provincial

Sup. LocalDir. de Centro

Formador vocacional

Nenhum cargo

TOTAIS 1012 �� 222 �0 633Percentagem sobre o total 100,0 �,6 21,9 6,9 62,5

Não responderam479 36 99 1� 32�

4�,3 41,4 44,6 24,3 51,�

Atenção na escolha39 0 10 5 24

3,9 0,0 4,5 �,1 3,�

Formação dos Formadores6� 11 13 5 39

6,� 12,6 5,9 �,1 6,2

dedicar-se a tempo inteiro41 6 � 6 21

4,1 6,9 3,6 �,6 3,3

Apoio da Província�1 14 14 11 32

�,0 16,1 6,3 15,� 5,1

Instrumentos e estratégias de PV

119 11 2� 12 6911,� 12,6 12,2 1�,1 10,9

Pastoral juvenil44 5 � 6 26

4,3 5,� 3,2 �,6 4,1

Itinerários formativos pedagógicos da PV

60 4 19 � 295,9 4,6 �,6 11,4 4,6

Acompanhamento dos candidatos

56 2 14 6 345,5 2,3 6,3 �,6 5,4

Cuidado do contexto sociocultural e familiar

35 2 � 6 203,5 2,3 3,2 �,6 3,2

Comunidade: de vida interior

113 11 23 10 6911,2 12,6 10,4 14,3 10,9

Testemunho de vida consagrada

165 14 42 11 9816,3 16,1 18,9 15,� 15,5

Novas formas de hospitalidade

40 3 11 6 204,0 3,4 5,0 �,6 3,2

Estilo de vida do Irmão12� 11 35 9 �2

12,5 12,6 15,� 12,9 11,4

Preparação técnico-profissional e espiritual

26 2 � 1 152,6 2,3 3,6 1,4 2,4

Adaptação às mudanças sociais e eclesiais

56 � 12 4 325,5 9,2 5,4 5,� 5,1

Educação na fé e nos valores

11 1 2 1 �1,1 1,1 0,9 1,4 1,1

Aplicação do Projecto de Formação

21 3 5 2 112,1 3,4 2,3 2,9 1,�

Pastoral de conjunto59 5 11 16 2�

5,� 5,� 5,0 22,9 4,3

Integração com colaboradores

16 5 4 1 61,6 5,� 1,� 1,4 0,9

* A ordem dos itens é a mesma da ordem de codificação inicial de todas as perguntas.

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Além disso, no arco de uma percentagem de apenas um ponto percentual, 4,3% a 3,5%, temos uma série de cinco outros tipos de indicações, que solicitam:

cuidado atento da pastoral juvenil (4,3%), especialmente na América latina, e por parte dos técnicos qualificados e dos promotores vocacionais (�,6%);

possibilidade de os responsáveis pela pastoral vocacional e pela formação se dedicarem a tempo inteiro, de modo exclusivo, a essas tarefas (4,1%): por parte dos licenciados e dos promotores vocacionais;

atenção ao emergir de novas formas de hospitalidade (4%): na Ásia e nos E.U.A., por parte dos mais jovens, dos promotores da PV e dos superiores locais;

escolha meticulosa dos formadores e promotores da PV (3,9%): na África (15,5%) e por parte dos promotores da PV (�,1%);

cuidado do contexto sociocultural e familiar (3,5%): na América Latina, por parte dos jovens e dos formadores (0,6%).

E, por último, surge um grupo de outros 4 itens, com percentagens muito baixas, mas no entanto merecedoras de serem tomadas em consideração, porque indicam quais são os aspectos que foram objecto de uma certa atenção por parte dos Irmãos, embora considerados menos relevantes relativamente às outras urgências prioritárias:

cuidado da preparação técnico-profissional e espiritual (2,6%): técnicos qualificados (3,3%) e superiores locais (3,6%);

adaptação e aplicação em cada Província o Projecto de formação da Ordem (2,1%): Irmãos da América Latina (5,2%) e superiores dos Governos Geral e Provincial;

educação e formação para a integração com os colaboradores (1,6%): Irmãos da Europa Central e dos E.U.A., idosos, licenciados e superiores dos Governos Geral e Provincial (5,�%);

educação na fé e nos valores (1,1%): idosos (2,�%).

Concluindo, a distribuição que apresentámos ressente-se de uma operação classificatória, quantitativa, com base nas percentagens obtidas. Tem a sua importância para evidenciar onde se concentraram principalmente os interesses dos Irmãos e os temas por eles desenvolvidos.

A sucessiva tipologia propõe-se completar as reflexões feitas acima, procurando organizar as 19 temáticas, indicadas na Tab. 7.7, ao redor de quatro sectores específicos com base num critério preciso de conteúdo, ou seja, agrupando as questões afins em quatro grandes âmbitos definidos da seguinte forma:

1. Formadores e promotores vocacionais (21,�%)2. Pastoral vocacional: estratégias, itinerários formativos e

acompanhamento (31%)3. Vida de comunidade: consagração e hospitalidade (46,6%)4. Processos de adaptação e integração (16,1%).

A metodologia utilizada centra-se na apresentação dos conteúdos explícitos mais interessantes, insistentes e inovadores das propostas, como resultam da transcrição das diversas sugestões obtidas.

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Tab. 7.7 – Propostas de inovação da PV que emergiram das respostas livres dos Irmãos. Distribuição das respostas pelos 19 itens pela ordem mantida

na codificação inicial e não com base nas percentagens.

Percentagens

1. Atenção na escolha dos formadores e promotores da PV2. Formação dos formadores e promotores da PV3. Compromisso exclusivo dos promotores vocacionais e dos formadores

na PV4. Apoio da Província e da Comunidade aos formadores e promotores5. Pastoral vocacional: instrumentos e estratégias 6. Pastoral juvenil�. PV: itinerários formativos e pedagógicos na formação dos candidatos�. Acompanhamento, discernimento e selecção dos candidatos9. Cuidado do contexto sociocultural e familiar10. Comunidade e Vida interior11. Comunidade: testemunho de vida consagrada na hospitalidade12. Novas formas de hospitalidade13. Estilo de vida do Irmão14. Preparação técnico-profissional e espiritual dos Irmãos15. Adaptação às mudanças: sociais, eclesiais e da vida consagrada16. Educação na fé e nos valores1�. Adaptação e aplicação em cada Província do Projecto de Formação da

Ordem1�. Pastoral de conjunto: paróquia, diocese e outros institutos religiosos19. Educação e formação para a integração com os Colaboradores

3,96,74,1

7,011,8

4,35,95,53,5

11,216,3

4,012,5

2,65,51,12,1

5,81,6

3. FOrmAdOreS e PrOmOTOreS dA PASTOrAL VOCACIONAL

Partindo da grelha de leitura obtida através da codificação, procurámos agrupar os quatro itens atribuíveis aos formadores e promotores de pastoral vocacional que, no conjunto, se referem a 21,7% do total das respostas obtidas. Isso significa que mais de 1/5 das respostas obtidas se referem, de alguma forma, à pessoa dos formadores, ou seja, à escolha, formação, organização e apoio das comunidades aos formadores e promotores da PV.

3.1 – Atenção na escolha dos formadores e promotores da PV (3,9%)

A preocupação dos Irmãos manifesta-se na necessidade de a escolha dos formadores e dos promotores da PV ser feita com muito cuidado e sentido de responsabilidade, e tendo em conta as pessoas que são propostas para este tipo de compromisso (3,9%). Sobre elas, de facto, recai a responsabilidade de uma boa parte da formação na Ordem e a perseverança vocacional dos Irmãos. Trata-se de pessoal muito qualificado, no qual se deve investir generosamente, precisamente para o bem da Ordem na sua continuidade e eficácia na Igreja e na sociedade.

Concretamente, propõe-se que: Os responsáveis sejam pessoas coerentes na sua vida de

consagrados, sejam homens de fé e de compromisso naquilo que transmitem e professam, e que manifestem o espírito da hospitalidade;

Seja nomeado um Irmão que possua o espírito para trabalhar com os jovens;

Sejam pessoas maduras e capazes de trabalhar em grupo, de modo a constituir uma equipa fortemente integrada e unida;

Sejam bem escolhidos os Irmãos a serem enviados para Roma para estudar, e que, quando regressarem à Província, ponham em prática o que estudaram;

Seja consultada a base para a sua escolha; Sejam pessoas motivadas, conscientes da importância da

missão, pessoas simples, felizes com a sua vocação hospitaleira, abertas e transparentes;

Escolham-se formadores que tenham as qualidades humanas e religiosas necessárias para acompanhar os jovens;

Sejam pessoas interessadas neste tipo de compromisso formativo;

Sejam seleccionados de modo cuidadoso, com base no carácter, nas experiências pastorais positivas;

Sejam disponíveis, abertos, acolhedores, compreensivos, com um bom conhecimento do nosso carisma e vivam com alegria a própria vocação;

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Faça-se tudo a fim de que a formação estimule uma pessoa jovem a dedicar-se aos outros, por amor de deus;

Que em cada comunidade haja um Irmão bem formado responsável pela PV;

O responsável seja um Irmão jovem que compreenda (conheça) a realidade dos jovens;

Defina-se um perfil para a selecção dos responsáveis pela PV e para os formadores;

Seja nomeado um grupo de formação e um seu director.

3.2 – Formação dos formadores e promotores de PV (6,7%)

A urgência de uma boa e sólida formação dos formadores e dos promotores da PV é solicitado por um grande número de Irmãos, numa percentagem de 6,�% das respostas obtidas, que corresponde a cerca de �0 propostas. Muitas são bastante simples, algumas óbvias, ou muito semelhantes. Todas sublinham a necessidade que os Irmãos sejam espiritual e culturalmente bem preparados, que os valores espirituais estejam bem integrados na personalidade, sem fracturas ou antinomias com as suas qualificações técnicas ou profissionais.

As mais originais referem-se aos seguintes aspectos:

Predispor um programa de formação para os promotores e formadores: formar os formadores no estilo da hospitalidade, no carisma do Fundador, de modo que estejam fortemente motivados para esta missão;

dar uma formação académica adequada no campo da Psicologia e Psicopedagogia, a fim de que sejam capazes de aplicar critérios de selecção adequados: promover as vocações, em vez de as “recrutar”;

Na nossa Ordem, muitas coisas são improvisadas: não há formadores adequadamente preparados;

Formar para relações humanas serenas e maduras: crescer na atitude de confiança e de diálogo entre formador e formando;

Promover encontros com os formadores para uma troca de conhecimentos e experiências;

Formar formadores capazes, de talento e preparados em questões éticas;

O Definitório Geral da Ordem auxilie os formadores na formação, fazendo-os participar em cursos de nível internacional, para um intercâmbio de experiências e para actualizarem a sua visão da sociedade;

Os nossos formadores devem empenhar-se mais na própria formação permanente, quer do ponto de vista pessoal quer espiritual, para poderem empreender a “viagem formativa” juntamente com as pessoas que buscam o próprio compromisso na consagração;

Ser pessoas do nosso tempo, atentas à voz de Deus, e que saibam responder aos sinais actuais;

Preocupar-se mais com a qualidade do que com o número dos Irmãos;

Preparar os formadores a fim de que compreendam a realidade dos jovens: os seus valores, a sua história, a sua cultura –, e que sejam capazes de lidar com os jovens de hoje;

A Província mostrou sempre interesse e apoiou a formação dos formadores: formando-os e vivendo mais intensamente a fraternidade;

Para poder dar uma boa formação, deveríamos reconhecer a importância do papel dos formadores que deveriam ser formados no campo da teologia e da espiritualidade da Ordem.

3.3 – Compromisso exclusivo dos formadores e promotores da PV (4,1%)

Neste sector de respostas quis-se acentuar a exigência que os responsáveis pela PV e pela formação se dedicassem de modo exclusivo aos compromissos formativos (4,1%), correspondentes a umas quarenta respostas. Não são muitos os que sublinham esta exigência, mas, globalmente, trata-se de um número bastante considerável para submeter esta eventualidade à atenção dos responsáveis.

Fizeram-no, especialmente, com as seguintes sugestões. destinar Irmãos preparados a tempo inteiro; a acumulação

de actividades torna os Irmãos ineficientes, e isso deve ser evitado.

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destinar pelo menos dois Irmãos preparados e com vocação a esta missão.

Um Irmão adequadamente preparado e formado, que se ocupe apenas desta actividade.

Os formadores devem ocupar-se apenas da formação; por conseguinte, devem ser dispensados de outros encargos e funções que desenvolvem na Ordem.

Os escolásticos devem ter um Mestre permanente e um Centro próprio, para evitar a dispersão.

Que os responsáveis se dediquem à PV de modo exclusivo e a tempo inteiro.

3.4 – Apoio da Província e da comunidade aos promotores da PV (7%)

No espírito do envolvimento de todos os Irmãos nesta obra preciosa da formação e da promoção vocacional, já sublinhámos que existe uma simpatia e consonância generalizada na Ordem em relação ao trabalho dos formadores e da PV. Transcrevemos aqui directamente as opiniões dos Irmãos.

Envolver todos os Irmãos da Província na pastoral vocacional. destinar um Irmão a motivar todas as Comunidades em relação

à PV. Consciência, por parte da Província, da necessidade de

empenhar-se na pastoral vocacional. Colaborar todos na Pastoral, apoiando o formador. Preparar comunidades que acolham as vocações. Permitir que cada Irmão promova a Ordem, participando em

campanhas de promoção das vocações. Não deve ser o formador, mas outro Irmão da comunidade, a

dedicar-se a esta tarefa Fundos disponíveis para a formação, para ajudar os estudantes

pobres que aspiram a ajudar-nos, mas que têm problemas em financiar os estudos.

Ter um orçamento para a acção pastoral.

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Um centro para a pastoral vocacional em cada Província, com os fundos necessários para sustentar as vocações pobres e que têm vontade de estudar e para a vida religiosa.

dedicar mais recursos humanos e económicos. É necessária a tomada de consciência, a preparação e o apoio da

Comunidade, colaborando também no acolhimento dos jovens. Que cada Irmão tenha a sua parte na pastoral vocacional e

esta não seja apenas uma tarefa do responsável pela pastoral vocacional.

A liderança da Província tem, antes de mais, que considerar este ministério como essencial para a vida da própria Província.

Melhorar a qualidade dos encontros formativos: não se encorajam encontros entre os formadores em que se pode partilhar as próprias histórias e experiências.

Nós e os responsáveis devemos ter um sentido de motivação para os jovens, procurando encorajar aqueles que se interessam pelo nosso estilo de vida e pelo nosso carisma.

Para realizar uma pastoral capaz de enfrentar os desafios da hospitalidade, penso que todos os Irmãos da Província, delegação e Comunidade devem estar envolvidos na pastoral e na formação.

Cada Irmão deve sentir que faz “parte” do ministério, mesmo quando já não é activo, por motivos de idade ou doença.

Envolver o resto da Província: Irmãos, Colaboradores e voluntários.

Pastoral dentro das comunidades, a fim de que todos sejam responsáveis pelas vocações futuras – “Vinde e vede”.

Instituir um “Aspirantado” para os candidatos. Faz-se muito. Aos responsáveis devemos gratidão e

reconhecimento. Maior consciência, por parte da Província, da importância das

vocações. Os Governos Geral e Provincial devem assumir maiores

responsabilidades neste campo. Evitar mudanças frequentes de formadores, o que influi nos

processos formativos.

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Cada comunidade deve ter no calendário actividades de pastoral vocacional.

Cada Irmão deveria poder exprimir da melhor forma os próprios talentos (por ex., se um Irmão é um bom pregador, poderia pregar durante a Missa; se um outro canta bem, pode dirigir o Coro, tocar um instrumento musical ou ensinar os jovens, etc.).

4. – PASTORAL VOCACIONAL: ESTRATÉGIAS, ITINERÁRIOS FORMATIVOS e ACOmPANHAmeNTO (31%)

Um segundo sector de intervenções espontâneas dos Irmãos concentra--se no tema da Pastoral Vocacional, articulando-o em cinco pontos, muito coerentes e homogéneos entre si, como iremos desenvolver seguidamente.

O número das respostas neste âmbito tem uma consistência maior do que no caso das precedentes, chegando aos 31% do total, mas já só no primeiro ponto (“instrumentos e estratégias”), que apresentaremos imediatamente, recolhemos 11,�%. de facto, só este ponto abrange só por si cerca de 120 respostas específicas, que subdividiremos de modo mais sistemático e racional ao redor de subtemas unitários.

4.1 – Pastoral vocacional: instrumentos e estratégias (11,8%)

Ao redor deste tema concentraram-se diferentes intervenções relacionadas com a PV que abrangem um campo muito vasto. Precisamente por isso, é necessária uma especificação ulterior para ordenar e racionalizar as propostas adquiridas.

de facto, são dadas sugestões com as articulações mais diversas, como por exemplo, estar abertos às novas possibilidades e ao diálogo com os membros da comunidade, utilizar os meios de comunicação social, sensibilizar os superiores, criar uma comunidade acolhedora, tornar- -se visíveis aos jovens, utilizar uma linguagem que eles compreendam, realizar a PV em cada um dos nossos Centros para dar a conhecer a nossa missão, etc.

Pensamos que é possível estruturar as intervenções mais originais nas seguintes quatro dimensões diversas:

1. Atitudes gerais de base. 2. Estratégias e projectos: eventos a serem realizados.3. Instrumentos e meios concretos para os realizar: meios e

comunicação, linguagem, etc.4. Estruturas organizativas a serem melhoradas.

4.1.1 – Atitudes gerais de base

Favorecer o conhecimento do carisma de S. João de deus e da História da Ordem.

Estudar formas de chegar ao mundo da juventude para dar a conhecer o que fazemos, também através dos meios modernos.

Tornar-se visíveis para se dar a conhecer, apresentando uma imagem positiva e verdadeira aos candidatos, sem criar falsas expectativas.

A história da nossa Ordem é rica em exemplos de homens que amaram nosso Senhor e que foram tocados por Ele para se ocuparem dos que sofrem. devemos fazer com que eles sejam conhecidos.

Fazer conhecer os nossos santos. Apresentar com clareza o carisma e a nossa Ordem junto dos

jovens diplomados e licenciados. Perseverança naquilo que já existe. Rezar ao Senhor da messe “para que envie operários para a sua

messe”. Ele cuidará do resto. Devemos estar abertos às vocações “mais maduras”. Maior atenção e profundidade na pastoral vocacional. devemos acolher bem as pessoas e fazer-lhes sentir que são

bem-vindas. Penso que a Ordem deveria olhar para o tema das vocações de

um ponto de vista global e a nível Provincial. O Irmão responsável pela Pastoral Vocacional deveria ter uma

atitude de acolhimento.

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4.1.2 – Estratégias e projectos: eventos a serem realizados

Uma planificação da pastoral feita pelos jovens e para os jovens.

Procurar assiduamente o contacto com os jovens, favorecendo experiências de vida de comunidade com eles.

Convidar os jovens, através da imprensa, da rádio e da televisão, para as celebrações das festas da Ordem e para os nossos congressos/simpósios.

desenvolver uma estratégia de catequese. A organização e a dinâmica da pastoral vocacional estão

certas. Envolvimento dos Colaboradores leigos em Comissões de

pastoral vocacional. Entrar nas universidades e estender o nosso ministério para ir

ao encontro dos jovens onde eles se encontram. Não podemos esperar que sejam eles a virem ter connosco.

Preparar um bom programa de pastoral vocacional. Realizar Jornadas com objectivos claros sobre a hospitalidade. Oferecer aos jovens a possibilidade de um compromisso

temporário. Trabalhar em grupo no campo da pastoral vocacional com o

envolvimento dos leigos. Participar todos os anos em mostras vocacionais, ou um Irmão

adequadamente preparado desloque-se a outras cidades para falar do carisma hospitaleiro.

Realizar a Pastoral vocacional partindo do testemunho da Pastoral da saúde.

desenvolver um programa especializado, que inclua educação, guia espiritual, etc., para compreender e aproximar-nos dos jovens antes de eles fazerem o serviço militar.

Entrar em contacto com os jovens especialmente nas cidades de pequena/média densidade populacional.

Apresentar a Ordem de múltiplas formas, por ex., através de peregrinações, conferências nas paróquias, encontros juvenis, artigos publicados em jornais e revistas, etc.

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Participar em encontros juvenis, em vigílias de oração e noutras manifestações com eles.

Ir ao encontro dos jovens dando-lhes a conhecer a pessoa de S. João de Deus, abrindo as nossas casas às pessoas que desejam conhecer-nos, organizando Jornadas de “portas abertas”.

4.1.3 – Instrumentos e meios concretos para os realizar

Utilização de meios adequados acompanhada pelo testemunho.

Utilizar o mais possível os meios de comunicação. Abrir-se ao mundo, para que se conheça a nossa existência não

só através da medicina natural e do trabalho hospitaleiro, mas também dos meios de comunicação.

distribuir desdobráveis nas escolas, universidade, igrejas, etc. Visitar colégios, paróquias, liceus, escolas superiores, etc. Continuar a utilizar os meios de comunicação e as igrejas locais

para promover as vocações. Usar uma linguagem que os jovens possam compreender. Ter à disposição meios de comunicação e de transporte que

permitam deslocar-se pelo país e estar presentes nos centros relacionados com a vida espiritual dos jovens.

Os serviços de Pastoral da Província deveriam publicar panfletos de propaganda, tendo em conta os diferentes países, elaborando materiais em formato multimédia (vídeo, dVd).

Investir em meios que nos façam conhecer: marketing, publicidade, etc.

dar impulso aos passeios e visitas a colégios ou escolas para dar a conhecer aí a nossa missão.

Destinar recursos e fundos à promoção vocacional e organizar programas especiais para promover as vocações.

Ajudar os jovens que não dispõem de meios financeiros a completar a sua formação escolar.

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4.1.4 Estruturas organizativas a serem melhoradas

Proporcionar espaços de encontro entre Irmãos e candidatos. Proporcionar aos jovens experiências de vida de comunidade:

silêncio, oração e hospitalidade. Maior abertura das comunidades aos jovens. Criar comunidades que acolham os candidatos. Participar em fóruns de jovens com o nosso compromisso

cristão. Abrir-se aos jovens através das Escolas de Enfermagem. Organizar um verdadeiro centro onde acolher os jovens em

busca. As escolas apostólicas eram um viveiro de vocações. deveríamos criar comunidades expressamente destinadas

a acolher os jovens que queiram experimentar durante um determinado período de tempo o nosso modo de viver.

Criar uma organização de voluntariado à qual poderão pertencer as pessoas que no futuro queiram tornar-se Irmãos na nossa Ordem.

Criar “aspirantados” para jovens nas casas da Ordem e organizar um programa adequado para os aspirantes.

Rever a localização dos centros de formação que actualmente estão demasiadamente abertos ao mundo exterior.

4.2 – Pastoral juvenil (4,3%)

Pastoral vocacional e pastoral juvenil estão entretanto estreitamente ligadas, não só relativamente aos seus próprios destinatários, mas também a nível institucional, na medida em que a PV nada mais é senão a maturação do fruto da pastoral juvenil, uma sua consequência optimal, em que o desenvolvimento da vida de fé dos cristãos desagua numa generosa dedicação de si mesmo a uma maior e total consagração a deus e aos Irmãos na Igreja, através do carisma específico de uma Ordem ou Congregação que responde de modo particular, em consonância com as suas próprias atitudes, interesses e aspirações.

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Também neste âmbito se registaram numerosas intervenções espontâneas e de vária natureza que é útil tomar em consideração, como estimulo para a reflexão dos responsáveis.

4.2.1 – Atitudes fundamentais

Repor a confiança nos jovens e estar abertos ao mundo. Proximidade em tratar com os jovens e mais decisão em ir ao

seu encontro. Mais compreensão com os jovens: melhor conhecimento e

acolhimento. Compreender a Vida religiosa como chamamento do Senhor e

resposta do jovem. Os Irmãos devem ir ao encontro dos jovens, sem esperar

que sejam eles a virem ter connosco; compreender os seus sentimentos para os ajudar.

Encorajar as vocações, estando próximos dos jovens e da cultura deles, de forma que possam aproximar-se de nós; os formadores devem conhecer profundamente os problemas dos jovens.

Participar nos encontros organizados ou nos movimentos animados pelos jovens.

Os membros da Província ou da Comunidade deveriam estar abertos aos jovens, compartilhando com eles a própria experiência pessoal.

Ir ao encontro dos jovens de todas as condições sociais, mesmo das classes mais desfavorecidas.

4.2.2 – Propostas operativas

Organizar e começar a pastoral juvenil. Ajudar cada jovem a descobrir a própria vocação. Realizar mais actividades directamente com os jovens,

ajudando-os a entrar em contacto com a realidade e despertar neles a solidariedade. Estabelecer uma relação mais intensa, dialogando com os jovens.

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Contactar mais frequentemente com os jovens, principalmente aqueles que parecem chamados para serem Irmãos de S. João de deus. Ouvir a opinião dos padres das paróquias a que eles pertencem.

Ser capazes de dizer aos jovens: “Vinde e vede” como vivemos, convidando-os a vir visitar-nos nas nossas Casas.

devia-se dar a possibilidade aos jovens que desejam partilhar o carisma da Ordem de formarem uma comunidade onde possam conviver durante um determinado tempo; dessa comunidade poderiam surgir novos Irmãos ou voluntários.

Estar mais envolvidos com os grupos juvenis: “campus” e, eventualmente, criá-los.

4.3 – Pastoral vocacional: itinerários formativos e pedagógicos para a formação dos candidatos (5,9%)

Todo o parágrafo em questão pretende organizar de modo sistemático e racional as propostas dos Irmãos em relação à PV. Por exigências de clareza metodológica, subdividimo-las em diferentes sectores mais específicos. Neste ponto pretendemos organizar ainda mais as propostas relativas aos possíveis itinerários pedagógicos a serem implementados ou melhorados. Para não fazer uma lista incoerente de propostas, julgamos oportuno organizá-las ao redor de três núcleos principais, tendo consciência de possíveis repetições com as sugestões acima transcritas, nomeadamente:

atitudes de fundo, reais ou a serem assumidas; conteúdos teóricos destes itinerários; propostas metodológicas práticas.

4.3.1 – Atitudes de fundo, reais ou a serem assumidas

Acreditar na capacidade de entrega dos jovens. A Pastoral vocacional deverá oferecer aos jovens experiências

fortes, mas, antes de mais, deverá contar com a disponibilidade dos Irmãos sacerdotes para trabalhar neste sector, e desenvolver uma cultura positiva em relação à vida e ao futuro.

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Clareza nas formulações fundamentais e em propor aos jovens o nosso carisma: abertura e sinceridade com os candidatos.

Melhor relação interpessoal entre formador e formando. Assumir a formação como um processo dinâmico: respeitar os

processos dos jovens sem os acelerar, de forma que possam descobrir a própria pessoa, tal como ela é.

Integração progressiva dos jovens na missão e no estilo de vida dos Irmãos.

Não queimar etapas nem processos: compreender e respeitar os ritmos dos jovens.

Melhorar o diálogo, a confiança e o respeito mútuo entre formadores e formandos.

Acolher o jovem tal como ele é, respeitando as suas inquietações e o seu estilo de vida.

Os responsáveis devem ter a capacidade de acender nos corações dos jovens o amor pela vocação hospitaleira (Pedagogia da vocação).

Não devemos ser demasiado exigentes em relação aos candidatos (as coisas excepcionais devemos ou podemos pretendê-las de nós mesmos).

Saber acolher os candidatos partindo da realidade. Os Irmãos deveriam ter um programa capaz de atrair os jovens

e os homens de meia-idade interessados em tornar-se Irmãos de S. João de Deus. Devemos dedicar uma grande atenção às vocações tardias (a idade não deve ser um obstáculo).

Que a pastoral vocacional seja aberta e coerente, isto é, quantos têm esta tarefa sejam realmente abertos aos jovens para dialogar francamente com eles, a fim de os orientar na nossa vocação hospitaleira.

Os nossos critérios para o discernimento das vocações e a aceitação dos candidatos ao noviciado, à primeira profissão e à renovação dos votos finais estão hoje ultrapassados.

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4.3.2 – Contidos teóricos e práticos

Oferecer uma verdadeira hospitalidade aos que querem entrar na nossa Ordem.

Misturar sabiamente a tradição com a inovação e as suas motivações.

Talvez fosse conveniente, através de um questionário, sondar os jovens para se saber o que significa para eles a vida religiosa e como eles a concebem.

Ajudar os jovens no crescimento humano e no serviço. Prestar muita atenção ao crescimento integral dos formandos

para assegurar o crescimento e o amadurecimento integral, especialmente no serviço.

duração no tempo: a primeira etapa para um candidato deve consistir em ele estar interessado e em ser formado muito seriamente.

Formar os candidatos nos fundamentos da fé e da vida espiritual, porque se o candidato à vida religiosa não tiver uma união profunda e pessoal com deus resulta difícil a sua perseverança.

As pessoas estão prontas para dar a própria vida depois da educação e das experiências de vida.

dar uma formação madura em teologia e psicopedagogia. Formar para a novidade dos novos tempos. Trabalhar a estrutura interna do candidato.

Uma formação baseada na descoberta gradual da vida religiosa e das suas exigências, talvez com algum segredo em cada etapa.

S. João de deus, na Carta a Luís baptista, dá-nos o exemplo de como (in)formar os jovens.

Convidar os jovens a viver a experiência de serviço e devoção na missão hospitaleira.

Formar melhor para o espírito de serviço dos Irmãos e alargar a nossa acção.

Educar e formar para a vida cristã.

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Começar a formação com um estilo de vida simples e com menos conforto.

Motivar de modo permanente, a fim de privilegiar a acção a favor das pessoas que precisam da nossa ajuda, do nosso acolhimento e da nossa fraternidade.

Promover experiências hospitaleiras a fim de que os jovens façam uma experiência de vida hospitaleira num dos Centros da Província e conheçam melhor o nosso apostolado.

Incutir nos formandos o espírito de dedicação e sacrifício a favor dos pobres e dos necessitados.

Proporcionar uma adequada formação psicossexual dos Irmãos, na formação inicial e também na permanente, para evitar problemas futuros.

Estar esclarecidos de que a formação deve preparar para a vida e não “fabricar religiosos”.

4.3.3 – Propostas metodológicas operativas

Organizar conferências especiais sobre a hospitalidade. Centros de formação mais abertos (não “guetos”). Usar uma linguagem compreensível. Preparar adequadamente os candidatos antes da sua entrada

para a Ordem. Haver um projecto integral de pastoral vocacional que responda

às expectativas dos jovens. Planificar um programa para o grupo, submetendo-o

periodicamente a avaliação. Trabalhar em equipa, baseando-se num plano concreto e periodicamente avaliado, também com outros membros da Província.

O Responsável pela Pastoral Vocacional deveria trabalhar com outros promotores das vocações, quer a nível local quer nacional.

dar testemunho, narrando a história da própria vocação. Organizar seminários e cursos para os jovens sobre as

diferentes orientações da vida.

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O formador vocacional disponha de tempo suficiente para acompanhar e escutar os jovens.

Estou preocupado porque na Ásia e na África entram candidatos demasiado jovens.

4.4 – Selecção dos candidatos, discernimento e acompanhamento

4.4.1 – Selecção dos candidatos

Conhecer as motivações dos jovens. Fazer de modo que o candidato seja responsável pela sua

decisão e do seu desejo. Não ter medo dos critérios de selecção dos candidatos, segundo

o direito Canónico. devemos ser sinceros e seleccionar só as pessoas que tenham

boas probabilidades de perseverar, preferindo a qualidade à quantidade.

No momento de fazer a selecção não aceitar candidatos demasiado jovens.

Deve-se fazer uma observação muito séria antes de definir um plano concreto de acção. Caso se verifiquem dificuldades sérias, elas devem ser comunicadas, e não “ocultadas” ou ignoradas. Referir portanto também os aspectos negativos, mesmo que não sejam agradáveis. desta forma, o plano terá alguma hipótese de ser posto em prática de modo realista, sobretudo se houver boa vontade de participação por parte dos Irmãos.

Os critérios para a selecção não deveriam basear-se apenas em critérios relacionados com a Enfermagem, mas também com o trabalho social, a administração, etc.

Realizar um discernimento sério sobre os candidatos que se apresentam, apesar da escassez de novas vocações (qualidade antes da quantidade). Estar disponíveis para acolher os jovens que encontram dificuldades em decidir.

A selecção deveria ser feita por uma equipa, depois de uma cuidadosa consulta.

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Não pensar apenas nos mais dotados, intelectualmente, esquecendo-se de verdadeiras vocações, só porque não têm uma formação académica suficiente.

4.4.2 – Discernimento

dar aos jovens a possibilidade de conhecer a nossa vida e a nossa identidade, para que possam discernir a própria vocação: eles podem decidir se unir-se ou não a nós, em vez de os aceitar no Postulantado.

Procurar a clareza no futuro apostólico: discernimento e diálogo.

Estar abertos e próximos dos jovens que procuram uma orientação vocacional.

Aplicar os critérios de discernimento, utilizando os auxílios complementares e das ciências humanas.

Fazer com que os jovens realizem um processo mais longo de discernimento antes de entrar.

Adoptar uma nova aproximação aos jovens, com muita tolerância.

Ajudar os jovens a compreender que a nossa missão não é uma forma de voluntariado, mas sim uma vocação.

Compreender qual é o verdadeiro itinerário de um seguidor de S. João de deus.

É preciso intervir bem na dificuldade do jovem. Ajudar os candidatos ou formandos a decidir eles mesmos

sobre a própria renúncia quando se constatar objectivamente que não são aptos para a vida na Ordem.

O discernimento tem que ser individual e colectivo, ou seja, deve consistir numa resposta total de toda a Província, tendo em vista estudar o perfil de cada candidato e orientá-lo segundo as necessidades das Províncias.

4.4.3 – Acompanhamento

Haver um período de acompanhamento e um processo de experiências, necessário para o seu discernimento.

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Acompanhamento personalizado e fraterno até à profissão solene.

O formador, ao ensinar, corrigir e exigir, deveria demonstrar uma grande compreensão.

durante a formação do candidato e do noviço, é preciso verificar com atenção se eles possuem as motivações, as qualidades humanas, intelectuais, psicológicas e espirituais, etc., necessárias para o desenvolvimento da vocação religiosa.

Os Governos Geral e Provincial deveriam cuidar em primeiro lugar dos Irmãos, acompanhando-os e reservando o tempo necessário para isso.

devemos apoiar aqueles que vêm, em cada etapa, acompanhando mais de perto os Irmãos jovens.

Realizar o acompanhamento para promover o discernimento ao longo do processo formativo.

Um acompanhamento sem complexos dos candidatos, mais demorado e rigoroso.

Realizar o acompanhamento durante a formação inicial (três etapas).

Formar uma comunidade com a única finalidade de acompanhar os jovens.

Elaborar uma ficha pessoal de acompanhamento.

4.5 – Cuidado do contexto sociocultural e familiar

Em todas as análises da investigação valorizámos sempre a especificidade dos diferentes contextos socioculturais das áreas geográficas da missão apostólica. Insistem neste aspecto também as propostas dos Irmãos, embora de modo propositivo e geral, confirmando assim esta necessidade, aliás bastante óbvia. Porém, verdadeiramente original é a abordagem das famílias, o seu conhecimento, o cuidado e o contacto com elas, como contexto mais imediato e mais revelador também da personalidade dos candidatos.

Por outro lado, há também outro aspecto, ou seja, o de se fazer um tipo de trabalho apostólico dirigido às famílias como terreno de crescimento e

desenvolvimento da vocação dos filhos. Neste sentido, as famílias tornam- -se destinatárias da missão dos Irmãos de S. João de deus e, ao mesmo tempo, sujeitos activos e responsáveis pelo amadurecimento das vocações.

São estas as ideias fundamentais que as sugestões dos Irmãos sublinham com particular interesse, como se pode constatar pelas indicações que a seguir transcrevemos, divididas em dois pontos:

1. Cuidado do contexto sociocultural 2. Cuidado do contexto familiar

4.5.1 – Cuidado do contexto sociocultural

Um conhecimento real do mundo que nos rodeia, sem preconceitos nem medos.

Realizar uma Pastoral vocacional a partir do contexto real das Províncias e para os Irmãos do lugar.

Oferecer um acompanhamento constante aos jovens, com visitas aos lugares onde eles residem.

Conhecer as diferentes realidades dos grupos humanos onde realizamos a pastoral.

Estar mais conscientes da realidade social: é necessário conhecer melhor a juventude e a época em que ela vive, para a podermos compreender profundamente.

É importante ter intuído a situação existencial dos jovens (dos pontos de vista social e religioso) e saber amá-los e aceitá- -los hoje. Conhecer o seu mundo e como eles vêem o mundo de amanhã.

dado que as sociedades e as culturas são muito diferentes nos vários continentes, não estabelecer normas universais para a Pastoral Vocacional.

Fazer de maneira que cada região desenvolva programas adequados para cada área local.

Ter em conta que os jovens são o fruto da sociedade e da geração a que pertencem, provêm de um ambiente diferente do nosso, e passaram por experiências que no passado eram impensáveis.

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A hospitalidade é como uma espécie de guarda-chuva que abrange todas as práticas, juntamente com a cultura e os costumes tradicionais.

4.5.2 – Cuidado do contexto familiar

Situação da família. Problemas de natureza familiar. Valores promovidos na família. Grau de sensibilidade e formação das famílias.

Envolver as famílias, fazendo-as conhecer a missão da Ordem. Conhecer a família, o ambiente social e cultural e a sua

participação activa na vida da Igreja local. Visitar os jovens e os seus familiares nos lugares onde eles vivem.

Trabalhar com as famílias, integradas no ambiente em que se encontram.

Integrar os pais no processo formativo. Visitar as aldeias dos candidatos para ver como vivem as suas

famílias e ouvir a sua opinião antes de o jovem entrar para a Ordem.

Aceitar jovens que provenham de famílias “saudáveis”, de oração, dedicadas à Igreja e às pessoas necessitadas.

As pessoas que se ocupam da Pastoral Vocacional deveriam encontrar tempo para estudar o candidato e a sua origem, bem como os antecedentes familiares, visitando também a sua casa.

A apresentação deste ponto permitiu, através de uma leitura bastante analítica, coordenar as diversas intervenções, livremente expressas pelos Irmãos, sobre o tema da Pastoral vocacional, nas suas diferentes dimensões, ou seja, de ligação profunda com a pastoral juvenil, de empenhamento nas suas articulações intrínsecas; permitiu ainda que nos ocupássemos das estratégias e dos instrumentos metodológicos, dos itinerários formativos e pedagógicos na formação dos candidatos, nas várias fases da selecção, do discernimento e acompanhamento, sem descurar aquele aspecto não irrelevante que é a relação com as famílias de origem, destinatárias e sujeitos também da própria pastoral vocacional.

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5. COmUNIdAde FrATerNA de VIdA CONSAGrAdA e TeSTemUNHO dA HOSPITALIdAde (46,6%)

A maior parte das propostas apresentadas pelos Irmãos concentraram--se porém numa dimensão mais interna da Ordem, ou seja, sobre o tema da comunidade, da vida interior e da consagração religiosa, da hospitalidade como carisma específico, do estilo de vida pessoal do Irmão de S. João de Deus, e da sua preparação espiritual e técnico-profissional.

Partindo destas directrizes, orientámos a organização das propostas recebidas dos Irmãos, que constituem quase metade (46,6%) de todas as suas sugestões. Na realidade, a PV, como fizemos várias vezes durante a investigação, não é feita apenas pelo promotor, ou só pela equipa da PV, mas é tarefa em que todos os Irmãos estão envolvidos e se sentem co--responsáveis, em vista do melhor desenvolvimento da espiritualidade e da continuidade da missão que a Ordem desenvolve na Igreja e na sociedade. Por isso, assume uma enorme importância o próprio testemunho de vida dos Irmãos e de cada comunidade que actuam no espaço territorial em que estão presentes para desenvolver as suas actividades.

5.1 – Comunidade fraterna e vida interior (11,2%)

Subdividimos este ponto em três sectores relativos à comunidade fraterna, à sua vida interior de fé e de relação com Deus e, finalmente, à relação com as vocações. Em todos eles sublinha-se a urgência de um compromisso mais intenso, que se exprima nas seguintes direcções.

5.1.1 – Comunidade e vida fraterna

Mais fraternidade, oração, diálogo e confiança através de uma espiritualidade fraterna bem vivida e uma vida religiosa vivida seriamente.

Ter presente o valor da solidariedade e a mensagem coerente. Ser fiéis ao carisma da Ordem. Também eu me empenharei em mudar, para ser um

verdadeiro Irmão de S. João de deus, pois sou pecador e falho frequentemente.

Viver e tomar a sério o espírito da Regra, das Constituições e o Evangelho.

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5.1.2 – Comunidade, vida interior e espiritualidade

A insistência na oração é um ponto muito forte, difuso, repetido com uma percentagem muito alta, ocupando um dos primeiros lugares mais sublinhados pelas propostas. No entanto, este aspecto, que reflecte uma atitude importante de fundo da vida consagrada, limitou-se geralmente a dar a simples indicação de “rezar”, que acolhemos, mas que repetimos só poucas vezes.

Ser homens de oração, tenazes: devemos ser homens de oração e testemunhas da nossa espiritualidade, rezando para sermos fiéis e autênticos até ao fim.

desenvolvimento da vida interior e de uma vida autêntica de oração.

Promover a vida comunitária e espiritual, a espiritualidade autêntica da Ordem.

Testemunhas de fé através de uma vida espiritual, humilde e fraterna, alimentada pela Eucaristia.

Comunidade fortalecida por uma vida espiritual forte, por um maior espírito de fé e confiança em Cristo. Aprofundar a vida comunitária e espiritual. Fazer de Cristo o único modelo e o centro da nossa vida. Maior confiança em Deus e deixar agir o Espírito.

Primado de deus e da oração: mais adoração eucarística, horas de adoração eucarística, de dia e de noite.

Fortalecer nas nossas comunidades um ambiente de oração que seja o centro da vida espiritual da Comunidade: para isso, promover a pedagogia da oração.

devemos mergulhar em profundidade, sem medo, e pôr tudo novamente nas mãos de deus.

Somos demasiado rígidos nas nossas celebrações litúrgicas. Peço todos os dias a deus que aconteça um novo Pentecostes no

nosso mundo, especialmente nos países mais ricos da Europa, e que os jovens penetrem no mais profundo do seu coração para reencontrarem aquele deus que não deixaram de conhecer, e o seu apelo a segui-l’O.

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Envolver os Irmãos na vida de oração com métodos inovadores.

Voltar à fonte que é Deus: o Irmão vive de Cristo e acredita profundamente.

Oferecer manifestações espirituais próprias: não devemos ter medo de partilhar e falar de realidades espirituais. Pelo contrário, devemos encorajar o surgir de questões e debates sobre todos os aspectos do nosso compromisso com deus.

Elevar o nível da vida espiritual; ser pessoas identificadas com Cristo, na abertura, na disponibilidade e na confiança no Espírito.

Rezar mais e melhor para cumprir a vontade de deus acerca da própria pessoa e da Ordem.

Cada comunidade precisa de um director espiritual, que seja um sacerdote religioso, para manter o espírito de S. João de deus. O ideal seria que fosse um sacerdote da nossa Ordem.

5.1.3 – Comunidade e vocações

Além da propaganda, manifestar o Espírito, a interioridade de cada um para dar impulso às vocações.

Comunidades-modelo para acolher os jovens. Promotores – homens de oração e rezar pelas novas vocações,

sem cessar. Fazer promoção vocacional vivendo e cultivando o amor filial

para com o Pai.

5.2 – Comunidade: testemunho de vida consagrada na hospitalidade (16,3%)

Estamos aqui perante uma série de propostas que rondaram a percentagem mais elevada, com 165 sugestões, muito semelhantes entre si, mas todas convergentes a fim de encorajar, promover e solicitar o testemunho de uma vida de comunidade que seja um sinal evidente e visível da própria vida consagrada, no estilo da hospitalidade como carisma específico da Ordem. Trata-se de uma insistência na necessidade do testemunho, que é

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verdadeiramente louvável e rico em amor pela Ordem. Evidenciamos aqui os elementos mais ricos, originais e interessantes para alargar a gama das tonalidades com que são solicitadas a hospitalidade e a missão da Ordem.

Para melhor recuperar os estímulos oferecidos, na sua riqueza e variedade, decidimos subdividi-los nos seguintes pontos.

1. Valor da hospitalidade2. Atitudes de fundo para viver a própria consagração3. Elementos específicos da vida consagrada: conteúdos4. Testemunho e visibilidade.

5.2.1 – Valor da hospitalidade

Sublinhar a importância da hospitalidade no contexto das gerações jovens, pondo em relevo a doação e a prática como canais para viver o espírito da hospitalidade.

Haver comunidades acolhedoras e vivas: acolhimento, respeito recíproco, porque a experiência religiosa dos Irmãos idosos pode e deve ser um testemunho da nossa vida hospitaleira; muitas vezes, os Irmãos idosos já não sabem bem que direcção a Ordem está a tomar.

Uma vida de comunidade plenamente empenhada na hospitalidade, mas também na prática pessoal da hospitalidade. Viver profundamente a nossa vida de consagração na hospitalidade.

Julgo ser necessário voltar atrás, recuperando as raízes da hospitalidade.

Os superiores devem ocupar-se da hospitalidade: focalização no carisma da hospitalidade.

Clima de autenticidade e abertura aos jovens: comunidades abertas, acolhedoras, alegres, empenhadas nas obras, e de oração.

Que as comunidades tenham uma vida acolhedora, alegre e fraterna, em resumo, uma vida apelativa e visível! Eu, com �4 anos, posso servir fielmente a Deus e ao necessitado apenas com o meu amor fraterno. Não afastar os idosos dos Irmãos em idade mais avançada nem dos doentes que a Ordem assiste.

O acolhimento, o respeito mútuo, porque a experiência religiosa dos Irmãos idosos pode e deve permanecer um testemunho da nossa vida hospitaleira.

Ter um conhecimento adequado da hospitalidade. Viver e oferecer uma hospitalidade autêntica às pessoas em busca.

5.2.2 – Atitudes de fundo para viver a própria consagração

Realizar o nosso trabalho com paixão e alegria no serviço a deus e aos pobres.

Amor autêntico aos irmãos e à Ordem: acima de tudo, é necessário que das acções – e não só das palavras – transpareça um amor autêntico a deus, aos irmãos (o próximo) e a nós mesmos.

Acolhedor, disponível, servidor e fiel, que os jovens encontrem uma correspondência entre o que se diz e o que se vive.

Autenticidade e lealdade nas obras, na alegria e na partilha. Um bom testemunho de vida do Irmão e na base do que se disse

no n° 53: figura e carisma do Fundador; vida fraterna autêntica e alegre, etc.

Ser autênticos, humildes, compreensivos, alegres e espirituais.

Redescobrir o carisma e a missão que perdemos. Amor que se faz hospitalidade pelos Irmãos e os leigos, para

servir com o coração a pessoa doente. Ser alegres no ministério, estar próximos dos marginalizados e

passar algum tempo efectivo com as pessoas que servimos. Para atrair novas vocações, nós, os Irmãos, devemos apresentar-

-nos emocionalmente maduros, profundamente espirituais e prontos para o sacrifício, como resultado de um modo de vida que é fruto de um processo de crescimento permanente.

É necessária a paixão por deus e pela humanidade: reconhecer Cristo na pessoa doente.

Ser transparentes naquilo que se comunica: cuidar do modo como se age com os Irmãos.

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Pessoas com sensibilidade para a assistência à pessoa que sofre.

Viver a missão que me é pedida com dedicação como sendo a coisa melhor que posso fazer.

Que tudo aquilo que faço surja do meu ser consagrado ao Senhor.

Cultivar uma mentalidade missionária: amar autenticamente os destinatários do nosso serviço.

Se somos religiosos autênticos, mesmo se tivermos sido degradados, não devemos considerar isso como um fracasso, pois a verdadeira autoridade vem só de deus. O poder e a autoridade vão e vêm, não devemos depender deles.

Mostrar respeito e aceitar as fraquezas dos outros. Maior abertura e envolvimento das comunidades nos

compromissos apostólicos. Como Irmãos de S. João de deus, temos que prosseguir o

trabalho que ele começou: ocupar-nos dos doentes, dos pobres e dos idosos e praticar a misericórdia.

5.2.3 – Conteúdos específicos da vida consagrada

Tornar a viver com o doente. Uma comunidade de apoio em que se vive realmente o espírito

religioso, o espírito comunitário e o cuidado dos doentes. Ter comunidades acolhedoras e vivas. Que as nossas comunidades reflictam um clima e um estilo de

vida de pessoas consagradas. Testemunho de uma vida autêntica, capaz de entusiasmar. Dedicar-se mais à assistência dos doentes. Vida de trabalho, oração e dedicação, que manifeste que

encarnamos e vivemos o carisma de S. João de deus. Se estamos ao lado de quem se encontra em estado de

necessidade, outras pessoas se poderão unir a nós. Atenção aos doentes e mais dedicação aos pobres.

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Envolvimento dos jovens (homens e mulheres) nas obras hospitaleiras dos voluntários, com um enfoque na espiritualidade (assistência ao próximo).

Mais solidariedade entre os Irmãos e mais respeito mútuo entre os Irmãos e melhoria da vida fraterna nas comunidades.

Presença dos Irmãos como religiosos no centro e nos arredores do centro.

O ministério pastoral das vocações é florescente quando a vida comunitária é vibrante, viva, quando os Irmãos rezam, trabalham e vivem juntos.

Criar consciência nas Comunidades de forma que dêem um testemunho coerente.

5.2.4 – Testemunho e visibilidade

Hoje os jovens têm necessidade de ver pessoas ou grupos de pessoas que possam tocar os seus ideais de vida e o seu desejo de viver uma vida que tenha significado.

Ser testemunhas à maneira de João Paulo II e de S. João de deus.

Visibilidade dos religiosos com os doentes: que a nossa vida religiosa-hospitaleira seja mais exemplar para todos; que as nossas obras ajudem as pessoas a chegarem a deus.

Testemunho perante a dor e a doença. Testemunhar com a fraternidade a dedicação à missão: ser

servidores. Ser guias e luz no Centro hospitaleiro. dar a conhecer a nossa Ordem fornecendo informações sobre o

nosso Fundador e o nosso carisma. Manifestar que somos consagrados. Que sejam Irmãos que amam o doente e o necessitado. Nos momentos de convivência vocacionais deixar transparecer

a espiritualidade da Ordem hospitaleira. Mostrar-lhes a realidade da nossa vida: o que somos e o que

fazemos.

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Ser um verdadeiro consagrado na oração pessoal e comunitária e dar testemunho disso na vida. Não viver uma vida dupla, com Sim e Não na obediência, castidade e pobreza.

Observando o nosso trabalho, as pessoas devem estar seguras de que servimos a deus no próximo.

Mostrar (testemunhar) a necessidade da existência de uma Ordem hospitaleira: a sua importância e necessidade no mundo de hoje, e a sua autenticidade.

Os religiosos, quando houver jovens na comunidade e/ou no hospital, devem viver o seu dia-a-dia com naturalidade e normalidade.

Ser presença significativa dentro e fora da Comunidade. Sobretudo o testemunho pessoal do valor da vida consagrada

e hospitaleira. Isso determina um contributo pessoal para a formação da personalidade à luz da fé.

Chegar aos jovens com o testemunho e a mensagem de S. João de deus.

Mostrar, através da própria atitude, que o serviço hospitaleiro, independentemente da época, é um grande dom e, ao mesmo tempo, uma tarefa importante.

Mais testemunhos dos Irmãos nas obras apostólicas, unindo os nossos esforços e os nossos talentos, levando por diante a missão com hospitalidade misericordiosa, paciência e humildade.

Presença dos Irmãos como religiosos no centro e nos arredores do centro.

Ser mais testemunhas do que patrões. Mostrar os resultados da nossa acção em bons centros

hospitalares, conhecidos e famosos na região. Realizar um bom trabalho de imagem nas nossas obras, dando

visibilidade não só às nossas prestações técnico-profissionais, mas também aos nossos valores espirituais.

Testemunho eloquente e autêntico de vida por parte dos Irmãos na vida activa: alguns dos nossos Colaboradores gostariam de “ver”, a nossa vida mais terrestre.

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Testemunho de dedicação, generosidade e disponibilidade, de vida e de dedicação dos Irmãos.

Testemunho do nosso compromisso com deus, a humanidade sofredora e a Igreja. Mostrar a nossa alegria e não só as dificuldades e os desafios que temos de enfrentar.

5.3 – Novas formas da hospitalidade (4%)

O carisma da hospitalidade constitui a especificidade da missão hospitaleira dos Irmãos, mas a sua inculturação nos vários contextos é um dos objectivos que todo o processo de renovação ordinariamente tende a propor-se. No nosso caso, o estímulo também das transformações sociais que presenciamos representa uma solicitação a tomá-lo em consideração com um cuidado cada vez maior: 4% das propostas concentram-se ao redor desta tipicidade que, aliás, é também a parte mais inovadora.

Particularmente neste ponto consideramos as sugestões mais maduras e reflectidas, mais elaboradas, originais e propositivas, deixando de lado as mais genéricas e obviamente descontadas.

Parece-nos útil, contudo, citar integralmente, e em primeiro lugar, o comentário bastante interessante e abrangente, mais articulado e orgânico, sobre a relação dos jovens com a hospitalidade, que faz pensar:

“Hoje, a hospitalidade pode ser praticada sem necessidade de se ser religiosos e os jovens gostam da aventura, o que dificilmente encontram no hospital. Nas nossas Comunidades tudo está já determinado; os Colaboradores fazem tudo; os jovens e os candidatos são considerados no funcionamento do hospital como um peso ou, no máximo, como assistentes. O hospital de hoje oferece aos jovens poucas oportunidades de realização. Os jovens podem descobrir a própria vocação no serviço às pessoas deficientes, aos marginalizados, aos sem-abrigo, aos alcoólicos, aos toxicodependentes ou no Terceiro mundo, onde podem viver, praticar e imitar directamente a caridade. Os jovens imitam-nos; o que nós fazemos, também eles tentam fazer. Mas, se o que fazemos é demasiado pouco, simples demais e pouco interessante, então eles abandonam-nos”.

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Hoje, nos nossos países, a “esperança de vida”, em constante aumento, é tal que a necessidade de ajudar as pessoas nunca deixará de aumentar também. Numerosas associações tentam dar respostas. Será utópico esperar que os religiosos da Igreja aceitem o desafio?

Temos consciência de que a nossa Ordem está lentamente a extinguir-se, como confirmam as nossas estatísticas: esta devia ser uma preocupação para cada um de nós.

Criar uma comunidade de Irmãos jovens, capazes de fundar um novo estilo de vida de oração, de fraternidade e apostolado, de acordo com as exigências da nova hospitalidade.

Alargar os horizontes do conceito de hospitalidade para além da relação com os doentes e da gestão dos centros hospitalares. Não limitar-se apenas a servir dentro das paredes dos conventos ou dos hospitais.

Estudo pessoal dos documentos da Ordem e dos ensinamentos da Igreja sobre questões sociais.

Os jovens de hoje são menos levados a consagrar-se na vida religiosa, a desenvolver o serviço do ensino e da saúde, actividades das quais já se ocupa o Estado. É necessário, por isso, formar para a novidade.

O trabalho no campo hospitaleiro externo poderia ser, para o testemunho, uma fonte ou um novo impulso para a vida consagrada hospitaleira. Estar abertos e ser profetas dos pobres.

Estudo e novas formas para um maior empenhamento nas pequenas obras.

Reduzir as obras e potenciar as comunidades. As obras hospitaleiras são objecto de demasiada preocupação para os Irmãos.

Julgo que estamos disponíveis para enfrentar novos desafios; alguns de nós não estão, mas não devem bloquear os outros. devemos estar abertos a novas formas de hospitalidade, de acordo com as necessidades da sociedade moderna.

Hospitalidade como amizade para as pessoas, em vez de institucionalização.

Menos conservadores, mais livres, atentos às novas formas de pobreza.

Uma mudança profunda do estilo de vida em comum que valorize a responsabilidade.

As nossas obras deveriam ser simples, e directamente dirigidas aos pobres.

Os Irmãos no Postulantado e no Noviciado deveriam fazer a experiência de serviço aos pobres e aos necessitados não só nos nossos centros, mas também na comunidade local.

Hoje os jovens são muito sensíveis e apaixonados pela solidariedade no campo sanitário, para a família. (deste modo, o carisma de João de deus torna-se também o carisma dos jovens que aspiram a segui-lo).

Regressar às origens: ir ter com os pobres, como fazia S. João de Deus. Evitar ficar fechados nas nossas estruturas e tentar ver as necessidades das pessoas que nos rodeiam.

Ser sinceros e estar abertos às novas necessidades da sociedade.

É necessária a hospitalidade criativa, por ex., na assistência domiciliária aos doentes.

deveríamos estar livres do conceito tradicional das organizações religiosas.

Compromisso de trabalho no campo social onde o governo não fornece apoio.

A Ordem deve compreender melhor e empenhar-se mais em relação aos pobres e aos necessitados. Viver mais próximos e diante dos pobres.

Sair de casa para ir ao encontro das pessoas pobres e dos sem--abrigo.

5.4 – Estilo de vida do Irmão de S. João de Deus (12,5%)

Estudando a comunidade na sua consagração e na realização da sua missão, o estilo de vida de cada Irmão, juntamente com o da comunidade, constitui a sua dimensão central, especialmente numa época como a nossa em que dela depende o próprio testemunho de visibilidade perante o mundo que nos rodeia.

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A quantidade notável das propostas recebidas, 12�, é um sinal tangível da centralidade e da importância desta questão na própria consciência dos Irmãos.

O estilo de vida de uma pessoa e de uma comunidade caracteriza-se pelas motivações que o animam e pelo quadro de valores, pelas atitudes mais profundas, mas também pelos comportamentos exteriores e visíveis, pelo estilo das relações interpessoais que ajudam a construir ou a desagregar a comunidade.

Repete-se frequentemente o apelo a um estilo de vida mais simples, mais pobre, ao regresso às origens, à autenticidade, à simplicidade, a um aprofundamento da própria vida espiritual, à redescoberta do carisma original, à coerência e à autenticidade, à vocação vivida com alegria, a uma comunidade aberta, acolhedora, fraterna na solidariedade e na compreensão recíproca, dialogante. Sente-se a necessidade de mudar o próprio estilo de vida actual, contra todas as formas de aburguesamento, secularismo e individualismo.

É sobre estas dimensões que se desenvolve a organização das respostas recebidas, por nós oportunamente distribuídas, segundo o alinhamento seguinte:

motivações e quadro de valores atitudes profundas comportamentos exteriores relações interpessoais.

5.4.1 – Motivações e quadro de valores

deveria perguntar a mim mesmo: ocupo o justo lugar na minha comunidade, ou desempenho apenas um papel decorativo? Como religioso, é o poder que me guia?

Irmãos felizes e orgulhosos da própria vocação de serem Irmãos e não sacerdotes.

Mostrar a autenticidade como valor que vale a pena seguir. Redescobrir o nosso carisma original e adaptá-lo às novas

formas de apostolado. Aprofundar a vida espiritual, não fugir do serviço.

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Ser generoso e viver a pobreza para a opor ao consumismo que não atrai os jovens. O nosso estilo de vida não deveria atrair os jovens com a intenção de acumular riquezas.

Viver o próprio carisma com convicção, acreditando que participamos na obra de redenção de Cristo.

Ser activos e empenhados ao lado dos pobres e dos necessitados, em fidelidade ao carisma que deve estar sempre presente e tornar-se visível com clareza.

Trabalhar sem preconceitos.

5.4.2 – Atitudes profundas

disponibilidade para se oferecer ao mundo de hoje, na solidariedade e fraternidade; constância, trabalho e optimismo. Coerência entre o que se diz e o que se faz.

Estar sempre dispostos a aprender com os erros e a apoiar-se reciprocamente.

Tolerância e perdão por parte dos superiores, para personificar a figura de S. João de Deus e a de Cristo. Espiritualidade da assistência aos doentes.

O que faz a diferença é o estilo de vida do Irmãos – identidade – papel – mais ênfase.

Alegria e gratidão por esta grande vocação. Viver com alegria e prazer o nosso serviço na Igreja, através

da pessoa doente e necessitada, ser religiosos abertos, acolhedores e hospitaleiros, como método para atrair as vocações. Mostrar estima e alegria pela própria vocação.

Mudar o estilo de vida, tentando viver um estilo de vida sincero e aberto, mais simples e modesto, com um maior compromisso pelos pobres, sem nos esquecermos de prestar serviços de qualidade nos nossos centros.

Modo de viver com sinceridade a própria vocação, com os seus lados luminosos e escuros, e assumir com realismo a diminuição do número dos Irmãos: permanecer vivos face aos abandonos e manter alto o entusiasmo.

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5.4.3 – Comportamentos exteriores

O nosso estilo de vida, na simplicidade, na comunhão com os outros Irmãos e na vivência dos votos na alegria. Fidelidade ao nosso estilo de vida simples e à oração comunitária e pessoal.

Promover comunidades simples e acolhedoras. Favorecer formas de vida mais pluralistas nas comunidades. despertar do nosso torpor. Mais pobreza. Reconhecer-nos

pobres para assimilar o espírito de S. João de deus. Oposição ao secularismo e ao individualismo na sociedade e no

nosso apostolado. Um estilo de vida mais simples poderia proporcionar o

ambiente para uma verdadeira vida espiritual, mantendo a acção apostólica.

Não deveríamos procurar forçosamente inventar algo de novo, mas tentar voltar a uma vida mais simples, da qual as novas congregações nos dão exemplo.

S. João de deus, ou uma pessoa jovem, hoje, poderiam olhar para o nosso estilo de vida e admirar-se com o elemento de sacrifício que esperariam de nós? Onde está a vida espiritual intensa?

Ter uma comunidade aberta para receber homens e mulheres que desejam explorar a própria fé religiosa. Que os jovens possam ver na realidade aquilo que os Irmãos fazem no apostolado.

Não gerir instituições caras; pelo contrário, viver com os pobres, em vez de estar isolados deles.

Melhorar o nosso estilo de vida para sermos testemunhas perante os Colaboradores.

As novas comunidades carismáticas atraem os jovens hoje, talvez porque se assemelham às primeiras comunidades cristãs e estão abertas ao mundo exterior permanecendo profundamente unidas a Cristo.

As nossas comunidades não devem viver isoladas, mas participar activamente na vida da Igreja.

Que estilo de vida fazemos (nas comunidades, nas Províncias)? Na realidade, quantos Irmãos trabalham directamente nas obras hospitaleiras?

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5.4.4 – Relações interpessoais

Uma vida comunitária autêntica e alegre, com um verdadeiro intercâmbio fraterno e convivial.

Uma vida comunitária fraterna alegre, que reza. Ser homens dedicados a Cristo como Samaritanos, segundo o estilo de S. João de deus.

Valorizar mais os Irmãos, nas suas qualidades religiosas, carismáticas e de líderes.

É necessário que haja diálogo fraterno, aberto, colaboração e compreensão.

Partilhar a vida e relacionar-se de modo fraterno, encorajar os Irmãos a viver a sua vocação em verdade, alegria e amor. Viver mais intensamente a vida fraterna em comum. dialogar e ajudar--nos reciprocamente. Procurar manter a unidade da comunidade. Lutar contra a divisão e criar um verdadeiro diálogo.

5.5 – Cuidado com a formação técnico-profissional e espiritual dos Irmãos (2,6%)

Para o exercício da missão apostólica é necessária uma certa competência para desenvolver a própria tarefa, adequadamente, numa relação de colaboração com os outros Irmãos e na preocupação constante de uma actualização contínua das próprias competências técnico-profissionais. Para o religioso, tais competências não podem estar separadas de uma formação espiritual robusta, da qual, aliás, derivam a força, motivações, constância e ideais. Tudo isto é integrado no âmbito da própria personalidade, com um equilíbrio dinâmico sempre em processo de adaptação, e segundo as exigências emergentes das transformações do contexto social no qual se vive.

Neste ponto, recolhemos aquelas sugestões que, em parte, se referem à formação do promotor vocacional, mas também, em geral, à necessidade de uma competência técnica e profissional de que todo o Irmão para desempenhar o papel que lhe é confiado.

Os estímulos recebidos não são muito numerosos, mas os que recebemos são muito atentos e interessantes, precisamente porque

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exprimem a consciência e as convicções dos Irmãos, mas também porque abrem com espírito de inovação novos horizontes. de facto, sublinha-se a necessidade de uma óptima formação filosófica, teológica e psicológica, técnica, profissional e espiritual, no espírito do Fundador e da Ordem.

Distinguimos as respostas com base nos diferentes âmbitos específicos:

5.5.1 – Formação humana, teológico-espiritual, permanente

Fazer estágios nas diferentes casas e obras. Formar os Irmãos no espírito do Fundador e da Ordem. Reforçar o carisma e a vocação dos Irmãos que já estão na

Ordem. Encorajar a formação humana. Em síntese: deve-se garantir que os Irmãos de cada Província/

delegação sejam formados e preparados para os tempos actuais. Muitos Irmãos de meia-idade precisam de formação permanente.

O promotor deve possuir uma maturidade afectiva suficiente para orientar as vocações.

deixar-nos conduzir pelo Espírito Santo e não pelos interesses mundanos.

5.5.2 – Formação técnica e profissional

Menos técnica e mais serviço religioso (evangelização). Preparação adequada, quer no campo profissional quer

vocacional, para viver o carisma e a consagração. devemos ser religiosos mais qualificados e profissionais.

Oferecer uma boa preparação aos jovens do ponto de vista cultural e espiritual.

A nossa hospitalidade tem diferentes possibilidades de compromissos: por isso, não deveríamos limitar os nossos candidatos a serem apenas enfermeiros. deveríamos abrir o estudo a outras carreiras.

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Não ter medo de reentrar nos ciclos horários dos nossos Colaboradores leigos.

Aumentar o nível das nossas competências. desde o período do Postulantado os Irmãos deveriam adquirir

as bases da ciência médica. Formação profissional adequada com diploma final.

6 – PrOCeSSOS de AdAPTAÇÃO e de INTeGrAÇÃO (16,1%)

Com este título, queremos dar relevo a algumas propostas que insistem numa pluralidade de temas, mas que, substancialmente, se referem a um elemento comum, subjacente aos processos presentes em qualquer condição de desenvolvimento pessoal e social, isto é, aos processos de adaptação e integração, flexibilidade e orientação, individualização e de colaboração.

As respostas, mesmo não sendo muito numerosas, demonstram contudo um certo grau de inovação e abertura que pode ser útil aos Irmãos encarregados de enfrentar o tema da renovação da Ordem. Há, concretamente, alguns núcleos temáticos bastante recorrentes, relacionados com a adaptação às mudanças – sociais, eclesiais e da vida consagrada –, os problemas relativos à pastoral de conjunto, ao projecto formativo, à formação humana e religiosa para o trabalho de integração com os Colaboradores leigos.

6.1 – Adaptação às mudanças: sociais, eclesiais e da vida consagrada (5,5%)

A adaptação às transformações sociais requer uma leitura inteligente da sociedade, uma atenção aos movimentos e aos sentidos para os quais ela se poderia orientar, uma escuta aberta das novidades, para as avaliar e, se for caso disso, para tomar determinadas decisões. O interesse dos Irmãos foi muito diversificado, mas pensamos que se possa reconduzir a algumas linhas emergentes:

exigências requeridas pela adaptação à mudança atitudes para a enfrentar propostas concretas.

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6.1.1 – Exigências requeridas pela adaptação à mudança

Saber interpretar os sinais dos tempos, mas os Provinciais deveriam conhecer a história da Ordem e da Província, assim como as nossas Tradições.

Talvez fosse necessário adaptar-se às mentalidades dos jovens de hoje, descartando o que não é próprio da vida religiosa.

Que as comunidades vivam o carisma de S. João de deus com radicalidade, encarnado na realidade de hoje, pondo no centro dos nossos compromissos os doentes, em vez de olhar para o lucro financeiro.

A formação deve ser avaliada tendo em conta os tempos e a realidade de hoje e não ideias baseadas no passado; hoje os estudos são importantes para enfrentar um mundo que muda.

desenvolver um programa para compreender as jovens gerações e o seu mundo, que é um modo para permanecer ao corrente do mundo em mudança.

Adequação ao Magistério da Igreja e da Ordem. Referir a história de João de Deus de modo actual para a ligar às experiências de vida reais das pessoas de hoje e responder à busca de significado para a vida das pessoas.

Para uma pastoral vocacional que seja capaz de enfrentar os desafios da hospitalidade hoje e no futuro é necessário ter em conta os sinais dos tempos, permitindo uma abordagem centrada nas aspirações e expectativas espirituais dos jovens do nosso tempo.

Frequentemente, os Superiores são o maior obstáculo para se desenvolver um novo tipo de apostolado, porque o seu poder pode ressentir-se disso. Os Superiores Maiores devem ser os primeiros a estar abertos às novas iniciativas hospitaleiras.

6.1.2 – Atitudes para enfrentar a mudança

Empenhar-se em reconhecer os sinais dos tempos e dar respostas adequadas: actualmente, predomina o progresso técnico.

O activismo na vida profissional ameaça fazer perder o sentido sagrado da nossa consagração, quer para a vida da paróquia quer da sociedade.

Atenção ao profissionalismo. Enfrentar a mudança dos tempos, da vida, a modernização e a

globalização. Estar abertos ao novo e ser tolerantes, sem perder a própria

fisionomia. Não ter medo de mudar ou de deixar as estruturas: renová-las e

aceitar os sinais dos tempos. Rever as obras e saber estar nelas com fidelidade aos

ensinamentos e à nossa identidade católica. Hoje tem-se medo de tudo aquilo que representa a vida consagrada, mas é importante mostrar a realidade da vida consagrada. Viver de forma moderna o nosso ideal religioso e demonstrar convicções fundamentadas.

Manter, porém, sólida a centralidade da pessoa, a cujo serviço devem ser consideradas as instituições e as normas.

6.1.3 – Propostas concretas

Os jovens de hoje empenham-se em obras de caridade por breves períodos, como umas férias a colaborar em obras da Madre Teresa ou na África, no campo do ensino ou em leprosarias.

Os jovens de hoje têm muitas possibilidades para adquirir conhecimentos e educação, e são muito sensíveis em relação aos problemas sociais do mundo actual.

deveríamos equipar os nossos serviços para assistir as pessoas mais marginalizadas e deveríamos fazer isso mais que os outros.

Temos que melhorar o nosso ministério pastoral com os doentes, os pobres e os necessitados. Fazendo isso, a hospitalidade será mais espontânea e praticada de modo natural, e segundo o estilo da sociedade.

Não imitar, mas aprender com o que fazem as outras congregações relativamente ao modo como enfrentam os problemas.

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Reorganizar o Aspirantado, o Escolasticado e o pré--Postulantado.

Procurar formas alternativas de vida. Definir melhor o nosso compromisso na obra apostólica. Nas nossas obras, abrir-se ao voluntariado, por ex., com campos

de trabalho durante o Verão. Fundir/unir Comunidades. Promover a criação de Noviciados Inter-Provinciais. Intercâmbio e promoção da internacionalidade para além das

fronteiras da Província. Criar comunidades alternativas compostas por Irmãos,

religiosos, capelães, colaboradores e voluntários que rezam, trabalham e vivem juntos no espírito de S. João de deus.

Uma casa-piloto para responder às necessidades da espiritualidade, de comunidade e de apostolado para os vários candidatos.

6.2 – Projecto de Formação e integrações com os Colaboradores (4,8%)

O Projecto de Formação constitui o eixo central de qualquer grupo operativo que queira transmitir os seus ideais e valores às novas gerações, de forma que esses valores e ideais envolvam os jovens, com paixão, para eles mesmos se tornarem promotores da própria educação.

Quando, depois, se trata de uma Ordem religiosa que convida a um estado de vida consagrada e a uma missão apostólica, o seu primeiro objectivo consiste em educar na fé e nos valores cristãos e religiosos.

Neste campo, os Irmãos exprimiram-se também com uma série de propostas diversamente articuladas, e que nós, para melhor as evidenciar, subdividimos em dois âmbitos:

Projecto de Formação que educa para a fé e os valores cristãos e religiosos

Formação para a integração com os Colaboradores.

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6.2.1 – Projecto de Formação que educa para a fé e os valores cristãos e religiosos

Os Irmãos sugerem, em primeiro lugar, que se trabalhe a partir de um plano de formação diversificada por etapas, respeitando as linhas mestras do Livro da Formação, utilizando critérios muito claros e explícitos de formação, e sobretudo predispondo para cada Província um programa formativo adequado para os seus próprios jovens em formação.

Por conseguinte, pede-se que: Haja um plano de pastoral adequado à realidade da Província e

do país. Seja encorajado o apoio aos jovens Irmãos na comunidade,

colaborando com os programas para os novos candidatos. Evite-se a improvisação nos programas e nos formadores,

de modo a afastar a mediocridade e o relaxamento, através de programas de formação sérios e concretos, mas também viáveis.

Haja Projectos e objectivos na pastoral vocacional, contando com um programa de formação integral, tendo em conta a realidade de cada Província, mas fazendo sempre uma verificação por fases, que avalie os processos específicos e, sobretudo, os respectivos critérios.

As linhas mestras sejam afirmadas de modo claro no Código de direito Canónico, nos documentos da Igreja e da Ordem. Eles oferecem critérios claros a serem seguidos por todos na prática da pastoral vocacional, segundo o estilo da Ordem Hospitaleira de S. João de deus.

Trata-se de educar, em primeiro lugar, para a fé e os valores da vida cristã e religiosa.

Motivando a hospitalidade como valor social e religioso dando testemunho da forma própria de acreditar na vida. A vontade do coração tem muito valor e a caridade não provém

apenas da razão: pelo contrário, é mais completa com o amor o coração.

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Ensinando aos jovens as virtudes do Irmão de S. João de deus para que eles possam descobrir, por meio delas, a figura do Fundador.

6.2.2 – Formação para a integração com os colaboradores

Uma das maiores lacunas observadas ao longo do questionário foi precisamente a dificuldade em gerir a relação com os Colaboradores. Parece tratar-se de uma percepção difusa – ou melhor, mais do que uma simples percepção – em relação à qual os Irmãos também se puderam livremente exprimir, pois não parece tratar-se de uma situação restrita. Muitos manifestaram-se de modo favorável, outros nem por isso.

É importante, afirma a maior parte dos Irmãos, valorizar a colaboração com os leigos, também para se chegar a uma abertura em relação aos nossos Colaboradores, de forma que eles conheçam a alegria de servir os doentes com espírito de serviço e solidariedade.

Ou melhor, seria útil abrir as nossas obras aos “voluntários”, criando mesmo uma Associação de Leigos, de homens e mulheres jovens que vivam fora da Ordem, nos dias de hoje, o carisma da hospitalidade – de facto, Irmãos e Colaboradores fazem o mesmo trabalho com o mesmo espírito de S. João de deus; ou, pelo menos, valerá a pena formá-los para que o façam com o mesmo espírito do Fundador. Alguns, mais abertamente, afirmam que alguns Irmãos devem ter a inteligência de entender que o contacto com os Colaboradores se torna hoje mais difícil porque eles têm muito mais exigências do que no passado.

A relação com os Colaboradores acaba por constituir assim um dos temas mais difíceis e de discussão mais aberta. de facto, outros sublinham com igual energia a necessidade de dar preferência ao diálogo e ao contacto entre os Irmãos, relativamente ao diálogo e ao contacto com os Colaboradores e as pessoas de fora.

No primeiro caso, reforça-se a ideia que: os leigos devem estar envolvidos no ministério da PV, na medida

em que estão mais bem inseridos no mundo dos jovens. o envolvimento dos nossos Colaboradores na responsabilidade

é importante para o futuro da Ordem, de forma que os Irmãos e

os Colaboradores devem enfrentar o problema da escassez de Irmãos em muitas Províncias.

deva ser formada uma equipa de Colaboradores para a pastoral vocacional.

a relação com os Colaboradores deveria – ou melhor, deve – ser o elo de ligação com os jovens: para isso, é necessário realizar frequentemente reuniões com os Colaboradores jovens e com os voluntários.

No segundo caso, admoesta-se, pelo contrário, que: o estatuto (status) dos Irmãos deveria ser equiparado ao dos

Colaboradores. deveríamos viver em comunidades nos lugares onde há

necessidade de nós e não em grandes hospitais, confortáveis, onde os leigos trabalham e aceitam a responsabilidade.

7 – CONCLUSÃO

Uma pastoral de conjunto na especificidade própria da Ordem

A missão apostólica exige que cada Ordem e Congregação mantenham relações com a Igreja universal e, especificamente, com as Igrejas locais; contudo, a própria Igreja, em todo o caso, solicita-lhes que a manterem sempre o seu próprio carisma peculiar.

Por conseguinte, na perspectiva da pastoral de conjunto, as sugestões recebidas abrangem aspectos e exigências muito diferentes, desde o trabalho hospitaleiro específico até à pastoral das vocações, passando pelos vários níveis de relação com as outras Ordens e Congregações, as dioceses e as paróquias, além das várias experiências de vida cristã nos movimentos e associações eclesiais. Na sua complexidade, as propostas apresentadas permitem-nos ter uma visão sintética e conclusiva de quanto fomos afirmando ao longo dos pontos anteriores.

A Pastoral Vocacional pode, com vantagem, inserir-se na pastoral de conjunto, ou melhor, ela própria é solicitada a inserir-se nela, em

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harmonia com a Igreja local, procurando criar uma relação mais estreita e uma colaboração de reciprocidade com a pastoral juvenil-vocacional das paróquias, promovendo encontros de jovens com diferentes grupos paroquiais e com os vários movimentos e associações. Este processo de integração com as outras Congregações favorece também o confronto e o intercâmbio de projectos, processos formativos, objectivos, iniciativas de promoção. Além disso, no plano de colaboradores leigos, isso favorece a coesão e a melhoria das relações também no âmbito dos Centros de saúde e nas comunidades, bem como o aprofundamento e a partilha dos ideais. Se a colaboração se estende depois também ao nível dos serviços diocesanos ou nacionais, o intercâmbio torna-se mais intenso, mais amigável e mais eficaz.

A PV inserida na pastoral de conjunto, particularmente na Pastoral diocesana, abre novos caminhos às equipas dos Irmãos de S. João de Deus, que lhes permite serem conhecidos em maior extensão e de modo mais convincente, ao mesmo tempo que torna a Ordem presente através de uma visibilidade mais matizada e com um conhecimento mais aprofundado.

Um segundo momento deve ser reservado ao diálogo com os vários institutos religiosos.

Em terceiro lugar, deverá orientar-se para os vários Movimentos e Associações de inspiração cristã presentes na Igreja. Isso obriga a passar algum tempo com os vários grupos/movimentos, para dialogar e lançar pontes de conhecimento mútuo.

Não se devem menosprezar os outros ambientes (a pastoral do ambiente), como os vários institutos católicos, os diversos colégios, as escolas secundárias, clubes, universidades. E isso também pode ser feito por Irmãos que não tenham formalmente assumido a tarefa específica de promoverem a PV e que não sejam oficialmente responsáveis pela pastoral vocacional.

Podem ser várias as iniciativas, como, por exemplo, organizar eventos desportivos ou espectáculos musicais, diversas actividades nas paróquias e nas escolas para, durante estas iniciativas, dar a conhecer aos jovens o carisma da Ordem.

Tais ocasiões devem ser aproveitadas conforme as diferentes circunstâncias, mas devem também ser programadas com perspicácia, e podem-se articular em diferentes níveis com encontros planificados, com uma aproximação informal e pessoal aos jovens, participando em programas de saúde, mediante a animação de acantonamentos juvenis, encontros específicos de oração, promoção mais activa dos vários grupos de voluntariado.

Esta última oferta não deve ser negligenciada, pois ela representa hoje um campo particularmente atento aos valores que nós mesmos propomos, como a centralidade da pessoa, o valor da vida, o apoio aos mais fracos, aos doentes, aos marginalizados – numa palavra, tudo aquilo que, afinal, é o serviço da caridade promovido pela Igreja e pela própria Ordem.

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APreSeNTAÇÃO 7

INTrOdUÇÃO 13

CAPÍTULO I - A ANÁLISe eSTrUTUrAL e OrGÂNICA dA Ordem 23

1. Resposta das Províncias 232. Estrutura por idades 2�3. Idade da entrada para o noviciado 324. Os anos da profissão religiosa 365. O estado religioso de cada irmão 416. Irmãos ocupados no sector da Formação 43�. Irmãos ocupados no sector Pastoral vocacional 4��. Habilitações académicas 499. Papéis estruturais e cargos institucionais 5210. Preparação no campo da formação 5511. disponibilidade para assumir compromisso na Formação 5912. Conclusão 59

CAPÍTULO II - IdeNTIdAde CArISmÁTICA dA VIdA CONSAGrAdA NA Ordem HOSPITALeIrA de S. JOÃO de deUS 69

1. As maiores dificuldades para viver a própria consagração �02. Motivações na origem da própria vocação ��3. Razões para o abandono e saída da Ordem �44. Importância da direcção espiritual 895. Dificuldade na prática dos conselhos evangélicos 956. Conclusões 122

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CAPITULO III - IdeNTIdAde CArISmÁTICA dA mISSÃO dOS IrmÃOS de S. JOÃO de deUS 129

1. Novo papel na missão 1302. Equilibrio entre activismo e vida interior 1423. Pastoral da Saúde 1504. A relação com os Colaboradores 15�5. Formação inicial e permanente 1666. Conclusão 196

CAPÍTULO IV - eSTILO de VIdA dA COmUNIdAde 203

1. Comunidade de Fé e Oração 2032. Comunidade de amor fraterno nas relações interpessoais 2093. Comunidade de amor fraterno no estilo de animação 2194. Comunidades de amor fraterno no espírito de acolhimento 2265. A Comunidade de serviço apostólico 2306. Conclusão 243

CAPÍTULO V - FOrmAÇÃO dOS FOrmAdOreS 249

1. Presença e preparação específica dos formadores 2522. Apoio e co-responsabilidade Congregacional 2693. Perspectivas de futuro 2794. Conclusão 292

ÍNdICe

CAPÍTULO VI - A PASTOrAL VOCACIONAL - FeNOmeNOLOGIA e PerSPeCTIVAS 297

1. Factores e escassez de vocações nas diferentes regiões e Províncias 299

2. Esforço das Províncias para enfrentar a Pastoral Vocacional 319

3. Carências e dificuldades na Pastoral Vocacional 33�

4. Perfil do animador ideal de PV 34�

5. A comunidade religiosa: sujeito primário da PV 3636. disponibilidade dos Irmãos para um compromisso na PV 3���. Valores carismáticos da Ordem proponíveis aos jovens de hoje 3�5�. Conclusões 393

CAPÍTULO VII - UmA PASTOrAL VOCACIONAL CAPAZ de eNFreNTAr OS deSAFIOS dA HOSPITALIdAde 403

1. Estruturação e articulação das respostas obtidas 4042. Análise global dos núcleos temáticos que emergiram das propostas 406

3. Formadores e promotores da Pastoral Vocacional 4144. Pastoral Vocacional - Estratégias, itinerários formativos e acompanhamento 420

5. Comunidade fraterna de vida consagrada e testemunho da Hospitalidade 435

6. Processos de adaptação e de integração 451�. Conclusão 45�

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