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Ref: CLME’2011_3609A ESTADO DA ARTE DA MINERAÇÃO EM MOÇAMBIQUE. CASO CARVÃO DE MOATIZE, TETE David Selemane José* 1 , Carlos Hoffmann Sampaio 2 , Romualdo José Romão Brito 3 1,3 Instituto Superior Politécnico de Tete, Moçambique 1,2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul- RS, Brasil *Email: [email protected] RESUMO: Na última década tem se produzido um conjunto significativo de pesquisas conhecidas pela denominação Estado da Arteou Estado do conhecimento, se definem como aspectos de caráter bibliográfico, elas trazem em comum desafios de descrever, mapear e discutir certas produções acadêmicas em diferentes campos de conhecimento, no caso em particular da mineração. Nos últimos anos em Moçambique tem se verificado um crescimento número de investidores na área de mineração, especialmente pelo carvão de Moatize, na província de Tete. No presente trabalho, pretende-se abordar questões gerais sobre a Carvão Mineral e em particular para jazida de Moatize, pela sua importância econômica visando dar uma contribuição acadêmica para futuras consultas e leituras. Por outro lado chamar atenção aos investidores em geral dos impactos negativos que podem representar ao meio ambiente e a saúde humana durante a exploração deste recurso mineral se não forem tomadas as medidas necessárias. 1. INTRODUÇÃO A mineração do carvão joga um papel histórico no desenvolvimento econômico e sustentável dum país dado que traz grandes contribuições do ponto de vista socioeconômico pela sua participação na matriz energética mundial. Apesar dos graves impactos sobre o meio ambiente, o Carvão Mineral é uma fonte de energia, se deduz que as principais razões para isso são consideradas: i) abundância das reservas; ii) distribuição geográfica das reservas; iii) baixos custos e estabilidade nos preços, relativamente a outros combustíveis [Borba, 2001]. Embora fontes renováveis, como biomassa, solar e eólica, venham a ocupar maior parcela na matriz energética mundial, o Carvão Mineral deverá continuar sendo, por muitas décadas, o principal insumo para a geração de energia elétrica, especialmente nos países em vias de desenvolvimento como o caso de Moçambique. Entre os recursos energéticos não renováveis, o Carvão Mineral ocupa a primeira colocação em abundância e perspectiva de vida útil, sendo a longo prazo a mais importante reserva energética mundial, seguida do petróleo e do gás natural [Borba, 2001]. As reservas mundiais de carvão estão estimadas em 726.000 Mtce (Mtce = milhões de toneladas em carvão equivalente) as de Petróleo em 202.000 Mtce e as de gás natural em 186.000 Mtce, com vida útil de 219, 41 e 65 anos, respectivamente [Doerell, 2001]. Apesar da intensa pressão ambientalista, a posição desse bem mineral vem se mantendo relativamente inabalável no cenário mundial, isso se deve, em parte, aos progressos tecnológicos ocorridos nas áreas de prevenção e recuperação de danos ambientais durante os processos de extração e queima, mas principalmente à dificuldade tecnológica dos recursos

Estado Da Mineracao Em Mocambique Caso de Carvao de Moatize

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Este artigo descreve a bacia carbonifera de moatize

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Ref: CLME’2011_3609A

ESTADO DA ARTE DA MINERAÇÃO EM MOÇAMBIQUE. CASO CARVÃO DE MOATIZE, TETE David Selemane José*1, Carlos Hoffmann Sampaio2, Romualdo José Romão Brito3

1,3Instituto Superior Politécnico de Tete, Moçambique 1,2Universidade Federal do Rio Grande do Sul- RS, Brasil *Email: [email protected]

RESUMO: Na última década tem se produzido um conjunto significativo de pesquisas

conhecidas pela denominação “Estado da Arte” ou “Estado do conhecimento”, se definem como aspectos de caráter bibliográfico, elas trazem em comum desafios de descrever, mapear

e discutir certas produções acadêmicas em diferentes campos de conhecimento, no caso em

particular da mineração. Nos últimos anos em Moçambique tem se verificado um crescimento

número de investidores na área de mineração, especialmente pelo carvão de Moatize, na

província de Tete.

No presente trabalho, pretende-se abordar questões gerais sobre a Carvão Mineral e em

particular para jazida de Moatize, pela sua importância econômica visando dar uma

contribuição acadêmica para futuras consultas e leituras. Por outro lado chamar atenção aos

investidores em geral dos impactos negativos que podem representar ao meio ambiente e a

saúde humana durante a exploração deste recurso mineral se não forem tomadas as medidas

necessárias.

1. INTRODUÇÃO

A mineração do carvão joga um papel histórico no desenvolvimento econômico e sustentável dum país dado que traz grandes contribuições do ponto de vista socioeconômico pela sua participação na matriz energética mundial.

Apesar dos graves impactos sobre o meio ambiente, o Carvão Mineral é uma fonte de energia, se deduz que as principais razões para isso são consideradas: i) abundância das reservas; ii) distribuição geográfica das reservas; iii) baixos custos e estabilidade nos preços, relativamente a outros combustíveis [Borba, 2001].

Embora fontes renováveis, como biomassa, solar e eólica, venham a ocupar maior parcela na matriz energética mundial, o Carvão Mineral deverá continuar sendo, por muitas décadas, o principal insumo para a geração de energia elétrica, especialmente nos países em vias de desenvolvimento como o caso de Moçambique.

Entre os recursos energéticos não renováveis, o Carvão Mineral ocupa a primeira colocação em abundância e perspectiva de vida útil, sendo a longo prazo a mais importante reserva energética mundial, seguida do petróleo e do gás natural [Borba, 2001].

As reservas mundiais de carvão estão estimadas em 726.000 Mtce (Mtce = milhões de toneladas em carvão equivalente) as de Petróleo em 202.000 Mtce e as de gás natural em 186.000 Mtce, com vida útil de 219, 41 e 65 anos, respectivamente [Doerell, 2001].

Apesar da intensa pressão ambientalista, a posição desse bem mineral vem se mantendo relativamente inabalável no cenário mundial, isso se deve, em parte, aos progressos tecnológicos ocorridos nas áreas de prevenção e recuperação de danos ambientais durante os processos de extração e queima, mas principalmente à dificuldade tecnológica dos recursos

considerados limpos aumentarem sua participação na matriz energética mundial [Borba, 2001].

Com a gigantesca necessidade global de energia, tanto atual quanto futura, não há perspectiva, mesmo em longo prazo, de dispensar os combustíveis fósseis como base energética da sociedade industrial moderna. O Carvão Mineral não compete com as demais fontes de energia, porém se de repente todas as fontes de energia faltassem, este sozinho daria para a segurar 150 anos de consumo, isso pelos métodos até agora aplicados e as reservas mundiais existentes.

Moçambique possui várias jazidas de carvão, sendo a mais conhecida a de Moatize (Bacia Carbonífera de Moatize), na província de Tete, considerada uma das maiores jazidas de carvão do mundo, com reservas estimadas em pouco mais de 2,5 biliões de toneladas. Com o projeto da Vale, prevê-se a exploração da mina de carvão a céu aberto por 35 anos, com produção média anual estimada em 11 milhões do toneladas anuais de produtos de carvão (Carvão metalúrgico e térmico) a serem escoados para mercados como Brasil, Ásia, Médio Oriente e Europa [Jornal Notícias. Sexta-Feira, 14 de Novembro de 2008. Maputo, Moçambique].

A companhia australiana Riversdale por sua vez, diz pretender produzir cerca de 20 milhões de toneladas de carvão bruto que, quando processados, resultarão em cerca de 6,0 milhões de toneladas de carvão de coque, 2,0 milhões de toneladas de carvão térmico para a exportação e 4,0 de carvão para queima na central térmica a ser construída em Moatize [Fonte: África today, disponivel no endereço eletronico e acessado em 14/11/2011: http://www.africatoday.com].

Para o transporte do carvão que será extraído das minas de Moatize está em reconstrução a linha-férrea de Sena, que liga a área de produção e o porto da Beira, na província de Sofala (Centro de Moçambique), numa extensão de 600 quilómetros [Jornal Notícias. Sexta-Feira, 14 de Novembro de 2008. Maputo, Moçambique].

Entre os recursos energéticos não renováveis, o carvão ocupa a primeira colocação em abundância e respectiva vida útil, sendo a longo prazo mais importante reserva energética mundial. Em termos ambientais, o carvão é o combustível não-renovável mais agressivo, já que sua combustão emite grandes quantidades de poluentes na atmosfera.

Tratando-se de geração de energia, muito se comenta sobre disponibilidade de recursos energéticos, fontes alternativas de geração e tecnologias inovadoras em termos de rendimento e redução de impactos ambientais.

Carvão Mineral como elemento de grande relevância na matriz energética mundial, pois além da atuação na geração de energia, o Carvão Mineral também é aplicado na produção de aço pelas usinas siderúrgicas [Mattozo, 2002].

Dados da agência Internacional de Energia até 1997, o carvão era a segunda principal fonte de energia mundial. Os mesmos dados apontam a China, os Estados Unidos e a Índia como os maiores produtores mundiais de carvão. Motivos econômicos e ambientais, que relacionam a queima desse combustível com a acidificação das chuvas e outros efeitos da poluição atmosférica, contribuíram para a redução de 5% no consumo durante a década de 1990 [AIE, 1997].

Desde o final dos anos 1990, a alta nos preços do petróleo e do gás natural criou uma perspectiva favorável ao mercado carbonífero internacional, visto que o carvão, além da posição que ocupa de forma natural na economia, também atua como um bem substituto para

os demais combustíveis fósseis, tendo um importante papel de moderador de preços no mercado de recursos energéticos [ Borba, 2001].

1.1 Objetivos

Através deste documento procura-se consolidar informações gerais, revisão bibliográfica sobre o estágio atual do Carvão Mineral no mundo e em particular em Moatize-Tete-Moçambique, devido o maior crescimento do setor nos últimos anos deste recurso energético não renovável.

Devido a ao número crescente de investidores na área de mineração de Carvão Mineral, é necessário chamar atenção na conscienzalização da comunidade em geral e ainda é preciso também ter em conta que a par da atividade mineira, há desenvolvimento e crescimento de outras indústrias que vão surgindo por causa do impacto direto do desenvolvimento das mineradoras.

Pretende-se por outro lado dar valor aqueles que desenvolveram e publicaram informações importantes sobre a mineração de carvão, recordemos ainda que não se pode copiar no papel informações geradas por outros autores, sem fazer jus aos mesmos através da referência.

2. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA MINERAÇÃO DO CARVÃO

A mineração de carvão durante décadas foi intermitente e primitiva, somente passando a adquirir estatura de uma indústria moderna a partir da Segunda Guerra Mundial, ainda que em ritmo lento e cheios de altos e baixos. Apenas recentemente ocorreu alguma recuperação, com a elevação dos preços e o maior consumo de carvão nos complexos termoelétricos [pt.wikipedia.org/wiki/mineração].

Mineração é um termo que abrange os processos, atividades e indústrias cujo objetivo é a extração de substâncias minerais a partir de depósitos ou massas minerais. Podem incluir-se aqui a exploração de petróleo e gás natural e até de água. Como atividade industrial, a mineração é indispensável para a manutenção do nível de vida e avanço das sociedades modernas em que vivemos.

Desde os metais às cerâmicas e ao betão, dos combustíveis aos plásticos, equipamentos eléctricos e electrónicos, cablagens, computadores, cosméticos, passando pelas estradas e outras vias de comunicação e muitos outros produtos e materiais que utilizamos ou de que desfrutamos todos os dias, todos eles têm origem na atividade da mineração.

Carvão Mineral, de origem fóssil, foi uma das primeiras fontes de energia utilizadas em larga escala pelo homem. Sua aplicação na geração de vapor para movimentar as máquinas foi um dos pilares da Primeira Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII.

Já no fim do século XIX, o vapor foi aproveitado na produção de energia elétrica. Ao longo do tempo, contudo, o carvão perdeu espaço na matriz energética mundial para o petróleo e o gás natural, com o desenvolvimento dos motores a explosão.

O interesse reacendeu-se na década de 70, em conseqüência, sobretudo, do choque do petróleo, e se mantém em alta até hoje. Além da oferta farta e pulverizada, o comportamento dos preços é outra vantagem competitiva. As cotações do petróleo e derivados têm se caracterizado pela tendência de alta e extrema volatilidade.

2.1 Pré-história da Mineração

Os primeiros mineiros, datam provavelmente de 300 000 a.C., e ocupavam-se sobretudo da obtenção de sílex e cherte para a fabricação de utensílios e armas de pedra. As suas pedreiras e cortas levaram à criação primeiro de galerias e mais tarde de poços e finalmente às primeiras explorações subterrâneas durante o neolítico.

Surpreendentemente, algumas destas minas subterrâneas, escavadas em giz no Sul da Inglaterra e norte de França atingiam os 90 metros de profundidade.

A partir daqui a humanidade passou a dirigir a sua atenção também para os minérios metálicos. Inicialmente os metais eram apenas apreciados como pedras ornamentais. Por volta de 40 000 a.C. era extraída hematite, na atual Suazilândia, para utilização em pinturas rituais. Entre 7000 a.C. e 4000 a.C. desenvolveu-se a metalurgia do cobre até à produção de ligas com características variáveis de fusão, dureza e flexibilidade. A tecnologia pirometalúrgica apareceu pela primeira vez no Médio Oriente por volta de 6000 a.C [pt.wikipedia.org/wiki/mineração].

Em 1815 é fabricada a primeira lanterna de segurança para uso em minas de carvão, em 1825 é legalizado o primeiro sindicato mineiro em Inglaterra e em 1829 aparecem as primeiras jigas. 1848 é o ano do início da corrida ao ouro na Califórnia, em 1850 aparece em França, a primeira máquina de perfuração de rocha, em 1864 surge a primeira broca de diamante e em 1865 Alfred Nobel inventa a dinamite [pt.wikipedia.org/wiki/mineração].

Em 1876 são utilizados pela primeira vez martelos pneumáticos, na Alemanha. Os britadores de maxilas e os moinhos de bolas são aplicados pela primeira vez na Cornualha em 1880 e a primeira máquina de extracção a electricidade começa a funcionar em 1888, em Aspen, Colorado.

Foi a Inglaterra o país que saiu na frente no processo de Revolução Industrial do século XVIII. Este fato pode ser explicado por diversos fatores. A Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as locomotivas à vapor [pt.wikipedia.org/wiki/mineração].

Além da fonte de energia, os ingleses possuíam grandes reservas de minério de ferro, a principal matéria-prima utilizada neste período. A mão-de-obra disponível em abundância (desde a Lei dos Cercamentos de Terras ), também favoreceu a Inglaterra, pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do século XVIII [pt.wikipedia.org/wiki/mineração].

A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. O mercado consumidor inglês também pode ser destacado como importante fator que contribuiu para o pioneirismo inglês.

2.2 Descoberta do Carvão de pedra

A primeira descoberta de Carvão Mineral, provavelmente ocorreu na idade da pedra lascada. Um “homo sappiens” tentou queimar arbustos, folhas secas, e para proteger o fogo, cercou de pedras pretas, que se achavam soltas no chão da caverna. Durante a queima dos arbustos, as pequenas pedras pretas mais próximas do fogo, começaram a derreter, soltando fumaça esbranquiçada e depois rolos de fumos marrons alaranjados .

Em poucos minutos, começaram as longas labaredas, desprendendo muito calor, mais forte do que o dos arbustos e por período bastante prolongado. Para surpresa do “homem”, após tanta

chama desprendida da pedra, ela própria começou a se tornar incandescente, sem pegar fogo, porem desprendida mais calor do que os arbustos, e por muito mais tempo.

2.3. Carvão Mineral: Definição

Carvão é o nome genérico que pode ser utilizado para designar as quatro etapas típicas na gênese deste combustível: Turfa, Linhito, Hulha e Antracito, que constituem a série evolutiva do carvão, sendo a turfa o menos carbonificado e o antracito o mais carbonificado.

Carvão Mineral é uma rocha sedimentar combustível formada por vegetais que depois de soterrados e na ausência de ar, sofreram transformações físico-químicas e geológicas nas bacias pouca profundas. Nessas transformações houve a carbonificação gradativa da matéria vegetais originais ocasionados por fatores como a temperatura, pressão, processos tectônicos e o tempo de atuação. O Grafite de origem metamórfica é carbono puro. Todos resultam da transformação da matéria vegetal submetida a pressão e temperaatura elevadas, por mais de 600 milhões de anos.

É um combustível fóssil sólido formado a partir da matéria orgânica de vegetais depositados em bacias sedimentares. Por ação de pressão e temperatura em ambiente sem contato com o ar, em decorrência de soterramento e atividade orgânica, os restos vegetais ao longo do tempo geológico se solidificam, perdem oxigênio e hidrogênio se enriquecendo em carbono por um processo denominado carbonificação.

Carvão Mineral é uma complexa e variada mistura de componentes orgânicos sólidos, fossilizados ao longo de milhões de anos como ocorre com todos os combustíveis fósseis.

A sua qualidade é determinada pelo conteúdo de carbono variando assim de acordo com o tipo de estágio dos componentes orgânicos.

Carvão é então a parte celulósica da vegetação, transformada pelo tempo, pressão, bactérias e outros agentes anaeróbicos, em uma massa carbonosa. A matéria vegetal flutuante, pode ainda ter sido transportada pelos rios e acumuladas no fundo dos lagos ou pântanos mais, ou menos isolados, e, assim, bactérias carboníferas limitadas serão encontradas separadas umas das outras, a profundidades diferentes [Borba, 2001].

2.4 Processos de formação do Carvão Mineral

Carvão é uma rocha sedimentar, combustível, formada a partir de vegetais que se encontravam em diferentes estágios de conservação, e tendo sofrido soterramento com compactação em bacias pouco profundas. Decompõe-se a matéria vegetal, sob pequena espessura de água, dando-se a gelificação da matéria orgânica.

A camada de sedimentos, sob pressão, desce (é o fenômeno de subsidência) e nova camada se forma no topo, sob pequena espessura de água. Esse fenômeno pode se repetir grande número de vezes, durante o tempo geológico.

Carvão Mineral foi formado pelos restos soterrados de plantas tropicais e subtropicais, especialmente durante períodos Carbonífero e Permiano.

O desenvolvimento da turfa através dos estágios linhito, hulha (carvão sub-betuminoso ou betuminoso) e antracito é chamado "Carbonificação" ou "rango", tradução da palavra inglesa "rank". O rango é, pois, o estágio atingido pelo carvão no curso da carbonificação, e não é uma grandeza diretamente mensurável.

Na natureza, existem diferentes tipos de carvões, resultados do grau de carbonificação ou Rank: que é o estágio da transformação progressiva da Turfa →Linhito→Carvão →Antracito; quanto mais perto do antracito se encontrar um carvão maior será o seu grau de carbonificação [Borba, 2001].

Para determinar o rango, se deve referir a uma propriedade física ou química determinada, que varia de maneira significativa durante a carbonificação. Numerosas são as propriedades que permitem medir a evolução dos carvões ou rangos.

Rank ou grau de carbonificação pode ser avaliado através de parâmetros químicos e físicos: químicos (carbono, hidrogênio, umidade, matéria volátil, poder calorífico) e físicos (poder refletor da vitrinita). As características físicas- químicas do carvão são de vital importância para o seu aproveitamento futuro, pois várias análises são necessárias para se determinar claramente os seus usos adequados (termo-elétrica, altos fornos), assim como as suas especificações para a sua comercialização, de acordo com as metodologias e normas existentes.

Algumas características são gerais (teor de carbono e refletância), outras são interessantes nos estágios precoces da evolução (umidade, poder calorífico, fluorescência), e outras enfim caracterizam melhor os estágios terminais (teor em hidrogênio, índice de grafitação dos raios X e bi-refletância).

Os diversos estágios de carbonificação, seqüenciados do menor para o maior rank de qualidade na seguinte ordem: turfa; sapropelito; linhito; carvão subbetuminoso; carvão betuminoso e antracito. O estágio mínimo para a utilização industrial do carvão é o do linhito [Borba, 2001].

Com o aumento de carbonificação, o hidrogênio diminui, as matérias voláteis também e o carbono e o poder refletor aumenta. As alterações climáticas registradas no mundo explicam por que o carvão ocorre em todos os continentes, mesmo na Antártida. Segundo a visão tradicional, os depósitos carboníferos se formaram de restos de plantas acumuladas em pântanos, que se decompuseram, fazendo surgir as camadas de turfa.

A elevação do nível das águas do mar ou o rebaixamento da terra provocaram o afundamento dessas camadas sob sedimentos marinhos, cujo peso comprimiu a turfa, transformando-a, sob elevadas temperaturas, em carvão. Apenas o carvão de cor marrom (linhitos) têm origem estritamente a partir de plantas.

Empregam-se, em geral, dois métodos para determinar a composição dos carvões: a "análise elementar", que estabelece as porcentagens totais dos elementos presentes (carbono, hidrogênio, oxigênio, enxofre e nitrogênio); e a "análise aproximada" que fornece uma estimativa empírica das quantidades de umidade, cinza e materiais voláteis, e de carbono fixo.

Os carvões classificam-se ou ordenam-se de acordo com o seu conteúdo de carbono fixo, cuja proporção aumenta à medida que o minério se forma. Em ordem ascendente, os principais tipos são: linhito, que se desgasta rapidamente, pode incendiar-se espontaneamente e tem baixo valor calorífico; é usado sobretudo na Alemanha e na Austrália; carvão sub-betuminoso, utilizado principalmente em estações geradoras; carvão betuminoso, o tipo mais comum e que, transformado frequentemente em coque tem amplo emprego industrial; o antracito, um carvão lustroso, de combustão lenta, excelente para uso doméstico.

Como todo combustível fóssil, o Carvão Mineral é formado pela decomposição de matéria orgânica através de um processo que leva milhões de anos e, por este motivo, não é um combustível renovável ao longo da escala de tempo humana, ainda que ao longo de uma escala de tempo geológica esses combustíveis continuem a ser formados pela natureza.

Carvão Mineral, que possui cor preta, é um combustível de origem fóssil (formado a partir da fossilização de materiais orgânicos, principalmente madeira). Ele é encontrado em jazidas localizadas no subsolo terrestre e extraído pelo sistema de mineração; o Carvão Mineral é composto por: carbono (grande parte), oxigênio, hidrogênio, enxofre e cinzas.

2.5 Identificação dos principais constituintes do Carvão Mineral

Os principais constituintes elementais dos carvões são chamados por macerais e eles podem ser classificados em três grupos fundamentais Exinita, Vitrinita e Inertinita. Estes constituentes podem ser identificados por via microscópica, e na identificação destes microscopicamente podem ser distinguidos um a outro pela sua côr, aparência, e o seu grau de refletância.

Os elementos distinguíveis macroscopicamente são os chamados de litotipos. Os litotipos são aqueles elementos distinguíveis macroscopicamente no carvão, pode se referir o vitrênio que compõe leitos finos na camada de carvão, constituindo a parte lisa e brilhante; o clarênio é semi-brilhante e mostra se fino estriado; o durênio tem aspecto opaco e superfície rugosa aparendo em leitos mais resistentes e, o fusênio que se apresenta em leitos foscos, fibrosos e friáveis, sendo o único litotipo que suja ao entrar em contato com as mãos ou dedos.

Para análises de grupos de macerais e microlitotipos, o padrão internacional é avaliado a partir de 500 pontos.

Expressão dos resultados: No fim se deve calcular o volume percentual de cada componente, que é igual ao número de pontos percentuais contados sobre ele, expressando os resultados para o número inteiro mais próximo. A forma dos resultados depende do procedimento adotado em relação à questão mineral e tem de ser expresso nas seguintes bases, como se mostra no quadro a seguir:

Quadro 1. [The new inertinite classification, ICCP System, 1994].

1. Matéria mineral ignorada: % V+% E +% I = 100.

2. Matéria mineral contada: % V + % E +% I +% MM = 100.

3. Matéria mineral calculada: % V+ % E% + % I +% MM = 100.

(V: Vitrinita; E: Exinita; I: Inertinita; MM: (Matéria Mineral)

Além dos macerais anteriormente referidos, este combustível não renovável, é constituído por matéria mineral, quer dizer é constituído por alguns minerais como argilas, carbonatos, sulfuretos, minerais de quartzo e outros. Estes minerais foram agregados na fase inicial da formação do carvão, por isso se encontram disseminados na matéria carbonosa.

2.6 Qualidade do Carvão Mineral

Para definir a qualidade do Carvão Mineral, são necessários se referir três pontos chaves como sendo: o poder calorífico do carvão (Q); o teor de cinzas em sua composição (A) e o teor de enxofre na sua composição (S). O poder calorífico do carvão é a energia armazenada que, ao sofrer um processo de combustão, é liberada para o ambiente [Lorenz e Grudzinsk, 2003].

Quanto mais intensas a pressão e a temperatura a que a camada de matéria vegetal for submetida, e quanto mais tempo durar o processo, mais alto será seu grau de carbonificação e maior a qualidade do carvão [Laus et al., 2006].

O poder calorífico é dado em J/kg (energia / massa) e, em negociações internacionais, este valor varia de 24 a 28 MJ/kg. O teor de cinzas é formado pelas parcelas incombustas resultante de todo processo de combustão. Toda substância apresenta maior ou menor teor de cinzas, dependendo de sua composição. No mercado internacional de carvão, o teor de cinzas é relativamente baixo, variando de 8 a 16 % [Lorenz e Grudzink, 2003].

O teor de enxofre é um parâmetro muito importante para o aspecto ambiental, pois influencia diretamente na emissão de óxidos de enxofre. A queima de carvão com baixo teor de enxofre tende a ser o método mais simples e mais barato para diminuir as emissões de SO2, porém existe uma grande dificuldade em se determinar a quantidade de carvão com baixo teor de enxofre disponível no mercado.

3. CARVÃO NO MUNDO

O mercado internacional de carvão se divide em duas regiões: o mercado do Pacífico, que tem como exportadores Áustria, Indonésia e China e como importadores Japão, Coréia do Sul e Taiwan; e o mercado do Atlântico, onde os exportadores são os países do oeste europeu e da bacia do mediterrâneo, e os importadores são África do Sul, Polônia, Colômbia e Estados Unidos [Lorenz e Grudzinsk, 2003].

Estudos apontam um aumento das transações comerciais de carvão no mercado do Pacífico nas últimas duas décadas. Esse aumento se deve à grande demanda no Japão e países da região noroeste da ásia e também à progressiva exportação da Austrália e Indonésia [Ekawan, et al. 2005].

A expectativa é de que o mercado continue a expandir vindo a se tornar mais importante que o mercado do Atlântico. Na composição da matriz energética global, o carvão fica abaixo apenas do petróleo, sendo que especificamente na geração de energia elétrica, o carvão assume a condição de principal recurso conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1.: Distribuição global de energia por recurso [Adaptado: Borba, 2001].

Recurso Consumo Geral de Energia Geração global de eletricidade

Carvão 23,30% 38,40%

Petróleo 35,70% 8,90%

Gás natural 20,30% 16,10%

Nuclear 6,70% 17,10%

Renováveis 11,20% -

Hídricos 2,30% 17,90%

Outros* 0,04% 1,60%

*Inclui energia eólica, solar, geotérmica, etc.

Em termos de recursos naturais não renováveis, o Carvão Mineral apresenta a maior vida útil estimada. Esta vida útil é mais de cinco vezes maior que a do petróleo e mais de três vezes maior que a do gás natural [Borba, 2001].

O Panorama da disponibilidade de carvão em termos de reservas mundiais em bilhões de toneladas, pode ser observado na Tabela 2.

Tabela 2. Adaptado: [ DOE Departament of Energy, 2006]

REGIÃO/ PAÍS TOTAL

Estados Unidos 270,7

Rússia 173,1

China 126,2

Índia 102,9

Outros países não OECD (Organização de cooperação e de desenvilvimento económico) da Europa e Euroásia

100,1

Austrália e Nova Zelândia 87,2

ÁFRICA 55,5

Países OECD da Europa 43,3

Outros países não OECD da Ásia 11,5

Brasil 11,1

Outros países da América do Sul e Central 10,8

Canadá 7,3

Outros* 2,3

TOTAL 1.000,90

* Inclui México, Oriente Médio, Japão e Coréia do Sul.

3.1 Reservas de carvão no mundo

De todos os combustíveis fósseis o carvão é sem dúvida o com maior reserva no mundo. Foi estimado atualmente que há mais de um trilhão de toneladas de carvão em reservas economicamente acessíveis usando a atual tecnologia de exploração de minas. Além de as reservas de carvão serem grandes, elas são geograficamente divididas, sendo espalhadas por centenas de países em todos os continentes, onde o continente africano faz parte. Essa grande quantidade de minas garantem uma reserva para um grande período de exploração. Se o nível de exploração mundial continuar como atualmente as reservas são suficientes para durar aproximadamente 250 anos.

Ainda mais, significativos avanços tecnológicos continuam a ser feitos de modo a melhorar a eficiência do carvão, fazendo com que mais energia seja retirada e utilizada de uma tonelada de carvão. As reservas atuais de carvão são mais do que cinco vezes maior do que as reservas

de petróleo (de duração de aproximadamente 45 anos) e mais do que três vezes maiores das que de gás natural ( de duração de aproximadamente 70 anos).

4. CARVÃO DE MOATIZE/ MOÇAMBIQUE

4.1 Localização geográfica de Moçambique

Moçambique se localiza na costa sudeste do continente africano, tendo como limites a Leste o oceano índico, a Norte a Tanzânia, o Malawi e a Zâmbia, a Oeste o Zimbabwe e a áfrica do Sul e a Sul a Suazilândia. Tem uma superfície de 799.380 km2, que se estende Norte-Sul voltando para o índico com que se confronta ao longo de 2.515 km de linha da costa. É um país com mais de 20 milhões de habitantes que nos últimos anos está a sair da pobreza absoluta.

O território moçambicano está dividido em onze províncias, de Norte a Sul nomeadamente: Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Zambézia, Tete, Manica, Sofala, Inhambane, Gaza, Maputo e cidade de Maputo, esta última sendo a capital do país.

Fig. 1: Mapa de localização geográfica de Moçambique a (esq.). [Disponível no endereço eletrônico e acessado em 11/03/2011: http://www.acil.org.mo/por/pcs_Mozambique.htm]. Mapa de divisão administrativa a (dir.)

Disponível no endereço eletrônico e acessado em 08/02/21011: http: www.portaldogoverno.gov.mz

5. MOATIZE: LOCALIZAÇÃO, SUPERFÍCIE E POPULAÇÃO

O Distrito de Moatize, que dista sensivelmente a 20 km do Município de Tete situa- se a NE da cidade capital provincial entre os paralelos 15’ 36’’ e 16’ 38’’ latitude Sul e entre os meridianos 32’ 16’’ e 34’ 28’’ de longitude Este. [MAE, 2005].

É limitado ao Norte pelos distritos de Chiúta e Tsángano, a Este pela República do Malawi, a Sul pelo distrito de Tambara, Guro, Changara e município de Tete através do rio Zambeze e Mutarara através do rio Mecombedzi e a Oeste pelos distritos de Chiúta e Changara. [MAE, 2005].

Com uma superfície de 8.455 km2 e uma população recenseada em 2007, 113.409 e habitante e estimada a data de 01 de Janeiro de 2005, em 143.663 habitantes, o distrito de Moatize tem uma densidade populacional 17 hab./km. A relação de dependência econômica potencial é de aproximadamente 1:1, isto é, por cada dez crianças ou anciões existem dez pessoas em idade ativa. A população é jovem (48% abaixo dos quinze anos de idade), majoritariamente feminina, taxa de masculidanidade de 48% e de matriz rural (taxa de urbanização de 23%). [MAE, 2005].

Administrativamente o distrito tem três Postos Administrativos: Moatize, Kambulatsitsi e Zóbuè que, por sua vez, estão subdivididos em nove localidades, a saber: Moatize, Benga, Mpanzu, Msungo, Kambulatsitsi, Mecungas, Zóbuè, Capridzanje e Ncodeze.

5.1 Clima, relevo e solos

No distrito de Moatize, ocorrem dois tipos de climas nomeadamente o tipo “seco de estepe com inverno seco-BSW”, na parte sul do distrito e do tipo “tropical chuvoso de savana AW” no norte do distrito. Os dois tipos de clima observam duas estações distintas, a estação seca e chuvosa, onde a precipitação média anual é cerca de 644 mm, enquanto a evaporatranspiração potencial média anual está na ordem de 1.626mm.

A maior queda pluviométrica ocorre, sobretudo nos períodos compreendido entre Dezembro de um ano a Fevereiro do ano seguinte, e a temperatura média está na ordem dos 26.5oC, onde as médias anuais máxima e mínima são de 32.5 a 20.5oC respectivamente.

Geomorfologicamente, o distrito ocorre parcialmente no vasto complexo gnaisso-granítico do cinturão de Moçambique (Mozambique belt) onde sobresaiem em forma de inselbergs as rochas intrusivas do pós-karroo. [MAE, 2005].

5.2 Recursos minerais

O distrito de Moatize de forma geral é caracterizado por possuir importantes jazidas, desde filões de quartzo carbonatados constituídos por sílica calcite, jazidas de ferro e chumbo ( magnetita, hematita e apatita), jazidas de coríndon, jazida de fluorite, jazida de carvão do tipo hulha e inúmeras jazidas de titanomagnetites vanadíferas (Ferro, titânio e vanádio). As jazidas de carvão fazem parte de uma extensa área que se estende de Chingodzi ao Mecombedzi situada a região sul montanhosa do distrito localizando-se as jazidas mais importantes na chamada bacia carbonífera de Moatize-Minjova [MAE, 2005].

O depósito de carvão de Moatize é constituído por rochas de origem sedimentar, tais como, siltitos e arenitos que são as litologias correspondentes a rocha estéril. O minério é composto por três camadas horizontalizadas principais de carvão com a seguinte nomenclatura: a Bananeiras, a Chipanga e a camada Souza Pinto, sendo apresentadas da camada mais rasa, para a mais profunda [MAE, 2005].

6. CARVÃO DE MOATIZE, GENERALIDADES

Em Moçambique, numa altura em que o mundo está com olhos postos ao território nacional, tendo em conta o bom que se regista nos últimos tempos no que diz respeito à descoberta e exploração dos recursos minerais, particularmente relacionados com Carvão Mineral de

Moatize, o país ainda tem muito por ser descoberto e explorado. Assim, o governo moçambicano lança o desafio e convida os investidores, tanto nacionais assim como estrangeiros, a avançarem com propostas concretas para iniciarem investimento no setor mineiro nacional. Moçambique dispõe de uma vasta gama de recursos minerais, grande parte dos quais ainda não explorados, tais como metais básicos, fosfatos, rochas ornamentais, bauxite, minério de ferro, tantalite, pedras preciosas e semipreciosas, grafites e outros.

O país possui grandes depósitos de areias pesadas ao longo da costa, tendo um deles, em Moma, entrado em produção em 2007 e prevendo-se para o futuro o desenvolvimentos de outros projetos em outras áreas como a projecção as de Chibuto, na província de Gaza [MEDIAFAX. Recursos minerais em Moçambique- “Temos ainda por explorar” Redação: Quinta feira, 22 de Julho de 2010].

O país tornou-se, nos últimos tempos, no maior produtor de gás natural na região da África Austral. Foi recentemente feita a descoberta de novas jazidas de hidrocarbonetos, com particular destaque para a descoberta na bacia do Rovuma, fato que é uma razão clara para que os investidores tenham forte apetência por Moçambique.

No que diz respeito ao Carvão Mineral, Moçambique é considerado no futuro mais próximo como podendo ser um dos países com maiores reservas deste recurso mineral a nível mundial. “Existem diversas bacias carboníferas identificadas em diferentes áreas do país, nas províncias de Tete, Niassa, Cabo Delgado e Manica, algumas delas presentemente a serem avaliados através de trabalhos de pesquisa no âmbito de mais de 100 títulos mineiros

Fig. 2:Mapa de localização geográfica da província de Tete. [Adapatado: Dinageca,

Fevereiro/2003].

Fig. 3: Mapa da divisão administrativa do distrito de Moatize. [Disponível no endereço eletrônico e acessado em

11/03/2011: http://www.info_tete.co.mz/index. php/pt.../moatize]

atribuídos a várias pessoas singulares e coletivas [MEDIAFAX. Recursos minerais em Moçambique “Temos ainda por explorar” Redação: Quinta feira, 22 de Julho de 2010].

A maior reserva de Carvão Mineral em Moçambique, se encontra localizada no distrito de Moatize, na província de Tete, no centro do país, e pretende integrar a lista dos maiores produtores e exploradores de Carvão Mineral no mundo.

Os projetos de exploração de carvão em Moçambique se multiplicam nos últimos tempos promovidos sobre tudo por transnacionais e empresas indianas, permitindo ao país exportador de eletricidade reforçar o estatuto de potência energética regional e com o desenvolvimento do projeto de Moatize, espera-se que o país se torne no segundo maior produtor africano de carvão depois da África do Sul.

Estima-se que mais de 800 licenças de prospecção e pesquisa de minerais incluindo Carvão Mineral foram autorizadas pelo governo até Fevereiro de 2011, além de o país dispor de recursos naturais, este número crescente de investidores na área mineral se deve também de um ambiente propício para atração de investimentos.

7. GRAU DE ESTUDO DA BACIA DE MOATIZE

A bacia carbonífera de Moatize, a mais conhecida de entre as diversas bacias de carvão existentes no país, foram realizados no passado diversos trabalhos de pesquisa geológica detalhada e presentemente existem vários bilhões de toneladas de carvão prontas para ser produzidas. Dentre vários trabalhos publicados sobre a área em referência, importa destacar os trabalhos de descrições, destacando fundamentalmente a descrição de afloramentos do sistema de Karroo e do Complexo Gabro Anortosítico de Tete [Coelho, 1969].

Em 1966, F. Real, no seu trabalho intitulado “Geologia da bacia do Zambeze”, faz referência as características geológicas e mineiras desta bacia, dando muita importância ao Karroo de Tete, onde estão inceridas importantes camadas de carvão. Este autor generaliza todos os dados existentes nesta província, por exemplo afirma que na bacia carbonífera de Moatize-Minjova as séries carboníferas apresentam uma espessura de 340m.

[R. S. Afonso, 1978], no seu trabalho denominado “Geologia de Moçambique”, faz referência a distribuição do Karroo em Moçambique, sua origem e sequência Geológica incluindo a refência da existência de carvão na bacia carbonífera de Moatize.

[Lopo Vasconcelos, 1995], na sua tese de doutorado pela Universidade do Porto, Portugal em, estudou os carvões de Moatize com o tema: contribuição para o conhecimento dos carvões da bacia carbonífera de Moatize.

A província de Tete em particular foi palco de vários estudos Geológicos, os pioneiros nesses estudos em Tete, datam de 1920, onde estudantes e professores universitários Belgas, estudaram a bacia sedimentar , com parcticular incidência as camadas de carvão de Moatize, tendo concluido que em Moatize haviam diferentes camadas de carvão que jaziam a diferentes profundidades.

Em 2007 e 2009 foram assinados dois contratos mineiros, com a Vale (Brasil) e Riversdale (Austrália) para Moatize e Benga respectivamente, que em conjunto contemplam a produção e exportação anual de cerca de vinte milhões de toneladas de carvão, a ocorrer dentro do primeiro semestre de 2011. O Governo moçambicano vai atribuir, até nos finais de 2012, três novas concessões de pesquisa e prospecção de carvão, até ao momento, o Ministério dos Recursos Minerais já atribuiu 105 concessões de pesquisa e prospecção de Carvão Mineral; enquanto isso as Minas de Moatize e Benga em Tete, desenvolvidas pela companhia brasileira

Vale e pela mineradora australiana Riversdale respectivamente, estão numa fase avançada. [Descobertos novos jazigos de carvão em Moçambique: disponível no endereço eletrônico e acessado em 08/03/2011: htt: //www.africatoday.co.ao/pt/empresas/4918].

Os resultados já obtidos indicam a existência de Carvão Mineral em toda a província de Tete, no centro de Moçambique. As empresas envolvidas na pesquisa de jazidas de carvão em Moatize, a JFPL, Essar e ETA Star desde 2008, anunciaram a descoberta de novas jazidas de carvão nos distritos de Changara, Cahora Bassa, Mágoè, Mutarara, Marávia e Zumbu. Na bacia de Moatize, é onde se encontram as maiores reservas do país, tendo sido identificadas quantidades exploráveis de Carvão Mineral na região de Samoa, onde já está a trabalhar a empresa Carvoeira de Samoa [Descobertos novos jazigos de carvão em Moçambique: disponível no endereço eletrônico e acessado em 08/03/2011: htt: //www.africatoday.co.ao/pt/empresas/4918].

Na província de Tete, cerca de 16 empresas estão licenciadas para a pesquisa de outros minérios, destacando-se ouro aluvional, platina, ferro, pedras preciosas, água mineral e metais básicos [Descobertos novos jazigos de carvão em Moçambique: disponível no endereço eletrônico e acessado em 08/03/2011: htt: //www.africatoday.co.ao/pt/empresas/4918].

8. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO DA BACIA CARBONÍFERA DE MOATIZE

A bacia carbonífera de Moatize localiza-se na província de Tete, a cerca de 20 km a nordeste da capital provincial, e a uns escassos 6 km do aeroporto de Chingódzi.

A capital distrital de Moatize localiza-se dentro da bacia carbonífera, e situa-se na estrada que liga Tete ao Malawi, através da vila fronteiriça do Zóbuè (cerca de 90 km). Perto de Moatize há ainda a estrada que vai para a Zâmbia, através da fronteira de Cassacatiza.

A rede fluvial na Bacia de Moatize é constituída pelo Rio Revúboè, que corta a bacia no sentido NE-SW em direção ao Rio Zambeze, e pelos seus afluentes Rio Moatize, que corre na direção ESE-WNW, e Rio Murongódzi, que corre na direção NS. Em termos de orografia, a Bacia de Moatize apresenta um relevo aplanado algo ondulado, sendo bordejado a NE, NW e SW por zonas de montanhas referentes às formações precâmbricas. A feição mais notória é o Monte M’pandi, no limite SW da bacia, junto ao Rio Revúboè, com uma altitude de 321 m [GTK Consortium, 2006].

Esta bacia, pertence ao Supergrupo do Karroo. A seqüência estratigráfica tem seis camadas de carvão principais, designadas de baixo para cima como: Sousa Pinto, Chipanga, Bananeiras, Intermédia, Grande Falésia e André. A camada Chipanga é a mais espessa de todas e a única que foi explorada. Sobreposta à Formação de Moatize encontra-se a Formação de Matinde. As formações de Moatize e Matinde são respectivamente equivalentes ao Dwyka Superior/Ecca Inferior e ao Ecca Médio/Superior da Bacia.

A bacia carbonífera de Moatize está orientada no sentido NW-SE e está rodeada por gabros e anortositos da Suite Tete, de idade Mesoproterozóica (1600-1000 M.a), o limite NE da bacia é uma falha normal de cerca de 30 km de comprimento, orientada NW-SE. O limite SW é tanto por inconformidade, como também por contacto de falha, como é o caso da Falha do Monte M’pandi [Real, 1978].

A idade da série produtiva pode ser determinada devido à presença de numerosos fósseis vegetais, que são:

� Glossopteris Indica Shimper;

� Glossopteris Browniana Brongr;

� Glossopteris Brancae Gothan;

� Glossopteris Stricta Bunb;

� Gangamopteris Cf. Obvata

� Gangamopteris Cyclopteroides;

� Sphenophyllum Specioum Royle;

� Sphenophyllum thonnii Mabr;

� Oblingifolium;

� Sigillariasp.

A bacia carbonífera de Moatize, pertence ao Supergrupo do Karroo. A seqüência estratigráfica tem seis principais camadas de carvão, designadas de baixo para cima como: Souza Pinto, Chipanga, Bananeiras, Intermédia, Grande Falésia e André. A camada Chipanga é a mais espessa de todas e a única que foi explorada.

Sobreposta à Formação de Moatize encontra-se a formação de Matinde. As formações de Moatize e Matinde são respectivamente equivalentes ao Dwyka Superior/Ecca Inferior e ao Ecca Médio/Superior da Bacia. As camadas de carvão de Moatize, estam inceridas no karroo justificando-se assim a importancia desta unidade geologica. Na região de Moatize, superiormente à série produtiva, começa outra série sedimentar constituída por grão grosseiro à médio, grés arcósico e pequenas camadas lenticulares de calhau rolado e estratificação cruzada [F. Real, 1966].

O depósito de carvão de Moatize é constituído por rochas de origem sedimentar, tais como, siltitos e arenitos que são as litologias correspondentes a rocha estéril.

O minério é composto por três camadas horizontalizadas principais de carvão com a seguinte nomenclatura: a Bananeiras, a Chipanga e a camada Souza Pinto, sendo apresentadas da camada mais rasa, para a mais profunda.

Série Produtiva- esta é de grande interesse por nela estar englobada a importante camada de carvão. Esta série é caracterizada por possuir xistos, grés carbonosos, argilitos negros, por vezes piritosos. A idade desta série é de pérmico Inferior, que, provavelmente se corresponde com o andar Ecca [F. Real, 1978].

Entre as camadas de carvão existe novamente a presença de material estéril compostos por siltitos e arenitos o chamado “interburden”. As camadas de carvão apresentam características distintas quanto a sua composição química e aproveitamento econômico.

A partir do modelamento realizado foi possível verificar intensa atividade geológica nas camadas de carvão de Moatize. Na série produtiva são conhecidas camadas de diferentes espessuras e designadas a partir da mais recente por:

1. André

2. Grande Falésia

3. Intermédia

4. Bananeira

5. Chipanga

6. Souza Pinto

1.Camada André- topo da série produtiva, constituída por bancadas de carvão inteceptadas apenas por dois leitos finos de xistos carbonosos, piritosos com com 1 à 2 m de carvão.

2. Camada Grande Falésia- constituida por xistos argilosos e carvões com 12 m de espessura.

3. Camada Intermédia- formada por xistos e níveis de carvão com 8 m de espessura.

4. Camada Bananeira- a que corresponde a um complexo de xistos e carvão, este com fraca espessura e uma espessura de aproximadamente 10m.

5. Camada Chipanga- a mais importante da série produtiva com uma camada basal de 2.5 à 3.5m de carvão.

6. Camada Sousa Pinto - constituída por um complexo carbonoso com 14 m de espessura.

As maiores jazidas de carvão localizam-se na bacia carbonífera de Moatize-Minjova, a maior fonte de riqueza da região.

9. PRINCIPAIS BACIAS CARBONÍFERAS DE MOÇAMBIQUE

A Bacia de Moatize tem sido uma das regiões moçambicanas em que se têm fundado esperanças pela existência de recursos minerais importantes. Como conseqüência desta perspectiva, nesta região tem sido incutida maior número de estudos geológicos, quer sistemático, quer localizado com o objetivo de reconhecimento de determinadas mineralizações, e posteriormente a sua avaliação econômica dessas jazidas.

Figura 4: Mapa geológico de Moçambique:[Disponível no endereço eletrônico e acessado

em 11/03/2011:

htt://www.geologiademocambique/justicanostrilho.org]

No território moçambicano podem ser mencionadas as principais bacias carboníferas, sendo Chicôa-Mecúcoè, Mucanha Vuzi, Moatize-Muarazi-Minjova, N’condedzi-Mutarara, Sanângoè-Metídzi, Canxixe, Mpotepote, Maniamba e Lugenda [Vasconcelos & Pedro, 2004].

As bacias de Moatize, pelos resultados revelados por estudos recentemente apresentados por várias pesquisas realizadas, mostram que a rede de bacias carboníferas não exploradas do Mundo se encontra na província de Tete e a geologia corrente diz-nos que, para além destes campos de Moatize, estima agora sob enfoque da Vale antiga Companhia do Vale do Rio Doce, um punhado de quilómetros a oeste se estendem os depósitos de Mucanha-Vuzi (reservas > 3 biliões de toneladas) e de Senâgoe (reservas > 1 bilião de toneladas). Com reservas estimadas em cerca de 2.4 biliões de toneladas, em caso de avanço do mega-investimento da Vale em Tete, Moatize poderá produzir mais de 20 milhões de toneladas anuais do carvão bruto r.o.m (run-of-mine), das quais 10 a 12 MTPA ( milhões de tonelada por ano) de carvão metalúrgico para exportação.

Fig. 5: Bacias do Karroo em Moçambique e principais aspectos geográficos da zona de Tete-Moatize

[Vasconcelos & Pedro, 2004].

10. MODOS DE EXPLORAÇÃO E BENEFICIAMENTO

Na extração do carvão geralmente podem ser usados diferentes modos ou métodos, nomeadamente (subterrâneo ou a céu aberto). A opção por uma ou outra modalidade depende, basicamente, da profundidade e do tipo de solo sob o qual o minério se encontra. Se a camada que recobre o carvão é estreita ou o solo não é apropriado à perfuração de túneis (por exemplo, areia ou cascalho), a opção é a mineração a céu aberto. Se, pelo contrário, o mineral está em camadas profundas ou se apresenta como veios de rocha, há a necessidade da construção de túneis. A produtividade das minas a céu aberto é superior à das lavras subterrâneas. No entanto, de acordo com o World Coal Institute (WCI) ou Instituto Mundial do carvão, em português, 60% da oferta mundial de Carvão Mineral é extraída por meio da mineração subterrânea.

Carvão é hoje fonte marginal de energia em tem no uso termoelétrico potencialidade extraordinária, tendendo praticamente todo o grosso de sua produção a este setor que o usa como combustível. Identificar as reservas de carvão de grande porte e, alcançar o patamar de tecnologia que permita o aproveitamento de instalações de economia da escala são os objetivos a culminar para o desenvolvimento e expansão de indústria carbonífera moçambicana.

Para a exploração do carvão de Moatize pelas empresas Vale (Brasil) e da Riversdale (Austrália), será efetuada através de mineração a céu aberto, usando usado o strip mining, por

Fig. 6. Principais bacias carboníferas de Moçambique. [Disponível no endereço eletrônico e acessado em 08/03/2011: htt:// www.vale.com].

ser o método clássico de lavra a céu aberto para carvão e por melhor se adequar à configuração do terreno de Moatize e as condições geológicas o permitem. Com uma capacidade na fase de plena exploração, de cerca de 26 milhões de toneladas de carvão bruto por ano, prevendo-se para 2011 o início da sua produção. A pos o tratamento do carvão, obter-se ao cerca de 85 milhões de toneladas por ano de carvão de coque e dois milhões de toneladas por ano de carvão para a queima, ambos para a exportação. O carvão restante obtido do tratamento do carvão bruto r.o.m (run-of-mine), tem teor de cinzas demasiado elevado para poder comercializar, e por isso, prevê-se que uma parte dele venha ser utilizado numa Central térmica de 1.500MW a ser instalada em Moatize. [Carvão mineral em Moçambique, CIP, redação em 09 de Abril de 2009, Maputo].

Tendo em vista todo o relatado, e face às características do carvão de Moatize, e estabelecendo como meta a recuperação máxima com redução de custos, o beneficiamento de carvão, visa à redução de teores de cinzas e enxofre, aumentando os teores da massa carbonosa e poder calorífico. As propriedades químicas e físicas são importantes em todos os aspectos.

A modernização técnica de tratamento do carvão mineral, aplicado nas indústrias mineiras, tendo em conta aumentar a capacidade de produção e ampliação do seu mercado consumidor, para os diferentes segmentos industriais, surgiu da necessidade de desenvolver tecnologias, aumentar as capacidades das plantas de beneficiamento, melhorando a sua eficiência, visando a sua adequação para atender a demanda existente. O conhecimento das especificações dos produtos desejados é importante para a verificação da viabilidade técnica e econômica do beneficiamento do carvão [Sampaio, 2005].

Sem sombra de dúvidas, para o ano de 2011 será um ano marcado pelo início de exploração e exportação de carvão mineral de Tete para os vários pontos do mundo. Espera-se que, a partir do primeiro semestre do corrente ano, inicie a exportação de pelo menos dois milhões de toneladas de Carvão Mineral, a serem extraídos pelas companhias mineiras Vale e Riversdale.

Com a exploração do carvão de Moatize pelas companhias de mineração Vale (Brasil) e Riversdale (Austrália), Moçambique espera produzir, dentro de cinco anos, mais de 20 milhões de toneladas daquele produto [Descoberto outro grande jazigo de carvão em Tete: disponível no endereço eletrônico e acessado em 09/02/2011: http://www.potaldogoverno.gov.mz/notícias].

Em Benga, a Riverdale tem uma reserva na ordem de 4,4 bilhões de toneladas das quais se fará uma produção na ordem dos 20 milhões de toneladas e que processados vão resultar em cerca de seis milhões de toneladas por ano para o carvão metalúrgico e 2 milhões de toneladas para o carvão térmico. O carvão doméstico (que não tem qualidade para a exportação) se estima na ordem de quatro milhões de toneladas que poderão ser usadas para as centrais térmicas. Em relação à Vale ela tem a concessão mineira válida por 35 anos e traduz se uma produção anual cerca de 26 milhões de toneladas deste recurso mineral [Descoberto outro grande jazigo de carvão em Tete: disponível no endereço eletrônico e acessado em 09/02/2011: http://www.potaldogoverno.gov.mz/notícias].

A Vale pretende extrair 11 milhões de toneladas de carvão por ano, sendo 8,5 milhões de toneladas de coque para a indústria metalúrgica e 2,5 milhões de toneladas de carvão térmico para a produção de energia elétrica, projeta-se que a produção do carvão em áfrica em geral cresça em média 3% ao ano de 2011, especificamente graças ao aumento da procura principalmente no continente asiático. O preço da matéria prima tem vindo a escalar ao do petróleo, apresentando-se como uma alternativa mais barata [Descobertos novos jazigos de carvão em Moçambique: disponível no endereço eletrônico e acessado em 08/02/2011: htt: //www.africatoday.co.ao/pt/empresas/4918].

Carvão Mineral voltou a estar na mira das atenções dos investidores e consumidores, devido a três vantagens: preços baixos por unidade energética; um rácio mais elevado de reservas/produção e uma diferente distribuição geográfica das reservas.

A Índia e a China serão responsáveis por um aumento de 73% da procura mundial de carvão em 2030, para 4994 milhões de toneladas equivalentes de petróleo, quando comparativamente em 2005 consumiam 2892 milhões de toneladas [AIE, 2007].

A disponibilidade de carvão que será produzido em grandes quantidades em Moçambique poderá criar oportunidades para a sua utilização no país em eventuais indústrias de ferro e aço ou para a produção de cimento. Existe atualmente no mercado internacional, com destaque para o mercado indiano, uma grande procura de carvão, tanto de coque como de queima, sendo os preços mais que duplicaram durante os últimos anos.

11. IMPORTÂNCIA DO CARVÃO MINERAL

Começou a ser utilizado em larga escala, como fonte de energia, na época da Revolução Industrial (século XVIII). Nesta época era usado para gerar energia para as máquinas e locomotivas. Até hoje é usado como fonte de energia. O carvão não só forneceu a energia que abasteceu toda a Revolução Industrial no século 19 como também impulsionou toda a era da eletricidade no século XX. Atualmente aproximadamente 40% da eletricidade gerada mundialmente é produzida através do carvão. Alguns desses países que dependem da energia elétrica gerada pelo carvão são: América do Sul, Dinamarca, China, Grécia, Alemanha e Estados Unidos. A indústria de ferro e aço mundial também é fortemente dependente do uso do carvão, caso do Brasil.

A queima do Carvão Mineral para gerar energia lança no ar partículas sólidas e gases poluentes. Estes gases atuam no processo do efeito estufa e do aquecimento global. Portanto, o carvão mineral não é uma fonte de energia limpa e deveria ser evitada pelo ser humano. Porém, em função de questões econômicas (em algumas regiões do mundo é uma fonte barata), ainda é muito utilizado para gerar energia elétrica em usinas termo-elétricas.

Em termos de aplicação, o Carvão Mineral foi usado por um longo tempo no setor de transportes, em veículos como as locomotivas e navios à vapor. Atualmente, o carvão mineral garante o funcionamento de usinas termoelétricas. Há dois mercados distintos para carvão comercializado internacionalmente, o carvão chamado coqueificável e o carvão a vapor para aplicações energéticas. Na siderurgia é utilizado o carvão coqueificável, que se classifica como um carvão nobre com alto poder calorífico e baixo teor de cinzas. No uso energético, o carvão admite, a partir do linhito, toda gama possível de qualidade, sendo uma questão de adaptação dos equipamentos ao carvão disponível [Ekawan et al., 2005].

Destaca-se que os requisitos de qualidade dos clientes da extração de carvão para fins energéticos se diferem de acordo com seus equipamentos não existindo um padrão de qualidade claramente definido para o carvão [Lorenz e Grudzinsk , 2003].

Carvão é a fonte mais utilizada para geração de energia elétrica no mundo, respondendo por 41% da produção total. Sua participação na produção global de energia primária, que considera outros usos além da produção de energia elétrica, é de 26% [Agencia Internacional de Energia ( IEA), 2001]. A agência Internacional de Energia também projeta que o minério manterá posição semelhante nos próximos 30 anos.

12. ASPECTOS AMBIENTAIS

Um pré-requisito para o desenvolvimento sustentável deve ser a garantia da não contaminação de cursos de água, rios, lagos e mares bem como dos oceanos. As atividades humanas vêm insistentemente, poluindo as fontes naturais de água das quais todos dependemos; a mineração é uma dessas atividades que polui a água. Tem aumentado muito, no presente, a preocupação com o legado ambiental que as atividades de mineração têm deixado, principalmente nos países em vias de desenvolvimento.

Em países em vias de desenvolvimento, como é o caso de Moçambique, questões relacionadas à possibilidade e qualidade da água é talvez a interface mais evidente na relação da indústria com as comunidades próximas a um empreendimento mineral e afetam diretamente a percepção e aceitação, pela sociedade, das atividades mineiras.

Os processos de mineração (indústria metalúrgica, hidrometalúrgica) são, por natureza, grandes consumidores de água; em locais onde haja riscos potenciais ao patrimônio ambiental, incluindo os recursos hídricos a mineração deve ser vedada, apesar do aprimoramento das práticas mineiras, em termos ambientais, nas últimas décadas ainda são muito significativos os riscos ambientais derivados da atividade de mineração.

Os impactos negativos podem variar, desde a geração e transporte de sedimentos causados por estradas mal conservadas durante a fase de exploração até o assoreamento de cursos de água e aumento de partículas sólidas em suspensão nas águas durante a fase de operação da mina.

Pretende-se chamar atenção a todas as empresas e todos aqueles que operam nesta área, a partir dos garimpeiros até as empresas tecnológicas, ou seja: a todos que estam envolvidos em diferentes projetos de extração e pesquisas de recursos minerais em Moçambique de forma geral, a tomar as devidas precauções e procedimentos a fim de evitar a contaminação dos fluxos de água. Sabe-se que a maior parte da população moçambicana vive nas zonas rurais, algumas delas onde as empresas se encontram instaladas como o caso de mega-projetos, empresas de extração de carvão mineral, material de construção civil, etc.. Portanto se contaminamos a água, estaríamos a inviabilizar o desenvolvimento sustentável das comunidades e do país em geral. Recordemos ainda que um dos principais efeitos tecnológicos das últimas décadas é que a mineração tem se tornado mais mecanizada e assim tem aumentado enormemente a capacidade de manusear grandes volumes de material, conseqüentemente, à quantidade de estéril e rejeito tem se multiplicado a taxas inimagináveis.

O desenvolvimento da tecnologia de mineração tem possibilitado, cada vez mais, o aproveitamento de minérios de baixo teor, o que acaba gerando maior quantidade de estéreis e rejeitos. Os rejeitos podem conter também agentes químicos usados no processamento de minérios, tais como cianeto ou ácido sulfúrico; tais rejeitos são geralmente estocados em barramentos nesses procedimentos, caso, se medidas não adequadas não forem tomadas os contaminantes dos estéreis e rejeitos da mina podem alcançar as águas superficiais e subterrâneas causando problemas sérios de poluição.

Este é um dos grandes problemas que a mineração tem deixado e que deve e pode ser mudado com a utilização das melhores práticas de gerenciamento ambiental por parte da indústria extrativa mineral. Após serem removidos, os estéreis, que muitas vezes contém sulfetos que podem gerar águas ácidas, metais pesado, e outros contaminantes, são muitas vezes estocados acima dos terrenos em volumosas pilhas com drenagem livre, estas pilhas de estéril e a superfície expostas das minas já mineradas (bedrock), são a fonte da maioria da poluição por metais pesados.

Pretende-se refletir neste trabalho, desde o ponto de vista a importância de uma boa vigilância ás entidades mineiras a fim de cumprirem com rigor a legislação mineira moçambicana em

vigor, isso permitirá uma maior sustentabilidade para as gerações vindouras; por outro lado pretende-se incentivar ao governo moçambicano continuar a monitorar, estabelecer rendimentos de exploração mineira ás comunidades para permitir arrecadar mais divisas que possam acelerar o desenvolvimento do país em geral.

A contribuição das empresas que exploram recursos naturais, em particular os minerais, podem de certa maneira acelerar a indústria extrativa moçambicana. Nas últimas décadas, devido à enorme queima de combustíveis fósseis, a quantidade de gás carbônico na atmosfera tem sofrido um grande aumento, contribuindo para o aquecimento do planeta.

Dentro do cenário das teorias de aquecimento global e da redução da camada de ozônio, a pressão ambientalista contra o uso do carvão tem sido intensa, principalmente dentro da reivindicação do controle e da redução das emissões de poluentes para a atmosfera. Os fatores determinantes para a aplicação do carvão como fonte de geração de energia elétrica se fundem na busca pelo desenvolvimento e uso de tecnologias com alta eficiência térmica associadas a baixos níveis de emissão de poluentes [Chen et al. (2006].

A principal restrição à utilização do carvão é o forte impacto socioambiental provocado em todas as etapas do processo de produção e também no consumo. A extração, por exemplo, provoca a degradação das áreas de mineração.

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pretende-se refletir neste artigo, dando o nosso ponto de vista a importância de uma boa vigilância ás entidades mineiras a fim de cumprirem com rigor a legislação mineira moçambicana em vigor, isso permitirá uma maior sustentabilidade para as gerações vindouras; por outro lado pretende-se incentivar ao governo moçambicano continuar a monitorar, estabelecer rendimentos de exploração mineira ás comunidades para permitir arrecadar mais divisas que possam acelerar o desenvolvimento do país em geral.

A contribuição das empresas que exploram recursos naturais, em particular os minerais, podem de certa maneira acelerar a indústria extrativa moçambicana. Nas últimas décadas, devido à enorme queima de combustíveis fósseis, a quantidade de gás carbônico na atmosfera tem sofrido um grande aumento, contribuindo para o aquecimento do planeta.

Dentro do cenário das teorias de aquecimento global e da redução da camada de ozônio, a pressão ambientalista contra o uso do carvão tem sido intensa, principalmente dentro da reivindicação do controle e da redução das emissões de poluentes para a atmosfera.

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