90
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Thaís de Souza Chaves de Oliveira ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES PÚBLICAS DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE BELO HORIZONTE 2012

ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE MEDICINA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE

AacuteREA DE CONCENTRACcedilAtildeO EM SAUacuteDE DA CRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira

ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

BELO HORIZONTE

2012

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira

ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

BELO HORIZONTE

2012

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede - Aacuterea de

Concentraccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente

da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de

Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Mestre

Orientador Prof Dr Joel Alves Lamounier

Coorientador Prof Dr Flaacutevio Diniz Capanema

Coorientador Prof Dr Flaacutevio Diniz Capanema

Orientador Prof Dr Joel Alves Lamounier

Coorientador Prof Dr Flaacutevio Diniz Capanema

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca J Baeta Vianna ndash Campus Sauacutede UFMG

Oliveira Thaiacutes de Souza Chaves de

O48e Estado nutricional e anemia em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional Centro-Sul de Belo Horizonte [manuscrito] Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira - - Belo Horizonte 2012

90f il Orientador Joel Alves Lamounier Co-Orientador Flaacutevio Diniz Capanema Aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente Dissertaccedilatildeo (mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Medicina 1 Anemiaepidemiologia 2 Desnutriccedilatildeoepidemiologia 3 Estado Nutricional 4 Obesidade 5 Preacute-Escolar 6 Creches 7 Dissertaccedilotildees Acadecircmicas I Lamounier Joel Alves II Capanema Flaacutevio Diniz III Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Medicina IV Tiacutetulo

NLM WS 300

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Reitor Prof Cleacutelio Campolina Diniz

Vice-Reitora Profordf Rocksane de Carvalho Norton

Proacute-Reitor de Poacutes-Graduaccedilatildeo Prof Ricardo Santiago Gomes

Proacute-Reitor de Pesquisa Prof Renato de Lima dos Santos

FACULDADE DE MEDICINA

Diretor da Faculdade de Medicina Prof Francisco Joseacute Penna

Vice-Diretor da Faculdade de Medicina Prof Tarcizo Afonso Nunes

Coordenador do Centro de Poacutes-Graduaccedilatildeo Prof Manoel Otaacutevio da Costa Rocha

Subcoordenadora do Centro de Poacutes-Graduaccedilatildeo Profordf Tereza Cristina de Abreu Ferrari

Chefe do Departamento de Pediatria Profordf Benigna Maria de Oliveira

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE ndash AacuteREA DE

CONCENTRACcedilAtildeO EM SAUacuteDE DA CRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

Coordenadora Profordf Ana Cristina Simotildees e Silva

Subcoordenador Prof Eduardo Arauacutejo Oliveira

Colegiado

Profordf Ana Cristina Simotildees e Silva ndash Titular

Profordf Benigna Maria de Oliveira ndash Suplente

Prof Caacutessio da Cunha Ibiapina ndash Titular

Profordf Cristina Gonccedilalves Alvim ndash Suplente

Prof Eduardo Arauacutejo de Oliveira ndash Titular

Profordf Eleonora M Lima ndash Suplente

Prof Francisco Joseacute Penna ndash Titular

Prof Alexandre Rodrigues Ferreira ndash Suplente

Prof Jorge Andrade Pinto ndash Titular

Prof Vitor Haase ndash Suplente

Profordf Ivani Novato Silva ndash Titular

Profordf Juliana Gurgel ndash Suplente

Prof Marcos Joseacute Burle de Aguiar ndash Titular

Profordf Luacutecia Maria Horta Figueiredo Goulart ndash Suplente

Profordf Maria Cacircndida Ferrarez Bouzada Viana ndash Titular

Profordf Claacuteudia Regina Lindgren ndash Suplente

Maria de Lourdes Melo Baeta (Discente Titular)

Fernanda Gontijo Minafra (Discente Suplente)

Ao que eacute digno de toda honra gloacuteria e louvor

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus meu consolo e minha fortaleza por me permitir desenvolver todo

o trabalho e estar aqui hoje para honra e gloacuteria drsquoEle

A minha matildee e meu marido de forma especial que inuacutemeras vezes me deram colo e me viram

chorar por medo de natildeo conseguir fazer tudo da melhor forma por suas palavras de otimismo

e oraccedilotildees

A minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional e por entender todo o estresse e os vaacuterios

ldquonatildeo tenho tempo agora o mestradordquo

A Daniela ao Flaacutevio e ao Joel que desde os tempos de acadecircmica e realizaccedilatildeo de iniciaccedilatildeo

cientiacutefica sempre estiveram dispostos a ensinar desafiar e acreditar

A todos os coordenadores e educadores responsaacuteveis pelas creches que receberam toda a

equipe de braccedilos abertos

Aos acadecircmicos de medicina Antocircnio Caacutessio Bruno e Henrique e agraves nutricionistas Maitecirc

Costa e Flaviane Toni que contribuiacuteram na coleta dos dados e confecccedilatildeo do banco de dados

Aos pais pelo parecer positivo e colaboraccedilatildeo no fornecimento de informaccedilotildees essenciais ao

bom andamento do estudo

As crianccedilas que muitas sem entender ao certo o que estava acontecendo permitiram a

realizaccedilatildeo de todos os procedimentos necessaacuterios

A Furnas Centrais EnergeacuteticasEletrobraacutes e a FAPEMIG pelo auxiacutelio financeiro

A Dra Juliana Santos que se mostrou sempre pronta e teve importacircncia crucial na anaacutelise

estatiacutestica dos dados coletados

Aos Professores Doutores Claudia Regina Lindgren Alves Daniela da Silva Rocha e Juliana

Nunes Santos pela participaccedilatildeo como membros da banca examinadora

A todos os professores funcionaacuterios e colegas de sala da UFMG pelo conviacutevio e aprendizado

A todos que acreditaram em mim e que de alguma forma contribuiacuteram com paciecircncia

estiacutemulo abdicaccedilatildeo ao longo de toda a realizaccedilatildeo desse trabalho desde a definiccedilatildeo de tema

escolha de meacutetodos caacutelculo de amostra confecccedilatildeo e anaacutelise de banco de dados traduccedilotildees e

infinitas revisotildees

ldquoDeus eacute nosso refuacutegio a nossa fortaleza auxiacutelio sempre presente na adversidade por isso

natildeo temeremosrdquo

Salmo 46

Seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais contidas na Resoluccedilatildeo 0310 de

05022010 que regulamenta o formato de teses e dissertaccedilotildees esta dissertaccedilatildeo teraacute a

seguinte estrutura

10 Introduccedilatildeo

20 Referencial teoacuterico

30 Objetivos

40 Meacutetodos

50 Resultados e discussatildeo

Artigo original I ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

Artigo original II TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES

PUacuteBLICAS DA REGIAtildeO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

60 Consideraccedilotildees finais

Apecircndices

Anexos

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 2: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira

ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

BELO HORIZONTE

2012

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede - Aacuterea de

Concentraccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente

da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de

Minas Gerais como requisito parcial para obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Mestre

Orientador Prof Dr Joel Alves Lamounier

Coorientador Prof Dr Flaacutevio Diniz Capanema

Coorientador Prof Dr Flaacutevio Diniz Capanema

Orientador Prof Dr Joel Alves Lamounier

Coorientador Prof Dr Flaacutevio Diniz Capanema

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca J Baeta Vianna ndash Campus Sauacutede UFMG

Oliveira Thaiacutes de Souza Chaves de

O48e Estado nutricional e anemia em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional Centro-Sul de Belo Horizonte [manuscrito] Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira - - Belo Horizonte 2012

90f il Orientador Joel Alves Lamounier Co-Orientador Flaacutevio Diniz Capanema Aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente Dissertaccedilatildeo (mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Medicina 1 Anemiaepidemiologia 2 Desnutriccedilatildeoepidemiologia 3 Estado Nutricional 4 Obesidade 5 Preacute-Escolar 6 Creches 7 Dissertaccedilotildees Acadecircmicas I Lamounier Joel Alves II Capanema Flaacutevio Diniz III Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Medicina IV Tiacutetulo

NLM WS 300

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Reitor Prof Cleacutelio Campolina Diniz

Vice-Reitora Profordf Rocksane de Carvalho Norton

Proacute-Reitor de Poacutes-Graduaccedilatildeo Prof Ricardo Santiago Gomes

Proacute-Reitor de Pesquisa Prof Renato de Lima dos Santos

FACULDADE DE MEDICINA

Diretor da Faculdade de Medicina Prof Francisco Joseacute Penna

Vice-Diretor da Faculdade de Medicina Prof Tarcizo Afonso Nunes

Coordenador do Centro de Poacutes-Graduaccedilatildeo Prof Manoel Otaacutevio da Costa Rocha

Subcoordenadora do Centro de Poacutes-Graduaccedilatildeo Profordf Tereza Cristina de Abreu Ferrari

Chefe do Departamento de Pediatria Profordf Benigna Maria de Oliveira

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE ndash AacuteREA DE

CONCENTRACcedilAtildeO EM SAUacuteDE DA CRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

Coordenadora Profordf Ana Cristina Simotildees e Silva

Subcoordenador Prof Eduardo Arauacutejo Oliveira

Colegiado

Profordf Ana Cristina Simotildees e Silva ndash Titular

Profordf Benigna Maria de Oliveira ndash Suplente

Prof Caacutessio da Cunha Ibiapina ndash Titular

Profordf Cristina Gonccedilalves Alvim ndash Suplente

Prof Eduardo Arauacutejo de Oliveira ndash Titular

Profordf Eleonora M Lima ndash Suplente

Prof Francisco Joseacute Penna ndash Titular

Prof Alexandre Rodrigues Ferreira ndash Suplente

Prof Jorge Andrade Pinto ndash Titular

Prof Vitor Haase ndash Suplente

Profordf Ivani Novato Silva ndash Titular

Profordf Juliana Gurgel ndash Suplente

Prof Marcos Joseacute Burle de Aguiar ndash Titular

Profordf Luacutecia Maria Horta Figueiredo Goulart ndash Suplente

Profordf Maria Cacircndida Ferrarez Bouzada Viana ndash Titular

Profordf Claacuteudia Regina Lindgren ndash Suplente

Maria de Lourdes Melo Baeta (Discente Titular)

Fernanda Gontijo Minafra (Discente Suplente)

Ao que eacute digno de toda honra gloacuteria e louvor

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus meu consolo e minha fortaleza por me permitir desenvolver todo

o trabalho e estar aqui hoje para honra e gloacuteria drsquoEle

A minha matildee e meu marido de forma especial que inuacutemeras vezes me deram colo e me viram

chorar por medo de natildeo conseguir fazer tudo da melhor forma por suas palavras de otimismo

e oraccedilotildees

A minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional e por entender todo o estresse e os vaacuterios

ldquonatildeo tenho tempo agora o mestradordquo

A Daniela ao Flaacutevio e ao Joel que desde os tempos de acadecircmica e realizaccedilatildeo de iniciaccedilatildeo

cientiacutefica sempre estiveram dispostos a ensinar desafiar e acreditar

A todos os coordenadores e educadores responsaacuteveis pelas creches que receberam toda a

equipe de braccedilos abertos

Aos acadecircmicos de medicina Antocircnio Caacutessio Bruno e Henrique e agraves nutricionistas Maitecirc

Costa e Flaviane Toni que contribuiacuteram na coleta dos dados e confecccedilatildeo do banco de dados

Aos pais pelo parecer positivo e colaboraccedilatildeo no fornecimento de informaccedilotildees essenciais ao

bom andamento do estudo

As crianccedilas que muitas sem entender ao certo o que estava acontecendo permitiram a

realizaccedilatildeo de todos os procedimentos necessaacuterios

A Furnas Centrais EnergeacuteticasEletrobraacutes e a FAPEMIG pelo auxiacutelio financeiro

A Dra Juliana Santos que se mostrou sempre pronta e teve importacircncia crucial na anaacutelise

estatiacutestica dos dados coletados

Aos Professores Doutores Claudia Regina Lindgren Alves Daniela da Silva Rocha e Juliana

Nunes Santos pela participaccedilatildeo como membros da banca examinadora

A todos os professores funcionaacuterios e colegas de sala da UFMG pelo conviacutevio e aprendizado

A todos que acreditaram em mim e que de alguma forma contribuiacuteram com paciecircncia

estiacutemulo abdicaccedilatildeo ao longo de toda a realizaccedilatildeo desse trabalho desde a definiccedilatildeo de tema

escolha de meacutetodos caacutelculo de amostra confecccedilatildeo e anaacutelise de banco de dados traduccedilotildees e

infinitas revisotildees

ldquoDeus eacute nosso refuacutegio a nossa fortaleza auxiacutelio sempre presente na adversidade por isso

natildeo temeremosrdquo

Salmo 46

Seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais contidas na Resoluccedilatildeo 0310 de

05022010 que regulamenta o formato de teses e dissertaccedilotildees esta dissertaccedilatildeo teraacute a

seguinte estrutura

10 Introduccedilatildeo

20 Referencial teoacuterico

30 Objetivos

40 Meacutetodos

50 Resultados e discussatildeo

Artigo original I ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

Artigo original II TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES

PUacuteBLICAS DA REGIAtildeO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

60 Consideraccedilotildees finais

Apecircndices

Anexos

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 3: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca J Baeta Vianna ndash Campus Sauacutede UFMG

Oliveira Thaiacutes de Souza Chaves de

O48e Estado nutricional e anemia em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional Centro-Sul de Belo Horizonte [manuscrito] Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira - - Belo Horizonte 2012

90f il Orientador Joel Alves Lamounier Co-Orientador Flaacutevio Diniz Capanema Aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente Dissertaccedilatildeo (mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Medicina 1 Anemiaepidemiologia 2 Desnutriccedilatildeoepidemiologia 3 Estado Nutricional 4 Obesidade 5 Preacute-Escolar 6 Creches 7 Dissertaccedilotildees Acadecircmicas I Lamounier Joel Alves II Capanema Flaacutevio Diniz III Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Medicina IV Tiacutetulo

NLM WS 300

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Reitor Prof Cleacutelio Campolina Diniz

Vice-Reitora Profordf Rocksane de Carvalho Norton

Proacute-Reitor de Poacutes-Graduaccedilatildeo Prof Ricardo Santiago Gomes

Proacute-Reitor de Pesquisa Prof Renato de Lima dos Santos

FACULDADE DE MEDICINA

Diretor da Faculdade de Medicina Prof Francisco Joseacute Penna

Vice-Diretor da Faculdade de Medicina Prof Tarcizo Afonso Nunes

Coordenador do Centro de Poacutes-Graduaccedilatildeo Prof Manoel Otaacutevio da Costa Rocha

Subcoordenadora do Centro de Poacutes-Graduaccedilatildeo Profordf Tereza Cristina de Abreu Ferrari

Chefe do Departamento de Pediatria Profordf Benigna Maria de Oliveira

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE ndash AacuteREA DE

CONCENTRACcedilAtildeO EM SAUacuteDE DA CRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

Coordenadora Profordf Ana Cristina Simotildees e Silva

Subcoordenador Prof Eduardo Arauacutejo Oliveira

Colegiado

Profordf Ana Cristina Simotildees e Silva ndash Titular

Profordf Benigna Maria de Oliveira ndash Suplente

Prof Caacutessio da Cunha Ibiapina ndash Titular

Profordf Cristina Gonccedilalves Alvim ndash Suplente

Prof Eduardo Arauacutejo de Oliveira ndash Titular

Profordf Eleonora M Lima ndash Suplente

Prof Francisco Joseacute Penna ndash Titular

Prof Alexandre Rodrigues Ferreira ndash Suplente

Prof Jorge Andrade Pinto ndash Titular

Prof Vitor Haase ndash Suplente

Profordf Ivani Novato Silva ndash Titular

Profordf Juliana Gurgel ndash Suplente

Prof Marcos Joseacute Burle de Aguiar ndash Titular

Profordf Luacutecia Maria Horta Figueiredo Goulart ndash Suplente

Profordf Maria Cacircndida Ferrarez Bouzada Viana ndash Titular

Profordf Claacuteudia Regina Lindgren ndash Suplente

Maria de Lourdes Melo Baeta (Discente Titular)

Fernanda Gontijo Minafra (Discente Suplente)

Ao que eacute digno de toda honra gloacuteria e louvor

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus meu consolo e minha fortaleza por me permitir desenvolver todo

o trabalho e estar aqui hoje para honra e gloacuteria drsquoEle

A minha matildee e meu marido de forma especial que inuacutemeras vezes me deram colo e me viram

chorar por medo de natildeo conseguir fazer tudo da melhor forma por suas palavras de otimismo

e oraccedilotildees

A minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional e por entender todo o estresse e os vaacuterios

ldquonatildeo tenho tempo agora o mestradordquo

A Daniela ao Flaacutevio e ao Joel que desde os tempos de acadecircmica e realizaccedilatildeo de iniciaccedilatildeo

cientiacutefica sempre estiveram dispostos a ensinar desafiar e acreditar

A todos os coordenadores e educadores responsaacuteveis pelas creches que receberam toda a

equipe de braccedilos abertos

Aos acadecircmicos de medicina Antocircnio Caacutessio Bruno e Henrique e agraves nutricionistas Maitecirc

Costa e Flaviane Toni que contribuiacuteram na coleta dos dados e confecccedilatildeo do banco de dados

Aos pais pelo parecer positivo e colaboraccedilatildeo no fornecimento de informaccedilotildees essenciais ao

bom andamento do estudo

As crianccedilas que muitas sem entender ao certo o que estava acontecendo permitiram a

realizaccedilatildeo de todos os procedimentos necessaacuterios

A Furnas Centrais EnergeacuteticasEletrobraacutes e a FAPEMIG pelo auxiacutelio financeiro

A Dra Juliana Santos que se mostrou sempre pronta e teve importacircncia crucial na anaacutelise

estatiacutestica dos dados coletados

Aos Professores Doutores Claudia Regina Lindgren Alves Daniela da Silva Rocha e Juliana

Nunes Santos pela participaccedilatildeo como membros da banca examinadora

A todos os professores funcionaacuterios e colegas de sala da UFMG pelo conviacutevio e aprendizado

A todos que acreditaram em mim e que de alguma forma contribuiacuteram com paciecircncia

estiacutemulo abdicaccedilatildeo ao longo de toda a realizaccedilatildeo desse trabalho desde a definiccedilatildeo de tema

escolha de meacutetodos caacutelculo de amostra confecccedilatildeo e anaacutelise de banco de dados traduccedilotildees e

infinitas revisotildees

ldquoDeus eacute nosso refuacutegio a nossa fortaleza auxiacutelio sempre presente na adversidade por isso

natildeo temeremosrdquo

Salmo 46

Seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais contidas na Resoluccedilatildeo 0310 de

05022010 que regulamenta o formato de teses e dissertaccedilotildees esta dissertaccedilatildeo teraacute a

seguinte estrutura

10 Introduccedilatildeo

20 Referencial teoacuterico

30 Objetivos

40 Meacutetodos

50 Resultados e discussatildeo

Artigo original I ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

Artigo original II TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES

PUacuteBLICAS DA REGIAtildeO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

60 Consideraccedilotildees finais

Apecircndices

Anexos

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 4: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Reitor Prof Cleacutelio Campolina Diniz

Vice-Reitora Profordf Rocksane de Carvalho Norton

Proacute-Reitor de Poacutes-Graduaccedilatildeo Prof Ricardo Santiago Gomes

Proacute-Reitor de Pesquisa Prof Renato de Lima dos Santos

FACULDADE DE MEDICINA

Diretor da Faculdade de Medicina Prof Francisco Joseacute Penna

Vice-Diretor da Faculdade de Medicina Prof Tarcizo Afonso Nunes

Coordenador do Centro de Poacutes-Graduaccedilatildeo Prof Manoel Otaacutevio da Costa Rocha

Subcoordenadora do Centro de Poacutes-Graduaccedilatildeo Profordf Tereza Cristina de Abreu Ferrari

Chefe do Departamento de Pediatria Profordf Benigna Maria de Oliveira

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE ndash AacuteREA DE

CONCENTRACcedilAtildeO EM SAUacuteDE DA CRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE

Coordenadora Profordf Ana Cristina Simotildees e Silva

Subcoordenador Prof Eduardo Arauacutejo Oliveira

Colegiado

Profordf Ana Cristina Simotildees e Silva ndash Titular

Profordf Benigna Maria de Oliveira ndash Suplente

Prof Caacutessio da Cunha Ibiapina ndash Titular

Profordf Cristina Gonccedilalves Alvim ndash Suplente

Prof Eduardo Arauacutejo de Oliveira ndash Titular

Profordf Eleonora M Lima ndash Suplente

Prof Francisco Joseacute Penna ndash Titular

Prof Alexandre Rodrigues Ferreira ndash Suplente

Prof Jorge Andrade Pinto ndash Titular

Prof Vitor Haase ndash Suplente

Profordf Ivani Novato Silva ndash Titular

Profordf Juliana Gurgel ndash Suplente

Prof Marcos Joseacute Burle de Aguiar ndash Titular

Profordf Luacutecia Maria Horta Figueiredo Goulart ndash Suplente

Profordf Maria Cacircndida Ferrarez Bouzada Viana ndash Titular

Profordf Claacuteudia Regina Lindgren ndash Suplente

Maria de Lourdes Melo Baeta (Discente Titular)

Fernanda Gontijo Minafra (Discente Suplente)

Ao que eacute digno de toda honra gloacuteria e louvor

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus meu consolo e minha fortaleza por me permitir desenvolver todo

o trabalho e estar aqui hoje para honra e gloacuteria drsquoEle

A minha matildee e meu marido de forma especial que inuacutemeras vezes me deram colo e me viram

chorar por medo de natildeo conseguir fazer tudo da melhor forma por suas palavras de otimismo

e oraccedilotildees

A minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional e por entender todo o estresse e os vaacuterios

ldquonatildeo tenho tempo agora o mestradordquo

A Daniela ao Flaacutevio e ao Joel que desde os tempos de acadecircmica e realizaccedilatildeo de iniciaccedilatildeo

cientiacutefica sempre estiveram dispostos a ensinar desafiar e acreditar

A todos os coordenadores e educadores responsaacuteveis pelas creches que receberam toda a

equipe de braccedilos abertos

Aos acadecircmicos de medicina Antocircnio Caacutessio Bruno e Henrique e agraves nutricionistas Maitecirc

Costa e Flaviane Toni que contribuiacuteram na coleta dos dados e confecccedilatildeo do banco de dados

Aos pais pelo parecer positivo e colaboraccedilatildeo no fornecimento de informaccedilotildees essenciais ao

bom andamento do estudo

As crianccedilas que muitas sem entender ao certo o que estava acontecendo permitiram a

realizaccedilatildeo de todos os procedimentos necessaacuterios

A Furnas Centrais EnergeacuteticasEletrobraacutes e a FAPEMIG pelo auxiacutelio financeiro

A Dra Juliana Santos que se mostrou sempre pronta e teve importacircncia crucial na anaacutelise

estatiacutestica dos dados coletados

Aos Professores Doutores Claudia Regina Lindgren Alves Daniela da Silva Rocha e Juliana

Nunes Santos pela participaccedilatildeo como membros da banca examinadora

A todos os professores funcionaacuterios e colegas de sala da UFMG pelo conviacutevio e aprendizado

A todos que acreditaram em mim e que de alguma forma contribuiacuteram com paciecircncia

estiacutemulo abdicaccedilatildeo ao longo de toda a realizaccedilatildeo desse trabalho desde a definiccedilatildeo de tema

escolha de meacutetodos caacutelculo de amostra confecccedilatildeo e anaacutelise de banco de dados traduccedilotildees e

infinitas revisotildees

ldquoDeus eacute nosso refuacutegio a nossa fortaleza auxiacutelio sempre presente na adversidade por isso

natildeo temeremosrdquo

Salmo 46

Seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais contidas na Resoluccedilatildeo 0310 de

05022010 que regulamenta o formato de teses e dissertaccedilotildees esta dissertaccedilatildeo teraacute a

seguinte estrutura

10 Introduccedilatildeo

20 Referencial teoacuterico

30 Objetivos

40 Meacutetodos

50 Resultados e discussatildeo

Artigo original I ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

Artigo original II TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES

PUacuteBLICAS DA REGIAtildeO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

60 Consideraccedilotildees finais

Apecircndices

Anexos

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 5: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

Profordf Ivani Novato Silva ndash Titular

Profordf Juliana Gurgel ndash Suplente

Prof Marcos Joseacute Burle de Aguiar ndash Titular

Profordf Luacutecia Maria Horta Figueiredo Goulart ndash Suplente

Profordf Maria Cacircndida Ferrarez Bouzada Viana ndash Titular

Profordf Claacuteudia Regina Lindgren ndash Suplente

Maria de Lourdes Melo Baeta (Discente Titular)

Fernanda Gontijo Minafra (Discente Suplente)

Ao que eacute digno de toda honra gloacuteria e louvor

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus meu consolo e minha fortaleza por me permitir desenvolver todo

o trabalho e estar aqui hoje para honra e gloacuteria drsquoEle

A minha matildee e meu marido de forma especial que inuacutemeras vezes me deram colo e me viram

chorar por medo de natildeo conseguir fazer tudo da melhor forma por suas palavras de otimismo

e oraccedilotildees

A minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional e por entender todo o estresse e os vaacuterios

ldquonatildeo tenho tempo agora o mestradordquo

A Daniela ao Flaacutevio e ao Joel que desde os tempos de acadecircmica e realizaccedilatildeo de iniciaccedilatildeo

cientiacutefica sempre estiveram dispostos a ensinar desafiar e acreditar

A todos os coordenadores e educadores responsaacuteveis pelas creches que receberam toda a

equipe de braccedilos abertos

Aos acadecircmicos de medicina Antocircnio Caacutessio Bruno e Henrique e agraves nutricionistas Maitecirc

Costa e Flaviane Toni que contribuiacuteram na coleta dos dados e confecccedilatildeo do banco de dados

Aos pais pelo parecer positivo e colaboraccedilatildeo no fornecimento de informaccedilotildees essenciais ao

bom andamento do estudo

As crianccedilas que muitas sem entender ao certo o que estava acontecendo permitiram a

realizaccedilatildeo de todos os procedimentos necessaacuterios

A Furnas Centrais EnergeacuteticasEletrobraacutes e a FAPEMIG pelo auxiacutelio financeiro

A Dra Juliana Santos que se mostrou sempre pronta e teve importacircncia crucial na anaacutelise

estatiacutestica dos dados coletados

Aos Professores Doutores Claudia Regina Lindgren Alves Daniela da Silva Rocha e Juliana

Nunes Santos pela participaccedilatildeo como membros da banca examinadora

A todos os professores funcionaacuterios e colegas de sala da UFMG pelo conviacutevio e aprendizado

A todos que acreditaram em mim e que de alguma forma contribuiacuteram com paciecircncia

estiacutemulo abdicaccedilatildeo ao longo de toda a realizaccedilatildeo desse trabalho desde a definiccedilatildeo de tema

escolha de meacutetodos caacutelculo de amostra confecccedilatildeo e anaacutelise de banco de dados traduccedilotildees e

infinitas revisotildees

ldquoDeus eacute nosso refuacutegio a nossa fortaleza auxiacutelio sempre presente na adversidade por isso

natildeo temeremosrdquo

Salmo 46

Seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais contidas na Resoluccedilatildeo 0310 de

05022010 que regulamenta o formato de teses e dissertaccedilotildees esta dissertaccedilatildeo teraacute a

seguinte estrutura

10 Introduccedilatildeo

20 Referencial teoacuterico

30 Objetivos

40 Meacutetodos

50 Resultados e discussatildeo

Artigo original I ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

Artigo original II TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES

PUacuteBLICAS DA REGIAtildeO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

60 Consideraccedilotildees finais

Apecircndices

Anexos

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 6: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

Ao que eacute digno de toda honra gloacuteria e louvor

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus meu consolo e minha fortaleza por me permitir desenvolver todo

o trabalho e estar aqui hoje para honra e gloacuteria drsquoEle

A minha matildee e meu marido de forma especial que inuacutemeras vezes me deram colo e me viram

chorar por medo de natildeo conseguir fazer tudo da melhor forma por suas palavras de otimismo

e oraccedilotildees

A minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional e por entender todo o estresse e os vaacuterios

ldquonatildeo tenho tempo agora o mestradordquo

A Daniela ao Flaacutevio e ao Joel que desde os tempos de acadecircmica e realizaccedilatildeo de iniciaccedilatildeo

cientiacutefica sempre estiveram dispostos a ensinar desafiar e acreditar

A todos os coordenadores e educadores responsaacuteveis pelas creches que receberam toda a

equipe de braccedilos abertos

Aos acadecircmicos de medicina Antocircnio Caacutessio Bruno e Henrique e agraves nutricionistas Maitecirc

Costa e Flaviane Toni que contribuiacuteram na coleta dos dados e confecccedilatildeo do banco de dados

Aos pais pelo parecer positivo e colaboraccedilatildeo no fornecimento de informaccedilotildees essenciais ao

bom andamento do estudo

As crianccedilas que muitas sem entender ao certo o que estava acontecendo permitiram a

realizaccedilatildeo de todos os procedimentos necessaacuterios

A Furnas Centrais EnergeacuteticasEletrobraacutes e a FAPEMIG pelo auxiacutelio financeiro

A Dra Juliana Santos que se mostrou sempre pronta e teve importacircncia crucial na anaacutelise

estatiacutestica dos dados coletados

Aos Professores Doutores Claudia Regina Lindgren Alves Daniela da Silva Rocha e Juliana

Nunes Santos pela participaccedilatildeo como membros da banca examinadora

A todos os professores funcionaacuterios e colegas de sala da UFMG pelo conviacutevio e aprendizado

A todos que acreditaram em mim e que de alguma forma contribuiacuteram com paciecircncia

estiacutemulo abdicaccedilatildeo ao longo de toda a realizaccedilatildeo desse trabalho desde a definiccedilatildeo de tema

escolha de meacutetodos caacutelculo de amostra confecccedilatildeo e anaacutelise de banco de dados traduccedilotildees e

infinitas revisotildees

ldquoDeus eacute nosso refuacutegio a nossa fortaleza auxiacutelio sempre presente na adversidade por isso

natildeo temeremosrdquo

Salmo 46

Seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais contidas na Resoluccedilatildeo 0310 de

05022010 que regulamenta o formato de teses e dissertaccedilotildees esta dissertaccedilatildeo teraacute a

seguinte estrutura

10 Introduccedilatildeo

20 Referencial teoacuterico

30 Objetivos

40 Meacutetodos

50 Resultados e discussatildeo

Artigo original I ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

Artigo original II TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES

PUacuteBLICAS DA REGIAtildeO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

60 Consideraccedilotildees finais

Apecircndices

Anexos

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 7: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus meu consolo e minha fortaleza por me permitir desenvolver todo

o trabalho e estar aqui hoje para honra e gloacuteria drsquoEle

A minha matildee e meu marido de forma especial que inuacutemeras vezes me deram colo e me viram

chorar por medo de natildeo conseguir fazer tudo da melhor forma por suas palavras de otimismo

e oraccedilotildees

A minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional e por entender todo o estresse e os vaacuterios

ldquonatildeo tenho tempo agora o mestradordquo

A Daniela ao Flaacutevio e ao Joel que desde os tempos de acadecircmica e realizaccedilatildeo de iniciaccedilatildeo

cientiacutefica sempre estiveram dispostos a ensinar desafiar e acreditar

A todos os coordenadores e educadores responsaacuteveis pelas creches que receberam toda a

equipe de braccedilos abertos

Aos acadecircmicos de medicina Antocircnio Caacutessio Bruno e Henrique e agraves nutricionistas Maitecirc

Costa e Flaviane Toni que contribuiacuteram na coleta dos dados e confecccedilatildeo do banco de dados

Aos pais pelo parecer positivo e colaboraccedilatildeo no fornecimento de informaccedilotildees essenciais ao

bom andamento do estudo

As crianccedilas que muitas sem entender ao certo o que estava acontecendo permitiram a

realizaccedilatildeo de todos os procedimentos necessaacuterios

A Furnas Centrais EnergeacuteticasEletrobraacutes e a FAPEMIG pelo auxiacutelio financeiro

A Dra Juliana Santos que se mostrou sempre pronta e teve importacircncia crucial na anaacutelise

estatiacutestica dos dados coletados

Aos Professores Doutores Claudia Regina Lindgren Alves Daniela da Silva Rocha e Juliana

Nunes Santos pela participaccedilatildeo como membros da banca examinadora

A todos os professores funcionaacuterios e colegas de sala da UFMG pelo conviacutevio e aprendizado

A todos que acreditaram em mim e que de alguma forma contribuiacuteram com paciecircncia

estiacutemulo abdicaccedilatildeo ao longo de toda a realizaccedilatildeo desse trabalho desde a definiccedilatildeo de tema

escolha de meacutetodos caacutelculo de amostra confecccedilatildeo e anaacutelise de banco de dados traduccedilotildees e

infinitas revisotildees

ldquoDeus eacute nosso refuacutegio a nossa fortaleza auxiacutelio sempre presente na adversidade por isso

natildeo temeremosrdquo

Salmo 46

Seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais contidas na Resoluccedilatildeo 0310 de

05022010 que regulamenta o formato de teses e dissertaccedilotildees esta dissertaccedilatildeo teraacute a

seguinte estrutura

10 Introduccedilatildeo

20 Referencial teoacuterico

30 Objetivos

40 Meacutetodos

50 Resultados e discussatildeo

Artigo original I ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

Artigo original II TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES

PUacuteBLICAS DA REGIAtildeO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

60 Consideraccedilotildees finais

Apecircndices

Anexos

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 8: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

Aos Professores Doutores Claudia Regina Lindgren Alves Daniela da Silva Rocha e Juliana

Nunes Santos pela participaccedilatildeo como membros da banca examinadora

A todos os professores funcionaacuterios e colegas de sala da UFMG pelo conviacutevio e aprendizado

A todos que acreditaram em mim e que de alguma forma contribuiacuteram com paciecircncia

estiacutemulo abdicaccedilatildeo ao longo de toda a realizaccedilatildeo desse trabalho desde a definiccedilatildeo de tema

escolha de meacutetodos caacutelculo de amostra confecccedilatildeo e anaacutelise de banco de dados traduccedilotildees e

infinitas revisotildees

ldquoDeus eacute nosso refuacutegio a nossa fortaleza auxiacutelio sempre presente na adversidade por isso

natildeo temeremosrdquo

Salmo 46

Seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais contidas na Resoluccedilatildeo 0310 de

05022010 que regulamenta o formato de teses e dissertaccedilotildees esta dissertaccedilatildeo teraacute a

seguinte estrutura

10 Introduccedilatildeo

20 Referencial teoacuterico

30 Objetivos

40 Meacutetodos

50 Resultados e discussatildeo

Artigo original I ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

Artigo original II TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES

PUacuteBLICAS DA REGIAtildeO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

60 Consideraccedilotildees finais

Apecircndices

Anexos

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 9: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

ldquoDeus eacute nosso refuacutegio a nossa fortaleza auxiacutelio sempre presente na adversidade por isso

natildeo temeremosrdquo

Salmo 46

Seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais contidas na Resoluccedilatildeo 0310 de

05022010 que regulamenta o formato de teses e dissertaccedilotildees esta dissertaccedilatildeo teraacute a

seguinte estrutura

10 Introduccedilatildeo

20 Referencial teoacuterico

30 Objetivos

40 Meacutetodos

50 Resultados e discussatildeo

Artigo original I ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

Artigo original II TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES

PUacuteBLICAS DA REGIAtildeO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

60 Consideraccedilotildees finais

Apecircndices

Anexos

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 10: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

Seguindo as normas estabelecidas pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede da Crianccedila e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais contidas na Resoluccedilatildeo 0310 de

05022010 que regulamenta o formato de teses e dissertaccedilotildees esta dissertaccedilatildeo teraacute a

seguinte estrutura

10 Introduccedilatildeo

20 Referencial teoacuterico

30 Objetivos

40 Meacutetodos

50 Resultados e discussatildeo

Artigo original I ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

Artigo original II TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES

PUacuteBLICAS DA REGIAtildeO CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

60 Consideraccedilotildees finais

Apecircndices

Anexos

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 11: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

RESUMO

Introduccedilatildeo Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) desnutriccedilatildeo e anemia por

deficiecircncia de ferro estatildeo entre os quatros principais fatores de risco para o desenvolvimento

infantil no mundo Enquanto se assiste agrave reduccedilatildeo progressiva dos casos de desnutriccedilatildeo

prevalecircncias crescentes de excesso de peso tecircm sido observadas nesta populaccedilatildeo

caracterizando o fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional fator contribuinte para o

aumento das doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis Especialmente em paiacuteses em

desenvolvimento torna-se fundamental o conhecimento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas

para possibilitar o estabelecimento de diagnoacutesticos e intervenccedilotildees adequadas assim como a

conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas no combate aos distuacuterbios nutricionais Objetivos Identificar

a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo risco de sobrepeso sobrepeso e obesidade em preacute-

escolares de seis a 72 meses matriculados em creches puacuteblicas de Belo Horizonte assim

como os fatores socioeconocircmicos e bioloacutegicos associados Metodologia Trata-se de estudo

de corte transversal e descritivo realizado em 18 creches puacuteblicas da regional Centro-Sul do

municiacutepio de Belo Horizonte ndash MG Foram selecionadas 373 crianccedilas com base em uma

amostragem estratificada para determinaccedilatildeo da hemoglobina (Hb) seacuterica por meio de punccedilatildeo

capilar e leitura em β-hemoglobinometro e estado nutricional mediante a afericcedilatildeo do peso e

altura para a apuraccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade

(IMCI) conforme recomendado pela OMS Os pontos de corte utilizados para anemia foram

os preconizados pela OMS Hb lt110gdL para crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt115gdL

para aquelas com idade superior Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para a

coleta de dados socioeconocircmicos neonatais aleitamento e sauacutede preacutevia da crianccedila A anaacutelise

estatiacutestica foi realizada no programa Epi Info 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de

95 e niacutevel de significacircncia de 5 Resultados Das 373 crianccedilas 171 (458) eram do sexo

masculino com meacutedia de idade de 381 plusmn162 meses sendo 472 com idade entre 24 e 48

meses 367 filhos de matildees que natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 eram

provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo Em relaccedilatildeo ao estado

nutricional 724 das crianccedilas estavam eutroacuteficas 185 com risco de sobrepeso 80 com

sobrepesoobesidade e 11 magreza pelo iacutendice IMCidade Os valores de hemoglobina

capilar variaram de 63 a 153gdL com meacutedia de 113 plusmn 15 gdL A anemia foi encontrada

em 133 crianccedilas com prevalecircncia de 383 Em 86 delas a doenccedila foi classificada como

leve em 133 moderada em e 07 grave Dos anecircmicos 549 possuiacuteam idade igual ou

inferior a 24 meses Conclusatildeo O estudo mostrou que a anemia constitui moderado problema

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 12: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e

de sauacutede puacuteblica em crianccedilas de creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte com base

em criteacuterios propostos pela OMS acometendo sobretudo menores de 24 meses Observou-se

tambeacutem grande ocorrecircncia do excesso de peso reflexo do fenocircmeno da transiccedilatildeo nutricional

presente nesta populaccedilatildeo Consideraccedilotildees finais Fazem-se necessaacuterios investimentos na

sauacutede infantil a fim de prevenir o aparecimento de complicaccedilotildees decorrentes de anemia e

sobrepesoobesidade na fase adulta Accedilotildees de vigilacircncia do estado nutricional mostram ser um

importante mecanismo de avaliaccedilatildeo e controle indispensaacuteveis ao norteamento de poliacuteticas

efetivas de proteccedilatildeo promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo de doenccedilas ligadas ao estado nutricional em

crianccedilas

Palavras-chave Crianccedila Preacute-escolar Creche Anemia Desnutriccedilatildeo Excesso de peso Sauacutede

puacuteblica

ABSTRACT

Introduction According to World Health Organization (WHO) malnutrition and iron

deficiency anemia are among the four principal risk factors for child development in the

world While watching the gradual reduction of the malnutrition cases increasing prevalence

of overweight have been observed in this population characterizing the epidemiological

phenomenon of nutritional transition contributing factor to the increase in chronic disease

Especially in developing countries it is essential to know the nutritional status of children in

its qualitative and quantitative aspects in order to enable the establishment of appropriate

diagnoses and interventions and the conduction of public policies to combat nutritional

deficiency Purposes To identify the prevalence of anemia malnutrition and overweight in

preschool aged six to 72 months enrolled in 18 public nurseries from Belo Horizonte as well

as socio-economic and biological factors associated Methodology It is a cross-sectional and

descriptive study held in 18 nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte (MG) 373

children were selected through stratified sample for determination of serum Hemoglobin

(Hb) by means of lancing and reading in β-hemoglobinometer and status nutritional by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge (HA)

and BMIAge (BMIA) as recommended by WHO The cut off points used for anemia were

recommended by WHO Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb

lt115 gdL for those who aged above Questionnaires were administered to parents in order to

collect socio economics neonatal breastfeeding and previous child health data Statistical

analysis was performed using Epi Info 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 171 (455) of the 373 children are male with a mean

age of 381 plusmn162 months being that 472 were aged between 24 and 48 months 367 are

children of mothers who have not completed elementary school and 596 were from

families that earns less than two minimum wages In relation to the nutritional status 724

of the children were eutrophic 185 were overweight 8 with overweightobesity and

11 slimness by BMIage index Capillary hemoglobin values ranged from 63 to 153 gdL

with an average of 113 gdL Anemia was found in 133 children with a prevalence of 383

In 86 of them the anemia was classified as mild in 133 as moderate and severe in 07

549 of the anemics were aged 24 months or less Conclusion The study showed that anemia

in nurseries of South Central Regional of Belo Horizonte is a moderate problem of public

health according to criteria proposed by WHO and affects mainly children under 24 months

It was also observed high incidence of overweight reflecting the phenomenon of nutrition

transition in this population Concluding Remarks Investments are needed in childrenacutes

health in order to prevent the appearance of complications deriving from anemia and

overweightobesity in adulthood Activities of surveillance shown to be an important

mechanism of measurement and control and it are essential for the northings of effective

actions of protection promotion and prevention of diseases linked to nutritional status

Key words Child Preschool Day Carers Centers Anemia Malnutrition Overweight

Public Health

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Densidade demograacutefica por regiatildeo administrativa - Belo Horizonte 2010 44

Tabela 2 ndash Bairros por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010 45

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

47

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

49

ARTIGO I

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina

Belo Horizonte 2010

59

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte

2010

60

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

61

ARTIGO II

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas

e bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte

2010

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

71

73

74

75

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BH ndash Belo Horizonte

DEP ndash Desnutriccedilatildeo Energeacutetico-Proteacuteica

dL ndash Decilitros

EI ndash Estatura por idade

ENDEF ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar

FAO ndash Food And Agriculture Organization

g ndash Grama

Hb ndash Hemoglobina

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IC95 ndash Intervalo de confianccedila de 95

IMCI ndash Iacutendice de massa corporal por idade

Kg ndash Quilograma

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

ONG ndash Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

MG ndash Minas Gerais

mL ndash Mililitros

microL ndashMicrolitros

N ndash Nuacutemero da amostra

PBH ndash Prefeitura de Belo Horizonte

PNDS ndash Pesquisa Nacional sobre Demografia e Sauacutede

PE ndash Peso por estatura

PI ndash Peso por idade

SBP ndash Sociedade Brasileira de Pediatria

SPSS ndash Statistical Package for the Social Sciences

UMEI ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil

UNICEF ndash Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

WHO ndash World Health Organizatio

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 20

2 REFERECENCIAL TEOacuteRICO 23

21 A crianccedila institucionalizada 23

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade 26

23 Anemia 31

3 OBJETIVOS 43

31 Objetivo geral

32 Objetivos especiacuteficos

43

43

4 MEacuteTODOS 44

41 Aspectos gerais 44

42 Delineamento do projeto 44

43 Local e populaccedilatildeo 44

44 Amostra 46

45 Criteacuterios de exclusatildeo 47

46 Coleta de dados 48

47 Anaacutelise de dados 51

48 Aspectos eacuteticos 51

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54

ARTIGO 1 - Anemia entre preacute-escolares - um problema de sauacutede puacuteblica em belo

horizonte

Resumo

54

Abstract 55

Introduccedilatildeo 56

Materiais e Meacutetodos 57

Resultados 59

Discussatildeo 61

Conclusatildeo 63

Referecircncias Bibliograacuteficas 63

ARTIGO 2 - Transiccedilatildeo nutricional em crianccedilas de creches puacuteblicas da regional

centro-sul de Belo Horizonte ndash MG

Resumo 67

Abstract 68

Introduccedilatildeo 69

Materiais e Meacutetodos 70

Resultados 73

Discussatildeo 75

Consideraccedilotildees finais 77

Referecircncias Bibliograacuteficas 78

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 83

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e

bioquiacutemica

85

APEcircNDICE B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

ANEXOS

86

ANEXO A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo Comitecirc de Eacutetica

88

89

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) o processo de nutriccedilatildeo deve ser

entendido como a adequada utilizaccedilatildeo das substacircncias necessaacuterias agrave manutenccedilatildeo da vida ao

crescimento ao funcionamento normal dos oacutergatildeos e agrave produccedilatildeo de energia sendo a

disponibilidade de alimentos o poder de aquisiccedilatildeo em quantidade e qualidade bem como o

bom aproveitamento pelo organismo condiccedilotildees fundamentais a este processo (1)

Crianccedilas sobretudo lactentes e preacute-escolares apresentam acelerado crescimento e

desenvolvimento com expressivas aquisiccedilotildees psicomotoras e neuroloacutegicas Nesta etapa o

processo de nutriccedilatildeo mostra-se fundamental para que suas necessidades baacutesicas tanto em

macro quanto em micronutrientes sejam devidamente atendidas e seus potenciais intriacutensecos

possam ser alcanccedilados (23)

Tanto deficiecircncias quanto excessos nutricionais expotildeem as

crianccedilas a riscos potenciais de agravos agrave sauacutede bem como a futuros problemas de relaccedilotildees

interpessoais e funcionais na comunidade (4)

Dada agrave vulnerabilidade desse periacuteodo os cuidados em sauacutede destinados agrave crianccedila

principalmente abaixo de dois anos devem enfatizar a praacutetica alimentar adequada importante

natildeo somente para minimizar deficiecircncias nutricionais como tambeacutem para prevenir sequelas

futuras tais como atraso de crescimento baixo rendimento escolar e desenvolvimento de

doenccedilas crocircnicas com vistas agrave reduccedilatildeo da morbimortalidade infantil (3)

Anemia desnutriccedilatildeo

e obesidade satildeo distuacuterbios comuns nesse periacuteodo da vida sobretudo nos paiacuteses em

desenvolvimento

A OMS e o Fundo das Naccedilotildees Unidas para Infacircncia (UNICEF) consideram

fundamental a vigilacircncia da situaccedilatildeo nutricional dessas crianccedilas visando agrave identificaccedilatildeo

precoce daquelas em risco nutricionaldesnutriccedilatildeo e agrave execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

recuperaccedilatildeo do seu estado nutricional e da sauacutede global (4)

A identificaccedilatildeo do estado

nutricional das crianccedilas relacionada agraves diferenccedilas nas condiccedilotildees socioeconocircmicas e agraves

condiccedilotildees de vida das famiacutelias mostra-se fundamental para o desenvolvimento e a avaliaccedilatildeo

de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equidade em sauacutede (5)

Em relaccedilatildeo agrave anemia sabe-se que eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica em vaacuterias

regiotildees do mundo afetando sobretudo gestantes e crianccedilas reforccedilando a importacircncia do

desenvolvimento de estrateacutegias efetivas de intervenccedilatildeo para a questatildeo(1)

Em Minas Gerais os

estudos realizados comprovam esse fato sendo que em Belo Horizonte a prevalecircncia

encontrada em lactentes e preacute-escolares da regional leste foi de 37 (6)

21

Este dado assume grande dimensatildeo reforccedilando a necessidade de se ampliar esta

avaliaccedilatildeo para as demais regionais buscando a formulaccedilatildeo de estrateacutegias nutricionais

voltadas para este puacuteblico A criaccedilatildeo de programas nutricionais que tenham por base os

cuidados infantis desde os primeiros meses de vida disponibilizados de forma integral e de

boa qualidade poderaacute exercer relevante papel preventivo

Assim justificou-se a realizaccedilatildeo deste estudo por estar inserido na realidade de

lactentes e preacute-escolares de creches puacuteblicas da regiatildeo centro-sul de Belo Horizonte estando

voltado para o diagnoacutestico da situaccedilatildeo nutricional de uma populaccedilatildeo vulneraacutevel agrave anemia

desnutriccedilatildeo e obesidade Os resultados obtidos poderatildeo ampliar a visatildeo do profissional de

sauacutede quanto agrave maior probabilidade da ocorrecircncia de tais distuacuterbios aleacutem de fornecer

subsiacutedios para gestores municipais da Educaccedilatildeo e da Sauacutede na formulaccedilatildeo de estrateacutegias de

intervenccedilatildeo direcionadas a essas crianccedilas de risco

22

REFEREcircNCIAS

1 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

2 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

3 Cuervo MRM Aerts DRGC Halpern R Vigilacircncia do estado nutricional das crianccedilas

de um distrito de sauacutede no Sul do Brasil Jornal de Pediatria 200581325-31

4 Santos ALB Leatildeo LSCS Perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma creche em

Duque de Caxias Rio de Janeiro Rev Paul Pediatr 200826(3)218-24

5 Vitolo MR Gama CM Bortolini GA Campagnolo PDB Drachler ML Alguns fatores

associados a excesso de peso baixa estatura e deacuteficit de peso em menores de 5 anos Jornal de

Pediatria 200884251-7

6 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

23

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 A crianccedila institucionalizada

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres

tem motivado a realizaccedilatildeo de grande nuacutemero de estudos voltados para este fenocircmeno

socioloacutegico atual No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque

especial dado a determinados grupos de risco Aleacutem da natural vulnerabilidade desse

segmento etaacuterio a crianccedila usuaacuteria de creche tem maior probabilidade de adquirir e

desenvolver infecccedilotildees de repeticcedilatildeo sobretudo as de natureza respiratoacuteria gastrintestinal e

cutacircnea (1-4)

O desenvolvimento integral da crianccedila depende de cuidados que envolvem a dimensatildeo

afetiva e aspectos intelectuais sociais e orgacircnicos tais como qualidade da alimentaccedilatildeo

cuidados com a sauacutede e forma como satildeo oferecidos As peculiaridades dessa faixa etaacuteria

exigem que a educaccedilatildeo infantil cumpra duas importantes funccedilotildees cuidar e educar (5)

Embora a existecircncia de creches remonte ao seacuteculo XVIII na Europa o que lhes

confere uma importacircncia histoacuterica no Brasil as creches surgiram por volta de 1920 com um

perfil eminentemente filantroacutepico Com a crescente urbanizaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo daquele

iniacutecio de seacuteculo e o emprego da matildeo de obra feminina na induacutestria a creche era vista como

um espaccedilo para a guarda e assistecircncia das crianccedilas durante o trabalho das matildees (6)

Na deacutecada de 1970 o atendimento em creche ganhou um caraacuteter compensatoacuterio

prestando um serviccedilo de cunho assistencialista que consistia na alimentaccedilatildeo higiene e

cuidado Entretanto devido agrave compreensatildeo de que a crianccedila carece da socializaccedilatildeo e

estimulaccedilatildeo desde que nasce houve a necessidade de legitimar as instituiccedilotildees que suprem

essas necessidades de forma integral para que assumam um papel mais educativo (6)

No Brasil tem havido nas uacuteltimas deacutecadas importantes transformaccedilotildees fruto da luta

de vaacuterios profissionais e associaccedilotildees inclusive das proacuteprias famiacutelias requerendo do Estado e

de organizaccedilotildees natildeo governamentais (ONG) um auxiacutelio de qualidade na educaccedilatildeo de seus

filhos A partir dessas lutas conseguiu-se que na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 o atendimento

agraves crianccedilas de zero a seis anos fosse incluiacutedo no capiacutetulo da Educaccedilatildeo sendo definido como

um direito da crianccedila um dever do Estado e uma opccedilatildeo da famiacutelia tirando-lhe assim a

conotaccedilatildeo meramente assistencial tiacutepica dos momentos anteriores Assim o atendimento preacute-

escolar evoluiu para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia como um dever do Estado

(67)

24

Uma das grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o

ato de alimentar adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede

intelectual e fiacutesica aleacutem de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias

nutricionais (8)

Bogus (9)

relata que a alimentaccedilatildeo fornecida pelas creches e os programas de

suplementaccedilatildeo alimentar satildeo os principais instrumentos de poliacutetica puacuteblica voltados para a

promoccedilatildeo da seguranccedila alimentar e nutricional para a populaccedilatildeo urbana de lactentes e preacute-

escolares de famiacutelias de baixa renda Tem portanto as creches o papel natildeo soacute nutricional ao

fornecer alimentaccedilatildeo equilibrada quantitativa e qualitativamente e segura do ponto de vista

sanitaacuterio mas tambeacutem educativo para as crianccedilas e suas famiacutelias

Na visatildeo de Carvalho (10)

a educaccedilatildeo nutricional das crianccedilas que frequentam a creche

extrapola a funccedilatildeo de fornecimento de refeiccedilotildees em horaacuterios precisos e em porccedilotildees

nutricionalmente planejadas Compreende um projeto institucional mais amplo cujo objetivo

eacute promover a mudanccedila de haacutebitos alimentares acompanhada da socializaccedilatildeo de informaccedilotildees

ligadas a uma vida mais saudaacutevel

Seabra amp Moura (11)

acreditam que tanto em casa como na creche diversas situaccedilotildees do

dia a dia da crianccedila satildeo constitutivas do desenvolvimento inclusive o momento de

alimentaccedilatildeo Rossetti-Ferreira et al(7)

afirmam que a comida vai adquirindo um significado

social e que cada vez mais a crianccedila sente vontade de tocar sentir as formas sabores e

texturas cheirar olhar ou seja explorar o alimento Afirmam que gradativamente ela vai

deixando a passividade no momento da alimentaccedilatildeo e vai se tornando mais ativa neste

processo Consideram que a alimentaccedilatildeo faz parte do processo educativo e eacute uma parte

importante do desenvolvimento infantil inicial

Segundo Bueno et al (12)

as creches satildeo consideradas como uma estrateacutegia dos paiacuteses

subdesenvolvidos para aprimorar o crescimento e desenvolvimento de crianccedilas pertencentes

aos estratos sociais menos favorecidos

Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento infantil em instituiccedilotildees no Paiacutes

como um todo estima-se que de 10 a 15 dos lactentes frequentam creches gratuitas nas

grandes e meacutedias cidades do Brasil e que a demanda por esse serviccedilo tende a aumentar com a

participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho (12-14)

Apesar do reconhecimento da importacircncia da alimentaccedilatildeo oferecida nas creches para o

atendimento das necessidades nutricionais das crianccedilas invariavelmente estudos de consumo

alimentar realizados em creches de diferentes regiotildees do paiacutes tecircm mostrado deficiecircncias de

25

caacutelcio ferro vitamina A fibras e energia na alimentaccedilatildeo de crianccedilas menores de seis anos

apesar de o consumo proteico ser adequado (1516)

Em relaccedilatildeo ao estado nutricional as pesquisas apontam uma melhor condiccedilatildeo

nutricional entre crianccedilas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos favorecidos que

frequentam creches quando comparadas com aquelas que natildeo o fazem o que sugere uma

condiccedilatildeo de proteccedilatildeo agrave desnutriccedilatildeo (1217-19)

Segundo Silva amp Sturion (17)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto

positivo no crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege

a crianccedila principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas

de 36 meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente

menor de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro

meses (18)

Bueno et al (12)

e Silva et al(19)

em estudos conduzidos com crianccedilas nesta faixa

etaacuteria concluiacuteram que a creche teve impacto positivo no estado nutricional das crianccedilas que a

frequentavam e foram acompanhadas por um ano bem como avaliaram que a creche eacute fator

de proteccedilatildeo para o estado nutricional das crianccedilas que a utilizam Relatam ainda que em casos

de deacuteficit nutricional a melhora eacute observada quando o tempo de frequecircncia eacute superior a um

ano

26

22 Desnutriccedilatildeo x obesidade

A presenccedila da desnutriccedilatildeo deficiecircncia de micronutrientes excesso de peso e outras

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis coexistindo nas mesmas comunidades e muitas vezes no

mesmo domiciacutelio caracteriza a transiccedilatildeo nutricional (20)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a OMS a hipertensatildeo arterial e a obesidade correspondem aos dois

principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das mortes e doenccedilas no mundo (21)

Nesse contexto compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutriccedilatildeo

desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (22)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil como outros paiacuteses em desenvolvimento (23)

No Brasil a transiccedilatildeo nutricional assumiu um perfil singular Assim sem solucionar

satisfatoriamente os problemas alimentares relacionados agrave carecircncia absoluta de alimentos o

paiacutes convive com perfis nutricionais distintos por vezes sobrepostos (24)

221 Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo pode ocorrer devido a uma oferta alimentar insuficiente em energia

macro e micronutrientes (desnutriccedilatildeo de causa primaacuteria) ou ainda resultar da desnutriccedilatildeo

secundaacuteria caracterizada pelo inadequado aproveitamento funcional e bioloacutegico dos

nutrientes disponiacuteveis ou da elevaccedilatildeo do gasto energeacutetico na presenccedila de doenccedilas associadas

(25) Sabe-se que a desnutriccedilatildeo em fases precoces da vida promove maior vulnerabilidade agraves

infecccedilotildees menor capacidade cognitiva diminuiccedilatildeo na biotransformaccedilatildeo metaboacutelica e maacute-

absorccedilatildeo intestinal de nutrientes aleacutem da reduccedilatildeo da capacidade laboral nos adultos (26)

Apesar da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia a desnutriccedilatildeo infantil continua a ser

um relevante problema de sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns

bolsotildees de pobreza localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e

consequecircncias desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das

crianccedilas Aleacutem de ser considerada um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por sua

natureza multifatorial jaacute haacute algum tempo tambeacutem eacute vista como um grave problema social

(27)

27

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO) das Naccedilotildees Unidas (28)

estimam

que 963 milhotildees de pessoas passem fome no mundo das quais mais de 30 crianccedilas

normalmente acometidos da forma mais letal de maacute nutriccedilatildeo a desnutriccedilatildeo energeacutetico-

proteica (DEP)

Estima-se que em 2010 um total de 171 milhotildees de crianccedilas (167 milhotildees nos paiacuteses

em desenvolvimento) tenham baixa estatura Globalmente a baixa estatura na infacircncia caiu de

397 em 1990 para 267 em 2010 Esta tendecircncia deve chegar a 218 ou 142 milhotildees em

2020 (29)

Segundo relatoacuterio publicado pela OMS em 2012 cerca de 29 das crianccedilas abaixo

dos cinco anos de idade nos paiacuteses em desenvolvimento apresentavam algum deacuteficit de

estatura 18 apresentam baixo peso para idade moderado ou severo e 10 baixo peso em

relaccedilatildeo a altura (30)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (30)

mostram que na Ameacuterica Latina e Caribe a

prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009

O panorama da desnutriccedilatildeo na infacircncia no Brasil evidenciado por trecircs estudos

transversais de base populacional ndash Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) 1974-

1975 Pesquisa Nacional sobre Sauacutede e Nutriccedilatildeo (PNSN) 1989 e Pesquisa Nacional sobre

Demografia e Sauacutede (PNDS) 1996 caracteriza-se por tendecircncia de decliacutenio na prevalecircncia

desse evento (31)

Em 1974 a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184

reduziu-se para 70 em 1989 e atingiu o percentual de 57 em 1996 (32)

Dados da uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede (2006) (33)

apontaram a

mesma tendecircncia dos estudos anteriores e mostraram que a prevalecircncia da desnutriccedilatildeo em

crianccedilas menores de cinco anos aferida pela proporccedilatildeo de deacuteficit de crescimento foi 7 em

2006 A maior prevalecircncia ocorreu na regiatildeo Norte (15) e houve pouca variaccedilatildeo nas demais

regiotildees (6 a 8) Casos agudos de desnutriccedilatildeo (deacuteficit de peso em relaccedilatildeo agrave altura) foram

encontrados em apenas 15 das crianccedilas dessa faixa etaacuteria natildeo ultrapassando 2 em

qualquer regiatildeo ou estrato social da populaccedilatildeo Portanto natildeo superior agrave esperada com base na

distribuiccedilatildeo de referecircncia de crianccedilas saudaacuteveis e bem nutridas o que indica que as formas

agudas de deficiecircncia energeacutetica estatildeo praticamente sob controle em todo o paiacutes

Rocha et al (34)

afirmam que esse decliacutenio pode ser explicado pela melhoria das

condiccedilotildees socioeconocircmicas decorrentes em grande parte do deslocamento crescente da

populaccedilatildeo para as aacutereas urbanas do paiacutes onde de modo geral satildeo melhores as oportunidades

de emprego e de renda escolaridade materna e saneamento baacutesico assim como pelo maior

28

acesso a serviccedilos de sauacutede Fernandes et al (35)

destacam ainda o papel dos meios de

comunicaccedilatildeo em especial a televisatildeo como importantes fatores na determinaccedilatildeo do atual

perfil nutricional da populaccedilatildeo brasileira

Segundo Biscegli et al (36)

vaacuterios satildeo os fatores relacionados agrave gecircnese da desnutriccedilatildeo

envolvendo determinantes bioloacutegicos e sociais Destacam-se a desnutriccedilatildeo intrauterina e a

poacutes-natal a prematuridade o abandono precoce do aleitamento materno as infecccedilotildees

repetidas e o fraco viacutenculo matildee-filho Victora et al (25)

ressaltam que independente da causa

a DEP cursa com alteraccedilotildees fisioloacutegicas que colocam a crianccedila em risco elevado associado agrave

morbidade infantil sendo responsaacutevel por 66 milhotildees das 122 milhotildees de mortes entre

crianccedilas menores de cinco anos ou 54 da mortalidade infantil nos paiacuteses em

desenvolvimento

222 Obesidade

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define o excesso de peso como o

armazenamento de gordura no organismo resultante do balanccedilo energeacutetico positivo de

caraacuteter multifatorial (37)

e integra o grupo de doenccedilas natildeo transmissiacuteveis claramente

associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta (1)

Trata-se de enfermidade crocircnica rica em

complexidade com variaacuteveis bioloacutegicas psicoloacutegicas sociais e econocircmicas Envolve tambeacutem

aspectos ambientais e geneacuteticos sendo de difiacutecil tratamento Ocasiona consequecircncias

bioloacutegicas e psicossociais identificadas em todas as faixas etaacuterias (38)

A obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel mundial sendo

considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O International

Obesity Task Force (39)

em sua uacuteltima anaacutelise (2010) estima que aproximadamente um bilhatildeo

de adultos estejam com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e 475 milhotildees satildeo obesos em todo o

mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso sendo 40 a

50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (40)

a prevalecircncia mundial de

sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010 Esta

tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

Situaccedilotildees de excesso de peso em relaccedilatildeo agrave altura foram encontradas em 7 das

crianccedilas brasileiras menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor limiacutetrofe

de 23 do padratildeo de referecircncia (variando de 6 na regiatildeo Norte a 9 na Sul) alertando

para o problema da obesidade infantil (26 41)

29

O aumento da prevalecircncia da obesidade infantil tem sido associado a fatores como

renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida sedentaacuterio e dietas inadequadas

(42)

A associaccedilatildeo entre excesso de peso e fatores socioeconocircmicos parece depender do paiacutes

e da faixa etaacuteria avaliada Nos paiacuteses desenvolvidos demonstrou-se que a prevalecircncia de

obesidade entre crianccedilas eacute maior entre aquelas pertencentes a estratos socioeconocircmicos menos

privilegiados (4344)

Diferentemente nos paiacuteses em desenvolvimento o excesso de peso e a

obesidade em crianccedilas tendem a ser mais prevalentes em famiacutelias com melhores condiccedilotildees

socioeconocircmicas (45-48)

Segundo estimativa feita por Pellanda et al (49)

cerca de 80 das crianccedilas obesas

seratildeo tambeacutem obesas quando adultas sendo estas em sua grande maioria acometidas por

transtornos metaboacutelicos que desencadearatildeo no futuro problemas metaboacutelicos como

hipertensatildeo arterial diabetes dislipidemias e doenccedilas cardiovasculares principalmente as

isquecircmicas (infarto trombose embolia aterosclerose etc) Ela pode ainda favorecer o

surgimento de problemas ortopeacutedicos apneia do sono alguns tipos de cacircncer e distuacuterbios

psicoloacutegicos Todos esses problemas resultam em maacute qualidade de vida e aumento dos gastos

puacuteblicos por meio de tratamentos internaccedilotildees e podem ateacute mesmo levar o indiviacuteduo agrave morte

Estudos recentes tecircm sugerido que as primeiras experiecircncias nutricionais de um

indiviacuteduo natildeo guardam relaccedilotildees somente com o seu peso quando adulto mas tambeacutem podem

interferir em sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas crocircnicas na fase adulta como

obesidade hipertensatildeo arterial doenccedilas cardiovasculares e o diabetes tipo II Tal fenocircmeno

vem sendo denominado imprinting metaboacutelico Este eacute compreendido como um fenocircmeno

pelo qual uma experiecircncia nutricional precoce agindo durante um periacuteodo criacutetico e especiacutefico

do desenvolvimento humano pode acarretar um efeito duradouro por toda a vida do

indiviacuteduo interferindo na sua suscetibilidade a determinadas doenccedilas (50)

De acordo com Whitaker et al (51)

crianccedilas obesas filhas de pais obesos tecircm maiores

chances de tornarem-se adultos obesos devido a influecircncias geneacuteticas e aos haacutebitos adotados

pela famiacutelia Outro fator associado ao aumento na prevalecircncia de sobrepeso e obesidade eacute o

niacutevel reduzido de atividade fiacutesica diaacuteria realizada por crianccedilas Sabe-se ainda que boa parte

das crianccedilas passa muito tempo assistindo televisatildeo cujos anuacutencios veiculados as estimulam a

consumir alimentos com alto grau de processamento teor de micronutrientes limitado alta

densidade caloacuterica e grande quantidade de sal accediluacutecar e gordura especialmente as saturadas e

o colesterol (35)

30

Na sociedade moderna e globalizada a obesidade vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como um problema

emergente de sauacutede puacuteblica em todo mundo merecendo especial atenccedilatildeo em paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer a desnutriccedilatildeo e o deacuteficit estatural ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que claramente associadas a riscos para a sauacutede na vida adulta

(52) e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em adultos

(38)

31

23 Anemia

A organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) define anemia como a condiccedilatildeo na qual o

conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia de um

ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa dessa deficiecircncia As anemias podem ser

causadas por deficiecircncia de vaacuterios nutrientes como ferro zinco vitamina B12 e proteiacutenas

Poreacutem a anemia causada por deficiecircncia de ferro denominada Anemia Ferropriva eacute muito

mais comum que as demais (estima-se que 90 das anemias sejam causadas por carecircncia de

ferro) O ferro eacute um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na siacutentese

(fabricaccedilatildeo) das ceacutelulas vermelhas do sangue e no transporte do oxigecircnio para todas as ceacutelulas

do corpo(53)

A anemia ferropriva forma mais grave da deficiecircncia de ferro ocorre apoacutes um longo

periacuteodo da carecircncia desse elemento quando os estoques jaacute foram depletados e depois da

diminuiccedilatildeo do ferro bioquiacutemico Em geral quando ocorrem as primeiras manifestaccedilotildees a

anemia jaacute eacute do tipo moderada(54)

Resulta da combinaccedilatildeo de muacuteltiplos fatores etioloacutegicos

tanto bioloacutegicos quanto sociais e econocircmicos Os sintomas mais frequentemente relatados

satildeo irritabilidade apatia anorexia fadiga diminuiccedilatildeo da capacidade fiacutesica e cefaleia Alguns

estudos relatam diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica com aumento da frequecircncia e duraccedilatildeo das

infecccedilotildees (55)

A anemia ferropriva eacute identificada atualmente como o maior problema de sauacutede

puacuteblica no mundo estando presente em paiacuteses tanto em desenvolvimento quanto

desenvolvidos (56)

sendo considerada um dos mais importantes fatores contribuintes para a

carga global de doenccedilas (57)

Entre os segmentos bioloacutegicos mais vulneraacuteveis ao problema encontram-se as

mulheres no periacuteodo reprodutivo particularmente durante a gestaccedilatildeo e as crianccedilas nos

primeiros anos de vida (555859)

Calcula-se que a deficiecircncia de ferro atinja quatro bilhotildees de indiviacuteduos e que a

anemia carencial ferropriva acometa mais de dois bilhotildees de pessoas no mundo sobretudo em

paiacuteses subdesenvolvidos e em populaccedilotildees de baixa renda e que 474 das crianccedilas menores

de 5 anos tenham anemia com valores distribuiacutedos em 293 nas Ameacutericas a 646 na

Aacutefrica comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita No continente americano

estima-se que 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas (57)

Estudos nacionais demonstram que a prevalecircncia de anemia vem aumentando nos

uacuteltimos anos Em Satildeo Paulo nas trecircs uacuteltimas deacutecadas estudos tecircm apontado aumento

32

progressivo da prevalecircncia de anemia atingindo principalmente as crianccedilas menores de dois

anos No municiacutepio de SP em 1974 estudo envolvendo crianccedilas de 6 a 60 meses observou

227 de anemia (60)

Monteiro et al em seacuterie histoacuterica avaliando a prevalecircncia entre 1985 e

1987 encontraram 356 de anecircmicos sendo que as maiores prevalecircncias estavam entre os 6

e 11 meses (537) e entre os 12 e 24 meses (581)(61)

Esse estudo em 1996 revelou

aumento na prevalecircncia de anemia para 469 (46)

Estudos de base populacional realizados no

Nordeste do Brasil encontraram a prevalecircncia de anemia de 409 em crianccedilas entre 6 e 59

meses (62)

Pesquisa realizada no sul do Paiacutes em Porto AlegreRS revelou a presenccedila de

anemia em 478 principalmente na faixa etaacuteria de 12 a 23 meses (656) (63)

Segundo

Vieira no ano de 2010 (64)

prevalecircncia da doenccedila nesta populaccedilatildeo alcanccedila 52 valor obtido

a partir de revisatildeo sistemaacutetica de oito estudos nacionais publicados nos uacuteltimos dez anos

considerando-se o cenaacuterio de crianccedilas assistidas em creches Dados regionais tecircm

demonstrado elevada prevalecircncia de anemia no paiacutes em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos (65)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em Belo

Horizonte a prevalecircncia encontrada na Regional Leste - 37 - assume grande dimensatildeo (66)

sendo considerado problema de moderada significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a

classificaccedilatildeo proposta pela OMS (57)

Embora a prevalecircncia seja elevada na populaccedilatildeo infantil crianccedilas menores de dois

anos de idade constituem um grupo de maior vulnerabilidade Torres (67)

aponta prevalecircncias

estendendo-se 50 a 83 variando de acordo com as regiotildees grupos populacionais infantis

e exposiccedilatildeo a fatores de risco Estudo realizado por Jordatildeo et al(65)

observou que crianccedilas

entre seis e 24 meses apresentam risco duas vezes maior para desenvolver a doenccedila do que

aquelas entre 25 e 60 meses Rocha et al (68)

e Capanema et al (66)

encontraram prevalecircncia

de anemia em crianccedilas com idade inferior a 24 meses maior que o dobro comparando as

outras idades

Curta duraccedilatildeo do aleitamento materno exclusivo introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos

em ferro e consumo insuficiente eou inadequado de estimuladores da sua absorccedilatildeo podem ser

considerados fatores predisponentes para o desenvolvimento de anemia ferropriva nesta faixa

etaacuteria Isso torna as crianccedilas abaixo de dois anos de idade o grupo de maior risco para anemia

na faixa etaacuteria pediaacutetrica (676970)

Inuacutemeros outros fatores de risco podem estar associados a anemia infantil agravando

a situaccedilatildeo nutricional referente ao ferro tais como sangramento perinatal baixa hemoglobina

ao nascimento infecccedilotildees ingestatildeo frequente de chaacutes e infestaccedilatildeo por ancilostomiacutedeos baixa

33

renda familiar e escolaridade materna falta de acesso aos serviccedilos de sauacutede precariedade nas

condiccedilotildees de saneamento e a dieta inadequada em ferro Aleacutem disso devem ser lembrados os

baixos niacuteveis socioeconocircmicos e culturais o fraco viacutenculo matildeefilho a inadequaccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo complementar com ingestatildeo pobre quantitativa e qualitativa de ferro e a

introduccedilatildeo tardia de alimentos ricos em ferro heme (carnes) destacando-se como

determinantes do problema a desnutriccedilatildeo energeacutetico-proteica e a ocorrecircncia de infecccedilotildees

frequentes O maior nuacutemero de membros da famiacutelia tambeacutem tem sua parcela de contribuiccedilatildeo

(6271-73) Quando a dieta passa a ser mais diversificada a combinaccedilatildeo dos alimentos em uma

mesma refeiccedilatildeo torna-se entatildeo uma importante influecircncia na absorccedilatildeo do ferro (5558596869)

Em crianccedilas especialmente abaixo dos cinco anos de idade numerosos estudos tecircm

demonstrado que a anemia por deficiecircncia de ferro se relaciona a baixos escores em testes de

desenvolvimento mental (ldquoBayley Scalesrdquo) e em testes de atividade motora podendo levar a

sequelas irreversiacuteveis nas funccedilotildees cognitiva motora auditiva e visual mesmo com tratamento

adequado sobretudo quando ocorre no periacuteodo em que se processam o crescimento e o

desenvolvimento cerebral (74-85)

Em trabalho com crianccedilas da Costa Rica Lozoff et al (84)

mostraram alteraccedilatildeo

comportamental em crianccedilas anecircmicas observando distuacuterbios afetivos como maior

dependecircncia tristeza e indisposiccedilatildeo para brincar Andraca et al (86)

resumem as explicaccedilotildees

mais aceitas para essas consequecircncias Em primeiro lugar a maior prevalecircncia de anemia se

daacute entre seis e 24 meses de idade periacuteodo de raacutepido crescimento cerebral e desenvolvimento

motor e cognitivo Em segundo o fato de ser conhecido que acumulam-se altas concentraccedilotildees

de ferro durante o crescimento em aacutereas-chave do sistema nervoso central responsaacuteveis pelo

desenvolvimento da atividade comportamental Em terceiro a dificuldade em se recuperar os

niacuteveis cerebrais de ferro em animais de laboratoacuterio submetidos a dietas pobres desse metal em

periacuteodos iniciais do desenvolvimento mesmo apoacutes ferroterapia

Nas crianccedilas as sequelas tendem a ser mais graves quanto maior a duraccedilatildeo mais

precoce o aparecimento e maior a severidade do quadro de deficiecircnciaanemia Podem ser

percebidas mesmo apoacutes tratamento adequado da carecircncia (70)

Contudo Barbosa e Cardoso (82)

atentam para o fato de que haacute indiacutecios de que natildeo soacute a anemia mas tambeacutem a deficiecircncia de

ferro na sua forma oculta ser causadora de distuacuterbios neurocognitivos em funccedilatildeo da reduccedilatildeo

da atividade de enzimas fero-dependentes envolvidas no metabolismo da transmissatildeo nervosa

As implicaccedilotildees negativas da anemia sobre os sistemas imune e endoacutecrino e sobre o

crescimento fiacutesico associadas aos graves prejuiacutezos para o desenvolvimento cognitivo e motor

da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que a anemia por deficiecircncia de ferro seja

34

considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica (8788)

sobretudo no puacuteblico lactente e

preacute-escolar Suas consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o

desenvolvimento social e econocircmico mundial (57)

35

REFEREcircNCIAS

1 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care

setting and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

2 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for

pneumonia among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

3 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

4 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

5 Amorim KS Yazlle C Ferreira MCR Sauacutede e doenccedila em ambientes coletivos de

educaccedilatildeo da crianccedila de 0 a 6 anos Anais da 22ordf Reuniatildeo Anual da Associaccedilatildeo Nacional de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Ribeiratildeo Preto USP 1999

6 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

7 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

8 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

9 Boacutegus CM Nogueira-Martins MCF Moraes DEB Taddei JAAC Cuidados

oferecidos pelas creches percepccedilotildees de matildees e educadoras Revista de Nutriccedilatildeo 2007

20499-514

10 Carvalho SP As delicadas relaccedilotildees entre construccedilatildeo de haacutebitos e aprendizagem Satildeo

Paulo Rev Avisa laacute ed Especial 26-29 nov 2005

11 Seabra K Moura ML Alimentaccedilatildeo no ambiente de creche como contexto de interaccedilatildeo

nos primeiros dois anos de um bebecirc Psicol Estud 200510(1)77-86

36

12 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas

em creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud

Puacuteblica 200314165-70

13 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e

crianccedilas pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em

educaccedilatildeo infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

14 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

15 Castro TG Novaes JF Silva MR Costa NMB Franceschini SCC Tinocircco ALA et al

Caracterizaccedilatildeo do consumo alimentar ambiente socioeconocircmico e estado nutricional de preacute-

escolares de creches municipais Revista de Nutriccedilatildeo 200518321-30

16 Spinelli MGN Goulart RMM Santos ALP Gumiero LDC Farhud CC Freitas EacuteB et

al Consumo alimentar de crianccedilas de 6 a 18 meses em creches Revista de Nutriccedilatildeo

200316409-14

17 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado

nutricional infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

18 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

19 Silva MV Ometto AMH Furtuoso MCO Pipitone MAP Sturion GL Acesso agrave creche

e estado nutricional das crianccedilas brasileiras diferenccedilas regionais por faixa etaacuteria e classe de

renda Revista de Nutriccedilatildeo 200013193-9

20 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da

obesidade na Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

21 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks

promoting healthy life Geneva World Health Organization 2002

22 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo

nutricional no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141

37

23 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91 24 Bermudez OI Tucker KL

Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl

1S87-99

25 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and

child undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet 2008 Jan

26371(9609)340-57

26 - Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

28 FAO (Organizacioacuten de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentacioacuten)

Mapa de la desnutricioacuten un processo en curso Santiago La Organizacioacuten 2009

29 Onis M Blossner M Borghi E Prevalence and trends of stunting among pre-school

children 1990-2020 Public Health Nutr 2011 Jul 141-7

30 THE STATE OF THE WORLDrsquoS CHILDREN 2012Children in an Urban World

httpwwwuniceforgsowc2012pdfsSOWC202012-Main20Report_EN_13Mar2012pdf

31 Beniacutecio MHA Monteiro CA Desnutriccedilatildeo infantil nos municiacutepios brasileiros risco de

ocorrecircncia Brasilia NUPENSUSPUNICEF 1987

32 UNICEF Situaccedilatildeo da infacircncia brasileira 2006 2005 [cited 2009 20 November]

Available from httpwwwuniceforgbrazilptresources_10167htm

33 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

34 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Implantaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo de um Programa de

Fortificaccedilatildeo da Aacutegua Potaacutevel com Ferro para Prevenccedilatildeo e Tratamento da Anemia Ferropriva

em Crianccedilas [Projeto de Mestrado] Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais

2005

38

35 Fernandes IT Gallo PR Adviacutencula AO Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica de preacute-escolaresdo

municiacutepio de Mogi-Guaccediluacute Satildeo Paulo subsiacutedio para poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Rev Bras

Sauacutede Matern Infant 20066(2)217-22

36 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

37 World Health Organization Physical status the use and interpretation of

anthropometry Report of a WHO Expert Committee WHO Technical Report Series n 854

Geneva WHO1995

38 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

39 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010

[cited 2011 4 April] Available from

httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

40 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and

obesity among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

41 Monteiro CA Conde WL Konno SC Lima AL Silva AC Benicio MH Avaliaccedilatildeo

antropomeacutetrica do estado nutricional de mulheres em idade feacutertil e crianccedilas menores de cinco

anos In Brasil editor Ministeacuterio da Sauacutede Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da

Crianccedila e da Mulher PNDS 2006 Dimensotildees do processo reprodutivo eda sauacutede da crianccedila

Brasiacutelia 2009 p 213-30

42 Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Cad Est Desenv

Soc Debate 2005 210-3

43 Von Kries R Koletzko B Sauerwald T von Mutius E Barnert D Grunert V et al

Breast feeding and obesity cross sectional study BMJ 1999 Jul 17319(7203)147-50

44 Ogden CL Flegal KM Carroll MD Johnson CL Prevalence and trends in overweight

among US children and adolescents 1999-2000 JAMA 2002 Oct 9288(14)1728-32

39

45 Al-Isa AN Moussa MA Factors associated with overweight and obesity among

Kuwaiti kindergarten children aged 3-5 years Nutr Health 199913(3)125-39

46 Monteiro CA Conde WL Tendecircncia secular da desnutriccedilatildeo e da obesidade na

infacircncia na cidade de Satildeo Paulo (1974-1996) Revista de Sauacutede Puacuteblica 20003452-6147

Drachler MdL Macluf SPZ Leite JCC Aerts DRGC Giugliani ERJ Horta BL

Fatores de risco para sobrepeso em crianccedilas no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

2003191073-81

48 Kain J Vio F Albala C Obesity trends and determinant factors in Latin America Cad

Saude Publica 200319 (S1)S77-86

49 Pellanda LC Echenique L Barcellos LMA Maccari J Borges FK Zen BL Doenccedila

cardiacuteaca isquecircmica a prevenccedilatildeo inicia durante a infacircncia Jornal de Pediatria 20027891-6

50 Balaban G Silva GAP Dias MLCM Dias MCM Fortaleza GTM Morotoacute FMM et

al O aleitamento materno previne o sobrepeso na infacircncia Revista Brasileira de Sauacutede

Materno Infantil 20044263-8

51 Whitaker RC Wright JA Pepe MS Seidel KD Dietz WH Predicting obesity in

young adulthood from childhood and parental obesity N Engl J Med 1997 Sep

25337(13)869-73

52 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of

coronary heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

53 The State of the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition Causes

Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

54 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

55 WHO Iron deficiency anemia assessment prevention and control ndash a guide for

programme managers Geneva WHO 2001 [cited 2009 6 november] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsmicronutrientsanaemia_iron_deficiencyWHO_N

HD_013enindexhtml

40

56 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato

glicinato e crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-

90

57 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

58 Modesto SP Devincenzi MU Sigulem DM Praacuteticas alimentares e estado nutricional

de crianccedilas no segundo semestre de vida atendidas na rede puacuteblica de sauacutede Revista de

Nutriccedilatildeo 200720405-15

59 Cocircrtes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Revista de Nutriccedilatildeo 2009

60 Sigulen DM Tudisco ES Goldemberg T Athaide MMM Vaisman EAnemia

ferropriva em crianccedilas no municiacutepio de Satildeo Paulo RevSauacutede Puacuteblica 197812(1)168-78

61 Monteiro CA Szarfarc SC Estudo das condiccedilotildees de sauacutede das crianccedilas no municiacutepio

de Satildeo Paulo SP (Brasil) 1984-1985 V -Anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 198721(3)255-60

62 Osorio MM Lira PI Ashworth A Factors associated with Hb concentration in

children aged 6-59 months in the State of Pernambuco Brazil Br J Nutr 200491(2)307-15

63 Silva LSM Giuglian ERJ Aerts DRGC Prevalecircncia e determinantes de anemia em

crianccedilas de Porto Alegre RS Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 20013566-73

64 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo

diferentes cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

65 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no

Brasil uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

66 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacutenico na determinaccedilatildeo de anemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

41

67 Torres MAA Anemia carencial ferropriva In Noacutebrega FJ editor Distuacuterbios da

nutriccedilatildeo na infacircncia e na adolescecircncia Rio de Janeiro Revinter 2007 p 355-9

68 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

et al Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em crianccedilas que frequumlentam creches em Belo

Horizonte Minas Gerais Revista Paulista de Pediatria 2008266-13

69 Braga JAP Campoy FD Anemia Ferropriva In Braga JAP Tone LG Loggetto SR

editors Hematologia para o Pediatra Satildeo Paulo Atheneu 2007 p 23-35

70 Pinheiro FGMB Santos SLDX Cagliari MPP Paiva AA Queiroz MdSR Cunha

MAL et al Avaliaccedilatildeo da anemia em crianccedilas da cidade de Campina Grande Paraiacuteba Brasil

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 200830457-62

71 WHO Complementary feeding of young children in developing countries a review of

current scientific knowledge Geneva WHO 1998 [cited 2009 23 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublicationsinfantfeedingWHO_NUT_981enindexhtml

72 Osoacuterio MM Fatores determinantes da anemia em crianccedilas Jornal de Pediatria

200278269-78

73 Lima ACVMS Lira PIC Romani SAM Eickmann SH Piscoya MD Lima MdC

Fatores determinantes dos niacuteveis de hemoglobina em crianccedilas aos 12 meses de vida na Zona

da Mata Meridional de Pernambuco Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil 2004435-

43

74 Osky FA The nonhematologic manifestations of iron deficiency Am J Dis Child

1979133315-22

75 Larkin EL Rao GA Importance of fetal and neonatal iron adequacy for normal

development of central nervous system In Dobbing J editor Brain Behaviour and Iron in

the Infant Diet London Springer-Verlag 1990 p 43-63

76 Beard JL Connor JR Jones BC Iron in the brain Nutr Rev 1993 Jun51(6)157-70

77 Lozoff B Wolf AW Jimenez E Iron-deficiency anemia and infant development

Effects of extended oral iron therapy The Journal of Pediatrics 1996129(3)382-9

42

78 Childs F Aukett A Darbyshire P Ilett S Livera LN Dietary education and iron

deficiency anaemia in the inner city Arch Dis Child 1997 Feb76(2)144-7

79 Pollitt E Early iron deficiency anemia and later mental retardation Am J Clin Nutr

1999 Jan69(1)4-5

80 Hurtado EK Claussen AH Scott KG Early childhood anemia and mild or moderate

mental retardation Am J Clin Nutr 1999 Jan69(1)115-9

81 Grantham-McGregor S Ani C A review of studies on the effect of iron deficiency on

cognitive development in children J Nutr 2001 Feb131(2S-2) 649S-668S

82 Barbosa TNN Cardoso AL Deficiecircncia de ferro e repercussotildees sobre o

desenvolvimento cognitivo aspectos preventivos Rev Bras Nutr Clin 200318(3)130-5

83 Betsy L Do breast-fed babies benefit from iron before 6 months The Journal of

Pediatrics 2003143(5)554-6

84 Lozoff B Jimenez E Smith JB Double burden of iron deficiency in infancy and low

socioeconomic status a longitudinal analysis of cognitive test scores to age 19 years Arch

Pediatr Adolesc Med 2006 Nov160(11)1108-13

85 Braga JAP O papel do ferro no crescimento e desenvolvimento infantil In Fisberg

M Barros MJL editors O papel dos nutrientes no crescimento e desenvolvimento infantil

Satildeo Paulo Sarvier 2008 48-64

86 Andraca I Castillo M Walter T Psychomotor development and behavior in iron

deficient anemic infants Nutrition Reviews 199755(4)125-32

87 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and

Life Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

88 Silva FC Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros EHGR Proporccedilatildeo de

anemia de acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de

Nutriccedilatildeo 200720297-306

43

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Caracterizar a sauacutede nutricional das crianccedilas de seis a 72 meses frequumlentadoras de

creches puacuteblicas da Regional Centro-Sul de Belo Horizonte em periacuteodo integral

32 Objetivos especiacuteficos

- Determinar a prevalecircncia de anemia desnutriccedilatildeo e obesidade em preacute-escolares

participantes

- Identificar e quantificar os fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais

estudados

- Fornecer relatoacuterio aos gestores municipais

44

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Aspectos gerais

Considerando-se a relevacircncia dos aspectos nutricionais na sauacutede dos preacute-escolares

sobretudo no nosso municiacutepio optou-se por caracterizar o estado de sauacutede nutricional destas

crianccedilas sabidamente consideradas como grupo de risco para a anemia desnutriccedilatildeo e

obesidade

42 Delineamento do projeto

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal realizado entre fevereiro e junho de

2010 Este estudo foi parte integrante do Projeto Sauacutede de Ferro projeto extensionista da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais cujo o enfoque eacute o combate

agrave anemia e desnutriccedilatildeo em preacute-escolares do municiacutepio por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua de

consumo nas creches com ferro e vitamina C

43 Local e populaccedilatildeo

Este estudo foi realizado no municiacutepio de Belo Horizonte situado no Centro-Sul do

Estado de Minas Gerais Possui uma extensatildeo territorial de 321283 Km2 Segundo dados do

Censo 2010 - IBGE sua populaccedilatildeo corresponde a 2375151 pessoas distribuiacutedas em nove

distritos sanitaacuterios A tabela 1 apresenta os dados da populaccedilatildeo residente em Belo Horizonte

por distritos sanitaacuterios (1)

Tabela 1 ndash Densidade Demograacutefica por Regiatildeo Administrativa - Belo Horizonte 2010

Distrito

Sanitaacuterio Populaccedilatildeo Percentagem

Aacuterea

(Km2)

Densidade

demografica(HabKm2)

Barreiro 282552 1189 53233 530780

Centro-Sul 272285 1146 31035 877340

Leste 249273 1049 28864 863620

Nordeste 291110 1225 39206 742520

45

Noroeste 331362 1395 36952 896740

Norte 212953 896 33343 638670

Oeste 286118 1204 32331 884960

Pampulha 187315 788 38549 738030

Venda Nova 262183 1108 28309 926140

Total 2375151 100 321823 738030

FonteCenso IBGE- 2010

A regiatildeo correspondente ao Distrito Sanitaacuterio Centro-Sul foi eleita como local de

investigaccedilatildeo do presente estudo estando localizada na bacia do Ribeiratildeo Arrudas sendo seus

principais afluentes o coacuterrego do Leitatildeo e o coacuterrego da Serra Possui uma variaccedilatildeo altimeacutetrica

que vai de 1151 metros na serra do Curral decrescendo para 650 metros em direccedilatildeo agrave regiatildeo

central Situa-se na depressatildeo de Belo Horizonte formada por rochas graniacuteticas de

embasamento cristalino e mais a noroeste por filitos e quartizitos do quadrilaacutetero ferriacutefero

(1) Sua extensatildeo territorial eacute distribuiacuteda por Unidades de Planejamento ndash UPacutes conforme

discriminado na tabela 2 (1)

Tabela 2 ndash Bairros da regiatildeo Centro-Sul por unidade de planejamento Belo Horizonte 2010

Unidade de

planejamento Bairros

Barro Preto Barro Preto

Centro Centro

Francisco Sales

Santa Efigecircnia (aacuterea hospitalar) Floresta (aacuterea interna agrave Avenida do

Contorno)

Savassi Savassi Santo Agostinho Lourdes Funcionaacuterios

Prudente de Morais Cidade Jardim Luxemburgo Coraccedilatildeo de Jesus Vila Paris

Morro do Querosene Bandeirantes (parte)

Santo Antocircnio Santo Antocircnio Satildeo Pedro

AnchietaSion Carmo Cruzeiro Anchieta Sion FUMEC Pindura Saia Mala e Cuia

Serra Serra Satildeo Lucas Santa Isabel

Belvedere Belvedere

Aglomerado Barragem

Aglomerado Barragem Santa Luacutecia Santa Rita de Cassia Vila estrela

(parte)

Mamgabeiras Mangabeiras Comiteco Parque das Mangabeiras

46

Aglomerado da Serra (parte) Acaba Mundo

Satildeo BentoSanta Luacutecia

Satildeo Bento Santa Luacutecia Bandeirantes (parte) Aglomerado Barragem

(parte)

Aglomerado da Serra

Cafezal Aglomerado Serra Nossa Senhora de Faacutetima Nossa Senhora

Aparecida

Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Santana Vitoacuterio Marccedilola (parte)

Fonte Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo PBH

Na aacuterea da Educaccedilatildeo a rede da preacute-escola contava em 2009 com um total de 24

unidade entre proacuteprias ndash Unidade Municipal de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIs) e conveniadas com

a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo a um total de 2221 crianccedilas em periacuteodo integral ou

parcial (2)

Devido agrave sua grande extensatildeo e ao grande nuacutemero de bairros que conciliam atividades

comerciais e residenciais a populaccedilatildeo residente na regional apresenta caracteriacutesticas bastante

heterogecircneas em relaccedilatildeo agrave condiccedilatildeo socioeconocircmica sendo constituiacuteda tanto por indiviacuteduos

em condiccedilotildees precaacuterias de vida localizadas em aglomerados como por outros provenientes de

famiacutelias tradicionais de Belo Horizonte(1)

No entanto as crianccedilas atendidas nas referidas

unidades pertenciam agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo

44 Amostra

Das 24 unidades situadas na regional 18 ofereciam atendimento horaacuterio integral num

total de oito horas por dia Todas as crianccedilas de seis a 72 meses regularmente matriculadas

nessas unidades e em atendimento integral foram consideradas elegiacuteveis para o programa

desde que natildeo preenchessem criteacuterios de exclusatildeo constituindo um universo de 1654

crianccedilas

Destas foi constituiacuteda uma amostra (tipo Survey) calculada com o uso do programa

STATCALC do softwear EPI-INFO 604a (3)

conforme abaixo

Tamanho populacional = 1654 crianccedilas em horaacuterio integral

Prevalecircncia estimada de anemia = 30

Precisatildeo desejada = 5

Intervalo de confianccedila = 95

Acreacutescimo de perdas = 20

Amostra (n) final = 324

47

Optou-se por utilizar a prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs

eventos avaliados no estudo garantindo assim maior universo amostral

As crianccedilas foram selecionadas atraveacutes da aleatorizaccedilatildeo com o auxiacutelio do programa

Excel 2007 O total de crianccedilas sorteadas em cada creche foi representado pelo peso que cada

creche tinha em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18 creches

conforme visualizado na tabela 3

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo das crianccedilas atendidas em periacuteodo integral nas creches da regional

Centro Sul de Belo Horizonte 2010

Creche

Nordm de

crianccedilas em

periacuteodo

integral

de

crianccedilas Nordm de

crianccedilas

avaliadas

em periacuteodo

integral

Escola Infantil Pedacinho do Ceacuteu 71 428 16

Centro Educacional Professor Estevatildeo Pinto 154 933 35

Creche Assossiaccedilatildeo Beneficente Cantinho do Bebecirc 75 455 17

Creche Casa da Crianccedila 80 482 18

Creche Comunitaacuteria Recanto do Menor 168 1018 38

Creche Comunitaacuteria Tia Neli 89 536 20

Creche das Rosinhas 102 616 23

Creche Educacional Nascer da Esperanccedila 151 911 34

Creche Madre Garcia 164 991 37

Creche Nossa Senhora do Carmo da Vila Santa Rita de

Caacutessia 62 375 14

Creche Oliacutevia Tinquitela 66 402 15

Escolinha Evangeacutelica de Educaccedilatildeo Infantil 80 485 13

Creche Amigos da Crianccedila 111 67 25

Morada Nova - Casa da Crianccedila 71 429 16

UMEI Santa Isabel 13 08 3

UMEI Vila Santa Rita de Cassia 84 509 19

UMEI Padre Tarciacutecio 37 221 9

Creche Ana Maria de Castro Veado 76 459 21

TOTAL 1654 100 373

Fonte Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009

48

45 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedas aquelas crianccedilas que

- No dia do exame apresentaram alguma manifestaccedilatildeo de doenccedila aguda (febre diarreia

vocircmitos etc) pois a presenccedila de processos inflamatoacuterios agudos eou crocircnicos acarreta

alteraccedilotildees nos niacuteveis de hemoglobina

- Crianccedilas sabidamente portadoras de outros tipos de anemia uma vez que este estudo

faz parte de estudo longitudinal de intervenccedilatildeo por meio da fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro e

vitamina C

- Ausecircncia do Termo de Consentimento assinado para participaccedilatildeo na pesquisa

46 Coleta de dados

Previamente agrave coleta de dados foram fornecidas informaccedilotildees repassadas aos pais eou

responsaacuteveis por meio de um folder explicativo sobre anemia (causas consequumlecircncias e

prevenccedilatildeo) em reuniotildees agendadas com responsaacuteveis diretos pelas creches sobre os objetivos

da pesquisa Os pais ou responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas foram convidados a participar

do estudo e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) (Anexo A)

Aqueles que natildeo puderam comparecer agrave reuniatildeo foram contactados para receber informaccedilotildees

sobre a pesquisa seus benefiacutecios e repercussotildees e assinar o TCLE

De cada participante do estudo foram obtidas as seguintes informaccedilotildees utilizando

formulaacuterio (Apecircndice A) nome idade sexo medidas de peso e estatura e hemoglobina

capilar Foi aplicado aos responsaacuteveis de preferecircncia agrave matildee um questionaacuterio para a coleta de

dados socioeconocircmicos e referentes ao nascimento e sauacutede pregressa da crianccedila (Apecircndice

B) Aqueles pais ou responsaacuteveis que natildeo compareceram agraves creches para preenchimento do

questionaacuterio foram entrevistados por telefone Ainda assim alguns questionaacuterios natildeo foram

completamente preenchidos pois os responsaacuteveis natildeo dispunham de algumas das informaccedilotildees

solicitadas

Para obtenccedilatildeo dos dados antropomeacutetricos e bioquiacutemicos foram adotados os seguintes

procedimentos

- Avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica

Os valores de peso e altura foram aferidos pela nutricionista responsaacutevel com auxiacutelio

dos estagiaacuterios previamente treinados seguindo as teacutecnicas preconizadas por Jellife (4)

49

O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica com capacidade de 150kg e

divisatildeo de 100g (marca Martereg) Durante o procedimento as crianccedilas apresentavam-se com

um miacutenimo de roupas As menores de 24 meses foram pesadas no colo da

nutricionistaestagiaacuterio e o peso deste descontado do peso total

Todas as crianccedilas foram medidas sem sapatos sendo que as menores de dois anos

foram medidas deitadas sobre uma superfiacutecie plana com uso de antropocircmetro (modelo Altura

Exata) As com idade superior foram medidas em peacute apoacutes adaptaccedilatildeo do antropocircmetro para

estadiocircmetro

O estado nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pela OMS (56)

e adotados

pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (7)

A tabela 4 apresenta a categorizaccedilatildeo recomendada para os iacutendices avaliados(7)

Tabela 4 ndash Classificaccedilatildeo do estado nutricional segundo Ministeacuterio da Sauacutede 2009

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade

lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade(0 a 5 anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z Risco de Sobrepeso

50

+2

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional CGPANMS 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores associados optou-se pelos

valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice empregado

em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico individual e

coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em relaccedilatildeo ao

indicador utilizado entre adultos (8)

- Dosagem de hemoglobina e definiccedilatildeo de anemia

A coleta de sangue foi realizada por punccedilatildeo capilar do dedo anular em microcuvetas

descartaacuteveis e a concentraccedilatildeo de hemoglobina medida atraveacutes do fotocircmetro portaacutetil

(β- hemoglobinocircmetro) da marca Hemocuereg

Esse equipamento tem sido recomendado em investigaccedilotildees populacionais sobre

prevalecircncia de anemia devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume sanguiacuteneo (20 microL) e a imediata

obtenccedilatildeo do resultado

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de 110gdL para crianccedilas com idade

inferior a 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior seguindo recomendaccedilatildeo da

OMS(9)

51

Para definiccedilatildeo da gravidade da anemia foram consideradas as seguintes categorias

anemia grave (Hemoglobina lt 70 gdL) anemia moderada (hemoglobina entre 70 e 90

gdL) e anemia leve ( hemoglobina gt que 90 gdL e menor que 110 gdL) segundo

classificaccedilatildeo de De Maeyer (10)

47 Anaacutelise dos dados

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco de dados proacuteprio e as anaacutelises

estatiacutesticas foram realizadas com o auxiacutelio dos softawares Epi-info 353 WHO Antro e

WHO Antroplus (11-13)

Para fins de anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das variaacuteveis

categoacutericas envolvidas no estudo e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das

variaacuteveis contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre

variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia

linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

48 Aspectos eacuteticos

O equipamento utilizado para dosagem de anemia ndash hemoglobinocircmetro digital - tem

sido recomendado para estudos populacionais devido agrave utilizaccedilatildeo de pequeno volume

sanguiacuteneo (20 microL) constituindo em teacutecnica menos invasiva

As matildees ou responsaacuteveis pela crianccedila foram informadas sobre o objetivo e meacutetodos da

pesquisa seus benefiacutecios e respercussotildees e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido concordando em participar do trabalho

Os dados nominais foram mantidos em sigilo Os resultados dos exames foram

devidamente repassados para o responsaacutevel pela crianccedila Aquelas crianccedilas portadoras de

anemia foram encaminhadas para tratamento adequado na unidade baacutesica de sauacutede

O projeto foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG (Anexo B) em

consonacircncia com as diretrizes da resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede e

Declaraccedilatildeo de Helsinque

52

REFEREcircNCIAS

1 Bairros de Belo Horizonte ndash Densidade Demograacutefica por regiatildeo [cited 2012 20

january] Available

fromhttpbairrosdebelohorizontewebnodecombrdensidade20demografica20por20re

giC3A3o-

2 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

3 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

4 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

5 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available

from httpwwwwhointchildgrowthen

6 The WHO Growth reference data for 5-19 years WHO 2007 [cited 2009 2

november] Available from httpwwwwhointgrowthrefen

7 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4

november] Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

8 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf5

53

9 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

10 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG

Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for

health administrators and programme managers Geneva WHO 1989

11 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for

Disease Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics

2011 [cited 2011 20 october] Available from

httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

12 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

13 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

54

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Artigo I ndash ANEMIA ENTRE PREacute-ESCOLARES - UM PROBLEMA DE SAUacuteDE

PUacuteBLICA EM BELO HORIZONTE

RESUMO

Objetivo Determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas matriculadas em creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG identificando fatores bioloacutegicos e

socioeconocircmicos associados Meacutetodos Estudo transversal descritivo realizado em 18

creches Foram avaliadas 373 crianccedilas com base em amostragem estratificada por instituiccedilatildeo

participante A hemoglobina (Hb) seacuterica foi determinada por punccedilatildeo capilar e leitura em β-

hemoglobinocircmetro adotando-se pontos de corte para anemia de Hb lt110gdL para crianccedilas

de seis a 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior preconizados pela OMS

O estado nutricional foi definido por afericcedilatildeo do peso e altura e confecccedilatildeo dos iacutendices

PesoIdade (PI) EstaturaIdade (EI) e IMCIdade (IMCI) Resultados Entre os

participantes 54 eram meninas A meacutedia de idade foi de 381plusmn 62 meses A prevalecircncia

global de anemia foi de 383 sendo superior nas crianccedilas com idade inferior ou igual a 24

meses (561) Encontrou-se associaccedilatildeo significativa entre anemia e os fatores menor idade

da crianccedila menor idade materna e baixa renda familiar Conclusatildeo O estudo mostrou que

anemia em crianccedilas de creches de Belo Horizonte constitui relevante problema de sauacutede

puacuteblica sinalizando a necessidade de se implantar accedilotildees especiacuteficas para mitigaccedilatildeo dos riscos

por ele apontados

Palavras-chave Anemia Crianccedila Preacute-escolar Creche Sauacutede puacuteblica

55

Article I ndash ANEMIA AMONG PRESCHOOL ndash A PUBLIC HEALTH PROBLEM IN

BELO HORIZONTE

ABSTRACT

Purpose Determine the prevalence of anemia in children attending in day carers centres in

the South Central region of Belo Horizonte ndash MG identifying biological and socioeconomic

factors associated Methods Cross sectional descriptive study carried out in 18 nurseries 373

children were evaluated based on stratified sampling by participating institution Hemoglobin

serum (Hb) levels were determined by lancing and reading in β-hemoglobinometer adopting

cut offs for anemia Hb lt110gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115

gdL for those who aged above recommended by WHO The nutritional status was defined by

measurement of weight and height for making indexes WeightAge (WA) HeightAge

(HA) and BMIAge (BMIA) Results Among the participants 54 were girls The mean

age was 381 (plusmn62) months The prevalence of global anemia was 383 In the group of the

anemics children le 24 months had a higher prevalence (561) It were found a significant

association between anemia and the following factors young age low maternal age and low

income Conclusion The study shows that the anemia in children enrolled in nurseries is a

relevant public health problem signaling the need to implement specific actions to mitigate

the risks pointed by the research

Key words Anemia Child Preschool Day Care Centers Public Health

56

INTRODUCcedilAtildeO

Anemia eacute definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) como a condiccedilatildeo na

qual o conteuacutedo de hemoglobina no sangue estaacute abaixo do normal como resultado da carecircncia

de um ou mais nutrientes essenciais seja qual for a causa sendo a anemia por deficiecircncia de

ferro a mais comum (1)

Estima-se que 474 das crianccedilas menores de 5 anos tenham anemia

no mundo comportando-se como uma endemia de caraacuteter cosmopolita sendo que no

continente americano 231 milhotildees de crianccedilas preacute-escolares sejam anecircmicas(23)

As implicaccedilotildees negativas da anemia associadas aos graves prejuiacutezos para o

desenvolvimento cognitivo e motor da crianccedila e ao seu desempenho escolar fazem com que

essa deficiecircncia seja considerada um importante problema de sauacutede puacuteblica tanto em paiacuteses

em desenvolvimento quanto desenvolvidos (3-5)

e um dos mais importantes fatores

contribuintes para a carga global de doenccedilas sobretudo em lactentes e preacute-escolares(3)

Suas

consequecircncias atingem natildeo soacute a sauacutede da populaccedilatildeo mas tambeacutem o desenvolvimento social e

econocircmico mundial (3)

No Brasil cerca de 52 de crianccedilas assistidas em creches possuem anemia (6)

Dados

regionais tecircm demonstrado elevada prevalecircncia da doenccedila em todas as idades e niacuteveis

socioeconocircmicos(7)

Em Minas Gerais os estudos realizados reforccedilam esse fato sendo que em

Belo Horizonte a prevalecircncia de anemia encontrada em preacute-escolares de creches da regional

leste - 37 - assume grande dimensatildeo (8)

sendo considerado problema de moderada

significacircncia em Sauacutede Puacuteblica de acordo com a classificaccedilatildeo proposta pela OMS (3)

O atendimento aos preacute-escolares no paiacutes evoluiu a partir da Constituiccedilatildeo Federal de

1988 para uma visatildeo de direito da crianccedila e da famiacutelia e como dever do Estado (910)

tirando-

lhe a conotaccedilatildeo meramente assistencial Embora natildeo haja dados precisos sobre o atendimento

infantil em instituiccedilotildees no paiacutes como um todo estima-se que de 10 a 15 dos preacute-escolares

frequentam creches gratuitas nas grandes e meacutedias cidades brasileiras e que a demanda por

esse serviccedilo tende a aumentar com a participaccedilatildeo cada vez mais ativa da mulher no mercado

de trabalho (11-13)

A crescente difusatildeo do atendimento agrave crianccedila em creches ou instituiccedilotildees congecircneres tem

motivado a realizaccedilatildeo de estudos voltados para este fenocircmeno socioloacutegico atual (14-17)

No campo da sauacutede puacuteblica constitui importante questatildeo com enfoque especial dado

a determinaccedilatildeo dos grupos e fatores de risco

57

O objetivo deste estudo consiste em determinar a prevalecircncia de anemia em crianccedilas

matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG buscando-se

identificar fatores de risco bioloacutegicos e socioeconocircmicos associados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Estudo de corte transversal realizado nos meses de fevereiro a julho de 2010

envolvendo crianccedilas entre seis e 72 meses matriculadas em periacuteodo integral nas creches

pertencentes ou conveniadas a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte localizadas na aacuterea de

abrangecircncia administrativa da regional Centro-Sul do municiacutepio Em cada creche foram

agendadas reuniotildees com os pais eou responsaacuteveis para informar sobre anemia e suas

consequecircncias para as crianccedilas explicando sobre os objetivos da pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da UFMG sob o protocolo

nuacutemero ETIC27304 previamente a sua realizaccedilatildeo Foram solicitados aos pais ou responsaacuteveis

autorizaccedilatildeo escrita para participaccedilatildeo de seus filhos no mesmo respeitando-se as normas

contidas na Declaraccedilatildeo de Helsinque e resoluccedilatildeo 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

A rede de preacute-escolas puacuteblicas da Regional Centro-Sul estava composta ao final de

2009 por 24 unidades entre proacuteprias e conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte (18)

sendo sua clientela pertencente agraves classes econocircmicas de menor poder aquisitivo Dessas seis

natildeo participaram do estudo por funcionarem apenas em periacuteodo parcial

A amostra foi calculada com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-Info 604

a partir de um total de 1654 crianccedilas regularmente matriculadas em horaacuterio integral nas 18

unidades preacute-escolares da regional Centro-Sul de Belo Horizonte Para o caacutelculo estimou-se

prevalecircncia de anemia de 30 (19)

com precisatildeo desejada de 5 e intervalo de confianccedila de

95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se 20 para compensar possiacuteveis

perdas chegando-se a um miacutenimo de 324 sujeitos

As crianccedilas foram selecionadas aleatoriamente com o auxiacutelio do programa Excel

2007 O nuacutemero de crianccedilas sorteadas em cada creche foi estabelecido com base no peso que

cada instituiccedilatildeo representava em relaccedilatildeo ao total de crianccedilas da regional Foram excluiacutedas

aquelas que no dia do exame apresentassem sinais e sintomas de doenccedilas infecciosas febre

tosse diarreacuteia eou vocircmitos ou que natildeo portassem o termo de consentimento livre e

esclarecido assinado pelos pais ou responsaacuteveis

Os dados de identificaccedilatildeo (nome e data de nascimento) foram coletados atraveacutes dos

registros escolares As caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por

58

questionaacuterios padronizados aplicados por entrevistas aos pais ou responsaacuteveis

preferencialmente agrave matildee em reuniotildees previamente agendadas pelas creches ou por telefone

em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

Os dados antropomeacutetricos de peso e estatura foram coletados seguindo as teacutecnicas

preconizadas por Jelliffe (17)

Para obtenccedilatildeo do peso corporal as crianccedilas se apresentaram com

o miacutenimo de roupa O peso foi verificado em balanccedila digital eletrocircnica (marca Mercure reg)

com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O comprimento daquelas com menos de 24

meses foi medido em infantocircmetro (modelo AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura

daquelas com idade superior foi feita a adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro

avaliando-as em peacute e descalccedilas

Para determinaccedilatildeo da anemia procedeu-se agrave punccedilatildeo digital em dedo indicador para

obtenccedilatildeo por capilaridade de cerca de 10 microlitros de sangue usando-se microcuveta

descartaacutevel A concentraccedilatildeo da hemoglobina (Hb) foi medida por hemoglobinocircmetro portaacutetil

da marca Hemocuereg

O ponto de corte para anemia nas crianccedilas foi de Hb lt110gdL para crianccedilas com

idade entre seis e 60 meses e Hb lt115gdL para aquelas com idade superior seguindo

recomendaccedilatildeo da OMS (3)

Foram utilizadas as seguintes categorias para definir os graus de

anemia anemia grave se Hb lt 70gdL anemia moderada se Hb entre 70 e 90gdL e anemia

leve se Hb gt 90gdL e lt 110gdL(21)

As informaccedilotildees foram armazenadas em banco construiacutedo especificamente para este

estudo Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa dos dados foi utilizado o

software Epi Info Versatildeo 353 Para a anaacutelise dos dados antropomeacutetricos foram utilizados os

programas WHO Antro e WHO Antroplus e adotadas as novas referecircncias recomendadas pela

WHO 20062007 (22)

Na anaacutelise descritiva procedeu-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Utilizou-se o teste de Kruskal Wallis para verificar associaccedilatildeo entre variaacuteveis

contiacutenuas e o desfecho e os testes de Qui-quadrado e Qui-quadrado de tendecircncia linear para

variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis de exposiccedilatildeo respectivamente Nesta

avaliaccedilatildeo satildeo apresentados os valores da razatildeo de prevalecircncia e seus respectivos intervalos de

confianccedila (IC95) Considerou-se p valor lt 005

59

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo 203 (544) do gecircnero feminino Do total

596 delas provinham de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A mediana da

idade materna foi de 27 anos e 367 das matildees natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A

mediana de aleitamento materno total foi de oito meses sendo de quatro meses para

aleitamento materno exclusivo

A meacutedia de idade dos participantes foi de 381plusmn 62 meses As crianccedilas foram

agrupadas por faixas etaacuterias em intervalos de 24 meses com predomiacutenio do grupo entre 24 e

48 meses (479) Para cada intervalo calculou-se o valor meacutedio de Hb como apresentado na

tabela 1 onde se observa incremento progressivo nos valores meacutedios de Hb em funccedilatildeo da

idade

Tabela 1 ndashDistribuiccedilatildeo das crianccedilas por faixa etaacuteria segundo meacutedias de hemoglobina Belo

Horizonte 2010

Faixa etaacuteria (meses) Distribuiccedilatildeo

Hemoglobina (gdL) N

gt 6 e lt24 82 219 1053 plusmn 150

ge24 e lt48 176 479 1143 plusmn 140

ge 48 e lt60 69 185 1193 plusmn 110

ge 60 46 117 1199 plusmn 130

Os valores de hemoglobina capilar variaram de 63 a 153 gdL com meacutedia de 113

gdL e desvio-padratildeo de 15gdL para crianccedilas com idade inferior a 60 meses e 120 e desvio-

padratildeo de 13gdL para crianccedilas com idade superior A anemia foi encontrada em 143

crianccedilas (383) Em 86 delas a doenccedila foi classificada como leve em 133 como grau

moderado e em 07 como grau grave

As informaccedilotildees obtidas em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas fiacutesicas das crianccedilas histoacuteria

pregressa de anemia e baixo peso ao nascer duraccedilatildeo de aleitamento exclusivo bem como

escolaridade materna foram agrupadas na tabela 2 e comparadas agrave presenccedila ou natildeo de

anemia Dentre as variaacuteveis analisadas a idade foi a uacutenica que apresentou diferenccedila

significante entre os grupos (plt00001) sendo verificada maior prevalecircncia de anemia

(561) naquelas com idade inferior a 24 meses com razatildeo de prevalecircncia 578 vezes maior

quando comparadas agraves maiores de 60 meses

60

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo das caracteriacutesticas das crianccedilas e razatildeo de prevalecircncias segundo a

presenccedila da anemia em creches da regional Centro-Sul da cidade de Belo Horizonte 2010

Caracteriacutesticas

Natildeo

anecircmicos Anecircmicos Valor P

Razatildeo de

Prevalecircncia IC 95

N N

Gecircnero Masculino 104 612 66 388

085 104 067161 Feminino 126 621 77 379

Idade (meses)

gt 60 29 630 17 373

lt00001

100

gt 48 e lt 60 55 797 14 203 121 042 353

gt24 e lt 48 110 625 66 375 285 119 708

gt 6 e lt 24 36 439 46 561 578 224 1576

IMCIdade

Eutroacutefico 165 611 105 389

082

100

Risco de Sobrepeso 46 517 23 483 079 043 142

SobrepesoObesidade 16 600 14 467 138 060 312

Anemia

anterior

Presente 50 556 40 444 007 064 037 172

Ausente 154 661 79 339

Aleitamento

materno

exclusivo

lt 6 meses 124 697 54 305

054 119 066 214 gt 6 meses 71 732 26 268

Baixo peso ao

nascer

Sim 88 638 50 362 094 100 061 163

Natildeo 111 638 63 362

Escolaridade

materna

Menor 8 anos 118 631 69 360 094 099 058 168

Maior 8 anos 84 627 50 373

Testes de Qui-quadrado e qui-quadrado de tendecircncia linear em caso de variaacutevel com mais de duas

variaacuteveis de exposiccedilatildeo

61

As anaacutelises em relaccedilatildeo agraves demais caracteriacutesticas soacutecio-familiares dos alunos das

creches foram descritas na tabela 3 Foram observadas que a mediana da idade materna

(p=002) bem como a da renda per capta (p=0001) mostraram-se significantemente menores

no grupo dos anecircmicos quando comparados aos natildeo anecircmicos

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo a presenccedila de anemia Belo

Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da Amostra Natildeo anecircmicos Anecircmicos

Valor P Mediana Mediana

Idade da matildee (anos) 2900 2730 002

Nuacutemero de filhos 215 240 009

Nuacutemero de consultas de preacute-natal 2440 2440 099

Renda per capta (reais) 23915 18962 0001

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

A prevalecircncia de anemia encontrada em crianccedilas frequentadoras das creches da

regional Centro-Sul de Belo Horizonte foi de 383 expondo um importante problema de

sauacutede puacuteblica Essa prevalecircncia mostrou-se mais baixa quando comparada agrave prevalecircncia

meacutedia de 52 obtida por metanaacutelise composta de oito estudos nacionais publicados na uacuteltima

deacutecada (6)

Entretanto o valor mostrou-se proacuteximo ao apontado em publicaccedilotildees recentes

como 373 por Capanema et al (8)

ao estudarem crianccedilas na mesma faixa etaacuteria e com

condiccedilotildees socioeconocircmicas semelhantes da regional Leste de Belo Horizonte e 328 em

estudo realizado em Pernambuco por Leal et al sobre prevalecircncia de anemia e fatores

associados em crianccedilas de seis a 59 meses (23)

Ao observar a relaccedilatildeo entre anemia e gecircnero natildeo foi encontrada diferenccedila significante

assim como em estudos semelhantes (1924)

No entanto a prevalecircncia da anemia em preacute-

escolares mostrou-se inversamente proporcional agrave idade Crianccedilas com idade inferior a 24

meses foram apontadas como sendo aquelas de maior risco - cerca de seis vezes maior quando

comparado com crianccedilas com idade acima de 60 meses ndash em consonacircncia com outros estudos

(819) e alinhado agrave uacuteltima Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

(PNDS) do Ministeacuterio da Sauacutede (25)

Importante tambeacutem salientar que crianccedilas na faixa dos 24

aos 48 meses apresentaram prevalecircncia quase trecircs vezes maior quando comparadas com idade

superior mostrando-se tambeacutem como grupo de risco a ser considerado De acordo com

62

Duncan (26)

esse fato pode ser explicado pela demanda de ferro aumentada na crianccedila menor

devido ao crescimento e ao desenvolvimento acelerados aliada a uma dieta monoacutetona

excessiva em caacutelcio e deficiente em ferro e vitamina C

A meacutedia da hemoglobina encontrada em crianccedilas com idade inferior a 60 meses (113

plusmn 15 gdL) estaacute bastante proacutexima da apresentada por Rocha et al (27)

em estudo desenvolvido

em creches puacuteblicas da regional Leste de Belo Horizonte (1184 plusmn 13 gdL) Pode-se estimar

que os valores meacutedios de hemoglobina se sustentam nesta faixa etaacuteria ao se observar

populaccedilotildees semelhantes

A forma leve da anemia preponderou entre as crianccedilas deste estudo (86) sendo

superior agraves outras duas somadas semelhante ao encontrado no estudo de Rocha et al (27)

sugerindo que as creches possam exercer um fator protetor para estas crianccedilas Uma das

grandes responsabilidades da creche eacute a alimentaccedilatildeo tendo em vista que o ato de alimentar

adequadamente uma crianccedila permite a ela se desenvolver com sauacutede intelectual e fiacutesica aleacutem

de prevenir ou diminuir o aparecimento de distuacuterbios e deficiecircncias nutricionais (28)

Segundo

Silva amp Sturion (29)

o acesso e a permanecircncia na creche promovem impacto positivo no

crescimento infantil avaliado pelo do escore-z de altura para idade o que protege a crianccedila

principalmente contra a desnutriccedilatildeo crocircnica Em Cuiabaacute (MT) estudo com crianccedilas de 36

meses frequentadoras de creches puacuteblicas mostrou uma prevalecircncia estatisticamente menor

de anecircmicos no grupo de crianccedilas que havia ingressado na creche haacute mais de quatro meses

(30)

Neste estudo foi encontrada relaccedilatildeo significante entre a presenccedila da anemia e a menor

renda familiar das crianccedilas (tabela 3) Esta observaccedilatildeo difere dos resultados recentes do

PNDS para crianccedilas de seis a 59 meses (25)

em que natildeo se encontraram prevalecircncias

estatisticamente diferentes de anemia nos diferentes estratos econocircmicos (A B C D e E)

Entretanto estudo desenvolvido por Konstantyner et al (31)

sobre riscos isolados e agregados

de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches aponta a renda familiar per

capita menor que meio salaacuterio miacutenimo como fator de risco para anemia sendo um reflexo de

efetiva situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar Tambeacutem Santos et al (32)

observaram maior

prevalecircncia de anemia na classe social E em comparaccedilatildeo com a classe D indicando que

quanto menor a renda da famiacutelia maiores satildeo as chances de uma crianccedila se encontrar anecircmica

Por se tratar de doenccedila multifatorial eacute possiacutevel que essa relaccedilatildeo possa ser atribuiacuteda a uma

maior dificuldade de acesso aos alimentos ricos em ferro e em vitamina C ao iniacutecio precoce

da alimentaccedilatildeo complementar e agraves condiccedilotildees sanitaacuterias precaacuterias da maioria das habitaccedilotildees

podendo favorecer a instalaccedilatildeo de parasitoses intestinais

63

Ao se relacionar anemia e escolaridade materna natildeo foi encontrada diferenccedila

significante embora apontado por diversos autores como importante fator socioeconocircmico na

determinaccedilatildeo da anemia levando-se em consideraccedilatildeo que a maior escolaridade oferece maior

chance de emprego com melhor renda proporcionando a aquisiccedilatildeo de alimentos saudaacuteveis e

ricos em ferro (2833-35)

A menor idade materna foi uma caracteriacutestica socioeconocircmica que se mostrou

relacionada a maior proporccedilatildeo de crianccedilas anecircmicas concordando com o apontado por

Konstantyner et al (31)

que identificou o risco de anemia em filhos de matildees com idade

inferior a 28 anos Isso sugere que as jovens matildees estatildeo menos preparadas para atender seus

filhos quanto agraves suas necessidades nutricionais o que pode ser reflexo do desconhecimento de

causa e da falta de orientaccedilotildees recursos e possibilidades de exercer adequadamente a

maternidade

CONCLUSAtildeO

Observou-se alta prevalecircncia de anemia nos lactentes e preacute-escolares de creches da

regiatildeo Centro-Sul de Belo Horizonte significativamente associada agrave baixa renda per capita e

menor idade materna As crianccedilas menores de 24 meses representam o grupo etaacuterio de maior

risco para anemia devendo merecer atenccedilatildeo especial

O estudo evidencia a relevacircncia da anemia para as crianccedilas institucionalizadas do

municiacutepio em termos de Sauacutede Puacuteblica apontando para a necessidade de formulaccedilatildeo de

poliacuteticas especiacuteficas voltadas para a reduccedilatildeo do problema neste estrato populacional

REFEREcircNCIAS

1 UNICEF The Stateof the Worldrsquos Children 1998 A UNICEF Report Malnutrition

Causes Consequences and Solutions Nutrition Reviews [Sl] v 56 n 4 p 115-123 199

2 Kraemer K Zimmermann MB Nutricional anemia Basel Switzerland Sight and Life

Press 2007 [cited 2009 4 october] Available from

httpwwwwhointnutritionpublications

3 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf WHO Worldwide

prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia Geneva WHO 2008

64

4 Silva FCd Vitalle MSS Quaglia EC Braga JAP Medeiros HGR Proporccedilatildeo de anemia de

acordo com o estadiamento puberal segundo dois criteacuterios diagnoacutesticos Revista de Nutriccedilatildeo

200720297-306

5 Ribeiro LC Sigulem DM Tratamento da anemia ferropriva com ferro quelato glicinato e

crescimento de crianccedilas na primeira infacircncia Rev Nutr Campinas 200821(5)483-90

6 Vieira RCS Ferreira HS Prevalecircncia de anemia em crianccedilas brasileiras segundo diferentes

cenaacuterios epidemioloacutegicos Revista de Nutriccedilatildeo 201023433-44

7 Jordatildeo RE Bernardi JLD Barros Filho AA Prevalecircncia de anemia ferropriva no Brasil

uma revisatildeo sistemaacutetica Revista Paulista de Pediatria 20092790-8

8 Capanema FD Filho LCC Pedrosa RM Drumond CA Norton RC Lamounier JA

Acuraacutecia do exame cliacuteico na determinaccedilatildeo de enemia em crianccedilas Rev Meacuted Minas Gerais

201121(4)7-11

9 Rossetti-Ferreira MC Amorim KS Vitoacuteria T A creche enquanto contexto possiacutevel de

desenvolvimento da crianccedila pequena Rev bras crescimento desenvolv hum 19944(2)35-40

10 Dorigo MHG Nascimento MIM A Concepccedilatildeo Histoacuterica Sobre as Crianccedilas Pequenas

Subsiacutedios para Pensar o Futuro Revista da Educaccedilatildeo 20072(3)15-32

11 Amaral M Morelli V Pantoni R Rossetti-Ferreira M Alimentaccedilatildeo de bebecircs e crianccedilas

pequenas em contextos coletivos mediadores interaccedilotildees e programaccedilotildees em educaccedilatildeo

infantil Rev Bras Cresc Desenv Hum 19966(1)19-33

12 Barros FC Victora CG Epidemiologia da sauacutede infantil um manual para diagnoacutesticos

comunitaacuterios 3ordf ed Satildeo Paulo Hucitec 1998

13 Bueno MB Marchioni DML Fisberg RM Evoluccedilatildeo nutricional de crianccedilas atendidas em

creches puacuteblicas no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista Panamericana de Salud Puacuteblica

200314165-70

14 Collet JP Burtin P Kramer MS Floret D Bossard N Ducruet T Type of day-care setting

and risk of repeated infections Pediatrics 199494(6)997-9

15 Victora CG Fuchs SC Flores JA Fonseca W Kirkwood B Risk factors for pneumonia

among children in a Brazilian metropolitan area Pediatrics 199493(6)977-85

16 Fuchs SC Maynart R Costa LF Cardozo A Schierholt R Duration of day-care

attendance and acute respiratory infection Cad Saude Publica 199612(3)291-6

17 Barros AJ Ross DA Fonseca WV Williams LA Moreira-Filho DC Preventing acute

respiratory infections and diarrhoea in child care centres Acta Paediatr 1999881113-8

18 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte 2009 [Cited 2009 3 july]

Available from

65

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

19 Rocha DS Lamounier JA Capanema FD Franceschini SCC Norton RC Costa ABP

Rodrigues MTG Carvalho MR Chaves TS Estado nutricional e prevalecircncia de anemia em

crianccedilas que frequumlentam creches em Belo Horizonte Minas Gerais Rev Paul Pediatr

200826(1)6-13

20 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

21 Demayer EM Dallman P Gurney JM Hallberg L Sood SK Srikantia SG Preventing

and controlling iron deficiency anaemia through primary health care - A guide for health

administrators and programme managers Geneva WHO 1989

22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november] Available from

httpwwwwhointchildgrowthen

23 Leal L P Prevalecircncia da anemia e fatores associados em crianccedilas de seis a 59 meses de

PernambucoRev Sauacutede Puacuteblica Jun 201145(3)457-466

24 Silveira SV Albuquerque LC Rocha EJM Martins MCV Fatores de risco associados a

anemia ferropriva em crianccedilas de 12 a 36 meses de creches puacuteblicas de Fortaleza Rev

Pediatr 20089(2)70-6

25 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

26 Duncan BB Schmidt MI Giugliani ERJ Colaboradores Medicina Ambulatorial

Condutas de Atenccedilatildeo Primaacuteria Baseadas em Evidecircncias 3ed Porto Alegre Artmed

2004(capiacutetulo 1351232-38)

27 Rocha DS Capanema FD Netto MP Almeida CAN Franceschini SCC Lamounier JA

Effectiveness of fortification of drinking water with iron and vitamin C in the reduction of

anemia and improvement of nutritional status in children attending day-care centers in Belo

Horizonte Brazil Food amp Nutrition Bulletin 201132(4)340-6

28 Oliveira MN Brasil ALD Taddei JAAC Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higiecircnico-sanitaacuterias

das cozinhas de creches puacuteblicas e filantroacutepicas Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva 2008131051-60

29 Silva MV Sturion GL Frequumlecircncia a creche e outros condicionantes do estado nutricional

infantil Rev Nutr 199811(1)58-68

66

30 Brunken GS Guimaratildees LV Fisberg M Anemia em crianccedilas menores de 3 anos que

frequumlentam creches puacuteblicas em periacuteodo integral Jornal de Pediatria 20027850-6

31 Konstantyner T Taddei JAAC Oliveira MN Palma D Colugnati FAB Riscos isolados e

agregados de anemia em crianccedilas frequentadoras de berccedilaacuterios de creches Jornal de Pediatria

200985209-16

32 Santos I Ceacutesar JA Minten G Valle N Neumann NA Cercato E Prevalecircncia e fatores

associados agrave ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade em Pelotas RS

Revista Brasileira de Epidemiologia 20047403-15

33 Oliveira MAA Osoacuterio MM Raposo MCF Concentraccedilatildeo de hemoglobina e anemia em

crianccedilas no Estado de Pernambuco Brasil fatores soacutecio-econocircmicos e de consumo alimentar

associados Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 2006222169-78

34 Castro TG Silva-Nunes M Conde WL Muniz PT Cardoso MA Anemia e deficiecircncia de

ferro em preacute-escolares da Amazocircnia Ocidental brasileira prevalecircncia e fatores associados

Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 201127131-42

35 Rodrigues VC Mendes BD Gozzi A Sandrini F Santana RG Matioli G Deficiecircncia de

ferro prevalecircncia de anemia e fatores associados em crianccedilas de creches puacuteblicas do oeste do

Paranaacute Brasil Revista de Nutriccedilatildeo 201124407-20

67

Artigo II ndash TRANSICcedilAtildeO NUTRICIONAL EM CRIANCcedilAS DE CRECHES PUacuteBLICAS

DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE - MG

RESUMO

Objetivo Determinar o estado nutricional das crianccedilas frequumlentadoras de creches da regional

Centro-Sul de Belo Horizonte ndash MG e possiacuteveis fatores de risco associados Meacutetodos Trata-

se de estudo descritivo de corte transversal envolvendo crianccedilas de seis a 72 meses_

matriculadas em periacuteodo integral pertencentes a 18 creches da referida regional com amostra

constituiacuteda por processo de estratificaccedilatildeo Na avaliaccedilatildeo nutricional foram obtidos peso e

altura para confecccedilatildeo dos iacutendices PesoIdade EstaturaIdade e IMCIdade conforme

recomendado pela OMS 20062007 Para diagnoacutestico de anemia utilizou-se de hemoglobina

(Hb) digital por meio de punccedilatildeo capilar adotando-se pontos de corte de Hb lt 110gdL para

crianccedilas de seis a 60 meses e Hb lt 115gdL para aquelas com idade superior de acordo com

a OMS Foram tambeacutem aplicados questionaacuterios aos pais para investigaccedilatildeo de dados cliacutenicos e

socioeconocircmicos da crianccedila A anaacutelise estatiacutestica foi realizada atraveacutes do programa Epi Info

Versatildeo 353 sendo adotados intervalo de confianccedila de 95 e niacutevel de significacircncia de 5

Resultados Foram investigadas 373 crianccedilas sendo 202 (542) do sexo feminino com

meacutedia de idade de 381 plusmn 162 meses A mediana da idade materna foi de 27 anos sendo que

367 delas natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental e 596 compunham famiacutelias com renda

inferior a meio salaacuterio miacutenimo Com relaccedilatildeo ao iacutendice PesoIdade apenas 27 das crianccedilas

mostraram-se abaixo de -2 Escore Z e 90 acima de +2 Escore Z De acordo com o iacutendice

IMCIdade apenas 11 das crianccedilas apresentaram magreza contrastando com 185

classificadas como risco de sobrepeso e 80 sobrepesoobesidade A meacutedia de Hb foi de

113 plusmn 15gdL e prevalecircncia de anemia de 383 Observou-se associaccedilatildeo significante do

peso ao nascimento e da idade das crianccedilas com o estado nutricional Conclusatildeo Os

resultados desse estudo mostraram baixa prevalecircncia nos indicadores relacionados agrave

desnutriccedilatildeo em contraposiccedilatildeo ao excesso de peso refletindo a condiccedilatildeo de transiccedilatildeo

nutricional presente na populaccedilatildeo avaliada

Palavras chave Transiccedilatildeo Nutricional Creches Desnutriccedilatildeo Excesso de Peso Sauacutede

Puacuteblica

68

ARTICLE II ndash NUTRITIONAL TRANSITIONS IN CHILDREN ENROLLED IN

PUBLIC NURSERIES OF THE SOUTH CENTRAL REGIONAL OF BELO

HORIZONTE ndash MG

ABSTRACT

Purpose To determine the nutritional profile of the children enrolled in nurseries of the

South Central Regional of Belo Horizonte - MG and to determine the risk factors associated

to Methods It is a descriptive and cross sectional study involving children aged six to 72

months enrolled full time in 18 nurseries of the regional cited above based on stratified

sample In the nutritional assessment weight and height were obtained for preparation of the

indexes WeightAge HeightAge and BMIAge as recommended by WHO 20062007 It was

used digital hemoglobin (Hb) by lancing for diagnosis of anemia and the cut off points were

Hblt110 gdL for children aged between six and 60 months and Hb lt115 gdL for those who

aged above as recommended by WHO Questionnaires were administered to parents in

order to investigated socio economics and clinical data of the children Statistical analysis was

performed using Epi Info version 353 A confidence interval of 95 and a significance

level of 5 were considered Results 373 children were investigated and 202 (458) were

female with a mean age of 381plusmn 162 months The median of the maternal age was 27 years

and 367 of them had not completed elementary school and 596 of them were from

families with an income of less than a half a minimum wage Relating to the index

WeightAge only 27 of the children were below -2 Z score and 90 were above +2 Z

score According to the index BMIAge only 11 of the children were underweight

contrasting with the 185 classified as at risk for overweight and the 8 with

overweightobesity The mean Hb was 113 plusmn 15gdL and anemia prevalence of 383 It

were observed significant association between birth weight and the childrenacutes age with

nutritional status Conclusion The results of this research showed low prevalence in the

indicators related to malnutrition as opposed to overweight reflecting the condition of

nutritional transition in this population

Keys words Nutritional Transition Child Day Care Centers Malnutrition Overweight

Public Health

69

INTRODUCcedilAtildeO

O acompanhamento da situaccedilatildeo nutricional das crianccedilas constitui um instrumento

fundamental para a afericcedilatildeo das condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e o monitoramento

da evoluccedilatildeo da qualidade de vida da populaccedilatildeo em geral assim como para a proposiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede(1)

A transiccedilatildeo nutricional eacute o fenocircmeno no qual ocorrem mudanccedilas nos padrotildees

alimentares de uma populaccedilatildeo (2)

Compartilham o mesmo cenaacuterio dois extremos da maacute nutri-

ccedilatildeo desnutriccedilatildeo pela carecircncia e obesidade pelo excesso o que se pode chamar de paradoxo

nutricional (34)

situaccedilatildeo presente tanto no Brasil no qual assumiu um perfil singular como

outros paiacuteses em desenvolvimento(5-7)

Ao mesmo tempo em que se assiste agrave reduccedilatildeo contiacutenua dos casos de desnutriccedilatildeo satildeo

observadas prevalecircncias crescentes de excesso de peso contribuindo com o aumento das

doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis A essas satildeo associadas as causas de morte mais comuns

atualmente Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) a hipertensatildeo arterial e a

obesidade correspondem aos dois principais fatores de risco responsaacuteveis pela maioria das

mortes e doenccedilas no mundo (8)

Dados do uacuteltimo relatoacuterio da UNICEF (9)

mostram que na Ameacuterica Latina e no Caribe

a prevalecircncia de baixo peso para a idade que era de 184 em 1974 reduziu-se para 70 em

1989 atingindo o percentual de 57 em 1996 e 40 em 2009 A desnutriccedilatildeo infantil apesar

da reduccedilatildeo mundial de sua prevalecircncia continua a ser um dos problemas mais importantes de

sauacutede puacuteblica principalmente nos paiacuteses mais pobres e em alguns bolsotildees de pobreza

localizados nas periferias das grandes cidades devido a sua magnitude e agraves consequecircncias

desastrosas para o crescimento o desenvolvimento e a sobrevivecircncia das crianccedilas Mais que

um problema de sauacutede puacuteblica a desnutriccedilatildeo por ser de natureza multifatorial deve ser vista

como um grave problema social(10)

Por outro lado a obesidade infantil tem aumentado consideravelmente em niacutevel

mundial sendo considerada uma epidemia em algumas aacutereas e em ascendecircncia em outras O

International Obesity Task Force (11)

em sua uacuteltima anaacutelise estima que aproximadamente um

bilhatildeo de adultos estatildeo com sobrepeso (IMC 25-299 kg msup2) e que haacute 475 milhotildees de obesos

em todo o mundo Entre crianccedilas em idade escolar 200 milhotildees estatildeo com excesso de peso

sendo 40 a 50 milhotildees classificados como obesas Segundo Onis et al (12)

a prevalecircncia

mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 42 em 1990 para 67 em 2010

Esta tendecircncia deve chegar a 91 ou 60 milhotildees de crianccedilas em 2020

70

A obesidade na sociedade moderna e globalizada vem atingindo niacuteveis alarmantes em

todas as faixas etaacuterias e em todas as populaccedilotildees configurando-se como problema emergente

de sauacutede puacuteblica em todo o mundo merecendo especial atenccedilatildeo em muitos paiacuteses em

desenvolvimento onde o baixo peso ao nascer e a desnutriccedilatildeo aguda e crocircnica ainda satildeo

prevalentes Devido agrave magnitude dessa epidemia deve-se dar ecircnfase especial agraves medidas

preventivas infantis uma vez que estaacute claramente associada a riscos para a sauacutede na vida

adulta (13)

e o tratamento em crianccedilas constitui-se em um melhor prognoacutestico do que em

adultos (14)

O objetivo deste estudo consiste em determinar o perfil nutricional das crianccedilas de seis

a 72 meses matriculadas em creches da regional Centro-Sul de Belo Horizonte aleacutem de

apontar possiacuteveis fatores associados aos principais distuacuterbios nutricionais diagnosticados

MATERIAIS E MEacuteTODOS

Trata-se de estudo descritivo de corte transversal aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em

Pesquisa das UFMG sob parecer ETIC -27304 realizado entre os meses de fevereiro e julho

de 2010 com crianccedilas de seis a 72 meses frequentadoras em periacuteodo integral de creches

puacuteblicas da Regional Centro Sul de Belo Horizonte Em todas as unidades educacionais

participantes do estudo foram agendadas reuniotildees preacutevias com pais eou responsaacuteveis a fim

de informar sobre os objetivos e meacutetodos que seriam empregados na pesquisa sendo

solicitado aos responsaacuteveis pelas crianccedilas sorteadas o consentimento assinado para

participaccedilatildeo no estudo

Em 2009 a rede da preacute-escola contava com 24 unidades entre conveniadas com a

Prefeitura de Belo Horizonte e Unidades Municipais de Educaccedilatildeo Infantil (UMEIS) (15)

Por

natildeo possuiacuterem atendimento em periacuteodo integral seis dessas unidades foram excluiacutedas do

estudo E embora a regional seja composta por bairros com diferentes caracteriacutesticas

socioeconocircmicas pocircde-se observar que as crianccedilas dessas creches pertenciam agraves classes de

menor poder aquisitivo

O caacutelculo da amostra foi realizado com o uso da ferramenta Statcalc do softaware Epi-

Info 604(16)

tendo como base o total de crianccedilas matriculadas em periacuteodo integral nas 18

creches (n = 1654) Utilizou-se a prevalecircncia estimada de 30 com precisatildeo desejada de 5

e intervalo de confianccedila de 95 resultando em 270 crianccedilas A esse valor acrescentou-se um

miacutenimo de 20 para compensar possiacuteveis perdas (n = 324) Optou-se por utilizar a

prevalecircncia estimada da anemia por ser a maior entre os trecircs eventos estudados e assim

garantir maior universo amostral

71

A proporcionalidade no nuacutemero de crianccedilas por creche em relaccedilatildeo ao total de alunos

matriculados nas 18 unidades foi mantida para determinaccedilatildeo do nuacutemero de crianccedilas a ser

avaliada em cada unidade A seguir as mesmas foram selecionadas de modo aleatoacuterio com o

auxiacutelio do programa Excel 2007

Aquelas que natildeo apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado

pelo responsaacutevel ou que apresentassem sintomas como diarreacuteia eou vocircmitos e febre foram

excluiacutedas do estudo

Os dados de identificaccedilatildeo foram coletados atraveacutes dos registros escolares As

caracteriacutesticas familiares e socioeconocircmicas foram obtidas por meio de questionaacuterios

padronizados aplicados em entrevistas aos pais ou responsaacuteveis em reuniotildees previamente

agendadas nas creches ou por telefone em caso de natildeo comparecimento agraves reuniotildees

A avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica seguiu as teacutecnicas preconizadas por Jelliffe (17)

sendo o

comprimento daquelas com idade entre seis e 24 meses mensurado em infantocircmetro (modelo

AlturExatareg) e para a afericcedilatildeo da estatura das crianccedilas com idade superior foi feita a

adaptaccedilatildeo do infantocircmetro para estadiocircmetro avaliando-as em peacute e descalccedilas

O peso das crianccedilas com o miacutenimo de roupa foi verificado em balanccedila digital

eletrocircnica (marca Mercurereg) com capacidade para 150Kg e divisatildeo de 50g O estado

nutricional foi avaliado por meio dos iacutendices pesoidade estaturaidade pesoestatura e

IMCidade expressos em escore-Z segundo criteacuterios preconizado pelo OMS (18)

e

recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede ndash CGPAN (19)

Os iacutendices antropomeacutetricos foram

categorizados conforme tabela 1

Tabela 1 ndash Criteacuterios para classificaccedilatildeo do estado nutricional em crianccedilas

Valores Criacuteticos Diagnoacutestico Nutricional

PesoIdade

lt Escore Z -3 Muito baixo peso para idade

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixo peso para idade

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+2 Peso adequado para idade

gt Escore Z +2 Peso elevado para idade

EstaturaIdade lt Escore Z -3

Muito baixa estatura para

idade

72

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -

2 Baixa estatura para idade

gt Escore Z -2 Estatura adequada para idade

IMCIdade (0 a 5

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Sobrepeso

gt Escore Z + 3 Obesidade

IMCIdade (5 a 10

anos)

lt Escore Z -3 Magreza acentuada

gt Escore Z -3 e lt Escore Z -2 Magreza

gt Escore Z -2 e lt Escore Z

+1 Eutrofia

gt Escore Z +1 e lt Escore Z

+2 Risco de Sobrepeso

gtEscore Z +2 e lt Escore Z

+3 Obesidade

gt Escore Z + 3 Obesidade Grave

Fonte Norma teacutecnica - Classificaccedilatildeo do estado nutricional SISVAN 2009

Para analisar a relaccedilatildeo entre estado nutricional e fatores socioeconocircmicos optou-se

pelos valores do iacutendice IMCIdade uma vez que este tem a vantagem de ser um iacutendice

empregado em todas as fases da vida e recomendado internacionalmente no diagnoacutestico

individual e coletivo dos distuacuterbios nutricionais aleacutem de proporcionar continuidade em

relaccedilatildeo ao indicador utilizado entre adultos (20)

Para avaliaccedilatildeo da anemia utilizou-se amostra de sangue do dedo anular coletada por

uma microcuveta descartaacutevel para leitura em Beta-hemoglobinocircmetro portaacutetil (Hemocuereg)

que permite a determinaccedilatildeo do volume da hemoglobina em poucos segundos Seguindo

73

recomendaccedilatildeo da OMS (21)

utilizou-se 110gdL como ponto de corte para anemia nas

crianccedilas com idade entre 6 e 60 meses e 115gdL para aquelas com idade superior

Para a entrada processamento e anaacutelise quantitativa de dados foi utilizado o software

Epi Info Versatildeo 353(22)

Foram empregados os programas WHO Antro (23)

e WHO

Antroplus(24)

e adotadas as novas referencias recomendadas pela OMS (18)

para a anaacutelise dos

dados antropomeacutetricos

Para realizaccedilatildeo da anaacutelise descritiva realizou-se a distribuiccedilatildeo de frequecircncia das

variaacuteveis categoacutericas e anaacutelise das medidas de tendecircncia central e dispersatildeo das variaacuteveis

contiacutenuas Na anaacutelise estatiacutestica foram utilizados os testes de Kruskal Wallis para verificar

associaccedilatildeo entre variaacuteveis contiacutenuas e o desfecho de Qui-quadrado e Qui-quadrado de

tendecircncia linear para variaacuteveis contiacutenuas com duas ou mais variaacuteveis respectivamente

RESULTADOS

Foram avaliadas 373 crianccedilas sendo que 202 (542) eram do sexo feminino Deste

total 596 eram provenientes de famiacutelias com renda inferior a meio salaacuterio miacutenimo A meacutedia

de idade foi de 381 plusmn 162 meses sendo 22 na faixa inferior a 24 meses 47 entre 24 e 48

meses 31 entre 48 e 60 meses e 45 acima de 60 meses A mediana da idade materna foi de

27 anos sendo que 367 natildeo concluiacuteram o Ensino Fundamental A praacutetica de aleitamento

materno foi relatada por 323 entrevistadas mas somente 96 matildees (257) relataram o

aleitamento materno exclusivo por seis meses conforme preconizado pela OMS

A tabela 2 apresenta a classificaccedilatildeo das crianccedilas de acordo com estado nutricional

evidenciando que apenas quatro crianccedilas foram classificadas em magreza para o iacutendice

IMCIdade sendo excluiacutedas para fins de anaacutelise de associaccedilatildeo devido a sua baixa

representatividade

Tabela 2 ndash Classificaccedilatildeo das crianccedilas das creches de acordo com estado nutricional atraveacutes

dos iacutendices AI PI e IMCI Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Estado Nutricional N

Alturaida

de

Muito baixa baixa estatura para

idade 34 91

Estatura adequada 339 907

Pesoidad

e

Muito baixo Baixo peso 10 27

Peso adequado 338 906

74

Peso elevado 25 67

IMCidad

e

Magreza 4 11

Eutrofia 270 724

Risco de Sobrepeso 69 185

SobrepesoObesidade 30 80

Com relaccedilatildeo agrave hemoglobina capilar seus valores variaram de 63 a 153 gdL com

meacutedia de 113 gdL e desvio-padratildeo de 15gdL A anemia foi encontrada em 143 crianccedilas

com prevalecircncia global de 383 natildeo havendo associaccedilatildeo entre anemia e estado nutricional

das crianccedilas analisadas conforme tabela 3

A comparaccedilatildeo entre as variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas bioloacutegicas e

socioeconocircmicas e o estado nutricional das crianccedilas estaacute apresentada nas tabelas 3 e 4

evidenciando que as variaacuteveis peso ao nascimento e mediana da idade da crianccedila mostraram-

se estatisticamente diferentes entre crianccedilas eutroacuteficas e aquelas com IMC acima do

recomendado para idade

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo das crianccedilas de creches conforme caracteriacutesticas socioeconocircmicas e

bioloacutegicas comparadas ao estado nutricional Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Eutroacutefico

Risco de

Sobrepeso SobrepesoObesidade Valor P

N N N

Gecircnero Masculino 121 24 15 045

Feminino 149 35 15

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 12 123

Peso ao nascer lt 2500 g 39 3 3 004

gt 2500 g 178 60 25

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 023 055

[005081] [012204]

75

Anemia atual Presente 105 23 14 082

Ausente 165 46 16

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 079 138

Escolaridade

Materna lt 8 anos 129 37 18 062

lt 8 anos 98 27 9

Razatildeo de

Prevalecircncia

IC (95)

1 095 138

Teste de Qui-quadrado

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo das variaacuteveis contiacutenuas segundo estado nutricional das crianccedilas de

creches Regional Centro-sul de Belo Horizonte 2010

Caracterizaccedilatildeo da

Amostra

Eutroacuteficos Risco de

Sobrepeso Sobrepesoobesidade

Valor P

Mediana Mediana Mediana

Idade da crianccedila (meses) 3850 3200 3450 004

Renda per capta (reais) 19580 23250 20000 022

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno total (meses) 800 1100 1200 047

Duraccedilatildeo de aleitamento

materno exclusivo

(meses)

400 400 500 071

Teste de Kruskal-Wallis

DISCUSSAtildeO

Este estudo verificou a presenccedila do fenocircmeno epidemioloacutegico da transiccedilatildeo nutricional

ao se analisar o perfil antropomeacutetrico de preacute-escolares de uma regional do municiacutepio de Belo

76

Horizonte Do total de 373 infantes avaliados pelo IMCidade somente 11 apresentou

magreza enquanto 185 e 80 foram classificados em risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade respectivamente Tal fenocircmeno tem sido descrito na literatura (25-7)

estando associado a fatores como renda e escolaridade dos pais peso ao nascer estilo de vida

e dietas inadequadas (25)

Os resultados obtidos na anaacutelise do perfil nutricional nessa populaccedilatildeo mostram

predomiacutenio alarmante dos iacutendices de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade entre preacute-

escolares da regional Centro-Sul Estudo conduzido por Biscegli et al em crianccedilas

frequumlentadoras de creche revelou que a maioria delas 917 apresentou-se eutroacutefica sendo

que a obesidade 60 prevaleceu sobre a desnutriccedilatildeo 23 (26)

Outra pesquisa

desenvolvida com crianccedilas de creche na cidade de Catanduva estado de Satildeo Paulo tambeacutem

demonstrou predomiacutenio de obesidade sobre desnutriccedilatildeo na proporccedilatildeo de 41 (27)

Recente estudo de base populacional tambeacutem constatou a prevalecircncia de excesso de

peso para altura em 73 de menores de cinco anos superando em cerca de trecircs vezes o valor

limiacutetrofe de referecircncia ressaltando-se ainda que esse valor supera a prevalecircncia de deacuteficits

de altura para idade (7) (28)

A mesma pesquisa revelou que houve reduccedilatildeo entre 1996 e

2006 de mais de 50 na prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em crianccedilas menores de cinco anos e que

o deacuteficit de peso por altura de crianccedilas dessa faixa etaacuteria foi de 2 (28)

A classificaccedilatildeo do estado nutricional apresentou diferenccedila com significacircncia estatiacutestica

em relaccedilatildeo agrave mediana de idade das crianccedilas sendo que o risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade ocorreu de forma mais relevante nas crianccedilas com idade inferior Este

resultado se mostrou diferente de outros estudos que evidenciam maior concentraccedilatildeo de

crianccedilas em risco nutricional nos dois primeiros anos de vida (29-32)

Tal achado chama atenccedilatildeo

para a necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada desde o iniacutecio da vida dessas

crianccedilas

A renda nas famiacutelias das crianccedilas investigadas natildeo se relacionou de maneira

significante com o perfil antropomeacutetrico dos infantes No entanto estudos realizados em

paiacuteses desenvolvidos mostram uma relaccedilatildeo negativa entre o alto niacutevel socioeconocircmico e a

obesidade No que diz respeito aos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se relaccedilatildeo positiva

entre alto niacutevel socioeconocircmico e obesidade (14)

Isso tambeacutem eacute apontado por Silveira et al

(33) em estudo realizado com crianccedilas moradoras de favelas no estado de Alagoas onde 702

da amostra apresentava renda familiar mensal inferior a um salaacuterio-miacutenimo condiccedilatildeo que

aliada agrave baixa escolaridade materna poderia contribuir de forma decisiva para a carecircncia de

77

alimentos ou para a escolha inadequada deles determinando os agravos nutricionais

observados nessas crianccedilas

Neste estudo natildeo foram encontradas diferenccedilas significativas entre escolaridade

materna e estado nutricional das crianccedilas diferindo do que tem sido habitualmente observado

em estudos epidemioloacutegicos como o apontado por Monteiro (34)

ao afirmar que o acesso agrave

educaccedilatildeo contribui tradicionalmente para a melhoria de deacuteficits nutricionais na populaccedilatildeo e

que a evoluccedilatildeo do excesso de peso observada nas uacuteltimas deacutecadas apresentou relaccedilatildeo direta

com o niacutevel de escolaridade

A variaacutevel ldquopeso ao nascimentordquo apresentou significacircncia estatiacutestica ao ser relacionada

com o estado nutricional das crianccedilas Das crianccedilas com baixo peso ao nascimento (n=45)

apenas seis apresentaram quadro de risco de sobrepeso e sobrepesoobesidade divergindo dos

estudos de Florecircncio (35)

e Victora (36)

que encontraram maior prevalecircncia de sobrepeso e

obesidade em crianccedilas com baixo peso ao nascimento em relaccedilatildeo agraves crianccedilas eutroacuteficas e que

apontam fatores relacionados agrave regulaccedilatildeo promovida pelo sistema endoacutecrino como

responsaacuteveis pela diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas durante o desenvolvimento

intrauterino com efeitos deleteacuterios no longo prazo relacionados com maior prevalecircncia de

obesidade nestas crianccedilas

A prevalecircncia de aleitamento materno exclusivo ateacute os seis meses foi de 257 valor

inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalecircncia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal publicada em 2009 de 410 e 379 no conjunto das capitais

brasileiras e DF e Belo Horizonte respectivamente (37)

Esse estudo natildeo encontrou associaccedilatildeo entre aleitamento materno e obesidade O papel

do aleitamento materno na prevenccedilatildeo do excesso de peso pediaacutetrico eacute uma hipoacutetese

mundialmente conhecida encontrando-se respaldada em vaacuterios trabalhos cientiacuteficos (37-44)

A

OMS se posiciona a favor do aleitamento materno como fator de prevenccedilatildeo contra a

obesidade infantil (45)

No entanto em estudo de coorte realizado com crianccedilas brasileiras (46)

natildeo se chegou agrave mesma conclusatildeo suscitando controveacutersias

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho confirma a existecircncia da transiccedilatildeo nutricional em preacute-escolares da

regional Centro-sul de Belo Horizonte com valores expressivos de risco de sobrepeso e

sobrepesoobesidade entre os infantes em oposiccedilatildeo agrave baixa prevalecircncia da desnutriccedilatildeo sendo

este risco maior naquelas crianccedilas com idade inferior Tal achado chama atenccedilatildeo para a

78

necessidade de que a vigilacircncia nutricional seja iniciada nestas unidades educacionais com

enfoque especial para adoccedilatildeo de medidas de controle para o excesso de peso nestas crianccedilas

com vista agrave prevenccedilatildeo de doenccedilas cardiometaboacutelicas na vida adulta

REFEREcircNCIAS

1 Monteiro CA Benicio MH Iunes RF Gouveia NC Cardoso MA Evoluccedilatildeo da desnutriccedilatildeo

infantil In Monteiro CA editor Novos e velhos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo

Hucitec 1995 [ Links ] )

2 Kac G Velaacutesquez-Melendez G A transiccedilatildeo nutricional e a epidemiologia da obesidade na

Ameacuterica Latina Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S4-5

3 Vieira EC Leatildeo E Lamounier JA Desnutriccedilatildeo versus obesidade o paradoxo nutricional

no Brasil Rev Med Minas Gerais 2004141]

4 Standing Committee on Nutrition Diet-related chronic diseases and double burden of

malnutrition in West Africa London United Nations System 2006 (Standing Committee on

Nutrition News 33)

5 Batista Filho M Rissin A A transiccedilatildeo nutricional no Brasil tendecircncias regionais e

temporais Cad Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S181-91

6 Bermudez OI Tucker KL Trends in dietary patterns of Latin American populations Cad

Sauacutede Puacuteblica 2003 19 Suppl 1S87-99

7 Escoda MSQ Para a criacutetica da transiccedilatildeo nutricional Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2002 7219-26

8 World Health Organization The World Health Report 2002 reducing risks promoting

healthy life Geneva World Health Organization 2002

9 UNICEF Relatoacuterio Situaccedilatildeo mundial da infacircncia - 2011 [cited 2011 14 december]

Available from wwwuniceforglacRelatorio_2011_webpdf

10 Monte CMG Desnutriccedilatildeo um desafio secular agrave nutriccedilatildeo infantil J Pediatria 2000

76(Supl3)285-296 [ Links ]

11 IOTF International Obesity Task Force - The Global Epidemic Copenhagen 2010 [cited

2011 4 April] Available from httpwwwiasoorgiotfobesityobesitytheglobalepidemic

12 Onis M Blossner M Borghi E Global prevalence and trends of overweight and obesity

among preschool children Am J Clin Nutr 2010 Nov92(5)1257-64

13 Baker JL Olsen LW Sorensen TI Childhood body-mass index and the risk of coronary

heart disease in adulthood N Engl J Med 2007 Dec 6357(23)2329-37

79

14 Fisberg RM editor Atualizaccedilatildeo em obesidade na infacircncia e adolescecircncia Satildeo Paulo

Atheneu 2005

15 PBH Portal PBH ndash Creches Conveniadas Belo Horizonte2009 [cited 2009 3 de Junho]

Available from

httpportalpbhpbhgovbrpbhecpcontentsdoevento=conteudoampidConteudo=23665ampchPl

c=23665amptermos=creches20conveniadas

16 EPI Infotrade for DOS version 604 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2004

[atualizado em 15 abr 2004 acesso em 20 out 2004] Available from

httpwwwcdcgovepiinfoEpi6ei6htm

17 Jelliffe DB The assessment of the nutritional status of the community Geneva WHO

1968

18 Who 2006 22 The WHO child growth standards WHO 2006 [cited 2009 2 november]

Available from httpwwwwhointchildgrowthen

19 PNAN _ Classificaccedilatildeo do Estado Nutricional (junho de 2009) [cited 2009 4 november]

Available from

http18928128100nutricaodocsgeralsisvan_norma_tecnica_criancaspdf)

20 Avaliaccedilatildeo nutricional da crianccedila e do adolescente ndash Manual de Orientaccedilatildeo Satildeo Paulo

Sociedade Brasileira de Pediatria 2009 [cited 2009 4 december] Available from

httpwwwsbpcombrpdfsMANUAL-AVAL-NUTR2009pdf

21 WHO Worldwide prevalence of anemia 1993-2005 WHO global database on anemia

Geneva WHO 2008 [cited 2009 4 november] Available from

httpwhqlibdocwhointpublications20089789241596657_engpdf

22 EPI Infotrade for Windows version 353 [software na internet] Atlanta Centers for Disease

Control and Prevention - Division of Public Health Surveillance and Informatics 2011 [cited

2011 20 october] Available from httpwwwncdcgovepiinfohtmlprevVersionhtm

23 WHO Anthro (version 322 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from

httpwwwwhointchildgrowthsoftwareen

80

24 WHO Anthro plus (version 104 January 2011) [software na internet] Department of

Nutrition

World Health Organization

Geneva [cited 2011 10 december] Available from httpwwwwhointgrowthreftoolsen

25Caballero B Subnutriccedilatildeo e obesidade em paiacuteses em desenvolvimento Subnutriccedilatildeo e

obesidade em paiacuteses em desenvolvimento 2005210-3

26 Biscegli TS Romera J Candido AB Santos JM Candido ECA Binotto AL Estado

nutricional e prevalecircncia de enteroparasitoses em crianccedilas matriculadas em creche Revista

Paulista de Pediatria 200927289-95

27 Biscegli TS Polis LB Santos LMd Vicentin M Avaliaccedilatildeo do estado nutricional e do

desenvolvimento neuropsicomotor em crianccedilas frequumlentadoras de creche Revista Paulista de

Pediatria 200725337-42

28 Brasil (PNDS2006 - 2009) Centro Brasileiro de Anaacutelise e Planejamento Pesquisa

Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher Brasilia Ministeacuterio da Sauacutede

[cited 2009 2 november] Available from

httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoespnds_crianca_mulherpdf

29 Uglione A Gonccedilalves BR Marcolla GR Evoluccedilatildeo do estado nutricional das crianccedilas

inscritas no programa Praacute-Crescer no primeiro semestre de 1999 no Centro de Sauacutede Escola

Murialdo Porto Alegre Porto Alegre Escola de Sauacutede Puacuteblica Secretaria de Sauacutede do Rio

Grande do Sul 2001

30 Aerts D Estudo do estado nutricional das crianccedilas de Porto Alegre uma contribuiccedilatildeo ao

entendimento do processo da desnutriccedilatildeo [dissertaccedilatildeo] Porto Alegre Faculdade de Medicina

Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1992]

31 Aerts D O retardo no crescimento e seus determinantes o caso de Porto Alegre [tese]

Porto Alegre Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio Grande do Sul

1996 [ Links ]

32 Aerts D Souza MI Finkler A Oliveira RM Valduga N Sagastume ML Praacute-Crescer a

experiecircncia de Porto Alegre em 7 anos de programa de vigilacircncia do estado nutricional de

crianccedilas Resumos do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia 23 a 27 de marccedilo de 2002

Curitiba PR Rio de Janeiro Associaccedilatildeo Brasileira de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva

2002370 [ Links ]

81

33 Silveira KBR Alves JFR Ferreira HS Sawaya AL Florecircncio TMMT Associaccedilatildeo entre

desnutriccedilatildeo em crianccedilas moradoras de favelas estado nutricional materno e fatores

socioambientais Jornal de Pediatria 201086215-20

34 Monteiro CA A queda da desnutriccedilatildeo infantil no Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

200925950-950

35 Florencio TT Ferreira HS Cavalcante JC Luciano SM Sawaya AL Food consumed

does not account for the higher prevalence of obesity among stunted adults in a very-low-

income population in the Northeast of Brazil (Maceio Alagoas) Eur J Clin Nutr

200357(11)1437-46

36 Victora CG Adair L Fall C Hallal PC Martorell R Richter L et al Maternal and child

undernutrition consequences for adult health and human capital Lancet

2008371(9609)340-57

37 Brasil Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude Departamento de Acoes

Programaticas e Estrategicas II Pesquisa de Prevalencia de Aleitamento Materno nas Capitais

Brasileiras e Distrito Federal Ministerio da Saude Secretaria de Atencao a Saude

Departamento de Acoes Programaticas e Estrategicas ndash Brasilia Ministerio da Saude 2009

38 Victora CG Barros F Lima RC Horta BL Wells J Anthropometry and body

composition of 18 year old men according to duration of breast feeding birth cohort study

from Brazil BMJ 2003327(7420)901

39 Arenz S Ruckerl R Koletzko B von Kries R Breast-feeding and childhood obesity a

systematic review Int J Obes Relat Metab Disord 200428(10)1247-56

40 Balaban G Silva GAP Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil

J Pediatr 200480(1)7-16

41 Harder T Bergmann R Kallischnigg G Plagemann A Duration of breastfeeding and risk

of overweight a meta-analysis Am J Epidemiol 2005 Sep 1162(5)397-403

42 Owen CG Martin RM Whincup PH Smith GD Cook DG Effect of infant feeding on the

risk of obesity across the life course a quantitative review of published evidence Pediatrics

2005115(5)1367-77

43 Siqueira RS Monteiro CA Amamentaccedilatildeo na infacircncia e obesidade na idade escolar em

famiacutelias de alto niacutevel socioeconocircmico Revista de Sauacutede Puacuteblica 2007415-12

44 Simon VGN Souza JMP Souza SB Aleitamento materno alimentaccedilatildeo complementar

sobrepeso e obesidade em preacute-escolares Revista de Sauacutede Puacuteblica 20094360-9

82

45 WHO Diet nutrition and the prevention of chronic disiases [Technical Report Series No

916] ed Geneva World Health Organization 2002 [cited 2009 2o september] Available

from httpwwwwhointdietphysicalactivitypublicationstrs916engsfao_introductionpdf

46 Araujo CL Victora CG Hallal PC Gigante DP Breastfeeding and overweight in

childhood evidence from the Pelotas 1993 birth cohort study Int J Obes 200530(3)500-6

83

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O reconhecimento dos fatores de associados a tais eventos tecircm possibilitado aos

profissionais de sauacutede identificar precocemente grupos mais vulneraacuteveis apontando

prioridades nas accedilotildees de prevenccedilatildeo e controle e na destinaccedilatildeo dos recursos disponiacuteveis para

melhoria da promoccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede infantil

A prevalecircncia de anemia encontrada no estudo deve ser considerada como um

problema preocupante sendo categorizado como moderado problema de sauacutede puacuteblica

segundo criteacuterios da OMS atingindo em maior proporccedilatildeo crianccedilas com idade inferior a 24

meses faixa comprovada de maior vulnerabilidade devido aos riscos de comprometimento no

crescimento e desenvolvimento mas apresentando iacutendices bastante expressivos em crianccedilas

com idade entre 24 e 48 meses

Vecirc-se tambeacutem a ocorrecircncia da transiccedilatildeo nutricional entre os preacute-escolares que de

positivo traz baixa prevalecircncia de desnutriccedilatildeo infantil Em contrapartida surgem fatores que

contrapotildeem os benefiacutecios desse processo em particular mudanccedilas socioeconocircmicas que

fazem com que a prevalecircncia do excesso de peso que jaacute supera a de desnutriccedilatildeo apareccedila

como indicativo de um comportamento epidecircmico de sauacutede na populaccedilatildeo infantil

Os achados desse estudo evidenciam o excesso de peso entre preacute-escolares como um

agravo nutricional merecedor de atenccedilatildeo consolidando um antagonismo de tendecircncias entre

desnutriccedilatildeo e sobrepeso caracteriacutestica da terceira etapa da transiccedilatildeo nutricional representada

pelo aparecimento do excesso de peso em escala populacional como jaacute pode ser comprovado

por demais pesquisas nacionais

Ressalta-se ainda que esse agravo deve ser abordado de forma interdisciplinar e

intersetorial nas instacircncias envolvidas nos processos de decisatildeo exigindo accedilotildees especiacuteficas

considerando as mudanccedilas demograacuteficas e epidemioloacutegicas que se delineiam e tendem a

aprofundar-se nas proacuteximas deacutecadas Ao reconhecer as caracteriacutesticas do excesso de peso e da

obesidade faz-se necessaacuterio a vigilacircncia de sua evoluccedilatildeo principalmente entre crianccedilas e nos

estratos sociais mais susceptiacuteveis na tentativa de se atenuar o risco dessas crianccedilas tornarem-

se adultos obesos

Um dilema atual da nutriccedilatildeo em sauacutede puacuteblica eacute lidar ao mesmo tempo com situaccedilotildees

aparentemente contraditoacuterias como a desnutriccedilatildeo e a obesidade e suas implicaccedilotildees O que

84

leva a necessidade de promover o emponderamento da sauacutede mediante a promoccedilatildeo da

alimentaccedilatildeo saudaacutevel no enfoque do curso da vida

85

APEcircNDICES

Apecircndice A ndash Formulaacuterio para dados pessoais avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica e bioquiacutemica

DADOS DA CRIANCcedilA DATA ______________

Nome

Creche

Data de nascimento

Idade

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

ANTROPOMETRIA E AVALIACcedilAtildeO BIOQUIacuteMICA

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

O B S E R V A Ccedil Otilde E S

86

Apecircndice B ndash Questionaacuterio socioeconocircmico

Data da Avaliaccedilatildeo ______________

Nome da crianccedila

Sexo ( ) masculino ( ) feminino

Com quem a crianccedila mora ( ) matildee ( ) pai e matildee ( ) avoacutes

( ) Outros Qual

Creche

Data de nascimento

Idade

Duraccedilatildeo da Gestaccedilatildeo ( ) lt 6 meses ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9

Tipo de parto

Peso ao nascer

Comprimento ao nascer

Aleitamento materno

Recebeu Leite Materno alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno

Recebeu Leite Materno exclusivo (soacute leite materno sem qualquer outra coisa) ( ) Sim ( ) Natildeo

Por quanto tempo recebeu leite materno exclusivo

Recebeu Leite Materno predominante (leite materno + aacutegua + chaacute)

Por quanto tempo recebeu leite materno predominante

Sauacutede da Crianccedila

Ficou internada alguma vez ( ) Sim ( ) Natildeo Quantas vezes

Causa da internaccedilatildeo

Ficou doente nos uacuteltimos 15 dias

( ) Sim ( ) Natildeo

Causa

A crianccedila jaacute teve anemia ( ) Sim ( ) Natildeo

Com quantos anos a crianccedila teve anemia

Jaacute tomou suplemento de ferro ( ) Sim ( ) Natildeo

Qual idade tomou o suplemento de ferro e por quanto tempo Idade Tempo

Dados Maternos

Nome da matildee

Idade da matildee

87

Quantos filhos

Ordem de nascimento da crianccedila

Fez o preacute-natal dessa crianccedila

( ) Sim ( )Natildeo

Nordm de consultas

Tomou composto ferroso durante a gestaccedilatildeo

Condiccedilotildees Soacutecio-econocircmicas

Escolaridade Materna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Estado Civil Materno ( ) solteira ( ) casada formal ( ) casada informal

( ) separada ( ) viuacuteva

Escolaridade Paterna ( ) Natildeo Estudou

( ) Primeiro Grau Incompleto ( ) Primeiro Grau Completo

( ) Segundo Grau Incompleto ( ) Segundo Grau Incompleto

( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo

Matildee trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Pai trabalha fora ( ) sim ( )natildeo

Renda mensal familiar

Nuacutemero de pessoas que

dependem dessa renda

Antropometria e avaliaccedilatildeo bioquiacutemica

Peso atual

Altura atual

Concentraccedilatildeo de hemoglobina

A l t e r a ccedil otilde e s q u e p o s s a m o c o r r e r

d u r a n t e o t r a b a l h o

88

ANEXOS

Anexo A ndash Termo de consentimento livre esclarecido

FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG Departamento de Pediatria

FORTIFICACcedilAtildeO DA AacuteGUA POTAacuteVEL COM FERRO PARA PREVENCcedilAtildeO E TRATAMENTO DA

ANEMIA FERROPRIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Srs Pais ou responsaacuteveis

A anemia ferropriva eacute a deficiecircncia de ferro no organismo e essa falta de ferro pode causar

problemas de sauacutede nas crianccedilas como dificuldade de aprendizagem maior facilidade para adquirir

infecccedilotildees dificuldade de concentraccedilatildeo e perda de apetite que iraacute atrapalhar o crescimento e

desenvolvimento da crianccedila Por isso estamos realizando um estudo de fortificaccedilatildeo da aacutegua com ferro

com a finalidade de se reduzir a prevalecircncia de anemia em nosso meio e sua crianccedila estaacute sendo convidada

a participar do nosso trabalho

Seraacute realizado o teste de anemia que eacute a retirada de uma gota de sangue do dedo da crianccedila todo

o material utilizado para a coleta de sangue seraacute descartaacutevel e os riscos satildeo miacutenimos podendo ocorrer em

alguns casos hematoma local Seraacute tambeacutem verificado o peso e a estatura da crianccedila E a crianccedila receberaacute

durante um periacuteodo de 6 meses a aacutegua fortificada com ferro Essa aacutegua natildeo apresenta alteraccedilatildeo de cor

nem sabor e natildeo apresenta efeitos adversos

Sua crianccedila seraacute acompanhada por um meacutedico e uma nutricionista responsaacuteveis pelo trabalho e

por acadecircmicos de nutriccedilatildeo bem treinados

Por isso necessitamos da sua autorizaccedilatildeo por escrito para que possamos realizar o teste de

anemia sendo que todos os procedimentos seratildeo gratuitos

Se vocecirc natildeo quiser participar do trabalho natildeo haveraacute nenhuma mudanccedila nos cuidados que a

creche oferece agrave sua crianccedila E vocecirc tem a liberdade de retirar o consentimento da sua crianccedila participar

em qualquer momento do acompanhamento sem sofrer nenhuma penalidade

Os dados coletados sobre as crianccedilas seratildeo mantidos em sigilo sendo apresentadas apenas aos pais

ou responsaacuteveis pela crianccedila

Em caso de algum efeito colateral sua crianccedila seraacute acompanhada pelo pediatra responsaacutevel sem

nenhum gasto para sua famiacutelia

Estaremos a disposiccedilatildeo para esclarecer qualquer duacutevida durante o trabalho

Responsaacuteveis pelo projeto Flaacutevio Diniz Capanema ndash Pediatra (31-88589998)

Thaiacutes de Souza Chaves de Oliveira ndash Nutricionista(31-84012500 ou 87514842

Data ____________

Nome da crianccedila ______________________________________________

Nome do responsaacutevel __________________________________________

Assinatura __________________________________________________

89

Anexo B ndash Aprovaccedilatildeo pelo comitecirc de eacutetica

Page 13: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 14: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 15: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 16: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 17: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 18: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 19: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 20: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 21: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 22: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 23: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 24: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 25: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 26: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 27: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 28: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 29: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 30: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 31: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 32: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 33: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 34: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 35: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 36: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 37: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 38: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 39: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 40: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 41: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 42: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 43: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 44: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 45: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 46: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 47: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 48: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 49: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 50: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 51: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 52: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 53: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 54: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 55: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 56: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 57: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 58: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 59: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 60: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 61: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 62: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 63: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 64: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 65: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 66: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 67: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 68: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 69: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 70: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 71: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 72: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 73: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 74: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 75: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 76: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 77: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 78: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 79: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 80: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 81: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 82: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 83: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 84: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 85: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 86: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 87: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e
Page 88: ESTADO NUTRICIONAL E ANEMIA EM CRIANÇAS DE CRECHES ...€¦ · nutricional, 72,4% das crianças estavam eutróficas, 18,5% com risco de sobrepeso, 8,0% com sobrepeso/obesidade e