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Estados & Municipios

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Revista estados e municipios

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Cidade forte se faz assim!Cidade forte se faz assim!apoio

Somente juntos podemos transformar nossos caminhos

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EditorialEditorial

Depois de vários anos reivindicando uma melhor relação com a União, os estados e os municípios ganham ânimo ao verem que o sonho de ter um novo pacto federativo começa a virar realidade. O Senado Federal chamou para si a responsabilidade de formar uma comissão de especialistas e iniciar a discussão sobre esta nova relação, independente do que já vem sendo apreciado pelas duas casas do Congresso Nacional e o Governo Federal.

Definir direitos e obrigações recíprocos entre os entes federativos não é uma coisa fácil de se fazer. Principalmente quando os assuntos que tiram o sono dos executivos estaduais são a convivência com uma dívida de mais de R$ 370 bilhões, com a guerra fiscal em função da cobrança diferenciada do ICMS, e com o recebimento de recursos do Fundo de Participação dos Estados que o Supremo Tribunal Federal considerou ilegal e que não poderão ser utilizados a partir do próximo ano.

Louvamos a iniciativa dos parlamentares, governadores, prefeitos e especialistas, e a participação do Governo Federal, que reconhece que a situação do Brasil mudou muito nos últimos dez anos e que algo deve ser feito urgentemente para que os entes federados não sejam impedidos de investir em políticas públicas e prejudiquem a vida do cidadão brasileiro.

O Editor

Expediente

Editor GeralGuilherme Gomes - SJP-DF 1457

FinanceiroAntônio Carlos de Oliveira Gomes

JurídicoEdson Pereira Neves

Diretora ComercialCarla Alessandra dos Santos Ferreira

ColaboradoresGerson Gonçalves de Matos / Mauricio Cardoso

Rangel Cavalcante / Renato Riella

EstagiáriaPaloma Conde

DiagramaçãoAndré Augusto de Oliveira Dias

Agências de NotíciasBrasil, Senado, Câmara, Petrobras

REPRESENTANTES COMERCIAISRegião Norte

Meio & Mídia Comunicação Ltdae-mail: [email protected]

[email protected] / (11) 3964-0963

Rio de Janeiro - Cortez [email protected]

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Nacional e InternacionalBento Neto Corrêa Lima / [email protected]

BahiaZé Maria

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Santa CatarinaAD Gouveia & Associados

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As colunas e matérias assinadas não serão remuneradas

e o texto é de livre responsabilidade de seus autores

Democracia e civilidade

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50 | EDUCAÇÃOMunicípios do Paraná reclamam falta de investimentos ...... 50MEC amplia programa Mulheres Mil ...................................51Jornada integral no ensino público ....................................... 52

54 | TRANSPARÊNCIAATM treina para a Lei de Acesso a Informação .................... 54

60 | ECONOMIASalário Mínimo em 2013 será de R$ 667,75 ....................... 60Funcionalismo público ameaça greve .................................. 61Pindamonhangaba comemora grandes investimentos ......... 62

64 | TRABALHOCampanha para erradicar trabalho infantil no Mercosul ..... 64Minas investe em qualifi cação profi ssional ......................... 65

66 | ENERGIATrês décadas de energia nuclear ........................................... 66

70 | SOCIALPrefeitura de Milão apoia projetos brasileiros ...................... 70Água em fartura no interior do Maranhão ........................... 71

72 | TURISMONova rota do vinho em Santa Catarina ................................. 72Praia do Forte, em Natal, vai sediar FIFA Fan Fest .............. 73A memória do tráfego negreiro no Brasil ............................ 74Funcionários de mercado em São Paulo estudam inglês ...... 75As belezas da capital gaúcha ............................................... 76

74 | ESPECIALMaçonaria cresce na Bahia .............................................. 78

82 | ARTIGOGestão de riscos contra erros médicos ................................ 82

Estados & Municípios - Fevereiro 2012

06 CAPA COLUNISTASUma comissão de especialistas vai ajudar o Governo e o Congresso a elaborar um novo pacto federativo. Estados e municípios reclamam há muito tempo das relações com a União. Na lista de reivindicações estão a revisão dos contratos de renegociação das dívidas e a defi nição de novos critérios para a distribuição do Fundo de Participação dos Estados e dos royalties de petróleo.

Edição 224 Abril de 2012

www.estadosemunicipios.com.br

12 | POLÍTICAGovernadores do PSDB querem aumentar as receitas .......... 12Congresso vai investigar relações de Cachoeira ................... 14Audiência pública discutirá número de deputados ............... 16Pedro Serafi m assume Prefeitura de Campinas .................... 18Cidades ganham procurador público .................................... 19Pré-candidata do PCdoB sai na frente em Porto Alege ...... 20Refl exões sobre a ditadura ................................................... 22Maioria dos prefeitos disputa a reeleição ............................. 26

30 | BRASÍLIA / DFA luta de Olgamir Ferreira em prol das mulheres ................. 30GDF adota novo modelo de gestão pública .......................... 32

33 | MUNICÍPIOSCongresso Mineiro debate eleições municipais ................... 33

34 | TRANSPORTECongestionamentos tumultuam a vida nas cidades .............. 34

36 | SAÚDEMato Grosso prepara ações de saúde para Copa 2014 ........ 36Anvisa descobre empresas com agrotóxicos sem registro .. 37Brasil pode reduzir mortalidade por infarto ........................ 38

40 | NACIONALNE recebe ajuda para combater a seca ................................ 40

44 | AMBIENTEGoverno quer empenho na Rio+20 ...................................... 44Osasco cria escola de educação infantil ............................... 46Linha verde ainda é irrisória ................................................ 47Código Florestal pode ser vetado ........................................ 48

49 | EMPREENDEDORISMOTrês Lagoas tem maior fábrica de celulose do mundo ........ 49

28 | DIRETO DE BRASÍLIA Renato Riella Dilma corre perigo

56 | MÍDIA Pedro Abelha TVs perdem audiência

68 | CASOS & CAUSOS Rangel Cavalcante A terceira surra

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Tudo indica que o novo Pacto Federativo, que estabelece as relações entre o Governo Fe-

deral e os governos estaduais e munici-pais, definindo direitos e obrigações re-cíprocos entre os entes federativos, com influência direta na vida de todos os cidadãos brasileiros, pode sair do papel ainda este ano. O Executivo e o Legisla-tivo, com a ajuda de uma comissão de especialistas, se uniram e estão discu-tindo qual a melhor forma de atender os gestores dos estados e dos municípios.

O assunto que mais preocupa os governadores é a revisão dos contratos de renegociação das dívidas dos estados com a União, que pelos valores de feve-reiro já ultrapassaram a casa dos R$ 370 bilhões. A quantia sobe para R$ 430 bi-lhões se for incluído o passivo dos mu-nicípios. Como o débito é atualizado monetariamente pela soma da variação do IGP-DI com uma taxa de juros de 6% a 7,5%, os governadores reivindi-cam o IPCA mais 2%.

Para a senadora Ana Amélia (PP-RS) a permanente dependência dos entes federados em relação à União fra-giliza o pacto federativo e é preciso re-

duzir esse alto grau de endividamento. Ela destacou o aumento descabido da dívida dos estados e municípios, em de-corrência, principalmente, da política de juros adotada pelo governo federal nos últimos anos e da adoção do Índice Geral de Preços como indexador para corrigir os valores das dívidas. “Existe a clara necessidade de revisão do inde-xador das dívidas, não pela taxa Selic, como propõe o Governo Federal. Seria um péssimo negócio para estados e mu-nicípios”, afirmou a senadora.

A participação do Governo Fe-deral ocorreu com o encaminhamento ao Senado Federal de três Propostas de Emenda à Constituição que tratam da repartição, entre estados vendedores

e estados consumidores, do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Ser-viços (ICMS) das operações de portais de comércio eletrônico. O líder do PT, senador Walter Pinheiro (BA), afirmou que a questão do comércio eletrônico faz parte da discussão sobre o rearranjo do pacto federativo, ao lado das regras para royalties de petróleo e de mine-ração, do ICMS para produtos impor-tados e da definição dos critérios para os Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM).

Novo pacto federativo sai do papel

Presidente de uma Comissão Especial, o ex-ministro Nelson Jobim terá 60 dias para apresentar as sugestões do novo pacto federativo

Segundo a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, atualmen-te o ICMS é cobrado somente no estado de origem da empresa. Com as mudan-ças que o governo quer ver aprovadas, o imposto passará a ser dividido entre o estado onde o produto é fabricado e o estado onde ele é consumido. O minis-tro da Fazenda, Guido Mantega, anun-ciou que o governo oferecerá crédito aos estados brasileiros que utilizam o ICMS na importação. A ideia é estimu-lar novas atividades econômicas e aca-bar com a chamada guerra dos portos, espécie de disputa fiscal na qual estados brasileiros reduzem as taxas do imposto cobrado de produtos importados.

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Principais temas

A discussão sobre um novo pac-to federativo tem que levar em conta a relevância e a urgência de quatro temas importantíssimos: critérios de distri-buição dos recursos do Fundo de Par-ticipação dos Estados (FPE); sistema do Imposto sobre Circulação de Merca-dorias e Serviços (ICMS); critérios de distribuição dos royalties do petróleo; e indexador das dívidas dos estados junto à União. Está foi a conclusão encontra-da pela comissão de especialistas criada pelo Senado Federal.

Presidida pelo ex-ministro e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, a comissão, composta por 14 pessoas, entre juris-tas, tributaristas, economistas e cien-tistas políticos, terá 60 dias para apre-sentar suas sugestões ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AC), embora alguns temas, como a cobran-ça de ICMS nas operações interesta-duais com importados e a taxação das vendas pela internet, já estejam sendo objeto de deliberações nas comissões do Senado.

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM),

Paulo Ziulkoski, elogiou a iniciativa do Senado Federal. “É importante que o Senado, como representante da Fede-ração, tenha finalmente acordado para a necessidade de discutir um novo Pac-to”, ressaltou. Pelo atual Pacto, os 5.563 entes têm direito a apenas 15% de todo bolo tributário do país. Enquanto à União, são repassados 60% do total.

Para o presidente da Confedera-ção, é essencial que os brasileiros sai-bam qual o custo da máquina pública. Ziulkoski pediu que a Comissão leve em consideração a quantidade de atri-buições dadas aos municípios e que, quase nunca, são acompanhadas de uma fonte de recursos. “É preciso mu-dar toda a estrutura de arrecadação e de distribuição. Há omissão dos governos estaduais e federal na execução daquilo que é de sua responsabilidade”, criticou.

Ziulkoski ressaltou ainda o preo-cupante número de projetos sugeridos, discutidos e votados no Congresso Na-cional que criam atribuições aos gesto-res municipais, mas se esquecem que o município é o menos favorecido na dis-tribuição de recursos para executá-los. “Os municípios são cobrados da mesma maneira ou ainda mais que os estados e a União, mas não possuem a igual força tributária”, reclamou.

Divisão de recursos

Sobre o Fundo de Participação dos Estados, Nelson Jobim lembrou que o Supremo considerou inconsti-tucionais os atuais critérios de divisão dos recursos do fundo, que não pode-rão mais ser utilizados a partir de 1º de janeiro de 2013. “O Congresso precisa votar isso, senão será o caos, pois serão congelados os recursos do fundo”, alertou.

Também foi apontada urgência para a busca de solução para a chamada guerra fiscal baseada no ICMS. Sobre esse aspecto, o jurista Ives Gandra, que integra o grupo, observou que a ado-ção de novas regras, como as contidas no projeto que uniformiza as alíquotas do ICMS nas operações com produtos importados (Projeto de Resolução do Senado 72/2010), poderá levar estados que se sentirem lesados a entrar com ações junto ao STF.

Sobre os royalties do petróleo, o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel observou que proje-tos que tratam do tema, aprovados no Senado e que tramitam na Câmara, já apresentam problema, por usarem jus-tamente o FPE como critério para o rateio dos recursos. A comissão deve se

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debruçar sobre o assunto e propor op-ções aos parlamentares.

Já sobre a mudança no indexador das dívidas dos estados, o procurador da Fazenda Nacional Manoel Felipe Brandão ponderou que as alterações propostas não poderiam configurar re-negociação de dívidas, uma vez que o artigo 35 da Lei de Responsabilidade Fiscal vedaria a prática. Também nesse caso foi ressaltada a importância de os especialistas apontarem possíveis solu-ções para o problema.

Reuniões fechadas

Segundo o presidente da Comis-são de Especialistas, não serão realiza-das audiências públicas. A ideia é agen-dar reuniões fechadas, para discussões apenas entre os integrantes do grupo. Jobim informou que o colegiado não tem a expectativa de chegar a consen-so sobre todas as questões em análise e, por isso, incluirá no conjunto de su-gestões a serem apresentadas eventuais visões divergentes.

Os especialistas manterão conta-tos por e-mail, para agilizar a troca de informações. De imediato, cada inte-grante enviará por meio eletrônico suas considerações sobre os quatro temas da

agenda, que serão sistematizadas e de-volvidas a todos. Também para apoiar o grupo, a Consultoria do Senado en-viará aos membros informações sobre proposições acerca de cada tema, em tramitação no Congresso.

Apesar da definição da agenda de prioridades, os especialistas apon-taram outros temas que poderão ser tratados numa segunda fase de tra-balhos. Para o ex-ministro do Plane-jamento João Paulo dos Reis Velloso, seria importante rever a política de de-senvolvimento regional. Já o professor de Direito Constitucional Marco Au-rélio Marrafon considerou importante desenvolver mecanismos para incenti-var a cooperação entre os entes federa-dos e aumentar a eficiência das políticas públicas. Conforme observou, não há sequer a troca de informações em áreas como segurança pública. Para o econo-mista Bernard Appy, a comissão deve avançar na análise das causas do esgar-çamento das relações entre municípios, estados e a União.

Dívida dos Estados

Em audiência pública promovida pela Câmara dos Deputados, gover-nadores de sete estados defenderam a revisão dos contratos de renegociação de dívidas assinados com a União entre 1997 e 2001. Convidados pelo grupo de trabalho que analisa as dívidas es-taduais, os governadores não fizeram uma proposta fechada, mas defende-ram ajustes nos contratos para reduzir o peso das prestações mensais pagas ao Tesouro Nacional, liberando recursos para investimentos.

Na opinião dos governadores, o país vive um novo momento econô-mico, o que permite uma melhoria nas condições do refinanciamento. As dívi-das dos estados com a União somam, pelos valores de fevereiro, R$ 370,2

bilhões. O débito é atualizado moneta-riamente pela soma da variação do IGP-DI com uma taxa de juros de 6% a 7,5%. É este encargo que os governadores sugerem reduzir. O grupo de trabalho propôs, em um documento chamado “Carta de Brasília”, o IPCA mais 2%.

Durante a audiência, os governa-dores ressaltaram que a renegociação inicial foi importante para sanear os estados endividados. Na época, como disse o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), o IGP-DI era considerado um bom índice de cor-reção. Nos últimos anos, no entanto, o índice acumulou altas expressivas, que ampliaram o saldo devedor do passivo refinanciado. Entre 1997 e 2011, o IGP-DI somou 245,7%, bem acima do que acumulou o IPCA (149,7%). “Os con-tratos foram recebidos como algo posi-tivo, que ajudou a melhorar as finanças públicas, mas muita coisa mudou. Hoje eles provocam uma sangria de valores nos estados”, afirmou Anastasia.

Segundo o governador minei-ro, a mudança do cenário econômico, com a redução das taxas de juros e do spread bancário desde então, já exigiria uma revisão dos contratos feitos com a União. Minas Gerais e Rio Grande do Sul são hoje as unidades federativas

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com maior comprometimento de caixa com o pagamento da dívida.

O mesmo argumento foi usa-do pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo ele, o uso do IGP-DI levou a uma ex-plosão da dívida paulista. No caso, o estoque saiu de R$ 100,4 bilhões, em junho de 1998, para os atuais R$ 370,2 bilhões, segundo o Tesouro Nacional. “Os governos estaduais e municipais estão pagando juros mais altos do que o setor privado. Este é o momento adequado para indexador e juros mais condizentes com o cenário, que é total-mente diferente da década de 90”, argu-mentou Alckmin.

Sobre os resíduos

Governadores dos estados com maiores passivos também alertaram para a necessidade de discutir a ques-tão dos resíduos. Todos os estados pos-suem um limite da receita que podem usar para abater a dívida. Para os mais endividados, esse limite é inferior às prestações mensais, o que gera um re-síduo que não é pago e se incorpora ao saldo devedor, ampliando-o. Pelas re-gras do refinanciamento, esse resíduo será pago após a liquidação do principal

(2027). “O resíduo que ficar terá de ser pago em dez anos e não existe limite para o comprometimento da receita. Essa situação precisa ser analisada”, ex-plicou Alckmin.

Apesar do consenso em torno da revisão dos contratos, os governadores afirmaram que os estados vão manter o equilíbrio das contas alcançado após a renegociação e a entrada em vigên-cia da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O governador gaúcho Tarso Genro (PT) afirmou que os estados es-tão agindo com cautela para preservar o prestígio e a estabilidade fiscal do país, mantidos nos últimos 20 anos. Segun-do ele, a solução deve ser “compartilha-da com a União”, para que não afete as contas públicas em um cenário interna-cional de crise econômica.

Após o debate, o coordena-dor do grupo de trabalho, depu-tado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que o próximo passo é ouvir o ministro da Fazenda, Guido Mante-ga, para só então fechar uma proposta de renegociação das dívidas. Também participaram da audiência pública os governadores de Santa Catarina, Rai-mundo Colombo (PSD); Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB); Bahia, Jaques Wagner (PT); Roraima, José An-chieta (PSDB); e os vice-governadores do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB); e do Pará, Helenilson Pontes (PPS), além de secretários de Fazenda de outras unidades.

Novos critérios

O ex-governador de Minas Ge-rais, o senador tucano Aécio Neves (PSDB - MG), defendeu a adoção de novos critérios para o pagamento da dívida dos estados com a União. Para o senador, o ideal é adotar como atualiza-ção monetária índices de preços como o IPCA ou o IGP-DI acrescidos de taxa

real de juros de 2% ao ano. Atualmente, o índice adotado é o IGP-DI somado a taxas que vão de 6% a 9% ao ano.

“A flexibilidade da aplicação de um ou de outro índice terá como obje-tivo adotar uma regra que possa neutra-lizar possíveis mudanças conjunturais no cenário econômico, como ocorreu ao longo dos últimos anos, que acabem por tornar este ou aquele índice mais gravoso”, explicou.

Para o senador, também é preciso limitar o comprometimento da recei-ta líquida real dos estados ao máximo de 9%, em vez dos 11,5% a 15% com-prometidos atualmente. A mudança, segundo Aécio Neves, permitiria aos estados atender melhor à população gastando com saúde, educação e segu-rança, por exemplo.

“No ano passado, caso já houvesse essa regra, para citar apenas o exemplo do meu estado de Minas Gerais, haveria uma economia R$ 1 bilhão nos gastos com o pagamento da dívida”, afirmou.

Aécio Neves criticou o fato de o governo ter apresentado uma proposta sem discussão com os governadores. A proposta, apresentada pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, é de que a taxa básica de juros (Selic)

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seja usada como indexador. Para Aécio Neves, a proposta é mais um sinal da “autossuficiência do governo”.

Alogamento do prazo

Os secretários da Fazenda dos estados declararam apoio a projeto de lei apresentado pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ) para alterar o indexa-dor das dívidas de estados, municípios e do Distrito Federal com a União. No documento, os secretários sugerem, tam-bém, o alongamento do prazo e a redução do comprometimento da receita líquida real para o pagamento da dívida.

O Projeto de Lei do Senado 86/2012 propõe a substituição do Ín-dice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), retro-ativamente à data dos contratos, com juros idênticos aos atuais, de até 9%. A partir da promulgação da lei, a proposta é de que seja adotada taxa fixa de juros de 3%, sem atualização monetária.

O projeto foi apresentado após o governo propor a substituição do atual indexador da dívida pela taxa básica de juros (Selic). Para o senador, a taxa é um instrumento de política monetária, não

adequado à indexação da dívida. “Você nunca pode permitir que a dívida do de-vedor seja corrigida por um índice que é estabelecido pelo credor”, argumentou.

As sugestões feitas pelos secretá-rios no documento são o alongamento do prazo para pagamento de 10 para 20 anos e a redução do comprometimen-to da receita líquida real para 9%, o que permitiria aos estados destinar mais recursos para investimentos e outras políticas públicas. Atualmente, o com-prometimento pode chegar a 15%.

ICMS uniformizado

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou o Projeto de Resolução do Senado 72/2010 que uniformiza as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Ser-viços (ICMS) nas operações interesta-duais com produtos importados. Para o líder do PT, o baiano Walter Pinheiro, o Senado deu o primeiro passo impor-tante na caminhada para um novo pacto federativo. “É a tentativa de colocar um fim à guerra fiscal”, disse o senador.

A decisão sobre o ICMS, segun-do o Walter Pinheiro (PT-BA), é um ponto de partida, mas reconheceu a importância de outros assuntos ligados ao pacto federativo também serem dis-cutidos pelo Senado. Pinheiro apontou a regulamentação do comércio eletrô-nico, a indexação das dívidas dos es-tados e a distribuição de recursos dos royalties de petróleo e dos fundos de participação dos estados (FPE) e dos municípios (FPM) como assuntos que precisam ser debatidos com urgência, sob o prisma do pacto federativo.

Segundo o senador, o comércio eletrônico brasileiro cresceu 10 vezes nos últimos sete anos e hoje movimento cerca de R$ 18 bilhões anuais. Pinheiro também lembrou que o Congresso pre-cisa se posicionar sobre o FPE até o fim

de 2012, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Para o senador, a União vai precisar abrir mão de parte de seus recursos, em prol do equilíbrio financeiro dos estados.

O líder do Democratas, senador José Agripino (DEM-RN), elogiou o pronunciamento do colega e disse que a luta por um novo pacto federativo já dura décadas. Ele ressaltou a impor-tância dos fundos de participação para estados e municípios e disse que é preciso encontrar uma saída para a unidade fede-rativa. “Não dá para garantir um emprego na região Sul ferindo o Nordeste”, afirmou.

A Comissão

Presidida pelo ex-ministro do Su-premo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim a Comissão de Especialistas tem como integrantes: economista Bernar-do Appy; ex-ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Veloso; ex-secre-tário da Receita Federal Everardo Ma-ciel; professores Ives Gandra da Silva Martins, Luís Roberto Barroso, Mikal Gartenkraut, Paulo de Barros Carvalho, Fernando Rezende, Sérgio Prado, Mar-co Aurélio Marrafon, os doutores Adib Jatene e Bolívar Lamounier; e o procu-rador da Fazenda Nacional, Manoel Fe-lipe do Rêgo Brandão.

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12 Abril 2012 - Estados & Municípios

Governadores de sete estados comandados pelo PSDB reu-niram-se em Curitiba (PR)

para debater propostas para aumentar as receitas, de forma a atender novas demandas impostas aos estados, em es-pecial em áreas como saúde, educação e segurança pública. Os governadores também defenderam a mudança dos indexadores e percentuais usados para o pagamento das dívidas com a União. Eles assinaram uma carta em que de-fendem o enfrentamento do que clas-sificaram de “falência federativa”. O en-contro também teve a participação do presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE).

A principal preocupação dos governadores, manifestada no docu-mento, é a redução do poder de inves-timento das unidades da Federação, provocada principalmente pelo aumen-to constante das atribuições delegadas aos estados na prestação de serviços pú-blicos. “Precisamos de indicadores e de

percentuais para o pagamento das dívi-das que possam viabilizar a capacidade de investimento dos estados”, afirmou o governador do Paraná, Beto Richa. Segundo ele, a situação é preocupan-te para todos os estados, que tem um comprometimento cada vez maior das receitas, sem que haja a devida contra-partida financeira do governo federal.

Para Richa, a união dos governa-dores sob um mesmo ponto de vista é fundamental para fortalecer a federação e os estados, uma vez que as responsa-bilidades e as demandas da população são crescentes. “Nós defendemos mais investimentos para o financiamento da saúde pública, que é muito precária em todo o país e hoje é a maior priorida-de dos brasileiros. É importante uma responsabilidade maior por parte da União nessa área”, afirmou o chefe do executivo paranaense.

Uma das propostas discutidas no encontro, para melhorar as receitas es-taduais e aumentar os investimentos,

foi a criação de um mecanismo chama-do Desvinculação das Receitas dos Es-tados (DRE), a exemplo do que existe na União. “Esse mecanismo seria vin-culado à área de investimentos. É uma proposta importante para o desenvolvi-mento econômico e social de cada esta-do”, afirmou Richa.

Os governadores reafirmaram a disposição de discutir um reequilí-brio na distribuição dos recursos da arrecadação tributária entre a União e os estados. “A situação dos estados está comprometida pelas responsabilidades repassadas pelo governo federal na pres-tação de serviços como saúde, educação e segurança pública. Mas os recursos não são divididos na mesma proporção”, re-forçou o deputado federal Sérgio Guerra e presidente nacional da legenda.

Reajuste do SUS

O governador paulista, Geraldo Alckmin, que é médico, foi enfático ao avaliar a situação na área de saúde e de-fendeu urgência para o reajuste da tabe-la do Sistema Único de Saúde (SUS). “A tabela do SUS hoje não cobre me-tade dos custos com o atendimento da população. Esta é uma das razões pelas quais as Santas Casas e outros hospitais beneficentes estão em situação pré-fa-limentar. Muitos estão abandonando o sistema”, disse Alckmin, que defendeu o fortalecimento da Federação. “Temos hoje grande parte dos recursos na mão do governo federal e quem tem que prestar serviços básicos e promover o desenvolvimento social são os estados e prefeituras”, disse.

O texto da carta divulgada pelos governadores informa a preocupação com os riscos para a sustentabilidade econômica e social do país diante da vulnerabilidade provocada pela falta

Tucanos cobram equilíbrioPolítica

Presente ao evento, Sérgio Guerra (PSDB-PE), presidente nacional do partido, defendeu a decisão de discutir um reequilíbrio na distribuição dos recursos oriundos da arrecadação entre a União e os estados

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de uma política industrial consistente, que tem causado o desmonte do par-que industrial nacional. Na Carta de Curitiba, eles defendem a necessidade de “uma agenda emergencial e sincera com o governo federal, para um repo-sicionamento nacionalista em torno de temas como a redução de encargos e do comprometimento dos estados com o pagamento da dívida com a União”.

Segundo o governador mineiro, Antonio Anastásia, cada estado está propondo a revisão das dívidas e é sen-so comum que deve haver uma redução na taxa de juros cobrada em emprésti-mos feitos pela União. Segundo ele, a queda poderia variar entre 2% e 4%, de acordo com a capacidade de paga-mento da cada governo. “Temos que estabelecer um limite para o compro-metimento das receitas com o paga-mento de dívidas”, disse

Novos critérios para a distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE), a origem e o destino tributário do comércio eletrônico, além de outros temas crônicos como a distribuição dos royalties do petróleo e as compensa-ções financeiras decorrentes das perdas

Política

com a Lei Kandir também estiveram na pauta da reunião de governadores.

Reduzir as desigualdades

Simão Jatene, governador do Pará, elogiou o encontro e reforçou a importância de reduzir a desigualdade no Brasil. “O desafio da reconstrução brasileira vai exigir uma enorme capa-cidade dos governadores de valorizar o que nos aproxima. Esse país, além de diverso é muito desigual. Precisamos ter inteligência suficiente para utilizar a nossa diversidade para reduzir as desi-gualdades”, disse Jatene.

Segundo ele, a recuperação do pac-to federativo, tratada no encontro, signifi-ca recuperar a capacidade dos governos estaduais de responder às demandas da sociedade. “A gente sabe que saúde, edu-cação e segurança ainda são temas que precisam de convergência e de uma ação articulada das várias esferas de governo no sentido de atender a população e esta é nossa preocupação central”, afirmou.

O governador José Anchieta Jr, de Roraima, disse que o grupo de governa-dores representa metade da população

brasileira e 54% do PIB nacional, o que gera uma obrigação de estabelecer uma união em torno dos interesses do Bra-sil. “Saio de Curitiba satisfeito. Vamos construir um debate para nos unir aos outros governadores e levar essas pro-postas porque são questões suprapar-tidárias, principalmente com relação à quebra do pacto federativo. Ao longo dos anos, estamos perdendo e hoje es-tamos reféns do atual modelo”, disse Anchieta Jr.

Siqueira Campos, governador do Tocantins, reforçou a importância da adoção de critérios de justiça nas relações entre o Governo Federal e os estados. “O Governo Federal precisa entender que as relações devem ser re-publicanas. Tem que ser o justo, o que é correto”, disse.

Essa foi a quarta reunião realiza-da entre o grupo de governadores des-de o ano passado. “Estamos pensando no Brasil e o PSDB tem esse compro-misso. Nós, governadores, temos uma agenda em comum e essa agenda vai se desdobrando nessas reuniões, em ações práticas e efetivas”, explicou o governador mineiro.

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14 Abril 2012 - Estados & Municípios

O empresário, que está preso desde fevereiro, é acusado de explorar jogos ilegais e de

ter criado uma rede de tráfico de influ-ência que cooptou parlamentares, poli-ciais e outros agentes públicos.

A CPMI, que tem como integran-tes 32 parlamentares, 16 senadores e 16 deputados federais, será presidida pelo senador Vital do Rego (PMDB-PB) e terá como relator o deputado Odair Cunha (PT-MG). Ao assumir a presidência da Comissão, o senador paraibano destacou a importância da tarefa, afirmando que caberá à CPI in-vestigar com lisura e transparência os fatos divulgados pela imprensa.

“Não será uma tarefa fácil. Da minha parte posso prometer empe-

nho e muito trabalho”, disse Vital. Já o deputado Odair Cunha afirmou que a prioridade da CPI será a análise dos do-cumentos das operações da Polícia Fe-deral que envolvem Cachoeira. “Uma questão central é garantir que a análise dos documentos seja feita previamente à convocação de pessoas”, explicou.

O primeiro ato aprovado pelos senadores e deputados foi pedir infor-mações ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria Geral da República requerendo acesso aos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, da Po-lícia Federal, que investigaram as ativi-dades ilegais de Carlinhos Cachoeira.

O deputado Fernando Francischi-ni (PSDB-PR) alertou para a necessida-de de ouvir com urgência o depoimento de Carlos Cachoeira. Em sua opinião, isso tem que ser feito o mais rápido pos-sível, enquanto o empresário ainda está preso. “Se ouvirmos Cachoeira quando já estiver solto, combinando com seus cúmplices os depoimentos, vamos pas-sar vergonha”, opinou o tucano.

São suspeitos de envolvimento com o contraventor, o senador Demós-tenes Torres (GO), que era líder do Democratas no Senado e pediu desliga-mento do partido, os deputados Sandes

Júnior (PP-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Rubens Otoni (PT-GO).

O parlamentar petista, segun-do pedido de abertura de investigação apresentado pelo Psol, foi acusado de ter recebido R$ 100 mil de Cachoeira para constituição de caixa dois em cam-panha eleitoral. Segundo documento entregue à Presidência da Câmara dos Deputados, as escutas telefônicas da Po-lícia Federal indicam relações suspeitas e transações obscuras entre Leréia e um dos chefes da organização de Cachoei-ra, além de “conversas suspeitas” entre Júnior e o contraventor, acusado de che-fiar a máfia de caça-níqueis de Goiás.

Outra denúncia que será inves-tigada é sobre um empréstimo em di-nheiro que Cachoeira teria feito ao de-

Cachoeira afoga políticosA pressão da sociedade fez com que deputados e senadores se unissem para investigar, por meio de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), as relações do contraventor Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados

Política

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Estados & Municípios - Abril 2012 15

putado Stepan Nercessian (PPS-RJ), que se licenciou do partido até que sejam concluídas as investigações. “Ele mesmo pediu investigação sobre si, e o partido confia nele”, disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).

Já o senador goiano está envolvido em documentos e grampos telefônicos que apontam tráfico de influência para beneficiar Carlinhos Cachoeira, investi-gado na Operação Montecarlo da Polícia Federal. Demóstenes Torres afirmou ser inocente das acusações e adiantou que irá se defender por escrito e oralmente perante o Conselho de Ética. “Quero provar a minha inocência no mérito. E o foro competente é este Conselho de Éti-ca. Provarei que sou inocente”, afirmou Demóstenes.

Governadores

As gravações também apontam o envolvimento do grupo de Carlos Cachoeira com a construtora Delta, grande detentora de contratos com o Governo Federal e com vários governos estaduais. Além disso, aparecem nas in-vestigações da Polícia Federal ligações

do contraventor com integrantes do alto escalão dos governos do petista Ag-nelo Queiroz, do Distrito Federal, e do tucano Marconi Perillo, de Goiás.

Reunidos em Curitiba, os gover-nadores do PSDB reiteraram confiança no no colega de Goiás, Marconi Perillo. “Todos os esclarecimentos que depen-diam do governador de Goiás já foram dados”, segundo o presidente do parti-do, deputado federal Sérgio Guerra (PE). “O mérito, a integridade e a competência do governador de Goiás são reconhecidas pelo PSDB e aprovadas pela população”, afirmou Sérgio Guerra.

“Jamais fui procurado para tratar de assuntos ligados à ilegalidade. Nin-guém teria ousadia de me procurar para pedir esse tipo de coisa”, afirmou o governador Marconi Perillo. Perillo citou as ações da polícia de Goiás no combate ao crime organizado e expli-cou que o governo goiano tem apenas dois contratos com a empresa Delta – e, em ambos, as operações são lu-crativas ao governo estadual. “Estou tranquilo. Vamos continuar como um exemplo de gesta proba, criativa, de-senvolvimentista e que servirá de re-ferência aos companheiros do PSDB”, disse o governador.

Compartilhamento

O relator do processo contra o senador Demóstenes Torres no Conse-lho de Ética, senador Humberto Costa (PT-PE), pediu ao ministro do Supre-mo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, relator do processo que corre em segredo de Justiça no STF so-bre a operação Monte Carlo, o compar-tilhamento de informações.

Ele mostrou ao ministro a impor-tância de o conselho ter acesso a dados sobre o inquérito envolvendo Demós-tenes. O principal argumentou é o de

que, em outras situações, o STF já libe-rou informações relevantes para proces-sos disciplinares envolvendo senadores.

De acordo com Humberto Costa, o Conselho de Ética não tem tanto in-teresse no sigilo fiscal ou bancário, mas seria muito importante o acesso aos dados da quebra de sigilo telefônico de forma oficial, para construir um juízo sobre a possível quebra de decoro por parte do senador Demóstenes.

Reforma Política

Para o relator da Comissão Especial da Reforma Política, deputa-do Henrique Fontana (PT-RS), a crise política provocada pela suposta relação do contraventor Carlos Cachoeira com políticos fortalece a defesa do financia-mento público exclusivo de campanha, eixo de seu relatório que está em pro-cesso de votação no colegiado.

Para Fontana, as acusações de en-volvimento de políticos com o empresá-rio revelam “mais uma vez os porões do fi-nanciamento privado de campanhas, que permite ao crime organizado influenciar e financiar a política brasileira”.

Política

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16 Abril 2012 - Estados & Municípios

O Tribunal Superior Eleitoral realizará audiência pública nos dias 28 e 29 de maio

próximo para ouvir pessoas e entida-des sobre a redistribuição de vagas de deputados federais, estaduais e distritais do país. A decisão foi to-mada pelo Tribunal ao julgar petição que analisou pedido da Assembleia Legislativa do Amazonas para a rede-finição desse número.

Cabe à Justiça Eleitoral redefinir o número de deputados de acordo com a proporção de cada uma das populações nos estados. Segundo a Constituição Federal, o número total de deputados e a representação por estado e pelo Dis-trito Federal devem ser estabelecidos por lei complementar, proporcional-

Audiência pública definirá número de deputados

mente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma das unida-des da Federação tenha menos de oito ou mais de 70 deputados.

A Lei Complementar 78 estabe-lece que o número de deputados não pode ultrapassar 513 e que cabe ao Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE) fornecer os dados para a efetivação do cálculo. Feitos os cálcu-los, o TSE deve encaminhar aos tribu-nais regionais eleitorais e aos partidos políticos o número de vagas a serem disputadas.

Foram convidados para o en-contro, que será presidido pela minis-tra Nancy Andrighi, os ministros que compõem o TSE, os presidentes do

Senado Federal e da Câmara dos De-putados, além dos demais senadores e deputados federais, os presidentes de todas as Assembleias Legisla-tivas e da Câmara Legislativa do Distrito Federal, os presidentes e ministros dos demais tribunais superiores além do procurador-geral Eleitoral, o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, o advoga-do-geral da União e o defensor público-geral federal.

Transferência eleitoral

No dia 9 de maio termina o prazo para inscrição eleitoral e transferência de município ou de

Política

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Estados & Municípios - Abril 2012 17

zona eleitoral como local de votação. Também é a último dia para o eleitor com necessidades especiais (inclusi-ve idosos) solicitar transferência para uma seção de fácil acesso. No caso das transferências, o eleitor deve procurar o cartório eleitoral mais próximo de sua nova residência.

O eleitor que estiver com o título cancelado ou suspenso também deve regularizar sua situação - caso contrário não poderá votar, já que seu nome não irá constar da folha de votação de sua seção eleitoral. Para quem deseja apenas requerer a segunda via do título eleito-ral, sem qualquer alteração nos dados do documento, o prazo vai até o dia 27 de setembro (10 dias antes da eleição). Para evitar as filas que ocorrem todos os

anos, a Justiça Eleitoral recomenda que os interessados se dirijam aos cartórios com antecedência.

Para agilizar o atendimento, an-tes de ir ao cartório o eleitor pode so-licitar sua inscrição ou transferência pela internet no site www.tse.jus.br na opção Eleitor, pré-atendimento elei-toral. Trata-se do sistema Título Net, que permite preencher os dados pela internet e depois basta comparecer às unidades de atendimento da Justiça Eleitoral com a documentação exigida para receber o título.

Em caso de não comparecimento do cidadão, o requerimento será in-validado. É importante lembrar que o protocolo emitido não comprova a regularidade da inscrição ou a qui-

tação eleitoral. O documento informa somente o número e a data da solici-tação e é emitido apenas para agilizar o atendimento na unidade da Justiça Eleitoral. O interessado em tirar o tí-tulo pela primeira vez deve procurar o cartório eleitoral responsável por sua região, levando carteira de identidade, certificado de quitação com o serviço militar (no caso de homem maior de 18 anos) e comprovante de residência.

É importante lembrar que a car-teira de habilitação e o passaporte não serão aceitos para o fim de identifica-ção de quem procurar a Justiça Elei-toral para tirar o título de eleitor. Para transferência, basta levar o documento de identidade com foto e o compro-vante do novo endereço.

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18 Abril 2012 - Estados & Municípios

A Câmara Municipal de Cam-pinas (SP) elegeu o vereador Pedro Serafi m (PDT) para

ocupar o cargo de prefeito da cidade até o fi nal deste ano. Serafi m foi escolhido, com 22 dos 32 votos, para permanecer no cargo que já ocupa desde o ano passado, quando o prefeito Demétrio Vilagra (PT), foi cassado depois de acusado por irregularidades em contratos da prefeitura com a Sociedade de Abasteci-mento de Água e Saneamento (Sanasa).

Vilagra, que era vice-prefeito, ha-via assumido a prefeitura em agosto, depois que o então prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) foi cassado por envolvimento em transações fraudulen-tas descobertas na prefeitura.

Serafi m prometeu um choque de gestão para garantir a efi ciência nos ser-viços públicos sem descuidar do con-trole das fi nanças. Ele relembrou a crise institucional que afl igiu Campinas, com a cassação de dois prefeitos por suspei-tas de corrupção, e afi rmou a necessi-dade de que o município se dedique a restaurar não só a governabilidade mas também a governança.

A governabilidade, explicou, vem sendo construída com a obediência às decisões da Justiça, como a que deter-minou que ele, presidente da Câmara Municipal, assumisse o comando do Executivo para substituir os prefeitos cassados. E destacou que a sua eleição garante a estabilidade política e institu-cional para a cidade até o próximo plei-to, marcado para outubro deste ano.

Prefeitura de CampinasTrês prefeitos em quatro anos

Política

Prestação de serviços

Já a governança, destacou Se-rafi m, exige medidas que vão do estí-mulo ao funcionalismo municipal ao restabelecimento de condições para que os órgãos da Prefeitura trabalhem de forma competente e efi caz. “Temos obrigação de garantir à população a me-lhor prestação de serviços”, afi rmou.

O prefeito apontou o combate à corrupção como um dos seus objeti-vos permanentes e também disse que trabalhará para atender a um dos prin-cipais anseios da população: “Os cida-dãos desejam a superação da crise. Só assim poderemos reencontrar o cami-nho do progresso e do desenvolvimen-to”, observou.

Outro ponto enfatizado por Serafi m foi o aperfeiçoamento da ges-tão. Ele anunciou que o governo já tem concluído um projeto para aprimorar a condução da administração municipal. “A secretaria de Controle e Gestão, em conjunto com outros setores da prefei-tura, preparou o projeto com enfoque em dois objetivos: aprimorar o funcio-namento da máquina pública e ampliar a transparência dos atos da administra-ção”, concluiu.

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Três prefeitos em quatro anos

Política

A Câmara dos Deputados apro-vou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do de-

putado licenciado Maurício Rands (PT-PE), que permite aos municípios organizarem a carreira de procurador público municipal. A proposta será apreciada agora pelo Senado.

Segundo o autor, a criação da car-reira de procurador municipal permiti-rá aos municípios a melhoria do contro-le preventivo, com pareceres jurídicos mais bem elaborados e representação judicial mais efi ciente. “Não há argu-mento para excluir os municípios da exigência constitucional de organiza-rem suas carreiras de procurador”, jus-tifi cou Maurício Rands.

Atualmente, a Constituição per-mite apenas aos estados, ao Distrito Federal e à União manterem a carreira de procurador. O texto constitucional

especifi ca ainda que o ingresso nela de-pende de concurso público de provas e títulos. Aos procuradores cabe repre-sentar judicialmente a respectiva uni-dade federada e realizar a consultoria jurídica necessária.

Esta é a segunda vez que o arti-go da Carta Magna sobre o assunto é mudado. Em 1998, a Emenda Consti-tucional 19 determinou a participação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em todas as fases dos concursos dos estados e do Distrito Federal. Com a redação dada pela PEC, a exigência será estendida aos municípios.

O relator da matéria na comissão especial foi o ex-deputado Nelson Trad (PMDB-MS), que faleceu em dezem-bro do ano passado. Na discussão da matéria, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) elogiou o presidente da Câmara, Marco Maia, por colocar em

Cidades ganham procurador público

Federal e à União manterem a carreira de procurador. O texto constitucional

Sá (PTB-SP) elogiou o presidente da Câmara, Marco Maia, por colocar em

votação a PEC. “Quando fui secretário municipal, tive o apoio da procuradoria e pude perceber o profi ssionalismo des-ses servidores”, afi rmou.

Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), a possiblidade de regula-mentar a carreira ajudará sobretudo os cidadãos. “Muitas vezes, eles não têm a defesa jurídica que os órgãos públicos têm”, declarou.

Cursos de formação

Tramita na Câmara projeto de lei que torna obrigatória a frequência em cursos de formação de candidatos elei-tos aos cargos de senador, deputado fe-deral e distrital, vereador e prefeito. Pela proposta do deputado Edson Pimenta (PSD-BA), os currículos dos cursos de-verão conter as disciplinas Administra-ção Pública, Ciência Política, Regimen-to Interno, e Direitos Constitucional, Eleitoral e Partidário.

“Trata-se de providência que visa a dotar a pessoa que exerce o mandato popular de formação necessária para o exercício da política e da gestão públi-ca”, afi rmou o autor. De acordo com o projeto, os cursos deverão ser ministra-dos pelos Tribunais Regionais Eleitorais. O Tribunal Superior Eleitoral regulamen-tará a matéria, inclusive em relação ao conteúdo e à duração dos cursos.

“Não há argumento para excluir os municípios da exigência constitucional de organizarem suas carreiras de procurador”

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20 Abril 2012 - Estados & Municípios

Política

Gaúcha de Porto Alegre, Ma-nuela d’Ávila iniciou sua trajetória política em 1999,

no movimento estudantil. Dois anos depois ingressou na política partidá-ria pelo Partido Comunista do Brasil (PcdoB), sendo eleita em 2004 a mais jovem vereadora de Porto Alegre. Em 2006 foi a deputada federal mais votada do Rio Grande do Sul.

Experiente e fortalecida

A derrota na eleição municipal de 2008 não a enfraqueceu politicamente, muito pelo contrário. Amadurecida e ainda mais fortalecida pelas urnas, em 2010 Manuela foi a deputada federal mais votada da história do Rio Grande do Sul, com quase meio milhão de vo-tos, e a deputada mais votada do Brasil. Em 2011 foi apontada pela revista Épo-ca como uma das 40 personalidades com menos de 40 anos mais infl uentes do Brasil.

Como parlamentar, Manuela foi relatora da Lei dos Estágios, do Esta-tuto da Juventude e do Vale-Cultura, presidente da Comissão de Direitos

Manuela mostra força no Sul A disputa pela prefeitura de Porto Alegre deve contar com a força e a beleza de

uma comunista que está arrebatando aliados por onde passa. Pré-candidata à prefei-tura da capital do Rio Grande do Sul, a deputada federal Manuela d’Ávila, do PCdoB gaúcho, já conquistou aliados de peso como PSD, PSB e parte expressiva do PP, e continua buscando novos parceiros de luta.

“Não se constrói sozinho uma resposta para os problemas de Porto Alegre. Te-mos um programa de governo e estamos conversando com todos os partidos que con-cordam com nosso diagnóstico da cidade”.

A caminhada é longa, mas as primeiras pesquisas de opinião realizadas no mu-nicípio mostram que a disputa será acirrada. Segundo a última pesquisa, Manuela está liderando a disputa com uma pequena vantagem sobre o atual prefeito e candidato a reeleição, João Fortunati.

“As pesquisas estão mostrando que uma parte expressiva da população identifi -ca a necessidade de renovação na política municipal. Mas eleição não se ganha com pesquisa, se ganha no voto”, ressalta a jovem candidata.

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Estados & Municípios - Abril 2012 21

Política

Humanos e Minorias, vice-presidente da Comissão de Trabalho, de Adminis-tração e Serviço Público. Integra a Fren-te Parlamentar em Defesa da Liberdade na Internet e a Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT. É vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Depu-tados e, desde julho de 2011 é vice-líder do governo no Congresso.

É com esse histórico e com a determinação de modernizar a admi-nistração municipal que ela parte para mais uma disputa pela prefeitura de sua terra natal. “Sou de uma geração que é aliada da tecnologia. E pretendo usá-la para gerenciar a cidade e torná-la mais eficiente e ágil para o cidadão”.

A transparência administrativa também é uma bandeira importante: “não consigo entender como é que o povo ainda tem que correr atrás das in-formações da prefeitura e não a prefei-tura disponibilizar as suas informações”.

Segundo Manuela d’Ávila, a pre-feitura tem que ser uma máquina que não atrapalhe a vida do povo Por isso, o grande desafio é fazer com que a prefei-tura possa cuidar da cidade, melhorar a vida da população e jamais atrapalhar o desenvolvimento da cidade.

“Tenho certeza que a prefeitura pode ser muito mais moderna e eficien-

te. Eu acredito que o serviço público não precisa ser esse trambolho bagun-çado e desorganizado. Pode ser organi-zado, leve e eficiente”.

Força feminina

Mais do que um desejo, a expec-tativa de governar sua cidade natal, que está completando 240 anos de funda-ção, é um desafio para Manuela d’Ávila: “Porto Alegre é a cidade que me ensi-nou a militar e que reforça, todos os dias, a coragem e a vontade de traba-lhar sempre mais para superarmos as diferenças sociais, para garantirmos os direitos fundamentais a todos os seus cidadãos”.

Para Manuela, o fortalecimento da democracia passa pela real partici-pação das mulheres no poder e por mu-danças no sistema eleitoral brasileiro, que dificulta a presença das mulheres. “Temos grandes mulheres eleitas tanto no Rio Grande do Sul quanto em todo o país, mas a política ainda é um univer-so majoritariamente masculino”.

Manuela d’Ávila está decidida a invadir cada vez mais esse universo. “As mudanças que protagonizarmos hoje, serão refletidas num futuro próximo e tenho certeza de que nós, mulheres, estamos preparadas para vencer os de-

safios que teremos pela frente”, ressalta.Admiradora da beleza do Guaíba,

Manuela defende que o aproveitamen-to do potencial da orla em toda sua extensão seja uma questão central para a prefeitura de Porto Alegre. “Sempre vi o Guaíba como uma grande riqueza natural. Soma-se a isso nossa maior ri-queza, que são as pessoas. Ou promo-vemos a união desses fatores, ou perde-remos parte significativa do que temos de melhor em nossa cidade”, afirmou Manuela

Reconhecida pela defesa dos inte-resses da juventude e dos trabalhadores, a jovem deputada federal defende a par-ticipação dos jovens nas decisões polí-ticas do país com a convicção de que é preciso agir no presente para melhorar o futuro. “Ao investirmos na juventude brasileira, estamos mudando o presente que elas vivem, ao mesmo tempo em que estamos projetando um futuro melhor, com mais chances e perspectivas”, disse.

Sua preocupação com os jovens inclui O combate rigoroso às dro-gas, uma de suas principais bandeiras. “Hoje sabemos que é possível enfrentar o vício, atuando em diversas frentes, como a prevenção, o combate e o en-frentamento ao tráfico.Essa é uma luta da sociedade e precisa ser vencida com a união de esforços”.

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22 Abril 2012 - Estados & Municípios

Direita e esquerda, iguais

Uma das grandes dificuldades da geração que viveu o período da ditadu-ra era a convivência com direitistas e esquerdistas. Muitos de nós tínhamos consciência de que essa divisão era im-becil e discriminatória.

Por exemplo: tive um tio, Antônio Almeida, que foi tenente do Exército e era um dos mais corretos seres humanos na face da Terra. Durante alguns anos, acompanhou Guimarães Rosa, como assessor militar em embaixadas. Vejam só! Mas, se os esquerdistas soubessem da minha convivência com um tenen-te, teria dificuldade para sobreviver nos chamados meios intelectuais, domina-dos por uma esquerda alucinada.

O famoso Cacá Diegues em de-terminado momento soltou um brado: “Não aceito mais patrulha ideológica”. Mas aí a gente já tinha sofrido disso du-rante uma década.

Meio comunista, eu?

Em 1988, depois de trabalhar em chefias durante dez anos no Correio Braziliense, pedi demissão e fiquei por conta própria. Joaquim Roriz assumiu como governador nomeado e recebeu indicação do meu nome para secretário de Comunicação Social. Um dos que me recomendaram foi Ronaldo Junqueira, hoje dono do Jornal da Comunidade.

Anos depois, o próprio Ronaldo me confessou, rindo bastante, que pre-

veniu Roriz: “O único problema é que ele é meio comunista”.

É assim que se dividia o país. Como poderia ser meio comunista um cara que, anos antes, chefiou a redação da Voz do Brasil? Será que os serviços de inteligência da ditadura eram tão ruins? Na verdade, a brincadeira de Ronaldo com Roriz expressava a divi-são que havia, deixando a juventude da época dividida.

Ideologia? o futebol

Nas décadas de 60 e 70, você não podia ter um primo como preso polí-tico, nem um tio tenente do Exército. Era um inferno. E a minha principal ideologia era o futebol, esporte prati-

Reflexões sobre a ditaduraRENATO RIELLA

“ Rasgaram minha calça jeans. Jogaram fora meus sapatos e meus óculos. E me obrigaram a atravessar, num mergulho, piscina ornamental de seis metros de largura. A água estava podre, cheia de grosso limo”

Política

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Estados & Municípios - Abril 2012 23

cado dias vezes por semana, com direi-tistas e esquerdistas, que nesse caso se uniam.

Não ser de direita nem de esquer-da não tirava da gente a consciência de que o Brasil tinha desequilíbrios so-ciais, injustiças e torturas feitas pelos dois grupos.

Meu pai, grande comerciante na Bahia, via a Revolução de 1964 e a di-tadura que se seguiu com extremo ceti-cismo. Ele sabia que, no essencial, nada mudou, nada mudaria.

O grande problema dele, em 40 anos como dono de um grande armazém em Salvador, sempre foi a corrupção dos fiscais. E veio a Su-nab (Superintendência Nacional de Abastecimento), com a qual teve de pagar mais propina do que nun-ca para não ter o armazém fechado. Tudo era a mesma porcaria, tanto no esquerdismo de Jango como no direi-tismo de Geisel.

E queriam que nós, a imensa maioria de jovens intelectuais, fôsse-mos a favor de uma ou outra facção ide-ológica... Felizmente, um dia, o Muro de Berlim caiu!

Mas, pelo menos, não temos mais a patrulha ideológica.

Cacá Diegues venceu. Obrigado!

Revolução da ditadura

No dia 31 de março de 1964, es-tudante do Colégio Maristas de Salva-dor, tinha 15 anos de idade e nenhuma visão política. Apenas jogava bola e frequentava aulas (nesta ordem), mas sempre passava de ano.

Logo no início das aulas, os ir-mãos maristas nos informaram que havia estourado uma revolução militar, com a deposição do presidente João Goulart. Havia grandes movimenta-ções de tropas em Minas, São Paulo, Rio e Brasília. Em Salvador, as coisas pareciam calmas, mas mesmo assim fo-mos mandados embora para casa.

O Colégio Maristas ficava no centro, no bairro de Canela. Morávamos na Pituba, orla marítima. Voltei de ônibus, apressado, pois fui curtir futebol na praia. Oba!

A chamada revolução não agitou a vida dos baianos. A rigor, de 1964 a 1974, não vimos muito confronto de rua. A Bahia foi um estado que sofreu pouco impacto da ditadura na sua vida diária. Mas convivíamos com esquer-distas que, no dia-a-dia, nos constran-giam mais do que os caras da ditadura, que ficavam nos seus quarteis.

Monstros de Ibiúna

Em 1968, passei no vestibular de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Era o foco da esquerda, mas a minha turma parecia bem distante da política. Tinha muitos colegas dos Maristas, isentos, querendo só estudar, namorar, crescer na vida

Sofremos um trote monstruoso na primeira semana de aulas. Os es-querdinhas fizeram até abusos sexuais (leves) com as calouras. No meu caso, como tentei suave reação, pintaram meu longo cabelo ondulado com tinta óleo tóxica. Rasgaram minha calça je-ans. Jogaram fora meus sapatos e meus

óculos. E me obrigaram a atravessar, num mergulho, piscina ornamental de seis me-tros de largura. A água estava podre, cheia de grosso limo. Depois disso, pude ir para casa de ônibus, sem chiar.

Sofri grave infecção intestinal, pro-vavelmente pela água podre que ingeri. Cecília, minha mãe, fez cuidadoso corte na minha cabeleira, sem raspar a cabeça. Dias depois, meu cabelo começou a sol-tar-se em tufos. Ela fazia longas massagens com Pantene e, dias depois, tudo voltou ao normal. Quase morri com a infecção intestinal e caí para 55kg (hoje tenho 73).

Torturadores torturados

Meses depois, em setembro de 1968, os miseráveis esquerdistas que aplicaram o trote criminoso nos obrigaram a participar da partida da comitiva de comunistas que iria ao Congresso da União dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP). Foram de micro-ônibus e rezamos muito para o ônibus capotar no despenhadeiro. Setembro de 1968.

A nossa praga teve efeito pior. Dias depois, soubemos que o Congres-so de Ibiúna (Woodstock da esquerda brasileira) havia sido explodido pelos militares. Os caras que nos torturaram no trote de vestibular estavam sendo tortura-dos por gente da ditadura, em companhia de esquerdistas hoje famosos, entre os quais José Dirceu.

No sábado, na cantina da Faculda-de de Arquitetura, tomamos muita cer-veja para comemorar a queda da dita-dura esquerdista na nossa escola. E nem éramos de direita. A gente não era nada. Àquela altura, minha atividade principal ainda era o futebol na praia.

Saudade de José Wilson

A convivência com esquerdistas, na ditadura, era paradoxal. Se sofri com

Política

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24 Abril 2012 - Estados & Municípios

monstros torturadores na Faculdade de Arquitetura, conheci gente bem melhor quando comecei a trabalhar em jornal, meses depois do trote assustador.

Uma dessas pessoas foi José Wilson (nunca soube o sobrenome). Trabalhamos juntos no Diário de No-tícias de Salvador, como repórteres. Aos poucos, ficamos muito amigos. Soube que, embora muito novo, tra-balhou como redator no programa de Chico Anísio, no Rio. Estava em Salvador porque teve problemas com a ditadura. Mas era cauteloso e não fa-lava mais do que isso.

Depois de dois anos trabalhando juntos, um dia me confessou: pressio-nado pela família, estava voltando ao Rio para se entregar e ser preso pelo Exército. Vivia foragido na Bahia. Por isso, só assinava matéria como José Wil-son, sem sobrenome.

Foi preso mesmo, sem julga-mento nem nada. A gente se corres-pondeu umas três vezes por cartas. Hemofílico, contou-me que sofria há meses de sangramento num dente e estava anêmico. Insisti para que sua família procurasse algum general para relatar o caso, etc.

Nesse período, minha mãe, Ce-cília, acompanhou uma baiana muito

rica em viagem ao Rio. Essa mulher frequentava uma vidente de alto ní-vel. Na consulta, a vidente pediu para falar a sós com minha mãe e lhe disse: “Você tem um filho em Salvador, muito moço, mas já famoso. Ele está escreven-do cartas para um preso aqui no Rio e pode ser preso também, se continuar fazendo isso”.

Na volta para a Bahia, a grande Cecília me perguntou se isso estava ocorrendo comigo. Disse que sim. De-pois disso, passei a telefonar para um irmão de José Wilson, de vez em quando. Até que ele me disse: “Morreu na prisão. Foi melhor assim. Estava sofrendo muito”.

Chorei. Só chorei. Mas não chorei só por José Wilson. Chorei por um Bra-sil em que minorias de direita e esquer-da provocavam barbaridades, arbitrarie-dades. Temia que nunca mais tivéssemos lei, nem humanidade, nem liberdade nes-te incrível país.

Mas Deus é brasileiro. Oba!

Ditadura nunca mais

Muita gente escreveu sobre o dia 31 de março. Fazem 48 anos que os mi-litares tomaram o poder, para mandar no Brasil durante 20 anos (64-84). No geral, a vida brasileira manteve-se relati-vamente normal naquelas duas décadas, mas há episódios difíceis de se acreditar, para quem não viveu aquela época.

Já tentei mostrar isso a jovens, em conversas diversas e até em palestras, mas certamente eles não acreditam plena-mente.

Vejam um caso. Foi em 1971, quando chefiei a redação do jornal as-sociado Diário de Notícias, em Salva-dor. Tinha pouca idade, mas eles tive-ram a loucura de me entregar um jornal diário.

Num determinado dia, em plena ditadura, houve intensa greve de táxis em Salvador, com piquetes e repres-

são dura por parte das forças armadas. Cobrimos com cuidado o movimento e editamos duas páginas. Às 22 horas, quando estava saindo da redação, che-garam dois agentes da Polícia Federal, sem mandado nem qualquer papel, e disseram: “Está proibida qualquer publicação sobre a greve”.

Aleguei que estava sozinho e não tinha como alterar duas páginas. Mas nada! Era tudo ou nada! O jornal seria recolhido nas bancas. Sem opção, desci à oficina gráfica e coloquei um anún-cio frio numa das páginas. Na outra, improvisei algum material qualquer. E fui para casa sabendo que havia sido violentado. Mas o que fazer? Era assim. Quem comprou o jornal não entendeu como uma greve geral não estava em nenhuma página.

Medidas de emergência

Anos depois, na redação do Cor-reio Braziliense, vieram as medidas de emergência. Isso foi na década de 80, quando o chefão do Exército no DF era o maluco ridículo chamado Newton Cruz. Com as medidas de emergência em Brasília, durante 120 dias os direi-tos constitucionais ficavam suspensos. Era proibida reunião pública de mais de cinco pessoas e qualquer cidadão podia ser preso por nada.

Como protesto, criei junto com o ilustrador Lopes e o editor Fernan-do Lemos (falecido recentemente) um reloginho, que saía na primeira página do Correio, todos os dias, afirmando: faltam cem dias para o fim das medidas de emergência; faltam noventa; faltam quarenta...

No meio dessa divulgação decres-cente, o Exército percebeu a sutil ironia do protesto e mandou parar o relogi-nho. Nós, da redação, pressionados pela direção do jornal, brigamos muito - por tão pouco - e mantivemos o símbolo até

Política

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Estados & Municípios - Abril 2012 25

o fim. No último dia, o reloginho ex-plodiu grande na primeira página, mos-trando que as medidas de emergência estavam acabando. Ufa!

Os protestos eram assim, dentro do possível, até que conquistamos hoje a condição de país mais democrático do mundo. Duvido que exista hoje outra na-ção mais livre do que a nossa. E a ditadura ficou na memória dos mais velhos. Como diz Guimarães Rosa, sofrimento passado é glória. Valeu a pena resistir.

Arbitrariedade na Bahia

Na Bahia, fui chamado três vezes à Polícia Federal por causa de publica-ções consideradas inconvenientes. O diretor da PF era um velho chamado Luiz Artur, considerado monstruoso. Comigo, posso dizer, saí no lucro.

Nas vezes em que me convocou, tomei chá de cadeira de quatro a cin-co horas num banquinho da recepção. Uma grande humilhação! Não serviam nem água! Enquanto isso, a redação precisava muito da minha presença, para fechar as páginas - mas o pessoal ia se virando.

Depois de cinco horas, o horripi-lante Luiz Artur gritava meu nome no corredor e dizia: “Pode ir embora. Você

sabe por que foi chamado aqui. Da próxima vez a coisa pode se complicar, viu!” Felizmente escapei, mas continu-amos a furar os bloqueios, correndo o risco de um dia dormir na prisão – não se sabe como.

Não éramos heróis. Não tínhamos noção de rebeldia planejada. Apenas fa-zíamos jornal com grande entusiasmo numa ditadura em que alguns morreram de forma bárbara. Mas devemos come-morar, pois em países como Argentina e Chile as coisas foram muito piores.

Caso Ana Lídia, um exemplo

Para terminar, mais um episódio. Cheguei em Brasília no ano de 1973. Em 1972, a menina Ana Lídia havia sido assassinada. Foi o crime mais bárbaro no início da cidade. E as investigações não andavam, pois os assassinos eram playboys, filhos de grandes autoridades.

Em 1974, como editor de polícia do jornal Diário de Brasília, liderei uma investigação jornalística mostrando que o filho do ministro da Justiça, Alfredo Buzaid Júnior, e Rezendinho, filho do então senador Eurico Rezende, seriam os assassinos. Drogados, praticaram horríveis crimes sexuais contra a meni-na lourinha, antes de matá-la. Quando a investigação avançou, a Polícia Federal ameaçou fechar o jornal.

Mudei de redação e fui para o jornal Correio do Planalto. Era explo-sivo, bem popular. Consuelo Badra era uma das donas. Junto com o chargista Siroba, criamos uma história em qua-drinhos diária, sobre o caso Ana Lídia. Publicamos cerca de dez páginas absur-damente bem desenhadas por Siroba, com roteiro meu. Quando avançamos na definição do caso, apareceu de novo a Polícia Federal. E assim a historinha não teve final. Morreu no meio.

Desisti. Fui para o Correio Bra-ziliense. Um belo dia, a repórter Ilara

Viotti, sabendo do meu interesse pelo caso, contou-me que seu irmão foi cole-ga de sala do irmão de Ana Lídia, Álvaro Braga. Perguntei-lhe se entre os colegas havia alguém famoso e ela falou: “Sim, o Buzaidinho!” Era a prova que faltava.

Busquei no colégio as fichas esco-lares de Álvaro e Buzaidinho e consegui publicar no Correio essa denúncia. A essas alturas, ainda na ditadura, Buzaid já não era mais o ministro da Justiça e o Correio é o Correio. Além do mais, Buzaidinho já havia morrido num es-tranho acidente de carro no Paraná.

Graças a isso, historicamente, em plena ditadura, conseguimos con-solidar a versão de que Ana Lídia foi morta por Buzaidinho e Rezendinho. Há poucos anos, a TV Globo fez um programa Linha Direta completa so-bre o caso, em que apareci algumas vezes dando depoimento. E essa ma-téria da Globo eternizou o assunto, afirmando que os assassinos eram mesmo os dois jovens (Rezendinho também já havia morrido: suicidou-se com revólver).

Esse caso da Ana Lídia mostra como questões particulares, monstru-osas, eram relacionadas com as ques-tões políticas. Como não tínhamos democracia nem poderes poderosos, um crime de repercussão internacio-nal pôde permanecer impune, embo-ra toda a cidade comentasse que os assassinos eram os playboys famosos. Como se diz, fiz a minha parte, mas me pergunto: será que não podia fa-zer mais?

Todos os que sobreviveram à dita-dura têm esse sentimento, hoje que vi-vemos numa democracia. Por que não reagi de forma mais firme?

O importante é que construímos instituições fortes.

Golpe, no Brasil, nunca mais! So-bre isso temos absoluta certeza. Demo-cracia é tão importante quanto ar puro.

Política

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26 Abril 2012 - Estados & Municípios

A partir de 10 junho os partidos políticos já poderão realizar suas convenções para deliberar

sobre coligações e escolher os candi-datos – prefeitos, vice-prefeitos e vere-adores - para as eleições municipais de outubro. E a exemplo das três últimas eleições (2000/2004/2008), cerca de 70% dos atuais governantes municipais devem disputar a reeleição.

Pesquisa realizada pela Confede-ração Nacional de Municípios (CNM) mostra que, dos 5.563 municípios do país, em 3.302 (59,35%) os atuais prefeitos podem concorrer a um novo mandato. “A análise por Estado indica que a proporção nacional se repete na maioria das unidades da federação. A média dos atuais prefeitos que pretende concorrer fica em torno de 70%”, disse o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Desse total, segundo o levan-tamento realizado em março, 2.418 (73,13%) anteciparam que pretendem concorrer; outros 500 (15,14%) não concorrerão e 333 (18,88%) ainda estão indecisos. Em 51 municípios, a CNM não conseguiu contato com os atuais prefeitos.

O Estado com o maior número proporcional é o de Rondônia. Dos 36 prefeitos, 32 já decidiram concorrer e somente dois indicaram que não parti-ciparão do pleito.

No Amapá, dos sete municípios onde pode haver reeleição, seis já decidi-ram concorrer e somente um disse não.

Nas eleições municipais ante-riores, a quantidade de prefeitos que se candidataram à reeleição foram: em 2000, 62%; em 2004, 63,3%; e em 2008, 76,9%.

Estados

De um total de 399 municípios do Paraná, 219 poderiam concorrer. Desse total, 166 (75,8%) já manifestaram que são candidatos.

O Estado de Minas Gerais, que tem o maior número de municípios (853), 457 podem concorrer a novo mandato. Porém, ouvidos pela CNM, 319 (69,8%) confirmaram que concor-rerão; 53 (11,6%) já disseram não e 81 (17,73%) estão indecisos.

Em outro Estado com grande nú-mero de municípios, São Paulo --654

no total--, pode haver reeleição em 350. Destes, em 278 (79,43%) os atuais pre-feitos irão concorrer, em 27 (7,71%) não irão e em 45 (12,86%) ainda estão indecisos.

Dos 92 municípios do Rio de Ja-neiro, em 63 deles pode haver reeleição. Dos atuais prefeitos, 39 (61,6%) irão à reeleição, 9 (14,9%) decidiram não ir e em 11 (17,4%) ainda estão indecisos.

Já na Bahia, com seus 417 muni-cípios, em 264 pode haver reeleição. Na consulta da CNM, 202 prefeitos (76,52%) confirmaram que concorre-rão; em 27 não vão concorrer e em 30 ainda estão indecisos.

Partidos

A pesquisa mostra que o PMDB elegeu 1.199 prefeitos em 2008, tem atualmente 1.181 e 660 podem concor-rer --461 (68%) já decidiram candida-tar-se a um novo mandato.

Já o PSDB elegeu 789, tem 736 e 391 podem concorrer. Destes, 288 (73%) pretendem concorrer.

O PT elegeu em 2008 553 prefei-tos, hoje conta com 564 e 374 podem concorrer. Até agora, 275 (77%) anteci-param que pretendem disputar o pleito de outubro.

De olho na reeleiçãoPolítica

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28 Estados & Municípios - Abril 2012

RENATO RIELLA [email protected]

Carlinhos, o imperador

O império de Carlinhos Cachoeira se estende a mais de dez estados (além de áreas importantes do Governo Federal). Seu poder de fogo passa dos R$ 10 bilhões.

Cachoeira é um megalomanía-co. Enriqueceu com o jogo ilícito, mas virou a cabeça. Manteve o jogo como negócio sentimental, mas há dez anos age em muitas outras áreas ilícitas. Ele sonhava em ter um Estado paralelo, com estruturas montadas em diversas regiões brasileiras, para dominar obras e serviços públicos, ampliando seu poderio e sua ri-queza. Mas dançou. A casa caiu.

Nextel derrubou gang

O Brasil devia prestar uma home-nagem à Nextel. Graças aos radinhos dessa empresa, que pareciam imunes a grampos, a Polícia Federal conseguiu produzir 38 mil horas de gravação en-volvendo Cachoeira e seus parceiros (na verdade, cúmplices). Só a pontinha desse estoque de fitas apareceu até agora.

É claro que, entre as gravações, há muita coisa que não será divulgada. Milha-res de horas de gravações são desinteressan-

tes, banais ou inconvenientes, mas ainda há muita bomba a sair por aí.

Juros em queda

Diversas taxas de juros ao consumi-dor mantêm-se excessivamente altas. Algu-mas chegam a quase 200% ao ano, em níveis acima dos principais agiotas.

Quanto aos juros fixados pela taxa Selic, do Banco Central, vão caindo sob inspiração da presidente Dilma Rousse-ff e já estão nos 9%. Em abril, ocorreu o sexto corte seguido. Com isso, o Brasil perdeu o primeiro lugar do ranking das maiores taxas reais dos juros do mundo para a Rússia. Agora, os juros reais no Bra-sil estão em cerca de 3,4%. Na Rússia são de 4,2%.

De olho no supremo

Os olhares políticos no Brasil estão voltados para o Supremo Tribunal Federal, onde o novo presidente, Carlos Ayres Brito, assumiu no lugar de Cesar Peluzo.

No STF, todos querem saber do men-salão, grande desafio nacional para este ano. Ayres Brito é hoje uma das personalidades políticas mais admiradas do Brasil, pela sua postura humanista e linguagem literária profunda. Mas só vai ficar na presidência do Supremo até novembro, quando atinge o li-mite dos 70 anos.

Brasília, 52 anos

Brasília chegou aos 52 anos. Além de construções ainda modernas, destaca-se por costumes surpreendentes no Brasil.

Por exemplo, em Brasília, os motoristas não buzinam. Se alguém faz barulho no trânsito, deve ser forasteiro.

A Capital surpreende também pelo respeito à faixa de pedestre. E destaca-se pelos imensos gramados. Em Brasília, não é proibido pisar na grama. Em compensação, a violência já assusta os brasilienses. Nem tudo é perfeito!

Homenagem merecida a FL

O jornalista Fernando Lemos faleceu em Brasília, aos 64 anos, e causou conster-nação em muitas áreas. Foi lembrada grande parte da sua trajetória.

Por exemplo, em 1987, ele era o in-telectual de maior influência sobre o então governador do DF, José Aparecido. Nessa condição, teve grande peso na luta para que Brasília fosse reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. Na sua despedida, Brasília reconheceu este mérito e muitos outros.

Bi-tributação Brasil-EUA

O caso Cachoeira e a ameaça de CPI ofuscaram a passagem por Brasília da secre-tária de Estado dos Estados Unidos, Hillary

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Estados & Municípios - Abril 2012 29

COLUNISTA

Clinton. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Bra-ga de Andrade, aproveitou a visita dela para pedir a isenção da bitributação (cobrança de impostos duas vezes) entre o comércio dos dois países como prioridade para a continui-dade do crescimento de investimentos pela iniciativa privada.

Dilma corre perigo

O que fazer para enfrentar uma presi-dente da República que não tem rabo preso e contraria os especuladores?

Dilma Rousseff precisa se precaver para ameaças de toda ordem. Forças poderosas estão às voltas com uma pre-sidente que pretende chegar ao final do governo com juros na faixa próxima dos 2% (hoje, 9%). Cada 1% que é suprimi-do da taxa representa economia de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões no pagamento dos juros da dívida interna. Imaginem quanto especulador financeiro não está perdendo milhões e milhões!

Agnelo (ainda) não cai

Especula-se em Brasília que o gover-nador do DF, Agnelo Queiroz, vai deixar o governo do DF a qualquer momento. Ag-nelo vai cair quando o Cascão tomar banho, ou quando Ronaldo Fenômeno perder a barriga.

Antes de falar besteira em Brasília, todos devem ler a Constituição: o artigo 86 afirma que um governador só pode ser

retirado do cargo por decisão de dois terços do Legislativo. Tanto Agnelo como o gover-nador de Goiás, Marconi Perillo, têm amplo domínio das suas assembléias e quase certa-mente ficarão onde estão.

Flamengo no lixo

No Brasil, péssimos administradores conseguem abalar grandes marcas, de forma irresponsável. É o que se diz do Flamengo, o time líder de torcida, cercado sempre de escândalos e péssimos resultados.

O rubro-negro ainda não se recu-perou do episódio com o goleiro Bruno. E insiste em contratações de baladeiros, milicianos ou indivíduos apaixonados por confusão.Pensar em contratar Adria-no, por exemplo, é uma atitude suicida e inexplicável.

Mínimo será de r$ 667,75

A proposta da Lei de Diretrizes Orça-mentárias, a ser votada no Congresso, esta-beleceu que o salário mínimo terá aumento de 7,36% em 2013, indo para R$ 667,75.

A inflação deverá atingir 4,5% em 2013, ficando no centro da meta; e o PIB deverá crescer 5,5%, segundo a ótica oficial. O governo promete fazer esforço extra para cumprir a meta cheia de superávit primário de R$ 155,9 bi-lhões, sendo R$ 47,8 bilhões dos esta-dos e R$ 108,1 bilhões do governo fe-deral, Banco Central e INSS.

A decadência da PM

É inexplicável o que aconteceu com a Polícia Militar em Brasília, dominada por li-deranças políticas desencontradas entre si. É uma instituição com imagem decadente. A população revolta-se com essa corporação, que não faz discussão interna para avaliar as perdas sofridas com a tentativa de uma greve proibida pela Constituição. A PM, nos últimos anos, foi um grande trampolim para carreiras políticas curtas.

UNB sai do plano piloto

A Universidade de Brasília comple-tou 50 anos no dia 21 de abril (mesma data da criação de Brasília). Hoje a UnB esten-deu-se e está com campus nas cidades do Gama, Planaltina e Ceilândia, pretendendo instalar-se também no Paranoá, onde já tem atividades expressivas. Mas está na hora de se discutir melhor a UnB, entidade que sofre graves dificuldades financeiras.

Filmes nacionais imperdíveis

Pelo menos três grandes filmes na-cionais fazem sucesso neste semestre. Um deles é Heleno, focalizando de forma sen-sacional o drama do craque do Botafogo da década de 40.

Outro grande filme é Xingu, que mos-tra para os brasileiros os irmãos Villas-Boas, na selva, com os índios. E há o filme sobre a vida do fantástico Raul Seixas. Imperdíveis!

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30 Abril 2012 - Estados & Municípios

Estados & Municípios - O GDF assinou o Pacto Nacional de Enfren-tamento à Violência contra as Mu-lheres. Como este pacto será aplica-do no DF?

Olgamir Amância - As ações do Pacto fortalecem a Rede de Atendi-mento à Mulher Vítima de Violência, formada pela Secretaria da Mulher e por todas aquelas que se relacionam diretamente com o tema, como Segu-rança Pública, Saúde, Trabalho, Desen-volvimento Social, Turismo e também instituições como o Ministério Público, Tribunal de Justiça e Defensoria Públi-ca. Esse formato de trabalho em rede é previsto por uma política nacional que o GDF cumpre à risca, tanto que fomos a primeira unidade da federação a assi-nar a repactuação neste ano.

A Lei Orçamentária Anual já havia sido finalizada na data de cria-ção dessa Secretaria. Sendo assim, com quais recursos e parceiros fun-ciona essa Pasta?

A Secretaria da Mulher incorpo-rou algumas estruturas que já existiam

no âmbito do Governo do Distrito Federal, como a Casa Abrigo, os Cen-tros de Referência de Atendimento à Mulher e os Núcleos de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica. Para estes equipamentos, no primeiro ano de trabalho da Secre-taria, contamos com recursos prove-nientes da Secretaria de Justiça, dos Direitos Humanos e da Cidadania, à qual estavam ligados esses equipa-mentos. Para 2012 e até 2015 a situ-ação é bem diferente. Temos nossas ações no PPA (Plano Plurianual) e temos recursos orçamentários para executá-las. Mas o que é importante destacar é o caráter intersetorial da Secretaria da Mulher – como nós te-mos a missão de concretizar os direi-tos das mulheres e esses direitos de-rivam de políticas públicas em áreas como a saúde e o trabalho, por exem-plo, o nosso papel se situa no campo da proposição, do direcionamento e da articulação dessas políticas públicas em benefício das mulheres. A Unidade Mó-vel de Saúde da Mulher, lançada no dia

Pela primeira vez o Governo do Distri-to Federal tem uma Secretaria voltada para questões de interesse da mulher. Comandada por Olgamir Amância Ferreira, a Secretaria da Mulher já conseguiu, por meio de articula-ção com os demais órgãos do GDF, colocar a questão de gênero no centro dos debates.

Mas Olgamir ainda promete mais. “Nós temos a missão de concretizar os direitos das mulheres e esses direitos deri-vam de políticas públicas em áreas como a saúde e o trabalho, ou seja, o nosso papel se situa no campo da proposição, do dire-cionamento e da articulação dessas políti-cas públicas em benefício das mulheres.”

Em entrevista concedida à revista Es-tados & Municípios, Olgamir fala sobre as prioridades para 2012..

Políticas públicas em defesa das mulheres

8 de março, é fruto dessa ação interseto-rial: a Secretaria da Mulher propõe e a Secretaria de Saúde executa, tudo feito em parceria.

Um ano depois, quais as conquis-tas e realizações podem ser citadas?

Em 2011, a recém-criada Secre-taria da Mulher deu seus primeiros passos e eles foram gigantescos. Cria-mos a nossa Política de Abrigamento de Mulheres em Situação de Violência e reestruturamos a Casa Abrigo, que hoje é um modelo de equipamento público para o Brasil e outros países. Reestruturamos, também, o Con-selho dos Direitos da Mulher, agora um colegiado amplo e participante. Realizamos todo o processo de confe-rências de políticas para mulheres, em todas as regiões do DF, e apresenta-mos várias contribuições para o Plano Nacional de Políticas para Mulheres. Percorremos as cidades com o Rede Mulher Cidadã, verdadeiras praças de serviços e informações para mulheres de todas as idades.

Entrevista Tayana Duarte

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Estados & Municípios - Abril 2012 31

e ações que contrariam os princípios da Lei são fortemente e imediatamente re-chaçadas pela sociedade, embora o marco legal seja recente: em uma perspectiva histórica, seis anos não significam muita coisa, ainda mais em um contexto patriar-cal e machista como o nosso.

As campanhas de conscientiza-ção têm sido suficientes e eficazes?

Entendo as campanhas como par-te de um processo maior de mudança de cultura. Em nosso Programa Rede Mulher realizamos Mutirões com o objetivo de levar a Lei Maria da Penha às residências das mulheres, realizamos palestras, oficinas, rodas de conversa com essa temática – são ações de caráter per-manente. Acredito que com esse tipo de ação as campanhas surtem efeito.

Cerca de 60% das mulheres que recorrem à Defensoria Pública do Estado (DPE) após sofrerem vio-lência física ou psicológica por parte dos companheiros, desistem da ação, induzidas ou ameaçadas por eles. Como a Sra. avalia esta situação? De que forma isto pode ser melhorado?

O desejo de desistência traduz a incompreensão da natureza da violên-cia. A mulher prefere acreditar na mu-dança de comportamento do agressor e não acreditar que essa violência é baseada em um relação de poder que o agressor impõe a ela, invariavelmen-te a parte “dominada” desta relação. O que pode mudar essa cultura? A prerro-gativa que as instituições têm de dar se-quência à denúncia, mesmo que a mu-lher declare que não deseja prosseguir com o caso. Todas as pequisas mostram que a violência ocorre em uma escala-da, até atingir o estágio mais drástico, que é a morte da vítima. Quem julga os casos deve ter consciência dessa reali-dade e tomar a decisão que protege, de fato, a mulher

Quais os principais projetos dessa secretaria para o corrente ano?

Na área do enfrentamento à vio-lência, iremos ampliar nossa política de abrigamento com a criação da Casa de Passagem e lançaremos um dique-de-núncia com três dígitos, o 156-Opção 6. Vamos inaugurar mais um Centro de Referência e teremos uma unidade mó-vel desse serviço. A ação intersetorial da Secretaria será potencializada por meio do Programa Rede Mulher, estruturado em cinco eixos: trabalho, saúde, cidada-nia, rural e artesanato. Do Rede Mulher, os projetos prioritários para este ano são voltados para o crédito e o finan-cimento das atividades das mulheres empreendedoras; a atenção à mulher do espaço rural, especialmente na área da saúde e da documentação; a quali-ficação profissional em áreas nas quais as mulheres não têm grande inserção, como a construção civil. No campo da transformação da cultura machista, fa-remos palestras e oficinas em torno da Lei Maria da Penha, que irá completar seis anos em agosto; e também lança-remos um aplicativo para smartphones com perguntas e respostas sobre a Lei e dicas de segurança.

Em relação à ‘Casa de Passagem Para Mulheres Vítimas de Violência’, há alguma previsão para a inauguração?

A Casa de Passagem está em fase de contratação de reforma do espaço físi-co. Depois desse processo, a implantação do serviço será imediata, pois já temos o funcionamento do equipamento previsto em nossa Política de Abrigamento.

Quais serão os critérios para se-leção da clientela?

Serão atendidas mulheres vítimas de violência, como as envolvidas no tráfico de mulheres e em exploração sexual. A Casa de Passagem também atenderá mulheres vítimas de violência doméstica que precisam de um abrigo de curta temporada, de 24 horas a quin-ze dias, por exemplo; isso é necessário até para resguardar o serviço sigiloso prestado pela Casa Abrigo, na qual as mulheres e seus filhos menores perma-necem por períodos mais longos.

A Lei Maria da Penha comple-tou 5 anos em agosto de 2011. Em sua opinião, a sociedade está mais consciente? As mulheres têm perdi-do o medo e o preconceito denun-ciando seus agressores?

A Lei Maria da Penha é uma vitó-ria não apenas das mulheres brasileiras, mas da socieade brasileira, e um exem-plo para o mundo. O número de mu-lheres que denunciam a violência só faz aumentar; o número de ocorrências po-liciais também – isso não quer dizer ne-cessariamente que ocorre o aumento de casos; pode, também, significar que as mulheres estão se sentindo mais ampa-radas pelo Estado a registrar a denúncia. Mas o entendimento sobre a lei precisa ser aprofundado; em janeiro entrevista-mos 2.700 mulheres em nove cidades do DF e averiguamos que a Lei ainda é cer-cada por conceitos e preconceitos criados pela nossa sociedade patriarcal. De toda forma, a lei ajudou a traçar o caminho a ser seguido oferecendo-lhe condições de conquistar sua autonomia, especialmente a financeira.

As leis e os agentes do direito ainda são benevolentes com esses agressores?

Acredito que estamos em franca evolução. Prova disso é que as decisões

EntrevistaTayana Duarte

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32 Abril 2012 - Estados & Municípios

Com apenas um mês de exis-tência, a Secretaria de Esta-do da Casa Civil do Distrito

Federal já apresenta resultados práti-cos do novo modelo de gestão públi-ca, proposto pelo governador Agnelo Queiroz. Afinado com o vice-governa-dor Tadeu Filippelli e com o secretário de Governo Paulo Tadeu, o secretário Swedenberger Barbosa tem participa-do de reuniões com secretários de es-tado, presidente de empresas públicas e administradores regionais levantando os problemas e submetendo-os à apre-ciação do chefe do executivo candango.

Uma das prioridades refere-se ao cuidado básico com a cidade. Berger, como gosta de ser chamado, pediu aos gestores públicos que executem o que definiu como programa permanente de Qualidade de Vida e de Cidadania. Entre as ações imediatas estão serviços como tapa-buracos, limpeza das ruas, pintura das faixas de trânsitos, recupera-ção da sinalização, poda das áreas verdes e reforma dos espaços públicos, entre

outros. “Precisamos garantir as condições básicas ao cidadão. O governo tem de cui-dar das cidades como cuidamos da nossa própria casa”, observou Berger.

Para garantir a execução das prioridades do governo e evitar a dis-persão orçamentária, foi formada a Jun-ta de Acompanhamento da Execução Orçamentária. O grupo é coordenado pelo secretário-chefe da Casa Civil, presidido pelo governador do DF e composto, ainda, pelos secretários de Fazenda e de Planejamento. Inicial-mente foram liberados R$ 141 mil para atender as ações prioritárias. “Após o es-tudo das demandas, fizemos os remane-jamentos orçamentários necessários e aprovados pelo governador. A execução é imediata, como processo permanente de uma nova rotina, e não apenas de ur-gência”, explicou Berger.

Entre os recursos aprovados está a reforma e construção de calçadas, ins-talação e substituição de bocas de lobo, recuperação de vias como a DF-280 e a do balão do Colorado. Ainda serão

aplicados R$ 15 milhões para execução de vários serviços básicos como ilumi-nação pública, pintura de faixas e meio fio, limpeza e preservação de área verde nas cidades do Distrito Federal. Outros R$ 12 milhões têm como destino a al-teração do contrato de aluguel e pres-tação dos serviços de limpeza de lixo e entulho, bem como para recuperação de estradas vicinais.

As vias do DF receberam uma grande atenção da Junta de Acompa-nhamento da Execução Orçamentária. Serão R$ 50 milhões para a recuperação estrutural da malha viária. O governo também investirá R$ 10 milhões para a implantação de ciclovias. Além disso, serão aplicados R$ 12 milhões para o serviço de tapa-buraco em todas as re-giões administrativas. “As responsabili-dades foram distribuídas para os devidos órgãos, que serão monitorados para que as ações aconteçam”, afirmou Berger. Para isso, foi criado o Comitê Técnico de Mo-nitoramento, com a participação de diver-sos órgãos e coordenado pela Casa Civil.

Brasília/DF

Um novo modelo de gestão

Indicado pelo Palácio do Planalto, Berger assumiu a gestão executiva do GDF com o propósito de agilizar a máquina administrativa

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Estados & Municípios - Abril 2012 33

Apesquisa eleitoral pode ser considerada o termômetro da campanha, fornecendo um

diagnóstico do político. Ela permite monitorar as intenções de voto do eleitorado e analisar o impacto do perfil candidato e de suas propostas de governo. Esses dados orientam as ações de forma mais estruturada, re-sultando em medidas mais eficazes. A pesquisa também é um instrumento valioso no desenvolvimento de estra-tégias para conquistar novos leitores, além de mostrar falhas na campanha e a possível necessidade de planejar novos rumos.

Entretanto, o que perguntar em uma pesquisa eleitoral? Como inter-pretar os resultados dessa investigação, seja ela qualitativa ou quantitativa? Qual o melhor momento para iniciar o trabalho? Essas e outras questões mos-tram a importância dessa ferramenta para orientar estratégias partidárias e determinar os rumos das campanhas políticas. Tendo esse horizonte em vista, o 29º Congresso Mineiro de Mu-nicípios realiza, no dia 10 de maio, às

15h30, a conferência “Pesquisa Eleito-ral: importância e aplicação nas elei-ções municipais”.

A conferência será conduzida pelo presidente do Instituto Vox Po-puli, Marcos Coimbra, que também é sociólogo e colunista do Correio Brazi-liense. O palestrante abordará a impor-tância desse tipo de investigação, além de aspectos mais práticos que envol-vem o desenvolvimento da pesquisa.

Sobre a Vox Populi

Referência em pesquisas de mer-cado e opinião desde 1984, a Vox Po-puli é amplamente reconhecida pela confiança e qualidade no desenvolvi-mento e aplicação de metodologias, processos de coleta, sistematização e análise de informações estratégicas. Possui um quadro composto por soció-logos, cientistas políticos, economistas, estatísticos, administradores e psicólo-gos, especialistas em marketing e co-municação, bem como mestres e dou-tores com formação internacional. As equipes de entrevistadores treinados

estão presentes em todo o Brasil e em di-versos países da América Latina. A Vox Populi faz parte da Associação Brasilei-ra de Empresas de Pesquisa – (Abep), da Esomar e da Associação Mundial de Pesquisa de Opinião Pública - (Wapor). Os trabalhos desenvolvidos seguem ri-gorosamente as exigências do Código de Ética da Apeb- ICC/Esomar.

Congresso Mineiro

Cerca de dez mil pessoas, entre gestores públicos, empresários e popula-ção estarão reunidos durante os dias 8, 9 e 10 de maio, no 29º Congresso Mineiro de Municípios, no Expominas, em Belo Horizonte. Promovido pela Associação Mineira de Municípios (AMM), o even-to, que já é referência no cenário político nacional, traz nesse ano o tema “Gestão Municipal e Eleições: cenários, perspecti-vas e estratégias”. Dentre as atividades que compõem o evento estão palestras magnas, atividades temáticas, premiação e apresen-tações culturais. A entrada é gratuita. Para inscrições e informações acesse www.portalamm.org.br/congresso.

Congresso Mineiro de MunicípiosMunicípios

Durante o evento, o presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, debaterá a importância e a aplicação das pesquisas eleitorais nas eleições municipais

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34 Abril 2012 - Estados & Municípios

Não está descartada a possi-bilidade de que em 2020 as cidades brasileiras parem,

literalmemte, se nada for feito para me-lhorar o transporte público e reduzir os congestionamentos de automóveis. O alerta foi feito pelo presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, Otávio Vieira da Cunha Filho, em audiência pública sobre a situação do transporte coletivo e as condições de mobilidade nas cidades brasileiras, promovida pela Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal

Segundo ele, a situação é crítica e se agrava porque o governo não prioriza o setor, que tem se tornado ineficiente. Em sua opinião, é preciso aproveitar os investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento para a Copa de 2014 (R$ 12 bilhões, dos quais 40% serão destinados à construção de corredores exclusivos de ônibus e 36% para monotrilhos) para deixar um lega-do de melhoria que estimule o Gover-no Federal a destinar mais recursos ao transporte público.

Sem políticas públicas que assegu-

rem opções eficientes de transporte co-letivo urbano e com o aumento nas ven-das de carros devido à elevação de poder aquisitivo dos brasileiros, o país enfrenta uma grave crise de mobilidade, segundo os especialistas ouvidos pelos senadores.

Otávio Vieira informou que, em 1977, sete em cada dez brasileiros se deslocavam por meio de transporte pú-blico. Em 2009, segundo ele, a metade da população já se deslocava por trans-porte individual. “Acredito que hoje seja mais de 60% e não sabemos a quan-to isso chegará em 2020. Creio que até lá as cidades estarão efetivamente para-das, se alguma coisa não for feita para melhorar essa questão”, alertou.

Depois de reclamar da falta de planejamento para a área de transportes no país Otávio Vieira da Cunha destacou que só agora, depois de 30 anos, o Gover-no Federal começa a investir em trans-portes, que estão cada vez mais caóticos. Como exemplo, ele citou Brasília, que ti-nha tudo para ser a vitrine do Brasil, mas que já vive problemas crônicos no trânsi-to e não tem mais espaços na área central para estacionamento. Ele criticou ainda o fato de o governo ter deixado o setor de transportes fora do programa de incenti-vos à indústria. “Isso foi uma aberração”, afirmou Otávio Vieira.

Integração

Para melhorar e baratear o trans-porte público no Distrito Federal, o jor-nalista Carlos Penna defendeu a inte-gração entre metrô, ônibus e vans, para que os habitantes da região possam montar a sua própria linha, combinan-do trechos de cada um desses meios. “No final do dia, um sistema eletrônico online dividiria as receitas entre as par-tes”, acrescentou Carlos Penna, um dos

responsáveis pelo pelo blog Meio Am-biente e Transporte.

Ele ressaltou, contudo, que é exa-tamente por essa razão que as empresas de ônibus do Distrito Federal fogem da integração: elas teriam a obrigação de abrir sua contabilidade e enfrentar a concorrência de outros meios. O jor-nalista disse que, apesar das críticas so-fridas pelas vans, esse meio é necessário para trechos curtos, ainda que não pos-sam concorrer com os transportes de massa destinados a longas distâncias. “As vans não devem ser usadas em tre-chos de 20, 30, 40 ou 50 quilômetros”, explicou. Após apontar o problema am-biental, Penna defendeu o uso de veícu-los como o metrô, o ônibus eletrônico e o veículo leve sobre trilhos, pois repre-sentam alternativas não poluentes.

Cidades congestionadasTransporte

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Estados & Municípios - Abril 2012 35Estados & Municípios - Abril 2012 35

Tanto Carlos Penna quanto o pre-sidente da ONG Rodas da Paz, Uirá Fe-lipe Lourenço, atribuíram o elevado ín-dice de acidentes de trânsito ao grande número de veículos de uso individual no país. Lourenço observou que pedes-tres e ciclistas deveriam ter os mesmos direitos que os motoristas no que se re-fere aos espaços da cidade.

“Os motoristas têm vias contínu-as, que levam de um ponto ao outro, mas o pedestre nem sempre tem uma calçada que leva de um ponto ao outro. O ciclista não tem ciclovia ou ciclofaixa que o leve de um ponto ao outro”, de-clarou. Uirá Lourenço reiterou o argu-mento utilizado pelo ex-presidente da Rodas da Paz, Ronaldo Alves, em en-contro promovido no ano passado. Na ocasião, ele alertou que, “quando se gas-ta efetivamente em transporte público, pode-se tirar uma grande quantidade

de veículos das vias, mas, quanto mais se fomenta o veículo individual, mais se fomentam os acidentes de trânsito”.

Congestionamentos

O coordenador do Movimento Nacional pelo Direito ao Transpor-te Público de Qualidade, Nazareno Stanislau Aff onso, apontou a falta de prioridade para o transporte público e os incentivos à aquisição de veículos como as principais causas dos conges-tionamentos nos municípios brasilei-ros. “O investimento para viabilizar uso do automóvel foi gigantesco, mas o uso

do automóvel é um modelo falido. Os que têm carro vão ver que, se levavam 20 minutos para chegar ao trabalho, vão levar 40 ou 50 minutos”, disse.

No debate, os especialistas de-fenderam a combinação de opções de transporte, como sistemas rápidos de ônibus com linhas de metrô, vias para bicicleta e adequação de calçadas para pedestres. Para Maria Rosa Abreu, da Universidade de Brasília (UnB), é pre-ciso implementar, nas grandes cidades, a integração física dos modais de trans-porte coletivo, interligando ciclovias, aquavias e ônibus locais, com estações de metro e de trens regionais.

Durante a audiência pública, o jornalista Carlos Penna deixou claro que se nada for feito para melhorar o trânsito caótico das grandes metrópoles, Brasília e outras cidades vão parar, a exemplo de São Paulo

Transporte

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36 Abril 2012 - Estados & Municípios

Com o objetivo de melhorar a qualidade do atendimen-to aos pacientes cardíacos, o

Hospital do Coração (HCor) de São Paulo, em parceria com o Ministério da Saúde, desenvolveu o projeto Brid-ge - Brazilian Intervention to Increase Evidence Usage in Practice. O estudo mostrou que o Brasil, com a adequação

de procedimentos durante atendimen-to nas emergências hospitalares, pode reduzir em até 20% os casos de morta-lidade por infarto, uma das principais causas de morte no país e no mundo.

Para o ministro Alexandre Padi-lha, que recebeu a visita da equipe do HCor que coordenou o projeto, o com-portamento clínico é fundamental para

melhorar a qualidade no atendimento aos paciente cardíacos. “Muitas vezes o paciente com infarto não recebe as tera-pias adequadas para o tratamento e isso dificulta sua recuperação. Mais do que medicamentos – que hoje são ofereci-dos gratuitamente pelo SUS – precisa-mos oferecer um atendimento rápido e adequado ao paciente, pois isso signifi-ca a diferença entre a vida e morte”, ava-lia o ministro.

O estudo foi realizado por meio de um monitoramento permanente so-bre as práticas clínicas de acolhimento em hospitais públicos. Durante cerca de oito meses, ao longo de 2011, a equipe do HCor monitorou 34 hospitais pú-blicos do país para verificar como os pacientes com síndrome coronariana aguda (infarto) eram atendidos. Meta-de dos hospitais foi apenas observada, enquanto outro grupo recebeu treina-mento para aplicação da intervenção multifacetada, que incluía materiais educacionais, listas e lembretes que ti-nham como base evidências científicas de controle da doença.

Infarto

Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, “o governo precisa oferecer um atendimento rápido e adequado ao paciente, pois isso significa a diferença entre a vida e a morte”

Saúde

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Estados & Municípios - Abril 2012 37

Os hospitais monitorados conta-vam com uma enfermeira treinada, que atuava como gerente de caso, cujo tra-balho era garantir que as ferramentas adequadas estavam sendo usados cor-retamente e com frequência e para ga-rantir que terapias baseadas em evidên-cias estavam sendo prescritos. Cartazes também foram exibidos em torno dos hospitais e diretrizes de bolso foram distribuídas.

“Ao chegar ao hospital, o pacien-te passava por uma triagem. Se apre-sentasse algum sintoma, um lembrete era anexado ao formulário para que o médico soubesse que se tratava de um paciente de risco. Além da notificação no formulário médico, o paciente rece-bia uma pulseira que o identificava de acordo com a categoria de risco”, ex-plica o diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa HCor, Otávio Berwanger.

A maioria das mortes por infarto ocorre nas primeiras horas de mani-festação da doença – 65% dos óbitos ocorrem na primeira hora e 80% até 24 horas após o início do infarto. Nos hospitais monitorados pelo projeto, foi observado um aumento de 18% na ade-são às diretrizes nas primeiras 24 horas e de 19% na adesão as diretrizes du-rante toda a hospitalização. Berwanger afirma que, como resultado, a equipe identificou ainda a redução do número absoluto de eventos cardiovasculares em hospitais que receberam a estraté-gia do Bridge.

Reconhecimento

Os resultados da primeira fase do projeto foram apresentados com des-taque no Congresso do Colégio Ame-ricano de Cardiologia (American Col-lege of Cardiology Scientific Sessions 2012), realizado em Chicago (EUA). O trabalho também repercutiu positi-vamente em artigo publicado na revista

científica JAMA ( Journal of the Ame-rican Medical Association), uma das publicações médicas mais importantes do mundo.

O diretor geral do HCor e ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, acre-dita que essa associação entre o poder público e o setor privado é fundamental na busca de soluções estratégicas para superar os desafios da gestão e para qualificar o Sistema Único de Saúde. “A estratégia do Bridge é simples, barata e pode salvar muitas vidas na rede públi-ca de saúde, independente da estrutura da unidade de saúde. Além disso, ela de-monstra que, com parcerias como esta, é possível realizar pesquisas relevantes no Brasil, cujos resultados possuem alto interesse nacional e podem, também, ter impacto internacional”.

Parcerias

O projeto Bridge, conduzido HCor de São Paulo em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisas Clí-nicas (BCRI/Unifesp), está inserido no Programa de Apoio ao Desenvolvi-mento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). A ideia do pro-

grama é possibilitar que as entidades de saúde de referência assistencial par-ticipem do desenvolvimento do SUS, transferindo tecnologia, conhecimento, experiência em gestão e oferecendo práticas úteis para serem adaptadas pela rede pública.

Os projetos são apresentados pe-los hospitais ao Ministério da Saúde, que os analisa e uma vez aprovados, são desenvolvidos com o recurso des-pendido pela própria entidade de saú-de. Em contrapartida, estes hospitais usufruem de isenções fiscais, garan-tidas por lei (12.101/2009), mais es-pecificamente contribuições sociais, devidas ao governo.

Atualmente, são mais de 120 projetos em execução, todos alinha-dos com os objetivos do Ministério da Saúde. Os projetos selecionados para o triênio 2009-2011 totalizam cerca de R$ 835,6 milhões em isenções fiscais. Estes projetos perpassam por diversas áreas do SUS, desde a Atenção Primária até a Alta Complexidade, não deixando de considerar a qualificação e aprimo-ramento da gestão, inovação cientifica e tecnológica e capacitação dos profissio-nais e trabalhadores do SUS.

Saúde

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38 Abril 2012 - Estados & Municípios

A Secretaria de Saúde de Mato Grosso já concluiu o plane-jamento estratégico para as

ações de saúde que serão inseridas nos programas Macros da Secopa que en-volvem o evento Copa do Mundo 2014. As frentes de trabalho serão divididas em dois grandes eixos: Redes de Servi-ços em Assistência em Saúde e Vigilân-cia em Saúde.

Na Área da Assistência, a se-cretaria está reorganizando as Re-des de Serviços do SUS da região metropolitana. Em parceria com os municípios que compõem a Região do Vale do Rio Cuiabá, o governo do estado trabalha na finalização do Plano Estadual de Atenção as Ur-gências e Emergências.

O Ministério da Saúde já assumiu o compromisso de liberar R$ 45 mi-lhões para obras e reformas dos Prontos Socorros de Cuiabá e Várzea Grande e demais unidades de Saúde localizadas na região metropolitana.

Brevemente, os dois municípios iniciarão as obras das Unidades de Pron-to Atendimento (UPAs), sendo duas em Cuiabá e uma em Várzea Grande.

O Projeto SAMU 100% já foi apro-vado pelo Ministério da Saúde. A implan-tação da Central Estadual de Regulação do SAMU, que abrangerá todas as regiões do Estado, receberá investimentos de R$ 5 milhões do governo federal.

Plano de capacitação

O Estado também formulou o Plano de Capacitações tanto para a área de Assistência em Saúde quanto para a área das Vigilâncias (epidemiológica, ambiental e sanitária). O Plano prevê ainda capacitar a população que tra-balha com a área de alimentos, bares, restaurantes na garantia da qualidade sanitária dos alimentos.

O Plano de Vigilância em Saúde está dividido em três frentes: o Proje-to Ágil Saúde que prevê a implantação

Copa saudável em Mato Grosso

do Centro de Referência de Serviços de Atenção Epidemiológica do Estado; o Projeto VITAE que prevê a implan-tação da rede de monitoramento de qualidade da água e selo de qualidade sanitária para alimentos e serviços; e o Projeto VigiCopa que vai qualificar e modernizar os serviços de Vigilância em Saúde.

O secretário estadual de Saúde, Vander Fernandes, ressaltou que o estado conta com o apoio incondicional do Mi-nistério da Saúde para a implantação des-ses projetos que vão revolucionar a gestão da saúde pública estadual, com ênfase na eficiência, tecnologia e acessibilidade.

“Já mudamos o conceito de ges-tão da saúde pública quando buscamos parceiros para administrar nossos hos-pitais. Agora, queremos reforçar a es-trutura da rede física de assistência com a construção do Hospital Central, do novo Hospital Universitário e do Hos-pital dos Transplantes, por meio das parcerias público- privadas”.

Vander Fernandes, secretário de Saúde, garante que o governo estadual conta com o apoio do Ministério da Saúde para implantar os projetos que vão revolucionar a gestão da saúde pública em Mato Grosso

Saúde

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Estados & Municípios - Abril 2012 39

Saúde

Cerca de 50% de todos os agro-tóxicos registrados no Brasil não são colocados à disposi-

ção dos agricultores. Além disso, 24% das empresas de agrotóxicos instaladas no Brasil não produziram, nem comer-cializaram nenhum produto durante a última safra.

Segundo o diretor da Agência Na-cional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agenor Álvares, “os dados apurados pela agência apontam para uma estraté-gia de reserva de mercado, prática que representa uma perda para os agriculto-res, que são privados do acesso aos pro-dutos registrados”.

Outro ponto destacado no estu-do da Anvisa é que 53% das empresas de agrotóxicos instaladas no Brasil não possuem fábrica. “São empresas que atuam como verdadeiros escritórios de registro, sendo responsáveis pelo aumento do entulho burocrático, sem agregar nenhum benefício para a socie-dade”, constata o diretor da Agência.

Agrotóxicos sem registro936 mil toneladas de produtos. A pro-dução gerou 833 mil toneladas de agro-tóxicos e a importação foi de 246 mil toneladas de produtos.

Os dados apontaram, ainda, que 90% da produção nacional de agrotó-xicos foram de produtos formulados, ou seja, agrotóxicos prontos para serem utilizados na agricultura. Os outros 10% corresponderam a produtos técni-cos, que são os ingredientes utilizados na formulação dos agrotóxicos. “Isso signifi-ca dizer que a grande maioria das indús-trias de agrotóxicos instaladas no Brasil apenas envasam matéria prima vinda de outros países”, explica o diretor da Anvisa.

De acordo com a pesquisa, existe uma concentração do mercado de agro-tóxicos em determinadas categorias de produtos. Os herbicidas, por exemplo, representaram 45% do total de agrotó-xicos comercializados. Os fungicidas foram 14% do mercado nacional, os in-seticidas 12% e as demais categorias de agrotóxicos 29%.

O estudo da Anvisa analisou a movimentação de 96 empresas de agro-tóxicos instaladas no Brasil, que juntas representam quase 100% do mercado nacional. Atualmente, existem 130 em-presas de agrotóxicos no país.

Os dados apurados pela Anvisa apontam para uma estratégia de reserva de mercado

Outra tendência apontada na pes-quisa é a de que o mercado brasileiro de agrotóxicos se estrutura de tal maneira que as dez maiores indústrias não com-petem entre si. “Mesmo no caso em que as patentes estão vencidas, tirando raras exceções, as empresas focam a produ-ção em agrotóxicos com ingredientes ativos que não são comercializados pe-las demais empresas, o que gera uma es-pécie de monopólio sobre os produtos”, explica o diretor.

Polarização A pesquisa constatou que essa

tendência de polarização do mercado também ocorre em escala global, já que as 13 maiores empresas de agrotóxicos detêm o controle de 83% do mercado mundial do setor, configurando um oligopólio com elevado grau de con-centração. “A própria estratégia oligo-polistas estabelece cooperação entre as empresas que já estão no mercado e barreiras para as que estão de fora”, con-clui Agenor Álvares..

Na última safra, que envolvou o segundo semestre de 2010 e o primeiro semestre de 2011, o mercado nacional de venda de agrotóxicos movimentou

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40 Abril 2012 - Estados & Municípios

Reunida em Aracaju (SE) com todos os governadores da re-gião Nordeste, a presidente

Dilma Rousseff anunciou uma série de medidas para minimizar os efeitos da estiagem na região, como a concessão de crédito para garantir seguro a pe-quenos produtores, expansão da rede de abastecimento de água, antecipação dos recursos do programa Água para Todos e a recuperação de poços artesia-nos que estão entre as medidas anun-ciadas. Serão mais de R$ 2,7 bilhões em investimentos, entre liberação de crédi-tos e linhas especiais de financiamento.

A seca na região já atingiu 595 municípios no Nordeste, afetando dire-tamente cerca 2,5 milhões de pessoas. “Nós não pretendemos deixar que a seca devaste tudo o que conquistamos

nos últimos anos de crescimento, de melhoria de vida, de condições de so-brevivência no semiárido nordestino”, ressaltou a presidente Dilma Rousseff.

Para viabilizar as ações de com-bate à seca, o governo enviará ao Con-gresso quatro medidas provisórias de-talhando a liberação de recursos para a região. A primeira medida será para a abertura de crédito extraordinário de cerca de R$ 200 milhões a pequenos produtores que não são segurados pelo programa Garantia Safra, que paga aos agricultores prejudicados pela estiagem R$ 680, valor parcelado em cinco vezes.

Segundo o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, o progra-ma, que já está sendo chamado de Bol-sa Estiagem, vai garantir o acesso dos não segurados aos recursos do garantia safra. Para receber o Bolsa Estiagem, o agricultor terá de fazer parte do sistema de Cadastro Único. Com esse progra-ma, o governo pretende pagar até R$ 400, em cinco vezes de R$ 80.

A segunda medida provisória será para a expansão da distribuição de água por meio de carros-pipa, medida toma-da anteriormente em municípios casti-gados pela falta de água. Em 2011, na mesma operação, o Ministério da Inte-gração gastou cerca de R$ 230 milhões. Segundo o ministro Bezerra, deverá ser aberto crédito extraordinário de R$ 164 milhões para atender à operação com carros-pipa nos próximos seis meses.

A terceira medida vai antecipar a liberação dos recursos do programa Água para Todos. Esse programa faz parte do principal programa do gover-no, o Brasil sem Miséria. De acordo com o ministro da Integração Nacio-nal, o governo pretende liberar até R$ 799 milhões, já previstos no Orça-mento Geral da União (OGU) deste ano, para a construção de cisternas e a instalação dos sistemas de abasteci-mento simplificado, que atendem de 50 a 100 casas. Os recursos também deverão ser empregados para a cons-trução de aguadas [mananciais] e pe-quenos barreiros [lagoas] destinados à agricultura familiar.

Segundo o ministro, esses recur-sos serão totalmente liberados até de-zembro e poderão ser usados pelo Mi-nistério da Integração ou por convênios entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e os governo estaduais.

O governo também enviará ao Congresso uma outra medida provi-sória que prevê a liberação de apro-ximadamente R$ 60 milhões para a implantação e a recuperação de poços artesianos. O governo identificou a existência de quase 5 mil poços já per-furados e que podem ser equipados para ampliar a oferta de água até no-vembro. O governo estima que, desses poços, 2,4 mil sejam economicamente viáveis para receberem equipamentos nos próximos seis meses.

R$ 2,7 bilhões para combate à seca

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Estados & Municípios - Abril 2012 41

Crédito especial

O governo também vai abrir uma linha de crédito especial para agricul-tores e setores agroindustriais do Nor-deste atingidos pela estiagem. O crédi-to emergencial vai atender pequenos, médios e grandes agricultores com juro de 1% ao ano para pequenos e de até 3,5% ao ano para os grandes. Os recursos, es-timados em R$ 1 bilhão, sairão do FNE [Fundo do Nordeste] e as operações se-rão coordenadas pelo Banco do Nordeste.

De acordo com as regras acorda-das pelo governo, os pequenos agricul-tores terão acesso a empréstimo de até R$ 12 mil. Já os grandes agricultores e os que fazem parte da agroindústria poderão obter empréstimos de até R$ 100 mil.

A iniciativa do governo foi bem recebida por todos os governadores. “Aqui em Alagoas já estamos definin-do um plano de distribuição de água

para que os efeitos sejam menores. É muito conveniente essa reunião da presidenta com os governadores nor-destinos, porque o povo sertanejo já sofreu demais com a seca e agora nós precisamos evitar que a situação se re-pita”, disse o governador alagoano, Teo-tonio Vilela Filho (PSDB).

Abrangência

A meta é antecipar as ações para amenizar os efeitos Buscar de um dos piores períodos de estiagem prolon-gada já enfrentados pela região Nor-deste e que ameaça atingir mais de 1.000 municípios que abrigam 12 mi-lhões de pessoas.

De acordo com o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e De-senvolvimento do Ministério da Ciên-cia, Tecnologia e Inovação, Carlos No-bre, o Centro de Alertas de Desastres

Naturais (Cemaden/MCTI) aponta que, este ano, a estiagem se caracteriza como uma seca de grande abrangência geográfica, afetando cerca de 90% da região semiárida brasileira – os nove es-tados nordestinos e o Norte de Minas Gerais (Vale do Jequitinhonha).

Efeito devastador

Os dados apontam para uma das piores secas dos últimos 40 anos, podendo ser comparada as ocorridas nos anos de 1983 e 1998. “O perío-do de chuvas na região setentrional do Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco), que normalmente se estende até o início de junho, já terminou, o que leva a crer que a seca deste ano poderá ser a pior das últimas duas décadas e ter sérias consequencias para toda a re-gião”, informou o secretário.

Reunida com os governadores nordestinos em Sergipe para discutir a seca na região, que já afeta cerca de 2,5 milhões de pessoas, a presidente Dilma Rousseff, deixou claro que o governo não pretende esperar que a seca devaste tudo que foi conquistado nos últimos anos de crescimento e de melhoria na qualidade de vida do sertanejo

Uma vez mais o flagelo da seca ceifa a vida de animais e ameaça até mesmo a vida humana

Nacional

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42 Abril 2012 - Estados & Municípios

Cotidiano

Cláudia Raia

Andres Sanchez

Pedro Passos Coelho

Tais Araújo

Juan Carlos

Atriz global e bailarina profissional, que aos 45 anos de idade canta e dança no musical Cabaret, com silhueta de quem malha pesado

Diretor de seleções da CBF, em comentário sobre a infraestrutura do Brasil para sediar a Copa de 2014

Primeiro ministro de Portugal, vendo na crise a oportunidade para fazer reformas

Atriz global, mostrando que, além de bonita, consegue aliar pensamentos positivos a seu jeito humilde de ser

Rei da Espanha, flagrado em uma caçada a elefantes em Botsuana, na África, ato que provocou indignação em seu país

“Tomo colheradas de óleo de coco para ter energia”

“Acho que não haverá tempo hábil para se fazer aeroportos. Mas eles serão melhorados na base do puxadinho”

“Os desequilíbrios existentes em Portugal são resultado de más decisões tomadas por nós mesmos. Usamos mal o dinheiro ”

“Basta visitar qualquer comunidade no Rio de Janeiro para encontrar 600 garotas mais bonitas do que eu”

“Sinto muito. Equivoquei-me e não voltará a acontecer”

Cotidiano

Andres Sanchez

“Acho que não haverá tempo hábil para se fazer aeroportos. Mas eles serão melhorados na base do puxadinho”

Ricardo Ferraço

Senador do PMDB capixaba e relator da reforma administrativa, que provocaria uma economia de 150 milhões de reais ao ano, mas que foi engavetada pela cúpula do Senado

“Estou frustrado, dá vontade de ir embora”

Senador do PMDB capixaba

administrativa, que provocaria uma economia de 150 milhões de reais ao ano, mas que foi engavetada pela cúpula do

“Estou frustrado, dá vontade de ir embora”

Yasmin Brunet

Modelo, queixando-se dos comentários sobre a sua magreza

“Se alguém é magro, já se fala que é anoréxico. Por que podemos falar mal dos magros e é politicamente incorreto falar mal dos que estão acima do peso?”

Tais Araújo

Atriz global, mostrando que, além de bonita, consegue aliar pensamentos positivos a seu pensamentos positivos a seu jeito humilde de ser

“Basta visitar qualquer comunidade no Rio de Janeiro para encontrar 600 garotas mais bonitas do que eu”

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Estados & Municípios - Abril 2012 43Estados & Municípios - Abril 2012 43

Cotidiano

Marcelo Adnet

Gordon Wood

Pedro Simon

Cameron Diaz

Humorista, falando do personagem que faz sucesso na MTV, o Político Sincero

Historiador americano e professor de história da Universidade Brown, em entrevista à revista Veja

Senador do PMDB gaúcho, mostrando seu desgosto com os malfeitos no Senado Federal

Atriz americana, sem pressa para ser mãe mesmo próxima dos 40 anos

“Lutar contra a corrupção é como lutar contra o pôr do sol”

“A ameaça do comunismo foi tão exagerada que pouquíssima gente previu o colapso da União Soviética ”

“Não me lembro de ocasião em que o Senado estivesse tão desgastado, tão no chão, tão humilhado, tão espezinhado pela opinião pública como agora”

“Eu nunca disse que não quero um filho - eu apenas não tive uma criança ainda”

Cotidiano

Historiador americano e professor de história da Universidade Brown, em

Veja

“A ameaça do comunismo foi tão exagerada que pouquíssima gente previu o colapso da União

Estados & Municípios

Cameron DiazCameron Diaz

personagem que faz sucesso Político Sincero

Atriz americana, sem pressa Atriz americana, sem pressa para ser mãe mesmo próxima para ser mãe mesmo próxima dos 40 anos

corrupção é como

uma criança ainda” uma criança ainda”

Karen Berg

Hillari Clinton

Guru espiritual de Madona e Demi Moore, é a mulher por trás da crescente popularidade da cabala no mundo

Secretária americana de Estado, em visíta ao Brasil

“Demi Moore está bem melhor. Voltou a trabalhar e os estudos da cabala a estão ajudando. Quantas pessoas já não enfrentaram divórcios difíceis?”

“O compromisso de Dilma Rousseff com a abertura e com a transparência e a sua luta contra a corrupção estão estabelecendo um padrão global”

Hillari Clinton

Secretária americana de Estado, em visíta ao BrasilBrasil

“O compromisso de Dilma Rousseff com a abertura e com a transparência e a sua luta contra a corrupção estão estabelecendo um padrão global”

“Não me lembro de ocasião em que o Senado estivesse tão desgastado, tão no chão, tão humilhado, tão espezinhado pela opinião pública como agora”

Page 44: Estados & Municipios

44 Abril 2012 - Estados & Municípios

A presidente Dilma Rousseff determinou que todos os in-tegrantes de seu governo se

empenhem na divulgação e organiza-ção da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece de 13 a 22 de junho no Rio de Janeiro. O assunto é tema principal em todas as discussões de ministros e secretários no Brasil e no exterior. A proposta é transformar o evento em referência mundial na defesa do meio ambiente com desenvolvimen-to sustentável e inclusão social.  

Quando esteve na Índia, Dilma aproveitou a 4ª Cúpula do Brics (gru-po formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul) para convidar to-dos os presentes para a Rio+20. Parale-lamente, autoridades que participavam, na Argentina, de uma conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) des-

tacaram a necessidade de todos compa-recerem ao evento no Rio.    

Os temas centrais da Rio+20 são a economia verde no contexto do desen-volvimento sustentável e da erradica-ção da pobreza e a estrutura institucio-nal para o desenvolvimento sustentável. Os organizadores esperam que todos os 193 países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU) enviem participantes.

Nas discussões sobre a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobre-za, o destaque será a execução de pro-gramas sociais de transferência de renda no Brasil. Em seus discursos, Dilma vem destacando que a chamada economia ver-de deve ser associada ao desenvolvimento sustentável e à erradicação da pobreza.

Para especialistas, a conferên-cia deve confirmar que os resultados dos esforços conjuntos só ocorrerão

se houver atividades e programas que atendam às diferentes realidades dos países desenvolvidos e em desenvol-vimento.

Em relação à estrutura institu-cional para o desenvolvimento susten-tável, os debates devem envolver os principais pilares - econômico, social e ambiental. Nos últimos anos, líderes políticos estimulam as discussões sobre as possibilidades de por em prática pro-gramas voltados ao desenvolvimento econômico, ao bem-estar social e à pro-teção ambiental, organizados de forma conjunta,   atendendo às metas do de-senvolvimento sustentável.

Nas propostas já apresentadas estão a reforma da Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável (CDS), cujo objetivo é a execução das metas fixadas há 20 anos, na Rio-92. Também há recomendações para reformas nas instituições ambientais internacionais, pois vários líderes políticos argumen-tam que é necessário fortalecer o Pro-grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

A ideia é assegurar propostas que garantam o aumento dos recursos dis-poníveis ao Pnuma para a implemen-tação de projetos em países em desen-volvimento. A reforma da estrutura do Pnuma deve considerar o equilíbrio entre as questões sociais, econômicas e ambientais. Políticos, especialistas, organizações não governamentais, inte-grantes de comunidade indígenas, qui-lombolas e ribeirinhos, entre outros, estarão presentes.

Mobilização

Os promotores estão mobilizan-do autoridades ambientais de todo o país. Representantes da prefeitura do Rio de Janeiro se reuniram com os se-

Governo quer empenho na Rio+20Ambiente

Dilma quer transformar o evento em referência mundial na defesa do meio ambiente, com desenvolvimento sustentável e inclusão social

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Estados & Municípios - Abril 2012 45

O gerente de Mudanças Climáti-cas da Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Nelson Moreira Franco, reiterou a importância das discussões sobre o empoderamento dos gestores públicos nesse processo. Segundo ele, é preciso trocar experiências e, mais do que nunca, criar uma agenda particular da região Norte para pautar questões importantes relativas ao desenvolvi-mento sustentável.

A secretária municipal de Meio Ambiente de Boa Vista, Dil-ma Costa, destacou a importância do evento para a capital roraimense. Segundo ela, a secretaria é recém-implantada e enfrenta uma série de dificuldades, a exemplo da neces-sidade de revitalização dos rios e igarapés que cortam a cidade, sem que a única alternativa a ser consi-derada seja a da macrodrenagem. “É um problema que estamos ten-tando contornar, já avançamos e vamos melhorar. Não é fácil conse-guir recursos para as ações de meio ambiente, e a revitalização das mar-gens é um processo menos oneroso e totalmente eficaz”, afirmou Dilma.

Ilhas

Para a secretária de Meio Am-biente de Belém, Camila Miran-da,   trabalhar a peculiaridades regio-nais é de suma importância. Segundo ela, a capital paraense vivencia pro-blemas sociais graves que impactam e prejudicam diretamente o meio ambiente. “Temos hoje mais de 50% de nossas áreas protegidas situadas em terreno insular (ilhas) que ainda não foram decretadas como reservas de desenvolvimento sustentável, e passam por problemas como o da invasão. É no município onde estão os problemas e é importante que os governos se fortale-çam para enfrentá-los”, lembrou.

cretários municipais de Meio Ambiente da Região Norte para consolidar as pro-postas que serão levadas á Conferência.

Esse foi o terceiro de uma série de encontros com autoridades locais de meio ambiente que vem ocorrendo em todo o país. Na reunião de Manaus, os secretários definiram como prioridade a unificação do discurso das cidades e a inclusão definitiva dos governos locais em qualquer processo decisório, visando o de-senvolvimento sustentável urbano, levando em conta, no caso dos governos locais da Amazônia, as peculiaridades da região.

A Rio+20 deverá traçar as políticas mundiais de desenvolvimento susten-tável para as próximas duas décadas e o segmento de governos locais estará con-templado pela primeira vez no documen-to básico de negociações. O encontro na-cional de secretários de Meio Ambiente, que deverá ocorrer no mês de maio, visa exatamente definir propostas e reunir ex-periências de sucesso consubstanciadas nos encontros regionais que possam ser-vir de parâmetro para investimentos em projetos de melhoria da qualidade de vida da populações das cidades.

Amazônia

Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade

de Manaus, Marcelo Dutra, qualquer discussão sobre meio ambiente e de-senvolvimento sustentável não pode estar dissociada de temas como o combate à pobreza, às questões de saúde pública, infra-estrutura, mo-radia, sem as quais não se pode falar em desenvolvimento sustentável.

Ele ressaltou que Manaus tem tido um papel preponderante neste processo desde 2009, quando reali-zou a Cúpula Amazônica de Gover-nos Locais, com o aval da CGLU (Ci-dades e Governos Locais Unidos), organismo representativo dos gover-nos locais ligado à ONU. “Conciliar os interesses e atuar como atores participativos e ativos de qualquer processo decisório é hoje o principal compromisso dos governos locais e os líderes das nações já têm reco-mendações oficiais para isso, uma vez que o próprio Governo brasi-leiro já reconhece a importância do segmento local”, explicou Dutra.

Peculiaridades

Os secretários da região Nor-te enfatizaram que as peculiaridades vivenciadas pelas cidades da região amazônica devem ser consideradas no processo de discussão nacional

O secretário ambiental de Manaus, Marcelo Dutra, deixa claro que qualquer discussão sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável não pode estar dissociada de temas como o combate à pobreza, saúde pública e moradia

Ambiente

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46 Abril 2012 - Estados & Municípios

Ambiente

Preservação ambiental em Osasco

A prefeitura de Osasco, em São Paulo, adquiriu uma área, com 8 mil m² de muito verde, no

Km 18, uma antiga chácara. No local, será implantada uma Emei (Escola Municipal de Educação Infantil), que vai substituir uma antiga escola do bair-ro, fechada há 2 anos, por funcionar em um prédio alugado e que não apresenta-va condições de abrigar uma unidade de ensino. Além disso, no mesmo local, será implantado um parque para que alunos da própria Emei e também de outras es-colas da rede municipal possam vivenciar os principais ecossistemas e que será tam-bém aberto à comunidade.

O evento contou com a presença de Clara Ermelinda Michelin, filha do an-tigo proprietário da área, João Misegante Michelin, que abria a chácara para que as crianças do bairro, nas décadas de 70 e 80, pudessem colher jabuticabas e mangas. “Minha família viveu aqui por 40 anos. E nosso maior desejo era que essa área fosse preservada. Por isso, ficamos muito feli-zes quando chegamos a esse acordo com a prefeitura para transformar o local em uma Escola Parque”, afirmou.

Também presente ao evento, o vereador Valmir Prascidelli relatou que

era, ao lado do prefeito Emidio de Souza e do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), uma das crianças que brinca-vam no local. E salientou a importância dessa ação da prefeitura. “O que estamos fazendo aqui é preservar também a histó-ria dessa área. Tínhamos muito medo que o terreno fosse vendido para um empre-endimento imobiliário e que as árvores fossem derrubadas para implantação de prédios. A Escola Parque vai garantir a preservação desse patrimônio”, disse.

Já o deputado federal João Pau-lo Cunha lembrou que sua família, quando chegou do Paraná em Osas-co, foi morar em um imóvel vizinho à chácara. “Essa é uma poucas áreas verdes que ainda restam na cidade. Por isso, fico

muito feliz por esse projeto. Não tem coi-sa mais agradável do que a gente trabalhar pela cidade que a gente ama”, ressaltou.

O longo trajeto entre a negocia-ção com os proprietários, a elaboração do projeto da Escola Parque e, agora, a assinatura do projeto de lei prevendo sua criação foram lembrados, em seu discurso, pelo prefeito Emidio de Sou-za. “Tínhamos uma grande apreensão quanto ao futuro dessa área. E, ao mes-mo tempo, tínhamos o compromisso de instalar uma nova escola aqui nessa região. Então, iniciamos essa batalha há mais de 2 anos e chegamos a esse proje-to, que além de preservar toda essa área, ainda vai garantir a criação da melhor Emei de Osasco”, disse.

O prefeito de Osasco, Emidio de Souza (PT) assinou Projeto de Lei criando o Parque Escola do Km 18, uma iniciativa inédita, no Estado de São Paulo, que vai garantir, aos alunos da rede municipal de ensino, a chance de vivenciarem também na prática os conceitos abordados em sala de aula sobre os ecossistemas

Mazé Favarão, secretária de Educação, prefeito Emídio de Souza e João Paulo Cunha

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Estados & Municípios - Abril 2012 47

Mesmo com a duplicação do volume de empréstimos concedidos para práticas

sustentáveis no campo, na safra agrí-cola 2011/2012, os níveis de acesso às chamadas linhas verdes ainda são irri-sórios. A conclusão é do estudo Finan-ciamento Agroambiental, lançado pelo Instituto Socioambiental (ISA), que aponta gargalos na operacionalização desse incentivo econômico, a partir de entrevistas com 87 produtores e três agentes financeiros, desde 2010.

Tecnologia

De acordo com a engenheira agrônoma Léa Vaz Cardoso, assessora do ISA, o financiamento impõe desa-fios tecnológicos ao produtor brasileiro. O carro-chefe dessas linhas de crédito é o Programa para a Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultu-ra (ABC), lançado em 2010, que pro-põe modelos mistos de produção.

“As linhas financiam tecnologias um pouco mais complexas que as tra-

dicionais, são sistemas diversificados. Quando você compara uma lavoura de soja em monocultivo, o pacote tecnológi-co é completamente conhecido. Quando coloca um sistema integrado como lavou-ra-pecuária-floresta, você passa a ter três produtos numa mesma área, com diferen-tes prazos e ciclos”, disse.

Um outro ponto, segundo a agrô-noma, é que os agricultores não conhe-cem essas linhas diferenciadas. “O produ-tor até pode ter intenção de, por exemplo, recuperar áreas de proteção permanente (APP), mas ainda não faz por questões financeiras. E ainda tem a indefinição de decisões sobre o novo Código Florestal e a burocracia ambiental, que assustam esse produtor”, disse a assessora.

Menos de 1%

Ainda faltam três meses para o fim do ano agrícola (2011/2012), mas o Banco do Brasil já contabiliza R$ 430 milhões desembolsados. Em toda a safra anterior, o banco desembolsou pouco mais de R$ 230 milhões. A agrônoma do

ISA considera que o incremento é resul-tado de uma ação maior do agente finan-ceiro e do governo, mas alerta que o valor “ainda é marginal em relação aos outros créditos. Estamos falando em quase R$ 500 milhões para linhas sustentáveis, sen-do que já foram emprestados mais de R$ 70 bilhões para outras práticas, ou seja, menos de 1% na conta”.

Capacitação em parcerias

O diretor de Agronegócios do Ban-co do Brasil, Clênio Severio Teribele, não acredita na insegurança dos produ-tores brasileiros. “Basta verificar o cresci-mento da produtividade no Brasil, que a gente atribui a competência dos nossos agropecuaristas”, disse. Mas o executivo do banco admite o desconhecimento do crédito e a falta de capacitação para a to-mada do financiamento.

“O que a gente percebe é que o mer-cado ainda não conhece essas linhas. Temos dificuldade na obtenção de bons projetos. A assistência técnica não chega a todos os lo-cais e precisamos que chegue”, disse Teribe-le, acresentando que o banco está investindo em uma rede de parcerias com cooperativas, agrônomos e técnicos, para o treinamento para elaboração de projetos. “Temos todos os motivos para acreditar no bom desempe-nho dessas linhas”, disse.

Linha verde ainda é irrisória

O estudo planeja premiar os agricultores que conservam ou recuperam APPs

Ambiente

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48 Abril 2012 - Estados & Municípios

EmpreendedorismoAmbientePousada

RESTAURANTE E CACHAÇARIA

IR Edson Nobre

O ministro da Secretaria-Ge-ral da Presidência, Gilber-to Carvalho, garantiu que

o texto do Código Florestal, aprova-do na Câmara dos Deputados, não foi o esperado pelo governo e lembrou que a presidenta tem direito ao veto e irá analisar a possibilidade com “se-renidade”.

“É público e notório que nós esperávamos um resultado que des-se sequência àquilo que foi acordado no Senado”, disse. “Como nos é dado também pela Constituição o direito ao veto, a presidenta vai analisar com muita serenidade, sem animosidade, sem adiantar nenhuma solução. Vamos analisar com calma”, completou, após participar da abertura do debate Diálo-gos Sociais: Rumo à Rio+20.

Ruralistas

Ao ser perguntado se a aprovação do texto representou uma vitória da bancada ruralista, Gilberto Carvalho respondeu que se trata de uma “corre-

Código Florestallação de forças” no Congresso. “Agora nós vamos, com sangue-frio e tranqui-lidade, analisar”, destacou.

O ministro disse ainda que a de-cisão da presidenta Dilma levará em conta aspectos além da repercussão que o Código Florestal possa ter na Con-ferência das Nações Unidas sobre De-senvolvimento Sustentável (Rio+20). “Muito mais importante que a Rio+20 é o nosso cuidado com a preservação e com o modelo de desenvolvimento sus-tentável que pregamos.”

O texto base do novo Código Florestal foi aprovado na Câmara dos Deputados com as mudanças propostas pelo relator da matéria, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), que agradaram aos ruralistas.

O governo e os ambientalistas de-fendiam o texto aprovado pelos senado-res e enviado à Câmara para nova vota-ção, com o argumento que, no Senado, a proposta havia sido acordada com o setor produtivo e com os ambientalis-tas, e que também contou com a apro-vação de deputados.

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Começou a contagem regressiva para a inauguração da maior fábrica de celulose do mun-

do, que está sendo construída em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. A cidade foi escolhida para abrigar o empreen-dimento em função das extensas áreas propícias ao plantio de eucalipto e pela logística de transporte da região.

“O primeiro fardo de celulose sai em novembro”, garantiu o presidente da Eldorado Brasil, José Carlos Grubisich, ressaltando que a empresa conduzirá toda a cadeia de produção e industrialização do eucalipto – do plantio ao transbordo da celulose até os portos, garantindo assim custo de produção mais baixo.

Quando estiver em plena opera-ção, a unidade de Três Lagoas vai ge-rar cerca de 2.500 empregos diretos e de 8 mil a 10 mil postos de trabalho indiretos. Do grupo de jovens do pro-grama ‘primeiro emprego’ desenvolvi-do pela empresa, que ofereceu cursos de treinamento e capacitação para 190 pessoas, a Eldorado assegurou que pelo menos 95 serão contratados imediatamente.

Segundo Grubisich, a fábrica de Três Lagoas, que tem investimento total de R$ 6,2 bilhões, começará com produ-ção de 1,5 milhão de tonelada. A meta de chegar a 5 milhões de toneladas em 2020 é mantida e o fato da obra representar o ‘período mais curto entre a decisão e a operação’ colocará a unidade de Três La-goas como referência no setor.

A meta intermediária, em 2017, é iniciar a segunda linha com produção de 3,5 milhões de toneladas. Isso significa capacidade maior, uma vez que a produ-ção estimada nas três linhas projetadas supera a Fibria em suas cinco linhas..

Investimento

Dos R$ 6,2 bilhões de investimen-tos, R$ 1,8 bilhão já foi integralizado no capital da empresa, que tem participa-ção dos grupos J&F ( JBS) com a maior participação acionária, de 50,15%%; FIP Florestal, 33,13%, e grupo MJ, com 16,72%. O aporte do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-mico e Social) é de R$ 2,5 bilhões. Os fundos de pensão do Banco do Brasil

e da Caixa também são acionistas, por meio da FIP Florestal. 

A nova fábrica vai utilizar a hidro-via Paraná-Tietê, aproveitando sua lo-calização privilegiada, encravada entre a BR-158 e a confluência dos rios Tie-tê e Paraná. A fábrica terá seu próprio terminal ferroviário e porto fluvial para embarcar e transportar a celulose até o porto de Santos.

“Nosso objetivo é ampliar o uso dos modais hidroviário e ferroviário que apresentam maior economia em escala e menor impacto ambiental. Para isso já adquirimos uma frota própria de locomotivas e vagões que vão trans-portar a nossa celulose até um terminal próprio no porto de Santos e de lá para os principais mercados do mundo”, ex-plicou o executivo.

Segundo Grubisich, serão usa-das duas logísticas – uma com a celulose sendo transportada em caminhões até Aparecida do Taboado e de lá até Santos. Outra, por meio da hidrovia, com barca-ças subindo o Tietê até Pederneiras (SP) e de lá até Santos. As barcaças retornam com matéria-prima pela hidrovia.

Celulose gera emprego em Três LagoasDe acordo com José Carlos Grubisich, mais de 75% das obras civis estão concluídas e a produção será iniciada em novembro

PousadaRESTAURANTE E CACHAÇARIA

IR Edson Nobre

Empreendedorismo

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50 Abril 2012 - Estados & Municípios 50 Abril 2012 - Abril 2012 - Estados & Municípios

O presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e prefeito de Pira-

quara, Gabriel Samaha Gabão (PPS), não poupou criticas ao ciclo de gover-nantes que, para ele, continuam igno-rando a importância e as necessidades das prefeituras. A declaração ocorreu na abertura do 12 Fórum Estadual da Un-dime/PR (União dos Dirigentes Muni-cipais de Educação-Paraná), realizado em Curitiba.

Em tom de desabafo, ele criticou a falta de investimentos da União e dos Estados em Educação e cobrou uma distribuição mais justa de recursos para as prefeituras. “Infelizmente, nos últi-mos vinte anos, os intelectuais de es-

querda que chegaram à Presidência da República fi zeram pouco pela Educa-ção. O Brasil é a sexta maior economia do mundo, mas está longe de ser uma grande potência no campo da Educa-ção”, lamentou.

Gabriel Samaha também condenou o fato de os prefeitos serem muitas vezes apontados como culpados pelos proble-mas da Educação, quando na sua opinião os principais responsáveis pelo problema são a União e os Estados, que não inves-tem o mínimo necessário no setor.

Como exemplo, ele citou que no Paraná os municípios gastam R$ 120 milhões com o transporte escolar dos alunos do Estado, mas recebem apenas R$ 58 milhões do Governo para reali-

Paraná critica governanteszar o serviço. “Pedimos R$ 80 milhões para o Governo e R$ 40 milhões para a Assembléia Legislativa para zerar esta conta. Se isto não ocorrer, seremos res-ponsabilizados pelo problema. Isto é in-justo porque somos nós que cobrimos os gastos da União e dos Estados com a Educação”, afi rmou Gabão.

O mesmo vale para o piso nacio-nal dos professores. Pesquisa divulgada na primeira quinzena de março pela AMP e pela Undime/PR apontou que a exigência de cumprimento do piso pode inviabilizar a maioria das 399 prefeituras do Estado. ”Se o piso for implantado do jeito que está, os muni-cípios não poderão pagá-lo”, ressaltou o presidente da AMP.

Foz do Iguaçu

Gabriel Samaha enviou nota à im-prensa apoiando a decisão do prefeito de Foz do Iguaçu, Paulo Mac Donald Ghisi, de paralisar o transporte escolar na cidade.

E sentenciou: “Mais municípios vão suspender o serviço se o governo do Estado não cumprir seu compromis-so, assumido em fevereiro reunião com os representantes de todas as cidades do Estado, de repassar R$ 80 milhões para a realização do transporte escolar em 2012”, comentou Gabão, que co-brou uma resposta urgente do governo a respeito deste impasse.

Um bom número de prefeitos do Paraná está em pé de guerra com o governo devido à falta de recursos dos municípios para o transporte escolar dos alunos da rede estadual. O serviço custa R$ 120 milhões às prefeituras, mas a Secretaria da Educação repassou apenas R$ 58 milhões para a realização do transporte em 2011. O serviço é, por lei, obrigação do governo do Estado.

Em suas atitudes e declarações polêmicas, o presidente da AMP, Gabriel Samaha, não poupa autoridades da União e nem mesmo o governador do Paraná, Beto Richa

Educação

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Estados & Municípios - Abril 2012 51

O programa Mulheres Mil, voltado para a elevação de escolaridade e formação pro-

fissional de brasileiras em situação de vulnerabilidade social, será estendido para mais 102 campi de institutos fede-rais de educação, ciência e tecnologia.

A chamada pública para selecionar as instituições federais que ainda não implantaram a política foi publicada no Dário Oficial da União. O programa está sendo executado em 112 campi da Rede Federal de Educação Profissional, Cien-tífica e Tecnológica, com mais de 10 mil alunas matriculadas.

Cada um dos novos núcleos do programa receberá R$ 100 mil para início das atividades ainda em 2012. O investimento total para ampliar o Mu-lheres Mil será de R$ 10 milhões. Além disso, a previsão é de que sejam geradas mais de 10 mil vagas nos novos núcle-os, 100 por campus, e outras 10 mil nos campi selecionados em 2011.

“Esperamos que as novas be-neficiárias do Mulheres Mil tenham a chance de voltar a estudar e encon-trem novas possibilidades de inclusão social e produtiva”, afirma o secretário de Educação Profissional e Tecnológi-ca do Ministério da Educação, Marco Antonio de Oliveira. O programa é co-ordenado pelo MEC e executado pelos institutos federais.

“Os cursos são organizados de acordo com os saberes que as mulhe-

De volta para a

ESCOLAmetodologia do Mulheres Mil (sistema de acesso, permanência e êxito, meto-dologia de avaliação, entre outros). As aulas nos campi selecionados terão iní-cio ainda no segundo semestre.

Até 2014 serão beneficiadas 100 mil brasileiras com ações que aliam a formação profissional à elevação de es-colaridade. Parte integrante do Brasil Sem Miséria, o Mulheres Mil foi insti-tuído como programa em 2011.

Entre 2007 e 2010 a iniciativa fun-cionou como projeto-piloto em 13 es-tados das regiões Norte e Nordeste em uma parceria entre institutos federais e instituições canadenses, quando mais de mil mulheres foram beneficiadas.

res possuem e com os arranjos pro-dutivos locais, pois o programa visa a formação profissional, a elevação da escolaridade e a inserção no mundo do trabalho”, explica Stela Rosa, co-ordenadora do Mulheres Mil. “Traba-lhamos com mulheres adultas de 18 a 70 anos nos campi de institutos fede-rais de todo o Brasil, que ministram cursos em diversas as áreas.”

Gestores

Os 204 gestores dos novos núcle-os, dois em cada, do programa partici-parão de curso de formação, em Brasí-lia, em maio. Eles serão apresentados à

Para Marco Antônio de Oliveira, secretário de

Educação Profissional e Tecnológica do MEC, o projeto permitirá que

as beneficiárias voltem a estudar e encontrem novas chances de inclusão social

Educação

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52 Abril 2012 - Estados & Municípios

O Programa Mais Educação já é uma realidade para 2,8 mi-lhões de estudantes em todo

o Brasil. Lançado em 2008, o programa já conta com 15 mil escolas públicas e a meta é incluir mais 15 mil até o final deste ano, sendo 5 mil da zona rural.

As escolas que integram o pro-grama passam a adotar jornada diária com no mínimo sete horas. Entre os 10 macrocampos de conhecimento ofere-cidos pelo programa, a escola pode es-colher seis, sendo um deles obrigatório, que é o acompanhamento pedagógico. Em geral, as escolas escolhem uma ati-

vidade educativa complementar na área de artes e cultura ou esportes.

“Nós não queremos ampliar o tempo das crianças da escola para que outros saberes povoem a vida delas e encubram o não aprendizado daquilo que é fundamental, que é o aprendiza-do da leitura, da escrita, de cálculos”, ressalta Jaqueline Moll, diretora de currículos e integração integral da Secre-taria de Educação Básica (SEB) do MEC.

Podem aderir ao programa as escolas que atendam estudantes de famílias de maior vulnerabilidade so-cial e estejam na lista das pré-selecio-nadas pelo MEC. A adesão é feita na internet pelo Sistema de Informações Integradas de Planejamento, Orça-mento e Finanças do MEC (Simec).

Legado

O Mais Educação funciona des-de 2009 na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Ruth Rosita de Nazaré Gonzales, em Belém, no Pará. Duas vezes por semana, os alunos têm três horas a mais de atividades na esco-la, incluindo acompanhamento peda-gógico em matemática e português.

Jornada integral no ensino público

Estudantes das universidades es-tadual e federal do Pará são responsáveis pelas aulas de reforço, orientadas pelos professores regulares. “O Mais Educa-ção trouxe grandes vantagens para a es-cola, como por exemplo, mais recursos pedagógicos. E já observamos melhoria no processo de ensino-aprendizagem, com menos repetência e redução da evasão escolar”, afirma a diretora Márcia Ruiz. Entre as atividades extras, há aulas de futebol, de coral e de banda escolar. “Estamos vivendo o trânsito de uma educação centrada em turnos para uma educação de dia inteiro, que é o mode-lo de países que tanto admiramos. É preciso pensar em um tempo alargado de permanência das crianças na escola como um legado do país para as próxi-mas gerações ”, afirma Jaqueline Moll.

Adesão

Em 2008, eram 1.380 escolas participantes em 55 municípios dos 27 estados. Em 2009, houve a ampliação para 5 mil escolas de 126 municípios, de todos os estados e no Distrito Fede-ral. A adesão subiu para 10 mil escolas em 2010 e 15 mil em 2011.

Pelo projeto, as escolas beneficiárias recebem

conjuntos de instrumentos musicais que fazem parte do programa de ensino integral

nas escolas públicas

Educação

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Em 2010, já faturamos 7 importantes prêmios: 6 medalhas no Colunistas, o que nos deixou entre as melhores agências do Norte-Nordeste, e um Bahia

Recall, a mais importante e concorrida premiação do mercado baiano. Conquistas que aumentam ainda mais o nosso prazer pelo trabalho e nos

estimulam a buscar resultados cada vez mais consistentes para os nossos clientes. Sempre com ideias diferenciadas, pra chegar cada vez mais longe.

Destaque no Bahia Recall e seis medalhas no Colunistas Norte/Nordeste 2010.

anuncio_est_munic_21x28.pdf 1 17/11/10 11:49

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54 Abril 2012 - Estados & Municípios

A Associação Transparência Mu-nicipal (ATM-TEC) promoveu em Brasília um encontro de ca-

pacitação com representantes de diver-sos órgãos públicos dos três poderes, na União, estados e municípios. O objetivo é garantir ao cidadão o direito e as facilida-des para obter, imediatamente ou no pra-zo de até 20 dias do pedido, acesso a qual-quer informação, documento, registro administrativo ou atos de governo classifi-cados como não sigilosos ou pessoais.

A partir do próximo dia 16 de maio, como determina a Lei de Acesso à Infor-mação, todos os órgãos públicos serão obrigados a divulgar informações de in-teresse da sociedade por iniciativa própria ou por demanda de qualquer cidadão.

Para o presidente da ATM, Paulo Sérgio Silva, os órgãos públicos terão dois meses para organizar, melhorar e agilizar o gerenciamento de documen-tos e informações. “Em outra ponta, agentes públicos e políticos irão enfren-

tar, com vistas a eliminar, a cultura do segredo, agora reforçada pela cultura do pen drive, muitas vezes usado para manter sob domínio, como proprieda-de particular, informações que interes-sam a toda a sociedade”, explicou.

Paulo Sérgio informou que a Lei 12.527/11 é inovadora e arrojada, pois traça os procedimentos a serem observados pela Administração Pública direta e indireta para o cumprimento de preceitos constitucionais. “Ao mesmo tempo, é uma lei rígida. O descumpri-mento de seus preceitos pelos agentes públicos constituirá conduta ilícita, em vários casos passíveis de ações por im-probidade administrativa”, alertou.

Pioneirismo

O curso foi ministrado por espe-cialistas em Transparência Pública, Di-reito Administrativo e Tecnologia da Informação e Comunicação, estudiosos da matéria desde 2003, quando o Méxi-co adotou a primeira lei semelhante na América Latina, visando assegurar o di-reito à informação. Pioneira em consul-toria e assessoria técnica e operacional

Informação pública, um direito de todos

“ Temos consciência que o novo modelo de transparência pública, criado pela Lei de Acesso à Informacão, enfatizará o princípio constitucional da eficiência”

Transparência

Page 55: Estados & Municipios

Estados & Municípios - Abril 2012 55

Estiveram presentes ao evento, representantes da Godoy - SP, CORSAN - RS, PM de Ituaçu - BA, EGBA, Univasf - PE, Baraúna - RN, PM de Uruaçu - GO, FMS de Luis Eduardo Magalhães - BA, PM de Acreúna - GO, MCT - DF, Logus - DF, Prefeitura de Artur Nogueira - SP, Camara do Deputados - DF, GOV - BR, Tribunal de Contas - RJ, Biblioteca Nacional de Brasília - DF, PM de Lagoa da Prata - MG, Tractus - SP, e-Logus - DF, TJ Palmas - TO, STF - DF, Cast - DF, PM de Piritiba - BA, Casa Civil - TO.

sobre questões de transparência pública no Brasil, a ATM-TEC largou na fren-te até do próprio Governo Federal, no tocante a metodologias e construção de sistemas apoiados em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) para fazer cumprir o que determina a Lei de Acesso a Informação.

Além do presidente da ATM-TEC, Paulo Sérgio Silva, que foi o cria-dor da Rede Brasileira de Publicações de Atos Oficiais (RedeDom) e o ideali-zador do projeto Política de Transferên-cia Administrativa, adotado por vários municípios, foram expositores: Mar-garette Lucena, especialista em Direito Público do Trabalho, com larga experi-ência em políticas públicas, licitação e contratação direta, acompanhamento

de Plano Plurianual (PPA), Lei de Di-retrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA); Bruno Soares, especialista em banco de dados de alta disponibilidade.

Gerente de TC da Associa-ção Transparência Municipal, Bruno Soares participa de projetos de go-vernança eletrônica, transparência administrativa eletrônica, gestão do-cumental, gerenciamento eletrônico de documentos, diário oficial eletrô-nico, portais oficiais de prefeituras e câmaras municipais, e de sistemas de controle e operação. O outro expo-sitor foi Sérgio Abade, que atua no Campo da Tecnologia da Informação e Comunicação, para gerenciamento de sistemas de interação com as im-

prensas oficiais dos estados para pu-blicidade legal dos municípios.

Transparência

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56 Estados & Municípios - Abril 2012

O RELÓGIO DA SONY

Nos Estados Unidos, a Sony abriu o site para receber pedidos de interessados em adquirir seu primeiro investimento no mercado de relógios de pulso, vendido por US$ 149,99. Mas o SmartWach não é um relógio comum, ele vem equipado com An-droid e fornece acesso a diversas apli-cações e chamadas telefônicas.

O aparelho possui tela OLED de 1.3 polegada, pela qual pode-se conferir notificações referentes a e-mail, recados em sites e Twitter, mensagens de texto e controlar um player de música. E também é possí-vel ver as horas.

O usuário precisa parear o re-lógio com um Erro! A referência de hiperlink não é válida. equipado com o sistema operacional do Goo-gle. A partir daí, consegue acessar a Google Play e trabalhar com os apli-cativos nos dois aparelhos. Ainda não há informações sobre quando (e se) a novidade, que havia sido apre-sentada durante a CES, chegará ao Brasil.

PEDRO ABELHA [email protected]

Mídia

COCA-COLA X DOLLY

A Coca-Cola ganhou na Justiça uma causa contra a RedeTV! e duas em-presas ligadas à marca de refrigerantes Dolly, e agora as envolvidas terão de pa-gar R$ 1 milhão de indenização à multi-nacional. Na decisão, o Tribunal de Jus-tiça de São Paulo (TJSP) entendeu que o “Programa 100% Brasil”, exibido em 2003 pela emissora após vender espaço para a Dolly, foi realizado com intuito de prejudicar a concorrente.

A Coca foi à Justiça por entender que a atração falava de supostas práti-cas ilícitas cometidas pela companhia, como sonegação fi scal, corrupção ati-va, concorrência desleal e adição de substância entorpecente ao xarope da bebida. O relator do processo, desem-bargador Francisco Loureiro, concor-dou e disse ser “possível concluir, sem sombra de dúvida, que o objetivo maior do programa não era informar o públi-co acerca de fatos relevantes e de notó-rio interesse público, mas sim ofender a Coca-Cola”.

A RedeTV! afi rmou que não po-deria ser responsabilizada, pois o con-teúdo do “100% Brasil” era fruto de ne-gociação da Dolly com um terceiro, que garantiu espaço na grade da emissora. Já Detall-Part, dona da marca Dolly, e Ragi Refrigerantes, que engarrafa e co-mercializa a bebida, alegou que todos os participantes toparam dar entrevis-tas sem qualquer tipo de orientação.

Para o TJ, isso não exime as acu-sadas. “As reportagens e entrevistas vei-culadas no programa tinham por único objeto explorar denúncias de irregula-

ridades envolvendo a empresa autora [Coca-Cola], tanto que foram entre-vistados basicamente ex-funcionários, parlamentares e outras autoridades públicas que, de alguma forma, guarda-vam relação com as acusações desferi-das contra a requerente.”

Quanto à RedeTV!, Loureiro lembrou que a emissora é, sim, respon-sável pelo que veicula, mesmo que o conteúdo não tenha sido produzido por ela. Cabia ao canal verifi car antes.

TVS PERDEM AUDIÊNCIA

Em um ano, as emissoras abertas de televisão perderam 7% de sua audi-ência, de acordo com dados do Ibope. Entre 7h e 0h, em 2011, havia 42,9% de aparelhos ligados mas, em 2012, essa média caiu para 39,9%. De janeiro a março de 2011, ao mesmo período des-te ano, todos os canais perderam pon-tos de audiência, mas nem todos caíram em share (participação entre os apare-lhos ligados).

As baixas mais expressivas são da RedeTV!, que perdeu 22% dos pontos e 16% de share. A Globo não tem mais 9% de sua audiência e 2% do share, en-

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Estados & Municípios - Abril 2012 57

quanto Record e Band apenas caíram 7% no Ibope. O SBT é o destaque, pois, apesar de perder 4% da audiência, ga-nhou 3% de participação.

OI NO MUNDO

A Oi firmou parceria com a norte-americana iPass para reforçar sua es-tratégia de fornecimento de conexão à internet por tecnologia wi-fi.

Nos próximos meses, a rede Oi WiFi, que atualmente opera com cerca de 2100 pontos de acesso nas diversas regiões do Brasil, contará também com mais 780 mil hotpots, através da iPass Open Mobile Exchange (iPass OMX) em todo o mundo.

A iniciativa é mais uma etapa da estratégia de wi-fi da Oi. Os pontos de acesso estarão disponíveis em aeropor-tos, hotéis, cafeterias, e locais Premium, em 118 países, nos próximos meses.

“A Oi quer sempre oferecer aos seus clientes o melhor serviço, propor-cionando economia e conveniência. A parceria com a iPass reforça esse com-promisso e proporciona a experiência do conceito de internet em todo o lu-gar”, afirma o diretor de Segmentos da Oi, Eduardo Aspesi.

“A rede Oi WiFi foi lançada em 2011 para fortalecer o posicionamen-to da companhia como a maior e mais completa provedora de acesso à Inter-net no Brasil”, completa Aspesi. “Ao tra-balhar com a Oi, podemos agregar valor ao seu serviço de conexão à internet por

wi-fi, oferecendo pontos de acesso aos clientes da companhia quando estive-rem viajando”, disse Steve Livingston, senior vice president of Carrier Develo-pment da iPass.

INTERNET

O número total de pessoas com acesso à internet em qualquer ambien-te (domicílios, trabalho, escolas, lan houses ou outros locais) atingiu 79,9 milhões no quarto trimestre de 2011, segundo o IBOPE Nielsen Online.

O crescimento foi de 2% sobre o trimestre anterior, de 8% sobre o mesmo período de 2010 e de 19% em relação a 2009.Os ambientes casa e trabalho foram os principais res-ponsáveis pela expansão do total de internautas no Brasil em 2011. O uso da internet em casa ou no local de trabalho também se manteve em crescimento em 2012.

No primeiro trimestre, o acesso em casa ou no trabalho atingiu 66 mi-lhões de pessoas. Dessas pessoas com acesso, 48,7 milhões foram usuários ativos em fevereiro, o que significou um crescimento de 2,5% sobre o mês de ja-neiro, de 18% sobre os 41,4 milhões de fevereiro de 2011 e de 33% sobre 36,7 milhões de fevereiro de 2010.

Considerando somente o acesso em casa, o total de pessoas que moram em residências em que há a presença de computador com internet chegou a

62,6 milhões. Dessas pessoas com aces-so domiciliar, 39,7 milhões foram usuá-rios ativos em fevereiro de 2012.

O crescimento foi de 18% sobre os 33,7 milhões de fevereiro de 2011 e de 40% sobre os 28,6 milhões de fe-vereiro de 2010.O maior uso da inter-net em casa vem sendo motivado pela expansão do número de pessoas com mais banda larga. Em dois anos, a quan-tidade de usuários ativos com mais de 2 Mb cresceu mais de 300% no Brasil, segundo a metodologia de aferição de velocidade de conexão utilizada pela Nielsen em oito países.

O TABLET DE 1KG

Imagine segurar um tablet que pesa cerca de 1 kg. Parece desconfor-tável? Pois a nova aposta da Toshiba tem essa característica, além da tela de 13 polegadas que fez o Excite 13 ser o maior tablet já produzido em escala in-dustrial. Esse peso e tamanho todo fazem o aparelho ser 53% mais pesado que o iPad com Wi-Fi e seus 652 gramas.

A empresa justifica o formato di-zendo que ele tornará ideal a exibição de vídeos, fotos, mapas e sites. Garante também que o som será melhor, já que o tablet vem com quatro alto-falantes, e que a bateria dura 13 horas. Os apa-relhos da linha Excite (os de 7,7, 10 e 13 polegadas) possuem duas câmeras (uma com 5 MP), rodam o Android 4.0 e só possuem conexão via wireless.

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O SUS está com você no combate à dengue.

Para saber mais ou fazer download do material para gestores,acesse www.combatadengue.com.br

Gestor municipal, é sempre hora de

mobilizar sua cidade.

Sua participação é muito importante no combate à dengue. Organize mutirões, promova a capacitação de agentes de vigilância, envolva líderes comunitários da sua cidade e exerça seu papel de liderança junto às organizações responsáveis pelos serviços de coleta e tratamento de lixo. Sua cidade conta com você.

JUNTOS SOMOS MAIS FORTESNESTA LUTA.

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Page 59: Estados & Municipios

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60 Abril 2012 - Estados & Municípios

O salário mínimo em 2013 poderá chegar a R$ 667,75, o que corresponde a um re-

ajuste de 7,3% em relação ao atual. O valor consta do projeto da Lei de Diretri-zes Orçamentárias (LDO) encaminhado pelo governo ao Congresso Nacional. A equipe econômica projeta ainda mínimo de R$ 729,20 para 2014 e de R$ 803,93 para o ano seguinte – o que resulta em au-mento de 29% acumulados até 2015.

A LDO apresenta os parâmetros que servirão de base para a elaboração do Orçamento Geral da União do pró-ximo ano. O projeto manteve as pro-jeções ofi ciais para a infl ação e para o crescimento econômico.

O crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) continuou esti-mado em 5,5% para 2013. A infl ação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também não variou em relação aos números divulgados em fe-vereiro pela equipe econômica e fi cou em 4,5%, um pouco menos que os 4,7% estimados para este ano.

O Planejamento estima taxa de câmbio média de R$ 1,84 para 2013, contra a taxa de R$ 1,76 em 2012. Os juros básicos da economia, de acordo com o projeto da LDO, deverão en-cerrar 2012 em 9,75% ao ano e atingir 8,5% ao ano no fi m de 2013.

O reajuste de 7,3% no salário mí-nimo terá impacto de R$ 17,3 bilhões no Orçamento Geral da União em 2013, informou o Ministério do Plane-jamento. Essa é a quantia que o Gover-no Federal estima gastar para elevar o piso salarial de R$ 622 para R$ 667,75.

Defi nida por lei própria, a fórmu-la de reajuste do salário mínimo cor-responde ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos an-teriores somado à infl ação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumi-dor (INPC) do ano anterior. Para 2013, o aumento leva em conta o crescimento da economia de 2,73% em 2011 mais a estimativa, divulgada na LDO, de infl a-ção de 4,5% pelo INPC em 2012.

O reajuste do mínimo pres-siona as despesas públicas porque boa parte dos benefícios previdenciários e so-ciais é atrelada ao piso. Além disso, grande parte de aposentadorias, pensões, seguro-desemprego, abono salarial e benefícios da Lei Orgânica de Assistência Social equivale a um salário mínimo.

Aposentados

Conforme ocorreu este ano, o Governo Federal manteve a posição de não conceder reajuste real em 2013, ou seja, acima da infl ação medida pelo

Índice Nacional de Preços ao Consumi-dor (INPC) para os aposentados que ganham mais de um salário mínimo.

“Em nossa avaliação, os aposen-tados têm assegurado por lei a infl ação do ano anterior. Essa política já está defi nida por lei e acreditamos que seja mantida”, explicou a ministra do Pla-nejamento, Miriam Belchior. Desde o ano passado, há expectativa por parte dos aposentados que o governo eleve a proposta para que haja aumento real.

“Consideramos que a infl ação seja o sufi ciente. O Brasil tem muitas priori-dades, o recurso público é restrito. Há enorme número de categorias que não tem sequer a infl ação. Nos parece que frente aos enormes desafi os que temos no país, isso seja sufi ciente para os apo-sentados que têm benefícios acima do salário mínimo”, justifi cou Miriam.

Cerca de 9 milhões de aposen-tados ganham mais do que um salário mínimo. Em 2012, o governo fi xou re-ajuste de 6,3%, relativo à estimativa da variação do INPC de 2011. A propos-ta fi cou bem abaixo das reivindicações da categoria, que pediram INPC mais 80% do PIB do ano anterior, o que cor-responderia a um reajuste de cerca de 12%. Segundo o governo, o impacto do aumento nesse percentual para os apo-sentados que ganham acima de um salá-rio mínimo representaria uma despesa adicional de cerca de R$ 8 bilhões.

Defi nido o mínimo para 2013Economia

60 Abril 2012 - Abril 2012 - Estados & Municípios

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As centrais sindicais estão pro-gramando uma paralisação do funcionalismo público nos

Três Poderes para o dia 9 de maio se não tiverem suas reivindicações aten-didas. A pauta de reivindicação inclui melhoria salarial, correção de distor-ções, paridade e defi nição de data-ba-se. Na opinião do secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Costa, o governo tem sido infl exível com os sindicalistas. “Por en-quanto estamos aguardando propostas concretas do que eles têm para nos ofe-recer. Estamos esperando”, observou.

O governo alega que será difícil abrir a carteira em um momento de incertezas econômicas e fi nanceiras, diante do atual cenário internacional. “Eu, por obrigação, acredito em vários acordos. Podemos ter greve, podemos

ter confl ito, mas vamos conseguir che-gar a um acordo. Acho difícil que haja um movimento generalizado, na minha percepção. O governo lida tranquila-mente com essa questão. É democráti-co e sabe que isso é possível. Mas temos que tomar atitudes de tentar viabilizar a negociação dentro dos órgãos. Se chegar, infelizmente, a uma greve, que seja decorrente de um longo processo de negociação”, afi rmou o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.

As centrais sindicais representam cerca de 1,2 milhão de servidores pú-blicos. Desses, cerca de 570 mil estão na ativa. Mendonça não acredita que a paralisação vá atingir todos os funcio-nários. “Não estou ignorando ou me-nosprezando o poder de mobilização das entidades. A greve faz parte do pro-cesso, mas greve de 100% de adesão é meio difícil”, acrescentou.

Folha de pagamento

Segundo Mendonça, atualmente, a folha de pagamento - considerando o Poder Executivo, o que inclui servi-dores civis e militares, o Legislativo e o Judiciário - custa cerca de R$ 200 mi-lhões por ano ao governo. O montan-te equivale a 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB). E, conforme o secretário,

o alto percentual faz com que cada mo-vimento de reajuste salarial precise ser bastante calculado. A ordem atual é que o crescimento dos gastos não ultrapasse a relação com o PIB nominal.

“Qualquer movimento em torno de reajuste, mesmo que só da infl ação, você consome uma boa parcela da folha de pagamentos. Não se consegue fazer outra política se não a de ajustes remu-neratórios, correção das distorções. A ideia é que não possa ultrapassar o cres-cimento, essa relação com o PIB nomi-nal daqui para frente. Se hoje a relação é 4,5% do PIB, a ideia é que isso possa ser preservado daqui para frente e que, em 2013, 2014, não tenha expan-são adicional. Isso não é uma gordura, é manter estrategi-camente a despesa de pesso-al no ritmo de crescimento do país”, defendeu.

Funcionalismo ameaça greveEconomia

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62 Abril 2012 - Estados & Municípios

Estados & Municípios - Quais as principais mudanças de cenário entre o começo de sua gestão e agora, no último ano de mandato?

Muita coisa mudou, e mudou para melhor. Encontramos uma ci-dade acomodada, com um orçamen-to pouco maior que 100 milhões, com dívidas e muitas necessidades. Hoje a cidade está com orçamento na casa dos 350 milhões, recebeu uma quantidade muito grande de investimentos. Com todo este de-senvolvimento, os problemas apa-recem a cada dia mais e a Prefeitura tem que buscar as soluções, para uma população cada vez mais exigente. Só crescer não basta, é preciso crescer com qualidade, sustentabilidade, ou seja, desenvolver-se. Esta é a grande tarefa dos municípios. Entendo que fizemos a nossa parte nestes anos.

E como essas mudanças refl etem na qualidade de vida da população?

A cidade mudou completamente. É notável a melhoria na qualidade de

Crescimento com qualidadeApós dois mandatos consecutivos, o prefeito de Pindamonhangaba, João Ribeiro (PPS - SP), passará o comando da cidade para seu sucessor com a certeza do dever cumprido. “Só crescer não basta, é preciso crescer com qualidade e sustentabilidade. E é isso que estamos fazendo”, garante o prefeito, ressaltando que a melhoria da qualidade de vida da população nos últimos anos foi “notável”.

Em entrevista à Revista Estados & Municípios, João Ribeiro faz um balanço de sua administração e garante que terminará sua segunda gestão com as contas da Prefeitura rigorosamente em dia e com recursos em caixa. Ele ressalta, ainda, que sua equipe trabalhará incansavelmente até o ultimo dia de mandato. “Estamos em ano eleitoral, quando a legislação impõe uma série de limitações. Mesmo assim, temos uma grande equipe que não medirá esforços nesta reta fi nal”.

vida da população, com melhorias na saúde. Hoje temos mais médicos, são feitos mais exames, cirurgias, consul-tas, ampliamos as unidades de saúde, horários de atendimento. Fizemos mais escolas, aumentamos as vagas em creches, trouxemos muitas empre-sas para a cidade e isso contribui com a geração de empregos. Enfi m, tivemos várias mudanças notáveis no cenário pindense.

Saúde, educação, segurança, in-fraestrutura. Quais as áreas mais benefi -ciadas por sua gestão? E por quê?

Costumo dizer que uma cidade é como a máquina de um relógio, com engrenagens grandes, engrenagens pequenas e rubis. Cada peça tem seu valor intrínseco, mas para o funcio-namento do conjunto, todas têm o mesmo valor. Nas cidades tudo é im-portante para seu equilíbrio. A saúde, educação, infraestrutura, segurança, esportes, o campo, enfim, temos feito uma administração participativa, em que todos os setores são considera-

Economia

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Estados & Municípios - Abril 2012 63

Economia

dos, uma vez que, de alguma maneira, em algum ponto, eles se interagem e se completam.

Qual o principal legado que sua ad-ministração deixará para o município?

Foram sete anos de muito traba-lho e resultados extremamente posi-tivos em todos os setores. Melhoria na estrutura e índices da Educação. A saúde ganhou novos prédios, recursos e funcionários, ampliou em muito a sua capacidade de atendimento, mais medi-camentos, mais exames e consultas. Te-mos hoje a Prefeitura instalada em pré-dio novo, bonito e funcional, para que servidores possam trabalhar com mais conforto e atender melhor nossos mu-nícipes. Quase quadriplicamos as va-gas em creches; a atenção à população rural, com transporte escolar, cuidado com as estradas e programas na área de agricultura, que são modelo e referên-cia para outros municípios e até mesmo outros estados. Em todas as áreas tive-mos melhoras signifi cativas e avanços que fi carão para a cidade.

No plano econômico, como o Sr. vê o futuro do município?

Econômica e fi nanceiramente, Pindamonhangaba está muito bem, e num bom caminho. Seu futuro já come-çou e é brilhante. O importante é que os próximos administradores tenham muito cuidado com os efeitos colate-rais do crescimento. Que mantenham sob controle a questão ambiental, o uso do solo, selecionem os investimentos a serem atraídos pelo município, enfi m, trabalhar com fi rmeza e obstinação o quesito “qualidade”.

Pindamonhangaba, hoje, é o mu-nicípio que mais cresce na arrecadação de tributos na região e é a cidade que mais gera empregos. Estamos acima da média nestes dois quesitos e temos tudo para continuar crescendo.

Como o Sr. avalia a importância das parcerias para a gestão municipal?

As prefeituras não têm como dar conta de tudo. Portanto, o bom relacio-namento com outros órgãos de governo, empresas, entidades sociais e terceiro setor em geral é fundamental para desen-volver projetos, usar leis de incentivos ao esporte ou cultura. Isto alavanca o desenvol-vimento por meio da qualifi cação profi ssio-nal, profi ssionaliza empresas, traz recursos novos, promove qualidade de vida e uma infi nidade de outros benefícios.

Quais as prioridades de sua admi-nistração neste último ano de gestão?

Como já disse, não fazemos uma administração setorizada, priorizan-do uma ou outra área. A nossa visão é transversal e integrada. Desde o início do meu mandato observamos as ne-cessidades de todas as áreas e procu-ramos trabalhar todas sem restrições. Habitação, saúde, educação, infraes-trutura, esportes, lazer, projetos so-ciais, emprego, todas são importantes para o cidadão.

É possível afi rmar que seu plano de governo está sendo rigorosamente cumprido?

Afirmo que já realizamos a grande parte do que havíamos pro-gramado, e nestes últimos meses ainda realizaremos mais. Parale-lamente, novas necessidades, não programadas, surgiram pelo cami-nho; num volume que praticamen-te seria um novo plano de governo e tiveram a atenção da administra-ção que deu solução à maioria de-las. Sempre haverá mais a se fazer, estamos em ano eleitoral, quando a legislação impõe uma série de limitações. Mesmo assim, temos uma grande equipe que não medi-rá esforços nesta reta final.

Em sua opinião, quais as princi-pais vitórias e derrotas de sua gestão?

Terminamos uma série de duas gestões com uma quantidade imensa de realizações e transformações; com as contas da Prefeitura rigorosamente em dia, com recursos em caixa mais que suficientes para cumprir os com-promissos destes últimos meses e preservando com sobra os limites fis-cais. Foram incontáveis vitórias e não temos que falar em derrotas. Diria que tivemos apenas algumas pedras no caminho.

A prefeitura já adotou o princípio

da transparência total de suas ações? Pindamonhangaba é uma das ci-

dades que mais tem conselhos da co-munidade, tanto por provocação como por estímulo da própria administração, que entende a importância do controle e participação da sociedade.

Temos link para o portal da trans-parência e uma administração aberta, onde todo cidadão pode ter acesso e saber para onde são destinados os re-cursos públicos.

que fi carão para a cidade. empresas, entidades sociais e terceiro setor em geral é fundamental para desen-volver projetos, usar leis de incentivos ao esporte ou cultura. Isto alavanca o desenvol-vimento por meio da qualifi cação profi ssio-nal, profi ssionaliza empresas, traz recursos novos, promove qualidade de vida e uma infi nidade de outros benefícios.

nistração neste último ano de gestão?

administração setorizada, priorizan-do uma ou outra área. A nossa visão é transversal e integrada. Desde o início do meu mandato observamos as ne-cessidades de todas as áreas e procu-ramos trabalhar todas sem restrições. Habitação, saúde, educação, infraes-trutura, esportes, lazer, projetos so-ciais, emprego, todas são importantes para o cidadão.

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Trabalho

O Ministério do Trabalho e Emprego, a Organização Internacional do Trabalho

(OIT) e a Agência Brasileira de Coo-peração (ABC) uniram suas forças para promover uma ampla campanha de co-municação para prevenção e erradicação do trabalho infantil no Mercosul. A cam-panha tem como objetivo alertar a socie-dade sobre a necessidade de prevenir e erradicar o trabalho infantil, com foco es-pecial no trabalho agrícola, o trabalho do-méstico e a exploração sexual comercial.

“O combate ao trabalho infantil é quase uma obsessão no Ministério do Trabalho e Emprego. Temos consegui-do com êxito combater esta prática no trabalho formal. No entanto, no rural ou doméstico, extrapola a área da fi s-calização. Temos certeza que estamos avançando no combate e que estamos no caminho certo”, ressaltou o ministro interino do Trabalho e Emprego, Paulo Roberto dos Santos Pinto.

“A erradicação do trabalho infan-til tem sido alvo importante das políti-cas de governo. O Brasil é signatário da Convenção 138 da OIT,  sobre a idade mínima de admissão ao emprego, e da Convenção 182, sobre as piores formas de trabalho infantil. O Brasil está com-prometido com a erradicação e esse

Plano vem ao encontro das políticas de-senvolvidas pelo Ministério do Traba-lho e Emprego. É importante ressaltar que as zonas de fronteira estão sendo planejadas junto com o lançamento da campanha, para que os países tenham um protocolo em comum”, destacou a secretária de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Vera Lucia de Albuquerque.

Segundo a diretora da Organi-zação Internacional do Trabalho, Laís Abramo, nos últimos anos os países do Mercosul desenvolveram uma série de políticas de combate ao trabalho in-fantil e elaboraram um abrangente Pla-

Erradicação do trabalho infantil

no Regional, calçado na harmonização entre os países do bloco e na unifi cação dos indicadores. “Assim, poderemos subsidiar melhores ações”, ressaltou.

A campanha “Mercosul Unido contra o Trabalho Infantil” é composta por três peças gráfi cas, sendo cada uma delas abordando: a exploração sexual de menores; o trabalho doméstico infantil e o trabalho rural, e estará centralizada nas cidades de fronteira: Paso de Los Libres (Argentina), Uruguaiana (Bra-sil), Posadas (Argentina), Encarnación (Paraguai), Rivera (Uruguai), Santana do Livramento (Brasil), Foz do Iguaçu (Brasil) e Ciudad del Este (Paraguai).

Formada por três peças gráfi cas, a campanha fi cará centralizada nas cidades de Uruguaiana (Brasil), Posadas (Argentina), Encarnación (Paraguai), Rivera (Uruguai), Santana do Livramento (Brasil), Foz do Iguaçu (Brasil) e Ciudad del Este (Paraguai)

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Estados & Municípios - Abril 2012 65

Trabalho

O Governo de Minas e a In-tel Brasil trabalharão juntos num programa para quali-

fi cação profi ssional e capacitação tec-nológica de 20 mil jovens, de 15 a 21 anos, na rede de Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs) e Telecentros do Estado. A iniciativa vai ajudar jovens em comunidades com pouco ou nenhum acesso à tecnologia a desenvolverem as habilidades necessárias para o sucesso no mercado de trabalho, por meio de cursos que ampliem seus pensamentos críticos, cooperação e domínio de ferra-mentas de informática.

O acordo de cooperação técni-ca incorpora o Programa Aprender na Rede, estruturado pela Intel em mais de 360 municípios mineiros e, segun-do o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Narcio Rodrigues, consolida um importante momento de reestruturação do concei-to da rede. “Até 2014, chegaremos a 100 CVTs em funcionamento e vamos du-plicar as salas de videoconferência para a capacitação a distância, fortalecendo

Minas investe em qualifi cação profi ssional

a rede como uma ferramenta efetiva de democratização do conhecimento.

Os módulos do Intel Aprender fo-ram aprimorados para o ensino a distân-cia (EAD). Diferenciadas, as aulas abor-dam conteúdos que permitem aos alunos aplicar seu aprendizado na comunidade onde vivem e nos projetos desenvolvidos. Pelo acordo, a Intel irá capacitar 90 mul-tiplicadores ligados aos CVTs do Estado. A meta do projeto é qualifi car mais de 20 mil jovens de 15 a 21 anos.

Centros Vocacionais

Os CVTs são centros de exce-lência voltados para a capacitação tec-nológica e profi ssional, que visam ao aumento do conhecimento, de acordo com a vocação econômica da região. Os centros são equipados com a plataforma de ensino à distância Moodle. O Estado ocupa a primeira posição nacional e a quarta posição mundial no ranking de instituições que utilizam a plataforma.

Cada CVT conta com duas Salas de Inclusão Digital equipadas com 20

computadores conectados à inter-net, servidor, impressora, softwares e móveis ergonômicos; Sala de Video-conferência montada com projetor de multimídia, câmera, microfones, mó-dulo para entrada de dados e conexão de notebooks, aparelhos de conexão e codificação de vídeo, possibilitando a realização de seminários, palestras e cursos à distância;  Núcleo de Apoio ao Empreendedor - NAE; e Labora-tório Vocacional destinado ao desen-volvimento e aprimoramento das vo-cações econômicas locais e regionais.

Desde o começo da implanta-ção da Rede CVT, em 2004, mais de 700 mil pessoas se formaram pelos cursos de ensino a distância (EAD). Somente em 2011, mais de 215 mil pessoas receberam cer-tif icados, maior número anual desde o início do projeto. Um dos fatores que favoreceu esse índice foi o lançamento de mais 27 cur-sos EAD pela Sectes em parceria com o Instituto Projeto Vida e Es-perança (Prove).

Os cursos abrangem as áreas de Agricultura e Pecuária, Cidadania, Empreendedorismo, Informática, Meio Ambiente e Primeiro Emprego

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66 Abril 2012 - Estados & Municípios

Hoje, as duas usinas nucleares em funcionamento no país, Angra 1 e Angra 2,  geram o

equivalente a 30% do que é consumi-do no Rio de Janeiro. Na avaliação do presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, o uso da fonte nuclear para geração de energia trouxe ao país maturidade tecnológica na área, abrindo o campo de trabalho e colaborando para a formação de engenheiros nucleares de pa-drão internacional. “A principal vantagem que tivemos foi o aprendizado”, avaliou.

Para Othon Pinheiro, hoje, não se pode prescindir da fonte nuclear de energia que, na sua opinião, não pode ser descartada da matriz energética na-cional. “É muito importante na geração de eletricidade, porque nós temos, hoje, no Brasil, 80% da população vivendo nas cidades. A sustentabilidade das ci-dades passa pela energia elétrica, da for-ma mais econômica e racional possível”.

Ele, inclusive, refuta o posicio-namento de ambientalistas que fazem oposição ao uso da energia nuclear, defendendo que, “se tratada de forma

adequada, é uma fonte de energia lim-pa e não deve ser descartada da matriz energética nacional”.

Othon Pinheiro destaca a carac-terística estratégica da energia nucle-ar como opção em caso de problemas na oferta de energia elétrica devido a questões climáticas, já que a matriz energética é majoritariamente hidrelé-trica. “Precisamos da [fonte de energia] eólica, da solar. Seria bom se elas traba-lhassem sozinhas. Mas a gente precisa das térmicas, para acionar em caso de problema da natureza. Energia é como ação (da Bolsa de Valores). Por melhor que seja, a gente tem que comprar uma cesta de papéis para garantia do investi-mento”. Para o presidente da Eletronu-clear, o país não pode descartar nenhu-ma fonte de energia renovável.

Ele defende a geração de energia nuclear por considerá-la de baixo im-pacto ambiental e por questões de cus-to. Pinheiro ressalta que, dentre as tér-micas, como as que produzem energia a partir do carvão, óleo combustível ou gás, a usina nuclear é a que tem menos

custo. Além disso, ele lembra que o Bra-sil tem uma grande reserva de urânio, sendo “falta de imaginação” não apro-veitar esse potencial.

A pioneira

Angra 1 foi a primeira usina nucle-ar a entrar em funcionamento no país, sendo interligada ao sistema elétrico

Três décadas de energia nuclear

O Brasil chegou aos 30 anos de uso da energia nuclear com recorde de produção de 15,644 milhões de megawatts-hora (MWh) gerados e a possibilidade de, com a conclusão de Angra 3, em 2016, ter 60% do consumo de energia elétrica do estado do Rio de Janeiro abastecidos pela fonte nuclear

sendo interligada ao sistema elétrico

Energia

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nacional no dia 1º de abril de 1982. E, mesmo contestando a real necessida-de do Brasil lançar mão dessa fonte de energia tão controversa, o físico Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Ele-trobras, acredita que a geração de ener-gia nuclear constitui um fato histórico. “A gente não pode se arrepender da his-tória. Ela é como é”, ressalta Pinguelli. 

Diretor da Coordenação de Pro-gramas de Pós-Graduação de Engenha-ria (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mu-danças Climáticas, Pinguelli, no en-tanto, enfatiza que geração de energia a partir da fonte nuclear não pode ser vista como imprescindível para o país. Para ele, a energia produzida pelas usi-nas Angra 1 e 2   poderia ser compen-sada por outras fontes de energia reno-váveis. “Por hidrelétricas mesmo. Até agora, não haveria problema”.

Ele relembra o acordo nuclear bilateral, fi rmado entre o Brasil e a Ale-manha, em 1975, que previa a constru-ção de oito reatores, defi nindo que nem tudo correu bem em relação à energia nu-clear no Brasil. “Acho que o acordo com a Alemanha foi malsucedido do ponto de vista brasileiro”. Os custos elevados e as seguidas crises econômicas fi zeram, no entanto, com que apenas duas usinas fos-sem construídas no país até agora.

Entretanto, Pinguelli concorda com Othon Pinheiro sobre o ganho tec-

nológico que a geração nuclear propiciou ao Brasil, embo-ra a um custo muito eleva-do. “Criou-se uma com-petência na engenharia nu-clear. Os dois re-atores que o Brasil tem funcionando têm boa performance técnica”. O físico destacou, ainda, como avanço tecnológico o aprendizado relativo ao enriquecimento do urânio. “Acho que esse é o ponto, tecnologica-mente, mais elevado, promovido pela Marinha de Guerra”.

Lixo atômico

Dentro de três anos, a Eletronu-clear, subsidiária da Eletrobras que ad-ministra a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, vai concluir a construção da primeira cé-lula-demonstração para contenção do lixo atômico das usinas nucleares bra-sileiras. O presidente da estatal, Othon Luiz Pinheiro, garante que o sistema de armazenamento dos rejeitos nucleares será extremamente seguro.

A técnica adotada consiste no en-capsulamento de cada célula do com-bustível e, depois, o encapsulamento do conjunto de elementos combustí-veis atômicos. “É uma proteção a mais”, observa Othon Pinheiro.

Segundo ele, o armazenamento não será imposto a nenhum município, mas aquele que se dispuser a estocar esse lixo será remunerado. “(O municí-pio) ganhará royalties por isso. Se nós ti-vermos a competência para demonstrar que (o sistema) é seguro, vai ter muito município com densidade populacional baixa, sem utilização para terrenos pú-

Energia

blicos, que vai ganhar com isso, sem ne-nhuma consequência para a população”.

Apesar de o programa nuclear bra-sileiro estar sendo revisto, em função do acidente que abalou a Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, há um ano, Othon Pinheiro acredita que não há razão para interromper a construção de Angra 3, que deverá entrar em fun-cionamento em 2016 e vai gerar 1.405 megawatt s (MW) de energia.

Para o presidente da Eletronucle-ar, o acidente de Fukushima, um grande vazamento de radiação depois que os reatores foram sacudidos por um forte terremoto seguido de tsunami, acabará provando que a energia nuclear difi cil-mente será abandonada.

Segurança

Segundo relatório da Eletronuce-lar, as usinas de Angra, têm condições mais favoráveis para suportar acidentes decorrentes de catástrofes naturais do que tinha a Usina Nuclear de Fukushima.

Elaborado a pedido da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para avaliar as condições de segurança das usi-nas em casos de catástrofes naturais de extrema severidade, a análise constatou a efi ciência do sistema extra de energia elé-trica, instalado em áreas protegidas, e do sistema de suprimento de emergência

nológico que a geração nuclear propiciou

clear. Os dois re-atores que o Brasil tem funcionando têm boa performance técnica”. O físico destacou, ainda, como

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RA NGEL CAVALCANTE [email protected]

Casos & Causos

A terceira surra

A assistente social chegou lá pras bandas do Recanto das Emas, cidade-satélite de Brasília, onde impera a pobreza resultante da criminosa ação dos governos que distribuíam terrenos de graça em troca de votos, provocando o inchaço da miséria na capital do pais. Sua missão: pregar as exce-lências da chamada lei Maria da Penha, aquela que simboliza o ati-vismo pelo fim da violência con-tra as mulheres. E dizia às dezenas de mulheres reunidas no que um dia ainda será uma a praça:

- Agora vocês têm uma lei para protegê-las contra a violência. Toda vez que forem agredidas, principalmente pelos maridos, devem dar queixa na Polícia e eles serão punidos.

E distribuía folhetos e um CD para as presentes, com tudo sobre a nova lei.

E foi quando uma das assis-tentes se manifestou:

- Olha, dona, essa Lei não pe-gou aqui no Recanto. Fez foi piorar.

A gente passou foi a apanhar mais.E diante do espanto da zelosa

visitante, justificou a afirmativa:- Antigamente a gente levava

uma surra do marido e no dia se-guinte estava tudo bem de novo. Depois inventaram esse negocio de dar par te na Polícia . Aí , de-pois de apanhar, a gente ia à de-legacia e apresentava a quei xa. O resultado era que quando che-gava em casa levava outra surra para ir ret irar a quei xa. Com essa Lei Maria da Penha a coisa pio-rou. A gente leva outra surra , a terceira , quando volta para casa e conta ao marido que não é mais permitido retirar a quei xa.

Acabou a reunião.

Aquecedor

Ney Braga, que foi governador, senador, ministro e um dos funda-dores do Partido Democrata Cris-tão (PDC), era uma figura de fala mansa, cordial, que raramente ele-vava a voz. Os próprios adversários reconheciam que era difícil fazê-lo perder as estribeiras. Durante uma das muitas campanhas que coman-

dou, estava, em 1962, empenhado na eleição do banqueiro Adolfo de Oliveira Franco para o Senado e percorria o interior paranaense à cata dos votos. Os amigos reclama-vam da falta de entusiasmo nos seus discursos, que não demonstravam empolgação na campanha. Até que um dia, durante um comício realiza-do num clube do interior, Ney fala-va baixo, pausadamente, quando da platéia veio um grito estridente:

- Mentiroso!Fez-se um si lêncio sepulcral .

Irr itado, o rosto vermelho, o go-vernador f icou uma fera. Deu um murro tão for te no próprio peito que quebrou os óculos que trazia no bolsinho do paletó. E fez um discurso v iolento, com ataques duros aos adversár ios e exalta-ção ao seu candidato. Ao f inal , foi carregado sob aplausos pela multidão. Em doravante, em to-dos os comícios sempre aparecia alguém para provocar o governa-dor, chamando-o de demagogo, mentiroso ou coisa que o valha. E o orador de novo perdia as es-tr ibeiras e fazia um discurso dos mais inf lamados. Só no f inal da campanha Ney Braga soube que os provocadores eram gente do seu próp r i o c o m i t ê , q u e o Jo s é B o r g e s C r u z , u m f i e l e s c u d e i -r o d o p a r t i d o, e s c a l a v a p a r a , e m c a d a c o m í c i o, “e s q u e n t a r ” o g o v e r n a d o r, q u e , a p e s ar das aparências, t inha um pav io cur-t íssimo, não levava desaforo para casa e dava o troco a cada provo-cação.

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- É que para onde a gente se vira vê um magote de delegados, a convenção está acabando e não vi ninguém ser preso!

Uma certidão

O paraibano Aloísio Campos, economista e fazendeiro, foi depu-tado federal por vários mandatos e constituinte de 88. Sua longa carrei-ra política começou ao lado de José Américo, na fundação do Partido Pro-gressista, em 1934. O golpe militar de 64 o encontrou como Consultor Jurí-dico da Sudene, cargo do qual logo se afastou. Naquele tempo o dedurismo tomava conta do país e no Nordeste, especialmente, era exercido com todo o entusiasmo pelos bajuladores do novo regime. Uma das vitimas, Aloí-sio, denunciado como subversivo, foi “convidado” a depor num inquérito no 4º Exército, no Recife. Atendido por um coronel que, nada amistoso, foi direto ao assunto:

- Doutor Aloísio, aqui na sua ficha consta que o senhor é socialis-ta. O senhor confirma ou desmente?

Com uma expressão de alegria, o depoente derrubou a austeridade do militar, que não conteve o riso diante da resposta:

- Coronel, o senhor pode me dar uma certidão do que afirma. É que há 20 anos eu digo isso lá na Pa-raíba e ninguém acredita!

COLUNISTA

Não perguntaram

Em seu “Caleidoscópio”, o mi-nistro Flávio de Oliveira Castro, que por mais de trinta anos viveu as ale-grias e as agruras da vida diplomática pelos cinco continentes, e que em sua longa carreira destacou-se não apenas pela competência, mas também como ótimo contador de causos, nos traz uma sua experiência em Lisboa. Con-ta que estava num cinema da alameda Afonso Henriques, na capital lusitana, quando a projeção foi interrompida. Era o intervalo para que os freqüen-tadores esticassem as pernas, tomas-sem um refresco ou fumassem fora do salão de projeção. Acesas as luzes, Flávio notou que, mesmo diante dos vários cartazes dando conta de que era proibido fumar, boa parte dos es-pectadores continuava em seus lugares, fumando cigarros e charutos, brindan-do os demais com grandes baforadas. Fumante inveterado, o nosso diplomata sacou a cigarreira e, antes de acender o cigarro, perguntou ao bombeiro volun-tário – o lanterninha de lá - que cuidava da segurança e da vigilância do lugar, se era mesmo proibido fumar ali, como diziam os cartazes. Diante da resposta afirmativa, demonstrou surpresa:

- E como é que todo esse pes-soal está fumando?

O guarda explicou:- É que esses que vossa excelên-

cia está a ver não me perguntaram.

Não prendem

Era a grande convenção nacio-nal do Partido dos Trabalhadores, que teve a presença marcante do presidente Lula. Tinha compa-nheiros de todos os recantos do país. A grande platéia aplaudia en-tusiasticamente os oradores que se sucediam na tribuna, na razão inversa do que compreendia da discurseira. A cada hora chegava mais cabeça coroada do petismo. A maioria exibindo um vistoso crachá que identificava os estado de origem, com destaque para a palavra DELEGADO. Pelos salões circulavam figurões históricos do petismo como José Dirceu, Genoí-no, Delúbio Soares e um magote de personagens envolvidas nos mais diversos processos e denúncias de corrupção registrados nos últimos tempos no país. Havia gente ligada a episódios nada edificantes, como os dos mensalistas, vampiros, san-guessugas, das ambulâncias, do dossiê, e tantos outros, todos des-filando com desenvoltura pelos salões e pelo plenário. Foi quando um desses companheiros bem mo-destos, vindo do interior do Nor-deste, tornou-se um dos poucos a criticar o festival.

- Nunca vi tanta gente incom-petente na minha vida!

E explicou:

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A visita do prefeito de Milão, Giuliano Pisapia, ao estan-de do Conselho Nacional do

SESI, foi um dos momentos mais im-portantes para a instituição durante sua participação na feira de consumo cons-ciente e estilo de vida sustentável Fa’ La Cosa Giusta!, realizada na Fieramilano City, um das principais estruturas de eventos da Itália.

Com a participação de 700 expo-sitores e público estimado em 70 mil visitantes, a nona edição anual abriu um espaço, pela primeira vez, para apresentação de programas sociais desenvolvidos no Brasil. A convite da Terre di Mezzo, instituição organizado-ra do evento, o SESI levou o Programa Cozinha Brasil e o projeto ViraVida, compartilhando o Espaço Brasil com organizações não-governamentais que atuam na área de Cultura e Turismo.

Em reunião com o presidente do Conselho Nacional do SESI, Jair Mene-guelli, Pisapia destacou que a instituição pode contar com o apoio da prefeitura de Milão para realização da campanha de sensibilização contra o Turismo Sexual que o SESI promoverá na Itália junta-mente com organizações não governa-mentais e do movimento sindical.

“Também estamos interessados em trazer a experiência do programa Cozinha Brasil para nossas escolas,

para que os estudantes aprendam a se alimentar bem e sem desperdício”, acrescentou. Pisapia destacou ainda a importância da participação do Brasil na próxima exposição mundial que aconte-cerá em Milão em 2015 e terá como tema a alimentação, a Expo 2015 Milão.

No estande do Cozinha Brasil, os italianos conheceram a tecnologia so-cial de aproveitamento dos alimentos na sua integralidade, utilizando talos, fo-lhas, cascas e caules. Mais de quatrocen-tas pessoas participaram das oficinas, que mostraram receitas com foco na riqueza de nutrientes, economia e sabor.

O debate contra o Turismo Sexual também esteve entre os pontos altos do evento, por meio das apresentações do ViraVida, projeto do SESI que capacita jovens vítimas de abuso e exploração sexual em 16 estados brasileiros e já atendeu a quase dois mil alunos.

O espaço do ViraVida reuniu par-ceiros interessados em unir forças em ações de combate ao Turismo Sexual e também em apoiar o projeto, como o Governo da Região Puglia, as organiza-

ções sindicais CGIL e CISL, as ONG’s Caritas Ambrosiana, ECPAT, AITR.

As riquezas naturais brasileiras e a diversidade cultural também foram divulgadas no espaço brasileiro, que reuniu mais seis projetos de turismo co-munitário e desenvolvimento sustentá-vel, que estimulam o contato direto do turista com os costumes e a cultura das comunidades. As iniciativas mostram que a atividade pode ser um importante instrumento do desenvolvimento social e geração de renda.

O presidente do Conselho Nacio-nal do SESI, Jair Meneguelli, ressaltou nas diversas conversas com os repre-sentantes de instituições italianas, que apesar do Brasil ainda ter uma imagem estereotipada ligada ao samba, futebol, carnaval e às belezas naturais, o país, hoje, tem reconhecimento mundial pelo crescimento econômico que atingiu nos últimos anos. “O brasileiro é um povo de grande diversidade cultural, que bus-ca iniciativas criativas e empreendedoras que o colocaram numa boa posição na economia mundial”, concluiu Meneguelli.

Prefeito de Milão apoia projetos brasileiros

Presente ao evento, o prefeito de Milão, Giuliano Pisapia, mostrou-se interessado em

levar para Itália a experiência do Programa Cozinhar Brasil

Giuliano Pisapia Jair Meneguelli

Social

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Moradores de povoados de Ma-tões do Norte, município-piloto no Maranhão do programa Água para To-dos, já estão convivendo com uma nova realidade: a fartura e o consumo de água captada das chuvas e armazenada em cisternas de polietileno instaladas nas residências. A ação vai contemplar a instalação de 27 mil sistemas de capta-ção, abrangendo os 217 municípios do Maranhão, por meio de parceria entre a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima), prefeituras munici-pais e a Companhia de Desenvolvimen-to dos Vales do São Francisco e Parnaí-ba (Codevasf).

Ao todo, 150 cisternas estão sen-do instaladas nos povoados de Matões do Norte. A cidade ganhou até um can-teiro de obras, com direito a uma pe-quena fábrica, onde são produzidas as calhas e os encanamentos adequados. Os equipamentos saem direto da linha de produção para a montagem nos po-voados.

“Esse é um projeto social de enorme alcance, pois estamos levando mais saúde e qualidade de vida para a população ru-ral, oferecendo água de qualidade para o consumo e para o preparo dos alimentos”, ressalta o secretário de Agricultura, Pecu-ária e Pesca e coordenador do programa no estado, Cláudio Azevedo;

Com a instalação dos sistemas de captação de água, os moradores dos po-voados já começam a experimentar os benefícios. É o caso de Francisca Licá, de 46 anos, há oito morando no povo-ado Morro Grande, e que todos os dias fazia mais de 10 viagens ao poço comu-nitário para poder realizar os afazeres domésticos. “Água é ouro e com a água mais perto de casa, a vida está melhor. Faço tudo mais rápido e sobra mais tempo para cuidar da minha sogra, que está adoentada, e até de mim”, afirmou.

Modelo

A ação realizada em Matões do Norte servirá de modelo para os demais

municípios. De acordo com o cronogra-ma, inicialmente serão instaladas 4.302 cisternas nos municípios de Matões do Norte, Viana, Miranda do Norte, Vitória do Mearim, Arari, Anajatuba, Pirapemas, Cantanhede, Alto Alegre, Peritoró, Coro-atá, Codó e Capinzal do Norte.

Além disso, a presidência da Co-devasf já garantiu mais 23.014 cisternas para o Maranhão, que serão instaladas nos outros 135 municípios que com-põem a área de atuação da Companhia (bacias hidrográficas dos rios Parnaíba, Itapecuru e Mearim).

O Programa Água para Todos in-tegra o plano Brasil Sem Miséria, que foi instituído pelo Decreto nº 7.535, de 26 de julho de 2011. O objetivo da ação é implementar soluções que garantam o acesso a água para toda a população rural do semiárido brasileiro que vive em situ-ação de extrema pobreza e esteja inscrita no Cadastro Único do Bolsa Família. Visa ainda à universalização do acesso á água em áreas rurais para consumo humano e para a inclusão produtiva, por meio da captação de água de chuva.

Cisternas ampliam oferta de águaSocial

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As uvas do tipo Goethe encontra-ram a região perfeita para crescer, o pe-queno município de Urussanga, entre a serra e o litoral catarinense. Com 20 mil habitantes, o município considera a uva Goethe como patrimônio cultural. Por isso, o prefeito Luiz Carlos Zen (PP), tem investido para que as vinícolas se-jam o novo roteiro turistico da região.

A diretora da secretaria de Tu-rismo de Urussanga, Patrícia Mazon Freitas, afirma que a prefeitura traba-lha na atração de turistas em torno da uva goethe, mas ela diz que a ideia não é concorrer, “mas ser complementar a outros destinos de vinhos, atestando a tipicidade deste local”.

O prefeito ainda conta que o mu-nicípio já tem a tradicional Festa do Vi-nho, que atrai mais de 100 mil pessoas para a região, e a famosa Festa de Retor-no às Origens, que celebra a coloniza-ção italiana do município com muita dança, folclore e comidas típicas.

“Ainda temos cachoeiras, monta-nhas e muitas belezas naturais. Vamos aos poucos explorar todos os nichos do mercado de turismo para melhorar a arrecadação, além de atrair maiores in-vestimentos para o setor vinifero da re-gião”. Ele ainda afirma que o gestor deve perceber as melhores formas de explo-rar o turismo em sua região. “Isso traz investimentos, emprego e infra-estrutu-ra para o município”, garante Carlos.

Segundo Patrícia, a intenção é que o turista vivencie a colheita da uva no verão, conheça o processo de produ-ção vinícola, experimente os vinhos e se hospede na cidade. “Temos que ir com cuidado. Não podemos ser entusiastas incontroláveis. O turista que se quer não é o comercial, mas um turista mais alternativo, que vai respeitar os valores locais”, complementa.A idéia segundo

Patricia é transformar Urussanga em um destino similar a Treze Tílias (SC), que hoje tem 5 mil leitos para receber turistas e calendário mensal de eventos em mais de uma língua para estrangei-ros. Patrícia espera que a cidade atinja 800 leitos em cinco anos e afirma que já é possível fazer degustações nas viníco-las e conhecer o processo produtivo das uvas Goethe.  

Urussanga: a nova rota do vinho  Turismo

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Quando for dado o pontapé inicial da Copa do Mundo da FIFA™ no Brasil em 2014,

a empolgação não estará limitada apenas aos estádios. Um importante marco no planejamento foi atingido com a confir-mação das doze locações do FIFA Fan Fest por parte das cidades que vão sediar a Copa. A de Natal será na Praia do Forte, onde foi realizado o evento Bote Fé, com a participação de milhares de pessoas, de-monstrando assim a vocação da área para grandes eventos.

“O local é belíssimo. Onde foi realizado o show Bote Fé. Um cenário perfeito para divulgar Natal ao mundo. E histórico, pois é em frente ao Forte dos Reis Magos, marco inicial da cidade, fundada em 25 de dezembro de 1599”, disse a governadora Rosalba Ciarlini

Copa na Praia do Forte(DEM - RN). A FIFA e o COL trabalha-ram junto com as doze sedes no Brasil no planejamento da programação do FIFA Fan Fest, que será realizado em locações simbólicas de todo o país.

Para a escolha da Praia do Forte foram realizadas reuniões e visitas téc-nicas, com a participação de represen-tantes da FIFA, do Governo do Estado, da Prefeitura Municipal do Natal e da Intertv-Cabugi, afiliada Globo que fará as transmissões dos 30 dias de festa durante a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.

Diversas opções foram apresenta-das: Via Costeira, Praia do Meio, Largo do Teatro Alberto Maranhão, a Praia do Forte (onde foi o Círculo Militar), Praça Cívica, entre outros. Todas fo-ram visitadas. No entendimento entre FIFA, Prefeitura do Natal, Governo do Estado e diretoria da Intertv-Cabugi o melhor local para a realização da FIFA Fan Fest seria mesmo a Praia do Forte, que também é o local preferido pelo se-tor turístico do Rio Grande do Norte.

“O FIFA Fan Fest representa a parte mais emocionante do futebol e da Copa do Mundo da FIFA: milhares de torcedores reunidos para assistir a uma partida e comemorar juntos,” disse Ro-

naldo Nazário, o Fenômeno, membro do Conselho de Administração do Co-mitê Organizador Local. “O FIFA Fan Fest reúne pessoas de todas as classes sociais. Como brasileiros, nós sempre tivemos o hábito de torcer por nossa seleção em grandes festivais populares, em todo o país. Por isso, tenho certeza de que será o melhor FIFA Fan Fest de todos os tempos”.

Thierry Weil, diretor de marke-ting da FIFA, juntou-se a Ronaldo, di-zendo: “O FIFA Fan Fest proporciona à FIFA e ao COL uma plataforma para fortalecer a experiência dos torcedores na Copa do Mundo da FIFA, atraindo para o evento milhões de torcedores fora dos estádios. Nós estamos muito satisfeitos com o entusiasmo mostrado pelas cidades sedes até agora e estamos ansiosos para realizar, juntos, esse even-to espetacular em 2014”.

O FIFA Fan Fest tornou-se pela primeira vez parte do programa oficial da Copa do Mundo da FIFA™ na Alemanha em 2006, seguindo o enorme sucesso dos eventos públicos de transmissão não oficiais realizados na Coreia, durante a edição de 2002 do evento símbolo do futebol.

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A relação dos 100 locais mais significativos da memória do tráfico negreiro e da história

dos africanos escravizados no Brasil foi apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, durante a quarta edição do Festival Internacional do Filme de Pesquisa so-bre História e Memória da Escravidão Moderna. A expectativa, agora, é que a Rota do Escravo sirva de estímulo para o turismo de memória no Brasil.

Elaborada com base em uma pes-quisa iniciada no ano passado, a lista é uma iniciativa do projeto Rota do Es-cravo: Resistência, Herança e Liberda-de, criado em 1994 pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ci-ência e Cultura (Unesco).

Com uma programação de oito filmes, o festival é uma mostra itineran-te realizada anualmente em mais de dez cidades, de três continentes. O evento é organizado por uma rede internacional de pesquisa, da qual fazem parte as uni-versidades de York e Laval, do Canadá, a École de Hautes Études em Sciences Sociales e o Centre National de la Re-cherche Scientifique, da França, e o La-boratório de História Oral e Imagem, da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Brasil.

O fotógrafo e antropólogo Milton Guran, representante brasileiro no Co-mitê Científico do projeto Rota do Es-cravo, fez a apresentação dos locais de memória, escolhidos pelo laboratório da UFF a partir de contribuições não só de acadêmicos, mas também de repre-sentantes da sociedade civil vinculados às diversas manifestações da cultura afrobrasileira.

“São os portos de desembarque, os mercados de escravos, as irmandades fundadas por africanos no Brasil, que tiveram um papel fundamental no diá-logo da massa escravizada com o poder político da época e na busca pela com-pra da liberdade, os quilombos e algumas manifestações culturais que foram efeti-vamente fundadas por africanos depois de chegarem ao Brasil”, explica Guran.

“Não se trata de toda a cultura afrobrasileira, mas daqueles lugares que marcam a ação do tráfico e as estratégias iniciais daqueles africanos que chega-ram ao Brasil”, esclarece o antropólogo.

De acordo com Guran, a intenção do projeto é que os lugares de memória sejam reconhecidos pelos seus respecti-vos municípios, com pelo menos uma placa sinalizando o local. “Nós conside-

ramos como o mais emblemático lugar de memória do tráfico no Brasil e nas Américas o Cais do Valongo, na zona portuária do Rio. Lá, funcionou o maior porto de entrada de escravos africanos das Américas”, destaca.

Para o antropólogo, as obras de re-vitalização da zona portuária carioca, o chamado Porto Maravilha, vão propor-cionar, pela primeira vez na história, a devida proteção aos locais de memória da escravidão. “O sítio arqueológico do Cais do Valongo vai ficar no meio de um grande monumento em homenagem aos afrodescendentes do Brasil”.

Guran espera que os locais da Rota do Escravo sirvam de estímulo para o turismo de memória: “A Unes-co identificou, a nível planetário, um movimento importante, por parte dos afrodescendentes, de buscar as referên-cias. E isto tende a aumentar, na medida em que hoje temos uma classe média de descendência africana bastante sig-nificativa. No Brasil nem tanto, mas nos Estados Unidos, onde as políticas afir-mativas já existem há décadas, muitos afroamericanos preferem conhecer um lugar ligado à sua origem do que visitar Florença, Veneza ou Paris”, afirma.

Na rota do turismo de memóriaTurismo

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A primeira leva de diplomas de formatura na língua inglesa foi entregue aos funcionários do

Mercado Municipal de São Paulo que participaram do programa Mercado Paulistano: É a Língua Que Nos Une. O programa é uma das iniciativas da cidade para a preparação para a Copa do Mundo de 2014. O curso de inglês foi oferecido por meio de parceria en-tre a São Paulo Turismo (SPTuris) e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

No total, 13 funcionários que trabalham nos restaurantes e nas lan-chonetes do mezanino do Mercadão concluíram o curso. Eles participaram de 40 aulas, divididas em dois módu-los: um básico e um específico para atendimento a turistas, elaborado com base na rotina diária dos trabalhadores. As turmas são pequenas e as aulas são dadas duas vezes por semana.

“São Paulo como anfitriã se pre-para captando pessoas, fazendo investi-

mentos e parcerias com o governo esta-dual, federal e a sociedade civil”, disse o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD).

Segundo ele, o curso está disponí-vel a todos os funcionários do Mercado Municipal. O programa prevê também cursos de espanhol, com a primeira turma iniciada este mês, e francês, que deve começar em breve, de acordo com a SPTuris.

O garçom Jackson Pereira da Sil-va, 43 anos, trabalha há cinco anos no Mercadão e disse que se sentiu atraído pela possibilidade de aprender inglês, já que não tinha nenhuma experiência com outro idioma.

“Com o que aprendi já posso atender os estrangeiros. Algumas pala-vras que eles falavam eu não entendia. ‘“Hoje eu entendo mesmo que não consiga falar. Vem muita gente de fora aqui. Se todos falassem um pouco de outra língua seria muito bom”, afirmou o garçom.

Maria de Lourdes Silva Araújo Bezerra, 52 anos, trabalha há sete anos em uma lanchonete no mercado. Ela quis estudar inglês para atender melhor os turistas internacionais.

“Minha idade não favorece mais e os novos que sabem falar inglês vão che-gando. Eu tenho que me garantir”, disse.

Há cinco anos trabalhando em um dos restaurantes do ponto turístico, Erika Fruchi, de 24 anos, não falava ne-nhuma palavra em inglês. Para facilitar sua comunicação com os clientes, deci-diu fazer o curso. De acordo com ela, o inglês é o mínimo que os trabalhadores do mercado devem saber, já que o local é um ponto turístico que recebe pesso-as do mundo inteiro.

“Achei ótimo porque não fico mais tão perdida quando os clientes chegam. Faço uma mistura de mímica com palavras, porque não sei tudo, mas consigo desenvolver o diálogo com eles e até brincamos”, disse a funcionária.

Qualificando para a Copa 2014Disponibilizar mão-de-obra especializada durante a realização da Copa do Mundo no Brasil é o objetivo do projeto lançado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab

Turismo

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Quando eu ando assim meio down, vou pra Porto e bah! Tri legal”, já cantava na década

de 80, a dupla gaúcha Kleiton e Kledir, sugerindo a visita à capital do Rio Gran-de do Sul. Portão de entrada de turistas no estado e a apenas 120 quilômetros da aprazível Serra Gaúcha, Porto Alegre é um movimentado pólo de serviços e de infraestrutura de qualidade reconhecidas, base de grandes empresas nacionais e in-ternacionais e um dos principais destinos de eventos internacionais no Brasil.

A capital gaúcha é também a ca-pital dos Pampas, como é conhecida a região de fauna e flora características formada por extensas planícies que dominam a paisagem do Sul do Bra-sil e parte da Argentina e do Uruguai. É nessa região que nasceu o gaúcho, figura histórica, dotada de bravura e espírito guerreiro, resultado de lendá-rias batalhas e revoltas por disputas de fronteiras entre os Reinos de Portugal e Espanha, a partir do século XVI.

A cidade foi fundada em 1772 por casais portugueses açorianos. Ao lon-go dos séculos seguintes, acolheu imi-grantes de todo mundo, em particular

alemães, italianos, espanhóis, africanos, poloneses e libaneses, entre católicos, judeus, protestantes e muçulmanos. Este mosaico de múltiplas expressões, variadas faces e origens étnicas, religio-sas e linguísticas, faz de Porto Alegre, hoje com quase 1,5 milhão de habitan-tes, uma cidade cosmopolita e multicul-tural, uma demonstração bem sucedida de diversidade e pluralidade.

Principais atrações

Orla do Guaíba - O Lago Guaí-ba é a mais forte expressão geográfica de Porto Alegre e marca da identidade paisagística da cidade. A orla fluvial soma 72 quilômetros de extensão e é um dos espaços de lazer ao ar livre mais movimentado da cidade. Vários barcos fazem passeios pelo Guaíba e canais do Delta do Jacuí, conjunto hidrográfico de 16 ilhas, canais, pântanos e charcos que se formam a partir do encontro dos rios Gravataí, Sinos, Caí e Jacuí. São as águas que passam pelo Delta que for-mam o lago Guaíba, cujas águas seguem para a Laguna dos Patos e, na seqüên-cia, para o Oceano Atlântico.

Parque Farroupilha - É o mais tradicional ponto de lazer e convivência dos porto-alegrenses. É um dos locais preferidos para manifestações culturais de rua. Nos finais de semana, mais de 70 mil pessoas passeiam por seus 37 hectares repletos de monumentos, re-cantos e jardins temáticos, um grande lago, mini-zôo, parque de diversões in-fantis, canchas de futebol e de bocha e pista de atletismo. É na Redenção que fica o pitoresco Mercado Bom Fim, com lojas de artesanato, produtos natu-rais, bares, restaurantes e floriculturas. Popularmente chamado de Parque da Redenção, nome dado à área em 1884, em homenagem à libertação dos escra-

Vou pra Porto Alegre......

Igreja Nossa Senhora das Dores A Igreja é a mais antiga da cidade. Começou a ser construída em 1807 e demorou 97 anos para ser concluída. Na fachada, o estilo alemão se confunde com o barroco português, prova da evolução de diferentes tendências arquitetônicas na cidade.

Turismo

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vos e pelo fato de Porto Alegre ter sido a primeira cidade do país a abolir a es-cravatura.

Theatro São Pedro - Foi inaugu-rado em junho de 1858, época em que Porto Alegre denominava-se Província de São Pedro. Localizada no Centro Histórico, a casa de espetáculo é con-siderada uma das mais belas do país. A construção tem o estilo barroco por-tuguês e, internamente, veludo e ouro na decoração. A disposição da platéia, em forma de ferradura, é característica do teatro italiano da época. O prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual desde 1984. Além da progra-

mação teatral e de shows sempre con-corrida, a casa oferece ótimos espaços, como o Café do Theatro. Instalado no foyer nobre, ocupa também uma ampla sacada, com mesas ao ar livre e vista para a Praça da Matriz. É uma ótima opção para happy hour, famosa pela originalidade dos cardápios temáticos inspirados nas peças em exibição.

Parque Moinhos de Ventos - É o pulmão verde do bairro mais chique de Porto Alegre, o Moinhos de Vento. A área de 11,5 hectares, que foi a praça de corrida mais frequentada no antigo hipódromo da capital, é mais conheci-da como Parcão. Cortado pela Avenida Goethe, o parque tem ambientes distin-tos, ambos sempre muito frequentados desde as primeiras horas da manhã e no final da tarde, para caminhadas, corri-das leves e pedaladas.

Casa de Cultura Mário Quinta-na - Ocupa o prédio do antigo e chique Hotel Majestic, restaurado em 1990 e tombado como patrimônio histórico do estado em 1982. O nome faz justa homenagem a um dos mais importan-tes poetas brasileiros, Mário Quintana,

que fez de um dos quartos do hotel sua residência por quase 15 anos. O centro cultural é um dos mais completos da América Latina.

Brique da Redenção - Quando estiver em Porto Alegre, fique até do-mingo e não deixe de conhecer o Bri-que da Redenção, um dos pontos mais tradicionais e visitados da capital. Mais do que um brechó que lembra a Feira de San Telmo, de Buenos Aires, o Bri-que é uma grande feira cultural que des-de 1978, quando se chamava Mercado das Pulgas, faz do Parque da Redenção o espaço mais popular e freqüentado dos domingos porto-alegrenses.

Museu de Arte do Rio Grande do Sul - O imponente prédio da Pra-ça da Alfândega, de quase 5 mil me-tros quadrados, foi projetado pelo arquiteto alemão Theo Wiederspahn e construído em 1913 para abrigar a Delegacia Fiscal. Desde 1978, a cons-trução suntuosa, com vitrais, mármo-res e ornamentos, é a sede do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. O acervo permanente é considerado um dos mais importantes do país.

Turismo

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78 Abril 2012 - Estados & Municípios

Há seis anos, antes das elei-ções para o Grão-Mestrado da Grande Loja Maçôni-

ca do Estado da Bahia, Itamar As-sis Santos se preparava para quebrar alguns paradigmas de uma das mais tradicionais instituições maçônicas brasileiras, prestes a completar 80 anos. Com a vida dedicada à família e à carreira profissional, o bancário aposentado não poupou esforços para representar bem a instituição a que é filiado há quase 40 anos: foi o primeiro Grão-Mestre do interior do estado a assumir a função. O resultado dessa empreitada foi o crescimento de 38% em número de lojas maçônicas – células locais da maçonaria – e de 67% na quantidade de homens iniciados na secular organização.

“Mais do que investir no cresci-mento da Grande Loja, queríamos que a motivação e o orgulho dos maçons em participar de nossa ordem aumen-tassem. Graças ao Grande Arquiteto do Universo, depois de seis anos, te-

mos muito a comemorar”, relata Santos. Termos peculiares como Grande Ar-quiteto do Universo, Venerável Mestre, Grão-Mestre e Oficinas fazem parte do universo dos iniciados, porém são es-tranhos para a maioria dos “profanos”. “Não somos uma organização secre-ta, pois nossos membros podem falar abertamente sobre a instituição. Nós apenas preservamos algumas caracte-rísticas que dizem respeito apenas aos irmãos”, defende o Grão-Mestre.

À frente da Grande Loja desde junho de 2006, quando foi empossado, Santos percorreu alguns milhares de quilômetros na Bahia, no Brasil e no mundo. “Nossas viagens serviram para ensinar e aprender muito sobre a cul-tura e os trabalhos desenvolvidos pelos mais de 7.000 maçons espalhados por toda a Bahia. A área social, por exemplo, foi motivo de orgulho para todos nós, com campanhas de apoio a instituições filantrópicas, como o Hospital Aristides Maltez, em Salvador, com a doação de 40 toneladas de alimentos”, ressalta.

Expansão

Presidida por Santos, a Grande Loja Maçônica da Bahia iniciou mais de 3.000 homens, “livres e de bons costumes”, como faz questão de frisar. Esse crescimento foi atrelado também à abertura e à reorganização de 48 no-vas lojas maçônicas em todo o estado. “Quando assumi o Grão-Mestrado, éramos 127 lojas e, passados seis anos, atingimos a marca de 175 em pleno funcionamento, a maioria delas no inte-rior do estado”, completa.

Nesse período, o Grão-Mestre também expandiu o relacionamento da Grande Loja com outras “Potências Maçônicas” – como são chamadas as outras instituições ligadas à maçonaria em outros estados e países. Segundo Santos, essa aproximação com outras Grandes Lojas reforça a sensação de que a maçonaria é universal e não pos-sui barreiras geográficas. “Fomos mui-to bem recebidos em todos os estados brasileiros e em alguns países, como

Maçonaria baiana cresce 38% em seis anos

Instituições como o Exército reconheceram o empenho de Santos

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Inglaterra, Romênia, Estados Unidos e México”, lembra o Grão-Mestre. De acordo com a maior autoridade maçô-nica da Bahia, que já tem data marcada para passar a responsabilidade para o sucessor, no próximo dia 26 de maio, a organização se sustenta durante séculos por preservar a tradição e ideais como a liberdade, a igualdade e a fraternidade, compartilhada pela maioria das revolu-ções sociais dos últimos séculos e nasci-das no seio da instituição.

“A maçonaria sempre foi reduto de pensadores e líderes, como os pró-prios livros de história contam. Nosso papel, após tantos anos, é continuar transmitindo nosso conhecimento fi -losófi co para a humanidade, algo que temos alcançado com sucesso desde os primórdios da maçonaria moderna”, co-menta o jovem senhor, no auge de seus 64 anos. “Nosso trabalho não para. Apesar de sair do Grão-Mestrado, vou continuar apoiando o crescimento e a expansão dos ideais da maçonaria, presente em todos os momentos da minha vida”, conclui.

Com a vida dedicada à família e à carreira profi ssional, o Grão-Mestre Itamar Assis Santos não poupou esforços para representar bem a instituição a qual é fi liado há quase 40 anos

Especial

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80 Abril 2012 - Estados & Municípios

Líder de mercado no segmento de ônibus, a Mercedes-Benz obteve duplo reconhecimento

no Prêmio “Líderes Automotivos do Brasil”, iniciativa do jornal paraense “Automóveis & Caminhões”. O resulta-do, anunciado na capital do estado, Be-lém, destacou a Empresa como maior fabricante de ônibus e o OF 1722 como o chassi de ônibus do ano. A marca também venceu a categoria de carro premium, com a Classe E, aumentando a expressividade da conquista.

O chassi OF 1519 R atende todos os requisitos do edital do Ônibus Rural Escolar (ORE) do programa “Caminho da Escola”, ação do FNDE – Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação, órgão ligado ao Ministério da Educação. “Além disso, oferecemos itens exclusivos que ampliam ainda mais o nível de conforto e segurança, assegurando a qualidade no transporte de alunos da zona rural, condição es-

sencial dessa iniciativa de inclusão edu-cacional do governo federal”, diz Gilson Mansur, diretor de Vendas e Marketing Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.

Entre vários requisitos, o edital do FNDE exige um motor que atenda ao PROCONVE P-7 e características específicas para uso em vias não pavi-mentadas, como balanço dianteiro cur-to (para facilitar a circulação em solo acidentado), altura elevada (visando maior proteção inferior do chassi e da carroçaria) e bloqueio no eixo traseiro (para melhorar a tração em áreas irre-gulares, como terrenos alagados, por exemplo).

Além de atender a todas essas exi-gências, o OF 1519 R vem equipado com o exclusivo freio-motor auxiliar Top Brake, que amplia a potência de frenagem e propicia menor consumo de combustível e menor desgaste dos componentes do sistema de freios e dos pneus.

O novo chassi OF 1519 R é o único do mercado a vir equipado com barras estabilizadoras na dianteira e na traseira, o que assegura mais estabili-dade ao veículo e, consequentemente, mais segurança e conforto para os alu-nos. O eixo traseiro HL-4 reforçado garante a robustez e resistência para enfrentar o trabalho pesado da zona rural. As lonas de freio mais largas pro-piciam maior eficiência de frenagem.

Atendimento ruaral

O chassi OF 1519 R foi total-mente criado pelo Centro de Desen-volvimento Tecnológico da Mercedes-Benz do Brasil. Desde o projeto, ele foi concebido para aplicação como Ônibus Rural Escolar (ORE) de acordo com as especificações do edital do FNDE.

Caminho da Escola com Mercedes-Benz

Automóveis

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Estados & Municípios - Abril 2012 81

O novo chassi é oferecido ao mer-cado em duas versões: entreeixos de 4,8 metros para ônibus convencional de 9,4 metros de comprimento com 48 as-sentos para alunos (ORE 2) e entreeixos de 6 metros para ônibus convencional de 11 metros com 59 assentos para alunos (ORE 3). As duas versões atuam na mes-ma aplicação, ficando a cargo de cada pre-feitura definir o modelo de acordo com sua demanda e condições de operação.

O motor eletrônico OM 924 LA do OF 1519 R oferece potência de 185 cv a 2.200 rpm, com torque de 71,4 mkgf entre 1.200 e 1.600 rpm. Com exclusiva tecnologia BlueTec 5, aten-de aos limites de emissões da legislação PROCONVE P-7 e assegura, ao mesmo tempo, menor consumo de combustível e maiores intervalos de troca de óleo.

Sistema de alta confiabilidade, o BlueTec 5 comprovou ser uma tecnolo-gia eficaz, confiável, econômica, amigá-vel ao meio ambiente e com excelente desempenho.

O novo chassi Mercedes-Benz oferece mais vantagens aos clientes. O trem de força é totalmente formado por componentes da própria marca. A harmonia do conjunto motor, câmbio e eixo traseiro resulta em elevada qua-lidade e durabilidade.

O modelo OF 1519 R passa a fa-zer parte do portfólio de chassis de ônibus da marca, ampliando a mais completa linha do mercado e rea-firmando a tradição da empresa em fornecer veículos escolares. Além do programa federal “Caminho da Esco-la”, o novo chassi é indicado para apli-cação em ações similares de governos estaduais e municipais.

Esse novo chassi pode ser uti-lizado ainda em outras atividades do transporte de passageiros em vias fora-de-estrada, como o de funcionários de empresas que atuam em mineração, construção pesada, segmentos madei-reiro e canavieiro e aplicações severas em vias não pavimentadas.

Além do programa federal “Caminho da Escola”, o novo chassi é indicado para aplicação em ações similares de governos estaduais e municipais.

Automóveis

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82 Estados & Municípios - Abril 2012

Nos últimos dias, sucessivos pro-blemas envolvendo erros em hospitais brasileiros foram noticiados pela mí-dia. Esses acidentes trazem como causa algo mais do que o erro humano. A má-xima da Organização Mundial da Saú-de (OMS) no sentido de que “é mais arriscado e perigoso ir a um hospital do que andar de avião” pode ser ilustrada por casos recentes, que provocaram mortes e graves ferimentos a pacientes brasileiros.

Como justificar que uma criança receba um ácido usado para cauterização de verrugas (ácido tricloroacético) em lugar de sedativo? Somente no primeiro trimestre deste ano, três bebês foram víti-mas do mesmo erro: ministraram leite na veia ao invés de soro.

Não se pode tratar como coinci-dência outro fato: no Distrito Federal, ar comprimido em lugar de oxigênio seria a causa da morte de 13 pacientes que permaneceram no leito em que foi verificado o defeito na tubulação, a qual estava invertida.

Um evento que causou alarde foram denúncias presentes em mensa-gens trocadas por médicos de um hos-pital no Rio de Janeiro. Nos e-mails, os profissionais tratam das seguintes ações: uma peça cirúrgica esquecida em paciente; a orientação para a rápi-da ocupação de leitos na UTI, a fim de evitar transferências externas; comen-tam o adiamento de cirurgias por falta de material e; o isolamento inadequa-

xxxSandra Franco nina neubarthARTIGO

Gestão de riscos contra erros médicos

Sandra Franco é consultora jurídica especializada em Direito Médico e da Saúde, membro efetivo da Comissão de Direito da Saúde e Responsabilidade Médico Hospitalar da OAB/SP e Presidente da Academia Brasileira de Direito Médico e da Saúde – [email protected]

Nina Neubarth é advogada na Sfranco Consultoria Jurídica em Direito Médico e da Saúde, especialista em Direito Público – [email protected]

do de paciente com doença infecciosa, o que poderia ocasionar a disseminação da patologia entre os pacientes.

De forma intencional ou aciden-tal - não cabe aqui julgar o mérito – o vazamento de informações referen-tes ao atendimento deste hospital no Rio de Janeiro trouxe um holo-fote para um problema diário, grave e que se escancarava - inclusive ao poder público – sem iniciativas que atenuassem as dificuldades daqueles profissionais de saúde.

Sem a pretensão de eleger um “bode expiatório”, pode-se afirmar que cuidados mínimos poderiam ser tomados pela simples identificação de medicamentos, utilizando cores distintas e locais distintos de arma-zenamento. De toda sorte, parece-nos descabido que somente o téc-nico em enfermagem, enfermeiro ou médico sejam punidos exemplarmen-te. Talvez esses profissionais envolvi-dos em acidentes diários dentro dos estabelecimentos de saúde devessem também ser tratados como vítimas, porque o são.

Da mesma forma, impossível dizer que apenas o setor público apre-senta deficiências. Mas é fato que são necessárias reformas sanitárias. O ge-renciamento de riscos é uma condição sine qua non em saúde.

Esses são casos recentes que ilus-tram a máxima da OMS no sentido de que milhões de pessoas morrem de in-

fecções hospitalares epor erros médicos no mundo. Liam Donaldson, o represen-tante para os pacientes da ONU junto à OMS, referiu que, quando alguém entra em qualquer hospital do mundo, “há 10 por cento de probabilidades de ser vítima de um erro médico e, destes, um em cada 300, acaba por morrer”. Vê-se, portanto, que os problemas na área da saúde não são exclusividade do Brasil.

É essencial a melhoria das condi-ções dos trabalhadores do setor: ausência de estrutura física e humana culmina em mau atendimento dos usuários dos servi-ços de saúde. Evidente que as condições degradantes em que trabalham os pro-fissionais, inclusive pela excessiva carga horária necessária para garantir sua renda mensal, não são positivas para qualquer um dos envolvidos na prestação dos ser-viços: o prestador e o paciente.

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