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P-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LETRAS ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NORMAS E PROCEDIMENTOS Brasília Julho de 2007

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO - ucb.br · prÓ-reitoria de graduaÇÃo curso de letras estÁgio curricular supervisionado normas e procedimentos brasília julho de 2007

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  • PR-REITORIA DE GRADUAO CURSO DE LETRAS

    ESTGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

    NORMAS E PROCEDIMENTOS

    Braslia

    Julho de 2007

  • REITOR Pe. Jos Romualdo Degasperi

    PR-REITOR DE GRADUAO

    Prof. Jos Leo da Cunha Filho

    PR-REITOR DE EXTENSO Prof. Luiz Sveres

    PR-REITOR DE PS-GRADUAO E PESQUISA

    Pe. Geraldo Caliman

    DIRETOR Virglio Pereira de Almeida

    ASSESSORA

    Andra Mrcia M. A. Coutinho

    COORDENADORA DE ESTGIO Lcia Helena Marques Ribeiro

  • SUMRIO

    APRESENTAO .................................................................................................................................... 4

    1. INTRODUO ..................................................................................................................................... 5

    2. BASES LEGAIS .................................................................................................................................... 6

    3. OBJETIVOS .......................................................................................................................................... 7

    4. PARTICIPANTES E ATRIBUIES .................................................................................................. 8

    5. METODOLOGIA .................................................................................................................................. 9

    6. AVALIAO...................................................................................................................................... 10

    ANEXO I ................................................................................................................................................. 12

    Lei N 6.494, de 07/12/77 .................................................................................................................... 12

    Decreto N 87.497, de 18/08/1982 ....................................................................................................... 13

    Parecer CNE/CP 27/2001..................................................................................................................... 15

    Parecer CNE/CP 28/2001..................................................................................................................... 17

    Resoluo CNE/CP N 1/2002 ............................................................................................................. 27

    Resoluo CNE/CP N 2/2002 ............................................................................................................. 32

    ANEXO II ................................................................................................................................................ 33

    Termo de Compromisso ....................................................................................................................... 33

    Indicao do Estagirio ........................................................................................................................ 34

    Plano de Estgio................................................................................................................................... 35

    Plano de Aula ....................................................................................................................................... 37

    Avaliao da Aula ................................................................................................................................ 38

    Avaliao Final de Estgio................................................................................................................... 39

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    APRESENTAO

    O Curso de Letras da Universidade Catlica de Braslia tem por objetivo maior, na formao de professores de lngua e de literatura, nacional e estrangeira, contribuir para a construo de uma sociedade de leitores, em que o acesso ao escrito, impresso e digital, e o direito autoria sejam uma possibilidade real e uma conquista efetiva para todos os brasileiros no exerccio da cidadania, considerando o compromisso social da Instituio com as comunidades mais carentes e com um desenvolvimento econmico e cultural mais justo e fraterno.

    Nesse sentido, visa preparar profissionais da linguagem para atuarem, primordialmente, como professores em escolas de Ensino Fundamental e de Ensino Mdio, nas disciplinas de Lngua Portuguesa e respectivas Literaturas e de Lngua Inglesa e respectivas Literaturas, considerando a produo do conhecimento na rea e as polticas pblicas de educao e de lnguas do Brasil.

    O Estgio Curricular Supervisionado um momento em que a relao teoria-prtica ganha uma especificidade: o de um fazer-aprender prprio de uma prtica. E a prtica no uma cpia da teoria e nem esta um reflexo daquela. A prtica o prprio modo como as coisas vo sendo feitas cujo contedo atravessado por uma teoria, como afirma o Parecer CNE/CP N 28/2001. E, ainda, um modo como as coisas vo sendo feitas pelos sujeitos envolvidos nessa prtica, pois falando e agindo no mundo que o homem se torna sujeito e os sentidos se produzem e reproduzem.

    Estas Normas e Procedimentos, orientadores do trabalho a ser desenvolvido no Estgio Curricular Supervisionado do Curso de Letras, constituem um produto de uma ao mais ampla, que vimos desenvolvendo, de fortalecimento do processo de produo, circulao e difuso de conhecimentos e prticas de linguagem, articulando o ensino, a pesquisa e a extenso.

    Mariza Vieira da Silva Agosto/2006

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    1. INTRODUO

    De acordo com o Projeto Pedaggico do Curso de Letras, o Estgio Supervisionado ocupa um lugar de destaque ao pensar a organizao e o funcionamento curriculares, pois o lugar em que os conflitos e contradies de ordem lingstica e educativa, mas tambm social e poltica, emergem. , ainda, o espao-tempo de articulao entre teorias apreendidas e aprendidas na universidade, entre o cotidiano lingstico e pedaggico das instituies escolares e os projetos e utopias de construo de uma sociedade mais justa em que as diferenas estejam presentes; espao-tempo de articulao entre o saber lingstico, o saber literrio e o saber pedaggico.

    O Estgio Supervisionado tem, pois, uma dimenso formadora e uma outra social e poltica. No primeiro caso, podemos dizer que ele desenvolve, de forma efetiva, as competncias voltadas para o aperfeioamento cientfico, tcnico e cultural, no confronto com a realidade escolar: fonte inesgotvel de novas idias possveis de realimentar os contedos programticos das disciplinas, as metodologias e tecnologias de ensino. Quanto dimenso social e poltica, o momento do Estgio possibilita uma reflexo sistematizada sobre os compromissos da educao e da UCB com a educao, em geral, e com o ensino de lnguas e de literaturas, em particular, em uma sociedade como a brasileira. Abre, ainda, perspectivas de novos caminhos e de novas relaes pessoais e profissionais.

    Um Curso de Letras, considerando o momento histrico vivido pela sociedade brasileira, deve preparar seus alunos para refletir sobre a linguagem humana, compreender os fenmenos lingsticos e literrios, descrever, analisar e explicar a estrutura e o funcionamento das lnguas e das literaturas dentro de um processo formativo, em que se articulam teoria e prtica, trabalho pedaggico e cientfico.

    Uma de nossas questes, ao rever o Projeto Pedaggico do Curso de Letras na UCB, de acordo com as polticas pblicas de educao - e de lnguas - e a legislao atual, foi discutir a relao entre teoria e prtica, considerando a nfase dada prtica nessas propostas, para que pudssemos propor uma reformulao consistente. E o Estgio Supervisionado um momento privilegiado do trabalho docente e discente para a obteno de dados para essa reformulao.

    Estamos buscando deslocar essa reflexo, perguntando no o que uma prtica ou como ela funciona em diferentes instncias. Estamos perguntando o que uma teoria, como forma de sair de uma concepo de prtica emprica, pois esta via tem conduzido ao tratamento da prtica pedaggica apenas em termos de mtodos e tcnicas, de trabalho de observao de campo, de instrumentalizao da didtica, ou seja, enquanto um trabalho marcado pelo imediatismo, pelo pragmatismo, pelo tecnicismo. Este pedagogismo limita e restringe as possibilidades transformadoras da escola, do processo de ensino e de aprendizagem, pois est desvinculado do contexto econmico-social e das relaes do poder com o saber.

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    2. BASES LEGAIS

    O trabalho de Estgio Supervisionado est amparado em uma legislao especfica que discriminamos a seguir e apresentamos na ntegra, exceo da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional e da resoluo do CONSEPE/UCB, no Anexo I:

    Lei N 9.394, de 20/12/1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educao Nacional;

    Lei N.6.494, de 07/12/77, que dispe sobre estgios de estudantes de estabelecimentos de ensino superior e de ensino profissionalizante de 2 grau e supletivo e d outras providncias;

    Decreto N 87.497, de 18/08/1982, que regulamenta a Lei N 6494, de 07/12/1977, que dispe sobre o estgio de estudantes de estabelecimentos de ensino superior e de 2 grau regular e supletivo, nos limites que especifica, e d outras providncias;

    Parecer CNE/CP N 27/2001 que d nova redao ao item 3.6 , alnea c , do Parecer CNE/CP N 9/2001 , que dispe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao de Professores da Educao Bsica, em nvel superior, curso de licenciatura, de graduao plena;

    Parecer CNE/CP N 28/2001, que d nova redao ao Parecer CNE/CP N 21/2001, que estabelece a durao e a carga horria dos Cursos de Formao de Professores da Educao Bsica, em nvel superior, curso de licenciatura, de graduao plena;

    Resoluo CNE/CP N 1, de 18 de fevereiro de 2002, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao de Professores da Educao Bsica, em nvel superior, curso de licenciatura, de graduao plena ;

    Resoluo CNE/CP N 2, de 19 de fevereiro de 2002, que institui a durao e a carga horria dos cursos de licenciatura, de graduao plena, de formao de professores de Educao Bsica em nvel superior;

    Resoluo CONSEPE N 36/2001, que aprova Normas e Procedimentos Acadmicos dos Cursos de Graduao da Universidade Catlica de Braslia UCB

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    3. OBJETIVOS

    De acordo com o Projeto Pedaggico do Curso de Letras e a legislao pertinente, o Estgio Supervisionado tem os seguintes objetivos:

    Gerais

    Conhecer e compreender as prticas de ensino das lnguas Portuguesa e Inglesa, descrevendo, analisando e interpretando as concepes de educao, de linguagem, de lngua, de literatura que sustentam as metodologias e tecnologias de ensino e aprendizagem, nos diferentes momentos e espaos de interlocuo da vida escolar, e, conseqentemente, dos diferentes produtos obtidos.

    Desenvolver atividades de regncia de classe, articuladas compreenso das observaes feitas, e sob a superviso de um professor habilitado.

    Especficos

    Contribuir para a reflexo acerca dos processos de leitura e de escrita em lngua portuguesa e lngua inglesa, bem como para a elaborao de propostas metodolgicas relacionadas ao ensino das lnguas e das literaturas.

    Compreender as relaes que se estabelecem entre conhecimento cientfico e conhecimento escolarizado.

    Contribuir para a articulao efetiva entre ensino, pesquisa e extenso no Curso de Letras.

    Estimular e fortalecer a atitude investigativa sobre a prtica pedaggica e a autonomia na tomada de decises no cotidiano do exerccio da profisso docente.

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    4. PARTICIPANTES E ATRIBUIES

    No Curso de Letras, esto diretamente envolvidos no desenvolvimento da disciplina de Estgio Supervisionado o Coordenador de Estgio, o Professor-Supervisor de Estgio e o Estudante, que devero atuar de forma integrada e solidria;

    So atribuies do Coordenador de Estgio: Assegurar o cumprimento da legislao e das normas pertinentes ao Estgio; Acompanhar todo o trabalho de encaminhamento institucional do Estudante s

    escolas, atravs da elaborao, distribuio, recebimento e confirmao dos documentos comprobatrios da realizao do Estgio, bem como do recebimento e arquivamento do Documento Final;

    Acompanhar e apoiar o trabalho docente do Professor-Supervisor; Estabelecer um elo produtivo interna e externamente entre o Curso de Letras e

    a Coordenao Geral de Estgio da UCB, a GRE e as escolas. So atribuies do Professor-Supervisor de Estgio:

    Planejar, acompanhar e realizar as atividades acadmicas ligadas ao Estgio, em conformidade com o Projeto Pedaggico do Curso de Letras, calendrio escolar e cronogramas estabelecidos no Plano de Ensino;

    Orientar o Estudante em suas necessidades terico-prticas, no tocante compreenso das polticas pblicas e das propostas metodolgicas de ensino das lnguas e das literaturas, anlise da observao feita, elaborao de planos de aula;

    Encaminhar Coordenao de Estgio, as fichas preenchidas pelos estudantes; Apoiar o Estudante na soluo de problemas ou dificuldades que possam surgir.

    So atribuies do Estudante:

    Conhecer as normas e procedimentos do Estgio; Preencher em tempo hbil as fichas necessrias realizao do Estgio; Dispor de horrio para cumprir as atividades previstas para o Estgio; Executar as atividades previstas no planejamento de Estgio, observando

    formas e padres estabelecidos pela UCB e pelas escolas da rede de ensino do Distrito Federal;

    Resguardar o sigilo e a veiculao de informaes a que tenha acesso em decorrncia do Estgio;

    Fornecer ao Professor-Supervisor informaes pertinentes ao bom andamento do estgio;

    Informar instituio de ensino em que esteja estagiando, qualquer que seja o motivo, da impossibilidade de comparecer s atividades previstas para o Estgio ou de permanecer vinculado dinmica exigida pela prtica;

    Elaborar um Documento Final que comprove o trabalho terico-prtico realizado durante o Estgio, dentro e/ou fora da UCB.

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    5. METODOLOGIA

    As disciplinas de Estgio, ministradas nos trs ltimos semestres do currculo, compreendem uma parte presencial na UCB, com uma carga horria de 60 ou 90 horas-aula, e uma outra, nas escolas de Educao Fundamental e de Educao Mdia do Distrito Federal ou em projetos especficos que contemplem regncia e observao.

    O trabalho de estgio ter dois momentos significativos, considerando os pressupostos pedaggicos e legais e os objetivos aqui delineados: o de observao, que tomamos como momentos de pesquisa bibliogrfica e de campo, e o de regncia, em que, sustentado por essa apreenso analtica do cotidiano escolar, o Estudante pode, acompanhado pela superviso de um Professor, ministrar as aulas preparatrias para o exerccio profissional, bem como integrar-se vida da escola e desenvolver aes coletivas.

    Estes dois momentos devem ser articulados, evitando as abordagens fragmentrias e estanques presentes, quase sempre, nas prticas pedaggicas. Tendo em vista os resultados da observao, sob a forma de pesquisa, o Estudante pode produzir diferentes trabalhos, como: material didtico; propostas metodolgicas de ensino de leitura, de produo de texto, de gramtica, de literatura; eventos na escola; pesquisa; redao e publicao de artigos; organizao de bibliografia comentada e vocabulrio crtico sobre o tema.

    Podemos pensar, ainda, em momentos em que o graduando voltar escola pesquisada para realizar um trabalho com alunos e/ou professores, como aulas, palestras, oficinas. Pensamos, ainda, na possibilidade de o Estudante apresentar os resultados de sua pesquisa, bem como as propostas de mudanas em forma de aula, mesa-redonda, painel para os seus colegas e professores de sala, de Curso, de Universidade.

    O Curso de Letras dispe de um Centro de Lnguas, que tem por objetivo no s oferecer cursos para a comunidade interna e externa UCB, mas tambm servir de espao de ensino e aprendizagem para os estudantes de Letras; e de um Laboratrio de Estudos da Linguagem, equipado com tecnologia de ponta na rea de linguagem e de lnguas, que pode oferecer suporte para o desenvolvimento de novas metodologias e tecnologias de ensino de lnguas.

    Nesse sentido, o Curso se prope a desenvolver projetos que, atendidas as disposies legais, contribuam para que objetivos propostos para o Estgio Supervisionado sejam atingidos.

    O desenvolvimento dessa metodologia implica trabalho constante do Professor-Supervisor no sentido de fornecer orientaes seguras para o desempenho das atividades propostas em termos tericos e metodolgicos.

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    6. AVALIAO

    Considerando a estrutura e o funcionamento do Estgio Supervisionado delineados, o acompanhamento e a avaliao dos trabalhos devero tomar como referncia as aulas presenciais e o trabalho de observao e regncia realizado dentro e/ou fora da UCB.

    A avaliao do desempenho do Estudante, observadas as normas gerais do Regimento da UCB, dever se dar de conformidade com a natureza do trabalho proposto no Plano de Ensino do Professor-Supervisor e ser a explicitada.

    Avaliar o desempenho acadmico do Estudante significa, de acordo com nosso Projeto Pedaggico, analisar uma complexa rede de relaes, envolvendo instituies, pessoas, linguagem, situaes, teorias do conhecimento e procedimentos metodolgicos determinados. Nesse processo, conhecimento, sentidos e juzos de valor so produzidos, trazendo a possibilidade de compreenso de uma realidade dada.

    A avaliao dever considerar no s os produtos obtidos, mas todo o seu processo de produo, levando em conta os diferentes pontos de partida de cada Estudante em relao ao domnio e compreenso dos fatos lingsticos e literrios, bem como das metodologias de ensino, e o fato de esse Estudante j estar ou no no desempenho de suas atividades profissionais. Assim, os produtos a serem avaliados devero considerar a trajetria de cada um durante o curso, as suas condies de produo e o conjunto dos trabalhos realizados.

    Quaisquer que sejam as formas e critrios de avaliao adotados, ao trmino do semestre, o Estudante dever elaborar Documento Final de natureza acadmico-cientfica, logo, analtica e crtica, que dever ficar arquivado no Curso para atendimento s exigncias legais e institucionais. Ele visa levar o Estudante a articular e sistematizar os conhecimentos adquiridos e produzidos durante seu percurso no Curso de Letras e aqueles que iro se dar, de forma especfica, durante a realizao do Estgio Supervisionado.

    A natureza deste Documento Final dever ser definida em funo do tipo de atividades previstas no Plano de Ensino do Professor-Supervisor e do Plano de Trabalho do Estudante, uma vez observados os requisitos exigidos na organizao do trabalho acadmico-cientfico, bem como a correo gramatical.

    Devero, necessariamente, fazer parte desse Documento Final, as fichas comprobatrias da realizao do Estgio dentro e/ou fora da UCB, devidamente preenchidas e assinadas (Anexo II).

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    ANEXOS

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    ANEXO I

    BASES LEGAIS

    Lei N 6.494, de 07/12/77

    Dispe sobre os estgios de estudantes de estabelecimentos de ensino superior e de ensino profissionalizante do 2 Grau e supletivo, e d outras providncias.

    O Presidente da Repblica Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    Art. 1 - As Pessoas Jurdicas de Direito Privado, os rgos da Administrao Pblica e as Instituies de Ensino podem aceitar, como estagirios, alunos regularmente matriculados e que venham freqentando, efetivamente, cursos vinculados estrutura do ensino pblico e particular, nos nveis superior, profissionalizante de 2 Grau e supletivo. 1 - O estgio somente poder verificar-se em unidades que tenham condies de proporcionar experincia prtica na linha de formao, devendo, o estudante, para esse fim, estar em condies de estagiar, segundo disposto na regulamentao da presente Lei. 2 - Os estgios devem propiciar a complementao do ensino e da aprendizagem a serem planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currculos, programas e calendrios escolares, a fim de se constiturem em instrumentos de integrao, em termos de treinamento prtico, de aperfeioamento tcnico-cultural, cientfico e de relacionamento humano. Art. 2 - O Estgio, independentemente do aspecto profissionalizante, direto e especfico, poder assumir a forma de atividades de extenso, mediante a participao do estudante em empreendimentos ou projetos de interesse social. Art. 3 - A realizao do estgio dar-se- mediante termo de compromisso celebrado entre o estudante e a parte concedente, com intervenincia obrigatria da Instituio de Ensino. 1 - Os estgios curriculares sero desenvolvidos de acordo com o disposto no pargrafo 2 do art. 1 desta Lei. 2 - Os estgios realizados sob a forma de ao comunitria esto isentos da celebrao de termo de compromisso. Art. 4 - O estgio no cria vnculo empregatcio de qualquer natureza e o estagirio poder receber bolsa, ou outra forma de contraprestao que venha a ser acordada, ressalvado o que dispuser a legislao previdenciria, devendo o estudante, em qualquer hiptese, estar segurado contra acidentes pessoais. Art. 5 - A jornada de atividade em estgio, a ser cumprida pelo estudante, dever compatibilizar-se com o seu horrio escolar e com o horrio da parte em que venha a ocorrer o estgio. Pargrafo nico - Nos perodos de frias escolares, a jornada de estgio ser estabelecida de comum acordo entre o estagirio e a parte concedente do estgio, sempre com a intervenincia da Instituio de Ensino. Art. 6 - O Poder Executivo regulamentar a presente Lei no prazo de 30 (trinta) dias.

    Art. 7 - Essa Lei entrar em vigor na data de sua publicao.

    Art. 8 - Revogam-se disposies em contrrio.

    Braslia, 7 de dezembro de 1977: 156 da Independncia e 89 da Repblica. Ernesto Geisel

    Presidente da Repblica

    Nei Braga

    Ministro da Educao

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    Decreto N 87.497, de 18/08/1982

    Regulamenta a Lei N.. 6.494, de 07 de dezembro de 1977, que dispe sobre o estgio de estudantes de estabelecimentos de ensino superior e de 2. grau regular e supletivo, nos limites que especfica e d outras providncias.

    O Presidente da Repblica, no uso das atribuies que lhe confere o Artigo 81, item III da Constituio, decreta:

    ARTIGO 1. O estgio curricular de estudantes regularmente matriculados e com freqncia efetiva nos cursos vinculados ao ensino oficial e particular, em nvel superior e de 2o. grau regular e supletivo, obedecer s presentes normas.

    ARTIGO 2. Considera-se estgio curricular, para os efeitos deste Decreto, as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela participao em situaes reais de vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na comunidade em geral ou junto a pessoas jurdicas de direito pblico ou privado, sob responsabilidade e coordenao da instituio de ensino.

    ARTIGO 3. O estgio curricular, como procedimento didtico-pedaggico, atividade de competncia da instituio de ensino a quem cabe a deciso sobre a matria, e deles participam pessoas jurdicas de direito pblico privado, oferecendo oportunidade e campos de estgio, outras formas de ajuda, e colaborando no processo educativo.

    ARTIGO 4. As instituies de ensino regularo a matria contida neste Decreto e disporo sobre:

    a) insero do estgio curricular na programao didtico pedaggico;

    b) carga horria, durao e jornada de estgio curricular, que no podero ser inferior a um semestre letivo;

    c) condies imprescindveis, para caracterizao e definio dos campos de estgios curriculares, referidos nos pargrafos 1. e 2. do Artigo 1o. da Lei N.. 6.494, de 07 de dezembro de 1977;

    d) sistemtica de organizao, orientao, superviso e avaliao de estgio curricular.

    ARTIGO 5. Para caracterizao e definio do estgio curricular necessria, entre a instituio de ensino e pessoas jurdicas de direito pblico e privado, a existncia de instrumento jurdico, periodicamente reexaminado, onde estaro acordadas todas as condies de realizao daquele estgio, inclusive transferncia de recursos instituio de ensino quando for o caso.

    ARTIGO 6. A realizao do estgio curricular, por parte de estudantes, no acarretar vnculo empregatcio de qualquer natureza.

    PARGRAFO 1. Termo de Compromisso ser celebrado entre o estudante e a parte concedente da oportunidade do estgio curricular, com a intervenincia da instituio de ensino, e constituir comprovante exigvel pela autoridade competente, da inexistncia de vnculo empregatcio.

    PARGRAFO 2. O Termo de Compromisso de que trata o pargrafo anterior dever mencionar necessariamente o instrumento jurdico a que se vincula, nos termos do Artigo 5.

    PARGRAFO 3. Quando o estgio curricular no se verificar em qualquer entidade pblica e privada, inclusive como prev o pargrafo 2. do Artigo 3. da Lei 6.494/77, no ocorrer a celebrao do Termo de Compromisso.

    ARTIGO 7. A instituio de ensino poder recorrer aos servios de agentes de integrao pblicos e privados, entre o sistema de ensino e os setores de produo, servios, comunidade e governo, mediante condies acordadas em instrumento jurdico adequado.

    PARGRAFO NICO - Os agentes de integrao mencionados neste artigo atuaro com a finalidade de:

    a) identificar para a instituio de ensino as oportunidades de estgios curriculares junto a pessoas jurdicas de direito pblico e privado;

    b) facilitar o ajuste das condies de estgios curriculares, a constarem do instrumento jurdico mencionado no Artigo 5o.;

    c) prestar servios administrativos de cadastramento de estudantes, campos e oportunidades de estgios curriculares, bem como de execuo do pagamento de bolsas, e outros solicitados pela instituio de ensino;

    d) co-participar, com a instituio de ensino, no esforo de captao de recursos para viabilizar estgios curriculares.

    ARTIGO 8. A instituio de ensino, diretamente, ou atravs de atuao conjunta com agentes de integrao, referidos no "caput" do artigo anterior, providenciar seguro de acidentes pessoais em favor de estudantes.

  • 14

    ARTIGO 9. O disposto neste Decreto no se aplica ao menor aprendiz, sujeito formao profissional metdica do ofcio em que exera seu trabalho e vinculado empresa por contrato de aprendizagem, nos termos da legislao trabalhista.

    ARTIGO 10. Em nenhuma hiptese poder ser cobrada ao estudante qualquer taxa adicional referente s providncias administrativas para a obteno e realizao do estgio curricular.

    ARTIGO 11. As disposies deste Decreto aplicam-se aos estudantes estrangeiros, regularmente matriculados em instituies de ensino oficial ou reconhecidas.

    ARTIGO 12. No prazo mximo de 04 (quatro) semestres letivos a contar do primeiro semestre posterior data da publicao deste Decreto, devero estar ajustadas s presentes normas todas as situaes hoje ocorrentes, com base em legislao anterior.

    PARGRAFO NICO - Dentro do prazo mencionado neste artigo o Ministrio da Educao e Cultura promover a articulao de instituies de ensino, agentes de integrao e outros Ministrios, com vista implantao das disposies previstas neste Decreto.

    ARTIGO 13. Este Decreto entrar em vigor na data de sua publicao, revogados o Decreto N.66.546, de 11 de maio de 1970 e o Decreto N. 75.778, de 26 de maio de 1975, bem como as disposies gerais e especiais que regulem em contrrio ou de forma diversa a matria.

    Braslia, em 18 de agosto de 1982

    161. da Independncia e 94. da Repblica

    Joo Figueiredo

    Rubem Ludwig

  • 15

    Parecer CNE/CP 27/2001

    MINISTRIO DA EDUCAO

    CONSELHO NACIONAL DE EDUCAO

    INTERESSADO: Conselho Nacional de Educao UF: DF

    ASSUNTO: D nova redao ao item 3.6, alnea c, do Parecer CNE/CP 9/2001, que dispe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao de Professores da Educao Bsica, em nvel superior, curso de licenciatura, de graduao plena

    RELATOR(A):, Edla de Arajo Lira Soares, frem de Aguiar Maranho, Guiomar Namo de Mello, Nelio Marco Vincenzo Bizzo e Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira.(Relatora ), Silke Weber (Presidente)

    PROCESSO(S) N.(S): 23001.000177/2000-18

    PARECER N.:

    CNE/CP 27/2001

    COLEGIADO:

    CP

    APROVADO EM:

    02/10/2001

    O Conselho Pleno, em sua reunio de 2 de outubro de 2001, decidiu alterar a redao do item 3.6, alnea c, do

    Parecer CNE/CP 9/2001, aprovado em 8 de maio de 2001, nos seguintes termos:

    c) No estgio curricular supervisionado a ser feito nas escolas de educao bsica. O estgio obrigatrio definido

    por lei deve ser vivenciado durante o curso de formao e com tempo suficiente para abordar as diferentes

    dimenses da atuao profissional. Deve, de acordo com o projeto pedaggico prprio, se desenvolver a partir do

    incio da segunda metade do curso, reservando-se um perodo final para a docncia compartilhada, sob a

    superviso da escola de formao, preferencialmente na condio de assistente de professores experientes. Para

    tanto, preciso que exista um projeto de estgio planejado e avaliado conjuntamente pela escola de formao

    inicial e as escolas campos de estgio, com objetivos e tarefas claras e que as duas instituies assumam

    responsabilidades e se auxiliem mutuamente, o que pressupe relaes formais entre instituies de ensino e

    unidades dos sistemas de ensino. Esses tempos na escola devem ser diferentes segundo os objetivos de cada

    momento da formao. Sendo assim, o estgio no pode ficar sob a responsabilidade de um nico professor da

    escola de formao, mas envolve necessariamente uma atuao coletiva dos formadores..

    Braslia, D.F., 2 de outubro de 2001.

    Conselheiros:

    frem de Aguiar Maranho

    Edla de Arajo Lira Soares

    Guiomar Namo de Mello

    Nelio Marco Vincenzo Bizzo

    Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira - Relatora

    Silke Weber Presidente

  • III DECISO DO CONSELHO PLENO O Plenrio acompanha o voto do(a) Relator(a).

    Sala das Sesses em, 2 de outubro de 2001. Conselheiro Ulysses de Oliveira Panisset Presidente

  • 17

    Parecer CNE/CP 28/2001

    MINISTRIO DA EDUCAO

    CONSELHO NACIONAL DE EDUCAO

    INTERESSADO: Conselho Nacional de Educao UF: DF

    ASSUNTO: D nova redao ao Parecer CNE/CP 21/2001, que estabelece a durao e a carga horria dos cursos de Formao de Professores da Educao Bsica, em nvel superior, curso de licenciatura, de graduao plena

    RELATOR(A): Carlos Roberto Jamil Cury, frem de Aguiar Maranho, Raquel Figueiredo A. Teixeira e Silke Weber

    PROCESSO(S) N.(S): 23001.000231/2001-06

    PARECER N.:

    CNE/CP 28/2001

    COLEGIADO:

    CP

    APROVADO EM:

    02/10/2001 I HISTRICO

    A aprovao do Parecer CNE/CP 9/2001, de 8 de maio de 2001, que apresenta projeto de Resoluo instituindo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao de Professores da Educao Bsica, em nvel superior, curso de licenciatura, de graduao plena, no seu Art. 12 diz verbis: Os cursos de formao de professores em nvel superior tero a sua durao definida pelo Conselho Pleno, em parecer e resoluo especfica sobre sua carga horria.

    O objetivo deste Parecer, pois, o de dar conseqncia a esta determinao que reconhece uma especificidade prpria desta modalidade de ensino superior. A durao da licenciatura voltada para a formao de docentes que iro atuar no mbito da educao bsica e a respectiva carga horria devem, pois, ser definidas.

    Este Parecer, contudo, deve guardar coerncia com o conjunto das disposies que regem a formao de docentes. Cumpre citar a Resoluo CNE/CP 1/99, o Parecer CNE/CP 4/97 e a Resoluo CNE/CP 2/97, o Parecer CNE/CEB 1/99 e a Resoluo CNE/CEB 2/99 e, de modo especial, o Parecer CNE/CP 9/2001, o respectivo projeto de Resoluo, com as alteraes dadas pelo Parecer CNE/CP 27/2001.

    A existncia de antinomias entre estes diferentes diplomas normativos foi anotada pelo Parecer da Assessoria Tcnica da Coordenao de Formao de Professores SESu/MEC, encaminhada a este Conselho, pelo Aviso Ministerial 569, de 28 de setembro de 2001, para efeito de harmonizao entre eles. Desta forma o Parecer em tela foi devidamente revisto e, em conseqncia recebeu nova redao.

    Definies gerais mnimas

    Como se pode verificar pelos termos do artigo em tela, alguns conceitos devem ser definidos pelo Conselho Pleno: a durao e a carga horria dos cursos de formao de professores em nvel superior que uma licenciatura plena.

    Durao, no caso, o tempo decorrido entre o incio e o trmino de um curso de ensino superior necessrio efetivao das suas diretrizes traduzidas no conjunto de seus componentes curriculares. A durao dos cursos de licenciatura pode ser contada por anos letivos, por dias de trabalho escolar efetivados ou por combinao desses fatores. Se a durao de um tempo obrigatrio o mnimo para um teor de excelncia, obviamente isto no quer dizer impossibilidade de adequao s variaes de aproveitamento dos estudantes.

    J a carga horria nmero de horas de atividade cientfico-acadmica, nmero este expresso em legislao ou normatizao, para ser cumprido por uma instituio de ensino superior, a fim de preencher um dos requisitos para a validao de um diploma que, como ttulo nacional de valor legal idntico, deve possuir uma referncia nacional comum.

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    A noo de carga horria pressupe uma unidade de tempo til relativa ao conjunto da durao do curso em relao exigncia de efetivo trabalho acadmico.

    A licenciatura uma licena, ou seja trata-se de uma autorizao, permisso ou concesso dada por uma autoridade pblica competente para o exerccio de uma atividade profissional, em conformidade com a legislao. A rigor, no mbito do ensino pblico, esta licena s se completa aps o resultado bem sucedido do estgio probatrio exigido por lei.

    O diploma de licenciado pelo ensino superior o documento oficial que atesta a concesso de uma licena. No caso em questo, trata-se de um ttulo acadmico obtido em curso superior que faculta ao seu portador o exerccio do magistrio na educao bsica dos sistemas de ensino, respeitadas as formas de ingresso, o regime jurdico do servio pblico ou a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT).

    Deve-se, em primeiro lugar, fazer jus ao inciso XIII do Art. 5 da Constituio que assegura o livre exerccio profissional atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer. Uma das leis diretamente concernente a estas qualificaes est na Lei 9.394/96: Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional. Com efeito, diz o Art. 62 desta Lei:

    A formao de docentes para atuar na educao bsica far-se- em nvel superior, em curso de licenciatura, de graduao plena, em universidades e institutos superiores de educao, admitida, como formao mnima para o exerccio do magistrio na educao infantil e nas quatro primeiras sries do ensino fundamental, a oferecida em nvel mdio, na modalidade Normal.

    Esta qualificao exigida para o exerccio profissional da docncia no ensino regular dos sistemas a condio sine qua non do que est disposto no Art. 67, face aos sistemas pblicos, constante do Ttulo VI da Lei: Dos Profissionais da Educao.

    Os sistemas de ensino promovero a valorizao dos profissionais da educao, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistrio pblico:

    I - ingresso exclusivamente por concurso pblico de provas e ttulos;...

    Trata-se, pois, de atender s qualificaes profissionais exigidas pela Constituio e pela LDB, em boa parte j postas no parecer CNE/CP 9/2001 e comear a efetivar as metas do Captulo do Magistrio da Educao Bsica da Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001, conhecida como Plano Nacional de Educao.

    Cumpre complet-las no que se refere durao e carga horria das licenciaturas cumprindo o disposto no Art. 12 do Parecer CNE/CP 9/2001.

    Durao e Carga Horria antes da Lei 9.394/96

    O debate sobre a carga horria e durao dos cursos de graduao sempre foi bastante diferenciado ao longo da histria da educao envolvendo mltiplos aspectos entre os quais os contextuais.

    Pode-se tomar como referncia o Estatuto das Universidades Brasileiras sob a gesto do Ministro da Educao e Sade Pblica Francisco Campos em 1931. Trata-se do Decreto 19.852/31, de 11/4/31. Por ele se cria a Faculdade de Educao, Cincias e Letras que teria entre suas funes a de qualificar pessoas aptas para o exerccio do magistrio atravs de um currculo seriado desejvel e com algum grau de composio por parte dos estudantes. A rigor, a efetivao deste decreto s se dar mesmo em 1939.

    A Lei 452 do governo Vargas, de 5/7/1937, organiza a Universidade do Brasil e da qual constaria uma Faculdade Nacional de Educao com um curso de educao. Nele se l que a Faculdade Nacional de Filosofia ter como finalidades preparar trabalhadores intelectuais, realizar pesquisas e preparar candidatos ao magistrio do ensino secundrio e normal.

    Esta faculdade seria regulamentada pelo Decreto-lei 1.190, de 4/4/1939. ela passava a contar com uma seo de Pedagogia constituda de um curso de pedagogia de 3 anos que forneceria o ttulo de Bacharel em Pedagogia. Fazia parte tambm uma seo especial: o curso de didtica de 1 ano e que, quando cursado por bacharis, daria o ttulo de licenciado, permitindo o exerccio do magistrio nas redes de ensino. Este o famoso esquema que ficou conhecido como 3 + 1.

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    O Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931 teve vigncia legal at a entrada em vigor da Lei 4.024/61. Nela pode-se ler nos seus artigos 68 e 70, respectivamente:

    Os diplomas que conferem privilgio para o exerccio de profisses liberais ou para a admisso a cargos pblicos ficam sujeitos a registro no Ministrio da Educao e Cultura, podendo a lei exigir a prestao de exames e provas de estgio perante os rgos de fiscalizao e disciplina das profisses respectivas.

    O currculo mnimo e a durao dos cursos que habilitem obteno de diploma capaz de assegurar privilgios para o exerccio da profisso liberal sero fixados pelo Conselho Federal de Educao.

    O Parecer CFE 292/62, de 14/11/62, estabeleceu a carga horria das matrias de formao pedaggica a qual deveria ser acrescida aos que quisessem ir alm do bacharelado. Esta durao deveria ser de, no mnimo, 1/8 do tempo dos respectivos cursos e que, neste momento, eram escalonados em 8 semestres letivos e seriados.

    O Parecer CFE 52/65, de 10/2/1965, da autoria de Valnir Chagas foi assumido na Portaria Ministerial 159, de 14 de junho de 1965, que fixa critrios para a durao dos cursos superiores. Ao invs de uma inflexo em anos de durao passa-se a dar preferncia para horas-aula como critrio da durao dos cursos superiores dentro de um ano letivo de 180 dias.

    Antecedendo a prpria reforma do ensino superior de 1968, o Decreto-lei 53, de 1966, trazia, como novidade, a fragmentao das Faculdades de Filosofia, Cincias e Letras e a criao de uma unidade voltada para a formao de professores para o ensino secundrio e de especialistas em educao: a Faculdade de Educao. Poucas Universidades encamparam este decreto-lei no sentido da alterao propiciada por ele.

    A Lei 5.540/68 dizia em seu Art. 26 que cabia ao Conselho Federal de Educao fixar o currculo mnimo e a durao mnima dos cursos superiores correspondentes a profisses regulamentadas em lei e de outros necessrios ao desenvolvimento nacional.

    O Parecer CFE 672/69, de 4/9/69, conduz Resoluo 9/69 de 10/10/69. Este parecer reexamina o Parecer 292/62 no qual se teve a fixao das matrias pedaggicas da licenciatura, especialmente com relao ao tempo de durao da formao pedaggica no mbito de cada licenciatura. A Resoluo 9/69, de 10/10/1969, fixava a formao pedaggica em 1/8 das horas obrigatrias de trabalho de cada licenciatura voltada para o ensino de 2 grau.

    A Indicao CFE 8/68, de 4/6/68, reexaminou os currculos mnimos, a respectiva durao dos cursos superiores e as matrias obrigatrias entendidas como "matria-prima" a serem reelaboradas. Desta Indicao, elaborada antes da Lei 5.540/68, decorre o Parecer CFE 85/70, de 2/2/70, j sob a reforma universitria em curso. Este Parecer CFE 85/70 mantm as principais orientaes da Indicao CFE 8/68 e fixa a durao dos cursos a ser expressa em horas-aula e cuja durao mnima seria competncia do CFE estabelec-la sob a forma de currculos mnimos.

    O Parecer 895/71, de 9/12/71, examinando a existncia da licenciatura curta face plena e as respectivas horas de durao, prope para as primeiras uma durao entre 1200 e 1500 horas e para as segundas uma durao de 2.200 a 2.500 horas de durao.

    A Resoluo CFE 1/72 fixava entre 3 e 7 anos com durao varivel de 2200h e 2500h as diferentes licenciaturas, respeitados 180 dias letivos, estgio e prtica de ensino. Tal Resoluo se v reconfirmada pela Indicao 22/73, de 8/2/73.

    Pode-se comprovar a complexidade e a diferenciao da durao nos modos de se fazer as licenciaturas atravs de um longo perodo de nossa histria.

    A LDB, de 1996, vai propor um novo paradigma para a formao de docentes e sua valorizao.

    A Lei 9.394/96

    A Constituio de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional de 1996 insistem na valorizao do magistrio e em um padro de qualidade cujo teor de excelncia deve dar consistncia formao dos profissionais do ensino.

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    O Parecer CNE/CP 9/2001, ao interpretar e normatizar a exigncia formativa desses profissionais, estabelece um novo paradigma para esta formao. O padro de qualidade se dirige para uma formao holstica que atinge todas as atividades tericas e prticas articulando-as em torno de eixos que redefinem e alteram o processo formativo das legislaes passadas. A relao teoria e prtica deve perpassar todas estas atividades as quais devem estar articuladas entre si tendo como objetivo fundamental formar o docente em nvel superior.

    As exigncias deste novo paradigma formativo devem nortear a atuao normativa do Conselho Nacional de Educao com relao ao objeto especfico deste parecer, ao interpretar as injunes de carter legal.

    A LDB de 1996, apesar de sua flexibilidade, no deixou de pontuar caractersticas importantes da organizao da educao superior. A flexibilidade no significa nem ausncia de determinadas imposies e nem de parmetros reguladores. Assim, pode-se verificar, como no Ttulo IV da lei sob o nome Da Educao Superior, nvel prprio do objeto deste parecer, tem alguns parmetros definidos. O primeiro deles o nmero de dias do ano letivo de trabalho acadmico efetivo e as garantias que o estudante deve ter, ao entrar em uma instituio de ensino superior, em saber seus direitos.

    Veja-se o Art. 47, verbis:

    Na educao superior, o ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mnimo, duzentos dias de trabalho acadmico efetivo, excludo o tempo reservado aos exames finais, quando houver.

    1 As instituies informaro aos interessados, antes de cada perodo letivo, os programas dos cursos e demais componentes curriculares, sua durao, requisitos, qualificaes dos professores, recursos disponveis e critrios de avaliao, obrigando-se a cumprir as respectivas condies.

    2 Os alunos que tenham extraordinrio aproveitamento nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliao especficos, aplicados por banca examinadora especial, podero ter abreviada a durao dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino. (grifos adicionados)

    ...

    4 As instituies de educao superior oferecero, no perodo noturno, cursos de graduao nos mesmos padres de qualidade mantidos no perodo diurno, sendo obrigatria a oferta noturna nas instituies pblicas, garantida a necessria previso oramentria.

    Ainda que alunos excepcionais possam ter abreviada a durao de seu curso, a regra geral a da informao precisa da durao dos programas dos cursos e dos seus componentes curriculares e que no conjunto exigem trabalho acadmico efetivo. bastante claro que o trabalho acadmico deve ser mensurado em horas, mas o contedo de sua integralizao implica tanto o ensino em sala de aula quanto outras atividades acadmicas estabelecidas e planejadas no projeto pedaggico.

    A LDB, no Art. 9, ao explicitar as competncias da Unio diz no seu inciso VII que ela incumbir-se- de baixar normas gerais sobre cursos de graduao e ps-graduao. Alis, no 1 deste artigo que se aponta o Conselho Nacional de Educao de cujas funes faz parte a normatizao das leis.

    J no captulo prprio do ensino superior da LDB h pontos relativos autonomia universitria. Assim, diz o Art. 53, I e II:

    No exerccio de sua autonomia, so asseguradas `as universidades, sem prejuzo de outras, as seguintes atribuies

    I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educao superior previstos nesta Lei, obedecendo s normas gerais da Unio e, quando for o caso, do respectivo sistema de ensino;

    II - fixar os currculos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes; (grifos adicionados)

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    Desse modo, fica claro que as Instituies de Ensino Superior, respeitadas as normas gerais (Art. 9, VII da LDB) pertinentes, devero fixar os currculos de seus cursos e programas (Art. 53, II).

    No seu conjunto, elas prevem uma composio de elementos obrigatrios e facultativos articulados entre si. Entre os elementos obrigatrios apontados, ela distingue e compe, ao mesmo tempo, dias letivos, prtica de ensino, estgio e atividades acadmico- cientficas. Entre os elementos facultativos expressamente citados est a monitoria.

    Os dias letivos, independentemente do ano civil, so de 200 dias de trabalho acadmico efetivo.

    No caso de prtica de ensino, deve-se respeitar o Art. 65 da LDB, verbis:

    A formao docente, exceto para a educao superior, incluir prtica de ensino de, no mnimo, trezentas horas.

    Logo, um mnimo de 300 horas de prtica de ensino um componente obrigatrio na durao do tempo necessrio para a integralizao das atividades acadmicas prprias da formao docente.

    Alm disso, h a obrigatoriedade dos estgios. luz do Art. 24 da Constituio Federal, eles devem ser normatizados pelos sistemas de ensino.

    O Art. 82 da LDB diz:

    Os sistemas de ensino estabelecero as normas para realizao dos estgios dos alunos regularmente matriculados no ensino mdio ou superior em sua jurisdio.

    Pargrafo nico. O estgio realizado nas condies deste artigo no estabelecem vnculo empregatcio, podendo o estagirio receber bolsa de estgio, estar segurado contra acidentes e ter cobertura previdenciria prevista na legislao especfica.

    Ora, os estgios fazem parte destas qualificaes, reconhecidas pela CLT, e se inserem dentro das normas gerais conferidas por lei Unio. Os estgios supervisionados de ensino tambm partilham destas qualificaes.

    O Pargrafo nico do Art. 82 reconhece as figuras de um seguro contra acidentes e de uma cobertura previdenciria prevista na legislao especfica e faculta a existncia de bolsa de estgio.

    A Lei 6.494/77, de 7/12/1977, regulamentada pelo Decreto 87.497/82, se refere ao estgio curricular de estudantes. Este decreto, em seu Art. 4 letra b, dispe sobre o tempo do estgio curricular supervisionado e que no pode ser inferior a um (1) semestre letivo e, na letra a, explicita a obrigatoriedade da insero do estgio no cmputo das atividades didtico-curriculares. A Lei 8.859, de 23/3/1994, manteve o teor da Lei 6.494/77, mas a estende para o estgio da educao dos portadores de necessidades especiais.

    A lei do estgio de 1977, no seu todo, no foi revogada nem pela LDB e nem pela Medida Provisria 1.709, de 27/11/98, exceto em pequenos pontos especficos. Assim, o Pargrafo nico do Art. 82 da LDB altera o Art. 4 da Lei 6.494/77. J a Medida Provisria 1.709/98 modifica em seu Art. 4 o 1 do Art. 1 da Lei 6.494/77 e que passou a vigorar com a seguinte redao:

    1 Os alunos a que se refere o caput deste artigo devem "comprovadamente, estar freqentando cursos de educao superior, de ensino mdio, de educao profissional de nvel mdio ou superior ou escolas de educao especial."*

    * O Art. 1 da Lei 6.494/77 dizia As Pessoas Jurdicas de Direito Privado, os rgos da Administrao Pblica e as Instituies de Ensino podem aceitar, como estagirios, alunos regularmente matriculados e que venham freqentando, efetivamente, cursos vinculados estrutura do ensino pblico e particular, nos nveis superior e profissionalizante. (a parte por ns grifada foi, no caso, o objeto da Medida Provisria 1.709/98)

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    J o Decreto regulamentador 87.497/82 da Lei 6.494/77 no conflita com o teor das Leis 9.394/96 e 9.131/95. A Lei de Introduo ao Cdigo Civil, Decreto-lei 4.657/42 diz:

    Art. 2 1 A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatvel ou quando regule inteiramente a matria de que tratava a lei anterior.

    A redao do Art. 82 no deixa margem a dvidas quanto sua natureza: ele pertence ao mbito das competncias concorrentes prprias do sistema federativo. Assim sendo, ele deve ser lido luz do Art. 24 da Constituio Federal de 1988.

    A Lei 6.494/77, modificada pela Medida Provisria 1.709/98, e o seu Decreto regulamentador 87.497/82 ao serem recebidos pela Lei 9.394/96 exigem, para o estgio supervisionado de ensino, um mnimo de 1 (um) semestre letivo ou seja 100 dias letivos. Por isso mesmo, a Portaria 646, de 14 de maio de 1997, e que regulamenta a implantao do disposto nos artigos 39 a 42 do Decreto 2.208/97 diz em seu Art. 13 que so mantidas as normas referentes ao estgio supervisionado at que seja regulamentado o Art. 82 da Lei 9.394/96.

    Outro ponto a ser destacado na formao dos docentes para atuao profissional na educao bsica e que pode ser contemplado para efeito da durao das licenciaturas a monitoria. Veja-se o disposto no Art. 84 da LDB:

    Os discentes da educao superior podero ser aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respectivas instituies, exercendo funes de monitoria, de acordo com seu rendimento e seu plano de estudos.

    No resta dvida que estes pontos no devem e no podem ser entendidos como atividades estanques ou como blocos mecnicos separados entre si. Estes pontos devem e podem formar um todo em que todas as atividades terico-prticas devem ser articuladas em torno de um projeto pedaggico elaborado de modo orgnico e consistente. Por isso as normas gerais devem estabelecidas, sob a forma de diretrizes de tal modo que elas sejam referenciais de qualidade para todas as atividades terico-prticas e para a validade nacional do diploma de licenciado e como expresso da articulao entre os sistemas de ensino.

    II - MRITO

    A delimitao de seqncias temporais de formao, o estabelecimento de tempos especficos para a sua realizao em nvel superior, consideradas as caractersticas de reas de conhecimento e de atuao profissional, integram a tradio nacional e internacional. Assim que a formao de profissionais cujo ttulo permite o exerccio de determinada atividade profissional requer um tempo de durao varivel de pas a pas, de profisso a profisso. Esta variabilidade recobre tambm as etapas a seguir como o formato adotado para a sua insero no debate terico da rea de suas especialidades, bem como na discusso sobre a prtica profissional propriamente dita, e as correspondentes formas de avaliao, titulao, credenciamento utilizadas.

    Os cursos de graduao, etapa inicial da formao em nvel superior a ser necessariamente complementada ao longo da vida, tero que cumprir, conforme o Art. 47 da Lei 9.394/96, no ano letivo regular, no mnimo, 200 (duzentos) dias de trabalho acadmico efetivo em cada um dos anos necessrios para a completude da qualificao exigida.

    A obrigatoriedade das 300 (trezentas) horas de prtica de ensino so exigidas como patamar mnimo no Art. 65 da LDB e esto contempladas no Parecer CNE/CP 9/2001 e respectiva Resoluo.

    Mas dada sua importncia na formao profissional de docentes, consideradas as mudanas face ao paradigma vigente at a entrada em vigor da nova LDB, percebe-se que este mnimo estabelecido em lei no ser suficiente para dar conta de todas estas exigncias em especial a associao entre teoria e prtica tal como posto no Art. 61 da LDB.

    S que uma ampliao da carga horria da prtica de ensino deve ser justificada.

    A prtica no uma cpia da teoria e nem esta um reflexo daquela. A prtica o prprio modo como as coisas vo sendo feitas cujo contedo atravessado por uma teoria. Assim a realidade um movimento constitudo pela prtica e pela teoria como momentos de um dever mais amplo, consistindo a prtica no momento pelo qual se busca fazer algo, produzir alguma coisa e que a teoria procura conceituar, significar e com isto administrar o campo e o sentido desta atuao.

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    Esta relao mais ampla entre teoria e prtica recobre mltiplas maneiras do seu acontecer na formao docente. Ela abrange, ento, vrios modos de se fazer a prtica tal como expostos no Parecer CNE/CP 9/2001.

    Uma concepo de prtica mais como componente curricular implica v-la como uma dimenso do conhecimento, que tanto est presente nos cursos de formao nos momentos em que se trabalha na reflexo sobre a atividade profissional, como durante o estgio nos momentos em que se exercita a atividade profissional.(Parecer CNE/CP 9/2001, p. 22)

    Assim, h que se distinguir, de um lado , a prtica como componente curricular e, de outro, a prtica de ensino e o estgio obrigatrio definidos em lei. A primeira mais abrangente: contempla os dispositivos legais e vai alm deles.

    A prtica como componente curricular , pois, uma prtica que produz algo no mbito do ensino. Sendo a prtica um trabalho consciente cujas diretrizes se nutrem do Parecer 9/2001 ela ter que ser uma atividade to flexvel quanto outros pontos de apoio do processo formativo, a fim de dar conta dos mltiplos modos de ser da atividade acadmico-cientfica. Assim, ela deve ser planejada quando da elaborao do projeto pedaggico e seu acontecer deve se dar desde o incio da durao do processo formativo e se estender ao longo de todo o seu processo. Em articulao intrnseca com o estgio supervisionado e com as atividades de trabalho acadmico, ela concorre conjuntamente para a formao da identidade do professor como educador.

    Esta correlao teoria e prtica um movimento contnuo entre saber e fazer na busca de significados na gesto, administrao e resoluo de situaes prprias do ambiente da educao escolar.

    A prtica, como componente curricular, que ter necessariamente a marca dos projetos pedaggicos das instituies formadoras, ao transcender a sala de aula para o conjunto do ambiente escolar e da prpria educao escolar, pode envolver uma articulao com os rgos normativos e com os rgos executivos dos sistemas. Com isto se pode ver nas polticas educacionais e na normatizao das leis uma concepo de governo ou de Estado em ao. Pode-se assinalar tambm uma presena junto a agncias educacionais no escolares tal como est definida no Art. 1 da LDB. Professores so ligados a entidades de representao profissional cuja existncia e legislao eles devem conhecer previamente. Importante tambm o conhecimento de famlias de estudantes sob vrios pontos de vista, pois eles propiciam um melhor conhecimento do ethos dos alunos.

    fundamental que haja tempo e espao para a prtica, como componente curricular, desde o incio do curso e que haja uma superviso da instituio formadora como forma de apoio at mesmo vista de uma avaliao de qualidade.

    Ao se considerar o conjunto deste Parecer em articulao com o novo paradigma das diretrizes, com as exigncias legais e com o padro de qualidade que deve existir nos cursos de licenciaturas, ao mnimo legal de 300 horas deve-se acrescer mais 100 horas que, alm de ampliar o leque de possibilidades, aumente o tempo disponvel para cada forma de prtica escolhida no projeto pedaggico do curso. As trezentas horas so apenas o mnimo abaixo do qual no se consegue dar conta das exigncias de qualidade. Assim torna-se procedente acrescentar ao tempo mnimo j estabelecido em lei (300 horas) mais um tero (1/3) desta carga, perfazendo um total de 400 horas.

    Por outro lado, preciso considerar um outro componente curricular obrigatrio integrado proposta pedaggica: estgio curricular supervisionado de ensino entendido como o tempo de aprendizagem que, atravs de um perodo de permanncia, algum se demora em algum lugar ou ofcio para aprender a prtica do mesmo e depois poder exercer uma profisso ou ofcio. Assim o estgio curricular supervisionado supe uma relao pedaggica entre algum que j um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagirio. Por isso que este momento se chama estgio curricular supervisionado.

    Este um momento de formao profissional do formando seja pelo exerccio direto in loco, seja pela presena participativa em ambientes prprios de atividades daquela rea profissional, sob a responsabilidade de um profissional j habilitado. Ele no uma atividade facultativa sendo uma das condies para a obteno da respectiva licena. No se trata de uma atividade avulsa que angarie recursos para a sobrevivncia do estudante ou que se aproveite dele como mo-de-obra barata e disfarada. Ele necessrio como momento de preparao prxima em uma unidade de ensino.

    Tendo como objetivo, junto com a prtica, como componente curricular, a relao teoria e prtica social tal como expressa o Art. 1 , 2 da LDB, bem como o Art. 3 , XI e tal como expressa sob o conceito de prtica no Parecer CNE/CP

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    9/2001, o estgio curricular supervisionado o momento de efetivar, sob a superviso de um profissional experiente, um processo de ensino-aprendizagem que, tornar-se- concreto e autnomo quando da profissionalizao deste estagirio.

    Entre outros objetivos, pode-se dizer que o estgio curricular supervisionado pretende oferecer ao futuro licenciado um conhecimento do real em situao de trabalho, isto diretamente em unidades escolares dos sistemas de ensino. tambm um momento para se verificar e provar (em si e no outro) a realizao das competncias exigidas na prtica profissional e exigveis dos formandos, especialmente quanto regncia. Mas tambm um momento para se acompanhar alguns aspectos da vida escolar que no acontecem de forma igualmente distribuda pelo semestre, concentrando-se mais em alguns aspectos que importa vivenciar. o caso, por exemplo, da elaborao do projeto pedaggico, da matrcula, da organizao das turmas e do tempo e espao escolares.

    O estgio curricular supervisionado pois um modo especial de atividade de capacitao em servio e que s pode ocorrer em unidades escolares onde o estagirio assuma efetivamente o papel de professor, de outras exigncias do projeto pedaggico e das necessidades prprias do ambiente institucional escolar testando suas competncias por um determinado perodo. Por outro lado, a preservao da integridade do projeto pedaggico da unidade escolar que recepciona o estagirio exige que este tempo supervisionado no seja prolongado, mas seja denso e contnuo. Esta integridade permite uma adequao s peculiaridades das diferentes instituies escolares do ensino bsico em termos de tamanho, localizao, turno e clientela.

    Neste sentido, indispensvel que o estgio curricular supervisionado, tal como definido na Lei 6.494/77 e suas medidas regulamentadoras posteriores, se consolide a partir do incio da segunda metade do curso, como coroamento formativo da relao teoria-prtica e sob a forma de dedicao concentrada.

    Assim o estgio curricular supervisionado dever ser um componente obrigatrio da organizao curricular das licenciaturas, sendo uma atividade intrinsecamente articulada com a prtica e com as atividades de trabalho acadmico.

    Ao mesmo tempo, os sistemas de ensino devem propiciar s instituies formadoras a abertura de suas escolas de educao bsica para o estgio curricular supervisionado. Esta abertura, considerado o regime de colaborao prescrito no Art. 211 da Constituio Federal, pode se dar por meio de um acordo entre instituio formadora, rgo executivo do sistema e unidade escolar acolhedora da presena de estagirios. Em contrapartida, os docentes em atuao nesta escola podero receber alguma modalidade de formao continuada a partir da instituio formadora. Assim, nada impede que, no seu projeto pedaggico, em elaborao ou em reviso, a prpria unidade escolar possa combinar com uma instituio formadora uma participao de carter recproco no campo do estgio curricular supervisionado.

    Esta conceituao de estgio curricular supervisionado vinculante com um tempo definido em lei como j se viu e cujo teor de excelncia no admite nem um aligeiramento e nem uma precarizao. Ela pressupe um tempo mnimo inclusive para fazer valer o que est disposto no artigos 11, 12 e 13 da Resoluo que acompanha o Parecer CNE/CP 9/2001.

    Assim, as instituies devem garantir um teor de excelncia inclusive como referncia para a avaliao institucional exigida por Lei. Sendo uma atividade obrigatria, por sua caracterstica j explicitada, ela deve ocorrer dentro de um tempo mais concentrado, mas no necessariamente em dias subseqentes. Com esta pletora de exigncias, o estgio curricular supervisionado da licenciatura no poder ter uma durao inferior a 400 horas.

    Aqui no se pode deixar de considerar a Resoluo CNE/CP 1/99 nos seus 2 e 5 do Art. 6 , o 2 do Art. 7 e o 2 do Art. 9 que propiciam formas de aproveitamento e de prticas.

    O aproveitamento de estudos realizados no ensino mdio na modalidade normal e a incorporao das horas comprovadamente dedicadas prtica, no entanto, no podem ser absolutizadas. Da a necessidade de revogao dos 2 e 5 do Art. 6, o 2 do Art. 7 e o 2 do Art. 9, da Resoluo CNE/CP 1/99, na forma de sua redao.

    No caso de alunos dos cursos de formao docente para atuao na educao bsica, em efetivo exerccio regular da atividade docente na educao bsica, o estgio curricular supervisionado poder ser reduzido, no mximo, em at 200 horas.

    Cabe aos sistemas de ensino, luz do Art. 24 da Constituio Federal, dos Art. 8 e 9 da LDB e do prprio Art. 82 da mesma, exercer sua competncia suplementar na normatizao desta matria.

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    Desse modo, estes componentes curriculares prprios do momento do fazer implicam um voltar-se s atividades de trabalho acadmico sob o princpio ao-reflexo-ao incentivado no Parecer CNE/CP 9/2001.

    Isto posto cabe analisar um outro componente curricular da durao da formao docente: trata-se do trabalho acadmico. O Parecer CNE/CP 9/2001 orienta as unidades escolares de formao no sentido de propiciar ao licenciando o aprender a ser professor.

    Este parecer, ao interpretar a formao de docentes tal como posta na LDB, representa uma profunda mudana na concepo desta formao, sempre respeitado o princpio de uma formao de qualidade.

    Esta concepo pode ser exemplificada em alguns pontos que, a serem conseqentes, no podem ficar sem parmetros criteriosos de durao e de carga horria. O ser professor no se realiza espontaneamente. Na formao do ser professor, imprescindvel um saber profissional, crtico e competente e que se vale de conhecimentos e de experincias. Uma oferta desta natureza deve ser analisada luz do Art. 37, 6 da Constituio e do padro de qualidade do ensino conforme o Art. 206, VII da Lei Maior.

    A graduao de licenciatura ao visar o exerccio profissional tem como primeiro foco as suas exigncias intrnsecas, o que se espera de um profissional do ensino face aos objetivos da educao bsica e uma base material e temporal que assegure um alto teor de excelncia formativa.

    O trabalho acadmico efetivo a ser desenvolvido durante os diferentes cursos de graduao um conceito abrangente, introduzido pelo Art. 47 da LDB, a fim de que a flexibilidade da lei permitisse ultrapassar uma concepo de atividade acadmica delimitada apenas pelas 4 paredes de uma sala de aula. O ensino que se desenvolve em aula necessrio, importante e a exigncia de um segmento de tal natureza no interior deste componente acadmico-cientfico no poder ter uma durao abaixo de 1800 horas.

    Assim, o componente curricular formativo do trabalho acadmico inclui o ensino presencial exigido pelas diretrizes curriculares. Mas, um planejamento prprio para a execuo de um projeto pedaggico h de incluir outras atividades de carter cientfico, cultural e acadmico articulando-se com e enriquecendo o processo formativo do professor como um todo. Seminrios, apresentaes, exposies, participao em eventos cientficos, estudos de caso, visitas, aes de carter cientfico, tcnico, cultural e comunitrio, produes coletivas, monitorias, resoluo de situaes-problema, projetos de ensino, ensino dirigido, aprendizado de novas tecnologias de comunicao e ensino, relatrios de pesquisas so modalidades, entre outras atividades, deste processo formativo. Importante salientar que tais atividades devem contar com a orientao docente e ser integradas ao projeto pedaggico do curso.

    Deve-se acrescentar que a diversificao dos espaos educacionais, a ampliao do universo cultural, o trabalho integrado entre diferentes profissionais de reas e disciplinas, a produo coletiva de projetos de estudos, elaborao de pesquisas, as oficinas, os seminrios, monitorias, tutorias, eventos, atividades de extenso, o estudo das novas diretrizes do ensino fundamental, do ensino mdio, da educao infantil, da educao de jovens e adultos, dos portadores de necessidades especiais, das comunidades indgenas, da educao rural e de outras propostas de apoio curricular proporcionadas pelos governos dos entes federativos so exigncias de um curso que almeja formar os profissionais do ensino.

    Este enriquecimento exigido e justificado por si s e pelas diretrizes do Parecer 9/2001 no poder contar com menos de 200 horas. Cabe s instituies, consideradas suas peculiaridades, enriquecer a carga horria por meio da ampliao das dimenses dos componentes curriculares constantes da formao docente.

    Alm disso, h a possibilidade do aproveitamento criterioso de estudos e que pode ser exemplificado no proposto na Resoluo CNE/CP 1/99.

    A diversidade curricular associada a uma pluralidade temporal na durao deixadas a si, mais do que dificultar o trnsito de estudantes transferidos, gerar um verdadeiro mosaico institucional fragmentado oposto organizao de uma educao nacional. Esta postula uma base material para a integrao mnima de estudos exigveis inclusive para corresponder ao princpio da formao bsica comum do Art. 210 da Constituio Federal.

    A durao especfica da formao geralmente definida em termos de anos, sob avaliao institucional direta ou indireta, interna e externa, comportando as mais variadas formas de iniciao acadmica e profissional e de completude de

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    estudos. De modo geral, esta durao exigida legalmente como completa, jamais situa a concluso da maioria dos cursos de graduao de ensino superior abaixo de 3 anos e o nmero de quatro anos tem sido uma constante para a delimitao da durao dos cursos de graduao no Brasil, respeitadas a experincia acumulada nas diferentes reas de conhecimento e de atuao profissional e a autonomia universitria das instituies que gozam desta prerrogativa, observadas as normas gerais pertinentes.

    Neste sentido, os cursos de licenciatura, no que se refere ao componente aqui denominado trabalho acadmico, devero ter uma durao que atenda uma completude efetiva para os duzentos dias letivos exigidos em cada um dos anos de formao. Assim, considerando-se a experincia sob o esquema formativo da Lei 5.540/68 e a necessidade de se avanar em relao ao que ela previa dado o novo paradigma formativo debaixo da Lei 9.394/96 e suas exigncias, dadas as diretrizes curriculares nacionais da formao docente postas no Parecer CNE/CP 9/2001, cumpre estabelecer um patamar mnimo de horas para estas atividades de modo a comp-las integrada e articuladamente com os outros componentes.

    Para fazer jus efetivao destes considerandos e luz das diretrizes curriculares nacionais da formao docente, o tempo mnimo para todos os cursos superiores de graduao de formao de docentes para a atuao na educao bsica para a execuo das atividades cientfico-acadmicas no poder ficar abaixo de 2000 horas, sendo que, respeitadas as condies peculiares das instituies, estimula-se a incluso de mais horas para estas atividades. Do total deste componente, 1800 horas sero dedicadas s atividades de ensino/aprendizagem e as demais 200 horas para outras formas de atividades de enriquecimento didtico, curricular, cientfico e cultural. Estas 2000 horas de trabalho para execuo de atividades cientfico-acadmicas somadas s 400 horas da prtica como componente curricular e s 400 horas de estgio curricular supervisionado so o campo da durao formativa em cujo terreno se plantar a organizao do projeto pedaggico planejado para um total mnimo de 2800 horas. Este total no poder ser realizado em tempo inferior a 3 anos de formao para todos os cursos de licenciatura inclusive o curso normal superior.

    A unidade formadora, vista das condies gerais de oferta, de articulao com os sistemas, saber dispor criativamente deste perodo formativo em vista do preenchimento dos objetivos das diretrizes do Parecer CNE/CP 9/2001.

    A faculdade de ampliar o nmero de horas destes componentes faz parte da autonomia dos sistemas de ensino e dos estabelecimentos de ensino superior.

    Isto posto, cabe a cada curso de licenciatura, dentro das diretrizes gerais e especficas pertinentes, dar a forma e a estrutura da durao, da carga horria, das horas, das demais atividades selecionadas, alm da organizao da prtica como componente curricular e do estgio. Cabe ao projeto pedaggico, em sua proposta curricular, explicitar a respectiva composio dos componentes curriculares das atividades prticas e cientfico-acadmicas. Ao efetiv-los, o curso de licenciatura estar materializando e pondo em ao a identidade de sua dinmica formativa dos futuros licenciados.

    evidente que a dinmica de formao pode ser revista, de preferncia por ocasio do processo de reconhecimento de cada curso ou da renovao do seu reconhecimento. A qualidade do projeto ser avaliada e permitir Instituio seu contnuo aprimoramento, porque a avaliao um rico momento de reviso do processo formativo adotado.

    Este parecer aqui formulado, vista de suas condies reais de adequao, ser objeto de avaliao peridica, tendo em vista seu aperfeioamento.

    II VOTO DO(A) RELATOR(A) Em face de todo o exposto, os Relatores manifestam-se no sentido de que o Conselho Pleno aprove a nova

    redao do Parecer CNE/CP 21/2001 e o projeto de Resoluo anexo, instituindo a durao e a carga horria dos cursos de licenciatura, de graduao plena, de formao de professores da Educao Bsica em nvel superior.

    Braslia(DF), 2 de outubro de 2001. Conselheiro(a) Carlos Roberto Jamil Cury Relator(a)

    Conselheiro(a) frem de Aguiar Maranho Conselheiro(a) Raquel Figueiredo A. Teixeira

    Conselheiro(a) Silke Weber III DECISO DO CONSELHO PLENO

    O Conselho Pleno aprova por unanimidade o voto do(a) Relator(a). Sala das Sesses, 2 de outubro de 2001.

    Conselheiro Ulysses de Oliveira Panisset Presidente

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    Resoluo CNE/CP N 1/2002

    CONSELHO NACIONAL DE EDUCAO RESOLUO CNE/CP N 1, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2002

    Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao de Professores da Educao Bsica, em nvel superior, curso de licenciatura, de graduao plena.

    O Presidente do Conselho Nacional de Educao, no uso de suas atribuies legais e tendo em vista o disposto no Art. 9, 2, alnea "c" da Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redao dada pela Lei 9.131, de 25 de novembro de 1995,e com fundamento nos Pareceres CNE/CP 9/2001 e 27/2001, peas indispensveis do conjunto das presentes Diretrizes Curriculares Nacionais, homologados pelo Senhor Ministro da Educao em 17 de janeiro de 2002, resolve:

    Art. 1 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao de Professores da Educao Bsica, em nvel superior, em curso de licenciatura, de graduao plena, constituem-se de um conjunto de princpios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organizao institucional e curricular de cada estabelecimento de ensino e aplicam-se a todas as etapas e modalidades da educao bsica.

    Art. 2 A organizao curricular de cada instituio observar, alm do disposto nos artigos 12 e 13 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, outras formas de orientao inerentes formao para a atividade docente, entre as quais o preparo para:

    I - o ensino visando aprendizagem do aluno;

    II - o acolhimento e o trato da diversidade;

    III - o exerccio de atividades de enriquecimento cultural;

    IV - o aprimoramento em prticas investigativas;

    V - a elaborao e a execuo de projetos de desenvolvimento dos contedos curriculares;

    VI - o uso de tecnologias da informao e da comunicao e de metodologias, estratgias e materiais de apoio inovadores;

    VII - o desenvolvimento de hbitos de colaborao e de trabalho em equipe.

    Art. 3 A formao de professores que atuaro nas diferentes etapas e modalidades da educao bsica observar princpios norteadores desse preparo para o exerccio profissional especfico, que considerem:

    I - a competncia como concepo nuclear na orientao do curso;

    II - a coerncia entre a formao oferecida e a prtica esperada do futuro professor, tendo em vista:

    a) a simetria invertida, onde o preparo do professor, por ocorrer em lugar similar quele em que vai atuar, demanda consistncia entre o que faz na formao e o que dele se espera;

    b) a aprendizagem como processo de construo de conhecimentos, habilidades e valores em interao com a realidade e com os demais indivduos, no qual so colocados em uso capacidades pessoais;

    c) os contedos, como meio e suporte para a constituio das competncias;

    d) a avaliao como parte integrante do processo de formao, que possibilita o diagnstico de lacunas e a aferio dos resultados alcanados, consideradas as competncias a serem constitudas e a identificao das mudanas de percurso eventualmente necessrias.

    III - a pesquisa, com foco no processo de ensino e de aprendizagem, uma vez que ensinar requer, tanto dispor de conhecimentos e mobiliz-los para a ao, como compreender o processo de construo do conhecimento.

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    Art. 4 Na concepo, no desenvolvimento e na abrangncia dos cursos de formao fundamental que se busque:

    I - considerar o conjunto das competncias necessrias atuao profissional;

    II - adotar essas competncias como norteadoras, tanto da proposta pedaggica, em especial do currculo e da avaliao, quanto da organizao institucional e da gesto da escola de formao.

    Art. 5 O projeto pedaggico de cada curso, considerado o artigo anterior, levar em conta que:

    I - a formao dever garantir a constituio das competncias objetivadas na educao bsica;

    II - o desenvolvimento das competncias exige que a formao contemple diferentes mbitos do conhecimento profissional do professor;

    III - a seleo dos contedos das reas de ensino da educao bsica deve orientar-se por ir alm daquilo que os professores iro ensinar nas diferentes etapas da escolaridade;

    IV - os contedos a serem ensinados na escolaridade bsica devem ser tratados de modo articulado com suas didticas especficas;

    V - a avaliao deve ter como finalidade a orientao do trabalho dos formadores, a autonomia dos futuros professores em relao ao seu processo de aprendizagem e a qualificao dos profissionais com condies de iniciar a carreira.

    Pargrafo nico. A aprendizagem dever ser orientada pelo princpio metodolgico geral, que pode ser traduzido pela ao-reflexo-ao e que aponta a resoluo de situaes-problema como uma das estratgias didticas privilegiadas.

    Art. 6 Na construo do projeto pedaggico dos cursos de formao dos docentes, sero consideradas:

    I - as competncias referentes ao comprometimento com os valores inspiradores da sociedade democrtica;

    II - as competncias referentes compreenso do papel social da escola;

    III - as competncias referentes ao domnio dos contedos a serem socializados, aos seus significados em diferentes contextos e sua articulao interdisciplinar;

    IV - as competncias referentes ao domnio do conhecimento pedaggico;

    V - as competncias referentes ao conhecimento de processos de investigao que possibilitem o aperfeioamento da prtica pedaggica;

    VI - as competncias referentes ao gerenciamento do prprio desenvolvimento profissional.

    1 O conjunto das competncias enumeradas neste artigo no esgota tudo que uma escola de formao possa oferecer aos seus alunos, mas pontua demandas importantes oriundas da anlise da atuao profissional e assenta-se na legislao vigente e nas diretrizes curriculares nacionais para a educao bsica.

    2 As referidas competncias devero ser contextualizadas e complementadas pelas competncias especficas prprias de cada etapa e modalidade da educao bsica e de cada rea do conhecimento a ser contemplada na formao.

    3 A definio dos conhecimentos exigidos para a constituio de competncias dever, alm da formao especfica relacionada s diferentes etapas da educao bsica, propiciar a insero no debate contemporneo mais amplo, envolvendo questes culturais, sociais, econmicas e o conhecimento sobre o desenvolvimento humano e a prpria docncia, contemplando:

    I - cultura geral e profissional;

    II - conhecimentos sobre crianas, adolescentes, jovens e adultos, a includas as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais e as das comunidades indgenas;

  • 29

    III - conhecimento sobre dimenso cultural, social, poltica e econmica da educao;

    IV - contedos das reas de conhecimento que sero objeto de ensino;

    V - conhecimento pedaggico;

    VI - conhecimento advindo da experincia.

    Art. 7 A organizao institucional da formao dos professores, a servio do desenvolvimento de competncias, levar em conta que:

    I - a formao dever ser realizada em processo autnomo, em curso de licenciatura plena, numa estrutura com identidade prpria;

    II - ser mantida, quando couber, estreita articulao com institutos, departamentos e cursos de reas especficas;

    III - as instituies constituiro direo e colegiados prprios, que formulem seus prprios projetos pedaggicos, articulem as unidades acadmicas envolvidas e, a partir do projeto, tomem as decises sobre organizao institucional e sobre as questes administrativas no mbito de suas competncias;

    IV - as instituies de formao trabalharo em interao sistemtica com as escolas de educao bsica, desenvolvendo projetos de formao compartilhados;

    V - a organizao institucional prever a formao dos formadores, incluindo na sua jornada de trabalho tempo e espao para as atividades coletivas dos docentes do curso, estudos e investigaes sobre as questes referentes ao aprendizado dos professores em formao;

    VI - as escolas de formao garantiro, com qualidade e quantidade, recursos pedaggicos como biblioteca, laboratrios, videoteca, entre outros, alm de recursos de tecnologias da informao e da comunicao;

    VII - sero adotadas iniciativas que garantam parcerias para a promoo de atividades culturais destinadas aos formadores e futuros professores;

    VIII - nas instituies de ensino superior no detentoras de autonomia universitria sero criados Institutos Superiores de Educao, para congregar os cursos de formao de professores que ofeream licenciaturas em curso Normal Superior para docncia multidisciplinar na educao infantil e anos iniciais do ensino fundamental ou licenciaturas para docncia nas etapas subseqentes da educao bsica.

    Art. 8 As competncias profissionais a serem constitudas pelos professores em formao, de acordo com as presentes Diretrizes, devem ser a referncia para todas as formas de avaliao dos cursos, sendo estas:

    I - peridicas e sistemticas, com procedimentos e processos diversificados, incluindo contedos trabalhados, modelo de organizao, desempenho do quadro de formadores e qualidade da vinculao com escolas de educao infantil, ensino fundamental e ensino mdio, conforme o caso;

    II - feitas por procedimentos internos e externos, que permitam a identificao das diferentes dimenses daquilo que for avaliado;

    III - incidentes sobre processos e resultados.

    Art. 9 A autorizao de funcionamento e o reconhecimento de cursos de formao e o credenciamento da instituio decorrero de avaliao externa realizada no locus institucional, por corpo de especialistas direta ou indiretamente ligados formao ou ao exerccio profissional de professores para a educao bsica, tomando como referncia as competncias profissionais de que trata esta Resoluo e as normas aplicveis matria.

    Art. 10. A seleo e o ordenamento dos contedos dos diferentes mbitos de conhecimento que comporo a matriz curricular para a formao de professores, de que trata esta Resoluo, sero de competncia da instituio de ensino, sendo o seu planejamento o primeiro passo para a transposio didtica, que visa a transformar os contedos selecionados em objeto de ensino dos futuros professores.

  • 30

    Art. 11. Os critrios de organizao da matriz curricular, bem como a alocao de tempos e espaos curriculares se expressam em eixos em torno dos quais se articulam dimenses a serem contempladas, na forma a seguir indicada:

    I - eixo articulador dos diferentes mbitos de conhecimento profissional;

    II - eixo articulador da interao e da comunicao, bem como do desenvolvimento da autonomia intelectual e profissional;

    III - eixo articulador entre disciplinaridade e interdisciplinaridade;

    IV - eixo articulador da formao comum com a formao especfica;

    V - eixo articulador dos conhecimentos a serem ensinados e dos conhecimentos filosficos, educacionais e pedaggicos que fundamentam a ao educativa;

    VI - eixo articulador das dimenses tericas e prticas.

    Pargrafo nico. Nas licenciaturas em educao infantil e anos iniciais do ensino fundamental devero preponderar os tempos dedicados constituio de conhecimento sobre os objetos de ensino e nas demais licenciaturas o tempo dedicado s dimenses pedaggicas no ser inferior quinta parte da carga horria total.

    Art. 12. Os cursos de formao de professores em nvel superior tero a sua durao definida pelo Conselho Pleno, em parecer e resoluo especfica sobre sua carga horria.

    1 A prtica, na matriz curricular, no poder ficar reduzida a um espao isolado, que a restrinja ao estgio, desarticulado do restante do curso.

    2 A prtica dever estar presente desde o incio do curso e permear toda a formao do professor.

    3 No interior das reas ou das disciplinas que constiturem os componentes curriculares de formao, e no apenas nas disciplinas pedaggicas, todas tero a sua dimenso prtica.

    Art. 13. Em tempo e espao curricular especfico, a coordenao da dimenso prtica transcender o estgio e ter como finalidade promover a articulao das diferentes prticas, numa perspectiva interdisciplinar.

    1 A prtica ser desenvolvida com nfase nos procedimentos de observao e reflexo, visando atuao em situaes contextualizadas, com o registro dessas observaes realizadas e a resoluo de situaes-problema.

    2 A presena da prtica profissional na formao do professor, que no prescinde da observao e ao direta, poder ser enriquecida com tecnologias da informao, includos o computador e o vdeo, narrativas orais e escritas de professores, produes de alunos, situaes simuladoras e estudo de casos.

    3 O estgio obrigatrio, a ser realizado em escola de educao bsica, e respeitado o regime de colaborao entre os sistemas de ensino, deve ter incio desde o primeiro ano e ser avaliado conjuntamente pela escola formadora e a escola campo de estgio.

    Art. 14. Nestas Diretrizes, enfatizada a flexibilidade necessria, de modo que cada instituio formadora construa projetos inovadores e prprios, integrando os eixos articuladores nelas mencionados.

    1 A flexibilidade abranger as dimenses tericas e prticas, de interdisciplinaridade, dos conhecimentos a serem ensinados, dos que fundamentam a ao pedaggica, da formao comum e especfica, bem como dos diferentes mbitos do conhecimento e da autonomia intelectual e profissional.

    2 Na definio da estrutura institucional e curricular do curso, caber a concepo de um sistema de oferta de formao continuada, que propicie oportunidade de retorno planejado e sistemtico dos professores s agncias formadoras.

    Art. 15. Os cursos de formao de professores para a educao bsica que se encontrarem em funcionamento devero se adaptar a esta Resoluo, no prazo de dois anos.

  • 31

    1 Nenhum novo curso ser autorizado, a partir da vigncia destas normas, sem que o seu projeto seja organizado nos termos das mesmas.

    2 Os projetos em tramitao devero ser restitudos aos requerentes para a devida adequao.

    Art. 16. O Ministrio da Educao, em conformidade com 1 Art. 8 da Lei 9.394, coordenar e articular em regime de colaborao com o Conselho Nacional de Educao, o Conselho Nacional de Secretrios Estaduais de Educao, o Frum Nacional de Conselhos Estaduais de Educao, a Unio Nacional dos Dirigentes Municipais de Educao e representantes de Conselhos Municipais de Educao e das associaes profissionais e cientficas, a formulao de proposta de diretrizes para a organizao de um sistema federativo de certificao de competncia dos professores de educao bsica.

    Art. 17. As dvidas eventualmente surgidas, quanto a estas disposies, sero dirimidas pelo Conselho Nacional de Educao, nos termos do Art. 90 da Lei 9.394.

    Art. 18. O parecer e a resoluo referentes carga horria, previstos no Artigo 12 desta resoluo, sero elaborados por comisso bicameral, a qual ter cinqenta dias de prazo para submeter suas propostas ao Conselho Pleno.

    Art. 19. Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao, revogadas as disposies em contrrio.

    ULYSSES DE OLIVEIRA PANISSET

    (Of. El. n CNE13-2002)

    (DOU de 04/03/2002 Seo I p.8 )

  • 32

    Resoluo CNE/CP N 2/2002

    CONSELHO NACIONAL DE EDUCAO CONSELHO PLENO

    RESOLUO CNE/CP 2, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002.(*) Institui a durao e a carga horria dos cursos de licenciatura, de graduao plena, de formao de professores da Educao Bsica em nvel superior.

    O Presidente do Conselho Nacional de Educao, de conformidade com o disposto no Art. 7 1o, alnea f, da Lei 9.131, de 25 de novembro de 1995, com fundamento no Art. 12 da Resoluo CNE/CP 1/2002, e no Parecer CNE/CP 28/2001, homologado pelo Senhor Ministro de Estado da Educao em 17 de janeiro de 2002, resolve:

    Art. 1 A carga horria dos cursos de Formao de Professores da Educao Bsica, em nvel superior, em curso de licenciatura, de graduao plena, ser efetivada mediante a integralizao de, no mnimo, 2800 (duas mil e oitocentas) horas, nas quais a articulao teoria-prtica garanta, nos termos dos seus projetos pedaggicos, as seguintes dimenses dos componentes comuns:

    I - 400 (quatrocentas) horas de prtica como componente curricular, vivenciadas ao longo do curso;

    II - 400 (quatrocentas) horas de estgio curricular supervisionado a partir do incio da segunda metade do curso;

    III - 1800 (mil e oitocentas) horas de aulas para os contedos curriculares de natureza cientfico-cultural;

    IV - 200 (duzentas) horas para outras formas de atividades acadmico-cientfico-culturais.

    Pargrafo nico. Os alunos que exeram atividade docente regular na educao bsica podero ter reduo da

    carga horria do estgio curricular supervisionado at o mximo de 200 (duzentas) horas.

    Art. 2 A durao da carga horria prevista no Art. 1 desta Resoluo, obedecidos os 200 (duzentos) dias

    letivos/ano dispostos na LDB, ser integralizada em, no mnimo, 3 (trs) anos letivos.

    Art. 3 Esta resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

    Art. 4 Revogam-se o 2 e o 5 do Art. 6, o 2 do Art. 7 e o 2 do Art. 9 da Resoluo CNE/CP 1/99.

    ULYSSES DE OLIVEIRA PANISSET

    Presidente do Conselho Nacional de Educao

    (*) CNE. Resoluo CNE/CP 2/2002. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 4 de maro de 2002. Seo 1, p. 9.

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    ANEXO II

    Documentos Comprobatrios

    Termo de Compromisso: dever ser assinado e distribudo da seguinte forma: 1 via para a GRE; 1 via para a Instituio onde ser desenvolvido o estgio; 1 via para o Professor-Supervisor; 1 via includa no Documento Final de estgio.

    GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

    SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAO

    TERMO DE COMPROMISSO

    CONVNIO/SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAO UNIVERSIDADE CATLICA DE BRASLIA

    IDENTIFICAO DO ESTAGIRIO Nome: Matrcula: Endereo: Telefone: Curso/Habilitao:

    TERMO Pelo presente TERMO DE COMPROMISSO, declaro estar ciente de que:

    I. realizarei estgio compatvel com o curso / habili