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Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro do Planejamento, Orçamento e GestãoPaulo Bernardo Silva

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

PresidenteEduardo Pereira Nunes

Diretor ExecutivoSérgio da Costa Côrtes

Órgãos Específicos Singulares

Diretoria de PesquisasWasmália Bivar

Diretoria de GeociênciasGuido Gelli

Diretoria de InformáticaLuiz Fernando Pinto Mariano

Centro de Documentação e Disseminação de InformaçõesDavid Wu Tai

Escola Nacional de Ciências EstatísticasPedro Luis Nascimento Silva

Unidade Responsável

Centro de Documentação e Disseminação de Informações

AssistenteMagda Prates Coelho

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Ministério do Planejamento, Orçamento e GestãoInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGECentro de Documentação e Disseminação de Informações

Rio de Janeiro2006

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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEAv. Franklin Roosevelt, 166 . Centro . 20021-120 . Rio de Janeiro . RJ . Brasil

ISBN 85-240-3894-2 (DVD)© IBGE . 2006

Elaboração do arquivo PDFRoberto Cavararo

Produção da multimídiaMarisa Sigolo MendonçaMárcia do Rosário Brauns

CapaGerência de Editoração/CDDIMônica Pimentel Cinelli Ribeiro

Ana Bia Andrade

Folhas de GuardaOperários, 1933

Tarsila do AmaralÓleo sobre tela – 150 x 205cm

Palácio Boa Vista, Campos do Jordão, SP.

Criança Morta, 1944Cândido Portinari

Painel a óleo/tela – 180 x 190 cm Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP

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* Graduado em Filosofia e Ph.D. em Ciência Política (Universidade de Stanford), professor titular (aposentado) de Teoria Política daUniversidade Federal do Rio de Janeiro, Diretor do Laboratório de Estudos Experimentais e Pró-Reitor de Análise e Prospectiva daUniversidade Cândido Mendes. Distinguido pela Guggenheim Foundation, Comendador da Ordem do Barão do Rio Branco, daOrdem Nacional do Mérito Científico e da Ordem da Cultura Nacional e Prêmio Moinho Santista, é membro titular da AcademiaBrasileira de Ciências. Publicou, entre outros, Razões da Desordem – 3a edição, Rio de Janeiro: Rocco, 1994, Décadas de Espanto e umaapologia democrática, Rio de Janeiro: Rocco, 1998, Roteiro Bibliográfico do Pensamento Político-Social Brasileiro (1870-1965): Belo Horizonte:Editora UFMG; Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Cruz, 2002 e O Cálculo do Conflito – Estabilidade e Crise na Política Brasileira, BeloHorizonte: Editora UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2003.

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A As estatísticas brasileiras aqui consolidadas não dispensam os esforços de redefinição,reclassificação e mensuração. Em uma palavra, não desobrigam o usuário profissional, mais

exigente do que algum ocasional curioso, de pesquisar. Variando os interesses do pesquisador, irão sealterar igualmente os motivos para satisfação ou circunstancial desânimo. Naturalmente, não estarãodispostas nestes arquivos todas as séries desejadas, nos períodos pretendidos, e possivelmente nem mesmose encontrarão informações que, não obstante existentes, e aqui recolhidas, não tenham sido designadasno passado conforme a nomenclatura atualmente consagrada. Reiterada observação dos colaboradoresinforma justamente que o sistema classificatório oficial modifica-se ao longo dos anos, talvez decênios.Com freqüência, as mudanças, em si próprias, indicam a complexidade crescente da sociedade, exigindo adesagregação de rubricas e a redefinição de outras. Aperfeiçoamento inegável, ao preço, contudo, dedificultar a comparabilidade dos dados sem prévio investimento de reclassificação. Sirvam, como exemplo,as informações sobre o que contemporaneamente entendemos por associativismo, que compreendia,sobretudo na metade do século passado, as organizações filantrópicas privadas e os asilos públicos, e que,dispensando os asilos, passou a distinguir, mais recentemente, as associações voluntárias e de interesse.

Ocorre, também, o surgimento de séries consistentes de informações sobre temas inexistentesanteriormente ou de registro altamente fragmentário e, outra vez, testemunhando importantes mudançassociais. É o caso, sem dúvida, das estatísticas eleitorais, de presença constante e relevante depois daredemocratização de 1945. Faz parte da análise política a consideração de que, de fato, as eleições sóadquiriram o atributo de imprevisibilidade, característica dos processos competitivos pós-oligárquicos,com o fim do Estado Novo.

Estudiosos interessados no que correntemente se inclui no conceito de capital social, cultura cívica oucultura política não deixarão de anotar as lentes com que os estratos intelectuais do passado examinavamcertos fenômenos tais como desquites, suicídios ou taxas de criminalidade. Em particular informações sobreraça, gênero e educação de encarcerados e apenados reclamarão o cuidado dos investigadores.

O BRASIL SOCIALCONTADO PELO IBGE NO SÉCULO XX

WANDERLEY GUILHERME DOS SANTOS*

O BRASIL SOCIALCONTADO PELO IBGE NO SÉCULO XX

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Sem surpresa, as estatísticas populacionais são, se não me equívoco, as que melhor atenderão àsexpectativas do pesquisador moderno. Pela quantidade e pela qualidade, as séries demográficas disponíveispropiciam enorme economia de tempo e de investimento na preparação de dados - o que poderá serobservado, inclusive, nas listas de observações negativas e favoráveis dos ensaios introdutórios, menosenfáticas, as negativas, em relação às estatísticas demográficas.

É minha impressão, aliás, espero que sem impropriedade, que parte da sensação de frustração,sublinhada por praticamente todos os colaboradores, se deve, precisamente, à descoberta, surpreendente, dariqueza de informações acumuladas durante o Século XX. Juízo ponderado sobre os trabalhos de coleta eregistro dessas informações, quando a absorção do instrumental estatístico ainda se encontrava em estágioinicial, refiro-me, particularmente, à primeira metade do século passado, deve levar em consideração asestatísticas de outros países - e não só latino-americanos - e o empreendimento de recuperação e restauraçãodelas que, em algum momento, todos esses países realizaram. São recentes, por exemplo, as publicações sobreas elites políticas inglesas, membros do parlamento e dos gabinetes. Vale a pena observar, em relação a estetópico, que as estatísticas políticas do II Império brasileiro são inesperadamente completas e relativamenteconfiáveis. Mas este tópico ultrapassa os limites da presente publicação.

Cada um dos ensaios introdutórios traz a descrição do que, em geral, os estudiosos encontrarão derelevante nas estatísticas. Ademais, os atuais comentadores não resistiram e aceitaram o atraente convite,insistentemente emitido pelos dados, a que sugerissem pistas de análise e, também, sugestões no sentidode tornar as estatísticas mais ajustadas às demandas do presente. Com o sentimento de segurança que acontemporaneidade estimula, supõe-se que, finalmente, seria possível elaborar um sistema classificatórioque viesse a servir aos interesses de todos os pesquisadores futuros. Se é verdade que, sem tal pretensão,dificilmente se produziria o ânimo para o aperfeiçoamento do presente, em qualquer de seus aspectos, ébastante provável também que, no futuro, talvez mais breve, talvez mais remoto, o resultado do tempo edas ações que o presente favorece venham exigir novo esforço de atualização. Reclamarão os jovenscolegas de então, com toda certeza, de nossa falta de discernimento e previsão. Creio que isso será umbom sinal.

Estou seguro de que não violarei gravemente o formalismo de apresentações semelhantes se deixarassinalados meus agradecimentos pelo convite do Dr. David Wu Tai para coordenar a área de temas sociaisdesta publicação. Aos colegas que concordaram em cooperar com esta iniciativa e que, superandoobstáculos por todos imprevisíveis, conduziram a tarefa ao seu final, meu profundo reconhecimento.

IBGE

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Cinco moças de Guaratinguetá, 1930Di CavalcantiÓleo sobre tela – 92 x 70 cmMuseu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP.

POPULAÇÃO EESTATÍSTICAS

VITAIS

POPULAÇÃO EESTATÍSTICAS

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*Ph.D. (1978) em Sociologia pela Universidade de Michigan, EUA; Pesquisador Titular (aposentado) do Laboratório Nacional de ComputaçãoCientífica e Professor Titular do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro - IUPERJ/UCAM. Autor de Cor e Estratificação Social no Brasil,Rio: Contra Capa, 1999 (em colaboração com Carlos Hasenbalg e Márcia Lima) e de Mobilidade Social no Brasil, São Paulo: Makron Books, 1999 (emcolaboração com José Pastore).

** Doutora em Sociologia pela UNICAMP. Professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal doRio de Janeiro. Publicou Um Toque de Clássicos - (co-autoras: Marcia Gardênia M. Oliveira e Tania B. Quintaneiro), Editora da UFMG, 1995 e 2002;Combater a Pobreza Estimulando a Freqüência Escolar : O Estudo de Caso do Programa Bolsa-Escola do Recife - Dados, vol. 43, n.º 3, 2000. pp. 447-477. (co-autora: Lena Lavinas); Eficiência e eqüidade: os impasses de uma Política Educacional, revista Brasileira de Política e Administração da Educação, Porto Alegre, v.14, n. 2, pp. 211-242, 2001. (Co-autora: Laura da Veiga); Para onde vai a classe média: um novo profissionalismo no Brasil? Revista Tempo Social/USP:volume 10, n.º 1- maio de 1998, págs. 129-142.

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D e acordo com os resultados do Censo Demográfico2000, a população brasileira atingiu em 1º de agostodaquele ano um total de 169 590 693 habitantes

presentes1. Comparando com o último dia do último ano do séculoanterior, quando a população recenseada havia indicado um contin-gente de apenas 17 438 434 residentes, podemos dizer que a popula-ção brasileira praticamente decuplicou durante o Século XX. Seconsiderarmos o não tão longínquo ano de 1970 – o ano da Copa doMéxico – os “90 milhões em ação” de então (mais precisamente,93 139 037 habitantes) cresceriam em 82% nos 30 anos seguintes. Emqualquer contabilidade que se faça, trata-se de um crescimentoimpressionante: a população que já havia quase triplicado durante aprimeira metade do século, atingindo 51 941 767 de pessoas em 1950,mais que triplica novamente na sua segunda metade2. Além disso,devemos esperar um crescimento ainda vigoroso no futuro. As

1 Cf. SINOPSE PRELIMINAR DO CENSO DEMOGRÁFICO 2000 (v. 7,2001, Tabela 1).2 A principal fonte de informações populacionais no Brasil são os CensosDemográficos. Estes, em princípio, deveriam ser decenais. Mas, na verdade,apresentam uma história atribulada. Os dados relativos à cidade do Rio de Janeirono Censo de 1900 foram considerados deficientes e os resultados referentes aoDistrito Federal cancelados. Um novo recenseamento do Estado do Rio de Janeirofoi então feito em 1906. Por razões de ordem política o recenseamento de 1910 foisuspenso. O mesmo ocorreu com o Censo de 1930. O Censo de 1920 foi conside-rado deficiente, com uma aparente superestimação de cerca de 10%. Por outrolado, os Censos de 1940,1950 e 1970 são considerados exemplares. Um escândaloadministrativo suspendeu o processamento do Censo de 1960, o qual só foicompletado, ainda de forma precária, quase 20 anos depois. Os censos posterioresenfrentaram crescentes problemas operacionais no levantamento de campo. Ocenso previsto para 1990 foi adiado para o ano seguinte, novamente por problemaspolítico-administrativos, sem que esse adiamento, no entanto, resultasse em ganhosde qualidade em relação aos censos anteriores.

POPULAÇÃO E ESTATÍSTICAS VITAISPOPULAÇÃO E ESTATÍSTICAS VITAIS

NELSON DO VALLE SILVA* E MARIA LIGIA DE OLIVEIRA BARBOSA**

Mulher no interior do Piauí , 1998. Foto José Caldas - BrazilPhotos.

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projeções mais recentes feitas pelo IBGE3, que certamen-te deverão sofrer algumas revisões menores dada arecente disponibilidade dos resultados do Censo 2000,indicam-nos que devemos esperar que pelo menos mais40 milhões de pessoas deverão ser acrescentadas ao totalda população do País (Gráfico 1).

No entanto, o crescimento extraordinário dapopulação não é apenas uma peculiaridade brasileira. Orápido – alguns diriam, explosivo – crescimentopopulacional é um importantíssimo aspecto de nossaépoca e a caracteriza como um período sem precedentesna história da Humanidade. Na verdade, nunca estapassou por uma fase de igual crescimento populacional,tanto globalmente como em suas diversas regiões.Segundo estimativas de J. Durand, do ano 1 da era cristãaté 1750 a população do mundo cresceu de cerca de 500milhões para um total de aproximadamente 800 milhõesde pessoas. O meio do Século XVIII marca uma mudan-ça extraordinária no padrão de crescimento populacional,verificando-se uma acentuada aceleração na taxa de

crescimento que, de resto, acompanha de perto a chama-da “revolução industrial”, centrada particularmente naEuropa Ocidental e nos Estados Unidos da América. Ataxa anual de crescimento populacional, que foi de cercade 0,56 por mil habitantes por ano durante o período 1d.C. –1750 d.C., elevou a 4,4 por mil entre 1750 e 1800,resultando desse crescimento uma população mundial decerca de 1 bilhão de pessoas.

Por volta de 1850, a população do mundo era decerca de 1,3 bilhão de pessoas, e em 1900 atingiu aproxi-madamente 1,7 bilhão, o que representa taxas de 5,2 e 5,4por mil ao ano para cada metade do Século XIX, respecti-vamente. Segundo estimativas da ONU, a populaçãomundial em torno de 1950 compreendia cerca de 2,5bilhões de pessoas, o que, se for comparado com o 1,7bilhão para 1900, implica uma taxa anual média de 7,9 pormil para a primeira metade do Século XX. As estatísticaspara períodos mais recentes são ainda mais impressionan-tes. No terceiro quartel do século passado, a taxa decrescimento mais que duplicou, atingindo a marca anual de

3 Veja dados em: Anuário Estatístico do Brasil 1998, Tabelas 2.6-2.8.

Gráfico 1- População residente - Brasil - 1900/2000

Fonte: Sinopse preliminar do censo demográfico 2000. Rio de Janeiro: IBGE, v. 7, 2001.

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17,1 por mil, da qual resultou uma população em torno de1980 estimada em cerca de 4 bilhões de pessoas.

Assim, o Brasil foi parte desse quadro de crescimen-to historicamente sem precedentes, marcado não apenaspelas elevadas taxas com que nossa população cresceu noúltimo século como também pelo crescimento muitosubstancial que ainda temos garantido para o futuropróximo. Fica, no entanto, a questão: quais causas e quaisos mecanismos que deram origem a esse crescimentoextraordinário da população mundial em geral, e dapopulação brasileira em particular? Como se comportou apopulação brasileira no último século ?

Examinando-se as taxas médias de crescimento dapopulação brasileira durante o Século XX4, observamosque estas se encontravam num patamar muito elevadonos dois primeiros decênios (uma taxa de 2,91% ao ano),decaindo imediatamente nas duas décadas seguintes paraum nível que se revelou como o mais baixo de todo oséculo (1,49% anual). A partir dos anos de 1940, no

entanto, o ritmo de crescimento populacional rapidamen-te volta a se intensificar, subindo até atingir um picohistórico de 2,99% ao ano entre 1950 e 1960. A trajetóriadescendente é então retomada, inicialmente de formalenta durante a década seguinte e de forma bem maisacentuada daí em diante. A taxa de crescimento estimadapara a última década do século, embora maior do que oseu valor mínimo durante o período, atingiu o nível de1,63% anual em média (Gráfico 2). Ao que tudo indica,esta trajetória descendente deverá permanecer no futuro,projetando-se para o ano de 2020 um crescimentopopulacional em torno de 0,71%.

O primeiro fato a ser compreendido sobre ocrescimento da população brasileira diz respeito às causasdas elevadas taxas de crescimento no início do século e doabrupto declínio destas no período subseqüente. Para istodevemos examinar a evolução dos componentes docrescimento populacional ao longo do século (Gráfico 3).Neste caso, fica evidente que a migração internacional

4 Cf. SINOPSE PRELIMINAR DO CENSO DEMOGRÁFICO 2000 (v. 7, 2001, Tabela 1).

Gráfico 2 - Taxa média geométrica de crescimento anual - Brasil - 1900/2000

Período intercensitário

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Fonte: Sinopse preliminar do censo demográfico 2000. Rio de Janeiro: IBGE, v. 7, 2001.

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contribuía de forma muito significativa para o crescimentoda população desde o final do século anterior até asprimeiras décadas do Século XX. Enquanto que o cresci-mento natural (isto é, o saldo entre nascimentos e mortes)pode ser estimado em cerca de 19 por mil habitantesdurante as quatro primeiras décadas do século, a contribui-ção da imigração pode similarmente ser estimada em 2 pormil durante este mesmo período, ou seja, a migraçãoexterna respondia por cerca de 10% do crescimentopopulacional no período.

Na verdade, o forte impacto da imigração estrangei-ra já datava do final do século anterior. Com a aboliçãoformal da escravatura em 1888 e a carência decorrente demão-de-obra agrícola, um esforço de recrutamento detrabalhadores estrangeiros foi desenvolvido não só pelainiciativa privada como pelos governos federal e estadual,através do subsídio dos custos de transporte para o Brasil.Dessa forma, estima-se que um total de quase 5 milhões

de pessoas emigraram para o País entre 1887 e 1957, sendoeste contingente formado em cerca de 32% por italianos,31% por portugueses, 14% por espanhóis e 4% porjaponeses. O pico deste influxo imigratório se deu naúltima década do Século XIX, quando mais de 1 milhão deimigrantes ( majoritariamente italianos, com destino a SãoPaulo) aportaram aqui, estimando-se que isto representouquase um quarto do crescimento populacional total noperíodo5.

O influxo de imigrantes resultou no agravamentodo conflito no mercado de trabalho, opondo os trabalha-dores “nacionais” aos estrangeiros, tendo constituído focode agitação popular em várias regiões durante as primeirasdécadas da República, especialmente no Rio de Janeiro,onde foi forte o movimento dito “jacobino” e freqüentesos episódios chamados de “mata galegos”, opondoviolentamente trabalhadores brasileiros e portugueses6.Assim, tendo em vista a proteção ao trabalhador nacional,

5 Cf. SMITH (1972).6 Veja, por exemplo, Ribeiro (1990).

Gráfico 3 - Componentes do crescimento da população brasileira - 1900/2000

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1990. Rio de Janeiro: IBGE, v. 50, 1990; Anuário estatístico do Brasil 1997-1998. Rio de Janeiro: IBGE, v. 57-58, 1998-1999.

1900-1910 1910-1920 1920-1930 1930-1940 1940-1950 1950-1960 1960-1970 1970-1980 1980-1990 1990-2000

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Crescimento total (N-M+I) Migração líquida (I) Natalidade (N) Mortalidade (M)

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em 1934 o governo federal estabeleceu um sistema dequotas para controlar a entrada de imigrantes. Estasquotas se aplicavam ao total de imigrantes oriundos decada país fornecedor, sendo fixadas no valor de 2% dototal da imigração proveniente de cada um destes paísesno período de 1884 a 1934. Adicionalmente, restringia-se o fluxo de imigração total a 77 mil pessoas por ano.Este sistema, embora fortemente restritivo, caracteri-zou-se por beneficiar relativamente mais a imigração deorigem européia, que correspondia a um estoque prévio

bem maior de imigrantes, em detrimento daquela deorigem asiática.

A partir da década de 1930 a imigração perde suarelevância na determinação da taxa de crescimento dapopulação brasileira, não só pelo decréscimo do númerode imigrantes em termos absolutos, mas também e sobre-tudo pelo aumento muito forte do crescimento naturaldesta população, especialmente em meados do século. Nadécada de 1960 a contribuição da imigração externa aocrescimento populacional brasileiro já havia se tornadoirrelevante. De qualquer forma, mesmo sendo relativamen-te modesto, cabe se observar que as últimas décadas doSéculo XX presenciaram o nascimento de um fato supos-tamente sem precedentes históricos. Neste período,resultante das seguidas crises econômicas que começam ase manifestar no Brasil a partir da primeira crise dopetróleo em 1973, e que se agravam no início dos anos de1980, assistimos à inauguração de sensíveis movimentosemigratórios por parte de brasileiros em busca de melhoresoportunidades em outros países7.

Embora a imigração tenha sido fundamental para aformação da população em diversas regiões brasileiras(destacando-se os italianos e espanhóis em São Paulo e osalemães no Sul), algumas análises indicam que esta nãoteve a mesma importância no Brasil como um todo do quea observada para outros países da América. Assim,Mortara8, estudando a contribuição da imigração nocrescimento da população de alguns destes países entre1840 e 1940 , concluiu que a imigração contribuiu deforma direta (os próprios imigrantes) e de forma indireta(seus descendentes) com 19% do aumento populacionalbrasileiro, comparado com uma contribuição de 58% nocaso da Argentina, 44% no caso dos Estados Unidos, e22% no caso do Canadá, o que vale dizer, que a populaçãode origem imigrante correspondia a 16%, 54%, 36% e19% das populações totais daqueles países, na mesma

7 Estimativas recentes dos saldos migratórios internacionais são feitas em Carvalho (1996) e Oliveira e outros (1996).8 MORTARA (1947 apud CLEVELARIO JÚNIOR, 1997).

Filha de colonos alemães. Londrina, PR. Acervo IBGE.

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ordem. Mortara9 ainda refez seus cálculos, baseado namesma metodologia para o período entre 1890 e 1940,concluindo que a imigração foi responsável por cerca de15% do crescimento populacional no período, o queindicaria que cerca de 10% da população brasileira em1940 tinha origem nos imigrantes aportados no período eem seus descendentes. Mesmo sendo as estimativas deMortara baseadas no pressuposto irrealista de que ocrescimento vegetativo das populações nativas e imigranteseram idênticas e, portanto, sendo provavelmentesubestimativas (dado um suposto maior dinamismoreprodutivo da população imigrante), como o pressupostofoi aplicado a todos os países igualmente, parece serindiscutível ser bem menor a relevância da imigração naconstituição da população brasileira, especialmente quandocomparada com os casos da Argentina e dos EstadosUnidos10. De qualquer forma, a importância da imigraçãona dinâmica populacional é uma característica histórica dospaíses do Novo Mundo e da Oceania, sendo ainda hojemuito substancial no crescimento da população dosEstados Unidos.

Do ponto de vista histórico, um fator que contribuipara dar verdadeiramente um caráter de unicidade à nossaépoca é o fato de ter a mortalidade declinado a níveis

nunca antes experimentados, especialmente nos paísesdesenvolvidos. No entanto, declínios também espetacula-res ocorreram mais recentemente, na segunda metade doSéculo XX, em muitos países em desenvolvimento, como,por exemplo, nos países da América Latina. De fato, oextraordinário crescimento da população mundial, a que jános referimos, pode ser atribuído ao declínio da mortalida-de e não, como poderia se pensar, num suposto aumentoda natalidade. Embora tal aumento possa ter sido observa-do em algumas regiões de mudança recente (em particularem alguns países da África tropical), este aumento respon-de parcialmente a uma melhora nas próprias condições desobrevivência das mães e não desempenha qualquer papelmais significativo em relação ao crescimento populacional.O vertiginoso crescimento experimentado pela populaçãomundial durante o Século XX é basicamente resultante daqueda espetacular da mortalidade aliada à relativa manuten-ção dos tradicionais e elevados níveis da fecundidade nassociedades em desenvolvimento por longo espaço detempo durante este período.

O debate em torno das causas do declínio damortalidade na Europa tem sido intenso, alguns apontan-do para os avanços médicos alcançados já no SéculoXVIII, como, por exemplo, a inoculação e, posteriormen-te, a vacinação antivariólica; outros sustentando comocausa provável as mudanças em saneamento e higienepública que teriam tido um significativo impacto sobrecertas causas de morte, como o tifo e o cólera. No entanto,o que a experiência dos países em que a queda da mortali-dade se deu mais recentemente (como os países latino-americanos) nos ensina é que provavelmente as duascausas estão presentes na redução da mortalidade. O que

9 MORTARA (1951 apud CLEVELARIO JÚNIOR, 1997).10 Um quadro evolutivo da imigração anual para o Brasil no período de1900 a 1968 foi publicado em: Séries estatísticas retrospectivas (1986, v. 1, p.71, Tabela 2.2.4.1). Similarmente, um quadro para todo o período de1884 a 1951, segundo a nacionalidade do imigrante, encontra-se em:Anuário Estatístico do Brasil 1953, apêndice, p. 489.

Coefficiente de Mortalidade- Anno 1907 -Fonte: Exposição Nacional de 1908, IBGE.

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também essa experiência recente deixa claro é que ganhosimportantes na mortalidade podem ser obtidos semnenhuma modificação significativa na situação socialdas populações. Na verdade, muitas vezes a evoluçãotemporal da mortalidade caminha em sentido contra-ditório com esta situação social. Os avanços namedicina social, com todo um arsenal farmacêutico ede conhecimentos de higiene elementar, resultam emsucessos extraordinários a custos muito reduzidos.De forma semelhante, melhoramentos relativamentemenores no saneamento, particularmente em áreasurbanas, resultam geralmente em ganhos substanciaisna saúde das populações. Assim, a história recenteregistra casos de países em desenvolvimento combaixíssima renda per capita que apresentam reduçõesmarcantes em seus níveis de mortalidade, de talforma que as diferenças entre países pobres e ricosnessa questão é muito menor hoje que em algumasdécadas passadas. Esta narrativa descreve em grandemedida a evolução da mortalidade no Brasil duranteo Século XX.

O nível de mortalidade no Brasil no final doséculo pode ser estimado em pouco menos de setemortes por mil habitantes por ano11, o que o tornacomparável à média dos países desenvolvidos. Histori-camente também experimentamoso mesmo processo de espetaculardeclínio da mortalidade: de umataxa bruta superior a 30 por mil aoano durante a maior parte doSéculo XIX, atingimos no final doséculo passado uma taxa corres-pondente a menos de um quarto daregistrada 100 anos antes.

Essa taxa relativamente baixapara a população brasileira não

pode, entretanto, ser tomada com exagerado otimismo.Deve-se observar que comparações internacionais utilizan-do-se a taxa bruta de mortalidade devem ser feitas comextrema cautela, uma vez que esse tipo de taxa refleteparcialmente a estrutura por idade da população. Assim,dada uma mesma situação geral de mortalidade, umasociedade que tenha uma população mais “velha” (ou seja,com uma maior freqüência relativa de pessoas nos gruposde idade mais avançados) apresentará uma taxa bruta demortalidade maior que aquela obtida para uma sociedadecom estrutura etária mais “jovem”, uma vez que terá ummaior número relativo de pessoas nas faixas de idadeonde a mortalidade é maior. O Brasil, como veremosposteriormente, possui uma população ainda relativamen-te “jovem”, o que o favorece quando comparamos suataxa de mortalidade com as dos países desenvolvidos,sociedades que, tipicamente, têm populações “velhas”.De fato, o Brasil se tivesse uma estrutura etária similar àpredominante na Europa, sua taxa bruta de mortalidadeseria bem mais elevada, algo provavelmente em torno de12 por mil habitantes ao ano. Nesse sentido, é maisindicada para comparações internacionais (e mesmo entreregiões de um mesmo país) a utilização da expectativa devida ao nascer, ou “vida média”, medida que independeda estrutura etária da população.

11 Cf. Anuário Estatístico do Brasil 1998,Tabela 2.13.

Quatro homens em Belo Horizonte, MG, 1925. Museu Histórico Abílio Barreto.

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Adicionalmente, embora tenha havido ganhosespetaculares nas últimas décadas12, a situação da mortali-dade infantil em nosso País é ainda relativamentepreocupante: se, por um lado, observou-se um aumentomuito significativo na expectativa de vida ao nascer13 ,quase que dobrando ao longo do século (a expectativa devida ao nascer para homens era de 33,4 anos em 1910 eestimada em torno de 62,3 anos em 1990; para mulheresos valores correspondentes eram 34,6 e 69,1 anos, respecti-vamente), a mortalidade das crianças menores de 1 ano éainda bastante significativa, constituindo ainda um fatorrelevante para ganhos futuros na expectativa de vida aonascer. Para se ter uma idéia da extensão do problema,recorramos a uma comparação internacional, cotejando-sea expectativa de vida restante a 1 ano de idade com aquelaque se tem ao nascer. Como vimos, uma criança do sexomasculino nascida em 1990 tinha uma expectativa de vidaestimada em 62,3 anos; o valor correspondente paracrianças do sexo feminino é estimado em 69,1 anos. Já as

crianças afortunadas o suficiente para sobreviverem aoprimeiro ano de vida podiam esperar viver em média mais65,0 anos no caso dos homens (isto é, viverem até os 66anos de idade) e mais 71,1 anos adicionais no caso demulheres. Isso evidencia os tremendos riscos aindaenfrentados pelas crianças brasileiras no primeiro ano devida. A situação em países desenvolvidos é bastantediversa. Por exemplo, na Suécia dos anos de 1970, umacriança do sexo feminino tinha uma expectativa de vida aonascer de 77,7 anos. Ao completar 5 anos sua expectativade vida adicional era de 73,5 anos, ou seja, deveria sobrevi-ver em média até os 78,5 anos, o que mostra que jánaquele período praticamente nenhuma criança suecamorria antes dos 5 anos de idade.

Observe-se que, comparada com a mortalidadeinfantil, a mortalidade adulta apresentou ganhos relativa-mente modestos. De fato, associado sobretudo ao aumen-to da violência nas cidades brasileiras, tem-se verificadomesmo o aumento da mortalidade em algumas áreas,

12 Sobre os ganhos na mortalidade infantil, veja Simões (1997). Uma importante contribuição ao tema é a de Ferreira e Flores (1987).13 Cf. Anuário Estatístico do Brasil 1990, Tabelas 7-9.

Gráfico Evolução da esperança de vida ao nascer - Brasil - 1940/20004 -

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1990. Rio de Janeiro: IBGE, v. 50, 1990; Anuário estatístico do Brasil 1998. Rio de Janeiro: IBGE, v. 58, 1999.

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concentrada em jovens do sexo masculino de 15 a 29 anos.Esta é, sem dúvida, uma tendência preocupante e que temcontrariado as expectativas mais otimistas propiciadaspelos outros indicadores14.

Quanto à evolução temporal da expectativa de vidano Brasil ao longo das últimas décadas (Gráfico 4), pode-sedizer que, após um período de ganhos muito substanciaisentre 1940 e 1960, quando aumentou em quase 10 anos (indode 42,7 em 1940 para 52,4 em 1960), os ganhos em sobrevidapraticamente se estagnaram na década de 1960, para retomarum vigoroso crescimento na década seguinte, atingindo 61,7anos em 1980. A partir daí continuam os ganhos, embora emritmo mais lento, atingindo um nível estimado em 67,1 anosde vida no último ano do Século XX.

Um fato importante a se observar quanto à expectati-va de vida ao nascer é que os diferenciais entre grupossociais e entre regiões no Brasil eram historicamenteelevados15 (Gráfico 5). Em 1940 a maior esperança de vidaencontrava-se na Região Sul (50,1 anos) enquanto a região

com menor valor era o Nordeste (38,2 anos), com umadiferença de quase 12 anos entre elas. As demais regiões sediferenciavam mais ou menos uniformemente dentro desteintervalo. No final do século, todavia, havia-se registradouma substancial convergência na expectativa de vida entre asregiões: embora o maior valor continuasse a ser observadona Região Sul, com 68,7 anos em 1990 e, similarmente, a demenor valor no Nordeste, com 64,3 anos naquele mesmoano, a diferença havia se reduzido a 4,4 anos. Ademais, asdiferenças entre as outras regiões quase desapareceram,oscilando entre 67,8 anos no Centro-Oeste e 67,4 anos naRegião Norte. Observe-se ainda que as diferenças entre oNordeste e as demais regiões de fato se ampliaram entre1950 e 1970, a convergência só ocorrendo após esta últimadata. A evolução temporal da mortalidade infantil ao longodo Século XX é compatível com esta descrição feita para aexpectativa de vida ao nascer, conforme esperado, dadoserem os ganhos na sobrevida durante a primeira infância oprincipal componente no prolongamento da vida média empaíses como o Brasil (Gráficos 6 e 7).

14 Veja a este respeito, por exemplo, Albuquerque e Oliveira (1996) e Ferreira e Castiñeras (1996).15 Veja, por exemplo, Curtis e McDonald (1991), Wood e Lovell (1992) e Sastry (1996).

Gráfico Evolução da esperança de vida ao nascer, por Grandes Regiões - Brasil - 1940/19905 -

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1990. Rio de Janeiro: IBGE, v. 50, 1990.

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Uma conseqüência interessante da evolução tempo-ral dos ganhos na sobrevida no Brasil reside no fato de que,na segunda metade do século, os maiores ganhos relativosno que diz respeito à mortalidade adulta tenham se dadoligeiramente mais na população feminina, que já possuía umnível inicial mais favorável16. Com isso, a razão de sexos,isto é, o número de homens para cada 100 mulheres, caicom a idade. Estima-se que em 1991 a razão de sexos entrejovens era de 102,4, indicando um maior número de jovenshomens do que de mulheres. Esta razão cai sistematicamen-te conforme se passa para grupos etários superiores,alcançando o valor de 85 homens para cada 100 mulheresentre pessoas com 60 anos e mais. Conforme indicado, estadiferença tem tendido a aumentar. Assim, por exemplo, arazão de sexos entre estas mesmas pessoas de 60anos e mais em 1960 ainda era estimada em 98,817.

Talvez a característica mais marcante da nossaépoca, mais ainda do que a queda da mortalidade,

seja o fato de que pela primeira vez a fecundidade (isto é, onúmero médio de filhos tidos por mulher ao final de seuperíodo reprodutivo) tornou-se o elemento responsávelpela dinâmica populacional. Nos países desenvolvidos, onível de mortalidade atingiu níveis tão baixos que seu efeitosobre a dinâmica demográfica é hoje muito reduzido.Como quase toda a população feminina nesses paísessobrevive até o fim do período reprodutivo, tendo portan-to todos os filhos que deseja ter, o efeito da mortalidadesobre o tamanho (ou seja, o número de pessoas) da popula-ção é mínimo, se comparado ao efeito das mudanças nastaxas de fecundidade. Numa demonstração pitoresca dessefato, Coale mostrou que o efeito de se obter a completaimortalidade para todos os americanos sobre a taxa decrescimento da população dos Estados Unidos nos anos de1970 seria inferior ao efeito produzido por um acréscimode apenas 15% na taxa de fecundidade das mulheresamericanas.

Nos países em desenvolvimento, o crescimentopopulacional ainda depende em larga medida de futurosdeclínios da mortalidade. Mas, no caso do Brasil, emboraainda haja ganhos muitos importantes a serem feitos emrelação à mortalidade, historicamente o componente maisforte no que diz respeito ao crescimento populacional foia manutenção em níveis elevados da fecundidade dasmulheres durante a maior parte do século. Como indicadoacima, a mortalidade declinou acentuadamente no Brasilnos últimos 100 anos. Entretanto, a natalidade ( ou seja, onúmero de nascimentos anuais para cada mil indivíduos na

16 Aparentemente, um elemento importante nestes diferenciais éa maior exposição ao risco por morte violenta na populaçãojovem masculina, conforme indicado acima.17 Cf. Anuário Estatístico do Brasil 1993, ver CD-ROM dapublicação Estatísticas do Século XX (2003).

Núcleo colonial de imigrantes, entre 1930 e 1937. CPDOC/FGV.

Gráfico publicado na Exposição Nacional de 1908. Acervo IBGE.

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população) manteve-se bastante estável durante boaparte do mesmo período: a taxa bruta de natalidade, queoscilou em torno de 46,5 por mil habitantes durantetodo o Século XIX, começou a declinar desde o início

do século seguinte, mas a um ritmo tão suave que a médiapara a década de 1960-1970 ainda era de 40 por mil, ou seja,houve apenas uma redução de 6,5 nascimentos por milhabitantes em mais de 100 anos. Aliada ao declínio

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1990. Rio de Janeiro: IBGE, v. 50, 1990.

Gráfico 6 - Evolução da mortalidade infantil - Brasil - 1930/1990

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Gráfico Evolução da mortalidade infantil, por Grandes Regiões - Brasil - 1930/19807 -

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1990. Rio de Janeiro: IBGE, v. 50, 1990.

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vertiginoso da mortalidade, essa manutenção da alta natalida-de resultou em ritmos ascendentes do crescimento natural, oqual atingiu um máximo histórico na década de 1950,quando superou a marca de 29 por mil em média por ano.Uma taxa dessa magnitude implica uma duplicação do totalda população a cada 25 anos aproximadamente.

No entanto, desde meados da década de 1960, afecundidade feminina no Brasil tem se reduzido em ritmomuito acelerado18, fato possibilitado principalmente pelaintrodução de métodos modernos e eficientes decontracepção19. Todos os censos e pesquisas sobrereprodução humana desde 1970 indicaram que a taxa defecundidade total (isto é, o número total médio de filhosque cada mulher teria ao fim de seu período reprodutivo,caso sua trajetória de vida reprodutiva seguisse as taxas

específicas de fecundidade por idade observadas nomomento da pesquisa) tem declinado rápida e constante-mente ano a ano (Gráfico 8). Assim, para o Brasil comoum todo, a taxa de fecundidade total - TFT - declinou deum nível estimado em cerca de 5,8 filhos por mulher em1970 para aproximadamente 4,3 filhos em 1980, umaredução sem dúvida muito substancial, atingindo cerca de1,5 filho em média em apenas dez anos. O ritmo acelera-do de queda da fecundidade tem continuado e, pelo que aexperiência dos países desenvolvidos sugere, deverá aindacontinuar no futuro. Os dados da última pesquisa sobrecomportamento reprodutivo feita no Brasil20, datada de1996, indicam que, naquele ano, a taxa de fecundidadetotal para o País tinha atingido o nível estimado em 2,5filhos em média por mulher. Comparando com a TFT

18 O ritmo do declínio da fecundidade no Brasil é comparável ao que ocorreu em outros países em desenvolvimento. Martine (1996) indica que no casobrasileiro a fecundidade caiu mais rapidamente do que no México, na Índia ou em Bangladesh, mas mais lentamente do que na China ou na Tailândia.19 Muitos estudos têm apontado para a importância da introdução de métodos contraceptivos na redução da fecundidade no Brasil. Veja, por exemplo,Faria (1989); Silva, Henriques e Souza (1990) e Carvalho e Wong (1996). A discussão sobre política de população no Brasil é feita em McDonough eSouza (1984) e em Fonseca Sobrinho (1993), entre outros.20 Veja BRASIL: pesquisa nacional sobre demografia e saúde 1996 (1997).

Fontes: Anuário estatístico do Brasil 1998. Rio de Janeiro: IBGE, v. 58, 1999; Brasil: pesquisa nacional sobre demografia e saúde 1996. Rio de Janeiro: SociedadeCivil Bem-Estar Familiar no Brasil, 1997.

Gráfico 8 - Evolução da taxa de fecundidade total - Brasil - 1940/1990

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para 1960, verifica-se que no espaço dos 40 últimos anosdo século o número médio de filhos tidos por mulherhavia se reduzido em cerca de quatro filhos.

Dessa forma, a família brasileira encaminha-seaceleradamente para o padrão de dois filhos por casal,ou seja, para um nível em que cada geração de pais dáorigem a uma geração de filhos exatamente de mesmotamanho. A esse nível de fecundidade (que osdemógrafos calculam equivaler a uma TFT de aproxi-madamente 2,1), que poderíamos chamar de“fecundidade de reposição”, cada mulher gera em médiauma e apenas uma filha, que no devido tempo a substi-tuirá em seu papel na reprodução da população21.Evidentemente, essa é uma condição essencial para seatingir, no longo prazo, a situação que os demógrafoschamam de “estacionariedade”, ou seja, uma populaçãocom crescimento zero.

A queda da fecundidade feminina é observávelpara todos os tipos de áreas e para todos os grupos eestratos sociais22. Nesse sentido, há uma clara tendência àconvergência no comportamento reprodutivo23. Porexemplo, a maior diferença na TFT entre as grandesregiões brasileiras em 1950 estava calculada em cerca de2,5 filhos (correspondendo aos valores de TFT de 8,0para a Região Norte e de 5,5 para a Sudeste). Já nosdados para 1996 referidos acima, a maior diferença se dáentre o Nordeste (com TFT=3,1) e o Sudeste (comTFT=2,2), uma diferença que havia se reduzido a menosde um filho em média (Gráfico 9).

Deve-se indicar que, apesar da queda generalizada eem ritmo acelerado na fecundidade, nas últimas décadas astaxas para mulheres com idade abaixo de 20 anos perma-neceram estáveis e as gravidezes entre adolescentes (isto é,mulheres entre 15 e 19 anos) têm aumentado, com graves

21 Como a fecundidade no Brasil tem perfil muito diferenciado socialmente, alguns estratos já se encontram em nível reprodutivo abaixo da reposição.Wood e Carvalho (1988), por exemplo, calculam que este era o caso dos estratos de maior rendimentos já em 1970.22 Cf. Anuário Estatístico do Brasil 1990 (cap. 7, Tabela 11); BRASIL: pesquisa nacional sobre demografia e saúde 1996 (1997).23 A convergência nas taxas de fecundidade são discutidas em, por exemplo, Merrick e Berquó (1983) e, mais recentemente em Camarano (1996).

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1998. Rio de Janeiro: IBGE, v. 58, 1999.

Gráfico 9 - Evolução da taxa de fecundidade total, por Grandes Regiões - Brasil -1940/1990

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implicações para o bem-estar dessas jovens mães24. Estatendência tem sido particularmente acentuada na RegiãoNordeste, onde se estima que em 1996 cerca de 21% dasadolescentes já haviam engravidado.

Entretanto, apesar da aceleração no declínio dafecundidade, o nível absoluto da reprodução no Brasil éainda relativamente substancial. Podemos estimar para oBrasil na última década do Século XX uma taxa bruta denatalidade de cerca de 22 nascimentos para cada milhabitantes. Certamente este valor representa uma reduçãode mais da metade do nível observado 100 anos antes(estimado em cerca de 45 por mil para a década de 1900-1910). Mas, comparando-se o valor atual para o Brasil comoutros estimados para diversas regiões do mundo, pode-mos observar que a natalidade em nosso País encontra-seainda bem acima do nível médio dos países desenvolvidos,algo entre 11 e 14 por mil, ou seja, a natalidade no Brasilainda é aproximadamente o dobro da natalidade naEuropa Ocidental, por exemplo. Parte da explicação dessarelativa inércia da natalidade deve ser procurada na estrutu-ra etária da população brasileira.

Do passado de fecundidade alta e estável durantemuito tempo (e mesmo ligeiramente crescente, como

aconteceu entre 1940 e 1965, aproximadamente) e demortalidade declinante resultou numa característicaimportante da população brasileira no Século XX: a amplapredominância de jovens em sua estrutura etária. O efeitoda fecundidade sobre a estrutura por idade de umapopulação é bastante intuitivo. Se a fecundidade é elevadanuma população, cada geração de pais dará origem a umageração de filhos mais numerosa do que ela. Assim, aestrutura etária de uma população com um passado defecundidade consistentemente alta terá uma forma tipica-mente piramidal, com os patamares inferiores (os maisjovens) sendo maiores que os patamares imediatamentesuperiores. Quanto maior a fecundidade da população,maior será a relação entre o tamanho dos patamares.Contrariamente, uma população com baixa fecundidadetenderá a ter uma estrutura etária cilíndrica, com um maiorestreitamento na base quanto menor for a fecundidade,refletindo a incapacidade das gerações de pais de sereproduzirem na geração dos filhos.

O efeito da mortalidade sobre a estrutura etária émenos óbvio. O senso comum poderia sugerir que umaredução na mortalidade, com o correspondente aumentono tempo médio de vida, levaria necessariamente a umapopulação mais velha. Embora esse seja realmente o casonos atuais países desenvolvidos, em que a mortalidade já seencontra num nível bastante reduzido, isto não reflete aredução da mortalidade que vem historicamente ocorren-

24 O aumento da gravidez na adolescência no Brasil já era um fenômenoesperado, seguindo o que aconteceu nos países mais desenvolvidos,veja-se em: Henriques, Silva e Wulf (1989). A situação atual, no entanto,é bastante preocupante. Por exemplo, dados de 1996 indicam que 20%de todos os nascidos vivos no ano anterior eram de adolescentes. VejaGUPTA; LEITE (2001).

Construção da BR-29, rodovia Acre-Brasília. Acervo IBGE.

Apuração do Censo de 1940. Acervo IBGE.

IBGE

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do nos países em desenvolvimento.A razão está no fato de que aredução da mortalidade, quando separte de níveis elevados, estábasicamente centrada em grandesganhos na mortalidade infantil ejuvenil (diferente do caso dos paísesde já baixa mortalidade, onde osganhos se localizam na mortalidadeem idade madura). Disto resulta queum número relativamente maior decrianças, e não de adultos, sobrevi-

ve, o que paradoxalmente gera uma população ainda mais“jovem”, e não mais “velha”. Além disso, um númeromaior de jovens sobrevive até a idade reprodutiva, o quepor sua vez faz aumentar a natalidade (e reforçando assimo efeito rejuvenescedor da queda da mortalidade). Dessemodo, o efeito da queda histórica da mortalidade nospaíses em desenvolvimento, entre os quais obviamente seinclui o Brasil, atua contrariamente ao que se poderiaesperar no sentido de aumentar a quantidade relativa dejovens na população. É importante que se enfatize, noentanto, que esse efeito é relativamente pequeno quandocomparado com o efeito da fecundidade.

O pequeno efeito da queda da mortalidade, somadoao grande efeito da manutenção da taxas elevadas defecundidade, resultou numa população brasileira muito“jovem” durante todo o Século XX, isto é, numa popula-ção onde a proporção de pessoas idosas (por exemplo,com 65 anos ou mais) é bastante reduzida. A estruturaetária da população brasileira era então bastante similar àde outros países em desenvolvimento, e contrasta compaíses de fecundidade já estabilizada em níveis baixos,

como, por exemplo, os países da Europa Ocidental.Nestes, a proporção de pessoas com mais de 64 anos estásituada em torno de 11% do total da população. No casodo Brasil, esta proporção de “idosos” era de 2,4 em 1940e, embora venha crescendo sistematicamente, seguindo aredução na fecundidade, chegando a dobrar esta propor-ção no final do século ( com 4,8% de “idosos” em 1991),este valor ainda está distante dos níveis europeus25. Evi-dentemente, a continuada tendência à redução dafecundidade no Brasil, que como vimos já está próxima donível de “reposição”, deverá levar num futuro aindadistante a uma população com um perfil etário semelhanteaos presentemente observados nos países desenvolvidos,isto embora os ganhos que ainda se podem esperar namortalidade infantil tendam numa certa medida a atenuar oritmo de “envelhecimento” da população brasileira.

De qualquer forma, embora o perfil etário dapopulação atual seja ainda relativamente “jovem”, aredução da fecundidade experimentada desde meados dadécada de 1960 já resultou num substancial “envelheci-mento” de nossa população26. Assim, comparando aestrutura etária registrada pelo Censo de 1991 com a deum de meados do século passado, digamos o de 1950,

25 Cf. Anuário Estatístico do Brasil 1996, Tabela 2.21.26 O envelhecimento da população brasileira tem despertadointeresse pela situação dos idosos. Várias tabulações têm sidodivulgadas com este propósito, Veja, por exemplo: Anuário Estatísti-co do Brasil 1995, Tabelas 2.45 - 2.50.

Pescador em Natal, RN.Acervo IBGE.

Família de colono japonês, Manaus, AM. Acervo IBGE.

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verifica-se que este último tinha uma proporção maior depessoas nas faixas etárias até os 24 anos de idade, inverten-do-se a situação a partir desta idade (Gráfico 10). Clara-mente a estrutura etária de 1991 é bastante mais “velha” quea de 1950. Adicionalmente, na estrutura de 1991 observa-seque a redução da fecundidade já resulta num númerodecrescente de crianças nascendo e a faixa de idade depessoas de 0 a 4 anos já sendo menor que a imediatamenteacima, a de pessoas com idade entre 5 e 9 anos.

Podemos então ver que a estrutura por idade deuma população depende basicamente dos regimes demortalidade e, principalmente, da fecundidade prevalecen-te em sua experiência passada. Sociedades que no passadoforam caracterizadas por níveis consistentemente baixos defecundidade apresentam uma estrutura etária “velha”, comforma de tipo cilíndrico. Contrariamente, uma sociedadecom um passado de alta fecundidade tem uma população“jovem” , com uma estrutura etária de tipo piramidal. Essaestrutura etária jovem implica que, a cada momento, umnúmero absoluto cada vez maior de pessoas entra noperíodo reprodutivo (normalmente de 15 a 19 anos para asmulheres), de tal forma que, mesmo que a fecundidade das

mulheres diminua, o número de nascimentos naquelemomento pode ser ainda maior que os ocorridos noperíodo anterior, e simplesmente porque existirá umnúmero maior de casais gerando filhos naquele momento.Assim, a estrutura etária da população representa, nestecaso, um elemento de inércia contra a diminuição danatalidade. Em termos dinâmicos, uma população com umpassado de alta fecundidade, que passe por um processode redução dessa fecundidade até os níveis mínimosviáveis no longo prazo, como é o caso da populaçãobrasileira, levará ainda um certo tempo para parar decrescer, dependendo naturalmente do nível defecundidade de onde partir e de quão rápido é o declíniodo mesmo. Dessa forma, se uma população reduz suafecundidade ao nível de mera reposição, em que cadamulher adulta seja substituída no tempo devido por umae apenas uma filha em média, esta população tenderá, nolongo prazo, à condição de “estacionariedade”. Mas,quanto maior for o nível de fecundidade antes de iniciadoo declínio, maior será o tempo levado para atingir aestabilização e maior será a população final; similarmente,quanto mais forte for a taxa de declínio da fecundidade,

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1996. Rio de Janeiro: IBGE, v. 56, 1997.

Gráfico 10 - Distribuição relativa da população brasileira, por grupos de idade - 1950/1991

Percentagem da população total

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

0 a 4

5 a 9

10 a 14

15 a 19

20 a 24

25 a 29

30 a 34

35 a 39

40 a 44

45 a 49

50 a 54

55 a 59

60 a 64

65 a 69

70 a 74

75 a 79

80 e mais

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(ano

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1950 1991

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menor será o tempo levado para atingir a estabilização, emenor será a população final.

A conseqüência do processo de transiçãoatravessado pela população brasileira é que, apesar deestarmos nos aproximando rapidamente de um nívelde fecundidade de mera “reposição”, o momentum parao crescimento incorporado na sua estrutura etáriafará com que a nossa população continue crescendoainda por algumas décadas. As projeções de popula-ção feitas pelo IBGE27 no final dos anos de 1990,embora deva passar por uma ligeira revisão paracima, dado que o valor projetado para o ano de 2000mostrou-se estar subestimado em um pouco mais de2%, indicavam que até 2020 a população brasileiradeverá ainda ter crescido em pelo menos 22% emrelação ao valor atual. Mais importante, embora essasprojeções incorporem a hipótese de se atingir o nívelde reposição na segunda metade da presente década,a previsão é que em 2020 a taxa de crescimento anual

ainda deverá estar em 0,71%, devendo permanecerpositiva por pelo menos ainda mais duas décadas.

A grande diferenciação nas estatísticas vitais entreregiões, aliada aos fortes movimentos de migração interna,que se intensificaram em meados do Século XX (especial-mente nas décadas de 1960 e de 1970), resultou em mudan-ças significativas na participação relativa das grandes regiõesno total da população (Gráfico 11). Em que pese os altosníveis de reprodução, a população da Região Nordeste, ogrande ponto de origem das migrações internas brasileiras,vem perdendo historicamente sua participação no total.Contando com quase 39% do total da população nacionalem fins do Século XIX, a população nordestina atualmentecorresponde a cerca de 28% do total, o que, vale dizer,sofreu uma perda relativa de mais de dez pontos percentuaisao longo do século passado. Por outro lado, a RegiãoSudeste, que já partiu do patamar mais elevado em termosrelativos em 1900, quando correspondia a cerca de 45% dototal, consegue manter esta participação durante os últimos

27 Cf. Anuário Estatístico do Brasil 1998, Tabelas 2.6-2.8.

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1996. Rio de Janeiro: IBGE, v. 56, 1997.

Gráfico 11 - População relativa, por Grandes Regiões - Brasil - 1900/2000

Perc

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gem

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5

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15

20

25

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35

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45

50

1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000Ano censitário

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

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Vaqueiros da Ilha de Marajó, PA. Acervo IBGE.

100 anos, chegando ao ano de 2000 com quase 43%. Nestaregião, as taxas elevadas de imigração, particularmente comorigem no Nordeste, foram compensadas por ritmosdecrescentes de crescimento natural da população nativa,resultando numa relativa estabilidade temporal.

A Região Sul, que constitui um destino importantetanto para a imigração internacional como para a internaaté a década de 1970, com a diminuição do ritmoimigratório (e mesmo tendo-se transformado em região deemigração a partir desta mesma década) e do crescimentonatural, vem perdendo sua participação relativa no total dapopulação brasileira ao longo dos últimos 30 anos. Suaparticipação relativa atual é semelhante à que tinha emmeados do século, algo em torno de 15% do total.

Com a crescente interiorização da populaçãobrasileira, especialmente depois da transferência da capitalfederal para Brasília em 1960, as regiões que vêm apresen-tando maiores ritmos de crescimento na participaçãorelativa são as Regiões Norte e Centro-Oeste, especialmen-te. A Região Norte quase dobra a sua participação, saindo

de 4% do total em 1900 para cerca de 7,6% em 2000.Observe-se que para este ritmo vigoroso muito contribuiua persistência de elevados níveis de reprodução (porexemplo, a TFT desta região em 1960 é estimada em 8,6filhos por mulher), dando origem a fortes taxas de cresci-mento natural. Concomitantemente, a Região Centro-Oeste cresce sua participação de forma extraordinária,mais que triplicando ao longo do Século XX. De fato,partindo de um nível muito modesto em 1900, quandorespondia por apenas 2,1% do total, esta região chega aofinal do século com cerca de 6,8% .Como se poderiaesperar, o período de crescimento mais vigoroso se dájustamente entre 1950 e 1980, quando sua participaçãocresce de 3,3% para 6,3% do total.

Uma outra transformação importante por quepassou a população brasileira ao longo do Século XX foisua passagem de uma população basicamente rural durantetoda a primeira metade do século para uma situação delarga predominância urbana ao final do século. Assim,enquanto a população classificada como urbana em 1950

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correspondia a cerca de 36% do total da populaçãobrasileira, a cifra referente ao ano 2000 atingia mais de 81%.Esse crescimento da população urbana não reflete apenasas fortes migrações de origem rural, como também osignificativo crescimento natural das próprias áreas urbanase a incorporação de novas áreas, que passaram a serclassificadas como urbanas nos censos mais recentes.

De fato, o Brasil já se encontrava, no final do SéculoXX, numa fase avançada de sua transição urbana, caracte-rizada por uma tendência à desconcentração e àdesmetropolização. Em 1991, 30% da população brasilei-ra vivia em cidades de um milhão ou mais de habitantes.O ritmo da urbanização foi especialmente rápido nosanos de 1960 e de 1970, tendendo a ser mais rápido nascidades de maior porte. A partir de 1980, no entanto, oritmo de urbanização se reduz à metade, com uma quedamais acentuada justamente nas cidades maiores. Assim, asnove metrópoles, as quais absorveram 41% do cresci-mento populacional brasileiro nos anos de 1970, reduzi-ram seu papel na absorção do crescimento populacionalpara menos de 30% entre 1980-199128.

Deve-se assinalar também que, apesar da urbanizaçãoser um fato nacional, atingindo a todas as regiões, persistemainda grandes diferenças entre estas29. Assim, enquanto aurbanização da sociedade no ano de 2000 atinge o nível decerca de 91% na região mais populosa, a Região Sudeste, nasRegiões Norte e Nordeste a taxa de urbanização é de 70%,aproximadamente. As Regiões Sul e Centro-Oeste ocupamuma posição intermediária, com 81% e 87% de populaçãourbana, respectivamente. Observe-se que este ritmo conti-nuado de urbanização manteve-se mesmo num contexto de

crise e baixo crescimento econômico, como foram as duasúltimas décadas do século. A taxa de urbanização para o Paíscomo um todo em 1980 ainda era de 67,6%, implicandodizer que esta cresceu ainda quase 14 pontos percentuaisnestes últimos 20 anos do século. Acrescente-se que aurbanização deu-se de forma ainda mais acentuada nasRegiões Norte e Nordeste: em 1980 em ambas as regiões asáreas urbanas respondiam por apenas 50% da populaçãoregional, implicando um aumento de quase 20 pontospercentuais no referido período.

Segundo as estimativas da Pesquisa Nacional porAmostra de Domicílios - PNAD - de 199730, do total dapopulação brasileira naquele ano, ao responderem aoquesito “qual a sua cor?”, 54,4% indicaram a cor brancacomo a descrição mais adequada no seu caso. A porcen-tagem equivalente para aqueles se identificando comopretos era de 5,2%, como pardos, na ordem de 40,0%, ecomo amarelos, indígenas ou sem declaração de cor,apenas 0,5%31.

28 Cf MARTINE (1993).29 Cf. SINOPSE PRELIMINAR DO CENSO DEMOGRÁFICO2000 (v. 7, 2001).30 Dados em: Anuário Estatístico do Brasil 1998, Tabela 2.20.31 Para uma discussão das variações ao longo dos censos e dos cuidadosde interpretação que requerem os dados oficiais sobre cor da populaçãobrasileira, veja, por exemplo, Araújo (1988) e Berquó (1988).

Índios no Mato Grosso. Acervo IBGE.

Chuveiro público em Marcelino Ramos, RS. Acervo IBGE.

IBGE

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A composiçãopor cor da populaçãobrasileira apresenta, noentanto, uma evoluçãohistórica peculiar. Emque pese algumasvariações no formatodo quesito cor, ao longodos censos e dasPNADs, pareceindubitável que a

população brasileira de cor branca era minoritária durantea maior parte do Século XIX, com a estimativa para 1890indicando que os brancos compunham cerca de 44% dapopulação total. Esse quadro se viu dramaticamentealterado com as fortes imigrações de origem européia que,como vimos antes, atingiram seu auge nas décadas emtorno da virada do século e que resultaram em acentuadoembranquecimento da população. Assim, o recenseamentode 1940 mostraria que a proporção de brancos haviaalcançado a marca dos 63,5%, ao passo em que a popula-ção identificada como parda havia reduzido a sua partici-

pação relativa a praticamente a metade dos 41,4%registrados 50 anos antes.

Nesta última data, entretanto, as imigrações euro-péias já haviam deixado de se constituir em elementoprimordial na evolução demográfica da populaçãobrasileira, esta resultando desde então do comportamentodos fatores de crescimento natural endógeno. A dinâmicademográfica passa então, como vimos, a ser regida pelosregimes de mortalidade e de fecundidade e, no caso dacomposição por cor, também pelo padrão deintercasamento. É a evolução desses fatores que explica,numa forma que envolve complexa determinação, asmudanças na estrutura de cor de nossa população.Tendencialmente, as resultantes das evoluções dos compo-nentes demográficos parecem apontar para uma consis-tente redução na participação relativa da população preta ,para um aumento correspondente na população parda elenta diminuição da população auto-identificada comobranca (Gráfico 12). Observe-se, no entanto, que o perfilde participação relativa dos grupos de cor tem se alteradomuito pouco, como que indicando uma tendência a seestabilizar em níveis próximos daqueles observadosatualmente.

Candango chega à capital em constru-ção. Brasília, DF. Acervo IBGE.

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1998. Rio de Janeiro: IBGE, v. 58, 1999.

Gráfico 12 - Composição, por cor, da população brasileira - 1940/1997

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1940 1950 1960 1970 1980 1990 1997

Branca Preta Parda Amarela/indígena/sem declaração

IBGE

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Uma característica notável da composição racial dapopulação brasileira são as grandes diferenças em suadistribuição espacial32. A par da elevada concentração dapopulação amarela no Sudeste (especialmente no Estadode São Paulo, onde estão localizados cerca de três quartos

dos membros deste grupode cor), os contrastes maisfortes parecem se dar entreas populações branca epreta por um lado, e apopulação parda por outro.Assim, enquanto pratica-mente a metade da popula-ção parda se encontrava em1997 na Região Nordeste(mais precisamente,47,8%), a fração correspon-dente para os brancos é deapenas 15,6%. Inversamen-te, as áreas relativamente

32 Cf. Anuário Estatístico do Brasil 1998, Tabela 2.20.

mais ricas do Sudeste e do Sul abrigam 75,9% da popula-ção branca e apenas 35,4% da população parda. Nessesentido, é importante observar que a população pretadesfruta de nítidas vantagens locacionais relativamenteao grupo pardo, com uma concentração mais forte nasáreas mais ricas: 65,6% dos indivíduos no grupo pretovivem nas Regiões Sudeste e Sul e apenas 28,5% noNordeste. Dessa forma, o perfil locacional do grupopreto está mais próximo daquele do grupo branco doque o do grupo pardo (Gráfico 13).

Examinando-se a composição por cor das grandesregiões brasileiras, os principais fatos parecem ser a elevadaparticipação dos brancos nas populações do Sul (com83,8% do total regional) e no Sudeste (64,9% do total,sendo que no Estado de São Paulo a participação relativados brancos passa dos três quartos da população) e a dospardos nas Regiões Norte e Nordeste, onde compreendi-am 69,5% e 65,4% dos totais destas regiões em 1997,respectivamente (Gráfico 14). No que diz respeito aogrupo preto, o fato mais notável parece ser sua forte

Vaqueiro no sertão do Canindé, CE.Acervo IBGE.

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1998. Rio de Janeiro: IBGE, v. 58, 1999.

Gráfico 13 - Distribuição regional dos grupos de cor - Brasil -1997

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Branca Preta Parda Outra

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Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

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participação na população do Rio de Janeiro, ondeatingem mais de 10% da população estadual, número querepresenta quase o dobro de sua participação na popula-ção brasileira total. De fato, só a população preta naRegião Metropolitana do Rio de Janeiro é maior do que apopulação deste grupo de cor em toda a área rural daRegião Nordeste e, diferente do que se popularmente crêa respeito, representa mais que o dobro daquela localizadanas três metrópoles nordestinas juntas.

Além disso, existemimportantes diferenças raciais noscomponentes da dinâmicademográfica, refletindo, pelomenos parcialmente, as diferençasna distribuição espacial esocioeconômica dos grupos decor. Dessa forma, no que dizrespeito à mortalidade infantil,estimativas feitas para 1980indicavam que, enquanto a taxa

para crianças brancas era de 77 óbitos de menores de 1ano para cada mil nascidos vivos, a taxa correspondentepara pardos era de 105 e para pretos de 102, o quesignifica que para a população não-branca (isto é, juntan-do-se pretos e pardos) o nível da mortalidade infantilnaquela data equivalia ao nível da mesma taxa para apopulação branca 20 anos antes 33.

Similarmente, pretos e pardos apresentam níveis demortalidade adulta significativamente maiores do quebrancos. Entre homens, a expectativa de vida ao nascer,que era da ordem de 41,6 anos entre pretos e pardos e de49,7 anos entre brancos no período de 1950-1955, atinge onível estimado em 64,1 para brancos e 57,7 para pretos epardos em 1975-1980. Para as mulheres, o quadro ésemelhante: de um nível inicial de cerca de 43,8 anos paranão-brancas e de 52,6 anos para brancas em 1950-1955, asestimativas para o período de 1975-1980 eram de 61 e 68anos, respectivamente34 . Observe-se que, apesar de osganhos terem sido um pouco mais acentuados entre não-brancos durante o período, permaneceram diferenças

33 Cf. TAMBURO (1987).34 Cf. WOOD (1991).

Mulher na porta de casa no interiorde Minas Gerais, 1984. Foto: Miguel

de Aun. Arquivo Público Mineiro.

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1998. Rio de Janeiro: IBGE, v. 58, 1999.

Gráfico 14 - Composição, por cor, das Grandes Regiões - Brasil - 1997

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Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Preta PardaBranca Outra

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sensíveis na sobrevida a favor dos brancos, vantagem queera da ordem de cerca de 6,4 anos entre os homens e desete anos entre as mulheres.

Algumas diferenças significativas também se deramna área da reprodução. Examinando-se a evolução da taxade fecundidade total - TFT - entre 1940 e 1980, observa-seque as mulheres pardas durante todo este período apresenta-ram os níveis reprodutivos mais elevados, com um valorestimado em 6,3 filhos por mulher em 1940, declinandopara 5,6 filhos ainda em 1980. O declínio da fecundidade,que apresenta um padrão de descenso comum a todos osgrupos de cor, afetou diferentemente o ritmoreprodutivo desses grupos. Em particular, a queda dafecundidade foi particularmente rápida entre mulheresbrancas, caindo de 6,1 filhos por mulher em 1960 paracerca de 3,6 filhos em 1980. Com isso, as mulherespretas, que tinham o menor nível reprodutivo até 1960,passam posteriormente a ter uma fecundidade superior àdas brancas, com um nível médio de 5,1 filhos pormulher em 1980 35.

Outras estimativas indicam que entre 1980 e 1984 aredução mais intensa deu-se entre mulheres pardas (umaqueda da ordem de 22%), resultando numa convergência nafecundidade entre pretas e pardas, com a TFT atingindo 4,3e 4,1 filhos entre pretas e pardas, respectivamente. Com isso,

tem-se reduzido também a diferença entre pardas ebrancas, caindo de cerca de dois filhos para 1,4 filho.36

No que diz respeito aos padrões de casamento,entendidos aqui de forma ampla, incluindo não só asuniões formais como também as consensuais, novamenteobservamos diferenças significativas ao longo do SéculoXX. O grupo preto tendeu a apresentar o padrão decasamento mais tardio, com idade média ao casar em 1980sendo estimada em 23,4 anos para mulheres pretas e em26,3 anos para homens pretos, enquanto o padrão maisprecoce é o do grupo pardo, com uma idade média aocasar de 22,5 anos para mulheres e de 25,4 anos parahomens. Nesse caso, naquela data o grupo branco apresen-tava um comportamento intermediário. As diferenças maissignificativas, no entanto, diziam respeito ao celibatodefinitivo (isto é, a proporção de pessoas que nuncachegam a casar): aqui o contraste entre brancos e pardosnaquela mesma data era relativamente modesto quandocotejado com os dados para o grupo preto. De fato,enquanto entre brancos e pardos o celibato masculino ficaentre 5,2% e 5,5%, entre pretos o percentual correspon-dente é de 7,8%. Mas, o que mais chamava a atenção era ocelibato entre mulheres pretas, atingindo o nível de 13,4%delas e contrastando com o nível de 7,7% a 8% entrebrancas e pardas37.

Deve-se mencionar ainda que, embora num nívelinferior ao observado em outras sociedades multirraciais(como os Estados Unidos e a África do Sul), na maior

35 Cf. BERCOVICH (1987).36 Cf. BERCOVICH (1991).37 Cf. BERQUÓ (1987).

Almoço em família, Piranhas, AL. Foto: José Caldas - BrazilPhotos.

Menino brinca de tocar viola. Bom Jesus da Lapa, BA, 1996.Foto José Caldas - BrazilPhotos.

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parte dos casamentos no Brasil os cônjuges eram domesmo grupo de cor. Essa endogamia, que variavainversamente com o tamanho do grupo, era maior entrebrancos do que entre pretos. Assim, em 1980, apenas58,6% dos homens pretos estavam casados com mulheresda mesma cor, ao passo que 67% das mulheres pretastinham cônjuges do mesmo grupo. Os valores entrebrancos é de 88,1% para homens e de 84,7% para asmulheres. Adicionalmente, nos casamentos exogâmicos,

era mais comum o caso em que o homem era maisescuro do que a mulher do que o inverso38.

Os censos brasileiros também têm tradicionalmenteincluído um quesito destinado a capturar a identificaçãoreligiosa da população brasileira39. Embora apresentandonotórias dificuldades com este quesito, dado o sincretismoe a possibilidade de identidade com a prática simultâneaem mais de uma denominação religiosa, é interessanteobservar as mudanças por que vêm passando nossa

população nesta área, especialmente nasdécadas finais do século (Gráfico 15). Umprimeiro aspecto a notar é que, tendo-semantido mais ou menos estável durante amaior parte do Século XX, a identificaçãocom a religião católica começa a declinarrapidamente durante as duas últimasdécadas. Com um nível que ainda selocalizava em cerca de 92% em 1970, aproporção de católicos declina para

38 Idem.39 Cf. Anuário Estatístico do Brasil 1998, Tabela 2.1, verCD-ROM da publicação Estatísticas do Século XX (2003).

Clientes no Banco Hipotecário e Agrícola, em Belo Horizonte, MG.Arquivo Público Mineiro.

Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1998. Rio de Janeiro: IBGE, v. 58, 1999.

Gráfico15 - Composição da população brasileira por religião - 1940/1991

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83% já em 1991. Em contrapartida, duas respostas aoquesito apresentam forte incremento: por um lado, aidentificação evangélica cresce significativamente, de umnível estimado em 2,6% em 1940 para cerca de 9,0% em1991, indicando o que provavelmente representa ummovimento de migração religiosa; por outro, em conformi-dade com uma crescente secularização da sociedade,normalmente associada ao processo de modernização,cresce extraordinariamente aqueles que se declaram semreligião e aqueles que simplesmente não respondem aoquesito. De fato, a proporção de brasileiros nesta últimacategoria cresce de apenas 0,5% em 1940 para 5,1% em1991, mais que decuplicando neste espaço de 50 anos.Estas tendências gerais provavelmente continuaram na

última década do século passado, ampliando ainda mais aheterogeneidade religiosa da população brasileira.

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