Estatuto da Criança e do Adolescente Prof. André Vieira · mento físico, mental, moral, espiritual e social, ... de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por

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  • Escrivo de Polcia

    Estatuto da Criana e do Adolescente

    Prof. Andr Vieira

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    Estatuto da Criana e do Adolescente

    Professor Andr Vieira

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    Edital 2017

    ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE: Lei n 8.069/90 e suas atualizaes.

    BANCA: Fundatec

    CARGO: Escrivo de Polcia

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    Estatuto da Criana e do Adolescente

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    LEI N 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990

    Dispe sobre o Estatuto da Criana e do Adoles-cente e d outras providncias.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA: Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    TTULO I

    Das Disposies Preliminares

    Art. 1 Esta Lei dispe sobre a proteo integral criana e ao adolescente.

    Art. 2 Considera-se criana, para os efeitos desta Lei, a pessoa at doze anos de idade in-completos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

    Pargrafo nico. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Esta-tuto s pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

    Art. 3 A criana e o adolescente gozam de to-dos os direitos fundamentais inerentes pessoa humana, sem prejuzo da proteo integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvi-mento fsico, mental, moral, espiritual e social, em condies de liberdade e de dignidade.

    Pargrafo nico. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianas e adolescentes, sem discriminao de nasci-mento, situao familiar, idade, sexo, raa, etnia ou cor, religio ou crena, deficin-cia, condio pessoal de desenvolvimento

    e aprendizagem, condio econmica, am-biente social, regio e local de moradia ou outra condio que diferencie as pessoas, as famlias ou a comunidade em que vivem.

    Art. 4 dever da famlia, da comunidade, da sociedade em geral e do poder pblico assegu-rar, com absoluta prioridade, a efetivao dos direitos referentes vida, sade, alimenta-o, educao, ao esporte, ao lazer, profis-sionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunit-ria.

    Pargrafo nico. A garantia de prioridade compreende:

    a) primazia de receber proteo e socorro em quaisquer circunstncias

    b) precedncia de atendimento nos servi-os pblicos ou de relevncia pblica

    c) preferncia na formulao e na execuo das polticas sociais pblicas

    d) destinao privilegiada de recursos pbli-cos nas reas relacionadas com a proteo infncia e juventude.

    Art. 5 Nenhuma criana ou adolescente ser objeto de qualquer forma de negligncia, dis-criminao, explorao, violncia, crueldade e opresso, punido na forma da lei qualquer aten-tado, por ao ou omisso, aos seus direitos fundamentais.

    Art. 6 Na interpretao desta Lei levar-se-o em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigncias do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condio peculiar da criana e do adolescente como pessoas em de-senvolvimento.

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    TTULO II

    Dos Direitos Fundamentais

    CAPTULO IDO DIREITO VIDA E SADE

    Art. 7 A criana e o adolescente tm direito a proteo vida e sade, mediante a efetiva-o de polticas sociais pblicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e har-monioso, em condies dignas de existncia.

    Art. 8 assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e s polticas de sade da mulher e de planejamento reprodutivo e, s gestantes, nutrio adequada, ateno humani-zada gravidez, ao parto e ao puerprio e aten-dimento pr-natal, perinatal e ps-natal integral no mbito do Sistema nico de Sade.

    1 O atendimento pr-natal ser realizado por profissionais da ateno primria.

    2 Os profissionais de sade de referncia da gestante garantiro sua vinculao, no ltimo trimestre da gestao, ao estabele-cimento em que ser realizado o parto, ga-rantido o direito de opo da mulher.

    3 Os servios de sade onde o parto for realizado asseguraro s mulheres e aos seus filhos recm-nascidos alta hospitalar responsvel e contrarreferncia na ateno primria, bem como o acesso a outros ser-vios e a grupos de apoio amamentao.

    4 Incumbe ao poder pblico proporcio-nar assistncia psicolgica gestante e me, no perodo pr e ps- natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as con-sequncias do estado puerperal.

    5 A assistncia referida no 4 deste ar-tigo dever ser prestada tambm a gestan-tes e mes que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoo, bem como

    a gestantes e mes que se encontrem em si-tuao de privao de liberdade.

    6 A gestante e a parturiente tm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferncia durante o perodo do pr- natal, do traba-lho de parto e do ps-parto imediato.

    7 A gestante dever receber orientao sobre aleitamento materno, alimentao complementar saudvel e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criao de vnculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criana.

    8 A gestante tem direito a acompanha-mento saudvel durante toda a gestao e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicao de cesariana e outras interven-es cirrgicas por motivos mdicos.

    9 A ateno primria sade far a bus-ca ativa da gestante que no iniciar ou que abandonar as consultas de pr-natal, bem como da purpera que no comparecer s consultas ps-parto.

    10. Incumbe ao poder pblico garantir, gestante e mulher com filho na primeira infncia que se encontrem sob custdia em unidade de privao de liberdade, ambin-cia que atenda s normas sanitrias e assis-tenciais do Sistema nico de Sade para o acolhimento do filho, em articulao com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criana.

    Art. 9 O poder pblico, as instituies e os em-pregadores propiciaro condies adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mes submetidas a medida privativa de liberda-de.

    1 Os profissionais das unidades primrias de sade desenvolvero aes sistemticas, individuais ou coletivas, visando ao plane-jamento, implementao e avaliao de aes de promoo, proteo e apoio ao aleitamento materno e alimentao com-plementar saudvel, de forma contnua.

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    2 Os servios de unidades de terapia in-tensiva neonatal devero dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano.

    Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de ateno sade de gestantes, pblicos e par-ticulares, so obrigados a:

    I manter registro das atividades desenvol-vidas, atravs de pronturios individuais, pelo prazo de dezoito anos

    II identificar o recm-nascido mediante o registro de sua impresso plantar e digital e da impresso digital da me, sem prejuzo de outras formas normatizadas pela autori-dade administrativa competente

    III proceder a exames visando ao diag-nstico e teraputica de anormalidades no metabolismo do recm-nascido, bem como prestar orientao aos pais

    IV fornecer declarao de nascimento onde constem necessariamente as intercor-rncias do parto e do desenvolvimento do neonato

    V manter alojamento conjunto, possibi-litando ao neonato a permanncia junto me.

    Art. 11. assegurado acesso integral s linhas de cuidado voltadas sade da criana e do adolescente, por intermdio do Sistema nico de Sade, observado o princpio da equidade no acesso a aes e servios para promoo, prote-o e recuperao da sade.

    1 A criana e o adolescente com deficin-cia sero atendidos, sem discriminao ou segregao, em suas necessidades gerais de sade e especficas de habilitao e reabili-tao.

    2 Incumbe ao poder pblico fornecer gratuitamente, queles que necessitarem, medicamentos, rteses, prteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamen-to, habilitao ou reabilitao para crianas e adolescentes, de acordo com as linhas de

    cuidado voltadas s suas necessidades es-pecficas.

    3 Os profissionais que atuam no cuidado dirio ou frequente de crianas na primei-ra infncia recebero formao especfica e permanente para a deteco de sinais de risco para o desenvolvimento psquico, bem como para o acompanhamento que se fizer necessrio.

    Art. 12. Os estabelecimentos de atendimen-to sade, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermedirios, devero proporcionar condies para a perma-nncia em tempo integral de um dos pais ou responsvel, nos casos de internao de criana ou adolescente.

    Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmao de castigo fsico, de tratamento cruel ou degradan-te e de maus- tratos contra criana ou adoles-cente sero obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuzo de outras providncias legais.

    1 As gestantes ou mes que manifestem interesse em entregar seus filhos para ado-o sero obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, Justia da Infncia e da Juventude.

    2 Os servios de sade em suas diferen-tes portas de entrada, os servios de assis-tncia social em seu componente especiali-zado, o Centro de Referncia Especializado de Assistncia Social (Creas) e os demais rgos do Sistema de Garantia de Direitos da Criana e do Adolescente devero confe-rir mxima prioridade ao atendimento das crianas na faixa etria da primeira infncia com suspeita ou confirmao de violncia de qualquer natureza, formulando projeto teraputico singular que inclua interveno em rede e, se necessrio, acompanhamento domiciliar.

    Art. 14. O Sistema nico de Sade promover programas de assistncia mdica e odontol-gica para a preveno das enfermidades que ordinariamente afetam a populao infantil,

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    e campanhas de educao sanitria para pais, educadores e alunos.

    1 obrigatria a vacinao das crianas nos casos recomendados pelas autoridades sanitrias.

    2 O Sistema nico de Sade promover a ateno sade bucal das crianas e das gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de cuida-do direcionadas mulher e criana.

    3 A ateno odontolgica criana ter funo educativa protetiva e ser prestada, inicialmente, antes de o beb nascer, por meio de aconselhamento pr-natal, e, pos-teriormente, no sexto e no dcimo segundo anos de vida, com orientaes sobre sade bucal.

    4 A criana com necessidade de cuidados odontolgicos especiais ser atendida pelo Sistema nico de Sade.

    CAPTULO IIDO DIREITO LIBERDADE, AO

    RESPEITO E DIGNIDADE

    Art. 15. A criana e o adolescente tm direito liberdade, ao respeito e dignidade como pes-soas humanas em processo de desenvolvimen-to e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituio e nas leis.

    Art. 16. O direito liberdade compreende os se-guintes aspectos:

    I ir, vir e estar nos logradouros pblicos e espaos comunitrios, ressalvadas as restri-es legais

    II opinio e expresso

    III crena e culto religioso

    IV brincar, praticar esportes e divertir-se

    V participar da vida familiar e comunit-ria, sem discriminao VI participar da vida poltica, na forma da lei

    VII buscar refgio, auxlio e orientao.

    Art. 17. O direito ao respeito consiste na invio-labilidade da integridade fsica, psquica e moral da criana e do adolescente, abrangendo a pre-servao da imagem, da identidade, da autono-mia, dos valores, idias e crenas, dos espaos e objetos pessoais.

    Art. 18. dever de todos velar pela dignidade da criana e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatrio ou constrangedor.

    Art. 18-A. A criana e o adolescente tm o di-reito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo fsico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correo, disci-plina, educao ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da famlia amplia-da, pelos responsveis, pelos agentes pblicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, trat-los, educ-los ou proteg-los.

    Pargrafo nico. Para os fins desta Lei, con-sidera-se:

    I castigo fsico: ao de natureza discipli-nar ou punitiva aplicada com o uso da fora fsica sobre a criana ou o adolescente que resulte em:

    a) sofrimento fsico ou

    b) leso

    II tratamento cruel ou degradante: condu-ta ou forma cruel de tratamento em relao criana ou ao adolescente que:

    a) humilhe ou

    b) ameace gravemente ou

    c) ridicularize.

    Art. 18-B. Os pais, os integrantes da famlia ampliada, os responsveis, os agentes pbli-

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    cos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianas e de adolescentes, trat-los, educ-los ou proteg-los que utilizarem castigo fsico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correo, disciplina, educao ou qualquer outro pretexto estaro sujeitos, sem prejuzo de outras sanes cabveis, s seguintes medidas, que sero aplicadas de acordo com a gravidade do caso:

    I encaminhamento a programa oficial ou comunitrio de proteo famlia

    II encaminhamento a tratamento psicol-gico ou psiquitrico

    III encaminhamento a cursos ou progra-mas de orientao

    IV obrigao de encaminhar a criana a tratamento especializado

    V advertncia.

    Pargrafo nico. As medidas previstas neste artigo sero aplicadas pelo Conselho Tute-lar, sem prejuzo de outras providncias le-gais.

    CAPTULO IIIDO DIREITO CONVIVNCIA FAMILIAR E COMUNITRIA

    Seo IDISPOSIES GERAIS

    Art. 19. direito da criana e do adolescente ser criado e educado no seio de sua famlia e, excepcionalmente, em famlia substituta, asse-gurada a convivncia familiar e comunitria, em ambiente que garanta seu desenvolvimento in-tegral.

    1 Toda criana ou adolescente que esti-ver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional ter sua situao reavaliada, no mximo, a cada 6 (seis) me-ses, devendo a autoridade judiciria compe-

    tente, com base em relatrio elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possi-bilidade de reintegrao familiar ou coloca-o em famlia substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei.

    2 A permanncia da criana e do ado-lescente em programa de acolhimento ins-titucional no se prolongar por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, de-vidamente fundamentada pela autoridade judiciria.

    3 A manuteno ou a reintegrao de criana ou adolescente sua famlia ter preferncia em relao a qualquer outra providncia, caso em que ser esta includa em servios e programas de proteo, apoio e promoo, nos termos do 1 do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei.

    4 Ser garantida a convivncia da criana e do adolescente com a me ou o pai priva-do de liberdade, por meio de visitas peridi-cas promovidas pelo responsvel ou, nas hi-pteses de acolhimento institucional, pela entidade responsvel, independentemente de autorizao judicial.

    Art. 20. Os filhos, havidos ou no da relao do casamento, ou por adoo, tero os mesmos direitos e qualificaes, proibidas quaisquer de-signaes discriminatrias relativas filiao.

    Art. 21. O poder familiar ser exercido, em igualdade de condies, pelo pai e pela me, na forma do que dispuser a legislao civil, assegu-rado a qualquer deles o direito de, em caso de discordncia, recorrer autoridade judiciria competente para a soluo da divergncia.

    Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educao dos filhos menores, caben-do-lhes ainda, no interesse destes, a obrigao de cumprir e fazer cumprir as determinaes ju-diciais.

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    Pargrafo nico. A me e o pai, ou os res-ponsveis, tm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cui-dado e na educao da criana, devendo ser resguardado o direito de transmisso fami-liar de suas crenas e culturas, assegurados os direitos da criana estabelecidos nesta Lei.

    Art. 23. A falta ou a carncia de recursos mate-riais no constitui motivo suficiente para a per-da ou a suspenso do poder familiar.

    1 No existindo outro motivo que por si s autorize a decretao da medida, a crian-a ou o adolescente ser mantido em sua famlia de origem, a qual dever obrigato-riamente ser includa em servios e progra-mas oficiais de proteo, apoio e promoo.

    2 A condenao criminal do pai ou da me no implicar a destituio do poder familiar, exceto na hiptese de condenao por crime doloso, sujeito pena de reclu-so, contra o prprio filho ou filha.

    Art. 24. A perda e a suspenso do ptrio poder poder familiar sero decretadas judicialmente, em procedimento contraditrio, nos casos pre-vistos na legislao civil, bem como na hiptese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigaes a que alude o art. 22.

    Seo IIDA FAMLIA NATURAL

    Art. 25. Entende-se por famlia natural a comu-nidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

    Pargrafo nico. Entende-se por famlia extensa ou ampliada aquela que se esten-de para alm da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes prximos com os quais a criana ou adoles-cente convive e mantm vnculos de afini-dade e afetividade.

    Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento po-dero ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no prprio termo de nascimen-

    to, por testamento, mediante escritura ou outro documento pblico, qualquer que seja a origem da filiao.

    Pargrafo nico. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder--lhe ao falecimento, se deixar descenden-tes.

    Art. 27. O reconhecimento do estado de filiao direito personalssimo, indisponvel e impres-critvel, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrio, ob-servado o segredo de Justia.

    Seo IIIDA FAMLIA SUBSTITUTA

    Subseo I DISPOSIES GERAIS

    Art. 28. A colocao em famlia substituta far--se- mediante guarda, tutela ou adoo, inde-pendentemente da situao jurdica da criana ou adolescente, nos termos desta Lei.

    1 Sempre que possvel, a criana ou o adolescente ser previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu es-tgio de desenvolvimento e grau de com-preenso sobre as implicaes da medida, e ter sua opinio devidamente considerada.

    2 Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, ser necessrio seu consentimen-to, colhido em audincia.

    3 Na apreciao do pedido levar-se- em conta o grau de parentesco e a relao de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequncias decorrentes da medida.

    4 Os grupos de irmos sero colocados sob adoo, tutela ou guarda da mesma fa-mlia substituta, ressalvada a comprovada existncia de risco de abuso ou outra situ-ao que justifique plenamente a excepcio-nalidade de soluo diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento de-finitivo dos vnculos fraternais.

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    5 A colocao da criana ou adolescente em famlia substituta ser precedida de sua preparao gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interpro-fissional a servio da Justia da Infncia e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos tcnicos responsveis pela execuo da poltica municipal de garantia do direito convivncia familiar.

    6 Em se tratando de criana ou adoles-cente indgena ou proveniente de comuni-dade remanescente de quilombo, ainda obrigatrio:

    I que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus cos-tumes e tradies, bem como suas institui-es, desde que no sejam incompatveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituio Federal

    II que a colocao familiar ocorra priori-tariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia

    III a interveno e oitiva de representan-tes do rgo federal responsvel pela pol-tica indigenista, no caso de crianas e ado-lescentes indgenas, e de antroplogos, perante a equipe interprofissional ou multi-disciplinar que ir acompanhar o caso.

    Art. 29. No se deferir colocao em famlia substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou no oferea ambiente familiar ade-quado.

    Art. 30. A colocao em famlia substituta no admitir transferncia da criana ou adolescen-te a terceiros ou a entidades governamentais ou no-governamentais, sem autorizao judicial.

    Art. 31. A colocao em famlia substituta es-trangeira constitui medida excepcional, somen-te admissvel na modalidade de adoo.

    Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o res-ponsvel prestar compromisso de bem e fiel-mente desempenhar o encargo, mediante ter-mo nos autos.

    Subseo II DA GUARDA

    Art. 33. A guarda obriga a prestao de assistn-cia material, moral e educacional criana ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

    1 A guarda destina-se a regularizar a pos-se de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tu-tela e adoo, exceto no de adoo por es-trangeiros.

    2 Excepcionalmente, deferir-se- a guar-da, fora dos casos de tutela e adoo, para atender a situaes peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsvel, po-dendo ser deferido o direito de representa-o para a prtica de atos determinados.

    3 A guarda confere criana ou adoles-cente a condio de dependente, para to-dos os fins e efeitos de direito, inclusive pre-videncirios.

    4 Salvo expressa e fundamentada deter-minao em contrrio, da autoridade judi-ciria competente, ou quando a medida for aplicada em preparao para adoo, o de-ferimento da guarda de criana ou adoles-cente a terceiros no impede o exerccio do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que sero obje-to de regulamentao especfica, a pedido do interessado ou do Ministrio Pblico.

    Art. 34. O poder pblico estimular, por meio de assistncia jurdica, incentivos fiscais e sub-sdios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criana ou adolescente afastado do convvio familiar.

    1 A incluso da criana ou adolescente em programas de acolhimento familiar ter preferncia a seu acolhimento institucio-nal, observado, em qualquer caso, o carter temporrio e excepcional da medida, nos termos desta Lei.

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    2 Na hiptese do 1 deste artigo a pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar poder receber a criana ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts. 28 a 33 des-ta Lei.

    3 A Unio apoiar a implementao de servios de acolhimento em famlia acolhe-dora como poltica pblica, os quais devero dispor de equipe que organize o acolhimen-to temporrio de crianas e de adolescen-tes em residncias de famlias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que no este-jam no cadastro de adoo.

    4 Podero ser utilizados recursos fede-rais, estaduais, distritais e municipais para a manuteno dos servios de acolhimen-to em famlia acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a prpria famlia acolhedora.

    Art. 35. A guarda poder ser revogada a qual-quer tempo, mediante ato judicial fundamenta-do, ouvido o Ministrio Pblico.

    Subseo III DA TUTELA

    Art. 36. A tutela ser deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de at 18 (dezoito) anos incom-pletos.

    Pargrafo nico. O deferimento da tutela pressupe a prvia decretao da perda ou suspenso do ptrio poder poder familiar e implica necessariamente o dever de guarda.

    Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autntico, conforme pre-visto no pargrafo nico do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Cdigo Civil, dever, no prazo de 30 (trinta) dias aps a aber-tura da sucesso, ingressar com pedido desti-nado ao controle judicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei.

    Pargrafo nico. Na apreciao do pedido, sero observados os requisitos previstos

    nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutela pessoa indicada na dis-posio de ltima vontade, se restar com-provado que a medida vantajosa ao tu-telando e que no existe outra pessoa em melhores condies de assumi-la.

    Art. 38. Aplica-se destituio da tutela o dis-posto no art. 24.

    Subseo IV DA ADOO

    Art. 39. A adoo de criana e de adolescente reger-se- segundo o disposto nesta Lei.

    1 A adoo medida excepcional e ir-revogvel, qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manu-teno da criana ou adolescente na famlia natural ou extensa, na forma do pargrafo nico do art. 25 desta Lei.

    2 vedada a adoo por procurao.

    Art. 40. O adotando deve contar com, no mxi-mo, dezoito anos data do pedido, salvo se j estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.

    Art. 41. A adoo atribui a condio de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, in-clusive sucessrios, desligando-o de qualquer vnculo com pais e parentes, salvo os impedi-mentos matrimoniais.

    1 Se um dos cnjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantm-se os vncu-los de filiao entre o adotado e o cnjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.

    2 recproco o direito sucessrio entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colate-rais at o 4 grau, observada a ordem de vo-cao hereditria.

    Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoi-to) anos, independentemente do estado civil.

    1 No podem adotar os ascendentes e os irmos do adotando.

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    2 Para adoo conjunta, indispensvel que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham unio estvel, comprovada a estabilidade da famlia.

    3 O adotante h de ser, pelo menos, de-zesseis anos mais velho do que o adotando.

    4 Os divorciados, os judicialmente sepa-rados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem so-bre a guarda e o regime de visitas e desde que o estgio de convivncia tenha sido iniciado na constncia do perodo de convi-vncia e que seja comprovada a existncia de vnculos de afinidade e afetividade com aquele no detentor da guarda, que justifi-quem a excepcionalidade da concesso.

    5 Nos casos do 4 deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefcio ao ado-tando, ser assegurada a guarda comparti-lhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 C-digo Civil.

    6 A adoo poder ser deferida ao ado-tante que, aps inequvoca manifestao de vontade, vier a falecer no curso do procedi-mento, antes de prolatada a sentena.

    Art. 43. A adoo ser deferida quando apre-sentar reais vantagens para o adotando e fun-dar-se em motivos legtimos.

    Art. 44. Enquanto no der conta de sua adminis-trao e saldar o seu alcance, no pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.

    Art. 45. A adoo depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando.

    1. O consentimento ser dispensado em relao criana ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido desti-tudos do poder familiar.

    2. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, ser tambm necess-rio o seu consentimento.

    Art. 46. A adoo ser precedida de estgio de convivncia com a criana ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciria fixar, observa-das as peculiaridades do caso.

    1 O estgio de convivncia poder ser dispensado se o adotando j estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possvel ava-liar a convenincia da constituio do vncu-lo.

    2 A simples guarda de fato no autoriza, por si s, a dispensa da realizao do est-gio de convivncia.

    3 Em caso de adoo por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do Pas, o es-tgio de convivncia, cumprido no territ-rio nacional, ser de, no mnimo, 30 (trinta) dias.

    4 O estgio de convivncia ser acompa-nhado pela equipe interprofissional a ser-vio da Justia da Infncia e da Juventude, preferencialmente com apoio dos tcnicos responsveis pela execuo da poltica de garantia do direito convivncia familiar, que apresentaro relatrio minucioso acer-ca da convenincia do deferimento da me-dida.

    Art. 47. O vnculo da adoo constitui-se por sentena judicial, que ser inscrita no registro civil mediante mandado do qual no se forne-cer certido.

    1 A inscrio consignar o nome dos ado-tantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.

    2 O mandado judicial, que ser arquiva-do, cancelar o registro original do adotado.

    3 A pedido do adotante, o novo registro poder ser lavrado no Cartrio do Registro Civil do Municpio de sua residncia.

    4 Nenhuma observao sobre a origem do ato poder constar nas certides do re-gistro.

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    5 A sentena conferir ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poder determinar a modificao do prenome.

    6 Caso a modificao de prenome seja requerida pelo adotante, obrigatria a oi-tiva do adotando, observado o disposto nos 1 e 2 do art. 28 desta Lei.

    7 A adoo produz seus efeitos a partir do trnsito em julgado da sentena consti-tutiva, exceto na hiptese prevista no 6 do art. 42 desta Lei, caso em que ter fora retroativa data do bito.

    8 O processo relativo adoo assim como outros a ele relacionados sero man-tidos em arquivo, admitindo-se seu arma-zenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservao para consulta a qualquer tempo.

    9 Tero prioridade de tramitao os pro-cessos de adoo em que o adotando for criana ou adolescente com deficincia ou com doena crnica.

    Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biolgica, bem como de obter acesso ir-restrito ao processo no qual a medida foi aplica-da e seus eventuais incidentes, aps completar 18 (dezoito) anos.

    Pargrafo nico. O acesso ao processo de adoo poder ser tambm deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientao e assistncia jurdica e psicolgica.

    Art. 49. A morte dos adotantes no restabelece o poder familiar dos pais naturais.

    Art. 50. A autoridade judiciria manter, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianas e adolescentes em condies de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoo.

    1 O deferimento da inscrio dar-se- aps prvia consulta aos rgos tcnicos do juizado, ouvido o Ministrio Pblico.

    2 No ser deferida a inscrio se o in-teressado no satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipteses previs-tas no art. 29.

    3 A inscrio de postulantes adoo ser precedida de um perodo de prepara-o psicossocial e jurdica, orientado pela equipe tcnica da Justia da Infncia e da Juventude, preferencialmente com apoio dos tcnicos responsveis pela execuo da poltica municipal de garantia do direito convivncia familiar.

    4 Sempre que possvel e recomendvel, a preparao referida no 3 deste artigo incluir o contato com crianas e adolescen-tes em acolhimento familiar ou institucional em condies de serem adotados, a ser rea-lizado sob a orientao, superviso e avalia-o da equipe tcnica da Justia da Infncia e da Juventude, com apoio dos tcnicos res-ponsveis pelo programa de acolhimento e pela execuo da poltica municipal de ga-rantia do direito convivncia familiar.

    5 Sero criados e implementados cadas-tros estaduais e nacional de crianas e ado-lescentes em condies de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados adoo.

    6 Haver cadastros distintos para pes-soas ou casais residentes fora do Pas, que somente sero consultados na inexistncia de postulantes nacionais habilitados nos ca-dastros mencionados no 5 deste artigo.

    7 As autoridades estaduais e federais em matria de adoo tero acesso integral aos cadastros, incumbindo- lhes a troca de in-formaes e a cooperao mtua, para me-lhoria do sistema.

    8 A autoridade judiciria providencia-r, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrio das crianas e adolescentes em condies de serem adotados que no ti-veram colocao familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tive-ram deferida sua habilitao adoo nos cadastros estadual e nacional referidos no

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    5 deste artigo, sob pena de responsabilida-de.

    9 Compete Autoridade Central Estadual zelar pela manuteno e correta alimenta-o dos cadastros, com posterior comunica-o Autoridade Central Federal Brasileira.

    10. A adoo internacional somente ser deferida se, aps consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados adoo, mantido pela Justia da Infncia e da Juven-tude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referidos no 5 deste artigo, no for encontrado interessado com residncia permanente no Brasil.

    11. Enquanto no localizada pessoa ou casal interessado em sua adoo, a criana ou o adolescente, sempre que possvel e re-comendvel, ser colocado sob guarda de famlia cadastrada em programa de acolhi-mento familiar.

    12. A alimentao do cadastro e a convo-cao criteriosa dos postulantes adoo sero fiscalizadas pelo Ministrio Pblico.

    13. Somente poder ser deferida adoo em favor de candidato domiciliado no Bra-sil no cadastrado previamente nos termos desta Lei quando:

    I se tratar de pedido de adoo unilateral

    II for formulada por parente com o qual a criana ou adolescente mantenha vnculos de afinidade e afetividade

    III oriundo o pedido de quem detm a tutela ou guarda legal de criana maior de 3 (trs) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivncia comprove a fixao de laos de afinidade e afetividade, e no seja constatada a ocorrncia de m--f ou qualquer das situaes previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.

    14. Nas hipteses previstas no 13 des-te artigo, o candidato dever comprovar, no curso do procedimento, que preenche os

    requisitos necessrios adoo, conforme previsto nesta Lei.

    Art. 51. Considera-se adoo internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante residente ou domiciliado fora do Brasil, confor-me previsto no Artigo 2 da Conveno de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa Proteo das Crianas e Cooperao em Matria de Adoo Internacional, aprovada pelo Decreto Legislati-vo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999.

    1 A adoo internacional de criana ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente ter lugar quando restar comprovado:

    I que a colocao em famlia substituta a soluo adequada ao caso concreto

    II que foram esgotadas todas as possibi-lidades de colocao da criana ou adoles-cente em famlia substituta brasileira, aps consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei

    III que, em se tratando de adoo de ado-lescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estgio de desenvolvi-mento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o dis-posto nos 1 e 2 do art. 28 desta Lei.

    2 Os brasileiros residentes no exterior te-ro preferncia aos estrangeiros, nos casos de adoo internacional de criana ou ado-lescente brasileiro.

    3 A adoo internacional pressupe a interveno das Autoridades Centrais Esta-duais e Federal em matria de adoo inter-nacional.

    Art. 52. A adoo internacional observar o pro-cedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptaes:

    I a pessoa ou casal estrangeiro, interessa-do em adotar criana ou adolescente brasi-leiro, dever formular pedido de habilitao

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    adoo perante a Autoridade Central em matria de adoo internacional no pas de acolhida, assim entendido aquele onde est situada sua residncia habitual

    II se a Autoridade Central do pas de aco-lhida considerar que os solicitantes esto habilitados e aptos para adotar, emitir um relatrio que contenha informaes sobre a identidade, a capacidade jurdica e ade-quao dos solicitantes para adotar, sua si-tuao pessoal, familiar e mdica, seu meio social, os motivos que os animam e sua ap-tido para assumir uma adoo internacio-nal

    III a Autoridade Central do pas de acolhi-da enviar o relatrio Autoridade Central Estadual, com cpia para a Autoridade Cen-tral Federal Brasileira

    IV o relatrio ser instrudo com toda a documentao necessria, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interpro-fissional habilitada e cpia autenticada da legislao pertinente, acompanhada da res-pectiva prova de vigncia

    V os documentos em lngua estrangeira sero devidamente autenticados pela au-toridade consular, observados os tratados e convenes internacionais, e acompanha-dos da respectiva traduo, por tradutor pblico juramentado

    VI a Autoridade Central Estadual poder fazer exigncias e solicitar complementao sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro adoo, j realizado no pas de acolhida

    VII verificada, aps estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compatibili-dade da legislao estrangeira com a nacio-nal, alm do preenchimento por parte dos postulantes medida dos requisitos obje-tivos e subjetivos necessrios ao seu defe-rimento, tanto luz do que dispe esta Lei como da legislao do pas de acolhida, ser expedido laudo de habilitao adoo in-

    ternacional, que ter validade por, no mxi-mo, 1 (um) ano

    VIII de posse do laudo de habilitao, o in-teressado ser autorizado a formalizar pedi-do de adoo perante o Juzo da Infncia e da Juventude do local em que se encontra a criana ou adolescente, conforme indicao efetuada pela Autoridade Central Estadual.

    1 Se a legislao do pas de acolhida as-sim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitao adoo internacional sejam intermediados por organismos credencia-dos.

    2 Incumbe Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitao ado-o internacional, com posterior comuni-cao s Autoridades Centrais Estaduais e publicao nos rgos oficiais de imprensa e em stio prprio da internet.

    3 Somente ser admissvel o credencia-mento de organismos que:

    I sejam oriundos de pases que ratificaram a Conveno de Haia e estejam devidamen-te credenciados pela Autoridade Central do pas onde estiverem sediados e no pas de acolhida do adotando para atuar em ado-o internacional no Brasil

    II satisfizerem as condies de integridade moral, competncia profissional, experin-cia e responsabilidade exigidas pelos pases respectivos e pela Autoridade Central Fede-ral Brasileira

    III forem qualificados por seus padres ticos e sua formao e experincia para atuar na rea de adoo internacional

    IV cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurdico brasileiro e pelas nor-mas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira.

    4 Os organismos credenciados devero ainda:

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    I perseguir unicamente fins no lucrati-vos, nas condies e dentro dos limites fi-xados pelas autoridades competentes do pas onde estiverem sediados, do pas de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira

    II ser dirigidos e administrados por pesso-as qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formao ou expe-rincia para atuar na rea de adoo inter-nacional, cadastradas pelo Departamento de Polcia Federal e aprovadas pela Auto-ridade Central Federal Brasileira, median-te publicao de portaria do rgo federal competente

    III estar submetidos superviso das au-toridades competentes do pas onde es-tiverem sediados e no pas de acolhida, inclusive quanto sua composio, funcio-namento e situao financeira

    IV apresentar Autoridade Central Fede-ral Brasileira, a cada ano, relatrio geral das atividades desenvolvidas, bem como relat-rio de acompanhamento das adoes inter-nacionais efetuadas no perodo, cuja cpia ser encaminhada ao Departamento de Po-lcia Federal

    V enviar relatrio ps-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cpia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo perodo mnimo de 2 (dois) anos. O envio do relatrio ser mantido at a juntada de cpia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do pas de acolhida para o adotado

    VI tomar as medidas necessrias para ga-rantir que os adotantes encaminhem Au-toridade Central Federal Brasileira cpia da certido de registro de nascimento estran-geira e do certificado de nacionalidade to logo lhes sejam concedidos.

    5 A no apresentao dos relatrios re-feridos no 4 deste artigo pelo organismo credenciado poder acarretar a suspenso de seu credenciamento.

    6 O credenciamento de organismo nacio-nal ou estrangeiro encarregado de interme-diar pedidos de adoo internacional ter validade de 2 (dois) anos.

    7 A renovao do credenciamento pode-r ser concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao trmino do respectivo prazo de validade.

    8 Antes de transitada em julgado a de-ciso que concedeu a adoo internacional, no ser permitida a sada do adotando do territrio nacional.

    9 Transitada em julgado a deciso, a au-toridade judiciria determinar a expedio de alvar com autorizao de viagem, bem como para obteno de passaporte, cons-tando, obrigatoriamente, as caractersticas da criana ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traos peculiares, assim como foto recente e a aposio da impresso digital do seu po-legar direito, instruindo o documento com cpia autenticada da deciso e certido de trnsito em julgado.

    10. A Autoridade Central Federal Brasilei-ra poder, a qualquer momento, solicitar informaes sobre a situao das crianas e adolescentes adotados

    11. A cobrana de valores por parte dos organismos credenciados, que sejam con-siderados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que no estejam devi-damente comprovados, causa de seu des-credenciamento.

    12. Uma mesma pessoa ou seu cnjuge no podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperao em adoo internacional.

    13. A habilitao de postulante estrangei-ro ou domiciliado fora do Brasil ter valida-de mxima de 1 (um) ano, podendo ser re-novada.

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    14. vedado o contato direto de repre-sentantes de organismos de adoo, na-cionais ou estrangeiros, com dirigentes de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianas e adoles-centes em condies de serem adotados, sem a devida autorizao judicial.

    15. A Autoridade Central Federal Brasilei-ra poder limitar ou suspender a concesso de novos credenciamentos sempre que jul-gar necessrio, mediante ato administrativo fundamentado.

    Art. 52-A. vedado, sob pena de responsabili-dade e descredenciamento, o repasse de recur-sos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de ado-o internacional a organismos nacionais ou a pessoas fsicas.

    Pargrafo nico. Eventuais repasses somen-te podero ser efetuados via Fundo dos Di-reitos da Criana e do Adolescente e esta-ro sujeitos s deliberaes do respectivo Conselho de Direitos da Criana e do Ado-lescente.

    Art. 52-B. A adoo por brasileiro residente no exterior em pas ratificante da Conveno de Haia, cujo processo de adoo tenha sido processado em conformidade com a legisla-o vigente no pas de residncia e atendido o disposto na Alnea c do Artigo 17 da referida Conveno, ser automaticamente recepciona-da com o reingresso no Brasil.

    1 Caso no tenha sido atendido o dispos-to na Alnea c do Artigo 17 da Conveno de Haia, dever a sentena ser homologada pelo Superior Tribunal de Justia.

    2 O pretendente brasileiro residente no exterior em pas no ratificante da Conven-o de Haia, uma vez reingressado no Brasil, dever requerer a homologao da senten-a estrangeira pelo Superior Tribunal de Jus-tia.

    Art. 52-C. Nas adoes internacionais, quando o Brasil for o pas de acolhida, a deciso da auto-

    ridade competente do pas de origem da crian-a ou do adolescente ser conhecida pela Au-toridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitao dos pais adotivos, que comunicar o fato Autoridade Central Federal e determinar as providncias necessrias ex-pedio do Certificado de Naturalizao Provi-srio.

    1 A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministrio Pblico, somente deixar de re-conhecer os efeitos daquela deciso se res-tar demonstrado que a adoo manifes-tamente contrria ordem pblica ou no atende ao interesse superior da criana ou do adolescente.

    2 Na hiptese de no reconhecimento da adoo, prevista no 1 deste artigo, o Mi-nistrio Pblico dever imediatamente re-querer o que for de direito para resguardar os interesses da criana ou do adolescente, comunicando-se as providncias Autori-dade Central Estadual, que far a comunica-o Autoridade Central Federal Brasileira e Autoridade Central do pas de origem.

    Art. 52-D. Nas adoes internacionais, quando o Brasil for o pas de acolhida e a adoo no tenha sido deferida no pas de origem porque a sua legislao a delega ao pas de acolhida, ou, ainda, na hiptese de, mesmo com deciso, a criana ou o adolescente ser oriundo de pas que no tenha aderido Conveno referida, o processo de adoo seguir as regras da adoo nacional.

    CAPTULO IVDO DIREITO EDUCAO,

    CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER

    Art. 53. A criana e o adolescente tm direito educao, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exerccio da cida-dania e qualificao para o trabalho, asseguran-do-se-lhes:

    I igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola

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    II direito de ser respeitado por seus edu-cadores

    III direito de contestar critrios avaliati-vos, podendo recorrer s instncias escola-res superiores

    IV direito de organizao e participao em entidades estudantis

    V acesso escola pblica e gratuita prxi-ma de sua residncia.

    Pargrafo nico. direito dos pais ou res-ponsveis ter cincia do processo pedag-gico, bem como participar da definio das propostas educacionais.

    Art. 54. dever do Estado assegurar criana e ao adolescente:

    I ensino fundamental, obrigatrio e gra-tuito, inclusive para os que a ele no tive-ram acesso na idade prpria

    II progressiva extenso da obrigatorieda-de e gratuidade ao ensino mdio

    III atendimento educacional especializado aos portadores de deficincia, preferencial-mente na rede regular de ensino

    IV atendimento em creche e pr-escola s crianas de zero a cinco anos de idade

    V acesso aos nveis mais elevados do en-sino, da pesquisa e da criao artstica, se-gundo a capacidade de cada um

    VI oferta de ensino noturno regular, ade-quado s condies do adolescente traba-lhador

    VII atendimento no ensino fundamental, atravs de programas suplementares de material didtico-escolar, transporte, ali-mentao e assistncia sade.

    1 O acesso ao ensino obrigatrio e gra-tuito direito pblico subjetivo.

    2 O no oferecimento do ensino obriga-trio pelo poder pblico ou sua oferta irre-gular importa responsabilidade da autori-dade competente.

    3 Compete ao poder pblico recensear os educandos no ensino fundamental, fa-zer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsvel, pela freqncia escola.

    Art. 55. Os pais ou responsvel tm a obrigao de matricular seus filhos ou pupilos na rede re-gular de ensino. Art. 56. Os dirigentes de esta-belecimentos de ensino fundamental comuni-caro ao Conselho Tutelar os casos de:

    I maus-tratos envolvendo seus alunos

    II reiterao de faltas injustificadas e de evaso escolar, esgotados os recursos esco-lares

    III elevados nveis de repetncia.

    Art. 57. O poder pblico estimular pesquisas, experincias e novas propostas relativas a calen-drio, seriao, currculo, metodologia, didtica e avaliao, com vistas insero de crianas e adolescentes excludos do ensino fundamental obrigatrio.

    Art. 58. No processo educacional respeitar-se--o os valores culturais, artsticos e histricos prprios do contexto social da criana e do ado-lescente, garantindo-se a estes a liberdade da criao e o acesso s fontes de cultura.

    Art. 59. Os municpios, com apoio dos estados e da Unio, estimularo e facilitaro a destinao de recursos e espaos para programaes cultu-rais, esportivas e de lazer voltadas para a infn-cia e a juventude.

    CAPTULO VDO DIREITO PROFISSIONALIZAO

    E PROTEO NO TRABALHO

    Art. 60. proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condio de aprendiz.

    Art. 61. A proteo ao trabalho dos adolescen-tes regulada por legislao especial, sem pre-juzo do disposto nesta Lei.

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    Art. 62. Considera-se aprendizagem a formao tcnico-profissional ministrada segundo as di-retrizes e bases da legislao de educao em vigor.

    Art. 63. A formao tcnico-profissional obede-cer aos seguintes princpios:

    I garantia de acesso e freqncia obrigat-ria ao ensino regular

    II atividade compatvel com o desenvolvi-mento do adolescente III horrio especial para o exerccio das atividades.

    Art. 64. Ao adolescente at quatorze anos de idade assegurada bolsa de aprendizagem.

    Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de qua-torze anos, so assegurados os direitos traba-lhistas e previdencirios.

    Art. 66. Ao adolescente portador de deficincia assegurado trabalho protegido.

    Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola tcnica, assistido em entidade governamental ou no-governamental, vedado trabalho:

    I noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia se-guinte

    II perigoso, insalubre ou penoso

    III realizado em locais prejudiciais sua formao e ao seu desenvolvimento fsico, psquico, moral e social

    IV realizado em horrios e locais que no permitam a freqncia escola.

    Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou no-governamental sem fins lucrativos, dever assegurar ao adoles-cente que dele participe condies de capacita-o para o exerccio de atividade regular remu-nerada.

    1 Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigncias pe-

    daggicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.

    2 A remunerao que o adolescente re-cebe pelo trabalho efetuado ou a participa-o na venda dos produtos de seu trabalho no desfigura o carter educativo.

    Art. 69. O adolescente tem direito profissiona-lizao e proteo no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:

    I respeito condio peculiar de pessoa em desenvolvimento

    II capacitao profissional adequada ao mercado de trabalho.

    TTULO III

    Da Preveno

    CAPTULO I DISPOSIES GERAIS

    Art. 70. dever de todos prevenir a ocorrncia de ameaa ou violao dos direitos da criana e do adolescente.

    Art. 70-A. A Unio, os Estados, o Distrito Fede-ral e os Municpios devero atuar de forma arti-culada na elaborao de polticas pblicas e na execuo de aes destinadas a coibir o uso de castigo fsico ou de tratamento cruel ou degra-dante e difundir formas no violentas de educa-o de crianas e de adolescentes, tendo como principais aes:

    I a promoo de campanhas educativas permanentes para a divulgao do direito da criana e do adolescente de serem edu-cados e cuidados sem o uso de castigo fsico ou de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de proteo aos direitos hu-manos

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    II a integrao com os rgos do Poder Judicirio, do Ministrio Pblico e da De-fensoria Pblica, com o Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criana e do Adolescente e com as entidades no go-vernamentais que atuam na promoo, pro-teo e defesa dos direitos da criana e do adolescente

    III a formao continuada e a capacitao dos profissionais de sade, educao e as-sistncia social e dos demais agentes que atuam na promoo, proteo e defesa dos direitos da criana e do adolescente para o desenvolvimento das competncias neces-srias preveno, identificao de evi-dncias, ao diagnstico e ao enfrentamen-to de todas as formas de violncia contra a criana e o adolescente

    IV o apoio e o incentivo s prticas de re-soluo pacfica de conflitos que envolvam violncia contra a criana e o adolescente

    V a incluso, nas polticas pblicas, de aes que visem a garantir os direitos da criana e do adolescente, desde a ateno pr-natal, e de atividades junto aos pais e responsveis com o objetivo de promover a informao, a reflexo, o debate e a orien-tao sobre alternativas ao uso de castigo fsico ou de tratamento cruel ou degradante no processo educativo

    VI a promoo de espaos intersetoriais locais para a articulao de aes e a elabo-rao de planos de atuao conjunta foca-dos nas famlias em situao de violncia, com participao de profissionais de sade, de assistncia social e de educao e de r-gos de promoo, proteo e defesa dos direitos da criana e do adolescente.

    Pargrafo nico. As famlias com crianas e adolescentes com deficincia tero priori-dade de atendimento nas aes e polticas pblicas de preveno e proteo.

    Art. 70-B. As entidades, pblicas e privadas, que atuem nas reas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em seus quadros,

    com pessoas capacitadas a reconhecer e comu-nicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados contra crianas e ado-lescentes.

    Pargrafo nico. So igualmente respon-sveis pela comunicao de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razo de cargo, funo, ofcio, ministrio, profis-so ou ocupao, do cuidado, assistncia ou guarda de crianas e adolescentes, punvel, na forma deste Estatuto, o injustificado re-tardamento ou omisso, culposos ou dolo-sos.

    Art. 71. A criana e o adolescente tm direito a informao, cultura, lazer, esportes, diverses, espetculos e produtos e servios que respei-tem sua condio peculiar de pessoa em desen-volvimento.

    Art. 72. As obrigaes previstas nesta Lei no excluem da preveno especial outras decor-rentes dos princpios por ela adotados.

    Art. 73. A inobservncia das normas de preven-o importar em responsabilidade da pessoa fsica ou jurdica, nos termos desta Lei.

    CAPTULO IIDA PREVENO ESPECIAL

    Seo IDA INFORMAO, CULTURA, LAZER,

    ESPORTES, DIVERSES E ESPETCULOS

    Art. 74. O poder pblico, atravs do rgo com-petente, regular as diverses e espetculos pblicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etrias a que no se recomendem, locais e horrios em que sua apresentao se mostre inadequada.

    Pargrafo nico. Os responsveis pelas di-verses e espetculos pblicos devero afixar, em lugar visvel e de fcil acesso, entrada do local de exibio, informao

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    destacada sobre a natureza do espetculo e a faixa etria especificada no certificado de classificao.

    Art. 75. Toda criana ou adolescente ter acesso s diverses e espetculos pblicos classificados como adequados sua faixa etria.

    Pargrafo nico. As crianas menores de dez anos somente podero ingressar e per-manecer nos locais de apresentao ou exi-bio quando acompanhadas dos pais ou responsvel.

    Art. 76. As emissoras de rdio e televiso so-mente exibiro, no horrio recomendado para o pblico infanto juvenil, programas com finalida-des educativas, artsticas, culturais e informati-vas.

    Pargrafo nico. Nenhum espetculo ser apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificao, antes de sua transmisso, apresentao ou exibio.

    Art. 77. Os proprietrios, diretores, gerentes e funcionrios de empresas que explorem a ven-da ou aluguel de fitas de programao em vdeo cuidaro para que no haja venda ou locao em desacordo com a classificao atribuda pelo rgo competente.

    Pargrafo nico. As fitas a que alude este artigo devero exibir, no invlucro, informa-o sobre a natureza da obra e a faixa etria a que se destinam.

    Art. 78. As revistas e publicaes contendo ma-terial imprprio ou inadequado a crianas e adolescentes devero ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertncia de seu contedo.

    Pargrafo nico. As editoras cuidaro para que as capas que contenham mensagens pornogrficas ou obscenas sejam protegi-das com embalagem opaca.

    Art. 79. As revistas e publicaes destinadas ao pblico infanto-juvenil no podero conter ilustraes, fotografias, legendas, crnicas ou anncios de bebidas alcolicas, tabaco, armas e

    munies, e devero respeitar os valores ticos e sociais da pessoa e da famlia.

    Art. 80. Os responsveis por estabelecimentos que explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congnere ou por casas de jogos, assim entendi-das as que realizem apostas, ainda que eventu-almente, cuidaro para que no seja permitida a entrada e a permanncia de crianas e adoles-centes no local, afixando aviso para orientao do pblico.

    Seo IIDOS PRODUTOS E SERVIOS

    Art. 81. proibida a venda criana ou ao ado-lescente de:

    I armas, munies e explosivos

    II bebidas alcolicas

    III produtos cujos componentes possam causar dependncia fsica ou psquica ainda que por utilizao indevida

    IV fogos de estampido e de artifcio, exce-to aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano fsico em caso de utilizao indevida

    V revistas e publicaes a que alude o art. 78 VI bilhetes lotricos e equivalentes.

    Art. 82. proibida a hospedagem de criana ou adolescente em hotel, motel, penso ou esta-belecimento congnere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsvel.

    Seo IIIDA AUTORIZAO PARA VIAJAR

    Art. 83. Nenhuma criana poder viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsvel, sem expressa autoriza-o judicial.

    1 A autorizao no ser exigida quando:

    a) tratar-se de comarca contgua da re-sidncia da criana, se na mesma unidade

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    da Federao, ou includa na mesma regio metropolitana

    b) a criana estiver acompanhada:

    1) de ascendente ou colateral maior, at o terceiro grau, comprovado documental-mente o parentesco

    2) de pessoa maior, expressamente autori-zada pelo pai, me ou responsvel.

    2 A autoridade judiciria poder, a pe-dido dos pais ou responsvel, conceder autorizao vlida por dois anos. Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorizao dispensvel, se a criana ou adolescente:

    I estiver acompanhado de ambos os pais ou responsvel

    II viajar na companhia de um dos pais, au-torizado expressamente pelo outro atravs de documento com firma reconhecida.

    Art. 85. Sem prvia e expressa autorizao ju-dicial, nenhuma criana ou adolescente nascido em territrio nacional poder sair do Pas em companhia de estrangeiro residente ou domici-liado no exterior.

    PARTE ESPECIAL

    TTULO I

    Da Poltica de Atendimento

    CAPTULO IDISPOSIES GERAIS

    Art. 86. A poltica de atendimento dos direitos da criana e do adolescente far-se- atravs de um conjunto articulado de aes governamen-tais e no-governamentais, da Unio, dos esta-dos, do Distrito Federal e dos municpios.

    Art. 87. So linhas de ao da poltica de aten-dimento:

    I polticas sociais bsicas

    II servios, programas, projetos e benef-cios de assistncia social de garantia de pro-teo social e de preveno e reduo de violaes de direitos, seus agravamentos ou reincidncias

    III servios especiais de preveno e aten-dimento mdico e psicossocial s vtimas de negligncia, maus-tratos, explorao, abu-so, crueldade e opresso

    IV servio de identificao e localizao de pais, responsvel, crianas e adolescentes desaparecidos

    V proteo jurdico-social por entidades de defesa dos direitos da criana e do ado-lescente.

    VI polticas e programas destinados a pre-venir ou abreviar o perodo de afastamen-to do convvio familiar e a garantir o efetivo exerccio do direito convivncia familiar de crianas e adolescentes

    VII campanhas de estmulo ao acolhimen-to sob forma de guarda de crianas e ado-lescentes afastados do convvio familiar e adoo, especificamente inter-racial, de crianas maiores ou de adolescentes, com necessidades especficas de sade ou com deficincias e de grupos de irmos.

    Art. 88. So diretrizes da poltica de atendimen-to:

    I municipalizao do atendimento

    II criao de conselhos municipais, esta-duais e nacional dos direitos da criana e do adolescente, rgos deliberativos e contro-ladores das aes em todos os nveis, asse-gurada a participao popular paritria por meio de organizaes representativas, se-gundo leis federal, estaduais e municipais

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    III criao e manuteno de programas especficos, observada a descentralizao poltico-administrativa

    IV manuteno de fundos nacional, esta-duais e municipais vinculados aos respecti-vos conselhos dos direitos da criana e do adolescente

    V integrao operacional de rgos do Judicirio, Ministrio Pblico, Defensoria, Segurana Pblica e Assistncia Social, pre-ferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilizao do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional

    VI integrao operacional de rgos do Judicirio, Ministrio Pblico, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execu-o das polticas sociais bsicas e de assis-tncia social, para efeito de agilizao do atendimento de crianas e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento fa-miliar ou institucional, com vista na sua r-pida reintegrao famlia de origem ou, se tal soluo se mostrar comprovadamente invivel, sua colocao em famlia substitu-ta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei

    VII mobilizao da opinio pblica para a indispensvel participao dos diversos seg-mentos da sociedade.

    VIII especializao e formao continuada dos profissionais que trabalham nas dife-rentes reas da ateno primeira infncia, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criana e sobre desenvolvimento infantil

    IX formao profissional com abrangncia dos diversos direitos da criana e do adoles-cente que favorea a intersetorialidade no atendimento da criana e do adolescente e seu desenvolvimento integral

    X realizao e divulgao de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre pre-veno da violncia.

    Art. 89. A funo de membro do conselho na-cional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criana e do adolescente con-siderada de interesse pblico relevante e no ser remunerada.

    CAPTULO IIDAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO

    Seo IDISPOSIES GERAIS

    Art. 90. As entidades de atendimento so res-ponsveis pela manuteno das prprias unida-des, assim como pelo planejamento e execuo de programas de proteo e scio-educativos destinados a crianas e adolescentes, em regi-me de:

    I orientao e apoio scio-familiar

    II apoio scio-educativo em meio aberto

    III colocao familiar

    IV acolhimento institucional

    V prestao de servios comunidade

    VI liberdade assistida

    VII semiliberdade e

    VIII internao.

    1 As entidades governamentais e no governamentais devero proceder inscri-o de seus programas, especificando os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos Di-reitos da Criana e do Adolescente, o qual manter registro das inscries e de suas al-teraes, do que far comunicao ao Con-selho Tutelar e autoridade judiciria.

    2 Os recursos destinados implementa-o e manuteno dos programas relacio-nados neste artigo sero previstos nas do-taes oramentrias dos rgos pblicos encarregados das reas de Educao, Sade

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    e Assistncia Social, dentre outros, obser-vando-se o princpio da prioridade absoluta criana e ao adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituio Federal e pelo caput e pargrafo nico do art. 4 des-ta Lei.

    3 Os programas em execuo sero re-avaliados pelo Conselho Municipal dos Di-reitos da Criana e do Adolescente, no m-ximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critrios para renovao da autorizao de funcionamento:

    I o efetivo respeito s regras e princpios desta Lei, bem como s resolues relati-vas modalidade de atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criana e do Adolescente, em todos os n-veis

    II a qualidade e eficincia do trabalho de-senvolvido, atestadas pelo Conselho Tute-lar, pelo Ministrio Pblico e pela Justia da Infncia e da Juventude

    III em se tratando de programas de aco-lhimento institucional ou familiar, sero considerados os ndices de sucesso na rein-tegrao familiar ou de adaptao famlia substituta, conforme o caso.

    Art. 91. As entidades no-governamentais so-mente podero funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente, o qual comunicar o registro ao Conselho Tutelar e autoridade judiciria da respectiva localidade.

    1 Ser negado o registro entidade que:

    a) no oferea instalaes fsicas em condi-es adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurana

    b) no apresente plano de trabalho compa-tvel com os princpios desta Lei

    c) esteja irregularmente constituda

    d) tenha em seus quadros pessoas inidneas.

    e) no se adequar ou deixar de cumprir as resolues e deliberaes relativas moda-lidade de atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criana e do Adolescente, em todos os nveis.

    2 O registro ter validade mxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao Conselho Muni-cipal dos Direitos da Criana e do Adoles-cente, periodicamente, reavaliar o cabimen-to de sua renovao, observado o disposto no 1 deste artigo.

    Art. 92. As entidades que desenvolvam progra-mas de acolhimento familiar ou institucional de-vero adotar os seguintes princpios:

    I preservao dos vnculos familiares e promoo da reintegrao familiar

    II integrao em famlia substituta, quan-do esgotados os recursos de manuteno na famlia natural ou extensa

    III atendimento personalizado e em pe-quenos grupos

    IV desenvolvimento de atividades em re-gime de co-educao

    V no desmembramento de grupos de ir-mos

    VI evitar, sempre que possvel, a transfe-rncia para outras entidades de crianas e adolescentes abrigados

    VII participao na vida da comunidade local

    VIII preparao gradativa para o desliga-mento

    IX participao de pessoas da comunida-de no processo educativo.

    1 O dirigente de entidade que desenvol-ve programa de acolhimento institucional equiparado ao guardio, para todos os efei-tos de direito.

    2 Os dirigentes de entidades que desen-volvem programas de acolhimento familiar

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    ou institucional remetero autoridade ju-diciria, no mximo a cada 6 (seis) meses, relatrio circunstanciado acerca da situao de cada criana ou adolescente acolhido e sua famlia, para fins da reavaliao prevista no 1 do art. 19 desta Lei.

    3 Os entes federados, por intermdio dos Poderes Executivo e Judicirio, promovero conjuntamente a permanente qualificao dos profissionais que atuam direta ou indi-retamente em programas de acolhimento institucional e destinados colocao fa-miliar de crianas e adolescentes, incluindo membros do Poder Judicirio, Ministrio Pblico e Conselho Tutelar.

    4 Salvo determinao em contrrio da autoridade judiciria competente, as en-tidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional, se ne-cessrio com o auxlio do Conselho Tutelar e dos rgos de assistncia social, estimu-laro o contato da criana ou adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput des-te artigo.

    5 As entidades que desenvolvem pro-gramas de acolhimento familiar ou institu-cional somente podero receber recursos pblicos se comprovado o atendimento dos princpios, exigncias e finalidades desta Lei.

    6 O descumprimento das disposies desta Lei pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de acolhimento fa-miliar ou institucional causa de sua des-tituio, sem prejuzo da apurao de sua responsabilidade administrativa, civil e cri-minal.

    7 Quando se tratar de criana de 0 (zero) a 3 (trs) anos em acolhimento institucio-nal, dar-se- especial ateno atuao de educadores de referncia estveis e quali-tativamente significativos, s rotinas espe-cficas e ao atendimento das necessidades

    bsicas, incluindo as de afeto como priori-trias.

    Art. 93. As entidades que mantenham progra-ma de acolhimento institucional podero, em carter excepcional e de urgncia, acolher crian-as e adolescentes sem prvia determinao da autoridade competente, fazendo comunicao do fato em at 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infncia e da Juventude, sob pena de respon-sabilidade.

    Pargrafo nico. Recebida a comunicao, a autoridade judiciria, ouvido o Minist-rio Pblico e se necessrio com o apoio do Conselho Tutelar local, tomar as medidas necessrias para promover a imediata rein-tegrao familiar da criana ou do adoles-cente ou, se por qualquer razo no for isso possvel ou recomendvel, para seu enca-minhamento a programa de acolhimento familiar, institucional ou a famlia substitu-ta, observado o disposto no 2 do art. 101 desta Lei.

    Art. 94. As entidades que desenvolvem progra-mas de internao tm as seguintes obrigaes, entre outras:

    I observar os direitos e garantias de que so titulares os adolescentes

    II no restringir nenhum direito que no tenha sido objeto de restrio na deciso de internao

    III oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos reduzidos

    IV preservar a identidade e oferecer am-biente de respeito e dignidade ao adoles-cente

    V diligenciar no sentido do restabeleci-mento e da preservao dos vnculos fami-liares

    VI comunicar autoridade judiciria, pe-riodicamente, os casos em que se mostre invivel ou impossvel o reatamento dos vnculos familiares

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    VII oferecer instalaes fsicas em condi-es adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurana e os objetos neces-srios higiene pessoal

    VIII oferecer vesturio e alimentao sufi-cientes e adequados faixa etria dos ado-lescentes atendidos

    IX oferecer cuidados mdicos, psicolgi-cos, odontolgicos e farmacuticos

    X propiciar escolarizao e profissionaliza-o

    XI propiciar atividades culturais, esporti-vas e de lazer

    XII propiciar assistncia religiosa queles que desejarem, de acordo com suas cren-as

    XIII proceder a estudo social e pessoal de cada caso

    XIV reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo mximo de seis meses, dando cincia dos resultados autoridade compe-tente

    XV informar, periodicamente, o adoles-cente internado sobre sua situao proces-sual

    XVI comunicar s autoridades competen-tes todos os casos de adolescentes portado-res de molstias infecto- contagiosas

    XVII fornecer comprovante de depsito dos pertences dos adolescentes

    XVIII manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de egressos

    XIX providenciar os documentos necess-rios ao exerccio da cidadania queles que no os tiverem

    XX manter arquivo de anotaes onde constem data e circunstncias do atendi-mento, nome do adolescente, seus pais ou responsvel, parentes, endereos, sexo, idade, acompanhamento da sua formao,

    relao de seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificao e a indivi-dualizao do atendimento.

    1 Aplicam-se, no que couber, as obriga-es constantes deste artigo s entidades que mantm programas de acolhimento institucional e familiar.

    2 No cumprimento das obrigaes a que alude este artigo as entidades utilizaro pre-ferencialmente os recursos da comunidade.

    Art. 94-A. As entidades, pblicas ou privadas, que abriguem ou recepcionem crianas e ado-lescentes, ainda que em carter temporrio, devem ter, em seus quadros, profissionais capa-citados a reconhecer e reportar ao Conselho Tu-telar suspeitas ou ocorrncias de maus-tratos.

    Seo IIDA FISCALIZAO DAS ENTIDADES

    Art. 95. As entidades governamentais e no-go-vernamentais referidas no art. 90 sero fiscali-zadas pelo Judicirio, pelo Ministrio Pblico e pelos Conselhos Tutelares.

    Art. 96. Os planos de aplicao e as prestaes de contas sero apresentados ao estado ou ao municpio, conforme a origem das dotaes or-amentrias.

    Art. 97. So medidas aplicveis s entidades de atendimento que descumprirem obrigao constante do art. 94, sem prejuzo da respon-sabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:

    I s entidades governamentais:

    a) advertncia

    b) afastamento provisrio de seus dirigen-tes

    c) afastamento definitivo de seus dirigentes

    d) fechamento de unidade ou interdio de programa.

    II s entidades no-governamentais:

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    a) advertncia

    b) suspenso total ou parcial do repasse de verbas pblicas

    c) interdio de unidades ou suspenso de programa

    d) cassao do registro.

    1 Em caso de reiteradas infraes come-tidas por entidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados nesta Lei, dever ser o fato comunicado ao Ministrio Pblico ou representado perante autoridade judiciria competente para as providncias cabveis, inclusive suspenso das atividades ou dissoluo da entidade.

    2 As pessoas jurdicas de direito pblico e as organizaes no governamentais res-pondero pelos danos que seus agentes causarem s crianas e aos adolescentes, caracterizado o descumprimento dos prin-cpios norteadores das atividades de prote-o especfica.

    TTULO II

    Das Medidas de Proteo

    CAPTULO IDISPOSIES GERAIS

    Art. 98. As medidas de proteo criana e ao adolescente so aplicveis sempre que os direi-tos reconhecidos nesta Lei forem ameaados ou violados:

    I por ao ou omisso da sociedade ou do Estado

    II por falta, omisso ou abuso dos pais ou responsvel

    III em razo de sua conduta.

    CAPTULO IIDAS MEDIDAS ESPECFICAS

    DE PROTEO

    Art. 99. As medidas previstas neste Captulo po-dero ser aplicadas isolada ou cumulativamen-te, bem como substitudas a qualquer tempo.

    Art. 100. Na aplicao das medidas levar-se-o em conta as necessidades pedaggicas, prefe-rindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vnculos familiares e comunitrios.

    Pargrafo nico. So tambm princpios que regem a aplicao das medidas:

    I condio da criana e do adolescente como sujeitos de direitos: crianas e adoles-centes so os titulares dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Cons-tituio Federal

    II proteo integral e prioritria: a inter-pretao e aplicao de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada proteo integral e prioritria dos direitos de que crianas e adolescentes so titula-res

    III responsabilidade primria e solidria do poder pblico: a plena efetivao dos di-reitos assegurados a crianas e a adolescen-tes por esta Lei e pela Constituio Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, de responsabilidade primria e solidria das 3 (trs) esferas de governo, sem prejuzo da municipalizao do aten-dimento e da possibilidade da execuo de programas por entidades no governamen-tais

    IV interesse superior da criana e do ado-lescente: a interveno deve atender prio-ritariamente aos interesses e direitos da criana e do adolescente, sem prejuzo da considerao que for devida a outros inte-resses legtimos no mbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto

    V privacidade: a promoo dos direitos e proteo da criana e do adolescente deve

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    ser efetuada no respeito pela intimidade, direito imagem e reserva da sua vida pri-vada

    VI interveno precoce: a interveno das autoridades competentes deve ser efetua-da logo que a situao de perigo seja conhe-cida

    VII interveno mnima: a interveno deve ser exercida exclusivamente pelas au-toridades e instituies cuja ao seja indis-pensvel efetiva promoo dos direitos e proteo da criana e do adolescente

    VIII proporcionalidade e atualidade: a in-terveno deve ser a necessria e adequada situao de perigo em que a criana ou o adolescente se encontram no momento em que a deciso tomada

    IX responsabilidade parental: a interven-o deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para com a crian-a e o adolescente

    X prevalncia da famlia: na promoo de direitos e na proteo da criana e do ado-lescente deve ser dada prevalncia s me-didas que os mantenham ou reintegrem na sua famlia natural ou extensa ou, se isto no for possvel, que promovam a sua inte-grao em famlia substituta

    XI obrigatoriedade da informao: a crian-a e o adolescente, respeitado seu estgio de desenvolvimento e capacidade de com-preenso, seus pais ou responsvel devem ser informados dos seus direitos, dos moti-vos que determinaram a interveno e da forma como esta se processa

    XII oitiva obrigatria e participao: a criana e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de responsvel ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsvel, tm direito a ser ou-vidos e a participar nos atos e na definio da medida de promoo dos direitos e de proteo, sendo sua opinio devidamente considerada pela autoridade judiciria com-

    petente, observado o disposto nos 1 e 2 do art. 28 desta Lei.

    Art. 101. Verificada qualquer das hipteses previstas no art. 98, a autoridade competente poder determinar, dentre outras, as seguintes medidas:

    I encaminhamento aos pais ou respons-vel, mediante termo de responsabilidade

    II orientao, apoio e acompanhamento temporrios

    III matrcula e freqncia obrigatrias em estabelecimento oficial de ensino funda-mental

    IV incluso em servios e programas ofi-ciais ou comunitrios de proteo, apoio e promoo da famlia, da criana e do ado-lescente

    V requisio de tratamento mdico, psico-lgico ou psiquitrico, em regime hospitalar ou ambulatorial

    VI incluso em programa oficial ou comu-nitrio de auxlio, orientao e tratamento a alcolatras e toxicmanos

    VII acolhimento institucional

    VIII incluso em programa de acolhimento familiar

    IX colocao em famlia substituta.

    1 O acolhimento institucional e o aco-lhimento familiar so medidas provisrias e excepcionais, utilizveis como forma de transio para reintegrao familiar ou, no sendo esta possvel, para colocao em fa-mlia substituta, no implicando privao de liberdade.

    2 Sem prejuzo da tomada de medidas emergenciais para proteo de vtimas de violncia ou abuso sexual e das provi-dncias a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criana ou adolescente do convvio familiar de competncia exclusi-va da autoridade judiciria e importar na deflagrao, a pedido do Ministrio Pblico

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    ou de quem tenha legtimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsvel legal o exerccio do contraditrio e da ampla de-fesa.

    3 Crianas e adolescentes somente po-dero ser encaminhados s instituies que executam programas de acolhimento insti-tucional, governamentais ou no, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciria, na qual obrigatoria-mente constar, dentre outros:

    I sua identificao e a qualificao com-pleta de seus pais ou de seu responsvel, se conhecidos

    II o endereo de residncia dos pais ou do responsvel, com pontos de referncia

    III os nomes de parentes ou de terceiros interessados em t-los sob sua guarda

    IV os motivos da retirada ou da no rein-tegrao ao convvio familiar.

    4 Imediatamente aps o acolhimento da criana ou do adolescente, a entidade res-ponsvel pelo programa de acolhimento institucional ou familiar elaborar um plano individual de atendimento, visando rein-tegrao familiar, ressalvada a existncia de ordem escrita e fundamentada em con-trrio de autoridade judiciria competente, caso em que tambm dever contemplar sua colocao em famlia substituta, obser-vadas as regras e princpios desta Lei.

    5 O plano individual ser elaborado sob a responsabilidade da equipe tcnica do res-pectivo programa de atendimento e levar em considerao a opinio da criana ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do res-ponsvel.

    6 Constaro do plano individual, dentre outros:

    I os resultados da avaliao interdiscipli-nar

    II os compromissos assumidos pelos pais ou responsvel e

    III a previso das atividades a serem de-senvolvidas com a criana ou com o adoles-cente acolhido e seus pais ou responsvel, com vista na reintegrao familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamen-tada determinao judicial, as providncias a serem tomadas para sua colocao em famlia substituta, sob direta superviso da autoridade judiciria.

    7 O acolhimento familiar ou institucional ocorrer no local mais prximo residncia dos pais ou do responsvel e, como parte do processo de reintegrao familiar, sem-pre que identificada a necessidade, a fam-lia de origem ser includa em programas oficiais de orientao, de apoio e de promo-o social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criana ou com o adolescen-te acolhido.

    8 Verificada a possibilidade de reinte-grao familiar, o responsvel pelo progra-ma de acolhimento familiar ou institucional far imediata comunicao autoridade ju-diciria, que dar vista ao Ministrio Pbli-co, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.

    9 Em sendo constatada a impossibilidade de reintegrao da criana ou do adolescen-te famlia de origem, aps seu encaminha-mento a programas oficiais ou comunitrios de orientao, apoio e promoo social, ser enviado relatrio fundamentado ao Ministrio Pblico, no qual conste a descri-o pormenorizada das providncias toma-das e a expressa recomendao, subscrita pelos tcnicos da entidade ou responsveis pela execuo da poltica municipal de ga-rantia do direito convivncia familiar, para a destituio do poder familiar, ou destitui-o de tutela ou guarda.

    10. Recebido o relatrio, o Ministrio P-blico ter o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ao de destituio do po-der familiar, salvo se entender necessria a

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    realizao de estudos complementares ou outras providncias que entender indispen-sveis ao ajuizamento da demanda.

    11. A autoridade judiciria manter, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informaes atualizadas sobre as crianas e adolescentes em regime de aco-lhimento familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informaes porme-norizadas sobre a situao jurdica de cada um, bem como as providncias tomadas para sua reintegrao familiar ou colocao em famlia substituta, em qualquer das mo-dalidades previstas no art. 28 desta Lei.

    12. Tero acesso ao cadastro o Ministrio Pblico, o Conselho Tutelar, o rgo gestor da Assistncia Social e os Conselhos Muni-cipais dos Direitos da Criana e do Adoles-cente e da Assistncia Social, aos quais in-cumbe deliberar sobre a implementao de polticas pblicas que permitam reduzir o nmero de crianas e adolescentes afasta-dos do convvio familiar e abreviar o pero-do de permanncia em programa de acolhi-mento.

    Art. 102. As medidas de proteo de que trata este Captulo sero acompanhadas da regulari-zao do registro civil.

    1 Verificada a inexistncia de registro an-terior, o assento de nascimento da criana ou adolescente ser feito vista dos ele-mentos disponveis, mediante requisio da autoridade judiciria.

    2 Os registros e certides necessrios regularizao de que trata este artigo so isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

    3 Caso ainda no definida a paternidade, ser deflagrado procedimento especfico destinado sua averiguao, conforme pre-visto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992.

    4 Nas hipteses previstas no 3 deste artigo, dispensvel o ajuizamento de ao

    de investigao de paternidade pelo Minis-trio Pblico se, aps o no comparecimen-to ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuda, a criana for encaminhada para adoo.

    5 Os registros e certides necessrios incluso, a qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento so isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

    6 So gratuitas, a qualquer tempo, a averbao requerida do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e a certido correspondente.

    TTULO III

    Da Prtica de Ato Infracional

    CAPTULO IDISPOSIES GERAIS

    Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contraveno penal.

    Art. 104. So penalmente inimputveis os me-nores de dezoito anos, sujeitos s medidas pre-vistas nesta Lei. Pargrafo nico. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do ado-lescente data do fato.

    Art. 105. Ao ato infracional praticado por crian-a correspondero as medidas previstas no art. 101.

    CAPTULO IIDOS DIREITOS INDIVIDUAIS

    Art. 106. Nenhum adolescente ser privado de sua liberdade seno em flagrante de ato infra-cional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciria competente.

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    Pargrafo nico. O adolescente tem direito identificao dos responsveis pela sua apreenso, devendo ser informado acerca de seus direitos.

    Art. 107. A apreenso de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido sero in-continenti comunicados autoridade judiciria competente e famlia do apreendido ou pes-soa por ele indicada.

    Pargrafo nico. A deciso dever ser fun-damentada e basear-se em indcios sufi-cientes de autoria e materialidade, demons-trada a necessidade imperiosa da medida.

    Art. 109. O adolescente civilmente identificado no ser submetido a identificao compulsria pelos rgos policiais, de proteo e judiciais, salvo para efeito de confrontao, havendo d-vida fundada.

    CAPTULO IIIDAS GARANTIAS PROCESSUAIS

    Art. 110. Nenhum adolescente ser privado de sua liberdade sem o devido processo legal.

    Art. 111. So asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:

    I pleno e formal conhecimento da atribui-o de ato infracional, mediante citao ou meio equivalente

    II igualdade na relao processual, poden-do confrontar-se com vtimas e testemu-nhas e produzir todas as provas necessrias sua defesa

    III defesa tcnica por advogado

    IV assistncia judiciria gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei V direito de ser ouvido pessoalmente pela autorida-de competente

    VI direito de solicitar a presena de seus pais ou responsvel em qualquer fase do procedimento.

    CAPTULO IVDAS MEDIDAS SCIO-EDUCATIVAS

    Seo IDISPOSIES GERAIS

    Art. 112. Verificada a prtica de ato infracio-nal, a autoridade competente poder aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

    I advertncia

    II obrigao de reparar o dano

    III prestao de servios comunidade

    IV liberdade assistida

    V insero em regime de semi-liberdade

    VI internao em estabelecimento educa-cional

    VII qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

    1 A medida aplicada ao adolescente leva-r em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstncias e a gravidade da infrao.

    2 Em hiptese alguma e sob pretexto al-gum, ser admitida a prestao de trabalho forado.

    3 Os adolescentes portadores de doena ou deficincia mental recebero tratamen-to individual e especializado, em local ade-quado s suas condies.

    Art. 113. Ap