Upload
dangcong
View
217
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
Este ano, 2017, duas de nossas localidades, Vargem Grande e Santa
Isabel, completam, respectivamente, 180 e 170 anos de fundação. Hoje,
portanto, vou comentar um pouco sobre aquela que é considerada o
primeiro núcleo colonial estabelecido em nosso município. Vargem
Grande leva esse nome em virtude de sua geografia onde se destaca uma
imensa várzea (grande para os nossos padrões geográficos fortemente
acidentados) que se estende dos dois lados do Rio Cubatão. Foi
certamente esta visão que chamou a atenção dos primeiros colonos que
aqui chegaram, vindos de São Pedro de Alcântara, por se destacar em
meio aos pequenos morros e altas colinas que a rodeiam.
Embora boa parte desse recanto, atualmente, esteja localizado
dentro dos limites do município de Santo Amaro da Imperatriz, sua
população sente-se intimamente integrada à nossa realidade, fazendo
parte da vida social, religiosa e política do nosso município.
Um pouco da história local
Um relatório do presidente da Província de Santa Catarina,
Francisco Carlos de Araújo Brusque apresentado à Assembleia Legislativa
Provincial, durante a Primeira Sessão da Décima Legislatura, de 1860, diz o
seguinte sobre a colônia Vargem Grande: “Em 1837, descontentes, alguns
colonos de São Pedro de Alcântara, com os lotes de terras que lhes foram
distribuídos, reunidos em número de 44, obtiveram com alguns
brasileiros, terras na Vargem Grande. Desde então surgiu aquela colônia,
como por encanto, no famoso vale que lhe deu o nome, distinto pela
fertilidade das terras que contém e a salubridade do clima. Dos 44 colonos
estrangeiros eram 26 do sexo masculino e 18 do feminino. Faleceram até
junho de 1853, apenas duas mulheres. Nasceram até esta época 30 do
sexo masculino e 37 do feminino, dos quais faleceram 2. Neste ano já se
cotavam 116 pessoas no grêmio desta feliz família. Eram os colonos, os
seus descendentes e mais 7 estranhos que a ela se ligaram por
casamentos. Em 16 anos a população foi além do dobro e a existência de
apenas 4 mortes, neste longo período, atesta as boas condições de vida
naquela situação. Esta colônia continua a florescer, como se vê dos dados
estatísticos que consegui coordenar. A sua população atual consta de 162
habitantes, a saber: homens 82, mulheres 80. Superfície cultivada:
1.800,000 mil braças quadradas. Dita (superfície) não cultiva: 1.260,000
mil braças quadradas. Tem 30 estabelecimentos agrícolas regularmente
montados, alguns engenhos de fazer farinha, nem uma só oficina nem
operários. Produz mandioca, milho, feijão, batatas, algodão, café e arroz.
A sua exportação no ano de 1850 subiu para 15:000$. A importação, que
no mesmo ano constou apenas de fazendas para o consumo, farinha de
trigo, utensílios de lavoura, fornos e alambiques, alcançou apenas o valor
de 2:500$. Tem esta colônia uma capela construída as expensas dos
colonos, que são todos católicos; não tem, porém, um sacerdote, nem
aula de ensino primário, cuja falta é sobremodo sensível.
Hoje, 2017, a comunidade de Vargem Grande conta com 170
famílias que pertencem ao município de Águas Mornas, mais 42 que
residem do outro lado do Rio Cubatão, área que pertence ao município de
Santo Amaro da Imperatriz. Portando, considerando os dois lados que se
encontram divididos pelo limite entre os dois municípios, temos um total
de 212 famílias.
Entre os primeiros colonos que chegaram para colonizar Vargem
Grande, Francisco Schaden cita os seguintes: Mathias Kuhnen, casado com
Catharina Koch; Johann Steinbach, casado com Gertrud Loch; Mathias
Loch; Johann Wollscheidt; Josef Petry, casado com Ana Loch; Henrich
Michels, casado com Luise Philippi; Johann Peter Heinzen, casado com
Maria Magdalene Wollscheidt; Johann Loch, casado com Maria Heinzen e
Henrique Westrupp, casado com Maria Rosa de Jesus Mafra.
No que diz respeito à educação, o comerciante Manoel Philippi,
tratou de conseguir a fundação de uma escola municipal, denominada
Escola Municipal do Sul do Rio do Cubatão, cuja data de criação deve ser
anterior a 1905. Nesta escola, inclusive, chegou a lecionar o professor
João Carlos Thiesen, nascido na Fazenda Sacramento I e, mais tarde, eleito
primeiro prefeito de Ituporanga, SC.
Nos primeiros dez anos após sua fundação, a comunidade de
Vargem Grande ficou sem assistência religiosa e, por isso, celebravam os
cultos religiosos na casa de Nicolau Heinzen. A primeira visita de um padre
e a primeira missa foram realizadas no dia 13 de maio de 1846, pelo padre
Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva. Conta ele que nesse dia benzeu o
lugar para a construção da primeira igreja e o cemitério. Há informações
de que a primeira igreja foi construída, benta e inaugurada em 1847.
Embora o padre nada mencione sobre o proprietário das terras que ele
benzeu, mas tudo indica que a primeira capela, de pau a pique, e o
primeiro cemitério de Vargem Grande, tenham sido instalados sobre as
terras de Nicolau Heinzen, que residia do lado esquerdo do Rio Cubatão
(sentido Florianópolis – Lages).
Com a ameaça de ruir, em 1927 a primeira igreja foi substituída e
construída a nova capela em outro terreno. Dessa vez, optou-se por
erguer o novo templo religioso nas margens da estrada de rodagem, ou
seja, do lado direito do Rio Cubatão (no sentido Florianópolis – Lages).
Nessa ocasião, aproveitou-se, também, para substituir a padroeira: saía
Nossa Senhora das Dores e entronizava-se Santa Teresinha do Menino
Jesus.
Vargem Grande também teve a honra de ter como fruto “o primeiro
diácono casado de Santa Catarina, o Sr. José Steinbach Filho”, ordenado
no dia 28 de novembro de 1971. Fonte: “Pouso dos imigrantes” e “Uma
caminhada de fé”, ambos do historiador Toni V. Jochem.
Johann Nicolau Heinzen
Segundo consta no livro “Tabuleiro das águas” de Celso Marins, os
colonos de Vargem Grande levaram um grande choque quando souberam
da morte de Nicolau Heinzen, no dia 10 de novembro de 1846. Segundo o
padre Paiva, Nicolau Heinzen havia guiado, dez anos antes, as 11 famílias
desencantadas com as terras de São Pedro de Alcântara, para a localidade
de Vargem Grande. Nascido em 1793, na Alemanha, estava com 53 anos.
Era o mais instruído entre os 43 imigrantes. Casado com Anna Thiesen,
nascida em 1788, pai de Johann Peter Heinzen (1819-) e de Maria Heinzen
(1829-), Nicolau foi velado na mesma capela que ergueu logo na chegada,
dedicada a Nossa Senhora das Dores. Segundo relatos do padre Paiva, até
as crianças lamentavam, durante a cerimônia de sepultamento, a morte
de seu mestre e benfeitor.
Entre os chefes de famílias que seguiram Nicolau Heinzen para
Vargem Grande, estavam: Mathias W. Kuhnen, Mathias Loch, Mathias
Michels, Philipp e José Petri, Henrik G. Westrup e Mathias Wollscheidt.
Mais tarde seguiram Johann Steinbach, Nicolau Prim e Jacob Philippi.
Segundo o Pastor Nelso Weingartner, esta foto que foi encontrada na
Alemanha é de uma escola que havia em Vargem Grande. Seria ela a
escola que o Conselheiro Manoel Philippi construiu?
O ex-vereador Nicolau Vieira, em frente ao casarão Manoel Philippi, com
sua esposa e alguns de seus filhos. Lembro que a família do Sr. Nicolau
Vieira foi a última a residir neste casarão.
Casarão Manoel Philippi, um dos pontos comerciais mais importantes que
já existiu na região, atualmente se encontra completamente abandonado.
Neste casarão havia um importante entreposto comercial, onde os
tropeiros que desciam de Lages para negociar no litoral, utilizavam o
Casarão Philippi como local de pernoite e usavam a pastagem que havia
no entorno do mesmo para o gado descansar e se alimentar. Ele foi
construído por Manoel Philippi que, depois de sua morte, sua esposa,
Isabel Michels, continuou tocando o negócio da família até 1941, quando
se mudou para o município de palhoça, passando a responsabilidade do
negócio para o filho Orlando que encerrou definitivamente as atividades
comerciais em 1942.
Antiga capela de Vargem Grande, dedicada à Santa Teresinha do Menino
Jesus, inaugurada em 15 de maio de 1927. Nesse mesmo dia foi
substituída a padroeira da comunidade: saía Nossa Senhora das Dores e
entronizava-se Santa Teresinha do Menino Jesus. A última missa nela
celebrada ocorreu no dia 01 de maio de 1999, e foi presidida pelo padre
Frei Tarcísio Schuch. A igreja foi demolida em meados de 1999.
Nesta imagem, Floriano Meyer (ex-vereador por Águas Mornas) e sua
esposa, Filomena Hillesheim. Aos fundos se vê a casa do ex-prefeito de
Águas Mornas, Germano José Steinbach com a sua antiga fábrica de
móveis São José.
Atual capela de Santa Teresinha do Menino Jesus, inaugurada no dia 16 de
maio de 2004.
Antigo engenho de farinha do Sr. Bruno Hinckel
Casa da família Heinzen, uma das construções mais antigas de Vargem
Grande, localizada do outro lado do Rio Cubatão. Os Heinzen são uma das
famílias pioneiras de Vargem Grande e foi justamente o seu patriarca,
Nicolau Heinzen, quem construiu a primeira capela e o primeiro cemitério
da localidade, em suas terras, que ficavam próximos a esta casa.
Adolfo Garcia e Inês Caetana de Jesus Homem, um dos casais mais
tradicionais de Vargem Grande.
Ponte João José Hinckel, sobre o Rio Cubatão. Aos fundos, complexo residencial e
hoteleiro, Termas do Tabuleiro, construído nas terras dos Heinzen.
www.panoramio.com
Vista panorâmica do condomínio Termas do Tabuleiro, localizado do outro lado do Rio
Cubatão, nas Terras dos Heinzen, próximo ao local onde foram construídos a primeira
igreja e o primeiro cemitério da localidade. Estas terras hoje pertencem ao município
vizinho, Santo Amaro da Imperatriz, do qual o município de Águas Mornas foi
desmembrado em dezembro de 1961, por ocasião de sua emancipação política e
administrativa.
Fonte da imagem: www.unicred.com.br
Fragmento do Relatório apresentado pelo então Presidente da Província de Santa
Catarina, Francisco Carlos de Araújo Brusque, comentando sobre os progressos
alcançados pela colônia Vargem Grande até aquela data, ou seja, 1860.
Nesta imagem, mais um filho ilustre de Vargem Grande, Pedro Francisco
Garcia (ex-prefeito de Águas Mornas) e uma frase quase profética. Pedro Francisco
Garcia foi prefeito de Águas Mornas por duas legislaturas consecutivas, de 2008 a 2016.
Sua administração, centrada na busca por recursos para o município, conseguiu colocar
Águas Mornas entre as cidades mais bem equipadas e administradas do Brasil.
Nesta imagem, o então prefeito de Águas Mornas, Germano José Steinbach, natural de
Vargem Grande, ouve, ao lado de sua esposa Maria Valmira Assing e dos filhos, o
deputado estadual Zany Gonzaga (1916-2007), discursando em frente à prefeitura de
Águas Mornas, durante sua administração, de 1973 a 1976. Além de prefeito, Germano
J. Steinbach também foi vereador e vice-prefeito.
Frei Manoel Philippi era filho do Conselheiro Manoel Philippi e Isabel Michels. Nasceu
em vargem Grande, atual município de Águas Mornas, no dia sete de agosto de 1907.
Padre Timóteo Steinbach e Diácono Joel Steinbach, também filhos de Vargem
Grande.
Padre Osvaldo Prim, outro filho ilustre de Vargem Grande.
João José Steinbach, que foi vereador por Águas Mornas, também era natural de
Vargem Grande.
O ex-professor e Diácono José Steinbach Filho (já falecido), discursando em frente à
Escola Estadual Conselheiro Manoel Philippi, de Vargem Grande. Outro filho da
localidade.
Pedro Floriano Meyer, natural de Vargem Grande e filho do ex-vereador, Floriano
Meyer, também foi vereador por Águas Mornas.
Afonso Vieira, também natural de Vargem Grande, foi vereador e candidato a
prefeito.
Leandro Lúcio Fernandes, filho da ex-vereadora, Maria das Graças Müller
Fernandes, também natural de Vargem Grande, foi vereador por Águas Mornas.
Germano Alberto Steinbach, filho do ex-prefeito, Germano José Steinbach, foi
vereador e vice-prefeito de Águas Mornas.
Manoel Philippi, proprietário do Casarão Philippi, foi talvez, o homem mais
influente da região em seu tempo. Era filho de Jacob Philippi e de Maria Rosar, e
nasceu na então Colônia Teresópolis, em 1869. É patrono do colégio estadual,
localizado na comunidade de Vargem Grande.
Jair Theisges, foi vereador por Águas Mornas em duas legislaturas, nasceu no
Canto do Rio Gaspar, localidade que pertence à comunidade de Vargem Grande.
É filho de Evaldo Theisges e de Adelinde Hillesheim, e sobrinho do ex-vereador
Nelson Hillesheim e do Diácono da Fazenda de Lourdes, Osmar Theisges.
Antônio Prim, autor do Hino de Águas Mornas, também natural de vargem Grande,
onde nasceu em agosto de 1939, mudando-se, aos sete anos de idade, para a localidade
de Santa Isabel.
Edmundo Hinckel, também natural de Vargem Grande, foi vereador por Águas Mornas
de 1997 a 2000. É filho de José João Hinkel e de Ida Meyer e neto do ex-vereador,
Floriano Meyer, e casado com Maria Heinzen, descendente de Nicolau Heinzen.
Maria das Graças Müller, primeira vereadora mulher do município de Águas
Mornas, nasceu no dia 11 de novembro de 1950, em Santo Amaro da Imperatriz, SC. É
filha de Frederico Nicolau Müller e de Ana Maria Müller. Casou-se com João Francisco
Fernandes com quem teve 5 filhos: Rita de Cássia Fernandes, Edson João Fernandes,
Maura Adriana Fernandes, João Francisco Fernandes e Leandro Lúcio Fernandes.
Foi eleita vereadora em 1988, com 224 votos para exercer o seu primeiro
mandato na Câmara Municipal de Águas Mornas, e reeleita em 1992 com 237 votos.
Posteriormente foi presidenta da Executiva do Diretório Municipal do PDC, Partido
Democrata Cristão.
Foi Suplente de Vereadora nas legislaturas de 1997 a 2000 e de 2000 a 2004.
Atualmente reside em Caldas da Imperatriz, no município de Santo Amaro da
Imperatriz.
Embora tenha nascido em Santo Amaro, mas é uma pessoa que durante muitos anos
esteve presente na vida cotidiana da comunidade de Vargem Grande.