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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR
Cincias Sociais e Humanas
Estilos de Aprendizagem e Raciocnio Numrico;
Verbal; Espacial; Abstrato e Mecnico em alunos
do Ensino Superior
Cristina Maria Marques Gil
Dissertao para obteno do Grau de Mestre em
Psicologia da Educao e Escolar
(2 ciclo de estudos)
Orientador: Professora Doutora Maria da Graa Proena Esgalhado
Covilh, Outubro de 2014
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Dedicatria
Ao meu anjo da guarda, que apesar da ausncia terrena marcou e faz parte de todos
os meus dias e aos meus anjos presentes, que so como dois sois que com o seu brilho me
iluminam e aquecem o corao.
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Agradecimentos
Antes de mais quero agradecer minha orientadora Professora Doutora Maria Graa
Esgalhado pela disponibilidade e apoio que sempre me dispensou.
Aos meus dois grandes amores, Catarina e Diana, que atravs da sua energia e alegria
de crianas me transmitiram fora para no desistir e foram uma lufada de ar fresco nos
momentos mais difceis.
minha irm e ao meu pai por terem compreendido as minhas ausncias.
Aos meus companheiros de caminhada, em particular Mafalda; Ferrinhos;
Miau; Chanel; Ana Carolina e ao Diogo que partilharam comigo as alegrias e tristezas
do meu percurso acadmico e que se disponibilizaram para me ajudar na realizao deste
trabalho.
Ao Z Rui pelo apoio incondicional, o colo amigo e seguro de que tanto precisei. Aos
meus amigos mais prximos Cristiana, Bruno, Vasco e Sandra que me apoiaram em todos os
momentos.
A todos aqueles que trabalham comigo, pelo esforo que fizeram, e por
compreenderem o meu cansao e os meus dias de mau humor.
A todos os docentes que partilharam comigo o seu conhecimento e que marcaram o
meu percurso acadmico.
E por fim, aos docentes e estudantes que se disponibilizaram para partilhar comigo
algum do seu tempo, sem eles no teria tido matria-prima para poder realizar este estudo.
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Resumo
Este estudo emprico tem como objetivo geral avaliar os nveis de preferncia para
cada estilo de aprendizagem e as pontuaes mdias obtidas em provas de raciocnio
numrico, verbal, espacial, abstrato e mecnico em estudantes do ensino superior da
Universidade da Beira Interior, analisando como estas variveis se comportam em funo do
gnero, curso e ano de escolaridade frequentado pelos estudantes e verificar a relao entre
os diferentes estilos de aprendizagem e destes com os tipos de raciocnio.
Participam, 140 estudantes do Ensino Superior, 61 do sexo masculino e 81 do
feminino, com idades compreendidas entre 18 e 25 anos.
Para a recolha de dados foram utilizados: um questionrio Sociodemogrfico, a verso
portuguesa do questionrio CHAEA (Miranda & Morais, 2008) e a Bateria de Provas de
Raciocnio Diferencial (Almeida, 1992). Os resultados obtidos evidenciam que existem
diferenas estatisticamente significativas nos estilos de aprendizagem em funo do gnero
para o Estilo Pragmtico. No que respeita aos tipos de raciocnio observaram-se diferenas
estatisticamente significativas relativamente ao gnero no Raciocnio Espacial e Raciocnio
Mecnico; no que se refere aos cursos, em todos os tipos de raciocnio e relativamente ao ano
de escolaridade no Raciocnio Espacial e Raciocnio Mecnico. Verificou-se ainda a existncia
de uma correlao positiva entre o Estilo Pragmtico com o Estilo Ativo, e o Estilo Reflexivo
com o Estilo Terico e uma correlao negativa estatisticamente significativa entre o Estilo
Reflexivo e o Raciocnio Abstrato e entre o Estilo Terico e o Raciocnio Espacial.
Palavras-chave
Estilos de aprendizagem; Raciocnio; Ensino Superior
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Abstract
This empirical study aims to describe the assessment of preference for each learning
style and the average scores obtained in tests of numerical, verbal, spatial, abstract and
mechanical reasoning of undergraduate students at the University of Beira Interior, analyzing
how these variables behave according to gender, course and grade attended by students and
analyse the relationship between the different learning styles and these with kinds of
reasoning. Involved 140 college students, 61 males and 81 females, aged between 18 and 25
years. For data collection were used: one Sociodemographic questionnaire, the Portuguese
version CHAEA (Miranda & Morais, 2008) and a BPRD (Almeida, 1992). The results show that
there are statistically significant differences in the Learning styles by gender for Pragmatic
Style. With regard to the types of reasoning we observed statistically significant differences
regarding gender in Spatial Reasoning and Mechanical Reasoning; with regard to courses in all
types of reasoning and for the year of schooling in Mechanical Reasoning and Spatial
Reasoning. There was also the existence of a positive correlation between the Active and
Pragmatic Style and the Reflective Style with theoretical Style and a statistically significant
negative correlation between the RA and Reflective Style and between Theoretical Style and
Spatial Reasoning.
Keywords
Learning styles; Reasoning; Higher Education
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ndice
Dedicatria .................................................................................................................................... iii
Agradecimentos ............................................................................................................................. v
Resumo ........................................................................................................................................ vii
Abstract ......................................................................................................................................... ix
Lista de Figuras ............................................................................................................................ xiv
Lista de Tabelas .......................................................................................................................... xvii
Lista de Acrnimos ....................................................................................................................... xx
Introduo ..................................................................................................................................... 1
Capitulo 1. Estilos de aprendizagem ............................................................................................. 5
1.1. Definio do conceito Estilos de Aprendizagem ................................................................ 7
1.2 Modelos tericos .............................................................................................................. 10
1.2.1 Teoria de Aprendizagem Experimental de Kolb ......................................................... 10
1.2.2 Modelo de Honey and Mumfords ............................................................................. 13
1.2.3 Modelo de Alonso, Gallego e Honey .......................................................................... 15
1.3 Os estilos de aprendizagem no ensino superior ............................................................... 17
1.4. A investigao sobre estilos de aprendizagem no ensino superior ................................. 19
Capitulo 2. A inteligncia ............................................................................................................ 23
2.1 Definies atuais ............................................................................................................... 23
2.2 Modelos Tericos de Inteligncia ..................................................................................... 24
2.2.1 Inteligncia enquanto aptido singular ..................................................................... 24
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2.2.2 A inteligncia diferenciada em aptides .................................................................... 25
Capitulo 3. Os Estilos de Aprendizagem e as Aptides Cognitivas na aprendizagem ................. 33
Capitulo 4. Estudo Emprico ........................................................................................................ 37
4.1. Objetivos .......................................................................................................................... 37
4.1.1. Objetivo geral ................................................................................................................ 37
4.1.2. Objetivos especficos ................................................................................................. 37
4.1.3. Variveis da Investigao .......................................................................................... 38
4.2 Mtodo .............................................................................................................................. 38
4.2.1 Desenho de estudo ..................................................................................................... 38
4.2.2 Participantes ............................................................................................................... 38
4.3 Instrumentos ..................................................................................................................... 40
4.3.1 Questionrio Sociodemogrfico ................................................................................. 40
4.3.2 Questionrio Honey-Alonso de Estilos de Aprendizagem (CHAEA) (Miranda, 2005) 40
4.3.3 Bateria de Provas de Raciocnio Diferencial (BPRD) (Almeida, 1992) ........................ 42
4.4 Procedimento .................................................................................................................... 45
4.5 Anlise de dados ................................................................................................................ 46
4.6 Resultados ......................................................................................................................... 48
4.7. Discusso .......................................................................................................................... 70
4.8. Concluso Final ................................................................................................................. 73
Referncias Bibliogrficas ....................................................................................................... 74
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Lista de Figuras
Figura 1 - Modelo de Aprendizagem Experiencial de Kolb (Gaulo, 2012, pp.195). 12
Figura 2 - Estilos de ensino que facilitam a aprendizagem de cada estilo de aprendizagem. 18
Figura 3 - Distribuio percentual dos estudantes por curso. 39
Figura 4 - Distribuio percentual dos estudantes por ano de escolaridade. 39
Figura 5 - Distribuio percentual no Estilo Ativo. 51
Figura 6 - Distribuio percentual no Estilo Ativo em funo do gnero. 52
Figura 7 - Distribuio percentual no Estilo Ativo em funo do curso. 53
Figura 8 - Distribuio percentual no Estilo Ativo em funo do ano de escolaridade. 54
Figura 9 - Distribuio percentual no Estilo Reflexivo. 55
Figura 10 - Distribuio percentual no estilo reflexivo em funo do gnero. 55
Figura 11 - Distribuio percentual o Estilo Reflexivo em funo do curso. 56
Figura 12 - Distribuio percentual no Estilo Reflexivo em funo do ano de escolaridade. 57
Figura 13 - Distribuio percentual no Estilo Pragmtico 58
Figura 14 - Distribuio de frequncias e percentagens no Estilo Pragmtico em funo do
gnero. 58
Figura 15 - Distribuio percentual no Estilo Pragmtico em funo do curso. 59
Figura 16 Distribuio percentual no Estilo Pragmtico em funo do ano de escolaridade. 60
Figura 17 - Distribuio percentual no Estilo Terico. 61
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Figura 18 - Distribuio percentual no Estilo Trico em funo do gnero. 61
Figura 19- Distribuio percentual no Estilo Trico em funo do Curso. 62
Figura 20 - Distribuio percentual no Estilo Trico em funo do ano de escolaridade. 63
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Lista de Tabelas
Tabela 1 - Caractersticas de cada estilo de aprendizagem (Alonso, Gallego & Honey,2012) 16
Tabela 2 - Quadro resumo de alguns estudos realizados no mbito dos estilos de aprendizagem
no ensino superior. 19
Tabela 3 - Representao das Inteligncias Mltiplas de Gardner (1983) 26
Tabela 4 - Definio dos dez fatores amplos da teoria CHC (Almeida & Primi, 2004). 30
Tabela 5 - Nveis de preferncia associados aos estilos de aprendizagem (Miranda, 2005). 42
Tabela 6 - Descrio da Bateria de provas de raciocnio. 43
Tabela 7 - Populao escolar, 12 ano sexo masculino (Almeida, 1992). 44
Tabela 8 - Populao escolar, 12 ano sexo feminino (Almeida, 1992). 45
Tabela 9 - Valores de consistncia interna do questionrio CHAEA obtidos no presente estudo.
48
Tabela 10 - Valores de consistncia interna da BPRD obtidos no presente estudo. 49
Tabela 11 - Valores mdios (DP ) dos estilos de aprendizagem do questionrio CEHEA. 50
Tabela 12 - Valores mdios (DP ) nas provas de raciocnio. 51
Tabela 13 Diferenas entre as pontuaes mdias (DP) nos estilos de aprendizagem em
funo do gnero. 64
Tabela 14 - Diferenas entre as pontuaes mdias (DP) nos diferentes raciocnios, em
funo do gnero. 64
Tabela 15 - Diferenas entre as pontuaes mdias (DP) nos diferentes estilos de
aprendizagem, em funo do curso. 65
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Tabela 16 - Diferenas entre as pontuaes mdias (DP) nos diferentes raciocnios em funo
do curso. 66
Tabela 17 - Diferenas entre as pontuaes mdias (DP) nos diferentes estilos de
aprendizagem em funo do ano de escolaridade. 67
Tabela 18 - Diferenas entre as pontuaes mdias (DP) nos diferentes raciocnios, em
funo do ano de escolaridade. 68
Tabela 19 - Correlaes entre os diferentes estilos de aprendizagem e os diferentes
raciocnios 69
Tabela 20 - Correlaes entre os diferentes estilos de aprendizagem 69
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Lista de Acrnimos
ANOVA Anlise de Varincia
BPRD Bateria de Provas de Raciocnio Diferencial
CA Conceptualizao Abstrata
CHAEA Questionrio Honey-Alonso de Estilos de Aprendizagem
CHC Teoria das Habilidades Cognitivas
DAT Differential Aptitudes Tests
EA Estilos de Aprendizagem
EA Experimentao Ativa
EC Experincia Concreta
Ga Processamento Auditivo
GATB General Aptitude Test
Gc Inteligncia Cristalizada
Gf Inteligncia Fluida
Glr Armazenamento e Recuperao da Memria de Longo Prazo
Gq Conhecimento Quantitativo
Grw Leitura e Escrita
Gs Velocidade de Processamento
Gsm Memria de Curto Prazo
Gt Rapidez de Deciso
Gv Processamento Visual
LSI Learning Style Inventory
LSQ Learning Styles Questionnaire
OR Observao Reflexiva
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PMA Primary Mental Abilities
RA Raciocnio Abstracta
RE Raciocnio Espacial
RM Raciocnio Mecnico
RN Raciocnio Numrico
RV Raciocnio Verbal
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Introduo
Na sociedade atual existe uma grande preocupao com o sucesso dos indivduos nas
mais diversas reas: acadmica, profissional, familiar, desportiva entre outras. Neste sentido,
e no que diz respeito ao contexto escolar, tem sido prestada uma grande ateno questo
do sucesso acadmico dos alunos. Este especto apresenta uma grande inquietao nos alunos,
professores, pais, psiclogos, e polticos na medida em que o futuro do pas e do cidado
depende, em grande parte, do sucesso do ensino. Neste seguimento tm sido abordadas
vrias componentes que influenciam o rendimento acadmico possibilitando a interveno
eficaz por parte das escolas/Universidades e dos prprios alunos.
Cabe, s universidades formar profissionais de excelncia, motivados, crticos,
flexveis e capazes de se adaptar s exigncias de uma sociedade em constante mudana
(Valdebenito, Pierart, Salgado, Palma & Seiffert, 2009)
Torna-se imprescindvel que as instituies de Ensino Superior, bem como os agentes
que nelas se inserem, sejam capazes de lidar com as complexas exigncias da sociedade, os
avanos do conhecimento cientfico e os desafios da empregabilidade e do
empreendedorismo. Assim sendo, existe a necessidade de adotar prticas curriculares
inovadoras, s passveis de concretizar na base de um paradigma de ensino-aprendizagem que
faa da flexibilizao curricular, do desenvolvimento de competncias e da articulao
curricular, prioridade (Alves, Morgado, Lemos, Rodrigues & S, 2012).
Tendo em conta os novos desafios que se colocam no ensino superior e os novos
modelos de organizao do processo ensino aprendizagem, tem-se vindo a proceder a todo
um processo de clarificao das competncias que se consideram como essncias para um
desempenho competente e de qualidade na sociedade.
O sucesso acadmico dos estudantes e a sua aprendizagem mediado por diversos
fatores, no podendo ser atribudo exclusivamente s capacidades cognitivas dos estudantes.
Neste contexto, o processo de ensino-aprendizagem deve ter em conta que cada
estudante tem uma maneira particular de agir, pensar, experimentar e teorizar sobre o que
ele percebe ao seu redor, formando o seu prprio estilo de modo de capturar informaes. Na
prtica educacional, a maioria dos estudantes tendem a efetuar aprendizagens mais eficazes
se os estilos de ensinar dos docentes estiverem de acordo com suas caractersticas e
habilidades preferindo certas estratgias de ensino (Morales-Ramrez, Alviter-Rojas, Hidalgo-
Corts , Garca-Lozano e Molinar-Sols, 2012).
No Ensino Superior os estudantes vem-se confrontados com a existncia de novos
mtodos de ensino e de avaliao, a aquisio de novas rotinas e hbitos de estudo e de
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avaliao, bem como maior autonomia na gesto do tempo, necessitando para isso de
conhecer os seus pontos fortes e as suas dificuldades quer no que diz respeito forma como
preferem aprender (estilos de aprendizagem) quer no que se relaciona com as suas aptides/
habilidades cognitivas, nesta perspetiva a autorregulao e a automonitorizao, so
ferramentas centrais para os discentes, pois s assim podero utilizar um estilo de
aprendizagem em virtude de outro e consequentemente realizar aprendizagens significativas
e eficazes.
Diversos estudos sobre estilos de aprendizagem foram desenvolvidos a partir dos
interesses e nas diferenas individuais. Os estilos de pensar e aprender propem-se a explicar
e a evidenciar a forma como os estudantes percebem, processam e transformam a
informao, ou seja, a maneira como eles interagem com as condies de aprendizagem
(Riding & Cheema, 2001). Importa, sobretudo, pensar que os discentes possuem pretenses
pessoais e profissionais e, talvez, o que falta seja uma viso completa e profunda dos
contextos e realidades sua volta, no s de conscincia profissional, mas tambm, uma
reflexo ao nvel das suas atitudes. Por outro lado, os docentes precisam de reformular as
suas prticas, competncias e mtodos de ensino, no sentido de transmitir e compartilhar os
seus conhecimentos, com os alunos, e vice verso, de modo a privilegiar todos os tipos e
estilos de aprendizagem para que os objetivos propostos sejam realmente alcanados, ou
seja, a construo de um conhecimento em todos os seus mbitos (Martin & Girn, 2010).
De acordo com estas novas perspetivas e desafios, considera-se como pertinente que
se aprofunde cada vez mais, os diversos aspetos que, de forma direta ou indireta, influenciam
o rendimento acadmico.
O presente estudo ter como variveis centrais, os estilos de aprendizagem e os
raciocnios: Numrico, Verbal, Espacial, Abstrato e Mecnico e visa averiguar em que medida
os resultados obtidos nestas duas variveis diferem em funo do gnero, do curso e do ano
de escolaridade dos discentes da UBI.
Esta dissertao est organizada em quatro captulos. No primeiro captulo,
apresentamos uma sntese de literatura sobre o conceito de estilos de aprendizagem; os
modelos tericos atuais; os estilos de aprendizagem no Ensino Superior e os principais
resultados de investigaes anteriores realizadas com estes estudantes.
Um segundo captulo centra -se na apresentao dos principais modelos tericos sobre
inteligncia, assim como as suas definies atuais e no terceiro captulo, debruamo-nos
sobre Os Estilos de Aprendizagem e as Aptides Cognitivas na aprendizagem.
O quarto captulo deste trabalho constitui o estudo emprico, na qual expomos os
principais objetivos dos estudos realizados, bem como a metodologia (descrio dos
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participantes, instrumentos e consequentes procedimentos), os principais resultados de cada
um. Por ltimo, apresenta-se uma concluso final onde se procura enquadrar os resultados
encontrados com o panorama atual descrito pela literatura, levantando questes para
reflexo, quer para estudos posteriores quer sobre os resultados do presente estudo.
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Capitulo 1. Estilos de aprendizagem
Durante algum tempo a investigao no mbito educacional, em particular no que
respeita ao desempenho e sucesso acadmico, centrou-se fundamentalmente no conceito de
inteligncia, no entanto quando a ateno dos investigadores se focou nos fatores que
influenciavam a aprendizagem, verificaram a existncia de outros fatores relevantes, tais
como: cognitivo, afetivo e fsico, ambiental, cultural e scio econmicos que influenciam
diretamente os processos de aprendizagem. Cassidy (2004) afirma que de todos os fatores
resultantes dessa investigao, um conceito em particular permitiu a recolha de informao
valiosa sobre o processo de aprendizagem o conceito Estilos de Aprendizagem (EA), havendo
por isso um grande interesse e esforo pela parte da comunidade cientfica para definir e
compreender este conceito, bem como a sua influncia na aprendizagem
Num contexto educacional tradicional, todos os alunos so tratados pelo professor de
forma uniforme, no tendo em conta as suas caractersticas individuais e consequentemente o
seu estilo de aprendizagem. No entanto deve ser objetivo principal deste contexto possibilitar
que os alunos realizem aprendizagens significativas por si s, ajudando-os a ser capazes de
aprender a aprender, e para tal necessrio fomentar o autoconhecimento do prprio
estilo de aprendizagem (Miranda, Morais, & Dias, 2005).
Com o desenvolvimento da teoria construtivista da aprendizagem, ocorreu uma
mudana de nfase em direo a um foco na compreenso do aluno, em particular na ateno
dedicada maneira como os alunos adquirem informao e a relacionam com o conhecimento
existente, na forma como processam a informao e a compreendem e por fim, na forma
como demonstram a qualidade da aprendizagem efetuada, o que significa que o interesse dos
investigadores se centra nas diferenas individuais dos alunos (Cuthbert, 2005).
H vrias dcadas que os investigadores e tericos tm desenvolvido estudos com o
objetivo de compreender os processos que envolvem as prticas de ensino e aprendizagem,
centrando-se no apenas na procura de alternativas que facilitem o desencadear do processo
de aprendizagem, mas tambm no desvendar de mecanismos e prticas educativas que
fomentem o sucesso acadmico, sendo que o individuo fica mais motivado a aprender algo,
quando capaz de reconhecer em si mesmo, os seus pontos fortes e principalmente as suas
fraquezas (Picoli & Galembeck, 2012).
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Tulbure (2012) refere que os estilos de aprendizagem so uma questo complexa,
tanto para alunos como para docentes. Do ponto de vista dos alunos o estilo de aprendizagem
indica uma preferncia geral para a aprendizagem que abrange as dimenses cognitiva,
afetiva, psicomotora e fisiolgica, por outro lado, da perspetiva dos docentes o fato dos
alunos terem diferentes estilos de aprendizagem representa um desafio constante, visto que a
utilizao de mtodos de instruo adequados implica o diagnstico dos estilos de
aprendizagem dos indivduos e adaptar os seus mtodos de insino aos respetivos estilos de
aprendizagem.
As teorias sobre os estilos de aprendizagem confirmam a diversidade entre os
indivduos e propem meios para melhorar a aprendizagem atravs da conscincia pessoal de
alunos e docentes relativamente s particularidades individuais.
Embora os indivduos manifestem um nvel de preferncia mais elevado por
determinado estilo de aprendizagem, aceite pelos diferentes tericos que os estilos no so
mutveis, medida que os alunos avanam no processo de aprendizagem descobrem melhores
formas e mtodos para aprender, mudando o seu estilo, estes podem ainda variar consoante
as circunstncias, os contextos e tarefas de aprendizagem que tm de enfrentar, assim como
com a idade ou com os nveis de exigncia da tarefa de aprendizagem (Martnez, Bravo, Bravo
& Gutirrez, 2009).
Salgado, Larenas, Aguilera e Martnez-Geijo (2013) referem que os estudos dos estilos
de aprendizagem tm implicaes em cinco dimenses: (1) nos estilos de ensino num ensino
centrado no aluno, o docente deve ter em conta os estilos de aprendizagem dos alunos; (2)
no rendimento acadmico- depois de analisadas vrias investigaes ficou suficientemente
comprovado que os alunos aprendem de forma mais eficaz quando so ensinados de acordo
com o seu estilo de aprendizagem predominante; (2) na orientao educacional os estilos de
aprendizagem desempenham uma funo orientadora para ajudar por exemplo a diminuir o
abandono escolar; (3) na educao de adultos o autoconhecimento dos estilos de
aprendizagem configura-se como um bom recurso para a dinmica de formao permanente,
necessria na atualidade e (4) nos recursos didticos na importncia de conhecer e respeitar
os estilos de aprendizagem para projetar mtodos de avaliao mais adequados para verificar
o progresso de cada aluno e da insistncia sobre a importncia de ensinar as crianas atravs
de mtodos que se adequam as suas preferncias.
Em suma, torna-se necessrio que o ensino e as metodologias educacionais utilizadas
sejam repensados de modo a privilegiar todos os tipos e estilos de aprendizagem dos
aprendizes para que os objetivos propostos sejam realmente alcanados, ou seja, a
construo de conhecimentos em todos os seus mbitos (Pupo, 2012).
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1.1. Definio do conceito Estilos de Aprendizagem
A palavra estilo tem a sua origem no latim (Stylu), que significa carcter,
peculiaridade, modo, maneira ou forma de fazer as coisas. No quotidiano utilizada para
referenciar alguma caracterstica distintiva ou prpria de uma pessoa ou grupo de pessoas. Na
Psicologia este termo introduzido pela Psicanlise, referindo-se a um elemento que
caracteriza a personalidade em diferentes contextos de manifestao, tais como: estilo de
gesto; estilo de vida; estilo de comunicao, etc. (Pupo & Torres, 2009).
Um estilo, segundo alguns autores, considerado como algo superficial, composto por
comportamentos externos, no entanto Alonso, Gallego e Honey (2012) consideram que o
estilo no apenas um conjunto de aparncias, mas de uma perspetiva fenomenolgica as
caractersticas estilsticas so os indicadores de superfcie dos nveis mais profundos da mente
humana: o sistema total de pensamento e as peculiares qualidades da mente que um
indivduo utiliza para estabelecer laos com a realidade.
Miranda e Morais (2008) referem que os estilos so concluses s quais chegamos
sobre a forma como as pessoas agem e que as pessoas aprendem de forma diferente umas das
outras, o que se pode verificar observando como cada aluno prefere um ambiente de
aprendizagem, um mtodo ou uma forma de organizao.
O conceito Estilos de Aprendizagem comea a ser foco de interesse a partir de
meados dos anos 70, e esse interesse surgiu da pesquisa realizada na rea da Cognio, em
particular no mbito da psicologia (Wong & Nunan, 2011). Desde ento este conceito tem sido
alvo de inmeras investigaes, existindo uma grande variedade de definies, teorias
modelos e instrumentos de avaliao, resultantes no apenas da vasta investigao realizada,
mas tambm da ambiguidade do conceito (Cassidy, 2004). Definir o conceito estilo de
aprendizagem no tarefa fcil, sendo este muitas vezes utilizado de forma imprecisa,
havendo dificuldade em fazer a distino entre a definio de Estilos de aprendizagem,
Estilos cognitivos e Estratgias de aprendizagem.
Sadler-Smith (2001) refere que Estilos cognitivos so segundo Messick diferenas
individuas consistentes nos modos de organizar e processar informaes.
As Estratgias de aprendizagem so definidas como um conjunto de estratgias
especficas ou tcnicas que os indivduos utilizam na resoluo de problemas ou na realizao
de tarefas e contrariamente aos estilos de aprendizagem, so aplicadas pelo indivduo em
diferentes situaes de aprendizagem, de forma consciente e podem ser aprendidas, fazendo
parte do processo de aprendizagem. Os estilos de aprendizagem por seu lado dizem respeito a
caractersticas inatas que se manifestam no modo como os indivduos preferem aprender
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(Wintergerst, DeCapua & Itzen, 2001). No entanto Existem muitas divergncias na definio
deste conceito, aparecendo associado a diversos aspetos, podendo surgir em termos de
comportamentos, preferncias, tendncias, dimenses de personalidade ou ainda como
processo de tratamento de informao e como representao de situaes de aprendizagem
(Miranda, Morais & Dias, 2005).
Alguns autores definem estilos de aprendizagem como uma disposio, tendncia ou
predisposio para agir de determinada maneira, referindo-se no apenas ao comportamento
mas definindo a prpria pessoa, sendo que, esta predisposio implica obrigatoriamente a
existncia de uma preferncia, assim o termo preferncia surge como conceito essencial
quando se define estilos de aprendizagem.
Sadler-Smith (2001) faz a distino entre estilos, preferncias e estratgias de
aprendizagem da seguinte forma: estilos de aprendizagem so a forma habitual de adquirir
conhecimento, capacidades ou atitudes atravs do estudo ou da experincia, a preferncia de
aprendizagem corresponde maneira preferida de aprender, que pode variar na mesma
pessoa em funo da tarefa e do contexto e as estratgias de aprendizagem representam o
plano de ao adotado para aquisio do conhecimento, capacidades ou atitudes atravs do
estudo ou da experincia, a forma em que se decide realizar uma tarefa de aprendizagem,
por exemplo: demonstrao, discusso e prtica.
Rincn, Cu e Gallego (2008) consideram que as trs definies de estilos de
aprendizagem mais significativas do ponto de vista didtico e pedaggico pertencem a Dun e
Dun, que definem estilos de aprendizagem como o conjunto de caractersticas pessoais,
biolgicas e de desenvolvimento, que fazem com que um mtodo ou estratgia de ensino seja
eficaz para uns alunos e no para outros; a Ridind e Rayner que consideram que estilos de
aprendizagem compreendem os Estilos cognitivos e as estratgias de ensino-aprendizagem,
englobando trs componentes bsicos: organizao cognitiva, representao mental e a
integrao de ambas e a definio de Alonso, Gallego e Honey (2012) que consideram que os
estilos de aprendizagem correspondem aos traos cognitivos, afetivos e fisiolgicos, que
servem como indicadores relativamente estveis, de como os alunos percebem, interacionam
e respondem aos seus ambientes de aprendizagem. Os traos cognitivos diferenciam os
indivduos quanto forma de saber, os afetivos englobam a motivao, as expectativas, a
tomada de deciso e a necessidade de aprender e os fisiolgicos fundamentam-se nos estudos
e contribuies das teorias neurofisiolgicas (Alonso, Gallego & Honey, 2012). Referem que
estes traos servem como indicadores para identificar os diferentes estilos de aprendizagem
dos alunos, indicando quais as suas preferncias e diferenas, devendo ser tidas em conta na
conceo do processo de ensino-aprendizagem.
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Os indivduos manifestam diferentes comportamentos relativos aprendizagem,
alguns preferem trabalhar individualmente, desenvolvendo a sua autonomia e capacidade de
reflexo, enquanto outros, preferem o trabalho em grupo, desenvolvendo o relacionamento
interpessoal. Estas so duas formas de estar diferentes que manifestam duas preferncias
destintas e consequentemente dois estilos de aprendizagem tambm diferentes (Miranda &
Morais, 2008).
As caractersticas individuais de cada aluno, ou seja o seu estilo individual,
determinam a forma como cada aluno experiencia os contextos formais de ensino e
aprendizagem, assim, demonstram preferir determinados ambientes de aprendizagem, bem
como, diferentes mtodos de ensino e estratgias de aprendizagem. Alguns alunos
demonstram maior interesse por aprender factos e aceder a grandes quantidades de
informao, enquanto outros preferem atividades que impliquem muito raciocnio e pouca
quantidade de informao, tais como temas matemticos ou tecnolgicos.
A compreenso do conceito estilos de aprendizagem fundamental, pois permite que
as prticas educacionais possam ser mais eficazes, porque esta uma das variveis que
professores e alunos podem ter em conta quando se confrontam com assuntos complexos de
ensino e aprendizagem (Miranda, 2005).
Saul, Guadalupe e Consuelo (2011), referem que o interesse na investigao sobre
estilos de aprendizagem surgiu da necessidade de melhorar a qualidade do processo
educacional e conhecendo as caractersticas individuais dos alunos possvel orientar a sua
aprendizagem eficazmente, atravs da identificao das melhores estratgicas didcticas, dos
mtodos de ensino mais adequados e dos pontos fortes e fracos dos alunos, para que estes
possam ultrapassar as suas dificuldades.
Vrios estudos que relacionam o rendimento acadmico com os estilos de
aprendizagem, demonstram que os alunos de diferentes nveis educativos, aprendem com
mais eficcia quando os mtodos de ensino utilizados pelos docentes esto em concordncia
com os estilos de aprendizagem predominantes (Alonso, Gallego & Honey , 2012; Ramrez,
Rojas, Corts, Lozano & Sols, 2013).
Para os alunos, conhecer os seus estilos de aprendizagem fundamental, pois
permite-lhes reconhecer os seus pontos fracos e fortes e adaptar as suas estratgias de
aprendizagem, combinando-as com os seus estilos de forma a atender s diferentes tarefas de
aprendizagem em contextos particulares, ampliando assim o seu potencial de aprendizagem
(Wong & Nunan, 2011).
A identificao dos estilos de aprendizagem permite ainda planificar e aplicar
estratgias de ensino centradas no aluno e proporciona orientaes para a individualizao do
ensino, quando se conhece e se respeita os diferentes estilos dos alunos e o ato de ensinar
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adaptado a esse fato, os alunos podem atingir nveis positivos de aprendizagem (Natel, Tarcia
& Sigulem, 2013).
1.2 Modelos tericos
No que se refere aos modelos tericos desenvolvidas no mbito dos estilos de
aprendizagem, Cassidy (2004) afirma que estes se centram em trs abordagens: abordagens
centradas na personalidade, abordagens centradas na cognio e abordagens centradas na
aprendizagem. As abordagens centradas na personalidade focam-se nas diferenas de
personalidade, as abordagens centradas na cognio, na identificao de estilos de
aprendizagem com base nas diferenas individuais cognitivas e de funcionamento percetual e
as centradas na aprendizagem, que salientam o impacto do estilo na aprendizagem aplicado
ao contexto educacional e na importncia de outros conceitos relevantes que a influenciam.
Nesta abordagem sobressaem os modelos tericos baseados no processo de aprendizagem, ou
seja, na perceo e processamento da informao, modelos centrados nas preferncias
individuais por diferentes situaes de aprendizagem e os modelos centrados nas capacidades
cognitivas caracterizados pela utilizao dos modelos de Estilos Cognitivos s situaes de
aprendizagem.
Durante a dcada de 90 a Teoria dos estilos de Aprendizagem teve grande
desenvolvimento, surgiram vrios modelos tericos e desenvolveram-se diversos instrumentos
de avaliao. No entanto no que respeita investigao com a populao universitria
atualmente predominam duas linhas de investigao: uma abordagem Europeia de Alonso
Garca, Gallego y Honey e uma abordagem Anglo-saxnico de Felder y Silverman, sendo que
ambas se desenvolveram com base no Modelo de Aprendizagem Experiencial de Kolb (1984).
1.2.1 Teoria de Aprendizagem Experimental de Kolb
Segundo este modelo o termo Estilo de Aprendizagem, define as preferncias dos
indivduos no que respeita compreenso das suas experincias e na sua transformao em
conhecimento Cuthbert (2005).
Na verdade, a aprendizagem no se refere apenas aquisio ou transmisso de
conhecimento, visto que representa a interseco entre contedo e experiencia, ocorrendo
uma transformao recproca. Neste contexto o papel do docente no consiste apenas na
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transmisso de novas ideias, mas tambm modificar ideias preexistentes que impeam a
aquisio das novas ideias (Tulbure, 2012).
O modelo de Aprendizagem Experiencial tem origem nos trabalhos desenvolvidos por
autores que atriburam experincia um papel fundamental na aprendizagem e no
desenvolvimento do ser humano, Kolb procura desenvolver um modelo holstico da
aprendizagem experiencial com base em seis pressupostos presentes nos estudos
desenvolvidos anteriormente, esses pressupostos so: (1) a aprendizagem concebida
enquanto processo e no em termos de resultados, assim para melhorar a aprendizagem o
foco deve ser no envolvimento dos alunos num processo que melhore a sua aprendizagem, um
processo que deve incluir o feedback sobre a eficcia dos seus esforos de aprendizagem; (2)
toda a aprendizagem consiste em reaprender, ou seja, a aprendizagem facilitada por um
processo em que os alunos constroem novas aprendizagens a partir de aprendizagens
anteriores; (3) a aprendizagem exige a resoluo de conflitos entre modos dialeticamente
opostos que impulsionam o processo de aprendizagem. O processo de aprendizagem
realizado mediante um movimento de frente para trs, entre os modos opostos de refleco e
aco e pensamento e sentimento; (3) a aprendizagem um processo holstico de adaptao
ao mundo. No apenas um resultado da cognio, envolve o funcionamento integral e total do
individuo, ou seja, o pensamento, o sentimento, a perceo e o comportamento; (4) a
aprendizagem resulta de transaes sinergticas entre o individuo e o seu meio ambiente. A
aprendizagem ocorre mediante um processo de assimilao de novas experincias e a sua
acomodao a experiencias j existentes e (5) a aprendizagem o processo de criao de
conhecimento. Este modelo prope uma teoria construtivista da aprendizagem segundo o qual
o conhecimento social criado e recriado no conhecimento pessoal do aluno (Kolb & Kolb,
2005).
Assim, de acordo com este modelo, a aprendizagem definida como um processo pelo
qual o conhecimento resulta da transformao da experincia, ou seja resulta da combinao
de compreender e transformar a experincia. Efetivamente, Kolb (1984) considera que a
aprendizagem ocorre mediante um processo cclico, que decorre segundo vrios estdios, os
quais podem ser representados pelas seguintes fases: experincia concreta (EC), observao
reflexiva (OR), conceptualizao abstrata (CA) e experimentao ativa (EA). A experincia de
aprendizagem de um indivduo decorre ao longo do ciclo representado na figura que se
apresenta de seguida:
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Figura 1 - Modelo de Aprendizagem Experiencial de Kolb (Gaulo, 2012, pp.195).
Uma aprendizagem bem-sucedida exige que o individuo combine todas as etapas de
forma flexvel, pois assim estas podero evoluir para padres estveis e duradouros que
caraterizam a individualidade de cada um. Estilo de aprendizagem definido como um estado
duradouro que resulta da configurao constante entre o indivduo e o seu meio ambiente.
Com base neste ciclo de aprendizagem, Kolb definiu duas dimenses de aprendizagem
opostas, que se caracterizam pela existncia de uma tenso dialtica entre a experincia
concreta e conceptualizao abstrata (dimenso de compreenso da informao) e entre a
observao reflexiva e experimentao ativa (uma dimenso de
processamento/transformao da informao) (Sadler-Smith, 2001).
Os indivduos, que na dimenso compreenso privilegiam o modo concreto, entram
na informao pela experincia direta, fazendo e atuando, (sentindo). No plo oposto,
abstrato, os sujeitos chegam informao pela anlise e observao, (pensando). Na
dimenso processamento/transformao da informao, no plo reflexivo, os indivduos
transformam a informao atravs de uma reflexo interna dos dados (Inteno) e no plo
ativo, existe uma manipulao ativa e externa dos dados, utilizando de imediato a nova
informao manipulando-a ou transformando-a assim como o ambiente (Goulo, 2012).
A aprendizagem resulta de um processo em que os conhecimentos tm origem na
transformao da experincia, e o conhecimento por sua vez, resulta da combinao da
forma como os indivduos recolhem a informao e como a transformam. A existncia de duas
formas opostas, quer para a perceo, quer para o processamento da informao, d origem a
quatro formas elementares de conhecimento. Neste seguimento, atravs das combinaes
Experincia Concreta (EC)
Observao Reflexiva (OR)
Formao de conceitos abstratos e
generalizaes (CA)
Testagem de conceitos em novas situaes
(Experimentao Ativa - EA)
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entre as dimenses de aprendizagem, kolb, definiu quatro estilos de aprendizagem, que
descreveriam caractersticas do processo de aprendizagem individual: (1) o estilo Divergente
(EC/OR): que combina caractersticas da Experincia Concreta e Observao Reflexiva,
tipicamente estes indivduos percecionam a informao de uma forma concreta e processam-
na reflexivamente, necessitam de estar pessoalmente envolvidos na atividade de
aprendizagem, destacam-se pela sua capacidade de analisar uma situao por diferentes
pontos de vista, so criativos e do origem a alternativas; (2) o Assimilador (OR/CA) que
combina caractersticas das etapas de Observao Reflexiva e Conceptualizao Abstrata, so
indivduos que se interessam mais pela lgica da ideia do que pela sua aplicao prtica,
possuem raciocnio indutivo e destacam-se pela capacidade de criar modelos e teorias; (3) o
estilo Convergente (CA/EA), que rene caractersticas das etapas de Conceptualizao
Abstrata e Experimentao Ativa e utilizam o raciocnio hipottico dedutivo na resoluo de
problemas, atuando melhor em problemas com solues nicas. Por ltimo, (4) o Acomodador
(EC/EA): que agrupa caractersticas das etapas Experincia Concreta e Experimentao Ativa,
sendo indivduos que aprendem fazendo coisas, usando mais o sentimento do que a lgica,
recorrem muito tentativa e erro, confiam mais nas pessoas para conseguir informaes do
que na sua prpria anlise tcnica (Kolb & Kolb, 2005; Goulo, 2012; Picoli & Galembeck,
2012).
Para avaliar empiricamente os estilos de aprendizagem que definiu, Kolb desenvolveu
o questionrio Learning Style Inventory (LSI), instrumento que ao longo dos anos foi revisto
vrias vezes. No entanto foram diversas as crticas que lhe foram feitas. Alguns autores
referem que a sua utilizao deve ser cuidadosa pois possui vrias deficincias que limitam a
sua utilizao, incluindo a baixa fiabilidade; validade questionvel e poderes de previso
baixos, alm disso, o instrumento prev que os indivduos s podem possuir um estilo de
aprendizagem (Manolis, Burns, Assudani & Chinta 2013).
1.2.2 Modelo de Honey and Mumfords
A partir da teoria desenvolvida por Kolb, Peter Honey e Alan Mumford, elaboraram um
questionrio de estilos de aprendizagem, dirigido para o mundo empresarial, o Learning Styles
Questionnaire (LSQ). Com este questionrio o objetivo dos autores consistia em averiguar
porque que numa situao em que dois indivduos partilham o mesmo contexto, uma
aprende e a outra no (Rincn, Cu & Gallego, 2008).
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A resposta a esta questo pode ser encontrada nas diferentes reaes dos indivduos,
resultantes das suas necessidades diferentes relativamente ao modo como se expem
aprendizagem e apreendem o conhecimento. Assim os estilos de aprendizagem de cada
pessoa originam diferentes respostas e comportamentos perante uma situao de
aprendizagem (Alonso, Gallego & Honey, 2012).
Este questionrio foi proposto como alternativa ao questionrio desenvolvido por Kolb
(LSI), e embora tenha sido desenvolvido para uma populao em particular foi posteriormente
utilizado em muitos outros mbitos, inclusive na educao, sendo aplicado a estudantes do
Ensino Superior (Duff & Duffy, 2002).
De acordo com Swaile e Senior (1999), Honey e Mumford tal como Kolb, tm em
considerao a aprendizagem como um processo circular de quatro etapas e enfatizam a
importncia da experincia neste processo. No entanto, diferenciam-se da Teoria
Experiencial de Kolb em trs aspetos fundamentais: as suas descries dos estilos de
aprendizagem so mais detalhadas e baseiam-se na aco dos indivduos; as respostas ao
questionrio so um ponto de partida e no um fim, ou seja permitem fazer um diagnstico
que ajude e oriente o indivduo para a realizao de aprendizagens eficazes e este
questionrio constitudo por 80 itens possibilita a anlise de um maior numero de variveis,
do que o proposto por Kolb (Alonso, Gallego & Honey , 2012). Estes autores desenvolveram
uma tabela na qual descrevem como indivduos com alta pontuao em cada um dos quatro
diferentes estilos de aprendizagem referentes ao modo como os alunos preferem aprender; O
Estilo Ativo, o Estilo Reflexivo, o Estilo Pragmtico e o Estilo Terio (Kappe, Boekholt, Rooyen
& Van der Flier 2009).
Os indivduos com predominncia do Estilo Ativo, so indivduos com uma mente
aberta e enfrentam novas experincias com entusiasmo, tm tendncia para agir de imediato
e s depois considerar as consequncias dos seus atos, gostam de novos desafios e novas
experiencias, aborrecendo-se com tarefas de longo tempo de durao e so indivduos que se
envolvem nos assuntos de outros centrando todas as atividades em seu redor. Os Reflexivos
preferem considerar as experincias e observ-las de diferentes perspetivas, recolhem e
analisam os dados com ponderao, antes de chegar a uma concluso, consideram todas as
alternativas possveis antes de tomar uma deciso, observam e ouvem os outros intervindo
apenas quando se apropriaram da situao. Os Tericos adaptam e integram as observaes
dentro de teorias lgicas e complexas, enfrentam os problemas por etapas lgicas, tendem a
ser perfeccionistas, gostam de analisar e sintetizar, buscam a racionalidade e a objetividade
e sentem-se desconfortveis com a subjetividade e ambiguidade.
Os Pragmticos gostam de por em prtica e experimentar novas ideias, gostam de
atuar rapidamente e com segurana relativamente s ideias e projetos que os atraem,
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tendem a ser impacientes com pessoas que teorizam e so indivduos terra-a-terra quando
necessitam de tomar decises ou resolver problemas (Duff, 2010; Alonso, Gallego & Honey,
2012). Estes autores consideram que os estilos de aprendizagem so o ponto de partida para a
orientao e aperfeioamento individual, visto que o indivduo mais eficaz ser aquele que
exiba condutas de todos os estilos de aprendizagem, tendo em conta as exigncias da tarefa
de aprendizagem (Aguado & Falchetti, 2009).
O questionrio LSQ composto por 80 itens, a maioria dos itens so comportamentais,
descrevem uma ao que um individuo pode ou no realizar, estando por isso direcionado
para detetar tendncias de comportamento individual (Duff & Duffy, 2002). Duff (2010) refere
que embora este questionrio tenha apresentado bons resultados de fiabilidade interna
noutros contextos, no mbito educacional deve ser utilizado com alguma prudncia, em
particular a sua utilizao com estudantes do Ensino Superior, visto que no existem estudos
sobre as suas propriedades de medida, com esta populao. Para colmatar esta lacuna,
desenvolveu um estudo com estudantes do ensino superior de uma universidade de Inglaterra
e verificou que a consistncia interna do instrumento modesta, devendo por isso ser
discutidas as suas limitaes relativamente a esta populao.
1.2.3 Modelo de Alonso, Gallego e Honey
O questionrio de estilos de aprendizagem desenvolvido por Honey e Mumford (LSQ)
foi adaptado para o contexto acadmico por Alonso, Gallego e Honey (1994 cit in Rincn, Cu
& Gallego, 2008), que criaram o Questionrio de Honey Alonso de estilos de Aprendizagem
(CHAEA). Este questionrio permite ao docente conhecer o estilo de ensino que prefere e ao
aluno o seu estilo de aprendizagem. Mais do que avaliar os estilos de aprendizagem,
proporciona um diagnstico a partir do qual possvel por um lado identificar o estilo
predominante (fortalezas) e refor-lo, por outro desenvolver e melhorar os estilos nos quais
existem maiores dificuldades de adaptao (debilidades) (Lago, Colvin & Cacheiro, 2008).
Alonso et al. (2012), a partir dos estudos que realizaram com este questionrio
identificaram para cada estilo de aprendizagem, dois nveis de caractersticas: ao conjunto de
cinco caractersticas que obtiveram pontuaes mais significativas como resultado da anlise
fatorial designaram de caractersticas principais, sendo as restantes designadas de
caractersticas secundarias. Os autores consideram que este conjunto de caractersticas
Determina com clareza as destrezas de cada estilo, estas caractersticas esto definidas na
Tabela 1:
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Tabela 1 - Caractersticas de cada estilo de aprendizagem (Alonso, Gallego & Honey,2012)
Estilo Ativo
Estilo Reflexivo
Estilo Pragmtico
Estilo Terico
Caractersticas
principais
Animador
Improvisador
Descobridor
Espontneo
Temerrio
Ponderado
Consciente
Recetivo
Analtico
Exaustivo
Experimentador
Prtico
Direto
Eficaz
Realista
Metdico
Lgico
Objetivo
Crtico
Estruturado
Caractersticas
secundrias
Criativo Inovador
Aventureiro
Renovador
Inventor
Protagonista
Desconcertante
Conversador Lder
Voluntarioso
Divertido
Participativo
Competitivo
Mutvel
Desejoso de
aprender
Gerador de ideias
Solucionador de
problemas
Observador
Paciente
Cuidadoso
Investigador
Assimilador
Lento
Distante Prudente
Informador
Argumentador
Pormenorizado
Gosto pelo detalhe
Criador de
alternativas
Estudioso de
comportamentos
Captador de dados
Tcnico
til
Rpido
Decidido
Planificador
Positivo
Concreto
Objetivo
Claro
Atual
Seguro de si
Organizador
Soluciona
problemas
Implementador de
aprendizagens
Planificador de
aes
Disciplinado
sistemtico
ordenado
sinttico
racionalista
pensador
perfeccionista
generalizador
Criador de
hipteses
Relaciona dados
Criador de
teorias
Criador de
modelos Gerador
de preguntas
Gerador de
conceitos
Gerador dos "por
qu "
Gerador de
procedimentos
Explorador
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1.3 Os estilos de aprendizagem no ensino superior
A utilizao de instrumentos de diagnstico de aprendizagem individual, em
particular de estilos de aprendizagem, revela-se de grande importncia, especialmente no
Ensino Superior, visto que as universidades enfrentam uma crescente presso para alcanar
ou melhorar os nveis de desempenho dos estudantes e promover uma aprendizagem
individualizada. A melhor forma de promover um elevado desempenho fazendo com que os
estilos de ensino dos docentes sejam congruentes com os estilos de aprendizagem dos
estudantes (Martin, 2010).
Gallego (2013) refere que depois de feito o diagnstico dos estilos de aprendizagem
dos estudantes do Ensino Superior necessrio ajud-los a aprender a aprender de forma a
que possam desenvolver estratgias que lhes permitam aumentar o seu conhecimento e
tambm desenvolver novas competncias. A melhoria dos estilos de aprendizagem nestes
estudantes, pode facilitar o seu acesso a uma grande quantidade de informao, a adquirir
conhecimentos e a orient-los num verdadeiro sentido pessoal e capacidade criativa na
resoluo de problemas colocados pela sociedade.
importante salientar que embora docentes e estudantes explorem os seus estilos de
aprendizagem preferidos, existe uma falta de concordncia entre os estilos de ambos, visto
que os estilos de ensino e os estilos de aprendizagem tm um carcter espontneo e
geralmente os docentes focam-se na transmisso dos contedos programticos. Mesmo
quando os docentes se preocupam em conhecer os estilos de aprendizagem dos seus alunos,
estes nem sempre tm recursos educacionais que lhes permitam dar resposta diversidade
existente na sua sala de aula (Pupo, 2012). Importa pois, ter em considerao os estilos de
ensino, til esclarecer que no possvel acomodar as preferncias de estilo de todos os
alunos em todos os momentos, sendo necessrio implementar ajustes conscientes e graduais
em cada rea, considerando os objetivos.
Tapias, Cu, Vivas, Rincn, Alonso e Dios (2011) definem os estilos de ensino como o
conjunto de comportamentos de ensino que os docentes exibem habitualmente em
determinados contextos e em cada fase ou momento da atividade de ensino, que se
fundamentam em atitudes pessoais que lhes so inerentes, e outras que resultam da sua
experincia acadmica e profissional.
Consideram que existem quatro tipos de estilos de ensino, sendo que cada um deles
favorece uma aprendizagem mais eficaz de alunos com preferncia elevada ou muito elevada
por determinado estilo de aprendizagem, esses estilos encontram-se na Figura 2:
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O estudo dos estilos de aprendizagem no ensino universitrio assume particular
importncia, visto que cada rea de estudo, ou curso, requer a utilizao de estilos de ensino
especficos pela parte dos docentes e a utilizao de diferentes estilos de aprendizagem pela
parte dos estudantes na abordagem a tarefas de aprendizagem destintas, para que assim
possam melhorar a eficcia da aprendizagem desses contedos especficos (Melo & Andrada,
2013).
A planificao consciente e sistemtica de estratgias de ensino pode incentivar as
capacidades criativas dos alunos durante o processo de ensino-aprendizagem , motivando o
envolvimento pessoal dos alunos na identificao de problemas e na procura de solues,
tanto a nvel emprico como terico. No entanto nem sempre os docentes adotam uma
atitude positiva perante este desafio (Pupo & Torres, 2011).
Os estilos de aprendizagem converteram-se em elementos vitais para promover uma
educao de qualidade e o fato de se conhecer a prevalncia de estilos que os alunos tm
essencial para adaptar os mtodos de ensino, contribuindo assim para elevar os padres de
qualidade do ensino (Tapias, Cu, Vivas, Rincn, Alonso & Dios, 2011).
Estilo Aberto Estilo Ativo
Estilo Formal Estilo Reflexivo
Estilo Estrutural Estilo Terico
Estilo Funcional Estilo Pragmtico
Figura 2 - Estilos de ensino que facilitam a aprendizagem de cada estilo de aprendizagem.
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1.4. A investigao sobre estilos de aprendizagem no ensino
superior
As primeiras investigaes sobre estilos de aprendizagem surgiram da preocupao
por melhorar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, analisando a forma como os
alunos aprendem, para que os docentes possam adotar estratgias de ensino de acordo com
os estilos de aprendizagem de ambos, alunos e professores (Garcia, 2008).
Das variveis mais estudadas no ensino superior destacam-se o rendimento
acadmico, o gnero e o curso frequentado pelos alunos. Diversos estudos empricos
demonstram que a varivel gnero e o curso que frequentam na universidade so
considerados como pertinentes, visto que, em inmeras investigaes se verifica uma relao
estatisticamente significativa e consistente entre gnero, curso e estilos de aprendizagem. No
gnero masculino predomina um estilo mais pragmtico, em contrapartida, o gnero feminino
prevalece um estilo mais Reflexivo (Cerqueira, 2000; Cavelluci, 2005; Jurez, Rodriguez &
Luna, 2012). Relativamente ao curso, verifica-se que estudantes na rea cientfica das
Engenharias evidenciam um estilo mais Pragmtico, enquanto discentes nas reas das Cincias
Sociais evidenciam um estilo mais Reflexivo (Margarita, Carolina & Gustavo, 2011).
Relativamente ao rendimento escolar, vrios estudos demonstram que este
influenciado pelo estilo de aprendizagem.
No quadro que se segue encontram-se alguns objetivos e resultados de diversos
estudos realizados com estudantes do Ensino Superior de vrios pases, nos quais foi utilizado
como instrumento de avaliao o questionrio CHAEA.
Tabela 2 - Quadro resumo de alguns estudos realizados no mbito dos estilos de aprendizagem no ensino
superior.
Referncia
Objetivos
Principais resultados
Garay (2008)
Investigar a relao entre
estilos de aprendizagem e
sucesso acadmico em alunos
de um instituto superior
privado, nas reas de formao
geral e de formao
profissional.
- O estilo de aprendizagem predominante foi o
reflexivo e o menos predominante o Estilo
Pragmtico.
- Existe uma correlao mdia positiva entre
estilos de aprendizagem e o rendimento acadmico
em ambos os tipos de formao.
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Donado, Prez,
Molina e
Gonzalez (2009)
Identificar as estratgias de
ensino e os estilos de
aprendizagem de alunos do 1
ano de psicologia de uma
Universidade do Peru.
- Observaram que os estudantes pontuavam num
nvel alto e muito alto em mais que um estilo,
inclusive em todos eles. Verificaram que o Estilo
Terico era predominante, seguindo-se os alunos
que pontuaram alto ou muito alto em todos os
estilos, o Estilo Reflexivo por seu lado teve pouca
representatividade.
- Relativamente s estratgias de ensino dos
docentes verificaram as estratgias utilizadas
respondiam melhor s preferncias dos alunos com
predominncia no Estilo Terico.
Valdebenito,
Pierart,
Salgado, Palma
e Seiffert
(2009)
Identificar os estilos de
aprendizagem de estudantes do
1 ano de Bioengenharia e
Pedagogia em Educao Fsica
e relaciona-los com a idade e o
curso.
- Os alunos apresentaram uma leve preferncia
pelo Estilo Pragmtico.
No se verificaram diferenas nos estilos
relativamente aos cursos frequentados.
- Relativamente ao gnero verificaram uma clara
preferncia pelo Estilo Pragmtico nos homens em
ambos os cursos e no se verificaram diferenas
estatisticamente significativas no que respeita ao
gnero feminino.
Aguado (2011)
Identificar os estilos de
aprendizagem de estudantes
universitrios e verificar a
existncia de diferenas de
gnero, curso e rea de
estudo.
-Verificaram que os estilos predominantes so o
Estilo Reflexivo, seguindo-se o terico. O Estilo
Ativo o que obtm menos preferncia.
- Relativamente ao gnero concluram que apenas
relativamente ao Estilo Terico no existem
diferenas estatisticamente significativas. O
gnero masculino apresenta uma maior preferncia
pelo Estilo Ativo e pragmtico enquanto o gnero
feminino prefere o Estilo Reflexivo.
- No que respeita ao curso concluram que apenas
existem diferenas significativas no Estilo Ativo e
terico.
- Quanto rea de estudo, verificaram que
existem diferenas, em particular no que respeita
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ao Estilo Ativo e reflexivo. O Estilo Ativo
predomina na rea de desporto e obtm
pontuaes mais baixas nas reas de Biologia e
Educao. O Estilo Reflexivo obtm maiores
pontuaes na Faculdade de Economia e mais
baixas na de Engenharias; O Estilo Terico
predomina na Faculdade de Biologia e de Cincias
do Trabalho e obtm menos pontuaes nas
faculdades de Educao e de Desporto; por fim o
Estilo Pragmtico obteve maiores pontuaes na
Faculdade de Engenharias e mais baixas na s
faculdades de Filosofia e Educao.
Ojeda e Herrera
(2013)
Investigar a relao que existe
entre os estilos de
aprendizagem de diversos
cursos de Engenharia de uma
universidade do Mxico e o seu
rendimento acadmico.
- Verificaram que o estilo de aprendizagem
predominante em todos os cursos foi o reflexivo.
- Encontraram uma relao significativa positiva
entre o estilo de aprendizagem pragmtico e o
rendimento acadmico dos cursos de Engenharia
Informtica e Engenharia Industrial e entre o estilo
de aprendizagem terico e Engenharia
Eletromecnica.
Benavides e
Garca (2012)
Identificar as preferncias de
estilos de aprendizagem dos
alunos de ensino superior
distncia na Colmbia e a sua
relao com a idade e gnero.
- Verificaram que os alunos no apresentavam
preferncia por um determinado estilo.
- Os resultados demonstraram que existe uma
relao entre os estilos Ativo e Pragmtico e entre
os estilos Reflexivo e Terico.
- Verificaram que existe uma relao significativa
no que respeita ao gnero, os homens apresentam
maior preferncia pelo Estilo Reflexivo e as
mulheres pelo Pragmtico.
Analisar a existncia de uma
relao entre estilos de
aprendizagem, rendimento
- Verificaram a existncia de uma correlao
positiva entre o Estilo Terico e o curso de
Engenharia Civil e Engenharia Biomdica; e entre o
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Pierart e Pavs
(2011)
acadmico e gnero em
estudantes de Engenharia Civil,
Engenharia Biomdica e
Tecnologia Mdica de uma
universidade do Chile.
Estilo Reflexivo e o curso de Tecnologia Mdica.
- Relativamente ao gnero no se verificaram
diferenas estatisticamente significativas.
Sal, Guadalupe
e Consuelo
(2011)
Identificar se existe uma
relao entre estilos de
aprendizagem e rendimento
acadmico dos alunos de
Psicologia de uma universidade
do mxico.
-Os resultados obtidos sugerem que o estilo de
aprendizagem predominante o reflexivo, no
entanto o gnero masculino apresenta maior
preferncia pelo Estilo Pragmtico.
- No verificaram existir uma correlao
significativa entre os estilos de aprendizagem e o
rendimento acadmico.
Balcaza e
Salinas (2009)
Analisar os estilos de
aprendizagem de alunos do
curso de Engenharia Industrial
de uma universidade Argentina,
no incio e no final do seu
percurso acadmico.
- Os alunos que frequentam o 1ano demonstram
ter preferncia em primeiro lugar pelo Estilo
Reflexivo, seguindo-se por ordem decrescente de
preferncia o Estilo Pragmtico, terico e ativo.
- Quanto aos alunos do ltimo ano verificaram que
estes manifestaram ser mais tericos, sendo os
seus estilos por ordem de preferncia o reflexivo,
terico, pragmtico e por ltimo o ativo.
Garcia (2008), refere que apesar dos desenvolvimentos na investigao sobre estilos
de aprendizagem existem no entanto algumas reas que necessitam de ser mais exploradas:
formao de professores; Tecnologias da Informao e Comunicao, Tutorias presenciais no
ensino distncia, Inteligncia emocional e inteligncias mltiplas.
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Capitulo 2. A inteligncia
2.1 Definies atuais
Epistemologicamente, Inteligncia vem da juno das palavras latinas intus
(movimento para dentro) com legere (escolher, ler). Ou seja, por meio da seleo e da
escolha que os humanos compreendem as coisas, inclusivamente as coisas sobre si mesmos
A inteligncia e as questes que esto inerentes sua definio, avaliao e
desenvolvimento tm dominado a investigao psicolgica de tal modo que o seu estudo
parece estar para a histria da psicologia como a avaliao das capacidades humanas est
para a histria da humanidade.
O conceito inteligncia tem tido, com efeito, um nmero excessivo de
significaes, das significaes mais clssicas de inteligncia passa pelos processos
cognitivos de raciocnio (inferncia e aplicao de relaes), tambm apontados como
processos cognitivos superiores, esses processos so requeridos nas situaes de
aprendizagem e na resoluo dos problemas do quotidiano, mesmo que no prescindindo dos
processos bsicos de codificao e organizao dos estmulos ou informao, processos esses
geralmente associados perceo e memria de trabalho (Lemos, Almeida & Guisande,
2006).
A inteligncia considerada como um conjunto de habilidades cognitivas dos
indivduos necessrias sua adaptao, no fundo, sua sobrevivncia. Nesta perspetiva,
inteligncia tem a ver com a capacidade de julgamento, aptido para formar associaes
complexas, planear, resolver problemas e aprender com as situaes. No entanto, face
complexidade deste conceito e s diversas metodologias usadas na sua investigao, o
conceito inteligncia mantm-se bastante controverso no seio dos investigadores (Almeida,
Nascimento, Lima, Vasconcelos, Akama & Santos,2010).
Almeida (2002) refere que a inteligncia diz respeito s capacidades e habilidades dos
indivduos, ou seja, observa-se que os indivduos se diferenciam quanto forma e quanto
capacidade para realizar tarefas intelectualmente exigentes. Estas diferenas humanas de
desempenho, constituram o objeto de estudo, de formulao de diversas teorias sobre
inteligncia e de desenvolvimento de instrumentos de avaliao.
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2.2 Modelos Tericos de Inteligncia
2.2.1 Inteligncia enquanto aptido singular
As primeiras abordagens sobre inteligncia consideraram a Inteligncia enquanto
aptido singular. Esta perspetiva assente na unicidade da inteligncia teve, no entanto, duas
formas diferentes de expresso: (i) os que defendem a integrao de funes cognitivas
diversas num potencial ou quociente de inteligncia (teoria da inteligncia compsita), e (ii)
os que propem um elemento bsico e comum a todas as atividades cognitivas (teoria do
fator geral ou g) (Almeida, 2002).
As primeiras concees de inteligncia referem-se capacidade associada
discriminao sensorial, ao tempo de reao e coordenao sensoriomotora. Um
representante fundamental desta conceo foi Galton que considerou a capacidade
intelectual como uma manifestao das capacidades mais bsicas de discriminaes
sensoriais. A capacidade intelectual dos indivduos refletiria a sua destreza e o grau de
complexidade associativa nessas funes bsicas, originando, ento, a utilizao de provas
sensoriais e motoras na avaliao da inteligncia. Nesta linha, concebeu uma das primeiras
tentativas de medio das diferenas intelectuais dos indivduos, entre famlias e entre raas,
defendendo a origem hereditria. Em 1882 aplicou a sua primeira escala mtrica, avaliando
traos fsicos (tamanho e peso), aplicando testes de acuidade visual, de fora muscular,
avaliando os tempos de reao, entre outras funes sensoriomotoras simples. Alguns
exemplos das suas aplicaes so: a Rgua de Galton, Apito de Galton e as Sries Graduadas
de peso (Sternberg, 2000).
Segundo Almeida (2002) Binet posteriormente, considerou que as diferenas
intelectuais dos indivduos decorrem de funes mentais mais complexas, por exemplo,
memria, imaginao, ateno, compreenso ou apreciao esttica, distanciando-se dos
seus antecessores e sugerindo a avaliao de processos mentais superiores em alternativa s
funes sensrio- motoras. Binet e Simon, desenvolveram um mtodo de avaliar crianas com
deficincia intelectual, com dificuldades em aprender e com baixo rendimento escolar: a
Escala de inteligncia Binet-Simon.
A teoria do fator geral ou g, foi desenvolvida por Spearman que apresentou a teoria
dos dois fatores da inteligncia, tambm conhecida como bi-fatorial. Segundo esta teoria o
desempenho em qualquer medida de inteligncia estaria relacionado com o nvel de
inteligncia geral do indivduo e a habilidades especficas exigidas em cada teste. Assim, a
resoluo de um problema implicaria a presena de dois tipos de fatores: um fator de
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inteligncia geral (fator g) e outros fatores especficos (fatores s). O fator de inteligncia
geral, subjacente a todas as atividades intelectuais, representaria uma espcie de energia,
com base neurolgica, capaz de ativar a capacidade de realizao de trabalhos intelectuais.
Os fatores especficos seriam relativos a uma tarefa especfica, representando
particularidades de cada instrumento (Schelini, 2006)
2.2.2 A inteligncia diferenciada em aptides
Em oposio a esta perspetiva da inteligncia enquanto aptido nica, surgem vrios
autores que defendem que a inteligncia se encontra diferenciada em aptides (Teorias
Multifatoriais). A discusso nas diferentes teorias organiza-se em torno de duas questes
associadas: (1) a existncia de uma ou vrias aptides na definio da estrutura da
inteligncia, e (2) uma organizao horizontal ou vertical, em termos de importncia das
aptides entre si, no caso dos modelos que propem mais que uma aptido.
De acordo com Thurstone o desempenho intelectual dos indivduos pode ser explicado
por um determinado nmero de aptides primrias independentes entre si.
Segundo a teoria deste autor a inteligncia melhor compreendida como um conjunto
de habilidades mentais primrias, isto , por um conjunto de sete fatores independentes
entre si: V- compreenso verbal, W- fluncia verbal, N- aptido numrica, S- aptido
espacial, R- raciocnio, P- velocidade preceptiva e M- memria. Com base nesta teoria
surgiram vrias baterias para a avaliao das aptides intelectuais, das quais se destacam a
Primary Mental Abilities (PMA) do prprio Thurstone. E duas outras batereis a Differential
Aptitudes Tests (DAT) e General Aptitude Test Battery (GATB) (Almeida (2002).
Outro terico que tambm defende que as vrias aptides so independentes foi
Guilford, recorrendo a trs componentes na definio das diferentes aptides: operao
mental (processo cognitivo envolvido numa dada tarefa), contedo (tipo de informao em
que a tarefa se expressa) e produto (forma final da informao ou resultado aps a atividade
mental do sujeito), cruzando cinco tipos de operaes, quatro tipos de contedos e seis tipos
de produtos, formula 120 aptides no seu modelo estrutural da inteligncia identificou a
existncia de: (1) quatro operaes cognitivas: avaliao (processo de anlise das respostas
possveis de acordo com critrios lgicos), produo convergente (resoluo de problemas
envolvendo processos de induo e deduo de relaes), produo divergente (resoluo de
problemas envolvendo a produo de vrias solues possveis), memria (reteno e
evocao da informao) e cognio (reconhecimento e compreenso da informao), (2)
quatro contedos: figurativo (informao na forma de imagens), simblico (informao na
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forma de signos cuja significao decorre de cdigos), semntica (informao decorrente do
significado de palavras ou outros elementos) e comportamental (informao associada a
pensamentos e sentimentos acerca do prprio indivduo e dos outros) e (3) seis produtos:
unidades (partes de informao relativamente limitadas), classes (agrupamentos de
informao em funo de caractersticas comuns), relaes (conexes entre itens de
informao), sistemas (agrupamentos de unidades estruturadas segundo padres
interrelacionados), transformaes (modificaes ou definio de fases da informao) e
implicaes (conexo circunstancial entre itens devido sua proximidade).
Em 1983, Gardner defende que a inteligncia no nica, nem monoltica, algo que
no esttico que se altera e desenvolve quando o sujeito responde s experincias do seu
meio ambiente. A inteligncia entendida como o potencial biopsicolgico, produto da
herana gentica e de caractersticas psicolgicas (Gardner, 1983, 1987).
Definiu inteligncia como a capacidade de resolver problemas ou de criar produtos que
sejam reconhecidos dentro de um ou mais cenrios culturais. O autor desenvolveu a teoria
das Inteligncias Mltiplas enquanto uma explicao da cognio humana que pode ser
submetida a testes empricos, alm de ter demonstrado que a sua teoria possui vrias
implicaes educacionais considerveis. Aponta 8 inteligncias distintas (lingustica, lgico-
matemtica, espacial, musical, corporal-cinestsica, interpessoal, intrapessoal e naturalista),
que so relativamente independentes umas das outras, no entanto cada uma separada por
um sistema de funcionamento, apesar destes sistemas interagirem para produzirem o que ele
denomina por um desempenho inteligente. Este modelo ilustra, assim, uma abordagem
multidimensional, ampla e pragmtica da inteligncia. No quadro que se segue descreve-se
mais aprofundadamente cada uma das inteligncias consideradas neste modelo:
Tabela 3 - Representao das Inteligncias Mltiplas de Gardner (1983)
Tipo de Inteligncia Caractersticas
Lingustica
Capacidade para gerir e estruturar os significados,
bem como as funes das palavras e da
linguagem; melhores capacidades de escrita e
oralidade; gosto pela leitura; gosto pelas rimas e
jogos com palavras; gosto em ouvir apresentaes
orais; habilidade para aprender lnguas, tendo
como sistema simblico e de expresso a
linguagem fontica.
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Lgico-matemtica
Bom raciocnio matemtico, traduzido na
habilidade para realizar clculos, quantificar e
considerar propores, estabelecer e comprovar
hipteses, desenvolver operaes matemticas
complexas, encontrar e estabelecer relaes
entre objetos, analisar problemas do ponto de
vista lgico e investigar assuntos cientificamente.
Visuo-espacial
Capacidade para compreender com preciso o
mundo visual e espacial (leitura fcil de mapas,
diagramas e esquemas grficos); para reconhecer
e manipular os padres de um espao amplo assim
como de reas restritas; efetuar transformaes
nas percees iniciais dos objetos, para elaborar
representaes mentais de objetos complexos.
Inerentes a este tipo de atividade esto o sistema
simblico e a linguagem ideogrfica.
Corporal-cinestsica
Habilidade de utilizar o corpo para resolver
problemas ou criar produes, aparecendo em
pessoas com uma grande capacidade no domnio
desportivo e artstico. Relaciona-se com o
desenvolvimento psicomotor, pelo que implica a
capacidade para controlar movimentos do prprio
corpo e manipular objetos com destreza.
Musical
Engloba competncias na realizao, composio
e apreciao de formas musicais, bem como a
habilidade para discriminar, transformar e
expressar padres musicais, assim como a
sensibilidade ao ritmo, ao tom e ao timbre.
Intrapessoal
Capacidade para aceder aos prprios sentimentos
e distinguir as emoes ntimas; metacognio;
forte sentido de independncia e vontade;
perceo realista das suas capacidades e
debilidades; comodidade em trabalhar sozinhos.
Capacidade para compreender intenes,
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Interpessoal
motivaes e desejos de outras pessoas e,
consequentemente lidar com os outros de forma
adequada e eficaz. A sua presena apreciada
pelos seus companheiros, atuam como lderes
espontaneamente; aconselham os colegas quanto
resoluo de problemas.
Naturalista
Capacidade para compreender e desenvolver
experincias com o mundo natural, atravs da
observao, planeamento e testagem de hipteses
relativas aos fenmenos naturais, a percia no
reconhecimento e classificao das espcies do
meio ambiente.
Rapelato, Vieira, Domingues e walter (2011) referem que para alm da descrio das oito
Inteligncias Mltiplas, torna-se relevante salientar que todos os indivduos possuem as oitos
inteligncias e que cada pessoa tem