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ESTRATÉGIAS GENÉRICAS NO VAREJO ALIMENTAR: Estudo de Caso de um Grande Varejista Rosineide Tinoco Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Instituto de Pós Graduação e Pesquisa em Administração Orientadora: Profa. Angela da Rocha Ph.D. em Administração Rio de Janeiro 2000

ESTRATÉGIAS GENÉRICAS NO VAREJO ALIMENTAR: Estudo … · quando ela me disse que eu deveria sempre tentar ser o melhor que podia em tudo que resolvesse fazer. Então, eu sempre

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ESTRATÉGIAS GENÉRICAS NO VAREJO ALIMENTAR:

Estudo de Caso de um Grande Varejista

Rosineide Tinoco

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Instituto de Pós Graduação e Pesquisa em

Administração

Orientadora: Profa. Angela da Rocha

Ph.D. em Administração

Rio de Janeiro

2000

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Tinoco, Rosineide Wanderley.

Estratégias Genéricas no Varejo Alimentar: Estudo

de Caso de um Grande Varejista / Rosineide

Wanderley Tinoco. Rio de Janeiro: UFRJ/

COPPEAD, 2000.

V.1, 203p.

Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro,

COPPEAD.

1. Estratégia. 2. Estratégia de Marketing. 3. Varejo

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“(...) se eu tivesse que destacar um elemento da minha vida que tenha feito uma

diferença para mim, seria a paixão por competir. Esta paixão sempre me manteve na

jornada, olhando para a frente (...)

Eu não sei o que leva uma pessoa a ser ambiciosa, mas é um fato que eu fui

mais do que abençoado com energia e ambição desde o começo (...) Nossa mãe era

extremamente ambiciosa pelos seus filhos. Ela lia muito e amava a educação (...) Ela

foi para a faculdade por um ano antes de abandoná-la para se casar e, talvez para

compensar isso, ela simplesmente estabeleceu desde o início que eu iria à faculdade e

seria alguém. Uma das maiores tristezas da minha vida foi o fato dela morrer cedo, de

câncer, justamente quando começávamos a prosperar no negócio (...)

Minha mãe deve ter sido uma motivação muito especial, por que eu a levei a sério

quando ela me disse que eu deveria sempre tentar ser o melhor que podia em tudo que

resolvesse fazer. Então, eu sempre persegui tudo o que me interessava com verdadeira

paixão – alguns diriam obsessão – por vencer. Sempre posicionei a barra muito alta para

mim mesmo: eu sempre estabeleci metas pessoais extremamente elevadas.”

(Sam Walton – em Made In America: My Story)

À memória de minha mãe, Vaneide,

minha eterna inspiradora e orientadora.

Ao meu pai, Luiz, por tudo que me

ensinou sobre dedicação ao trabalho e à família.

E a todos aqueles que acreditam que o Brasil é um país viável,

e que não se cansam de trabalhar e investir nesse sentido.

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AGRADECIMENTOS

“É maravilhoso , Senhor,

Relembrar sobretudo

Ter um pouco para pedir

E tanto para agradecer.”

(Oração do Meio-Dia)

Saliby pelo Aparentemente solitário, a realização deste trabalho não seria de fato

possível se não existissem tantas pessoas e instituições que nos incentivassem a levá-lo a

cabo. São muitos aqueles a quem gostaria de agradecer e aqui vai toda a minha admiração

e respeito.

À professora Angela da Rocha, minha orientadora de mão cheia, que me guiou

incondicionalmente desde os primeiros passos, com a escolha do tema, até o desenrolar

de todo o trabalho. Seu coração amigo e sua admirável competência e domínio dos

assuntos abordados foram decisivos para a conclusão deste trabalho.

À Heloisa Leite, sempre solícita e professora de primeira linha, pelo contato com

o Sr. Arthur Sendas e por todo o tempo dedicado à realização da entrevista.

Aos Professores Fernando Bins Luce e Rebecca Arkader, por terem aceito o

convite para a banca e pelas valiosas contribuições para o trabalho.

Às diversas instituições que financiaram meus anos de estudos, notadamente o

CNPq, por ter proporcionado a bolsa de estudos que possibilitou a realização desta tese e

à Fundação Estudar, brilhante instituição que incentiva o desenvolvimento dos jovens

talentos brasileiros, em particular à Ilona e ao Claudio Hadad, pelo incentivo e

credibilidade de financiar a complementação dos meus estudos na Università

Commercialle Luigi Bocconi, na Itália.

Ao COPPEAD/UFRJ, que possibilitou não só a realização desta tese, como

também os dois anos de intenso aprendizado e convivência com profissionais altamente

capacitados. Além disso, foi o COPPEAD que possibilitou que eu conhecesse pessoas

absolutamente especiais cuja estima levarei sempre comigo, dentre elas o Walter, o

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Chiarini, a Paulinha, a Tati, a Giovana, a Danny e o Beto, o Salomão, o Lucimar, o

Fellipe, a Mônica, a Renata Abtibol, a Roberta e o Ulisses, e o Band. Também sou grata a

todos os professores desta casa cujos ensinamentos me fizeram crescer profissional,

acadêmica e pessoalmente. Sou grata ao professor voto de crédito e apoio desde o início e

a todos os funcionários, por seu carinho e dedicação para com a nossa turma,

especialmente à Cida e ao Carlos.

Sobre a turma 96, não existem palavras que possam expressar o orgulho e a

satisfação de nossa convivência. Acredito que a turma 96, por contar com pessoas tão

competentes e afetuosas, seja um bom exemplo de que é possível fazer o todo ser maior

do que as partes. Não posso deixar de agradecer aqui ao Celso e ao Ivan, pelo espírito de

equipe e pela iniciativa de me ajudar nas horas mais difíceis.

À Dida, por toda a sua experiência, aconselhamento e pelo apoio incondicional às

minhas escolhas de vida. À Ana, Fê, Lurdinha e Kelly, amigas do peito e eternas

companheiras, pelo carinho e pelo ombro sempre disponível nos momentos difíceis e por

tudo o mais.

À minha irmã Luzi e ao Daniel, pelo exemplo de dedicação à pesquisa científica

brasileira, e também ao meu irmão, por todo o carinho e estímulo.

A todos aqueles que, apesar de não estarem explicitamente citados, sempre

torceram e torcem pelo meu sucesso e a Deus, companheiro onipresente, por me permitir

conviver com tantas pessoas especiais ao longo do caminho.

Finalmente, gracias a la vida, que me há dado tanto...Todas as coisas têm o seu

tempo, e segundo o termo que a cada uma foi prescrito, todas elas passam debaixo do

céu...

E, se após a sensação do trabalho concluído, ousar julgar-me muito boa, poderei

recorrer aos versos de Pessoa, carinhosamente citados pelo meu companheiro de turma, o

Dib:

“Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada. (...)

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?

Ser o que penso? Mas penso em tanta coisa!

E a tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!

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Gênio? Neste momento

Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,

E a história não marcará, quem sabe?, nem um, (...)

E vou escrever esta história para provar que sou sublime.(...)”

(Fernando Pessoa, fragmento de “A Tabacaria”)

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TINOCO, Rosineide Wanderley. Estratégias genéricas no varejo alimentar: estudo de

caso de um grande varejista. Orientadora: Angela da Rocha. Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPEAD, 2000. Dissertação. (Mestrado em Administração).

RESUMO

O varejo alimentar no Brasil, defrontou-se, em seu desenvolvimento, com enormes desafios. De

um lado, na década de 80 e início de 90, a turbulência ambiental causada pelas elevadas taxas de

inflação, pela recessão e pelas intervenções do governo na economia, através dos planos

econômicos. Na década de 90, particularmente em sua segunda metade, a abertura do mercado

brasileiro às importações e a globalização do varejo, além da estabilização econômica, criaram

novas oportunidades e sérios desafios.

É nesse contexto que o presente estudo analisa as estratégias adotadas por uma grande empresa

varejista brasileira, classificada entre as maiores do setor, o Grupo Sendas, no decorrer das últimas

décadas. A escolha deste caso como objeto de estudo deriva do fato de ser esta a única, entre as

maiores empresas do setor, cujo capital permanece totalmente nacional. Mais ainda, foi ela a única

sobrevivente, entre as grandes cadeias de varejo de alimentos no Estado do Rio de Janeiro.

A metodologia adotada consistiu no estudo de casos, sendo os dados coletados através de fontes

primárias e secundárias. Pesquisa bibliográfica detalhada permitiu a organização de um arquivo de

dados contendo artigos publicados em jornais e revistas, além de diversos relatórios e dados do

setor. Uma vez elaborada a primeira versão do caso, foi realizada uma entrevista com o executivo

principal da empresa. Os dados foram organizados e classificados e elaborada a versão final do

caso. A análise concentrou-se no uso de estratégias genéricas pela empresa, entre aquelas

indicadas na literatura e contidas no esquema conceitual adotado no estudo.

Os resultados indicam que a adoção de estratégias de focalização e diversificação, acompanhadas

por conservadorismo financeiro, talvez seja a melhor explicação para a sobrevivência da empresa

em meio às turbulências ambientais.

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TINOCO, Rosineide Wanderley. Estratégias genéricas no varejo alimentar: estudo de

caso de um grande varejista. Orientadora: Angela da Rocha. Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPEAD, 2000. Dissertação. (Mestrado em Administração).

ABSTRACT

Food retailing in Brazil has been confronted in its development by very large

challenges. During the decade of the 1980s and at the beginning of the 1990s, the

industry confronted environmental turbulence caused by high levels of inflation, by

recession and by government interventions in the economy through various economic

plans. In the decade of the 1990s, particularly in the second half, the opening of the

Brazilian market to imports and the globalization of retailing in addition to economic

stabilization created new opportunities and serious challenges.

It is in this context that the present study analyzes the strategies adopted during recent

decades by a large Brazilian food retailer classified among the largest in the sector, the

Sendas Group. The choice of this case as the object of study derives from the fact that it

is the only one of the major companies of the sector whose ownership has remained

totally national. Moreover, it was the sole survivor among the large food retail chains in

the state of Rio de Janeiro.

The research method adopted consisted in the study of cases with data collected from

primary and secondary sources. A detailed bibliographic research permitted the

organization of a database containing articles published in various newspapers and

magazines besides various industry reports. Once a first version of the case was

completed, the top executive of the company were interviewed. The data were

organized and classified and the final version of the case was written. The analysis

concentrated on the use of generic strategies by the company as mentioned in the

literature and contained in the conceptual scheme adopted in the study.

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Results indicated that the adoption of the strategies of focus and diversification,

accompanied by financial conservatism, provides perhaps the best explanation for the

survival of the company in the midst of the environmental turbulence.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Classificação estratégica de produto – mercado 17

Figura 2 – Alternativa de diversificação de Ansoff 17

Figura 3 – Estratégias Genéricas de Porter Vantagem Estratégicas 33

Figura 4 – As disciplinas de Valor de Treacy e Wieserma 36

Figura 5 – Estratégia de Focalização 53

Figura 6 – As quatro abordagens de customização 58

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Benefícios e Custos Potenciais Associados a Customização em

Massa 60

Tabela 2 – Condições Necessárias para o Sucesso da Customização em

Massa 61

Tabela 3 – Comparativo entre os Estudos Exploratórios, Descritivos e Causais

73

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Cursos de ação para penetração de mercado 18

Quadro 2 – Cursos de ação para desenvolvimento de mercado 19

Quadro 3 – Condições que determinam o melhor método de pesquisa 73

Quadro 4a – Modalidade de Auto-serviço - Critério Abras 82

Quadro 4b – Principais Fusões, Aquisições e Joint Ventures no Setor 100

Quadro 5 – Auto-serviço – Brasil: Indicadores Físicos das 5 Maiores do

Setor 101

Quadro 6 – Evolução do Auto-serviço alimentar brasileiro 106

Quadro 7 – Auto-serviço 1999: Perfil da Rede Instalada no País 108

Quadro 8 – Brasil - Principais Indicadores Físicos e de Eficiência do Auto-

serviço 109

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução dos Autos-serviços X Lojas Tradicionais “numero de

lojas” 95

Gráfico 2 – Evolução dos Autos-serviços X Lojas Tradicionais “volume de

vendas” 95

Gráfico 3 – Auto-serviço Brasil: Evolução da Concentração do Faturamento

das 5 maiores do setor segundo o Ranking Abras 97

Gráfico 4 – Auto-serviço Brasil: Evolução do Índice de Concentração das 5

maiores cadeias 101

Gráfico 5 – Auto-serviço Comparativo Internacional: Comparação das 5

maiores cadeias 105

Gráfico 6 – Evolução de Auto-serviço X Tradicionais 105

Gráfico 7 – Evolução do Sistema de Auto-serviço - Total / Brasil 107

Gráfico 8 – Evolução da Estrutura do Auto-serviço no Brasil 107

Gráfico 9 – Supermercados: Desempenho do Faturamento 1989/1998 108

Gráfico 10 – Brasil: Auto-serviço 1999 109

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ANEXOSAnexo 1 – Roteiro de entrevista com Sr. Arthur Sendas 197

Anexo 2 – A verticalização da produção no projeto – Magé – RJ 199

Anexo 3 – Tipos de negócios onde o Grupo Sendas atua 200

Anexo 4 – Dados históricos administrativos relativos aos índices de

eficiência e produtividade do Grupo Sendas 201

Anexo 5 – Ranking Brasil dos principais concorrentes da Casa Sendas 202

Anexo 6 – Desempenho financeiro relativo a 1990 e 1991 203

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SUMÁRIO1. INTRODUÇÃO 011.1 Objetivos 011.2 Importância do Tema 011.3 Organização do Estudo 031.4 Delimitação do Estudo 06

2. REVISÃO DA LITERATURA 072.1 Conceito de Estratégia 072.1.1 O problema 072.1.2 Conceito 082.2 Estratégias Genéricas 122.2.1 Estratégias produto-mercado 142.2.1.1 A classificação de Ansoff 142.2.1.2 Penetração de mercado 162.2.1.3 Desenvolvimento de mercado 192.2.1.4 Desenvolvimento de produto 202.2.1.5 Diversificação 232.2.2 Estratégias competitivas 322.2.2.1 O Modelo de Porter 322.2.2.2 O esquema de Treacy e Wieserma 342.2.2.3 Concorrência à base de preços/ liderança em custos 372.2.2.4 Diferenciação 412.2.2.5 Liderança de produto 492.2.2.6 Focalização 502.2.2.7 Intimidade com o cliente 542.2.2.8 Customização em massa 552.3 Esquema Conceitual do Estudo: Estratégias Genéricas

para Empresas Varejistas62

2.3.1 Estratégias de Crescimento 622.3.2 Estratégias Competitivas 64

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3. METODOLOGIA DO ESTUDO 663.1 Perguntas de Pesquisa 663.2 Método de Pesquisa: Estudo de Caso 673.2.1 Condições para a escolha do método 673.2.2 Método do estudo de caso 713.3 Escolha do Caso 763.4 Coleta e Análise de Dados 773.5 Limitações do Estudo 79

4. RESULTADO DO ESTUDO 814.1 O Setor de Supermercados 814.1.1 Conceituação 814.1.2 Desenvolvimento do formato de supermercados 834.1.3 Evolução do formato de supermercados no Brasil 864.1.4 Processo de concentração do setor 964.1.5 Rede instalada no País 1024.2 Descrição do Caso: Grupo Sendas 1104.2.1 Antecedentes 1104.2.2 Período Inicial: 1960 – 1988 1124.2.3 Período de crescimento e consolidação dos negócios: 1988 – 1244.2.4 Período atual: 1994 – 2000 1324.2.5 Marca própria 1354.2.6 Tecnologia da informação 1374.2.7 Perspectivas estratégicas 1414.3 Análise do Caso 1484.3.1 Estratégia de crescimento do Grupo Sendas através da 1504.3.2 Estratégia competitiva do Grupo Sendas através da 1524.3.3 Estratégias Genéricas por Fases 1554.3.4 Cursos de ação na direção das estratégias de crescimento 1574.3.5 Cursos de ação na direção das estratégias competitivas 166

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5. CONCLUSÕES 1695.1 Sumário do Estudo 1695.2 Conclusões 1725.3 Campo para Futuras Pesquisas 177

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 179

ANEXOS

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Objetivos

Este estudo teve por objetivo investigar os tipos de estratégias genéricas

adotadas por grandes cadeias varejistas no Brasil.

Especificamente, estudou-se como um grande grupo varejista nacional – o

Grupo Sendas – desenvolveu e implementou suas estratégias ao longo do

ciclo de vida da empresa, de forma a adequar-se a diversos momentos de

turbulência ambiental e permanecendo entre as cinco maiores de seu setor.

1.2 Importância do Tema

Até a década de 90, o setor de varejo no Brasil era tido como pouco importante

e com baixa competitividade em razão de sua pouca eficiência, do elevado

custo operacional e do uso limitado de tecnologia e processos. Segundo

Alexander (1997), as operações do varejo eram vistas como localizadas, com

limitado poder de mercado, limitadas habilidades gerenciais e pouca

sofisticação. Aos varejistas era reservado o papel de mero duto pelo qual as

mercadorias chegavam ao mercado. Em razão disso, o poder de negociação

estava quase que totalmente concentrado na indústria de manufatura.

As mudanças no ambiente econômico, político e social, a partir da década de

90, impactaram fortemente o desempenho do setor varejista, em particular o

varejo de alimentos representado basicamente pelo auto-serviço. Segundo a

Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o setor de auto-serviço está

hoje entre os setores de atividade econômica mais importantes do País. Em

um período de dez anos – 1989 a 1998 - houve um crescimento de 51,7% no

número de lojas e um aumento de 135% no faturamento anual do setor e, em

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1998, a receita bruta do setor foi de U$ 45,2 bilhões, cerca de 6,1% do Produto

Interno Bruto. Esta participação era de 4,7% em 1990.

O aumento da importância do varejo no Brasil deveu-se a razões de ordem

interna e externa. Dentre as principais razões de ordem interna estão a

estabilidade da economia, que permitiu o surgimento de um novo padrão de

demanda com consumidores mais exigentes em qualidade, preço e serviços, e

o crescimento da importância da classe operária no mercado de consumo.

O varejo brasileiro encontrava-se, então, diante da necessidade de driblar as

ineficiências ocultadas por um processo inflacionário histórico. Para o setor de

varejo, dinamizar a distribuição e a comercialização de produtos, reduzir

custos, aumentar ganhos de escala, rever o mix de produtos e agregar valor ao

cliente, passaram a ser elementos básicos para continuar competindo. Esta

necessidade de adaptação estaria permeada pelo acelerado avanço

tecnológico que transformaria o varejo brasileiro, um setor tradicionalmente

intensivo em mão-de-obra, em um setor intensivo em capital.

Além da mudança no perfil de consumo interno, a globalização do varejo e o

processo de concentração do setor vêm provocando fortes mudanças na

relação entre os setores de manufatura e varejo. À medida que o varejo se

concentra, verifica-se a transferência do poder de negociação do fabricante

para o varejista, mudando as regras de competitividade.

A globalização do varejo, caracterizada pela entrada das grandes redes

varejistas estrangeiras e pelo próprio processo de concentração, foi o

mecanismo desencadeador das profundas e recentes mudanças do setor. As

redes internacionais trazem com elas conhecimento, procedimentos novos e

um poder de barganha ainda maior junto aos fornecedores, obtidos graças ao

seu tamanho e à sua atuação a nível global. Isto acirra, de modo irreversível, a

competição e revela a necessidade de preparo, por parte do varejo nacional,

para sobreviver aos desafios impostos pelos novos entrantes.

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A internacionalização e a profissionalização do varejo e o processo de

concentração do setor são tendências sem hora marcada para acabar.

Enquanto não se sabe quando será o auge desse processo no Brasil, muitas

redes de varejo brasileiras, principalmente as regionais, tentam resistir a este

avanço dos gigantes do varejo, adotando inúmeras estratégias para manter

suas posições no mercado.

A importância teórica do tema tem como pano de fundo o processo de

internacionalização e de concentração do varejo, sendo, portanto, atual e de

relevância para a compreensão do novo cenário, onde já se verificam lutas

competitivas entre empresas.

Por tratar-se de um fenômeno muito recente, a literatura sobre o varejo ainda é

bastante limitada. Da mesma forma, a literatura sobre estratégias genéricas

raras vezes aborda os embates entre empresas de varejo, bem como suas

estratégias competitivas e de crescimento, revelando a importância prática do

tema abordado. Assim sendo, justifica-se o desenvolvimento de estudos sobre

estratégias de varejo, haja vista a pouca incidência de pesquisas nesta área,

comparativamente aos estudos sobre fabricantes, na literatura de estratégia e

marketing.

1.3 Organização do Estudo

Este estudo está organizado em cinco capítulos.

No capítulo inicial são apresentados os objetivos, a introdução aos temas

tratados e o escopo do estudo. É ressaltada a importância do tema e sua

contribuição para o estado da prática e para o estado da arte.

O segundo capítulo traz a revisão de literatura com a contribuição dos

principais autores sobre o tema, permitindo freqüentes comparações entre as

abordagens dos autores acerca dos conceitos tratados. É discutido o

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problema do exercício da atividade estratégica e a importância de sua

aplicabilidade no meio empresarial e são apresentadas as definições de

diversos autores acerca do conceito de estratégia. O capítulo prossegue com a

descrição, vantagens e desvantagens, recursos e competências necessárias à

adoção dos principais modelos de estratégias genéricas, bem como sua

aplicabilidade segundo os objetivos de crescimento e a forma de competir das

empresas. A revisão de literatura para este estudo termina com a

apresentação de um esquema conceitual, que adequa as principais estratégias

de crescimento e competitivas à realidade das empresas varejistas.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia do estudo. Nele estão descritas as

perguntas de pesquisa, uma breve abordagem sobre os diferentes métodos de

estudo utilizados em projetos de pesquisa, e a motivação e vantagens de se

utilizar o método do caso. É descrito ainda o método de coleta de dados e as

limitações intrínsecas à metodologia adotada.

O quarto capítulo traz a análise do setor de auto-serviço e a descrição e

análise do Caso do Grupo Sendas. A análise do setor de auto-serviço detalha

o histórico do setor, descrevendo como a evolução do conceito de

supermercados no Brasil influenciou o comércio varejista de alimentos. A

análise do setor prossegue com a descrição do processo de concentração do

setor e sua influência sobre o modo de competir das empresas

supermercadistas, e encerra com dados atualizados sobre a rede instalada, a

organização e o desempenho do setor. A descrição do Caso do Grupo Sendas

está organizada em ordem cronológica da seguinte forma: antecedentes,

período inicial – 1960 a 1988, período de crescimento e consolidação dos

negócios – 1988 a 1994, e período atual 1994 a 2000. Este capítulo se

encerra com a análise do caso, focando as principais estratégias genéricas

adotadas pelo Grupo Sendas durante sua história.

O último capítulo apresenta as conclusões do estudo, além de sugerir

possíveis caminhos para estudos futuros.

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1.4 Delimitação do Estudo

O presente estudo preocupou-se em investigar o uso de estratégias genéricas

por empresas varejistas, excluindo-se do âmbito do estudo outros enfoques à

análise de estratégias, como, por exemplo, aqueles proporcionados pelo

modelo de Tilles (1967), pela análise de cadeia de valor de Porter (1980) ou

pela identificação de competências essenciais de Prahalad e Hamel (1998).

Não se pretende também enfocar as estratégias genéricas de empresas

fabricantes.

Além disso, o processo decisório que antecedeu e acompanhou a

implementação estratégica não foi objeto deste estudo, analisando-se as

decisões tomadas, independente de se as mesmas foram ou não planejadas

ou se decorreram de acontecimentos fortuitos.

Finalmente, o estudo centra-se no caso do Grupo Sendas, grande cadeia

varejista do Rio de Janeiro, não explorando os casos de outras empresas do

setor, nacionais ou multinacionais.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Conceito de Estratégia

2.1.1 O problema

A estratégia é um ingrediente vital na determinação do futuro de uma empresa.

(Tilles, 1963). Sem ela, “a empresa como um todo esperará passivamente pelo

surgimento de oportunidades” (Ansoff, 1977, p.95), sem planejamento e

controle sobre a alocação dos recursos e sem diretrizes que definam a

contribuição de áreas importantes como P&D, finanças, operações e

marketing.

Ansoff (1977) e Mintzberg (1987) afirmam que não somente é preciso saber

em que direção ir, mas também analisar os recursos e competências

necessários, além de definir regras de decisão adicionais para alcançar um

crescimento ordenado e lucrativo. Tilles (1967) acrescenta que o sucesso da

estratégia também depende do grau de competência e envolvimento da alta

gerência. Para Ansoff (1977), a maior dificuldade encontrada pela maioria das

empresas diz respeito não ao delineamento ou escolha da melhor estratégia,

mas ao modo como ela é imposta à administração.

A resposta de uma empresa aos desafios estratégicos, segundo Mintzberg

(1987), requer um método que ajude a analisar e solucionar problemas

cuidadosamente. Mas o sucesso em se adotar determinada estratégia iria além

disso, requerendo perspicácia em considerar as competências básicas da

empresa e sua cultura gerencial, de modo a tornar o exercício da atividade

estratégica dinâmico e compatível com os valores internos, permitindo a

tradução do pensamento e das percepções em ações estratégicas diárias.

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7

2.1.2 Conceito

O termo “estratégia” teve sua origem histórica na arte militar. Ainda que

considerado amplo e vagamente definido, tal conceito era utilizado quando da

“campanha militar para a aplicação de forças em grande escala contra um

inimigo” (Ansoff, 1977, p.99).

Para Clausewitz (1976), teórico militar, a estratégia permitiria a coordenação

dos combates entre si, de forma a servir aos objetivos de guerra, incluindo o

estabelecimento do plano de guerra, seu detalhamento em planos de

campanhas e a definição de onde, como e quando se realizariam os combates

e ações específicas que conduziriam aos objetivos.

A utilização do termo “estratégia” no meio empresarial data de 1948, quando

Von Neumann e Morgenstern (1953) introduziram o conceito da atualmente

famosa teoria dos jogos. A teoria dos jogos revolucionou o modo de pensar

sobre os problemas empresariais, implicando no uso crescente do conceito de

estratégia. Hoje, este termo é bastante utilizado no vocabulário de

Administração de Empresas.

Uma das dificuldades na adoção do termo estratégia no campo empresarial

consiste em identificar e separar os componentes ou características da

estratégia. Até hoje não se chegou a definir claramente as fronteiras entre os

conceitos de objetivos, metas, políticas, diretrizes e programas, o mesmo

acontecendo para o conteúdo da estratégia e o da tática. Devido a isso,

encontram-se na literatura diferentes significados e abordagens relativos ao

termo estratégia (Ansoff, 1977).

Rocha e Christensen (1999) definiram como se segue alguns dos principais

conceitos relevantes no campo da estratégia:

“Estratégia - é o conjunto de movimentos da empresa em direção ao

futuro.

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Formulação da estratégia - é o processo pelo qual se escolhe o futuro

da empresa e os meios para alcançá-lo.

Implementação da estratégia - é o conjunto das ações executivas que

regem os movimentos da empresa em direção ao futuro escolhido.

Tática - é o detalhamento da estratégia em ações específicas a serem

realizadas.

Objetivos - são a descrição da situação futura desejada.

Políticas - são normas sobre como atingir os objetivos”. (p.248)

Mintzberg (1967) inicialmente definiu estratégia como “o total de decisões

organizacionais importantes” (p.200) tomadas ao longo do tempo ou

resultantes de um processo planejado de decisões integradas. Posteriormente,

o autor revisou este conceito, apresentando a estratégia como uma dinâmica

entre planejamento intencional de cursos de ação, padrões consistentes de

comportamento, políticas estratégias e perspectivas organizacionais

(Mintzberg, 1987).

Ansoff (1977, p.101) definiu estratégia como sendo um conjunto de “regras de

decisão em condições de desconhecimento parcial”. Para ele, a estratégia

abrangeria quatro dimensões complementares: conjunto de produtos e

mercados, vetor de crescimento, vantagem competitiva e sinergia.

Através da definição do conjunto de produtos e mercados, a empresa

focalizaria a sua atuação. Definindo o vetor de crescimento, a empresa

indicaria a direção em que estivesse caminhando em relação a sua postura no

momento em termos de produtos e mercados1. A terceira característica

definida por Ansoff foi a vantagem competitiva, segundo a qual se “procura

1 Segundo Ansoff (1977) as direções do vetor de crescimento seriam a penetração de mercado, odesenvolvimento de produtos, o desenvolvimento de mercados e a diversificação.

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identificar propriedades específicas e combinações individuais de produtos e

mercados que dão à empresa uma forte posição concorrencial” (Ansoff, 1977,

p.93).

Diferente das três características anteriores, a sinergia faria referência ao

ambiente interno à empresa. Seria “uma medida da capacidade da empresa

para tirar proveito de sua entrada numa nova área de produto e mercado”

(Ansoff, 1977, p.93), e indicaria se a empresa poderia ou não tirar proveito de

toda a rentabilidade em potencial de seus novos empreendimentos.

Com tal abordagem, Ansoff introduziu um conceito mais amplo: o campo de

atuação da empresa. O autor considerou que, definidos os quatro

componentes da estratégia e os objetivos da empresa, estariam especificados

“o volume, a área e as direções do crescimento, os principais pontos fortes e a

meta de rentabilidade”. (Ansoff, 1977, p.94).

Andrews (1974, p.59), por outro lado, definiu estratégia empresarial como:

“...conjunto dos principais objetivos, propósitos e metas, e as políticas e

os planos essenciais para alcançar essas metas, estabelecidos de tal

forma que definam em que classe de negócios a empresa está ou quer

estar, e que classe de empresa é ou quer ser”.

Tilles (1963, p.112) elaborou o que ele chamou de “um conceito dinâmico de

estratégia”, que é definida como “um conjunto de objetivos e principais

políticas”, onde os objetivos são uma indicação do que a empresa como um

todo está tentando “atingir e se tornar”.

Para Walker (1996, p.8), estratégia seria “um padrão fundamental de objetivos

presentes e futuros, alocação de recursos, e interações de uma empresa com

mercados, competidores, e outros fatores externos”.

Segundo Walker (1996) encontrar-se-iam cinco componentes principais em

uma estratégia bem desenvolvida:

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• Escopo – levaria em conta o número e tipos de indústrias, linhas de

produto, e mercados onde a empresa competisse ou pretendesse competir.

• Metas e objetivos - uma estratégia deveria especificar níveis desejados de

desempenho, como, por exemplo, crescimento em volume ou rentabilidade

em determinado período de tempo.

• Alocação de recursos - a estratégia deveria especificar como os recursos

seriam obtidos e alocados.

• Identificação de uma vantagem competitiva sustentável – consistiria no

modo como a empresa pretenderia competir, posicionando-se de modo a

desenvolver e manter um diferencial competitivo.

• Sinergia - a estratégia deveria explorar todas as fontes potenciais de

sinergia entre os componentes da estratégia e as competências da

empresa, de modo a aumentar a eficiência geral da organização.

Enquanto Ansoff (1977) e Rocha e Christensen (1999) consideraram, de um

lado, a estratégia, e de outro, as metas e/ou objetivos de uma empresa como

sendo dois conceitos distintos, ainda que relacionados, Andrews (1974) e

Walker (1996) consideraram o conjunto de metas e/ou objetivos como

elementos que fariam parte da formulação da própria estratégia.

Walker (1996) observou que os objetivos, bem como os outros elementos da

estratégia, influenciariam e seriam influenciados por muitos fatores ambientais

e competitivos. Portanto, seria razoável que tais objetivos fossem tratados

como parte integrante do mesmo processo de planejamento estratégico.

Rocha e Christensen (1999) em sua abordagem sobre os conceitos de

estratégia, concluíram que, embora houvesse divergências entre os teóricos da

estratégia, haveria vários aspectos em comum acerca dos diversos conceitos:

“- a estratégia constitui-se num conjunto de guias para a ação, mais ou

menos detalhados;

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- a decisão estratégica precede a ação;

- a decisão estratégica é explícita e planejada” (p.248).

Rocha e Christensen (1999) observaram ainda que, em oposição a esses

conceitos, a história de muitas empresas revelaria casos de decisões

estratégicas que não atenderiam a algum ou vários desses requisitos.

Porter (1989, p.14), em sua análise sobre os processos de tomada de decisão

estratégica, observou:

“Cada empresa que concorre em uma indústria tem uma estratégia

competitiva, seja ela explícita ou implícita. Esta estratégia pode ter sido

desenvolvida explicitamente através de um processo de planejamento

ou pode ter-se revelado implicitamente através das atividades de vários

departamentos funcionais da empresa...”

Para Rocha e Christensen (1999) um conceito adequado de estratégia deveria

servir tanto para o caso em que a estratégia fosse definida explicitamente,

quanto para o caso em que o fosse implicitamente ou resultasse das ações da

empresa no mercado.

2.2 Estratégias Genéricas

O crescimento, segundo muitos autores, é um dos objetivos primários das

empresas. Elas procurariam tornar-se maiores a cada ano, fosse em ativos,

em participação no mercado ou em influência e prestígio. Kotler (1980, p.317)

afirmou que “nos ramos altamente competitivos, a firma que não se planejar

para o crescimento provavelmente não sobreviverá”.

O crescimento empresarial atrairia eficazmente recursos maiores e melhores.

Os investidores favoreceriam as chamadas “empresas em crescimento”. Estas

atrairiam os executivos mais brilhantes, em busca de desafios e os

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fornecedores, por sua vez, prefeririam dar descontos às empresas que

comprassem grandes volumes.

Portanto, “nem sempre será permitido à administração de uma empresa

somente ir remando”, de modo que a principal missão do planejamento de

longo prazo seriam a determinação de novas oportunidades de crescimento e

a formulação de programas para desenvolvê-las (Kotler, 1980, p. 317).

Kotler (1980, p. 312) afirmou que a adoção de uma estratégia de crescimento

orientaria a empresa quanto às áreas de oportunidade mais promissoras e

consistentes com seus objetivos e recursos. O autor fez ainda uma importante

distinção entre estratégia de crescimento e estratégia competitiva:

“A estratégia de crescimento é a determinação, pela empresa, das áreas

de oportunidade empresarial que ela quer cultivar. A estratégia

competitiva é a determinação da abordagem particular que usará para

conseguir um bom retorno desses mercados. Das duas, a boa estratégia

de crescimento parece ser a mais importante, pois, se a administração

escolher as áreas de mercado corretas para entrar, os bons lucros serão

automaticamente causados pelo crescimento que houver. Mas se a

empresa entrar em uma área de crescimento pobre, mesmo com a

melhor das estratégias competitivas terá a sua possibilidade de

produção de lucros limitada” (Kotler, 1980, p.330).

Rocha e Christensen (1999) observaram que existiriam alguns conjuntos

básicos de estratégias que as empresas poderiam seguir - as chamadas

estratégias genéricas.

As estratégias genéricas foram classificadas por Rocha e Christensen (1999,

p.251) em dois grandes grupos: o das estratégias produto-mercado que se

refeririam “às decisões de produto-mercado” que orientariam a forma de

crescimento das empresas, e o das estratégias competitivas, que diriam

respeito à forma pela qual as empresas poderiam concorrer no mercado.

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2.2.1 Estratégias produto-mercado

As estratégias produto-mercado são definidas com base na análise de duas

dimensões básicas: demanda e oferta. Se, de um lado, existe um mercado

contendo um ou mais segmentos-alvo cujas necessidades precisam ser

satisfeitas, de outro também deve existir um ou mais produtos que irão

satisfazer às necessidades específicas dos segmentos-alvo pertencentes a

este mercado.

Segundo Rocha e Christensen (1999, p.251), “a empresa pode atuar em um ou

vários mercados distintos”, podendo ainda atuar “nos mercados já explorados

ou expandir-se para novos mercados”. Em cada mercado em que atuasse, a

empresa necessitaria decidir por um conjunto de consumidores. Tal conjunto

poderia constituir o “mercado total” ou apenas um “segmento de mercado”.

Para cada mercado, ou segmento específico, a empresa deveria definir o

portfólio específico de produtos e serviços a serem oferecidos.

2.2.1.1 A classificação de Ansoff

Ansoff (1977) descreveu dois grandes grupos de decisões estratégicas:

decisões de produto (atuais e novos) e decisões de mercados (atuais e novos).

Para Ansoff (1977), a classificação estratégica segundo produtos e mercados

seria bastante útil pois permitiria a especificação das indústrias em que a

empresa atua segundo seus produtos e mercados. A intensidade e as

perspectivas de crescimento de uma empresa seriam mais fáceis de serem

determinadas, quando a descrição de seu conjunto de produtos e mercados

pudesse ser feita em termos de sub-indústrias com características

semelhantes – produtos, mercados e tecnologia. (Ansoff, 1977)

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Combinando algumas estratégias de decisão de produtos e de mercados,

Ansoff define quatro estratégias genéricas de crescimento: penetração de

mercado, desenvolvimento de mercado, desenvolvimento de produto e

diversificação.

O autor dividiu o problema de crescimento de uma empresa em duas partes:

expansão - através da adoção das estratégias de produto-mercado - e

diversificação.

A penetração de mercado caracterizaria o crescimento da empresa pelo

aumento de sua participação relativa nos produtos e mercados atuais. No

desenvolvimento de mercados, a empresa buscaria novos mercados para seus

produtos. “O desenvolvimento de produtos representa o processo pelo qual a

empresa cria novos produtos para substituir os já existentes” (Ansoff, 1997,

p.92). Finalmente, na diversificação, tanto os produtos quanto os mercados

seriam novos para a empresa.

A figura 1 mostra a relação entre as classificações estratégicas de produto-

mercado e sua diferenciação em função dos mercados e dos produtos. A figura

2 mostra as alternativas de diversificação propostas por Ansoff em função das

características dos novos produtos e dos novos clientes.

As alternativas em termos de novos produtos variam de acordo com o tipo de

tecnologia, se semelhante ou diferente da base tecnológica corrente da

empresa. As alternativas em termos de novos mercados ou clientes variam

quanto ao grau de diferenciação em relação aos mercados ou clientes atuais.

Uma vez examinadas as possíveis escolhas estratégicas entre produtos (atuais

ou novas) e mercados (atuais ou novos), a melhor direção para o crescimento

poderia ser a fusão de elementos de dois ou mais tipos de estratégia,

dependendo da análise da situação da empresa em termos de “oportunidades

e vulnerabilidades futuras” (Kotler, 1980, p.324).

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2.2.1.2 Penetração de mercado

Segundo Kotler (1980) a estratégia de penetração de mercado seria

direcionada para o aumento das vendas dos produtos atuais nos mercados

atuais, através de distribuição e promoção mais agressivas.

Day (1990) fez uma abordagem que difere apenas em classificação da

abordagem de Kotler. Para Day, a penetração de mercado seria uma

estratégia à parte que, envolveria a maioria dos programas de

desenvolvimento interno de produtos, tais como “aperfeiçoamentos ou

revisões, de baixo custo, da linha de produtos atual, concebidos para realçar

as vantagens competitivas” (Day, 1990, p.348). Ações como estas

normalmente seriam adotadas para neutralizar ações dos concorrentes, mas

raramente melhorariam a posição competitiva da empresa.

Day (1990) introduziu o conceito de “expansão de mercado”, considerando-o o

caminho mais atraente para o crescimento, por ter menor probabilidade de

provocar retaliações dos concorrentes. Para o autor a “expansão de mercado”

seria definida não pelo aumento das vendas dos produtos atuais nos mercados

atuais, mas pelo aumento das vendas de “produtos assemelhados” a

“mercados assemelhados”.

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Fonte: Kotler (1980, p.322)

Novos ProdutosProdutos

Tecnologia TecnologiaClientes Semelhante diferente

Mesmo tipo Diversificação horizontal

Empresa é seu

próprio cliente Integração vertical

Tipo semelhante (1) (2)Tipo novo Diversificação concêntrica

(3)

Diversificação não

relacionada

(1) Marketing e tecnologia semelhante(2) Marketing semelhante(3) Tecnologia semelhante

Adaptado de Ansoff (1977, p.111)

Figura 2Alternativas de diversificação de Ansoff

Produtosatuais

NovosProdutos

MercadosAtuais

NovosMercados

Penetração deMercado

Desenvolvimentode produto Diversificação

Desenvolvimentode Mercado

Alternativas de Diversificação de AnsoffNovos

clientes

Figura 1Classificação estratégica de produto-mercado

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A estratégia de “penetração de mercado” de Kotler, ou de “expansão de

mercado” de Day, envolveria a escolha de alguns cursos de ação, não

mutuamente exclusivos (Kotler, 1980; Day, 1990) :

• aumentar a freqüência de uso dos consumidores atuais, superando

barreiras ao consumo, como inconveniência ou alto custo;

• buscar novos compradores para seus produtos, provavelmente aqueles que

estão comprando dos concorrentes;

• atrair não-usuários, especialmente quando se tratasse dos estágios iniciais

do ciclo de vida do produto.

Para cada um destes cursos de ação, a empresa poderia tomar as seguintes

ações:

Aumento da freqüência de

uso dos consumidores atuais

- Aumento da taxa de venda/

quantidade usada

- E

marc

- Aumento da taxa de obsolescência - Au

- Anúncio de outros usos

- Incentivos de preço para aumentar

o uso

Extraído de : Kotler (1980, p3

Cursos de Ação p

Quadro 1ara Penetração de Mercado

Atração de clientes dos

concorrentes

Atração de não-usuários

stabelecimento de diferencial de

a

- Incentivar o uso experimental

mento do esforço promocional - Anúncio de novos usos

20)

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2.2.1.3 Desenvolvimento de mercado

Através de uma estratégia de desenvolvimento de mercado, a empresa tentaria

crescer levando as tecnologias e os produtos existentes para mercados que

lhe fossem inteiramente novos, alavancando as vendas dos produtos atuais

(Day, 1990). Antes, porém, a empresa procuraria esgotar seu potencial nos

diversos mercados ou regiões onde já atuasse (Kotler, 1980).

Para Kotler (1980) a empresa poderia adotar a estratégia de desenvolvimento

de mercado através da abertura de novos mercados, ou através da atração de

outros segmentos de mercado, ou ambos. Kotler sugeriu que em cada caso, a

empresa poderia tomar as seguintes ações:

Abertura de novos mercados geogr

- Expansão regional

- Expansão nacional

- Expansão internacional

Extraído de; Kotler 91980, P32

Segundo Day (1990), adotar

Embora o crescimento em no

sedutor, tratar-se-ia da comerc

ou mais mercados desconhecid

Inicialmente, poderia parecer

eventualmente poderiam surg

incrementais não compensas

poderiam ter origem nas neces

Cursos de Ação par

Quadro 2 –

a Desenvolvimento de Mercado

áficos Atração de outros segmentos de mercado

- Desenvolver versões de produto que apelem a outros

Segmentos- Entrada em outros canais de distribuição

- Propaganda em outros tipos de mídia

0)

esta estratégia envolveria riscos consideráveis.

vos mercados pudesse representar um apelo

ialização de um produto que já existisse em um

os.

fácil acomodar a demanda adicional, mas

ir diferenças que fizessem com que os custos

sem a exploração do novo mercado. Elas

sidades distintas de atendimento, nos canais de

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distribuição diferentes, na estocagem e atendimento a pedidos diferente e nos

diferentes processos de tomada de decisão pelos clientes. Para Day este

seria “o caminho de crescimento menos escolhido, depois da diversificação

total” (Day, 1990, p.350).

Ancel e Borgeon (1997) argumentaram que as novas tecnologias de

informação teriam contribuído bastante para a estratégia de desenvolvimento

de novos mercados. As possibilidades de estabelecer novos contatos, coletar e

trocar informações de mercado se tornaram cada vez maiores e a custos mais

baixos. Além disso, os sistemas de comunicação para transmissão de

imagens e designs gráficos estariam cada vez mais acessíveis, permitindo o

aumento de atividades promocionais em mercados distantes.

Por sua vez, Birkinshaw e Fry (1998) destacaram a importância do papel de

diversas empresas subsidiárias que, sem ferir os objetivos estratégicos de

suas multinacionais, estão proativamente em busca contínua de oportunidades

de desenvolvimento de mercado.

2.2.1.4 Desenvolvimento de produtos

Para Ansoff (1977), a estratégia de desenvolvimento de produtos consistiria na

criação de novos produtos para substituir os já existentes. Para Kotler (1980), a

empresa que adotasse esta estratégia buscaria crescimento desenvolvendo

melhores produtos para seu mercado atual.

Para Day (1990) o desenvolvimento de produtos ocorreria através de

“extensões da linha de produtos existente (novos níveis de desempenho ou

serviços adicionais) ou da adição de produtos correlatos, que apelam para os

clientes atuais e tiram proveito da cobertura de distribuição, da perícia

mercadológica ou da reputação da marca” (p.351).

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Enquanto para Day (1990) o desenvolvimento de produtos seria uma extensão

da estratégia da empresa como um todo, para Cooper (1984) o

desenvolvimento de novos produtos deveria ser precedido por uma “estratégia

de inovação de produtos” que direcionasse o desenvolvimento dos novos

produtos (tipo de produtos, mercados e tecnologias), orientasse a forma de

atuação da empresa (líder ou seguidor); e estabelecesse o nível de

comprometimento com a estratégia (por exemplo, nível de investimento de

P&D).

Segundo Cooper (1984) e Nobeoka e Cusumano (1997), os principais

parâmetros de uma estratégia de desenvolvimento de produtos seriam a

natureza/design dos novos produtos, o tipo de tecnologia e processo de

produção, o tipo de mercado para o novo produto, e a orientação e

comprometimento da empresa com os programas de inovação.

Tabrizi e Walleigh (1997, p.118) definiram o que eles chamaram de “três

melhores práticas” para a estratégia de desenvolvimento de produtos. A

primeira, seria criar um mapa claro da linha de produtos para os próximos dois

anos e utilizá-lo para gerenciar todas as atividades de desenvolvimento da

empresa. A segunda, seria gerar uma estratégia de produtos coesa, não

deixando “buracos” ou oportunidades que pudessem ser aproveitadas pelos

concorrentes. A terceira seria coletar, interpretar e assimilar boas informações

sobre o mercado.

Um fator de grande importância para o sucesso da estratégia de

desenvolvimento de produto seria “o tempo compreendido entre a constatação

da necessidade e o lançamento de um novo produto – o time-to-market” (Datar

et al, p.452). Os autores comentaram, a esse respeito, que o tempo disponível

para o desenvolvimento de novos produtos estar-se-ia tornando cada vez

menor, e que as empresas estariam utilizando diversas técnicas para reduzi-lo

ainda mais, na busca de vantagem competitiva.

Datar et al (1997) fizeram três considerações críticas para acelerar o processo

de desenvolvimento de novos produtos de uma empresa: promover troca de

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aprendizado e experiência entre o pessoal de criação, principalmente quando

se tratasse de empresa multi-produto, aproximar equipe de criação e clientes,

quando estes pudessem contribuir para as especificações dos novos

produtos, e manter estreita coordenação entre designers de produto e

engenheiros de processo.

Day (1990) observou ainda que os produtos imitadores do tipo “eu também”

seriam perdedores. Todo desenvolvimento de um novo produto deveria,

segundo o autor, representar uma vantagem significativa para a empresa.

Segundo Kotler (1980), são exemplos de ações estratégicas de

desenvolvimento de novas características de produto:

• modificação (cor, forma, som etc);

• aumento ou redução nas formas, peso etc;

• redisposição (padrões, leiaute, seqüência etc);

• combinação de sortimento, finalidades, idéias etc; e

• desenvolvimento de variações de qualidade.

2.2.1.5 Diversificação

Segundo Ansoff (1977, p.106) “nenhuma empresa pode considerar-se imune a

ameaças de obsolescência de produtos e saturação de procura”, de modo que

as empresas de todas as indústrias necessitariam avaliar constantemente suas

estratégias de produtos e mercados a fim de identificar oportunidades e

ameaças.

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Através da diversificação, a empresa procuraria se expandir para novos

mercados através do desenvolvimento de novos produtos (Kotler, 1980).

Segundo Ansoff (1977, p. 108) tal estratégia “é a mais drástica e arriscada,

pois envolve um afastamento simultâneo de produtos e mercados conhecidos”.

As razões básicas da diversificação poderiam ser agrupadas em duas grandes

dimensões de objetivos, que a empresa passaria a ter dificuldade de atingir:

rentabilidade e flexibilidade. Isto é, as empresas se diversificariam quando

seus objetivos não pudessem mais ser atingidos dentro do conjunto atual de

produtos e/ou mercados (Ansoff, 1977).

No contexto dos objetivos de rentabilidade, a causa poderia ser “a saturação

do mercado, o declínio geral da procura, pressões dos concorrentes, ou a

obsolescência da linha de produtos” (Ansoff, 1977). Outra razão poderia ser se

as oportunidades de diversificação prometessem rentabilidade superior à das

oportunidades de expansão através dos produtos ou mercados atuais.

No que diz respeito ao objetivo flexibilidade, a causa poderia ser a realização

de uma fração desproporcionalmente elevada das vendas a um único cliente,

um mercado ou uma tecnologia geralmente restritos, ou a restrição ao uso de

novas tecnologias ao conjunto de produtos e mercados da empresa (Ansoff,

1977).

A decisão de diversificação dependeria também do grau de liberdade da

administração da empresa para agir segundo suas preferências em termos de

riscos e oportunidades. Administradores conservadores limitariam seus

interesses pela razão, enquanto que administradores empreendedores

tenderiam a encarar a empresa como um conjunto de investimentos a ser

modificado sempre que surgissem oportunidades mais promissoras.

Ghoshal e Mintzberg (1994, p.9) citaram três elementos básicos que

caracterizariam uma empresa diversificada:

• a empresa teria caminhado na direção de introduzir novos produtos através

de novos negócios;

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• todos os negócios seriam coordenados por uma estrutura de comando

centralizada;

• geralmente existiria algum sistema de controle institucional que permitiria

avaliar novas oportunidades de negócio.

Ansoff (1977) elaborou um pouco mais o conceito de estratégia de

diversificação, propondo quatro alternativas de diversificação. Elas se

caracterizariam pelo grau de semelhança da tecnologia e dos mercados para

os novos produtos, em função da tecnologia e mercados atuais. As quatro

alternativas seriam: Diversificação horizontal, integração vertical, diversificação

concêntrica e diversificação não relacionada.

− Diversificação horizontal

A diversificação horizontal se caracterizaria por “manobras dentro do ambiente

econômico da empresa que se diversifica” (Ansoff, 1977, p. 113). Uma

empresa que já produzisse automóveis, por exemplo, poderia usar tecnologia

semelhante e produzir também motocicletas para atender a um mesmo tipo de

clientes.

Kotler (1980) denominou a diversificação horizontal como integração

horizontal. O autor considerou que, freqüentemente, as empresas se

interessariam em diversificar, adquirindo outras, e que isto poderia ocorrer

pelas seguintes razões:

• Extensão a produtos relacionados: Uma empresa poderia adquirir outra que

produzisse bens relacionados, concorrentes ou substitutos.

• Extensão de tecnologia ou know-how : Uma empresa poderia adquirir outra

cujo know-how de fabricação fosse melhor, na totalidade ou em parte, que

a tecnologia então utilizada pela empresa compradora.

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• Extensão de força de vendas ou dos canais: A empresa poderia usar sua

força de vendas e os mesmos canais para comercializar produtos de uma

outra categoria de mercado.

• Extensão do nome de marca ou do fundo de comércio: Ao adquirir

empresas menores e do mesmo ramo, uma empresa poderia passar a

utilizar a sua marca e seus padrões de qualidade nos produtos fabricados

pela empresa menor.

• Conglomeração natural: Uma empresa poderia expandir-se simplesmente

adquirindo empresas menores de uma mesma indústria.

Uma desvantagem da diversificação horizontal seria que, pelo fato de continuar

dentro do mesmo ramo de atividade, dificilmente a empresa teria grandes

benefícios em termos de flexibilidade, principalmente quanto à adoção de

tecnologia alternativa. Por outro lado, poderia encontrar facilmente sinergia de

marketing, pois continuaria vendendo por meio de canais de marketing já

estabelecidos (Ansoff, 1977).

− Integração vertical

Segundo Buzzell (1983), a integração vertical ocorreria quando uma empresa

resolvesse combinar dois ou mais estágios de produção ou distribuição (ou de

ambos) que normalmente estivessem separados. Normalmente, as empresas

adotariam esta estratégia buscando vantagens de redução de custos

(produção ou distribuição), ou redução do poder de barganha dos fornecedores

ou aumento de competências tecnológicas.

Kotler (1980), em sua abordagem sobre integração vertical, introduziu a idéia

de retrointegração ou integração para trás e pró-integração ou integração para

a frente. Segundo o autor, a integração vertical poderia resultar de processos

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25

de fusões ou aquisições de outras empresas por parte daquela que está se

diversificando.

Através da retrointegração, a empresa avaliaria o potencial de atratividade de

crescimento na direção dos fornecedores. A empresa consideraria os principais

fornecedores sobre os quais sua atividade estaria apoiada e verificaria se

“qualquer destas indústrias tem potencial de crescimento atrativo o bastante

para justificar a retrointegração” (Kotler, 1980, p.323).

Através da pró-integração, a empresa avaliaria as oportunidades de

crescimento na direção da comercialização dos seus produtos finais, atuando

no sentido de fortalecer a distribuição tanto junto a atacadistas quanto a

varejistas (Kotler, 1980).

Buzzell (1983) fez uma avaliação dos benefícios e riscos potenciais relativos à

adoção da estratégia de diversificação. Os benefícios potenciais seriam:

redução dos custos transacionais de produção, proteção contra o risco de

desabastecimento de matérias-primas críticas, melhoria da coordenação da

produção e dos estoques, aumento da competência tecnológica devido à

participação em muitos estágios de produção e distribuição e, aumento das

barreiras de entrada, desestimulando novos competidores.

Para Buzzell (1983) e Ansoff (1977), os riscos associados seriam: aumento

substancial de investimento de capital, redução de economias de escala em

razão da “escala mínima eficiente” ser maior que o volume de produção ou

distribuição necessário, redução da flexibilidade e sinergia em razão do uso de

determinada tecnologia ou modo de operação e perda de especialização.

Ansoff (1977) ainda acrescentou que a integração vertical tenderia a aumentar

a dependência da empresa em relação a um dado segmento.

Buzzell (1983) citou os seguintes fatores críticos para o sucesso da estratégia

de integração vertical:

• avaliar e acompanhar as necessidades de investimento;

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26

• avaliar a real necessidade de implantação de novas atividades, já que

relacionamentos de longo prazo com fornecedores poderiam trazer os

mesmos benefícios;

• evitar uma posição intermediária de integração vertical;

• analisar detalhadamente o risco de deseconomias de escala;

• assegurar-se de que seria realmente possível obter matéria-prima a custos

acessíveis.

−−−− Diversificação concêntrica

A diversificação concêntrica permitiria que a empresa oferecesse novos

produtos a novos mercados, mas conservasse ainda características relativas

às atividades do momento, como tecnologia de fabricação (diferente ou

semelhante) e marketing (semelhante ou diferente). Neste contexto, Ansoff

(1977) apresentou três possibilidades de diversificação concêntrica para novos

produtos em mercados: marketing e tecnologia semelhantes, marketing

semelhante e tecnologia diferente, e marketing diferente e tecnologia

semelhante.

Diferente da diversificação não relacionada, a diversificação concêntrica

apresentaria alguma sinergia através da área de marketing, da tecnologia, ou

de ambas. Uma estratégia concêntrica, quando equiparada a uma estratégia

de diversificação não relacionada em termos de perspectivas econômicas e

flexibilidade, tenderia a ser, mais rentável e menos arriscada, devido à

existência dessa sinergia (Ansoff, 1977).

Acerca da adoção da estratégia de diversificação como estratégia de

crescimento, Biggadike (1980) e Buzzell (1983) afirmaram que os resultados

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de inúmeras empresas sugerem que a entrada em ramos desconhecidos

envolveria riscos que às vezes superariam os benefícios.

Segundo Biggadike (1980), quando uma empresa se defronta com a

possibilidade ou necessidade de diversificação, o primeiro passo seria realizar

uma análise financeira dos novos investimentos. Esta análise, entretanto, não

seria suficiente. Markides (1997, p.97) comentou que a empresa deveria

procurar responder uma série de outras questões, envolvendo riscos e

oportunidades, que seriam críticas para o sucesso da diversificação. São elas:

• Analisar o que a empresa poderia fazer melhor que seus competidores,

evitando justificar a diversificação com razões vagas.

• Verificar se a empresa disporia de todos os ativos necessários que

garantissem vantagem competitiva em explorar um novo território.

• Evitar separar ativos estratégicos que precisassem ser mantidos juntos.

• Evitar que seus ativos estratégicos pudessem ser facilmente copiados.

• Estar apto a aprender com os novos negócios e aplicar este aprendizado

nos negócios já existentes.

Para Day (1990), os riscos de uma diversificação deveriam ser compensados

pela promessa de vantagens competitivas provenientes da exportação das

competências básicas da empresa para os novos negócios.

Ghoshal e Mintzberg (1994) afirmam que o planejamento de recursos e o de

logística seriam dimensões organizacionais importantes que influenciariam o

desempenho geral das empresas diversificadas. Seria preciso introduzir

rigorosos sistemas de planejamento para alocar recursos e gerenciar o fluxo

de informação e de produtos (logístico) entre os diferentes negócios.

−−−− Diversificação não relacionada2

2 Kotler (1980) denominou a diversificação não relacionada de formação de conglomerados.

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Segundo Kotler (1980, p. 323), a diversificação não relacionada poderia ser

definida como o ato de uma empresa “basear seu crescimento futuro através

da entrada em negócios não relacionados com seus mercados, canais ou

tecnologia atuais”. Não necessariamente estes novos negócios estariam

relacionados às oportunidades de crescimento intrínsecas da empresa, mas

poderiam conferir muitas vantagens específicas.

A diversificação não relacionada, por definição, não teria qualquer sinergia com

atividades como marketing, operações e tecnologia, apresentando, portanto,

maiores riscos que as outras alternativas de diversificação (Ansoff, 1977). Sem

sinergia, não haveria nenhuma razão para que os negócios formassem uma

empresa integrada, devendo ser tratados como um “simples portfolio de

atividades independentes” (Ghoshal e Mintzberg, 1994, p.14).

Entretanto, Ansoff (1977, p.114) afirmou que as empresas optariam mais

freqüentemente pelo caminho da diversificação não relacionada. Dentre as

razões levantadas, as duas mais importantes seriam a ausência de estratégia3

e o forte “desejo de aproveitar oportunidades de lucro”.

Ansoff (1977) e Kotler (1980) enumeram algumas das vantagens e limitações

da estratégia de formação de conglomerados:

1- “A diversificação não relacionada pode aumentar a rentabilidade e a

flexibilidade de toda a empresa por meio de incorporações em indústrias

possuidoras de características econômicas superiores às da empresa

incorporadora” (Ansoff, 1977, p.115).

2 - Uma vantagem deste tipo de estratégia seria a possibilidade de

desenvolvimento financeiro. Uma empresa com poucas oportunidades e

muito dinheiro poderia combinar-se com outra com muitas

3 Ansoff (1977, p. 114) afirmou que “a diferença entre uma estratégia de formação de conglomerados enão ter estratégia alguma é a seguinte: embora a primeira não possua sinergia, normalmente terá umconjunto de produtos e mercados, com elementos de vantagem competitiva, bem como objetivosclaramente definidos”.

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oportunidades e pouco dinheiro, formando uma terceira que teria tanto

dinheiro como oportunidades (Kotler, 1980).

3 - Outra forma de fusão lucrativa poderia ocorrer quando “uma empresa

pobre em oportunidades, mas rica em tecnologia encontrasse outra rica

de oportunidades e pobre em tecnologia”, permitindo o desenvolvimento

de novas habilidades (Kotler, 1980, p.324).

4 - Desenvolvimento de estabilidade também seria uma vantagem da

diversificação não relacionada. Uma empresa com flutuações sazonais

ou cíclicas pode procurar outra que tivesse um padrão de vendas de

ciclo oposto e, ambas, tornarem seu crescimento mais uniforme (Kotler,

1980).

5 - “Na ausência de sinergia, o desempenho operacional combinado de

um conglomerado geralmente não será superior ao que teria sido se as

divisões funcionassem como empresas independentes. O conglomerado

não possuirá, portanto, qualquer vantagem competitiva (por exemplo,

em termos de custos operacionais inferiores) em relação a empresas

independentes” (Ansoff, 1977, p.115).

6 - “Um conglomerado conta com a vantagem potencial de acesso mais

fácil a mercados de capitais e lucros mais estáveis em condições

normais”. “Entretanto, em condições anormais, como as de uma

recessão por exemplo, os conglomerados terão capacidade de

sobrevivência inferior à de empresas concentricamente diversificadas, e

poderão sofrer reveses mais significativos” (Ansoff, 1977, p.116).

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2.2.2 Estratégias competitivas

A abordagem sobre as estratégias produto-mercado feita anteriormente mostra

o cuidado que a empresa deve ter na determinação de que segmentos serão

atendidos e com quais produtos. Entretanto, a forma pela qual a empresa irá

concorrer em cada um de seus mercados e o modo como irá lidar com seus

concorrentes seria também um fator fundamental para orientar o crescimento e

defender a posição competitiva da empresa.

As estratégias competitivas identificam a relação entre a estratégia produto-

mercado da empresa e a de seus concorrentes (Rocha e Christensen, 1999).

As empresas poderiam optar por uma variedade de escolhas estratégicas e a

melhor delas dependeria de fatores e circunstâncias peculiares a cada

empresa.

2.2.2.1 O modelo de Porter

Porter (1980) analisou uma variedade de escolhas estratégicas e, de modo

mais amplo, identificou três estratégias que, isoladas ou não, atuariam no

sentido de defender a posição competitiva de uma empresa. As três

estratégias genéricas competitivas seriam as seguintes: liderança total de

custos, diferenciação e focalização.

Cada uma destas estratégias exigiria que a empresa adotasse um conjunto

diferente de práticas gerenciais e de medidas de desempenho (Pereira e

Poole, 1997). Uma empresa que buscasse a liderança em custos adotaria

práticas voltadas para uma busca contínua e vigorosa de redução nos custos.

A diferenciação exigiria que fossem tomadas ações para fazer com que o

produto fosse percebido como diferenciado em relação aos demais. A

estratégia de focalização exigiria ações que permitiriam que a empresa

atendesse seu público-alvo melhor que os concorrentes.

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Portanto, cada uma destas estratégias se reportaria a um target estratégico e

conferiria à empresa diferentes vantagens estratégicas. As diferenças entre as

três estratégias genéricas de Porter podem ser melhor visualizadas

observando a figura 3:

V A N T A G E M E S T R A T É G I C A

Fonte: Porter (1980, p.39)

Cada uma destas estratégias produziria efeitos positivos com relação à

rentabilidade e serviria como proteção contra as cinco forças competitivas

abordadas por Porter, conferindo maiores vantagens diante das pressões

competitivas.

A opção por uma ou mais estratégias competitivas também envolveria riscos.

Segundo Porter, “os riscos de se adotar tais estratégias são basicamente dois:

primeiro, a empresa pode falhar em atingir ou sustentar a estratégia” (p.44)

diante das pressões competitivas; segundo, a vantagem competitiva obtida

LIDERANÇA TOTAL DE CUSTOSDIFERENCIAÇÃO

FOCALIZAÇÃO

TARGET

ESTRATÉGICO

Diferença percebida consumor

Posicionamento debaixo custo

Indústriatoda

Segmentoespecífico

Figura 3 - Estratégias genéricas de Porter

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com a adoção da estratégia perderia a valia dependendo da evolução da

indústria.

Miller e Dess (1993), analisaram as estratégias genéricas de Porter, e

chegaram às seguintes conclusões: (1) Embora se trate de uma estrutura

simples de análise, obtém alto nível de complexidade; (2) não proporciona um

quadro perfeitamente acurado das relações entre estratégia e desempenho, ou

da habilidade ou desejabilidade de combinar vantagens estratégicas; e (3) a

generalização das estratégias genéricas é questionável.

Os efeitos benéficos e os riscos inerentes a cada estratégia genérica serão

melhor detalhados mais adiante.

2.2.2.2 O esquema de Treacy e Wieserma (1997)

Treacy e Wieserma apresentaram uma nova opção de classificação de

estratégias genéricas competitivas alguns anos após a abordagem estratégica

de Porter. Em um estudo feito com quarenta empresas que se destacaram

pelo seu excepcional desempenho, os autores concluíram que, dependendo de

como as empresas se propusessem a proporcionar valor aos consumidores,

elas poderiam ser agrupadas segundo três proposições de valor: “melhor custo

total”, “melhor produto” ou “melhor solução total” para seus consumidores.

As proposições de valor de Treacy e Wieserma foram classificadas em três

“disciplinas de valor”, a saber: excelência operacional, liderança de produto e

intimidade com o cliente. Para Rocha e Christensen (1999), a excelência

operacional equivaleria à liderança de custos de Porter e a intimidade com o

cliente seria uma combinação da estratégia de diferenciação com a de

focalização, ambas também de Porter.

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Como toda estratégia, cada "disciplina de valor" requeriria a adoção de diferentes praticas gerenciais. Se uma empresa decidisse adotar a estratégia de excelência operacional deveria tomar ações que implicassem na melhor posição de custos. A liderança de produto, por outro lado, exigiria a concentração de esforços em entregar o melhor produto aos clientes e a intimidade com o cliente exigiria um esforço focado na excelência do serviço e na busca de soluções excelentes.

Treacy e Wieserma (1997) destacaram a importância da sinergia entre os modelos operacionais<4 da empresa e a adoção de uma ou outra estratégia. "Diferentes estratégias requerem diferentes modelos operacionais", de modo que cada udisciplina de valor" exigiria da empresa a criação de diferentes estruturas de negócio, diferentes processos e diferentes sistemas de gerenciamento.

Ao adotar uma das três "disciplinas de valor" de Treacy e Wieserma, a empresa também incorreria em riscos. Desenvolver competências operacionais melhorando a estrutura de custos, criar extensões de linha para diferenciar os produtos e orientar-se para os clientes não seria o suficiente. Seria preciso romper com a idéia de ~ nós somos bons nas três disciplinas" e procurar atingir patamares de excelência em desempenho em pelo menos uma delas. Para Treacy e Wieserma, a falta de foco causaria confusão, tensão, perda de energia e implicaria em métodos inadequados para resolver conflitos e definir prioridades .

• Os modelos operacionais são compostos por "processos operacionais. estrutura dos negócios. sistemas de gerenciamento e c ultura" (Treaey e Wiescrma, 19 97. p.JZ).

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34  

A figura 4 ilustra a diferença entre a falta de foco e a adoção de apenas uma “disciplina de valor”.

Figura 4

As Disciplinas de Valor de Treacy e Wieserma

EXCELÊNCIA OPERACIONAL "o melhor custo total" IINTIMIDADE COM O CLIENTE ‘’a melhor solução" Competência operacional Sensibilidade ao cliente

Diferenciação de Produto

LIDERANÇA DE PRODUTO "o melhor produto”

Fonte: Treacy e Wieserma (1997, p.45)

2.2.2.3 Concorrência à base de preços/liderança de custos 

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Em 1993, a revista Business Week publicou uma reportagem falando sobre

empresas com dificuldades em repassar ao consumidor o aumento nos custos

de produção. Os consumidores estariam mais resistentes, exigiriam preços

mais baixos e estariam mais dispostos a substituir produtos com preços

julgados abusivos. Alguns anos depois e guardadas as devidas proporções,

observou-se o mesmo no Brasil (Farrel, 1993).

Inflação baixa, poder de compra estável, capacidade ociosa e aumento da

concorrência frente aos mercados internacionais contribuíram para que os

consumidores em geral estivessem cada vez mais preocupados com preço,

colocando-o como fator decisivo no processo de compra (Schnaars, 1998).

Teria ocorrido, portanto, clara mudança no processo de compra dos

consumidores. Eles estariam mais resistentes a pagar mais por produtos e

serviços e isso implicaria em um contínuo declínio da lealdade às marcas.

Empresas que oferecessem menor preço roubariam mercado daquelas cujos

produtos fossem posicionados como sendo diferenciados (Schnaars, 1998).

Para Schnaars (1998), se uma empresa desejasse competir por preços, a

primeira coisa a fazer seria reduzir seus custos, o que poderia ser feito de

diversas formas. Esta abordagem seria semelhante à proposta de Treacy e

Wieserma, que afirmaram que os retornos provenientes da excelência

operacional resultariam da redução dos custos e não do aumento dos preços

(Treacy e Wieserma, 1997).

A literatura mostra várias abordagens de como seria possível se obter

vantagem estratégica em função dos baixos custos (Aaker,1995). Uma

empresa seria tão bem sucedida quanto maior fosse a quantidade de

abordagens utilizadas. Algumas delas seriam:

• Oferecer um produto/serviço básico: Implicaria em focar no que fosse

absolutamente necessário para o desempenho do produto. Esta vantagem

seria difícil de ser copiada, sendo portanto sustentável por duas razões:

primeiro, os competidores não poderiam deixar de oferecer vantagens de

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produto aos consumidores como estão habituados a fazer. Segundo, toda a

estrutura operacional dos competidores estaria desenhada para oferecer

aquele tipo de produto (Aaker, 1995).

• Design de produto: A composição do produto poderia estar focada na

simplicidade e na praticidade no uso dos componentes na linha de

produção (Aaker, 1995), como por exemplo o uso de componentes

modularizados (Porter, 1980). A empresa poderia também buscar a

minimização dos custos nas diversas áreas envolvidas como P&D e

assistência técnica (Porter, 1980).

• Produção e operações: Envolveria a possibilidade de utilização de matéria-

prima não acabada, vantagem de localização e de redução dos custos com

distribuição através da escolha de canais adequados, acesso a mão-de-

obra barata e a subsídios, inovações no processo produtivo (Aaker, 1995)

com equipamentos de última geração e utilização de linhas com processo

de fabricação sinérgico (Porter,1980). Porter ressaltou a necessidade da

construção agressiva de instalações em escala eficiente e o controle rígido

dos custos e das despesas gerais. Para Treacy e Wieserma (1997) todas

as operações deveriam ser planejadas, simplificadas e padronizadas e

poucas decisões deveriam ficar a cargo de empregados de baixo escalão.

A empresa deveria também desenvolver sistemas de gerenciamento

integrados, confiáveis e capazes de realizar transações com rapidez.

• Economia de escala: A economia de escala estaria diretamente associada

ao ganho de eficiência em função do aumento do volume (Porter, 1980). O

aumento do volume de determinado produto ou marca permitiria diluir uma

série de custos, tais como propaganda, P&D, mão-de-obra indireta etc.

• Curva de experiência: A experiência acumulada na produção e na

comercialização de um produto implicaria na queda dos custos a uma taxa

previsível. (Aaker, 1995). Quanto mais se produzisse, mais as pessoas

aprenderiam e poderiam desempenhar suas tarefas de modo mais

eficiente, inclusive quando se tratasse da operação de equipamentos

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sofisticados. No entanto, a curva de experiência não ocorreria de forma

automática. Ela precisaria ser continuamente gerenciada através de metas

para o aumento da eficiência, círculos de qualidade, modernização de

equipamentos etc.

• Cultura de baixo custo: Uma vez que a estratégia de liderança em custos

normalmente exigiria a redução dos custos em várias dimensões da

empresa (Aaker, 1995) seria imprescindível uma cultura organizacional de

baixo custo que “abomine desperdícios e recompense a eficiência” (Treacy

e Wieserma 1997, p.36).

Competir pela liderança em custos normalmente exigiria altos investimentos e

prática agressiva de preços. Para Porter (1980, p.36), a empresa inicialmente

passaria por “algumas perdas” que posteriormente poderiam ser compensadas

por aumento de market share. O alto market share, por sua vez, implicaria em

economias no processo de compra.

Segundo Schnaars (1998), as empresas que competem por custo seriam

consideradas seguidoras. Elas esperariam que a concorrência inovasse os

produtos e depois os imitasse e produzisse em grandes volumes e a baixos

custos. Normalmente compensariam a sua pequena margem de contribuição

com grandes volumes, garantindo alto market share.

Porter (1980) e Schnaars (1998) chamam a atenção para o impacto na

adoção da estratégia de liderança em custos e seus reflexos no ambiente,

segundo as forças competitivas:

• Redução do poder de barganha dos fornecedores: os fornecedores

valorizariam produtores que vendessem grandes volumes e normalmente

teriam menor poder de argumentação para negociar aumento nos custos

de fornecimento.

• Redução do poder de barganha dos consumidores: os consumidores teriam

mais dificuldade de barganhar com produtores de grandes volumes que já

praticassem os menores preços.

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• Os substitutos se tornariam menos atrativos: Os líderes em custos

normalmente atrairiam para seus produtos a idéia de equilíbrio entre

desempenho e preço, reduzindo a atração para bens substitutos.

Porter (1980) comentou que, uma vez atingida a liderança em custos, esta

proporcionaria grandes retornos que poderiam ser reinvestidos em novos

equipamentos e instalações mais modernos. Para o autor, tal investimento

seria, em alguns casos, um pré-requisito para que a posição de liderança em

custos fosse mantida.

Em relação ao ambiente competitivo, Porter (1980) citou que muitos

concorrentes, ainda acostumados a altos custos, estariam mal preparados,

seja em percepção ou economicamente, para tomar as medidas necessárias

para minimizar custos. Neste contexto, a estratégia de liderança em custos

poderia revolucionar toda uma indústria cuja história de competição tenha

revelado o contrário.

Porter (1980) considerou os principais riscos associados à liderança em

custos:

• mudanças tecnológicas poderiam anular investimentos passados ou

experiência adquirida;

• medidas para competir por custos poderiam ser facilmente copiadas por

novos entrantes ou concorrentes;

• miopia causada por excesso de foco em custos ignorando melhorias

necessárias ao produto ou acompanhamento da dinâmica do mercado;

• inflação nos custos poderia impedir a prática de preços diferenciados com

relação aos concorrentes.

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2.2.2.4 Diferenciação

A estratégia de diferenciação buscaria diferenciar um produto, ao ponto de

torná-lo percebido como sendo único, normalmente melhor que o da

concorrência, ainda que não ignorando dimensões importantes como o custo

(Schnaars, 1998). Para Linneman e Stanton (1993, p.59) “diferenciar significa

satisfazer os clientes melhor do que ninguém, dando às pessoas uma razão

para preferir seu produto ou serviço acima de qualquer outra escolha

competitiva”.

Porter (1980, p.38) afirmou que “a adoção desta estratégia exige uma

percepção de exclusividade, que muitas vezes é incompatível com alto market

share”. Schnaars (1998), entretanto, observou a existência de dois grandes

grupos de produtos diferenciados que caracterizariam uma empresa, segundo

o nível de market share. O primeiro seria formado por produtos de luxo que

confeririam à empresa uma enorme margem por produto vendido, mas

pequeno market share. O segundo grupo geralmente, remeteria a produtos

líderes de categoria que, embora mais populares, manteriam grande margem e

alto market share.

Uma empresa poderia diferenciar-se de diversas formas, mas para ser

percebida pelos consumidores isto, quase sempre envolveria medidas caras,

tais como investimentos em pesquisa, design, materiais de alta qualidade e

atendimento a clientes (Porter, 1980; Aaker, 1995).

Day (1990) citou um outro aspecto a respeito do significado da diferenciação

para o cliente: Quando os pontos de superioridade não fossem importantes

para o cliente, a diferenciação perderia o significado, pois não existiria

benefícios percebidos, seja em melhor desempenho ou em custos menores.

Os principais tipos de estratégia de diferenciação seriam os seguintes:

− Qualidade

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A estratégia de diferenciação pela qualidade exigiria que a empresa

entregasse e fosse “percebida como a que entrega produtos/serviços de

qualidade superior ao dos concorrentes” (Aaker, 1995, p.199). Nesta linha,

argumenta Day (1990, p.194) que a “elevação da qualidade é vista hoje como

o caminho mais seguro para a criação de um valor superior para o cliente”.

Além disso, os consumidores estariam dispostos a pagar mais por produtos

duráveis e confiáveis (Schnaars, 1998).

A qualidade superior deveria exceder as exigências do cliente. O esforço de

diferenciação pela qualidade seria basicamente função da satisfação do

cliente. Duas outras dimensões que também deveriam ser consideradas

seriam o envolvimento de todos os âmbitos da empresa e o fato de que a

diferenciação pela qualidade também deveria ser lucrativa (Aaker,1995; Day,

1990).

Produtos ou serviços de qualidade deveriam ser julgados segundo vários

critérios (Day, 1990; Schnaars, 1998):

• performance e características operacionais superiores;

• design e estilo superior (Schnaars, 1998, p.85);

• padrões de serviço como cortesia, garantia e assistência técnica

superiores;

• confiabilidade e durabilidade superior; e

• qualidade percebida através da imagem, propaganda ou marca.

− Construção de marca

Este tipo de diferenciação consistiria na construção de um “valor de marca” ao

longo do tempo. A construção de uma marca forte e bem gerenciada geraria

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vantagem estratégica sustentável pois criaria barreiras de entrada para

competidores (Aaker,1995; Schnaars, 1998).

Quando uma marca fosse considerada como sendo de valor, ela seria

amplamente reconhecida e reuniria um conjunto de percepções, crenças e

significados para a identidade da marca, gerando lealdade. (Aaker, 1995). O

reconhecimento da marca aumentaria a percepção de valor pois facilitaria a

decisão de compra em função inúmeras marcas alternativas (Schnaars, 1998),

reduzindo a percepção de risco em relação a uma marca desconhecida e

personalizando o produto adicionando um conjunto de sentimentos e

significados (Aaker, 1995).

Segundo Aaker (1995), para criar valor de marca seria necessário trabalhar a

qualidade percebida, estimular a lembrança de marca, estabelecer uma

identidade de marca e incentivar a lealdade.

− Variedade de produto

Este tipo de diferenciação estaria sendo utilizado por várias categorias de

produtos. Como diferentes gostos determinam a heterogeneidade da

demanda, a variedade de escolha seria altamente valorizada. A diferenciação

pela variedade de produtos consistiria em oferecer produtos desenvolvidos

para atender a uma necessidade específica (Shnaars,1998).

− Rapidez na introdução de produtos

Algumas empresas prefeririam diferenciar-se pela rapidez de lançamento de

novos produtos. Este tipo de estratégia exigiria que a empresa fosse ágil e

estivesse sempre um passo à frente de seus competidores. Isto manteria o

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interesse pela categoria e faria com que os consumidores estivessem sempre

empolgados com os novos lançamentos da empresa, reforçando sua imagem

inovadora (Schnaars, 1998).

− Produtos de luxo

“Bens de luxo são produtos diferenciados que vendem status e apelo esnobe a

preços muito altos”. A rentabilidade destes produtos estria altamente

relacionada a sua escassez. O dilema estratégico deste tipo de diferenciação

seria encontrar o ponto ótimo da quantidade a ser ofertada para garantir o

benefício da exclusividade (Schanaars, 1998)

Este tipo de diferenciação requereria conhecimento aprofundado dos

parâmetros de elegância e sofisticação, visão de longo prazo para construção

do valor da marca, um produto de altíssima qualidade e não somente de

marca, escolha cuidadosa do canal de distribuição, foco em margem e não em

volume, esforço de marketing global (Schnaars, 1998).

Por outro lado, o perigo de diluição da marca seria um risco que deveria ser

considerado, já que os produtos de luxo, para serem percebidos como

exclusivos, teriam que ser vendidos a um número limitado de pessoas.

− Conveniência e canais de distribuição diferenciados

Os consumidores valorizariam cada vez mais seu tempo livre e procuraria

gastar o mínimo de tempo possível com compras. Muitas vezes, estariam

dispostos a pagar mais pelo benefício da conveniência (Schnaars, 1998). Esta

mudança no comportamento do consumidor teria sido um grande atrativo para

que algumas empresas, mesmo as mais comoditizadas, procurem diferenciar-

se através da rede de entrega dos seus produtos (Porter, 1980).

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Fatores Críticos Para O Sucesso Da Estratégia De Diferenciação

Segundo a literatura, para que a estratégia de diferenciação fosse um sucesso,

ela deveria atender os seguintes fatores críticos:

− Gerar valor percebido para o consumidor

A base da estratégia de diferenciação seria gerar maior valor para o

consumidor. De nada adiantaria todo um esforço, se este valor não fosse

devidamente percebido. Portanto, haveria uma grande distinção entre valor

aparente e valor real. Aaker (1995, p.197) afirma que “o toque de diferenciação

deve ser desenvolvido sob a perspectiva do consumidor, ao invés da

perspectiva dos moldes operacionais”. Somente desta forma o valor agregado

ao produto justificaria a cobrança de um preço premium.

A percepção de valor pelo consumidor se tornaria um problema quando fosse

impossível perceber, a priori, o diferencial existente no produto ou serviço.

Aaker (1995) citou o caso dos sistemas de segurança de uma companhia

aérea ou as habilidades profissionais de um dentista. Nos casos de produtos

difíceis de avaliar ou ainda naqueles em que os produtos fossem comprados

com pouca freqüência, os clientes necessitariam de ajuda para comparar

alternativas e recorreriam a sinais como embalagem, reputação de

superioridade, garantia, ambiente de vendas etc. (Day, 1990).

− Ser difícil de ser copiado

Segundo Schnaars (1998), seria natural esperar que uma estratégia de

diferenciação bem sucedida atraisse seguidores, e que esses seguidores

fabricassem imitações dos produtos diferenciados, vendendo-os a preços mais

baixos. Desta forma, a diferenciação deveria ser sustentável no longo prazo.

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“Quando a diferenciação envolve total esforço organizacional com um conjunto

complexo de ativos e habilidades, será mais difícil e mais cara de ser copiada,

especialmente se existe uma dinâmica constante envolvendo qualidade”

(Aaker, 1995, p.198). Quanto maiores os investimentos e os riscos envolvidos

mais difícil seria copiar a estratégia de diferenciação.

− Apoiar a diferenciação com programas de comunicação

A estratégia de diferenciação tenderia a requerer maiores gastos com

comunicação para construção da marca e divulgação do produto (Schnaars,

1998). A empresa poderia ser superior à concorrência com respeito a valores

importantes, mas se a comunicação falhasse em comunicar o diferencial do

produto, este não despertaria no cliente a devida percepção de valor e todos

os esforços teriam sido inúteis (Day, 1990).

− Manter os diferenciais de preço compatíveis com o valor percebido

Nem todos os mercados ou categorias de produto aceitariam um alto

diferencial de preço entre produtos premium e produtos genéricos. Se os

preços de um produto diferenciado não compensassem os benefícios que ele

oferecesse, “o consumidor pode abrir mão de determinadas características,

serviços ou imagem da empresa diferenciada para economizar em gastos” e

decidir comprar o produto mais barato (Porter, 1980, p.46). O objetivo seria

manter os preços dos produtos diferenciados o mais alto possível, mas sem

exceder o limite que permitisse a troca de marcas (Schanaars, 1998, p.97).

− Evitar ficar “preso no meio termo” (Schanaars, 1998)

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Porter (1980) introduziu o conceito de que uma empresa pode adotar uma

estratégia que acabe por deixá-la “presa no meio-termo”. Segundo o autor,

este seria um dos riscos que as empresas correriam se não conseguissem se

distinguir da concorrência, quer pela liderança em custos, quer pela

diferenciação.

Empresas com produtos diferenciados, até em função de uma forte construção

do valor da marca durante o tempo, poderiam ficar “presas no meio-termo”,

por passarem a adotar uma posição de venda de grandes volumes praticando

preços similares à média de mercado (Schanaars, 1998).

− Gerar diferenciação que seja economicamente viável

Day (1990) afirmou que, quando uma empresa se dispusesse a realçar o valor

para o cliente, ela poderia incorrer em investimentos muitas vezes difíceis de

dimensionar, tais como a adição de características e as ampliações de linha.

Tais investimentos poderiam “onerar os produtos com custos extras que

excedem o aumento de preço que pode ser conseguido” (p.205). Para o autor

este seria um julgamento difícil, já que os benefícios viriam com o tempo

enquanto que os custos seriam imediatos.

Schnaars (1998) utilizou as forças competitivas de Porter para explicar como a

estratégia de diferenciação, em suas diferentes modalidades, poderia

influenciar o ambiente competitivo, a saber:

• Redução do poder de barganha dos consumidores: Produtos diferenciados

seriam mais raros. Eles estimulariam a lealdade à marca e incentivariam os

consumidores a pagar mais por essa diferenciação.

• Substitutos tornam-se menos atrativos: Produtos raros ou diferenciados

geralmente seriam mais difíceis de ser substituídos. Quanto mais

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diferenciados fossem os produtos, menor seria a probabilidade de o

consumidor encontrar um substituto, diante de um aumento nos preços.

• Redução da rivalidade: De modo geral, os produtos diferenciados seriam

menos afetados pelas ações da concorrência à base de preços.

A estratégia de diferenciação envolveria alguns riscos, como, por exemplo

(Porter, 1980; Schnaars, 1998):

• a necessidade do fator de diferenciação mudar ou acabar na medida em

que os consumidores se tornassem mais sofisticados ou mudassem seus

hábitos de compra;

• quando a indústria atingisse a maturidade, o surgimento de imitações seria

muito mais freqüente, reduzindo a diferenciação percebida.

2.2.2.5 Liderança de produto

As empresas que seguissem esta estratégia “continuamente levariam seus

produtos aos domínios do desconhecido, do ainda não tentado, do altamente

desejado. Concentrariam-se em oferecer a seus clientes produtos ou serviços

que expandissem as fronteiras de desempenho” (Treacy e Wieserma, 1997,

p.37).

O objetivo principal de um líder de produto seria oferecer o melhor produto a

seus consumidores e, para isso, enfrentaria três grandes desafios: precisaria

ser criativo para gerar idéias, comercializá-las rapidamente e, principalmente,

inová-las continuamente, de modo a superar seu último produto ou serviço

(Schnaars, 1997). Treacy e Wieserma (1997) afirmaram que se a empresa não

fosse rápida o bastante para desenvolver um produto sucessor, certamente

outra empresa o seria.

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Para as empresas que adotassem esta estratégia, seria muito mais importante

conservar a postura de liderança em produto e inovar continua e rapidamente,

entrando em novos mercados, do que se preocupar em continuar vendendo

um produto obsoleto a fim de esgotar seu potencial de rentabilidade (Treacy e

Wieserma, 1997; Schnaars, 1998).

Produtos inovadores, principalmente aqueles com conceito radicalmente novo,

seriam suscetíveis a falhas (Aaker, 1995) e exigiriam uma rápida capacidade

de resposta a problemas contingenciais. Devido a isso, seriam necessários

modelos operacionais que enfatizassem uma estrutura organizacional flexível,

pouco burocratizada (Rocha e Christensen, 1999), com medidas de

desempenho coerentes (Pereira e Poole, 1997) e com sistemas de

gerenciamento voltados para resultados, mas que não punissem a

experimentação necessária à inovação (Treacy e Wieserma, 1997).

Estas empresas prezariam uma cultura organizacional empreendedora e

normalmente “recrutam, contratam e treinam seu próprio pessoal para atingir

este objetivo” (Treacy e Wieserma, 1997, p.39).

Segundo Schnaars (1998), “o conceito de liderança de produto de Treacy e

Wieserma é único”. Embora fortemente associado ao conceito de

diferenciação de produtos, “esta estratégia genérica tem características

próprias, não apresentadas em qualquer uma das outras classificações”

(Rocha e Christensen, 1999, p.253).

2.2.2.6 Focalização

Esta estratégia consistiria em focar-se em um segmento específico de

consumidores, linha de produto, ou área geográfica (Aaker, 1995). As

empresas que a adotassem normalmente buscariam um posicionamento de

baixo custo com seu target estratégico, ou de alta diferenciação, ou ambos

(Porter, 1980). Com este tipo de estratégia, a empresa não buscaria a

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satisfação de todos os consumidores, mas procuraria oferecer algo de especial

a uma pequena parte do mercado (Schnaars, 1998; Linneman e Stanton,

1993; Sakelaris, 1998).

Para Schnaars (1998), o que basicamente diferenciaria a focalização das

estratégias de diferenciação e da liderança de custos seria sua abrangência. A

empresa focada estria basicamente interessada em reduzir o escopo da

competição, diminuindo o nível de rivalidade.

Segundo Schnaars (1998), algumas vezes a diferença conceitual entre a

estratégia de foco (segmento de consumidores ou linha de produtos) e a

estratégia de diferenciação é muito tênue, podendo ser confundidas. A

Mercedes-Benz, por exemplo, vende um produto diferenciado a um pequeno

grupo de consumidores de alto poder aquisitivo. Enquanto seu foco na

excelência do produto sugere a diferenciação, seu target estratégico sugere

focalização.

Dalgic e Leeuw (1994) fazem uma importante abordagem sobre a distinção

entre a focalização e a segmentação de mercado. A segmentação consistiria

em dividir um grande mercado em pequenas partes, enquanto a focalização

partiria da necessidade de poucos consumidores, aumentando gradualmente

esta base de consumo.

A focalização, comparada com o marketing de massa, exigiria um

conhecimento ainda mais detalhado das condições do mercado e dos hábitos

dos consumidores potenciais. Linneman e Stanton (1993) consideram o alto

investimento em pesquisas com consumidores e pesquisas em fontes

secundárias bastante úteis para o sucesso da estratégia de focalização.

Dalgic e Leeuw (1994), complementando a abordagem de Linneman e Stanton

(1993), forneceram um check-list que ajudaria na prevenção de erros comuns

na adoção desta estratégia:

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(1) A empresa deveria conhecer a si mesma, seus pontos fortes e fracos,

peculiaridades, vantagens competitivas, competências diferenciais e

características regionais e tradicionais.

(2) A empresa deveria tornar-se um especialista em conhecer os hábitos e a

preferência dos seus consumidores. Não deveria tentar atraí-los para o seu

produto, mas sim oferecer um produto que realmente atendesse suas

necessidades.

(3) A empresa deveria conhecer seus concorrentes e a razão pela qual os

consumidores estariam comprando seus produtos.

(4) Deveria desenvolver um sistema de informação de mercado e de

consumidores focado em indicadores de rentabilidade, ao invés de

indicadores de volume de vendas.

(5) Deveria diferenciar-se focando e comunicando o que fosse valorizado

pelos seus consumidores, de modo a realçar seus pontos fortes e os

pontos fracos de seus concorrentes.

(6) Deveria evitar competir com seus próprios produtos nos mesmos

segmentos.

(7) Deveria criar barreiras de entrada através do marketing de relacionamento,

principalmente com seus consumidores.

(8) Deveria ser flexível e não exceder o limite de recursos e de capacidade.

(9) Deveria buscar sinergia e ganhos de eficiência entre a estratégia de

focalização e a estratégia da empresa como um todo.

(10) Deveria manter-se alerta às modificações no ambiente competitivo.

(11) Deveria ser dinâmica, estudando o comportamento dos usuários e não-

usuários e avaliando seu posicionamento continuamente.

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(12) Deveria minimizar a dependência sobre qualquer consumidor ou

produto.

Aaker (1995, p.225) indicou que a estratégia de focalização traria as seguintes

vantagens para a empresa:

• Evitaria a “diluição ou distração”, reunindo investimentos, operações e

cultura em torno de um único objetivo;

• Permitiria utilizar, de modo efetivo, recursos considerados limitados para

um mercado mais amplo;

• Permitiria superar investimentos e habilidades de grandes competidores;

• A focalização em uma linha de produto, segmento ou área geográfica

ajudaria na construção da imagem e facilitaria a definição de uma

estratégia de posicionamento; e

• Mercados em franca expansão atrairiam mais competidores que pequenos

nichos.

A figura 5 mostra o esquema de Aaker (1995) caracterizando a estratégia de

focalização em função dos cinco benefícios principais.

Figura 5

Estratégia de Focalização

Evita “diluição ou

distração” daestratégia

Competir com

recursos limitados

Superar

ativos/habilidadesdos competidores

Reduz pressões

competitivas

Fonte: Aaker (1995, p.225)

Estratégia deFocalização

Permite umaestratégia de

posicionamento

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Porter(1980), por sua vez, destacou um conjunto de riscos relativos à adoção

da estratégia de focalização.

a) Haver um grande diferencial de custo entre a empresa focada e as não

focadas, eliminando as vantagens de custo em servir um target específico ou

anular a diferenciação obtida com o foco;

b) Haver pouca ou nenhuma diferença entre os produtos desejados pelo grupo

alvo e aqueles desejados pelo mercado;

c) Existir submercados dentro do grupo estratégico que, se explorados pelos

competidores, anularia a estratégia de focalização.

2.2.2.7 Intimidade com o cliente

A estratégia de intimidade com o cliente, de Treacy e Wieserma (1997, p.40),

consistiria em entregar valor aos consumidores através da “melhor solução

total”. Focando-se nos consumidores a que pode servir melhor, a empresa

procuraria entender seus problemas e satisfazer suas necessidades através da

excelência em serviços normalmente customizados.

Dolinsky (1994) afirmou que o gerenciamento de informações

provenientes dos clientes representaria uma importante fonte de

vantagem competitiva. Segundo o autor, a análise adequada de

sugestões e reclamações, facilitaria a identificação de problemas

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potenciais, permitindo maior foco nos atributos mais valorizado pelos

consumidores.

A rentabilidade das empresas que adotassem esta estratégia estaria

relacionada às altas taxas de lealdade e retenção de clientes e à

cobrança de preços altos pelos serviços prestados. Porque procurariam

atrair e manter os clientes, estas empresas remunerariam seus

funcionários com base nas taxas de retenção e não pelo volume de

vendas e não teriam a necessidade de realizar altos investimentos em

propaganda (Treacy e Wieserma, 1997).

Treacy e Wieserma (1997) destacaram uma relação de ações da

empresa que poderiam contribuir para o sucesso desta estratégia:

• Deveria escolher os consumidores que ela pode servir melhor;

• Deveria procurar customizar seu mix de serviços ou produtos para

atender os clientes de um modo específico;

• Deveria incentivar o envolvimento de todos os funcionários e não

somente da força de vendas, delegando a tomada de decisão aqueles

mais próximos do cliente;

• Deveria focar-se na tarefa de busca de soluções, gerenciando

relacionamentos e resultados; e

• Deveria possuir sistemas de informação flexíveis o bastante para

serem modificados em função das necessidades do cliente, e

integrados o bastante para que qualquer um pudesse recuperar o

máximo de informações relativas a um cliente.

2.2.2.8 Customização em massa

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Como observaram Rocha e Christensen (1999, p.253), “desde meados da

década de 80, o conceito de customização em massa vem sendo discutido na

literatura e praticado por algumas empresas excelentes, mas só recentemente

tem recebido maior atenção”.

O grande interesse em compreender esta estratégia genérica resultaria

da associação de dois aspectos ambientais importantes; De um lado o

crescente desejo dos consumidores em obter produtos e serviços cada

vez mais customizados (Feitzinger e Lee, 1997) e, de outro, a

possibilidade de satisfação desse desejo por parte das empresas, frente

ao acesso a tecnologias que tornaram os processos de fabricação cada

vez mais flexíveis (Kotha, 1995; Gilmore e Pine II, 1997).

Kotha (1995 ) define customização em massa como “um processo pelo

qual as empresas aplicam tecnologia e métodos gerenciais para produzir

customização e variedade de produto por meio de flexibilidade e resposta

rápida” (p.22). Segundo Rocha e Chriestensen (1999, p.253) “o produto é

customizado para cada segmento do mercado, ao mesmo tempo em que

atingem as economias de escala necessárias por meio da produção em

massa”. A customização em massa seria, de certo modo, uma síntese

das estratégias genéricas de liderança em custos e focalização.

Gilmore e Pine II (1997) ressaltaram sua preocupação com a adoção

desta estratégia, pois ela poderia ser complexa e implicar em custos

desnecessários. Feitzinger e Lee (1997) afirmaram que mesmo sem

adotar a customização, muitas empresas já estariam encontrando

dificuldades em atender pedidos rapidamente e a custos aceitáveis.

Para Wind e Mahajan (1997), com a customização em massa, através da

World Wide Web (WWW), consumidores poderiam não somente criar

seus produtos, mas também escolher as formas de entrega e pagamento.

O grande desafio estaria em “como garantir rentabilidade no curto e no

longo prazos e como determinar um portfólio adequado entre produtos

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padronizados e customizados” (p.6), dentro de um ambiente intensivo em

informação e tão próximo dos clientes quanto se pudesse imaginar.

Gilmore e Pine II (1997) propuseram que, antes de adotar a customização

em massa, as empresas deveriam examinar detalhadamente qual tipo de

customização os consumidores valorizariam. Os autores propuseram

quatro tipos de customização em massa: cooperativa, adaptativa,

cosmética e transparente.

−−−− Customização cooperativa

Seria apropriada para tipos de negócios cujos consumidores se

sentissem frustrados em fazer uma única escolha dentre uma variedade

de alternativas complexas. A empresa deveria ajudar cada consumidor

individualmente para determinar em conjunto o produto customizado

necessário. As empresas que adotassem esta abordagem normalmente

teriam que modificar o produto para cada um dos consumidores, além de

mudar alguns aspectos de sua apresentação.

− Customização adaptativa

A empresa ofereceria um produto padrão, mas customizável, de modo

que os usuários pudessem alterar o produto quando desejasse. Esta

abordagem seria adequada para negócios cujos consumidores exigissem

desempenho diferente do protudo em diferentes ocasiões, de modo que a

tecnologia disponível permitisse o fácil manuseio do produto. Ao contrário

da customização cooperativa, nem o produto nem sua apresentação

seriam modificados para cada tipo de consumidor. A empresa forneceria

ao consumidor a possibilidade de modificação de aspectos funcionais de

acordo com a necessidade particular de cada um.

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− Customização cosmética

A abordagem de customização cosmética é aquela que apresenta um

único produto padrão e um formato diferente para diferentes

consumidores. Ela seria adequada quando os consumidores usassem o

produto sempre do mesmo modo, mas desejassem que ele fosse

apresentado de um jeito diferente, como por exemplo tamanhos, rótulos,

formatos e embalagens.

− Customização transparente

Através da customização transparente seria possível oferecer produtos

únicos sem que se soubesse explicitamente que estes produtos haviam

sido customizados. Ela poderia ser utilizada quando fosse possível prever

as necessidades específicas de cada consumidor, ou quando eles não

desejassem expressar seus desejos repetidas vezes. Adotar esta

abordagem implicaria em observar o comportamento dos consumidores,

sem entretanto interagir com eles. A customização transparente seria o

oposto da customização cosmética. Ela requereria um produto

customizado, mas com uma embalagem padronizada.

As quatro abordagens de customização em massa de Gilmore e Pine II podem

ser representadas pela figura 6:

Figura 6 - As quatro abordagens de customização

modifica Transparente

Cooperativa

Adaptativa

Cosmética

Produto

A p r e s e n t a ç ã o

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não modifica

modifica

não modifica

Fonte: Gilmore e Pine II, 1997, p. 95

Para Feitzinger e Lee (1997, p. 116) “a chave para uma efetiva

customização em massa seria adiar a tarefa de diferenciação de um

produto para um consumidor específico até o último ponto possível na

rede de suprimentos - abastecimento, manufatura e distribuição”. Para os

autores, três princípios organizacionais formariam as bases para um

programa de customização em massa efetivo. Seriam eles:

− Desenho de produto modular

O produto deveria ser criado utilizando módulos independentes, para que

fosse possível montá-lo de diferentes maneiras, de um jeito fácil e

econômico.

− Desenho de processo modular

O processo de manufatura também deveria ser desenvolvido utilizando

componentes de linha modulares que pudessem ser movimentados e

reorganizados de modos diferentes para apoiar diferentes formatos na

rede de distribuição.

− Rede de suprimentos ágil

Áreas de abastecimento, manufatura e distribuição deveriam estar

organizadas de modo a abastecer a linha de produção com o produto

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básico, permitindo que a customização fosse feita eficientemente e ao

menor custo. Elas também deveriam ter flexibilidade para receber e

entregar rapidamente pedidos individuais dos consumidores.

Kotha (1995, p.37) identificou um conjunto de benefícios e custos

potenciais associados a estratégia de customização em massa (Tabela

1), fazendo uma síntese das condições necessárias para garantir o

sucesso da sua implementação (Tabela 2).

TABELA 1

Benefícios e Custos Potenciais Associados a Customização em Massa

Benefícios potenciais Custos potenciais

Economias de custo potenciais resultam

de:

Aumentos de custo potenciais resultam

de:

− Redução nos estoques e potencialredução de carga de trabalho comesta atividade

− Eliminação da obsolescência deprodutos causada pelas constantesmudanças nos modelos e pelaintrodução de novos produtos

− Eliminação de complexas atividadesde previsão e pesquisa de mercadoutilizadas nos sistemas de produçãoem massa

− Direcionamento dos dados para ospontos de criação de valor

− Eliminação de certas atividades dacadeia de valor da empresa

− Gastos com tecnologia demanufatura avançada e tecnologia deinformação

− Investimentos em sistemas deinformação para coletar e monitorarinformação do principal usuário

− Recursos de engenharia necessáriospara desenvolver tecnologia própriade produto e processo

− Aumento dos gastos com pessoalresultante do emprego de mão-de-obra treinada e qualificada

− Uma quantidade desproporcional dotempo gerencial empregado paraimplementar a estratégiaefetivamente para um segmento demercado relativamente pequeno

− Equipar e treinar varejistas de modoque os pedidos dos consumidoresfossem registrados precisamente erepassados para a fábrica.

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Fonte: Kotha, 1995, p.38

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TABELA 2

Condições Necessárias para o Sucesso da Customização em Massa

Indústria e condições competitivas O sucesso é mais provável se

− a indústria é caracterizada pela proliferação de produtos e pela introdução de produtosnovos

− existe um grupo de consumidores na indústria que podem ser influenciados pelo valorda customização

− ainda não existe um competidor utilizando a customização em massa de um jeitoaprofundado

Cultura e estrutura organizacional O sucesso é mais provável quando

− o foco da cultura organizacional está no aumento do conhecimento e nodesenvolvimento de habilidades de manufatura

− se o sistema de produção está voltado para a atenção aos detalhes e enfatiza aimportância de “zero erro” em todas as atividades do processo de criação de valor

− as tarefas de manufatura e prioridades competitivas de cada fábrica estão de acordocom seu ambiente produto/mercado (Ex. Emprego de fábricas focadas)

− o grupo de gerentes de primeira linha emprega mecanismos organizacionais adotandointerações entre fábricas focadas

Recursos e competências O sucesso é mais provável quando a empresa tem

− acesso a um grupo de trabalho altamente treinado, disciplinado e motivado

− fácil acesso e domínio de conhecimentos de engenharia e competências em manufatura

− investimentos de longo prazo em tecnologia de manufatura avançada e tecnologia deinformação

− um grupo de marketing competente que empolgue os consumidores sobre os benefíciosde produtos customizados

Coordenação inter e intraorganizacional O sucesso é mais provável quando uma empresa

− consegue integração entre as áreas enquanto mantém excelência em cada uma delas

− tem fácil acesso a uma rede de suprimento

− desenvolve uma rede de informação interconectada com um grupo selecionado devarejistas treinados

2.3. Esquema Conceitual do Estudo: Estratégias Genéricaspara Empresas Varejistas

Fonte: Kotha, 1995, p.39

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2.3 Esquema Conceitual do Estudo: Estratégias Genéricas

para Empresas Varejistas As classificações de estratégias competitivas de vários autores estudados foram desenvolvidas tendo em vista o setor industrial, e não o setor de varejo. Por este motivo, faz-se necessário adaptá-las às peculiaridades da operação varejista, já que não foi encontrado nenhum estudo que proporcionasse um esquema conceitual de estratégias genéricas adequado às características próprias do varejo, em particular o varejo alimentar. 2.3.1 Estratégias de crescimento

Penetração de Mercado aumentar as vendas junto aos clientes atuais das lojas já existentes

atrair novos clientes para as lojas já existentes

aumentar o número de lojas em áreas de mercado já cobertas pela

empresa utilizar novos canais (por ex. catálogo, Internet) para atender a clientes

atuais Desenvolvimento de Mercado

abrir novas lojas em mercados totalmente novos para a empresa, porém mantendo o mix de produto e o posicionamento das lojas, realizando: expansão regional

expansão nacional expansão internacional 

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−−−− Desenvolvimento de Produto

• modificar o mix de produto das lojas já existentes, aumentando ou

reduzindo sortimento, introduzindo novas marcas ou retirando marcas

existentes, alterando a qualidade do mix etc.

• modificar o layout das lojas

• introduzir novos departamentos/seções

−−−− Diversificação

Diversificação horizontal

• introduzir novos formatos de varejo voltados para o atendimento do mesmo

público

Integração vertical

• abrir negócios que sejam fornecedores dos negócios atuais da empresa

Diversificação concêntrica

• entrar em outros formatos de varejo que usem a mesma tecnologia/know-

how e/ou utilizem o mesmo enfoque de marketing

Diversificação não relacionada

• entrar em negócios não relacionados com seus mercados, canais ou

tecnologia atuais.

2.3.2 Estratégias competitivas

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−−−− Concorrência à Base de Preços/Liderança de Custos

• adotar política de redução permanente/contínua de custos, com medidas

tais como: automação comercial, redução de número de empregados,

instalações de armazenamento modernas e eficientes, controles rígidos de

custos etc.

• dispor de uma cultura organizacional preocupada com custos baixos e

evitar desperdícios.

• adotar políticas agressivas de preço baixo todo dia (PBTD).

−−−− Diferenciação

• criar imagem de qualidade, através da oferta de produtos e serviços

percebidos como superiores em qualidade pelos clientes, relativamente à

concorrência.

• desenvolver uma imagem de marca diferenciada em relação aos

concorrentes, inclusive com forte utilização de programas de comunicação.

• oferecer sortimento de produtos mais amplo que os concorrentes.

• introduzir pioneiramente novos serviços ou novos formatos de varejo.

• oferecer linha de produtos de luxo, que agregue percepção de status às

lojas.

• oferecer serviços de conveniência (por exemplo, delivery) superiores aos da

concorrência.

−−−− Liderança de produto

• oferecer aos clientes os melhores produtos e/ou serviços disponíveis no

mercado, através de inovação permanente e contínua.

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• introduzir novos formatos de varejo inovadores no mercado.

−−−− Focalização

• atender especificamente um segmento de consumidores no mercado,

através de lojas posicionadas para este segmento.

• especializar-se em uma categoria de produtos, oferecendo variedade

dentro da categoria, através de lojas especializadas.

• especializar-se no atendimento a uma área geográfica.

−−−− Intimidade com o cliente

• atender o cliente, de forma customizada, oferecendo “a melhor satisfação

total” através da excelência em serviços.

• buscar obter altas taxas de retenção/lealdade de clientes.

• dispor de sistemas de informação de clientes que lhe permitam segmentar

a clientela e atender a necessidades específicas.

−−−− Customização em massa

• customizar os produtos ou serviços (por exemplo, mistura customizada de

produtos, serviços de entrega flexíveis, condições de pagamento flexíveis

etc.) oferecidos a diferentes segmentos de clientes, através de tecnologia

que permita manter as vantagens de escala (automação comercial, Internet

etc.)

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3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Este capítulo tem por objetivo apresentar as perguntas que guiaram o estudo,

discutir o método de pesquisa utilizado, assim como indicar aspectos

específicos da metodologia adotada, entre os quais a seleção da empresa

pesquisada, as fontes de informação utilizadas, o formato de análise e as

limitações encontradas.

3.1 Perguntas de Pesquisa

O presente estudo teve por objetivo analisar as estratégias genéricas seguidas

por empresas varejistas, através do estudo de um caso. Para tal, foram

formuladas as seguintes perguntas de pesquisa:

• As empresas varejistas utilizam diferentes estratégias genéricas no decorrer

de seu ciclo de vida?

• Em que condições ambientais tais estratégias foram utilizadas?

• Quais os resultados dessas estratégias?

Para obter melhor entendimento dessas questões, realizou-se um estudo de

caso de uma grande empresa varejista brasileira, o Grupo Sendas, com sede

no Rio de Janeiro.

3.2 Método de Pesquisa

3.2.1 Condições para escolha do método

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Na literatura sobre pesquisa social podem ser encontrados diversos nomes

para classificar os diferentes tipos de estudo empregados na realização dos

projetos de pesquisa. Dependendo do objetivo da pesquisa, os estudos podem

ser classificados em estudos formuladores ou exploratórios, estudos

descritivos e estudos experimentais ou causais (Selltiz e outros, 1975;

Malhotra, 1996; Samara e Barros, 1997).

Os três tipos de estudo anteriores podem adotar métodos de pesquisa

qualitativos e quantitativos. Os métodos quantitativos possibilitam encontrar

medidas em determinadas populações, diretamente ou através de inferência

estatística em amostras. Nos métodos qualitativos, o objetivo não é quantificar

os resultados, mas sim realizar análises em profundidade, buscando descrever

e entender o relacionamento entre os fatores envolvidos no problema de

pesquisa. Dentre os métodos de pesquisa qualitativa mais utilizados destacam-

se a entrevista individual e os estudos de caso (Sampson, 1996).

Os parágrafos seguintes descrevem cada um dos tipos de estudo e os

respectivos métodos de pesquisa adotados.

Nos estudos exploratórios5 o objetivo principal é compreender melhor o

problema de pesquisa, freqüentemente para poder “formular um problema

mais preciso de pesquisa ou criar novas hipóteses” explicativas para os fatos

ou fenômenos a serem estudados (Selltiz e outros, 1975, p.59; Mattar, 1996).

Mattar (1996) destaca alguns objetivos que podem ser atingidos através de

uma pesquisa exploratória:

• Familiarizar e elevar o conhecimento sobre um problema, ajudando a

desenvolver uma formulação mais precisa;

• Acumular a priori informações relacionadas a um problema de pesquisa

conclusiva;

5 Também podem ser chamados de desk research (Samara e Barros, 1997)

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• Ajudar na formulação de hipóteses, criação de questões ou determinação

de variáveis relevantes a serem consideradas em uma pesquisa social;

• Verificar se pesquisas semelhantes já foram feitas, quais os métodos

utilizados e quais os resultados obtidos;

Os estudos exploratórios são realizados a partir de pesquisas qualitativas e de

métodos de levantamento de dados secundários (já existentes), tais como os

levantamentos bibliográficos, documentais, de estatísticas, de pesquisas

efetuadas, de experiências, o estudo de casos selecionados, conversas

informais com pessoas especializadas no assunto de interesse e a observação

informal (Mattar, 1996; Samara e Barros, 1997; Malhotra, 1996).

A grande vantagem do estudo exploratório é o baixo custo para obter as

informações.

Diferente dos estudos exploratórios, os estudos descritivos6 são utilizados

quando se têm em mente os seguintes objetivos (Selltiz e outros, 1975):

• apresentar com precisão as características de uma situação, um grupo ou

um indivíduo;

• verificar a freqüência com que algo ocorre; e

• descobrir ou verificar a existência de relação entre variáveis (Mattar, 1996).

Os estudos descritivos pressupõem profundo conhecimento do problema a ser

estudado e apresentam as seguintes características (Mattar, 1996; Samara e

Barros, 1997; Selltiz, 1975):

• objetivos bem definidos;

• são bem estruturados, com processos cuidadosamente planejados;

6 Também chamados de estudo ad hoc (Samara e Barros, 1997) ou estudos conclusivos descritivos(Mattar, 1996)

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• utilizam procedimentos formais;

• utilizam dados primários7, oriundos de um ou mais métodos de coleta;

prevêem maior cuidado com o viés do que os estudos exploratórios.

Segundo Samara e Barros (1997), os estudos descritivos são mais

freqüentemente utilizados para descrever situações de mercado a partir de

pesquisas qualitativas e/ou quantitativas, “relacionando e confirmando as

hipóteses levantadas na definição do problema de pesquisa” (p.25).

Um terceiro tipo de estudo é o estudo experimental ou causal, onde o objetivo

principal é “estabelecer uma relação de causa e efeito entre as variáveis em

estudo de forma prática” (Samara e Barros, 1997, p.43).

Os estudos causais são realizados a partir da definição de um problema e da

formulação de hipóteses sobre os resultados possíveis e definição das

variáveis que serão manipuladas ou controladas para o estudo (Samara e

Barros,1997).

Selltiz (1975) afirma que estes estudos exigem processos que, em conjunto,

reduzam o viés, aumentem a precisão e permitam inferências a respeito da

causalidade.

A Tabela 3 mostra a comparação entre os três tipos de estudos, suas

principais características e os respectivos métodos de pesquisa empregados.

Para Yin (1989), as condições que determinam o melhor método de pesquisa a

ser adotado são as seguintes:

a) o tipo de pergunta de pesquisa;

b) o grau de controle que o pesquisador tem sobre o evento em estudo;

7 Ao contrário dos dados secundários, “os dados primários referem-se ao levantamento de informações nocampo. Neste caso os métodos utilizados poderão ser qualitativos ou quantitativos” (Samara e Barros,1997, p.25).

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c) o evento em foco ser contemporâneo ou histórico.

O Quadro 3 relaciona as três condições associadas a cada um dos métodos de

pesquisa, indicando assim qual o mais indicado para cada tipo de estudo.

Para Yin (1989), a primeira indicação de qual método de pesquisa deve ser

adotado vem da forma da pergunta de pesquisa. Perguntas do tipo “ o que”,

“quem”, “onde” e “quanto” sugerem a utilização de surveys ou análises de

arquivos , por se prenderem mais à determinação da incidência ou freqüência

de eventos. Por sua vez, perguntas do tipo “como” e “por que” apontam para a

utilização de experimentos, história, pesquisas qualitativas e estudos de caso,

por explorarem o contexto e a dimensão temporal em que o fenômeno se

desenvolve, sem maior preocupação com medidas de freqüência.

Definida a pergunta de pesquisa, deve-se observar se há controle sobre o

evento, e se este é passado ou contemporâneo. No caso de um evento

contemporâneo, o estudo de casos apresenta vantagens sobre a história, por

permitir, além da consulta a documentos, a observação direta e a realização de

entrevistas (Yin, 1989).

O estudo de caso, portanto, é o método de pesquisa mais vantajoso quando as

perguntas “como” e “por que” estão associadas a um conjunto de eventos

contemporâneos sobre o qual se tem pouco ou nenhum controle. Porter (1991)

observa que embora métodos qualitativos como o estudo de casos tenham

aceitação acadêmica ainda um pouco limitada, estes seriam os mais

adequados para pesquisas sobre estratégia. Porter (1991) relatou que, em

suas próprias pesquisas, à medida que aumentava a complexidade das

questões examinadas, foi forçado a abdicar dos estudos quantitativos e optar

“por estudos de casos em profundidade, de modo a identificar as variáveis

significativas, explorar as relações entre elas e considerar adequadamente...a

especificidade das escolhas estratégicas” (p.99).

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Considerando o problema e as perguntas de pesquisa do trabalho ora

apresentado e os critérios de classificação dos tipos de estudo e dos métodos

de pesquisa descritos, pode-se afirmar que o tipo de estudo mais adequado é

o estudo exploratório e o método de pesquisa recomendado é o método do

estudo de caso.

3.2.2 O método do estudo de caso

Discute-se a seguir o método adotado nesse estudo, apresentando-se sua

definição, classificação e limitações

3.2.2.1 Definição do método

O método do estudo de casos é um método de pesquisa social que vem sendo

cada vez mais utilizado para investigar ou analisar em profundidade um

acontecimento ou uma série de acontecimentos relacionados à vida de um

indivíduo ou grupo de indivíduos, de uma empresa ou grupo de empresas ou

de um processo social delimitado (Schnelle, 1967; Simon, 1969; Goode e Hatt,

1975).

Goode e Hatt (1975) definem o método do estudo de caso de um modo

bastante amplo:

“É um meio de organizar os dados sociais preservando o caráter unitário

do objetivo social estudado. Expresso diferentemente, é uma

abordagem que considera qualquer unidade social como um todo.

Quase sempre esta abordagem inclui o desenvolvimento dessa unidade,

que pode ser uma pessoa, uma família ou outro grupo social, um

conjunto de relações ou processos (como crises familiares, ajustamento

à doença, formação de amizade, invasão étnica de uma vizinhança,

etc.) ou mesmo toda uma cultura” (p. 422).

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TABELA 3Comparativo Entre os Estudos Exploratórios, Descritivos e Causais

Exploratória Descritiva CausalObjetivo Conhecer melhor o

problema, formularhipóteses de pesquisa

Descrever com precisãoas características de umasituação ou relação

Estudar relações decausa e efeito entrevariáveis

CaracterísticasFlexível, baixo custo

Formulação prévia dehipóteses específicas,processos planejadose bem estruturados

Manipulação de umaou mais variáveisindependentes

Métodos Levantamento dedados secundáriosPesquisas qualitativasEstudo de casos

Levantamento de dadossecundáriosSurveys, Painéis

Experimentos

Fonte: Adaptado de Malhotra, 1996, p.89

QUADRO 3Condições que Determinariam o Melhor Método de Pesquisa

Método Pergunta dePesquisa

Controle sobre oevento em estudo?

Foco em eventocontemporâneo

?

Experimento “como”, “por que” Sim Sim

Survey, Painéis “o que”, “quem”,“onde”, “quanto”

Não Sim

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Dados secundários do tipo análise dearquivo (documentais, estatísticas,pesquisas efetuadas)

“o que”, “quem”,“onde”, “quanto

Não Sim ou Não

Dados secundários do tipohistória(levantamentos bibliográficos, deexperiências, conversas informais)

“como”, “por que” Não Não

Pesquisas qualitativas, Estudo de caso“como”, “por que” Não Sim

Fonte: Adaptado de Yin, 1989, p.17

Segundo Yin (1989), o estudo de casos é uma forma de se fazer pesquisa

social empírica ao investigar-se um fenômeno atual dentro de seu contexto de

vida real, onde as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente

definidas e na situação em que múltiplas fontes de evidência são usadas. Yin

(1993) comenta que o método do caso é o método de escolha quando o

fenômeno não pode ser estudado separadamente de seu contexto em razão

de uma complexa interação entre eles.8

Segundo Campomar (1991), o estudo de casos envolve a análise aprofundada

de um número reduzido de situações, sendo dada ênfase à completa descrição

e entendimento do relacionamento dos fatores de cada situação, não

importando os números envolvidos.

As análises de conteúdo e inferências em estudos de casos são uma maneira

de medir o que, de outra forma, não seria mensurável. As análises são feitas

por analogia de situações, respondendo principalmente às questões por que?

e como? (Simon, 1969; Campomar, 1991).

Para Bonoma e Wong (1983) e Simon (1969), o método do estudo de casos

também permite gerar idéias para investigação futura mais rigorosa sobre o

assunto estudado, podendo ser considerado como um método de pesquisa

complementar às surveys e aos experimentos

8 Um fenômeno pode ser um projeto ou programa. O problema de se definir o momento inicial e final deum projeto ou programa é um exemplo de complexidade temporal entre o fenômeno e seu contexo. YIN,Robert K. Applications of Case Study Research. Newbury Park, p.3. Calif.: Sage Publications, 1993.

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3.2.2.2 Classificação do método O método do caso é considerado um tipo de análise qualitativa (Goode e Hatt,

1975) e, dependendo do assunto a ser investigado e do foco do estudo, pode

ser classificado como descritivo (Simon, 1969; Blalock e Blalock, 1975),

exploratório (Norman, 1975; Tull e Hawkins, 1976; Yin, 1993) ou explanatório

(Yin, 1993). Para Yin (1993), o tipo exploratório talvez tenha sido o tipo de

estudo que mais agregou reputação a toda teoria de pesquisa sobre estudos

de casos.

Para Yin (1993), os estudos de casos podem ser classificados de duas formas:

Quanto ao número de casos estudados:

- Simples - um único caso

- Múltiplos - mais de um caso no mesmo estudo

Quanto ao tipo de abordagem do problema:

- Descritivo – se apresenta uma descrição completa do fenômeno dentro

de seu contexto.

- Exploratório – se o estudo busca definir perguntas e hipóteses para

estudo subseqüente ou determinar a viabilidade dos procedimentos de

pesquisa que se deseja adotar.

- Explanatório – se apresenta dados que se referem a relações de causa

e efeito – explicando que causas produzem que efeitos.

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Este trabalho pode então ser classificado como um estudo de caso simples e

descritivo; simples, porque aborda um único caso, e descritivo, pois visa a

descrição evolutiva das estratégias adotadas por um grande grupo varejista,

nos diversos ramos de atividade, dentro de um período de tempo determinado.

3.2.2.3 Críticas, vantagens e desvantagens do método Há muito preconceito quanto ao uso do método de estudo de caso em

pesquisa social empírica. Primeiro, porque existem os que acham que o

método é pouco estruturado, falta-lhe rigor, é fácil, e, portanto, considerado

como sendo pouco acadêmico. Segundo, porque existem os que acreditam ser

verdadeiro somente aquilo que é quantificado (Campomar, 1991; Goode e Hatt,

1975).

Tanto os métodos quantitativos quanto os qualitativos têm suas limitações, de

modo que os problemas de confiabilidade não são exclusivos do método do

estudo de caso (Campomar, 1991; Yin, 1989).

Goode e Hatt (1975) citam algumas dificuldades do uso do método do caso:

Devido à grande quantidade de dados sobre o caso estudado, o pesquisador

passa a ter um senso emocional de certeza que é mais forte do que em

outros tipos de pesquisa; o perigo resultante deste sentimento de certeza é

deixar de verificar a fidedignidade dos dados registrados, da classificação

usada ou da análise dos dados, mas que em essência não o invalidam.

Outro tipo de crítica ao método do estudo de caso é referente à

impossibilidade de generalização por tratar-se de um estudo individual.

Segundo Yin (1989), os estudo de casos são generalizáveis para

proposições teóricas, não para populações ou universos. O principal objetivo

é expandir e generalizar teorias (generalização analítica) e não enumerar

frequências (generalização estatística).

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Alguns autores apontam outras vantagens do uso do método do caso. Goode e

Hatt (1975) destacam o fato de ser possível reunir uma grande variedade de

dados sobre o fenômeno estudado (econômicos, administrativos, políticos,

psicodinâmicos, biológicos etc.), não se limitando a análise a um número

restrito de variáveis. Citam, ainda, a ênfase do estudo do caso nas mudanças

ocorridas com o passar do tempo e no processo através do qual estas

mudanças se realizaram.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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3.3 Escolha do Caso O caso selecionado para estudo foi o do Grupo Sendas, grande empresa

varejista, sediada no Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de uma empresa

tradicional, fundada em 1935, pelos pais do atual presidente, com longo

histórico de atuação no mercado.

A escolha do caso Sendas deveu-se aos seguintes motivos:

tratar-se de empresa com muitos anos de existência, tendo vivido

diferentes períodos da história econômica recente do país, o que

permitiria uma análise ao longo do tempo de suas estratégias e dos

impactos ambientais;

ser uma das maiores empresas do setor, com posição de liderança,

mercado do Rio de Janeiro;

haver grande disponibilidade de dados e informações publicados sobre

esta empresa, tanto na mídia em geral quanto na mídia especializada;

existir a possibilidade de acesso direto à empresa para obtenção de

informações adicionais e realização de entrevistas com executivos.

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3.4 Coleta e Análise de Dados A primeira etapa de coleta de dados foi realizada, pesquisando-se em arquivo

de informações existente no COPPEAD/UFRJ, doado pela Mesbla S.A. em

1996. Os artigos e dados aí disponíveis foram coletados por aquela empresa

com vistas ao melhor conhecimento de seus concorrentes em vários

segmentos do varejo, e cedidos, posteriormente, ao COPPEAD, através de seu

Centro de Estudos de Varejo. As informações constantes de tal arquivo foram

analisadas, selecionadas e classificadas, de modo a determinar sua amplitude

e profundidade.

Em uma segunda etapa, foi feito um levantamento de periódicos existentes,

particularmente relativo ao período mais recente, não coberto pelo arquivo

original. Para tal, foram pesquisados os seguintes periódicos:

SuperHiper

Supermercado Moderno

Exame (inclusive CD-Rom)

Veja

Distribuição

Jornal do Brasil

O Globo

Gazeta Mercantil

Folha de São Paulo

Estado de São Paulo

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Além disso, foram pesquisadas as edições de SuperHiper relativas ao censo do

setor varejista, por período de tempo mais extenso, além de consultas ao site

da ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados.

Tais informações foram então catalogadas, classificadas e analisadas,

redigindo-se uma primeira versão do caso, dividido em três fases, cuja

periodização foi determinada pela própria história da empresa:

inicial (1960 – 1988)

de crescimento e consolidação dos negócios (1988 – 1994)

atual (1994 – 2000)

A partir dessa primeira versão foram identificados os aspectos em que a

informação disponível encontrava-se incompleta ou insuficiente, elaborando-se

um roteiro de entrevistas (ver Anexo 1) a ser aplicado ao executivo-chefe da

empresa, Sr. Arthur Sendas, assim como uma lista de informações a serem

solicitadas.

A entrevista foi realizada com o Sr. Arthur Sendas, Presidente da empresa, da

qual também participou um consultor de negócios, em fevereiro de 2000, sendo

gravada e posteriormente feita a transcrição da mesma, com vistas a sua

análise. A entrevista durou aproximadamente duas horas. Os dados adicionais

e as informações colhidas na entrevista foram incorporadas ao caso, de modo

a enriquecê-lo e complementar as eventuais lacunas anteriormente detectadas.

Não foi possível submeter a descrição final do caso à apreciação do Presidente

do Grupo, estando esta basicamente centrada em informações extraídas de

publicações em jornais e revistas. Portanto, muitas vezes não foi possível

investigar a precisão e veracidade das informações coletadas ou identificar as

nuances relacionadas ao processo decisório quando das escolhas estratégicas

do Grupo.

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A análise do caso estudado foi feita buscando-se responder às perguntas de

pesquisa anteriormente definidas, buscando-se identificar quais as estratégias

utilizadas, as condições ambientais em que foram utilizadas e o impacto

advindo para a empresa de sua utilização.

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3.5 Limitações do Estudo Na realização de um trabalho desta natureza, são muitas as dificuldades com

que se defronta o pesquisador, gerando limitações decorrentes do próprio

método, das dificuldades de acesso aos dados e, finalmente, aquela

associadas às percepções subjetivas dos entrevistados.

3.5.1 Limitações do método do caso Como já observado, o método de estudo de casos apresenta suas próprias

limitações, das quais a mais significativa é o fato de não permitir

generalizações empíricas, de caráter estatístico, já que se tratou, no presente

estudo, da análise de uma única empresa. No entanto, o método permite

generalizações de caráter conceitual, para desenvolvimento de teoria, levando

a um conjunto de proposições teóricas que poderão servir de base a futuras

pesquisas.

Limitações no Acesso a Dados

Apesar da ampla gama de dados disponíveis neste estudo, mesmo assim

alguns dados não puderam ser coletados, devido, por um lado, ao fato de

serem confidenciais, ou seja, a empresa não desejar que os mesmos fossem

apresentados ao público, e, por outro, ao fato de, em alguns casos, os dados

inexistirem.

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Subjetividade dos Entrevistados

Finalmente, a natural subjetividade dos entrevistados, ao discorrerem sobre

sua empresa e suas realizações, pode eventualmente constituir-se em

limitação do presente estudo.

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5. CONCLUSÕES

5.1 Sumário do Estudo

Este estudo teve por objetivo investigar a adoção de estratégias genéricas por

grandes cadeias varejistas no Brasil. Especificamente, estudou-se a forma pela

qual um grande grupo varejista nacional – o Grupo Sendas – desenvolveu e

implementou suas estratégias.

Foi feita a revisão de literatura com a contribuição dos principais autores sobre

o tema, permitindo freqüentes comparações entre suas abordagens.

Basicamente, foi discutido o problema do exercício da atividade estratégica e

sua aplicabilidade no meio empresarial e apresentadas as definições dos

diversos autores acerca do conceito de estratégia. Apresentaram-se a

descrição, vantagens e desvantagens, recursos e competências necessárias à

adoção das principais estratégias genéricas.

Ao final da revisão de literatura, foi apresentado um esquema conceitual

buscando adaptar, para o formato de varejo, os principais cursos de ação das

estratégias genéricas abordadas pela literatura e, freqüentemente

implementados pelas empresas de manufatura.

A metodologia adotada para o presente estudo foi o estudo de caso e a

empresa escolhida foi o Grupo Sendas. A escolha deste método decorreu da

necessidade de se analisar em profundidade uma série de decisões gerenciais

e acontecimentos dentro do contexto evolutivo do Grupo, permitindo a

descoberta de fatos e relações que não seriam encontradas de outra forma.

A escolha do Grupo Sendas deveu-se ao fato de a empresa ter muitos anos de

existência, tendo vivido diferentes períodos da história econômica recente do

país, permitindo uma análise ao longo do tempo de suas estratégias e dos

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impactos ambientais. Além disso, trata-se de uma das cinco maiores empresas

do setor, com posição de liderança, em determinados períodos de sua história,

no mercado do Rio de Janeiro.

Para a coleta dos dados que permitiram a descrição do caso foram utilizadas

basicamente fontes secundárias dos principais meios de comunicação

impressa, como jornais e revistas. Estas informações foram catalogadas,

classificadas e analisadas.

Antes da descrição do caso foi necessária uma análise do setor de

supermercados permitindo compreender sua evolução no Brasil e sua

influência sobre o comércio varejista de alimentos e sobre o modo de competir

das empresa supermercadistas.

Após a coleta dos dados, procedeu-se à descrição do caso, de forma a que as

informações estivessem organizadas e classificadas por período, com vistas a

identificar as estratégias genéricas adotadas ao longo da história da empresa.

As informações faltantes ou insuficientes para a compreensão do caso foram

obtidas posteriormente através da realização de uma entrevista com o

Presidente do Grupo Sr. Arthur Sendas, da qual participou um consultor da

empresa, o que possibilitou, também, identificar as tendências futuras para o

Grupo.

Durante a descrição do caso foram identificados três períodos relevantes para

a análise estratégica: 1960 – 1988, 1988 – 1994 e 1994 – 2000. Em seguida,

procedeu-se à análise do caso.

A análise do caso considerou todas as decisões gerenciais e cursos de ação

do Grupo. Estas foram classificadas segundo o contexto evolutivo da empresa

e relacionadas com os cursos de ação apresentados no esquema conceitual

para estratégias genéricas de empresas varejistas elaborado no final do

capítulo 2. Durante esta análise foram considerados ainda o ambiente

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econômico vigente à época, os motivos que levaram o Grupo a tomar tais

decisões, os benefícios e riscos alusivos ao curso de ação, e seu impacto geral

para o negócio.

Em seguida, foram identificadas as estratégias mais freqüentemente utilizadas

pela empresa nos períodos identificados e ao longo de sua história. Foram

identificadas duas estratégias genéricas dominantes que permearam por mais

de 30 anos as decisões do Grupo. A primeira foi a penetração de mercado,

quando a empresa tratava de decisões estratégicas de produto-mercado, e a

segunda, a focalização que, durante toda a história do Grupo, direcionou seu

modo de concorrer no mercado.

Além destas duas estratégias dominantes, foram identificados e analisados

inúmeros cursos de ação compatíveis com outras orientações estratégicas,

mas que não surtiram grandes efeitos sobre o processo de crescimento do

Grupo. Alguns destes cursos de ação estavam relacionados tanto às

estratégias de crescimento quanto às estratégias competitivas. Sobre as

estratégias de crescimento observaram-se cursos de ação na direção das

estratégias de desenvolvimento de mercado, desenvolvimento de produto e

diversificação. Sobre as estratégias competitivas observaram-se cursos de

ação na direção da liderança em custos e da diferenciação.

Foram analisados e descritos os principais fatores que levaram o Grupo à

escolha destes cursos de ação, dentre eles podem-se citar vantagens

momentâneas de lucro, adaptação às tendências de mercado, melhoria da

produtividade e redução dos custos e aproveitamento de oportunidades de

investimento.

A análise do caso se encerra com comentários acerca das perspectivas

estratégicas do Grupo face ao desafio das grandes transformações do setor,

resultantes do acirramento da competição, em razão da estabilidade da

economia, da entrada do grande varejo internacional e do processo de

concentração.

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5.2 Conclusões

Por se tratar de estudo de caráter exploratório e considerando-se as limitações

oriundas da própria natureza do método do caso, e aquelas peculiares a este

estudo, não é possível generalizar a partir de um único caso, ainda que

estudado em profundidade, para a realidade de outras grandes cadeias

varejistas de alimentos no Brasil. As conclusões a seguir limitam-se, portanto,

ao caso estudado, e devem ser vistas com a cautela adequada a estudos

desta natureza.

As conclusões, restritas ao caso estudado, emanam das perguntas de

pesquisa que orientaram a realização deste estudo.

• As empresas varejistas utilizam diferentes estratégias genéricas nodecorrer do seu ciclo de vida?

No que se refere ao caso objeto do presente estudo, pode-se afirmar que a

empresa varejista:

⇒ Utilizou mais de uma estratégia genérica no decorrer de seu ciclo de vida;

⇒ Realizou simultaneamente ações estratégicas que podem ser associadas a

várias estratégias genéricas.

As principais estratégias genéricas utilizadas pelo Grupo Sendas foram a

estratégia de crescimento através da abertura de novas lojas, oriunda do

esquema de estratégias genéricas de Ansoff, e a estratégia de focalização

destacada no esquema de estratégias genéricas de Porter. Essas duas

estratégias estão presentes em todo o ciclo de vida da empresa, sendo uma ou

outra mais enfatizada em determinado momento.

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Observe-se que a estratégia de focalização em um mercado geográfico é

coerente com o tipo de negócio do Grupo Sendas e com as características do

mercado varejista de alimentos brasileiro. Por outro lado, o crescimento

através da abertura de lojas foi, até o início da década de 90, bastante comum

entre os grandes varejistas de alimentos atuantes no país. Foi, também, o

processo de expansão adotado por empresas líderes do setor varejista em

todo o mundo, como, por exemplo, a Wal-Mart.

Outra estratégia genérica que merece destaque na evolução do Grupo Sendas

é a estratégia de diversificação, através da entrada em novos negócios,

relacionados e não relacionados. Essa estratégia, no entanto, marca

principalmente determinado período na vida do grupo e não pode ser

identificada com a mesma freqüência, ou ao longo de toda a sua história.

• Em que condições ambientais tais estratégias foram utilizadas?

O ambiente no qual se desenrola o processo estratégico do Grupo Sendas,

particularmente a partir dos anos 80, caracteriza-se por alto grau de

turbulência, com taxas de inflação que variam de dois a quatro dígitos, alto

grau de intervenção governamental, caracterizado por inúmeros planos

econômicos, mudanças na política cambial, monetária e salarial, afetando

substancialmente o desempenho das empresas. A partir do início da década

de 90, o quadro de turbulência se torna, se possível, mais grave, devido a

novas variáveis que são introduzidas no jogo competitivo, para as quais as

empresas varejistas brasileiras não haviam se preparado. Essas mudanças

foram a abertura do mercado a produtos estrangeiros no início da década, a

estabilização econômica propiciada pelo Plano Real, através do aumento do

poder aquisitivo da população, em meados da década, e a entrada de grandes

concorrentes estrangeiros, que se iniciou em 1995 com a Wal-Mart e

prosseguiu pelo restante do período.

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As estratégias genéricas adotadas pela empresa e que perduram no decorrer

de todo o seu ciclo de vida – crescimento por abertura de novas lojas e

focalização – são, porém, datadas, no sentido de terem sido adotadas em

determinado momento histórico, embora tenham continuado em uso mesmo

após mudança radical no ambiente externo em que atuava a empresa.

O processo de concentração por que passa o setor varejista de alimentos

desde meados da década de 90 e que se acelerou sensivelmente no final

desta mesma década, no entanto, modificou a forma escolhida pelos varejistas

brasileiros de alimentos para crescer. Neste período, ocorreu no setor um

grande número de fusões, aquisições e alianças estratégicas através de joint-

ventures. Várias empresas que ocupavam os primeiros lugares do ranking

desapareceram, passando a integrar outras redes. Além disso, várias cadeias

foram vendidas, no todo ou em parte, a empresas varejistas estrangeiras, o

que mudou rápida e substancialmente a configuração do setor varejista de

alimentos no país. Apesar de tudo isso, o Grupo Sendas manteve-se fiel a sua

filosofia de crescimento através da expansão loja a loja, basicamente com

recursos próprios.

No que se refere à estratégia de focalização, através de concentração em um

mercado geográfico, tem-se verificado cada vez mais, em anos recentes, uma

tendência de as grandes empresas do setor – exceção feita ao Carrefour e, em

parte, ao Grupo CBD (Pão de Açúcar) – buscarem um certo grau de

concentração em determinada área geográfica, inclusive retirando-se de

alguns mercados. Em grande parte, esse movimento parece resultar de fatores

como maior familiaridade com o mercado geográfico, economias de escala e

custos de logística.

Também no que se refere às estratégias de diversificação, pode-se observar

que muitas das ações estratégicas de diversificação do Grupo Sendas ocorrem

em um momento em que a diversificação, inclusive não relacionada, é

estimulada pelo governo brasileiro através de subsídios. Esta estratégia, no

entanto, concentra-se mais fortemente em um período na vida da empresa. De

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fato, uma reavaliação dessas estratégias pelo presidente da empresa mostra

que a continuidade de certos negócios deve-se muito mais a motivos pessoais,

conservadorismo ou à aceitação de um retorno mínimo, do que a motivos

estratégicos. Em outras palavras, se a ele se apresentasse, outra vez, a

decisão de diversificação para determinados negócios, tal decisão não seria

tomada. Como já está no negócio, nele permanece.

Em síntese, ao que tudo indica, a relação entre estratégia e ambiente, no caso

do Grupo Sendas, mostra, às vezes, adaptação da estratégia à mudança

ambiental, como no caso da estratégia de diversificação (especialmente no

caso Sendas Nordeste), mas, mais freqüentemente, as estratégias genéricas

adotadas cristalizaram-se em comportamentos estratégicos rígidos, como no

caso do crescimento através de abertura de novas lojas e uso de recursos

próprios, evitando recorrer ao endividamento.

• Quais os resultados dessas estratégias?

No estudo realizado, não foi possível analisar relações causais, não se pode

chegar a respostas definitivas sobre os resultados das estratégias adotadas

pelo Grupo Sendas. Mesmo assim, colocam-se algumas proposições tentativas

de interpretação.

Têm-se algumas evidências empíricas no que se refere ao desempenho

diferenciado do Grupo Sendas:

⇒⇒⇒ ⇒ a empresa permaneceu, nas últimas décadas, no ranking das maiores do

empresas do setor;

⇒⇒⇒ ⇒ a empresa foi a única sobrevivente entre os grandes varejistas de alimentos

do Estado do Rio de Janeiro, no início da década de 90;

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⇒⇒⇒ ⇒ a empresa, em toda a sua vida, teve baixo nível de endividamento;

⇒⇒⇒ ⇒ é a única empresa entre as cinco maiores do setor que permanece de

capital totalmente nacional.

Tais resultados não serão, provavelmente, obra do acaso, e sim das ações

estratégicas desenvolvidas pela empresa ao longo do tempo, ações essas que,

por sua vez, resultam de uma sólida cultura empresarial associada a valores

arraigados da alta administração. Esta suposição é razoável porque, se se

tratasse de obra do acaso, poder-se-ia observar um comportamento errático

das variáveis de desempenho, o que não ocorreu. Períodos de maior

dificuldade vividos pela empresa, ao contrário, coincidiram com momentos de

alta turbulência ambiental que afetaram todo o seu setor de atuação.

Neste sentido, pode-se propor que as estratégias adotadas permitiram a

obtenção dos níveis de desempenho apresentados pela empresa no decorrer

de sua história. Essas estratégias devem estar, então, por detrás da

sobrevivência, da manutenção no ranking e da saúde financeira apresentadas

pelo Grupo Sendas. Não há garantias, contudo, de que possam continuar a

sustentar tal desempenho no futuro, tendo-se em vista as novas ameaças

ambientais.

5.3 Campo para Futuras Pesquisas

As oportunidades para futuras pesquisas sobre estratégias de empresas

varejistas são bastante amplas, haja vista a quantidade restrita de trabalhos

publicados relativos ao assunto. Por sua vez, a literatura clássica a respeito

das abordagens estratégicas está fortemente concentrada nas práticas de

mercado de empresas de manufatura.

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Desta forma, o campo para pesquisas, tanto qualitativas como quantitativas,

ainda é bastante vasto. No contexto das pesquisas qualitativas recomendam-

se os estudos de caráter exploratório, pois permitem compreender melhor os

problemas relacionados ao crescimento do varejo, nos seus mais variados

formatos. Os estudo exploratórios possibilitam a formulação mais aprofundada

dos problemas estratégicos e a definição de hipóteses ou determinação de

variáveis relevantes.

Os estudos exploratórios sobre estratégias de varejo podem ser facilmente

conduzidos pois há grande quantidade de dados secundários publicados

recentemente sobre o varejo nacional e internacional. Além disso, outras

formas de levantamento de informação podem ser consideradas como sendo

baratas e relativamente simples.

Estes estudos exploratórios podem ainda comparar as estratégias de duas ou

mais empresas de um mesmo setor de varejo, a fim de determinar um conjunto

de variáveis relevantes para explicar o crescimento das respectivas empresas.

Outra sugestão para pesquisa futura é a elaboração de esquemas conceituais

similares ao deste estudo – esquema conceitual para estratégias genéricas

para empresas varejistas – ,mas adaptados a outros formatos de varejo. Além

disso, também podem ser considerados campos para pesquisa futura, os

estudos quantitativos que busquem relacionar as estratégias de uma amostra

de empresas varejistas aos esquemas conceituais de seu respectivo formato

de varejo.

No campo de pesquisa sobre estratégia, podem também ser considerados

para o setor de supermercados ou outros formatos de varejo estudos que

adotem outros enfoques à análise de estratégias, como, por exemplo, aqueles

propiciados pelo modelo de Tilles (1967), pela análise de cadeia de valor de

Porter (1980), ou pela identificação de competências essenciais de Prahalad e

Hamel (1998).

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__________. Superhiper. Rio de Janeiro, mai. 1983, p. 76-80.

THIMOTEO, W. Grupo Sendas cria “trading” para entrar na exportação. Jornal

do Brasil. Rio de Janeiro, 20 jun. 1983.

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195

THULER, F. Hipermercado será inaugurado amanhã. Folha de São Paulo. São

Paulo, 11 jun. 1990.

THULER, F. Sendas descentraliza, mas só na nova rede. Folha de São Paulo.

São Paulo, 11 jun. 1990.

Vendas do Grupo Sendas diminuem 20% em média. Folha de São Paulo. São

Paulo, 12 jul. 1991.

VILLELA G. e ARAUJO, L. Estrangeiros forçam reestruturação e o aumento da

concentração no varejo. O Globo. Rio de Janeiro, 11 abr. 1999.

ZAMBRANA, A. Mais nas mãos de poucos. Supermercado Moderno. Rio de

Janeiro, abr. 1999.

ZANOTTI, C. A. O desafio carioca. Superhiper. Rio de Janeiro, dez. 1988, p.

128-137.

25 anos de Sendas. Superhiper. Rio de Janeiro, mar. 1985, p. 9-10.

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ANEXO 1ROTEIRO DE ENTREVISTA COM SR. ARTHUR SENDAS

A Sendas é uma empresa diversificada, atuando em várias áreas de varejo eno setor de agropecuária.

- A partir de 1970, a Sendas investiu no setor de agropecuária e até hoje temfazendas de plantio e gado. Por que essa decisão foi tomada? Como seinsere a agropecuária na estratégia do Grupo Sendas?

- Nesta mesma linha, qual a percentagem de auto-abastecimento da Sendashoje? Como isso deve evoluir?

- A Sendas adquiriu o Mar e Terra em 1978, e já tinha adquirido oSupermercado Ideal em 1974. No entanto, a Sendas nunca mais adquiriuoutra empresa no setor de supermercados e tem preferido crescer atravésde abertura de novas lojas. Por que a empresa tomou essa decisão? Porque motivos a estratégia da Sendas não contempla aquisições?

- Em 1980, a empresa iniciou a abertura de hipermercados. O que levou aempresa a adotar o modelo de hipermercado, e qual a importância doformato hipermercado no futuro?

- A Sendas dispõe de lojas de atacado, como o Sendas Clube e a Estoque.Como essas lojas se inserem na estratégia do Grupo?

- Por favor, fale um pouco sobre o Projeto Magé, criado em 1981. Por que aSendas resolveu desenvolver esse projeto? Qual é a situação atual doprojeto?

- A Sendas tem ampliado sua atuação do ponto de vista geográfico, atuandoem outros estados. Em que estados atua atualmente? Pretende continuar ase expandir geograficamente ou não? Por que?

- Como o senhor vê o processo de modernização do setor supermercadistabrasileiro: logística, informática etc.? E o comércio eletrônico?

- O grupo Sendas é o único sobrevivente das grandes redes desupermercados do Rio de Janeiro (Disco, Mar e Terra, Casa da Banha). Aque o senhor atribui a sobrevivência e o sucesso do Grupo Sendas? O queé necessário para uma empresa brasileira ser bem-sucedida neste setor?

- Vamos falar agora da Globalização do varejo. Com todo o processo demudança ocorrendo, a entrada de grandes redes multinacionais, a comprade redes nacionais, como é que o senhor vê a estratégia futura da Sendas?

- Como vê a entrada da Wal-Mart no Rio de Janeiro?

- A Sendas poderia se associar a algum grupo estrangeiro? Adquirir outrasredes?

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- Em sua opinião, quais as mudanças que o Grupo Sendas deverá fazer nofuturo?

- Por último, gostaríamos de falar um pouco de filosofia gerencial e cultura doGrupo Sendas. Em sua opinião, quais são os elementos principais de suafilosofia empresarial e da cultura do Grupo?

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ANEXO 2GRUPO SENDAS

A Verticalização da Produção no Projeto Magé - RJ

CARNE DE PORCO

CARNE DE BOI

HORTIGRANJEIROS

Alimento: sobras de

hortigranjeiros das lojas, farinha de ossos

de boi e de porcos,

uréia e melaço.

Alimento:resíduos das

lojas

Adubo orgânico

Estêrco:Alimento

para peixesTripas:Alimento

para porcosOssos:

farinha p/ alimentos de porcos

Estêrco:agriculturaTripas:

aduboOssos:

tutano para exportação

Sementes

ABATE

ABATE SUPERMERCADO

COLHEITA

SUPERMERCADO

ENERGIA(Biodigestor)

ENERGIA(Biodigestor)

PRODUZ

PRODUZ

PRODUZ

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ANEXO 3GRUPO SENDAS

Tipos de negócios onde o Grupo Sendas atua

SendaS

Agropecuária

Propaganda

ComércioAtacadista

Material deAcabamento

ComércioVarejista Outros

Consultoria

Trading Company

Corretagem de Seguros

Frigoríficos Industriais

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Desempenho Grupo Sendas 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

Faturamento Bruto Cz$ NCz$ NCz$ Cr$ Cr$ Cr$ CR$ R$ R$ R$ R$ R$24.336.881 190.745.575 3.306.797.945 63.861.985.139 271.228.657.635 3.020.178.883.204 71.906.984.000 900.429.340 1.323.997.536 1.545.741.490 1.705.109.951 1.912.801.201

Classif. Ranking 4 3 3 4 4 4 3 3 3 3 4 4

No. Check-Outs 1.220 1.361 1.361 1.327 1.371 1.353 1.327 1.349 1.428 1.441 1535 1.591Classificação 6 6 6 6 5 5 5 4 3 3 4 4

Área de Vendas (m2) 134.004 150.392 150.390 149.574 153.724 155.795 146.606 146.483 138.151 142.917 155.463 162.639Classificação 3 7 5 6 4 4 5 4 4 3 4 4

No. Lojas 52 55 55 53 56 56 56 57 55 56 58 60Classificação 11 11 9 9 8 8 6 4 4 4 5 5

No. Funcionários 17.845 18.702 16.732 13.396 11.898 12.755 12.513 12.012 11.417 11.849 11.439 12.257Classificação 3 3 3 4 4 4 3 3 3 3 4 4

Faturamento por Check-Out 19.948.263 140.150 2.429.682 48.125.082 197.832.718 2.332.209.078 54.188.000 667.479 927.169 1.072.686 1.110.821 1.202.263Faturamento po m2 1.363.793 1.268 21.988 426.959 764.387 19.385.595 490.000 6.147 9.584 10.815 10.968 11.761Faturamento por Funcionário 181.613 10.199 197.633 4.767.242 22.796.155 236.783.918 5.747.000 74.961 115.967 130.453 149.061 156.058

Fonte: Elaborado a partir de coletânea do Ranking Anual de Supermercados da Revista Superhiper.

ANEXO 4GRUPO SENDAS

Dados Históricos Administrativos Relativos aos Índices de Eficiência e Produtividade do Grupo Sendas

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78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98

12345 *67

Pão de Açúcar, CBDCasas SendasPaes MendonçaBompreçoCarrefour

** Casas da Banha

* Sonae

Fonte: Elaborado a partir de coletânea do Ranking Anual de Supermercados da Revista Superhiper.

ANORanking

****

ANEXO 5GRUPO SENDAS

Ranking Brasil dos Principais concorrentes da Casas Sendas

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ANEXO 6GRUPO SENDAS

Desempenho financeiro relativo a 1990 e 1991

CASAS SENDAS COM. IND. S/A

Discriminação 12/91 - 12 mesesCr$ milhões

12/90 - 12 mesesCr$ milhões

Cresc. Real em%

Patrimônio Líquido Real 93.738,0 7.946,0 108,5Patrimônio Líquido Real 91.842,0 7.803,0 108,Ativo Real 201.589,0 23.100,0 54,Rec. Oper. líquida 214.961,0 50.718,0 -14,4Desp. Adm. 45.687,0 9.684,0 -4,7Result. Fin. -28.804,0 -4.814,0 20,8Equivalência Patrimonial -4.840,0 71,0,0 -1.476,6Lucro Operacional -38.662,0 -5.562,0 40,4Lucro Antes da C. Monetária -39.138,0 -5.498,0 43,8Lucro Líquido do Exercício -1.280,0 -988,0 -77,1Total das Origens 2.131,0 -1.557,0 124,2Aquisição em Permanente 6.426,0 1.975,0 -42,5Rent. Patr. P/ Lucro Líquido -1,4 -12,7Rent. Patr. P/ Lucro A. IR -42,6 -70,5Liquida Corrente 0,72 0,62Liquidez Geral 0,51 0,59Res Finan./REc. Oper. Líquida (%) -13,4 -9,5Margem Bruta (%) 16,2 17,4Margem Líquida (%) -0,6 -1,9Dívida Finan./Patr. Líq Real (%) 2,9 8,9Endividamento Geral (%) 54,4 66,2Aquisição em Perm./Origem (%) 301,5 -126,8Fonte: Balanço e Centro de Informações da Gazeta Mercantil, São Paulo 01 jul. 1992.